Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
C A P I TA L P S I CO LÓ G I CO,
E S T R AT ÉG I A E G E S TÃO
NA DIVERSIDADE DAS
ORGANIZAÇÕES
COORDENAÇÃO
L i s e t e M ó n i c o [ FA C U L D A D E D E P S I C O LO G I A
E DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA ]
C a r l a C a r v a l h o [ FA C U L D A D E D E P S I C O LO G I A
E DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA ]
2019
FICHA TÉCNICA
TÍTULO AUTORES
Capital Psicológico, Estratégia e Gestão na Diversidade Albino Lopes
das Organizações Ana Magnólia Bezerra Mendes
Andreia Filipa Antunes Moura
ORGANIZADORES Carla Maria Santos de Carvalho
Lisete Mónico, Faculdade de Psicologia e de Ciências Carlos António Pinheiro Francisco e Silva
da Educação da Universidade de Coimbra, Portugal. Carlos Eduardo Carrusca Vieira
Carla Carvalho, Faculdade de Psicologia e de Ciências Elisabeth de Jesus Oliveira Brito
da Educação da Universidade de Coimbra, Portugal. Fernando de Oliveira Vieira
Damasceno Dias, ISCSP - Instituto Superior de Ciências Francisca do Vale
Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, Portugal. Helena Isabel Simões Seco
Pedro Parreira, Escola Superior de Enfermagem de Jairo Eduardo Borges-Andrade
Coimbra, Coimbra -Portugal. João César de Freitas Fonseca
Jorge Correia Jesuíno
José António Ferreira Porfírio
José Manuel de Albuquerque Portocarrero Canavarro
ANO DE PUBLICAÇÃO
Karinne Leissa Torres Bezerra
2019
Laene Pedro Gama
Leonor Maria Gonçalves Pacheco Pais
ISBN
Lisete dos Santos Mendes Mónico
978-989-99775-4-9
Lúcia Ribeiro, Lúcia Patrícia Neves Ribeiro
Mara Marçal Sales
Maria Do Rosário Campos Mira
Marina Romeo
Montserrat Yepes-Baldó
Nuno Rebelo dos Santos
Ornela Oliveira Harris
Pedro Miguel Dinis Santos Parreira
Raquel Corker de Macedo
Regina Monteiro Campolina Barbosa
Rita Oliveira Teixeira Alegre
Rita Tavares Fonseca
MAQUETIZAÇÃO
Eurico Nogueira
ÍNDICE
1 Agradecimentos
3 Notas Biográficas dos Coordenadores Científicos do Livro
5 Notas Biográficas dos autores
15 Prefácio
Teresa Rebelo
CAPÍTULO 1
23 Análise bibliométrica do capital psicológico
Leonor Pais
Nuno Rebelo dos Santos
Lisete dos Santos Mónico
Helena Isabel Simões Seco
CAPÍTULO 2
51 Capital psicológico: Um estudo sobre o significado das suas
dimensões
Nuno Rebelo dos Santos
Leonor Pais
Lisete dos Santos Mónico
Raquel Corker de Macedo
CAPÍTULO 3
73 Teoria dos stakeholders e tomada de decisão dos gestores:
Constrangimentos e implicações para o processo de
conciliação de interesses dos stakeholders organizacionais
Carla Carvalho
Lúcia Ribeiro
Lisete Mónico
Damasceno Dias
Pedro Parreira
CHAPTER 4
101 Managerial decision-making and stakeholders interests:
What changes from 2009 to 2018?
Rita Oliveira Teixeira Alegre
Lisete S. Mónico
Carla Carvalho
CHAPTER 5
123 A voyage from country of origin effect to brand origin – A
literature review approach
José António Ferreira Porfírio
Lisete dos Santos Mendes Mónico
Carlos António Pinheiro Francisco e Silva
CAPÍTULO 6
139 Gestão do conhecimento, imagem organizacional e
administração pública local
Lisete Mónico
Leonor Pais
Elisabeth Brito
Ornela Harris
CAPÍTULO 7
163 O impacto da cultura organizacional nos estilos de gestão
de conflito
Francisca Correia do Vale
Lisete Mónico
Carla Carvalho
Jorge Correia Jesuíno
Pedro Parreira
CAPÍTULO 8
191 Narrativas organizacionais: Contributos para a mudança
organizacional
Damasceno Dias
Lisete Mónico
Carla Carvalho
Pedro Parreira
Albino Lopes
CAPÍTULO 9
215 Indústria 4.0, educação, competências, emprego e trabalho
José Manuel Portocarrero Canavarro
CAPÍTULO 10
235 Estratégias de aprendizagem no trabalho de empresários
juniores: Os efeitos da experiência e do suporte
Karinne Leissa Torres Bezerra
Jairo Eduardo Borges-Andrade
CHAPTER 11
261 The effect of strategies and policies aimed at the inclusion of
people with disabilities on employees
Marina Romeo
Montserrat Yepes-Baldó
CAPÍTULO 12
279 Turismo e saúde: Estratégias para a gestão do stresse na
incapacidade
Andreia Filipa Antunes Moura
Maria do Rosário Campos Mira
CAPÍTULO 13
303 Grupos Balint e o desenvolvimento profissional contínuo na
profissão médica
Rita Tavares Fonseca
Nuno Rebelo dos Santos
CAPÍTULO 14
327 Processos de gestão universitária e adoecimento: Reflexões
sobre saúde mental e trabalho docente em uma universidade
brasileira
João César de Freitas Fonseca
Mara Marçal Sales
Carlos Eduardo Carrusca Vieira
Regina Monteiro Campolina Barbosa
CAPÍTULO 15
347 Contribuição da psicodinâmica do trabalho para o conceito
de gestão: Lugar do sujeito no mundo produtivo
Fernando de Oliveira Vieira
Ana Magnólia Bezerra Mendes
Laene Pedro Gama
AGRADECIMENTOS
À Profª Doutora Teresa Rebelo, pelo enriquecimento desta obra com um prefácio alusivo à
ciência pragmática e à “organização das organizações”.
Aos autores dos diversos capítulos, pelo prestimoso contributo na partilha do conhecimento
consubstanciado nesta obra.
NOTAS BIOGRÁFICAS DOS COORDENADORES CIENTÍFICOS
DO LIVRO
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
3
Estágios da OPP. Membro da CEDI: Comissão de Ética e Deontologia da Investigação
da FPCE-UC. Membro integrado da Unidade de I&D - IPCDHS: Instituto de Psicologia
Cognitiva, Desenvolvimento Humano e Social da FPCE-UC. Revisora de Revistas nacionais
e Internacionais. Formadora certificada e Consultora - Área: Psicologia das Organizações,
do Trabalho e dos Recursos Humanos. Email: ccarvalho@fpce.uc.pt
Damasceno Dias, é Subdirector-Geral da AT é doutorado em Gestão pelo ISCTE, pós-
doutorado em Modelos de Governação pelo ISCSP e possui um Executive Master em
Driving Performance Government pela Harvard University. É Vice-Presidente da APG
- Associação Portuguesa de Pessoas. Exerceu cargos directivos em Institutos Públicos,
foi membro em Conselhos de Administração de Instituições Financeiras, é docente
universitário no ISCSP – Universidade de Lisboa e no grupo Lusófona, leccionou também
no ISCTE e na Católica Business Scholl do Porto. É autor do livro “Fusões e Aquisições – A
importância da Liderança Intermédia”, tem diversos artigos publicado na área da gestão,
comunicação organizacional, mudança, liderança e cultura a nível nacional e internacional
e é investigador no CAPP - ISCSP integrando o Grupo de Investigação em Ciências da
Administração. Orienta doutoramentos e mestrados – Email ddias@iscsp.ulisboa.pt
Pedro Miguel Dinis Santos Parreira, é professor coordenador da Escola Superior
de Enfermagem de Coimbra. Especialista em Enfermagem de Reabilitação, Mestre
em comportamento Organizacional (ISPA), Doutorado em Gestão, especialidade em
Organização e Desenvolvimento de Recursos Humanos pelo ISCTE e pós doutorado
em Enfermagem pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Publicou 15 livros,37
capítulos de livros e vários artigos em mais de 40 revistas nacionais e internacionais, revisor
de 10 revistas nacionais e internacionais. Leciona/leccionou várias unidades curriculares
nomeadamente Gestão em Enfermagem, Integração à vida Profissional, Gestão para a
prática especializada, Análise Quantitativa de Dados Assistida por Computador; Gestão de
Pessoas; Empreendedorismo; Tecnologia em Saúde e em Enfermagem; Gestão de Serviços
de Enfermagem; Gestão de Serviços e Equipamentos em Geriatria; Envelhecimento, Saúde
e Cidadania; Administração em Saúde às licenciaturas e mestrados em Enfermagem.
É professor convidado de várias universidades internacionais. É membro da unidade de
investigação UICISA:E., coordenador executivo do TecCare da UICISA:E e coordenador do
Gabinete de Empreendedorismo da ESEnfC. Tem PI registada, vários pedidos de patente
submetidos e 19 projetos premiados na área da inovação. Coordena e participa participou
em 14 projetos financiados: Portugal2020, SAICT-FCT, POCI-FEDER, CENTRO, POCTEP-4IE,
ERASMUS KA2 com orçamento de 3,4 milhões euros. Orientou 10 Doutoramentos e 24
Mestrados. Email: parreira@esenfc.pt
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
5
acessível: Cocriação de experiências turísticas através de sistemas inteligentes com base
na Web, financiado pela FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia) através do Acordo
de Parceria Portugal 2020. Tem trabalhado e investigado nas seguintes áreas: turismo
acessível, turismo social, planeamento e competitividade de destinos turísticos, qualidade
em turismo e capital humano em turismo. É Membro integrado na GOVCOPP/ UA,
Portugal, colaborador no CiTUR, Portugal e na Alliance on Research da ISTO (International
Social Tourism Organisation). Revisora de Revistas nacionais e internacionais e Formadora
certificada. Email: andreiamoura@esec.pt
Carla Maria Santos de Carvalho, Doutorada em Psicologia – área de Psicologia das
Organizações e do Trabalho pela FPCE-UC, é docente e investigadora na FPCE da Universidade
de Coimbra, Portugal. Tem trabalhado e investigado nas seguintes áreas: Empreendedorismo,
Gestão de Emoções no Trabalho, Work-life balance, Abordagem dos stakeholders e tomada
de decisão dos gestores, Riscos Psicossociais e Qualidade de Vida no Trabalho. É Vice-
Coordenadora do Mestrado Europeu on Work, Organizational and Personnel Psychology – with
the support of Erasmus+ programme of European Union, pela Universidade de Coimbra, Portugal.
É Coordenadora de estágios dos Mestrados: Integrado em Psicologia das Organizações e do
Trabalho, e do Mestrado Europeu, ambos da FPCE-UC. Membro da Ordem dos Psicólogos
Portugueses (OPP) e orientadora de Estágios da OPP. Membro da CEDI: Comissão de Ética e
Deontologia da Investigação da FPCE-UC. Membro integrado da Unidade de I&D - IPCDHS:
Instituto de Psicologia Cognitiva, Desenvolvimento Humano e Social da FPCE-UC. Revisora de
Revistas nacionais e Internacionais. Formadora certificada e Consultora - Área: Psicologia das
Organizações, do Trabalho e dos Recursos Humanos. Email: ccarvalho@fpce.uc.pt
Carlos António Pinheiro Francisco e Silva Doutorado em Gestão no ramo de Estratégia
pela Universidade Aberta, docente e investigadora na Universidade Europeia, Portugal.
Tem trabalhado e investigado nas seguintes áreas: Branding, Country Image, Country of
origin effect, marketing. É gerente da Meethink, Lda., empresa que se dedica a negócios
internacionais, market entry, marketing internacional, gestão de eventos e feiras profissionais
internacionais. Revisor de Revistas Internacionais. Formador certificado e Consultor - Área:
Estratégia, Gestão e Marketing. Email: carlos.silva@universidadeeuropeia.pt
Carlos Eduardo Carrusca Vieira (Brasil), Pós-doutorando em Psicologia pelo Programa
de Pós-graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais,
Doutor e Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Coordenador
do Curso de Psicologia da PUC Minas – Unidade São Gabriel e Professor da Faculdade de
Psicologia da PUC Minas. Desenvolve estudos em Psicologia do trabalho, com ênfase nas
dimensões ergonômicas, organizacionais e psicossociais do trabalho.
E-mail: carlos.carrusca@outlook.com. Lattes: http://lattes.cnpq.br/9703434448969811.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
7
e Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (2010). Foi pesquisador da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (1979-1993), onde desenvolveu atividades
ligadas a gestão de pessoas e de ciência e tecnologia. A partir de 1993, é professor titular
da Universidade de Brasília, onde faz pesquisa (Aprendizagem, Processos Psicossociais
e Mudança nas Organizações), ensino (Graduação, Mestrado e Doutorado) e extensão
(Treinamento e Desenvolvimento de Pessoal). Gestão realizada em entidades científicas
e profissionais: Capes (Psicologia), CNPq (Psicologia), ANPEPP, SBPOT, CFP e CRP-01. Link
para CV: http://lattes.cnpq.br/3622720842959126 .
Email de contato: jairo.borges@gmail.com.
João César de Freitas Fonseca (Brasil), Pós-doutorando em Psicologia pela Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), Doutor em Educação pela
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). É Professor Adjunto da Faculdade de
Psicologia da PUC Minas. Tem desenvolvido estudos em torno das seguintes temáticas:
abordagens clínicas do trabalho; saúde do servidor público; adolescência e trabalho;
educação profissional; formação de psicólogos. Atua como Assessor de Recursos
Humanos junto à Escola de Engenharia da (UFMG). E-mail: jcesar@ufmg.br.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/0016680859233685. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-3286-1812.
Jorge Correia Jesuíno, licenciado em Filosofia pela Universidade de Lisboa, doutorado
e agregado em Sociologia pela Universidade Técnica de Lisboa. Professor Emérito do
Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa - Instituto Universitário de
Lisboa (ISCTE-IUL). Professor Catedrático na Universidade Lusófona de Humanidades e
Tecnologia. Autor de livros, artigos e capítulos na área da liderança e processos de grupo,
teoria das representações sociais, sociologia da ciência tanto no âmbito nacional como
internacional. Email de contacto: jorge.correia.jesuino@gmail.com
José António Ferreira Porfírio, is Associate Professor for Management at Universidade
Aberta where he teaches since 1996. He was a former Director of the Social Sciences and
Management Department (from January 2009 until January 2013). He is currently Pro-
Rector for Projects Research and Development (since 2015) and coordinates the Office
for Research Projects and Development of UAb since 2014. He has been a coordinator of
several European Projects like the Leonardo da Vinci Transfer of Innovation Project called
CINETwork of Entrepreneurs, dedicated to the entrepreneurship in Creative Industries in
the EU and an Erasmus+ Strategic Partnership Project dedicated to the Social Inclusion
of visual and hearing-impaired persons in Higher Education that was distinguished with
the award of Good Practices by the Erasmus+ Projects in 2017. Presently he coordinates a
European Project on Family Business Succession in European Union. José holds a PhD in
Management (specialization in Strategy), since 2005, at Universidade Aberta, a degree in
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
9
Leonor Maria Gonçalves Pacheco Pais, Leonor Pais é Professora e investigadora na
Universidade de Coimbra (FPCE). Coordenadora em Portugal do Erasmus Mundus Joint
Master Degree in Work, Organizational and Personnel Psychology (WOP-P/Erasmus+)
e membro do Instituto de Psicologia Cognitiva, Desenvolvimento Humano e Social
(IPCDHS). Os seus principais interesses de investigação relacionam-se com a gestão
do conhecimento, gestão de recursos humanos, cooperação e trabalho digno. Nestes
domínios foi investigadora principal, assim como membro de equipa de diversos
projectos de investigação financiados nacional e internacionalmente. Para além das
actividades de ensino e investigação, tem estado envolvida em atividades de gestão
e tem sido membro de painéis de avaliação da Fundação para a Ciência e Tecnologia.
Autora e co-autora de livros, capítulos de livros e artigos em revistas tais como Journal
of Knowledge Management, Managing Service Quality, International Labour Review e
Applied Research in Quality of Life. Email de contacto: leonorpais@fpce.uc.pt
Lisete dos Santos Mendes Mónico docente da Faculdade de Psicologia e de Ciências
da Educação da Universidade de Coimbra desde 1999, onde leciona disciplinas de
Psicologia Social e de Metodologia da Investigação e orienta teses de mestrado,
doutoramento e pós-doc. Atual coordenadora das Relações Internacionais na Faculdade
de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra e investigadora no
IPCDHS - Instituto de Psicologia Cognitiva, Desenvolvimento Humano e Social (unidade
de I&D - FCT). Doutorada em Psicologia Social pela Universidade de Coimbra (2010),
concluiu o Mestrado Europeu em Psicologia Social na Universidade do Porto (2003) e
o Diploma de Estudos Avançados em Psicologia Social na Università degli Studi di Bari
(2001). Recebeu 5 prémios. Participa em diversos projetos de investigação. É autora de
livros, capítulos de livros e publicações em revistas com fator de impacto e outras revistas
científicas com revisão por pares.
Links para o CV: http://www.uc.pt/fpce/faculdade/pessoas/docentes/monico
https://www.researchgate.net/profile/Lisete_Monico
Email de contacto: lisete.monico@fpce.uc.pt
Lúcia Patrícia Neves Ribeiro, Mestre em Psicologia das Organizações e do Trabalho,
pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, é
Human Resources Assistant na Critical Software, S.A. Link para o CV: linkedin.com/in/
lúcia-ribeiro-89a22418. Email: lucia.ribeiro@sapo.pt.
Mara Marçal Sales (Brasil), Doutora em Educação, área de concentração Educação
e Trabalho, pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais e
Mestre em Psicologia, área de concentração Psicologia Social, pela mesma universidade.
É professora da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Tem trabalhado e
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
11
Montserrat Yepes-Baldó, PhD in Psychology from the University of Barcelona. Professor
at the Faculty of Psychology of the University of Barcelona, coordinator of the People and
Team Management and Development in Organizations master’s degree program, and
member of the Research Group in Social, Environmental and Organizational Psychology
(PsicoSAO). Director of the Department of Psychology of the Catedra FA – Universitat
de Barcelona for the Labor Inclusion of People with Disabilities. She has carried out
research and published studies in the field of social and organizational psychology.
Email: myepes@ub.edu
Researchgate: https://www.researchgate.net/profile/Montserrat_Yepes-Baldo
Nuno Rebelo dos Santos, Doutor em Psicologia pela Universidade de Évora, tem
longa experiência no ensino superior, particularmente como supervisor científico de
dissertações de mestrado e teses de doutoramento. Tem realizado investigação sobre
diversas ações estruturadas de desenvolvimento intencional focadas na maturidade e
no desempenho profissional.
Ornela Oliveira Harris, Mestre em Psicologia – área de Psicologia do Trabalho e das
Organizações pela Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação da Universidade
de Coimbra. É consultora na Capgemini Portugal, onde tem trabalhado nas áreas dos
Recursos Humanos. Email: harris.ornela@gmail.com
Pedro Miguel Dinis Santos Parreira, é professor coordenador da Escola Superior
de Enfermagem de Coimbra. Especialista em Enfermagem de Reabilitação, Mestre em
comportamento Organizacional (ISPA), Doutorado em Gestão, especialidade em Organização
e Desenvolvimento de Recursos Humanos pelo ISCTE e pós doutorado em Enfermagem pela
Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Publicou 15 livros,37 capítulos de livros e vários
artigos em mais de 40 revistas nacionais e internacionais, revisor de 10 revistas nacionais
e internacionais. Leciona/leccionou várias unidades curriculares nomeadamente Gestão
em Enfermagem, Integração à vida Profissional, Gestão para a prática especializada, Análise
Quantitativa de Dados Assistida por Computador; Gestão de Pessoas; Empreendedorismo;
Tecnologia em Saúde e em Enfermagem; Gestão de Serviços de Enfermagem; Gestão de
Serviços e Equipamentos em Geriatria; Envelhecimento, Saúde e Cidadania; Administração
em Saúde às licenciaturas e mestrados em Enfermagem. É professor convidado de várias
universidades internacionais. É membro da unidade de investigação UICISA:E., coordenador
executivo do TecCare da UICISA:E e coordenador do Gabinete de Empreendedorismo da
ESEnfC. Tem PI registada, vários pedidos de patente submetidos e 19 projetos premiados na
área da inovação. Coordena e participa participou em 14 projetos financiados: Portugal2020,
SAICT-FCT, POCI-FEDER, CENTRO, POCTEP-4IE, ERASMUS KA2 com orçamento de 3,4 milhões
euros. Orientou 10 Doutoramentos e 24 Mestrados. Email: parreira@esenfc.pt
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
13
PREFÁCIO
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
15
Te r e s a R e b e l o
A leitura desta obra constitui, assim, uma viagem por diversos temas e questões
relacionadas com o mundo organizacional atual. Cabe-me, neste prefácio, ser o guia
desta viagem, introduzindo, de uma forma breve, os diversos locais de interesse de
aprendizagem e reflexão. Iniciemos, então, esta viagem.
Os dois primeiros capítulos que encontramos neste livro debruçam-se sobre o capital
psicológico, isto é, sobre um constructo que deriva da psicologia positiva e que é
definido como um estado psicológico caracterizado por sentimentos de autoeficácia,
otimismo, esperança e pela capacidade de resiliência.
No primeiro capítulo, Leonor Pais, Nuno Rebelo dos Santos, Lisete Mónico e Helena Seco
apresentam uma análise bibliométrica de uma década de publicações sobre o constructo
capital psicológico. A análise de 94 artigos publicados em língua inglesa oferece uma
panorâmica sobre a investigação em torno deste tópico, designadamente em termos de:
número de artigos por ano, identificação dos autores que a ele se têm dedicado, revistas
onde o seu trabalho foi publicado, tipo de artigos publicados, posicionamento e nível
de análise do capital psicológico nos desenhos de investigação. Esta análise revela, entre
outros dados, que o nome de Fred Luthans surge como incontornável na investigação
publicada sobre capital psicológico, que este constructo tem sido maioritariamente
estudado como variável independente, no sentido de perceber os seus efeitos, e que,
apesar de este constructo poder ser operacionalizado a vários níveis de análise, como o
grupal, a maioria dos estudos foca o nível de análise individual.
No segundo capítulo, Nuno Rebelo dos Santos, Leonor Pais, Lisete Mónico e Raquel Macedo
apresentam um estudo qualitativo cujo objetivo é contribuir para o aprimoramento
conceptual e para a clarificação das fronteiras entre as diferentes dimensões do
capital psicológico (otimismo, esperança, autoeficácia e resiliência). Tendo por base a
comparação dos dados obtidos em 113 entrevistas semiestruturadas (a cidadãos não
especialistas no constructo) com a literatura, os autores destacam a emergência de
algumas diferenças conceptuais que devem ser alvo de futura investigação, salientando,
entre outras pistas de estudo, a revisão das questões utilizadas nos instrumentos de
medida do capital psicológico ou a análise da influência da diversidade cultural no
significado concetual das dimensões que integram o capital psicológico.
Os dois capítulos que se seguem (o terceiro e o quarto) têm por base a teoria dos
stakeholders e centram-se na análise da tomada de decisão dos gestores no que toca
à gestão equilibrada dos interesses das diferentes partes interessadas na organização.
Alicerçada numa visão sistémica das organizações, a teoria dos stakeholders enfatiza
que as organizações possuem relações com vários grupos (i.e., acionistas, investidores,
gestores de topo, colaboradores, fornecedores, credores, clientes, governo, sindicatos,
16 Prefácio
comunidade e sociedade em geral), sendo que a obtenção de resultados favoráveis (e.g.,
económico-financeiros, sociais, ambientais) depende da eficácia da gestão das relações
da organização com estes grupos.
Neste sentido, o estudo apresentado por Carla Carvalho, Lúcia Ribeiro e Lisete Mónico,
no terceiro capítulo, analisa os fatores que condicionam as decisões dos gestores no que
respeita à gestão equilibrada dos interesses dos stakeholders, assim como as implicações
das abordagens utilizadas nos processos e resultados organizacionais. Através da
aplicação do Protocolo/Simulação Situacional Experimental (Reynolds, Schultz e
Hekman, 2006) a uma amostra de 108 gestores de empresas portuguesas, os resultados
obtidos sugerem que o grau de divisibilidade dos recursos, o nível de saliência dos
stakeholders e a pertença ao grupo de acionistas/proprietários da empresa são fatores
que influenciam a forma como os gestores distribuem os recursos organizacionais (e.g.,
lucros) pelas várias partes que neles possuem interesses ou direitos. Neste contexto, uma
abordagem de longo prazo possui um valor instrumental e normativo superior para
equilibrar adequadamente os interesses dos vários constituintes organizacionais.
Por sua vez, no quarto capítulo, o estudo apresentado por Rita Alegre, Lisete Mónico e
Carla Carvalho (em continuidade do estudo apresentado no capítulo anterior) tem como
objetivo, através da utilização do mesmo desenho de investigação, analisar como os
gestores, no contexto português, equilibravam os interesses das partes interessadas em
2009 (amostra de 108 gestores) e em 2018 (amostra de 105 gestores). Da comparação
dos resultados obtidos nas duas amostras, ressaltam algumas semelhanças (como,
por exemplo, a abordagem de decisão cruzada ser percebida como tendo maior
valor instrumental para a organização em ambas as amostras), mas também algumas
diferenças (como, por exemplo, os resultados não serem semelhantes nos dois anos em
análise, relativamente à perceção do valor instrumental da decisão para o gestor e da
ética da decisão).
Continuando a ter como “pano de fundo” o conceito de stakeholder, o quinto e o sexto
capítulos focam um stakeholder que tem recebido elevada atenção da literatura, o
cliente/consumidor.
José Porfírio, Lisete Mónico e Carlos Silva são os autores do quinto capítulo, onde é efetuada
uma revisão de literatura sobre o efeito do país de origem de um produto ou serviço no
consumidor. Nesta revisão constatam que, no final dos anos 90, a pesquisa começou a
descentrar-se do país de origem para se centrar na origem da marca. É enfatizado que a
origem percebida da marca funciona como um apelo para o consumidor, até por razões
ligadas a estereótipos, relegando para segundo plano a questão de onde a empresa
produz os seus bens ou serviços.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
17
Te r e s a R e b e l o
Por sua vez, Lisete Mónico, Leonor Pais, Elisabeth Brito e Ornela Harris são as autoras
de um estudo que analisa a influência da gestão do conhecimento na imagem das
câmaras municipais junto dos seus clientes. As respostas de 1307 colaboradores de 75
câmaras municipais e de 2119 clientes permitiram caracterizar as práticas de gestão
do conhecimento nestas instituições, bem como a imagem que os clientes têm destas
organizações. Apesar de os resultados revelarem que as práticas formais e informais de
gestão do conhecimento não exercem uma influência significativa sobre a imagem
desenvolvida pelos clientes relativamente a estas organizações, este estudo abre
caminho para futuras investigações sobre esta ligação.
O sétimo e o oitavo capítulos abordam o lado simbólico da organização, enfatizando
que uma organização é, também ela, uma construção dos atores organizacionais e um
sistema de significados partilhados ou, como Gomes (2000) tão bem explica, vista como
cultura, a organização é uma “mini sociedade”, com linguagem, símbolos e ritos próprios,
com uma matriz interpretativa comum, com um percurso que a distingue e singulariza
de outras organizações, que até podem ser semelhantes, nas nunca iguais.
Assim, no sétimo capítulo é apresentado um estudo desenvolvido por Francisca Vale,
Lisete Mónico, Carla Carvalho, Jorge Correia Jesuíno e Pedro Parreira, que visou analisar
a relação entre cultura organizacional e estratégias de gestão de conflito. Os resultados
obtidos numa amostra de 181 trabalhadores residentes em Portugal sugerem que
culturas organizacionais mais flexíveis promovem estilos de gestão de conflitos também
eles mais flexíveis e colaborativos, de adaptação e de procura de soluções.
Damasceno Dias, Lisete Mónico, Carla Carvalho, Pedro Parreira e Albino Lopes, no
oitavo capítulo, realçam a importância da linguagem, da comunicação, da cultura, dos
discursos e das histórias e narrativas organizacionais para compreender como é que as
pessoas lidam e dão sentido a cenários de mudança organizacional. Utilizam, assim,
a narrativa enquanto metodologia de investigação-ação num estudo onde o objetivo
é compreender a forma como o processo de fusão de dois institutos públicos foi
implementado, assim como as consequências dessa implementação.
O nono e o décimo capítulos direcionam-nos para questões relacionadas com a
aprendizagem, as estratégias de aprendizagem, as competências, a escola e o trabalho.
José Manuel Canavarro apresenta, no nono capítulo, um ensaio sobre um atual e
relevante tema – a indústria 4.0 – e as suas implicações para os contextos da educação,
da formação, do emprego e do trabalho. Nesta reflexão, o autor leva-nos de uma
caracterização das quatro revoluções industriais até ao Séc. XXI, onde aborda várias
questões, tais como, se as novas competências requeridas serão mesmo competências
18 Prefácio
novas, se estaremos perante um novo paradigma da aprendizagem, se estaremos
preparados para a mudança, ou se haverá ou não efeitos negativos no emprego.
Karinne Bezerra e Jairo Borges-Andrade focam a sua investigação, apresentada no
décimo capítulo, nos empresários juniores, e nas estratégias de aprendizagem que estes
utilizam. Os dois estudos que descrevem, o primeiro, de natureza qualitativa, tendo por
base entrevistas coletivas semiestruturadas a 40 empresários juniores, e o segundo, de
natureza quantitativa, tendo por base as respostas de 391 empresários juniores a um
questionário online, sugerem que estes empresários utilizam, de forma mais frequente,
estratégias de aprendizagem comportamentais. Todavia, à medida que adquirem
mais experiência de trabalho, tendem a mudar a forma como aprendem. A relação
significativa que emergiu entre a utilização de estratégias de aprendizagem e o suporte
dado à mesma, reforça a necessidade de as organizações oferecerem mecanismos de
suporte à aprendizagem.
Os cinco últimos capítulos que integram esta obra abordam questões relacionadas com
a saúde e o bem-estar, ainda que sob diferentes ângulos, abordagens e focos.
O décimo primeiro capítulo foca-se na integração de pessoas portadoras de deficiência
no mundo do trabalho. Marina Romeo e Montserrat Yepes-Baldó analisam as bases
teóricas do efeito de estratégias e políticas organizacionais voltadas para a inclusão
destas pessoas no seu bem-estar, na sua segurança e na sua relação com a organização.
Apresentam, também, alguns resultados obtidos no âmbito da investigação desenvolvida
pelo grupo liderado pela primeira autora, assim como um modelo de diagnóstico e
intervenção por este grupo desenvolvido - o DIL-D ©, que visa contribuir para o sucesso
das organizações, ao fornecer instrumentos para medir o nível de implementação de
políticas e estratégias de inclusão de pessoas portadoras de deficiência.
O capítulo seguinte, da autoria de Andreia Moura e Maria do Rosário Mira, relaciona
turismo e saúde ao centrar-se na noção do lazer como mecanismo de coping para gerir o
stresse nas pessoas com incapacidade. Dos dados obtidos através de um inquérito a 306
pessoas com incapacidade emergiu uma relação positiva entre turismo, saúde, stress-
coping e bem-estar global. Sendo o primeiro estudo realizado em Portugal a interligar
turismo, saúde, stresse- coping tendo como foco a população com incapacidade,
este sugere, desde já, a relevância do desenvolvimento de novos produtos turísticos
direcionados para as necessidades específicas desta população.
Rita Fonseca e Nuno Rebelo dos Santos são os autores do décimo terceiro capítulo, que
versa sobre a utilização de grupos Balint (grupos de discussão de casos que têm a finalidade
de promover um novo olhar dos médicos sobre o seu desempenho diário) enquanto
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
19
Te r e s a R e b e l o
Teresa Rebelo
Professora Auxiliar
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação
Universidade de Coimbra
20 Prefácio
Referências
Anderson, N., Herriot, P., & Hodgkinson, G. P. (2001). The practitioner-researcher divide in industrial,
work and organizational (IWO) psychology: Where are we now, and where do we go from
here? Journal of Occupational and Organizational Psychology, 74, 391-411.
Gomes, A. D. (2000). Cultura Organizacional: Comunicação e Identidade. Coimbra: Quarteto Editora.
Reynolds, S. J., Schultz, F. C., & Hekman, D. R. (2006). Stakeholder theory and managerial decision-
making: Constraints and implications of balancing stakeholder interests. Journal of Business
Ethics, 64, 285-301.
Te r e s a R e b e l o
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
21
CAPÍTULO 1
Leonor Pais*
Nuno Rebelo dos Santos**
Lisete dos Santos Mónico*
Helena Isabel Simões Seco*
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo descrever as características da produção científica
sobre Capital Psicológico entre 2004 e 2014, através de um estudo bibliométrico. Esta análise
incidiu sobre 94 artigos publicados em língua inglesa e recolhidos em quatro conjuntos de
bases de dados: B-On, Ovid, Pro-Quest e EBSCO. São considerados os seguintes critérios:
o processo de levantamento bibliográfico, o número de artigos publicados por ano e a
tipologia de artigos publicados, os periódicos que mais publicaram e o seu fator de impacto
e, finalmente, os autores que mais publicaram sobre o tema. Os resultados mostram que o
PsyCap é estudado mais vezes como variável independente e que a maioria dos estudos
se foca no nível individual de análise.
Palavras-chave: Análise bibliométrica, publicações, capital psicológico.
ABSTRACT
The purpose of this paper is to describe the characteristics of the scientific literature on
Psychological Capital between 2004 and 2014, through a bibliometric analysis. This analysis
focused on 94 articles collected in four sets of databases: B-on, Ovid, Pro-Quest and EBSCO. We
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
23
Leonor Pais, Nuno Rebelo dos Santos, Lisete dos Santos Mónico & Helena Isabel Simões Seco
considered the following criteria: the bibliography-collecting process, the number of published
articles per year and the type of published articles, the periodicals which published most and
their impact factor, and finally, the authors who published most about the theme. The results
show us that PsyCap is most frequently studied as an independent variable and most studies
focus on the individual level of analysis.
Keywords: bibliometric analysis, publications, psychological capital.
2. OBJETIVOS
O objetivo geral do presente trabalho é caracterizar a evolução da produção científica
publicada em língua inglesa sobre PsyCap. De forma a concretizar este objetivo mais
abrangente foram definidos objetivos específicos com base nas aplicações da análise
bibliométrica descritas por Vanti (2002, p. 155), nomeadamente: (1) caracterizar o
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
25
Leonor Pais, Nuno Rebelo dos Santos, Lisete dos Santos Mónico & Helena Isabel Simões Seco
crescimento da investigação sobre PsyCap; (2) analisar a frequência dos temas estudados
na relação com o PsyCap; (3) caracterizar os estudos conceptuais, os empíricos e
os modelos mais frequentes; (4) identificar os periódicos com maior frequência na
publicação do PsyCap e o respetivo fator de impacto; e, por fim, (5) identificar os autores
com maior frequência na publicação sobre PsyCap de entre o conjunto de artigos
recolhido.
3. MÉTODO
A análise biliométrica é um método quantitativo que através da análise de frequências
(de aspetos como autores, periódicos, temas, variáveis, relações entre variáveis) permite
a construção de uma classificação alicerçada em diferentes categorias. A presente
análise foi concebida e realizada em várias etapas, sendo a primeira a definição de
critérios. Esta exerceu uma dupla função: esboçou os contornos do levantamento
bibliográfico e permitiu criar o quadro de leitura à luz do qual se faz a análise dos
artigos recolhidos. Foram definidos seis critérios. O primeiro delimita o período
a ser analisado que é de 2004 a 2014. A data de 2004 justifica-se pelo surgimento
da primeira definição do PsyCap por Luthans, Luthans e Luthans (2004). A estrutura
do PsyCap apresentada por estes autores é a mais frequente na amostra de artigos
recolhida e integra a esperança, a auto-eficácia, a resiliência e o otimismo. Já o ano de
2014 ficou a dever-se ao facto de permitir estudar 10 anos de produção científica sobre
o conceito. O segundo critério define que o documento alvo de análise é o artigo
científico revisto por pares e publicado em inglês. Qualquer outro tipo de documento
é excluído (e.g., livros, capítulos de livros, publicações em proceedings), assim como
qualquer outro idioma. O terceiro critério respeita à identificação dos conceitos com os
quais o PsyCap foi relacionado, distinguindo os mais dos menos frequentes. O quarto
respeita à identificação dos modelos de investigação e nível de análise predominantes.
Já o quinto é referente à identificação dos autores que mais têm contribuído para a
produção científica publicada sobre PsyCap. O sexto e último critério remete para a
identificação dos periódicos que mais publicam sobre PsyCap e do respetivo fator de
impacto.
A expressão-chave escolhida para efetuar o levantamento bibliográfico foi psychological
capital, visto que permitiu obter mais resultados do que PsyCap. As bases de dados
escolhidas foram a Pro-Quest, a B-On, a EBSCO e a Ovid. Esta escolha justifica-se pelo
facto de termos total acesso a estas quatro bases e por estas cobrirem, no seu conjunto,
a maior parte da produção científica internacional escrita em língua inglesa. A recolha
4. RESULTADOS
Reveste-se agora de pertinência perceber as características das publicações recolhidas.
Assim, as subsecções seguintes procurarão responder aos objetivos anteriormente
apresentados.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
27
Leonor Pais, Nuno Rebelo dos Santos, Lisete dos Santos Mónico & Helena Isabel Simões Seco
Resultados Excluídos na
Não encontrados Pré-análise Para analisar
obtidos pré-análise
B-On 153* 14 74 11 63
Ovid 61 4 57 5 52
Pro-Quest 19 - 19 2 17
EBSCO 13 - 13 6 7
Total 181 18 163 24 139
* Os resultados foram de 153 documentos, estando 139 classificados como artigos; dos 139, 51 eram
resultados repetidos na mesma base de dados e 14 não foram encontrados, ficando 74 artigos para a pré-
análise.
Ano f %
2004 1 1.06
2005 1 1.06
2006 5 5.32
2007 2 2.13
2008 6 6.38
2009 3 3.19
2010 6 6.38
2011 12 12.77
2012 19 20.21
2013 18 19.15
2014 21 22.34
Total 94 100
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
29
Leonor Pais, Nuno Rebelo dos Santos, Lisete dos Santos Mónico & Helena Isabel Simões Seco
Tipo de artigo f %
Empírico 76 80.85
Conceptual 18 19.15
Total 94 100
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
31
Leonor Pais, Nuno Rebelo dos Santos, Lisete dos Santos Mónico & Helena Isabel Simões Seco
A análise dos modelos de investigação encontrados nos artigos, das variáveis estudadas
em relação com o PsyCap e do nível de análise foi realizada em 65 dos 76 artigos.
PsyCap no modelo f
PsyCap como variável independente 32
PsyCap como variável mediadora 15
PsyCap em correlação com outras variáveis 11
PsyCap como variável dependente 6
PsyCap como variável moderadora 5
Total de artigos 69
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
33
Leonor Pais, Nuno Rebelo dos Santos, Lisete dos Santos Mónico & Helena Isabel Simões Seco
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
35
Leonor Pais, Nuno Rebelo dos Santos, Lisete dos Santos Mónico & Helena Isabel Simões Seco
Nível f %
Individual 61 93.85
Grupal 2 3.08
Organizacional 2 3.08
Total de artigos 65 100
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
37
Leonor Pais, Nuno Rebelo dos Santos, Lisete dos Santos Mónico & Helena Isabel Simões Seco
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
39
Leonor Pais, Nuno Rebelo dos Santos, Lisete dos Santos Mónico & Helena Isabel Simões Seco
Jensen, S. M. 3 Jensen & Luthans, 2006; Avey, Luthans, & Jensen, 2009; B. Luthans, K. Luthans, &
Jensen, 2012
Marques, C. 3 Rego, Marques, Leal, Sousa, & Cunha, 2010; Rego, Sousa, Marques, & Cunha, 2012;
Rego, Sousa, Marques, & Cunha, 2012
Norman, S. 3 Luthans, Avey, Avolio, Norman, & Combs, 2006; Luthans, Avolio, Avey, & Norman,
2007; Luthans, Norman, Avolio, & Avey, 2008
Rego, A. 3 Rego, Marques, Leal, Sousa, & Cunha, 2010; Rego, Sousa, Marques, & Cunha, 2012;
Rego, Sousa, Marques, & Cunha, 2012
Sousa, F. 3 Rego, Marques, Leal, Sousa, & Cunha, 2010; Rego, Sousa, Marques, & Cunha, 2012;
Rego, Sousa, Marques, & Cunha, 2012
Wang, Y. 3 Y. Wang, Liu, J. Wang, & L. Wang, 2012; Y. Wang, Chang, Fu, & L. Wang, 2012; Fu, Sun, Y.
Wang, Yang, & L. Wang, 2013
Chang, Y. 2 Liu, Chang, Fu, J. Wang, & L. Wang, 2012; Y. Wang, Chang, Fu, & L. Wang, 2012
Mhatre, K. H. 2 Avey, F. Luthans, & Mhatre, 2008; Avey, Reichard, F. Luthans, & Mhatre, 2011
Patera, J. L. 2 Avey, Patera, & West, 2006; F. Luthans, Avey, & Patera, 2008
Reichard, R. 2 Avey, Reichard, F. Luthans, & Mhatre, 2011; Dollwet & Reichard, 2014
Siu, O. L. 2 Siu, 2013; Siu, Bakker, & Jiang, 2014
Sun, W. 2 Liu, Pang, Sun, Wu, Qu, Lu & Wang, 2013; Fu, Sun, Y. Wang, Yang, & L. Wang, 2013
Wang, J. 2 Liu, Chang, Fu, J. Wang, & L. Wang, 2012; Y. Wang, Liu, J. Wang, & L. Wang, 2012
A maior contribuição para o conjunto de artigos recolhido é de Fred Luthans que surge como
autor em 27 publicações e é uma referência incontornável neste domínio. O segundo autor
com maior frequência de publicação é Avey, participando em 14 publicações. É importante
salientar que num artigo Youssef é referida como Youssef-Morgan (Youssef-Morgan &
Luthans, 2013). Procedemos ainda a uma análise adicional. Analisámos as colaborações
entre os seis autores com a maior frequência na publicação sobre PsyCap patente no
Quadro 8. O Quadro apenas mostra a colaboração entre dois autores, não significando
que para além dos dois autores implicados não existisse(m) outro(s) autor(es) com eles a
colaborar. Luthans e Avey são os autores que com mais frequência colaboraram (Luthans,
Avey, Avolio, Norman, & Combs, 2006; Luthans, Avolio, Avey, & Norman, 2007; Luthans,
Avey, & Patera, 2008; Luthans, Norman, Avolio, & Avey, 2008; Avey, Luthans, & Mhatre, 2008;
Luthans, Avey, Clapp-Smith, & Li, 2008; Avey, Luthans, & Jensen, 2009; Luthans, Avey, Avolio,
& Peterson, 2010; Avey, Luthans, Smith, & Palmer, 2010; Avey, Reichard, Luthans, & Mhatre,
2011; Walumba, Luthans, Avey, & Oke, 2011; Avey, Avolio, & Luthans, 2011).
Luthans foi também o autor que com maior frequência colaborou com outros autores para
além destes cinco (Luthans, Vogelgesang, & Lester, 2006; Larson & Luthans, 2006; Jensen
Quadro XV. Colaborações entre os seis autores com maior frequência na publicação do PsyCap
5. SÍNTESE
Os resultados da presente análise bibliométrica sobre a produção científica publicada na
área do capital psicológico permitiram responder aos objetivos inicialmente definidos.
A escolha da expressão psychological capital justifica-se por nos permitir obter mais
resultados do que PsyCap na fase de levantamento bibliográfico. Por seu turno, a escolha
das quatro bases de dados – B-On, Ovid, Pro-Quest e EBSCO – justifica-se por termos tido
acesso total aos seus conteúdos.
A pesquisa de artigos publicados em língua inglesa entre 2004 e 2014, classificados
como peer reviewed, resultou em 139 publicações para análise, das quais 94 foram alvo
das análises apresentadas. A análise à frequência de publicações mostra que o maior
crescimento se verificou em 2011. Todavia, o maior número de artigos foi publicado em
2014. Dos 94 artigos analisados, 58 foram publicados entre 2012 e 2014. A maioria dos
artigos apresenta estudos de natureza empírica. Dos 60 periódicos que publicaram a
totalidade dos artigos retidos para análise, o periódico que mais publicou detém nove
artigos, 13 publicaram mais do que um artigo e 47 periódicos publicaram apenas um
artigo. O desenho de investigação onde o capital psicológico é considerado no papel
de variável independente foi o mais frequente, surgindo em 32 dos 65 artigos alvo de
análise. O nível individual de análise é adotado pela esmagadora maioria dos autores
das publicações analisadas. No conjunto dos 60 periódicos considerado, verificou-se
que 14 publicaram mais do que um artigo sobre capital psicológico, tendo o Journal of
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
41
Leonor Pais, Nuno Rebelo dos Santos, Lisete dos Santos Mónico & Helena Isabel Simões Seco
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
43
Leonor Pais, Nuno Rebelo dos Santos, Lisete dos Santos Mónico & Helena Isabel Simões Seco
Choi, Y., & Lee, D. (2014) Psychological capital, Big Five traits, and employee outcomes. Journal of
Managerial Psychology, 29(2), 122-140. doi: 10.1108/JMP-06-2012-0193
Cole, K., Daly, A., & Mak, A. (2009). Good for the soul: The relationship between work, wellbeing and
psychological capital. The Journal of Socio-Economics, 38, 464-474.
Culbertson, S. S., Fullagar, C. J., & Mills, M. J. (2010) Feeling good and doing great: The relationship
between psychological capital and well-being. Journal of Occupational Health Psychology,
15(4), 421–433. doi: 10.1037/a0020720
Dawkins, S., Martin, A., Scott, J. & Sanderson, K. (2013). Building on the positives: A psychometric
review and critical analysis of the construct of Psychological Capital. Journal of Occupational
and Organizational Psychology, 86, 348-370. doi:10.1111/joop.12007
De Waal, J. J., & Pienaar, J. (2013). Towards understanding causality between work engagement and
psychological capital. SA Journal of Industrial Psychology, 39(2), 1-10. doi:10.4102/sajip.v39i2.1113
Demerouti, E., Eeuwijk, E. Snelder, M., & Wild, U. (2011). Assessing the effects of a“personal effectiveness”
training on psychological capital, assertiveness and self-awareness using self-other
agreement. Career Development International, 16(1), 60-81. doi 10.1108/13620431111107810
Dixon, J., & Frolova, Y. (2011). Existential Poverty: Welfare Dependency, Learned Helplessness and
Psychological Capital. Poverty & Public Policy, 3(2), 1-20. doi: 10.2202/1944-2858.1158
Dollwet, M., & Reichard, R. (2014). Assessing cross-cultural skills: validation of a new measure of
cross-cultural psychological capital. The International Journal of Human Resource Management,
25(12), 1669-1696. doi: 10.1080/09585192.2013.845239
Dovina, D., & Karunanidhi, S. (2013). The influence of positive psychological capital and work attitude
on the performance of employees in ITES. Indian Journal of Positive Psychology, 4(1), 1-6.
du Pleiss, Y., & Barkhuizen, N. (2012). Psychological capital, a requisite for organisational performance
in South Africa. South African Journal of Economic & Management Sciences, 15(1), 16-30.
