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Instituto de Psicologia Aplicada e Formação

BABY-BENDER
PROVA GRÁFICA DE ORGANIZAÇÃO PERCEPTIVA
PARA CRIANÇAS (4 A 6 ANOS)

Introdução
Esta prova responde às mesmas preocupações do diagnóstico psicológico da Prova de
Bender:
Investigar, entre as crianças que apresentam um retardamento e da linguagem ou
dificuldades nas primeiras aprendizagens da leitura e escrita, um eventual déficit da
organização grafoperceptiva, na medida em que se relaciona, frequentemente, com este
tipo de problemas.
Investigar, entre as crianças que se apresentam como retardadas mentais, se este não é
determinado ou ampliado por um déficit da organização grafoperceptiva.

Material
1) Nove cartões brancos numerados de 1 a 9 (de 7,5 cm x 11 cm) que apresentam o
modelo a reproduzir, e um cartão designado pela letra A, que serve para introduzir a
prova, sendo que a sua cópia não entra na cotação.
2) Um lápis preto n.º 2
3) Folhas de papel (formato 21 cm x 13,5 cm – A5), que se terá o cuidado de numerar
de 1 a 9 para a identificação da cópia, devendo ser apresentado uma folha por cada
modelo.

Técnicas e Instruções
Procurar colocar as crianças em boas condições de trabalho, tanto do ponto de vista da
adesão à tarefa proposta como da sua instalação na mesa de trabalho. Atendendo à idade
das crianças e ao facto de esta prova poder conter um nível elevado de dificuldade e
frustração será importante estimular a criança durante todo o decurso do exame, e
encorajá-la mesmo que a cópia pareça inferior às suas possibilidades. No caso em que a
criança o pretenda, pode-se recomeçar mas numa outra folha, que deverá ser numerada
bis ou tri, conforme o número de repetições. Entretanto, anota-se sempre a primeira
cópia, reservando a avaliação das outras para uma análise qualitativa das possibilidades
da criança e de sua utilização.
As instruções são as seguintes: “Vou mostrar-te uns desenhos. Vais copiar cada um
deles para uma destas folhas o melhor que souberes.”
Dá-se-lhe então o lápis. Colocar diante dela a folha A, no sentido da largura, e sobre a
folha (e não ao lado). Dizer então: ”Estás a ver este desenho? Faz então um desenho
igual no teu papel” (não salientar a designação verbal da forma, roda ou círculo, pois
poderia ajudar indevidamente a criança na sua cópia).
Quando a criança se recusa, declarando-se incapaz de cumprir a tarefa, apesar de
repetidas as instruções, e tendo-se a impressão que ela não entende o que lhe é pedido (o
que poderá acontecer com algumas crianças mais imaturas ou bloqueadas) poderá dizer-
se: Vês, aqui no modelo está desenhada uma roda; vais ter que fazer uma igual ao
modelo”. Atenção ao facto de, durante o decorrer da prova, nunca nomear as formas dos
desenhos.

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No caso de a criança não ser capaz de reproduzir o modelo, não indo para além da
garatuja, interromper o exame, pois a prova ultrapassa as suas possibilidades.
Nos outros casos, passamos aos modelos seguintes, trocando a folha de cada vez que a
criança concluí o modelo, e colocando-o logo fora do alcance de visão evitando assim
que esta se disperse.
Dizer de cada vez: “Muito bem! Agora vais copiar outro.” Quando parecer útil uma
nova experiência, deve-se dizer: “Está bom. Mas parece que não ficou bem igual.
Tenho a certeza que consegues fazes melhor. Poder recomeçar e ficará completamente
bem.”
Quer a nova experiência seja melhor, quer não se registe nenhum progresso, é preciso
passar ao modelo seguinte; poder-se-á mesmo assim recorrer a uma terceira experiência
se a criança o desejar, num esforço de aperfeiçoamento.
Atenção ao facto de, nas crianças, em que se identifique ou suspeite de uma dominância
lateral não determinada, é importante executar a prova com as duas mãos, começando
pela que eles livremente escolheram. Atender que a criança não deverá trocar de mão
durante a execução.

Cotação e critérios de êxito


Cada cópia receberá o sinal + ou – conforme os critérios definidos para o efeito. A nota
atribuída levará em conta o grau de dificuldade do modelo apresentado.

O critério de sucesso não depende da exactidão perfeita da cópia, mas antes de aspectos
relacionados à boa forma (conseguida em crianças de 6 anos).

Figura 1:
Critério de Sucesso: o cruzamento é nítido.
Não se leva em conta:
- a orientação: as linhas podem ser oblíquas (exemplo a);
- a localização do ponto de cruzamento: os quatro braços da cruz podem ser
desiguais (exemplo b)

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- existir um ligeiro deslocamento


que se produz quando a criança
desenha a cruz, traçando uma das
linhas com um só traço, mas a
outra dos dois traços chegando ou
partindo da primeira, sem ajustá-
las perfeitamente (exemplo c);
- o modo de execução: não se
considera a deformação devida à
maneira de execução parcelar
(exemplo d).
Critérios de Fracasso:
4 anos: O fracasso é bastante raro
(20%) e manifesta-se pela
garatuja (figuras não
reconhecíveis) ou por linhas
mais ou menos numerosas que
não se cruzam completamente
ou cujo cruzamento não é
claro.
5 anos: O fracasso é completamente
excepcional. É do tipo registado aos 4 anos.
6 anos: Não há fracasso.

