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Competência
Não basta ter jurisdição, pois esta é exercida em um ambiente limitado por regras que distribuem as tarefas
aos diversos órgãos jurisdicionais.
* É possível o órgão ter jurisdição sem competência, mas não é possível ter competência sem jurisdição.
A doutrina costuma trazer uma metáfora para visualizar a distinção entre jurisdição e competência – como
numa residência tenho a caixa d’água que é a jurisdição, porém que é distribuída a água em várias torneiras esta
é a competência, várias funções.
“Competência é poder de exercer a jurisdição nos limites estabelecidos pela lei.” (Moacir Amaral Santos)
“Competência é o conjunto das atribuições jurisdicionais de cada órgão ou grupo de órgãos, estabelecidas
pela Constituição e pela lei.” (Cândido Rangel Dinamarco)
* “Competência é exercida em determinada medida, na medida da jurisdição.” – a competência é
limitadora da jurisdição.
Competência é um atributo do órgão jurisdicional e não da autoridade, competente ou incompetente é o
órgão e não o juiz. O órgão não se confunde com a pessoa do juiz. Quando o problema for da autoridade será
causa de suspensão ou impedimento.
Para ajuizar uma demanda a primeira coisa que devo definir é se é questão de jurisdição interna ou
internacional.
Devido ao respeito do Brasil em relação à soberania internacional, não nos convém fazer valer a nossa
soberania a assuntos que pertencem somente a tal – se p fato ocorreu no território estrangeiro, sem repercussão
em no país, a Justiça brasileira será incompetente.
O princípio da efetividade que rege as relações internas e internacionais – dispõe que o Brasil só pode se
atentar a causas da qual poderá concluir, poderá efetivar, caso contrário fica sujeito à jurisdição internacional.
Parágrafo único - Para o fim do disposto no nº I, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira
que aqui tiver agência, filial ou sucursal.
• Porém há um requisito negativo (oculto), qual seja: quando o estrangeiro define a competência
exclusiva para determinado tipo de demanda o Brasil não poderá atuar no caso, porém na ausência
de disposições estrangeiras que definam como determinada causa exclusiva de competência
estrangeira poderá atuar.
A sentença estrangeira só ganha status depois de ganhar homologação de sentença estrangeira por
autoridade nacional, pelo STJ - art. 105, I, i/CF. Porém a sentença estrangeira que se reporta a um caso
exclusivo do Brasil não terá validade.
Art. 90 - A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz litispendência, nem obsta a que a autoridade
judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas.
Porém o Brasil é signatário de um tratado da convenção de havana que diz exatamente o contrário do que o
disposto no art. 90/CPC. Para os países componentes da convenção aplica-se tal, porém no relacionamento do
Brasil com os países que não são signatários aplica-se o art. 90/CPC. (Código de Bustamante)
*29/03/11
Em face de competência exclusiva de Estado estrangeiro se estiver nas mãos nacionais, extinguirá-se o
processo.
Competência Nacional
A competência da justiça comum é residual, tudo que não for da competência especial se encaixará na
justiça comum.
As regras de competência não são dotadas de sistematização científica, não dá para fazer doutrina sobre
competência, pois as regras são muito variadas. A legislação ora se vale de distribuição das tarefas de
determinados órgãos, entre outros.
*05/04/11
Competência objetiva
o Valor (ex.: JE Civil [40 SM], JE Federal [60 SM], JE da Fazenda Pública [60 SM])
Embora exista um Fórum Central [valores mais altos] há determinadas comarcas em que há vários
Fóruns Regionais [valores mais baixos] (ex.: São Paulo)
Sempre quando não houver uma regra específica incidirá a regra dos arts. 94, 96 e 97 do CPC:
Art. 96 - O foro do domicílio do autor (defunto) da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a
arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade e todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito
tenha ocorrido no estrangeiro.
Parágrafo único - É, porém, competente o foro:
I - da situação dos bens, se o autor da herança não possuía domicílio certo;
II - do lugar em que ocorreu o óbito se o autor da herança não tinha domicílio certo e possuía bens em lugares diferentes.
