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Superior Tribunal de Justiça

HABEAS CORPUS Nº 156.536 - SP (2009/0241110-8)

RELATOR : MINISTRO GILSON DIPP


IMPETRANTE : ALEXSSANDRO REZENDE DA SILVA
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PACIENTE : APARECIDO DA SILVA PROCÓPIO (PRESO)
EMENTA

PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS . HOMICÍDIO QUALIFICADO.


INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL. PERÍCIA REQUERIDA PELA DEFESA.
EXCESSO DE PRAZO. INOCORRÊNCIA. SÚMULA N.º 64/STJ. NULIDADE DO
PROCESSO. FALTA DE NOMEAÇÃO DE CURADOR AO PACIENTE. PREJUDICADO.
DETERMINAÇÃO DE NOVO EXAME. SUSPENSÃO DO PROCESSO. ORDEM
DENEGADA.
I. Eventual retardamento na conclusão da formação da culpa, quando
provocado pela defesa, como na hipótese de pedido de exame de insanidade mental, não
caracteriza constrangimento ilegal. Súmula n.º 64 desta Corte.
II. Por aplicação do Princípio da Razoabilidade, tem-se como justificada
eventual dilação de prazo para a conclusão da instrução processual, quando a demora não é
provocada pelo Juízo ou pelo Ministério Público, mas sim decorrente de diligências
usualmente demoradas.
III. A conversão do julgamento em diligência, para a instauração do incidente
de insanidade mental, determina a suspensão do processo, nos termos do art. 149, § 2º do
CPP, afastando eventual nulidade por excesso de prazo.
IV. Resta prejudicado a análise de habeas corpus, por suposta nulidade do
processo, em razão de não haver sido nomeado curador ao paciente no incidente de
insanidade mental, quando há nos autos decisão determinando a realização de novo exame.
V. Ordem denegada.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,


acordam os Ministros da QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça. "A Turma, por
unanimidade, denegou a ordem."Os Srs. Ministros Laurita Vaz, Napoleão Nunes Maia Filho,
Jorge Mussi e Honildo Amaral de Mello Castro (Desembargador convocado do TJ/AP)
votaram com o Sr. Ministro Relator.
Brasília (DF), 07 de outubro de 2010(Data do Julgamento)

MINISTRO GILSON DIPP


Relator

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RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO GILSON DIPP (Relator):

Inicialmente, cabe esclarecer, estes autos tinham como relator o Exm.º


Ministro Félix Fischer, tendo sido atribuídos à minha relatoria em 13.09.2010, conforme
certidão de fl. 220.
Trata-se de habeas corpus substitutivo de recurso ordinário, com pedido
liminar, impetrado em favor de APARECIDO DA SILVA PROCÓPIO, apontando como
autoridade coatora o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
Consta dos autos que o paciente foi preso em flagrante delito, no dia
17.10.2008, e denunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, I e IV, do CP.
Pleiteando a liberdade provisória provisória, a defesa ingressou com os Habeas
Corpus ns.º 990.09.143345-4, 990.166329-8 e 990.09.195258-3, cujas ordens foram
denegadas.
Nesta impetração, alega-se excesso de prazo na formação da culpa, pois o
acusado se encontra preso há mais de 12 (doze) meses, sem que tenha sido prolatada decisão
de pronúncia, aguardando a homologação de exame de sanidade mental, por incidente
instaurado em 24.07.2009.
Afirma-se haver nulidade do processo, em razão do cerceamento de defesa,
uma vez que o juízo monocrático encerrou a instrução criminal quando ainda estava pendente
a complementação do laudo pericial. Ademais, não foi nomeado curador ao paciente no
incidente de insanidade mental.
Requer, liminarmente, o alvará de soltura e, no mérito, a confirmação da
ordem, pelo reconhecimento do excesso de prazo e das nulidades destacadas.
A liminar foi indeferida à fl. 112.
As informações foram prestadas às fls. 118/120, acompanhada dos documentos
de fls. 121/186.
A Subprocuradoria Geral da República manifestou-se às fls. 188/189 pela
conversão do feito em diligência, para que fossem juntados aos autos a decisão do juízo de
primeiro grau, datada de 11.12.2009, que declarou nulo exame pericial realizado, em virtude
da ausência de intimação do defensor para o seu acompanhamento, determinando fosse

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realizada nova perícia.
A decisão foi juntada às fls. 195/196.
O Ministério Público Federal ofertou parecer pela prejudicialidade da última
nulidade alegada, ante a perda do seu objeto, e pela denegação da ordem, quanto às demais
pretensões.
É o relatório.
Em mesa para julgamento.

