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Movimentos Verticais e a

Teoria da Isostasia
Teoria da Isostasia

 Em 1855, dois cientistas, Airy e Pratt,


formularam teorias bastante semelhantes para
explicar a “ausência de massa” nas grandes
cadeias de montanhas e um “excesso de massa”
sobre os oceanos.
 O Princípio da Isostasia foi formulado
separadamente por Airy e Pratt, cada um dos
quais considerando um aspecto principal.
 Segundo Pratt a diferença de topografia seria
devido a existência de blocos com diferentes
densidade, sendo o mais denso mais profundo e
o menos denso mais alto.
•JáAiry demostrou que se a camada superficial da
Terra estivesse flutuando sobre um material mais
denso, a sua altitude seria proporcional a
espessura do material. Assim, as cadeias de
montanhas seriam como icebergs, cuja a altura é
proporcional a massa de gelo submersa.
http://www.see.leeds.ac.uk/structure/dynamicearth/topo/i
ndex.htm
 Conjuntamente, as duas proposições explicaram
toda a grande topologia da superfície da Terra,
considerando que a camada superficial estivesse
flutuando sobre um material mais denso:
 os continentes são mais elevados porque são
compostos por material menos denso (e também
porque é mais espessa) que os dos fundos oceânicos
e as grandes cadeias de montanhas são mais altas
porque apresentam uma raiz proporcionalmente
profunda de material pouco denso.
 Os dados geofísicos e geológicos obtidos desde
então comprovam essa proposição: a crosta
continental é composta por materiais menos
densos (d ~ 2,7 g/cm3), além de ser mais
espessa que a oceânica (d ~ 3,0 g/cm3). Já as
rochas do manto mostram densidades médias
mais elevadas (d ~3,3 g/cm3).
 Hoje, entretanto, sabe-se que a isostasia
envolve toda a litosfera e o seu equilíbrio
sobre a astenosfera. Isso porque a teoria
implica a existência de material rígido em
equilíbrio sobre material plástico, capaz de
fluir.
 http://www.geo.cornell.edu/hawaii/220/PRI/isostasy.htm
Implicações da Teoria da Isostasia
para a Dinâmica Terrestre
 A teoria da isostasia mostra que existe um
equilíbrio isostático da litosfera sobre a
astenosfera, refletido pelas altitudes relativas
dos diversos segmentos da litosfera,
dependendo de sua espessura e densidade do
material que a compõe.
 A primeira implicação da existência desse
equilíbrio é mostrar a importância da gravidade
na dinâmica da Terra. Muitas vezes
subestimada, a gravidade tem um papel
fundamental em toda a história dinâmica da
Terra.
Como a teoria da isostasia pode explicar os
movimentos verticais?
 Qualquer modificação dos parâmetros mencionados
provoca desequilíbrio isostático causando movimentos
verticais no sentido de recuperar a condição de
equilíbrio. Esses movimentos, ditos ajustes
isostáticos, ocorrem quando uma região é
sobrecarregada com algum material, causando
movimentos de subsidência, ou descarregada, causando
soerguimento.
 Outra possibilidade é a modificação de densidade do
material litosférico. Quando uma região encontra-se em
desequilíbrio isostático a magnitude desse desequilíbrio
reflete-se na magnitude de anomalias gravimétricas.
 Também pode haver variações laterais de densidade
dentro de um mesmo tipo de crosta.
Glaciações
 É fato conhecido atualmente que no passado o planeta
atravessou uma série de períodos de glaciação
intercalados com períodos de temperaturas mais
amenas. Além das mudanças climáticas, essas “idade do
gelo”, são caracterizadas por um crescimento das calotas
polares. O crescimento das calotas polares causa dois
fênomenos simultâneos: (i) rebaixamento global do nível
do mar e (ii) sobrecarga das áreas continentais por
extenções de dezenas de quilômetros por uma capa de
gelo que pode chegar a alguns poucos quilômetros de
espessura.
