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INSTITUTO DE TECNOLOGIA
BELÉM-PA
2021
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD
Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Pará
Gerada automaticamente pelo módulo Ficat, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
CDD 621.3191
Primeiramente a Deus Todo Poderoso e seu filho Jesus por todas as vezes que me
ampararam, principalmente nos momentos que parecia que não conseguiria seguir a diante na
graduação, sempre estavam presentes para me fortificar e animar para seguir em frente. Sei que
sem Sua ajuda não conseguiria chegar aqui. Foram tantas provas de ajuda que não há como não
sentir sua presença nas pequenas coisas que contribuíram para que eu completasse esse ciclo.
Aos meus pais Lene e João por sempre estarem ao meu lado contribuindo com minha
formação, acreditando em minhas conquistas e vibrando com elas. Meus heróis, sem o empenho
de vocês não seria hoje quem me tornei. Minha querida mãe, obrigado por sempre acreditar e
estar comigo na minha vida estudantil.
Aos meus irmãos e irmã, em especial ao Janderson que foi o primeiro incentivador, para
que eu alçasse voos em espaço ainda não explorados, a Engenharia Elétrica.
À minha esposa Rosilene por anos de companheirismo.
Ao meu orientador, professor Allan, por ter me conduzido frente a esse trabalho.
À minha amiga Luciana pela amizade, companhia, conselhos e ajuda na revisão deste
texto.
Aos meus amigos André, José Marques, Adriano, Marcos Formigosa e José Luiz por
dividir as angústias comigo durante a graduação e tantas vezes me abrigarem em suas
residências quando eu precisei dormir em Belém.
Enfim, a todos que me ajudaram a tornar esse momento em realidade, destacando aqui
meus colegas Genival, Horácio e Emanuellen.
“Aprenda a utilizar os momentos difíceis a seu favor. É possível
encontrar meios de superação mesmo quando nada parece dar certo.
A angústia e o desespero podem se tornar molas propulsoras para a
inovação e vencer a procrastinação.”
(Geovane do Carmo Pereira)
RESUMO
The present work proposes the creation of a flowchart capable of assisting engineers and other
professionals that work on electrical installations, in the adequacy of these installations in
relation to the Regulation Standard n° 10 (NR -10). Therefore, initially some statistical data
will be demonstrated showing the increasing number of accidents of electrical origin either by
short circuit and by electrical shocks, with fatal victims or not. Relevant aspects of the standard
will be presented, which will work as the basis for the creation of the flowchart. Knowledge of
the standard is not only important for attesting the installation's compliance with itself, but also
for the safety management of teams working in locations exposed to electrical risks. Next, the
electrical system and its main devices and means of protection will be detailed, so that finally,
a flowchart is proposed, in accordance with NR-10, as a tool for critical analysis and diagnosis
of an installation, applying this resource in the installations the High and Extra High Voltage
Laboratory (LEAT) of UFPA as a case study.
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 11
1.1 Motivação .................................................................................................................. 12
1.2 Justificativa ............................................................................................................... 12
1.3 Objetivos do trabalho ............................................................................................... 15
1.4 Estrutura do trabalho .............................................................................................. 15
2 DADOS ESTATÍSTICOS DE ACIDENTES EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
E NORMAS REGULAMENTADORAS .............................................................................. 17
2.1 Total de acidentes de origem elétrica no período de 2013-2019 ........................... 18
2.2 Total de incêndios por curto-circuito 2013-2019 ................................................... 19
2.3 Acidentes com descargas atmosféricas – fatais e totais 2013-2019 ...................... 20
2.4 Normas de segurança ............................................................................................... 21
2.4.1 No Brasil..................................................................................................................... 22
2.4.2 Segurança do trabalho – Tempos Modernos .............................................................. 22
2.4.3 A Norma Regulamentadora n° 10 .............................................................................. 25
3 SISTEMA ELÉTRICO E DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO ELÉTRICOS .... 28
3.1 Diferença de potencial .............................................................................................. 28
3.2 Sistema de corrente alternada trifásica .................................................................. 30
3.3 Aterramento .............................................................................................................. 30
3.3.1 Aterramento do neutro................................................................................................ 31
3.3.2 Aterramento de Proteção (PE) .................................................................................... 31
3.3.3 Esquema de aterramento ............................................................................................ 32
3.3.3.1 Esquema TN ............................................................................................................... 33
3.3.3.2 Esquema TT ............................................................................................................... 34
3.3.3.3 Esquema IT................................................................................................................. 34
3.4 Equipotencialização.................................................................................................. 35
3.5 Choque elétrico ......................................................................................................... 36
3.5.1 Classificação dos choques elétricos ........................................................................... 37
3.5.2 Proteção contra choques elétricos .............................................................................. 38
3.6 Medidas de controle do risco elétrico ..................................................................... 39
3.6.1 Desenergização........................................................................................................... 39
3.6.2 Dispositivos a corrente de fuga .................................................................................. 40
3.6.3 Disjuntores Termomagnéticos .................................................................................... 41
3.6.4 Dispositivos de Proteção contra Surtos Elétricos DPS .............................................. 45
4 FLUXOGRAMA E ESTUDO DE CASO PARA EMISSÃO DE LAUDO EM
ACORDO COM A NR-10 ...................................................................................................... 47
4.1 Detalhamento do fluxograma .................................................................................. 47
4.2 Estudo de caso - Diagnóstico e relatório da visita realizada ao LEAT ................ 55
4.2.1 O Laboratório de Alta e Extra Alta Tensão – LEAT ................................................. 55
4.2.2 Aplicação do Fluxograma ao LEAT .......................................................................... 62
5 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 74
5.1 Sugestões para trabalhos futuros ............................................................................ 74
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 75
ANEXO A – MODELO DE ANÁLISE DE RISCO .............................................. 77
11
1 INTRODUÇÃO
A eletricidade tem sido o principal insumo dos últimos anos, atravessou os séculos
XVIII, XIX e XX, estabelecendo-se de forma profunda no dia a dia das sociedades. A nova
revolução industrial, que traz a indústria 4.0 e a internet das coisas (IoT), irá certamente mudar
muitas formas de trabalhar e viver, entretanto, o mais importante insumo para que tudo isso seja
realidade é a eletricidade, pois computadores ainda são alimentados por ela, bem como a
maioria dos instrumentos e equipamentos contemporâneos. Se a eletricidade é o insumo
principal, necessita-se de profissionais qualificados e produtos de qualidade compondo
instalações elétricas que também precisam ter boa qualidade. O problema é que os riscos
inerentes ao manuseio com a eletricidade, têm sido traduzidos em um cenário bastante sombrio
de acidentes, muitos deles fatais (ABRACOPEL, 2018).
