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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA

FACULDADE DE ENGENHARIAS ELÉTRICA E BIOMÉDICA

GEOVANE DO CARMO PEREIRA

FLUXOGRAMA PARA EMISSÃO DE LAUDO EM


ACORDO COM A NR-10

BELÉM-PA
2021
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD
Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Pará
Gerada automaticamente pelo módulo Ficat, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

P436f Pereira, Geovane do Carmo.


Fluxograma para emissão de laudo em acordo com a nr-10 /
Geovane do Carmo Pereira. — 2021.
80 f. : il. color.

Orientador(a): Prof. Dr. Allan Rodrigo Arrifano Manito


Coorientador(a): Prof. Me. Willian Moreira de Assis
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade
Federal do Pará, Instituto de Tecnologia, Faculdade de Engenharia
Elétrica, Belém, 2021.

1. Fluxograma. 2. NR-10. 3. Laudo de instalação elétrica.


I. Título.

CDD 621.3191

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)


Aos meus pais, que sempre acreditaram em
mim e fizeram tudo que estava a seu alcance
para que eu alcançasse meus objetivos.
Ao meu filho Lucas, por ser uma das razões de
minha busca incansável ao conhecimento e
crescimento moral e intelectual.
E a todos que precisam dividir seu tempo entre
trabalho, estudo e família, cujo sucesso nem
sempre é garantido, exigindo, pois, muita
determinação e luta daqueles que conseguem!
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus Todo Poderoso e seu filho Jesus por todas as vezes que me
ampararam, principalmente nos momentos que parecia que não conseguiria seguir a diante na
graduação, sempre estavam presentes para me fortificar e animar para seguir em frente. Sei que
sem Sua ajuda não conseguiria chegar aqui. Foram tantas provas de ajuda que não há como não
sentir sua presença nas pequenas coisas que contribuíram para que eu completasse esse ciclo.

Aos meus pais Lene e João por sempre estarem ao meu lado contribuindo com minha
formação, acreditando em minhas conquistas e vibrando com elas. Meus heróis, sem o empenho
de vocês não seria hoje quem me tornei. Minha querida mãe, obrigado por sempre acreditar e
estar comigo na minha vida estudantil.
Aos meus irmãos e irmã, em especial ao Janderson que foi o primeiro incentivador, para
que eu alçasse voos em espaço ainda não explorados, a Engenharia Elétrica.
À minha esposa Rosilene por anos de companheirismo.
Ao meu orientador, professor Allan, por ter me conduzido frente a esse trabalho.
À minha amiga Luciana pela amizade, companhia, conselhos e ajuda na revisão deste
texto.
Aos meus amigos André, José Marques, Adriano, Marcos Formigosa e José Luiz por
dividir as angústias comigo durante a graduação e tantas vezes me abrigarem em suas
residências quando eu precisei dormir em Belém.
Enfim, a todos que me ajudaram a tornar esse momento em realidade, destacando aqui
meus colegas Genival, Horácio e Emanuellen.
“Aprenda a utilizar os momentos difíceis a seu favor. É possível
encontrar meios de superação mesmo quando nada parece dar certo.
A angústia e o desespero podem se tornar molas propulsoras para a
inovação e vencer a procrastinação.”
(Geovane do Carmo Pereira)
RESUMO

O presente trabalho propõe a criação de um fluxograma capaz de auxiliar engenheiros e demais


profissionais que trabalham com instalações elétricas, na adequação destas instalações com
relação à norma de regulamentação de número dez (NR -10). Para isso, inicialmente serão
demonstrados alguns dados estatísticos que mostram o crescente número de acidentes de origem
elétrica tanto por curto-circuito quanto por choques elétricos, com vítimas fatais ou não. Serão
apresentados aspectos relevantes da norma, que funcionará como base para a criação do
fluxograma. O conhecimento da norma não só é importante para se atestar a conformidade da
instalação com ela própria, como para a gestão da segurança das equipes que trabalham em
locais expostos aos riscos elétricos. A seguir será detalhado o sistema elétrico e os seus
principais dispositivos e meios de proteção, para que finalmente, seja proposto um fluxograma,
em concordância com a NR-10, como ferramenta de análise crítica e diagnóstico de uma
instalação, aplicando tal recurso nas instalações do Laboratório de Alta e Extra Alta Tensão
(LEAT) da UFPa como estudo de caso.

Palavras Chaves: Fluxograma. NR-10. Laudo de instalação elétrica. LEAT.


ABSTRACT

The present work proposes the creation of a flowchart capable of assisting engineers and other
professionals that work on electrical installations, in the adequacy of these installations in
relation to the Regulation Standard n° 10 (NR -10). Therefore, initially some statistical data
will be demonstrated showing the increasing number of accidents of electrical origin either by
short circuit and by electrical shocks, with fatal victims or not. Relevant aspects of the standard
will be presented, which will work as the basis for the creation of the flowchart. Knowledge of
the standard is not only important for attesting the installation's compliance with itself, but also
for the safety management of teams working in locations exposed to electrical risks. Next, the
electrical system and its main devices and means of protection will be detailed, so that finally,
a flowchart is proposed, in accordance with NR-10, as a tool for critical analysis and diagnosis
of an installation, applying this resource in the installations the High and Extra High Voltage
Laboratory (LEAT) of UFPA as a case study.

Keywords: Flowchart. NR-10. Electrical installation report. LEAT.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Acidentes envolvendo eletricidade em 2019 ............................................................ 17


Figura 2-Total de acidentes de origem elétrica 2013 - 2019 .................................................... 18
Figura 3- Dados gerais – Choque elétrico – fatais e não fatais 2013-2019 .............................. 19
Figura 4 - Dados gerais – incêndios por sobrecarga – fatais e não fatais 2013-2019 .............. 19
Figura 5- Incêndios por sobrecarga por localidade em 2019.................................................... 20
Figura 6 - Acidentes com descargas atmosféricas – fatais e totais 2013-2019 ........................ 21
Figura 7-Tensão e corrente na carga monofásica ..................................................................... 28
Figura 8- Diferença de potencial no sistema elétrico trifásico ................................................. 29
Figura 9- Sistema trifásico ........................................................................................................ 30
Figura 10- Símbolos utilizados nos esquemas de aterramento ................................................. 32
Figura 11- Esquema TN-S ........................................................................................................ 33
Figura 12- Esquema TN-C-S .................................................................................................... 33
Figura 13- Esquema TN-C ....................................................................................................... 34
Figura 14- Esquema TT ............................................................................................................ 34
Figura 15- Esquema IT ............................................................................................................. 35
Figura 16- Barramento de equipotencialização ........................................................................ 36
Figura 17- Choque elétrico por contato direto na rede sem fuga para a Terra ......................... 37
Figura 18- Choque elétrico por contato direto na rede com fuga para a Terra ......................... 37
Figura 19- Choque elétrico por contato direto na rede com fuga para a Terra ......................... 38
Figura 20- Choque elétrico por contato indireto com fuga para a Terra .................................. 38
Figura 21- Partes do disjuntor .................................................................................................. 42
Figura 22- Curvas do disjuntor ................................................................................................. 43
Figura 23- Curvas de suportabilidade e Integral de Joule ........................................................ 45
Figura 24- DPS ......................................................................................................................... 45
Figura 25- Aspecto construtivo DPS ........................................................................................ 46
Figura 26 - Gerador de impulso de tensão do LEAT ............................................................... 56
Figura 27 - Medição feita no dia 22/09/2020 ........................................................................... 57
Figura 28- Medição feita no dia 23/09/2020 ............................................................................ 57
Figura 29 - Medição feita no dia 24/09/2020 ........................................................................... 58
Figura 30 - Medição feita no dia 25/09/2020 ........................................................................... 58
Figura 31 - Medição feita no dia 26/09/2020 ........................................................................... 59
Figura 32 - Medição feita no dia 27/09/2020 ........................................................................... 59
Figura 33 - Medição feita no dia 28/09/2020 ........................................................................... 60
Figura 34 - Medição feita no dia 29/09/2020 ........................................................................... 60
Figura 35 - Medição feita no dia 30/09/2020 ........................................................................... 61
Figura 36 - Medição feita no dia 01/10/2020 ........................................................................... 61
Figura 37 - Passo I do fluxograma............................................................................................ 62
Figura 38 - Desenho da sinalização de advertência da subestação do LEAT .......................... 63
Figura 39 - Referências numéricas da planta baixa e corte AA' da subestação do LEAT ....... 64
Figura 40 - Detalhe 6 da prancha elétrica 5/7 ........................................................................... 64
Figura 41 - Passo II do fluxograma .......................................................................................... 66
Figura 42 - Passo III do fluxograma ......................................................................................... 67
Figura 43 - Passo IV do fluxograma......................................................................................... 67
Figura 44 - Passo V do fluxograma .......................................................................................... 68
Figura 45 - Passo VI ................................................................................................................. 68
Figura 46 - Passo VII do fluxograma ....................................................................................... 68
Figura 47 - Passo VIII do fluxograma ...................................................................................... 69
Figura 48 - Passo IX do fluxograma......................................................................................... 71
Figura 49 - Passo X do fluxograma .......................................................................................... 71
Figura 50 - Passo XII do fluxograma ....................................................................................... 72
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 11
1.1 Motivação .................................................................................................................. 12
1.2 Justificativa ............................................................................................................... 12
1.3 Objetivos do trabalho ............................................................................................... 15
1.4 Estrutura do trabalho .............................................................................................. 15
2 DADOS ESTATÍSTICOS DE ACIDENTES EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
E NORMAS REGULAMENTADORAS .............................................................................. 17
2.1 Total de acidentes de origem elétrica no período de 2013-2019 ........................... 18
2.2 Total de incêndios por curto-circuito 2013-2019 ................................................... 19
2.3 Acidentes com descargas atmosféricas – fatais e totais 2013-2019 ...................... 20
2.4 Normas de segurança ............................................................................................... 21
2.4.1 No Brasil..................................................................................................................... 22
2.4.2 Segurança do trabalho – Tempos Modernos .............................................................. 22
2.4.3 A Norma Regulamentadora n° 10 .............................................................................. 25
3 SISTEMA ELÉTRICO E DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO ELÉTRICOS .... 28
3.1 Diferença de potencial .............................................................................................. 28
3.2 Sistema de corrente alternada trifásica .................................................................. 30
3.3 Aterramento .............................................................................................................. 30
3.3.1 Aterramento do neutro................................................................................................ 31
3.3.2 Aterramento de Proteção (PE) .................................................................................... 31
3.3.3 Esquema de aterramento ............................................................................................ 32
3.3.3.1 Esquema TN ............................................................................................................... 33
3.3.3.2 Esquema TT ............................................................................................................... 34
3.3.3.3 Esquema IT................................................................................................................. 34
3.4 Equipotencialização.................................................................................................. 35
3.5 Choque elétrico ......................................................................................................... 36
3.5.1 Classificação dos choques elétricos ........................................................................... 37
3.5.2 Proteção contra choques elétricos .............................................................................. 38
3.6 Medidas de controle do risco elétrico ..................................................................... 39
3.6.1 Desenergização........................................................................................................... 39
3.6.2 Dispositivos a corrente de fuga .................................................................................. 40
3.6.3 Disjuntores Termomagnéticos .................................................................................... 41
3.6.4 Dispositivos de Proteção contra Surtos Elétricos DPS .............................................. 45
4 FLUXOGRAMA E ESTUDO DE CASO PARA EMISSÃO DE LAUDO EM
ACORDO COM A NR-10 ...................................................................................................... 47
4.1 Detalhamento do fluxograma .................................................................................. 47
4.2 Estudo de caso - Diagnóstico e relatório da visita realizada ao LEAT ................ 55
4.2.1 O Laboratório de Alta e Extra Alta Tensão – LEAT ................................................. 55
4.2.2 Aplicação do Fluxograma ao LEAT .......................................................................... 62
5 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 74
5.1 Sugestões para trabalhos futuros ............................................................................ 74
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 75
ANEXO A – MODELO DE ANÁLISE DE RISCO .............................................. 77
11

1 INTRODUÇÃO

A eletricidade tem sido o principal insumo dos últimos anos, atravessou os séculos
XVIII, XIX e XX, estabelecendo-se de forma profunda no dia a dia das sociedades. A nova
revolução industrial, que traz a indústria 4.0 e a internet das coisas (IoT), irá certamente mudar
muitas formas de trabalhar e viver, entretanto, o mais importante insumo para que tudo isso seja
realidade é a eletricidade, pois computadores ainda são alimentados por ela, bem como a
maioria dos instrumentos e equipamentos contemporâneos. Se a eletricidade é o insumo
principal, necessita-se de profissionais qualificados e produtos de qualidade compondo
instalações elétricas que também precisam ter boa qualidade. O problema é que os riscos
inerentes ao manuseio com a eletricidade, têm sido traduzidos em um cenário bastante sombrio
de acidentes, muitos deles fatais (ABRACOPEL, 2018).
Anualmente diversos acidentes ocorrem relacionados às atividades com eletricidade,
sejam em residências ou em suas proximidades, a exemplo dos acidentes relacionados a furto
de energia; sejam nas indústrias, comércios e toda a rede elétrica, que envolve a geração,
transmissão e distribuição e os consumidores de energia elétrica. Trabalhar com eletricidade é
estar sujeito a um perigo invisível que algumas pessoas e trabalhadores subestimam em suas
atividades cotidianas. No entanto, boa parte dos acidentes elétricos podem ser evitados, desde
que, tanto empregadores, como empregados e todo aquele que realiza atividades relacionadas à
eletricidade, sigam corretamente as normas de segurança, participando de treinamentos,
obedecendo aos procedimentos de trabalho e às medidas de controle, fazendo uso de
equipamentos de proteção e respeitando às sinalizações, por exemplo.
Dentro das perspectivas dos direitos fundamentais do trabalhador em usufruir de uma
boa e saudável qualidade de vida, verificam-se, gradativamente, a grande preocupação com as
condições do trabalho, pois, as doenças que o envolvem aumentam em proporção à evolução e
à potencialização dos meios de produção. É nesse contexto e visando a redução desses riscos,
que surgiu a Segurança do Trabalho, como a ciência que, através de métodos preventivos
apropriados, estuda as causas dos acidentes de trabalho, possibilitando a adoção de medidas
técnicas que objetivem eliminar, ou pelo menos diminuir a ocorrência de acidentes de trabalho
(ZANCHETA, 2002).
Dessa forma, é necessário que os trabalhos em eletricidade sejam executados com a
utilização de procedimentos específicos de segurança, aliados a um intenso programa de
treinamentos em conformidade com uma assumida política de segurança do trabalho nas
12

empresas e dentro dos critérios estipulados pela NR-10 (Norma Regulamentadora N°10)
(MELO, 2012).
Dentro desse contexto, o presente trabalho se propõe a contribuir com toda e qualquer
pessoa, empresa ou instituição que trabalhe com instalações elétricas, apresentando o
desenvolvimento de um fluxograma que buscará atender às normas de segurança, cumprindo,
assim, os requisitos da NR-10.

