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All content following this page was uploaded by Lilian Witicovski on 12 December 2018.
Resumo: Em um projeto integrado as principais decisões são avaliadas pela equipe do projeto na fase conceitual. Com o grande
volume de informação necessária para a realização de um empreendimento da indústria da construção civil, é crescente a demanda
por processos mais racionais e de melhor desempenho. Como papel estratégico, o modelo BIM aliado à Avaliação do Ciclo de Vida
(ACV) auxiliam na seleção de materiais e técnicas construtivas por projetos mais sustentáveis. As análises geradas possibilitam que
as empresas e escritórios de projetos de arquitetura, decidam quais estratégias adotar para a redução dos impactos ambientais.
Existe uma grande variedade de softwares disponíveis no mercado para auxiliar nesses estudos. Este artigo apresenta um panorama
de produções científicas brasileiras, dentro do intervalo de 2010 a 2017, que utilizam a análise ambiental ligados ao BIM. Analisa-se
o perfil evolutivo da produção científica de simulações e o intercâmbio entre a troca de informações para se chegar às análises
ambientais. Foi possível concluir que, as simulações BIM+ACV e informações de intercâmbio entre aplicativos e usuários requerem
planejamento detalhado e modificações fundamentais no processo de projeto. Outro ponto observado é que, no Brasil, não existem
informações geradas por banco de dados nacionais para uma ACV completa, que são fundamentais na tomada de decisões durante
o ciclo de vida da edificação.
Palavras-chave: BIM, Análise do Ciclo de Vida (ACV), Análise do Ciclo de Vida Energético (ACVEs), Processo de projeto.
Introdução
A eficiência energética nas edificações é um assunto de relevância mundial, uma vez que, com o aumento da população,
mais espaços urbanos foram surgindo e o meio ambiente foi cada vez mais sendo impactado para atender à demanda
por edificações. O cálculo da energia incorporada é uma forma de mensurar o impacto ambiental das construções. É
um fator importante para a tomada de decisões de projeto e escolha de materiais. Uma vez mensurada a energia
incorporada, é possível obter a emissão de CO2 equivalente (GRAF et al., 2012).
Na metodologia de ACV, o ciclo de vida das edificações é dividido em três etapas: pré-operacional, operacional e pós-
operacional. Considera-se como pré-operacional toda a energia requisitada para a construção da edificação, a chamada
EE – Energia Embutida. A etapa operacional contabiliza todos os gastos energéticos para o funcionamento da edificação
e valores de EE de manutenção e, a fase pós-operacional considera a energia para demolição e disposição dos resíduos.
O impacto ambiental associado aos materiais está diretamente relacionado à origem da energia empregada na sua
produção (OLIVEIRA; SCHEER; TAVARES, 2015).
Metodologia
Este artigo buscou publicações brasileiras com a interface BIM e ACV nos últimos 10 anos. A primeira busca por
periódicos na base de dados CAPES, apresentou 17 resultados e apenas 1 resultado com publicação brasileira, dos
autores Bueno e Fabricio (2016). Buscou-se, também, no Google Acadêmico com palavra-chave BIM; ACV, a busca
encontrou 101 resultados. As publicações de Portugal, TCCs, artigos de especialização e artigos que possuíam citações,
mas que não descreviam a interface ACV e BIM, não foram considerados para análise neste artigo. Dessa forma, 20
arquivos entre artigos, dissertações e teses foram selecionados, porém, 13 destes serão analisados. A primeira análise
consiste no agrupamento de 7 artigos que se caracterizaram como revisão sistemática da literatura e a segunda análise
consistem em 6 artigos que fizeram a abordagem de pesquisa – ação.
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Mass; Scheer; Tavares (2016) analisaram a relação entre sustentabilidade e BIM pesquisada em literatura técnica e nos
casos conduzidos por pesquisadores, percebe-se que ele pode ser uma ferramenta útil, permitindo redução de erros,
geração de dados automática, resultados mais rápidos, tomada de decisões e escolha de alternativas antecipada, e
acompanhamento do ciclo de vida. Para isto, o projetista deve ter seus objetivos alinhados no início do projeto,
considerando quais as análises pretendem desenvolver e quais programas irá utilizar. Os estudos de caso apontam que
ainda há limitações e incertezas devido a problemas de representação geométrica inadequada, limitação de
interoperabilidade, nível de detalhes do modelo, entre outros.