Anualmente diversos acidentes ocorrem relacionados às atividades com eletricidade,
sejam em residências ou em suas proximidades, a exemplo dos acidentes relacionados a furto
de energia; sejam nas indústrias, comércios e toda a rede elétrica, que envolve a geração,
transmissão e distribuição e os consumidores de energia elétrica. Trabalhar com eletricidade é
estar sujeito a um perigo invisível que algumas pessoas e trabalhadores subestimam em suas
atividades cotidianas. No entanto, boa parte dos acidentes elétricos podem ser evitados, desde
que, tanto empregadores, como empregados e todo aquele que realiza atividades relacionadas à
eletricidade, sigam corretamente as normas de segurança, participando de treinamentos,
obedecendo aos procedimentos de trabalho e às medidas de controle, fazendo uso de
equipamentos de proteção e respeitando às sinalizações, por exemplo.
Dentro das perspectivas dos direitos fundamentais do trabalhador em usufruir de uma
boa e saudável qualidade de vida, verificam-se, gradativamente, a grande preocupação com as
condições do trabalho, pois, as doenças que o envolvem aumentam em proporção à evolução e
à potencialização dos meios de produção. É nesse contexto e visando a redução desses riscos,
que surgiu a Segurança do Trabalho, como a ciência que, através de métodos preventivos
apropriados, estuda as causas dos acidentes de trabalho, possibilitando a adoção de medidas
técnicas que objetivem eliminar, ou pelo menos diminuir a ocorrência de acidentes de trabalho
(ZANCHETA, 2002).
Dessa forma, é necessário que os trabalhos em eletricidade sejam executados com a
utilização de procedimentos específicos de segurança, aliados a um intenso programa de
treinamentos em conformidade com uma assumida política de segurança do trabalho nas
12
empresas e dentro dos critérios estipulados pela NR-10 (Norma Regulamentadora N°10)
(MELO, 2012).
Dentro desse contexto, o presente trabalho se propõe a contribuir com toda e qualquer
pessoa, empresa ou instituição que trabalhe com instalações elétricas, apresentando o
desenvolvimento de um fluxograma que buscará atender às normas de segurança, cumprindo,
assim, os requisitos da NR-10.
1.1 Motivação
1.2 Justificativa
no ordenamento jurídico nacional, sua abrangência vale para todo o país; em seu texto não há
impedimentos para a aplicabilidade da norma à laboratórios acadêmicos; ao contrário disso,
quando a norma define seu campo de atuação no item 10.1.2 deixa claro que ela pode ser
aplicada às fases de geração, transmissão, distribuição e consumo, incluindo, também as etapas
de projeto, construção, montagem, operação, manutenção das instalações elétricas e quaisquer
trabalhos realizados nas suas proximidades, abarcando desse modo as atividades em
laboratórios acadêmicos.
Corroborando mais ainda, para a utilização das normas em ambientes acadêmicos, em
2019 o governo lançou a portaria n° 915 que em seu subitem 1.2.2.1 determina que:
Um ponto que pode levantar dubiedade e é abordado por Moreira e Paulino (2013),
consiste no fato do texto da norma utilizar - se sempre do termo “trabalhador”. Sobre essa
questão o autor faz uma análise que conclui que pelo princípio jurídico da analogia, alunos e
professores podem ser considerados os trabalhadores do laboratório, uma vez que:
Quanto ao aluno, ele reúne a partir de outros artigos, algumas características atribuídas
à atividade laboral como: “atividade humana braçal ou intelectual”, “atividade humana
aplicada à produção”, “atividade voluntária”, “produto humano”, “exige um esforço físico e
mental”, “fim produtivo”, “extensão e expressão da personalidade do indivíduo”. (MOREIRA
e PAULINO, 2013)
Além de destacar que assim como na indústria, os laboratórios de alta tensão também
são locais nos quais há a presença de circuitos e equipamentos elétricas, riscos elétricos, riscos
adicionais, procedimentos, e portanto, as medidas de controle e sistemas preventivos utilizados
pela NR-10 (análise de riscos, medidas de proteção coletivas, medidas de proteção individual,
15
normas voltadas a proteção do trabalhador, destacando alguns fatos que contribuíram para o
desenvolvimento da Segurança no Trabalho no Brasil, além de mencionar as normas de
segurança existente no país, bem como destacar a Norma de Segurança número 10, que embasa
esse trabalho.
O capítulo 3 abordará os conceitos que permeiam o trabalho com eletricidade como
corrente elétrica, tensão, sistemas trifásicos e aterramento, discutindo também as definições de
choque elétrico e os meios de proteção para pessoas e sistemas. Ele também detalha os
dispositivos e esquemas necessários para evitar acidentes elétricos, abordando assim, os itens
necessários e adequados à instalação elétrica, para que esta receba um certificado de adequação
à norma.
Na sequência, o capítulo 4 tratará da construção do fluxograma para verificação de
adequabilidade de instalações elétricas quanto ao que dispõe a NR-10, bem como detalhará o
processo de construção desse fluxograma. Nele será abordado o estudo de caso, aqui
representado pelo LEAT, destacando seu histórico, características e finalidade. O capítulo será
finalizado com um quadro de conformidade do laboratório ao disposto na Norma
Regulamentadora n°10, a partir da análise ponto a ponto da adequabilidade do laboratório à
norma em estudo.
Finalmente, o capítulo 5 trará a conclusão do trabalho, e também as propostas de
trabalhos futuros ligados ao tema abordado.
17
A seguir são apresentados os dados gerais, passando depois para diversos comparativos
feitos pela equipe Abracopel, privilegiando os dados levantados a partir de 2013 e seguindo até
2019. (ABRACOPEL, 2020).
A Figura 2 apresenta o total de acidentes de origem elétrica no período de 2013 a 2019
no Brasil. A partir da série histórica verifica-se que os acidentes estão crescendo ao longo dos
anos. Entre 2013 e 2019 foram registrados 624 casos a mais, ou seja, houve um aumento de
60,11% no número de acidentes de origem elétrica no país, o que ressalta a importância de uma
instalação elétrica estar de acordo com as normas de segurança, e que indubitavelmente sua
ausência pode estar relacionada com o crescimento de acidentes elétricos nos últimos anos.