Eid, J., Mearns, K., Larsson, G., Laberg, J. C., & Johnsen, B. H. (2012). Leadership, psychological capital
and safety research: Conceptual issues and future research questions. Safety Science, 50, 55-
61. doi:10.1016/j.ssci.2011.07.001
Fu, J., Sun, W., Wang, Y., Yang, X., & Wang, L. (2013). Improving job satisfaction of Chinese doctors:
The positive effects of perceived organizational support and psychological capital. Public
Health, 127, 946-951. Retrieved from: http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2012.12.017
Garfiled, E. (1999). Journal impact factor: a brief review [editorial]. Canadian Medical Association
Journal, 161(8), 979-980. Retirado de: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1230709/
Görgens-Ekermans, G., & Herbert, M. (2013). Psychological capital: Internal and external validity of
the Psychological Capital Questionnaire (PCQ-24) on a South African sample. SA Journal of
Industrial Psychology, 39(2), 1-12. Retrieved from: http://dx.doi.org/10.4102/ sajip.v39i2.1131
Gupta, V., & Singh, S. (2014). Psychological capital as a mediator of the relationship between
leadership and creative performance behaviors: Empirical evidence from the Indian R&D
sector. The International Journal of Human Resource Management, 25(10), 1373-1394. doi:
10.1080/09585192.2013.870311
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
45
Leonor Pais, Nuno Rebelo dos Santos, Lisete dos Santos Mónico & Helena Isabel Simões Seco
Liu, L., Hu, S., Wang, L., Sui, G., & Ma, L. (2013). Positive resources for combating depressive
symptoms among Chinese male correctional officers: Perceived organizational support and
psychological capital. BMC Psychiatry, 13(89), 1-9. doi:10.1186/1471-244X-13-89
Liu, L., Pang, R., Sun, W., Wu, M., Qu, P., Lu, C., & Wang, L. (2013). Functional social support, psychological
capital, and depressive and anxiety symptoms among people living with HIV/AIDS employed
full-time. BMC Psychiatry, 13, 324. doi:10.1186/1471-244X-13-324
Liu, Y. (2010). Corporate Culture and Employee Mentality Capital Agree with Influencing Factor
Analysis. International Education Studies, 3(2), 75-80.
Liu, Y. (2013), Mediating effect of positive psychological capital in Taiwan’s life insurance industry.
Social Behavior and Personality, 41(1), 109-112. Retrieved from: http://dx.doi.org/10.2224/
sbp.2013.41.1.109
Luthans, B. C., Luthans, K. W., & Jensen, S. M. (2012) The impact of business school students’
psychological capital on academic performance. Journal of Education for Business, 87, 253-
259. doi: 10.1080/08832323.2011.609844
Luthans, F. & Youssef, C. M. (2004). Human, social, and now positive psychological capital
management: Investing in people for competitive advantage. Organizational Dynamics,
33(2), 143–160. doi:10.1016/j.orgdyn.2004.01.003
Luthans, F., & Youssef, C. M. (2007). Emerging positive organizational behavior. Journal of
Management 33(3), 321-349. doi: 10.1177/0149206307300814
Luthans, F. (2002a). Positive organizational behavior: Developing and managing psychological
strengths. Academy of Management Executive, 16(1), 57-72.
Luthans, F. (2002b). The need for and meaning of positive organizational behavior. Journal of
Organizational Behavior, 23, 695-706. doi: 10.1002/job.165.
Luthans, F., Avey, J. B., & Patera, J. L. (2008). Experimental analysis of a web-based training intervention
to develop positive psychological capital. Academy of Management Learning & Education, 7(2),
209-221.
Luthans, F., Avey, J. B., Avolio, B. J., & Peterson, S. J. (2010). The development and resulting performance
impact of positive psychological capital. Human Resource Development Quarterly, 21(1), 41-67.
doi: 10.1002/hrdq.20034
Luthans, F., Avey, J., Avolio, B., Norman, S., & Combs, G. (2006). Psychological capital development:
Toward a micro-interventions. Journal of Organizational Behaviour, 27, 387-393. doi: 10.1002/
job.373
Luthans, F., Avolio, B. J., Avey, J. B., & Norman, S. M. (2007) Positive psychological capital: Measurement
and relationship with performance and satisfaction. Personnel Psychology, 60, 541-572.
Luthans, F., Avolio, B., Walumba, F., & Li, W. (2005). The Psychological Capital of Chinese Workers: Exploring
the Relationship with Performance. Management and Organization Review, 1(2), 249-271.
Luthans, F., Norman, S. M., Avolio, B. J., & Avey, J. B. (2008). The mediating role of psychological
capital in the supportive organizational climate — employee performance relationship.
Journal of Organizational Behavior, 29, 219-238. doi: 10.1002/job.507
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
47
Leonor Pais, Nuno Rebelo dos Santos, Lisete dos Santos Mónico & Helena Isabel Simões Seco
Peng, J., Jiang, X., Zhang, J., Xiao, R., Song, Y., Feng, X., Zhang, Y, & Miao, D. (2013). The impact of
psychological capital on job burnout of Chinese nurses: The mediator role of organizational
commitment. PLoS One, 8(12), 1-7. doi:10.1371/journal.pone.0084193
Peterson, S. J., Balthazard, P. A., Waldman, D. A., & Thatcher, R. W. (2008) Neuroscientific implications
of psychological capital: Are the brains of optimistic, hopeful, confident, and resilient leaders
different? Organizational Dynamics, 37(4), 342-353. doi:10.1016/j.orgdyn.2008.07.007
Peterson, S. J., Luthans, F., Avolio, B. J., Walumba, F. O., & Zhang, Z. (2011). Psychological capital and
employee performance: A latent growth modeling approach. Personnel Psychology, 64, 427-450.
Peterson, S. J., Walumba, F. O., Avolio, B. J., & Hannah, S. T. (2012) The relationship between authentic
leadership and follower job performance: The mediating role of follower positivity in extreme
contexts. The Leadership Quarterly, 23, 502-516. doi:10.1016/j.leaqua.2011.12.004
Pritchard, A. (1969). Statistical bibliography or bibliometrics?. Journal of Documentation, 24, 348-
349. Retrieved from: http://www.researchgate.net/publication/236031787_Statistical_
bibliography_or_bibliometrics
Qingshan, H., Le, L., & Xuansheng, C. (2014). Research of employees psychological capital structure
under the background of chinese culture. International Business Research, 7(7), 175-182.
Rahimnia, F., Mazidi, A. K., & Mohammadzadeh, Z. (2013). Emotional mediators of psychological
capital on well-being: The role of stress, anxiety, and depression. Management Science Letters,
3, 913-926. doi: 10.5267/j.msl.2013.01.029
Rego, A., Marques, C., Leal, S., Sousa, F., & Cunha, M. P. (2010). Psychological capital and performance
of Portuguese civil servants: Exploring neutralizers in the context of an appraisal
system. The International Journal of Human Resource Management, 21(9), 1531-1552. doi:
10.1080/09585192.2010.488459
Rego, A., Sousa, F., Marques, C., & Cunha, M. P. (2012) Retail employees’ self-efficacy and hope
predicting their positive affect and creativity. European Journal of Work and Organizational
Psychology, 21(6), 923-945, doi: 10.1080/1359432X.2011.610891
Rego, A., Sousa, F., Marques, C., & Cunha, M. P. (2012). Authentic leadership promoting employees’
psychological capital and creativity. Journal of Business Research, 65, 429-437. doi:10.1016/j.
jbusres.2011.10.003
Reis, D., Schroder, A., & Schlarb, A. (2013) Wohlbefinden, Burn-out und Ressourcen bei
Psychotherapeuten. Psychotherapeut, 59, 46-51. doi 10.1007/s00278-013-0970-z
Roche, M., Haar, J. M., & Luthans, F. (2014) The role of mindfulness and psychological capital on
the well-being of leaders. Journal of Occupational Health Psychology, 19(4), 476-489. Retrieved
from: http://dx.doi.org/10.1037/a0037183.
Rostaing, H. (1996). La Bibliométrie et ses Techniques. Sciences de la Société – CRRM, 38, 1168-1446.
Sahin, D. R., Çubuk, D., & Uslo, T. (2014). The Effect of Organizational Support, Transformational
Leadership, Personnel Empowerment, Work Engagement, Performance and Demographical
Variables on the Factors of Psychological Capital. Emerging Markets Journal, 3(3), 1-17. doi:
10.5195/emaj.2014.49
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
49
Leonor Pais, Nuno Rebelo dos Santos, Lisete dos Santos Mónico & Helena Isabel Simões Seco
Wang, H., Sui, Y., Luthans, F., Wang, D., & Wu, Y. (2014) Impact of authentic leadership on
performance: Role of followers’ positive psychological capital and relational processes.
Journal of Organizational Behavior, 35, 5-21. doi: 10.1002/job.1850
Wang, X., Zheng, Q., & Cao, X. (2014). Psychological capital: A new perspective for psychological
health education management of public schools. Public Personnel Management, 43(3) 371-
383. doi: 10 .1177/0091026014535182.
Wang, Y., Chang, Y., Fu, J., & Wang, L. (2012) Work-family conflict and burnout among Chinese
female nurses: the mediating effect of psychological capital. BMC Public Health, 12(915), 1-8.
doi:10.1186/1471-2458-12-915
Wang, Y., Liu, L., Wang, J., & Wang, L. (2012). Work-family conflict and burnout among Chinese
doctors: The mediating role of psychological capital. Journal Occupational Health, 54, 232-240.
Youssef, C. M. (2011). Recent events in Egypt and the Middle East: Background, direct observations
and a positive analysis. Organizational Dynamics, 40, 222-234. doi:10.1016/j.orgdyn.2011.04.010
Youssef-Morgan, C. M., & Luthans, F. (2013) Positive leadership: Meaning and application across
cultures. Organizational Dynamics, 42, 198-208. Retrieved from: http://dx.doi.org/10.1016/j.
orgdyn.2013.06.005
Zhang, X., Li, Y., Ma, S., Hu, J., & Jiang, L. (2014). A structured reading materials-based intervention
program to develop the psychological capital of Chinese employees. Social Behavior
and Personality: An international journal, 42(3), 503-516. doi: https://doi.org/10.2224/
sbp.2014.42.3.503
Zhao, Z., & Hou, J. (2009). The Study on Psychological Capital Development of Intrapreneurial Team.
International Journal of Psychological Studies, 1(2),, 35-40.
RESUMO
No início deste século, Luthans e colaboradores (2002) sugeriram que o foco de atenção
no domínio do comportamento organizacional se centrasse no Positive Organizational
Behavior (POB), de forma a incrementar o desempenho dos colaboradores nas organizações
(Luthans, Youssef, & Avolio, 2007). A Auto-eficácia (auto-confiança), a Esperança, o Otimismo
e a Resiliência foram apresentados como estados POB, considerando-se que representariam
uma configuração de ordem superior, apelidada de Capital Psicológico. Contudo, a revisão da
literatura da especialidade permite constatar algumas discordâncias e diferenças acerca das
dimensões que compõem o conceito em análise.
Com o objetivo de contribuir para um maior aprofundamento deste conceito, foi realizado
um estudo de natureza qualitativa que descreve a opinião de cidadãos não-especialistas
acerca do significado das dimensões que constituem o conceito de Capital Psicológico. Foram
realizadas 113 entrevistas semiestruturadas a participantes selecionados por conveniência.
Os resultados encontrados são discutidos considerando o seu enquadramento conceptual. É
dada particular relevância à semântica de cada uma das dimensões do Capital Psicológico,
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
51
Nuno Rebelo dos Santos, Leonor Pais, Lisete dos Santos Mónico & Raquel Corker de Macedo
assim como aos aspetos que as diferenciam. Os resultados obtidos foram discutidos
considerando as conceções dominantes presentes na literatura.
Palavras-chave: Capital Psicológico Positivo (PsyCap), Autoeficácia (autoconfiança), Esperança,
Otimismo, Resiliência.
ABSTRACT
Earlier this century, Luthans et al (2002) suggested that the focus of attention in the domain
of organizational behavior would move to Positive Organizational Behavior (POB) in order
to increase the performance of employees in organizations (Luthans, Youssef & Avolio, 2007).
Self-efficacy (confidence), Hope, Optimism and Resilience were presented as POB states.
They were considered to correspond to a higher order concept, called Psychological Capital.
However, the literature review reveals some disagreements and differences concerning the
dimensions that make up the concept in question.
In order to contribute to a deeper understanding of this concept, we conducted a qualitative
study that describes the perceptions of non-experts about the meaning of the dimensions
forming the Psychological Capital concept. In total, 113 semi-structured interviews with
participants selected by convenience were carried out. The results are discussed considering
their conceptual framework. In particular, the meaning of each dimension of Psychological
Capital and the aspects that differentiate them are highlighted. The results were discussed
considering the main approaches found in the literature.
Keywords: Capital Psychological Positive (PsyCap), Self-efficacy (confidence), Hope, Optimism,
Resilience.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
53
Nuno Rebelo dos Santos, Leonor Pais, Lisete dos Santos Mónico & Raquel Corker de Macedo
2.2.1. Esperança
Enquanto dimensão do PsyCap, a esperança pode ser vista como um estado motivacional
ou um estado emocional positivo baseado na interação entre três fatores: 1) metas ou
sucesso, 2) motivação/ação e 3) caminhos ou vias (Luthans et al., 2004; Snyder, 2000).
Os indivíduos são levados a realizar os seus objetivos em função da sua motivação. Esta
mobiliza uma força de vontade que os leva a investir a energia necessária para atingir os
seus objetivos. Por isso, os indivíduos com elevada esperança sentem-se motivados pela
noção que têm das suas capacidades para fazerem o que querem (Luthans & Youssef,
2004; Norman, Luthans, & Luthans, 2005). Quer isto significar que há uma determinação
direcionada para os objetivos, o que leva ao planeamento do modo de atingir as metas
(Norman et al., 2005; Snyder, 2000;). Para Snyder (2000), ter um objetivo é ter uma finalidade
determinada e a sequência dessa ação. Assim, é preciso que o mesmo seja consciente.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
55
Nuno Rebelo dos Santos, Leonor Pais, Lisete dos Santos Mónico & Raquel Corker de Macedo
2.2.2. Otimismo
No contexto das quatro dimensões do PsyCap, o optimismo é aquele que se aproxima mais da
Psicologia Positiva (Luthans et al., 2004). Refere-se à expectativa de um indivíduo no alcance de
resultados positivos (Scheier & Carver, 1985; Scheier, Carver, & Bridges, 2001), o que o motiva
a perseguir os seus objetivos e a lidar com situações difíceis (Seligman, 1998). Para Seligman,
o otimismo é um estilo explicativo positivo sendo atribuídas causas internas e permanentes
aos eventos positivos e atribuídas causas específicas externas, temporárias e situacionais aos
eventos negativos. Desta forma, os indivíduos valorizam os eventos favoráveis da sua vida,
aumentando a sua auto-estima (Luthans & Youssef, 2004; Luthans et al., 2007; Seligman,
1998). Uma outra perspectiva descreve o optimismo como um traço de personalidade
disposicional. Sugere que existe uma tendência para expectar eventos favoráveis e resultados
positivos no futuro, mais do que negativos (Luthans et al., 2007). Por outro lado, há referências
à necessidade de um “otimismo flexível” (Peterson, 2000). Nesta abordagem, o indivíduo tenta
fazer uma avaliação correta da situação e, em seguida, escolhe o momento em que utiliza
o estilo explicativo otimista. Carver, Scheier e Segerstrom (2010) consideram o otimismo
uma versão generalizada da confiança, não num contexto específico, mas perante a vida.
Consideram ainda que o otimismo tem implicações na maneira como os indivíduos lidam
com o stress. O otimismo possui uma componente emocional que o torna simultaneamente
motivado e motivante (Luthans, 2002b). No entanto, é de salientar que o PsyCap considera a
necessidade de um “otimismo realista” e flexível, pois com um “otimismo irrealista” pode levar
a resultados negativos (Luthans, 2002a; Luthans et al., 2007; Seligman, 1998).
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
57
Nuno Rebelo dos Santos, Leonor Pais, Lisete dos Santos Mónico & Raquel Corker de Macedo
2.2.5. Resiliência
O desenvolvimento do conceito de resiliência na psicologia provém da psicóloga positiva
Ann Masten (Luthans & Youssef, 2004). Masten e Reed (2002) definem a resiliência como
um conjunto de fenómenos caracterizado por uma adaptação positiva, num contexto de
risco e adversidade. É caracterizada pelos bons resultados perante ameaças à adaptação
ou ao desenvolvimento. Assim, a resiliência é uma capacidade que permite ao indivíduo
recuperar rapidamente de um revés ou de um fracasso, resultado de mudanças adversas
e dramáticas (Avey et al., 2006, Luthans et al., 2004; Masten & Reed, 2002). No entanto,
a definição de resiliência é também ampliada à perspetiva de mudanças positivas
(Luthans, 2002a; Luthans & Youssef, 2004). Com efeito, a sua definição, na perspetiva do
PsyCap, inclui eventos desafiadores e a vontade de ir além do normal, fora da zona de
conforto (Luthans, 2002a; Luthans et al., 2007).
Os indivíduos resilientes tendem a ser criativos, mais flexíveis face à necessidade
de mudança e persistentes em lidar com a adversidade, resultando num melhor
desempenho num ambiente de trabalho em transformação (Luthans et al., 2005). Os
indivíduos mais resilientes tendem a adaptar-se melhor face a experiências negativas ou
a mudanças no ambiente externo (Luthans et al., 2006; Newman et al., 2014), permitindo
o desenvolvimento de mecanismos de proteção, que operam através da melhoria e
da redução dos fatores de risco dos indivíduos e do seu ambiente (Luthans &Youssef,
2004). Por isso, a resiliência tem implicações profundas na promoção das competências
individuais, que, por sua vez, impulsionam o desenvolvimento social.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
59
Nuno Rebelo dos Santos, Leonor Pais, Lisete dos Santos Mónico & Raquel Corker de Macedo
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
61
Nuno Rebelo dos Santos, Leonor Pais, Lisete dos Santos Mónico & Raquel Corker de Macedo
Após ter sido feita a análise e exploração das dimensões que integram o PsyCap,
apresentando o desenvolvimento conceptual que as mesmas têm sofrido e
posteriormente sido realizado um estudo exploratório acerca das perceções que sobre
as mesmas têm cidadãos comuns não peritos, demonstra-se necessário compreender
de que forma os resultados obtidos no estudo exploratório realizado se coadunam e/ou
divergem face às conceções presentes na literatura revista. Optámos por individualizar
a indicação das categorias mais frequentes para cada constructo até uma incidência de
10% das entrevistas. Nas categorias menos frequentes fazemos uma menção global que
não descura o seu valor para a interpretação dos resultados.
Partindo do conjunto de respostas e respetivas codificações, o conceito de Esperança
é maioritariamente caracterizado pelos respondentes como uma expectativa, sendo
esta uma convicção relativa a pensamentos, sentimentos ou ações no futuro. A
segunda maior associação ao conceito de esperança tem a ver com a positividade, pela
favorabilidade do modo como se olha e encara a realidade esperando, em consonância,
o melhor. Concluiu-se que 38 dos 48 respondentes que associaram a esperança à
positividade, também associaram a esperança à expectativa. Assim, consideramos
que a esperança é ter uma perspetiva de um futuro melhor, em relação ao presente,
expectando algo de bom e positivo. A terceira componente mais frequente inclui o
foco no alcance dos objetivos pretendidos, isto é, a obtenção de resultados. Outra
referência feita é a temporalidade que relaciona a esperança à localização temporal
de sentimentos, pensamentos, ações ou acontecimentos, sendo que todos estão
associados ao futuro. Também são feitas referências à força de vontade e determinação,
bem como à categoria ação, tendo a última sido definida como a forma de agir
favoravelmente nas situações (em geral) ou enfrentando dificuldades (em particular),
de modo a obter o pretendido e o esperado. Assim, a esperança é entendida como
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
63
Nuno Rebelo dos Santos, Leonor Pais, Lisete dos Santos Mónico & Raquel Corker de Macedo
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
65
Nuno Rebelo dos Santos, Leonor Pais, Lisete dos Santos Mónico & Raquel Corker de Macedo
forças externas e que a esperança é determinada pelo próprio (Luthans, 2002a, 2002b).
Ora, perante os nossos resultados, os resultados são contraditórios: o otimismo é uma
característica pessoal que depende da pessoa, sendo que a esperança é uma projeção
de algo que dela não depende. Dito de outra forma, o otimismo é formado por forças
internas e a esperança, ainda que determinada pelo próprio, advém de causas externas
e independentes ao indivíduo. Posto isto, a esperança é uma projeção de algo específico,
no futuro, que não depende da pessoa e, por isso, é apenas uma hipótese que pode não
acontecer. Pelo contrário, o otimismo é uma forma de estar da pessoa, de forma sempre
presente na nossa vida, e integrando-o com a nossa realidade. Em suma, perante os
resultados do nosso estudo, as diferenças temporais, as diferenças da controlabilidade
e concretude, bem como da natureza do estado, entre os dois conceitos, são um
contributo para a distinção entre esperança e otimismo.
Para caracterizar a auto-eficácia (auto-confiança), os respondentes tanto descreveram
auto-eficácia e auto-confiança como um só conceito, como os descreveram como
conceitos distintos. Houve 110 respostas no total em que, 29 dos 110 respondentes
consideraram a auto-eficácia e auto-confiança como semelhantes e 81 em 110 dos
respondentes fez a distinção dos dois conceitos. Assim, os resultados que descrevem
este conceito referem-se ao compósito de todas as respostas. Notamos, em primeiro
lugar a prevalência da auto-eficácia (auto-confiança) como uma característica individual.
A característica individual é entendida como o modo de ser ou estar do indivíduo.
Em segundo lugar, a componente mais frequente é a expectativa, descrevendo a
convicção relativa a pensamentos, sentimentos ou ações no futuro. Em terceiro lugar,
observa-se que a ação tem também uma grande predominância para descrever a auto-
eficácia (auto-confiança). A ação é encarada como a forma de agir favoravelmente
nas situações (em geral) ou enfrentando dificuldades (em particular), de modo a
obter o pretendido e o esperado. Com efeito, observámos que 74 dos respondentes
descreveram a auto-eficácia (auto-confiança) associando as componentes “característica
individual” e “expectativa”. Observámos, também, que 35 dos respondentes associaram as
componentes “característica individual”, “expectativa” bem como a “ação”. Deste modo, a
autoeficácia (autoconfiança) pode ser descrita como a confiança em relação a si próprio,
acreditando que vai conseguir fazer e que se é capaz, tentando ser o mais eficaz e
fazendo o melhor. Em quarto lugar, são feitas referências aos resultados, pelo foco no
alcance dos objetivos pretendidos. É de salientar que, após ter sido feito o levantamento
dos dados, concluiu-se que 33 dos 46 respondentes associaram os resultados à ação. Por
conseguinte, consideramos que, quando um indivíduo vai ao encontro dos resultados
expectáveis e quando faz algo bem para alcançar e atingir os objetivos a que se
propõe, refere-se à auto-eficácia (auto-confiança). Em quinto lugar, aparece a noção de
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
67
Nuno Rebelo dos Santos, Leonor Pais, Lisete dos Santos Mónico & Raquel Corker de Macedo
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
69
Nuno Rebelo dos Santos, Leonor Pais, Lisete dos Santos Mónico & Raquel Corker de Macedo
4. SÍNTESE
Neste capítulo começámos por contextualizar a temática em estudo, referindo a
sua origem, as principais definições de cada conceito, bem como as suas diferenças.
Procedeu-se depois à apresentação do estudo empírico que visava caracterizar como são
entendidos, por cidadãos comuns não-peritos, os conceitos de Optimismo, Esperança,
Auto-eficácia e Resiliência, bem como as diferenças entre Optimismo e Esperança e Auto-
eficácia e Resiliência. Fizemos ainda o confronto dos resultados obtidos com as principais
abordagens aos conceitos presentes na literatura. Consideramos que contribuímos
para uma maior clarificação dos conceitos em análise, destacando, inclusivamente,
a emergência de algumas nuances conceptuais ainda não anteriormente referidas.
O modelo do Capital Psicológico Positivo foi aprimorado e enriquecido, tendo sido
acrescentadas novas premissas que devem ser alvo de futuras investigações. Estas podem
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
71
Nuno Rebelo dos Santos, Leonor Pais, Lisete dos Santos Mónico & Raquel Corker de Macedo
Luthans, F., Vogelgesang, G. R., & Lester, P. B. (2006). Developing the psychological capital of
resiliency. Human Resource Development Review, 5, 25-44.
Luthans, F., Vogelgesang, G. R., & Lester, P. B. (2006). Developing the psychological capital of
resiliency. Human Resource Development Review, 5, 25-44.
Luthans, F., Youssef, C. M., & Avolio, B. J. (2007). Psychological capital: Developing the human
competitive edge. Oxford, UK: Oxford University Press.
Masten, A. S., & Reed, M. G. J. (2002). Resilience in development. In C. R. Snyder, & S. Lopez (Eds.),
Handbook of positive psychology (pp. 74-88). Oxford, UK: OUP.
Newman, A., Ucbasaran, D., Zhu, F., & Hirst, G. (2014). Psychological capital: A review and synthesis.
Journal of Organizational Behavior, 35, 120-138.
Norman, S., Luthans, B., & Luthans, K. (2005). The Proposed Contagion Effect Hopeful Leaders on
the Resiliency of Employees and Organizations. Journal of Leadership & Organizational Studies,
12(2), 55-64.
Peterson, C. (2000). The future of optimism. American Psychologist, 55, 44-55.
Rus, C. L., & Băban, A. (2013). Correlates of Positive Psychological Capital: A synthesis of the empirical
research published between January 2000 and January 2010. Cognition, Brain, Behavior: An
Interdisciplinary Journal, 17(2), 109-133.
Scheier, M., & Carver, C. (1985). Optimism, coping and health: Assessment and implications of
generalized outcome expectancies. Health Psychology, 4, 219-247.
Scheier, M., Carver, C., & Bridges, M. (2001). Optimism, pessimism, and psychological well-being. In
E. C. Chang (Ed.), Optimism & pessimism: Implications for theory, research, and practice (pp. 198-
216). Washington DC: APA.
Seligman, M. (1998). Learned optimism. New York, NY: Pocket Books.
Seligman, M. (2002). Positive psychology, positive prevention, and positive therapy. Handbook of
positive psychology, 2, 3-12.
Seligman, M., & Csikszentmihalyi, M. (2000). Positive psychology. American Psychologist, 55, 5-14.
Snyder, C. R. (2000). The past and possible futures of hope. Journal of Social and Clinical Psychology,
19, 11-28.
Stajkovic, A., & Luthans, F. (1998). Self-efficacy and Work-Related Performance: A Meta-Analysis.
Psychological Bulletin, 124(2), 240-261.
Tavares, I. (2012). Espiritualidad organizacional y Capital Psicológico: El papel del liderazgo auténtico
(Doctoral dissertation). Retrieved from Dehesa Repositorio institucional Universidad de
Extremadura.
Carla Carvalho*
Lúcia Ribeiro*
Lisete Mónico*
Damasceno Dias**
Pedro Parreira***
RESUMO
A Teoria dos Stakeholders é claramente reconhecida como uma teoria de gestão com aplicação
ao domínio do comportamento organizacional. Contudo, poucas investigações têm sido
desenvolvidas no sentido de analisar as suas implicações para a tomada de decisão individual
em gestão. O presente estudo, procurando replicar a investigação de Reynolds, Schultz e
Hekman (2006), tem como objetivo analisar a tomada de decisão dos gestores, no que toca
à gestão equilibrada dos interesses dos stakeholders, contribuindo para aprofundar o estudo
neste domínio, sobretudo em Portugal. Numa primeira parte procurámos investigar quais
os fatores que condicionam esse processo de conciliação (divisibilidade de recursos, saliência
dos stakeholders, estratégias/abordagens de equilíbrio – within-decision e across-decision – e
pertença ao grupo de acionistas/proprietários da empresa). Posteriormente, centrámo-nos na
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
73
Carla Car valho, Lúcia Ribeiro, Lisete Mónico, Damasceno Dias & Pedro Parreira
análise das implicações instrumentais e normativas que essas diferentes abordagens utilizadas
pelos gestores nesse processo podem ter nos processos e resultados organizacionais.
Palavras-chave: gestão de stakeholders, tomada de decisão ética, conciliação dos interesses
dos stakeholders.
ABSTRACT
Stakeholder theory is widely recognized as a management theory. Yet very little research has
considered its implications for individual managerial decision-making. This work tries to reply
Reynolds, Schultz and Hekman’s (2006) study and attempts to examine managerial decisions
about balancing stakeholder interests contributing this way to fill in the gap in that knowledge
area. First, we tried to analyze which factors influence the process of balancing stakeholder
interests (resource divisibility, stakeholder salience, balance approaches - within-decision
and across-decision – and stockholder group membership). Subsequently, we focused on the
examination of the instrumental and normative implications of these two distinct approaches
used by managers in the organizational processes and outcomes.
Keywords: stakeholder management, ethical decision-making, balancing stakeholder
interests.
74 Te o r i a d o s s t a k e h o l d e r s e t o m a d a d e d e c i s ã o d o s g e s t o r e s : C o n s t r a n g i m e n t o s
e implicações para o processo de conciliação de interesses dos stakeholders
organizacionais
1. INTRODUÇÃO
A evolução da sociedade e dos mercados em geral, ao longo das últimas décadas,
tem obrigado os gestores a reequacionarem sistematicamente o peso relativo de cada
pilar estratégico na condução dos respetivos negócios. Hoje em dia, o sucesso de uma
organização já não é apenas garantido pela qualidade do produto ou dos serviços
prestados mas também, e cada vez mais, pela forma como dá resposta aos interesses,
muitas vezes em competição/conflito, dos vários grupos (stakeholders) que a constituem
ou que nela estão interessados (e.g., sócios/acionistas/proprietários, colaboradores,
clientes, fornecedores, concorrentes, governo, comunidade) (Miles, 2012).
Ao longo dos últimos anos, a visão das organizações como organismos fechados e
independentes tem vindo a ser abandonada em prol de uma visão mais sistémica, em que
a ênfase na existência de diferentes tipos de relações de influência e interdependência
entre os seus diversos subsistemas ou componentes é uma característica predominante
(Hurth, 2017; Olsen, 2017). A Teoria dos Stakeholders, alicerçada nesta visão, oferece-
nos uma nova perspetiva das organizações, dando ênfase às complexas relações que
ocorrem, quer interna quer externamente, com a envolvente e restantes stakeholders
(Barney & Harrison, 2018; Erdiaw-Kwasie, Alam, & Shahiduzzaman, 2017; Kujala,
Lehtimäki, & Myllykangas, 2016; Olsen, 2017). Dito de outra forma, esta teoria defende
que as organizações possuem relações com vários grupos com o objetivo de criar ou
manter o seu suporte através da atenção dada à conciliação dos seus interesses. Pelo
facto de encerrar predições instrumentais e prescrições normativas (e.g., Hasnas, 1998;
Kotte, & Heskett, 1992), esta abordagem rapidamente se tornou popular, tanto entre
os investigadores interessados na obtenção de lucros por parte das organizações (e.g.,
Barney & Harrison, 2018; Ogden, & Watson, 1999), como por aqueles cujo principal
interesse se foca numa dimensão mais ética do comportamento organizacional (e.g.,
Post, Preston, & Sachs, 2002; Olsen, 2017).
Decorrente desta nova visão das organizações, emergiu, assim, a convicção de que a
possibilidade de qualquer organização obter resultados favoráveis, aos mais diversos
níveis (e.g., económico-financeiro, social, ambiental) depende, em larga medida, da
eficácia da gestão das relações da organização com os seus diversos stakeholders (Hillman
& Keim, 2001; Trieschemann, Dennis, Northcraft, & Niemi-Jr, 2000), deixando para trás
uma visão mais tradicional centrada essencialmente na primazia dos stockholders ou
shareholders (sócios/ acionistas/proprietários; Elijido-Ten, 2007). As organizações deverão,
pois, ter em conta que as partes nela interessadas são essenciais para a sua sobrevivência
e, como tal, são detentoras de deveres e direitos que devem ser respeitados e tidos
em conta na sua gestão. Tendo estes stakeholders interesses legítimos nas atividades
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
75
Carla Car valho, Lúcia Ribeiro, Lisete Mónico, Damasceno Dias & Pedro Parreira
76 Te o r i a d o s s t a k e h o l d e r s e t o m a d a d e d e c i s ã o d o s g e s t o r e s : C o n s t r a n g i m e n t o s
e implicações para o processo de conciliação de interesses dos stakeholders
organizacionais
divisibilidade de recursos, saliência dos stakeholders, pertença ao grupo de acionistas/
proprietários da empresa) que, inevitavelmente, são susceptíveis de condicionar as suas
decisões no que toca à conciliação desses vários interesses, direitos, expetativas e/ou
exigências. Da mesma forma, as diferentes estratégias e abordagens (e.g., abordagens
within-decision e across-decision) a que os gestores recorrem para o fazer, podem ter
várias consequências e implicações, tanto instrumentais como normativas, quer para o
próprio gestor como para os processos e resultados organizacionais.
Tendo em conta a temática referida e os objetivos traçados, a presente exposição da
investigação realizada organizar-se-á em torno de duas grandes partes: a primeira constituirá
um breve enquadramento concetual, onde procuraremos clarificar o domínio em que o
estudo se insere, assim como enquadrar e ancorar teoricamente a segunda parte, a qual,
por sua vez, será dedicada à apresentação e discussão da investigação empírica realizada.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
77
Carla Car valho, Lúcia Ribeiro, Lisete Mónico, Damasceno Dias & Pedro Parreira
78 Te o r i a d o s s t a k e h o l d e r s e t o m a d a d e d e c i s ã o d o s g e s t o r e s : C o n s t r a n g i m e n t o s
e implicações para o processo de conciliação de interesses dos stakeholders
organizacionais
deve preocupar e em relação aos quais deve investir recursos materiais e humanos e
definir estratégias para satisfazer as suas necessidades, expetativas e interesses.
Por tudo o que ficou dito acerca deste modelo, podemos concluir que a identificação e
análise da relevância de stakeholders que esta grelha possibilita constitui um instrumento
útil que poderá orientar a atuação de quem tem que decidir e gerir organizações. Cabe, pois,
aos gestores de uma dada organização decidirem quais os constituintes organizacionais e
quais os interesses a que querem e devem dar prioridade e escolherem como se relacionar
com eles de forma satisfatória e mutuamente vantajosa (Argandoña, 1998
Jawahar & McLaughlin, 2001). Será caso para dizer que ”the terms «stakeholder» and «really
counting» are not yet synonymous” (Agle et al., 1999, p. 522).
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
79
Carla Car valho, Lúcia Ribeiro, Lisete Mónico, Damasceno Dias & Pedro Parreira
80 Te o r i a d o s s t a k e h o l d e r s e t o m a d a d e d e c i s ã o d o s g e s t o r e s : C o n s t r a n g i m e n t o s
e implicações para o processo de conciliação de interesses dos stakeholders
organizacionais
uma lacuna neste campo de conhecimento por, pelo menos, duas razões. Em primeiro
lugar, dado que a maioria das decisões organizacionais são, em último caso, tomadas por
pessoas individualmente, compreender como é que os gestores conciliam os interesses
dos stakeholders ajuda as organizações a desenvolver e implementar estratégias que
visem levar a cabo esse equilíbrio de interesses. Por outro lado, a teoria dos stakeholders,
como vimos acima, considera o gestor como figura central desta abordagem, pelo
que conhecer o funcionamento da tomada de decisão da gestão possa ser a chave
para compreender não só o próprio processo de conciliação das exigências dos vários
constituintes organizacionais como também outros princípios fundamentais da gestão
de stakeholders. Face a estes potenciais benefícios, esta investigação, que de forma
resumida aqui damos conta, centrou-se no estudo da conciliação dos interesses dos
stakeholders a um nível individual de análise, tendo por base a premissa segundo a qual
os gestores são indivíduos interessados em equilibrar as necessidades dos stakeholders e
motivados em fazê-lo (Donaldson & Preston, 1995).
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
81
Carla Car valho, Lúcia Ribeiro, Lisete Mónico, Damasceno Dias & Pedro Parreira
Reynolds et al., 2006) e, apesar do frequente axioma dos gestores segundo o qual todos
os stakeholders são tidos em conta, determinadas escolhas têm, inevitavelmente, de ser
tomadas (Garcia-Castro et al., 2008). Na realidade, é frequente observarmos que tende a
existir uma certa divergência entre a performance financeira das empresas e o bem-estar
de determinados grupos de stakeholders (e.g., aumento do downsizing por pressão dos
acionistas de várias empresas multinacionais), pelo menos no curto-prazo.
Contudo, apenas recentemente é que os investigadores começaram a estudar a forma
como os gestores tomam decisões acerca da alocação de recursos organizacionais, tendo
em conta os interesses de vários stakeholders. Com efeito, a maioria das investigações
inseridas nesta temática tem-se centrado na identificação de táticas ou estratégias usadas
para distribuir recursos (Reynolds et al., 2006). No seio da literatura afeta à distribuição
de recursos, Allison e colaboradores (1992) consideram a possibilidade de a divisibilidade
de recursos influenciar os comportamentos de alocação de bens. Embora teoricamente
seja possível dividir a maioria das comodidades, a divisibilidade de recursos refere-se ao
custo total de realmente o fazer, i.e., aos custos de transação referentes à venda do bem
e posterior divisão das receitas (Reynolds et al., 2006). Allison e colaboradores, num
estudo realizado em 1992, concluíram que uma distribuição equitativa tinha uma maior
probabilidade de resultar entre os membros de um grupo quando o recurso em questão era
facilmente repartível. Seguindo este raciocínio, sugerimos que quanto mais um recurso é
percebido pelos gestores como facilmente divisível, mais estes o irão distribuir equitativamente
por entre os stakeholders mais relevantes (salientes) e, por conseguinte, procurar conciliar
os seus interesses. Assim, formulamos a Hipótese 1.1: Recursos altamente divisíveis
conduzirão a uma melhor conciliação dos interesses dos stakeholders do que recursos
com um baixo nível de divisibilidade.
82 Te o r i a d o s s t a k e h o l d e r s e t o m a d a d e d e c i s ã o d o s g e s t o r e s : C o n s t r a n g i m e n t o s
e implicações para o processo de conciliação de interesses dos stakeholders
organizacionais
Agle e colegas (1999) avaliaram a forma como as perceções dos CEO’s em relação aos
stakeholders influenciam os resultados organizacionais mais importantes. Concluíram
que as perceções dos CEO’s no que diz respeito ao poder, legitimidade e urgência dos
stakeholders influenciavam as suas perceções de saliência dos mesmos mas obtiveram
uma fraca evidência para suportar a hipótese de que a saliência dos stakeholders
influencia determinados resultados organizacionais como o lucro, as relações com os
colaboradores ou a comunidade ou mesmo resultados ambientais.
Neste sentido, podemos dizer que os gestores avaliam os stakeholders mais relevantes
e conciliam os seus interesses de acordo com a saliência relativa das suas exigências.
Seguramente, ao longo do tempo, determinados grupos de stakeholders serão
percebidos como mais salientes que outros com base no poder, legitimidade e urgência
das suas exigências numa circunstância em particular. Por conseguinte, não obstante o
gestor considerar o grupo de acionistas/proprietários como o mais saliente/relevante
no que concerne à estratégia organizacional, as necessidades deste grupo podem, em
determinado momento ou situação, ser colocadas em segundo plano pela urgência
das necessidades de outro grupo igualmente legítimo e com poder para influenciar
as decisões organizacionais. Face a isto, tal como sugerimos na seguinte hipótese,
a desigualdade dos constituintes organizacionais mais relevantes em termos de
saliência pode constranger um gestor na ação de conciliar os interesses dos mesmos
numa determinada decisão (Reynolds et al., 2006) – Hipótese 1.2: As exigências dos
stakeholders com saliência equitativa conduzirão a uma maior conciliação dos seus
interesses (por parte do gestor) do que as exigências de stakeholders com saliência
relativamente desigual.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
83
Carla Car valho, Lúcia Ribeiro, Lisete Mónico, Damasceno Dias & Pedro Parreira
84 Te o r i a d o s s t a k e h o l d e r s e t o m a d a d e d e c i s ã o d o s g e s t o r e s : C o n s t r a n g i m e n t o s
e implicações para o processo de conciliação de interesses dos stakeholders
organizacionais
várias decisões, mas irá posteriormente compensá-lo numa outra decisão ou decisões
futuras. O gestor não ignora, portanto, as relações com esse grupo de stakeholders –
ao invés, aplica uma perspetiva de longo-prazo com vista ao desenvolvimento e
manutenção dessas mesmas relações (Reynolds et al., 2006). Em último caso, cada grupo
de stakeholders receberá a atenção, recursos e comodidades que exige, não em cada
decisão singularmente mas sim no esquema global da atividade organizacional.
Ambas as teorias constituem meios teoricamente válidos para conciliar os interesses
dos stakeholders, pelo que os gestores estão aptos a utilizar cada uma delas. Acontece
que, como vimos, a divisibilidade de recursos pode influenciar a celeridade com que os
gestores respondem às reivindicações dos stakeholders. Consequentemente, afeta a
escolha dos gestores por uma abordagem em detrimento da outra (Reynolds et al., 2006).
Mais concretamente, quando um recurso pode ser facilmente dividido, os decisores
organizacionais podem aproveitar a oportunidade para conciliar os interesses de todos
os stakeholders nessa mesma decisão através de uma abordagem within-decision,
satisfazendo, deste modo, imediatamente as exigências desses mesmos stakeholders. Ao
invés, a indivisibilidade de um dado recurso torna mais difícil o equilíbrio dos interesses
dos stakeholders, levando os gestores a optar por uma abordagem com um cariz mais a
longo-prazo – uma abordagem across-decision. Esta premissa está expressa na hipótese
que se segue: Hipótese 1.4: Quanto mais indivisível é percebido o recurso em análise,
mais os gestores irão aplicar uma abordagem across-decision em detrimento de uma
abordagem within-decision, de forma a conciliar os interesses dos stakeholders.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
85
Carla Car valho, Lúcia Ribeiro, Lisete Mónico, Damasceno Dias & Pedro Parreira
importância do suporte ou aprovação por parte dos stakeholders mais relevantes. Dito de
outra forma, reconhecendo mais do que apenas realizações financeiras, a legitimidade
encara a validação, a continuidade e a sobrevivência como medidas fundamentais para
o sucesso organizacional (Reynolds et al., 2006).
Pese embora a teoria dos stakeholders sugira que nenhuma abordagem de conciliação
dos interesses dos constituintes organizacionais é instrumentalmente válida no sentido
anteriormente descrito, somos levados a acreditar, com base no sugerido de Reynolds
e colaboradores (2006), que a abordagem across-decision possui um valor instrumental
superior à abordagem within-decision, já que esta última, ao contrário da abordagem
across-decision, incorre custos superiores associados à descoberta e implementação de
soluções de equilíbrio. Com efeito, a abordagem across-decision requer somente que
os gestores se recordem de distribuições de recursos previamente efetuadas e que
mantenham um equilíbrio a longo do tempo. Desta forma, torna-se uma abordagem
menos dispendiosa em termos de pesquisa e análise.
Reynolds e colaboradores (2006) sugerem que os gestores têm consciência das
diferenças existentes entre as duas abordagens, considerando (pelo menos tacitamente)
a abordagem across-decision mais eficiente e eficaz a longo-prazo e, portanto, mais
válida em termos instrumentais. Ora, para o decisor organizacional, o valor instrumental
é fulcral tanto para os resultados organizacionais como para os individuais. O fato de
o seu principal objetivo ser o da sobrevivência da organização em que exerce as suas
funções, tal não impede que procure também atingir os seus objetivos pessoais. Por
conseguinte, os gestores procuram criar valor instrumental não só para a organização
(e.g., lucro, imagem de marca) mas também para si próprios (e.g., retribuições financeiras,
desenvolvimento da carreira). Daí a afirmação com que iniciámos este ponto: as
abordagens within-decision e across-decision têm diferentes implicações tanto para
os resultados organizacionais como para os próprios gestores, levando à formulação
de duas hipóteses: Hipótese 2.1: A abordagem across-decision de conciliação dos
interesses dos stakeholders será mais valiosa, instrumentalmente, para a organização
do que a abordagem within-decision; Hipótese 2.2: A abordagem across-decision de
conciliação dos interesses dos stakeholders será mais valiosa, instrumentalmente, para o
gestor individualmente do que a abordagem within-decision.
Ainda que tanto a abordagem within-decision como a abordagem across-decision
conciliem legitimamente os interesses dos stakeholders, Reynolds e colaboradores (2006)
sugerem que os gestores genuinamente comprometidos com a gestão de stakeholders
irão perceber esta última como moralmente mais apelativa. Apesar de ambas as
abordagens darem resposta às reivindicações de todos os stakeholders em determinada
86 Te o r i a d o s s t a k e h o l d e r s e t o m a d a d e d e c i s ã o d o s g e s t o r e s : C o n s t r a n g i m e n t o s
e implicações para o processo de conciliação de interesses dos stakeholders
organizacionais
decisão, Reynolds e colegas (2006) defendem que a abordagem across-decision alcança
resultados semelhantes à within-decision mas sem os custos adicionais de conciliar
todos os interesses relevantes em cada decisão. Desta forma, em virtude de as decisões
alcançadas por via de uma abordagem across-decision serem menos dispendiosas,
cumprem as referidas responsabilidades fiduciárias dos gestores em relação aos
acionistas (shareholders) de um modo mais eficiente, o que conduz a que seja percebida
como mais ética que a abordagem within-decision. A Hipótese 2.3 fica assim formulada:
A abordagem across-decision de conciliação dos interesses dos stakeholders é percebida
pelos gestores como uma estratégia mais ética que a abordagem within-decision.