 http://www.fccj.info/gly1001/animations/Chapter6/Glaci
alIsostasy.html
 As variações globais do nível do mar relacionadas aos
períodos glaciais e interglaciais são denominadas de
mudanças glacio-eustáticas. Essas mudanças são
instantâneas, uma vez que a modificação do nível do
mar é uma resposta direta a quanto de água fica retida
nos continentes na forma de gelo e neve. Já o reajuste
isostático ocorre mais lentamente. Isso porque depende
do fluxo de material na astenosfera, que é lento uma vez
que envolve material dominantemente sólido. Assim,
quando ocorre um período de glaciação, o nível do mar
desce rapidamente, mas a litosfera permanece “elevada”
por um tempo, antes de começar a subsidir. Se a
litosfera subside a mesma quantidade que a diminuição
do nível do mar, parecerá não te havido nenhum
movimento relativo deste. No período de deglaciação, o
oposto ocorre. A elevação do nível do mar ocorre
rapidamente, mas a resposta isostática ao
descarregamento é mais lenta e uma grande quantidade
de soerguimento residual irá ocorrer após a remoção
completa da calota polar e a elevação glacio-eustática do
nível do mar já ter terminado.
 Um exemplo atual de soerguimento residual é observado
na Escandinávia. Após o último período de deglaciação
(10.000 anos), o nível do mar elevou-se rapidamente.
Mas a Escandinávia, que esteve recoberta por uma
camada de gelo continua soerguendo até hoje, segundo
uma taxa média de 1 cm/ano.
 Além de afetar o equilíbrio isostático do local carregado,
a entrada e retirada de uma geleira pode também afetar
o equilíbrio isostático de regiões mais afastadas. Isso
porque o rebaixamento se dá por escape lateral de
material astenosférico, causando soerguimento de
regiões adjacentes. O refluxo do material astenosférico
que ocorre com a retirada da geleira promove o
rebaixamento dessa região. É o que se verifica na
Holanda, que acredita-se estar rebaixando em virtude do
soerguimento da Escandinávia. Em outras regiões, o
reajuste causa a inclinação de camadas sedimentares,
originalmente depositadas na horizontal.
Calculated total glacial
isostatic uplift after the last
glaciation
http://www.tectonor.com/researc
h-methods/
Resfriamento e Variação de
densidade
 Uma característica peculiar da morfologia do fundo
oceânico é a presença de cadeias de montanhas com
elevação de aproximadamente 3.000 acima do fundo
mar, as dorsais mesoceânicas. Logo após sua
identificação reconheceu-se a relação íntima entre a
idade das rochas do fundo oceânico e essa feição
topográfica: quanto mais antigas as rochas do fundo
oceânico, i.e. quanto mais afastadas do eixo central das
dorsais, mais rebaixado é o relevo. Isso é devido ao
progressivo resfriamento da litosfera oceânica quando
está é afastada da zona de formação de litosfera nova.
Com o progressivo resfriamento, ocorre o aumento de
densidade da crosta oceânica que sofre reajuste
isostático e torna-se deprimida em relação a sua posição
original.
 As dorsais mesoceânicas são elevações em
relação ao fundo oceânico porque, devido ao
alto fluxo térmico localizado nesta região, as
rochas oceânicas apresentam densidade menor
naquela região que nas demais regiões.
Topografia
Do
Fundo
Oceânico
 A mesma explicação permite entender a
formação de ilhas-em-atol que se desenvolvem
a partir de ilhas vulcânicas quando estas se
torna inativas. Quando placa contendo a ilha
vulcânica, cuja atividade está relacionada a um
ponto quente (hot spot), move-se, afastando-se
da área fonte a atividade vulcânica cessa. Com o
resfriamento, há o aumento de densidade da
placa naquele ponto e progressiva subsidência
isostática. Os corais começam a desenvolver-se
na borda da ilha e crescem progressivamente
enquanto essa afunda, até que apenas a franja
de coral fica emersa.
Erosão e sedimentação
 Erosão de regiões elevadas e sedimentação do material erodido em
regiões baixas, são processos que causam descarregamento e
carregamento, respectivamente.
 Embora atuantes em diversas áreas continentais e oceânicas, os efeitos
desses processos são estágio particularmente importante na história das
cadeias de montanhas.