Figura 4 - Dados gerais – incêndios por sobrecarga – fatais e não fatais 2013-2019
Como pode ser observado na Figura 4, o número de acidentes por sobrecarga, que
geralmente traz como consequência incêndios, não para de aumentar ano após ano, o que é um
dado preocupante, pois esses acidentes por curto-circuito, em muitos casos, não apenas a
residência onde se teve a origem do curto-circuito é afetada, mas outras casas vizinhas também,
o que ocasiona maiores riscos e prejuízos. Comércios e indústrias, quando acometidos por
20
sobrecarga e incêndios costumam arcar com prejuízos bastante onerosos, que certamente saem
muito mais caros do que manter um plano de manutenção e segurança nas instalações elétricas.
Na Figura 5, apresenta-se os incêndios oriundos de curto-circuito de acordo com a
localidade que eles ocorreram em 2019.
Apesar de a maioria desses eventos ocorrerem em residências unifamiliares (255) e
comércios de pequeno e grande porte (178), destaca-se aqui a ocorrência de 41 incêndios
relativos a sobrecargas ocorridos em universidades ou escolas, fato que reforça a utilização das
práticas de segurança em instalações elétricas nesses locais e, portanto, justifica a escolha do
LEAT como estudo de caso desse trabalho.
todas as leis surgiu dos trabalhadores, que através da não aceitação do que era imposto, lutaram
para conseguir melhorias e qualidade de vida (INBRAEP, 2019).
2.4.1 No Brasil
diversos ambientes de forma segura, a exemplo da dignidade do trabalho que passou a ser fator
fundamental na prática das atividades, como também as medidas de gratificação que promovem
a qualificação profissional e crescimento como cidadão.
Tornou-se comum a adaptação do trabalho ao homem, priorizando as questões de
ergonomia aplicadas na legislação de SST, sendo evidenciada na adaptação e ajuste de
máquinas, equipamentos e mobiliário, mudança dos processos produtivos, jornadas de trabalho
e intervalos (INBRAEP, 2019).
O novo conceito de saúde foi consolidado, não relacionado apenas à inexistência das
doenças e sim enfatizando a plena saúde física, mental e social. As normas legais buscam hoje
em dia, um ambiente de trabalho saudável, sem a única preocupação com existência de agentes
insalubres e sim com a preocupação com a prevenção de qualquer fator negativo do ambiente.
Os trabalhadores passam a ter acesso às informações relativas à segurança e à saúde no
ambiente de trabalho, bem como a garantia de participação nos processos de elaboração das
normas por meio de representantes.
Os fatores e agentes de risco no ambiente de trabalho não são mais considerados
problemas isolados e passam a ter uma importância geral. A potencialização dos agentes torna-
se comum pelo contato entre eles. A jornada de trabalho excessiva, as condições ambientais e
processos passam a ter relação direta com a geração e o agravo das doenças ocupacionais
(INBRAEP, 2019).
Atualmente busca-se a extinção de fatores de risco, por meio da priorização das medidas
de controle de eliminação e que tenham alcance coletivo. Além da priorização das medidas
coletivas de controle em detrimento das medidas de proteção individual. E também a limitação
do tempo de exposição do trabalhador a atividades insalubres, passa a contar com a
possibilidade de redução da carga horária de trabalho.
O empregador passa a ter responsabilidade pela aplicação das normas, sendo que assume
a geração dos riscos no ambiente de trabalho. No caso de terceirização de serviços, aplica-se o
princípio da responsabilidade solidária.
O empregador ou tomador de serviço atualmente, passa a ser responsável pela aplicação
das normas de segurança e saúde do trabalho, adotando o princípio de que quem gera o risco é
responsável por ele. Na presença de serviços terceirizados, já é frequente o estabelecimento de
responsabilidade solidária entre tomadores de serviços e empregadores formais (INBRAEP,
2019).
24
Diante desse cenário, as normas regulamentadoras surgem para auxiliar, dar proteção e
mais segurança aos trabalhadores, configurando-se em documentos que norteiam as atividades
laborais em diversos segmentos trabalhistas.
Até a conclusão deste trabalho, tem-se 36 normas de segurança no Brasil, as quais estão
listadas a seguir:
NR1 - Disposições Gerais:
NR2 - Inspeção Prévia:
NR3 - Embargo ou Interdição:
NR4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho:
NR5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA:
NR6 - Equipamentos de Proteção Individual - EPI:
NR7 - Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional:
NR8 - Edificações:
NR9 - Programas de Prevenção de Riscos Ambientais:
NR10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade:
NR11 - Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais:
NR12 - Máquinas e Equipamentos:
NR13 - Caldeiras, Vasos de Pressão e Tubulações:
NR14 - Fornos:
NR15 - Atividades e Operações Insalubres:
NR16 - Atividades e Operações Perigosas:
NR17 - Ergonomia:
NR18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção:
NR19 - Explosivos:
NR20 - Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis:
NR21 - Trabalho a Céu Aberto:
NR22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração:
NR23 - Proteção Contra Incêndios:
NR25 - Resíduos Industriais:
NR26 - Sinalização de Segurança:
NR27 - Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no Ministério do
Trabalho: (Revogada pela Portaria GM n.º 262, 29/05/2008)
NR28 - Fiscalização e Penalidades:
25
Dentre as normas referidas acima, o presente trabalho destaca a NR-10, que trata da
Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade, criada pelo então Ministério do Trabalho
em 1978, ainda com o nome de Instalações e Serviços em Eletricidade. O texto original foi
modificado na segunda revisão da norma feita em 2004, ocasionada principalmente devido às
mudanças no trabalho do setor elétrico a partir da década de 90, que tem a privatização de
estatais como um de seus eixos, levando à precarização da segurança e saúde no trabalho,
resultando em grande aumento de acidente de trabalho no setor elétrico (MOREIRA, 2013).
A atualização mais recente da norma ocorreu em 30 de julho de 2019 por meio da
portaria SEPRT nº 915 que revoga três itens da NR 10, dos quais dois são transcritos abaixo, a
saber (BRASIL, 2019):
[...]
10.13.1 As responsabilidades quanto ao cumprimento desta NR são solidarias aos
contratantes e contratados envolvidos;
[...]
