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Assistência Técnica e Gerencial

Linha de produção vegetal

Gerencial I
Assistência Técnica
e Gerencial

Este curso tem

30 horas

Assistência Técnica e Gerencial


1
Linha de produção vegetal
©2018. FATECNA - Faculdade CNA a Distância

Todos os direitos reservados.

A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação

dos direitos autorais (Lei Nº 9.610).

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Asa Norte - Brasília – CEP 70.040-908

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Presidente do Conselho Deliberativo


João Martins da Silva Júnior

Entidades integrantes do Conselho Deliberativo


Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA

Confederação dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG

Ministério do Trabalho e Emprego - MTE

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA

Ministério da Educação - MEC

Organização das Cooperativas Brasileiras - OCB

Agroindústrias / indicação da Confederação Nacional da Indústria - CNI

Diretor Geral
Daniel Klüppel Carrara

Diretor de Assistência Técnica e Gerencial


Matheus Ferreira Pinto da Silva
Curso da Faculdade de Tecnologia CNA

Gerencial I
Assistência Técnica e Gerencial
Sumário

Ponto de Partida!............................................................................................ 5
Introdução do módulo ........................................................................................................ 9
Tema 1 | O agronegócio..................................................................................................... 12
Tópico 1 | Introdução ao agronegócio........................................................................14
Tópico 2 | Cadeias produtivas....................................................................................19
Tópico 3 | Teoria geral de custos...............................................................................26
Tópico 4 | Economia de escala...................................................................................32
Tópico 5 | Elasticidade de preços...............................................................................36
Encerramento do tema.................................................................................. 41
Tema 2 | Introdução ao Gerenciamento............................................................................. 44
Tópico 1 | Conceitos administrativos.........................................................................46
Tópico 2 | Gestão e gerenciamento da propriedade rural.................................................51
Tópico 3 | Características peculiares em uma empresa rural......................................57
Tópico 4 | Fatores que interferem na gestão de uma empresa rural............................63
Tópico 5 | Aplicando o gerenciamento em uma empresa rural...............................................68
Encerramento do tema.................................................................................. 77
Tema 3 | Renda bruta da atividade..................................................................................... 79
Tópico 1 | Componentes da renda..............................................................................82
Tópico 2 | Critérios de definição de custos entre atividades.......................................88
Tópico 3 | Cálculo da renda bruta..............................................................................92
Tópico 4 | Peculiaridades no cálculo da renda bruta..................................................97
Tópico 5 | Aplicando o cálculo da renda bruta..........................................................101
Encerramento do tema................................................................................ 111
Encerramento do módulo............................................................................ 114
Linha de Chegada....................................................................................... 116
Referências................................................................................................. 121
Ponto de Partida!

Olá! Bem-vindo(a) ao segundo módulo do curso Assistência Técnica e Gerencial –


Linha de produção vegetal, da Faculdade CNA a distância.

Esse curso tem como objetivo principal abordar a dinâmica no campo e o dia a dia
de um Técnico de Campo, capacitando-o para as diferentes situações que envolvem
a Assistência Técnica e Gerencial da propriedade rural.

Vamos relembrar os objetivos de cada um dos módulos que compõem o curso:

Dispor conhecimentos metodológicos para o desem-


M1 – Metodologia de penho necessário de ações de Assistência Técnica e
Assistência Técnica e
Gerencial, destacando as competências requeridas
Gerencial
ao exercício da atividade.

M2 – Gerencial I da Compreender de forma ampla os conceitos geren-


Assistência Técnica e
ciais que envolvem a Assistência Técnica e Gerencial.
Gerencial

M3 – Gerencial II da Contextualizar os conceitos gerenciais da Metodolo-


Assistência Técnica e
gia de Assistência Técnica e Gerencial.
Gerencial

Calcular e interpretar indicadores técnicos e econô-


M4 – Gerencial III da
Assistência Técnica e micos nas principais cadeias produtivas da Linha de
Gerencial Produção Vegetal.

Definir em que consiste o planejamento estratégico


M5 – Planejamento da da propriedade rural assistida pela metodologia de
propriedade rural
ATeG, facilitando sua compreensão e aplicabilidade.

Perceba que os conteúdos a serem trabalhados em cada módulo são interligados e


complementares entre si. Ao final do curso, sua formação na Assistência Técnica e
Gerencial será completa.

Assistência Técnica e Gerencial


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Linha de produção vegetal
Você terá até 45 dias para concluir cada módulo. Por isso, o conteúdo ficará disponível
no Ambiente de Estudos 24h. Assim, você pode se programar e estudar onde quiser e no
horário em que achar mais adequado, de acordo com sua agenda de estudos.

Fonte: Banco de imagens do SENAR

Para ter um melhor aproveitamento do curso e utilizar com qualidade todos os recur-
sos disponíveis, confira se as configurações do computador atendem as especifica-
ções mínimas para acesso:

• computador com acesso à internet (é recomendado o uso de banda larga);

• navegador Internet Explorer 9, Firefox versão 45 ou Chrome versão 50 (ou


superiores);

• cookies liberados no navegador;

• plug-in do Flash 10 (ou superior) instalado;

• JavaScript liberado no navegador;

• caixa de som (para ouvir os vídeos ao longo do conteúdo);

• configuração mínima necessária do monitor: 1024 x 768.

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Linha de produção vegetal
Atividades de passagem
A navegação pelo conteúdo de cada módulo será linear, ou seja, você deverá acessar o
primeiro tema, conferir todos os tópicos e realizar a atividade de passagem para, depois,
acessar o tema seguinte. Veja os tipos de atividades que teremos ao longo dos módulos:

Atividade de passagem

A atividade de passagem será composta por uma questão com o ob-


jetivo de verificar se você teve um bom aproveitamento em relação ao
conteúdo do tema correspondente. É importante responder à ativida-
de para poder acessar o tema seguinte.

Fórum

O fórum proporciona o debate e a troca de conhecimento entre você e o


tutor. Haverá um fórum por módulo, que ficará aberto durante todo o seu
período de estudos nesse módulo, permitindo que você faça a postagem
de novas percepções, enquanto trilha seu processo de aprendizagem.

Simulado

Ao finalizar o conteúdo, isto é, quando você tiver passado por todos


os temas do módulo e tiver respondido à última atividade, deverá
se preparar para responder ao simulado, que será composto por 17
questões de múltipla escolha. Você pode respondê-lo de uma a três
vezes, para se preparar adequadamente para a avaliação.

Avaliação

A Avaliação é obrigatória e com caráter avaliativo, tendo como ob-


jetivo verificar o seu desempenho em cada módulo. Ela é compos-
ta por 17 questões objetivas, assim como o simulado. Você poderá
respondê-la apenas uma vez, após a conclusão dos 3 temas de
estudo e após realizar o simulado.

Estudo de caso

É obrigatório, com caráter avaliativo. O estudo de caso consiste em


uma questão reflexiva, relacionada aos temas estudados. No primei-
ro módulo, como resposta para a questão, você deverá gravar um
vídeo sendo o protagonista dele, respondendo oralmente à pergun-
ta lançada no estudo de caso. A partir do segundo módulo ela será
discursiva.

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Linha de produção vegetal
Outra atividade importante para realizar no Ambiente de Estudos é a pesquisa de
satisfação. Com essa pesquisa, poderemos analisar a qualidade do curso por meio
das suas respostas e, assim, melhorá-lo cada vez mais.

Composição da nota de cada módulo

A nota do módulo é composta por uma média simples entre a nota


da avaliação e o estudo de caso. A nota pode variar de 0 a 10, sendo
que na avaliação a correção é automática; no estudo de caso você
receberá a nota junto com o feedback do tutor. Para ser considerado
aprovado no curso, você precisa alcançar a média final igual ou supe-
rior a 6. Ela é obtida por meio de uma média simples de suas notas
em cada módulo.

Certificado
Ao final do percurso, com o desempenho esperado, você terá seu certificado de con-
clusão do curso. Para obtê-lo, você deverá:

• percorrer o conteúdo dos módulos e seus temas;

• realizar a atividade de passagem de cada tema;

• realizar o simulado de cada módulo;

• realizar a avaliação de cada módulo;

• responder ao estudo de caso em cada módulo;

• alcançar um desempenho de 60% na média final do curso.

Agora que você está bem informado, poderá dar início ao seu curso e realizar o
acesso ao conteúdo. Conte sempre com a ajuda da tutoria e da monitoria caso tenha
alguma dúvida quanto ao curso ou Ambiente de Estudos. Aproveite a oportunidade
para participar das atividades propostas, como os fóruns e enquetes.

Lembre-se de que você terá sucesso garantido na busca por crescimento pessoal e
profissional se mantiver a organização e a dedicação durante esse processo.

Siga em frente e bons estudos!

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Linha de produção vegetal
Introdução do módulo

Fonte: Banco de Imagens do SENAR

Olá, seja bem-vindo(a)!

A partir de agora, você participará do Módulo Gerencial I da Assistência Técnica e


Gerencial!

Neste módulo, você conhecerá o diferencial da metodologia de Assistência


Técnica e Gerencial (ATeG), em que não se trabalha apenas com a transferência
de conhecimentos técnicos – como já ocorre na assistência técnica convencional
–, mas também com informações administrativas e gerenciais. Desse modo, a
empresa rural torna-se mais competitiva e lucrativa a seus empreendedores, e o
consumidor final passa a ter acesso a produtos de melhor qualidade.

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Linha de produção vegetal
Objetivo Geral

O objetivo geral deste módulo é apresentar um amplo conhecimento


teórico para que você possa reconhecer os conceitos gerenciais da
Metodologia de Assistência Técnica e Gerencial.

Percorreremos temas diversos, desde o • Tema 2: Introdução ao geren-


histórico e a evolução do agronegócio ciamento
e do setor rural brasileiro, identificando
• Tema 3: Renda bruta da ati-
a composição e a importância de cada
vidade
elo das cadeias produtivas agropecu-
árias, até a conceituação de custos e Ao final deste módulo, você conseguirá
administração de empresas rurais. identificar os fatores de produção em
uma propriedade rural que compõem
Esperamos que, com este módulo, você a renda da atividade, bem como definir
seja capaz de identificar os conceitos
a alocação de custos da atividade de
referentes à teoria geral de custos e os
acordo com os critérios indicados na
efeitos da economia de escala no custo
metodologia. Você também será ca-
unitário de um produto, além de com-
paz de calcular a renda bruta e identi-
preender as dinâmicas de mercado e o
ficar os cenários de normalidade e de
reflexo das demandas e ofertas sobre o
subatividade. E saberá ainda identifi-
preço de um produto. Além disso, você
car se deve ser utilizado o conceito da
aprenderá conceitos importantes para
variação de inventário para correção
o entendimento do gerenciamento do
de eventuais anomalias matemáticas,
meio rural, assim como sua correlação
por meio da aplicação do conceito de
com a gestão de uma empresa rural, e
renda bruta na análise econômica de
saberá identificar suas peculiaridades.
uma propriedade rural.
Para você atingir esses objetivos, este
Mas antes, assista a um vídeo, em seu
módulo está estruturado em 3 temas:
ambiente de estudos, que fizemos es-
• Tema 1: O agronegócio pecialmente para iniciar o curso.

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Linha de produção vegetal
Vídeos

Antes de começar os estudos, vamos lembrar do Marcelo, Técnico de


Campo que está aprendendo muito com os diversos desafios dessa
nova jornada! Em seu dia a dia de trabalho, o Marcelo tem diversos
questionamentos, alguns deles inclusive trazidos pelo Sr. Ariovaldo,
como, por exemplo:

“O que realmente é um agronegócio?”

“O que é o gerenciamento de uma empresa rural e como fazê-lo da


melhor forma?”

“Como fazer os cálculos necessários para entender a renda bruta de


uma propriedade? O que considerar?”

Será que Marcelo conseguirá encontrar essas respostas e obter su-


cesso em seus atendimentos na Fazenda?

Saiba mais vendo o vídeo na íntegra, no ambiente de estudos.

Muito legal, não é mesmo?

Tome nota

Você chegou ao segundo módulo do curso da Assistência Técnica e


Gerencial. Até aqui, aprendeu muitas coisas novas e garantimos que
irá continuar se aprimorando ainda mais. Porém, também gostaría-
mos de saber sua opinião sobre o curso e quais assuntos você acredi-
ta que deverá aprender para auxiliá-lo em seu trabalho.

Siga em frente e aproveite as informações. Bons estudos!

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Linha de produção vegetal
Tema 1
O agronegócio

Fonte: Banco de Imagens do SENAR

Até meados da década de 1950, consideravam-se agronegócio somente os proces-


sos que ocorriam dentro das propriedades rurais, limitados, portanto, ao ambiente
interno do setor produtivo.

Entretanto, nesse mesmo período, pesquisadores reconheceram que já não seria


adequado analisar a economia rural nos moldes tradicionais, com setores isolados,
que fabricavam insumos, processavam os produtos e os comercializavam.

Assim, a agricultura e a pecuária passaram a ser abordadas de maneira associada a


outros agentes. Responsáveis pelas atividades que garantem a produção, transfor-
mação, distribuição e consumo de alimentos, elas passaram a integrar uma extensa
rede de agentes econômicos.

Essa visão sistêmica ganhou importância e passou a abranger todos os envolvidos


entre a produção de insumos agrícolas e o consumidor final, os quais, na abordagem
de cadeias produtivas, comumente passaram a ser chamados de “antes da porteira”,
“dentro da porteira” e “depois da porteira”.

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Linha de produção vegetal
Você sabia?

A definição adequada de agronegócio implica a ideia de cadeia produ-


tiva, uma vez que há interação entre todos os seus elos. Atualmente,
a agropecuária, mesmo a familiar, ultrapassou as fronteiras físicas da
propriedade.

Com isso, há uma dependência cada vez maior de insumos adquiri-


dos fora da fazenda, além da decisão sobre a escala de produção, o
produto a ser comercializado e a forma de produção, que envolvem
fatores fortemente relacionados ao mercado consumidor.

Além disso, existem inúmeros agentes no processo produtivo, inclu-


sive o produtor rural, em permanente negociação de valores, seja em
quantidade de insumos ou de produtos.

Ao final deste tema, espera-se que você Espera-se também que você esteja apto
seja capaz de conhecer o histórico e a a identificar os conceitos da teoria geral
evolução do agronegócio e de analisar de custos, a elencar os efeitos da eco-
o setor rural brasileiro nesse contexto, nomia de escala no custo unitário de
além de reconhecer a composição e a um produto e a identificar o reflexo da
importância das cadeias produtivas. demanda e da oferta em seu preço.

Para atingir esses objetivos, este tema está estruturado em cinco tópicos:

Tópico 1: Introdução ao agronegócio

Neste tópico, você compreenderá a origem do agronegócio e a partir de quando ele


passou a ter essa denominação.

Tópico 2: Cadeias produtivas

Após compreender as origens do agronegócio, você desenvolverá a visão sistêmica


da cadeia produtiva.

Tópico 3: Teoria geral de custos

Neste tópico, você verá alguns conceitos sobre custos de produção e a divisão clássi-
ca dos custos, de acordo com sua natureza.

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Linha de produção vegetal
Tópico 4: Economia de escala

Neste tópico, você poderá compreender a real importância de identificar corretamente


os custos de produção, especialmente os de natureza fixa, associados às quantida-
des produzidas.

Tópico 5: Elasticidade de preços

Para encerrar o tema “o agronegócio”, você deverá compreender as dinâmicas de


mercado, uma vez que os produtores rurais, em sua maioria, são tomadores de pre-
ços, não formadores.

São tópicos muito legais, não? Desejamos a você ótimos estudos!

Tópico 1: Introdução ao agronegócio


Com a diversificação da base produtiva, das criações de animais e do desenvolvi-
mento tecnológico, ocorreu a integração das atividades agropecuárias com as ativi-
dades industriais e de serviços.

Indústrias de
suporte

Indústrias responsáveis
pelo fornecimento de Fonte: Shutterstock
máquinas e equipamen-
tos, insumos, processa-
A essa integração, que envolve atividades de produção agropecuária com indús-
mento, armazenamento e
comércio de alimentos. trias de suporte às demais atividades de apoio, dá-se no nome de agronegócio.

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Linha de produção vegetal
Mas, afinal, você sabe o que é agronegócio?

Objetivos

Neste tópico, você compreenderá a origem do conceito de agronegó-


cio, sua história, abrangência e sua importância para a movimenta-
ção econômica, tanto em escala nacional quanto mundial.

Agribusiness Até meados da década de 1950, entendiam-se como negócio rural apenas os pro-
cessos de transformação que ocorriam dentro das propriedades rurais, ou seja, a
Derivado do termo agri-
produção de produtos primários que seriam ofertados ao mercado consumidor. O
cultura, este termo diz
respeito a um conjunto termo “agribusiness” foi proposto pela primeira vez em 1957, por John Davis e Ray
de operações que en- Goldberg, pesquisadores da Universidade de Harvard.
volve a produção, passa
pela armazenagem e
o processamento e se
Davis e Goldberg reconheceram que não mais seria adequado analisar a econo-
estende à distribuição
mia rural nos moldes tradicionais (com setores isolados que fabricavam insu-
de produtos agrícolas e
mos, processavam os produtos e os comercializavam), mas sim como o conjunto
derivados.
de operações de todos os segmentos que contribuem para a produção rural.

O termo agribusiness espalhou-se e, no Brasil, essa nova visão de “agropecuária”


começou a ser usada a partir da década de 1980, época em que surgiram a Asso-
ciação Brasileira de Agribusiness (Abag) e o Programa de Estudos dos Negócios
do Sistema Agroindustrial da Universidade de São Paulo (Pensa/USP). Somente a
partir da segunda metade da década de 1990 o termo agronegócio começou a ser
aceito e adotado nos livros-textos e na mídia, culminando com a criação dos cursos
superiores de agronegócios em nível de graduação universitária (ARAÚJO, 2009).

Pare para pensar

Imagine uma propriedade familiar que produz frangos caipiras e hor-


taliças para vender nas feiras locais. Agora, pense em uma fazenda de
gado para venda em grande escala para indústrias exportadoras. Em
sua opinião, será que ambas podem ser consideradas agronegócios?
Escreva aqui suas considerações.

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Linha de produção vegetal
Nos dias atuais, em determinados brasileira, vamos traduzi-lo em núme-
segmentos da sociedade, o termo ros do Produto Interno Bruto (PIB), que
“agronegócio” é estigmatizado, pois é a soma, em valores monetários, de
tem sua imagem vinculada direta- todos os bens e serviços que um país
mente a grandes áreas de cultivo e a produz em determinado período.
grandes empresas. Porém o termo é
No Brasil, parte significativa da econo-
abrangente e engloba todos os que
21,46% do PIB mia provém do agronegócio, que repre-
cultivam a terra e criam animais, em
nacional senta 21,46% do PIB nacional (Centro
qualquer escala, além de qualquer in-
Dados da pesquisa reali- de Estudos Avançados em Economia
dústria e dos serviços de apoio à pro-
zada em junho de 2016. Aplicada / Cepea / Esalq / USP / Con-
dução de alimentos.
federação da Agricultura e Pecuária do
Para você entender melhor a importân- Brasil / CNA), conforme mostra o gráfi-
cia do agronegócio dentro da economia co a seguir.

Agora que vimos como o agronegócio é importante para a economia nacional, e


seguindo essa lógica de operações contínuas, vamos avaliar, por meio de uma visão
sistêmica, os processos que ocorrem antes da propriedade rural, os que ocorrem
dentro dela e também os posteriores. Nessa visão sistêmica, esses processos são
denominados “antes da porteira”, “dentro da porteira” e “depois da porteira”.

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Linha de produção vegetal
Fonte: Banco de imagens do Senar

Antes da porteira
Produção e fornecimento de insumos, máquinas, equipamentos e serviços especializados

Dentro da porteira
Preparo e manejo de solos, tratos culturais, irrigação, colheita e criação animal

Depois da porteira
Transporte, industrialização, distribuição e comercialização

Os segmentos antes da porteira dizem respeito a tudo que ocorre antes da atividade
na propriedade rural. Destaca-se a produção de insumos, que podem ser conceitu-
ados como os fatores de produção que propiciam a produção primária. Aplicando
esse conceito básico à atividade agropecuária, podemos chamar de insumos todos
os bens e serviços que propiciam a produção do setor agropecuário, ou seja, tudo o
que facilita, melhora ou aumenta a produção.

Insumos também são caracterizados por exigirem despesas consideradas diretas


(pagamentos), conforme estudaremos mais adiante, pois é necessária sua aquisi-
ção. Como exemplos de insumos do agronegócio, podemos citar:

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Linha de produção vegetal
• Sementes • Implementos

• Energia • Fertilizantes

• Água • Sais minerais

• Rações • Produtos veterinários

• Equipamentos • Equipamentos de irrigação

• Máquinas • Embalagens e diversos outros

Além desses fatores, há o segmento de indústrias e empresas especializadas em seu


fornecimento.

