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Alien RPGZine

02
Alien RPGzine

Um projeto de criação coletiva produzido por:


Editorial 04

“No espaço ninguém te escuta gritar” (Conto)


05
O Convite - por Diogo Pietrani

“Ordem da companhia” (Premissa de aventura)

Inimigo da ciência – por Tom AliançaRPG


09
Este planeta é meu – por Tom AliançaRPG

“No espaço ninguém te escuta gritar” (Conto)


10
A Escuridão de Gliese - por Rodrigo Araújo

“É isso aí gente. É isso aí, o jogo acabou! O jogo acabou!”


(Estrutura de aventura)

Registro da nave - Marcos Marques Pereira 11

NPC Extraordinário
O médico Thomas River – por Cristiano MD 15
Equipe responsável

Editor: Tom AliançaRPG


Revisor: Rodrigo Araujo
Diagramação: Tom AliançaRPG

Colaboradores Aliança RPG

Cristiano MD
Diogo Pietrani
Rodrigo Araujo
Tom AliançaRPG

Colaborador da comunidade

Marcos Marques Pereira

Editorial

"Aqui neste universo a vida é dura e cheia de desafios.


Ela é cruel e implacável."

Chegamos a 2° edição do Alien RPGzine, trazendo para


comunidade um material criativo para inspirar mestres em
suas mesas de Alien RPG, um RPG onde corporações
gananciosas se enfrentam por recursos valiosos. Cuidado
com seres que espreitam nas sombras, prontos para invadirem
sua nave e matarem toda a tripulação. Esta edição conta
com a colaboração de parceiros na revisão e na criação de
material. Você irá encontrar contos, sementes de aventuras
e outros a materiais para usar da forma que achar
conveniente, podendo até misturar algumas ideias entre si.
O cenário de Alien é duro e implacável, e, nele, você não
é nada, seu personagem é dispensável. Fique vivo, se puder,
e não esqueça: “Não adianta gritar, pois ninguém vai te
ouvir.”
Tom AliançaRPG

04
“No espaço ninguém te escuta gritar”

O Convite
por Diogo Pietrani

Aqui quem fala é Valeria Leblanc, Capitã do Explorador Espacial


CN-T1979; Codinome “Cisne Negro”. Este é o ano estelar 2207DT. Faço
este registro conforme manual normativo OP3771. Os membros da minha
tripulação são o Primeiro Imediato Hans Reinhart, a Cientista-Médica
Yelena Leonov e os Soldados de Primeira Linha: Taylor Icarus e Cesar
Dias. Nossa missão era seguir para o setor R2-356, onde havia um sinal
de S.O.S no antigo padrão da Armada Estelar. Nossa Cisne Negro estava
preparada para receber feridos e minha tripulação estava preparada
para qualquer coisa, menos para o que encontramos naquele lugar.

Chegando ao setor, começamos a procurar pela nave que


possivelmente estaria emitindo o sinal. Nossa I.A., carinhosamente
chamado de Professor, precisava de tempo e proximidade para descobrir
as coordenadas exatas do nosso alvo.

Vagamos por mais ou menos três dias até que encontramos um sinal
e o seguimos até uma antiga nave de batalha da Armada Estelar, de
código AL-8, codinome “Nostromo 2”. Era uma nave muito antiga que
possuía o sistema de criogenia, onde sua tripulação poderia entrar em
um estado de hibernação caso algo desse errado ou uma longa jornada
fosse necessária. Seus registros poderiam ter informações secretas e
de suma importância para a nova Federação.

Primeiro tentamos contato por rádio, e, como não obtivemos


nenhuma resposta, Professor tentou acessar a rede interna da Nostromo
2. Novamente não houve nenhuma resposta, apenas a abertura de uma
pequena escotilha, que podia ser vista se movendo ocasionalmente,
abrindo e fechando. Optei por enviar Reinhart e Dias para fazer uma
inspeção. Esta foi minha primeira ordem errada. Acrescento aos meus
registros o áudio do comunicador de Hans:

— Capitã? Capitã? Pode me ouvir? Estamos tendo muita


interferência! Vou dizer o que vejo para que vocês saibam o que
estamos fazendo. Isso se meu áudio estiver chegando até vocês. Dias,
vá na frente! Mas com cautela. O chão da nave está cheio de detritos,
não devemos poder remover os capacetes por enquanto. Vejo uma porta
selada a frente. Devemos conseguir uma área segura depois dela. Ok.
Dias conseguiu abrir a porta. Realmente é uma área de transição. Temos
acesso aos computadores... hum... a IA parece estar funcionando, mas
de forma precária, sem áudio... deixa eu tentar uma coisa... Consegui!
Estranhamente, ainda temos um estoque muito bom de oxigênio e posso
baixar um mapa da nave aqui.

