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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO

CURSO DE ENGENHARIA HIDRÁULICA


(IV Nível)
DRENAGEM E SANEAMENTO

TRABALHO 01 (SAUDE E SANEAMENTO)

Autor: Docentes:
MANUEL, Óscar Alexandre M Sc. Celso Januario Bauque

Songo, 9 de Maio de 2022


INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO
CURSO DE ENGENHARIA HIDRÁULICA
(IV Nível)
DRENAGEM E SANEAMENTO

TRABALHO 01 (SAUDE E SANEAMENTO)

Autor: Docentes:
MANUEL, Óscar Alexandre M Sc. Celso Januario Bauque

Trabalho submetido para sua


aprovação pelos M Sc. Celso Ja-
nuario Bauque docente da ca-
deira, como primeiro trabalho da
disciplina Drenagem e Sanea-
mento.

Songo, 9 de Maio de 2022


I

Copyright © 2022 Trabalho individual


Impresso aos 9 de Maio de 2022

O ISPSongo tem o direito, perpétuo e sem limites geográficos, de arquivar e publicar este
Trabalho através de exemplares impressos reproduzidos em papel ou de forma digital, ou
por qualquer outro meio conhecido ou que venha a ser inventado, e de a divulgar através de
repositórios científicos e de admitir a sua cópia e distribuição em objectivos educacionais ou
de investigação, não comerciais, desde que sejam dados créditos aos autores e editores.
Índice

1 INTRODUÇÃO 1
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Objectivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.3 Documentação consultada e Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

2 ÁGUAS RESIDUAIS 2
2.1 Águas Residuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
2.1.1 Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
2.1.2 Clasiificação das Águas Residuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
2.1.3 Características físicas Químicas de águas residuais . . . . . . . . . . . 3

3 SAUDE E SANEAMENTO 6
3.1 Doenças relacionadas com o saneamento deficiente . . . . . . . . . . . . . . . 6
3.1.1 Classificação e mecanismos de transmissão . . . . . . . . . . . . . . . 6
3.1.2 Factores determinantes de contaminação . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
3.2 Conceitos básicos e classificação de sistemas de evacuação de excreta . . . . 10
3.3 Situação de saneamento em Moçambique . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

II
1
INTRODUÇÃO

1.1 Introdução
A Engenharia de Saúde Ambiental consiste de medidas estruturais e legislativas que vi-
sam o melhoramento das condições de vida e de saúde pública nas comunidades. Os sis-
temas de abastecimento de água, sistemas de evacuação de resíduos sólidos e líquidos,
sistemas de drenagem urbana, habitação e outros, constituem parte das medidas estruturais
de maior relevo nesta área que são ou não acompanhadas de medidas legislativas tais como
a definição de normas de qualidade para descarga de resíduos em meios receptores.

Todas doenças infecciosas são causadas por organismos vivos tais como vírus, bactérias
ou vermes parasitas. A transmissão destas doenças, resulta frequentemente da passagem
destes organismos de um indivíduo (ou animal) para outro indivíduo (ou animal). Durante este
processo de transmissão, os organismos podem ser expostos ao ambiente e a sua passagem
ao corpo de uma nova vítima torna-o vulnerável às mudanças que ele encontra no ambiente.
As medidas estruturais introduzidas no âmbito da Engenharia de Saúde Ambiental procuram
modificar o ambiente humano como forma de prevenir e/ou reduzir a transmissão das doenças
causadas por estes organismos.

1
Drenagem e Saneamento §1.2. Objectivos

1.2 Objectivos
Objectivos 1.2.1 (Geral)

♠ A realização do Presente trabalho tem como principal objetivo debruçar acerca das
águas residuais e abordar acerca da saude e saneamento.

Objectivos 1.2.2 (Específicos)

♠ Composição e caracterização das águas residuais;

♠ Doenças realacionadas com o saneamento deficiente;

♠ Conceitos basicos e classificação de sistemas de evacuação;

♠ Situação de saneamento em Moçambique

1.3 Documentação consultada e Metodologia


A resolução do trabalho baseou-se em pesquisas e leitura das bibliografia fornecidas pelo
docente e verificando-se 3 fases no seu desenvolvimento, nomeadamente:

♠ Leitura e compreensão ;

♠ Revisão da matéria das aulas da cadeira;

♠ Análises, Composição e criação do presente trabalho.

