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Animada, jogou sua mochila no sofá e, indo em direção ao Lucke, Ashley ordenou
que fosse banhar-se na água quente. Obedecendo, apanhou sua vestimenta no seu
guarda-roupas e, chateada, rumou-se para o banheiro.
Ao passo que as primeiras gotas caíam sobre a sua pele, as sentia queimando-
na, como se fossem lavas. Apesar de sempre tomar banho nessa quentura, não
conseguia permanecer em baixo dela. Desse modo, ensaboava-se sem estar em contato
com ela, porém adorava o som tranquilizante reproduzido ao colidir-se,
concomitantemente, com o ralo de alumínio e com o chão. Em contrapartida, o
sabonete e a bucha umidecida proporcionavam uma leve frieza gostosa.
Criando coragem para enxaguar-se, adentrava e saia da cascata, nunca
submergindo sua cabeça. Angustiada, pensava seriamente em mudar a temperatura, por
meio do rodo — já que não alcançava o chuveiro —, contudo, estremecia lembrando-se
da braveza de sua mãe ao mandar que seguisse à risca suas instruções. Não desejando
desagradá-la, mesmo que ela não soubesse, queria issentar-se de carregar o fardo de
mais uma mentira.
Desistindo de molhar-se por inteira, fechou o registro e, secando-se com a
toalha plumosa — limpando algumas regiões que haviam ficado com espuma —, sentia
seu tecido epitelial ardendo. Uma das piores sensações físicas que já havia
presenciado...
Aliviada por ter saído do forno, sentia o fluxo de ar frio acariciando, ao
passo que escutava sua mãe cantarolando.
Observando-a cozer, passando os olhos pela sala, tímida, pediu a ajuda que
tanto queria ter pedido outrora:
— Depois de jantarmos, a senhora pode me ajudar a fazer o dever de Matemática?
Contente, exclamou sorrindo:
— Claro, meu amor!
Sentando-se para jantar, largou o livro que estava lendo: As Águas e as
Estrelas e saboreou-a. Embora estivesse apetitosa, sentia-a muito quente — mesmo
assoprando-a —, tendo que mover o bolo alimentar para todos os lados, bem como
respirar pela boca.
Engolindo, perguntou:
— Por que a senhora esquentou tanto a comida?
Estranhando, exclamou rindo após engolir:
— Não está quente, mas sim morna!
Envergonhada, afirmou:
— Não parece...
Atenciosa, indagou:
— Está sentindo frio? Se quiser, pego um agasalho para você.
Surpresa por ela estar com uma blusa de frio, irônica, afirmou:
— Eu estou é com calor!
Risonha, atentando-se ao seu cabelo molhado, perguntou:
— Lavou o cabelo?
Receosa em frustá-la, ou levar um sermão, preferiu, com desgosto, mentir:
— Sim!
Orgulhosa, exclamou:
— Que bom! Por que a areia faz mal para o cabelo!
Incomodada com o assunto, perguntou sobre alguém que estava sentindo falta:
— O papai está em casa?
Indiferente, afirmou:
— Está dormindo.
Perplexa, perguntou:
— Por que ele foi dormir tão cedo?
Paralisando-se, recordava-se, enojada e enraivecida, de seu estado ao acordar
e pelo o que ocorreu consigo mesma, enquanto situava-se desacordada; da busca
frenética por Sophia; da inutilidade de Jesse... Desejava que estivesse morto pela
sua incompetência de não ter ido buscar Sophia quando podia, evitando uma possível
tragédia, ao invés de divertir-se com um brinquedo erótico, do qual era ela
própria.
Sorridente, explanou:
— Ele está muito cansado! Amanhã ele acorda!
Ajudando sua mãe lavar a louça, por vontade própria, intrigava-se com a
tremedeira dela ao encostar a mão na água que saía da torneira, enquanto Sophia nem
sentia-a gelada o suficiente, como as águas do Oceano Pacífico. Todavia, deleitava-
se em sua refrescância.
Data: 31 de outubro de 1991, Dia das Bruxas, às 19h19, dentro do meu castelo.
Meu querido amigo mudo, desde do dia em que parei de falar com a Sophia,
deixei-o mofando dentro da gaveta. Apenas tive coragem para contar-te os últimos
acontecimentos hoje — o porquê eu não sei —, mas a mamãe me apoiou à voltar. Peço-
te minhas sinceras desculpas!
Quando fiquei sabendo que minha única e melhor amiga foi morar em alguma
estrela do Universo, sinto uma dor em meu peito, com o passar do tempo, está
diminuindo aos poucos, como mamãe disse. Talvez ela esteja morando no Sol, sempre
que minha pele entra em contato com a luz solar, presencio um amor caloroso,
semelhante com o que presenciava ao lado dela. Contudo, ainda dói!
Não sei se sabe, mas a Sofia permaneceu alguns dias aqui em casa, dentro meu
castelo! Infelizmente não conseguia comunicar com ela, entretanto, sentia-a feliz!!
Isso deixa-me mais tranquila, mas sinto saudades!!!
O dia-a-dia na escola tornou-se chato, não posso mentir... Ultimamente tenho
pensado sobre a razão por detrás das faltas do Luke, não o vejo mais, o que
entristece-me profundamente. Ouvi dizer que ele foi transferido para outra escola
porque os pais dele sofreram um grave acidente, mas não sei se é verdade... Espero
que volte! Estou envergonhada em escrever isso, porém, gosto dele...
Todavia, Benjamin me faz companhia frequentemente no recreio. Embora tenhamos-
nos tornado amigos, sinto que ele é extremamente preguento, e eu não gosto! Aliás,
me contou que se transferirá, pois mudará para uma cidade muito distante, junto com
sua mãe. Perguntei o motivo de seu pai não ir, porém não quis responder, parecia
triste...
Ele também havia entristecido-se por causa da morte do Ethan. Na verdade,
todos da sala — menos eu. Estranhei que ninguém sentiu falta da Sofia, talvez por
que possuía somente minha amizade, dentro e fora da escola.
A mamãe arranjou um novo trabalho e parece bem contente. Percebi que está
gostando mesmo de usar roupas de mangas longas, faz bastante tempo que não a vejo
sem. Entretanto, sinto em seu olhar uma tristeza e um pesar oculto. Acho que é
devido o falecimento do tio Dener e da tia May. Depois que soube do ocorrido, me
falou que eles haviam tido sofrido um acidente fatal, indo para morar com Sofia;
não me contou os detalhes, contudo, se estivesse no lugar dela, também mentiria.
Por que alguém faria aquilo?! Espero que estejam bem, seja onde for...
O Toby não ficaria com ninguém, pedi para a mamãe que ficassemos com ele, porém
o papai já não gosta muito do Lucke, segundo ela, portanto não seria boa ideia,
embora cordasse comigo. No entanto, um vizinho ao lado se ofereceu para cuidar.
Espero que fique bem!
O papai continua obrigando-me a brincar com aquilo sempre que me busca na
escola, e nunca na presença da mamãe — talvez por que fica só a tarde em casa.
Confesso que estou odiando isso já! Já insisti para que parasse, no entanto, ele
sempre briga comigo e me intimida com ameaças... Apesar de ter voltado a ser o
papai, sinto que é outra pessoa. Não sei o que vejo nos olhos dele, mas eles me
amedrontam!
Ademais, terminei a leitura do livro As Águas e as Estrelas. A diferença entre
ouvir alguém lendo e ler por si mesma é gritante! A história é maravilhosa!!
Aprendi muitas coisas! Dá até vontade de recomeçar a leitura, todavia, estou
curiosa para me aventurar no O Príncipe — espero que consiga, pois a Sofia não
tinha entendido nada.
Uma notícia boa que tenho é que não estou tanto calorenta como antes,
entretanto, por incrível que pareça, estou amando o frio e detestando a água
quente! A outra é que o Ry vem me visitar amanhã!
Quase ia me esquecendo, como hoje é Dia das Bruxas, eu e a mamãe nós
fantasiamos e fomos de porta em porta pedir doces. É incrível como o espírito da
mamãe é como o de uma criança!
Neste momento estou comendo eles, não No entanto, não sei se misturar essas
gostosuras é bom. Quem sabe isso é uma travessura!? Esquece, estou viajando!
Tenho que ir, a mamãe acabou de me avisar que a pipoca ficou pronta e está me
chamando para assistirmos desenho! No entanto, não sei se misturar essas gostosuras
é bom... Quem sabe isso não se torna uma travessura deliciosa!? Esquece, estou
viajando!
Até amanhã! ♡
Meu querido amigo mudo, hoje foi um dia muito especial! Não sei nem por onde
começar...
Durante o período da manhã fui para a casa do Ry e fomos na locadora de filmes
e video games em que ele trabalha para jogarmos! Embora fosse feriado, além de
possuir a chave, ele disse que o seu chefe confiava muito nele e que não havia
problemas.
Jogamos um jogo de luta recém lançado chamado Street Fighter no Super
Nintendo. No início, o Ry sempre me derrotava, contudo, de tanto eu fazer perguntas
de como os comandos funcionavam, aprendi e até conseguir algumas vezes dele!
Antes de irmos para casa, ele me deixou escolher qualquer filme que eu
quisesse para levá-lo! Eu vi vários que me interessaram, mas o que me cativou foi o
chamado "Sociedade dos Poetas Mortos". Apesar de não gostar da morte, na capa
haviam pessoas sorrindo de felicidade, atiçando minha curiosidade, além de me
encantar por poesia, seja qual for! O Ry falou que já tinha assistido e que era
ótimo. No entanto, me advertiu que a história, para a minha idade, poderia ser um
pouco difícil de ser completamente compreendida, todavia, afimou que não duvidava
da minha capacidade. Fiquei feliz ao escutar isso!! :)
Não sei se já te falei: estou escrevendo poemas!! Nunca havia tentado antes,
somente ficava na leitura, porém a professora de Literatura me encorajou e estou
amando a experiência! É um pouco diferente de relatar o meu dia-a-dia e meus
pensamentos, parece que existe uma mágica em elaborar palavras que expressem com
profundidade o que você está sentindo... Não me entenda mal, não estou te trocando,
juro que não é isso!!
Após chegarmos em casa, por algum motivo o papai disse que estaria ocupado
trabalhando, não compreendi muito bem, entretanto, pudia sentir que ele não estava
gostando da presença do Ry... Falando dele, ainda me obriga à brincar com ele. Eu
não estou suportando mais, me sinto mal por estar fazendo algo em segredo da mamãe
e não me sinto bem fazendo aquelas coisas estranhas. Pelo menos hoje ele não volta!
Uma hora eu conto para ela, sem ele saber.
Depois de almoçarmos, eu, mamãe, o Ry e o Lucke fomos para a praia Baker
Beach, montamos uma barraca e passamos a tarde inteira lá, nos divertindo
muitíssimo! Segundo ela, nesta data, devemos agradecer imensamente à Deus pela
nossa vida e por tudo o que aconteceu nela, principalmente as ruins, pois somente
aprendemos à sermos melhores com eles. Bom, de qualquer forma, fiquei agradecendo o
que estava ao meu redor: a areia, o céu e, especialmente as águas, por me
tranquilizaram com suas canções e carícias, e o Sol, que fazia me lembrar da Sofia,
do tanto que eu sou grata por ela ter sido minha amiga! Quando esquentava muito, ia
me molhar na água gelada do mar e já voltava para perto deles. Foi muito gostoso!
Além de ter sido a primeira vez do Lucke em uma praia. Ele adorou!!
À noite, a mamãe cozinhou comidas deliciosas. Ry se sentia incomodado por
afirmar que estava se aproveitando, no entanto, tenho quase certeza que era em
relação ao papai não ter chegado até então. Contudo, eu e a mamãe conseguimos
convencê-lo à ficar para a janta. Fizemos preces como meio de agradecimento, cada
um agradecendo por algo, em silêncio. No meu caso, agradeci por ter a mamãe, o Ry,
o Lucke e a você! Quanto ao papai, decidi não agradecer, pois estaria mentindo para
Deus...
