Como uma alternativa à pesquisa tradicional do consumidor, alguns pesquisadores
começaram a desenvolver técnicas sofisticadas de neurociência que monitoram a atividade cerebral para avaliar melhor as respostas dos consumidores ao marketing. O termo neuromarketing descreve a pesquisa do cérebro quanto ao efeito dos estímulos de marketing. Empresas como a NeuroFocus e a EmSense têm usado a tecnologia EEG (eletroencefalograma) para correlacionar a atividade de marca aos sinais fisiológicos, tais como a temperatura da pele ou o movimento dos olhos, e, desse modo, avaliar como as pessoas reagem à propaganda. Pesquisadores que estudam o cérebro encontraram resultados diferentes daqueles encontrados pelos métodos convencionais de pesquisa. Um grupo de pesquisadores da UCLA utilizou imagens de ressonância magnética funcional para medir como o cérebro dos consumidores respondia às propagandas do Super Bowl em 2006. Eles descobriram que as propagandas pelas quais as pessoas demonstraram maior atividade cerebral eram diferentes daquelas escolhidas como as preferidas. Outras pesquisas constataram pouco efeito do product placement, a menos que os produtos em questão desempenhassem um papel integral no enredo. Uma conclusão importante a respeito da pesquisa neurológica do consumidor é a de que muitas decisões de compra parecem se caracterizar menos pela ponderação lógica das variáveis e mais “como um processo em grande parte habitual e inconsciente, diferente do modelo racional, consciente e de processamento de informações dos economistas e dos livros didáticos de marketing tradicional”. Até mesmo decisões básicas, como comprar gasolina, parecem ser influenciadas pela atividade cerebral no nível sub-racional. A pesquisa neurológica tem sido usada para medir o tipo de resposta emocional apresentada por consumidores quando submetidos a estímulos de marketing. Um grupo de pesquisadores na Inglaterra usou um EEG para monitorar funções cognitivas relacionadas com o recall de memória e a atenção de 12 regiões diferentes do cérebro enquanto as pessoas eram expostas à propaganda. Atividades de ondas cerebrais em diferentes regiões indicaram diferentes respostas emocionais. Por exemplo, uma atividade elevada no córtex pré-frontal esquerdo é característica de uma resposta de “aproximação” a uma propaganda e indica uma atração ao estímulo. Em compensação, um aumento na atividade cerebral no córtex pré-frontal direito indica uma forte repulsa ao estímulo. Em outra parte do cérebro, o grau de atividade de formação da memória correlaciona-se à intenção de compra. Outra pesquisa demonstrou que, ao avaliar traços de personalidade humana, as pessoas ativam regiões do cérebro diferentes de quando avaliam marcas. Ao adicionar técnicas neurológicas a seu arsenal de pesquisa, os profissionais de marketing tentam se aproximar de um quadro mais completo do que se passa na mente dos consumidores. Embora possa oferecer perspectivas diferentes das técnicas convencionais, o custo da pesquisa neurológica ainda é muito alto, chegando a custar US$ 100 mil, ou mais, por projeto. Dada a complexidade do cérebro humano, no entanto, muitos pesquisadores advertem que a pesquisa neurológica não deve formar a única base de tomada de decisões de marketing. Essas atividades investigativas não são universalmente aceitas. Os dispositivos de medição para captar a atividade cerebral podem ser altamente invasivos, como o topo da cabeça cravejado de eletrodos, criando condições de exposição artificial. Outros questionam se esses dispositivos oferecem implicações inequívocas para a estratégia de marketing. Brian Knutson, professor de neurociência e psicologia da Universidade de Stanford, compara o uso de EEG com “estar do lado de fora de um estádio de beisebol e imaginar o que está acontecendo pelas manifestações da multidão”. Outros críticos receiam que, uma vez bem- sucedidos, os métodos só levarão a mais manipulação de marketing por parte das empresas. Apesar de toda essa polêmica, a incansável busca dos profissionais de marketing por uma percepção mais profunda da resposta dos consumidores ao marketing praticamente garante um interesse contínuo em neuromarketing.