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2
ÁGUAS RESIDUAIS

2.1 Águas Residuais


Quando usamos a água para qualquer tipo de função ou uso, suas características físicas
e químicas são alteradas. Esta água que contém substâncias químicas e biológicas é con-
siderada como águas residuais. Efluentes são aqueles que possuem grande quantidade de
substâncias químicas ou biológicas e que são prejudiciais à saúde humana.

2.1.1 Definição
Chamamos de esgoto a todas as águas que tiveram uma origem diferente e que foram
manipuladas de alguma forma pelo homem. Esta manipulação causou uma mudança nas
características da água e foram introduzidas substâncias químicas e biológicas. Independen-
temente da origem da água, seja ela doméstica, industrial, pecuária, agrícola ou recreativa,
todas as águas que foram manipuladas e que não são próprias para o consumo humano, são
consideradas águas residuais.

2.1.2 Clasiificação das Águas Residuais


As Águas Residuais podem ter origens diferentes. Cada uma dessas origens é que vai
determinar as características que a água pode ter. As águas residuais são classificadas nas
seguintes origens:

♠ Águas residuais domésticas


É a água residual cuja principal característica é ser um resíduo líquido proveniente de
residências, áreas residenciais, estabelecimentos comerciais e institucionais. A água
que usamos para tomar banho é posteriormente considerada água residual. Essa água
tem vestígios de nossas bactérias, da sociedade que temos e de produtos químicos
como sabonete ou xampu que usamos para tomar banho.

2
Drenagem e Saneamento §2.1. Águas Residuais

♠ Águas residuais industriais


São aqueles que se caracterizam por ter resíduos líquidos oriundos de áreas industri-
ais. Eles também podem ser de origem pecuária ou agrícola. Essas águas devem ser
tratadas por conterem alto teor de produtos químicos e biológicos prejudiciais à saúde
humana.

♠ Águas residuais municipais ou urbanas


São as águas cuja principal característica é ser um resíduo líquido de um conglomerado
urbano. É nesta área onde se desenvolvem as atividades domésticas e industriais. Essa
água é transportada por uma rede de esgoto no subsolo de toda a cidade. O objetivo
final é levar essa água para a estação de tratamento.

2.1.3 Características físicas Químicas de águas residuais


Como já mencionamos, as águas residuais podem apresentar características diferentes
dependendo de sua origem e do processo que lhe deu origem. Dependendo da origem,
haverá um manejo adequado da água a ser tratada. A primeira coisa é fazer uma caracteriza-
ção das águas. Esse processo é aquele que indica qual tratamento deve ser aplicado e quais
critérios são adequados para a água.

Características físicas

Por convenção internacional, a caracterização física da qualidade da água compreende a


determinação das seguintes variáveis:

♠ Sólidos
Dentre as variáveis de caracterização física da água residual, o teor em material sólido
em suspensão compreende uma das variáveis de maior uso dada a sua importância
para o dimensionamento e controle de operações unitárias em estações de tratamento
de água residual (ETARs) e no controle da descarga de efluentes residuais (brutos ou
parcialmente tratados) em meios receptores.

A determinação dos sólidos em suspensão pode ser estendida à um segundo e terceiro


níveis de caracterização que compreedem, a determinação da fracção sedimentável e
não sedimentável dos sólidos suspensos e ainda a caracterização dos sólidos (sedi-
mentáveis, não sedimentáveis e dissolvidos) de acordo com a sua natureza (orgânica
ou, inorganica).

