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CLARO, Carolina de Abreu Batista.

A proteção jurídica dos “refugiados ambientais” nas três


vertentes da proteção internacional da pessoa humana. REMHU: Revista Interdisciplinar da
Mobilidade Humana. 2020, v. 28, n. 58. pp. 221-241. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/remhu/a/fggZzvX45NgzBhQQYLbdTrP/?lang=pt>. Epub 11 maio
2020. ISSN 2237-9843. https://doi.org/10.1590/1980-85852503880005813. Acesso em 10 de
janeiro de 2021.

Discente: Johny Wallace Oliveira da Silva Matrícula: 201700896

Turma: Direito 2017

Carolina de Abreu batista Claro é professora voluntária no Instituto de Relações


Internacionais da Universidade de Brasília (IRel/UnB, out./2015-jul./2018; desde junho de
2019). Estágio pós-doutoral em Relações Internacionais (UnB, 2016-2017; 2018-2019, com
bolsa PNPD/CAPES), Doutora em Direito Internacional pela Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo (FD/USP, 2015), Mestre em Desenvolvimento Sustentável pela
UnB (2012) e Bacharel em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2003).
Pesquisadora bolsista no Instituto de Política Econômica Aplicada (IPEA, 2017-2018) e no
Observatório das Migrações Internacionais do ELA/UnB em parceria com o Conselho
Nacional de Imigração (2014). Foi assistente na Comissão de Direito Internacional da ONU,
em Genebra. Docente em direito e relações internacionais desde 2006, consultora em
legislação e políticas migratórias (UNHCR Office for West Africa, OIM Cone Sul, ICMPD,
Open Society Justice Initiative, Hungarian Helsinki Committee, Departamento de Migrações
do Ministério da Justiça, AVSI Brasil, ENAP, entre outros) e pesquisadora. Coordenadora
Adjunta do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Deslocados Ambientais da Universidade
Estadual da Paraíba (NEPDA/UEPB), integrante da Red ANA (Rede sobre Apatridia nas
Américas) e da Rede Acadêmica Latino-americana sobre Direito e Integração das Pessoas
Refugiadas (LAREF). Membra da International Studies Association (ISA), da Law & Society
(LSA), da Associação Brasileira de Relações Internacionais (ABRI), do Conselho Científico
da Associação Brasileira de Direito Internacional (ABDI) e da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB), seccional Distrito Federal. Tem experiência nas áreas de direito internacional,
direitos humanos, migração internacional e estudos de população e meio ambiente. Principais
áreas de pesquisa: refugiados ambientais, políticas migratórias, migração forçada, direitos
humanos das pessoas migrantes, legislação migratória, apatridia e nacionalidade.
Em seu artigo, intitulado “A proteção jurídica dos “refugiados ambientais” nas três
vertentes da proteção internacional da pessoa humana”, a autora Carolina de Abreu realiza
uma análise técnica e sensível acerca de uma problemática ainda pouco abordada: os
denominados “refugiados ambientais”. Isto é, pessoas que são forçadas a deixar para trás seu
habitat e todos os seus elementos identitários dele decorrentes, em razão de eventos naturais
resultados ou não de uma ação antrópica.

O Presente estudo é construído usando como base legal as três vertentes da proteção
Internacional da pessoa humana, sendo estas o Direito Internacional Dos Direitos Humanos
(DIDH), o Direito Internacional Humanitário (DIH) e o Direito Internacional Das Pessoas
Refugiadas (DIR). Isso ocorre, pois, como muito bem pontuado, não há uma normativa
internacional específica para este tema, consequentemente tais vertentes não constituem
instrumentos legais totalmente capazes e suficientes para atender esta nova demanda, afinal
aquelas foram elaboradas com fins específicos distintos. Conforme esclarece a autora:

Enquanto o DIDH trata da proteção de toda pessoa indiscriminadamente e a


qualquer momento, o DIH dispõe de normas a serem observadas durante conflitos
armados internos e internacionais e o DIR protege, em tempos de paz ou guerra,
quem possui fundado temor de perseguição por motivos de raça, religião,
nacionalidade, pertencimento a grupo social ou opiniões políticas e está em situação
de migração forçada internacional.

Nesse sentido, ocorre na prática a observância de algumas normas presente nas três
vertentes supramencionadas com o fim de assegurar o mínimo de direitos e garantias. De
modo meramente exemplificativo, do DIDH são aplicáveis as suas norma gerais, o direito de
migrar, o direito de habitação, ertc; do DIH além das normas gerais aplicáveis a pessoas em
conflito armado interno ou internacional, há uma atenção especial para o cultivo de esforços
de assistência humanitária as vítimas de desastres ambientais; por fim, o DIR tem aplicado
seus princípios e diretrizes fundamentais, bem como as normas expressas na Convenção de 51
e do seu protocolo de 67, nos casos em que os “refugiados ambientais” equiparam-se aos
refugiados convencionais.

A autora Carolina Abreu, demonstra que parte do problema para o enfrentamento


adequado desta adversidade reside na atual incapacidade de mensurar com precisão o
quantitativo de “refugiados ambientais”, mas também destaca a falta de reconhecimento desta
categoria migratória, o que talvez signifique ser este o passo primordial, afinal o avanço nas
discussões encontra entrave mesmo na definição do termo mais adequado para categorizar
estes refugiados.
Para além do reconhecimento do “refugiado ambiental”, a edificação de normas
jurídicas específicas, vinculantes e com amplo alcance global é metida insuperável. Sobretudo
quando considerado o fato de que os desastres naturais não podem sempre ser evitados e a
conduta humana relacionada ao seu hábito de consumo em nada atenua as rupturas
ambientais.

A solução indicada pela autora é realista, todavia padece em apresentar uma resposta
plenamente satisfatória no curto prazo, afinal as fases comuns na construção de um tratado
demanda extensos encontros, somente possíveis perante o interesse em agir, guiado pela
cooperação e solidariedade internacional de diversos atores. Aduz a autora, na presente obra,
que:

Considerando o aumento dos desastres ambientais no mundo e as estimativas de


centenas de milhares de “refugiados ambientais” por todo o planeta, os instrumentos
jurídicos precisam estar disponíveis para os domadores de decisão por meio do
estabelecimento de políticas públicas locais ou formas de cooperação e solidariedade
internacionais, assim como para juízes de tribunais domésticos e internacionais.

Por fim, a tutela dos direitos dos “refugiados ambientais”, depende da prática
judicial para sua concreta efetivação. A autora, também não está incorreta nesta afirmação. A
prática judicial sobre este tema, hoje, limita-se ao reconhecimento da condição na qual uma
pessoa foi forçada a migrar em razão de eventos ambientais. Neste âmbito, imprescindível é o
entendimento firmado no CCPR/ONU no ano de 2019. Naquela ocasião restou caracterizado
que as mudanças climáticas afrontam os direitos humanos, sendo notável o valor do
argumento contrário a conduta de Estados em devolver os imigrantes de volta aos locais onde
antes se encontravam. Redirecionar estas vítimas

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