05
Estamos em um compartimento de armazenamento de veículos
auxiliares, mas não há nenhum deles por aqui. Vamos para próxima área.
Cesar, daqui em diante vamos usar o oxigênio da nave. Vamos tentar
chegar até a sala de comando. Passando por mais algumas áreas, em
pouco tempo chegaremos no que parece ser a câmara criogênica e logo
depois na Ponte de Comando.

Enquanto Hans transmitia o que eles viam, o restante da


tripulação e eu tentávamos desesperadamente transmitir nossas
palavras a eles, porém era tudo em vão. Resolvemos aguardar e ouvir
atentamente o que o Imediato narrava. Por precaução, Taylor e eu
estávamos vestidos com nossas armaduras de combate espacial, caso
fosse necessária uma ação de resgate dos nossos aliados.

—Capitã, estamos entrando em um novo ambiente da Nostromo. Como


eu disse antes, o estoque de oxigênio está até que bem alto, embora
o cheiro seja o do hálito de um cachorro. Houve uma bagunça por aqui,
está tudo revirado... ainda não temos sinal da tripulação ou de
qualquer outra coisa viva... o Soldado Dias vai seguir para o próximo
ambiente enquanto eu dou mais uma olhada nos computadores, talvez
seja possível encontrar um registro um diário de bordo... Hum?!
Caramba...livros e mais livros... comida de verdade... Capitã! Vocês
têm que ver isto... livros com os quais sempre sonhei...minha comida
favorita... pena que estou tão cansado... acho que vou fazer uma pausa
Capitã Leblanc.

Após estas palavras de Hans, decidi abortar a missão e trazer


meu pessoal de volta. Me preparei junto com Taylor para seguir em
direção a Nostromo, mas, para nossa surpresa, a na estava começando
a se mover. Yelena agiu rápido e moveu nossa nave, batendo na outra
e nos dando a oportunidade de se prender a ela. Sem perder tempo,
entrei com Taylor em busca de Hans e Cesar. A descrição inicial de
Hans estava correta, assim que passamos pelo primeiro hangar entramos
no corredor de transição e, na sala seguinte, encontramos o Primeiro
Imediato deitado no chão, inconsciente e com um sorriso no rosto.

Mandei Taylor retornar com Reinhart enquanto eu segui em


busca de Cesar. O rádio dele estava funcionando, eu conseguia ouvir
a respiração dele do outro lado, mas ele não me respondia. A área
seguinte era um tipo de vestiário de combate. Armaduras espaciais
antigas e algumas armas estavam espalhadas pelo lugar. Nesse momento,
a Dra. Yelena faz contato comigo pelo comunicador, desta vez sem
interferência. Ela diz que nosso estoque de oxigênio estava baixando
muito rapidamente. O diagnóstico do Professor dizia que nossa nave
sofreu uma avaria no momento do impacto. No momento em que estou
gravando este registro, eu sei que não foi o impacto que causou a
avaria. Foi outra coisa.

06
Naquele momento, eu tomei minha segunda decisão errada: Comandei
ao Professor que fizesse uma ligação entre a Cisne Negro e a Nostromo
permitindo que a nossa nave pudesse compartilhar do oxigênio existente
na Nostromo.

Continuei minha busca pelo Soldado Dias. A área seguinte era um


corredor que provavelmente percorria toda a extensão da nave. Foi
então que eu ouvi tiros no fim do corredor. Ao chegar, vislumbrei o
soldado descarregando sua munição em quatro criaturas alienígenas com
aspecto extremamente agressivo. Sem pensar duas vezes, disparei
contra as criaturas. Nós conseguimos derrotar algumas, mas ainda era
possível ver sombras se movendo em nossa direção.

