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PRODUTOS NATURAIS

E SUAS APLICAÇÕES
da comunidade para o laboratório


PRODUTOS NATURAIS
E SUAS APLICAÇÕES
da comunidade para o laboratório

1ª EDIÇÃO

editora científica

2021 - GUARUJÁ - SP
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APRESENTAÇÃO
Esta obra constituiu-se a partir de um processo colaborativo entre professores, estudantes e pesquisadores
que se destacaram e qualificaram as discussões neste espaço formativo. Resulta, também, de movimentos
interinstitucionais e de ações de incentivo à pesquisa que congregam pesquisadores das mais diversas
áreas do conhecimento e de diferentes Instituições de Educação Superior públicas e privadas de
abrangência nacional e internacional. Tem como objetivo integrar ações interinstitucionais nacionais e
internacionais com redes de pesquisa que tenham a finalidade de fomentar a formação continuada dos
profissionais da educação, por meio da produção e socialização de conhecimentos das diversas áreas
do Saberes.
Agradecemos aos autores pelo empenho, disponibilidade e dedicação para o desenvolvimento e conclusão
dessa obra. Esperamos também que esta obra sirva de instrumento didático-pedagógico para estudantes,
professores dos diversos níveis de ensino em seus trabalhos e demais interessados pela temática.

Silvio de Almeida Junior


SUMÁRIO
CAPÍTULO 
01
PLANTAS MEDICINAIS: SUAS ASSOCIAÇÕES E USOS
Lucinéia do Santos; Carolina Correia Fuzaro; Júlia Amanda Rodrigues Fracasso; Mariana Bittencourt Ibe; Mariana Conti Parron;
Marielise Mundin Abrão Rodrigues

DOI: 10.37885/210303929.................................................................................................................................................................................. 15

CAPÍTULO 
02
INFLUENCE OF HANDLING PROCEDURE ON THE MICROBIOLOGICAL QUALITY OF PROPOLIS

Mariza Alves Ferreira; Cerilene Santiago Machado; Polyana Carneiro dos Santos; Geni da Silva Sodré; Carlos Alfredo Lopes de Carvalho;
Norma Suely Evangelista-Barreto; Luís Guimarães Dias; Letícia Miranda Estevinho

DOI: 10.37885/210303991.................................................................................................................................................................................. 36

CAPÍTULO 
03
JARDIM COMESTÍVEL COMO ESTRATÉGIA NA PROMOÇÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Beatriz Bartoli Magosso; Ana Flávia Brolio; Jade Rodrigues da Silva; Gabriela Ribeiro de Barros; Andrei Ribas Coneglian;
Karina Pavão Patrício

DOI: 10.37885/210303442..................................................................................................................................................................................52

CAPÍTULO 
04
EFEITOS CARDIOVASCULARES DE ÁCIDOS GRAXOS ÔMEGA-3 NA ATEROSCLEROSE

Mariely Mendes Furtado; Joana Érica Lima Rocha; Ana Victória da Silva Mendes; Renato Sampaio Mello Neto; Ana Karolinne da Silva
Brito; José Otávio Carvalho Sena de Almeida; Emerson Iuri Rodrigues Queiroz; José Vinicius de Sousa França; Maria do Carmo de
Carvalho e Martins; Daniel Dias Rufino Arcanjo
DOI: 10.37885/210303947................................................................................................................................................................................... 71

CAPÍTULO 
05
INFLUÊNCIA DO EXTRATO HIDROETANÓLICO DAS FOLHAS DE TROPAEOLUM MAJUS NA RESTAURAÇÃO TECIDUAL EM
LESÕES CUTÂNEAS
Jéssica Santos Correa; Edylaine Aparecida Monteiro; Mariana Felgueira Pavanelli; Ana Carla Broetto Biazon

DOI: 10.37885/210303932................................................................................................................................................................................. 89
SUMÁRIO
CAPÍTULO 
06
EFEITOS ANTIPROLIFERATIVOS DE METABÓLITOS SECUNDÁRIOS ISOLADOS DE ALGAS MARRONS: UMA REVISÃO
INTEGRATIVA
Luane Oliveira Araújo; Jessyca Karoline de Oliveira Silva; Beatriz Alves de Aguiar; Julliene Larissa dos Santos Bezerra; Aline de Queiroz
Rodrigues; Fernanda Paulini

DOI: 10.37885/210303915................................................................................................................................................................................ 102

CAPÍTULO 
07
FUNGOS ENDOFÍTICOS PRESENTES NAS FLOHAS E FLORES DA PARKIA PLATYCEPHALA BENTH (FAVA-DE-BOLOTA),
PARA FINS ANTIMICROBIANOS
Maria Eduarda de luca João; Luis Fernando Albarello Gellen

DOI: 10.37885/210203012................................................................................................................................................................................. 118

CAPÍTULO 
08
PROPRIEDADES ANTIOXIDANTES DE METABÓLITOS SECUNDÁRIOS DE ALGAS PARDAS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Beatriz Alves de Aguiar; Jessyca Karoline de Oliveira Silva; Julliene Larissa dos Santos Bezerra; Luane Oliveira Araújo; Guilherme
Gomes Carvalho; Aline de Queiroz Rodrigues; Fernanda Paulini

DOI: 10.37885/210303827................................................................................................................................................................................ 129

CAPÍTULO 
09
MINI-REVISÃO SOBRE ÓLEOS ESSENCIAIS UTILIZADOS NA AROMATERAPIA E SUA AÇÃO FARMACOLÓGICA

Eveline Maria de Melo; Diego Vinicius Nogueira da Silva; João Guilherme Martins; Dayana Pereira Veiga; Poliana Marques Pereira;
Roberta Cristina Ribeiro Cruz; Silvio de Almeida-Junior

DOI: 10.37885/210303835................................................................................................................................................................................143

CAPÍTULO 
10
CAENORHABDITIS ELEGANS, GALLERIA MELLONELLA E DROSOPHILA MELANOGASTER COMO MODELOS ALTERNATIVOS
PARA PESQUISA IN VIVO DE PLANTAS MEDICINAIS
Raquel Borges de Barros Primo; Jacenir Vieira da Silva; Larissa P. Mueller; Flávio H. S. Araújo; Silvia Aparecida Oesterreich

DOI: 10.37885/210303767................................................................................................................................................................................ 156


SUMÁRIO
CAPÍTULO 
11
PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA PARA TESTE DE VIABILIDADE TERAPÊUTICA DE EXTRATO HIDROALCOÓLICO DE SONCHUS
OLERACEUS L.

Idelvânia dos Anjos Nonato; Marlene Isabel Vargas Viloria; Gabriel Domingos Carvalho; Fabrício Luciani Valente; Joaquín Hernán
Patarroyo Salcedo; Marcelo Barcellos da Rosa; Camilo Amaro de Carvalho

DOI: 10.37885/210303683............................................................................................................................................................................... 164

CAPÍTULO 
12
UTILIZAÇÃO DO ÓLEO ESSENCIAL DE TEA TREE (MELALEUCA ALTERNIFOLIA CHEEL) EM MULHERES COM CANDIDÍASE
VULVOVAGINAL: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

Andreia Cristine Scalabrin; Michele Monteiro Sousa; Ana Cristina Castelo Branco Iudice; Ana Julia Silva Costa; Nilton Akio Muto

DOI: 10.37885/210303597................................................................................................................................................................................. 181

CAPÍTULO 
13
SOME TRITERPENIC COMPOUNDS IN EXTRACTS OF CECROPIA AND BAUHINIA SPECIES FOR DIFFERENT SAMPLING YEARS
Marcella Emilia Pietra Schmidt; Fernanda Brum Pires; Carolina Bolsoni Dolwitsch; Lucas Paines Bressan; Lucas Mironuk Frescura;
Bryan Brummelhaus de Menezes; Marcelo Barcellos da Rosa

DOI: 10.37885/210303580............................................................................................................................................................................... 201

CAPÍTULO 
14
VOLATILE OIL OF CROTON ZEHNTNERI PER ORAL SUB-ACUTE TREATMENT OFFERS SMALL TOXICITY: PERSPECTIVE OF
THERAPEUTIC USE

Andrelina N. Coelho-de-Souza; Maria Valdenir A.P. Roch; Keciany A. Oliveira; Yuri A.G. Vasconcelos; Edgleyson C. Santos; Kerly
Shamyra Silva-Alves; Lúcio Ricardo L. Diniz; Francisco Walber Ferreira-da-Silva; Ariclécio C. Oliveira; José Henrique Leal-Cardoso;
Janaína Serra-Azul M. Evangelista; Ana Maria S. Assreuy; Edson L. Ponte

DOI: 10.37885/210203416................................................................................................................................................................................ 219

CAPÍTULO 
15
CAPACIDADE ANTIOXIDANTE E CONTEÚDO FENÓLICO DE INFUSÕES E DECOCÇÕES DE ERVAS MEDICINAIS
Bárbara Elizabeth Alves de Magalhães; Walter Nei Lopes dos Santos

DOI: 10.37885/210203148................................................................................................................................................................................ 234


SUMÁRIO
CAPÍTULO 
16
THERAPEUTIC APPLICATIONS OF GANODERMA LUCIDUM: PROGRESS AND LIMITATIONS

Marli Gerenutti; Fabia Viroel; Angela Jozala; Denise Grotto; Sthefany Viana

DOI: 10.37885/210203167................................................................................................................................................................................ 248

CAPÍTULO 
17
POTENCIAIS BIOTECNOLÓGICOS DO LÁTEX DE HANCORNIA SPECIOSA GOMES (MANGABEIRA)

Luciane Madureira Almeida; Elisa Flávia L. Cardoso Bailão; Paulo Henrique de Oliveira; Pablo José Gonçalves

DOI: 10.37885/210203063............................................................................................................................................................................... 268

CAPÍTULO 
18
PROPOSTA DE UM CURATIVO SUSTENTÁVEL A BASE DE ÓLEOS NATURAIS PARA CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS SUPERFICIAIS

Maria Laura Zanese; Cornélio Schwambach

DOI: 10.37885/210203000............................................................................................................................................................................... 280

CAPÍTULO 
19
USO DA ROMÃ NO TRATAMENTO CONTRA O CÂNCER

Maira Rebeca de Alencar Costa Silva; Bruno Abilio da Silva Machado; Lidiane Sousa da Costa; Cleisla Emanuelly Medeiros Rodrigues;

Jefferson Pedro Sousa Magalhães; Delzuita dos Santos; Carla Patrícia Moreira Falcão; Daniel Lopes Araújo; Francilene Vieira

da Silva Freitas

DOI: 10.37885/210102878................................................................................................................................................................................ 293

CAPÍTULO 
20
CHEMICAL COMPOSITION, ANTIBACTERIAL POTENTIAL AND ENZYMATIC INHIBITION OF THE HEDYOSMUM BRASILIENSE
MART- CHLORANTHACEAE
Jenifer Priscila de Araújo; Wanderlei do Amaral; Michele Debiasi Alberton; Milena Paim; Luiz Everson da Silva

DOI: 10.37885/210102816................................................................................................................................................................................ 301


SUMÁRIO
CAPÍTULO 
21
O USO DE PLANTAS MEDICINAIS NO CONTROLE DO DIABETES: A CIÊNCIA EM AÇÃO JUNTO À COMUNIDADE DE
UBERLÂNDIA - MG
Victor de Sousa Carrijo; Mayker Lazaro Dantas Miranda

DOI: 10.37885/210102785................................................................................................................................................................................ 316

SOBRE O ORGANIZADOR..................................................................................................................................... 325

ÍNDICE REMISSIVO..............................................................................................................................................326
01
Plantas Medicinais: suas associações
e usos

Lucinéia do Santos
UNESP

Carolina Correia Fuzaro


UNESP

Júlia Amanda Rodrigues Fracasso


UNESP

Mariana Bittencourt Ibe


UNESP

Mariana Conti Parron


UNESP

Marielise Mundin Abrão Rodrigues


UNESP

10.37885/210303929
RESUMO

Objetivo: Verificar a incidência e indicações de uso de plantas medicinais, bem como


evidenciar a associação das mesmas com os medicamentos isentos de prescrição médica
(MIPs). Além disso, avaliar se os respondentes tinham o hábito de utilizar medicamentos
fitoterápicos. Métodos: O levantamento de dados foi realizado junto a população da cida-
de de Assis, SP, Brasil. Um questionário individual foi aplicado avaliando a população em
estudo, quanto ao sexo e idade, o uso de plantas medicinais e de suas associações com
os MIPs e o consumo de fitoterápicos. Resultados: Foram entrevistadas 160 pessoas,
com idades entre 18 e 76 anos e as mulheres representaram 60,63% (97) da população
estudada. Os respondentes citaram 45 espécies diferentes de plantas medicinais, sen-
do que muitos dos usos indicados não foram confirmados cientificamente. Quanto ao
uso de fitoterápicos, somente 4,37% (7) faziam uso desses medicamentos. Já, para os
MIPs, 97,5% (156) dos respondentes se utilizam desses medicamentos, e foram encon-
trados 16 casos de importantes interações medicamentosas com as plantas medicinais.
Conclusão: O conhecimento tradicional sobre as suas propriedades terapêuticas das
plantas medicinais na população entrevistada da cidade de Assis é restrito. Os respon-
dentes desconhecem muitas das reais propriedades terapêuticas das plantas e dos efeitos
nocivos resultantes de sua associação com medicamentos alopáticos, em especial os
MIPs. Além disso, foi constatado que o uso dos medicamentos fitoterápicos no tratamento
das doenças é escasso.

Palavras-chave: Fitoterápico, Planta Medicinal, Usos, Interações, Saúde Coletiva.

16
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
INTRODUÇÃO

O conhecimento sobre o uso de plantas medicinais no tratamento das enfermidades


que acometem o organismo humano é muito antigo, e resulta das próprias experiências dos
homens com as plantas, ou da observação do seu uso pelos animais (SANTOS et al., 2011;
LORENZI; MATOS, 2008). Como resultado dessas práticas, o conhecimento sobre os efeitos
terapêuticos das plantas foi transmitido por muitas gerações e se difundiu amplamente entre
a sociedade (MATTOS, 2018; SILVA et al., 2017).
Atualmente, sabe-se que o uso das plantas no tratamento das doenças se justifica
pelo fato de que suas diferentes partes como raiz, caule, semente, folha e fruto podem for-
necer substâncias ativas, os metabólitos secundários, que apresentam diferentes atividades
farmacológicas e terapêuticas (TAIZ; ZEIGER, 2017). Esse entendimento, obtido por meio
de estudos etnofarmacológicos, promoveu a consolidação de uma prática conhecida como
fitoterapia, que permite o uso seguro das plantas e de suas partes com finalidade terapêu-
tica. Assim, a fitoterapia nos dias de hoje se apresenta como uma alternativa natural em
substituição ou complemento aos medicamentos sintéticos (RIBEIRO et al., 2017).
A prática da fitoterapia vem crescendo a cada dia no mundo devido ao grande interesse
da população por terapias menos agressivas e por ser uma prática comum na sociedade.
Além disso, por ser de baixo custo e de fácil acesso, ao contrário do que ocorre com alguns 17
medicamentos sintéticos, as pessoas veem na fitoterapia um método de cura e prevenção
mais acessível (UNEP, 2009).
Segundo a RDC n°26, de 13 de maio de 2014 da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária – Anvisa (BRASIL, 2014) o fitoterápico é o medicamento produzido a partir de
extratos de plantas medicinais que apresentem alguma ação terapêutica. Assim, eles são
caracterizados por dispor de um conjunto de princípios ativos vegetais que podem ser ob-
tidos a partir de diferentes partes das plantas. Porém, apesar de serem produzidos a partir
de plantas, os fitoterápicos também são capazes de gerar efeitos adversos ao organismo
e o falso conceito de que esses não são prejudiciais à saúde tem gerado grande preocu-
pação aos órgãos governamentais de saúde. O uso de preparações fitoterápicas, de forma
semelhante aos medicamentos sintéticos, pode promover diversos tipos de danos à saú-
de (BRASIL, 2019).
No Brasil, a preocupação em relação aos efeitos nocivos das plantas medicinais e dos
fitoterápicos é ainda maior, pois a falta de informação da população a respeito dos seus
efeitos adversos, juntamente com o comércio facilitado dos medicamentos, faz com que,
muitas vezes, esses sejam consumidos sem a devida orientação por parte de um profissional
qualificado (UNEP, 2009).

17
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
À vista disso, quando não recebe a devida orientação, a população se mostra mais
suscetível aos efeitos danosos produzidos pelas plantas medicinais e fitoterápicos. Esses
efeitos nocivos são decorrentes da administração isolada ou quando associados aos medi-
camentos sintéticos. Aos medicamentos sintéticos e isentos da apresentação de uma pres-
crição médica para a sua aquisição, os MIPs, deve ser dada maior vigilância. Isto porque,
assim como muitos dos fitoterápicos, estes integram o grupo de medicamentos considerados
de venda livre, ou seja, não dependem de uma receita para sua aquisição (BRASIL, 2019).
Desta forma, o uso irregular de plantas medicinais e fitoterápicos, bem como suas as-
sociações com medicamentos sintéticos de venda livre, constituem um fator de risco para
a saúde da população. Assim, torna-se necessário maior atenção por parte das instituições
de saúde e ensino, de forma a informar e conscientizar a sociedade sobre os seus perigos
e consequências.
Nesta direção, o objetivo do presente estudo foi desenvolver na cidade de Assis, Estado
de São Paulo, Brasil, uma avaliação para verificar o uso de plantas medicinais pela popu-
lação e a prática de associar as plantas medicinais aos dez MIPs mais vendidos na cidade
de Assis – Estado de São Paulo - Brasil (SANTOS et al., 2018). Além disso, foi avaliado o
consumo dos medicamentos fitoterápicos e alopáticos.

MÉTODO

Este estudo foi realizado na cidade de Assis, sudoeste do Estado de São Paulo, Brasil
(latitude: 22º 39 ‘42’ ‘S, longitude: 50º 24’ 44 ‘’ O, altitude: 546 m).
Atendendo ao propósito principal deste projeto, foi realizada uma pesquisa junto às
residências, com 160 pessoas, para definir quais plantas medicinais eram utilizadas pelos
respondentes e quais suas finalidades. Além disso, foi avaliado o consumo de medica-
mentos fitoterápicos e alopáticos. Como alopáticos foram considerados os medicamentos
que possuem princípios ativos isolados e como fitoterápicos os que foram desenvolvidos a
partir de extratos vegetais que possuem complexos fitoquímicos responsáveis pelos seus
efeitos terapêuticos.
Considerando que em estudo anterior de Santos et al. (2018) foram levantados os dez
MIPs sintéticos mais vendidos na cidade de Assis e os possíveis efeitos danosos decorrentes
de seu uso irregular, no presente estudo a população foi novamente questionada quanto ao
uso desses medicamentos e sua associação com plantas medicinais. Como os MIPs mais
vendidos na cidade de Assis foram considerados os seguintes medicamentos, pela ordem
de venda: Dorflex®, Novalgina®, Dipirona®, Epocler®, Nimesulida (genérico), Tylenol®,
Losartan®, Captopril (genérico), Ibuprofeno (genérico) e Benegripe®. Neste estudo, a par-
tir da análise dos dados obtidos os autores constataram que nem todos os medicamentos

18
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
listados podiam ser comercializados sem a apresentação da receita médica, ou seja, dentre
os dez medicamentos mais vendidos sem receita constavam os medicamentos Nimesulida
(genérico), Losartan® e Captopril (genérico), que são tarjados, e assim deveriam ser ven-
didos apenas com a prescrição (SANTOS et al., 2018). Entretanto, neste estudo, a relação
desses medicamentos foi mantida e foi avaliado o consumo de pelo menos um desses dez
MIPs entre a população entrevistada.
Após este levantamento, foi realizada uma pesquisa bibliográfica a respeito da temática
do estudo, por meio de levantamento de trabalhos acadêmicos (artigos científicos, mono-
grafias, dissertações), documentos oficiais de órgãos/instituições relacionados à temática
de saúde e plantas medicinais/fitoterápicos e legislações nacionais. A partir dessa pesquisa
foram estabelecidas as indicações corretas das plantas medicinais citadas pelos respon-
dentes, bem como, os efeitos resultantes das interações farmacológicas dos MIPs sintéticos
com as plantas citadas nas entrevistas.
Por fim, foram realizadas campanhas educativas, por meio de rádios, jornais e TV, bem
como imagens ilustrativas e textos, divulgadas através dos meios de comunicação digital,
como as redes sociais, alertando sobre os perigos do uso irregular das plantas medicinais
e medicamentos fitoterápicos isolados, ou em associação aos MIPs.
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Regional de
Assis (Protocolo #4812010). 19

RESULTADOS

Dos 160 indivíduos entrevistados neste estudo, 60,63% (97) eram mulheres e 39,37%
(63) eram homens. A idade variou de 16 a 76 anos, sendo que 5,63% (9) tinham menos
de dezoito anos, 42,50% (69) de 18 a 30 anos, sendo esta a faixa etária predominante,
31,25% (50) de 30 a 50 anos, 13,75% (22) de 50 a 70 anos, e por fim, 6,88% (11) com
mais de 70 anos.
Com relação ao conhecimento e utilização de plantas medicinais com finalidade tera-
pêutica, os respondentes citaram 45 espécies diferentes, sendo que as mais usadas são:
alecrim, arnica, babosa, boldo, camomila, canela, erva cidreira, erva doce, gengibre, guaco,
hibisco e hortelã. Essas plantas apresentaram quatro ou mais citações e encontram-se lis-
tadas na Tabela 1.
Com menos de quatro citações estão as seguintes plantas: abacate (Persea ameri-
cana Mill.), açafrão (Curcuma longa), agoniada (Plumeria lancifolia Muller Arg.), alfavaca
(Ocimum gratissimum), alho (Allium sativum), amora (Morus celtdifolia), anis estrelado
(Illicium verum), arruda (Ruta graveolens), cânfora (Artemisia Camphorata Vill,), caninha do
brejo (Costus spicatus), capim cidreira (Cymbopogon citratus), carqueja (Baccharis trimera),

19
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
cavalinha (Equisetum giganteum), chá verde (Camellia sinensis [L.]Kuntze), chá-de-bugre
(Casearia Sylvestris), cina-cina (Parkinsonia aculeata), erva de Santa Maria (Chenopodium
ambrisioides L), espinheira santa (Maytenu silicifolia), estramônio (Datura stramonium),
ginko (Ginkgo biloba), laranja (Citrus sinensis (L.), limão (Citrus limonum), losna (Artemisia
absinthium), louro (Laurus nobilis), noni (Morinda citrifolia), maracujá (Passiflora edulis),
orégano (Origanum vulgare), pata de vaca (Bauhinia forficata), poejo (Mentha pulegium),
quebra pedra (Phyllanthus niruri L), romã (Punica granatum), rubim (Leonotis nepetaefolia)
e valeriana (Valeriana officinalis).

Tabela 1. Plantas medicinais usadas pelos respondentes, com quatro ou mais citações.

Nome popular e científico e número de citações.

Nome popular Nome científico Nº de citações

Alecrim Rosmarinus officinalis 4

Arnica Arnica montana 7

Babosa Aloe vera 6

Boldo Peumus boldos 24

Camomila Matricaria chamomila 19

Canela Cinnamomum zeylanicum 5

Erva Cidreira Melissa officinalis 18

Erva doce Pimpinella anisum 9

Gengibre Zingiber officinale 9

Guaco Mikania glomerata Spreng 8

Hibisco Hibiscus sabdariffa L. 4

Hortelã Mentha 16

Fonte: Elaborado pelos autores.

O Quadro 1 faz uma relação das plantas medicinais citadas quanto aos motivos pelos
quais estas foram utilizadas, ou seja, os seus usos populares. Em complemento, por meio de
pesquisas bibliográficas estão descritas as respectivas ações farmacológicas e as possíveis
interações medicamentosas com outras plantas ou com medicamentos alopáticos.

20
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Quadro 1. Informações fornecidas pelos respondentes sobre as plantas medicinais usadas, suas partes, e indicações de
uso. Ações e interações farmacológicas das plantas obtidas na literatura.

Planta, parte usada, usos citados, ações e interações farmacológicas (literatura)

Planta – Abacate
Parte usada – Fruto e folha
Uso citado na pesquisa – Seu fruto para reduzir o colesterol. Suas folhas para aumentar a micção
Ações farmacológicas (SALGADO et al., 2008) – Redução dos níveis de colesterol
Interações medicamentosas – Não foram encontradas na literatura
Planta – Açafrão
Parte usada – Raiz
Uso citado na pesquisa - Aumentar a imunidade
Ações farmacológicas (MARCHI, et al., 2016) - Antidispéptica, colerética, espasmolítica e hepatoprotetora,
antiagregante plaquetária, antioxidante, antimutagênica, anti-inflamatória, imunomoduladora, hipolipidêmica, antiviral,
hipoglicemiante, antibacteriana e antiparasitária Interações medicamentosas (SUETH-SANTIAGO et al, 2015) -
Com anticoagulantes e anti-inflamatórios aumentam os riscos de hemorragias. Aceleram o metabolismo, aumentam a
excreção e reduzem os efeitos de alguns medicamentos
Planta – Agoniada
Parte usada – Flores
Uso citado na pesquisa – Regular o ciclo menstrual e a cólica. Promover a sedação. Aumentar a micção e atuar como
laxante. Proteger a mucosa gástrica. Diminuir a inflamação. Tratar a asma, doenças de pele e sífilis.
Ações farmacológicas – Não foram encontradas na literatura
Interações medicamentosas – Não foram encontradas na literatura
Planta – Alecrim
Parte usada – Folhas
Uso citado na pesquisa – Acalmar e reduzir dores musculares e dos rins Ações farmacológicas (DE SOUSA;
CONCEIÇÃO, 2007) – Antimicrobiano Interações medicamentosas – Não foram encontradas na literatura
Planta – Alfavaca
Parte usada – Folhas
Uso citado na pesquisa – Reduzir os sintomas da gripe e diminuir a dor. Como diurético, larvicida e antisséptico
Ações farmacológicas (OLIVEIRA; MESSIAS, 2015) – Hipoglicêmico, antihelmíntico, antifúngico e antioxidante
Interações medicamentosas – Não foram encontradas na literatura
Planta – Alho
Parte usada – Bulbo
Uso citado na pesquisa - Expectorante para tratamento da bronquite e da asma. Prevenção de problemas vasculares,
21
diminuição do colesterol e da pressão arterial
Ações farmacológicas (KISS et al., 2006; KLASSA et al., 2013) - Coadjuvante no tratamento de hiperlipedemia, da
hipertensão arterial leve e na prevenção da aterosclerose Interações medicamentosas (NICOLETTI et al., 2007) -
Não pode ser utilizado em associação com anticoagulantes orais, agentes trombolíticos, antiagregantes plaquetários
e anti-inflamatórios não-esteroidais, por aumentarem o risco de hemorragias. Sua associação com o antirretroviral
inibidor da protease pode reduzir as concentrações séricas desse medicamento, aumentando o risco de falhas no
tratamento da infecção pelo vírus HIV. Também, pode diminuir a efetividade do relaxante muscular clorzoxazona por
induzir o seu metabolismo
Planta – Amora
Parte usada – Folhas
Uso citado na pesquisa – Emagrecer
Ações farmacológicas – Não foram encontradas na literatura
Interações medicamentosas – Não foram encontradas na literatura
Planta – Anis estrelado
Parte usada – Semente
Uso citado na pesquisa – Emagrecer
Ações farmacológicas – Não foram encontradas na literatura
Interações medicamentosas – Não foram encontradas na literatura
Planta – Arnica
Parte usada – Folhas
Uso citado na pesquisa – Anti-inflamatório tópico
Ações farmacológicas (MORESKI; BUENO; LEITE-MELLO, 2018; YUI; LINARELLI;
ZELANTE, 2012) – Cicatrizante, analgésico e anti-inflamatório de uso tópico
Interações medicamentosas – Não foram encontradas na literatura
Planta – Arruda
Parte usada – Folha
Uso citado na pesquisa – Vermífugo, diminuição de gases e cólicas, e tratamento de infecções
Ações farmacológicas (MENDES, 2008; PISTORE et al., 2014) – Analgésica, anti-inflamatória e antimicrobiana
Interações medicamentosas (SILVA, 2013) – Em associação com anticoagulantes orais, agentes trombolíticos,
antiagregantes plaquetários e anti-inflamatórios não-esteroidais pode promover o aborto e hemorragia

21
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Planta – Babosa
Parte usada – Folha
Uso citado na pesquisa – Cicatrização, diminuição de dores musculares, cólicas e do estômago
Ações farmacológicas (RAMOS; PIMENTEL, 2011) – Uso tópico como cicatrizante e para tratamentos de queimaduras
de primeiro e segundo grau
Interações medicamentosas (CARDOSO et al., 2013) – Promove diarreia, especialmente quando associados a
plantas medicinais e medicamentos com ação laxante. Por diminuir os níveis de glicose no sangue não pode ser
consumido com hipoglicemiantes e alho. Por reduzir os níveis de potássio no sangue não deve ser consumido com
diuréticos e digoxina (fármaco usado na insuficiência cardíaca)
Planta – Boldo
Parte usada – Folha
Uso citado na pesquisa – Diminuição da dor de estômago e problemas digestivos
Ações farmacológicas (PEREIRA, 2016) – Estimulante da secreção biliar e antiespasmódico Interações
medicamentosas (NICOLETTI et al., 2007) – Intensifica a ação de anticoagulantes e anti-inflamatórios, podendo
causar hemorragia
Planta – Canela
Parte usada – Casca do caule
Uso citado na pesquisa – Reduzir a cólica e a dor de garganta. Diminuir o açúcar no sangue. Auxiliar na perda de
peso. Evitar a gordura localizada. Diminuir a pressão arterial. Estimular o metabolismo. Afrodisíaco e revigorante
Ações farmacológicas (ALENCAR, 2017; CASTRO, 2010) – Antifúngico e antioxidante. Redutor dos níveis de glicose
e do colesterol.
Interações medicamentosas – Não foram encontradas na literatura
Planta – Camomila
Parte usada – Folha
Uso citado na pesquisa – Calmante e anti-inflamatório
Ações farmacológicas (MOURA et al., 2018) – Antiespasmódico, anti-inflamatório e ansiolítico leve
Interações medicamentosas (NICOLETTI et al., 2007) – Pode causar sangramentos quando associada a
anticoagulantes e anti-inflamatórios. Intensifica a ação depressora do sistema nervoso central causada por barbitúricos
(fenobarbital) e outros sedativos. Pode reduzir a absorção de ferro e a ação do hormônio estrogênio
lanta – Cânfora
Parte usada – Folhas
Uso citado na pesquisa – Antisséptico, antifúngico, estimulante do sistema nervoso central, parasiticida, diminuir a
dor em contusões e a inflamação local, antinevrálgico, reduzir a diarreia e controlar as secreções sudoríparas e lácteas
Ações farmacológicas (FERREIRA, 2014) – Antimicrobiano
Interações medicamentosas – Não foram encontradas na literatura
Planta – Cânfora
Parte usada – Folhas
Uso citado na pesquisa – Antisséptico, antifúngico, estimulante do sistema nervoso central, parasiticida, diminuir a
dor em contusões e a inflamação local, antinevrálgico, reduzir a diarreia e controlar as secreções sudoríparas e lácteas
Ações farmacológicas (FERREIRA, 2014) – Antimicrobiano
Interações medicamentosas – Não foram encontradas na literatura
Planta – Caninha do brejo
Parte usada – Folhas
Uso citado na pesquisa – Adstringente, aumentar a micção, reduzir dor na garganta e antidiarreico
Ações farmacológicas (PAES et al., 2013) – Tratamento de irritações vaginais, da gonorreia e sífilis
Interações medicamentosas – Não foram encontradas na literatura
Planta – Capim cidreira
Parte usada – Folha
Uso citado na pesquisa – Acalmar, redução da dor abdominal e gases, redução da pressão arterial e relaxamento
da musculatura
Ações farmacológicas (BIESKI; DE LA CRUZ, 2005) – Analgésico, sedativo, ansiolítico e anticonvulsivante
Interações medicamentosas (OLIVEIRA; MESSIAS, 2015) – Potencializa a ação de medicamentos sedativos
Planta – Carqueja
Parte usada – Folha
Uso citado na pesquisa – Redução dos níveis de glicose e colesterol. Diminuição da dor de estômago e da cólica
menstrual. Emagrecimento
Ações farmacológicas (BRAGANÇA, 1995; KARAM et al., 2013) – Hipoglicemiante. Diurético, hepatoprotetor, anti-
ulceroso, antiácido, anti-inflamatório, antimicrobiano, antiviral, antifúngico, analgésico, antileucêmico, antimutagênico,
antioxidante e antiespasmódico
Interações medicamentosas (KARAM et al., 2013) – Potencializa o efeito de anti-hipertensivos
Planta - Cavalinha
Parte usada - Folha
Uso citado na pesquisa - Facilitar o funcionamento dos rins e do estômago, reduzir a anemia e a inflamação
Ações farmacológicas (ALONSO et al., 2012; MORENO et al., 2018) - Diurético, antimicrobiano, hipoglicêmico,
antioxidante, anti-inflamatório, cicatrizante e digestivo Interações medicamentosas (SCHENKEL; GOSMANN, 2001)
- Não deve ser usada junto com diuréticos

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Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Planta – Chá verde
Parte usada – Folha
Uso citado na pesquisa – Redução da infecção de urina, diminuição do colesterol e da trombose. Redução da dor de
estômago e da diarreia. Reduzir a alergia
Ações farmacológicas (SANTOS et al., 2018; WEISHEIME et al., 2015) – Antitumoral, hipolipêmico, anorexígeno,
hipoglicêmico, antiulceroso e antiespasmódico
Interações medicamentosas (WHEISHEIME et al., 2015) – Por conter cafeína pode aumentar a pressão arterial, o
risco de infarto e de ataque cardíaco
Planta – Chá-de-bugre
Parte usada – Folhas
Uso citado na pesquisa – Diminuir a dor de estômago e a diarreia. Anti-inflamatório e antiviral. Reduzir sangramento em lesões
de mucosas e pele
Ações farmacológicas (CLEMENTE; STEFENS, 2010) – Antiulcerosa, antiviral anti-inflamatória e analgésico
Antimicrobiana
Interações medicamentosas - Não foram encontradas na literatura
Planta – Cina-cina
Parte usada – Folhas
Uso citado na pesquisa – Reduzir a hiperatividade
Ações farmacológicas (SOUZA, 2015) - Antioxidante e antimicrobiana Antimicrobiana Interações medicamentosas – Não foram
encontradas na literatura
Planta – Erva cidreira
Parte usada – Folha
Uso citado na pesquisa – Acalmar e tratar distúrbios de sono e reduzir a alergia
Ações farmacológicas (SOUZA et al., 2020) – Antiflatulento, antiespasmódico e indutor do sono
Interações medicamentosas (SOUZA et al., 2020) – Intensifica a ação de plantas medicinais e medicamentos que deprimem o
sistema nervoso central e reduz a atividade dos hormônios tireoidianos
Planta – Erva de Santa Maria
Parte usada – Folhas
Uso citado na pesquisa – Antigripal, tratar doenças dos sistemas gastrointestinal e respiratório, cicatrizante, anti-inflamatório e
antitumoral
Ações farmacológicas (BARBOSA, 2018) – Antisséptico, antioxidante, antifúngico, antibacteriano. anti-inflamatório, sedativo, cica-
trizante, esquistossomicida, molusquicida, antimalárico, leishmanicida, anticolinesterásico e repelente
Interações medicamentosas – Não foram encontradas na literatura

23
Planta – Erva doce
Parte usada – semente
Uso citado na pesquisa – Acalmar, diminuir a prisão de ventre, gases e dor de estômago Ações farmacológicas (SAAD; LEDA, 2009)
– Antiespasmódico e redutor de distúrbios dispépticos
Interações medicamentosas (SAAD; LEDA, 2009) – Pode prolongar o efeito de drogas hipnóticas. Por diminuir os níveis de açúcar
no sangue pode intensificar a ação dos medicamentos hipoglicemiantes
Planta – Espinheira santa
Parte usada – Folha
Uso citado na pesquisa – Tratamento da gastrite e de desconfortos estomacais. Redução da infecção de urina e dos níveis de
colesterol. Prevenção do câncer e diminuição da aterosclerose
Ações farmacológicas (CHIAPETTI, 2018; CUNICO et al., 2002) Antimicrobiano, anti-inflamatório e antioxidante
Interações medicamentosas (SANTOS-OLIVEIRA; COULAUD-CUNHA; COLAÇO, 2008) – Potencializa o sono induzido por barbitúricos.
Pode ter uma propriedade estrogênica causando perda embrionária. Não deve ser usada com anticoncepcionais
Planta – Estramônio
Parte usada - Folha
Uso citado na pesquisa – Reduzir a dor, febre, cólica e tosse
Ações farmacológicas (EXTENSIVOS CULTIVOS, 1986) – Antimicrobiana
Interações medicamentosas – Não foram encontradas na literatura
Planta – Gengibre
Parte usada – Raiz
Uso citado na pesquisa – Reduzir os sintomas da gripe e dores de garganta
Ações farmacológicas (PALHARIN et al., 2008) – Antiemético e expectorante
Interações medicamentosas (SOUSA et al., 2019) - Estimula a produção de ácido clorídrico estomacal prejudicando a ação de
antiulcerosos. Aumenta o risco de sangramento quando administrado com anti-inflamatórios e anticoagulantes. Pode prejudicar
a ação de medicamentos que diminuem a contração cardíaca, como os beta-bloqueadores
Planta – Ginko
Parte usada – folhas
Uso citado na pesquisa – Melhorar o equilíbrio e a memória
Ações farmacológicas (ALEXANDRE et al., 2008) – Redutor de vertigens e zumbido resultantes de distúrbios circulatórios e insu-
ficiência vascular cerebral
Interações medicamentosas (ALEXANDRE et al., 2008) – Potencializa a ação de anti-inflamatórios aumentando a ocorrência de
sangramentos. Diminui a ação de anticonvulsivantes e intensifica a ação de antidepressivos podendo aumentar os batimentos
cardíacos, a sudorese, a temperatura corporal, a rigidez muscular e agitação

23
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Planta – Guaco
Parte usada – folhas
Uso citado na pesquisa – Reduzir a tosse
Ações farmacológicas (ALCANTARA et al., 2015) – Broncodilatador, antitussígeno, expectorante, antimicrobiano, analgésico e
anti-inflamatório
Interações medicamentosas (ALCANTARA et al., 2015) – O uso do guaco é desaconselhável para crianças com idade inferior a um
ano e mulheres no período gestacional, pois o seu uso prolongado pode provocar acidentes hemorrágicos. Pode interferir no efeito
de alguns antibióticos como tetraciclinas, cloranfenicol, gentamicina, vancomicina e penicilina
Planta – Hibisco
Parte usada – flores
Uso citado na pesquisa – Emagrecedor
Ações farmacológicas (MACIEL et al. 2012) - Antibacteriano e antioxidante
Interações medicamentosas - Não foram encontradas na literatura
Planta – Hortelã
Parte usada – folhas
Uso citado na pesquisa – Emagrecedor
Ações farmacológicas (BENITEZ et al., 2016; NICOLETTI, 2007) – Antiflatulento, antiespasmódico e expectorante
Interações medicamentosas (NICOLETTI, 2007 ) – Seu uso pode prejudicar a absorção de ferro
Planta – Laranja
Parte usada – Folha e fruto
Uso citado na pesquisa – Prevenir gripes, resfriados e anemia, combater a falta de vitamina C e desintoxicar o organismo
Ações farmacológicas (HOCAYEN, 2017) – Antimicrobiana
Interações medicamentosas – Não foram encontradas na literatura
Planta – Limão
Parte usada – Folha e fruto
Uso citado na pesquisa – Reduzir a dor de garganta e melhorar a digestão
Ações farmacológicas (EVERTON, 2018) – Antimicrobiano
Antimicrobiana Interações medicamentosas – Não foram encontradas na literatura
Planta – Losna
Parte usada – Folha
Uso citado na pesquisa – Diminuir a dor de estômago
Ações Farmacológicas (DUARTE, 2018; FERRAZ, 2020) - Atividade Antioxidante e Antimicrobiano
Interações medicamentosas – Não foram encontradas na literatura
Planta – Louro
Parte usada – Folha
Uso citado na pesquisa – (ALMEIDA, 2011) Antiulceroso e antimalárico
Interações medicamentosas – Não foram encontradas na literatura
Planta – Maracujá
Parte usada – folhas e frutos
Uso citado na pesquisa – Acalmar e induzir o sono
Ações farmacológicas (CHAVES, et al., 2018) – Sedativo e calmante
Interações medicamentosas (SANTOS et al., 2020) – Intensifica a ação de hipnóticos e ansiolíticos. O seu uso com álcool aumenta
a intensidade de sonolência. Pode ocorrer sangramento se for administrado com anticoagulantes e anti-inflamatórios
Planta – Noni
Parte usada – Fruto
Uso citado na pesquisa – Tratamento do câncer, Redução da pressão alta Ações farmacológicas (DE OLIVEIRA et al., 2018) – An-
tioxidante Interações medicamentosas (SERRÃO, 2014) – Ação na função hepática
Planta – Orégano
Parte usada – Folha
Uso citado na pesquisa – Diminuir a cólica
Ações farmacológicas (VIANA, 2013) – Atividade antimicrobiana
Interações medicamentosas – Não foram encontradas
Planta – Pata de Vaca
Parte usada – Folha
Uso citado na pesquisa – Diminuir a cólica de rins
Ações farmacológicas (DE OLIVEIRA et al., 2019) – Diurético, hipoglicemiante e hipolipêmico
Interações medicamentosas (SILVA, 2002) – Potencializa a ação de antidiabéticos
Planta – Poejo
Parte usada – Folha
Uso citado na pesquisa – Reduzir a tosse, o catarro e os sintomas da gripe e bronquite. Reduzir as cólicas menstruais. Melhorar
a digestão. Acalmar
Ações farmacológicas (CORTEZ et al., 1999) – Antitérmico, digestivo, expectorante, antiespasmódico, cicatrizante e antisséptico
Interações medicamentosas (CORTEZ et al, 1999) – Reduz a absorção do ferro

24
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Planta – Quebra Pedra
Parte usada – Folha
Uso citado na pesquisa – Eliminar pedras nos rins
Ações farmacológicas (SANDINI et al., 2011) – Analgésico, diurético e miorrelaxante do ureter
Interações medicamentosas – Não foram encontradas na literatura
Planta - Romã
Parte usada - Fruto
Uso citado na pesquisa – Reduzir a dor de garganta e rouquidão. Como antisséptico e antiviral em processos inflamatórios da
mucosa oral e contra herpes genital
Ações farmacológicas (MACEDO et al., 2020) – Antimicrobiano, anti-inflamatório, antifúngico,antioxidante e antineoplásico.
Interações medicamentosas (ALMEIDA, 2011) – Interfere no efeito do antibiótico tetraciclina e potencializa o efeito de anti-hiper-
tensivos inibidores da ECA
Planta – Rubim
Parte usada – Folhas
Uso citado na pesquisa – Diminuir a cólica
Ações farmacológicas (WADT et al., 1966) – Antimicrobiano
Interações medicamentosas - Não foram encontradas na literatura
Planta – Valeriana
Parte usada – Raiz e o rizoma
Uso citado na pesquisa – Acalmar
Ações farmacológicas (SECCHI; VIRTUOSO, 2012) – Indutor leve do sono e ansiolítico Interações medicamentosas (ALEXANDRE et
al., 2008) – A valeriana ao interagir com benzodiazepínicos, barbitúricos, narcóticos, alguns antidepressivos, álcool e anestésicos
promove maior tempo de sedação
Fonte: Elaborado pelos autores.

Também, por meio do questionário os respondentes foram avaliados quanto ao hábito


de consumir medicamentos alopáticos e fitoterápicos. Por meio da análise dos dados foi
constatado que 82,5% (132) da população entrevistada fazia uso somente de medicamentos
alopáticos, 4,37% (7) fazia uso somente de fitoterápicos e 13,12% (21) se utilizavam dos dois
tipos de medicamentos. A Tabela 2 mostra o pequeno número de fitoterápicos que foram 25
citados pelos respondentes.

Tabela 2. Fitoterápicos usados pela população entrevistada e o número de citações.

Nome científico e apresentações comerciais citadas Número de citações

Passiflora incartana L. (Seakcalm e Maracujina) 6


Allium sativum L. (Cápsula de alho) 1
Valeriana Officinalis (Valerimed) 1
Vaccinium macrocarpon (cápsulas de Cranberry) 1
Lycium barbarum L. (Cápsulas de Gojiberry) 1
Vitex agnus castus L. (Tenag) 1
Crataegusoxyacantha L. (Cápsulas de Crataegus) 1
Passiflora incartana L. + Crataegus oxyacantha L. + Salix alba L.
1
(Calman)
Salix alba L. (Cápsulas de Salgueiro Branco ou Salix Alba) 1
Planta goovata (Metamucil) 1

Fonte: Elaborado pelos autores.

Com o propósito de avaliar o uso concomitante de plantas medicinais com os medi-


camentos de venda livre, o uso dos MIPs foi novamente levantado junto a população en-
trevistada. Os dados obtidos confirmam a pesquisa anteriormente realizada e mostram que
97,5% (156) dos respondentes se utilizam de pelo menos um dos 10 medicamentos mais

25
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
vendidos sem receita na cidade de Assis. Somente 2,5% (4) dos respondentes declararam
não utilizar esses medicamentos. Por fim, foi avaliado junto aos respondentes o consumo
conjunto de plantas medicinais e dos MIPs. Foram relatados pelos respondentes 16 casos
de interação medicamentosa entre os medicamentos alopáticos mais vendidos na cidade
de Assis e as plantas medicinais, com diferentes tipos de propósito (Tabela 3).

Tabela 3. Interações medicamentosas realizadas pela população entrevistada entre os MIPs mais vendidos e as plantas
medicinais.

Medicamento Planta Medicinal Propósito da interação

Nimesulida Gengibre Dor e melhorar respiração

Ibuprofeno Camomila Cólica

Dorflex Camomila Dor na coluna e de cabeça

Dipirona Canela e gengibre Dor de cabeça

Dorflex Erva cidreira Relaxar

Dipirona Guaco Resfriado

Epocler Boldo Fígado

Benegripe Erva cidreira Gripe

Dipirona Erva cidreira Dor e insônia

Losartana Hortelã Estômago

Dipirona Gengibre Garganta

Nimesulida Camomila Aumentar o efeito da Nimesulida

Dipirona Hortelã Cólica

Dipirona Guaco Tosse e febre

Benegripe Canela Suar e melhorar gripe

Dipirona Babosa Resfriado

Fonte: Elaborado pelos autores.

DISCUSSÃO

Os resultados obtidos neste estudo demonstram que a maioria dos entrevistados é do


sexo feminino, com idade entre 18 a 30 anos, conhecem e fazem uso de plantas medicinais,
sendo citadas 43 espécies, mas tem preferência por tratamentos com medicamentos alo-
páticos. Desta forma, foi possível constatar que as plantas medicinais e os medicamentos
fitoterápicos não são preferencialmente utilizados pelos respondentes deste estudo.
Esse resultado não condiz com um estudo anterior, realizado por nosso grupo de pes-
quisa, em unidades públicas de saúde de Assis – SP (SANTOS et al., 2020). Neste estudo foi
relatado que os 149 respondentes conheciam 115 espécies de plantas, ou seja, um número
menor de entrevistados citando uma quantidade quase três vezes maior de espécies vegetais

26
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
do que as descritas neste estudo. Esta incongruência de resultados pode estar relacionada
com a idade dos entrevistados. Isto porque, a grande maioria dos entrevistados no estudo
publicado em 2020 tinha mais de 50 anos de idade. A partir dessa interpretação é possível
sugerir que o conhecimento sobre plantas medicinais no Município de Assis, não está sendo
transmitido de geração em geração por meio da educação informal, e este é um importante
fator a ser analisado. Isto porque, para Bruning et al. (2012), a fitoterapia sobreviveu no Brasil
por muitos anos devido à consciência popular que reconheceu sua eficácia e legitimidade.
Ao considerarmos que o Município de Assis se situa em uma região de predomínio do
Cerrado (PINHEIRO, 2012), e que das espécies vegetais citadas poucas são nativas deste
bioma, é possível constatar o pequeno conhecimento, por parte da população local, sobre
as suas plantas medicinais. No Brasil, grande parte do Cerrado já foi transformada em pas-
tagens, plantações de grãos e outros tipos de uso (SILVA et al., 2018) e as unidades de
conservação de proteção integral cobrem apenas 6,4% de sua área total (BRASIL, 2010).
Como resultado, o Cerrado se mostra como um dos biomas mais ameaçados no mundo.
Segundo Batalha et al. (2011), o Cerrado brasileiro é um dos 25 “hotspots” da terra, áreas
caracterizadas pela concentração de espécies endêmicas e por experimentar excepcional
perda de seu hábitat. A falta de conhecimento da população em relação a riqueza de sua
biodiversidade vegetal pode contribuir para a expressiva destruição ambiental que esse
bioma está sofrendo. 27
Assim, ao considerarmos que o Brasil abriga a maior biodiversidade vegetal do mundo,
a falta de disseminação do conhecimento sobre as plantas medicinais pode, com certeza,
estar atrelada ao pouco conhecimento e valorização de seus efeitos por parte da população
(PINTO; ALVALÁ; AVILA, 2011). Nesta direção, a escassez da divulgação das pesquisas
científicas realizadas no Brasil junto à população certamente pode estar contribuindo para os
resultados obtidos neste estudo. Isto porque, os resultados mostram que muitos dos efeitos
terapêuticos comprovados pela literatura não foram citados pelos respondentes, e muitos
dos efeitos citados pelos respondentes não são comprovados cientificamente. De acordo
com Zeni et al. (2017) existem plantas brasileiras que são usadas pela população cujos
benefícios nunca foram comprovados por pesquisas científicas.
Estima-se que o Brasil possua de 10% a 20% do total de espécies animais e vegetais do
mundo. Sendo que a maioria das plantas medicinais existentes mundialmente é encontrada
nos países tropicais, e cerca de 25% das espécies existentes são de origem brasileira (PINTO;
ALVALÁ; AVILA, 2011). Porém, das espécies nativas brasileiras não mais que 1% foi objeto
de pesquisas quanto ao seu potencial uso terapêutico e bioeconômico (BATALHA, 2011).
Nesta mesma direção, em 2017, Zeni et al. relataram que o Cerrado brasileiro possui grande
quantidade de plantas com potencial medicinal e a maioria delas ainda não foi estudada.

27
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Diante dessa situação é possível concluir que de um lado está a comunidade científica
que não divulga o uso popular das plantas medicinais brasileiras, e de outro a população,
que não conhece as propriedades terapêuticas, comprovadas cientificamente, das plantas
medicinais a que faz uso. Alguns exemplos evidenciam esse desconhecimento. A camo-
mila (Matricaria chamomila), usada pelos entrevistados na maioria das vezes como um
calmante, possui, de acordo com a literatura científica, além do potencial ansiolítico, efeitos
antiespasmódico e anti-inflamatório tópico, e também melhora alguns distúrbios digestivos.
Também a erva cidreira (Melissa officinalis), usada pelos entrevistados para tratar distúrbios
do sono, é relatada na literatura como sendo calmante, antiespasmódico e antiflatulento
(NICOLETTI et al., 2007).
O desconhecimento sobre os efeitos das plantas medicinais pode ser ainda mais grave.
Isto porque, conforme apresentado no quadro 1, as interações entre plantas medicinais e
medicamentos sintéticos podem ser perigosas. Chama-se a atenção para os efeitos que as
plantas mais usadas pelos entrevistados podem promover. O boldo pode causar hemorra-
gias ao intensificar a ação de anti-inflamatórios e anticoagulantes, assim como a camomila,
que ainda pode aumentar a ação de barbitúricos e outros sedativos e reduzir a absorção
de ferro e do estrogênio (NICOLETTI et al. 2007). Quanto à hortelã, estudos recentes em
modelos animais relatam que a absorção de ferro pelas proteínas sanguíneas foi inibida
quando chás de hortelã-pimenta foram administrados, o que exige precaução na administra-
ção desta droga em pacientes anêmicos ou crianças. Baseado, também, em experimentos
em animais, o óleo de hortelã usado na pele com 5-fluoruracil, um antineoplásico, poderá
intensificar a velocidade de absorção desse medicamento antineoplásico. Em complemento,
foi demonstrado que o óleo de hortelã interfere no sistema enzimático hepático citocromo
P450 e, como consequência, os níveis de outras drogas administradas, concomitantemen-
te, poderão se elevar no sangue promovendo intensificação dos efeitos ou potencializando
reações adversas sérias. Também, os efeitos de algumas plantas, como camomila, alca-
çuz, equinácea e hipérico quando utilizadas conjuntamente à hortelã, poderão ser afetados
(NICOLETTI et al. 2007).
As interações entre as plantas medicinais e medicamentos sintéticos também merecem
um destaque especial. Por meio da tabela 3 é possível constatar que algumas associações
entre os 10 MIPs mais vendidos no Município de Assis, relação definida em estudo anterior
(SANTOS et al. 2018), e comprovada neste estudo, com algumas plantas, aparentemente
inofensivas, se mostram muito perigosas. Por exemplo, o uso conjunto da camomila ou do
gengibre aos anti-inflamatórios não esteroides, como a nimesulida e/ou ibuprofeno, pode
promover a ocorrência de hemorragias.

28
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Infelizmente, para algumas das associações citadas pelos respondentes não foi pos-
sível encontrar na literatura os efeitos resultantes. Isso demonstra que vários estudos com
plantas medicinais ainda precisam ser feitos, para aumentar os conhecimentos que temos
sobre as suas propriedades e o risco de suas interações.
Quanto ao uso de fitoterápicos, apenas 12 tipos diferentes foram citados pelos 160
respondentes, comprovando o pouco interesse por essa classe de medicamentos. Para
Rodrigues e Nogueira (2008) no Brasil é necessário um marco regulatório mais flexível,
que estimule o investimento e a produção de medicamentos fitoterápicos. Em uma análise
comparativa realizada entre os anos de 2000 a 2011 é possível observar que aproximada-
mente 25 mil espécies de plantas são usadas em todo o mundo para a produção de medi-
camentos, incluindo não somente aqueles obtidos por síntese a partir de produtos naturais,
mas também os medicamentos comercializados como produtos fitoterápicos (RODRIGUES,
2016). Já no Brasil, somente 1% de suas espécies nativas foi objeto de pesquisas quanto
ao seu potencial uso bioeconômico (BATALHA, 2011). Apesar de o país possuir um grande
número de espécies do planeta, apenas 25% dos medicamentos fitoterápicos registrados
no Brasil vêm de espécies medicinais existentes na América do Sul (RODRIGUES, 2016;
CARVALHO et al., 2011; MDIC, 2011), ou seja, a maioria dos fitoterápicos brasileiros resul-
tam de plantas medicinais de outros continentes.
29
CONCLUSÃO

A partir dos dados obtidos é possível concluir que apesar do Brasil ser detentor de
uma grande biodiversidade vegetal, e possuir uma gama enorme de espécies que podem
ser usadas para tratar enfermidades, o conhecimento tradicional sobre as propriedades
terapêuticas das plantas medicinais está se perdendo.
A população entrevistada da cidade de Assis tem um conhecimento restrito sobre plan-
tas medicinais, desconhece muitas das suas reais propriedades terapêuticas e dos efeitos
nocivos resultantes de sua associação com medicamentos alopáticos, em especial os MIPs.
Além disso, foi constatado que o uso dos medicamentos fitoterápicos no tratamento das
doenças é muito pequeno.
Diante deste quadro, este estudo sugere que além do incentivo para a realização de
estudos etnobotânicos e etnofarmacológicos, que valorizem o conhecimento popular e com-
provem as ações farmacológicas e toxicológicas de suas plantas, o governo brasileiro, por
meio de medidas educacionais, deveria promover a divulgação dos conhecimentos científicos
obtidos nos centros de pesquisa junto à população.

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Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
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35
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
02
Influence of handling procedure on
the microbiological quality of propolis

Mariza Alves Ferreira Carlos Alfredo Lopes de Carvalho


UFRB UFRB

Cerilene Santiago Machado Norma Suely Evangelista-Barreto


UFRB UFRB

Polyana Carneiro dos Santos Luís Guimarães Dias


UFRB IPB-Portugal

Geni da Silva Sodré Letícia Miranda Estevinho


UFRB IPB-Portugal

10.37885/210303991
ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the impact of two handling techniques of pro-
polis, from raw material collection to the final product elaboration, in its microbiological
quality. The microbiological parameters analyzed included the counting of aerobic me-
sophilic and psychrotrophic bacteria, molds and yeasts, total coliforms and Escherichia
coli, enterobacteria, coagulase-positive Staphylococcus; and the quantification of sulfite-
-reducing Clostridium spores, and Salmonella spp. The collection, packaging, handling,
and the storage of propolis considerably influence the microbiall counts and therefore the
propolis commercial quality, health, and safety. The adoption of good techniques for the
handling of propolis is fundamental to maintain the microbiological quality of the product.

Keywords: Propolis, Apis Mellifera, Bioindicators, Microorganisms, Handling Technique.

37
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
INTRODUCTION

Propolis is a resinous product, harvested by bees from the buds and exudates of
plants. It undergoes enzymatic transformations in the salivary glands of bees and the addition
of fatty acids (SFORCIN et al., 2009). Sforcin et al. (2009) defined propolis as a lipophilic
material of variable colors such as green, red, and different shades of brown. Several stu-
dies have commented on the biological activities of propolis and its therapeutic applications.
Also, they showed that it is essential to investigate the relationship between the chemical
composition and biological activity of propolis, in order to be possible to correlate the type of
propolis with its therapeutic application (LUSTOSA et al., 2008). The earlier studies with some
types of propolis have reported its antibacterial, antifungal, anti-inflammatory, and antitumor
activities (WANG et al., 2015; DE-LIMA et al., 2016; EBEID et al., 2016; MAZIA et al., 2016).
Although propolis is accepted to have a health benefit, it needs to be chemically stan-
dardized to ensure its quality, effectiveness, and safety. During the collection process, mi-
croorganisms can contaminate propolis reducing its commercial value. Thus, it is necessary
to adopt Good Manufacturing Practices (GMP), which should cover all aspects of handling,
from raw material collection to the final product elaboration (FÉAS et al., 2014). Also, the
location of an apiary should be carefully chosen because in environments where animal
wastes, fertilizers, or contaminated water are used for irrigation, intestinal pathogens such
as Salmonella spp., Escherichia coli, and Shigella spp. can be found as a contaminant
(GERMANO; GERMANO, 2011).
The sources of microorganism contamination are generally associated with the proces-
ses of the production and the preparation of products, as microorganisms are found in air,
water, soil, dust, plants, utensils, intestinal tract of humans, and animals, and sometimes on
the skin of animals (FORSYTHE, 2013; DE-MELO et al., 2016). The control of microorganis-
ms requires a high level of hygiene of the manipulators and utensils, as well the processing
sites of products (PUCCIARELLI et al., 2014; BÁRBARA et al., 2015).
In Brazil, the quality of propolis is regulated by Normative Instruction n. 3, dated January
19, 2001, which establishes that hygienic practices for the preparation of propolis must be in
accordance with the provisions of Administrative Rule 368, of 04/09/97 – “Technical Regulation
on the Hygienic-Sanitary Conditions and Good Practices of Elaboration for Establishments
Food Processing/Industrialization – Ministry of Agriculture and Supply, Brazil” (BRAZIL, 2001).
Besides the lack of precision for regulating the microbiological parameters of propolis, the
processes in which the effect of manipulation on the microbiological safety of crude propolis
could be evaluated have not been well established. Considering this, the objective of this
study was to evaluate the microbiological quality of propolis in natura using two handling
techniques during its collection.

38
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
METHODS

The experiment was conducted in three apiaries in the Bay of Iguape, Brazil (12°45’S,
38°53’W). The analyses were performed with the propolis samples produced by Apis mellifera
bees. The samples were collected monthly from August 2013 to January 2014 from three
apiaries (one sample per apiary per month per handling), totaling 36 samples, of which 18
samples were handled using stainless steel knives and placed in non-toxic plastic containers
(traditional handling). Afterward, visible impurities (wood, leaves, remains of bees, and insects)
were cleaned in the laboratory. After weighing and labeling, the samples were identified as
traditional handling. Concomitantly, 18 samples were collected following GMP adapted from
Fonseca et al. (2006), usually used to harvest honey and pollen (GMP handling). For this, the
propolis samples were removed using autoclaved stainless-steel knives, packed in aseptic
collectors, and transported in temperature-insulated boxes. Upon the arrival of samples in the
laboratory, they were weighed and selected in a laminar flow chamber. This form of handling
was identified as GMP handling.

Microbiological determinations

The following microbiological parameters were evaluated: counts of aerobic mesophilic


39
and psychrotrophic bacteria, molds and yeast, total coliforms and Escherichia coli, entero-
bacteria, coagulase-positive Staphylococcus, quantification of sulfite-reducing Clostridium
spores, and Salmonella spp. All assays were performed in triplicate.

Preparation of samples

The samples were prepared following the method of the American Public Health
Association (DOWNES; ITO, 2001). A 25-g aliquot of each sample was taken for the prepa-
ration of the first dilution (10–1) in 225 mL of 0.1% buffered peptone water, and the preparation
of subsequent decimal dilutions (10–2 to 10–6) were performed in tubes containing 9 mL of
the same diluent.

Quantification of total aerobic bacteria and psychrotrophic bacteria

From each dilution, 1-mL aliquots were transferred to Petri dishes, inoculated in depth in
Standard Agar for Counting (PCA, HiMedia®), and incubated at 37 ±1 °C for 48 h for counting
aerobic mesophilic bacteria. For counting psychrotrophic bacteria, inoculation occurred on
the surface, and the plates were incubated at 7 °C for 10 days.