Acabei de me despedir do Ry e vim direto escrever aqui. Antes de finalizar,
estou pensando se me esqueci de algo importante... pois estou muito ansiosa para
assistir ao filme, antes que fique tarde demais, visto que tenho aula amanhã e
terei que suportar o Douglas...
Ah, é mesmo... Esqueci de mencionar ontem, porém terminei de ler o livro O
Princípe. Assim, não foi mil maravilhas como As Águas e as Estrelas, entretanto,
compreendi, com a ajuda do professor Dan, que é relacionado à política e meios para
se manter no poder. Todavia, eu percebi que muitas pessoas ao meu redor utilizam de
métodos parecidos com os que o Nicolau Maquiavel abordou, como o papai e a
professora Louise. Aterrorizante!!! Todavia, talvez me ajude à não ser dócil e
sentimental demais, pois percebo o quanto isso pode me machucar, como já
machucou...
Pelo que sei, o videocassete está inutilizado há bastante tempo, acumulando
poeira. Tenho que aproveitar que a mamãe já foi dormir, é agora ou nunca! Só não
posso me esquecer de deixar o volume da TV baixo!!!
Obrigada por estar sempre comigo quando eu mais preciso!!!
Até amanhã! ♡ ♡
Cedo, antes de ir para o seu trabalho, em alta velocidade, Henry conduzia sua
moto rumo a Coffe Library. Durante o caminho, tinha mil pensamentos martelando sua
cabeça em relação ao que Sophia havia dito sobre tais brincadeiras. Sacudindo-a,
aproveitou que o movimento das ruas estavam baixos e acelerou, desejando chegar
logo no destino.
Contudo, sua pressa foi seu maior inimigo quando, na Ponte Golden Gate, um cachorro
apareceu no meio da pista, ao passo que uma senhora atravessava-a para apanhá-lo.
Em um piscar de olhos, utilizou o seu conhecimento e, por meio do freio dianteiro e
traseiro, evitou um trágico acidente a menos de um metro.
Preocupado se a senhora tinha machucado-se, uma vez que a via trêmula e
inexpressiva, segurando seu cão, desceu da moto e, retirando o capacete, indagou:
— A senhora está bem?!
Sem falar, assentia com a cabeça.
Arrependido, colocando a mão no ombro dela, desculpou-se apressado:
— Peço perdão por isso! Estava muito ansioso!! Tenha um bom dia!!!
Retomando o percurso, a tensão e o desespero diminuíam conforme reconhecia que
estava agindo errado, mesmo que fosse por uma boa causa.
Estacionando a moto, percebia que o estabelecimento encontrava-se fechado.
Aproximando os olhos na porta de vidro, observava funcionários arrumando o ambiente
para a abertura. Ansioso para aguardar, batia...
Vendo uma mulher mímica visando explanar que no momento estava fechado, também
realizava a fim de explicar que necessitava de conversar com uma funcionária. Visto
que ambos não se ouviam, as informações não eram compreendidas.
Indignada, abriu a porta e exclamou:
— Não está vendo a placa? Ainda não estamos aberto!
Nervoso, explicou-se:
— Eu sei! Eu preciso conversar com uma pessoa que trabalha aí!
Impaciente, perguntou:
— Qual é o nome dela!?
— Ashley.
Curiosa, questionou:
— O que quer que eu fale para ela?
Sentindo-se rude por não perguntar seu nome primeiro, indagou:
— Qual seu nome?
Indiferente, afirmou:
— Melanie.
Então, Melanie, é um assunto particular... Pode chamá-la para mim?
Convicta, olhou para trás e afirmou:
— Ela ainda não chegou.
— Acha que demorará?
— Tenho quase certeza que não.
Olhando para o relógio, notou que restava cinquenta e cinco minutos para
abrir a locadora, e, sereno, afirmou:
— Eu espero aqui de fora.
Em frente a porta da área dos funcionários, averiguava, pelo buraco da
fechadura, que era largo, possibilitando uma visibilidade ampla, se Ashley havia
chegado, pela porta dos fundos. Quase desistindo após alguns segundos, viu ela. Ao
passo que observava-a trocar de camisa de manga longa para vestir o uniforme de
manga longa, visualizava seu braço mais cortado comparado com a da última vez, bem
como mais hematomas no tronco. No mais, invejava-a pela beltude do seu corpo:
barriga fina e seios avantajados.
Sentindo alguém pondo a mão só de o seu ombro, assustou-se e fingiu que não
estava bisbilhotando. Virando-se, notou que era a Abigail.
Intrigada, perguntou:
— Está vigiando a Ashley de novo!?
Realizando sinal de silêncio com o dedo indicador, abaixou o tom de voz e
exclamou:
— Fale baixo!
Percebendo que era verdade, rediumiu-se:
— Estava brincando... Desculpa!
Apressada, explicou-se:
— Tenho que falar com ela, me dê licença!
Afastando-se, assentia com os dedos polegares, compreendendo:
— Tá bom... Voltando para o trabalho!
Abrindo a porta, deparou-se com Ashley, que assustou-se, dando um pulo para
trás.
Colocando a mão no coração, exclamou:
— Não me assuste assim, Melanie!
Contente, cumprimentou-a:
— Oi, Ashley! Tudo bem? Feliz Natal!!!
Cabisbaixa, disse:
— Feliz Natal... Estou ótima, e você?
Notando a vermelhidão de seus olhos, foi direta ao ponto:
— Bem... Então, vim te avisar que tem um homem lá fora querendo falar com você.
Curiosa, perguntou:
— Sabe quem é?
Pensativa, caracterizou por meio de elementos de seu visual que chamavam
atenção:
— Hum... Ele tem cabelo e barba grande.
Surpresa, exclamou sorridente:
— Ah, deve ser o meu sobrinho!
Intrigada com o desespero dele, sugestinou:
— Ele está te esperando, parece ser algo sério...
Deslocando-se para lá, agradecia pelo aviso:
— Já estou indo, muito obrigada!
Reflexiva sobre a sua vinda e em relação ao que queria, acreditava ser algo
sério. Abrindo a
Surpresa, cumprimentou-o:
— Que surpresa, Henry! Como vai?
Recíproco, disse:
— Feliz Natal!! Bem, e a senhora?
Ocultando sua tristeza, afirmou:
— Feliz Natal... Bem também...
Desconfiando de sua fisionomia, questinou:
— Os olhos da senhora estão vermelhos, está tudo bem mesmo!?
Receosa que desconfiasse de algo, risonha, mentiu:
— Eu não consegui dormir esta noite! Haha!
Passando a mão no rosto, afirmou:
— Confesso que também não consegui.
Acalmando-se, preocupou-se:
— Por quê?
Percebendo a movimentação na rua, afirmou o porquê veio:
— Vim aqui para falar sobre um assunto muito delicado. É referente a Sophia...
Preocupada, olhou para os lados e sugeriu:
— Vamos conversar em um lugar mais reservado.
Sendo guiado por Ashley até a porta dos fundos da Coffe Library, onde a
circulação de pessoas era amena, tendo de atravessar o quarteirão, elaborava em sua
mente como expressaria seu repúdio pelas ações cometidas por Jesse em palavras.
Parando em frente a porta, indagou:
— Então, o que a minha Sophia fez errado?
Rindo, negou:
— Imagina, a Sophia é um anjo, ela não fez nada de errado!
Orgulhosa, pensando acerca da atitude complacente e não julgatória de Sophia
ontem à noite, com os olhos cheios d'água, desabafou-se:
— Realmente! Sem ela não sei o que seria de mim...
Acanhado, afirmou:
— O problema é em relação ao tio Jhon...
Intrigada, perguntou:
— Mas não era sobre a Sophia?
Receoso em falar logo de cara, indireto, deu pistas:
— Então... ele anda fazendo certas brincadeiras, de acordo com a Sophia, que não
são do agrado dela.
Irritada por Jesse estar realizando coisas contra a vontade dela, sem o seu
consentimento, questinou em um tom alto:
— Que brincadeiras são essas!?
Percebendo o enfurecimento no tom de voz dela, em seu olhar e no estalar de
seus dedos, esqueceu o que tinha planejava para falar, com medo da reação que
Ashley teria. Gaguejando, não conseguia destravar a sua língua.
Chateada, implorava:
— Eu sou a mãe dela, por favor, me conte o que é! Eu preciso saber! Não tenha
medo!!
Parecendo ao desespero de uma mãe, confiante e sério, mediante ao seu pedido,
afirmou:
— O tio Jhon está abusando sexualmente da Sophia...
Similando a informação, pôs-se à tremer e, pondo as mãos na cabeça, à gritar.
Bloqueando a sua respiração, tossia igual a um enfermo de tuberculose... Aflito e
preocupado com a sua reação , Henry abraçou-a e tentou acalmá-la com palavras
reconfortantes. Embora tenha adiantado um pouco, chorava como uma criança perdida
no supermercado.
Calma, sentada no chão, refletia sobre qual ação tomar, visto que qualquer
uma refletiria em alguma possível tragédia.
Convicto, sugeriu:
— Devemos retirar a Sophia de lá e acionar a policia.
Lembrando-se da ameaça de morte à ela mesma e à Sophia, como também de
esperança de que Jhon estivesse vivo, escondido em algum lugar, dispensou:
— Não! O Jhon não é mais o mesmo! Ele faria algo terrível!!
Incompreendido, questinou com vigor:
— Como assim!?
Recordando-se da explicação de agentes da CIA durante o tratamento, explicou:
— O Jhon tem um transtorno raro de personalidade, nas duas vezes que a outra
apareceu, foi em decorrência do abalado da morte de seus pais e a bebida alcoólica.
Abestado, acreditando que isso existia somente em filmes, afirmou:
— Não sabia disso...
Impressionada por não saber sobre, indagou:
— Seu pai nunca te contou?
Sabendo que ele apenas fala quando é necessário, decepcionado, afirmou:
— Não...
Recusando sua ajuda, pediu sua confiança para com o proceder da situação:
—Deixe que eu tomo as medidas necessárias. Ok?
Desejando o bem estar de sua prima, que via-a como irmã caçula, confiou:
— Promete que vai tirar Sophia dessa situação?!
Duvidosa de como lidaria, fingiu estar convicta:
— Prometo!
Tem algum relato de superação que gostaria de compartilhar com a ONG de Prevenção
ao Suicídio de São Francisco? (Sua identidade será mantida em sigilo.)
Precisa de ajuda? Ligue: 188
"Nunca pensei que teria a coragem de atentar contra a minha própria vida como
essas pessoas. Estou completamente envergonhada de minha atitude ontem à noite...
Desejando cessar o sofrimento que sentia após o meu marido — problemático — me
estuprar mais uma vez, tomaria uma atitude extremamente drástica!
Embora normalmente eu atomutilo-me por intermédio de cortes leves, para
aliviar e suportar a angústia de não possuir forças para mudar a situação, a
profundidade do corte que realizaria seria imensurável. Lembro-me da minha vontade
em parar a dor que sentia, custe o que custasse...
Contudo, minha filha — um anjo, melhor dizendo —, naquele exato momento,
salvou-me abraçando-me! O abraço foi tão caloroso que comecei a tremer e logo
soltei a faca. Recordo-me que havia esquecido de pensar que a tinha... O quão
significativo e essencial a existência dela é, não somente em minha vida, como a
minha na dela!
Não sei por que escrevi isso, nunca terei coragem de entregar este relato à
esta ONG de prevenção ao suicídio. Este desabafo serviu somente como uma maneira
paliativa para acalmar o meu coração, enquanto ia a pé para o trabalho, afim de
apaziguar minha vazia alma — apesar de não ser um diário..."