Recuamos rapidamente para nossa nave e selamos o acesso a


Nostromo. Minha ideia era reparar nosso sistema de armazenamento de
oxigênio e tirar o que ainda existia no estoque de ar da Nostromo.
Não poderia existir nenhuma forma de vida humana naquela nave, o
melhor a fazer era destruí-la. Minha roupa de combate havia sido
danificada, e eu acabai presa em minha armadura de combate.
De volta a Cisne Negro, observo que Yelena ainda estava realizando o
diagnóstico em Hans.

Eu fui para a oficina junto com Dias para tentar remover minha
armadura. Era minha intenção questionar o Soldado Cesar Dias sobre os
aliens contra os quais lutamos. Ele havia tido a mesma impressão que
eu, os monstros eram como bestas predadoras que nos tinham como
presas, mas ele também percebeu que o ataque dos monstros era
coordenado. Esta foi a última conversa que tive com o Soldado de
Primeira Linha Cesar Dias.

Enquanto eu tentava remover minha armadura, Dias começou a se


sentir mal, com tonteira e muitas dores no peito. Em um primeiro
momento, eu achei que era um mal súbito por conta de tudo que passamos,
mas quando o peito do homem explodiu, revelando uma versão menor da
criatura que havíamos enfrentado na nave, agindo por reflexo, eu
disparei contra o monstro. Era tarde demais para o Soldado. Tentei
contato com o Professor para alertar Yelena e Taylor. Novamente, só
tivemos interferência no comunicador.

Eu fui até a enfermaria em tempo de ver Taylor disparar contra


algumas das criaturas. Quero deixar aqui registrado que o Soldado de
Elite Taylor foi muito corajoso ao enfrentar a criatura mantendo sua
posição enquanto Yelena se afastava. Taylor conseguiu destruir a
criatura, mas ao custo de sua própria vida. O sangue no monstro era
venenoso. Ácido seria a informação mais correta. O líquido verde não
consegue penetrar na armadura, mas destrói material orgânico com muita
facilidade e velocidade.

Naquele instante eu me aproximei da enfermaria junto com Yelena.


Yelena me disse que, diferente do que houve com Dias, o monstro não
saiu do corpo de Hans, e sim aconteceu algum tipo de transformação.

07
Hans havia se tornado uma criatura completa coma as que enfrentei
na Nostromo. Resolvi me dirigir para a sala de comando e partir
daquele lugar o mais rápido possível.

Quando cheguei na sala de controle junto com Yelena, começamos


a nos preparar para colocara nossa nave em movimento. Porém, isso não
foi possível. Nossa IA estava comprometida.

Ao tentar contatar o Professor, notei a mesma interferência que


nos acompanhava por toda essa jornada. Tentei entrar em contato com
a Federação e nesse momento em que a Dra. Yelena se transformou. O
corpo coberto por uma armadura de queratina negra, braços longos que
terminavam em garras afiadas e uma longa cauda, que terminava em um
ferrão que mais parecia a própria foice da morte.

Sua face sem rosto possuía dentes em fileiras circulares como a


mandíbula de um tubarão. Eu fiz a única coisa possível: troquei o
pente de minha arma e disparei contra a criatura alienígena.

Consegui derrubar o inimigo e me preparei para sair daquele


lugar. E esse foi o meu último engano. Meu último mesmo.

A Cisne Negro não iniciava o processo de ignição dos motores.


Sempre que eu tentava realizar uma comunicação com alguém pelo rádio,
eu ouvia o mesmo ruído de interferência que era ouvido no início de
nossa jornada. O som de garras rasgando o metal se uniu ao barulho da
interferência. Esse mesmo ruído de interferência mudou para o som da
emissão de sinal de S.O.S. da nossa nave. Foi aí que eu entendi do
que se tratava. Fui até a alavanca de comando manual das persianas da
ponte de comando. Quando contemplei o que havia lá fora, eu resolvi
fazer deste meu relatório o mais bem feito de toda a minha carreira
militar.

Pois este também seria meu último relatório. A Nostromo estava


devorando minha Cisne Negro. A Nostromo 2 era uma nave alienígena
viva, uma pequena colmeia em busca de outras naves para absorver e
aumentar ainda mais. Lanço este meu relato nas ondas de rádio do
espaço, na esperança de que alguém possa ser alertado e impedido de
se tornar parte desta monstruosidade alienígena. Aqui é Valeria
Leblanc, Capitã do Explorador Espacial CN-T1979; Codinome “Cisne
Negro” encerrando o registro.