Barros; Silva (2016), na sua pesquisa bibliográfica, no total de artigos encontrados, o método de extração automática
de dados a partir do modelo BIM foi o mais abordado pelos artigos (25%), seguido pelas pesquisas em interoperabilidade
entre as ferramentas computacionais (21%). Outros artigos trataram de desenvolver novos artefatos computacionais
para integrar BIM e performance ambiental, através da otimização (8%) e da programação (8%). Barros (2016) explica
estes dados detalhadamente na sua dissertação de mestrado: Kulahcioglu, Dang e Toklu (2012) e Zhang e Chen (2015)
utilizaram a programação para desenvolver protótipos de ferramentas para integrar BIM e ACV. Os primeiros criaram
um modelo computacional denominado 3D-Environmental Assessment Trade-off Tool (3DEATT), a partir da linguagem
de programação Python, e os segundos desenvolveram uma ferramenta compatível com o programa Revit, chamado
SimulEICon (Simulation of Environmental Impact of Construction).
Caldas et al. (2015). Com base nos trabalhos pesquisados, conclui-se que: o formato (extensão) gbXML foi a mais
utilizada, com 77,8%; o software Autodesk Revit Architecture foi o mais empregado, com 77,8%; o SimaPro foi o
software ambiental de primeiro nível mais utilizado, com 42,9%, enquanto que o Autodesk Ecotect foi o software de
segundo nível mais utilizado, com 26,7% e a certificação LEED a de terceiro nível, com 66,7%.
Machado; Simões; Moreira (2015) contemplaram um quadro-síntese de dificuldades dos procedimentos convencionais
da ACV e os pontos efetivos do BIM como agente facilitador, demonstrando potencialidades da integração na gestão
sustentável do ambiente construído. Nos estudos, a Análise do ICV - Inventário do Ciclo de Vida - foi otimizada diante
da preparação do banco de dados para estruturação de planilhas vinculadas, da inserção de parâmetros para correlação
de cada componente construtivo com seu fator de consumo e emissão e da quantificação automatizada dos insumos
do protótipo. Na AICV, vantagens foram identificadas na extração automatizada dos dados, nas simulações de variáveis
com visualização integrada e nas análises efetuadas no próprio modelo.
Machado; Moreira (2015) identificaram as vantagens e desvantagens das ferramentas BIM integradas aos
procedimentos da ACV. Conclui-se que a medição dos impactos ambientais em uma ACV simplificada pode ser alcançada
nas próprias ferramentas BIM, mediante pré-configuração do modelo da construção para inserção dos dados. As
operações mais complexas requerem o uso de outras ferramentas, exigindo o aprimoramento da interoperabilidade.
Oliveira; Scheer; Tavares (2015) levantaram estudos que relatam diferentes limitações de análises energéticas por
simulação e exemplos que consideram a Análise Energética Preliminar através da avaliação de EE e CO2 incorporado
como base de dados de uma ferramenta BIM. Ainda que as ferramentas BIM permitam realizar uma avaliação de
sustentabilidade, entre outras informações multidisciplinares, notou-se a sua pouca utilização devido às divergências
entre resultados de simulação e dados reais. Com base na bibliografia revisada observou-se que os esforços para avaliar
aspectos de sustentabilidade em BIM estão direcionados à uma abordagem com pontos de incerteza e limitações.
FIGURA 1: Exemplo para a entrada carbono incorporado de materiais e componentes no software DesignBuilder. (A)
Banco de dados já existente no software; (B) Inserção manual pelo projetista.