É o local do óbito desde que neste local também exista bens, se no local não houver bens – a competência não será
deste foro e sim em qualquer dos foros em que havia bens.
Art. 97 - As ações em que o ausente for réu correm no foro de seu último domicílio, que é também o competente para a
arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições testamentárias.
Art. 98 - A ação em que o incapaz for réu se processará no foro do domicílio de seu representante.
*12/04/11
Características e diferenças
- Interesse público x interesse privado
- Alteração de competência
A competência absoluta é inalterável ou improrrogável por ser de ordem pública, já a relativa admite
alteração seja pela lei ou pela vontade das partes.
- Reconhecimento de ofício (súmula 33 do STJ)
Por ser de interesse público a competência absoluta pode ser reconhecida de ofício pelo juiz em qualquer
momento na dependência do processo, já a relativa não pode ser reconhecida de ofício pelo juiz – súmula 33 do
STJ.
- Momento para alegar
A competência absoluta pode ser alegada a qualquer momento. Já a relativa pode ser alegada pelo réu no
primeiro momento em que falar nos autos no prazo de resposta (na contestação), sob pena de reclusão - se não
alegar no tempo perde o direito de alegar a competência – preclusão.
* Regra da Kompetenz Kompetenz – a doutrina alemã (competência da competência) – nenhum é tão
incompetente a ponto de não poder declarar a sua própria competência – competência atômica- mínimo de
competência.
Arguição de incompetência
- Exceção
- Na própria contestação (STJ)
Modificação voluntária
- tácita (quando o réu não alega em momento oportuno) – prorrogação
- expressa: foro de eleição ou cláusula de eleição do foro
(não é possível as partes elegerem o juízo (fórum) mas apenas o foro (comarca)
* declaração de nulidade (contratos de adesão) (STJ) – não liberdade na adesão da coisa, não discute-se as
cláusulas) O STJ começou a entender que as cláusulas de eleição de foro quando abusiva em contrato de adesão
é nula - geral Art. 112, pár. único/CPC. Não basta a existência de cláusula de eleição de foro em contrato de
adesão é necessário que a cláusula cause disparidade entre as partes, deve demonstrar prejuízo.
* incompetência mista - art. 112, pár. único (juiz pode reconhecer de ofício) c.c. art. 114/CPC (sujeito à
preclusão – prorroga) para alguns doutrinadores reflete em competência mista. Ai vem o professor Cassio
Scarpinella Bueno dizendo que todos estão enganados, pois o dispositivo não permite ao juiz reconhecer a
competência relativa de ofício, o que admite é reconhecer de oficio é a nulidade de uma cláusula abusiva - uma
regra de direito material – gerando um efeito no processo.
* Forum shopping (fórum de escolha) e Forum non conveniens (fórum não convém – vem para mitigar o
anterior) – começou a ter abuso do direito – violação da boa-fé objetiva - começou a surgir abuso no direito de
escolha, podendo o juiz aplicar o forum non conveniens, deixando de aplicar tal foro.
Modificação legal
- Conexão
- Continência
Referem-se ao fato de exigirem causas pendentes semelhantes, mas não idênticas. Convém unir os
processos – para evitar situações conflitantes em face do princípio da economia processual.
Qual será então o juízo competente no caso da junção dos processos. Será aquele em que primeiro tiver
acesso ao processo, sendo:
* Prevenção - art. 106/CPC – mesma comarca + despacho (aplica-se ao casos em que processos
semelhantes tramitam na mesma comarca)
- art. 219/CPC – comarcas distintas – o juiz competente é o da citação (por sua vez este se
aplica aos casos de processos semelhantes tramitando em comarcas distintas)
* Conexão e continência são fatos - está no mundo fático, já a reunião de processos é mero efeito. Pois nem
sempre estes gerarão reunião de processo (ex.: competência absoluta - ação trabalhista e cível) – súmula 235 do
STJ - duas ações: uma já foi julgada e está na fase de recurso e o outro não – outro fundamento: a causa já
julgada tornou-se de competência absoluta, por isso não pode ser juntada.
