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Toque de Mestre

Janaina Carvalho
Lei nº 8.666/93 Esquematizada, Ed. Ferreira.

Dicas da Lei nº 8.666/93

Olá Concursando,

Hoje vamos estudar algumas dicas sobre a lei nº 8.666/93, a lei de licitação e contratos públicos, tão
antipatizada pelos concursandos, por ser considerada confusa, complexa.

Na verdade, como concursanda, sofri muito com essa lei, mas, com algumas anotações e dicas de
professores, desenvolvi um esquema de reordenamento dos artigos que me trouxe uma sequência
lógica de estudo e entendimento dos processos e procedimentos da licitação em cada uma das suas
modalidades. Foi minha salvação! Este material foi dividido com outros concursandos no livro “Lei nº
8.666/93 Esquematizada”, uma parceria minha Alexandre Medeiros, publicado pela Editora Ferreira.

Para este momento, selecionei algumas dicas constantes do livro, algumas ilustradas por questões de
prova. Quem está se preparando para o concurso do MPU, não perca tempo, esta lei faz parte do
conteúdo programático. Aliás, ela está cada vez mais presente nos editais, inclusive para cargo de
técnico (nível médio), enquanto há um tempo era cobrada apenas para analista (nível superior).

Então, vamos lá...

Dica 01.
Cuidado com o art. 17, inciso I, alínea b.

A redação desta alínea é dada pela Medida Provisória nº 458, de 2009, convertida na lei nº 11.952/09.
Fique atento nas provas, pois isto pode ser tema de questão, já que tivemos três alterações em um
curto espaço de tempo.

As instituições organizadoras adoram cobrar as novidades da lei, buscando confundir o aluno com as
alterações recentes.

Veja abaixo as redações anteriores:

b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da


Administração Pública, de qualquer esfera de governo; (Medida
Provisória nº 335, de 2006)
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da
administração pública, de qualquer esfera de governo, ressalvado o
disposto nas alíneas f e h; (Redação dada pela Lei nº 11.481, de 2007)
Agora veja o dispositivo na íntegra com a redação atual da alínea b:

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Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse


público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas:

I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e


entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais,
dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta
nos seguintes casos:

b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da administração pública, de


qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto nas alíneas “f”, “h” e “i”;

Dica 02.

Mais uma vez, atenção para alterações trazidas pela Medida Provisória nº 458, de 2009, convertida na
lei nº 11.952/09. Desta vez no art. 17, § 2º-A.

Veja abaixo como constavam os dispositivos anteriores:

§ 2º, II - a pessoa física que, nos termos de lei, regulamento ou ato


normativo do órgão competente, haja implementado os requisitos
mínimos de cultura e moradia sobre área rural situada na região da
Amazônia Legal, definida no art. 2º da Lei nº 5.173, de 27 de outubro de
1966, superior à legalmente passível de legitimação de posse referida na
alínea g do inciso I do caput deste artigo, atendidos os limites de área
definidos por ato normativo do Poder Executivo. (Incluído pela Lei nº
11.196, de 2005)
§ 2º-A. As hipóteses da alínea g do inciso I do caput e do inciso II do § 2º
deste artigo ficam dispensadas de autorização legislativa, porém
submetem-se aos seguintes condicionamentos: (Incluído pela Lei nº
11.196, de 2005)
Agora, veja a redação atual:

§ 2º-A. As hipóteses do inciso II do § 2º ficam dispensadas de autorização legislativa, porém


submetem-se aos seguintes condicionamentos:

Dica 03.

Apesar de não se tratar especificamente da lei nº 8.666/93 é importante saber...

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Existe uma outra modalidade de licitação, pouco conhecida dos concursandos, denominada Consulta.
Tal modalidade teve sua previsão genérica na Lei nº 9.472/97, que criou a Anatel (Agência Nacional de
Telecomunicações).

Segundo a referida lei, a Consulta é modalidade licitatória adequada apenas à contratação de bens e
serviços não classificados como comuns e que não sejam obras e serviços de engenharia civil.

Posteriormente, a Lei nº 9.986/00 estendeu a Consulta a todas as agências reguladoras.

Segundo o art. 37, da Lei nº 9.986/00, a “Aquisição de bens e a contratação de serviços pelas Agências
Reguladoras poderá se dar nas modalidades de consulta e pregão”. Ressalte-se, contudo, que, conforme
o parágrafo único do artigo citado, a regra “não se aplica às contratações referentes a obras e serviços
de engenharia, cujos procedimentos deverão observar as normas gerais de licitação e contratação para
a Administração Pública”.

Veja uma questão sobre isto em prova anterior do MPU:

MPU (Analista Administrativo) - ESAF/2004: A legislação das agências


reguladoras estabeleceu a possibilidade de se utilizar, para a aquisição de bens
e contratação de serviços por essas entidades, uma modalidade especial de
licitação, prevista tão-somente para essa categoria organizacional. Tal
modalidade denomina-se:
(A) pregão
(B) consulta
(C) convite
(D) credenciamento
(E) registro de preços
______________
Gabarito: B.

Dica 04.

O § 8º do artigo 22 diz que:

§ 8º “É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou a combinação das referidas neste


artigo.”

