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PINI
São Paulo
2015
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
ISBN 978-85-7266-460-8
15-06396 CDD-624.1834
1ª edição: ago/15
2ª edição: março/2014
AGRADECIMENTOS
A minha esposa, Lívia, que, uma vez mais, suportou com resignação
os intermináveis serões e ¿ns de semana subtraídos de seu convívio
para a elaboração desta publicação.
Agradeço principalmente ao meu pai e meu maior herói, Ari, por toda
paciência, incentivo e oportunidades que sempre me proporcionou,
e por poder contribuir para esta publicação.
Reforço de Estruturas de Concreto Armado com Sistemas Compostos FRP | Teoria e Prática
Sumário
Glossário dos termos técnicos ................................................................................xix
Introdução......... .............................................................................................................1
v
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
vi
Reforço de Estruturas de Concreto Armado com Sistemas Compostos FRP | Teoria e Prática
vii
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
viii
Reforço de Estruturas de Concreto Armado com Sistemas Compostos FRP | Teoria e Prática
ix
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
x
Reforço de Estruturas de Concreto Armado com Sistemas Compostos FRP | Teoria e Prática
xi
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
xii
Reforço de Estruturas de Concreto Armado com Sistemas Compostos FRP | Teoria e Prática
xiii
PREFÁCIO
Desde então, viu-se envolvido em centenas de projetos de reforço em toda a América Lati-
na, dando suporte à rápida aceitação e disseminação dessa tecnologia.
O engenheiro Ari é um contribuinte vital para a divulgação das técnicas dos sistemas FRP
para os projetos de reabilitação estrutural. Seus numerosos livros e artigos publicados a
respeito do assunto ajudaram a desmisti¿car a utilização dos sistemas FRP nas constru-
ções de concreto e se transformaram em uma técnica vital, utilizada pelos engenheiros
estruturais em atividade. Devido aos seus esforços e às iniciativas educacionais contínuas,
as técnicas de FRP se tornaram muito difundidas em toda a indústria da construção.
Nos últimos anos, seu ¿lho, o engenheiro Bruno Machado, também se envolveu no de-
senvolvimento dessas tecnologias e é atualmente um especialista nessa atividade por seu
próprio esforço e mérito. Como coautor, Bruno incorporou suas numerosas contribuições
ao assunto, fornecendo “insights” valiosos e direção prática para este livro.
São passados exatos 13 anos desde o lançamento do nosso primeiro livro sobre sistemas
compostos estruturados com plásticos. O título do livro era “Reforço de Estruturas de Con-
creto Armado com Fibras de Carbono”, lançado pela Editora PINI Ltda., em 2002.
Naquela época, os sistemas compostos ainda estavam ensaiando os seus primeiros pas-
sos como alternativa viável para a recuperação e o reforço de estruturas de concreto ar-
mado fragilizadas ou necessitando de aumento em sua capacidade resistente. Na tenta-
tiva de nacionalizar os termos técnicos utilizados na classi¿cação e no dimensionamento
dos materiais, processos e técnicas empregados, utilizamos para denominar os sistemas
compostos estruturados com ¿bras de carbono como sendo CFC (Compostos de Fibra de
Carbono).
Subsequentemente ao livro publicado no Brasil, em 2003, foi lançada uma edição em es-
panhol nos moldes do livro editado pela PINI, com conteúdo totalmente revisto e ampliado,
com enfoque mais amplo das técnicas de dimensionamento e procedimentos construtivos,
edição da Degussa Construction Chemicals Latin America, sob o nome “Refuerzo de Es-
tructuras de Concreto Armado con Fibras de Carbono”.
Esses dois primeiros livros serviram de base e subsídio para uma série de publicações que
se sucederam cada vez mais ampliadas e atualizadas e acabaram resultando, no ano de
2006, na edição pela BASF – The Chemical Company, em português, do livro “Fibras de
Carbono – Manual Prático de Dimensionamento”.
Durante esse período, a utilização dos sistemas FRP para recuperação e reforço de es-
truturas passou da condição de sistemas viáveis para sistemas extensivamente utilizados
em todo o mundo. Tornou-se uma técnica consagrada, segura e competitiva em relação a
outros sistemas de recuperação e reforço existentes.
O que nos motivou a lançar esta nova publicação foi a necessidade de atualizar a compi-
lação dos procedimentos normativos, apresentar os novos materiais, técnicas e processos
disponíveis, de forma a permitir que o leitor possa estar ao nível das informações mais
recentes e das tendências e expectativas do desenvolvimento desses procedimentos.
Desta vez, essa publicação é direcionada principalmente aos engenheiros estruturais, uma
vez que trata quase que exclusivamente dos procedimentos atualizados para o cálculo dos
reforços de estruturas de concreto armado com a utilização de sistemas FRP, basicamente
utilizando como ¿bra estruturante o carbono (CFRP) nas suas formas de aplicação mais
usuais. Evidentemente alguns tópicos foram aproveitados das publicações anteriores, de-
vidamente depurados e atualizados. Muitos novos procedimentos de cálculo, entretanto,
são apresentados pela primeira vez, uma vez que, além das normas do ACI – American
Concrete Institute, através de seu Committee 440, são apresentadas normativas da CNR
– Advisory Committee on Technical Recommendations for Construction, por meio da CN-
R-DT 200/2004, além de recomendações esparsas do Deutsches Institut für Bautechnik e
tantas outras associações técnicas relacionadas no texto da publicação.
Finalmente, procuramos produzir um texto de leitura leve e objetiva, mas contendo todas
as informações necessárias e su¿cientes para permitir o dimensionamento estrutural de
reforço de estruturas de concreto armado com a utilização dos materiais FRP.
A
Adesivo Estrutural – agente de colagem resinoso, utilizado para a transferência das car-
gas existentes entre os elementos aderentes.
AFRP – polímero reforçado com ¿bras de aramida.
Agente de Cura – catalisador ou agente reativo que, quando adicionado à resina, produz
a sua polimerização. Também denominado endurecedor ou iniciador.
Alcalinidade – condição de ter ou conter íons de hidroxila (OH): contendo substâncias
alcalinas.
Aplicação de Colagem Crítica – aplicação de sistemas CFC para reforço de estruturas
que necessitam ¿car perfeitamente coladas ao substrato de concreto. Como exemplos típi-
cos dessa aplicação citam-se os reforços à Àexão e ao cisalhamento.
Aplicação de Contacto Crítico – aplicação de sistemas CFC para reforço de estruturas
de concreto armado que necessitam um contato estreito entre o substrato de concreto e
o CFC para funcionar à contento. Como exemplo dessa aplicação citam-se os reforços de
colunas por con¿namento.
B
Barra de FRP – construção limitada por resina normalmente feita com ¿bras contínuas em
forma de barras, grelhas ou cordoalhas utilizadas para reforçar uniaxialmente o concreto.
C
Camada – a aplicação simples de uma lâmina ou tecido do material ¿broso. Camadas múl-
tiplas, quando moldadas juntas, produzem o que se denomina de laminado.
Camada Protetora – camada de acabamento que se utiliza para a proteção do sistema
composto contra a atuação da luz ultravioleta, abrasão e derramamentos ou borrifamentos
de produtos químicos. Possuem também um efeito estético, porque podem reproduzir di-
versas colorações e acabamentos.
Catalisador – substância que acelera uma reação química e permite que ela se desenvol-
va em condições melhores do que outras.
xix
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
CFC – sistemas compostos estruturados com ¿bras de carbono, também chamado por
CFRP.
CFRP – o mesmo que CFC.
Coe¿ciente de Expansão Térmica – a medida da mudança relativa na dimensão linear
em um material devido ao aumento unitário na sua temperatura.
Composto – a combinação de dois ou mais materiais que diferem entre si na composição
e na forma, em escala macro. Os constituintes retêm suas identidades; eles não se dissol-
vem ou se misturam completamente um no outro, embora atuando conjuntamente. Normal-
mente, os componentes podem ser identi¿cados ¿sicamente e exibir uma interface entre si.
Comprimento Desenvolvido – o comprimento de colagem necessário para a transfe-
rência das tensões do concreto para o sistema composto para que a sua capacidade me-
cânica possa ser utilizada. O comprimento desenvolvido é uma função da resistência do
substrato.
Concentração de Tensões – a ampliação dos valores das tensões localizadas em regiões
de colagem, recortes, entalhes, furos ou vazios no concreto comparativamente às tensões
previstas nas fórmulas usuais da mecânica que não levam em consideração essas irregu-
laridades.
Conteúdo de Resina – a quantidade de resina em um laminado expresso seja pela por-
centagem da massa total ou pelo volume total.
Conteúdo de Fibras – a quantidade de ¿bras presentes em um composto, usualmente
expressa como uma fração porcentual do volume ou do peso do composto.
Cordoalha de FRP – construção limitada com resina e feita com ¿bras contínuas na forma
de cordoalha, utilizada para o reforçar uniaxialmente o concreto. As cordoalhas são usual-
mente utilizadas para o reforço do concreto protendido.
Cura – processo que causa uma transformação irreversível nas propriedades das resinas
através de reações químicas. A cura é tipicamente complementada ou afetada pela adição
de agentes ou aceleradores de cura (ver agente de cura), com ou sem temperatura e pres-
são. A cura completa se obtém quando a resina alcança as propriedades especi¿cadas.
Subcura é a condição em que essas propriedades especi¿cadas não são alcançadas.
D
Degradação – declínio da qualidade das propriedades mecânicas do material.
Delaminação – separação que ocorre em um plano paralelo à superfície, como na sepa-
ração entre si das camadas de um laminado de composto.
Descolamento – a separação na interface entre o substrato de concreto e a camada de
reforço.
Desprendimento – ver descolamento.
Durabilidade – a capacidade do material para resistir às intempéries, ataques químicos,
abrasão e outras condições de serviço.
xx
Reforço de Estruturas de Concreto Armado com Sistemas Compostos FRP | Teoria e Prática
E
Eglass – família de vidros composto por borosilicato de cálcio e alumina com teor de alca-
linidade de 2%. É uma ¿bra de uso geral que é utilizada nos sistemas compostos.
Endurecedor – revestimento ou adesivo bicomponente que promove a cura dos compo-
nentes da resina.
Epóxi – polímero com polimerização de endurecimento por calor contendo um ou mais
grupos epoxídicos, curado através de reações com fenóis, aminas polifuncionais, anidridos
e ácidos carboxílicos. É uma importante resina nos compostos, também utilizada como
adesivo estrutural.
Exposição – processo de expor materiais à atuação ambiental por um determinado espa-
ço de tempo.
F
Fibra – termo genérico para se referir a materiais ¿lamentosos. A menor unidade de um
material ¿broso. Frequentemente, o termo ¿bra é usado como sinônimo de ¿lamento.
Fibra de Aramida – ¿bra orgânica altamente orientada.
Fibra de Carbono – ¿bra produzida através do tratamento térmico de uma ¿bra precursora
orgânica, tal como o poliacrilonitrila (PAN), em um ambiente inerte.
Fibra de Gra¿te – ver ¿bra de carbono.
Filamento – ver ¿bra.
Fibra de Vidro – Um ¿lamento individual obtido através da extrusão ou injeção do vidro
através de um orifício bastante ¿no. O ¿lamento contínuo obtido é uma ¿bra de vidro singu-
lar de comprimento grande ou inde¿nido.
Fibra de Vidro – Tipos – as ¿bras de vidro podem ser: álcaliresistentes (AR), para aplica-
ções gerais (E) e de alta resistência (S).
Fibra Precursora – ¿bras das quais a ¿bra de carbono é derivada, tais como rayon, polia-
crilonitrila ou alcatrão.
Fluência – acréscimo de deformação com o tempo sob a ação de tensões constantes.
Fração em Peso de Fibras – a relação entre o peso de ¿bras e o peso do composto.
Fração em Volume de Fibras – a relação entre o volume de ¿bras e o volume do com-
posto.
FRP – polímero reforçado com ¿bras.
xxi
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
G
GFRP – material composto compreendendo uma matriz polimérica reforçada com ¿bras ou
outras formas de vidro.
H
Híbrido – a combinação de duas ou mais diferentes ¿bras, tal como ¿bra de carbono e ¿bra
de vidro, em um composto.
I
Impregnação – é o processo de saturação dos interstícios das ¿bras de reforço ou de
substrato com a resina.
Inibidor – substância que retarda uma reação química. Também é utilizado em certos tipos
de monômeros e resinas para prolongar o tempo permitido de estocagem.
Interface – a fronteira ou a superfície entre dois meios diferentes, ¿sicamente distintos
entre si.
L
Lâmina de Fibra Seca – lâmina Àexível composta de vários ¿lamentos do material de ¿bra,
ordenados segundo uma orientação comum em um plano. Essa é a con¿guração de todos
os sistemas de reforço que utilizam ¿bras.
Lâmina Unidirecional – ver lâmina de ¿bra seca.
Laminado – uma ou mais camadas de ¿bras contidas em uma matriz curada de resina.
Laminado Anisotrópico – laminado no qual as propriedades dependem da direção na
qual é conformado. Condição típica dos laminados reforçados com ¿bra.
Laminado Bidirecional – laminado polimérico reforçado com ¿bras, orientado segundo
duas direções em seu plano; laminado cruzado.
Layup – o processo de colocar o material de reforço e a resina em posição para moldagem.
Lote – a quantidade de material fabricada durante um mesmo processo de produção, onde
as variáveis de produção permanecem essencialmente constantes.
M
Matriz – resina ou polímero obrigatoriamente homogêneos, no qual o sistema de ¿bras do
composto está embebido.
xxii
Reforço de Estruturas de Concreto Armado com Sistemas Compostos FRP | Teoria e Prática
N
NSM – o mesmo que montagem subsuper¿cial ou montagem super¿cial.
O
Orientação das Fibras – orientação dos ¿lamentos em uma lâmina de ¿bra seca, expres-
sa como uma medida angular que se mede relativamente ao eixo longitudinal dos elemen-
tos reforçados.
P
PAN – Poliacrilonitrila, ¿bra precursora utilizada para a fabricação da ¿bra de carbono.
PITCH – precursor baseado no alcatrão do petróleo ou do carvão utilizado para a fabrica-
ção da ¿bra de carbono.
Poliéster – uma de um grande grupo de resinas sintéticas, produzidas pela reação de
ácidos dibásicos com di-hidroxilas de álcool, utilizadas em laminados de ¿bras (principal-
mente de vidro) e adesivos.
Polimerização – reação química na qual as moléculas de monômeros se ligam umas às
outras para formar moléculas maiores, em que o peso molecular é múltiplo do das subs-
tâncias originais.
Polímero – O composto formado pela reação de moléculas simples que, combinadas em
condições controladas, produzem material com alto peso molecular.
Poliuretano – produto da reação de um isocianato com algum ou muitos outros compostos
contendo grupos de hidrogênio ativo.
Ponto de InÀamação – temperatura na qual o material se incendeia em presença de uma
fonte de ignição.
xxiii
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
R
Relaxação – a redução de carga ou tensão em um material sob um estado constante de
deformação.
Resina – O componente do sistema polimérico que requer um catalisador ou um endure-
cedor para a sua polimerização ou cura na sua utilização nos compostos.
Resistência à Fadiga – a maior tensão que pode ser sustentada sem ruptura para um
determinado número de ciclos de carregamento.
Retardador de Fogo – produtos químicos que são utilizados para reduzir a tendência de
uma resina de queimar. Podem ser adicionados às resinas ou formarem uma camada pro-
tetora sobre o sistema composto.
Ruptura por Fluência – ruptura do material devido à acumulação de deformação por car-
regamento ao longo do tempo.
S
Substrato – qualquer material na superfície no qual outro material pode ser aplicado.
Substrato de Concreto – o substrato de concreto é de¿nido como o concreto original e
qualquer material cimentício utilizado para a reparação ou a recomposição do concreto ori-
ginal. O substrato pode ser constituído unicamente do concreto original ou inteiramente de
materiais utilizados para reparação ou da combinação do concreto original e materiais de
reparação. O substrato inclui a superfície sobre a qual será instalado o sistema composto.
T
Tecido – arranjo de ¿bras tecidas juntas em duas direções. O tecido pode ser interlaçado
ou não, comprimido ou costurado.
xxiv
Reforço de Estruturas de Concreto Armado com Sistemas Compostos FRP | Teoria e Prática
W
Wet layup – processo de colocar o material de reforço em um molde ou em sua posição
¿nal e aplicar a resina como um líquido.
xxv
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
SIMBOLOGIA UTILIZADA
Em
módulo de Young de elasticidade da matriz
Es módulo de Young de elasticidade do aço da armadura
F(max,d) valor de projeto da força máxima de tração transferida pelo FRP ao suporte de concreto
Fpd valor de projeto da força máxima de ancoragem transferida pelo reforço de FRP co
lado em um estrutura de alvenaria, na presença de uma força perpendicular à área
da superfície colada
Ga módulo cortante do adesivo
Gc módulo cortante do concreto
Io momento de inércia da seção de concreto ¿ssurada e não solicitada
I1 momento de inércia da seção de concreto ¿ssurada e reforçada por FRP
Ic momento de inércia da seção transformada
If momento de inércia do centroide do reforço de FRP relativamente ao eixo neutro
da viga, paralelo a ele
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Reforço de Estruturas de Concreto Armado com Sistemas Compostos FRP | Teoria e Prática
V(Rd,ct)
contribuição do concreto na capacidade de corte
V(Rd,max) contribuição máxima do concreto na resistência ao corte
V(Rd,s) contribuição do aço para a capacidade ao corte
V(Rd,f) contribuição do FRP para a capacidade ao corte
V(Rd,m) contribuição da alvenaria ao corte
VSd força cortante majorada
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
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Reforço de Estruturas de Concreto Armado com Sistemas Compostos FRP | Teoria e Prática
s deslizamento na interface
sf deslizamento na interface no descolamento total
tf espessura do laminado FRP
wf largura do laminado FRP
x distância da ¿bra mais comprimida ao eixo neutro
xxix
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
ȡm densidade da matriz
ıc tensão no concreto
ıf tensão no reforço de FRP
ıs tensão na armadura de aço
ıSd tensão normal na face da alvenaria atuando na superfície colada entre o reforço
de FRP e a alvenaria
IJ(b,e) tensão equivalente de corte na interface adesivo-concreto
כu curvatura última
כy curvatura no escoamento
xxx
Reforço de Estruturas de Concreto Armado com Sistemas Compostos FRP | Teoria e Prática
NOTAÇÕES
Ac área da seção transversal de concreto em membros comprimidos (mm2)
Ae área da seção transversal da seção efetivamente con¿nada do concreto (mm2)
Af área do reforço externo de FRP (mm2)
Afanchor área da seção transversal do envolvimento em “U” para a ancoragem do reforço de
FRP à Àexão
Afv área do reforço ao corte de FRP com espaçamento s (mm2)
Ag área da seção bruta do concreto (mm2)
Ap área do reforço protendido na região de tração (mm2)
As área do aço não protendido da seção (mm2)
Asi área da seção do aço situado na camada I da armadura longitudinal (mm2)
Ast área total da armadura longitudinal (mm2)
ab menor dimensão da seção transversal das barras retangulares de FRP
b largura da face comprimida de um membro (mm)
menor dimensão de um membro comprimido de seção transversal prismática (mm)
bb maior dimensão da seção transversal das barras retangulares de FRP (mm)
bw largura da alma ou diâmetro de uma seção circular (mm)
CE fator de redução ambiental
c distância da ¿bra mais comprimida ao eixo neutro (mm)
D diâmetro da seção circular de um membro comprimido (mm)
d distância da ¿bra extrema comprimida até o centroide do reforço de tração (mm)
df profundidade efetiva do reforço de FRP à Àexão (mm)
dfv profundidade efetiva do reforço com FRP ao corte (mm)
profundidade do reforço com FRP como mostrado na Fig. 11.2 (mm)
di distância do centroide da camada i da armadura de aço ao centroide geométrico da
seção transversal (mm)
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Reforço de Estruturas de Concreto Armado com Sistemas Compostos FRP | Teoria e Prática
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Reforço de Estruturas de Concreto Armado com Sistemas Compostos FRP | Teoria e Prática
xxxv
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
ı desvio padrão
IJb resistência média da cola para barras de FRP em montagem NSM (MPa)
ȥf fator de redução de resistência do FRP; = 0,85 para Àexão (calibração baseada nas
propriedades de projeto dos materiais); = 0,85 para o corte (baseado em análises
con¿áveis) para reforços com esquemas de envolvimento com três lados (“U”) ou
dois lados; = 0,95 para seções com envolvimento completo ao corte
xxxvi
INTRODUÇÃO
1
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
SISTEMAS COMPOSTOS
Os materiais estruturados com ¿bras contínuas e matriz polimérica são conhecidos como
compostos. São materiais anisotrópicos e heterogêneos com um comportamento elástico
linear até a ruptura, conforme mostrado na Figura 1.
2
Introdução
FIBRAS DE VIDRO
O vidro foi por muito tempo a ¿bra predominante para muitas aplicações na engenharia
civil devido ao balanço econômico entre o seu custo e as suas características de resistên-
cia especí¿cas. As ¿bras de vidro são disponíveis comercialmente segundo a formulação
denominada E-Glass.
3
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
O material conhecido como E-Glass é produzido a partir de uma família de vidros obtidos
de silicatos de cálcio e alumina, podendo ser moldados de várias maneiras e com aplica-
ções virtualmente ilimitadas. As ¿bras de E-Glass são responsáveis por cerca de 80% a
90% da produção comercial de ¿bras de vidro.
Como todo composto estruturado com ¿bras o sistema com E-Glass é anisotrópico relativo
ao seu comprimento (direção das ¿bras). Contudo, existem técnicas de con¿guração das
¿bras e procedimentos têxteis especí¿cos que eventualmente podem arranjar as ¿bras de
forma a que o produto ¿nal adquira um grau signi¿cativamente alto de quase isotropia em
seu desempenho. As ¿bras de vidro são incomparavelmente mais resistentes relativamen-
te às demais formulações de vidros, tais como os utilizados em vidraças ou garrafas.
A resistência das ¿bras de vidro é fortemente inÀuenciada pelo grau de proteção con-
tra agressões ambientais, abrasões e contaminação por contato. Quando as ¿bras de
vidro são mantidas sob carregamento constante, com tensões inferiores à resistência
instantânea estática, elas irão falhar em algum ponto após um tempo proporcional à
manutenção das tensões com um valor mínimo, produzindo a ruptura por Àuência, que
é inÀuenciada além das tensões, pelas condições ambientais e efeitos deletérios do
vapor de água. Admite-se, teoricamente, que a superfície dos vidros possui vazios sub-
microscópicos que agem como concentradores de tensões. Além disso, a exposição a
um ambiente com (Ph) elevado pode produzir degradações ou rupturas com intensida-
de função do tempo de exposição.
Esses problemas potenciais foram descobertos já nos primeiros anos de fabricação das
¿bras de vidro e propiciaram um desenvolvimento continuado de tratamentos protetores.
Atualmente esses tratamentos são universalmente aplicados ainda no estágio de fabrica-
ção das ¿bras. Dependendo da matriz resinosa aplicada esses pré-tratamentos permitem
limitar as perdas de resistência por Àuência entre 5% e 10% após a realização de testes
com água fervente com duração de 4 horas.
FIBRAS DE CARBONO
Estruturalmente, a ¿bra mais utilizada é a de carbono. Existem três processos distintos
para a produção comercial dessas ¿bras:
– através do alcatrão (PITCH), subproduto da destilação do petróleo;
– através das ¿bras precursoras de poliacrilonitril (PAN);
– através das ¿bras de rayon.
As propriedades das ¿bras de carbono são determinadas pela estrutura molecular e pelo
grau de tolerância quanto a imperfeições construtivas. A formação das ¿bras de carbono
requer temperaturas acima de 1000º C. A essa temperatura, a maioria das ¿bras sintéticas
derrete e vaporiza. Com o acrílico, entretanto, isso não ocorre e a sua estrutura molecular
permanece durante a carbonização em altas temperaturas. Existem dois tipos de ¿bras de
carbono: a ¿bra com elevado módulo de elasticidade, denominada Tipo 1, e a ¿bra com ele-
vada resistência, denominada Tipo 2. As diferenças entre as propriedades das ¿bras Tipo
1 e Tipo 2 são decorrentes da microestrutura de cada ¿bra. Essas propriedades são deri-
4
Introdução
5
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
– a escolha e o projeto do sistema de reforço devem ser feitas por engenheiro espe-
cialmente quali¿cado e com experiência comprovada;
– a fase de instalação deve ser implantada por pessoal que domine as técnicas de
aplicação e que tenha a necessária experiência comprovada;
– que exista uma supervisão e um controle de qualidade durante toda a instalação
do sistema;
– os materiais construtivos aplicados deverão ser especi¿cados como indicado a
seguir:
a) o sistema FRP especi¿cado deve ser projetado para ter a resistência
apropriada e atender às necessidades de durabilidade e desempenho em ser-
viço. No caso de incêndio, a resistência do sistema FRP selecionado deverá
ser adequada para atender ao período de tempo estipulado no projeto;
b) o sistema FRP deverá estar localizado em áreas onde as tensões de tra-
ção necessitem ser aumentadas. Os sistemas FRP não devem ser utilizados
para trabalharem submetidos a tensões de compressão.
6
Introdução
7
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Nesses casos, o substrato de concreto deve possuir a necessária resistência para desen-
volver as tensões de projeto transferidas ao sistema FRP através da cola, signi¿cando isso
que o substrato, incluindo aí todas as superfícies de colagem entre as áreas reparadas e
o concreto original, deve possuir su¿ciente resistência à tração e ao cisalhamento para a
transferência de esforços para o sistema FRP.
Para uma adequada aplicação de FRP a tensão de tração do substrato deverá ser no míni-
mo igual a (1,5 MPa), determinada através do teste de arrancamento mecânico.
Além disso, os sistemas compostos FRP aderidos externamente não devem ser aplicados
quando o concreto tiver uma resistência à compressão inferior a (14 MPa).
Em casos em que a aplicação se faça segundo a condição crítica de contato esses valores
mínimos não são condicionantes.
A aplicação dos sistemas FRP não interrompe a corrosão existente nas armaduras de aço.
Se a corrosão do aço for evidente ou esteja degradando o substrato de concreto à aplica-
ção do sistema FRP não é recomendado, a menos que sejam corrigidas tanto as corrosões
do aço como as condições do substrato.
8
Introdução
REQUISITOS BÁSICOS
Os projetos dos sistemas estruturados com FRP devem atender aos seguintes princípios:
– os riscos aos quais a estrutura estará sujeita deverão ser acuradamente identi-
¿cados, eliminados ou atenuados;
– a con¿guração do reforço não deve ser muito sensível aos riscos mencionados
acima;
– os sistemas de reforço devem poder sobreviver à possibilidade de ocorrência de
danos localizados;
– sistemas de reforços que não emitam sinais prévios de seu colapso devem ser
evitados (ruptura frágil).
9
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Se o sistema de reforço for previsto para estruturas históricas e monumentos uma ava-
liação crítica das técnicas de reforço deverá ser estabelecida com respeito aos padrões
de preservação e restauração. A viabilidade da técnica de reforço deve ser objetivamente
comprovada, e a solução adotada deve garantir a compatibilidade, durabilidade e, caso
necessário, a reversibilidade.
REQUISITOS DE DURABILIDADE
O sistema composto aplicado em um reforço deve ser dimensionado de tal forma que a
deterioração prevista ao longo de sua vida útil não impacte o seu desempenho de forma a
trabalhar em condições inferiores à prevista.
As condições do meio ambiente podem levar à necessidade do estabelecimento de um
programa de manutenção, que deve ser cuidadosamente previsto.
A durabilidade do sistema composto é de fundamental relevância e todas as condições
para que isso ocorra devem ser mobilizadas na hora da instalação do sistema.
Para que a durabilidade seja garantida, devem ser levados em consideração os seguintes
quesitos:
– a utilização prevista para a estrutura reforçada;
– as condições ambientais esperadas;
– a composição, as propriedades e o desempenho dos novos materiais a serem
utilizados e dos antigos materiais existentes;
– escolha adequada do sistema de reforço a ser empregado, sua con¿guração e
seus detalhes construtivos;
– qualidade da mão de obra a ser utilizada e o seu nível de controle;
– programa de manutenção durante a vida útil da estrutura.
10
Introdução
11
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Observa-se neste tipo de reforço que o composto FRP está atendendo, simultaneamente,
a duas solicitações diferentes: reforço à Àexão no sentido longitudinal da coluna e con¿-
namento da seção que ocorre ortogonalmente ao eixo longitudinal da coluna. Cada um
desses reforços exige um sistema de colagem próprio e diferenciado. O reforço à Àexão
exige técnicas de colagem crítica e o reforço de con¿namento exige técnica de contato
crítico. Essas técnicas serão apresentadas à frente, mas o conhecimento importante neste
momento é que as aplicações de colagem crítica são instaladas sempre em primeiro lugar
em relação às técnicas de contato crítico. Ou seja, aplicam-se os sistemas para atender à
Àexão e ao corte em primeiro lugar, e, em seguida, sobre o anterior, se aplica o reforço por
con¿namento.
12
Introdução
Uma variada aplicação dos sistemas compostos FRP pode ser conseguida através do re-
forço de estruturas, tais como muros de arrimo, vigas-parede e mesmo alvenarias, como
indicado na Figura 9.
Essas estruturas podem ser reforçadas tanto à Àexão como ao cisalhamento. Uma aplica-
ção bastante interessante, e que está sendo bastante utilizada preventivamente em casas
e edifícios situadas em regiões sujeitas a tornados e furacões, é o reforço das alvenarias
de tijolos ou de blocos de concreto ao cisalhamento (particularmente com a utilização de
¿bras de vidro EGlass) aumentando-se consideravelmente com essa providência a resis-
tência das mesmas a essas manifestações naturais.
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
14
Introdução
4 - Corso breve per ingegneri struƩurisƟ – Ordine Degli Ingegneri Provincia de Modena – Ing. Giorgio Giacomini.
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5 - Corso breve per ingegneri struƩurisƟ – Ordine Degli Ingegneri Provincia de Modena – Ing. Giorgio Giacomini.
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Introdução
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Ou seja, para o conjunto de atuação das cargas (esforços solicitantes), deve-se veri¿car
um correspondente e equilibrado sistema resistente.
Ao se projetar uma estrutura devem ser, a priori, conhecidas as cargas mecânicas, físicas
e biológicas que irão produzir as solicitações, as agressões e os ataques ambientais à
mesma. Essas coações deverão ser respondidas por meio de um projeto bem elaborado
e especi¿cado, os materiais utilizados deverão ter qualidade e resistência adequados às
necessidades da estrutura em serviço, e todos esses cuidados deverão culminar com uma
execução de boa qualidade, correspondente aos cuidados e cautelas adotadas nas fases
anteriores, equilíbrio este mostrado na Figura 19.
18
Introdução
Assim, quando se necessita reparar uma estrutura de concreto, estamos falando em resta-
belecer o equilíbrio perdido, o que, basicamente, consiste em:
– reconsiderar o espectro atual dos carregamentos;
– proceder para que a estrutura resista ao(s) carregamento(s) que está(ão) ocasio-
nando a(s) falha(s);
– trabalhar em harmonia com a estrutura existente para reequilibrar o espectro dos
carregamentos.
Com base nas indicações da patologia deverá ser estabelecido um diagnóstico das ocor-
rências. Para que esse diagnóstico seja completo, devem ser abordados e conveniente-
mente esclarecidos os seguintes fatores pertinentes aos problemas encontrados:
– as origens do problema;
– os agentes causadores dos problemas;
– as manifestações patológicas;
– os vícios construtivos encontrados;
– o prognóstico para a terapia.
Entre os materiais que mais são utilizados para as construções do homem, um dos que
mais se destaca é o concreto armado. E, surpreendentemente, comparativamente aos
outros materiais de construção, é o que mais está sujeito a enfermidades (patologias). Por
se tratar de um material de uso recente, seu uso se difundiu apenas a partir do ¿nal de
século XIX, durante algum tempo as suas patologias demoraram a se manifestar. Com o
passar do tempo ¿cou claro que, comparativamente ao aço e à madeira, é o material mais
suscetível a agressões.
As manifestações patológicas, de maneira geral, apresentam-se de maneira bastante ca-
racterística e segundo uma incidência já bem estabelecida estatisticamente. A partir dessas
manifestações, é possível o estabelecimento da natureza e das origens dos problemas, e
suas futuras consequências.
As patologias observadas nas estruturas de concreto armado podem ter origens diversas.
Algumas são congênitas, já aparecendo quando da construção das estruturas e outras são
adquiridas ao longo de sua existência, e, o mais preocupante, é que todos esses sintomas
de enfermidade tendem a evoluir com o passar do tempo, o que causa uma grande preo-
cupação no que se refere à segurança e à durabilidade das estruturas conformadas com
esse material que, sem dúvida, é o mais versátil e difundido de todos.
As principais manifestações patológicas, em ordem crescente de ocorrência estatística, são:
– deterioração e degradação química da construção 7%
– deformações (Àechas e rotações) excessivas 10%
– segregações dos materiais componentes do concreto 20%
– corrosão das armaduras do concreto armado 20%
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
AGRESSÕES MECÂNICAS
As estruturas são projetadas para suportar carregamentos estáticos e dinâmicos. As ações
associadas aos esforços que produzem desgastes nas superfícies expostas do concreto
armado são denominadas de fenômenos de abrasão e desgaste.
O fenômeno produzido pelo arraste de sedimentos ou o transporte de sólido, bem como o
deslocamento de água sobre os vertedouros das barragens são conhecidos como erosão.
É muito comum que a essas agressões ao concreto se somem ataques químicos, que
debilitam ainda mais a pasta de cimento, tornando essas agressões ainda mais severas.
CARBONATAÇÃO DO CONCRETO
A reação do CO2 (dióxido de carbono) da atmosfera com água intersticial e com o hidróxido
de cálcio do concreto tem como resultante o carbonato e o bicarbonato de sódio, formados
a partir da penetração do primeiro no concreto. Os produtos dessas reações produzem
uma redução do pH do concreto (geralmente com valor maior que 12,5 e que tem capaci-
dade de proteger as armaduras através dos seus óxidos estáveis) iniciando a despassiva-
ção da armadura e o processo de corrosão.
20
Introdução
massa, que por sua vez também se desfaz. Especial atenção deve ser dada às reações
expansivas conhecidas com álcali-agregado e álcal-isílica.
OCORRÊNCIA DE FISSURAS
As ¿ssuras podem ser classi¿cadas, a grosso modo, como inativas e ativas. Geralmente as
¿ssuras inativas são decorrentes da retração hidráulica, juntas de concretagem mal trata-
das e recalques estabilizados. As ¿ssuras ativas são decorrentes, na maioria dos casos, da
atuação de esforços excessivos, e devem ser analisadas com muito cuidado, pois tendem
a ter a sua abertura agravada quando forem feitas intervenções de reforço. De certa forma,
as ¿ssuras ativas podem ser consideradas como juntas naturais da estrutura, e como tais
devem ser avaliadas. Como exemplo típico de uma junta natural citam-se aquelas ¿ssuras
produzidas por efeito térmico na estrutura (variação de temperatura). As ¿ssuras estru-
turais devem ser eliminadas, pois produzem a redução da inércia efetiva de uma peça,
enfraquecendo a sua capacidade resistente. Existe todo um procedimento de correção das
¿ssuras que não será aqui descrito.
Como pode ser observado, a maioria das patologias é decorrente do intercâmbio dos agen-
tes agressivos existentes na atmosfera com os materiais constituintes do concreto, troca
permitida pelo fato do concreto ser um material poroso (permeável). Dessa forma, boa
parte das patologias poderia ser evitada ou minimizada, desde que pudessem ter sido
agregadas ao concreto as seguintes providências iniciais:
– execução de um concreto menos poroso através de um fator água/cimento baixo;
– redução da permeabilidade do concreto para ¿ns de controle de ¿ssuração;
– adoção de cobrimentos da armadura tais que retardassem ao máximo a chegada
das frentes de carbonatação e de cloretos até as mesmas;
– agregado a uma boa disposição das armaduras nas peças de modo a se evitar a
formação de vazios (ninhos de concretagem) e chocos.
Essas medidas são as mais importantes, mas não são as únicas. Entretanto, em função
do enfoque principal deste livro, não cabem ser aqui relacionadas, devendo ser objeto de
pesquisa externa por parte do leitor.
21
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Os ensaios não destrutivos, como o próprio nome indica, permitem que se inspecione os
elementos sem que a sua utilização seja prejudicada. Já os métodos destrutivos podem
vir ou não afetar permanentemente a integridade do elemento estrutural que está sendo
analisado, dependendo da intensidade da veri¿cação realizada.
No caso do corte de elementos estruturais o procedimento é totalmente destrutivo, mas, no
caso da retirada de corpos de prova por meio de extratores e brocas, os efeitos podem ser
moderados ou leves. Os métodos destrutivos só podem ser realizados mediante autoriza-
ção especial das partes interessadas.
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Introdução
6 - Manual de Inspeção de Pontes Rodoviárias – Publicação IPR-709 – Ministério dos Transportes – 2004.
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Introdução
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
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Introdução
concreto armado e as suas origens, atribuídas a Carmona & Marega (1988), juntamente
com o comentário de que pode-se chegar à conclusão de que as estruturas de concreto
armado contemporâneas estão cada vez mais vulneráveis ao surgimento precoce de ma-
nifestações patológicas.
Figura 21 – Principais manifestações patológicas em estruturas de concreto armado no Brasil (a) e suas origens (b)
(CARMONA & MAREGA, 1988).
São bastante diversi¿cados os agentes causadores dos problemas ditos patológicos nas
construções. Podem ser citados, basicamente, os seguintes:
– de¿ciência dos projetos relativos à determinação das cargas atuantes, estabele-
cimento incorreto das dimensões necessárias e especi¿cações inadequadas de
materiais e processos;
– ações térmicas internas (gradientes térmicos originados pelo calor de hidratação)
e externos (variação sazonal de temperatura) atuando nas estruturas de concreto
armado;
– agentes químicos e biológicos diversos;
– intemperismo, tais como variação de umidade, agentes atmosféricos diversos,
agressões ambientais, etc;
– utilização inadequada da construção (alteração da destinação, acréscimo das so-
licitações, etc.).
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Tanto no caso da construção ser REABILITADA como no caso de ser REFORÇADA ,devem
estar perfeitamente de¿nidas as condições básicas do desempenho futuro da mesma, tais
como:
– de¿nição precisa da destinação e das condições de utilização da construção. Es-
ses condicionantes alertarão para que não ocorra uma solicitação indevida das
mesmas;
– de¿nição da segurança estrutural, com o estabelecimento dos seus carregamen-
tos-limite. Essas recomendações impedirão que sejam excedidas as tensões e as
deformações admitidas para a construção recuperada.
Caso não ocorra uma recuperação total da construção, devido a limitações técnicas ou
de restrições fundamentadas na relação custo-benefício, os condicionantes anteriormente
relacionados se tornam muitíssimo importantes, visando ao estabelecimento de condições
de utilização com limitações e restrições. Essa situação ocorre frequentemente quando o
processo de recuperação é LIMITADO ou é executado PARCIALMENTE. Na recuperação
limitada não são atingidas as condições originalmente projetadas de suporte. No segundo
caso, apenas partes da construção serão recuperadas.
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Introdução
São consideradas, nesse grá¿co, quatro etapas distintas variando desde a fase de projeto
até a fase de utilização da construção:
a - ainda na fase de projeto;
b - durante a fase de execução da construção;
c - fase de utilização da construção ocorrendo manutenção preventiva;
d - fase de utilização da construção não ocorrendo manutenção preventiva.
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
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Introdução
Os reforços podem ser aplicados de três maneiras distintas em uma estrutura existente:
sob a forma passiva, isto é, elementos que somente passam a trabalhar quando ocorrem
as deformações sob carga; sob a forma ativa, isto é, o elemento de reforço já é instalado
sob carga e transfere esse esforço ao elemento a ser reforçado mesmo antes que ocorram
as deformações sob carga e, ¿nalmente, sob forma mista quando se utilizam de forma as-
sociada os reforços ativos e passivos.
A última etapa de decisão, a partir da escolha entre as opções ativa e passiva será a de-
¿nição de qual sistema de recuperação/reforço será adotado. Existem várias alternativas
disponíveis na construção civil para essas intervenções, tais como, entre outros tantos:
– aumento da seção resistente;
– transformação da estrutura em estrutura mista concreto/aço;
– aplicação de sistemas compostos de reforço;
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Essas técnicas de reparação estão mostradas sucintamente na Figura 26, lembrando que
cabem muitas outras técnicas passíveis de serem utilizadas.
Uma vez escolhida a opção que atende às necessidades da recuperação e/ou reforço,
passa-se à fase de detalhamento do projeto.
32
Introdução
Com uma base de dados con¿ável, o projetista pode, en¿m, iniciar os procedimentos do
projeto de reabilitação e/ou reforço.
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CAPÍTULO 1
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
– Sistemas aplicados por via úmida (wet lay-up systems): são sistemas manufatura-
dos com ¿bras distribuídas em uma ou mais direções, como os tecidos e as folhas,
e impregnados com resina no local da aplicação.
– Sistemas pré-impregnados (prepreg systems): manufaturados com ¿bras uni ou
multidirecionais, tais como folhas ou tecidos, pré-impregnadas por ocasião de sua
fabricação com resina parcialmente polimerizada e que deverão ser coladas ao
elemento a ser reforçado com o uso de resinas adicionais.
A Figura 1.1 mostra a relação (tensão-deformação) para a ¿bra, a matriz e o sistema FRP
resultante.
Nela pode ser observado que o material resultante, o sistema FRP, tem menor rijeza que a ¿bra
e rompe à mesma deformação (İf,max) das próprias ¿bras. Decorrente desse fato, além dessa
deformação última, é prevenida a distribuição de carregamentos das ¿bras para a matriz.
Para sistemas compostos formados por ¿bras unidirecionais, o comportamento mecânico
do composto pode ser estimado utilizando-se modelos micromecânicos que indicam as
seguintes características:
Ef = V¿b.E¿b+(1-V¿b ) Em
f ¿b ≅ V¿b.f ¿b+(1-V¿b ) fm onde,
V¿b é a fração volumétrica de ¿bras, relação entre o volume de ¿bras no volume total do composto.
E¿b módulo de elasticidade da ¿bra.
Em módulo de elasticidade da matriz.
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Capítulo 1 - Propriedades Mecânicas dos Sistemas FRP (Polímeros Reforçados com Fibra)
De modo geral podem ser considerados os seguintes valores para a de¿nição das proprie-
dades dos componentes dos sistemas FRP:
A Figura 1.2 mostra materiais compostos com frações volumétricas de ¿bra variando entre
30% a 100%. Os valores de rijeza e resistência da ¿bra são notavelmente maiores que
aqueles correspondentes à matriz, resultando que as propriedades mecânicas dos com-
postos FRP, (Ef e f f) são controladas principalmente pelas ¿bras, sendo que a contribuição
da matriz pode ser negligenciada.
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Essa técnica consiste na aplicação via colagem de elementos laminados de FRP conve-
nientemente produzidos em fábrica em condições higrométricas ideais, com controle de
qualidade preciso. As vantagens desta técnica estão associadas à melhor qualidade do
laminado que pode ser aplicado de forma controlada e com tempo mais reduzido de traba-
lho. Uma das desvantagens seria que, para peças muito grandes, haveria um aumento no
custo de transporte das mesmas. Esse sistema exige um particular cuidado no projeto e na
execução das ligações (uniões) e nas regiões de superposição.
Existem três formas mais importantes dos sistemas FRP pré-curados:
– folhas laminadas de material unidirecional, fornecidas tipicamente sob a forma de
placas largas para estoque ou na forma de ¿tas ¿nas fornecidas enroladas sob a
forma de bobinas;
– grades (ou grelhas) multidirecionais, também fornecidas enroladas sob a forma de
bobinas;
– cascas (normalmente cilíndricas) pré-conformadas, fornecidas na forma em que
são fabricadas, em segmentos cortados longitudinalmente de tal forma a poderem
ser abertos e aplicados em volta de colunas, normalmente utilizadas para con¿na-
mento sísmico de elementos.
A Fotogra¿a 1.1 mostra como esses últimos elementos são produzidos e instalados.
A jaqueta de FRP tem Àexibilidade su¿ciente para ser aberta e poder “vestir” o elemento
a ser reforçado. Uma vez posicionado em volta da coluna, ela é ajustada de forma a ¿car
completamente aderida através da resina ao substrato de concreto. Se necessário, pode-
se utilizar uma cobre junta ajustada sobre a emenda da peça para se permitir a completa
transferência dos esforços.
38
Capítulo 1 - Propriedades Mecânicas dos Sistemas FRP (Polímeros Reforçados com Fibra)
Tx .Nf
Art = onde,
10 . ρfib
No caso de tecidos com o mesmo número de ¿bras nas duas direções ortogonais (¿bras
balanceadas) a área da seção transversal do laminado (Art) também pode ser calculada
através da seguinte expressão:
pt
Art =
2.ρfib
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
1.6.1 RESINAS
As resinas utilizadas para os sistemas FRP abrangem um grande faixa de resinas polimé-
ricas nas quais se incluem os imprimantes, os regularizadores super¿ciais, os saturantes
e os adesivos. As resinas comumente utilizadas, incluindo os epóxis, os ésteres de vinil
e poliésteres, foram formuladas para trabalharem atendendo às mais variadas condições
ambientais e de compatibilidade, entre as quais se destacam:
– compatibilidade e adesão com e ao substrato de concreto;
40
Capítulo 1 - Propriedades Mecânicas dos Sistemas FRP (Polímeros Reforçados com Fibra)
41
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
1.6.5 ADESIVOS
42
Capítulo 1 - Propriedades Mecânicas dos Sistemas FRP (Polímeros Reforçados com Fibra)
Finalmente, os revestimentos protetores dos sistemas compostos têm por ¿nalidade prote-
gê-los de efeitos potencialmente danosos do meio ambiente e das agressões mecânicas.
Esses revestimentos são aplicados sobre o sistema FRP já curado e podem ser constituí-
dos de diversas maneiras, tais como:
– revestimentos poliméricos, geralmente epoxídicos ou poliuretânicos;
– revestimentos acrílicos, que podem ser sistemas acrílicos aplicados com desempe-
nadeira ou sistemas acrílicos com base cimentícia, aplicados com texturas variadas;
– revestimentos cimentícios que podem exigir que seja criada uma rugosidade sobre
o sistema FRP, como o polvilhamento de areia sobre a resina ainda úmida, e que
podem ser aplicados da mesma maneira como se aplicam esses revestimentos
sobre a superfície do concreto;
– camadas intumescentes protetoras, com base em polímeros, utilizadas para o
controle de propagação de chamas e geração de fumaça, para atendimento de
requisitos normativos. Os revestimentos intumescentes apresentam resistência
contra incêndios para a Classe I da norma ASTM E84;
– podem ser também fornecidos revestimentos especí¿cos para atender a condi-
ções ambientais especí¿cas.
De modo geral, a instalação dos sistemas FRP da MasterBrace curados por via úmida
pode ser resumida no seguinte processo:
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
As ¿bras plásticas contínuas são os elementos resistentes dos sistemas compostos. A ¿bra
garante a sua resistência e rijeza.
O peso especí¿co dos materiais que conformam os sistemas FRP variam de 1,2 g/cm3 até
2,1 g/cm3, o que é cerca de quatro a seis vezes inferior ao peso especí¿co do aço. Os siste-
mas compostos aplicados sobre o concreto adicionam tão pouco peso que geralmente são
desconsiderados. O pequeno peso dos sistemas permite que o seu manuseio e aplicação
sejam extremamente facilitados. A Tabela 1.3 mostra os pesos especí¿cos típicos para os
sistemas FRP instalados.
Os coe¿cientes de variação térmica dos sistemas FRP unidirecionais são diferentes nas suas di-
reções longitudinal e transversal, dependendo do tipo de ¿bra e da fração em volume da mesma.
A Tabela 1.4 mostra os coe¿cientes de variação térmica típicos dos sistemas mais utiliza-
dos. A análise dessa Tabela mostra que, no caso dos sistemas estruturados com ¿bras de
carbono, o sistema contrai quando ocorrer aumento na temperatura e expande quando
houver redução na temperatura (paradoxo térmico).
44
Capítulo 1 - Propriedades Mecânicas dos Sistemas FRP (Polímeros Reforçados com Fibra)
1000°C para as ¿bras de carbono e 175°C para as ¿bras de aramida. Outras propriedades
são afetadas pela transferência de esforços via corte através da resina, tais como as ten-
sões de Àexão, sob a ação de baixas temperaturas. Maiores informações serão fornecidas
ao ¿nal deste capítulo.
Quando carregados segundo a direção longitudinal das ¿bras, os materiais dos sistemas
FRP não exibem nenhum comportamento plástico (escoamento) antes da ruptura.
O comportamento à tração desses materiais é caracterizado por uma relação (tensão/de-
formação) elástica linear até a ruptura, que é súbita e frágil, como mostrado na Figura 1.4.
A tensão de tração e espessura dos sistemas FRP são dependentes de uma série de fato-
res. Uma vez que as ¿bras nos sistemas FRP absorvem quase todo o carregamento, o tipo
de ¿bra, sua orientação e sua quantidade, assim como a maneira com que são fabricadas
afetam as propriedades de resistência à tração das mesmas.
A área líquida de ¿bras de um sistema FRP é calculada usando a área de ¿bra conhecida,
negligenciando a largura total e a espessura do sistema curado, isto é, a resina é excluída
da avaliação. A área líquida da ¿bra é utilizada para caracterizar as propriedades dos sis-
temas aplicados via úmida, no local de sua implantação.
A área bruta do laminado de um sistema FRP é calculada utilizando-se a área total da se-
ção transversal do laminado, incluindo todas as ¿bras e resina. A área da seção transver-
sal é usada tipicamente para denominar as propriedades dos laminados pré-curados, nos
quais a sua espessura é constante e a proporção entre ¿bras e resina é conhecida.
Os sistemas que utilizam a área total bruta do laminado têm maior espessura relativa e menor
resistência e módulo de elasticidade relativos do que os sistemas que utilizam a área líquida
de ¿bras, que possuem menor espessura relativa, mas maiores resistências e módulos de
elasticidade. Essas características diversas podem ser apreendidas da análise da Figura 1.5.
45
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Os sistemas FRP aderidos externamente não devem ser utilizados para o reforço à com-
pressão devido à falta de dados e testes que possam validar tal utilização. Somente a título
de informação, resultados de testes realizados com laminados mostraram que a resistên-
cia à compressão é inferior que a resistência à tração. O modo de ruptura dos laminados
pode ocorrer por tração transversal, ruptura por corte ou microÀambagem.
O módulo de elasticidade à compressão do FRP é usualmente menor do que o módulo de
elasticidade à tração. Experimentos demonstraram que o módulo de elasticidade à com-
pressão, comparativamente ao de tração, é de cerca de 80% para as ¿bras de vidro, 85%
para as ¿bras de carbono e de 100% para as ¿bras de aramida.
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Capítulo 1 - Propriedades Mecânicas dos Sistemas FRP (Polímeros Reforçados com Fibra)
tes dos sistemas compósitos FRP são cerca de 10 vezes maiores do que os do concreto e
do aço. Assim, o fato mais importante a considerar relativamente à inÀuência da variação
da temperatura ambiente sobre os sistemas FRP é que a deformação limitante é aquela
correspondente à tração existente no concreto, para qualquer temperatura acima de 0ºC.
Apresenta-se na Figura 1.6 o grá¿co do comportamento de um sistema composto especí¿-
co submetido à ação de meio ambientes quentes e úmidos, no que se refere à sua resistên-
cia à tração. Não foi observada qualquer inÀuência da variação de umidade e temperatura
sobre o módulo de elasticidade do composto.
Identicamente ao grá¿co da Figura anterior, não foi observada nenhuma alteração no mó-
dulo de elasticidade do compósito.
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Nas avaliações feitas com o sistema composto sob a ação da luz ultravioleta, não foi ob-
servada qualquer degradação sensível no sistema composto.
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Capítulo 1 - Propriedades Mecânicas dos Sistemas FRP (Polímeros Reforçados com Fibra)
A matriz polimérica tem necessariamente que ter um alongamento de ruptura muito maior
do que o alongamento que ocorre na ¿bra de carbono, para permitir que a mesma continue
a possuir capacidade de carga mesmo após a tensão na ¿bra ter atingido a sua tensão de
ruptura (limite de resistência).
Dessa maneira, os sistemas compostos FRP devem trabalhar segundo o critério ¿bra com
ruptura frágil e matriz polimérica com ruptura dúctil, conforme indicado no lado esquerdo
da Figura 1.9. Dessa maneira ¿ca descartada a possibilidade de que o sistema FRP entre
em colapso pela ruptura frágil da matriz, possibilidade de ocorrência que está indicada na
parte direita da Figura 1.9.
A Fotogra¿a 1.4 mostra uma ampliação em microscópio eletrônico de uma matriz poliméri-
ca de um sistema composto estruturado com ¿bras de carbono2.