♠ Temperatura
O conhecimento da temperatura da água residual é importante na medida em que a
mesma exerce influência sobre os processos químicos e biológicos responsáveis pela
depuração dos resíduos (e velocidade de decomposição da matéria orgânica, morte de

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Drenagem e Saneamento §2.1. Águas Residuais

microorganismos etc.) e sobre os processo físicos de separação física do conteúdo


de sólidos das águas residuais (ex: sedimentação). Regra geral, a temperatura de um
esgoto residual típicamente doméstico está entre 20 e 25°C.

♠ Cheiro
A presença de cheiro em água residuais resulta essencialmente da presença de ga-
ses formados durante os processos de decomposição da matéria orgânica. Há dois
tipos característicos de cheiro em águas residuais designadamente: o odor à mofo, ra-
zoavelmente suportável e típico de resíduos frescos e, o odor à ovo podre geralmente
“insuportável” e típico de resíduos velhos e/ou sépticos.

♠ Cor e Turbidez
A cor e a turbidez da água residual, indicam de imediato o estado de decomposição do
resíduo líquido, ou sua “condição”. A tonalidade acizentada acompanhada de alguma
turbidez, é típica de resíduos frescos enquanto que a cor preta é típica de resíduos
sépticos, e de uma decomposição parcial. No caso de descargas industriais (por ex.:
descargas de industrias têxteis ou de tintas) os resíduos podem apresentar outro tipo
de coloração.

Características Químicas

Na caracterização química da água residual, consideram-se fundamentalmente, três sub-


categorias de variáveis a saber: Matéria Orgânica, Matéria Inorgânica e Gases.

♠ Matéria Orgânica
Cerca de 70% do conteúdo sólido é de origem orgânica e é geralmente formada por
uma combinação de carbono, hidrogénio, oxigénio e nitrogénio embora outros elemen-
tos importantes como o enxofre, fósforo e ferro possam também estar presentes.
As principais substâncias que dão origem à presença de origem orgânica na água resi-
dual são:

Proteínas
Constituem cerca de 40% à 60% do conteúdo orgânico de uma água residual.

Carbohidratos
Constituem cerca de 25% à 50% do conteúdo orgânico de uma água residual.

Gordura (10%)
A gordura está sempre presente no resíduo líquido doméstico e é proveniente do
uso de manteiga, óleos vegetais, da cozinha, da carne, etc. Pode estar presente
também sob a forma de óleos minerais derivados do petróleo (querosene, óleo
lubrificante).

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Drenagem e Saneamento §2.1. Águas Residuais

Sulfatants
Os sulfatants são constituídos por moléculas orgânicas com a propriedade de for-
mar espuma no meio receptor ou na estação de tratamento em que o resíduo
líquido é lançado.

Fenóis
São compostos orgânicos originados principalmente por descargas industriais e
que têm a particularidade de atribuir cheiro e sabor característico (mesmo em situ-
ações em que aparecem com baixa concentração) à água quando esta é usadas
para fins domésticos (em especial à água clorada).

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SAUDE E SANEAMENTO
3
3.1 Doenças relacionadas com o saneamento deficiente

3.1.1 Classificação e mecanismos de transmissão


Todas as doenças infecciosas da categoria oral-fecal, assim como a maior parte de doen-
ças causadas por organismos vivendo na água e outras não relacionadas com a água, são
causadas por organismos patogénicos libertados com os excretas humanos (fezes). De ma-
neira similar às doenças relacionadas com a água, a classificação das doenças relacionadas
com os excreta pode ajudar-nos a entender o impacto resultante das várias soluções de en-
genharia (por exemplo a evacuação dos excreta) na prevalência e propagação das mesmas.

Das doenças relacionadas com os excretas, algumas são relacionadas com a água e
podem ser parcialmente controladas através de melhoramentos da higiene e segurança do
abastecimento de água. Contudo, estas e outras doenças relacionadas com os excreta, são
influenciadas pela melhoria da evacuação dos mesmos o que compreende a construção ou
melhoria de sanitários, a escolha de métodos adequados de transporte, tratamento e deposi-
ção final dos mesmos.