10.14.1 Os trabalhadores devem interromper suas tarefas exercendo o direito de
recusa, sempre que constatarem evidências de riscos graves e iminentes para sua
segurança e saúde ou a de outras pessoas, comunicando imediatamente o fato a seu
superior hierárquico, que diligenciará as medidas cabíveis;
26
O item 10.14.1 na verdade, foi ampliado aos trabalhadores das diversas áreas, na medida
em que foi transferido para a NR 01, na atualização que o revogou, como pode-se comprovar
em:
1.4.3 O trabalhador poderá interromper suas atividades quando constatar uma situação
de trabalho onde, a seu ver, envolva um risco grave e iminente para a sua vida e saúde,
informando imediatamente ao seu superior hierárquico.
1.4.3.1 Comprovada pelo empregador a situação de grave e iminente risco, não poderá
ser exigida a volta dos trabalhadores à atividade, enquanto não sejam tomadas as
medidas corretivas. (BRASIL, 2019).
O terceiro item revogado trata da documentação prevista na norma que deverá estar à
disposição das autoridades e que, assim como o item anterior, a revisão da NR 01 esclarece que
os documentos previstos nas NRs podem ser emitidos e armazenados em meio digital com
certificado digital emitido no âmbito da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-
Brasil), normatizada por lei específica, questão essa que será aprofundada mais à frente, quando
da análise do fluxograma no LEAT.
Em relação aos seus objetivos e campo de atuação, logo no seu início a norma os
apresenta como:
A corrente alternada se caracteriza pelo fato de que a tensão, em vez de permanecer fixa,
como entre os polos de uma bateria, varia com o tempo, mudando de sentido alternadamente.
No sistema monofásico uma tensão alternada U (Volt) é gerada e aplicada entre dois pontos aos
quais se liga a carga ocasionando a passagem de corrente elétrica I (Ampere) (WEG, 2015). Se
forem representados em um gráfico os valores de U e I, a cada instante, pode-se obter a Figura
7.
Fonte: Autor.
Nota-se que as ondas de tensão e de corrente não estão “em fase”, isto e, não passam
pelo valor zero no mesmo instante, embora tenham a mesma frequência; isto acontece para
muitos tipos de carga, por exemplo, enrolamentos de motores (cargas reativas) (WEG, 2015).
Para que que se tenha corrente elétrica passando por um material, equipamento elétrico
ou uma pessoa, é preciso haver uma diferença de potencial suficiente para vencer a resistência
do mesmo.
A diferença de potencial ocorre quando, sobre um corpo, estão submetidas as seguintes
tensões, na Figura 8 são mostradas as diferenças de potenciais em um sistma trifásico:
29
Fonte: Autor.
𝐔𝟏 𝐨𝐮 𝐔𝟐 𝐨𝐮 𝐔𝟑 − 𝐍
𝐔𝟏 𝐨𝐮 𝐔𝟐 𝐨𝐮 𝐔𝟑 − 𝐓
Onde:
𝐔𝟏 = Tensão ou potencial elétrico no condutor 1 em relação à terra.
𝐔𝟐 = Tensão ou potencial elétrico no condutor 2 em relação à terra.
𝐔𝟑 = Tensão ou potencial elétrico no condutor 3 em relação à terra.
𝐍 ∶ 𝐍𝐞𝐮𝐭𝐫𝐨.
𝐓 ∶ 𝐓𝐞𝐫𝐫𝐚.
Ou seja, se for ligado nos terminais de uma lâmpada U1 + U2 tem-se uma diferença de
potencial.
Se por um acaso o sistema estiver desbalanceado ou assimétrico, o neutro não estará
com 0V, logo, neste caso, poderá haver diferença de potencial entre neutro e terra:
𝐍+ 𝐓
Neste último é comum que alguns profissionais digam que o neutro e terra não
apresentam diferença de potencial, contudo, ao se estudar o sistema elétrico trifásico, pode-se
observa que em um sistema desiquelibrado, tem-se uma tensão no neutro diferente de zero, o
que pode fazer com quem uma pessoa sofra um choque elétrico entre o neutro e terra.
30
3.3 Aterramento
A proteção contra choques elétricos por contato indireto (quando uma pessoa toca uma
massa, que não deveria estar energizada, mas está) é conferida em parte pelo equipamento e em
parte pela instalação.
Muitas vezes a instalação possui um condutor de proteção, entretanto, o equipamento
não a possui. Em outros casos, o equipamento possui e a instalação, não.
A proteção só é efetiva se o equipamento possuir um condutor destinado à proteção, ou
disponibilizar alguma forma para ligação e este condutor estiver conectado à terra por uma
resistência que se aproxime de zero.
A seção mínima dos condutores de proteção deve seguir as recomendações da NBR-
5410. Segundo a norma, para circuitos em que os condutores de fase têm seção de até 16 mm²
o condutor de proteção deve ter a mesma seção. Para os casos em que os condutores de fase
têm entre 16 e 35 mm², deve ser utilizado o condutor de 16mm². Para condutores fase maiores
do que 35 mm², o condutor de proteção deve ter a metade da seção do condutor de fase.
Ainda de acordo com a NBR-5410, os condutores de proteção devem ser
exclusivamente de cores verdes ou verdes e amarelos.
Em um circuito funcionando em perfeitas condições, sem corrente de fuga, não existirá
corrente elétrica no condutor de proteção, entretanto, deve-se ter cuidado com essa afirmação,
pois, caso haja corrente de fuga, ela passará pelo condutor de proteção (ABNT, 2008).
32
3.3.3.1 Esquema TN
3.3.3.2 Esquema TT
3.3.3.3 Esquema IT
3.4 Equipotencialização
esse tipo de acidente, é preciso estabelecer o mesmo potencial (equipotencialização) entre todas
as massas e estruturas metálicas, independente de fazerem parte da rede elétrica.
A equipotencialização consiste basicamente em interligar todas as partes metálicas de
uma instalação e todos os aterramentos a um mesmo barramento conhecido como barramento
de equipotencialização principal (BEP), conforme pode ser ilustrado Figura 16.
A ideia é muito simples, no entanto exige técnica, pois, ao fazer tal interligação deve-se
garantir que a conexão tenha resistência elétrica próxima de zero. Logo, deve-se atentar para as
dimensões da barra e para o percurso que os cabos de conexão irão fazer, este deve ser o mais
curto possível para minimizar a resistência dos condutores, além disso, atenção especial deve
ser dada à corrosão galvânica.
