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Há basicamente 3 grandes sistemas operacionais UNIX-like que contém a sigla BSD em seus
nomes: FreeBSD, NetBSD e OpenBSD.
Neste post, vamos compreender as semelhanças e as diferenças entre algumas das distribuições
BSD e os tipos de aplicações em que cada uma se encaixa.
O Berkeley Software Distribution, ou apenas BSD, historicamente, era um sistema operacional
Unix, desenvolvido e distribuído pela Universidade da Califórnia, Berkeley — entre 1977 e 1995.
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Veja como ele sempre esteve associado a projetos de grande porte, na história da computação.
Foi desenvolvido dentro de um departamento de pesquisas da universidade, chamado Computer
Systems Research Group, ou CSRG. Inicialmente, este departamento tinha a tarefa de se dedicar a
aperfeiçoar o Unix da AT&T, de onde o BSD se originou.
O CSRG era patrocinado pela Defense Advanced Research Projects Agency ou Agência
de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa — ou simplesmente DARPA. Esta agência
foi responsável pelo desenvolvimento da ARPANET, precursora do que, hoje, se
conhece como a Internet.
Atualmente, o termo “BSD” é usado genericamente para se referir a qualquer um dos descendentes
do sistema operacional original — o BSD Unix ou Berkeley Unix.
Seus descendentes formam uma família de sistemas operacionais importantes, de desenvolvimento
ativo e largamente usados.
Historicamente, são ramificações do AT&T Unix, tendo compartilhado seu código e design até o
início da década de 90.
Em função de algumas disputas judiciais e do desejo dos desenvolvedores do BSD em manter seu
código livre (em liberdade), o BSD se separou de sua ascendência. Todo o código proprietário foi
substituído e, em 1992, as primeiras versões livres já estavam sendo disponibilizadas.
A última versão do BSD original, de Berkeley, foi o BSD 4.4-Lite Release 2, em 1995, com a
dissolução CSRG.
A partir daí, as distribuições derivadas adquiriram vida própria e independente, como iremos ver.
Além do FreeBSD, OpenBSD e do NetBSD, outros importantes projetos derivaram da
versão livre do BSD — tais como o Darwin, código TCP/IP usado no Windows NT e
boa parte do código que sustenta os atuais sistemas operacionais da Apple.
Os sistemas da família BSD são muito semelhantes, mas não são iguais. Tem propósitos e propostas
diferentes.
Mesmo no universo GNU/Linux, há amplo espaço para o uso de código BSD, Grandes
distribuições, como a Debian, podem ser baixadas e instaladas com o kernel do FreeBSD ou
NetBSD.
O NetBSD
Muito similar ao FreeBSD, com código em comum, seu maior objetivo é oferecer um sistema
operacional que pode ser instalado em qualquer plataforma de hardware.
O objetivo é obter a máxima portabilidade possível.
Você pode rodar o NetBSD no VAX, dispositivos PocketPC e em servidores de ponta Alpha. A lista
segue com as plataformas de hardware ARM, PA-RISC, 68k, MIPS, PowerPC, SH3, SPARC,
RISC-V, x86 etc.
O OpenBSD
O foco deste membro da família é a segurança, o que inclui ter um código o mais correto possível.
As políticas de segurança da distribuição manda revelar publicamente as falhas descobertas — o
que permite às instituições que dependem dele tomar decisões para neutralizar as potenciais
ameaças o mais rápido possível.
O projeto OpenBSD deu origem a outros projetos importantes, tais como o OpenSSH, OpenNTPD,
OpenBGPD, OpenSMTPD, PF, CARP, e LibreSSL. Muitos destes, projetados para substituir
alternativas restritivas.
O DragonFly BSD
O principal objetivo do projeto DragonFly é oferecer suporte nativo ao clustering dentro kernel.
Este tipo de funcionalidade requer um framework sofisticado de gestão do cache para espaços de
nomes do sistema de arquivos, além de espaços de arquivos e espaços de máquinas virtuais.
O DragonFly BSD tem a habilidade de permitir que programas altamente interativos rodem em
múltiplas máquinas com garantia de coerẽncia de cache em todos os aspectos.
Em outras palavras, o foco é a obtenção de máxima escalabilidade — o que inclui ser fácil de
entender e permitir o desenvolvimento para infraestruturas de multiprocessadores.
O projeto é um fork do FreeBSD 4.8. A esta época, os desenvolvedores desejavam promover
mudanças radicais na arquitetura do kernel e introduzir suporte a plataformas de
multiprocessamento simétrico.
Como objetivo de longo prazo, prover imagem transparente single system em ambientes de clusters.
Originalmente, havia suporte a plataformas IA-32, x86-64 (ou AMD64). Contudo, a partir da versão
4.0, o DragonFlyBSD abandonou o suporte a IA-32 para se concentrar apropriadamente em
implementações SMP.
Trata-se de um dos mais novos membros da família, estabelecido em 2004.
O FreeBSD
Este é o BSD mais conhecido, atualmente. O foco desta distribuição é a performance. Ao mesmo
tempo, ela se equilibra entre a portabilidade entre múltiplas plataformas, a segurança e a facilidade
de uso.
Se “qualquer BSD” está bom para você e não houver necessidades específicas, esta é uma ótima
distribuição.