CONEXÃO: art. 103/CPC – mesmo pedido ou causa de pedir
CONTINÊNCIA: toda continência é uma conexão intensificada – partes, causa de pedir, e partes do
pedido.
A sentença é o divisor de águas – súmula 367 do STJ, eventual recurso é tratado no TJ.
*26/04/11
Art. 117 - Não pode suscitar conflito a parte que, no processo, ofereceu exceção de incompetência. – preclusão
consumativa
Parágrafo único - O conflito de competência não obsta, porém, a que a parte, que o não suscitou, ofereça
exceção declinatória do foro.
* Apesar do conflito suscitado a parte que não o suscitou ainda pode opor exceção de competência, desde
que pendente o conflito e observado o prazo legal.
* 03/05/11
Ação
A partir do momento que o Estado veda a autotutela, ele tem que garantir ao cidadão alguma prerrogativa.
Direito de Ação: poder de exigir do Estado uma atividade estatal pacificadora (art. 5º, XXXV/CF). O poder
de provocar a atuação jurisdicional, para o Estado-juiz sair da inércia.
O Estado deve a prestação jurisdicional.
Conceito: “É o direito de pedir ao Estado a prestação de sua atividade jurisdicional num caso concreto.”
(Moacyr Amaral Santos)
“A ação é o direito a um pronunciamento estatal que soluciona o litígio, fazendo desaparecer a incerteza ou
a insegurança gerada pelo conflito de interesse, pouco importando qual seja a solução a ser dada pelo juiz.”
(Humberto Theodoro Junior)
Natureza jurídica
Elementos da ação
A doutrina tem preferido a expressão: elementos identificadores da causa (Humberto Theodoro Junior).
• Partes
São aqueles sujeitos que pedem, ou face de quem se pede a prestação jurisdicional. São os sujeitos parciais,
interessados da demanda – elemento subjetivo da causa.
A configuração mínima de uma causa: 1 autor e 1 réu, mas nada impede a pluralidade de partes –
litisconsórcio.
Não se faz coisa julgada perante quem não se faz parte de um processo.
• Causa de pedir
Os motivos pelos quais o autor vai a juízo pedir o que pede. A causa de pedir se divide em:
Motivos de fato = causa de pedir remota – fundamentos de fato – com base em fatos
Motivos de direito = causa de pedir próxima – fundamentos jurídicos – com base naquilo que o
ordenamento jurídico prevê para o caso em questão
“Dos fatos origina-se o direitos” – portanto quando alguém vai a juízo vai motivadamente
- art. 282, III/CPC
Sendo assim, pode-se discutir sobre os fatos e sobre a alegação do ordenamento jurídico se é assim que é
tratada perante a situação fática.
- Tem haver com o princípio do contraditório. O réu só pode se defender mediante o direito de defesa
O fundamento jurídico é diferente de fundamento legal – o que se exige não é o fundamento legal – artigos
– basta a qualificação jurídica daquele fato.
Nosso sistema adota a teoria da substanciação: exige a narração dos fatos e da fundamentação jurídica.
Alguns ainda adotam a teoria da individuação (teoria da individualização): basta a indicação dos fundamentos
jurídicos do pedido
• Pedido
Porque aconteceram tais fatos e porque estes se ajustam a determinado fundamento jurídico. É a conclusão
deste raciocínio. O pedido consiste numa providência jurisdicional (atuação do juiz) que seja adequada para a
solução daquele conflito por meio do qual eu consiga alcançar o bem da vida.
Portanto há diferença entre:
Pedido imediato: é o tipo da prestação jurisdicional solicitado – sendo assim, há vários tipos de
prestação, pois a jurisdição não atua da mesma forma em todos os casos: atividade cognitiva - conhecimento,
atividade satisfativa - execução – independentemente de discussão.
Pedido mediato: é o bem da vida almejado pelo autor.
Condições da ação
O direito de ação é condicionado, onde Liebman elenca tais requisitos.
O direito de ação (elementos, condições) não se confunde com o direito material – é possível ter o direito
ao acesso de ação preenchida as condições, porém não ser possível a resolução do mérito.