Segundo a doutrina, esta vedação se dirige apenas ao administrador público, não ao legislador. Sendo
assim, a lei, desde que tenha caráter de norma geral, assim com a Lei nº 8.666/93, pode criar novas
modalidades de licitação, como foi o caso da Lei nº 10.520/02, que instituiu a modalidade Pregão.

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Dica 05.

Concurso (Lei nº 8.666/93) ≠ Concurso Público (CF, art. 37, II)


O Concurso de que trata a Lei nº 8.666/93 é uma modalidade licitatória para escolha de trabalho
técnico, científico ou artístico.

O Concurso Público, previsto no art. 37, II, da CF, é um procedimento (ato-condição) para o provimento
de cargos ou empregos públicos efetivos.

Veja como o Cespe cobrou isto em uma questão de prova:

O município de Vila Velha realizou concurso público para provimento de cargos


públicos, estabelecendo que o prazo de validade para esse concurso seria de
um ano, prorrogável pelo mesmo período, se houvesse interesse da
administração. Com base na situação hipotética apresentada, julgue o item
subseqüente.
Prefeitura Municipal de Vila Velha/ES (Técnico Municipal - Superior –
Auditoria) - Cespe/2008: O referido concurso é uma espécie de licitação
realizada na modalidade melhor técnica. ( )

_________________
Gabarito: errado.

Dica 06.

Vamos falar um pouco sobre dispensa e inexigibilidade de licitação.

Dispensa: envolve a licitação dispensada e dispensável.


• Licitação dispensada: é aquela que a própria lei declarou como tal
(art. 17, incs. I e II)
• Licitação dispensável: é toda aquela que a Administração pode
dispensar se assim lhe convier (art. 24, incs. I a XXIX)
Segundo Maria Sylvia Zanella di Pietro, as hipóteses de dispensa de licitação
do artigo 24 podem ser divididas em quatro categorias:
a) em razão do pequeno valor: incisos I e II;
b) em razão de situações excepcionais: incisos III, IV, V, VI, VII, IX, XI, XIV,
XVIII, XXVII e XXVIII;
c) em razão do objeto: X, XII, XV, XVII, XIX, XXI, XXV e XXIX.

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d) em razão da pessoa: VIII, XIII, XVI, XX, XXII, XXIII, XXIV e XXVI.
Inexigibilidade: ocorre quando há impossibilidade jurídica de competição,
pela falta de algum dos pressupostos lógicos da licitação, quais sejam: a
pluralidade de objetos e pluralidade de ofertantes (art. 25).

DISPENSA
INEXIGIBILIDADE (art. 25)
dispensada (art. 17) dispensável (art. 24)

Ocorre quando há impossibilidade É toda aquela que a


jurídica de competição, pela falta É aquela que a própria Administração pode
de algum dos pressupostos lógicos lei declarou como tal dispensar se assim lhe
da licitação, quais sejam: a convier
pluralidade de objetos e
pluralidade de ofertantes Dispensa vinculada Dispensa discricionária

Rol taxativo, Rol taxativo,


enumerativo, exaustivo enumerativo, exaustivo
ou “numerus clausus” ou “numerus clausus”
Rol exemplificativo ou “numerus
apertus”. A possibilidade de Os casos de dispensa de licitação não podem ser
ampliação dos casos está implícita. ampliados, porque constituem uma exceção à
regra geral que exige licitação, quando haja
possibilidade de competição.

Dica 07.

Lembre-se que o instrumento convocatório da modalidade de licitação Convite não é o edital, mas, sim,
a carta-convite ou, apenas, convite.

Veja abaixo como o Cespe explorou esse detalhe em questões de provas recentes.

DFTRANS/DF (Analista de Transportes Urbanos – Direito) – Cespe/2008:


Edital é o instrumento pelo qual a administração torna pública a realização de
uma licitação. A modalidade convite é a única que não utiliza o edital para
tornar pública a licitação. ( )

STF (Analista Administrativo) – Cespe/2008: A única modalidade de licitação


para a qual não se exige edital é o convite. ( )

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PGE/PB (Procurador) – Cespe/2008: O edital é o meio pelo qual a


administração torna pública a realização de uma licitação. A modalidade de
licitação que não utiliza o edital como meio de tornar pública a licitação é o(a)
(A) concorrência.
(B) leilão.
(C) tomada de preços.
(D) convite.
(E) concurso.

_______________________
Gabarito: certo, certo, D.

Bem, não sejamos supersticiosos, mas dizem que sete é um número de sorte, então, vamos parar por
aqui. Em breve usaremos este espaço para comentar algumas questões de prova. Aguarde!

Enquanto isso, verifique duas alterações recentes dessa lei trazidas uma pela Lei nº 12.232, publicada no
dia 29 de Abril de 2010, que dispõe sobre as normas gerais para licitação e contratação pela
administração pública de serviços de publicidade prestados por intermédio de agências de propaganda,
e outra pela MP 495, de 19 de Julho de 2010, com aplicação também à lei nº 10.520/02, a lei do Pregão.

Muito bom estudo e boa sorte sempre!

Abraço,

Janaina Carvalho
Co-autora do livro “Lei nº 8.666/93 Esquematizada”

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