Ouvindo uma conversa do lado de fora, guardou tudo de volta na mochila e
aproximou-se da porta. Escorando o ouvido, notou que as vozes eram de Ashley e a do
com seu sobrinho, apesar de não compreender o diálogo. Inesperada para a dissipação
da calmaria, estarreceu-se com berros, caindo no chão.
Com medo de abrirem a porta e ser descoberta, sentia-se culpada por estar
enxerida naquele ambiente, fuçando nas coisas de Ashley, bem como tentando escutar
suas conversas pessoais. Assim sendo, retornou para o seu trabalho.
Ao passo que Ashley executava seu serviço, no qual seu corpo trabalhava,
todavia, sua mente estava à milhares de quilômetros do ambiente de trabalho, focada
em mil pensamentos de puro ódio e vingança. Imaginava-se torturando Jesse, fazendo-
o morrer lentamente. Evitava pensar no que Sophia passou, pois colapsaria.
Distraída, derrubou a bandeja repleta de xícaras. Ajoelhando-se, recolhia os
cacos, enquanto segurava o choro. Sua pressa era tanta que cortava as pontas dos
dedos, contudo, não sentia dor alguma.
Agachando-se, Melanie colocou a mão sobre as suas e, complacente perante os
momentos difíceis que tem passado, orientou:
— Vá para a casa descansar. Pode deixar que limpo tudo isso.
Sentimental, olhando ao redor com os olhos cheios d'água, argumentou: abraçou-a
e agradeceu chorando:
— Mas está lotado de clientes...
Sorridente, contrargumentou:
— Não tem problema, eu e o restante do pessoal damos cont do recado! Não é? —
perguntou para os demais funcionários que paralisaram os seus trabalhos preocupados
com o ocorrido.
Benevolentes, confirmaram — com destaque para Abigail:
— Claro!!!
Estacionando o carro, saiu e correu para dentro de sua casa. Embora estivesse
chovendo forte, a sua pressa não tratava-se de não molhar-se, mas resgatar Sophia o
quanto antes. Abrindo a porta, chamava por Sophia. Averiguou, logo de cara, a sala
e a cozinha, não avistando ninguém, direcinou-se para o quarto dela. Arrombando a
porta, desesperou-se em não vê-la.
Subindo as escadas, abriu a porta de seu quarto e aliviou-se ao vê-la.
Situava-se na escrivaninha, em frente a janela, com fones de ouvido. Fazia algo em
decorrência da movimentação de seus braços, porém não sabia o que era.
Sentindo seu cabelo ser encostado, assustou-se, balançando a cadeira. Evitando
que ela caísse, Ashley segurou-a.
Risonha, disfarçando o seu pesar e perguntou:
— Sou eu, Sophia! Achou que fosse outra pessoa?
Acreditando que fosse Jesse, ocultou a verdade:
— Eu estava concentrada na música e no desenho...
Curiosa para saber com qual canção entretia-se a ponto de não ouvi-la se
aproximar, indagou:
— Posso saber qual música estava escutando?
Esquecendo o nome da música, abriu a capa do CD e a leu:
— Eu estava ouvindo... Shine On You Crazy Diamond, Parts VI–IX.
— Essa é uma música espetacular. Foi o Henry que te deu este álbum incrível do Pink
Floyd, o Wish You Were Here?
Alegre, exclamou:
— Sim!!!
Contente pela continuação roqueira da família, exclamou:
— Como sempre, ele nunca decepciona!
Lembrando-se que escreveu em seu diário, ontem à noite, enquanto escutava-o,
felizarda, exclamou:
— A primeira vez que escutei foi ontem!
Intrigada com a sua mão ocultando a folha, indagou;
— E quanto ao desenho? O que estava desenhando?
Acanhada, explicou-se dando uma desculpa esfarrapada:
— É que não terminei... Ainda tenho que usar a caixinha de lápis de cor que a
senhora me deu de Natal!
Sorridente, implorou:
— Não tem problema, deixe-me ver!
Cabisbaixa, virou-o, sendo visível apenas a parte branca, e entregou-o. O seu
medo de ser julgada era tanta que fechou os olhos. Seu coração acelerava com o
transcorrer do tempo e, ouvindo as primeiras risadas, batia a ponto de explodir.
Submergindo em pensamentos de inferioridade e culpa presenciava a angústia
surgir...
Ashley cativava-se pelas cores vivídas, as quais destacavam a paisagem
exuberante. A janela aberta, possibilitava a vista da chuva intensa; na parte
inferior do portal, estavam dispostos três diamantes grandes, que reluziam.
Afagando-a, com brilho nos olhos, elogiou:
— Está incrível!!! Por que disse que não estava pronto?!
Aliviando-se pelo elogio, respondeu ofegante:
— Estava com medo da senhora achar feio e estranho...
Rindo, argumentou contra a ótica dela:
— Como feio? Isto é uma obra de arte! Estranho? Eu sei que você se inspirou na
vista desta janela e nessa música que você estava escutando!
Impressionada pela sua percepção, questionou:
— Como a senhora descobriu isso?!
Contente, acariciando-a, exclamou:
— Eu te conheço muito bem, Sophia!!
Irônica, desafiou as habilidades de sua mãe sobre a revista em quadrinhos que
ela a presentou de Natal:
— Adivinha em qual parte estou nos The New Titans?
Empolgada, afirmou:
— No final!?
Arregalando os olhos, indagou:
— Como sabe?!
Notando os olhos vermelhos dela, sabia que ela passava grande parte da noite
lendo escondido. Convidando-a para ir na casa do Henry — embora precisasse que
fosse, de qualquer forma —, aceitou com bilho no olhar, como se houvessem diamantes
em seus olhos. No entanto, avisou que ele estava trabalhando, além de que iria
somente para conversar com Harrison. Porém, sentia-se mais segura ao lado de sua
mãe do que sozinha.
Sonolenta com a canção das gotas de chuva colidindo com a lataria do carro,
brincava realizando desenhos na janela embaçada, com o dedo indicador esquerdo.
Estacionando o carro, Ashley virou-se para o lado e, sorridente, explicou:
— Preciso que fique dentro do carro. Não vou demorar muito!
Surpresa com a rapidez, questinou:
— Já chegamos?!
Rindo, assentiu:
— Sim!!
Serena, concordou com a sua decisão:
— Não tem problema... Prefiro ficar aqui dentro.
Beijando a sua bochecha, Ashley saiu e, com medo de molhar-se, correu em
direção à casa de Harrison. Achando engraçada a cena que ela fazia debaixo da
chuva, ria. Quiçá fosse o momento de maior alívio até então, visto que a alegria e
a segurança mesclavam-se, em que tais características encontravam-se na junção das
águas originadas do céu e da genuidade estelar de Ashley.
Pensando no Lucke, pedia às forças do Universo que ele estivesse tão bem
quanto ela mesma, neste momento. Contudo, o seu real desejo era que estivesse ao
seu lado, ou melhor, em seu colo.
Em meio as idealizações, o sono apoderava-se de Sophia. Sem perceber, fechou
os olhos e tombou para o lado de direito, escorando a cabeça na vidraça.
Capítulo 79 - Retrato /
Embora a demora fosse iminente, devido ao fato de saber que Harrison não gosta
de visitas, ousou esperar e à bater quantas vezes fosse necessário — tendo em vista
que a campainha estava estragada. Levando o punho, deparou-se com a porta abrindo.
Séria, sem rodeios, disse:
— Olá! Preciso conversar contigo.
Indiferente, convidou-a para adentrar com a mão, sem abrir a boca.
Sentindo que estava perturbando-o, gaguejando, avisou:
— Não tomarei seu tempo!
Fechando-a, enquanto indignava-se com a presença dela, planejando inventar uma
desculpa para despachá-la, avistou Sophia no carro.
Apressado, afirmou:
— Fique a vontade. Fazerei uma ligação e já volto.
Estranhando o porquê de sua mudança repentina, da calmaria para a inquietude,
relevou sua atitude. Observando a sala, impressionava-se com o seu minimalismo.
Aventurando-se nos dois únicos retratos que haviam, no qual haviam Harrison e Julia
e, já no outro, Henry junto ao seu pai.
Refletia sobre a saudade da afinidade que tinha com sua falecida concunhada,
como também questionava-se acerca de sua morte trágica, da qual recusava-se à
acreditar ser verídica.
Ouvindo passos, falou em vão:
— A Julia era tão linda!! Até hoje me questiono o que aconteceu com ela...
Notando que Ashley estava distraída com os retratos, de costas e com a cabeça
abaixada, apanhou o primeiro objeto que avistou ser de serventia — um vaso de
flores vazio — e, aproximando-se por de trás dela, açoitou-a em uma região um pouco
acima de sua nuca.
A intensidade do impacto, proveniente da aceleração mediante a força exercida,
foi tão certeiro que ela desmaiou no mesmo instante.
Sendo acordada por um raio que havia caído ali perto, ou seja, pelo ressoar de
um trovão, acordou desesperada. Aflita, olhava para várias direções, buscando
avistar o perigo. Entretanto, aliviava-se por ter sido parte pesadelo e a outra uma
brincadeira dos céus para retirá-la do terror de seu subconsciente.
A chuva ainda caía, na mesma intensidade. Concentrada, punha-se à se conectar
com ela visando obter a plena calmaria. Ouvindo a porta abrindo, relevou por saber
que sua mãe já havia terminado a conversa com o seu tio, da qual, apesar de ser
curiosa por natureza, não possuía o mínimo interesse sobre o assunto dialogado.
Por alguma razão, captava sinais emanados pelo Universo, os quais orientavam-
na que saísse do veículo. No entanto, optou por seguir sua razão, obedecendo
Ashley, em detrimento de optar o que sua intuição instruía-a.
De olhos fechados, receosa que levasse-a de volta, pediu:
— Posso ir para o trabalho com a senhora? Não quero ficar sozinha em casa...
Fingindo uma voz feminina, o sujeito concordou:
— Mas é claro, Sophia!
Estranhando a tonalidade da voz, atenciosa, indagou:
— A senhora está rouca?
Segurando-se para não rir, ao passo que ligava o carro, ironizou:
— Nem um pouquinho! Talvez você fique, meu bebê!!
Reconhecendo que alguém passava-se por Ashley, abriu os olhos e virou-se para a
esquerda, averiguando quem era. Estarrecendo-se com o retorno da figura demoníaca
que via em sua frente, tentou abrir a porta, mas encontrava-se emperrada.
Morrendo de rir pela sua expressão, bem como fuga falha, controlava-se
batendo no volante. A cada batida, buzinava provocando um efeito de buzina de
palhaço, aterrorizando-a ainda mais.
Irritando-se com o gritos que ela fazia, berrou:
— CALE A BOCA!!!
Intimidada, aquietou-se, cessando os escândalos, porém, tremia observando-o
repleto de uma substância vermelha, sobre a qual acreditava ser sangue. Os pontos
com maior concentração advinham de seu nariz, perfazendo-se pela sua boca, e de
suas mãos. Havia um pouco era visível em seu antebraço direito, no entanto, estava
estancado pela calcinha de Sophia.
Chegando perto do rosto de Sophia, invadiu a sua alma por intermédio das
janelas dela — os olhos — e esclareceu algo que arrancou o brilho de seu olhar.
Sério, intimidou-a:
— Se você tentar algo, ou ao menos falar para alguém o que faço contigo, além de
ter matar, eu mato a sua mãe também. Ouviu bem?
Traumatizada, não teve reação nenhuma. Entretanto, com o andar do automóvel,
ao passo que dizia coisas nefastas, lágrimas involuntárias escorriam de seu rosto
objetificando acalmá-la.
Dentre elas, a mais dolorida afirmava que sua mãe havia abandonado-a por ser
um estorvo; que além dela saber de tudo, mandava-o praticar aquelas brincadeiras,
como também tinha chamado-o para levá-la embora.