39
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Enumeration of yeast and molds

From each dilution, 0.1 mL aliquots were withdrawn into Petri plates containing
Sabouraud Agar medium (HiMedia®), added with 0.02% chloramphenicol, and incubated in
an incubator (BOD) at 25 °C for 5 days.

Enumeration of total coliforms and Escherichia coli

For counts of total coliforms and E. coli, the CEC-CI SimPlate method (AOAC® Official
Method 2005) (BioControl® System, Bellevue, WA, USA) was used according to the manu-
facturer’s instructions. The medium supplied was hydrated in 100 mL of sterile water, and
then a 1-mL aliquot of the sample was added to 9 mL of the hydrated medium. The samples
were homogenized in a vortex mixer and distributed by scattering on 84-well plates in circular
motions such that the 84 wells were covered and contained no air bubbles. The plates were
incubated at 35 °C for 24 to 48 h. After incubation, total coliform counts were determined
from the color change of the culture medium. The plates were read at 365 nm in a spectro-
fluorimeter against the uninoculated culture medium used as a blank. The colony count was
determined by absorbance using the SimPlate Conversion Table.

Quantification of Enterobacteriaceae

For counting Enterobacteriaceae, the TPC-CI SimPlate method (AOAC® Official Method
2005) (BioControl® System) was used according to the manufacturer’s instructions, similar
to the quantification of total coliforms and E. coli. The plates were incubated at 35 °C for 24
to 48 h. After incubation, the colony counts were determined by the absorbance of the wells
using SimPlate conversion table.

Determination of sulfite-reducing Clostridium spores

Sulfite-reducing Clostridium spores were detected and enumerated according to ISO


15213:2003. In sterile test tubes, 1 mL, 5 mL, and 10 mL of the initial sample suspension (in
triplicate) were added. The tubes were submitted to thermal treatment in a water bath at 80
°C for 15 min for the inactivation of the samples. Subsequently, the samples were distributed
in Petri plates and then topped with iron sulfite agar medium. The plates were sealed with
Parafilm in anaerobic jars and incubated at 37 °C for 24 to 48 h.

40
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Quantification of coagulase-positive Staphylococcus

Serial dilutions of the sample were inoculated in Baird-Parker Broth with Egg Yolk
Tellurite and Sulfadimidine Solution (HiMedia®, Mumbai, Índia) during 24 h (37 °C). Black
halo colonies were inoculated and incubated at 37 °C for 24 h for subsequent enzyme coa-
gulase screening.

Detection of Salmonella spp.

The detection of Salmonella spp. in the samples was performed using an immunodif-
fusion technique (AOAC® Official Method 989.13), following the manufacturer’s recommen-
dations. The results were visually interpreted by observing the development of a band that
is a characteristic pattern of cell immobilization.

Statistical analysis

All statistical treatments were performed using the R statistical software, version 3.2.0
(The R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria), available on the Internet (https://
www.r-project.org/). The packages used were ggplot2 (WICKHAM, 2009), FSA (OGLE, 2018),
rcompanion (MANGIAFICO, 2018), agricolae (MENDIBURU, 2016) and MASS (VENABLES; 41
RIPLEY, 2002). All tests were performed at a significance level of 5%.

RESULTS AND DISCUSSION

Results

In general, the microbiological analysis of propolis showed the presence of the quantifi-
cation of total aerobic bacteria and psychrotrophic bacteria, moulds and yeasts, total coliforms
and Enterobacteria, Coagulase-positive Staphylococcus and Escherichia coli microorganisms.
The relative standard deviation (%DPR) of each assay (counts of microorganism per-
formed in triplicate, CFU/g1) was <3.0% in all analyses, except in a sample that presented
a value of 4.4%, thus indicating an acceptable dispersion of results. Regarding the overall
values of counts of microorganisms, the order of the dimension varied, that is, between zero
(absence of colony unit formed, CFU) and values greater than 1 million. For data treatment
was necessary to establish, as dependent variable in this study, the dimensional level of
microorganism’s count level associated to the decimal logarithm of the counting data (consi-
dering the value zero when colony countdowns were lower than 10). The statistical analyzes
carried out in this study focused on this transformed variable allowed to reduce distribution

41
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
asymmetry and to establish satisfactory GLM models. Considering this situation, generalized
linear models (GLM) were used to adjust the dependent variable (dimensional order of the
number of microorganism counts) to the factors (also, considering the interaction terms) stu-
died (independent variables): apiary, time period and handling technique. The objective was
to identify which factors were significant to justify the transformed values of the counts of all
evaluated microorganisms. Table 1 presents the overall results from the adjusted GLM models,
considering the quasi-Poisson and Poisson hurdle distributions, as well the slope, intercept
and adjusted R2 from the linear representation between model predicted values and raw data.

Table 1. Statistical parameters measured with the adjusted models for each analysis performed.

Linear relation between predicted and raw


Adjusted model
data
Microorganism
Residual R²
Null deviation Pseudo R2 Slope Intercept
deviation Adjusted

Quasi-Poisson distribution

Aerobic mesophilic 34.2 3.67 89.3 0.89 0.90±0.03 0.5±0.2


Psychrotrophs 38.4 3.90 89.8 0.89 0.89±0.04 0.4±0.2
Molds and yeasts 25.5 5.96 76.6 0.78 0.78±0.05 0.9±0.2
Total coliforms 60.3 45.6 24.4 0.35 0,36±0,06 2,3± 0,2

Enterobacteria 13.7 3.67 61.1 0.60 0.60±0.06 1.6±0.2

Poisson hurdle distribution

Coagulase-positive
179.2 90.1 49.7 0.77 0.72±0.04 0.5±0.1
Staphylococcus

The distribution that best fit the data from the microorganisms Aerobic mesophilic,
Psychrotrophs, Molds and yeasts, Total coliforms and Enterobacteriacea, was the quasi-
-Poisson distribution. After evaluating the significance of each independent term, through
analysis of variance of the models with and without the term under test using the Chi-square
test and using the significance of the coefficients of the regression model through the partial
Wald tests, the best model was obtained considering only the handling technique and time
period variables (p <0.001). Globally, the fitted models showed to represent 61% to 90% of
the raw data variability, with exception of the model adjusted for the Total coliforms, which
represented only 24% of the variability of the presented data. This result could be related to
the influence of environmental factors, which were not controlled. For the first models, the
linear relation between predicted values by the model and raw data (dimensional level of
microorganism counts) showed values of slope between 0.60 and 0.90 (theoretical value
should be 1), intercept between 0.5 and 1.6 (theoretical value should be zero) and adjusted
R2, within 0.60 and 0.89. The best fitting results were achieved for the Aerobic mesophilic
and Psychrotrophs microorganisms. The overall results showed that, in the present study,

42
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
the handling technique and time period variables are to be examined to explain most of the
results variability.
The only data treatment exception was for the Coagulase-positive Staphylococcus mi-
croorganisms, where the GMP with Poisson hurdle model was used, due to the high number
of samples exempt from this contamination (data with 44% of zeros, meaning absence of
growth of bacterial colonies). The best selected model contained the handling variable and
the handling-time period and time period-apiary interactions (p <0.05). A linear relation was
obtained, between the predicted values by the model and raw data (dimensional order of the
number of microorganism counts) with linear tendency, but with a great variability in the re-
presented data. The linear relation presented an adjusted R2 of 0.77, slope of 0.72 ± 0.04 and
intercept, 0.5 ± 0.1. Even with the high variability presented in the data, the model allowed to
show that part of the variation was explained by the selected factors and factor interactions.
To visualize and conclude on the existing variability in the data matrix three figures
were presented. Figure 1 shows the graphs of the transformed variable (dimensional level
of microorganism counts) for each the analyzed microorganisms performed considering the
variables: handling (1-traditional procedure and 2 – GMP procedure), time period (related
to the propolis collection in the 1st, 2nd, 3rd, 4th, 5th and 6th sampling month), and apiary (three
apiaries located in three different locations). The figure shows that there is evident difference
in the contamination levels between the traditional and GMP handlings. Traditional handling 43
resulted in the samples with high levels of microorganisms, while GMP handling demonstrated
that it is more efficient in reducing contaminations. On average, mesophilic and psychrotrophic
aerobic bacteria were the groups of contaminants with higher counts found in the propolis
of Bay of Iguape in both treatments, followed by molds, and yeasts, enterobacteria, total
coliforms, and coagulase-positive Staphylococcus microorganisms.

43
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Figure 1. Mean dimensional level of microorganism counts in propolis samples (with associated error bars) in function
of the two handling procedures (traditional and GMP handlings): AMeso - Aerobic mesophilic; APsic - Psychrotrophs;
MoYe - Molds and yeasts; ColiT - Total coliforms; EnteB - Enterobacteria; Staph - Coagulase-positive Staphylococcus; and,
EsheC - Escherichia coli.

44
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
The Kruskal–Wallis test, a non-parametric test, showed that the mean results of the trans-
formed variable of microorganisms’ counts presented significant differences between the two
processing techniques for each analyzed microorganism. (p-value < 0.001). Figure 2 shows the
general averages (with associated errors) obtained in each handling process, allowing to verify
that the highest levels of contamination were in the traditional sample handling. The E. coli count
showed a considerable decrease in the samples collected using GMP handling, where good
practices were applied since only one bacterial count was found in one of the evaluated apiaries
and at a low level. The presence of E. coli was observed in 73.3% of the samples collected using
traditional handling and only in 4.8% of the samples collected using GMP handling. Also, in this
study, all the samples were negative for sulphite-reducing Clostridium spores and Salmonella
spp (<10 CFU/g¹, as zero value for mean dimensional level of microorganism counts).

Figure 2. Mean dimensional level of microorganism counts in propolis samples (with associated error bars) for the two
handling procedures (traditional and GMP handlings): AMeso - Aerobic mesophilic; APsic - Psychrotrophs; MoYe - Molds
and yeasts; ColiT - Total coliforms; EnteB - Enterobacteria; Staph - Coagulase-positive Staphylococcus; and, EsheC -
Escherichia coli.

45

In Figure 3, the data variability of the variable time period can be observed for the two
handling procedures. The Kruskal–Wallis test showed significant differences within each han-
dling procedure in the time periods (p-value < 0.007) for all the microorganisms tested, with
exception of the E. coli microorganism for the GMP procedure (p-value = 0.068). In order to
determine which groups were different from others, a post-hoc Dunn test was conducted. The
results of the post-hoc analysis for the means comparison within each handling procedure are
shown in the figure (different letters represent significant differences; in italic for the GMP pro-
cedure and in bold for the traditional procedure). Overall, there were significant differences in
the in the dimensional levels of microorganism counts present in the propolis samples between
the months of harvest, but without evidence of any tendency considering the relation of letters

45
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
obtained between the different groups (months of sample collection). These significant variations
found within each handling procedure were considered to be random, that is, they could not
be explained by the two hygiene and utensils manipulations procedures in propolis production.

Figure 3. Mean dimensional level of microorganism counts in propolis samples (with associated error bars) in function
of sampling time periods for the two handling procedures (traditional and GMP handlings): AMeso - Aerobic mesophilic;
APsic - Psychrotrophs; MoYe - Molds and yeasts; ColiT - Total coliforms; EnteB - Enterobacteria; Staph - Coagulase-positive
Staphylococcus; and, EsheC - Escherichia coli. The letters display format represents statistical analysis using Dunn post-
hoc test. Groups sharing the same letter are not significantly different.

46
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
DISCUSSION

The results indicate the influence of the handling and the time of collection on the counts
of microorganisms. This confirms that the contamination occurs during the harvesting and
processing of propolis. Within each manipulation, the influence of the time period (sampling
in different months) was also significant, but it was not possible to obtain an explanation for
the presented variability, considering that it was also affected by different external conditions.
Considering that the propolis samples were processed in natura and were cleaned for visible
contaminations after collection (contaminations associated with environmental factors such
as vegetation, soil, insects, and climatic conditions), it is difficult to clearly demark the effect
of the collection time. In addition, it should be considered that regardless of the analyzed time
periods, the results were directly influenced by the handling during the product processing.
The microorganisms from the groups of mesophilic and psychrotrophic aerobic bacteria
include deteriorating organisms that reduce the quality of products and may or may not be
pathogenic. Psychrotrophs are able to grow at refrigeration temperatures and cause dete-
rioration of products by forming a fungal mycelium, surface silt, or changes in taste and/or
color (FORSYTHE, 2013, DE-MELO et al., 2016).
The high counts of yeast and mold are often related to the environmental exposure and
improper storage of products. Gomes et al. (2010) reported that molds and yeasts are among 47
the major microbial contaminants in honey, along with spore-forming bacteria. The authors
indicated that several sources exist for microbial contamination of honey, including pollen,
the digestive tract of bees, nectar, dust, and soil. These primary sources are more difficult to
control, whereas the quality of equipment and facilities can be controlled by adopting GMP
(GOMES et al., 2010). In this study, for mesophilic and psychotropic aerobic bacteria, a re-
gular asymmetry was observed, with a reduction of 53.3% and 50.8%, respectively, among
the treatments used during the collection. In the mold and yeast counts, a reduction of up to
73.9% in the maximum limits after the application of GMP handling was observed.
Although propolis does not offer an environment conducive to the development of
Staphylococcus spp., it may be a carrier for other bee products (cross-contamination).
According to Nowakiewicz et al. (2016), this group of microorganisms is a potential threat to
public health, as they produce toxins harmful to the health of several animal species, develop
antimicrobial resistance, and can grow in adverse environmental conditions. Coagulase-
positive Staphylococcus spp. were present in 86.7% of the samples collected without proper
hygiene and sanitary conditions. Only 9.6% of these microorganisms were observed when
sample collection was done following adequate manipulation techniques.
Microorganisms indicative of fecal contamination may be from the secondary contamina-
tion caused by unclean equipment and utensils or during transportation. The E. coli is present

47
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
in high concentrations in the feces of mammals and can be found in soil and water, serving
as an indicative parameter of fecal contamination. This bacterium can be distinguished from
the other total coliforms because of the absence of urease production and the presence of
β-glucuronidase production (EDEN, 2014).
The Enterobacteriaceae family is vast and encompasses microorganisms that inhabit
soil and the intestinal tract of animals. This family includes approximately 20 genera, inclu-
ding E. coli, all members of the coliform group and the foodborne pathogens Salmonella
spp, Shigella spp, and Yersinia spp. According to Eden (2014), these microorganisms are
more efficient to be used as indicators of GMP because they present greater resistance to
the environment than coliforms. Salmonella spp, Shigella spp, and Yersinia spp have the
ability to ferment glucose, while coliforms ferment lactose.
All samples were negative for sulphide-reducing clostridia spores and Salmonella sp.
This result was extremely satisfactory from the microbiological point of view because the
members of the genus Clostridium are producers of toxins that are harmful to animals and
damage food products (FORSYTHE, 2013). Toxins are small soluble molecules produced
by many pathogens and can cause harm to animals. Among the microorganisms that cause
such damages are Clostridium botulinum, C. perfringens, Staphylococcus aureus, Bacillus
cereus, and Aspergillus flavus (FORSYTHE, 2013). S. aureus and E. coli, develop during
unhygienic conditions of the manipulators and can cause a severe threat to the consumers
(TIDJANI et al., 2013). This is an important result because these microorganisms are poten-
tially pathogenic and of interest to public health.
Since there are few studies on the microbiological quality of propolis and due to the lack
of legislation regulating microbiological parameters of propolis with precision, such studies
are fundamental to standardize propolis by region. The lack of standardization in the existing
norms for the microbiological parameters can be related to the absence of diagnosis and the
limitations and unhygienic conditions of the handling.
These results are based on the importance of GMP in the collection and processing of
propolis, as it occurs with other bee products, mainly honey and pollen. Dias, Pereira, and
Estevinho (2012), used a similar approach when investigating the microbiological quality
of Portuguese propolis and emphasized the importance of evaluating these parameters in
propolis in natura, since propolis has a great therapeutic value.
Sforcin et al. (2009) showed that, in Brazil, the propolis harvest occurs throughout the
year and the seasonal variations in the composition of propolis. In addition, the authors sho-
wed a synergistic performance between the chemical compounds. Therefore, the the results
obtained, we can verify that the microbiological quality of propolis is strongly influenced by

48
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
primary and secondary contaminating factors and can be controlled by GMP, such as that is
applied for honey and other bee products (GRIGORYAN, 2016).
According to De-Melo et al. (2016), the presence of some types of phenolic compou-
nds, water content, and pH may affect bacterial growth and presence. This aspect is very
important because a large amount of microbial load may influence the physical, chemical, and
biological characteristics of propolis, losing its commercial value and decreasing the content
of bioactive compounds (ESTEVINHO et al., 2012), in addition to the risk of contamination
of other products by bees. Because propolis is a widely used product, since reducing the
microbial load in propolis is essential to minimize any chemical alteration in order to assure
its quality and safety for its possible applications as possible damages caused by propolis
when used as an antimicrobial agent (DE-LIMA et al., 2016), as a functional food (FREIRES;
ALENCAR; ROSALEN 2016), and a natural food preservative (DUMAN; OZPOLAT 2015).

CONCLUSION

Despite bee products have the image of being natural, healthy and clean, this work
showed that there are microorganism sources of contamination in propolis production, which
they are produced in an environment polluted by different sources of contamination. Thus,
it is of utmost importance for beekeepers should identify and control to localise and exclude 49
the different contamination sources for obtaining a product with highest quality, health, and
safety. This work highlighted the importance of adopting GMP during the propolis’ process of
collecting and processing considering that collection, packaging, handling, and the storage of
propolis considerably influence the microbail counts. These factors influence the commercial
quality, health, and safety, emphasizing the importance of adopting GMP during the process
of collecting and processing of propolis.

ACKNOWLEDGEMENTS/FUNDING

The authors are grateful to State of Bahia Research Foundation (FAPESB) for finan-
cial support (BOL 0458/2013). This work was supported by the strategic programme UID/
BIA/04050/2013 (POCI-01-0145-FEDER-007569) funded by national funds through the FCT
I.P. and by the ERDF through the COMPETE2020 - Programa Operacional Competitividade
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49
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
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Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
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51
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
03
Jardim comestível como estratégia na
promoção e educação em saúde na
Atenção Primária à Saúde

Beatriz Bartoli Magosso


IBB UNESP

Ana Flávia Brolio


FMB UNESP

Jade Rodrigues da Silva


FMB UNESP

Gabriela Ribeiro de Barros


FMB UNESP

Andrei Ribas Coneglian


IBB UNESP

Karina Pavão Patrício


FMB UNESP

10.37885/210303442
RESUMO

Introdução: O cultivo de jardins medicinais envolve o resgate e valorização do saber


popular em relação às plantas medicinais, à educação popular em saúde e à conexão-
com a natureza, promovendo saúde e autocuidado. Objetivo: Apresentar o processo de
implantação, evolução e acompanhamento de um Jardim Comestível em uma Unidade de
Saúde da Família em Botucatu- SP. Metodologia: A construção do Jardim foi baseada
em metodologias ativas e participativas, com intensa troca de saberes e quereres. Houve
estudo do local de implantação, caracterização da comunidade e equipe de saúde e di-
versas atividades realizadas com a população local. Resultados: Durante os 4 anos de
atuação, foram realizados 148 encontros. O grupo de trabalho contou, em média, com
10 participantes, sendo maioria mulheres idosas da comunidade. Discussão: O Jardim
tem funcionado como ferramenta para a promoção da saúde por meio de trabalho de
educação popular em saúde, dialogando com saberes da comunidade, com as competên-
cias da equipe de saúde e o campo científico da Universidade, por meio dos estudantes
envolvidos. Aproxima os sujeitos da natureza e cria novos lugares para a realização de
terapias e práticas de cura e saúde. Considerações finais: A criação de um espaço
verde de troca de saberes é valiosa na experiência profissional-usuário, potencializa
ações terapêuticas, com autonomia e sustentabilidade no processo de cura e nutrição
na atenção primária a saúde.

Palavras-chave: Plantas Medicinais, Educação em Saúde, Atenção Primária a Saúde, Meio


Ambiente e Saúde Pública, Jardinagem.

53
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
INTRODUÇÃO

O Brasil é um país mundialmente reconhecido por sua biodiversidade, possuindo uma


enorme variedade de plantas distribuídas pelos biomas que existem em seu território. As plan-
tas, no decorrer da história, vêm sendo utilizadas pelo homem e outros animais para diversas
funcionalidades, inclusive medicinal, despertando interesse de indústrias farmacêuticas que
as utilizam como matéria prima e fonte de recursos para produção de fitoterápicos e medica-
mentos (SOUZA e FELFILI, 2006; FIGUEREDO et al., 2014). Contudo, aquelas com proprie-
dades medicinais já são utilizadas há séculos pelas populações tradicionais (FIGUEREDO
et al., 2014). Estudos evidenciam que, no Brasil, os primeiros registros de usos dessas
plantas se deram no período colonial pelos jesuítas e, desde então, este saber popular vem
passando de gerações em gerações, porém observamos que nas últimas décadas este co-
nhecimento não está sendo resgatado e valorizado como no passado (SOUZA et al., 2010).
Como conhecimento tradicional, considera-se aquele adquirido pelo contato com a
natureza por várias gerações (PNUMA apud ROCHA et al., 2015). A ciência, quando busca
aproximar o conhecimento científico ao tradicional, pode favorecer o vínculo e valorização
das comunidades locais, elevação da autoestima dos membros participantes e aumento
da visibilidade da comunidade, trazendo melhorias no processo de produção, entre outros
benefícios (ROCHA et al., 2015). A ciência que compreende a relação do ser humano com
as plantas é a Etnobotânica, que procura investigar como é este uso e suas relações com
a comunidade (ROCHA et al., 2015).
Muitos são os desafios enfrentados com o uso de medicamentos sintéticos, incluindo
o custo, efeitos adversos, interações medicamentosas e alimentares, além de resultados
nem sempre satisfatórios, o que leva algumas pessoas a procurarem algo mais natural como
as plantas medicinais (FIGUEREDO et al., 2014). Dessa forma, elas se tornam uma alter-
nativa para a população devido ao baixo custo, fácil acesso e pelo resultado, podendo ser
curativo, preventivo ou de alívio dos sintomas (SILVA et al., 2014). No entanto, assim como
medicamentos sintéticos, as plantas medicinais ou fitoterápicos possuem efeitos adversos
e interações prejudiciais, sendo de grande importância o estudo e popularização de suas
informações de forma segura. A falta de informação relacionada à utilização correta das
plantas medicinais tem sido um desafio, por prejudicar as reais possibilidades terapêuticas de
uso colocando em risco pessoas que utilizam de forma incorreta (FIGUEREDO et al., 2014).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a importância de políticas que
valorizem práticas integrativas e complementares, incluindo nessa classe a fitoterapia e as
plantas medicinais desde a década de 1970 (BRANDÃO et al., 2010), incentiva também os
profissionais de saúde a formularem políticas de inserção destas plantas na atenção primária
à saúde. Dessa forma, garantindo à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de

54
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso da biodiversidade e desenvolvendo a
cadeia produtiva e industrial nacional, valorizando o saber popular (FIGUEREDO et al., 2014).
O Ministério da Saúde implantou em 2006 a Política Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterápicos, que concretiza o avanço científico na comprovação da eficácia na utilização
das plantas medicinais nas práticas do SUS, valorizando o conhecimento popular. Além
disso, ela cria oportunidade na área de produção de fitoterápicos, possibilita outras formas
terapêuticas, oferece um tratamento de menor custo e maior acessibilidade e abre espaço
para participação popular. Dessa forma, a política concretiza os princípios do SUS de acesso
à informação, autonomia do cuidado, equidade e integralidade (FIGUEIREDO et al., 2014).
A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PIC) também tem
destaque nesse tema e contribuiu para garantir a prevenção de agravos, a promoção e a
recuperação da saúde fazendo uso da terapêutica com plantas medicinais e fitoterápicos,
permitindo, assim, espaço para prática popular de um autocuidado seguro (BARROS, 2006).
Outro importante marco foi a criação da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse
ao Sistema Único de Saúde (RENISUS), uma lista que reúne plantas medicinas de caráter
terapêutico com potencial para gerar produtos de interesse ao SUS, impulsionando assim
o uso seguro (MARMITT et al., 2015).
Outro expoente de incentivo ao uso de plantas medicinais, enquanto práticas integrativas
no Brasil, são as Farmácias Vivas, com uma proposta de assistência social farmacêutica, 55
que existem em três níveis de implantação. O primeiro sendo de cultivo de plantas para a
distribuição de mudas ou partes frescas para preparações medicinais como chás, compres-
sas e tinturas; o segundo nível abrange também a secagem e distribuição das partes das
plantas que podem ser utilizadas; já o terceiro comporta a manipulação e distribuição de
fitoterápicos. Nas farmácias vivas o uso das plantas é orientado, garantindo eficácia e se-
gurança de jardins medicinais com certificação botânica (PALMA et al., 2015). Estes jardins
propostos pelo programa são importantes para a sustentabilidade ambiental, devido a con-
servação de espécies vegetais, e socioeconômica, por conta da preservação e valorização
do conhecimento tradicional e popular, possibilitando uma melhor formação de profissionais
e assistência à saúde da população (BIANCHI, 2012).
A partir da década de 1980, investigações iniciadas no Japão vêm demonstrando que
a conexão com a natureza pode trazer benefícios ao ser humano, proporcionando bem-
-estar físico, mental e geral (TAUBER, 2012). Estudos apontam benefícios psicológicos
advindos desta conexão (RUSSELL et al., 2013), levando ao aumento da satisfação com a
vida (ZHANG et al., 2014), promovendo mais felicidade (ZELENSKI e NISBET, 2014) e mais
efeitos positivos (MAYER e FRANTZ, 2004; NISBET et al., 2011; TAM, 2013), melhorando
a apreensão dos significados da vida (CERVINKA et al., 2011) e a vitalidade (ZELENSKI

55
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
et al., 2014). Também existem estudos mostrando a potência da conexão com a natureza
na diminuição de estados emocionais negativos como ansiedade e depressão (KIM et al.,
2009; TAKAYAMA et al., 2014). Além dos benefícios para a saúde mental, a conexão com
a natureza tem impactos fisiológicos, como redução da pressão arterial em pacientes hiper-
tensos, diminuição da atividade nervosa simpática, promoção da atividade nervosa paras-
simpática e ativação de células natural killer importantes no sistema imune (LI et al., 2010;
TSUNETSUGU et al., 2013).
Estudos mais recentes têm investigado o poder da atividade de cultivar hortas, mos-
trando melhora da regulação de batimentos cardíacos, da coordenação motora, da resposta
imunológica, diminuição da tensão muscular, contribuição para o metabolismo de vitami-
na D, manutenção física e estímulo de apetite (COSTA, 2009; HOWARTH et al., 2020).
Ademais, foi observada melhora no senso de comunidade, na adesão de atividades físicas e
função cognitiva com a prática de jardinagem (COSTA, 2009; SOGA et al., 2016), assim como
o aumento da autoavaliação, da interação social e do trabalho em grupo (SODERBACK et al.
apud SARMENTO, 2020). Um interessante estudo de Roger Ulrich, em 1999, traz a ideia da
teoria dos “supportive gardens”, na qual afirma que um jardim em contexto hospitalar, traz
diversos efeitos terapêuticos e Influência positivamente no estado de saúde de uma pessoa.
Uwajeh et al. (2019) afirmam que viver cercado de espaços verdes ou observar a natureza
traz benefícios positivos para a saúde, podendo reduzir os custos com medicamentos e
estimular a recuperação do estresse mental.
A redução do estresse está diretamente relacionada com a capacidade do jardim de
estimular a sensação de controle e acesso à privacidade; o suporte social; o movimento e
a prática de exercício físico; e o acesso à natureza e outras distrações positivas (SOUSA,
2016). Dessa maneira, um jardim pode ser precursor da melhoria na sensação de bem‐estar
geral (MARCUS e BARNES, 1999). Associando os dados aos benefícios que a conexão com
natureza traz a saúde humana com a tendência vinda a partir da década de 1990 de maior
humanização na promoção de saúde, os jardins medicinais começam a ser pensados como
uma estratégia terapêutica a ser incorporada aos serviços de saúde, mesmo dentro de hos-
pitais, contribuindo para o bem-estar físico e psicológico dos que utilizam, sejam pacientes,
equipe de saúde, familiares ou gestores (SOUSA, 2016). Constantino (2010), afirma que os
jardins medicinais, localizados em ambientes de saúde, são parte essencial para contribuir
com o bem-estar dos usuários, pois estimulam a sociabilidade e promovem oportunidades
de relaxamento (SARMENTO, 2020).
Para o planejamento dos jardins medicinais em unidades de saúde, é fundamental um
processo colaborativo, envolvendo atendidos e equipe de saúde, para que o resultado leve
em conta as necessidades locais, criando um ambiente que suporte e encoraje o tratamento,

56
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
com terapias de cuidado e atenção integral (SARMENTO, 2020). Também no processo de
construção dos jardins medicinais, a fim de que se alcance seus objetivos de maneira plena,
organizada e democrática, é necessária uma abordagem da educação em saúde.
A educação em saúde caracteriza-se como um processo político pedagógico cujo in-
tuito é levar o indivíduo à sua emancipação como sujeito histórico e social, promovendo sua
autonomia no sentido de compreender as decisões sobre seu processo de saúde e de sua
comunidade (FALKENBERG et al., 2014). O Ministério da Saúde (2009) define educação
em saúde como um processo educativo de construção de conhecimentos nessa área para
todos da população, por meio de ferramentas que contribuem para aumentar a autonomia das
pessoas no seu cuidado e na troca de saberes com os profissionais durante o atendimento.
Busca atender as necessidades da comunidade, potencializando o controle social sobre os
serviços de saúde e incentivando a participação ativa na gestão deles. Na sua realização
é necessário o envolvimento de três esferas: a comunidade que cria a base para construir
seu conhecimento e aumentar sua autonomia da saúde; a equipe de saúde que busca a
valorização da prevenção e promoção da saúde e das práticas curativas; e os gestores
que devem apoiar o desenvolvimento dessas práticas e os profissionais que as aplicam
(FALKENBERG et al., 2014).
Avançando para além da educação em saúde, surge o conceito de educação popular
em saúde, que enfatiza a necessidade de aproximação entre os sujeitos (MARTINS, 2019), 57
conectando-os ao seu contexto histórico-econômico-social e encerrando a ideia de que
o indivíduo é o único responsável por sua falta de saúde. Ele visa não só a integralidade
do indivíduo, como o insere em sua comunidade, entendendo saúde como prática social
e global, tendo uma base ético-política a favor dos interesses do coletivo (FALKENBERG
et al., 2014). De tal forma, consideram-se as experiências e condições de vida do cidadão,
permitindo entender melhor sua percepção da realidade e sua fragilidade no enfrentamen-
to de situações adversas (SEVALHO, 2017). Nas décadas de 1950 e 1960, Paulo Freire
protagonizou o Movimento de Educação Popular. Como coloca Saviani (2008), nesse novo
movimento “a disposição do intelectual era a de aprender com o povo, despindo-se de todo
o espírito assistencialista”. Isso se aplica à prática da educação popular em saúde ao ter
como objetivo proporcionar um ambiente cada vez mais democrático e mutuamente cons-
truído entre os diferentes campos de saberes.
Sendo assim, o objetivo da educação popular em saúde é, sobretudo, proporcionar
uma construção recíproca de conhecimentos a fim de permitir que cada vez mais os in-
divíduos tenham poder de intervenção em sua comunidade e em sua qualidade de vida
(CARVALHO apud SEVALHO, 2017). Faz-se necessária, então, a horizontalização da rela-
ção de saber entre profissionais e população, de modo que não mais se caracterizem como

57
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
“leigos” aqueles que não possuem conteúdo acadêmico. Tais categorias de personagens
não vivenciam as mesmas experiências e, portanto, não formulam as mesmas perspectivas
de realidade. Dessa forma, ao negar os saberes populares, o profissional da saúde está
atestando sua própria crise de interpretação (VALLA, 1996) frente à uma existência que
permeia as mais diversas esferas, dentre elas a geográfica, a política, a cultural, a social e
a familiar (MACHADO et al., 2007).
Pautados nas práticas de educação popular em saúde e de conexão com a natureza
e objetivando a promoção de saúde, o incentivo ao autocuidado e o resgate e valoriza-
ção do saber popular em relação às plantas medicinais, implantou-se um jardim comestí-
vel junto à comunidade no quintal de uma unidade de saúde em município no interior do
Estado de São Paulo.

OBJETIVO

Apresentar o processo de implantação, evolução e acompanhamento de um Jardim


Comestível em uma Unidade de Saúde da Família em Botucatu- SP, como espaço de
aprendizado, troca, construção e valorização do conhecimento popular e acadêmico, pau-
tado no conceito de educação popular em saúde e de conexão com natureza, promovendo
a integralidade e autonomia do cuidado, por meio do uso, cultivo e distribuição de plantas
alimentícias e medicinais.

MÉTODOS

A idealização e construção do Jardim Comestível partiu da articulação entre comuni-


dade, equipe de profissionais da Unidade de Saúde da Família (USF) do bairro Santa Elisa
e estudantes e professores da UNESP Botucatu de diversas áreas: agronomia, biologia,
enfermagem, medicina e nutrição, além do apoio da Prefeitura e Secretaria do Verde e
Saúde de Botucatu, configurando-se como um projeto de extensão universitária. Em 2019,
a coordenadora do projeto conseguiu aprovação de 6 bolsas de estudantes via Ministério
da Saúde, PET interprofissionalidade, e mais dois alunos voluntários.
Seu processo de construção foi baseado em metodologias ativas e participativas,
favorecendo a troca de saberes e quereres, considerando que os sujeitos da pesquisa são
coprodutores de conhecimento (STRECK, 2016).
Foram realizados encontros com diálogo horizontal e aberto entre todos os envolvidos,
favorecendo a emancipação do sujeito para o desenvolvimento da saúde individual e coletiva
(SALSI et al., 2013).

58
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Local de implantação do Jardim Comestível

O bairro escolhido é um dos mais vulneráveis do município e, antigamente, abrigava


um lixão em sua área. Foi somente há dez anos que o local ganhou rede de água, esgoto,
luz e que parte de suas vias foram asfaltadas, no entanto, ainda existem muitas ruas sem
asfalto e sem saneamento básico.
A USF do bairro foi implantada em 2003, juntamente com as atividades de treinamento
introdutório dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Hoje, atende em torno de duas mil
pessoas, conta com uma área verde ao seu redor que recebe cuidados dos funcionários,
além de um terreno de 500m² onde o jardim foi implantado.

Caracterização da comunidade e equipe de saúde

Para caracterização das pessoas envolvidas no projeto foram elaborados dois ques-
tionários, um aplicado às pessoas participantes da comunidade e outro aos funcionários da
USF, aprovados pelo CEP da FMB (2.421.204, CAAE- 79799917.5.0000.5411). Tratam-se
de questionários semiestruturados em Etnobotânica que resgatam o conhecimento da co-
munidade sobre as plantas, contendo também questões sobre as concepção de saúde e
doença, além de uma pequena caracterização sociodemográfica e cultural.
Estes questionários foram aplicados aos usuários e aos profissionais que tiverem par-
59
ticipação frequente nas atividades, ou seja aqueles que tiverem menos que 30% de absten-
ção nos primeiros seis meses do projeto. Para aplicação dos questionários às pessoas da
comunidade foram realizadas visitas domiciliares, em que se observa a ocorrência de PANC
e plantas medicinais nas casas, levantando seus usos.

Atividades desenvolvidas

Desde o início de 2017, foram realizados encontros semanais na USF junto com a co-
munidade e equipe de saúde, com atividades baseadas na estratégia de Freire, de “círculos
de cultura”, nas quais há uma investigação de interesse do grupo que busca a reflexão da
própria realidade, escolhendo, assim, a intervenção mais eficaz e efetiva para as proble-
máticas vividas (BUSS apud SALSI et al., 2013). Nos encontros iniciais o design do Jardim
foi desenhado pelo grupo e foram estabelecidas as plantas de maior uso e interesse da
comunidade, os dias de atividades e a escala de manejo e cuidado.
As atividades semanas seguintes contemplaram: preparo e correção da terra com adu-
bação verde e outras técnicas agroecológicas; preparo de canteiros com diversos materiais
reutilizáveis (pneus, garrafas, telhas) e formas diferenciadas (mandalas, suspenso, vertical,
vasos); práticas de semeadura e reprodução de plantas; cuidados no plantio e manejo

59
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
natural; adubação agroecológica e compostagem doméstica; irrigação sustentável com rea-
proveitamento de água de chuva; colheita e cuidados em armazenamento e processamento
das plantas; Oficinas de Saberes e Sabores, com preparos de bebidas e comidas utilizando
as plantas do Jardim, com orientação de uma gastronomista, destacando seus possíveis
benefícios alimentares e terapêuticos; oficinas de arteterapia com pintura, confecção de
placas e vasos coloridos; oficinas de preparos medicinais (tinturas, compressas, infusões,
decocções); entre outras. Essas eram planejadas com a comunidade, programadas de ma-
neira participativa e perduraram durante todo o projeto. Ao longo dos anos foram realizados
mutirões e eventos, na busca da autossuficiência do jardim. As atividades eram divulgadas
no bairro e na USF, com a colagem de cartazes e panfletos.

RESULTADOS

Durante esses quatro anos foram realizados 148 encontros, compostos por 15 oficinas,
5 cursos, 2 atividades de intervenção, 4 eventos de celebração, diversos mutirões e outras
atividades. O grupo de trabalho manteve uma média de 10 participantes que se alternavam
para cuidar do Jardim. Notou-se maior participação de mulheres idosas da comunidade nas
atividades. Os estudantes de graduação da biologia, medicina e enfermagem participaram
de diversos eventos dentro da Universidade como congressos, simpósios, cursos, palestras
e feiras de produtores, alguns acompanhados de pessoas da comunidade. Percebemos um
maior envolvimento da comunidade quando esta se viu como parte do processo construtivo
do Jardim. Foram e ainda são realizadas atividades autogestionadas mesmo diante das
limitações presenciais que a pandemia de covid-19 trouxe, desde março de 2020.

Caracterização da comunidade e equipe de saúde

Segundo o questionário aplicado, foi observado um vasto conhecimento e uso das


plantas medicinais e PANC na comunidade. Foram aplicados 8 questionários nas pessoas
indicadas pela equipe de saúde como tendo interesse inicial em participar do projeto. Todas,
mulheres, de 50 a 68 anos, residentes do bairro há pelo menos 10 anos. Foram levantadas 74
plantas cultivadas nas casas com diversos usos descritos sendo em sua maioria medicinais,
para alívio de dores ou diversas enfermidades. Foi aferido também o gosto pela jardinagem
e investigado a possível melhora da saúde e bem-estar com a prática.
Para a equipe de saúde da unidade foram aplicados 12 questionários, sendo para 4
ACS, 2 enfermeiras, 2 residentes de educação física, 1 auxiliar de enfermagem, 1 médica,
1 psicólogo e 1 dentista. As ACS trabalham e moram no bairro, todas mulheres trabalhando
há pelo menos 5 anos na unidade. Quando questionados, metade dos funcionários indica a

60
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
utilização de alguma planta medicinal no tratamento, porém todos acreditam que os pacientes
poderiam utilizar das plantas para tal, delataram como dificuldade a falta de conhecimento
para a segura prescrição. Todos, também, acreditam na conexão com a natureza e o au-
mento da saúde. Destacamos a frase de uma profissional de saúde: “quando estamos de
pé, fazendo as coisas, ou ajoelhadas no jardim, não estamos doentes”.

Figura 1. Grupo de mulheres da comunidade em um dia Figura 2. Comunidade e equipe de saúde em uma oficina
de cuidado do Jardim. de chás.

Ferramentas de educação em saúde


61
Dentre as oficinas realizadas: 5 foram de culinária com a utilização de PANC, como
carne de jaca, peixinho da horta, ora pro nobis, uvaia e rosela; 3 de preparos medicinais,-
tinta, chás e sucos e molhos funcionais; 2 de preparos para o jardim, biofertilizante e bio
preparado; 2 de produção de mudas e sementeiras; 2 de autossuficiência caseira, de sabão
de óleo reutilizado e composteira doméstica; e outra de tintura natural feita de terra.
Os mutirões foram realizados em busca da construção física do Jardim, em junho de
2017 foi realizada a construção dos canteiros em formato de mandala, com 12 metros de
diâmetro. Este foi seguido de outros para a construção dos demais canteiros e estruturas.

61
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Figura 3. Comunidade, equipe de saúde, estudantes e Figura 4. Atividade de arteterapia da pintura da placa de
professores juntos em um mutirão. entrada.

Foram realizados 5 cursos: um, no Jardim, de construção de uma cisterna de ferro-


cimento, de baixo custo, para captação e reutilização da água da chuva; outros dois de
construção de viveiros de mudas feito em bambu, no Jardim e em outro serviço de saúde
da cidade; outro foi na Universidade, de produção de sementes biodinâmicas; e o quarto
curso, realizado na ONG Banco de Alimentos, de preparação de PANC. Os cursos que foram
realizados dentro do Jardim tiveram a participação média de 20 pessoas da comunidade
e equipe de saúde. Já os realizados fora, devido a restrição de transporte, participaram 5
pessoas da comunidade.
Como atividades de intervenção foi feita a instalação de uma estação sensorial com
o uso de plantas. Essa atividade foi pensada como parte da celebração de encerramento
do ano de 2019 da USF e teve como objetivo conectar as pessoas às plantas por meio de
diferentes sentidos, procurando despertar sentimentos e emoções, melhorando a atenção
e aguçando a observação, trazendo uma sensação de bem-estar e pertencimento. Foi ins-
talada em uma sala da unidade um caminho com diversas partes de plantas espalhadas
que faziam barulho, exalavam cheiros, tinham texturas e gostos. Esse caminho guiado era
feito de olhos vendados e contou com a participação de mais de 50 pessoas. Também foi
realizada atividade de recolhimento de lixo pelo bairro, visto que antes era o lixão da cidade
e ainda se tem muita sujeira nas ruas, contamos com a ajuda de uma turma de 1º ano do
ensino médio da escola Waldorf Aitiara.

Figuras 5, 6 e 7. Atividade de jardim sensorial feta na USF em 2019.

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Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Foram realizadas atividades de celebração, nos finais dos anos de 2017, 2018 e 2019
onde reunimos o grupo em um momento de união, com a preparação de comidas e troca de
presentes artesanais. Realizamos também, em 2018, uma festa junina no bairro, que contou
com brincadeiras para as crianças dentro do Jardim, comidas e bebidas tradicionais, bingo,
música de viola e dança circular, contando com a participação de mais de 100 pessoas.
Foi escrito um livro guia, lançado em 2019, que orienta a implantação de novos jardins
comestíveis, com a descrição da utilização popular e referenciada de plantas medicinais e/
ou alimentícias. Para a escrita do livro, selecionamos 51 plantas de maiores usos e interes-
ses, cultivadas no Jardim Comestível, todas com revisão de literatura, sendo 17 presentes
na RENISUS. Para cada planta há a descrição do nome popular, nome científico, descrição
botânica, propriedades, preparos medicinais e indicações de uso, preparos culinários, con-
traindicações, interações medicamentosas, curiosidades e algum relato ou experiência da
comunidade com a planta. Foi criado um sistema de legenda com símbolos explicativos,
assim como todas as definições das plantas, em uma parte inicial. Em sequência há um
dicionário e um índice de indicações terapêuticas, para facilitar a busca. O livro apresenta
uma escrita popular e facilitada, não faltando referências científicas, tem fotos autorais no
Jardim das plantas e do grupo e ilustrações das plantas descritas, feitas por uma artista
em desenhos de aquarela. O livro foi impresso com brochura de folhas A5, em 500 cópias.
Estas foram distribuídas de forma gratuita para a comunidade e equipe de saúde, também 63
está disponível para download na UNESP.

Figura 8. Livro. https://drive.google.com/file/d/1LVBkFts Figura 9. Turma do 3º ano do infantil da creche do bairro


3GHVARkJlzxM7GC7VGhuFjGA8/view em um dia de atividade no Jardim.

Foi estabelecida uma relação com a creche do bairro, que se localiza ao lado do Jardim.
Durante seis meses, quinzenalmente, as crianças do 3º ano do infantil frequentaram o Jardim
nos dias de atividades. Nesses encontros realizamos atividades lúdicas de interação com as

63
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
plantas, passeios pelos canteiros, plantio de mudas e sementes e atividades de celebração
da Páscoa e Dia das Crianças.
No início do ano 2020 foi planejada uma atividade de “sala de espera”, na qual seriam
discutidos semanalmente um tema de saúde, trazendo debates e algum preparado me-
dicinal para amostrar aos usuários como fazer e usar, além de divulgar e distribuir o livro
publicado. No entanto só foram realizar duas salas de espera, devido ao início da pandemia
COVID-19. Os temas abordados foram “ansiedade e depressão” e “hipertensão” e as plantas
indicadas para estas situações são alecrim, erva cidreira de arbusto e sálvia para ambas e
maracujá azedo e quebra pedra para a segunda.
Com o caminhar da pandemia e a restrição das atividades foi possível observar um
maior empoderamento da equipe de saúde da USF sobre o Jardim. Ao final do primeiro
semestre de 2020 foi realizado um questionário com os funcionários que buscou qualificar
a “vivência e sentimentos em relação ao Jardim Comestível e à USF durante o período da
pandemia”. Nas respostas foram frequentes palavras como “terapia”, “renovação”, “alegria”,
“união”, “fonte de vida e de produtos orgânicos”, colocando o espaço do Jardim como um
promotor na felicidade dos funcionários graças ao contato com a natureza.

DISCUSSÃO

Partindo do conceito de “lugar” de Frumkin (2003) que afirma: “as qualidades de um


lugar ‐ e seu potencial impacto na saúde – são mais do que as suas características físicas,
sendo lugar uma construção social”, emergem várias reflexões em torno dos resultados
obtidos ao longo destes anos no lugar: “Jardim Comestível na atenção primária”. Dada
a premissa, foram referidos impactos positivos na sensação de bem-estar e disposição
dos envolvidos a partir das atividades de contato com a terra, em espaços participativos e
de construção coletiva, os quais promoveram discussões sobre autocuidado, alimentação
saudável e estímulos às terapias alternativas, propondo estratégias para a promoção da
saúde além da alopatia. Também se tem associado uma diminuição do stress por causar
a sensação de controle, acesso à natureza e outras distrações positivas como embasado
pelos estudos de Ulrich em 1999.
Analisando o ponto de vista das participantes que em sua maioria são mulheres obser-
vou-se que a participação delas neste projeto despertou maior autonomia e empoderamento.
Como Costa et al., 2015, relatam que, é esperado que elas desfrutem de um espaço de
encontro e de bem-estar, acompanhado pela conquista de conseguir organizar e destinar
um tempo para si, aliviando o trabalho doméstico.
A participação em um espaço de saúde e bem-estar facilitado, como este Jardim
Comestível, foi percebida pelos usuários como agradável, útil e prática, por possibilitar maior

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Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
conscientização e instrumentalização de cuidados com a própria saúde, estendendo-se a
familiares, vizinhança e comunidade. Isto possibilita terem uma visão mais positiva de si e
de suas próprias capacidades individuais e de grupo, conforme relatam Stigsdotter et al.
apud Sousa, 2016.
Ainda assim, é fundamental considerar que a iniciativa colaborou na promoção de uma
concepção holística de saúde e de integralidade do cuidado, fomentando novas relações
entre usuários e profissionais da saúde. Cabe ressaltar que a autonomia do grupo não
excluiu a importância e relevância do conhecimento técnico nos processos de indicação e
tratamentos das doenças na forma biomédica.
O envolvimento dos participantes permitiu a ampliação da interação entre si e com os
profissionais de saúde, constituindo-se em grupos de apoio e partilha, trocas de saberes e
resgate de memórias. Como consequência, identificou-se a elevação da autoestima e do
autocuidado, um maior entusiasmo pela participação, relatos sobre a melhora das condições
de saúde dos participantes, a revisão de valores em relação à alimentação, a aquisição de
uma nova visão da saúde, o empoderamento individual e coletivo e o aprendizado de habili-
dades com viabilidade de aplicação em outros contextos, como o familiar e o da comunidade.
A partir destes resultados aqui alcançados, pode-se apontar os jardins medicinais em
unidades de saúde como uma estratégia de implementação das PIC, por se caracterizar
como uma prática complementar e integrativa ao modelo biomédico vigente, sendo modelos 65
eficazes que privilegiam técnicas naturais, incentivando o uso de fitoterápicos, promoven-
do maior autonomia, participação social e bem-estar físico e mental (SCHVEITZER et al.,
2012). O Jardim Comestível se alinha à estas diretrizes pois une aspectos de práticas tradi-
cionais de cura com a biomedicina moderna; promove o relacionamento entre profissional
de saúde-paciente, melhorando a comunicação; leva em consideração o atendido como
indivíduo integral; têm a utilização de evidências científicas e o enfoque na saúde, na cura
e na prevenção de doenças (BRASIL, 2006).
O grande uso de plantas medicinais pela comunidade do Santa Elisa evidencia a ideia
de valorização destas por comunidades mais afastadas e ruralizadas. Trazendo à tona a
importância da Etnobotânica em potencializar o conhecimento destas comunidades, bus-
cando novas plantas, princípios ativos e novos usos, dando margem para que a própria
comunidade possa ser protagonista de sua saúde e da produção científica, de forma mais
ampla e acessível, a fim de integrar os diferentes setores das ciências sociais e naturais
com outros sistemas científicos (CARVALHO, 2010).
Este capítulo tem como intuito incentivar e valorizar a educação em saúde que preza
por conscientizar os sujeitos de suas necessidades e instrumentalizá-los para que possam
buscar soluções, aproximando-os cada vez mais de sua autonomia e independência. Estes,

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Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
podem ser tanto os atendidos que se tornam mais críticos e com uma visão muito mais abran-
gente da doença; como também pode ser o profissional da saúde, que se estende à uma
visão mais qualitativa, abarcando questões históricas, políticas e sociais das problemáticas
que o cercam para dentro de sua lógica de trabalho (LIMA e COSTA, 2005).
Desta forma, ambos se tornam capazes de superar o conceito de saúde como ausên-
cia de doença, ampliando a ideia de que os problemas de saúde não estão relacionados
unicamente com a patologia ou agentes biológicos, mas também com questões sociais,
familiares e político-econômicas, mudando positivamente suas condutas e relações dentro
e fora do atendimento em saúde.
As limitações do projeto estão relacionadas com a falta de adesão da comunidade com
os cuidados diários do Jardim, ficando somente para algumas funcionárias da unidade. Outra
limitação relaciona-se com a falta de investimento e apoio regular dos órgãos públicos da
cidade, estando limitado a trabalho voluntário e doações.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este Jardim Comestível pode ser visto como polissêmico, incorporando diversos sen-
tidos, sendo para além de um lugar de cultivo e colheita, uma forma de organização da
comunidade, de valorização de seus conhecimentos e da promoção da saúde. Permite a
conexão dos participantes com a natureza e cria novos lugares para a realização de terapias
e práticas de cura e saúde. Oferecendo um ambiente seguro que impulsiona a formação
do cidadão crítico, o qual reflete sobre sua realidade e, por diversos meios, a transforma.
O Jardim Comestível é um lugar para potencializar ações de terapia alternativas, em
meio a natureza, além de promover uma autonomia e sustentabilidade no processo de
cura e alimentação.
A implantação de jardins medicinais ou comestíveis em unidades de saúde colaboram
com as propostas e diretrizes das PICs, tornando esse espaço em um local de aprendizado
e valorização pessoal, podendo ser palco de diversas práticas integrativas e complementa-
res, principalmente da utilização de plantas medicinais. Sua construção, sendo participativa
com seus utilizadores e seguindo a ideia de educação popular em saúde, nos mostra como
se engrandece a noção comunitária e o sentimento de pertencimento e empoderamen-
to, elevando os usuários da rede de saúde a protagonistas, juntamente com os funcioná-
rios, desse processo.
O Jardim Comestível da USF do Santa Elisa pode ser um exemplo de como atingir e
garantir bem-estar pessoal e coletivo através da troca de experiências e saberes, em conexão
com a natureza, promovendo a saúde com o cultivo de plantas alimentícias e medicinais.

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Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
A partir dessa experiência é possível recomendar a criação e construção destes espa-
ços em unidades de saúde, assim aponta a necessidade de mais políticas que incentivem
e facilitem a implantação e continuação destes projetos.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos por todo o apoio e abertura que a comunidade do Santa Elisa e a equipe
de saúde da USF sempre nos deram e por todo empenho e suor nas atividades e mutirões
para construir esse lindo espaço de múltiplas cores, valores, sabores e amores.
Ao Ministério da Saúde, por meio de bolsas PET interprofissionalidade; a Secretaria
do Verde e de Saúde do Município de Botucatu e a FMB, FCA e IBB UNESP.

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70
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
04
Efeitos cardiovasculares de ácidos
graxos ômega-3 na aterosclerose

Mariely Mendes Furtado José Otávio Carvalho Sena de Almeida


UFPI UFPI

Joana Érica Lima Rocha Emerson Iuri Rodrigues Queiroz


UFPI UFPI

Ana Victória da Silva Mendes José Vinicius de Sousa França


UFPI UFPI

Renato Sampaio Mello Neto Maria do Carmo de Carvalho e Martins


UFPI UFPI

Ana Karolinne da Silva Brito Daniel Dias Rufino Arcanjo


UFPI UFPI

10.37885/210303947
RESUMO

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo. A aterosclerose


é uma doença cardiovascular que possui grande repercussão na morbimortalidade e
elevado impacto socioeconômico, está associada a anormalidades precoces das funções
vasculares. O consumo de gordura saturada e trans é classicamente relacionado ao au-
mento de risco cardiovascular. Em contrapartida, a substituição de gordura saturada da
dieta por mono e poli-insaturada é considerada uma estratégia para o melhor controle da
hipercolesterolemia e consequente redução da chance de eventos clínicos relacionados
à aterosclerose. Em particular o uso dos ácidos graxos do tipo ômega-3 vem atraindo
atenção em virtude de seus benefícios. Existem evidências consideráveis de que esses
ácidos graxos forneçam coletivamente proteção contra doenças cardiovasculares por
meio de efeitos benéficos na pressão e complacência arteriais, na reatividade vascular
e no perfil lipídico, porém as evidências sobre essas ações são controversas, o que
torna relevante a discussão a respeito dos seus efeitos nos eventos precoces que de-
sencadeiam as doenças cardiovasculares. Neste trabalho, apresentamos uma revisão
da fisiopatologia da aterosclerose, seu início e progressão, e discutimos sobre os efeitos
benéficos dos ácidos graxos ômega-3 nesta síndrome patológica.

Palavras-chave: Aterosclerose, Dislipidemia, Ômega-3, Endotélio.

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Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
INTRODUÇÃO

As doenças cardiovasculares (DCV) constituem-se em um grupo de distúrbios do co-


ração e dos vasos sanguíneos, que inclui, entre outras, a doença arterial coronariana e as
doenças cerebrovasculares. Essas doenças constituem-se na principal causa de morte no
mundo, com número estimado de mortes de 17,9 milhões de pessoas por DCV em 2016,
representando 31% de todas as mortes em nível global. Desses óbitos, aproximadamente
6,7 milhões ocorreram devido ao acidente vascular cerebral (AVC) (WHO, 2017).
Dentre os principais fatores de risco associados às DCV, estão: hipertensão arterial
sistêmica (HAS), obesidade, diabetes mellitus (DM), tabagismo, sedentarismo e, espe-
cialmente, as dislipidemias e a inflamação arterial, as quais desempenham papel funda-
mental na iniciação e progressão dessas doenças (BARÓ et al., 2003; LIBBY et al., 2010;
RADER, 2005). Esses fatores influenciam na circulação do sangue, na distribuição do oxi-
gênio, na disfunção endotelial, bem como no estresse oxidativo e na inflamação dos tecidos
(MANACH et al., 2006).
As DCV compreendem um espectro amplo de síndromes clínicas, mas têm nas doen-
ças relacionadas à aterosclerose a sua principal contribuição, com destaque para a doença
arterial coronariana, a doença cerebrovascular e doença vascular periférica de artéria aorta
e carótida, de artérias renais e de membros (BRASIL, 2006). A aterosclerose caracteriza-se 73
por um processo inflamatório crônico e progressivo de origem multifatorial que ocorre em
resposta à agressão na superfície endotelial (RATHEESH et al., 2011). Ataques cardíacos
e acidentes vasculares cerebrais (AVC) geralmente são eventos agudos resultantes da ate-
rosclerose, causados principalmente por um bloqueio que impede que o sangue flua para
o coração ou para o cérebro. A razão mais comum para isso é a formação de depósitos de
lipídios nas paredes internas dos vasos sanguíneos que irrigam esses órgãos (WHO, 2017).

DESENVOLVIMENTO

Dislipidemia e sua repercussão vascular

Dos pontos de vista fisiológico e clínico, os lipídios biologicamente mais relevantes


são os fosfolipídios, o colesterol, os triglicerídeos (TG) e os ácidos graxos (FALUDI et al.,
2017). As lipoproteínas são partículas que permitem a solubilização e o transporte de lipídios,
substâncias geralmente hidrofóbicas. Esses complexos são constituídos por quantidades va-
riáveis de colesterol e seus ésteres, TG, fosfolipídios e apoproteínas. Com base na densidade,
as lipoproteínas plasmáticas são classificadas em: quilomícrons, lipoproteínas de densidade
muito baixa (VLDL, very low density lipoproteins), lipoproteínas de baixa densidade (LDL,

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low density lipoproteins) e lipoproteínas de alta densidade (HDL, high density lipoproteins)
(FALUDI et al., 2017; MOTTA, 2009).
Alterações nas concentrações dessas lipoproteínas plasmáticas em relação aos valores
de referência considerados normais, bem como anormalidades na composição dessas par-
tículas, caracterizam uma condição clínica denominada dislipidemia (FALUDI et al., 2017).
Os distúrbios nos níveis de lipídios circulantes podem apresentar ou não repercussão
sobre o território vascular, associadas a manifestações clínicas diversas, sendo um fator de
risco cardiovascular relevante para o desenvolvimento da aterosclerose. Nessa doença, o
aumento da concentração de lipídios no interior do vaso e deposição dessas partículas na
parede arterial é um evento precoce que ocorre de maneira proporcional à concentração
de lipoproteínas no plasma. A LDL é reconhecida como principal lipoproteína aterogênica,
já que o colesterol presente na parede arterial é derivado principalmente dessa partícula.
Ademais, o excesso de colesterol nos eritrócitos, leucócitos, plaquetas e células endoteliais,
também estimula a produção de espécies reativas, contribuindo para a disfunção endote-
lial e a modificação da LDL (FALUDI et al, 2017; FORSTERMANN, 2008; MOTTA, 2009;
QUINTÃO, 1992;).

Endotélio e disfunção endotelial

A parede arterial saudável é formada por três camadas. A túnica íntima é a porção
mais interna que compõe a parede dos vasos sanguíneos, constituída de membrana elás-
tica interna e uma única camada de células endoteliais, que estão em contato direto com
o sangue circulante e possuem muitos mecanismos altamente regulados de grande impor-
tância para a homeostase vascular. A camada intermediária, denominada túnica média, é
formada por células musculares lisas e membrana elástica externa. Mais externamente, a
túnica adventícia possui células adiposas perivasculares, células de fibroblastos, fibras de
colágeno e terminações nervosas (BAUER; SOTNIKOVA, 2010; FURCHGOTT; ZAWADZKI,
1980; ZHAO; VANHOUTTE; LEUNG, 2015).
O endotélio é considerado um órgão com funções parácrinas, endócrinas e autócrinas
ativas, que sintetiza e libera substâncias que controlam ativamente o tônus vascular, bem
como influenciam o comportamento de outros tipos de células dentro da parede do vaso,
como as células musculares lisas, bem como no sangue circulante nas plaquetas e nos
leucócitos (FISCHER et al.,2006; KALEBIC et al., 1983). Dentre os vasorreguladores libe-
rados pelo endotélio vascular destacam-se a endotelina (YANAGISAWA et al., 1988) e a
angiotensina II (VELTMAR et al., 1991), que estimulam a contração, e ainda a prostaciclina,
(MILLER, V. M.; VANHOUTTE, 1985), o fator hiperpolarizante derivado do endotélio (EDHF)
e o óxido nítrico (nitric oxide, NO), que regulam o relaxamento vascular.

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Tendo em vista os diversos efeitos mediados por substâncias produzidas pelo endotélio
na regulação do tônus da musculatura lisa vascular, é de se esperar que qualquer mínima
alteração em seu funcionamento cause efeitos deletérios sobre a reatividade vascular. Sua
integridade funcional mantém o equilíbrio entre vasodilatação e vasoconstrição, inibição
e estimulação, proliferação e migração de células musculares lisas, trombogênese e fibri-
nólise. O comprometimento desse equilíbrio está associado a diversos fatores de risco,
como sobrepeso, tabagismo, DM, aumento da pressão arterial e níveis elevados de lipídios
circulantes, que podem promover alterações na função endotelial (BASTIEN et al.,2014;
DAVIGNON; GANZ, 2004; FORSTERMANN; MUNZEL, 2006).
Existem evidências de que a disfunção endotelial é um processo-chave para o início
da aterosclerose e da doença coronariana, e que essa disfunção ocorre bem antes das ma-
nifestações clínicas das alterações vasculares estruturais, sendo um marcador da atividade
da doença aterosclerótica. A disfunção endotelial caracteriza-se pela redução do vasorrela-
xamento dependente de endotélio, geralmente atribuída à perda da bioatividade do NO nas
paredes dos vasos e aumento da propensão a produzir vasoconstritores (BAHIA et al., 2004;
VANHOUTTE et al., 2017).
O NO é fundamental na proteção exercida pelo endotélio contra a aterosclerose das
grandes artérias coronárias. Nesse sentido, o NO impede não apenas a vasoconstrição
anormal, que leva a formação de coágulos intraluminais, mas também inibe a agregação 75
de plaquetas, a expressão de moléculas de adesão na superfície das células endoteliais e,
portanto, a adesão e penetração das células de defesa (HAINES et al., 2012; VANHOUTTE
et al., 2017). No endotélio aórtico normal (FIGURA 1a), a L-arginina (L-Arg) é transformada
pela enzima óxido nítrico-sintase endotelial (eNOS) em NO, que exerce seus efeitos benéficos
bem documentados, incluindo a inibição da oxidação de partículas de LDL. O subproduto da
reação, L-citrulina (L-Cit), inibe a arginase II (AaII), que é restrita aos microtúbulos.
Em contrapartida, em certas doenças, no quadro de disfunção, as células endoteliais
têm o potencial de elevar a produção de radicais livres e, assim, promover distúrbios vascu-
lares. No endotélio aórtico de camundongos hipercolesterolêmicos (FIGURA 1b), o acúmulo
de LDL-oxidada (LDL-ox) desloca a AaII dos microtúbulos e aumenta sua atividade. A AaII
compete com a eNOS pelo substrato comum L-Arg, levando ao desacoplamento da NO sin-
tase e à produção de ânions superóxido (O2•‒), aumentando a produção de LDL-ox. Este
último também facilita a dissociação de eNOS das caveolas e reduz a expressão genômica da
enzima, levando a uma redução ainda maior na produção de NO (VANHOUTTE et al., 2017).
Essencialmente, uma redução na produção de NO leva à falta de sinalização celular mediada
por este composto, criando assim um desequilíbrio entre os vasodilatadores dependentes do
endotélio e os efeitos opostos dos vasoconstritores derivados do endotélio (BROWN, 2017).