O segmento agropecuário dentro da porteira, por sua vez, refere-se à produção pro-
priamente dita e engloba desde o preparo inicial do solo até a obtenção do produto
para ser comercializado. Essa etapa é aquela sobre a qual o produtor possui domí-
nio, define a cultura a ser implantada, o volume ou o nível de intensificação/tecnifi-
cação, período e escalonamento de produção, armazenamento e comercialização.

A tomada de decisões gerenciais nessa etapa, pelo produtor, também se refletirá, em


parte, nas demais (antes e depois da porteira), uma vez que poderá gerar menor ou
maior demanda de insumos e, consequentemente, maior ou menor oferta de produ-
tos ao mercado consumidor.

Por último, o segmento depois da porteira é constituído pelos atos de processamen-


to e distribuição dos bens ou serviços, desde os produzidos pela atividade agropecu-
ária até os produtos que chegam aos consumidores finais. Os agentes comumente
envolvidos nesse processo são:

• comércio;

• agroindústrias;

• prestadores de serviços (como


assistência técnica, pesquisa,
crédito, marketing etc.).

Fonte: Shutterstock

Assistência Técnica e Gerencial


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Linha de produção vegetal
Cabe destacar que o segmento depois da porteira também está sujeito a certas ca-
racterísticas que não estão sob seu controle, por exemplo, sazonalidade de culturas,
preço, intempéries climáticas, alterações da demanda e políticas públicas ligadas
ao setor.

A visão sistêmica do agronegócio potencializa benefícios para um desenvolvimento


mais intenso e harmônico da sociedade brasileira. Para tanto, é necessário vencer
alguns problemas e desafios e conhecer as inter-relações das cadeias produtivas,
para que sejam indicados os requisitos para melhorar a competitividade, a susten-
tabilidade e a equidade.

Até o próximo tópico!

Tópico 2: Cadeias produtivas


A globalização, a evolução dos mercados consumidores e os avanços tecnológicos
de processos produtivos têm refinado cada vez mais o conceito de cadeia produtiva.
Você sabe o que é isso?

Fonte: Banco de imagens do Senar

Assistência Técnica e Gerencial


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Linha de produção vegetal
Objetivos

Neste tópico, você conhecerá o que são cadeias produtivas e como


analisá-las para ter uma visão sistêmica do agronegócio, entendendo
sua estrutura, sua organização e seus melhores arranjos.

Inicialmente, a cadeia produtiva foi defi- matéria-prima), passando pelo setor


nida como “um conjunto de elementos produtivo “dentro da porteira”, que pro-
que interagem em um processo produ- duz mercadorias in natura, e pela incor-
tivo para a oferta de produtos ou servi- poração de produtos, processos indus-
ços ao mercado consumidor”. O con- triais e serviços intermediários “depois
ceito de cadeia produtiva foi criado na da porteira”, até a chegada ao consumi-
França na década de 1960, quando foi dor final.
definida como as sucessões de ativida-
Ao analisarmos uma cadeia produtiva,
des ligadas à produção agropecuária.
é preciso termos uma visão sistêmica
Especialmente no agronegócio, as ca- de todas as interligações, elos coorde-
deias produtivas podem ser vistas com nados por diferentes estruturas, sob a
a inter-relação de vários segmentos pressão exercida pelos consumidores.
sob a lógica da oferta de bens e servi- Apenas dessa maneira será possível
ços ao mercado de produtos agropecu- identificar os pontos críticos do setor
ários in natura ou beneficiados. Nelas, produtivo em questão e utilizá-los como
o ciclo produtivo se inicia “antes da ferramenta para gerar melhorias do iní-
porteira”, com os insumos básicos (ou cio ao fim da cadeia.

Você sabia?

É comum ouvirmos falar em “elos da cadeia produtiva”. Essa é uma


alusão aos elos de uma corrente, que necessitam estar atrelados fir-
memente uns aos outros, assim como acontece nos processos pre-
sentes na cadeia produtiva.

Quanto maior for a integração entre os agentes identificados como elos das cadeias
produtivas, nas mais diferentes etapas do trabalho, melhores serão os resultados
alcançados, a qualidade do produto final e a eficiência do uso dos recursos físicos
e financeiros. A figura a seguir representa esquematicamente uma cadeia produtiva
com o exemplo de um produto de origem agropecuária.

Assistência Técnica e Gerencial


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Linha de produção vegetal
Fonte: SCHULTZ, 2001, adaptado por SILVA, 2005

A figura exemplifica a visão sistêmica do agronegócio por meio do conceito de ca-


deia produtiva. Repare que há vários elementos interligados e interdependentes,
como os fornecedores de insumos (fertilizantes, defensivos, rações, crédito e se-
mentes), os agricultores, os processadores, os comerciantes (atacadistas e varejis-
tas) e o mercado consumidor.

No esquema apresentado, os elementos da cadeia produtiva estão sujeitos a influên-


cias de dois ambientes: institucional e organizacional. Veja a seguir.

Ambiente institucional Ambiente organizacional

O ambiente institucional refere-se ao


Já o ambiente organizacional compõe-se
conjunto de normas, regulamentos,
de estruturas criadas para dar suporte ao
mecanismos, políticas, leis ambientais,
funcionamento das cadeias produtivas,
trabalhistas, tributárias e comerciais cujas
compreendidas pelas universidades, os
características afetam significativamente
órgãos de pesquisa e normalização, os
a competitividade das cadeias produtivas.
órgãos de fiscalização e controle, as as-
Esses são instrumentos que regulam
sociações, as cooperativas, os sindicatos
as transações comerciais, ambientais e
e as próprias empresas.
trabalhistas.

Os arranjos das cadeias produtivas não seguem padrões preestabelecidos, pois


dependem de inúmeras variáveis que normalmente estão associadas aos con-
textos regionais e às exigências de mercado. Vejamos, por exemplo, a cadeia
produtiva da soja.

Assistência Técnica e Gerencial


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Linha de produção vegetal
Cadeia produtiva da soja

Insumos Máquinas e Consumidor


Unidade Unidade
para a equipamentos Indústria Distribuição final
produtiva armazenadora
produção agrícolas Produção de (cooperativas, (farelo, óleo Distribuidor, Consumo interno
(sementes, soja grão ou empresas refinado, óleo atacado, varejo, (animal, humano
(pulverizador,
calcário, soja semente. estatais e bruto). agente exportador, e industrial).
trator).
defensivos, privadas). (cooperativas, Consumo externo
fertilizantes, tradings empresas (grão, farelo e
etc.) privadas). óleo).

As exigências cada vez maiores por parte dos consumidores forçaram o agronegó-
cio a avançar nas operações de processamento e preservação de seus produtos e,
consequentemente, fizeram com que a atividade agropecuária expandisse a porteira.
Isso resultou em complexas cadeias produtivas.

Pare para pensar

A fragilidade ou inexistência de elos que compõem uma cadeia


produtiva pode resultar no insucesso da atividade, seja ela qual for.
Pense: como isso pode ser evitado? Escreva aqui sua opinião sobre
o assunto.

É importante que você compreenda bem o conceito de “cadeia produtiva” e saiba


que ele não diz respeito somente ao setor produtivo (propriedade rural), mas tam-
bém a todos os componentes antes e após a porteira. Além desse termo, em outras
metodologias, ele pode ser tratado como cadeia de valor.

A abordagem sistêmica reconhece a importância de ações que afetam a com-


petitividade da cadeia produtiva de maneira ampla e dos agentes que a inte-
gram. Assim, oferece o embasamento teórico necessário à compreensão da
forma como a cadeia funciona e aponta as variáveis que prejudicam o desem-
penho do sistema.

Assistência Técnica e Gerencial


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Linha de produção vegetal
Em síntese, a análise sistêmica permite a identificação dos “gargalos”,
ou elos fracos, dessa corrente chamada de cadeia produtiva, que im-
pedem o seu pleno desenvolvimento.

A competitividade de uma cadeia produtiva é expressa pela sua capacidade de im-


plementar um planejamento estratégico que lhe possibilite uma inserção sustentável
no mercado. Portanto, as intervenções tecnológicas e as melhorias organizacionais,
obtidas por meio de boa coordenação, são imprescindíveis para sua permanência,
melhor inserção e estabilização no mercado. Assim, dentro da empresa rural, inter-
venções tecnológicas e melhorias organizacionais aumentam sua capacidade de ob-
ter maior vantagem competitiva.

Quanto mais organizada e tecnologicamente


desenvolvida for uma cadeia produtiva, mais
competitividade terão os produtores rurais
que dela participam.

Gerenciar os segmentos de uma cadeia é determinante para a melhoria da produtivi-


dade. Para tal, deve-se considerar logística, sistema de produção, preços praticados
e controles exercidos, pois todos esses fatores envolvem decisões, relações, estrutu-
ra e mecanismos administrativos, padrões de qualidade e eficácia de cada segmento,
itens que determinam a forma de coordenação da cadeia. Essa competência não é
atribuída a determinado elemento da cadeia, mas ao conjunto articulado de ações e
relações que promovem a governança.

A governança também está presente na coordenação de uma cadeia produtiva, prin-


cipalmente na estrutura dominante dentro dessa cadeia, que orienta e interfere em
todo o processo produtivo e comercial. Essa interferência pode ser mais ou menos
frágil ou intensa, o que determina o modo de produção e de comercialização dos
produtos. Veja os exemplos a seguir:

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23
Linha de produção vegetal
Quando falamos da produção de hor-
taliças é o mercado e principalmente o
consumidor que determinam a qualidade
do produto que irão adquirir, restando ao
produtor atender aos padrões de qualida-
de exigidos.

Fonte: Shutterstock

No caso da produção de laranja, a indústria é quem


decide a quantidade de toneladas de matéria-prima
que irá comprar de cada produtor, devendo atender
ao mínimo viável para que a indústria busque seu
produto no cultivo, ou seja, estão controlando o vo-
lume a ser comercializado.

Fonte: Shutterstock

Mercado Ou seja, em um ambiente de liberdade econômica, a coordenação da cadeia produ-


O termo “mercado” não é tiva geralmente é feita pelo mercado.
restrito ao espaço físico
onde produtos são co-
mercializados; refere-se Na prática
também ao momento de
interação entre compra- Um bom exemplo de coordenação foi apresentado por uma coopera-
dores e vendedores de
tiva de agricultores japoneses, chamada Cooperativa Agrícola Mista
produtos ou serviços.
de Tomé-Açu (Camta), no Pará, onde é utilizado um sistema agroflo-
restal baseado no cultivo sustentável com diversas espécies vege-
tais. Conforme Michinori Konagano, um dos diretores da cooperativa,
o principal gargalo do setor é o mercado consumidor, sendo este um
norteador dos processos.

Esse exemplo é um modelo de geração de renda e desenvolvimento


da região, especialmente quando se trabalha em sistemas de inte-
gração entre produtor e indústria, em que o primeiro se compromete
em fornecer a produção e o segundo fornece todos os insumos (se-
mentes, fertilizantes, defensivos etc.), além de promover e orientar a
adoção do sistema por outras famílias e se comprometer em com-
prar toda a produção ao final do ciclo.

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24
Linha de produção vegetal
Em alguns ambientes, o mercado é extremamente agressivo; em outros, é regula-
mentado por governos e normas internacionais. Existe também o ambiente saudá-
vel, em que o mercado é autorregulável, como veremos no tópico “elasticidade de
preço”. Nesse ambiente saudável predomina, na coordenação da cadeia produtiva,
o lado que for mais organizado, ou seja, mais forte. Por exemplo: se os vendedores
são organizados e unidos, é provável que a coordenação da cadeia produtiva caiba
a eles. Em situação oposta, são os compradores que poderão coordenar a cadeia.

No ramo do agronegócio, os produtores rurais não se enquadram na posição de coordena-


dores das cadeias produtivas, mas como meros tomadores de preços (e não formadores
de preços), por causa da grande concorrência existente na produção rural. Diante disso, é
fundamental que esses produtores conheçam a gestão da propriedade rural e das estrutu-
ras de custos de produção, para que mantenham a sua competitividade.

Essa situação fica nítida quando percebemos que, em média, dependendo da cadeia
produtiva analisada, apenas 20% do faturamento bruto do agronegócio fica na pro-
priedade rural, e os demais 80% no setor de transformação, transporte, comércio e
serviços de apoio.

Na prática

Tomando como exemplo a eliminação do tabelamento governamen-


tal de preços dos produtos lácteos, na década de 1990, foi possível
observar que, no resultado sobre aumento de preços praticados no
mercado, prevaleceram os interesses das indústrias sobre os dos
produtores e consumidores. Houve aumentos reais de preços ao con-
sumidor que não foram acompanhados na mesma proporção pelos
reajustes de preços pagos ao produtor.

Entendendo melhor o que são cadeias produtivas, agora vamos aprender o que são
os custos, que estão diretamente ligados a elas.

Até o próximo tópico!

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25
Linha de produção vegetal
Tópico 3: Teoria geral de custos
Você sabe o que são custos? Custos são despesas monetárias com as quais uma
organização, uma pessoa ou um governo tem de arcar para atingir seus objetivos.

Fonte: Banco de imagens do Senar

Custos são, portanto, a soma dos valores monetários dos produtos e serviços usa-
dos na produção de outros bens ou serviços.

Objetivos

Neste tópico, você conhecerá o que são custos e sua forma de clas-
sificação, e verá como considerá-los na realização do melhor planeja-
mento para sua propriedade.

A determinação e a avaliação dos custos na agropecuária apresentam característi-


cas próprias, que requerem muita atenção. A correta apropriação do custo de produ-
ção é complexa em razão de alguns fatores da produção rural, como:

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Linha de produção vegetal
Produção diversificada na Produção simultânea de café, cereais e animais
mesma propriedade para produção de leite ou corte.

Elevada participação da
A apropriação dos custos é subjetiva.
mão de obra familiar

Ciclos diferenciados entre


Em periodicidades anual, diária e mensal.
culturas

Altos investimentos em Em diferentes períodos, em que a apropriação dos


terras, benfeitorias e
custos é mais complexa.
máquinas

Os custos podem variar de safra para safra, e a co-


Possibilidade de estocagem
mercialização se dá em formatos de troca em insu-
do produto
mos ou mercado futuro.

Comercialização em formatos de troca em insu-


Comercialização
mos ou mercado futuro.

Assim, para que o custo de produção seja o mais próximo da realidade, é fundamen-
tal que se tenha bom conhecimento e registros da rotina da propriedade analisada.
Isso porque a observação do processo é uma etapa fundamental, tanto para a apro-
priação correta de custos quanto para a realização de intervenções tecnológicas,
além de auxiliar no planejamento da atividade.

De modo geral, as empresas buscam a minimização dos custos e a maximização dos lucros,
seja no meio urbano ou rural, já que o objetivo maior é sua perpetuação no mercado. Porém,
diante do insucesso da atividade, muitas vezes os produtores atribuem aos baixos preços
pagos pelos seus produtos no mercado ou aos altos custos de aquisição de insumos a res-
ponsabilidade pelo fraco desempenho econômico da sua empresa ou ramo de atividade.

Na verdade, esses dois fatores, em determinados cenários, até podem contribuir


com as causas do problema. Muitas vezes, o que falta é clareza por parte do ad-
ministrador, sobre seus reais custos e/ou a gestão eficiente dos recursos físicos e
financeiros de que dispõe.

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27
Linha de produção vegetal
A correta identificação das estruturas e a quantificação dos custos de
produção é que definirão o patamar mínimo de produção e os preços
que a empresa deve obter para o equilíbrio de suas receitas e para
avaliar a maneira mais adequada de utilizar seus recursos produtivos,
físicos e financeiros na busca por resultados recompensadores.

Tome nota

É importante ressaltar a necessidade de realizar as análises em espa-


ço de tempo (ou ciclo produtivo) bem definido, uma vez que qualquer
custo de produção deve ser referenciado a um período específico.

O custo total é subdividido em dois tipos, que aprenderemos a seguir: custos variá-
veis e custos fixos.

Custos variáveis
Os custos variáveis, tratados nesta metodologia como custo operacional efetivo
(COE), são aqueles com os quais o produtor tem desembolso direto, ou seja, sobre
os quais tem total domínio.

Se uma propriedade não obtiver produção, os custos variáveis podem ser evitados.
Assim, podemos afirmar que esses custos se alteram diretamente com a variação
da produção, ou seja: mais produção, mais custo variável; menos produção, menos
custo variável. Além disso, os custos variáveis são consumidos dentro do mesmo
ciclo de produção – em fertilizantes, herbicidas, inseticidas etc.

Na prática

Um produtor de alface obtinha sua produção utilizando dois sacos


de adubo e um saco de semente por safra. Este produtor recebeu
proposta para fornecer a um novo cliente, devendo dobrar sua área
de cultivo. Logo, passou a utilizar quatro sacos de adubo e dois sacos
de semente. Assim, observamos um aumento no uso de insumos por
causa do crescimento da produção.

Portanto, o desembolso monetário para a compra do adubo e da se-


mente é um custo variável, pois aumenta quando é necessário au-
mentar a produção dentro do ciclo produtivo da alface.

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28
Linha de produção vegetal
Custos fixos
Os custos fixos existem mesmo que o bem não seja utilizado e permanecem inal-
terados no curto prazo, independentemente do nível de produção. Não estão sob o
controle direto do produtor.

Tais custos, na maioria das vezes, são negligenciados pelos produtores, que muitas
Depreciação
vezes não sabem de sua existência. Quando isso ocorre, a propriedade pode ficar
A depreciação pode ser sucateada, ou seja, o produtor não consegue renovar ou reformar suas benfeitorias,
definida como a perda
máquinas, equipamentos e uma lavoura já exaurida.
de valor de um bem
decorrente de seu uso
Na metodologia de custos de produção da ATeG, os custos fixos são originários de
ou desgaste natural, ou
seja, na administração três fontes: depreciação, mão de obra familiar e custo de oportunidade do capital.
de empresas rurais, a
depreciação é registrada A seguir, entenda mais sobre mão de obra familiar e custo de oportunidade do capital:
como um percentual
do valor financeiro do Mão de obra familiar
bem que é descontado Na mão de obra familiar, busca-se obter o comparativo de valores quanto ao que o produtor
ao longo do tempo de
receberia se executasse para terceiros a mesma atividade que exerce para si. Dessa forma,
acordo com a vida útil
ele pode decidir se é mais atrativo continuar como empresário ou vender sua capacidade de
que este bem apresen-
trabalho e tornar-se empregado.
ta. A depreciação se
aplica no caso de bens
permanentes, como, Custo de oportunidade do capital
por exemplo, imóveis,
Já na análise do custo de oportunidade do capital, caso ocorra em momento prévio à instalação
máquinas e equipamen-
tos e veículos. Portanto, do empreendimento, o empresário poderá optar entre diversas possibilidades de investimentos
cabe à empresa rural e retornos possíveis para o seu capital. Uma vez que se investe em determinada atividade, essa
administrar uma reserva oportunidade continua existindo enquanto houver capital empatado na atividade – máquinas, equi-
destinada à substituição pamentos e benfeitorias, que passarão a ter menor remuneração conforme forem esgotando suas
dos bens que sofrem vidas úteis.
desgaste.

Neste último cenário, da remuneração do capital, mesmo que se torne mais difícil
a recuperação parcial desse capital com a sua venda, ou mesmo que não se deseje
deixar a atividade, esse custo continuará existindo.

Na metodologia da ATeG, para essa finalidade comparativa, utilizamos a remunera-


ção média histórica da poupança, considerando em média de 6%, como base refe-
rencial, conforme veremos mais detalhadamente ao longo do curso. Desse modo, o
custo de oportunidade do capital investido corresponde em média a 6% ao ano do
valor do investimento. Isso é o que seria obtido com a aplicação do valor investido
em caderneta de poupança, sem os riscos inerentes à produção.

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29
Linha de produção vegetal
Tome nota

Já falamos sobre custos totais, assim como em sua divisão entre va-
riáveis e fixos. Porém, devemos conhecer também o custo de cada
unidade produzida, que chamamos de custo total unitário (CT unitá-
rio). O CT unitário é obtido pela divisão do custo total pela quantida-
de total de itens produzidos. Podemos também calcular, da mesma
maneira, o custo operacional efetivo unitário (COE unitário) e o custo
operacional total unitário (COT unitário).

No gráfico a seguir, podemos observar o comportamento básico das estruturas de


custos e suas inter-relações. O custo fixo (CF), como o próprio nome diz, será igual
mesmo que a produção se modifique para mais ou para menos. Sabendo que o CF
é parte integrante do custo total (CT), notamos que este começa a partir do valor
mínimo identificado do CF e também que será alterado de acordo com as variações
advindas do custo variável (CV), atrelado diretamente ao volume produzido.

A figura a seguir mostra o comporta- Custo (R$)


mento dos custos fixos (CF), custos CT

variáveis (CV) e custos totais (CT)


CV
diante do volume produzido nas ativi-
dades agropecuárias.

Ao analisarmos a curva do CT na fi-


gura, percebemos que esta se torna
mais inclinada, ou achatada, em rela- CF
ção ao CV, à medida que se aumenta
o volume de itens produzidos. Isso só Produção
é possível devido à diluição do CF em uma quantidade de itens maior, ou seja:
quanto mais se produz, menor é o custo fixo médio (CFM).