♠ Doenças Adquiridas por Via Oral-Fecal (não bacterial)


O melhoramento na evacuação dos excreta terá diferente impacto no controlo das várias
doenças do tipo oral-fecal isto porque algumas destas infecções (causadas p.ex. por
vírus, protozoários e helmintus) podem propagar-se facilmente de pessoa para pessoa
caso a higiene pessoal ou doméstica seja fraca. Mudanças nos métodos de evacuação
de excretas são improváveis de ter um impacto significativo na sua incidência, exigindo
em paralelo melhorias substanciais no abastecimento de água e habitação assim como
enormes esforços na educação sanitária (saúde).

6
Drenagem e Saneamento §3.1. Doenças relacionadas com o saneamento deficiente

♠ Doenças Aquiridas por Via Oral-Fecal ( Através de bactérias)


A transmissão pessoa/pessoa é a principal via de transmissão desta categoria de do-
enças do tipo oral-fecal embora existam também outras vias e ciclos de transmissão
mais longos tais como a contaminação da comida, culturas ou mesmo fontes de água
com o material fecal. Alguns patogenes desta categoria, (bactérias Campylobacter,
Salmonella e Yersinia) são transmitidos através das fezes de animais e pássaros po-
dendo posteriormente infectar o Homem. Isto sugere que a propagação deste tipo de
patogenes não é fortemente influenciada por melhorias sanitárias limitadas (p.ex. só a
evacuação de excretas) exigindo também melhorias substanciais no abastecimento de
água, higiene pessoal e doméstica e educação sanitária.

♠ Vermes Transmitidos por meio do Solo


Esta categoria inclue várias espécies de vermes parasitas, cujos ovos são transmitidos
através das fezes. Contudo, eles não infectam imediatamente o Homen, dado que ne-
cessitam de um período de desenvolvimento em condições favoráveis (geralmente em
solo húmido) posteriormente infectando o Homen por ingestão de vegetais ou por pe-
netração directa através da palma dos pés.
Desde que os ovos não infectam imediatamente o Homen, a higiene pessoal tem pouco
efeito na sua transmissão no entanto, qualquer medida (p.ex. o uso de latrinas) que per-
mita a evitar contaminação fecal dos solos limitará a transmissão da doença. De notar
porém que, se a latrina fôr mal mantida e o chão adjacente tornar-se uma imundice a
mesma pode constituir um grande foco de transmissão dos ovos causadores da doença.

Em termos comparativos, latrinas imundas podem constituir um foco de transmissão


maior que o que resultaria do hábito da população defecar em locais espalhados na
mata. Porque os ovos destes vermes podem sobriver por vários meses no seu hos-
pedeiro o tratamento de escretas é de importância vital caso os mesmos venham a
ser reusados para adubação. O tratamento nestes casos pode ser a sedimentação em
lagoas de estabilização, compostagem ou armazenamento prolongado.

♠ Ténias do Sagitada e Armada


Estas ténias do género Taenia necessitam de um período de desenvolvimento no corpo
de um hospedeiro (animal) antes de reinfectar o Homem, através da carne mal cozida.
Porque os parasitas necessitam de um hospedeiro de sangue quente antes de reinfectar
o Homen, a sua transmissão é do tipo “cadeia em série ”. Qualquer que seja o sistema
que evite a ingestão de excretas não tratados pelos porcos e gado faciltará o controlo
da prevalência destes parasitas. O tratamento adequado dos excreta é sempre indes-
pensável sempre que resíduos provedientes de esgotos são utilizados na adubação.

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Drenagem e Saneamento §3.1. Doenças relacionadas com o saneamento deficiente

♠ Helminths vivendo da Agua


Todas doenças causadas por organismos vivendo na água (excepto a verme da Guiné),
são causadas pelo helminths libertos com os excretas e que necessitam de um período
de desenvolvimento num hospedeiro aquático qualquer, usualmente caracóis. Posteri-
ormente infectam o Homen através da pele ou quando organismos aquáticos são inge-
ridos sem que sejam bem cozidos.
A adopção de métodos apropriados de evacuação de excretas podem ser úteis no con-
trolo deste tipo de doenças, desde que evitem que os excretas atinjam as águas onde
habitam os seus hospedeiros. A transmissão deste tipo de vermes é também do tipo
“cadeia em série” contudo, em alguns casos a transmissão em paralelo é também pos-
sível. Desde que um ovo se multiplique no corpo de um hospedeiro e produza milhares
de larvas, um baixo nível de contaminação fecal (p.ex. esgotos parcialmente tratados)
já é suficiente para manter a transmissão.