Durante o caminho, manteve-se imóvel, sem dizer nada. Seu calmo choro gelado
não ajudava-a a entender o porquê de tudo isso...
Capítulo 82 - Vazio
Cansada, adentrou para dentro de casa e, devagar, a primeira coisa que fez foi
procurar Lucke a fim de verificar a sua integridade, uma vez que Jesse detestava-o
e, em decorrência de seus atos heroícos, teria surrado-o. No entanto, embora fosse
viável chamá-lo, não conseguia abrir a boca. Esperançosa a fim de vê-lo em sua
caminha, percebeu que estava vazia, como também o comedouro e o bebedouro.
Sentando-se no chão, sentia-se assim por dentro...
Esforçando-se para carregar o seu corpo, levou-o para o seu quarto e o de sua
mãe, onde possuía certeza de encontrá-lo debaixo das camas, porém ocorreu como o
pensado. Cansada da caça ao tesouro perdido, sentou-se no sofá, pondo-se à pensar
em qual lugar ela mesmo e ele esconderiam-se.
Incompreendida com as risadas que Jesse exprimia, enquanto assistia a um
programa de TV de culinária e comédia, relacionado aos modos de preparar um
churrasco com diferentes tipos de carne, prestou a atenção e não encontrava nada de
engraçado.
Entregando uma latinha vazia de refrigerante, ordenou:
— Jogue no lixo para mim.
Sonolenta, alertou-se e carregou-a para lá. Em uma ventania que alertava uma
tempestade, olhava ao arredor e não via a lata de lixo. Indignada, depositou seu
rancor e ódio na latinha, amassando-a. Apesar de tal ação ter ocasionado cortes
infímos, aquietava-se através dessa sensação apaziguadora, como também dos ventos
ligeiros, os quais respeitava ao passo que assobtavam as mechas de seu cabelo...
Clareando a mente, optou por jogar na lata de lixo do vizinho ao lado.
Abrindo-a, presenciava um cheiro de putrefação tremendo. Paralisando-se, derrubou a
tampa e a latinha. Avistava o inferno aberto, preenchido pelo conteúdo mais
abominável que havia visto. Embora amasse a cor vermelha, a vivacidade da
vermelhidão assombrava-a. Entretanto, os pedaços de membros, bem como os do tronco,
aterrorizava como um filme de terror. Em decorrência do esquartejamento, sabia que
tratava-se de um animal quadrúpede de porte médio.
Identificando a cabeça, da qual estava virada, impossibilitando a
visibilidade do rosto, apanhou a latinha e, utilizando-na, revirou-a. Deparando-se
com o seu herói sacrificado, sem conseguir respirar, caiu no chão. Iniciando a
chuva, fechou os olhos e implorou para que fosse mentira. Almejava que o dia
recomeçasse, ou ao menos que Lucke ressucitasse. Crente na segunda opção, levantou-
se e, com fé, reviu-o.
Chorando, junto com as nuvens, sentia-se culpada por sua morte e gritava
indagando para o céu:
— Por que ele e não eu?!
Querendo uma resposta válida, obteve somente relâmpagos e trovões.
Esbravejando-se com o descaso, correu para dentro de seu quarto, trancou-se dentro
e enfiou a cabeça debaixo do travesseiro, pondo-se a lamentar. Ao passo que ouvia
gritos, lacrimejava de tanto rir, não apenas pelo o programa, mas também pela
reação apoteótica de Sophia.
Capítulo 83 -
Com a boca aberta, pronta para receber a refeição matinal, abocanhou a colher
que vinha como aviãozinho, ou melhor, avião a jato, mastigou e cuspiu o bolo
alimentar no rosto de Harrison. Rindo de sua expressão séria, continuava à cuspir,
realçando a beleza escultural de seu rosto.
Debatendo-se de tanto rir, foi agredida com um tapa em seu rosto, cessando as
risadas, no qual já havia sinais roxos de agressão. Limpando o rosto com um pano,
assentou-se e acalmou-se...
Complacente, repetiu:
— Já disse que estou fazendo isso para ajudar você e o Jhon! Tudo bem não querer
atender aos telefonemas, mas preciso que coma!
Furiosa, gritou:
— Ajudar?! Você é a pior pessoa que conheço!
Sereno, ignorou:
— Tudo o que aconteceu e está acontecendo faz parte do processo.
Tentando desprender os pulsos, indagou:
— Do que está falando?!
Intrigado com a burrice dela de gastar energia sem precisão, mentiu acerca de
quem se referia:
— Da recuperação do Jhon.
Desistindo, enfrentou-o:
— Vou matar você e o seu irmão se algo acontecer com Sophia!!!
Rindo, tapou sua boca com fita adesiva e ironizou:
— Pela desobediência, ficará sem comer até a noite. E permaneça quieta!
Curiosa para saber o que havia sobre a cama, tendo em vista que sempre quando
Harrison aparecia e ia embora, passava naquela região para fazer algo que não
sabia. Porém, via-o abaixar. Devido estar amarrada no chão, não era possível
visualizar, mas conseguia ver potes grandes, dos quais eram um tanto estranhos,
postos no chão, ao lado da cabeceira.
Ao passo que saía, levando o prato e o pano sujo, cantava Yestarday, dos
Beatles. Contudo, em decorrência dos gemidos que Ashley emitia, já na escadaria,
retornou e chutou-a na região de sua barriga.
Encantando-se com a volta do silêncio, retornou à cantarolar...
Capítulo 84 - Alívios
Chova, chova
Agarrada com o Henry, apoiava o queixo sobre o seu ombro esquerdo conversando
com ele sobre vários assuntos, dos mais sérios até os mais superficiais. Todavia,
sentia-se segura por estar na moto, na verdade, estava adorando aquele momento.
Contente, exclamou:
— Minha mãe adorou você!
Rindo, exclamou:
— Gostei muito dela também!
Empolgada, indagou:
— Quando vai me apresentar para os seus pais?
Incomodado, afirmou:
— Meu pai é muito reservado. Não gosta de conversar com as pessoas.
Frustada, mas com esperança, indagou:
— E a sua mãe??
Cabisbaixo, preferiu mentir para não entristecê-la:
— Ela vai te amar...
Descontraída, ironizou:
— Já sei quem você puxou!!
Embora o momento fosse de descontração, na qual Melanie estava alegre, no
fundo, Henry sentia um vazio por nunca ter conhecido sua mãe, bem como culpa, por
tê-la, segundo sua perspectiva, assassinado-a durante o parto. A única recordação
que possuía era um retrato, em que ela encontrava-se sorrindo, ao lado de seu pai,
do qual parecia ser outra pessoa: pelo sorriso e olhar contagiantes.
Durante o restante da viagem, refletia sobre como Harrison era. Imaginava-o
como uma pessoa alegre e de bem com a vida, porém, após o seu nascimento em
detrimento da fatídica morte de Julia, cria que ele havia escolhido fechar-se para
dentro de si mesmo, sendo a melhor forma que tinha encontrado para superar a perda.
Desse modo, também acreditava ser um peso difícil para seu pai carregar.
Ao passo que Melanie perguntasse sobre diversas coisas, embora respondesse,
situava-se distante e perto ao mesmo tempo, como a Lua — na qual encontrava-se na
fase nova — em comparação, respectivamente, com os demais astros e com a
acessibilidade humana.
Capítulo 87 -
Em seu quarto, Henry estava deitado, fumando o último cigarro do maço do dia.
Seu estado deprimente devastava-o. Lamentava-se pelo dia seguinte completar uma
semana do desaparecimento de Melanie. Além disso, para piorar, o Jhony, em conjunto
com o Departamento de Polícia de Sausalito, suspeitava de sua contribuição para com
o sumiço.
Relembrava-se dos curtíssimos e bons momentos que teve com ela em somente um
único dia, tendo em vista que tinha passado o ensino fundamental inteiro como amigo
dela, sem ter coragem para declarar seus sentimentos e ser rejeitado. Entretanto,
remoía o motivo de não ter insistido mais em levá-la para a faculdade. Talvez nada
disso teria acontecido...
Resgatando os elementos paisagísticos que permeavam-no, transformando as
lembranças no presente, teve uma epifania ao recordar de um carro que acompanhava-
os no caminho para a casa de Melanie; como também quando, ao despedir-se, inseriu o
capacete e, olhando para o lado, avistou o mesmo veículo.
Dedilhando as cordas do violão, concentrava-se para reconhecê-lo, pois sua
aparência lhe era familiar. Contudo, somente aumentava as saudades que sentia de
Sophia, que retornaria amanhã.
Calmo, fez analogias estupendas acerca destes acontecimentos: o modo de fala
de Asheley na primeira ligação, as demais ligações não atendidas, o cachorro
esquartejado dentro do lixo do vizinho, as cortinas balançando e, matando a
charada, o automóvel idêntico ao de Jhon.
Capítulo 88 - Acaso
Aliviada por ter conseguido inserir os objetos pessoais que mais necessitava na
mala com cautela, mantendo Jesse desmaiado, apesar de parecer estar morto no chão,
Ashley descia as escadas pensando no único lugar que poderia ir: a casa de sua
amiga Melanie. Tinha certeza que ela, devido ao vínculo afetivo que possuíam,
entenderia a situação e receberia-as de braços abertos.
Na sala, esperando Sophia, enquanto olhava para a porta fechada da cozinha,
cogitando levar Lucke, todavia, reconhecia que, neste contexto, não havia como por
incontáveis motivos. Entretanto, voltaria para buscá-lo, assim que fosse viável.
Embora estivesse ansiosa pela demora, queria respeitar o momento de
despedida e desapego de sua filha para com o seu castelo. No entanto, incomodada
pela demora, ao abrir a boca para chamá-la, foi obstruída por uma mão.
Tentando desprender-se das garras de Jesse, pisou em seu pé, afastando-se.
Avistando-o, assombrava-se por estar parecendo um zumbi, com uma aparência tão
sucateada quanto a sua. Vendo-o balançar, assistiu-o cair para frente.
Sentindo uma dor dilacerante na região do abdômen, olhou para baixo e,
verificando com a mão, percebeu que havia levado um golpe com algo perfurante.
Fascinava-se com a quantidade de sangue jamais visto até então, bem como pelo
brilho encantador.
Como já estava fraca, caiu para trás. Fechando os olhos, sorria pelo pesadelo
ter acabado, ou seja, que Sophia viveria em paz sem a presença de um Freddy
Krueger¹ em sua vida, que arrancaria a sua vontade de viver, de pouco em pouco,
todos os dias, da forma mais imunda possível com os dedos que, ao encostarem na
pele, cortavam como lâminas.
Abrindo a porta, deparou-se com Jesse em cima de sua mãe, da qual situava-se
inerte, suja de sangue, ambos sem roupas, realizando os atos nefastos que já
conhecia. Pasma e trêmula, ao passo que ouvia-o gemer, dirigiu-se para a cozinha.
Abriu a gaveta e procurou por uma faca, escolhendo a primeira que veio em suas
mãos, apanhou a de cortar pão.
Voltando, olhava para seus olhos vazios, sedentos por alguma resposta...
Enquanto ele arrastava-se, parecia ser outro alguém que não conhecia. Choramingava
e dizia sobre assuntos desconexos. Porém, mantinha-se tremendo e calada.
Angustiado, arrependeu-se:
— Por favor, me perdoe, filha!! Esse não era eu!!
Gaguejando, explicou:
— Eu voltei! Eu sou Jhon, seu pai!! Por favor acredite em mim!!!
Batendo em sua sua própria cabeça, prosseguiu:
— Todas as coisas ruins que fiz não estavam sobre meu controle!! Outra pessoa que
estava dentro da minha mente que se chamava Jesse!!!
Convicto, prometeu:
— Ele foi embora!! Nunca mais voltará!!! Eu prometo!!!
Puxando o cabelo, soluçou:
— Sinto muito por você, pelo Lucke e pela sua mãe!!!