4. MÉTODO
4.1. Amostra
A presente investigação classifica-se como experimental (Alferes, 2012). Incidiu sobre
uma amostra total de 108 gestores de empresas portuguesas pertencentes a diversos
setores de atividade: industrial, comercial e de serviços. Dos 108 gestores, 63 são do sexo
masculino e os restantes 45 do sexo feminino, sendo que 35 dos mesmos são proprietários,
sócios ou acionistas das empresas que convidámos a participar no estudo. Os restantes
73 sujeitos desempenham funções ligadas à Direção de Topo, de Departamento ou
Chefia de Seção, as quais se distribuem pelos departamentos Comercial, Financeiro, de
Marketing, Produção, Administrativo ou de Recursos Humanos. A maioria destes sujeitos
já desempenha as funções referidas entre três a dez anos.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
87
Carla Car valho, Lúcia Ribeiro, Lisete Mónico, Damasceno Dias & Pedro Parreira
pedido que distribua os lucros adquiridos (100.000.00 €). O gestor vê-se, então, frente a
três possibilidades para alocar os fundos (dividendos dos proprietários; programa escolar
de bolsas de estudos criado e gerido pelos colaboradores; programa comunitário de
apoio a jovens), sendo que é solicitado ao respondente que indique o que faria com esse
dinheiro caso fosse o gestor da empresa referida, pedindo-se-lhe que associe uma quantia
a cada um dos grupos de stakeholders. Os sujeitos são ainda informados que a empresa
possui outras propriedades e que uma decisão semelhante pode ter que vir a ser tomada
novamente num futuro próximo. Após darem o seu parecer, os participantes prosseguem
para a segunda parte do caso, na qual lhes é dito que uma semana depois a empresa
vendeu, de fato, outra propriedade e lhes é pedido que indiquem o que fariam dessa vez.
De forma a criar uma fórmula de conciliação dos interesses dos stakeholders, seguimos
a lógica de Allison (1992) acerca das medidas de inequalidade. Determinámos, assim,
a quantia total de dinheiro dado a cada grupo (sócios/acionistas, colaboradores,
comunidade) e calculámos o desvio-padrão através dos mesmos. A pontuação varia
entre 0 (perfeitamente conciliado) e 115.47 (totalmente desequilibrado). Já a abordagem
de conciliação dos interesses dos stakeholders foi operacionalizada como a medida em que
o respondente dividiu o dinheiro numa base de decisão-por-decisão ou através das duas
decisões. Para medir esta variável, adicionámos os valores absolutos das diferenças de
distribuição de cada grupo da primeira divisão para a segunda e subtraímos 100 valores.
Os resultados variam entre -100 (abordagem within-decision) e 100 (abordagem across-
decision).
Como podemos ver, os participantes respondem a duas situações idênticas em
que é necessário tomar uma decisão – logo após a venda da primeira propriedade e
novamente depois da venda da segunda. Esta segunda oportunidade de decisão tem o
objetivo de recolher informações acerca das intenções a longo-prazo dos participantes
no que diz respeito à conciliação dos interesses dos stakeholders. Note-se, por outro lado,
que limitámos as oportunidades de decisão a duas, de forma a melhor isolar os fatores
que influenciam as decisões individuais.
Neste caso, a variável divisibilidade de recursos foi manipulada através de comentários
do Vice-Presidente do Departamento de Contabilidade, uma pessoa sem autoridade
direta tanto sobre o decisor como sobre o participante. Na condição indivisibilidade de
recursos, o Vice-Presidente encoraja o decisor a “passar um único cheque”, enquanto na
versão divisibilidade de recursos, o decisor é encorajado a distribuir/dividir o dinheiro da
forma que entender. Neste sentido, manipulámos as perceções acerca do recurso em
vez do recurso em si mesmo, de forma a evitar efeitos de confounding resultantes da
comparação categorial de diferentes recursos.
88 Te o r i a d o s s t a k e h o l d e r s e t o m a d a d e d e c i s ã o d o s g e s t o r e s : C o n s t r a n g i m e n t o s
e implicações para o processo de conciliação de interesses dos stakeholders
organizacionais
A saliência relativa das exigências dos stakeholders, por sua vez, foi manipulada através
de várias declarações que caracterizam os grupos e as suas exigências. Na condição
saliência equitativa dos stakeholders, as três exigências (dividendos dos acionistas,
programa escolar dos colaboradores e programa de apoio comunitário) apresentam-
se acompanhadas por um comentário acerca da sua similitude: “À medida que vão
analisando estas opções, vai-se tornando evidente que cada exigência tem um mérito
semelhante. Cada grupo iria beneficiar com a receção de fundos adicionais, sendo que
a cada um deles podemos associar um conjunto de razões válidas para aplicar esse
dinheiro”. Já nas duas condições de saliência desigual dos stakeholders, cada exigência
é acompanhada por um comentário específico acerca da sua saliência: na versão
favorecimento dos acionistas, o decisor é informado que o Presidente do Conselho de
Administração identificou os dividendos como a sua principal prioridade e que, tanto
o programa escolar a cargo dos colaboradores, como o grupo de apoio comunitário
estavam a ser mal geridos; na versão favorecimento dos colaboradores, é dito ao decisor
que o Presidente do Conselho de Administração não tinha qualquer interesse sobre os
dividendos, que o grupo comunitário estava a ser mal gerido e que o programa gerido
pelos colaboradores era um programa respeitável e com grande reputação.
Relativamente à Hipótese 2.1, que avalia o valor instrumental das abordagens de
conciliação dos interesses dos stakeholders (abordagem within-decision e abordagem
across-decision), esta foi testada através do segundo caso presente no Protocolo
Experimental. Resumidamente, nele era solicitado aos respondentes que assumissem
o papel de um gestor numa empresa fictícia. Eram-lhes depois apresentadas duas
outras empresas como potenciais parceiras: uma que tendia a “comprometer-se ao
longo de uma série de decisões” e outra que tendia a “comprometer-se em cada decisão
individualmente”. De acordo com a perspetiva de Reynolds e colegas (2006), segundo a
qual o valor instrumental pode ser entendido como legitimidade, o valor instrumental
para a organização foi avaliado solicitando aos participantes que escolhessem uma das
empresas como eventual parceira.
A Hipótese 2.2, por sua vez, foi testada com base no terceiro caso exposto, respeitante
ao valor instrumental para o indivíduo. No enunciado, dois gestores tinham de distribuir
oito horas extraordinárias de trabalho por dois colaboradores. O “gestor within-decision”
(gestor “João”) sugeriu que ambos os colaboradores trabalhassem quatro horas enquanto
o “gestor across-decision” (gestor “Pedro”) sugeriu que um empregado trabalhasse as oito
horas extraordinárias nesse fim-de-semana, garantindo ao trabalhador a possibilidade
de trabalhar a mesma quantidade de tempo adicional num futuro próximo. Tal como
na situação anterior, o valor instrumental foi aferido pedindo aos participantes que
indicassem a sua preferência por um gestor como seu supervisor.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
89
Carla Car valho, Lúcia Ribeiro, Lisete Mónico, Damasceno Dias & Pedro Parreira
Por fim, a Hipótese 2.3, que diz respeito às implicações normativas das abordagens
within e across-decision, foi aferida através do quarto e último caso presente no Protocolo
Experimental. Neste, a Beta-Omega, uma grande empresa petrolífera, encontrava-se
face à necessidade de tomar duas grandes decisões: na primeira, a empresa estava a
considerar se deveria ou não construir um complexo de apartamentos para os seus
colaboradores, o qual, de acordo com o governo regional, iria ter um impacto negativo
no ecossistema local; na segunda situação, a Beta-Omega estava a ponderar se deveria
ou não despedir trabalhadores ao fechar um poço de petróleo em alto-mar que estava
prestes a secar e que estava a ter uma influência negativa no turismo local. Na condição
within-decision do caso, a Beta-Omega decidiu construir um complexo de apartamentos
mais pequeno e manter a nascente aberta durante mais seis meses, contribuindo ainda
com dinheiro para os esforços de turismo do governo local (compromisso com ambas
as situações). Na versão across-decision, por seu lado, a Beta-Omega acedeu, em primeiro
lugar, ao governo local ao não construir o complexo de apartamentos e só depois aos
trabalhadores, mantendo a nascente aberta. A qualidade ética percebida das decisões
foi avaliada através de uma escala de Likert de cinco pontos como o grau em que o
participante julgava as decisões da Beta-Omega éticas.
Solicitámos também aos participantes o preenchimento de um outro questionário,
o Questionário GS - Gestão de Stakeholders (Carvalho, 2007), que visa caracterizar
a importância percebida pelos gestores no que respeita à saliência dos grupos de
stakeholders da empresa em que o gestor exerce as suas funções. O recurso a este
instrumento teve como finalidade averiguar se os grupos de stakeholders favorecidos
pelos sujeitos da amostra nas repostas ao referido Protocolo se correlacionavam com a
importância (saliência) que lhes era, na realidade, dada na empresa em que os gestores
exercem as suas funções.
5. RESULTADOS
Antes de passarmos ao teste das hipóteses, verificámos se as manipulações das
variáveis independentes, no primeiro caso para análise, funcionaram de acordo com o
esperado. Para isso levámos a cabo duas ANOVAs unifatoriais (VI1 – divisibilidade dos
recursos – divisíveis vs indivisíveis; VI2: saliência dos stakeholders – 4 níveis: Equitativa,
Desigual, Favorecimento dos Colaboradores e Favorecimento dos Acionistas). Em
relação à questão “O Vice-Presidente do Departamento de Contabilidade preferiria que
o dinheiro não fosse dividido entre os três grupos”, verificámos que os participantes que
responderam à versão em que os recursos eram de cariz divisível demonstraram uma
maior tendência para considerar que o dinheiro podia ser dividido em relação àqueles
90 Te o r i a d o s s t a k e h o l d e r s e t o m a d a d e d e c i s ã o d o s g e s t o r e s : C o n s t r a n g i m e n t o s
e implicações para o processo de conciliação de interesses dos stakeholders
organizacionais
em cuja versão os recursos foram manipulados de forma a serem percebidos como
indivisíveis, t(106) = 9.07, p < .001. Já a análise das respostas à questão “As exigências
dos três grupos eram essencialmente as mesmas” demonstrou que os participantes da
condição Saliência Equitativa dos Stakeholders tendiam mais a considerar as exigências
dos stakeholders como semelhantes, t(106) = 5.06, p < .001, do que os das condições de
Saliência Desigual dos Stakeholders. Dentro desta, verificámos ainda que os respondentes
à condição Favorecimento dos Acionistas não diferiam daqueles que responderam à
condição Favorecimento dos Colaboradores, t(106) = 0.17, p = .86.
No teste da Hipótese 1.1., verificámos que a divisibilidade de recursos influencia
significativamente o grau em que os participantes conciliam os interesses dos
stakeholders através das duas oportunidades de decisão, t(106) = 10.23, p < .001, o que
corrobora a hipótese segundo a qual recursos altamente divisíveis conduzirão a uma
melhor conciliação dos interesses dos stakeholders (M = 36.68, DP = 23.69), do que
recursos com um baixo nível de divisibilidade (M = 90.85, DP = 30.28).
Da mesma forma, a saliência dos stakeholders funciona como variável influente na
conciliação dos interesses dos mesmos, t(106) = 7.24, p < .001, confirmando, assim, a
Hipótese 1.2, que sugeria que “as exigências dos stakeholders com saliência equitativa
conduzirão a uma maior conciliação dos seus interesses (por parte do gestor) do que as
exigências de stakeholders com saliência relativamente desigual”. De facto, os participantes
que responderam às versões em que os stakeholders eram apresentados como tendo um
grau semelhante de saliência efetuaram uma conciliação mais adequada dos interesses
dos mesmos (M = 36.68, DP = 23.69) do que aqueles que foram inseridos nas versões em
que os colaboradores (M = 88.23, DP = 26.62) e os acionistas (M = 93.65, DP = 34.05) eram
apresentados como mais salientes Refira-se que os valores da variável conciliação dos
interesses dos stakeholders podiam variar entre 0 (interesses dos stakeholders totalmente
equilibrados) e 115.47 (interesses totalmente desequilibrados).
Para testarmos a Hipótese 1.3, comparámos os sujeitos que responderam às versões
em que a saliência dos stakeholders era desigual. Contudo, apesar de os participantes
referentes à condição em que os acionistas/proprietários são percebidos como mais
salientes apresentarem, em termos de pontuações médias, uma tendência menor para
conciliar os interesses dos stakeholders (M = 93.65; DP = 34.05) em relação àqueles em
cuja condição os stakeholders mais salientes eram os colaboradores (M = 88.23; DP =
26.62), esta diferença não mostrou ser estatisticamente significativa, t(106) = 0.68, p = .50.
Face a estes resultados, somos levados a concluir que a hipótese “haverá uma diferença
significativa na conciliação dos interesses dos stakeholders entre decisões que envolvam
acionistas/proprietários e grupos que não o sejam” não foi corroborada.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
91
Carla Car valho, Lúcia Ribeiro, Lisete Mónico, Damasceno Dias & Pedro Parreira
O teste da Hipótese 1.4 foi efetuado através de uma Regressão Linear Hierárquica. A
conciliação dos interesses dos stakeholders foi usada como variável de controlo (modelo 1 da
regressão), de forma a podermos manter constante a influência de tendências individuais
para conciliar os interesses dos mesmos (controlo estatístico da conciliação dos interesses
dos stakeholders). Após este controlo, avaliámos no modelo 2 da regressão a influência
da divisibilidade de recursos. Verificámos que esta variável influencia significativamente
a abordagem utilizada para conciliar os interesses dos stakeholders, F (1, 106) = 12.88, p
< .001, explicando R2 = 10% da variabilidade total da referida abordagem. Contudo, ao
contrário do que era esperado, quanto mais divisível o recurso foi apresentado, mais os
participantes recorreram a uma abordagem across-decision para conciliar os interesses
dos stakeholders (M = - 8.60, DP = 74.61). Inversamente, a abordagem within-decision
foi a mais utilizada quando os recursos são de cariz indivisível (M = - 58.28, DP = 69.13).
Concluímos que a Hipótese 1.4não encontrou suporte estatístico na realidade da nossa
amostra.
Em relação à Hipótese 2.1, 69.4% dos participantes (n = 75) demonstraram uma
preferência estatisticamente significativa pela empresa A – abordagem across-decision,
t (106) = 29.32, p < .001. Reconhecendo que esta questão de escolha forçada era
passível de amplificar ligeiras preferências, optámos ainda por avaliar as perceções dos
participantes em relação a cada uma das empresas. Desta análise pudemos perceber
que a média das respostas relativas à empresa A (abordagem across-decision; M = 4.00;
DP = 1.08) indicou uma avaliação significativamente mais favorável comparativamente
à empresa B (abordagem within-decision; M = 2.00, DP = 1.14), t (106) = 33.09, p < .001.
Avaliámos com a mesma análise de dados as diferenças na avaliação de cada empresa
por parte dos mesmos participantes. A diferença média obtida foi de M = 0.56 (DP =
2.15), t (107) = 2.68, p = .001. Estes resultados demonstram que a questão de escolha
forçada traduziu uma preferência pela abordagem across-decision, o que permite
suportar a Hipótese 2.1, segundo a qual “a abordagem across-decision de conciliação dos
interesses dos stakeholders será mais valiosa instrumentalmente para a organização do
que a abordagem within-decision”.
Os resultados do teste da Hipótese 2.2 (“a abordagem across-decision de conciliação
dos interesses dos stakeholders será mais valiosa instrumentalmente para o gestor
individualmente do que a abordagem within-decision”), atestam que cerca de 75.9% dos
participantes (n = 82) optaram pelo gestor Pedro (abordagem across-decision), t (106) =
42.57, p < .001. Esta opção recebeu uma avaliação média significativamente superior (M
= 4.00; DP = 1.03) à opção within-decision (M = 2.00; DP = 1.07), t = 37.53, p < .001. O teste
t para amostras emparelhadas suporta as diferenças encontradas, t (107) = -5.35, p < .001.
Face a estes resultados, também a Hipótese 2.2 foi corroborada.
92 Te o r i a d o s s t a k e h o l d e r s e t o m a d a d e d e c i s ã o d o s g e s t o r e s : C o n s t r a n g i m e n t o s
e implicações para o processo de conciliação de interesses dos stakeholders
organizacionais
Dos 108 gestores participantes neste estudo, 53 receberam a versão within-decision e 55 a
versão across-decision do protocolo experimental anteriormente descrito. A Hipótese 2.3 foi
testada com base no modelo de Regressão Linear Hierárquica. Adotámos como variável de
controlo a preferência relativa pelo grupo de colaboradores1 e como variável independente a ****
6. DISCUSSÃO
Com o estudo que aqui sinteticamente apresentámos foi nosso objetivo investigar os
fatores que condicionam as decisões dos gestores no que respeita à gestão equilibrada
1 A possibilidade de os participantes não terem qualquer preferência por cada um dos grupos de
stakeholders poder influenciar as suas respostas foi por nós tida em conta. Neste sentido, pedimos aos sujeitos
que indicassem a medida em que julgavam que os gestores da Beta-Omega deveriam ter dado atenção aos
grupos de acionistas, colaboradores, fornecedores, clientes, bem como à comunidade e ao governo. Era-lhes,
então, solicitado que distribuíssem 100 pontos por entre os grupos de stakeholders referidos. A preferência
relativa pelo grupo dos colaboradores foi medida como o total de pontos dados ao grupo de colaboradores
sobre a soma dos pontos dados a esse grupo com os pontos dados ao stakeholder “governo”.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
93
Carla Car valho, Lúcia Ribeiro, Lisete Mónico, Damasceno Dias & Pedro Parreira
dos interesses dos stakeholders (e.g., divisibilidade de recursos, saliência dos stakeholders,
estratégias/abordagens de equilíbrio, pertença ao grupo de acionistas/proprietários da
empresa) e procurar conhecer as implicações (instrumentais e normativas) que as várias
estratégias/abordagens utilizadas pelos gestores para atingir esse fim (e.g., abordagem
within-decision e abordagem across-decision) são passíveis de ter sobre os processos e
resultados organizacionais.
Como vimos, os resultados obtidos sugerem que, apesar de os gestores poderem estar
dispostos a conciliar os interesses dos vários stakeholders que constituem uma dada
organização, fatores como a divisibilidade dos recursos e a saliência dos stakeholders
constrangem os seus esforços nesse sentido. De facto, estes resultados atestam que
quanto mais um recurso é percebido pelos gestores como facilmente divisível, mais estes
o irão distribuir equitativamente por entre os stakeholders mais relevantes (salientes) e,
por conseguinte, procurar conciliar os seus interesses e vice-versa.
Da mesma forma, quanto mais equitativa é a saliência dos stakeholders mais relevantes
para os gestores num dado momento, mais aptos estarão a implementar estratégias
de conciliação das exigências e necessidades desses constituintes organizacionais. Ao
invés, quanto mais desigual ou tendenciosa é a saliência relativa dos mesmos, menos
provável será o gestor implementar estratégias conducentes a uma conciliação dos seus
interesses ou exigências.
Tal como os resultados obtidos no estudo conduzido por Reynolds e colaboradores
(2006), também os nossos resultados atestam que as decisões dos gestores no que toca
à conciliação dos interesses dos stakeholders não são influenciadas pelo fato de uma
das entidades envolvidas na decisão em questão pertencer ao grupo de acionistas/
sócios/proprietários da organização. Apesar de este stakeholder ter sido financeiramente
favorecido (M ≈ 106.000.00 €) pelos gestores participantes nesta investigação aquando
do primeiro caso para análise e de terem sido considerados como os stakeholders mais
salientes (M = 3.72, DP = 0.88), o seu estatuto não mostrou ter um efeito significativo sobre
a forma como os recursos são distribuídos para além da variabilidade que é explicada
pelo grau de divisibilidade dos recursos e pela saliência relativa dos vários stakeholders
envolvidos. Desta forma, estes resultados contribuem, ainda que modestamente, para
a compreensão de um tema bastante controverso no seio da gestão de stakeholders:
o estatuto do stakeholder acionista/sócio/proprietário. Parece-nos válido admitir que,
pelo menos neste estudo, o estatuto único que é admissível atribuir aos proprietários/
acionistas/sócios de uma dada empresa não se traduz diretamente num tratamento
especial por parte dos gestores, já que outros stakeholders (e.g., colaboradores) merecem
idêntica atenção.
94 Te o r i a d o s s t a k e h o l d e r s e t o m a d a d e d e c i s ã o d o s g e s t o r e s : C o n s t r a n g i m e n t o s
e implicações para o processo de conciliação de interesses dos stakeholders
organizacionais
Em relação às abordagens (within e across-decision) a que os gestores recorrem para
conciliar as exigências dos stakeholders, os resultados por nós obtidos demonstram
que os gestores usam ambas as abordagens consoante as condições da situação de
tomada de decisão. Mais concretamente, ao contrário do esperado, quanto mais divisível
é percebido o recurso em análise, mais os gestores irão aplicar uma abordagem across-
decision em detrimento de uma abordagem within-decision para conciliar os interesses
dos stakeholders. Neste sentido, somos levados a acreditar que os gestores, talvez
incitados pela situação de crise económica em que atualmente vivemos, preferem optar
por conciliar ao máximo os interesses de todos os stakeholders relevantes no momento,
sob pena de não lhes ser possível fazê-lo no futuro, dada a contingência económica
actual pautada pela incerteza.
Não obstante esta clara preferência por uma abordagem within-decision (M = - 35.28, DP
= 75.60) na hora de distribuir os recursos organizacionais, os resultados demonstram que
a cada uma das abordagens referidas subjazem diferentes implicações instrumentais
e normativas, tanto para os gestores, como para as organizações em si mesmas. Em
primeiro lugar, a abordagem across-decision mostrou ser percebida como com um valor
instrumental superior ao da abordagem within-decision quer para a organização quer
para o gestor individualmente. Apesar de o design por nós utilizado não discriminar
os motivos específicos subjacentes a esta preferência, somos levados a supor que
os gestores possuem um conhecimento, pelo menos sobre uma forma tácita, dos
custos adicionais associados à abordagem within-decision, encarando, por isso, a
abordagem across-decision como mais eficiente para alcançar os resultados desejados.
Independentemente desta preferência, uma conclusão que daqui podemos retirar é
que quando são dadas aos gestores duas opções viáveis para conciliar os interesses
dos stakeholders, estes selecionam a abordagem que é mais consistente com o espírito
da gestão de stakeholders, dando-nos alguma evidência no sentido de um certo
pragmatismo da gestão – no seu quotidiano organizacional, os gestores reconhecem
que as decisões devem ser tomadas rapidamente e que quaisquer desequilíbrios que
possam advir dessas mesmas decisões podem ser retificados no futuro.
A abordagem across-decision foi também percebida como sendo mais ética que a within-
decision. Dados os outros resultados possíveis, estes resultados permitem-nos chegar a
relevantes conclusões. Por exemplo, se os gestores não tivessem percebido quaisquer
diferenças a nível normativo entre as duas abordagens, poderíamos supor que o gestor
poderia, teoricamente, escolher qualquer uma das abordagens sem pôr em causa a
sua reputação ética. Por outro lado, se os participantes da amostra tivessem percebido a
abordagem within-decision como com um valor ético superior seríamos levados a admitir que
os gestores têm de optar entre o valor instrumental da abordagem across-decision e o valor
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
95
Carla Car valho, Lúcia Ribeiro, Lisete Mónico, Damasceno Dias & Pedro Parreira
7. CONCLUSÕES
Quando refletimos sobre os ingredientes que definem uma organização de uma forma
positiva, bem-sucedida, dificilmente poderemos deixar de pensar sobre questões relacionadas
com a sua própria sobrevivência, afirmação e desenvolvimento a longo prazo num mercado
que se sabe cada vez mais global e competitivo. Ora, a sobrevivência e competitividade das
empresas depende, em larga medida, da forma como são geridos os múltiplos interesses dos
seus stakeholders, seja por via do retorno do investimento dos seus acionistas, da satisfação
de necessidades, aspirações e expetativas dos seus colaboradores ou da construção de
relações socialmente responsáveis com a envolvente. Uma organização que, através dos
seus gestores, consiga atender, de forma equilibrada, às necessidades e expetativas dos
seus principais stakeholders, conseguirá, pois, mais facilmente obter bons resultados a todos
os níveis (Hillman & Kleim, 2001). Contudo, independentemente do interesse e motivação
dos gestores para conciliar os interesses dos stakeholders da organização em que exercem
as suas funções, determinados fatores podem constranger os seus esforços nesse sentido.
Como vimos, neste estudo foi nosso objetivo analisar a influência do grau de divisibilidade dos
recursos, do nível de saliência dos stakeholders e da pertença ao grupo de acionistas/proprietários
da empresa na forma como os gestores distribuem os recursos organizacionais (e.g., lucros)
pelas várias partes que neles possuem interesses ou direitos. Os resultados obtidos por nós
demonstraram que estas três variáveis influenciam, de facto, esse processo, sendo que uma
abordagem a longo prazo (across-decision) é considerada por eles como possuindo um valor
instrumental e normativo superior para equilibrar adequadamente os interesses dos vários
constituintes organizacionais.
Não obstante a relevância dos resultados obtidos nesta investigação para este campo do
conhecimento, não podemos deixar de lhe apontar algumas limitações. Em primeiro lugar,
de forma a nos mantermos fiéis ao estudo original realizado por Reynolds e colaboradores
(2006), optámos por traduzir e adaptar à população portuguesa o Protocolo Experimental
desenvolvido pelos autores, técnica que tem vindo a ser criticada pela sua natureza artificial
e demasiado simplista. De facto, este instrumento foca-se em situações hipotéticas muito
96 Te o r i a d o s s t a k e h o l d e r s e t o m a d a d e d e c i s ã o d o s g e s t o r e s : C o n s t r a n g i m e n t o s
e implicações para o processo de conciliação de interesses dos stakeholders
organizacionais
específicas, as quais poderão tornar difícil a tarefa de extrair conclusões gerais com base
nelas. Neste sentido, apesar de o uso deste tipo de instrumentos se justificar quando a
investigação acerca de um determinado tópico está numa fase inicial, quando um elevado
grau de controlo é necessário para isolar relações complexas e/ou quando a natureza
sensível do tópico em análise não permite que se explore aprofundadamente (Reynolds
et al., 2006), como é o caso da presente investigação, estudos futuros poderão procurar
analisar as mesmas hipóteses recorrendo a outras metodologias (e.g., entrevistas, análise
de casos concretos) que reflitam experiências do mundo real mais acuradamente.
Uma outra limitação passível de ser apontada a este estudo prende-se com o facto de
termos considerado para o mesmo apenas três grupos de stakeholders (sócios/acionistas,
colaboradores, comunidade), os quais poderão não ser representativos do universo de
partes interessadas na organização. Face a isto, sugerimos a inclusão de uma maior
diversidade de grupos (e.g., clientes, fornecedores) em estudos futuros, de forma a obter
dados mais concretos e generalizáveis.
Apesar destas limitações, somos levados a supor que a presente investigação, ainda que
modestamente, contribui de forma efetiva para o desenvolvimento do conhecimento
científico destas temáticas, bem como para uma melhor e mais eficaz gestão das empresas
e das relações entre as pessoas que nelas trabalham e nelas influem. Em primeiro lugar,
este estudo, ao analisar a tomada de decisão dos gestores no que concerne à conciliação
dos interesses dos restantes stakeholders chama a atenção para a importância de nos
focarmos num nível de análise individual, já que a teoria dos stakeholders encara os
gestores, os principais decisores organizacionais, como possuindo um papel central
na mesma, sendo que os seus princípios se aplicam primeiramente aos indivíduos e só
depois à organização. Desta forma, chama a atenção para a importância desta distinção
e encoraja mais estudos a focarem-se neste nível de análise, seja nesta área em particular
ou em qualquer outra relacionada com a gestão de stakeholders.
Para além disso, esta investigação revela a importância em explorar os aspetos descritivos
da gestão de stakeholders, nomeadamente em compreender os processos através dos
quais os gestores e as organizações tomam decisões relacionadas com os mesmos, já que
esta informação permitirá gerar conclusões de cariz instrumental e normativo para a prática
da gestão. Com efeito, compreender os fatores que moldam este tipo de decisões de
conciliação dos interesses dos stakeholders permite-nos mais facilmente desenvolver
estratégias e ações conducentes a melhorias substanciais e incrementais ao nível da
gestão das organizações e dos seus negócios. A um nível prático, por exemplo, podemos
melhor compreender porque é que um gestor que está genuinamente interessado em
conciliar as exigências dos vários grupos de constituintes de uma organização pode
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
97
Carla Car valho, Lúcia Ribeiro, Lisete Mónico, Damasceno Dias & Pedro Parreira
não o fazer numa determinada situação. Da mesma forma, a clarificação dos fatores
implicados no processo de conciliação de interesses dos stakeholders permite-nos mais
claramente compreender porque é que, mesmo perante situações em que alguns
desses fatores referidos podem dificultar ou constranger a conciliação de interesses dos
stakeholders, alguns gestores conseguem cumprir esse objetivo. Finalmente, este corpo
de conhecimento proporciona ao gestor argumentos fundamentados para explicar
e justificar as suas decisões no que toca à distribuição de recursos, particularmente
quando essas decisões parecem, para um ou outro grupo de stakeholders, ser contrárias
aos princípios da abordagem dos stakeholders.
A premissa que percorreu todo este trabalho, segundo a qual os gestores são indivíduos
que geralmente possuem tendência e motivação para conciliar os interesses dos múltiplos
stakeholders de uma organização (Donaldson & Preston, 1995), vem assim contrariar, de
certa forma, o crescente número de casos de corrupção e ilegalidades na gestão dos
recursos organizacionais publicitados pelos media, demonstrando que estes constituem
a excepção e não a norma na prática da gestão e que, como tal, a confiança naqueles
que são responsáveis pela gestão das empresas não deverá ser abalada (Carvalho, 2007).
Em suma, a chave será identificar os fatores que limitam a capacidade dos gestores
para conciliar os interesses dos stakeholders e, face a isto, procurar formas de os superar,
melhorando, consequentemente, as práticas de gestão. Este é, contudo, um trabalho que
se encontra ainda a dar os primeiros passos, pelo que este estudo constitui apenas um
modesto contributo neste domínio. Não obstante, esperamos que possa servir de estímulo
à prossecução e aprofundamento dos temas aqui tratados, fazendo com que os mesmos
ganhem uma maior notoriedade no seio da literatura afeta à gestão de stakeholders.
8. REFERÊNCIAS
Agle, B., Mitchell, R., & Sonnenfeld, J. (1999). Who matters to CEOs? An investigation of stakeholder
attributes and salience, corporate performance, and CEO values. Academy of Management
Journal, 42(5), 507-525.
Alferes, V. R. (2012). Methods of randomization in experimental design. Thousand Oaks, CA: SAGE.
Allison, S. T., McQueen, L. R., & Schaerfl, L. M. (1992). Social decision-making processes and the equal
partitionment of shared resources. Journal of Experimental Social Psychology, 28, 23-42.
Barney, J. B., & Harrison, J. S. (2018). Stakeholder Theory at the crossroads. Business & Society,
September, doi: https://doi.org/10.1177/0007650318796792
Carvalho, C. (2007). Organizações, actores envolvidos e partes interessadas: Determinantes da saliência
dos stakeholders e sua relação com o desempenho organizacional. Tese de doutoramento não
publicada. Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, Universidade de Coimbra.
98 Te o r i a d o s s t a k e h o l d e r s e t o m a d a d e d e c i s ã o d o s g e s t o r e s : C o n s t r a n g i m e n t o s
e implicações para o processo de conciliação de interesses dos stakeholders
organizacionais
Carvalho, C., & Gomes, A. D. (2008). Saliência de stakeholders: Construção e validação da escala de
gestão de stakeholders. Psychologica, 47, 201-218.
Carvalho, C., Gomes, A., & Lourenço, P. (2005). Análise discursiva da gestão de stakeholders:
Emergência e implicações dos discursos dos gestores no comportamento organizacional.
Psychologica, 38, 45-64.
Donaldson, T. & Preston, L. (1995). The stakeholder theory of the corporation: Concepts, evidence
and implications. Academy of Management Review, 20, 65-91.
Erdiaw-Kwasie, M. O., Alam, K., & Shahiduzzaman, M. (2017). Towards understanding stakeholder
salience transition and relational approach to ‘better’corporate social responsibility: A case for
a proposed model in practice. Journal of Business Ethics, 144(1), 85-101.
Evan, W., & Freeman, R. (1993). A stakeholder theory of the modern corporation: A kantian analysis.
In T. L. Beauchamp and E. B. Norman (Eds.), Ethical Theory and Business (4th ed., pp. 75-84).
Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall.
Freeman, R. (1994). The politics of stakeholder theory: Some future directions. Business Ethics
Quarterly, 4(4), 409-421.
Freeman, R., Philips, R., & Sisodia, R. (2018). Tensions in Stakeholder Theory. Business & Society, May,
doi: doi.org/10.1177/0007650318773750.
Garcia-Castro, R., Ariño, M., & Canela, M. (2008). Over the long run? Short-run impact and long-run
consequences of stakeholder management. Business & Society, 20(10), 1-26.
Greenley, G., & Foxall, G. R. (1998). External moderation of associations among stakeholder
orientations and company performance. International Journal of Research in Marketing, 15(1),
51-69.
Harrison, J., & Freeman, R. (1999). Stakeholders, social responsibility, and performance: Empirical
evidence ant theoretical perspectives. Academy of Management Journal, 42(5), 479-485.
Hasnas, J. (1998). The normative theories of business ethics: A guide for the perplexed. Business
Ethics Quarterly, 8, 19-42.
Hill, C., & Jones, T. (1992). Stakeholder-agency theory. Journal of Management Studies, 29(2), 132-154.
Hillman, A., & Keim, G. (2001). Shareholders value, stakeholder management, and social issues:
What’s the bottom line? Strategic Management Journal, 22(2), 125- 140.
Hurth, V. (2017). Organizations as open systems that need purpose and integrated thinking. Board
Leadership, 2017(150), 1-8.
Jawahar, I., & McLaughlin, G. (2001). Toward a descriptive stakeholder theory: An organizational life
cycle approach. Academy of Management Review, 26(3), 397-414.
Jones, T., & Wicks, A. (1999). Convergent stakeholder theory. Academy of Management Review, 24(2),
206-221.
Kujala, J., Lehtimäki, H., & Myllykangas, P. (2016). Toward a relational stakeholder theory: Attributes
of value-creating stakeholder relationships. Academy of Management Proceedings, 2019 (1),
13609.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
99
Carla Car valho, Lúcia Ribeiro, Lisete Mónico, Damasceno Dias & Pedro Parreira
100 Te o r i a d o s s t a k e h o l d e r s e t o m a d a d e d e c i s ã o d o s g e s t o r e s : C o n s t r a n g i m e n t o s
e implicações para o processo de conciliação de interesses dos stakeholders
organizacionais
CHAPTER 4
R i t a O l i v e i r a Te i x e i r a A l e g r e *
Lisete S. Mónico*
Carla Carvalho*
ABSTRACT
The success of organizations is not only guaranteed by the quality of the product, nor by the
services provided, but also by how organizations respond to the interests of its stakeholders.
Stakeholder theory is widely recognized as a management theory, yet there were very little
researches made to analyse their influence on individual decision making, referring to the
management and behaviour of the organizational actors. The main purpose of the research
is to attempt to recreate Reynolds, Schultz and Hekman’s (2006) and Carvalho, Ribeiro and
Peralta (2011) research, with an emphasis on how managers balance stakeholder´s interests
in the Portuguese context in 2009 and almost 10 years after, in 2018. An experimental study
will be conducted through scenarios’ manipulation into a self-reported questionnaire. In order
to add value to the discussed theme, was developed a short-version of the GS- questionnaire
management of stakeholders, constructed and validated for the Portuguese population by
Carvalho (2007). Through the analysis of the results, we may conclude that although the
managers have as objective balancing stakeholder’s interests, factors such as the resources
divisibility, stakeholder’s salience and stockholder’s group membership can constrain their
efforts in this sense. Taking into account the within and across-decision approaches, we
conclude that the across-decision approach was perceived as having greater instrumental
value for the organization in the two years, 2009 and 2018. Regarding the instrumental value
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
101
R i t a O l i v e i r a Te i x e i r a A l e g r e , L i s e t e M ó n i c o & C a r l a C a r v a l h o
for the individual manager and the perception of ethical degree of decisions, we only found
empirical support in the 2009 sample. This may be a consequence of the Portuguese crisis,
experienced in the last years and an effect of the significant increase of social responsibility,
in Portugal.
Keywords: stakeholder management, ethical decision-making, balancing stakeholder
interests; retrospective study; experimental study.
102 Managerial decision-making and stakeholders interests: What changes from 2009
to 2018?
1. INTRODUCTION
The concept of work and its meaning has been changing over the time. Something that was
seen initially as an activity focused on livelihood, as fruit straight from work, today it is seen
as central in a person´s life. The society manages its time based on the work and after that
organizes its life. It is seen as an activity that provides personal achievement, social status
and the possibility to establish and maintain interpersonal relations (Kubo & Gouvêa, 2012).
Today, the organizational success is not only guaranteed by the quality of the products
and the services provided. In a context of strong competition in global markets,
organizations have to improve the productivity and the quality of their products, reduce
costs and adapt quickly to uncertain and varied markets. At the same time, they need
to answer to the often-competing interests of the parties (eg, shareholders / owners
/ employees / customers / suppliers / government / community) (Carvalho, 2007;
Carvalho, Ribeiro, & Peralta, 2011).
Over the time, the approach of organizations as closed systems has been changed
to a more systemic view, characterizing it as a global unit, organized by sub-systems
with constant interrelations between its members / parts, processes or individuals, and
that’s also in constant interaction with the surrounding environment. This perspective
of organizations as open systems, conditioned by the demands of the environment
that surrounds them, in terms of resources necessary to its functioning and survival,
redefines the role of managers in organizations (Hurth, 2017). Organizations are also
political arenas, where decisions are made based on the powerful relationships held, at
some point, by the organizational actors (Carvalho, 2007) and stakeholder engagement
(O’Riordan & Fairbrass, 2014).
The stakeholders’ theory is based on the belief that organizational relationships with
several groups, are essential to maintain the support established with those stakeholder
groups, in order to achieve and balance the interests of those, which are directly or
indirectly related (Barney & Harrison, 2018). The possibility of an organization to achieve
positive results at various levels (e.g., economic, social, environmental), depends on
the effective management of the organization’s relationship with the different parts of
their various stakeholders (Hillman & Keim, 2001; Trieschemann, Dennis, Northcraft, &
Niemi-Jr, 2000). In this process, it’s essential a balanced management of the interests and
expectations of stakeholders, so that the organization can function effectively and stand
out in an increasingly global market.
Stakeholders’ theory is widely recognized as a management theory, yet there weren’t
much researches made to analyse their influence on managers’ decisions, concerning
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
103
R i t a O l i v e i r a Te i x e i r a A l e g r e , L i s e t e M ó n i c o & C a r l a C a r v a l h o
the management and behavior of the organizational actors. Making decisions regarding
the reconciliation of expectations and interests of all, or at least, the most important
stakeholders (at a given moment), as well to select the most appropriate strategy to
achieve such process, or to balance stakeholders’ needs with those of the organization, is
the responsibility of organizational managers (Carvalho et al., 2011; Erdiaw-Kwasie, Alam,
& Shahiduzzaman, 2017; Reynolds, Schultz, & Hekman, 2006).
The idea that organizations have more responsibilities that meet the expectations of
shareholders has gained prominence in the business world. It is a constant challenge
for organizations to be able to balance the interest of their stakeholders along with
their corporate social responsibility (CSR) (Erdiaw-Kwasie, Alam, & Shahiduzzaman,
2017; Freeman, 2010; Oates & Kloot 2013). Unlike other strategic management theories,
value creation is considered as embodied in the relational contributions between
organizations and their stakeholders (Freeman 1984, Harrison & Wicks 2013; Schneider
& Sachs, 2017; Priem, Butler, & Sali, 2013). We agree with Post, Preston, and Sauter-Sachs
(2002), when they state that ‘‘The capacity of a firm to generate sustainable wealth
over time, and hence its long-term value, is determined by its relationship with critical
stakeholders’’ (p.89). In the same sence, the survival capacity of an organization, depends,
in a large extent, on compliance with social standards and the legitimacy of stakeholders
(Monfardini, Barretta, & Ruggiero, 2013; Yang & Modell 2013).
Stakeholders’ theory provides to managers the capacity to negotiate in this complex
and dynamic environment, giving them the ability to focus on entities that affect or can
be affected by organizational actions (Freeman, 2010). This theory allows us to better
understand which parties have a real stake in the organization and its actions, what
responsibilities the organization has for these parties, what is the “power, legitimacy and
urgency” of the various stakeholders, and what opportunities / threats this could bring to
the organization. Its central objectives describe how organizations act and help predict
(to a certain extent) the organizational behavior (the behavior of its relevant actors), being
crucial to understanding organizational and social relations (Vracheva & Mason, 2015).
Stakeholder theory assumes that managers, in general, have the motivation and
interest to reconcile the demands and needs of the various groups (Bundy, Shropshire, &
Buchholtz, 2013; Freeman, 2004, 2006, 2010). However, they cannot always achieve this
goal, because of certain situational factors. Based on the study of Reynolds et al. (2006), we
will evaluate the influence of this factors (e.g, resources divisibility and the stakeholders’
saliency) in the managers’ decision-making processes, regarding organizational
resources. In the stakeholders’ saliency, we will have as basis the model proposed by Agle
at al. (1999). Similarly, it is relevant to understand how different strategies of approach
104 Managerial decision-making and stakeholders interests: What changes from 2009
to 2018?
(e.g., Within-decision and across-decision), when used by managers, can have potential
for instrumental and normative consequences for the manager, the organizational
processes and its results.
In this context, based on the literature review in this area (e.g., Achterkamp & Vos, 2008;
Agle, Mitchell, & Sonnenfeld, 1999; Barney & Harrison, 2018; Carvalho, 2007; Carvalho et
al., 2011; Freeman, 2004, 2006, 2010; Hurth, 2017; Miles, 2017; Patel, Manley, Hair, Ferrell,
& Pieter, 2016; Reynolds et al., 2006; Tangpong & Pesek, 2007), we attempt to recreate
Reynolds et al. (2006) and Ribeiro and Carvalho (2011) research, with an emphasis on
how Portuguese managers balance stakeholder interests from 2009 to 2018. What
changes occurred?
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
105
R i t a O l i v e i r a Te i x e i r a A l e g r e , L i s e t e M ó n i c o & C a r l a C a r v a l h o
consideration that the managers, in general, have their time quite busy, we
believe that with the realization of this version, we will lead to an increase in the
response rate and consequent decrease of withdrawals.
3. HYPOTHESES
Hypothesis Stakeholders theory argues that managers, in general, have the motivation
and interest to reconcile the demands and needs of the various groups, that compose
the organization, or hold some kind of interest on it. However, managers are not always
able to achieve this objective, since certain contingency factors constrain/condition
their efforts accordingly. Related with the first goal, and based on Reynolds et al. (2006)
and Carvalho et al. (2011), as you can find in the previous chapter, we suggest that:
Hypothesis 1: Efforts to concile stakeholder interests by managers may be constrained by
contingency factors.
In relation to these factors, in the present study we will systematically vary the degree
of resource divisibility, stakeholder salience, stakeholder/ownership grouping, and the
reconciliation approaches used by managers (within-decision and across-decision
approaches). Firstly, we suggest that the more a resource is perceived by managers as
easily divisible, the more they will distribute it equally among the most relevant (salient)
stakeholders, and therefore seek to reconcile their interests. This assumption is presented
in the following hypothesis: Hypothesis 1.1: Highly divisible resources will lead to more
balanced stakeholder interests than will highly indivisible resources.
Regarding the salience factor of the stakeholders, and according to what was suggested
by Reynolds et al. (2006), we are led to assume that the more equitable the salience of
the stakeholders and most relevant to the managers at a given moment, the more apt
is the manager to implement strategies for reconciling their interests in that decision.
Conversely, the more uneven or biased the relative saliency of the most relevant
stakeholders, the less likely it is for the manager to implement strategies leading to a
reconciliation of their interests or requirements. The hypothesis 1.2 postulates the
following: Hypothesis 1.2. Stakeholder claims of relatively equal saliency will lead to more
balanced stakeholder interests than will stakeholder claims of relatively unequal saliency.
According to Reynolds et al. (2006), managers’ decisions regarding the reconciliation of
stakeholder interests are also likely to be influenced by the fact that one of the entities
involved in the decision in question, belongs to the group of shareholders / owners
of the organization, making the distribution of resources in favor of this group more
important and, consequently, causing the interests of the total set of stakeholders to
106 Managerial decision-making and stakeholders interests: What changes from 2009
to 2018?
be less balanced than if only non-shareholder groups (or owners) were involved. In this
sense, we propose the following: Hypothesis 1.3: There will be a significant difference
in the balance of stakeholder interests between decisions that involve stockholders/
owners and those that don’t.
The last factor that we have varied to gauge its influence in managers’ decision-making,
concerns the type of approach to reconciling stakeholder interests, namely the cross-
decision approach and the within-decision approach, whose use we believe depend on
the perception by the manager of the divisibility of the resource in question: Hypothesis
1.4: To the extent that managers balance stakeholder interests, the more indivisible the
resource, the more managers will employ an across-decision approach rather than a
within-decision approach.
According to Reynolds and collaborators (2006), the approaches of reconciling
stakeholder interests - across-decision and within-decision - have different instrumental
and normative implications, both for organizational processes and results, as for the
managers themselves. We will therefore systematically vary the conciliation approach
(within-decision approach versus the across-decision approach) and suggest that:
Hypothesis 2: The across-decision approach will be perceived by managers as having a
greater instrumental and normative value than within-decision approach.
In order to assess the implications of each of these decision strategies at both, individual
and an organizational level, we subdivide the hypothesis stated earlier in the following
propositions: Hypothesis 2.1: The across-decision approach to balancing stakeholder
interests will be more instrumentally valuable for the organization than the within-
decision approach; Hypothesis 2.2: The across-decision approach to balancing stakeholder
interests will be more instrumentally valuable for the individual manager than the within-
decision approach; Hypothesis 2.3: The across-decision approach to balance stakeholder
interests, will be perceived as more ethical than the within-decision approach.
4. METHOD
4.1. Samples
2018 Sample. The sample collected in 2018 is composed by 105 managers of Portuguese
companies belonging to various sectors of activity: Industrial (33.3%), Commercial (19%),
Services (35.2%), and Others (11.4%). Of these, (42.9%) were female and (56.2%) were
male, (36.2%) are owners, partners or shareholders of the company where they work,
and the remaining perform top management functions (10.5%), departmental direction
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
107
R i t a O l i v e i r a Te i x e i r a A l e g r e , L i s e t e M ó n i c o & C a r l a C a r v a l h o
(21%), in charge (11.4%), department head (15.2%), others (4.8 %), which are distributed
by the departments : Commercial (14.3%), Financial (16.2%), Marketing (4.8%), Production
(14.3%), Administrative (13.3%), Human Resources (13.3 %), Quality (6.7%), Research and
Development (3.8%), or other departments (12.4%). Of the 105 subjects in question, 25
responded to version A, 29 to version B, 25 to version C and 26 to version D.
The sampling method was used for convenience, after which a random distribution was
performed by the different groups. The contact was made by letter, email, telephone
or personal appearance, in order to clarify the primary objectives of the investigation.