Choque elétrico são alterações que ocorrem no corpo, ocasionado devido à passagem da
corrente elétrica pelo mesmo. Essa corrente circulará pelo corpo, o qual tornar-se-á parte do
circuito elétrico. Tem-se choque elétrico quando há uma diferença de potencial suficiente para
vencer a resistência elétrica oferecida pelo corpo.
Para melhor entender os mecanismos de funcionamento de proteção contra choque
elétrico, será demonstrado as difentes fomas de choque, bem como serão classificados os tipos
de choques elétricos.
37
Serão demostrados os principais tipos de choques elétricos, sendo que esse estudo se
detem apenas em choques elétricos em corrente alternada, uma vez que a maioria das insalações
elétricas são constituídas por esse tipo de sistema. Será importante classificar os tipos de
choques para melhor entender os meios para se proteger contra eles.
Exemplo-01: Choque elétrico por contato direto sem fuga pra terra (U1 ou U2 ou U3 +
N) ou (U1 +U2 ou U1 +U3 ou U2 + U3 ):
Na Figura 17 pode-se obeservar uma diferença de potencial no corpo entre Fase e Neutro
e entre fases, considerando que o mesmo está isalado do Terra. Logo, por este corpo poderá
percorrer uma corrente elétrica ocacionando o choque elétrico.
Obs: O valor da diferença de potencial vai depender da tensão da rede.
Figura 17- Choque elétrico por contato direto na rede sem fuga para a Terra
Exemplo-02: Choque elétrico por contato direto com fuga pra Terra (U1 ou U2 ou U3 +
T):
Na Figura 18 pode-se obeservar uma diferença de potencial no corpo entre fase e Terra.
Figura 18- Choque elétrico por contato direto na rede com fuga para a Terra
Exemplo-03: Choque elétrico por contato direto com fuga pra terra (N + T):
38
Na Figura 19 pode-se obeservar que poderá haver uma diferença de potencial no corpo
se o neutro estiver com tensão, lembrado que isso só ira ocorrer se o sistema estiver
desbalanceado ou assimétrico.
Figura 19- Choque elétrico por contato direto na rede com fuga para a Terra
Exemplo-04: Choque elétrico por contato indireto com fuga pra Terra.
Na Figura 20 tem-se um equipamento que, por uma falha, esta com tensão elétrica na
carcaça e o corpo está em contato direto com o condutor elétrico da rede.
Figura 20- Choque elétrico por contato indireto com fuga para a Terra
Assim, para que uma pessoa sofra um choque elétrico, uma corrente elétrica deverá
circular pelo corpo do indivíduo, ocoasionada por uma diferença de potencial.
De acordo com a ABNT (2008), que aborda a NBR-5410, para proteção contra choques
elétricos, devem-se adotar precauções a seguir relacionadas:
Primeiro caso: Partes vivas de instalações elétricas não devem ser acessíveis.
Segundo caso: Massas ou partes condutivas acessíveis não devem oferecer perigo seja
em condição normal, seja em particular, em caso de alguma falha que as torne acidentalmente
vivas.
Mesmo seguindo essas orientações, ainda assim choques podem ocorrer.
39
3.6.1 Desenergização
O procedimento para desenergização ao contrário do que muitos pensam, não consiste
apenas em desligar um disjuntor ou abrir uma chave. É um processo relativamente complexo
que, de acordo com a NR-10 (BRASIL, 2004), deve obedecer à seguinte sequência:
1- Seccionamento;
40
2- Impedimento de reenergização;
3- Constatação da ausência de tensão;
4- Instalação de aterramento temporário com equipotencialização dos condutores dos
circuitos;
5- Proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada;
6- Instalação da sinalização de impedimento de reenergização;
A desenergização deve ser realizada por no mínimo duas pessoas nos trabalhos que
envolvem o sistema elétrico de potência.
3. Circuitos e tomadas de corrente situadas em áreas internas que possam vir a alimentar
equipamentos no exterior; e
Fonte: www.siemens.com.br.
É o valor da tensão ao qual o ensaio de tensão aplicada e as linhas de fuga são referidos.
Corresponde à máxima tensão nominal do disjuntor. A máxima tensão de serviço não pode ser
superior à tensão nominal de isolamento.
Característica I²t
As curvas de atuação instantânea do disjuntor são definidas pela NBR NM 60898 como
segue, na Figura 22 são apresentadas as curvas do disjuntor:
Curva B: 3 a 5 x In;
Curva C: 5 a 10 x In;
Curva D: 10 a 20 x In.
IB ≤ In ≤ Iz (condição normal)
Ics>Ik
A segunda, é que a energia específica que o disjuntor deixa passar, durante a interrupção
do curto-circuito, deve ser inferior àquela que o condutor do circuito protegido pode suportar.
Na Figura 23 são mostradas as curvas de suportabilidade e integral de Joule.
I²t ≤ k²S²
Onde:
Fonte: www.siemens.com.br.
DPS é a sigla para Dispositivo de Proteção contra Surtos, também conhecido como
Supressor de Surtos e Protetor contra Surtos Elétricos. Esses termos são designados a aparelhos
capazes de proteger equipamentos eletroeletrônicos contra picos de tensão que podem vir da
rede elétrica, de cabos de TV (por assinatura ou de antena externa) ou da linha telefônica, a
Figura 24 apresenta o DPS.
Fonte: www.etormann.tk
O método criado nesse trabalho foi desenvolvido a partir das medidas de controle
contidas na NR-10. De posse de tais medidas, um fluxograma foi construído elencando o passo
a passo para que profissionais que trabalham com eletricidade, em especial engenheiros, possam
produzir laudos de instalações elétricas segundo a referida norma.
O primeiro passo (I) verificado é a existência ou não de um projeto elétrico com as
especificações do sistema de aterramento e demais equipamentos e dispositivos de proteção,
segundo o que preconiza o item 10.2.3 da norma em estudo (BRASIL, 2004). Caso a empresa
não possua projeto elétrico ela terá que realizar um projeto da instalação existente.