Foi organizado um workshop pela pesquisadora juntamente à equipe do escritório. Os usuários utilizaram o software
em um projeto simplificado e responderam a um questionário. A conclusão final da análise do plug-in Tally™, foi de que,
apesar das simplificações e amigabilidade inerentes ao aplicativo estudado, os usuários ainda apresentam grandes
dificuldades não apenas na utilização do software, mas principalmente, na interpretação dos resultados de um estudo
de ACV. O software Tally ™ foi escolhido para avaliação porque funciona como um plug-in diretamente na interface de
um software BIM (no caso o Revit), sem a necessidade de exportar um arquivo IFC, e por esse software ser fruto da
integração Autodesk® e PE International, em relação a softwares e bancos de dados de ACV (BUENO; FABRÍCIO, 2018).
Barros; Ruschel; Silva (2015) compararam o fluxo de trabalho em ACV e fluxo de trabalho em ACV com a adoção de BIM.
No fluxo de trabalho em ACV com adoção de BIM, ao se considerar a ACV desde a concepção do projeto, os modelos de
informações já são gerados de acordo com as metas e os objetivos da ACV, que são estabelecidas previamente. Desse
modo, a coleta de dados para a ACV é mais precisa e consistente, uma vez que o time de projeto pode trabalhar de
forma integrada, reduzindo-se assim as perdas e incompatibilidades entre projetos. Na abordagem tradicional, o
processo de projeto e a ACV são totalmente desvinculados.
Marcos; Yoshioka (2015) utilizaram uma ferramenta projetual com tecnologia BIM como forma de obtenção de dados
de impactos ambientais, durante o processo de desenvolvimento do projeto. A partir da revisão da literatura foram
extraídos os dados de energia e CO2 incorporado dos principais materiais de construção utilizados nos dois sistemas
construtivos. Em seguida, esses dados foram inseridos em uma ferramenta BIM, software ArchiCad, sendo agregados
aos materiais de construção relativos aos dois sistemas construtivos. As análises energéticas, podem ser realizadas para
todo o empreendimento ou apenas para um único elemento como mostra esse estudo.
Marcos; Tavares (2013) analisaram a emissão de CO2 no processo construtivo de habitações de interesse social,
utilizando a ferramenta ArchiCad contendo informações atribuídas aos elementos construtivos. Dados de CO2
incorporado são utilizados na ferramenta e transformados em informações relacionadas aos impactos ambientais da
edificação. O estudo de caso foi realizado em dois modelos de habitação: alvenaria e madeira.
Para permitir a comparação dos resultados e verificar a viabilidade do uso do BIM para mensurar impactos ambientais
de edificações, cálculos analíticos são realizados, com o auxílio de uma planilha eletrônica, para o mesmo objeto de
estudo. As duas casas analisadas foram projetadas no ArchiCad e com isso, obtiveram-se as tabelas de resultados
referentes aos dados de emissão de CO2 por m³ de material, na fase pré – operacional da construção (MARCOS;
TAVARES, 2013).
Graf et al. (2012) utilizaram um modelo geométrico criado na ferramenta Revit Architecture 2012 contendo informações
atribuídas aos elementos construtivos que o formam, ou seja, utilizando o conceito BIM. Dados de energia incorporada
e de CO2 incorporado são utilizados na ferramenta e transformados em informações relacionadas aos impactos
ambientais da edificação. Esses dados são oriundos, em sua maioria, de bases de dados e pesquisas nacionais e são
inseridos nas propriedades dos elementos arquitetônicos, permitindo que os resultados possam ser observados por
elemento ou para a edificação como um todo.
Para permitir a comparação dos resultados e verificar a viabilidade do uso do BIM para mensurar impactos ambientais
de edificações, cálculos analíticos são realizados, com o auxílio de uma planilha eletrônica, para o mesmo objeto de
estudo. Os resultados dos dois estudos (com apoio de uma planilha e com o apoio do Revit Architecture 2012) são
comparados para validação do estudo. Os resultados obtidos pela ferramenta Revit Architecture 2012 comprovam que
é possível utilizar o conceito BIM para mensurar impactos ambientais a contribuir para a concepção de projetos
ambientalmente conscientes.