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FIGURA 1. Modelo de disfunção endotelial em ratos hipercolesterolêmicos: a) Célula endotelial normal; b) célula
endotelial disfuncional.

Fonte: Adaptado de VANHOUTTE et al., 2017.

Envolvimento do estresse oxidativo no início e progressão da aterosclerose

Os mecanismos que podem desencadear a aterogênese ainda não estão completamen-


te esclarecidos. Contudo, diversas hipóteses sobre sua patogênese e progressão sugerem
o envolvimento do estresse oxidativo, expressão usada para descrever vários processos
deletérios que resultam do desequilíbrio entre a formação excessiva de espécies reativas
de oxigênio (EROs) e/ou espécies reativas de nitrogênio (ERNs), e as defesas antioxidantes
do organismo (BECKMAN; KOPPENOL, 1996; RADI et al., 2002; YANG et al., 2017).
Diferentes oxidantes podem se originar de fontes celulares e extracelulares e de rotas
enzimáticas e não enzimáticas. Dentre as fontes de radicais livres e EROs na parede vas-
cular inflamada, destacam-se a atividade das enzimas fosfato de dinucleotídeo de adenina
e nicotinamida (NADPH) oxidase, óxido nítrico sintase (NOS) desacoplada, mieloperoxidase
(MPO) e xantina oxidase, e a cadeia de transporte de elétrons mitocondriais. Na parede do
vaso, a maioria das EROs celulares é gerada pelo sistema de fosforilação oxidativa mito-
condrial (SINGH; JIALAL, 2006; WU et al., 2014).
O sistema NADPH oxidase catalisa a redução do oxigênio molecular por NADPH como
doador de elétrons, gerando O2•‒. A principal função da eNOS é a produção de NO que regula
a vasodilatação. No entanto, a L-arg e a tetra-hidrobiopterina (BH4), dois cofatores, estão
associadas ao desacoplamento da via da L-arg-NO, resultando na diminuição da formação
de NO e no aumento da geração de O2•‒ mediada por eNOS. A xantina oxidase também é
uma fonte importante de radicais livres de oxigênio presente no endotélio vascular. Essa
enzima catalisa as duas últimas etapas do metabolismo das purinas e durante esse processo
o oxigênio é reduzido a O2•‒ (GONZÁLEZ, 2014; LASSÈGUE; CLEMPUS, 2003).

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Para combater o dano oxidativo, as células possuem defesas antioxidantes enzimáticas,
como a superóxido dismutase (SOD), a catalase (CAT), glutationa peroxidase (GPx), além
de tioredoxinas e peroxiedoxinas. Já as defesas não enzimáticas incluem o ácido ascórbico,
bilirrubina, ácido úrico e os tocoferóis (CNUBBEN et al., 2001; LENNON et al., 1991).
A SOD é considerada a primeira linha de defesa contra os efeitos deletérios dos radi-
cais livres, participando em reação de dismutação do ânion superóxido e produzir peróxido
de hidrogênio (H2O2). Além da SOD, as enzimas CAT e GPx catalisam a decomposição
do H2O2, prevenindo desta maneira a formação do radical hidroxila pela reação de Fenton
(ZHANG, Y. et al., 2005). Apesar de existirem defesas antioxidantes endógenas que possuem
efeito positivo no combate ao estresse oxidativo, muitas vezes em condições fisiológicas
não estáveis, o equilíbrio entre a produção de NO e O2•‒ é modificado, ocorrendo a formação
excessiva de EROs nas células.
Um dos efeitos mais conhecidos do aumento das EROs sobre o sistema cardiovascular
é a disfunção endotelial, observada tanto em humanos quanto em modelos animais. O au-
mento das EROs pode reduzir a disponibilidade de NO endotelial por diferentes vias, como
inativação direta do NO por O2•‒, com formação de peroxinitrito (ONOO-); redução na ex-
pressão e na atividade das sintases do NO, devido a mudanças nos seus substratos ou co-
fatores, e no aumento dos níveis de dimetilarginina assimétrica (ADMA), inibidor endógeno
de NO sintase; e, ainda, o desacoplamento da eNOS (DIAS; NEGRÃO; KRIEGER, 2011; 77
HARRISON, 1997; HIGASHI et al., 2009).
A deterioração da função endotelial rompe a homeostase vascular e, entre os vários
mecanismos, o estresse oxidativo parece ser o mais comum no desenvolvimento da disfun-
ção endotelial devido a inativação do ON pelo O2•‒ e LDL-ox. Essas interações ocorrem tão
rapidamente que diminuem as ações fisiológicas vasodilatadoras do NO. Assim, o aumento
do estresse oxidativo na estrutura vascular compromete a função endotelial por uma combi-
nação de eliminação direta e diminuição da produção do NO (FORSTERMANN et al., 2006;
SCHRAMM et al., 2012; TABIT et al., 2010; WALLACE et al., 2010).

Fisiopatologia da aterosclerose

Os eventos que envolvem o processo de aterosclerose começam com a oxidação das


partículas de LDL na parede vascular. O dano endotelial aumenta a permeabilidade da túnica
íntima às lipoproteínas plasmáticas, favorecendo o transporte e retenção destas no espaço
subendotelial, onde sofrem oxidação devido à produção de EROs e ERNs pelas células
endoteliais. Essas modificações oxidativas causam a exposição de diversos neoepítopos,
tornando a LDL-ox altamente imunogênica. Acredita-se que a LDL-ox participe ativamen-
te da formação da placa aterosclerótica através de processos inflamatórios complexos e

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mecanismos imunológicos que levam à desregulação lipídica e formação de células es-
pumosas (FALUDI et al, 2017; HÖRKKÖ et al., 1996; LEIVA et al., 2015; WU et al., 2014).
Dentre os efeitos propostos da LDL-ox estão: 1) Ativação das células endoteliais; 2)
ativação de monócitos/macrófagos, a qual induz a captação intracelular da LDL através
dos receptores scavenger, formando as células espumosas; 3) migração e proliferação de
células musculares lisas; 4) indução da adesão e agregação de plaquetas; e 5) estímulo
à produção excessiva de radicais superóxido por células endoteliais (LEIVA et al., 2015;
STOCKER et al. 2004).
O processo aterosclerótico gera uma resposta inflamatória/proliferativa na parede vas-
cular. Essa resposta aumenta a secreção de citocinas pró-inflamatórias primárias, como a
interleucina-1 e o fator de necrose tumoral (TNF)-alfa, que por sua vez são responsáveis
pela indução de moléculas de adesão leucocitária na superfície celular. A LDL-ox induz a
expressão de moléculas de adesão intercelular (ICAM)-1, moléculas de adesão de células
vasculares-1 (VCAM-1) e selectinas P, E e L, bem como o aumento de substâncias quimio-
táticas (FROSTEGARD et al., 1991; SERRANO; SOUZA; HEINISCH, 2001).
Em decorrência disso, os monócitos migram para a camada íntima dos vasos, guiados
por citocinas. No espaço subendotelial, os monócitos sofrem diferenciação em macrófagos
com afinidade pela LDL-ox, essas partículas são então internalizadas e acumulam-se, re-
sultando na formação de células espumosas (FIGURA 2b-Depósito inicial de colesterol).
Além disso, a ativação de macrófagos induz a liberação de citocinas pró-inflamatórias e
metaloproteases, associadas à progressão da inflamação; e secreção de EROs e enzimas
que participam da oxidação de novas partículas de LDL, como a MPO e lipoxigenase (CARR
et al., 2000; HANSSON et al., 2006).

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FIGURA 2. Progressão da placa aterosclerótica. a) Parede arterial saudável, b) Depósito inicial de colesterol c) Placa
fibrogordurosa, d) Ruptura da placa.

Fonte: Adaptado de LIBBY; RIDKER; HANSSON, 2011.

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Com a progressão da inflamação, alguns mediadores também estimulam a migração
das células musculares lisas (CMLs) da túnica média para a íntima dos vasos, onde proli-
feram em resposta a fatores de crescimento produzidos por células endoteliais (ECs) e ma-
crófagos (FIGURA 2c-Placa Fibrogordurosa). A proliferação de CMLs pode ser estimulada
pela LDL-ox, uma vez que essas partículas aumentam o fator de crescimento derivado de
plaquetas e o fator básico de crescimento de fibroblastos, cuja expressão e secreção ocor-
rem em ECs e macrófagos. Ao migrarem para a íntima, essas células passam a produzir
não só citocinas e fatores de crescimento, mas também matriz extracelular. Essa produção
de colágeno intersticial e elastina leva à construção de uma capa fibrosa que cobre a placa
aterosclerótica em desenvolvimento e contribui para a persistência do processo inflamatório
(LEIVA et al., 2015; LIBBY, RIDKER, HANSSON, 2011; ROCHA, LIBBY, 2009; STIKO-RAHM
et al., 1992; WU et al., 2014)
A placa aterosclerótica avançada é constituída por elementos celulares, componentes
da matriz extracelular e núcleo lipídico e necrótico, rico em células espumosas, ésteres de
colesterol, cristais de colesterol monohidratado, enzimas lisossômicas e detritos celula-
res. As placas estáveis caracterizam-se por predomínio de colágeno, organizado em capa
fibrosa espessa, escassas células inflamatórias e núcleo necrótico de proporções meno-
res. As instáveis apresentam atividade inflamatória intensa, especialmente nas suas bordas

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laterais, com grande atividade proteolítica, núcleo necrótico proeminente e capa fibrosa
tênue (LIBBY et al. 2010).
No interior da placa, a apoptose de macrófagos e CMLs contribui para geração do
núcleo necrótico, e também pode produzir proteinases degradantes da matriz implicadas
no enfraquecimento da capa fibrosa e interromper os mecanismos de reparo da placa que
mantêm a matriz extracelular necessária para integridade estrutural. Além disso, a apoptose
de macrófagos resulta na produção de corpos apoptóticos ricos em fator tecidual, podendo
gerar micropartículas trombogênicas. A ruptura desta capa expõe material lipídico altamen-
te trombogênico, levando à formação de um trombo sobrejacente (FIGURA 2d-Ruptura da
placa). Esse processo, também conhecido por aterotrombose, é um dos principais deter-
minantes das manifestações clínicas da aterosclerose (FALUDI et al., 2017; LEIVA et al.,
2015; LIBBY, DICARLI, WEISSLEDER, 2010).

Estrutura e metabolismo dos ácidos graxos poli-insaturados

Os ácidos graxos são classificados conforme a presença de duplas ligações (insatu-


rações) entre as cadeias de carbono. São denominados Ácidos Graxos Saturados (AGS)
quando não há duplas ligações, Ácidos Graxos Monoinsaturados (AGMI) quando presente
uma ligação de instauração, ou como Ácidos Graxos Poli-insaturados (AGPI) pela pre-
sença de duas ou mais insaturações. Dentre os AGPI, destacam-se os do tipo ômega-3
(ω-3) e ômega-6 (ω-6), os quais participam de um vasto número de processos do funciona-
mento do organismo.
Os AGPI do tipo ω-6 e ω-3 são monocarboxílicos alifáticos caracterizados pela pre-
sença da primeira ligação dupla no sexto e terceiro carbono, respectivamente, a partir do
terminal metil da cadeia de ácidos graxos. Esses ácidos graxos são obtidos por meio da
dieta ou produzidos pelo organismo a partir de ácidos graxos mais simples, como os ácidos
linoléico (18:2 ω -6) (AL) e alfa-linolênico (18:3 ω-3) (ALA), pela ação de enzimas alongase
e dessaturase. As alongases atuam adicionando dois átomos de carbono à parte inicial da
cadeia, e as dessaturases agem oxidando dois carbonos da cadeia, originando uma dupla
ligação com a configuração cis (MARTIN et al., 2006; MORI, 2014).
A síntese de ALA a partir de AL pode ser realizada por meio de reações de dessaturação
catalisadas pela Δ-15 dessaturase. Entretanto, mamíferos não possuem essa enzima e não
podem sintetizar ALA, o que o torna um ácido graxo essencial. Apesar disso, existem vias
bioquímicas para converter ALA em ácidos graxos mais complexos, de cadeia mais longa e
insaturada, como os ácidos eicosapentaenoico (EPA) e docosaexaenoico (DHA). A conver-
são do ALA em ácidos EPA e DHA é ineficiente em humanos, estimando-se que somente
1-5% de ALA seja convertido em EPA e menos que 0,1% em DHA. A baixa conversão está

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relacionada com a competição entre os ácidos graxos ω-6 e ω-3 pela enzima pela Δ-6
dessaturase (FIGURA 3) (ARTERBURN; HALL; OKEN, 2006, BURGE E CALDER, 2006;
CALDER, 2012; HARRIS et al. 2008; MOZAFFARIAN; WU, 2011).

FIGURA 3. Via de síntese dos ácidos graxos poli-insaturados ω-6 e ω-3.

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Fonte: GARÓFOLO et al., 2006.

O ácido araquidônico (AA) é tipicamente o substrato dominante na síntese de mediado-


res eicosanoides, pois seu precursor é o AGPI predominante na dieta ocidental. Comparado
com o AA, o EPA é o substrato preferencial para a lipoxigenase (LOX). Portanto, um aumento
na ingestão de EPA leva a uma maior formação de produtos de lipoperoxidação derivados
de EPA às custas dos produtos derivados de AA quando ambos os ácidos graxos estão
disponíveis simultaneamente. Os eicosanoides derivados do AA são na sua generalidade
potentes agentes pró-inflamatórios. Já o EPA origina eicosanoides da série 3 com estruturas
ligeiramente diferentes daqueles formados a partir do AA, os quais são considerados como

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menos inflamatórios ou mesmo anti-inflamatórios quando comparados com os eicosanoides
derivados do ω-6 (LARSSON, 2004; ROBINSON, 2006;)
Por serem deficientes de forma endógena, torna-se importante uma dieta contendo
ácidos graxos do tipo ω-3. O ALA é derivado de plantas, sendo encontrado em um conjunto
relativamente limitado de sementes, nozes e seus óleos. Já os ácidos EPA e DHA são en-
contrados naturalmente na gordura de peixes oleosos, como salmão, sardinha e atum. Todos
os peixes contêm esses ácidos graxos, no entanto, as quantidades variam de acordo com as
espécies e com variáveis ambientais.
​​ Outra fonte são os suplementos comercialmente dispo-
níveis, como óleo de peixe ou preparações farmacêuticas concentradas. Esses suplementos
estão se tornando cada vez mais populares, com vários benefícios à saúde atribuídos a eles
(LEE et al., 2009; GOEL et al., 2018; MOZAFFARIAN; WU, 2011; SIMOPOULOS, 2008;)

Ácidos graxos do tipo ômega-3: evidências na saúde cardiovascular

Os primeiros relatos dos efeitos dos ácidos graxos ω-3 sobre a saúde cardiovascular
foram publicados na década de 1970, embora ainda em 1944 Sinclair tenha descrito que a
doença coronariana era rara nos esquimós da Groenlândia, os quais consumiam uma dieta
rica em baleias, focas e peixes. Posteriormente, pesquisadores encontraram em estudos
observacionais da população Inuit da Groenlândia e dos habitantes de Okinawa baixo risco
de morte por doença arterial coronariana nessas populações quando comparado com cau-
casianos, fato que estava relacionado com a abundância de AGPI ω-3 em sua dieta. A partir
dessa observação, vários estudos epidemiológicos prospectivos foram conduzidos e demos-
traram associação entre o consumo de AGPI ω-3 na dieta e um menor risco de doenças
cardiovasculares, com um decréscimo da mortalidade. Esses achados formaram a base de
uma teoria de que o ω-3 poderia prevenir a aterosclerose, trombose e suas doenças asso-
ciadas (BANG et al., 1976; DYERBERG et al., 1978; SARAVANAN et al., 2010).
Os AGPI ω-3 afetam uma ampla gama de funções fisiológicas em vários tecidos, com
efeitos que podem variar em resposta à dose. Experimentos in vitro e em animais mostraram
que o AGPI ω-3 modula diretamente a eletrofisiologia cardíaca, o que poderia contribuir para
reduções na frequência cardíaca e no risco de arritmia. Além disso, evidências sugerem
melhora na eficiência do miocárdio, enchimento diastólico do ventrículo esquerdo e tônus
vagal. Os AGPI ω-3 afetam positivamente o perfil lipídico, reduzindo os níveis plasmáticos
de triglicerídeos (TG) de maneira dependente da dose, efeito atribuído à redução da taxa
de produção hepática de VLDL (BAYS et al, 2011; ESLICK et al, 2009).
Na vasculatura, estudos apontam que o AGPI ω-3 reduz a resistência vascular sistêmica
e melhora a disfunção endotelial, complacência da parede arterial e respostas vasodilatado-
ras, alterações que juntas contribuem para redução da pressão arterial. O AGPI ω-3 também

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reduz a produção de eicosanóides derivados do AA e aumenta a síntese dos metabólitos
do AGPI ω-3, modulando assim a inflamação (CALDER et al., 2009; REES et al., 2006).
Os mecanismos pelos quais os AGPI ω-3 exercem seus efeitos provavelmente são
múltiplos e complexos. Evidências sugerem a possibilidade da suplementação dietética com
AGPI ω-3 alterar a fluidez de membrana das ECs, resultando em efeitos potenciais sobre a
função endotelial. Este evento está relacionado a mudanças na composição da bicamada
lipídica da membrana com incorporação desses AGPI nos fosfolipídios, levando à modulação
de proteínas associadas a membranas e da atividade dos receptores, promovendo também
o aumento da síntese e/ou liberação de NO (GOODFELLOW et al. 2000; CHEN et al. 2007).
Além disso, efeitos rápidos e diretos desses AGPI incluem a ativação da eNOS independente
de Ca2+ e a translocação e dissociação da caveolin-1 da eNOS em células endoteliais in situ
(OMURA et al. 2001), bem como o aumento da expressão de eNOS e estímulo à produção
de NO nas ECs (ZANETTI et al.2017).
Outro importante mecanismo pelo qual os AGPI ω-3 podem promover uma melhora
na função vascular é através da supressão na biossíntese de derivados eicosanoides do
AA. A incorporação de AGPI ω-3 na membrana fosfolipídica, onde substituem parcialmente
o AA, diminui sua disponibilidade, favorecendo a produção de metabólitos anti-inflamatórios
e vasoativos derivados do EPA nas artérias. Nesse contexto, os AGPI ω-3 estão associados
à produção de metabólitos COX-2 (PGs da série 3) e metabólitos do citocromo P450 (ácidos 83
epoxieicosatetraenoicos e ácidos epoxidocosapentaenoicos), todos envolvidos na vasodi-
latação (LARSSON, 2004). Evidências indicam ainda que esses metabólitos, derivados de
reações envolvendo enzimas do sistema do citocromo P450, podem induzir vasodilatação
por mecanismos independentes de canais de BKCa (canais de potássio sensíveis a cálcio de
larga condutância), que podem envolver outros canais de potássio, como os canais de KATP
(canais de potássio sensíveis a ATP). Os AGPI ω-3 também podem influenciar o tônus vascu-
lar independente do endotélio, exercendo ação sobre canais iônicos seletivos. Ambos, DHA
e EPA, podem entrar no citosol das CMLs por difusão ou liberação da bicamada fosfolipídica
devido à atividade da fosfolipase A2 (PLA2) e ativar diretamente canais BKCa (LIMBU, 2018).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os efeitos atribuídos aos ácidos graxos ômega-3 podem conferir um benefício em


doenças crônicas não transmissíveis específicas, que estão se tornando muito prevalen-
tes. Por esse motivo, os guias para prevenção de doenças cardiovasculares no Brasil e no
mundo têm estimulado o consumo de alimentos ricos nesses ácidos graxos como parte de
uma alimentação saudável.

83
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
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88
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
05
Influência do extrato hidroetanólico
das folhas de Tropaeolum majus
na restauração tecidual em lesões
cutâneas

Jéssica Santos Correa


CEI

Edylaine Aparecida Monteiro


CEI

Mariana Felgueira Pavanelli


CEI

Ana Carla Broetto Biazon


CEI

Artigo original publicado em: 2016.


Saúde e Pesquisa - ISSN 1983-1870.
Oferecimento de obra científica e/ou literária com autorização do(s) autor(es) conforme Art. 5, inc. I da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610/98

10.37885/210303932
RESUMO

O presente estudo teve como objetivo avaliar a ação cicatrizante do extrato hidroetanólico
de folhas de Tropaeolum majus em lesões cutâneas em ratos. Para isso foram utilizados
15 ratos Wistar distribuídos em 3 grupos denominados de G7, G14 e G21, de acordo
com o período de observação em 7, 14 e 21 dias após o procedimento cirúrgico. Na re-
gião dorsal de cada animal foram realizadas duas feridas de 1 cm de diâmetro, sendo a
da esquerda tratada com gel base de Carbopol, e a da direita com gel de Tropaeolum
majus. Os tratamentos nas lesões ocorreram diariamente nos períodos citados. Realizou-
se estudo comparativo entre os dois grupos por meio da análise micro e macroscópica.
Observou-se formação de crosta em todas as feridas até o sétimo dia. Na avaliação
histológica, as lesões tratadas com o extrato de Tropaeolum majus apresentaram uma
menor quantidade de infiltrado inflamatório e de proliferação fibloblástica com relação às
lesões tratadas com o gel base e uma maior colageneização bem como mais acentuada
angiogênese no 7º, 14º e 21º dia do pós-operatório. Conclui-se que o extrato hidroeta-
nólico de folhas de Tropaeolum majus promoveu melhora do processo de cicatrização
por aumento da formação de neovasos e colageneização.

Palavras-chave: Cicatrização, Plantas Medicinais, Tropaeolum Majus.

90
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
INTRODUÇÃO

As plantas medicinais, desde a antiguidade, têm sido muito utilizadas para o tratamento
de diversas doenças, bem como para a pesquisa e desenvolvimento de novos farmácos.
Sabe-se que mais de 20.000 espécies são utilizadas na medicina tradicional, no entanto
muitos efeitos terapêuticos não são comprovados cientificamente (GUPTA et al., 2008).
Embora a indústria farmacêutica tenha obtido avanços consideráveis no que diz res-
peito à disponibilidade de drogas capazes de estimular o processo de cicatrização, apenas
1 a 3% de todos os medicamentos listados em farmacopéias ocidentais são destinados
para o uso na pele ou feridas. Destes, pelo menos 1/3 são obtidos de plantas medicinais
(CSUPOR et al., 2010).
As feridas resultam de uma agressão física à pele que causa uma abertura ou ruptura da
mesma originando uma lesão tecidual (SCHMIDT et al., 2009). Logo após a lesão tem início
o processo de cicatrização, um processo fisiológico que envolve uma complexa sequência
de interações entre vários tipos celulares e citocinas com o objetivo de devolver ao tecido
danificado sua função e integridade (SCHMIDT et al., 2009; PATHER et al., 2010). A cica-
trização de feridas inicia-se com uma resposta inflamatória que tem como características o
aumento do fluxo sanguíneo e da permeabilidade capilar e a migração de leucócitos para
a região lesada (EURIDES et al., 1996). Esta é a primeira fase do processo de cicatrização 91
que vem seguida pela fase de proliferação de fibroblastos e deposição da matriz extracelular
e, por fim, ocorre a fase de remodelação tecidual (PESSOA et al., 2012).
O tratamento de feridas tem como objetivo principal que a cura da lesão seja obtida
no menor tempo possível com o mínimo de dor e desconforto para o paciente e que no
local da ferida seja obtida uma cicatriz fina e flexível, com máxima resistência à tração
(PATHER et al., 2010).
Diversos estudos biológicos já foram conduzidos para avaliar ação cicatrizante em
diferentes espécies vegetais (FALEIRO et al., 2014; MACHADO et al., 2011; RATH et al.,
2006). Plantas com atividade anti-inflamatória podem ter ação direta na cicatrização de fe-
ridas, da mesma forma como extratos de plantas com ação antimicrobiana podem evitar a
contaminaçao das lesões (CSUPOR et al., 2010).
Tropaeolum majus L. (Tropaeolaceae) é uma importante planta medicinal nativa da
América do Sul (GOMES et al., 2012). A espécie é amplamente distribuída por todo o mundo
e no Brasil é conhecida popularmente como chaguinha, capuchina e nastúrcio (LOURENÇO,
2012a). Na medicina popular, as folhas de Tropaeolum majus são utilizadas para o trata-
mento de diversas doenças como distúrbios cardiovasculares, infecção do trato urinário,
asma e constipação (GOMES et al., 2012). A planta também é considerada anti-inflamató-
ria, antisséptica, anti-escorbútica e antimicrobiana (ZANETTI, 2003; LOURENÇO, 2011).

91
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Estudosfitoquímicosapontaram a presença de ácidos graxos (ácido erúcico, ácido oléico
e linoléico), benzil isotiocianato, glucosinolatos e flavonóides (isoquercitrina, quercetina e
campferol) nas folhas de Tropaeolum majus (LOURENÇO, 2012b).
Na literatura consultada até o momento, não foi encontrado nenhum estudo sobre a
ação do extrato de Tropaeolum majus na reparação tecidual em lesões cutâneas. Assim,
considerando os efeitos farmacológicos da planta e a necessidade da descoberta de novas
substâncias com potencial cicatrizante, o presente trabalho objetivou avaliar o efeito da
utilização do extrato hidroetanólico das folhas de Tropaeolum majus na reparação tecidual
de ratos Wistar.

METODOLOGIA

Delineamento experimental

O protocolo experimental deste estudo seguiu os princípios éticos na experimentação


animal adotados pelo Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA)
e foi aprovado pela Comissão de Ética em Experimentação Animal da Faculdade Integrado
de Campo Mourão (CEEA), sob o protocolo de número 779. Foram utilizados 15 ratos
(Rattus Norvegicus albinus) da linhagem Wistar, machos, procedentes do biotério central
da Universidade Estadual de Maringá.
Os ratos foram aclimatados por um período de sete dias no Biotério da Faculdade
Integrado de Campo Mourão e divididos em três grupos de 5 animais cada, conforme o perío-
do de experimentação. Os grupos foram denominados como G7, G14 e G21, de acordo com
o período de avaliação em 7, 14 e 21 dias do pós-operatório, respectivamente. Os animais
permaneceram isolados individualmente em gaiolas plásticas padrão. Eles foram mantidos
em temperatura e umidade controlada em ciclo circadiano (claro/escuro de 12 em 12 ho-
ras). Os animais receberam 60 g de ração/dia com livre acesso à água.

Preparo do extrato

As folhas de Tropaeolum majus foram adquiridas na cidade de Campo Limpo Paulista


(SP) no início de março de 2014. A planta foi catalogada em exsicata sob o número 1080
no Herbário da Faculdade Integrado de Campo Mourão (PR).
As folhas foram secas naturalmente, à temperatura ambiente, sob papel craft.
Posteriormente, as folhas foram colocadas em estufa de secagem na temperatura de 36 °C
durante 24h para retirada total da umidade.

92
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
O extrato hidroetanólico das folhas de Tropaeolum majus L. foi preparado utilizando
700 g de folhas desidratadas e trituradas em processador doméstico. Após foi preparado
uma solução 10% em álcool 70% e colocado em shaker por 5 horas com 130 rotações por
minuto. Após, o extrato hidroalcoólico foi filtrado a vácuo e passado em rota evaporador para
remoção do etanol sendo, em seguida, liofilizado para estocagem a -20 ºC.

Preparo dos Géis

O gel base utilizado para a incorporação do extrato foi o gel de Carbopol 940 a 2%. O gel
foi preparado utilizando 98 ml de água a 60 ºC e 2 g de Carbopol 940. A mistura foi homoge-
neizada até que a mesma chegasse à consistência de gel. Após, 7 g do extrato liofilizado de
Tropaeolum majus foi incorporado a 70 g do gel base obtendo-se, assim, um gel do extrato
de Tropaeolum majus a 10%. Os géis foram mantidos em refrigeração até o uso.

Procedimento cirúrgico

Após a anestesia geral, cada rato foi posicionado em decúbito ventral, imobilizado em
prancha operatória e submetido a epilação na região dorsal em área de 6 cm². Para a de-
marcação da pele a ser retirada, foi utilizado um punch metálico com lâmina cortante na sua
borda inferior. Em seguida foram retirados dois fragmentos cutâneos (lesões) com 1 cm de 93
diâmetro cada no centro da área epilada, até a exposição da fáscia muscular dorsal. A he-
mostasia foi feita por compressão digital com gaze.
Em todos os grupos, a lesão da esquerda foi padronizada como sendo controle e a
lesão da direita, extrato de Tropaeolum majus. Todas as lesões foram tratadas diariamente
e no mesmo horário nos respectivos grupos. As lesões controle receberam 0,5 g de gel base
(Carbopol) e as demais lesões receberam 0,5 g de gel de Carbopol com 10% de extrato
hidroetanólico de folhas de Tropaeolum majus.

Avaliação macroscópica

A avaliação macroscópica foi realizada por meio da medição dos diâmetros inicial e
final das lesões de cada animal com paquímetro digital graduado em milímetros (Figura
1). Os dados foram anotados em ficha protocolo para posterior comparação. As medidas
foram realizadas em todos os grupos de animais.

93
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Figura 1. Avaliação macroscópica do diâmetro da lesão com paquímetro digital

Processamento histológico

Após o período de tratamento das lesões, os animais foram eutanasiados com injeção
de KCl intracardíaco após a anestesia dissociativa do animal. A peça cirúrgica foi retirada logo
após a morte do animal, sendo constituída da cicatriz ou lesão cutânea, com margem de 1
cm de pele em torno da lesão, com profundidade até a musculatura dorsal do animal. A partir
disso, o material foi fixado em formol a 10% por 24 horas, após realizou-se no Laboratório de
Patologia Animal da Faculdade Integrado de Campo Mourão a técnica histológica de rotina
incluindo as etapas de desidratação gradativas, diafanização, infiltração e emblocamento em
parafina das amostras. A partir de cada bloco de parafina foram obtidos cortes histológicos
da lesão de cada animal posteriormente coradas pela técnica de Hematoxilina- Eosina.

Avaliação microscópica

As análises dos cortes histológicos foram realizadas em microscópio óptico tetraocu-


lar. Toda a extensão do fragmento da ferida cutânea foi avaliada. Os critérios histológicos
avaliados incluíram infiltrados inflamatórios, proliferação fibroblástica, colageneização e
angiogênese os quais foram avaliados em escores, definidos de acordo com focos/cor-
te. Os resultados destes escores foram transcritos em cruzes onde cada critério teve uma
forma de avaliação conforme o quadro a seguir:

Quadro 1. Escores empregados na avaliação dos critérios infiltrado inflamatório, proliferação fibroblástica e angiogênese

Escores Infiltrado inflamatório Proliferação fibroblástica Angiogênese

+ Até 2 focos/corte Até 10 células/campo Até 10 células/campo

++ 3 a 5 focos/corte 11 a 30 células/campo 11 a 30 células/campo

+++ > que 6 focos/corte > que 31 células/campo > que 31 células/campo

No critério de colageneização não há como quantificar estes escores, devido à dificul-


dade de delimitar a fibra colágena, o que tornou este critério subjetivo.

94
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Análise estatística

Os dados foram analisados utilizando-se o programa GraphPadPrism 5 e foi aplicado


teste t de Student.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O uso de substâncias tópicas para auxiliar no processo de reparação tecidual tem


sido muito estudado. A utilização de plantas para a manutenção da saúde vem recebendo
muitos incentivos econômicos, sociais e até mesmo da Organização Mundial da Saúde
(OMS) (SANTOS, 2006).
No presente estudo, avaliou-se a influência do extrato hidroetanólico das folhas de
Tropaeolum majus na cicatrização de lesões cutâneas em ratos tanto no aspecto macros-
cópico quanto no aspecto microscópico. Conforme realizado no trabalho de Amorim (2006),
a ferida foi induzida no dorso do animal para que não houvesse interferência no processo
de cicatrização. A lesão tecidual foi avaliada no 7º, 14º e 21º dias após a cirurgia, pois estes
são considerados os dias mais significantes para estudo do mecanismo de cicatrização na
pele de ratos (MIRANDA, 2001).
A forma farmacêutica utilizada foi a de gel, definida como uma preparação obtida da 95
dispersão de polímeros gelificantes em meio aquoso ( VILLANOVA, 2010). Os géis são
utilizados para incorporação de substâncias a serem aplicadas em cicatrizes, pois podem
ser utilizados em várias fases da cicatrização, devido ao fato de não danificar o tecido de
granulação, favorecer a angiogênese, promover a quimiotaxia dos leucócitos e manter o
meio úmido (MANDELBAUM, 2003).
Na avaliação macroscópica, observou-se que nenhum animal apresentou secreção
purulenta na ferida e houve formação de crosta, que é resultado do preenchimento da lesão
por coágulos de fibrina e exsudatos (SANTOS et al., 2006) em todos os animais do grupo G7.
Comparando as lesões controle e extrato de Tropaeolum majus, nota-se que houve diferen-
ças entre elas, já que as lesões tratadas com o extrato de Tropaeolum majus apresentaram
crosta mais espessa, indicando assim que ocorreu uma reparação tecidual mais acelerada.
No grupo G14, os animais também apresentaram ferida sem secreção purulenta. Houve
uma evolução na reparação tecidual em ambas as lesões, porém, nenhuma das lesões havia
cicatrizado. No grupo G21, a restauração tecidual apresentou-se quase completa sendo que
uma das lesões controle já estava fechada, assim como duas lesões extrato de Tropaeolum
majus. Resultados diferentes foram encontrados em um estudo anterior (SANTOS et al.,
2006) onde as lesões se encontravam totalmente fechadas em todos os animais no 21º dia
do pós-operatório.

95
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
A medida do diâmetro da lesão realizada por paquímetro digital mostra que houve uma
diminuição significativa no tamanho da lesão extrato do grupo G7 para o mesmo grupo de
lesões controle (+69%). Nos demais grupos estudados, apesar da evolução do processo
de cicatrização, não foi encontrada diferença estatisticamente significativa entre as lesões
do controle negativo e extrato de Tropaeolum majus (Tabela 1). Resultados semelhantes a
este foram encontrados em um outro estudo realizado (AMORIM et al., 2006), no qual houve
diferença significativa nas médias de 7 dias verificadas em favor do grupo experimento com
extrato aquoso de Orbignya phalerata comparado com o grupo controle.

Tabela 1. Paquimetria da diferença das medidas inicial e final do diâmetro das lesões controle (CONT) e extrato de
Tropaeolum majus (EXT) nos grupos G7, G14 e G21

7 dias 14 dias 21 dias


ANIMAL
CONT. EXT. CONT. EXT. CONT. EXT.

RATO 1 0,79 2,87 6,34 6,74 5,37 8,32

RATO 2 2,35 2,88 5,95 7,76 7,68 9,01

RATO 3 2,62 2,77 6,63 7,66 8,07 9,51

RATO 4 1,37 2,42 5,93 6,11 6,90 9,32

RATO 5 1,17 3,03 6,30 5,67 10,13 5,40

MÉDIA ± EPM 1,65±0,31 2,79±0,09* 6,23±0,11 6,78±0,36 7,63±0,69 8,31±0,67


* p < 0,05.

O processo de cicatrização tecidual, indispensável para a sobrevivência dos seres


vivos é composto por várias fases (BALBINO et al., 2005). A coagulação, primeira fase do
processo de cicatrização, tem início imediatamente após a lesão e tem como função evitar
a perda excessiva de sangue. Essa fase depende da atividade plaquetária e da cascata
de coagulação. Substâncias vasoativas, proteínas adesivas, fatores de crescimento e pro-
teases são liberadas e participam do desencadeamento de outras fases (MANDELBAUM
et al., 2003). Nenhum animal apresentou hemorragia durante os tratamentos sendo que a
hemostasia no pós-operatório, realizada por compressão digital com gaze, foi o suficiente
para parar o sangramento.
Na segunda fase, conhecida como fase inflamatória, ocorre primeiramente a migra-
ção de neutrófilos dos vasos sanguíneos para a ferida mediada por glicoproteínas como
a selectina. Após, os monócitos se infiltram em respostas a estímulos parecidos aos dos
neutrófilos e se diferenciam em macrófagos. Estes dois tipos celulares (neutrófilos e ma-
crófagos) são os responsáveis por remover partículas estranhas, bactérias e outros tecidos
mortos da ferida. Os macrófagos também são importantes por produzirem uma diversidade
de fatores de crescimento como os EGF e FGF (fatores de crescimento dos fibroblastos)
(ISSAC et al., 2010).

96
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Na análise microscópica, com relação à presença de infiltrados inflamatórios, obser-
vou-se no grupo G7, em ambas as lesões, uma discreta presença destes achados. Nos
demais grupos, a presença de infiltrados inflamatórios foi praticamente insignificante. Como
comprovado em outro estudo (LOURENÇO, 2011), o extrato de Tropaeolum majus tem
ação anti-inflamatória o que pode explicar o número pequeno de infiltrados inflamatórios
nas lesões tratadas com extrato de Tropaeolum majus.

Figura 2. Presença de infiltrados inflamatórios na cicatrização de feridas cutâneas tratadas com extrato de Tropaeolum
majus

(EXT) e gel base (controle - CONT), para os grupos G7, G14, G21.
97
*A soma dos escores de infiltrados inflamatórios foi realizada mediante critério descrito na metodologia.

A fase fibroblástica, terceira fase do processo de cicatrização, é caracterizada pelo


aumento do número de fibroblastos que são as principais células envolvidas na cicatrização
e têm como função manter a integridade do tecido conjuntivo. Os fibroblastos são estimula-
dos a produzir e a depositar componentes da matriz extracelular, acontecimento necessário
para permitir e promover a reepitelização do tecido (PAGNANO et al., 2008). Os fibroblastos
são os principais responsáveis pela produção de colágeno no local da lesão. Para que haja
a eficiência da fibroplasia é necessário que ocorra em paralelo a formação de novos vasos
sanguíneos (BALBINO et al., 2005).
Quanto à presença de fibroblastos, observou-se a mesma evolução em ambas as lesões
no grupo G7. Nos grupos G14 e G21, as lesões controle apresentaram maior proliferação
fibroblástica (Tabela 2) em relação às outras lesões.

97
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Tabela 2. Escores da presença de fibroblastos na cicatrização de feridas cutâneas, tratadas com extrato de Tropaeolum
majus

7 dias 14 dias 21 dias


ESCORES
CONT. EXT. CONT. EXT. CONT. EXT.

0 (0=ausente) 0 0 0 0 0 0

+ (1=discreto) 2 2 0 2 1 2

++ (2=moderado) 3 3 5 3 4 3

+++ (3=acentuado) 0 0 0 0 0 0

Total 5 5 5 5 5 5

A angiogênese, quarta fase do processo de cicatrização, é essencial para o suprimento


de oxigênio e nutrientes para o novo tecido que está se formando (MANDEBAUM et al.,
2003). Com relação à angiogênese, o presente estudo mostrou que a formação de neovasos
nas lesões extrato de Tropaeolum majus no grupo G7 variou entre moderado e acentuado
sendo que o mesmo aconteceu com o grupo G14; já no grupo G21 estes achados variaram
de discreto a moderado. Nas lesões controle, no grupo G7, os achados variaram de discre-
to a ausente, no grupo G14 de discreto a acentuado e no grupo G21 estes achados foram
considerados discretos (Tabela 3). Estes resultados mostram uma maior angiogênese nas
lesões tratadas com Tropaeolum majus.

Tabela 3. Escores da presença de neovasos na cicatrização de feridas cutâneas, tratadas com extrato de Tropaeolum
majus (EXT) e gel base (controle negativo - CONT), para os grupos G7, G14 e G21

7 dias 14 dias 21 dias


Escores
CONT. EXT. CONT. EXT. CONT. EXT.

0 (0=ausente) 2 1 0 0 0 0

+ (1=discreto) 3 0 3 1 5 2

++ (2=moderado) 0 2 0 2 0 3

+++ (3=acentuado) 0 2 2 2 0 0

Total 5 5 5 5 5 5

A última fase do processo de cicatrização é a colageneização, fase em que ocorre a


maturação e remodelagem da matriz extracelular. Esta etapa é caracterizada pela grande e
acelerada deposição de colágeno na lesão e é durante este período que a cicatriz adquire
sua máxima resistência tênsil (BALBINOA et al., 2005).
Com relação à colageneização, observou-se uma colageneização acentuada (+++) nas
lesões do extrato de Tropaeolum majus em todos os grupos (G7, G14 e G21); nas lesões
controle, estes achados variaram de discreto a moderado nos grupos avaliados (Tabela
4). Resultados semelhantes foram encontrados em outro estudo realizado (SANTOS et al.,
2006), no qual a análise histológica demonstrou que a colageneização obteve resultado

98
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
significativo no 7º e 14º dias do pós-operatório, com intensificação do processo na lesões
tratadas com extrato de Jatropha gossypiifolia l. comparado ao grupo controle.

Tabela 4. Escores da presença de colágeno na cicatrização de feridas cutâneas, segundo a utilização do extrato de
Tropaeolum majus (extrato - EXT) e gel base (controle negativo - CONT), durante o período de sete (grupo G7), quatorze
(grupo G14) e vinte e um dias (grupo G21)

7 dias 14 dias 21 dias


Escores
CONT. EXT. CONT. EXT. CONT. EXT.

0 (0=ausente) 0 0 0 0 0 0

+ (1=discreto) 4 0 0 1 0 0

++ (2=moderado) 1 1 5 2 1 0

+++ (3=acentuado) 0 4 0 2 4 5

Total 5 5 5 5 5 5

Desta forma, a colageneização e a angiogênese foram mais evidentes nas lesões tra-
tadas com Tropaeolum majus em relação às lesões controle, o que sugere que o processo
de cicatrização na presença de extrato hidroetanólico de Tropaeolum majus foi facilitado
pela utilização do referido extrato.

CONCLUSÃO

Os resultados obtidos no presente estudo mostraram que a utilização do extrato hi- 99


droetanólico das folhas de Tropaeolum majus auxiliou no processo de cicatrização tanto no
aspecto macroscópico quanto no aspecto microscópico de avaliação. Novos estudos podem
ser realizados utilizando técnicas diferentes de coloração para comprovar a eficácia da ação
cicatrizante e investigar os mecanismos presentes neste efeito para o desenvolvimento de
um novo fitoterápico.

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Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
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Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
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101
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
06
Efeitos antiproliferativos de
metabólitos secundários isolados de
algas marrons: uma revisão integrativa

Luane Oliveira Araújo


UnB

Jessyca Karoline de Oliveira Silva


UnB

Beatriz Alves de Aguiar


UnB

Julliene Larissa dos Santos Bezerra


UnB

Aline de Queiroz Rodrigues


UnB

Fernanda Paulini
UnB

10.37885/210303915
RESUMO

O ambiente marinho constantemente está sendo explorado na busca por novos compostos
que possam ser atrativos para o campo industrial, especialmente para o desenvolvimento
de novos fármacos que atuem como agentes terapêuticos alternativos. As algas marinhas,
classificadas de acordo com os seus pigmentos, fazem parte desse ambiente e estão se
tornando uma fonte de bioativos que desempenham papéis biológicos importantes, que
podem atuar como agentes terapêuticos alternativos no tratamento de doenças como o
câncer. Os fucanos, os fucoidanos e as fucoxantinas isolados destas algas apresentam
diversas atividades como anticoagulantes, antioxidantes e antiproliferativas. Esta revisão
tem enfoque em moléculas bioativas de algas marrons com potencial antiproliferativo,
desde seu isolamento, composição e estrutura química.

Palavras-chave: Algas Pardas, Antiproliferativos Naturais, Compostos Bioativos, Fucoidanos.

103
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
INTRODUÇÃO

O ambiente marinho apresenta uma ampla diversidade de produtos naturais com


estruturas químicas distintas e potencial elevado para a descoberta de novos compostos
com propriedades farmacológicas e bioatividade, como atividades antibacterianas, antifún-
gicas, antivirais, antitumorais, anti-inflamatórias e antioxidantes (ABDELMOHSEN et al.,
2017). As algas marinhas, inseridas neste ambiente, representam alguns dos recursos bio-
lógicos mais ativos da natureza.
As algas são organismos fotossintetizantes, multicelulares e talófitos, classificadas
conforme a combinação específica de seus pigmentos fotossintéticos, podendo estes ser
clorofila A e B, no caso de algas verdes (Chlorophyceae), β-caroteno e xantofilas, em algas
marrons (Phaeophyceae), ou pigmento ficoeritrina, em vermelhas (Rhodophyceae) (EL-SAID;
EL-SIKAILY, 2013). Produzem metabólitos primários essenciais para sua sobrevivência, e
também metabólitos secundários, que respondem às várias pressões ambientais, auxiliando
as algas a interagirem com o ambiente em diferentes condições (MURPHY et al., 2014).
Após um longo período sendo usadas em produtos industriais e como fonte comple-
mentar da alimentação, por possuírem um grande valor nutricional (KILINÇ et al., 2013), as
algas passaram a ganhar relevância no campo farmacêutico e medicinal. Os terpenoides,
alcaloides, polifenóis, esteroides, pigmentos e polissacarídeos são alguns dos metabólitos
secundários produzidos pelas algas que já tiveram suas atividades antiviral, antiadesiva,
anticoagulante (MAGALHAES et al., 2011), antioxidante (WANG et al., 2019), e citotóxica/
antiproliferativa (ABU-KHUDIR; ISMAIL; DIAB, 2020) estudadas, tanto in vitro quanto in vivo
(ALVES et al., 2018; ROCHA; SECA; PINTO, 2018).
O isolamento ou a descoberta de novas moléculas provenientes destes organismos
podem desempenhar um papel importante como agente terapêutico alternativo para várias
doenças, principalmente contra o câncer, o que foi demonstrado nos experimentos realiza-
dos com espécies de algas marrons Sargassum linearifolium (ABU-KHUDIR; ISMAIL; DIAB,
2020), Dictyota mertensii (FERNANDES-NEGREIROS et al., 2018) e Fucus vesiculosus
(HE et al., 2019).
Assim, devido ao notável potencial das algas marinhas marrons, o objetivo desta revi¬-
são é apresentar um panorama sobre o isolamento, a composição, a estrutura e a atividade
antiproliferativa desses organismos, abordando seus principais metabólitos derivados, na
tentativa de motivar futuras pesquisas acerca destes compostos.

104
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
DESENVOLVIMENTO

Metodologia

A revisão foi realizada a partir de uma pesquisa sistemática da literatura em bases de


dados como: Scielo, SpringerLink, PubMed, Frontier Media, Europe PubMed Central, Google
Scholar e Medline. Para a busca dos artigos, os seguintes descritores foram utiliza¬dos:
“Algae brown”, “Antiproliferative”, “Isolation”, “Phaeophyta and Antineoplastic Agents and
chemistry”, “Fucoxanthin and Xenograft Model Antitumor Assays” e “Fucoidan and Xenograft
Model Antitumor Assays”.
Os critérios de inclusão definidos para a seleção dos artigos foram: artigos publicados na
íntegra que retratavam a temática referente à atividade antiproliferativa e o isolamento de me-
tabólitos secundários de algas marrons, inseridos nos bancos de dados nos últimos 13 anos.

Nomenclatura

O nome dos polissacarídeos sulfatados encontrados em algas marrons sempre esteve


relacionado à sua composição química, devido à existência das classificações de homo e
heterofucanos, a União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC) recomenda que
o termo fucano sulfatado seja utilizado para definir uma molécula que contenha menos de 105
10% de outros monossacarídeos (ROCHA AMORIM et al., 2016), portanto, o termo fucano
para homofucanos que contenham menos de 10% de outros monossacarídeos e o termo
fucoidanos para referenciar os heterofucanos com mais de 10% de outros monossacarídeos.
Assim, por não haver um consenso na literatura sobre qual nomenclatura é correta, esta
revisão seguirá a determinação recomendada pela União Internacional de Química Pura e
Aplicada, IUPAC.

Metabólitos secundários de algas marrons

Fucanos e Fucoidanos

Os fucanos são polissacarídeos sulfatados que possuem uma composição mais sim-
ples, apresentando a α-L-fucose sulfatada como principal componente (FERNANDES-
NEGREIROS et al., 2018; ROCHA AMORIM et al., 2016). Em contrapartida, os fucoidanos
possuem uma composição mais complexa e heterogênea. Além de fucose e sulfato, eles
também contêm outros monossacarídeos como manose, galactose, glicose, xilose e ácidos
urônicos, até grupos acetil e proteínas (REYES et al., 2020; WANG et al., 2019).

105
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Tanto os fucoidanos quanto os fucanos sofrem variações sazonais, a maturidade e
o habitat da alga também estão diretamente relacionados com a produção desses meta-
bólitos (FLETCHER et al., 2017). Além disso, cada alga produz um tipo de polissacarídeo
sulfatado, sendo que algumas delas podem produzir até mais de um (ERMAKOVA et al.,
2011; MAGALHAES et al., 2011). Esses fatores explicam o porquê de serem encontradas
composições tão diversas na literatura e a dificuldade em identificar um metabólito específico.
Esses polissacarídeos sulfatados geralmente possuem peso molecular variado e são
compostos por açúcares ramificados, não apresentam um padrão de sulfatação, podendo
ocorrer a substituição de L-fucopiranose por sulfato nos carbonos C-2, C-4 e, even-tualmen-
te, no C-3 (ALE; MIKKELSEN; MEYER, 2011), apresentam grandes proporções de grupos
hidroxila (-OH), o que os torna compostos hidrofílicos, consequentemente gerando uma
rigidez estrutural, devido às ligações de hidrogênio inter e intracadeia nesses polímeros
(O’SULLIVAN et al., 2010).
Ainda não há um consenso quanto às estruturas desses metabólitos secundários, pois
os modelos estruturais são dependentes das composições, afetados pelas variações entre
as diferentes algas, diferentes partes da planta (FLETCHER et al., 2017), e, principalmente,
pelos diferentes métodos de extração utilizados (BRUHN et al., 2017).

Fucoxantina

Os carotenoides são um grupo de pigmentos naturais encontrados nos cloroplastos


das algas (MIYASHITA; HOSOKAWA, 2017), que incluem duas subclasses principais: os
carotenos, hidrocarbonetos não polares, e as xantofilas. A fucoxantina é uma xantofila en-
contrada frequentemente em algas marrons (D’ORAZIO et al., 2012) e apresenta um grande
potencial antiproliferativo em células cancerígenas (WANG et al., 2012).
A fucoxantina possui a estrutura 3′-acetoxi-5,6-epoxi-3,5′-di-hidroxi-6′7′-didehidro¬-
-5,6,7,8,5′,6′-hexahidro-ββ-caroten-8-on (KUMAR; HOSOKAWA; MIYASHITA, 2013), sendo
essa uma estrutura carotenoide única que inclui uma ligação alênica e um epóxido. Sua
estrutura excepcional contribui para a ação de diferentes atividades farmacológicas, como
atividade antioxidante (MIYASHITA; HOSOKAWA, 2017), antidiabética (MAEDA, 2009),
anti-inflamatória (SU et al., 2019), neuroprotetora (HU et al., 2018) e antitumoral (PÁDUA
et al., 2015; WANG et al., 2019).

Extração de metabólitos secundários

Há uma extensa variedade de métodos utilizados para extração de fucoidanos ou


fucanos. Dentre as metodologias utilizadas, as que se destacam são a extração aquosa
(MHADHEBI et al., 2014), a extração ácida (TERUYA et al., 2007), a extração da parede

106
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
celular (DIAS et al., 2005) e a extração por ação de enzimas proteolíticas (COSTA et al.,
2011). No entanto, apesar do aumento no número de pesquisas relacionadas à atividade
biológica de polissacarídeos sulfatados, extraídos de algas marinhas marrons, ainda não
há um padrão estabelecido na literatura sobre qual a melhor metodologia para o isolamento
e extração desses compostos. Conforme o processo empregado, ao final poderá ocorrer a
obtenção de substâncias com composições, estruturas e pesos moleculares distintos (ALE;
MIKKELSEN; MEYER, 2011). Um exemplo disso é o grau de sulfatação dos fucoidanos
que pode influenciar nas atividades biológicas dessas substâncias (CHO; LEE; YOU, 2010).
A seguir, estão descritas as extrações de metabólitos secundários de algumas espécies
de algas marrons.

Cladosiphon okamuranus

Kimura et al. (2013) extraíram o fucoidano a partir da suspensão da espécie Cladosiphon


okamuranus em solução contendo ácido cítrico, para depois realizar neutralização e centrifu-
-gação. O sobrenadante foi filtrado, concentrado por ultrafiltração e em seguida foi realizada
a secagem. Além desse processo, é possível obter o fucoidano dessa espécie de alga por
meio de organizações comerciais, como a NPO Research Institute of Fucoidan (Japão) e
FCC Horiuchi Co., Ltd. (Japão), por exemplo.
107
Costaria costata, Ecklonia cava e Sargassum horneri

Ermakova et al. (2011) realizaram o isolamento dos fucoidanos destas algas a partir do
método de extração aquosa modificada e da cromatografia de troca iônica. Inicialmente, a
biomassa fresca ou ultracongelada das algas foi tratada com etanol, acetona e clorofórmio.
Quando as folhas das algas estavam secas e em pó foi realizada uma extração em duas
etapas com 0,1 molar (M) de ácido clorídrico (HCl). Os extratos foram combinados, centri-
fugados, dialisados, concentrados e os polissacarídeos obtidos foram então fracionados por
cromatografia de troca iônica, na qual foi realizada a eluição de uma solução de polissaca-
rídeos em gradiente linear de 0 a 2 M de cloreto de sódio (NaCl) em um Macro-prep Coluna
DEAE (Bio-Rad, EUA).

Cystoseira sedoides, Cystoseira compressa, Cystoseira crinita e Sargassum


linearifolium

Um pó fino destas algas, formado após a trituração, foi armazenado em sacos de pa¬pel
filtro para serem selados e macerados com água em temperatura ambiente. A mistura foi

107
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
centrifugada e o sobrenadante filtrado, para só então o macerado ser liofilizado, permitindo a
formação de um extrato bruto aquoso para os estudos subsequentes (MHADHEBI et al., 2014).

Dictyota cervicornis, Dictyota menstrualis, Dictyopteris delicatula, Dictyota mertensii,


Spatoglossum schröederi e Sargassum filipendula.

Os polissacarídeos sulfatados destas algas foram obtidos utilizando uma metodologia


combinatória de proteólise e precipitação de acetona. Resumidamente, as algas foram ar-
mazenadas, secas, moídas e incubadas com acetona. O pó obtido foi suspenso em volumes
de NaCl, com o pH ajustado para 8.0, e para a digestão proteolítica foi usado maxatase.
Depois de uma incubação sob agitação por 24h, a mistura foi filtrada e precipitada com ace-
tona. O precipitado formado foi coletado por centrifugação, seco sob vácuo, ressuspendido
em água destilada e reservado para análises posteriores (COSTA et al., 2010).

Fucus vesiculosus

Os fucoidanos desta alga estão disponíveis na empresa Sigma-Aldrich (St. Louis, MO,
U.S.A.). Resumidamente, para a obtenção dos metabólitos, as lavagens e o centrifugado
foram evaporados por secagem e o extrato escuro obtido foi redissolvido em água. A solução
foi tratada com álcool, então os precipitados foram lavados com álcool ou etér e secos até
formarem um pó. Para o uso posterior, depois de ser obtido, o fucoidano pode ser dissolvido
em solução salina tamponada com fosfato (HYUN et al., 2009).

Laminaria japônica

Go, Hwang e Nam (2009) obtiveram o extrato aquoso de glicoproteínas desta alga ao
mergulhar seus fragmentos em água destilada durante seis horas, em seguida utilizaram a
centrifugação para clarificar o extrato, que passou por uma filtração e adição de etanol. O ex-
trato etanólico foi filtrado e a precipitação das proteínas foi feita com adição de sulfato de
amônio, uma parte desta amostra foi liofilizada e separada por eletroforese em gel, sendo
submetida à coloração ácido periódico-Schiff para determinar a presença da glicoproteína.
Já para a extração de florotaninos desta alga Yang et al. (2010) realizaram a lavagem
das amostras para se obter um homogenato e as pré-trataram com etanol em uma câmara
ultrassônica e microondas, para em seguida realizarem centrifugação e filtração. A separação
e purificação do extrato conduziram à obtenção de quatro frações bioativas A1, A2, B1 e B2.

108
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Undaria pinnatifida

Para se obter o fucoidano desta alga foi usada a combinação entre hidrólise por trip¬-
sina-enzimática e precipitação com álcool (YANG et al., 2013). Segundo Cho et al. (2010),
para conseguir três frações do fucoidano com diferentes pesos moleculares, primeiramente
as amostras foram moídas, peneiradas e armazenadas à -20 °C. Após esse processo, as
amostras secas foram reidratadas e ao extrato sólido aquoso obtido foi incorporado cloreto
de cálcio (CaCl2). Essa mistura foi centrifugada e ao sobrenadante foi adicionado etanol
para em seguida ser realizada a filtração.

Atividade antiproliferativa in vitro

As algas marrons apresentaram resultados positivos em relação aos efeitos antiprolife-


rativos, como os observados em experimentos realizados com os componentes da espécie
Fucus vesiculosus, no qual se verificou que seus componentes extraídos inibiram o número
de células viáveis por meio da apoptose, quando utilizaram células de linhagem de adeno-
carcinoma de cólon humano (HT-29 e HCT-116) (KIM et al., 2010).
Já estudos realizados com células de linhagem de tumor de mama (MCF-7), o fucoida-
no extraído inibiu a proliferação das células de maneira dose-dependente (BANAFA et al.,
2013). Nas linhagens de células leucêmicas HL-60, NB4 e THP-1 o fucoidano teve um forte
109
efeito apoptótico (JIN et al., 2010).
Em relação à espécie Undaria pinnatifida, as células de linhagem de câncer de pulmão
(A549) sofreram ação antiproliferativa com o fucoidano testado (BOO et al., 2011). Enquanto
isso, as células de carcinoma hepatocelular (SMMC-7721) foram induzidas à apoptose por
meio da via mitocondrial mediada por espécies reativas de oxigênio (ROs) (YANG et al.,
2013). Nas células de linhagem de câncer de próstata (PC-3), o fucoidano promoveu a
morte celular por meio de vias de sinalização de apoptose (BOO et al., 2013). Nas células
de adenocarcinoma gástrico (AGS), os fucoidanos brutos e supersulfatados inibiram o seu
crescimento, de maneira dose-dependente (CHO; LEE; YOU, 2010).
A glicoproteína LJGP, isolada da espécie Laminaria japonica, demonstrou efeito an-
ti¬proliferativo em linhagem de células de adenocarcinoma de cólon humano (HT-29), tam-
bém de maneira dose-dependente e por meio de vias apoptóticas (GO; HWANG; NAM,
2009). Ao se utilizar os florataninos extraídos desta alga, em células de carcinoma hepato-
celular (BEL-7402) e leucêmicas (P388), Yang et al. (2010) demonstraram que também foi
possível notar seu potencial antiproliferativo.
Desta maneira, se deve ressaltar que, estudos realizados em uma variedade de cé-
lu¬las, apontaram os efeitos antiproliferativos causados pelos metabólitos extraídos de algas

109
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
marrons. Essa atividade antiproliferativa foi, de maneira geral, dose-dependente e em sua
maioria ocorreu por meios que interferiram nas vias apoptóticas. O Quadro 1 apresenta as
algas marrons e seus metabólitos testados em diferentes linhagens de células encontra¬-
das na literatura”.