O passo seguinte (II), pergunta se o projeto está atualizado, em caso negativo deve-se
realizar a atualização do projeto. Fato que se torna necessário sempre que alguma alteração for
feita na instalação. Feito isso, pode-se passar para o próximo passo (III) que questiona se a
empresa tem uma carga instalada superior a 75 kW. Nos casos em que a instalação não possui
carga instalada superior a 75 kW, o fluxograma direciona o leitor para o questionamento quanto
à existência ou não de área classificada na instalação (passo X). Para os casos em que a
instalação possuir tal área, a explicação será detalhada adiante, no entanto em caso negativo, o
fluxograma determina que seja indagado novamente se a empresa possui potência instalada
maior do que 75 kW (passo XII), o motivo para que esse questionamento seja refeito também
será elucidado mais à frente. Suponhamos que a reposta novamente seja “Não” para a pergunta
feita nesse último passo, então o fluxograma direcionará o leitor para o questionamento quanto
à operação da empresa em instalações ou equipamentos integrantes do sistema elétrico de
potência (XIV). Novamente para respostas afirmativas, por uma questão de continuidade, a
descrição desse passo será debatida a frente. Já em caso de negativa, finalmente o fluxograma
questiona se a empresa opera em proximidade do sistema elétrico de potência (XVIII). Assim
como dito acima, apenas dar-se-á sequência a reposta negativa, a qual levará o profissional ao
final do fluxograma e, consequente adequação da instituição/empresa à NR-10.
Por outro lado, retornando à primeira pergunta em que o fluxograma abordou a carga
instalada da empresa/ instituição (passo III), para aqueles que possuírem carga acima de 75 kW,
o passo seguinte, segundo o fluxograma, é verificar se a instituição/ empresa possui além do
48
projeto elétrico atualizado, também o Prontuário de Instalações Elétricas (PIE), que sempre
deverá ser mantido atualizado e estar à disposição tanto dos trabalhadores envolvidos nos
serviços em eletricidade como também para autoridades que desejem atestar a segurança das
instalações.
O item 10.2.4 da norma, elenca o conjunto de documentos necessários à construção do
PIE, e a partir desses documentos, são feitos os próximos questionamentos que se seguem no
fluxograma. Abaixo serão comentados os passos seguintes do fluxograma, pautados em cada
alínea do item mencionado:
Passo IV: Existe conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de
segurança e saúde, implantadas e relacionadas a esta NR e descrição das medidas de controle
existentes?
Se a empresa não possuir este conjunto de procedimentos e instruções, bem como as
medidas de controle e análise de riscos inerentes aos serviços e atividades desenvolvidas em
seu meio, terá que providenciá-los; se possuir, deverá passar para o próximo item do fluxograma
que se baseia no item 10.2.4 alínea b, da norma em estudo.
Passo V: Existe documentação das inspeções e medições do sistema de proteção contra
descargas atmosféricas e aterramentos elétricos?
Aqui a empresa terá que apresentar os projetos e laudos dos sistemas de descargas
atmosféricas; eles terão que estar em acordo com a norma técnica NBR-5419 que trata deste
assunto, se a empresa não estiver em conformidade, deverá corrigir as pendências; se estiver
em ordem, passará para o passo seguinte (passo VI), pautado na alínea c do item 10.2.4 da
norma.
O passo VI Indaga quanto à existência de listas contendo a especificação dos
equipamentos de proteção coletiva e individual.
Logo em seguida, o passo VII, semelhante ao anterior, pergunta se há lista de
especificação de ferramentas conforme orienta a NR10.
A empresa terá que apresentar listas contendo todos os EPI’s, EPC’s e ferramentas
utilizadas. Tais ferramentas e equipamentos terão que ser adequados à atividade e ao nível de
tensão segundo o que pede a NR-10; se a empresa não possuir as listas mencionadas, deverá
criá-las.
Dando continuidade ao fluxograma o próximo passo (VIII), corresponde à exigência da
alínea d do item 10.2.4: A empresa deve possuir documentação comprobatória da qualificação,
habilitação, capacitação, autorização dos trabalhadores e dos treinamentos realizados. Aqui a
empresa terá que apresentar um sistema de identificação de cada colaborador, com os seus
49
É certo que muitas empresas, empreiteiras não teriam, pela potência instalada em suas
sedes ou canteiros, (que correspondem a estabelecimentos separados), que atender às
exigências do item 10.2.4, porém por atuar no SEP, ficam obrigadas ao que se
estabelece no item, por conta de operarem no SEP e estarem submetidas ao mesmo
risco e exigências.
Na medida em que o leitor atinge o passo XIV, que questiona justamente se a empresa
opera em instalações ou equipamentos integrantes do sistema elétrico de potência, o
fluxograma, para os casos afirmativos, em seu passo XV vai indagar se o PIE da empresa está
completo com todas as alíneas do item 10.2.4, se não estiver, a empresa deverá providenciar a
documentação exigida.
Em seguida, o passo XVI quer saber se a empresa possui a descrição dos procedimentos
para emergência, e o passo XVII pergunta se a empresa possui as certificações dos
equipamentos de proteção coletiva e individual. As exigências desses dois passos são
necessárias para os casos de empresas que realizam serviços junto ao SEP.
Já para aquelas empresas que operam, também ou somente, na proximidade do Sistema
Elétrico de Potência (questionamento feito no passo XVIII) o fluxograma direciona para o passo
XIX, que pergunta se a empresa possui Prontuário de Instalações Elétricas contemplando os
documentos descritos nas alíneas “a”, “c”, “d” e “e” do item 10.2.4 (que foram vistos nos passos
IV, VI, VII, VIII e IX) e, em seguida (passo XX), pergunta se a empresa possui também a
descrição dos procedimentos para emergências e as certificações dos equipamentos de proteção
coletiva e individual, que foram vistas, respectivamente, nos passos XVI e XVII.
Para exemplificar o caso de empresas que desenvolvem seu trabalho somente em áreas
próximas ao sistema elétrico de potência, pode-se considerar uma que trabalhasse
exclusivamente com poda de árvores próximas à rede elétrica, pois nesse caso específico, não
necessariamente ela possuiria uma potência instalada de 75 kW, como se vê no início do
fluxograma, mas devido à proximidade do seu trabalho realizado à rede, ela seria obrigada,
51
segundo a NR-10, a estar em dia com a documentação descrita no fluxograma para o seu caso
específico.
O texto descrito acima pode ser compilado no fluxograma apresentado nas páginas
seguintes, que representa o objetivo principal desse trabalho.