Para se tenha uma noção de grandeza dos sistemas FRP, são necessários 12.000 ¿lamentos
justapostos para que se tenha 1 cm de largura. Na fotogra¿a, no canto inferior direito, existe
uma marcação de escala que indica 10 micrometros. Observe-se que as ¿bras de carbono
(os bastonetes cilíndricos) ¿cam totalmente encapsuladas pela resina da matriz polimérica.
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Apenas para que se tenha um termo de comparação, na Figura 1.10, é mostrada a relação
entre o diâmetro de um ¿o de cabelo humano com o diâmetro de um ¿lamento de carbono.
Figura 1.10 – Comparação entre as espessuras do cabelo humano e o Įlamento da Įbra de carbono.
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Capítulo 1 - Propriedades Mecânicas dos Sistemas FRP (Polímeros Reforçados com Fibra)
Já o índice de propagação de fumaça deve ser inferior a 450 para poder classi¿car o aca-
bamento super¿cial.
Essas resinas que são utilizadas em praticamente todos os materiais compostos da indús-
tria da construção civil passam a um estado frágil vitri¿cado quando expostas a altas tem-
peraturas. A temperatura na qual se inicia essa transição á conhecida como temperatura de
transição vítrea (TG). De modo geral a integridade estrutural de um sistema FRP começa a
se degradar a temperaturas superiores a (TG) decorrente do fato de que a resina não mais
consegue manter inalterada a adesão das ¿bras individuais no composto de FRP.
A temperatura de transição vítrea (TG) das resinas epoxídicas bicomponentes, curadas à
temperatura ambiente, se situa na ordem de 60ºC a 90ºC. Entretanto, os revestimentos
comuns contra incêndio, tais como painéis de gesso, ¿bras minerais diversas, pinturas
intumescentes, etc., não proporcionam isolamento térmico su¿ciente para manter a tempe-
ratura na peça e no FRP abaixo de (TG).
Diante dessa constatação é prática corrente entre os projetistas desconsiderar totalmente
a resistência ao fogo desses materiais compostos e depender exclusivamente da resistên-
cia ao fogo da estrutura existente na sua condição de não reforçada. Esta não é uma situa-
ção exclusiva para os sistemas de FRP, mas comum a reforços estruturais que dependem
de adesivos para a sua ancoragem, como é o caso do reforço com lâminas de aço aderidas
com resinas epoxídicas.
Quando se reforça uma estrutura de concreto armado com a utilização de sistemas FRP
recomenda-se avaliar a resistência ao fogo da estrutura existente segundo os procedimen-
tos normativos correntes. Desde que essa estrutura, ao ser veri¿cada através do critério
de resistência reduzida dos materiais, suporte as solicitações das demandas de serviço
antecipadas, a condição ¿ca atendida.
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
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Capítulo 1 - Propriedades Mecânicas dos Sistemas FRP (Polímeros Reforçados com Fibra)
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
4 - EĮciência do reforço de CFRP em estruturas de concreto sob efeito térmico – A.S. Fortes; I. J. Padaratz; A.O.Barros;
I.F.Freire
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Capítulo 1 - Propriedades Mecânicas dos Sistemas FRP (Polímeros Reforçados com Fibra)
A Figura 1.11 mostra o resultado dos ensaios da capacidade resistente dos corpos de pro-
va onde se constatou que essa capacidade apresenta uma maior diminuição no seu valor
em temperaturas situadas na faixa entre 30ºC e 70ºC decrescendo o gradiente de perda
após aquele valor limite da faixa, evidenciando que o reforço vai diminuindo a sua colabo-
ração na resistência do conjunto.
No caso dos reforços executados com tecidos (mantas) e laminados colados diretamente
sobre a superfície do concreto, a capacidade resistente da peça reforçada se aproxima
mais rapidamente da capacidade resistente decorrente exclusivamente do concreto do que
no caso das peças reforçadas com laminados em montagem NSM (near surface mounted).
Uma das conclusões mais interessantes do estudo é que se observou um melhor compor-
tamento mecânico das peças com reforço em montagem NSM comparativamente às peças
com aplicação de tecidos e laminados diretamente aderidos à superfície do concreto. As
principais conclusões do estudo são as seguintes:
– a capacidade de carga das peças ensaiadas teve seu valor reduzido em cerca de
15% quando se variou a temperatura de 30ºC para 70ºC, sendo o valor máximo
de redução da ordem de 30% nas proximidades de 150ºC;
– decorrente dessa constatação é importantíssimo o estabelecimento de um coe¿-
ciente de minoração da capacidade resistente do reforço quando do dimensiona-
mento de elementos sujeitos às variações sensíveis de temperatura ou com risco
elevado de incêndio;
– a capacidade resistente das peças reforçadas com montagem NSM de laminados
apresentou uma capacidade resistente sensivelmente superior àquelas reforçadas
com sistemas aderidos diretamente à superfície do concreto. Apesar da redução da
capacidade resistente com o aumento da temperatura, essas peças apresentaram
cargas de ruptura superiores àquelas reforçadas com as outras duas técnicas;
– segundo a conclusão do estudo pode-se admitir que a técnica de laminado em
montagem NSM é a mais e¿caz entre as três técnicas consideradas no trabalho
apresentado.
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Um trabalho bem mais recente, “Comportamento ao fogo de vigas de betão armado re-
forçadas CFRP´s” foi apresentado no “2o Seminário de Reforço Estrutural com FRP”, rea-
lizado em 21-11-2011 em Portugal, assinado pelos engenheiros João Pedro Firmo, João
Ramôa Correia e Cristina Lopez e que traz importantes observações sobre este tema,
justi¿cando a sua divulgação.
O trabalho con¿rma que:
– os materiais que constituem os sistemas FRP são combustíveis e liberam fumos
e gases tóxicos;
– as propriedades mecânicas dos sistemas FRP são reduzidas a partir da tempera-
tura de transição vítrea (TG), no intervalo de temperatura compreendido entre 70oC
e 160oC. À temperatura de 600oC a resistência à tração é reduzida 55%;
– a decomposição da resina epoxídica ocorre acima da temperatura (Td), entre
300oC a 500oC;
– o adesivo de colagem é o elemento mais susceptível ao aumento da temperatura.
A 80oC a sua resistência ¿ca reduzida a 80%;
Transcreve-se um importante grá¿co em que é mostrada a variação de massa e energia
dos componentes do sistema FRP com a variação da temperatura, determinando que (ver
Figura 1.12):
– para o FRP o valor de Td =380oC, e que ele é totalmente consumido a 800oC;
– para o adesivo o valor de Td =380oC, composto de 72% de matéria orgânica.
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Capítulo 1 - Propriedades Mecânicas dos Sistemas FRP (Polímeros Reforçados com Fibra)
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Tempo de Proteção
do Reforço (min)
---- 23
Isolamento da zona de Placa SC 25 mm 60
ancoragem do laminado + Argamassa VP 25 mm 89
20 cm Placa SC 40mm 137
Argamassa VP 40 mm 167
A norma CNR – DT 200/20045 em seu item 3.6 informa que os materiais FRP são parti-
cularmente sensíveis às altas temperaturas que podem ocorrer durante a ação do fogo.
Quando a temperatura ambiente exceder a temperatura de transição vítrea da resina,
tanto a resistência como a espessura do sistema instalado são reduzidas. No caso de
FRP aplicado como reforço externo ao concreto ou às alvenarias, exposição a altas tem-
peraturas produzem uma rápida degradação da cola entre o sistema FRP e o seu su-
porte. Como resultado, uma redução da sua resistência efetiva e de colagem do sistema
composto pode ocorrer.
Com relação à exposição ao fogo, as propriedades do membro reforçado por FRP podem
ser melhoradas pelo aumento da espessura de revestimentos protetores. É sugerido o
emprego de revestimentos capazes de reduzir a propagação das chamas, bem como da
produção de fumaça.
Com o objetivo de prevenir o colapso da estrutura reforçada com FRP, em função do fato
de que as informações existentes do comportamento atual dos recobrimentos e resinas
existentes sob a exposição ao fogo não serem su¿cientes, é recomendado manter com
valor baixo a contribuição do FRP na resistência do membro reforçado.
É sugerido que as combinações para ações de fogo excepcionais tomem como referência
as seguintes situações descritas a seguir, onde o valor da carga térmica indireta é indicado
pelo símbolo (Ed).
– carga térmica excepcional com o reforço de FRP ainda existente (Ed 0), quando
o sistema de reforço foi dimensionado para suportar exposição ao fogo. As cargas
aplicadas necessitam ser consideradas no estado limite último e os fatores de car-
ga de acordo com condições frequentes de carregamento. Nesse caso, todas as
cargas atuando na estrutura para combinações frequentes deverão ser conside-
radas. A capacidade do membro, reduzida para levar em consideração a duração
da exposição ao fogo, deve ser computada com os fatores parciais pertinentes a
situações excepcionais (para sistemas FRP, (γf = 1,0).
– situação seguinte a um evento excepcional (Ed = 0), quando o sistema de reforço
não estiver mais no local. As cargas aplicadas deverão ser consideradas na con-
dição de carregamento quase permanente. A capacidade do membro, reduzida
para levar em conta a duração da exposição ao fogo, deve ser computada com os
fatores parciais aplicados às condições excepcionais.
5 - “Guide for the Design and ConstrucƟon of Externally Bonded FRP Systems for Strengthening Existent Structures” –
CNR – Advisory CommiƩee on Technical RecommendaƟon for ConstrucƟon.
58
Capítulo 1 - Propriedades Mecânicas dos Sistemas FRP (Polímeros Reforçados com Fibra)
Geralmente não é possível a aplicação dos sistemas FRP diretamente sobre as superfícies
dos elementos a serem reforçados sem antes proceder-se a uma preparação das mesmas.
Para que as aplicações de FRP sejam efetivamente e¿cientes é necessário que o substrato
de concreto esteja em condições tais de suporte e descontaminação que sustentem as
transferências de esforços que ocorrem nos reforços.
A preparação da superfície do concreto deve levar em consideração de qual será o objeti-
vo que leva à aplicação do sistema FRP. Existem dois tipos distintos de aplicação que se
diferenciam pela maneira com que é feita essa transferência de esforços.
– aplicações com colagem crítica;
– aplicações com contato crítico.
59
CAPÍTULO 2
1 - Segundo as recomendações da ABNT NBR 6118 esse valor seria de (ɸc = ɸcu = 0,0035).
2 - Strengthening of Concrete Structures with Adhesively Bonded Reinforcement – Konrad Zilch, Roland Niedermeier,
Wolfgang Finckh – Beton Kalender – 2014.
61
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
62
Capítulo 2 - Modos de Ruptura (Falha) nos Sistemas Compostos
A Figura 2.3 mostra os mecanismos de ruptura que podem acontecer no substrato de con-
creto sobre o qual está aderido o sistema FRP3.
63
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
A Figura 2.4 é a transcrição da Fig. 13.1 da norma ACI 440.2R-08 e mostra como ocorre
a distribuição interfacial das tensões entre o elemento de FRP e o substrato de concreto e
como podem ocorrer esses descolamentos.
A distribuição das tensões da colagem nos tecidos (laminados) de FRP é complicada pelo
¿ssuramento do substrato de concreto. A distribuição geral elástica das tensões interfaciais
de corte e normais ao longo do reforço com FRP colado a um substrato não ¿ssurado é
mostrada na Figura 2.5 (Fig. 13.2 do ACI 440.2R-08).
Quando o reforço é transferido pelo sistema FRP, as tensões normais de tração perpen-
diculares à interface entre o sistema aplicado e o suporte (substrato de concreto) podem
surgir devido à rijeza do laminado de FRP, conforme mostrado na Figura 2.6. Essa tensão
normal pode reduzir o valor da tensão de corte interfacial, conforme mostrado naquela
¿gura, e o modo de ruptura pelo descolamento da extremidade do laminado tem um com-
portamento frágil.
Como é consensual, a ligação mais fraca na interface concreto/FRP é o concreto. A quali-
dade do substrato e a sua resistência à tração é que servirão de limite para a determinação
64
Capítulo 2 - Modos de Ruptura (Falha) nos Sistemas Compostos
da e¿ciência do sistema FRP colado ao concreto, que também deverão evitar os modos de
ruptura descritos no item 2.0.
Figura 2.6 – Domínio da resistência representado pelas tensões interfaciais normais e de corte (CNR-DT 200/2004).
Nos elementos de concreto armado que possuem um vão relativamente longo quando
considerado o corte, ou onde a descamação do ¿nal do FRP tiver sido efetivamente contro-
lada, o descolamento do sistema deve se iniciar nas ¿ssuras de Àexão, ¿ssuras de Àexão/
corte, ou ambas, próximas à região de momento Àetor máximo. No caso de carga pontual,
o vão da viga ao corte é a distância do ponto carregado ao apoio mais próximo. Sob car-
regamento essas ¿ssuras se abrem e induzem uma alta tensão de corte interfacial, que
produz o descolamento do FRP que se propaga ao longo do vão na direção decrescente
do momento Àetor. A Figura 2.74 ilustra as principais localizações das possíveis ocorrências
de descolamento dos sistemas FRP.
De maneira geral esta falha não compromete o agregado do concreto, progredindo na ¿na
camada do cobrimento, rica em argamassa. Entretanto, em regiões em que ocorre uma
alta relação corte-momento, essa falha pode ser incrementada.
A descamação nas extremidades do FRP, ainda se referindo como delaminação do co-
brimento, pode ser também resultante das tensões normais desenvolvidas nas extremi-
dades do sistema composto colado externamente. Nesse tipo de delaminação, as barras
de armaduras existentes funcionam basicamente como um redutor da colagem no plano
horizontal, o cobrimento do concreto se destaca do restante da viga e a delaminação se
desenvolve por comprimentos situados entre 100 e 200 mm. Esse efeito se torna ainda
maior se as barras da armadura tiverem sido revestidas por pintura epóxi quando da sua
montagem. A Figura 2.5 mostra esse efeito (Ver Fig. 13.2 ACI 440.R2-08).
65
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Outro modo de descolamento é aquele produzido por ¿ssuras de Àexão no elemento re-
forçado. As ¿ssuras de Àexão produzem descontinuidade no substrato de concreto e esse
efeito aumenta as tensões interfaciais de corte, que são as responsáveis pelo descola-
mento do sistema. As ¿ssuras podem estar orientadas perpendicularmente ao eixo do ele-
mento quando os carregamentos que produzem maiores Àexões predominam e se tornam
inclinadas quando ocorre uma combinação de Àexão e corte. Esse mecanismo de ruptura
é mostrado na Figura 2.85.
5 - Adaptação da Fig. 7-3 (7 Appending B – Debonding) do “CNR-DT 200/2004 - Guide for the Design and ConstrucƟon
of Externally Bonded FRP Systems for Strengthening ExisƟng Structures” (CNR – Advisory CommiƩee on Technical Re-
commendaƟons for ConstrucƟon).
66
Capítulo 2 - Modos de Ruptura (Falha) nos Sistemas Compostos
67
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
f 'c
ε fd = 0,41 ≤ 0,9 ε fu
nEf tf
A ACI 440.2R-08 em seu item (13.1.2 – FRP end peeling) permite, para evitar análises mais
detalhadas, utilizar as seguintes recomendações gerais para a locação do ponto terminal
dos laminados e tecidos dos sistemas FRP, de forma a ser eliminado o problema de des-
placamento das extremidades:
– para vigas simplesmente apoiadas, uma camada única de laminado deve terminar
pelo menos a uma distância igual a (ldf ) contada a partir do ponto em que ocorre
o momento de ¿ssuração (Mf);
– para sistemas com mais de uma camada, os pontos de terminação de cada cama-
da devem ser espaçados, não podendo o ponto de terminação da última camada
se situar a menos do que (ldf ) após o ponto correspondente a (Mmax.). Para as de-
mais camadas, sucessivamente, deve ocorrer uma defasagem adicional de (150
mm), conforme mostrado na Figura 2.11.
– para vigas contínuas, uma única camada de laminado deve ser terminada a uma
distância mínima de (d/2) ou (150 mm § 6”), além do ponto de inÀexão do momen-
to (ponto de momento nulo).
68
Capítulo 2 - Modos de Ruptura (Falha) nos Sistemas Compostos
Para sistemas com múltiplas camadas, os pontos terminação de cada camada devem ser
espaçados, não podendo o ponto de terminação da última camada se situar a menos do que
(ldf) após o ponto correspondente a (Mmax.). Para as demais camadas, sucessivamente, deve
ocorrer uma defasagem adicional de (150 mm), conforme mostrado na Figura 2.12.
No caso da ancoragem dos laminados na face superior dos elementos, caso dos momen-
tos negativos, a ancoragem deve ser feita a partir do diagrama de momento deslocado da
distância (dd). Divide-se a altura do momento Àetor negativo pelo número de partes cor-
respondentes ao número de camadas de FRP, divisão que se estende até o diagrama de
momento Àetor deslocado, como mostrado na Figura 2.13. A partir dessa interseção, é feito
o prolongamento de 150 mm para cada lado.
69
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
n .Ef .tf
l df =
f 'c
Cabe ao projetista da estrutura a determinação do ponto onde ocorre o momento que não
produz ¿ssuração na peça de concreto, (MSdf,E), sendo que a força de tração corresponden-
te no ponto será determinada através da análise da seção.
A Norma ABNT NBR 6118:2014 em seu item (17.3 – Elementos lineares sujeitos a solicita-
ções normais – Estados-limites de serviço) assim de¿ne o momento de ¿ssuração:
17.3.1 Generalidades
α .fct .Ic
Mr =
γt
sendo
D = 1,2 para seções T ou duplo T.
D = 1,3 para seções I ou T invertido.
D= 1,5 para seções retangulares.
onde
D é o fator que correlaciona aproximadamente a resistência à tração na Àexão com a re-
sistência à tração direta
Jt é a distância do centro de gravidade da seção à ¿bra mais tracionada.
Ic é o momento de inércia da seção bruta de concreto.
fct é a resistência à tração direta do concreto, conforme 8.2.5, com o quantil apropriado a
cada veri¿cação particular. Para determinação do momento de ¿ssuração, deve ser usado
o fctk,inf no estado limite de formação de ¿ssuras e o f(ct,m) no estado limite de deformação
excessiva (ver 8.2.5).
No caso da utilização de armaduras ativas, deve ser considerado o efeito da protensão no
cálculo do momento de ¿ssuração.
70
Capítulo 2 - Modos de Ruptura (Falha) nos Sistemas Compostos
A resistência direta à tração direta fct pode ser considerada igual a 0,9 fct,sp ou 0,7 fct,f, ou,
na falta de ensaios para a obtenção de fct,sp ou fct,f, pode ser avaliado o seu valor médio
ou característico por meio das seguintes equações:
fctk,inf = 0,7 fct,m
fctk,sup = 1,3 fct,m
onde
fct,m e fck são expressos em megapascal (MPa).
Sendo
fck,j 7MPa, estas expressões podem também ser usadas para idades diferentes de 28 dias.
71
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Figura 2.14 – Ponto de início da ancoragem do sistema FRP conforme diferentes normas.
72
Capítulo 2 - Modos de Ruptura (Falha) nos Sistemas Compostos
A área desse estribo de reforço em forma de “U” pode ser determinada pela seguinte equação8:
( Af .ffu )longitudinal
Af ,ancor . =
( Ef .Kv . ε fu )ancoragem
K1 .K 2 .Le
Kv = ≤ 0,75
11900 . ε fu
23300
Le =
( nt .tf .Ef ) 0 ,58
2
⎛f' ⎞3
K1 = ⎜ c ⎟
⎝ 27 ⎠
73
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
O comportamento dos tecidos e laminados de FRP, no que se refere à sua aderência (co-
lagem) no concreto, contrariamente ao que se imagina, difere profundamente da aderência
desenvolvida entre uma barra de aço e o concreto que a envolve.
Enquanto que nas barras de aço a resistência por aderência pode ser aumentada aumen-
tando-se o seu comprimento de ancoragem o mesmo não ocorre com os sistemas FRP,
onde um aumento no comprimento (lb) pode não resultar no correspondente aumento das
tensões de tração, conforme mostrado no grá¿co da Figura 2.16.
Segundo o “Richtlinie für das Verstärken Von Betonbauteilen durch Ankleben Von unidirek-
tionalen kohlenstoffaserverstärkten KunststofÀamellen" (CFK – Lamellen)9, o comprimento
(l(b,max) ) deverá ser obtido a partir do conhecimento do valor de (Fbd,max). Esse último valor
depende das características mecânicas do material e da resistência à tração do substrato
de concreto onde o FRP será aplicado (fcsm).
Fbd ,max = 0,5 .mf .bf .kb .kt Ef .nf .tf .fcsd [N] (1), sendo,
74
Capítulo 2 - Modos de Ruptura (Falha) nos Sistemas Compostos
Ef .nf .tf
l b,max = 0,7 [mm] (3)
fcsd
A força da colagem (Fbd), referida ao comprimento colado (lb lb,max), pode ser calculada
pela expressão:
lb ⎛ l ⎞
Fbd = Fdb,max . .⎜ 2 − b ⎟
l b,max ⎝ l b,max ⎠
75
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Assim, Fad F(fd,E), e o valor de (Fad) deve ser minorado por um coe¿ciente de segurança
(Ja = 1,50).
Fak Fak
Fad = =
γa 1,50
Quando a espessura do concreto for muito maior que a espessura do sistema composto
instalado, a força máxima que pode ser transferida ao FRP é expressa de acordo com a
seguinte relação:
76
Capítulo 2 - Modos de Ruptura (Falha) nos Sistemas Compostos
Entre a força máxima Fmax permitida no sistema de reforço FRP, considerado com compri-
mento in¿nito, e a energia de fratura *F é assumido que:
∞ ∞
Fmax = bf ∫
0
τ b ( x )dx , Γ F = ∫ τ b ( s )ds
0
bf
2−
k b =1,06 b
bf
1+
400
77
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
De maneira geral, essa região se situa muito próxima aos apoios, quando considerada a
face inferior dos elementos, onde predominam os momentos positivos. No caso da região
dos momentos negativos, geralmente na face superior dos elementos, a ancoragem deve
se estender além dos diagramas deslocados da envoltória dos momentos Àetores, como
indicado na Figura 2.19.
78
Capítulo 2 - Modos de Ruptura (Falha) nos Sistemas Compostos
Para que não se tenha que determinar todo o diagrama deslocado da envoltória dos mo-
mentos Àetores costuma-se considerar como ponto de referência para os critérios de anco-
ragem dos sistemas compostos o ponto em que não mais ocorre ¿ssuramento do concreto
devido ao momento Àetor.
Esse momento é conhecido como momento que não produz ¿ssuração MF, ou seja, mo-
mento correspondente ao limite das tensões de tração compatíveis com àquelas resistidas
pelo concreto sem armação.
sendo,
xE distância do apoio do elemento até o ponto E.
ai distância do eixo do apoio até a face do apoio.
f distância entre a face do suporte e o ¿nal do sistema FRP.
lb,max comprimento de aderência (colagem) em função de Fbd,max.
al deslocamento (decalagem) horizontal do diagrama de momento.
79
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
– sendo (x) a distância do reforço colocado na mesa das lajes, fora da nervura das
vigas.
– para estribos verticais e bielas comprimidas a 45°, pode-se adotar a seguinte sim-
pli¿cação: (cotș-cotĮ)=1
A força Ffd desenvolvida no sistema FRP deve ser veri¿cada no sentido de que seja garan-
tido que seja inferior a Fbd, capacidade última de ancoragem que pode ser transmitida ao
longo do comprimento lb da Figura 2.21.
Torna-se necessário que seja feita uma distinção entre vigas e lajes maciças, uma vez que
nessas últimas as lâminas (¿tas) não podem ser envolvidas por presilhas, a força de cola-
gem de ruptura tem que ter o seu valor reduzido.
Assim, recomenda-se:
para as vigas Fbd Ffd (6)
para lajes sólidas Fbd / 1,2 Ffd (7)
80
Capítulo 2 - Modos de Ruptura (Falha) nos Sistemas Compostos
Se não forem atendidas as condições das equações (6) e (7), deverão ser testadas as se-
guintes alternativas visando a solução do problema:
a – aumentar a seção transversal (área) do sistema FRP.
b – reduzir a distância (f) entre a face do suporte e a extremidade do reforço com
FRP.
c – estender o reforço de FRP além do apoio.
d – aumentar, se possível, a resistência do substrato de concreto – aumentar a pres-
são de contato do reforço com FRP com a utilização de dispositivos adicionais de
ancoragem (ver item 2.3).
Como o ponto em que ocorre o momento nulo (ponto de transição) varia conforme as dife-
rentes combinações de carregamento, o sistema deve ser ancorado pelo menos 1 m além
do ponto de momento zero identi¿cado nos deslocamentos da envoltória dos momentos
Àetores. Contudo, pelo menos o comprimento (lb,max), correspondente à capacidade de an-
coragem última, deve ser utilizado.
lf = xe - ai- al - lb
81
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Para os laminados aplicados na região dos momentos negativos, a equação anterior ¿ca
assim expressa:
lf = xe - ai + al + lb
⎛a ⎞
Fbd = mf .bf .τ k ,d . 4 ar . l b .( 26,2 + 0,065 .tanh ⎜ r ⎟ ( l b −115 )) para( l b > 115mm )
⎝ 70 ⎠
onde:
mf número de ranhuras.
bf largura do laminado em [mm].
ar distância do eixo do laminado à lateral do elemento de concreto, em [mm] (válido para
ar 150mm).
82
Capítulo 2 - Modos de Ruptura (Falha) nos Sistemas Compostos
( )
τ k ,d = 2 .fkt ,k − 2 . fkt2,k + fkc ,k .Fkt ,k + fkc ,k fkt ,k onde,
τ k ,k
τ k ,d =
γb
⎛ ⎞ ⎛ ⎞
⎜ Fdb ⎟ ⎜ 26,2 ⎟
l bd =⎜ ⎟ −⎜ ⎟ +115 [mm] ĺ para lbd >115 [mm].
a
⎜ 0,065 .tanh ⎛⎜ r ⎞⎟ .bf .τ K ,d . 4 ar a
⎟ ⎜ 0,065 .tanh ⎛⎜ r ⎞⎟ ⎟
⎝ ⎝ 70 ⎠ ⎠ ⎝ ⎝ 70 ⎠ ⎠
83
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
O aumento na força de colagem como resultado das lâminas de reforço do corte pode ser
calculado com a equação seguinte, dependente da largura (bLw), da pressão de contato
(Fu.Įb) e do fator (k1) para levar em conta da forma da seção transversal do envolvimento
de corte da peça.
Para se calcular a pressão de contato, uma distinção é feita entre as pressões de contato
(F u,2 ) e (Fu,4 ), que sempre são formadas pelos dois casos geométricos limite, mostrados
na Figura 2.25.
84
Capítulo 2 - Modos de Ruptura (Falha) nos Sistemas Compostos
A interpolação entre os dois casos limite com o auxílio da equação seguinte é possível,
⎛ 0,8 − α b ⎞ ⎛ α − 0,4 ⎞
Fu . ( α b ) = Fu.2 . ⎜ ⎟ + Fu.4 . ⎜ b
⎝ 0,4 ⎠ ⎝ 0,4 ⎟⎠
1
ZS ,A = tLw + 0,5
2
Com o uso dessas variáveis ¿ca, então, possível ser calculada a pressão de contato para
os dois casos limite (Įb = 0,4) e (Įb = 0,8).
85
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
⎛ EIs ,g ,α b =0 ,4 ⎞
w1 = w − ⎜1 −
⎝ 4853.l1 + EIs ,g ,α b =0 ,4 ⎠⎟
3
0,3 .bw − 20
α=
bw − 40
⎛ EIs ,g ,α b =0 ,8 ⎞
w 2 = w − ⎜1 − .0,1
⎝ 4853.l 3 + EIs ,g ,α b =0 ,8 ⎟⎠
3
As análises mais precisas sobre a colagem dos sistemas FRP são baseadas no conhecimen-
to do espaçamento entre as ¿ssuras que ocorrem na peça de concreto armado. O mecanis-
mo de formação de ¿ssuras numa estrutura de concreto armado depende de uma série de
inÀuências e é sujeito a um considerável desdobramento. Dessa maneira, a estimativa do
espaçamento entre ¿ssuras deve ser feita com critérios conservadores e seguros.
Uma maneira simpli¿cada de se determinar o espaçamento médio do padrão das ¿ssuras
é considerar que ele se realiza conforme a formulação seguinte:
sr = 1,5 .le,0 o onde,
86
Capítulo 2 - Modos de Ruptura (Falha) nos Sistemas Compostos
Mcr
l ts =
Zs .Fbsm
⎛ h ⎞
kft = ⎜1,6 − ⎟ ≥1,0
⎝ 1000 ⎠
Para o cálculo de (fbSm) devem ser usados os seguintes valores, dependentes do tipo de
aço utilizado:
fbsm = 0,43 . kvb1 .f2/3cm, para barras de aço com mossas (corrugado).
87
CAPÍTULO 3
89
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Os procedimentos mais e¿cazes nesse tipo de veri¿cação são iterativos quando se procura
a posição da linha neutra da seção, para em seguida, a partir dos elementos geométricos
totalmente de¿nidos, calcular o momento Àetor resistente último.
Para que se tenha êxito nessa veri¿cação é necessário o conhecimento do mecanismo dos
domínios do estado limite último de uma seção transversal.
De acordo com a ABNT NBR 6118:2014, a distribuição das tensões no concreto é feita de
acordo com o diagrama parábola-retângulo, com tensão de pico igual a (0,85.fcd). Esse
diagrama pode ser substituído pelo retângulo de profundidade (y = O.x), onde o valor do
parâmetro (O) pode ser tomado igual a:
λ = 0,8 para fck 50 MPa, ou,
fck − 50
λ = 0,8 − para fck > 50 MPa
400
A Figura 3.2 apresenta os seguintes domínios de atuação das solicitações normais:
90
Capítulo 3 - Mecanismos Auxiliares para os Procedimentos de Reforço das Estruturas
ε cu + ε y
= declividade da reta ( ε cu + ε y ) , dessa forma temos:
d
ε cu ε cu
xb = =
declividade ε cu + ε y
d
ε cu
xb = (1)
ε cu + ε y
d
Nos Domínios 2 e 3, temos que ( ε s > ε y ) , o que quer dizer que a tensão no aço será (fs =fy).
Para o Domínio 4 (Àexão simples e seção superarmada), temos que a profundidade da
linha neutra será:
xb < x d (3);
ε cu ( d − x )
εs =
x
91
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
ε cu ( d − x )
fs = .Es
x
Considerando-se as equações (1), (2) e (3), para determinar em que domínio se situa o ele-
mento estrutural, a partir do arbítrio da profundidade da linha neutra, é possível conhecer a
tensão na armadura de aço.
λx ⎞
O braço de alavanca (z) é expresso por: ⎛⎜ z = d − ⎟.
⎝ 2 ⎠
Conhecidas as resultantes de compressão e de tração, assim como o seu braço de alavan-
ca, aplicando-se as equações de equilíbrio da seção, tem-se:
Rc - Rs = 0, ou seja:
f’c . (Ox.b) - As.fs = 0
92
Capítulo 3 - Mecanismos Auxiliares para os Procedimentos de Reforço das Estruturas
fc' .(.b ) − As .fs = 0 (a) ĺ essa equação fornece a profundidade da linha neutra.
⎛ λx ⎞
Mu = fc' .λ x.b ⎜ d − ⎟ (b) ĺ essa equação fornece o valor do momento de ruptura.
⎝ 2 ⎠
93
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
a – situação em que (Ox hf) ĺ caso em que a linha neutra cai dentro da mesa da seção “T”.
Nesse caso particular, deverão ser considerados os seguintes valores:
Rc = O.bf.x.f’c
λ .x
z=h−
2
b – situação em que (O.x > hf) ĺ caso em que a linha neutra cai abaixo da mesa da seção “T”.
94
Capítulo 3 - Mecanismos Auxiliares para os Procedimentos de Reforço das Estruturas
λ x − hf
ha =
2
95
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Vamos iniciar o estudo considerando o domínio (2). A posição da linha neutra nesse domí-
nio deverá obedecer à seguinte desigualdade, conforme indicado na Figura 3.8:
⎛ ε cu ⎞
0≤ x≤⎜ ⎟⎠ d1 donde,
⎝ ε cu + 0,010
⎛ x − di ⎞
ε si = 0,010 ⎜ (d) ĺ para o domínio (2), ver lado esquerdo da Figura 3.8.
⎝ d1 − x ⎟⎠
96
Capítulo 3 - Mecanismos Auxiliares para os Procedimentos de Reforço das Estruturas
⎛ ε cu ⎞
⎜⎝ ε + 0,010 ⎟⎠ d1 < x < d1 , sendo as distribuições das tensões mostradas no lado direito da
cu
Figura 3.8.
⎛ x − d1 ⎞ (e)
ε si = ε cu . ⎜
⎝ x ⎟⎠
Arbitrada a posição da linha neutra (x) são calculadas as deformações de cada camada de
armadura por meio das equações (d) e (e). Conhecida a deformação de cada camada, por
meio do grá¿co tensão/deformação do aço utilizado, determina-se a tensão (fsi) em cada
nível de armação.
Rc = O.b.x.f’c
λ .x
z = d1 −
2
A força desenvolvida em cada camada de armadura é dada pela expressão:
Rsi = Asi . fsi
Asi - área de aço na camada de armadura considerada.
fsi - tensão no aço da camada de armadura.
Mu = Rc .z + ∑ i = 1 Asi .fsi ( d1 − d1 )
n
(g)
A expressão (f) fornece a profundidade da linha neutra e a expressão (g) fornece o momen-
to de ruptura da seção.
97
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Como pode ser observado, a determinação do momento de ruptura de uma seção com
várias camadas de armadura é um procedimento bastante trabalhoso para ser realizado
manualmente.
f f
τ ≤ τ = 0,27.α .f , onde ( α v = 1 − ck ) e ( f = 0,85. ) para concretos com ( f ≤ 50 MPa ).
ck
γ
wd wu v cd cd ck
250 c
No caso de se veri¿car o cortante que pode ser absorvido pela armadura transversal exis-
tente (estribos e barras inclinadas), devem ser utilizadas as seguintes expressões:
τ .b
Asw = d w cm 2 / cm , para os estribos verticais.
fyd
τ d .bw
Asw = cm 2 / cm , para armadura inclinada de 45°.
2 . fyd
Vd
onde, τ d =
bw .d
Vd b V
Asw = x w = d → Vd = Asw . d . yd
bw .d fyd d.fyd
98
Capítulo 3 - Mecanismos Auxiliares para os Procedimentos de Reforço das Estruturas
99
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
– Reduzindo-se um momento Àetor de (M) para (GM), em uma determinada seção, a pro-
fundidade da linha neutra nessa seção (x/d), para o momento reduzido (GM) tem os seguin-
tes limites:
a) x/d (G - 0,44)/1,25, para concretos com fck 50 MPa.
b) x/d (G - 0,56)/1,25, para concretos com 50 MPa < fck 90 MPa.
Onde o coe¿ciente de redistribuição deve obedecer aos seguintes limites:
a) G 0,90, para estruturas de nós móveis.
b) G 0,75, para qualquer outro caso.
Partindo da consideração da ABNT NBR 6118:2014 de que quanto menor for a posição re-
lativa da linha neutra (x/d) maior será a capacidade de rotação da peça, a norma apresenta
em sua Figura 14.7 (¿gura 3.10 deste livro) a capacidade de rotação de rótulas plásticas
(șpl) em função da relação (x/d) e levando-se em consideração a resistência do concreto e
do aço utilizado.
– É dispensada na análise plástica, conforme item 14.5.4 da NBR 6118, a veri¿cação
explícita da capacidade de rotação plástica desde que a posição da linha neutra
seja limitada em:
x/d 0,25, se fck 50 MPa.
x/d 0,15, se fck > 50 MPa.
Por que esse mecanismo pode interessar ao engenheiro estrutural encarregado de refor-
çar uma determinada estrutura de concreto armado?
Admitamos uma viga contínua de três tramos, como a representada na Figura 3.11. Essa
viga foi calculada no modo elástico convencional para o carregamento original (q1), para o
qual foi dimensionada. Esse carregamento produz o diagrama de momentos Àetores indi-
cado na Figura 3.12.
100
Capítulo 3 - Mecanismos Auxiliares para os Procedimentos de Reforço das Estruturas
Os momentos Àetores negativos iniciais desse carregamento são (Xi1) e (Xi2) e os momen-
tos positivos iniciais (Mi1), (Mi2) e (Mi3).
101
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Para tanto utilizamos a linha de fechamento dos momentos A − Xi1 − Xi2 − D a partir da qual
“penduramos” os momentos isostáticos dos três tramos, resultando no diagrama ¿nal de
momentos apresentado na Figura 3.14.
102
Capítulo 3 - Mecanismos Auxiliares para os Procedimentos de Reforço das Estruturas
Assim, o reforço será feito apenas na face inferior dos tramos, para os momentos ¿nais
Mf1, Mf2 e Mf3. Se a seção que foi reforçada puder ser considerada uma seção “T” o efeito
da redistribuição dos momentos é ainda mais facilitado pelo fato de existir uma mesa que
fornece uma maior área de compressão.
103
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Em construções tais como pontes e edi¿cações as lajes costumam ser concretadas con-
comitantemente com as vigas. A monoliticidade criada faz com que as vigas e as lajes
passem a trabalhar em conjunto, estabelecendo o que se denomina como viga “T”. Essa
viga trabalha à Àexão e também para os esforços derivados tais como corte e torção. A
distribuição do cisalhamento e do Àuxo de torção se faz de acordo com a Figura 3.17.
Desde que a laje adjacente a ambos os lados da viga tenha armadura adequada, o ele-
mento de reforço pode ser aplicado lateralmente à viga e os seus esforços transferidos
para o eixo longitudinal da viga. Esse mecanismo de transferência é denominado de efeito
de costura, devido ao fato de que o esforço cortante da viga, nesse caso, está acompanha-
do por um momento de torção.
104
Capítulo 3 - Mecanismos Auxiliares para os Procedimentos de Reforço das Estruturas
Imaginemos uma viga com seção “T” em que as mesas direita e esquerda à nervura te-
nham dimensões diferentes (bf1) e (bf2), como mostrado na Figura 3.18.
Da Figura 3.19, em que é apresentada uma seção “explodida” de uma viga “T”, para a qual
é admitido que (z1 ≅ z2 = z) e que nos momentos apresentados se tenha (M2 > M1), vem:
Rc1 .Am1
na mesa 1 - (no lado esquerdo da ¿gura)
Atot .
105
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Rc 2 .Am1
(no lado direito da ¿gura)
Atot .
Rc1 .Am2
na mesa 2 - (no lado esquerdo da ¿gura)
Atot .
Rc 2 .Am2
(no lado direito da ¿gura)
Atot .
O equilíbrio da seção é garantido pela força cortante desenvolvida entre os dois pontos
considerados, de tal forma que:
Rc1 .Am1 Rc 2 .Am1
− + υ sd1 .Δ x = 0
Atot . Atot .
ΔM
¿nalmente, como ( = Vsd ) temos:
Δx
Vsd Am1
Vsd1 = .
z Atot .
Vsd Am2
Vsd 2 = .
z Atot .
106
Capítulo 3 - Mecanismos Auxiliares para os Procedimentos de Reforço das Estruturas
Vsd Ai
Vsdi = .
z Atot .
As ,cost . Vsd Ai
≥ .
s fyd .z Atot .
107
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
A1−1
As ,costura = Asw .
Atotal
Com base no exposto sobre a regra da costura, algumas alternativas de reforço se viabili-
zam, principalmente pela variedade dos equipamentos de perfuração hoje disponíveis no
mercado, que permitem a execução de tarefas antes consideradas impossíveis.
Um primeiro caso, simples, mas extremamente comum nas necessidades de reforço estru-
tural, consiste no reforço na região de momento negativo de uma viga, em região em que
a continuidade de elementos de reforço é di¿cultada pela existência de um pilar, conforme
mostrado na Figura 3.21.
Observe-se na Figura 3.21 que foram executados rasgos lateralmente ao pilar para a co-
locação das barras de reforço. Evidentemente deve ser veri¿cada ou complementada a
armadura de “costura” necessária para a solidarização do conjunto. Geralmente, por ser
essa uma região densamente armada, não ocorre a necessidade de qualquer armadura
complementar, situação que deverá ser con¿rmada.
108
Capítulo 3 - Mecanismos Auxiliares para os Procedimentos de Reforço das Estruturas
São realizados rasgos com espessura média de 2,5 cm (o ideal é que seja atingida a face
superior da armadura existente) e largura da ordem de 5 cm (dependendo do número de
barras a serem inseridas). As barras de FRP são posicionadas dentro dos rasgos, que se-
rão preenchidos com argamassa epoxídica para promover a adesão das barras ao sistema
estrutural. Normalmente não acontece alternância de esforços nessas regiões (alternância
entre momentos positivos e negativos). Se isso acontecer, é recomendável que as barras
de FRP sejam presas por conectores com espaçamento proporcional ao diâmetro da mes-
ma para evitar uma possível Àambagem da barra, como mostrado ao ¿nal deste Capítulo.
A Figura 3.22 mostra como é feita a adesão da barra de ¿bra de carbono ao concreto (as
medidas indicadas são apenas indicativas).
109
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Na Fotogra¿a 3.1 é mostrada uma intervenção real, com os rasgos que contêm as barras
já preenchidos.
Existem situações em que pode ser necessário perfurar o concreto na base dos pilares
para que seja executado o reforço. Apesar de se constituir numa solução bastante traba-
lhosa de ser executada, é perfeitamente possível com o ferramental de corte disponível
atualmente, como, por exemplo, as perfuratrizes com mangote. Os furos passantes na
base dos pilares permitem a continuidade das barras de FRP.
110
Capítulo 3 - Mecanismos Auxiliares para os Procedimentos de Reforço das Estruturas
Evidentemente que para a locação dos furos deverá ser feita uma sondagem da armadu-
ra existente, para que seja evitado o corte de barras do pilar. A solução está representada
na Figura 3.23.
A Figura 3.24 apresenta, no Corte B-B, uma sugestão de como pode ser efetuada a fura-
ção necessária, bem como o detalhe de ¿xação das barras de FRP.
111
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Iniciemos a veri¿cação pela seção apresentada no lado esquerdo da Figura 3.25, onde não
existe armadura de compressão.
Tem-se:
Ac = 22.45 = 990 cm2
fck = 25 MPa
kgf/cm
Ec = 0,85.5600. 25 ≅ 238000 kgf 2 2
/ cm
Ea = 2100000 kgf/cm2
2100000
n= = 8,824
238000
0,85.250
Fc = 990. ≅ 150268 kgf
1,4
0,85.250
Fc = (965 + 220,60 ) . ≅ 179957 kgf
1,4
Comparação:
Força de compressão sem armadura Fc=150268 kgf
Força de compressão com armadura Fc=179957 kgf
Acréscimo de 19,8%
112
Capítulo 3 - Mecanismos Auxiliares para os Procedimentos de Reforço das Estruturas
É importante lembrar que as barras geralmente estão inseridas acima dos estribos da se-
ção e, por esse motivo, torna-se importante controlar o comprimento livre de Àambagem
das mesmas, o que é feito com a inserção de “grampos” a distâncias correspondentes ao
diâmetro das barras utilizadas, conforme recomendações das normas estruturais.
Figura 3.27 – Conectores (“grampos”) para limitar o comprimento de Ňambagem das barras.
Na Fotogra¿a 3.2 é mostrado como esse controle é feito na prática. Observar as ranhuras
contínuas onde as barras são inseridas e os conectores utilizados para limitar o compri-
mento de Àambagem das barras comprimidas.
Quando o elemento a ser reforçado tiver continuidade lateral por meio de lajes ou mesa, o
acréscimo de armadura de compressão pode ser colocado em uma região que extrapole
a projeção do elemento, e esteja lateralmente ao mesmo, desde que sejam atendidas as
condições da “regra da costura”, como foi mostrado neste capítulo. Essa con¿guração
pode ser vista na Figura 3.28 seguinte.
113
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
FotograĮa 3.2 – Barras inseridas em ranhuras e “grampos” para limitar o comprimento de Ňambagem das barras1.
Para o cálculo da armadura transversal, no caso de apoio direto (quando a carga e a rea-
ção de apoio forem aplicadas em faces opostas do elemento estrutural), valem as seguin-
tes prescrições:
– a força cortante oriunda de carga distribuída pode ser considerada, no trecho entre
o apoio e a seção situada à distância d/2 da face do apoio, constante e igual à
desta seção, conforme Figura 3.29.
114
Capítulo 3 - Mecanismos Auxiliares para os Procedimentos de Reforço das Estruturas
– a força cortante devida a uma carga concentrada a uma distância a 2.d do eixo
teórico do apoio pode, nesse trecho de comprimento a, ser reduzida multiplican-
do-a por a/(2.d), Figura 3.30.
Conforme indicado nas ¿guras 3.29 e 3.30, a força cortante reduzida devido simultanea-
mente à carga distribuída e carga concentrada próxima ao apoio é dada por:
VS,Red = VS,max – q . (c + d)/2 - P. [(L - a) / L] . (1 - a / 2.d)
Esta redução somente é válida para o cálculo das armaduras. Para a veri¿cação da biela
de compressão a carga total deve ser considerada sem redução. No caso de apoios indi-
retos este tipo de redução não é permitida.
115
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
⎛ e⎞
Nsd ,eq. = Nsd . ⎜1 + β. ⎟ e Msd ,eq. = 0
⎝ h⎠
NSd
ν=
Ac .fcd
e M
= Sd
h Nsd .h
1
β=
d'
(0,39 + 0,01α ) − 0,8
h
1
α=− se α < 1, em seções retangulares.
α s
s
D = Ds se Ds 1, em seções retangulares.
D=6 se Ds < 6, em seções retangulares.
D= -4 em seções circulares.
Supondo que todas as barras sejam iguais, ( α s ) é dado por:
αs =
(nh − 1)
(nv − 1)
O arranjo de armadura adotado para detalhamento (Figura 3.31) deve ser ¿el aos valores
d'
de ( α s ) e ( ) pressupostos.
h
116
Capítulo 3 - Mecanismos Auxiliares para os Procedimentos de Reforço das Estruturas
Nas situações de Àexão simples ou composta oblíqua, pode ser adotada a aproximação
dada pela expressão de interação:
α α
⎡ MRd .x ⎤ ⎡ MRd .y ⎤
⎢ ⎥ +⎢ ⎥ =1
⎣ MRd .xx ⎦ ⎢⎣ MRd .yy ⎦⎥
Sendo,
(MRd.x) e (MRd.y): componentes do momento resistente de cálculo em Àexão oblíqua com-
posta, segundo os dois eixos principais de inércia (x) e (y), da seção bruta, comum esforço
normal resistente de cálculo (NRd) igual à normal solicitante (NSd). Esses são os valores que
se deseja obter;
(MRd.xx) e (MRd.yy): momentos resistentes de cálculo segundo cada um dos referidos eixos
em Àexão composta normal, com o mesmo valor de (NRd). Esses valores são calculados a
partir do arranjo e da quantidade de armadura em estudo.
(D) é um expoente cujo valor depende de vários fatores, entre eles o valor da força nor-
mal, a forma da seção, o arranjo da armadura e de suas porcentagens. Em geral pode ser
adotado (D = 1), a favor da segurança. No caso de seções retangulares, pode-se adotar
(D = 1,2).
117
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Para as seções retangulares basta se determinar o valor de (K). Quando (K) for menor que
o valor de (KL), o elemento não precisa de armação de compressão. Caso contrário, se
(K > KL) será necessário a inclusão de armadura de compressão (A’s). A veri¿cação das
armaduras de Àexão pode ser feita com a utilização das expressões da Figura 3.32.
A posição da linha neutra (x) ¿ca determinada pela seguinte relação
⎛ 1 − 1 − 2k ' ⎞
x = d. ⎜ ⎟
⎝ 0,8 ⎠
118
Capítulo 3 - Mecanismos Auxiliares para os Procedimentos de Reforço das Estruturas
3.11.2 SEÇÃO T
Para as seções do tipo T as mesmas premissas são válidas, bastando seguir o formulário
a seguir, indicado na Figura 3.33.
(
x = d. 1 − (1 − 2k ' ) )
119
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Exemplo 3.1: Para uma viga de concreto armado simplesmente apoiada com vão livre de
600 cm, seção (25 x 60) e concreto (fck = 25 MPa) armado com aço CA-50, pede-se calcular
os seguintes valores:
- a armação necessária para um carregamento uniformemente distribuído de
24 kgf/cm bem como a profundidade da linha neutra.
- a deformação da viga devida à atuação apenas de seu peso próprio, bem como a
profundidade da linha neutra.
- a armação necessária para um carregamento uniformemente distribuído de
60 kgf/cm bem como a profundidade da linha neutra.
250
fc' = .0,85 = 151,78 ≅ 152 kgf / cm 2
1,4
As =
152.25.56
4350
( )
1 − 1 − 2.0,147 = 7,798 ≅ 7,80 cm 2
⎛ 1 − 1 − 2.0,147 ⎞
x = 56 ⎜ ⎟ = 11,183 cm
⎝ 0,8 ⎠
1,414
z = 56 − = 55,293 cm
2
168750.1,4
Fs = = 4272,70 kgf
55,293
4272,70
fs = = 547,78 kgf / cm 2
7,8
σ 547,78
ε= = = 2,608.10 −4
mm/mm ou seja, ε = 0,260‰
E 2100000
120
Capítulo 3 - Mecanismos Auxiliares para os Procedimentos de Reforço das Estruturas
63,75.600 2
M( g + p ) = = 2868750 kgf .cm
8
2868750.1,4
k= = 0,337 K > KL ou seja, K ' = K L = 0,320
152.25.56 2
As = As1 + As2
As1 =
152.25.56
4350
( )
1 − 1 − 2.0,320 = 19,568 cm 2
152.25.56(0,337 − 0,320 )
As2 = = 0,896 cm 2
⎛ 4⎞
4350. ⎜1 − ⎟
⎝ 56 ⎠
As = 19,568 + 0,896 = 20,464 cm2
0,896
As' = = 0,896 cm 2
1
⎛ 1 − 1 − 2.0,320 ⎞
x = 56 ⎜ ⎟ = 28,00 cm
⎝ 0,8 ⎠
121
CAPÍTULO 4
123
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
124
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
ffu
Ef = onde:
ε fu
125
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
h d
df ~
As f s As
εs f f Af
Af εf
fc'
β1 = 1,05 − 0,005. onde,
7
126
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
Se o controle da ruptura for determinado pela ruptura do FRP ou pela delaminação do co-
brimento do concreto, o bloco de tensões de compressão determinado por Whitney fornece
resultados mais acurados.
O bloco de tensões de compressão pode ser calculado de forma aproximada através da
relação parabólica entre a tensão e a deformação do concreto, por meio das expressões
seguintes:
4.ε 'c − ε c
β1 =
6.ε 'c − 2.ε c
3.ε 'c .ε c − ε c2
α1 =
3 β1 .ε 'c 2
fc'
ε 'c = 1,71.
Ec
H’c máxima deformação do concreto não con¿nado, podendo ser considerado com o valor
aproximado (0,002).
Ec módulo de elasticidade do concreto.
O módulo de elasticidade (Ec) pode ser tomado como ( w 1,5
c .0,043 fc
'
), em MPa, para valo-
res de densidade (wc) compreendidos entre 1.440 e 2.480 kgf/m . Para concretos de den-
3
Convém destacar que a máxima deformação unitária utilizável na ¿bra extrema submetida
à compressão do concreto se supõe2 igual a 0,003.
Outros tipos de ruína podem acontecer em acréscimo aos listados, tal como uma falha
prematura localizada na interface do concreto do substrato com o sistema composto. Esse
127
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
tipo de falha, contudo, pode ser evitada através de um detalhamento apropriado do sistema
FRP utilizado.
Independentemente de onde estiver a seção analisada, a ruptura controlada pelo descola-
mento do composto deve governar os procedimentos. Dessa forma, a deformação máxima
permitida no FRP para impedir a ruptura por descolamento devido ao ¿ssuramento não
poderá exceder ao indicado na expressão seguinte:
fc'
ε fd = 0,41. ≤ 0,9.ε fu onde,
n.Ef . tf
Essa deformação pré-existente deverá ser subtraída da deformação ¿nal encontrada para
a ¿bra de carbono para que se possa estabelecer o nível de tensão com o qual a ¿bra de
carbono efetivamente trabalhará.
A deformação máxima permissível na ¿bra de carbono será fornecida pela seguinte equação:
Hfc = (İb - İbi ) İfu onde,
128
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
A Figura 4.3 mostra como deve ser determinada a deformação (İbi) a partir da análise
elástica dos carregamentos existentes quando da instalação do sistema FRP, que são, de
modo geral, constituídos apenas por cargas permanentes (gravitacionais).
Assim a deformação (İbi) deve ser considerada como deformação inicial e, portanto, ser
excluída da deformação ¿nal admissível para o sistema FRP.
O ACI Committee 440 recomenda que o reforço à Àexão através de sistemas compostos
estruturados com ¿bras de carbono seja feito no estado limite último. Os critérios de di-
mensionamento à Àexão no estado limite último estabelecem que a capacidade resistente
à Àexão de um elemento deve exceder a demanda estrutural.