1.1 Motivação

Considerando o crescente número de acidentes ocasionados em instalações elétricas,


cujas causas podem estar atreladas a fatores como a inobservância dos procedimentos de
segurança, tanto por parte das empresas quanto dos trabalhadores, a falta de capacitação e /ou
atualização desses profissionais, e também com a não conformidade das instalações elétricas à
NR-10, e com o intuito de facilitar o laudo de engenheiros em instalações, buscando a redução
de situações de perigo e risco para as pessoas que trabalham com eletricidade, desenvolveu-se
no presente trabalho uma metodologia (fluxograma) que os auxilie em processos que utilizam
a eletricidade, quanto ao cumprimento da NR-10, e assim, construir um ambiente mais seguro
e adequado ao trabalho e à convivência. Vale ressaltar que laboratórios acadêmicos, como o
que será estudado neste trabalho, assim como qualquer outro ambiente que trabalhe com
eletricidade, estão sujeitos à ocorrência de acidentes, e, portanto, são espaços apropriados à
execução das normas de segurança.

1.2 Justificativa

A partir da observação de situações rotineiras e também após a análise de dados


estatísticos, nos quais constatou-se o crescimento constante de acidentes elétricos, verificou-se
a necessidade de criação de um método para que engenheiros possam emitir laudos em
instalações elétricas de acordo com a Norma de Segurança número 10, norma esta que tem por
objetivo estabelecer os requisitos e condições mínimas, através da implementação de medidas
de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores
que, direta ou indiretamente, interagem em instalações elétricas e serviços com eletricidade,
sejam eles no âmbito industrial, comercial, residencial ou mesmo acadêmico.
O trabalho tem sua importância destacada também frente ao aumento de fiscalizações
sobre as instalações elétricas, e as exigências de projetos que obrigam as instalações a se
13

adequarem às normas de segurança, contribuindo assim, para que engenheiros, acadêmicos e


todo e qualquer profissional que vá fiscalizar e/ou adequar uma instalação elétrica, tenha em
mãos uma metodologia de interpretação que possa ajudá-lo a estar em conformidade com a NR-
10 do Ministério do Trabalho e Emprego.
Assim sendo, instituições de ensino profissional em eletricidade, aqui representada pela
Faculdade de Engenharias Elétrica e Biomédica (FEEB) da Universidade Federal do Pará,
devem estar adequadas e serem modelos na aplicação da norma de segurança em eletricidade,
uma vez que, tais instituições são responsáveis pela formação de profissionais que devem saber
trabalhar com o manuseio da energia elétrica, tendo como uma de suas habilidades o
reconhecimento dos riscos inerentes a ela e os meios de controlá-los ou minimizá-los. Além
disso, esses profissionais se preparam para ser chefes de equipes, norteadores de atitudes e
conhecimento e, responsáveis civil e penalmente pela segurança dos trabalhadores a eles (as)
confiados, configurando, portanto, um disseminador de boas práticas de trabalhos em
eletricidade.
Sobre as penalidades e responsabilidades perante possíveis acidentes ocorridos em um
laboratório acadêmico, Moreira (2013) conclui que as consequências em caso de acidente
nesses espaços são semelhantes àquelas como se o mesmo tivesse ocorrido em local de
competência do MTE, sendo a NR 10 um dos documentos utilizados para embasar o inquérito
aberto em casos de acidentes.
O autor citado faz ainda uma análise detalhada da aplicabilidade da NR-10 em
laboratórios acadêmicos considerando, entre outras coisas, sua necessidade de aplicação e
legalidade. Sabendo-se que a referida norma foi pensada para garantir segurança e saúde aos
trabalhadores que desenvolvem atividades que tratam com energia elétrica, o autor discute
sobre a questão de algumas situações em que apesar de não se enquadrarem de forma explícita
no foco da NR-10, devem ser observadas com cautela, no que tange à segurança em serviços
ligados à eletricidade, a exemplo, dos laboratórios acadêmicos de engenharia elétrica. Ele
destaca que esses laboratórios são utilizados tanto por alunos, sejam eles de graduação ou pós-
graduação, como professores, sendo o local onde eles exercem as práticas necessárias às suas
formações e pesquisas e, onde há, naturalmente, equipamentos elétricos que são utilizados
nestas práticas e, portanto, deve-se levar em consideração a NR-10 em tais ambientes.
Outro trabalho que aborda a aplicabilidade da NR-10 a laboratórios acadêmicos de alta
tensão, foi produzido por Moreira e Paulino (2013). Nessa obra os aspectos legais ligados à
pertinência do tema levantado acima são abordados para então, embasar a sua defesa. Destaque
- se aqui as constatações feitas pelo trabalho: Como a NR-10 é um documento que está inserido
14

no ordenamento jurídico nacional, sua abrangência vale para todo o país; em seu texto não há
impedimentos para a aplicabilidade da norma à laboratórios acadêmicos; ao contrário disso,
quando a norma define seu campo de atuação no item 10.1.2 deixa claro que ela pode ser
aplicada às fases de geração, transmissão, distribuição e consumo, incluindo, também as etapas
de projeto, construção, montagem, operação, manutenção das instalações elétricas e quaisquer
trabalhos realizados nas suas proximidades, abarcando desse modo as atividades em
laboratórios acadêmicos.
Corroborando mais ainda, para a utilização das normas em ambientes acadêmicos, em
2019 o governo lançou a portaria n° 915 que em seu subitem 1.2.2.1 determina que:

1.2.1.1 As NR são de observância obrigatória pelas organizações e pelos órgãos


públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes
Legislativo, Judiciário e Ministério Público, que possuam empregados regidos pela
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. (BRASIL, 2019).

Um ponto que pode levantar dubiedade e é abordado por Moreira e Paulino (2013),
consiste no fato do texto da norma utilizar - se sempre do termo “trabalhador”. Sobre essa
questão o autor faz uma análise que conclui que pelo princípio jurídico da analogia, alunos e
professores podem ser considerados os trabalhadores do laboratório, uma vez que:

O professor no laboratório é um trabalhador, aquele que trabalha, lidador, pelejador,


aquele que vende a sua força de trabalho. No caso particular, por se tratar de uma
instituição federal, o vínculo de trabalho do professor não se estabelece pela CLT,
berço da NR 10, mas sim pelo regime jurídico dos servidores públicos civis da União,
das autarquias e das fundações públicas federais. A Lei nº 8.112, que dispõe sobre o
regime jurídico dos servidores públicos, se refere ao servidor em termos de
trabalhador por meio de expressões relativas, tais como: “local de trabalho”,
“trabalho semanal de quarenta horas”, “jornada de trabalho”, etc. (MOREIRA e
PAULINO, 2013).

Quanto ao aluno, ele reúne a partir de outros artigos, algumas características atribuídas
à atividade laboral como: “atividade humana braçal ou intelectual”, “atividade humana
aplicada à produção”, “atividade voluntária”, “produto humano”, “exige um esforço físico e
mental”, “fim produtivo”, “extensão e expressão da personalidade do indivíduo”. (MOREIRA
e PAULINO, 2013)
Além de destacar que assim como na indústria, os laboratórios de alta tensão também
são locais nos quais há a presença de circuitos e equipamentos elétricas, riscos elétricos, riscos
adicionais, procedimentos, e portanto, as medidas de controle e sistemas preventivos utilizados
pela NR-10 (análise de riscos, medidas de proteção coletivas, medidas de proteção individual,
15

procedimentos, treinamentos, testes de isolação, documentações, melhorias constantes, etc.) são


plenamente possíveis de serem adotados.
Desse modo, percebe-se que a NR10 é uma norma que deve ser aplicada não só a
atividades ligadas a empresas, a indústrias ou a consumidores em geral, mas também suas
diretrizes devem ser observadas e seguidas no ambiente acadêmico, em especial aos
laboratórios que lidam diretamente com eletricidade, a exemplo de laboratórios de alta tensão,
justificando, assim, a escolha para o estudo de caso que será apresentado no presente trabalho.

1.3 Objetivos do trabalho

Uma vez que, como já mencionado, o número de acidentes relacionados a atos ou


condições inseguras em instalações elétricas, têm aumentado consideravelmente no país, e
tendo em vista que a norma de segurança número 10 versa justamente sobre os procedimentos
de segurança em eletricidade, e consequentemente prevenção à saúde dos agentes que
trabalham no meio, este trabalho propõe como objetivo geral a criação de um método
sistemático (fluxograma) que oriente os profissionais e acadêmicos que trabalham com
instalações elétricas de modo que eles possam estar em conforme com a NR-10, e
consequentemente alcançar como objetivos específicos : a facilitação de laudos por engenheiros
em instalações elétricas; criar um método para que universidades também possam adequar seus
laboratórios às normas de segurança em eletricidade (destaca-se aqui os laboratórios que tem a
eletricidade e os fenômenos a ela relacionados como um ou o seu objeto de estudo); a
verificação da conformidade do Laboratório de Alta Tensão (LEAT) da Universidade Federal
do Pará com as normas e procedimentos descritos na NR-10, e consequentemente, sugestões de
ações para possíveis trabalhos de adequação à norma.

1.4 Estrutura do trabalho

Na introdução do trabalho são abordados a motivação, justificativa e os objetivos que


norteiam o presente estudo.
O segundo capítulo é dedicado ao detalhamento estatístico de acidentes relacionados à
eletricidade no país, que ratificam o crescente aumento no número de acidentes e justificam a
importância de trabalhos voltados à segurança em instalações com eletricidade. Nesse capítulo
também é feito um apanhado histórico das condições que favoreceram a construção de leis e
16

normas voltadas a proteção do trabalhador, destacando alguns fatos que contribuíram para o
desenvolvimento da Segurança no Trabalho no Brasil, além de mencionar as normas de
segurança existente no país, bem como destacar a Norma de Segurança número 10, que embasa
esse trabalho.
O capítulo 3 abordará os conceitos que permeiam o trabalho com eletricidade como
corrente elétrica, tensão, sistemas trifásicos e aterramento, discutindo também as definições de
choque elétrico e os meios de proteção para pessoas e sistemas. Ele também detalha os
dispositivos e esquemas necessários para evitar acidentes elétricos, abordando assim, os itens
necessários e adequados à instalação elétrica, para que esta receba um certificado de adequação
à norma.
Na sequência, o capítulo 4 tratará da construção do fluxograma para verificação de
adequabilidade de instalações elétricas quanto ao que dispõe a NR-10, bem como detalhará o
processo de construção desse fluxograma. Nele será abordado o estudo de caso, aqui
representado pelo LEAT, destacando seu histórico, características e finalidade. O capítulo será
finalizado com um quadro de conformidade do laboratório ao disposto na Norma
Regulamentadora n°10, a partir da análise ponto a ponto da adequabilidade do laboratório à
norma em estudo.
Finalmente, o capítulo 5 trará a conclusão do trabalho, e também as propostas de
trabalhos futuros ligados ao tema abordado.
17

2 DADOS ESTATÍSTICOS DE ACIDENTES EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E


NORMAS REGULAMENTADORAS

O levantamento de dados a partir de blogs, sites, veículos de imprensa, e também,


profissionais e entidades ligados ao setor elétrico, permite à Associação Brasileira de
Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), reunir informações sobre
acidentes ocorridos no país e listá-los em seu anuário, que apesar de buscar refletir ao máximo
o panorama de acidentes de natureza elétrica no Brasil, ainda está aquém da realidade. No
entanto, tal documento configura atualmente uma importante fonte de informação, dentre
poucas, no que tange aos acidentes relacionados à eletricidade no país.
Desse modo, para que se possa entender a importância quanto ao atendimento por parte
de uma instalação das normas de segurança e das normas técnicas, apresentar-se-á alguns dados
de acidentes obtidos no anuário da Abracopel, dados estatísticos, esses levantados pela
associação desde 2008, sendo este o primeiro ano com dados de acidentes de origem elétrica,
seguindo até o ano de 2012. A partir de 2013 a associação aumentou a abrangência da origem
destes dados passando a investigar notícias de acidentes de origem elétrica que eram noticiados
em Blogs e em redes sociais, o que levou a um aumento considerável no número de casos. Sabe-
se que atualmente o número é ainda maior, mas hoje pelo menos tem-se uma percepção mais
clara de como estes acidentes acontecem e com quem (ABRACOPEL, 2020).
A Figura 1 denota o panorama de acidentes (fatais e não fatais) de origem elétrica
ocorridos em 2019. Destaca-se aqui o número elevado de acidentes relacionados a incêndio por
sobrecarga (656), bem como o número de choques totais (909) e choques fatais (697). Acidentes
esses que frequentemente podem ser evitados quando são obedecidas as normas de segurança.

Figura 1- Acidentes envolvendo eletricidade em 2019

Fonte: ABRACOPEL (2020).


18

2.1 Total de acidentes de origem elétrica no período de 2013-2019

A seguir são apresentados os dados gerais, passando depois para diversos comparativos
feitos pela equipe Abracopel, privilegiando os dados levantados a partir de 2013 e seguindo até
2019. (ABRACOPEL, 2020).
A Figura 2 apresenta o total de acidentes de origem elétrica no período de 2013 a 2019
no Brasil. A partir da série histórica verifica-se que os acidentes estão crescendo ao longo dos
anos. Entre 2013 e 2019 foram registrados 624 casos a mais, ou seja, houve um aumento de
60,11% no número de acidentes de origem elétrica no país, o que ressalta a importância de uma
instalação elétrica estar de acordo com as normas de segurança, e que indubitavelmente sua
ausência pode estar relacionada com o crescimento de acidentes elétricos nos últimos anos.

Figura 2-Total de acidentes de origem elétrica 2013 - 2019

Fonte: ABRACOPEL (2020).