52
Fonte: O autor
55
▪ Gerador de Impulso de Corrente, este possui 12 estágios de 100kV cada um, totalizando
1,2MV, 120kJ. Atualmente, o gerador possui a capacidade de gerar 10kA/20kA de
corrente impulsiva.
▪ Gerador de Impulso de Tensão, ilustrado na Figura 26, que possui 18 estágios de 200kV
cada um, totalizando 3,6MV, 540kJ. É importante destacar que este equipamento está
limitado a operar até 2,4MV, uma vez que o divisor de tensão deste sistema apresente
dois módulos de 1,2MV.
Fonte: O autor.
Potência (W)
20000
40000
60000
80000
100000
120000
0
00:00:00
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
0
01:10:00
02:20:00 17:20:00
03:30:00 17:40:00
04:40:00 18:00:00
05:50:00 18:20:00
07:00:00 18:40:00
08:10:00 19:00:00
09:20:00 19:20:00
10:30:00 19:40:00
11:40:00 20:00:00
12:50:00
Horário
20:20:00
14:00:00 20:40:00
Horário
15:10:00 21:00:00
16:20:00 21:20:00
Fonte: O autor.
Fonte: O autor.
17:30:00 21:40:00
18:40:00 22:00:00
19:50:00 Medido no dia 23/09/2020 22:20:00
21:00:00
Figura 28- Medição feita no dia 23/09/2020
22:40:00
Figura 27 - Medição feita no dia 22/09/2020
22:10:00 23:00:00
23:20:00 23:20:00
23:40:00
AvgS1
AvgS2
AvgS3
AvgSsum
AvgS1
AvgS2
AvgS3
AvgSsum
57
Potência (W) Potência (W)
5000
10000
15000
20000
5000
25000
30000
35000
10000
15000
20000
25000
0
0
00:00:00 00:00:00
01:10:00 01:10:00
02:20:00 02:20:00
03:30:00 03:30:00
04:40:00 04:40:00
05:50:00 05:50:00
07:00:00 07:00:00
08:10:00 08:10:00
09:20:00
09:20:00
10:30:00
10:30:00
11:40:00
11:40:00
12:50:00
Horário
12:50:00
Horário
Fonte: O autor.
Fonte: O autor.
14:00:00
15:10:00 14:00:00
16:20:00 15:10:00
17:30:00 16:20:00
18:40:00 17:30:00
19:50:00 18:40:00
21:00:00 19:50:00
Figura 29 - Medição feita no dia 24/09/2020
22:10:00 21:00:00
23:20:00 22:10:00
23:20:00
AvgS1
AvgS3
AvgS2
AvgSsum
AvgS1
AvgS2
AvgS3
AvgSsum
58
Potência (W) Potência (W)
1000
1500
2000
2500
3000
1000
1500
2500
3000
2000
0
0
500
500
00:00:00 00:00:00
01:10:00 01:10:00
02:20:00 02:20:00
03:30:00 03:30:00
04:40:00 04:40:00
05:50:00 05:50:00
07:00:00 07:00:00
08:10:00 08:10:00
09:20:00
09:20:00
10:30:00
10:30:00
11:40:00
11:40:00
12:50:00
Horário
12:50:00
Horário
14:00:00
Fonte: O autor.
Fonte: O autor.
15:10:00 14:00:00
16:20:00 15:10:00
17:30:00 16:20:00
18:40:00 17:30:00
19:50:00 18:40:00
21:00:00 19:50:00
Figura 32 - Medição feita no dia 27/09/2020
Figura 31 - Medição feita no dia 26/09/2020
22:10:00 21:00:00
23:20:00 22:10:00
23:20:00
AvgS1
AvgS3
AvgS2
AvgSsum
AvgS1
AvgS2
AvgS3
AvgSsum
59
Potência (W) Potência (W)
5000
10000
15000
20000
5000
25000
30000
35000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
0
0
00:00:00 00:00:00
01:10:00 01:10:00
02:20:00 02:20:00
03:30:00 03:30:00
04:40:00
04:40:00
05:50:00
05:50:00
07:00:00
08:10:00 07:00:00
09:20:00 08:10:00
10:30:00 09:20:00
11:40:00 10:30:00
12:50:00 11:40:00
Horário
Fonte: O autor.
Fonte: O autor.
14:00:00
Horário
12:50:00
15:10:00 14:00:00
16:20:00 15:10:00
17:30:00
16:20:00
18:40:00
17:30:00
19:50:00
22:10:00 19:50:00
23:20:00 21:00:00
22:10:00
23:20:00
AvgS1
AvgS3
AvgS2
AvgSsum
AvgS1
AvgS2
AvgS3
AvgSsum
60
61
12000
AvgS1
10000
8000
6000
4000
2000
0
07:00:00
15:10:00
19:50:00
00:00:00
01:10:00
02:20:00
03:30:00
04:40:00
05:50:00
08:10:00
09:20:00
10:30:00
11:40:00
12:50:00
14:00:00
16:20:00
17:30:00
18:40:00
21:00:00
22:10:00
23:20:00
Horário
Fonte: O autor.
AvgS2
20000
AvgS1
15000
10000
5000
0
00:00:00
09:10:00
00:50:00
01:40:00
02:30:00
03:20:00
04:10:00
05:00:00
05:50:00
06:40:00
07:30:00
08:20:00
10:00:00
10:50:00
11:40:00
12:30:00
13:20:00
14:10:00
15:00:00
Horário
Fonte: O autor.
A partir do estudo dos gráficos acima, pode-se constatar que a potência demandada no
LEAT oscilou bastante durante o período de medição. Foi possível verificar momentos em que
ela permaneceu zerada, a exemplo do que foi observado no período de 6:00h às 10:00h do dia
24/09/2020 (Figura 29) e no período de 06:00h às 18:00h do dia 27/09/2020 (Figura 32), bem
como também houve períodos em que a potência total esteve na faixa de 25 kW a 30 kW, como
observado na Figura 30, chegou a estar próximo dos 80 kW no dia 22/09/2020 (Figura 27) no
62
período que vai desde as 21:00h, permanecendo assim durante o dia 23/09/2020 (Figura 28) até
próximo das 09:30h, quando o somatório da potência fica acima dos 80 kW, chegando a ter
um pico acima de 100 kW por volta das 18:40h desse dia, para a partir daí cair até ficar
completamente zerada.
