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CAPÍTULO
9 Disfunções Sexuais
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Disfunções Sexuais
Endócrina: hormônios modulam não só a libido demia, doença arterial coronariana, distúrbios vasculares
como também a ereção peniana. Hipogonadismo, periféricos, bem como antecedentes de radioterapia,
hiperprolactinemia e distúrbios no perfil hormonal cirurgias e traumas perineais ou pélvicos. História sexual,
tireoidiano podem interferir negativamente na ereção. incluindo relato sobre qualidade, frequência e duração
Tecidual: aumento de fibras colágenas e diminuição das ereções, assim como alterações na libido, no orgasmo
de fibras elásticas e do percentual de fibras musculares e na ejaculação, são fundamentais nessa análise.
lisas dos corpos cavernosos, que podem ocorrer com o Exame físico deve ser geral e específico, incluindo
processo de envelhecimento e em doenças degenerativas, análise de caracteres sexuais secundários (sinais de hipo-
explicam a fisiopatologia da DE, denominada disfunção gonadismo) e dados que forneçam informações sobre a
venoclusiva. integridade dos sistemas vascular, nervoso e endócrino.
Medicamentosa: efeitos secundários provocados por Na primeira consulta, sugere-se o teste oral (domici-
medicamentos podem promover distúrbios da libido, liar) com inibidores da PDE5, obedecendo critérios de
das disfunções ejaculatórias e da DE. Medicamentos de contraindicações e desejo do paciente. É fundamental
ação sobre o sistema nervoso central, como ansiolíticos, orientá-lo quanto à forma de administração e os mecanis-
antidepressivos e antipsicóticos, são frequentemente mos de ação dos inibidores de PDE5 (sildenafila, tadalafi-
relacionados com piora da função erétil. Algumas clas- la, vardenafila e iodenafila). As doses recomendadas para
ses de anti-hipertensivos, sobretudo diuréticos e certos a sildenafila, por exemplo, são de 50 mg, não excedendo
betabloqueadores, e diversas drogas com atividade an- uma vez ao dia e, no mínimo, quatro tentativas. Tal
tiandrogênica também podem atuar de forma negativa posologia pode ser aumentada para o máximo 100 mg
na qualidade da ereção peniana. em casos de respostas não significativas. Efeitos adversos
considerados significativos indicam interrupção dos testes
Diagnóstico orais, independentemente do fármaco utilizado.
Como a DE não é doença que necessita obriga- Avaliação vascular pelo teste da ereção fármaco-
toriamente de tratamento específico, a modalidade induzida (TEFI) com papaverina ou prostaglandina E1
terapêutica desejada pelo paciente, idade e condições ou associações de medicamentos, merece destaque por
clínicas devem ser consideradas no plano propedêutico. ser realizada na maioria dos pacientes que, por qualquer
Segundo tais tendências, a proposição atual é o emprego motivo, não realizaram ou não responderam aos testes
da avaliação básica, menos invasiva e de menor custo, farmacológicos orais.
orientada pelas probabilidades de melhora do desem- Semiologia vascular tecnicamente mais sofisticada,
penho sexual e pelo desejo do paciente. O advento dos como ultrassonografia (US) com Doppler e arteriografia,
medicamentos orais com índices expressivos de respostas devem ser indicadas em situações de dúvida quanto à
terapêuticas originou uma nova tendência, que é a de interpretação do TEFI quando houver desejo do paciente
incluir na avaliação inicial o teste de medicação oral de conhecer sua situação vascular e nos casos em que o tra-
com a finalidade de se dimensionar a resposta já na tamento cirúrgico das anormalidades for passível de cura.
primeira visita. Testes de tumescência noturna (Rigiscan) são úteis
O objetivo inicial do diagnóstico é distinguir DE nos casos duvidosos de componentes psicológicos, cujas
de origem psicogênica, orgânica e mista. Sistematica- informações obtidas na anamnese forem inconclusivas.
mente, realizamos anamnese, exame físico e exames Realizam-se testes especiais de avaliação neurológica
laboratoriais, como glicemia, perfil lipídico e dosagens em situações específicas, quando existe forte suspeita de
da testosterona e prolactina (quando houver queixas de envolvimento do sistema nervoso central.
diminuição da libido ou níveis baixos de testosterona),
para todos os pacientes.