A análise para o estado limite último calcula a capacidade resistente da seção pela com-
binação das condições de equilíbrio das deformações, compatibilidade das tensões e o
comportamento reológico do concreto e dos demais materiais constituintes na ruptura.
Para o cálculo do reforço de uma viga de concreto armado com a utilização de sistemas com-
postos estruturados com ¿bras de carbono devem ser efetuadas as seguintes veri¿cações:
– determinação do momento Àetor máximo de cálculo do reforço que atuará na viga
(Mref.maj.).
– determinar o momento Àetor resistente de cálculo da viga a partir das característi-
cas geométricas da seção e das características mecânicas dos materiais consti-
tuintes da mesma (Mresist.).
– comparar (Mref.maj.) com o (Mresist.). Se (Mresist.) > Mref.maj.) a viga não necessitará de
reforço à Àexão. Se, entretanto, (Mresist.) < Mref.maj.) a viga necessitará de reforço.
– no caso de a viga necessitar de reforço, determinar o modo de ruptura para o reforço.
Se (0 x xb), domínios 2 e 3, o reforço será calculado para a condição de viga subarma-
da. Se (xb < x d), domínio 4, o reforço será calculado como para uma peça superarmada,
como mostrado na Figura 4.4.
129
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
130
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
O momento resistente de uma viga de concreto armado reforçada com sistemas FRP é
consequência dos seguintes esforços componentes:
Fc – resultante da seção comprimida do concreto.
F’s – força resultante da seção comprimida da armadura.
Fs – força resultante da seção tracionada da armadura.
Ff – força resultante da seção tracionada de ¿bra de carbono.
Essas resultantes, assim como as suas localizações, estão indicadas na Figura 4.5.
A capacidade resistente ao momento Àetor de um elemento reforçado com FRP pode ser
expressa da seguinte maneira:
⎛ β .c ⎞ ⎛ β .c ⎞ ⎛ β .c ⎞
Mn = As .fs . ⎜ d − 1 ⎟ + ψ f .Af .ffe ⎜ df − 1 ⎟ + As' .fs' ⎜ 1 − d ' ⎟
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠
sendo
fs = Es . Hs < fy
f’s = Es . H’s < fy
f fe = Ef.Hc,f Ef . İfe
ȥf - coe¿ciente adicional de redução com valor 0,85.
Esse fator de redução (ȥf) está de¿nido na ACI 440 - 10.2.10 com base nas análises de
con¿abilidade discutidas na seção 9.1 e que foram baseadas nas propriedades calibradas
estatisticamente da resistência à Àexão, conforme Okeil et al. – 2007.
Sabendo-se que:
Fs = As . fs
F’s = A’s . f’s
Ff = Af . f fe
Fc = D1 . f’c . ȕ1.c
⎛ β .c ⎞ ⎛ β1 .c ⎞ ' ⎛ β1 .c ⎞
Mn = Fs . ⎜ d − 1 ⎟ + ψ f .Ff ⎜⎝ df − ⎟ + Fs ⎜⎝ − d' ⎟
⎝ 2 ⎠ 2 ⎠ 2 ⎠
Admitindo-se que não exista armadura de aço para compressão a expressão do momento
resistente pode ser simpli¿cada para:
⎛ β .c ⎞ ⎛ β .c ⎞
Mn = As .fs ⎜ d − 1 ⎟ + ψ f .Af .ffe ⎜ df − 1 ⎟ , ou, ainda
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠
131
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
⎛ β .c ⎞ ⎛ β .c ⎞
Mn = Fs ⎜ d − 1 ⎟ + ψ f .Ff ⎜ df − 1 ⎟
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠
Considerando que,
Ff = Af . f fe
f fe = Hf . Ef = (Hb - Hbi )Ef
⎛ h − c⎞
εf = εc ⎜
⎝ c ⎟⎠
⎡ ⎛ h − c⎞ ⎤
ffe = ⎢ε c ⎜ ⎟ − ε bi ⎥ Ef
⎣ ⎝ c ⎠ ⎦
⎡ ⎛ h − c⎞ ⎤ (4a)
Ff = Af .Ef ⎢ε c ⎜ ⎟ − ε bi ⎥
⎣ ⎝ c ⎠ ⎦
O equilíbrio das forças é calculado através da determinação do nível de tensões dos ma-
teriais constituintes. Assim, o equilíbrio interno das forças é satisfeito se, e somente se, for
obedecida a seguinte expressão:
Fs + Ff (4b), ou seja,
c=
Fc + Fs'
Com base nessas avaliações, a deformação efetiva que pode ser atingida pelo reforço de
FRP é assim expressa:
⎛ df − c ⎞ sendo,
ε fe = ε cu ⎜ − ε bi ≤ ε fd
⎝ c ⎟⎠
132
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
Mg ,reforço
2 – Determina-se o valor de (k) ĺ k =
fc .b.d 2
⎛ 1 − 1 − 2k ' ⎞
c = d. ⎜
⎝ 0,8
⎟
⎠
( )
para seções retangulares e c = d. 1 − 1 − k ' para seções em “T”.
A ACI 440.2R-08 também limita o nível de tensão que pode ser atingido nos reforços com
FRP, antes da ruptura por Àexão da seção. Esse nível efetivo de tensão pode ser obtido da
correlação com o nível de deformação do FRP, assumida a condição de comportamento
perfeitamente elástico (ou seja, através da lei de Hooke):
f fe = Ef . İfe
Uma das consequências da utilização de reforçados com sistemas FRP nas estruturas de
concreto armado é a redução da ductilidade do elemento original (sobre o qual foi aplicado
o reforço). Em alguns casos, essa perda é desprezível, mas seções que possam apresen-
tar signi¿cativa perda de ductilidade devem ser veri¿cadas.
Para elementos de concreto armado, não protendidos, a ductilidade adequada é atingida
se a deformação no aço, no instante do rompimento do concreto ou no descolamento ou
delaminação do sistema FRP seja, pelo menos (0,005).
O fator de redução da resistência (Ҁ) é fornecido pelas equações abaixo:
φ = 0,90 para Hf 0,005
133
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
0,25( ε f ε sy )
φ = 0,65 + para ε sy < ε t < 0,005
0,005 sy
O nível de tensões na armadura de aço pode ser calculado baseado na análise da seção
¿ssurada de concreto reforçado com FRP. Essa veri¿cação pode ser feita a partir da ex-
pressão seguinte
⎡ ⎛ k.d ⎞ ⎤
⎢Ms + ε bi .Af .Ef ⎝⎜ df − 3 ⎠⎟ ⎥ .(d − k.d ) Es
fss = ⎣ ⎦
⎛ k.d ⎞ ⎛ k.d ⎞
As .Es ⎜ d −
⎝ ⎟ .(d − k.d ) + Af .Ef ⎜⎝ df − ⎟ .( df − k.d )
3 ⎠ 3 ⎠
2
⎛ E E ⎞ ⎛ E E ⎛ d ⎞⎞ ⎛ E E ⎞
k = ⎜ ρs . s + ρf . f ⎟ + 2 ⎜ ρs . s + ρf . f ⎜ f ⎟ ⎟ − ⎜ ρs . s + ρf . f ⎟ ,
⎝ Ec Ec ⎠ ⎝ Ec Ec ⎝ d ⎠ ⎠ ⎝ Ec Ec ⎠
onde
As
ρs =
Ac ,g
Af
ρf =
Ac ,g
134
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
O nível de tensões no reforço de FRP pode ser calculado utilizando a equação apresenta-
da a seguir:
⎛ E ⎞ ⎛ d − k.d ⎞
ffs = fss . ⎜ f ⎟ . ⎜ f ⎟ − ε bi .Ef ≤ 0,55ffu
⎝ Es ⎠ ⎝ d − k.d ⎠
O carregamento de carga acidental da viga deverá ser (p = 125 N/cm). Quando da aplica-
ção do reforço a viga estará submetida ao carregamento de peso próprio de (g = 45 N/cm),
o carregamento ¿nal da viga, carga permanente mais acidental, será de (g + p = 170 N/cm).
O momento resistente da viga é Mres.= 9.492 kN.m.
Sabe-se que a viga foi armada com (As = 6,25 cm2) e (A’s =1,60 cm2), aço CA-50 e concreto
com (fck = 27 MPa).
Considerar para o FRP (Ef = 228000 MPa), (İ*fu = 0,017 mm/mm), (f*fu = 3800 MPa) e
(tf = 0,33 mm) e que a viga está inserida em ambiente com exposição ao interior.
135
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
45.750 2
Mg = ≅ 3164062 N.cm
8
0,85.2700
= 1639,4 ≅ 1640 N / cm 2 N/cm
2
fc' =
1,4
3164062.1,4
k= = 0,03 → k' = k = 0,030
30.55 2.1640
⎛ 1 − 1 − 0,030 ⎞
c = 55 ⎜ ⎟ = 1,038 cm
⎝ 0,8 ⎠
0,8.1,038
z = 55 − = 54,585 cm
2
3164062.1,4
Fs ,c = ≅ 81152 N
54,585
81152
fs' = ≅ 12985 N / cm 2
6,25
12985
εs = = 0,0006 = 0,6‰
21000000
58,962
ε bi = 0,0006. = 0,0007
53,962
1250.7,5 2
M p,ref . = = 8789 kN.cm
8
Mg ; p,ref . = 3164 + 8789 = 11953 kN.cm > M res. = 9492 kN.cm − exige reforço
136
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
A partir desse instante o problema será resolvido com a utilização das recomendações da
norma ACI - 440.2R-08.
fc' 27
β1 = 1,05 − 0,05. = 1,05 − 0,05. = 0,857
7 7
Vamos admitir, como primeira tentativa, a utilização de 2 (duas) lâminas de ¿bra de carbo-
no, com (tf = 0,33 mm), (bf = 270 mm) e (Af = 0,66.270 = 178,20 mm2).
fc' 27
ε fd = 0,41. = 0,41. = 0,0055
n.Ef .tf 2.228000.0,33
⎛ df − c ⎞
ε fe = ε cu ⎜ − ε bi ≤ ε fd
⎝ c ⎟⎠
⎛ 600 − 137,5 ⎞
ε fe = 0,003 ⎜ − 0,0007 = 0,0094 ≤ ε fd = 0,0055 não OK !
⎝ 137,5 ⎟⎠
⎛ c ⎞ ⎛ 137,5 ⎞
ε c = (ε fe + ε bi ) . ⎜ = (0,0055 + 0,0007 ) . ⎜ = 0,0018
⎝ df − c ⎠⎟ ⎝ 600 − 137,5 ⎟⎠
⎛ d −c ⎞ ⎛ 550 − 137,5 ⎞
ε s = (ε fe + ε bi ) . ⎜ = (0,0055 + 0,0007 ) . ⎜ = 0,0055
⎟
⎝ df − c ⎠ ⎝ 600 − 137,5 ⎟⎠
N N
fs = 1161 2
≤ fy = 435 não OK !
mm mm 2
137
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1,71.fc' 1,71.27
ε 'c = = = 0,0019
Ec 24221
fc' 27
ε fd = 0,41. = 0,41. = 0,0055
n.Ef .tf 2.228000.0,33
138
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
⎛ df − c ⎞
ε fe = ε cu ⎜ − ε bi ≤ ε fd
⎝ c ⎟⎠
⎛ c ⎞ ⎛ 110 ⎞
ε c = (ε fe + ε bi ) . ⎜ = (0,0055 + 0,0007 ) . ⎜ = 0,0014
⎝ df − c ⎟⎠ ⎝ 600 − 110 ⎟⎠
⎛ d −c ⎞ ⎛ 550 − 110 ⎞
ε s = (ε fe + ε bi ) . ⎜ = (0,0055 + 0,0007 ) . ⎜ = 0,0056
⎝ f
d − c ⎟
⎠ ⎝ 600 − 110 ⎟⎠
N N
fs = 1169 ≤ fy = 435 nãoOK
mm 2 mm 2
1,71.fc' 1,71.27
ε 'c = = = 0,0019
Ec 24221
139
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
⎛ β .c ⎞ ⎛ 0,7209.11 ⎞
Mns = As .fs . ⎜ d − 1 ⎟ = 6,25.4350 ⎜ 55 − ⎟⎠ = 1387515 kgf .cm
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2
⎛ β .c ⎞ ⎛ 0,7209.11 ⎞
Mnf = Af .ffe . ⎜ df − 1 ⎟ = 1,782.12540 ⎜ 60 − ⎟⎠ = 1252175 kgf .cm
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2
Observa-se que esse resultado foi obtido arbitrando-se as dimensões da lâmina e do nú-
mero de camadas, demonstrando que o processo é iterativo (e por tentativas) cabendo ao
projetista determinar o nível de re¿namento que ele deseja para o seu dimensionamento.
Veri¿cando as tensões em serviço na armadura de aço e no FRP
2
⎛ E E ⎞ ⎛ E E ⎛ d ⎞⎞ ⎛ E E ⎞
k = ⎜ ρs . s + ρf . f ⎟ + 2 ⎜ ρs . s + ρf . f ⎜ f ⎟ ⎟ − ⎜ ρs . s + ρf . f ⎟
⎝ Ec Ec ⎠ ⎝ Ec Ec ⎝ d ⎠ ⎠ ⎝ Ec Ec ⎠
Es 6,25 2100000
ρs . = . = 0,030
Ec 1800 244210
Ef 1,782 2280000
ρf . = . = 0,009
Ec 1800 244210
df 60
= = 1,091
d 55
kd = 0,246.55 = 13,524 cm
⎡ ⎛ k.d ⎞ ⎤
⎢Ms + ε bi .Af .Ef ⎜⎝ df − 3 ⎟⎠ ⎥ .(d − k.d ) Es
fss = ⎣ ⎦
⎛ k.d ⎞ ⎛ k.d ⎞
As .Es ⎜ d −
⎝ ⎟ .(d − k.d ) + Af .Ef ⎜⎝ df − ⎟ .( df − k.d )
3 ⎠ 3 ⎠
⎛ k.d ⎞ ⎛ 13,524 ⎞
ε bi .Af .Ef ⎜ df − ⎟ = 0,0007.1,782.2280000 ⎜⎝ 60 − ⎟ ≅ 157823
⎝ 3 ⎠ 3 ⎠
140
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
⎛ k.d ⎞ ⎛ 13,524 ⎞
⎟ .(df − k.d ) = 1,782.2280000 ⎜⎝ 60 − ⎟ (60 − 13,524 ) = 1,048
10
Af .Ef ⎜ df −
⎝ 3 ⎠ 3 ⎠
17.750 2
Ms = ≅ 1195312 kgf .cm
8
fss =
[1195312 + 157823 ].87099600 = 3104,371 kgf ≤ 0,8.5000 = 4000
kgf
OK !
10 10 2
2,749 + 1,048 cm cm 2
⎛ E ⎞ ⎛ d − k.d ⎞
ffs = fss . ⎜ f ⎟ . ⎜ f ⎟ − ε bi .Ef ≤ 0,55ffu
⎝ Es ⎠ ⎝ d − k.d ⎠
⎛ 2280000 ⎞ ⎛ 60 − 13,524 ⎞
ffs = 3104,371. ⎜ . − 0,0007.2280000 = 2180,774 kgf / cm 2
⎝ 2100000 ⎟⎠ ⎜⎝ 55 − 13,524 ⎟⎠
kgf kgf
ffs = 2180,774 2
≤ 0,55.ffu = 0,55. (0,9.3800 ) = 1881 OK !
cm cm 2
A análise de um membro de concreto reforçado com FRP, no estado limite último se baseia
nas seguintes hipóteses fundamentais:
– a seção transversal perpendicular ao eixo longitudinal da peça antes da defor-
mação permanece, ainda, plana e perpendicular ao eixo da viga após a deÀexão
(hipótese de Bernoulli);
– existe adesão perfeita entre o FRP e o concreto e entre o aço e o concreto;
– o concreto não trabalha à tração;
– as leis constitutivas do concreto e do aço são consideradas de acordo com os có-
digos construtivos correntes;
– o FRP é considerado um material linear até a ruptura;
– o reforço com FRP é efetivo para baixas relações geométricas de armaduras de
aço. As regras estabelecidas se referem exclusivamente a essa situação (aço no
escoamento último).
141
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É assumido que a ruptura por Àexão ocorre em uma das seguintes condições:
– a deformação máxima do concreto à compressão (İcu), como de¿nido pelos atuais
códigos, é atingida;
– a deformação máxima de tração do FRP (İfd) é atingida. Essa deformação é cal-
culada como:
⎧ ε fk ⎫
ε fd = min ⎨ηa . .ε fdd ⎬ (1) onde,
⎩ γf ⎭
ffdd ,2
ε fdd =
Ef
2.E .
ffdd ,2 = kcr .fdd = cr fk
γ f ,d γ c
kcr adotado com o valor 3,0 se dados mais especí¿cos não estiverem disponíveis.
Ef módulo de elasticidade do FRP.
īfk energia especí¿ca de fratura.
bf
2−
kb = b ≥1 (comprimento em mm)
bf
1+
400
142
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
A capacidade resistente ao corte do elemento reforçado deve ser maior que o valor da
demanda de corte. Se necessário, a capacidade resistente ao corte deve ser aumentada
conforme as recomendações dos códigos em vigência.
– pelo fato do elemento reforçado com FRP em geral estar carregado por ocasião da
aplicação do composto, a deformação existente na estrutura antes da aplicação
do FRP deve ser subtraída da deformação total admissível.
143
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A análise à Àexão dos elementos pode ser realizada usando o equilíbrio de forças e a com-
patibilidade das deformações.
A tensão em determinado ponto deve corresponder à deformação no mesmo ponto e as
forças internas devem equilibrar os efeitos das cargas externas.
Existem dois tipos de ruptura que podem ser observados, dependendo se a deformação úl-
tima do FRP (Região1) ou a deformação última de compressão (Região 2) forem atingidas.
Figura 4.7 – Modos de ruptura de um elemento de concreto armado reforçado com FRP.
144
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
Quando o projeto cai na Região 1 a ruptura é devida à ruptura do sistema FRP. Qualquer
diagrama de deformação correspondente a esse modo de ruptura tem o seu ponto de refe-
rência no valor da deformação (İfd) de¿nido na expressão (1).
A distribuição das deformações ao longo da altura do elemento tem que ser linear para
satisfazer as hipóteses fundamentais apresentadas. Elas devem ser, assim, calculadas:
ε = ε (para o FRP)
f fd
x
ε = (ε fd + ε o ) ε cu (para o concreto em compressão)
c
(h − x )
ε x − d2
s2
= ( ε fd + ε o ) (para o aço em compressão)
(h − x )
ε d−x
s1
= ( ε fd + ε o) (para o aço em tração)
(h − x )
ε cu
εf = .( h − x ) − ε o ≤ ε fd (para o FRP)
x
İc = İcu (para o concreto em compressão)
x − d2
ε s2 = ε cu . (para o aço em compressão)
x
d−x
ε s1 = ε cu . (para o aço em tração)
x
Para identi¿car o modo de ruptura (falha do sistema) deve ser calculada a relação mecâni-
ca do FRP, (ȝf), fornecido pela expressão:
bf .( nf .tf ,1 ) .fdd 2
μf =
fcd .b.d
Uma vez conhecido (ȝf) ele é comparado relação mecânica equilibrada (ȝf1 - 2) fornecida
pela expressão:
h
0,8.ε cu .
μf 1− 2 = d − μ .(1 − μ )
s
ε cu + ε fd + ε o
145
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Nessas equações:
fcd é igual à resistência à compressão de projeto do concreto, (fcd), adequadamente reduzi-
da, se necessário ou conveniente.
As1 .fyd
μs =
fccd .b.d
As2
μ=
As1
Mgk
εo =
0,9.d.Es .As2
Para ambos os casos de modos de ruptura, a posição (x) do eixo neutro é computada por
meio da equação de equilíbrio translacional ao longo do eixo da viga, como mostrado:
146
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
fcd resistência à compressão de projeto do concreto (fcd) com seu valor adequadamen
te reduzido, se necessário.
A capacidade resistente à Àexão (MRd) do elemento reforçado pode ser calculado utilizando
a equação de equilíbrio rotacional, como indicado:
1
MRd = ⎡ψ .b.x.fcd (d − λ .x ) + As2 .σ s2 (d − d1 ) + Af .σ f .d1 ⎤ (3 )
γ Rd ⎣ ⎦
Conhecida a resultante de compressão na peça, (Rc) os coe¿cientes (\) e (O) podem ser
calculados:
Rc h
ψ= e λ= c
b.x.fcd x
Se o aço estiver em sua fase elástica, as tensões podem ser obtidas pela multiplicação da
deformação correspondente pelo módulo de elasticidade do mesmo (ıs = Es .İs). De outra
forma, elas podem ser assumidas iguais à tensão de escoamento do aço (fyd). Em ambas
as regiões, 1 e 2, a deformação exibida pelas barras de aço tracionadas é sempre maior
do que (Hyd ).
Como os materiais de FRP têm um comportamento elástico linear até a ruptura, suas
tensões devem ser calculadas multiplicando-se a deformação calculada pelo módulo de
elasticidade do FRP (ıf = Ef . Hf).
147
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Para evitar a ocorrência de que as barras de aço da armadura permaneçam elásticas até
x
a ruptura o coe¿ciente não dimensional ( ξ = ) não deve exceder o valor limite ([lim), cal-
d
culado como se segue:
ε cu
ξlim =
ε cu + ε yd
Tensões Limites
Concreto 0,6 fck
Armadura de aço 0,8 fyk
Aço de protensão 0,6 fpk
Material FRP Șa.fpk(*)
(*) de¿nido conforme Tabela 3.4 da CNR-DT 200/2004
Exercício 4.2: Pede-se reforçar com FRP a viga apresentada na Figura 4.10.
O carregamento de carga acidental da viga deverá ser (p = 227 N/cm). Quando da aplica-
ção do reforço a viga estará submetida ao carregamento de peso próprio de (g = 45 N/cm).
O carregamento ¿nal da viga, carga permanente mais acidental, será de (g + p = 272 N/cm).
O momento resistente da viga é Mres. = 9,492 tf.m.
Sabe-se que a viga foi armada com (As = 6,25 cm2) e (A’s = 1,60 cm2), aço CA-50 e concreto
com (fck= 27 MPa).
Considerar para o FRP (Ef = 228000 MPa), (İ*fu = 0,017 mm/mm), (f*fu = 3800 MPa) e
(tf = 0,33 mm) e que a viga está inserida em ambiente com exposição ao interior.
148
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
Observar que se trata do mesmo problema solucionado com os critérios da ACI 440.2R-08.
Dados dos carregamentos:
Mg = 3,164 tf.m
Mp = 15,960 tf.m
Mres. = 10,153 tf.m
M(g+p) = 3,164 + 15,960 = 19,124 tf.m
Características do concreto:
fck = 270 kgf/cm2
fck 270
fcd = = = 168,75 ≅ 169 kgf / cm 2
γc 1,6
fctm 19,5
fct = 0,7. = 0,7. = 8,53 ≅ 8,50 kgf / cm 2
γc 1,6
Características do aço:
fy = 5000 kgf/cm2
fy 5000
fyd = = = 4347,8 ≅ 4350 kgf / cm 2
γs 1,15
Características do FRP:
Ef = 2280000 kgf/cm2
DfE.Ef = 0,9.2280000 = 2052000 kgf/cm2
f tk = 38000 kgf/cm2
Dff..f tk = 0,9.38000 = 34200 kgf/cm2
tf,1 = 0,33 mm
Para este tipo de aplicação, Tipo A e ambiente interno, o valor de (Ka), (Jf) e (Jfd) são obtidos
das tabelas seguintes, parcialmente transcritas (já reproduzidas anteriormente):
149
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
⎧ ε fk ⎫
ε fd = min ⎨ηa . ,ε ⎬
⎩ γ f fdd ⎭
ffk 3000
ε fk = = = 0,0132
Ef 228000
ε fk 0,0132
ηa . = 0,95. = 0,0114
γf 1,10
ffdd ,2
ε fdd =
Ef
kcr 2.Ef .Γ fk
ffdd ,2 = kcr .fdd =
γ f ,d . γ c tf
bf
2−
kb = b ≥1
bf
1+
400
270
2−
kb = 300 = 0,810 ≤ 1 dessa forma, k = 1,00
270 b
1+
400
150
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
3,0 2.228000.0,218
ffdd ,2 = = 1084,684 ≅ 1085 N / mm 2
1,2. 1,6 0,33
1085
ε fdd = = 0,0038
228000
Hfd = 0,0048
O mecanismo de falha dos sistemas FRP podem ser de dois tipos, dependendo tanto da
deformação por tração máxima do FRP (Hfd) como a da deformação máxima por compres-
são do concreto (Hcu ). Para a identi¿cação da região o procedimento é o seguinte:
Mgk 3164000
εo = = = 0,0002
0,9.d.Es .As2 0,9.550.210000.160
As2 160
μ= = = 0,256
As1 625
h 600
0,8.ε cu . 0,8.0,0035.
μf 1 − 2 = d − μ .(1 − μ ) = 550 − 0,061(1 − 0,256 )
s
ε cu + ε fd + ε o 0,0035 + 0,0048 + 0,0002
μf 1−2 = 0,3140
x
ε c = (ε fd + ε o ) ≤ε (para o concreto em compressão)
(h − x ) cu
120
ε c = (0,0048 + 0,0002 ) = 0,0013 ≤ ε cu = 0,0035
(600 − 120 )
x − d2
ε s2 = ( ε fd + ε o ) (para o aço em compressão)
(h − x )
151
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
d−x
ε s1 = ( ε fd + ε o ) ( para o aço em tração )
(h − x )
120 − 40
ε s2 = (0,0048 + 0,0002 ) = 0,0008
(600 − 120 )
550 − 120
ε s1 = (0,0048 + 0,0002 ) = 0,0045
( − 120 )
600
Hf = Hfd = 0,0048
kgf kgf
fs1 = 2100000.0,0045 = 9406 adotado fs1 = 4350
cm 2 cm 2
kgf
fs2 = 2100000.0,0008 = 1680
cm 2
1
MRd = ⎡ψ .b.x.fcd (d − λ .x ) + As2 .σ s2 (d − d1 ) + Af .σ f .d1 ⎤ (3 )
γ Rd ⎣ ⎦
kgf
Ec = 0,85.5600. fck = 0,85.5600. 27 ≅ 247336
cm 2
kgf kgf
fc = 247336.0,0013 ≅ 321 >> 169
cm 2 cm 2
Mrd − 2580422
Af =
54720
2677500 − 2580422
Af = = 1,774cm 2
54720
Af 1,774 54
bf = = = 53,758 ≅ 54cm → n = =2
tf 0,033 27
2677500 − 2171376
Af = = 9,25cm 2
54720
152
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
kgf
fs2 = 1500
cm 2
2677500 − 2379969
Af = = 5,25cm 2
54720
onde a tensão constante atuante até a profundidade (y) pode ser tomada igual a:
– Dc.fcd, no caso da largura da seção, medida paralelamente à linha neutra, não dimi-
nuir a partir desta para a borda comprimida.
– 0,9.Dc.fcd, no caso contrário.
153
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
1 ⎛ n.Efc .tfc ⎞
km = ⎜⎝1 − ⎟ ≤ 0,90 para n.Efc .tfc ≤ 180000 ( 4a )
60.ε fcu 360000 ⎠
1 ⎛ 90000 ⎞
km = ≤ 0,90 para n.Efc .tfc > 180000 ( 4b )
60.ε fcu ⎜⎝ n. Efc .tfc ⎟⎠
onde,
n número de camadas do reforço com FRP.
Efc módulo de elasticidade do FRP (MPa).
tfc espessura de uma camada do sistema FRP (mm).
Hfcu deformação de ruptura do reforço com FRP (mm/mm).
O coe¿ciente (km) de¿nido acima tinha um valor inferior a (0,90) e deveria ser multiplicado
pela deformação de ruptura do laminado de FRP para fosse de¿nida uma limitação de de-
formação que prevenisse o descolamento.
O número (n) utilizado nas expressões (4a) e (4b) era o número de camadas do refor-
ço com FRP à Àexão na posição, ao longo do desenvolvimento longitudinal do sistema,
onde a resistência ao momento Àetor esteja sendo considerado. A expressão reconhecia
que laminados com maiores espessuras seriam mais predispostos à delaminação. Dessa
forma, à medida que a espessura do laminado crescia as limitações de deformação má-
xima admissível iam se tornando mais rigorosas. Para laminados com espessura unitária
(n.Efc.tfc) maior do que 180.000 N/mm o coe¿ciente (km) limita a força a ser desenvolvida no
laminado em oposição ao nível de deformação.
Esse coe¿ciente efetivamente estabelecia um limite superior para a força total que poderia
ser desenvolvida em um laminado de FRP, levando em consideração o número de cama-
das utilizadas.
O coe¿ciente (km) foi baseado exclusivamente numa tendência observada da experiência
daqueles que elaboravam projetos com sistemas compostos aderidos externamente. En-
quanto isso não ocorre, a ACI recomenda que sejam utilizadas as expressões (4a) e (4b).
154
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
Com base nas expressões apresentadas por aquela versão da norma, criou-se um consen-
so, disseminado entre todos os projetistas e aplicadores de sistemas FRP, de que o núme-
ro máximo de camadas de laminados não deveria exceder a quatro (ou até cinco em casos
especiais), uma vez que, a partir da quinta camada, o coe¿ciente de e¿ciência do sistema
¿caria inferior a 50% e a capacidade de sustentação de carga se tornaria assintótica.
A norma ACI 440.2R-08 não revalidou as recomendações da ACI 440.2R-02, normatizando
este assunto através do seu item 10.1.1 – Failure Modes (Modos de Ruptura) complemen-
tado pelas recomendações do item 13.1 – Bond and Delamination (Colagem e Delamina-
ção), com particular atenção dada ao item 13.1.2 – FRP end Peeling. Essas recomenda-
ções já foram apresentadas neste Capítulo.
155
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Seja uma viga de concreto armado, cuja seção transversal é mostrada na Figura 4.13.
∑H LN =0
C + τ 0 .bw .d x = C + dC
C + dC − C dC
τ0 = =
bw .dx bw dx
T .zt + S.zs
z=
T +S
dM dC dC dC Q
= .z → Q = z → = ou seja,
dx dx dx dx z
dC Q
= (1) assim,
dx z
156
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
1 Q Q
τ0 = . =
bw z bw .z
∑H = 0 → C − T + τ s .bw .dx = C + dC − (T + dT ) = C + dC − T − dT
τ s .bw .dx = dC − dT
1 1 dC dT
τs = (dC − dT ) = ⎛⎜⎝ − ⎞⎟⎠
bw .dx bw dx dx
1 ⎛ dC dT ⎞
τs = ⎜ − ⎟ (2 )
bw ⎝ dx dx ⎠
dM dC dT
= .zs − ( zs − zt )
dx dx dx
dM
=Q
dx
dC Q
=
dx z
Q
dT .zs − Q
= z
dx ( zs − zt )
⎛z ⎞
Q ⎜ s − 1⎟
dT ⎝ z ⎠
= (3 )
dx ( zs − zt )
⎛ ⎛ zs ⎞⎞
1 ⎜ Q Q ⎜⎝ z − 1⎟⎠ ⎟
τs = ⎜ − ⎟
bw ⎜z ( zs − zt ) ⎟
⎜⎝ ⎟⎠
⎛ Q ⎞
1 ⎜ Q z ( zs − z ) ⎟
τs = −
bw ⎜ z ( zs − zt ) ⎟
⎜⎝ ⎟⎠
Q ⎛ (z − z) ⎞
τs = 1− s
bw .z ⎝ ( zs − zt ) ⎠⎟
⎜
157
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
T .zt + S.zs
z=
T +S
⎛ S ⎞
τs = τ0 ⎜
⎝ S + T ⎟⎠
Exemplo 4.3: Como exemplo de como pode ser determinado o nível de tensão de cisa-
lhamento na interface entre o substrato de concreto e a matriz epoxídica de um sistema de
FRP analisemos a viga mostrada na Figura 4.14, para a qual temos:
Mref. = 20,592tf.m = 2059200 kgf.cm
Vref. = 9,153 tf = 9153 kgf
20cm
A's =1,60cm 2
d = 2,5cm 2,5 cm
9,2 cm
C'= 6.960 kgf.
C = 44.528 kgf.
69cm
As = 9,45cm 2
d'' = 4,0cm T = 41.107 kgf.
6960.2,5 + 44528.9,2
= 8,294cm
6960 + 44528
41107.4 + 9107.0
= 3,277cm ou seja
41107 + 9072
158
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
8,249cm
z = 57,474cm
T+ S = 50.179 kgf.
3,277cm
Tem-se, então:
9153
τo = = 7,963kgf / cm 2
20.57,474
⎛ 9072 ⎞
τ s = 7,963. ⎜ = 1,44kgf / cm 2
⎝ 50179 ⎟⎠
159
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
ser ancorado por meio do reforço transversal para prevenir o destacamento do cobrimento
do concreto.
A área desse “grampo” transversal, conformado por FRP em forma de “U”, (Af,ancor.) pode
ser determinada com a utilização da seguinte expressão:
( Af .ffu )longit .
Af ,ancor . =
(Ef .kν .ε fu )ancor .
k1 .k2 .Le
kν = ≤ 0,75
11900.ε fu
Para vigas simplesmente apoiadas, uma única camada do laminado FRP deve terminar
pelo menos a uma distância igual a (ldf), além do ponto correspondente ao momento de
¿ssuração da peça (Mcr ).
Para múltiplas camadas de laminados, os pontos de terminação dos mesmos deverão ser
defasados, sendo que a terminação mais interna não pode distar menos do que (ldf) do
ponto do momento de ¿ssuração, e os demais defasados pelo menos 15cm um do outro,
como mostrado na Figura 4.16.
A expressão que determina o comprimento crítico (ldf), necessário para promover a comple-
ta adesão do FRP no concreto, é mais uma vez apresentada:
n.Ef .tf
l df =
fc'
Segundo o CNR-DT 200/2004, nas vigas reforçadas com sistemas FRP ocorre concentra-
ção de tensões normais e de corte no concreto nas extremidades do reforço FRP. Essa
concentração de tensões pode induzir ¿ssuras na interface concreto/sistema FRP, confor-
me mostrado na Figura 4.17.
160
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
kid - coe¿ciente que leva em consideração as tensões normais e de corte próximas às ex-
tremidades da ancoragem.
2
(
k id = kσ1,5 + 1,15.kτ1,5 ) 3 onde,
kV = kW . ȕ.tf (1)
M( z = a )
kτ = 1 + α .a.
V( z = a ) .a
1
⎛ b .2.30.k1 ⎞ 4
β=⎜ f
⎝ 4.E .I ⎟⎠ f f
k1
α=
Ef .tf
If - momento de inércia do reforço com FRP em relação ao seu eixo central, paralelo ao
eixo neutro da viga.
161
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
1
k1 =
ta t
+ c
Ga Gc
V(z = a) .tf .( h − xe )
τm =
Ic
nf
fctk
fbd = k b .
γb
162
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
bf
2−
kb = b ≥ 1 (medidas em mm)
bf
1+
400
⎛ bf ⎞
⎜⎝ = 0,33 ⎟⎠ para (kb).
b
163
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Tabela 4.4 – Fatores de conversão para efeitos de longa duração ɻ1 para diversos sistemas FRP no ELU.
164
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
165
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
σ po
ε po = é o alongamento devido à força de protensão após as perdas imediatas.
Ep
σ cpo + σ cg
ε cpo = é o alongamento devido ao encurtamento do concreto junto
Ec
ao centro de gravidade dos cabos por ocasião da protensão, equivalente à deformação
da ¿bra desde o instante da protensão, após a qual é feita a solidarização (cabo/seção)
através da injeção até a ¿bra atingir a posição neutra pelo acréscimo de parte das cargas.
Normalmente essa deformação é muito pequena.
Hpo = Hpt - (Hpo + Hcpo) – alongamento que a armadura de protensão sofre a partir da posição
neutra da seção até a ruptura. Como vimos, (Hp 10‰) e (Hpt 15‰).
Considerando-se sempre o concreto com encurtamento de ruptura, conforme hipótese 2,
e as armaduras com os alongamentos de acordo com as hipóteses 3 e 4 podemos deter-
minar a posição da linha neutra, que será feita através de duas determinações distintas:
- Primeira veri¿cação:
Hp = Hpt - (Hcpo + Hpo ) < Hs = 10‰, ou seja, (Hp) terá valor tal que levará (Hs < 10‰).
Nesse caso determina-se (x) em função de (Hp) através da semelhança de triângulos, con-
forme demonstrado na Figura 4.21:
166
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
0,0035 εp
=
x dp − x
0,0035.d p
x=
ε p + 0,0035
0,0035 εs εs
= =
x h − d' − x (
h − d' − x)
0,0035( h − d ' ) 0,0035( h − d ' )
x= =
ε s + 0,0035 0,01 + 0,0035
x = 0,259 hd’
Conhecido o valor de (x) podemos determinar as equações de equilíbrio da seção agora
considerando a contribuição do sistema composto.
Convém lembrar que a deformação que ainda pode ser mobilizada na armadura de proten-
são existente não poderá exceder a:
Hp = 0,015 - (Hpo + Hcpo) onde,
(Hpo + Hcpo) expressão denominada de pré-alongamento da armadura de protensão.
As considerações acima se referem exclusivamente à situação em que temos os cabos
protendidos aderidos à estrutura, ou seja, imersos na massa de concreto seja pelo sistema
de pré-tração ou pós-tração com bainhas injetadas, quando é razoável admitir-se que as
deformações nos cabos de protensão no estágio ¿nal de carregamento é o mesmo que a
do concreto que os envolve.
Se os cabos não são aderentes, como no caso de pós tensão com cabos de bainhas lu-
bri¿cadas, os cabos estão livres para escorregar relativamente ao concreto envolvente. A
167
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
deformação nos cabos pode, portanto, não corresponder à deformação do concreto envol-
vente e a compatibilidade de deformações pode não ocorrer.
Nesses casos, devem ser providenciadas equações que avaliem separadamente as ten-
sões e deformações nos cabos não aderidos. De modo geral, as equações possíveis de
serem utilizadas só são aplicáveis no modo tradicional de ruptura por esmagamento do
concreto.
Quando for considerada um elemento protendido com armaduras não aderentes reforçada
com sistemas compostos, a ruptura deverá ser determinada pela ruptura do composto.
Um dos métodos mais convenientes para se tratar com cabos protendidos não aderentes é
o de se proceder como se as deformações estejam compatíveis e então aplicar-se um fator
redutor da colagem para se levar em consideração o escorregamento dos cabos.
Uma formulação aceitável para se determinar o fator de redução da colagem está disponí-
vel no artigo “Stress at Ultimate in Unbonded Post-tensioning Tendons – Part 2 – Proposed
Methodology”8 dos autores Namaan, A e Aljhairi, F., em 1991.
Segundo essa indicação teríamos para esse fator de redução a seguinte equação:
3.l1
Ωu =
ln
d p .l 2
Convêm destacar que a adição de reforço com composto em um elemento protendido sub-
metido à Àexão não afeta dramaticamente a sua ductilidade. Recomenda-se que um fator
de redução da resistência de (0,90) seja mantido em todas as seções protendidas.
168
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
Devido a razões técnicas o processo de pultrusão tem a incorporação das ¿bras de car-
bono limitado entre 55% a 70% do volume do plástico conformado, valor semelhante ao
conseguido para as barras de ¿bras de carbono.
Uma vez que o módulo de elasticidade e a tensão de tração da matriz polimérica podem
ser considerados desprezíveis para o cálculo das propriedades dos laminados os valores
considerados são de aproximadamente 70% daqueles valores para a ¿bra de carbono.
Os laminados são produzidos em escala industrial, utilizando uma grande variedade de
¿bras de carbono com características diferidas, existe, portanto, uma gama variada de
produtos laminados com características mecânicas diferentes, uma vez que podem ser
variados o módulo de elasticidade e o valor da deformação de ruptura, o volume de ¿bra
de carbono no plástico, parâmetros que de¿nem a sua resistência, assim como as dimen-
sões ¿nais dos produtos acabados. Existem laminados que utilizam ¿bras de carbono de
alta resistência e de menor resistência em proporções adequadas constituindo o que se
denomina de um produto híbrido nos quais o módulo de elasticidade não possui uma pro-
gressão linear.
Alguns laminados são produzidos utilizando procedimentos adicionais àqueles utilizados
para os produtos híbridos e que conduz a produtos melhor caracterizados. Considerando o
fato de que existem ¿bras de carbono com elevado módulo de elasticidade e baixo alonga-
mento de deformação, que romperão antes daquelas que possuem um menor módulo de
elasticidade, mas em contrapartida um grande alongamento de deformação, foram criados
procedimentos que mesclam as ¿bras de carbono com elevada resistência com ¿bras de
carbono com baixo módulo de elasticidade, mas que sofrem um processo adicional de
protensão (estiramento) durante o processo produtivo. Esse procedimento permite que se
tenha um produto híbrido em que o módulo de elasticidade tem uma progressão linear. A
vantagem que se obtém nesse procedimento, segundo os fabricantes, é que podem ser
utilizadas ¿bras de baixa resistência e conseqüentemente de menor custo que incorporam
ao produto ¿nal uma relação custo/benefício que torna o produto comercialmente mais
competitivo.
Tipicamente, é utilizado um adesivo, aplicado após a utilização dos imprimadores e da
massa de regularização da preparação do substrato do concreto, para a adesão dos lami-
nados à superfície do concreto. O fornecedor do sistema deve ser consultado com relação
aos procedimentos de instalação recomendados.
Os três tipos mais comuns de sistemas pré-curados são:
– laminados unidirecionais, normalmente fornecidos em bobinas com 50m (ou mais)
de comprimento, ou em amarrados de barras;
– grelhas pré-curadas multidirecionais, normalmente embaladas em forma de bobinas;
– cascas ou placas pré-curadas geralmente fornecidas sob a forma de segmentos
de casca cortados longitudinalmente de tal forma a poderem ser abertos e ajusta-
dos ao redor de colunas ou outros elementos.
169
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
De modo geral os laminados não podem sofrer curvaturas acentuadas, função de sua rigi-
dez. Essa de¿ciência deve ser suprida pela utilização de tecidos de ¿bras de carbono, que
também podem ser empregados para a melhoria das condições de ¿xação dos laminados,
particularmente suas extremidades. Também quando ocorrer a necessidade de mudança
de direção nas ¿bras de carbono os tecidos terão que ser utilizados.
A diferença que existe entre o dimensionamento de um reforço com a utilização de siste-
mas compostos onde o material e colocado em posição para a moldagem da matriz polimé-
rica via úmida no local de aplicação e o do laminado pré-fabricado é a seguinte:
– ambos os sistemas carregados no sentido de alinhamento das ¿bras são linear-
mente elásticos e de ruptura frágil. Se o volume de ¿bra por volume de plástico
é conhecido as propriedades dos dois sistemas FRP podem ser estimadas. Na
prática a baixa contribuição da resistência da matriz pode ser desprezada;
– no caso do sistema moldado “in situ” para projeto são consideradas a seção trans-
versal e as características mecânicas apenas da ¿bra de carbono;
– no caso do sistema laminado, para o projeto, são consideradas a seção transver-
sal do laminado e as características mecânicas do composto.
Essa última consideração pode ser resumida através da Figura 4.22 onde são indicadas as
características mecânicas e geométricas necessárias para a caracterização do laminado
de ¿bra de carbono a ser utilizado.
Os sistemas laminados, assim como os tecidos de ¿bra de carbono, são aplicados direta-
mente ao substrato de concreto previamente recuperado e imprimado.
A primeira etapa de execução consiste no desdobramento e corte do laminado que será
aplicado.
O adesivo utilizado é, então, aplicado diretamente no dorso do laminado que será posicio-
nado na peça que irá reforçar. Pode-se observar que, a menos das características peculia-
res de rigidez, os processos de aplicação das lâminas e dos laminados de ¿bra de carbono
são muito semelhantes.
170
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
h d
df ~
As f s As
εs f f Af
Af εf
A capacidade resistente ao momento Àetor de um elemento reforçado com FRP pode ser
expressa da seguinte maneira:
⎛ β .c ⎞ ⎛ β .c ⎞ ⎛ β .c ⎞
Mn = As .fs ⎜ d − 1 ⎟ + ψ f .Af .ffe ⎜ df − 1 ⎟ + As' .fs' ⎜ 1 − d ' ⎟ sendo,
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠
fs = Es . Hs < fy
fs’ = Es . Hs’ < fy
f fe = Ef . Hc,f Ef . İfe
Fs = As . fs
Fs’ = As’ . fs
Ff = Af . f fe
Fc = D1 . fc’ . ȕ1.c
⎛ β .c ⎞ ⎛ β .c ⎞ ⎛ β .c ⎞
Mn = Fs ⎜ d − 1 ⎟ + ψ f .Ff ⎜ df − 1 ⎟ + Fs' ⎜ 1 − d ' ⎟
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠
171
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Admitindo-se que não exista armadura de aço para compressão a expressão do momento
resistente pode ser simpli¿cada para:
⎛ β .c ⎞ ⎛ β .c ⎞
Mn = As .fs ⎜ d − 1 ⎟ + ψ f .Af .ffe ⎜ df − 1 ⎟ ou ainda,
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠
⎛ β .c ⎞ ⎛ β1 .c ⎞
Mn = Fs ⎜ d − 1 ⎟ + ψ f .Ff ⎜⎝ df − ⎟
⎝ 2 ⎠ 2 ⎠
Considerando que
Ff = Af . f fe
f fe = Ef.Hf = (Hb - Hbi)Ef
⎛ h − c⎞
εf = εc ⎜
⎝ c ⎟⎠
⎡ ⎛ h − c⎞ ⎤
ffe = ⎢ε c ⎜ ⎟ − ε bi ⎥ Ef
⎣ ⎝ c ⎠ ⎦
⎡ ⎛ h − c⎞ ⎤
Ff = Af .Ef ⎢ε c ⎜ ⎟ − ε bi ⎥ (5a )
⎣ ⎝ c ⎠ ⎦
O equilíbrio das forças é calculado através da determinação do nível de tensões dos ma-
teriais constituintes. Assim, o equilíbrio interno das forças é satisfeito se, e somente se, for
obedecida a seguinte expressão:
Fs + Ff
c= (5b), ou seja
Fc + Fs'
172
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
d=64
As=9,45cm
f s As
εs f f Af
Af εf
Es = 210000 MPa
210000
n= = 8,842
23750
que é a profundidade da linha neutra para o momento limite da seção não ¿ssurada de
concreto.
250.700 3
+ (8,842 − 1) .945.(361,782 − 640 ) = 7719459686mm 4
2
Ig =
12
0,62. 25 .7719459686
Mcrit . = = 70754143N.mm ≅ 7,075tf .m
700 − 361,782
1,4
df = 700 + = 700,7mm
2
60200000.(700,7 − 361,782 )
ε bi = = 0,111.10 −3 mm / mm
7719459886
173
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
A's ε c =0,3%
x=15,723cm εs
As
εs
ε f =1,0371%
Af
Conhecidos os valores das deformações limites tanto para o concreto armado como
para o laminado FRP podemos, através das relações de triângulos entre as deformações
apresentadas na Figura 4.25, determinar a profundidade limite da linha neutra da seção,
onde veri¿ca-se que, para as deformações limites do concreto (Hc = 0,3%) e do laminado
(Hf = 1,0371%), a profundidade da linha neutra é de (x = 15,273cm).
Somente para efeito de ilustração, consideremos a profundidade da linha neutra bastante
acima do valor que conduz às deformações limites:
Admitamos (x = 19,5 cm):
As Fs=41107kgf
ε s =0,685% Ff=?
ε f =0,778% 6,07cm
Af
174
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
A's ε c =0,3%
ε s =0,236%
x=14,0cm
As
ε s =1,071%
ε f =1,202%
Af
175
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Hs = 0,244% e Hs = 0,900%
Hf = 1,014% ĺ quase no valor limite para o laminado.
Ms ĺ 48640.57,6 + 6960.61 + 6,07 . Ff 2954000 kgf.cm
Ff = -44847kgf ĺ a profundidade da linha neutra ainda está alta.
Mc ĺ 41107.57,60 + 6960.3,40 + 63,67Ff 2954000
Ff 8835 kgf.
176
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
69,1
bf = = 57,58 mm ĺ poderemos adotar laminado de 50.,4 mm = 70 mm2, ou, com um
1,2
pouco de excesso, laminado 80.1,2 mm = 96 mm2.
Caso alguma dessas pré-condições não estejam atendidas “a priori”, deverão ser imple-
mentados trabalhos de recuperação e de reabilitação de tal forma a que o substrato de
concreto (incluído aí o cobrimento) atinja as condições de suporte, necessárias e recomen-
dáveis para a aplicação das barras de ¿bras de carbono (ver capitulo 12).
Muitas vezes, as necessidades de recuperação do substrato podem exigir a retirada de
todo o cobrimento do concreto para permitir a limpeza e a passivação das barras de arma-
dura existentes, descaracterizando a aplicação por montagem super¿cial em que as barras
9 - De Lorenzis, L. e Nanni, A. -“Strengthening of Reinforced Concrete Beams With Near Surface Mounted Fiber Reinfor-
ced Polymer Bars”- ACI Structural Journal – 2001.
177
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
178
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
ffu
Ef = onde:
ε fu
h df d
As f s As
εs f f Af
Af εf
A redução da resistência é feita de acordo com a abordagem de¿nida pela ACI-318, onde
um elemento estrutural com baixa ductilidade deve ser compensado com uma maior re-
serva de resistência. A maior reserva de resistência é obtida pela aplicação do fator (0,70)
nos membros frágeis, oposto ao recomendado para os membros dúcteis, onde se aplica o
fator (0,90).
179
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
0,25( ε f − ε sy )
∅ = 0,65 + para Hsy < Hf < 0,005
0,005 − ε sy
4.ε 'c − ε c
β1 =
6.ε 'c − 2.ε c
fc'
ε 'c = 1,71.
Ec
Hc’ máxima deformação do concreto não con¿nado, podendo ser considerado com o valor
aproximado (0,002).
Ec módulo de elasticidade do concreto.
Se o controle da ruptura for determinado pela ruptura do FRP ou pela delaminação do co-
brimento do concreto o bloco de tensões de compressão determinado por Whitney fornece
resultados mais acurados.
180
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
O valor efetivo último da deformação (Hfe ) que deve ser utilizado para o reforço com FRP
é fornecido por:
Hfe = knsm . Hfu onde,
km – coe¿ciente determinado em função do tipo da colagem, com o objetivo de limitar a
deformação no FRP para prevenir o descolamento ou a delaminação do concreto do cobri-
mento das barras10. O valor de (knsm) é fortemente afetado pelas propriedades super¿ciais da
barra de FRP utilizada11, como por exemplo deformada ou jateada com areia, pelas dimen-
sões do rasgo, pelas propriedades da pasta epoxídica e pela tensão de tração do concreto.
Resultante de dados experimentais, o valor de (knsm) varia entre 0,64 e 0,80. Um valor con-
servativo de (knsm = 0,70) pode ser adotado consistentemente com resultados experimentais
de De Lorenzis e Nanni e de conformidade com a posição adotada pelo ACI-440.
A deformação nominal devida à tração no concreto que envelopa as barras de FRP pode
ser expressa por:
df − c
ε c ,f = .ε cu ≤ ε fe + ε bi onde,
c
df – profundidade do reforço com FRP.
Hbi – deformação inicial do elemento.
O valor da deformação inicial (Hbi) pode ser determinado com a utilização da análise elástica
do membro considerando todos os carregamentos atuantes por ocasião da instalação das
barras de FRP. O primeiro trecho da equação, ((dfc-c)/c . Hcu) deve ser utilizado quando o
esmagamento do concreto for determinante na ruptura e o segundo termo (Hfe + Hbi) quando
o FRP determinar o modo de ruptura.
A deformação (Hbi) é determinada da seguinte maneira:
Mg
ε bi = ( df -cb,crit. ) onde,
I.Ec
0,5.b.h2 + (n − 1) .As .d
cb,crit . =
b.h. + (n − 1) .As
b.h3
Ig = + (n-1) .As .(cb,crit. -d)2 é o momento de inércia da seção não ¿ssurada.
12
10 - O coeĮciente está sendo denominado (knsm) no lugar do valor original (km) para não causar confusão com o coeĮ-
ciente (km) adotado para a limitação do número de camadas.
11 - De Lorenzis e Nanni – 2002.
181
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Segundo as recomendações do ACI 318, critério adotado também pelo ACI 440, o momen-
to de inércia da seção ¿ssurada pode ser assim determinado:
b.d 3 3 onde,
Icr = .k + ns .As .d 2 (1 − k )2
3
As E
k = 2.ρs .ns + ( ρs .ns )2 − ρs .ns sendo ρs = e ns = s
b.d Ec
Esta expressão é adotada nas estruturas de concreto armado e a sua adaptação para a
utilização de sistemas FRP é dada pela seguinte expressão:
⎛M ⎞ ⎡ ⎛ M ⎞3 ⎤
Ie = ⎜ cr ⎟⎠ g d ⎢1 - ⎜⎝ M ⎟⎠ ⎥ .Icr ≤ Ig
.I .β + cr
onde,
⎝ Mac ⎢⎣ ac ⎥⎦
⎛ Es ⎞
βd = α b ⎜ +1 = α b (ns +1)
⎝ Ec ⎟⎠
⎛ β .c ⎞ ⎛ β .c ⎞ ⎛ β .c ⎞
Mn = As .fs ⎜ d − 1 ⎟ + ø f .Af .ffe ⎜ df − 1 ⎟ + As' .fs' ⎜ 1 − d ' ⎟ sendo,
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠
fs = Es . İs < fy
fs’ = Es . İs’ < fy
f fe = Ef . İc,f Ef . İfe
\f - coe¿ciente adicional de redução com valor 0,85.