Figura 2:
Critério de Sucesso: o cruzamento é nítido.
Não se leva em conta:
- a orientação: o grau de obliquidade
não deve ser considerado (exemplo
a);
- a localização do ponto de
cruzamento: os quatro braços da
cruz podem ser desiguais (exemplo
b)
- a descontinuidade eventual do
traçado (exemplo c);
- o modo de execução: é indiferente
que a criança desenhe as duas
linhas com um só traço ou que ela
as fragmente em três ou quatro
segmentos, ou que ela una dois
ângulos pelo vértice (exemplo d).
Critérios de Fracasso:
4 anos: O fracasso é frequente (50%) e
manifesta-se pela garatuja (em que as figuras não são reconhecíveis), ou

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por linhas mais ou menos numerosas que são totalmente separadas umas
das outras, ou ainda, por linhas contíguas que formam outras figuras que
não as do modelo.
5 anos: a maioria é do tipo dos 4 anos ou então identifica-se uma falta de
ajustamento dos quatro braços da cruz.
6 anos: falta de ajustamento dos quatro braços da cruz.

Figura 3:
Critério de Sucesso: os quatro ângulos são
aproximadamente rectos (exemplos a e d).
Não se leva em conta:
- a equilateralidade (exemplos b e
c).
Critérios de Fracasso:
4 anos: O fracasso é frequente (50%)
aparecendo o desenho de um
círculo, ou o desenho de um
só ângulo, dois ou três.
5 anos: os ângulos não são todos
correctos.
6 anos: o fracasso é muito raro
(25%) sendo do mesmo tipo dos de 5 anos.

Figura 4:
Critério de Sucesso: a secância dos dois
círculos e a orientação do conjunto é
suficientemente respeitada (os dois círculos
não estão desenhados um em cima do
outro).
Não se leva em conta:
- a imperfeição dos círculos:
podem não ser perfeitamente
redondos (exemplos b, c, d) ou
não perfeitamente fechados
(exemplo a);
- a desigualdade dos dois círculos
(exemplo d).

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Critérios de Fracasso:
4 anos: a grande maioria deve-se a uma separação muito nítida dos dois círculos.
Ás vezes, os círculos são tangentes (não há secância); outras vezes, o
desenho não passa de garatujas.
5 anos: a maioria é do tipo dos 4 anos ou identifica-se a falta de ajustamento dos
quatro braços da cruz.
6 anos: falta de ajustamento dos quatro braços da cruz.

Figura 5:
Critério de Sucesso: a orientação do
quadrado aberto é correcta (aberto para o
alto); a recta é tangente, mas não pela
extremidade, no ângulo inferior direito; uma
ligeira secância (exemplo c) ou uma ligeira
separação (exemplo d) são toleradas.
Não se leva em conta:
- a imperfeição dos dois ângulos
(exemplo a, b);
- a proporção da tangente em
relação ao quadrado: ela pode ser
proporcionalmente mais curta ou
mais longa do que o modelo
(exemplo a, b)
- o modo de execução: a tangente
pode ser obtida partindo do
ângulo para uma direcção, e
depois para outra (exemplo b).
Não se leva em conta uma leve deformação devida ao modo de execução
parcelar.
Critérios de Fracasso:
4 anos: a figura apresenta uma excepcional dificuldade para esta idade; quase
50% dos fracassos provêm da garatuja, não sendo possível a identificação
dos vários elementos que a compõem. Outros fracassos provêm de uma
inversão do quadrado aberto, a recta respeitando ou não essa inversão ou,
de um deslocamento da recta que está ou não totalmente separada do
quadrado aberto (orientada diferentemente do que nos mostra o modelo).
5 anos: Os fracassos são do tipo dos 4 anos, havendo um índice de sucesso
superior.
6 anos: Os casos raros de fracassos provêm de um mau ajustamento da recta em
relação ao quadrado aberto, sendo correcta a sua orientação. Não há
inversão do quadrado.

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Figura 6:
Critério de Sucesso: os dois círculos são
desenhados um sobre o outro; uma ligeira
secância ou uma ligeira separação são toleradas
(exemplos c e d).
Não se leva em conta:
- a imperfeição dos círculos: podem
não ser perfeitamente redondos
(exemplos a, c, d) ou não
perfeitamente fechados (exemplo a);
- a desigualdade dos dois círculos
(exemplo a).
Critérios de Fracasso:
4 anos: A figura é bastante difícil para
esta idade, mas a garatuja é
excepcional. A dificuldade
aparece sobretudo na reprodução
da orientação vertical do
conjunto; em 60% dos fracassos,
os círculos são reproduzidos um
ao lado do outro, e
frequentemente, separados. Por outro lado, poderá registar-se um mau
ajustamento dos círculos um em relação ao outro; eles são às vezes muito
secantes, ou na maioria, nitidamente separados.
5 anos: O número de fracassos diminui (30%), sendo correspondentes aos erros
dos 4 anos.
6 anos: Os fracassos praticamente desaparecem; subsistindo a dificuldade de
reproduzir os dois círculos, um sobre o outro.

