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Prezados,

Durante o processo seletivo para fazermos parte da Argo Menthor ficou claro o legado que a
empresa busca deixar, esse é um dos grandes motivos pelo qual queremos fazer parte desse time.
Porém, como nos foi proposto neste desafio, cabem algumas observações a respeito do Programa de
Conformidade atual e as melhores práticas de Compliance e ESG, ferramentas cada vez mais relevantes
no movimento mundial para o desenvolvimento de empresas sustentáveis no longo prazo.
Tanto a Política sobre o Sistema de Conformidade quanto o Código de Conduta Ética da Argo
Menthor são bastante abrangentes e refletem o que a empresa acredita e busca implementar em suas
operações. Todos os pilares de um Programa de Compliance são trabalhados e organizados para
prevenir, detectar e reagir aos riscos. A Argo Menthor também está exposta a diversos mecanismos de
controle tanto externos (a própria concorrência, os movimentos de mercado e os mecanismos legais)
quanto internos (Conselho de Administração, auditorias, meios de denúncias, etc.). Porém, esses
mecanismos precisam ser eficientes de forma a refletir a tomada de decisão em toda a empresa, o que é
pautado principalmente pelo monitoramento e comunicação das ações realizadas.
Com relação aos problemas ocorridos pela invasão hacker em um vídeo da Argo Menthor, o fato
de ter sido realizado por um colaborador interno é reflexo de um descontentamento referente à
divergência entre a prática e os valores divulgados pela empresa. Isso ficou claro no vídeo, uma vez que
mesmo com a existência do Código de Ética, ao invés de expor sua preocupação a um líder direto ou
usar os canais de denúncia, o agente optou pela exposição anônima e prejudicial à imagem da
empresa.  Esse evento de certa forma mostra uma falha nos pilares do compliance de código de
conduta, canais de denúncia, investigações internas e até mesmo diversidade e inclusão.
Independente de qual seja o risco ao qual se está exposto, ou em qual esfera determinada crise
esteja acontecendo, é primordial existirem ferramentas que permitam uma resposta rápida e contínua a
todos os stakeholders envolvidos. Como diz Hugo Bethlem, CPR da Bravo GRC, a reputação de uma
marca demora anos para ser construída, mas para ser destruída bastam minutos. Nesse sentido, possuir
as melhores ferramentas sem as colocar em prática é um grande desperdício de recursos.
Tomando como exemplo o acontecido em Gâmbia em 2012, embora tenha sido aberta
sindicância interna para apuração dos fatos e comunicado na intranet o ocorrido, uma resposta efetiva e
transparente ainda não pôde ser evidenciada, nem internamente na Argo Menthor, nem pela sociedade.
Higgins, como CEO, está honrando com seu compromisso ao divulgar os acontecimentos e as ações
tomadas ao anunciar a notícia publicada no jornal “The World, you and the environment”, o que deve ser
visto como algo positivo diante da gestão de crise e não o principal motivo de preocupação.
Diante desse cenário e de estudos de caso de mercado; (FONSECA, 2015) respostas diante de
crises devem seguir alguns princípios de boa governança: compliance (atendimento a normas),
disclosure (transparência nas informações), fairness (aplicação de justiça) e accountability (prestação de
contas quando devido).
Tanto a Siemens (um dos maiores casos comprovados de corrupção do mercado) quanto a BP
(um dos maiores acidentes de vazamento de petróleo do mundo) responderam às suas crises
fomentando mecanismos de controle internos, massivamente comunicando o ocorrido com agentes
externos e aplicando mecanismos de melhoria contínua diante dos acontecimentos. O envolvimento e
alinhamento da alta direção foi crucial. Além disso, as políticas implementadas buscam de fato prevenir e
promover as melhores práticas, não apenas as exigidas perante a legislação. Com isso, algumas ações
que podem ser tomadas são:
 Massificar treinamentos e comunicação:
o Incluir treinamentos da Política de Conformidade durante a integração de funcionários,
tanto na contratação quanto no retorno das férias, de preferência demonstrando
exemplos de situações práticas e simulação de tomada de decisão e análise de risco;
o Promover a divulgação de boas práticas de ESG e atualizações de investigações
vigentes de forma periódica internamente - por exemplo um boletim mensal na intranet;
o Expandir o conteúdo de comunicação para a comunidade externa através de divulgação
no site institucional e nas redes sociais;
o Criar programas de empoderamento de funcionários - incentivar boas ações e não
apenas prevenir ações ruins (programas de inclusão, melhoria de processos com
reconhecimento, fomentar práticas que reduzam o impacto socioambiental negativo das
atividades, banco de ideias, etc).
 Desenvolver Plano de Ação com base na pesquisa de clima - foco na percepção de todos quanto
à visão, missão e valores da empresa e no sentimento de segurança em compartilhar, com seus
líderes ou anonimamente através da linha ética, as questões que julguem ir contra os valores da
empresa e precisam ser apuradas;
 Implantar metas claras de ESG, com painéis de gestão a vista, convenções e outras formas de
comunicação interna e externa efetivas sobre o tema;
 Alinhar o posicionamento de toda a liderança quanto aos mecanismos previstos no Programa de
Compliance, promovendo comportamentos “Tone from the Top” - Exemplo vem de cima;
 Promover massivamente os canais de denúncia, simplificando-os e assegurando aos
colaboradores de que serão ouvidos e atendidos de forma 100% anônima;
 Elaborar política de segurança cibernética e proteção de dados que inclua recursos de
comunicação/transmissão e armazenamento controlados pela TI, respeitando a Lei Geral de
Proteção de Dados - LGPD.
Empresas como a Argo Menthor, de fato comprometidas em trabalhar com ética e de maneira
socialmente responsável, brilham nossos olhos. Sabemos que a comunicação é fundamental na gestão
estratégica das organizações, na formação, construção e consolidação de sua imagem, reputação,
marca e no processo de administração da percepção e leitura do cenário social (DIRCEU, 2017). Por
isso, acreditamos que as ações acima descritas são a chave para implementar essa visão no mercado.
Referências Bibliográficas

PIO, DIRCEU. A força transformadora da comunicação interna. Porto Alegre: Revolução


eBook - Simplíssimo, 2017.
OLIVEIRA, PRISCILLA. Reputação e imagem de marca em tempos de ESG. Mundo do
Marketing, 2021. Disponível em <https://www.mundodomarketing.com.br/entrevistas/39593/reputacao-e-
imagem-de-marca-em-tempos-de-esg.html>. Acesso em 08 de Dezembro de 2021.
FONSECA, NADINE C. M. Turnaround de empresas com problemas de compliance: o caso
Siemens. 2015. 88 f. Dissertação (Mestrado em Gestão Empresarial) – Escola Brasileira de
Administração Pública e de Empresas, Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 2015.
LUKASZEWSKI, JAMES E. How good does a good company have to be? DuetsBlog, 2013.
Disponível em: <https://www.duetsblog.com/2013/07/articles/guest-bloggers/how-good-does-a-good-
company-have-to-be/>. Acesso em 08 de Dezembro de 2021.

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