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1.

FAMÍLIA DO PAI
Um dos maiores privilégios da vida cristã é ser adotado por
Deus, poder chamar o Pai de Cristo de “Pai nosso, que estás
nos céus”.
Se estamos unidos com o Filho, compartilhamos das bênçãos
da união e do relacionamento que Ele tem com o Pai.
O Filho é eternamente gerado pelo Pai; e nós, por crermos em
Cristo, somos nascidos de Deus (1Jo 5.1). Por estarmos no
Verbo, fomos gerados pela palavra da verdade de Deus e
regenerados mediante a Sua palavra viva e permanente para
uma viva esperança (Tg 1.18; 1Pe 1.3,23). Assim como o Pai
ama o Filho, somos amados em Deus Pai (Jd 1; 2Ts 2.16). De
forma maravilhosa, Jesus nos diz que o Pai nos ama com o
mesmo amor que tem pelo Filho (Jo 17.22).
Assim como o Filho é um com o Pai e desfruta de plena
comunhão com Ele, nós também (Jo 17.20-22; 1Jo 1.3). Nós
estávamos longe, mas fomos aproximados (Ef 2.13). E se
somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e
coerdeiros com Cri,3
sto de uma herança que não pode ser destruída, que não fica
manchada, que não murcha, que está reservada nos céus para
nós (Rm 8.17; Tt 3.7; 1Pe 1.4). De fato, sermos chamados filhos
de Deus é demonstração maravilhosa do grande amor que o
Pai nos tem concedido (1Jo 3.1). Assim, como o
Pai “nos predestinou para ele, para sermos adotados como
seus filhos”, Ele nos escolheu para sermos santos e
irrepreensíveis (Ef 1.4-5).
Tal Pai, tal Filho, tais filhos. Pois nosso Pai é santo, somos
chamados a ser santos em todo o nosso procedimento,
lembrando que nosso Pai julga as obras de cada um sem
acepção de pessoas (1Pe 1.14-17). Deus Se importa tanto com
Sua família que disciplina, em amor, Seus filhos para serem
participantes da Sua santidade (Hb 12.10). Somos chamados a
amar o Pai e o Filho (1Jo 5.1); e somos chamados ao amor
fraternal não fingido — a amar de coração e ardentemente
nossos irmãos, pois fomos regenerados pela semente do Deus,
que é amor (1Pe 1.22-23).
A marca dos filhos de Deus é o amor; e isso é tão crucial que,
se alguém afirma amar o Pai, mas não ama seus irmãos, é
considerado mentiroso, pois “quem não ama o seu irmão, a
quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1Jo 4.20).
Não há como falar que ama a Deus sem amar a igreja. A família
do Pai deve ser um lar de amor.
Discuta
Quais são as implicações práticas de sermos família do Pai para
nossa vida de igreja? Faz sentido alguém dizer que ama o Pai,
mas se recusa a amar a família Dele?
2. CORPO DO FILHO
Uma das mais importantes e negligenciadas doutrinas da
salvação é a união com Cristo. Como vimos, desfrutamos de
um novo relacionamento filial com Deus por estarmos no Filho.
Millard Erickson aponta, em sua Introdução à Teologia
Sistemática, diversas implicações de sermos corpo de Cristo.
(Erickson, 1997, p. 441-442)
Primeiro, se somos corpo, Ele é a cabeça. O Pai O exaltou e pôs
todas as coisas debaixo de Seus pés, para que em todas as
coisas o Filho tivesse a primazia (Ef 1.22-23; Cl 1.18). Além
disso, como corpo, estamos unidos à cabeça.
A igreja, como noiva de Cristo, está unida espiritualmente ao
Senhor e, assim como o marido é o cabeça da mulher, “Cristo
é o cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo”,
provendo tudo o que a sua amada precisa para ser
apresentada “gloriosa, sem mancha, nem ruga, nem coisa
semelhante, porém santa e sem defeito” (Ef 5.22-33).
Cristo supre, alimenta e cuida do Seu corpo como cuidamos do
nosso (Ef 5.29-30; Cl 2.19). Como esposa de Cristo, a igreja é
submissa e sujeita à piedosa liderança de seu Senhor (Ef 5.24).
Em segundo lugar, se somos corpo de Cristo, somos,
individualmente, membros desse corpo e estamos interligados
uns aos outros (1Co 12.27). Não há como afirmar estar unido
com Cristo, mas não se unir aos outros membros do corpo de
Cristo.
Paulo ensina que, quando partimos o pão na ceia simbolizando
nossa comunhão com Cristo, isso invariavelmente também fala
sobre nossa comunhão, porque “nós, embora muitos, somos
unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos
do único pão” (1Co 10.17).