Figura 7:
Critério de Sucesso: o quadrado repousa sobre a
ponta, os quatro ângulos são nítidos.
Não se leva em conta:
- a equilateralidade;
- a igualdade dos ângulos (nenhuma
das cópias dadas como exemplos
possui os seus ângulos e seus lados
iguais).
Critérios de Fracasso:
4 anos: A figura é muito difícil para esta
idade. Os fracassos devem-se ao
desenho de círculos; desenho de
uma figura fechada, ainda muito

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próximo de círculo com os lados curvos, mas já compreendendo o esboço


de ângulos; desenho de figura cuja orientação é muito próxima de um
quadrado, assente sobre um lado, sem boa forma.
5 anos: Os fracassos são do tipo dos 4 anos, havendo um índice de sucesso
superior. Existe uma pequena percentagem de erros, em que a reprodução
denota a falta de coordenação entre a percepção correcta da orientação e
a reprodução dos ângulos nesta orientação.
6 anos: Um terço das crianças fracassa nesta figura, notando-se ainda assim, a
percepção correcta da orientação. O fracasso origina-se de uma falta de
nitidez de um ou mais ângulos.

Figura 8:
Critério de Sucesso: o rectângulo é
correcto (os lados horizontais são
nitidamente maiores que os verticais); as
duas cruzes são reproduzidas de maneira
suficientemente correcta para que a
estrutura seja reconhecível.
Não se leva em conta:
- a imperfeição dos dois
ângulos (exemplo d);
- a descentralização ou a não
coincidência dos cruzamentos
(exemplos a, b);
- um ajustamento imperfeito
das diagonais aos ângulos;
- o modo de execução: é
indiferente que a criança
desenhe as medianas e as
diagonais com um só traço ou
que desenhe segmentos que se
unam ao centro ou que se
irradiem a partir de um ponto central (exemplo b, c, d).
Critérios de Fracasso:
4 anos: A figura é raramente bem executada, assinalam-se rabiscos, mas que
frequentemente reproduzem o modelo; outras vezes, figuras fechadas
(círculo ou esboço de rectângulo) compreendendo uma série de traços
horizontais, verticais ou que irradiam de um ponto central, o qual é
representado na forma de círculo. Por fim poderão aparecer fracassos no
desenho de um rectângulo (raramente correcto), com mediana vertical,
sendo a mediana horizontal e as diagonais substituídas por três ou mais
traços horizontais.
5 anos: Os sucessos são raros, mas mais numerosos que nos 4 anos. Resultam do
desenho de rectângulo (frequentemente bem feito) que compreendem
traços horizontais, verticais ou oblíquos. Poderá também registar-se falta
de ajustamento das diagonais em relação ao ponto central.

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6 anos: Quase metade das crianças (46%) fracassa nesta figura; a maioria é do
tipo registado aos 5 anos.

Figura 9:
Critério de Sucesso: a figura inferior é um
triângulo; a figura superior é um equilátero;
os ângulos são nítidos; as duas figuras são
nitidamente sobrepostas; o ponto de tangência
é respeitado. Uma ligeira separação ou
secância são toleradas (exemplo d).
Não se leva em conta:
- a desigualdade dos ângulos e dos
lados do quadrado (exemplo a, b,
c, d);
- a desigualdade dos dois ângulos
iguais do triângulo (exemplo b);
- a descentralização relativa das
duas figuras: o centro de uma pode
ser deslocado para o centro da
outra (exemplo b).
Critérios de Fracasso:
4 anos: Nesta idade jamais a figura é
bem executada, registando-se o
esboço de sucesso em 5% dos casos.
5 anos: Os fracassos continuam a ser numerosos (80%). Regista-se o desenho de
duas figuras, uma sobre a outra, sendo que a figura inferior adopta uma
forma alongada no sentido horizontal. Por outro lado, as figuras poderam
ser bem desenhadas, situando-se o erro na posição relativa de cada uma
delas.
6 anos: Mais de 50% das crianças tem êxito nesta figura. Os fracassos são em
grande parte do tipo dos 5 anos.

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Resultados Padronizados
Podem-se realizar análises comparativas dos resultados dos meninos e das meninas, em
cada idade, levando em conta as figuras bem executadas.

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MODELOS
Prova Gráfica de Organização Perceptiva
4 aos 6 anos

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Figura A

Figura 1

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Figura 2

Figura 3

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Figura 4

Figura 5

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Figura 6

Figura 7

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Figura 8

Figura 9

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