Porém, da mesma forma que o CT jamais se iniciará abaixo do CF, o CFM também
jamais será menor do que o CV. Essas linhas não se cruzarão, pois à medida que se
aumenta o CV, aumenta-se o CT, pelo fato de o primeiro ser componente intrínseco
do segundo e causar reflexos diretos em suas curvas.

No que tange ao CV, podemos observar dois momentos em sua curvatura. Primeiro,
próximo a zero, com a concavidade voltada para baixo, quando podemos dizer que ele
aumenta a uma taxa decrescente. E isso se reflete no custo variável médio (CVM) do
produto devido a um ganho de escala gerado pelo aumento da produção. No segundo
momento, quando a concavidade está voltada para cima, podemos dizer que o CV pas-
sa a crescer. A esses efeitos, dá-se o nome de Lei dos Rendimentos Decrescentes.

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30
Linha de produção vegetal
Lei dos Rendimentos Decrescentes
A Lei dos Rendimentos Decrescentes trata do momento em que a quantidade de
um recurso é aumentada em quantidades iguais por unidade de tempo, enquanto
a de outros recursos permanece constante. Assim, a quantidade total do produto
aumentará, porém, ao chegar a determinado ponto, o acréscimo resultante no pro-
duto se tornará cada vez menor, até atingir um patamar a partir de onde passará a
decrescer.

A isso damos o nome de produto marginal, seja ele crescente, decrescente ou ne-
gativo. Ele nos diz quanto variará a quantidade de produto final dado o aumento de
algum insumo.

Veja que, na figura, apresentamos a análise dos rendimentos decrescentes por meio
do produto marginal (pontos de “A” a “I”), em diversos níveis de inserção de um fator
de produção (“eixo x”: de “1” a “8”).

Na prática

Usaremos como exemplo a produção de melancia. Digamos que o


produtor tenha notado que quando aumentou a quantidade de nitro-
gênio, fósforo e potássio (NPK) na adubação durante o ciclo da plan-
ta, esta respondeu com maior ganho de frutos, consequentemente a
um aumento do rendimento econômico. Assim, o produtor aumentou
ainda mais a quantidade de NPK durante o ciclo da planta e obteve
novamente aumento no número de frutos, porém menor do que o an-
terior e, portanto, um rendimento econômico menor.

Ao aumentar mais uma vez a quantidade NPK, para buscar uma


quantidade ainda maior de frutos, o produtor observou que, além de
aumentar os custos, teve uma redução na produção e consequen-
temente prejuízo financeiro. Percebemos assim que há um limite na
resposta econômica ao aumento no custo (NPK) e que a partir desse
ponto o produtor passa a gastar mais e ganhar menos.

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31
Linha de produção vegetal
Podemos concluir que este produtor, no primeiro momento, obteve
um produto marginal crescente, pois as plantas responderam em ga-
nho de frutos, ao acréscimo deste fator de produção (NPK). Porém,
ao aumentar mais ainda este fator, ele notou que houve crescimen-
to, porém não tão acentuado como antes, ou seja, produto marginal
decrescente. Ao continuar aumentando o fator de produção (NPK),
ele teve uma elevação excessiva de custos, que não foi correspondi-
da com o aumento da produção e resultou em um produto marginal
negativo.

Agora que você já pôde compreender o que são os custos, podemos avançar e en-
tender mais sobre economia de escala.

Até o próximo tópico!

Tópico 4: Economia de escala


Você já ouviu falar, alguma vez, sobre economia de escala? Ela é expressa como a
variação na quantidade produzida, quando diminui a escala e diminui a produção,
aumentando o custo de produção e quando aumenta a escala e aumenta a produ-
ção, diminuindo os custos de produção.

Fonte: Banco de imagens do Senar

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32
Linha de produção vegetal
Nas atividades agropecuárias, é muito comum essa redução devido à diluição de
vários componentes de custos fixos, como mão de obra, animais, terra, máquinas e
benfeitorias.

Objetivos

Neste tópico, você aprenderá sobre economia de escala, seus desdo-


bramentos e como pensar no gerenciamento de custos para manter
uma propriedade produtiva.

Até certo limite, fatores como mão de obra, animais, terra, máquinas e benfeitorias
não precisam ser aumentados para se elevar a produção. Assim, até esse limite, o
aumento da produção resultará na redução do custo médio total.

Na prática

Agora, veja como o aumento na produção de milho pode reduzir os


custos fixos médio de um item, por saca produzida. A título de exem-
plo, consideremos apenas o custo de um trator, representado pela
depreciação anual do bem:
• Depreciação do trator
Um trator com depreciação: R$ 15.000,00/ano
1º Caso:
Se a produção anual for de 800 sacas (10 ha x 80 sc/ha)
Custo do trator por saca de milho: 15.000,00/800 = R$ 18,75
Ao dividir o custo da depreciação do bem pela produção ob-
tida, concluímos que custará ao produtor R$ 18,75 por cada
saca de milho produzida.
2º Caso:
Se a produção anual for de 1.600 sacas (10 ha x 160 sc/ha)
Custo do trator por saca de milho: 15.000,00/1.600 = R$ 9,37
Ao dividir o custo da depreciação do bem pela produção obti-
da, concluímos que custará ao produtor R$ 9,37 por cada saca
de milho produzida.
Assim, observamos que quanto maior for a produção obtida, man-
tendo-se os mesmos custos com a depreciação, menor o impacto do
custo por saca de milho, ou seja, conseguimos diluir este custo em
um maior volume de produto, tornando-o mais barato ao produtor.
É bem simples e fácil de calcular!

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33
Linha de produção vegetal
Essa redução no custo unitário, em primeiro plano, é alcançada se essa elevação da pro-
dução não vier acompanhada do aumento nos custos fixos, ou seja, se mantivermos
inalterada a infraestrutura produtiva. O aumento da escala traz, potencialmente, a melhor
utilização dos recursos disponíveis, mas somente até o limite da capacidade de utilização
do bem.

De maneira geral, o que diferencia a estrutura


de custos de um empreendimento em pequena
escala e em maior escala é o custo fixo, que se
dilui com o aumento da produção. Por exemplo, o
mesmo trator pode trabalhar na produção de 10
hectares ou de 50 hectares. Assim, seu custo de
depreciação por hectare será menor se trabalhar
em 50 hectares, pois mantém o mesmo custo se
trabalhar em 10 hectares: o custo de depreciação
dividido por 50 é menor do que o mesmo custo de
depreciação dividido por 10.
Fonte: Shutterstock

Tome nota

A redução de custos, na verdade, pode ser proveniente não só da


diluição dos custos fixos, mas também da possibilidade de com-
pra de insumos e de contratação de serviços a preços mais bai-
xos devido às maiores quantidades adquiridas. A organização de
produtores em “pool de compras” (cooperativas, associações etc.)
configura o usufruto da economia de escala para comprar insumos,
por exemplo.

Assim, aumentar a escala até o limite de uso dos custos fixos é fundamental para
determinar o sucesso de qualquer atividade agropecuária. Em diversos casos, o
maior gargalo no setor produtivo pode ser o baixo volume de produção diante do
volume de recursos mobilizados para que a produção ocorra.

No gráfico a seguir, o “ponto q” representa a escala de produção ótima, em que é


possível alcançar a produção máxima com os custos mínimos. Os pontos à esquer-
da de “q” indicam que a produção deve ser ampliada para que se alcance o ótimo
econômico (ponto q); os da direita indicam que a produção deve ser readequada à
estrutura produtiva, pois está sendo antieconômica.

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34
Linha de produção vegetal
Representação da diluição do custo total médio de acordo com o volume produzido:

A compreensão da economia de
escala (e da gestão econômica),

Custo total médio


especialmente dos indicado-
res zootécnicos, agronômicos e
econômicos, é necessária devi-
do ao cenário internacional atu-
al, em que se observa alta nos
custos. Isso ocorre porque os
custos são pressionados espe-
cialmente pela inflação e pelas 0 q Produção
variações cambiais, sem que
haja equivalente alta nos preços pagos pelos produtos.

Sabe-se que fusões e incorporações não são corriqueiras no setor rural, portanto,
aos produtores cabe a melhoria da eficiência do processo produtivo (o que está es-
tritamente atrelado à qualidade da gestão da propriedade, aos índices zootécnicos
e agronômicos e à organização da cadeia produtiva) para que não sejam “forçados”
a saírem de suas atividades.

Pare para pensar

Considerando o que você conheceu até agora, é possível notar


vantagem competitiva das grandes propriedades (ou propriedades
capazes de investir em tecnologias que proporcionem elevados
ganhos produtivos) em relação às médias e pequenas proprieda-
des? Escreva sua opinião.

Podemos analisar a escala de produção em três diferentes circunstâncias: constan-


te, crescente e decrescente.

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35
Linha de produção vegetal
Ganhos constantes

O cenário de ganhos constantes de escala ocorre quando a variação do produto total é


proporcional à variação da quantidade utilizada dos fatores de produção. Por exemplo:
aumentando-se a utilização de todos os fatores de produção na ordem de 5%, o produto
também aumentará em 5%.

Ganhos crescentes

No cenário de ganhos crescentes de escala, observa-se que a variação na quantida-


de do produto total é proporcional à variação da quantidade utilizada dos fatores de
produção. Por exemplo: aumentando-se a utilização de todos os fatores de produção na
ordem de 5%, o produto aumentará em 15%. É possível apontar três causas geradoras
dos rendimentos crescentes de escala: diluição dos custos fixos; mais especialização
no trabalho; e existência de indivisibilidades entre os fatores de produção.

Ganhos decrescentes

Já nos ganhos decrescentes, também chamados de deseconomias de escala, a varia-


ção do produto não é proporcional à variação na utilização dos fatores. Por exemplo,
quando se aumenta a utilização de todos os fatores de produção na ordem de 10% e
o volume produzido cresce em apenas 5%, podemos dizer que houve uma queda na
produtividade dos fatores. A causa geradora dos rendimentos decrescentes de escala
reside no fato de que o poder de decisão e a capacidade gerencial e administrativa são
“indivisíveis e incapazes de aumentar”, ou seja, pode ocorrer uma descentralização nas
decisões, que faça com que o aumento de produção obtido não compense o investi-
mento feito na ampliação da empresa. Ou esta pode operar em nível tal que é superior
ao que seria a escala ótima de produção, fazendo com que os custos se elevem.

A economia de escala atrelada aos custos e ao correto gerenciamento das cadeias


produtivas pode trazer muito sucesso ao seu trabalho. Mas ainda falta considerar
mais um elemento: a elasticidade de preços da demanda. Vamos entendê-la melhor?

Até o próximo tópico!

Tópico 5: Elasticidade de preços


A elasticidade permite a previsão de vendas e receitas que determinado setor pode
obter. Com isso, possibilita a projeção do comportamento da demanda dos consu-
midores em relação às alterações de preços do mercado, a produtos substitutos, a
produtos complementares e da renda do consumidor.

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36
Linha de produção vegetal
Fonte: Banco de imagens do Senar

Objetivos

Neste tópico, você conhecerá mais sobre a elasticidade de preços da


demanda e como calculá-la. Além disso, você aplicará os conceitos
aprendidos anteriormente em uma visão holística da economia e do
agronegócio.

A elasticidade acontece porque temos equações de demanda e de oferta, que são os


instrumentos utilizados para representar o comportamento do mercado dos produ-
tos agrícolas. Entenda melhor esses conceitos:

Oferta Demanda

A oferta é definida pela quantidade de produto A demanda é dada pela quantidade


que os produtores estão dispostos a vender por de produto que os consumido-
determinado preço, mantendo-se constantes os res desejam e podem comprar à
demais fatores que a influenciam. Ela representa medida que muda o preço unitá-
uma relação positiva entre preço e quantidade rio. Nesse caso, em resposta ao
ofertada, uma vez que os produtores tendem a aumento de preços, as quantidades
oferecer maior quantidade do produto em respos- demandadas tendem a diminuir,
ta a aumentos persistentes dos preços do produto. pela lei da demanda.

No ponto em que a demanda e a oferta se igualam, tem-se o equilíbrio do mercado.


Nessa condição de equilíbrio, os preços e as quantidades transacionadas do produto
no mercado são determinados e tendem a permanecer.

Os produtos agrícolas largamente comercializados no mercado internacional,


de maneira geral, apresentam características semelhantes ao redor do mundo

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37
Linha de produção vegetal
Commodities (commodities), globalizando seus mercados.
Commodities: palavra Assim, um efeito repentino em determinado país, grande exportador ou consumidor,
de origem inglesa que
poderá causar efeito contrário em outro, como visto na última década, com a alta dos
significa “mercadoria”.
O termo é aplicado para principais grãos para produção de ração animal (milho e soja) por causa de um perío-
descrever produtos do de seca no ano de 2012 em uma região que representa grande parte da produção
que possuem padrões
desses itens nos Estados Unidos.
internacionais e mercado
globalizado, geralmente Nesse período, mesmo o Brasil sendo um país de pouca tradição como exportador de
bens brutos, que não
milho, a escassez do grão restringiu a oferta interna. Isso ressalta a importância da atua-
passaram por agregação
de valor (processamen- lização constante, tanto do técnico quanto do produtor, a respeito das dinâmicas do mer-
to). São exemplos de cado internacional, o que poderá impactar diretamente em sua produção em nível local.
commodities agrícolas:
milho, soja, suco de la-
ranja, trigo, algodão etc.
Tome nota

A elasticidade mostra a resposta do mercado às alterações de preço


e pode ser utilizada para mensurar também a sensibilidade da de-
manda em relação às variações de preços de mercado.

A elasticidade de preço da demanda é definida com base na Lei da Demanda, que é


a relação de aumento ou redução da demanda com referência no preço, quando re-
duções de preços implicam aumento da demanda e vice-versa. A elasticidade no pre-
ço da demanda permite verificar quanto o consumo de determinado produto poderá
variar quando houver variação em seu preço, o que pode ocorrer de forma elástica,
inelástica ou unitária. Veja:

Elasticidade: impacto na receita total em relação ao preço de mercado

Preço diminui Preço aumenta

Elástica Receita total sobe Receita total diminui

Inelástica Receita total diminui Receita total sobe

Unitária Receita total sem alterações Receita total sem alterações

Elástica:
A demanda elástica significa que uma alteração percentual do preço provoca uma demanda para o produto
superior à registrada no preço, por exemplo: uma redução de 10% no preço ocasionou um aumento de 25%
na demanda.

Inelástica:
Já na demanda inelástica, esse percentual se torna menor do que essa alteração (‹10%).

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38
Linha de produção vegetal
Unitária:
A demanda unitária representa uma equiparação de demanda com essa alteração, ou seja: com a redução
de 10% do preço, aumentou em 10% a demanda.

Na prática

Como exemplo da elasticidade da relação de oferta e demanda sobre


os preços de produtos de origem vegetal, vamos analisar a oferta de
abacaxi ao longo do ano.
Entre os produtores de abacaxi, é possível observar grande concen-
tração de vendas durante os meses de dezembro e janeiro, período
que está intimamente relacionado com a época de plantio da cultura
(ciclo produtivo de 24 meses).
Para analisar a tabela a seguir, considere as seguintes referências:
• valor básico do abacaxi por unidade: R$ 6,00;
• volume básico comercializado: 5.000 unidades;
• receita total: R$ 30.000,00.
Ao avaliar respostas positivas e negativas a respeito da alta e da que-
da dos valores, temos as seguintes situações:

Tipo de demanda versus Volume


Preços
receita total comercializado

Elástica Inelástica Unitária % Quantidade


R$
- - +30% 6500
33.150,00

Queda R$
- - +5% 5250
de 15% 26.775,00

R$
- - +10% 5500
28.050,00

R$
- - -30% 3500
24.150,00

Alta de R$
- - -5% 4750
15% 32.775,00

R$
- - -10% 4500
31.050,00

Note que, no primeiro cenário, em que os preços baixaram de R$


10,00 para R$ 8,50 (-15%), houve respostas superiores, inferiores e
iguais na demanda, caracterizando os três ambientes de elasticidade
(elástica, inelástica e unitária).
A análise inversa também é verdadeira: em um cenário de aumento
de preços, há resposta negativa na demanda.

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39
Linha de produção vegetal
Agora que já concluímos os assuntos deste tópico, podemos avançar para o próximo
tema. Lembre-se sempre de que o sucesso de seu trabalho pode ser ainda maior
quando há boa compreensão de todos os conceitos apresentados.

Até mais!

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40
Linha de produção vegetal
Encerramento do tema
Tema 1: O agronegócio

Neste tema, além da origem do agronegócio, vimos que a agropecuária se tornou


uma extensa rede de agentes econômicos, que começa “antes da porteira”, passa
pelas atividades “dentro da porteira” e “depois da porteira”, em um processo interse-
torial chamado “cadeia produtiva”. Na cadeia, cada elo (insumo, produção, processa-
mento, transporte, venda) tem importância no sucesso do conjunto.

Você percebeu como é importante identificar corretamente o custo de produção de


um produto agropecuário?

Observamos ainda que a noção de custos é muito mais ampla do que a somatória
das despesas diretas, as quais chamamos de COE, por isso devem ser considerados
também os custos indiretos (depreciação, juros sobre capital próprio e mão de obra
familiar).

Vimos também que a escala é um fator limitante da viabilidade de empresas rurais,


pois muitas não conseguem identificar o seu ponto ótimo produtivo, ou seja, o nível
de produção em que serão obtidos os melhores retornos econômicos.

Além disso, quando se trata de comercializar produtos agropecuários, deve-se sem-


pre estar atualizado com as tendências de mercado para identificar momentos de
melhores remunerações, que incentivam maiores investimentos, e momentos de re-
trações de demanda, quando o empresário deve elaborar estratégias para adequar
sua produção ao cenário de queda.

Assista a um vídeo em seu ambiente de estudos para complementar o conhecimento


que você adquiriu ao longo deste tema.

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41
Linha de produção vegetal
Vídeos

No vídeo, vemos mais sobre o Sr. Ariovaldo, proprietário da Fazenda


Santa Felicidade, que é um homem curioso, e sempre participa dos
treinamentos de formação profissional oferecidos na sua região. Des-
ta vez, depois de ler um material da cooperativa, ele perguntou ao Mar-
celo o que era agronegócio.

A definição adequada de agronegócio é a de cadeia produtiva, uma


vez que há interação entre todos os seus elos, lembra disso? Atual-
mente, a agropecuária, ultrapassou as fronteiras físicas da proprie-
dade, por isso essa definição é mais abrangente, englobando desde
os insumos até o produto final.

Por isso, Marcelo explicou que o Sr. Ariovaldo deve ter em mente que
é necessário pensar de forma global na propriedade. E é justamente
isso que faz da Fazenda um agronegócio.

Assim, com o apoio do Marcelo, Sr. Ariovaldo vai começar a anotar


todas as receitas e despesas que evolvem suas atividades e todos os
valores envolvidos nos processos de produção. Desta forma, eles po-
derão fazer os cálculos corretos referentes aos custos de produção,
evitando surpresas financeiras e administrativas.

O Marcelo também vai ajudar o Sr. Ariovaldo a compreender melhor a


dinâmica do mercado, o porquê das variações de preços dos insumos
e do produto final, e como deve se preparar para enfrentar melhor es-
sas oscilações E nós já vimos como isso influencia muito na gestão
do agronegócio, não é mesmo?

Para saber mais, veja o vídeo acessando o ambiente de estudos.

No próximo tema, vamos dar início ao estudo dos conceitos de gestão e gerencia-
mento de empresas rurais, assim como dos fatores que interferem direta e indireta-
mente nesse processo.

Mas, antes, faça as atividades de aprendizagem. Elas o ajudarão a fixar os conteúdos


aprendidos.

Avante e sucesso!

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42
Linha de produção vegetal
Atividade de passagem
Chegamos ao final do primeiro tema. A seguir, você responderá a uma questão rela-
cionada ao conteúdo estudado até aqui. Preparado?

Se você estiver com alguma dúvida quanto ao assunto, retorne ao conteúdo do mó-
dulo ou, se preferir, entre em contato com o tutor.

Questão
No tema 1, estudamos sobre Introdução ao Agronegócio, Cadeias Produtivas, Teo-
ria Geral de Custos e Economia de Escala. Com base no que você estudou até o
momento, analise as afirmações abaixo e indique quais alternativas apresentam
opções corretas:

a. O conceito de agronegócio adotado atualmente não engloba os pequenos


produtores rurais da agricultura familiar.

b. Para estabelecimento e solidificação de uma cadeia produtiva, é necessária


uma visão sistêmica do negócio.

c. Segundo a Teoria Geral dos Custos, o Custo Total pode ser dividido em ba-
sicamente dois segmentos: fixos e variáveis.

d. Mantendo a mesma infraestrutura produtiva e as tecnologias adotadas, ao


se elevar a produção total, eleva-se também o Custo Fixo.

e. Tanto a demanda quanto a oferta atuam fortemente sobre a dinâmica de


preços praticados no mercado.