Fonte: O autor
10.3.5 Sempre que for tecnicamente viável e necessário, devem ser projetados
dispositivos de seccionamento que incorporem recursos fixos de equipotencialização
e aterramento do circuito seccionado.
10.3.6 Todo projeto deve prever condições para a adoção de aterramento temporário.
10.3.7 O projeto das instalações elétricas deve ficar à disposição dos trabalhadores
autorizados, das autoridades competentes e de outras pessoas autorizadas pela
empresa e deve ser mantido atualizado.
Nesse item, Pereira e Sousa (2010, pg. 32), esclarecem entre outras coisas que deverá
“o projetista ocupar-se do posicionamento e localização dos componentes, de forma a adequar
65
Com relação à análise do memorial descritivo do projeto, esta será feita a partir
memorial descritivo da subestação transformadora, de onde será construído um quadro de
adequabilidade deste memorial ao que defende o item 10.3.9 da norma.
Cabe aqui destacar que apesar de alíneas B e D não estarem comtempladas no memorial,
observou-se na análise de projetos e também durante a visita feita à subestação do LEAT, que
ela obedece a tais recomendações, sendo, portanto, necessária a atualização do memorial para
adequação ao pede a norma.
Quanto à atualização dos projetos do LEAT, através da análise dos mesmos,
comprovou-se que estão atualizados, e consequente em conformidade, assim como orientada o
fluxograma em seu segundo passo representado na Figura 41 abaixo:
Fonte: O autor.
Fonte: O autor.
Fonte: O autor
Fonte: O autor.
A Figura 45 traz o questionamento acerca das listas de EPI’s e EPC’s, que para o nosso
estudo de caso verificou-se que o mesmo as possui e tais listas estão atualizadas.
Figura 45 - Passo VI
Fonte: O autor.
Fonte: O autor.
69
Tais listas são de suma importância para provar, em casos de acidentes, quais são as
ferramentas e equipamentos que a empresa dispõe para seus serviços, pois é expressamente
proibido que os colaboradores tragam equipamentos que não estão listados pela empresa/
instituição para a realização de suas atividades, uma vez que ela não possui o conhecimento de
suas especificações e adequabilidade aos serviços realizados em seu campo de trabalho, a cerca
disso é interessante confirmar o que a norma diz sobre esse assunto em seu item 10.4.3 e subitem
10.4.3.1(BRASIL, 2004, pg. 4):
Fonte: O autor.
70
Nesse sistema também deve estar o prontuário médico dos colaboradores, contendo os
exames de saúde e laudos, se for o caso, que atestem a compatibilidade com as atividades a
serem desenvolvidas pelos trabalhadores com sua condição física e emocional.
Antigamente esses documentos deveriam estar guardados em um local específico para
possíveis consultas e fiscalizações futuras, no entanto, recentemente a NR-10 passou por uma
atualização feita por meio da portaria SEPRT n.º 915, de 30 de julho de 2019, que permite que
esse banco de dados que documenta a vida funcional dos membros da instituição seja feito de
modo digital, assim como demais documentos previstos nas NRs. Quanto a isso é importante
destacar o que determina tal atualização para o arquivamento de documentos digitais ou
digitalizados, para tanto, abaixo será transcrito o trecho de (BRASIL, 2019) que trata desse
assunto:
BRASIL (2004, pg. 7) no seu item: “10.8.5 A empresa deve estabelecer sistema de identificação
que permita a qualquer tempo conhecer a abrangência da autorização de cada trabalhador,
conforme o item 10.8.4.” e também no seu item “10.8.6 Os trabalhadores autorizados a trabalhar
em instalações elétricas devem ter essa condição consignada no sistema de registro de
empregado da empresa.” (BRASIL, 2004, pg. 8). Sendo o crachá um desses meios, além é claro
do registro formal no sistema digital, no caso do LEAT.
Dando continuidade ao fluxograma, o próximo passo ilustrado pela Figura 48, pergunta
se a instituição/ empresa possui os testes de isolação elétrica realizados em equipamentos de
proteção individual e coletiva, lembrando que tais testes devem ser realizados por empresas/
laboratórios credenciados, e periodicidade obedecendo o manual dos equipamentos e/ou as
normas específicas. Quanto a esse ponto foi verificada a não conformidade do LEAT.
Fonte: O autor.
Fonte: O autor.
Uma vez que o Laboratório não se enquadra nessa situação, o fluxograma, no passo
seguinte, refaz a pergunta quanto a potência instalada do laboratório (Figura 50).
72
Fonte: O autor.
E, como já foi aqui expresso, o LEAT possui potência instalada acima de 75 kW, o que
direciona o fluxograma para o passo XIII, ou seja, procura saber se o laboratório tem os
relatórios técnicos das inspeções atualizadas com recomendações, cronogramas de adequações,
contemplando todos os itens anteriores. Quanto a essa exigência verificou-se a não
conformidade do LEAT.
Quanto ao próximo questionamento, que indaga quanto à operação da empresa/
instituição em instalações ou equipamentos integrantes do sistema elétrico de potência, para o
caso específico do LEAT, não se aplica, uma vez que o mesmo não opera no SEP.
Finalmente, o fluxograma pergunta se o laboratório realiza trabalho em proximidade do
sistema elétrico de potência, e como o laboratório de alta tensão não se enquadra nessa situação,
dando mais uma vez uma resposta negativa, o fluxograma é finalizado.
Assim, como pode-se verificar no exposto acima, houve tanto situações em que o LEAT
atendeu ao que está disposto na norma, como também há aquelas em que esse espaço não esteve
em conformidade com ela. Portanto, por uma questão de organização, a partir do fluxograma,
foi gerado o quadro de conformidade seguinte:
73
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
PEREIRA, Joaquim Gomes; SOUSA, João José Barrico de. Manual de Auxílio na
Interpretação e Aplicação da NR 10: NR 10 comentada. São Paulo: Ministério do Trabalho e
Emprego, 2010.
SIEMENS. Dispositivos DR 5SV, 5SM e 5SU Proteção contra correntes de fuga à terra
em instalações elétricas, São Paulo, 2016.
SIEMENS. Disjuntores 5SX, 5SL, 5SY e 5SP A proteção adequada para cada tipo de
projeto, São Paulo, 2016.
SOUZA, José Rubens Alves de; MORENO, Hilton. Guia EM da NBR 5410: Instalações
elétricas de baixa tensão. São Paulo: Revista eletricidade moderna, 2001.