De olhos fechados, juntou as mãos, estando debruçado no chão, ergueu-as pediu o
perdão:
— Você me perdoa!?
Indiferente quanto a dramatização, composta por poréns e choradeira, agachou-
se. Tomada pelo ódio, raiva e vingança, esfaqueava-o várias vezes no pescoço com
uma brutalidade imensurável. Escutavando berros de dor, continuava aumentando a
intensidade. Não importava-se de quem tratava-se, tanto Jhon quanto Jesse, queria
apagar aquele rosto de suas memórias.
Embora já estivesse morto, não cessava... Cansada, teve consciência do que
acabava de ter feito observando o seu corpo enxarcado de sangue, como também a
superfície, afastando-se com medo. Colocando a mão na cabeça, com ela entre os
joelhos, chorava limpando a sua alma do que guardava há um bom tempo.
Sentia que tinha perdido tudo, as boas e as ruins. A história de sua vida
transcodria como um filme de drama em sua cabeça, no qual havia um final triste.
Pela primeira vez não conseguia ver sentido algum em sua vida. O completo
vazia reinava, entretanto, sua vontade de compensar uma dor física visando aliviar
a emocional, mediante cortes, inexistia em decorrência de estar impotente para tal
fim. Pensava em fazer algo como Dener e Maya, a fim de juntar-se a Sofua, Lucke e
sua mãe. Coragem não faltava, mas o seu desejo de permanecer deitada ali, de olhos
fechados, gritava mais alto.
Capítulo 91 - Frio
Capítulo 92 - Mudanças
Lembranças
A pé, haja vista que onde morava era perto da escola, Luke adentrava pelo
portão principal escutando a faixa Barbarism Begins at Home, do álbum Meat os
Murder, do The Smiths. Estava animado com o que o segundo dia traria, pois o
primeiro superou suas espectativas; assim sendo, chegou cedo novamente.
Aproximando-se do local em que Aurora encontrava-se ontem, andava
desnorteado, olhando os arredores visando encontrá-la. Trombando-se em alguém,
pediu desculpas. Observando a pessoa, ao lado de mais duas, percebeu que tratava-se
do menino que importuno-a.
Intimidando-o, Douglas cruzou os braços e indagou:
— Você é novo por aqui?
Sorridente, estendeu a mão cumprimentando-o:
— Sim, e você?
Enquanto ambos riam, ironizou:
— É novato e ainda por cima engraçadinho?
Sarcástico, colocou a mão no queixo e pôs-se em dúvida:
— Quem sabe... Se você diz, deve ser!
Ao passo que gargalhavam, avisou cutucando seu peito:
— Aqui quem manda sou EU!! Dá próxima vez, não vou deixar passar, cabeça de
capacete!!
Fazendo continência, prestou respeito:
— Entendido, senhor!
Furioso, Douglas, distraído, brigava para que seus amigos parassem de rir.
Aproveitando a situação, vendo o walkman de Aurora, efeitado por desenhos de
borboletas, preso no cinto de sua calça, bem como o fone apoiado no vão entre o
aparelho e o corpo, retirou-os com facilidade.
Apesar de não estar correndo a muito tempo, sentia-se esgotado e a cada vez
que olhava para trás via-os se aproximaram mais. Encorajado, refugiou-se na
primeira estrutura que avistou: um andaime.
Gritando, Douglas suplicou:
— Você já tem um! Devolva o meu, cabeça de capacete!
No último andar, no qual situava-se sobre uma superfície, viu-se encurralado.
Apesar de haver apenas dois metros de altura, sentia-se zonzo e, desastrado,
derrubou uma lata de tinta sem querer. Trêmulo, deu uma olhadela para baixo e notou
que os três meninos estavam pintados de azul.
Coçando a cabeça, haja visto que isso não estava em seu plano, desculpou-se:
— Desculpem-me por ter pintado vocês... Foi sem querer!
Acreditando que não subiriam mais, a fúria não somente de Douglas, mas dos
outros dois acentuava-se.
Aflito, na beirada, frente a ele, tentou acalmá-lo:
— Veja o lado bom, você está parecendo um Smurf!
Enaltecendo-se, intimidou gritando:
— Você sabe quem eu sou?!
Gaguejando, perguntou:
— Eu deveria?
Antes que as mãos repletas de sangue azul tocassem-no, por algum motivo,
recordou-se que por não ter enfrentado um simples medo, não pôde ajudar Aurora de
uma situação degradante. Encorajado, com o coração acelerado, inseriu o walkman
dela em seu bolso e pulou a fim da recuperação do dispositivo não ser em vão.
Devido a queda, agachou-se e, com as mãos, apoiou-se no chão. Impressionado
por sua façanha, similava-a com as habilidades um herói dos quadrinhos da Marvel: o
Homem-Aranha. Olhando para cima, assistiam-os de boca aberto pela sua proeza..
Contudo, a diretora, vendo meninos ali em cima e naquela estado, danou:
— O que estão fazendo?! Desçam daí agora!!!
Submissos, obedeceram como gatinhos mansos. Luke assustava-se com o
comportamento de
Ao aproximar-se, Louise, não os reconhecendo devido seus rostos estarem
azulados, ordenou que se apresentassem:
— Quem são vocês?!
Com a cabeça baixa, um deles retratou-se:
— Eu sou o Douglas Miller. O da minha direita é Patrick Jones e o da esquerda é
Steven Williams.
Constrangida, lembrava-se que eram os filhos da família mais renomeada e rica
de São Francisco, rindo, desculpou-se:
— Senhores Miller, Jones e Williams, mil perdões! Pensei que eram alguns moleques
encrenqueiros!!!
Enquanto Douglas escutava as bajulações de Louise sobre seus pais e sua
família no geral, olhava para Luke, que acenava sorridente.
Compassiva, pediu que seguissem-na:
— Venham!!! Pedirei que uma serviçal traga toalhas e roupas limpas!!
Observando o arredor a fim de encontrar Aurora, atentou-se que já estavam
longes. Esquecendo de devolver um objeto que não o pertencia, apareceu na frente
dos quatro, interrompendo o caminhar deles.
Encarando-o, Louise intimidou:
— Quem é você?! Saía da frente rapazinho!!
Simpático, apresentou-se e explicou o motivo de atrapalharem-os:
— Eu sou Luke Smith! Vim entregar a fita cassete que o meu amigo Douglas tinha me
emprestado!
Confirmada com o vínculo de ambos,
— Ah, sim!! Tudo bem!
Sarcástico, entregou-a para ele agradecendo:
— Gostei muito de ouvir... Doggstyle¹, do... Snoop Dog! Muito obrigado!!
Apesar de Louise entender, a priori, que o nome do álbum fazia referência à
alguma conotação sexual. Como também, para piorar, que o artista pertencia a cena
do rap, da qual era vista como suja — tendo em vista as letras degradantes e,
principalmente, a presença exclusiva de negros —, recusava-se à acreditar...
Constrangida, ria agradando-os:
— Eu adoro esse álbum! O cantor, nem me falem!!
Retirando-se, Luke ria do constrangimento no qual os colocou frente a diretora,
ainda mais pela tentativa dela de passar o pano ao máximo em relação ao que foi
falado, fingindo-se de desentendida, enquanto bajulavá-os.
Capítulo 99 - Inesperado
Capítulo 101 -
Terminado a aula, Luke saía da escola, escutando, em seu walkman, a faixa Well
I Wonder, do álbum Meat is Murder, do The Smiths, e olhando para os demais alunos,
atentando-se aos com vestimenta preta, como se possuísse esperança de que pudesse
ver sua amiga, porém, as chances eram improváveis. Haja vista que procurou-a
durante esses dias em todos os lugares da escola e não encontrou-a.
Achava que, ou ela estava, no intervalo, em um lugar extremamente isolado que
não conhecia, por estar decepcionada com algo que ele fez, ou encontrava-se
bastante doente ao ponto de não conseguir ir à aula. Todavia, sentia que a primeira
suposição era a correta. Cansado de criar suposições paranóicas, decidiu ir logo
para a casa dela e ver com os próprios olhos.
Embora tivesse levado um esporro por ter chegado tarde em sua moradia,
preferia reaver sua amizade, ou oferecer suporte e conforto para o estado de saúde
Sophia. De qualquer forma, o sermão seria insignificante perto da angústia, saudade
e preocupação, as quais cresciam a cada dia...
Cansado de correr, atravessava a Ponte Golden Gate andando. Observa as marés
e os ventos fortes, bem como várias nuvens negras se formando. Pressentindo algo
ruim, do qual não conseguia interpretar o que era, reiniciou a corrida a fim de
chegar o quanto antes.
Enxarcado pela chuva, balançava seus cachos molhados, os quais atrapalhavam
sua visão naquele estado, e, encorajado, bateu na porta. De tanto bater e esperar,
tinha quase certeza de que ninguém situava-se em casa. Insatisfeito, rodeou a casa
visando, através das janelas, avistar alguém. Crendo que Sophia e seus responsáveis
haviam saído, averiguava, já desiludido, a última janela...
Observando o quarto, admirava-se com a escancarada diferença para com os
demais. As paredes eram preenchidas por pôsteres e desenhos magníficos. Além disso,
viu um computador, um violão e uma guitarra. Curioso para adentrar, apesar de
reconhecer que era errado, também queria conhecê-la melhor e, talvez o mais
importante, gostaria de deixar uma carta perguntando-a sobre por que tinha sumido.
Torcendo para que não estivesse trancada, de olhos fechados, puxou a janela
e, por acaso ou destino, pôde abrí-la. Entusiasmado, pulou e logo fechou-a devido a
aguaceiro que caía. Sem dar-se o direito de aventurar o ambiente, abriu sua
mochila, retirou um caderno e o estojo e, utilizando a escrivaninha que encontrava-
se de frente a janela, começou a escrever uma carta pondo todos os seus sentimentos
nela.
Incrível Sophia,
Desde aquele dia, não te vi mais. Sei que você é tão reservada quanto eu, mas
te procurei por todos os cantos da escola, durante todos os dias, e, infelizmente,
não te achei. Não sei se você está magoada com algo que fiz, se sim, saiba que
nunca foi minha intenção e peço-lhe minhas sinceras desculpas... Contudo, caso
esteja doente, saiba que desejo melhoras! Espero que fique bem o quanto antes!!
Desde que te reencontrei não consigo parar de pensar em você e o quanto me
fez tão bem em pouquíssimo tempo. Acredito que isso foi a melhor coisa que me
aconteceu após retornar para esta cidade...
Sei que deve estar se perguntando como consegui colocar esta carta dentro do
seu belíssimo quarto, e talvez se chateia por causa disso, mas a janela estava
destrancada e não resisti... Me perdoe! Espero que entenda!!
Se quiser respondê-la, me envie uma carta neste endereço: Rua Shotwell,
1113. Se preferir, me ligue neste número: 369-9635 — depois das 21h00, por favor.
Com amor, Luke"
Sintonia Magnética
Aproveitando que era caminho, Luke passou no orfanato em que sua mãe
trabalhava a fim de avisá-la aonde iria e, por segurança, pegar um pouco mais de
dinheiro com ela. Salientou para Sophia que seria rápido e que em algum outro
momento propício apresentaria-a com calma. Desejava bastante conhecê-la — a
despeito do medo e da timidez colossais —, mas conformou-se com a situação,
apaziguando sua mente que formulava frases pré-prontas desde quando soube, saindo
da escola, que possivelmente veria-a.
Esperando do lado de fora, observava o trânsito de crianças e imaginava
como seria morar nesse lugar, pois tinha ciência de que quase morou, e reconhecia
que não era por falta de vontade de seu tio.
No parque de diversões, Sophia desfrutava do sorvete que havia ganhado com a
corrida, apesar de ter sugerido uma premiação apenas depois de ter vencido.
Contudo, Luke, relevando se era uma aposta ou não, queria pagá-lo de qualquer
jeito.