08
Ordem da companhia (Premissa de aventura)

Inimigo da ciência
por Tom AliançaRPG

Uma nave com uma tripulação de exploradores é enviada até uma área do
espaço pouco explorada, um pouco além do território da Borda externa.
Junto da tripulação está um cientista que auxiliará a equipe na coleta
de micro-organismos para estudo. Porém, a verdade não é essa. Jack
Miller é um cientista infiltrado pela Weyland Yutani a bordo da nave,
que tem como missão realizar testes com a bactéria Plagiarus de
metamorfos junto a tripulação. Ele pretende realizar esses testes as
escondidas com a intenção de descobrir uma forma de controlar essas
criaturas. Ele acredita que é possível controlar os metamorfos usando
o feromônios extraído de uma Alien fêmea. O problema é que durante as
experiências ele mesmo ira sofrer uma contaminação com a bactéria e
será a própria cobaia do experimento, deixando todos os tripulantes
em real perigo.

Este planeta é meu


Por Tom AliançaRPG

A exploração espacial sempre foi uma corrida contra tempo,


principalmente quando corporações estão na disputada para colonizar
ou explorar um novo planeta. Nessa corrida duas naves de mercenários,
contratadas por corporações diferentes, acabam por pousar em um novo
planeta, porém em locais opostos. Ao fazer reconhecimento de terreno,
ambas acabam localizando uma a outra pelo radar do sistema. Querendo
tomar o local para si, os dois grupos entram em combate na tentativa
do mais forte dominar e proclamar o planeta para si e assim ganhar
muito dinheiro da corporação que a contratou. Mas durante o combate,
os tiros e explosões acabam atraindo atenção de algumas criaturas
alienígenas. Os metamorfos possuem um ninho logo abaixo do terreno
onde estão combatendo. Agora eles precisam unir forças para
sobreviver, antes que os metamorfos exterminem todos eles.

09
“No espaço ninguém te escuta gritar”

A Escuridão de Gliese
por Rodrigo Araújo

A história descrita a seguir representa o compilado dos


acontecimentos captados por câmeras, captadores de sons, detectores
de movimentos, visualizadores holográficos, além do registro de
caixas-pretas e dados de sistemas de informação e comunicação da nave
Stella-4568, código de registro 128549138291248a7, encarregada da
missão de exploração, estabilização e colonização do planeta Gliese
163 c, que orbita ao redor da estrela Gliese 163, a 49 anos luz de
distância da Terra.

O relatório foi construído de forma descritiva, para melhor


compreensão e construção dos fatos por meio dos informados, visando
uma melhor compreensão da situação dos colonos do Gliese 163 c.

Os níveis de oxigênio ao entrar na atmosfera do planeta Gliese


163 c, que chamaremos nesse relatório somente de Gliese, estavam
estáveis. Entretanto, houve uma pequena avaria no sistema de
ventilação devido a colisão com um objeto que orbitava o planeta.
Essa avaria, entretanto, logo foi corrigida pelo sistema, com a
vedação da seção que sofreu a avaria, no momento em que a nave
aterrissou no solo do planeta Gliese.

Assim que os danos foram corrigidos e a nave estabilizada,


iniciou-se a sessão de descontaminação em cada seção da nave. Com
isso, os sistemas varreram a nave para identificação de quaisquer
ameaças biológicas externas que teriam adentrado o sistema. Um
espécime não identificado foi encontrado e os sistemas de toxina foram
ativados até que não houvesse mais sinal biológico ativo.

Horas depois da descontaminação, iniciou-se o processo de


reanimação da tripulação. O processo inicialmente ocorreu bem até os
30%, entretanto, a partir daí os sistemas identificaram outra amostra
biológica na nave que não havia sido captada pelos primeiros sistemas.
Essa amostra biológica conseguia movimentar-se pelas tubulações de
ventilação e o sistema identificou que, possivelmente, ela entrou
pela brecha gerada pela avaria inicial. Os sistemas de defesa não
atuavam na ventilação devido à manutenção da vida da tripulação dentro
da nave. Portanto, dada a situação, o sistema optou por reanimar o
Capitão da nave e atualizá-lo da situação.

O capitão Charles Shwarza, foi reanimado e colocado a par da


situação. Ele vestiu o traje de exploração e equipou-se com armamento
militar, dando a ordem de reanimação para os outros, caso ele não
conseguisse neutralizar a ameaça. Os dados biológicos do espécime
foram passados para o capitão, mas eles eram inconclusivos, não dando
a ele a real forma física do espécime.