A história clínica deve ser obtida de maneira crite- Tratamento
riosa, com informações sobre as situações sexual, psico- Tratamento da DE pode ser dividido em:
lógica, social e médica. Deve ainda fornecer dados sobre Primeira linha: inibidores da PDE5 (tratamento
fatores de riscos, como hipertensão arterial, tabagismo, oral) e/ou psicoterapia.
drogas recreacionais, medicamentos, diabetes, hiperlipi- Segunda linha: autoinjeção intracavernosa.
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Terceira linha: implante de prótese peniana. em torno de 2 horas e sua vida média é de aproxima-
Tratamento oral damente 17,5 horas. O efeito clínico pode se estender
Inibidores da PDE5, que são vasodilatadores, agem por aproximadamente 36 horas. Ingestão de alimentos
impedindo que essa enzima, presente no corpo caver- ou de bebidas alcoólicas não interferem na absorção e
noso, transforme o GMP cíclico em GMP, mantendo na ação da medicação.
o estado de ereção (Figura 1). Vardenafila: inibidora de PDE5, tem composição
Inibidores da PDE5 são indicados na terapia química semelhante à sildenafila. É apresentada em
oral sob demanda em homens portadores de DE comprimidos de 5, 10 e 20 mg. A dose inicial reco-
de causa orgânica, psicogênica e mista; nitratos são mendada é de 10 mg por via oral, 25 a 60 minutos
contraindicados. antes da atividade sexual. Com base na eficácia e na
Sildenafila: inibidora da PDE5, é apresentada tolerabilidade, a dose pode ser aumentada para 20 mg
em comprimidos de 25, 50 e 100 mg. A dose inicial ou reduzida para 5 mg. A frequência máxima recomen-
sugerida é de 50 mg administrado pelo menos 1 hora dada é de uma vez ao dia. Sua meia-vida plasmática é
antes da atividade sexual. Dependendo da efetividade de aproximadamente 4 a 5 horas e o efeito clínico pode
e da tolerabilidade, doses podem ser aumentadas para se estender por aproximadamente 10 horas. Absorção
100 mg ou diminuídas para 25 mg e a frequência má- da vardenafila pode sofrer interferência com ingestão
xima recomendada é de uma vez ao dia. Ingestão de de alimentos e de bebidas alcoólicas.
alimentos, ou de bebidas alcoólicas em excesso próximo Iodenafila: inibidora seletiva da PDE5 com proprie-
da administração de sildenafila pode interferir em sua dades farmacocinéticas lineares nas doses de 40, 80 e 160
absorção. Sua meia-vida plasmática é de aproximada- mg, indicando comportamento dose-dependente. Lançado
mente 3 a 5 horas e seu efeito clínico pode se estender em 2007, tem uma molécula original desenvolvida intei-
por até 5 horas. ramente no Brasil. Sua ação se dá após 17 a 20 minutos e
Tadalafila: inibidora da PDE5, é apresentada em seu tempo de duração é de até 18 horas. Sua eficácia não
comprimidos de 20 mg. A dose recomendada é de é influenciada pela ingestão de alimentos ou de álcool.
20 mg, via oral, 30 a 60 minutos antes da atividade Tratamento da DE psicogênica está resumido na
sexual. Sua concentração plasmática máxima é obtida Figura 2.
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Diagnóstico da DE psicogênica
Primária Secundária
Alta
Alta Urologista
apoio psicoterápico
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quando em ereção, mas essas placas também podem se uso proposto por Scardino e Scott em 1948. Embora
localizar na região ventral ou lateral do pênis. Enquanto não exista nenhum estudo controlado e duplo-cego,
a maioria dos pacientes queixa-se de encurtamento pe- recomenda-se seu uso, na dose de 400 a 1000 UI/dia,
niano, outros também relatam deformidades variadas, por ser de baixo custo, seguro e possivelmente efetivo.