As implicações dessa realidade são maravilhosas. Aqui estão
quatro.
a. União: nossa união em Cristo é maior que nossas diferenças
étnicas ou sociais (1Co 12.12-13; Ef 2.11-16; Cl 3.11), por isso
devemos preservar e crescer em unidade de fé (Ef 4.1-4,11-
16). Porque Cristo não está dividido, não deve haver divisões
entre nós (1Co 1.10-13).
b. Interligação: dependemos uns dos outros a ponto de um
membro do corpo não poder dizer que não precisa do outro
(1Co 12.15-25). Os dons e o serviço amoroso de cada membro
são necessários para a edificação do corpo (Rm 12.3-8; 1Co 12;
Ef 4.15-16; Cl 2.19).
c. Sintonia: sermos um só corpo significa que “se um membro
sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, todos
os outros se alegram com ele” (1Co 12.26). Choramos com os
que choram e nos alegramos com os que se alegram (Rm
12.15).
d. Extensão: quando vivemos esse amor em união, interligação
e sintonia, refletimos o caráter de Cristo em nosso mundo,
tornamos o evangelho visível (Jo 13.35). Como Seu corpo,
somos a extensão de Seu ministério na terra, sendo chamados
a continuar a proclamação do evangelho do Verbo de Deus e a
extensão da compaixão do Supremo Pastor (Mt 28.10-20; Jo
14.12).
Quando batemos nosso dedinho do pé em um móvel,
percebemos como cada membro do nosso corpo está unido ao
todo, como todos sofremos se o menor de nós sofre, e como
cada parte do nosso corpo é importante para caminharmos em
serviço neste mundo.
Discuta
Quais são as implicações práticas de sermos corpo do Filho
para a nossa vida de igreja? Liste pelo menos três. Faz sentido
alguém dizer que tem comunhão com Cristo, mas se recusa a
unir-se ao corpo Dele? Por quê?
3. TEMPLO DO ESPÍRITO
No Antigo Testamento, podemos ver que o templo era o foco,
o locus, da glória de Deus na terra, o lugar onde Deus Se
encontrava com Seu povo. No Novo Testamento, porém, Cristo
ensina que Seu corpo era o templo que seria destruído, mas
em três dias seria reconstruído (Jo 2.19-22). Jesus é o templo
verdadeiro, onde a glória de Deus habita e onde nos
encontramos com Deus.
Como a igreja está unida com Cristo, ela também é “casa
espiritual” (1Pe 2.4-8), edifício e santuário de Deus (1Co
3.9,16-17), “... para serem morada de Deus no Espírito” (Ef
2.21-22). Ou seja, a igreja é o templo onde a glória de Deus
habita e onde nos encontramos com Deus neste mundo.
Quando a igreja se reúne para proclamar “as virtudes daquele
que [nos] chamou das trevas para a sua maravilhosa
luz...” (1Pe 2.9-10), Deus está presente de forma mais
profunda do que quando adoramos sozinhos. Por ser habitada
pelo Espírito (que é) Santo e Deus andar entre nós, a igreja é
chamada a ser santuário dedicado ao Senhor (Ef 2.21-22) e
andar em pureza (2Co 6.14-7.1).
Cada crente é uma pedra viva desse santuário e chamado para
ser sacerdócio santo, a fim de oferecer sacrifícios espirituais
agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo (1Pe 2.4-8).
Como pedra viva, nenhum crente é dispensável. Estarmos
juntos, exercendo nosso papel, é crucial para o edifício crescer.
Precisamos todos desempenhar o papel de sacerdotes reais.
O fato de sermos sacerdotes não significa que vamos a Deus
diretamente e não precisamos de mediadores, assim não
precisamos da igreja. De fato, Cristo é o único mediador, e não
precisamos de outros mediadores humanos. Contudo, não
somos sacerdotes para nós mesmos, mas uns para os outros.
Nós ministramos e intercedemos uns pelos outros para que,
por meio do nosso serviço, nossos irmãos possam se achegar
mais perto de Deus.
Discuta
Quais são as implicações práticas de sermos templo do Espírito
para nossa vida de igreja? Faz sentido alguém afirmar ser
habitado pelo Espírito, mas achar que não tem problema ter
um buraco com uma pedra a menos no edifício de Deus?
CONCLUSÃO [...] cada um de nós que somos discípulos do
Senhor Jesus Cristo prestará contas de haver ou não
congregado regularmente na igreja, estimulado a igreja ao
amor e às boas obras e lutado para manter o ensino correto da
esperança do evangelho (Hb 10.23-25).
Essas três imagens da igreja demonstram a importância de nos
envolvermos com ela. Antes de listar as nove marcas de saúde
propostas pelo Pr. Mark Dever, é importante compreendermos
que todos somos responsáveis para que a igreja seja edificada.
Em Efésios 4, Paulo alerta contra erros doutrinários que podem
minar a unidade que temos em Deus e no evangelho, a qual
precisamos preservar. E para que possamos fugir da
imaturidade e crescer conforme a estatura de Cristo, ao subir
aos céus, nosso Senhor deu dons a todos os santos.
Os ministros da Palavra foram dados a fim de treinarem e
aperfeiçoarem os santos para o desempenho do serviço e
ministério dos santos (v.12) — não para realizar todo o
trabalho. E “todo o corpo, bem-ajustado e consolidado pelo
auxílio de todas as juntas, segundo a justa cooperação de cada
parte, efetua o seu próprio crescimento para a edificação de si
mesmo em amor” (v.16). Faremos bem se nos atentarmos ao
aviso de Paulo de não menosprezarmos “a igreja de
Deus” (1Co 11.22).

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