Conclusões
Apesar do BIM mostrar-se uma ferramenta inovadora e que pode facilitar o processo de avaliação do ciclo de vida de
edificações, todos os estudos realizados verificaram que a integração entre BIM e ACV, ou é inexistente, ou ainda
apresenta muitos desafios. Isto revela que o tema é tão promissor quanto embrionário. No estado de desenvolvimento
atual, os inputs de parâmetros ambientais ainda precisam ser inseridos manualmente (BARROS; SILVA, 2016). Os
processos que visam automatizar e viabilizar a interoperabilidade das ferramentas BIM e ACV ainda são bastante
voltados para pesquisadores e consultores (ARAUJO et al., 217). Conclui-se que a medição dos impactos ambientais em
uma ACV simplificada pode ser alcançada nas próprias ferramentas BIM, mediante pré-configuração do modelo da
construção para inserção dos dados. As operações mais complexas requerem o uso de outras ferramentas, exigindo o
aprimoramento da interoperabilidade (MACHADO; MOREIRA, 2015).
Referências
ARAUJO, Aline; CRIPPA, Juliana; UEHARA, Leticia; LOPES, Thais, SCHEER, Sergio. Interoperabilidade de ferramentas BIM
e avaliação do ciclo de vida de edificações. 1º Simpósio Brasileiro de Tecnologia da Informação e Comunicação na
Construção 10º Simpósio Brasileiro de Gestão e Economia da Construção. 2017.
BARROS, Natalia Nakamura. Impactos da adoção de BIM na avaliação de energia e emissões de GHG incorporadas no
ciclo de vida de edificações. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia
Civil, Arquitetura e Urbanismo, 2016.
BARROS, Natalia Nakamura; SILVA, Vanessa Gomes da. BIM na avaliação do ciclo de vida de edificações: revisão da
literatura e estudo comparativo. PARC Pesquisa em Arquitetura e Construção, v. 7, n. 2, p. 89-101.
BARROS, Natalia Nakamura; SILVA, Vanessa Gomes; RUSCHEL, Regina. Impactos da adoção de BIM na avaliação de
energia e emissões de GHG incorporadas no ciclo de vida de edificações. XVI ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA
DO AMBIENTE CONSTRUÍDO 2016.
BUENO, Cristiane; FABRICIO, Márcio Minto. Aplicação da modelagem de informação da construção (BIM) para a
realização de estudos de avaliação de ciclo de vida de edifícios. Pós. Revista do Programa de Pós-Graduação em
Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP, v. 23, n. 40, p. 96-121, 2016.
CALDAS, Lucas Rosse et al. Diagnóstico da Produção Científica Relacionada à Aplicação do BIM à Metodologia de
Avaliação do Ciclo De Vida (ACV). In: IBERO-LATIN AMERICAN CONGRESS ON COMPUTATIONAL METHODS IN
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MACHADO, Fernanda Almeida; SIMÕES, Carla Carvalho; MOREIRA, Lorena Claudia de Souza. POTENCIALIDADES DA
INTEGRAÇÃO DO BIM AO MÉTODO DE AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA DAS EDIFICAÇÕES.
MACHADO, Fernanda Almeida; DE SOUZA MOREIRA, Lorena Claudia. O USO DE FERRAMENTAS BIM NA OTIMIZAÇÃO
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MARCOS Micheline Helen Cot; TAVARES, Sergio Fernando. ANÁLISE DE IMPACTOS AMBIENTAIS, NA FASE PRÉ-
OPERACIONAL DA EDIFICAÇÃO, EM HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL, UTILIZANDO FERRAMENTA CAD BIM. Encontro
latino americano de edificações e comunidades sustentáveis. ELECS CURITIBA – PR. 2013
MARCOS Micheline Helen Cot; YOSHIOKA, Erica Yukiko. USO DE FERRAMENTA BIM PARA AUXILIAR NA ESCOLHA DO
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e Comunicação na Construção 10º Simpósio Brasileiro de Gestão e Economia da Construção. 2017.
OLIVEIRA, Eloise de; SCHEER, Sergio; TAVARES, Sergio Fernando. AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PRÉ-
OPERACIONAIS EM PROJETOS DE EDIFICAÇÕES E A MODELAGEM DA INFORMAÇÃO DA CONSTRUÇÃO. VII Encontro de
Tecnologia e Comunicação na Construção. Blucher Engineering Proceedings, v. 2, n. 2, p. 179-191, TIC 2015.