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VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO GILSON DIPP (Relator):

Trata-se de habeas corpus substitutivo de recurso ordinário, com pedido


liminar, impetrado em favor de APARECIDO DA SILVA PROCÓPIO, apontando como
autoridade coatora o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (Habeas Corpus n.ºs
990.09.143345-4, 990.166329-8 e 990.09.195258-3).
O paciente foi preso em flagrante delito, no dia 17.10.2008, e denunciado
como incurso nas penas do art. 121, § 2º, I e IV, do CP.
Nesta impetração, alega-se excesso de prazo na formação da culpa e nulidade
do processo, em razão do juízo monocrático haver encerrado a instrução criminal, quando
ainda estava pendente a complementação do laudo pericial, e por não ter sido nomeado
curador ao paciente, no incidente de insanidade mental.
Passo à análise da irresignação.
No que se refere à alegação de excesso de prazo para a formação da culpa, a
pretensão não merece prosperar.
Por oportuno, transcrevo fragmento do acórdão recorrido, que bem ilustra a
improcedência desta inconformação:

"Segundo informações prestadas D. autoridade apontada como


coatora, a instrução encontra-se encerrada, mas o julgamento foi convertido
em diligência para instauração de exame de insanidade mental, a pedido da
defesa, sendo o feito suspenso até a remessa do laudo oficial.
(...)
A instrução já estava encerrada, quando a D.Defesa, no
momento da apresentação dos memoriais, requereu a realização do exame de
insanidade que, como é sabido, trata-se de diligência que requer maior
complexidade e demora na sua realização, além de constituir providência em
seu próprio benefício.
Demais disso, segundo consta dos autos, a D.defesa, vem
apresentando inúmeros e reiterados esclarecimentos junto aos elaboradores
do laudo, ofertando diversos quesitos, o que, efetivamente, acarreta o
alargamento da instrução por ela própria ocasionada." (fls. 168/169).

Incide, na espécie, o enunciado n.º 64 da Súmula desta Corte, in verbis : Não

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constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução, provocado pela defesa."
Quanto às demais nulidades argüidas - em razão do cerceamento de defesa, por
ter o juízo monocrático encerrado a instrução criminal quando ainda estava pendente a
complementação do laudo pericial, e a falta de nomeação de curador ao paciente no incidente
de insanidade mental -, conforme ressaltado pela Subprocuradoria Geral da República, resta
prejudicada a sua análise, em razão da perda do seu objeto.
Com efeito, o julgamento havia sido convertido em diligência, para a
instauração do incidente de sanidade mental, providência que determina a suspensão do
processo, nos termos do art. 149, § 2º do CPP.
Ademais, extrai-se da decisão de fl. 196 a decretação de nulidade do laudo
pericial e a determinação de novo exame.
Ante o exposto, denego a ordem.
É como voto.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA

Número Registro: 2009/0241110-8 HC 156.536 / SP


MATÉRIA CRIMINAL

Números Origem: 5692008 990091433454


EM MESA JULGADO: 07/10/2010

Relator
Exmo. Sr. Ministro GILSON DIPP
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro JORGE MUSSI
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. ÁUREA M. E. N. LUSTOSA PIERRE
Secretário
Bel. LAURO ROCHA REIS
AUTUAÇÃO
IMPETRANTE : ALEXSSANDRO REZENDE DA SILVA
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PACIENTE : APARECIDO DA SILVA PROCÓPIO (PRESO)
ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes contra a vida - Homicídio Qualificado

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, denegou a ordem."
Os Srs. Ministros Laurita Vaz, Napoleão Nunes Maia Filho, Jorge Mussi e Honildo
Amaral de Mello Castro (Desembargador convocado do TJ/AP) votaram com o Sr. Ministro
Relator.
Brasília, 07 de outubro de 2010

LAURO ROCHA REIS


Secretário

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