- art. 267, VI/CPC – quando faltar as condições da ação (carência da ação), logo o processo será
extinto sem consequência da resolução do mérito. A extinção da ação gera verbas de sucumbência ao réu
pagas pelo autor. Com a extinção do processo, sem resolução do mérito, não se faz coisa julgada, não ficam
* 10/05/11
As condições da ação advêm da teoria de Liebman adotado pelo Código, porém do ponto de vista teórico
discute-se muito tal estudo. São elas:
1ª Possibilidade jurídica do pedido – é aquele pedido admitido em tese pelo sistema. A noção vem por
exclusão de impossibilidade jurídica do pedido (quando desde logo vedado pelo ordenamento) para se saber
quais são os pedidos possíveis. Ex.: antigamente o casamento era indissolúvel – pedido juridicamente
impossível. Atualmente, dívida de jogo – não se pode pedir em juízo, bem como, a usucapião de bem público e
determinado território não fazer parte da união indissolúvel dos Estados, pois são juridicamente impossível.
Embora, a condição se refira à possibilidade jurídica do pedido, em face dos requisitos da ação: pedido,
causa de pedir e partes, algumas vezes esta impossibilidade se fara também perante a causa de pedir e partes.
Ex.: usucapião (possível), porém de bem público (impossível); cobrança de dívida (possível), porém referente a
dívida de jogo (impossível) – causa de pedir; título de crédito em relação à Fazenda Pública, onde quero
penhorar os bens da União (impossível); herança de pessoa viva – partes.
2ª Interesse de agir – é necessário ter interesse juridicamente relevante – necessidade, utilidade e
adequação. É preciso que a via jurisdicional seja necessária, porque se não me valer do Estado-juiz terei que
suportar o prejuízo, onde a via jurisdicional também será útil. Não terá utilidade tal via se por ex. for a juízo
cobrar uma dívida que ainda não venceu. Por outro lado, para cada queixa existe um mecanismo adequado para
este, onde toda vez que vou a juízo pedir uma prestação esta deve ser adequada ao caso deste. Ex.: quando
possuo um cheque e preciso cobrar o devedor, a via adequada é uma ação de execução e não uma ação de
conhecimento (inadequação) – pois o título já possui valor.
Excepcionalmente, quando haja concordância entre as partes, quando não haja litígio, há circunstância que
ainda assim o processo é necessário – jurisdição necessária ou processo necessário. Ex.: em caso de anulação
do casamento, quando se descobre que a outra parte por ex. é do mesmo sexo, ainda que as partes concordem
com a separação é possível ir a juízo para pacificar a situação. Outro ex. é a usucapião, ainda que as partes
concordem há necessidade de ir a juízo para regularizar a situação.
3ª Legitimidade para agir (ou legitimidade para a causa – legitimatio ad causam) – cada um busca proteção
judicial para os seus próprios direitos, a ninguém é dado litigar em nome próprio a direito de outrem (art.
6º/CPC). A legitimidade das partes deve estar presente tanto no polo ativo quanto no polo passivo –
legitimidade ordinária – regra.
Salvo quando autorizado por lei – legitimidade extraordinária ou anômala (especial) – exceção.
Há situações, quando há causas muito importantes, onde o legislador permite a um terceiro litigar por
direito de outrem. Parcela da doutrina entende que por ex. o direito a um meio ambiente equilibrado pertence a
todos, mas o MP que poderá ajuizar a ação. Outro ex. é a investigação de paternidade por parte do MP; ou
antigamente quando no caso em que se dispunha de dote (da mulher) era o marido que litigava em juízo sobre
tal; ou o sujeito diante de uma iniciativa popular que age em nome próprio para pleitear direito de todos. O
terceiro age em nome próprio.
O legitimado extraordinário não representa o direito, não é sinônimo de representação (ex.: absolutamente
incapaz), pois este último litiga em nome de terceiro representando-o, já o primeiro litiga em nome
próprio.
* 17/05/11
* As condições da ação são índole processual, presentes estas haverá a resolução do mérito. A ausência das
condições resulta a carência da ação.