The questionnaires were completed using the self-administered questionnaire survey
method.
2009 Sample. The 1st Sample, collected in 2009, is composed by 108 managers of
Portuguese companies belonging to various sectors of activity: industrial (23,1%),
commercial (26,9%), services (44,4%) and others (5,6%). Sixty-three of the participating
subjects are male and the remaining forty-five are female, thirty-five of whom are owners,
partners or shareholders of the company where they work. The remaining seventy-three
subjects perform functions related to the Top Management (6,5%), Department (18,5%) or
Section Manager (13,0), which are distributed by the departments : Commercial (17,6%),
Financial (12%), Marketing (10,2%), production (11,1%), Administrative (31,5%), Human
Resources (4,6%) or Research and Development (1,9%). Most of these subjects perform
the mentioned functions between three to ten years (51,8%). Of the 108 interviewed
subjects, fifty responded in equal proportion to versions A and B, thirty to version C
and twenty-eight to version D (see Figure 1 for the Representation of the Experimental
Protocol Versions).
108 Managerial decision-making and stakeholders interests: What changes from 2009
to 2018?
Figure 1. Representation of the Experimental Protocol Versions
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
109
R i t a O l i v e i r a Te i x e i r a A l e g r e , L i s e t e M ó n i c o & C a r l a C a r v a l h o
4.2. Measures
In order to achieve the objectives of this experimental study, we used a Portuguese
version of the Protocol / Experimental Situational Simulation of Reynolds et all. (2006).
The instrument consists in the description of specific mortgage situations (four different
cases, whose description can be found in the previous chapter). Participants are asked
to indicate the decision(s) they would take against the situation described in the
hypothetical scenario attributed.
It was further requested to fill the GS Questionnaire management of stakeholders (Carvalho,
2007), that aims to characterize the importance assigned by the managers, on the ledge
of the stakeholder groups, to substantiate the answers given by the managers in the
Experimental Protocol. The GS questionnaire management of stakeholders (Carvalho, 2007),
measures four dimensions of the stakeholder’s salience using 32 items, which fall into the
categories: power, legitimacy, urgency and salience. The items are evaluated using a 1-5
points Likert scale with five response options: 1 - strongly disagree, 2 - disagree, 3 - do not
agree or disagree, 4 - agree, 5 - strongly agree. The participants need to attribute a value
for the community, the collaborators and for the shareholders/ owners. An example of
legitimacy item “Has submitted requests, demands or rational complaints”, an example of
urgency item “It required our company to respond promptly and immediately to some
requests, demands or complaints”, an example of power item “Was able to exercise some
kind of control over our company” and an example of salience item “It has made our
company spend a lot of time on requests, demands or complaints”.
The confirmatory factor analysis (CFA) supported four factors in both samples (2009 and
2018): F1 – Legimimacy, F2 – Urgency, F3 – Power, and F4 – Salience. All fit indices were
acceptable (see Table 1 and Figure 2 for standardized estimates of the total sample). The
standardized regression weights for this model ranged from .75 to .89 in 2009, .75 to .89
in 2018 and .79 to .92 in the total.
Table 1. Fit indices obtained in the confirmatory factor analysis of the GS Questionnaire
110 Managerial decision-making and stakeholders interests: What changes from 2009
to 2018?
Figure 2. CFA for the GS Questionnaire: Standardized regression weights and squared multiple
correlations (total sample)
The Cronbach’s alpha for the GS Questionnaire was .96 in 2009, .93 in 2018, and .95 in
the total (see Table 2; also, see descriptive statistics in Table 2). Composite reliability were
satisfactory, as well as the average variance extracted (since were above .50 for all factors).
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
111
R i t a O l i v e i r a Te i x e i r a A l e g r e , L i s e t e M ó n i c o & C a r l a C a r v a l h o
Table 2. GS Questionnaire: Cronbach’s Alpha (α), means (M) and standard-deviations (SD) in the two
samples (2009; 2018)
4.3. Procedure
This is an experimental study (Alferes, 2012), since the manipulation was performed in the
different mortgage situations (four different cases). The participants are asked to indicate
the decision(s) they would take against the situation described in the hypothetical
scenario attributed to them. There was control of the classificatory factors and the
pseudo-factors by the random distribution of the subjects between the four conditions.
All ethical principles of a research study were complied with – the researchers explained the
study purposes, participants gave their informed consent, and anonymity was ensured at all
times. Data analyses were performed using the IBM SPSS and AMOS version 22.0.
5. RESULTS
To test the first three hypotheses, we run a multivariate analysis of the variance (MANOVA).
Since the Levene´s test for the homogeneity of variances was statistically significant, we
had used the Pillai´s Trace test, instead of Wilks Lambda.
112 Managerial decision-making and stakeholders interests: What changes from 2009
to 2018?
Table 3. Means, standard-deviations, ANOVA’s F and partial eta Squared from hypothesis 1.1
Resource Divisibility
Divisible Resources Indivisible Resources
M SD M SD F Partial Eta
Squared
Owners 95.15 33.65 115.69 78.41 2.96 .027
2009 Collaborators 64.60 24.07 77.93 77.43 1.37 .013
Community 40.25 25.00 6.38 14.59 76.35** .419
Shareholders 82.06 40.37 86.14 65.40 .15 .001
2018 Collaborators 71.33 30.50 91.43 68.27 3.87 .036
Community 46.13 22.39 23.20 32.82 17.67** .146
**p < .01
Regarding hypothesis 1.1 (see Table 3), where we intended to test if the manipulation of
resources’ divisibility would have effects on balancing stakeholder’s interests, the results
of the test revealed that the global effect is in both years (λ of Pillai´s Trace = 0.421, F
(2,105) = 38.242, p < .001 in 2009 and λ of Pillai´s Trace = 0.163, F (3,101) = 6.554, p < .001
in 2018. The global impact on decision-making, due to resources divisibility was higher
in 2009 (42%) than the global impact in 2018 (16%).
Using the same method, hypothesis 1.2., stakeholders’ salience represents a predictor
variable of the balancing stockholders’ interests (see Table 4), once the global effect
revels statistically significant in both years, λ of Pillai´s Trace = 0.754, F (4,208) = 32.458, p
< .001 regarding 2009, and λ of Pillai´s Trace = 0.517, F (2,000) = 12.047, p < .001 regarding
2018. In 2009 the stakeholders salience had a global impact of 38% and 27% in 2018, for
decision-making.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
113
R i t a O l i v e i r a Te i x e i r a A l e g r e , L i s e t e M ó n i c o & C a r l a C a r v a l h o
Table 4. Means, standard-deviations, ANOVA’s F and partial eta Squared from hypothesis 1.2
In order to test hypothesis 1.3, MANOVA analysis shows that the manipulation of the
experimental effect was statistically significant, for both years: 2009 (λ of Pillai´s Trace
=.776, F (6,206) = 22.52, p<.001, partial eta square =.396, an effect of 39.6 %), and 2018 (λ
of Pillai´s Trace = .523, F(9,241) = 7.85, p<.001, partial eta square =.188).
The performance of multiple comparison tests shows that version D’s manipulation
(in favor of stockholders) led to results significantly higher in the amount received by
owners: for 2009 (M = 160.54; SD = 60.37); for 2018 (M = 127.69; SD = 54.21), comparing
with other versions. This means that, when owners salience is manipulated, they receive
in fact a higher value.
114 Managerial decision-making and stakeholders interests: What changes from 2009
to 2018?
Table 5. Means, standard-deviation, ANOVA’s F and partial eta Squared from hypothesis 1.3
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
115
R i t a O l i v e i r a Te i x e i r a A l e g r e , L i s e t e M ó n i c o & C a r l a C a r v a l h o
6. DISCUSSION
Through the analysis of the results obtained with our study, we could conclude that
although the managers have as objective balance stakeholder’s interests, factors such
as the resources divisibility, stakeholder’s salience and stockholder’s group membership,
can constrain their efforts in this sense.
Regarding resources divisibility, we see that it had a significant effect in the two years,
however, with a higher magnitude in 2009. This lead us to believe that in 2018, managers
tended to be more “democratic” and ignore the advice of the accounting department
vice-president, who advised that only one check could be provided. This hypothesis
was only confirmed for the community, as the resources were presented as indivisible,
the community was inclined to receive less in the two samples. The owners and the
collaborators, when the resources were divisible, had received less, comparing with the
version in which they are indivisible.
Regarding stakeholder’s salience, we can see that the manipulation affects the total
amount of money given to all groups. When the salience is in favor of shareholders /
owners, they, in fact, receive more. When it is in favor of collaborators, they receive
significantly more than others. However, the community received more when salience
was equal, since this group hadn’t a version on favor. When, for instance, was described
as a scenario a very important project from collaborators, the participants tended to
assign them a higher value, perceiving them as more salient group than others.
Relatively to the within and across-decision approaches of conciliation, in contrast to
what we expected, we concluded that the manager’s choice by the kind of approach
used, doesn’t depend on the resources divisibility manipulation. In other words, when a
resource is perceived as indivisible, managers do not tend to opt for an across-decision
approach (which believes that even the manager sacrifice a stakeholder at a given
moment, he will compensate him in the long-term, seeing the organization as a system).
This may be a consequence of the Portuguese crisis, experienced in the last years. For
example, factors such as wage cuts, reduction of productivity premiums, reduction of
workers in the company, etc., may lead the manager to believe that he will not have
another chance to compensate a certain group of stakeholders in the future, opting for
a strategy that, in short terms, pleases the various stakeholders.
We also presented that the cross-decision approach would have a greater instrumental
value for both, organization and individual manager. However, this relationship has only
been confirmed for the two years period, respecting the instrumental value for the
organization.
116 Managerial decision-making and stakeholders interests: What changes from 2009
to 2018?
Regarding the instrumental value for the individual manager, only was found empirical
support in the 2009 sample. In the hypothetical scenario in question, it was transmitted
to the manager, that two employees would have volunteered to work 8 extra hours a
week, however, there would only be a budget of 8 hours per extra voluntary work per
week, thus the participants would have to choose between distributing the 8 hours by
the two employees (within-decision approach) or assigning the 8 hours to one of the
employees now, and to the other in the future (across-decision approach). We can see
that, in 2009, managers understood the across-decision approach as more pragmatic,
converging with the foundation of stakeholder theory, that deciding immediately and
believing that any injustices that might arise from that decision may be rectified in
the future. In 2018, there were no statistically significant differences between the two
approaches, leading us to consider an explanation like the one given above.
Considering the whole scenario lived in Portugal in the last years, the participants may
have been constrained by variables related with crisis, leading them to believe that the
within-decision approach will be as effective as across-decision, to achieve their goals.
We can expect that workers may feel mistaken on realizing that, at a given moment, a
colleague was preferred, even if he is rewarded in the future. According to Hooghiemstra,
2000, organizational managers, especially those who have more experience, tend
to behave in a way that creates and protects self-image, impressions and specially
influences how an employee is perceived by others. Several studies also indicate that
organizational crisis is highly related with negative emotional states (Lord & Kanfer, 2002).
In this sense, there must be an increased effort on the way managers make decisions,
since each attitude can invoke different emotional reactions.
On the last hypothesis, which argues that the across-decision approach will be perceived
as more ethical than the within-decision approach, only was found empirical support,
again, for the 2009 sample. In the case in question, it is described that Beta-omega,
a petrochemical company, intends to build a 1 million euros complex apartment for
its employees in Northern Alaska, on an oil well in high sea. However, the Government
opposed this decision, arguing that such act will create repercussions in the ecosystem.
Also, beta-omega is wondering if it should shut down a post in southern Alaska, kr4, as
exported oil revenues declined significantly in the recent years. Maintenance costs have
exceeded profits, making the government intervene again, saying that the well decreases
tourist attraction by around 1 million euros a year, as it is close to the cruise lines. The
employees, however, say that the oil well remains active until dry, to keep their jobs.
When faced with this, Beta-omega, in the within-decision approach, decides to build a smaller
complex for the workers, with 500,000 euros, thus reducing the impact on the ecosystem and
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
117
R i t a O l i v e i r a Te i x e i r a A l e g r e , L i s e t e M ó n i c o & C a r l a C a r v a l h o
allowing employees to have a place to live. Regarding the second situation, they decided to
keep the well opened for another 6 months and donate 500,000 euros for the government.
With this capital and environmental improvement, government could inject in tourism
development areas. Already in the cross-decision approach, beta-omega decided to accede
into government’s request and do not build the complex apartment. In the second situation,
he chooses to assure its employees that the KR4, would remain open while oil was sprouting.
Looking at the two situations, we can conclude that both options have positive and
negative factors. While in the cross-decision approach the company has a growing
concern with the environmental impact, abandoning completely the idea of building
the complex apartment, in the within-decision approach, the company builds the
complex apartment, but with a reduced size, thereby reducing the environmental
impact and having into account workers conditions. Regarding second case, the cross-
decision approach does not give any concern to the tourism in the area, making clear
that it would continue to export oil until the well dried up. In one hand, this is a way of
keeping the jobs for their workers; on the other hand, the oil is a natural energy exhaust.
If the maintenance cost was already higher than the profit, of course the workers would
lose their jobs in the short or medium term. Thus, in the within-decision approach, the
company was concerned with assigning 6 months of maintenance, keeping the workers
for some time, but giving them the certainty that it would have a pre-determined period
of gilding. On the other hand, the company worried about the tourism in the area, giving
to the government 500,000 euros, to invest in this direction.
Given this, we can interpret that in the across-decision approach, the company had a
greater concern with the environmental responsibility, while in the within-decision
there was a greater concern with social responsibility. This leads us to the increase
for the predilection by the within-decision approach. Corporate social responsibility
registered a significant increase in Portugal in the last years, catching up with the rest of
Europe. Society needs support from companies, often when the state fails to solve social
problems (Lopes & António, 2016). We can also mention that during economic crisis, the
awareness of this kind of issue increased dramatically, because the public, politicians and
many researchers, believe that this crisis has started, also due to the ethical misconduct
of business and the lack of social responsibility (Wef, 2010). Therefore, we can interpret
the 500,000 euros donation, in the within-decision approach, as a social concern for
the tourism in the area. Like the creation of the complex, which demonstrates the
company´s concern with its employees. Participants may also have relied on the difficulty
experienced in recent years, believing that it would be more ethical to compensate
immediately everyone involved, rather than putting their future depending on external
factors. Thinking in a short-term response, that meets all the immediate needs.
118 Managerial decision-making and stakeholders interests: What changes from 2009
to 2018?
Limitations and implications for future research
Despite the relevance of our results, in this research, regarding this field of knowledge,
we found some limitations. The first one concerns the fact that Reynolds and colleges’
instrument (2006) was translated and adapted for the Portuguese population. In fact,
this instrument focus on specific hypothetical situations; this leads to an increase in
the difficulty of generalization. In this sense, future studies may seek to analyze the
same hypotheses using other methodologies (e.g. interviews, case-studies…). This
methodology would reflect, more realistically, real-word experiences.
Another limitation is the fact that we used only three different groups of stakeholders
(partners/shareholders, employees and community), in the sense that our sample may
not be representative of the universe of stakeholders in organizations. Therefore, we
considered that would be interesting to include other groups of stakeholders, in future
studies.
We also consider that it would be interesting to study, deeply, the relationship between
decision-making, stakeholder theory and the Portuguese crisis. We believe that this
research contributes to the development of the scientific knowledge of these subjects,
as well as to a better and more effective management of the companies and the relations
between the people who work there. In addition, this research highlights the importance
of exploring descriptive aspects of stakeholder’s management, understanding the
processes through which managers and organizations make decisions related to them.
This information will allow us to generate instrumental and normative conclusions for
the management practice.
7. REFERENCES
Achterkamp, M. C., & Vos, J. F. (2008). Investigating the use of the stakeholder notion in project
management literature, a meta-analysis. International Journal of Project Management, 26(7), 749-757.
Agle, B., Mitchell, R., & Sonnenfeld, J. (1999). Who matters to CEOs? An investigation of stakeholder
attributes and salience, corporate performance, and CEO values. Academy of Management
Journal, 42(5), 507-525.
Alferes, V. R. (2012). Methods of randomization in experimental design. Thousand Oaks, CA: SAGE.
Barney, J. B., & Harrison, J. S. (2018). Stakeholder Theory at the crossroads. Business & Society,
September, doi: https://doi.org/10.1177/0007650318796792
Bundy, J., Shropshire, C., & Buchholtz, A. K. (2013). Strategic cognition and issue salience: Toward
an explanation of firm responsiveness to stakeholder concerns. Academy of Management
Review, 38(3), 352-376.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
119
R i t a O l i v e i r a Te i x e i r a A l e g r e , L i s e t e M ó n i c o & C a r l a C a r v a l h o
120 Managerial decision-making and stakeholders interests: What changes from 2009
to 2018?
Patel, V. K., Manley, S. C., Hair, J. F., Ferrell, O., & Pieper, T. M. (2016). Is stakeholder orientation relevant
for European firms? European Management Journal, 34(6), 650-6600.
Post, J. E., Preston, L. E., & Sauter-Sachs, S. (2002). Redefining the corporation: Stakeholder management
and organizational wealth. Stanford University Press.
Priem, R. L., Butler, J. E., & Li, S. (2013). Toward reimagining strategy research: retrospection and
prospection on the 2011 AMR decade award article. Academy of Management Review, 38(4),
471-489.
Reynolds, S. J., Schultz, F. C., & Hekman, D. R. (2006). Stakeholder theory and managerial decision-
making: Constraints and implications of balancing stakeholder interests. Journal of Business
Ethics, 64, 285-301.
Schneider, T., & Sachs, S. (2017). The impact of stakeholder identities on value creation in issue-
based stakeholder networks. Journal of Business Ethics, 144(1), 41-57.
Tangpong, C., & Pesek, J. (2007). Shareholder value ideology, reciprocity and decision making in
moral dilemmas. Journal of Management Issues, 19(3), 379-396.
Trieschmann, J., Dennis, A., Northcraft, G., & Niemi-Jr, A. (2000). Serving multiple constituencies
in business schools: M.B.A. program versus research performance. Academy of Management
Journal, 43(6), 1130-1141.
Vracheva, V., & Mason, R. (2015). Creating firm value through stakeholder management and
regulation. Journal of Managerial Issues, 27(1-4), 120-140.
WEF (2010). Faith and the Global Agenda: Values for the Post-Crisis Economy. Geneva:Word Economic
Forum.
Yang, C., & Modell, S. (2012). Power and performance: Institutional embeddedness and
performance management in a Chinese local government organization. Accounting, Auditing
& Accountability Journal, 26(1), 101-132.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
121
CHAPTER 5
ABSTRACT
This paper is aimed at reviewing the country-of-origin effect literature and also presents a
tendency among those that investigate the phenomena that was born in the late 1990’s. The
tendency derives from the studies regarding the country-of-origin and culminates into the
brand origin conceptualization. In general terms, the value of literature reviews resides in their
ability to provide scholars, students, and practitioners with a critical appraisal of the existing
research, helping to identify and develop other studies.
Country-of-origin effect is controversial, but it maintains all the interest in a globalized and
regionalized world, especially when we are talking about the hybrid character of many
products nowadays. So, country-of-origin becomes a potential competitive differentiator
when we are talking about international markets. Studies appeared in 1965, but we witnessed
a growth in studies since the mid-90s of last century looking for an approach that redefines
the concept taking us to research topics such as brand origin, product-country image and
product-place image. Brand origin can be, or not, salient for some brands or others. The use
of origin cues should be subtle and implicit sometimes, and more explicit others, however, the
origin is incentivized by some political entities being they regional, national or multinational
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
123
José António Ferreira Por fírio, Lisete dos Santos Mendes Mónico & Carlos António Pinheiro Francisco
e Silva
like the European Union, for instance when fomenting the protected denomination of origin
or the protected indication of origin for some products. As important or even more is the
perceived brand origin as a source of brand appeal, relegating to the background the question
about where the company produces its goods or services, and giving importance to this
perception, even for reasons of stereotyping.
Keywords: Country of Origin, Brand, Brand Origin
124 A voyage from country of origin effect to brand origin – A literature review
approach
1. THE COUNTRY OF ORIGIN EFFECT
Relevant literature about the country of origin effect (COO) can be found since the mid
of the 1960’s. It’s an area of continuing interest, although controversial, and therefore the
analysis of what has been published in journals of greatest importance is a topic that has
received attention.
The effects around the idea of country of origin have been perceived in many ways (Samie,
2010). Consumer behavior generated from the country of origin may be considered as
an intangible barrier to entry into new markets. These consumer behaviors arise against
the consumption of imported products. For others (Cattin, Jolibert, & Lohnes, 1982), who
consider the country of origin as the one where the headquarters of the company that
sells the product or brand is located, the effects generated fall upon that nation. It is also
known that the country is inherent in some brands (Samie, 2010).
The country of origin can be defined as “the country of manufacture or assembly”,
redirecting the subject to the time and place of assembly or manufacture of the product
(Cattin, Jolibert, & Lohnes, 1982; Han, 1989; Papadopoulos, 1993). Product’s country-of-
origin is an informational cue which, like other informational cues such as price, brand
name, etc., helps consumers to evaluate products and develop attitudes towards them
(Chamorro, Rubio, & Miranda, 2015).
Today, more importance is given to other phases of designing the product or service that
are very important and are considered of very high added value. Thus, one could always
associate the country with manufacturing firms and global vocation or a network of
suppliers on which the company allegedly exerts some power. The term “made in” has been
used for long to define the country of origin of the product (Cattin, Jolibert, & Lohnes, 1982)
(Parameswaran & Mohan, 1989). However, we can find sub dimensions such as “designed in”,
“assembled in”, “made in”, “invented in”, “made by a producer whose domicile is in ...”. It does not
appear easy, with the emergence of multinational companies and the hybrid1 character of ****
the products (Chao, 1993). The brand origin becomes then, a fact.
Increasing globalization has led researchers and investigators to study more intensively
the country of origin effect (Ahmed, 1999). The concept has been being subjected to
adjustments and now we find it much more similar to the concept of country brand
(country-of-brand) or the origin of the brand (brand origin) because of the hybridization
of goods, that is higher, and because of the relocation of industries (Ahholt, 2010). We
1
These are those products considered as containing the components or ingredients manufactured in third
countries.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
125
José António Ferreira Por fírio, Lisete dos Santos Mendes Mónico & Carlos António Pinheiro Francisco
e Silva
should also have in mind that the brand is often and perhaps the only component that
still holds the national origin of the product (Fruchter, Jaffe, & Nebenzahl, 2006).
For products under a less known brand, country-of-origin may act as a brand itself, thus
allowing marketers to position their products rapidly and with lower costs. For products
under a well-known brand, origin tends to be less important (Schaefer, 1997), but it still
can help to reinforce brand attributes. The country image can leverage attributes to the
brand, acting as an external cue about product quality. Brand associations and country-of-
origin associations often tend to be linked and mixed up in consumers’ minds, leveraging
attributes to one another. Perceptions about a country brand influence local brands and
vice-versa (Keller, Apéria, & Georgson, Strategic Brand Management; 2011). Therefore,
separating the influences of brand perceptions and country-of-origin associations can
be difficult (Profeta, Balling, & Roosen, 2012).
The brand images of different nations vary a great deal, and therefore they are relevant to
products that have a high competitive advantage, and the brand images of different nations
are important for consumers in terms of consumption. Many countries have strong product
images; however, brand images are perceived to be weak, which is an aspect that causes low
consumption. Therefore, the effect that is caused by a product origin and the brand image
that it possesses is specific to the country and to the product category. Following this idea, we
may consider that management from the consumer’s perspective is important in the creation
of effective brand positioning (He & Wang, 2015; Isa, Saud, & Ismail, 2016). Therefore, a product
in the market becomes significant to customers when the brand positioning is strong and
there is a unique brand association with other products. Brand equity is the main aim that
drives marketers to market a certain product. Because brand image is primarily based on
the customers perspective, the marketers control over this issue is minimal. The positioning
of product elements in the market differs according to personal characteristics, desired
objectives and customer values (Chen, Mathur, & Maheswaran, 2014). However, external
factors affect brand positioning in the market. These factors include competition, social issues,
and cultural issues in the economy (Johnson, Tian, & Lee, 2016; Kim, Choi, Kim, & Liu, 2015).
It is also worth considering the country-of-origin brand personality as the association of
individual personality characteristics with a COO product or brand. Positive COO brand
personalities are those that are preferred by customers because they build trust, loyalty, and
assurance. They also allow companies to have different types of positioning strategies among
the multiple marketing techniques in the competitive retail industry and might influence
consumer’s purchase intentions (Dinnie, 2008). Marketers emphasizing COO brand personality
should strive to match the personality or self-image of the consumer via segmentation-based
efforts (Casidy, Tsarenko, & Anderson, 2009) (Lin, 2010). Saying this, COO brand personality
126 A voyage from country of origin effect to brand origin – A literature review
approach
can be considered as an important component of consumer’s emotional perceptions, which
affect buyer perceptions and product or service evaluations (Avis, Aitken, & Ferguson, 2012).
In this regard, a COO brand personality approach can make valuable contributions to the
development of an effective customer-driven marketing strategy for the company.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
127
José António Ferreira Por fírio, Lisete dos Santos Mendes Mónico & Carlos António Pinheiro Francisco
e Silva
the phenomenon of stereotyping. This happens beyond the growing weight of variables
and attributes and evidencing that familiarity has a strong influence – consumers are
reluctant to buy when the brand is not known (Samie, 2010; Usunier & G.Cestre, 2008).
Country of origin and brand name affect the perception of the consumer given the
quality of the product and stimulation of the country of origin effects that are relevant
on the evaluation of bi-national products (Han, 1989). Sometimes we are in the presence
of the halo effect and the summary effect on product evaluation.
The image of a country can then be used by consumers in product reviews in the
following directions, or both: i) As a halo2 construct (the image of a country is used
*****
to consider products that consumers know little); ii) As a summary3 construct (as the ******
consumer becomes familiar with a product of a country, the image of the country can be
a construct that summarizes the beliefs of the consumer in relation to product attributes
and directly affects their attitudes toward the brand).
The image of a country can be conceptualized as a halo effect if consumers’ willingness
to buy a product depends on the economic characteristics, and social policies of the
country of origin of that same product. The images of the old country are affected by
the perception of similarity between the consumer’s country, the system of beliefs and
the political and cultural system of the country of origin (Han, 1989). Consumers tend to
associate the product categories to the perception they have of the country, “deciding” if
the country has a profile for producing a certain product (Roth & Diamantopoulos, 2009).
The phenomenon of globalization carries us to the notion of mass production and to
the concept of hybrid products enhancing the importance of the origin, suggesting
that manufacturers should pay more attention to the potential consumers’ reactions
in situations of international partnerships or alliances (Chao, 1993). The effects of the
country of origin when the consumer is under the decision process of purchase in terms
of perceived quality, purchase price, and product profiles such as country of design,
country of assembly, brand, price, and warranty, are also analyzed.
2
In terms of brand management, a halo effect is one where the perceived positive aspects of a particular
item are extended to the full range of the brand. For example, in a range of oils a brand that stands out, but
that serve as the basis for all remaining range or even for products other than oil. The effect is also exploited
in the industry in general. It is perceived more in the relationships of the agro-food sector.
3
The consumer purchase attitudes are, generally, routines. Search showed that in this sense simplifications
and shortcuts are present in their decisions. After careful review, the consumer tends to synthesize aspects
that lead to the decision and to structure his thinking and analysis purchase according to this simplification.
Categorizes the goods and also the sources as if it was a photograph.
128 A voyage from country of origin effect to brand origin – A literature review
approach
As we already state it, it is relevant to understand that the dilution effect of the country of
origin happens when other attributes are present showing that familiarity has a relevant
role. Foreign brands can influence the consumer’s decision, including its name, which
affected the perceived hedonism of products, attitudes towards the brand, and attitudes
towards the name.
The information of the country of origin has little influence on consumer attitudes
to the foreign brand. In some cases, brand names are a particularly strong asset for
hedonic products and more effective than the country of origin information (Thakor
& Lavack, 2003). In the evaluation of products, the country of origin might lose weight,
however for ethnocentric reasons the origin can regain some status concluding that
there is an importance and impact of the images either of the product or the country,
and the presence of ethnocentrism on purchase intention (positive and negative). We
must also see ethnocentrism as a source of competitive advantage, especially when
domestic products are substitutes for imported based on price/performance. Apart from
changes in the value of the brand, consumers rate products in different dimensions, as
the production has its origin in other countries, which has implications in changing the
strategy and marketing policies (Knight & Calantone, 2000).
The image of the country of origin tends to be an antecedent of attitudes and beliefs,
and beliefs, in turn, are a significant antecedent of attitudes. Stating this, national cultures
play an important role in purchase decisions (Knight & Calantone, 2000), valuing products
from countries with different (higher) socio-economic and technological levels.
The availability of information about the country of origin has become increasingly important
as the aspects related to emotions gain position. With the phenomena of hybridization
and globalization we assist to a widening of concepts of country of origin: of components,
assembly, and design. The more technologically sophisticated the consumer, the more
favorable he is to the products of newly industrialized countries (Ahholt, 2010) (Laroche,
Papadopoulos, Heslop, & Mourali, 2005). The fact that the country of manufacture is a country
of low reputation means that this information can produce negative effects on product
evaluations if the brands have little value (Ahholt, 2010). Relevant for the study of the effect is
the idea that the image of a country is a three-dimensional concept consisting of cognitive,
affective and conative components (Laroche, Papadopoulos, Heslop, & Mourali, 2005)4. *******
4
The image of a country and beliefs about a product, affect the evaluation of a product simultaneously
and independently of the level of familiarity with the products of that country, and the structure of the image
of a country influences the reviews of products directly and indirectly through beliefs about products. When
the image of a country has a strong affective component, it influences product evaluations stronger than its
influence on the beliefs of the products. Alternatively, when the image of the country has a strong cognitive
component, its direct influence on product evaluations is smaller than its influence on the beliefs of products.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
129
José António Ferreira Por fírio, Lisete dos Santos Mendes Mónico & Carlos António Pinheiro Francisco
e Silva
Although access to low cost resources may enhance a firm’s competitiveness in a global
market place, country of origin (COO) has been shown to have an indirect influence on
consumer purchasing behavior (Berry, Mukherjee, Burton, & Howlett, 2015; Koschate-
Fischer, Diamantopoulos, & Oldenkotte, 2012; Samie, 2010). The COO effect can be
differentiated between brand origin and country of production (COP) considering the
fact that a poorly perceived country of manufacturing may devalue the brand as already
stated (Godey, et al., 2012; Nebenzahl & Jaffe, 1996).
130 A voyage from country of origin effect to brand origin – A literature review
approach
(Samie, 2010; Usunier & Cestre, 2008). Consumer’s perception of the place, region, or country
to which a brand belongs defines the brand origin (Costa, Carneiro, & Goldszmidt, 2016).
The country where a product is manufactured is related to various aspects (the cultures
within that country, the political climate, the landscape, the languages, the economic and
technological development, the people, and the religions) (Allman, Fenik, Hewwtt, & Morgan,
2016; He & Wang, 2015). All these factors condition the brand positioning of a product in the
internal markets. The country’s image is viewed as an asset of the organization, and it has a
positive impact (Cheah, Phau, Kea, & Huang, 2016; Hui & Zhou, 2003). It is considered to be
a liability when a country’s image has negative impacts on the nation.
Prior research has suggested that there must be a match between the place where a
product is manufactured and the image that is portrayed by the brand to avoid negative
impacts in the economy (Allman, Fenik, Hewwtt, & Morgan, 2016; Cheah, Phau, Kea, &
Huang, 2016). Then, several studies empirically show that consumers tend to ignore the
origin of many often-well-known brands. Others argue that only a small proportion of
consumers consider that COO might have played some role in product choice.
Accordingly, brand origin can be understood simply as the place a consumer associates
with a brand (Magnusson, Westjohn, & Zdravkovic, 2011). Considering the immense
commercial relevance of brands for marketing success (Ambler, 2003; Keller, 1993), the
issue of how various facets of place–category interrelations influence brand equity (BE) has
emerged as an interesting avenue for advancing the knowledge of origin effects in general.
Although the impact of COO on consumer’s attitude towards products has been studied
for decades, the country-of-brand-origin (COBO) impact on the consumer gained some
interest only recently (Pikturnienè & Treigytè, 2011). Their research revealed unique
results that consumers have a different attitude towards products with different COO
and COBO combinations. They also found that consumer’s attitude towards products
with different COO and COBO combinations does not depend on the product category
but on consumer susceptibility to interpersonal influence.
A consumer’s attitude is considered to be a relatively constant consumer’s opinion on
certain things. An attitude often helps a consumer to make a decision easier because
once a certain opinion is formed, and situation recurs, there is no need to deal with the
problem again (an attitude represents the intention of a predisposition, motivation and
it can be positive or negative) (Godey, et al., 2012).
Anyway, the location (involving the country, region or even city) is now emerging as an
important topic from the point of view of economy and society, recognizing that each
site builds its own image (Ahholt, 2010; Usunier & G.Cestre, 2008) and the origin encloses
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
131
José António Ferreira Por fírio, Lisete dos Santos Mendes Mónico & Carlos António Pinheiro Francisco
e Silva
5
The holistic perspective applied to the brand reflects the overall image of the brand or organization, and
may be considered from maintaining the same image in all geographies in which it operates, but also in all
styles and media, through steady and colors used.
132 A voyage from country of origin effect to brand origin – A literature review
approach
Other studies, especially from the mid-1990s, were developed around the desire to
understand how reviews on global brands vary when associated with different countries or
places of production (Papadopoulos, 1993; Ahmed, 1999; Usunier & G.Cestre, 2008). So, the
concept that grew over time was the one directing to the side of the origin of the brand,
creating the opportunity to study the origin of brands, besides the origin of products.
The term provenance, such as the location, it seems, on the other side happier because
the origin might not be exclusively linked to a country. It is considered that the term
provenance (Zhou, Yang, & Hui, 2010) also deals with the question of origin in another
dimension - the time - because the origin is often perceived as both an historical time
or date (since 1850 and founded in 1850), and sometimes as the site of an initial design
(created or established in the Azores) even though this may seems confusing. Since the
perceptions of the consumer are not aligned with everything that the organization says
of itself and their brands, we may assume that there are only reflections allowing us to
talk about brand image. If the origin can be associated to the brand, then you may apply
the characteristics that are attributed to the phenomenon of association with brands:
strength, favorability and the fact that it is unique.
The strength of the bond from the brand to its origin may be due to the geographical
position of the source in relation to core values of the brand and the long exposure
of consumers to marketing strategies (Ahholt, 2010). As for favorability, some brand
associations can be evaluated by consumers more positively than others. Thus, it is
possible to trust them promoting positive attitudes towards the brand (Cattin, Jolibert, &
Lohnes, 1982), so that other brands may evoke the origin implicitly.
An association is considered unique when it is not shared with another brand and is
exclusively linked to the brand taking a decisive role in the market especially in conditions
such as private market oligopoly situations and the period relating to the early life cycle
of the product (Fruchter, Jaffe, & Nebenzahl, 2006; Zhou, Yang, & Hui, 2010). The country
embraces within its borders a wide range of entities and powers, leaving to him a strong
component of strategic management that serves the desired positioning of the country.
Images that consumers associate to the country of origin of a trade mark function as signals
of quality and guide the brand value (Laroche, Papadopoulos, Heslop, & Mourali, 2005).
However, the relationship between the effects of the country of origin and brand value are
limited (Samie, 2010; Roth & Diamantopoulos, 2009), but by decomposing the country of
origin it allows us a better understanding on how the country of origin leads brand value
(Ahmed, 1999).
Consumers generally perceive the place of origin of the brand and the place of
manufacture of the product. It is worth noting that the image for the country of origin
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
133
José António Ferreira Por fírio, Lisete dos Santos Mendes Mónico & Carlos António Pinheiro Francisco
e Silva
comprises micro and macro images (Laroche, Papadopoulos, Heslop, & Mourali, 2005).
The macro images correspond to beliefs held by consumers (eg., level of economic
development) while the micro images correspond to beliefs related to very specific
products produced by a country (French perfumes as being sexy and sophisticated).
Micro and macro images of countries influence the brand value differently. The images
that consumers associate the country of origin of a brand with can act as signals of
quality and therefore define him as brand value (Roth & Diamantopoulos, 2009). When
approaching the country of origin of the macro point of view we consider it as global
level variable related to aspects such as associations in the country including national
symbols, political and economic conditions, levels of industrialization, levels of education,
and cultural values (Laroche, Papadopoulos, Heslop, & Mourali, 2005). The micro level, on
a product category, implies that either the country or the product benefits from the
association with the product category. The destinations, territories and geographies,
such as brands, end up having unique characteristics and it is important to aggregate all
these elements and understand then how all these activities are communicated (Ahholt,
2010). Some studies have shown that consumer evaluations of a branded product tend
to favour economically developed countries more than less developed ones, where
brand origin from a developed country is valued more highly than from lower economic
development countries (Batra, Ramaswamy, Alden, Steenkamp, & Ramachander, 2000;
Bilkey & Nes, 1982; Guo, 2013; Sharma, 2011). Some researchers argue that Country of
production may provide a weaker brand association than brand origin (Johansson &
Nebenzahl, 1986) (Thakor & Lavack, 2003).
The complexity arises in the exact measure that management of the country, region or
local brand is not dependent on a single entity. In many cases, and often, is dependent
of the political cycle and is implicitly given to numerous entities and organizations with
regularly divergent interests (Ahholt, 2010). Applying branding techniques to develop
and sustain a local picture is very recent. The interaction between the consumer, the
brand, the place and the awareness that the place serves its goods (and therefore
citizens), in the logic of a trademark hat, creates new dynamics and new products. In
these processes the perceptions of people are placed in the foreground because that
is what is working from the point of view of imagery building in the present and future
(Ahholt, 2010; Zhou, Yang, & Hui, 2010). Building a local reputation, whose qualities and
attributes are recognized and inspire associations motivates capabilities in triggering
investment, attract people, companies, sell goods and, therefore, the construction of
reputation requires qualities, positive elements, exclusivity and sustainability over time
(Ahholt, 2010).
134 A voyage from country of origin effect to brand origin – A literature review
approach
6. FINAL REMARKS
The tendency among those who investigate the phenomena of origin was in the 1960’s. In
the late 1990’s the research started to derive from the country-of-origin to the brand origin.
Country-of-origin maintains his interest regarding the effects and their impact in terms
of relevant aspects such as globalization, the relocation of production, trade agreements
between countries and regional blocs and even the hybrid character of many products.
We may consider country-of-origin as a potential competitive differentiator in their
respective markets. And the origin of the brand also benefits from that. Therefore, the
research has taken a hedonistic perspective approaching such terms as brand origin,
product-country image and product-place image.
In post-industrial economies, the service sector is changing daily, and globalization is
one of the main drivers of this, taking us to the assessment of the origin in the service
sector. It is important to notice that the use of origin cues should be subtle and implicit
sometimes, and more explicit in others. However, the origin is incentivized by some
politic entities being they regional, national or multinational like the European Union, for
instance when fomenting the protected denomination of origin (PDO) or the protected
indication of origin (PIO) for some products. Although this is not the object of this paper,
both PDO and PIO are growing in Europe becoming a distinctive point promoting the
origin and its competitiveness.
As important or even more is the perceived brand origin as a source of brand appeal,
relegating to the background the question about where the company produces its goods
or services, and giving importance to this perception, even for reasons of stereotyping.
In a recent study by Josiassen (Josiassen, Lukas, Whitwell, & Assaf, 2013) he developed
and tested a framework that divided the basis of the association to a place into three
facets: general place image, product image, and category image. All three facets exert an
effect on a consumer’s summative judgment of product quality. In doing so, this model
can explain variations in the effect of the association with a place on judgment with
greater accuracy than models that view categories as a moderator. What is particularly
interesting about the Josiassen framework is that the relative significance of these
different facets can be compared.
7. REFERENCES
Ahholt, S. (2010). Definitions of place branding - working towards a resolution. Place Branding and
PublicDiplomacy, 6, 1-10.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
135
José António Ferreira Por fírio, Lisete dos Santos Mendes Mónico & Carlos António Pinheiro Francisco
e Silva
Ahmed, S. A. (1999). The importance of country images in the formation of consumer product
perceptions. International Marketing Review, 16(2), 108-125.
Allman, H. F., Fenik, A., Hewwtt, K., & Morgan, F. N. (2016). Brand image evaluations: The interactive
roles of country of manufacture, brand concept and vertical line extension type. Journal of
International Marketing, 24(2), 40-61.
Ambler, T. (2003). Marketing and the bottom line: creating the measures of success. London: Financial
Times/Prentice Hall.
Avis, M., Aitken, R., & Ferguson, S. (2012). Brand relationship and personalitytheory: metaphor or
consumer perceptual reality. Mark. Theory, 12(3), 311-331.
Batra, R., Ramaswamy, V., Alden, D. L., Steenkamp, J.-B. E., & Ramachander, S. (2000). Effects of brand
local and nonlocal origin on consumer attitudes in developing countries. Journal of Consumer
Psychology, 9(2), 83-95.
Berry, C., Mukherjee, A., Burton, S., & Howlett, E. (2015). A COOL effect: the direct and indirect impact
of country-of-origin disclosures on purchase intentions for retail food products. Journal of
Retailing, 91(3), 533-542.
Bilkey, W. J., & Nes, E. (1982). Country-of-origin effects on product evaluations. Journal of International
Business Studies, 13(1), 89-100.
Casidy, R., Tsarenko, Y., & Anderson, A. (2009). Towards particular brand personality. Journal of Brand
Management, 16(4), 234-247.
Cattin, P., Jolibert, A., & Lohnes, C. (1982). A Cross CulturalStudy of “Made in” Concepts. Journal
ofInternational Business Studies 13(3), 131-141.
Chamorro, A., Rubio, S., & Miranda, F. J. (2015). The region-of-origin (ROO) effect on purchasing
preferences: the case of multiregional designation of origin. British Food Journal, 117(2), 820-839.
Chao, P. (1993). Partitioning Country of Origin Effects: Consumer Evaluations of a Hybrid Product.
Journal of International Business Studies 24(2), 291-306.
Cheah, I., Phau, I., Kea, G., & Huang, Y. A. (2016). Modelling effects of consumer animosity: consumer’s
willingness to buy foreign and hybrid products. Journal of Retailing and Consumer Services, 30,
184-192.
Chen, C. Y., Mathur, P., & Maheswaran, D. (2014). The effects of country-related affect on product
evaluations. Journal of Consumer Research, 41(4), 1033-1046.
Costa, C., Carneiro, J., & Goldszmidt, R. (2016). A contingent approach to country-of-origin effects
on foreign products evaluation: interaction of facets of country image with product classes.
International Business Review, 25(5),1066-1075.
Dinnie, K. (2008). Nation branding. Em K. Dinnie, Concepts, Issues, Practice. Oxford: Elsevier.
Eng, T. Y., Ozdemir, S., & Michelson, G. (2016). Brand origin and country of production congruity:
evidence from the UK and China. Journal of Business Research, 69(12), 5703-5711.
Fruchter, G. E., Jaffe, E. D., & Nebenzahl, I. D. (2006). Dynamic brand-image-based prouction location
decisions. Automatica, 42(8), 1371-1380.
136 A voyage from country of origin effect to brand origin – A literature review
approach
Godey, B., Pederzoli, D., Aiello, G., Donvito, R., Chan, P., & Weitz, B. (2012). Brand and country-of-origin
effect on consumer’s decision to purchae luxury products. Journal of Business Research, 65(10),
1461-1470.
Guo, X. (2013). Living in aglobal world: influence of consumer global orientation on attitudes
toward global brands from developed versus emerging countries. Journal of International
Marketing, 21(1), 1-22.
Han, C. M. (1989). Country Image: Halo or Summary Construct? Journal of Marketing Research, 26,
222-229.
He, J., & Wang, C. L. (2015). Cultural identity and consumer ethnocentrism impacts on preference
and purchase of domestic versus import brands: an empirical study in China. Journal of
Business Research, 68(6), 1225-1233.
Hui, M. K., & Zhou, L. (2003). Country-of-manufacture effects for known brands. European Journal of
Marketing, 37(1/2), 133-153.
Isa, A. M., Saud, M. B., & Ismail, M. D. (2016). Examining reasons for post-purchase satisfaction in
buying local brands: when local meets local. Asia Pacific Management Review, 21(1), 48-61.
Johansson, J. K., & Nebenzahl, I. D. (3 de 17 de 1986). Multinational production: effect on brand
value. Journal of International Business Studies, 101-126.
Johnson, Z. S., Tian, Y., & Lee, S. (2016). Country-of-origin fit: when does a discrepancy between
brand origin and country of manufacture reduce consumer’s product evaluations? Journal of
Brand Management, 23(4), 403-418.
Josiassen, A., Lukas, B. A., Whitwell, G. J., & Assaf, G. (2013). The halo model oforigin images:
conceptualisation and initial empirical test. Journal of Consumer Behaviour, 12(4), 253-266.
Keller, K. L. (1993). Conceptualizing, measuring and managing customer-based brand equity.
Journal of Marketing, 57(1), 1-22.
Keller, K. L., Apéria, T., & Georgson, M. (2011). Strategic Brand Management - A European perspective.
Pearson Education Limited.
Kim, S. J., Choi, Y. K., Kim, J. H., & Liu, H. (2015). Country of origin and brand image influences on
perceptions of online game quality. Jpournal of Consumer Behaviour, 14(6), 389-398.
Knight, D. A., & Calantone, R. J. (2000). A flexible model of consumer COO perception: a cross-
cultural investigation. International Marketing Review, 17(2), 127-145.
Koschate-Fischer, N., Diamantopoulos, A., & Oldenkotte, K. (2012). Are consumers really willing to
pay more for a favorable country image? A study of country-or-origin effects on willingness
to pay. Journal of International Marketing, 20(1), 19-41.
Lan-Lung, C., & Chin-Sheng, Y. (2018). Does country of origin brand personality generate retail
customer lifetime value? A big data analytics approach. Technological Forecasting & Social
Change, 130, 177-187.
Laroche, M. P., Papadopoulos, N., Heslop, L. A., & Mourali, M. (2005). The influence of country image
structure on consumer evaluations of foreign products. International Marketing Review, 22(1),
96-115.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
137
José António Ferreira Por fírio, Lisete dos Santos Mendes Mónico & Carlos António Pinheiro Francisco
e Silva
Lin, L. Y. (2010). The relationship of consumer personality trait, brand personality and brand loyalty:
an empirical study of toys and video games buyers. Journal of Product and Brand Management,
19(1), 4-17.
Nebenzahl, I. D., & Jaffe, E. D. (1996). Measuring the joint effect of brand and country image in
consumer evaluation of global products. International Marketing Review, 13(4), 5-22.
Newman, G. E., & Dhar, R. (2014). Authenticity is contagious: brand essence and the original source
of production. Journal of Marketing Research, 51, 371-386.
P.Magnusson, Westjohn, S., & Zdravkovic, S. (2011). Further clarification on how perceived brand
origin affects brand attitude: a reply to Samiee and Usunier. International Marketing Review,
28(5), 497-507.