10
A exploração de Shwarza, relatada através de sua câmera do traje,
relatou três tipos de espécimes biológicos, não apenas um. As imagens
dos três espécimes foram capturadas através das câmeras do traje.
Apesar de possuírem fisionomia e tamanhos diferentes, os três
espécimes possuem similaridade genética.

Shwarza percorreu toda a nave, inclusive muitas seções dos tubos


de ventilação, mas não conseguiu entrar em confronto direto com as
criaturas, nem as eliminar. Entretanto, quando estava retornando da
seção de máquinas, uma das criaturas o atacou, através da tubulação
de ventilação, rompendo o traje e arrancando uma de suas pernas. De
acordo com os dados apurados pelo sistema, a maior das três criaturas
realizou o ataque, mas não houve capturas de imagens dela durante o
ataque, exceto, do membro que atacou o Capitão, esguio, negro e
articulado, como uma cauda. O capitão estava com os sinais vitais
críticos e conseguiu se arrastar até a sala de controle. Então os
sistemas foram desligados.

Horas depois, praticamente todas as cápsulas de manutenção de


vida da tripulação foram abertas e o sistema foi reiniciado. Apenas
duas cápsulas ficaram fechadas, por defeitos nas aberturas das
cápsulas, causada pelo curto do desligamento do sistema.

Quando os sistemas foram reiniciados, entretanto, a população


já estava espalhada pela nave, vasculhando-a e tentando entender o
que havia acontecido. As comunicações foram interrompidas dentro da
nave, devido a um curto no sistema, quando este foi desligado.

Os pilotos Kelly e Gusman Rosenfield foram os primeiros a


entrarem em contato com os espécimes. Eles encontraram um espécime
pequeno, semelhante a uma aranha com uma cauda. Kelly e Gusman
seguiram os procedimentos e mantiveram distância da criatura, que os
perseguiu. Eles correram por vários metros pelos corredores da nave,
buscando por seus outros companheiros, mas não os encontraram. A seção
onde eles estavam, a dos laboratórios, era a mais distante de todas.
Para atravessá-las, era necessário percorrer uma extensa sequência de
corredores e, sem as comunicações, não era possível contactar os
outros a tempo. Gusman foi o primeiro a ser atacado. A criatura saltou
sobre a sua cabeça e pressionou suas patas contra o seu crânio.

Ao entrar em contato com a pele de Gusman, o espécime


excretou uma espécie de químico anestésico, que fez a vítima desmaiar.
Kelly se desesperou e tentou de todas as maneiras retirar a criatura
do rosto de seu marido, mas não conseguiu até que o próprio se
desprendeu e caiu morto. Gusman, após alguns momentos, conseguiu
levantar-se e eles seguiram o seu caminho para encontrar os outros
sobreviventes em outras seções da nave.

Os agentes de defesa, Tenente Janet Jones e Sargento Jason Barns


tiveram um encontro com o maior dos espécimes, na sala de máquinas.
Ele os tentou emboscar, tal como fez com o Capitão, mas falhou, pois
os dois perceberam e dispararam com suas armas contra a tubulação
onde estava a criatura, o que fez com que ela precisasse emergir e
encarar os dois de frente.

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A criatura era enorme e preta, com uma cabeça alongada, sem
olhos, uma cauda longa e dentes afiados. Ela andava pelas paredes,
sendo rápida o suficiente para desviar dos tiros dos dois agentes.
Eles recuaram da sala de máquinas e foram para os corredores. A
criatura partiu em seu encalço, perseguindo-os enquanto desviava dos
disparos que eles efetuavam.

Janet precisou recarregar enquanto Jason dava cobertura a ela.


Entretanto, com apenas metade dos tiros tentando atingi-la, a criatura
pode avançar sobre os dois, conseguindo matar Janet com um golpe no
pescoço. Jason ficou desequilibrado física e mentalmente com a morte
de Janet, não tendo tempo e nem disposição para reagir quando a
criatura alienígena o atacou, tirando sua vida.
Na seção de medicina, a cientista chefe Mary Ann e a assistente de
comunicação Rosalie Garret examinavam a ala em busca de kits para que
pudessem auxiliar-se caso houvesse algum dos membros da tripulação
feridos. Naquela ala, elas encontraram o terceiro espécime, não tão
grande quanto o segundo, mas com mais ou menos a altura da cintura
das mulheres.

