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No dia 03.05.

2016, TEODORO SAMPAIO e ROSANA assinaram ato constitutivo de uma sociedade cujo
objeto é a prestação de serviços de turismo receptivo. Nessa data, TEODORO SAMPAIO integralizou
15.000 (quinze mil) quotas, representativas de 50% (cinquenta por cento) do capital social da
sociedade, ao valor nominal de R$1,00 (um real) cada uma, enquanto ROSANA integralizou 1.000 (mil)
quotas à vista e se comprometeu a pagar o restante após 6 (seis) meses.
No dia 29.05.2016, TEODORO SAMPAIO e ROSANA levaram os documentos necessários ao registro
competente da referida sociedade, que procedeu ao arquivamento destes uma semana depois. Em
função de enfrentarem certa dificuldade inicial nas vendas, TEODORO SAMPAIO e ROSANA não
conseguiram adimplir o contrato de aluguel da sede, celebrado em dia 15.05.2016, o que implicou a
contração de uma dívida no valor de R$40.000,00 (quarenta mil reais).
O proprietário do imóvel em que está localizada a sede formula a seguinte indagação: a sociedade era
regular à época da celebração do contrato de locação?

Com relação ao prazo para apresentação dos atos societários para registro, a Lei
de Registro de Empresas Mercantis e o Código Civil mencionam que esse prazo é
de 30 dias contados da lavratura do respectivo ato. Importante salientar que, se o
ato for apresentado a registro dentro deste prazo, o mesmo terá eficácia retroativa
à data de sua lavratura. Caso contrário, o ato somente terá eficácia a partir de seu
registro, conforme previsto no art. 1.152, parágrafo 1º e 2º do Código Civil. A
exceção a essa regra geral de registro é o prazo para apresentação para registro
de Atas de Reunião e/ou Assembleia de Sócios de sociedade empresária limitada
que, nesse caso, é de 20 dias (art. 1.075, parágrafo 2º do CC)
Assim sendo, diante do caso concreto, a sociedade não era regular a época do
contrato, uma vez que o registro se deu 26 dias após a assembleia, extrapolando o
prazo e não produzindo efeitos retroativos.

CAIO, TÍCIO e MÉVIO assinaram o instrumento particular de constituição da COMA BEM COMÉRCIO DE
GÊNEROS ALIMENTÍCIOS LTDA. e, logo em seguida, iniciaram as atividades comerciais da sociedade.
Em razão do atraso de 40 dias na entrega de uma encomenda de 100 toneladas de soja, Roberto, o
cliente prejudicado, ajuizou demanda em face de CAIO, TÍCIO E MÉVIO para cobrar a multa de R$
100.000,00 por dia de atraso na entrega do produto.
Após serem citados, os sócios foram surpreendidos com a constatação de que, por um lapso, o
estagiário responsável pelo arquivamento do instrumento particular de constituição da COMA BEM
COMÉRCIO DE GÊNEROS ALIMENTÍCIOS LTDA. na Junta Comercial deixou de fazê-lo.
Com base nos dados acima, responda:
a) Nessa situação, qual é o tipo de sociedade existente entre CAIO, TÍCIO E MÉVIO?
b) Sob o ponto de vista societário, qual é a responsabilidade de CAIO, TÍCIO E MÉVIO perante o cliente
que os processa?

Quando a sociedade não procede o devido registro na Junta Comercial, ela é


considerada irregular pelo Código civil, nos termos de seus artigos 986 a 990,
assim sendo não tem personalidade jurídica. Como consequência a
responsabilidade dos sócios será solidária e ilimitada, sendo ineficaz eventual
cláusula no contrato social limitativa dessa responsabilidade.
O Superior Tribunal de Justiça ao julgar o REsp nº 1.486.164-DF decidiu que “os efeitos da
cessão de quotas, em relação à sociedade e a terceiros, somente se operam após a efetiva
averbação da modificação do contrato na Junta Comercial (…) A tese esposada pelas
recorrentes, de que o efeitos da cessão se produziriam a partir da assinatura do respectivo
instrumento, aplica-se somente na relação jurídica interna estabelecida entre cedente e
cessionário, mas não quanto à sociedade e aos terceiros.”

Assim, entende a maioria jurisprudencial que os documentos e alterações com registro


obrigatório na Junta Comercial serão válidos perante terceiros somente após o cumprimento
dessa obrigação, podendo, entretanto, produzir efeitos entre as partes contratantes.

Em 22/09/2021, Leôncio pretende abrir uma empresa individual de responsabilidade limitada - EIRELI.
Ao comparecer à Junta Comercial para realizar o registro da EIRELI, teve o mesmo negado, sob a
alegação de que este tipo societário não existia mais.
Foi correta a decisão da Junta Comercial? Responda, de forma fundamentada.

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