Quadro 1. Moléculas de diferentes espécies de algas marrons testadas in vitro que apresentam efeitos antiproliferativos

Espécies Moléculas Células testadas Referências

MCF7, MDA-MB-231, HeLa e


Clasdosiphon novae-caledoniae Fucoidano ZHANG et al., 2011
HT1080

Cystoseira compressa e Cystoseira se-


Extrato aquoso HCT15 e MCF7 MHADHEBI et al., 2014
doides

ABU-KHUDIR; ISMAIL; DIAB,


Cystoseira crinita Extrato MCF-7, HepG2, MIA e PaCa-2
2020

Dictyopteris delicatula Fucano HeLa MAGALHAES et al., 2011

Dictyopteris undulata Extrato SW480 KANG et al., 2014

Dictyota cervicornis e Dictyota mens- Polissacarídeo sulfa-


HeLa COSTA et al., 2010
trualis tado

FERNANDES-NEGREIROS et
Dictyota mertensii Polissacarídeos 3T3, B16F10, RAW 264 e HeLa
al., 2018

Extrato de hexano e OLIVARES-BAÑUELOS et al.,


Egregria menziessi C6 e MIO-M1
metanólico. 2019

S. Filipendula Fucoidano HeLa, PC3 e HepG2 COSTA et al., 2011

ABU-KHUDIR; ISMAIL; DIAB,


Sargassum linearifolium Extrato MCF-7, HepG2, MIA PaCa-2
2020
Sargassum mcclure Fucoidano DLD-1 THINH et al., 2013
Fonte: Elaborada pelos autores

Atividade Antiproliferativa in vivo

Um estudo realizado recentemente mostrou que, o soro de camundongos tratados com


fucoidanos da alga Fucus vesiculosus (com 200 ou 400 mg / kg · peso corporal por dia),
utilizado para investigar sua ação antitumoral em células de tumor de mama (MCF-7) não
apenas inibiu efetivamente a proliferação das células cancerígenas, induzindo apoptose,
como também suprimiu a migração de células tumorais por meio da modulação da expres-
são de E- caderina e MMP-9, proteínas importantes para a transição epitelial-mesenquimal
(HE et al., 2019).
Já o estudo realizado por Ale et al. (2011), comprovou que o efeito antitumoral dos fucoi-
danos, derivados das espécies Fucus vesiculosus e Sargassum sp., parece estar relacionado
com uma modulação do sistema imune, principalmente pelo aumento das células NK (Natural
Killer). Para isso, os autores injetaram em camundongos amostras de fucoidano, via intra-
peritoneal por quatro dias consecutivos. Após esse período, a quantificação da atividade

110
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
das células NK pôde ser realizada a partir do ensaio de liberação de cromo-51 (51Cr) com as
células do baço desses camundongos. Os resultados demonstraram que houve aumento da
atividade das células NK na proporção de efetor/alvo de 100:1 em camundongos tratados
com os fucoidanos das duas espécies em comparação com o controle negativo (solução
salina), concluindo que a atividade antitumoral promovida pelo fucoidano foi baseada no
aumento da atividade das células NK.
O estudo clínico realizado no Royal Hobart Hospital (Hobart, Austrália) por Tocaciu
et al. (2018), teve como objetivo investigar as potenciais interações farmacocinéticas entre
os fucoidanos e as terapias convencionais contra o câncer. Com esse propósito, os auto-
res avaliaram a coadministração de uma cápsula contendo o fucoidano derivado da alga
Undaria pinnatifida, juntamente com duas terapias hormonais (letrozol e tamoxifeno) usadas
em pacientes com câncer de mama. Os resultados demonstraram que o fucoidano foi bem
tolerado e não influenciou as concentrações plasmáticas dos medicamentos padrões. Logo,
não houve toxicidade nem aumento de efeitos adversos.
Kimura et al. (2013) ao estudar o uso potencial do fucoidano obtido da espécie
Cladosiphon okamuranus no tratamento de osteossarcoma, utilizaram duas abordagens
distintas: uma com o fucoidano nativo e a outra com nanopartícula de fucoidano (fucoidano
encapsulado em estrutura lipossômica). Após inoculação de células tumorais de osteossar-
coma (LM8) em camundongos C3H, os animais foram tratados via oral com nanopartículas 111
de fucoidano ou fucoidano nativo. Os autores demonstraram que houve inibição significativa
do crescimento tumoral e de metástases. Além disso, o volume e o peso do tumor foram
mais reduzidos no grupo que recebeu nanopartículas de fucoidano em comparação com o
grupo de camundongos que receberam fucoidano nativo. No entanto, o escore de metásta-
se pulmonar diminuiu com o uso do fucoidano nativo em comparação ao observado com a
nanopartícula de fucoidano.
O ensaio clínico realizado por Ikeguchi et al. (2011) com o objetivo de avaliar a ação
do fucoidano também da espécie Cladosiphon okamuranus na redução dos efeitos adversos
causados pelos quimioterápicos utilizados em pacientes com câncer colorretal avançado
ou recorrente, demonstrou que a dose de 150 mL/dia de líquido contendo 4,05 gramas de
fucoidano, durante 6 meses do tratamento, reduziu a ocorrência de fadiga e prolongou a
du¬ração do tratamento quimioterápico, suprimindo a toxicidade dos medicamentos. Portanto,
os fucoidanos derivados desta alga são alguns dos compostos mais promissores como ad-
juvantes no tratamento contra o câncer.
A fucoxantina foi utilizada em um estudo in vivo, realizado para verificar sua ação
inibitória sobre o sarcoma 180 (S180), em camundongos Kunming. A fucoxantina, que foi
administrada via oral em dosagens diferentes para cada grupo – baixa (25 mg/kg), média (50

111
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
mg/kg) e alta (100 mg/kg) – durante 1 semana, mostrou a capacidade de induzir apoptose
nas células tumorais (WANG et al., 2012). Entretanto, os autores atribuíram a capacidade de
inibição da expressão do receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR), dos transdu-
tores de sinal e ativadores de transcrição (STATs) (importantes para sobrevivência tumoral)
como possível efeito antitumoral e de indução da apoptose realizada pela fucoxantina.
Terasaki et al. (2017) utilizaram um metabólito da fucoxantina, o fucoxantinol, contra
células de câncer colorretal em camundongos. O fucoxantinol foi administrado a 5 mg/kg de
peso corporal por camundongo por meio de sonda estomacal a cada 3-4 dias por 2 semanas,
o grupo controle recebeu a mesma dosagem, porém de óleo de soja. Os autores definiram
o tamanho do tumor e o peso corporal como parâmetros para avaliação. Como resultado,
houve pouca diferença no peso corporal entre os dois grupos, mas o tamanho do tumor do
grupo fucoxantinol demonstrou uma supressão significativa após um período de dez dias,
confirmando assim a ação desse metabólito em comparação com o grupo controle.

CONCLUSÃO

A partir dessa revisão é possível concluir que as extensas atividades biológicas das
algas marinhas marrons, que incluem a ação antiproliferativa, estão relacionadas com os
metabólitos secundários isolados dessas algas. A extração e o isolamento desses compostos
bioativos ainda não possuem um padrão, mas é possível notar que as moléculas encontra-
das por meio de diferentes métodos apresentam atividades antiproliferativas e antitumorais
significativas em diferentes linhagens celulares e, mesmo em menor quantidade, os expe-
rimentos realizados in vivo apresentam resultados promissores.

AGRADECIMENTOS

O grupo do Laboratório de Endocrinofisiologia da Reprodução Animal (LEFRA, UnB)


agradece à Dra. Marisa Rangel (Instituto Butantã), pelo suporte científico.

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117

117
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
07
Fungos endofíticos presentes nas
flohas e flores da Parkia Platycephala
Benth (Fava-de-Bolota), para fins
antimicrobianos

Maria Eduarda de luca João


CEULP

Luis Fernando Albarello Gellen


CEULP

10.37885/210203012
RESUMO

O presente trabalho avalia sobre a presença do potencial antibacteriano produzido por


fungos endofíticos presentes na Parkia platycephala. Os mesmos constituem uma fonte
promissora e pouco explorada de substâncias que podem ter aplicações na medicina,
agricultura e biologia química. Para o andamento da pesquisa realizou-se testes de con-
fronto em placa, sensibilização, disco difusão de metabólitos voláteis. Foram isolados 74
espécimes de endofíticos com características morfológicas macroscópicas diferentes,
dos quais, no teste de confronto em placa os fungos inibiram o crescimento das cepas
de P. aeruginosa (31%), K. pneumoniae (5,4%), S. aureus (4%), S. pyogenes (13,5%)
e E. coli (46%). No teste de Metabólitos Voláteis os espécimes inibiram o crescimento
das cepas de P. aeruginosa (7%), K. pneumoniae (1,3%), S. aureus (1,3%), S. pyogenes
(4%) e E. coli (22%). Do total de espécimes, um foi capaz de inibir todos os microrganis-
mos testados nos testes citados acima. No teste de disco difusão, foi utilizado apenas
o microrganismo que obteve positividade em todos os testes anteriores, onde o mes-
mo não apresentou halo de inibição em nenhuma das concentrações testadas contra
as cepas. Pode-se dizer que existe um alto potencial antimicrobiano, em relação aos
patógenos testados, nos fungos que habitam a Parkia platycephala, porém, devem ser
realizados mais testes para a confirmação desse potencial antimicrobiano encontrado
no presente estudo.

Palavras-chave: Fungos, Endofítico, Antimicrobianos, Bioativos.

119
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
INTRODUÇÃO

Os organismos vivos procuram condições de vida mais favoráveis à sobrevivência,


incluindo maior quantidade de nutrientes, proteção contra espécies predatórias e abrigo,
vencendo as dificuldades do ambiente e adaptando-se a ele, constituindo um fenômeno
muito difundido na natureza e conhecido como simbiose (BORGES, 2008).
Uma parcela dos microrganismos, principalmente bactérias e fungos, habita o interior
das plantas. São os endófitos que colonizam os tecidos sadios de partes aéreas da planta,
em algum tempo do seu ciclo de vida, sem lhe causar danos aparentes (SOUZA et al. , 2004).
Um exemplo bastante comum de simbiose que ocorre na natureza é entre fungos e
plantas. Fungos endofitícos constituem uma fonte promissora e ainda pouco explorada de
novas substâncias potencialmente bioativas, que podem ter aplicações na medicina, agri-
cultura e biologia química (BORGES, 2008).
Existem diversos projetos de pesquisa que tem como objetivo o estudo dos fungos
endofitícos do cerrado. Dentre eles podemos citar os que têm como objetivo a identificação
de gêneros dos fungos e também os quais procuram bioativos que possam ser úteis na
indústria farmacêutica, como por exemplo, o trabalho “Atividade antimicrobiana de fungos
endofíticos isolados de plantas tóxicas da Amazônia: Palicourea longiflora (aubl.) rich e
Strychnos cogens bentham.” (SOUZA, 2004)
De acordo com Bastos et al. (2017) “Neste contexto, destacam-se diversas variedades
de plantas com potencialidades farmacológicas, como a Casearia sylvestris popularmente
conhecida como folha de carnes, guaçatonga, café de mato, café silvestre. É amplamente
distribuído no Brasil e suas espécies se destacam pela aplicação medicinal. Estudos farmaco-
lógicos verificaram nos extratos desta planta atividades antiulcerogênicas, anti-inflamatórias,
antiofídicas e citotóxicas”.
No século passado foi descoberta a Penicilina, um antibiótico produzido a partir do fungo
Penicillium chrysogenum, o qual possui atividade antimicrobiana, e ainda hoje é utilizado
como um antibiótico potente e eficaz contra diversas espécies de bactérias (OLIVEIRA, 2012)
A resistência aos antibióticos é uma preocupação mundial e é uma consequência de
seu uso clínico. Questão essa ainda mais preocupante nos países em desenvolvimento
devido ao frequente e irracional uso dessas drogas (LUJÁN et al. 2011).
Como as bactérias são seres vivos extremamente adaptativos, muitas apresentam
mecanismos de resistência para alguns compostos antimicrobianos como, por exemplo, a
bactéria KPC (Klebsiella pneumoniae produtora de Carbapenemase), a qual é extremamente
resistente á classe dos Carbapenêmicos (DIENSTMANN, 2010).
Pode-se dizer que com o aumento da resistência bacteriana ao decorrer dos anos, a
necessidade da produção de novos antibióticos é de extrema importância, e já que os fungos

120
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
endofítcos constituem uma grande fonte promissora de novos bioativos, nessa pesquisa
utilizamos os endofíticos presentes nas folhas e nas flores da Parkia platycephala como
matéria prima, para o isolamento dos fungos e posteriormente o achado de substâncias
antibacterianas.
A fava de bolota (Parkia pendula), pertence à família leguminosa e mimosoideae, é uma
árvore ornamental pelo aspecto curioso das inflorescências. E no Tocantins é considerada
árvore símbolo do estado segundo a Lei nº 915, de 16 de julho de 1997. (SILVA et al. ,2013).
Este trabalho teve como objetivo identificar fungos endofíticos presentes na Fava de
Bolota, capazes de produzir substâncias que possuem potencial antimicrobiano.

MATERIAIS E MÉTODOS

Coletas, Lavagem e esterilização das amostras

O material botânico foi coletado no município de Palmas-TO. As coletas foram realiza-


das de dois espécimes de plantas distintas, em locais diferentes aos arredores das quadras
901 sul (-10.337642, -48337291) e 1303 sul (-10.267261, -48.336725), afastados da conta-
minação de poluentes e distantes de grandes aglomerações urbanas, sendo processadas
no prazo de no máximo 24 horas, após a coleta. 121
Foram retiradas 10 amostras de folhas e 4 amostras de flores, sendo das folhas, 5
amostras da Planta 1 e 5 amostras da Planta 2. Das flores foram 3 amostras da Planta 1 e
1 amostra da Planta 2. Foram excluídas da coleta, plantas as quais não possuíam aspecto
externo saudável, tais como oxidação externa das folhas, lesões causadas por parasitas,
apodrecimento dos frutos e partes carbonizadas.
As coletas foram registradas no Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético
(SISGEN) e no Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SISBIO). (Anexo I e II)
Em seguida, em câmara asséptica, o material foi imerso em álcool 70% por 1 minuto,
em hipoclorito 3% por 4 minutos e novamente em álcool 70% por 30 segundos, para retirar
o excesso de hipoclorito. Após todo esse processo o material foi limpo em água destilada
estéril (PERERA, 1993).
Após a assepsia, foram cortados pequenos fragmentos das amostras e os mesmos
foram plaqueados em meio de batata, dextrose e ágar (BDA), acrescido de cloranfenicol
(100mg/L). A incubação das amostras semeadas foi realizada entre 25 e 27 ºC durante 7
dias de acordo com metodologia de Silva et al. (2006).
Posteriormente o semeio das amostras das plantas em ágar Batata, observou-
-se o crescimento fúngico, onde os fungos foram repicados em placas individuais com
Agar Batata. As amostras fúngicas foram nomeadas de acordo com a planta, número da

121
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
amostra e numero da colônia crescida daquela amostra. Exemplo: P1F1C1 (Planta1, amos-
tra 1 , colônia 1).
Após o isolamento, foram retirados pequenos discos do micélio fúngico de aproximada-
mente 3 mm de diâmetro, e os mesmos armazenados para em triplicata em eppendorfs de
2 mL, com adição de 0,5 mL de água destilada e 0,5 mL de glicerina também estéril, iden-
tificadas e fechadas hermeticamente com parafilme conforme a metodologia de Castellani
(1939). Segundo Chandrasekaran & Venkatesalu, (2004); Karaman et al., (2003) ; Springfield
et al., (2003), citado por Ostrosky (2008).
Para a realização dos testes, foram utilizadas as cepas bacterianas ATTC de P. aeru-
ginosa (27853), S. aureus (25925), S. pyogenes (19615), E. coli (25922) e K. pneumoniae
(1706). As quais foram cedidas pelo Laboratório Escola do CEULP/ULBRA. Foi utilizado caldo
BHI (brain heart infusion) para enriquecimento e armazenamento das cepas e as mesmas
foram repicadas e utilizadas para o teste diretamente do caldo seguindo o procedimento
feito por Gellen (2014).

Teste de Confronto em Placa

Foram utilizadas placas de Petri (90 mm de diâmetro) contendo 50% de meio nutriente
para desenvolvimento fúngico de batata, dextrose e ágar (BDA), e 50% de meio nutriente
para crescimento bacteriano (Müller Hinton). (GELLEN, 2014)
Em cada placa foi adicionado um disco com aproximadamente 3 mm de diâmetro
micelial e repique da bactéria alvo. A distância entre os microrganismos foi de aproxima-
damente quatro cm entre si. Após a inoculação, as placas foram seladas e incubadas na
temperatura de 28ºC por 10 (dez) dias. Metodologia adaptada a partir do método descrito
por Innocenti, (2002).

Metabólitos Voláteis

O teste de metabólitos voláteis consistiu na sobreposição de tampas de placas de


Petri, contendo meio de crescimento específico em cada uma das placas. Na extremida-
de inferior da placa foi semeado em Ágar batata o fungo endofítico e na parte superior as
cepas de P. aeruginosa, K. pneumoniae, S. aureus, S. pyogenes e E. coli em ágar Müller
Hinton. O controle positivo foi somente a bactéria alvo. Logo em seguida as placas foram ve-
dadas com membrana plástica e incubadas em temperatura de 28ºC por 7 dias. Metodologia
adaptada a partir do descrito por Gellen (2014).

122
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Sensibilização e disco difusão

Nesse teste os repiques de fungos foram cultivados em camadas de meio de cultura,


bactéria e papel filtro, após 24 horas de incubação em ambiente controlado, temperatura
de 37ºC. (GELLEN, 2014)
Após a sensibilização dos espécimes, foi preparado um extrato com álcool 70%, apro-
ximadamente 4,5 g do fungo foram triturados, logo após foram adicionados 10 ml de álcool
70% e armazenados em tubos Falcon. Posteriormente este extrato foi filtrado e diluído em
3 concentrações distintas (0,5 g/L, 1,0 g/L e 1,5 g/L). A preparação do extrato seguiu a me-
todologia adaptada descrita por Lima (2009).
A concentração foi calculada de acordo com a fórmula de Concentração Comum:

Esses extratos fúngicos foram utilizados para a metodologia de disco difusão.


De acordo com Rabanal et al. (2002) e por Karaman et al. (2003) citados por Ostrosky
(2008) a metodologia de disco difusão se baseia em colocar os discos de papel filtro de
aproximadamente1 mm de diâmetro, com a adição de 10 microlitros da solução do extrato
fúngico de diferentes concentrações sobre o meio de cultura sólido previamente inoculado 123
em placas de Petri .A disposição dos discos foi de tal maneira que sua distância até a lateral
da placa foi maior que 15 mm e de modo a não sobrepor as zonas de inibição.
O controle negativo foi o disco de papel filtro com adição de 10 microlitros de água
destilada (Concentração de extrato fúngico de 0 g/L), e o controle positivo utilizou discos de
antibiótico Meropenem, para todas as cepas com exceção da cepa de P. aeruginosa que foi
utilizado discos do antibacteriano Amoxicilina + Ácido clavulânico. Nesse teste foram usados
os espécimes que apresentaram resultados positivos nos testes anteriores. Metodologia
adaptada de Gellen (2014).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram isolados 74 espécimes endofíticos com características morfológicas diferentes.


Deste total, 48 (64%) pertencem à Planta 1, e 26 (36%) pertencentes à Planta 2.
Foram excluídas da análise amostras que, após o repique, apresentaram morfologia
macroscópica idêntica às amostras analisadas da mesma planta. Não houve crescimento
fúngico nas amostras de flor P1L1, P1L2 e P2L1.
A quantidade de fungos isolados das amostras de folha e flor extraídas da P. platyce-
phala foi alta, pois sua taxa de colonização foi de 100%, que em comparação a uma pesquisa

123
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
realizada por Jacynto e Nunez (2013), na qual foram isolados da folha 18 fungos, os quais se
mostraram diferentes macroscopicamente: 6 fungos de C. guianensis e 12 fungos de D. ma-
crophylla onde sua taxa de colonização também foi alta, chegando aos 90%.

Teste de confronto em placa

Dos 74 espécimes testados, 23 (31%) inibiram o crescimento da bactéria P. aerugino-


sa no confronto em placa. 4 (5,4 %) inibiram a bactéria K. pneumoniae, 3 espécimes (4%)
inibiram a bactéria S. aureus, 10 espécimes (13,5%) inibiram a S. pyogenes e 34 espécimes
(46%) inibiram E. coli. (Gráfico 1).
No total do teste de confronto em placa, 7 espécimes inibiram todas as cepas bacterianas
testadas. Foram elas: P1F4C6, P1F2C12, P1F2C11, P1F4C7, P1F1C6, P1F2C10 e P2F4C5.

Gráfico 1. Porcentagem de positividade do teste de confronto em placa.

Considerou-se positivos testes s quais o micélio fúngico sobrepôs as colônias bacte-


rianas.(Imagem 1).

Imagem 1: Teste positivo à esquerda e teste negativo á direita

124
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Em relação com os resultados obtidos por Gellen (2014) que tratou em sua pesquisa
sobre o potencial farmacoindustrial de Trichoderma harzianum para fins farmacoterapêuti-
cos, o mesmo testou cepas de Sthaphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes, E. coli,
Pseudomonas aeruginosa e E. faecalis contra o Trichoderma harzianum no teste de con-
fronto em placa, metabólitos voláteis e Sensibilização e micropoços.
Segundo ele, com o resultado obtido no teste, pode-se fortalecer ainda mais o poten-
cial farmacoterápico do Trichoderma harzianum, da mesma forma na qual podemos ober-
var nos resultados obtidos a partir do teste com os fungos endofíticos em simbiose com a
Parkia platycephala.

Metabólitos Voláteis

Já em relação ao teste de Metabólitos Voláteis, 5 espécimes, aproximadamente 7%


das amostras produziram metabólitos que impossibilitaram o crescimento eficaz da bacté-
ria P. aeruginosa, 16 (22%) foram eficazes contra a E. coli, 1 (1,3%) contra a K. pneumoniae,
1 (1,3%) contra S. aureus e 3 (4%) contra a S. pyogenes. (Gráfico 2).

Gráfico. Porcentagem de positividade do teste metabólitos voláteis

125

Dos 74 espécimes, um foi capaz de inibir todos os microrganismos testados no teste


citado acima. Foi o espécime P1F4C6. Considera-se positivo o teste em que não hou-
ve crescimento das colônias bacterianas nos locais de maior concentração do micélio
fúngico.(Imagem 2).
Em comparação com os resultados obtidos, Carvalho et al. (2007) postulam que mo-
léculas bioativas, presentes em metabólitos de origem microbiana, podem se decompor
em outras moléculas menos ativas ou mesmo inativas, quando submetidas a condições
inadequadas que levem à degradação das moléculas.

125
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Imagem 2. Teste positivo á direita e teste negativo á esquerda.

De acordo com ele, esse fato pode ocasionar baixos índices de inibição do crescimento
bacteriano por metabólitos voláteis produzidos pelo micélio fúngico.

Disco difusão

Já no que se diz respeito ao teste de disco difusão, o microorganismo testado foi o


espécime P1F4C6, que não houve presença de halo de inibição em nenhuma das concen-
trações testadas.

Imagem 3. Disco difusão negativo.

Segundo Bandeira (2017), diversos fatores podem influenciar a negatividade d teste


e como consequência a não formação do halo. Analisando que as substâncias distintas

126
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
apresentam diferentes capacidades de difusão e dissociação, observou-se que algumas
substâncias apresentam dificuldades de difusão e dissociação em ágar. Em sua pesquisa,
afirmam que diversos fatores influenciam nesta técnica como a presença de enzimas bac-
terianas, a composição do meio, a difusão da substância no meio, a densidade do inóculo,
o período de incubação, a temperatura e a estabilidade da substância em uso.
Silveira et al. (2009) relatam que o teste de difusão em ágar tem eficiência para subs-
tâncias que são solúveis em água, possibilitando difusão destas através do meio de cultu-
ra. O peso molecular também pode dificultar a difusão no meio de cultura.
Com a análise dos resultados obtidos, podemos observar que no geral, a cepa bac-
teriana mais sensível aos endofíticos foi a E.coli. Esses resultados fortalecem o potencial
antimicrobiano dos fungos endofíticos presentes na planta estudada, já que este é o primeiro
relato dos mesmos na Parkia platycephala.

CONCLUSÃO

Podemos afirmar que existe um alto potencial antimicrobiano, em relação aos patógenos
testados, nos fungos que habitam a Parkia platycephala, devido aos resultados obtidos por
esta pesquisa. Sugere-se também a realização de mais pesquisas relacionadas aos fungos
que foram extraídos da Parkia platycephala, além de frisar a extrema importância da leitura 127
e interpretação dos testes complementares, já que os resultados obtidos nos indicam um
alto potencial antimicrobiano.

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Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
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128
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
08
Propriedades antioxidantes de
metabólitos secundários de algas
pardas: uma revisão integrativa

Beatriz Alves de Aguiar


UnB

Jessyca Karoline de Oliveira Silva


UnB

Julliene Larissa dos Santos Bezerra


UnB

Luane Oliveira Araújo


UnB

Guilherme Gomes Carvalho


UnB

Aline de Queiroz Rodrigues


UnB

Fernanda Paulini
UnB

10.37885/210303827
RESUMO

As algas marrons são macroalgas que têm sido muito estudadas nas últimas décadas,
devido à extensa atividade biológica de seus extratos, sendo que uma das suas proprie-
dades marcantes é a ação antioxidante. A estrutura e composição de alguns metabólitos
secundários ligados a esta atividade foram elucidados, entretanto, estudos comprovam
que o método de extração pode influenciar na sua bioatividade. Recentemente, a busca
por antioxidantes naturais para a criação de novos medicamentos e/ou apuradores ali-
mentícios vem crescendo substancialmente. Nos últimos anos, muitos compostos dos
extratos de algas pardas tiveram suas atividades testadas in vivo. Assim, esta revisão
resume o progresso da pesquisa sobre a estrutura, os métodos de extração utilizados e
a bioatividade in vivo de compostos antioxidantes de algas marrons.

Palavras- chave: Algas Marrons, Antioxidantes Naturais, Ex tração de Compostos,


Metabólitos Secundários, Bioatividade de Algas.

130
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
INTRODUÇÃO

As algas são organismos eucariotos fotossintetizantes que podem ser encontrados


num amplo espectro de habitats, como em solos úmidos, lagos, rios, neve e, principalmen-
te, em oceanos, sempre com uma enorme importância aos ecossistemas de origem (LEE
et al., 2017). Por serem abundantes e de grande diversidade, as algas são divididas em dois
grupos, conforme sua forma de organização e seu tamanho, sendo eles os das microalgas
e o das macroalgas.
Além desta divisão, as macroalgas também foram subdivididas conforme o principal pig-
mento fotossintético que produzem, sendo classificadas como algas verdes (Chlorophyceae)
as que apresentam clorofila A e B, algas vermelhas (Rhodophyceae) as que produzem ficoe-
ritrina e algas pardas ou marrons (Phaeophyceae) as que produzem o pigmento carotenoide
denominado fucoxantina (EL-SAID; EL-SIKAILY, 2013).
Desde os primórdios a humanidade faz uso das algas marinhas para complementar
sua alimentação, principalmente devido ao seu grande valor nutricional. Após ser observada
a sua utilização com propósito terapêutico, as algas também se provaram de grande rele-
vância para a medicina, tornando fundamentais o estudo da sua composição e potenciais
propriedades farmacológicas (SALEHI et al., 2019).
Dentre as potenciais ações farmacológicas, a característica antioxidante tem sido es- 131
peculada, visto que, para garantir a sua sobrevivência no habitat natural frente aos fatores
abióticos geradores de estresse, como salinidade, exposição ao sol, ao vento e repetidos
ciclos de imersão e emersão aos quais estão sujeitas, as algas apresentariam componentes
e/ou mecanismos antioxidantes que poderiam garantir a sua sobrevivência nessas condições
(IRKIN; YAYINTAŞ, 2018; SEDDEK et al., 2019).
Antioxidantes são compostos que conseguem impedir a formação de substâncias bio-
lógicas e espécies reativas, impedindo assim que ocorra dano químico por estresse oxidati-
vo. O estresse oxidativo age causando uma desregulação no metabolismo celular, fazendo
com que ocorra um desequilíbrio na homeostase e a geração de espécies reativas de oxigênio
(ROS), que por sua vez reagem com outras moléculas, como proteínas e o próprio DNA
(CHANDRASEKARAN; IDELCHIK; MELENDEZ, 2017). Assim, os compostos antioxidantes
têm se mostrado cada vez mais relevantes para a medicina, uma vez que possuem papel
significante em diversas condições degenerativas e doenças comuns ao envelhecimento,
como em doenças neurodegenerativas, condições inflamatórias e doenças cardiovasculares
(CHANDRASEKARAN; IDELCHIK; MELENDEZ, 2017; POWERS et al., 2011).
São inúmeras as substâncias bioativas encontradas em algas marrons que apresentam
ao menos uma dessas propriedades antioxidantes. Algumas, como polissacarídeos variados,
polifenóis específicos de algas marrons (florotaninos) e um tipo peculiar de carotenoide,

131
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
a fucoxantina serão abordadas. A presente revisão tem como objetivo reunir informações
referentes à composição e estrutura química, protocolos de extração e isolamento, assim
como a atividade antioxidante in vivo de metabólitos secundários encontrados em espécies
de algas pardas.

DESENVOLVIMENTO

Metodologia

O estudo foi constituído de uma coleta de dados a partir de fontes secundárias, por
meio de levantamento bibliográfico. Para isso, foi realizada uma busca nas seguintes bases
de dados: PubMed, Google Scholar, Medline, Scielo e Scopus.
Foram utilizados para busca dos artigos os seguintes descritores e suas combinações
nas línguas portuguesa e inglesa: “algas pardas”, “metabólitos secundários”, “agentes an-
tioxidantes de algas marinhas”, “propriedades farmacológicas de algas pardas”.
Os critérios de inclusão definidos para a seleção dos artigos foram: artigos publicados
em português e inglês; artigos na íntegra que retratavam a temática referente à atividade
antioxidante e às propriedades farmacológicas dos metabólitos secundários de algas pardas
e artigos publicados e indexados nos referidos bancos de dados nos últimos 10 anos. A aná-
lise dos estudos selecionados e a síntese dos dados extraídos dos artigos foram realizadas
de maneira descritiva e em ordem cronológica (da extração à atividade biológica in vivo).

Extração e isolamento dos metabólitos secundários

Como abordado previamente, são muitos os fatores que influenciam na composição e


rendimento dos extratos das algas pardas, sendo um deles o método de extração utilizado
(CORSETTO et al., 2020). É possível encontrar na literatura diversos protocolos diferentes
que são aplicados para a extração e isolamento de metabólitos secundários com ação antio-
xidante. Assim, foram selecionados para esta revisão os protocolos de maior repercussão.
No protocolo descrito por Araújo (2018) para a extração de alginato e fucoidano, as algas
das espécies Dictyota menstrualis, foram coletadas no litoral nordeste do Brasil, imediata-
mente secas à 50ºC e subsequentemente trituradas. A matéria triturada foi então suspensa
em cloreto de sódio (NaCl) a 0.1 molar (M) e teve seu pH ajustado para 8.0, com utilização
de hidróxido de sódio (NaOH). Para auxiliar na digestão proteolítica, foi adicionado à mistu-
ra maxatase, uma protease alcalina. Após 24 horas de incubação, à 60ºC, com agitação e
ajuste do pH da solução, foi feita uma filtração.

132
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Ao final da filtração, foi adicionada uma resina de troca iônica ao filtrado e a mistura
final foi novamente agitada por 24 horas, à temperatura ambiente e sob uma camada de
tolueno. A suspensão foi outra vez filtrada e a resina retida pelo filtro foi lavada, primeira-
mente, com água à 50ºC e logo após com NaCl (0.1 M) à temperatura ambiente. Já para a
extração dos polissacarídeos brutos, a lavagem foi feita diretamente com NaCl (3 M). A re-
sina lavada foi adicionada a uma coluna para que ocorresse a eluição dos polissacarídeos
ácidos com concentrações crescentes de NaCl. Foi adicionado metanol às frações e depois
feito o armazenamento no frio por 48 horas. O material que precipitou neste período foi
coletado, centrifugado, lavado com metanol 80% e ressuspendido em água para as análi-
ses (ARAÚJO, 2018).
Outros protocolos semelhantes também foram encontrados, como o reproduzido por
Costa et al. (2011) com Sargassum filipendula, no qual, ao invés da alga triturada ter sido
suspendida em NaCl 0.1 M e digerida proteoliticamente por maxatase, foi utilizado o NaCl de
0.25 M com prozyme, e, após a incubação por 24 horas seguida por filtração, a solução foi
mantida à 4ºC e fracionada por precipitação, a partir da adição de acetona e repouso durante
24 horas. Foi feita então uma centrifugação por 20 minutos e o precipitado, depois de seco
a vácuo, foi ressuspendido em água destilada e levado para análise (COSTA et al., 2011).
Outros autores procederam a extração de maneira idêntica, porém, utilizando diferentes tem-
pos de incubação para o extrato da alga Dictyopteris justii de 18 horas (MELO et al., 2013). 133
Um protocolo que se destacou dos demais, consistiu no preparo por meio de conge-
lamento por imersão direta das amostras de algas em nitrogênio líquido. Neste caso, para
a extração de fato, ocorreu a adição de misturas de solventes orgânicos apolares e/ou se-
mi-polares. Esse método foi testado por Rajauria (2019) com algas das espécies Laminaria
digitata, Laminaria saccharina e Himanthalia elongata, e com quatro diferentes misturas de
solventes, em volumes iguais, sendo hexano e dietil éter; hexano e clorofórmio; dietil éter e
clorofórmio; e hexano, dietil éter e clorofórmio. Após a imersão nos solventes, as amostras
foram filtradas e centrifugadas e o sobrenadante seco e dissolvido no ácido metílico da cro-
matografia líquida de alta eficiência para ser analisado. Toda esta metodologia é realizada
sempre em condições de baixa iluminação, para minimizar a possibilidade de degradação
de compostos antioxidantes pela luz (RAJAURIA, 2019).

Composição e estrutura química dos metabólitos secundários

A composição e estrutura dos metabólitos com ação antioxidante encontrados podem


variar bastante devido a diversos fatores. A seguir, serão abordadas as mais comuns com-
posições e estruturas de compostos bioativos de algas marrons encontradas na literatura.

133
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Polissacarídeos

Os polissacarídeos são conhecidos por suas diversas funções dentro dos organismos,
tais como, reserva energética, manutenção do equilíbrio iônico na célula e prevenção da
desidratação celular. Na maioria das algas marrons, dois tipos de polissacarídeos são es-
pecialmente encontrados. Porém, apesar da grande variação da sua composição química,
ambos os polissacarídeos apresentam L-fucose sulfatada (CAMARA et al., 2011). A nomen-
clatura e classificação dos polissacarídeos de L-fucose sulfatada é apresentada na literatura
de maneira diversa. Por esse motivo, essa revisão adotará a classificação e a nomenclatura
sugerida por Reyes et al. (2020), nas quais os polissacarídeos compostos com até 90% dos
monossacarídeos L-fucose, são denominados fucoidanos e, os com mais de 90% de fucose
em sua composição são nomeados fucanos (REYES et al., 2020).
Além de fucanos e fucoidanos, outros polissacarídeos encontrados em algas pardas,
como a laminarina, o alginato e outros metabólitos secundários, como carotenoides (fuco-
xantina) e polifenóis (florotaninos), também têm sido relatados na literatura com propriedades
antioxidantes (SELLIMI et al., 2018; WANG et al., 2019).

Fucanos e fucoidanos

Fucanos e fucoidanos são polissacarídeos formados de α-L-fucopiranose, sendo agru-


pados desta forma devido a quantidade apresentada desse monossacarídeo. Os fucanos
são compostos majoritariamente de fucose, exibindo somente até 10% de outros açúcares
em sua estrutura, enquanto os fucoidanos são heteropolissacarídeos que apresentam mais
de 10% de outros monossacarídeos que não fucose (REYES et al., 2020).
Tanto os fucanos quanto os fucoidanos são encontrados no interior das células e na
parede celular de algas marrons, que além de fucose, também apresentam outros mo-
nossacarídeos, como galactose, ácido glucurônico, glicose, manose e xilose e às vezes
até proteínas (WANG et al., 2019). A composição química desses compostos demonstrou
variações de acordo com a estação do ano, idade, espécie, método de extração, parte da
alga de onde foi retirado e localização geográfica da alga (BRUHN et al., 2017). A estru-
tura química desses homo e heteropolissacarídeos, assim como a composição, também
apresenta variações. Geralmente, são açúcares ramificados de peso molecular variado
(ALMEIDA, 2014), que não apresentam um padrão regular de sulfatação, podendo ocorrer a
substituição de L-fucopiranose por sulfato nos carbonos C-2, C-4 e, eventualmente, no C-3
(ALE; MIKKELSEN; MEYER, 2011). Os fucanos, assim como os fucoidanos, apresentam
grandes proporções de grupos hidroxila (-OH), o que os torna compostos hidrofílicos e, na
maior parte dos casos, solúveis em água (O’SULLIVAN et al., 2010). Essa característica

134
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
conse¬quentemente faz com que ligações de hidrogênio inter e intracadeia sejam comuns
nesses polímeros, o que gera neles uma certa rigidez estrutural. Portanto, ambos os compos-
tos bioativos possuem grande variabilidade estrutural, sendo observado na literatura que cada
composto extraído possui uma estrutura diferente (AJISAKA; YOKOYAMA; MATSUO, 2016).

Laminarina

A laminarina é o principal polissacarídeo da família dos glucanos presente nas algas


marrons, onde estão localizados no interior dos vacúolos das células, não pertencendo à
parede celular como no caso dos fucanos e fucoidanos (KADAM et al., 2015). Apesar do
seu baixo peso molecular, é composta principalmente de resíduos (1,3) -β-D-glucopiranose
(O’SULLIVAN et al., 2010). Estruturalmente, a laminarina é uma cadeia linear formada por
glucopiranoses ligadas por ligações glicosídicas do tipo β-(1,3) e β-(1,6) e um final redutor
com um resíduo de β-D-glucose (JIN et al., 2014). Essa estrutura varia de acordo com di-
versos fatores, assim como nos fucanos e fucoidanos.

Alginatos

O alginato, ou ácido algínico é, segundo o Food Chemicals Codex (FCC), um “carboi¬-


drato coloidal hidrofílico” encontrado em várias algas marrons. Também conforme descrito 135
pelo FCC, esses são compostos por resíduos de ácidos β-D-manurônico e α-L-gulurônico
na forma de anéis de piranose (NIELSEN et al., 2004), e, diferente dos fucanos, não apre-
sentam sulfato (CONG et al., 2014).

Fucoxantina

Os carotenoides são pigmentos orgânicos encontrados nos cloroplastos de algas mar-


rons e de diatomáceas (MIYASHITA; HOSOKAWA, 2017). A fucoxantina é um exemplo de
xantofila que tem se mostrado com um grande potencial antioxidante na literatura (MIYASHITA
et al., 2020; MIYASHITA; HOSOKAWA, 2017; RAJAURIA; FOLEY; ABU-GHANNAM, 2016).
A fucoxantina (3’-acetoxi-5,6-epoxi-3,5’-diidroxi-6’,7’-dihidro-5,6,7,8,5’,6’- -hexahidro-
-β-carotene-8-ona) é um carotenoide estruturalmente único por exibir uma banda alênica
não encontrada em outros triterpenoides. Além disso, também é composto por um 5,6-mo-
noepóxido, dois grupos hidroxila e um grupo carbonila, que, como um todo, garantem a
este composto diversas atividades biológicas, como por exemplo seu efeito antioxidante
(MIYASHITA; HOSOKAWA, 2017).

135
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Florotaninos

Florotanino é o nome dado aos compostos fenólicos formados de floroglucinol (1,3,5-trihi-


droxibenzeno), encontrados em diversas quantidades em algas marinhas (ZHANG et al.,
2018). Muitos estudos mostram que essa variação no conteúdo está ligada não só a espécie,
mas também ao clima e exposição ao sol em que aquele indivíduo se encontra. Há por-
tanto, diferenças entre espécies análogas em países diversos, ou que estão dispostas em
locais distintos na costa, como em maré alta e em maré baixa, por exemplo (MEKINIĆ
et al., 2019). Os florotaninos são caracterizados por duas ou mais unidades estruturais de
floroglucinol, que são ligadas por meio de ligações covalentes entre carbonos ou ligações
éster (MEKINIĆ et al., 2019). Além disso, esses compostos apresentam variantes estrutu-
rais que podem incluir grupamentos hidroxila ou ligações a outros monômeros (SALMINEN;
KARONEN, 2011). Alguns estudos com relação à estrutura dos florotaninos vêm demons-
trando que sua atividade antioxidante está relacionada aos grupos hidroxila e que mudam de
acordo com a sua quantidade e localização na molécula (AGREGÁN et al., 2017). O Quadro
1 elucida os metabólitos secundários de algas pardas que possuem propriedades antioxi-
dantes já descritas na literatura.

136
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Quadro 1. Substâncias antioxidantes produzidas por algumas espécies de algas pardas.

Substâncias antioxidantes Espécies Referências

Canistrocarpus cervicornis CAMARA et al., 2011


Fucano Fucus evanescens BITTKAU; NEUPANE; ALBAN, 2020
Sargassum filipendula COSTA et al., 2011
Dictyopteris justii MELO et al., 2013
Dictyota menstrualis ARAÚJO, 2018

Dictyosiphon foeniculaceus
BITTKAU; NEUPANE; ALBAN, 2020
Fucus serratus

AJISAKA;YOKOYAMA;MATSUO, 2016
Fucus vesiculosus
BITTKAU; NEUPANE; ALBAN, 2020
BRUHN et al., 2017
Laminaria digitata BITTKAU; NEUPANE; ALBAN, 2020
MORONEY et al., 2015
Fucoidano
BRUHN et al., 2017
Laminaria saccharina
BITTKAU; NEUPANE; ALBAN, 2020
Sargassum filipendula COSTA et al., 2011
Sargassum fulvellum WANG et al., 2019
Sargassum fusiforme JIN et al., 2014
Cladosiphon okamuranus
Kjellmaniella crassifolia
Nemacystus decipiens AJISAKA; YOKOYAMA; MATSUO, 2016
Saccharina cichorioides
Sargassum horneri
Cystoseira barbata SELLIMI et al., 2018
WANG et al., 2019
Laminaria digitata
Laminarina
Laminaria hyperborea
MORONEY et al., 2015
RAJAURIA et al., 2021
137
Sargassum fusiforme JIN et al., 2014
Dictyopteris delicatula FLORENTIN, 2015
Alginatos
Lobophora variegata ALMEIDA, 2014
Ecklonia cava KIM et al., 2014
RAJAURIA; FOLEY; ABU-GHANNAM, 2016
Himanthalia elongata
RAJAURIA, 2019

Laminaria digitata
RAJAURIA, 2019
Fucoxantina Laminaria saccharina

Sargassum horneri AIRANTHI et al., 2011


Turbinaria ornata KELMAN et al., 2012
IWASAKI et al., 2012
Undaria pinnatifida
AIRANTHI et al., 2011
Carpophyllum flexuosum ZHANG et al., 2018
Cystoseira compressa GHEDA et al., 2021
Ecklonia cava KIM et al., 2014
Fucus vesiculosus CORSETTO et al., 2020

Ascophyllum nodosum
Florotaninos Fucus serratus
GAGER et al., 2020
Halidrys siliquosa
Himanthalia elongata

Cystoseira hakodatensis
Sargassum horneri AIRANTHI et al., 2011
Undaria pinnatifida

Fonte: Elaborado pelos autores

137
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Atividade antioxidante in vivo

Como destacado, são muitas as algas que apresentam compostos com propriedades
antioxidantes. Entretanto, muitas dessas substâncias foram apenas testadas in vitro, e há
na literatura, poucos relatos de experimentos in vivo. Contudo, estes estudos existentes
demonstram a importância do aprofundamento no assunto, pois apresentaram grande po-
tencial como fármacos e apuradores alimentícios.
O potencial farmacológico dos metabólitos secundários de algas pardas foi demonstrado
por Iwasaki et al. (2012) que, ao adicionar fucoxantina, extraída de Undaria pinnatifida, na die-
ta de camundongos KK-Ay obesos e diabéticos, observaram uma diminuição significativa nos
níveis de hidroperóxido de lipídio no fígado e no tecido adiposo branco abdominal (IWASAKI
et al., 2012). Além disso, a fucoxantina também diminuiu o nível de glicose encontrada no
sangue dos animais, fato relacionado com a hiperglicemia, que tem sido demonstrada como
induzida pelo estresse oxidativo (ANDRIKOPOULOS, 2010). Porém, esse efeito antioxidante
de eliminação de espécies reativas de oxigênio (ROS) e/ou radicais livres só foi encontrado
em animais diabéticos, não aparecendo em camundongos normais.
Em outro estudo semelhante, mas fazendo uso de extrato com florotaninos e fucoxantina
de Undaria pinnatifida, Sargassum horneri e Cystoseira hakodatensis, também foi observada
uma pequena diminuição lipídica no fígado, a qual foi relacionada principalmente à atividade
antioxidante dos metabólitos de fucoxantina encontrados no órgão (AIRANTHI et al., 2011).
Além de fucoxantina e florotaninos, também foram encontrados estudos in vivo com
fucoidanos, como o estudo realizado por Kim et al. (2014), que extraíram polissacarídeo de
Ecklonia cava e testaram suas atividades antioxidantes contra o estresse oxidativo induzido
por 2,2-azobis (2-amidinopropano) (AAPH) em modelo de zebrafish. Em seus resultados,
Kim et al. (2014) obtiveram uma maior taxa de sobrevivência naqueles indivíduos tratados
com AAPH e extrato de fucoidanos, do que naqueles só tratados com AAPH. O extrato com
o polissacarídeo também mostrou níveis significativamente reduzidos de produção de ROs
e peroxidação lipídica (KIM et al., 2014).
Em um estudo mais recente realizado por Wang et al. (2019) com fucoidano extraído
de Sargassum fulvellum e também tendo sua atividade antioxidante avaliada em zebrafish,
os achados do autor corroboram os de Kim et al. (2014), que sugeriram que a atividade
antioxidante dos metabólitos estava relacionada à presença dos monossacarídeos fucose,
galactose e xilose. Além disso, os resultados deste estudo, assim como os de Kim et al.
(2014), mostraram supressão da produção de ROs e de peroxidação lipídica, bem como da
morte celular em zebrafish tratados com AAPH. Ademais, esse estudo também demons-
trou forte atividade de eliminação de radicais livres por parte do polissacarídeo sulfatado
(WANG et al., 2019).

138
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
De forma diferente, Moroney et al. (2015) adicionaram à dieta de porcos, fucoidano e
laminarina extraídos de Laminaria digitata para avaliar as possíveis contribuições desses
compostos na qualidade da carne. Foi observado que, a resposta antioxidante reduziu a
quantidade de ácidos graxos saturados e a oxidação lipídica no músculo suíno, o que de
fato tornou a carne de melhor qualidade (MORONEY et al., 2015).
Com o objetivo de investigar as atividades antioxidantes e antibacterianas in vivo da
laminarina extraída de Cystoseira barbata, para a formulação de um creme tópico com efeito
cicatrizante de feridas, Sellimi et al., (2018), observaram que o uso da laminarina ajudou
na prevenção de danos por radicais livres em células vivas, o que promoveu uma melhor
cicatrização e regeneração da pele em camundongos (SELLIMI et al., 2018).

CONCLUSÃO

A partir dessa revisão é possível concluir que são diversos os metabólitos secun-
dários com propriedades antioxidantes encontrados em algas pardas, assim como há na
literatura diferenças e semelhanças entre os métodos de extração e isolamento desses
bioativos. É possível também observar o potencial desse grupo de algas e de seus extratos
para as indústrias farmacêutica, alimentícia e cosmética, apesar de mais estudos serem
necessários para se definir a estrutura e o melhor método de extração e isolamento de cada 139
substância, tal como para elucidar o mecanismo de ação, para sua utilização in vivo.

AGRADECIMENTOS

A equipe do Laboratório de Endocrinofisiologia da Reprodução Animal (LEFRA) agra-


dece à Dra. Marisa Rangel (Instituto Butantã), pelo apoio científico.

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142
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
09
Mini-revisão sobre óleos essenciais
utilizados na aromaterapia e sua ação
farmacológica

Eveline Maria de Melo


UNIFRAN

Diego Vinicius Nogueira da Silva


UEMG/PASSOS

João Guilherme Martins


UNIFRAN

Dayana Pereira Veiga


UNIFRAN

Poliana Marques Pereira


UNIFRAN

Roberta Cristina Ribeiro Cruz


UNIFAL-MG

Silvio de Almeida-Junior
UNIFRAN

10.37885/210303835
RESUMO

A aromaterapia é uma técnica natural que utiliza o aroma e as partículas liberadas de


óleos essenciais para estimular partes do cérebro a ajudar a combater patologias e
desconfortos, como por exemplo dores, ansiedade e estresse. O uso de plantas para a
medicina é uma técnica muito utilizada na medicina chinesa e existem relatos desde o
começo da humanidade dessa utilização, porém no Brasil a adesão ao tratamento é baixa
além de existir muitos relatos de intoxicações causados pelo uso errôneo de plantas,
demostrando a necessidade da orientação de um especialista. A aromaterapia é uma
ciência empírica e ainda existem poucas evidências fisiológicas sobre o efeito químico
e biológico que os odores podem causar no corpo, entretanto o mais provável é que os
óleos essenciais se liguem no bulbo olfatório, que posteriormente estimula o sistema
límbico, um do mais primitivos do cérebro, liberando hormônios como a dopamina e a
oxitocina, que estão correlacionados com o sentimento de paz e relaxamento. Para me-
lhor compreensão sobre a utilização dos óleos essencial, o presente trabalho traz uma
revisão sobre a ação farmacológica dos principais óleos essenciais utilizados dentro da
aromaterapia, por meio de uma revisão descritiva de trabalhos científicos publicados em
âmbitos internacionais. As avaliações trazem ação farmacológica, assim como principais
compostos presentes nos óleos e sua toxicidade.

Palavras-chave: Óleos Essenciais, Aromaterapia, Produtos Naturais, Práticas Integrativas


e Complementares, Medicina Popular.

144
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
INTRODUÇÃO

A medicina tradicional sempre recorreu ao uso de drogas como opioides e ansiolíticos


para o tratamento de sintomas que surgem em decorrência a patologias. No entanto, quan-
do medicamentos são usados de maneira exagerada ou errônea podem causar uma serie
de problemas como intoxicação em decorrência a automedicação que consequentemente
pode ocasionar distúrbios como desmaio, fraqueza, convulsão, overdose e morte. No geral,
a automedicação é definida como utilização de remédios sem prescrição medica para uso
próprio ou de terceiros, a automedicação é reconhecida como problema de saúde a nível
mundial (Almeida-Junior et al., 2020; Farrar & Farrar, 2020).
Neste cenário, métodos de tratamento alternativos como as Praticas Integrativas
Complementares (PICs) surgem no ocidente como terapia integrativa e alternativa no trata-
mento de pacientes. As PICs não trabalham somente os sintomas, mas também sua causa,
dentre as PICs uma das principais técnicas utilizadas em todo o globo é a aromaterapia que
em conjunto com outras práticas tem apresentado bons resultados.
A aromaterapia é parte da fitoterapia, reconhecida como pratica complementar a me-
dicina tradicional, nela são utilizados óleos essenciais (OE) aromáticos extraídos de plantas
para o controle de dores e problemas psicológicos como, depressão e ansiedade, apro-
ximadamente são utilizadas cerca de 60 plantas para extração dos OE (Freeman et al., 145
2019). Os OE possuem a capacidade de aumentar o sistema imunológico, realizar desinto-
xicações, rejuvenescimento e também a capacidade de diminuir a percepção a dor.
Os OE são misturas aromáticas, voláteis e também hidrofóbicas, que são extraídos
por meio de destilação a vapor ou prensa mecânica a frio. A Food and Drug Administration
(FDA) dos Estados Unidos é o órgão que regulariza a rotulagem de medicamentos e cos-
méticos que em conjunto com a Comissão de Segurança de Produtos do Consumidores
dos Estados Unidos fiscaliza o uso irracional ou milagroso da aromaterapia (Farrar & Farrar,
2020). Enquanto, no Brasil, a Agencia de Vigilância Sanitária (ANVISA) que realiza a libe-
ração de fitoterápicos para o uso medicinal.
A utilização dos OE se limita a quatro tipos de absorção, a aplicação tópica ou absor-
ção cutânea como massagem e banhos perfumados, absorção por meio de inalação do
aroma, absorção oral e absorção interna como bochechos perfumados (Brito et al., 2013).
Frequentemente os OE são extraídos de pétalas, frutos, raízes, sementes, cascas, flores,
madeiras, rezinas, caules e flores.
A aromaterapia apresenta bons resultados no controle de dor do parto, dor do câncer,
ansiedade, depressão e dores agudas, nos hospitais a técnica deve ser utilizada por pro-
fissionais da Atenção Básica a Saúde que são a primeira via de entrada do paciente para

145
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
os hospitais, as principais instalações que se beneficiam desta técnica é o perioperatório,
cuidados paliativos, pediatria, hospícios e também em ambientes de parto.
A utilização de fitoterápicos data-se desde da criação da humanidade, o texto chinês
escrito em 500 a. C foi citado como um dos manuscritos a escrever sobre o uso da fitotera-
pia. A medicina chinesa é uma das medicinas mais antigas da humanidade, nela a utilização
de fitoterápicos é datada em 2.500 anos a. C, no entanto a utilização de OE começou a se
tornar popular principalmente em países em desenvolvimento (Firmo et al., 2012).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1978 aconselhou países em desenvol-
vimento a estudarem e utilizarem plantas medicinais para o uso terapêutico, fazendo com
que a fitoterapia deixasse de ser uma ciência empírica e se tornasse uma ciência relacio-
nada a evidencias.
No Brasil a fitoterapia é regularizada pelo decreto 5.813/2006, esta técnica é bem
utilizada no Sistema Unido de Saúde (SUS) e também em clinicas particulares espalhadas
por todas regiões (Brasil, 2016). Com o grande aumento em casos de utilização das plantas
foi necessário a criação do Programa Nacional de Informações sobre Plantas Toxicas que
documenta e controla casos de intoxicação por plantas.
Dados retirados do Sistema Nacional de Informações Tóxico- Farmacológico demons-
tram que no ano de 2012 – 2016 foram notificados em média de 1323 caso de intoxicação no
Brasil, para piorar o cenário uma pequena parcela de casos, cerca de 30 casos utilizaram-se
das plantas medicinais para a realização de abordo e suicídio, isso demonstra que a utilização
das plantas é perigosa se não forem usadas de maneira correta com ajuda de um especia-
lista. Na maioria dos casos a faixa etária de intoxicação varia de 1-9 anos idade ideal que
a criança desenvolve seus sentidos e começa a explorar (J. P. da S. Teixeira et al., 2020).
Frente ao relatava e visto na literatura, o presente estudo visa demonstrar efeitos far-
macológicos que os óleos essenciais oferecem através da literatura.

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão sistemática da literatura, cujo protocolo está registrado na


base International Prospective Register of Systematic Reviews (PROSPERO), sob o número
CRD42020212971. Como metodologia foi utilizado PRISMA (Preferred Reporting Items for
Systematic Reviews and Meta-Analyses) (Moher et al., 2009).
Para identificar os artigos acerca do assunto, realizou-se busca no Pubmed, de novem-
bro de 2020 a fevereiro de 2021, com a seguinte estratégia de busca: pelo nome do óleo
essencial, pelo nome popular da planta. Somente foram utilizados termos em inglês com
período de busca de 2000 a 2020, com assunto relacionado a óleos essenciais e atividade

146
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
biológica ou descritiva quanto ao perfil fitoquímico e etnobotânico. Buscas manuais foram
feitas nas referências bibliográficas dos artigos encontrados.
A análise dos estudos encontrados foi feita de forma descritiva e realizada em duas
etapas. A primeira incluiu: ano, autoria, tipo de estudo enquanto a segunda etapa foi avaliada
o resultado e desfecho dos ensaios (in vitro e in vivo).

RESULTADOS

Foram selecionadas por oportunidade, 9 tipos de óleos essenciais utilizados dentro da


aromaterapia para identificar quais as propriedades presentes apresentadas no quadro 1.

Quadro 1.Plantas utilizadas para fabricação de óleos essenciais com denominação cientifica e o uso dentro da medicina
tradicional.

OE Nome Cientifico Uso na Medicina Tradicional


Analgésico, dores de cabeça, má circulação, doenças inflamatórias (Labib et al.,
Alecrim Rosmarinus officinalis L.
2019; Rašković et al., 2014)
Anis estrelado Illicium verum Cólica, doenças inflamatórias e de pele (Kim et al., 2009; Park et al., 2015)
Anti-helmíntico, diurético, estimulante, antisséptico, carminativo, antifúngico e
Cedro Juniperus virginiana
para cicatrização de feridas (Tumen et al., 2013)
Citronela Cymbopogon winterianus Repelente de insetos (Cerceau et al., 2020)
Tratamento de infecções de pele e do trato urinário, doenças respiratórias, reu-
Copaíba Copaifera reticulata
147
matismo, úlcera e tumores (Pfeifer Barbosa et al., 2019)
Convulsões, ansiedade, insônia e no tratamento de distúrbios neurológicos
Lavanda Lavandula angustifólia
(Vašková et al., 2020)
Inflamação de mucosa, resfriado, doenças gastrointestinais (Mimica-Dukic &
Hortelã Pimenta Mentha piperita, L.
Bozin, 2008)
Patchoulli Pogostemon cablin Reduz tensão, ansiedade e antidepressivo (Karim et al., 2018)
Sálvia Sálvia sclarea Atividade antibacteriana (Cui et al., 2015)

Fonte: dados do autor

A indústria farmacêutica tem apresentado grande interesse na prospecção de molé-


culas ativas presentes em folhas, frutos, sementes, caules e raízes. Para tal, o quadro 2
apresenta comprovações cientificas das atividades presentes nas plantas utilizadas para
extração de óleos essenciais.

147
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Quadro 2.Atividade biológica das plantas selecionadas frente a comprovação cientifica descrita na literatura.

OE Evidencias científicas
Hepatoprotetor, anti-inflamatório, cicatrizante e antimicrobiano (Labib et al., 2019; Rašković et al.,
Alecrim
2014; Wang et al., 2012)
Antifúngico, ansiolítico, anti-inflamatório e ansiolítico (Huang et al., 2010; Kim et al., 2009; Miyagawa
Anis estrelado
et al., 2014; Pandiyan et al., 2019)
Cedro Ansiolítico e Anti-inflamatório (Tumen et al., 2013; Zhang & Yao, 2018)
Antimicrobiano, anti-esquistossomose, larvicida e analgésico (de Santana et al., 2013; Rodrigues et
Citronela
al., 2013; Staudt et al., 2020)
Antimicrobiano, antiparasitário, anti-inflamatório e ansiolítico (Barbosa et al., 2018; Curio et al., 2009;
Copaíba
de Albuquerque et al., 2017; Pfeifer Barbosa et al., 2019)
Antimicrobiana, antioxidante, auxilio no combate de psoríase e perda de memória (Lai et al., 2020;
Lavanda
Manganiello-Terra et al., 2020; Rai et al., 2020; Sara et al., 2020).
Antimicrobiana, antiparasitária, antiemético (Fearrington et al., 2019; Navab Safa et al., 2020; Tullio
Hortelã Pimenta
et al., 2019; Dos Anjos & Isaac, 2020).
Antimicrobiano, anti-inflamatório e larvicida (Silva-Filho et al., 2016; Farisa Banu et al., 2018; Lima
Patchoulli
Santos et al., 2019)
Antimicrobiana, antioxidante e repelente de insetos (Kayedi et al., 2014; Yuce et al., 2014; Chovanová
Sálvia
et al., 2016; Kumar Singh et al., 2019)

Fonte: dados do autor

A ação biológica presente nas plantas advém de compostos específicos, como de-
monstrado no quadro 3. O potencial farmacológico ou ainda, efeito adverso e toxicológico
são apresentados a partir do consumo destes compostos, metabolitos secundários ou ainda
sinergismo com outras plantas ou até mesmo medicamentos alopáticos.

Quadro 3. Composição química dos espécimes vegetais selecionados para o estudo frente a comprovação cientifica
descrita na literatura.

OE Parte da planta Compostos


α-pineno (Wang et al., 2012)
Folhas (da Silva Bomfim et
Alecrim eucaliptol (Wang et al., 2012)
al., 2015)
canfora (da Silva Bomfim et al., 2020)
trans-anetol (Pandiyan et al., 2019)
Anis estrelado Folhas (Ahn et al., 2020)
limoneno (Kim et al., 2009)
α-cedreno (Zhang & Yao, 2018)
Madeira (Tumen et al.,
Cedro cedrol (Zhang & Yao, 2018)
2013)
cis-thujopseno (Zhang & Yao, 2018)
Citronelal (Rodrigues et al., 2013)
Folhas (Manh
Citronela Geraniol (Rodrigues et al., 2013)
et al., 2020)
Citronelol (Rodrigues et al., 2013)
β-cariofileno (Ames-Sibin et al., 2018)
Óleorresina (F. B.
Copaíba α-humuleno (de Albuquerque et al., 2017)
Teixeira et al., 2017)
α-copaeno (de Albuquerque et al., 2017)
acetato de linalila (Dong et al., 2020)
Folhas e Flores (Lane et al.,
Lavanda linalool (Dong et al., 2020)
2010)
canfora (Dong et al., 2020)
Mentol (Pavlić et al., 2020)
Folhas (Diniz do Nascimen-
Hortelã Pimenta Mentona (Pavlić et al., 2020)
to et al., 2020)
neo-mentol (Pavlić et al., 2020)
Patchoulol (Lima Santos et al., 2019)
Patchoulli Folhas (Ito et al., 2016) α-bulneseno (Lima Santos et al., 2019)
α-guaieno (Hasegawa et al., 2017)
Acetato linalila (Kumar Singh et al., 2019)
Sálvia Folhas (Cui et al., 2015) linalool (Kumar Singh et al., 2019)
β-cariofileno (Yuce et al., 2014)

Fonte: dados do autor

148
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Sempre importante que seja avaliado o potencial toxicológico dos óleos essenciais visto
que podem ser deletérios ao organismo. Tais dados podem ser encontrados no quadro 4.

Quadro 4. Ensaios toxicológicos dos óleos essenciais frente a comprovação cientifica descrita na literatura.