O valor do coe¿ciente (ȕ1) é obtido através do item (10.2.7.3) do ACI 318, podendo ser
assim considerado:
ȕ1 = 0,85 para valores de (fc’ 28 MPa).
para valores de (fc’ > 28 MPa) o valor de (ȕ1) deverá ser reduzido de (0,05) para cada acrés-
cimo de (7 MPa) na resistência do concreto.
182
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
⎛ β .c ⎞ ⎛ β1 .c ⎞ ' ⎛ β1 .c ⎞
Mn = Fs . ⎜ d − 1 ⎟ + ψ f .Ff ⎜⎝ df − ⎟ + Fs ⎜⎝ − d' ⎟
⎝ 2 ⎠ 2 ⎠ 2 ⎠
admitindo-se que não exista armadura de aço para compressão a expressão do momento
resistente pode ser simpli¿cada para:
⎛ β .c ⎞ ⎛ β .c ⎞
Mn = As .fs ⎜ d − 1 ⎟ + ψ f .Af .ffe ⎜ df − 1 ⎟
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠
ou, ainda,
⎛ β .c ⎞ ⎛ β .c ⎞
M n = Fs ⎜ d − 1 ⎟ + ψ f .F f ⎜ d f − 1 ⎟
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠
Considerando que
Ff = Af . f fe
f fe = İf . Ef = (İb - İbi ).Ef
⎛ h - c⎞
εf = εc ⎜
⎝ c ⎟⎠
⎡ ⎛h −c ⎞ ⎤
ffe = ⎢ε c ⎜ ⎟⎠ − ε bi ⎥ Ef
⎣ ⎝ c ⎦
⎡ ⎛h −c ⎞ ⎤
Ff = Af .Ef ⎢ε c ⎜ ⎟ − ε bi ⎥ (4a)
⎣ ⎝ c ⎠ ⎦
O equilíbrio das forças é calculado através da determinação do nível de tensões dos ma-
teriais constituintes. Assim, o equilíbrio interno das forças é satisfeito se, e somente se, for
obedecida a seguinte expressão:
Fs + Ff (4b) ou seja,
c=
Fc + Fs'
183
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
As dimensões devem ser ajustadas em função da facilidade construtiva. Nesse caso, po-
dem ser utilizadas as dimensões mínimas (3a x 1,5.b), conforme mostrado na Figura 4.29
seguinte.
A disposição geométrica das ranhuras em um sistema de montagem super¿cial foi objetivo
de trabalho apresentado no “7th International Simposium – Fiber Reinforced Polymer (FRP)
Reinforcement for Concrete Estructures12”, do qual transcreve-se, também, a Figura 4.30
que apresenta a relação comparativa da carga máxima por ranhura em função de sua re-
lação profundidade versus espaçamento.
Especialmente, decorrente deste estudo paramétrico, algumas particularidades construti-
vas podem ser constatadas e con¿rmadas, tais como:
– existe um espaçamento mínimo recomendável entre duas barras (ou laminados)
adjacentes de ¿bra de carbono de forma que seja assegurado a não interferência
e/ou inÀuência entre os mesmos;
– existe uma distância mínima recomendável entre um laminado (ou barra) de ¿bra
de carbono e a lateral da peça para evitar a inÀuência do cobrimento do concre-
to nas proximidades da borda. Foi constatado que essa distância deve exceder
40mm para que seja garantido que cada laminado (ou barra) de ¿bra de carbono
atue independentemente.
A Figura 4.31 indica a disposição que devem assumir as ranhuras de tal forma a que seja
assegurado um comportamento independente dos reforços com elementos de ¿bras de
carbono.
12 - AnalyƟcal EvaluaƟon of RC Beams Strengthened with Near Surface Mounted CFRP Laminates – J.-Y.Kang, Y.-H. Park,
Y.-J. You and W.-T. Jung – SP-230-45.
184
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
Figura 4.30 – Comparação da carga úlƟma para a relação profundidade da ranhura versus seu espaçamento.
Figura 4.31 – Disposição para garanƟr comportamento independente dos reforços com barras e laminados de Įbras
de carbono.
185
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
A condição de equilíbrio de uma barra de FRP com comprimento embutido igual ao seu
comprimento desenvolvido (ld) é fornecida através da Figura 4.32, admitida uma distribui-
ção triangular de tensões13, onde a tensão média de cisalhamento pode ser adotada como
(Wb = 0,5.Wmax), conforme mostrado naquela ¿gura.
Da condição de equilíbrio acima temos as seguintes expressões para o cálculo do compri-
mento (ld) necessário:
db
ld = .ffe (para barras circulares)
4.0,5τ max
a.b
ld = .ffe (para barras retangulares)
2( a + b ).0,5τ max
Para o caso do modo de ruptura ser controlado pelo esmagamento do concreto o valor de
(Wmax) deve ser previamente calculado14.
186
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
Figura 4.33 – ConĮgurações para os testes comparaƟvos entre a montagem NSM e a colagem externa.
Os resultados dos ensaios comparativos realizados podem ser vistos nas Figuras 4.34 e
4.35. A Figura 4.34 mostra o grá¿co (momento Àetor vs. deÀexão) para os espécimes das
con¿gurações A1 (laminado colado externamente) e A2 (laminado em montagem NSM).
187
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Figura 4.35 – Diagrama (momento vs. deŇexão) para vigas com largura predominando sobre a altura.
188
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
A Figura 4.36 mostra o grá¿co (momento Àetor vs. deÀexão) para os espécimes das con¿-
gurações B1 (laminado colado externamente) e B2 (laminado em montagem subsuper¿cial).
Figura 4.36 – Diagrama (momento vs. deŇexão) para vigas com altura predominando sobre a largura.
Exemplo 4.5: Reforçar o painel de lajes armadas em uma única dimensão, indicado na
¿gura abaixo, com a utilização de barras de ¿bras de carbono em montagem subsuper¿cial
para atendimento dom momentos Àetores do quadro abaixo, sabendo-se que:
Concreto (fs’ = 20 MPa); Aço CA-50 com (fyk = 500 MPa)
Mg – momento Àetor devido à carga permanente por ocasião da instalação do reforço com
FRP.
Mexist. – momento Àetor de projeto da estrutura existente.
Mmax. – momento Àetor máximo da estrutura após receber o reforço.
A Figura 4.37 mostra esquematicamente os momentos Àetores existentes para as três con-
dições e a distribuição da armadura na laje.
189
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Para o reforço da estrutura das lajes, adotar barras de ¿bra de carbono com as seguintes
características mecânicas:
Barra 6, com ø = 6 mm (#2); Af = 32,7 mm2; Ef = 125 GPa; f* fu = 130 MPa e İ* fu = 0,0118.
Aço CA-50 ĺ fy = 500 MPa ĺ fs = 434,8 MPa.
Concreto ĺ fc’= 20 MPa.
Es = 210000 MPa
210000
n= = 9,886
21242
0,5.b.h2 + (n − 1) As .d
cb,crit . =
b.h + ( n − 1)As
190
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
b.h
Ig = + (n − 1) As ( cb,crit . )
12
190.160 3
Ig = + (9,886 − 1) .125.(82,115 − 140 )2 = 68575094mm 4
12
Temos, então:
Mg 1924000
ε bi =
Ig .Ec
(d f − cb,crit . ) =
68575094.21242
(153 − 82,115 )
d −c 140 − 28,8
εs = .ε cf = .6,744.10 −3 = 6,038.10 −3 mm / mm
df − c 153 − 28,8
⎛ 1 ⎞
Tf = 32,7.1,38.10 5 .6,65.10 3 ⎜ 6 ⎟ ≅ 30008 N
⎝10 ⎠
fc' 20
ε 'c = 1,71. = 1,71. = 1,610.10 −3 mm / mm
Ec 21242
191
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Ts + Tf = Cc = D1 . fc’ . ȕ1 . c .b
Ts + Tf 54350 + 30008
c= = = 29,645 mm
α1 .fc' .β1 .b 0,881.20.0,85.190
29,645 mm > 28,80 mm ĺ adotaremos como novo valor de (c) a média dos dois valores
28,80 + 29,645
anteriores: c = = 29,223 mm .
2
29,223
εc = .6,774.10 −3 = 1,599.10 −3 mm
153 − 29,223
140 − 29,223
εs = .6,774.10 −3 = 6,063.10 −3 mm
153 − 29,223
4.1,61.10 −3 − 1,599.10 −3
γ1 = = 0,749
6.1,61.10 −3 − 2.1,599.10 −3
54350 + 30008
c= = 29,440mm ≈ 29,223mm
0,887.20.0,85.190
0,003
cb = .153 = 47,125mm
0,003 + 0,00674
192
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
⎛ β .c ⎞ ⎛ β .c ⎞
Mn = As .fs ⎜ d − 1 ⎟ + ψ f .Af .ffe ⎜ df − 1 ⎟
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠
⎛ 0,85.29,345 ⎞ ⎛ 0,85.29,345 ⎞
Mn = 125.434,8. ⎜140 − ⎟⎠ + 0,85.32,7.917,7. ⎜⎝153 − ⎟⎠
⎝ 2 2
Considerando que as barras da armadura existentes estão espaçadas cada 19 cm, vamos
imaginar, para o reforço, uma faixa de viga com dimensões (190 x 160) mm.
0,5.b.h2 + (n − 1) As .d
cb,crit . =
b.h + (n − 1) As
b.h3
Ig = + (n − 1) As ( cb,crit . − d )2
12
190.160 3
Ig = + (9,886 − 1) .80.(81,371 − 140 )2 ≅ 67296884mm 4
12
193
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Temos, então:
Mg 1924000
ε bi =
Ig .Ec
(d f − cb,crit . ) =
67296884.21242
(153 − 81,371) = 9,641.10 −5 mm / mm
34784 + 30008
c= = 23,111mm ≠ 28,8mm
0,868.20.0,85.190
c = 23,910 mm 25,955 mm
Seja c = 24,932 mm.
Hc = 1,313. 10 -3 mm/mm
J1 = 0,729
D1 = 0,815
c = 24,631 mm § 24,932 mm podemos considerar a iteração completa.
194
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
⎛ ∅.Mn ⎞
Como temos uma relação ⎜ = 1,465 ⎟ muito alta, podemos procurar uma solução mais
⎝ Md ref . ⎠
econômica aumentando o espaçamento das barras de ¿bra de carbono.
Somente para exempli¿car o procedimento, admitamos que o espaçamento seja (e = 30cm).
37,2
Af = .19 = 23,56 mm 2
30
Hc = 1,185.10 -3 mm/mm
J1 = 0,721
D1 = 0,770
c = 22,679 mm ≅ 22,860 mm
⎛ 0,85.22,679 ⎞ ⎛ 0,85.22,679 ⎞
Mn = 80434,8 ⎜140 − ⎟⎠ + 0,85.23,56.917,7 ⎜⎝153 − ⎟⎠ ≅ 7169168kN.m
⎝ 2 2
195
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Como pode ser observado, o espaçamento das barras de ¿bra de carbono ainda pode ser
aumentado. Deixa-se a critério do leitor o re¿namento do reforço.
A ¿gura 4.38 mostra como seria a disposição do reforço das lajes.
O sistema é projetado para ser instalado utilizando um sistema de ¿xação mecânico conheci-
do como MF-FRP (mechanically-fastened ¿ber reinforced polymer) que consiste de pinos de
aço igualmente espaçados, ¿xados por meio de aplicadores com pólvora ou equipamentos
equivalentes. Trata-se, em resumo, de uma alternativa para o sistema FRP colado externa-
mente, com a diferença que a ¿xação é feita por meio de pinos e não da aderência da cola.
196
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
197
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
O produto não exige mão de obra especialmente quali¿cada e exige apenas uma prepara-
ção super¿cial mínima para a sua instalação, permitindo o uso imediato da estrutura após
a sua aplicação, permitindo a sua utilização em caráter emergencial.
Em função dessas características de instalação, uma de suas melhores aplicações é no
reforço de pontes, onde o sistema pode ser aplicado sem que ocorra a interrupção do trá-
fego. A Figura 4.3 mostra um reforço de ponte com o sistema.
Uma das características mais interessantes desse sistema é que muitas vezes pode ser
aplicado sobre estruturas bastante degradadas, como a mostrada na Fotogra¿a 4.4, permi-
tindo uma sobrevida aos sistemas até que sejam feitas as recuperações de¿nitivas.
Ancoragens por meios mecânicos têm sido estudadas por vários pesquisadores, tais como
Bank e Arora (2007) e Lee (2009). Esses procedimentos mecânicos utilizam ancoragens
de aço expansíveis ou pinos acionados por pólvora, ou ambas. A transferência de corte
entre a superfície do concreto armado e o sistema FRP ocorre pela superfície de apoio da
ancoragem. Entretanto, a desvantagem dessas ancoragens, segundo a hipótese de Lee
(2009), é que novas ¿ssuras se iniciam no ponto de aplicação das mesmas, mesmo se a
viga já estiver pré-¿ssurada antes dessa operação.
198
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
Adicionalmente, também, pode ocorrer a rotação do furo do laminado junto às novas ¿s-
suras, permitindo o escorregamento do FRP com consequente redução da resistência do
reforço. Complementando essa hipótese, Elsayed (2009) observou que a utilização de an-
coragens inseridas por tiro de pólvora produz ¿ssuras, enfraquecendo o concreto ao redor
do pino. Já as ancoragens expansivas não enfraquecem o concreto e não são arrancadas.
Em 2009 Bank e Arora realizaram testes com uma viga de controle e três vigas reforçadas
com FRP a¿xado por meio de ancoragens ¿xadas por meio de tiros de pólvora. A viga com
o maior reforço de FRP apresentou a maior resistência, com um acréscimo de 58,1%, e se
rompeu por excesso de tensão de corte na ancoragem. Outra viga, com menor reforço de
FRP, rompeu devido ao arrancamento da ancoragem mecânica.
Essas informações são repassadas objetivando alertar o projetista sobre as limitações
passíveis de ocorrerem nesse tipo de aplicação.
199
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Essa ancoragem ainda está sendo submetida a novas avaliações para determinar a sua
real e¿ciência para ser utilizada com ancoragem adicional de sistemas FRP. Até o momen-
to a referência à sua existência tem objetivo apenas informativo, uma vez que pode vir a
ser, em futuro próximo, uma alternativa viável e segura para ancoragens de sistemas FRP.
Mais informações podem ser obtidas da tese “Strengthening of RC Beams With Externally
Bonded and Anchored FRP Laminate” – Cameron, Rine – McMaster University.
200
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
201
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
FotograĮa 4.10 – Reforço à Ňexão e ao corte em furos para a passagem de dutos de ar-condicionado e bandejas elétricas.
202
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
FotograĮa 4.11 – Reforço à Ňexão e ao corte em diversas vigas. Observar que o reforço está sendo aplicado sem a
remoção das uƟlidades já instaladas, tais como bandejas elétricas e dutos diversos.
203
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
204
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
Esse é um exemplo emblemático, onde todo o reforço estrutural destinado a adaptar as es-
truturas existentes (indicados através das setas) a um novo layout e novos equipamentos
foi feito previamente, com a unidade operando normalmente, limitando o tempo de parada
apenas ao necessário à troca dos equipamentos.
205
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
206
Capítulo 4 - Reforço à Flexão com a Utilização de Lâminas de Fibras de Carbono Aderidas
Externamente à Superfície do Concreto
207
CAPÍTULO 5
209
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
210
Capítulo 5 - Dimensionamento ao Corte Segundo a Norma ACI 440.2R-08
A expressão geral do reforço ao corte com a utilização de sistemas compostos FRP é a seguinte:
∅Vn = ∅ (Vc + Vs + w f .Vf )
As.fyt .d
Vs = (11.5.7.2)
s
A resistência ao corte devida ao sistema FRP pode ser calculada pela determinação da força
resultante das tensões de tração no sistema aplicado sobre a ¿ssura presumida de corte.
A .f ( senα + cosα )dfv
Vf = fv fe onde,
s f
Afv = 2.n.tf .w f
ffe = ε fe .Efe
É importante destacar que a tensão de tração no reforço de FRP na resistência nominal é
diretamente proporcional ao nível de deformação que pode ser desenvolvido no reforço ao
corte pelo FRP na resistência nominal.
211
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Deve-se observar que a deformação máxima efetiva que pode ser desenvolvida pelo siste-
ma FRP na resistência nominal é de¿nida pelo modo de ruptura do sistema e do elemento
de concreto armado reforçado.
Para os elementos completamente envolvidos pelo sistema FRP foi observado que a per-
da de coesão interna dos agregados ocorre antes que a deformação das ¿bras atinja sua
deformação máxima admissível. Assim, para se prevenir essa ocorrência, foi determinado
um limite máximo de deformação que pode ser utilizado.
ε fe = 0,004 ≤ 0,75 ε fu
Para o caso em que o envolvimento se limita a dois ou três lados, ou seja, quando o sistema FRP
não envolve toda a seção, observou-se que o sistema FRP se delamina do substrato de concreto
antes da perda de coesão interna dos agregados. Dessa forma foi preciso que se analisassem
as tensões de cola para determinar-se o limite de utilização e o nível de deformação efetiva que
pode ser considerado. Assim a deformação efetiva, para esse caso, ¿ca assim expressa:
ε fe = kν .ε fu ≤ 0,004
O comprimento colado ativo (Le) é aquele sobre o qual é mantida a maior parte das tensões
da cola, expresso por:
23.300
L =
e ( n .t .E )0,58
f f f
⎛ f ⎞
' 3
k =⎜ ⎟ c
1
⎝ 27 ⎠
d fv − Le
k2 = ĺ para envolvimento em três lados (ver Figura 5.1.b).
d fv
d
2
fv
212
Capítulo 5 - Dimensionamento ao Corte Segundo a Norma ACI 440.2R-08
A resistência total ao corte introduzida pelo reforço com FRP deve ser considerada como a
soma das contribuições do reforço com as armaduras de aço transversais (estribos) e do
sistema FRP, e deve obedecer aos seguintes limites:
Vs +Vf ≤ 0,66. fc' .bw .d
Exemplo 5.1: Uma viga de concreto armado com as dimensões indicadas na Figura 5.3
tem uma capacidade resistente de cálculo ao corte Vc + Vs = 123,16 kN. Deseja-se aumen-
tar a sua capacidade resistente para ∅Vu = 176,40 kN. A viga foi executada com concreto
fck = 20 MPa e utilizado aço CA-50.
∅.V = ∅ (V + V + w .V )
n c s f f
Vc + Vs = 123,16 kN
Em se tratando de uma viga seção “T”, os estribos terão que ser em seção “U”, o que sig-
ni¿ca que wf = 0,85, assim,
Vu = ∅.V n
176,40 − 110,844
Vf = = 85,694 ≅ 86,70 kN
0,765
213
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Com base nas propriedades mostradas acima, temos os seguintes valores de projeto para
o sistema FRP:
ffu = CE .ffu* = 0,95.3,8 = 3,610 kN/mm2
23300 23300
Le = = = 51,715 mm
(nf .tf .Ef ) 0,58
(1.0,165.228000 )0,58
2/ 3 2/ 3
⎛ f' ⎞ ⎛ 20 ⎞
k1 = ⎜ c ⎟ =⎜ ⎟ = 0,819
⎝ 27 ⎠ ⎝ 27 ⎠
20235,60
sf = = 233,40 mm
86,70
26980,80
sf = = 311,20 mm
86,70
d 690
sf ≤ + wf = + 200 = 372,50 mm
4 4
214
Capítulo 5 - Dimensionamento ao Corte Segundo a Norma ACI 440.2R-08
VSd ≤VRd 2
onde,
fck
(1 − e fck ) expresso em megapascal (MPa);
250
⎛A ⎞
Vsw = ⎜ sw ⎟ .0,9.d.fwd ( senα + cosα )
⎝ s ⎠
215
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Vc0 = 0,6.fctd.bw.d
fctk ,inf
fctd =
γc
fywd é a tensão na armadura transversal passiva, limitada ao valor de f yd no caso de estribos
e a 70% desse valor no caso de barras dobradas, não se tomando, para ambos os casos,
valores superiores a 435 MPa;
Msd,max é o momento Àetor de cálculo máximo no trecho em análise, que pode ser tomado
como o de maior valor no semitramo considerado (para esse cálculo não se consideram os
momentos isostáticos de protensão, apenas os hiperestáticos).
Onde:
al = d, para |VSd,max||Vc|
al 0,5d, no caso geral;
al 0,2d, para estribos inclinados a 45°.
⎡M 1⎤ M
FSd ,cor = ⎢ sd + VSd ( cotg θ − cotg α ) ⎥ ≤ Sd ,max
⎣ z 2⎦ z
onde,
216
Capítulo 5 - Dimensionamento ao Corte Segundo a Norma ACI 440.2R-08
Figura 5.4 – Vista lateral dos esquemas com FRP para corte.
217
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
O reforço ao corte com sistemas FRP dependem da geometria do sistema, tais como es-
pessura da lâmina, largura e espaçamento bem como do ângulo (inclinação) da ¿bra com
relação ao eixo longitudinal da peça de concreto.
Figura 5.5 – Vista lateral dos esquemas com FRP para corte.
Existem três con¿gurações consagradas no reforço ao corte com FRP: a colocação das
lâminas coladas lateralmente à peça de concreto; envolvimento em três lado da peça, la-
terais e fundo, con¿guração esta denominada em “U”; envolvimento completo da seção,
mesmo que isso implique em demolições localizadas na seção de concreto. Essas con¿-
gurações estão apresentadas na Figura 5.5.
A CNR-DT 200/2004 aceita que na con¿guração em “U” de seções retangulares ou em “T”
a delaminação da extremidade da lâmina de reforço de FRP pode ser evitada com a utiliza-
ção de lâminas, laminados ou barras posicionadas segundo a direção do eixo longitudinal
da peça. Nesse caso, o comportamento do envolvimento “U” na con¿guração exposta pode
ser considerada equivalente daquela do elemento totalmente con¿nado, desde que prova-
da a e¿ciência desse artifício conforme apresentado na Figura 5.6.
Figura 5.6 – Vista lateral dos esquemas com FRP para corte.
Também é permitido o reforço ao corte com a utilização de barras e slides de FRP inseridas
em ranhuras, montagem conhecida como NSM, mas a CNR-DT 200/2014 não aborda este
tipo de reforço.
218
Capítulo 5 - Dimensionamento ao Corte Segundo a Norma ACI 440.2R-08
{
Vrd = min VRd ,ct + VRd ,s + VRd ,f ,VRd ,max }
VRd,ct contribuição do concreto ao corte.
VRd,s contribuição da armadura ao corte.
Vrd,f contribuição do reforço de FRP ao corte.
O reforço ao corte não pode ser tomado maior do que (VRd,max), que representa o valor últi-
mo da resistência ao corte da estrutura.
Esses valores podem ser conferidos nas Figuras 5.7 e 5.8 a seguir:
219
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
O valor de (JRD) deve ser considerado a partir da Tabela 5.2. No caso considerado (JRD = 1.20).
220
Capítulo 5 - Dimensionamento ao Corte Segundo a Norma ACI 440.2R-08
1 2.Ef .Γ fk
ffdd = .
γ f ,d . γ c tf
Ef .tf
le = (comprimento em mm.)
2.fctm
sf
l eq =
ffdd
Ef
sf é o deslizamento de colagem último.
221
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
bf
2−
kb = b
bf
1+
400
bf ⎛b
A equação anterior é válida para ⎛⎜ ⎞ ⎞
≥ 0,33 ⎟ ; para ⎜ f < 0,33 ⎟ deve ser adotado para a de-
⎝b ⎠ ⎝b ⎠
b
¿nição de (kb) o valor ⎛⎜ f = 0,33 ⎞⎟ . O escorregamento na interface sf correspondente ao
⎝b ⎠
descolamento total deverá ser considerado (sf = 0,2 mm).
Para con¿guração em “U” (três lados) aplicado às seções retangulares, a resistência efeti-
va de projeto do FRP deverá ser calculada como segue:
⎡ 1 l e .sen β ⎤ (E)
ffed = ffdd ⎢1 − . ⎥
⎣ 3 min {0,9.d,hw } ⎦
Considerações importantes:
– o segundo termo da equação (F) somente deverá ser considerado quando for
maior que zero;
– quando se calcular (ffdd), o coe¿ciente kb deve ser considerado da seguinte maneira:
– para aplicações de FRP em lâminas discretas (bf = wf ) e (b = pf );
– para sistemas FRP instalados de forma contínua ao longo do comprimento do
sen( θ + β )
tramo, será permitido considerar-se ( bf = b = min {0,9.d,hw } . , onde
senθ
(hw) é a altura da alma da viga.
– quando peças especiais forem utilizadas para ancorar as extremidades das
lâminas em “U” do sistema FRP e foram comprovadamente efetivas como con-
formando um sistema com envolvimento total, a resistência de projeto do siste-
222
Capítulo 5 - Dimensionamento ao Corte Segundo a Norma ACI 440.2R-08
ma FRP pode ser considerada a da equação (F). Se não for o caso, a resistên-
cia efetiva deverá ser a indicada na equação (E);
– para elementos de seção circular com diâmetro (D), completamente envolvi-
dos pelo sistema FRP, quando as ¿bras forem posicionadas ortogonalmente ao
eixo longitudinal da peça (ȕ = 90°), a resistência efetiva de projeto do sistema
FRP deverá ser assim calculada:
– f fed = Ef.Hf,max onde (Ef ) é o módulo de elasticidade do sistema FRP e (Hf,max)
representa a máxima deformação admissível, a ser considerada (Hf,max = 0,005)1,
a menos que cálculos mais detalhados sejam feitos.
Diferenças observadas:
- as normas ACI e FIB 14 acrescentam um fator adicional de redução.
- as normas ACI e TR 55 levam em consideração a profundidade (altura) do FRP e a sua redução em consequência
do comprimento de ancoragem.
- o procedimento do FIB 14 pode resultar inseguro no caso de vigas “T” com baixa altura de Àange, uma vez que consi-
dera a altura efetiva do elemento (d) ao invés de usar a altura estática do FRP, (df)e também o comprimento adicional
de ancoragem não é levado em conta
.0,65. ⎜ ⎟ .10 −3
1.30 ⎝ 0,001.Ef .ρf ⎠
0,4% 0,4%
Envolvimento completo
fctk Envolvimento completo
0,75.İ fu 0,5. 0,30
Efd .td 0,8 ⎛ 2/ 3
fcm ⎞
0,40% .0,17. ⎜ ⎟ .ε fu
1.35 ⎝ 0,001.Ef .ρf ⎠
223
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Tanto a norma ACI quanto o FIB 14 consideram o limite de segurança de utilização da ¿bra
em relação à deformação última do FRP. Os fatores de segurança do ACI são considera-
dos em relação ao tipo de ¿bra utilizado e as condições de exposição ambientais, enquanto
que na FIB 14 esses fatores são considerados em relação ao tipo de ¿bra utilizado e o seu
método de aplicação (lado esquerdo da Figura 5.11).
Na TR-55, os limites de segurança de utilização da ¿bra são considerados em relação ao
módulo de elasticidade reduzido do FRP, enquanto que os fatores de segurança são consi-
derados em relação ao tipo de ¿bras utilizado e o seu método de aplicação.
224
Capítulo 5 - Dimensionamento ao Corte Segundo a Norma ACI 440.2R-08
A contribuição das armaduras de aço existentes para a capacidade torsional TRd,s pode ser
calculada da seguinte maneira:
⎧A A ⎫
TRd ,s = min ⎨ sw .2.Be .fywd .cotθ , 1 .2.Be .fyd .tgθ ⎬ (2)
⎩ p μe ⎭
onde,
Asw seção transversal de uma perna do estribo.
P espaçamento entre os estribos.
Be área delimitada pelo polígono cujas bordas são os centros de gravidade das barras de
aço longitudinais.
fywd tensão de escoamento do aço das armaduras transversais.
A1 seção transversal total das barras da armadura longitudinal.
μe perímetro do polígono mencionado.
fyd tensão de escoamento do aço das armaduras longitudinais.
ș ângulo da biela de compressão relativamente ao eixo longitudinal do elemento. Esse va-
lor pode ser assumido como (ș = 45º) à falta de uma determinação mais acurada.
225
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
A equação (2) mostra que a capacidade torsional mínima é devida à existência da armadura trans-
versal existente (estribos). A contribuição do sistema FRP pode ser calculada da seguinte forma:
1 wf
TRd ,f = .2.ffed .tf .b.h. .cotθ (4), sendo,
γ rd pf
Se a equação (2) demonstrar que a capacidade torsional mínima for devida a barras de aço
dispostas longitudinalmente, o reforço com FRP não deve ser utilizado.
Finalmente, no caso de torção combinada com corte (Tsd e Vsd) deve ser obedecida a se-
guinte limitação:
Tsd Vsd
+ ≤1 (5)
TRd ,max VRd ,max
Na distribuição da torção, cada retângulo elementar absorverá uma parcela de (MT) de tal
forma que (ver Figura 5.12):
MT = Σ Mi = M1 + M2 + M3 , onde,
226
Capítulo 5 - Dimensionamento ao Corte Segundo a Norma ACI 440.2R-08
β 2 .β 3
M1 =
B
β1 .β 3
M2 =
B
β1 .2
M3 =
B
1
βi =
G.Fi .η3 .bi2
Fi = bi.hi
G = 0385Ec
B = ȕ1.ȕ2 + ȕ1.ȕ3 + ȕ2.ȕ3
Cálculo das tensões tangenciais ( τ i ) O cálculo das tensões será feito considerando cada
retângulo elementar submetido ao momento (Mi).
2,6
ψ =3+
b
0,45 +
a
Mi .ψ
τi =
a2 .b
227
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
h 60
β3 = = 5,454 → η3 = 0,293
b 11
1000 1
1000 β 3 = = 0,042.
G.11.60.0,293.112 G
1
β 3 = 42.10 −6 .
G
β 2 .β 3 .MT
1092.MT
M1 = =
= 0,3818.MT
B 2860
β .β .M 1092.MT
M2 = 1 3 T = = 0,3818.MT
B 2860
β .β .M 676.MT
M3 = 1 2 T = = 0,2364.MT
B 2860
228
Capítulo 5 - Dimensionamento ao Corte Segundo a Norma ACI 440.2R-08
sendo,
db - diâmetro nominal das barras
a,b - dimensões dos lados das barras retangulares (a < b).
τ b - tensão média de cisalhamento nas barras que atravessam a ¿ssura de cisalhamento4.
Ltot = ∑ l i , onde,
i
Li - comprimento de cada barra que atravessa uma ¿ssura de cisalhamento inclinada a 45º.
O valor de Li deve ser adotado como:
⎛ s.i ⎞ ⎛ n⎞
– valor mínimo entre ⎜ l0,004 ; ⎟ para ⎜ i = 1..... ⎟
⎝ senα ⎠ ⎝ 2 ⎠
⎛ s.i ⎞ ⎛ n ⎞
– valor mínimo entre ⎜ l0,004 ; d net − ⎟ ≥ 0 para ⎜⎝ i = + 1.......n ⎟⎠
⎝ senα ⎠ 2
α - inclinação da barra de FRP relativamente ao eixo horizontal do elemento.
s - espaçamento das barras de FRP.
229
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
onde,
Ab - área da seção transversal da barra.
Ef - módulo de elasticidade da barra de FRP.
O segundo limite leva em consideração a resistência da cola controlando o modo de ruptu-
ra e representa o comprimento mínimo de uma barra que atravessa uma ¿ssura de corte.
s.i ⎞ ⎛ s.i ⎞
Sua expressão é ⎛⎜ ou ⎜⎝ d net − ⎟⎠ , dependendo do valor assumido pela expressão:
⎝ senα ⎟⎠ senα
d net
n= onde,
s
n - valor arredondado para baixo da expressão.
O valor efetivo reduzido de uma barra de FRP, (dnet), é sugerido de forma a levar em consi-
deração a formação de ¿ssuras verticais de Àexão nas regiões de corte, que podem com-
prometer a colagem entre a barra de FRP e o concreto envolvente.
2.cc
d net = d r − onde,
senα
dr - comprimento real da barra de FRP.
cc - cobrimento da armadura longitudinal interna do elemento de concreto.
230
Capítulo 5 - Dimensionamento ao Corte Segundo a Norma ACI 440.2R-08
⎛ d net ⎞
O espaçamento entre as barras da armadura não deve exceder a ⎜⎝ 2 ⎟⎠ ou 60 cm. Normal-
mente são utilizadas nas montagens super¿ciais barras de seções circulares ou retangulares.
Conforme já mostrado, essas barras são a¿xadas em rasgos (ranhuras) no concreto nas
laterais das vigas e ¿xadas com a utilização de pasta epoxídica.
As dimensões dos rasgos devem ser no mínimo 1,5 vezes o diâmetro (db) das barras cir-
culares. No caso de barras com seção retangular as dimensões devem ser ajustadas em
função da facilidade construtiva. Nesse caso, podem ser utilizadas as dimensões mínimas
(3,0a x 1,5b), conforme mostrado na Figura 5.16.
231
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Para o caso do modo de ruptura ser controlado pelo esmagamento do concreto o valor de
deve ser previamente calculado6.
Quando o modo de ruptura não for conhecido, sugere-se um valor conservador de
(τ max = 3,5 MPa ) .
Para facilitar a compreensão da maneira de se calcular os valores de (l0,004) e (li) apre-
senta-se um exemplo numérico onde serão utilizadas barras #2, com (Ef = 138 GPa) e
(ξfu = 0,012 ) .
Será adotado para o concreto utilizado na seção transversal apresentada na Figura 5.18,
apenas como valor de referência, (τ b = 5,00 MPa ) .
6 - Existe uma proposição para o cálculo da tensão máxima de cisalhamento proposta por Hassan e Riskala – 2002.
232
Capítulo 5 - Dimensionamento ao Corte Segundo a Norma ACI 440.2R-08
2xcc 8
d net = d r − = 69 − = 57,68 cm
senα 0,707
d 57,68
n = net = = 4,80 ⇒ n = 4
s 12
d .E 6,35.138000
l0,004 = 0,001. b f = 0,001. = 175,16 mm ⇒ 17,52 cm
τb 5,00
n 4
= = 2,00 ⇒ n = 2
2 2
Finalmente,
Vf = 2.π.d b .τ b .Ltot = 2.3,1416.(6,35 mm ) .(5,00 MPa) .(567,2 mm ) = 113151,64 N
Vf = 113,15 kN
233
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
1,00 cm2
Asw =
20 cm
Asapoio = 9,45 cm2
0,85 fck 0,25 x0,85 x200
τwd ≤ 0,25 x ≤ = 30,36 kgf / cm2
1,4 1,4
Vd max . = 30(73 − 4,3 ).30,36 ≅ 62572kgf
62572
Vmax . = ≅ 44694 kgf > Vref . = 25200 kgf ⇒ OK !
1,4
234
Capítulo 5 - Dimensionamento ao Corte Segundo a Norma ACI 440.2R-08
9,45
Asapoio = 9,45 cm2 ⇒ ρ1 = = 0,0045
30.70
0,0010 < ρ1 = 0,0045 < 0,0015 ⇒ ψ1 = 0,088
τc = 0,088 20 = 0,394 MPa ⇒ τc = 3,94 kgf / cm2
As90 .fyd 1,00.4350
+ τc + 3,94
s .b
τwd = 90 w = 20.30 = 9,73 kgf / cm2
1,15 1,15
Vd res 20053,53
Vd res. = τwd .bw .d = 9,73.30.68,70 = 20053,53 kgf ⇒ Vres = = ≅ 14324 kgf
1,4 1,4
Vres. ≅ 14324 kgf << Vref . = 25200 kgf
Parcela do cortante a ser absorvido pelo reforço com FRP = 10876 kgf.
Serão adotadas barras #3( ϕ = 9,53 mm )
Considere as barras espaçadas de 15 cm:
d b = 9,53 mm
Ef = 121GPa = 121000MPa
τ b = 4,50MPa
2xcc
d net. = d r −
senα
2x3,3
d net. = 70 − = 60,67cm
0,707
d 60,67
n = net. = = 4,045 ⇒ n = 4
s 15
d .E 9,53.121000
l0,004 = 0,001. b f = 0,001. = 256,251mm
τb 4,50
l0,004 ≅ 25,6cm
4
n= =2
2
235
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
4
Ltotal = ∑ Li = 15 + 25,6 + 15,67 + 0,67 =56,940 cm
1
Ltotal = 569,4mm
Vdf = 2.π.d b .τ b .Ltotal = 2x πx9,53x4,5 x569,4 = 153.427,34N ≅ 15342 kgf .
Vdf
Vf = = 10951kgf
1,4
60,67
n= = 3,034 ⇒ n = 3
20
n 3
= = 1,5 ⇒ n = 1
2 2
236
Capítulo 5 - Dimensionamento ao Corte Segundo a Norma ACI 440.2R-08
3
Ltotal = ∑ Li = 20 + 20,676 + 0,67 =41,346 cm
1
Ltotal = 413 mm
Vdf = 2.π.d b .τ b .Ltotal = 2x πx9,53x4,5 x413 = 111.284,67N ≅ 11.128 kgf .
Vdf 11.128
Vf = = = 7948 kgf
1,4 1,4
Vf = 7948 kgf
Apresenta-se, na sequência, uma sugestão de como pode ser detalhado o reforço ao corte
com a utilização de barras #3 colocadas em ambas as laterais da viga com espaçamentos
variando entre 15 cm e 20 cm. As barras tem um comprimento total de 64 cm, não sendo
necessário que as mesmas tenham comprimento igual a altura da viga, uma vez que os
esforços são referidos ao centro de gravidade da armadura longitudinal da viga.
237
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
O rasgo no concreto é executado com a utilização de equipamento de serra com duas lâminas,
produzindo cortes paralelos com a profundidade desejada no substrato de concreto. Uma das
quinas do rasgo é arredondada com um raio mínimo de curvatura de 1,50 cm com o objetivo
de reduzir a concentração de tensões na mesma e assim evitar um rompimento prematuro da
lâmina de ¿bra de carbono, conforme indicado em (a), lado esquerdo da Figura 5.26.
238
Capítulo 5 - Dimensionamento ao Corte Segundo a Norma ACI 440.2R-08
7 - Khalifa, A.; Alkhradaji, T.; Nanni, A. e Lansburg, S. – “Anchorage of Surface Mounted FRP Reinforcement”.
239
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
240
Capítulo 5 - Dimensionamento ao Corte Segundo a Norma ACI 440.2R-08
Na Figura 5.28 são apresentados, à esquerda, uma con¿guração de dobra interna em que o
tecido de FRP ainda não está carregado. Na parte central da mesma ¿gura, se não for feita uma
veri¿cação de tensões adequada, pode ocorre o que se denomina de “empuxo ao vazio”, em que
o tecido, em sua tendência de reti¿cação, se destaca do canto interno do membro. Na parte à
direita da Figura 5.28 se mostra uma das alternativas possíveis para se evitar esse destacamen-
to, quando o ângulo reto é reti¿cado e passa a ter um perímetro poligonal, com a criação de um
chanfro, geralmente reto, com comprimento su¿ciente para absorver as tensões existentes.
A Figura 5.29 mostra outra situação em que é possível que ocorra o mesmo fenômeno
de destacamento por tendência de reti¿cação da lâmina de tecido de FRP em aplicação
de corte. A parte esquerda da Figura 5.29 mostra a tendência de reti¿cação em uma viga
pré-moldada. Diferentemente do caso anterior, existe a opção de se criar um reforço trans-
versal ao reforço de corte, aplicado perpendicularmente ao eixo longitudinal da viga, como
mostrado no detalhe dentro do círculo na parte central da Figura. Esse reforço, aplicado
paralelamente ao eixo longitudinal, é aplicado de forma a aderir aos dois lados da inÀexão
do talão da viga é mostrado em vista na parte direita da Figura 5.29. A largura necessária
da lâmina de reforço transversal ao corte é objeto de veri¿cação especí¿ca por meio de
procedimentos já mostrados em outros capítulos do livro.
A Fotogra¿a 5.1 mostra uma viga protendida ensaiada em laboratório com a con¿guração
de reforço mostrada nas ¿guras anteriores.
241
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
242
Capítulo 5 - Dimensionamento ao Corte Segundo a Norma ACI 440.2R-08
243
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
244
CAPÍTULO 6
Figura 6.1 – Comportamento tensão-deformação de colunas de concreto (não conĮnadas e conĮnadas), segundo
(Rocca et al – 2006).
245
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
O ACI Committee 440 adotou, para o concreto con¿nado por FRP, o modelo de (tensão-
deformação) de Lam e Teng2, mostrado na Figura 6.2.
Para calcular os valores necessários ao cálculo das seções con¿nadas, são utilizadas as
seguintes expressões:
( Ec − E2 )2
fc = Ec .ε c − ε c2 ĺ para (0 İc İ’t)
4.fc'
f −f
' '
E = cc c
2
ε ccu
2.fc'
ε 't =
Ec − E2
246
Capítulo 6 - Reforço de Elementos Submetidos à Compressão Axial
Figura 6.2 – Modelo de tensão-deformação de Lam e Teng para concreto conĮnado por sistema FRP.
2.Ef .n.tf .ε fe
fl =
D
ε = k .ε
fe ε fu
O fator de e¿ciência (kİ) considera a falha prematura do sistema FRP, possibilidade decor-
rente do estado múltiplo de tensões a que é submetida a peça, gerada pela tensão axial
pura utilizada na caracterização do material. Esse valor foi encontrado experimentalmente
variando entre (0,58) ate (0,61), e foi estabelecido adotar-se um valor conservador:
kİ = 0,55
⎛f ⎞
Valor válido desde que seja utilizada uma relação de con¿namento mínima ⎜ l' = 0,08 ⎟ , ou seja,
⎝ fc ⎠
ffu .n.tf
≥ 0,073
fc' .D
247
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
A deformação máxima por compressão que pode ser mobilizada nas seções con¿nadas
por FRP é a fornecida pela expressão (2) e sua limitação (3):
⎛ fl ⎛ ε fe ⎞ ⎞
0 ,45
P P
P P
248
Capítulo 6 - Reforço de Elementos Submetidos à Compressão Axial
Tensão
εt Concreto
f'c
desconfinado
fc ~0.70f’c
εt
εc
Deformação
Figura 6.4 – Relação ơpica para um concreto não conĮnado carregado uniaxialmente mostrando a tensão versus a
deformação longitudinal, transversal e volumétrica.
249
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
No caso de con¿namento de seções circulares o fator de forma (ka) e (kb) são considerados
unitários (ka = kb = 1).
f = f = ψ .3,3.f
'
cc c
'
f l
⎛ fl ⎛ ε fe ⎞ ⎞
0 ,45
250
Capítulo 6 - Reforço de Elementos Submetidos à Compressão Axial
Considere a coluna de seção circular apresentada na Figura 6.6. Existem duas contribui-
ções distintas para o estabelecimento da pressão de con¿namento quando do reforço com
a utilização de sistemas CFC:
– componente da pressão de con¿namento devido ao sistema CFC utilizado;
– componente da pressão de con¿namento devido aos estribos existentes na seção.
nas seções circulares (ka = 1), substituindo (h) por (D) e o que resulta:
2.n.tf .ffe
fl =
D
251
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
At e
Δ.fck = 2. .fyk .(1 − 8 ) ≥ 0 , onde,
Aci di
π .Aes .d i e,
At =
s
π .d i2 , onde (d = h - 2c - ) כ
Aci = i estr.
4
Não se considerará o concreto exterior ao núcleo. A resistência total de cálculo da peça cintada
não deverá, porém, ultrapassar (1,7) vezes a calculada como se não houvesse cintamento.”
Já em seu item 6.4.1 a norma dispunha do seguinte:
“A armadura de cintamento será constituída por barras em hélice ou estribos, de projeção
circular sobre a seção transversal da peça, obedecendo as seguintes condições:
l
a) a relação entre o comprimento da peça e o diâmetro do núcleo será: d ≤ 10
i
b) as extremidades das barras ou dos estribos serão bem ancoradas no núcleo do concreto;
c) as barras helicoidais ou estribos não serão de bitola inferior a 5 mm;
d) o espaçamento entre 2 espiras ou 2 estribos será
di
φt + 3cm ≤ s ≤ ou 8cm
5
252
Capítulo 6 - Reforço de Elementos Submetidos à Compressão Axial
Como pode ser observado, as recomendações, tanto da norma brasileira NBR 6118 como
da norma ACI 318 relativamente ao con¿namento de colunas são bastante restritivas, di¿-
cultando muito a possível utilização das armaduras de estribos usualmente adotadas em
nosso meio.
Tanto as normas brasileiras como as normas americanas não fazem referência, para efeito
de dimensionamento, do con¿namento de seções retangulares ou quadradas.
Porém, em se tratando de reforço estrutural, pode ser que ocorra a conveniência, ou mes-
mo, a necessidade de se lançar mão desse recurso adicional para aumentar a resistência
à compressão do elemento. Recomenda-se, entretanto, trabalhar com muita segurança e
cautela quando for necessária a utilização desse recurso extremo.
Admitindo-se que aquelas recomendações normativas estejam sendo atendidas, a partici-
pação dos estribos na composição da pressão de con¿namento pode ser assim avaliada,
conforme indicado na Figura 6.7.
Aestr .
fl . (1cm ) .d i = 2F = 2.fs ,estr . . .ka onde,
s
ka = 1
di – diâmetro correspondente ao baricentro do estribo.
s – espaçamento dos estribos.
253
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
h
– relação ⎛⎜ ⎞⎟ > 2,0 ;
⎝b⎠
– dimensões dos lados (h ou b) que excedam 900 mm, a não ser que a efetividade
do con¿namento seja demonstrado através de testes.
254
Capítulo 6 - Reforço de Elementos Submetidos à Compressão Axial
Na expressão (4), no caso das seções não circulares, (fl) corresponde à máxima pressão
de con¿namento de uma seção equivalente circular de diâmetro D igual ao comprimento da
diagonal da seção transversal retangular, conforme mostrado na Figura 6.84.
Dessa forma ĺ D = a2 + b2
Os fatores de forma (ka) e (kb) que aparecem nas equações seguintes dependem de dois
parâmetros distintos, o primeiro é (Ae), a área da seção transversal efetivamente con¿-
nada do concreto. O conceito atualmente aceito para se de¿nir (Ae) consiste em admitir
internamente à área da seção transversal não circular um perímetro delimitado por quatro
parábolas, dentro da qual está o concreto totalmente con¿nado, e fora desta área o con¿-
⎛h⎞
namento é considerado desprezível. O segundo parâmetro é a relação ⎜ ⎟ do concreto.
⎝b⎠
Os valores desses coe¿cientes são fornecidos pelas expressões seguintes.
2
Ae ⎛b⎞
ka = ⎜⎝ ⎟⎠
Ac h
2
Ae ⎛ h ⎞
kb = ⎜ ⎟
Ac ⎝ b ⎠
A forma das parábolas e a área resultante efetivamente con¿nada é função das dimensões
(h e b) da coluna, do raio de curvatura dos encontros dos lados (rc), assim como da relação
geométrica da armadura longitudinal da peça (ȡg).
⎡⎛ b ⎞ ⎛ h⎞ ⎤
⎢⎜⎝ h ⎟⎠ ( h − 2.r ) + ⎜⎝ b ⎟⎠ ( b − 2.r ) ⎥
2 2
c c
1− ⎣ ⎦−ρ
A 3.A g
=
e g
A c
1−ρ g
Exemplo 1: A coluna representada na Figura 6.9 foi originalmente calculada para um car-
regamento axial máximo Ҁ.Pn = 698.000,00 kgf. Deseja-se ampliar a sua capacidade de
resistência axial em 30%, passando para Ҁ.Pn,req. = 907.400,00 kgf. A coluna foi veri¿cada
e não apresenta problemas de Àambagem.
São conhecidos, para o concreto e o aço da armadura:
f’c = 25 MPa
f’y = 500 MPa
255
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Com base nas propriedades mostradas acima, temos os seguintes valores de projeto para
o sistema FRP:
f = C .f = 0,95.3800 = 3610 MPa
fu E fu
*
A = = = 2376 cm 2
g
4 4
Ast = 16 16 mm = 32 cm2
Ag - Ast = 2376 - 32 = 2344 cm2
Da equação:
∅Pn = 0,8 ∅ ⎡⎣0,85.f '
cc (Ag
− A ) + f .A ⎤⎦
st y st
tem-se:
f = ψ .3,3.k .f
cc
'
f a l
2.E .n.t .ε
f = f f fe
l
D
İfe = kİ.İfu onde kİ = 0,55
İfe = 0,55.0,016 = 0,009
2.2280000.0,33.0,009
fl = .n = 246,240.n kgf / cm 2
55
256
Capítulo 6 - Reforço de Elementos Submetidos à Compressão Axial
2.2280000.0,165.0,009
fl = .n = 123,120.n kgf / cm 2
55
257
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Com base nas propriedades mostradas acima, temos os seguintes valores de projeto para
o sistema FRP:
f fu = CE.f*fu = 0,95.3800 = 3610 MPa
İfu = CE.İ*fu = 0,95.0,017 = 0,016 mm/mm
Da equação:
Pn = 0,8[0,85.f’cc(Ag - Ast) + fy.Ast] tem-se
f = ψ .3,3.k .f
cc
'
f a l
para ψ = 0,95 vem f’cc = 3,135.ka.fl
f
2.E .n.t .ε
f = f f fe
l
D
h +b
l 2 2
Ae ⎛ b ⎞
2 1− ⎣ ⎦
ka = ⎜ ⎟ sendo Ae
=
3.Ag e ρg = Ast assim,
Ac ⎝ h ⎠ Ac 1 − ρg Ag
3200
ρg = = 0,013
240000
⎡ ⎛ 600 ⎞ 2⎤
⎢(600 − 40 ) + ⎝⎜ 400 ⎠⎟ (400 − 40 ) ⎥
2
1− ⎣ ⎦
Ae 3.240000
= = 0,298
Ac 1 − 0,013
2
⎛ 600 ⎞
ka = 0,298 ⎜ = 0,671
⎝ 400 ⎟⎠
2.2280000.0,33.0,55.0,016
fl = .n = (183,637.n ) kgf / cm 2
40 2 + 60 2
fcc' = 3,135.ka .fl = 3,135.0,671.183,637.n = 386,296.n kgf / cm 2
258
Capítulo 6 - Reforço de Elementos Submetidos à Compressão Axial
Temos, ¿nalmente,
( )
∅Pn = 0,8∅ ⎡⎣0,85.fcc' Ag − Ast + fy .Ast ⎤⎦ para ( = כ0,90) vem:
∅.Pn − 115200
n=
777537
907400 − 115200
n= = 1,019
777537
Adotando-se (n = 2) vem:
∅.Pn = 777537.2 + 115200 = 1670274 kgf > > 907400 OK !
Adotando-se (n = 1) vem:
∅.Pn = 777537 + 115200 = 892737 kgf (1,6% menor que o desejado ) !!!
O con¿namento dos elementos de concreto armado pode ser realizado com as lâminas do
sistema FRP dispostas ao longo do perímetro (transversalmente ao eixo longitudinal) em
con¿gurações contínuas ou descontínuas de envolvimento, sendo que o aumento da ca-
pacidade resistente à compressão axial dependerá da pressão de con¿namento aplicada,
que por sua vez é função da seção transversal do elemento e da sua espessura.
A redistribuição das cargas verticais não poderá exceder a ductilidade dos elementos para
cargas axiais concêntricas ou com muito pequena (baixa) excentricidade.
5 - “Guia para o Projeto e a Construção de Sistemas FRP Colados Externamente para o Reforço de Estruturas Existentes”
NaƟonal Research Council – Rome -2004.
259
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Figura 6.11 – Relação Tensão-Deformação para concreto conĮnado por sistema FRP.
Os elementos con¿nados com sistemas FRP permanecem linearmente elásticos até a sua
ruptura, exercendo uma pressão lateral que aumenta com a expansão transversal do ele-
mento con¿nado. A Figura 6.11 mostra um típico diagrama tensão-deformação para testes
de compressão executados em elementos con¿nados por FRP.
Para deformações axiais com valores até (İc = 0,2%), a tensão no concreto con¿nado é
apenas um pouco maior do que aquela veri¿cada no concreto descon¿nado. Para defor-
mações axiais maiores que (İc > 0,2%), o diagrama tensão-deformação é não linear e a
declividade do diagrama tende gradualmente a atingir um valor constante. À medida que
aumenta a deformação o concreto tende a ter uma perda de coesão interna devido ao sur-
gimento de ¿ssuras bastante difundidas. Finalmente, a ruptura do elemento con¿nado por
FRP é atingido pelo colapso da ¿bra. Para que isso não ocorra, o limite de con¿namento é
considerado atingido quando a deformação do FRP atingir (0,4%).