como estreitamento, formação de “cinturas”, pênis “em Inicialmente, para-aminobenzoato de potássio
ampulheta” ou em forma de “pescoço de cisne”. (Potaba®) apresentou resultados animadores na dose
Avaliação clínica acurada da deformidade secundária de 12 g/dia em 4 a 6 doses, mas em função dos fracos
à DP requer mensurações subjetivas e objetivas, que são resultados na prática clínica, de seu alto custo e dos
úteis não só ao diagnóstico propriamente dito, mas tam- efeitos colaterais importantes, não é muito utilizado.
bém para discussão da evolução da doença, do resultado Tamoxifeno, inibidor de TGF-ß pelos fibroblastos, foi
e do tratamento. Avaliação inclui história clínica, obser- sugerido como possível opção terapêutica eficaz na dose
vação da evolução (por parte do paciente) e exame físico. recomendada de 20 mg 2 vezes ao dia.
Análise objetiva inclui mensuração peniana, avaliação da Uso de colchicina foi embasado em seu efeito an-
placa (tamanho e localização), capacidade de ereção (TEFI timicrotubular e anti-inflamatório. Em pacientes com
com/sem Doppler das artérias penianas) e avaliação da dor, alguns autores sugerem um teste terapêutico na dose
curvatura peniana (penograma ou fotografia). Exames de de 0,5 mg de 12 em 12 ou de 8 em 8 horas durante
imagem não são obrigatórios, pois não contribuem de for- três meses. Aproximadamente 30% dos pacientes terão
ma significativa para decisão terapêutica, mas podem ser diarreia; seu custo é baixo.
úteis no acompanhamento, na evolução pós-tratamento
e em protocolos clínicos.
Tratamento local
Terapia local com injeções intralesionais ou perile-
Tratamento sionais é uma alternativa disponível, com 30 a 80% de
Ainda não há tratamento médico padronizado e resultados benéficos. Verapamil, antagonista dos canais
estabelecido para DP. A priori, o tratamento inicial de cálcio, foi a primeira terapia intralesional descrita na
deve ser sempre clínico e conservador, principalmente literatura. Utilizam-se 10 mg semanais por 8 a 12 semanas,
durante os primeiros 12 meses de evolução. Nessa fase, de acordo com a evolução. Interferon alfa-2b também tem
inflamatória ou aguda, quando a ereção é dolorosa e na sido sugerido e estudado na terapia intralesional da DP.
qual curvatura peniana e placa mostram-se progressivas
e instáveis, é que os pacientes devem ser considerados
para tratamento clínico. Embora a evolução natural da Tratamento cirúrgico
doença seja variável, há relato de até 13% de resolução Um paciente torna-se candidato à cirurgia para cor-
completa das placas após algum tempo de evolução. reção da curvatura/alterações anatômicas da DP quando:
(a) as curvaturas são muito severas, (b) há história de
mais de 12 meses de evolução da doença, (c) a curvatura
Tratamento clínico
permaneceu estável por no mínimo três meses, (d) houve
Embora existam descrições de inúmeros tratamen-
falha das terapêuticas conservadoras e (e) há interferência
tos não cirúrgicos com graus de sucesso variáveis, não
na relação sexual (penetração vaginal difícil ou dolorosa).
há um tratamento clínico padrão a ser referendado
Avaliação da função erétil pré-operatória é obriga-
para DP. Faltam estudos randomizados, controlados,
tória, uma vez que o implante de prótese de pênis é
prospectivos e duplo-cegos, com casuísticas adequadas,
indicado caso haja DE associada que não responda ao
com qualquer forma de tratamento para essa patologia.
tratamento clínico, seja por via oral ou por farmacote-
Classificam-se as opções terapêuticas em sistêmica (oral)
rapia intracavernosa.
e local (intralesional).
Há três formas de tratamento cirúrgico: encurta-
mento do lado convexo, alongamento do lado côncavo
Tratamento sistêmico da túnica albugínea ou implante de prótese peniana.