As condições da ação devem estar presentes durante todo o iter procedimental – durante todo o processo,
especialmente no momento do julgamento. Ex.: quando vou a juízo para pleitear uma dívida ainda não
vencida – falta interesse para agir (não há utilidade) – porém o juiz não perceba, mas na hora do julgamento
esta dívida já se encontra vencida, o juiz poderá então julgar o mérito.
É matéria de ordem pública, onde por ser alegada em qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, não
está sujeita a (art. 267, §3º/CPC).
Para certo conjunto de problemas há um tipo de instrumento apropriado, um “tipo de ação” apropriado.
• Ação de conhecimento ou cognitivas – pressupõe uma incerteza diante o panorama jurídico => crise de
certeza. O juiz tenta se convencer a luz daquilo que lhe foi trazido. A ação de conhecimento atua no
plano abstrato do direito. “Para crise de incerteza tome ação de conhecimento.”
Esta pode ainda se dividir em – classificação ternária ou trinária (doutrina clássica):
o Condenatória: pressupõe uma lesão (um dano) a um bem jurídico. O juiz conhece da lesão e
autoriza a sanção – reparação do dano. Autoriza-se mediante uma sentença e impõe, após o transito
em julgado, em precisando, da utilização de outro mecanismo (ação de execução)
o Declaratória – tem sentido por conta de eventuais dúvidas sobre a configuração de determinadas
situações jurídicas. Uma dúvida objetiva sobre a natureza do problema – pautada em elementos
concretos – Ex.: natureza do pagamento se é mútuo ou se configura doação; ação de investigação de
paternidade. O juiz apenas declara a natureza.
o Constitutiva – se busca a criação, a modificação ou a extinção de relações ou situações jurídicas. *
constitutiva – criação/ desconstitutiva: extinção. Ex.: capacidade do agente em que hoje é capaz e
amanhã tem um AVC e precisa ser interditado – passou de capaz para incapaz; ou diante de uma
obrigação
• Ação de execução – há situações que já estão reconhecidas, seja a titulo de sentença ou porque há um
título executivo extrajudicial (cheque, nota promissória, etc). É necessário que o mundo sensível,
abstrato se conforme mundo fático. É uma atividade jurisdicional tendente a transformar a realidade.
“Para crises de insatisfação tome execução.”
• Ação cautelar – Tem por pressuposto uma crise de segurança e a providência é meramente
conservativa. Ex.: separação judicial por “surra” – até a separação precisam ser tomadas medidas para
que o indivíduo não venha a continuar a apanhar; o titular de um crédito ainda não vencido cujo o
patrimônio do devedor está se dissipando rapidamente por irresponsabilidade deste – até o vencimento
do pagamento precisam ser tomadas algumas providências para que no futuro o resultado útil do
processo seja alcançado – se o devedor não possuir patrimônio até a data do julgamento de nada
17/05/11
A doutrina moderna, com discussão, abarca uma classificação QUINÁRIA, que agrega às três modalidades
anteriores outras duas: AÇÃO MANDAMENTAL e AÇÃO EXECUTIVA.
Essas ações não têm como pressuposto a lesão, portanto não almejam o ressarcimento mas sim uma fruição in
natura do direito (Pontes de Miranda – “Tratado de Direito Privado”, Luiz Guilherme Marinoni e Ovídio Baptista adotam
essa classificação quinária).
- AÇÃO MANDAMENTAL: o juiz ordena que se faça e a efetivação dessa ordem ocorre no mesmo processo,
isto é, sem a necessidade de posterior execução. Não pressupõe a lesão (também a distingue da condenatória). Não é
necessária ação executiva posterior, a efetivação do que se reconheceu na ação se dá no mesmo processo. Não se objetiva
ressarcir um direito ofendido. Não se almeja um substitutivo, mas a fruição in natura, ou fruição específica.