Papadopoulos, N. (1993). What product country images are and are not. In N. Papadopoulos (Ed.),
Product country images. New York: International Business Press.
Parameswaran, R. P., & Mohan, R. (1989). Assimilation effects in country image research. Journal of
Marketing Research, 26, 222-229.
Pikturnienè, I., & Treigytè, D. (2011). Impact of country of origin and country of brand origin on
consumer attitude towards products. Business: Theory and Practice/Verslas:Teorija ir Praktika,
10(1), 38-46.
Profeta, A., Balling, R., & Roosen, J. (1 de 26 de 2012). The relevance of origin information at the point
of sale. Food Quality and Preferences, 1-11.
Roth, K. P., & Diamantopoulos, A. (2009). Advancing the country image construct. Journal of Business
Research, 62(7), 726-740.
Samie, S. (2010). Advancing the country image construct - a comentary essay. Journal of Business
Research, 63(4), 442-445.
Schaefer, A. (1997). Consumer knowledge and country of origin effects. European Journal of
Marketing, 31(1), 56-72.
Sharma, P. (2011). Country of origin effects in developed and emerging markets: exploring the
contrasting roles of materialism and value consciousness. Journal of International Business
Studies, 42(2), 285-306.
Thakor, M. V., & Lavack, A. M. (2003). Effect of perceived brand origin associations on consumer
perceptions of quality. Journal of Product and Brand Management, 12(6), 394-407.
Usunier, J. C., & Cestre, G. (2008). Further considerations on the relevance of country-of-origin
research. European Management Review, 271-274.
Zhou, L., Yang, Z., & Hui, M. K. (2010). Non-local or local brands? A multi-level investigation into
confidence in brand origin identification and its strategic implications. Journal of the Academy
of Marketing Science, 38(2), 202-218.
138 A voyage from country of origin effect to brand origin – A literature review
approach
CAPÍTULO 6
Lisete Mónico*
Leonor Pais*
Elisabeth Brito**
Ornela Harris*
RESUMO
A imagem que o cliente desenvolve sobre uma dada organização tem sido alvo de
preocupação e interesse por parte de todos quantos gerem as organizações. O nosso estudo
pretende analisar a influência que a gestão do conhecimento tem na imagem desenvolvida
pelo cliente. Estudamos a administração pública local, designadamente 75 câmaras
municipais, centrando-nos nos seus serviços de atendimento e urbanismo. Nestes serviços,
1307 colaboradores responderam ao Questionário de Gestão do Conhecimento (GC) e 2119
dos seus clientes ao Questionário de Satisfação do Munícipe – Imagem (QSMI). Os resultados
revelaram que as Práticas Formais e Informais de Gestão do Conhecimento operantes nas
organizações estudadas têm pouca influência sobre a Imagem desenvolvida pelos seus
clientes. Isto verifica-se quer se trate de uma imagem favorável, baseada no rigor e qualidade,
quer de uma desfavorável, baseada na troca de interesses. Apesar destes resultados,
consideramos que o presente estudo configura um contributo relevante para um domínio do
conhecimento onde são inexistentes as investigações empíricas centradas nas relações entre
os conceitos de gestão do conhecimento e imagem organizacional. Ao nível da sua relevância
destaca-se, ainda, o fato de os dados aqui relacionados resultarem de duas fontes distintas.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
139
Lisete Mónico, Leonor Pais, Elisabeth Brito & Ornela Harris
ABSTRACT
The Image developed by the client about a certain organization has been subject of concern
and interest by those who manage them. Our study aims to analyze the influence that
knowledge management can have in the image created by clients. We have studied the
local public administration, containing 75 municipalities, concentrating our research in
urbanism and customer service. On these services, 1307 collaborators answer the Knowledge
Management Questionnaire (GC) and 2119 of theirs costumers answer to the Municipality
Citizens Satisfaction Questionnaire (QSM-I). The results revealed that the formal and informal
practice of knowledge management has little influence towards the image developed by
clients. It’s verified whether we are referring to favorable image, based on accuracy and quality,
or either unfavorable, based on interests exchange. Despite these results, we consider that
this present study sets an important contribution to an area of the knowledge management
where empirical investigations centered in the relations between these concepts of knowledge
management and image are nonexistent. In terms of its relevance, this study also stands out
on the fact that the data’s here related has been extracted from two distinct sources.
Keywords: Knowledge management, image, municipality, clients.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
141
Lisete Mónico, Leonor Pais, Elisabeth Brito & Ornela Harris
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
143
Lisete Mónico, Leonor Pais, Elisabeth Brito & Ornela Harris
2. OBJETIVOS
Considerando a revisão da literatura, o nosso objetivo é analisar a influência das práticas
da gestão do conhecimento operantes nas câmaras municipais estudadas na imagem
acerca delas detida pelos seus clientes (munícipes). A abordagem da GC por nós adotada
envolve a consideração dos seguintes processos organizacionais relacionados com
o conhecimento: orientação cultural para o conhecimento, orientação competitiva,
práticas formais e práticas informais. A imagem criada pode variar entre a Imagem
baseada no rigor e qualidade (favorável) e baseada na troca de interesses (desfavorável).
Queremos assim averiguar quais das práticas acima mencionadas tem influência direta
na Imagem baseada no rigor e qualidade e naquela baseada na troca de interesses.
3. MÉTODO
3.1. Participantes
Os participantes deste estudo provêm de duas amostras diferentes, a primeira (Amostra 1)
composta por colaboradores pertencentes aos serviços de Atendimento e Urbanismo de
75 Câmaras Municipais que responderam ao Questionário da Gestão do Conhecimento
(versão abreviada - GC) (Pais, 2014) e a segunda (Amostra 2) por munícipes, utilizadores
desses serviços nessas Câmaras, que por sua vez responderam ao Questionário de
Satisfação dos Munícipes – Imagem (QSM-I) (Brito, 2010).
A Amostra 1 é composta por 1307 sujeitos portugueses, colaboradores dos serviços
de Atendimento e Urbanismo das 75 Câmaras Municipais acima referidas. Desse total,
38% são do sexo masculino e 62% do sexo feminino. As idades dos colaboradores estão
compreendidas em faixas etárias entre os 18 anos e mais de 65 anos; a classe etária mais
frequente é composta por colaboradores entre os 35 e os 49 anos (52,5%), seguindo-
se a dos colaboradores dos 25 aos 34 anos (32,4%). Cerca de 4% dos colaboradores
3.2. Instrumentos
Na recolha dos dados na Amostra 1 utilizou-se a versão abreviada do GC1 constituída por
22 itens (Pais, 2014). Os itens deste questionário estão centrados na expressão “aplica-se”,
sendo apresentados numa escala de Likert com cinco respostas possíveis (1. Quase não
se aplica; 2. Aplica-se pouco; 3. Aplica-se moderadamente; 4. Aplica-se muito; 5. Aplica-se
quase totalmente).
Na Amostra 2 aplicou-se o QSM-I2 (Brito, 2010), que avalia a imagem criada pelos
munícipes/clientes externos quanto aos serviços de Atendimento e Urbanismo, das
Câmaras Municipais do seu local de residência. Este questionário é constituído por 15
itens, cujas respostas estão distribuídas numa escala de Likert, havendo cinco opções
de resposta, de 1. Discordo Totalmente a 5. Concordo Totalmente. Estes itens foram
estruturados através de 2 focus groups, que juntou especialistas e clientes dos serviços já
mencionados, no âmbito do estudo de Brito (2010).
Tendo em conta os objetivos do nosso estudo e após consultar a autora (Brito, 2010),
sentimos a necessidade de (re)nomear os fatores da Imagem Favorável para Imagem
baseada no rigor e qualidade (Imagem RQ), e da Imagem Desfavorável para Imagem
baseada na troca de interesses (Imagem TI). Isto deveu-se ao facto de haver necessidade
de especificar em que bases essa Imagem é construída pelo munícipe. A Imagem baseada
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
145
Lisete Mónico, Leonor Pais, Elisabeth Brito & Ornela Harris
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
147
Lisete Mónico, Leonor Pais, Elisabeth Brito & Ornela Harris
O modelo bifatorial do QSM-I (cf. Figura 2) não sofreu ajustamento, uma vez que o
modelo original apresentou uma boa qualidade de ajustamento, X2(64)=829, CFI=0.950;
NFI=0.946; TLI=.939, RMSEA=0.073.
Figura 2. Modelo bifatorial do QSM-I ajustado a uma amostra de munícipes (Amostra 2. N = 2119)
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
149
Lisete Mónico, Leonor Pais, Elisabeth Brito & Ornela Harris
4. RESULTADOS
No Quadro 1 são apresentados os resultados da estatística descritiva do grupo amostral e
a matriz de correlações para a escala do GC e fatores constituintes, bem como os fatores
Imagem baseada no rigor e qualidade e Imagem baseada na troca de interesses da
escala QSM-I.
Verificamos que os colaboradores das Câmaras Municipais, em média, reveem as práticas
de gestão e Conhecimento moderadamente aplicadas no seu local de trabalho (M =
Imagem GC O. GC O. GC P. GC P. GC
Min Max MD DP
TI Cultural Competitiva Formais Informais Global
Imagem
baseada
2.31 3.95 3.06 .34 .32** -.07* -.10** -.12** -.15** -.13**
no rigor e
qualidade
Imagem
baseada
2.22 3.69 2.86 .24 --- .03 -.07** -.02 .01 -.01
na troca de
interesses
GC O.
1.57 4.86 3.73 .71 --- .4** .68** .65** .84**
Cultural
GC O.
1.00 4.75 2.65 .86 --- .48** .57** .68**
Competitiva
GC P.
1.00 4.50 2.54 .95 --- .73** .89**
Formais
GC P.
1.00 4.80 3.19 1.11 --- .91**
Informais
GC Global 1.27 4.27 3.09 .73 ---
*p < .05 **p < .01
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
151
Lisete Mónico, Leonor Pais, Elisabeth Brito & Ornela Harris
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
153
Lisete Mónico, Leonor Pais, Elisabeth Brito & Ornela Harris
Quadro 3. Análise da regressão linear múltipla multivariada: Coeficientes de regressão não estandardizados
(b), erros-padrão (EP), rácios-críticos (RC) e coeficientes de regressão estandardizados (β)
Preditores: Critério: b EP RC β
Orientação Cultural Imagem baseada no rigor e qualidade .05 .08 .62 .10
Imagem baseada na troca de interesses -.01 .05 -.14 -.02
Orientação Competitiva Imagem baseada no rigor e qualidade .04 .06 .67 .09
Imagem baseada na troca de interesses -.01 .04 -.17 -.02
Práticas Formais Imagem baseada no rigor e qualidade -.07 .06 -1.17 -.20
Imagem baseada na troca de interesses -.03 .04 -.60 -.10
Práticas Informais Imagem baseada no rigor e qualidade -.04 .05 -.70 -.11
Imagem baseada na troca de interesses .02 .04 .64 .11
*p<0.05 **p<0.01 ***p<0.001
5. DISCUSSÃO
Com o presente estudo pretendeu-se avaliar o impacto que a perceção dos colaboradores
de câmaras municipais relativa à operância da gestão do conhecimento nas suas
organizações tem sobre a Imagem criada pelos seus clientes. Para tal, consideraram-se
dois grupos para prossecução do estudo, os colaboradores e os clientes (munícipes). A
cada grupo aplicou-se um questionário, aos primeiros o GC e aos segundos o QSM-I.
Tendo em conta que os dados recolhidos foram provenientes de fontes diferentes, foi
necessário agregar os dados por organização, demonstrando através dos índices de ADM
a existência de homogeneidade intracâmaras e através da ANOVA a heterogeneidade
intercâmaras. As análises estatísticas foram, assim, realizadas ao nível organizacional,
tendo como amostra final 75 Câmaras Municipais. Destaca-se a mais-valia dos resultados
obtidos resultarem da análise simultânea de duas fontes distintas de informação, os
colaboradores das câmaras municipais e os munícipes, clientes dessas autarquias.
No que concerne ao nível global da GC, os resultados indicaram que os colaboradores das
Câmaras Municipais, em média, experienciam moderadamente a aplicabilidade das práticas
de Gestão do Conhecimento no seu local de trabalho. A forte relação entre os factores de GC
pode ser explicada pela percepção que os colaboradores têm da aplicação destas práticas
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
155
Lisete Mónico, Leonor Pais, Elisabeth Brito & Ornela Harris
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
157
Lisete Mónico, Leonor Pais, Elisabeth Brito & Ornela Harris
6. SÍNTESE
Apesar das limitações que lhe são intrínsecas, este estudo revelou-se importante por ser
o primeiro a investigar a influência das práticas da gestão do conhecimento, tal como
são percecionadas pelos colaboradores das câmaras municipais, na imagem criada pelo
cliente. Muito provavelmente porque os dados tratados foram recolhidos junto de duas
fontes distintas, os resultados alcançados não atingiram níveis de significação estatística.
Contudo, permitem sugerir a existência de influência tanto das práticas de gestão de
conhecimento de natureza formal como das informais, na Imagem que os clientes
desenvolvem sobre as organizações (tanto a baseada no rigor e qualidade, como a
baseada na troca de interesses). No entanto, torna-se necessário proceder à realização
de estudos posteriores para melhor se conhecer a natureza das relações aqui estudadas.
7. REFERÊNCIAS
Balmer, J. M., & Greyser, S. A. (2003). Revealing the corporation: Perspectives on identity, image,
reputation and corporate branding. London: Routledge.
Barney, J. (1991). Firm resources and sustained competitive advantage. Journal of Management,
17(1), 99-120.
Bentler, P. (1990). Quantitative methods in psychology: Comparative fit indexes in structural models.
Psychological Bulletin, 107, 238-246. doi: 10.1037/0033-2909.107.2.238
Brito, E., & Cardoso, L. (2012). Knowledge management processes in the Portuguese local
government sector, In (Ed.) Proceedings of the 13th European Conference on Knowledge
Management (pp. 135-151). United Kingdom: Academic Publishing Limited (ISBN: 978-1-
908272-63-8).
Brito, E. (2010). Gestão do conhecimento e qualidade como vectores de competitividade na
administração pública local (Tese de doutoramento não publicada). Faculdade de Psicologia
e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, Coimbra.
Brito, E., Cardoso, L., & Gomes, A. D. (2005). Gestão do conhecimento: Adaptação e validação da
escala GC para o sector autárquico. Psychologica, 38, 9-22.
Brito, E. (2003). Gestão do conhecimento e qualidade: Estudo empírico sobre a gestão do conhecimento
em câmaras municipais que adoptaram a gestão pela qualidade (Tese de mestrado não publicada).
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, Coimbra.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
159
Lisete Mónico, Leonor Pais, Elisabeth Brito & Ornela Harris
Olin, W. (1990). Corporate identity: Making business strategy visible through design. Boston:
Harvard Business School Press.
Pais, L. (2014). Gestão do conhecimento. In M. Siqueira, (Org.), Medidas do comportamento
organizacional: Ferramentas de diagnóstico e de gestão. Porto Alegre: Artmed.
Pires, M. T. (2008). A nova gestão pública na administração fiscal: Contribuinte, cliente e cidadão (Tese
de mestrado não publicada). Universidade de Aveiro: Aveiro.
Pruzan, P. (2001). Corporate reputation: Image and identity. Corporate Reputation Review, 4(1), 50-64.
doi: 10.1057/palgrave.crr.1540132.
Rastogi, P. N. (2000). Knowledge management and intellectual capital: The new virtuous reality of
competitiveness. Human Systems Management, 19(1), 39–49.
Riordan, C. M., Gatewood, R. D. & Bill, J. B. (1997). Corporate image: employee reactions and
implication for managing corporate social performance. Journal of Business Ethics, 16(4), 401-
412.
Skyrme, D. & Arnindon, D. (1997). Creating the knowledge based business. London: Business
Intelligence.
Schumacker, R. E., & Lomax, R. G. (1996). A beginner’s guide to structural equation modeling. Mahwah,
NJ: Lawrence Erlbaum Associates.
Hatcher, L. (1996). A step-by-step approach to using the SAS system for factor analysis and structural
equation modelling. Cary, NC: SAS Institute, Inc.
Tabachnick, B., & Fidell, L. (2007). Using multivariate statistics (5th Ed.). Boston: Pearson.
Titoce, M. R. (2012). O contributo da comunicação interna para o empenhamento organizacional
(tese não publicada). Instituto Politécnico de Lisboa, Escola Superior de Comunicação Social,
Lisboa.
Thomas, J. C., Kellogg, W. A., & Erickson, T. (2001). The knowledge management puzzle: Human and
social factors in Knowledge management. IBM Systems Jounal, 40 (4), 863-884. doi:10.1147/
sj.404.0863.
Vergin, R. C., & Qoronfleh, M. W. (1998). Corporate reputation and the stock market. Business
Horizons, 41(1), 19-26. doi: 10.1016/S0007-6813(98)90060-X.
Yammarino, F. J., & Dansereau, F. (2011). Multilevel issues in organizational culture and climate
research. In N. M. Ashkanasy, C. Wilderom, & M. F. Peter (Eds.), The handbook of organizational
culture and climate (2nd ed.). Thousand Oaks: Sage.
Yeo, R. K., Goh, M., & Tso, S. (2011). Corporate image and reputation of large Mainland
Chineseenterprises. Journal of Marketing Communications, 17(3), 195-211. doi:
10.1080/13527260903421466.
Zheng, W., Yang, B. & McLean, G. N. (2010). Linking organizational culture, structure, strategy, and
organizational effectiveness: Mediating role of knowledge management. Journal of Business
Research, 63, 763-771. doi: 10.1016/j.jbusres.2009.06.00.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
161
CAPÍTULO 7
RESUMO
O conflito faz parte do dia-a-dia de qualquer organização e, quando gerido de forma eficaz,
pode trazer benefícios, proporcionando aprendizagem e crescimento organizacional. Os estilos
colaborativos de gestão de conflitos, inseridos numa perspetiva integrativa, são os que mais se
associam à aprendizagem organizacional e à melhoria da performance organizacional. Esta
investigação tem como principal objetivo avaliar a influência da cultura ao nível das estratégias
adotadas pelos seus colaboradores na gestão de situações de conflito. Foi administrado a uma
amostra de 181 trabalhadores um questionário constituído por uma adaptação do ROCI-II
(medida de avaliação dos estilos de gestão de conflitos) e do OCAI (medida de avaliação da cultura
organizacional).O modelo de regressão múltipla multivariada indicou que a flexibilidade cultural
explica três estilos de gestão de conflito: colaboração, acomodação e compromisso. Estes três estilos
contemplam a dimensão integrativa, a única que contribui para a aprendizagem organizacional.
Palavras-chave: Cultura organizacional, conflito organizacional, gestão de conflitos,
flexibilidade, colaboração, integração.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
163
Francisca Correia do Vale, Lisete Mónico, Carla Car valho, Jorge Correia Jesuíno & Pedro Parreira
ABSTRACT
Conflict is a daily part of any organization and, when managed effectively, it brings benefits,
providing learning and organizational growth. Collaborative conflict management styles
embedded in an integrative perspective are those that are most associated with organizational
learning and organizational performance improvement. This research has as main objective to
evaluate the culture influence in the strategies adopted by its collaborators in the management of
conflict situations. A questionnaire consisting of an adaptation of ROCI-II (measure of evaluation
of conflict management styles) and OCAI (organizational culture assessment measure)
was administered to a sample of 181 workers. The multivariate multiple regression model
indicated that cultural flexibility explains three styles of conflict management: collaboration,
accommodation, and commitment. These three styles contemplate the integrative dimension,
the only one that contributes to organizational learning.
Keywords: Organizational culture, organizational conflict, conflict management, flexibility,
collaboration, integration.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
165
Francisca Correia do Vale, Lisete Mónico, Carla Car valho, Jorge Correia Jesuíno & Pedro Parreira
terem debruçado sobre o tema de uma forma mais sistemática (e.g., Cameron & Quinn,
2006; Hofstede et al., 1991; Schein, 2010). O seu carácter intangível representa ainda um
dos problemas mais referidos na literatura sobre o estudo da cultura organizacional.
Com efeito, a cultura é algo que não é palpável nem está diretamente expresso. Rege
e opera a um nível inconsciente, representando o conjunto de aceções coletivas e
ideias geralmente tomadas como garantidas (Hofstede et al., 1991), sendo transmitida
pelas ações e normas que regem os comportamentos e procedimentos dentro de uma
organização (Cameron & Quinn, 2006; Schein, 2010; Van Muijen, et al., 1999).
Nas várias abordagens da cultura organizacional, a abordagem semiótica é aquela que
argumenta que a cultura é apenas uma perceção que reside na interpretação individual
de cada membro da organização, sendo por isso uma construção (Cameron & Quinn,
2006). Nesta abordagem, a cultura é explicada de forma independente dos restantes
fenómenos da organização. Em oposição, a abordagem funcional, considera que a
cultura surge de uma função, ou seja é o resultado do comportamento coletivo dos
membros da organização. A abordagem funcional permite prever, através da cultura,
outros aspetos da organização, como por exemplo a performance ou a eficácia, e por
isso, a cultura não é vista independentemente dos outros fenómenos organizacionais.
A maioria das definições de cultura organizacional centra-se na ideia de que esta é um
conjunto de valores que guiam os membros da organização. Estas definições são consistentes
com a perspetiva sociológica, que considera que a organização contém a cultura; e com a
abordagem funcional, que considera que a cultura surge do comportamento e pode por
isso prever e explicar ou condicionar outros comportamentos e fenómenos organizacionais.
Assim, pode entender-se por cultura organizacional o conjunto de valores, crenças e
comportamentos que operam a um nível inconsciente e que regem as perceções, atitudes
e escolhas das pessoas por ela abrangidas (Hofstede et al., 1991).
São vários os autores que têm estudado a cultura organizacional sustentada em diversas
abordagens e modelos (e.g., Alvesson, 2012; Cameron & Quinn, 2006; Hofstede et al., 1991;
Figura 1. O modelo dos valores contrastantes e as Tipologias Culturais (adaptado de Cameron &
Quinn, 2006)
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
167
Francisca Correia do Vale, Lisete Mónico, Carla Car valho, Jorge Correia Jesuíno & Pedro Parreira
Cultura Hierárquica
De acordo com Van Muijen et al. (1999), a cultura hierárquica é herdeira de uma forte
tradição burocrática e hierárquica e está fortemente relacionada com os sete princípios
weberianos da burocracia. Assim, a cultura hierárquica, ou de regras, é mais estável do que
flexível e o seu foco é interno. Esta é uma cultura muito associada à ideia de segurança,
pela sua imutabilidade e estabilidade e por ser pouco permeável às mudanças no meio
ambiente, uma vez que que coloca ênfase no interno da organização (Cameron & Quin,
2006; Van Muijen et al., 1999). Estamos, portanto, perante uma cultura organizacional
onde o controlo, quer de pessoas, quer de procedimentos, é essencial.
Esta cultura apela e incentiva a um local de trabalho formalizado. Na organização
hierárquica todos os procedimentos estão estruturados, previamente estabelecidos e
regulados, regendo todo o trabalho na organização (Cameron & Quin, 2006; Van Muijen
et al,. 1999). Neste tipo de cultura é valorizada a capacidade de previsão das situações
com vista ao estabelecimento prévio de procedimentos, para que o trabalho flua sem
qualquer percalço, alteração ou instabilidade. Os líderes eficazes nas organizações onde
predomina este tipo de cultura coordenam as suas equipas através de uma organização
bem estruturada das tarefas. A estabilidade, a previsibilidade e a eficiência são os valores,
por excelência, nas organizações de tipo burocrático ou hierárquico, onde as posições
de cada trabalhador estão bem definidas na hierarquia, sem qualquer ambiguidade,
havendo a possibilidade e o objetivo, de ascender nessa cadeia. Cameron e Quinn (2006)
referem-se à empresa McDonald’s como exemplo de uma cultura hierárquica:
Cultura de Mercado
A cultura de mercado é virada para o exterior, o que significa que existe uma preocupação
sustentada nos clientes, i.e., no ambiente externo, almejando conquistar novos acionistas
e novos mercados. O mais importante advém da relação com os clientes, fornecedores,
entidades reguladoras e comunidade envolvente (Cameron & Quinn, 2006; Van Muijen
Cultura de Clã
Organizações onde predomina a cultura de clã funcionam como famílias, daí o nome de clã,
tal como referem Cameron e Quinn (2006) “they seemed more like extended families than
economic identities” (p. 41). Os objetivos e valores partilhados pelos membros da organização
passam pelo trabalho em equipa, em oposição ao individualismo. A participação e o sentido
de pertença ao grupo emergem como valores centrais (Cameron & Quinn, 2006; Van Muijen
et al., 1999). Da mesma forma que se trabalha em equipa, recompensa-se em equipa
traduzindo-se num grande sentido de coletivismo. As pessoas envolvem-se no trabalho, criam
laços emocionais empenhando-se nas suas tarefas e, por seu turno, a organização estabelece
laços com o trabalhador. Os líderes nestas organizações são essencialmente mentores,
próximos dos colaboradores, procurando conhecê-los bem e mesmo estabelecer relações
de amizade. Organizações com cultura de clã têm um foco no interior da organização, aliado
a um elevado nível de flexibilidade. A cultura de clã situa-se no quadrante superior esquerdo
do modelo dos valores contrastantes (Cameron & Quinn, 2006; Van Muijen et al., 1999). Os
autores Cameron e Quinn (2006) avançam uma história de sucesso de um exemplo de uma
empresa Norte Americana que adotou uma cultura do tipo clã nos anos 80:
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
169
Francisca Correia do Vale, Lisete Mónico, Carla Car valho, Jorge Correia Jesuíno & Pedro Parreira
Cultura Adocrática
Por último surge a cultura adocrática ou Ad Hoc, também conhecida como cultura de
inovação Tal como o que acontece com as outras três culturas, esta surge para responder às
mudanças que têm vindo a ocorrer no mundo das organizações (Cameron & Quinn, 2006;
Van Muijen et al., 1999).. Na era da informação a velocidade de adaptação é uma qualidade
essencial para se vencer e estar atual. Hoje é indispensável que as organizações estejam
atentas às mudanças para que se adaptem constantemente. Assim, esta cultura está focada
no externo da organização, valorizando fortemente a flexibilidade e a capacidade adaptativa.
Organizações onde a cultura adocrática predomina, apresentam um carácter tão volátil que
lhes permitem reconfigurarem-se constantemente para poderem dar resposta às exigências
exteriores. Nestas culturas é essencial inovar e estar na linha da frente, procurando prever o
futuro, antecipar mudanças e sucessos, para que se alcancem níveis de proficiência adaptativa
em tempos cada vez mais curtos (Cameron & Quinn, 2006). Por isso, nas organizações
adocráticas o poder está normalmente descentralizado, para que a estrutura se possa
adaptar constantemente, consoante as necessidades. Como a criatividade é essencial neste
tipo de organizações, a capacidade empreendedora com assunção de riscos é fomentada.
Estes últimos autores avançam com um exemplo de uma cultura adocrática:
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
171
Francisca Correia do Vale, Lisete Mónico, Carla Car valho, Jorge Correia Jesuíno & Pedro Parreira
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
173
Francisca Correia do Vale, Lisete Mónico, Carla Car valho, Jorge Correia Jesuíno & Pedro Parreira
Para Rahim (2002), não existe um estilo de gestão de conflito mais correto do que o
outro. Existem cinco estilos que se adequam mais ou menos eficazmente a determinadas
situações e ou contextos específicos. Em teoria, uma gestão eficaz dos conflitos
organizacionais passaria por aplicar cada um dos estilos nas situações para o qual os
estilos são mais apropriados. No entanto, sabemos que nem sempre são seguidas as
melhores práticas, seja por desconhecimento da sua existência ou consequências, seja
por estratégia (planeada). Vários autores apontam para a tendência generalizada de se
pretender reduzir os conflitos, seja qual for a sua tipologia, situação ou contexto. Isto
indica que o estilo que eventualmente possa ser mais utilizado seja tendencialmente
o de evitamento. Por outro lado, para os gestores que não procuram evitar os conflitos,
também poderá ocorrer a tendência de usar certos estilos de gestão de conflitos,
independente da situação ou contexto. Sabemos que as normas internas guiam as
decisões tomadas pelas pessoas nas organizações e é possível que a escolha do estilo
de gestão de conflito possa não ser exceção. Se tal se verificar, significa que o estilo
selecionado e adotado é subordinado, não só à tipologia, contexto e situação conflitual,
mas também, às normas internas da organizção face ao conflito.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
175
Francisca Correia do Vale, Lisete Mónico, Carla Car valho, Jorge Correia Jesuíno & Pedro Parreira
Mais recentemente, Hargrave e Van de Ven (2017) apresentam uma tipologia que integra
perspetivas dialéticas e paradoxais no referente à gestão dos conflitos organizacionais. O
modelo apresenta como fator-chave de contingência
4. MÉTODO
Amostra
Os dados recolhidos para a presente investigação resultaram de um inquérito distribuído
a 181 indivíduos, todos trabalhadores e residentes em Portugal. A amostra foi constituída
presencialmente através do método de amostragem de conveniência e online na
plataforma GoogleForms. A caracterização da amostra consta do Quadro 1.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
177
Francisca Correia do Vale, Lisete Mónico, Carla Car valho, Jorge Correia Jesuíno & Pedro Parreira
Sexo n %
Masculino 57 31.5
Feminino 124 68.5
Total 181 100.0
Sector
Privado 114 63.0
Público 67 37.0
Total 181 100.0
Profissão
Educação e Investigação 24 13.3
Artistas e Criativos 28 15.5
Saúde 23 12.7
Engenharias e Ciências 15 8.3
Serviços e Comércio 44 24.3
Administrativos e Gestores 31 17.1
Outros 16 8.8
Total 181 100.0
Mínimo Máximo Média Mediana DP
Idade (Anos) 21 76 37.73 37 11.86
Instrumentos
Para avaliar a cultura organizacional usou-se uma adaptação do instrumento de Cameron
e Quinn (2006), o OCAI – Organizacional Culture Assessment Instrument. Para avaliar o
conflito aplicou-se a escala adaptada de Rahim (2002), o ROCI-II – Rahim Organizational
Conflict Inventory.
OCAI: sustenta-se no modelo dos valores contrastantes e permite avaliar a cultura de
uma organização (Cameron & Quinn, 2006). O questionário adaptado foi desenvolvido
por Costa Pereira (in memoriam) e pretende medir numa escala de Likert de cinco pontos
cinco fatores, correspondentes às cinco tipologias culturais propostas por Cameron e
Quinn (2006): Cultura de Clã, Cultura Adocrática, Cultura Hierárquica e Cultura de Mercado. O
instrumento possibilita diagnosticar se a cultura em vigor está em sintonia com os ideais
e objetivos da organização e pode ajudar a operar mudanças essenciais. Esta medida
apresentou uma excelente consistência interna com a presente amostra (α = .984).
5. RESULTADOS
O Quadro 2 apresenta as estatísticas descritivas de cada uma das medidas. Podemos
verificar que a cultura com menos pontuação é a adocrática. Já as culturas hierárquica e
de mercado são as mais presentes, seguindo-se a cultura de clã. É importante salientar que
as médias apresentadas variam muito pouco entre si, podendo isto ser um indicador de
termos culturas pouco marcadas, e que temos uma representatividade de todas as quatro
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
179
Francisca Correia do Vale, Lisete Mónico, Carla Car valho, Jorge Correia Jesuíno & Pedro Parreira
tipologias culturais. Por outro lado, também podemos ver que os mínimos e máximos de
todas as dimensões correspondem à total amplitude da escala, 1.00 e 5.00 valores.
No referente aos estilos de gestão de conflito, a colaboração apresenta um valor
mínimo muito elevado comparativamente aos outros estilos, e uma média também
muito superior. A média que se segue é ada acomodação e, em seguida, o evitamento.
Estes valores mostram que os trabalhadores da amostra se percecionam como mais
colaborativas e acomodadas e pouco competitivas, já que a competição apresenta o
valor médio mais baixo.
Quadro 2. Análise descritiva das culturas organizacionais e dos estilos de gestão de conflito
Com o objetivo de determinar qual o peso da influência que cada uma das culturas tem
nos estilos de gestão de conflito adotados nas organizações, procedemos a uma análise
da regressão linear múltipla multivariada, selecionando previamente os itens dentro de
cada dimensão das culturas organizacionais no sentido de apurar as aptidões preditivas
destes nos estilos de gestão de conflito, onde procedemos de igual forma. Assim, com
base no conteúdo dos itens, constatamos de forma mais detalhada a natureza das
associações (ou seja, que itens dentro de cada tipo de cultura organizacional previam as
estratégias de gestão de conflito com base no conteúdo dos seus itens).
Com base no modelo apresentado no Quadro 3 e na Figura 3, verificámos que a cultura de clã,
a cultura hierárquica e a cultura adocrática, em conjunto, explicam 20% dos estilos colaborativos
de gestão de conflitos nas questões relacionadas com a “procura de soluções” e “resolução de
b S.E. C.R. P β
cultura1_CLÃ conflito5_COLAB
→ .207 .066 3.132 .002 .216
Comunicação e Suporte Procura de soluções
cultura8_ADOC conflito22_COLAB
→ .176 .060 2.942 .003 .228
Recursos de inovação Partilha de preocupações
cultura29_ADOC conflito14_ACOMOD
→ .142 .063 2.265 .024 .178
Melhoria dos processos de trabalho Soluções intermédias
cultura29_ADOC conflito15_COMPR
→ .202 .061 3.323 *** .233
Melhoria dos processos de trabalho Negociação
cultura1_CLÃ conflito12_COLAB
→ .249 .058 4.270 *** .293
Comunicação e Suporte Resolução de Problemas
cultura1_CLÃ conflito28_COLAB
→ .266 .062 4.267 *** .301
Comunicação e Suporte Compreensão do Problema
cultura8_ADOC conflito14_ACOMOD
→ .210 .065 3.213 .001 .253
Recursos de inovação Soluções intermédias
cultura29_ADOC conflito28_COLAB
→ .129 .046 2.824 .005 .199
Melhoria dos processos de trabalho Compreensão do Problema
cultura29_ADOC conflito5_COLAB
→ .243 .049 4.997 *** .344
Melhoria dos processos de trabalho Procura de soluções
cultura17_HIER conflito12_COLAB
→ .163 .041 3.939 *** .271
Simplificação Informação Complexa Resolução de Problemas
cultura1_CLÃ conflito23_COLAB
→ .162 .061 2.671 .008 .189
Comunicação e Suporte Colaboração para decisão
conflito24_ACOMOD
cultura8_ADOC
→ Satisfação expectativas dos .235 .068 3.461 *** .253
Recursos de inovação
colegas
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
181
Francisca Correia do Vale, Lisete Mónico, Carla Car valho, Jorge Correia Jesuíno & Pedro Parreira
b S.E. C.R. P β
cultura1_CLÃ conflito15_COMPR
→ .338 .083 4.083 *** .287
Comunicação e Suporte Negociação
conflito24_ACOMOD
cultura1_CLÃ
→ Satisfação expectativas dos .287 .089 3.245 .001 .238
Comunicação e Suporte
colegas
cultura29_ADOC conflito23_COLAB
→ .131 .047 2.782 .005 .207
Melhoria dos processos de trabalho Colaboração para decisão
cultura17_HIER conflito23_COLAB
→ .109 .045 2.410 .016 .178
Simplificação Informação Complexa Colaboração para decisão
cultura29_ADOC conflito22_COLAB
→ .183 .057 3.185 001 247
Melhoria dos processos de trabalho Partilha de preocupações
Figura 3. Modelo de regressão linear múltipla multivariada dos estilos de gestão de conflito
previstas a partir dos fatores da Cultura Organizacional
6. DISCUSSÃO
Desde os últimos trinta anos que se tem vindo a testemunhar um período de notória
transformação e profunda rutura estrutural na forma de conceber e pensar os conceitos
organização e de os organizar (Costa et al., 2016). Dada a importância da Cultura
Organizacional no que respeita à identidade aos trabalhadores, esta investigação
pretendeu avaliar em que medida a cultura organizacional explica os estilos de gestão
de conflitos adotados pelas pessoas nas organizações.
Os resultados evidenciaram que as culturas hierárquica e de mercado são as mais
presentes, verificando-se um menor score obtido na cultura adocrática. Em relação aos
estilos de gestão de conflito, a colaboração é referida como tipologia mais frequentemente
adotada pelos trabalhadores sendo a menos frequentemente a tipologia competição.
A literatura aponta o estilo colaborativo como o ideal na gestão dos conflitos, dado
poder gerar aprendizagem e contribuir para uma maior produtividade, não só porque
ambas as partes vêem os seus interesses satisfeitos mas, também, porque perspetiva
a possibilidade de se encontrarem soluções ótimas que, para além de serem mais
benéficas para ambas as partes, também o são para a própria organização. Organizações
que adotam estilos de gestão de conflitos colaborativos criam a oportunidade de
reestruturação e de readaptação às constantes alterações e necessidades, tanto por
parte dos seus colaboradores, como para todos os stakeholders.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
183
Francisca Correia do Vale, Lisete Mónico, Carla Car valho, Jorge Correia Jesuíno & Pedro Parreira
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
185
Francisca Correia do Vale, Lisete Mónico, Carla Car valho, Jorge Correia Jesuíno & Pedro Parreira
7. CONCLUSÕES
Após realização desta investigação concluímos que as culturas hierárquica e de mercado
foram as mais presentes, contrastando com a cultura adocrática que foi a menos
frequente. A colaboração foi o estilo de gestão de conflito que mais se destacou e a
competição apresentou a menor expressão. A flexibilidade cultural foi explicada por
três estilos de gestão de conflito: colaboração, acomodação e compromisso. Estes três
estilos contemplam a dimensão integrativa ou eixo da resolução de Problemas, a única
considerado por Rahim (2002) que proporciona aprendizagem organizacional.
As culturas mais flexíveis apresentaram maior capacidade na predição dos estilos de gestão
de conflito também mais flexíveis, de adaptação e de procura de soluções otimizadas,
de que são exemplo os estilos colaborativos. O estilo acomodativo surge da passividade
e caracteriza-se por ser pouco competitivo. Pode relacionar-se com a flexibilidade e
adaptabilidade das culturas de clã ou adocráticas. Uma cultura de clã não só é flexível como
tem o seu foco nas pessoas, daí que se associe a estilos mais colaborativos nas organizações.
No entanto, nas culturas de clã, quando não se encontram soluções otimizadas, adotam-se
posturas mais acomodadas, adaptando-se aos desejos da outra parte.
8. REFERÊNCIAS
Alvesson, M. (2012). Understanding organizational culture. London, Thousand Oaks: Sage.
Anderson, N., De Dreu, C. K., & Nijstad, B. A. (2004). The routinization of innovation research: A
constructively critical review of the state-of-the-science. Journal of organizational Behavior,
25 (2), 147-173.
Blake, R. R., & Mounton, J. S. (1964) The managerial grid. Houston, TX: Gulf.
Boz, M., Martínez-Corts, I., & Munduate, L. (2009). Breaking negative consequences of relationship
conflicts at work: The moderating role of work family enrichment and supervisor support.
Journal of Work and Organizational Psychology, 25, 113-122.
Boz, M., Munduate, L., Martínez-Corts, I., Benítez, M., Medina, F. J., (2011). Coping with interpersonal
conflict at work in small business: The moderating role of supervisor and co-worker support.
Revista de Psicología del Trabajo y de las Organizaciones, 27 (2), 117-129.
Cameron, K. S., & Quinn, R. E. (2006). Diagnosing and changing organizational culture. San Francisco:
Jossey-Bass.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
187
Francisca Correia do Vale, Lisete Mónico, Carla Car valho, Jorge Correia Jesuíno & Pedro Parreira
Chatman, J. A., & Jehn, K. A. (1994). Assessing the relationship between industry characteristics and
organizational culture: How different can you be? Academy of Management Journal, 37(3),
522-553.
Costa, P., Mónico, L., Parreira, P. Fonseca, C., & Santos, V. (2016). Similarities between the Knowledge
Creation and Conversion Model and the Competing Values Framework: An integrative
approach. Journal of Aging and Innovation, 5(3), 34-46.
De Dreu, C. K. W., van Dierendonck, D., & Dijkstra, M. T. (2004). Looking back, looking ahead: Conflict
at work and individual health and well-being. International Journal of Conflict Management,
15, 1-18.
De Dreu, C. K. W., & Weingart, L. R. (2003). Task versus relationship conflict, team performance, and
team member satisfaction: A meta-analysis. Journal of Applied Psychology, 88, 741-749.
Elysayed-Elkhouly, S., & Buda, R. (1996). Organizational conflict: A comparative analysis of conflict
styles across cultures. The international Journal of conflict management, 7(1), 71-81.
Erdogan, B., Linden, R. C., Kraimer, M. L. (2006). Justice and leader-member exchange: The
moderating role of organizational culture. Academy of Management Journal, 49(2), 395-406.
Follett, M. P. (1926/1940). Constructive conflict. In H. C. Metcalf & L. Urwick (Eds.), Dynamic
administration: The collected papers of Mary Parker Follett (pp. 30-49). New York: Harper and Row.
Friedman, R. A., Tidd, S. T., Currall, S. C., & Tsai, J. C. (2000). What goes around comes around: The
impact of personal conflict styles on work conflict and stress. International Journal of Conflict
Management, 11, 32-55.
Fu, J., Morris, M., Lee, S., Chao, M., Chiu, C., & Hong, Y., (2007). Epistemic motives and cultural
conformity: Need for closure, culture, and context as determinants of conflict judgments,
Journal of Personality and Social Psychology, 92(2), 191-207.
Gelfand, M. J., Nishii, L. H., Holcombe, K. M., Dyer, N., Ohbuchi, K. I., & Fukuno, M., (2001). Cultural
influences on cognitive representations of conflict: Interpretations of conflict episodes in the
United States and Japan. Journal of Applied Psychology, 86, 1059-74.
Guerra, M., Martínez, I., Munduate, L., & Medina, F., (2005). A contingency perspective on the study
of the consequences of conflict types: The role of organizational culture. European Journal of
Work and Organizational Psychology, 14(2), 157-176.
Hargrave, T. J., & Van de Ven, A. H. (2017). Integrating dialectical and paradox perspectives on
managing contradictions in organizations. Organization Studies, 38(3-4), 319-339. doi:http://
dx.doi.org/10.1177/0170840616640843
Hobman, E. V., Bordia, P., & Gallois, C. (2003). Consequences of feeling dissimilar from others in a
work team. Journal of Business and Psychology, 17, 301-325.
Hofstede, G., Hofstede, G. J., & Minkov, M. (1991).Cultures and organizations: Software of the mind.
(Vol. 2). London: McGraw-Hill.
Jehn, K. A., Bezrukova, K., & Thatcher, S. M. B. (2006). Conflict, diversity and faultiness in workgroups.
In C. K. W. De Dreu & M. J. Gelfand (Eds.), The psychology of conflict and conflict management in
organizations (pp. 177–204). New York: SIOP Frontier Series, Lawrence Erlbaum Press.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
189
CAPÍTULO 8
NARRATIVAS ORGANIZACIONAIS:
CONTRIBUTOS PARA A MUDANÇA Cap.
ORGANIZACIONAL 8
Damasceno Dias*
Lisete Mónico**
Carla Carvalho**
Pedro Parreira***
Albino Lopes*
RESUMO
O objetivo norteador deste capítulo consiste em compreender, através das narrativas enquanto
metodologia de investigação-ação, como as pessoas constroem a experiência de participar
num projecto de fusão desenvolvido no seio de uma organização. De natureza qualitativa e com
recurso às histórias como pivot, os discursos são interpretados, por forma a ajudar à compreensão
das ideias, sugerindo uma ordem causal para os eventos, o que permite que as pessoas falem sobre
as coisas ausentes, atuando como mnemónica e ação-guia, possibilitando, simultaneamente,
uma partilha de valores e significados. As histórias organizacionais (narrativas) revelaram sinais
de mudança emergentes, tornando-os mais salientes, ao mesmo tempo que captam os sinais que
traduzem e explicam as revoltas, os anseios, as angústias e tudo o que, apenas aparentemente, se
passa à margem do processo de mudança em si.
Palavras-chave: Narrativas organizacionais, mudança organizacional, sentido organizacional,
fusões.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
191
Damasceno Dias, Lisete Mónico, Carla Car valho, Pedro Parreira & Albino Lopes
ABSTRACT
The purpose of this study is to understand, through narratives as a research-action
methodology, how people construct the experience of participating in a merger project
developed within an organization. Of a qualitative nature and using stories as pivot, discourses
are interpreted in order to help the understanding of ideas, suggesting a causal order for
events, which allows people to speak about things absent, acting as mnemonics and action
guide, enabling, at the same time, a sharing of values and meanings. Organizational histories
(narratives) revealed emerging signs of change, making them more salient, while capturing
the signs that translate and explain revolts, yearnings, anguish, and all that seemingly only
happens outside the process of change in itself.
Keywords: Organizational narratives, organizational change, organizational sense, mergers.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
193
Damasceno Dias, Lisete Mónico, Carla Car valho, Pedro Parreira & Albino Lopes
bem como dos discursos dos diversos atores organizacionais (stakeholders) é uma
abordagem cada vez mais utilizada por diversos autores na investigação organizacional
(e.g., Carvalho, 2007; Carvalho, Gomes, & Lourenço, 2005; Gomes et al., 2000), dada a sua
relevância e riqueza ao nível do conhecimento produzido, quer em conjunto com outras
metodologias, quer de forma isolada.
Contar histórias pode ser, então, considerada também como uma maneira segundo a
qual as pessoas dão, reflexivamente, sentido às estratégias e aos objetivos organizacionais,
compreendem a dinâmica organizacional e preenchem o quotidiano das suas vidas de
trabalho com significado. Esta reflexividade da narrativa supõe assim, que a linguagem
afecta não só o que nós vemos, mas também a lógica que nós usamos para estruturar o
nosso pensamento.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
195
Damasceno Dias, Lisete Mónico, Carla Car valho, Pedro Parreira & Albino Lopes
Em síntese, para Andrade (2003), a investigação neste domínio é rica, revelando uma
grande panóplia de estudos dedicados às narrativas, à análise discursisva e às histórias
organizacionais, pese embora, as diversas abordagens e sentido que assumem sejam
muito dversificadas, muito devido às origens e áreas dos investigadores que sobre elas
se debruçam. Por exemplo, uns centram-se mais nos conteúdos das narrativas, outros,
pelo contrário, trazem para primeiro plano precisamente o ato de narrar, enfatizando
as enunciações orais e também as escritas, que têm lugar na organização e que se
produzem tanto individual como coletivamente (os narradores podem ser grupos,
departamentos, etc.).