Vitamina E (tocoferol) é um antioxidante e teve seu Procedimentos de encurtamento do lado convexo são
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boa opção para pacientes selecionados. Os melhores tem sido proposta há algum tempo, não segue uma úni-
resultados são obtidos quando o pênis é longo, função ca metodologia, não tem casuística adequada, avaliação
erétil satisfatória, curvatura mínima e distal, e não existe objetiva dos resultados, e não é uma forma de medicina
deformidade “em ampulheta”. As diferentes técnicas baseada em evidências. Por apresentar etiologia ainda
cirúrgicas incluem procedimento de Nesbit (ressecção de não bem compreendida e evolução variável, DP deve ser
segmentos naviculares da túnica albugínea com posterior sempre tratada de forma conservadora na fase inicial, isto
sutura), técnica de Yachia (incisão longitudinal na túnica é, nos primeiros 12 a 18 meses, quando a tentativa é para
albugínea com posterior sutura transversal) ou simples controlar a dor e a curvatura peniana. Após esse período, se
plicaturas da túnica albugínea, sem nenhuma incisão. houver curvatura residual que atrapalhe a atividade sexual,
As vantagens desse tipo de abordagem são mínimo indica-se cirurgia, mas só depois da confirmação de que
risco de DE por lesão neurovascular, poder ser feita essa curvatura permaneceu estável nos últimos três meses,
sob anestesia local com ou sem sedação e facilidade na pois se pode perder o procedimento se a doença evoluir.
realização. Esses procedimentos associam-se a alta taxa
de recidiva e a resultados limitados a longo prazo, além
do encurtamento do pênis, queixa sempre relevante no DISTÚRBIOS DO ORGASMO
seguimento pós-operatório. E EJACULAÇÃO
Procedimentos de alongamento do lado côncavo são
considerados a melhor opção cirúrgica para curvaturas Ejaculação rápida
graves e/ou proximais, pênis encurtados ou com defor-
midades de estreitamento ou “em ampulheta”. !"#$%&'
A técnica inclui incisão ou excisão da placa e colo- Ejaculação que ocorre sempre ou quase sempre antes
cação de enxerto. Apesar dos avanços nas técnicas e nos de um minuto após penetração vaginal e incapacidade
materiais para enxertia, ainda não se sabe qual o melhor de retardar a ejaculação em todas ou quase todas as
enxerto para túnica albugínea. O material para enxerto penetrações vaginais. É sempre acompanhada de conse-
deve ter as seguintes características: complacência, boa quências pessoais negativas, como ansiedade, frustração
disponibilidade (vários tamanhos), produzir pequena ou até mesmo desinteresse sexual.
morbidade, não prolongar muito o tempo operatório, Existem dois tipos de ejaculação rápida: primária,
baixo custo e baixo risco de transmissão de infecções e quando o indivíduo nunca consegue controlá-la; e se-
antigenicidade. O tamanho do enxerto deve ser, pelo cundária, tendo controlado, ela ocorre de forma rápida,
menos, 10% acima do defeito na túnica albugínea para geralmente associada à DE. Tratando-se a DE com
compensar sua contração. Diversos enxertos já foram inibidores da PDE5, geralmente o paciente resgata o
descritos, o que indica que não há um ideal, e entre eles controle ejaculatório.
estão fáscia temporal, dura-máter, veia safena, pericárdio
bovino, derme, pericárdio de cadáver, fáscia lata, dacron,
goretex e albugínea, entre outros. Tratamento
O fator mais relevante quanto a esses procedimentos
parece ser a função erétil pré-operatória, uma vez que Psicoterapia
pode ocorrer piora das ereções em homens que já refe- O processo prevê técnicas como comportamental,
riam algum grau de DE antes da cirurgia. Excisão da cognitiva e outras psicoterápicas.
placa e do enxerto apresenta maior incidência de DE Terapia psicossexual:
quando comparada com incisão e enxerto. Em pacientes - Fornece informações sobre sexualidade, reeducando
portadores de DE, sem resposta a tratamento específico, o paciente e a parceira.
