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Telegramas e Radiogramas (arts.

374 e 375 do CPC)


O telegrama, o radiograma, o fac-símile (mais conhecido por fax) e outros meios de trasnmissão de dados nada
mais são que cópias de documentos originais. O Código equipara sua eficácia probatória à dos documentos
particulares. Por conta disso, a sua juntada aos autos do processo, quando não impugnado oportunamente, faz
presumir que está conforme com o original.
A autenticidade dos mesmos e de qualquer outro meio de transmissão similar a eles é dada pela assinatura do
remetente no original que consta na estação expedidora, a qual poderá ser reconhecida pela própria parte ou por
tabelião .
No caso do tele-fax, onde as mensagens são intercambiadas diretamente entre o expedidor e o destinatário, as
mensagens serão consideradas autênticas se houver controle e registro dos aparelho de origem e destino,
independentemente de comprovação das assinaturas dos originais.
A presunção da veracidade do telegrama e dos outros meios de transmissão similares a ele é relativa, ou seja, iuris
tantum.
Essa presunção depende da presença de dois requisitos estampados no texto: a data da expedição deve constar
do documento e também o recebimento pelo destinatário, que é documento complementar formado posteriormente
Tratando-se de presunção relativa, ocorre a possibilidade da prova em contrário.
PRESUNÇÃO RELATIVA (“júris tantum”) – São aquelas que podem ser desfeitas pela prova em contrário,
ou seja, admitem contra-prova. Assim, o interessado no reconhecimento do fato tem o ônus de provar o
indício, ou seja, possui o encargo de provar o fato contrário ao presumido;
PRESUNÇÃO ABSOLUTA (“jure et de jure”) – O juiz aceita o fato presumido, desconsiderando qualquer
prova em contrário. Assim, o fato não é objeto de prova. A presunção absoluta é uma ficção legal;
Cartas (arts. 376 e 377)
A carta é um documento escrito por meio do qual uma pessoa transmite a uma outra uma declaração de fato ou de
vontade. Quando assinadas, elas se enquadram na categoria geral de documentos partciulares( art 368). A
hipótese do artigo 376 refere-se às cartas domésticas, sem assinaturas ou com firma incompleta. São os bilhetes
ou pequenas correspondências em que o remetente apenas coloca o prenome ou cognome qualquer, ou mesmo
deixa de se identificar expressamente. Registros domésticos são os documentos de que as pessoas se utilizam
para guardar a memória de fatos de sua vida pessoal ou profissional, como anotações, memórias e agendas.
Embora não assinados, esses documentos devem ter sido escritos pela própria pessoa contra quem se pretende
opô-los e possuem a característica de serem documentos formados unilateralmente, ou seja, sem a participação da
outra parte.
Art. 376
Fazem prova, as cartas e os registros domésticos, apenas contra quem os escreveu, e desde que a lei não exija
determinada prova para o ato, nos seguintes casos:
I- Quando enunciam o recebimento de um crédito, por exemplo, a declaração do credor de que ocorreu o
pagamento da dívida ou de que houve compensação ou a remissão;
II- Quando há expressa referencia nem escrito qualquer, a uma dívida do declarante para com alguém,
que, contudo, não gerou por algum motivo a formação de um título de crédito.
III- Quando expressam conhecimentos de fatos cuja prova pode ser feita por qualquer meio legal ou
legítimo, prescindindo, portanto, de forma especial como o instrumento público.
Farão prova também, nos demais casos em que a parte contra quem forem eles produzidos admitir a sua exatidão
em juízo. Não se encaixando nessas hipóteses, as cartas e registros domésticos não assinados poderão servir com
indício dos fatos ou ideias nele representados.
Art. 377
Vale em benefício do devedor, independentemente de assinatura, a nota liberatória, pela qual o credor
expressamente declara cumprida a obrigação, desde que ela conste em qualquer parte do documento
representativo da obrigação, não importando em poder de quem se encontre o documento representativo da
obrigação. A presunção da veracidade nesse caso, é relativa.
Livros comerciais
O empresário
Conforme o art. 378 do CPC e o art. 226 do CC, os livros comerciais (onde os empresários lançam as informações
necessárias ao desenvolvimento da ativida empresária), fazem prova contra o seu autor. Autor, no texto, é o
proprietário do livro, originário ou por sucessão. Porém, os lançamentos sempre poderão ser discutidos em juízo,
por iniciativa até do próprio empresário (ou sociedade), interessado na demonstração de que seus registros não
correspondem à verdade.
Porém, quando os livros comerciais preencherem os requisitos exigidos por lei e forem escriturados sem vícios
extrínsecos ou intrínsecos, provam também a favor do seu autor, desde que confirmados por outros subsídios (art.
379, CPC, C/c art. 226, 2ª parte, CC). Em razão do artigo 226 do CC, diploma mais recente que o CPC, a limitação
de ser um litígio entre comerciantes já não se justifica e a regularidade da escrituração e a confirmação por outros
elementos instrutórios sempre fazem dos livros e fichas provas a favor do empresário ou da sociedade.
Deve-se ver, contudo, que a prova resultante dos livros e fichas não é bastante nos casos em que a lei exige
escritura pública, ou escrito particular revestido de requisitos especiais.,
A escrituração contábil é indivisível, se dos fatos que resultam dos lançamentos uns são favoráveis ao interesse de
seu autor e outros lhe são contrários, ambos são considerados em conjunto como unidade. Isso não impede que a
parte contrária use de outros meios de prova para demonstrar a inverdade parcial dos lançamentos. Tal regra
aplica-se apenas quando a escrituração é a única prova existente.
A exibição integral dos livros , iimporta na retenção do livro em cartório durante o curso da ação (art 181) e só pode
ser ordenada pelo juiz, a requerimento da parte interessada, nos seguintes casos:
1- Quando há processo de liquidação de sociedade.
2- Na sucessão por morte de sócio, onde o exame integral da escrituração interessa sobremodo aos
sucessosres do sócio.
3- Em outras hipóteses previstas no CC- 2002
3.1- Em casos de dúvida sobre a comunhão, entre os sucessores e os sócios remanescentes.
3.2- Questões sobre administração ou gestão à conta de outrem
A exibição parcial dos livros, ( admitida em qualquer ação judicial, extrai-se a parte necessária para solucionar a
demanda, e o livro é imediatamente restituído ao empresário), para extração de suma, tem aplicação não só nas
hipóteses já citadas, como em quaisquer outras em que o comerciante seja parte, garantida a fiscalização da
exibição por parte deste.
O cabimento dessa modalidade de exibição depende de o registro dizer respeito a transações que envolvam
diretamente os litigantes confome a Súmula n.260 do STF. A exibição parcial pode ser determinada de ofício pelo
magistrado. A recusa injustificada à ordem legal de exibição de livros contábeis acarreta a sua apreensão judicial e
autoriza, conforme o caso, a presunção de veracidade do fato que a parte contrária deseja provar pelos assentos
contábeis, sendo essa presunção, relativa.

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