A seguir na Figura 3, é mostrado um gráfico que apresenta o total de choque elétricos


fatais e não fatais, no qual percebe-se que a partir de 2015 os acidentes com vítimas fatais só
têm crescido no país, reforçando, assim a ideia de que mais que a existência de legislação, é
necessário que as medidas orientadas nesses documentos sejam respeitadas e postas em prática.
Com relação aos dados observados na figura mencionada, salienta-se ainda que todos esses
números podem ser bem maior do que o apresentado, uma vez que nem todos os acidentes são
relatados pelo colaborador ou empresa.
19

Figura 3- Dados gerais – Choque elétrico – fatais e não fatais 2013-2019

Fonte: ABRACOPEL (2020).

2.2 Total de incêndios por curto-circuito 2013-2019

Na Figura 4, é apresentado um gráfico com os dados de incêndios causados por curto-


circuito, tipo de incêndio este que geralmente tem relação com a falta ou erro no
dimensionamento do disjuntor. E adicionalmente está relacionado a problemas relativos à
ausência de planos de manutenção preventivos e à baixa penetração de novas tecnologias, em
especial DRs.

Figura 4 - Dados gerais – incêndios por sobrecarga – fatais e não fatais 2013-2019

Fonte: ABRACOPEL (2020).

Como pode ser observado na Figura 4, o número de acidentes por sobrecarga, que
geralmente traz como consequência incêndios, não para de aumentar ano após ano, o que é um
dado preocupante, pois esses acidentes por curto-circuito, em muitos casos, não apenas a
residência onde se teve a origem do curto-circuito é afetada, mas outras casas vizinhas também,
o que ocasiona maiores riscos e prejuízos. Comércios e indústrias, quando acometidos por
20

sobrecarga e incêndios costumam arcar com prejuízos bastante onerosos, que certamente saem
muito mais caros do que manter um plano de manutenção e segurança nas instalações elétricas.
Na Figura 5, apresenta-se os incêndios oriundos de curto-circuito de acordo com a
localidade que eles ocorreram em 2019.
Apesar de a maioria desses eventos ocorrerem em residências unifamiliares (255) e
comércios de pequeno e grande porte (178), destaca-se aqui a ocorrência de 41 incêndios
relativos a sobrecargas ocorridos em universidades ou escolas, fato que reforça a utilização das
práticas de segurança em instalações elétricas nesses locais e, portanto, justifica a escolha do
LEAT como estudo de caso desse trabalho.

Figura 5- Incêndios por sobrecarga por localidade em 2019

Fonte: ABRACOPEL (2020).

2.3 Acidentes com descargas atmosféricas – fatais e totais 2013-2019

Na Figura 6 são apresentados os acidentes com descargas atmosféricas, que ao longo


dos anos registrados, pode-se atestar que um considerável número de pessoas vai a óbito em
virtude de tais acidentes. A NBR-5419 trata sobre aterramento e SPDA como um todo, e seu
21

conhecimento e observância é de fundamental importância para evitar os acidentes ocasionados


por descargas atmosféricas e sobretensões. Logo, a observância das normas de aterramento, e
consequentemente a implementação de dispositivos, como DPSs, também configura um item
importante no que diz respeito à segurança das instalações elétricas, e o correto
dimensionamento pode evitar acidentes.

Figura 6 - Acidentes com descargas atmosféricas – fatais e totais 2013-2019

Fonte: ABRACOPEL (2020).

2.4 Normas de segurança

A Revolução Industrial foi o acontecimento histórico que desencadeou o aumento dos


problemas de saúde relacionados com as atividades no trabalho.
Os riscos nas atividades de trabalho, cresceram com a utilização das máquinas a vapor,
tendo como consequência a produção em larga escala e o aumento da jornada de trabalho que
chegava até 16 horas. Consequentemente, os lucros aumentaram e cada vez mais vários
empresários passaram a investir em indústrias em todo o mundo. Como é de se imaginar, as
indústrias possuíam condições de trabalhos péssimas e eram localizadas em ambientes
impróprios. Além disso, a utilização de mão de obra infantil e de mulheres era comum
(INBRAEP, 2019).
O resultado desse cenário foi o enorme número de doenças, acidentes de trabalho,
mutilações e mortes. Com isso, foram surgindo os primeiros movimentos operários contra as
péssimas condições de trabalho e ambientes insalubres. Os trabalhadores passaram a se
organizar em sindicatos para melhor defenderem os seus interesses. Após muitas revoltas,
começaram então a surgir as primeiras leis de proteção ao trabalho, que inicialmente se
voltavam apenas para crianças e mulheres. É possível perceber com isso, que a motivação para
22

todas as leis surgiu dos trabalhadores, que através da não aceitação do que era imposto, lutaram
para conseguir melhorias e qualidade de vida (INBRAEP, 2019).

2.4.1 No Brasil

No Brasil, a evolução da segurança do trabalho aconteceu mais tarde do que na Europa,


uma vez que a nossa revolução industrial começou por volta de 1930. O país passava por um
momento de desenvolvimento, mudando a economia de agrária para industrial. Nessa época, o
então presidente do Brasil, Getúlio Vargas, iniciou o processo de direitos trabalhistas
individuais e coletivos com a criação da CLT, em 1943 (INBRAEP, 2019).
A partir daí, outras medidas foram realizadas em benefício dos Trabalhadores, como a
criação da Lei n° 8213, que regulamentou os planos de benefícios da Previdência Social,
incluindo os benefícios dos Trabalhadores vítimas de Acidentes do Trabalho, segundo Inbraep
(2019), que destaca também os fatos que marcaram o desenvolvimento da segurança do trabalho
no Brasil:
1919 – Criada a lei de Acidentes do Trabalho, tornando compulsório o seguro contra o
risco profissional;
1923 – Criação da caixa de aposentadorias e pensões para os empregados das empresas
ferroviárias, marco da Previdência Social;
1930 – Criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, que foi extinto no
início do governo Jair Bolsonaro, tendo suas atribuições divididas entre o Ministério da
Economia, o Ministério da Cidadania e o Ministério da Justiça e Segurança Pública;
1943 – Criada a consolidação das leis do trabalho, CLT, que trata de segurança e saúde
do trabalho no título II, capítulo V do artigo 154 ao 201;
1966 – Criação da fundação Jorge do Duprat Figueiredo de segurança e medicina do
trabalho – FUNDACENTRO, que atua em pesquisa científica e tecnológica relacionada à
segurança e saúde dos Trabalhadores;
1978 – Criação das normas regulamentadoras.

2.4.2 Segurança do trabalho – Tempos Modernos

Os procedimentos que antes eram adotados para atendimento de meras formalidades


legais, agora passaram a fazer parte da gestão das empresas. Para Inbraep (2019) pode-se
destacar importantes medidas com o objetivo de contribuir com as atividades laborais nos mais
23

diversos ambientes de forma segura, a exemplo da dignidade do trabalho que passou a ser fator
fundamental na prática das atividades, como também as medidas de gratificação que promovem
a qualificação profissional e crescimento como cidadão.
Tornou-se comum a adaptação do trabalho ao homem, priorizando as questões de
ergonomia aplicadas na legislação de SST, sendo evidenciada na adaptação e ajuste de
máquinas, equipamentos e mobiliário, mudança dos processos produtivos, jornadas de trabalho
e intervalos (INBRAEP, 2019).
O novo conceito de saúde foi consolidado, não relacionado apenas à inexistência das
doenças e sim enfatizando a plena saúde física, mental e social. As normas legais buscam hoje
em dia, um ambiente de trabalho saudável, sem a única preocupação com existência de agentes
insalubres e sim com a preocupação com a prevenção de qualquer fator negativo do ambiente.
Os trabalhadores passam a ter acesso às informações relativas à segurança e à saúde no
ambiente de trabalho, bem como a garantia de participação nos processos de elaboração das
normas por meio de representantes.
Os fatores e agentes de risco no ambiente de trabalho não são mais considerados
problemas isolados e passam a ter uma importância geral. A potencialização dos agentes torna-
se comum pelo contato entre eles. A jornada de trabalho excessiva, as condições ambientais e
processos passam a ter relação direta com a geração e o agravo das doenças ocupacionais
(INBRAEP, 2019).
Atualmente busca-se a extinção de fatores de risco, por meio da priorização das medidas
de controle de eliminação e que tenham alcance coletivo. Além da priorização das medidas
coletivas de controle em detrimento das medidas de proteção individual. E também a limitação
do tempo de exposição do trabalhador a atividades insalubres, passa a contar com a
possibilidade de redução da carga horária de trabalho.
O empregador passa a ter responsabilidade pela aplicação das normas, sendo que assume
a geração dos riscos no ambiente de trabalho. No caso de terceirização de serviços, aplica-se o
princípio da responsabilidade solidária.
O empregador ou tomador de serviço atualmente, passa a ser responsável pela aplicação
das normas de segurança e saúde do trabalho, adotando o princípio de que quem gera o risco é
responsável por ele. Na presença de serviços terceirizados, já é frequente o estabelecimento de
responsabilidade solidária entre tomadores de serviços e empregadores formais (INBRAEP,
2019).
24

Diante desse cenário, as normas regulamentadoras surgem para auxiliar, dar proteção e
mais segurança aos trabalhadores, configurando-se em documentos que norteiam as atividades
laborais em diversos segmentos trabalhistas.
Até a conclusão deste trabalho, tem-se 36 normas de segurança no Brasil, as quais estão
listadas a seguir:
NR1 - Disposições Gerais:
NR2 - Inspeção Prévia:
NR3 - Embargo ou Interdição:
NR4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho:
NR5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA:
NR6 - Equipamentos de Proteção Individual - EPI:
NR7 - Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional:
NR8 - Edificações:
NR9 - Programas de Prevenção de Riscos Ambientais:
NR10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade:
NR11 - Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais:
NR12 - Máquinas e Equipamentos:
NR13 - Caldeiras, Vasos de Pressão e Tubulações:
NR14 - Fornos:
NR15 - Atividades e Operações Insalubres:
NR16 - Atividades e Operações Perigosas:
NR17 - Ergonomia:
NR18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção:
NR19 - Explosivos:
NR20 - Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis:
NR21 - Trabalho a Céu Aberto:
NR22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração:
NR23 - Proteção Contra Incêndios:
NR25 - Resíduos Industriais:
NR26 - Sinalização de Segurança:
NR27 - Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no Ministério do
Trabalho: (Revogada pela Portaria GM n.º 262, 29/05/2008)
NR28 - Fiscalização e Penalidades:
25

NR29 - Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário:


NR30 - Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário:
NR31 - Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária Silvicultura,
Exploração Florestal e Aquicultura:
NR32 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho em
Estabelecimentos de Assistência à Saúde:
NR33 - Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados:
NR34 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e
Reparação Naval:
NR35 – Trabalho em altura:
NR36 – Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de
Carnes e Derivados:

2.4.3 A Norma Regulamentadora n° 10

Dentre as normas referidas acima, o presente trabalho destaca a NR-10, que trata da
Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade, criada pelo então Ministério do Trabalho
em 1978, ainda com o nome de Instalações e Serviços em Eletricidade. O texto original foi
modificado na segunda revisão da norma feita em 2004, ocasionada principalmente devido às
mudanças no trabalho do setor elétrico a partir da década de 90, que tem a privatização de
estatais como um de seus eixos, levando à precarização da segurança e saúde no trabalho,
resultando em grande aumento de acidente de trabalho no setor elétrico (MOREIRA, 2013).
A atualização mais recente da norma ocorreu em 30 de julho de 2019 por meio da
portaria SEPRT nº 915 que revoga três itens da NR 10, dos quais dois são transcritos abaixo, a
saber (BRASIL, 2019):

[...]
10.13.1 As responsabilidades quanto ao cumprimento desta NR são solidarias aos
contratantes e contratados envolvidos;
[...]
10.14.1 Os trabalhadores devem interromper suas tarefas exercendo o direito de
recusa, sempre que constatarem evidências de riscos graves e iminentes para sua
segurança e saúde ou a de outras pessoas, comunicando imediatamente o fato a seu
superior hierárquico, que diligenciará as medidas cabíveis;
26

O item 10.14.1 na verdade, foi ampliado aos trabalhadores das diversas áreas, na medida
em que foi transferido para a NR 01, na atualização que o revogou, como pode-se comprovar
em:

1.4.3 O trabalhador poderá interromper suas atividades quando constatar uma situação
de trabalho onde, a seu ver, envolva um risco grave e iminente para a sua vida e saúde,
informando imediatamente ao seu superior hierárquico.

1.4.3.1 Comprovada pelo empregador a situação de grave e iminente risco, não poderá
ser exigida a volta dos trabalhadores à atividade, enquanto não sejam tomadas as
medidas corretivas. (BRASIL, 2019).

O terceiro item revogado trata da documentação prevista na norma que deverá estar à
disposição das autoridades e que, assim como o item anterior, a revisão da NR 01 esclarece que
os documentos previstos nas NRs podem ser emitidos e armazenados em meio digital com
certificado digital emitido no âmbito da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-
Brasil), normatizada por lei específica, questão essa que será aprofundada mais à frente, quando
da análise do fluxograma no LEAT.
Em relação aos seus objetivos e campo de atuação, logo no seu início a norma os
apresenta como:

10.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece os requisitos e condições


mínimas objetivando a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos,
de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que, direta ou
indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade.

10.1.2 Esta NR se aplica às fases de geração, transmissão, distribuição e consumo,


incluindo as etapas de projeto, construção, montagem, operação, manutenção das
instalações elétricas e quaisquer trabalhos realizados nas suas proximidades,
observando-se as normas técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos competentes e,
na ausência ou omissão destas, as normas internacionais cabíveis. (BRASIL, 2004).