indica-se implante de prótese peniana. Podem ser utili- - Reduz focos de ansiedade associados às interações
zadas próteses semirrígidas ou infláveis. afetivas ou relacionadas à atividade sexual por meio de
Tratamento da placa, por incisão ou por excisão e técnicas cognitivo-comportamentais, nas quais a pres-
substituição por enxerto, é reservado para curvaturas crição de tarefas objetiva a dessensibilização (redução da
muito significativas. Terapia por ondas de choque, que ansiedade). Técnicas de treinamento do controle ejacula-
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tório, como a de Semans (stop-start), auxiliam o homem donarem o tratamento. Os principais efeitos colaterais
a ficar dentro da mulher. Com a redução da ansiedade, são náuseas, fadiga, insônia, constipação e inapetência,
ele pode prolongar o tempo para ejaculação, ou seja, mas também podem diminuir a libido e provocar DE.
quebra o reflexo condicionado penetração-ejaculação. - Administração de inibidores da recaptação da
- Propõe mudanças no comportamento sexual serotonina 4 a 6 horas antes da relação sexual é bem
individual e/ou do casal, estimulando a comunicação. tolerado, mas menos efetivo do que se o medicamento
O período de terapia é de 4 a 6 meses, com uma a três for tomado diariamente.
sessões semanais e a participação da parceira contribui - Dapoxetina é um inibidor seletivo da recaptação
para melhores resultados. da serotonina de meia-vida curta. Dados sugerem que
a administração desse medicamento 1 a 2 horas antes
Medicamentos da relação sexual é efetiva e bem tolerada, superior ao
Os principais medicamentos utilizados para tratar placebo e aumenta o tempo de latência ejaculatória de
a ejaculação precoce são: duas a três vezes.
- Antidepressivos inibidores seletivos da recapta-
ção da serotonina: fluoxetina, paroxetina, sertralina
e citalopram. Ejaculação retrógrada
- Antidepressivos tricíclicos: amitriptilina e
clomipramina. !"#$%&'
- Alguns medicamentos ansiolíticos em casos sele- É a ejaculação para a bexiga, ou seja, o colo vesical
cionados: alprazolam e lorazepam. permanece aberto durante a fase de emissão do sêmen. É
- Ultimamente, alguns estudos indicam a eficácia classificada como anatômica, neurológica, farmacológica
dos inibidores da PDE5 em aumentar o tempo de e idiopática.
- Anatômica: ressecção transuretral da próstata, ade-
latência ejaculatória, usando-os separadamente ou em
nomectomia aberta da próstata, ressecção do colo vesical
associação com os inibidores seletivos da recaptação da
(doença de Marion), fibrose do colo vesical, válvula de
serotonina (Tabela 1).
uretra posterior e extrofia vesical.
- Neurológica: cirurgias que lesam o plexo simpático
Tabela 1 – Principais antidepressivos utilizados para toracolombar e seus ramos (cirurgias colorretais, linfa-
tratamento da ejaculação rápida
denectomia retroperitoneal etc.), trauma raquimedular,
Droga Dose neuropatia autonômica (p. ex., diabetes) e esclerose
Paroxetina 20 a 40 mg
múltipla.
- Farmacológica: alfabloqueadores, principalmente
Fluoxetina 20 a 40 mg
tamsulosina, antipsicóticos (p. ex., clorpromazina),
Sertralina 50 a 100 mg antidepressivos e diuréticos tiazídicos.
Citalopram 30 a 60 mg
Diagnóstico
Clomipramina 10 a 50 mg
Realizado por meio da história de nenhum ou muito
Dapoxetina 30 a 60 mg pouco ejaculado. Nos antecedentes pessoais, pesquisar
sobre doenças, condições e medicamentos listados an-
- Anestésicos tópicos, como lidocaína, têm sido teriormente. Para confirmação, solicitar exame de urina
usados isoladamente ou em associação com inibidores pós-orgasmo. O achado de cinco a dez espermatozoides
da recaptação da serotonina. Esse tipo de tratamento em campo de alta magnificação após centrifugação con-
pode tanto anestesiar a glande, a ponto do paciente firma o diagnóstico de ejaculação retrógrada.
não ter sensação prazerosa, como a vagina da parceira.