Todavia, para conseguir o ideal foi difícil, ambos tiveram de percorrer
várias barraquinhas em busca de algum que não possuísse lactose em sua composição.
Com muito custo, explicação para os donos do que se tratava e insistência de Luke,
conseguiram, na última, um sabor morango à base de soja.
Era para Sophia estar impressionada com a obtenção de algo tão raro como
ouro naquele ambiente, porém, tranquilizava-se pela adrenalina de ter de enfrentar
as caras bravas, embora fosse Luke que tomava as rédeas do pedido.
Contente, sorriu e ofereceu-lhe:
— Quer um pouco? Você não quis pegar um para você...
Recordando-se que havia pagado o triplo no de soja em relação a um
convenvional, optou por segurar a vontade em pró de um bem maior: divertir-se nós
brinquedos com Sophia.
Coçando a cabeça, mentiu:
— Aceito um pouco... Eu não peguei porque não estava com vontade!
Pegando uma porção com a colher de plástico que desse orquestrar manobras,
preparou-o para decolagem:
— Então abra a boca! Vou fazer aviãozinho!
Envergonhado, olhando a quantidade de pessoas ao redor, balançava a cabeça e
negava:
— Não, assim não!
Notando que estava ficando tímido, provocou-o em um tom de brincadeira:
— Por que? Está com vergonha de mim? Achei que você não tinha vergonha...
Não querendo se passar de bobo, ressaltou:
— Claro que não estou com vergonha de você!! Mas tem que ser aviãozinho?
Arregalando os olhos e cruzando as mãos, pediu:
— Por favor!!
Padecendo ao seu olhar angelical, abriu a boca e pôs uma parte da língua para
fora a fim de facilitar o pouso.
Entusiasmada, iniciou a decolagem contando uma breve história:
Capítulo 106 -
11 de outubro de 1998
Concentrada, ao passo que escutava o múrmurio das águas e dos animais, bem
como sentia o vento sobre seu rosto, viajava no mundo das ideias colocando-se na
situação do eu lírico.
Receoso de que talvez não tivesse compreendido, perguntou:
— Gostou?
Embasbacada de como alguém poderia relatar o mesmo sentimento de outra pessoa,
elogiou-o:
— Amei! Penso o mesmo que você...
Sentando-se ao seu lado, relatou de onde veio a inspiração inicial:
— Fiz durante a aula de Biologia!
Contente, acreditou ter feito o certo:
— Valeu a pena!
Reflexivo quanto aos acontecimentos do dia, interligou-os:
— Engraçado, é muita coincidência eu escrever sobre a natureza e você me neste
lugar espetacular!
Lembrando-se de ouví-lo falar sobre nós últimos tempos, relatou:
— Você não parava de falar nela!
Pensativo, admitiu:
— É verdade...
Envergonhada, aproximando seus dedos da mão de Luke, da qual, apoiava-o no
banco,
— Você gosta dela da mesma forma que eu. Nunca pensei que acharia alguém assim...
Sentindo algo macio e frio acariciando sua mão, aproximava-se afirmando:
— Nem eu...
Não contendo-se ao desejo, beijou-a sem pressa, a fim de aproveitar cada
segundo. Embora fosse um beijo roubado, Sophia deixou-o, pois, afinal de contas,
também desejava tanto quanto.
Ocultando a sua excitação, ironizou:
— Você é muito apressado, hein? O próximo era só daqui a um ano!
Coçando a cabeça, fingiu-se de inocente:
— Achei que fosse o selinho!
Escorando em seu ombro, segurou sua mão, colocou sua perna direita sobre a
coxa de Luke e ressaltou:
— Você anda muito safado, senhor Smith!
Acariciando sua coxa, revidou:
— Culpa sua, senhorita Watson!
Mordendo a parte inferior de sua orelha, com os dentes caninos, provocou-o:
— Eu sei que você gosta...
Arrepiando-se de prazer, acariciou a coxa de Sophia e disse calmo:
— Você também...
Dando risadas maliciosas, indagou:
— Que tal irmos para a sua casa?
Presenciando-a levantar do banco e dar alguns passos, entrou em choque. A
aflição que estava mantendo guardada nós últimos dias, procastinando um segredo que
contaria para Sophia no último instante em que fosse obrigado, desabrochou como um
raio sobre sua cabeça. Embora pensasse em alguma forma sútil para tocar no assunto
sem que chocasse-a, encontrava-se desencorajado para expressar-se. O seu maior
receio era a reação que ela poderia ter: desde magoar-se pela mentira, e a relação
não ser mais a mesma, até abominá-lo por não possuir pais e se afastar.
Intrigada com Luke, aproximou indagando:
— Algum problema?
Sem olhar para os seus olhos, com o corpo rígido, confessou:
— Sophia, preciso falar algo sério contigo...
Sem entender, preocupou-se com a seriedade:
— O que foi??
Sem graça, pediu:
— Por favor, sente-se...
Angustiada com a expressão com, pressionou-o:
— Pode falar!
Suando frio, gaguejou:
— E-u...
Notando sua dificuldade ao falar, ajudou;
— Eu??
Respirando fundo, sem pesar nas palavras, afirmou:
— Eu sou adotado...
Tranquilizando-se por não ser algo preocupante, segundo sua visão, ressaltou:
— Não tem problema, Luke! Você sabe que também fui!
Fechando os olhos, desabafou-se:
— EU SOU ÓRFÃO E MORO NAQUELE ORFANATO!!!
Observando-o tremer, sentia os intensos e conturbados sentimentos de Luke, os
quais já havia vivido na própria pele. O medo de ser julgado e condenado às trevas
por um acontecimento fatídico que não lhe diz respeito, ou seja, uma culpa que não
é sua, mas dos acasos da vida, era o mesmo já sentido por Sophia em outrora.
Condolente, abraçou-o apertado a fim de reconfortá-lo e demonstrar a sua aceitação
e indiferença perante uma questão tão irrelevante quanto essa.
Serena, repensando no nervosismo de Luke sempre que se referia aos seus
respectivos pais e suas idas ao orfanato por motivos admitiu;
— Eu já suspeitava...
Esfregando os olhos, quis saber:
— Não tem problema para você?
Soltando-o, fixou seu olhar no dele e relembrou-o:
— Claro que não!! Eu também sou!! Apesar de morar com o meu tio...
Sentindo-se culpado, arrependeu-se:
— Eu menti todo esse tempo...
Sorridente, compreendeu-o:
— Eu te entendo perfeitamente!
Paranóico com o que pensaria sobre o seu leito, salientou:
— Mas pode ficar sossegada que tenho meu próprio quarto!!
Segurando sua mão, despreocupou-o:
— Mesmo se não tivesse, não teria problema algum! Iria dormir agarradinha com você
do mesmo jeito!!
Contente, admirado com o azul de sua alma, agradeceu com sinceridade
— Obrigado, Sophia!
Aproximando-se da sua alma castanha clara, acariciou esfregando, por meio de
seu nariz, o dele e deu-lhe um selinho e dispôs:
— Obrigada eu, Luke!
Quebrando o clima de austeridade, provocou-a:
— Achei que era só ano que vem!
Revirando os olhos, colocou a ponta ponta em seu próprio nariz e inventou uma
desculpa:
— É diferente... isso foi um combo!
Levantando-se, aprumou os ombros e sugeriu:
— Melhor irmos andando, Nix!
Captando a referência da deusa da noite, enviou outra:
— Falou e disse, Pã!
Perplexo, desentendeu a analogia:
— Por que o deus Pã?
Fazendo alusão à personalidade de Luke, explicou:
— Ele é o deus da natureza!
Sonolento, bocejou:
— Faz sen-ti-do...
Rindo com a sua sonolência, realçou:
— Acho que parece mais com o Hypnos!
Apagando a luz do poste, Nix começou à correr pela escuridão afora desafiando
Pã à alcancá-la. A despeito da deusa da noite estar em um território que não
pertencia o seu domínio, visto que era circundado por vegetações, em que o deus da
natureza poderia utilizar de algumas artimanhas, a noite fazia-se presente sobre,
favorecendo-a.
Orgulhosa por Pã não estar conseguindo encostá-la, alfinetou:
— Você realmente é Hypnos!
Ofegante, evidenciou:
— Está de noite e você tem vantagem!
Cansado devido a sua asma, Pã escondeu-se em um arvoredo. Preocupada por não
mais avistá-lo, Nix procurava-o. Chamando pelo seu nome de original, desvencilhava-
se da personagem, retornando para a real.
Aflita, gritava:
— CADÊ VOCÊ, LUKE? É sério, acabou a brincadeira...
Aparecendo por trás, colocou suas mãos sobre seus ombros e assustou-lhe:
— EU SOU PÃ!!
Pulando de susto, virou-se e bateu no peito de Luke avisando:
— Não teve graça!!
Assimilando os poderes dos deuses que estavam interpretando, exemplificou:
— Nem sempre o mais forte ganha, mas o mais esperto!
Se retirando da área de 4,1 km² de pura vegetação, que mais assemelhava-se ao
Jardim do Éden, seguiram para o orfanato, de mãos dadas, onde situava-se próximo,
comparado com a casa de Sophia, em Sausalito.
Capítulo 112 -
Capítulo 113 -
Heroína
Você me reconstrói...
Você me destrói...
Você é minha heroína!
Você é minha ruína!
Um Minuto de Descanso
22 de novembro de 1996
Olhos Mágicos
20 de agosto de 1998
21 de setembro de 1998
Estrela Incandescente
Tentando, pacientemente,
Encontrar um objetivo,
Porém, percebi que acabei realizando-o numa estrela incandescente.
31 de agosto de 1998
Ao final, antes que Luke pudesse expressar a sua admiração pelo poema, foi
interrompido por duas meninas que riam em um grau de deboche. Ao passo que Sophia
sentia-se incomodada pela presença de ambas, as quais já tinha sentido suas
energias por atrás dela, antes de começar à recitar. Em virtude disso, afobou-se
mais que o habitual ao demostrar seus sentimentos para Luke — visto que haviam
enxeridas.
Embasbacada por estarem recitando poemas, Anny satirizou:
— Vocês estão acham que estão em que época?
Enojada, Scarlett admitiu:
— Realmente, isso é tão cafona!
Avistando as amigas da Claire, revirou os olhos e, suspirando, questinou-as:
— O que querem??
Sem graça, Anny explicitou:
— É a Claire...
Sabendo que só podia ser isso, esclareceu:
— Eu não quero saber dela...
Encoranjando-se, desembuchou o motivo por trás de sua amiga:
— Ela está dentro do banheiro com uma arma...
Sentindo seu braço ser cutucado, Anny findou:
— E pretende tirar a própria vida...
Apesar de estar desinteressado, seja qual fosse a razão, entrou em choque ao
ouvir o complemento. Por instinto, levantaou-se e, dando um beijo na Sophia —
esclarecendo que havia amado o poema e que logo voltaria —, correu em direção ao
banheiro, almejando que o pior não tivesse ocorrido.
Agraciada pela amorosidade, sinceridade e compaixão de Luke, bem como chocada
com a notícia, Sophia observava-as se afastarem calmamente, indo de encontro com o
caminho tomado por ele. Atentava-se as risadas e à troca de olhares que trocava com
ela. Concentrando-se na energia emanada pelas duas, não sentia nada que corrobora-
se para com a preocupação e tristeza diante da vida de Claire, pelo contrário,
tinha a sensação que encontravam-se alegres e satisfeitas até demais para a uma
ocasião tão lastimável.
Desconfiada, refletia sobre o porquê de estarem agindo assim perante a melhor
amiga delas...
Possuindo quase certeza que as três estavam armando alguma emboscada para
Luke, corria pelo corredor a fim de alcancá-lo o quanto antes. A despeito de nunca
invadir os pensamentos e sentimento de Luke, somente quando estivesse ciente, tomou
a liberdade para conectar a ele via telepatia. Este poder apenas conseguia obter
cem por cento de eficácia tratando-se de uma pessoa íntima. Apesar de Henry também
ser, desde há alguns meses em que descobriu tal habilidade, falhava ao tentar
conectar.