A Norma Regulamentadora n°10 tem como fortes, entre outros, a obrigatoriedade de


existência do memorial técnico de instalações existentes (Prontuário de Instalações Elétricas);
a necessidade de antecipação de uma filosofia de segurança ainda na fase de projeto (tornando
obrigatória a existência do manual descritivo dos itens de segurança nas instalações); o
estabelecimento de procedimentos de segurança nas diversas atividades da área elétrica, como
construção, montagem, operação e manutenção (circuitos energizados ou não e alta tensão); o
detalhamento do perfil do empregado habilitado, qualificado, capacitado e autorizado
(estabelecendo a necessidade de curso básicos e complementares de segurança do trabalho para
o funcionário autorizado); a definição de zona de risco e zona controlada (em relação à distância
de trabalho de equipamentos energizados); e, por fim, o reconhecimento da responsabilidade
27

solidaria da empresa, das contratadas e dos trabalhadores quanto ao exercício da política de


segurança do trabalho (MELO, 2012).
Diante do exposto sobre os acidentes contabilizados pelas estatísticas e quanto ao
cumprimento das normas criadas ao longo dos anos, torna-se necessário o conhecimento de
conceitos relacionados à eletricidade, bem como aos procedimentos e dispositivos de segurança
que devem ser tomados a fim de mitigar ou mesmo eliminar os riscos, e consequentemente, os
acidentes relacionados às atividades que envolvam eletricidade.
28

3 SISTEMA ELÉTRICO E DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO ELÉTRICOS

A corrente alternada se caracteriza pelo fato de que a tensão, em vez de permanecer fixa,
como entre os polos de uma bateria, varia com o tempo, mudando de sentido alternadamente.
No sistema monofásico uma tensão alternada U (Volt) é gerada e aplicada entre dois pontos aos
quais se liga a carga ocasionando a passagem de corrente elétrica I (Ampere) (WEG, 2015). Se
forem representados em um gráfico os valores de U e I, a cada instante, pode-se obter a Figura
7.

Figura 7-Tensão e corrente na carga monofásica

Fonte: Autor.

Nota-se que as ondas de tensão e de corrente não estão “em fase”, isto e, não passam
pelo valor zero no mesmo instante, embora tenham a mesma frequência; isto acontece para
muitos tipos de carga, por exemplo, enrolamentos de motores (cargas reativas) (WEG, 2015).

3.1 Diferença de potencial

Para que que se tenha corrente elétrica passando por um material, equipamento elétrico
ou uma pessoa, é preciso haver uma diferença de potencial suficiente para vencer a resistência
do mesmo.
A diferença de potencial ocorre quando, sobre um corpo, estão submetidas as seguintes
tensões, na Figura 8 são mostradas as diferenças de potenciais em um sistma trifásico:
29

Figura 8- Diferença de potencial no sistema elétrico trifásico

Fonte: Autor.

𝐔𝟏𝟐 = 𝐔𝟏 − 𝐔𝟐 ou 𝐔𝟏𝟑 = 𝐔𝟏 − 𝐔𝟑 ou 𝐔𝟐𝟑 = 𝐔𝟐 − 𝐔𝟑

𝐔𝟏 𝐨𝐮 𝐔𝟐 𝐨𝐮 𝐔𝟑 − 𝐍

𝐔𝟏 𝐨𝐮 𝐔𝟐 𝐨𝐮 𝐔𝟑 − 𝐓

Onde:
𝐔𝟏 = Tensão ou potencial elétrico no condutor 1 em relação à terra.
𝐔𝟐 = Tensão ou potencial elétrico no condutor 2 em relação à terra.
𝐔𝟑 = Tensão ou potencial elétrico no condutor 3 em relação à terra.
𝐍 ∶ 𝐍𝐞𝐮𝐭𝐫𝐨.
𝐓 ∶ 𝐓𝐞𝐫𝐫𝐚.
Ou seja, se for ligado nos terminais de uma lâmpada U1 + U2 tem-se uma diferença de
potencial.
Se por um acaso o sistema estiver desbalanceado ou assimétrico, o neutro não estará
com 0V, logo, neste caso, poderá haver diferença de potencial entre neutro e terra:
𝐍+ 𝐓
Neste último é comum que alguns profissionais digam que o neutro e terra não
apresentam diferença de potencial, contudo, ao se estudar o sistema elétrico trifásico, pode-se
observa que em um sistema desiquelibrado, tem-se uma tensão no neutro diferente de zero, o
que pode fazer com quem uma pessoa sofra um choque elétrico entre o neutro e terra.
30

3.2 Sistema de corrente alternada trifásica

O sistema trifásico é formado pela associação de três sistemas monofásicos de tensões


U1, U2 e U3, tais que a defasagem entre elas seja de 120°, ou seja, os “atrasos” de U2 em
relação a U1, de U3 em relação a U2 e de U1 em relação a U3 sejam iguais a 120° (considerando
um ciclo completo = 360°). O sistema é equilibrado se as três tensões têm o mesmo valor eficaz
U1 = U2 = U3 conforme a Figura 9 (WEG, 2015).

Figura 9- Sistema trifásico

Fonte: WEG (2015).

3.3 Aterramento

Um dos objetivos do aterramento de uma instalação pode ser direcionar possíveis


correntes de fuga para a terra, protegendo as pessoas e preservando os equipamentos.
O aterramento fornece um caminho para a terra, de menor resistência.
Sabe-se que a terra tem menor potencial, logo a corrente tende a ir para a terra e passará
pelo caminho que oferecer menor resistência, que é pelo ramo do aterramento.
Pode-se afirmar então que, quanto menor for o valor da resistência de aterramento,
melhor o sistema de aterramento será. De acordo com a norma NBR-5410, o valor máximo da
resistência de aterramento é 3 Ω. O aparelho utilizado para medir a resistência de aterramento
é o terrômetro.
O aterramento pode ser realizado por diversos motivos, como por exemplo, transmissão
de sinais.
Logo, o aterramento pode ser tanto um aterramento de proteção, quanto funcional. O
nome de aterramento funcional é dado àquele que não se destina à proteção que é empregado
para funcionamento do circuito, ou seja, sem ele o circuito não funciona. Em instalações
elétricas este aterramento é conectado ao condutor neutro.
31

3.3.1 Aterramento do neutro

Quando a concessionária de energia interliga o neutro ao aterramento do medidor


padrão, o objetivo principal é evitar que a corrente elétrica de retorno que circula pelo condutor
neutro chegue até a rede de distribuição de energia elétrica, o que ocasionaria sérios problemas
na rede de distribuição e até na rede de transmissão.
Em um sistema trifásico equilibrado ligado em estrela, a corrente no neutro é zero.
Entretanto, sabe-se que a rede não está equilibrada, seja em função do aumento da demanda ou
ligações ilegais a ela. Assim, existe uma corrente no neutro e a ligação à terra é feita para que
tal corrente tenha um caminho de retorno.

3.3.2 Aterramento de Proteção (PE)

A proteção contra choques elétricos por contato indireto (quando uma pessoa toca uma
massa, que não deveria estar energizada, mas está) é conferida em parte pelo equipamento e em
parte pela instalação.
Muitas vezes a instalação possui um condutor de proteção, entretanto, o equipamento
não a possui. Em outros casos, o equipamento possui e a instalação, não.
A proteção só é efetiva se o equipamento possuir um condutor destinado à proteção, ou
disponibilizar alguma forma para ligação e este condutor estiver conectado à terra por uma
resistência que se aproxime de zero.
A seção mínima dos condutores de proteção deve seguir as recomendações da NBR-
5410. Segundo a norma, para circuitos em que os condutores de fase têm seção de até 16 mm²
o condutor de proteção deve ter a mesma seção. Para os casos em que os condutores de fase
têm entre 16 e 35 mm², deve ser utilizado o condutor de 16mm². Para condutores fase maiores
do que 35 mm², o condutor de proteção deve ter a metade da seção do condutor de fase.
Ainda de acordo com a NBR-5410, os condutores de proteção devem ser
exclusivamente de cores verdes ou verdes e amarelos.
Em um circuito funcionando em perfeitas condições, sem corrente de fuga, não existirá
corrente elétrica no condutor de proteção, entretanto, deve-se ter cuidado com essa afirmação,
pois, caso haja corrente de fuga, ela passará pelo condutor de proteção (ABNT, 2008).
32

3.3.3 Esquema de aterramento

Na norma NBR-5410 (ABNT, 2008) são considerados os esquemas mostrados a seguir,


cabendo as seguintes observações sobre as ilustrações e símbolos utilizados:
a) as figuras que ilustram os esquemas de aterramento devem ser interpretadas de forma
genérica. Elas utilizam como exemplo, sistemas trifásicos. As massas indicadas não simbolizam
um único, mas sim qualquer número de equipamentos elétricos. Deve-se notar, neste particular,
que como uma mesma instalação pode eventualmente abranger mais de uma edificação, as
massas devem necessariamente compartilhar o mesmo eletrodo de aterramento, se pertencentes
a uma mesma edificação, mas podem, em princípio, estar ligadas a eletrodos de aterramento
distintos, se situadas em diferentes edificações, com cada grupo de massas associado ao
eletrodo de aterramento da edificação respectiva. São utilizados os seguintes símbolos,
conforme apresentados na Figura 10:

Figura 10- Símbolos utilizados nos esquemas de aterramento

Fonte: ABNT (2008).

b) Na classificação dos esquemas de aterramento, segundo ABNT (2008), é utilizada a


seguinte simbologia:
Primeira letra – Situação da alimentação em relação à terra:
T = um ponto diretamente aterrado;
I = isolação de todas as partes vivas em relação à terra ou aterramento de um ponto
através de impedância;
Segunda letra – Situação das massas da instalação elétrica em relação à terra:
T = massas diretamente aterradas, independentemente do aterramento eventual de um
ponto da alimentação;
N= massas ligadas ao ponto da alimentação aterrado (em corrente alternada, o ponto
aterrado é normalmente o ponto neutro);
Outras letras (eventuais) – Disposição do condutor neutro e do condutor de proteção:
S = funções de neutro e de proteção asseguradas por condutores distintos;
C = funções de neutro e de proteção combinadas em um único condutor (condutor PEN).
33

3.3.3.1 Esquema TN

O esquema TN possui um ponto da alimentação diretamente aterrado, sendo as massas


ligadas a esse ponto através de condutores de proteção. São consideradas três variantes de
esquema TN de acordo com a disposição do condutor neutro e do condutor de proteção, a saber:
a) esquema TN-S, no qual o condutor neutro e o condutor de proteção são distintos,
conforme pode ser observado na Figura 11.

Figura 11- Esquema TN-S

Fonte: ABNT (2008).

b) esquema TN-C-S, em parte do qual as funções de neutro e de proteção são


combinadas em um único condutor e em parte do qual o condutor neutro e o condutor de
proteção são distintos, conforme mostrado na Figura 12.

Figura 12- Esquema TN-C-S

Fonte: ABNT (2008).

c) esquema TN-C, no qual as funções de neutro e de proteção são combinadas em um


único condutor, na totalidade do esquema, conforme ilustrado na Figura 13.
34

Figura 13- Esquema TN-C

Fonte: ABNT (2008).

3.3.3.2 Esquema TT

O esquema TT possui um ponto da alimentação diretamente aterrado, estando as massas


da instalação ligadas a eletrodo(s) de aterramento eletricamente distinto(s) do eletrodo de
aterramento da alimentação conforme mostrado na Figura 14.

Figura 14- Esquema TT

Fonte: ABNT (2008).

3.3.3.3 Esquema IT

No esquema IT todas as partes vivas são isoladas da terra ou um ponto da alimentação


é aterrado através de impedância (Figura 15). As massas da instalação são aterradas,
verificando-se as seguintes possibilidades:
Massas aterradas no mesmo eletrodo de aterramento da alimentação, se existente;
Massas aterradas em eletrodo(s) de aterramento próprio(s) seja porque não há eletrodo
de aterramento da alimentação, seja porque o eletrodo de aterramento das massas é
independente do eletrodo de aterramento da alimentação.
35

Figura 15- Esquema IT

Fonte: ABNT (2008).

Conforme ABNT (2008):


1) O neutro pode ser ou não distribuído;
A = sem aterramento da alimentação;
B = alimentação aterrada através de impedância;
B.1 = massas aterradas em eletrodos separados e independentes do eletrodo de
aterramento da alimentação;
B.2 = massas coletivamente aterradas em eletrodo independente do eletrodo de
aterramento da alimentação;
B.3 = massas coletivamente aterradas no mesmo eletrodo da alimentação.

3.4 Equipotencialização

O objetivo do aterramento de proteção de uma instalação é direcionar possíveis


correntes de fuga para a Terra, impedindo que tais correntes venham a provocar acidentes
(choques elétricos).
O choque elétrico ocorre sempre que uma diferença de potencial tem um valor tal que é
capaz de vencer a resistência do corpo de um indivíduo e fazer circular uma corrente elétrica.
Fato curioso é que, entre carcaças, massas ou estruturas aterradas por aterramentos
distintos, pode aparecer uma diferença de potencial. Caso isso aconteça é possível, por exemplo,
que uma dona de casa sofra um choque elétrico ao se encostar à carcaça da máquina de lavar e
no registro da torneira ao mesmo tempo, pois haveria aí uma diferença de potencial. Para evitar
36

esse tipo de acidente, é preciso estabelecer o mesmo potencial (equipotencialização) entre todas
as massas e estruturas metálicas, independente de fazerem parte da rede elétrica.
A equipotencialização consiste basicamente em interligar todas as partes metálicas de
uma instalação e todos os aterramentos a um mesmo barramento conhecido como barramento
de equipotencialização principal (BEP), conforme pode ser ilustrado Figura 16.

Figura 16- Barramento de equipotencialização

Fonte: SOUZA e MORENO (2001).

A ideia é muito simples, no entanto exige técnica, pois, ao fazer tal interligação deve-se
garantir que a conexão tenha resistência elétrica próxima de zero. Logo, deve-se atentar para as
dimensões da barra e para o percurso que os cabos de conexão irão fazer, este deve ser o mais
curto possível para minimizar a resistência dos condutores, além disso, atenção especial deve
ser dada à corrosão galvânica.

3.5 Choque elétrico

Choque elétrico são alterações que ocorrem no corpo, ocasionado devido à passagem da
corrente elétrica pelo mesmo. Essa corrente circulará pelo corpo, o qual tornar-se-á parte do
circuito elétrico. Tem-se choque elétrico quando há uma diferença de potencial suficiente para
vencer a resistência elétrica oferecida pelo corpo.
Para melhor entender os mecanismos de funcionamento de proteção contra choque
elétrico, será demonstrado as difentes fomas de choque, bem como serão classificados os tipos
de choques elétricos.
37

3.5.1 Classificação dos choques elétricos

Serão demostrados os principais tipos de choques elétricos, sendo que esse estudo se
detem apenas em choques elétricos em corrente alternada, uma vez que a maioria das insalações
elétricas são constituídas por esse tipo de sistema. Será importante classificar os tipos de
choques para melhor entender os meios para se proteger contra eles.
Exemplo-01: Choque elétrico por contato direto sem fuga pra terra (U1 ou U2 ou U3 +
N) ou (U1 +U2 ou U1 +U3 ou U2 + U3 ):
Na Figura 17 pode-se obeservar uma diferença de potencial no corpo entre Fase e Neutro
e entre fases, considerando que o mesmo está isalado do Terra. Logo, por este corpo poderá
percorrer uma corrente elétrica ocacionando o choque elétrico.
Obs: O valor da diferença de potencial vai depender da tensão da rede.