- Antidepressivos tricíclicos e também inibidores Tratamento
da recaptação da serotonina podem apresentar efeitos Dependerá do fator desencadeante da ejaculação
colaterais importantes, fazendo muitos pacientes aban- retrógrada. Nos casos pós-cirurgias de próstata ou colo
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ainda não foi claramente estabelecida. Utilização de dife- Testosterona livre e biodisponível pode ser calculada
rentes técnicas resulta em faixas de normalidade bastante com base na dosagem do SHBG, da testosterona total e
variáveis (Tabela 2). Esses diferentes métodos de avaliação da albumina sérica, empregando-se a fórmula descrita
não consideram outros parâmetros que podem determinar por Vermeulen e disponível no site www.issam.ch/
variações nos níveis séricos do hormônio, como faixa freetesto.htm. Os valores obtidos correlacionam-se sig-
etária, grupo étnico, índice de massa corpórea e outros. nificantemente com aqueles encontrados em dosagens
consideradas ideais para medição da testosterona livre
Tabela 2 – Métodos para avaliação dos níveis de testosterona com as técnicas de diálise e de ultracentrifugação.
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braços e/ou do abdome, liberando o hormônio de Recomenda-se o intervalo de seis semanas entre a
forma contínua por 24 horas; aproximadamente 10% primeira e a segunda injeção; depois disso, de 10 a
da dose aplicada é absorvida para circulação sistêmica. 14 semanas entre as outras administrações. Têm a
Recomenda-se que o paciente lave as mãos com água vantagem de não apresentarem níveis séricos supra ou
e sabão após a aplicação, evitando contato indesejável subfisiológicos após sua utilização. Seu custo é elevado
com os olhos, e cubra a área após a secagem do gel, evi- se comparado aos de curta duração.
tando contato com outras pessoas nas primeiras horas. Implantes subcutâneos são administrados na for-
Gel de testosterona não deve ser aplicado na geni- ma de cilindros de 200 mg (4 a 6 implantes: 800 a
tália. Ainda que seja recomendado aguardar de 5 a 6 1.200 mg) a cada 4 a 6 meses. Não promovem níveis
horas após a aplicação para tomar banho ou nadar, a séricos supra ou subfisiológicos de testosterona, com
realização dessas atividades após 1 hora da aplicação a desvantagem de necessitar pequena cirurgia para
parece não influir na absorção. Ocasionalmente, ocorre sua aplicação, além de eventual dor local, infecção e
reação inflamatória discreta no local da aplicação (3 a extrusão dos cilindros.
5%), mas não há relatos de suspensão de tratamento
por esse motivo.
Para início do tratamento, recomendam-se 5 g de Formas transmucosas
gel testosterona a 1% aplicado uma vez ao dia. Níveis A forma bucal é um comprimido mucoadesivo com
séricos de testosterona devem ser medidos 14 dias após 30 mg de testosterona biodegradável de alta solubilidade.
o início do tratamento e a dose pode ser aumentada Idealizado para evitar o metabolismo de primeira passa-
caso não se atinja o patamar desejado. gem hepática, esse sistema promove liberação controlada
Adesivos têm apresentação de 5 e 10 mg de testos- e sustentada de testosterona e deve ser aplicado na
terona e a concentração sérica máxima é obtida em 2 a gengiva duas vezes ao dia, logo acima do dente incisivo,
4 horas após administração. São aplicados na pele seca alternando-se os lados. Pode ocorrer irritação gengival,
e limpa das costas, do abdome, das coxas, dos braços mas geralmente é transitória; eventos importantes são
e do escroto. Podem induzir irritação na pele e, em incomuns. Nível sérico de testosterona deve ser avaliado
alguns locais, ser de difícil fixação. após 4 a12 semanas do início do tratamento.
Níveis séricos normais de testosterona são atingidos Na Tabela 3 encontram-se as doses comumente
no primeiro dia de tratamento. Em homens com mais usadas das diversas formas de reposição de testosterona.
de 65 anos de idade, a quantidade de testosterona ab-
sorvida é aproximadamente 20% menor do que nos
mais jovens. Não existem dados sobre uso de adesivos Efeitos da reposição hormonal
de testosterona em pacientes com insuficiência renal Reposição androgênica no DAEM proporciona
ou hepática. amplos benefícios ao homem hipogonádico, como
melhora na libido, densidade óssea, massa muscular,
composição corporal, humor, ritropoiese e na cognição.