Óleo essencial Toxicologia


Alecrim 19,4 mg / mL in vitro (Bogavac et al., 2017)
Anis estrelado > 100 μg / mL in vitro (Park et al., 2015)
Cedro -
Citronela 845.0 μg / mL in vitro (Staudt et al., 2020)
Copaíba -
Lavanda -
Hortelã Pimenta -
Patchoulli 24,25 μg / mL (in vitro) (Lima Santos et al., 2019)
Sálvia -

Fonte: dados do autor

DISCUSSÃO

Compostos químicos específicos das plantas causam ações biológicas diferentes no


SNC, como os OE extraídos do anis estrelado o limoneno é usado na indústria alimentícia
para mascarar cheiro e na medicina como anti-inflamatório, ou seja, o composto químico de
cada planta atua diferentemente no SNC, outro exemplo são os aromas doce como o das
149
plantas Jasmim, Laranja-doce, Hortelã-pimenta que são amplamente utilizadas para diminuir
a dor do parto (Etebu & Nwauzoma, 2014; Balakrishnan, 2015).
A plantas liberam odores que se ligam aos receptores olfativos, estimulando produção
de hormônios e neurotransmissores. O primeiro centro que recebe o odor é o bulbo olfatório
que realiza a primeira sinapse com o Sistema Nervoso Central através do glomérulo que leva
o odor para o sistema límbico, região mais primitiva do cérebro. O sistema límbico é dividido
em amigdala e hipotálamo, nele ocorre o controle das emoções mais primitiva como medo,
dor, prazer entre outros (Barreto & Silva, 2010).
O sistema olfativo permite a sensação de sentir diferentes tipos de odores, ainda não se
sabe ao certo quantos odores o homem consegue sentir, pois a física por trás deste sentido
não é bem estudada, o olfato permite sentir o odor agradável de flores, rastrear predadores,
alimentos, e também libera neurotransmissores que causam uma sensação de bem-estar
(Santos et al., 2014).
Quando o odor chega no sistema límbico excita a produção de neurotransmissores
como a dopamina e hormônio como a oxitocina, que causa relaxamento e paz ao indivíduo
que sente o odor, além disso os odores podem despertar memorias emocionais que causa
paz ao indivíduo, no entanto há pouca evidencia sobre os aspectos fisiológicos que um

149
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
odor pode causar, fazendo com que a aromaterapia seja descriminada e também seja uma
ciência baseada em evidencias.

CONCLUSÃO

As utilizações de óleos essenciais extraídos de plantas demonstram possuir baixa to-


xicidade se administrados de maneira correta e também é possível relatar bons resultados
farmacológicos sobre diversas patologias, tanto quanto sua utilização na forma de preparado
ou na aromaterapia. No entanto, mesmo oferecendo elevados benefícios a saúde a aroma-
terapia ainda não é vista com bons olhos, fazendo com que o campo de pesquisas se torne
escasso justificando assim, esta revisão.

AGRADECIMENTOS

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de


Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001, e conta com
apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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155
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
10
Caenorhabditis elegans, Galleria
mellonella e Drosophila melanogaster
como modelos alternativos para
pesquisa in vivo de plantas medicinais

Raquel Borges de Barros Primo


UFGD

Jacenir Vieira da Silva


UFGD

Larissa P. Mueller
UFGD

Flávio H. S. Araújo
UFGD

Silvia Aparecida Oesterreich


UFGD

10.37885/210303767
RESUMO

Introdução: Diante das questões éticas, invertebrados se mostram modelos alternativos


eficazes para ensaios pré-clínicos in vivo da eficácia de plantas medicinais ou compostos
naturais. Objetivo: Revisar os modelos alternativos para ensaios pré-clínicos in vivo e
suas principais aplicações. Materiais e métodos: Trata-se de uma revisão narrativa
da literatura. O processo de coleta do material foi realizado de forma não sistemática
no período de agosto de 2020 a setembro de 2020. Foram pesquisadas bases de da-
dos, tais como: Medline, Lilacs e Pubmed, bem como busca da literatura referenciada
nos estudos. Ao final, estes estudos foram lidos na íntegra, analisados criticamente e
sumarizados. Resultados e discussão: Caenorhabditis elegans, Galleria mellonella e
Drosophila melanogaster se mostram modelos alternativos na pesquisa científica. Esses
modelos propiciam maior segurança no estabelecimento de novos tratamentos, servindo
como screening inicial de avaliação da eficácia de plantas medicinais e compostos far-
macêuticos na pesquisa pré-clínica. Com a evolução das pesquisas nesses hospedeiros
e descobertas futuras de ferramentas genômicas, eles podem ter o seu espectro de
utilização ampliado na pesquisa como modelos para estudo de doenças diversas com
homologia de genes em humanos.

Palavras-chave: C. Elegans, G. Mellonella, D. Melanogaster, Screening pré-Clínico.

157
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
INTRODUÇÃO

Screenings realizados durante estudos pré-clínicos podem servir de suporte para eficá-
cia de extratos de plantas medicinais ou compostos naturais, verificando seus efeitos farma-
cológicos. Avaliações como toxicologia, dose-dependência, efeitos antimicrobianos, dentre
outras, podem ser ensaiadas em modelos alternativos de pesquisa antes de extrapolá-los
para estudos em animais (CHAMILOS et al., 2006; MacCALLUM et al., 2013; KAVANAGH
& SHEEHAN, 2018).
O Caenorhabditis elegans foi estabelecido em 1963 por Sydney Brener como modelo
para estudo da Biologia Celular e Genética in vivo (STRANGE, 2006; CORSI et al., 2015);
mais tarde, por John Sulston como modelo para estudo da Biologia do Desenvolvimento,
corroborado por Robert Horvitz que elucidou o mecanismo envolvido na apoptose e os me-
canismos imunológicos envolvidos na perda de células para se tornar adulto (SULSTON &
HORVITZ, 1977; SULSTON et al., 1983; ELLIS &
HORVITZ, 1986). A Galleria mellonella, inseto abundante mundialmente e associado a
grandes perdas nas produções de abelhas (KWADHA et al., 2017), foi estabelecido em 1975
como modelo de estudo em pesquisa por Kropinski e Chadwick (1975). Em 1910, Thomas
Morgan identificou o gene White, estabelecendo a teoria cromossômica da herança, pro-
vando que cromossomos são portadores de genes a partir de cruzamentos entre Drosophila
melanogaster, enfatizando o uso desse modelo em diversas áreas de pesquisa.
Diante das questões éticas no uso de animais em pesquisas, esses três invertebra-
dos mostraram-se eficazes como modelos alternativos in vivo. O estudo objetivou revisar
os modelos e suas principais aplicações em ensaios pré-clínicos, promovendo o debate da
temática em meio à racionalização no uso de animais tão somente quando for indispensável
na pesquisa de plantas medicinais.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi baseado em revisão narrativa de literatura. O processo de coleta do ma-


terial foi realizado de forma não sistemática no período de agosto de 2020 a setembro de
2020. Foram realizadas pesquisas nas bases de dados: Medline, Lilacs e Pubmed, bem
como posteriormente os artigos foram analisados criticamente e sumarizados.

158
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Caenorhabditis elegans

São os invertebrados nematoides mais abundantes no mundo, variam de 0,25- 1,2


mm de comprimento, tem 03 fases distintas de vida (ovo, quatro etapas de larvas e adulta),
são transparentes, tem alta taxa de reprodução com ovoposição de aproximadamente 1000
ovos diários e baixo custo de manutenção em pesquisa de interação patógeno-hospedeiro.
Apresentam-se em dois sexos, masculino e hermafrodita, além de conferir a capacidade de
reprodução de progênie geneticamente idêntica com a autofecundação (APFELD & ALPER,
2018; RIDDLE, et al, 1997).
Dentre as inúmeras vantagens desse modelo, destacam-se o fato de ser bastante
estudado, com ampla aplicação em pesquisas e não necessitar de aprovação pelo comitê
de ética (APFELD & ALPER, 2018). Foi o primeiro organismo multicelular a ter o genoma
sequenciado e, como resultado, apresentou 38% de homologia funcional dos genes à hu-
manos. São mantidos em placas de petri com ágar Modified Granada Medium (MGM) e se
alimentam de bactérias como Escherichia coli, podem ser cultivados em grande número, em
espaços pequenos, com baixo custo (BAZOPOULOU & TAVERNARAKIS, 2009). Possuem
ciclo de vida de aproximadamente duas semanas, evoluindo do ovo à fase adulta em cerca 159
de 02 dias e 07 horas; possuem epiderme translúcida, facilitando análises microscópicas
(APFELD & ALPER, 2018). Dentre as facilidades de estudos com esse modelo, destaca-se
o fato de existir um centro de distribuição capaz de gerar mutantes para grupos de pesqui-
sas. Além disso, são congelados em nitrogênio líquido a -80°C e posteriormente reativados
(BAZOPOULOU & TAVERNARAKIS, 2009; APFELD & ALPER, 2018).
Embora esse modelo apresente muitas vantagens, também há limitações. Por exem-
plo, sua anatomia e fisiologia são menos complexas, quando comparadas aos vertebrados
e possuem cerca de 1000 células, incluindo 300 neurônios, impossibilitando estudo de sis-
temas complexos, como sanguíneo, endócrino dentre outros, não sendo possível realizar
analogias entre os organismos (RIDDLE, et al, 1997). Seu tamanho reduzido pode ser um
empecilho de visualização e contagem a olho nu, bem como a predição de concentração
de compostos é dificultada, com bloqueio e inviabilização de absorção destes pela cutícula
(GIACOMOTTO & SÉGALAT, 2010). Apresenta uma fase embrionária de difícil monitoramen-
to e observação; não apresenta mutagênese direcionada, o que impede inclusive a análise
de culturas de células de linhagens específicas, além de estarem sujeitas à contaminação
das placas (GLAVIS-BLOOM et al., 2012).
Esse modelo tem diversas aplicações, embora sejam simples, apresentam estruturas
orgânicas relativamente complexas com processos e sinais moleculares semelhantes aos

159
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
humanos, como na imunologia inata e apoptose, são usados principalmente em triagem de
potenciais compostos antimicrobianos e resposta imunológica (GLAVIS-BLOOM et al., 2012;
APFELD & ALPER, 2018). O estudo da resposta à condição de estresse tem analogia com
humanos (WILLCOX et al., 2008) e, também, podem fornecer pistas no retardamento do
envelhecimento e surgimento de diversas doenças associadas (ALEXANDER et al., 2014).
Seu curto ciclo de vida também favorece o seu estudo em biologia do desenvolvimento.

Galleria mellonella

Apresentam-se em cinco fases de vida, divididas em fase ovo, cinco etapas de fase
larvária, pré-pupa, pupa e mariposa adulto, sendo a sua fase larvária (de 25-35 dias) ideal
para experimentação. Nessa fase, variam de 1,5-2,5cm de comprimento e 150-200mg de
peso (KAVANAGH & FALLON, 2010). Apresenta um ciclo de vida rápido, 6-8 semanas,
tem alta taxa de ovoposição, cerca de 100 ovos/fêmea, dismorfismo sexual (macho e fê-
mea), onde a fêmea possui coloração mais escura e é maior que o macho na fase adulta;
alimentam-se de pólen ou cera de abelha e tem baixo custo de manutenção como modelo
de pesquisa (KWADHA, et al, 2017).
Destaca-se como um modelo vantajoso por não apresentar restrições éticas, contri-
buindo para resultados rápidos e seguros e com baixo custo de manutenção (KAVANAGH &
FALLON, 2010). É de fácil manipulação e manuseio por seu tamanho relativamente maior,
quando comparado a nematoides, e de fácil inoculação através das prolegs, o que permite
inocular quantidade precisa do patógeno ou composto (KAVANAGH & FALLON, 2010).
Mantidos entre 25-37°C temperatura semelhante à humana em processos infecciosos, tam-
bém são facilmente susceptíveis às infecções (MOWLDS & KAVANAGH, 2008; GLAVIS-
BLOOM, et al., 2012). Apresentam melanização análoga à cascata de complemento em
mamíferos, bem como células da resposta imune inata (hemócitos) similar aos neutrófilos e
macrófagos deles (KAVANAGH & SHEEHAN, 2018; SHEEHAN et al., 2018).
Por tratar-se de invertebrados, esse modelo não representa integralmente as informa-
ções biológicas relacionadas aos mamíferos. Seu genoma ainda não foi totalmente sequen-
ciado. Genes causadores de doenças em humanos ainda não foram totalmente identificados
em homologia ao modelo, limitando estudos e geração de mutantes que possam auxiliar em
novas pesquisas. Além disso, os centros de estoque e distribuição em condições ideais de
experimentação ainda são escassos. Entretanto, devem ser utilizados como modelo básico
de triagem em estudos pré-clínicos, preferencialmente antes de experimentação em modelos
mais complexos (MacCALLUM et al., 2013; SHEEHAN et al., 2018).
Como aplicações, são modelos ideais para triagem de toxicidade e eficácia de drogas
anti-fúngicas (MacCALLUM et al., 2013). São também aplicáveis em estudos de virulência

160
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
de micro-organismos, resposta do hospedeiro à infecção, através da análise das alterações
em número de hemócitos, expressão gênica e melanização (SHEEHAN et al., 2018) ou ao
tratamento, farmacocinética e farmacodinâmica de novos fármacos (MacCALLUM et al.,
2013; KAVANAGH & SHEEHAN, 2018).

Drosophila melanogaster

Este modelo é representado por invertebrados mais complexo, comumente conheci-


do como mosca-da-fruta. Possui ciclo de vida curto, alta fecundidade, com ovoposição de
aproximadamente 100 ovos/dia (GLAVIS-BLOOM, et al., 2012).
Dentre as facilidades de pesquisas com esse modelo, destaca-se a dispensa de pa-
receres de comitês de ética em pesquisa com uso de animais, apresentam baixo custo de
manutenção (são cultivadas em pequenos frascos com amido de milho, levedura e açúcar),
o que o torna um modelo eficiente. O seu genoma é totalmente sequenciado, e apresenta
75% de genes relacionados a doenças homólogos em humanos (GLAVIS-BLOOM, et al.,
2012). Há também uma gama de variedade de cepas/linhagens disponíveis capazes de
hiperexpressarem ou reduzir expressão de genes envolvidos em doenças, ampliando sua
utilização nas pesquisas fisiopatológicas. A existência de centros de distribuição e estoque
facilita o acesso as suas diversas ferramentas disponíveis. Apresenta uma resposta imune
161
inata sofisticada e amplamente estudada, com genes e vias semelhantes às de mamíferos
(HOFFMANN, 2003; SEKIYA et al., 2008).
Dentre as desvantagens do modelo experimental, destaca-se a anatomia do cérebro,
sistema cardiovascular e sistema respiratório, que se diferem substancialmente dos humanos.
Concomitantemente, apresenta limitação no estudo de doenças psiquiátricas, possibilitan-
do mais análises farmacológicas e bioquímicas. A manutenção das moscas é constante,
necessitando grande habilidade para manipulação de um grande número de animais num
espaço pequeno. Seu sistema imune é menos complexo e adaptativo do que nos vertebrados,
podendo inclusive apresentar efeitos diferentes de drogas. Apesar disso, suas aplicações
na área de pesquisa científica são de amplo espectro, se estendendo atualmente desde
estudos de neurociências, à imunologia e toxicologia. Tem servido de modelo também nos
estudos com patógenos fúngicos, bem como teste da eficácia de compostos antimicrobianos
(CHAMILOS et al., 2006).
No atual momento em que se discute o uso de animais em pesquisas científicas, os
modelos invertebrados se mostram modelos alternativos e eficientes, garantindo maior se-
gurança no desenvolvimento de novos protótipos e fármacos para o tratamento de diversas
doenças. O uso de invertebrados em fases de uma pesquisa, ou quando o objetivo do estudo
seja a avaliação preliminar acerca dos possíveis efeitos farmacológicos e tóxicos do composto

161
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
ou planta medicinal, racionaliza o uso de animais. Ao estabelecer resultados confiáveis e
seguros, o screening realizado inicialmente redireciona o estudo de plantas medicinais e
compostos naturais para a expansão das pesquisas em mamíferos e humanos somente
quando houver resultados promissores. Descobertas futuras de novas ferramentas genô-
micas nestes modelos também podem ampliar seu espectro de utilização como alternativas
em pesquisas de tratamento de doenças diversas com homologia de genes em humanos.

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162
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
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163
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13992, 2008.

163
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
11
Prospecção fitoquímica para teste
de viabilidade terapêutica de extrato
hidroalcoólico de Sonchus oleraceus
L.

Idelvânia dos Anjos Nonato


UNA

Marlene Isabel Vargas Viloria


UFV

Gabriel Domingos Carvalho


Ifes Campus

Fabrício Luciani Valente


UFV

Joaquín Hernán Patarroyo Salcedo


UFV

Marcelo Barcellos da Rosa


UFSM

Camilo Amaro de Carvalho


UFV

10.37885/210303683
RESUMO

Diante do crescimento de pesquisas farmacológicas de compostos naturais oriundos de


plantas para a terapêutica de várias doenças, torna-se necessária a validação e eficácia
de novos compostos com atividade biológica para tratamento ou prevenção de diversas
enfermidades. O objetivo de trabalho foi realizar uma investigação fitoquímica do extrato
hidroalcoólico de S. oleraceus L. e discutir, a luz dos resultados, a viabilidade terapêutica
desta planta. Para a triagem fitoquímica utilizou-se a cromatografia em fase reversa com
detecção de compostos apolares empregando HPLC-UV, e quantificação de polifenóis
e flavonoides totais pela técnica espectrofotométrica. Verificou-se a presença de com-
postos apolares como: ácido arjúnico, ácido maslínico, ácido betulínico, lupeol, β-amiri-
na, α-amirina, estgmasterol e sitosterol, ambos com atividades biológicas benéficas ao
organismo. O extrato de S. oleraceus L. contém em cada grama 22,83mg de polifenóis
e 7,77mg de flavonoides. Os compostos presentes na espécie S. oleraceus L., assim
como suas atividades biológicas conferem ao extrato eficácia para uso de fins medicinais.

Palavras-chave: Flavonoides, Polifenois, Sonchus Oleraceus L.

165
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
INTRODUÇÃO

O gênero Sonchus pertence à família Asteracea classificadas como liguriformes, sendo


caracterizado por ter o sabor amargo e serem benéficas ao trato gastrointestinal, principal-
mente a mucosa estomacal. Diversas espécies compõem esse gênero e são todas conhe-
cidas popularmente no Brasil como serralha, possuindo características semelhantes entre
si (LIMA, 2009).
As espécies de Sonchus são perenes e caracterizadas como glabras, lactescentes,
eretas, tendo caule num tamanho entre 20 a 150 cm de altura. De forma geral suas folhas
têm formato variável e ao mesmo tempo simples com rosulado basilares ou inseridas ao
longo da haste da planta, podem ser observadas aplexicaules, inteiras ou profundamente
dentadas, pinatipartidas ou pinatilobadas. Possuem inflorescência terminal racemosa e ca-
pítulos com flores hermafroditas de corola ligulada e amarela. Elas também são conhecidas
como ervas daninhas (ARANHA et al., 1982; JORGE e FERRO, 1989).
O gênero Sonchus é composto por aproximadamente 60 espécies e subespécies
distribuídas mundialmente, dentre elas podemos citar: S. acaulis, S. arvensis, S. as-
per, S. bornmuelleri, S. gandogeri, S. canariensis, S. congestus, S. frutcosus, S. hierren-
sis, S. brachyotus, S. oleraceus, S. palmensis, S. tenerrimus, S. maritimus, S. pinnatifi-
dus, S. palustris, S. ustulatus, etc, (Sonchus oleraceus L. 1753).
Sonchus oleraceus L.é uma espécie cosmopolita que faz parte da alimentação humana,
sendo encontrada mais no Norte da África, Europa, América do Norte, América do Sul, Ásia
(AKEPIC, 2010), Austrália e Nova Zelândia (HYATT, 2006; McCARREN e SCOTT, 2013) e,
anualmente cresce no Pacífico Marítimo e região ecogeográfica do interior-boreal do Alasca
(HULTÉN, 1968, AKEPIC, 2010). Em países como Egito ocorre com rotina nos pomares
(ABD ELGAWAD, 2014). No Brasil pode ser encontrada nas regiões Sul e Sudeste durante
todo ano, com um pico maior de produção durante o inverno, principalmente nos campos
agrícolas, hortas e lavouras de café (GOMAA e ABD ELGAWAD, 2012).
Além do benefício nutricional, S. oleraceus é tradicionalmente utilizada na medicina
brasileira por meio de infusão ou decocção, nos tratamentos de afecções estomacais, he-
patites, processos inflamatórios, dores de cabeça e dente, reumatismos, doenças cardio-
vasculares. Em alguns países são usadas também como laxante depurativa, facilitadora da
função hepática e absorção intestinal (VENDRUSCOLO, 2005; AGRA, 2007; VILELA, 2010).
Também, tem sido utilizado como diurética reversor de casos de anemia e em tratamentos
para o controle do vitiligo (FRAGA e TASENDE, 2003). Estudos sugerem que o decocto
leitoso das folhas é considerado antidiarreico, e é usado no uso externo numa tentativa de
curar doenças da pele (LIMA et al., 2009).

166
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Estudos demonstraram que S. oleraceus possui atividade antibacteriana e contêm
frequentemente elevadas quantidades de antioxidantes tais como fenólicos e flavonoides,
ainda investigados, principalmente em envelhecimento celular, como forma de proteção
reduzindo a concentração de radicais livres (ZONG et al., 2015). Outros possíves compo-
nentes como taraxasterol, apigenina 7-glicuronídeo e luteolina sete glicosídeo e alcalóides
também foram detectados na espécie (VILELA et al., 2009; MAWALAGEDERA et al., 2016)
possuem também atividade cicatrizante já descritas em outros trabalhos (NONATO et al.,
2015; NONATO et al., 2018).
Prichoa, (2011) confirmou a ação cicatrizante de S. oleraceus em estudos feitos com
extrato hidroalcoólico de Sonchus oleraceus a 10% na reparação de feridas cutâneas em
ratos. Semelhante a esse resultado, Nonato (2014) mostrou eficácia com extrato hidroal-
coólico de S. oleraceus a 15% também na reparação de feridas cutâneas em ratos. Esse
efeito sugere que ação antioxidante e cicatrizante pode estar relacionada com sua alta
concentração de flavonoides (antocianinas), estes metabólitos são conhecidos por atuarem
como mediadores da inflamação, estimulando a produção de citocinas inflamatórias e fator
de necrose tumoral (LIMA et al., 2009; WANG et al., 2017).
Estudos feitos com plantas do mediterrâneo, sendo elas Cichorium intybus, Sonchus
oleraceus L., Papaver rhoeas, com extrato etanólico, quando comparada com atividade
antioxidante de S.oleraceus com essas plantas, S. oleraceus mostrou-se rica em polifenóis 167
(SCHAFFER et al., 2005); além de apresentarem um alto teor de vitamina A, por terem em
sua composição óleos essenciais, resinas, esteroides, sais minerais e algumas classes de
glicídios (MURADIAN, 2000).
Dessa forma o objetivo deste capítulo foi realizar uma investigação fitoquímica do
extrato hidroalcoólico de S. oleraceus L. e discutir, à luz dos resultados, a viabilidade tera-
pêutica desta planta.

MÉTODO

Obtenção do material Botânico

Espécimes de Sonchus oleraceus L. foram obtidas no comércio olerícola do município


de Viçosa, Minas Gerais, Brasil. As amostras foram identificadas e depositadas por espe-
cialistas do Departamento de Botânica - no herbário do Departamento de Biologia Vegetal
da Universidade Federal de Viçosa – UFV, com o registro de exsicata nº 43.256, havendo
autenticação por comparação com espécies do Horto Botânico da UFV.

167
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Obtenção do extrato hidroalcoólico

As partes aéreas, folhas e o caule, foram selecionados, limpos em água corrente e


secos em estuda a 40°C de ar circulante por três dias para a desidratação completa, sendo
em seguida trituradas em moinho de facas e assim foi calculado seu rendimento em % do pó
do farmacógeno. Seguindo-se a metodologia proposta por Carvalho (2011), os constituintes
(50 g do pó) foram preparados em álcool 80% (v/v), onde a solução final foi 800 mL de álcool
adicionado 200 mL de água destilada, e em seguida submetidos à extração por ultrasom
(Unique® - MaxiClean 1400) durante 60 minutos. A mistura foi filtrada a vácuo para obtenção
máxima da solução, removendo-se a matéria seca. O extrato hidroalcóolico de S. olera-
ceus foi concentrado em um destilador simples com temperatura máxima de 78,4 ºC, para
a retirada de todo solvente alcoólico. Posteriormente o resíduo obtido foi armazenado em
geladeira e o frasco envolto em papel alumínio, protegendo da presença de luz. O extrato
recebeu o nome de “extrato hidroalcoólico de S. oleraceus L.” (EHSO). Em seguida o EHSO
foi submetido ao processo de secagem por liofilização em liofilizador de bancada Terroni,
modelo LC1500 utilizando-se pressão de 10–1 mbar e temperatura de -60 ºC.

Metodologia analítica para compostos apolares empregando HPLC-UV

A planta foi recebida como um pó fino do material de folhas e caule secos. Amostras
secas foram armazenadas em dessecadores sob vácuo à temperatura ambiente até ao
tratamento da amostra. Em seguida procedeu- se a extração assistida por meio de ultras-
som foi realizada em um reator de banho de água termostática (precisão de temperatura
de ± 1.0ºC). A configuração experimental consistiu em um banho ultrassônico USC 1800ª
(Unique®, Brasil, BR) equipado com um transdutor com vibrações longitudinais. A unida-
de ultrasônica teve uma frequência operacional de 40 kHz e uma potência de ultrassom
com classificação máxima de 132W. O transdutor ultrassônico (área de superfície de 282,2
cm2) foi montado no fundo do banho horizontalmente ao longo do comprimento do banho
(SCHMIDT, 2016; SCHMIDT et al., 2018).
Para identificação e quantificação dos compostos apolares foi utilizado o método de-
senvolvido por Schmidt (2015), o qual se utiliza cromatografia em fase reversa com detecção
por ultravioleta (UV-Vis). O sistema cromatográfico Dionex utilizado possui bomba modelo
P680, detector UVD- 170 e injeção manual com alça de 100 µL. A separação cromatográfica
utiliza uma coluna C18 250 mm x 4,6 mm, tamanho de partícula 5µm e pré-coluna de mesma
natureza (Phenomenex). Nesse método cromatográfico, foi realizado à temperatura ambiente
(± 21°C) com eluição isocrática empregado acetonitrila como solvente A, e tetraidrofurano
como solvente B, ambos graus HPLC, nas proporções de 90% A e 10% B. O fluxo empregado

168
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
foi de 0,5 mL.min-1 e os picos foram detectados em 210 nm. Os padrões utilizados foram
preparados em diluição em metanol grau HPLC, sendo estes o Tetraidrofurano: Tedia Brasil
(HPLC) e Acetonitrila: Lichrosolv (HPLC). As amostras foram pesadas 0,5 g e colocadas em
um frasco, no qual 10 mL de acetato de etilo ou clorofórmio foram adicionados e sonicados
durante 30 min a 37ºC. Extração foi realizada três vezes com porções frescas de solvente
nas condições acima citadas. O extrato foi seco com N2 e dissolvido em 10 mL de fase
móvel. Todas as amostras foram diluídas a 2% (m/v) e filtradas por meio de Chromafil Xtra
Filtros PEFT-20/25 da Macherey-Nagel, antes da injeção. Para a construção das curvas de
calibração, sete diferentes soluções mistas foram injetadas em três repetições.
Para análise foram utilizados os seguintes compostos como padrões: ácido arjúnico,
ácido maslínico, ácido betulínico, ácido oleanólico, ácido ursólico, campesterol, eritrodiol,
uvaol, lupeol, β-amirina, α-amirina, estigmasterol, fitol, friedelina, lupeol e sitoesterol.

Quantificação espectrofotométrica de polifenóis totais

O procedimento de quantificação de flavonoides totais foi baseado na técnica espec-


trofotométrica empregando reagente de Folin Ciocalteu. Para a preparação da solução-mãe
do extrato, pesou-se 15 mg do extrato hidroalcóolico liofilizado de S. oleraceus L. acrescen-
tando, em seguida, 20 mL de metanol. A solução foi deixada por 4 min em banho ultrassô-
169
nico. Após este procedimento, o extrato foi filtrado e transferido para um balão volumétrico,
completando-se o volume para 25 mL.

Reação colorimétrica para identificação de polifenóis totais

Em tubo de ensaio, adicionou-se 1 mL da solução mãe, vertendo em seguida, 7,5


mL de água destilada e 0,5 mL do reagente de Folin Ciocalteu. A solução foi agitada ma-
nualmente. Após 3 min, foi adicionado a esta solução 1 mL de Carbonato de Sódio 7,5%,
e agitou-se manualmente. A solução foi deixada em repouso por 60 min e, em seguida, a
absorbância foi lida em aparelho espectrofotômetro na região de 720 nm. Uma leitura em
branco foi realizada, empregando 1 mL de metanol e todos os reagentes utilizados, exceto
o extrato. Todas as análises foram realizadas em triplicata.

Curva de calibração para polifenóis totais

Em um balão volumétrico de 25 mL, uma solução metanólica de ácido gálico de con-


centração correspondente a 0,5 mg/mL foi preparada. Posteriormente, alíquotas de 10, 25,
50, 60, 75, 100 e 150 μL desta solução foram transferidas para um tubo de ensaio. A cada
tubo de ensaio, foi acrescentada 0,5 mL do reagente de Folin Ciocalteu e completado o

169
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
volume com água destilada para 9 mL. A solução foi agitada manualmente. Após 3 min,
foi adicionado a esta solução 1 mL de Carbonato de Sódio 7,5%, e agitou manualmente
novamente. A solução ficou em repouso por 60 min e, em seguida, a absorbância foi lida
em aparelho espectrofotômetro na região de 720 nm. Uma leitura em branco foi realizada,
empregando 1 mL de metanol e todos os reagentes utilizados para o ácido gálico. As aná-
lises foram realizadas em triplicata.

Quantificação espectrofotométrica de flavonoides totais

O procedimento de quantificação de flavonoides totais foi baseado na técnica espec-


trofotométrica empregando reagente de cloreto de alumínio. Para a preparação da solu-
ção-mãe do extrato, pesou-se 100 mg do extrato hidroalcóolico liofilizado de Sonchus ole-
raceus L. acrescentando, em seguida, 20 mL de metanol. A mistura foi deixada em banho
ultrassônico por 5 minutos para completa solubilização do extrato. Após este procedimento, o
extrato foi filtrado e transferido para um balão volumétrico, completando o volume para 25 mL.

Reação colorimétrica para identificação de flavonoides totais

Em tubo de ensaio, adicionou-se uma alíquota de 0,5 mL da solução-mãe e, em se-


guida, 0,5 mL de solução de cloreto de alumínio 2% em metanol. Posteriormente, comple-
tou-se o volume com 2,5 mL de metanol. Após 60 min a absorbância foi lida em aparelho
espectrofotômetro na região de 415 nm. Uma leitura em branco foi realizada, empregando
como reagente AlCl3 2% e metanol. As análises foram realizadas em triplicata.

Curva de calibração para flavonoides totais

Em um balão volumétrico de 25 mL, uma solução de rutina a 5 mg/mL em metanol


foi preparada. Em seguida, alíquotas de 4,0; 9,0; 18,0; 26,0 e 44,0 uL desta solução foram
transferidas para o tubo de ensaio. Para cada tubo de ensaio, foi acrescentado 0,5 mL da
solução de AlCl3 e completado o volume para 3,5 mL com metanol. Para a leitura do bran-
co, foram adicionados 3 mL de metanol e 0,5 mL de AlCl3 2% p/v em metanol. Após exatos
60 minutos em repouso, na ausência de luz, a absorbância foi medida no comprimento
de onda de 415 nm.

Análise dos dados

Para a reação de presença de polifenóis os dados obtidos foram submetidos à análise


de regressão linear, pelo método de mínimos quadrados, sendo calculada a equação da reta
(y = 0,0945x - 0,0481) e o coeficiente de correlação linear (R² = 0,9938). Para a reação de

170
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
presença de flavonoides os dados obtidos foram submetidos à análise da regressão linear
pelo método dos mínimos quadrados, sendo calculada a equação da reta: y = 0,0285x +
0,0189 e o coeficiente de correlação (R2) = 0,9994.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Análise dos compostos apolares empregando HPLC-UV

Dentre os isolados de S. oleraceus L., extraídos por completo, destaca-se a presen-


ça de compostos apolares sendo: ácido arjúnico, ácido maslínico, ácido betulínico, lupeol,
β-amirina, α-amirina, estigmasterol e sitoesterol (Tabela 1).

Tabela 1. Resultados da triagem fitoquímica do extrato de S. oleraceus L. para avaliação de compostos apolares.

Padrão Amostra

Ác. arjúnico +
Ác. maslínico +
Ác. betulínico +
Ác. oleanólico -
Eritrodiol -
Uvaol -
Lupeol + 171
β-amirina +
α-amirina +
Estigmasterol +
Sitosterol +
*HPLC-UV. (+) resultado positivo, (-) resultado negativo.

Estudos químicos feitos com plantas de outras espécies e gêneros mostram que subs-
tâncias tidas como puras, como os triterpenos pentacíclicos; por exemplo, ácido betulínico,
lupeol, tem sua separação considerada como sendo muito difícil. Em contrapartida substân-
cias tidas como misturas (α-amirina, β-amirina), e os esteróides (estigmasterol e β-sitosterol),
encontradas na forma livre e glicosilada, são mais fáceis de se separarem (SILVA; OLIVEIRA
e SILVA, 2010). Por isso a extração no presente estudo foi feita em dois tempos (inicial e
final) a fim de extrair por completo os compostos apolares existentes em S. oleraceus L.
O ácido arjúnico pertence à classe dos compostos dos triterpenos e a sua presença
no extrato confere uma ação antioxidante, antimicrobiano, antibacteriano, neuroprotetor,
antidiabetico, cicatrizante, anticolinesterase, inibe o crescimento de insetos, anti-inflamatorio,
organogels, antiasmatico, cardioprotetor, antifungico, antiplaquetario, antitumor (OLIVEIRA
et al., 2010; GHOSH et al., 2013).
O ácido maslínico, que de acordo com estudos confere uma ação anti HIV (PARRA
et al., 2009) inibe crescimento de insetos (SÁNCHEZ- GONZÁLEZ et al., 2014), anti-fungico,

171
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
anti-diabetico, gastroprotetor, reduz níveis de lipídeos no sangue (SÁNCHEZ-ÁVILA et al.,
2014) e potencial agente antiproliferativo (MARTÍN et al., 2007; CAMPOS et al., 2014).
Sobre o ácido betulínico (triterpenos), há estudos que mostram atividade antiviral, age
contra o crescimento de parasitas, antibacteriano, anti-inflamatorio e inibe o crescimento
de células cancerosas (DOMÍNGUEZ- CARMONA, 2010; DURIC et al., 2013) antimicrobia-
no, antioxidante (WOUTERS et al., 2009) hepatoprotetor (DONFACK et al., 2010) e possui
pontencial anti HIV (PARRA et al., 2009).
O composto lupeol (triterpenos) confere uma ação de protetor a danos na membrana
(MARTELANC et al., 2007), age contra o crescimento de protozoários, anti-inflamatorio,
anti-carcerígeno, cardioprotetor, antimicrobial, hepatoprotetor (KUMARI e KAKKAR, 2012),
antiartritíco, antimutagenico, antioxidante e age contra malária (SALEEM et al., 2008), ini-
bição de cristais de oxalato de cálcio (YAMASHITA et al., 2002), anti-diabetico,protetor da
pele, nefroprotetor (SIDDIQUE et al., 2011).
A β-amirina confere a ação de gastroprotetor, antipruriginoso, hepatoprote-
tor (MARTELANC et al., 2009), inibe a protease para HIV-1 (MA et al., 1999) antii-
nflamatória e analgésica (DIAS et. al., 2011), reduz a sensibilidade a estímulos de dor
(BACKHOUSE et al., 2008b).
A presença da α-amirina confere a função de gastroprotetor, antipruriginoso, hepato-
protetor, antiinflamatório (MARTELANC et al., 2009), antiartrite (DIAS et al., 2011), reduz
sensibilidade a estímulos de dor (BACKHOUSE et al., 2008) inibe a protease para HIV-1
(MA et al., 1999) e antimicrobiano (WOUTERS et al., 2009).
Estudos anteriores realizados por Carvalho e colaboradores (2000) comprovaram a
presença de saponinas e derivados terpênicos e esteroidais em extrato de S. oleraceus,
extraídos com diclorometano, além de açúcares redutores, compostos fenólicos, taninos,
flavonoides e cumarinas. Corroborando com esses resultados Nonato e colaboradores (2015)
confirmaram a presença de taninos, flavonoides, saponinas, antracênicos, alcalóides e
heterosídeos catiônicos em extrato hidroalcóolico mesma planta, segundo metodologia de
Simões et al., 2000.
Estudos anteriores já comprovaram que os flavonoides estão presentes na maioria das
plantas e possuem atividade anticancerígenas, imunológicas e cardioprotetora (SILVA, et al.
2015) além de possuir também atividade cicatrizante relevante estimulando a proliferação
de fibroblastos e produção de colágeno (RIBEIRO, 2012).
Taninos são metabólitos vegetais solúveis em água encontrados em abundância na
natureza e têm a capacidade de precipitar em contato com proteínas (SPENCER, 1988).
Estudos mostram uma intensa atividade antioxidante, efeito antimicrobiano além de proprie-
dade anti-inflamatória (SISTI, 2008; SANTOS, 2002).

172
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
As cumarinas são um grande grupo de derivados de 1,2-benzopironas também bas-
tante encontrado na natureza, e são compostos farmacológicos de grande interesse, pelo
seu amplo espectro de atividades farmacológicas como atividades antioxidantes, efeitos
antiinflamatórios e vasodilatador podendo condicioná-los para o tratamento e/ou prevenção
de doenças cardiovasculares (BORGES, 2005).
As saponinas são substâncias derivadas do metabolismo secundário das plantas e es-
tão diretamente ligadas ao sistema de defesa do organismo, além de função antimicrobiana,
antifúngica e fotoprotetora (CASTEJON, 2011).
Os alcalóides estão presentes nas plantas e tem função antimicrobiana e antioxidante
(MARINHO, 2001). Os antracênicos e heterosídeos são oriundos de algumas plantas e têm
atividades farmacológicas ligadas a vários sistemas, como por exemplo, laxante, além de
função antifúngica e antibacteriana (VENDRUSCOLO, 2005).

Quantificação espectrofotométrica de polifenóis totais e flavonoides totais

O cálculo do teor de polifenóis totais foi realizado com base na curva de calibração
usando padrão de ácido gálico (Figura 1). Já o cálculo para flavonoides foi realizado de
acordo com a curva de calibração usando rutina como padrão, como mostrado na figura 2.

Figura 1. Curva analítica padrão com ácido gálico para quantificação de polifenóis totais. 173

173
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Figura 2. Curva analítica padrão com rutina para quantificação de flavonoides.

O teor encontrado para o extrato de polifenóis totais e flavonoides está descrito na


Tabela 2. Esse resultado está expresso em mg de ácido gálico em cada 1g de extrato seco
para polifenóis totais, e em mg de rutina para 1g de extrato seco para flavonoides.
O ácido gálico é um polifenol, pertencente ao grupo dos galotaninos, e a rutina um
flavonoide (PEDRIALI, 2005; CUSTÓDIO, et al., 2017), e são usados como padrão de quan-
tificação desses compostos, respectivamente.
Verificou-se que cada grama do extrato de S. oleraceus L, contém 22,83 mg de polife-
nóis, e 7,77mg de flavonoides, o que corresponde a 34,03% de flavonoides totais.

Tabela 2. Teor de polifenóis e flavonoides totais em mg/g de extrato de S. oleraceus L. e os respectivos desvios padrões.

Amostra Polifenóis Desvio Padrão Flavonoides Desvio Padrão

S. oleraceus L. 22,82 0,86 7,77 0,29

Denominam-se como polifenóis substâncias bioativas que apresentam múltiplas uni-


dades dos grupos fenol, encontrados nos alimentos de origem vegetal como frutas, plantas
(chás ou fitoterápicos), café, vinho, legumes e leguminosas, e assim atuam como o principal
antioxidante de uma dieta equilibrada (SCALBERT, JOHNSON e SALTMARSH, 2005). A con-
firmação da presença destes compostos nos extratos de S. oleraceus L. conferem aos pro-
dutos atividades biológicas e aplicações comerciais a estes, como pomadas cicatrizantes.
Permitindo inferir um valor agregado a um produto de origem natural e de fácil obtenção,
que poderá em breve estar disponível a população.
A indústria de cosmético está entre os setores da economia que mais cresceram nos
anos de 2017-2018, tendo em média 784 medicamentos e produtos biológicos registrados
(ANVISA, 2017/2018). O desenvolvimento de novos produtos com ação farmacológica com-
provada é importante e necessário, tanto na prevenção como nos tratamentos de doenças
em humanos e animais.

174
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Estudos têm demonstrado que compostos fenólicos possuem atividade biológica, capaz
de inibir a produção de radicais livres e modular uma eficiência enzimática, atuando como
agente anti-inflamatório, antialérgicos e antibióticos, como exemplo miricetina presente
nos brócolis, as antocianinas nas frutas, além das flavanona em frutas cítricas (MANACH,
SCALBERT e MORAND, 2004). Além disso, atuam diretamente nas células cerebrais, como
compostos antioxidante, promovendo proteção e danos degenerativos, que na maioria das
vezes são gerados pelo estresse oxidativo celular (DOVICHI e LAJOLO, 2011), e efeitos
positivos como propriedades anticarcinogênica, antiaterogênica, antitrombótica, antimicro-
biana, analgésica e vasodilatadora (GOTTI et al., 2006). Os compostos fenólicos ou polife-
nóis podem variar de estruturas simples, compostas por um único anel aromático, a taninos
complexos, e comumente estão conjugados a açúcares e ácidos orgânicos (CROZIER et al.,
2009), o que justifica as diversas funções farmacológicas expressas pelos grupos fenólicos.
Os flavonoides são polifenóis mais encontrados nas plantas. Com relação à atividade
farmacológica dos flavonoides, está se define pelas suas características estruturais, prin-
cipalmente por apresentar o composto tricíclico. A maior parte dos flavonoides tem uma
estrutura fundamental com 15 átomos de carbono constituído por dois anéis de benzeno
(A e B), ligados por meio de uma cadeia três carbonos e formam um heterociclo oxigena-
do (anel C) (RODRIGUES, et al., 2015; ZHANG e REDDY, 2018), o que aumentam sua
atividade antioxidante. A atividade antioxidante dos flavonoides pode ser explicada por 175
atuarem como compostos quelantes de metais, eliminadores de radicais livres, no caso o
radical hidroxila, além de neutralizarem outras espécies oxidantes como, por exemplo, o
ânion superóxido (O2–), além de atuarem simultaneamente com outros antioxidantes como
as vitaminas C e E (SANTOS e RODRIGUES, 2017).
Os flavonoides são em geral isentos de efeitos indesejáveis, e suas estruturas são
diferenciadas por posicionamentos e pelos tipos dos açúcares presentes, sendo muitas
vezes utilizados com maior frequência no tratamento de doenças degenerativas (REIS,
2015). No que diz respeito aos compostos orgânicos presentes em S. oleraceus L., estudos já
comprovaram a existência de flavonoides como sendo um dos seus principais componentes
farmacológicos (LIMA, 2009; GOMMA, et al., 2015; NONATO, et al., 2015).
Xia e colaboradores (2010), determinaram o teor total de polifenóis e flavonoides nas
espécies S. oleraceus L., S. arvensis L., S. asper (L.) Hill., S. uliginosus M.B., S. brachyotus
DC. e S. lingianus Shih, e, observaram que a espécie S. arvensis L., apresentou maior teor de
polifenóis com 417,3mg/g–1 e de flavonoides 148,5mg/g–1 no extrato de S. oleraceus L. numa
dose de 1000µg/mL. Corroborando com esses achados, neste trabalho, isolou-se um teor
considerável de flavonoides da espécie S. oleraceus L., no entanto com uma dose de
15mg do extrato.

175
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
CONCLUSÃO

Os resultados dessa triagem fitoquímica permitem concluir que, os compostos presen-


tes no extrato de S. oleraceus L. medicante suas respectivas atividades biológicas correla-
tas, conferem a planta um potencial de eficácia farmacológica no combate a determinadas
doenças, tornando-a um biofármaco de destaque para novos estudos e desenvolvimentos
de produtos fitoterápicos.

AGRADECIMENTOS

Agradecimento à CAPES, FAPEMIG e CNPq pelo apoio financeiro. Ao Departamento


de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade Federal de Viçosa – UFV e ao
Departamento de Química da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM pela contribui-
ção junto as análises.

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180
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
12
Utilização do óleo essencial de TEA
TREE (Melaleuca alternifolia Cheel) em
mulheres com candidíase vulvovaginal:
uma revisão sistemática

Andreia Cristine Scalabrin

Michele Monteiro Sousa

Ana Cristina Castelo Branco Iudice

Ana Julia Silva Costa

Nilton Akio Muto

10.37885/210303597
RESUMO

Há milênios as plantas aromáticas são utilizadas para tratar enfermidades. No Brasil,


uma das principais enfermidades que afetam mulheres é a candidíase. O presente estu-
do tem como objetivo verificar a utilização do O.E. de Tea Tree (Melaleuca alternifólia)
como uma alternativa natural no combate ao fungo Candida albicans em mulheres com
candidíase vulvovaginal. A revisão sistemática foi proposta para agregar evidências clí-
nicas e indicar futuras investigações de implementação das PICS (Práticas Integrativas
e Complementares) no SUS como na rede privada. Foi relatado em artigos e livros que
tratam os sintomas e tratamentos convencionais sobre a CVV e a composição química e
molecular, bem como propriedades terapêuticas e energéticas do O.E. de Tea Tree. Desta
forma, conclui-se que a utilização do referido óleo no tratamento e combate da CVV,
observando as formas de uso adequadas, é uma prática possível de ser implementada
nas redes de saúde pública e privada, visto que há indícios da ação mutagênica de cé-
lulas in vitro pelo uso do fluconazol.

Pa l av r a s - c h ave: Ca n d i día s e Vul vovag ina l, M e la l e u c a A l ter n i fo lia , Fl u c o na zo l,


Efeitos Mutagênicos.

182
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
INTRODUÇÃO

A existência das plantas aromáticas tem registros em diferentes partes do mundo há


mais de 40 mil anos (BALDOUX, 2018). Essa autora descreve detalhes dos registros do
emprego dessas plantas por aborígenes da Austrália para tratar afecções respiratórias com
fumigação que evoluiu para a inalação, bem como a confecção de pastas e unguentos à
base de argila e de folhas de Tea Trea (Melaleuca alternifolia Cheel) para machucados
ou feridas na pele. Ela também traz informações dos povos indianos, chineses, egípcios,
gregos, árabes que deixaram suas contribuições sobre do uso das plantas aromáticas pelo
mundo e, foram os franceses que nomearam o uso dos aromas naturais advindos dessas
plantas como Aromaterapia.
O termo teve sua grande repercussão com o químico René Maurice Gatefossé na déca-
da de 1920 em que ele percebeu os efeitos da cicatrização proeminente dos efeitos do óleo
essencial de lavanda após queimar sua própria mão (MORETTO, BUENO E MORAIS, 2015).
No Brasil, a Aromaterapia faz parte das 29 Práticas Integrativas e Complementares
(PICs) implementadas pelo Ministério da Saúde (MS) em 2018. Sendo uma terapia holís-
tica, que se utiliza das propriedades dos Óleos Essenciais (O.E.) 100% puros, que atuam
no equilíbrio integral do ser, o que vem ao encontro com o que a Organização Mundial da
Saúde (OMS) preconiza como saúde: “um estado de completo bem-estar físico, mental e 183
social e não somente ausência de afecções e enfermidades” (ANS, 2018).
De acordo com o Ministério da Saúde,

As Práticas Integrativas e Complementares (PICS) são tratamentos que utili-


zam recursos terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais, voltados
para prevenir diversas doenças como depressão e hipertensão. Em alguns
casos, também podem ser usadas como tratamentos paliativos em algumas
doenças crônicas [...] Evidências científicas têm mostrado os benefícios do
tratamento integrado entre medicina convencional e práticas integrativas e
complementares. Além disso, há crescente número de profissionais capacita-
dos e habilitados e maior valorização dos conhecimentos tradicionais de onde
se originam grande parte dessas práticas (BRASIL, 2020).

É importante dizer que o conhecimento popular tem trazido grande contribuição para
divulgação do uso de plantas no tratamento de doenças (OLIVEIRA et al, 2011).
Em consonância com esse avanço das PICs, tem aumentado o interesse por medi-
camentos alternativos nas últimas décadas, na maior parte deles proveniente de extratos
naturais, desencadeando busca pela validação do uso desses medicamentos, visto os efeitos
terapêuticos favoráveis in vitro e in vivo  (CARSON et al, 2006). Sendo assim, a Aromaterapia
tem um papel efetivo nos tratamentos funcionando como complemento ou alternativa a
medicamos convencionais.

183
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Desta forma, a possibilidade de comprovar através de revisão sistemática a eficiência
e eficácia do uso da aromaterapia com aplicação do O.E. de Tea Tree (Melaleuca arterni-
folia) em candidíase vulvovaginal traria benefícios à população como alternativa natural de
combate a infecção por Candida albicans e a gestão em saúde com vistas a fomentar a im-
plantação em alguns municípios e implementação em outros das Práticas Complementares
e Integrativas no Pará. Uma vez que as PICs no Pará ainda são bastante insipientes em
grande parte por desconhecimento e insegurança por parte dos gestores em saúde, profis-
sionais e da própria população.
Tendo em vista que a abordagem deste estudo é a ação do fungo Candida albicans
em mulheres e que o alopático mais usado é o fluconazol, que causa mutações genéticas,
é importante informar que o número de infecções clínicas em todo o mundo por Candida
albicans aumentou consideravelmente nos últimos anos, e a incidência de resistência às
terapias antifúngicas tradicionais também está aumentando (LAI et al, 2008). Do mesmo
modo, a toxicidade relacionada a medicamentos e seus efeitos deletérios, interações medi-
camentosas significativas e biodisponibilidade insuficiente dos antifúngicos convencionais,
incentivaram a busca de novas alternativas entre produtos naturais.
Dessa forma, o O.E. de Tea Tree (TTO, em inglês) apresenta propriedades antifúngicas
e tem sido usado comumente para diversos fins terapêuticos: em produtos na odontologia,
principalmente os destinados à redução de placa, gengivite, periodontite e carie dentária
(FILOGÔNIO et al, 2011) e no combate a infecções de Candidíase vulvovaginal (HAMMER
et al, 2004), ambos causadas pelo fungo Candida albicans.
Diante disso, essa revisão sistemática tem como objetivo verificar a utilização do O.E.
de Tea Tree (Melaleuca alternifólia) como uma alternativa natural no combate ao fungo
Candida albicans em mulheres com candidíase vulvovaginal.

CANDIDÍASE VULVOVAGINAL (CVV)

CVV é um distúrbio ocasionado pelo crescimento anormal de fungos do tipo


leveduras na mucosa do trato genital feminino. Trata-se de uma infecção de
vulva e vagina, causada por leveduras comensais que habitam a mucosa vagi-
nal bem como as mucosas digestiva e respiratória. Essas leveduras podem-se
tornar patogênicas quando o sítio de colonização do hospedeiro passa a ser
favorável ao seu desenvolvimento (ÁLVARES et al, 2007, p. 321).

Fungos do gênero  Candida são heterogêneos em suas características morfofun-


cionais, englobando em torno de 200 espécies de leveduras, que vivem normalmente
nos mais diversos nichos corporais, como orofaringe, cavidade bucal, dobras da pele,
secreções brônquicas, vagina, urina e fezes (ÁLVARES et al, 2007). “Cerca de 80% a
90% dos casos são devidos à Candida albicans e de 10% a 20% a outras espécies (C.

184
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
tropicalis, C. glabrata, C. krusei, C. parapsilosis)” (BRASIL, 2015, p. 56). Estes fungos são
habitantes comensais do trato gastrointestinal e geniturinário da espécie humana. A maioria
dos indivíduos desenvolve defesas imunológicas que impedem de sua proliferação e pro-
gressão para o desenvolvimento de candidíase localizada ou disseminada.
Sobre a transmissão, a relação sexual não é a principal forma de transmissão, visto
que esses microrganismos podem fazer parte da flora endógena em até 50% das mulheres
assintomáticas (BRASIL, 2015), o que pede uma investigação criteriosa pelos médicos.
A incidência de CVV varia, indo de aproximadamente 25% na população feminina em
geral a 42% entre mulheres adolescentes (HOLANDA et al, 2007). Estes mesmos autores
discutem que em um estudo comparativo, foi observada uma incidência de 35,5% para as
mulheres sintomáticas e de 15% para as assintomáticas de um grupo controle.
A CVV é um dos diagnósticos mais frequentes em ginecologia, sendo o tipo mais comum
de vaginite aguda nos países tropicais (HOLANDA et al, 2007). Estima-se que a maioria das
mulheres (75%) apresentará ao menos um episódio da infecção no decorrer de sua vida
e 40% terão um segundo episódio sendo que algumas mulheres (3%-5%) apresentarão
candidíase vulvovaginal recorrente, que se caracteriza pela apresentação de pelo menos
quatro episódios em um ano (CARVALHO et al, 2003).
A CVV tem sido considerada um importante problema de saúde pública pelo quantitativo
de mulheres que são acometidas anualmente e por vezes em repetição. É uma patologia 185
que causa grande desconforto, interferindo nas relações sexuais e afetivas e ainda preju-
dicando o desempenho laboral. Neste contexto, verifica-se que o corrimento vaginal é uma
das queixas ginecológicas mais frequentes na Atenção Primária do Estado do Pará e entre
elas encontra-se a CVV causada pelo fungo Candida albicans.
Neste sentido, o Ministério da Saúde descreve os sinais e sintomas da CVV:

Os sinais e sintomas podem se apresentar isolados ou associados, e incluem:


Prurido vulvovaginal (principal sintoma, e de intensidade variável); Disúria; Dis-
pareunia; Corrimento branco, grumoso e com aspecto caseoso (“leite coalha-
do”); Hiperemia; Edema vulvar; Fissuras e maceração da vulva; Placas brancas
ou branco-acinzentadas, recobrindo a vagina e colo uterino. Existem fatores
que predispõem à infecção vaginal por Candida sp., entre os quais podem-se
destacar: Gravidez; Diabetes mellitus (descompensado); Obesidade; Uso de
contraceptivos orais; Uso de antibióticos, corticoides, imunossupressores ou
quimio/radioterapia; Hábitos de higiene e vestuário que aumentem a umidade
e o calor local; Contato com substâncias alergênicas e/ou irritantes (ex.: talcos,
perfumes, sabonetes ou desodorantes íntimos); Alterações na resposta imuno-
lógica (imunodeficiência), incluindo a infecção pelo HIV (BRASIL, 2015, p. 57).

Há diferentes justificativas para o desenvolvimento da CVV. De acordo com Álvares


et al (2007), do ponto de vista do hospedeiro, a colonização prévia por levedura e a posterior

185
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
diminuição da capacidade de resposta imunológica observada em doenças imunossu-
pressoras, diabetes mellitus, gestantes e usuárias crônicas de corticoides parecem favo-
recer a infecção.
Carvalho et al (2003) afirmam que o uso de anticoncepcionais orais, antibióticos e as
várias formas de imunodeficiência podem estar envolvidos no desencadeamento destes
episódios de infecção de repetição. Estes autores complementam ainda que do ponto de
vista imunológico, as mucosas do trato respiratório superior e genital inferior são muito seme-
lhantes, sugerindo a ocorrência de mecanismos similares de reação de hipersensibilidade.
Em algumas situações específicas onde ocorrem deficiências imunológicas, como por
exemplo, o uso crônico de corticosteróides ou pacientes com AIDS, podem proliferar cau-
sando doenças de alta gravidade (BRASIL, 2016).
Além disso, a CVV apresenta uma relação proximal com o processo carcinogênico. O es-
tudo de Souza (2016) caracterizou e relacionou as leveduras do gênero Candida isoladas das
mucosas oral e vaginal de mulheres com lesões causadas por Papilomavírus Humano (HPV)
de alto risco para câncer de colo de útero. Neste sentido, Moss e Blaser (2005) verificaram
que as inflamações recorrentes facilitam a proliferação celular, ajudam no crescimento de
células malignas, liberam citocinas, quimiocinas, radicais livres, entre outros fatores, o que
indica que uma paciente com microbiota anormal podem ocorrer mais alterações celulares
do que em pacientes com microbiota normal. Para Hooper et al (2009), um forte argumento
para o papel carcinogênico de Candida spp é a produção de carcinógenos como a formação
de potentes carcinogenios N-nitrosono- benzilmetilamina (NBMA) e o acetaldeído. Além
disso, as proteinases e mediadores pro-inflamatórios produzidos por Candida spp. também
podem contribuir indiretamente para a carcinogênese, degradando as proteínas da superfície
da membrana e componentes da matriz extracelular (HETTMAN et al, 2016).
E ainda para Kharadi et al (2016) um desequilíbrio entre Candida albicans, fatores de
virulência e defesas do hospedeiro geralmente devido a defeitos no sistema imunológico
fazem com que Candida albicans colonize, penetre e danifique os tecidos hospedeiros. Esses
autores afirmam que a Candida tem capacidade para induzir câncer de boca diretamente
produzindo compostos cancerígenos como nitrosaminas.
No que se refere ao tratamento com o uso de alopáticos, um dos medicamentos con-
vencionais utilizados para Candidíase vulvovaginal é o fluconazol. Esta droga é um composto
mais conhecido entre os triazóis, sendo considerada uma opção habitual no tratamento de
infecções fúngicas sistêmico-específicas (FICA, 2004). Este medicamento tem amplo espec-
tro de ação, incluindo espécies de Candida, Cryptococcus, Histoplasma e Paracoccidioides
(SANTOS JR et al, 2005). O fluconazol é indicado como tratamento via oral tanto nos casos

186
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
de primeira incidência quanto para casos de recorrência e contraindicado durante a gestação
e lactação (BRASIL, 2015).
Os efeitos adversos presentes em alguns pacientes submetidos à terapia com flucona-
zol são náuseas, dor abdominal, vômitos, diarreia, cefaleia e, raramente, hepatotoxicidade,
dermatite esfoliativa, anafilaxia, plaquetopenia e leucopenia (FICA, 2004).
No que se refere ao uso habitual do fluconazol, se torna uma informação preocupante,
já que a Candidíase vulvovaginal e bucal são muito comuns no Brasil, assim como os demais
casos em que o fluconazol é utilizado, principalmente quando estudos verificam os efeitos
mutagênicos e carcinogênicos do Fluconazol. A preocupação acerca dessas implicações
induzidas por fármacos sobre a população humana é cada vez maior.
Neste sentido, no estudo de Silva (2016), as diferentes concentrações testadas do
princípio ativo e da cápsula do Fluconazol demonstraram poder interferir no processo de
proliferação, o qual dispõe de vários alvos moleculares passíveis de sofrer interferência,
como os que envolvem a manutenção da estrutura da molécula de DNA. Não obstante, o
estudo revela que os excipientes do Fluconazol, que são aparentemente inertes, quando
adicionados ao mesmo, induziram maior potencial genotóxico que o princípio ativo per se.
Em relação aos resultados encontrados para o teste com a cápsula do Fluconazol, as
duas maiores concentrações testadas (60 µg/mL e 120 µg/mL) apresentaram um índice de
dano de DNA aproximadamente 1,5 vez maior em relação ao encontrado no controle nega- 187
tivo. Quanto a citotoxidade, os resultados obtidos a partir do ensaio de viabilidade celular em
leucócitos humanos expostos às diferentes concentrações do princípio ativo e da cápsula do
Fluconazol demonstraram que as maiores concentrações testadas da cápsula do Fluconazol
(60-120 μg/mL), reduziram significativamente a viabilidade das células quando comparados
ao controle negativo (p <0,0001).
E para ratificar os efeitos negativos do fluconazol em células temos o estudo de Correa
et al (2018) em células de rim de macaco verde africano (Vero) que foram expostas in vitro a
diferentes concentrações de Fluconazol e foram avaliadas quanto a diferentes parâmetros,
tais como: citotoxicidade (ensaio MTT e morte celular por corantes fluorescentes), genotoxi-
cidade / mutagenicidade. Os resultados do MTT mostraram que a viabilidade celular diminuiu
à partir da concentração de Fluconazol. O Fluconazol também induziu necrose com relação
à genotoxicidade / mutagenicidade. Os resultados mostraram que o Fluconazol aumentou
significativamente o índice de dano ao DNA (Ácido Desoxirribonucleico).
Diante disso, há a necessidade do Sistema de Saúde brasileiro oferecer alternativas
naturais para o combate a CVV introduzindo dentro das PICs opções de tratamentos com-
plementares. Neste sentido o O.E. de Tea Tree tem se mostrado eficiente para a cura de
Candida albicans.

187
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
ÓLEO ESSENCIAL DE TEA TREE (MELALEUCA ALTERNIFOLIA CHEEL)

Espécies da família Myrtaceae encontram-se distribuídas em regiões tropicais


e subtropicais, sendo divididas em duas subfamílias: Myrtoidea, de ampla ocor-
rência na América tropical e Leptospermoideae, que ocorre, principalmente, na
Austrália, Malásia e Polinésia. O gênero Melaleuca, pertencente à subfamília
Leptospermoideae, inclui aproximadamente 100 espécies nativas da Austrália
e Ilhas do Oceano Índico Melaleuca alternifolia Cheel é comumente conhecida
na Austrália como “árvore de chá”, florescendo principalmente em áreas de
pântano, próximas de rios (VIEIRA et al, 2004, p. 536).

Entre as suas principais indicações terapêuticas está o uso para combater infec-
ções vaginais como vaginite, vulvite, herpes genital, displasia do colo uterino e condilomas
(BALDOUX, 2018). Esta autora explica que:

Associado a antifúngicos de síntese, o eugenol dos óleos essenciais que o


contêm afeta cepas fúngicas multirresistentes, como Candida, Aspergillus e
outras, não só causando a diminuição drástica de ergosterol e a consequente
lesão da membrana celular dos fungos, mas também bloqueando totalmente
a formação do seu tubo germinativo, que dá origem ao micélio do fungo e é
representativo de sua capacidade invasiva (BALDOUX, 2018, p. 95).