Figura 17- Choque elétrico por contato direto na rede sem fuga para a Terra

Fonte: LEÃO (2019).

Exemplo-02: Choque elétrico por contato direto com fuga pra Terra (U1 ou U2 ou U3 +
T):
Na Figura 18 pode-se obeservar uma diferença de potencial no corpo entre fase e Terra.

Figura 18- Choque elétrico por contato direto na rede com fuga para a Terra

Fonte: LEÃO (2019).

Exemplo-03: Choque elétrico por contato direto com fuga pra terra (N + T):
38

Na Figura 19 pode-se obeservar que poderá haver uma diferença de potencial no corpo
se o neutro estiver com tensão, lembrado que isso só ira ocorrer se o sistema estiver
desbalanceado ou assimétrico.

Figura 19- Choque elétrico por contato direto na rede com fuga para a Terra

Fonte: LEÃO (2019).

Exemplo-04: Choque elétrico por contato indireto com fuga pra Terra.
Na Figura 20 tem-se um equipamento que, por uma falha, esta com tensão elétrica na
carcaça e o corpo está em contato direto com o condutor elétrico da rede.

Figura 20- Choque elétrico por contato indireto com fuga para a Terra

Fonte: LEÃO (2019).

Assim, para que uma pessoa sofra um choque elétrico, uma corrente elétrica deverá
circular pelo corpo do indivíduo, ocoasionada por uma diferença de potencial.

3.5.2 Proteção contra choques elétricos

De acordo com a ABNT (2008), que aborda a NBR-5410, para proteção contra choques
elétricos, devem-se adotar precauções a seguir relacionadas:
Primeiro caso: Partes vivas de instalações elétricas não devem ser acessíveis.
Segundo caso: Massas ou partes condutivas acessíveis não devem oferecer perigo seja
em condição normal, seja em particular, em caso de alguma falha que as torne acidentalmente
vivas.
Mesmo seguindo essas orientações, ainda assim choques podem ocorrer.
39

No primeiro caso, o choque pode acontecer quando alguém toca inadvertidamente a


parte viva do circuito elétrico. Neste caso a corrente elétrica do choque é atenuada pela:
1- Resistência elétrica do corpo humano;
2- Resistência do calçado;
3- Resistência de contato do calçado com o solo;
4- Resistência da terra no local dos pés no solo;
Podem-se imaginar vários exemplos de acidentes para ilustrar o primeiro caso, como
uma criança que coloca um prego na tomada ou um operário que toca acidentalmente a rede
elétrica com um vergalhão.
As medidas de proteção básicas que devem ser previstas para evitar choques, nesse caso,
são:
1- Isolação ou separação das partes vivas;
2- Uso de barreira;
3- Limitação de tensão;
4- Seccionamento automático (utilização de DDR, por exemplo).
No segundo caso, o choque elétrico acontece quando regiões neutras se tornam vivas,
por meio de uma fuga de corrente elétrica na instalação ou nos equipamentos.
Um exemplo de choque, nesse caso, pode ocorrer quando alguém se encosta a uma
máquina de lavar ou no registro de um chuveiro. Normalmente, essas partes não deveriam
apresentar risco de choque elétrico, entretanto, podem estar sob potencial (energizado) e,
quando o indivíduo entra em contato, a corrente elétrica passa pelo seu corpo em direção ao
menor potencial, que é geralmente a terra.
Para evitar choques desse tipo deve-se:
1- Utilizar dispositivos de seccionamento automático;
2- Aterrar adequadamente as máquinas e equipamentos elétricos;
3- Isolar essas partes com material não condutor, (isolação suplementar).

3.6 Medidas de controle do risco elétrico

3.6.1 Desenergização
O procedimento para desenergização ao contrário do que muitos pensam, não consiste
apenas em desligar um disjuntor ou abrir uma chave. É um processo relativamente complexo
que, de acordo com a NR-10 (BRASIL, 2004), deve obedecer à seguinte sequência:
1- Seccionamento;
40

2- Impedimento de reenergização;
3- Constatação da ausência de tensão;
4- Instalação de aterramento temporário com equipotencialização dos condutores dos
circuitos;
5- Proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada;
6- Instalação da sinalização de impedimento de reenergização;
A desenergização deve ser realizada por no mínimo duas pessoas nos trabalhos que
envolvem o sistema elétrico de potência.

3.6.2 Dispositivos a corrente de fuga

Estes dispositivos, conhecido como diferencial residual, podem ser interruptores ou


disjuntor (IDR ou DDR), que, a finalidade de desenergizar o equipamento ou instalação que ele
protege, na ocorrência de uma corrente de fuga que exceda determinado valor e sua atuação
deve ser rápida.
A função do dispositivo DR, seja ele interruptor ou disjuntor, é proteger as pessoas
contra possíveis choques elétricos causados por corrente de fuga.
O dispositivo diferencial residual (DR) é incompatível com o aterramento que utiliza
um cabo comum para neutro (N) e proteção (PE), pois nesse tipo de aterramento (TN-C) a
corrente de fuga passará pelo DR e isso o impedirá de atuar.
Seu princípio de funcionamento é relativamente simples. A corrente que entra em um
circuito é igual à corrente que sai desse mesmo circuito. Se a corrente que entra é diferente da
corrente que sai do circuito, isso significa que houve uma fuga de corrente e nesse caso o DR
secciona automaticamente a alimentação do circuito. Dessa forma, o dispositivo diferencial
residual soma vetorialmente as correntes em um circuito e quando o valor é diferente de zero,
o circuito é seccionado para conferir proteção.
De acordo com a NBR-5410, o uso de dispositivo diferencial residual de alta
sensibilidade (corrente diferencial residual nominal igual ou inferior a 30mA) é obrigatório nas
seguintes situações:
1. Circuitos que servem a pontos situados em locais contendo banheiro ou chuveiro;

2. Circuitos que alimentam tomadas de corrente situadas em áreas externas a edificação;


41

3. Circuitos e tomadas de corrente situadas em áreas internas que possam vir a alimentar
equipamentos no exterior; e

4. Circuitos de tomadas de corrente de cozinhas, copas cozinhas, lavanderias, áreas de


serviço, garagens e, no geral, de todo local interno molhado em uso normal ou sujeito a
lavagens.

Existe ainda, para outras aplicações, o disjuntor diferencial residual de baixa


sensibilidade, que percebe apenas correntes de fuga superiores a 500 mA.

3.6.3 Disjuntores Termomagnéticos

Os disjuntores termomagnéticos são utilizados para proteger os cabos e condutores que


compõem uma rede de distribuição de energia elétrica contra os efeitos de sobrecargas e curtos-
circuitos. Estes dispositivos de proteção atendem à norma NBR NM 60898, que constitui a base
para sua fabricação e certificações.
A norma NBR NM 60898 refere-se aos disjuntores especialmente projetados para serem
manipulados por usuários leigos, ou seja, para uso de pessoas não qualificadas em eletricidade
e para não sofrerem manutenção (normalmente instalações residenciais ou similares). Esta é a
diferença fundamental em relação a outros dispositivos que atendem a outras normas, que
prestam especial atenção às instalações e equipamentos, considerando que os operadores serão
pessoas especializadas.
Os disjuntores termomagnéticos dispõem de um disparador térmico com atraso
(bimetal), dependente de sua característica de intensidade do tempo, que reage diante de
sobrecargas moderadas, e um disparador eletromagnético que reage sem atraso diante das
elevadas sobrecargas e curtos-circuitos.
Os materiais utilizados em sua construção garantem uma longa vida útil de, em média,
20.000 manobras mecânicas e uma elevada segurança contra soldagem dos contatos.
As principais características dos disjuntores são explicadas logo a seguir, de acordo com
a norma do produto. Na Figura 21 são mostradas as principais partes do disjuntor.
42

Figura 21- Partes do disjuntor

Fonte: www.siemens.com.br.

Tensão nominal de serviço ou de operação (Ue)

É o valor da tensão utilizada nos ensaios de desempenho do disjuntor, particularmente


aqueles destinados a avaliar seu comportamento em curto-circuito.

Tensão nominal de isolamento (Ui)

É o valor da tensão ao qual o ensaio de tensão aplicada e as linhas de fuga são referidos.
Corresponde à máxima tensão nominal do disjuntor. A máxima tensão de serviço não pode ser
superior à tensão nominal de isolamento.

Correntes nominais (In)

É a corrente que o disjuntor pode suportar ininterruptamente, a uma temperatura


ambiente de referência especificada (normalmente 30ºC). Os valores preferenciais indicados
pela NBR NM 60 898 são: 6, 8, 10, 13, 16, 20, 25, 32, 40, 50, 63, 80, 100 e 125A, monofásico,
bifásico ou trifásico.

Capacidades de Interrupção (NBR NM 60898)

Capacidade de interrupção nominal (Icn), também conhecida como capacidade de


interrupção limite, a qual pode causar danos e impedir a continuação da operação.

Capacidade de interrupção de serviço (Ics), que garante um funcionamento


completamente normal mesmo após ter interrompido correntes de curto-circuito.
43

Característica I²t

A integral de Joule ou característica I²t de um disjuntor, é outro parâmetro necessário ao


equacionamento da proteção contra curtos-circuitos.
A norma de instalações elétricas NBR 5410, determina que a integral de Joule que o
dispositivo de proteção suporta, deve ser inferior àquela que o condutor pode suportar, sem
danos. Ou ainda, não só para garantir a integridade do condutor como também à coordenação
entre dispositivos, por exemplo, entre o disjuntor e o dispositivo diferencial residual (DR).

Curvas características de atuação instantânea

As curvas de atuação instantânea do disjuntor são definidas pela NBR NM 60898 como
segue, na Figura 22 são apresentadas as curvas do disjuntor:
Curva B: 3 a 5 x In;

Curva C: 5 a 10 x In;

Curva D: 10 a 20 x In.

Figura 22- Curvas do disjuntor

Fonte: ABNT (2004).

Proteção contra sobrecargas

A proteção de um circuito contra sobrecargas estará garantida se tal condição for


assegurada:

IB ≤ In ≤ Iz (condição normal)

I2 ≤ 1,45 Iz (sobrecarga - atuação do disjuntor)


44

Onde: IB é a corrente de projeto do circuito; In é a corrente nominal do disjuntor; Iz é a


capacidade de condução de corrente dos condutores do circuito, nas condições de instalação
previstas. I2 é a corrente convencional de atuação.

Proteção contra curtos-circuitos

Para que um disjuntor garanta efetivamente a proteção contra curtos-circuitos, deve-se


considerar duas condições.
A primeira, é que sua capacidade deve ser superior ao valor da corrente de curto-circuito
presumida simétrica no ponto em que será instalado (Ik), a qual também é denominada corrente
de curto-circuito máxima. No campo das instalações elétricas residenciais, a condição é dada
com base na capacidade de interrupção nominal (Icn), isto é:
Icn>Ik

Quando a função desempenhada por um disjuntor for de especial relevância, convém


atender à regra com base na capacidade de interrupção de serviço (Ics), isto é:

Ics>Ik

A segunda, é que a energia específica que o disjuntor deixa passar, durante a interrupção
do curto-circuito, deve ser inferior àquela que o condutor do circuito protegido pode suportar.
Na Figura 23 são mostradas as curvas de suportabilidade e integral de Joule.
I²t ≤ k²S²

Onde:

I²t é a energia específica que o disjuntor deixa passar;

K2 S2 é a integral de Joule para aquecimento do condutor desde a temperatura máxima


para serviço contínuo até a temperatura de curto-circuito.

S é a seção nominal do condutor em mm²;

k é um fator que depende do metal e isolação do condutor.


45

Figura 23- Curvas de suportabilidade e Integral de Joule

Fonte: www.siemens.com.br.

3.6.4 Dispositivos de Proteção contra Surtos Elétricos DPS

DPS é a sigla para Dispositivo de Proteção contra Surtos, também conhecido como
Supressor de Surtos e Protetor contra Surtos Elétricos. Esses termos são designados a aparelhos
capazes de proteger equipamentos eletroeletrônicos contra picos de tensão que podem vir da
rede elétrica, de cabos de TV (por assinatura ou de antena externa) ou da linha telefônica, a
Figura 24 apresenta o DPS.

Figura 24- DPS

Fonte: Clamper (2015).

A operação de sistemas eletrônicos pode ser severamente afetada em função da


ocorrência de surtos provocados por descargas atmosféricas ou eventos de chaveamento no
sistema elétrico de potência. Esses fenômenos causam por um período curto, uma elevação
brusca na tensão nominal do sistema, quer seja de alimentação elétrica, de comunicação de
dados, de telefonia ou de automação de processos, com consequências às vezes devastadoras.
No caso das descargas atmosféricas, um equipamento instalado a quilômetros de distância do
local da queda do raio está sujeito a sérios riscos de queima em função da formação de campos
eletromagnéticos e consequentes sobretensões induzidas e conduzidas pelos cabos. Todos os
equipamentos eletrônicos presentes nas instalações industriais, comerciais ou residenciais, tais
46

como computadores, equipamentos de controle e automação, centrais telefônicas,


equipamentos de TV a cabo, centrais de alarmes, sistemas de telemetria e aquisição de dados,
entre outros, correm risco de sofrer danos; na Figura 25 é apresentado os aspectos construtivos
do DPS.

Figura 25- Aspecto construtivo DPS

Fonte: www.etormann.tk

01- fixação trilho DIN 35mm padrão.


02- Indicação de operação: verde (operando) e vermelho (fora de operação.)
03- Isolação dos parafusos, evitando contato acidental.
04- Conectores.
05- Corrente estampada na parte frontal, evitando adulterações.
06- Varistor: sensor de proteção.