Formas injetáveis Entretanto, ainda há controvérsias sobre seu efeito real.
Essas formas de reposição hormonal incluem uso Recente metanálise indicou não haver alterações signi-
intramuscular e implantes. Formulações intramuscu- ficativas na composição corporal, no condicionamento
lares de testosterona podem ser de curta (cipionato, físico e na qualidade de vida de homens tratados com
enantato, propionato e associação de ésteres de tes- testosterona quando comparados a placebo, apesar de
tosterona) ou de longa ação (undecilato). As primeiras amostragem pequena.
devem ser administradas a cada 2 a 4 semanas em Ensaios clínicos randomizados mostram efeitos
dosagens que variam de 50 a 250 mg. Têm a desvan- importantes da reposição de testosterona na redução
tagem de produzirem níveis supra e subfisiológicos da da massa adiposa corporal média e no incremento da
testosterona sérica. massa corporal magra, sem alteração significativa no
Undecilato de testosterona pode ser encontrado peso total. Com respeito à força muscular, observou-se
em ampolas de 1.000 mg em 4 ml de solução oleosa. incrementos moderados da força muscular, principal-
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mente nos membros inferiores. Com reposição de tes- mais. As demais avaliações acontecem em intervalos de
tosterona, houve melhora na densidade mineral óssea. 3 a 6 meses no primeiro ano e anualmente depois disso.
Embora a metanálise que enfocou função sexual, Na hipótese de aumentos do hematócrito ou da
humor e cognição não tenha constatado alterações hemoglobina acima dos níveis de referência, deve-se
significativas com reposição de testosterona, ensaios considerar a redução da dose hormonal, a retirada tem-
individuais mostraram-se favoráveis, particularmente porária da reposição ou sangria.
à libido. Com respeito à cognição e ao humor, o grau Recomenda-se biópsia prostática para homens
de evidência tem sido aferido à custa de ensaios clínicos submetidos à reposição de testosterona quando ocorrer
pequenos, daí a necessidade de futuras publicações aumento dos níveis séricos de PSA acima de 1 ng/dl nos
sobre essas questões. primeiros seis meses de terapia ou acima de 0,4 ng/dl
por ano após esse período.
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globina mais baixos que os normogonádicos. Aumento Hepatotoxicidade: embora as evidências de riscos
do hematócrito para mais de 50% foi o evento adverso hepáticos existam apenas nas formas metiladas de
mais comum relacionado à TRT. Análise desses estudos testosterona por via oral (metiltestosterona) e que não
mostrou que homens que receberam testosterona tive- devem ser utilizadas, laboratórios farmacêuticos incluem
ram 3,6 vezes mais chances de desenvolver hematócrito na bula de quase todas as formas de administração, por
acima de 50% dos que os que receberam placebo, mas razões regulatórias, advertências sobre riscos hepáticos.
não há relato de fenômenos tromboembólicos relacio- Mama: ginecomastia é infrequente, geralmente
nados à terapia. reversível e ocorre pela aromatização da testosterona
Lípides séricos: embora existam relatos na literatura em estradiol nos tecidos periféricos; essa ação pode ser
de que a TRT possa reduzir os níveis da lipoproteína de deletéria para homens com neoplasia de mama não tra-
alta densidade (HDL), isso não foi universal em estudos tada. Em estudo com 45 homens que receberam TRT
randomizados e controlados com placebo. por hipogonadismo, 2 deles desenvolveram câncer de
Apneia do sono: análise da literatura mostrou que mama ao longo do tratamento.
não existem evidências de que reposição hormonal em Contraindicações relativas: apneia do sono, doenças
doses fisiológicas desencadeie ou aumente significati- pulmonares crônicas, insuficiência cardíaca congestiva,
vamente o risco de apneia do sono. Existe apenas um síndrome nefrótica, cirrose e insuficiência hepática e
estudo de curta duração, que usou doses suprafisiológicas obstrução infravesical por aumento prostático.
de testosterona, no qual ocorreu piora ou aparecimento Contraindicações absolutas: câncer de próstata não
de apneia do sono em idosos. tratado e de mama.