 Durante sua atividade principal, as grandes cadeias de montanhas
mantêm-se próximas ao equilíbrio isostático, uma vez que o
espessamento crustal causado pelos processos orogênicos é compensado
pelo material retirado por erosão. Com o encerramento da atividade
orogênica, o material erodido é parcialmente compensado por
soerguimento isostático, de modo que para cada 500 m de remoção
ocorre aproximadamente 400 m de soerguimento, refletindo-se em um
rebaixamento relativo de 100 m. O soerguimento continua enquanto
houver erosão, até que eventualmente atinge-se o equilíbrio isostático
novamente. O resultado final é uma região relativamente aplainada, na
qual está exposta a raíz mais profunda da antiga cadeia de montanhas,
caracterizada pela presença de grandes áreas de rochas metamórficas e
ígneas.
 Essas regiões tornam-se estáveis e passam a fazer parte do que se
chama de complexo do embasamento, que pode ser observado nos
escudos.
Conclusões finais
 Na sua forma atual este princípio diz que: a litosfera (-densa
e rígida) encontra-se flutuando sobre a astenosfera (+
densa e plástica) de modo que as montanhas são altas
porque compostas por material menos denso (crosta
continental) e porque a crosta local é mais espessa (Airy).
Ou seja, a litosfera funciona como um iceberg sobre a
astenosfera. Assim como um iceberg, quanto mais alta a
área emersa mais profunda a área imersa, e dependendo da
densidade do material que for colocado sobre o iceberg este
afundará mais ou menos. Em outras palavras o Princípio da
Isostasia baseia-se no Princípio de Arquimedes. Como
decorrência, se material suficiente for adicionado ou retirado
a uma porção da litosfera esta irá, respectivamente,
“afundar” ou soerguer-se procurando novamente
restabelecer o equilíbrio isostático.
 As diferenças básicas entre os movimentos horizontais e
verticais são:
 os movimentos verticais são causados por
desequilíbrio isostático, podendo ocorrer movimentos
com sentidos opostos sobre uma mesma placa;
 os movimentos verticais são de amplitude bastante
mais limitada que os horizontais;
 os movimentos verticais podem indiretamente estar
associados com os horizontais já que estes últimos
causam alterações na espessura da crosta e no fluxo
de calor (modificando a densidade local);
 as taxas de movimento são diferentes, a taxa média
de abertura dos oceanos é de 6cm/ano enquanto o
ajuste isostático causa movimentos verticais com taxa
de 0,05-1cm/ano;
 os movimentos verticais intraplacas são de mais curta
duração.
 Apesar de terem uma amplitude mais restrita que os
movimentos horizontais relacionados à Tectônica de
Placas, os movimentos isostáticos são muito relevantes
para explicar diversas feições da superfície da Terra,
principalmente a ocorrência de soerguimentos (áreas
erosíveis) e rebaixamentos (áreas de acúmulo de
sedimentos) no interior dos crátons. Os exemplos abaixo
ilustram alguns fatos importantes sobre os efeitos da
gravidade e dos ajustes isostáticos:
 A gravidade é a força motora de todos os ajustes
isostáticos. Assim sendo, todos os tipos de
carregamentos e descarregamentos causam movimentos
verticais. A isostasia está envolvida em todos os
processos envolvem transporte de material na superfície
da Terra:
 Enquanto a erosão remove material das montanhas, a
crosta ajusta-se isostaticamente, soerguendo;
 Em regiões de grande acúmulo de sedimentos (ex.
deltas de grandes rios), o peso do sedimento adicionado
deve causar subsidência da litosfera;
 Em áreas com grande atividade vulcânica, no peso do
material adicionado pelas extrusões deve causar
subsidência da crosta;
 Em áreas afetadas por glaciação, a formação de capas
de gelo (geleiras) deve causar a subsidência da região.
Já a remoção dessa mesma geleira ao final do período
glacial deve ser seguida de soerguimento da região.
 Os reajustes isostáticos são relativamente rápidos na
escala de tempo de geológico, entretanto, são muito
mais lentos do que as variações glacio-eustáticas do
nível do mar.

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