Composição química e molecular

Um dos fatores que determinam a constituição dos óleos essenciais é a presença


dos átomos de C, H, O, N, P e S, os quais formam os componentes como os terpenos. “Os
terpenos são hidrocarbonetos aromáticos voláteis e podem ser considerados polímeros de
isopreno, que possui a fórmula C5H8” (CARSON, HAMMER e RILEY, 2006, p. 50).
O óleo essencial de Tea Tree, de forma geral, é composto por hidrocarbonetos terpenos,
principalmente monoterpenos, sesquiterpenos e seus álcoois associados. Especificamente,
este O.E. possui em sua composição bioquímica Álcoois Terpênicos, que podem variam de
30 a 50%: terpinen-4-ol, -terpineol; 30% de Terpenos: p-cimeno, terpinemos, terpinoleno; 5%
de Sesquiterpenos: aromadendreno e cardineno; 5 a 10% de Óxidos terpênicos: 1,8-cineol
(BALDOUX, 2018). O terpinen-4-ol é o componente individual mais abundante no O.E. de
Tea Tree (LI et al, 2016), sendo o principal agente antifúngico responsável pelo combate as
infecções de Candida albicans e também funcionam como reguladores imunitários em que
aumentam ou diminuem as imunoglobulinas conforme estiverem em falta ou em excesso
(BALDOUX, 2018). Este constituinte do Tea Tree é um composto natural com atividades
antimicrobianas e imunomoduladoras (RAMAGE et al, 2012).
As atividades antifúngicas atribuídas ao Tea Tree tem como principais constituintes o
terpinen-4-ol, seguido pelo y-terpineno e α-terpineno (Figura 1).

188
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Segundo Jesus et al (2007, p. 67) “o 4-terpineol, quando usado de forma isolada, apre-
senta resultados semelhantes ao óleo puro, e de forma ainda mais efetiva. Quanto maior o
teor de 4-terpineol, melhor sua ação antimicrobiana.”

Figura 1. Estrutura química dos principais constituintes do O.E. de Tea Tree.

Fonte: Mirante (2015).

Properiedades terapêuticas

Os critérios de qualidade das propriedades dos O.E. devem passar pela composição
bioquímica ideal e integral das essências, exatamente como sintetizadas na natureza sem
terem sido modificadas ou reconstituídas pelo homem (BALDOUX, 2018).
O Tea Tree tem um largo espectro de ação anti-infeccioso, imunomodulador, analgésico,
anti-inflamatório, radioprotetor (BALDOUX, 2018) de suas moléculas terpênicas e aromáti-
189
cas, o que constitui suas propriedades terapêuticas. Entre elas destacamos a propriedade
antifúngica responsável pelo combate a CVV. De acordo com Baldoux (2018), “a ação dos
óleos essenciais antifúngicos opera tanto sobre as membranas celulares e as estruturas
endomembranárias dos fungos quanto sobre a produção de toxinas secretadas por eles”
(BALDOUX, 2018, p. 94).

Os óleos essenciais antifúngicos perturbam a permeabilidade celular dos fun-


gos. Colocando-se entre as cadeias lipídicas que constituem as membranas
plasmáticas dos fungos, esses óleos bloqueiam a produção de ergosterol, o
que diminui a permeabilidade das membranas e, consequentemente, defor-
mar-lhes a superfície, fazendo diminuir fortemente a capacidade dos fungos
aderirem as mucosas humanas. A virulência e a capacidade contaminante
desses patógenos ficam, então diminuídas (BALDOUX, 2018, p. 95).

Propriedade energéticas

Segundo Eidson (2019), a energia do Tea Tree expande todos os chacras e os alinha
com o chacra da coroa, estabelecendo novas convicções e normas sociais. A autora explica
que uma energia relaxante domina o estresse mental e os pensamentos que mantêm a rea-
lidade da separação, em que o corpo de luz se expande, refletindo o esplendor da Alma, em

189
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
contraste com o nosso eu sombrio e sua densidade feita de medos. É um óleo fundamental
para limpar o campo energético.

Toxicidade

De acordo com os autores HAMMER et al (2006) o óleo essencial de Melaleuca alter-


nifolia, também conhecido como óleo da árvore do chá, está amplamente disponível e foi
investigado como um agente antimicrobiano, anti-inflamatório e anticâncer alternativo. Embora
essas propriedades sejam cada vez mais bem caracterizadas, existem dados relativamente
limitados sobre a segurança e a toxicidade do óleo.
Dados publicados indicam que o Tea Tree é tóxico se ingerido em doses mais altas
e também pode causar irritação na pele em concentrações mais altas em que as reações
alérgicas ocorrem em indivíduos predispostos e podem ser devidas aos vários produtos de
oxidação formados pela exposição do óleo à luz e/ou ao ar (HAMMER et al, 2006). Esses
mesmos autores indicam que as reações adversas podem ser minimizadas evitando a in-
gestão, aplicando apenas óleo diluído topicamente e usando óleo que foi armazenado cor-
retamente. Dados de componentes individuais sugerem que o Tea Tree tem potencial para
ser tóxico para o desenvolvimento se ingerido em doses mais altas; no entanto, seus com-
ponentes não são genotóxicos. Os dados limitados de ecotoxicidade disponíveis indicam
que o TTO é tóxico para algumas espécies de insetos, mas são necessários mais estudos.

MATERIAIS E MÉTODOS

A revisão sistemática foi o método escolhido para alcançarmos o objetivo proposto pelo
artigo de agregar evidências de pesquisa para guiar a prática clínica além de indicar novos
rumos para futuras investigações de implementação das PICS no SUS e áreas particulares.
Além de dar base para tomada de decisões em gestão em saúde e práticas clínicas dos
profissionais de saúde baseado em evidências científicas.
Para a elaboração dessa revisão sistemática da literatura utilizamos os bancos de dados
PUBMED, BVS e EPIVNET sendo utilizados os termos chaves “tea tree oil” e “candidiasis
vulvovaginal” e consideraremos publicações entre os anos de 2000 até 2020.
As seguintes etapas foram seguidas: (1) elaboração da pergunta de pesquisa (pré-pro-
jeto); (2) busca na literatura; (3) seleção dos artigos; (4) extração dos dados; (5) avaliação da
qualidade metodológica; (6) síntese dos dados; (7) avaliação da qualidade das evidências;
e (8) redação dos resultados (GALVÃO; PEREIRA, 2014).
Quanto às discussões e resultados encontrados estão apresentados em quadros de-
monstrativos a seguir com as devidas discussões.

190
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
RESULTADO E DISCUSSÃO

Existem diversas espécies vegetais mundiais usualmente utilizadas como antifúngicos.


Isso se dá principalmente devido a grandiosa biodiversidade existente no mundo.
No intuito de obter melhores resultados e direcionamento das pesquisas, os autores
deste artigo elaboraram utilizaram-se das palavras-chave: tea tree oil, Melaleuca alternifolia,
candidíase vulvovaginal. Com esta orientação obteve-se estudos conforme os quadros 1, 2,
3 e 4 relacionados a seguir:

Quadro 1. Informativo Estatístico das Referências utilizadas na pesquisa.


Seleção
Quantidade
Fontes O.E. de Tea Candidíase vulvo- Exclusão
Consultados Aromaterapia Fluconazol Total
Tree vaginal
Livros 04 02 01 - - 03 01
Teses 02 - - - 02 01 01
Dissertações 03 - 01 01 - 02 01
Artigos 44 02 19 08 01 30 14
TCC* 01 01 - - - 01 00
Total 54 05 20 05 03 37 17
Fonte: Elaborado pelos autores; *Trabalho de Conclusão de Curso.

Este quadro demonstra as fontes pesquisadas, as quais totalizaram 54 referências


das quais foram selecionadas somente 37 unidades entre livros, teses, dissertações, TCC 191
e artigos. As demais fontes foram excluídas por não atender a critérios de seleção, sendo
um livro, uma tese, uma dissertação e 14 artigos, totalizando 17 unidades.
O O.E. de Melaleuca alternifolia é considerado uma alternativa a medicamentos alo-
páticos. “Experiências da Universidade de Hacettepe, Turquia, demonstraram que esse
óleo é eficaz tanto para a candídiase normal, mas também para a candidíase resistente aos
medicamentos usualmente utilizados como o fluconazol” (AROMALANDIA, 2003).

191
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Quadro 2. Demonstrativo do resultado da pesquisa realizada pelos autores sobre a Candidíase vulvovaginal.

Autores Ano Objeto de Estudo Objetivo Principais Resultados

Determinar níveis de anticorpos IgA, Os resultados indicam resposta acentua-


IgE, IgG e subclasses (IgG1, IgG4) es- da de IgA, IgG1 e IgG4 anti-C. albicans no
Anticorpos que for- pecíficos a C. albicans no soro e lavado lavado vaginal de mulheres sintomáticas
CARVALHO et al 2003 talecem a imunidade vaginal de mulheres com ou sem candi- com cultura positiva, sugerindo impor-
contra a doença. díase vulvovaginal para avaliar o papel tante papel destes anticorpos na resposta
destes anticorpos na imunopatogênese imune local estimulada pela presença do
desta doença. fungo.
A espécie mais frequente foi C. albicans
em 69% dos casos.
A chance de uma paciente com coloni-
Analisar pacientes com candidíase
Sintomatologia, fato- zação anal positiva de apresentar posi-
vulvovaginal quanto a sintomatologia,
res de risco e coloni- tividade vaginal concomitante foi 2,8 e
fatores de risco e resultados da cultura
HOLANDA et al 2007 zação anal concomi- 4,9 vezes maior, respectivamente, para
anal, identificar a frequência de C. albi-
tante por Candida Candida spp e C. albicans. A chance de
cans e não C. albicans e correlacionar
albicans. uma paciente com cultura anal positiva
as colonizações anal e vaginal.
para C. albicans de apresentar resultado
vaginal positivo foi 3,7 vezes maior quan-
do comparada a espécies não C. albicans.
Ampliar os conhecimentos sobre candi-
Tanto fatores predisponentes locais como
díase vulvovaginal e Caracterizar e abor-
Fatores predisponen- sistêmicos do hospedeiro podem contri-
dar o ponto de vista das influências do
tes do hospedeiro e buir para a invasão por Candida sp. Sua
ALVARES et al 2007 hospedeiro e dos fatores de virulência
virulência das leve- intensa multiplicação no canal vaginal é
dos agentes causais da infecção, princi-
duras favorecida por uma série de fatores pre-
palmente C. albicans, visando identificar
disponentes abordados.
a sua importância nessa patologia.
Fonte: Elaborado pelos autores

Quadro 3. Demonstrativo do resultado da pesquisa realizada pelos autores sobre o uso do fluconazol para o tratamento
de Candida albicans.

Autores Ano Objeto de Estudo Objetivo Principais Resultados

A clorexidina e o O.E. de Tea Tree inibi-


ram a Candida até o 14º dia, enquanto
avaliar e comparar a ação antifúngica o efeito antifúngico
Comparação da ação
do fluconazol, gluconato de clorexidina do fluconazol não foi significativo após
antifúngica do Fluco-
DALWAI e óleo de tea tree sobre a resina base o sétimo dia. Desta forma, o O.E. de
2014 nazol, gluconato de
et al de prótese polimerizada por calor, que Tea Tree e o gluconato de clorexidina
clorexidina e o Tea
foi previamente contaminados com C. são mais eficazes que o fluconazol na
Tree
albicans. inibição
Crescimento de C. albicans em resina
acrílica polimerizada a quente.
Para o teste com a cápsula do Fluco-
nazol, as duas maiores concentrações
testadas (60 µg/mL e 120 µg/mL) apre-
sentaram um índice de dano de DNA
aproximadamente 1,5 vez maior em
Avaliar os efeitos genotóxicos e citotó-
SlLVA 2016 Efeitos do Fluconazol relação ao encontrado no controle ne-
xicos ex vivo do antifúngico fluconazol.
gativo. Quanto a citotoxidade as maiores
concentrações testadas da cápsula do
Fluconazol (60-120 μg/mL), reduziram
significativamente a viabilidade das
células.
A viabilidade celular diminuiu à partir
Avaliar os possíveis efeitos citotóxicos e
Efeitos citotóxicos e da concentração de Fluconazol, o qual
genotóxicos induzidos pelo antifúngico
CORREA et al 2018 genotóxicos do Flu- também induziu necrose. Com relação à
Fluconazol in vitro em linhagem de rins
conazol genotoxicidade / mutagenicidade, o Flu-
de macaco verde africano (Vero).
conazol aumentou significativamente.
Fonte: Elaborado pelos autores

Observa-se nesses estudos que o Fluconazol pode causar efeitos mutagênicos nas
mulheres. Diante disso, há a necessidade de pensar em alternativas para que as mulheres

192
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
não fiquem expostas a medicamentos que causam danos aos organismos e, consequen-
temente, podendo acarretar em outras doenças de difícil tratamento e cura como o câncer.
Com isso, identificou-se que Sharma e Hegde (2014, p. 372) obtiveram resposta positiva
para o Tea Tree ao compararem a atividade antifúngica do O.E. de Melaleuca alternifolia
com a do Fluconazol: “Embora ambos mostrassem atividade antifúngica comparável às 24
horas contra C. albicans, o fluconazol a perdeu completamente até o dia 7, enquanto o óleo
de melaleuca reteve substancialmente sua ação antifúngica”.
Estes estudos mostram a efetividade do TTO em comparação ao fluconazol implicando
em uma alternativa ao tratamento convencional habitualmente utilizado. Desta forma, sugerir
às gestões municipais a efetivação dessa Terapia Natural para o tratamento da CVV nas
unidades do SUS, bem como à administração de centros de saúde particulares.

Quadro 4. Demonstrativo do resultado da pesquisa realizada pelos autores sobre o uso terapêutico do O.E. de Tea Tree
e outros O.E. em infecções por Candida albicans.
Autores Ano Objeto de Estudo Objetivo Principais Resultados
Investigar o mecanismo de ação Os dados deste estudo sustentam a hipótese de
do óleo de tea tree e seus com- que o óleo e os componentes da árvore do chá
Verificação do me-
HAMMER et al 2004 ponentes contra Candida albi- exercem suas ações antifúngicas alterando as
canismo de ação.
cans, Candida glabrata e Saccha- propriedades da membrana e comprometendo
romyces cerevisiae. as funções associadas à membrana.
As concentrações fungicidas de terpinen-4-ol
Investigar a atividade a nti-Candi- foram equivalentes à atividade candidastáti-
Investigações sobre
193
da in vitro e in vivo de dois consti- ca. No modelo de infecção vaginal em ratos,
MONDELLO et al 2006 as propriedades
tuintes bioativos críticos do TTO, o terpinen-4-ol foi tão ativo quanto o TTO na
antifúngicas.
o terpinen-4-ol e o 1,8-cineol. aceleração da depuração da vagina de todas
as cepas de Candida examinadas.
Trinta por cento p/ p de óleo de melaleuca foi
o mais eficaz (p <0,001) e superior a 5% de
Comparar a atividade antifúngica
Comparação da fluconazol no Visco-gel, pois retinha atividade
do óleo de melaleuca alternifolia
SHARMA e HEGDE 2014 ação do Tea Tree e antifúngica substancial (MID), mesmo no dia
e fluconazol misturados com um
Fluconazol 7, quando o fluconazol havia perdido seu an-
condicionador de tecido.
tifúngico completamente como evidenciado
pelo rebrota de C. albicans no dia 7.
O potencial antifúngico dos O.E. avaliados con-
Avaliar a ação in vitro dos O.E.
firmou a atividade sobre o crescimento micro-
Comparação de de Copaifera officinalis, Eugenia
biano de leveduras Candida albicans obtendo
OLIVEIRA e NASCI- entre cinco O.E. caryophylata, Melaleuca alter-
2019 destaque expressivo para os O.E.
MENTO na atividade anti- nifolia, Rosmarinus officinalis e
Eugenia caryophylata,
fúngica Thymus vulgaris frente a fungos
Melaleuca alternifolia, Rosmarinus officinalis,
causadores de onicomicose.
e Thymus vulgaris.
Fonte: Elaborado pelos autores

Oliveira e Nascimento (2019), verificaram a atividade antifúngica dos óleos essenciais


de Copaifera officinalis (Copaíba), Eugenia caryophylata (Cravo), Melaleuca alternifolia (Tea
Tree), Rosmarinus officinalis (Alecrim) e Thymus vulgaris (Tomilho) frente a fungos cau-
sadores de onicomicose, o quais foram avaliados in vitro na proporção de 100%, 25%, 5%
sobre as cepas fúngicas tendo o fluconazol como controle. Estes autores identificaram que

Para a levedura Candida albicans a efetividade de inibição é caracterizada


pela formação de halos de inibição de crescimento microbiano em que se
ressalta a efetividade de inibição em todas as proporções do óleo essencial

193
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Eugenia caryophylata, sendo que para a proporção de 5% a média do halo
de inibição foi de 9,33mm, para 25% 15,33mm e 100% houve inibição total
de crescimento. Nos óleos de Melaleuca alternifólia, Rosmarinus officinalis
e Thymus vulgaris houve efetividade em 100% e 25%. Em que a média do
halo na proporção de 25% para Rosmarinus officinalis e Melaleuca alternifolia
foi de 4,6mm e Thymus vulgaris 7mm respectivamente, já em 100% houve
inibição total de crescimento em todos os óleos citados acima, entretanto no
óleo Copaifera officinalis não houve efetividade. Para o fluconazol o halo foi
de 16mm (OLIVEIRA E NASCIMENTO, 2019, p. 58 e 59).

Neste estudo, os resultados obtidos demonstraram o potencial antifúngico de três espé-


cies de O.E. das quatro avaliadas confirmando a atividade sobre o crescimento microbiano
de leveduras Candida albicans.
Hammer et al (2004) investigaram o mecanismo de ação do óleo de Tea Tree e seus
componentes contra Candida albicans. O tratamento do referido fungo com o óleo e compo-
nentes da árvore do chá em diferentes concentrações alterou a permeabilidade e a fluidez
da membrana, sendo que a membrana também aumentou em comparação com outras
células de controle. Isso significa que os dados deste estudo sustentam a hipótese de que
o óleo e os componentes da árvore do chá exercem suas ações antifúngicas alterando as
propriedades da membrana e comprometendo as funções associadas à membrana.
Mondello et al (2006) identificaram o terpinen-4-ol como um único constituinte ativo in
vivo da mistura de TTO. O terpinen-4-ol, que é o principal componente do óleo é também
o principal mediador de sua atividade “in vitro” e “in vivo” (CASTRO, 2019). Isso destaca
o potencial terapêutico anti-Candida de um componente purificado e único, evitando a neces-
sidade de um controle de qualidade trabalhoso e dispendioso de uma mistura de compostos.
Observa-se nestes estudos a constatação de que O.E. de Tea Tree pode se tor-
nar uma alternativa ao combate à CVV. Para isso, elencamos a seguir as formas de uso
do referido óleo.

Formas de uso

De forma geral, os principais métodos para obter os efeitos dos óleos essenciais são
a inalação ou a absorção pela pele, os quais atuam farmacologicamente, fisiologicamente
e psicologicamente no corpo (TSUCHIYA; NASCIMENTO, 2002).
Segundo Baldoux (2018), esse óleo pode ser usado puro diretamente na pele ou
diluído em óleos graxos chamados de óleos carreadores para peles mais sensíveis. No en-
tanto, para uso via vaginal ela sugere a administração de comprimidos vaginais de 4g
(espécie de óvulos oblongos) com uma dose de óleos essencias de 100mg a 300mg, que
serão usados de 1 a 2 vezes por dia. A autora ainda indica que as patologias tratadas por
essa via são a candidíase, leucorreias, displasia por HPV, problemas relativos à troficidade

194
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
vaginal como secura, afecções locais como fibromas e cistos. A duração de um tratamento
vaginal varia grandemente: de 10 dias a semanas, de acordo com a natureza do problema
(BALDOUX, 2018).
Para o caso de Candidíase vulvovaginal há também a indicação do banho de assen-
to: adicionar 5 gotas do O.E. em um litro de água morna, por 20 minutos (TERRA FLOR,
2020). O banho de assento também é indicado na Cartilha da RUTA (2020) para combater
a candidíase: Diluir 1 ou 2 gotas de óleo essencial de Melaleuca em 100mL de água, por 20
minutos, uma vez ao dia por 5 dias.
Há também a recomendação em que este O.E. deverá ser diluído em água (cerca de
uma colher de café para 2,5 ml de água), sendo então utilizado para lavagens e irrigações
das zonas afetadas (FLORIEN, 2020).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse estudo permitiu realizar esclarecimentos e constatações sobre o Óleo Essencial


de Tea Tree no que se refere a abrangência e formas de uso, além de explanar sobre suas
propriedades terapêuticas no combate a Candidíase Vulvovaginal.
Sendo assim, tendo em vista a pesquisa realizada em que observou-se a ação fungicida
do O.E. de Tea Tree sobre o fungo Candida albicans tendo bom desempenho em pesqui- 195
sa in vitro e in vivo no combate a CVV, indica-se a implantação de espaços terapêuticos
nos sistemas de saúde público e privado para o atendimento às mulheres que sofrem com
infecções por CVV, no sentido e evitar o uso do Fluconazol, já que o mesmo pode causar
efeitos mutagênicos.

AGRADECIMENTOS

Gratidão a Deus e a todas as pessoas que contribuíram de alguma forma com a ela-
boração desse texto.

195
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
REFERÊNCIAS
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200
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
13
Some Triterpenic Compounds in
Extracts of Cecropia and Bauhinia
species for Different Sampling Years

Marcella Emilia Pietra Schmidt


PPGQ/UFSM

Fernanda Brum Pires


PPGCF/UFSM

Carolina Bolsoni Dolwitsch


PPGCF/UFSM

Lucas Paines Bressan


PPGQ/UFSM

Lucas Mironuk Frescura


PPGQ/UFSM

Bryan Brummelhaus de Menezes


PPGQ/UFSM

Marcelo Barcellos da Rosa


PPGQ/PPGCF/UFSM

10.37885/210303580
ABSTRACT

The aim of this paper is to provide an overview on the chemical composition of triterpenes
in widespread used folk medicine species, through the development and validation of 11
compounds using high performance liquid chromatography with UV detection (HPLC-
UV). The compounds were separated using isocratic elution, on a reverse phase column
(Kinetex C18, 250 mm × 4.6 mm, 5μm) with mobile phase consisted of acetonitrile:
tetrahydrofuran (90:10, v/v), flow-rate of 0.5 ml/min and detection in 210 nm. Diverse
validation parameters were successfully evaluated. The samples of Bauhinia variegata
var. variegata, Bauhinia variegata var. alboflava, Cecropia palmata and Cecropia obtusa
collected in 2012, 2013 and 2014 from Amazon were treated with two different solvents
(ethyl acetate and chloroform) and analyzed by the proposed method. Stigmasterol, lu-
peol, β-sitosterol, β-amirin and α- amirin were found in all the studied plants. Hightlingting
the presence of oleanolic acid, maslinic acid in Cecropia obtusa and Cecropia palmata
extracts, erythrodiol only in Cecropia palmata, stigmasteol in Bauhinia variegata var. va-
riegata and α-amirin in Bauhinia variegata var. alboflava. Overall, ethyl acetate showed
better performance as the extractor solvent than chloroform. Moreover, it could be used
for the quality control of medicinal plants and to assess potential marker compounds.

Keywords: HPLC-UV, Triterpenes, Bauhinia, Cecropia, Amazonian Medicinal Plants.

202
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
INTRODUCTION

Triterpenes, presents in vegetable oils, cereals, fruits and bark of trees are widespread in
the human diet (RHOURRI‐FRIH et al., 2009; SALEEM, 2009; SIDDIQUE and SALEEM, 2011;
SZAKIEL et al., 2012) and one of the largest classes of secondary metabolites, with more
than 30,000 different triterpenes reported (MUFFLER et al., 2011; THIMMAPPA et al., 2014).
This large number of compounds is related to the versatility of their structure, consisted
of acycles, bi-, tri-, tetra- and pentacycles (DIAS et al., 2011; MUFFLER et al., 2011). Among
those, pentacyclic triterpenes presented promising pharmacological properties (SZAKIEL
et al., 2012; GHOSH and SIL, 2013; SHANMUGAM et al., 2013) such as, anti-inflammatory
(SALEEM et al., 2008; MARTELANC et al., 2009), hepatoprotector (KUMARI and KAKKAR,
2012; POLLIER and GOOSSENS, 2012), anti-tumor (SALEEM, 2009; SHANMUGAM et al.,
2013), anti-viral (SÁNCHEZ-ÁVILA et al., 2009; KONG et al., 2013), anti-HIV (CHENG et al.,
2011; WÓJCIAK-KOSIOR et al., 2013), anti-microbial (PAI et al., 2011), anti-fungal (ROCHA
et al., 2004), anti-diabetic (MANNA et al., 2010), gastroprotective (SÁNCHEZ et al., 2006;
QUÍLEZ et al., 2010), anti-hyperlipidemic (CLAUDE et al., 2004), neuroprotector (SILVA et al.,
2011), antiarthritic (SIDDIQUE and SALEEM, 2011), antioxidant (ALLOUCHE et al., 2010),
cholesterol-reducing properties (CHAUHAN et al., 2013), cardioprotective (SOMOVA et al.,
2003) and trypanocidal activity (DA SILVA et al., 2010). 203
Medicinal plants have been used for centuries in folk medicine associated with health
promotion, prevention and cure of human diseases (LASZCZYK, 2009; ROMERO et al., 2010).
With more than 50,000 plant species, Brazil has the greatest levels of biodiversity in the planet
(GIULIETTI et al., 2005) and Amazonia is a region with one of the richest flora in the world
with a large potential discovery and research of new drugs (GIULIETTI et al., 2005; COELHO-
FERREIRA, 2009). Despite the diversity and the widespread use of phytotherapics in Brazil
the scientific knowledge about this flora properties is limited (FIGUEREDO et al., 2014).
Bauhinia variegata, popular known in Brazil as “Pata-de-vaca” or “Unha-de-boi”, member
of the Fabaceae family, it has been used in popular medicine as a result of their hypoglycemic
(SILVA and CECHINEL, 2002; PAREKH et al., 2006; MURILLO et al., 2007; SILVA et al.,
2007), anti-cholesterol, anti-elephantiasis (SILVA et al., 2007), antibacterial (SILVA and
CECHINEL, 2002; PAREKH et al., 2006), anti-tumour (RAJKAPOOR et al., 2003), antifungal
(SILVA and CECHINEL, 2002; RAJKAPOOR et al., 2003), diuretic, tonic, depurative activities
(PIZZOLATTI et al., 2003), while also being useful against skin diseases and ulcers (REDDY
et al., 2003) in bronchitis, leprosy (RAJKAPOOR et al., 2003), and in the management of
inflammatory diseases (SILVA and CECHINEL, 2002; RAO et al., 2008).
Another medicinal plants included in this study is Cecropia palmata and Cecropia obtusa
popularly known in Brazil as “ Embaúba Vermelha” and “Embaúba Branca” from the Moraceae

203
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
family, traditional used as anti-rheumatic (SILVA et al., 2007), anti-inflammatory (ROCHA
et al., 2007; COSTA et al., 2011; NICASIO-TORRES et al., 2012; PELAEZ et al., 2013), an-
ti-oxidant activities (NICASIO-TORRES et al., 2012), anti-tumor (ROCHA et al., 2007), act in
central nervous system, including anxiolytic and antidepressant-like activities (SILVA et al.,
2007; COSTA et al., 2011), against asthma, high blood pressure (COSTA et al., 2011), as
well used in the treatment of type 2 diabetes (ROCHA et al., 2007; NICASIO-TORRES et al.,
2012; PELAEZ et al., 2013).
This wide diversity of pharmacological properties reported in Cecropia and Bauhinia is
related to secondary metabolites, as flavonoids, phenolic acids, carotenoids, tocopherols,
alkaloids, lignans, tannins, salicylates, glucosinolates and triterpenes (SZAKIEL et al., 2012).
Several papers described the detection and separation of triterpenes in medicinal plants.
Some methods include preparative thin-layer chromatography (TLC) (MARTELANC et al.,
2007; MARTELANC et al., 2009), gas chromatography (GC) with derivatization step (ZHANG
et al., 2012), capillary electrophoresis (CE) (CHEUNG and ZHANG, 2008; LI et al., 2011),
evaporative light-scattering detectors (LESELLIER et al., 2012), high-performance liquid
chromatography (HPLC) (MARTELANC et al., 2009; LI et al., 2011; LESELLIER et al., 2012;
ZHANG et al., 2012) with UV detector or mass spectrometric detectors using atmospheric
pressure chemical ionization (APCI) atmospheric pressure photoionization (APPI) and elec-
trospray ionization (ESI) (SÁNCHEZ-ÁVILA et al., 2009). The simultaneous determination of
triterpenes render a difficult task considering, their similar structure, lack of chromophores,
very low UV absorption and similar polarity. According to the literature, there is only one pu-
blished report that separates more than six triterpenes in a single HPLC run (BEDNER et al.,
2008; MARTELANC et al., 2009; SÁNCHEZ-ÁVILA et al., 2009; LI et al., 2011; SLAVIN and
YU, 2012; LI et al., 2013).
The Figure 1 presents the chemical structures of all compounds studied in this work.

204
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Figure 1. Chemical structures of the all terpenes studied in this work (α-amirin, β-amirin, β-sitosterol, stigmasterol, lupeol,
uvaol, erythrodiol, oleanolic acid, betulinic acid, arjunic acid and maslinic acid).

205
OBJECTIVE

In this study the development of a method for simultaneous determination of 11 triter-


penes with isocratic elution and UV detection was proposed. The developed method was
applied to the analysis of four different medicinal plants from the Amazon region (Cecropia
obtusa, Cecropia palmata, Bauhinia variegata var. variegata and Bauhinia variegata var.
alboflava) HPLC with UV detection. The same samples were analised by performing an ul-
tra-high-performance liquid chromatography- atmospheric pressure photoionization source
mass spectrometry (UHPLC-APPI-MS/MS) analysis.

METHODS

Chemicals

All the chemical standards used, α-amirin (98%), β-amirin (98,5%), β-sitosterol (85%),
stigmasterol (95%), lupeol (90%), uvaol (95%), erythrodiol (97%), oleanolic acid (97%), be-
tulinic acid (97%), arjunic acid (88%) and maslinic acid (95%) used were of analytical gra-
de from Sigma-Aldrich (St. Louis, MO, USA). The solvents acetonitrile (ACN), methanol

205
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
(MeOH) and tetrahydrofuran (THF) were of HPLC grade from Tedia (Fairfield, OH, EUA).
Chloroform (CHCl3) and ethyl acetate (EtOAc) were of analytical grade from Merck (Darmstadt,
Germany). Stock solutions of α-amirin, β-amirin, uvaol, erythrodiol, oleanolic acid, arjunic
acid and maslinic acid 1000 mg/l, stigmasterol 481 mg/l, lupeol 365 mg/l­, betulinic acid 196
mg/l and β-sitosterol 873 mg/l were prepared in methanol. The working analytical solutions
for analytical curve were obtained by diluting the analytical solutions in acetonitrile with the
following concentrations 0.7; 6.5; 12.2; 18.0; 23.6; 29.3 and 35.0 mg/l. All the solutions were
stored at -20ºC until analysis.

HPLC-UV analysis

Chromatographic measurements were performed on a Dionex® model P680 (Sunnyvale,


CA, USA) liquid chromatograph equipped with a UV-vis detector model UVD170U, Rheodyne®
injection valve model 8125 (Cotati, CA, USA) with loop of 100 µl. The analyses were car-
ried out with a Kinetex reversed-phase C18 column (250 mm × 4.6 mm, 5μm particle size;
Phenomenex, Torrance, CA, USA) which was preceded by a Security Guard C18.pre-column
(Phenomenex, Torrance, CA, USA). The mobile phase consisted of acetonitrile: tetrahydro-
furan (90:10, v/v) and the flow-rate was set at 0.5 ml/min. Spectrophotometry detection of
analytes was performed at 210 nm wavelengths. Evaluation and quantification were made on
a Chromeleon 6.7 Workstation.The same samples werepreviously studied also by performing
an ultra-high-performanceliquid chromatography – atmospheric pressure photoionization-
source mass spectrometry (UHPLC-APPI-MS/MS). Therefore, a com-parison of the species
detected using HPLC-UV was performed byUHPLC-APPI-MS/MS, described in details by
Gobo et al. (2016).

Plant material

The medicinal plant species Bauhinia variegata var. variegata (deposit nº IAN 185932),
Bauhinia variegata var alboflava (deposit nº IAN 185831), Cecropia obtusa Trécul (deposit
nº IAN 185555) and Cecropia palmata Willd (deposit nº IAN 185556) were obtained from
the herbal collection of the Brazilian Agricultural Research Corporation, Embrapa Amazônia
Oriental, Belém, PA, Brazil. The geographical location of the collection site is 1°27’21’’ S la-
titude and 48°30’14’’ W longitude.
The Amazon region has a hot and humid characteristic climate with small temperature
gradients. There are two well establish seasons in that region, a dry-period (July - October) and
rainy season (December - May); the months of June and November are considered transition
periods (Ananias et al., 2010). According Gobbo-Neto and Lopes (2007) there is a positive
influence of rainfall on the concentration of secondary metabolites (cyanogenic glycosides,

206
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
glucosinolates, terpenes, anthocyanins and alkaloids) therefore, the samples studied were
collected during the rainy season in three different years (2012, 2013 and 2014).

Sample Preparation and extraction procedure

The fresh plant specimens were cleaned, dried at 40 °C for 12 h, ground into a fine
powder in a laboratory mill and used as a dry powdered material. All plants were received as
a fine powdered dried leaf material. Dried samples were stored in desiccators under vacuum
at room temperature until sample treatment.
Ultrasound-assisted extraction was performed in a reactor thermostatic water bath
(temperature accuracy of ±1.0°C). The experimental setup consists of an ultrasonic bath
USC 1800A (Unique Inc., Brazil, BR) equipped with a transducer with longitudinal vibrations.
The ultrasonic unit has an operating frequency of 40 kHz and a maximum-rated ultrasound
power output of 132 W. The ultrasonic transducer (surface area of 282.2 cm2) is fitted at the
bottom of the bath horizontally along the length of the bath (DAL PRÁ et al., 2015). Samples
were weighed 0.5g and placed into a conical flask, into which 10 ml of ethyl acetate or chlo-
roform was added and sonicated for 30 min at 37ºC. Extraction was carried out three times
with fresh portions of solvent in the above conditions (Pai et al., 2011; Wójciak-Kosior et al.,
2013). The extract remained was dried with N2 and dissolved in 10 ml of mobile phase. All
207
the samples were diluted to a 2% (m/v) and filtered through Chromafil Xtra PEFT-20/25 filters
from Macherey-Nagel (Düren, Germany) before injection. For construction of the calibration
curves, seven different mixed solutions were injected in three replicates.

Validation Procedure

The analytical method was validated for linearity, limit of detection (LOD), limit of quan-
tification (LOQ), accuracy and precision following the RE nº 899/2003 (ANVISA, 2003). The
calibration curves were prepared using seven concentrations (0.7; 6.5; 12.2; 18.0; 23.6;
29.3 and 35.0 mg/l) of the 11 stock standard solutions in the range 0.21-40 mg/l which were
injected in triplicate. The mean peak areas were taken for the construction the calibration
curve. The data were analyzed by linear regression least square model. The LOD and LOQ,
under the presented chromatographic conditions were determined visually. The precision
was determined by intra and inter-day variation and the recovery were evaluated by standard
addition method, the variations were expressed by RSD % as the following formula: RSD
(%) = (detected amount - original amount)/amount spiked × 100. All solutions were kept at
-20°C before analysis.

207
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
RESULTS

HPLC analysis

Table 1.shows these variables, the ranges studied and their optimum values as well as
the solvents used in the optimization of the mobile phase composition.

Table 1. Optimization of the chromatographic conditions for separation of triterpenic compounds

Variable Tasted value Optimum value

Flow rate (ml/min) 0.5; 0.8 and 1.0 0.5

Room temperature ºC 21.0 and 23.0 21.0

Composition mobile phase

90:10 (pH 3.0)


MeOH:H2O
80:20 (pH 3.0)

ACN: H2O 90:10 (pH 3.0) ACN:THF (90:10)

THF:ACN:H2O 30:60:10

ACN: THF 90:10

200;205;210;
Wavelength (nm) 210
220 and 225

Acetonitrile – ACN; Methanol – MeOH; Tetrahydrofuran – THF; Water – H2O

The best mobile phase was ACN/THF (90:10; v/v). The optimum flow rate and room
temperature were 0.5 ml/min and 21ºC, respectively. The detection wavelength was cho-
sen at 210 nm accordingly to experimental data (Table 2) and the literature (HOLEN, 1985;
SCHNEIDER et al., 2009; ROMERO et al., 2010; SLAVIN and YU, 2012; XU et al., 2012;
ZHANG et al., 2012) due to better absorption at the selected wavelength. The representative
chromatogram for standard solutions under the proposed conditions is shown in Figure 2.

Table 2. Molar absorptivity coefficient (ε) in l/mol cm of triterpenes in different wavelengths.

Compound ε200nm ε210nm ε220nm

Arjunic acid 2.4·104 1.6·104 6.4·103


Betulinic acid 5.0·103 5.7·103 2.2·103
Erythrodiol 7.1·10 4
2.8·10 4
1.2·104
Lupeol 1.2·105 6.1·104 3.1·104
Maslinic acid 2.2·10 5
1.5·10 5
7.1·104
Oleanolic acid 1.6·105 9.7·104 5.4·104
Stigmasterol 1.1·105 5.0·104 2.8·104
Uvaol 1.1·10 5
5.1·10 4
2.9·104
α-amirin 1.4·105 8.1·104 4.7·104
β-amirin 1.3·10 5
4.6·10 4
2.4·104
β-sitosterol 1.3·104 7.2·104 4.3·104

208
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Figure 2. Chromatographic separation of 11 triterpenes standard by HPLC-UV (10 mg/l) (1) arjunic acid, (2) maslinic acid,
(3) betulinic acid, (4) oleanolic acid, (5) erythrodiol, (6) Uvaol, (7) lupeol, (8) β - amirin, (9) α – amirin, (10) stigmasterol
and (11) β – sitosterol. Column: Kinetex C18 250 mm × 4.6 mm, 5.0μm. Mobile phase: 90:10 ACN/THF 0.5 ml/min.

Method validation 209


The calibration curves showed good linearity and the correlation coefficients were found
in the range of 0.990-0.996 for all of the tested compounds. The recoveries of the 11 analy-
tes were in the range of 85-110 %. The relative standard deviation (RSD) between sample
measurements was used as precision, varying from 2.01 to 9.37 % for intraday precision
and from 1.84 to 4.04 % to interday for precision. Overall, these results demonstrate that the
developed method has enough accuracy, precision, and sensitivity for the simultaneously
quantitative analysis of the 11 compounds. The accuracy of the method a range of 80-120
% for amazon plants extracts. The obtained validation parameters such as correlation coef-
ficient, linear range, recovery, LOD and LOQ are summarized in Table 3.

209
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Table 3. Analytical parameters for the validated method by HPLC-UV

Intra-day Inter-day
LOD LOQ Linear range Correlation
Compound precision precision Accuracy (%)
(mg/kg) (mg/kg) (mg/kg) coefficient (r2)
(RSD%) (RSD%)

α-amirin 0.37 0.75 0.74 - 40.0 0.996 3.60 3.21 95-110


β-amirin 1.04 2.12 0.74 - 40.0 0.996 2.73 2.15 100-105
Oleanolic acid 0.22 0.43 0.74 - 35.0 0.990 8.92 3.65 98-102
Betulinic acid 0.09 0.20 0.74 - 35.0 0.996 9.38 3.40 93-97
β-sitosterol 0.08 0.16 0.74 - 40.0 0.992 3.95 3.19 97-110
Stigmasterol 0.06 0.13 0.74 - 40.0 0.991 2.01 2.12 85-96
Lupeol 0.12 0.25 0.74 - 40.0 0.996 2.43 2.54 92-102
Uvaol 0.12 0.24 0.74 - 35.0 0.991 2.38 2.29 95-108
Arjunic acid 0.07 0.15 0.74 - 35.0 0.990 4.01 3.75 97-103
Maslinic acid 0.13 0.27 0.74 - 40.0 0.996 4.39 4.40 96-99
Erythrodiol 0.08 0.17 0.74 - 35.0 0.994 2.16 1.85 90-96
LOD, limit of detection; LOQ limit of quantification; RSD, relative standard deviation

Application to Bauhinia samples

Sample analysis (Figure 3) indicated the presence of six (maslinic acid, stigmasterol,
lupeol, β-sitosterol, β-amirin and α-amirin) out of the eleven compounds in the Bauhinia spe-
cies. The presence of the four compounds previously listed was also confirmed by UHPLC-
APPI-MS/MS analysis (GOBO et al., 2016).
Bauhinia variegata var. variegata shows greater amounts of triterpenes in comparison
with Bauhinia variegata var. alboflava. The use of ethyl acetate enabled to extract higher
concentrations of stigmasterol (+85%), lupeol (+35%) and β-sitosterol (+13%) in comparison
with the chloroform.

Figure 3. Triterpenic compounds found in the Bauhinia species via HPLC-UV (a) Bauhinia variegata var. variegata and (b)
Bauhinia variegata var. alboflava

210
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Application to Cecropia samples

Regarding the studied compounds, Cecropia obtusa (Figure 4) exhibited a greater


diversity when compared to the other species of the same genus analyzed Cecropia pal-
mata. Among the eleven triterpenes separated in this method oleanolic acid, maslinic acid,
β-amirin, stigsmasterol, lupeol and β-sitosterol were found in these samples. β-amirin, lupeol
211
and β-sitosterol were also confirmed by UHPLC-APPI-MS/MS analysis (Gobo et al., 2016).
Noteworthy is the presence of β-sitosterol (+55%), α-amirin (+60%), β-amirin (+60%)
and oleanolic acid (+20%), increasing concentrations along the years, and the ethyl acetate
was a better extract solvent than chloroform for these compounds. This observation can be
a result of some environmental factors such as ultraviolet radiation, rainfall, temperature
(Gobbo-Neto and Lopes, 2007).

211
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Figure 4. Triterpenic compounds found in the Cecropia species via HPLC-UV (a) Cecropia obtusa and (b) Cecropia palmata

DISCUSSION

Based in methods reported in the literature (MARTELANC et al., 2007; MARTELANC


et al., 2009; SÁNCHEZ-ÁVILA et al., 2009; YANG et al., 2009; LI et al., 2013), chromatogra-
phic conditions were optimized in order to obtain the best separation of the analytes in the
shortest time. The main variables evaluated in the chromatographic separation were ratio
of the mobile phase, flow-rate of mobile phase, temperature of the operational room and
detection wavelength.
It is noteworthy to mention that the complete separation of the eleven triterpenes could
be achieved in 45 min, compared to other separation methods, it can be said that the new
methodology developed separates more compounds than the others reported in literature
on isocratic mode (LIU et al., 2003; ÁVILA et al., 2007; RAZBORŠEK et al., 2007; CHEUNG
and ZHANG, 2008).

212
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
The recovery results for evaluating the accuracy of the method were satisfactory ac-
cording to the Anvisa (2003).
Previous studies in phytochemical analysis reported the presence of glycosides, tri-
terpene, flavonoid, lactones, steroids, alkaloids, coumarins and saponins in Bauhinia spe-
cies (SILVA and CECHINEL, 2002; PIZZOLATTI et al., 2003; RAJKAPOOR et al., 2003;
RAO et al., 2008).
The founded compounds (α-amirin, β-amirin, oleanolic acid, β-sitosterol, stigmasterol,
lupeol and maslinic acid) can be considered chemical markers for the studied species, being
the oleanolic acid and maslinic acid only for Cecropia species.

CONCLUSIONS

A new analytical method has been developed for the simultaneous identification and
quantification of triterpenes compounds using HPLC-UV and isocratic elution, to analyze
these compounds in Cecropia and Bauhinia species. The HPLC-UV method is effective to
separate and quantify the medicinal plants extracts with good validation parameters, such as
linearity, LOD, LOQ, recovery, accuracy, precision and repeatability. Although triterpenoids
contribute significantly to the bioactivity and pharmacology of Bauhinia and Cecropia, no
study was reported so far for the quantitative determination of these compounds in these 213
folk medicine plants. Triterpenes compounds such as maslinic acid, oleanolic acid, α-amirin,
β-amirin and β-sitosterol were found as major compounds in chloroform and ethyl acetate
extracts. Furthermore, the presence of these triterpenic compounds in the extracts reinforces
the pharmacological action, and the medical use of such plants in folk medicine. Based on the
results, the species with the highest variety of compounds and concentration were Bauhinia
variegata var. variegata and Cecropia obtusa. The present method developed can be used
in research of chemical biomarkers in medicinal plants as well as in the quality control of
herbal medicines widely used in Brazil and in folk medicine. The identified compounds in
Bauhinia (lupeol, β-sitosterol, β-amirin and α-amirin), as well in Cecropia (β-amirin, lupeol
and β-sitosterol) extracts were also observed by HPLC-APCI-MS/MS analysis, therefore,
ratifying the importance of this work.

ACKNOWLEDGEMENTS

This work was supported by grants from the BrazilianNacional Research Council CNPq,
(processes 487028/2012-0 and440132 and 440132/2014-2). The authors also thank Embrapa
Amazônia Ori-ental (Belém/PA) for supplying the medicinal plants studied.

213
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
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218
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
14
Volatile oil of Croton zehntneri per
oral sub-acute treatment offers small
toxicity: perspective of therapeutic
use

Andrelina N. Coelho-de-Souza Francisco Walber Ferreira-da-Silva


ISCB/UECE U VALE DO ACARAú

Maria Valdenir A.P. Roch Ariclécio C. Oliveira


ISCB/UECE
Keciany A. Oliveira
ISCB/UECE José Henrique Leal-Cardoso
UNICHRISTUS
Yuri A.G. Vasconcelos
ISCB/UECE Janaína Serra-Azul M. Evangelista
ISCB/UECE
Edgleyson C. Santos
ISCB/UECE Ana Maria S. Assreuy

Kerly Shamyra Silva-Alves Edson L. Ponte


ISCB/UECE

Lúcio Ricardo L. Diniz


UFSE

Artigo original publicado em: 2018.


Revista Brasileira de Farmacognosia - ISSN 0102-695X.
Oferecimento de obra científica e/ou literária com autorização do(s) autor(es) conforme Art. 5, inc. I da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610/98

10.37885/210203416
ABSTRACT

Croton zehntneri Pax & K. Hoffm., Euphorbiaceae, or “canela-de-cunhé” is used in the


Northeast Brazil to treat several diseases. Leaves and aerial parts of C. zehntneri are
rich in volatile oil of high potential therapeutic. This study aimed to investigate volatile oil
systemic toxicity after per oral treatment in rats. Volatile oil characterization (gas chro-
matography and mass spectrometry) showed 85.7% anethole and 4.8% estragole. Male
Wistar rats (116–149 g) were treated with volatile oil (250 mg/kg p.o.) during ten weeks
and evaluated for the following parameters: survival; food and water intake; body mass;
absolute/relative organs weight; hemogram; plasma biochemical dosage; organs morpho-
logy. Volatile oil did not alter animal water and food consumption or the relative/absolute
weight of most organs, but animals gained less weight. Volatile oil did not alter function
biomarkers of pancreas, kidney, heart or liver, but increased plasma gamma-glutamyl-
transpeptidase (liver biomarker) and decreased uric acid (kidney biomarker). Although
volatile oil had caused discrete morphological alterations in some organs, it did not induce
architectural changes in these organs. In conclusion, the sub-acute per oral treatment with
volatile oil no longer than ten weeks in rats offers small toxicity at doses below 250 mg/
kg. © 2018 Sociedade Brasileira de Farmacognosia. Published by Elsevier Editora Ltda.
This is an open access article under the CC BY-NC-ND license (http://creativecommons.
org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Keywords: Anethole Volatile oil Euphorbiaceae Toxicity.

220
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
INTRODUCTION

Croton zehntneri Pax & K. Hoffm., Euphorbiaceae, is a plant native to Northeast Brazil,
where it is popularly known as “canela-de- cunha”. Its barks and leaves are widely used as
infusions and teas to stimulate appetite and to treat inflammation, colic, diarrhea, nervous
(anxiety, insomnia, irritability) and gastrointestinal dis- orders (Leal-Cardoso and Fonteles, 1999;
Coelho-de-Souza et al., 2013). Popular sellers also prepare tea from C. zehntneri leaves to
treat rheumatic, cardiac and respiratory diseases and other parts in decoctions and cataplas-
mas to treat inflammation and wound healing (Cavalcanti et al., 2012). Leaves and aerial parts
of C. zehnt- neri are rich in volatile oil of pleasant aroma, resembling that of anise (Illicium
verum) (Craveiro et al., 1977; Leal-Cardoso and Fonteles, 1999). The volatile oil of C. zehntneri
(EOCz) is composed by several terpenes, terpenoids and phenylpropanoids, including trans-
-anethole (85.7%) and estragole (Craveiro et al., 1977). Volatile oil has several biological
and pharmacological effects, such as central nervous system depression (Batatinha et al.,
1995; Lazarini et al., 2000), blockade of neuromuscular transmis- sion (Albuquerque et al.,
1995), antispasmodic (Coelho-de-Souza et al., 1997, 1998), antinociceptive (Oliveira et al.,
2001), gas- troprotective (Coelho-de-Souza et al., 2013), healing (Cavalcanti et al., 2012) and
cardiovascular (de Siqueira et al., 2006). Other effects had also been described for EOCz,
including anti-helmintic (Camurc¸ a-Vasconcelos et al., 2007), bactericidal (Andrade et al., 221
2015), antifungal (Fontenelle et al., 2008), hepatoprotective (Lima et al., 2008) and larvicidal
(against Aedes aegypti) (Morais et al., 2006). Some of these effects have being assigned to
trans-anethole, the main constituent of EOCz. Several studies demonstrated that trans-ane-
thole exhibits antioxidant (Galicka et al., 2014), antibac- terial (Zahid et al., 2015), anticancer
(Chen and de Graffenried, 2012; Choo et al., 2011), antigenotoxic (Newberne et al., 1999),
antiplatelet (Tognolini et al., 2007) and anti-inflammatory prop- erties (Ponte et al., 2012;
Ritter et al., 2017). Acute studies have shown that EOCz (Oliveira et al., 2001) and trans-a-
nethole (Newberne et al., 1999; Ponte et al., 2012) exhibit low toxicity. EOCz administered
by oral route presents wide thera- peutic window (LD50 > 2.5 g/kg) (Oliveira et al., 2001),
since most of its pharmacological effects are manifested at doses between 0.03 and 0.3 g/
kg. Moreover, according to Food and Drug Admin- istration, trans-anethole is considered safe
and devoid of genotoxic and carcinogenic effects (Newberne et al., 1999). However, toxicity
studies performed for longer treatment periods (10-week period) are necessary to validate
the consumption of both C. zehntneri and EOCz.
Based in the popular use of C. zehntneri and in the pharmacolog- ical effects of EOCz,
this study aimed to investigate EOCz toxicity after per oral treatment in rats along ten weeks.

221
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
MATERIAL AND METHODS

Plant material, extraction and EOCz chemical analysis

Croton zehntneri Pax & K. Hoffm., Euphorbiaceae, leaves were collected in the small
village of Cocalzinho, near to the city of Vic¸ osa do Ceará (Ceara State, Brazil) and its iden-
tification was confirmed by Dr. F.J. Abreu Matos (Laboratory of Natural Products, Federal
University of Ceara-UFC, Fortaleza, CE, Brazil). A voucher specimen (no. 277477) has been
deposited at the herbarium Prisco Viana of the Federal University of Ceara (UFC). EOCz
was obtained by steam distillation and its chemical constituents (trans-anethole: 85.7%,
estragole: 4.8%, 1,8-cineole: 2.95%, β-myrcene: 2.2%, anisaldehyde: 1.22%, trans-caryo-
phyllene: 0.9%, unidentified: 2.23%) were deter- mined by gas chromatography coupled
to mass spectrometry in the Technological Development Park of the Federal University of
Ceará – PADETEC (Technological Development Park)/UFC. The anal- ysis conditions were
as following: Hewlett-Packard 6971 (Palo alto, CA, USA); column of dimethylpolysiloxane
DB-1 fused silica capillary column (30 m × 0.25 mm; 0.1 µm); helium (1 ml/min) as carrier gas;
injector temperature: 250 ºC; detector temper- ature: 200 ºC; column temperature: 35–180
ºC at 4 ºC/min and 180–250 ºC at 10 ºC/min; and mass spectra: electronic impact 70 eV.
The compounds were identified using mass spectral library search.

Animals

Male Wistar rats (n = 30) of the Central Animal House/UFC, presenting initial body mass
that ranged from 116–149 g, were randomly distributed to collective cages (five per cage).
Rats were chosen for this study, since they are considered the most conservative model to
evaluate hepatotoxicity of terpenes in humans (Newberne et al., 1999). Before treatment,
animals were maintained for 14 days in the Experimental Physiology Laboratory-UECE at 23 2
◦C, 12-h light/dark cycle. Standard rodent chow (BioBaseBio-TEC) and water were available
ad libi- tum. The general animal appearance was observed daily for disease detection, and
weekly for the analysis of parasites in feces samples.

Experimental design

Volatile oil or trans-anethole (1-methoxy-4-[(E)-prop-1-enyl] benzene) (Sigma–Aldrich,


St. Louis, MO, EUA) was mixed with water daily prior to animal administration. Rats (n = 10/
group) received 250 mg/kg EOCz (p.o.) or trans-anethole (used as the ref- erence drug) for
10 weeks. The effective dose of 250 mg/kg (body mass) was selected since it is lower than
10% of EOCz LD50 (Oliveira et al., 2001). The control group received water by gavage in

222
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
equiv- alent volume. During treatment, animals were weighted weekly and the food and water
intake were daily measured by subtracting the amount measured from the amount offered
at a given cage, after 24 h of consumption, and dividing the result by the number of animals
in each cage (five animals).
Protocols were approved by the Ethical Committee (CEUA-UECE no. 06379067-0).
After treatment, animals were anesthetized with xylazine (10 mg/kg) and ketamine (75
mg/kg), and blood was collected for hematological and clinical chemistry analysis. Blood
samples were collected in tubes containing potassium EDTA for hematological evaluation
(automated equipment Pentra 60® ) of the following parameters: erythrocyte, leukocyte and
platelet counts; hematocrit (Ht); hemoglobin (Hb); mean corpuscular volume (MCV); mean
corpuscular hemoglobin (MCH); hemoglobin mean concentration (MCHC) and red distribu-
tion width (RDW). The morphological analysis of blood cells and the differential leukocyte
counts were performed on smears stained with fast panoptic dye (Laborclin® ). For the clinical
chemistry analysis, blood samples were collected in tubes containing separator gel and left
to clot retraction. Samples were centrifuged and the serum analyzed (Diagnostic Labtest
S.A., 2009) in automated equipment (Labmax 240® ) for the following parameters: amylase,
lipase, aspartate aminotransferase (AST), alanine aminotransferase (ALT), alkaline phos-
phatase (AP), lactate dehydrogenase (LDH), gamma-glutamyltranspeptidase (GAMA-GT),
total creatine kinase (CK-NAC), creatine kinase isoenzyme MB (CK-MB), total bilirubin (TB), 223
direct and indirect bilirubin (DB, IB), total proteins (TP), albumin and globulin.
Animals were euthanized for histological analysis of liver, lung, adrenal gland, spleen,
stomach, duodenum, cerebral cor- tex and heart. The organs were removed, weighed, fixed
during 24 h in 10% buffered formaldehyde, transferred to 70% ethanol, trimmed using an
automated histotechnique (Leica® ), embedded in paraffin, sectioned to a thickness of 3–5 µm
and stained with hematoxilin and eosin (H&E). The analysis was performed in a double-blind
fashion manner. The photomicrographs were per- formed by the use of Microscope Nikon
Eclipse Nis and Software Nis 4.0.

Statistical analysis

The results were presented as mean S.E.M. and ana- lyzed by one-way ANOVA follo-
wed by Bonferroni or Student–Newman–Keuls Method. p 0.05 was considered significant.

223
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
RESULTS

Survival, body mass, absolute and relative organs weight and food and water intake of rats
treated with EOCz

Similar to trans-anethole, rats treated with EOCz (250 mg/kg; p.o.) during ten weeks
survived until the end of the experiment (Table 1). Besides, the treatment did not alter the
animal water consumption, except at the fifth week, in which EOCz induced a discrete increa-
se (Fig. 1 A), but gained less weight (15–16%) compared to control (Table 1 ). Accordingly,
the treatment with EOCz, as with anethole, exhibited small, but significant reduction in food
intake from week 8 to week 10, reducing by 12% at week 10 (EOCz: 187.00 ± 1.90 g vs.
control: 210.0 ± 3.98 g) (Fig. 1 B). In addition EOCz and trans-anethole, did not alter either
the relative or the absolute weight of most of the organs analyzed, except for the relative
weight of kidney, which was increased by 11% (Table 2). Clinical abnormalities that would
suggest toxicity were not observed, such as external and eye lesions, changes in hair color
and distribution (data not shown).

Table 1. Survival and body mass of rats after 10 week-treatment with volatile oil of Croton zehntneri or anethole.
Body mass (g)
Treatment Survival Final body mass gain (% of control)
Initial Final Body mass gain
Control 10/10 b
163.2 ± 175.6 384.8 ± 364.0 221.6 ± 5.85 100.00
a
EOCZ 10/10 177.1 ± 4.97 362.5 ± 9.48 188.4 ± 8.11c 94.59
Anethole 10/10 ± 4.66 ± 2.97 ± 8.00 ± 8.71 185.4 ± 8.03c 94.20
a
EOCz, volatile oil of C. zethneri.
b
Mean ± S.E.M.
c
p ≤ 0.05 vs. control (ANOVA and Student’s t-test).

224
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Fig. 1. Water (A) and food (B) consumption of rats treated with volatile oil of Croton zehntneri. Animals received water,
anethole or volatile oil at 250 mg/kg b.w., p.o. during 10 weeks. EOCz: volatile oil of C. zehntneri. ANT: anethole. Mean
± S.E.M. ANOVA and followed by Bonferroni (*p < 0.05 vs. control).

225
Biochemical and hematological parameters of rats treated with EOCz

The treatment with EOCz, as with trans-anethole, did not induce alterations in the func-
tion biomarkers of pancreas (α-amylase and lipase), kidney (urea and creatinine), heart (CK
and CK-MB) and liver (ALT, alanine aminotransferase; AST, aspartate aminotrans- ferase;
LDH, lactate dehydrogenase; AP, alkaline phosphatase; TB, total bilirubin; DB, direct bilirubin;
IB, indirect bilirubin; TP, total protein). However, EOCz and trans-anethole increased in 7 and
4 fold, respectively, the serum biomarker of liver function (gamma glutamyltranspeptidase
(GAMA-GT), but only EOCz, decreased uric acid, the serum biomarker of kidney function
(Table 3). The hematological parameters were unaltered by EOCz or trans-anethole (Table
4), being the erythrocytes normocytic and normochromic (data not shown).

Table 2. Absolute and relative organs weight of rats after 10 week-treatment with volatile oil of Croton zehntneri or
anethole.
Treatment
Parameters
Control EOCz Anethole
Body mass(g) a 379 ± 6.6 364 ± 7.97 371 ± 10.14
Liver
Absolute (g) 12.356 ± 0.486 12.923 ± 0.512 12.661 ± 0.371
Relative (mg/g) 32.540 ± 0.144 35.590 ± 0.145 34.190 ± 0.050

225
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Treatment
Parameters
Control EOCz Anethole
Heart
Absolute (g) 1.051 ± 0.046 1.016 ± 0.036 1.054 ± 0.045
Relative (mg/g) 2.770 ± 0.011 2.810 ± 0.013 2.850 ± 0.012
Ileum
Absolute (g) 9.147 ± 0.203 8.481 ± 0.325 8.924 ± 0.480
Relative (mg/g) 24.180 ± 0.075 23.340 ± 0.088 23.790 ± 0.105
Empty stomach
Absolute (g) 1.762 ± 0.055 1.799 ± 0.050 1.797 ± 0.045
Relative (mg/g) 4.660 ± 0.018 5.030 ± 0.013 4.870 ± 0.014
Full stomach
Absolute (g) 4.539 ± 0.467 4.773 ± 0.656 4.435 ± 0.473
Relative (mg/g) 11.000 ± 0.089 13.210 ± 0.195 11.900 ± 0.113
Kidney
Absolute (g) 1.101 ± 0.055 1.165 ± 0.022 1.218 ± 0.039
Relative (mg/g) 2.890 ± 0.015 3.210 ± 0.005b
3.320 ± 0.016b
Pancreas
Absolute (g) 1.366 ± 0.089 1.364 ± 0.085 1.380 ± 0.098
Relative (mg/g) 3.600 ± 0.023 3.730 ± 0.019 3.770 ± 0.031
Spleen
Absolute (g) 0.755 ± 0.029 0.735 ± 0.050 0.719 ± 0.022
Relative (mg/g) 1.990 ± 0.008 2.000 ± 0.023 1.950 ± 0.006
Lung
ung Absolute (g) 1.522 ± 0.083 1.517 ± 0.054 1.522 ± 0.054
Relative (mg/g) 3.850 ± 0.014 4.180 ± 0.017 4.120 ± 0.015
Adrenal gland
Absolute (g) 0.163 ± 0.022 0.173 ± 0.066 0.122 ± 0.019
Relative(mg/g) 0.427 ± 0.006 0 0.482 ± 0.0184 0.551 ± 0.016
Brain
Absolute (g) 1.651 ± 0.074 1.740 ± 0.066 1.730 ± 0.045
Relative (mg/g) 4.360 ± 0.021 1 4.790 ± 0.018 4.700 ± 0.017

a Mean ± S.E.M. (n = 10).


b p ≤ 0.05 vs. control (ANOVA and Student’s t-test).