Ele correu delas e tentou se esconder, mas elas o perseguiam


para tentar identificar a criatura.
O espécime correu pelos corredores, em busca de algum abrigo ou da
entrada de alguma tubulação, para que pudesse se esconder das mulheres
que o perseguiam. Ele era rápido, mas as mulheres eram sagazes o
suficiente para não perder o rastro dele. As mulheres o perseguiram
pelos corredores até encontrarem um corredor cheio de sangue e com
dois corpos.

O susto as fez perder o rastro de sua presa, então elas


estagnaram, assustadas, acreditando ser um daquele espécime o
responsável por isso. As mulheres usaram seus dispositivos para gravar
e analisar a cena, mas não tiveram tempo para terminar a análise das
gravações, pois ouviram um rosnado baixo atrás delas.

Na seção de cápsulas da nave, de onde todos saíram, as duas


cápsulas que não estavam abertas começaram a se abrir lentamente.
Enquanto isso, a escuridão tomava conta da nave. Uma escuridão tão
preta quanto a pele do espécime número 2.

12
É isso aí, gente. É isso aí, o jogo acabou! O
jogo acabou!”

Registro da nave
por Marcos Marques Pereira

REGISTRO DA NAVE, USCSS MIRANDA, 006:00. CAPITÃ CHARLIZE GRAVANDO.

A Miranda pegou suprimentos na Estação Ancoragem. Agora a nave


está sincronizada com um antigo módulo da refinaria YX3, que a
companhia deseja rebocar para as Solomons. É um trabalho de merda com
um pagamento de merda, mas é melhor do que sair por aí sem nada para
rebocar. A maior parte da minha equipe nesta viagem são os de sempre
— Jefferies e Ellery vão pilotar, Nguyen e Torres são meus
manipuladores de carga e Nat e Reed são meus técnicos (nota mental:
não quero mais equipes de marido e mulher na minha tripulação Nat e
Reed estão brigando de novo). O único novato é Hayes, um Técnico em
Medicina emprestado do Capitão Hughes.

REGISTRO DA NAVE, USCSS MIRANDA, 008:30 GRAVANDO.

CAPITÃ CHARLIZE Saímos de Ancoragem e estamos a caminho de


Thedus. Claro, já temos problemas. Desta vez do tipo doméstico. Reed
veio a bordo bêbado de novo e Nat lhe deu um soco na cara, que pode
até ter quebrado o nariz dele. Intervi antes que piorasse. Eu me
registrei para ser uma capitã, não uma mãe.

REGISTRO DA NAVE, USCSS MIRANDA, 010:00.


CAPITÃ CHARLIZE GRAVANDO.

Parece que Reed desceu para dormir, e agora Nat destruiu a


cozinha e se trancou em seus aposentos. Se eles não fossem os melhores
técnicos com quem já trabalhei, eu chutaria as bundas dos dois para
fora da nave.

REGISTRO DA NAVE, USCSS MIRANDA, 015:09.


CAPITÃ CHARLIZE GRAVANDO.

Iniciamos o drive MRL às 014:30 e estamos nos preparando para o


hipersono. Ninguém sabe em que buraco Reed se meteu, e não podemos
entrar nas câmaras sem ele. Eu não preciso dessa palhaçada.

REGISTRO DA NAVE, USCSS MIRANDA, 019:47.


CAPITÃ CHARLIZE GRAVANDO.

Maldição. Reed está desaparecido há quase 12 horas e Nat está


ficando nervosa. Onde diabos ele está? Ele já apareceu bêbado antes,
mas isso é demais, vou ter que reportar o acontecimento. Ele vai
perder metade do pagamento, mas que se dane — eu quero ir dormir.

13
REGISTRO DA NAVE, USCSS MIRANDA, 022:30.
CAPITÃ CHARLIZE GRAVANDO.

Ainda não conseguimos encontrar Reed. Nós nos dividimos em


equipes e procuramos convés por convés — carga e esteja nada. Talvez
ele tenha entrado no vão da na refinaria por algum motivo.

REGISTRO DA NAVE, USCSS MIRANDA, 026:50.


CAPITÃ CHARLIZE GRAVANDO.