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
197
Damasceno Dias, Lisete Mónico, Carla Car valho, Pedro Parreira & Albino Lopes
Recontar a história
Conhecimento Conhecimento
explícito Interiorização Combinação explícito Combinação
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
199
Damasceno Dias, Lisete Mónico, Carla Car valho, Pedro Parreira & Albino Lopes
2. MÉTODO
O método adoptado na presente investigação integra-se no seio da investigação-ação
(AR: Action Research; Greenwood & Levin, 2007) e visa obter resultados em duas vertentes:
Investigação, no sentido de aumentar a compreensão, por parte do investigador,
do cliente e da comunidade; Ação, tendo como fim produzir uma mudança numa
comunidade, organização ou programa.
A origem da investigação-ação estudo remonta aos anos 30/40, inserida no domínio
da Psicologia Social, e tendo por base duas perspetivas: a dos estudos de Kurt Lewin,
durante a II Guerra Mundial e a desenvolvida em Inglaterra, pelo Tavistock Institute,
após a II Guerra Mundial. Para Lewin (1946), a investigação-ação assenta em dois
pressupostos-base: por um lado, a aplicação de uma base teórica e, por outro, a
necessidade de estudo profundo de um grupo ou uma organização para empreender
ações e procurar modificá-lo(a)s. Assim, não existe ação sem investigação e nem
investigação sem ação. Como o próprio nome indica, produz-se, simultaneamente,
mudança (action) e compreensão (research), o que corresponde aos objetivos do
estudo que aqui apresentamos.
Este é um estudo de natureza qualitativa, cujo principal objetivo é compreender, através
das narrativas, como as pessoas constroem e interpretam a experiência de participar num
projeto de mudança organizacional que envolve um processo de fusão. Adota as histórias
como pivot para fazer e atribuir sentido às narrativas, ajudando-nos estas à compreensão
dos dados, sugerindo uma ordem causal para os eventos e permitindo que as pessoas
falem sobre as coisas ausentes, ao mesmo tempo que atuam como mnemónica, ação-
guia e mecanismo de partilha dos valores e dos significados subjacentes à cultura. Com
efeito, as histórias organizacionais, as narrativas e os discursos dos vários stakeholders
são elementos cruciais que nos ajudam a compreender e a atribuir sentido à dinâmica
organizacional, pois revelam sinais de mudança emergentes, de forma a torná-los mais
salientes, captam os sinais que traduzem e explicam as revoltas, os anseios, as angústias,
as resistências e tudo o que (apenas aparentemente), se passa à margem do processo
de mudança em si.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
201
Damasceno Dias, Lisete Mónico, Carla Car valho, Pedro Parreira & Albino Lopes
2.1. Amostra
A amostra é constituída por 79 dirigentes de duas instituições do setor público português
que estavam a passar por um processo de mudança/fusão entre si. De entre estes, 36
pertencem à instituição que aqui designamos por “A” e 43 à instituição que designamos
por “B”, sendo 57% do sexo masculino e 43% do sexo feminino. Em termos de idades, 43%
(n = 34) têm entre entre 51 e 60 anos, seguindo-se o grupo etário dos 41 aos 50 anos
com 40.5% (n = 32) das respostas. Cerca de 84.8% (n = 67) dos colaboradores é detentor
de uma licenciatura, seguindo-se o 12.º ano ou equivalente com 10.1% das respostas.
Relativamente à área em que desempenham a atividade profissional, a grande maioria
(47.9%, correspondentes a 34 particiantes) trabalha nos serviços de apoio. No que
respeita ao tempo de trabalho na instituição, 35.4% (n = 28) pertencem ao grupo dos
16 aos 20 anos, seguindo-se com 25.3% (n = 20) o grupo que trabalha na instituição há
mais de 20 anos.
2.2. Instrumentos
2.2.1. Episódios narrativos
Os instrumentos utilizados para o desenvolvimento dos episódios narrativos seguiram a
linha preconizada por Giroux e Marroquin (2005) e abarcaram as seguintes perspetivas:
a) Funcionalista ao tratarmos as instituições em fusão, como uma realidade objetiva,
realçando, por isso, os fatores que podem afetar o desempenho e que permitiram
mobilizar as energias internas e os recursos externos, a fim de realizar a mudança.
b) Interpretativista, na medida em que também encaramos as instituições como
um universo subjetivo, interessando, pois, as representações dos atores, ou seja,
o quadro de interpretações através dos quais as ações e os acontecimentos
adquiriram significado;
c) Processual, quando encaramos as instituições sob o ponto de vista de um “processo
que organiza” querendo, por conseguinte, descrever para além do processo pelo
qual os atores constroem individualmente a sua representação (construtivismo),
aquele pelo qual negociam coletivamente a realidade social que é a organização.
d) Crítica, na medida em que olhamos as duas instituições como um lugar onde as
relações de poder são assimétricas, como uma construção que serve os interesses
de um grupo específico.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
203
Damasceno Dias, Lisete Mónico, Carla Car valho, Pedro Parreira & Albino Lopes
como as referidas por Czarniawska (1997), e as suas motivações. Em relação ainda aos
atores, referimos, quando relevantes, os dados críticos da estrutura social envolvente
ou dos próprios personagens, tendo em conta os aspetos significativos da informação
recolhida interna ou externamente, de fontes diversas, mas que podiam todavia assumir
relevo (por exemplo, a imprensa).
Pareceu-nos importante, também, referir as condições e as causas da atuação
dos indivíduos, pelo que são referidas diferenças no pano de fundo que enquadra
os atores, os eventos e a sua relevância. Relativamente à estrutura e às condições
do contexto, são mencionados, por exemplo, os processos de recrutamento ou
promoção, eventualmente a caracterização demográfica organizacional e o seu
impacto na organização – uma vez que a apropriação da estrutura profunda resultará,
quando muito, da perceção dos aspetos superficiais, conforme refere Pentland (1999).
Referimos também, conforme Mackay e McKiernan (2006), os sinais discretos de
antagonismo na organização, fruto da envolvente problemática, numa perspetiva de
análise causal, ou seja, referindo as condições, causas, deteção dos sinais e a ocorrência
de padrões de ação no contexto.
Em cada história, de acordo com Stevenson e Greenberg (1998), existe uma determinada
ocorrência de propostas e momentos decisivos, eventos-chave, e atores determinantes
envolvidos nas situações, que ocasionalmente conduzem a pontos de viragem, alteração
de rotinas ou, mesmo, ao surgimento de novos objetivos no seio da organização.
Procurou-se captar a complexidade das instituições e dos processos que as percorrem,
os quais se podem refletir na inovação organizacional, em alterações na gestão e, como
refere Boje (2011), mesmo ao nível das decisões críticas, adotadas nos momentos-chave
do processo de fusão. As incertezas críticas foram incluídas, normalmente associadas a
dúvidas no processo ou à necessidade de referir os momentos de raciocínio contrafactual1 ****
e as escolhas efetuadas.
Perante as hipóteses de solução e as medidas adotadas, analisámos a plausibilidade, a
ocorrência de elementos surpresa, a consistência das soluções e a forma de adoção das
escolhas. Provavelmente, as hipóteses de solução dos problemas derivam de propostas
da hierarquia e ocasionam, eventualmente, situações novas de antagonismo, às quais
podem suceder novos momentos e propostas decisivas, envolvendo os mesmos ou
outros atores. Em princípio, cada história termina com as circunstâncias organizacionais
1
Forma particular de pensamento hipotético baseado na construção de uma representação mental da
realidade que nos permita aprender com a nossa experiência.
3. RESULTADOS
Num processo como o que aqui demos conta e analisámos – o da Instituição “A”/
Instituição “B” – poderá salientar-se que: a) às fusões, deverá preferir-se as alianças;
b) o aleatório espreita-nos e a interpretação é que conduz os acontecimentos nas
encruzilhadas; c) a meta fixada não pode ser confundida com o cumprimento do
objetivo tático (reduzir custos e aumentar a eficácia versus fusão administrativa); d) a
técnica processual da mudança organizacional tem o seu espaço, desde que sujeita a um
projeto; e) a ocasião propícia, gerada pelo sentido de urgência, deverá ser perfeitamente
interpretada e compreendida por todos, com um apoio forte aos grupos de trabalho e à
transversalidade das estruturas em jogo; f ) um líder tem as suas vicissitudes e fragilidade
e deverá, por isso, cuidar de não passar essas fragilidades para o coletivo; g) o caminho a
percorrer nunca existe traçado por antecipação, mesmo que a função do líder seja mais
a da previsão do que a da escolha pessoal derivada do seu sentido prático; h) o meio
envolvente não nos fornece referenciais estáveis, mas antes a perda das que julgávamos
possuir; e i) por último, num processo de mudança, em que a identidade esteja em
causa, o líder estabelece um compromisso com as pessoas, estabelece uma aliança, uma
promessa, a qual só será quebrada quando se tornar inviável a prossecução do projeto,
mas sempre desculpando as pessoas e não as culpando pelo impasse.
O que parece claro na narrativa é que o processo não terá sido gerido da melhor forma
e o progressivo alheamento das chefias intermédias traduziu-se numa completa anomia
por parte das pessoas. Mostram, também, conforme fizemos referência, a importância
central do papel da liderança intermédia, cuja ausência de implicação coerente e ativa
retirou vida e alma ao próprio processo.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
205
Damasceno Dias, Lisete Mónico, Carla Car valho, Pedro Parreira & Albino Lopes
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
207
Damasceno Dias, Lisete Mónico, Carla Car valho, Pedro Parreira & Albino Lopes
5. CONCLUSÃO
A procura dos investigadores em encontrar os diferentes significados, criados pelos
diferentes membros e grupos nas organizações, tem contribuído para a investigação
narrativa na medida em que a sua crescente utilização tem-se revelado importante para
revelar alguns problemas existentes no interior profundo das organizações e que muitas
vezes se encontram submersos, camuflados ou dissimulados. Conforme refere Feldman
(1990) a ligação de situações do passado, do presente e do futuro que as histórias e as
narrativas são capazes de trazer, podem ajudar a criar condições para que as pessoas
saibam mais eficazmente lidar com a ambiguidade e com a mudança ajudando assim, a
criar as condições estruturais novas e legitimadas.
A análise e interpretação dos discursos dos gestores e de outros stekeholders
das organizações muito contribuem para dar sentido e melhor compreender o
comportamento e as atitudes das pessoas nas organizações, bem como ajuda a planear
de forma mais bem-sucedida processos de mudança organizacionais sobretudo aqueles
que envolvem fusões e aquisições onde o grau de incerteza e a resistência à mudança
são por natureza elevados (Carvalho, 2007; Carvalho et al., 2005; Gomes et al., 2000).
As histórias que circulam na organização podem ser entendidas como guiões através
dos quais se pode compreender a dinâmica das diferentes culturas organizacionais
conforme referem. O contributo das narrativas para a aprendizagem é também
salientado por White (1981), quando afirma que se alguém conhece, então é capaz de
produzir uma narrativa daquilo que conhece. Deste modo, a narrativa é a forma em que
o conhecimento vive encarnado. Na área da gestão, o contributo desta abordagem é
sintetizado por Conger e Kanungo (1998) ao afirmar que o líder é alguém que gera e
gere significações, como um fabricante de sentido na medida em que gerir, implica dar
sentido ou tornar significativo, aos olhos dos outros, a realidade organizacional.
O diário de investigação, apresentado sob a forma de narrativa, elaborada a partir da
situação do investigador como observador participante que permitiu ordenar as
experiências vividas à medida que iam fazendo sentido, vem demonstrar que o projeto
se resumiu à implementação formal de um “Decreto de fusão”, com formulações
suficientemente alargadas destinadas a detetar redundâncias e escolher indivíduos
excedentários com os quais se deveria negociar a respetiva rescisão. O paradoxo da
situação situa-se no facto de, ao ter-se escolhido a via da eficiência, ao invés da eficácia
(entenda-se como negociação de interesses de todos os atores pertinentes), nem sequer
um mínimo de redução de custos ter sido conseguido, ao longo de cinco anos que
entretanto o processo decorreu.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
209
Damasceno Dias, Lisete Mónico, Carla Car valho, Pedro Parreira & Albino Lopes
7. REFERÊNCIAS
Abma, T. (2000). Fostering learning-in-organizing through narration: Questioning myths and
stimulating multiplicity in two performing art schools. European Journal of Work and
Organizational Psychology, 9, 211-231.
Alvesson, M., & Karreman, D. (2000). Varieties of discourse: On the study of organizations through
discourse analysis. Human Relations, 53(9), 1125-1149.
Andrade, R. F. (2003). Colapsos e reparações de sentido nas organizações. Coimbra: Edições Minerva.
Andrade, R. F. (2005). Quando nos roubam o chão obrigam-nos a voar: Narrativas
Erosivas e extinção moral das organizações. Comunicação apresentação ao IV Congresso da
SOPCOM: Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação, Universidade de Aveiro. http://
www.randrade.com.sapo.pt/Emel2005.pdf.
Argyris, C., & Schön, D. A. (1978). Organizational learning: A theory of action perspective. San Francisco:
Jossey-Bass.
Barry, D., & Elmes, M. (1997). Strategy retold: Towards a narrative view of strategic discourse.
Academy of Management Review, 22, 429-452.
Boje, D. M. (1991). The storytelling organization: A study of story performance in an office-supply
firm. Administrative Science Quarterly, 36, 106-126.
Boje, D. M. (1995). Stories of the storytelling organization: A postmodern analysis of Disney as
“Tamara-Land”. Academy of Management Journal, 38, 997-1035.
Boje, D. M. (2001). Narrative methods for organizational and communication Research. London: Sage
Publications.
Boje, D. M. (2011). Storytelling and the future of organizations: An antenarrative handbook. New York:
Routledge.
Boje, D. M., Fitzgibbons, D. E., & Steingard, D. S. (1996). Storytelling at Administrative Science
Quarterly: Warding off the postmodern barbarians. In D. M., Boje, R. P. Jr., Gephart, & T. J.
Thatchenkery, (Eds.), Postmodern management and organization theory (pp. 60-92). Thousand
Oaks, CA: Sage Publications.
Boudès, T. (2002). Quand l´entreprise se raconte des histoires. L´Expansion Management Review,
107, 75-81.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
211
Damasceno Dias, Lisete Mónico, Carla Car valho, Pedro Parreira & Albino Lopes
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
213
CAPÍTULO 9
RESUMO
Este capítulo é um pequeno ensaio sobre o que a quarta revolução industrial ou organizacional
– a Indústria 4.0 – tem motivado e/ou motivará nos contextos educativos, da formação, do
emprego e do trabalho. Uma economia nova necessitará de novas competências, suscitará
mudanças no emprego, nas formas de organizar o trabalho, entre outros aspetos que serão
integrantes da vida social em geral dos cidadãos neste século XXI, nomeadamente no que se
designa por mundo desenvolvido.
Palavras-chave: Indústria 4.0; Competências; Emprego; Trabalho.
ABSTRACT
This chapter is a brief essay on what Industry 4.0 has and will motivate in the fields of
education, training, employment and work. A new economy will need new competencies, will
bring changes in employment and in organizational design, among other aspects, which will
integrate and become part of the general social life of a 21st common citizen, namely in the
so-called developed countries.
Keywords: Industry 4.0; Competencies; Employment; Work.
* Este texto retoma parte de um Estudo para identificação de novas profissões na Lezíria do Tejo no quadro da
Indústria 4.0., texto não publicado, Junho de 2018
** Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra
josemcanavarro@gmail.com
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
215
José Manuel Por tocarrero Canavarro
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
217
José Manuel Por tocarrero Canavarro
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
219
José Manuel Por tocarrero Canavarro
Num artigo nosso (Soares, Pereira, & Canavarro, 2015), discutimos que liberalismo,
capitalismo globalizado, hiperconsumismo, revolução tecnológica e científica, Tecnologias
da Informação e da Comunicação (vulgo TIC), mediatização e individualização, são
alguns dos conceitos que caracterizam as profundas e rápidas alterações da sociedade
do século XXI. Este novo contexto económico, científico e sociocultural coloca desafios
à Educação, pois exige dos sujeitos o domínio de competências complexas, que lhes
permitem ou permitirão ser bem-sucedidos e prosperar na atualidade e no futuro.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
221
José Manuel Por tocarrero Canavarro
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
223
José Manuel Por tocarrero Canavarro
(..) the Republic of Kenya has launched an International Competitive Bidding (ICB),
this August, for the supply, delivery, installation and commissioning of ICT integration
in Education devices and solutions for primary schools in Kenya in which is stated
that the country Government has identified a goal to facilitate ICT integration in
primary education and support services and digital content development.
With an ICB being detailed and obviously directed to the purchase of equipment,
an analysis of the same highlights the importance that Kenya provides for the
creation of a global learning environment with the use of digital and information
and communication technologies, since an early age, as well as local equipment
production and providing global solutions for education. There is a clear and
increasingly global understanding that equipment is the starting point for the
development of learning in school, and equipment together with different
technological solutions can determine economic growth, industrialization,
diversification of services within a sector with high growth and continually
updating, like information and communication technology.”
O exemplo do Quénia mostra também que a tecnologia e a preparação das pessoas para
com ela lidarem de forma produtiva (em primeiro lugar porque aprendem) pode vir a
aproximar países desenvolvidos de países menos desenvolvidos. E esse é um tópico que
muito se discute a propósito da Indústria 4.0.
A capacidade de aprender continuamente, a capacidade de aprender “sozinho” (em boa
verdade, o sujeito nunca está verdadeiramente sozinho) são molas impulsionadoras
da mudança que se pretende e são fatores “energizadores” para que a educação e a
formação a possam garantir ab initio e garantir na continuidade.
Sumariando, as competências de base, novas competências ou competências do século
XXI são requisitos, sobretudo estas últimas, para o sucesso da Indústria 4.0. Na escola,
uma epistemologia mais coletivista deve orientar o ensino bem como a introdução e
utilização plena de novas tecnologias deverá acontecer e serão fatores importantes
para esse sucesso. Este mix contribuirá decisivamente para o desenvolvimento da
competência “última” – a autoaprendizagem.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
225
José Manuel Por tocarrero Canavarro
Esta visão, esta perspetiva mais pessimista, sustenta que a mudança tecnológica vibrante
que atualmente se sente levará a uma poupança de mão-de-obra. Contudo, há posições
divergentes, mais positivas que, embora reconhecendo alguma perda de emprego inicial
(sobretudo em determinadas áreas funcionais) admite o crescimento em outras. Algumas
tarefas serão automatizadas e digitalizadas; alguns postos de trabalho correm esse risco – o
da diminuição e mesmo da perda –, mas outros postos de trabalho irão surgir.
Segundo a OIT (2017), deveremos considerar cinco aspetos:
1. Que existe complementaridade entre as novas tecnologias e o emprego num
determinado sector. O exemplo clássico é o da banca e das caixas “ATM”, que não
implicaram e perda de empregos na banca (o homebanking, por exemplo, poderá
ter tido efeito menos positivo no emprego...).
2. Que existe um efeito colateral da tecnologia que cria emprego. Toda a automação
que está a ser criada e irá ser criada gerará novas empresas de conceção e
manutenção dessas soluções. Muitas das infraestruturas necessárias à Indústria
4.0 necessitarão de ser construídas. Toda a segurança dos sistemas de informação
terá que ser reforçada. E estes aspetos criam e criarão emprego.
3. Que a inovação tecnológica gera inovação. Novos produtos irão surgir. Serviços
inovadores irão ser prestados. Um quadro de automação, de recolha de múltiplos
dados abrirá espaço para produtos novos, de grande fiabilidade, e para a prestação
de serviços que garantam o funcionamento desejado e requerido pela Indústria 4.0.
4. Que o crescimento pela produtividade pode representar ganhos salariais mais
elevados e isso poderá conduzir a investimento. O mesmo se poderá refletir face
a ganhos de produtividade. E um e outro terão capacidade para criar emprego.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
227
José Manuel Por tocarrero Canavarro
A OIT (2017) alerta para um aspeto muito importante nesta discussão, “...Em termos
gerais, há que compreender melhor as forças específicas de cada país que permitem que
alguns países adotem mais rapidamente novas tecnologias, sejam mais competitivos
e criem inovações de produtos como parte do processo de adaptação económica”. (p.
8). Este considerando, ou este conjunto de considerandos, tornam-se relevantes para
se perceber o impacto da indústria 4.0 em escalas mais pequenas como a nacional e
mesmo a regional.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
229
José Manuel Por tocarrero Canavarro
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
231
José Manuel Por tocarrero Canavarro
deve ser “organizational-driven”, mais que “market-driven”, isto é, deverão ser as empresas
mais participativas na definição da formação que desejam e até colaborar na provisão da
mesma, otimizando, na formação, uma política colaborativa.
5. REFERÊNCIAS
Canavarro, J. M. P. (2000). Teorias ou Paradigmas Organizacionais. Coimbra: Quarteto Editora.
Canavarro, J. M. P. (2004). A sociedade, o estado e o sistema de educação e formação numa
perspectiva ao longo da vida: Algumas notas reflexivas em torno dos conceitos de
competências base e de novas competências. Psychologica, 41, 455 - 460.
Canavarro, J. M. P. (2006). Da discussão entre epistemologias aos contributos para melhores
aprendizagens. In N. Crato (Ed.), Desastre no ensino da Matemática: Como recuperar o tempo
perdido. Lisboa. Gradiva (pp. 203-206).
Canavarro, J.M.P (2013). Education as a development and change factor: the integration of digital
technologies in education: The Portuguese case. Conference presented at the African
Ministerial Forum on ICT Integration in Education and Training. 9 Dec 2013 to 11 Dec 2013.
Tunis. Tunisia.
Leituras recomendadas
Delpero T., Schoenwald S., Zemp A. and Bergamini A. (2015). Structural engineering of three-
dimensional phononic crystals. Journal of Sound and Vibration, 1–10. doi: 10.1016/j.
jsv.2015.10.033
Additive Manufacturing: 4. Industrial Revolution (2015) Focus Additive Manufacturing – New
Materials. Retrieved from https://www.empa.ch/documents/56164/465108/Empa-Dossier_
Additive+Manufacturing-EN.pdf/34264e78-cb69-4456-b132-35ea7a22ff47
Workplace 2025 Webinar Series 2018). Workplace 2025 PAC Market Study. Retrieved from https://
digitalworkplace.global.fujitsu.com/b_a_goals/workplace-2025-pac-market-study/
Ministry of Economic Development (2017). Industria 4.0” Italy’s National Plan for Industry.
Retrieved from http://www.mise.gov.it/images/stories/documenti/INDUSTRIA-40-
NATIONAL%20PLAN_EN-def.pdf
IAPMEI (n.d.). Indústria 4.0 Economia Digital. Retrieved from https://www.iapmei.pt/Paginas/
Industria-4-0.aspx
Global Challenge Insight Report (2016). The Future of Jobs Employment, Skills and Workforce Strategy
for the Fourth Industrial Revolution. Retrieved from http://www3.weforum.org/docs/WEF_
Future_of_Jobs.pdf
ADEA (2013). African Ministerial Forum on ICT Integration in Education and Training. Retrieved
from http://www.adeanet.org/en/activities/african-ministerial-forum-on-ict-integration-in-
education-and-training
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
233
CAPÍTULO 10
ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM NO
TRABALHO DE EMPRESÁRIOS JUNIORES: OS Cap.
EFEITOS DA EXPERIÊNCIA E DO SUPORTE 10
K a r i n n e L e i s s a To r r e s B e z e r r a *
Jairo Eduardo Borges-Andrade*
RESUMO
O objetivo geral deste capítulo é investigar Estratégias de Aprendizagem (EAs) no trabalho de
empresários juniores (estudantes universitários) brasileiros. Foram realizados dois estudos.
No Estudo 1, 40 empresários juniores novos e antigos participaram de entrevistas coletivas
semiestruturadas. Foram questionados sobre quais demandas de desempenho surgiram após
começarem a trabalhar e o que fizeram para aprender diante de tais demandas. As entrevistas
foram transcritas e os relatos referentes às EAs foram classificados. No Estudo 2, 391 empresários
responderam a um questionário online contendo escalas de EAs e de Suporte à Aprendizagem
(SA). Os dados do Estudo 2 foram tratados por meio de análise fatorial exploratória e correlações
de Pearson. Os resultados de ambos os estudos sugerem que: empresários juniores utilizam
mais frequentemente EAs comportamentais, especialmente Busca de Ajuda Interpessoal. Com
o aumento de sua experiência de trabalho, tendem a mudar a forma como aprendem. Passam
a empregar menos Busca de Ajuda em Material Escrito e Monitoramento da Compreensão e
utilizam mais Reflexão Extrínseca. Correlações positivas significativas foram encontradas entre
o uso de EAs e a percepção de SA. O tempo de trabalho dos empresários juniores é relativamente
breve e deveria promover sua formação profissional nas Universidades. Sugere-se incentivar o
uso da estratégia Reflexão Extrínseca como meio de acelerar seu processo de aprendizagem.
Deve ser assegurado um ambiente organizacional que ofereça Suporte à Aprendizagem.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
235
K a r i n n e L e i s s a To r r e s B e z e r r a & J a i r o E d u a r d o B o r g e s - A n d r a d e
ABSTRACT
The general objective of this chapter is to investigate Learning Strategies (LSts) at the work of
Brazilian junior entrepreneurs (university students). Two studies were performed. In the first
study, 40 new and old junior entrepreneurs have participated in collective semi structured
interviews. They were asked about the performance demands that raised after they started
working and about what did they do in order to learn to respond to those demands. The
interviews were transcribed and the reports of LSts were classified. In the second study, 391
junior entrepreneurs answered an online questionnaire with LSt and Learning Support (LSu)
scales. Data treatment for the second study included exploratory factor analysis and Pearson
correlation. Our results suggest that: The junior entrepreneurs frequently use behavioral LSts,
especially Seeking Interpersonal Help. As they gain experience at work, they tend to change
how they learn. This LSt is less used, as well as Comprehension Monitoring. Extrinsic Reflection
is more used. Significant positive correlations were found between LSts and the perception
of LSu. The time period of the junior entrepreneurs is relatively short and it should promote
their professional formation at the Universities. The use of incentive for Extrinsic Reflection is
suggested, as a means for accelerating the learning process. An organizational environment,
that offers LSu, should be ensured.
Keywords: Learning at Work, Learning Strategies, Learning Support, Junior Entrepreneurs.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
237
K a r i n n e L e i s s a To r r e s B e z e r r a & J a i r o E d u a r d o B o r g e s - A n d r a d e
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
239
K a r i n n e L e i s s a To r r e s B e z e r r a & J a i r o E d u a r d o B o r g e s - A n d r a d e
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
241
K a r i n n e L e i s s a To r r e s B e z e r r a & J a i r o E d u a r d o B o r g e s - A n d r a d e
2. MÉTODO
Foram desenvolvidos dois estudos entre dezembro de 2007 e julho de 2011. O primeiro,
de natureza qualitativa, com recurso ao método do inquérito por meio da técnica da
entrevista, centrou-se nos objetivos específicos 1 e 2 (acima mencionados), enquanto o
segundo, de natureza quantitativa, com recurso ao método do inquérito por questionário,
centrou-se nos objetivos específicos 1, 3 e 4.
2.1.2. Materiais
As entrevistas, realizadas entre dezembro de 2007 e maio de 2009, foram baseadas em
um roteiro semiestruturado que, após solicitar aos participantes que descrevessem
como é o trabalho de um empresário júnior, questionava: (I) quais as novas demandas
de desempenho que surgiram depois que começaram a trabalhar na EJ, (II) o que fizeram
para aprender coisas que passaram a ser necessárias e (III) quais dessas estratégias
funcionaram melhor ou não funcionaram.
2.1.3. Procedimentos
Foram realizadas 11 entrevistas com grupos de dois a nove participantes. Os grupos eram
homogêneos quanto ao tempo de trabalho dos empresários: cinco desses formados por
empresários novos e seis por empresários antigos.
As entrevistas foram gravadas, transcritas e submetidas à análise de conteúdo. Inicialmente
foram identificadas verbalizações que correspondessem a atividades realizadas pelos
participantes com a finalidade de aprender algo no trabalho. Em seguida, as verbalizações
foram analisadas e classificadas conforme as categorias propostas por Warr e Allan (1998)
e tiveram sua frequência contabilizada. Aquelas verbalizações que não se encaixaram nas
mencionadas categorias foram reunidas e novas categorias de EAs foram propostas.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
243
K a r i n n e L e i s s a To r r e s B e z e r r a & J a i r o E d u a r d o B o r g e s - A n d r a d e
2.2. Estudo 2
2.2.1. Amostra
De um número aproximado de 1.000 EJs, reunindo 23.200 empresários no Brasil (Brasil
Junior, 2008), optou-se por definir como universo deste estudo apenas as 130 EJs, e
seus 3.000 empresários, à época confederadas à Brasil Junior (Confederação Nacional
das Empresas Juniores do Brasil) – órgão de representação, fomento e apoio às
Empresas Juniores em nível nacional. Dessa maneira, garantiu-se que a definição de EJ,
anteriormente mencionada, se aplicasse a todas as empresas.
Uma primeira fase de coleta de dados foi realizada no início de 2010, reunindo 319
empresários juniores participantes. Com o objetivo de obter um número maior de
respondentes, uma segunda coleta foi realizada no início de 2011, atingindo 391
empresários.
2.2.2. Materiais
Foi elaborado um questionário online contendo, nesta ordem: (I) Escala de EAs no
trabalho, que é uma escala de tipo Likert, de 10 pontos, em que 1 corresponde a “Nunca
faço” e 10 a “Sempre faço”, com 28 itens, com evidências de validade previamente obtidas
por Brandão e Borges-Andrade (2011); (II) Escala de SA, tipo Likert, de 10 pontos, em que
1 corresponde a “Nunca ocorre” e 10 a “Sempre ocorre”, com 31 itens, cujas evidências
de validade foram previamente obtidas por Coelho e Borges-Andrade (2015) e (III) 5
itens acerca de dados pessoais e profissionais dos empresários. Essas duas escalas foram
testadas em outros contextos organizacionais, portanto buscou-se, conforme o objetivo
específico 3, a obtenção de evidências de sua validade nas EJs.
2.2.3. Procedimentos
O questionário foi disponibilizado na plataforma EFSurvey e o link para preenchimento
foi divulgado para as EJs cujo e-mail de contato constava no site da Brasil Junior. O
site disponibilizava o contato de apenas 90 EJs. Foi utilizada uma mensagem padrão,
solicitando a participação dos empresários e auxílio na divulgação da pesquisa. A mesma
mensagem era apresentada na página inicial do questionário e, caso a pessoa aceitasse
participar na pesquisa, podendo desistir a qualquer momento, deveria prosseguir para
as próximas páginas, clicando em “continuar”.
3. RESULTADOS
3.1. Estudo 1
3.1.1. Estratégias de Aprendizagem e sua classificação
Os empresários juniores descreveram, ao longo das entrevistas, uma série de novas
demandas que demandaram esforços de aprendizagem, seja porque eram distintas
das demandas habituais do contexto acadêmico ou, mesmo já estando há mais tempo
em suas empresas, se deparavam com novas situações. Um dos relatos ilustra bem isso:
“Realmente é um contexto bem diferente de disciplinas, muitas vezes a gente vai lidar
com coisas inesperadas, coisas que a gente não faz a menor ideia de como se executa,
situações que são previstas na instituição (EJ), mas você não compreende claramente
por que se faz do jeito que faz.”.
No total, 165 verbalizações referentes ao uso de Estratégias de Aprendizagem no trabalho
foram identificadas e classificadas. O Quadro 1 apresenta as EAs identificadas, com
exemplos de verbalizações. Não houve relatos referentes às EAs Reprodução e Controle
Motivacional. A mesma verbalização pode ser classificada em mais de uma categoria,
visto que os empresários juniores relataram o uso conjunto e integrado de diferentes
EAs em todas as entrevistas, como demonstra o seguinte relato: “Dessas estratégias
que a gente colocou aqui, para mim pelo menos, até agora nenhuma deu errado, mas
eu acredito que poderia dar errado se a gente não usasse várias estratégias dessas em
conjunto, ao mesmo tempo. Por exemplo, não adianta chegar uma demanda para mim
e eu só estudar, só buscar literatura, e não estar em contato direto com a supervisora, não
estar em contato direto com o cliente.”.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
245
K a r i n n e L e i s s a To r r e s B e z e r r a & J a i r o E d u a r d o B o r g e s - A n d r a d e
Empresários Empresários
Estratégias de Antigos Novos
Exemplos de verbalizações
Aprendizagem
N % N %
“Eu comecei a procurar muitas pessoas que já
sabiam. Como era muita coisa que não eu sabia,
Busca de Ajuda não adiantava querer pesquisar na internet. Então
29 27 12 20
Interpessoal a gente acaba tendo que fazer contatos, conversar
com quem já sabe (...) porque nem tudo a gente
consegue achar sozinho.”
“Uma coisa interessante é você tentar pegar aquele
Aplicação assunto que você está aprendendo e tentar meio
20 19 10 17
Prática que aplicar em um caso real (...) porque aí você fixa
mais, você entende melhor.”
“Às vezes você pode ter uma ideia de como se
planejar por tentativa e erro, você pode ter uma ideia
porque alguém te contou e você tenta encaixar na
Reflexão Intrínseca sua vida (...) a melhor estratégia em cima disso, é 19 18 9 15
quando você realmente consegue juntar as duas
coisas, você realmente elabora um passo a passo da
forma como melhor vai encaixar para você.”
“Foi um caso que eu tive que aprender por conta
própria (...) então você tem que se preocupar por
tudo que a gente já falou de tentar agradar o
cliente da melhor forma, cumprir tudo aquilo que
a gente está esperando, então sabendo que você
Reflexão Extrínseca 12 11 2 4
está levando o nome da empresa e assumindo
responsabilidades você acaba se preparando, se
desenvolvendo, pesquisando, isso tudo te motiva
a aprender um assunto que teoricamente não é do
seu curso, pelo menos não é do meu curso.”
“Outra coisa também que ajudou bastante foram os
arquivos que já tinham de outras gestões, falando a
Busca de Ajuda em análise de cargo mesmo, falando dos documentos
11 10 12 20
Material Escrito de outras atividades da diretoria a qual eu estava
pertencendo, o que a pessoa já tinha feito, o que
outras diretorias, o que outras gestões tinham feito.”
“A primeira coisa que eu fiz foi observar (...) observar
como é que eram as pessoas que já estavam há mais
Aprendizagem por
tempo na empresa, como é que era o presidente, 7 7 1 2
Observação
como é que era a postura dele, como é que era a
postura dos diretores”
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
247
K a r i n n e L e i s s a To r r e s B e z e r r a & J a i r o E d u a r d o B o r g e s - A n d r a d e
3.2. Estudo 2
3.2.1. Descrição da amostra
Houve 1098 acessos ao questionário e 820 pessoas concordaram em participar,
prosseguindo após a página de apresentação inicial. No entanto, apenas 391 empresários
juniores chegaram ao final da segunda parte do questionário, ou seja, responderam às
duas escalas. O restante abandonou o questionário ainda nas páginas iniciais, deixando
uma quantidade de itens sem resposta que inviabilizaria as análises, pelo que foram
excluídos da amostra.
Os 391 participantes tinham idade entre 17 e 49 anos (média= 20.5 e DP= 2.4) e atuavam
em suas EJs há 12 meses, em média (DP= 8). As mulheres representaram 50.9% do total da
amostra. Quanto à atuação nas EJs, 46.3% ocupavam cargos concernentes à sua gestão
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
249
K a r i n n e L e i s s a To r r e s B e z e r r a & J a i r o E d u a r d o B o r g e s - A n d r a d e
Carga
Itens
fatorial
Fator 1: Reflexão Extrínseca e Intrínseca (α = .88)
4. Analisando criticamente a execução do meu trabalho, tento entender melhor como ele é
.39
feito.
10. Quando faço meu trabalho, penso em como ele está relacionado ao negócio e às
.68
estratégias da organização.
11. Tento compreender como a atuação das diferentes áreas da organização influencia a
.89
execução do meu trabalho.
19. Para aprimorar a execução de minhas atividades, procuro compreender melhor cada
.42
procedimento e tarefa que faz parte.
20. Busco entender como diferentes aspectos do meu trabalho estão relacionados entre si. .83
23. Para melhor execução do meu trabalho, reflito sobre como ele contribui para atender as
.40
expectativas dos clientes.
24. Procuro compreender como meu trabalho está relacionado aos resultados obtidos nas
.60
diferentes áreas da organização.
27. Busco compreender as relações entre as demandas feitas por outras áreas da EJ e a
.59
finalidade do meu trabalho.
28. Tento conhecer como as diferentes áreas da EJ estão relacionadas entre si. .80
Fator 2: Busca de Ajuda Interpessoal (α = .83)
1. Busco ajuda dos meus colegas quando necessito de informações mais detalhadas sobre o
.74
trabalho.
5. Quando tenho dúvidas sobre algo no trabalho, consulto colegas de outras áreas da empresa. .64
14. Peço ajuda aos meus colegas de equipe (diretoria / departamento / grupo de trabalho)
.77
quando necessito aprender algo.
21. Procuro obter novos conhecimentos e informações consultando colegas de outras equipes
.65
(diretorias / departamentos.
22. Consulto colegas de trabalho mais experientes, quando tenho dúvidas sobre algum assunto
.80
relacionado ao meu trabalho.
Fator 3: Reprodução (α = .65)
7. Para melhor execução do meu trabalho, procuro seguir sempre os mesmos procedimentos. .60
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
251
K a r i n n e L e i s s a To r r e s B e z e r r a & J a i r o E d u a r d o B o r g e s - A n d r a d e
Carga
Itens
Fatorial
20. Estimula o uso de minhas novas habilidades e conhecimentos no trabalho. .81
16. Valoriza minhas sugestões de mudança. .80
15. Me encoraja a aplicar novas habilidades e conhecimentos. .79
18. Leva em conta minhas idéias quando diferentes das deles. .78
17. Assume comigo os riscos de tentar novas formas de realizar o trabalho. .77
24. Me elogia quando aplico novas habilidades e conhecimentos. .76
19. Me estimula a enfrentar desafios no trabalho. .76
30. Apóiam minhas tentativas de buscar novas aprendizagens no trabalho. .75
14. As tentativas de aplicação de novas habilidades e conhecimento são elogiadas. .75
23. Está disponível para tirar minhas dúvidas sobre o uso de novas habilidades e conhecimentos
.74
no trabalho.
25. Estabelece objetivos de trabalho que me encorajam a aplicar novas habilidades e conhecimentos. .74
28. Me estimulam a buscar novas habilidades e conhecimentos voltados ao trabalho. .70
29. Me incentivam a propor novas idéias para a execução das tarefas. .70
27. Me elogiam quando aplico novas habilidades e conhecimentos .69
21. Remove dificuldades e obstáculos à aplicação de minhas novas habilidades e
.68
conhecimentos no trabalho.
31. Sentem-se seguros quando aplico novas habilidades e conhecimentos no trabalho. .68
4. Novas idéias são valorizadas. .67
12. Há incentivo à busca de novas aprendizagens. .64
10. Há abertura a críticas quando alguém aplica novas habilidades e conhecimentos. .64
22. Me dá liberdade para decidir sobre como desenvolver minhas tarefas. .64
6. Há autonomia para questionar as diretrizes dadas pelo diretor/superior imediato. .64
7. Há compartilhamento de informações sobre novas habilidades e conhecimento. .61
11. Há aceitação dos riscos associados à aplicação de novas habilidades e conhecimentos. .61
26. Me dão orientações quando tenho dificuldades para aplicar novas habilidades e conhecimentos. .60
13. As tarefas / atividades que realizo na EJ facilitam aplicação de novas habilidades e conhecimentos. .58
1. Cada membro é incentivado a expor o que pensa. .57
8. Há tolerância a erros quando se tenta aplicar novas habilidades e conhecimentos. .56
5. Há respeito mútuo entre as pessoas. .56
9. Há autonomia para organizar o trabalho. .51
3. Há tempo destinado para a busca de novas formas de executar o trabalho. .42
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
253
K a r i n n e L e i s s a To r r e s B e z e r r a & J a i r o E d u a r d o B o r g e s - A n d r a d e
4. DISCUSSÃO
4.1. As Estratégias de Aprendizagem em diferentes períodos do trabalho
Os resultados são aqui discutidos à luz dos objetivos específicos 1 (comparar a
ocorrência de EAs em momentos diferentes do processo de mudança pelo qual passam
os empresários juniores) e 2 (classificá-las conforme o referencial teórico disponível),
que consideramos atingidos. Os empresários juniores descreveram grande quantidade
e variedade de Estratégias de Aprendizagem nas entrevistas, quando questionados
sobre o que fizeram para aprender diante de novas demandas que surgiram em seu
trabalho. As EAs descritas correspondem, em boa parte, à taxonomia de Warr e Allan
(1998), mas ocorreu a identificação de novas estratégias não previstas nessa taxonomia:
“Aprendizagem por Observação” e “Aprendizagem em Equipe”. Este resultado, a nosso
ver, sugere que essa taxonomia talvez deva ser revista, considerando certos tipos de
desenho de trabalho distintos daqueles pensados por esses autores. Comparadas às
outras EAs, a baixa frequência no relato dessas duas pode indicar que desempenhem um
papel menos central na aprendizagem dos empresários juniores no trabalho. Por outro
lado, se surgiram nesse contexto, podem ser típicas de um desenho do trabalho distante
dos usualmente investigados. Sugere-se investigar a ocorrência de ambas as estratégias
em pesquisas futuras, com outras ocupações profissionais e sob uma diversidade de
possibilidades de desenhos do trabalho, bem como incluir outros itens, nas escalas de
EAs, que possam capturar sua ocorrência.
A estratégia “Aprendizagem em Equipe” parece não ser empregada em momentos iniciais
do processo de aprendizagem, diante de novas demandas de trabalho, visto que não foi
relatada por empresários novos. A organização do trabalho nas EJs, que é feita em geral em
torno de equipes de trabalho, pode influenciar a ocorrência desta EA. Sugere-se a busca
de evidências empíricas acerca dessa relação. Seguindo esse caminho, é esperado que
empresários novos necessitem de mais tempo para integrar-se às equipes de trabalho e
passarem a aprender com elas. De posse dessa informação, caberia às EJs facilitarem esse
contato, de modo a ampliar o uso de tal EA. Por outro lado, o aparecimento dessa estratégia,
no nível individual, sugere a necessidade de investigar estratégias de aprendizagem de
equipes (e não em equipes). Isto é, estratégias que não estariam mais sob o controle dos
indivíduos e que seriam mensuradas como processos de emersão para o nível de equipes.
Isto é, estariam sob o controle e, mais que isto, compartilhadas neste nível.
A estratégia Reprodução não foi relatada em qualquer das entrevistas. Considerando
a natureza do trabalho nas EJs, predominantemente em consultoria e serviços, parece
provável que este exija tipicamente habilidades relacionadas a inovação e flexibilidade.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
255
K a r i n n e L e i s s a To r r e s B e z e r r a & J a i r o E d u a r d o B o r g e s - A n d r a d e
que as pessoas não reconheçam ações do seu dia a dia de trabalho como direcionadas
à aprendizagem de competências. As pessoas assumem que aprendizagem e trabalho
são duas atividades separadas, que não se combinam (Eraut, 2004, cit. por Moraes &
Borges-Andrade, 2010). No segundo caso, o relato das EAs é induzido pelos itens da
escala, facilitando a tarefa de reconhecer o uso de estratégias para aprender. Em estudos
futuros sobre este assunto, recomenda-se, portanto, atenção à escolha metodológica. A
realização de pesquisas multimétodo parece ser imprescindível, aqui.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
257
K a r i n n e L e i s s a To r r e s B e z e r r a & J a i r o E d u a r d o B o r g e s - A n d r a d e
natureza e organização do trabalho que podem influenciar o uso das EAs por seus membros.
As diferentes modalidades de desenho do trabalho, e características disposicionais tais como
autoeficácia e comprometimento com a carreira e com a organização, podem moderar as
relações entre percepção de suporte para aprender e uso de estratégias de aprendizagem.
Além disso, essas modalidades de desenho do trabalho podem estar diretamente associadas
ao uso de estratégias de aprendizagem, ou esta relação pode ser mediada pela percepção
de suporte. Cabe ainda investigar os efeitos que o uso de EAs pode produzir no desempenho
dos indivíduos, das equipes e das organizações e na empregabilidade dos indivíduos que
lançam mão de uma variedade de estratégias para aprender.
5. SÍNTESE
O presente livro foco especialmente as relações entre as mudanças ocorridas nas
organizações e no trabalho e as ocorrências relativas à segurança, à saúde e ao bem-estar
dos indivíduos. Este capítulo parte igualmente da suposição de que essas mudanças são
importantes, mas procura desvelar um outro aspecto igualmente relevante: o de como
esses indivíduos podem ser agentes de seu próprio desenvolvimento. Essa “agência”poderia
ocorrer, quando eles utilizam estratégias para aprender. O texto procura demonstrar que
tais estratégias, mesmo estando sob controle desses indivíduos, não prescindem de certas
condições presentes em seus contextos organizacionais e do trabalho.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
259
K a r i n n e L e i s s a To r r e s B e z e r r a & J a i r o E d u a r d o B o r g e s - A n d r a d e
Leituras Recomendadas
Caso o leitor tenha interesse em aprofundar os conhecimentos sobre os temas em discussão neste
capítulo, recomenda-se a leitura de:
Abbad, G. S., & Borges-Andrade, J. E. (2014). Aprendizagem humana em organizações de trabalho.
In J. C. Zanelli, J. E. Borges-Andrade & A. V. B. Bastos (Orgs.), Psicologia, organizações e trabalho
no Brasil. Porto Alegre: Artmed. Pgs. 244 a 284 (2ª Edição).
Borges-Andrade, J. E. (2015). Aprendizagem no trabalho. In P. F. Bendassolli & J. E. Borges-Andrade
(Orgs.), Dicionário de psicologia organizacional e do trabalho. São Paulo: Casa do Psicólogo.
Cairns, L., & Malloch, M. (2011) Theories of work, place and learning: new directions. In M. Malloch,
L. Cairns, K. Evans, & B. N. O´Connor (eds) The Sage Handbook of Workplace Learning, London:
Sage, 3-15.
Illeris, K. (2011) Workplace and Learning. In M. Malloch, L. Cairns, K. Evans, & B. N. O´Connor (eds) The
Sage Handbook of Workplace Learning, London: Sage, 32-45.
Moraes, V. V, & Borges-Andrade, J. E. (2015). Informal Learning and Development. In K. Kraiger,
J. Passmore, N. R. Santos, & S. Malvezzi (eds) The Psychology of Training, Development, and
Performance Improvement. 1 ed. Chichester, UK: John Wiley & Sons, 419-435.