1. A, B e C

2. B, C e E

3. A, B e E

4. B, C e D

5. B e D

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Linha de produção vegetal
Tema 2
Introdução ao Gerenciamento

Fonte: Banco de Imagens do SENAR

O produtor rural, muitas vezes absorvido pela rotina do trabalho na fazenda, tem difi-
culdades em aplicar técnicas administrativas em seu negócio. Isso se agrava quando
poucas pessoas dominam os conceitos e as técnicas administrativas, por exemplo,
uma metodologia de cálculo de custo de produção.

O gerenciamento é um trabalho contínuo que envolve coletar dados, analisá-los, to-


mar decisões técnicas e administrativas e monitorar os resultados com uma nova
coleta de dados, que inicia um novo ciclo. O que deu certo em determinado período
nem sempre é certeza para o futuro, porém, pode ser evidência para novas tomadas
de decisões. Assim, podemos dizer que a gestão é um processo contínuo.

Ao final deste tema, esperamos que você domine os conceitos que circundam a ges-
tão, o gerenciamento, a análise dos ambientes interno e externo e, por fim, as peculia-
ridades do meio rural, que tornam a gestão no agronegócio um grande desafio.

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44
Linha de produção vegetal
Para atingir esse objetivo, o tema está estruturado em cinco tópicos:

Tópico 1: Conceitos administrativos

Neste tópico, você compreenderá alguns conceitos de gestão, gerenciamento, as-


sistência técnica e sistema de produção com seus níveis de intensificação. Esses
conceitos serão base para sua formação neste módulo.

Tópico 2: Gestão e gerenciamento na propriedade rural

Neste tópico, você estudará a aplicação dos conceitos de gestão e gerenciamento


nas cadeias do agronegócio.

Tópico 3: Características peculiares de uma empresa rural

Neste tópico, você poderá ampliar seus conhecimentos acerca das características
peculiares de uma empresa rural e de como cada uma delas influencia na rotina do
gerenciamento.

Tópico 4: Fatores que interferem na gestão no meio rural

Neste tópico, você estudará a influência dos ambientes interno e externo no desenvol-
vimento das estratégias da empresa rural e no gerenciamento.

Tópico 5: Aplicando o gerenciamento em uma empresa rural

Neste tópico, que encerra o tema, será apresentado o case da Fazenda Santa Felicida-
de, que utilizaremos ao longo de todo o curso para aplicar o conteúdo aprendido em
cada módulo.

Gostou? Ainda teremos muito mais!

Por ora, convidamos você a nos acompanhar e desejamos ótimos estudos!

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45
Linha de produção vegetal
Tópico 1: Conceitos administrativos
No meio rural, muitas vezes o empresário, o gerente e o operador são a mesma pessoa.
Em alguns momentos, eles se veem atuando em qualquer uma das funções, certo?

Fonte: Banco de imagens do SENAR

Especialmente em pequenas propriedades isso é relevante, pois a figura do empre-


sário e gerente, na maioria das vezes, dá lugar à figura do “funcionário”, ou seja, o
produtor se envolve nas operações e tem dificuldades de gerir seu negócio.

Objetivos

Neste tópico, você aprenderá de modo mais aprofundado a realizar a


gestão do negócio rural, poderá compreender as diferenças entre ges-
tão e gerenciamento e compreender melhor os sistemas de produção
existentes.

A partir de agora, você conhecerá conceitos administrativos fundamentais para sua


formação neste curso. Vamos lá?

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Linha de produção vegetal
Gestão
O termo “gestão” originou-se entre os séculos XVIII e XIX em decorrência do pro-
cesso de industrialização da economia, quando, junto à criação de fábricas e má-
quinas a vapor, surgiram problemas que até então não eram conhecidos. O conjunto
formado por fábricas, máquinas e trabalhadores demandou o desenvolvimento de
uma ferramenta capaz de definir objetivos e formas de atingi-los por meio do uso
racional dos recursos disponíveis. Nesse sentido, a gestão poderia ser entendida
como um “senso de direção”, ou seja, a capacidade de identificar a situação em que
se encontra e os resultados que se pretende obter.

Assim, podemos dizer que gestão é um conjunto de pensamentos e


atitudes que fundamentam a administração e a condução de um sis-
tema de produção e contemplam aspectos técnicos, tecnológicos, de
recursos humanos e, sobretudo, de valores e crenças a embasarem a
tomada de decisão.

O gestor tem a função, em nível estratégico, de analisar resultados, ajustar o presente


e projetar o futuro, equacionando os ambientes interno e externo do negócio. Nesse
sentido, é de fundamental importância verificar as potencialidades e os limites da
infraestrutura local, os agentes com ação de interferência na produção agropecuária
e como eles agem. Além disso, deve-se identificar a tendência de evolução da região
onde a propriedade está situada.

Pare para pensar

Você acredita que é necessária uma mudança de comportamento e


de postura do produtor em relação à administração de sua proprie-
dade durante a transição de “propriedade rural” para “empresa rural”?
Escreva sua opinião aqui.

Para que o produtor acompanhe as mudanças frequentes na economia mundial, a

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Linha de produção vegetal
eficiência tecnológica e a gestão das atividades agrícolas são fundamentais. Além
de produzir com base em modelos de produção economicamente viáveis, ambiental-
mente corretos e socialmente justos, é necessário conhecer os ambientes internos e
externos à propriedade, ou seja, o “antes” e o “depois” da porteira.

A agricultura e a pecuária são influenciadas por diversos fatores, internos e externos.


Acompanhar constantemente as oportunidades e as ameaças do meio externo é um
fator chave para a definição das melhores estratégias. Dessa forma, cria-se um pla-
nejamento correto para o controle das forças e fraquezas da empresa e define-se as
melhores estratégias.

A gestão de propriedades rurais tem por


objetivo permitir que o produtor dirija
sua propriedade otimizando o uso dos
recursos físicos, naturais e econômicos
e adote medidas e decisões assertivas
com base na sua realidade. Em outras
palavras, o processo de gestão das pro-
priedades rurais implica planejamento,
construção de metas e administração
dos processos produtivos com base no
conhecimento do ambiente externo, an-
tes e depois da porteira.
Fonte: Banco de imagens do SENAR

Pode-se concluir que gestão não se refere somente à ação, mas também à tomada de decisões corretas
compreendendo todos os elementos relevantes para que a decisão seja a melhor possível no contexto
em que se insere. Dessa forma, o processo de gestão da propriedade rural torna-se mais eficiente, com
decisões assertivas sobre o que, quando e como produzir e avaliação dos resultados obtidos.

Gerenciamento
O gerenciamento é a execução da administração na rotina de um negócio. O gerente
atua de forma setorizada em nível operacional, conduzindo a interação entre as pes-
soas, os processos e os ambientes interno e externo ao negócio.

Também é possível dizer que o gerenciamento consiste na utilização das técnicas de


gestão direcionadas ao uso do tempo e a atividades adequadas a uma administração
assertiva. O processo de gerenciamento é cíclico, iniciando-se com a coleta de dados
e transformando esses dados em indicadores que medem o esforço e os resultados.
Posteriormente, os indicadores devem ser analisados e interpretados, pois serão a
base para a tomada de decisões mais assertivas. Veja o ciclo:

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Linha de produção vegetal
1

Coleta de dados

4 2

Decisões assertivas Indicadores de esforço


e resultados

Análise e interpretação

Todas as decisões tomadas na empresa devem ser monitoradas, o que dá início a um


novo ciclo do gerenciamento.

Podemos dizer que esse processo é contínuo, pois, ao longo do tempo, o ambiente
em que a empresa está inserida muda e as próprias características peculiares do
meio rural fazem com que cada ciclo de produção seja único.

Na prática

Um produtor de mamão possui em sua propriedade um manejo refinado,


com um excelente controle fitossanitário. Mesmo assim, recentemente,
teve sua propriedade atacada por uma nova praga.

O ataque da praga agrícola provocou a perda de 100% da plantação.

O produtor já tinha visto notícias sobre essa nova praga pela televisão e
ouvido relatos em propriedades vizinhas, porém não acreditou que isso
chegaria até ele.

Logo, podemos concluir que o que deu certo em anos anteriores não
necessariamente dará certo neste ano.

Lembre-se: é necessário o acompanhamento constante do que acontece no mundo


e do que acontece em seu negócio para que sejam desenvolvidas as melhores es-
tratégias de gestão.

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Linha de produção vegetal
Assistência Técnica e Gerencial no meio rural

A Assistência Técnica e Gerencial no meio rural auxilia os produtores rurais na identi-


ficação e na solução de problemas na gestão e na produção agropecuária. Também
ajuda a difundir tecnologias para aperfeiçoar a utilização de recursos, aumentar a
produtividade e contribuir para a melhoria da qualidade de vida do homem do campo.

Sistemas de produção
O sistema de produção é composto por um conjunto de atividades e operações re-
lacionadas a produção, ou seja, é um conjunto de elementos interligados, que traba-
lham juntos em direção a um propósito comum, e é essa integração que vai deter-
minar o resultado de todo o sistema.
Os sistemas podem ser classificados de acordo com o nível de tecnologia utilizada:

Sistema de produção com baixo nível tecnológico (primitivo)

Baseado em práticas agrícolas que refletem um baixo nível téc-


nico-cultural. Praticamente não há aplicação de capital para ma-
nejo, melhoramento e conservação das condições e fatores de
produção. As práticas agrícolas dependem fundamentalmente do
trabalho braçal, podendo ser utilizada alguma tração animal com
implementos agrícolas simples.

Fonte: Shutterstock

Sistema de produção com médio nível tecnológico (pouco desenvolvido)

Baseado em práticas agrícolas que refletem um nível tecnológico médio.


Caracteriza-se pela modesta aplicação de capital e de resultados de pes-
quisa para o aperfeiçoamento e conservação dos fatores de produção.
As práticas agrícolas neste nível tecnológico são observadas quando o
produtor utiliza, por exemplo, calagem, adubações com NPK, tratamentos
fitossanitários simples, mecanização com base na tração animal ou tra-
ção motorizada.
Fonte: Shutterstock

Sistema de produção com alto nível tecnológico (desenvolvido)

Baseado em práticas agrícolas que refletem um alto nível tecnoló-


gico. Caracteriza-se pela aplicação e pelo uso intensivo de capital
e de resultados de pesquisa para manejo, melhoramento, con-
servação e aprimoramento das técnicas de produção. É possível
observar os melhoramentos tecnológicos em diferentes modalida-
des, a agricultura de precisão aliada ao sistema de plantio direto
consolidado e ao uso de outras tecnologias de produção, como a
irrigação, por exemplo, são fatores que caracterizam o alto nível
Fonte: Banco de imagens do SENAR tecnológico empregado. Diante dos fatos citados, a motomecani-
zação está presente nas diversas fases de operação agrícola.

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50
Linha de produção vegetal
Agora que você já está entendendo melhor sobre gestão, podemos avançar e estu-
dar mais sobre sua aplicação no gerenciamento da propriedade rural.

Até o próximo tópico!

Tópico 2: Gestão e gerenciamento da


propriedade rural
Atualmente, a competitividade do mercado em consequência da globalização do se-
tor, da modernização tecnológica e das exigências do mercado consumidor está exi-
gindo que o produtor reorganize suas estratégias, modernize o processo de produção
e implante o gerenciamento eficiente da propriedade rural, pois só assim se manterá
na atividade em médio e longo prazo.

Fonte: Banco de imagens do SENAR

Propriedades rurais tecnificadas e bem geridas a cada dia estão se especializan-


do, produzindo em grande escala e diluindo os custos fixos. Isso resulta em uma
agropecuária competitiva nos mercados nacional e mundial, e determina que todo o
setor agropecuário e agroindustrial caminhe para a inserção competitiva nos mer-
cados, com amplo uso de tecnologias e modelos de gestão eficientes.

Objetivos

Neste tópico, você aprenderá como realizar a gestão da propriedade


rural alinhada ao seu gerenciamento. Poderá entender os recursos en-
volvidos e aprender a identificar e a resolver os maiores problemas
que podem ser encontrados em seu processo de trabalho.

Assistência Técnica e Gerencial


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Linha de produção vegetal
O tradicionalismo no meio rural causou reflexos diretos em sua estrutura organiza-
cional, que durante muitos anos foi caracterizada como uma gestão patronal, com
pouca ou nenhuma tecnologia, o que tornava os resultados incertos e ainda mais
dependentes de variações climáticas, como precipitação e umidade.

Essa gestão precária, associada a fatores culturais, levou muitos produtores, ao lon-
go do tempo, a obterem resultados econômicos insuficientes, o que desestimulou a
atividade e, consequentemente, comprometeu a sucessão familiar.

Com o gerenciamento rural surgiu a utilização sistemática das ferramentas admi-


nistrativas na rotina de uma atividade agropecuária. No meio rural, o gestor/geren-
te/sócio/administrador, que muitas vezes é a mesma pessoa, passou a se preparar
para organizar os recursos e processos produtivos e dispor de capacidade geren-
cial para encontrar alternativas diante das alterações de mercado.

Qualquer tipo de empresa rural, familiar ou não, é composta de um conjunto de re-


cursos, denominados fatores de produção. Os fatores de produção são classificados
em três categorias:

Podem ser considerados recursos naturais todos os recursos ad-


vindos da natureza que puderem ser incorporados a atividades
econômicas. Os recursos naturais variam em quantidade e quali-
Recursos
dade para cada propriedade e podem ser sua força ou sua fraque-
naturais
za. Exemplos disso são disponibilidade de água, características do
solo, vegetação etc.

Este é o fator de produção que mais se destaca para modificar os


insumos e resultar no produto final. Diferentemente do uso comum
para a palavra capital (utilizada como quantia de dinheiro), quando
Capital se fala no “fator de produção capital”, trata-se do conjunto de estru-
turas de que as propriedades rurais dispõem para a produção, como
máquinas, equipamentos e benfeitorias.

A mão de obra considerada fator de produção, de forma geral, res-


tringe-se à população economicamente ativa (PEA), porém sabe-
-se que no meio agropecuário, muitas vezes, o trabalho ultrapassa
Mão de obra essa conceituação por diversas razões. A mão de obra tem a capa-
(trabalho)
cidade de transformar a matéria-prima em produtos acabados que
atendem a determinado público-alvo.

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Linha de produção vegetal
Gerir um empreendimento rural consiste em utilizar, de maneira mais eficiente, os
fatores de produção da empresa rural, conforme os seus objetivos, para maximizar
os lucros do produtor.

O processo de gestão da propriedade requer muita “habilidade com caneta e calcu-


ladora” e demanda diversas anotações e análises para que se tome decisões asser-
tivas, que promovam a eficiência econômica do negócio.

Etapas da gestão
Registros

Para iniciar o gerenciamento da propriedade, o primeiro passo é, por


meio de registros sistemáticos, definir os controles a serem realiza-
dos. Na implementação da gestão, é interessante que se comece pelo
que é básico, e que o refinamento dos controles aconteça com a ma-
turidade do gestor.

Análise das informações

As informações registradas, técnicas e econômicas, permitem ao ges-


tor produzir indicadores, ou seja, medidas que mostram se o negócio
segue no rumo previsto. Veremos mais sobre os indicadores no Mó-
dulo Gerencial III.

Identificação de problemas
Um desvio nos indicadores (ou seja, resultados não esperados para determinada me-
dição) é um problema a ser resolvido.

Na prática

Vejamos alguns exemplos de problemas mostrados por indicadores:

• Pela tecnologia aplicada, esperava-se rendimento de 150 sa-


cos de milho/hectare plantado, mas a produção obtida foi de
120 sacos de milho/hectare.

• O gestor planejou comprometer até 35% de seu faturamento


com fertilizantes, mas o resultado foi de 52%.

• O gestor esperava um ganho de peso do rebanho de corte de


600 g/dia, mas o resultado obtido foi de 345 g/dia.

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53
Linha de produção vegetal
A definição e a avaliação dos indicadores permitem ao gestor identificar problemas
no seu negócio.

Análise dos problemas


Em uma propriedade rural, com todos os seus setores funcionando ao mesmo
tempo, diversos desvios de indicadores podem acontecer. Então, o que corrigir
primeiro?

O fato é que, por limitação de recursos (financeiros, mão de obra,


terra etc.), não se consegue corrigir tudo de uma vez. Dessa forma,
devemos priorizar as ações. O Módulo 5 abordará o planejamen-
to de propriedades rurais, veremos técnicas para priorizar nossas
ações, mas uma recomendação genérica é preocupar-se primeiro
com o que mais impacta economicamente o negócio.

Plano de ação e execução


Definidos o problema e a sua causa, o gestor monta um plano de ação para resolver
o desvio do indicador, ou seja: organiza o que precisa ser feito, qual é o responsável
pela execução, como deve ser feita a correção, quanto deve ser investido nessa cor-
reção, quando deve ser feita a intervenção e com qual frequência deve ser realizada
essa intervenção.

Pare para pensar

Veja esta frase:

“Negócios não são poesias. As decisões, enquanto no papel, não pro-


duzem efeitos para a empresa.”

Qual é sua opinião sobre isso? Escreva aqui.

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Linha de produção vegetal
O gestor deve, sempre que possível, designar a equipe para a implementação do
plano de ação e selecionar as pessoas mais compatíveis com a proposta.

Monitoramento
O monitoramento é um ponto crítico do processo de gerenciamento nas empresas
rurais. O gestor, ao tomar determinada decisão, não deve supor que o problema está
resolvido. Muitas vezes, o desafio está apenas começando.

O gestor deve, periodicamente, voltar aos indicadores e identificar


se eles seguem dentro do esperado. Cada atividade possui sua fre-
quência de monitoramento, pois os ciclos produtivos são muito di-
ferentes, por isso é muito importante que o gestor tenha bem estru-
turado seu programa de monitoramento e a frequência de análise
muito bem definida.

Ação corretiva e padronização


Como os desafios e os desvios certamente estarão presentes, sempre haverá ne-
cessidade de um novo ciclo de análise para correções mais assertivas.

Porém, quando a intervenção realizada no problema é dada como


assertiva, ou seja, a correção do indicador ocorreu efetivamente,
buscamos padronizar essa intervenção, isto é, fazemos com que
essa ação corretiva se torne parte dos processos de produção da
empresa.

O processo cíclico do gerenciamento


O gerenciamento é um processo contínuo, mas o que deu certo no ciclo produti-
vo ou safra anteriores pode não dar certo na atual, pois, na agropecuária, temos
algumas características peculiares e efeitos adversos que tornam cada ciclo pro-
dutivo único.

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Linha de produção vegetal
Pare para pensar

Se um time de futebol ganhou todos os campeonatos em um ano,


não significa que no ano seguinte ele ganhará novamente, pois, nesse
caso, existe uma variável que não tem volta: o tempo.

Você acha que o mesmo se aplica quando pensamos na gestão da


empresa rural? Escreva aqui.

É sempre importante que o gestor monitore não apenas os resultados, mas também
todos os processos empregados no ciclo produtivo para que, ao final, o resultado não
decepcione.

Você está pronto para aprender ainda mais? Vamos conhecer agora as característi-
cas peculiares em uma empresa rural.

Até o próximo tópico!

Assistência Técnica e Gerencial


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Linha de produção vegetal
Tópico 3: Características peculiares em
uma empresa rural
A gestão do agronegócio exige que o gestor esteja preparado para as imprevisibilida-
des que fazem parte da realidade do setor.

Fonte: Banco de imagens do SENAR

É preciso aprender a reconhecer fatores que podem fazer toda a diferença para sua
gestão e gerenciamento.

Objetivos

Neste tópico, você entenderá melhor as características de uma em-


presa rural e os vários fatores que podem influenciar em seu geren-
ciamento e gestão, como clima e condições biológicas. Você também
aprenderá sobre tipos de produção, riscos envolvidos e produtos
resultantes.

Você está preparado para aprender mais? Vamos lá!

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Linha de produção vegetal
Dependência do clima
É a característica peculiar mais citada pelos pesquisadores, e muitas outras depen-
dem dela. O clima condiciona a maior parte das explorações agropecuárias e influen-
cia nas decisões sobre a época de plantio, os tratos culturais, as colheitas e na esco-
lha de variedades e espécies vegetais e animais.

As condições climáticas interferem em:

Disponibilidade de água.

Fonte: Shutterstock

Catástrofes naturais, como geadas,


alagamentos, chuvas de granizo ou
ventos fortes.

Fonte: Shutterstock

Desempenho das plantas, pois as condi-


ções podem afetar o consumo de alimen-
tos, a reprodução e outros aspectos.

Fonte: Banco de imagens do SENAR

Lixiviação do solo (extração ou solubi-


lização dos nutrientes do solo, que são
carreados pela água para camadas mais
profundas do solo, via infiltração, ou para
cursos de água).

Fonte: Shutterstock

Questões sanitárias, tanto na agricultura quan-


to na pecuária, pois condições de excesso de
umidade favorecem o aparecimento de doen-
ças fúngicas e bacterianas, e o frio e a seca po-
dem favorecer doenças virais.