A partir dos conceitos intrínsecos à eletricidade abordados nesse capítulo, e também da


descrição dos procedimentos e dispositivos de segurança utilizados em instalações elétricas, o
presente capítulo procurou demonstrar os meios recomendados pela NR 10 e NBR 5410 para
reduzir ou mesmo eliminar os riscos oferecidos a pessoas que trabalhem com eletricidade.
Dessa forma, após a abordagem das normas de segurança no capítulo 2 e dos
procedimentos de segurança mencionados nesse capítulo, o próximo capítulo evidenciará a
seguir, o detalhamento do fluxograma construído com base na análise da NR 10, assim como
descreverá o local escolhido para estudo de caso (LEAT) com a consequente implementação
do fluxograma ao mesmo, produzindo, portanto, as análises e recomendações oriundas do
fluxograma para o laboratório.
47

4 FLUXOGRAMA E ESTUDO DE CASO PARA EMISSÃO DE LAUDO EM


ACORDO COM A NR-10

4.1 Detalhamento do fluxograma

O método criado nesse trabalho foi desenvolvido a partir das medidas de controle
contidas na NR-10. De posse de tais medidas, um fluxograma foi construído elencando o passo
a passo para que profissionais que trabalham com eletricidade, em especial engenheiros, possam
produzir laudos de instalações elétricas segundo a referida norma.
O primeiro passo (I) verificado é a existência ou não de um projeto elétrico com as
especificações do sistema de aterramento e demais equipamentos e dispositivos de proteção,
segundo o que preconiza o item 10.2.3 da norma em estudo (BRASIL, 2004). Caso a empresa
não possua projeto elétrico ela terá que realizar um projeto da instalação existente.
O passo seguinte (II), pergunta se o projeto está atualizado, em caso negativo deve-se
realizar a atualização do projeto. Fato que se torna necessário sempre que alguma alteração for
feita na instalação. Feito isso, pode-se passar para o próximo passo (III) que questiona se a
empresa tem uma carga instalada superior a 75 kW. Nos casos em que a instalação não possui
carga instalada superior a 75 kW, o fluxograma direciona o leitor para o questionamento quanto
à existência ou não de área classificada na instalação (passo X). Para os casos em que a
instalação possuir tal área, a explicação será detalhada adiante, no entanto em caso negativo, o
fluxograma determina que seja indagado novamente se a empresa possui potência instalada
maior do que 75 kW (passo XII), o motivo para que esse questionamento seja refeito também
será elucidado mais à frente. Suponhamos que a reposta novamente seja “Não” para a pergunta
feita nesse último passo, então o fluxograma direcionará o leitor para o questionamento quanto
à operação da empresa em instalações ou equipamentos integrantes do sistema elétrico de
potência (XIV). Novamente para respostas afirmativas, por uma questão de continuidade, a
descrição desse passo será debatida a frente. Já em caso de negativa, finalmente o fluxograma
questiona se a empresa opera em proximidade do sistema elétrico de potência (XVIII). Assim
como dito acima, apenas dar-se-á sequência a reposta negativa, a qual levará o profissional ao
final do fluxograma e, consequente adequação da instituição/empresa à NR-10.
Por outro lado, retornando à primeira pergunta em que o fluxograma abordou a carga
instalada da empresa/ instituição (passo III), para aqueles que possuírem carga acima de 75 kW,
o passo seguinte, segundo o fluxograma, é verificar se a instituição/ empresa possui além do
48

projeto elétrico atualizado, também o Prontuário de Instalações Elétricas (PIE), que sempre
deverá ser mantido atualizado e estar à disposição tanto dos trabalhadores envolvidos nos
serviços em eletricidade como também para autoridades que desejem atestar a segurança das
instalações.
O item 10.2.4 da norma, elenca o conjunto de documentos necessários à construção do
PIE, e a partir desses documentos, são feitos os próximos questionamentos que se seguem no
fluxograma. Abaixo serão comentados os passos seguintes do fluxograma, pautados em cada
alínea do item mencionado:
Passo IV: Existe conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de
segurança e saúde, implantadas e relacionadas a esta NR e descrição das medidas de controle
existentes?
Se a empresa não possuir este conjunto de procedimentos e instruções, bem como as
medidas de controle e análise de riscos inerentes aos serviços e atividades desenvolvidas em
seu meio, terá que providenciá-los; se possuir, deverá passar para o próximo item do fluxograma
que se baseia no item 10.2.4 alínea b, da norma em estudo.
Passo V: Existe documentação das inspeções e medições do sistema de proteção contra
descargas atmosféricas e aterramentos elétricos?
Aqui a empresa terá que apresentar os projetos e laudos dos sistemas de descargas
atmosféricas; eles terão que estar em acordo com a norma técnica NBR-5419 que trata deste
assunto, se a empresa não estiver em conformidade, deverá corrigir as pendências; se estiver
em ordem, passará para o passo seguinte (passo VI), pautado na alínea c do item 10.2.4 da
norma.
O passo VI Indaga quanto à existência de listas contendo a especificação dos
equipamentos de proteção coletiva e individual.
Logo em seguida, o passo VII, semelhante ao anterior, pergunta se há lista de
especificação de ferramentas conforme orienta a NR10.
A empresa terá que apresentar listas contendo todos os EPI’s, EPC’s e ferramentas
utilizadas. Tais ferramentas e equipamentos terão que ser adequados à atividade e ao nível de
tensão segundo o que pede a NR-10; se a empresa não possuir as listas mencionadas, deverá
criá-las.
Dando continuidade ao fluxograma o próximo passo (VIII), corresponde à exigência da
alínea d do item 10.2.4: A empresa deve possuir documentação comprobatória da qualificação,
habilitação, capacitação, autorização dos trabalhadores e dos treinamentos realizados. Aqui a
empresa terá que apresentar um sistema de identificação de cada colaborador, com os seus
49

dados, documentação comprobatória de formação e autorização para atividades ao qual ele


exerça dentro da empresa, bem como os certificados de treinamentos realizados. Caso não tenha
esses documentos, deverá providenciá-los, e então seguir para o passo seguinte, baseado na
alínea e do item10.2.4:
Passo IX: Possui os resultados dos testes de isolação elétrica realizados em
equipamentos de proteção individual e coletiva?
Neste caso a empresa terá que apresentar os testes de conformidade de todos os
equipamentos com isolação elétrica, estes testes devem ser feitos por empresa credenciada e
com regularidade de execução conforme o que preconiza a legislação ou as orientações dos
fabricantes. Quando a empresa não possuir os testes supracitados, deverá providenciá-los a fim
de que possa seguir para o próximo passo (X), baseado no item 10.2.4 alínea f.
Nesse momento, passo X, o fluxograma aborda a existência ou não de área classificada,
assim como já foi dito na primeira simulação de acompanhamento do referido esquema no
início dessa seção. Para os casos em que houver área classificada na empresa ou instituição, o
fluxograma direciona o leitor para o passo XI, que questiona se a empresa tem as certificações
dos equipamentos e materiais elétricos em áreas classificadas. Caso não as possua deverá
adquiri-los, pois todos os equipamentos utilizados em áreas classificadas têm que estar em
conformidade com a sua utilização nas referidas áreas, e a sua certificação e dos materiais
elétricos, deverá estar disponível, caso contrário a empresa/instituição deve obter com as
empresas fabricantes ou laboratórios credenciados, as certificações dos equipamentos e
materiais elétricos em áreas classificadas.
Para aquelas empresas que não possuem área classificada, o fluxograma as direciona
para o passo XII, que questiona novamente a potência instalada da empresa. Essa situação já
foi levantada anteriormente e sua explicação será dada nesse momento: A repetição desse
questionamento se faz necessária haja vista que se pode ter situações de empresas que trabalham
com potência instalada acima de 75 kW, mas não necessariamente possuem áreas classificadas.
Para esses casos, o fluxograma em seu passo XIII, bem como para aquelas empresas que
possuem área classificada e já detém as certificações dos equipamentos e materiais elétricos
destas áreas, pergunta se os relatórios técnicos das inspeções estão atualizados com
recomendações, cronogramas de adequações, contemplando todas as exigências do item 10.2.4.
Esse ponto determina que de todos os itens acima a empresa terá que realizar um
relatório periódico explicando as conformidades e não conformidades bem como os prazos para
que possíveis pendências possam ser corrigidas, finalizando aqui o fluxograma para as
50

empresas que não operam em instalações ou equipamentos integrantes do sistema elétrico de


potência ou próximo a ele.
Podem ocorrer também, casos de empresas que não possuem potência instalada acima
de 75 kW, não trabalham em área classificada, mas operam em instalações ou equipamentos
integrantes do sistema elétrico de potência (SEP), que corresponde à geração, transmissão e
distribuição de energia elétrica. Inclusive essa simulação é relatada por Pereira e Sousa (2010,
pg. 22):

É certo que muitas empresas, empreiteiras não teriam, pela potência instalada em suas
sedes ou canteiros, (que correspondem a estabelecimentos separados), que atender às
exigências do item 10.2.4, porém por atuar no SEP, ficam obrigadas ao que se
estabelece no item, por conta de operarem no SEP e estarem submetidas ao mesmo
risco e exigências.

Na medida em que o leitor atinge o passo XIV, que questiona justamente se a empresa
opera em instalações ou equipamentos integrantes do sistema elétrico de potência, o
fluxograma, para os casos afirmativos, em seu passo XV vai indagar se o PIE da empresa está
completo com todas as alíneas do item 10.2.4, se não estiver, a empresa deverá providenciar a
documentação exigida.
Em seguida, o passo XVI quer saber se a empresa possui a descrição dos procedimentos
para emergência, e o passo XVII pergunta se a empresa possui as certificações dos
equipamentos de proteção coletiva e individual. As exigências desses dois passos são
necessárias para os casos de empresas que realizam serviços junto ao SEP.
Já para aquelas empresas que operam, também ou somente, na proximidade do Sistema
Elétrico de Potência (questionamento feito no passo XVIII) o fluxograma direciona para o passo
XIX, que pergunta se a empresa possui Prontuário de Instalações Elétricas contemplando os
documentos descritos nas alíneas “a”, “c”, “d” e “e” do item 10.2.4 (que foram vistos nos passos
IV, VI, VII, VIII e IX) e, em seguida (passo XX), pergunta se a empresa possui também a
descrição dos procedimentos para emergências e as certificações dos equipamentos de proteção
coletiva e individual, que foram vistas, respectivamente, nos passos XVI e XVII.
Para exemplificar o caso de empresas que desenvolvem seu trabalho somente em áreas
próximas ao sistema elétrico de potência, pode-se considerar uma que trabalhasse
exclusivamente com poda de árvores próximas à rede elétrica, pois nesse caso específico, não
necessariamente ela possuiria uma potência instalada de 75 kW, como se vê no início do
fluxograma, mas devido à proximidade do seu trabalho realizado à rede, ela seria obrigada,
51

segundo a NR-10, a estar em dia com a documentação descrita no fluxograma para o seu caso
específico.
O texto descrito acima pode ser compilado no fluxograma apresentado nas páginas
seguintes, que representa o objetivo principal desse trabalho.
52

Fluxograma 1 - Método para emitir laudo em acordo com a NR10


(continua)
53

Fluxograma 1 - Método para emitir laudo em acordo com a NR10


(continuação)
54

Fluxograma 1 - Método para emitir laudo em acordo com a NR10


(conclusão)

Fonte: O autor
55

4.2 Estudo de caso - Diagnóstico e relatório da visita realizada ao LEAT

4.2.1 O Laboratório de Alta e Extra Alta Tensão – LEAT

O Laboratório de Alta e Extra Alta Tensão da Universidade Federal do Pará (LEAT -


UFPA) está localizado no Parque de Ciência, Tecnologia e Inovação do Guamá (PCTI - Guamá)
no Campus da UFPA de Belém. O LEAT possui uma área construída de 1.240m 2, sendo
composta pelos seguintes ambientes: plataforma de acesso, área de teste (com pé direito de
37m), sala de controle, oficina, escritório, banheiros, circulação, recepção, subestação e sala do
QGBT (quadro geral de baixa tensão). Na área externa tem um amplo estacionamento e área de
estocagem para equipamentos. O prédio foi construído com paredes e tetos blindados
interconectados com o sistema de aterramento seguindo as normas vigentes.
A área de teste possui 900m2, em seu interior duas grandes centrais de ar são
responsáveis pela climatização do ambiente de ensaio, principalmente no que tange à umidade,
a qual precisa estar dentro dos limites aceitáveis para a realização dos ensaios em alta tensão.
Adicionalmente, o laboratório dispõe de uma ponte rolante para 5 toneladas, necessária para o
posicionamento de alguns equipamentos, bem como para a montagem dos ensaios em alta
tensão.
Na sala de controle encontram-se todos os equipamentos responsáveis pela aquisição de
dados e controle dos equipamentos de ensaio existentes na área de testes.
Para alimentação do laboratório, dispõe-se de uma subestação abaixadora em cabine
abrigada contendo os seguintes equipamentos de transformação:
▪ Transformador trifásico 500kVA, 13,8kV/220V-127V;
▪ Transformador a seco bifásico 400kVA, 13,8kV/3,3kV.

O sistema de aterramento do laboratório é composto de três níveis de malha de terra


conectadas entre si através de hastes profundas.
No que diz respeito aos equipamentos de alta tensão responsáveis pelos ensaios
propriamente ditos, o laboratório dispõe dos seguintes equipamentos:
▪ Fonte Série Ressonante, a qual é responsável pelos ensaios de tensão a 60Hz aplicados,
possui dois módulos de 400kV, podendo operar tanto em paralelo (400kV/20A) ou em
série (800kV/10A). Além disso, é possível trabalhar também com tensões mais baixas,
utilizando-se apenas o transformador excitador que alimenta a fonte ressonante.
Equipada com colchões de ar para sua mobilidade dentro da área de teste.
56

▪ Gerador de Impulso de Corrente, este possui 12 estágios de 100kV cada um, totalizando
1,2MV, 120kJ. Atualmente, o gerador possui a capacidade de gerar 10kA/20kA de
corrente impulsiva.
▪ Gerador de Impulso de Tensão, ilustrado na Figura 26, que possui 18 estágios de 200kV
cada um, totalizando 3,6MV, 540kJ. É importante destacar que este equipamento está
limitado a operar até 2,4MV, uma vez que o divisor de tensão deste sistema apresente
dois módulos de 1,2MV.

Figura 26 - Gerador de impulso de tensão do LEAT

Fonte: O autor.

▪ Especificamente para o sistema de impulso de tensão, o laboratório dispõe também de


um equipamento chamado chopping gap, responsável pelo corte da onda de impulso,
tanto na frente desse impulso como na calda. Portanto, é possível atender ensaios de
onda cortada previstos em normas de alta tensão.