Histological pattern of organs from rats treated with EOCz

Some histological alterations were observed in the following organs: liver – discrete
hydroponic degeneration and vascular con- gestion; lung, stomach and duodenum - dis-
crete inflammatory infiltration (laminas not shown); adrenal gland cortex-discrete vascular
congestion; spleen – discrete hemorrhage and inflamma- tory cell infiltrate; cerebral cortex
– moderate hemorrhage and vascular congestion; heart – moderate lymphohistiocytic inflam-
matory cell infiltrate (Fig. 2).

Table 3. Biochemical blood parameters of rats after 10 week-treatment with volatile oil of Croton zehntneri or anethole.
Treatment
Parameters
Control EOCz Anethole
ALT (U/l) 62.00 ± 3.26 66.44 ± 6.15 70.89 ± 4.23
AST (U/l) 190.00 ± 18.00 230.00 ± 42.00 230.00 ± 35.00
LDH (U/l) 4034.00 ± 185.00 4097.00 ± 179.00 4010.00 ± 236.00

226
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Treatment
Parameters
Control EOCz Anethole
AP (U/l) 225.00 ± 15.00 204.00 ± 10.00 192.00 ± 14.00
GAMA-GT (U/l) 0.30 ± 0.15 2.10 ± 0.27b 1.33 ± 0.16a
TB (mg/dl) 0.33 ± 0.06 0.24 ± 0.04 0.25 ± 0.03
DB (mg/dl) 0.03 ± 0.01 0.03 ± 0.004 0.03 ± 0.005
IB (mg/dl) 0.27 ± 0.06 0.30 ± 0.08 0.22 ± 0.03
TP (mg/dl) 6.56 ± 0.14 6.67 ± 0.11 6.62 ± 0.13
Albumin (mg/dl) 3.15 ± 0.05 3.30 ± 0.06 3.31 ± 0.05
Globulin (mg/dl) 3.41 ± 0.10 3.30 ± 0.06 3.31 ± 0.05
Urea (mg/dl) 54.00 ± 2.86 49.00 ± 1.22 53.00 ± 53.00
Creatinine (mg/dl) 0.44 ± 0.04 0.40 ± 0.02 0.45 ± 0.02
Uric acid (mg/dl) 1.17 ± 0.19 0.73 ± 0.05a 0.91 ± 0.08
CK-total (mg/dl) 1820.00 ± 319.00 1956.00 ± 361.00 2501.00 ± 502.00
CK-MB (mg/dl) 1890.00 ± 262.00 1915.00 ± 150.00 1795.00 ± 140.00
Amylase (U/l) 1206.00 ± 62.00 1227.00 ± 47.00 1185.00 ± 39.00
Lipase (U/l) 11.00 ± 0.31 12.00 ± 1.41 11.00 ± 0.39
ALT, alanine aminotransferase; AST, aspartate aminotransferase; LDH, lactate dehy- drogenase; AP, alcaline
phosphatase; GAMMA-GT, gamma glutamyl transpeptidase; TB, total bilirubin; DB, directbilirubin; IB, indirect
bilirubin; TP, total protein: CK- Total, total creatine phosphokinase; CK-MB, creatine phosphokinase MB fraction.
Mean ± S.E.M.
a p ≤ 0.05 vs. control (ANOVA and Student’s t-test).
b p ≤ 0.001 vs. control (ANOVA and Student’s t-test).

Fig. 2. Histological pattern of organs from rats treated with volatile oil of Croton zehntneri. Liver (a, b): discrete hydroponic
degeneration and vascular congestion; lung (c, d): discrete inflammatory infiltration; adrenal cortex (e, f): discrete vascular
congestion; spleen (g, h): discrete hemorrhage and inflammatory infiltration; cerebral cortex (i, j): moderate hemorrhage

227
and vascular congestion; heart (k, l): moderate lymphohistiocytic inflammatory infiltration and discrete vascular congestion.
H&E, Microscope Nikon Eclipse Nis, Nis Software 4.0A®.

227
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Table 4. Hematological parameters of rats after 10 week-treatment with volatile oil of Croton zehntneri or anethole.
Treatment
Parameters
Control EOCz Anethole
Erythrocytes ×10 6
8.40 ± 0.14 8.39 ± 0.32 8.24 ± 0.28
Hgb (g/dl) 15.97 ± 0.33 16.01 ± 0.79 16.02 ± 0.51
HCT (%) 50.24 ± 1.03 50.16 ± 2.21 50.37 ± 1.76
MCV (µm3 ) 59.78 ± 0.28 59.78 ± 0.40 59.78 ± 0.52
MCH (pg) 19.04 ± 0.09 19.02 ± 0.29 19.09 ± 0.18
MCHC (g/dl) 31.84 ± 0.10 31.89 ± 0.37 31.89 ± 0.20
RDW (%) 14.00 ± 0.19 14.60 ± 0.21 14.79 ± 0.26
Leukocytes/mm3 7.68 ± 0.62 8.31 ± 0.53 8.24 ± 0.75
Neutrophils (%) 11.09 ± 0.78 11.12 ± 0.85 9.58 ± 0.71
Lymphocytes (%) 86.74 ± 0.99 86.18 ± 1.29 88.27 ± 1.12
Monocytes (%) 0.80 ± 0.19 0.70 ± 0.11 0.54 ± 0.09
Eosinophils (%) 0.80 ± 0.15 0.73 ± 0.23 0.99 ± 0.59
Basophils (%) 0.57 ± 0.06 0.90 ± 0.30 0.62 ± 0.12
Platelets ×103 mm3 596.00 ± 45.16 541.11 ± 62.02 519.00 ± 51.78
Hgb, hemoglobin; HCT, hematocrit; MCV, mean corpuscular volume; MCH, mean
corpuscular hemoglobin; MCHC, mean corpuscular hemoglobin concentration; RDW,
red cell distribution width. Mean ± S.E.M.
a p ≤ 0.05 vs. control (ANOVA and Student–Newman–Keuls Method).

DISCUSSION

The investigation of EOCz (p.o.) systemic toxicity in rats, assessed by several para-
meters (survival, water and food con- sumption, body mass, absolute and relative organs
weight, blood biochemical dosage, hemogram and organs morphology), demon- strated that
all animals survived and no major toxicity was observed in most of the organs analyzed.
Volatile oil reduced the animal weight gain and food intake after eight weeks of treat-
ment, an effect that was also elicited by the reference drug trans-anethole, the main cons-
tituent of EOCz (Le Bourhis and Soenen, 1973). In accordance, other studies revealed that
trans-anethole (600–1500 mg/kg) reduces the animal weight gain (Newberne et al., 1999).
This data suggest that the reduction in the animal weight gain and in food intake caused by
EOCz could be assigned to trans-anethole.
Treatment with EOCz or trans-anethole did not change pancre- atic or cardiac function,
since no alterations were observed in the serum concentration of α-amylase, lipase, CK or
CK-MB. Although it is difficult to correlate enzyme activity with cardiac injury, as most enzy-
mes are not confined into specific organs, CK and CK- MB are very useful to indicate heart
damage. In respect to kidney, EOCz and trans-anethole did not alter plasma levels of urea
and cre- atinine. However, EOCz caused significant reduction in uric acid, the main product
of purine metabolism, that is excreted in the urine and its increase in plasma concentrations is
usually associated with renal dysfunctions. Moreover, the hematological profile was unaltered
by EOCz, but it was by trans-anethole, that caused slight increase in RDW (red distribution
width), a parameter that numer- ically represents variations of the volume of red blood cells.

228
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
High RDW values may indicate changes in erythrocyte maturation, how- ever, this altera-
tion isolated, not associated to other hematological changes, does not indicate toxic effect,
although may be a poten- tial prognostic marker in patients with cancer (Hu et al., 2017), as
observed in this study.
In mammals, the major constituent of EOCz, trans-anethole, is completely metabolized
in the liver, conjugated and excreted in the urine. Its detoxification occurs via three main
routes (ω- oxidation, o-demethylation and epoxidation) that vary according to specie, sex,
dose and duration. Epoxidation, the minority route (3–8.8%) provides the stable metabolite
trans-anethole epoxide (AE), by which the daily production of AE during a period longer than
90 days and doses higher than 120 mg/kg induces hepatotoxic effects, such as cellular hyper-
trophy, inflammatory infiltrate, sinu- soidal dilation, hyperplasia and carcinoma (Newberne
et al., 1999). Despite of the dose used in this study (250 mg/kg), either greater than or at
the higher end of the range for effective pharmacological activity, we believe that very likely
no functional important hep- atotoxic effect was observed, as we discuss below, suggesting
no liver accumulation of AE metabolite. In the present study both EOCz and trans-anethole
did not alter hepatic function markers (ALT, AST, alkaline phosphatase, lactate dehydroge-
nase-LDH, total protein) or caused important alteration in the liver histology. In addition, no
changes in the main bile pigment (total, direct and indirect biliru- bin) were observed, indicating
that neither EOCz nor trans-anethole interfere with the conjugation of bile salts or with their 229
elimination by the biliary ducts.
Dealing more specifically with the subject of hepatic toxicity, it is important to consider
and to analyze the fact that the animals treated with EOCz or trans-anethole exhibited increa-
sed levels of GAMA-GT. This enzyme is of clinical importance and considered a biomarker
of high sensitivity to hepatobiliary injury, being asso- ciated with liver and bile ducts diseases
(Pratt and Kaplan, 2000; Dufour et al., 2000). However, the increased levels of GAMA-GT
here observed, as related to hepatic toxicity, should be interpreted with caution. First, the
range of Gamma-GT normal values is very large (in humans is 38 for women and 55 for
men) and the value obtained in presence of anethole and EOCz is very close to control in
other experimental studies in rats (Abdelhalim et al., 2018; Salama et al., 2018). Second,
as mentioned above, other blood biochemical biomarkers of liver toxicity were not affected.
Third, an increase in GAMA-GT might reflect a minor toxicity of other organ, in our study the
kidney, perhaps, which is increased in weight (see Ward, 1975; Kwiatkowska et al., 2014).
Fourth, the literature describes that both trans-anethole and EOCz exert hepatoprotective
effect in rats via reduction of ALT and AST in the model of acute hepatotox- icity induced by
acetaminophen (Lima et al., 2008; da Rocha et al., 2016). Fifth, GAMA-GT has low specificity
since it can be altered by the use of drugs and alcohol or by various pathological conditions,

229
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
such as cardiovascular diseases, fatty liver (Yokoyama et al., 2000; Nomura et al., 1986),
obesity and diabetes type 2 (Perry et al., 1998; Nakanishi et al., 2004). Thus, despite the fact
that the increase in GAMMA-GT unauthorizes ruling out OECz and anethole hepato- toxicity,
the chance of occurrence or, should it occur, of functional significance of this toxicity is likely
to be minimum, since hepa- tocellular injuries induced by certain drugs may be translated to
an increase in serum concentrations of AST, ALT and other signs of hepatic injury (Farghali
et al., 2016), which were not observed in this study. Although EOCz had caused discrete
morphological alter- ations in some organs and blood biochemical modifications, it did not
induce major morphological and functional changes. Accord- ingly, the discrete vascular
congestion observed in the liver may be analyzed following this line of reasoning.
In conclusion, the sub-acute per oral treatment with EOCz and anethole, no longer than
ten weeks in rats offers small toxicity at doses below 250 mg/kg, and have a potentiality for
therapeutic use, provided that the analysis risk/benefit endorse that.

ETHICAL DISCLOSURES

Protection of human and animal subjects. The authors declare that the procedures
followed were in accordance with the regula- tions of the relevant clinical research ethics
committee and with those of the Code of Ethics of the World Medical Association (Dec- la-
ration of Helsinki).
Confidentiality of data. The authors declare that no patient data appear in this article.
Right to privacy and informed consent. The authors declare that no patient data
appear in this article.

Funding

The authors thank CNPq, FUNCAP and CAPES for funding and granting scholarships
to students and to UniChristus for the animals supply.

Conflicts of interest

The authors declare no conflicts of interest.

ACKNOWLEDGMENTS

This research was supported by CNPq, CAPES, Fundac¸ ão de Amparo ao


Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Ceará and Financiadora de Estudos
e Projetos and UniChristus.

230
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
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Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
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233
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
15
Capacidade antioxidante e conteúdo
fenólico de infusões e decocções de
ervas medicinais

Bárbara Elizabeth Alves de Magalhães


UNEB/UFBA

Walter Nei Lopes dos Santos


UNEB/UFBA

10.37885/210203148
RESUMO

Os chás são reconhecidos como excelentes fontes de antioxidantes naturais. O preparo


da bebida, por infusão ou decocção de partes da erva medicinal, favorece a extração de
compostos bioativos da planta, como os compostos fenólicos, aos quais são relatadas
diversas propriedades benéficas à saúde, destacando-se entre elas a atividade antio-
xidante. Neste trabalho é apresentada uma revisão de literatura acerca da capacidade
antioxidante e do conteúdo fenólico de infusões e decocções de plantas de diferentes
espécies. Diante dos dados relatados neste trabalho, indica-se que o conteúdo fenólico
e a capacidade antioxidante diferem bastante de acordo com a espécie da planta e po-
dem variar muito a depender das condições de desenvolvimento da planta e do modo
de preparo do chá, por infusão ou decocção.

Palavras-chave: Chá, Infusão, Decocção, Compostos Fenólicos, Atividade Antioxidante.

235
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
INTRODUÇÃO

As bebidas de ervas medicinais são conhecidas desde a antiguidade e amplamente


consumidas em todo o mundo. As infusões são preparadas pela adição de água aquecida ou
fervente sobre partes da planta, enquanto as decocções envolvem a fervura da erva. O méto-
do de preparo das infusões e decocções de ervas (bebidas popularmente chamadas de chás
no Brasil) favorece a extração dos compostos fenólicos das plantas, tornando as bebidas
excelentes fontes destes antioxidantes naturais. O consumo de infusões e decocções de
ervas medicinais é, além de um aspecto cultural, uma alternativa eficiente, de fácil acesso
e baixo custo para diversos fins terapêuticos (FIGUEIRINHA et al., 2008; MORAIS et al.,
2009; MAGALHÃES e SANTOS, 2020a).
Os chás têm recebido muita atenção por se tratarem de bebidas funcionais e por seus
efeitos benéficos à saúde, associados aos seus compostos bioativos, como compostos
fenólicos, aos quais são atribuídas diversas propriedades funcionais, com destaque a ati-
vidade antioxidante. O conteúdo fenólico e a capacidade antioxidante dos chás dependem
principalmente da espécie da planta da qual foi preparada a bebida, pois o perfil fenólico
varia de acordo com a espécie, e do processo de preparo da bebida, por infusão ou decoc-
ção, que é responsável pela extração dos compostos bioativos da planta (ZIELINSKI et al.,
2014; FOTAKIS et al., 2016).
Os chás podem ser usados como ingrediente natural para fins de preservação de
alimentos em substituição aos antioxidantes sintéticos na indústria alimentícia, devido ao
fato de serem ricos em compostos bioativos com atividades antioxidante e antimicrobiana.
Além de aumentar o tempo de conservação dos alimentos, o uso dos chás como fonte de
antioxidantes naturais na produção de alimentos promove a incorporação de propriedades
bioativas (CALEJA et al., 2015). Os chás e seus compostos bioativos também são usados
como ingredientes naturais na elaboração de cosméticos. Os fitoquímicos dos chás também
encontram aplicabilidade na indústria farmacêutica (FOTAKIS et al., 2016).
Vários estudos relatam a presença de antioxidantes em chás, mas empregam métodos
de extração com solventes orgânicos (MORAIS et al., 2009). A investigação da capacidade
antioxidante e do conteúdo fenólico de infusões e decocções de ervas é importante para a
correlação da composição dos chás com os efeitos benéficos à saúde a que são relatados.
Neste trabalho é apresentada uma revisão de literatura acerca da atividade antioxidante e
do perfil fenólico de infusões e decocções de plantas de diferentes espécies.

236
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
DESENVOLVIMENTO

Antioxidantes

Antioxidantes são substâncias que, presentes em concentrações baixas comparadas ao


substrato oxidável, retardam significativamente ou inibem a oxidação do substrato. A partir
de antioxidantes são formados radicais menos reativos, assim não há propagação da reação
em cadeia e os radicais podem ser estabilizados por reação com outro radical ou reciclados
por outro antioxidante, formando produtos estáveis (SOUSA et al., 2007).
Diversos métodos analíticos são relatados para a determinação da atividade antioxidan-
te. Alguns dos métodos empregados utilizam a técnica de espectrofotometria no Ultravioleta-
Visível (UV-Vis) (ALU’DATT et al., 2017). Entre os mais empregados para a determinação
da atividade antioxidante, destacam-se os métodos colorimétricos de captura dos radicais
livres DPPH• e ABTS•+.
O método de captura do radical DPPH (2,2-difenil-1-picril-hidrazila) se baseia no po-
tencial de eliminação dos radicais por um antioxidante que reduz o DPPH• a DPPH2, o
que ocasiona uma mudança de cor da solução, de roxo para amarelo, com consequente
diminuição da absorvância, monitorada espectrofotometricamente (RUFINO et al., 2007a).
O método de captura do radical ABTS (2,2’-azinobis(3-etilbenzotiazolina-6-ácido-sul- 237
fônico)) se baseia na redução da absorvância devido à descoloração do cátion radical,
que é gerado por reação química na presença de um oxidante, como o persulfato de po-
tássio. Neste caso, a mudança de cor da solução se dá do verde escuro para verde claro
(RUFINO et al., 2007b).
As substâncias antioxidantes naturais podem ser utilizadas para aumentar o tempo de
conservação dos alimentos, além de promover benefícios para a saúde, atuando na preven-
ção de várias doenças relacionadas ao estresse oxidativo, como câncer, doenças cardio-
vasculares e neurodegenerativas, hipertensão e diabetes (MORAIS et al., 2009; CALEJA,
et al., 2015; XU et al., 2017).
É crescente o interesse em identificar antioxidantes naturais para substituição dos
sintéticos, pois embora existam milhares de aditivos passíveis de uso para aumentar o tem-
po de conservação dos alimentos, alguns aditivos sintéticos foram relacionados a efeitos
colaterais neurológicos, gastrointestinais, respiratórios, dermatológicos e carcinogênicos
(CALEJA et al., 2015; BENABDALLAH et al., 2016). Entre os antioxidantes naturais, desta-
cam-se os compostos fenólicos, que exibem diversas propriedades funcionais (SHAHIDI e
AMBIGAIPALAN, 2015).

237
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Compostos Fenólicos

Os compostos fenólicos são substâncias que apresentam uma ou mais hidroxilas em


um anel aromático, na forma simples ou polimérica. Estes compostos podem ser encontra-
dos nas plantas e alimentos nas formas livre, ligada, eterificado e esterificado (ALU’DATT
et al., 2017). Os compostos fenólicos constituem o grupo de metabólitos secundários mais
abundantes das plantas. Este grupo de fitoquímicos pode ser dividido em vários subgrupos,
entre eles flavonoides, ácidos fenólicos, taninos e lignanas (XU et al., 2017). Os ácidos
fenólicos e os flavonoides se destacam pela maior abundância na dieta, de modo que os
flavonoides representam cerca de dois terços dos polifenóis alimentares e os ácidos fenólicos
representam aproximadamente o terço restante (ROBBINS, 2003).
Os ácidos fenólicos são divididos em duas classes: derivados de ácido hidroxibenzoico
e derivados de ácido hidroxicinâmico. Os derivados de ácido hidroxibenzoico apresentam
esqueleto C6-C1 e alguns exemplos desta classe são os ácidos p-hidroxibenzoico, protoca-
tecuico e gálico. Os derivados de ácido hidroxicinâmico têm esqueleto C6-C3 e são exem-
plos desta classe os ácidos cumárico, cafeico e ferúlico (HAMINIUK et al., 2012; SHAHIDI e
AMBIGAIPALAN, 2015). Na Figura 1 são apresentadas as estruturas químicas dos ácidos
fenólicos citados.

Figura 1. Estrutura química de ácidos fenólicos.

Fonte: adaptado de PubChem (https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/).

238
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Os flavonoides possuem estrutura química básica C6–C3–C6, formados por dois anéis
aromáticos e um anel heterocíclico. O grau de saturação e os substituintes no anel hetero-
cíclico distinguem os flavonoides segundo as classes: flavonol, flavononol, flavona, flavanol,
flavanona, antocianidina e isoflavonoide (Figura 2). Os anéis aromáticos podem apresentar
vários níveis de hidroxilação e metoxilação, diferenciando os flavonoides de cada classe
(HAMINIUK et al., 2012; SHAHIDI e AMBIGAIPALAN, 2015).

Figura 2. Estrutura química de flavonoides.

239

Fonte: adaptado de CHENG et al., 2014.

Existem diversos métodos para a análise qualitativa e quantitativa do conteúdo fenó-


lico em plantas e alimentos. A espectrofotometria UV-Vis é uma técnica simples, rápida e
de baixo custo para quantificar compostos fenólicos (KAFKAS et al., 2018). Os métodos
colorimétricos são amplamente empregados para a quantificar o teor total de compostos
fenólicos e o teor total de flavonoides.
O teor total de compostos fenólicos pode ser determinado espectrofotometricamente
utilizando o reagente Folin-Ciocalteu (OLIVEIRA JÚNIOR et al., 2017; SANTOS et al., 2020)
ou Folin-Denis (SANTOS et al., 2017; MAGALHÃES et al., 2020; MAGALHÃES e SANTOS,
2020a; MAGALHÃES e SANTOS, 2020b). Este método se baseia na redução do reagente
Folin (contendo tungstênio e molibdênio) pelos compostos fenólicos da amostra, que são
oxidados a fenolatos pelo reagente Folin em meio básico (geralmente com solução de car-
bonato de sódio), resultando em um complexo azul de molibdênio-tungstênio. A intensidade

239
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
da coloração azul da solução é proporcional a concentração total de compostos fenólicos
(KAFKAS et al., 2018).
O teor total de flavonoides também pode ser determinado espectrofotometricamente
empregando solução de cloreto de alumínio (SANTOS et al., 2017; MAGALHÃES e SANTOS,
2020a; SANTOS et al., 2020). Este método se baseia em uma reação de complexação metá-
lica que leva ao surgimento da coloração amarela da solução, cuja intensidade é proporcio-
nal a concentração total de flavonoides. Alternativamente, pode ser adicionada solução de
nitrito de sódio ao extrato da amostra antes da adição do cloreto de alumínio para melhorar
a sensibilidade (MAGALHÃES e SANTOS, 2020b).
Para a identificação e quantificação individual de compostos fenólicos a técnica mais
utilizada é a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE). As condições da CLAE para
a separação de compostos fenólicos incluem principalmente o uso de colunas de C18 (fase
reversa), sistema binário de solventes e eluição em modo gradiente. Diferentes detectores
podem ser empregados para a identificação dos compostos, mas o Detector de Arranjo de
Diodos (DAD) tem destaque pela ampla aplicabilidade, principalmente por possibilitar uma
varredura da região UV-Vis. O sistema CLAE- DAD se destaca pela sensibilidade, eficiência
de separação, flexibilidade de amostras e análises (qualitativa e quantitativa) e menor custo
em relação a outros sistemas (HAMINIUK et al., 2012; PYRZYNSKA e SENTKOWSKA, 2015;
ALU’DATT et al., 2017; XU et al., 2017; KAFKAS et al., 2018).
Os compostos fenólicos exibem diversas propriedades fisiológicas, como antioxidantes,
anti- inflamatórios, antimicrobianos, antioxidante, anti-inflamatório, antimicrobiano, anticar-
cinogênico, anti-arterogênico, anti-úlcera, antitrombótico, cardioprotetor, neuroprotetor e
vasodilatador (HAMINIUK et al., 2012; BARROS et al., 2013; SHAHIDI e AMBIGAIPALAN,
2015), atuando na prevenção de doenças associadas ao estresse oxidativo (XU et al., 2017).
A atividade antioxidante dos compostos fenólicos deve-se principalmente à estrutura
química e suas propriedades de oxirredução, que os permitem atuar como agentes redutores,
doadores de hidrogênio e eliminadores de oxigênio singlete. Tais características desem-
penham importante papel na neutralização ou sequestro de radicais livres, com ação nas
etapas de iniciação e de propagação do processo oxidativo (SOUSA, et al., 2007; BARROS
et al., 2013). O potencial antioxidante dos compostos fenólicos depende principalmente do
número e disposição dos grupos hidroxila nas moléculas (SHAHIDI e AMBIGAIPALAN, 2015).
Os compostos fenólicos estão amplamente distribuídos nas plantas, onipresentes em
todos os seus órgãos (PYRZYNSKA e SENTKOWSKA, 2015), ocorrendo naturalmente nas
folhas, flores, frutos, sementes, cascas e raízes. Como metabólitos secundários, a produção
de compostos fenólicos se dá durante o desenvolvimento da planta e é influenciada por

240
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
diferentes aspectos, de forma que fatores bióticos e abióticos podem influir a síntese dos
compostos fenólicos (SHAHIDI e AMBIGAIPALAN, 2015).

Chás

As plantas são fontes ricas de compostos fenólicos e o processo de preparo dos chás
proporciona a extração dos fenólicos da planta para a bebida (MORAIS et al., 2009). O pre-
paro dos chás é tradicionalmente realizado por infusão ou decocção. No processo de infu-
são o material vegetal permanece suspenso na água (quente ou fervente) ao longo de um
tempo, em repouso ou com eventual agitação. O processo de decocção envolve a fervura do
material vegetal, geralmente permitindo a extração de mais substâncias. A decocção tende
a ser utilizada quando as propriedades medicinais da planta são mais importantes do que
o sabor ou aroma (PÉREZ et al., 2014; FOTAKIS et al., 2016).
Conhecidos e consumidos em todo o mundo desde a antiguidade, os chás são asso-
ciados a várias propriedades benéficas à saúde. De modo geral, os chás têm propriedades
antioxidante, anticancerígena, antimicrobiana, anti-inflamatória, analgésica, neuroprotetora,
dentre tantas outras. Tais propriedades são associadas aos compostos bioativos do chá,
especialmente os antioxidantes fenólicos (MORAIS et al., 2009; ZIELINSKI et al., 2014).
A composição e, por consequência, as propriedades funcionais dos chás estão princi-
241
palmente relacionadas com o método de preparo da bebida, fatores intrínsecos da planta,
especialmente genético (a composição fenólica é afetada pela variedade vegetal) e condições
fisiopatológicas, e fatores externos, como condições ambientais, tipo de solo, práticas agro-
nômicas, condições sazonais e origem geográfica (DIAS et al., 2013; FOTAKIS et al., 2016).
Em levamento bibliográfico sobre capacidade antioxidante e conteúdo fenólico de ervas
medicinais foi verificado que os estudos empregam principalmente solventes orgânicos em
métodos de extração que se distanciam muito do preparo tradicional de chás. Foi consta-
tado que pouca atenção é dada a composição fenólica e atividade antioxidante de infusões
e decocções de ervas medicinais. Nos estudos em que de fato foram avaliados os chás,
de modo geral, foram empregados métodos espectrofotométricos para determinar o teor
de compostos fenólicos totais, o teor de flavonoides totais e a capacidade antioxidante in
vitro de infusões e decocções. Para a determinação de compostos fenólicos, especialmente
ácidos fenólicos e flavonoides, foi utilizado principalmente CLAE-DAD.
A Tabela 1 sumariza as principais informações de estudos sobre a capacidade antioxi-
dante e a composição fenólica de infusões e decocções de diversas ervas medicinais. São
relatadas as espécies de plantas, tipo de amostra (comercial ou cultivada), procedimento
de preparo dos chás (infusão ou decocção), quais análises foram realizadas e as respec-
tivas referências.

241
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Tabela 1.Estudos sobre compostos fenólicos e atividade antioxidante de chás.

Amostras Preparo do chá Análises Referência

Comercial em sachê: Foeninculum CLAE-DAD: ácidos elágico, gálico, p-cumárico,


vulgare (funcho), Pimpinella anisum clorogênico e cafeico, rutina, catequina, quer-
Infusão: 2 g de erva em 140 mL
(erva doce), Cymbopogon citratus cetina, kaempferol e cafeína. MAGALHÃES e SANTOS,
de água ultrapura fervente por 17
(capim cidreira), Mentha piperita Espectrofotometria UV-Vis: fenólicos totais, fla- 2020a
min em repouso
(hortelã) e Melissa officinalis (me- vonoides totais e atividade antioxidante in vitro
lissa) (DPPH• e ABTS•+).

Comercial em sachê: Cymbopogon


citratus (capim cidreira), Pimpinella CLAE-DAD: ácidos gálico, clorogênico e cumári-
anisum (erva doce), Mentha piperita co, catequina, epicatequina, quercetina, querce-
Infusão: 2 g de erva em 100 mL
(hortelã), Camellia sinensis (chá ver- trina, cafeína e procianidina B1, procianidina B2.
de água destilada a 80 °C, sob ZIELINSKI et al., 2014
de), Peumus boldus (boldo do Chi- Espectrofotometria UV-Vis: fenólicos totais,
agitação magnética por 7,5 min
le), Matricaria recutita (camomila), flavonoides totais e atividade antioxidante in
Baccharis trimera (carqueja) e Ilex vitro (DPPH•).
paraguariensis (erva-mate)

Comercial: Rosmarinus officinalis


(alecrim), Morus alba (amora), Bac-
Espectrofotometria UV-Vis: fenólicos totais,
charis trimera (carqueja), Hibiscus Infusão: 0,5 g de erva em 25 mL
flavonoides totais e atividade antioxidante in SANTOS et al., 2020
sabdariffa (hibisco), Salvia officinalis de água
vitro (DPPH•).
(sálvia), Moringa oleifera (moringa)
e ervas finas

Comercial: Cymbopogon citratus


(capim cidreira), Pimpinella anisum
(erva doce), Melissa officinalis (me-
Infusão: 1 g de erva em 190 mL
lissa), Camellia sinensis (chá verde), CLAE-UV: ácidos cafeico, ferúlico, sinapínico, MARQUES e FARAH,
de água a 95 ºC por 15 min em
Ilex paraguariensis (erva- mate), p-cumárico, gálico, siríngico e vanílico. 2009
repouso
Baccharis genistelloides (carqueja
amarga), Achyrocline satureioides
(macela)

Comercial em sachê: Camellia sinen- Infusão: 1,6 g de erva em 130 mL


CLAE-DAD: ácidos gálico, clorogênico, cafeico,
sis - não fermentado (chá verde) e água ultrapura a 80 AZEVEDO et al., 2019
p-cumárico e ferúlico, cafeína e teobromina.
fermentado (chá preto) °C por 3 min

CLAE-DAD: ácidos cafeico, cumárico, sinápico e


rosmarínico, galocatequina- galato, naringina,
Infusão: 1 g de folhas pulveriza-
Planta cultivada: Mentha piperita rutina, quercetina e hesperidina.
das em 100 mL de água destilada PÉREZ et al., 2014
(hortelã) Espectrofotometria UV-Vis: fenólicos totais, fla-
fervida por 10 min em repouso
vonoides totais e atividade antioxidante in vitro
(DPPH• e ABTS•+).

Plantas cultivadas: Foeniculum


vulgare (funcho), Mentha piperita Infusão: 2,8 g de material vegetal
Espectrofotometria UV-Vis: fenólicos totais e TRENDAFILOVA
(hortelã), Melissa officinalis (melis- seco em 140 mL de água destila-
atividade antioxidante in vitro (DPPH•). et al., 2010
sa), Salvia officinalis (sálvia), Corrian- da aquecida por 6 min
drum sativum (coentro)

Infusão: 5 g de erva pulveriza-


da em 150 mL de água fervente
CLAE-DAD: luteolina, glicosídeos de apigenina,
por 15 min, mantendo a mistura
isoorientina e vitexina.
Planta cultivada: Cymbopogon citra- aquecida.
Espectrofotometria UV-Vis: atividade antioxi- FIGUEIRINHA et al., 2008
tus (capim cidreira) Decocção: fervura de 5 g de erva
dante in vitro (DPPH•, eliminação de ânions
pulverizada em 150 mL de água,
superóxido e de radicais hidroxílicos).
até redução do volume para 100
mL.

Infusão: 10 g de erva pulverizada


em 250 mL de água fervente por CLAE-DAD: Ácidos cafeico e clorogênico, isoo-
15 min. rientina, isoscoparina e orientina.
Planta de jardim: Cymbopogon citra-
Decocção: fervura de 10 g de Espectrofotometria UV-Vis: atividade antioxi- CHEEL et al., 2005
tus (capim cidreira)
amostra pulverizada em 250 mL dante in vitro (DPPH•, eliminação de ânions
de água por superóxido e inibição de xantina oxidase).
2,5 h.

242
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
De modo geral, o processo de extração por decocção mostrou-se mais eficiente, tendo
sido verificados maiores teores de compostos fenólicos e capacidades antioxidantes em re-
lação à infusão. De acordo com Manahan (2012), à medida que aumenta a temperatura da
água, sua constante dielétrica e polaridade diminuem, características que conferem à água
uma condição de fluido extrator similar a um solvente orgânico. Por ser mais polar que os
solventes orgânicos, a água é mais eficiente na extração de substância polares. Portanto, o
processo de decocção favorece a extração de substâncias de diferentes polaridades.
A razão para menor eficiência da infusão em relação à decocção pode ser justificada
pelo fato de que, quando a temperatura inicial da água (100 ºC) no processo de infusão
é maior, há uma melhor solubilização dos compostos, mas à medida que a temperatu-
ra diminui ao longo do tempo de infusão, a solubilização tende a diminuir, reduzindo a
extração destes compostos, devido a uma temperatura mais baixa em relação à inicial
(RAMALHO et al., 2013).
Chama atenção a variabilidade do conteúdo fenólico de chás preparados de diferen-
tes ervas medicinais, o está relacionada ao fato do perfil fenólico variar de acordo com a
espécie. As diferenças observadas entre os chás da mesma espécie podem ser atribuídas
a diversos fatores, como origem geográfica, tipo de solo, condições ambientais e sazonais
durante o desenvolvimento da planta, condições fisiopatológicas da planta, entre outros
(DIAS et al., 2013; ZIELINSK et al., 2014). Além dos fatores mencionados, as disparidades 243
da capacidade antioxidante e composição fenólica de chás da mesma planta também são
associadas às diferenças no método de extração, já que o processo de preparo da bebida
(por infusão ou decocção) também afeta a composição do chá (FOTAKIS et al., 2016).
No caso de infusões e decocções preparadas de amostras comerciais de ervas, as
condições de fabricação adotadas pelas empresas, como condições de armazenamento e
tratamentos tecnológicos, também podem contribuir para a variabilidade do conteúdo fenólico
e capacidade antioxidante dos chás (DIAS et al., 2013). O processo de secagem (tipo de
secador, sistema de secagem, temperatura e umidade relativa do ar ambiente, etc.) adota-
do pelo fabricante também pode causar alterações na composição fenólica, uma vez que o
processo de a remoção da água da planta durante a secagem pode causar a degradação
dos compostos fenólicos (COSTA et al., 2016). Outro aspecto importante a se ressaltar é
que cada empresa pode usar diferentes proporções entre partes da planta (folhas, galhos,
flores e frutos) para compor seu produto (ZIELINSK et al., 2014).
Quanto a diferentes formas comerciais de ervas medicinais para o preparo de chás,
Magalhães e Santos (2020a) destacam que para infusões de erva doce foram verificados
maiores teores de compostos fenólicos totais e flavonoides totais e maior capacidade an-
tioxidante para os chás preparados de amostras comercializadas em sachê. Tal fato foi

243
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
relacionado ao tamanho das partículas das amostras, mais finamente divididas no conteúdo
do sachê, o que possivelmente facilita a extração, enquanto no caso das amostras comer-
cializadas a granel e como especiaria, os frutos da erva doce são inteiros.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo destaca que o conteúdo fenólico e a capacidade antioxidante de infusões


e decocções de ervas medicinais podem variar muito a depender da espécie, além da in-
fluência de fatores intrínsecos da planta, já que a composição varia com a espécie, e de
fatores externos, como condições ambientais e climáticas. No caso de ervas comerciais, há
ainda a influência das condições adotadas pelos fabricantes, como processo de secagem e
mistura de diferentes partes da planta. Fica evidenciado que os chás são excelentes fontes
de compostos fenólicos, que apresentam diversas propriedades funcionais, principalmente
atividade antioxidante. Além de serem alternativas eficazes, de baixo custo e fácil acesso
para fins terapêuticos, os chás podem ser usados na indústria alimentar e farmacêutica como
fonte de compostos bioativos.

FINANCIAMENTO

Este estudo foi apoiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível


Superior (CAPES) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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247

247
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
16
Therapeutic applications of Ganoderma
lucidum: Progress and Limitations

Marli Gerenutti
PUC-SP

Fabia Viroel
UNISO

Angela Jozala
UNISO

Denise Grotto
UNISO

Sthefany Viana
UNESP

10.37885/210203167
ABSTRACT

Ganoderma lucidum presents different nomenclatures that change according to the cou-
ntries where it is used. This mushroom has been used for more than 4 thousand years
to treat different pathologies. It is used in different presentations and the dosage varies
according to the pathology treated. There are many compounds that form its chemical
constitution. In vitro assays emphasize its antitumor, immunomodulatory and antioxidant
properties. In vivo studies highlight its properties of hepatoprotection and antiglycemic
are also described. Although its therapeutic use is variable, its toxicity and safety in preg-
nancy, childhood and in the elderly is still unknown. Thus, many studies are necessary
to determine their safe and rational use in therapeutic.

Keywords: Ganoderma Lucidum, Mushrooms, Pathologies, Therapeutic Effect.

249
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
INTRODUCTION

Ganoderma lucidum (Curtis) P. Karst belong to kingdom Fungi, phyla Basidiomycota,


Subphyla Agaricomycotina, Class Agaricomycetes, Order Polyporales, Family
Ganodermataceae, Genus Ganoderma [1,2]. According to American Herbal Pharmacopoeia
[3], this mushroom has different nomenclatures, depending on the country: United States:
Reishi mushroom (Herbs of Commerce), China: Ling zhi (imortality mushrooms), Ling zhi cao,
Ling chih, Hong ling, Zhi, Chi zhi (Ganoderma lucidum), He ling, zhi, Zi zhi (Ganoderma japoni-
cum) (Mandarin); Japan: Reishi, Mannentake, Rokkaku reishi, Coreia: Young ji; Vietnam: Ling
chi; Brazil: king mushroom, bright mushroom and kaiser mushroom. Acoording to Mycobank
the Ganoderma lucidum has the following synonyms: Boletus rugosus Jacq., Boletus lucidus
Curtis, Polyporus lucidus (Curtis) Fr., Grifola lucida (Curtis) Gray, Fomes lucidus (Curtis)
Cooke, Placodes lucidus (Curtis) Quél, Phaeoporus lucidus (Curtis) J. Schröt., Boletus fla-
belliformis Leyss, Agaricus lignosus Lam., A. pseudoboletus Jacq., Agarico-igniarium trulla
Paulet, Boletus obliquatus Bull., B. vernicosus Bergeret, B. dimidiatus Thunb., B. castaneus
Weber, B. accatus Timm, B. crustatus J.J. Planer, B. verniceus Brot., Ganoderma ostreatum
Lázaro Ibiza, G. nitens.
It is geographically distributed on the Pacific, USA and Canada, Finland, Europe, India,
China, Japan, Korea and the Central African Mountains. The basidiocarp may be supported
by a stipe, or sessile, umbilicated or non-umbilicated [4,5,6]. It has a cuticle, which can be
lacquered and bright with a reddish-brown color or opaque with dark -brown coloration. The
surface of the pores shows cream coloration, where the spores are produced. These pores
have regular sizes of 4-7 mm, stratified tubes, and may be variable staining, duplex or having
several bands or zones. The normal basidiocarp is attached laterally to the stipe, but central
and sessile connections can also be developed. The color of the internal structure (context)
varies from white to dark brown [7,8].

Traditional medicinal uses around the world

The mushroom Ganoderma lucidum has historical medicinal use dating back at least
four thousand years. In these millennia, it has been used in Chinese and Japanese medicine
especially for the treatment of diabetes, chronic hepatitis, nephritis, liver disease, neurasthenia,
arthritis, bronchitis, asthma, gastric ulcer [9,10]. In addition to this, G. lucidum is widely used
in food products to increase human vitality and longevity. G. lucidum is classified acording
to chinese medicinal encyclopedias as “Shen Nong´s Ben Cao Jing” and “Ben Cao Gang
Mu” described by Li Shingzhen, as precious and rare; However, it is nowadays an important
mushroom on several continents [6]. In Korea, China and Japan it is used as food, but also

250
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
present miraculous longevity properties in asiatic countries [11]. The use of G. lucidum has
also been described in documents on the treatment of cancer in ancient Egypt [12].
According to Liu [13] in traditional chinese medicine, G. lucidum was considered for
thousands of years, a nostrum. This author claims that Ganoderma aqueous extract has a
sedative effect on the central nervous system, improves cardiocerebral circulation, lowers
hyperlipidemia, modulates immune system functions, combates weakness, antiaging and
antitumor properties. Clinically, according to these authors, G. lucidum can be used as food
or medicine, in the form of granules, capsules and tablets. For several decades in Chinese
medicine, the blend of natural products “Fuzheng Guben”, with Ganoderma lucidum as
one of the main components, has been used as preventive therapy or adjuvant for cancer
[14]. Traditionally in India, G. lucidum has also been widely used for the treatment of he-
patopathy, chronic hepatitis, nephritis, hypertension, arthritis, insomnia, bronchitis, asthma
and gastric ulcer. Scientific studies have confirmed that the substances extracted from this
mushroom can reduce blood pressure, cholesterol, plasma sugar levels and inhibit platelet
aggregation [15,16,17]
Oyetayo [18] reported that in the last four decades, researchers in Nigeria are collecting
information on the medicinal uses of mushrooms in that country where the use of mushrooms
varies from one ethnic group to another. Ethnomicological uses of edible and medicinal spe-
cies for the treatment of arthritis and neoplasms by the Yoruba peoples of South-West Nigeria, 251
Ibos in the Southeast and by Igalas in central-northern Nigeria are well evidenced. Shrivastava
and Gupta [19] also found that this mushroom can be used in treatment prostate hyperplasia.
Among the products commercially available are: (1) Hydro-alcohol extract (hot aqueous
extraction and subsequent alcoholic extraction) [20,21,22]; 2 (Dry extract capsules: 360 mg
(equals 13.2 g of fresh mushrooms and 1.44 g of dried mushroom) [23,24], 250 mg (70% dry
extract and 20% spores, with 10% polysaccharides) [25] ou 500 mg (1.89% terpenoids and
15.8% polysaccharides) [26,27]; (3) Dried extract tablet (0,075 mg, 0,75 mg, 3 mg e 7.5 mg
of extract) [28,29]; (4) spore powder ( capsules of 100 0 mg) [30].
The posology and frequency vary according to the type of pathology: (1) Adjuvant in
the treatment of cancer: capsules containing 600 mg (9 g of dried mushroom), dose: 1 cap-
sule 3 times daily for 12 weeks [20,21]; (2) Treatment of diabetes: capsule containing 360
mg (13.2 g of dried mushroom), dose: 1 capsule twice daily for 12 weeks[23]; (3) Treatment
of symptoms of the lower urinary tract: tablets containing 0.75 to 3 mg extract, dose: 1-2
tablets once daily for 4-12 weeks [31,29]. For all treatments, the period of use is from 04 to
06 months [20,21,23,28,31].
No studies on contraindications, particularly with children, pregnant and breastfeeding
women and elderly people were found in the literature. On the other hand, two case reports

251
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
about exposure to G. lucidum related to some and / or toxic effects were found. One of the
studies described the hepatotoxicity of G. lucidum; however, the authors attribute this toxi-
city to the preparation of medicinal products based on the mixing of several Chinese plants
[32]. In the other study, bullous vesicle was reported in the hands of the patient exposed
to G. lucidum. However, the patient was also exposed to other agents concomitantly [33].
Concerning the mushroom-drug interaction, Poppenga [34] reported drug interactions
of G. lucidum with acyclovir, anticoagulants, antihypertensives, antibiotics, cefazolin, immu-
nosuppressants, insulin, oral hypoglycemic agents and interferon. Overdosage information
was not found in the literature.
Considering package and store, the mushroom extract should be preserved in tightly
closed containers, protected from light, and store at room temperature. The label should also
indicate the part of the mushroom that was used to prepare the extract.

Chemical constituents

There are numerous bioactive molecules in G. lucidum, such as glycoproteins, sterols,


steroids, proteins, peptides, C2 ganodermic acid, ganodermic acid B, ganodermic acid AM1,
ganodermic acid K, ganodermal acid H [35,36,37], triterpenoids and Polysaccharides [9]. The
mushroom must contain, at room temperature, 0.3% terpenoid acids calculated on the dry
basis. Lanthans are the main group of tetracyclic triterpenoid derivatives of lanosterol present
in G. lucidum [35,38]. Rios et al. [39] compiled the organometallic complexes of lanthanides.
Lanthanides are elements of the most relevant periodic table isolated from G. lucidum and
studied between 2000 and 2011, indicating 81 isolated compounds. This mushroom also
has essential elements such as copper, zinc, manganese, magnesium, phosphorus, sulfur,
potassium, and selenium [40,41].

Quality control of main derivatives

The analysis of fruiting bodies of G. lucidum cultures, from various sources for medici-
nal use, by the identification and quantification of ganodermic, nucleoside and nucleobase
acids can be used to differentiate the various species of this mushroom [42,43,44,45,46].
The G. lucidum derivatives are described in the “Herbal Medicines Compendium” that are 50
monographic records about fruiting body of G. lucidum powder and dry extract, broken spores
and mycelium [47]. The dry alcholic extract can be observed for the presence of ganoderenic
acid C, ganodermic acid C2, ganoderenic acid B, ganodermic acid B, ganodermic acid A, ga-
nodermic acid H, ganoderenic acid D, ganodermic acid D, ganodermic acid F, ganodermic
acid G (Rejection: less than 0.3% of each acid in calculation of dry basis) and polysacchari-
des (Acceptance criterion: above 0.7% of each monosaccharide on a dry basis). In broken

252
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
spores is possible observe the presence of polysaccharides, polysaccharide-peptide complex,
β-glucans, lectins, organic germanium, adenosine, triterpenoids and combined nucleotides.

Pharmacological reports

The popular indication of G. lucidum for the treatment of cancer reflects in the high
number of studies found in the literature about antitumor and immunomodulatory activities.
For the pharmacological studies, the fruiting body, spores or mycelium were used in distinct
extraction preparations such as water, ethanol, methanol and petroleum ether. In some
studies, commercial products (Pharmanex, Reishimax) have been used. Pharmacological
reports were divided into two sections: in vitro and in vivo assays.

In vitro assay

In vitro assays Ganoderma lucidum extracts were used for evaluation of antitumor,
immunomodulatory, antioxidant, and other activities.

Studies on Anti-tumoral cells

Non-Hodgkin lymphoma cells (NK92) [48,49] human colon cells (Colon-205), prostate
253
cancer cell (LNCaP) [50], prostate (DU-145 and PC-3), lung cells (A-549), ovary cells (IGR-
OV-I), neuroblastoma cells (IMR-32), breast cells (MCF-7) and promyelocytic leukemia cells
(HL-60) [51,52], human breast cancer cells (MCF-7: estrogen dependent breast cancer cell
and MDA-MB-231: estrogen independent breast cancer cell) [53,54,55,56,57], gastric car-
cinoma cells (AGS) [58,59,60], human colon adenocarcinoma cells (SW620), leukaemic
cells (K562), leukaemic murine cells line (L12110) [51], premalignant urothelial cells (HUC-
PC) [61,62], epithelial ovarian cells (IOSE-398, EOC, OV2008, C13*, A2780s e 2780-cp,
NIH:OVCAR-3) [63,64], human cervical cancer cells (HeLa) [65], cells DA-1 [66], promyelocytic
leukemia cells (NB4) [67] e (HL-60) [68,49,69], neuroblastoma cells (SH-SY5Y) [70] multi-
drug-resistant leukemic cells line (K562 e K562/ADM) [71] human hepatoma cells (Hep3B)
[58] murine skin carcinoma cells (CH72) [72], tumor cells (HT-29) [73]. These studies refer
to cytotoxicity, growth inhibition, cell migration, apoptosis, evaluation of macrophages and
lymphocytes, dosage, receptors on target cells. Some studies propose IC50 values for the
differents tumor cells lines. In all articles the authors report in vitro antitumor activity [74]. In a
review article, the effects of G. lucidum on tumor cell invasion and metastasis, conclude that
these effects occur through the modulation of extracellular signal-regulated phosphorylation
of kinase (ERK1/2), phosphatidylinositol 3-kinase (PI 3 Kinase) or Akt kinase (protein kinase

253
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
B). These authors claim, in these models with multiple cell lines, that G. lucidum may be an
effective nutraceutical for prevention of metastases.

Immunomodulatory activity.

Immunological activity assays were used: tumor cells[75,76], cells of primary cultures
of mice [77,78,79,80,81,82] human macrophages and neutrophils [80,83,84]. The biological
markers evaluated were cytokines, mRNA, interleukins, evaluation of cell proliferation. All
studies indicated the positive effects of G. lucidum extracts on immunomodulation.

Antioxidant activity.

Human plasma, enzymes, epitelial, tumor cells and lymphocytes were used as models
of antioxidant activity [85,86,87,88,89,90,91,92]. All studies indicated the antioxidant acti-
vity of G. lucidum.

Other Activities.

Neuronal cell protection was observed, indicating possible use of the extract in the
treatment of neurodegenerative diseases [93,94,95]; antimicrobial and antifungal activity
[96,97]; indication of MIC (minimal inhibitory concentration) for fungal and bactérias [97].
Control over adipocyte differentiation [98,99] and anti-androgenic activity [99]. In vitro assays
have also indicated that the extracts of the body and the mycelia of G. lucidum showed an
antimutagenic activity [58,100].

In vivo assay

The most commonly used route for administration was the oral route, however the doses
used were quite varied. Only two articles of preclinical pharmacokinetics with extracts were
found in the researched literature; one identified the presence of terpenoids in the bile [101]
and the other defined the curve “dose x plasma concentration” for these compounds evaluation
of a [102]. Although most of the studies show models for ntitumoral and immunomodulatory
activities, other pharmacological actions are also described in the literature, as follows:

Antitumoral activity and protective effects on the idiosyncrasies of antitumor treatments.

The models used: breast tumors (tumor induction by IB cell inoculation, SUM-19 cells, or
DMBA-7,12-dimethyl benzanthracene) [103,104], Lung tumors (tumor induction by the inocu-
lation of LLC-1 cells, S180 sarcoma cells, or BHP-N-nitrosobis (2-hydroxypropyl) amine agent

254
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
[105,106,107,108]; Leukemia (induction by WEHI-3 cell inoculation) [109]. In all these articles,
the antitumor activity was evidenced. Grant e Ramasamy [110] described that G. lucidum has
testosterone inhibition activity, reducing the malignancy of prostate cancer. On the other hand,
studies showed protection effects of G. lucidum extracts in idiosyncrasies induced by antitu-
mor agents such as azoxymethane, methotrexate, 5-FU (5-fluroacyl), UFT (Tegafur-uracil),
CDDP (cisplatin), CPA ) and IRESSA [111,112,113] and the effect of radioprotection [114].
Haniadka et al. [115] in their review article on natural products with anti-emetic properties as
adjuvants in te treatment of cancer, considered G. lucidum a promising agent for this purpose.

Immunoregulator activity

Immunomodulatory activity was assessed by quantification of cytokines, NK cells and


autoimmune pathologies, such as salivary gland activity [116,117,118,119]. In all the studies,
authors reported that extracts of G. lucidum have immunoregulatory activity.

Hepatoprotective effect

In the various models found, induction of hepatotoxicity was performed by CCl4, ben-
zopyrene or CdCl2; And the biological markers evaluated were ALT, AST, ALP, albumin
and albumin globulin, evaluation of malondialdehyde (MDA) and hydroxyproline enzymes. 255
Reduced glutathione - GSH, glutathione peroxidase - GPX, glutathione s-transferase - GSt,
superoxide desmutase - SOD, and catalase - CAT, in addition to spleen and liver weight
[120,121,100,122,123]. In all studies hepatoprotective effect was reported.

Hypoglycemic activity

The models used were streptozotocin-induced diabetes mellitus (STZ) Ganoderma


lucidum promoted the synthesis of glycogen and inhibited gluconeogenesis [124]. Repairing
the induced lesions in β-pancreatic cells, promoting an increase in insulin synthesis and a
decrease in plasma glucose levels [125,126,127,128]. Comparative studies of the effica-
cy of metformin, rosiglitazone and glibenclamide in rats and mice with DM-STZ show that
Ganoderma lucidum was more effective than the drugs, promoting the increase of insulin
receptor levels in the beta subunit in Skeletal muscles, reduction of glycated hemoglobin,
reduction of triglyceride levels, total cholesterol and low-density proteins, and promoted the
increase of high density lipoprotein levels [129,130,131,132,133]. Ganoderma lucidum also
promoted reduction of oxidative injury and inhibition of apoptosis [130].

255
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Antioxidant activity

The assays with the extract indicated that it has antioxidant activity when compared to
the protective effect with DL-α-lipoic acid and also show a protective effect when exposed
to alcohol [134,135,136,137].

Other activities.

Activities on degenerative neuropathies were observed, indicating neuronal protection


effect [138,62,139]; protection in allergic processes [140,141] effectiveness in treating malaria
when compared to chloroquine [142]; anti-inflammatory activity in the induction of colitis by the
sulfonic acid trinitrobenzene [143] superior cardioprotection compared to α-tocopherol [144];
anti-influenza activity [145]; protection against retinopathy induced by n-methyl n-nitrosourea
[146] hypnotic effect [147] reduction of LDL [148].

CONCLUSION

Ganoderma lucidium is known by variable names in different countries. Its use in several
diseases emphasize its therapeutic properties, which are associated with different molecules
and constituents acting concomitantly and synergistically. Commercially diverse pharmaceu-
tical presentations are employed, with varying dosages. However, the safety of their use in
pregnancy, lactation and children are still poorly reported. Its pharmacological properties are
attributed to different parts of its structure including fruiting body, spores or mycelia, used in
different extraction preparations. Much is already known about its pharmacological properties
and action in different organs and systems; however, there is pressing need to study its a
safe and rational use in therapeutics.

ACKNOWLEDGMENT

The authors are grateful for financial support from Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo (FAPESP- 2015/24566-9) and the Programa de Suporte à Pós-
Graduação de Instituições de Ensino Particulares (PROSUP/CAPES) and the Post Graduate
Program in Pharmaceuticals Sciences from University of Sorocaba, Sorocaba, SP, Brazil.

COMPLIANCE WITH ETHICAL STANDARDS

Conflicts of interest Authors indicate that there is no conflict of interest.

256
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
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267
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
17
Potenciais biotecnológicos do látex
de Hancornia speciosa Gomes
(mangabeira)

Luciane Madureira Almeida


UEG

Elisa Flávia L. Cardoso Bailão


UEG

Paulo Henrique de Oliveira


UEG

Pablo José Gonçalves


UFG

10.37885/210203063
RESUMO

A bioprospecção de recursos naturais é um tópico de grande interesse nas ciências bio-


médicas modernas. Pesquisas recentes mostraram que o látex de Hancornia speciosa,
uma frutífera nativa do Cerrado brasileiro, possui atividade cicatrizante, angiogênica,
osteogênica, anti-inflamatória, antifúngica e antioxidante. Nesse trabalho foi realizada
uma revisão sobre caracterização química, uso popular e as propriedades medicinais do
látex de mangabeira. Os resultados apresentados sugerem que o látex de H. speciosa
tem alto potencial biotecnológico e esforços devem ser realizados para melhor utilização
desse recurso natural.

Palavras-chave: Anti-Inflamatório, Angiogênese, Antioxidante, Bioprospecção, Osteogênese.

269
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
INTRODUÇÃO

O interesse econômico e científico sobre a frutífera nativa do Cerrado Hancornia spe-


ciosa (mangabeira) vem crescendo nos últimos anos, devido principalmente à comercializa-
ção de seu fruto e extração de compostos naturais com alto potencial farmacológico. Entre
as diferentes partes da planta, existem perspectivas para a bioprospecção do látex obtido
do tronco da mangabeira para obtenção de produtos para uso medicinal. Até o momento,
os resultados obtidos mostram que o látex de H. speciosa possui potencial angiogênico
(D’ABADIA, 2016; ALMEIDA et al., 2014; D’ABADIA et al., 2020), osteogênico (FLORIANO
et al., 2016; DOS SANTOS NEVES et al., 2016); anti-inflamatório (MARINHO et al., 2011);
antifúngico (SILVA et al., 2010), antioxidante (D’ABADIA et al., 2020); além de não causar
toxicidade celular em humanos (COSTA, 2020); camundongos (ALMEIDA et al., 2014) e
cebola (RIBEIRO et al., 2016). Além disso, como outros materiais poliméricos, o látex dessa
espécie pode ser usado como plataforma para inserção de fármacos para entrega dirigida de
substâncias. O uso deste material para desenvolvimento de produtos agrega valor econômico
a H. speciosa, a qual, até o presente momento, vem sendo explorada apenas para utilização
de seus frutos. A proposta desse trabalho é realizar uma revisão sobre as características
físico-químicas do látex de H. speciosa e suas propriedades biológicas e biotecnológicas.

Látex e o uso popular do látex de mangabeira

O látex é uma secreção leitosa liberada de algumas plantas após a ocorrência de


uma lesão cuja função principal é a de defesa contra o ataque de patógenos. Em contato
com ar, essa secreção sofre oxidação e, ao cobrir ao tecido vegetal danificado, auxilia na
cicatrização tecidual da planta (KONNO et al. 2011). Com relação ao aspecto, geralmente
o látex é uma seiva branca, mas há exceções e, em alguns casos, é transparente ou com
cor distinta (KONNO, 2011). A composição do látex varia entre as espécies, mas em geral
é composto de carboidratos, proteínas, alcaloides, amidos, taninos, óleos, resinas e bor-
racha (DOMSALLA E MELZIG, 2008). O látex foi relatado em aproximadamente 20.000
espécies de plantas, sendo mais comumente encontrado nas famílias Euphorbiaceae e
Apocynaceae (KONNO 2011). Dentre eles, o látex obtido da seringueira (Hevea brasilien-
sis), uma Euphorbiaceae, é o mais explorado comercialmente pois é a principal fonte de
borracha natural no mundo.
O látex tem se mostrado muito versátil no desenvolvimento de produtos para distintas
aplicações. Além de sua importância na indústria pneumática, encontram-se uma infinidade
de produtos que utilizam a borracha derivada do látex para fabricação de brinquedos, ma-
terial esportivo, produtos hospitalares, vedação em geral, dentre outros. Outro exemplo de

270
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
emprego de látex por humanos é na área medicinal. Um dos usos mais antigos do látex é
para se obter o ópio (Papaver somniferum). Os alcaloides extraídos da papoula são utilizados
para fabricação de drogas como: morfina, codeína, tebaína, papaverina e noscapina. Além
do látex de Papaver somniferum, diversas espécies lactíferas podem ser usadas com fins
medicinais, entre elas o látex de Hancornia speciosa.
H. speciosa, popularmente conhecida como mangabeira, é uma árvore pertencen-
te à família Apocynaceae, encontrada no bioma Cerrado brasileiro (LEDERMAN et al.,
2000). O interesse na cultura da mangabeira vem crescendo nos últimos anos, sendo o
principal interesse comercial o fruto, a mangaba (ALMEIDA et al., 2016). Além dos frutos,
outros importantes subprodutos podem ser extraídos dessa planta, como o látex obtido do
tronco (Figura 1). O látex de H. speciosa tem aparência leitosa, coloração ligeiramente ro-
sada e pH alcalino (ALMEIDA et al., 2016).

Figura 1. Imagens da espécie frutífera do Cerrado Hancornia speciosa (mangabeira). Imagem principal: árvore com seus
frutos. Imagens menores: a coleta e aspecto leitoso e rosado do látex. Todas as imagens foram obtidas pelos autores.

271

Em relação ao uso popular, pesquisas etnobotânicas relataram o uso tradicional do


suco leitoso do fruto e látex do tronco para o tratamento de doenças de pele, acne, verrugas,
doenças fúngicas, tuberculose, úlceras gástricas e fraturas ósseas (POTT & POTT 1994,
GUARIM NETO, 1997; NETO & MORAIS 2003, MACEDO & FERREIRA 2004, SAMPAIO &
NOGUEIRA 2006, SANTOS et al. 2007).

Características químicas do látex de H. speciosa;

O látex representa o conteúdo citoplasmático de um sistema de células especializadas,


conhecidas como laticíferos (AZZINI et al., 1998). O látex é uma solução coloidal polidispersa,
onde as partículas de borracha (poli-isopreno) encontram-se dispersas em um meio aquoso
onde a água é o principal constituinte com cerca de 50 a 70% do peso/volume. As camadas

271
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
lipoprotéicas representam cerca de 3 a 5% do peso/volume do látex e são compostas por
substâncias do tipo não-borracha, como os aminoácidos, sais inorgânicos, ácidos nucléicos,
carboidratos, ácidos graxos e metabólitos secundários (PERRELLA, 2002).
Recentemente, foi relatada a eficácia e o potencial dos metabólitos secundários na
prevenção ou atenuação de doenças (DZIALO et al., 2016). Considerando que a ativida-
de biológica pode estar associada a presença de metabólitos secundários, foi realizada a
fitoprospecção do látex de H. speciosa e foi observada a presença de flavonas, flavonois,
flavanonas e taninos; no entanto, cumarinas, alcaloides e antraquinonas não foram detec-
tados (D’ABADIA et al., 2020).
Além dessa caracterização inicial, outros estudos de cromatografia líquida de alta
eficiência e de espectrometria de massa foram realizados para detectar os principais cons-
tituintes do látex de H. speciosa. Os resultados obtidos identificaram os seguintes compos-
tos no látex: ácido clorogênico, naringenina-7-O-glucosídeo catequina e procianidina (dos
SANTOS NEVES et al., 2016; D’ABADIA et al., 2020). Os ácidos clorogênicos (CGAs) são
ésteres formados entre os ácidos caféico e quínico e representam um grupo abundante de
polifenóis vegetais (LIANG E KITTS, 2015). As evidências revelam que os CGAs exibem
atividades antioxidantes, antimutagênicas e antiinflamatórias e são capazes de modular
numerosas vias metabólicas importantes (LIANG E KITTS, 2015).