Esse tópico pressupõe a condição de que a carga axial seja centrada ou muito pouco
excêntrica. Neste caso, o con¿namento se justi¿ca quando se quer aplicar cargas axiais
maiores que aquelas para as quais o elemento foi projetado originalmente. A CNR-DT
200/2004 também considera que um adequando con¿namento só é conseguido através da
aplicação de ¿bras no sentido ortogonal ao eixo longitudinal da peça. Quando o con¿na-
mento for implantado por meio de reforço de FRP colocado em arranjo espiral ao longo do
perímetro da peça a sua efetividade deverá ser adequadamente apropriada.
Quando o sistema a ser reforçado não foi inicialmente protendido, o reforço de FRP exer-
ce um con¿namento passivo no elemento comprimido. A ação de con¿namento se torna
signi¿cativa apenas após o ¿ssuramento do concreto e o escoamento do aço devido ao
aumento da expansão lateral exibida pelo elemento de concreto. Antes do ¿ssuramento do
concreto o sistema FRP ¿ca praticamente descarregado.
260
Capítulo 6 - Reforço de Elementos Submetidos à Compressão Axial
O projeto de elementos con¿nados no estado limite último exige que, para a carga majo-
rada (Nsd) e a capacidade majorada de resistência axial (NRcc,d), seja atendida a seguinte
inequação:
NSd NRcc,d
Para elementos con¿nados não delgados, a capacidade de carga majorada pode ser cal-
culada a partir da seguinte expressão:
1
N = .A .f + A .f
Rcc ,d
γ rd
c ccd s yd
A resistência de projeto (fccd) do concreto con¿nado pode ser avaliada a partir da seguinte
equação:
2
fccd ⎛f ⎞ 3
onde,
= 1 + 2,6. ⎜ l ,eff ⎟
fcd ⎝ fcd ⎠
⎛ fl ,eff ⎞
⎜⎝ f ⎟⎠ > 0,05
cd
261
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
A e¿ciência dos membros con¿nados por FRP depende parcialmente da pressão de con-
¿namento lateral, (fl), introduzida pelo sistema e denominada de pressão lateral efetiva
de con¿namento (fl,eff). Essa pressão efetiva é função da seção transversal da peça a ser
con¿nada e da con¿guração do FRP, sendo de¿nida pela expressão seguinte:
fl,eff = keff.fl
Não obstante qual seja a seção, o coe¿ciente (kV) deve ser calculado da seguinte maneira:
2
⎛ pf' ⎞
kv = ⎜1 − onde (dmin) é a menor seção transversal do elemento.
⎝ 2.d min ⎟⎠
Da mesma forma, qualquer que seja a seção, o coe¿ciente (kĮ), a ser utilizado quando as
¿bras forem instaladas com con¿guração espiral com o ângulo ( α f ) relativamente à seção
transversal da peça, é assim calculado:
1
kα =
1 + ( tgα f )2
262
Capítulo 6 - Reforço de Elementos Submetidos à Compressão Axial
(Șa) e (Jf) representam fatores de conversão ambiental conforme tabela 6.1 (já apresenta-
da) e Tabela 6.26.
6 - Observar que os valores apresentados são os mesmos da Tabela 9.1 da ACI 440.2R-08.
7 - Ver a deĮnição no item 9 da CNR-DT 200/2004 – “Appendix D (ConĮned Concrete)”.
263
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
4.tf .bf
ρf = onde,
D.pf
O con¿namento das seções quadradas e retangulares não é tão e¿ciente quanto o das
seções circulares, e segundo, a CNR-DT 200/2004, este con¿namento deve ser consi-
derado apenas marginal e as aplicações devem ser cuidadosamente analisadas para a
sua validação.
Como condição de aplicação do con¿namento torna-se necessário o arredondamento dos
cantos (quinas) das seções para se evitar a concentração de tensões que podem conduzir
a uma falha prematura do sistema. Recomenda-se que o raio de curvatura dos cantos não
seja inferior a 20 mm.
rc 20 mm
264
Capítulo 6 - Reforço de Elementos Submetidos à Compressão Axial
O efeito de con¿namento por FRP não deve ser considerado para seções retangulares
b
onde ocorre ⎛⎜ > 2,0 ⎞⎟ ou max {b,d} > 900 mm , a menos que testes experimentais con¿á-
⎝d ⎠
veis sejam realizados.
265
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Como pode ser observado no exposto até agora, as normativas técnicas mostradas não
são otimistas com relação às possibilidades de con¿namento com FRP de seções retan-
gulares e quadradas, em função do seu baixo desempenho estrutural. Da mesma maneira
como foi apresentada a contribuição dos estribos existentes em uma seção circular quando
do con¿namento por FRP, serão apresentados alguns recursos pouco convencionais para
o aproveitamento, nem que seja em condições extremas, adequada e cautelosamente
avaliadas e usadas, principalmente, como reserva de resistência (ductilidade) nas seções.
8 - RetroĮt of Reinforced Concrete Members Using Advanced Composite Materials – Yung-Chih Wang – Research Report
2000-3, Department of Civil Engineering, Unuversity of Cantebury – New Zealand.
9 - MasterBrace© Composite Strengthening System – CALTRANS QualiĮcaƟon Package.
266
Capítulo 6 - Reforço de Elementos Submetidos à Compressão Axial
A Figura 6.15 mostra a e¿ciência do con¿namento por sistemas compostos FRP em diver-
sas seções transversais de colunas.
Especi¿camente para essa apresentação adotaremos algumas simbologias diferenciadas
da que foram utilizadas atrás para não descaracterizar o estudo transcrito.
Sejam:
tfc = espessura da jaqueta de ¿bra de carbono na região da rótula plástica
nfc = número de camadas de ¿bra de carbono
efc = espessura de uma camada de ¿bra de carbono
Efc = módulo de elasticidade longitudinal da ¿bra de carbono
Es = módulo de elasticidade do aço da armadura
Asfc = área equivalente em aço da jaqueta de ¿bra de carbono
Ase = área da seção transversal de aço dos estribos
Aφestr. = área da seção transversal da barra utilizada para os estribos
S = espaçamento dos estribos existentes
S’ = espaçamento equivalente aos estribos propiciada pela jaqueta de ¿bra de carbono
As + As
e fc
267
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
ξ = 0,002
268
Capítulo 6 - Reforço de Elementos Submetidos à Compressão Axial
⎛ 2.Aφes ⎞ ⎛ 2.n.tf ⎞
fl' = ⎜ .fyk + ⎜ .f
⎝ s.d ⎠ ⎟ ⎝ d ⎟⎠ cd
2 ⎛ Aφes ⎞
fl' = ⎜⎝ .fyk + n.tf .fcd ⎟
d s ⎠
0,45.n.fy2 .d 10.n.d
tf = ≈
4.Eds .Ef Ef
4.Es .Ei
Eds =
( )
2
Es + E i
269
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
constatou que o con¿namento pode garantir notável aumento tanto da resistência como da
ductilidade do elemento reforçado, algumas lacunas de conhecimento permaneceram sem
uma investigação mais minuciosa, tais como o quanto desse aumento de resistência pode
efetivamente ser mobilizado quando problemas de estabilidade devem ser levados em
consideração, tais como a carga crítica de Àambagem e o índice de esbeltez das colunas.
Para avaliar o comportamento de colunas nessas condições, foi elaborado um programa
experimental com colunas com índice de esbeltez variando desde 8 a 66,7, tendo sido
constatado que as previsões teóricas da carga última das colunas coincidiram razoavel-
mente com os resultados experimentais.
Está sendo transcrito, parcialmente, o estudo apresentado e as principais conclusões e
recomendações a que chegaram os autores do trabalho para conhecimento e avaliação
dos leitores.
A carga de Àambagem de uma coluna (PÀ) é dada pela seguinte expressão bastante conhe-
cida da resistência dos materiais, determinada por Euler:
π 2 EI (a) onde,
Pfl =
( l fl )2
O valor de (k) pode ser obtido diretamente da ¿gura 6.15 em função das restrições consi-
deradas nas extremidades da coluna.
270
Capítulo 6 - Reforço de Elementos Submetidos à Compressão Axial
l fl k.l
Seja λ = = onde,
i i
I
i = raio de giração =
A
P assim,
=σ
fl
A fl
π 2 .E.I π 2 .E.i 2 π 2 .E
σ fl = = =
A( l fl )2 ( l fl )2 λ2
π 2 .E (b)
σ fl =
λ2
Quando se considera uma coluna con¿nada por FRP o momento de inércia e a área da
seção transversal a serem introduzidas nas fórmulas empregadas deveriam ser os va-
lores da seção homogeneizada, incluindo a contribuição da jaqueta de FRP. Contudo, o
aumento de rigidez produzido pelo composto normalmente é muito pequeno, podendo
até mesmo ser desconsiderado.
Por outro lado, a localização das ¿bras de carbono é, de maneira geral, o mais próximo
possível da circunferência de perímetro da peça, visando otimizar ao máximo a atuação
do con¿namento. Assim, o módulo de elasticidade transversal às ¿bras ou ao tubo de
con¿namento é muito próximo do módulo de elasticidade da matriz resinosa, implican-
do isso, que calcular os valores do momento de inércia e da área da seção transversal
considerando ou não considerando o composto não introduz nenhum erro que seja ao
menos apreciável.
A equação (b) é válida para materiais linearmente elásticos, com módulo de elasticidade
(E) bem de¿nido. Essa equação deve ser adequadamente modi¿cada para atender a um
comportamento (tensão/deformação) elastoplástico.
A sugestão apresentada por Shanley12 para permitir essa modi¿cação, a partir do enfo-
que inicial dado por Engesser já em 1889, consiste em substituir o valor de (E) da equa-
ção (b) pelo módulo de elasticidade tangencial do material, igual à inclinação local (Etg)
da curva (tensão/deformação) considerada, ou seja:
Etg - determinado a partir da curva (tensão/deformação) para o valor de tensão igual à (VÀ).
271
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
O valor de (VÀ) é obtido a partir da curva bilinear de¿nida na Figura 6.16, onde, implicita-
mente se tem:
π 2 .E1 ⎛ E1 ⎞
σ fl = se ( σ fl < f ' co ) ou seja, ⎜ λ < λ1 = π f ' ⎟ (d1)
λ2 ⎝ co ⎠
onde:
f’co - resistência limite do concreto sem con¿namento.
f’cc - resistência limite do concreto con¿nado.
(b) – para a condição (λ < λ < λ ) a tensão de Àambagem coincide com o da resistên-
l2 l1
272
Capítulo 6 - Reforço de Elementos Submetidos à Compressão Axial
E2
λl 3 = π e, também, tem se:
f ' cc
π 2 .E2
f ' co < σ fl = ≤ f ' cc se ( λl 3 ≤ λ < λl 2 )
λ2
π 2 .E2 se ( λ ≤ λl 3 )
σ fl = ≥ f ' cc
λ2
Somente quando ( λ < λl 3 ) a coluna rompe por compressão antes que ocorra a Àambagem
e o con¿namento com FRP é completamente e¿ciente.
Na Figura 6.17 a relação entre a carga de Àambagem e a carga última de compressão da
coluna é plotada em relação ao coe¿ciente de Àambagem ( λ ).
273
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Esse tipo de consideração somente será rigorosa no caso de colunas constituídas por ma-
teriais homogêneos com comportamento à compressão axial conforme indicado na Figura
6.16. Na realidade este tipo de comportamento em uma coluna con¿nada, particularmente
em uma coluna constituída por dois materiais diferentes, não tem um comportamento go-
vernado pelo material, mas sim pelo comportamento estrutural, ou seja, surgindo da inte-
ração do comportamento do núcleo de concreto juntamente com o efeito de con¿namento
produzido pelo envolvimento externo quando o núcleo se expande lateral e uniformemente
ao longo do perímetro da seção transversal.
No caso geral de Àambagem a seção transversal não se encontra sob compressão axial
e uniformemente con¿nada, consequentemente o comportamento apresentado na Figura
6.16 não é rigorosamente válido. Entretanto, o procedimento apresentado acima pode ser
adotado como uma primeira aproximação, uma vez que essa condição está razoavelmente
con¿rmada por meio dos resultados experimentais.
O comportamento típico (tensão/deformação) no carregamento axial de uma coluna circu-
lar con¿nada com FRP é aproximadamente bilinear, como mostrado na Figura 6.17, e o
ponto de inÀexão da curva praticamente coincide com o valor limite de ( f ' co ). A trabalhabili-
dade das colunas con¿nadas por FRP acima do limite de não linearidade é questionável e
limitada por uma série de restrições.
Uma delas é a redução da estabilidade das colunas devido à signi¿cativa redução do módulo
de elasticidade tangencial para carregamentos ativos. Resultados experimentais mostraram que
quando o coe¿ciente de esbeltez variou de 11 para 36 a resistência caiu rapidamente de aproxi-
madamente 75% da carga equivalente em colunas curtas para menos de 30% desta carga.
É de crucial importância esclarecer como e para quanto o aumento de resistência devido
ao con¿namento pode ser agregado a uma coluna quando problemas de estabilidade te-
nham que ser levados em consideração.
Do exposto acima os autores do estudo concluem que o reforço de colunas através do con-
¿namento com FRP somente será efetivo para valores baixos ou moderados do coe¿ciente
de Àambagem.
Para coe¿cientes de Àambagem acima de 40 a carga de Àambagem é inferior à resistência
à compressão do concreto sem con¿namento.
Finalmente, o valor limite do coe¿ciente de Àambagem pode ser estimado conservadora-
mente através da determinação do valor de ( λl 2 ) nas equações (d1), (d2) e (d3).
274
Capítulo 6 - Reforço de Elementos Submetidos à Compressão Axial
Deverão também ser consideradas as forças cortantes, conforme o ACI 440.2R-08, para
prevenir a possibilidade de uma ruptura frágil da peça.
2
Ae ⎛ b ⎞
ka = ⎜ ⎟
Ac ⎝ h ⎠
O efeito de con¿namento por FRP não deve ser considerado para seções retangulares
⎛b ⎞
onde ocorre ⎜⎝ > 2,0 ⎟⎠ ou max {b,d} > 900 mm, a menos que testes experimentais con¿áveis
d
sejam realizados.
275
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
– a deformação efetiva na jaqueta de FRP deve ser limitada ao valor fornecido abai-
xo para garantir a integridade ao corte do concreto con¿nado.
– o aumento da resistência somente pode ser considerado quando a força axial últi-
ma (Pu) e o momento Àetor (Mu) caírem sobre a linha que liga a origem do grá¿co
e o ponto de equilíbrio no diagrama Pu - Mu para o elemento não con¿nado. Esta
limitação é decorrente do fato de que o aumento da resistência só é signi¿cativo
para elementos nos quais a ruptura por compressão é o método de controle. Para
maiores informações ver ACI 440.2R-08 - “12.2 - Combined axial compression and
bending”.
276
Capítulo 6 - Reforço de Elementos Submetidos à Compressão Axial
fl ,eff
ε ccu = 0,0035 + 0,015.
fcd
onde,
(fl,eff) é a pressão efetiva de con¿namento e (fcd) é a resistência de projeto do concreto não
con¿nado.
Na equação de (İccu) a pressão efetiva é considerada adotando-se um fator de redução de
deformação do FRP, como indicado:
ε
ε =η. ≤ 0,6.ε
fk
γ
fd ,rid a fk
f
k1 .k2 .Le
kv = ≤ 0,75 ĺ nessa expressão pode ser considerado (k1 = 1,0)
11900.ε fu
23300
Le =
( nf .tf .Ef )0 ,58
2
⎛ f' ⎞ 3
k1 = ⎜ c ⎟
⎝ 27 ⎠
dfv − Le para envolvimento em “U”
k2 =
dfv
Recomenda-se um comprimento mínimo de colagem igual a (2. Le), sendo a expressão que
de¿ne (Le) fornecida acima, para poder ser desenvolvido esse nível de deformação.
277
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
278
Capítulo 6 - Reforço de Elementos Submetidos à Compressão Axial
Uma das maneiras com que se pode conseguir essa majoração é a utilização de barras
de FRP inseridas através de furos que atravessam a seção transversal e que, além de
injetados com resina dentro do furo, têm as suas extremidades ancoradas por meio de
tecido Àexível de FRP aderido às suas extremidades em uma conformação denominada
de “vassoura”. Após a ¿xação da barra no furo, o tecido é resinado e dobrado para aderir
à superfície externa da coluna. O detalhe A, mostrado na Figura 6.21 demonstra com é
feita essa ancoragem de extremidade.
279
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
A Fotogra¿a 6.4 mostra uma “vassoura” sendo inserida em um furo para depois ter as suas
extremidades viradas sobre a lâmina de tecido que deve ¿xar.
280
Capítulo 6 - Reforço de Elementos Submetidos à Compressão Axial
281
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
FotograĮa 6.8 – ConĮnamento de colunas de junta com FRP. Observar que onde passa a mão do operário passa o
tecido de FRP, demonstrando a versaƟlidade de aplicação dos sistemas compostos.
282
CAPÍTULO 7
1 - “Guide For The Design And ConstrucƟon of Structural Concrete Reinforced With Fiber-Reinforced Polymer (FRP) Bars”
- ACI CommiƩee 440.1R-15.
283
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
ffu = CE .ffu*
onde,
ffu tensão de tração de projeto da ¿bra de carbono.
CE fator de redução devido às ações do meio ambiente, fornecidos na Tabela 7.1 para os
vários tipos de condições de exposição.
ffu* tensão de tração garantida das barras de ¿bra de carbono, de¿nida como a tensão mé-
dia de teste menos três vezes o desvio padrão ( ffu* = ffu,médio − 3 σ ).
A deformação de ruptura para dimensionamento deve ser determinada como:
εfu = CE .ε*fu onde,
εfu deformação de ruptura das barras de ¿bra de carbono.
ε*fu deformação garantida das barras de ¿bra de carbono de¿nida como a tensão média de
teste menos três vezes o desvio padrão ( ε*fu = εfu,médio − 3 σ ) .
Deverá ser utilizado o módulo de elasticidade recomendado pelo fabricante do produto.
284
Capítulo 7 - Dimensionamento à Flexão e ao Corte Utilizando Barras de Fibra de Carbono
como Armadura de Tração
⎛ r ⎞
ffb = ⎜ 0,05. b + 0,3 ⎟ ffu ≤ ffu (a) onde,
⎝ db ⎠
– as barras de FRP são linearmente elásticas até a sua ruptura (não tem patamar
de escoamento).
– as barras de FRP são anisotrópicas enquanto as de aço são isotrópicas.
– devido ao seu menor módulo de elasticidade nas barras de FRP, o controle é sem-
pre feito no modo de serviço (e não no estado limite último).
– as barras de FRP têm comportamento de ruptura por Àuência menor do que a do aço.
– diferentemente das barras de aço possuem coe¿cientes de dilatação térmica dife-
rentes nas duas direções (radial e transversal).
– o tempo de resistência ao fogo e elevadas temperaturas das barras de FRP é sen-
sivelmente menor do que o das barras de Aço.
– se ocorrer degradação das barras de FRP, o mecanismo de degradação é benigno
ao concreto envolvente, ao contrário das barras de aço que o expande e causa o
desplacamento do elemento.
285
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
– por possuírem menor peso especí¿co do que o aço (de 1/4 a 1/5 do peso especí¿co
do aço).
– por permitirem um menor cobrimento de concreto.
– por serem transparentes aos campos magnéticos (mas não às frequências de rádio).
– por que são impermeáveis aos íons de clorido e aos ataques químicos.
– por terem vida útil muito maior do que a do aço em ambientes corrosivos.
– por apresentarem uma maior facilidade de manuseio no campo do que as barras de aço.
– por serem de fácil remoção ou demolição quando utilizadas em estruturas provisórias.
286
Capítulo 7 - Dimensionamento à Flexão e ao Corte Utilizando Barras de Fibra de Carbono
como Armadura de Tração
287
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
2 - Nanni 1993, Jaeger et al. 1995, GangaRao e Vijay 1997, Theriault e Benmokrane 1998.
288
Capítulo 7 - Dimensionamento à Flexão e ao Corte Utilizando Barras de Fibra de Carbono
como Armadura de Tração
l 48.η ⎛ 1 − k ⎞ ⎛ Δ ⎞
= ⎜ ⎟
h 5.k1 ⎜⎝ εf ⎟⎠ ⎝ l ⎠ max.
3 - “Reinforced Concrete With FRP Bars – Mechanics and Design” – Antonio Nanni; Antonio de Luca e Hany Jawahari Zadeh.
289
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
fc' Ef .εcu
ρfb = 0,85.β1 . .
ffu Ef .εcu + ffu
Se tivermos ( ρf < ρfb ) o modo de ruptura baseado no rompimento das ¿bras de carbono
ocorrerá. Entretanto, se tivermos ( ρf > ρfb ) o modo de ruptura será devido ao esmagamento
do concreto.
290
Capítulo 7 - Dimensionamento à Flexão e ao Corte Utilizando Barras de Fibra de Carbono
como Armadura de Tração
291
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
A resistência nominal à Àexão pode ser determinada a partir das equações (a), (b) e (d). A
armação com as barras de ¿bras de carbono é considerada elasticamente linear no modo de
ruptura baseado no esmagamento do concreto, assim o nível de tensões na ¿bra de carbono
pode ser determinado pela equação (d), desde que ela seja menor que ( ffu ). Alternativa-
mente, a capacidade nominal à Àexão pode ser expressa nos termos da taxa geométrica da
armadura de ¿bra de carbono como dado na equação (e), para substituir a equação (a).
⎛ ρ .f ⎞ (e)
Mn = ρf .ff ⎜1 − 0,59. f ' f ⎟ b.d 2
⎝ fc ⎠
Quando ( ρf < ρfb ) , a ruptura da peça é iniciada pela ruptura das barras de ¿bra de carbono,
e o bloco retangular de tensões de compressão no concreto não é aplicável, porque a de-
formação máxima de 0,003 no concreto pode não ser alcançada. A resistência nominal de
Àexão, neste caso, pode ser calculada através da seguinte expressão:
⎛ β .c ⎞
Mn = Af .ffu ⎜ d − 1 ⎟
⎝ 2 ⎠
Nesse caso, um bloco equivalente de tensões deve ser utilizado para aproximar a distri-
buição das tensões de compressão no concreto ao nível particular de deformação atingi-
do. Essa análise incorpora dois fatores desconhecidos: a deformação por compressão no
concreto na ruptura,ѣc, e a profundidade da linha neutra, c. Adicionalmente, os fatores α1
e ȕ1 do bloco retangular de tensões são desconhecidos. O fator α1 de¿ne a relação entre
a tensão média de compressão do concreto com a resistência do concreto. O fator ȕ1 é a
relação entre a profundidade equivalente do bloco de tensões relativas à profundidade da
linha neutra. A análise envolvendo todos esses fatores é bastante complexa. A capacidade
à Àexão pode ser considerada segundo a equação (f):
⎛ β .c ⎞ (f)
Mn = Af .ffu ⎜ d − 1 b ⎟
⎝ 2 ⎠
⎛ εcu ⎞ (g)
cb = ⎜ d
⎝ εcu + εfu ⎟⎠
292
Capítulo 7 - Dimensionamento à Flexão e ao Corte Utilizando Barras de Fibra de Carbono
como Armadura de Tração
Para uma dada seção, o produto (ȕ1.cb) da equação (f) varia de acordo com as propriedades
dos materiais e da taxa geométrica de armação com as ¿bras de carbono. O valor máximo de
desse produto é igual a (ȕ1.cb) e é atingido quando a deformação do concreto atingir 0,003.
Uma maneira simpli¿cada e conservadora de se calcular a capacidade nominal à Àexão de
um elemento pode ser fornecida pelas equações (b) e (c).
⎛ β .c ⎞ (h),
Mn = 0,8.Af .ffu ⎜ d − 1 b ⎟
⎝ 2 ⎠
utilizando-se para a determinação do valor de (cb) a equação (g).
O valor 0,8 da equação (h), segundo o ACI Committee 440, é um coe¿ciente de redução con-
servador e que não compromete signi¿cativamente o valor aproximado do momento nominal.
Devido ao fato de que os elementos dimensionados com barras de ¿bra de carbono não apre-
sentarem um comportamento dúctil, um fator conservativo de redução da resistência à Àexão
deve ser considerado de modo a se garantir uma adequada reserva de resistência à mesma.
Teoricamente, o processo de ruptura decorrente do esmagamento por compressão do con-
creto é facilmente determinado por meio de cálculos. Contudo, na prática, isso nem sempre
é con¿rmado. Se, por exemplo, a resistência do concreto à compressão for maior do que
aquela especi¿cada em projeto o colapso do elemento pode passara a ser através da rup-
tura da ¿bra de carbono e não mais pelo esmagamento por compressão do concreto.
Baseado nas recomendações da ACI 318, o fator ( ∅ ) para o projeto de uma seção con-
trolada pela compressão tem valor 0,65, objetivando um índice de con¿abilidade entre
3 e 4. Uma análise de con¿abilidade em vigas reforçadas à Àexão com FRP utilizando a
combinação de carregamento 2 da ACI para uma relação (carga acidental / carga perma-
nente) entre 1 e 3 con¿rma índices con¿áveis entre 3,5 e 4 quando o fator ( ∅ ), para uma
seção controlada pela compressão, é assumido como sendo 0,65, e, para uma seção
controlada pela tração é assumido como sendo 0,55.
Por essa razão e de maneira a permitir o estabelecimento de uma transição segura
entre esses eventos de¿nidos por dois valores distintos de ( ∅ ), o controle do modo de
ruptura da seção por esmagamento do concreto à compressão é de¿nido como o de
uma seção para a qual se tem:
ρf ≥ 1,4.ρfb
Para o caso em que o modo de ruptura é controlado pela tração é de¿nido como o de uma
seção para a qual se tem:
( ρf < ρfb )
293
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
294
Capítulo 7 - Dimensionamento à Flexão e ao Corte Utilizando Barras de Fibra de Carbono
como Armadura de Tração
O momento (Mcr) é, portanto, teoricamente, o momento Àetor para o qual deve aparecer a
primeira ¿ssura no concreto.
A taxa mínima de armadura com barras de FRP é obtida a partir da seguinte expressão:
7.7.4 FISSURAÇÃO
As barras de ¿bra de carbono não sofrem corrosão. Assim, as veri¿cações que normalmen-
te se fazem para limitar a abertura das ¿ssuras nas estruturas de concreto armadas com
barras de aço são desnecessárias nas estruturas armadas com barras de ¿bra de carbono.
Se, entretanto, armaduras de aço forem utilizadas conjuntamente com barras de ¿bra de
carbono as recomendações e limitações relativamente à ¿ssuração devem ser mantidas. A
abertura das ¿ssuras pode ser calculada de acordo com a seguinte equação5:
2,2 sendo,
w= .β.kb .ff .3 dc .A
Ef
ff e Ef em (MPa)
dc em (mm)
A em (mm2)
O termo (kb) é um coe¿ciente que leva em consideração o grau de aderência entre a bar-
ra de ¿bra de carbono e o concreto circundante. Para as barras de ¿bra de carbono com
comportamento de aderência semelhante ao das barras de aço, esse coe¿ciente pode ser
considerado com valor 1,00.
Para as barras de ¿bra de carbono com aderência inferior ao das barras de aço e para
barras de ¿bra de carbono com aderência superior à do aço o valor de (kb) é inferior a 1,00.
Os valores de¿nitivos ainda não estão perfeitamente estabelecidos para todas as barras
de carbono atualmente com produção comercial. Quando o coe¿ciente não for conhecido
o ACI 440H (8.3.1) recomenda a utilização do valor 1,26.
Quando o momento aplicado (Ma) excede o momento de ¿ssuração da seção (Mcr) as ¿s-
suras ocorrem e produzem a redução do momento de inércia da seção, que passa então a
ser calculada a partir do seu momento de inércia ¿ssurado, Icr.
295
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Esse momento de inércia da seção ¿ssurada tem que ser calculado com a utilização de
análise elástica.
Segundo as recomendações da norma brasileira o momento de inércia ¿ssurado é calcu-
lado no Estádio II de solicitações.
1 ⎡ N ⎤
A= ⎢α e .As + α s .As − + ( bf − bw )hf ⎥
' '
bw ⎣ σc ⎦
2 ⎡ ' ' ⎛ bf − bw ⎞ 2⎤
B=
bw ⎢αe .d.As + αe .As + ⎜⎝ 2 ⎟⎠ hf ⎥
⎣ ⎦ que resultam em,
Mn .x''
σc = (2) onde,
In
(
Mn = M + N x'' − d g )
296
Capítulo 7 - Dimensionamento à Flexão e ao Corte Utilizando Barras de Fibra de Carbono
como Armadura de Tração
O momento ¿ssurado em relação à linha neutra da seção é fornecido pela seguinte expressão:
1⎡
( ) (
⎤ + α .A (d − x )2 + α' .A' x − d '
)
3 2
In = bf .x''3 − (bf − bw ) x'' − hf
3 ⎢⎣ ⎥⎦ e s '' e s ''
Observa-se que (x”) é função de (ıc) e vice-versa. Assim no caso da Àexão normal com-
posta, em que (N 0), o valor do momento de inércia ¿ssurado será obtido por processo
iterativo, da seguinte maneira:
1 – arbitra-se um valor inicial qualquer para (ıc), por exemplo o próprio valor de fck.
2 – calculam-se os valores de (x”) e (I0) com a utilização das fórmulas (1) e (3).
3 – calcula-se o valor de (ıc) por intermédio da equação (2).
4 – se esse valor não for igual ao valor inicialmente arbitrado para (ıc) arbitra-se
um novo valor para o mesmo e volta-se novamente à etapa 2.
5 – quando ocorrer a igualdade entre o valor arbitrado e o encontrado o problema
estará resolvido, ou seja, determinado o valor de (I0).
As fórmulas utilizadas para as seções “T” ou “L” são também válidas para as seções retan-
gulares desde que se faça (bf = bw).
Para se passar à Àexão simples basta que se eliminem os termos que contêm (N), deixando en-
tão de ser necessário o processo iterativo, determinando-se diretamente os valores de (x”) e (I0).
Quando se tem uma seção retangular submetida à Àexão simples, o caso mais comum
encontrado, as expressões ¿cam reduzidas a:
x'' = − A + A2 + B
1
A=
bw
(
αe .As + α's .As' )
B=
2
bw
(
d.αe .As + d ' .α'e .As' )
bw .x''3
( )
2
+ αe .As . (d − x'' ) + α'e .As' . x'' − d '
2
I0 =
3
297
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
⎛ Mcr ⎞
3 ⎡ ⎛ M ⎞3 ⎤
Ie = ⎜ .Ig + ⎢1 − ⎜ cr ⎟ ⎥ Icr ≤ Ig onde (Ma) é o momento aplicado na peça.
⎝ Ma ⎟⎠ ⎢⎣ ⎝ Ma ⎠ ⎥⎦
Essa expressão do momento de inércia só poderá ser utilizada para a condição em que se
tenha (Ma > Mcr).
8 - Equação de Branson.
298
Capítulo 7 - Dimensionamento à Flexão e ao Corte Utilizando Barras de Fibra de Carbono
como Armadura de Tração
Em seu livro, Antônio Nanni9, apresenta os seguintes comentários com relação a esse as-
sunto: “diferentemente do reforço à Àexão com barras de aço, a contribuição das barras de
FRP em compressão não aumenta a resistência e nem reduz os efeitos da Àuência devido
à sua limitada resistência à compressão e baixo módulo de elasticidade. Por essa razão,
a ACI 440.1R.06 não recomenda con¿ar nas barras de FRP sob compressão nesses ele-
mentos, mas permite o seu uso para montagens das armaduras”.
Mais ainda, em seu Capítulo 5, o autor considera que, no projeto de colunas submetidas
à Àexo-compressão, a metodologia adotada parte da presunção de que as barras de FRP
comprimidas possam ser substituídas por uma área equivalente de concreto, como se as
barras de FRP não estivessem presentes na seção.
9 - Reinforced Concrete With FRP Bars – Mechanics and Design” – Antonio Nanni; Antonio de Luca e Hany Jawaheri Zadeh.
299
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Admitindo-se que a ruptura do FRP seja controlada pela relação (c > cb) isto signi¿ca que a
¿bra extrema mais comprimida atingiu uma deformação ( εc < εcu ) enquanto as barras da
camada situada à maior distância da ¿bra comprimida alcança a deformação (εf ,i = εfd ) . A
deformação no concreto e em cada camada de armação com FRP será assim determinada:
c
εc = .εfu < εcu
d1 − c
di − c
εf ,i = .εfu ≤ εfd
d1 − c
Uma vez atingida a condição de equilíbrio (por iteração, variando-se o valor de c), quando
se tem (Tf - C = 0), a capacidade resistente da seção à Àexão será dada por:
n
⎛ β .c ⎞
Mn = ∑Af ,i .εf ,i .Ef . ⎜ d i − 1 ⎟
i =1
⎝ 2 ⎠
10 - “Reinforced Concrete With FRP Bars – Mechanics and Design” – Antonio Nanni; Antonio de Luca e Hany Jawaheri Zadeh.
300
Capítulo 7 - Dimensionamento à Flexão e ao Corte Utilizando Barras de Fibra de Carbono
como Armadura de Tração
A equação (a) pode ser reescrita conforme mostrado em (b). A equação, nessa forma, mostra
que é a mesma equação indicada na ACI 318 para armaduras de aço com o valor de (Vc) alte-
rado pelo fator ⎛⎜ 5 k ⎞⎟ , que leva em consideração a pouca rijeza do reforço com FRP.
⎝2 ⎠
⎛5 ⎞
Vc = ⎜ k ⎟ .2. fc' .bw .d (b) ĺ válida apenas para o sistema americano de unidades.
⎝2 ⎠
A metodologia utilizada pela ACI 318 para o cálculo da contribuição dos estribos de aço
para a resistência ao corte é aplicável quando da utilização de sistemas FRP como resis-
tentes ao corte. A resistência provida pelo sistema FRP é assim avaliada:
A .f .d
Vf = fv fv
s
O nível de tensão no reforço de FRP deve ser limitado para que ocorra o controle de aber-
tura de ¿ssuras e conservar a integridade da seção para evitar-se a ruptura da parte Àexio-
nada da seção. Dessa forma, o valor máximo de (f fv) é assim de¿nido:
ffv = 0,004.Ef ≤ ffb
Quando se utilizam estribos inclinados para o corte a equação a ser utilizada é a seguinte:
Afv .ffv .d
Vf = (senθ + cosθ )
s
301
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
302
Capítulo 7 - Dimensionamento à Flexão e ao Corte Utilizando Barras de Fibra de Carbono
como Armadura de Tração
A maior parte das barras compostas, inclusive as de ¿bra de carbono, é relativamente fraca
quando se considera o cisalhamento interlaminar, onde camadas de resina não reforçada
se alternam com camadas de ¿bras. Devido ao fato de usualmente não existir armação (re-
forço) atravessando as camadas a resistência interlaminar ao cisalhamento é governada
pela matriz polimérica, que geralmente não resiste bem a esse tipo de esforço.
A orientação das ¿bras em direções diferentes da direção axial através das diversas ca-
madas de ¿bras aumenta a resistência ao cortante, dependendo diretamente da distância
entre as camadas inclinadas.
Para as barras de ¿bra de carbono isso pode ser conseguido trançando as ¿bras ou crian-
do uma borda espiralada transversalmente à orientação principal das ¿bras.
Se for necessário o conhecimento das características mecânicas das barras de ¿bra de
carbono especi¿camente ao cisalhamento essas propriedades deverão ser fornecidas pelo
fabricante, que deverá fornecer uma descrição do método utilizado para o teste através do
qual foram estabelecidos os valores recomendados.
A Figura 7.6 mostra as condições de equilíbrio de uma barra de FRP com comprimento (lbf)
envolvida por concreto.
303
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
A força na barra é resistida por uma tensão média de aderência (ȝ) atuando na superfície
da barra. Dessa forma, a equação de equilíbrio dos esforços pode ser assim escrita:
le .π .d b .μ = Af ,bar .ff onde,
f f é a tensão desenvolvida na barra de FRP no ¿nal do comprimento de ancoragem.
Uma regressão linear da média normatizada dos parâmetros (tensão de aderência vs co-
brimento vs comprimento de aderência) resulta na seguinte correlação:
μ C d
= 4,0 + 0,3. + 100. b onde,
0,083. fc' db le
α fator que leva em consideração a locação da barra, variando de 1,0 a 1,5 (ver comen-
tário abaixo).
No seu item 10.1.1, a ACI 440.1R-15 diz que de modo geral, o fator de localização das
barras ( α ) deve ser considerado como 1,0. Entretanto, considerando-se a coleta de dados
feita por Wambeke & Shield em 2006, incluindo 15 testes que incluíam barras com compri-
mentos aderidos maiores que (16.db) que resultaram em ruptura por colagem (aderência),
recomenda-se considerar o valor ( α =1,5).
db
l bhf = k4 .
fc'
304
Capítulo 7 - Dimensionamento à Flexão e ao Corte Utilizando Barras de Fibra de Carbono
como Armadura de Tração
O fator (k4) depende de uma série de variáveis para ser de¿nido, tais como cobrimento,
variação do nível de tensões das barras, etc. Para levar em consideração a falta de dados
experimentais, a ACI 440 utiliza a seguinte expressão para calcular o comprimento der
aderência das barras curvadas de FRP, sendo as unidades consideradas (mm) e (MPa).
d
l bhf = 165. b para ffu ≤ 520 MPa
fc'
ffu d b
l bhf = . para 520 < ffu < 1040 MPa
3,1 f '
c
db
l bhf = 330. para ffu ≥ 1040 MPa
fc'
Os valores calculados utilizando as expressões acima não podem ser inferiores a (12.db)
ou 230 mm (9”).
12 - Maria A. Aiello, Francesco Focacci e Antonio Nanni – ACI Materials Journal/July-August 2001.
305
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Figura 7.7 – a) área efeƟva de concreto e da barra; b) dimensões consideradas; c) tensões radiais atuando na
interface da barra de Įbra de carbono devido ao aumento de temperatura.
306
Capítulo 7 - Dimensionamento à Flexão e ao Corte Utilizando Barras de Fibra de Carbono
como Armadura de Tração
ro = rb raio da barra.
ΔT variação de temperatura.
307
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Para um certo valor de ( ΔT ), denominado ( ΔTcr ) essa tensão ultrapassa a resistência de tração
do concreto e ¿ssuras de fendilhamento ocorrem. Dois casos devem ser considerados, então,
rcr
β=
r2
σ T .ro
A=
fct r2 (5), onde
Pode-se escrever:
ȕ3 + Aȕ2 – ȕ + A = 0 (6)
Prova-se que essa equação tem uma solução signi¿cativa para valores situados dentro do
intervalo (0 A .0,30).
Nenhuma solução é encontrada para (A > 0,30).
308
Capítulo 7 - Dimensionamento à Flexão e ao Corte Utilizando Barras de Fibra de Carbono
como Armadura de Tração
A condição (A > 0,30) signi¿ca um valor muito elevado para a compressão radial ( σ T ) ou
um cobrimento insu¿ciente de concreto (r2) para a coroa circular não ¿ssurada no concreto
existente, signi¿cando que o ¿ssuramento radial não pode ser interrompido, como pode ser
veri¿cado através das duas equações (5) e (6).
A solução correspondente a (A = 0,30) é (ȕ = 0,48). Dessa solução pode-se concluir das
equações (5) que a máxima tensão radial de compressão que o concreto absorve é dada por:
f .r
σ T = 0,30. ct 2 , sendo que o raio externo da coroa circular ¿ssurada tem valor rcr = 0,48r2.
ro
( )
7.11.2 VARIAÇÃO DE TEMPERATURA ΔT QUE PRODUZ A PRIMEIRA FISSURA RADIAL E
COLAPSO NO COBRIMENTO DO CONCRETO
0,30fct γ 0,30fct γ
(α b − α c ) ΔTsp = Ec
⎡ln (0,48γ ) + 1,6 + υc ⎤ +
⎣ ⎦ ETb
(1 − υTT ) , onde,
ΔTsp variação de temperatura que produz a fragmentação do cobrimento de concreto.
αc coe¿ciente de dilatação térmica do concreto.
309
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
310
Capítulo 7 - Dimensionamento à Flexão e ao Corte Utilizando Barras de Fibra de Carbono
como Armadura de Tração
Densidade
Aço Fibra de Vidro Fibra de Carbono Fibra de Aramida
7,85-7,90 (g/cm ) 1,25-2,10 (g/cm ) 1,50-1,60 (g/cm3)
3 3
1,25-1,40 (g/cm3)
PROPRIEDADES MECÂNICAS
Aço Fibra de Fibra de Fibra de
Vidro Carbono Aramida
Tensão Normal de Escoamento (MPa) 276 a 517 ---- ---- ----
Tensão de Tração (MPa) 483 a 690 483 a 1600 600 a 3690 1720 a 2540
Módulo de Elasticidade (MPa) 200 a 210 35 a 51 120 a 580 41 a 125
Deformação de Escoamento (MPa) 1,4 a 2,5 ---- ---- ----
Def. Ruptura (MPa) 0,6 a 1,2 1,2 a 3,1 0,5 a 1,7 1,9 a 4,4
311
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
312
Capítulo 7 - Dimensionamento à Flexão e ao Corte Utilizando Barras de Fibra de Carbono
como Armadura de Tração
Pelo fato de que ( ρf ≥ 1,4.ρfb ) a ruptura da seção é controlada pela compressão, dessa
forma ( ∅ = 0,65).
Cálculo do (b.d2) necessário:
Determina-se, em primeiro lugar, o momento Àetor máximo necessário.
∅.Mn, requer . = Mu = 1,2.Mg + 1,6.M p
∅.Mn,requer . = 1,2.80 + 1,6.53 = 180,80 kN.m
Cálculo da tensão de tração na armadura (f f ) no estado limite último, para o valor assumido
de ( ρf ) .
ff =
(Ef .εcu )2 + 0,85.β1 .fc' .E .ε − 0,5.Ef .ε cu
f cu
4 ρf
135 2 0,85.0,85.30
ff = + .135 − 0,5.135 < 440 MPa
4 0,0173
ff = 349,269 MPa
⎛ ρ .f ⎞
Mu = ∅.Mn = ∅.ρf .ff . ⎜1 − 0,59. f ' f ⎟ .b.d 2
⎝ fc ⎠
⎛ 0,0173.349,269 ⎞
180,80.10 6 = 0,65.0,0173.349,296 ⎜1 − 0,59. ⎟⎠ b.d
2
⎝ 30
52,242.10 6 52,242.10 6
d2 = →d= = 417,301 mm ≅ 418 mm
300 300
313
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
ff =
(Ef .εcu )2 + 0,85.β1 .fc' .E .ε − 0,5.Ef .ε cu ≤ ffu
f cu
4 ρf
135 2 0,85.0,85.30
ff = + .135 − 0,5.135 = 324,735 MPa
4 0,0196
ff = 324,735 ≤ ffu = 440 OK !
⎛ ρ .f ⎞
Mn = ρf .ff . ⎜1 − 0,59. f ' f ⎟ .b.d 2
⎝ fc ⎠
⎛ 0,59.0,0196.324,735 ⎞ 2
Mn = 0,0196.324,735. ⎜1 − ⎟⎠ 300.434
⎝ 30
Mn = 314,63.10 6 N.mm = 314,63 kN.m
∅.Mn = 0,65.314,63 = 204,51 kN.m > 180,80 kN.m OK !
Exemplo 7.2: Calcular as deÀexões de uma viga de concreto armado simplesmente apoia-
da (isostática). Pede-se a avaliação das deÀexões veri¿cadas em relação às deformações
admissíveis segundo os critérios do ACI.
314
Capítulo 7 - Dimensionamento à Flexão e ao Corte Utilizando Barras de Fibra de Carbono
como Armadura de Tração
Ef = 45000 MPa
45000
n= = 1,748
25743
k = 2. ( ρf .n ) + ( ρf .n ) − ρf .n
2
300.530 3
.0,1903 3 + 1,748.2040.530 2.(1 − 0,1903 ) = 0,7593.10 9 mm 4
2
Icr =
3
Ig 5,40.10 9
= = 7,112
Icr 0,7593.10 9
Icr
= 0,141
Ig
315
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Assumindo que a viga seja carregada com toda a carga permanente antes da atuação de
qualquer carga acidental, o momento de inércia efetivo deve ser considerado apenas com
essa hipótese. Essa presunção permitirá uma estimativa conservadora da deÀexão devida
à carga acidental. Como (M(g+ǻg) < Mcr) a viga permanece numa condição não ¿ssurada,
por isso, o momento de inércia considerado é o (Ig).
Determinação do momento de inércia efetivo devido à carga permanente mais carga acidental
Mcr Mcr 61,126
= = = 0,750
Ma M( g + p ) 81,464
Mcr
γ = 1,72 − 0,72. = 1,72 − 0,72.(0,750 ) = 1,180
Ma
Icr 0,7593.10 9
Ie( g + p ) = 2
= = 1,766.10 9.mm4
⎛M ⎞ ⎛ I ⎞ 1 − 1,18.0,75 2 (1 − 0,141)
1 − γ . ⎜ cr ⎟ . ⎜1 − cr ⎟
⎝ Ma ⎠ ⎝ Ig ⎠
l 7,7.1000
( Δi )p = 9,585 mm ≤ = = 42,778mm OK !
180 180
l 7,7.1000
( Δi )g + p = 11,067 mm ≤ = = 32,083mm OK !
240 240
316
Capítulo 7 - Dimensionamento à Flexão e ao Corte Utilizando Barras de Fibra de Carbono
como Armadura de Tração
317
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
FotograĮa 7.4 – Tabuleiro de ponte armado com barras de FRP. Vista superior e lateral.
FotograĮa 7.6 – Gaiola de barras FRP montadas em central de dobra/corte em Angry Itália13.
13 - “Reinforced Concrete With FRP Bars – Mechanics and Design” – Antonio Nanni; Antonio de Luca e Hany Jawahari Zadeh.
318
CAPÍTULO 8
319
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
320
Capítulo 8 - Reforço de Alvenarias à Flexão e ao Corte com Tecidos, Laminados e Barras de FRP
1 - Márcio A. Ramalho e Márcio R. S. Corrêa – “Projeto de Ediİcios de Alvenaria Estrutural” – Editora PINI, 2003.
321
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Tabela 8.2 - Resistência da alvenaria – Blocos vazados com altura/largura entre 2,0 e 4,02.
A ACI 530 também não se refere a prismas e menciona a resistência de prisma como alterna-
tiva para a estimativa de resistência à compressão da alvenaria apresentada na Tabela 8.3.
A tensão atuante em um elemento comprimido será sempre determinada pela relação (car-
ga/área). Tanto a norma NBR 10837 como a norma BS 5628 trabalham com a área bruta
da seção, desconhecendo a existência de vazios, o que já não acontece com a norma ACI
530 que considera a área líquida, ou seja, descontada a existência dos vazios.
Carregamentos
Combinação
Permanente Variável Vento Terra/Água
Permanente e variável 0,9 ou 1,4 1,6 - 1,4
Permanente e vento 0,9 ou 1,4 - 1,4 1,4
Permanente variável e vento 1,2 1,2 1,2 1,2
Dano acidental 0,95 ou 1,05 0,35 - 0,35
2 - Márcio A. Ramalho e Márcio R. S. Corrêa – “Projeto de Ediİcios de Alvenaria Estrutural” – Editora PINI, 2003.
3 - Valores especiĮcados para unidades de concreto pelo ACI 530.1 – SpeciĮcaƟons for Masonry Structures.
322
Capítulo 8 - Reforço de Alvenarias à Flexão e ao Corte com Tecidos, Laminados e Barras de FRP
A tabela 8.5 indica os pesos especí¿cos adotados para as alvenarias de blocos vazados e
de blocos cerâmicos mais usuais.
M , onde,
ft =
W
6.M
ft = ≤ σ adm.
t
ft .t
M= , sendo
6
( ft ≤ σ adm. )
323
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
(a) - (*) valor admissível caso venha a ser usada a resistência de parede.
(b) - os limites da resistência média da argamassa (fa) também se aplicam à alvenaria armada, isto é, 5,0 ч fa ч12,0.
c
f alv.f
-
t
2
LN
+
t
f alv.f
324
Capítulo 8 - Reforço de Alvenarias à Flexão e ao Corte com Tecidos, Laminados e Barras de FRP
ε alv x (b)
=
εs x −d
ε alv kx
=
ε s 1 − k x (c)
x
falv .b. = fs .As (d)
2
325
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
As
chamando-se ρ = à taxa geométrica da armadura na seção podemos reescrever a
b.d
equação (d) da seguinte maneira:
2.ρ kx 1
= ou,
kx 1 − kx n
2.n.ρ (1 − k x ) = k x 2 , que pode ser escrita como uma equação do segundo grau
k x 2 + 2.n.ρ .k x − 2.n.ρ = 0 que tem como solução para o dimensionamento
k x = − ρ .n + ( ρ .n )2 + 2.ρ .n (g)
M = fs .As .z = fs .As .k z .d
⎛ k ⎞ ⎛ x ⎞
M = fs .As ⎜1 − x ⎟ d = fs .As ⎜1 − ⎟d
⎝ 3 ⎠ ⎝ 3.d ⎠
x ⎛ x⎞
M = fs .As .d − fs .As = fs .As ⎜ d − ⎟ ou seja,
3 ⎝ 3⎠
⎛ x⎞ (h)
M = fs .As ⎜ d − ⎟
⎝ 3⎠
326
Capítulo 8 - Reforço de Alvenarias à Flexão e ao Corte com Tecidos, Laminados e Barras de FRP
M (i) e
As =
⎛ x⎞
fs ⎜ d − ⎟
⎝ 3⎠
M
fs = (j) que é a tensão atuante na armadura de tração
⎛ x⎞
As ⎜ d − ⎟
⎝ 3⎠
Da equação
⎛ b.x ⎞ ⎛ b.x ⎞
M = falv ⎜ z = falv ⎜ k .d
⎝ 2 ⎟⎠ ⎝ 2 ⎟⎠ z
b ⎛ k ⎞ f .b.k x .d 2 falv .b.k x 2 .d 2
M = falv k x .d ⎜1 − x ⎟ d = alv −
2 ⎝ 3 ⎠ 2 6
n (l)
kx =
n+m
kx
a partir de ( ρ = ), substituindo o valor de ( k x ) na equação (l) temos:
2m
1 n
ρ=
2.m (m + n )
327
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
2 M 1 − kb
db = , onde k zb =
k b .k zb b.f alv 3
Para a seção normalmente armada, onde se tem (d ≥ d b ) e não são conhecidas a princípio
( )
as tensões desenvolvidas na alvenaria falv ≤ f alv , deve ser utilizado um processo iterati-
vo para a determinação da linha neutra e da seção de aço necessária.
O processo se inicia com o arbítrio de kz e a sequência de veri¿cação é a indicada na Pla-
nilha 8.1 abaixo.
Passo kz ks As n.ȡ kx kz
1
2
n
sendo,
1 M A kx
ks = ; As = ks ; n.ρ = n s ; k x = − ρ .n + ( ρ .n )2 + 2.ρ .n e kz = 1 −
f s ,t .k z d b.d 3
328
Capítulo 8 - Reforço de Alvenarias à Flexão e ao Corte com Tecidos, Laminados e Barras de FRP
6 - Velásquez, J.G et al. – Out of Plane Cyclic Behavior of UMR Walls RetroĮted With Fiber Reinforced Polymers (2000).
7 - Tumialan, J. G. et al – Strengthening of Masonry Structures With FRP Composites – (2001).
8 - “FRP structural strengthening”.
329
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
unidades em colapso, e, a partir deste ponto, a parede se rompe porque a tensão de tração
atuante não mais é transferida para as barras e os per¿s de FRP.
O que é importante no atual estágio das pesquisas e aplicações práticas é que os sistemas
compostos estruturados com barras e per¿s de FRP comprovaram aumentar consideravel-
mente a capacidade resistente à Àexão e ao cortante das alvenarias não reforçadas. Os
sistemas são de fácil aplicação, mas exigem uma técnica apropriada de construção para
poderem ser realmente e¿cientes.
330
Capítulo 8 - Reforço de Alvenarias à Flexão e ao Corte com Tecidos, Laminados e Barras de FRP
331
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
10 - “Field ApplicaƟons of FRP Reinforcement: Case Studies”- J. G. Tumialan, N. GalaƟ, A. Nanni e D. Tyler - ACI Interna-
Ɵonal SP-215.
332
Capítulo 8 - Reforço de Alvenarias à Flexão e ao Corte com Tecidos, Laminados e Barras de FRP
não introduzem nenhuma alteração dimensional após a sua implantação e melhoram sen-
sivelmente a resistência à corrosão. Também um fator muito importante é que a perturba-
ção produzida nos moradores da edi¿cação ¿ca bastante minimizada em relação a outros
procedimentos convencionais, praticamente não ocorrendo nenhuma redução do espaço
útil utilizado pelos mesmos durante a operação de reforço.
Os procedimentos de reforço mais utilizados são os de aplicação de tecidos via úmida ou
da adesão de laminados pré-curados.