O juiz ordena e essa ordem só pode ser cumprida por aquele destinatário da ordem. Ex. ação de mandado de
segurança (garantir a fruição in natura). Se o destinatário da ordem se negar a cumprir o ato determinado pelo juiz,
incidem medidas coercitivas de natureza patrimonial ou pessoal. Para se garantir a fruição in natura do direito
reconhecida na sentença, são adotadas medidas coercitivas de índole pessoal ou patrimonial (ex. multa, responder por
crime de desobediência, fechamento de estabelecimento comercial).
- AÇÃO EXECUTIVA: Não se objetiva ressarcir um direito ofendido. Não se almeja um substitutivo, mas a
fruição in natura, ou fruição específica.
Embora tenha a denominação executiva, não é ação de execução, mas uma ação de conhecimento com
preponderante carga executiva. A efetivação do direito se dá no próprio processo, sem necessidade de execução posterior.
Distingue-se da mandamental em razão da possibilidade de a atividade esperada pelo destinatário da ordem ser
substituída por alguma atividade de terceiro. Aquela atividade que se espera do destinatário é possível que seja substituída
pela atividade de terceiro. Ex. ação possessória e ação de despejo.
Ex. Art. 14, inciso V CPC.
21/05/11
PROCESSO
É o instrumento por meio do qual a jurisdição atua. É o conjunto de atos coordenados segundo a lei e destinados
ao exercício da jurisdição.
O valor do instrumento é aferido através dos resultados que é possível obter. Portanto, os processualistas estão
preocupados com o resultado, e não com as técnicas. Não tem valor em si a técnica processual.
O processo, hoje, na evolução do direito processual, é entendido como natureza de relação jurídica, quando o
sujeito vai a juízo faz que se nasça também outra relação jurídica, de natureza processual. O nascimento do processo cria
nova relação jurídica diferente daquela que fez as partes irem a juízo. Ex. investigação de paternidade = relação jurídica
de natureza material (vínculo de paternidade) conturbada que dará início a outra relação de índole processual. A relação
jurídica processual é distinta e autônomo da relação jurídica de direito material que será discutida no processo.
O processo é relação jurídica porque em virtude de seu nascimento surgem outros direitos, deveres e obrigações
que só existem no processo, distintos daqueles existem na ordem do direito material. São decorrentes de uma relação
jurídica processual.
Características
- relação jurídica com natureza de direito público: porque envolve a atuação do Estado;
- relação jurídica autônoma, independente e distinta da relação de direito material que se irá discutir no processo
(os sujeitos, o objeto, os pressupostos são distintos daqueles da relação de direito material);
- relação complexa: porque há toda uma série de atos que se desenvolvem dentro do iter procedimental, que
compõem o processo;
- relação unitária: não obstante a complexidade da relação, ela é única, unitária, ou seja, um único processo
composto por diversos atos.
- relação concreta: deve-se levar para o processo um problema real, concreto e não uma especulação, uma
hipótese, uma consulta. A atividade jurisdicional deve solucionar um problema concreto;
- relação dinâmica: o conjunto de atos se desenvolve como um ato sendo conseqüência de outro, num complexo
de atos, tendentes a obtenção de um resultado final, qual seja, a solução do conflito.
Princípios:
- iniciativa das partes: alguns doutrinadores chamam princípio da ação ou princípio da demanda. Têm outros
ainda, que denominam esse princípio como princípio dispositivo. Considerando-se que a jurisdição é inerte, o processo se
inicia por iniciativa das partes. Esse princípio é emanação do princípio da inércia. (art. 2º, art. 128, art. 262, art. 460,
caput, do CPC).
O autor, exercendo o seu direito de ação, pede que se inicie o processo. há reflexos em toda a dinâmica
processual, principalmente no momento do julgamento, pois a sentença encontra barreiras, limites no pedido inicial do
autor.
Está vinculada ainda ao princípio da correlação ou adstrição ou congruência.
Exceções: abertura de inventário (art. 989 CPC); exibição de testamento (art. 1129 CPC); arrecadação de bens da
herança jacente (art. 1142 CPC); arrecadação de bens do ausente (art. 1160 CPC).
- contraditório: “o contraditório resume-se na ciência bilateral dos atos e termos no processo com possibilidade de
contrariá-los.” Há um binômio informação-possibilidade de reação. Ciente do que se imputa ao réu, há a possibilidade de
defesa.