Fonte: Shutterstock

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Linha de produção vegetal
Dependência de condições biológicas
Por mais que sejam aplicadas tecnologias para a melhoria do desempenho dos ani-
mais e vegetais, as condições biológicas estão sempre presentes e são limitantes
para o processo produtivo agropecuário. Mesmo em condições climáticas adequa-
das, as pragas e doenças são uma constante na produção agropecuária.

Pare para pensar

Imagine uma situação em que os preços dos insumos, comparados


ao preço pago a uma caixa de tomate, inviabilizem a atividade.

Não será possível “desligar” as plantas até que a atividade volte a ser
rentável, certo? As plantas precisam dos insumos para sobreviver e
produzir seus frutos.

Da mesma forma, sem os insumos necessários, as condições fisio-


lógicas farão com que ela produza menos tomates por planta. Assim,
não haverá como suplantar o preço dos insumos com o da produção
de tomate.

O que fazer nesse caso? Escreva aqui.

Independentemente do comportamento do mercado, o produtor precisa concluir o


ciclo. E, muitas vezes, cortar despesas agrava o problema, pois afeta gravemente a
produção.

A terra como fator da produção


Na agropecuária, a terra é fator de produção. Por isso, é importante conhecê-la e ana-
lisá-la em suas condições químicas, físicas, biológicas e topográficas, assim como
tomar decisões racionais para sua adequada utilização. Em diversas situações, o
fator terra pode ser um limitante na produção.

Assistência Técnica e Gerencial


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Linha de produção vegetal
Na prática

Variedades de milho de alta tecnologia têm dificuldade de expressar sua


produtividade quando a condição de fertilidade e estrutura do solo é li-
mitado, o que pode comprometer muito o desempenho e a produtivida-
de das plantas. Dessa forma, precisamos primeiro conhecer a área (a
terra), para só então definir qual a melhor variedade a ser utilizada.

Tempo de produção maior do que o tempo de


trabalho
O processo produtivo agropecuário se desenvolve, em algumas de suas fases, in-
dependentemente da existência do trabalho. Em outros setores da economia, como
na indústria, por exemplo, somente o trabalho modifica a produção. Assim, pode-se
dizer que o tempo de produção é igual ao tempo de trabalho consumido na obtenção
do produto final. Isso não ocorre na produção agropecuária.

Na produção de soja, o desenvolvi-


mento da semente ocorre durante a
fase reprodutiva da planta, indepen-
dentemente da presença de mão de
obra na propriedade, assim como a
planta continua seu desenvolvimen-
to vegetativo.

Dessa forma, independentemente da


presença do proprietário, gerente ou
operário, as plantas demandarão lu-
Fonte: Shutterstock minosidade, nutrientes e água para
viver e se desenvolver.

Trabalho disperso e ao ar livre


No setor agropecuário, normalmente não existe fluxo contínuo de produção, como
na indústria, e uma tarefa pode também não depender de outra. As atividades estão
dispersas por toda a empresa e podem ocorrer em locais distantes uns dos outros,
dependendo do ambiente natural da propriedade. Não há relação, por exemplo, entre
o trabalho executado por uma equipe que reforma as cercas da propriedade e o de
“limpeza” das pastagens.

Assistência Técnica e Gerencial


60
Linha de produção vegetal
Outra característica que se apresenta no setor rural é o trabalho ao ar livre. Positiva
sob certos aspectos (melhores condições sonoras e menor incidência de poluição, por
exemplo), essa característica se reveste de aspectos negativos, como a sujeição ao frio,
ao calor e às chuvas.

Incidência de risco
Além disso, toda e qualquer atividade eco-
nômica está sujeita a riscos. Na agropecu-
ária, os riscos assumem proporções ainda
maiores, pois as explorações podem ser afe-
tadas por problemas causados pelo clima
(seca, geada, granizo); pelo ataque de pra-
gas e moléstias; e pelas grandes flutuações
de preços que caracterizam o setor.

Fonte: Shutterstock

Sistema de competição econômica


A agropecuária está sujeita a um forte sistema de competição que tem as seguintes
características:

Existência de grande número de produtores e consumidores

Isso faz da agropecuária um mercado próximo à concorrência perfeita.

Os produtos

Normalmente apresentam pouca diferenciação entre si.

A entrada e saída de produtores no negócio

Pouco altera a oferta total, pois, por maior que seja a produção de uma propriedade,
ela pouco significa na oferta global do produto.

A consequência da conjunção desses fatores significa que o empresário rural não


consegue controlar os preços de seus produtos, ditados pelo mercado, que podem
até ser inferiores aos custos de produção.

Assistência Técnica e Gerencial


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Linha de produção vegetal
Produtos não uniformes

Na agropecuária, ao contrário da indústria, há dificuldades em se obter produtos


uniformes quanto à forma, ao tamanho e à qualidade. Esse fato é decorrente das
condições biológicas e acarreta, para o empresário rural, custos adicionais com
classificação e padronização, além de receitas mais baixas devido ao menor valor
dos produtos que apresentarem pior qualidade.

Alto custo de saída e/ou entrada


No negócio agropecuário, algumas explorações exigem altos investimentos em ben-
feitorias, máquinas e, consequentemente, enfrentam condições adversas de preço e
mercado. Estas devem ser suportadas a curto prazo, pois o prejuízo, ao abandonar a
exploração, poderá ser maior. A cultura do café, por exemplo, pode ser considerada
como explorações de alto custo de entrada e saída, enquanto as culturas anuais,
como o milho e soja, são explorações de menor custo de saída.

O empresário rural, levando em conside-


ração tudo o que foi apresentado, deve
assumir ações administrativas eficazes
para atenuar e modificar os efeitos pre-
judiciais dessas características.

É importante sempre lembrar-se de que


as teorias da administração, ao serem
transferidas ao setor rural, devem ser
adaptadas a condições específicas.
Fonte: Shutterstock

No próximo tópico, vamos entender os fatores que interferem na gestão de uma


empresa rural.

Até lá!

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Linha de produção vegetal
Tópico 4: Fatores que interferem na
gestão de uma empresa rural
Os vários fatores que afetam a gestão de um empreendimento agropecuário podem
ser de natureza externa ou interna. Você já parou para pensar quantos deles podem
influenciar o seu planejamento?

Fonte: Banco de imagens do SENAR

O gestor precisa entender e dominar as questões e os fatores que envolvem o am-


biente externo, pois, mesmo sem poder controlá-los, ele pode organizar sua tomada
de decisões internas para obter melhores resultados.

Objetivos

Neste tópico, vamos nos aprofundar ainda mais nas características


que podem comprometer a gestão e o gerenciamento da propriedade.
Você entenderá melhor os sistemas de produção e analisará correta-
mente os ambientes para tomar as melhores decisões.

Assistência Técnica e Gerencial


63
Linha de produção vegetal
Ambiente externo (da porteira para fora)
Vamos conhecer um pouco mais os principais fatores que, da porteira para fora, in-
fluenciam a tomada de decisões e os resultados do negócio agropecuário? Veja:

Variações cambiais
A alta no dólar aumenta a atratividade das exportações e pode elevar os preços.

Na prática

O valor do dólar influencia tanto no preço dos insumos quanto no


dos produtos exportados. Se um saco de milho estiver cotado a US$
12,00 e o dólar estiver cotado a R$ 2,00, o saco de milho valerá R$
24,00. Assim, se o dólar subir para R$ 3,00, o mesmo saco de milho
passará a valer R$ 36,00, o que é uma excelente notícia para o produ-
tor de milho. Vale lembrar que, com a valorização do dólar, aumenta
também o valor dos insumos.

Safra/entressafra e variações climáticas


Sazonalidade
A sazonalidade da produção faz com que, nos períodos de colheita, os preços dos
Situação em que a pro- produtos agrícolas caiam devido à alta oferta. Esse é um comportamento do merca-
dução se dá em períodos
do conhecido por todos.
específicos do ano,
relativamente rígidos.
Pare para pensar

Se o produtor se organizar e se estruturar, ele pode armazenar sua


produção nesse período e vender no período de escassez/entressa-
fra, quando os preços são mais altos. O produtor, por sua vez, pode
se organizar para comprar e estocar grãos no período de safra, quan-
do os preços são mais baixos e, assim, conseguir melhor resultado
financeiro.

Além disso, o empresário rural deve saber lidar com o fator clima, pois, com o uso
de previsões, ele pode tomar as melhores decisões de plantio, colheita, estoque e
comercialização.

Políticas agrícolas, legislação e aspectos culturais


O empresário rural não cria as políticas, mas deve compreender as existentes. Cré-
dito subsidiado, assistência técnica, incentivos fiscais e outras ações do governo
podem melhorar os resultados da propriedade rural.

Assistência Técnica e Gerencial


64
Linha de produção vegetal
Ele também deve estar ciente de que mudanças legais podem influenciar na utili-
zação da terra (restrições ambientais, por exemplo), na exigência de qualidade dos
produtos (legislação sanitária, por exemplo) e em outras implicações.

Ademais, o empresário rural deve considerar os aspectos culturais, que podem ultra-
passar os limites econômicos e científicos. Muitas decisões de produção são toma-
das com base na tradição, e não na busca pelo melhor resultado econômico.

Na prática

Um bom exemplo na agricultura é o fato de que algumas pessoas


ainda tomam decisões de plantio, colheita, entre outras ações, com
base nas fases da Lua.

A seguir, veja mais alguns fatores que influenciam a tomada de decisões e os resul-
tados do negócio agropecuário:

Economia do país

Situações de crise ou de crescimento econômico podem promover alterações diver-


sas no consumo dos produtos agropecuários e podem afetar a disponibilidade de
mão de obra no meio rural, entre outros rearranjos nas forças do mercado.

Tecnologia

Acompanhar o avanço da tecnologia também é muito importante para a sustentabi-


lidade de qualquer negócio, pois melhorias tecnológicas podem reduzir o custo de
produção e, consequentemente, melhorar os resultados econômicos do negócio, mas
podem também reduzir os preços dos produtos agropecuários.

Disponibilidade de fornecedores

Ficar na dependência de poucos fornecedores, ou até mesmo de um só, certamente


reduzirá a competitividade do produtor rural, já que o preço dos insumos será ditado
pelo fornecedor.

Para evitar isso, o produtor pode buscar novos fornecedores no mercado ou, em caso
de pequenos produtores, estes podem se organizar em associações, cooperativas e
clubes de compra para reduzir seus custos.

Assistência Técnica e Gerencial


65
Linha de produção vegetal
Ambiente interno
O ambiente interno é o nível de ambiente da empresa rural, ou de outro setor contido dentro
desta, que normalmente tem implicação imediata e específica na administração da mes-
ma. Na administração rural, é conhecido popularmente como “da porteira pra dentro”.

Veremos este assunto novamente, de forma mais detalhada, nos módulos posteriores.
Por enquanto, vale destacar que o ambiente interno também representa o conjunto de
recursos de produção que estão sob a tomada de decisão do gestor, ou seja, é o que ele
constantemente vai monitorar, agir e corrigir para que a empresa alcance seus objetivos.

Ele é composto por:

Fonte: Shutterstock

Aspectos organizacionais: rede de comunicação; estrutura da organização; registro dos


sucessos; hierarquia de objetivos, política, procedimentos e regras; habilidade da equipe
administrativa.

Aspectos pessoais: relações trabalhistas: práticas de recrutamento; programas de treinamen-


to; sistema de avaliação de desempenho; sistema de incentivos; rotatividade e absenteísmo.

Aspectos de marketing: segmentação do mercado, estratégia do produto, estratégia de preço,


estratégia de promoção, estratégia de distribuição.

Aspectos de produção: aparência e disposição das instalações da empresa rural; pesquisa e


desenvolvimento; uso de tecnologia; aquisição de matéria-prima; controle de estoques; uso de
subcontratação.

Aspectos financeiros: liquidez; lucratividade; atividades; oportunidades de investimento.

Muitas vezes, os gestores acreditam que o ambiente interno da empresa se encontra

Assistência Técnica e Gerencial


66
Linha de produção vegetal
limitado à área de produção, porém, ele engloba muito mais do que isso. Um diag-
nóstico detalhado e setorizado dos aspectos acima citados é fundamental para a
boa gestão da empresa rural.

No diagnóstico e análise do ambiente interno, são elencados os pontos fortes e fracos


sobre os aspectos acima citados. Isso deve ser realizado de forma setorizada, pois per-
mitirá uma análise profunda sobre cada setor. Com base nesse diagnóstico, o gestor
poderá elaborar um plano de ação que alinha os recursos aos objetivos da empresa.

Análise dos ambientes e tomada de decisão


Para obter sucesso na gestão de um negócio, é necessário que o gestor acompanhe
as mudanças nos ambientes externo e interno de forma contínua, e observe todos os
fatores acima citados.

Essa análise contínua permite ao gestor minimizar riscos, explorar oportunidades de


melhores negócios de compra e venda e, por fim, dimensionar a produção de acordo
com os períodos mais atrativos para o negócio.

Na prática

Uma propriedade produtora de trigo tinha, historicamente, altos gas-


tos com fertilizantes químicos. Para resolver esse problema, a pro-
priedade contratou um consultor. Com o proprietário, o consultor fez
uma análise do ambiente interno e identificou que a grande utilização
de fertilizante ocorria por causa da baixa disponibilidade de nutrien-
tes no solo.

Assim, consultor e proprietário criaram um planejamento estratégi-


co para melhorar as condições de fertilidade do solo da propriedade,
principalmente por meio do uso de corretivos e cobertura vegetal, a
fim de reduzir o volume de fertilizante químico utilizado.

Ao fazer a análise do ambiente externo, identificaram a possibilidade


de captar um financiamento de custeio a juros baixos, para comprar,
no período de entressafra (quando os preços estão mais baixos),
grande parte do fertilizante destinado à produção de trigo. Também
viram a oportunidade de estocá-lo utilizando o mesmo fertilizante
por mais de uma safra.

Essa estratégia permitiu forte redução no uso de fertilizante químico


e no custo de produção de trigo.

Assistência Técnica e Gerencial


67
Linha de produção vegetal
É importante ter em mente que o produtor não consegue mudar os preços de mer-
cado dos produtos, porém, conhecendo sobre o mercado, ele pode escolher a melhor
época para comprar ou vender.

Agora que você já está sabendo muito mais sobre como criar estratégias de geren-
ciamento e gestão, que tal entender sobre a aplicação do gerenciamento em uma
empresa rural?

Até o próximo tópico!

Tópico 5: Aplicando o gerenciamento


em uma empresa rural
Agora vamos apresentar uma propriedade rural hipotética, da qual utilizaremos as
informações técnicas, econômicas e o seu histórico para aplicar os conhecimentos
adquiridos em cada tema deste módulo.

Fonte: Banco de imagens do SENAR

Escolhemos uma propriedade produtora de alface, pois, nessa cadeia produtiva, os


cálculos possuem algumas peculiaridades.

Objetivos

Neste tópico, você conhecerá todos os dados da Propriedade Serra


Grande, que o ajudarão a entender, posteriormente, como aplicar os
conceitos até agora estudados, desde a análise da propriedade até
seus cálculos de custos e o levantamento de fatores internos e exter-
nos para um gerenciamento completo.

Assistência Técnica e Gerencial


68
Linha de produção vegetal
Mas tenha em mente que todos os conceitos aqui estudados poderão ser aplicados
em qualquer cadeia produtiva, está bem?

Vamos lá!

Propriedade Serra Grande


A Propriedade Serra Grande, localizada no município de Paraíso, pertence ao Sr.
Ariovaldo Martins da Silva. Ele a assumiu em 1980, após o falecimento de seu
pai. De lá para cá, vem conduzindo a propriedade e atravessando vários desafios.
O Sr. Ariovaldo é um homem curioso, que gosta de procurar melhorias, sempre
vai a palestras na cooperativa e no sindicato e é um produtor aberto a mudanças.

Sua propriedade possui um total de 5 hectares, dos quais 1,5 é destinados à produção de alfa-
ce e composto (cultivo protegido), onde possui quatro estufas que totalizam 5.000 m² de área
(5.000 m² de produção, ciclo de produção da semeadura a colheita de 60 dias, isso correspon-
de a seis safras por ano, considerando uma produtividade de 12 pés de alface por m² por safra,
temos 12 x 5.000 = 60.000 pés por safra, 60.000 x 6 safras = 360.000 pés de alface por ano,
dividindo este valor por 12 meses teremos uma produção de 30.000 pés de alface por mês)
e o restante da área é destinado à atividade de silvicultura. A produção de alface da fazenda
é assistida por um Técnico de Campo, e o Sr. Ariovaldo, muito disciplinado, segue à risca as
recomendações técnicas.

A produção de alface exige um nível tecnológico mais elevado, em que todas as fases da pro-
dução devem ser realizadas com máximo controle. Na propriedade, existe uma preocupação
em manter uma organização na escala de produção, pois erros neste processo podem com-
prometer o fluxo de caixa do negócio.

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69
Linha de produção vegetal
A produção de alface na propriedade, destinada à venda para atacado e varejo, teve
uma pequena variação nos últimos 12 meses, o produtor comprometeu-se com
seus clientes a produzir as quantidades listadas, conforme a tabela a seguir:

Produto Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6 Mês 7 Mês 8 Mês 9 Mês 10 Mês 11 Mês 12

Venda
no 28.000 27.800 27.900 27.950 28.000 28.000 27.950 28.000 28.000 28.150 28.100 28.050
atacado
Venda a 2.000 2.200 2.100 2.050 2.000 2.000 2.050 2.000 2.000 1.850 1.900 1950
varejo

Total 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000

Os preços de mercado praticados para venda de alface no atacado e a varejo, a cada


mês, são os seguintes:

Produto Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6 Mês 7 Mês 8 Mês 9 Mês 10 Mês 11 Mês 12

Preço R$ 0,70 0,65 0,68 0,75 0,73 0,70 0,71 0,68 0,67 0,72 0,75 0,70
atacado

Preço R$ 1,20 1,20 1,15 1,16 1,14 1,25 1,20 1,25 1,15 1,20 1,25 1,25
varejo

Além disso, foram utilizadas para consumo da família as quantidades de alface a


cada mês citadas na tabela a seguir:

Produto Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6 Mês 7 Mês 8 Mês 9 Mês 10 Mês 11 Mês 12

Consumo 31 28 31 30 31 30 31 31 30 31 30 31

Assistência Técnica e Gerencial


70
Linha de produção vegetal
Acompanhe o que podemos observar:

Os resíduos orgânicos gerados Houve uma valorização da área A mão de obra nessa propriedade
pela produção de alface são uti- de cultivo nos últimos 12 meses, é familiar, com contratação de
lizados para a produção de com- esta foi avaliada em R$ 6.400,00 serviços temporários esporadi-
posto. No último ano, foram pro- e, atualmente, vale R$ 22.400,00. camente. Nos últimos 12 meses,
duzidas 1.200 sacas de 50 kg de Essa valorização é decorrente foram contratadas 110 diárias do
composto, das quais 500 sacas o da aquisição de materiais orgâ- Joaquim, um diarista da região. O
produtor comercializou a R$ 32,00 nicos para ser usado na com- serviço realizado pelo Sr. Arioval-
cada, o que totaliza R$ 16.000,00. postagem. O material adquirido do e família, se fosse contratado,
O restante do composto está na custou um valor de R$ 2.000,00. estaria avaliado, em média, em R$
propriedade em diferentes fases de 1.600,00/mês.
processamento.

Inventário de benfeitorias
As benfeitorias da propriedade são mostradas na tabela a seguir.

Utilização na
Valor unitário Vida útil Idade
Item Quantidade atividade de Valor total (R$)
novo (R$) (anos) (anos)
horticultura

Galpão de 96
m² de madeira 1 100% 30.000,00 30.000,00 20 10
(depósito)

Galpão de 80
m² de madeira 1 80% 20.000,00 16.000,00 20 23
(máquinas)

Banheiros 1 100% 1.000,00 1.000,00 20 10

Estufa de 40m x
4 100% 15.000,00 60.000,00 15 5
50m

Estufa de pro-
dução de mudas 1 100% 1.500,00 1.500,00 15 16
10m x 20m

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71
Linha de produção vegetal
Poço artesiano 1 80% 7.000,00 5.600,00 20 22

Unidade de
lavagem de 1 100% 1.800,00 1.800,00 20 5
hortaliças

Unidade de
produção de 1 50% 1.000,00 500,00 20 5
compostagem

TOTAL 116.400,00

Sobre o inventário de benfeitorias, podemos dizer que:

O galpão de máquinas O poço artesiano tam- A unidade de produção de compostagem


possui 80% de uso, porque bém é utilizado para não é somente utilizada para a produção de
o espaço é dividido com o uso doméstico da composto, a área é utilizada para armaze-
equipamentos utilizados na família. namento de outros resíduos. Apenas 30% do
atividade de silvicultura. composto é comercializado.