Mais recentemente passou a ser adotada a técnica de montagem subsuper¿cial (NSM) nos
reforços, que consiste na ¿xação de barras ou per¿s de compostos em rasgos abertos na
superfície dos elementos a serem reforçados. O sucesso na utilização de compostos em
montagem subsuper¿cial no reforço de elementos de concreto armado foi estendido para
o reforço de alvenarias não estruturadas.
O método utilizado para o reforço das alvenarias não estruturadas é o das tensões admis-
síveis. Basicamente são obedecidas as recomendações da norma ACI 440.1R.0311.
As seguintes recomendações podem ser levadas em consideração na orientação do pro-
jeto de reforço das alvenarias:
– a tensão admissível de compressão devida exclusivamente ao momento Àetor em
uma alvenaria é estimada com o seguinte valor:
1
Fb = .f ' m onde,
3
11 - ACI – CommiƩee 440.1R-03 – “Guide for the Design and ConstrucƟon of Concrete Reinforced with FRP Bars”.
333
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
O fator ( CE ) tem por objetivo levar em consideração a redução potencial da tensão de tração
do composto devido à sua exposição ao longo do tempo às diversas variáveis ambientais.
O coe¿ciente ( kf ) permite a avaliação das tensões admissíveis no composto em função
das limitações das tensões de ruptura em função da Àuência do material. Isso é decorren-
te do fato de que barras de composto submetidas a carregamentos constantes por longo
período de tempo podem vir a falhar para um valor de tensão muito inferior daquele da sua
capacidade nominal, em função do nível de tensão produzido pelo carregamento.
As ¿bras de carbono normalmente são muito menos susceptíveis à ruptura por Àuência do
que as ¿bras de vidro.
A capacidade resistente à Àexão de uma alvenaria (parede) reforçada por sistema com-
posto pode ser calculada a partir de uma seção ¿ssurada, onde o comportamento dos dois
materiais deve ser considerado como elasticamente linear, como é mostrado na Figura 8.6.
Admitindo-se que a linha neutra do sistema esteja situada na casca lateral do bloco de
concreto da alvenaria, as tensões atuantes tanto na alvenaria como no material composto
podem ser obtidas a partir do equilíbrio das forças atuantes.
1
( bm .kdf .fb ) = Af .ff onde,
2
f b = ε m .E m
f f = ε f .E f
Ef sendo,
n=
Em
12 - ACI 440 .1R-03- Table 8.2 – Creep rupture stress limits in FRP reinforcement.
334
Capítulo 8 - Reforço de Alvenarias à Flexão e ao Corte com Tecidos, Laminados e Barras de FRP
(n.ρf ) + 2 (n.ρf )
2
k = −n.ρf +
2.Af .ff
ff =
k.df .bm
Exemplo 8.1: Determinar o reforço necessário para permitir que a parede de blocos de
concreto apresentada na Figura 8.7 possa resistir ao momento Àetor devido ao vento
Mw = 760 kN.cm. Considerar a parede vinculada em sua base e no seu topo.
Deverão ser utilizadas barras de ¿bra de carbono #2 (com ĭ = 6,35 mm e Af1 = 32,71 mm2)
com resistência garantida à tração (f*fu = 1380 MPa) e (Ef = 125 GPa). A resistência à com-
pressão do bloco de concreto da alvenaria é (fp = 11,0 MPa), sendo a espessura da parede
interna do bloco igual a 2,5 cm.
fp = 11,0MPa , assim, Ealv . = 11,0.850 = 9350MPa = 9,35GPa
335
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Ef 125
Ef = 125GPa ⇒ n = = = 13,369
Ealv . 9,35
Mw=760kN.cm Mw=760kN.cm
300
1 1
df = t − (1,5d b ) = 20 − (1,5.0,635 ) = 19,542cm
2 2
Seja a barra #2 espaçada cada 25 cm, ou seja, será considerada uma “fatia” de parede de
largura 25 cm.
Af 32,71
ρf = = = 0,00067
balv . .df 250.195,42
Ms 19000 kgf
ff = = = 3101,82
d 19,542 cm 2
Af ( df − k. f ) 0,3271(19,542 − 0,1252. )
3 3
kgf
Ff = kf .ffu = 0,55.11730 = 6541,50
cm 2
kgf kgf
ff = 3101,82 2
< Ff = 6541,50 ⇒ OK !
cm cm 2
336
Capítulo 8 - Reforço de Alvenarias à Flexão e ao Corte com Tecidos, Laminados e Barras de FRP
kgf kgf
fb = 33,175 < Fb = 36,666 ⇒ OK !
cm 2 cm 2
BARRAS #2
CADA 25cm
25 25 25 25 25 25 25 25 25 25 25 25 25 25
Mu = φ M n
(a)
Deverão ser adotadas as seguintes limitações e condicionantes:
337
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
ε fu = CE .ε * fu (b) onde
338
Capítulo 8 - Reforço de Alvenarias à Flexão e ao Corte com Tecidos, Laminados e Barras de FRP
Onde,
J – multiplicador do valor de (f’m) para determinar a intensidade do bloco equivalente de
tensões na alvenaria, considerado com valor (0,70).
f’m – resistência à compressão da alvenaria.
E – relação entre a profundidade do bloco retangular equivalente de tensões e a profundi-
dade da linha neutra, considerado com valor (0,70).
c – distância da ¿bra mais comprimida da seção à linha neutra.
bm – largura da alvenaria considerada na avaliação do reforço com FRP.
tm – espessura nominal da alvenaria.
ff = Ef .ε fe (e)
A deformação efetiva no FRP, (İfe), é limitado pela deformação determinada pelo descola-
mento do sistema.
ε fe ≤ km .ε fu (f) sendo,
339
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Os valores de (Af) e (c) são obtidos através das equações (a) a (f). Da distribuição das
deformações na seção da alvenaria, o nível de deformação ( ε m) na mesma pode ser deter-
minado, conforme Figura 8.9, por:
c
ε m = ε fe ≤ ε mu (g)
tm − c
onde,
İmu = 0,0025 mm/mm para alvenarias de blocos de concreto.
İmu = 0,0035 mm/mm para alvenarias com elementos cerâmicos.
Se (İm) exceder (İmu) uma nova deformação deverá ser calculada para o FRP através da
equação (g) considerando-se (İmu = İm).
Em seguida, a área de FRP necessária ao reforço (Af) pode ser determinada com a utiliza-
ção das equações (a) e (e).
O espaçamento máximo entre os elementos de FRP, (Sf), ainda não está devidamente
justi¿cado cienti¿camente para elementos aderidos sobre as superfícies das alvenarias.
O valor máximo do espaçamento (Sf) pode ser considerado como sendo o dobro da espes-
sura (tm) da alvenaria, segundo o critério de distribuição das tensões ao longo da espessura
da alvenaria.
Alternativamente, o valor de (Sf) pode ser considerado igual ao comprimento da unidade
de alvenaria adotado no cálculo.
Dessa forma, o espaçamento máximo entre os elementos de FRP pode ser assim re-
comendado:
(Sf) será o valor mínimo entre {2t m ; L} , sendo:
L = lb – para blocos de concreto
L = 2.lb – para elementos cerâmicos
lb – comprimento da unidade utilizada na alvenaria (blocos, cerâmicos, etc.).
340
Capítulo 8 - Reforço de Alvenarias à Flexão e ao Corte com Tecidos, Laminados e Barras de FRP
Características da Alvenaria:
f ' m = 12MPa
ε mu = 0,0025mm / mm
f * fu = 2400MPa
Ef = 131GPa
ε * fu = 0,0187mm / mm
Mu 10,6
Mn = = = 15,143kN.m / m
ΦҀ 0,7
⎛ β .c ⎞
Mn = ( λ .f ' m )( β1 .c ) bm ⎜ t m − 1 ⎟
⎝ 2 ⎠
⎛ 0,7.c ⎞
Mn = (0,7.12.10 3 )(0,7.c ).1,00 ⎜ 0,20 − ⎟ = 5880c(0,2 − 0,35c )
⎝ 2 ⎠
15,143 = 1176c − 2058c 2 ⇒ 2058c 2 − 1176c + 15,143 = 0
ε fu = CE .f * fu = 0,90x0,0187 = 0,0168mm / mm
341
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
c 13,2
ε m = ε fe = 0,0076 = 0,0005mm / mm
tm − c 200 − 13,2
ε m = 0,0005mm / mm < ε mu = 0,0025mm / mm ⇒ OK !
Af 80
wf = = = 57,14mm
tf 1,4
Como o laminado tem dimensões padronizadas de (50 x 1,4 mm) deverá ser utilizado um
laminado cada 87,5 cm.
(Sf) será o valor mínimo entre {2tm; L}
(Sf) será o valor mínimo entre {2 x 200;400}, ou seja o espaçamento máximo será
Sf = 400 mm = 40 cm.
Uma solução seria utilizar laminados de seção (50 x 1,4 mm) cortados na largura
(20 x 1,4 mm) posicionados a cada 35 cm, como mostrado na Figura 8.10.
Se substituíssemos o laminado por tecido, com as seguintes características mecânicas,
teríamos:
f * fu = 3550MPa
Ef = 235GPa
ε * fu = 0,0150mm / mm
tf = 0,165mm
342
Capítulo 8 - Reforço de Alvenarias à Flexão e ao Corte com Tecidos, Laminados e Barras de FRP
ε fu = 0,90x0,0150 = 0,0135mm / mm
ε fe = 0,45 x0,0135 = 0,0061mm / mm
13,2
ε m = 0,0061 = 0,0004mm / mm < 0,0025mm / mm ⇒ OK !
200 − 13,2
ff = 0,0061x235 = 1,434GPa
Af x1,434x10 3 = 0,7 x12x0,7 x0,0132x1
Af = 54,1mm 2 / m
54,1
wf = = 327,8 ≅ 328mm / m
0,165
Ou seja, podem ser utilizadas lâminas de CF-130 com largura de 100 mm (10 cm) espa-
çadas a cada 30,49 cm § 30 cm, como solução alternativa à primeira, como mostrado na
Figura 8.11.
343
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
σ
σ
σ σ
O colapso das estruturas de alvenaria pode ser causado por fraqueza ou enfraquecimento
estrutural, sobrecarregamentos, vibrações dinâmicas, recalques e deformações diversas
em seu plano ou fora do seu plano.
Alvenarias não estruturadas (não armadas) podem tanto receber carregamentos como
apenas servirem como elementos divisórios e geralmente são construídas com tijolos ma-
ciços ou blocos vazados, cerâmicos ou de concreto.
Devido à sua fraca ancoragem nos elementos adjacentes, tais como vigas, pilares e lajes,
ou mesmo devido à sua absoluta falta da mesma, as alvenarias podem entrar em colapso
sob a ação de cargas atuando fora do seu plano geradas por esforços sísmicos.
Nas alvenarias não estruturadas, o colapso decorrente da ocorrência de esforços Àetores
atuando no plano perpendicular às mesmas tem produzido a maioria dos danos estruturais
e perdas de vidas humanas quando da ocorrência dos sismos.
344
Capítulo 8 - Reforço de Alvenarias à Flexão e ao Corte com Tecidos, Laminados e Barras de FRP
A maior parte das pesquisas envolvendo a utilização de sistemas compostos FRP foi diri-
gida para a recuperação e o reforço de estruturas de concreto armado. A literatura técnica
corrente sobre alvenarias tem indicado que cada uma dessas causas de colapso estrutural
pode ser prevenida e minorada com a utilização dos sistemas compostos estruturados com
¿bras de carbono.
Estudos realizados com o uso desses compostos utilizando variáveis como con¿gurações
diversas de carregamentos, mecanismos de transferência, esquemas de reforços e siste-
mas de ancoragem conduziram a avaliações e resultados bastante promissores mas, ape-
sar das técnicas já desenvolvidas e comprovadas, muitos outros estudos ainda deverão
ser feitos para um conhecimento mais completo do problema.
Sem desconsiderar a importância dos reforços convencionais de baixo custo de instala-
ção, a utilização dos sistemas compostos estruturais que utilizam ¿bras de carbono, vidro
e aramida possuem algumas vantagens quando comparadas aos métodos tradicionais de
reforço, tais como uma perturbação mínima aos ocupantes das edi¿cações quando da sua
instalação e pelo fato de praticamente não ocuparem espaço, preservando as dimensões
originais.
Adicionalmente, do ponto de vista estrutural, as propriedades dinâmicas da estrutura per-
manecem inalteradas, porque não há acréscimo sensível de peso ou espessura. A única
alteração nas propriedades mencionadas resultam no acréscimo da resistência aos esfor-
ços sísmicos.
Sistemas compostos estruturados com plásticos (¿bras de carbono e de vidro) podem ser
utilizados para o reforço sísmico tanto de paredes estruturais de concreto armado como
para alvenarias convencionais.
A principal utilização desses sistemas compostos é o enrijecimento estrutural ao esforço
cortante (corte), mas também é possível e bastante utilizado para o reforço à Àexão.
Os compostos reforçados com plásticos são presentemente dos sistemas mais recomen-
dados tanto para o reforço antisísmico ao corte como para o aumento da ductibilidade de
paredes planas de concreto armado, devendo, entretanto, ser destacado que a maioria
dos estudos experimentais já realizados foram procedidos em alvenarias, armadas ou não,
submetidas a carregamentos atuantes no seu plano.
É muito importante que sejam avaliadas tanto a resistência como a rijeza dos diafragmas
dos pisos (lajes de piso) e a sua conexão (ligação) com a parede resistente ao corte a ser
reforçada com os compostos plásticos. Outro ponto crítico é a avaliação das condições de
suporte da parede em estudo.
Antes de se proceder ao reforço da parede com a utilização de compostos reforçados com
plásticos é importante que o engenheiro estrutural satisfaça aos requisitos de ligação e
conexão recomendados para as paredes resistentes ao corte.
À falta de códigos especí¿cos tanto no Brasil como nos Estados Unidos são normalmente
utilizados para essas veri¿cações três diferentes códigos e/ou fontes de referência:
– ACI 318-14 que é a versão mais atualizada do código americano em vigência. A
versão ACI 318-02, que está muito próximo de ser referendado pela próxima re-
visão do IBC, contém diferenças signi¿cativas na utilização do modelo estrutural
345
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
346
Capítulo 8 - Reforço de Alvenarias à Flexão e ao Corte com Tecidos, Laminados e Barras de FRP
Quatro principais métodos analíticos podem ser considerados para a análise e projeto de
paredes resistentes ao corte reforçadas por laminados dos sistemas compostos estrutura-
dos com plásticos:
– métodos lineares estáticos.
– métodos lineares dinâmicos.
– métodos não lineares estáticos.
– métodos não lineares dinâmicos.
f j = 0,004E j = 0,75fui
347
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
348
Capítulo 8 - Reforço de Alvenarias à Flexão e ao Corte com Tecidos, Laminados e Barras de FRP
O reforço nominal do cortante fornecido pelo sistema composto estruturado com plásticos,
(V), é dado pela seguinte expressão:
φV = φ .Ω .f .t.lw .cot α (valor fornecido em kgf), sendo,
f = E g .ξ e onde
φ = 0,85 para a determinação do cortante.
: - coe¿ciente de e¿ciência.
Eg - módulo de elasticidade garantido do plástico do composto (MPa).
[ - deformação máxima permitida, considerada com valor (0,004 = 4‰).
t - espessura da lâmina do composto (cm).
lw - comprimento da seção da parede paralela às forças laterais aplicadas (cm).
D - ângulo da inclinação da ¿bra com a horizontal.
Assim, o objetivo principal do reforço de uma parede submetida a forças cortantes no seu
plano com a utilização de sistemas compostos reforçados com plásticos é o de adicionar
capacidade resistente ao corte.
349
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
De modo geral o reforço de paredes pode assumir con¿gurações bastante diversas, po-
dendo ser utilizados para o reforço plásticos sob a forma de tecidos, sob a forma de lami-
nados e mesmo sob a forma de barras, conforme mostrado na ¿gura seguinte.
As disposições A e D mostram os tecidos aplicados segundo uma direção horizontal, se-
gundo direções ortogonais (horizontal e vertical), segundo uma direção inclinada e segun-
do direções inclinadas ortogonais.
As disposições E e F mostram a aplicação de laminados de plásticos, que além dessas
duas con¿gurações podem assumir disposições tais como B e C.
Disposições idênticas podem ser assumidas com a utilização de barras redondas de plás-
ticos ou mesmo as seções retangulares conhecidas como réguas (ou slides).
Essas con¿gurações podem ser utilizadas em somente uma face da parede ou também
nas duas faces opostas. O fator de redução de e¿ciência a ser adotado está apresen-
tado na Figura 8.13 em função das condições de contorno que puderem ser estabele-
cidas nas paredes.
Por serem mais econômicos, os plásticos mais utilizados para o reforço ao corte das pare-
des são a ¿bra de vidro, que pode ser encontrada na forma de tecidos, laminados e barras
circulares.
350
Capítulo 8 - Reforço de Alvenarias à Flexão e ao Corte com Tecidos, Laminados e Barras de FRP
Esse reforço, entretanto, não leva em consideração a existência de aberturas tais como
portas e janelas no painel de parede considerado, assim como a ocorrência de outros es-
forços atuantes fora do plano considerado.
A Figura 8.15 mostra as possíveis disposições das lâminas (tecidos) de ¿bra de carbono
quando do reforço de alvenarias. Essas disposições podem também ser adotadas indis-
criminadamente tanto para barras e per¿s de ¿bras de carbono como também para os
laminados de ¿bra de carbono.
São transcritos, na sequência, comentários extraídos do “Task Force on Design of Exter-
nally Bonded FRP Systems for Seismic Strengthening Concrete Structures” que são consi-
derados bastante pertinentes e importantes:
– quando do estudo do aumento da capacidade resistente os modos potenciais de
colapso tais como escorregamento por cisalhamento e rupturas por Àexão ou com-
pressão devem também ser considerados para garantir que o cortante adicional
introduzido na peça possa realmente ser desenvolvido;
– as conexões das paredes com os elementos adjacentes, tais como diafragmas e
fundações devem ser cuidadosamente analisadas pelo engenheiro estrutural;
– os sistemas compostos de reforço devem se desenvolver ao redor das extremida-
des das paredes ou através dos vãos produzidos por portas e janelas sempre que
possível;
– onde o desempenho do material composto depender da colagem, a resistência
da cola do sistema FRP no concreto deverá ter uma resistência mínima de 1,4
MPa. Contudo, se a resistência da cola for baixa, considerações especiais de
projeto deverão ser adotados, inclusive com a utilização de ancoragens mecâni-
cas utilizando ou não compostos. As tensões da cola serão calculadas baseadas
351
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
352
Capítulo 8 - Reforço de Alvenarias à Flexão e ao Corte com Tecidos, Laminados e Barras de FRP
– deverão ser tomadas medidas para permitir a migração da pressão de vapor das
paredes, lajes e outros elementos reforçados onde a pressão potencial exceder
a 2,07 kgf/cm2 (3 psi). Essa pressão pode ser facilmente medida “in loco” com a
utilização de equipamentos simples. Se a pressão exceder 2,07 kgf/cm2 deve-se
garantir-se que pelo menos 30% da superfície a ser reforçada ¿que desimpedida
para permitir a transmissão do vapor. Deverão, também, serem consideradas nas
aplicações as condições ambientais (climáticas) e de campo.
Da Figura 8.16 se observa que as barras são introduzidas em furos executados em duas
direções ortogonais à seção transversal do elemento. Cada conjunto de (pelo menos) duas
barras constitui o denominado “camada de barras”. Esse tipo de reforço pode, efetivamen-
te, conter a deformação lateral (transversal) da alvenaria. A barra inserida no furo ¿ca en-
14 - NaƟonal Research Council – “Guide for Design and ConstrucƟon of Externally Bonded FRP Systems for Strengthe-
ning ExisƟng Structures” – CNR – Julho, 2004.
353
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
volvida por pasta epoxídica, que promove a sua adesão à alvenaria, ou, alternativamente,
¿xada por meio de dispositivos mecânicos aplicados em suas extremidades.
No caso de aplicação concomitante de barras e tecidos no reforço de um mesmo elemento,
é recomendável que esses materiais de FRP exibam características mecânicas similares
(compatíveis).
354
Capítulo 8 - Reforço de Alvenarias à Flexão e ao Corte com Tecidos, Laminados e Barras de FRP
Ao mesmo tempo, essa pressão pode ser expressa como o produto dos coe¿cientes hori-
zontal (kH) e vertical (kV).
fl,ef. = kH.kV.fl
1
ka = de tal forma que,
1 + tg 2α f
A relação geométrica de elementos con¿nados por FRP onde tanto os tecidos como as
barras são utilizados pode ser de¿nido da seguinte maneira:
4.tf .bf
ρf =
D.ρf
355
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
nb .Ab
ρb =
D.ρb
⎪⎧ ε fk( r ) ε fk( b ) ⎪⎫
ε fd ,rid = min ⎨ηa . ; η a . ⎬ onde,
⎩⎪ γ f( r ) γ f( b ) ⎭⎪
Șa é o fator de conversão ambiental, de¿nido conforme Tabela 8.9.
ε fk( r ) e ε fk( b ) deformação limite dos tecidos e das barras de FRP, respectivamente.
γ f( r ) e γ f( b ) fatores parciais de segurança dos tecidos e das barras de FRP, respectivamen-
te, apresentados na Tabela 8.7. É recomendado para as barras de FRP (não incluído na
Tabela 8.7) o valor γ f = 1,50 .
(b)
356
Capítulo 8 - Reforço de Alvenarias à Flexão e ao Corte com Tecidos, Laminados e Barras de FRP
Para as colunas de seção transversal circular, reforçadas com FRP, o coe¿ciente hori-
zontal de e¿ciência pode ser adotado com o valor (kH = 1,00). Para o envolvimento ver-
tical contínuo com FRP o coe¿ciente de e¿ciência vertical pode ser adotado com o valor
(kV = 1,00). Para con¿namento em espiral com FRP a e¿ciência do reforço com FRP deve
ser apropriadamente reduzido por meio do coe¿ciente (ka) já de¿nido nesta seção.
Quando o con¿namento das colunas circulares for feito por reforço descontínuo de FRP,
tendo as lâminas com largura (bf) e espaçadas centro a centro de (pf) o coe¿ciente vertical
de e¿ciência (kV) ¿ca assim determinado:
2
⎛ ρ ' ⎞ sendo,
kv = ⎜1 − f ⎟
⎝ 2.D ⎠
357
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
barras de FRP são utilizadas para o aumento da resistência das colunas de alvenaria, o es-
calonamento das barras ao longo da direção vertical é necessário. Além disso, a distância
D
centro a centro entre as diferentes camadas de barras não pode exceder a ( ).
5
2
⎛ ρ ⎞
kv = ⎜1 − b ⎟
⎝ 2.D ⎠
sendo:
Ab a área da seção transversal de cada barra de FRP.
nb,x o número de barras na direção x.
nb,y o número de barras na direção y.
358
Capítulo 8 - Reforço de Alvenarias à Flexão e ao Corte com Tecidos, Laminados e Barras de FRP
Para o caso de envolvimento contínuo com FRP (somente nesse caso), a pressão de con-
¿namento pode ser calculada de acordo com a seguinte equação:
1
fl = ( ρf .Ef + 2.ρb .Eb )ε fd ,rid
2
4.t
Considerando que, ρf = max b,d e ρb = 0
f
{ }
O coe¿ciente de e¿ciência horizontal é dado pela relação entre a área con¿nada e a área
total da seção transversal da coluna de alvenaria (Am).
b' 2 + d ' 2
kH = 1 −
3.Am
359
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Quando o reforço com FRP for descontínuo, com lâminas de largura (bf) e espaçamento
centro a centro entre as mesmas (pf), é utilizado o coe¿ciente de e¿ciência vertical, dado por:
2
⎛ ρf ⎞
kv = ⎜1 − ⎟
⎝ 2.min {b,d } ⎠
Para envolvimento em espiral a e¿ciência do sistema FRP deve ser reduzida pelo coe¿-
ciente (ka).
1
ka =
1 + tg 2α f
360
Capítulo 8 - Reforço de Alvenarias à Flexão e ao Corte com Tecidos, Laminados e Barras de FRP
2
⎡ 1 ⎛ n −1 d n −1 b 3 ⎞⎤ ⎛ ρb ⎞
kef = k H .kV = ⎢1 − ⎜ 2. bx 2 . + 2. by 2 . + ⎟ ⎥ . ⎜1 −
⎣⎢ 6 ⎝ nbx b nby d nbx .nby ⎠ ⎦⎥ ⎝ 2.min {b,d } ⎟⎠
2
⎛ 1 4.n − 1 ⎞ ⎛ ρ ⎞
kef = k H .kV = ⎜1 − . b2 ⎟ . ⎜1 − b ⎟
⎝ 6 nb ⎠ ⎝ 2.b ⎠
361
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
No primeiro caso, as vergas são capazes de funcionar como uma viga e absorverem ten-
sões de tração, garantindo o equilíbrio da parede. No segundo caso, o suporte para a
parede acima da abertura deve ser garantida pela formação de um elemento de alvenaria
localizado exatamente acima da abertura, onde as tensões de tração são conduzidas para
fora pela aplicação de sistema de reforço com FRP. Nesse caso, a condição de equilíbrio
será provavelmente alcançada após uma movimentação signi¿cativa aparecer na alvena-
ria situada acima do elemento reforçado.
O reforço com FRP deve ser colocado na parte inferior da verga, não devendo nunca, a
menos de uma justi¿cativa apropriada, ser instalado nas laterais das paredes de alvenaria.
Para que seja garantido o funcionamento adequado da verga, o sistema FRP deverá ser
apropriadamente ancorado nas paredes de alvenaria adjacentes.
A parte da verga reforçada com FRP deve possuir uma capacidade à Àexão de¿nida por
(Mrd) maior que o momento aplicado (Msd), que terá como valor,
1
Msd = γ G . .g.t.l 3 onde,
24
qa a carga vertical de projeto que atua na verga, no estado limite último (a soma majorada
das cargas permanentes e acidentais incidentes).
hv o braço interno do binário mostrado na Figura 8.22, que não pode ser tomado maior que
(l) e maior do que a altura (h).
362
Capítulo 8 - Reforço de Alvenarias à Flexão e ao Corte com Tecidos, Laminados e Barras de FRP
FotograĮa 8.7 – Barra inserida em ranhura da alvenaria sendo resinada (esquerda); reforço de alvenaria com lâminas
de FRP aderidas externamente (direita).
363
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
FotograĮa 8.8 – Ranhura verƟcal em alvenaria sendo resinada para receber a barra (esquerda); barra de FRP sendo
inserida sob pressão na ranhura já resinada (direita).
364
CAPÍTULO 9
365
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
A si x si
x ci x LN
LN
y si
y ci
h
A ci
Para cada valor de ( xLN ) também se determinam os valores de (εsi ) e ( si ) para cada bar-
ra (Asi). A contribuição da armadura será fornecida por:
Nds = ∑ Asi .σ si
Mds = ∑ Asi .σ si .y si
( ) ( )
Se σ si > 0 temos compressão no aço e se σ si < 0 temos tração no aço.
O domínio é de¿nido pela posição da linha neutra na seção. De modo geral são avaliadas
as seguintes localizações da linha neutra ( xLN ) quando se elabora um programa automáti-
co para o cálculo dessas seções:
– xLN < h ⇒ para essa região considerar o maior número possível de iterações para
que se garanta uma maior precisão para os resultados.
– h ≤ xLN ≤ 2h ⇒ considerar um número não tão grande de iterações quanto o caso
anterior pois trata-se de uma ocorrência usualmente bem menos frequente.
– 2h < xLN ≤ 3h ⇒ considerar apenas um pequeno número de iterações por ser
uma solução muito pouco frequente.
– xLN = ∞ ⇒ considerar apenas uma única iteração, por se tratar de um caso parti-
cular com solução única.
Md = 0
Para o caso em que ( xLN ≤ x2L ) , domínio 2, têm-se as seguintes relações de deforma-
ções, conforme mostrado na ¿gura 9.3:
366
Capítulo 9 - Reforço de Elementos Circulares ou em Coroa Circular com FRP
c,max.
x ci ou x si
x LN
LN
s =1%
ε s,max . = 1,00%
ε c,max . 1% ε ci ε si
= = =
xLN d − xLN xLN − xci xLN − xsi
No domínio 3, onde ( x2L ≤ xLN ≤ x3L ) , temos que, conforme Figura 9.4:
ε c,max . = 0,35%
0,35% ε ci ε si
= =
xLN xLN − xci xLN − xsi
c,max. =0,35%
x LN
LN
ε c,max . = 0,35%
367
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
0,20% ε ci ε si
= =
3
xLN − x xLN − xci xLN − xsi
7
Md = 0
c,max. f c = 0,85f cd
0,20%
h
si
c,min.
x LN > h
σ c,max . σ ci α e .σ si
= =
xLNII xLNII − xci xLNII − xsi
onde ( xLNII ) é a profundidade da linha neutra no Estádio II.
368
Capítulo 9 - Reforço de Elementos Circulares ou em Coroa Circular com FRP
Es
αe = , relação entre os módulos de elasticidade do aço e do concreto.
Ec,s
Es x − xci
αe = σ ci = LNII σ c,max .
Ec,s xLNII
xLNII − xsi
σ si = σ c,max .
xLNII
⎡ x − xci x − xsi ⎤
Nserviço = ⎢ ∑ Aci LNII + ∑ Asi LNII ⎥ σ c,max .
⎣ x LNII x LNII ⎦
Nserviço = α N .σ c,max .
⎡ x − xci x − xsi ⎤
Mserviço = ⎢ ∑ Aci LNII y ci + ∑ Asi LNII y si ⎥ σ c,max .
⎣ x LNII x LNII ⎦
A ci
c,max.
x ci
x LNII
x si LN ci
si, e
A si
369
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Então, σ
Nserviço
c,max . =
αN
Nserviço αM
Mserviço = α M . = N
αN α N serviço
α M Mserviço
=
α N Nserviço
O valor de ( xLNII ) que satisfaz o par (Nserv ) e (Mserv ) é determinado quando se satisfaz
a relação acima.
No Estádio II, que é elástico, uma vez conhecida a profundidade da linha neutra ( xLNII )
( )
tem-se o valor de ε c,max . , obtido da Figura 9.7.
ε c,max . ε ci ε si
= = e, σ c,max . = Ec,s .ε c,max .
xLNII xLNII − xci xLNII − xsi
( )
Adota-se, ¿nalmente, ε cf ,serviço = ε ci como a deformação prévia da ¿bra de carbono.
c,max.
ci
x LNII
LN
si
( )
Para ε cf ,serviço < 0 a ¿bra de carbono está tracionada.
Para (ε cf ,serviço > 0 ) a ¿bra de carbono está comprimida.
370
Capítulo 9 - Reforço de Elementos Circulares ou em Coroa Circular com FRP
Como a ¿bra de carbono só trabalha à tração, para que a aplicação da mesma seja efetiva
deve-se ter a linha neutra no estado limite último dentro da seção, ou seja: (0 ≤ x < h)
( )
Para cada valor de ( xLN ) teremos ε ci = ε fi ,d , estando assim determinados os pares de
( ) ( )
ε fi ,serviço e ε fi ,d .
( ) (
Se ε fi ,d > 0 , ou seja, compressão, dessa forma tem-se σ fi = 0 . )
Se (ε fi ,d < 0 ) , ou seja, tração, duas situações distintas podem ocorrer:
- ε fi ,d < ε fi ,serviço ⇒ ε fi = ε fi ,d − ε fi ,serviço
-ε
fi ,d > ε fi ,serviço ⇒ ε fi = 0 ⇒ σ fi = 0
Md ,fi = Afi .σ fi .y fi ,d
371
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Com base na variação da posição da linha neutra são determinados iterativamente, para
cada posição prevista, os valores da força normal e o momento Àetor resistente da seção.
Quando o valor de (N) encontrado se igualar ao valor de (N) introduzido no início do cálcu-
lo ¿ca conhecido o momento resistente da seção devido à contribuição dos três materiais
estruturais envolvidos, o concreto, o aço e a ¿bra de carbono.
A adaptação do procedimento computacional para o cálculo de uma seção circular é bas-
tante simples, bastando fazer o valor de Ri = 0, simpli¿cando-se os procedimentos de cál-
culo, como pode ser visto na Figura 9.10.
Da mesma forma, como mostrado no reforço à Àexão de vigas de seção retangular e seção
“T”, a delaminação do cobrimento ou o descolamento do sistema FRP pode ocorrer se os
esforços que estiverem ocorrendo nas ¿bras não puderem ser absorvidos pelo substrato
do concreto.
Dessa maneira, com o objetivo de nos prevenirmos do descolamento do laminado de FRP
em seções em coroa circular ou circulares submetidas a esforços de Àexão a mesma limi-
tação deve ser introduzida ao nível de deformação de-senvolvida no laminado.
As equações (a) e (b) fornecem as expressões que determinam o coe¿ciente (km), estabe-
lecido em função da cola:
372
Capítulo 9 - Reforço de Elementos Circulares ou em Coroa Circular com FRP
onde,
n número de camadas do reforço com FRP.
Efc módulo de elasticidade do FRP (MPa).
tfc espessura de uma camada do sistema FRP (mm).
ξ fcu deformação de ruptura do reforço com FRP (mm/mm).
O coe¿ciente (km) de¿nido acima tem um valor inferior a (0,90) e deve ser multiplicado pela
deformação de ruptura do laminado de FRP para se de¿nir uma limitação de deformação
que previna o descolamento.
O número (n) utilizado nas expressões (a) e (b) é o número de camadas do reforço com
FRP à Àexão na posição, ao longo do desenvolvimento longitudinal do sistema, onde a
resistência ao momento Àetor esteja sendo considerado. A expressão reconhece que lami-
nados com maiores espessuras são mais predispostos à delaminação. Dessa forma, à me-
dida que a espessura do laminado cresce, as limitações de deformação máxima admissível
vão se tornando mais rigorosas. Para laminados com espessura unitária (n.Efc.tfc) maior do
que 180.000 N/mm o coe¿ciente (km) limita a força a ser desenvolvida no laminado em
oposição ao nível de deformação.
Esse coe¿ciente efetivamente estabelece um limite superior para a força total que pode ser de-
senvolvida em um laminado de FRP, levando em consideração o número de camadas utilizadas.
O coe¿ciente (km) é baseado exclusivamente numa tendência observada da experiência
daqueles que elaboram projetos com sistemas compostos aderidos externamente.
Evidentemente quando se for dimensionar o reforço das seções circulares (e coroas circu-
lares) simultaneamente para Àexão e para o aumento da capacidade axial das peças por
con¿namento esse cuidado não se aplica, uma vez que o con¿namento do concreto suprirá
373
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
LÂMINAS DE FIBRA
DE CARBONO PARA
CONFINAMENTO
ARMADURA
EXISTENTE
LÂMINAS DE FIBRA
DE CARBONO PARA
REFORÇO À FLEXÃO
Apenas para demonstrar como essa metodologia pode ser utilizada, apresenta-se um
exemplo de reforço de uma estrutura de concreto armado pré-moldada em coroa circular.
Exemplo 9.1: Um poste de telefonia celular em concreto armado com a seção em coroa
circular, conforme mostrado na Figura 9.12, tem as seguintes características:
– Resistência do concreto, fck = 45 MPa;
– Diâmetro externo da coroa circular De = 60 cm; diâmetro interno da coroa circular
Di = 30 cm;
– Profundidade do centro de gravidade da armadura d’= 4,5 cm;
– A seção está armada com 25 barras de diâmetro 32 mm, aço CA-50.
y
As=25 Ø 32
d'=4,5cm
Di=30cm
De=60cm
374
Capítulo 9 - Reforço de Elementos Circulares ou em Coroa Circular com FRP
Deseja-se determinar o reforço necessário com lâminas de ¿bra de carbono para que a
seção suporte uma solicitação de Àexão normal composta com Nd = 16,9 tf e Md = 229 tf.m.
Fibra de carbono: Ef = 228 GPa; ε f = 1,7 %; tf = 0,165 mm.
Admitir para o reforço coe¿cientes adicionais de minoração para o aço e para a ¿bra de car-
bono de 0,85. O cálculo será baseado na metodologia apresentada considerando a divisão
da seção da coroa circular para a iteração da seguinte maneira:
h ≤ xLN ≤ 2h 50 posições
xLN = ∞ 1 posição
375
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
A abertura estimada das ¿ssuras de tração decorrente dos esforços solicitantes atuantes
são apresentadas a seguir:
Abertura estimada de ¿ssura: wk= 0,279 mm
376
Capítulo 9 - Reforço de Elementos Circulares ou em Coroa Circular com FRP
De acordo com os resultados da primeira tabela veri¿camos que a seção em coroa circular
existente não tem condições de resistir ao momento Àetor recomendado uma vez que o
seu valor máximo está situado entre 145,0 tf.m e 145,6 tf.m (o valor correto deve ser inter-
polado a partir da segunda e terceira linhas da coluna RNCS).
Da análise da segunda tabela veri¿camos que o momento máximo resistente com a ado-
ção de uma camada de ¿bra de carbono varia entre 202,8 tf.m e 199,5 tf.m, conforme indi-
cado na coluna RMTRed (o valor correto deve ser interpolado a partir da segunda e terceira
linhas da coluna RNTF), ambos inferiores ao valor do momento de reforço de 207,9 tf.m.
Da análise da terceira tabela veri¿camos que o momento máximo resistente com a ado-
ção de duas camadas de ¿bra de carbono varia entre 215,1 tf.m e 210,0 tf.m, conforme
indicado na coluna RMTRed (o valor correto deve ser interpolado a partir da segunda e
terceira linhas da coluna RNTF), ambos superiores ao valor do momento Àetor pedido para
o reforço, de 207,9 tf.m.
A solução de reforço seria, portanto, a adoção de 2 camadas de ¿bras de carbono. Se não
existisse a restrição de considerar o aço com o fator de redução de 0,85 a solução poderia
ser com uma camada de ¿bra de carbono, conforme os valores indicados na segunda e
377
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
terceira linhas da coluna RMT(o valor correto deve ser interpolado a partir da segunda e
terceira linhas da coluna RNCS).
Adotando-se 2 camadas de ¿bras de carbono, o momento resistente da seção em coroa
circular estudada seria o seguinte, feitas as necessárias interpolações:
Temos então,
33,0 ĺ -5,1
17,1 ĺ x, donde x = -2,643 tf.m
Deverão ser adotadas 2 camadas de ¿bras de carbono para o reforço considerado para a
seção em coroa circular.
O grá¿co da Figura 9.13 mostra a evolução da resistência do reforço em função do número de
camadas de ¿bra de carbono aplicada considerando-se duas condições distintas de projeto:
– reforço considerando-se o aço trabalhando com toda a sua resistência e a ¿bra de
carbono com fator de minoração de 0,85.
– reforço considerando-se o aço e a ¿bra de carbono trabalhando com fator de mi-
noração de 0,85.
378
Capítulo 9 - Reforço de Elementos Circulares ou em Coroa Circular com FRP
Pode ser observado que à medida que se aumenta o número de camadas de ¿bras de carbono
o momento resistente do reforço torna-se assintótico em função da e¿ciência da matriz epoxí-
dica, que diminui à medida que a sua espessura é aumentada pelas camadas adicionadas. A
prática indica que após cinco camadas aplicadas de ¿bra de carbono para atender solicitações
de Àexão raramente se consegue aumento na capacidade resistente da peça reforçada.
A Figura 9.14 indica a sugestão de reforço da seção em coroa circular com 2 camadas de
¿bras de carbono.
Analisemos, agora o mesmo poste do exemplo anterior, considerando uma seção circular
em substituição da seção em coroa circular.
Exemplo 9.2: Um poste de telefonia celular, de concreto armado com a seção circular tem
as seguintes características:
– Resistência do concreto, fck = 45 MPa.
– Diâmetro externo da coroa circular De = 60 cm (Di = 0).
– Profundidade do centro de gravidade da armadura d’ = 4,5 cm.
– A seção está armada com 25 barras de diâmetro 32 mm, aço CA-50.
Deseja-se determinar o reforço necessário com lâminas de ¿bra de carbono para que a
seção suporte uma solicitação de Àexão normal composta com N = 16,9 tf e M = 229 tf.m.
Admitir para o reforço coe¿cientes adicionais de minoração para o aço e para a ¿bra de
carbono de 0,85.
379
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
380
Capítulo 9 - Reforço de Elementos Circulares ou em Coroa Circular com FRP
381
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Deve-se, portanto, ser levado em consideração quando da avaliação das seções em coroa
circular de concreto a inÀuência da espessura do anel relativamente à e¿ciência do reforço.
⎛ Di ⎞
Observa-se que a relação ⎜ ⎟ tem uma inÀuência muito grande na intensidade do reforço
⎝ De ⎠
que pode ser agregado pela ¿bra de carbono.
Apenas para análise comparativa, apresenta-se a mesma seção do problema anterior para
a qual serão determinados os valores agregados pelo reforço com ¿bras de carbono consi-
derando-se para a mesma o diâmetro externo, a seção da armadura transversal e sua pro-
fundidade e as características mecânicas do concreto constantes, variando-se a relação
⎛ Di ⎞
entre os diâmetros interno e externo ⎜ ⎟ .
⎝ De ⎠
Exemplo 9.3: Um poste de telefonia celular de concreto armado, com a seção em coroa
circular tem as seguintes características:
– Resistência do concreto, fck = 45 MPa;
– Diâmetro externo da seção De = 60 cm ; diâmetro interno da seção com valores
variando para as seguintes relações: (Di = 0,4 De), (Di = 0,5 De), (Di = 0,6 De), (Di
= 0,7 De) e (Di = 0,8 De).
Comparar o resultado obtido com uma seção circular de mesmo diâmetro externo e igual-
mente armada.
– Profundidade do centro de gravidade da armadura d’= 4,0 cm.
– A seção está armada com 23 barras de diâmetro 25 mm, aço CA-50.
Deseja-se determinar o reforço necessário com lâminas de ¿bra de carbono para que a seção
suporte uma solicitação de Àexão normal composta com N = 20,0 tf e M = 100,0 tf.m. Admitir o
aço e a ¿bra de carbono trabalhando em sua totalidade (coe¿ciente de minoração 1,00).
Os resultados são apresentados no grá¿co da Figura 9.16, onde pode ser observada a
variação decorrente das veri¿cações indicadas no exemplo.
382
Capítulo 9 - Reforço de Elementos Circulares ou em Coroa Circular com FRP
FotograĮa 9.1 – ConĮnamento por FRP de uma seção circular com a uƟlização do equipamento denominado de
“Įlament winding”.
383
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
FotograĮa 9.2 – Aplicação de camada de FRP para o conĮnamento da seção circular (projeto dos autores premiado no ICRI).
384
Capítulo 9 - Reforço de Elementos Circulares ou em Coroa Circular com FRP
FotograĮa 9.4 – Abertura de “rasgo” para permiƟr a saída do vapor intersƟcial interno em aplicação de reforço à
Ňexão em coluna circular (não usar este procedimento no FRP de conĮnamento – ver capítulo 6).
385
CAPÍTULO 10
387
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Um dos modos mais característicos e críticos de colapso são aqueles em que se observa a rup-
tura das colunas em decorrência do esforço cortante, sendo produzidas trincas inclinadas, fen-
dilhamento do concreto, escoamento e mesmo a ruptura dos estribos da armadura transversal.
Para que seja prevenida uma ruptura frágil, as colunas têm que possuir uma capacidade
resistente ao cortante garantida em suas extremidades, regiões onde ocorrem potencial-
mente as rótulas plásticas, e onde normalmente o concreto tem a sua capacidade resis-
tente ao cisalhamento degradada com o aumento da demanda de ductilidade. Também na
porção central das colunas, situada entre as rótulas plásticas de extremidade projetadas
ou desenvolvidas, essa manifestação ocorre.
Outro modo de ruptura bastante comum consiste na perda de con¿namento do concreto
na região da rótula plástica, onde subsequentemente à ruptura por Àexão o cobrimento
do concreto se destaca e fendilha, deslocando as armaduras longitudinais e provocando
a ruptura por compressão do concreto, iniciando a deterioração da rótula plástica, normal-
mente limitada a pequenas regiões da coluna, conforme mostrado na Fotogra¿a 10.1.
Muitas vezes acontece de a ruptura ser decorrente da perda de adesão nos traspasses das
armaduras longitudinais. A degradação da capacidade resistente pode ocorrer rapidamen-
te em elementos com baixa ductilidade à Àexão nos casos onde ocorrem traspasses de
comprimento insu¿ciente e inadequado con¿namento do concreto.
Rupturas por cortante também podem ocorrer nos elementos horizontais (vigas) próximas
às regiões de rótulas plásticas, mas também em elementos verticais (colunas) em decor-
rência de insu¿ciente capacidade resistente à Àexão em ambas as faces das mesmas tanto
na face superior como na face inferior das vigas, conforme mostrado na Fotogra¿a 10.2.
388
Capítulo 10 - Reforço das Estruturas de Concreto Existentes com Sistemas FRP
para a Prevenção dos Efeitos Sísmicos
389
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
390
Capítulo 10 - Reforço das Estruturas de Concreto Existentes com Sistemas FRP
para a Prevenção dos Efeitos Sísmicos
Para cada uma dessas cinco zonas sísmicas temos os seguintes valores da aceleração
horizontal, para terrenos classe B (rochas), conforme mostrado na tabela 10.1.
391
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
o deslocamento elástico dos pilares e/ou fundações. Para a avaliação dessas ações nas
estruturas de concreto armado torna-se necessário um adequado estudo da ordem de
grandeza dos deslocamentos produzidos através de análises especí¿cas e adequadas.
A norma NBR-15421 permite que essa análise seja feita a partir de procedimentos que con-
sideram, de maneira simpli¿cada, a atuação de forças horizontais equivalentes às ações
sísmicas e que serão avaliadas de modo muito semelhante aos adotados para a conside-
ração do efeito dos ventos nas estruturas, o que facilita, sobremaneira, essa avaliação.
Ou seja, os efeitos dinâmicos produzidos pelos sismos podem ser transformados em um
procedimento “estático equivalente”.
O objetivo do projeto estrutural visando a adequação das estruturas de concreto armado
às solicitações sísmicas, tendo em vista que nunca se sabe qual é a maior intensidade
possível dos efeitos destruidores desses fenômenos naturais, é procurar se alcançar, pelo
menos, os níveis de segurança indicados abaixo:
– que as estruturas resistam a terremotos de intensidade leve sem quaisquer seque-
las estruturais;
– que as estruturas resistam a terremotos de intensidade moderada com danos es-
truturais não muito signi¿cativos (ou insigni¿cantes), ou com danos não estruturais
dentro de certos limites aceitáveis;
– que as estruturas não entrem em colapso total quando da ocorrência de sismos de
grande intensidade (severos).
De modo geral, a principal preocupação quanto aos danos produzidos pelos sismos se
refere àquelas estruturas consideradas essenciais para a manutenção da ordem e dos
serviços necessários ao bem-estar da população, objetivando que elas permaneçam em
condições de funcionamento. Essas edi¿cações, de modo geral, são os hospitais, centros
de saúde, quartéis do corpo de bombeiros e das forças armadas, aeroportos, escolas, etc.
Dentro dessa prioridade, as edi¿cações são classi¿cadas, segundo sua importância, como
mostrado abaixo:
– Grupo A: edi¿cações importantíssimas (quartéis de bombeiros, hospitais, usinas
elétricas, terminais de transporte, etc.);
– Grupo B: habitações, hotéis, habitações e comércio;
– Grupo C: edi¿cações de baixa importância;
O terreno de fundação deve ser caracterizado através dos valores fornecidos na Tabela
10.2, associados aos valores numéricos dos parâmetros geotécnicos médios avaliados
nos 30 metros superiores do terreno. Se a velocidade de propagação da onda (Vs ) não for
392
Capítulo 10 - Reforço das Estruturas de Concreto Existentes com Sistemas FRP
para a Prevenção dos Efeitos Sísmicos
n n
Vs =
∑ i =1di N=
∑ i =1di
n d n d
∑ i =1 V i ∑ i =1 Ni
si i
Sendo,
CLASSE DO TERRENO
Classe do Designação da Propriedades médias para os 30 m superiores do terreno
Terreno Classe do Terreno Vպ s Nࡄ
A Rocha sã Vպ s 1500 m/s (não aplicável)
B Rocha 1500 m/s Vպ s 760 m/s (não aplicável)
Rocha alterada ou
C 760 m/s Vպ s 370 m/s Nࡄ 50
solo muito rígido
D Solo rígido 370 m/s Vպ s 180 m/s 50 Nࡄ 15
Solo mole Vպ s 180 m/s Nࡄ 15
E
----- Qualquer per¿l incluindo camada com mais de 3 m de argila mole
Solo exigindo avaliação especí¿ca como:
1 - Solos vulneráveis à ação sísmica, como solos liquefa-
zíveis, argilas muito sensíveis e solos colapsíveis fraca-
F ----- mente cimentados.
2 - Turfa ou argilas muito orgânicas.
3 - Argilas muito plásticas.
4 - Estratos muito espessos ( 35 m) de argila mole ou média.
393
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
agso = Ca .ag
ags1 = Cv .ag
agso e ags1 - são as acelerações espectrais para os período de 0,0 s e 1,0 s, respectiva-
mente, já considerado o efeito da ampliação sísmica do solo.
Ca ⎛ Ca ⎞
Sa (T ) = agso (18,75.T . +1,0 ) para ⎜⎝ 0 ≤ T ≤ 0,08. C ⎟⎠
Cv v
⎛ Ca C ⎞
Sa (T ) = 2,5.agso para ⎜ 0,08. ≤ T ≤ 0,40. a ⎟
⎝ Cv Cv ⎠
ags1
Sa (T ) = para ⎛T ≥ 0,40. Ca ⎞
T ⎜⎝ Cv ⎟⎠
Quando for necessário de¿nir um espectro para acelerações verticais, as acelerações des-
te espectro podem ser tomadas como 50% das acelerações correspondentes de¿nidas nos
espectros para acelerações horizontais.
394
Capítulo 10 - Reforço das Estruturas de Concreto Existentes com Sistemas FRP
para a Prevenção dos Efeitos Sísmicos
Para cada estrutura é de¿nida uma categoria sísmica, em função de sua zona sísmica,
conforme Tabela 10.4.
Zona sísmica Categoria sísmica
Zonas 0 e 1 A
Zona 2 B
Zonas 3 e 4 C
Para as estruturas localizadas na zona sísmica 0 não é exigido nenhum requisito de resis-
tência sísmica. Da análise da ¿gura 10.2 pode-se observar que a maior parte do território
brasileiro se enquadra nessa zona.
As estruturas localizadas na zona sísmica 1 devem apresentar sistemas estruturais resis-
tentes a forças sísmicas horizontais em duas direções ortogonais, inclusive com meca-
nismo de resistência a esforços de torção. Devem resistir a cargas horizontais aplicadas
simultaneamente a todos os pisos e independentemente em cada uma de duas direções
ortogonais, com valor numérico:
Fx = 0,01.w x onde,
Fx é a força sísmica de projeto correspondente ao piso x.
395
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
As estruturas de categoria sísmica B e C podem ser analisadas pelo método das forças
horizontais equivalentes3, ou por processos mais rigorosos4.
A força horizontal total na base da estrutura em uma determinada direção é expressa por:
H = Cs .W onde,
Cs coe¿ciente de resposta sísmica.
W peso da estrutura determinado conforme estabelecido em 8.7.2:
“Os pesos a serem considerados nas análises devem considerar as cargas permanentes
atuantes, incluindo o peso operacional de todos os equipamentos ¿xados na estrutura e
dos reservatórios de água. Nas áreas de armazenamento e estacionamento deve-se incluir
25% da carga acidental”.
⎛ agso ⎞
2,5. ⎜ a.
⎝ g ⎟⎠
Cs =
⎛ R⎞
⎜⎝ ⎟⎠
I
agso aceleração espectral para o período 0,0 s (já considerando o efeito da ampli¿cação
sísmica no solo, conforme indicado na de¿nição do espectro de resposta de projeto).
I fator de importância de utilização ( tabela 4, pag. 11 da NBR 15421:2006).
R coe¿ciente de modi¿cação de resposta ( tabela 6, páginas 13 e 14 da NBR 15421:2006).
O coe¿ciente de resposta sísmica não precisa ser maior que:
⎛ ags1 ⎞
2,5. ⎜ a.
⎝ g ⎟⎠
Cs =
⎛ R⎞
⎜⎝ ⎟⎠
I
396
Capítulo 10 - Reforço das Estruturas de Concreto Existentes com Sistemas FRP
para a Prevenção dos Efeitos Sísmicos
O período natural (T) da estrutura pode ser obtido por um processo de extração modal, que
leve em conta as características mecânicas e a massa da estrutura.
O período avaliado desta forma não poder ser maior que o produto do coe¿ciente de limita-
ção do período (Cup ), de¿nido na tabela seguinte em função da zona sísmica interessada,
pelo período natural aproximado da estrutura (Ta,).