É importante mencionar que o laboratório foi previsto para a realização de ensaios


envolvendo níveis de tensão de distribuição e transmissão, podendo atender dessa forma uma
grande faixa de tensão, aumentando tanto a quantidade de clientes a serem atendidos, quanto à
quantidade de linhas de pesquisa a serem estudadas.
Com o intuito de se conhecer o perfil de potência do LEAT, foi realizada uma medição
na entrada do laboratório entre os dias 22/09/2020 e 01/10/2020. Tal medição foi realizada com
intervalo de 10 minutos, e a partir dela pode-se levantar a potência em cada uma das três fases,
bem como o somatório total utilizado pelo laboratório nesse período. De posse dessas medições
obteve-se os dados que estão apresentados nas Figuras 27 a 36 a seguir:
Potência (W)

Potência (W)

20000
40000
60000
80000
100000
120000

0
00:00:00

10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000

0
01:10:00
02:20:00 17:20:00
03:30:00 17:40:00
04:40:00 18:00:00
05:50:00 18:20:00
07:00:00 18:40:00
08:10:00 19:00:00
09:20:00 19:20:00
10:30:00 19:40:00
11:40:00 20:00:00
12:50:00

Horário
20:20:00
14:00:00 20:40:00
Horário

15:10:00 21:00:00
16:20:00 21:20:00

Fonte: O autor.
Fonte: O autor.

17:30:00 21:40:00
18:40:00 22:00:00
19:50:00 Medido no dia 23/09/2020 22:20:00
21:00:00
Figura 28- Medição feita no dia 23/09/2020

22:40:00
Figura 27 - Medição feita no dia 22/09/2020

Medido no dia 22/09/2020

22:10:00 23:00:00
23:20:00 23:20:00
23:40:00

AvgS1
AvgS2
AvgS3
AvgSsum
AvgS1
AvgS2
AvgS3
AvgSsum
57
Potência (W) Potência (W)

5000
10000
15000
20000
5000

25000
30000
35000
10000
15000
20000
25000

0
0
00:00:00 00:00:00
01:10:00 01:10:00
02:20:00 02:20:00
03:30:00 03:30:00
04:40:00 04:40:00
05:50:00 05:50:00
07:00:00 07:00:00
08:10:00 08:10:00
09:20:00
09:20:00
10:30:00
10:30:00
11:40:00
11:40:00
12:50:00

Horário
12:50:00
Horário

Fonte: O autor.
Fonte: O autor.
14:00:00
15:10:00 14:00:00
16:20:00 15:10:00
17:30:00 16:20:00
18:40:00 17:30:00
19:50:00 18:40:00

Medido no dia 25/09/2020


Medido no dia 24/09/2020

21:00:00 19:50:00
Figura 29 - Medição feita no dia 24/09/2020

Figura 30 - Medição feita no dia 25/09/2020

22:10:00 21:00:00
23:20:00 22:10:00
23:20:00

AvgS1
AvgS3
AvgS2
AvgSsum
AvgS1
AvgS2
AvgS3
AvgSsum
58
Potência (W) Potência (W)

1000
1500
2000
2500
3000
1000
1500
2500
3000

2000

0
0

500
500
00:00:00 00:00:00
01:10:00 01:10:00
02:20:00 02:20:00
03:30:00 03:30:00
04:40:00 04:40:00
05:50:00 05:50:00
07:00:00 07:00:00
08:10:00 08:10:00
09:20:00
09:20:00
10:30:00
10:30:00
11:40:00
11:40:00
12:50:00

Horário
12:50:00
Horário
14:00:00

Fonte: O autor.
Fonte: O autor.
15:10:00 14:00:00
16:20:00 15:10:00
17:30:00 16:20:00
18:40:00 17:30:00
19:50:00 18:40:00

Medido no dia 27/09/2020


Medido no dia 26/09/2020

21:00:00 19:50:00
Figura 32 - Medição feita no dia 27/09/2020
Figura 31 - Medição feita no dia 26/09/2020

22:10:00 21:00:00
23:20:00 22:10:00
23:20:00

AvgS1
AvgS3
AvgS2
AvgSsum
AvgS1
AvgS2
AvgS3
AvgSsum
59
Potência (W) Potência (W)

5000
10000
15000
20000
5000

25000
30000
35000
10000
15000
20000
25000
30000
35000

0
0
00:00:00 00:00:00
01:10:00 01:10:00
02:20:00 02:20:00
03:30:00 03:30:00
04:40:00
04:40:00
05:50:00
05:50:00
07:00:00
08:10:00 07:00:00
09:20:00 08:10:00
10:30:00 09:20:00
11:40:00 10:30:00
12:50:00 11:40:00

Horário

Fonte: O autor.
Fonte: O autor.
14:00:00
Horário
12:50:00
15:10:00 14:00:00
16:20:00 15:10:00
17:30:00
16:20:00
18:40:00
17:30:00
19:50:00

Medido no dia 29/09/2020


21:00:00 18:40:00
Medido no dia 28/09/2020

Figura 34 - Medição feita no dia 29/09/2020


Figura 33 - Medição feita no dia 28/09/2020

22:10:00 19:50:00
23:20:00 21:00:00
22:10:00
23:20:00

AvgS1
AvgS3
AvgS2
AvgSsum
AvgS1
AvgS2
AvgS3
AvgSsum
60
61

Figura 35 - Medição feita no dia 30/09/2020

Medido no dia 30/09/2020


20000 AvgSsum
18000
16000 AvgS3
14000 AvgS2
Potência (W)

12000
AvgS1
10000
8000
6000
4000
2000
0
07:00:00

15:10:00

19:50:00
00:00:00
01:10:00
02:20:00
03:30:00
04:40:00
05:50:00

08:10:00
09:20:00
10:30:00
11:40:00
12:50:00
14:00:00

16:20:00
17:30:00
18:40:00

21:00:00
22:10:00
23:20:00
Horário

Fonte: O autor.

Figura 36 - Medição feita no dia 01/10/2020

Medido no dia 01/10/2020


35000 AvgSsum
30000 AvgS3
25000
Potência (W)

AvgS2
20000
AvgS1
15000
10000
5000
0
00:00:00

09:10:00
00:50:00
01:40:00
02:30:00
03:20:00
04:10:00
05:00:00
05:50:00
06:40:00
07:30:00
08:20:00

10:00:00
10:50:00
11:40:00
12:30:00
13:20:00
14:10:00
15:00:00

Horário

Fonte: O autor.

A partir do estudo dos gráficos acima, pode-se constatar que a potência demandada no
LEAT oscilou bastante durante o período de medição. Foi possível verificar momentos em que
ela permaneceu zerada, a exemplo do que foi observado no período de 6:00h às 10:00h do dia
24/09/2020 (Figura 29) e no período de 06:00h às 18:00h do dia 27/09/2020 (Figura 32), bem
como também houve períodos em que a potência total esteve na faixa de 25 kW a 30 kW, como
observado na Figura 30, chegou a estar próximo dos 80 kW no dia 22/09/2020 (Figura 27) no
62

período que vai desde as 21:00h, permanecendo assim durante o dia 23/09/2020 (Figura 28) até
próximo das 09:30h, quando o somatório da potência fica acima dos 80 kW, chegando a ter
um pico acima de 100 kW por volta das 18:40h desse dia, para a partir daí cair até ficar
completamente zerada.

4.2.2 Aplicação do Fluxograma ao LEAT

De posse do fluxograma proposto no presente trabalho, será verificado e analisado o


passo a passo para constatar a conformidade ou não do Laboratório de Alta e Extra Alta Tensão
da Universidade Federal do Pará. Assim como determina o esquema criado nesse trabalho, o
primeiro item a ser verificado, como pode ser constatado na Figura 37, foi a existência de um
projeto elétrico que abrangesse também, as especificações do sistema de aterramento, bem
como os demais equipamentos e dispositivos de proteção.

Figura 37 - Passo I do fluxograma

Fonte: O autor

A partir das plantas analisadas do LEAT, foi possível atestar a conformidade do


laboratório quanto a esta exigência da norma. Em seu item 10.3 a norma lista as recomendações
e exigências que devem ser observadas na análise de projetos, a saber:

10.3.1 É obrigatório que os projetos de instalações elétricas especifiquem dispositivos


de desligamento de circuitos que possuam recursos para impedimento de
reenergização, para sinalização de advertência com indicação da condição operativa.

10.3.2 O projeto elétrico, na medida do possível, deve prever a instalação de


dispositivo de seccionamento de ação simultânea, que permita a aplicação de
impedimento de reenergização do circuito.

10.3.3 O projeto de instalações elétricas deve considerar o espaço seguro, quanto ao


dimensionamento e a localização de seus componentes e as influências externas,
quando da operação e da realização de serviços de construção e manutenção.

10.3.3.1 Os circuitos elétricos com finalidades diferentes, tais como: comunicação,


sinalização, controle e tração elétrica devem ser identificados e instalados
63

separadamente, salvo quando o desenvolvimento tecnológico permitir


compartilhamento, respeitadas as definições de projetos.

10.3.4 O projeto deve definir a configuração do esquema de aterramento, a


obrigatoriedade ou não da interligação entre o condutor neutro e o de proteção e a
conexão à terra das partes condutoras não destinadas à condução da eletricidade.

10.3.5 Sempre que for tecnicamente viável e necessário, devem ser projetados
dispositivos de seccionamento que incorporem recursos fixos de equipotencialização
e aterramento do circuito seccionado.

10.3.6 Todo projeto deve prever condições para a adoção de aterramento temporário.

10.3.7 O projeto das instalações elétricas deve ficar à disposição dos trabalhadores
autorizados, das autoridades competentes e de outras pessoas autorizadas pela
empresa e deve ser mantido atualizado.

10.3.8 O projeto elétrico deve atender ao que dispõem as Normas Regulamentadoras


de Saúde e Segurança no Trabalho, as regulamentações técnicas oficiais estabelecidas,
e ser assinado por profissional legalmente habilitado (BRASIL, 2004).

A título de exemplificação do cumprimento do que defende o subitem 10.3.1 da norma,


as Figuras 38 e 39 extraídas da prancha elétrica 5/7 do LEAT comprovam a existência de
sinalização de advertência e dispositivos de desligamento de circuitos no projeto elétrico do
laboratório.

Figura 38 - Desenho da sinalização de advertência da subestação do LEAT

Fonte: Prancha elétrica 5/7 do LEAT


64

Figura 39 - Referências numéricas da planta baixa e corte AA' da subestação do LEAT

Fonte: Prancha elétrica 5/7 do LEAT

No que se refere ao direcionamento do subitem 10.3.3, as pranchas fornecidas também


demonstraram a adequabilidade do LEAT ao subitem mencionado, o que se pode comprovar
por meio da Figura 40 que traz o detalhe 6 contido na prancha elétrica 5/7, bem como suas notas
que especificam os critérios de construção da janela de ventilação da subestação.

Figura 40 - Detalhe 6 da prancha elétrica 5/7

Fonte: Prancha elétrica 5/7 do LEAT

Nesse item, Pereira e Sousa (2010, pg. 32), esclarecem entre outras coisas que deverá
“o projetista ocupar-se do posicionamento e localização dos componentes, de forma a adequar
65

às influências ambientais previstas, físicas e químicas (chuva; poeira; materiais inflamáveis ou


explosivos; substâncias corrosivas, etc).”, além de chamar a atenção também para que sejam
observadas “as recomendações quanto à manutenção de espaço livre, que ofereça segurança
para os trabalhos de manutenção, junto de quadros elétricos e de dispositivos de manobra deverá
ser anotada em desenho e mencionada no respectivo memorial” (PEREIRA e SOUSA, 2010,
pg. 32).
Com relação às configurações de aterramento, as pranchas fornecidas pelo laboratório
estão em conformidade com o que prega a norma em seus subitens 10.3.4, 10.3.5 e 10.3.6. Neles
são analisados os esquemas de aterramento, equipotencialização e, quando for o caso de
aterramento temporário. Entre outas coisas, Pereira e Sousa (2010, pg. 34), esclarecem que:

É requisito fundamental desta medida de proteção – aterramento, a coordenação entre


os dispositivos de seccionamento automático (fusíveis, disjuntores, etc) e o sistema
de aterramento adotado, devendo as massas ser efetivamente ligadas a um condutor
de proteção.

Com relação à análise do memorial descritivo do projeto, esta será feita a partir
memorial descritivo da subestação transformadora, de onde será construído um quadro de
adequabilidade deste memorial ao que defende o item 10.3.9 da norma.

Quadro 1 – Itens de segurança mínimos que devem estar no memorial descritivo


(continua)
Presença
Alínea Item
Sim Não
Especificação das características relativas à proteção contra
A x
choques elétricos, queimaduras e outros riscos adicionais.
Indicação de posição dos dispositivos de manobra dos circuitos
B X
elétricos: (Verde - “D”, desligado e Vermelho - “L”, ligado).
Descrição do sistema de identificação de circuitos elétricos e
equipamentos, incluindo dispositivos de manobra, de controle, de
C proteção, de intertravamento, dos condutores e os próprios x
equipamentos e estruturas, definindo como tais indicações devem
ser aplicadas fisicamente nos componentes das instalações.
Recomendações de restrições e advertências quanto ao acesso de
D x
pessoas aos componentes das instalações.
66

Quadro 1 – Itens de segurança mínimos que devem estar no memorial descritivo


(conclusão)
E Precauções aplicáveis em face das influências externas. X
O princípio funcional dos dispositivos de proteção, constantes do
F x
projeto, destinados à segurança das pessoas.
Descrição da compatibilidade dos dispositivos de proteção com a
G x
instalação elétrica.
Fonte: O autor.

Cabe aqui destacar que apesar de alíneas B e D não estarem comtempladas no memorial,
observou-se na análise de projetos e também durante a visita feita à subestação do LEAT, que
ela obedece a tais recomendações, sendo, portanto, necessária a atualização do memorial para
adequação ao pede a norma.
Quanto à atualização dos projetos do LEAT, através da análise dos mesmos,
comprovou-se que estão atualizados, e consequente em conformidade, assim como orientada o
fluxograma em seu segundo passo representado na Figura 41 abaixo:

Figura 41 - Passo II do fluxograma

Fonte: O autor.