Na entrada do banheiro, avistou Anne e Scarlett barrando a entrada.
Acreditava que ambas pegaram um outro caminho a fim de levantar suspeitas.
Aflita, pediu:
— Me deixem passar!!!
Cruzando os braços, repeliu-a:
— A gente só deixa quando os dois pombinhos terminarem.
Batendo o verso da mão direita na palma da esquerda, retratando um gesto
sexual, ironizou:
— Com certeza!
Enfurecida, fechou os olhos e, antes que pudesse forçar a mente à exercer seu
poder de telecinese, percebeu que já estavam presas nas laterais da entrada,
debatendo-se tentando se soltarem. Sarcástica, aproveitou e tapou a boca de ambas.
Adentrando, interpretando rapidamente a cena, em que Claire situava-se pelada,
gritando e apontando uma arma para Luke, que estava sem camiseta e chorando, perto
da saída, avistou-a apertar no gatilho. Visto que a velocidade de uma bala
incomparável é com a reação humana, inconscientemente, fechou os olhos e desejou
com que ela parasse — seja de qual forma fosse.
Amedrontada, abriu os olhos e reparou que tudo ao redor encontrava-se
praticamente estático, menos ela mesma. A bala, a menos de um metro de Luke, corria
como uma tartaruga, aliviando-se por ter conseguido interceder a tempo, como no
caso da roda-gigante. Impressionada com a nova habilidade descoberta, dava leves
toques para testar. Encorajada, segurou-a na mão, porém, sentia cócegas.
Manuseando-a na ponta dos dedos, conseguia alternar a direção. Brincando, colocou-a
rumo a Claire. Entretanto, repensando, achou não ser uma boa ideia e, avistando uma
janela aberta acima da pia, subiu-a e direcionou-a para fora da escola.
Pulando no chão, aproximou-se de Claire, assombrava-se com a raiva estampada
em seu rosto. Curiosa, analisou o seu corpo. Embora acredisse que era magra demais,
impressionou-se com a magreza dela. Ademais, os seios eram iguais, no entanto,
agachando-se, observou que sua vulva encontrava-se molhada, espelindo um fluido
transparente. Espantada, não sabia que gostava tanto do Luke assim, haja vista que,
segundo os boatos que rondavam a escola, ela havia desencanado dele há alguns meses
e estava interessada em um outro novato. Indiferente, retirou a pistola de sua mão
e deixou-a no chão o mais rápido possível — tendo em vista que possuía medo de
armas de jogo.
Aproximando-se da pia, cuja torneira encontrava-se aberta, onde a água
parecia estar congelada, fechou-a. Olhando-se no espelho, arrumava sua franja.
Observando o reflexo de algo estranho em um dos compartimentos, atiçando sua
curiosidade, foi verificá-los. De perto, percebia que eram cebolas cortadas no
meio. Achando anti-higiênico pô-las na cesta de lixo, abriu a tampa do vaso, antes
de atira-las, estarreceu-se com a substância presente, parecia vômito, pois via
pedaços de comida não digeridos, acreditava que eram da lanchonete da escola.
Reflexiva, perguntava-se quem teria passado tanto mal. Concentrando-se no
principal, jogou-as na privada, fechou a tampa e deu desgarga.
Retornando para Luke, com pena de sua expressão fácil de desespero, na qual
escorria lágrimas, acariciou sua face, beijou-o e abraçou-lhe a fim de confortá-lo,
desejando que a realidade retornasse ao normal.
Prosseguindo, Claire proferiu:
— Você vai morrer comigo, Luke!! Vamos ficar juntos para sempre!!!
Incompreendido, sentindo-se abraçado por alguém, parou e, presenciando um aroma
característico, indagou:
— Sophia??? É você?!
A fim de descontrair, brincou:
— Quem mais seria, bobinho?
Tendo certeza pela voz, salientou:
— Há alguns segundos a Claire estava querendo me matar!
Visualizando os dois abraçados, incompreendia como Sophia tinha chegado ali.
Esquecendo-se que tinha atirado, focava-se em ambos, em como amavam-se por meio de
tão pouco, chegando a ser um ato simplório. Sentia inveja, inferioridade e
humilhação por não ter conquistado o que mais almejava, justamente em seu
aniversário — 11 de dezembro —, antes de partir: o amor de Luke.
Chorando, arrependeu-se:
— Desculpa, Luke!
Se virando, viam-na com a pistola apontada para a própria cabeça e chorando.
Sophia, utilizando de sua telecinese, arrancou-a de sua mão, trazendo-na para
perto.
Complecente, acalmou-a:
— Ninguém quer você morta, Claire.
Assombrada, vendo uma cena de filme de ficção científica, lembrava-se do
adjetivo que Douglas uma vez utilizou:
— Você é um demônio!!
Sereno, retificou-a:
— Acho que tá mais para um anjo...
Assistindo-a apanhar e vestir suas roupas espalhadas pelo chão de maneira
desleixada, avistaram-na sair com receio, mantendo certa distância, como se Sophia
pudesse sugar sua alma.
Vitimizando-se, gaguejou com uma mistura de medo e vergonha:
— E-u v-ou fa-lar pa-ra to-do mun-do so-bre o q-ue vo-cês fi-ze-ram co-mi-go!
Revoltado com suas atitudes, ameaçou-a:
— E eu vou falar para a diretoria que você me abusou!
Escorregando — por intercessão de Sophia —, apoiou-se na porta da saída e
provocou-o:
— Ninguém vai acreditar, seu frouxo!
Com descaso diante do chilique de Claire, notando que não parava de olhar para
trás, imitou uma criatura faminta, pronta para devorá-la, com garras e uma dentição
afiada, além de uma careta aterrorizante: erguendo as sombrancelhas e arregalando
os olhos. Grunhindo, escutou-a gritar e sair correndo, caindo em risadas ao vê-la
desesperada. Esquecendo-se, desprendeu Anny e Scarlett.
Cabisbaixo, sentia-se culpado pelo ocorrido:
— Obrigado e me desculpa, Sophia...
Recompondo-se, esfregou os olhos e confortou-o compreendendo a situação:
— Você só queria ajudar. Você não tem culpa nenhuma!
Vendo-o desmoronar em sua frente de choro ao explicar os acontecimentos,
percebia que não era somente ela que lidava com traumas relacionados abusos
sexuais, físicos e psicológicos. No entanto, assim como ela, preferia por não
atribuir nome ao agressor de outrora, com excessão de Claire. Isso exemplificava o
fato de terem combinado, nas primeiras vezes que dormiram juntos — visto que já não
era mais necessário, porque sabiam —, que não desejavam utilizar seus aparelhos
reprodutores, seja de qualquer forma, ao se entregarem de corpo e alma um para o
outro.
Apesar de no começo achar que Luke gostaria de algo mais apimentado, percebia
que ele era tão rígido a essa ideia quanto ela própria. Contudo, achava que o
motivo girava apenas em torno de algum aspecto espiritual oriental. Devido às
explicações, tornava-se claro a sua aversão a relações notoriamente sexuais.
Sentindo-se emocionada ao vê-lo expurgar seus sentimentos ruins, trancados
com sete chaves, desabafou-se com Luke sobre isso, confessando que também já havia
passado pelas mesmas situações que citava — sem revelar qual pessoa se tratava.
Abraçados, partilhavam as lágrimas até ouvirem o ressoar do sinal, por volta
de 9h33m — três minutos atrasado. Recompondo-se, trocando olhares e sorrisos, riam
ao passo que saíam de mãos dadas, como se nada tivesse ocorrido.
Capítulo 116 -
Saindo do orfanato, do qual haviam passado para Luke pegar seus pertences
pessoais e avisar Hillary que iria passar a noite na casa de Sophia, que
constrangeu-os avisando para terem juízo e utilizarem presevativo, caminhavam de
mãos dadas, enquanto contemplavam o pôr-do-sol.
Vendo-a carregar a mochila, agiu com cavalheirismo:
— Quer que eu carregue a sua mochila?
Risonha, levitou um pouco a mochila de Luke e brincou:
— A sua está mais pesada que a minha! Mal consigo levitá-la!!
Sério, notando que ela estava fingindo, insistiu:
— Tenho certeza que os cadernos e os livros pesam mais.
Trocando as mochilas, desistiu:
— Tá bom, você ganhou!!
— Obrigado!
— Isso o quê?
— Você sempre está disposto
OooooOoooo8
Notas boas
Sophia conhecia
Farmer
Harrison Louise.
Vômito.
Fechou a torneira.
Jogou a roupa.
Tirou a arma.
maginando o que iria fazer, abriu os olhosão teria outra alternativa, abriu os
olhos devagar e fixou-se em seu rosto. No mesmo instante,
Desacelera r tempo
Parando tempo.
Tirou a calcinha.
Preni paredd
Quero vc dentro de mim só uma vez. A Sophia vai ter várias vezes.
Tira
Eu vou atirar.
Tira a
Empurrou Claire.
Voltar ao passado ou parar a bala.
Capítulo 19
Insistir.
Arma.
Essa arma é do meu pai. Claire.
N tinha coragem, só para cha
Leu dois.
Em dúvida, leia os dois!
Ansiosa
Acordou hospital
Sonho
Final
Símbolo sonho
Eu já n estou aqui?
Brincou.
Noruega n dinamarcs
Solu
Lembrava-se da vez que no banheiro deu em cima dela. Uma amiga estava sendo
humilhada.
enquanto comiam, após terem tido uma aula detalhista acerca da mitologia grega,
seguinte respectivamente o horário ardestavam estudando sobre a
mitologia grega por meio de um livro recomendado por Harrison, denominado O Grande
Mito dos Gregos, por
Escrevia mensagens
Expulsa ela.
Contente,
Anel ridículo
Dormindo carceiceiro
Melanie
30 anos de cadeia
Henry mandou notícias mais
1 mês
Nunca visitou
Cuspiu
Apertar pescoço
Telefone
Sofrimento.
Henry.
Adeus pai.
Como está a Sophia?
Homo
Nota melhorou.,
Capítulo
Mancha
Sophia zoando
Pontos molhados cueca
Janela.
Como consegue ver?
Privacidade.
Mochila de roupas.
Tremendo a mão.
Anel de coco
Nosso anel de união para com o universo.
Contou a verdade
Acordando, amssado.
BMW
Audi
Mercedes
Carro bão
Luke
Única de Sausalito
Escrevia-a
— EU TE ODEIO!!!
Motorista esperou-o.
H
Sophia
Capítulo
Desabando em choro.
Só ia sorrr
Pq n gostava da Sofia.
Correndo na chuvainal.
Rijdo.
Álbum fotos pais.
— Sim!
— Sim!
Álbuns nomes.
Noruega e Inglaterra
Escrito amarelo
Cor chaves.
Não conseguia. Daltonismo. Verde. Vermelho.
Vc é mãe dele
Gostou de você.
Surda bullying
Bolinha, latiu
Maresia
Blind
Parece mais uma mansão
le possuía a chave.
História.livros
talvez manhã n
Correr
Ent é ela q vc saí Hillary.
Dedos no banco.
— Poema pode recitar para mim. O poema que vc escreveu hoje cedo? Pensando nele
Viu cortes
Na casa deles, vc já se cortou, Luke? Já... revolta meus pais. Pensei mas nunca
tentei. Suici
nunca tentarei pq tenho vc
Tbm não
Um dos meus medos altura. Por causa disso. Ponte. Outra ponte Bay.
e entendo. (Nunca tinha pensado que Luke teria passado por tantas coisas. O sorriso
não alegava.)
Depois da escola.
Subiu e logo
Se você não estiver se sentindo bem, claro! Além do mais, estamos aqui há um
tempão...