Ta = CT .hnx
397
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Para os elementos dos pórticos resistentes aos esforços laterais decorrentes dos sismos
e também aos esforços de Àexão decorrentes dos diversos carregamentos atuantes (ge-
ralmente as vigas horizontais dos pórticos dúcteis destinados a resistir às ações sísmicas)
devem ser satisfeitas as seguintes condições:
deve exceder ⎛⎜ Ac .f 'c ⎞⎟ . Excedido esse valor o membro deve ser considerado como
⎝ 10 ⎠
uma coluna ou parede estrutural, dependendo essa última classi¿cação das ca-
racterísticas geométricas tanto do elemento considerado como dos elementos a
ele unidos;
– o comprimento (vão livre) do elemento não deve ser inferior a no mínimo quatro
vezes a sua altura efetiva (Hl ≥ 4.h ) . A limitação referente à relação entre a altura
livre e a altura útil é decorrente da evidência experimental de que membros contí-
nuos, pouco esbeltos, têm um comportamento sensivelmente diferente do das vi-
gas esbeltas quando submetidos a deslocamentos alternantes dentro do domínio
não linear, ver Figura 10.3;
398
Capítulo 10 - Reforço das Estruturas de Concreto Existentes com Sistemas FRP
para a Prevenção dos Efeitos Sísmicos
⎛b ⎞
– a relação entre a largura e a altura não deve ser inferior a 0,30 ou seja, ⎜⎝ h ≥ 0,30 ⎟⎠ .
A limitação geométrica da largura máxima foi estabelecida para que seja assegurada
uma transferência efetiva dos momentos, ver Figura 10.4. Em lajes tipo cogumelo (sem
vigas) utilizadas muito comumente em pórticos dúcteis, essa disposição tem como ob-
jetivo limitar a região disponível para a transferência dos momentos;
– a largura não deve ser menor que 25 cm ou maior que a largura do membro supor-
tante, medida no plano perpendicular ao eixo longitudinal do membro submetido
à Àexão, mais larguras excedentes em cada lado do membro suportante não su-
periores a três quartos da altura do membro Àexionado em cada lado, conforme
Figuras 10.5 e 10.6.
Relativamente ao nível de armação o ACI-318 recomenda, para as armaduras longitudinais:
– em qualquer seção do membro Àexionado, excetuando-se as armaduras dimen-
sionadas para o topo ou para o pé das barras, a seção transversal de armadura
⎛ 200.bw .d ⎞
não deve ser inferior a ⎜ ⎟ e a sua densidade não pode exceder 0,025, ou
⎝ fy ⎠
⎛ ⎞
seja, ⎜ ρ = As ≤ 0,025 ⎟ , sendo obrigatória a existência de pelo menos duas barras
⎝ Ac ⎠
contínuas de armação em cada face do elemento se estendendo desde o seu pé
até o seu topo. Dispor de uma armadura de compressão mesmo quando não indi-
cada pelo cálculo tem por objetivo aumentar a ductibilidade da rotação em todas
as seções ao redor do membro, sendo esse aumento de armação mais desejável
ainda nas seções próximas aos apoios, mais suscetíveis de desenvolverem defor-
mações além da região elástica quando da ocorrência de um sismo. A limitação da
densidade máxima de armação tem como objetivo principal evitar o congestiona-
mento de armaduras mais do que qualquer outra razão, embora seja uma forma
indireta de limitar o valor da força cortante em vigas de proporções normais.
399
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
– a resistência ao momento Àetor positivo na face da união (nó) não deve ser infe-
rior à metade do valor do momento negativo produzido na mesma. A resistência
mínima garantida para o momento Àetor positivo ou negativo em qualquer seção
ao longo da extensão do membro não deve ser inferior à quarta parte do valor do
momento máximo produzido na face de qualquer junta;
– emendas por traspasse da armadura de Àexão somente serão permitidas se os es-
tribos (ou espiras) forem reforçados ao longo da emenda. O espaçamento máximo
da armadura transversal que envolve a região de traspasse das barras longitudi-
⎛d⎞
nais não pode exceder 10 cm ou ⎜ ⎟ . As emendas por traspasse não podem ser
⎝ 4⎠
utilizadas dentro das juntas (nós), a uma distância de duas vezes a altura do elemento
contado a partir da face da junta e em locais onde possa ocorrer o escoamento da
armadura de Àexão em função dos esforços produzidos por deslocamentos laterais
inelásticos do pórtico. Estas recomendações estão mostradas na Figura 10.7.
400
Capítulo 10 - Reforço das Estruturas de Concreto Existentes com Sistemas FRP
para a Prevenção dos Efeitos Sísmicos
401
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
estão solicitadas pela ação de cargas gravitacionais. Essas armaduras devem ser capazes
de resistir à força cortante máxima que pode ser produzida na peça quando a mesma for
submetida a deslocamentos não elásticos tendo, além disso, que promover o con¿namento
do concreto naquelas regiões onde são antecipadas ações inelásticas importantes, ob-
jetivando alcançar-se uma maior capacidade de deformação. Estudos experimentais de-
monstram que elementos de concreto armado submetidos a cargas alternadas dentro do
domínio não linear necessitam de uma armadura transversal maior daquela necessária
para cargas monotônicas quando se deseja, para ambos os casos, que o elemento entre
em colapso por Àexão e não por esforço cortante. O aumento de armadura transversal é
bem mais pronunciado caso não exista força axial solicitando o elemento. Esta é uma das
razões pela qual foi suprimida a contribuição do concreto para a resistência ao esforço
cortante nas peças fracamente solicitadas por esforços axiais e onde, além disso, a for-
ça cortante produzida pelo efeito sísmico é igual ou maior que a força cortante isostática
originada pela carga vertical majorada. Chamamos a atenção do leitor que não deve ser
interpretado que o concreto da seção do elemento não seja importante para resistir ao es-
forço cortante. Pelo contrário, o fenômeno resistente poderia ser descrito como se fosse o
concreto do núcleo que resiste à força cortante, sendo a função da armadura transversal
promover o con¿namento desse núcleo de concreto de forma a torná-lo capaz de resistir
ao esforço cortante.
402
Capítulo 10 - Reforço das Estruturas de Concreto Existentes com Sistemas FRP
para a Prevenção dos Efeitos Sísmicos
Os principais objetivos dessas recomendações são reforçar o que foi dito acima, é o de
con¿nar o núcleo de concreto e manter a condição de suporte lateral para as barras longi-
tudinais da armadura nas regiões onde o escoamento do aço por tração é esperado.
São recomendadas disposições construtivas especiais para os estribos situados nessas
regiões, principalmente a conformação dos ganchos dos mesmos, que devem estar inseri-
dos nos núcleos dos membros, como mostrado na Figura 10.10.
O primeiro estribo não pode estar afastado mais do que 5 cm da face do apoio e o seu espa-
çamento não pode exceder a ⎛⎜ d ⎞⎟ e/ou oito vezes o menor diâmetro das barras longitudinais
⎝ 4⎠
e/ou 24 vezes o diâmetro da barra do estribo e/ou 30 cm, como indicado na Figura 10.11.
Onde os estribos forem necessários as barras longitudinais no perímetro deverão ter su-
porte lateral adequado5, conforme indicado na Figura 10.12.
Os estribos situados nos membros Àexionados podem ser constituídos por duas peças dis-
tintas, a primeira formada por um estribo com ganchos dimensionados para efeitos sísmi-
cos nas duas extremidades, sendo essa peça envolvida por uma segunda barra contínua
5 - ACI-318 – 7.10.5.3.
403
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
que tenha um gancho dimensionado para efeitos sísmicos em uma das suas extremidades
e o outro gancho com pelo menos 90o de curvatura e com pelo menos seis diâmetros da
barra longitudinal de comprimento.
Os ganchos devem ser ¿xados nas barras longitudinais periféricas. Os ganchos a 90o de
dois desses estribos contínuos consecutivos que se ¿xarem em uma mesma barra longitu-
dinal devem ser alternados, conforme as Figuras 10.13 e 10.14.
404
Capítulo 10 - Reforço das Estruturas de Concreto Existentes com Sistemas FRP
para a Prevenção dos Efeitos Sísmicos
No restante do elemento, onde os ganchos não são mais necessários, estribos com gan-
chos sísmicos deverão também ser utilizados, com espaçamento não maior que ⎛⎜ d ⎞⎟ .
⎝ 2⎠
A Figura 10.14 mostra como deve ser a armação transversal do elemento com a utilização
dos ganchos sísmicos. Observar a alternância entre as extremidades dos estribos relativa-
mente aos ganchos da barra suplementar.
A força cortante de projeto (Ve) deve ser determinada a partir da consideração das forças
estáticas na parte do membro entre as faces das juntas.
Deve ser assumido que momentos de sinais contrários, correspondentes ao provável mo-
mento resistente (Mpr) estarão atuando nas faces das juntas e que os membros estarão
carregados com cargas gravitacionais adicionais ao longo dos seus vãos.
Na determinação da força lateral equivalente, representativa dos esforços sísmicos nos
tipos de pórticos considerados, é assumido que os membros dos pórticos irão dissipar a
energia num intervalo de resposta não linear. A menos que o membro do pórtico possua
uma resistência que seja múltipla de 3 a 4 vezes as forças de projeto deve ser assumido
que ele irá escoar na ocorrência de um terremoto de grande intensidade.
405
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
A força cortante de projeto deve ser uma aproximação muito boa do valor máximo do cor-
tante que pode ser desenvolvido em algum membro.
Entretanto, a resistência necessária ao cortante para os membros dos pórticos tem como
referência as resistências à Àexão de projeto do membro mais ainda as forças cortantes
majoradas indicadas pela análise dos carregamentos laterais, conforme indicado nas Figu-
ras 10.15 e 10.16 .
M pr1 + M pr 2 W
Para vigas de pórticos temos: Ve = ±
L 2
M pr1 + M pr 2
Para colunas temos: Ve =
H
406
Capítulo 10 - Reforço das Estruturas de Concreto Existentes com Sistemas FRP
para a Prevenção dos Efeitos Sísmicos
6
∑ Me ≥ 5 ∑ Mg , onde
f' e ⎛ Ag ⎞ f'
ρs = 0,12. c ρs = 0,45 ⎜ − 1⎟ c
fyh ⎝ Ac ⎠ fy
407
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
– a área da seção transversal total dos estribos de con¿namento não pode ser infe-
rior do que as dadas pelas seguintes equações7:
⎛ sh .f ' ⎞ ⎡⎛ Ag ⎞ ⎤
Ash = 0,3 ⎜ c c ⎟ ⎢⎜ ⎟ − 1⎥
⎝ fyh ⎠ ⎣⎝ Ach ⎠ ⎦
f 'c onde,
Ash = 0,09shc .
fyh
408
Capítulo 10 - Reforço das Estruturas de Concreto Existentes com Sistemas FRP
para a Prevenção dos Efeitos Sísmicos
409
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Essa situação deve ser entendida sempre como um caso excepcional e é recomendável
que não ocorra mais do que um caso isolado em um mesmo nível.
Consideram-se nesses casos as seguintes recomendações, que devem ser aplicadas em
todas as colunas que estejam abaixo do nível onde foram interrompidos os elementos rígidos
ou onde ocorram relevantes descontinuidades de rijeza, situação que também pode ocorrer
em consequência da interrupção em um determinado nível de elementos estruturais:
– as colunas suportando reações de elementos com descontinuidade de rijeza, como
paredes, devem ser providas com armaduras transversais conforme recomenda-
do nos itens anteriores9 em toda a altura abaixo do nível no qual ocorre a descon-
tinuidade se a carga axial de compressão majorada nesses elementos, relativa-
⎛ Ag .f 'c ⎞
mente aos efeitos sísmicos, exceder ⎜⎝ 10 ⎟⎠ . Os reforços recomendados devem
se estender no elemento com descontinuidade pelo menos com o comprimento
desenvolvido da maior armadura longitudinal da coluna, conforme indicado na
sequência dessas considerações10. Se a extremidade inferior da coluna terminar
em uma parede, armação transversal conforme recomendado na Nota 10 deve se
estender dentro da parede numa extensão pelo menos igual ao comprimento de-
senvolvido da maior armadura longitudinal da coluna no seu ponto de terminação;
– se a coluna terminar em uma sapata ou em um radier armadura transversal com as
mesmas recomendações das anteriores deverão ser estendidas até pelo menos
30 cm dentro daqueles elementos;
410
Capítulo 10 - Reforço das Estruturas de Concreto Existentes com Sistemas FRP
para a Prevenção dos Efeitos Sísmicos
As prescrições usuais das normas relativamente às juntas estão respaldadas por evidên-
cias experimentais sobre as con¿gurações usuais tanto geometricamente como decorren-
te do posicionamento relativas dos membros concorrentes naquelas. Consequentemente
essas recomendações abrangem os casos mais frequentes, evitando-se uma análise mais
detalhada que somente serão necessários nos casos mais atípicos.
Independentemente do quão reduzidos resultem os esforços cortantes em uma junta que
deve resistir a ações sísmicas, o reforço de con¿namento deve ser disposto em toda a lar-
gura da junta e ao longo do reforço da coluna.
Quando a junta estiver con¿nada pela existência de membros concorrentes em suas qua-
tro faces o reforço transversal pode ser reduzido à metade. No caso de vigas mais largas
que as colunas concorrentes nas juntas, onde parte das barras da armadura longitudinal
das mesmas não passam através do núcleo con¿nado da coluna, torna-se necessário dis-
por de reforço transversal especí¿co.
As eventuais rotações inelásticas que podem ocorrer na face das juntas estão associadas
a deformações muito maiores que aquelas correspondentes às deformações do estado li-
411
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
mite último na armadura de tração das vigas. Decorrente disto, a força cortante gerada por
(
aquelas armaduras deve ser calculada supondo-se um esforço correspondente a 1,25.fy 11 )
na armadura de tração das vigas.
Segundo a ACI-318, a resistência da junta deve ser determinada com a utilização dos se-
guintes coe¿cientes de minoração12:
– Àexão sem carregamento axial – 0,90
Carga axial, e carga axial com Àexão (para carga axial com Àexão ambos os esforços, carga
axial e o momento Àetor, devem ser multiplicados pelo valor individual apropriado de φ ), da
seguinte maneira:
– tração axial e tração axial com Àexão – 0,90
– compressão axial e compressão axial com Àexão, estribo em espira – 0,75
– compressão axial e compressão axial com Àexão, estribo normal – 0,70
Apresentam-se algumas das recomendações gerais para detalhamento da armadura na
junta com vistas a ações sísmicas.
– a armação longitudinal da viga que termina em uma coluna deve ser estendida até
a face oposta do núcleo con¿nado da coluna e ancorada à tração de acordo com
o comprimento desenvolvido de ancoragem à tração de¿nida em 21.5.4 e à com-
pressão de acordo com as recomendações do Capítulo 12 da ACI-318.
– onde a armadura longitudinal de uma viga se estender através da ligação junta/
coluna a dimensão da coluna, paralelamente à armadura da viga, não pode ser
inferior a 20 vezes o maior diâmetro da barra utilizada, para concretos de con-
sistência normal. Para concretos leves essa dimensão passa a ser de 26 vezes
o maior diâmetro de barra utilizado. Essa recomendação procede em função da
observação de vários pesquisadores que barras retilíneas de vigas podem escor-
regar juntamente com a junta formada pela coluna com a viga durante uma série
de momentos Àetores reversos de grande intensidade. Dessa forma, as tensões
de aderência nessas barras retilíneas tem que ser muito grande. Com o objetivo
de reduzir esse deslizamento da barra quando da formação de rótulas plásticas
adjacentes na viga torna-se necessário ter-se uma relação entre a dimensão da
coluna e o diâmetro da barra de aproximadamente ⎛⎜ 1 ⎞⎟ o que resultaria em juntas
⎝ 32 ⎠
muito largas. Decorrente das revisões dos testes efetuados os valores 20 e 26
foram con¿rmados e adotados.
Relativamente à armadura transversal das juntas as recomendações são as seguintes:
– deve ser adotada armadura transversal com ganchos através da junta conforme já
especi¿cada atrás, a menos que a junta esteja con¿nada por elementos estrutu-
rais, conforme de¿nido no próximo item.
– em toda a profundidade de¿nida pelo membro de menor altura do pórtico deve ser
providenciada armadura transversal igual a pelo menos a metade da requerida
412
Capítulo 10 - Reforço das Estruturas de Concreto Existentes com Sistemas FRP
para a Prevenção dos Efeitos Sísmicos
em 21.4.4.1 através dos quatros lados da junta e aonde cada largura do elemento
⎛ 3⎞
seja pelo menos ⎜⎝ 4 ⎟⎠ da largura da coluna. Nesses locais os espaçamentos espe-
ci¿cados em 21.4.4.2(b) podem ser aumentados até 15 cm.
– armação transversal como a requerida em 21.4.4 deve ser colocada através da
junta para produzir con¿namento para a armação longitudinal da viga fora do nú-
cleo da coluna se o con¿namento não for garantido através do aporticamento da
viga na junta.
O conceito de junta con¿nada está indicado no desenho da Figura 10.20 que reÀete basi-
camente as indicações da Figura C-18.4.2.2 da norma venezuelana COVENIN 1753-87 e
da Figura R21.5.3 da norma ACI-318.
413
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Um membro considerado do pórtico em uma face da junta estará colaborando para o con-
⎛ 3⎞
¿namento se pelo menos ⎜⎝ ⎟⎠ da face da junta estiver coberta pelo mesmo.
4
A força cortante de projeto atuante em uma junta deve atender à seguinte expressão:
V j ≤ φ .γ .A j . fc ' onde,
Vj - força cortante de projeto da junta supondo que o esforço nas armaduras de tração das
(
vigas seja igual a 1,25.fy . )
φ - coe¿ciente de redução da resistência, tomado igual a 0,85.
γ - fator considerado igual a 5,3 em juntas con¿nadas por vigas em suas quatro faces e
com valor 4,0 para os demais casos.
Aj - área da menor seção transversal da junta em um plano paralelo ao eixo do reforço lon-
gitudinal que transmite o cortante à junta. Quando uma viga concorre em um apoio muito
largo, a largura efetiva da junta não excederá a largura da viga mais a dimensão da coluna
medida paralelamente ao eixo da viga, em (cm2).
fc’- resistência à compressão do concreto, em (kgf/cm2).
A expressão deduzida das Figuras 10.21 e 10.22 pode ser assim escrita:
V j = 1,25.fy . ( As1 + As2 ) − Vcol . (a)
O valor da força cortante na coluna, consistente com os momentos resistentes das seções
das vigas que concorrem na junta pode ser estimado como:
⎛ l l ⎞
2 ⎜ 1 M AC + 2 MBC ⎟ (b) onde,
⎝ l1n l2n ⎠
Vcol =
(l c + l c ' )
414
Capítulo 10 - Reforço das Estruturas de Concreto Existentes com Sistemas FRP
para a Prevenção dos Efeitos Sísmicos
l1, l2 - distâncias entre os centros dos apoios das vigas adjacentes à junta.
l1n, l2n - vãos livres das vigas adjacentes à junta.
M AC ,MBC - momentos Àetores nas extremidades de um membro. Esses momentos são cal-
culados tomando-se ( φ = 1,0 ) e como esforço na armadura de tração da viga o valor de
( )
1,25.fy .
lc ,lc ' - distâncias entre os centros de apoios das colunas adjacentes à junta.
415
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
l ⎛h ⎞ ⎛ ⎞
Para os casos mais comuns, onde são satisfeitas as relações ⎜ c ≥ 0,08 ⎟ e ⎜ 2 ≥ 0,7 ⎟ a
⎝ l1 ⎠ ⎝ l1 ⎠
⎛ 2.h j ⎞
V j = 1,25.fy . ( As1 + As2 ) ⎜1 −
⎝ lc + lc ' ⎟⎠
ldb ≥ 15cm
fy .d b
ldb =
65 f 'c
416
Capítulo 10 - Reforço das Estruturas de Concreto Existentes com Sistemas FRP
para a Prevenção dos Efeitos Sísmicos
Também os ganchos inclinados a 90o deverão estar localizados dentro do núcleo con¿nado
da coluna ou de um elemento limitante.
Para barras com diâmetros compreendidos entre 10 mm e 35 mm (no Brasil o diâmetro
comercial máximo mais utilizado é o de 32 mm) o comprimento reto desenvolvido não po-
derá ser inferior a:
– 2,5 vezes o comprimento das barras com ganchos a 90o se a espessura do con-
creto fundido de uma só vez abaixo da barra não exceder 30 cm.
– 3,5 vezes o comprimento das barras com ganchos a 90o se a espessura do concreto
fundido de uma só vez abaixo da barra exceder 30 cm. Devido ao efeito que a concre-
tagem tem sobre a aderência das barras superiores destas se exige um comprimento
1,4 vezes maior que o das barras longitudinais das camadas inferiores, o que equivale
a dizer (2,5 x 1,4 = 3,5).
Barras retas terminadas numa junta devem passar através do núcleo con¿nado da coluna
ou de um elemento fronteiriço. Qualquer porção do comprimento reto de aderência que
estiver fora do núcleo con¿nado deverá ter a sua extensão multiplicada por um fator 1,6.
O menor esforço de aderência que se desenvolve nas regiões adjacentes aos núcleos
con¿nados justi¿ca o maior comprimento de ancoragem para as barras retas que não esti-
verem totalmente contidas nos núcleos con¿nados das juntas. Para esses casos se aplica
a seguinte expressão:
ldm = 1,6 (ld - ldc) + ldc ou,
ldm = 1,6.ld - 0,6.ldc onde,
ldm – comprimento de ancoragem para barras parcialmente contidas em um núcleo con¿nado.
ld – comprimento de ancoragem reto das barras.
ldc – comprimento de ancoragem para as barras com o gancho padrão a 90o.
Os pilares de concreto armado deverão ser analisados a partir da avaliação da sua carac-
terística de ductilidade. Conhecida a sua ductilidade ela deverá ser comparada à demanda
de ductilidade estimada através de análise estrutural avançada, como pelo método dos ele-
mentos ¿nitos, ou das exigências das recomendações normativas correntes de ductilidade.
Se a capacidade de ductilidade calculada para o elemento excede o valor necessário de-
terminado pelo cálculo da demanda ou o valor recomendado pelas normas não haverá
necessidade de reforço. Em caso contrário, deverá ser providenciado o reforço necessário.
O primeiro passo no projeto de reforço com a utilização de sistemas compostos FRP para a
dutilidade necessária à Àexão é a determinação do valor último de deslocamento da coluna
ou pilar, com a utilização da seguinte equação:
417
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Δp = Δu − Δy
418
Capítulo 10 - Reforço das Estruturas de Concreto Existentes com Sistemas FRP
para a Prevenção dos Efeitos Sísmicos
4
21,15.f 'ce (ε cu − 0,00383 ) 3
ρj = 2
f ju( des ) .ε ju(3 des )
D.ρj
t j( req ) =
4
b.h.ρj
t j( req ) =
2( b + h )
onde,
f’ce – resistência de compressão esperada no concreto.
ε ju (des ) – deformação de projeto na ruptura da jaqueta de FRP.
ffu(des) – resistência à tração da jaqueta de FRP.
b e h – dimensões da seção retangular da coluna.
Finalmente, o número de camadas de ¿bra de carbono necessárias para o reforço é dado por:
tf (req )
n= , onde,
tf
O número de camadas necessário deve ser arredondado para cima e a espessura adota-
da para o reforço com FRP, deve ser revista para que seja determinada a espessura ¿nal
necessária para a majoração da ductilidade à Àexão.
As seções circulares são as mais e¿cientemente reforçadas com a utilização de sistemas
FRP. Alinhado transversalmente ao eixo longitudinal das peças o sistema FRP estabelece
uma pressão uniformemente distribuída ao longo da circunferência da peça con¿nando a
expansão transversal do elemento de concreto. Para o caso de seções con¿nadas não
circulares os testes realizados demonstram que ocorre uma diminuição da e¿ciência dos
sistemas FRP comparativamente às seções circulares. O ACI Committee 440 recomenda.
419
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Testes têm con¿rmado que o con¿namento de seções quadradas com a utilização de jaque-
tas de ¿bra de carbono é cerca de 50% menos e¿ciente do que o de elementos circulares.
O atual fator de e¿ciência deve ser determinado para elementos não circulares baseado
na geometria, na proporcionalidade entre os lados e na con¿guração da armadura de aço.
O fator de e¿ciência deverá ser con¿rmado através de testes. Seções retangulares com
relação entre os lados (B/H) excedendo 1,50 ou dimensões dos lados, B ou H, excedendo
900 mm não devem ser con¿nadas através de jaquetas de ¿bra de carbono até que testes
demonstrem sua efetividade”.
'
ξcc = 1,71.
(5f '
cc − 4fc' ) (a)
Ec
Para elementos não circulares, retangulares ou quadrados, quando não aumentados efeti-
vamente em sua capacidade de carregamento axial é viável o aumento de sua ductilidade.
A deformação máxima de compressão que pode ser utilizada nesses elementos con¿na-
dos por jaquetas de FRP pode ser obtida da equação (e), para valores obtidos nas equa-
ções (b) e (d). Para esses casos temos:
⎛ 6f 'cc ⎞ (d)
ε 'cc = ε 'c ⎜ − 5⎟
⎝ fck ⎠
420
Capítulo 10 - Reforço das Estruturas de Concreto Existentes com Sistemas FRP
para a Prevenção dos Efeitos Sísmicos
2.n.t f (b + h) (e)
ρf =
b.h
ka = 1 −
(b − 2.r )2 + (h − 2.r )2 onde,
(
3.b.h 1 − ρg )
A
ρg = s - coe¿ciente relativo à seção transversal da armadura longitudinal pela seção
b.h
transversal da peça comprimida.
b
Essa expressão não deve ser utilizada para peças com relação (> 1,5 ) ou lados com di-
h
mensão maior do que (90 cm), a menos que essas aplicações sejam precedidas de testes
para con¿rmação do valor de (ka).
Exemplo 10.1: Segundo esse critério de dutilidade examinemos a capacidade resistente última
de uma coluna de concreto armado com (fck = 25 MPa ), com seção transversal (50 x 60 cm) e
armada com 22 barras de ( φ = 20 mm) de aço CA-50, con¿nada por seis camadas de lâminas
ε
de ¿bras de carbono (Ef = 228 GPa; max.= 1,7%). Os cantos deverão ser arredondados de um
raio (r = 1,5 cm) e será considerada como tensão limite última de tração para a ¿bra de carbono
ffu = 38.600 kgf/cm2.
As 83,60
ρn = = = 0,028
b.h 50.60
b+h 50 + 60
ρf = n.tf . = 6.0,0165. = 0,004
b.h 50.60
ke = 1 −
(b − 2.r )2 + (h − 2.r )2 =1−
(50 − 2.1,5 )2 + (60 − 2.1,5 )2 = 0,376
(
3.b.h 1 − ρg ) 3.50.60 (1 − 0,028 )
ke .ρf .ffu
p= onde, (ffu = 38.600 kgf/cm2)
2
0,376.0,004.38600
p= = 29,027kgf / cm2
2
⎛ 7,94.29,027 2.29,027 ⎞
fcc = 250 ⎜ 2,25 1 + − − 1,25 ⎟ ≅ 409kgf / cm2
⎝ 250 250 ⎠
No exemplo acima o que se procurou estabelecer foi qual seria, em função da dutilidade
agregada com uma jaqueta de FRP composta de 6 camadas de lâminas de ¿bras de car-
bono, a carga de compressão admissível na coluna antes que ela entrasse em colapso
devido à deformação.
421
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
2Mu
Vo = , para colunas com Àexão nas duas direções.
Lc
Mu , para colunas com Àexão em uma única direção.
Vo =
Lc
Onde,
Mu - momento Àetor último da seção reforçada da coluna
(
Vna = ϕ sh Vc + V s +Vp , onde, )
ϕ sh - fator de redução de projeto tomado com o valor de 0,85 (ver Elsanadedy 2002). Esse
valor foi determinado através do estudo estatístico de 65 colunas de concreto armado com
de¿ciência de resistência ao cortante.
A espessura requerida para a jaqueta de FRP para o incremento da resistência ao corte
dentro da região plástica das extremidades é fornecida pelas seguintes equações:
– Para Colunas Circulares
159
t ij( sh ) =
E j( des )
(Vdem − Vna )
422
Capítulo 10 - Reforço das Estruturas de Concreto Existentes com Sistemas FRP
para a Prevenção dos Efeitos Sísmicos
O dimensionamento ¿nal da jaqueta de FRP dentro das regiões plásticas extremas deverá
ser considerado como o mais desfavorável dos valores de tj(conf) e t ij( sh ). Contudo, fora das
o
regiões plásticas extremas, deverá ser usada como espessura da jaqueta t j( sh ) .
A con¿guração ¿nal da jaqueta está ilustrada na Figura 10.25.
423
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Assumia-se implicitamente que sob o efeito de cargas gravitacionais as vigas estariam su-
jeitas a momentos negativos na junta com as colunas, com a sua face superior tracionada
e consequentemente a sua face inferior submetida a esforços de compressão.
Entretanto, quando as juntas estão submetidas a esforços laterais (forças horizontais trans-
versais) as juntas podem vir a falhar por corte e escorregamento da ancoragem da arma-
dura da face inferior da viga, quando estiverem tracionadas. Decorrente desta de¿ciência,
as juntas podem estar expostas à probabilidade de falhar tanto por cortante como pelo
escorregamento das armaduras. Esses modos típicos de ruptura frágil podem vir a reduzir
signi¿cativamente a dutilidade global da estrutura.
Episódios como o terremoto acontecido na Turquia, em 199913 demonstraram que durante
a manifestação do sismo as rupturas ocorridas nas juntas formadas por colunas e vigas
contribuíram substancialmente na ocorrência de danos e no colapso de muitas estruturas
de concreto armado.
As juntas das colunas exteriores das edi¿cações são signi¿cativamente mais vulneráveis
a danos estruturais que as juntas das colunas internas, pelo fato das últimas estarem nor-
malmente con¿nadas por vigas a¿xadas em suas quatro faces e ainda se bene¿ciarem do
con¿namento do núcleo da estrutura.
Existem algumas diferenças signi¿cativas relativamente ao comportamento das juntas interio-
res e exteriores quando submetidas aos movimentos sísmicos devido exatamente ao con¿na-
mento produzido pelas vigas, apesar de ser similar o seu modo de ruptura por deslizamento.
Para reduzir o risco dessas ocorrências torna-se necessário aplicar técnicas práticas de
reforço que possam promover economicamente o aumento da resistência ao corte e me-
lhoria das condições de ancoragem das armaduras localizadas na face inferior das vigas.
O objetivo do reforço (reabilitação) da junta é o de incrementar o esforço cortante admis-
sível e o de melhorar substancialmente as condições de ancoragem das armaduras inte-
ressadas nas juntas de forma a eliminar os modos descritos de ruptura frágil ao invés de
deixar que a estrutura passe a depender da sua dutilidade Àexural.
Recentes estudos sobre os efeitos da melhoria da resistência ao corte e das condições de
aderência nas juntas dos pórticos de concreto armado mostraram um signi¿cativo aumento
da dutilidade global do sistema, tendo esses procedimentos de reabilitação estrutural re-
cebido bastante atenção do meio técnico de engenharia durante as duas últimas décadas.
Inumeráveis testes foram realizados, como em duas juntas interiores reabilitadas a partir
do existente14. Também placas metálicas foram ancoradas, em ambos os lados de uma
coluna, na face inferior de uma viga e ligadas entre si utilizando barras de aço en¿adas
através da coluna, com o objetivo de repor a inadequada ancoragem das barras da arma-
dura utilizando placas de aço equivalentes.
Também jaquetas de chapas de aço foram utilizadas para melhorar a resistência ao cor-
tante das juntas. Entretanto, testes realizados comprovaram que esse procedimento é ine-
13 - Kocaeli – Turquia.
14 - Estrada 1990.
424
Capítulo 10 - Reforço das Estruturas de Concreto Existentes com Sistemas FRP
para a Prevenção dos Efeitos Sísmicos
Os sistemas compostos estruturados com ¿bras de carbono são utilizados para a recom-
posição da ancoragem inadequada das barras de aço das armaduras situadas na face
inferior das vigas que concorrem nas juntas. Nesse procedimento de reforço as lâminas de
¿bras de carbono são incorporadas para desenvolver idêntico momento Àetor de projeto
da seção da viga de concreto armado. O momento limite é imposto no sistema resistente à
Àexão para evitar a criação de uma viga mais resistente que a coluna.
A capacidade de momento Àetor da viga é determinada levando-se em consideração o
sobre esforço incidente no aço. A força de tração no aço é calculada utilizando-se a tensão
atualizada de escoamento, igual à tensão nominal de escoamento do aço majorada em
25%, ou seja,
Ts = 1,25.fy .As onde,
425
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Ts − As .Es .ε s '
a=
α1 .fc ' .b
⎛ a⎞
Mr = Cc . ⎜ d − ⎟ + Cs (d − d ' )
⎝ 2⎠ onde,
d – profundidade efetiva da viga.
d’ – cobrimento de concreto da armadura superior da viga.
426
Capítulo 10 - Reforço das Estruturas de Concreto Existentes com Sistemas FRP
para a Prevenção dos Efeitos Sísmicos
Tf = ε f .Ef .Af
onde,
εf- deformação desenvolvida na ¿bra de carbono, que deverá ser menor que a deforma-
ção limite do material e deverá ser obtida em função da geometria da peça.
Ef - módulo de elasticidade da ¿bra de carbono.
Af - área da seção transversal da ¿bra de carbono.
A profundidade do bloco de compressão do concreto (a) pode ser calculada através da
equação de equilíbrio dos momentos na seção,
⎛ a⎞
Mr = α1 .f 'c .a.b ⎜ t − ⎟ + As .ε s .Es (t − d ) onde,
⎝ 2⎠
Tf
n =
ε f .Ef .tf .b
Exemplo 10.2: Reforçar a junta formada pela ligação de uma viga V1 com o pilar P1, con-
forme ¿gura 10.26.
427
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
(d − d ' ) = 37 − 3 = 34 cm
428
Capítulo 10 - Reforço das Estruturas de Concreto Existentes com Sistemas FRP
para a Prevenção dos Efeitos Sísmicos
40.0,003
c= = 6 cm ĺ a = 0,85.c = 5,10 cm
0,017 + 0,003
Cc = 0,813.250.25.5,10 = 25914,4kgf
Cs = 39690 kgf
Tf = Cc + Cs = 25914,4 + 39690 = 65604,4 kgf
65604,4 = 0,017.2280000.0,0165.25.n
65604,4 = 15988,5n
65604,4
n= = 4,10 ⇒ n = 5
15988,5
Deverão ser utilizadas 5 camadas de ¿bra de carbono.
Para juntas externas as forças cortantes nelas desenvolvidas podem ser obtidas através
das seguintes equações de equilíbrio:
Vj = Tb - Vcol, onde,
Vj - esforço cortante atuando na junta.
Tb - força de tração atuante nas barras da armadura da viga.
Vcol - esforço cortante atuando na coluna.
Devido ao esforço cortante aplicado é criada na junta uma diagonal tracionada e tensões
de compressão no concreto. Se a capacidade última dos membros adjacentes é atingida
uma extensa trinca diagonal ocorrerá. Além disso, carregamentos cíclicos, como os sís-
micos, produzirão repetidas aberturas e fechamentos da mesma que conduzindo à desin-
429
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
430
Capítulo 10 - Reforço das Estruturas de Concreto Existentes com Sistemas FRP
para a Prevenção dos Efeitos Sísmicos
Para o caso em que não existam estribos na junta o valor de (Vs) deve ser assumido como zero.
A contribuição das ¿bras de carbono para a resistência ao cortante será dada por:
Vf = Af .ξf .Ef
Mr
Vcol =
lcol
Exemplo 10.3: Dando continuidade ao exemplo anterior, reforçar a junta para o cortante
com base nas dimensões da ¿gura abaixo, considerando-se:
Mr = 2.158.400,3 kgf.cm assim,
Mr 2158400,3
Vcol . = = = 7194,67 kgf
hn 300
18 - ACI 352(1976).
431
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
φ Pn
fcol . =
a.b
φ Pn = 0,85φ ⎡⎣0,85.fc '( Ag − As ) + fy .As ⎤⎦
Para a ¿bra de carbono AA ser adotada no exemplo serão considerados os seguintes valo-
res: (Ef = 2280000 kgf/cm2) e ( ε fu = 0,017 ).
Será adotado, como a deformação admitida para o reforço da junta, o valor
2 2
εf = ε fu = 0,017 = 0,0113 , ¿cando, então:
3 3
29208,54
Af = = 1,13 cm2 ou seja,
0,0113.2280000
432
Capítulo 10 - Reforço das Estruturas de Concreto Existentes com Sistemas FRP
para a Prevenção dos Efeitos Sísmicos
1,13
lf = = 0,68mfibra / 1,00mcoluna
1,65
Ocorre uma necessidade de reforço da ordem de (0,68 cm) de ¿bra de carbono para cada
(1 cm) de coluna.
A capacidade resistente das peças ao esforço cortante é constituída por duas parcelas:
Vn = Vc + Vs
Caso haja necessidade de reforço ao cisalhamento, o sistema composto estruturado com
¿bras de carbono contribui com uma parcela adicional Vfc de forma a que a resistência ao
esforço cortante da peça passa a ser:
VnR = Vc + Vs + ࢥfVf onde,
VnR - resistência nominal ao cortante da viga após o reforço com ¿bras de carbono.
ࢥf - coe¿ciente de minoração da contribuição da ¿bra de carbono, atualmente sugerido
como de valor 0,85 em função da novidade do método de reforço.
Então, VnR = Vc + Vs +0,85Vf
Após o reforço deverá ser obedecida a seguinte equação:
VnR = ࢥVn onde,
ࢥ coe¿ciente de minoração da capacidade resistente da viga ao cisalhamento.
Teremos, então, que:
VnR = ࢥ(Vc + Vs + 0,85Vf).
433
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
FotograĮa 10.3 – Da necessidade de reforço prevenƟvo contra sismos: terremoto de Kobe no Japão – ruína do terço
inferior das colunas do viaduto.
FotograĮa 10.4 – Da necessidade de reforço prevenƟvo contra sismos: formação de rótula plásƟca no terço superior,
devido à perda da coesão interna dos agregados. Observar, na fotograĮa, que é muito pequena a quanƟdade de estribos
uƟlizados na armação da coluna, fato que contribuiu signiĮcaƟvamente na intensidade da ocorrência desta anomalia.
434
Capítulo 10 - Reforço das Estruturas de Concreto Existentes com Sistemas FRP
para a Prevenção dos Efeitos Sísmicos
FotograĮa 10.5 – Da necessidade de reforço prevenƟvo contra sismos: formação de rótula plásƟca no terço inferior,
devido à perda da coesão interna dos agregados. Observar na fotograĮa que não é pequena a quanƟdade dos
estribos uƟlizados na armação da coluna, atestando o grau de intensidade do terremoto a que esteve submeƟdo.
FotograĮa 10.6 – Reforço prevenƟvo a ações sísmicas em colunas de ponte no Estado do Alabama, EUA.
435
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
FotograĮa 10.7 – Reforço sísmico de coluna na Torre de Controle do Aeroporto de Lima, no Peru.
436
CAPÍTULO 11
1 - “Prestressing Concrete Structures with FRP Tendons” – ACI 440.4R-04 (reaprovada em 2011).
437
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Por sua vez, as vigas protendidas com a utilização de elementos conformados com ¿bras
de carbono deformarão elasticamente até a ruptura, e então continuarão a se deformar de
uma maneira aproximadamente linear sob a ação de carregamentos crescentes até que
o elemento de protensão se rompa ou até que a deformação limite de compressão seja
excedida. Esses dois níveis de comportamento são mostrados na Figura 11.1.
Para a determinação do nível de tensão nas peças podem ser utilizados procedimentos
similares aos do concreto protendido convencional.
As perdas de protensão dos sistemas que utilizam elementos de FRP podem ser decorren-
tes dos seguintes fatores:
– escorregamento do elemento protendido por ocasião da transferência do esforço
de protensão para a peça de concreto;
– retração do concreto;
– deformação por Àuência do concreto;
– encurtamento elástico do concreto;
– relaxação dos elementos protendidos de FRP.
438
Capítulo 11 - Dimensionamento de Vigas Isostáticas de Concreto Protendidas com a Utilização de Compostos FRP
As perdas por relaxação, entretanto, são mais problemáticas e menos entendidas nos sis-
temas com FRP do que as equivalentes nos sistemas convencionais em aço, em função
da escassa disponibilidade de dados experimentais que determinam as características e
os valores das perdas por relaxação.
As características do efeito de relaxação variam com os tipos de ¿bras existentes e geral-
mente tem valores que situam as mesmas ao longo da vida das estruturas por elas proten-
didas da ordem de 12% do valor da protensão implantada.
A metodologia recomendada pelo ACI para o dimensionamento das vigas de concreto ar-
mado protendidas com FRP é baseada no conceito da relação de fragilidade que é a re-
lação da armação que conduz à condição de ruptura simultânea do elemento protendido
com FRP e do concreto.
O concreto é admitido rompido por compressão quando é atingida a deformação
(İcu = 0,003). Esse limite de deformação é estabelecido para o con¿namento do concreto
por estribos pouco espaçados (bastante próximos) e não se admite que seja ultrapassado.
O bloco de tensões retangular é utilizado na modelagem do comportamento do concreto.
A ruptura do elemento de protensão é admitida como ocorrendo quando a deformação do
mesmo atingir o valor (İpu).
Para a seção transversal da Figura 11.2 estão de¿nidas as condições de tensões e defor-
mações para a condição em que a ruptura do elemento protendido de FRP ocorra simulta-
neamente com a ruptura por compressão do concreto.
Essa demonstração é válida tanto para uma seção retangular como para uma seção em
“T“ com uma única camada de elementos protendidos, onde a profundidade do bloco de
compressão permaneça dentro da mesa da seção, ou seja, na condição (a < hf).
Onde:
İcu – deformação última de compressão do concreto.
İf – deformação admissível de Àexão.
İd – deformação de descompressão.
İpe – deformação inicial devida à protensão do elemento de FRP.
fpu – tensão última admissível no elemento de protensão.
439
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
ε f = ε pu − ε pe − ε d − ε pr (1)
ȕ1 - coe¿ciente do bloco de tensão de compressão do concreto, com valor 0,85 para con-
cretos até 27,5 MPa, após o qual é reduzido a uma taxa de 0,05 para cada 6,9 MPa, sendo
o seu valor mínimo 0,65.
Ap
ρ = ρb sendo ρ = (taxa de armação na seção)
b.d
ȡb - coe¿ciente de fragilidade.
fc' .c
ρb = 0,85.β1 . (4)
fpu .d
c
Substituindo o valor de ( ) da equação (2) na equação (4) temos:
d
fc' ε cu
ρb = 0,85.β1 . . (5)
fpu ε cu + ε pu − ε pe − ε d − ε pr
440
Capítulo 11 - Dimensionamento de Vigas Isostáticas de Concreto Protendidas com a Utilização de Compostos FRP
Na condição (0,5ȡb < ȡ < ȡb) a viga assume uma condição de normalmente armada. Nessa
situação, a força de tração no elemento protendido é estabelecida em função da dimensão
do mesmo e da sua resistência última à tração.
A escolha do ponto (0,5ȡb) como um ponto delimitante para a equação se baseia no com-
portamento usual do concreto, sendo, entretanto, requeridas maiores pesquisas e resul-
tados experimentais para con¿rmar a validade deste limite. A capacidade nominal para o
momento Àetor de uma viga nestas condições é fornecida pela mostrada a seguir.
441
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
ρ .d.fpu
a= (8 )
0,85.fc'
Da combinação do valor de (a) na expressão do momento resulta uma fórmula para a pre-
visão da capacidade nominal de resistência da seção para o momento Àetor:
⎛ ρ .fpu ⎞
Mn = ρ .b.d 2 .fpu . ⎜1 − (9 )
⎝ 1,7.fc ⎟⎠
'
Essa equação pressupõe a utilização dos elementos de protensão dispostos em uma única
camada. Uma con¿guração diferente, com mais de uma camada, requer uma avaliação
diferente da apresentada.
Nesse caso temos (ȡ ȡb). Nas vigas superarmadas o concreto irá falhar por compressão
antes da falha do elemento protendido. A compatibilidade das tensões e das deformações
é a mesma apresentada na Figura 11.2.
Contudo, o valor da deformação do elemento protendido não é conhecido. A partir da quan-
tidade de armação na viga o concreto desenvolverá uma relação altamente não linear entre
tensão e deformação de tal forma que se torna apropriada a utilização do bloco retangular
de compressão.
Essa determinação é feita locando-se arbitrariamente a posição do eixo neutro e admitin-
dor-se o elemento protendido trabalhando na fase elástica e um bloco retangular de ten-
sões para o concreto. Isso é feito de¿nindo a deformação no elemento protendido e pelo
equilíbrio das forças horizontais na seção, a partir da locação da linha neutra, resultando
na de¿nição do momento resistente da seção.
A profundidade da linha neutra (c) pode ser feita considerando-se o equilíbrio das forças
axiais na seção transversal do elemento.
Como os cabos são elasticamente lineares até a ruptura, a tensão (fp) é função apenas do
módulo de elasticidade e da deformação no mesmo.
fp = İp.Ep (11)
d −c
ε f = ε cu .
c
442
Capítulo 11 - Dimensionamento de Vigas Isostáticas de Concreto Protendidas com a Utilização de Compostos FRP
a deformação total no cabo pode ser expressa como a soma da deformação por Àexão e a
efetiva deformação de protensão (İpe).
d −c (12)
ε f = ε pe + ε cu .
c
Substituindo-se as equações (12) e (11) em (10) e de¿nindo-se ( ku = c ) vem:
d
⎛ 1 − ku ⎞
ρ . ⎜ε pe + ε cu . .E p = 0,85.fc' .β1 .ku (13)
⎝ k ⎟⎠
u
E p .ε cu
λ= (e) e substitundo essa equação em (d) resulta uma equação do segundo
0,85.fc' .β1
Nesse caso temos (ȡ ȡb). Nas vigas super armadas o concreto irá falhar por compressão
antes da falha do elemento protendido. A compatibilidade das tensões e das deformações
é a mesma apresentada na Figura 11.2.
Contudo, o valor da deformação do elemento protendido não é conhecida. Essa determi-
nação é feita locando-se arbitrariamente a posição do eixo neutro e admitindo-se o ele-
mento protendido trabalhando na fase elástica. Dessa forma, de¿ne-se a deformação do
elemento protendido, o equilíbrio das forças horizontais na seção em relação à posição da
linha neutra e ¿nalmente, a grandeza dos momentos Àetores relativamente à posição dos
elementos protendidos.
Primeiramente, ¿xa-se a posição da linha neutra a partir da relação (c = k.d).
A deformação no elemento protendido será igual à deformação inicial de protensão (İpi)
mais a deformação de Àexão (İf). Esta última deformação pode ser avaliada pela deforma-
ção proporcional decorrente do conhecimento da deformação última do concreto (İcu).
1 − ku
ε p = ε pi + ε cu . (14)
ku
443
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
A tensão no elemento protendido será (fp = İp.Ep) e o equilíbrio da seção transversal exigirá que:
⎛ 1 − ku ⎞
ρ . ⎜ε pe + ε cu . .E p = 0,85.fc' .β1 .ku (16)
⎝ ku ⎟⎠
E p .cu
Adotando-se ( λ = ) (17)
0,85.fc' .β1
substituindo-se (17) em (16) resulta uma equação de segunda ordem em função de (k) que
tem a seguinte solução:
2
⎡ ρ .λ ⎛ ε pe ⎞ ⎤ ρ .λ ⎛ ε pe ⎞
k= ρ .λ + ⎢ ⎜1− ⎟ ⎥ − 1− (18)
⎢⎣ 2 ⎝ ε pu ⎠ ⎥⎦ 2 ⎜⎝ ε cu ⎟⎠
A capacidade nominal ao momento Àetor de uma viga superarmada, então, pode ser deter-
minada pela somatória dos momentos relativamente à profundidade do elemento protendido.
⎛ β .k ⎞
Mn = 0,85.fc' .b.β1 .ku .d 2 ⎜1 − 1 ⎟ (19)
⎝ 2 ⎠
444
Capítulo 11 - Dimensionamento de Vigas Isostáticas de Concreto Protendidas com a Utilização de Compostos FRP
A tensão em cada um dos elementos protendido pode ser de¿nida como a relação da de-
formação em cada um dos níveis em relação à deformação do elemento mais inferior:
d i − kd ou seja,
fi = fpi + fm .
d − kd
⎛ di ⎞
−k
⎜d ⎟ (18)
fi = fpi + fm . ⎜
1−k ⎟
⎜⎝ ⎟⎠
⎛ f ⎞
De¿nindo a relação ⎜ξ = pi ⎟ como a deformação inicial de protensão e admitindo-se
⎝ fpu ⎠
que (ȡi) é a densidade de armação em cada nível pode ser demonstrado que:
445
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
(n.∑ ρ ) ⎛ d ⎞
2
+ 2 (1 − ξ ) n.∑ i =1ρi ⎜ξ + i . (1 − ξ ) ⎟ − ∑ i =1ρi
m m m
i =1 i ⎝ d ⎠ (19)
k=
1−ξ
di ⎞
De¿nindo a relação de profundidade dos elementos protendidos como sendo ⎛⎜ ψ i = e
⎝ d ⎟⎠
admitindo-se elementos de protensão igualmente tracionados a capacidade resistente ao
momento Àetor pode ser expressa por:
m ⎛ k⎞
Mn = b.d 2 . ∑ ρi .fi . ⎜ ψ i − ⎟ (20)
i =1 ⎝ 3⎠
m ⎪ ⎧ ⎡⎛ ⎛ψi − k ⎞⎞ ⎛ k ⎞ ⎤ ⎪⎫
Mn = b.d 2 . ∑ ⎨ρi ⎢⎜ fpi + fm ⎝⎜ ⎟ ⎟ ⎜ ψ i − ⎟ ⎥⎬ (21)
i =1
⎩⎪ ⎣⎝ 1 − k ⎠⎠ ⎝ 3 ⎠ ⎦ ⎭⎪
As equações (20) e (21) permitem que se calculem vigas com várias camadas de elemen-
tos protendidos.
446
Capítulo 11 - Dimensionamento de Vigas Isostáticas de Concreto Protendidas com a Utilização de Compostos FRP
Aramida 0,50fpu
Aramida 0,40fpu
447
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
A Figura 11.4 apresenta a curva das deformações que ocorrem em elementos protendidos
conformados em FRP, onde se pode observar que no segundo estágio a taxa de deforma-
ção ¿ca quase nula, apresentando, contudo, ruptura quase que instantânea quando o nível
de deformação ultrapassar o valor limite da ruptura por Àuência do material.
É fundamental, portanto, que os projetistas conheçam a porcentagem da carga última que
pode ser aplicada ao elemento de protensão de tal forma que nunca seja alcançado o
estágio três da Àuência. Se a Àuência no segundo estágio for pequena uma condição de
equilíbrio será alcançada e o material protendido pode se tornar estabilizado.
A Figura 11.5 representa uma extrapolação dos dados de ruptura por Àuência obtidos por Do-
lan2 para cordoalhas de FRP envolvidas por concreto e imersas em água salgada, submetidas
a carregamento constante. Esta ¿gura indica a evolução da resistência estática de uma cordoa-
lha sob a ação de cargas sustentadas ao longo do tempo decorrente do fenômeno da Àuência.
Nessa avaliação, o nível previsto das tensões ¿nais sustentadas pelo elemento de FRP é
da ordem de 70% do valor da resistência última da cordoalha após (106) horas sob carga,
ou seja, cerca de 114 anos de serviço.
2 - Dolan, C.W. et al – “Design RecommendaƟons for Concrete Structures Prestressed With FRP Tendons”- 2000.
448
Capítulo 11 - Dimensionamento de Vigas Isostáticas de Concreto Protendidas com a Utilização de Compostos FRP
Pode acontecer do desempenho de um cabo FRP protendido ser alterado nos pontos
de inÀexão no meio do vão ou entre os seus pontos de sustentação extrema e o meio
do vão antes da cura total do concreto. Pelo fato dos cabos de FRP apresentarem um
comportamento elástico linear até a sua ruptura, dobrar ou curvar esse elemento resulta
numa perda de sua resistência. Assim, quando um cabo de FRP é Àetido, as tensões de
macaqueamento devem ser reduzidas para levar em consideração o aumento das ten-
sões. O grau do acréscimo dessas tensões é dependente do raio de curvatura do cabo
em seus pontos de dobramento (nos desviadores), do módulo de elasticidade do cabo
e das características da seção transversal do mesmo. Dolan3 propôs que o aumento da
tensão devida ao dobramento nos cabos rígidos e em forma de cordoalha pode ser de¿-
nida pela equação:
Ef .y
fh = (a) onde,
Rc
3 - “Design ReccomendaƟons for Concrete Structures Presressed With FRP Tendons – Final Report” – Dolan, C. W.; Ha-
milton, H.R.; Bakis, C. E. e Nanni, A. – 2000.
449
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
r2 Ef .π
Rn = . onde,
2 P. (1 − cosθ )
A e¿ciência dos cabos protendidos pode ser signi¿cativamente reduzida quando esta ten-
são for deduzida da tensão permitida no macaco de protensão. A tensão combinada num
cabo com a área de seção transversal (Ap) na região do dobramento, devido à carga de
macaqueamento (Pj) é dado por:
Pj Ef .y
f = +
Ap Rc
A Figura 11.6, extraída do Tokio Rope Catalog (Santon 1993) mostra o relacionamento entre
a tensão de tração da ¿bra de carbono e o ângulo de curvatura com o qual o cabo é Àetido.