O terceiro passo ilustrado na Figura 42, questiona a potência instalada da empresa ou


instituição. Para o caso específico do LEAT, a partir das análises das medições realizadas no
laboratório e apresentadas no item 4.2.1 deste capítulo, constatou-se que o laboratório está
incluído nas instituições que operam acima de 75 kW, sendo necessário, portanto, seguir o
fluxograma.
67

Figura 42 - Passo III do fluxograma

Fonte: O autor.

Dando sequência, a Figura 43 indaga quanto à existência de procedimentos e instruções


técnicas e administrativas de segurança e saúde, implantadas e relacionadas a NR-10 e descrição
das medidas de controle, nesse ponto verificou-se a não conformidade do LEAT no que diz
respeito a esse item da norma. Pois nesse quesito a norma orienta que a instituição deve conter
vários documentos capazes de prever os mais diversos trabalhos e os riscos a eles
correlacionados, assim como as medidas de controle necessárias a minimizar ou extinguir esses
riscos e perigos.

Figura 43 - Passo IV do fluxograma

Fonte: O autor

Sendo a Análise de Risco um mecanismo de exame crítico da atividade ou situação, ela


é muito útil para a identificação e antecipação dos acidentes, bem como eventos indesejáveis.
A norma defende que qualquer serviço envolvendo eletricidade somente deverá ser iniciado
após avaliação prévia do local de trabalho, de forma que se possa verificar as possíveis
condições de riscos e planejar com antecedência as medidas de segurança necessárias para a
proteção dos trabalhadores. As análises de riscos, assim como os demais documentos técnicos
previstos no Prontuário de Instalações Elétricas, devem ser elaborados, por profissional
legalmente habilitado, sendo necessários para cada atividade que seja realizada e que envolva
a eletricidade na instituição, aqui representada pelo LEAT.
68

Nesse sentido, a partir da observação de um ensaio em unidade de isolador para fins de


capacitação no laboratório, houve a colaboração deste trabalho para a construção de uma análise
de risco, documento esse de suma importância para o controle de riscos relacionados ao trabalho
com eletricidade, que pode ser consultada no anexo 1 deste trabalho.
A respeito da documentação das inspeções de SPDA, passo V ilustrado na Figura 44, o
LEAT não as possui, configurando, portanto, uma não conformidade.

Figura 44 - Passo V do fluxograma

Fonte: O autor.

A Figura 45 traz o questionamento acerca das listas de EPI’s e EPC’s, que para o nosso
estudo de caso verificou-se que o mesmo as possui e tais listas estão atualizadas.

Figura 45 - Passo VI

Fonte: O autor.

Seguindo o fluxograma, a Figura 46 questiona a existência da lista de ferramentas com


suas especificações, que para o caso do LEAT, constatou-se sua conformidade.

Figura 46 - Passo VII do fluxograma

Fonte: O autor.
69

Tais listas são de suma importância para provar, em casos de acidentes, quais são as
ferramentas e equipamentos que a empresa dispõe para seus serviços, pois é expressamente
proibido que os colaboradores tragam equipamentos que não estão listados pela empresa/
instituição para a realização de suas atividades, uma vez que ela não possui o conhecimento de
suas especificações e adequabilidade aos serviços realizados em seu campo de trabalho, a cerca
disso é interessante confirmar o que a norma diz sobre esse assunto em seu item 10.4.3 e subitem
10.4.3.1(BRASIL, 2004, pg. 4):

10.4.3 Nos locais de trabalho só podem ser utilizados equipamentos, dispositivos e


ferramentas elétricas compatíveis com a instalação elétrica existente, preservando-se
as características de proteção, respeitadas as recomendações do fabricante e as
influências externas.

10.4.3.1 Os equipamentos, dispositivos e ferramentas que possuam isolamento


elétrico devem estar adequados às tensões envolvidas, e serem inspecionados e
testados de acordo com as regulamentações existentes ou recomendações dos
fabricantes.

O próximo passo, representado pela Figura 47, é a constatação da existência do sistema


de identificação de colaboradores da empresa/instituição. Esse sistema deve conter a
abrangência da autorização de cada trabalhador, seja ele qualificado, habilitado ou capacitado,
além de registrar e guardar os certificados e documentos dos treinamentos realizados por todos
os colaboradores. Cabendo aqui, inclusive, mencionar que, no mínimo a cada 2 anos devem ser
feitos cursos de atualização, ou sempre que forem necessários, conforme determina as NRs.

Figura 47 - Passo VIII do fluxograma

Fonte: O autor.
70

Nesse sistema também deve estar o prontuário médico dos colaboradores, contendo os
exames de saúde e laudos, se for o caso, que atestem a compatibilidade com as atividades a
serem desenvolvidas pelos trabalhadores com sua condição física e emocional.
Antigamente esses documentos deveriam estar guardados em um local específico para
possíveis consultas e fiscalizações futuras, no entanto, recentemente a NR-10 passou por uma
atualização feita por meio da portaria SEPRT n.º 915, de 30 de julho de 2019, que permite que
esse banco de dados que documenta a vida funcional dos membros da instituição seja feito de
modo digital, assim como demais documentos previstos nas NRs. Quanto a isso é importante
destacar o que determina tal atualização para o arquivamento de documentos digitais ou
digitalizados, para tanto, abaixo será transcrito o trecho de (BRASIL, 2019) que trata desse
assunto:

1.5.2 Os documentos previstos nas NR podem ser emitidos e armazenados em meio


digital com certificado digital emitido no âmbito da Infraestrutura de Chaves Públicas
Brasileira (ICP-Brasil), normatizada por lei específica.
1.5.3 Os documentos físicos, assinados manualmente, inclusive os anteriores à
vigência desta NR, podem ser arquivados em meio digital, pelo período
correspondente exigido pela legislação própria, mediante processo de digitalização
conforme disposto em Lei.
1.5.3.1 O processo de digitalização deve ser realizado de forma a manter a integridade,
a autenticidade e, se necessário, a confidencialidade do documento digital, com o
emprego de certificado digital emitido no âmbito da Infraestrutura de Chaves Públicas
Brasileira (ICP-Brasil).
1.5.3.2 Os empregadores que optarem pela guarda de documentos prevista no caput
devem manter os originais conforme previsão em lei.
1.5.4 O empregador deve garantir a preservação de todos os documentos nato digitais
ou digitalizados por meio de procedimentos e tecnologias que permitam verificar, a
qualquer tempo, sua validade jurídica em todo território nacional, garantindo
permanentemente sua autenticidade, integridade, disponibilidade, rastreabilidade,
irretratabilidade, privacidade e interoperabilidade.
1.5.5 O empregador deve garantir à Inspeção do Trabalho amplo e irrestrito acesso a
todos os documentos digitalizados ou nato digitais.
1.5.5.1 Para os documentos que devem estar à disposição dos trabalhadores ou dos
seus representantes, a organização deverá prover meios de acesso destes às
informações de modo a atender os objetivos da norma específica.

O formato digital de armazenamento de documentos foi o meio escolhido pelo


laboratório de alta tensão para guardar as informações de seus colaboradores, e, portanto, de
acordo com a referida norma. No entanto, com relação a esse ponto durante a visita ao
laboratório foi observada a ausência de crachás identificadores nas pessoas que trabalham nesse
ambiente, ficando aqui a sugestão de melhoria nesse quesito, a fim de obedecer ao que prega
71

BRASIL (2004, pg. 7) no seu item: “10.8.5 A empresa deve estabelecer sistema de identificação
que permita a qualquer tempo conhecer a abrangência da autorização de cada trabalhador,
conforme o item 10.8.4.” e também no seu item “10.8.6 Os trabalhadores autorizados a trabalhar
em instalações elétricas devem ter essa condição consignada no sistema de registro de
empregado da empresa.” (BRASIL, 2004, pg. 8). Sendo o crachá um desses meios, além é claro
do registro formal no sistema digital, no caso do LEAT.
Dando continuidade ao fluxograma, o próximo passo ilustrado pela Figura 48, pergunta
se a instituição/ empresa possui os testes de isolação elétrica realizados em equipamentos de
proteção individual e coletiva, lembrando que tais testes devem ser realizados por empresas/
laboratórios credenciados, e periodicidade obedecendo o manual dos equipamentos e/ou as
normas específicas. Quanto a esse ponto foi verificada a não conformidade do LEAT.

Figura 48 - Passo IX do fluxograma

Fonte: O autor.

O próximo passo, representado pela Figura 49, consiste no questionamento quanto à


área classificada, que a norma define como local com potencialidade de ocorrência de atmosfera
explosiva.

Figura 49 - Passo X do fluxograma

Fonte: O autor.

Uma vez que o Laboratório não se enquadra nessa situação, o fluxograma, no passo
seguinte, refaz a pergunta quanto a potência instalada do laboratório (Figura 50).
72

Figura 50 - Passo XII do fluxograma

Fonte: O autor.

E, como já foi aqui expresso, o LEAT possui potência instalada acima de 75 kW, o que
direciona o fluxograma para o passo XIII, ou seja, procura saber se o laboratório tem os
relatórios técnicos das inspeções atualizadas com recomendações, cronogramas de adequações,
contemplando todos os itens anteriores. Quanto a essa exigência verificou-se a não
conformidade do LEAT.
Quanto ao próximo questionamento, que indaga quanto à operação da empresa/
instituição em instalações ou equipamentos integrantes do sistema elétrico de potência, para o
caso específico do LEAT, não se aplica, uma vez que o mesmo não opera no SEP.
Finalmente, o fluxograma pergunta se o laboratório realiza trabalho em proximidade do
sistema elétrico de potência, e como o laboratório de alta tensão não se enquadra nessa situação,
dando mais uma vez uma resposta negativa, o fluxograma é finalizado.
Assim, como pode-se verificar no exposto acima, houve tanto situações em que o LEAT
atendeu ao que está disposto na norma, como também há aquelas em que esse espaço não esteve
em conformidade com ela. Portanto, por uma questão de organização, a partir do fluxograma,
foi gerado o quadro de conformidade seguinte:
73

Quadro 2 – Conformidade do LEAT com relação ao fluxograma


Item
Não se
Sequência Item do Fluxograma atendido
aplica
Sim Não
A empresa tem projeto elétrico?
01 X
O projeto elétrico está atualizado e com especificação do
02 sistema de aterramento e dispositivos de proteção? X

A potência instalada é acima de 75kW?


03 X
Existe conjunto de procedimentos e instruções técnicas
04 e administrativas de segurança e saúde, contendo X
inclusive, a descrição das medidas e controle existentes?
Existe documentação das inspeções do SPDA?
05 X
Tem listas com especificação dos equipamentos EPI e
06 EPC? X

Tem lista com especificação das ferramentas conforme


07 solicita a NR-10? X

A empresa possui sistema de identificação que contenha


a abrangência da autorização de cada trabalhador, seja
08 ele qualificado, habilitado ou capacitado, bem como os X
treinamentos realizados?

Possui os testes de isolação elétrica realizados em


09 equipamentos de proteção individual e coletiva? X

A empresa possui área classificada? X


10
A empresa tem relatório técnico das inspeções
11 atualizadas com recomendações, cronogramas de x
adequações, contemplando todos os itens anteriores?
A empresa opera em instalações ou equipamentos X
12 integrantes do sistema elétrico de potência?

A empresa realiza trabalho em proximidade do sistema X


13
elétrico de potência?
Fonte: O autor

Com a construção do quadro acima, ratifica – se a funcionalidade do fluxograma


proposto nesse trabalho, evidenciando o passo a passo utilizado por aquele, assim como as
conclusões e sugestões de adequabilidade oriundas da análise do estudo de caso em uso nesse
capítulo. E com isso, a seguir, será tratada a conclusão final do trabalho e as sugestões de
estudos futuros que podem ser produzidos a partir desse.
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5 CONCLUSÃO

Não há dúvidas de que a energia elétrica é essencial para o desenvolvimento econômico


e social do mundo moderno, logo, é importante que as empresas estejam de acordo com as
normas de segurança para que não tenham acidentes ou que eles sejam minimizados. Nesse
sentido, este trabalho apresentou, inicialmente, dados de acidentes e como esses acidentes têm
aumentado ao longo dos anos. Tratou da norma regulamentadora nº 10, além de destacar as
formas para proteção do sistema de energia elétrica através de dispositivos de proteção, cuja
eficiência não deve ser ignorada, pois estes ajudam a evitar ou minimizar os sinistros causados
por uma falha elétrica. Por fim, foi desenvolvido um fluxograma que apresentou um passo a
passo de como realizar um laudo para dizer se uma instalação elétrica atende ou não à norma
NR-10, testado no Laboratório de Alta e Extra Alta Tensão da Universidade Federal do Pará, e
produzindo finalmente, uma tabela de conformidade para a instalação em questão.
A partir da análise do fluxograma ao LEAT, pode-se verificar os pontos atendidos e não
atendidos, bem como lançar sugestões de adequação do laboratório à norma. Apesar de não ser
uma exigência para ele, como verificado no fluxograma, sugere-se aqui a criação de um plano
de emergência para o mesmo, reforçando suas medidas de segurança. E no âmbito acadêmico,
por entender que a universidade é o meio disseminador de conhecimento, e o primeiro local de
testagem de teorias, a oferta da disciplina de segurança em eletricidade seria muito útil aos
discentes do curso de engenharia elétrica e demais engenharias.

5.1 Sugestões para trabalhos futuros

Com a finalidade de realizar melhorias no projeto, propõe-se a implementação do


fluxograma em um programa de simulação para que o engenheiro entre com os dados e o
programa retorne o laudo com as conformidades e não conformidades segundo a NR-10.
Um trabalho de completa adequação do Laboratório de Alta Tensão da UFPA à NR10
também seria de plena valia, uma vez que como se viu é de extrema importância que tais
ambientes estejam de acordo com as normas de segurança vigentes.
Finalmente, com base na estatística de acidentes em unidades residenciais e
estabelecimentos comerciais, trabalhos voltados a uma estratégia de sensibilização, por meio
de palestras, treinamento de curta duração dentre outros, seriam extremamente relevantes para
o combate à desinformação e ao esclarecimento quanto ao conhecimento técnico, a fim de
reduzir os acidentes nessas dependências.
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REFERÊNCIAS

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Disjuntores para proteção de sobrecorrentes para instalações domésticas e similares.
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de Previdência. Portaria n° 915, de 30 de julho de 2019. Aprova a nova redação da Norma
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ANEXO A – MODELO DE ANÁLISE DE RISCO


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