♠ Vectores e Insectos relacionados com Excretas


Esta categoria, subdivide-se em dois principais grupos: O primeiro é o grupo de mos-
quitos Culex, encontrados em várias partes do mundo, e que é procriado em águas alta-
mente poluídas, em fossas sépticas e em latrinas transbordando. Em algumas regiões
transmitem a Filária. O segundo grupo compreende insectos como pulgas e baratas
que são procriados em locais de deposição de fezes. Eles transportam os organismos
patogénicos no seu corpo e no seu tracto intestinal, depositando-o posteriormente em
alimentos ou utensílios de cozinha. Nestes casos, o Homen é infectado por ingestão via
oral.

3.1.2 Factores determinantes de contaminação


♠ Zoonose
Dentre os vários tipos de infecções descritas anteriormente, algumas (denominadas
antroponoses como p.ex. a cólera) afectam apenas o Homem e são transmitidas atra-
vés de várias mecanismos Homen/Homen enquanto que outras infectam todo o animal
vertebrado e podem ser transmitidas de animais para o Homem e vice-versa. Este
fenómeno designa-se por Zoonose. A figura 3.1. mostra dois tipos de cadeias de trans-
missão que caracterizam a Zoonose.

Na cadeia em série, os organismos causadores de doenças têm que passar parte do


seu ciclo de vida num hospedeiro animal antes de infectar o Homen daí que a evacua-
ção correcta dos excreta Humanos pode reduzir consideravelmente a probabilidade de
transmissnão deste tipo de doenças.

No caso da cadeia em paralelo, o organismo patogénico infecta o Homem e animais

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Drenagem e Saneamento §3.1. Doenças relacionadas com o saneamento deficiente

de maneira similar daí que as fezes de ambos podem transmitir o agente causador da
doença ao homem quer aos animais. Neste caso, a evacuação dos excretas humanos
não afectará significativamente o ciclo de transmissão Animal/Homen.

Figura 3.1: Duas formas de Zoonose (doenças que podem ser transmitidas de animal para o
Homen e vice-versa)

♠ Latência e Persistência
Os patogenes das categorias III, IV e V de doenças relacionadas com os excreta, apre-
sentam uma propriedade conhecida por latência o que significa que após serem lan-
çados com os excreta, eles não infectam imediatamente o homem, pois necessitam de
um período de desenvolvimento no solo, porcos, vacas ou animais aquáticos. A outra
propriedade característica destes microooganismos é a sua persistência i.e. o tempo
de sobrevivência no ambiente. Estas duas propriedades são ilustrados graficamente na
fig. 1.2. Como é de prever os organismos latentes e persistentes têm longos ciclos de
transmissão e a eficácia do saneamento melhorado no seu comtrole depende do seu
ciclo (ver fig. 1.3).

Figura 3.2: Eficácia dos sistemas de saneamento melhorado em função da persistência e


latência de organismos patogénicos (Feachem et al., 1983).

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Drenagem e Saneamento
§3.2. Conceitos básicos e classificação de sistemas de evacuação de excreta

Figura 3.3: Persistência de organismos patogénicos de acordo com a classificação ambiental


das doenças relacionadas com os excreta (Bradley and Feachem, 1978).

3.2 Conceitos básicos e classificação de sistemas de eva-


cuação de excreta
Um sistema de saneamento pode definir-se como um conjunto de estruturas que se des-
tinam a assegurar a deposição e a recolha em condições satisfatórias de resíduos sólidos
e líquidos de origem doméstica ou industrial, seguindo-se eventualmente o seu transporte,
tratamento e deposição final.