Genitais: TRT em homens com reserva testicular
pode provocar infertilidade. Nesses casos, a reposição
deve ser feita com uso de gonadotrofinas ou de agentes LEITURA RECOMENDADA
como clomifene e tamoxifen. Existem descrições de 1. Abdo CHN, Rubio-Aurioles E, Kusnetzov JC. Disfunção erétil e
distúrbios da ejaculação. In: SLAIS, editor. Consenso Latino-
casos em que o início da TRT desencadeou episódios Americano de Disfunção Erétil. São Paulo: BG Cultural; 2003.
de priapismo com 250 mg mensais de enantato de tes- 2. Fregonesi A, Da Ros CT, Fácio Jr FN, Faria GE, Schiavini J.
Diretrizes de doença de Peyronie. Rio de Janeiro: Sociedade
tosterona intramuscular. Brasileira de Urologia e Associação Médica Brasileira; 2005.
Efeitos sobre a próstata: estudo randomizado 3. Abdo CN, Bertero EB, Faria GE, Torres LO, Glina S. Diretrizes
e controlado sobre os efeitos da TRT em homens de disfunção erétil – tratamento com inibidores da fosfo-
diesterase tipo 5. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de
hipogonádicos, durante 12 meses, não mostrou au- Urologia e Associação Médica Brasileira; 2006.
mento ou aparecimento de sintomas relacionados à 4. Diretrizes de declínio androgênico do envelhecimento
masculino (DAEM). Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de
hiperplasia prostática. Urologia e Associação Médica Brasileira; 2009.
Em metanálise randomizadas e placebo controladas, 5. Khoury S, Montorsi F. Sexual medicine sexual dysfunctions
o número de eventos prostáticos (biópsias, diagnóstico in men and women. In: Lue TF, Basson R, Rosen R, Giuliano
F, Khoury S, Montorsi F. (eds.). Paris: Health Publications;
de câncer de próstata, piora dos sintomas urinários, 2004. p.345-82.
aumento do PSA e retenção urinária aguda) foi significa- 6. Glina S, Toscano I, Gromatzky C, de Góes PM, Nardozza
!"#$%!&'(#)!"*%!+,!('$!-./0(01!(23!,)'+#(45'5,1!).!')3+2(/'!
tivamente maior nos homens tratados com testosterona. carbonate for oral therapy in erectile dysfunction: A phase
Entretanto, nenhum desses eventos analisados isolada- II clinical trial. J Sex Med. 2009;6:553-7.
7. Nardozza A Jr., Gromatzky C, Facio FN Jr. Indicações, dosa-
mente foi significativamente mais frequente no grupo gens e administracao dos inibidores da fosfodiesterase tipo
que recebeu testosterona. Reposição com testosterona 5. Int Braz J Urol. 2005;31(Suppl 1):21-3.
provocou discreto aumento nos níveis de PSA (de 0,3 8. Nardozza Jr. A, Fregonesi A, Jardim CR, Guilhermino DA.
6+/2578)! +! +953+:5)');5(! 3)! 35<,=#45)! (23#);>250)! 3)!
ng/ml por ano). envelhecimento masculino (DAEM). Intern Braz J Urol.
2006;32:1-4.
Revisão sistemática da literatura que avaliou a relação
9. Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). II Consenso Brasileiro
entre testosterona e câncer de próstata não mostrou que de Disfunção Erétil. São Paulo: BG Cultural; 2002.
TRT para hipogonadismo tenha aumentado o risco 10. Wang C, Nieschlag E, Swerdloff R, Behre HM, Hellstrom WJ,
et al. Consensus statement. Investigation, treatment and
para câncer prostático ou tenha piorado a diferenciação monitoring of late-onset hypogonadism in males. ISA, ISSAM,
histológica nos casos em que a neoplasia de próstata já EAU, EAA and ASA recommendations. Eur J Endocrinol.
2008;159:507-14.
havia sido diagnosticada.
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