Marina Romeo*
M o n t s e r r a t Ye p e s - B a l d ó *
ABSTRACT
A concern of professionals and researchers, in the area of work and organizational psychology,
is promoting labor inclusion and quality of working life of people with disability. On the basis
of an inclusive organizational culture, the strategic HR management has the duty to develop
strategies and policies aimed to the full inclusion. The effect of these strategies and policies on
employees has been analyzed in terms of individual and organizational. Among the findings,
several studies have analyzed the relationship between the deployment of strategies and policies,
and organizational commitment, identification, and absenteeism. Hence, the present chapter
analyzes, on the one hand, the theoretical bases related to the effect of strategies and policies
aimed at the inclusion of people with disabilities on employees’ wellbeing, safety and their
relationship with the organization. On the other hand, we present some empirical and recent
evidences developed on the framework of the research group (Cátedra Universitat de Barcelona
– Fundación Adecco) headed by Dra. Marina Romeo, related to the extent to which employees’
perceptions of strategies and policies aimed at the inclusion of people with disabilities are
positively related to organizational identification, commitment and satisfaction, and negatively
related to absenteeism. Finally, the chapter focuses on the guidelines for HR professionals in order
to facilitate and enhance the normalization of these employees in the labor market, helping
practitioners to target these companies as future employers of people with disabilities.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
261
M a r i n a R o m e o & M o n t s e r r a t Ye p e s - B a l d ó
Keywords: People with disability, strategies and policies, commitment, satisfaction, absenteeism,
labor inclusion.
RESUMO
A preocupação dos profissionais e pesquisadores, na área de trabalho e psicologia
organizacional, é promover a inclusão do trabalho e qualidade de vida das pessoas que
trabalham com deficiência. Com base de uma cultura organizacional inclusiva, a gestão
estratégica de RH tem o dever de desenvolver estratégias e políticas destinadas à inclusão
plena. O efeito dessas estratégias e políticas sobre os trabalhadores tem sido analisada
em termos de individual e organizacional. Vários estudos têm analisado a relação entre a
implantação de estratégias e políticas, e comprometimento organizacional, identificação
e absentismo. Assim, as presentes análises dos capítulos, por um lado, as bases teóricas
relacionadas com o efeito de estratégias e políticas voltadas para a inclusão de pessoas com
deficiência no dos funcionários bem-estar, segurança e sua relação com a organização. Por
outro lado, apresentamos algumas evidências empíricas e recentes desenvolvidos no âmbito
do grupo de investigação (Cátedra Universitat de Barcelona - Fundação Adecco), dirigido pela
Dra. Marina Romeo, relacionada com a medida em que a percepção de estratégias e políticas
voltadas para a inclusão das pessoas com deficiência dos empregados são positivamente
relacionada com a organização de identificação, comprometimento e satisfação, e
negativamente relacionada com o absentismo. Finalmente, o capítulo se concentra sobre as
orientações para os profissionais de RH, a fim de facilitar e melhorar a normalização destes
empregados no mercado de trabalho, ajudando os profissionais a direcionar essas empresas
como futuros empregadores de pessoas com deficiência.
Palavras-chave: Pessoas com deficiência, estratégias e políticas, comprometimento,
satisfação, absentismo, a inclusão de trabalho.
262 The effect of strategies and policies aimed at the inclusion of people with
disabilities on employees
1. INTRODUCTION
The European Network of Organizational and Work Psychologists (ENOP), when
describing the fields of study of the discipline, establishes that work psychology “concerns
people’s work activity” (ENOP, nd, p. 7), i.e. the way in which people deal with their tasks
in the organizational context. On the other hand, organizational psychology “concerns
the (collective) behavior of people in relation to the shaping and functioning of socio-
technical arrangements designated as organizations” (ENOP, nd, p. 7).
One of the points of interest of professionals and researchers in the fields of study of
Work and Organizational Psychology is promoting labor inclusion and quality of working
life of people with disability (Alcover de la Hera & Pérez Torres, 2011). On the basis of
an inclusive organizational culture, the strategic human resources management has the
duty to develop strategies and policies aimed to the full inclusion. The effect of these
strategies and policies on employees has been analyzed in terms of individual and
organizational effectiveness on the framework of Human System Audit (HSA) (Quijano,
Navarro, Yepes-Baldó, Berger, & Romeo, 2008). The HSA model of organizational behavior
(Table 1), developed by Quijano is an
It can be considered a useful instrument “at both the theoretical and practical levels, for
research in Work, and Organizational Psychology, given its theoretical approach and the
instruments it offers for the measurement and assessment of the constructs involved”
(Quijano et al. 2008, p. 93).
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
263
M a r i n a R o m e o & M o n t s e r r a t Ye p e s - B a l d ó
Organization
Psychological Results
Design and
Strategy Human
Psychosocial Organizational
Human Resources Quality Resources
Processes effectiveness
Quality
Leadership Organizational Economic
Climate
O Culture Social
R Participation Environmental
G Shared Vision
A Conflict
Human management
N
Resources and
I Management negotiation
T Z Systems: Group
E A productivity
C T Quantity and
Vision and Group
Group climate quality of
mission H I Selection development
production
(Values)
N O Training Internal
O N Benefits and service quality
General compensations
L A Self-efficacy Competencies Performance
objectives
Performance & quality
O L Equity Motivation
appraisal Results /
G Results Identification
Specific Identification of Accomplished
awareness and
objectives I S potentials and objectives
commitment
career plan Results
E T Accident rate
responsibility Stress and
S R Internal burnout Absenteeism
communication Perceived
U meaning of Work-life Turn-over
Risk prevention work balance
C and health
Activated Work
T
needs and satisfaction
U instrumentality
Well-being
R Role conflict
E Role ambiguity
Work overload
264 The effect of strategies and policies aimed at the inclusion of people with
disabilities on employees
The HSA considers that any organization is an open system in constant relationship with
a multi-faceted and changing context. In this sense, organizations adapt to the context
and react to it, but also act on it and modify it. Government regulations or employment
legislation are some of the context areas that more directly affect organizations. On the
other hand, organization recruitment policies have a clear effect on labor market.
Analyzing the organization, the HSA states different dimensions: Strategy, Design
(technologies, organizational structure), Psychological and Psychosocial Processes, and
Results.
Thompson and Strickland (1994) define Strategy as the movements and approaches
designed by managers to ensure that the organization obtains excellent results. It
comprises the establishment of organization vision and mission, goals and planned
result, the efficient and effective implementation of the selected strategy, and the
assessment of results and corrective adjustments.
Based on their strategy, the company Designs the technology and structure that it
will implement. On the other hand, the organization establishes its human resources
management systems that “are influenced (or should be influenced) by the strategy
established, in connection with the vision of the company and the values that inspire it, and
by the technology involved” (Quijano et al., 2008, p. 96). The human resources management
systems covers Selection, Training, Benefits and compensations, Performance appraisal,
Identification of potentials and career plan, Internal communication, and Risk prevention
and health.
The context, strategy, and design above described have two kinds of effects on
employees. These effects are Psychological and Psychosocial Processes that occur at the
individual (psychological), group and organizational level (psychosocial).
Finally, the model relates these processes with Human Resources Quality (employees’
wellbeing), or soft Results, and Organizational Effectiveness (economic/financial,
productive and commercial, ecological, and social), considered as hard Results.
Following the HSA model, the present chapter analyzes, on the one hand, the theoretical
bases related to the effect of organizational design (strategies and policies aimed
at the inclusion of people with disabilities) on human resources quality (specifically,
commitment, satisfaction, and organizational identification) and organizational
effectiveness (absenteeism, and economic and financial results). On the other hand,
we present some empirical and recent evidences developed on the framework of the
research group Cátedra Universitat de Barcelona – Fundación Adecco (Romeo, Yepes-
Baldó, Bòria-Reverter, Pascual, Barbancho, & Domínguez, 2014; Romeo, Yepes-Baldó,
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
265
M a r i n a R o m e o & M o n t s e r r a t Ye p e s - B a l d ó
Pérez, & Pascual, 2015) headed by Dra. Marina Romeo, concerning to facilitate and
enhance the normalization of disabled employees in the labor market.
2. DEVELOPMENT
The next section is structured following the HSA model. Firstly, we describe the legislative
development on labor integration law in Spain. Then, the impact of the legal context
on the organizations is analyzed. Particularly, we analyze the effect on their strategy on
disability as well as in the design of management systems such as Selection, Training,
Identification of potentials and career plan, Internal Communication, and Risk Prevention
and Health. Thirdly we examine the impact of all these aspects on hard and soft results
at the individual level.
considered as the reference law in this context, although its implementation does not
become sufficient because of its low degree of compliance. Despite these efforts the labor
inclusion of this group and their effective participation in the labor market continue to
show specific problems and dysfunctions. Proof of this is that the rate of employment of
persons with disabilities (24.3%) stands at more than 50 points below the employment rate
for people without disabilities (76.22%) (Spanish National Institute of Statistics, INE, 2014).
Responding to this situation, the three generic disability laws in force in Spain until 2013
(Act 13/1982, of 7 April, on the Social Integration of the Disabled, LISMI, Law 51/2003 of
2 December, of equal opportunities, not discrimination and universal accessibility for
people with disabilities, LIONDAU2, and Law 49/2007 of 26 December, the system of
***
1
Law 13/1982, 7th April, Social integration of disabled people [Spanish Government Law]
2
Law 51/2003, 2nd December, of equal opportunities, not discrimination and universal accessibility for
people with disabilities [Spanish Government Law]
3
Law 49/2007 of 26 December, the system of offenses and penalties relating to establishing equal oppor-
tunities, non-discrimination and universal accessibility for people with disabilities [Spanish Government Law]
266 The effect of strategies and policies aimed at the inclusion of people with
disabilities on employees
the Royal Legislative Decree 1/2013 of 29 November4, approving the revised text of the *****
General Law on rights of persons with disabilities and their social inclusion.
The new legislation, agreed with the main entities and associations in the field of disability,
provides protection for groups especially vulnerable to discrimination, including a specific
section dedicated to people with disabilities, ensuring equal opportunities, health care,
education and employment of this group (Villamarín, Berdullas, & de Vicente, 2014).
The current revised text has as reference the Convention on the Rights of Persons with
Disabilities (United Nations, 2006), adopted on 13 December 2006 by the United Nations
General Assembly and entered into force in Spain on May 3, 2008. It represents a change
at the conceptual level, rather than strictly at the legal level, given that it understands
disabled people as free citizens with rights to be guaranteed by the government,
exceeding the assistance concept on that the previous legislation was based.
Laws enacted in Spain to facilitate the inclusion of persons with disabilities are primarily
based on two measures. The first one refers to the obligation of public or private companies
to maintain a minimum 2% of people with disabilities in the total workforce (Article 42 of
RLD 1/2013). The second one allows public and private companies to be exempted from this
obligation, partially or totally, either through sectorial agreements contained in collective
bargaining at state level and, alternatively, lower level, within the meaning of Article 83.2
and 3, of the Consolidated Law Workers’ Statute5, approved by Royal Legislative Decree
******
1/1995 of 24 March, either by voluntary choice of the employer, duly communicated to the
labor authority and provided that in both cases is the alternative measures determined by
regulation (Royal Legislative Decree 1/2013 of 29 November, Art.42).
To be exempted from this obligation companies should demonstrate that (Royal Decree
364/2005, 8th April6): *******
a) The non-inclusion of a worker with disability is due to the inability of the competent
body to address the jobs submitted after performing all necessary brokerage
arrangements to meet the requirements of that and then ended with negative result,
by the absence of job seekers with disabilities enrolled in the specified occupation
or, even existing, they can prove they are not interested in the conditions offered.
4
Royal Legislative Decree 1/2013, 29th November, approving the revised text of the General Law on the
rights of persons with disabilities and their social inclusion [Spanish Government Law].
Royal Legislative Decree 1/1995, 24th March, Consolidated Law Workers’ Statute [Spanish Government Law]
5
6
Royal Decree 364/2005, 8th April, regulating the alternative fulfillment with exceptional character of the
quota in favor of workers with disabilities [Spanish Government Law].
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
267
M a r i n a R o m e o & M o n t s e r r a t Ye p e s - B a l d ó
All the measures above mentioned promote the flexibility in order to fulfill the 2% reserve
requirement, and, following the HSA model, they influence organizations, their policies
and strategies.
7
Royal Decree 27/2000, 14th January, establishing alternative measures of exceptional nature to meet the
reserve requirements of the quota of 2 per 100 in favor of workers with disabilities in companies with 50 or
more workers [Spanish Government Law].
268 The effect of strategies and policies aimed at the inclusion of people with
disabilities on employees
2.2. Organization: Policies, management systems and results
The law cannot become the only argument that a company should hold in establishing
a policy of sustainable labor inclusion for the fulfillment of 2% of reserve requirement.
In this sense, it is totally necessary that society in general, but in a very specific way,
organizations commit themselves to full labor inclusion of people with disability.
To promote their employment it is required a strategic design of internal policies of
organizations (International Labour Office, ILO 2010). These policies are related to all
those guidelines, rules and procedures established by organization management and
aimed at achieving previously planned objectives (David, 2010).
Additionally, obtaining excellent results depends on the deployment and specification
of the organizational policies in different human resource management systems
(Quijano et al., 2008; Thompson & Strickland 2003). Otherwise, the lack of link between
organizational policies and human resources management systems may even result in
a “juxtaposition of contrary or contradictory actions, which not only do not add value to
the management of the organization in order to achieve Organizational Effectiveness,
but can even harm it” (Quijano, 2006, p. 278).
The inclusion of people with disabilities requires that the policies of labor inclusion
articulate the different management systems of the organization. This will allow us to
configure a fully inclusive organizational culture, and not only a set of actions more
oriented to strict compliance with the law or just a marketing strategy.
In the frame of our research group Cátedra Universitat de Barcelona – Fundación Adecco,
we have developed several studies in order to promote labor inclusion of people with
disabilities (Romeo, Yepes-Baldó, Bòria-Reverter, Pascual, Barbancho, & Domínguez, 2014;
Romeo, Yepes-Baldó, Pérez, & Pascual, 2015).
Our previous studies show that policies aimed at labor inclusion of people with disabilities
are clearly related to the deployment of selection, training and internal communication
management systems. Specifically, policies that more closely relate to these management
systems are collaboration with the local community and voluntary sector, and the
development of strategic alliances with entities specialists in inclusion. This result highlights
the needs to develop actions in this regard, since the organizations not only acquire a
commitment to the community and the social network, but also transfer them into concrete
actions, contributing to the development of an inclusive organizational culture.
Organizational culture determines individual and collective behavior of members of an
organization, constituting the set of assumptions, beliefs, values and norms that they
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
269
M a r i n a R o m e o & M o n t s e r r a t Ye p e s - B a l d ó
share (Newstrom & Davis 1986). Hence, the development of an inclusive organizational
culture entails that the set of procedures, shared beliefs and values be articulated around
the employment of people with disabilities.
Organizational culture, in turn, has been linked to organizational effectiveness, broadly
defined and including employee attitudes, operational and financial effectiveness
(Hartnell, Ou, & Kinicki, 2011).
Human resources managers have a responsibility on the promotion of employment of
people with disabilities in a normalized inclusive culture environment. The deployment of
inclusion policies and related management systems is essential to promote an inclusive
workplace, not conditioned exclusively by the law, but creating a culture of active labor
integration of this group.
Recently, our research has focus on the effect on employees of policies aimed to the
inclusion of people with disabilities. Specifically, we examine the extent to which
employees’ perceptions of these policies are related to their organizational identification,
commitment, satisfaction and absenteeism.
Following Dahlsrud (2008) and the European Commission (2011), we distinguish between
external- and internal-focus policies. External-focus policies are those oriented towards
the local community, business partners and suppliers, customers, public authorities and
non-governmental organizations, protecting the environment and fostering philanthropy
and volunteerism. On the other hand, internal-focus policies are those directly related
to employees’ physical and psychological environment, health and welfare, training,
participation in business, equal opportunities and work-life balance (Turker, 2009).
Several authors suggest that the implementation of policies could generate competitive
advantages that enhance organizational effectiveness (Aharon, Lior, Yaki, & Gal, 2011;
Galbreath, 2010; Kim, Lee, Lee, & Kim, 2010; Skudiene & Auruskeviciene, 2012; Turker,
270 The effect of strategies and policies aimed at the inclusion of people with
disabilities on employees
2009). However, it is interesting to highlight the limited number of studies that have had
an impact on employees (Rodrigo & Arenas, 2008).
The effect of human resources policies has been analyzed in terms of effectiveness regarding
both outcomes in people in general and the results provided by individuals in organizations
(Quijano et al., 2008). Among the findings related to results of individuals in organizations,
several studies have analyzed the relationship between the deployment of organizational
policies, organizational commitment (Turker, 2009), identification (Kim, Lee, Lee, & Kim,
2010), and absenteeism (National Disability Coordination Officer Program, nd).
Our group’s research explores the extent to which employees’perceptions of policies aimed at
the inclusion of people with disabilities are positively related to organizational identification,
commitment and satisfaction, and negatively related to absenteeism (Romeo, Yepes-Baldó,
Bòria-Reverter, Pascual, Barbancho, & Domínguez, 2014). We found that only the perception
of internal-focus policies had an effect on employees’ identification and commitment, while
the external-focus policies did not have any effect. On the other hand, satisfaction with
organization is influenced by both internal- and external-focus policies (Romeo, et al., 2014).
Another interesting result (Romeo et al., 2014) is the correlation between tenure and perceived
deployment of internal-focus policies, indicating that a longer tenure generates a greater
awareness of deployment of policies. This result can be partially explained by the correlation
between tenure and position, given that longer tenure is linked to higher position levels.
No significant relationships were found between the perceptions of employees and
absenteeism rates, contrary to our expectations. In the current context of crisis, the Spanish
National Statistics Institute (INE) points out a slight decrease in absenteeism rates since
2009, after a period of steady growth since 2005. This circumstantial fact may justify the low
absenteeism rates uncovered by our research, which may also have contributed to the lack
of significant results.
Finally, the group explored the effect of the level of deployment of organizational policies
and strategies aimed at labor inclusion of people with disabilities on economic and financial
results (hard results). Results show that organizations from different activity sectors with
higher levels of deployment reach better economic and financial results in the medium
term (Romeo et al., 2014).
2.3. DIL-D©: Model and tools to enhance labor inclusion of people with disability
In order to transfer our work to Chief Executive Officers (CEOs) and human resources
managers, we presented to them the main results and conclusions in several workshops
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
271
M a r i n a R o m e o & M o n t s e r r a t Ye p e s - B a l d ó
at Barcelona University. They urge us to develop models and tools to design strategies that
facilitate and enhance the normalization of people with disabilities in the organization.
Answering they inquiry, we have developed and registered (Registry of Intellectual
Property B-2225-15) a model (Model DIL-D©) and a diagnosis instrument (RSC-D), that
allows companies to assess the level of deployment of policies and strategies aimed at
labor inclusion of people with disabilities in different organizational contexts.
The previous approaches that have been developed from the field of work and
organizational psychology have focused primarily on actions of inclusion and not on the
deployment of internal policies of organizations. The main limitations of this approach are:
a) They do not allow minimizing or correcting the negative impact of certain
interventions;
b) They do not take into account the strategic vision of the organization, becoming
marketing actions with a lack of alignment with organizational objectives;
c) They do not provide those responsible for HR diagnostic with tools nor guidelines
for intervention.
Our Model DIL-D© (Romeo, Yepes-Baldó, Berger, Pérez-Conesa, & Pascual, 2015), taking as
reference the HSA conceptual model (Quijano et al., 2008), is structured into four major
dimensions:
a) Policies: Guidelines, rules and procedures in order to support efforts to achieve
planned objectives for inclusion of people with disabilities (Fred, 2003).
b) Management systems: Effective and available use of labor inclusion policies
promoted by the organization through their systems of selection and recruitment,
training, career development, risk prevention, adaptation of the work environment
and communication (Quijano, Yepes, & Navarro, 2006).
c) Enablers: Organizational aspects that strengthen the development of disability
policies and labor inclusion (Carlier, Llorente, & Grau, 2012). Within these,
organizational leaders have a special role, both in developing inclusive policies
and facilitating the identification, commitment, job satisfaction and employees’
effectiveness (Quijano et al., 2008; Veríssimo & Lacerda, 2015).
d) Culture: a set of values, beliefs, behaviors and relationships that distinguish one
organization from another (Harrison, 1972).
272 The effect of strategies and policies aimed at the inclusion of people with
disabilities on employees
Among these four dimensions, Policies and Culture constitute the strategic dimension of
intervention – where will the organization go on –. Instead, Management and Enablers
constitute the operational side, that is, the elements that the organization “must start”
to achieve the stated objectives. Both aspects, Strategic and Operational must be taken
into account when analyzing the extent of deployment of policies of labor integration of
people with disabilities.
DIL-D © Model classifies organizations according to four levels of deployment of policies
and strategies (AA, AB, BA, and BB) (Table 2) from combining the degree of development
of strategic and operational levels for the labor inclusion of people with disabilities.
Analyses conducted by our research team note the reliability and validity of the RSC-D
instrument and the adjustment of the Model DIL-D© (Romeo, Yepes-Baldó, Bòria-
Reverter, Pascual, Berger, Barbancho, & Torres, 2013).
Table 2. Model qualifying the level of development of policies and strategies for integration of
people with disabilities (DIL-D ©)
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
273
M a r i n a R o m e o & M o n t s e r r a t Ye p e s - B a l d ó
Table 3. key action axes on the recommendations derived from the DIL-D© model
The DIL-D© Model is accompanied by a diagnostic instrument with two versions, one for
managers and one for employees. Both versions are configured by a battery of questionnaires
that assess the four dimensions previously explained and allow having a systemic view
of the extent of deployment of the policies and strategies of inclusion of persons with
disabilities. Additionally, the employee version includes some of the main processes and
results contained in the HSA, as we have discussed conceptually in section 2.1.
3. DISCUSSION
Despite the legal advances and society pressures, labor inclusion of people with
disabilities and their effective participation in the labor market continues showing
specific problems and dysfunctions. Proof of this is that of the more than one billion
274 The effect of strategies and policies aimed at the inclusion of people with
disabilities on employees
people worldwide living with a disability, around 200 million experience considerable
operational difficulties (WHO, 2011). The labor market is where this group especially faces
difficulties. In Spain, and according to the National Statistics Institute (INE, 2014), 37.4% of
people with legally recognized disabilities were active in 2013, with a participation rate
almost 40 points lower than that of the population without disabilities (77.2%).
Given this situation it is necessary to detect those barriers, specific problems and
dysfunctions of the process that make it difficult for people with disabilities to be
integrated into the labor market. This chapter analyses how, on the framework of the
“Cátedra UB – Fundación Adecco for the integration of people with disabilities”, we
provide scientific and technical tools to organizations, foundations and institutions
which need to eliminate or reduce such barriers, and incorporate people with disabilities
into the labor market on equal terms.
To meet this objective, as part of the Cátedra it has been developed and validated a
diagnostic and interventional model, DIL-D©, that contributes to the success of
organizations providing them with objective tools to measure the level of deployment of
their policies and strategies for inclusion of persons with disabilities, and their impact on
organizational results, allowing them to create the necessary conditions for channeling
employees’ skills, knowledge, experience and motivations.
Organizations “should contribute to ensuring that men and women with disabilities
are accorded dignity, autonomy and full participation in society. The principle of non-
discrimination should be respected, and organizations should consider making reasonable
provisions for access to facilities” (International Organization for Standardization, ISO, 2010,
p. 29). However, the difficulties of labor inclusion of this target-group are still evident. In
this regard, we consider, to quote Munduate, Di Marco, Martínez-Corts, Arenas, & Gamero
(2013), that “the integration of disabled people at work needs to be understood as a
standardized process that seeks the ultimate goal of promoting employment under the
same conditions as other workers” (p. 125).
4. SYNTHESIS
The most important contributions of the present chapter are:
• The legal system is not sufficient for the integration of people with disabilities,
which motivates the need to carry out an analysis and diagnosis on the degree
of implementation and development of the policies and work-oriented strategies
aimed at the labor inclusion of this group.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
275
M a r i n a R o m e o & M o n t s e r r a t Ye p e s - B a l d ó
5. REFERENCES
Aharon, T., Lior, O., Yaki, B., & Gal, K. (2011). Corporate social responsibility, organizational justice
and job satisfaction: How do they interrelate, if at all? Revista de Psicología del Trabajo y de las
Organizaciones, 27(1), 67-72.
Alcover de la Hera, C. M., & Pérez Torres, V. (2011). Trabajadores con discapacidad: Problemas, retos
y principios de actuación en salud ocupacional. Medicina y Seguridad del Trabajo, 57, 206-223.
Carlier, S., Llorente, C., & Grau, M. (2012). Comparing work-life balance in Spanish and Latin-American
countries. European journal of training and development, 36(2/3), 286-307.
Dahlsrud, A. (2008). How corporate social responsibility is defined: An analysis of 37 definitions.
Corporate Social Responsibility and Environmental Management, 13, 1-13.
David, F. R. (2010). Strategic Management: Concepts (13th ed). Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall.
ENOP (nd). The European Network of Organisational and Work Psychologists. Retrieved from http://
www.enop.ee/enop/
European Comission. (2011). A renewed EU strategy 2011-14 for Corporate Social Responsibility.
Brussels: European Commission. Retrieved from http://eur-lex.europa.eu/legal-content/EN/
TXT/?uri=celex:52011DC0681
Fred, D. (2003). Conceptos de administración estratégica. México, 119-151.
Galbreath, J. (2010). How does corporate social responsibility benefit firms? Evidence from Australia.
European Business Review, 22(4), 411-431.
Hall, E., & Wilton, R. (2011). Alternative spaces of ‘work’ and inclusion for disabled people. Disability
& Society, 26(7), 37-41.
Harrison, R. (1972). Understanding your organisation’s character. Harvard Business Review, 50, May/
June, 119-28.
276 The effect of strategies and policies aimed at the inclusion of people with
disabilities on employees
Hartnell, C. A., Ou, A. Y., & Kinicki, A. (2011). Organizational culture and organizational effectiveness: A
meta-analytic investigation of the competing values framework’s theoretical suppositions. Journal
of Applied Psychology, 96 (4), 677-694.
International Labour Office, ILO. (2010). Disability in the Workplace: Company Practices. Geneva: ILO.
Retrieved from http://www.ilo.org/public/english/dialogue/actemp/downloads/publications/
working_paper_n3.pdf
Instituto Nacional de Estadística, INE. (2014). Encuesta de población activa. Retrieved from http://
www.ine.es/prensa/epa_tabla.htm
Kim, H., Lee, M., Lee, H., & Kim, N. (2010). Corporate social responsibility and employee-company
identification. Journal of business Ethics, 95, 557-569.
Munduate, L., Di Marco, D., Martínez-Corts, I., Arenas, A., & Gamero, N. (2013). Rebuilding the social
dialogue and promoting inclusive organizations. A tool for social innovation in times of crisis.
Papeles del Psicólogo, 35(2), 122-129.
National Disability Coordination Officer Program. (nd). Value for business. Queensland: NDCOP.
Newstrom, J. W., & Davis, K. (1986). Human behavior at work. New York. McGraw-Hill.
Quijano, S. (2006). Dirección de RRHH y consultoría en las organizaciones. El ASH (Auditoría del Sistema
Humano) [HR Management and organizational consulting. The HSA (Human System Audit)].
Barcelona: Icaria.
Quijano S., J. Navarro, M. Yepes, R. Berger, & Romeo, M. (2008). Human System Audit (HSA) for the
analysis of human behaviour in organizations. Papeles del Psicólogo, 29, 92-106.
Rodrigo, P., & Arenas, D. (2008). Do employees care about CSR programs? A typology of employees
according to their attitudes. Journal of Business Ethics,83(2), 265-283.
Romeo, M., Yepes-Baldó, M., Boria-Reverter, S., Pascual, C., Barbancho, F., & Domínguez, F. (2014).
Proyecto EFO+CVL: Influencia del desarrollo de políticas y estrategias de integración laboral de
las personas con discapacidad en la efectividad organizativa (EfO) y la calidad de vida laboral
(CVL) [EfO + CVL Project: Influence of the development of policies and strategies for labor
integration of people with disabilities in organizational effectiveness (EfO) and the quality of
working life (CVL)] [online]. Avalaible: http://hdl.handle.net/2445/64792
Romeo, M., Yepes-Baldó, M., Pérez, F. J., Pascual, C. (2015).The impact of CSR for the inclusion of
persons with disabilities: making tangible the intangible. Inclusiones, 2(4), 32-49.
Skudiene, V., & Auruskeviciene, V. (2012). The contribution of corporate social responsability to
internal employee motivation. Baltic Journal of Management, 7(1), 49-67.
Thompson, J., Arthur, A., & Strickland III, A. J. (1994). Dirección y administración estratégicas: conceptos,
casos y lecturas. [Strategy formulation and implementation: tasks of the general manager]. Irwin
Professional Publishing. Adison Wesley.
Turker, D. (2009). How corporate and social responsibility influences organizational commitment.
Journal of Business Ethics, 89(2), 189-204.
United Nations. (2006). Final report of the Ad Hoc Committee on a Comprehensive and Integral
International Convention on the Protection and Promotion of the Rights and Dignity of Persons
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
277
M a r i n a R o m e o & M o n t s e r r a t Ye p e s - B a l d ó
with Disabilities. New York: United Nations General Assembly. Avalaible: http://daccess-dds-
ny.un.org/doc/UNDOC/LTD/N06/645/30/PDF/N0664530.pdf?OpenElement
Veríssimo, J., & Lacerda, T. (2015). Does integrity matter for CSR practice in organizations? The
mediating role of transformational leadership. Business Ethics: A European Review, 24(1), 34-
51.
Villamarín, S., Berdullas, S., & de Vicente, A. (2014). Hacia una visión integradora de la discapacidad.
Pasado y presente de la discapacidad: Nueva Ley de Discapacidad [Towards an inclusive
vision of disability. Past and present of Disability: New Disability Law]. Infocop, 64, 3-7.
WHO. 2001. World report on disability. Malta: WHO [online]. Available: http://www.who.int/
disabilities/world_report/2011/en/
Recommended Reading
Brief, A. P., & Weiss, H. M. (2002). Organizational behavior: Affect in the workplace. Annual Review of
Psychology, 53, 279-307.
Briner, R. B. (1999). The neglect and importance of emotion at work. European Journal of Work and
Organizational Psychology, 8(3), 323-346.
European Comission. Green Paper (2001). Promoting a European framework for Corporate Social
Responsibility. Brussels: European Commission.
Fisher, C. D., & Ashkanasy, N. M. (2000). The emerging role of emotions in work life: An introduction.
Journal of Organizational Behavior, 21, 123-129.
Romeo, M., Berger, R., Yepes-Baldó, M., Guardia-Olmos, J. (2011). Equivalent validity of Identification-
Commitment-Inventory (HSA-ICI). Psychological Writings, 4(1), 1-8.
Romeo, M., Yepes-Baldó, M., Pérez, F. J., Pascual, C. (2015).The impact of CSR for the inclusion of
persons with disabilities: making tangible the intangible. Inclusiones, 2 (4), 32-49.
278 The effect of strategies and policies aimed at the inclusion of people with
disabilities on employees
CAPÍTULO 12
RESUMO
Os efeitos negativos do stresse sobre a saúde são uma realidade crescente, existindo evidências
empíricas do relacionamento recíproco entre stresse e bem-estar (Iwasaki & Mannell, 2000).
Walden (2007) sublinha que o stresse varia com as circunstâncias de vida; Rode, Froehlich-
Grobe, Hockemeyer, Carlson, & Lee (2012) acrescentam que as pessoas com incapacidade
apresentam taxas mais elevadas de problemas de saúde relacionados com o stress do que
a população em geral. O lazer como mecanismo de coping, porque é restaurador e benéfico
para a saúde (Caldwell, 2005), assume-se como uma das estratégias mais eficazes neste
domínio. E, como o turismo permite também o relaxamento e a interação social (Richards,
Pritchard, & Morgan, 2010), considerou-se como um recurso de coping para gerir o stresse
na incapacidade. Aplicou-se um inquérito a pessoas com incapacidade motora e sensorial
(N=306), que consistiu na adaptação e ajuste das ECL (Escalas de Coping através do Lazer)
ao contexto do turismo. Os resultados demonstram que existe uma relação positiva entre
turismo, saúde, stress-coping e bem-estar global, que poderá apoiar o desenvolvimento de
novos produtos turísticos direcionados para as necessidades específicas desta população,
bem como desenvolver condições alternativas de intervenção, numa lógica de inclusão
biopsicossocial.
Palavras-chave: Turismo, Saúde, Incapacidade, Stress-Coping
A correspondência relativa a este capítulo deve ser endereçada para: andreiamoura@esec.pt ou mrmira@esec.pt
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
279
Andreia Filipa Antunes Moura & Maria do Rosário Campos Mira
ABSTRACT
Negative effects of stress on people´s health are a growing reality, existing consistent empirical
evidence of a reciprocal relationship between stress and well-being (Iwasaki & Mannell, 2000).
Walden (2007) states that stress varies according to life circumstances; Rode, Froehlich-Grobe,
Hockemeyer, Carlson, & Lee (2012) add that people with disabilities have higher rates of health
problems related to stress than the general population. Leisure emerges as a coping mechanism,
as a restorative and beneficial tool for health, being one of the most effective on this field
(Caldwell, 2005). So, considering tourism an opportunity for relaxation and social interaction
(Richards, Pritchard, & Morgan, 2010), it was considered a potential resource for coping and
stress management within disability. We used a quantitative methodology, supported by
survey of people with disabilities (N=306), whose questionnaire consisted in adapting the
LCS (Leisure Coping Scales) to tourism context. Results suggest that there is a positive link
between tourism, health, stress-coping and overall well-being, while simultaneously, serving
as basis for the development of new tourism products targeted to a population with special
needs, and for accurate and alternative tourism planning interventions in an inclusion and
biopsychosocial framework.
Keywords: Tourism, Health, Disability, Stress-Coping
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
281
Andreia Filipa Antunes Moura & Maria do Rosário Campos Mira
Deste modo, refletiu-se sobre a interligação entre uma abordagem social e uma
abordagem inclusiva, que permita dar resposta a questões relacionadas com o equilíbrio,
saúde e bem-estar dos indivíduos, tendo como base o contexto especial da atividade
turística, especialmente para populações com incapacidade, face a situações limite de
stresse. Ou seja, como o turismo poderá atuar nas dimensões do stress-coping, permitindo
estabelecer bases empíricas que poderão apontar linhas orientadoras relevantes para o
desenvolvimento de novos produtos turísticos, otimizados numa lógica biopsicossocial.
A metodologia adotada passou pela contextualização do tema em análise através da
revisão de literatura, culminando num trabalho empírico, no âmbito do qual se realizou
um estudo quantitativo que incidiu sobre a adaptação e validação das escalas de crenças
e de estratégias de coping através do lazer, no contexto específico do turismo, aplicadas
a sujeitos com incapacidade motora e sensorial.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
283
Andreia Filipa Antunes Moura & Maria do Rosário Campos Mira
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
285
Andreia Filipa Antunes Moura & Maria do Rosário Campos Mira
3. METODOLOGIA
Quais os efeitos da participação turística na vida da população com incapacidade? Poderá
o turismo atuar como recurso ativo de stress-coping para os sujeitos com incapacidade?
Estas questões orientaram a presente investigação e serviram de ponto de partida para
a construção do estudo empírico. Deste modo, em termos metodológicos, optou-se por
uma estratégia multidimensional e interdisciplinar, com o intuito de compreender as
crenças e as estratégias de coping dos indivíduos com incapacidade, num contexto de
lazer específico: o turismo. Procurou-se, simultaneamente, aferir o impacte das atividades
de lazer, em contexto de turismo, no controlo e gestão do stresse destes indivíduos.
A pesquisa de campo desenvolveu-se através da recolha de dados primários quantitativos,
recorrendo à aplicação de um inquérito por questionário a pessoas com incapacidade
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
287
Andreia Filipa Antunes Moura & Maria do Rosário Campos Mira
3.1. Amostra
A população-alvo da presente investigação é constituída por pessoas com incapacidade
motora e sensorial, que já tenham participado nalgum tipo de atividade turística. Sendo
esta parte integrante de um universo com características específicas pouco estudadas,
não existindo registos, bases de dados, ou um quadro de amostragem definido
que permita retirar uma amostra aleatória, decidiu-se optar pela aplicação de uma
amostragem não probabilística.
Por outro lado, reforçando esta ideia, há que sublinhar o facto da população com
incapacidade ser considerada uma população de difícil acesso, fundamentalmente
por duas razões. A primeira prende-se com os baixos níveis educacionais e literários
observados nesta população (Gonçalves, 2003), que condicionam significativamente o
interesse e a participação voluntária dos indivíduos num estudo acerca de uma temática
algo complexa e do domínio da abstração cognitiva. A segunda razão está relacionada
com a quantidade de solicitações e pedidos de participação em estudos, experiências
ou ensaios a que estes indivíduos têm vindo a ser sujeitos nos últimos anos, o que induz
a saturação. Neste sentido, considerando a população (de difícil acesso) e os objetivos de
investigação descritos anteriormente, optou-se, então, por uma amostragem intencional
ou de conveniência do tipo “Bola de Neve”.
Por fim, o grupo de inquiridos não foi estabelecido à priori, pelos motivos já mencionados,
determinando-se que o esforço de recolha terminaria quando se obtivesse um mínimo
de 300 respostas válidas. Conseguiram-se 306 respostas válidas aos questionários
aplicados, cujas características globais se apresentam resumidamente no Quadro 1.
Indicadores Valores
Idade
média 35.6 anos
intervalo mais representativo [25-44] anos
Género
masculino 56.2%
feminino 43.5%
Tipo de Incapacidade
motora 66.0%
auditiva 15.7%
visual 14.4%
outro tipo 3.6%
Neste âmbito, será ainda importante sublinhar que 83.7% dos inquiridos consideram
possuir um problema incapacitante grave, sendo que 34.3% afirma ter um grau de
mobilidade reduzido e 21.6%, muito reduzido.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
289
Andreia Filipa Antunes Moura & Maria do Rosário Campos Mira
Deste modo, a aplicação das análises descritas permitiu verificar que a ECCL, originalmente
com 30 itens, para que seja adequada ao contexto do turismo e para a população
com incapacidade motora e sensorial, sofreu algumas adaptações, designadamente, a
eliminação dos itens 6, 8, 9, 13, 17, 22 e 27 (cf. Quadro 3).
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
291
Andreia Filipa Antunes Moura & Maria do Rosário Campos Mira
ECCL ECCL-T
Nº Item Nº Item
eccl2 O lazer fornece oportunidades para eccl2 O turismo fornece oportunidades
reencontrar um sentido de liberdade para reencontrar um sentido de
liberdade
eccl5 No lazer adquiro sentimentos de eccl5 No turismo adquiro sentimentos de
controlo pessoal controlo pessoal
eccl6 Sou eu que determino as minhas ----------- --------------------------------------------
Autodeterminação
atividades de lazer
eccl9 As minhas atividades de lazer são ----------- --------------------------------------------
escolhidas livremente
eccl17 Tenho dificuldade em decidir o que ----------- --------------------------------------------
fazer nos tempos de lazer
eccl22 Os meus companheiros de lazer ----------- --------------------------------------------
dão-me conselhos quando estou com
dificuldades
AUTONOMIA
eccl14 Se eu preciso de ajuda extra para eccl14 Se eu preciso de ajuda extra para
realizar certas tarefas, posso recorrer realizar certas tarefas, posso recorrer
Ajuda Tangível
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
293
Andreia Filipa Antunes Moura & Maria do Rosário Campos Mira
Desta maneira, chega-se à nova escala emergente das análises estatísticas, a Escala de
Crenças de Coping através do Lazer em contexto de Turismo (ECCL-T), com apenas 23
itens.
Aplicando-se a mesma técnica estatística (AFC) à EECL, com 18 itens no total, constatou-
se, igualmente, a necessidade de eliminação de alguns itens, nomeadamente os itens 2,
12, 13 e 15 (cf. Quadro 4)
EECL EECL-T
Nº Item Nº Item
eecl2 O lazer permitiu que estivesse na -------- --------------------------------------------
companhia de amigos que me apoiam
eecl5 Socializar através do lazer foi uma eecl5 Socializar através do turismo foi uma
maneira de gerir o stresse maneira de gerir o stresse
eecl7 Lidei com o stresse através dos eecl7 Lidei com o stresse através dos momentos
Companheirismo
momentos de lazer que passei com os em contexto de turismo que passei com
meus amigos os meus amigos
eecl8 Para mim, estar envolvido em lazer eecl8 Para mim, estar envolvido no turismo
social foi uma estratégia para lidar com social foi uma estratégia para lidar com o
o stresse stresse
eecl15 A falta de companheirismo no lazer -------- --------------------------------------------
impediu-me de lidar com o stresse
eecl18 Uma das minhas estratégias para lidar eecl18 Uma das minhas estratégias para lidar
com o stresse foi a participação em com o stresse foi a participação em
atividades de lazer social atividades turísticas sociais
eecl3 Envolvi-me numa atividade de lazer eecl3 Envolvi-me numa atividade turística
para me livrar temporariamente de um para me livrar temporariamente de um
problema problema
eecl4 O escape através do lazer foi uma eecl4 O escape através do turismo foi uma
maneira de gerir o stresse maneira de gerir o stresse
Estratégia Paliativa
eecl9 O lazer foi um meio importante para eecl9 O turismo foi um meio importante para
me manter ocupado/a me manter ocupado/a
eecl11 O envolvimento no lazer permitiu-me eecl11 O envolvimento no turismo permitiu-me ter
ter uma outra perspetiva dos meus uma outra perspetiva dos meus problemas
problemas
eecl14 Escapar dos problemas através do lazer eecl14 Escapar dos problemas através do turismo
permitiu-me enfrentá-los com energia permitiu-me enfrentá-los com energia
renovada renovada
eecl17 Fiz uma breve pausa de lazer para lidar eecl17 Fiz uma breve pausa de turismo para lidar
com o stresse com o stresse
eecl1 O lazer fez com que me sentisse melhor eecl1 O turismo fez com que me sentisse melhor
eecl6 O lazer fez-me ter sentimentos positivos eecl6 O turismo fez-me ter sentimentos positivos
eecl10 Eu mantive uma boa disposição nos eecl10 Eu mantive uma boa disposição no
Humor Positivo
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
295
Andreia Filipa Antunes Moura & Maria do Rosário Campos Mira
Posto isto, os resultados da aplicação das ECL-T permitem retirar conclusões acerca dos
impactes ou benefícios do turismo na gestão e controlo de situações de stresse, tal como
se havia estabelecido como objetivo. Neste âmbito, é possível verificar se a participação
no turismo tem um efeito positivo no coping de pessoas com incapacidade motora e
sensorial, não só através de crenças, como através das estratégias desenvolvidas, e se a
participação no turismo potencia positivamente várias dimensões biopsicossociais do
indivíduo com incapacidade motora e sensorial.
Considerando estas duas hipóteses, é importante sublinhar que se assume como “efeito
positivo” níveis de concordância dos sujeitos iguais ou superiores a 2 pontos, com
base na escala de Likert utilizada com o máximo de 5 pontos (1= “não concordo”; 2=
“concordo pouco”; 3= “concordo moderadamente”; 4= “concordo muito”; 5= “concordo
muitíssimo”).
Os resultados apurados através da análise descritiva constatam a veracidade de ambas
as hipóteses, demonstrando que os valores médios (média, mediana e moda) para
ambas as escalas, ECCL-T e EECL-T, na sua generalidade, se encontram todos acima de 3
pontos (cf. Quadro 6). Este resultado sugere que a participação em atividades de lazer
no contexto de turismo tem um efeito positivo no coping de sujeitos com incapacidade,
quer através das crenças associadas a essa participação, quer por meio das estratégias
desenvolvidas durante a participação, confirmando-se, simultaneamente, que todas
as dimensões biopsicossociais em análise, em cada uma das escalas, ou seja, em cada
uma das categorias organizacionais de coping estabelecidas (crenças e estratégias),
obtiveram resultados positivos (acima dos 3 pontos, em termos de concordância), a
saber:
1. As crenças de coping incluem as dimensões Autonomia e Amizade que, por
sua vez, se desdobram nas subdimensões Autodeterminação e Empowerment
para a Autonomia, e Suporte Emocional, Autoestima, Ajuda Tangível e Suporte
Informativo para a Amizade. Destaque para as subdimensões Empowerment
e Autoestima com valores médios muito próximos ou acima de 4 pontos,
sugerindo que a subdimensão mais vincada no âmbito da Autonomia é o
Empowerment, e que na Amizade a subdimensão que melhor a explica é a
Autoestima.
2. As estratégias de coping abrangem as dimensões Companheirismo, Estratégia
Paliativa e Humor Positivo, sobressaindo esta última, com valores médios bastante
acima das restantes.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
297
Andreia Filipa Antunes Moura & Maria do Rosário Campos Mira
aliadas à atividade turística, numa perspetiva integrativa. Desta forma, torna-se possível
legitimar a hipótese de que o stress-coping reequilibra e harmoniza os recursos da
população com incapacidade motora e sensorial, influenciando positivamente a sua
saúde e, consequentemente, o seu bem-estar global.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
299
Andreia Filipa Antunes Moura & Maria do Rosário Campos Mira
Iwasaki, Y., & Schneider, I. E. (2003). Leisure, stress, and coping: An evolving area of inquiry. Leisure
Sciences, 25(2-3), 107-113.
Iwasaki, Y., Mackay, K. J., Mactavish, J. B., Ristock, J., & Bartlett, J. (2006). Voices from the margins:
Stress, active living, and leisure as a contributor to coping with stress. Leisure Sciences, 28(2),
163-180.
Iwasaki, Y., MacTavish, J., & MacKay, K. (2005). Building on strengths and resilience: Leisure as a stress
survival strategy. British Journal of Guidance & Counselling, 33(1), 81-100.
Kastenholz, E., Eusébio, M. C., Moura, A., & Figueiredo, E. (2010). Animação turística acessível: Do
sonho à realidade. In ISCE (Ed.), Turismo acessível: estudos e experiências. Lisboa.
Kleiber, D. A., Hutchinson, S. L., & Williams, R. (2002). Leisure as a resource in transcending negative
life events: Self-protection, self-restoration, and personal transformation. Leisure Sciences,
24(2), 219-235.
Kleiber, D. A., Reel, H. A., & Hutchinson, S. L. (2008). When distress gives way to possibility: The
relevance of leisure in adjustment to disability. Neurorehabilitation, 23(4), 321-328.
Loeffler, T. (2004). A photo elicitation study of the meanings of outdoor adventure pursuits. Journal
of Leisure Research, 36, 536-556.
Loy, D. P., Dattilo, J., & Kleiber, D. A. (2003). Exploring the influence of leisure on adjustment:
Development of the leisure and spinal cord injury adjustment model. Leisure Sciences, 25(2-3),
231-255.
Mactavish, J., & Iwasaki, Y. (2005). Exploring perspectives of individuals with disabilities on stress-
coping. Journal of Rehabilitation, 71(1), 20-31.
Neal, J., Uysal, M., & Sirgy, M. (2007). The effect of tourism service on travellers’ quality of life. Journal
of travel research, SAGE, 46 -154.
Pereira, A. M. S. (2001). Resiliência, personalidade, stress e estratégias de coping. In J. Tavares, M.