De forma similar, pode-se definir um sistema de evacuação de excretas como sendo o


conjunto de estruturas destinadas à deposição, recolha, transporte, tratamento e deposição
dos excreta humanos, seguindo-se eventualmente a re-utilização. Um sistema de evacuação
dos excreta, é constituído por uma ou várias das operações descritas anteriormente.

Já no que diz respeito à classificação dos sistemas de evacuação de excretas, a forma


mais simples e prática de classificação, é o seu agrupamento consoante a forma como os
excreta são ou não transportados para fora do local. Com base nesse critério de classificação,
os sistemas de evacuação de excretas podem ser agrupados da seguinte maneira (Okun e
Ponghis, Lanoix e Roy, 1976):

♠ Métodos Sem Arrastamento ou usando pouca água


Latrinas nas suas múltiplas variantes (Latrina com fossa seca, latrina c/ furo seco, latrina
com fossa húmida, latrina com sifão Hidráulico, latrina com balde receptor, latrina de

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Drenagem e Saneamento §3.3. Situação de saneamento em Moçambique

compostagem etc).

♠ Métodos com Arrastamento por água

Sistema de fossa estanque


Sistema de poço perdido
Sistema de fossa Séptica
Sistema de rede de esgotos comunitários

Ainda com base nesta classificação, os sistemas de evacuação de excretas podem ser
agrupados em níveis de serviço que resultam da adopção (individual ou combinada) das
diferentes opções tecnológicas descritas anteriormente. Lobato e Faria (1982), aproveitou
esta classificação para definir quatro níveis de serviço em sistemas de evacuação de excretas
à saber:

Nivel I: ( Deposição a sêco, Tratamento individual )

♠ Características: Deposição a seco, com tratamento ou destino final no local de deposi-


ção. São exemplos a latrina com fossa ou furo seco, a latrina de compostagem, a latrina
com trincheiras e as latrinas suspensas.

Nivel II: (Deposição a sêco; Tratamento colectivo)

♠ Características: deposição a seco, com tratamento e destino final fora do local de


deposição. São exemplos a latrina com balde e a latrina com depósito recpetor

Nivel III: (Deposição com água, Tratamento individual)

♠ Características: sistemas usando água com tratamento ou destino final no local de


deposição. São exemplos a latrina com fossa húmida, a latrina com sifão hidráulico, o
sistema de fossa séptica e o sistema com produção de biogás.

Nivel IV: (Deposição com água; Tratamento colectivo)

♠ Características: sistema com água, com tratamento e destino final fora do local de
deposição. É exemplo o sistema clássico de rede de esgotos comunitária.

3.3 Situação de saneamento em Moçambique


Tal como na maioria dos países em vias desenvolvimento os aglomerados urbanos das ci-
dades Moçambicanas são caracterizados por um rápido crescimento populacional (resultante
principalmente da migração campo-cidade) que traz consigo um crescimento acentuado da

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Drenagem e Saneamento §3.3. Situação de saneamento em Moçambique

demanda de serviços como o abastecimento de água e de evacuação e deposição de resí-


duos (sólidos e líquidos).

Em Moçambique, estima-se que a taxa de crescimento natural da população é da ordem


dos 3%/ano e que devido a migração campo-cidade nos centros urbanos esta taxa é da or-
dem dos 5%/ano. Paralelamente ao aumento da demanda de água devido ao crescimento
populacional, a melhoria das condições de acesso à fontes de água potável resultou num
aumento da procura de melhores serviços de fornecimento de água (ligações privadas tipo
quintal e domiciliar) e no consequente aumento de instalações domiciliares de evacuação de
excretas usando muita água (autoclismo).

A nível nacional, a Direcção Nacional de Àguas (D.N.A.), através do seu Departamento


de Saneamento Urbano (D.E.S), é o órgão do Governo que é responsável pela definição das
políticas e estratégias do sector para o desenvolvimento da componente de drenagem e sa-
neamento. Até há cerca de um ano, a situação encontrada em Moçambique caracterizava-se
por um investimento (financeiro, humano etc.) muito limitado na componente de drenagem e
saneamento urbano (exceptuam-se os programas de drenagem e saneamento das cidades
de Maputo e Beira).