Inventário de máquinas e equipamentos


Veja agora o inventário das máquinas e equipamentos da Propriedade Serra Grande:

Utilização
na Valor unitário Vida útil Idade
Item Quantidade Valor total (R$)
produção novo (R$) (anos) (anos)
de alface

Caminhão baú –
1 100% 80.000,00 80.000,00 15 5
Câmara fria

Pulverizador costal 3 100% 100,00 300,00 10 5

Carrinho de mão 3 100% 200,00 600,00 5 1

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72
Linha de produção vegetal
Ferramentas
1 80% 2.300,00 1.840,00 10 12
diversas
Sistema de
1 100% 10.000,00 10.000,00 15 16
irrigação

Trator 65 CV 1 80% 50.000,00 40.000,00 15 16

Enxada rotativa
1 100% 1.000,00 1.000,00 15 5
encanteiradora
Semeadora de hor-
1 100% 400,00 400,00 15 5
taliças manual

Computador com
1 80% 2.500,00 2.000,00 5 7
impressora

Equipamento
para lavagem de 1 100% 1.200,00 1.200,00 5 2
hortaliças

Bebedouro tipo
1 100% 300,00 300,00 5 2
gelágua

TOTAL 137.640,00

Observações sobre o inventário de máquinas e equipamentos:

• As ferramentas diversas, o trator e o computador também auxiliam na ati-


vidade de silvicultura, por isso, não foram destinados em 100% para a pro-
dução de alface.

Inventário de móveis, utensílios e outros bens

Utilização na
Valor unitário Vida útil Idade
Item Quantidade produção de Valor total (R$)
novo (R$) (anos) (anos)
alface

Mesa de
1 100% 250,00 250,00 10 5
escritório

Armário com
1 80% 350,00 280,00 10 12
fichário

Mesa para
computador e 1 100% 200,00 200,00 10 11
impressora

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73
Linha de produção vegetal
Bandeja para
produção de
500 100% 9,00 4.500,00 5 2
mudas (com
200 células)
Equipamento
de proteção
1 100% 80,00 80,00 5 2
individual
(EPI)

Caixas de PVC 300 100% 20,00 6.000,00 5 2

TOTAL 11.310,00

Observações sobre o inventário de móveis, utensílios e outros bens:

O armário com fichário é A quantidade de bandejas é necessária pela A quantidade de caixas


utilizado também para o produção de muda ser realizada em escala, de PVC é necessária para
gerenciamento da atividade haverá bandejas ocupadas em todo o ciclo. atender à demanda de co-
de silvicultura, por isso, não é lheita e de comercialização
destinado seu uso em 100% da alface.
para a produção de alface.

Inventário da compostagem
Veja agora o levantamento da quantidade de composto da Propriedade Serra Grande:

Descrição Quantidade (sacas) Preço médio Valor total

Composto fase inicial 200 R$ 32,00 R$ 6.400,00

Composto fase
150 R$ 32,00 R$ 4.800,00
intermediária

Composto fase final 150 R$ 32,00 R$ 4.800,00

Composto pronto para


100 R$ 32,00 R$ 3.200,00
embalar

Composto em estoque 100 R$ 32,00 R$ 3.200,00

TOTAL R$ 22.400,00

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Linha de produção vegetal
Inventário dos serviços preliminares
Veja agora o levantamento dos serviços preliminares da Propriedade Serra Grande:

Itens Quantidade Valor unitário Valor total

Elaboração de projeto 1 R$ 800,00 R$ 800,00

Análise da água 1 R$ 100,00 R$ 100,00

Legalização sanitária 1 R$ 500,00 R$ 500,00

Análise de solo 2 R$ 40,00 R$ 80,00

Aração e gradagem
(terceirizado) horas 20 R$ 80,00 R$ 1.600,00
máquina
Programa de
1 - -
capacitação

TOTAL R$ 3.080,00

Nos últimos 12 meses, as despesas com as operações da fazenda e com a família


foram as seguintes:

Despesas de custeio Valor anual (R$)

Mão de obra temporária (diarista) 3.300,00

Técnico agrícola (assessoria) 2.400,00

Sementes 11.700,00

Fertilizantes químicos 6.000,00

Adubos orgânicos 1.170,00

Substrato 7.800,00

Gastos com alimentação da família 11.543,00

Fungicida 720,00

Inseticida 960,00

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Linha de produção vegetal
Despesas com vestuário da família 500,00

Energia 1.600,00

Combustível 2.280,00

Material escolar para filhos 1.000,00

Aquisição de resíduos orgânicos para compostagem 2.000,00

Embalagens 1.800,00

Impostos sobre vendas (% vendas) 2.401,20

INSS + impostos + contribuição sindical 4.350,00

Reparos de benfeitorias 5.000,00

Reparos de máquinas e equipamentos 3.500,00

Outros gastos de custeio 2.000,00

Total 72.024,20

Todos esses dados da Propriedade Serra Grande se referem aos últimos 12 meses
de produção e foram levantados a partir das notas fiscais de compra.

Atenção: lembre-se de todos esses dados, pois nós os utilizaremos em exemplos de


gestão de uma propriedade rural no próximo módulo. Até lá!

Assistência Técnica e Gerencial


76
Linha de produção vegetal
Encerramento do tema
Tema 2: Introdução ao Gerenciamento

Neste tema, estudamos diversos conceitos voltados à gestão, gerenciamento, As-


sistência técnica e Gerencial e a sistemas de produção. Para intensificar o estudo
do gerenciamento, conhecemos as características peculiares da empresa rural e os
fatores que interferem na gestão no meio rural.

Entender os conceitos administrativos é muito importante para o avanço do estudo


do gerenciamento, pois são eles que fundamentam os conhecimentos posteriores.

Vimos que as empresas rurais possuem determinadas características peculiares, que


tornam única a gestão nesse meio: trabalho ao ar livre, dependência climática e biológi-
ca, tempo de trabalho inferior ao tempo de produção, entre outras.

Esses fatores não podem ser mudados pelo gestor, porém, ele precisa definir estraté-
gias que permitam gerenciá-los, para que não comprometam os resultados.

Vamos avançar nossos estudos e ver, no próximo tema, o dimensionamento da renda


de uma atividade. Mas, antes, veja o vídeo a seguir e faça as atividades de passagem
– elas farão toda a diferença para a construção do seu conhecimento.

Assista a um vídeo em seu ambiente de estudos para complementar o conheci-


mento que você adquiriu ao longo deste tema.

Bons estudos e sucesso!

Vídeos

No vídeo, vamos relembrar os fatores que devem ser considerados


na gestão e no gerenciamento da empresa rural. Vamos também nos
lembrar como é muito importante deixar sempre claro para o produ-
tor alguns conceitos de administração, pois ele deve desenvolver os
pensamentos e as atitudes que ajudam na condução do sistema de
produção.
Com isso em mente, você aprenderá a desenvolver uma estratégia de
gerenciamento eficiente, que se manterá em médio e longo prazo. Para
isso, não podemos nos esquecer de considerar as peculiaridades de
cada empresa rural, como clima, solo, tempo de produção, entre tantos
outros que você aprendeu. Ah, e fora isso, temos também os fatores
que interferem na gestão, como variações cambiais, climáticas, safra e
entressafra e legislação.
Veja o conteúdo do vídeo na íntegra, em seu ambiente de estudos.

Assistência Técnica e Gerencial


77
Linha de produção vegetal
Atividade de passagem
Chegamos ao final do segundo tema. A seguir, você responderá a uma questão
relacionada ao conteúdo estudado até aqui. Preparado?

Se você estiver com alguma dúvida quanto ao assunto, retorne ao conteúdo do


módulo ou, se preferir, entre em contato com o tutor.

Questão
Ao longo do tema 2 deste módulo conhecemos conceitos administrativos importantes
para a gestão das empresas rurais. As particularidades das organizações rurais impac-
tam na gestão das mesmas, por isso estudamos as características e os fatores que in-
terferem na tomada de decisão do gestor, considerando os ambientes interno e externo.
Leia as afirmativas e com base no conteúdo deste tema, indique quais alternativas apre-
sentam opções corretas assinalando a opção com a sequência correta.

a. A gestão pode ser entendida como o senso de direção do negócio, ou seja,


coletar dados, analisá-los e tomar decisões que permitam alcançar os re-
sultados esperados.
b. Atualmente, a globalização do setor agrícola e a modernização tecnológica
são fatores que permitem aos produtores não se preocupar com a gestão
do negócio, uma vez que as atividades agropecuárias estão sendo muito
lucrativas para os produtores, não sendo necessário que eles se preocu-
pem com os custos da atividade.
c. Gerenciar negócios no meio rural é mais fácil, pois as decisões do gestor é
que definem o resultado, não existindo influência de clima, solo, aspectos
biológicos ou econômicos.
d. O agronegócio, no que se refere às commodities, está submetido a um sis-
tema de competição no qual a entrada ou saída de produtores pouco altera
a oferta, devido ao grande número de produtores.
e. O ambiente externo influencia nos resultados do negócio: flutuações cam-
biais, variações na política agrícola, variações climáticas, mudanças legais
e aspectos culturais podem mudar a rota do gestor na busca de um bom
resultado para o negócio.
1. A, B, C, D e E
2. B, C e E
3. A, D e E
4. B, C e D
5. B e D

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78
Linha de produção vegetal
Tema 3
Renda bruta da atividade

Fonte: Banco de Imagens do SENAR

É muito comum nas propriedades rurais trabalhar com mais de uma atividade agro-
pecuária ou mesmo com atividades secundárias ao negócio principal da proprie-
dade. E, muitas vezes, a gestão do negócio é comprometida, pois o produtor não
consegue separar o custo e a renda dessas atividades distintas.

Isso pode fazer com que uma atividade lucrativa esconda o prejuízo da outra e a
atividade mais onerosa esconda o lucro da atividade lucrativa.

Assistência Técnica e Gerencial


79
Linha de produção vegetal
Pare para pensar

O que fazer nesse caso? Como equilibrar os custos e as rendas


para que não exista uma “máscara” nos resultados financeiros das
atividades?

Escreva sua opinião aqui.

Ao final deste tema, esperamos que você componha de forma correta a renda de
uma atividade e saiba usar critérios para alocar os custos entre atividades e dentro
de uma mesma atividade.

Para atingir esse objetivo, este tema está estruturado em cinco tópicos:

Tópico 1: Componentes da renda

Neste tópico, você estudará os componentes da renda bruta das atividades e os con-
ceitos que os envolvem.

Tópico 2: Critérios de definição de custos entre as atividades

Neste tópico, você estudará critérios para alocar os custos entre atividades diferentes
e dentro de uma mesma atividade.

Tópico 3: Cálculo da renda bruta

Neste tópico, você poderá ampliar seus conhecimentos acerca dos conceitos da ren-
da bruta e verá sua aplicação em um estudo de caso.

Assistência Técnica e Gerencial


80
Linha de produção vegetal
Tópico 4: Peculiaridades no cálculo da renda bruta

Neste tópico, você estudará as peculiaridades que envolvem o cálculo da renda bruta
na produção de alface, com destaque para o conceito, a função, a aplicação e as
vantagens do cálculo da variação da produção de composto como componente da
renda bruta da atividade.

Tópico 5: Aplicando o cálculo da renda bruta

Neste tópico, que encerra o tema, utilizaremos o estudo de caso da Propriedade Ser-
ra Grande para aplicar conceitos sobre renda.

São tópicos muito legais, não? Desejamos a você ótimos estudos!

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81
Linha de produção vegetal
Tópico 1: Componentes da renda
A renda bruta é o produto da multiplicação da produção total pelo preço médio pon-
derado (PMP), adicionado a outras rendas, obtidas com a venda de subprodutos ou
componentes do sistema de produção (RSub).

Fonte: Banco de Imagens do SENAR

Veja a fórmula para obtenção da renda bruta:

Renda Bruta (RB) = [produção total x preço médio ponderado (PMP)] + subprodutos
do sistema de produção (RSub).

Mas espere! Ainda teremos muito mais para mostrar neste tópico.

Objetivos

Neste tópico, você aprenderá o que é a renda bruta, como calcular e os


fatores e produtos que fazem parte dela.

Que você está afiado na matemática a gente já sabe, mas será que você já notou
quais são todos os itens que compõem uma renda bruta? Pode ter certeza de que
você se depara com eles quase todos os dias.

Então, vamos conhecê-los melhor agora?

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Linha de produção vegetal
Produção
A produção é o somatório das unidades produzidas em uma atividade em determi-
nado período de tempo, ou seja, o total produzido na área destinada para a atividade.
Para efeito de análise de rentabilidade, a produção é medida anualmente, de modo a
permitir um comparativo entre as atividades de um mesmo período.

Especialmente na agricultura, existem atividades com ciclos produtivos superiores


e inferiores a um ano. Nesses casos, a análise de rentabilidade é feita para o ciclo
produtivo e os indicadores são ajustados para um ano, de maneira que permita com-
paração com outras atividades. Veja os exemplos:

Toneladas de silagem na área de plantio de milho.

Fonte: Shutterstock

Sacas de milho por área.

Fonte: Shutterstock

Kg de tomate por planta.

Fonte: Banco de Imagens do SENAR

Metros cúbicos de madeira.

Fonte: Shutterstock

Caixas de laranja.

Fonte: Banco de Imagens do SENAR

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Linha de produção vegetal
Produtividade
A produtividade é um indicador medido em relação a um dos fatores de produção
em determinado período de tempo. Por exemplo, quando falamos do fator “terra”,
podemos determinar alguns indicadores de produtividade em relação a uma unida-
de de área (hectares ou metros quadrados), como:

• litros de vinho por ha por ano;

• toneladas de laranja/ha;

• sacas de milho/ha;

• arrobas/ha/ano;

• caixas de tomate por ha;

• quilogramas de soja por ha por ano;

• quilogramas de morango por m²;

• unidade de brócolis por ha por ano;

• unidade de repolho por m².

No gerenciamento das atividades agropecuárias, é sempre bom estar atento aos


fatores de produção que influenciam na produtividade e representam maior estoque
de capital ou maior custo operacional.

Os fatores de produção que representam maior estoque de capital nas atividades


agropecuárias normalmente são a terra ou as construções. Dessa forma, os indi-
cadores de produtividade da terra (hectares) ou das construções (m²) são impor-
tantes insumos para a comparação de eficiência das atividades na utilização da
área de produção.

A mão de obra é outro importante componente do custo que tem sua produtividade
medida pela divisão da produção total pelo número de colaboradores ou por quanto
de outros fatores de produção um colaborador é capaz de cuidar.

São exemplos de indicadores de produtividade da mão de obra:

• arrobas/dia/homem;

• plantas/dia/homem;

• kg/dia/homem.

Na agricultura, mede-se também a produtividade individual das plantas, para

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Linha de produção vegetal
poder avaliar o desempenho das plantas mediante a sua genética e as condi-
ções de produção. Por exemplo:

Número de sementes/planta de soja

Espigas de milho/planta

Kg de pepino/planta

Produtos consumidos pela mão de obra


É importante destacar a necessidade de se contabilizarem, na renda e nas despesas,
os produtos consumidos na propriedade, que muitas vezes são desconsiderados
pelo produtor. Cada unidade produzida e consumida na propriedade teve um custo
de produção, que não pode ser desprezado.

Pare para pensar

Considere uma propriedade que tem produção diária de 200 kg de


tomate, na qual a mão de obra consome 1,5 kg por dia. Ao final de
um ano, o tomate consumido (547,5 kg) representa uma produção de
2,73 dias da propriedade. Como contornar isso? Responda aqui.

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Linha de produção vegetal
Consumo da família

Na fruticultura e na horticultura, a produção destinada ao consumo da família


deve ser contabilizada como um componente de renda e de custo da atividade,
pois é um produto que deixa de ser comercializado e se torna um custo de pro-
dução das atividades.

Subprodutos
Os subprodutos são produtos gerados devido à existência de uma atividade prin-
cipal e devem compor a renda e os custos da atividade quando consumidos na
propriedade.

Veja, por exemplo, o subproduto da olericultura:

• Venda de composto como adubo orgâ-


nico na produção agrícola. O composto é um
subproduto gerado a partir dos resíduos da
olericultura.

Fonte: Banco Senar

Atividades secundárias
As atividades secundárias são as que interagem com a atividade principal da pro-
priedade, porém, não se destinam ao mercado. A decisão da sua existência está sob
domínio do produtor.

Por esse motivo, as atividades secundárias


não devem compor a renda. Porém, seus
custos de produção devem ser considerados
como despesa da atividade principal.

Veja o exemplo: um produtor de café adquiriu


um torrador e um moedor e passou a proces-
sar parte de sua produção. O café processa-
do é vendido para restaurantes e lanchone-
tes. Nesse cenário, o produtor deve “vender”
Fonte: Shutterstock o café in natura para a sua nova unidade

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Linha de produção vegetal
processadora, a preço de mercado, tratando a unidade processadora como uma ou-
tra atividade secundária que possui uma estrutura de custo própria, na qual o café
é um insumo.

Descubra sua classificação:

Subproduto

O subproduto não se desvincula do produto principal, ou seja, se a atividade principal


existir, o subproduto existirá. Um exemplo simples disso é: se há cana-de-açúcar, há
açúcar mascavo. O nível de exploração do subproduto dependerá da capacidade e do
interesse do administrador, mas sua existência não.

Atividades secundárias

As atividades secundárias podem ter ou não ligação com a atividade principal, mas
sua existência passa pela decisão do administrador. Por exemplo: processar ou não
a laranja é uma decisão do administrador.

Você já está conhecendo bem os componentes da renda bruta, certo? Agora, vamos
apresentar os critérios que o ajudarão a definir os custos entre as atividades das
cadeias produtivas.

Você está preparado? Até o próximo tópico!

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Linha de produção vegetal
Tópico 2: Critérios de definição de
custos entre as atividades
Dentro das diversas cadeias produtivas do agronegócio, a alocação de custos se
torna um desafio, já que, muitas vezes, é difícil separar os valores de determinados
itens com total isenção.

Fonte: Shutterstock

Na produção de pêssego e figo, por exemplo, quando se usa a depreciação de um


pulverizador, como saber quanto deve ser destinado para o custo da produção de
pêssego e para o custo da produção de figo?

Objetivos

Neste tópico, você aprenderá sobre rateio de custos e seu cálculo, as-
sim como a melhor forma de alocação das receitas da propriedade.

Para que possamos analisar com coerência os diversos tipos de sistemas dentro de
uma mesma atividade, a metodologia ATeG utiliza duas formas para a determinação
e a divisão de custos entre atividades:

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Linha de produção vegetal
• rateio de custos com base na participação de cada produto na renda da
propriedade;

• alocação de receitas e custos.

Vamos conhecê-las mais a fundo?

Rateio de custos com base na participação de


cada produto na renda da propriedade
O método de rateio é indicado para análise de atividades que possuem um produto
principal e outros subprodutos, e a separação dos centros de custos é complexa.
Veja alguns exemplos:

Consorciação de culturas

Em uma propriedade na qual o milho pipoca é o produto principal,


como deveríamos contabilizar o custo com depreciação do sistema
de irrigação, já que, na mesma área, há produção de melão e de
abóbora?

Como essa separação é muito difícil por meio de critérios simples, os custos de de-
preciação são rateados entre milho pipoca, abóbora e melão na proporção da renda
gerada por esses produtos. O mesmo pode ser pensado para a mão de obra, o com-
bustível e outras despesas da consorciação de culturas.

Produção de uva e ameixa

Na produção de uva e ameixa, quanto do valor da depreciação do


trator deve ser contabilizado para a produção de uva e quanto para
a produção de ameixa?

Nos dois exemplos, fica bem claro que o melhor método a ser adotado é o rateio, de
acordo com a receita gerada por cada produto. Ele consiste em assumir que o custo
de um produto é proporcional à renda gerada por ele para toda a atividade. Isso pode
ser expresso pela fórmula a seguir:

Custo do produto P = custo da atividade x renda do produto P


renda da atividade

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Linha de produção vegetal
Na prática

Uma propriedade cuja produção é baseada na consorciação com


espécies de hortaliças vende R$ 3.000,00 de alface e R$ 7.000,00
de beterraba. O custo total da atividade foi de R$ 5.000,00.

Como calcular o custo de produção da beterraba?

A renda da atividade é a soma da renda da beterraba com a renda


da alface. Assim, temos:

Renda total da consorciação = R$ 7.000,00 + R$ 3.000,000

Renda total da consorciação = R$ 10.000,00

Custo do produto = custo da atividade x renda do produto


renda da atividade

Custo da produção de beterraba = R$ 5.000,00 x 7.000,00


10.000

Custo da beterraba = R$ 5.000,00 x 0,7 (a beterraba representa


70% da renda)

Custo da beterraba = R$ 3.500,00.

Muitos se questionam se esse método define com precisão os custos de cada pro-
duto ou subproduto. Neste momento, é importante ressaltar que esse critério não
permite ao gestor definir com precisão os custos inerentes a cada produto ou subpro-
duto. Porém, como a distribuição dos custos é feita de forma proporcional, e a renda
gerada por produto é contabilizada efetivamente, o gestor pode inferir a relação be-
nefício-custo de cada atividade.

Alocação de receitas e custos


Essa metodologia de cálculo de custos consiste em registrar, para cada atividade,
seja principal ou secundária, seus custos e receitas. Em outras palavras, consiste
em separar o controle de cada atividade.