Yunes, H. Szymanski, A. M. S. Pereira, H. Ralha-Simões & M. Castro (Eds.), Resiliência e Educação.
São Paulo: Cortez Editora.
Powdthavee, N. (2009). What happens to people before and after disability? Focusing effects, lead
effects, and adaptation in different areas of life. Social Science & Medicine Journal, 69, 1834-
1844.
Rhode, P., Froehlich-Grobe, K., Hockemeyer, J., Carlson, J., & Lee, J. (2012). Assessing stress in
disability: Developing and piloting the disability related stress scale. Disability and Health
Journal(5), 168-176.
Richards, V., Pritchard, A., & Morgan, N. (2010). (Re)Envisioning tourism and visual impairment.
Annals of Tourism Research, 37(4), 1097-1116.
Santos, L. R., Ribeiro, J. P., & Guimarães, L. (2003). Estudo de uma escala de crenças e de estratégias
de coping através do lazer. Análise Psicológica, 21(4), 441-451.
Schneider, I. E., & Iwasaki, Y. (2003). Reflections on leisure, stress, and coping research. Leisure
Sciences, 25(2-3), 301-305.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
301
CAPÍTULO 13
R i t a Ta v a r e s Fo n s e c a *
Nuno Rebelo dos Santos*
RESUMO
A Humanização da saúde é hoje um desafio, da qual faz parte, entre outros, a relação médico-
doente. A formação pré-graduada, a educação médica e o desenvolvimento profissional
contínuo dos médicos são veículos privilegiados para a aquisição e desenvolvimento
de conhecimentos e competências com impacto nesta relação. Os Grupos Balint (GBs),
baseando-se na discussão de casos, permitem aos médicos trabalhar sobre a sua atividade
relacional com os doentes, constituindo-se como processos de desenvolvimento profissional
contínuo. A reflexão aqui apresentada é feita em torno de quatro pontos: (1) A evolução
da medicina e dos paradigmas vigentes e os desafios que foram colocando à profissão
médica e aos seus profissionais; (2) A educação médica contínua e o desenvolvimento
profissional contínuo enquanto movimentos que nos permitem enquadrar os GBs como
processos de desenvolvimento profissional; (3) A relação médico-doente (foco de trabalho
dos GBs) e os diferentes modelos que a consubstanciam (com especial ênfase na abordagem
centrada no paciente por ser a que enquadra o surgimento e desenvolvimento dos GBs); (4)
O desenvolvimento de competências consideradas fundamentais na relação médico-doente,
nomeadamente as competências emocionais e comunicacionais, que a literatura refere
serem competências desenvolvidas no âmbito dos GBs.
Palavras Chave: Grupos Balint, desenvolvimento profissional, medicina, relação médico-doente
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
303
R i t a Ta v a r e s Fo n s e c a & N u n o R e b e l o d o s S a n t o s
Abstract
Today the humanization of health is a challenge, as part of this, among others we have the
patient-physician relationship. The undergraduate training, continuing medical education
and continuing professional development of physicians are privileged means to acquire,
develop knowledge and skills that have an impact on this relationship. We consider the Balint
Groups (BGs) as continuing professional development processes, based on the discussion of
cases, allowing physicians to work on their relational activity with patients. Our reflection on
continuing professional development in the medical profession is oriented primarily through
four points: (1) The evolution of medicine and current paradigms, which consequently were
translating into new challenges to the medical profession and its professionals; (2) continuing
medical education and continuing professional development as movements that allow us to
frame the BGs as professional development processes; (3) The doctor-patient relationship (BGs’
focus) and the different models that it embodies (with special emphasis on patient-centered
approach to in which fits the appearance and development of BGs); (4) The development
of skills considered essential in the doctor-patient relationship, particularly emotional and
communication skills, that literature reports as being skills developed within the BGs.
Keywords: Balint groups, professional development, medicine, doctor-patient relationship
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
305
R i t a Ta v a r e s Fo n s e c a & N u n o R e b e l o d o s S a n t o s
Enquanto arte médica, a medicina tinha apenas por base construções teóricas de
fundamento meramente filosófico. A arte do médico baseava-se na capacidade que
detinha de observar a realidade e dependia da sua capacidade de a interpretar e generalizar
os seus conhecimentos/interpretações. Durante este período a prática médica esteve
alicerçada “na arte de ouvir e examinar o homem doente, como fundamento único da
terapêutica aconselhada” como afirma Paulo Mendo, no livro de Machado (2003).
Perante a evolução do saber e da prática clínica, nomeadamente através do trabalho de
Comte e influenciada pelo positivismo de Descartes, a ciência – neste caso específico
a Medicina – surge fundada na crença de que é necessário questionar. A existência
da dúvida sobre um determinado fenómeno é entendida como primeiro passo para
atingir o conhecimento. Assim, a medicina passa a definir-se pelo estudo dos factos que,
em oposição às crenças, podem ser devidamente observados e através dos quais se
enunciam leis gerais de funcionamento do universo.
Num exercício de análise crítica à profissão médica, e ao visitar as principais obras e
descobertas que permitiram à Medicina assumir-se como científica, Lobo Antunes
(2003) identifica o Paradigma Morfológico, que atribui a Rudolf Virchow por este
ter introduzido o conceito da célula enquanto elemento mais pequeno da vida
e abrigo de todos os processos vitais, normais e patológicos. Sobre este primeiro
paradigma científico da prática escreve que este é principalmente visual. A terapêutica
medicamentosa era reduzida e pouco eficaz, tal como os meios auxiliares de diagnóstico,
que eram praticamente inexistentes. A capacidade de intervenção cirúrgica era pouca
e o sucesso destas intervenções muito limitado, condicionantes que norteavam um
comportamento médico sustentado no exame e recolha minuciosa de informações
junto do paciente, privilegiando-se o conhecimento sobre o doente para melhor o
ajudar na cura. No entanto, estava iniciado o percurso no caminho para a criação de
uma medicina científica.
Com o desenvolvimento da investigação e o suporte de outras ciências, nomeadamente
da biologia molecular, a medicina entrou numa Fase Biomédica, em que a ideia
fundamental é a de que as doenças têm uma causa, consequentemente ao combater-se
a causa está a combater-se a doença. Hoje, e desde o final da década de 70 do século
XX, assiste-se a um processo de valorização do indivíduo, e a preocupação já não é só
com a causa da doença, é igualmente com a forma de ser, estar e pensar da pessoa.
É a mudança nesta forma de olhar para o doente, para a doença e para o papel do
médico, que leva à designação deste período como Fase Sociofilosófica, em que se torna
indispensável conhecer o indivíduo doente e a(s) realidade(s) em que está integrado
(Paúl & Fonseca, 2001).
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
307
R i t a Ta v a r e s Fo n s e c a & N u n o R e b e l o d o s S a n t o s
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
309
R i t a Ta v a r e s Fo n s e c a & N u n o R e b e l o d o s S a n t o s
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
311
R i t a Ta v a r e s Fo n s e c a & N u n o R e b e l o d o s S a n t o s
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
313
R i t a Ta v a r e s Fo n s e c a & N u n o R e b e l o d o s S a n t o s
Para que este impacto seja positivo, os médicos devem olhar para este novo tipo de
doente como um fator enriquecedor da relação médico-doente. Agora é desejável que
o médico domine a Internet e conheça bem os websites relacionados com a saúde, para
que, no quadro da relação com o doente possa ajudar o paciente a aprofundar a sua
pesquisa e a conhecer a fiabilidade dos websites que visita (Lobo Antunes, 2012; Macedo
& Azevedo, 2009).
Hoje coexistem médicos que atuam em diferentes modelos de relação com os doentes.
Nem o paternalismo médico recebe uma aceitação inquestionável da sociedade, nem é
aceite uma abordagem baseada na absoluta autonomia do doente. A abordagem mais
ética e eficaz será a valorização da autonomia do paciente, advogando os benefícios
médicos que incorporam os valores e perspetivas dos doentes. Ou seja, um modelo que
privilegie processos de tomada de decisão partilhados (Chin, 2002; Delbon, 2018).
Mediante a variedade de modelos de relação apresentados e considerando que os
Grupos Balint se focam na relação médico-doente, apresentamos de forma mais
detalhada o modelo centrado no paciente, por ser aquele que serve atualmente de
referência ao método Balint.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
315
R i t a Ta v a r e s Fo n s e c a & N u n o R e b e l o d o s S a n t o s
estar doente; (2) Compreender a pessoa no seu todo; (3) Encontrar um espaço comum
que permita a gestão da relação; (4) Incorporar a prevenção e a promoção da saúde; (5)
Melhorar a relação médico-doente; (6) Ser realista em relação a limitações pessoais e
aspetos como a disponibilidade de tempo e recursos (Bensberg, 2007; Mead & Bower,
2000; Kjeldmand, 2006).
O desenvolvimento do conceito de centralização no paciente está intimamente
relacionado com as limitações que foram sendo verificadas no âmbito da prática
convencional, à época, de fazer medicina. Esta prática era associada ao modelo
biomédico, segundo o qual é determinante para o médico que os pacientes aceitem
de forma passiva o respeito e cumprimento das indicações dadas por si, que o doente
seja disciplinado relativamente aos tratamentos e medicação prescrita, e constante e
pontual relativamente às consultas. Segundo esta abordagem, esta seria a única forma
de o médico conseguir controlar a doença e assim restabelecer a ordem e a função
biológica do corpo (González & Dorantes, 2007; Mead & Bower, 2000).
Como forma de distinguir o modelo biomédico, da perspetiva da medicina centrada
no doente, Mead e Bower (2000) definiram cinco dimensões que representam aspetos
particulares da relação médico-doente: (1) A Perspetiva biopsicossocial enquanto
perspetiva da doença que inclui os fatores sociais, psicológicos e biomédicos; (2) O
paciente enquanto pessoa, compreendendo o significado pessoal que a doença tem
para cada individuo; (3) A partilha de poder e responsabilidade, e a demonstração de
sensibilidade perante as preferências do doente sobre a partilha de informações e sobre
os processos de tomada de decisões; (4) A aliança terapêutica, desenvolvendo objetivos
terapêuticos comuns e reforçando as alianças entre médico e doente; (5) O médico
enquanto pessoa, tendo consciência da influência das qualidades pessoais e da sua
subjetividade na prática clínica.
Perante um conjunto de estilos de práticas clínicas que podem ser polarizadas em
perspetivas centradas no médico e perspetivas centradas no doente, é importante
perceber o que querem os doentes e o que oferecem os médicos, ambos elementos
imprescindíveis na relação que se estabelece. Segundo a revisão da literatura de
Bensberg (2007), os doentes desejam que os médicos os escutem e interajam com eles
enquanto pessoas (Platt, Coulehan, Fox et al., 2001). Além disso querem mais informação
e controlo (Gillespie, Florin, & Gilliam; 2002). Em resposta a estes desejos, os médicos
parecem fornecer cuidados de saúde parcialmente centrados no doente.
Se por um lado é implícito a todas as inovações que alguns médicos as adotarão, outros
pensarão acerca delas e outros as ignorarão enquanto for possível (Bauman, Fardy, &
Harris, 2003), também é verdade que é difícil avaliar o que realmente se passa entre
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
317
R i t a Ta v a r e s Fo n s e c a & N u n o R e b e l o d o s S a n t o s
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
319
R i t a Ta v a r e s Fo n s e c a & N u n o R e b e l o d o s S a n t o s
teórica, reflexão e discussão crítica. Esse trabalho envolveu responsáveis das 33 escolas
médicas inglesas e resultou na identificação das competências de comunicação clínica
que os autores consideram imprescindíveis no âmbito da formação graduada em
medicina e no percurso de desenvolvimento profissional ao longo da carreira. O resultado
deste trabalho foi apresentado em forma de diagrama concêntrico, e resume todos os
aspetos que um bom programa de desenvolvimento de competências comunicacionais
deve abranger. Partem de quatro princípios que consideram não ser específicos da
comunicação mas de todas as áreas médicas. Esses princípios são o respeito pelos outros
(que surge no centro do diagrama), a teoria e evidência, as tarefas de comunicação
clínica (como o estabelecimento da relação), os aspetos específicos (onde os autores
incluem a gestão de emoções e, por exemplo, a capacidade de lidar com o erro e com as
reclamações), os media (ou seja, a comunicação pelo telefone, através do computador,
entre outras formas de comunicação) e por fim, a comunicação para além do doente
(com os colegas, com os familiares do doente, com outros profissionais não-médicos).
Vários estudos demonstram que uma comunicação centrada no paciente tem um
impacto muito positivo, nomeadamente ao nível da satisfação do doente, adesão ao
tratamento, auto-gestão nos cuidados inerentes a uma doença crónica como a diabetes,
a hipertensão ou até o cancro (Epstein & Street, 2007; Fallowfield, Lipkin, & Hall, 1998;
Travaline, Ruchinskas, & D’Alonzo, 2005). A literatura mostra também que problemas ao
nível da comunicação na relação médico-doente estão muitas vezes associados à errada
atuação dos doentes a respeito da sua condição física, às queixas de que o médico
não escuta as suas preocupações ou que não lhes dá informações suficientes sobre os
tratamentos (Epstein & Street, 2007; Levinson, Lesser, & Epstein, 2010; Mead & Bower;
2002). Reforçando esta ideia, Beckman, Markakis, Suchman e Frankel (1994) concluíram
que a decisão de muitos pacientes processarem os seus médicos está frequentemente
relacionada com a perceção que têm de falta de cuidado e colaboração por parte dos
serviços de saúde, nomeadamente dos médicos.
Como promover o desenvolvimento destas competências nos médicos? A literatura
reconhece que aprender este tipo de competências implica receber o feedback por parte
de alguém mais competente, o que significa que o formato tradicionalmente utilizado
nas aulas e congressos (com uso quase exclusivo de uma metodologia expositiva) não
será o mais adequado, exatamente porque não permite este feedback relativamente ao
desempenho do médico. As competências comunicacionais devem ser ensinadas de
forma sistemática e com recurso a situações práticas, que promovam a possibilidade de
o médico interagir, treinar e receber feedback (Ericsson, 2003; Levinson, Lesser, & Epstein,
2010; Razavi, Merckaert, Marchal et al., 2003), num cenário seguro, onde os erros podem
ser utilizados como instrumento de aprendizagem.
5. SÍNTESE
Em síntese, analisámos a evolução da arte da medicina para a ciência médica, e como
esta mudança conduziu a uma desvalorização da componente humana no desempenho
médico, de que é parte fundamental a relação médico-doente. Refletimos sobre os
desafios colocados à profissão médica, nomeadamente a luta pela inversão do processo
de desprofissionalização que tem vindo a sofrer (e que foi emergindo associado a uma
medicina baseada na evidência), e como o aumento das competências médicas na
relação com os doentes pode contribuir para a evolução de uma abordagem centrada na
pessoa (que pode ser complementar à abordagem centrada em evidências). Salientamos
esta abordagem na medida em que serve de modelo de enquadramento dos GBs,
que enquanto processo de desenvolvimento profissional se centram precisamente na
otimização da relação médico-doente.
Evidenciámos diferentes modelos associados ao desenvolvimento da relação médico-
doente, foco de trabalho dos GBs, num período em que parece ser inquestionável a
necessidade de voltar a valorizar a componente humana do desempenho médico, sem
que isso signifique a desvalorização da componente técnica deste desempenho.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
321
R i t a Ta v a r e s Fo n s e c a & N u n o R e b e l o d o s S a n t o s
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
323
R i t a Ta v a r e s Fo n s e c a & N u n o R e b e l o d o s S a n t o s
Ericsson, K. A. (2003). Deliberate practice and the acquisition and maintenance of expert
performance in medicine and related domains. Academic Medicine,79(10), 570-581.
Fallowfield, L., Lipkin, M., & Hall, A. (1998). Teaching Senior Oncologists Communication Skills:
Results from phase I of a Comprehensive longitudinal Program in the United Kingdom.
Journal of Clinical Oncology, 16(5), 1961-1968.
Fernandes, J. (2014, Fevereiro 10). O ensino médico: A reforma necessária. Público. Disponível em
http://www.publico.pt
Filho, J. (2007). Relação médico-paciente: A essência perdida. Interface – Comunicação, Saúde,
Educação, 11(23), 631-635.
Fleet, L., Kirby, F., Cutler, S., Dunikowski, L., Nasmith, L., & Shaugnessy, R. (2008). Continuing
professional development and social accountability: A review of the literature. Journal of
Interprofessional Care, 22(S1), 15-29.doi: 10.1080/13561820802028360
Flocke, S., Williams, L., Miller, M. D., & Crabtree, B. (2002). Relationships between physician practice
style, patient satisfaction and attributes of primary care. The Journal of Family Practice,
51(10), 835-840. Disponível em: http://www.ecardiologynews.com/fileadmin/jfp_archive/
pdf/5110/5110JFP_OriginalResearch2.pdf
Flowers, L. (2005). The missing Curriculum: Experience with emotional competence education
and training for premedical and medical students. Journal of the National Medical Association,
97(9), 1280-1287. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2594773/
pdf/jnma00298-0074.pdf
Flowers, L. (2006). Diversity as an opportunity for emotional competence development. Disponível
em www.eqdynamics.org
Gardner, H. (1999). Intelligence Reframed. New York: Basic Books.
Gillespie, R., Florin, D., & Gillam, S. (2002). Changing relationships: Findings of the patient involvement
project. (Kings Fund Research). Disponível em http://www.kingsfund.org.uk
Goleman, D. (2000) (2ªEd). Trabalhar com Inteligência Emocional. Lisboa: Temas e Debates.
Gomes, L. (2008a). A Educação Médica Contínua e o Desenvolvimento Profissional Contínuo
em MGF-Tempo de Decisões. Barlavento Médico, 1(2), 41-42. Disponível em http://www.
chbalgarvio.minsaude.pt/Downloads_HSA/CHBAlg/Barlavento%20Medico/BM2/17628_
brochura%20revista%20clinica%20barlavento%20medico_12.pdf
Gomes, L. (2008b). Plano Regional de Educação Médica Contínua do Algarve (EMCAL). Portimão.
Disponível em http://www.arsalgarve.minsaude.pt/site/imagens/centrodocs/Plano_EMCAL.pdf-
González, N., & Dorantes, P. (2007). Elementos para pensar en la atención médica y en la relación
médico-paciente: un acercamiento “histórico”. Espacios Públicos, 10(20), 386-399. Disponível
em http://www.redalyc.org
Holman, H., & Lorig, K. (2000). Patients as partners in meaning chronic disease [Editorial]. British
Medical Journal, 320, 526-527.
Horowitz, C., Schuman, A., Branch Jr., W., & Frankel, R. (2003). What do doctors find meaningful
about their work? Annals of Internal Medicine, 138(9), 772-775.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
325
R i t a Ta v a r e s Fo n s e c a & N u n o R e b e l o d o s S a n t o s
Mead, N., & Bower, P. (2000). Patient Centredness: a conceptual framework and review of empirical
literature. Social Science & Medicine, 51(7), 1087-1110.
Mead, N., & Bower, P. (2002). Patient-centered consultations and outcomes in primary care: a review
of literature. Patient Education and Conseling, 48(1), 51-61.
Paúl, C., & Fonseca, A. (2001). Psicossociologia da Saúde. Coimbra: Climepsi Editores.
Paul, S., & Bhatia, V. (2016). Doctor patient relationship: Changing scenario in India. Asian Journal of
Medical Sciences, 7(4), 1–5. https://doi.org/10.3126/ajms.v7i4.13929
Platt, F., Coulehan, J., Fox, L., Adler, A., Weston, W., Smith, R., & Stewart, M. (2001). “Tell me about
yourself’: The patient-centred interview. Annals of Internal Medicine, 134(11), 1079-1085.
Razavi, D., Merckaert, I., Marchal, S., Libert, Y., Conradt, S., Boniver, J., & Delvaux, N. (2003). How to
optimize physicians’ communication skills in cancer care: Results of a randomized study
assessing the usefulness of post training consolation workshops. Journal of Clinical Oncology,
21(16), 3141-3149.
Rego, S. (2012) O Profissionalismo e a Formação Médica [Editorial]. Revista Brasileira de Educação
Médica, 36(4), 445-446.
Saarni, C. (2002). Competência emocional: Uma perspectiva evolutiva. In R. Bar-On, & J. D. A. Parker
(Eds.), Manual de Inteligência Emocional (pp. 65-80). Porto Alegre: Artmed Editora.
Silva, H. (2010). La Relación médico-paciente. MediSur, 8(5), 41-44. Disponível em www-redalyc.org
Smith, K. E., Norman, G. J., & Decety, J. (2017). The complexity of empathy during medical school
training: evidence for positive changes. Medical Education, 51(11), 1146–1159. https://doi.
org/10.1111/medu.13398
Sox, H. (2002). Medical Professionalism in the New millenium: A Physician Charter. Annals of Internal
Medicine, 136(3), 243-246. Disponível em http://www.abimfoundation.org
Stojanovic-Tasic, M., Latas, M., Milosevic, N., Aritonovic Pribakovic, J., Ljusic, D., Sapic, R., … Grgurevic,
A. (2018). Is Balint training associated with the reduced burnout among primary health care
doctors? Libyan Journal of Medicine, 13(1), 1. https://doi.org/10.1080/19932820.2018.1440123
Travaline, J., Ruchinskas, R., & D’Alonzo, G. (2005). Patient-Physician Communication: Why and How.
JAOA Clinical Practice, 105(1), 13-18. Disponível em: http//:www.jaoa.org
Von Fragstein, M., Silverman, J., Cushing, A., Quilligan, S., Salisbury, H., & Wiskin, C. (2008). UK
consensus statement on the content of communication curricula in undergraduate medical
education. Medical Education, 42, 1100-1107. doi: 10.1111/j.1365-2923.2008.03137.x
Williams, C., Cantillon, P., & Cochrane, M. (2001). The doctor-patient relationship: From undergraduate
assumptions to pre-registration reality. Medical Education, 35, 743-747.
Wong, S., & Lee, A. (2006). Communication skills and doctor patient relationship. The Hong-Kong
medical diary, 11(3), 7-9. Disponível em http://pcpgm.partners.org/about-us/PM
RESUMO
O presente capítulo apresenta algumas reflexões sobre as mudanças experimentadas no
âmbito da gestão das universidades federais brasileiras, abordando os seus desdobramentos
no processo de trabalho e as suas possíveis implicações na saúde/doença dos servidores
docentes dessas instituições, em especial na daqueles que assumem funções gerenciais.
Reconhecidamente, a partir dos anos de 1990, inicia-se um processo de intensificação do
trabalho nessas instituições, inspirado nos discursos de qualidade e excelência oriundos
dos modelos produtivos privados. No caso das universidades brasileiras, a implantação
de princípios baseados nesses modelos exige uma reorientação dos processos de gestão
de docentes e técnicos, com nítidos desdobramentos sobre a condição subjetiva dos
trabalhadores. Como consequência, infere-se o aumento do número de afastamentos do
trabalho por motivos relacionados a transtornos mentais, bem como do número de ouvidorias
e processos administrativos. Neste ensaio, defendemos que a Ergologia, considerada uma das
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
327
João César de Freitas Fonseca, Mara Marçal Sales, Carlos Eduardo Carrusca Vieira & Regina Monteiro
Campolina Barbosa
ABSTRACT
This chapter presents some considerations about the changes in the management scope of
Brazilian federal universities including consequences of work procedures and how they relate
to possible health/disease issues affecting teachers of such institutions, especially the ones in
charge of managerial work. It’s been acknowledged that since the 1990’s the workload has been
intensified at such institutions in order to meet the demands for quality excellence standards
set by private productive models. In the case of Brazilian universities, the implementation of
processes based on such models calls for a reorientation of management methods related
to teachers and technicians, which has clearly affected the workers’ subjective conditions. As
a consequence, there has been reported an increase in the events of absence from work due
to mental disorders, and as well the number of requests for ombudsman meditations and
administrative processes. In this paper, it’s been propounded that the Ergology deemed to be
one of the workplace health approach, may significantly help understand and change the
work procedures, and may also contribute to a decrease in the events of absence from work,
especially the ones related to psychological disorders.
Keywords: Mental Health and Work, Teacher’s Work, University Management, Ergology.
Se, por um lado, a filiação à postura crítica encaminha as universidades para alvos
externos, por outro, aponta para o difícil, porém necessário, exercício da autocrítica.
Nesse sentido, Nogueira (1989) comenta que, onde quer que exista uma universidade,
“existe uma discussão sobre a crise, existe uma reflexão sobre a universidade e um
questionamento das estruturas universitárias, dos procedimentos universitários, dos
comportamentos predominantes da universidade” (p. 10).
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
329
João César de Freitas Fonseca, Mara Marçal Sales, Carlos Eduardo Carrusca Vieira & Regina Monteiro
Campolina Barbosa
Aos poucos, na medida em que foram surgindo as análises relacionadas com a sua
implantação, o REUNI começou a receber críticas de diversos pesquisadores. Os impactos
do Programa sobre o trabalho docente, em especial, passaram a ser descritos. Para os
críticos, a expansão do Ensino Superior se fez às expensas da piora nas condições de
trabalho. Cislaghi (2010), por exemplo, ao lembrar que o Programa tinha como meta
estabelecer, ao final de cinco anos, uma proporção de um professor para cada grupo de
18 alunos, afirma que “o que o REUNI propõe, na prática, é uma redução proporcional do
número de docentes nas universidades federais, bem como uma redução proporcional
dos recursos de custeio, levando à redução da qualidade e da autonomia, conforme
inscritas na Constituição Brasileira” (p. 3).
Para Paula (2009), o REUNI é inspirado em um modelo flexível de educação superior, que
materializaria os principais interesses de organismos internacionais, como o Banco Mundial
1
Nos dois mandatos de Luís Inácio Lula da Silva na presidência do Brasil (2003-2006; 2007-2010), além
do REUNI, foram adotadas duas outras expressivas políticas voltadas ao Ensino Superior. A primeira delas
foi o Programa Universidade para Todos (ProUni), que oferece bolsas de estudo em instituições privadas de
Ensino Superior. A segunda foi a criação do Sistema de Seleção Unificada (SISU), que seleciona alunos para
as universidades públicas. Em ambos os casos, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é o instrumento
básico para a seleção de alunos. Os dois Programas visavam expandir o número de alunos matriculados,
contemplando quesitos sociais e raciais para oportunizar o acesso ao Ensino Superior a alunos egressos de
escolas públicas, oriundos de famílias de baixa renda e negros ou indígenas.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
331
João César de Freitas Fonseca, Mara Marçal Sales, Carlos Eduardo Carrusca Vieira & Regina Monteiro
Campolina Barbosa
Assim, seu rol de atividades é extenso e sua carga de trabalho se estende para
além dos muros das instituições, da carga horária de oito horas diárias, da semana
de cinco dias, com a produção de diversos tipos de doenças, desânimo, cansaço,
ansiedade, visto que em cada trabalhador, conforme graus diferenciados,
sempre existem limitações corporais e subjetivas no enfrentamento desse
ritmo de trabalho. Com a reforma proposta, deve-se acrescentar a esse quadro,
o sobretrabalho que poderá advir da multiplicação de estudantes sob sua
responsabilidade (p. 58).
2
A expressão Universidade Nova diz respeito a um conjunto de ações defendidas por algumas universidades
brasileiras, capitaneadas pela UFBA e corroboradas pelo ex-reitor dessa instituição, Naomar de Almeida Filho.
Em linhas gerais, propõe um modelo formativo diferenciado, baseado nos Bacharelados Interdisciplinares (BI),
preliminares à orientação profissional. Atualmente, algumas instituições adotam seus pressupostos, embora
o modelo receba muitas críticas. Para mais informações, ver: http://www.ces.uc.pt/bss/documentos/UFBA_
universidade_nova.pdf.
[...] não há como negar que, de modo claro ou velado, nos últimos tempos tem
sido dado mais valor acadêmico às publicações do que à atuação profissional.
Professores que se dedicam exclusivamente à docência, principalmente no
âmbito da graduação, tendem a ser menos valorizados e até menos visíveis do
que aqueles que publicam muito, numa subserviência quase condenatória ao
“publique ou pereça” (publish or perish). Julgo ser oportuno e indispensável que
as universidades abram o debate e repensem essa questão (p. 49).
A reflexão proposta acima pelo docente parece reviver a polarização entre dois conjuntos
de representações opostas em relação ao trabalho: um positivo, valorizado e vinculado
à ideia da produção de conhecimento, o Ergon (no grego) e o Opus (no latim); outro,
negativo, reforçador da compreensão do trabalho como atividade inferior, o Ponos
(grego) e o Labor (latim).
As mudanças implementadas nos processos de trabalho e de gestão das atividades
docentes acabaram delineando para esses trabalhadores as condições de inclusão/
exclusão de certos espaços e possibilidades, cujos limites de pertença definem-se em
função de parâmetros bastante específicos, sempre atravessados por representações de
poder mais ou menos nítidas. Um exemplo significativo ocorre nos disputados processos
de credenciamento junto a programas de pós-graduação stricto sensu, nos quais o
esforço para não ser excluído pode gerar inclusive comportamentos questionáveis do
ponto de vista ético, como afirma Paiva (2012), quando considera que, “com a evolução
do sistema de pós-graduação brasileiro não há mais espaço para professores que apenas
consomem conhecimento. Alguns programas cresceram muito e fatalmente, irão fazer
opção pelos mais produtivos, mas essa produtividade [deve] se submeter a princípios
éticos” (p. 16).
Bianchetti (2008) aponta em direção semelhante:
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
333
João César de Freitas Fonseca, Mara Marçal Sales, Carlos Eduardo Carrusca Vieira & Regina Monteiro
Campolina Barbosa
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
335
João César de Freitas Fonseca, Mara Marçal Sales, Carlos Eduardo Carrusca Vieira & Regina Monteiro
Campolina Barbosa
3
A Reforma Universitária de 1968 foi efetivada pelo Governo Federal por meio da Lei nº 5.540/68, cujo
anteprojeto contou com a assessoria de técnicos da Agency for International Development (AID), ficando
conhecido como Acordo MEC/USAID. Para vários autores, essa Reforma teve por base o idealismo alemão, mas
implantou o modelo organizacional norte-americano, baseado no fortalecimento dos departamentos.
4
Trata-se de um valor muito pouco expressivo, pois representa aproximadamente 10% do vencimento
básico de um Professor Adjunto (com Doutorado) em início de carreira. Ele é, inclusive, inferior ao valor do
salário mínimo adotado nacionalmente, que, em 2016, foi estipulado em R$880,00.
5
Sigla utilizada na área de Gestão de Recursos Humanos que se refere a um tipo de roteiro pré-estabelecido
que o trabalhador deve seguir para supostamente fazer o que deve ser feito.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
337
João César de Freitas Fonseca, Mara Marçal Sales, Carlos Eduardo Carrusca Vieira & Regina Monteiro
Campolina Barbosa
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
339
João César de Freitas Fonseca, Mara Marçal Sales, Carlos Eduardo Carrusca Vieira & Regina Monteiro
Campolina Barbosa
Ao sujeito compete sempre a tarefa de recriar o meio em que vive para torná-lo humano,
sendo que a amputação do movimento livre e da atividade pessoal é vivida como “algo
profundamente patológico” (Schwartz & Durrive, 2007, p. 192).
Entre a vida e o trabalho, o sujeito tenta recentrar o meio em torno de suas normas e
valores, tentando “fazer valer ali suas próprias normas de vida, suas próprias referências,
através de uma síntese pessoal de valores” (Schwartz & Durrive, 2007, p. 197).
Em vista disso, concordamos, com Schwartz (2011), para quem
docente e, o outro, à atividade de gestão do trabalho. Se, por um lado, essa bipertinência
genérica pode se traduzir em um desenvolvimento da atividade profissional, na (re)
criação estilística do ofício, por outro, ela pode suscitar conflitos entre os dois gêneros
profissionais, em virtude dos diferentes interesses, valores, normas e exigências em jogo,
relativos a cada uma das atividades profissionais desempenhadas pelo trabalhador,
6
O conceito de gênero profissional designa, na Clínica da Atividade, “um sistema aberto de regras impessoais,
não escritas, que definem, num meio dado, o uso dos objetos e o intercâmbio entre as pessoas; uma forma
de rascunho social que esboça as relações dos homens entre si para agir sobre o mundo” (Clot, 2006, p. 64).
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
341
João César de Freitas Fonseca, Mara Marçal Sales, Carlos Eduardo Carrusca Vieira & Regina Monteiro
Campolina Barbosa
5. SÍNTESE
Espera-se que os assuntos aqui abordados possam contribuir de forma relevante para o
aprimoramento das práticas de Gestão universitária, em particular na área de Recursos
Humanos, na medida em que permita aprofundar um pouco mais o conhecimento em
torno da relação entre saúde e trabalho docente nas organizações de ensino superior.
Evidencia-se, dessa maneira, a total convergência entre essa reflexão e os temas sugeridos
para esse livro (Organizações, o Trabalho, os Recursos Humanos, a Saúde e a Gestão).
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
343
João César de Freitas Fonseca, Mara Marçal Sales, Carlos Eduardo Carrusca Vieira & Regina Monteiro
Campolina Barbosa
Léda, D. B., & Mancebo, D. (2009). REUNI: Heteronomia e precarização da universidade e do trabalho
docente. Educação e Realidade, 34(1), 49-64.
Lemos, D. (2010). Alienação no trabalho docente? O professor no centro das contradições.
Universidade e Sociedade, 1(1), 27-38.
Meneghel, S. M. (2001). A crise da universidade moderna no Brasil. Tese de Doutorado não publicada.
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo.
Minogue, K. (1981). O conceito de universidade. Brasília: Ed. UnB.
Nogueira, M. A. (1989). Universidade, crise e poder. In M. V. C. Bernardo, M. C. B. Stefanini, J.
Vaidergorn & L. A. Pedroso. (Orgs.). Pensando a educação. São Paulo: UNESP.
Paiva, V. L. M. (2012). Políticas de credenciamento e recredenciamento de professores em Programas
de Pós-Graduação em Linguística e em Linguística Aplicada: publish or perish. Belo Horizonte:
UFMG. Disponível em <http://www.veramenezes.com/credenciamento.pdf>. Acesso em: 17
de dezembro de 2015.
Paula, C. M. (2009). Neoliberalismo e reestruturação da educação superior no Brasil: O REUNI como
estratégia do governo Lula e da burguesia brasileira para subordinar a universidade federal
à lógica do atual estágio de acumulação do capital. Dissertação de Mestrado não publicada.
Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro.
Schwartz, Y. (2000). A comunidade científica ampliada e o regime de produção de saberes. Revista
Trabalho & Educação, Belo Horizonte, 7, 38-46.
Schwartz, Y. (2004). Trabalho e gestão: Níveis, critérios, instâncias. In M Figueiredo, M. Athayde, J.
Brito, & D. Alvarez (Orgs.). Labirintos do trabalho: Interrogações e olhares sobre o trabalho vivo,
(pp. 23-33). Rio de Janeiro: DP&A Editora.
Schwartz, Y., & Durrive, L. (2007). Trabalho & Ergologia: Conversas sobre a atividade humana. 2ª Ed.
Niterói: Editora da UFF.
Schwartz, Y. (2011). Manifesto por um ergoengajamento. In P. F. Bendassolli, & L. A. P. Soboll, (Orgs).
Clínicas do Trabalho: Novas perspectivas para compreensão do trabalho na atualidade, (pp.
132-166). São Paulo: Atlas..
Silva Junior, J. R., Sguissardi, V., & Silva, E. P. (2010). Trabalho intensificado na universidade pública
brasileira. Universidade e Sociedade, Brasília, 19(45), 9-26.
UFMG (2004). Relatório de Gestão 2004. Belo Horizonte: Proplan/UFMG. Disponível em <https://
www.ufmg.br/proplan_site_antigo/relatorios_anuais/relatorio_anual_2004 /missao_ufmg.
htm>. Acesso em: 18 dez. 2015.
Vieira Júnior, P. R., & Santos, E. H. (2011). A atividade de trabalho como meio para manutenção da
saúde docente: uma perspectiva ergológica. Revista Eletrônica de Educação, 5(2). Disponível
em http://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/viewFile/249/146>. Acesso em:
17 de dezembro de 2015.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
345
CAPÍTULO 15
CONTRIBUIÇÃO DA PSICODINÂMICA DO
TRABALHO PARA O CONCEITO DE GESTÃO: Cap.
LUGAR DO SUJEITO NO MUNDO PRODUTIVO 15
ABSTRACT
Studies show that there has been illness, violence and death in organizations resulting from
management models that do not consider the individual and the collectiveness. The present
chapter discusses how and why certain management models may interfere with the psychic
life of workers and seeks theoretical and practical contribution in the fields of Psychodynamics
of Work: its theoretical constructs and Clinic of Work to rescue the debate on collective
management, aiming to place the subject back as central player in social change, instead
of the capital. . More specifically, it seeks to bring the debate that the etymological root of
the term “management” suggests genuine participation of its actors. The text shows that
current management practices tend not to consider this aspect of political participation of its
members Several are the challenges the fields that center the debate on the collective strength
of workers against the capitalist system have to face to support such debate. The aspects
mentioned suggest the need to continue research that seeks to rethink the etymology of the
concept of management in the light of science, such as the Psychodynamics of Work.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
347
Fernando de Oliveira Vieira, Ana Magnólia Bezerra Mendes & Laene Pedro Gama
RESUMO
Estudos demonstram que tem havido adoecimento, violência e morte nas organizações,
decorrentes de modos de gestão que não consideram os indivíduos e as formações coletivas.
Este capítulo discute como e por que determinados modelos de gestão podem interferir na
vida psíquica dos trabalhadores e busca contribuição teórica e prática na Psicodinâmica
do Trabalho: construtos teóricos e Clínica do Trabalho, para o resgate do debate acerca da
gestão coletiva, visando devolver o sujeito à posição central nas transformações sociais
em substituição ao capital. De modo mais específico, busca-se trazer ao debate que a raiz
etimológica do termo “gestão” sugere participação genuína de seus atores. O texto mostra
que práticas atuais de gestão tendem a desconsiderar esse aspeto político de participação
de seus membros. Diversos são os desafios de disciplinas que se centralizam no coletivo dos
trabalhadores enfrentando a força do sistema capitalista para a sustentação dessa discussão.
Os aspetos referidos sugerem a necessidade da continuidade de pesquisas que buscam
repensar a etimologia do conceito de gestão sob a luz de ciências como a Psicodinâmica do
Trabalho.
Palavras-chave: Conceito de gestão, Psicodinâmica do trabalho, Saúde do trabalhador.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. Gestão: origem etimológica e interfaces com ação coletiva
A falta de precisão e a abrangência de significados do conceito de gestão, além de seu
uso em diferentes campos do saber, motivaram parte desse estudo. Em uma consulta
preliminar aos dicionários, o termo aparece como sinônimo de administração e gerência.
Surge como correlato de controle, organização, coordenação.
Uma análise mais cuidadosa do vocábulo, no entanto, revela outro aspecto do radical
gero, em latim, relativo à produção intersubjetiva das partes envolvidas no fenômeno.
Em outras palavras, inclui-se o respeito às singularidades humanas ao se desencadear
uma dinâmica gestionária.
O uso generalizado do substantivo inclinou-se mais à função administrativa (controle,
coordenação, direção etc.), em via de mão única, em detrimento à ação coletiva que
prevê a troca de aprendizados e considera os indivíduos como interlocutores, ou seja,
uma via de mão dupla.
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
349
Fernando de Oliveira Vieira, Ana Magnólia Bezerra Mendes & Laene Pedro Gama
Essa via destina-se à inclusão de um ou mais sujeitos no projeto e sua execução. Cumpre,
pois, lhe acrescentar o adjetivo democrático, confrontando-o com o aspeto conservador
da tradicional Administração mais centralizadora.
Segundo Hatchuel (2008, p. 31), a raiz etimológica do termo gestão – gero – traz duas
noções aparentemente opostas ou antagônicas na medida em que, por um lado,
significa levar, carregar, conduzir, mas, por outro lado, tem a ver com satisfazer alguém.
Trata-se de dirigir, mas também de levar em conta os desejos dos outros.
Hatchuel (2008) questiona o objeto das ciências de gestão. Para ele, há um equívoco em
se desconsiderar a ação coletiva dos fenômenos que envolvem tal universo. Em sua tese,
defende que se estabeleça uma clareza na aprendizagem coletiva dos atores envolvidos
nos processos de gestão, uma vez que há uma tendência de se simplificá-los, equiparando-
os às tradicionais funções administrativas: planejar, organizar, dirigir e controlar.
Trata-se de se estudar gestão como a dinâmica da ação coletiva por meio de saberes e
relações. Estes são construídos e reconstruídos sob um complexo de interações que vão
delineando cada gestão. O construto não pode ser reduzido a um conjunto de funções
administrativas. Implica, principalmente, interagir, trocar, compartilhar.
Fazendo um paralelo com o conceito de trabalhar, para a Psicodinâmica do Trabalho,
que significa também conviver, realizar-se e engajar-se (Dejours, 2009, p. 82), gerir sugere
aprender continuamente, fazendo com alguém, e não apenas fazendo para alguém. E
para Hatchuel (2008), significa propor-se a descrever uma ação coletiva com intuito de
padronizá-la seria aceitar uma metafísica da ação.
Segundo Dejours (2009, p. 82), “Toda regra de trabalho trata simultaneamente do real
do trabalho e do viver junto. Toda regra de trabalho é uma regra técnica e uma regra
de saber-viver” (Tradução livre). Nesse particular, o conceito de gestão deve levar em
consideração a dinâmica das relações sociais no trabalho, buscando compreender como
estas complexas variáveis são produzidas e reproduzidas.
Santos, Barros e Gomes (2009) discutiram a relação entre humanização de trabalhadores
da Saúde, de acordo com a política nacional de humanização do SUS – Sistema Único
de Saúde, e processos de trabalho. Concluíram que a gestão coletiva dos desafios que
surgem no real passa por uma dinâmica que envolve a necessidade de se reconhecer as
especificidades dos sujeitos dessa dinâmica. Defendem a indissociabilidade entre produção
de serviços e produção de sujeitos no compromisso com a humanização do trabalho.
Ainda no campo da gestão em saúde, Sá e Azevedo (2010) observam que as interfaces
entre subjetividade e gestão podem fazer uma diferença significativa nos desafios de se
transformar os ambientes do trabalho do cuidar. Esse complexo universo é permeado
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
351
Fernando de Oliveira Vieira, Ana Magnólia Bezerra Mendes & Laene Pedro Gama
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
353
Fernando de Oliveira Vieira, Ana Magnólia Bezerra Mendes & Laene Pedro Gama
qualquer ideia e ação economicista, de modo doutrinário. Qualquer reação crítica a esse
sistema pode ser interpretada como pouco inteligente. “A fé na ciência, que se procura
passar por erudição, funciona aqui como um imaginário social e desqualifica a reflexão
moral e política. Assim, a colaboração no trabalho sujo pode conferir aos colaboradores
a condição de cidadãos esclarecidos” (Dejours, 2006, p. 95).
Em “A banalização do mal”, na análise de Hannah Arendt sobre o caso Eichmann, a autora
defende a tese de que Eichmann não era um perverso do tipo mais crítico que se conhece
na psiquiatria. Tratava-se sim de um burocrata que assumiu a função social de contribuir
para a eficiência do sistema. Seu modo de pensar e de agir revelavam um normopata,
ou seja, uma pessoa que passa a tratar com normalidade a violência. A normopatia é um
termo originário dos estudos das psicopatologias. Trata-se de uma adaptação do sujeito
à racionalidade instrumental, contribuindo para a sua materialização, em ideias e ações,
sem que o normopata se sinta culpado por quaisquer consequências perversas (Vieira
et al., 2013).
A partir dessas explicações, que fundamentam a necessidade de se criticar o universo
doentio das relações de trabalho, torna-se importante defender um saber sobre essa
realidade. A tese central da Psicodinâmica do Trabalho denuncia a inércia moral e
intelectual de pessoas de bem em contribuir com a banalização das injustiças sociais.
Nessa abordagem, a normalidade é traduzida como uma luta permanente do indivíduo
para não adoecer. Nesse sentido, é delineada pelo que se defende como um estágio
no qual se encontra o sofrimento criativo. Trata-se de uma dinâmica segundo a qual a
mobilização subjetiva deve ser ancorada por três sustentações: a) inteligência prática;
b) cooperação; c) reconhecimento. Quando eles funcionam, há mais hipóteses de
os indivíduos permanecerem na normalidade (manutenção do sofrimento criativo),
evitando o adoecimento.
A inteligência prática seria a capacidade de o indivíduo usar a astúcia, a inventividade e o
pensamento, para agir sobre o real. Significa poder ultrapassar o prescrito, o organizado,
tendo em vista a complexidade e as surpresas do dia a dia de trabalho. Envolve
cognição e afetividade ao transgredir a organização do trabalho (Vieira et al., 2013). Tal
transgressão, nos limites do que seria permitido e do que seria censurável, legitimaria
relativa autonomia dos indivíduos em suas atividades laborais.
A inteligência prática deve estar ancorada nos princípios da cooperação – esta vista
como elemento central da formação de um coletivo de trabalho, sem o qual se pode
cair no individualismo. Trata-se de se fomentar a confiança e a solidariedade, sem as
quais o trabalho pode perder o sentido para o trabalhador. Dejours (2011, p. 80) afirma
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
355
Fernando de Oliveira Vieira, Ana Magnólia Bezerra Mendes & Laene Pedro Gama
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
357
Fernando de Oliveira Vieira, Ana Magnólia Bezerra Mendes & Laene Pedro Gama
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
359
Fernando de Oliveira Vieira, Ana Magnólia Bezerra Mendes & Laene Pedro Gama
4. SÍNTESE
A sustentabilidade da Psicodinâmica e Clínica do Trabalho parece herética quando se
constata a força do sistema capitalista e a sua capacidade de se adaptar às tentativas de
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
361
Fernando de Oliveira Vieira, Ana Magnólia Bezerra Mendes & Laene Pedro Gama
C A P I TA L P S I C O L Ó G I C O , E S T R AT É G I A E G E S TÃ O N A D I V E R S I D A D E D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
363
Fernando de Oliveira Vieira, Ana Magnólia Bezerra Mendes & Laene Pedro Gama
Leituras recomendadas
Bernardo, M. H. (2009). Trabalho duro, discurso flexível: Uma análise das contradições do toyotismo a
partir da vivência de trabalhadores. Editora Expressão Popular, 2009.
Mascarenhas, A. O., Dias, S. L. G., & Baptista, R. M. (2015). Elementos para discussão da escravidão
contemporânea como prática de gestão. Revista de Administração de Empresas, 55(2), 175-
187. doi:10.1590/S0034-759020150207
Vieira, F. O. (2014). Quem vê cara, não vê coração: aspectos discursivos e eufemísticos da sedução
organizacional, que disfarçam violência e sofrimento no trabalho. Revista Economia & Gestão,
14(36), 194-220. Recuperado de http://periodicos.pucminas.br/index.php/economiaegestao/
article/view/6416/7260