— Eu também...
Em decorrência da corrente fria, Luke, embora tentasse se segurar para não tremer,
ao ver que Sophia estava
Tonto.
Deu um problema aqui, estou querendo mijar vê se vc resolve aí. Eles estão lá em
cima tem um tempão
Olhou para baixo, tontear. Estou bem, aí gira rápido de uma vez.
Agarrou-se na beirada, mãos,
— Por que
Preciso ir no banheiro urinar. Vc pode controlar para mim? Aqui para d aqui aumenta
a velocidade.
É bom altura.
12 a 13
Arco íris, cor quantidade
Sem desculpas!
Daltonismo.
Ashlee
O seu desejo de vingança de Apesar de ser muito grande para somente uma pessoa
procurar, dispensou a ajuda de seus amigos e foi na missão sozinha fim de vingar
Claire — a sua paixão desde mais novo.
Setxta
Claire foi para as amigas, chorando arrumada, Douglas perguntou o que ela tinha,
as amigas responderam:
Capítulo
Chorando se arrumou.
Maquiagem.
Anel. Ashley
Toda arrumada.
Tela branca.
Beijando língua
Como se fossem
Coisa mais romântica que alguém tinha feito, barulhos, conventtava-se somente nela.
Que ridículo.
Bravo
Eu quem não deveria gostar.
Menina cumprimentou
Abre a boca.
Sorvete
Capítulo
Apito soando.
Vermelha.
Ficou tímkda.
Beijos.
Cócegas
Apito recreio.
Saindo
Gramática
Chorando.
Douglas.
Nem um pouco.
Bobo
Claire na mesma sala que Sophia. Olhava ela. Douglas estava na sua sala Luke
Se algum de nós morrer oriemiro. Árvore. Eu n conseguiria, nem eu... Mas n pense
nisso, tá bom. Yn Yang equilíbrio
Beijos árvore.
Romeu morrer
O que acontece?
Regras escola.
Louise vai adorar saber disso.
Anel de Côco.
A cada sentimento uma poesia
Olhos vermelhos poema. Alergia
Mãos dadas.
Luke viu dois diários cheios de poeira. Um escrito Sophia e o outro Sofia.
Perto da escola.
Orfanato.
Acordou
Pq vc escrevi poemas?
Pq eu n tenho amigos.
Montanha russa caiu, fechou os olhos acordou na rvkre conversando sobre Sofia
acidente. Pais morreu
Abriu os olhos.
Park natureza
Bevsjco da árvore. Ir conhecer o orgsnato
Parque
Foi boa a aula. Amigas Luke ciúme nem conhecia.
Pegou ela e perguntou: Você comeu demais! Hein Sophia? Vc que é fraco kkk
Pinta.
Hippie
Eu uso ele na lateral para tampar uma cicatriz. Tenho que cortar...
Sappy
Mikk It
ALL apologies
N vai poder sair escondido Luke. Orfanato
Mãe do Luke refém pai tbm.7
Violão,
Arrumando-se.
O que
Cabelo
Maquiagem. Vamos nós dois diferentes.
N vou assim há anos...
Arrumando cabelo.
Coberta
De vez em quando gosto de amarrar. Vamos nós dois com o visual mudado.
Gostou?
Gritar. Chorar.
Luke apareceu, cabelo amarrado.
Outra pessoa. Ondulado, liso. Cacheado
10:10
Sonho
Dorminhoca
Cadê
Depois que Luke morreu, as amizades foram embora. Perderam. Começaram a tratar
Sophia mal de novo.
Nariz
— Não!
N a gente se beijou.
Beijaram-se.
N tenho peitos e
Pernas
N queria acordá-la
Colocando-a na cama,
Carregou Sophia.
Escovar dentes.
Empresto.
Enpanturrados
N conseguiu
Não valeu. Valeu sim!!
Trovão colo de So
Viu álbuns
Sintonia Magnética
Terminando o filme,
Dormir
Aventurou no quarto.
Ponta do nariz.
Apertou.
2000 pulou.
Dormir no Sofá.
Receio. Vc é bonita.
Parque de diversões
Roda gigante.
Viu Douglas e os demais
Borrado
Acariaciandi barriga
Somos namorados?
Filme pipoca.
Rindo.
Cabelo molhado.
Pipoca boa.
Beijo na testa.
Ardência
Fita crepe.
— A janela estava destrancada... Mas eu só entrei porque queria deixar uma carta
para você. Espere aí que eu volto.
Capítulo 103 -
Costas machucadas
Se beijaram. Ali.
Agridoce, para os dois lados.
Melhor eu ir.
Cuidava dela.
Luke, vc me ama?
N tenho coragem.
Comprimidos
Abraçou.
Folha amassada.
Viu desenhos.
Saí de cima
Não vai bem na escola, se corta. Rindo. Você é tão inútil quanto a sua mãe adotiva.
N queria engolir.
Tirou o cinto.
Adotada.
Vou te educar.
Harrison
Capítulo
Ouviu choros.
Dormir juntos.
Demorei para vi
Beijos,
Eu te amo.
What She
Said
Pulsos cortados.
Ooo
Na casa dele.
Acampamento.
— São só o passado.
Pode me chamar,
Estarei lá
Chorou.
— São só o passado.
Discordo
Praia.
Tarde
Encontrou Sophia depois de uma semana, se mutilando na casa dela. Aniversário dela.
Anos de conhecer.
Balançava alegre,
Sophia trouxe a Aurora boreal
Harrison bateu
Ficou 1 semana sem ir na escola.
No final, acordou.
Vc veio correndo?
Pais adotados.
Sentou no balanço.
Pq aurora?
Notas = zoaram Luke beijo marca. ZoarARAM. BAEIKO. SOPHIA FICOU PREOCUPADA. ELE NAO
ESQUENTOU. TRANQUILO.
PARQUE.
Parque
Fatos batendo.
Saiu correndo.
Sinal.
As letras são muito melancólicas
Trocou
Amei
Gostava do primeiro.
Marcas braço,
Acolhida,
Muito galhos
Timidez
Moída.
Recreio
Luke e Sophia
Chova, chova
Eu adoro
Apêndice
Oq tá fazendo aí?
Nada só vim entregar uma coisa para o senhor Miller.
Tinta.
Pulou, Luke
Aproveitando a distração
Ganhando tempo.
Luke chega a
Pedir dinheiro.
Eu preciso comprar
Smels Like a
Lista de regras.
Bebendo cerveja.
Foi adotada!
Tintas Luke.
Escutou beijo.
Múmia
Julia
Espantava-se
Chave
Morreu de velhice
Ver a Julia.
Caixão
Porão.
Assustou-se
Abertura na barrraca.
Estrelas.
Prefiro ir a pé
Transferido Orfanato.
Harrison.
14 anos
O pode
Por do sol
— Ela era minha amiga também.
Morreu trágica.
Eu consertei
Por do sol.
Consertou
Watson
Adotado
Viu as lápides
Cemitério
Bleach
Luke consertou.
lixo recivlavrl
Se ela era tão forreciclávelte assim, pq foi afastada e virou professora e uma
diretora tão incompetente?
Experimento
Cemitério
Depois da aula.
Cicatrizes bonitas.
N acredito em promesas.
Louise.
Tampar o machucado
Louise.
Luke viu
Sophia escola
Henry, prisão
Foi na praia,
Indiferente
Molhado, Henry.
Cansada de promessas,
U
Esturoor.
Faca,
Prestes a chamá-la
Spray de pimenta
Deparando-se com Jesse estirado no chão, assustou-se. Cautelosa, foi para o seu
guarda
Melanie
Willy
Pegar as coisas
Sangue estuprar
Ir embora as duas
Pegue suas coisas
Ele fica usando seringa e dorme
Jesse dormindo.
Sophia.
Lembrou da perseguição.
Suspeito.
Culpa
Jesse
Egeido borboleta.
Suspeito é Henry
Henry, notícia
Ashley
Consegui fugir no dia 31.
Chovendo
Imoressionar valentia.
Enterrou
Luke e Sophia foram para lá
Abrindo a porta
Coisas acontecem.
Jenny
da manhã de hoje.
Escutava chuveiro.
Percebia que a água caindo quando Sophia tomava banho era diferente.
Devia ter dormido lá. Devia ter levado ela para faculdade. Era perto.
Morte notícia.
Jhonny.
Carro
Segui
Me sinto como um
Correndo para a
momento, lia
Tapa na cara
Ashley
Henry
Melanie morreu.
Ele é educado. D
Pq o medo?!
Estamos paranóicos,
Cortina janela, teve impressão de mexer.
dúvida atrás da orelha acerca da veracidade do que foi afirmado por Ashley —
acreditand
Ligar de novo.
Luke e Sophia
Estrelas
Apertado, estômago.
ome conta
Melanie
Henry
Ao passo que seguia em direção ao seu recinto, Jesse, lacrimejando de rir, observou
a reação de Sophia e relevou-a.
Coloração pelo,
Sophia carro.
Virou o carro.
Se precisar.
Derrubou o cadáver.
Aurora boreal
Capítulo 82 -
Receoso quanto
Recanto dos pássaros.
Concentrado.
Will
Henry chefe
Nariz sangrando
Ashley acordou no porão. Via uma coisa horrível. Pensava que ia se tornar também.
Eu te mato se contar.
Cadê Jesse?
Dsossegad
Minimalista
Viu um retrato
Julia e ele
Henry e ele.
Mato vc e a mamãe.
Dentro
Dentro do carro
Cadê o Luke
Calça jeans
Tirou a calcinha.
Vou te matar.
Sombria e misteriosa
rendendo o antebraço,
Viu na janela.
Maconha, tranquilo.
N gosto de Barbie .
Barbie - comprou
Estava lendo.
Abrindo porta.
Ouviu risadas.
Arrastou
Mostrou.
Chuva,
Desenhando
Jesse chegou com uma sacola de dinheiro, colocou na cozinha, procurou por Ashley,
Presente.
Hhhh
Hhhh
— Sério
Eu resolvo.
Pode deixar que farei isso!
Tremendo.
Piso n chão
Foi embora depois do grito. Melanie
Chocada.
Visando realizar um corte profundo com a faca, após o meu marido me estuprar,
Capítulo indício
Não é diário
Presente Jesse
Papai dimehiro.
Hematomas Sophia.
percebendo que não daria tempo para frenar, invadiu a outra faixa e freou,
Led Zeppelin IV
PINK Floyd.
Janela aberta.
PARALISOU VIRYE.
Cortes, sangrando
Lua...
As coisas mudam, mas se repetem.
Tudo passa, mas se repetem.
Henry, Melanie
Jesse
Me deu um álbum do U2
Defunto, porão
A mamãe está ajudando Melanie com alguma coisa da faculdade estou sozinha com ele.
Lua,
Halloween 31 de outubro
Janta
Fiquei feliz pq hoje não tive que brincar com o papai. Ele sai e n fala para onde
vai
Mamãe falou que seria bom escrever um diário, eu nem sabia o que era .
Janta. Henry
Cada um tem um peso para carregar, apenas viva esse e o único propósito
Janta Henry veio. Henry estranhando. Jesse não deixou ele participar. N encosta em
mim (trauma)
O papai heroína.
Prometi que viria aqui, mas somente consegui vir aqui hj
Henry n vem n sei pq saudade.
Dener,
Ação de graças,
natal
Louise,
Boa noiticia, nao estou sentindo tanto calor igual antes, vai entender. Mas estou
odiando água quente.
Levar para onde trabalha, mostrar grande clientela, estranhar Ashley. Jesse mata
Abigail e Malanie na casa de Melanie.
Natal
Diário
Papai n quer deixar eu visitar Henry
Surpresa
N brigou.
Beijou quente.
Cobriu ela.
Lua
Cansada
Sophia presença.
911
Cachorro apareceu
Termômetro.