Há muitas vantagens em fazer uso de sistemas operacionais ou distribuições genéricas —
principalmente quando se é novato.
O fato de ser o BSD mais documentado, também ajuda no aprendizado e na implementação de
projetos envolvendo esta plataforma.
O PC-BSD
Derivado direto do FreeBSD, esta é uma versão voltada para quem gostaria de ter uma interface
mais facilitada de instalação e que prefere usar o ambiente gráfico.
O PC-BSD pode ser uma opção mais interessante para quem deseja aprender a usar o sistema
operacional BSD, mas não quer abrir do ambiente gráfico desde o início.
Como o nome dá a entender, é voltado para instalação em PCs — desktops e notebooks, por
exemplo.
Embora você possa tê-lo instalado com o KDE, XFCE, Mate ou qualquer outro ambiente com o
qual você já esteja acostumado no Linux. As próximas versões oferecem o Lumina, como padrão.
Conclusão
Há ainda muito o que se falar sobre cada uma destas ramificações do BSD. Cada qual tem sua
história.
O próprio BSD e o UNIX têm histórias muito ricas e densas.
Para ser justo, ainda há outros BSD disponíveis e que vale a pena conhecer.
Entre os que são voltados para o mesmo público do PC-BSD, citam-se o GhostBSD e o
DesktopBSD.
Há o caçula da família, o Bitrig (2014) — com “foco em ferramentas e plataformas modernas”.
O BSD é grande e, tal como o Linux, não cabe em um único artigo ou verbete de enciclopédia.
Não esqueça de dar uma olhada nos links (no texto e na seção de referências, abaixo), para se
aprofundar mais e conhecer melhor o universo BSD.
Referências
https://en.wikipedia.org/wiki/Berkeley_Software_Distribution.
https://en.wikipedia.org/wiki/Comparison_of_BSD_operating_systems.
http://www.netbsd.org/about/.
https://www.openbsd.org/goals.html.
https://www.dragonflybsd.org/history/.
http://www.pcbsd.org/.
https://lumina-desktop.org/screenshots/.
Por exemplo, muitos dos utilitários e a própria biblioteca C, no OS X são derivados de versões
existentes no FreeBSD.
Algumas vezes o fluxo de desenvolvimento do código toma direções diferentes em um sistema
operacional, em relação ao outro.
O FreeBSD 9.1 e suas versões posteriores incluem um stack e um compilador C++ originalmente
desenvolvidos para o OS X. Boa parte deste trabalho foi feito por pessoal da Apple.
Os dois sistemas operacionais são “parentes muito próximos”, tẽm uma quantidade razoável de
colaboração mútua… mas não são a mesma coisa.
Existem opções, contudo, de outros fabricantes para placas de vídeo, placas de redes, hardware de
som etc.
Usar o FreeBSD e cobrar os fabricantes a desenvolver drivers para a sua plataforma é a melhor
forma de ajudar.
Já a versão 5.2 foi lançada para um público mais amplo e falhou em satisfazer as expectativas da
base de usuários do FreeBSD.
O resultado é que um grande número de usuários se manteve na (ou voltou para a) série 4.x,
enquanto outros optaram por diferentes sistemas operacionais.
Esta versão representa uma lição dolorosa para o projeto, da qual houve um importante
aprendizado.
A série seguinte, 6.x, recobrou a estabilidade pela qual a 4.x ficou conhecida.
Na série 7.x recuperou-se ganhos de performance em sistemas de processamento único.
Já na série 8.x, os benchmarks de terceiros mostravam que o FreeBSD escalava melhor que outros
SOs em sistemas multiprocessados.
Desde então, a estabilidade e a performance permanecem como objetivos principais dos
desenvolvedores. O que não tem impedido as substanciais melhorias nos subsistemas de som, no
ZFS, no DTrace, no journaling do UFS, entre outros.
Outros softwares são OS-agnostic ou seja, não “se importam muito” com o sistema operacional
sobre o qual estão rodando e, às vezes, pedem poucas mudanças para funcionar adequadamente.
Há aplicativos que são executados sobre algum tipo de emulação. Por exemplo, os binários para
Linux podem ser executados sobre uma camada Linux ABI, onde as system calls do Linux são
traduzidas para suas equivalentes no FreeBSD.
O versão Linux do plugin Flash roda sobre um browser nativo do FreeBSD, usando o
NSPluginWrapper.
Você pode, ainda usar o WINE para rodar aplicativos Windows.
O FreeBSD 10 age como sistema operacional hospedeiro para bhyve ou BSD Hypervisor, o que dá
uma variedade maior de opções de máquinas virtuais para você.
Finalmente, se você não precisa de virtualização completa, ainda pode usar o jail subsystem para
rodar userlands isolados do FreeBSD — ou, mesmo, userlands Linux, através da camada Linux
ABI, tudo sobre um único kernel FreeBSD.
Conclusão
Espero, com estes fatos, lançar uma luz sobre o projeto e a maravilhosa comunidade do FreeBSD.
Espero, ainda, ajudar a desconstruir mitos bobos que impedem que alguns usuários experimentem
esta belíssima plataforma e a empreguem e seus projetos.
Referências
https://wiki.freebsd.org/Myths.
https://www.freebsd.org/advocacy/myths.html.