Instituintes
31/03/2022
Ensino de história no Brasil: Historicidade e metodologias
Resumo
Este trabalho tem por objetivo realizar um passeio pelos principais aspectos da história
do ensino de história no Brasil, acompanhando seu surgimento no século XIX, suas
inspirações, seus caminhos e transformações até o Século XXI. Iremos abordar também
os principais aspectos metodológicos desse ensino, acompanhando seu desenvolvimento,
suas dificuldades e caminhos que podem ser tomados. Abordaremos as principais
bibliografias acerca da temática, buscando assim sintetizar as principais discussões sobre
a história do ensino da disciplina história e suas metodologias de ensino.
Introdução
Desenvolvimento
Elza Nadai¹ destaca que entre 1856 e a década de 1930, o ensino de história no
Brasil foi dominado e pautado nas traduções dos materiais franceses e que tal domínio
fez que com a história ensinada em terras brasileiras fosse uma historiografia centrada na
Europa Ocidental, que era considerada a história universal da civilização, deixando assim
a história da pátria em segundo plano dentro dos ensinos, história pátria essa que pode ser
sintetizada como um repositório de homens ilustres, datas e guerras. Esses processos
foram se aprofundando com a Republica e extrapolaram a sala de aula, através de feriados
nacionais e festas cíveis, onde sempre eram glorificados algum dos considerados heróis
da república.
A escravidão era apresentada como uma sujeição pacifica do negro e somente isso,
o português colonizador era apresentado como o ocupador de um espaço natural e vazio,
não como um conquistador, o índio praticamente não existia dentro dessa história
ensinada. Tais discursos foram presentes durante várias décadas dentro do currículo de
ensino da história, um discurso que mascarava as desigualdades sociais, a dominação
oligárquica e a ausência de uma democracia social no Brasil. A ausência da história das
sociedades americanas e africanas dentro do currículo por muitos anos criou um
gigantesco afastamento de entendimento da realidade entre nós e nossos vizinhos e
também de uma gigantesca parcela da população que se via excluída dos atos dessa
história que era ensinada. O estudo da américa só começou a ser incluído nos currículos
a partir da década de 1950 e a obrigatoriedade do ensino de história da África só foi
sancionada a partir da lei 10.639 de 2003, tendo entrado em vigor no ano de 2008. Tais
aspectos demonstram de forma indiscutível o quanto o ensino era seletivo e totalmente
tendencioso, esse mesmo ensino que formou diversas gerações ao longo do século XIX
E XX. Até mesmo as periodizações de como seria ensinada a história eram copiadas da
Europa.
O período pós 1964 marca uma nova mudança nos rumos do ensino de história no
Brasil, com a ascensão do golpe militar e uma guinada extremamente conservadora em
todos os âmbitos da sociedade, inclusive a educação. O ensino de história passa a ser
controlado por militares, que buscavam formar cidadãos dóceis, obedientes e ordeiros,
sendo inclusive retirada do currículo a disciplina de história dando lugar aos estudos
sociais.
Vale ressaltar que a história ensinada é sempre um recorte, uma seleção que
cumpre um papel predeterminado de formação social. O período de redemocratização
apresentou um enorme processo de reconfiguração do ensino de história, novos atores,
novas vozes, novas formas de se produzir, novos espaços de discussão tudo contribuiu
para essas mudanças. Selva Guimaraes e Marcos Silva possuem um texto brilhante acerca
de tais mudanças e este será um dos nossos guias nos próximos momentos de discussão.
Assuntos como tema, fontes, métodos, problemas e escolhas dos professores para
fazerem a mediação entre passado e presente para a construção do saber histórico em sala
de aula ganham voz e volume de discussões.
Os guias do PNL de 2008 e 2011 realçam uma escolha por parte do MEC por uma
história “integrada”, linear e cronológica, partindo da história europeia e quando possível
relacionando-a à história nacional e das américas. Assim sendo percebe-se um dominio
da tendencia conservadora dentro do ensino de história e da organização curricular das
escolas brasileiras. Fato interessante é que mesmo tendo apresentado diversos pontos de
evolução no decorrer do tempo, a história ensinada ainda está presa a paradigmas
passados e distante das discussões atuais de dentro da academia.
Pela observação dos aspectos analisados, podemos perceber que tantas décadas de
desenvolvimento educacional e da disciplina de história, possibilitaram um alargamento
de temas, fontes, materiais de análise e problemas de pesquisa. Os desafios e os horizontes
futuros da disciplina de história vão de encontro a ideia de seja uma experiencia
gratificante para professores e alunos dentro das mais variadas realidades escolares. Vale
salientar, que dentro desses contextos a figura do professor toma uma importância central,
uma vez que caberá a ele a seleção do que será discutido com os alunos, haja vista a
ampliação gigantesca de temas já mencionada anteriormente.
FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS
CRONOGRAMA
Referências Bibliográficas
2 - SILVA, Marcos Antônio da; FONSECA, Selva Guimarães. Ensino de história hoje:
errâncias, conquistas e perdas. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 30, n. 60, p.
16, 2010. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rbh/v30n60/a02v3060.pdf > DOI:
10.1590/s0102-01882010000200002.
3 - SILVA, Marcos Antônio da; FONSECA, Selva Guimarães. Ensino de história hoje:
errâncias, conquistas e perdas. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 30, n. 60, p.
17, 2010. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rbh/v30n60/a02v3060.pdf > DOI:
10.1590/s0102-01882010000200002
Bibliografia
SILVA, Marcos Antônio da; FONSECA, Selva Guimarães. Ensino de história hoje:
errâncias, conquistas e perdas. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 30, n. 60, p.
13-33, 2010. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rbh/v30n60/a02v3060.pdf >
DOI: 10.1590/s0102-01882010000200002.
FONSECA, Selva Guimarães. Didática e prática de ensino de história: experiências,
reflexões e aprendizados. In: Magistério: Formação e Trabalho pedagógico. Campinas,
Sp. Papirus, 2003.