Figura 11.6 – Relação entre a resistência de tração com o ângulo e o raio de curvatura.
450
Capítulo 11 - Dimensionamento de Vigas Isostáticas de Concreto Protendidas com a Utilização de Compostos FRP
Rp – relaxação do polímero.
Rs – reti¿cação das ¿bras dos elementos de FRP.
Rf – relaxação das ¿bras de carbono.
A relaxação total é obtida avaliando-se o efeito de cada um dos três componentes da perda
separadamente.
a) Perdas (Rp):
Quando o elemento protendido de FRP é inicialmente tensionado, uma parcela da carga
é transferida para a matriz resinosa e, em consequência, a matriz relaxa e perde parte de
sua contribuição para a capacidade de absorver carregamento.
A relaxação inicial da matriz ocorre entre 24 a 96 horas decorridas depois da aplicação do
carregamento de protensão e pode ser acelerada pela cura térmica das vigas de concreto
protendido. Essa relaxação é inÀuenciada por duas características do elemento de pro-
tensão, que são a relação entre os módulos de elasticidade da resina e da ¿bra, (nr), e o
volume de ¿bras no elemento de protensão, (v f).
Er
nr = sendo,
Ef
A perda de relaxação é o produto da fração do volume da resina (v f). E a relação (nr), onde,
(Ȟr = 1 - Ȟ f), assim,
Rp = nr . Ȟr
Para as resinas utilizadas nas operações de pultrusão o valor de (nr) varia, podendo ser
admitido como 1,5% para as ¿bras de carbono. A fração do volume da resina é, tipicamen-
te, da ordem de 35% a 40% da área da seção transversal do elemento protendido. Dessa
forma, a relaxação total nessa fase se situa no intervalo de 0,6% a 1,2% da tensão trans-
ferida. Essa relaxação pode ser compensada aplicando-se uma sobretensão no elemento
de protensão, desde que o limite da Tabela 11.3 não seja ultrapassado. Uma sobretensão
que ultrapasse o limite, permitindo-se uma posterior relaxação para a redução das tensões
até o valor limite recomendado na Tabela 11.3 não é aconselhado porque as perdas não
ocorrerão nas ¿bras e, assim, as ¿bras estarão permanentemente sobre tensionadas.
b) Perdas (Rs):
As ¿bras de carbono numa seção fabricada por meio de pultrusão estão muito próximas
de serem paralelas, mas não completamente paralelas. Portanto, ¿bras tensionadas Àuem
através da matriz e se reti¿cam, e esse estiramento aparece como uma perda por relaxação.
451
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
c) Perdas (Rf ):
A perda por relaxação da ¿bra é diretamente dependente do tipo da ¿bra utilizado. Nor-
malmente é informado de que as ¿bras de carbono não apresentam relaxação, portanto a
perda (Rf) pode ser assumida como inexistente, ou seja, (Rf = 0).
Em testes de relaxação realizados4, comparando-se elementos protendidos de aço de car-
bono submetidos a idênticas condições de teste revelaram que decorridas 100 horas de
teste as tensões se reduziram cerca de 2% nos elementos de carbono e 8% nos elementos
de aço, indicando que os elementos conformados com ¿bras de carbono possuem uma
melhor resistência à relaxação do que os elementos de aço.
De modo geral pode se considerar que a relaxação dos sistemas protendidos à base de ¿-
bras de carbono apresentam perda por relaxação da ordem de 50% da perda dos sistemas
protendidos com aço.
A soma das armaduras protendidas e convencionais deve ser su¿ciente para desenvolver
uma resistência majorada à Àexão (כ.Mn) com pelo menos 1,2 vezes maior que a resistên-
cia ¿ssurada da peça.
Tanto o concreto como os elementos de FRP protendidos são materiais frágeis, portanto a
ductibilidade clássica, que requer deformações plásticas, di¿cilmente pode ser obtida.
Algumas maneiras possíveis de se obter um comportamento quase dúctil, mesmo com a
utilização de materiais frágeis, podem passar pelo con¿namento do concreto na compres-
são, pela protensão parcial ou permitindo algum escorregamento no sistema.
4 - Zoch, P et al – “Carbon Fiber Composite Cables – A New Class of Prestressing Members” – 1991.
452
Capítulo 11 - Dimensionamento de Vigas Isostáticas de Concreto Protendidas com a Utilização de Compostos FRP
Se as cargas de serviço forem consideradas como a carga que vai produzir a tensão de
tração no concreto de ( 3 fc psi ), as deformações de descompressão e a deformação que
'
produz ( 3 fc' psi ) são muito pequenas comparadas com as deformações de compressão.
O índice é, efetivamente, função da relação da deformação última com a deformação de
protensão com uma ligeira modi¿cação devida às diferenças entre as posições das linhas
neutras nos comportamentos elástico e inelástico da estrutura.
Deduz-se do exposto atrás, que o método mais e¿ciente de se obter uma deformabilidade
alta é o de se reduzir o valor da protensão inicial. A redução da deformação inicial da pro-
tensão permite uma maior reserva de deformação para os elementos protendidos, maior
capacidade de curvatura ou deÀexão e um maior índice de deformabilidade. A relação entre
a deformação última e a deformação inicial de protensão é mais fácil de ser avaliada que o
índice de deformabilidade é produz resultados similares.
453
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As ¿bras PAN são utilizadas para a construção de cabos compostos unidirecionais de ¿bras
de carbono, desenvolvidos pela Tokio Rope Mfg (Japão) e pela Toho Rayon Mfg (Japão).
Os cabos são feitos com ¿os de ¿bra de carbono retorcidos conjuntamente de maneira
muito similar às cordoalhas de 7 ¿os utilizadas nos cabos protendidos de aço. Os cabos
podem ser fabricados como uma barra simples ou combinados para conformar cabos em
conjuntos de sete, dezenove, ou trinta e sete, conforme mostrado na Figura 11.7, com
módulo de elasticidade de 137 GPa.
454
Capítulo 11 - Dimensionamento de Vigas Isostáticas de Concreto Protendidas com a Utilização de Compostos FRP
Cabos FRP derivados do sistema PITCH são utilizados pela Mitsubishi Kasei Chemi-
cal Company (Japão) tanto sob a forma redonda como deformada (indentada). Barras
redondas são produzidas com diâmetros variando entre 3 mm a 17 mm, a as barras
indentadas com diâmetros variando entre 5 mm e 12,5 mm, com módulo de elastici-
dade de 147 GPa e uma tensão limite de tração de 1813 MPa. Esses produtos são
mostrados na Figura 11.8
Figura 11.8 – Cabos compostos de CFRP da Leadline™ (Mitsubishi Kasei CorporaƟon, 1993).
455
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As propriedades típicas dos diversos cabos uniaxiais para protensão existentes podem ser
vistos na Tabela 11.5.
456
Capítulo 11 - Dimensionamento de Vigas Isostáticas de Concreto Protendidas com a Utilização de Compostos FRP
Outro tipo de ancoragem que pode ser utilizada nos sistemas protendidos com FRP é o
que está apresentado na Figura 11.10.
Esta ancoragem é constituída por duas peças distintas: um cone fêmea com um vazado ra-
nhurado cônico e o cone ranhurado macho. Nesse sistema os elementos de protensão não
¿cam encapsulados na resina mas sim presos pelas ranhuras coincidentes existentes na face
interna do cone fêmea e na face externa do cone macho. Uma camada protetora que envolve
as superfícies dos cones isola o contato entre as partes de carbono e as partes metálicas. A
prisão dos elementos de FRP se faz, como nos processos similares de protensão com aço,
pela cravação do cone macho após atingidas as tensões de protensão. O deslocamento dos
elementos de FRP é impedido pelo atrito gerado entre eles e os componentes da ancoragem.
No tipo de ancoragem mostrado na Figura 11.11 o elemento de FRP é embebido pela re-
sina que preenche a parte cônica interna da peça metálica, geralmente feita com aço ou
com cobre. O material de preenchimento utilizado varia desde um cimento sem retração
com ou sem areia até um cimento expansivo com base em materiais epoxídicos. No caso
de cimento sem retração e materiais poliméricos de enchimento nenhuma pressão lateral
é gerada para aumentar a resistência ao deslizamento do elemento protendido, e o me-
canismo de transferência dos carregamentos dependem exclusivamente da coesão e o
entrosamento entre os elementos da ancoragem. O mecanismo de transferência da carga
é produzido pela aderência entre as interfaces do elemento de FRP e o material de preen-
chimento e entre este último e a ancoragem metálica.
457
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Para melhorar a qualidade da colagem entre os componentes da ancoragem pode ser en-
¿ada uma luva interna e/ou material duro como areia adicionado à resina. A areia misturada
na resina também serve para reduzir a retração química da resina durante o período de sua
cura. Para melhorar a aderência entre o elemento protendido e o material de enchimento
alterações super¿ciais tais como trançados, torções ou ranhuras podem ser aplicados aos
elementos de FRP.
A ancoragem mostrada na Figura 11.12 é uma ancoragem bastante similar àquelas utili-
zadas nos sistemas protendidos convencionais e é das mais empregadas nos sistemas
protendidos com elementos de FRP devido à sua compacidade, facilidade de embalagem
e transporte, possibilidade de reutilização e con¿abilidade. O sistema de cunhas pode ser
subdividido em duas categorias distintas que são os sistemas com contato direto entre o
elemento protendido de FRP e as cunhas metálicas ou plásticas e os sistemas que utilizam
uma luva entre as cunhas e os elementos de FRP.
458
Capítulo 11 - Dimensionamento de Vigas Isostáticas de Concreto Protendidas com a Utilização de Compostos FRP
A transferência de carga nesse dispositivo é obtido pelas tensões de cisalhamento (atrito) de-
¿nidas a partir da determinação das tensões de compressão atuantes e do coe¿ciente de atri-
to entre as superfícies em contato. A Figura 11.14 mostra, em detalhes, este tipo de ¿xação.
459
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460
Capítulo 11 - Dimensionamento de Vigas Isostáticas de Concreto Protendidas com a Utilização de Compostos FRP
461
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Esse momento Àetor (N.e) somado algebricamente ao momento solicitante produz um mo-
mento Àetor resultante conforme mostrado na Figura 11.18. Como a protensão é uma carga
de longa duração incorporada permanentemente ao sistema resistente, a menos das poste-
riores perdas de protensão, essa será a situação solicitante de dimensionamento do reforço.
Nas protensões onde os cabos assumem forma poligonal são utilizados elementos de
desvio que permitem a inÀexão dos elementos protendidos. Esses elementos de desvio
são constituídos, principalmente, por tubos ou encostos metálicos com raio de curvatura
su¿ciente para não permitir ou produzir concentração de tensões com valores elevados.
462
Capítulo 11 - Dimensionamento de Vigas Isostáticas de Concreto Protendidas com a Utilização de Compostos FRP
A protensão externa tem uma grande vantagem sobre os demais tipos de protensão por
não estarem limitados à geometria das peças que irão reforçar, podendo estar até fora das
mesmas. Teoricamente, esquecendo a particularidade acima descrita, o dimensionamento
de uma peça reforçada com protensão externa em nada se diferencia de uma protensão
interna sem aderência.
Para se prever o comportamento de uma peça reforçada com protensão externa é neces-
sário o conhecimento das tensões que se desenvolvem no elemento protendido durante
todo o intervalo de carregamento.
A tensão (fp) em elementos de protensão externos pode ser calculada a partir da tensão
efetiva, obtida através da seguinte expressão:
463
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Onde (İcu) é a deformação na ¿bra extrema mais comprimida no estado último, e (cu) é a
profundidade da linha neutra no estado último.
Dessa forma, a equação (23) pode ser reescrita da seguinte maneira:
⎛ dp ⎞
fp = fpe + Ωu .E p .cu . ⎜ − 1 ⎟ (24)
⎝ cu ⎠
Combinando-se a equação (24) com a equação de equilíbrio para uma seção em “T”, vem:
0,85f’c.bw.ȕ1.cu + 0,85f’c (b - bw) hf = Ap.fp + As.fy - A’s.f’y sendo,
Que resulta numa equação do segundo grau em (cu), que resulta na seguinte raiz:
−B + B 2 − 4.A.C
cu =
2.A
5 - Naaman, A.E. – “External Prestressing for RehabilitaƟon Analysis and Design and ImplicaƟons”.
464
Capítulo 11 - Dimensionamento de Vigas Isostáticas de Concreto Protendidas com a Utilização de Compostos FRP
A = 0,85.f'c.bw.ȕ1
B = Ap.(Ep.İcu.ȍu - fpe ) + A's.f'y - As.fy + 0,85.fc’ (b - bw).hf
C = -Ap.Ep.İcu.ȍu.dp
Alkhairi, para efeito de projetos, recomenda os seguintes valores recalibrados após resul-
tados experimentais:
1,5
Ωu =
⎛L ⎞ para carga concentrada em um ponto.
⎜d ⎟
⎝ p⎠
3,0
Ωu = para carga concentrada em dois pontos ou para carregamento
⎛L ⎞
⎜d ⎟
⎝ p⎠
6 - Alkhairi, F. M., 1991 – “On the behavior of Concrete Beams Prestressed with Unbonded Internal and External Tendons”.
465
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Uma das maiores diferenças que ocorre entre elementos com protensão interna e com
protensão externa é a diferença de excentricidade que ocorre no caso dos cabos externos
quando da deformação do elemento sob a ação das cargas. Isso ocorre porque os cabos
externos continuam lineares entre os desviadores e as ancoragens de extremidade en-
quanto a viga sofre uma deformação curvilínea. Essa variação de excentricidade ocorre
também quando da variação da intensidade de carregamento. Dessa forma, essas ocor-
rências devem ser analisadas criteriosamente quando da elaboração do projeto de reforço
externo por protensão.
Foi observado por Aravinthan e Mutsuyoshi7 que a variação de excentricidade pode ter uma
inÀuência signi¿cativa na resistência última das vigas protendidas externamente. Dessa for-
ma, o coe¿ciente de redução de profundidade (Rd) visa a correção do efeito descrito acima.
de = Rd.dp onde,
⎛L ⎞ ⎛S ⎞
Rd = 1,14 − 0,005. ⎜ ⎟ − 0,19. ⎜ d ⎟⎠ ≤ 1,00 ĺ para o primeiro ponto de carregamento.
⎝ dp ⎠ ⎝ L
⎛L ⎞ ⎛S ⎞
Rd = 1,25 − 0,010. ⎜ ⎟ − 0,38. ⎜ d
⎝ L ⎟⎠ ≤ 1,00 ĺ para o terceiro ponto de carregamento.
⎝ dp ⎠
0,21 ⎛ Ap int ⎞
Ωu = + 0,04. ⎜ ⎟ + 0,04 ĺ para o primeiro ponto de carregamento.
⎛L ⎞ ⎝ Ap tot ⎠
⎜d ⎟
⎝ p⎠
2,31 ⎛ Ap int ⎞
Ωu = + 0,21. ⎜ ⎟ + 0,06
⎛L ⎞ ⎝ Ap tot ⎠ ĺ para o terceiro ponto de carregamento.
⎜d ⎟
⎝ p⎠
Os valores de (ȍu) podem ser incorporados na equação (25), substituindo-se (dp) por (de)
para a determinação da tensão última.
7 - “PredicƟon of the UlƟmate Flexural Strenght of Externally Prestressed PC Beams” – Aravinthan, T. e Mutsuyoshi, H. – 1997.
466
Capítulo 11 - Dimensionamento de Vigas Isostáticas de Concreto Protendidas com a Utilização de Compostos FRP
11.13 DEFLEXÕES
As deÀexões de um elemento protendido com cabos FRP podem ser divididas em duas
categorias:
– deÀexões de curto prazo.
– deÀexões de longa duração.
Antes do ¿ssuramento, o momento de inércia da seção íntegra pode ser usado para o
cálculo das deÀexões com a utilização das fórmulas clássicas da resistência dos materiais.
Se o cálculo das deÀexões tiver que ser feito considerando a seção ¿ssurada deverão ser
utilizados procedimentos que levem em conta a diminuição de resistência (menor inércia)
que o ¿ssuramento produz.
Essa veri¿cação pode ser feita com a utilização do momento de inércia efetivo modi¿cado
(Ie), assim de¿nido:
⎛ Mcr ⎞
3
⎛ ⎛ M ⎞3 ⎞
Ie = ⎜ .β d .Ig + ⎜1 − ⎜ cr ⎟ ⎟ Icr < Ig onde,
⎝ Ma ⎟⎠ ⎝ ⎝ Ma ⎠ ⎠
⎡ Ep ⎤
β d = 0,5 ⎢ + 1⎥
⎣ Es ⎦
Ep módulo de elasticidade do cabo de FRP.
Es módulo de elasticidade do aço.
Ig momento de inércia da seção não ¿ssurada (bruta).
Icr momento de inércia da seção ¿ssurada.
Mcr momento que produz a ¿ssuração na seção.
Ma momento máximo atuando na seção na veri¿cação da deÀexão.
467
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
A expressão acima tem aproximação válida para cargas situadas entre a situação de início
de ¿ssuramento para até cerca de 50% da carga última. Considerando-se que a deÀexão
não é devida exclusivamente na mudança do momento de inércia (Ie), mas também devido à
mudança de excentricidade da força de protensão após a ocorrência do ¿ssuramento, foram
sugeridas modi¿cações8 para levar em consideração essa acumulação de efeitos, conside-
rando a excentricidade relativamente à efetiva localização do eixo neutro (baricentro).
⎛M ⎞
2
⎛ ⎛ M ⎞2 ⎞
y ef = ⎜ cr ⎟ .y g + ⎜1 − ⎜ cr ⎟ ⎟ y cr
⎝ Ma ⎠ ⎝ ⎝ Ma ⎠ ⎠
yef distância entre a ¿bra extrema mais comprimida para a efetiva linha neutra.
yg distância entre a ¿bra extrema mais comprimida para a linha neutra da seção bruta (não
¿ssurada).
ycr distância entre a ¿bra extrema mais comprimida para a linha neutra da seção ¿ssurada.
Para as deformações de longo prazo é feita uma separação entre a curvatura e a deÀexão,
tratados como componentes individuais que são ajustados por um multiplicador e depois
são sobrepostos para a obtenção da deÀexão ¿nal. Os multiplicadores necessários foram
sugeridos por Currier9, baseados em uma série de experimentos realizados, consistindo
em três vigas com cada tipo de cabo nas quais foram observadas as variações das defor-
mações durante o período de 1 ano. Os resultados são mostrados na Tabela 11.6.
468
Capítulo 11 - Dimensionamento de Vigas Isostáticas de Concreto Protendidas com a Utilização de Compostos FRP
469
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CFRP
Propriedades
Leadline® CFCC
Fibra carbono carbono
Resina epóxi epóxi
Relação Fibra/Volume 0,65 0,65
Densidade (g/cm3) 1,53 1,50
Resistência de Tração Longitudinal (GPa) 2,25 a 2,55 1,80 a 2,10
Resistência de Tração Transversal (MPa) 57 ---
Módulo de Elasticidade Longitudinal (GPa) 142 a 150 137
Módulo de Elasticidade Transversal (GPa) 1,30 ---
Resistência ao corte no plano (MPa) 71 ---
Módulo de elast. de corte no plano (GPa) 7,20 ---
Maior coe¿ciente de Poisson 0,27 ---
Menor Coe¿ciente de Poisson 0,02 ---
Resistência de aderência (MPa) 4 a 20 7 a 11
Deformação Máxima Longitudinal (%) 1,3 a 1,5 1,57
Deformação Máxima Transversal (%) 0,60 ---
Resistência à compressão longitudinal (MPa) 1440 ---
Resistência à compressão transversal (MPa) 228 ---
Coef. de expansão térmica longitudinal (/oC) -0,9 x 10-6 0,5 x 10-6
Coef. de expansão térmica transversal (/oC) 27 x 10-6 21 x 10-6
Perda por relaxação em temperatura ambiente 0,5 a 1,0 em
2a3
(% de perda de tensão no macaco) 102 h
470
Capítulo 11 - Dimensionamento de Vigas Isostáticas de Concreto Protendidas com a Utilização de Compostos FRP
A Figura 11.19 mostra esquematicamente como são criadas as forças de protensão nos
laminados de ¿bra de carbono.
471
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472
Capítulo 11 - Dimensionamento de Vigas Isostáticas de Concreto Protendidas com a Utilização de Compostos FRP
473
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Passivos Protendidos
Força de Força de Força de Força de
Laminados LM tração a 0,6% tração a 0,8% tração a 1,0% tração a 1,2%
Seção
de extensão de extensão de extensão de extensão
f* fu>2800 N/mm2 Transversal
(mm2) Resistência à Resistência à Resistência à Resistência à
Ep = 168.000 N/mm 2
tração teórica tração teórica tração teórica tração teórica
para o cálculo para o cálculo para o cálculo para o cálculo
1000 N/mm2 1300 N/mm2 1600 N/mm2 2000 N/mm2
50/1.2(100ml) 60 60,0 kN 78,0 kN 96,0 kN 120,0 kN
50/1.4(100ml) 70 70,0 kN 91,0 kN 112,0 kN 140,0 kN
60/1.4(100ml) 84 84,0 kN 109,2 kN 134,4 kN 168,0 kN
80/1.2(100ml) 96 96,0 kN 124,8 kN 153,6 kN 192,0 kN
80/1.4(100ml) 112 112,0 kN 145,6 kN 179,2 kN 224,0 kN
90/1.4(100ml) 126 126,0 kN 163,8 kN 201,6 kN 252,0 kN
100/1.2(100ml) 120 120,0 kN 156,0 kN 192,0 kN 240,0 kN
100/1.4(100ml) 140 140,0 kN 182,0 kN 224,0 kN 280,0 kN
120/1.2(100ml) 144 144,0 kN 187,2 kN 230,4 kN 288,0 kN
120/1.4(100ml) 168 168,0 kN 218,4 kN 268,8 kN 336,0 kN
474
Capítulo 11 - Dimensionamento de Vigas Isostáticas de Concreto Protendidas com a Utilização de Compostos FRP
0,3.0,5.2,5
g= = 3,75 N / mm
1000
3,75.10000 2
Mg = = 46,87.10 6 N.mm
8
2,50.10000 2
M Δg = = 31,25.10 6 N.mm
8
3,50.10000 2
Mp = = 43,75.10 6 N.mm
8
Mserv = Mg + M Δg + M p = (46,87 + 31,25 + 43,75 ) .10 6 = 121,87.10 6 N.mm
Cargas majoradas:
( )
Mfac = 1,25 Mg + M Δg +1,5. M p
475
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Força de protensão:
Considerando-se o cabo com diâmetro de 10 mm e (Ap = 78,54 mm2 /tendão)
Características do concreto:
fc' = 45 MPa ;φc = 0,65
Ec = 0,9.5600. 45 ≅ 33810 MPa
Na hora da protensão:
Pi 717798
= = 4,785 MPa
Ag 300.500
Pi .e.y 717798.140.250
= = 8,039 MPa
I 3125.10 6
Mg .y 46,87.10 6 .250
= = 3,75 MPa
I 3125.10 6
Na seção do apoio:
Pi 717798
= = 4,785 MPa
Ag 300.500
Pi .e.y 717798.40.250
= = 2,297 MPa
I 3125.10 6
Mg .y
=0
I
476
Capítulo 11 - Dimensionamento de Vigas Isostáticas de Concreto Protendidas com a Utilização de Compostos FRP
Perdas de protensão:
Encurtamento elástico
fcir
ES = E p .
Eci
Fluência:
kcr .E p (fcir − fcds )
CR = ⎡⎣1,37 − 0,77 (0,01.RH ) ⎤⎦ .
2
Ec
Retração no concreto:
SH = 117 − 1,05.RH = 117 − 1,05.60 = 54,0 MPa
477
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Admitindo-se que a transferência ocorra com a idade de três (3) dias, vem:
REL 1 = 0,23 + 0,345.log(t) = 0,23 + 0,345.log(3) = 0,395%
REL 1 = 0,00395.0,4.2860 = 4,519 MPa
REL 2 = 2,6 - 0,395 = 2,205%
REL 2 = 0,02205.0,4.2860 = 25,225 MPa
Pe R = ch [0,4.2860 - (25,24 + 54,0 + 25,225)](78,54.8) = 653160 N
Pe 653160
fpe = = = 1039,534 MPa
Ap( tot ) 628,32
Tensões em serviço:
seção central
Pe 653160
= = 4,354 MPa
Ag 300.500
Pe .e.y 653160.140.250
= = 7,315 MPa
I 3125.10 6
Mserv .y 121,87.10 6 .250
= = 9,750 MPa
I 3125.10 6
f( s ) = −4,354 + 7,315 − 9,570 = −6,609 MPa
− 6,609 < −0,45.fc' = −0,45.45 = −20,250 MPa
f( i ) = −4,354 − 7,315 + 9,750 = −2,099 MPa
Resistência da seção média:
Pe 653160
fpc = = = 1039,54 MPa
Ap 628,32
fpe 1039,54
ε pe = = = 0,0071
Ep 147000
478
Capítulo 11 - Dimensionamento de Vigas Isostáticas de Concreto Protendidas com a Utilização de Compostos FRP
ffpu 2860
ε fp = = = 0,0195
Ep 147000
α1 = 0,85 − 0,0015.fc' = 0,85 − 0,0015.45 = 0,783
β1 = 0,98 − 0,0025.fc' = 0,97 − 0,0025.45 = 0,858
∅c .fc' ⎛ ε cu ⎞
ρb = α1 .β1 .
∅fp .fpu ⎜⎝ ε cu + ε fp − ε pe ⎟⎠
0,65.45 ⎛ 0,0035 ⎞
ρb = 0,783.0,858. ⎜ ⎟ = 0,018
0,85.2860 ⎝ 0,0035 + 0,0195 − 0,071 ⎠
Ap 628,32
ρ= = = 0,0054
b.d p 300. (250 + 140 )
ρ = 0,0054 > ρb = 0,0018 OK
479
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
480
CAPÍTULO 12
481
Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
As ¿ssuras estruturais com aberturas acima de 0,2 mm podem afetar a resistência da se-
ção de concreto e deverão ser injetadas. As ¿ssuras com aberturas inferiores a 0,2 mm
podem exigir a injeção de resinas para a sua colmatação.
O concreto ou as superfícies às quais o sistema FRP será aplicado deverão ter uma exposição
recente, conseguida através de lixamento ou jateamento abrasivo, e não apresentar vazios
aparentes ou descobertos através do “tap-test” (batida de chocos). Se as ¿bras tiverem que
envolver os cantos (quinas) de seções quadradas ou retangulares (prismáticas) os mesmos
deverão ser arredondados com um raio mínimo de 1,5 cm (§ ½”) para evitar a concentração de
tensões nos cantos e evitar a criação de vazios na dobra, entre o concreto e o FRP.
Os vazios super¿ciais deverão ser preenchidos com massa regularizadora e as marcas de
formas ou rugosidades excessivas deverão ser desbastadas antes da instalação do sistema.
Toda a contaminação super¿cial, tais como pinturas, sujeira, substâncias sólidas aderidas,
poeira e pós, substâncias oleosas e graxas, etc., que possam interferir com a e¿ciência da
colagem, deverá ser removida.
Os cantos internos e superfícies côncavas podem exigir detalhamentos especiais para as apli-
cações de ¿bras de FRP, tendo em vista a tendência de reti¿cação das mesmas sob tensão.
Após o término das operações de preparação das superfícies para a aplicação do sistema
FRP as mesmas deverão ser limpas e protegidas até a instalação do sistema.
Devem ser veri¿cadas, também, as condições de transmissão do vapor de água intersticial,
estabelecendo condições de alívio da mesma para evitar o descolamento do sistema aplicado.
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Capítulo 12 - Processo Construtivos dos Sistemas FRP
Nesse tipo de aplicação, que envolve o con¿namento de elementos de concreto armado por
sistemas FRP, a preparação das superfícies deve facilitar o contato contínuo entre o concre-
to e o FRP. A sonoridade do concreto deve ser veri¿cada antes da aplicação do sistema. As
superfícies resultantes devem ser planas ao máximo, ou convexas, para permitir o adequado
carregamento do sistema. Materiais com pouca resistência à compressão e baixos módulos
elásticos, que podem reduzir a e¿ciência dos sistemas FRP, devem ser removidos.
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Um dos procedimentos mais utilizados para essa avaliação consiste no processo deno-
minado de “tap-test” (ou mais comumente, bater o choco), que consiste basicamente em
aplicar pancadas na superfície do concreto através de um martelo de aço para, através da
resposta sonora às batidas, determinar a compacidade do substrato do concreto. O proce-
dimento é mostrado esquematicamente através da Figura 12.1.
Entretanto, se essa providência não for implementada logo a seguir ao “tap-test” (bater o
choco) recomenda-se que as áreas fragilizadas sejam demarcadas com a utilização de giz
ou mesmo tinta para permitir a sua posterior demolição.
O procedimento padrão para a recuperação das áreas contaminadas por corrosão das
armaduras consiste em retirar todo o concreto deteriorado até que se obtenha a exposição
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Capítulo 12 - Processo Construtivos dos Sistemas FRP
completa de uma superfície do concreto sã e íntegra. Admita-se uma área imaginária con-
taminada exposta de um pilar (ou viga) conforme mostrado na Figura 12.3.
Observar que deve ser exposta toda a armadura eventualmente corroída, signi¿cando que
deve ser removido de 1,5 a 2 cm do concreto situado abaixo (por detrás) das barras expos-
tas. Esta providência tem por objetivo garantir um bom acesso que permita a correta lim-
peza das barras da armadura assim como permitir o completo envolvimento e passivação
da mesma quando colocado o material de reparo. Não deve ser permitida, sob qualquer
pretexto, a retirada do material apenas nas laterais das barras da armadura corroída, dei-
xando a sua parte posterior ainda imersa no concreto contaminado. Caso isso aconteça
será inevitável a formação de uma pilha de corrosão eletroquímica, gerada pela diferença
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
dos materiais, uma vez que parte inferior do concreto funcionará como ânodo e a parte
nova, recuperada, funcionará como cátodo, originando um processo de corrosão muito
mais acelerado e agressivo que o anteriormente detectado. A conformação ideal para o
desmonte é a mostrada esquematicamente na Figura 12.5.
Caso ocorram manifestações de corrosão muito próximas umas das outras é de todo con-
veniente que as áreas de reparos sejam agrupadas em uma única área de geometria bem
de¿nida, conforme pode ser observado na Figura 12.6.
Figura 12.6 – Solução para incorporação para áreas de reparo muito próximas.
486
Capítulo 12 - Processo Construtivos dos Sistemas FRP
dura esteja previamente imprimada o comprimento de ancoragem a ser adotado deve ser
aumentado. Essa substituição é mostrada esquematicamente na Figura 12.7.
Apesar de permitida pelas normas técnicas estruturais a utilização de solda para diminuir o
comprimento de ancoragem, se possível, deve ser feita com cuidados especiais para que as
altas temperaturas envolvidas no processo não alterem tanto as características do aço como
a qualidade do concreto. Antes desse procedimento é recomendável a constatação de que o
aço existente admite os procedimentos de solda.
A limpeza das armaduras é fator fundamental para o resultado da recuperação proposta. Para
tanto, todo o produto de corrosão aderido às superfícies das barras das armaduras deverá ser
completamente retirado antes que sejam colocados os materiais de reparo. Viabilizam-se os pro-
cedimentos de eliminação da corrosão baseados em limpeza rigorosa utilizando lixas e mesmo
jatos de areia ou limalhas. Se a contaminação for decorrente de cloretos ou se o material a ser
utilizado no reparo for epoxídico ou polimérico a limpeza com a utilização de jato de areia é alta-
mente recomendável, embora atualmente exista uma restrição muito grande à utilização desse
método em função das recomendações de segurança dos operadores do equipamento. No caso
em foco devem ser feitos uma escovação intensa (escova de aço) e lixamento. Em hipótese al-
guma deve ser utilizado zarcão para a pintura das armaduras de concreto armado.
A Figura 12.8 mostra alguns dos procedimentos mais usuais para a limpeza da corrosão
das barras da armadura tais como escovas de aço, lixas e espátulas.
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Após a limpeza das armaduras é feita a “passivação” das mesmas com a utilização de produ-
tos especí¿cos. Os produtos anticorrosivos mais utilizados para a passivação das armaduras
são os primers anticorrosivos com base cimentícia e os primers anticorrosivos com base epóxi.
A Figura 12.9 indica como deve ser feita a passivação da armadura. É fundamental que a parte
inferior das barras da armadura esteja totalmente imprimada para que a passivação tenha êxito.
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Capítulo 12 - Processo Construtivos dos Sistemas FRP
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Após a recomposição da seção é essencial que seja procedida a sua cura, que deve durar
pelo menos 07 dias, se a peça não for revestida ao ¿m de 72 horas. Esse procedimento é
mostrado na Figura 12.14.
Muitas vezes, pela própria posição da peça de concreto, não será possível a cura pelos
processos mais convencionais como a imersão, o lançamento de água pulverizada conti-
nuamente e/ou o contato com esponja saturada. Neste caso recomenda-se a adoção da
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Capítulo 12 - Processo Construtivos dos Sistemas FRP
cura química com produto apto a não criar uma barreira de aderência posterior para os
revestimentos ou outros acabamentos.
O concreto armado é por natureza um material FRP ¿ssurado. Entretanto, a maioria das
¿ssuras são de abertura muito pequena e, por isso, denominadas micro¿ssuras.
O que causa preocupação são as ¿ssuras que tiveram origem nas deformações por carre-
gamentos das peças. As ¿ssuras, para efeitos práticos, podem ser classi¿cadas em duas
categorias distintas: ¿ssuras com abertura menor que 0,20 mm; ¿ssuras com abertura
maior que 0,20 mm.
Todas as trincas existentes na estrutura a ser reforçada deverão ser recuperadas. Além
delas, as ¿ssuras com aberturas maiores que 0,20 mm também deverão ser tratadas.
Podem ser utilizados para essa recuperação os procedimentos convencionais de injeção
das mesmas com epóxi sob pressão, como mostrado esquematicamente na Figura 12.16.
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Fissuras com abertura menor do que 0,2 mm não conseguem ser injetadas com materiais
epoxídicos.
O procedimento utilizado para a sua selagem passa pela seguinte sequência construtiva:
– limpeza e secagem da seção a ser injetada;
– preparação da solução a ser aplicada na selagem das ¿ssuras;
– primeira aplicação da solução por meio de brocha ou escova;
– segunda aplicação da solução, agora mais concentrada, decorridas 24 horas da
aplicação anterior;
– enxaguar a superfície ainda úmida com água limpa para a remoção do excesso de
cristais da solução aplicada.
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Capítulo 12 - Processo Construtivos dos Sistemas FRP
Obtura-se o bico em utilização e transfere-se a injeção para o bico onde ocorreu a purga do
material. O processo continua nesta sequência até que se consiga a obturação completa
da ¿ssura.
De modo geral, é muito difícil a injeção ou selagem de ¿ssuras com aberturas médias in-
feriores a 0,2 mm.
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Sempre que possível deve ser evitada a utilização de ancoragens mecânicas para os sis-
temas compostos FRP, tendo em vista o elevado custo das mesmas.
Desde que sejam utilizadas ancoragens mecânicas, tornam-se necessário cuidados rigo-
rosos de projeto e execução devido aos problemas de cisalhamento dos conectores e du-
rabilidade das extremidades das lâminas de ¿bra de carbono depois de serem perfuradas
para a ¿xação dos conectores.
Para que um sistema FRP possa ser considerado adequadamente aderido ao substrato de
concreto esse último deverá possuir uma resistência de arrancamento de pelo menos 14 MPa.
Para determinar a capacidade do substrato é utilizado o teste denominado “pull- test”, que con-
siste na colagem diretamente sobre o substrato de uma placa metálica quadrada de lado 5 cm,
que, após a cura completa do adesivo, será tracionada por um dispositivo mecânico até que
se produza o seu arrancamento do substrato, determinando assim a resistência do mesmo.
A Figura 12.21 mostra esquematicamente como é realizado o teste. No ¿nal desse capítulo
mais informações sobre o “pull-test” serão fornecidas.
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Capítulo 12 - Processo Construtivos dos Sistemas FRP
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A limpeza da superfície onde deverá ser aderido o sistema FRP deve ser feita com a utili-
zação de abrasivos ou jatos de areia ou limalhas metálicas. Esta limpeza deve contemplar
a remoção de poeira, pó, substâncias oleosas e graxas, partículas sólidas não totalmente
aderidas, recobrimentos diversos como pinturas, argamassas, etc. Também deverão ¿car
totalmente expostas quaisquer brocas ou imperfeições super¿ciais signi¿cativas.
No caso em que o sistema FRP exigir o recobrimento de mais de uma superfície lateral da
peça ocorrerá a necessidade de arredondamento das quinas envolvidas nessa aplicação,
visando com isso evitar concentração de tensões na ¿bra de carbono e eliminar eventuais
“vazios” entre o concreto e o sistema por de¿ciência na colagem. Esse arredondamento
é mostrado na Figura 12.23. Os cantos rugosos devem ser suavizados com aplicação de
massa regularizadora apropriada com acabamento lixado.
Para que as demais etapas possam ser implantadas, todas as superfícies sobre as quais
será implantado o sistema FRP deverão estar secas, sem umidade intersticial, uma vez
que a presença de água pode inibir a penetração das resinas e reduzir drasticamente a
e¿ciência da ponte de aderência necessária.
No caso de contato crítico, nas aplicações que envolvam o con¿namento das peças de
concreto armado, a preparação das superfícies deve ser fundamentalmente direcionada
no sentido de que seja estabelecido um contato íntimo e contínuo entre as superfícies
envolvidas. Essas superfícies não podem apresentar concavidades ou convexidades que
impeçam o carregamento correto do sistema FRP. As irregularidades super¿ciais expressi-
vas devem ser corrigidas através do seu preenchimento (caso de brocas) com material de
reparação compatível com as características mecânicas do concreto existente ou através
da sua remoção (caso das juntas de formas).
Uma vez concluída a recuperação do substrato de concreto pode-se partir para a aplicação
propriamente dita do sistema FRP, que se faz segundo as seguintes etapas:
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Capítulo 12 - Processo Construtivos dos Sistemas FRP
Os imprimadores primários têm como objetivo penetrar nos poros do concreto, colmatan-
do-os para que, juntamente com a película aderida à superfície do concreto, seja estabe-
lecida uma ponte de aderência e¿ciente, sobre a qual será instalado o sistema, conforme
mostra a Figura 12.24.
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Após o corte, as lâminas de ¿bras de carbono deverão ser aderidas às peças a serem re-
forçadas. Existem duas maneiras distintas para se executar esse procedimento:
Nessa alternativa a lâmina de ¿bra de carbono é saturada em bancada própria, sendo depois
transportada para a sua aplicação na peça a ser reforçada, conforme mostra a Fotogra¿a 12.1.
Nessa alternativa a saturação é feita diretamente sobre o concreto da peça a ser reforçada
para em seguida ser colada a lâmina de ¿bra de carbono, como mostra a Figura 12.27.
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Capítulo 12 - Processo Construtivos dos Sistemas FRP
Por sua vez, a aplicação via úmida conduz a uma limitação no comprimento da lâmina a
ser transportada, da ordem de 3,5 a 4,0 m. En¿m, cabe ao aplicador de¿nir qual o sistema
a ser adotado uma vez que o resultado ¿nal para ambos os procedimentos não é alterado.
O ferramental utilizado para a aplicação dos sistemas FRP é muito simples, como pode ser
observado na Fotogra¿a 12.2. Além dessas ferramentas necessita-se de uma boa tesoura
de aço para o corte das lâminas de FRP.
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Com relação ao alinhamento das ¿bras de carbono o ACI Committee 440 estabelece quando
da aplicação das lâminas que se observe visualmente a orientação das ¿bras de carbono
de modo a que não se permita a ocorrência de ondulações ou desvios de direção maior que
um desvio máximo de 5º (87 mm/m) da direção especi¿cada no projeto de reforço. Qualquer
desvio maior que esse observado na obra deve ser comunicado ao engenheiro projetista.
Quando as ¿bras de carbono não são aplicadas alinhadas com o eixo longitudinal da peça de
concreto armado (ȕ = 0º) pode ocorrer uma redução na resistência efetiva do sistema CFC, uma
vez que seráo somada à resultante das tensões normais a resultante das tensões tangenciais
geradas no sistema em função do desalinhamento. Essa situação é mostrada na Figura 12.29:
De acordo com a ¿gura acima, a tensão normal resultante na ¿bra de carbono (Vȕ) será
dado pela seguinte expressão: (Vȕ) = Vc . sec2ȕ.
500
Capítulo 12 - Processo Construtivos dos Sistemas FRP
Como geralmente os sistemas compostos FRP são aplicados manualmente torna-se neces-
sário muito cuidado para que a mesma esteja perfeitamente alinhada com o eixo longitudinal
da peça para que não ocorra nenhuma redução sensível na resistência ¿nal à tração do
sistema. Para que a lâmina de ¿bra de carbono ¿que perfeitamente aderida ao substrato de
concreto é executado imediatamente à colocação da mesma um procedimento para a elimi-
nação das bolhas de ar que tenham ¿cado aprisionadas na interface desses dois elementos.
Esse procedimento é denominado de “rolagem das bolhas de ar” e é feito com a utilização de
pequenos roletes de aço denteados que “empurram” as bolhas de ar até a extremidade das
lâminas, onde ¿nalmente são eliminadas, como mostrado na Fotogra¿a 12.3.
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Estruturalmente, está encerrada a aplicação do sistema FRP. Como podem ser necessá-
rias várias camadas de lâminas de ¿bra de carbono para o reforço estrutural da peça essas
operações são repetidas sucessivamente para cada camada adicional. Convém ressaltar
que cada lâmina exige duas imprimações independentes, não podendo a última camada
de imprimação da lâmina anterior ser utilizada para a colocação da próxima lâmina.
Muitas vezes por razões estéticas se quer esconder o sistema FRP aplicado. Para esse
tipo de acabamento alguns sistemas FRP’s disponibilizam revestimentos especiais com
diversas cores e texturas.
Geralmente as emendas das lâminas de ¿bra de carbono são necessárias em função da geome-
tria da peça de concreto armado ou em função da facilidade executiva da instalação do sistema.
Apesar das lâminas das ¿bras de carbono serem fornecidas geralmente em forma de rolo
com dezenas de metros de comprimento a prática tem demonstrado que o manuseio de
lâminas com mais de 3 ou 4 metros de comprimento é bastante difícil. Assim torna-se ne-
cessário quando da elaboração do projeto de reforço com os sistemas FRP a previsão das
emendas necessárias em função da trabalhabilidade da aplicação.
Principalmente no caso em que se utiliza o sistema FRP para atender ao cisalhamento, a
necessidade de envolvimento total da seção transversal conduz à exigência de ter-se que
providenciar uma superposição que garanta a continuidade do sistema.
502
Capítulo 12 - Processo Construtivos dos Sistemas FRP
A melhor emenda é a que é feita por traspasse das lâminas de ¿bra de carbono no sentido
do seu comprimento.
Para sistemas FRP o comprimento de superposição (traspasse) depende da resistência de
tração e da espessura do material utilizado e a resistência de colagem entre duas camadas
adjacentes de laminados. Esse valor deve ser fornecido pelo fabricante do sistema.
Para a maioria dos tecidos, esse comprimento se situa entre 50 mm e 100 mm. Entretanto
a experiência tem demonstrado que um valor maior é recomendado para que se possa
prevenir erros de posicionamento e também compensar a ondulação da superfície de con-
creto onde será aplicado o sistema FRP. Recomenda-se para tanto um traspasse mínimo
de 150 mm .
Já para as emendas no sentido transversal àquele que suporta o esforço de tração (¿bras
colocadas lado a lado) não há necessidade de superposição. Basta que as ¿bras sejam
justapostas uma em relação à outra.
Essa disposição inclusive permite a migração da pressão de vapor do concreto armado,
permitindo que a peça possa “respirar”. Não permitir essa migração pode produzir o empo-
lamento das ¿bras de carbono.
A Figura 12.32 demonstra como devem ser consideradas as emendas longitudinais e late-
rais dos sistemas CFC.
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Antes mesmo do início do projeto o fornecedor do sistema FRP a ser utilizado deve apre-
sentar a certi¿cação de todos os materiais a serem utilizados.
Testes adicionais de materiais podem ser providenciados ou exigidos com base na comple-
xidade ou responsabilidade do projeto.
A avaliação sobre o recebimento dos materiais constituintes dos sistemas FRP deve in-
cluir testes para a tensão de tração, análise do espectro infravermelho, temperatura de
transição vítrea, vida útil (pot-life) das resinas e resistência do adesivo ao cisalhamento.
Esses testes são normalmente realizados em amostras de materiais enviadas para os la-
boratórios de acordo de acordo com o planejamento de controle dos materiais. Testes para
determinar a vida útil das resinas e da dureza da cura são normalmente realizados “in-situ”.
Materiais que não correspondam às exigências mínimas especi¿cadas pelo engenheiro
projetista da obra devem ser rejeitados.
Durante a instalação dos sistemas FRP painéis (quadros) de teste podem ser produzidos
no local de acordo com um plano de amostragem utilizando os procedimentos de instala-
ção similares àqueles que serão utilizados para a instalação do sistema FRP nas superfí-
cies de concreto.
Os painéis de teste poderão ser preparados para serem entregues a laboratórios aprova-
dos de tal maneira que possam ser realizados os testes de resistência, dureza e de tem-
peratura de transição vítrea.
Assim, se necessário, a con¿rmação da resistência e do módulo de elasticidade dos ma-
teriais podem ser con¿rmados de acordo com as especi¿cações das normas pertinentes2.
Comprimentos de traspasse, resistência à tração e módulo elástico dos materiais do sis-
tema FRP podem também ser determinados utilizando-se testes de ruptura em elementos
cilíndricos. As propriedades a serem avaliadas através de testes devem ser especi¿cadas.
O engenheiro pode abrir mão ou mesmo alterar a frequência dos testes.
Durante a instalação do sistema FRP porções das resinas misturadas devem ser prepa-
radas de acordo com um plano de amostragem e retidos para testes de determinação do
nível da cura.
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Capítulo 12 - Processo Construtivos dos Sistemas FRP
A orientação das ¿bras de carbono ou dos laminados pré-curados devem ser avaliados
através de inspeção visual. Ondulações nas ¿bras, uma aparência localizada de ¿bras que
se desviaram da linha geral de alinhamento sob a forma de pregas ou ondas, devem tam-
bém ser avaliadas para os sistemas aplicados por via úmida.
Desvios de alinhamento nas ¿bras ou nos laminados com mais de 5º do ângulo especi¿ca-
do nos desenhos do projeto (aproximadamente 80 mm/1000 mm) devem ser comunicados
ao engenheiro para avaliação e aceitação.
Uma vez concluída a aplicação do sistema composto deve ser realizada uma veri¿cação
relativamente às suas condições reais de aplicação.
Esse teste vai desde a inspeção visual, passando por testes expeditos de compacidade,
até testes mecânicos de arrancamento.
Para os sistemas compostos FRP são recomendados os seguintes testes de veri¿cação da
aplicação de seu sistema:
- teste de sonoridade
- teste mecânico de arrancamento
O teste de sonoridade consiste em bater com um martelo de aço em toda a extensão do
sistema aplicado e, através da resposta sonora, identi¿car possíveis pontos onde a cola-
gem não esteja adequada O teste, apesar de simples é um indicativo seguro da qualidade
da aplicação, conforme indicado na Figura 12.33.
O teste de arrancamento mecânico consiste em colar uma chapa de aço quadrada com
lado igual a 5 cm sobre o sistema composto aplicado e, através de um dispositivo adequa-
do promover o arrancamento dessa chapa. De acordo com o modo de ruptura ocorrido
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Equipamento
Sistema FRP para pull-test
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Capítulo 12 - Processo Construtivos dos Sistemas FRP
Na Fotogra¿a 12.12 é mostrado o resultado mais comum desses testes que é o caso em
que a placa metálica continua com o sistema composto aderido e o rompimento ocorre no
substrato de concreto.
Caso ocorra alguma de¿ciência na aplicação do sistema o mesmo deverá sofrer alguma
recuperação localizada ou, dependendo da extensão desquali¿cada, ser totalmente remo-
vido e refeito.
Essas são as principais etapas de aplicação dos sistemas compósitos estruturados com
¿bras de carbono aderidos externamente às peças de concreto armado. Eventuais diferen-
ças existentes entre os sistemas compósitos atualmente comercializados não descaracte-
rizam o procedimento de instalação descrito.
A mistura das resinas deve ser feita de acordo com os procedimentos recomendados pelo
fabricante do sistema FRP. As resinas normalmente são sistemas formados por dois com-
ponentes que apresentam coloração diferenciada.
As resinas deverão ser misturadas, obedecendo a uma relação correta de volumes, na
temperatura apropriada, e misturadas até que se atinja uma coloração uniforme e sem
rajas. Os equipamentos de mistura incluem pequenos misturadores de pás elétricos, e,
eventualmente, algumas resinas podem ser homogeneizadas manualmente.
Essas misturas deverão atender à quantidade necessária para a utilização na etapa previs-
ta, para evitar desperdícios, uma vez que o “pot-life” da mistura é pequeno. As sobras de
resina não poderão ser utilizadas, uma vez que, feita a mistura, a viscosidade continuará a
aumentar e produzirá um efeito adverso na sua capacidade de penetração no substrato de
concreto e de saturação da ¿bra.
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Os revestimentos protetores deverão ser compatíveis com o sistema de reforço FRP ado-
tado, e aplicado de acordo com as recomendações dos fabricantes.
De modo geral, a utilização de solventes para a limpeza do FRP antes da aplicação do re-
vestimento não é indicada, tendo em vista os efeitos deletérios que os solventes produzem
nas resinas poliméricas.
Não existe contra indicação na utilização de recobrimentos cerâmicos ou por meio de ar-
gamassas. Recomenda-se que nesses casos, tão logo se termine a aplicação do sistema,
seja polvilhada areia sobre a resina ainda em processo de cura, permitindo que se tenha
uma superfície aderente para receber o revestimento, como mostrado na Fotogra¿a 12.13.
A cura das resinas é um fenômeno dependente tanto do tempo como da temperatura. Em
temperatura ambiente as resinas podem exigir vários dias para estarem completamente
curadas. Temperaturas altas aceleram o processo de cura, enquanto que temperaturas
baixas retardam ou mesmo inibem o início da cura, portanto deve ser obedecido rigorosa-
mente o intervalo de temperatura indicado pelo fornecedor do sistema FRP.
Na prática, não são recomendadas aplicações com temperatura inferiores a 15oC e nem
superiores a 30oC. Em casos de temperaturas elevadas recomenda-se que a aplicação
seja feita no período da noite. Não é, absolutamente, permitida a alteração química da
resina no local de sua aplicação. Essa operação pode resultar na retirada da garantia do
fornecedor do sistema Proteção Temporária.
Temperaturas adversas, exposição à chuva, poeira ou sujeira, excessiva insolação, ele-
vada umidade e vandalismo podem dani¿car o sistema FRP durante o processo de sua
instalação, produzindo uma inadequada cura das resinas.
Dessa forma pode ser necessária a adoção de proteções temporárias tais como coberturas
e vedações laterais de plástico de modo a garantir um ambiente não contaminado para a
cura das resinas. Caso ocorra alguma anomalia decorrente dos agentes acima relaciona-
dos, o projetista do sistema deverá ser consultado para avaliação e recomendação.
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Capítulo 12 - Processo Construtivos dos Sistemas FRP
12.10.4 MANUSEIO
Alguns perigos que podem ser encontrados quando do manuseio das resinas constituintes
dos sistemas FRP:
- irritação da pele, tais como queimaduras, erupções cutâneas e comichão.
- sensibilização da pele, que é uma reação alérgica similar àquela causada pelo ve-
neno da hera, por ambiente fechado ou outros produtos alérgenos.
- respirar vapores orgânicos dos solventes de limpeza, monômeros e diluentes.
- caso atinjam su¿ciente concentração no ar e expostos a calor, chamas, lâmpadas
piloto, faíscas, eletricidade estática, cigarros e outras fontes de ignição, os mate-
riais inÀamáveis podem pegar fogo ou mesmo explodir.
- reações exotérmicas de mistura de materiais podem causar chamas ou danos
pessoais.
- incomôdo causado pela poeira do lixamento do sistema FRP já curado.
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Ari de Paula Machado | Bruno Alberto Machado
Existem roupas descartáveis e luvas apropriadas para o manuseio das ¿bras e das resinas
dos sistemas FRP. As luvas devem ser resistentes a resinas e solventes. Luvas descar-
táveis de plástico e borracha são recomendadas e devem ser inutilizadas após cada uso.
Óculos de segurança devem ser utilizados quando do manuseio das resinas e dos solven-
tes. Máscaras de proteção para respiração e poeira devem ser utilizadas quando ¿lamen-
tos de ¿bra, poeira ou vapores orgânicos estão presentes no ar.
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BIBLIOGRAFIA
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