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Linha de produção vegetal
Na prática

Considere uma propriedade que produz pepino com os seguintes


dados:

• produção diária: 300 kg;

• produção vendida para a indústria na forma in natura: 200 kg;

• produção destinada à fabricação de conservas: 100 kg;

• preço de venda do pepino: R$ 1,00/kg;

• preço de venda da conserva: R$ 6,00/unidade (sendo gastos


300g de pepino para se produzir uma unidade de conserva);

• custo total: R$ 0,80/kg.

Para calcular a renda da produção de pepino, consideramos que


a atividade principal (produção de pepino) vende o produto a uma
segunda atividade (produção de conservas). Nesse caso, devemos
utilizar o preço de mercado do pepino, ou seja, o pepino entra na
produção de conservas com o custo de R$ 1,00/kg, que é compo-
nente do custo de produção da produção de conservas.

A separação de valores permite que o administrador avalie as duas atividades de for-


ma independente, de modo a poder identificar situações críticas e tomar as decisões
mais assertivas. Pensemos no exemplo anterior:

Fonte: Shutterstock Fonte: Shutterstock

Se o custo de produção de pepino for maior Se o valor da conserva for menor em rela-
do que seu preço de mercado, o produtor ção ao custo com o seu processamento, o
poderá tomar a decisão de manter apenas produtor poderá decidir entregar toda sua
a atividade de produção de conservas e produção de pepino para a indústria.
adquirir o pepino de outro produtor.

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91
Linha de produção vegetal
Veja que o conhecimento faz toda a diferença nesse momento.

Agora que você já entendeu mais sobre a renda bruta e os critérios para sua defini-
ção, vamos nos aprofundar em seu cálculo, para não cometer nenhum erro!

Até o próximo tópico!

Tópico 3: Cálculo da renda bruta


A renda bruta de uma atividade corresponde ao somatório das riquezas produzidas
por ela, isto é, são os preços multiplicados pelas quantidades.

Fonte: Banco de Imagens do SENAR

Algumas atividades agropecuárias possuem um produto principal e outros secundá-


rios - nesses casos, a renda bruta é calculada conforme a fórmula a seguir.

RB = (quantidade produzida do produto principal x preço médio ponderado) +


somatório de (quantidades produzidas de subprodutos x preço unitário dos
subprodutos).

É comum ocorrerem vários eventos de venda de produtos agropecuários ao longo do


ano. Nesse caso, a renda bruta daquele ano é obtida pela soma da renda em cada evento.

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92
Linha de produção vegetal
Objetivos

Neste tópico, você conhecerá a melhor forma de calcular a renda bru-


ta, aplicando todo o conhecimento que construiu ao longo das demais
lições deste curso.

Vamos lá?

Estudo de caso: a produção de erva-mate da


Fazenda Santa Rita
Nos últimos anos, o Brasil alcançou excelentes índices de produção, tornando-se
uma boa opção de emprego e renda. Isso se deve, além de inúmeros outros fatores,
à qualidade do sistema produtivo nacional e à confiança crescente no conceito de
alimento saudável, especialmente pela produção de erva-mate de qualidade.

Muitas propriedades obtiveram resultados positivos por causa do aumento dos ín-
dices de produção. Um exemplo é a Fazenda Santa Rita, uma propriedade hipotética
que usaremos para exemplificar os cálculos de renda bruta da atividade.

Fonte: Shutterstock

A Fazenda Santa Rita é a propriedade do Sr. José Maria, cuja atividade principal é a
produção de erva-mate. Em 2016, ela produziu muito bem, e o Sr. José Maria está “só
sorrisos”!

O resultado de todo o esforço, uma grande produção, foi vendido conforme mostrare-
mos a seguir.

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Linha de produção vegetal
Tabela de vendas da Fazenda Santa Rita
Vamos conhecer de perto os resultados das vendas referentes à produção de er-
va-mate. É importante ressaltar que o Sr. José Maria possui em sua propriedade
cinco plantas matrizeiras, que são colhidas as sementes e vendidas a um viveirista
especializado na produção de mudas:

Venda de sementes
Mês Venda de erva-mate (@) Valor unitário (R$) Valor total (R$)
(kg)

Janeiro

Fevereiro 50 15,00 1.200,00

Março 686 12,00 8.232,00

Abril

Maio 114 14,00 1.596,00

Junho

Julho

Agosto 1015 10,00 10.150,00

Setembro

Outubro 622 14,00 8.708,00

Novembro

Dezembro 563 15,00 8.445,00

Total 3000 38.331,00

Saiba mais

Vamos entender melhor o que significam o termo e o símbolo


arroba (@)

O surgimento do termo e do símbolo arroba é basicamente


uma questão histórica e cultural. Na Idade Média, os livros
eram escritos à mão e para simplificar o trabalho utiliza-
vam-se símbolos de entrelaçamento de duas letras, pois na
época tinta e papel eram artigos de grande valia. Veio então
a arroba, que é uma junção do termo em latim ad. Após o

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Linha de produção vegetal
surgimento de tecnologias que facilitaram a escrita (máqui-
na de escrever), os símbolos continuaram a ser utilizados
corriqueiramente. A arroba era utilizada na época como for-
ma de comercialização de vários produtos. Então o símbolo
@ passou a ser usado pelos espanhóis com a definição que
se conhece hoje. Arroba veio do árabe ar-ruba, que significa
a quarta parte, ou seja, uma arroba, 14,68 kg, que correspon-
dia a um quintar (outra medida árabe), cuja medida equivale
a 58,75 kg. A medida árabe foi arredondada e hoje é utilizada
na comercialização de erva-mate. No Brasil, uma arroba cor-
responde a 15 kg.

Ao analisarmos os dados apresentados, podemos ver que ainda não foi calculado
o preço médio, obtido pela divisão da renda bruta anual pela produção total do ano.
Vamos calculá-lo passo a passo, para que você compreenda bem e possa aplicar em
seu dia a dia.

Primeiro, temos os seguintes dados:

Renda bruta total com venda Preço médio/arroba = R$


Produção em arrobas = 3.000
de arrobas = R$ 38.331,00 38.331,00/3000 = R$ 12,77/arroba

Para calcular a renda bruta da atividade, temos:

Renda bruta da atividade

• Venda de arrobas no ano = 3.000 x R$ 12,77 = R$ 38.331,00

• Venda de semente para produção de mudas no ano = 50 x R$ 12,00 = R$


1.200,00

Somando os valores encontrados, prosseguimos:

Renda bruta da atividade = R$ 38.331,00 + R$ 1.200,00

Logo, a renda bruta da atividade = R$ 39.531,00

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Linha de produção vegetal
Bem fácil, não é mesmo?

Pare para pensar

Agora que estamos alinhados nos cálculos de renda bruta quando o


assunto é erva-mate, reflita: será que esse mesmo tipo de cálculo se
aplica a outros tipos de cultura? Responda aqui.

No próximo tema, você aprenderá a reconhecer as peculiaridades para calcular a


renda bruta quando o assunto for olericultura.

Até lá!

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96
Linha de produção vegetal
Tópico 4: Peculiaridades no cálculo da
renda bruta
Na olericultura, a renda é gerada principalmente pela venda direta de seus produtos
e, em alguns casos, pela venda de composto excedente produzido na propriedade.
Para exemplificar este tópico, utilizaremos uma propriedade produtora de alface.

Fonte: Banco de Imagens do SENAR

O composto é um componente (insumo) no processo de produção de alface. É pro-


duzido pelo uso de restos culturais da área de produção, mais a utilização de ester-
co e outros resíduos, de origem animal e/ou vegetal.

Objetivos

Neste tópico, você aprenderá a considerar as peculiaridades da hor-


ticultura para o cálculo da renda bruta da atividade, analisando dife-
rentes cenários para fixar seu conhecimento.

Para calcular a renda, entenderemos os fundamentos desse conceito passo a pas-


so. Vamos lá?

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97
Linha de produção vegetal
Participação da renda da alface na renda da ati-
vidade da olericultura
Na renda da propriedade que somente produz alface, existe uma estabilidade no fa-
turamento anual, no qual a receita é proveniente da alface, porém existe a possibili-
dade de uma receita proveniente do composto excedente. No caso de ter uma renda
constante e estabilizada, da produção do composto, este teria status de “atividade
produtiva de finalidade econômica”, impondo uma condição de ter duas atividades
produtivas distintas de finalidade econômica e, dessa forma, a receita do composto
não poderia ser classificada como proveniente da atividade de olericultura.

Em alguns casos, em razão de uma


necessidade inesperada de recursos
financeiros, poderá haver a venda de
composto acima do esperado. Neste
caso, é possível observar um acrésci-
mo repentino na renda anual.

Fonte: Banco de Imagens do SENAR

Outra questão importante, que pode ter interferência direta na renda da produção da
atividade, está no uso do espaçamento entre plantas que diretamente se refletirá na
renda bruta total.

Vamos analisar alguns possíveis cenários para entender melhor por que o espaça-
mento influencia na participação da alface na renda da atividade.

Para começar, observe os três cenários apresentados:

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Linha de produção vegetal
Espaçamento % da
Preço
Número Receita receita em
Área de de venda
Entre Entre de do Alface relação ao
produção linhas Plantas (R$)/
(m) Plantas (R$) menor
(m) planta
espaçamento

0,15 0,15 4444 0,8 R$ 3.555,56 xxxx

100 m2 0,2 0,2 2500 0,8 R$ 2.000,00 -44%

0,3 0,3 1111 0,8 R$ 888,89 -75%

Entenda melhor cada cenário:

Cenário A – Espaçamento 0,3 x 0,3 metros

Nesse cenário, normalmente a propriedade dispõe de solos com pouca fertilidade


e não utiliza mecanismos para melhorar a qualidade do solo. Assim, com menor
densidade de plantas por m², a produção e a renda em relação à venda de alface são
comprometidas.

Assim, nesse cenário, a composição da renda da atividade reduziu em 75% a capaci-


dade de geração de renda.

Cenário B – Espaçamento de 0,2 x 0,2 metros

Nesse cenário, observa-se que, com uma densidade de plantas maior, a área pro-
duziu um maior número de plantas, porém a renda da produção da alface está 44%
menor do que o exemplo de menor espaçamento.

Cenário C – Espaçamento de 0,15 x 0,15 metros

Em se tratando da especialização na produção de alface, normalmente há pouco


descarte da produção. Isso se deve a uma produção mais qualificada, em que o
nível tecnológico é maior e o uso de um espaçamento menor é viável, aumentando a
produção.

Na produção especializada, as plantas têm um desenvolvimento rápido e isso se


deve ao fato da maximização dos recursos de produção. Em consequência disso, há
um aumento no custo variável, mas que é compensado pelo fato de a comercializa-
ção da alface ser bem maior.

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99
Linha de produção vegetal
Agora vejamos um exemplo de resultado obtido em uma propriedade produtora de
alface, que venda ocasionalmente composto.

Na prática

Veja os dados de uma propriedade:

• Área total de produção de alface: 100 m2

• Número de safras no ano: 6

• Preço de venda do alface:

- Safra 1: R$ 0,85/unid

- Safra 2: R$ 0,90/unid

- Safra 3: R$ 0,74/unid

- Safra 4: R$ 0,50/unid

- Safra 5: R$ 0,83/unid

- Safra 6: R$ 0,92/unid

• Espaçamento utilizado: 0,2 x 0,2 m

• Na safra 4, ocorreu a venda de 3.000 kg de composto ex-


cedente.

• Preço do composto: R$ 1,00/kg.

• Calcule:

• 1. Qual é a receita bruta total de alface?

- Safra 1: R$ 0,85/unid x 2.500 plantas = R$ 2.125,00

- Safra 2: R$ 0,90/unid x 2.500 plantas = R$ 2.250,00

- Safra 3: R$ 0,74/unid x 2.500 plantas = R$ 1.850,00

- Safra 4: R$ 0,50/unid x 2.500 plantas = R$ 1.250,00

- Safra 5: R$ 0,83/unid x 2.500 plantas = R$ 2.075,00

- Safra 6: R$ 0,92/unid x 2.500 plantas = R$ 2.300,00


Receita total da alface = R$ 2.125,00 + R$ 2.250,00 + R$ 1.850,00 +
R$ 1.250,00 + R$ 2.075,00 + R$ 2.300,00 = R$ 11.850,00

• 2. Qual é a receita da venda do composto?

Receita do composto: 3.000 kg x R$ 1,00 = R$ 3.000,00

• 3. Qual é a receita da atividade da propriedade?

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Linha de produção vegetal
Composição da receita total da propriedade
Renda Bruta
Item Total por safra
Alface Composto

Safra 1 R$ 2.125,00 R$ 2.125,00

Safra 2 R$ 2.250,00 R$ 2.250,00

Safra 3 R$ 1.850,00 R$ 1.850,00

Safra 4 R$ 1.250,00 R$ 3.000,00 R$ 4.250,00

Safra 5 R$ 2.075,00 R$ 2.075,00

Safra 6 R$ 2.300,00 R$ 2.300,00

Total no ANO R$ 11.850,00 R$ 3.000,00 R$ 14.850,00

Na análise de rentabilidade da propriedade produtora de alface do exemplo apre-


sentado, percebemos que 20,2% da receita bruta total da propriedade, no ano es-
tudado, foi proveniente da venda, ocasional, do composto. Logo será necessário
um olhar crítico na hora de analisar e comparar a rentabilidade da propriedade,
com outras propriedades que desenvolvam a mesma atividade.

Construímos muito conhecimento juntos até aqui, não é mesmo?

Agora, vamos partir para a etapa final do curso e aplicar todo o conhecimento cons-
truído na Propriedade Serra Grande (aquela que já conhecemos, lembra?).

Até o próximo tópico!

Tópico 5: Aplicando o cálculo da renda


bruta
Voltaremos agora ao estudo do caso da Propriedade Serra Grande. Você se lembra
dela? Nós a abordamos no Tema 2 – Tópico 5.

Neste tópico, faremos a composição da renda dessa propriedade, por isso, é impor-
tante que você fique bem atento e veja como o proprietário e o Técnico de Campo
fizeram seus cálculos, a partir de dados que já lhe apresentamos.

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101
Linha de produção vegetal
Fonte: Banco de Imagens do SENAR

Para calcular a renda bruta de uma atividade, soma-se a renda obtida por produ-
to dessa atividade no intervalo de 12 meses a qualquer outra renda gerada – por
exemplo, a venda de composto.

Objetivos

Para finalizar, vamos aplicar todo o conhecimento construído e com-


plementá-lo por meio da análise dos dados da Propriedade Serra
Grande. Você entenderá, na prática, como aplicar toda a metodologia
da ATeG apresentada ao longo deste curso.

Na atividade olerícola, para calcular a renda, primeiro devemos calcular a produção.


A produção é resultado da soma:

Alface vendida no atacado + alface vendida a varejo + alface usada no consumo

Uma vez definida a produção, definimos a renda da produção de alface multiplican-


do a produção pelo preço da alface vendido.

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102
Linha de produção vegetal
Renda da produção de alface = unidade de alface produzida x preço da alface
vendida no período

Tome nota

Multiplicamos a produção pelo preço da alface vendida, pois ele re-


flete a oportunidade de mercado para o restante da produção (alface
consumo, atacado e varejo).

Por fim, para definir a renda da atividade da olericultura somamos a renda da alface
comercializada no atacado e a varejo com a renda da venda de composto.

Renda da atividade olerícola = renda da alface + venda de composto

Para facilitar o entendimento, as rendas de cada item serão obtidas separadamente


e depois somadas.

Vamos lá?

Renda da venda de alface no atacado


Essa renda é obtida pelo somatório das rendas mensais.

A renda mensal, por sua vez, é obtida multiplicando-se o volume vendido em cada
mês pelo preço praticado naquele mês. Veja a tabela:

Alface
Mês Preço (R$) Renda mensal (R$)
(unidade)

1 28.000 x 0,70 = 19.600,00

2 27.800 x 0,65 = 18.070,00

3 27.900 x 0,68 = 18.972,00

4 27.950 x 0,75 = 20.962,50

5 28.000 x 0,73 = 20.440,00

6 28.000 x 0,70 = 19.600,00

7 27.950 x 0,71 = 19.844,50

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103
Linha de produção vegetal
Alface
Mês Preço (R$) Renda mensal (R$)
(unidade)

8 28.000 x 0,68 = 19.040,00

9 28.000 x 0,67 = 18.760,00

10 28.150 x 0,72 = 20.268,00

11 28.100 x 0,75 = 21.075,00

12 28.050 x 0,70 = 19.635,00

Somatório das rendas mensais = R$ 236.267,00

Renda da venda de alface a varejo


Essa renda é calculada da mesma forma, multiplicando-se o volume pelo
preço de mercado, pois se considera que o produtor vendeu a alface direto
ao consumidor.

Veja a seguir o cálculo da renda da alface vendida a varejo:

Alface
Mês Preço (R$) Renda mensal (R$)
(unidades)

1 2.000 x 1,20 = 2.400,00

2 2.200 x 1,18 = 2.596,00

3 2.100 x 1,15 = 2.415,00

4 2.050 x 1,16 = 2.378,00

5 2.000 x 1,14 = 2.280,00

6 2.000 x 1,25 = 2.500,00

7 2.050 x 1,20 = 2.460,00

8 2.000 x 1,25 = 2.500,00

9 2.000 x 1,15 = 2.300,00

Assistência Técnica e Gerencial


104
Linha de produção vegetal
Alface
Mês Preço (R$) Renda mensal (R$)
(unidades)

10 1.850 x 1,20 = 2.220,00

11 1.900 x 1,25 = 2.375,00

12 1.950 x 1,25 = 2.437,50

Somatório das rendas mensais = R$ 28.861,50

Renda da alface consumida pela família


Essa alface é contabilizada na renda para que se possa fazer o débito nos custos
que estamos a calcular. O cálculo está baseado nos valores de venda a varejo.

Alface
Mês Preço (R$) Renda mensal (R$)
(unidade)

1 31 x 1,20 = 37,20

2 28 x 1,18 = 33,04

3 31 x 1,15 = 35,65

4 30 x 1,16 = 34,80

5 31 x 1,14 = 35,34

6 30 x 1,25 = 37,50

7 31 x 1,20 = 37,20

8 31 x 1,25 = 38,75

9 31 x 1,15 = 35,65

10 30 x 1,20 = 36,00

11 31 x 1,25 = 38,75

12 30 x 1,25 = 37,50

Somatório das rendas mensais = R$ 437,38

Renda obtida da venda de composto


Consiste na soma dos valores obtidos em venda, multiplicando-se o preço
pela quantidade vendida em cada mês do ano.

Assistência Técnica e Gerencial


105
Linha de produção vegetal
No caso, foram vendidas:

Quantidade
Item Preço (R$) Total (R$)
(sacas)

Composto 500 x 32,00 = 16.000,00

Renda total da venda de composto = R$ 16.000,00

Cálculo da participação da renda da alface na


renda da atividade
Vamos agora calcular, separadamente, a renda da alface e a renda da atividade da
olericultura.

a. Renda da alface

Renda Valor (R$)

Renda da alface do mês 1 22.037,20

Renda da alface do mês 2 20.699,04

Renda da alface do mês 3 21.422,65

Renda da alface do mês 4 23.374,80

Renda da alface do mês 5 22.755,34

Renda da alface do mês 6 22.137,50

Renda da alface do mês 7 22.341,70

Renda da alface do mês 8 21.578,75

Renda da alface do mês 9 21.095,65

Renda da alface do mês 10 22.524,00

Renda da alface do mês 11 23.488,75

Renda da alface do mês 12 22.110,00

Total 265.565,38

Assistência Técnica e Gerencial


106
Linha de produção vegetal
b. Renda da atividade
A renda da atividade, conforme já aprendemos, é obtida da seguinte maneira:

renda da alface + venda de composto = R$ 265.565,38 + R$ 16.000,00 = R$ 281.565,38

Renda da alface R$ 265.565,38


94,31%
Renda da atividade R$ 281.565,38

Definição de utilização da VPC

A relação entre renda da alface/renda da atividade deveria ser de 80% a 90% (12
plantas por m²). No entanto, no exemplo mostrado, o valor está superior (94,31%),
então, devemos adicionar a variação da produção de composto na renda da ativi-
dade da olericultura para obter dados corretos.

Cálculo da VPC
Como já aprendemos, o cálculo é realizado segundo esta fórmula:

VPC = valor atual da produção – valor da produção no ano anterior – compras reali-
zadas no intervalo de 12 meses

Assim, considerando os dados da Serra Grande, temos:

• Valor atual da produção = R$ 22.400,00

• Valor da produção no ano anterior = R$ 6.400,00

• Compras = R$ 2.000,00

Dessa forma, calculamos:

VPC = R$ 22.400,00 – R$ 6.400,00 – R$ 2.000,00

VPC = R$ 14.000,00

Somatória das rendas ou riquezas produzidas


pela atividade da olericultura
Para finalizar os cálculos, ainda temos de considerar as riquezas que foram produ-
zidas pela atividade olerícola da Propriedade Serra Grande. Veja a seguinte tabela:

Assistência Técnica e Gerencial


107
Linha de produção vegetal
Produto Valor (R$)

Renda da alface no atacado 236.267,00

Renda da alface a varejo 28.861,50

Alface consumida pela família 437,38

Venda de composto 16.000,00

Variação da produção de composto 14.000,00

TOTAL 295.565,88

Dessa forma, temos um novo cálculo que mostra a relação renda da alface/renda da
atividade de olericultura:

Renda da alface R$ 265.565,38


89,84%
Renda da atividade R$ 295.565,88

Assim, podemos dizer que a Propriedade Serra Grande está dentro da normalidade.