A legitimidade das decisões do judiciário encontra-se na possibilidade de participação das partes no processo.
Conclui-se, portanto, que a decisão judicial é, sempre, precedida de manifestação das partes. Entretanto, quando o
juiz concede uma liminar, estaria ferindo o princípio do contraditório? Em situações de urgência permitem que o
contraditório seja diferido (contraditório postergado), ficando para uma fase posterior. Essas decisões não são definitivas,
têm a marca da provisoriedade. Portanto, não há violação ao contraditório, pois ele ocorrerá posteriormente.
Art. 398 CPC é ex. disso: se alguma parte juntar documento no processo, o juiz deve dar oportunidade de
manifestação pela outra parte. As partes devem se manifestar sobre as provas.
- impulso oficial: se é verdade que o processo inicia-se com a iniciativa das partes, o seu desenvolvimento rumo à
sentença se faz por impulso oficial (art. 262 CPC).
- dispositivo: vem de disponível, disponibilidade. A doutrina, com alguma oscilação, diz que uma vez iniciado o
processo, ainda assim, algumas atividades estão sobre a disponibilidade das partes. Ex. a disponibilidade em relação às
alegações; produzir esta ou aquela prova; que as partes podem desistir do processo iniciado (art. 267, VIII, CPC).
- livre convencimento motivado: houve um tempo em que as decisões eram pautadas na intima convicção do
julgador, totalmente desvinculada das provas trazidas do processo. Posteriormente, a cada prova foi dado um valor. Há
um engessamento do convencimento do juiz, pois a lei dizia qual era o valor que deveria ser dado a cada prova, era um
exercício racional das provas. O sistema brasileiro não consente com a íntima convicção e também não se tem, de regra,
uma ficção de valor para uma ou outra prova. A prova vale pelo seu conteúdo, pela confiança que se pode, racionalmente,
depositar nela. O juiz forma livremente seu convencimento sem as amarras da lei, mas à luz dos elementos constantes dos
autos, sendo imprescindível a motivação, a exteriorização do caminho do raciocínio do juiz para aquela conclusão, ou
seja, deve ser lastreado de seus argumentos. “o que não está nos autos não está no mundo.”
Também é chamado de princípio da persuasão racional.
- publicidade: o processo, em regra, é público. Art. 93, IX, CF/88, explicitado pelo art. 155 CPC. Porém, a lei
restringe a publicidade de alguns processos às partes e aos seus advogados nos casos em que se que proteger a intimidade,
etc.
23/05/11
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
O exercício do direito de ação é condicionado àqueles requisitos processuais (possibilidade jurídica do pedido,
interesse de agir, legitimidade), que se dá no ambiente do processo. Sendo um instrumento de exercício da jurisdição,
deve ser constituído e se desenvolver de maneira regular. Assim, se não estiverem presentes certos pressupostos
processuais (art. 267, IV, CPC) de constituição(existência) e desenvolvimento válido desse instrumento, extingue-se a
ação sem julgamento do mérito.
As condições da ação e os pressupostos processuais levam ao raciocínio do juiz se vai ou não julgar o mérito
daquela ação. São os requisitos de admissibilidade de julgamento do mérito.
O processo como relação jurídica também exige pressupostos do plano da existência e da validade.
Também são chamados de pressupostos processuais positivos, porque precisam estar presentes no processo.
Também são chamados pela doutrina de pressupostos intrínsecos.
Pressupostos processuais negativos: são situações que não podem estar presentes, pois sua presença inviabilizam
o prosseguimento do processo. São considerados extrínsecos porque existem fora do processo, mas influenciam sua
validade.
Obs. O art. 267, IV, CPC: problemas envolvendo os pressupostos processuais (positivos e negativos) o juiz não
julga o mérito e extingue o processo. PORÉM, no campo da incompetência e imparcialidade, o processo não é extinto,
mas é remetido ao órgão competente (art. 213 CPC), quando órgão incompetente; e o juiz é substituído se juiz for
impedido.