O saneamento rural e peri-urbano esteve durante muitos anos sob responsabilidade de


um programa designado Programa Nacional de Saneamento a Baixo Custo que era um pro-
grama mais ou menos independente da DNA e inteiramente dependente de fundos externos
para o seu funcionamento e que tinha como objectivo principal a promoção, dessiminação
e construção da latrina melhorada (latrina VIP). Em termos de filosofia, a intervenção do
PNSBC enfatizava não só a produção, venda e construção de latrinas como também uma
componente de educação sanitária destinada a promover mudanças de comportamento com
relação à saúde individual e colectiva e práticas de evacuação de excreta.

Relativamente à drenagem e saneamento urbano as únicas intervenções de relevo nos


últimos 10-15 anos foram os projectos de drenagem das cidades de Maputo e Beira. Estes
projectos orçados em cerca de 60 milhões de USD (dos quais cerca de 45 milhões para o
projecto de drenagem de Maputo) tiveram como objectivo principal a minimização dos pro-
blemas de drenagem pluvial na altura vividos nestas duas cidades. Nas restante cidades,
se bem que houve um crescimento significativo na demanda e no investimento em abasteci-
mento de água, a contrapartida em termos de extensão e/ou manutenção da infraestrutura
de saneamento (quando existente) foi muito limitada. Exceptua-se neste caso o saneamento
peri-urbano que como já foi referido estava sob tutela do PNSBC.

As razões por detrás desta fraca intervenção são de vária ordem desde razões financeiras
(recursos limitados) à razões políticas (priorização de outras intervenções de carácter social

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Drenagem e Saneamento §3.3. Situação de saneamento em Moçambique

em detrimento do saneamento). Simultâneamente, a falta de políticas específicas para esta


área (p.ex. política tarifária, de investimento, de responsabilização pelas ligações domiciliares
etc.) conduziu à um cenário de degradação progressiva da infraestrutura de saneamento
existente nas cidades e vilas do País, inclusive os sistemas construídos na Beira e Maputo.
Hoje, o cenário encontrado na maioria destas cidades é caracterizado por:

Os sistemas de drenagem pluvial serem usados para a drenagem simultânea de águas


residuais. No entanto porque foram concebidos (dimensão e inclinação dos colectores,
material aplicado etc) para um fim diferente, os mesmos passam a apresentar proble-
mas graves no funcionamento tais como o bloqueio dos colectores e a ocorrência de
septicidade no interior destes.

Exiguidade de fundos para o efeito e falta de uma cultura/disciplina de manutenção


periódica (limpeza regular) ter conduzido à uma redução progressiva (entopimento) da
capacidade e em alguns casos à destruição (fissuras, quebras devido a erosão) dos
mesmos.

Em zonas com predominância de fossas sépticas com drenos de infiltração, para além
da sobrecarga em termos de utilização das instalações, a falta de um programa regular
de vazamento das fossas leva a que o conteúdo da maioria destas instalações trans-
borde frequentemente para os arruamentos o que para além do incómodo que causas
aos trauseuntes, é um atentado sério à saúde Pública.

Com a aprovação em 1996 da Política Nacional de Águas e, mercé das reformas profundas
introduzidas dentro do sector de águas, muda-se de certo modo o cenário pobre que carac-
terizou este subsector nos últimos anos. Sinais positivos dessa mudança são, a incorporação
do Programa Nacional de Saneamento a Baixo Custo dentro da estrutura da DNA e a concen-
tração das atenções relativas ao saneamento urbano num departamento específico (DES).

Com a aprovação em 1996 da Política Nacional de Águas e, mercé das reformas profun-
das introduzidas dentro do sector de águas, muda-se de certo modo o cenário pobre que
caracterizou este subsector nos últimos anos. Sinais positivos dessa mudança são, a incor-
poração do Programa Nacional de Saneamento a Baixo Custo dentro da estrutura da DNA e
a concentração das atenções relativas ao saneamento urbano num departamento específico
(DES).

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