Análise resumida da composição da renda


A composição da renda foi apresentada de forma separada para cada item, para
ajudá-lo a desenvolver um raciocínio ponderado, porém essa composição pode ser
realizada de maneira mais simples.

Em cada mês, é possível somar toda a alface produzida e multiplicar o resultado


obtido pelo preço (é variável de acordo com o mercado que o produto e direcionado),
gerando um valor parcial mensal da renda. Depois, soma-se a renda dos 12 meses
e adiciona-se a venda de composto e a VPC.

Compreenda melhor ao observar as tabelas a seguir:

Alface Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4

Total de unidades
30.031 30.028 30.031 30.030
produzidas

Vendido no atacado
19.600,00 18.070,00 18.972,00 20.962,00
(R$)

Assistência Técnica e Gerencial


108
Linha de produção vegetal
Alface Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4

Vendido a varejo (R$) 2.400,00 2.596,00 2.415,00 2.378,00

Consumo (R$) 37,20 33,04 35,65 34,80

Renda em alface (R$) 22.037,20 20.699,04 21.422,65 23.374,80

Alface Mês 5 Mês 6 Mês 7 Mês 8

Total de unidades
30.031 30.030 30.031 30.031
produzidas

Vendido no atacado
20.440,00 19.600,00 19.844,00 19.040,00
(R$)

Vendido a varejo (R$) 2.280,00 2.500,00 2.460,00 2.500,00

Consumo (R$) 35,34 37,50 37,20 38,75

Renda em alface (R$) 22.755,34 22.137,50 22.341,70 21.578,75

Alface Mês 9 Mês 10 Mês 11 Mês 12

Total de unidades
30.031 30.030 30.031 30.030
produzidas

Vendido no atacado
18.760,00 20.268,00 21.075,00 19.635,00
(R$)

Vendido a varejo (R$) 2.300,00 2.220,00 2.375,00 2.437,50

Consumo (R$) 35,65 36,00 38,75 37,50

Renda em alface (R$) 21.095,65 22.524,00 23.488,75 22.110,38

Obs.: Total de unidades de alface produzidas anualmente: 360.365.

Assim, temos:

Renda Valor (R$)

Renda da alface do mês 1 22.037,20

Renda da alface do mês 2 20.699,04

Renda da alface do mês 3 21.422,65

Assistência Técnica e Gerencial


109
Linha de produção vegetal
Renda Valor (R$)

Renda da alface do mês 4 23.374,80

Renda da alface do mês 5 22.755,34

Renda da alface do mês 6 22.137,50

Renda da alface do mês 7 22.341,70

Renda da alface do mês 8 21.578,75

Renda da alface do mês 9 21.095,65

Renda da alface do mês 10 22.524,00

Renda da alface do mês 11 23.488,75

Renda da alface do mês 12 22.110,00

Venda composto 16.000,00

VPC 14.000,00

Total (R$) 295.565,88

Dessa forma, podemos dizer que a renda da alface foi composta por toda a produ-
ção, inclusive a destinada ao consumo, pela venda de composto e pela variação da
produção de composto (VPC).

Nos próximos módulos, você aprenderá que a VPC e a alface destinada ao con-
sumo não são contabilizadas no fluxo de caixa, nem como entrada nem como
saída, pois a transação financeira não ocorreu. Porém, na análise de rentabili-
dade, serão componentes da renda e do custo de produção.

Essa colocação é importante, pois, na renda, ambos os componentes citados parti-


cipam do cálculo dos indicadores técnicos e dos custos, o que nos permite analisar
perfeitamente sua parcela dentro do cálculo total.

Assistência Técnica e Gerencial


110
Linha de produção vegetal
Encerramento do tema
Tema 3: Renda bruta da atividade

Neste tema, foi possível conhecer e compor a renda de uma atividade. É impor-
tante destacar que toda a produção obtida, mesmo a que foi doada, utilizada
como insumo ou consumida por colaboradores, deve entrar como item para os
cálculos de renda.

Posteriormente, cada um desses itens deverá ser contabilizado como custo. Isso
permite enxergar quanto da renda foi comprometido com cada item, seja descarte,
perda, consumo ou doação.

Vimos também critérios para o rateio e a alocação de custos. Esses conceitos


são muito importantes para avaliar separadamente subprodutos e atividades
secundárias.

Na olericultura, conhecemos a importância de inserir na renda a variação da pro-


dução do composto, pois esse valor corrige o acúmulo ou a perda de riqueza nesse
produto. Essa ferramenta consiste em uma estabilização hipotética da produção de
composto.

Nosso próximo passo será conhecer a metodologia de cálculo de custo de pro-


dução utilizada no modelo de Assistência Técnica e Gerencial.

Antes de partir, veja o vídeo que trouxemos para você e faça as atividade de passa-
gem, para fixar ainda mais os conteúdos.

Assista a um vídeo em seu ambiente de estudos para complementar o conhecimento


que você adquiriu ao longo deste tema.

Assistência Técnica e Gerencial


111
Linha de produção vegetal
Vídeos

No vídeo, vemos que Marcelo ainda tem algumas dúvidas a respeito


dos cálculos sobre a renda da Fazenda Santa Felicidade. Ele come-
çou sua jornada com o Sr. Ariovaldo levantando todos os componen-
tes da renda bruta das atividades da Fazenda, lembra?
Uma vez identificados esses elementos, Marcelo começou a definir
critérios para alocar os custos dentro de cada atividade, seguindo a
metodologia da ATeG. Depois disso, colocou a mão na massa e fez
todo um levantamento dos dados da Santa Felicidade. Agora sim ele
está pronto para começar a calcular! Ah, e ele viu que existem muitas
peculiaridades entre os tipos de produção, como quando tratamos da
bovinocultura e caprinocultura de leite.
O Sr. Ariovaldo está muito feliz com a ajuda do Marcelo, e já consegue
perceber quais os produtos impactam mais em sua renda mensal.
Veja o conteúdo do vídeo na íntegra em seu ambiente de estudos!

Até mais e muito sucesso!

Assistência Técnica e Gerencial


112
Linha de produção vegetal
Atividades de passagem
Chegamos ao final do terceiro tema. A seguir, você responderá a uma questão rela-
cionada ao conteúdo estudado até aqui. Preparado?

Se você estiver com alguma dúvida quanto ao assunto, retorne ao conteúdo do mó-
dulo ou, se preferir, entre em contato com o tutor.

Questão
A renda de um negócio deve ser dimensionada corretamente, assim como o rateio
dos custos, para que possamos avaliar o resultado econômico de um negócio. Com
relação à renda bruta, analise as proposições e assinale a alternativa que contém a
sequência correta:

a. A renda de um negócio é o somatório das riquezas por ele produzida.

b. A renda obtida com a venda de subprodutos de um negócio, é considerada


como um dos componentes da renda dele.

c. As rendas obtidas de atividades secundárias, assim como seus custos, devem


ter uma contabilidade separada da atividade principal, para que se possa ava-
liar a viabilidade nos diferentes negócios. Exemplo: separar renda e custo da
alface da renda e custo do composto.

d. Na atividade olerícola, a ampliação da produção de composto é feita pela pró-


pria propriedade, o crescimento dessa produção NÃO deve ser considerado
uma riqueza do negócio no ano da avaliação.

e. Um subproduto não se desvincula do produto principal, ou seja, existindo a


atividade principal, haverá o subproduto. Explorá-lo ou não é uma decisão
do administrador (exemplo disso é o esterco que pode ser descartado, usa-
do em lavouras ou vendido), ao passo que ter uma atividade secundária é
um outro negócio que parte integralmente da decisão do administrador.
A. A, B, C e D
B. B, C e D
C. A, B, C e E
D. C, D e E
E. A, B e C

Assistência Técnica e Gerencial


113
Linha de produção vegetal
Encerramento do módulo

Muito bem! Chegamos ao final do nosso segundo módulo.

Aqui, vimos conceitos importantes, que nos ajudaram a compreender o agronegócio


sob uma visão holística, assim como o gerenciamento da empresa rural.

Você teve a oportunidade de estudar as mudanças ocorridas na agropecuária bra-


sileira nas últimas décadas, em um cenário onde foi possível observar as margens
de lucro se estreitando e passando a exigir um comportamento mais profissional do
produtor rural, habituado com gestão e mão de obra familiares.

O agronegócio brasileiro se tornou uma extensa rede de agentes econômicos an-


tes, dentro e depois da porteira, em um processo intersetorial chamado de “cadeia
produtiva”. Você aprendeu, ainda, uma vasta conceituação que envolve a gestão e o
gerenciamento de uma propriedade rural.

Como você pôde perceber, boa parte dos conceitos se relacionam, e até mesmo se
complementam, uma vez que no agronegócio existem diversas peculiaridades que
devem ser levadas em consideração no momento de aplicá-los. Por isso, a necessi-
dade deste material específico para o campo, diferentemente dos materiais de ges-
tão industrial, cujo ambiente é passível de controle quase absoluto.

A partir de agora, você está preparado para realizar um amplo diagnóstico da cadeia
produtiva em que você se insere e poderá encontrar de maneira mais eficiente pon-
tos de estrangulamentos antes, dentro ou fora da porteira.

Você agora também é capaz de atribuir corretamente o que foi apurado de renda
bruta para o seu negócio, sempre considerando os conceitos preconizados pela me-
todologia ATeG.

Então, vamos seguir em frente! No próximo módulo, vamos iniciar o estudo do cál-
culo de custo de produção. Tenha muita atenção a esse conteúdo.

Mas, antes de nos despedirmos, veja o vídeo que preparamos para você.

Assista-o em seu ambiente de estudos para complementar o conhecimento que


você adquiriu ao longo deste tema.

Assistência Técnica e Gerencial


114
Linha de produção vegetal
Vídeos

No vídeo, vemos como Marcelo aprendeu muitas coisas junto ao Sr.


Ariovaldo, desenvolvendo um bom trabalho de Assistência Técnica
e Gerencial na Fazenda Santa Felicidade. Vemos também que todos
os questionamentos do Marcelo foram abordados durante o Módulo,
onde tivemos a oportunidade de estudar as mudanças ocorridas na
agropecuária, em um cenário onde foi possível observar as margens
de lucro se estreitando, passando a exigir um comportamento mais
profissional do produtor rural. Além disso, entendemos melhor os fa-
tores externos e internos, que influenciam as estratégias de gestão e
gerenciamento da propriedade rural.
Por fim, ficamos afiados na matemática e conhecemos todos os cál-
culos para determinar a renda bruta das atividades, considerando
todos os itens envolvidos neste processo. E ainda vimos na prática
como se dá todo processo de gerenciamento, por meio do estudo da
Fazenda Santa Felicidade.
Para saber mais, veja o vídeo na íntegra em seu ambiente de estudos.

Ah, e você pode baixar todas as referências que usamos para criar este conteúdo.
Assim, você poderá ler materiais complementares, que o ajudarão a se tornar ainda
mais fera em gerenciamento e gestão da empresa rural.

Você sabia?

As referências das obras utilizadas neste curso estão disponíveis na


Biblioteca do Ambiente de Estudos, confira!

Nós nos veremos no Módulo 3. Até lá!

Assistência Técnica e Gerencial


115
Linha de produção vegetal
Linha de Chegada

Fonte: Banco de Imagens do SENAR

Parabéns pelo seu percurso até aqui! Bom, chegamos em mais um momento para
você aplicar seus conhecimentos! Para finalizar o módulo, você deverá realizar três
atividades:

São 17 questões objetivas sobre os três temas deste módulo. Você pode
respondê-lo até três vezes. O objetivo é que você se prepare bem para a
Simulado avaliação. A realização dessa atividade é obrigatória, porém, não afere
nota. Essa é uma ótima oportunidade para verificar o seu conhecimento,
estudar e ter uma prévia de como será a avaliação.

Realizado o simulado, você terá acesso à avaliação. Ela também é com-


posta por 17 questões objetivas e contempla todo o conteúdo estudado
Avaliação no módulo. Essa atividade é obrigatória e vale nota. O seu desempenho
nessa atividade será contabilizado na sua média. A correção é automáti-
ca, ou seja, é o LMS que fará a correção da atividade.

Assistência Técnica e Gerencial


116
Linha de produção vegetal
Será apresentada uma situação problema (relacionada aos temas estuda-
dos no módulo) e você deverá respondê-la fazendo uma análise da situa-
ção. No Módulo 1, você deverá gravar um vídeo de até 3 minutos respon-
Estudo
dendo à pergunta lançada no estudo de caso. O upload do vídeo deverá
de Caso
ser feito no LMS, dentro da atividade estudo de caso. Essa atividade será
corrigida pelo tutor, que atribuirá uma nota e um feedback. Nos módulos 2,
3, 4 e 5 você deverá responder ao estudo de caso em forma de texto.

Tanto o simulado quanto a prova são compostos por 17 questões de


múltipla escolha, que têm como objetivo verificar o seu conhecimento
com base no que você estudou durante o curso.

Para acessar essas atividades, clique no menu do seu ambiente de estudos e clique
em Minhas avaliações.

Como informamos no início do


curso, o tempo total para encerra-
mento do módulo é 45 dias. Veja
no seu planejamento quantos dias
ainda faltam para encerrar o prazo
e aproveite para estudar e se pre-
parar para a avaliação do módulo.

Fonte: Shutterstock

A avaliação estará disponível somente depois que você passar pelo simulado. Co-
mece quando se sentir seguro e confiante em seu aprendizado, pois aqui você terá
somente uma tentativa de acerto.

Não se preocupe se houver uma queda de energia, pois você não perderá o que já
respondeu! O sistema de avaliações, incluindo o simulado, salva automaticamente
as suas respostas.

Para obter informações mais detalhadas sobre como acessá-lo ou se tiver qualquer
dúvida, entre em contato pelo Tira-Dúvidas ou pelo e-mail faleconoscoead@faculda-
decna.com.br, ou ainda via telefone, pelo 0800 006 4849, de segunda a sexta-feira,
das 8h às 12h e das 14h às 18h, no horário de Brasília.

Assistência Técnica e Gerencial


117
Linha de produção vegetal
Gabarito
Questão tema 01
Resposta B, C e E
correta:
Feedback: Com relação à afirmativa do item B, entende-se que, ao adotar uma visão sistê-
mica e holística, os gestores devem compreender que todos os que atuam para
o fornecimento de um produto ou serviço fazem parte do agronegócio, mesmo
os de menor escala, como é o caso da agricultura familiar. Esse assunto pode
ser retomado na página 11 da nossa apostila. Tal compreensão corrobora com
a perenidade das cadeias produtivas a longo prazo, tornando o negócio susten-
tável econômica, social e ambientalmente (tópico 2, página 16). Com relação à
afirmativa do item C, custos de produção, podemos dividi-los basicamente em
Custos Variáveis e Custos Fixos. Este último possui a característica de não se
alterar em curto e médio prazos, mantendo a mesma infraestrutura e tecnolo-
gias de produção, mesmo que eleve ou reduza a produção (tópicos 3 e 4). Por
fim, com relação à afirmativa do item E, no que tange ao mercado os preços pa-
gos pelos produtos sofrem elevada influência, tanto pela demanda quanto pela
oferta, de acordo com seus deslocadores. É o que os especialistas chamam de
“lei da oferta e da demanda”.

Questão tema 02
Resposta A, D e E
correta:
Feedback A alternativa correta é a c).

A afirmativa A está correta. Ela contempla a definição do que é gestão.

A afirmativa B está incorreta. A globalização e a modernização no setor vêm


tornando os produtores capazes de abastecer o mercado com um custo me-
nor. Isso aumenta o desafio gerencial para todos os produtores. Aqueles que
não estão se adequando acabam forçados a sair do mercado.

A alternativa C também está incorreta. A tomada de decisões do gestor define


os rumos dos negócios. Isso não é diferente no meio rural, porém, no agro-
negócio as previsões feitas pelos gestores podem não se realizar, pois nesse
meio o gestor está submetido a condições praticamente incontroláveis, como
condições biológicas (ex.: surgimento de uma nova doença) e condições
climáticas (ex.: geada ou chuva de granizo).

A afirmativa D está correta. No mercado de commodities agrícolas, existe um


grande número de produtores e a entrada ou saída de um nada afeta na oferta
do produto, independentemente do volume por ele produzido.

Assistência Técnica e Gerencial


118
Linha de produção vegetal
A afirmativa E também está correta. O ambiente externo influencia muito nos
resultados da empresa rural. É necessário que o gestor esteja atento ao com-
portamento de fornecedores e clientes, flutuações cambiais (essas influen-
ciam muito nos preços dos principais insumos), mudanças legais e outros.
Um exemplo disso é que uma falha ambiental pode fechar um negócio rural.

Questão tema 03
Resposta A, B, C e E
correta:
Feedback A afirmativa A está correta, pois a renda de um negócio é exatamente a
somatória de toda a riqueza por ele produzida. O produto da multiplicação é
produção x preço de comercialização. É importante que se adicione à renda
os resultados obtidos com a venda dos subprodutos (também frutos da
multiplicação produção de subprodutos x preço) e a variação da produção
de composto, ou seja, quanto de riqueza foi produzida em composto, porém
não comercializada no período em que está contabilizando renda/custo.
Lembrando que, segundo a metodologia de ATeG, essa avaliação é feita
anualmente.

A afirmativa B está correta. Conforme citado acima, a renda proveniente da


venda dos subprodutos é considerada no cálculo da renda total da atividade
principal. Isso se dá porque o subproduto é uma consequência da atividade
principal, na qual dificilmente conseguiríamos separar os custos. Por exem-
plo, quanto do custo de produção da cana-de-açúcar foi destinado à pro-
dução do melado. Outro exemplo: quanto do custo da adubação para uma
planta de figo produzir mais figos e quanto do custo da adubação é para ela
gerar bons ramos para produção de mudas (subproduto).

A afirmativa C está correta. As atividades secundárias em uma propriedade


rural podem ter seus custos contabilizados em separado. A existência delas
independe da atividade principal. Por exemplo, um produtor de conservas de
pepino pode ir ao mercado comprar o pepino e não precisará produzir. Outro
exemplo seria que o produtor de uva pode contratar a mão de obra para po-
dar suas plantas; ele não precisa obter o conhecimento para realizar a poda.
Em todos os exemplos citados, o produtor deve contabilizar em separado,
para que uma atividade não cubra a ineficiência da outra. Sabe-se que, no
mercado, o produtor tem a alternativa de buscar pelo outro produto.

A afirmativa D está incorreta, pois a variação da produção de composto em


um determinado período deve ser contabilizada como renda. O custo neces-
sário para produzir esse composto estará contabilizado junto aos demais
custos do negócio, logo, essa riqueza também deve ser avaliada. Lembran-
do que, no cálculo da variação da produção de composto, retiramos o valor
das compras realizadas no período, pois essa riqueza veio do caixa da

Assistência Técnica e Gerencial


119
Linha de produção vegetal
empresa rural, este produto não foi produzido com o custo da propriedade.

A afirmativa E está correta. Na semelhança das explicações das alternativas


B e C, é que se explica que essa alternativa também é verdadeira. O subpro-
duto também é resultado de uma atividade qualquer, obtido pelos mesmos
custos que ela precisa para ter o produto principal, mais os custos de ex-
plorá-lo. As atividades secundárias não dependem da principal para existir,
logo podem e devem ter sua contabilidade separada.

Assistência Técnica e Gerencial


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Linha de produção vegetal
Referências

BAHIA, J. Veja a importância de um bom gerenciamento para a empresa. In Revis-


ta Gestão em Negócios. Disponível em: http://revistagestaoenegocios.uol.com.br/
artigos/veja-a-importancia-de-um-bom-gerenciamento-para-a-empresa/3016/#.
Último acesso em 11/01/2017.

BERNARDO, L.T., QUEIROZ, A. M. Revista de Economia, Anápolis, v.7, n.2, p. 48-65,


jul./dez- ISSN: 1809 970-X. 2011. Disponível em: <http://www.nee.ueg.br/seer/in-
dex.php/economia>. Acesso em: 13 out. 2016.

UECKER, G. L., BRAUN, M. e UECKER, A. D. A gestão dos pequenos empreendimen-


tos rurais num ambiente competitivo global e de grandes estratégias. In: XLIII Con-
gresso Brasileiro de Economia e Sociologia Rural – Anais... SOBER, 2005, Ribeirão
Preto-SP, 2005.

DALCIN. D ; OLIVEIRA, S.V. ; TROIAN, A. . Gestão rural e a tomada de decisão: estudo


de caso no setor olerícula. In: SOBER, 2010, Campo Grande. 48ª SOBER- Sociedade
Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural: tecnologias, desenvolvi-
mento e integração social., 2010.

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