Reed está morto. Encontramos o corpo dele no módulo da refinaria.


Quem fez isso quebrou suas costelas e arrancou a droga do coração
dele do peito. Eu nunca vi tanto sangue. Enviei uma mensagem aos
Xerifes Coloniais para enviar uma equipe de segurança para um encontro
conosco. Eu distribuiria as armas, mas não sei se um de nós é o
assassino ou se temos um clandestino. Por enquanto, eu serei a única
armada.

REGISTRO DA NAVE, USCSS MIRANDA, 048:20.


CAPITÃ CHARLIZE GRAVANDO.

Há um psicopata à solta na minha nave e Torres também está morto.


Encontramos o corpo dele pendurado no compartimento do elevador, com
a cabeça esmagada. Isso muda as coisas. Todos achavam que Reed era um
idiota. Agora, quem quer que seja o assassino, acho que virá atrás de
todos nós. Eu confinaria todo mundo aos quartos, mas estamos recebendo
leituras anormais dos motores. Nat e Ellery estão checando.

REGISTRO DA NAVE, USCSS MIRANDA, 060:15.


CAPITÃ CHARLIZE GRAVANDO.

A Mãe foi comprometida. Ordenei que ela realinhasse a matriz de


comunicações para poder enviar uma mensagem de acompanhamento para
Ancoragem, mas ela alegou que havia um erro mecânico. Tentamos o
método extra veicular para posicionar a matriz manualmente, mas agora
a Mãe sequer abre as câmaras. Ou ela foi danificada pela sobrecarga
do reator ou alguém adulterou a programação dela. De qualquer forma,
estamos fodidos.

REGISTRO DA NAVE, USCSS MIRANDA, 062:00.


CAPITÃ CHARLIZE GRAVANDO.

Os Xerifes não estão chegando e a navegação está morta. Deus


sabe o porquê, mas a Mãe enviou nossas transmissões ao QG corporativo,
não ao Controle Colonial. Sua única resposta foi reconhecer que as
mensagens foram recebidas. Agora ela nos trancou no curso para o
sistema estelar HR2429.

REGISTRO DA NAVE, USCSS MIRANDA, 065:45.


CAPITÃ CHARLIZE GRAVANDO.

O assassino está usando o sistema de ventilação para circular


pela nave. Ele invadiu o quarto de Jefferies, a atacou e a arrastou
para os respiradouros com ele. Pela quantidade de sangue, ela tem que
estar morta. Ninguém está seguro e estou ficando sem ideias.

14
REGISTRO DA NAVE, USCSS MIRANDA, 068:13.
CAPITÃ CHARLIZE GRAVANDO.

Jesus. O assassino não é da tripulação. Não é nem humano. Deus,


eu não sei por onde diabos começar... PAUSA NA GRAVAÇÃO!

REGISTRO DA NAVE, USCSS MIRANDA, 071:08.


CAPITÃ CHARLIZE GRAVANDO.

Continuo registrando isso para caso alguém nos encontre. Restam


a penas Nat e eu. Nós nos barricamos na baia de VEE, mas a Mãe não
travou a porta para nós. Nat está tentando substituir o sistema para
que possamos lançar uma cápsula e dar o fora daqui. Nós temos —
TRANSMISSÃO! Cristo, a coisa está aqui...

FIM DE TRANSMISSÃO

NPC Extraordinário

O médico Thomas River


por Cristiano MD

O médico Thomas River é calmo, observador e tímido. Alto, magro, com


aparência pálida, cabelos castanhos, olhos castanhos, utiliza sempre
roupa social de cores claras, calça cor marrom, blusa branca ou de
tom claro e sapatos sociais, geralmente pretos. Filho de médicos,
John resolveu seguir os caminhos dos pais, frequentou escolas boas
até se formar na melhor escola de medicina. Sempre gostou de estudar
doenças e comportamentos estranhos, fazendo uma associação a células
vivas e suas mutações nas pessoas. Acredita cegamente que existem
seres alienígenas que se hospedam nas pessoas, mudando o comportamento
humano. Ao atender um indivíduo que veio de uma comunidade com
sintomas estranhos, John observou atitudes estranhas que não
condiziam com a dos humanos. Mediante a isso ele quer estudar se
existe alguma ligação entre seres ocultos no nosso universo. Ele tem
grande poder de concentração, inteligência e raciocínio.

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