Propriedades angiogênica e cicatrizante do látex de H. speciosa;

O mecanismo de formação de novos vasos a partir de células endoteliais consiste no


processo de angiogênese fisiológica, um evento biológico essencial para o desenvolvimento
de órgãos, cicatrização de feridas e respostas inflamatórias (FOLKMAN, 2003). O processo
de angiogênese vem sendo foco de investigações científicas, uma vez que os materiais que
induzem a angiogênese são importantes para a engenharia de tecidos, pois aumentam a
proliferação celular ou estimulam a cicatrização de feridas (ALMEIDA et al., 2014). Por outro
lado, materiais que inibem a angiogênese são interessantes para tratamento de câncer. A te-
rapia antiangiogênica do câncer consiste no uso de drogas para interromper o suprimento
sanguíneo às microrregiões tumorais, resultando em hipóxia e necrose nos tecidos tumorais
sólidos e consequentemente sua morte por inanição nutricional (WEISS et al., 2012).
Diferentes estudos têm empregado o ensaio da membrana corioalantoide de ovos
de galinha fertilizado (Figura 2) para comprovar o potencial angiogênico de biomembranas
produzidas a partir do látex de H. speciosa (ALMEIDA et al., 2014), bem como da fração
aquosa desse látex (D’ABADIA et al., 2020).

272
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Figura 2. Imagens dos ensaios com a membrana corioalantóide de ovos de galinha fertilizado mostrando a atividade
angiogênica da biomembrana de látex de H. speciosa. 1) esquema de análise de imagem obtida com o Programa Imagem
J; 2) látex com amônia 0,01%; 3) látex com água 1:1; 4) Regederm® (controle positivo); 5) água (controle negativo); 6)
dexametasona (inibidor). Todas as imagens foram obtidas pelos autores.

A angiogênese é uma etapa inicial e fundamental no processo de cicatrização de feridas


(IBRAHIM et al. 2017), o qual pode ser didaticamente dividido em quatro fases que podem
se sobrepor no tempo e no espaço: hemostasia, inflamação, formação de tecido e remode-
lamento de tecido (MAJEWSKA; GENDASZEWSKA-DARMACH, 2011). Especificamente,
273
no processo de cicatrização, a angiogênese envolve o crescimento de novos capilares para
formar o tecido de granulação (HONNEGOWDA et al. 2015). Outra etapa importante durante
a cicatrização da ferida é o remodelamento da matriz extracelular que é danificada devido
à lesão (XUE E JACKSON, 2015). Recentemente, um estudo in silico mostrou que o ácido
clorogênico presente no látex de H. speciosa pode interagir com proteínas, tais como as
metaloproteinases e estimular o remodelamento da matriz extracelular e, consequentemente,
estimular o processo de cicatrização de feridas (D’ABADIA et al., 2020).
No modelo animal, a propriedade angiogênica das biomembranas de látex de H. spe-
ciosa foram reportadas recentemente por Pegorin et al. (2020). Neste trabalho os autores
mostraram que a biomembrana de látex recruta as células inflamatórias nos dias 2 e 7 pós-
-operatório, o que é importante para que ocorra uma boa cicatrização, bem como para limpeza
do tecido, contribuindo para a morte dos agentes invasores e manutenção da integridade
da pele. Além disso, os autores lembram que para que ocorra a cicatrização adequada da
ferida, deve haver aumento da inflamação inicialmente, mas não por muito tempo, segui-
do pela formação de tecido de granulação e fibroplasia concomitante, colagênese e, por
fim, uma contração dos fibroblastos juntamente com a reepitelização das bordas da ferida
promovendo seu fechamento completo. Os resultados obtidos mostram que biomembrana
de látex de H. speciosa estimula as células inflamatórias e a angiogênese, aumentando

273
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
significativamente a colagênese e melhorando a qualidade da cicatrização em ensaios com
camundongos. Dessa forma, essa biomembrana tem se mostrado um biomaterial seguro
e biocompatível com potencial cicatrizante, tornando-se uma alternativa eficaz e de baixo
custo para o tratamento de feridas cutâneas.

Propriedade osteogênica do látex de H. speciosa;

O osso é um tecido dinâmico apesar de sua dureza e resistência. A sua plasticidade


torna-o capaz de se remodelar em resposta às forças aplicadas e regenera-se em condições
favoráveis (JUNQUEIRA E CARNEIRO, 2011). A osteogênese é um processo de forma-
ção óssea por osteoblastos de origem mesenquimal, seguido de mineralização da matriz
extracelular (ossificação). A necessidade de estimular a formação óssea está presente em
diversas situações clínicas.
Recentemente foi demonstrado que o látex de H. speciosa estimula a osteogênese e
regeneração óssea em modelos de cálvaria de coelhos (FLORIANO et al., 2016) e de ra-
tos (dos SANTOS NEVES et al., 2016) com maior bioatividade em relação ao padrão ouro
(PTFE, polytetra-fluoroethylene), que foi utilizado como controle positivo. Além da atividade
osteogênica, as biomembranas de látex também apresentaram comportamento elastomé-
rico, com alto alongamento e mais resistente a tensão na ruptura (FLORIANO et al., 2016).

Propriedade anti-inflamatória do látex de H. speciosa

A inflamação é a resposta de proteção normal do corpo a uma lesão. Essa lesão


pode ser causada por agentes biológicos (vírus, bactérias, fungos e parasitos), substâncias
químicas, agentes físicos (radiação, choques mecânicos, temperaturas extremas) e outros
(FREITAS et al., 2019). Além das lesões, muitas doenças possuem um importante compo-
nente inflamatório (MUNN, 2016), o que geralmente causa dor e agrava o quadro de saúde
dos pacientes. Existem medicamentos eficazes no tratamento desses distúrbios, mas muitos
deles causam efeitos colaterais deletérios (MARINHO et al., 2011). Dessa forma, alternativas
usando compostos naturais para respostas anti-inflamatórias podem contribuir para melhora
da saúde desses pacientes.
O potencial anti-inflamatório do látex de Hancornia speciosa foi demonstrado usando
como modelo feridas nas patas de camundongos e ratos em analgesia (lambedura indu-
zida por formalina, contorções induzidas por ácido acético e placa quente) e modelos de
inflamação (lambedura induzida por formalina, edema de pata e bolsa de ar subcutânea,
com medição de migração celular, volume de exsudato, extravasamento de proteína, óxido
nítrico, prostaglandina E2, TNF-α e IL-6, e expressão das enzimas óxido nítrico sintase in-
duzível e ciclooxigenase-2) (MARINHO et al., 2011). Os resultados mostraram que o número

274
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
de contorções e o tempo que o animal passou lambendo a pata injetada com formalina foi
significativamente reduzido. O látex também teve ação anti-edematogênica reduzindo o ede-
ma da pata. Além disso, o látex inibiu a inflamação, migração celular, volume de exsudato,
extravasamento de proteínas, aumento dos níveis de mediadores inflamatórios e aumento
da expressão das enzimas óxido nítrico sintase e ciclooxigenase 2.. Os autores concluíram
que o látex obtido de H. speciosa apresenta atividade anti-inflamatória significativa por meio
da inibição da produção de óxido nítrico, PGE2 e citocinas, confirmando o uso popular dessa
planta como agente anti-inflamatório.

Propriedade antifúngica do látex de H. speciosa

Alguns fungos são capazes de causar doenças em animais e vegetais, colonizando


áreas de seu organismo. As drogas antifúngicas geralmente utilizadas são: sulfonamidas,
cetoconazol, itraconazol, fluconazol e anfotericina B, as quais necessitam de tratamentos
prolongados e algumas são de natureza nefrotóxica (AMARAL et al., 2005). Além disso, o
uso indiscriminado de antifúngicos estimula a seleção de patógenos tolerantes, o que, é
prejudicial a toda a população (ABADIO et al., 2011). Assim, compostos naturais podem ser
alternativa para enfermidades causadas por fungos.
A atividade antifúngica do látex de H. speciosa contra a espécie de fungo Candida
275
albicans foi relatada por Silva et al (2010). Os pesquisadores excluíram que essa atividade
antifúngica possa estar associada a outros microrganismos presentes no látex, mas sugerem
cuidado no uso popular do látex da planta, o qual pode apresentar contaminantes prejudi-
ciais ao organismo.

Propriedade antioxidante do látex de H. speciosa

Os radicais livres são moléculas que possuem elétrons desemparelhados na última


camada eletrônica. Este fato torna os radicais livres instáveis e altamente reativos na busca
por atingir a estabilidade pela transferência de seus elétrons para outras moléculas na célula,
tais como proteínas, lipídios e ácidos nucléicos. Apesar de as reações de oxido-redução ter
papel fundamental para o bom funcionamento do organismo, quando em excesso, os radi-
cais livres passam a oxidar células saudáveis. As principais consequências do excesso de
radicais livres são a peroxidação dos lipídios das membranas celulares, o desequilíbrio da
homeostase, a formação de resíduos químicos, as mutações gênicas no DNA, a disfunção
de certas organelas, bem como o surgimento de doenças devido a lesão e/ou morte celular
(OLIVEIRA; SCHOFFEN, 2010). Dentre as várias propriedades terapêuticas das plantas,
o potencial antioxidante, ou seja, a capacidade de bloquear, atrasar ou reparar a ação dos
radicais livres nas células e tecidos (LINS NETO, 2015), tem atraído a atenção tanto da

275
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
comunidade científica como da indústria farmacêutica. Recentemente, D’Abadia et al. (2020)
mostraram que o látex de H. speciosa possui atividade antioxidante e assim pode atuar na
redução de radicais livres.

Biocompatibilidade e ausência de toxicidade celular

Biocompatibilidade é a habilidade de um material em ser compatível com tecidos vivos,


em especial, o corpo humano. A biocompatibilidade tornou-se o principal requisito para a
aplicação médica de materiais e dispositivos. Dentre os parâmetros para determinação da
biocompatibilidade estão a determinação da toxicidade, citotoxicidade e genotoxicidade des-
se composto. Essas análises fazem parte do processo de avaliação inicial estipulado pelas
normas ISO (10993-3; 10993-5). Os resultados obtidos em três modelos diferentes, Allium
cepa (RIBEIRO et al., 2016), fibroblasto de camundongos (ALMEIDA et al., 2014) e células
dentrídicas humanas (COSTA, 2020) mostram que o látex puro, ou em solução aquosa não
são citogenotóxicos. Uma pequena genotoxicidade foi observada quando se usa a amônia
para estabilizar o látex após a coleta (ALMEIDA et al., 2014). O potencial tóxico da biomem-
brana de látex de H. speciosa com diferentes concentrações de nanopartículas de prata
também foi avaliado por Almeida et al. (2019) em ensaio com Allium cepa. Os resultados
mostraram que a adição de AgNP na concentração mais baixa não causa efeito tóxico nas
células vegetais e pode melhorar a atividade farmacológica do látex.

Biomateriais poliméricos como plataforma para entrega dirigida de drogas

As biomembranas de látex, além de possuir diferentes atividades biológicas, podem ser


usadas como matriz polimérica que tem a capacidade de armazenar uma grande variedade
de drogas, proteínas e nanopartículas (GUIDELLI et al., 2013). Isso torna as biomembranas
altamente atraentes como um sistema de entrega de drogas. O objetivo de um sistema de
administração de drogas é fornecer medicamentos intactos a partes específicas do corpo
por meio de um meio que pode controlar a administração terapêutica por gatilhos fisiológi-
cos ou químicos. Os materiais poliméricos são alternativas importantes para o desenvolvi-
mento de sistemas de liberação de fármacos direcionados, principalmente devido ao seu
fácil processamento e à possibilidade de controlar suas propriedades físicas e químicas
(Herculano et al., 2010).
Recentemente, dois trabalhos reportaram a incorporação de nanopartículas de pra-
ta AgNP, as quais possuem conhecida atividade antimicrobiana, ao látex de mangabeira
(ALMEIDA et al., 2019; BONETE et al., 2020). O potencial cicatrizante desse biomaterial foi
avaliado em modelo de feridas abertas em dorso de ratos. A reação tecidual após implantação
subcutânea em dorso de ratos de membranas sem AgNP e com 0,05% e 0,4% de AgNP foi

276
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
comparada em 3, 7 e 25 dias. Não foi observada diferença estatisticamente significativa na
resposta tecidual dos diferentes biomateriais, indicando que o AgNP não interferiu na rea-
ção inflamatória (p > 0,05) ou na atividade angiogênica do látex. As biomembranas também
apresentaram atividade antimicrobiana contra Staphylococcus aureus, com crenação de
bactérias (0,05% AgNP) e ausência de deposição de biofilme (0,4% AgNP) (BONETE et al.,
2020). Portanto, este biomaterial apresenta propriedades interessantes para o processo de
reparo tecidual, podendo ser viável para futuras aplicações como curativo.

CONCLUSÕES

O látex da espécie Hancornia speciosa apresenta atividades angiogênica, cicatrizante,


osteogênica, anti-inflamatória, antifúngica, antioxidante, além de não ser citogenotóxico para
as células animais e vegetais. Além disso, o látex quando polimerizado pode ser matriz para
incorporação de drogas e atuar na entrega dirigida de fármacos. Esses resultados sugerem
que o látex de H. speciosa tem alto potencial biotecnológico e esforços devem ser realizados
para melhor utilização desse recurso natural.

AGRADECIMENTOS
277
Os autores agradecem as agências de fomento a pesquisa FAPEG, CNPq e CAPES.
Também apoio da Universidade Estadual de Goiás e Universidade Federal de Goiás.

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279
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
18
Proposta de um curativo sustentável
a base de óleos naturais para
cicatrização de feridas superficiais

Maria Laura Zanese

Cornélio Schwambach

10.37885/210203000
RESUMO

Muitos pacientes necessitam da utilização de curativos para acelerar a cicatrização de


feridas, curativos tradicionais podem ser alto valor e, portanto, de difícil aquisição por parte
de algumas famílias. Além disso, os curativos de uso diário são inorgânicos. O objetivo
deste artigo é caracterizar a possibilidade da utilização de colágeno, óleo de melaleuca,
óleo de linhaça e óleo de coco, para cicatrização de feridas superficiais, e propagar a
redução de resíduos gerados por curativos tradicionais, além de uma comparação com
o curativo proposto e os curativos e medicamentos ativos já existentes para feridas
superficiais. O protótipo foi feito a partir do agár agár e dos óleos naturais, deixando-os
expostos ao meio ambiente por 4 dias, sendo possível determinar o tempo de desidrata-
ção. Conclui-se que existe viabilidade para seguir as pesquisas de produção do curativo
orgânico com essa mistura uma vez que a partir do segundo dia já ouve redução de
tamanho dos protótipos, isso por conta da desidratação. O mesmo possui vantagens
em ser sustentável, de preço acessível, de prevenir patógenos, proteger a ferida manter
o meio úmido e hidratar a ferida, sendo assim um curativo ativo. Entretanto ele ainda
precisa ser aprimorado para poder absorver a excreção liberada pela ferida.

Palavras-chave: Cicatrização, Curativo, Óleos, Sustentabilidade.

281
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
INTRODUÇÃO

Os processos de cicatrização foram relatados inicialmente na pré-história, caracte-


rizados por bordas vermelhas que exalavam calor. Para cicatrização utilizavam folhas de
salgueiro, para as mais repugnantes havia o uso de pão mofado ou levedo de cerveja. Houve
relatos do uso de minerais pelos egípcios, do vinho por Hipócrates, do acetato de cobre, do
óleo de pinheiro e de cipreste, pelos gregos. Enquanto o uso dos vegetais para cobrir as
lesões iniciaram-se com os ameríndios.
O primeiro relato descrevido de inflamação foi feito por Celcius (53 a.C. – 7d.C.), re-
comendando limpar o ferimento e retirar os coágulos. Porém no período medieval quem
assume o papel no tratamento de feridas é a bruxaria, principalmente quando relacionada a
plantas medicinais. Guy de Chauliac (1300- 1368) propôs 5 princípios para tratar de feridas:
retirada de corpos estranhos, junção das bordas, manutenção desta aposição, preservação
dos tecidos e tratamento das complicações. Em 1510, Ambroise Paré substituiu o método
convencional de tratamento de feridas por armas de fogo, por uma pomada a base de gema
de ovo, teberentina e olho de rosa.
Tempos depois, aproximadamente no início do século XX o uso do álcool foi inserido
como antisséptico para limpar feridas, e a partir de 1920 a criação de pomadas contendo
enzimas para cicatrização. No ano de 1950 experimentos permitiram que o método de ci-
catrização úmida fosse aceito, pois promovia interação direta com a ferida, assim houve o
surgimento de ideias interativas que promoviam um ambiente favorável para a junção da
pele. Atualmente os remédios indicados para o tratamento de feridas devem apresentar
ação antimicrobiana.
Muitos pacientes necessitam da utilização de curativos para acelerar a cicatrização
de feridas, curativos tradicionais podem ser alto valor e, portanto, de difícil aquisição por
parte de algumas famílias. É comum o uso de medicamentos para tratamento de feridas
a base de ácidos graxos essenciais (AGE) e triglicerídeos de cadeia media (TCM), esses
últimos são cadeias carbônicas de seis (caproico), oito (caprílico), dez (cáprico) ou doze
carbonos (láurico), por se tratarem de cadeias menores são os triglicerídeos que respondem
a uma rápida absorção pelo corpo, consequentemente auxiliam na cicatrização formando
uma película protetora à pele, que hidrata os tecidos e evita escoriações. Os AGEs são os
ácidos linolênico da família ômega-3 e o acido linoléico da família ômega-6, esses ácidos
não podem ser sintetizados pelo ser humano, por isso são essenciais, além de auxiliar na
formação de novos vasos sanguíneos (quimiotaxia), eles atraem leucócitos (angiogênese),
promovem mitose, mantem o meio úmido, aceleram o processo granular tecidual e promo-
vem proliferação celular.

282
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Na natureza o óleo de melaleuca exerce a função de antisséptico, enquanto podemos
encontrar os ácidos graxos essenciais no óleo de linhaça, e um poderoso composto que apre-
senta triglicerídeos de cadeia media é o óleo de coco. O óleo de coco possui altas proprie-
dades antimicrobianas, isso devesse a alta quantidade de ácido láurio em sua composição,
que chega a ser cerca de 50%. Quando o ácido láurico é absorvido forma monoglicerídeos
de monolaurina, capaz de combater as infecções e os vírus, além disso a monolaurina pro-
duzida se torna eficaz para conter o surgimento de agentes patogênicos.
O óleo essencial de melaleuca extraído da árvore pertencente à família das mirtáceas,
foi de grande importância na Segunda Guerra Mundial, sendo utilizado como agente antissép-
tico, porém em seu lugar entrou a penicilina, perdendo assim sua importância. Cerca de 100
componentes estão presentes no óleo essencial de melaleuca os componentes pricipais são:
terpinen-4-ol, γ- terpineno e α-terpineno que correspondem a 70 % da composição total do
óleo, enquanto p-cimeno, terpinoleno, α -terpineol e α- pineno representam apenas 15 % do
total. Assim ele possui grande importância como antisséptico e como um antibiótico natural.
Quando citamos o óleo de linhaça levamos em consideração sua alta composição em
AGE, ele pode amaciar a cicatrização acelerando a recuperação do epitélio com sua ca-
pacidade de formar um revestimento protetor, assim ele foi recomendado para a formação
de curativos rápidos. O colágeno é uma proteína estável, ela faz parte do tecido conjuntivo
sendo a mais abundante do mesmo. Sua principal propriedade é sua alta força elástica, 283
sendo responsável pela variação da força que ocorre no organismo. Ele auxilia na estrutura
e na formação de novos tecidos, possuindo alta resistência, sendo biodegradável e não-
inflamatório, além de ter importante utilidade na área biomédica.

OBJETIVOS

– Produzir um curativo à base de óleos naturais para acelerar o processo de cicatri-


zação.

Objetivo específico

– Identificar sua eficácia contra agentes patógenos e seu tempo de desidratação,


sugerindo a hidratação de um hipotético ferimento.
– Comparar a composição dos fármacos brasileiros já existentes para tratamentos de
lesões cutâneas, e a composição do produto proposto.
– Promover a sustentabilidade com a produção e a fácil degradação de curativos
sustentáveis.

283
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
MÉTODO

A elaboração do protótipo do curativo foi feita a partir do agár-agár que possui textura
semelhante ao colágeno, o que garante elasticidade à pele. A mistura requer 125ml de água
destilada e 2,8g de agár. Deve-se levar ao fogo essa mistura mexendo constantemente,
e esperar 3 a 5 minutos depois de iniciado o processo de ebulição, deve estar totalmente
diluído o agar para que posso ser retirado da fonte de calor. Em seguida a mistura foi adi-
cionada em 12 moldes circulares 3x3 (adiciona-se 4,5 ml em cada), logo após com o conta
gotas coloca-se os óleos, alguns nele ainda liquido, em outros nele já em forma de coloide
(Tabela 1), espalha-se com a espátula, e após deixar repousar em temperatura ambiente
com as placas cobertas. Com o resfriamento total das misturas as placas foram destampadas
e expostas a ambientes abertos. Foi utilizada uma base de vidro como suporte, em seguida
distribui-se os componentes sobre o vidro em 6 posições, cada qual sendo referenciada na
tabela 1, todas as composições são referentes a quantidade de gotas inseridas (gotas de
0,05 ml) após ou antes da formação do coloide. As bordas das misturas vão gradativamente
desidratando. Não ocorrem a formação de colonias de fungos e bactérias nas placas mesmo
após a exposição superior a 30 dias.

DISCUSSÃO

Material

• Óleo de coco extra virgem


• Óleo de melaleuca extra virgem
• Óleo de linhaça extra virgem
• Agár agár
• 12 Moldes circulares de (3cm x 3cm)
• Recipiente para cozimento
• Placa de vidro
• Espátula
• Balança em gramas
• Medidor em ml
• Água destilada
• Álcool ou água em processo de ebulição para esterilizar
• 3 Conta gotas (gotas de 0.05 ml)
• Fonte de calor para processo de ebulição.

284
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Metodologia

Para obter respostas acerca da problematização apresentada neste trabalho, foi feita um
trabalho exploratório, com uma abordagem dos produtos já existentes para cicatrização de
feridas superficiais, e a partir dessa análise foi levantado hipóteses e realizado experimentos
científicos. O experimento foi realizado em campo, documentado e houve a comparação dos
diferentes protótipos ao decorrer dos dias.
Para o experimento utilizei como base o agár agár por apresentar a mesma textura
do colágeno, que estrutura a pele, os agentes ativos para a rápida cicatrização são: o óleo
de coco, rico em triglicerídeo de cadeia media, que auxilia na hidratação da pele, o óleo de
melaleuca, importante para evitar patógenos e o óleo de linhaça, sendo a principal fonte de
ácidos graxos essenciais. O experimento baseia-se em deixá-los expostos no ambiente para
detectar seu tempo de degradação na natureza, já que não houve a possibilidade de testar a
eficácia em humanos. A desidratação foi um sucesso ocorreu em apenas 4 dias dependendo
da composição. Com esse resultado foi possível realizar uma nova análise comparativa com
os fármacos e curativos já existentes para feridas superficiais.

Tabela 1.Composição dos protótipos

Protótipo
Composição do óleo de Composição do óleo de Composição do óleo de
Inserção dos óleos durante
ou após a formação 285
coco. linhaça. melaleuca.
do coloide.

1 2 gotas (0,1 ML) 2 gotas (0,1 ML) 2 gotas (0,1 ML) Após

2 3 gotas (0,15ML) 3 gotas (0,15ML) 3 gotas (0,15ML) Após

3 3 gotas (0,15ML) 3 gotas (0,15ML) 3 gotas (0,15ML) Durante

4 1 gota (0.05ML) 1 gota (0.05ML) 1 gota (0.05ML) Após

5 1 gota (0.05ML) 1 gota (0.05ML) 1 gota (0.05ML) Durante

6 2 gotas (0,1 ML) 2 gotas (0,1 ML) 2 gotas (0,1 ML) Durante

7 1 gota (0.05ML) 2 gotas (0,1 ML) 1 gota (0.05ML) Durante

8 1 gota (0.05ML) 1 gota (0.05ML) 2 gotas (0,1 ML) Durante

9 2 gotas (0,1 ML) 1 gota (0.05ML) 1 gota (0.05ML) Durante

10 1 gota (0.05ML) 2 gotas (0,1 ML) 1 gota (0.05ML) Após

11 1 gota (0.05ML) 1 gota (0.05ML) 2 gotas (0,1 ML) Após

12 2 gotas (0,1 ML) 1 gota (0.05ML) 1 gota (0.05ML) Após

Fonte: ZANESE, M. L

285
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Fonte: ZANESE, M. L.

Fonte: ZANESE, M. L.

Fonte: ZANESE, M. L.

Fonte: ZANESE, M.

286
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
FONTE: RELVA VERDE. OLÉO DE COCO EXTRA VIRGEM. (Adaptada por ZANESE, M. L.)

287

FONTE: PESSANHA, A. F. V. DESENVOLVIMENTO DE FORMAS FARMACÊUTICAS SEMI-SÓLIDAS À BASE DE ÓLEO DE


LINHAÇA ... Dissertação (Mestrado) - ATTENA, repertorio digital da UFPE, Universidade Federal de Pernambuco, (2011).
(Adaptada por ZANESE, M. L.)

287
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
FONTE: OLIVEIRA, A.C.M. et al. EMPREGO DO ÓLEO DE MELALEUCA ALTERNIFOLIA CHEEL NA ODONTOLOGIA... Revista
Brasileira de Plantas Medicinais. Vol. 13 n.4 pp. 942-499. (2011) (Adaptada por ZANESE, M. L.

Tabela 2. Comparação dos curativos.

Fonte: ZANESE, M. L.

288
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Tabela 3. Comparação dos medicamentos.

Fonte: ZANESE, M. L.

Tabela 4. Composição química de fármacos brasileiros para feridas epiteliais.

FARMACO COMPOSIÇÃO QUIMICA

Ácido cáprico, ácido caprílico, ácido caproico, ácido láurico, ácido linoléico, lecitina,
Dersani ®
palmitato de retinol, acetato de tocoferol e alfa-tocoferol.

Ácido Linoléico, Ácido Oleico, Ácido Caprílico, Ácido Cáprico, Ácido Láurico, Ácido
Curatec ® Palmítico, Ácido Mirístico, Ácido Esteárico, Palmitato de Retinol (Vitamina A), Acetato
de Tocoferol (Vitamina E) e Lecitina de Soja.

Óleo de gérmen de trigo, triglicerídeos do ácido caprílico/capróico, palmitato de


Repitelin ® retinol (1.000.000UI/g), acetato de tocoferol, butilhidroxitolueno, lecitina de soja,
óleo mineral, fenoxietanol, óleo de girassol. 289
ácido cáprico, ácido láurico, ácido linoléico, ácido caprílico, ácido capróico, ácido
Dermosan ®
palmítico, ácido mirístico, lecitina de soja, vitamina A e vitamina E.

AGE gremer óleo ® Ácidos Graxos Essenciais (AGE), Vitaminas A e E, Lecitina de Soja e Óleo de Andiroba.

ácidos graxos essenciais originados de Óleos Vegetais Poli- Insaturados, Ácido Linolê-
AGE derm ® ico, Lecitina de Soja, Triglicérideos dos Ácidos Cáprico, Caprílico, Láurico e Capróico,
enriquecida com vitaminas A e E.

Lin’ óleo ® Ácido graxos essências insaturados.


óleos de girassol, calêndula, germe de trigo,oliva, manteiga de karité, leticina de
Pimoderm AGE®
soja, vitaminas A e E
AGE, óleo de girassol, calêndula, germede trigo, leticina de soja,
Supriderm AGE®
vitaminas A e E.

FONTE: FERREIRA. A. M. at al. UTILIZAÇÃO DOS ÁCIDOS GRAXOS NO TRATAMENTO DE FERIDAS... Revista da Escola de
Enfermagem da USP. Vol 46. No3 São Paulo June 2012 (Adaptado por ZANESE, M.L.)

RESULTADOS

Foi possível determinar que a partir do segundo dia já ouve redução de tamanho dos
protótipos de curativos orgânicos, isso por conta da desidratação, pode-se observar que no
protótipo do dia 24/05/2020 houve evaporação total no compostos 5,7 e 9, enquanto outros
apresentaram os resíduos dos óleos, porém na pratica espera- se que o corpo absorva

289
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
esses resíduos para acelerar o processo de cicatrização. A partir da comparação dos prin-
cipais remédios ativos presentes na indústria farmacêutica brasileira utilizados para lesões
superficiais, pode-se chegar a conclusão que os compostos TCM (triglicerídeos de cadeia
media), AGE (ácidos graxos essenciais), antissépticos e antioxidantes, estão presentes na
maioria dos fármacos, sendo assim algo essencial para cicatrização. Ademas o curativo
sustentável a base de óleos naturais apresenta todos esses compostos, supondo assim sua
eficácia, como os medicamentos já existentes. Além disso a partir da análise dos principais
curativos utilizados para lesões superficiais, que dentre os critérios apresentados todos
apresentaram eficácia em dois requisitos: proteção da ferida e em manter o meio úmido, o
que o curativo a base de óleos propaga com eficácia. O mesmo possui vantagens em ser
sustentável, de preço acessível, de prevenir patógenos e hidratar a ferida, sendo assim um
curativo ativo. Entretanto ele ainda precisa ser aprimorado para poder absorver a excreção
liberada pela ferida.

CONCLUSÃO

Conclui-se que existe viabilidade para seguir as pesquisas de produção do curativo


orgânico com essa mistura uma vez que a partir do segundo dia já ouve redução de tama-
nho dos protótipos, isso por conta da desidratação, pode-se observar que o protótipo tem
uma redução da porção coloidal logo após o primeiro dia, e redução total depois de 4 dias,
tendo a aparência de ressecado sugerindo a hidratação de um hipotético ferimento, o óleo
de coco com seus resíduos poderá acelerar a cicatrização e os óleos essências poderão
eliminar possíveis microrganismos como bactérias e fungos. Na prática espera- se que o
corpo absorva esses resíduos para acelerar o processo de cicatrização. com esse curativo
a base de TCM, AGE e antimicrobianos acelerando a cicatrização. Ademas, referente as
comparações ele apresentou suposta eficácia, pois apresenta todos os principais compostos
ativos presentes nos medicamentos brasileiros para cicatrização de feridas superficiais, além
de apresentar mais vantagens que os curaivos já existentes.

290
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
REFERÊNCIAS
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FERIDAS. REVRENE, Revista da rede de enfermagem do Nordeste. (2012).

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LUME, Repositório digital (UFRGS). Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2018).

3. CAMPOS, A. C. LI.; BORGES-BRANCO A.; GROTH A. K. CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS.


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do Paraná.

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COMPOSIÇÃO QUÍMICA E EFEITOS BIOLÓGICOS. E- Scientia, Revista cientifica de saúde
do centro universitário de Belo Horizonte (UNBIH), v. 5, n. 2 (2012). Universidade Presbiteriana
Mackenzie, São Paulo, SP, Brasil.

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DOS ÁCIDOS GRAXOS NO TRATAMENTO DE FERIDAS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
DA LITERATURA NACIONAL. SCIELO, Scientific Electronic Library Online. Revista da Escola
de Enfermagem USP (2012).

7. GIRARDI, R. C. G. COMPORTAMENTO DE MATRIZES DE COLÁGENO UTILIZADAS NO


291
TRATAMENTO DE FERIDAS PLANAS INDUZIDAS NA PELE DE RATO. Dissertação (Mes-
trado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, (2005).

8. GOMES F. S. L.; CARVALHO D. V. TRATAMENTO DE FERIDA: REVISÃO DA LITERATURA.


Reme, Revista Mineira de Enfermagem. Vol. 6.1 (2002).

9. MANHEZII A. C.; BACHION M. M.; PEREIRA Â. L. UTILIZAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS


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(2008). Universidade Federal de Goiás. Univers. O PODER do TCM. Cmw, 2018. Disponível
em: http://www.cmwsaude.com.br/o- poder- do-tcm. Acesso em: 24 abr. 2020.

10. OLIVEIRA, M. I. et al. EXTRAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO ÓLEO ESSENCIAL DE ME-


LALEUCA E DESENVOLVIMENTO DE UMA FORMULAÇÃO SEMI-SÓLIDA DE USO TÓPI-
CO. Revista Jovens Pesquisadores. v. 5, n. 1 (2015). Santa Cruz do Sul. PESSANHA, A. F. V.
DESENVOLVIMENTO DE FORMAS FARMACÊUTICAS SEMI-SÓLIDAS À BASE DE ÓLEO
DE LINHAÇA (LINUM USITATISSIMUN) COM AÇÃO CICATRIZANTE PARA TRATAMENTO
E PREVENÇÃO DE ULCERAS DE PRESSÃO. Dissertação (Mestrado) - ATTENA, repertorio
digital da UFPE, Universidade Federal de Pernambuco, (2011).

11. PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO E REPARO TECIDUAL. Portal Educação. Disponível em:


https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/estetica/processo- de- cicatrizacao-
-e-reparo-tecidual/38373. Acesso em: 24 abr. 2020.

12. SAIBACOMO CUIDARDA CICATRIZAÇÃO PARAEVITARALTERAÇÕESNA PELE. G1, São


Paulo. Disponível em: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2013/11/saiba- como- cuidar-da-
-cicatrizacao-para-evitar-alteracoes-na-pele.html. Acesso em: 24 abr. 2020.

291
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
13. SALGADO DE OLIVEIRA. OS FLAVONOIDES NA PREVENÇÃO DA OXIDAÇÃO. AI, Aditivos
Ingredientes. Disponível em: https://aditivosingredientes.com.br/artigos/todos/os-flavonoides-
-na-prevencao- da-oxidacao.

14. SILVA, A. O. et al. ANTIOXIDANT POWER OF CAROTENOIDS, FLAVONOIDS AND VITA-


MIN E IN PREVENTING ARTERIOSCLEROSIS. Revista Ciências & saberes, v. 2, n. 4 (2016).
FACEMA, Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão.

15. SIMAS, L. W. USO DA SUPLEMENTAÇÃO ORAL DE COLÁGENO HIDROLISADO NA CI-


CATRIZAÇÃO DE TECIDOS. Revista Negócio Estética. (2013).

16. SOUSA, R. D. S. ESTUDO DE SUBSTANCIAS QUÍMICAS EM ÓLEOS DE COCO, COPAÍBA,


CALÊNDULA E GIRASSOL UTILIZADOS NO TRATAMENTO DE FERIDAS: UMA ABORDA-
GEM TEÓRICA. Monografias UFMA, Universidade Federal do Maranhão (2018).

292
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
19
Uso da romã no tratamento contra o
câncer

Maira Rebeca de Alencar Costa Silva Delzuita dos Santos


UEMA UEMA

Bruno Abilio da Silva Machado Carla Patrícia Moreira Falcão


UNINASSAU FASG

Lidiane Sousa da Costa Daniel Lopes Araújo


UEMA UNIFIP

Cleisla Emanuelly Medeiros Rodrigues


UEMA Francilene Vieira da Silva Freitas
UFPI

Jefferson Pedro Sousa Magalhães


UEMA

10.37885/210102878
RESUMO

A “romã”, tornou-se uma planta muito utilizada na medicina tradicional, por apresentar
componentes que potencializam sua resposta terapêutica, sendo um importante aliado no
tratamento contra o câncer. Desta forma, o trabalho teve por objetivo reunir informações
acerca de estudos presentes na literatura sobre a ação antitumoral da Punica grana-
tum L. (romã). Realizou-se uma análise dos títulos e resumos dos artigos encontrados
como triagem para a escolha de estudos que fundamentariam a pesquisa. A romã é
mundialmente conhecida pelo seu elevado potencial antioxidante, devido à presença
de compostos fenólicos, os quais são responsáveis pela prevenção de doenças. Assim,
descobriu-se que os extratos obtidos desta planta suprimem as células tumorais, reduz a
proliferação de células cancerosas, além de induzir a parada do ciclo celular e a apoptose.
Diante do exposto, faz-se necessário que haja uma maior ocorrência de estudos clínicos
para elucidar as diversas propriedades terapêuticas da romã e estabelecê-la como um
agente terapêutico eficaz.

Palavras-chave: Romã, Neoplasia, Fitoterapia, Tratamento.

294
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
INTRODUÇÃO

Tendo em vista o aumento do número de doenças, nos últimos anos, tem crescido
consideravelmente o interesse populacional pelas terapias naturais nos países industriali-
zados, mostrando-se em crescente disseminação, o uso de plantas medicinais e fitoterá-
picos. O Brasil, por sua vez, é o país de maior biodiversidade do planeta que, associada a
uma rica diversidade étnica e cultural detém um valioso conhecimento tradicional associado
ao uso de plantas medicinais (BRASIL, 2016).
A utilização dessas plantas, de seus extratos e princípios ativos atuando no trata-
mento de diversas doenças, são inerentes à história humana e, nas últimas décadas, com
o intuito de se usufruir desse potencial, o número de pesquisas vem crescendo exponen-
cialmente; principalmente em virtude dos avanços da biologia molecular, uso de novas
técnicas de identificação, extração e purificação de compostos (ZARDETO-SABEC et al.,
2019; RIBEIRO, 2005).
O câncer, por sua vez, também conhecido por neoplasia, é a denominação para mais
de 100 doenças caracterizadas pelo aumento progressivo e anormal de células; estas são
invasoras e podem migrar para outras regiões do corpo provocando a metástase (ZARDETO-
SABEC et al., 2019). O número de novos casos, cresce a cada ano. E, a mais recente esti-
mativa mundial, ano 2018, aponta que ocorreram no mundo 18 milhões de casos novos de 295
câncer. Havendo para 2020/2022, no Brasil, uma estimativa segundo o Instituto Nacional de
Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), uma ocorrência equivalente à cerca de 625
mil novos casos de câncer para cada um desses anos (BRASIL, 2020; INCA, 2020).
A agressividade provocada pelas células cancerosas, ocasiona a formação de tumo-
res, sendo eles malignos, quando há acúmulo de agentes cancerosos e, benignos, quando
o acúmulo é de células semelhantes ao tecido original e em replicação lenta (ZARDETO-
SABEC et al., 2019).
A “romã”, deste modo, tornou-se uma planta muito utilizada na medicina tradicional, por
apresentar componentes que potencializam sua resposta terapêutica, sendo um importante
aliado no tratamento contra o câncer (WERKMAN, 2008).
A romãzeira, Punica granatum L. (P. granatum), é um arbusto lenhoso, ramificado,
da família Punicaceae. Esta apresenta folhas pequenas, brilhantes e membranáceas; uma
casca rígida, com uma coloração vermelho-escura, quase roxa e, flores vermelho-alaranjada
dispostas nas extremidades dos ramos, originando frutos esféricos, com muitas sementes
em camadas, as quais se acham envolvidas em arilo polposo (LORENZI & SOUZA, 2001;
FERREIRA, 2005).
Desta forma, o trabalho teve por objetivo reunir informações acerca de estudos pre-
sentes na literatura sobre a ação antitumoral da Punica granatum L. (romã).

295
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
METODOLOGIA

Para a realização deste trabalho de pesquisa bibliográfica, fez-se necessário uma


análise dos títulos e resumos dos trabalhos encontrados, como forma de triagem para a
escolha de estudos que fundamentariam a pesquisa.
A pesquisa realizada deu-se por meio de textos disponíveis nas bases de dados Scielo,
Medline e Google Acadêmico.
Foram selecionadas artigos, livros, monografias, dissertações e teses, através dos
descritores: romã; neoplasia; fitoterapia; tratamento.
Considerou-se os seguintes critérios de inclusão: 1) trabalhos com textos completos;
2) artigos disponíveis gratuitamente; 3) artigos publicados no idioma português ou inglês; e
4) trabalhos publicados no período compreendido entre 2000 e 2021.
Não foram incluídos artigos publicados em outros idiomas, que não o português ou
inglês; trabalhos com textos não condizentes com o assunto; trabalhos em forma de resumo.
Os artigos selecionados, que somente foram analisados completamente após ser ob-
servado que atendiam concomitantemente aos critérios de inclusão, foram copiados e or-
ganizados de acordo com a ordem de seleção. Posteriormente, cada artigo foi devidamente
lido e analisado para a estruturação da pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os trabalhos utilizados para a estruturação do desenvolvimento da pesquisa, foram equi-


valentes a um total de onze trabalhos (Tabela 1), compreendidos entre os anos de 2001 à 2018.

Tabela 1. Número de trabalhos selecionados por ano para a estruturação do desenvolvimento da pesquisa, em ordem
cronológica.

Ano Trabalhos selecionados Total

An Estrogen-like activity in pomegranate juice (Maru et al., 2001).

2000 - 2005 Preliminary studies on the anti-angiogenic potential of pomegranate fractions in vitro and in vivo (Toi et al., 2003). 03

Pomegranate fruit juice for chemoprevention and chemotherapy of prostate cancer. (Malik et al., 2005).

Avaliação da atividade antioxidante em diferentes extratos da polpa e sementes da romã (Punica granatum L.)
(Jardini e Mancini Filho, 2007).
Protective effects of Punica granatum seeds extract against aging and scopolamine induced cognitive impairments
2006 - 2010 in mice (Kumar al., 2008). 04
Atividade citotóxica e antiangiogênica de Punica granatum L., Punicaceae (Oliveira et al., 2010).
Estudo da composição química e ação inibitória dos extratos obtidos de Punica granatum L. (romã) sobre Candida
spp (Anibal, 2010).
Cherries and health: a review. Critical Reviews in Food Science and Nutrition (McCUNE et al., 2011).

Resíduos de romã (P. Granatum) na prevenção da doença de Alzaimer (Morzelle, 2012).


2011 - 2015 03
Increased antioxidant Content in Juice Enriched with Dried Extract od Pomegranate (Punica granatum) (Salgado,
2012).
Avaliação do potencial anticarcinogênico do extrato aquoso de romã (Punica granatum L.) por meio do teste para
2016 - 2020 01
detecção de clones de tumores epiteliais (warts) em drosophila melanogaster (Santos; Lahlou; Orsolin, 2018).

296
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Atividade antioxidante

Tem-se demonstrado grande interesse, quanto ao papel dos antioxidantes consumi-


dos na dieta. Isso, pois os compostos antioxidantes contidos em frutas e vegetais, como
os compostos fenólicos, desempenham no organismo a função de neutralizar os radicais
livres, colaborando para a proteção de células e tecidos. Como resultado, este mecanismo
de ação favorece na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, como é o caso das
neoplasias (McCUNE et al., 2011).
E, a romã, é mundialmente conhecida, exatamente por apresentar um elevado potencial
antioxidante, devido à presença de compostos fenólicos como antocianinas, ácidos fenólicos
e taninos (SALGADO et al., 2012). Jardini e Mancini Filho (2007), afirmam que esses compo-
nentes fenólicos estão presentes na polpa e sementes da romã; apresentando, consequente-
mente, potente atividade antioxidante. Além disso, suas sementes também são constituídas
de ácidos graxos (ácido púnico e estrógênios naturais), esteróis, vitamina E e compostos
antiinflamatórios, com atuação de químio-proteção contra o câncer (ANIBAL, 2010).
Diversos estudos têm atestado que frutas e sucos de romã apresentam proprieda-
des antioxidantes superiores a alimentos considerados de alta atividade antioxidantes e
com valores três vezes maiores aos obtidos para o vinho tinto e o chá verde (MORZELE,
2012). Kumar al., (2008) pôde corroborar esse potencial efeito antioxidante da Punica gra- 297
natum L. (romã), através de um experimento com camundongos; onde constatou-se que
houve uma indução à redução de peroxidação lipídica – processo em que os radicais livres
capturam elétrons dos lípidos nas membranas celulares, causando a degradação oxidativa
desses lípidos, provocando lesão a membrana – em encéfalos desses camundongos, após
o tratamento com o extrato da fruta.
Os antioxidantes podem atuam em diferentes níveis a fim de proteger o organismo:
impedindo a formação de radicais livres, capturando radicais livres gerados pelas fontes en-
dógenas ou exógenas e, reparando danos gerados pelos próprios radicais livres. Sendo sua
atuação, desta forma, de grande importância para o organismo; pois, esses radicais livres ge-
ram ataque aos lipídios, aminoácidos, ácidos graxos poliinsaturados e às bases do DNA, além
da capacidade de ocasionarem a multiplicação celular sem reparos. (MORZELE, 2012). Posto
isso, as substâncias antioxidantes, tais como os compostos da romã, intervêm na perda da
integridade celular e a formação de lesões e mutações (SANTOS; LAHLOU; ORSOLIN, 2018).

Atividade citotóxica

Estudos também têm mostrado a presença de atividade citotóxica de extratos de diferen-


tes partes da P. granatum em uma série de sbtipos de células tumorais. Sendo a citotoxidade,

297
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
um indicativo inicial da atividade antitumoral presente na maioria dos quimioterápicos. Onde,
os agentes antitumorais usados clinicamente, na sua grande maioria, possuem marcada
atividade citotóxica (OLIVEIRA et al., 2010).
Oliveira et al., (2010) comprovaram por meio de experimento, utilizando o método de
redução de MTT, que ambos os extratos da romã, folha e fruto, produzem um efeito citotó-
xico concentração-dependente. Obtendo como resultado desse experimento, os valores de
concentração letal média (Cl50) da folha e do fruto; correspondendo estes respectivamente à
1,0 e 1,2 mg/mL para células K-562, e 0,7 mg/mL para células do TAE. Sendo demonstrado
assim, por meio deste, uma atividade citotóxica atuante sobre o fruto e a folha da romã.
Alguns estudos tem apontado que o suco do fruto da P. granatum não somente retarda
a oxidação e a síntese de prostaglandinas — que são sinais químicos celulares de origem
lipídica — mas, também, é capaz de inibir a proliferação de células tumorais, reduzir a inva-
são tumoral e promover a apoptose (Toi et al., 2003). Malik et al., (2005) testaram por meio
de experimento esses efeitos antiproliferativos do extrato da romã em células cancerígenas
prostáticas PC3 e assim, puderam constatar uma redução dose dependente do crescimen-
to celular de PC3.

Atividade estrogênica

Maru et al., (2001) também demonstraram, através de experimento, um efeito simi-


lar ao estrogênio nos compostos do suco de romã, havendo, através do tratamento com
a utilização desse extrato, a manifestação de ação proliferativa em células de câncer de
mama MCF-7 e um aumento no peso uterino de camundongos ooferectomizados, sendo
comprovado assim, a presença desse efeito estrogênico na romã. Com isso, insinua-se que
essa atividade estrogênica pode possuir potencial terapêutico antitumoral devido ao fato de
inibir a atividade androgênica em neoplasias que se mostram dependentes desse hormônio,
através de mecanismos anti-inflamatórios e por promoção de apoptose, por intermédio das
vias Faz/FAsL (SANTOS; LAHLOU; ORSOLIN, 2018).

Inibição da agiogênese

A angiogênese, compreendia como iniciação e desenvolvimento de novos vasos san-


guíneos, encarrega-se do suprimento de oxigênio e nutrientes para o crescimento tumoral
e metástase. Posto isso, pesquisas tem mostrado que polifenóis contidos em substâncias
antioxidantes diversas, exercem também a inibição da angiogênese, chegando-se à con-
clusão de que o mesmo possa acontecer com os compostos fenólicos da romã (SANTOS;
LAHLOU; ORSOLIN, 2018). Assim, os artigos levantados nesse estudo, sugerem um possível
potencial da romã na prevenção e terapia do câncer

298
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
CONCLUSÃO

Diante do exposto, nota-se que a os extratos obtidos da romã, suprimem as células


tumorais, reduzem a proliferação de células cancerosas e, além disso, induzem a parada
do ciclo celular e a apoptose. Entretanto, apesar da P. granatum L. (romã) mostrar-se um
agente anticâncer potente, poucos estudos clínicos foram realizados.
Portanto, é necessário que haja uma maior ocorrência de estudos clínicos e novas
investigações utilizando outros organismos, para melhor compreender a atuação dos consti-
tuintes da romã; elucidando suas diversas propriedades terapêuticas e, assim, estabelecê-la
como um agente terapêutico eficaz na prevenção e tratamento do câncer.

REFERÊNCIAS
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Punica granatum L. (romã) sobre Candida spp. 2010; 112p. Tese (doutorado). Universidade
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Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
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300
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
20
Chemical Composition, Antibacterial
Potential and Enzymatic Inhibition
of the Hedyosmum brasiliense Mart-
Chloranthaceae

Jenifer Priscila de Araújo


UFPR

Wanderlei do Amaral
UFPR

Michele Debiasi Alberton


FURB

Milena Paim
UFPR

Luiz Everson da Silva


UFPR

10.37885/210102816
ABSTRACT

The Hedyosmum brasiliense Mart. is a native species very occurring in the Paraná coastal
region. In this study, we have available antibacterial and enzymatic inhibition assays of the
volatile oil of the species. The material was collected in the Saint-Hilaire /Lange-Matinhos
– Paraná - Brazil National Park. The essential oil was obtained by hydrodistillation in the
Clevenger type graduated apparatus. A total of 14 compounds were identified, among
them Biciclogermacrene was the major component. The antibacterial assay showed that
essential oil was active against Staphylococcus aureus. However, it was inactive against
gram-negative bacterium Escherichia coli. In the enzymatic inhibition assays was obser-
ved that the essential oil inhibited the enzyme acetylcholinesterase, whereas it was not
active to the α-glucosidase. The results of the biological activity studies of Hedyosmum
brasiliense Mat. are promising to recognize their potentialities.

Keywords: Acetylcholinesterase and α-Glucosidase, in Vitro Assays, Hedyosmum Brasilien-


se, Volatile Oils.

302
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
INTRODUCTION

Studies aimed at finding new potential species for the cure and treatment of diseases
have reached a wide range and diversification in recent years. In this sense, the new potential
discoveries have aroused interest in the pharmaceutical industry to manufacture new drugs
from natural sources.
In this respect, it should be noted that the Atlantic Forest is one of the forest formations
with the greatest biological potential in Brazil. Among the wide diversity in this biome, the
Hedyosmum brasiliense Mart. species, stands out because it is extracted and managed
for medicinal use. Hedyosmum brasiliense Mart. belongs to the family Chloranthaceae,
which is constituted by 4 genera with 80 species. The leaves of the species are more or
less fleshy, aromatic, with loose petiole sheath and free part of the petiole of 0.7-1.6 cm;
lamina glabra on both sides, 8-9 cm long by 2.5-5.0 cm wide (LORENZI, p.79, 2016). The
tree is very common in the Paraná coastal region. The plant popularly known as “Cidreira
do Mato” belongs to the Chloranthaceae family and it has different characteristics, such as:
dioecious plant species (female and male sex in different individuals); heliophyte (dependent
on sun exposure); height of approximately 3-6 meters; aromatic leaves and secretory glands
of essential oils present in the leaves. However, flowering of the Hedyosmum brasiliense
Mart. occurs between the months of August and November and the fruiting of the species
appears between the months of December to March. Inflorescences can be characterizing 303
as axillary and terminal, the male ones composed of 3-8 ears and the female paniculated
and surrounded by fleshy floral bracts joined at the base. The fruit is constituted by globose
drupe, slightly trigonal, milky, with persistent chalice surrounded by fleshy bracts (LORENZI,
2016, p.79). Figure 1 shows the species Hedyosmum brasiliense Mart. in the Atlantic Forest
of the Paraná-Brazil coastal region.

Figure 1. Native species Hedyosmum brasiliense Mart. in the Atlantic Forest (National Park Saint-Hilaire / Lange-Paraná-BR)

Source: authors, 2019.

303
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
It is important to point out that the Chloranthaceae family appears in specific places,
and it is little found. Phylogeny studies as report by Souza & Lorenzi (2005) suggested that
this family is relatively isolated and can be considered as the only representative of a se-
parate order or not to be included in any order (SOUZA & LORENZI, p. 65, 2005). In addi-
tion, Chloranthaceae family possesses characteristics of arboreal, median plants and cells
of essential oils.
The essential oils of the species are also used in phytochemical research. Antimicrobial
responses against Candida albicans, Staphylococcus aureus, Escherichia coli and
Pseudmonas aeruginosa was carried out which results have shown (Vido, 2009). Besides,
studies have also shown that species presents analgesic, antifungal and antioxidant activities
(Furtado, 2018). Ferreira & Alves (2008) evaluated the diuretic activity of Hedyosmum brasi-
liense Mart. in which it was possible to verify their efficacy and increase of diuresis without alte-
ration of the arterial pressure. This finding validated the indication for renal troubles treatments.
Recently, a promising cytotoxic activity with the essential oil against triple-negative breast
tumor cells was undertaken. In this study was observed an important role in the discovery of
novel therapeutics for the treatment of estrogen-negative tumors, which are more aggressive
and not responsive to hormonal treatments (FURTADO, p.64, 2018)”.
On the other hands, we highlight the study of the hydroalcoholic extract and sesquiter-
pene lactone isolated from the same extract denominated 13-HDS (13-hydroxy-8,9-dehydro-
-shizukanolida). This compound produced a pronounced dose-dependent analgesic effect on
abdominal constriction induced by intraperitoneal injection of acetic acid in rats, the latter being
more effective than aspirin, acetaminophen and dipyrone, but less effective than morphine.
On the other hands, it should be noted that enzymes are molecules of proteins capable
of modifying biochemical reactions, that is, they are catalysts. These processes occur due
to factors such as temperature and pH. These factors are capable of altering the activity of
the enzymes and, consequently, the speed of the reactions catalyzed by them. In this sen-
se, each enzyme has an optimum pH of activity, in which its activity reaches the maximum
peak. For most enzymes this pH is between 4.5 and 8.0. On the other hand, there is a direct
relationship between the temperature and the speed of the enzymatic reactions, that is, the
speed of the enzymatic reactions increases with the temperature until it reaches the maximum
speed. Note that after reaching this peak the reaction speed begins to decrease, leading to
enzymatic inhibition. According to Gareth (2003), these molecules are obvious targets for
the design of drugs since the inhibition provides a method for preventing or regulating cell
growth (GARETH, p. 190, 2003). In this regard,
Thus, in the present study, we have carried out antibacterial and enzymatic assays
to available the biological potential of the essential oil of the Hedyosmum brasiliense

304
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Mart. In addition, enzymatic inhibitory activity assays were performed to analyze the efficacy
of the essential oil extracted from the Hedyosmum brasiliense Mart. against acetylcholines-
terase and alpha-glucosidase enzymes.

MATERIAL AND METHODS

To collect the plant material we chose the trail with approximately 100 meters of alti-
tude, located inside the Mata Atlântica Park Hotel, an area protected by the Saint-Hilaire/
Lange National Park, Paraná, Brazil (25º 67’17”S 48º 58’ 29” W). The collection of the leaves
of H.brasiliense was collected under the authorization of the System of Authorization and
Information on Biodiversity - SISBIO number 49770-2. Also, information about the species
was registered in the National System of Management of Genetic Heritage and Associated
Traditional Knowledge (SISGEN) under number A216E5A.

EXTRACTION OF ESSENTIAL OIL

In order to collect the plant material, we decided to follow the trail with approximately
100 meters of altitude, located inside the Atlantic Rainforest Park Hotel, an area protected
by the Saint-Hilaire / Lange National Park, Paraná, Brazil. After the collection, the samples 305
were sent to the Laboratory of Sciences and Anato-Morphology of the Federal University of
Paraná-Setor Litoral in Matinhos-PR to perform the process of oil extraction.
During the extraction procedure, the collected material was subjected to still fresh
hydrodistillation. For the hydrodistillation process, 100 g of the high-precision electronic mo-
del material AD33OS and placed in a 2000 mL flask were weighed, followed by addition of
1000 mL distilled water.
During the procedure, a glass-shaped condenser (15cm) was used, which was isolated
with aluminum foil to prevent light from coming in contact with the extracted material and for
the operation of the cooling system. In this way, triplicates (R1, R2, R3) were carried out at
maximum temperature until the boil was reached, reducing the temperature of the heating
mantle later. The hydrodistillation period was approximately 4 hours (the time may vary ac-
cording to the species in question).
The oils were collected with a 1000 μL pipette, then stored in a 1.5 ml numbered tube
eppendorf and finally cooled in a vertical freezer to ensure the integrity of the essential oil.
For the drying of the material was used centrifuge and micropipette of 200 μL. In addition,
after extractions of the leaves of Hedyosmum brasiliense Mart. and stored in amber glass to
perform the tests. The volatile oil was kept out of light reach and free of insoluble impurities

305
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
in the Laboratory of Sciences and Anato-Morphology of the Federal University of Paraná -
Setor Litoral in Matinhos-PR.

ANTIBACTERIAL TESTS

The antibacterial tests were carried out in the Chemical and Biological Pre-analysis
laboratory of the UFPR (Federal University of Paraná - Setor Litoral) in Matinhos-PR.
Becker flasks were used with 1000mL of distilled H 2 O to perform the media with the
following composition: LB culture medium: yeast extract 5g / L, sodium chloride 10g / L and
tryptone 10g / L; LA culture medium: yeast extract 5g / L, sodium chloride 10g / L, tryptone
10g / L and 15g / L agar.
Sterilization was performed by vertical autoclaving at 100 ° C for 20 minutes.
The bacteria used for the study are the Escherichia coli strain NCM3722, which is as-
sociated with extra-intestinal infections and the Staphylococcus aureus strain ATCC 25923
which can provoke from simple to more severe skin infections. The sowing of the bacteria for
antibacterial assay was performed in laminar flow hood model CFLH-09M to avoid contami-
nation of the materials used. 10 ml of the LB medium was placed in a glass vial with 10 μl of
the bacteria in 10% glycerol. Thus, the samples were precultured in a vertical incubator, at
37º C in an aerobic system, using a magnetic stirrer model 752A for 24 hours.
To perform the plates the solid medium was melted in an electric oven model
CMW30ABANA for 5 minutes. Subsequently, 100 mL of LA medium was placed in the glass
plate (9cm / 2cm) to solidify.
For the antibiotic solution, 980 were pipetted into 24 μL of distilled H 2 O and 20 μL of
Tetracycline (C 22 H 24 N 2 O 8). According to Howland & Mycek (2007), “tetracyclines are
effective against gram-positive and gram-negative bacteria as well as against other microor-
ganisms other than bacteria (HOWLAND & MYCEK, p. 368, 2007)”.
Dilution of 2mL of the inoculated bacteria in 8mL of LB medium was carried out, using
only 100μL in the plate and spread with a plastic handle (21.5cm / 3cm). Subsequently, three
holes were drilled in the culture medium solidified with a sterilized pasteur pipette (150 mm),
and 60 μL of the mineral oil (negative control) was pipetted in the first hole in the second 60
μL of the essential oil of Hedyosmum brasiliense Mart. and in the third 60 μL of the antibiotic
(positive control). Finally, they were incubated at 37 ° C for 24 hours. After the 24-hour period
the Escherichia coli and Staphylococcus aureus samples were analyzed and the medium
used for the antibacterial assay was discarded.

306
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
ENZYME INHIBITION ASSAYS

The enzyme inhibition assays of the essential oils are carried out at the Natural Products
Research Laboratory, located on campus 3, at the Department of Pharmaceutical Sciences
of Regional University of Blumenau- Santa Catarina- Brazil. Reagents were obtained from
SIGMA-Aldrich Saint Louis (MO-USA) and used without prior purification.

EVALUATION OF ACETYLCHOLINESTERASE ACTIVITY

The acetylcholinesterase activity is determined in vitro by the spectroscopic method of


Ellman et al. (1961). Samples are diluted in methanol at a concentration of 1 mg mL-1. 325
μl of Tris-HCl Buffer is added to maintain the pH of the medium in approximately 8. An aliquot
of 100 μl of sample and 20 μl of acetylcholinesterase enzyme solution diluted in Tris-HCl
buffer is added at 0, 1% Bovine Albumin Serum (0.25 U mL-1), this mixture being incubated
at room temperature for 15 minutes. Then, 70 μL of acetylcholine iodide solution (0.021 mg
mL-1), and 470 μL of Ellman’s Reagent (5,5-dithiobis (2-Nitrobenzoic acid), prepared in Tris
HCl buffer added with NaCl 0 , 1M and 0.02 M MgCl2 · 6H2 O). After homogenisation, the
test tubes are incubated under light for 25 minutes. Afterwards, 1000 μL of Tris-HCl buffer
solution is added and the absorbance of the solution is measured in a spectrophotometer at 307
a wavelength of 405 nm. As a positive control, a solution of Neostigmine hydrochloride (100
μg mL-1) is used, and as a negative control only the solvent used to dilute the samples. The
inhibitory activity of the enzyme acetylcholinesterase is calculated by the equation:

ACTIVITY EVALUATION Α-GLUCOSIDASE

The α-glucosidase inhibition assay is performed as described by Kim et al. (2004).


Sample solutions are prepared in methanol at a concentration of 1 mg mL–1. At the time of
testing, each solution is diluted with potassium phosphate buffer (pH 6.8) to 500 μg mL-
1. An aliquot of 50 μl of alpha-glucosidase solution (1 U mL–1) was pre-mixed with 20 μL of
the sample solutions, and 570 μL of potassium phosphate buffer (pH 6.8) (0.1 mol L–1). All
tubes were vortexed and incubated in a water bath at 37.5 ° C for 20 minutes. After, 100 μl of
p-nitrophenyl-α-D-glucopyranoside (pNPG, 1 mmol L–1) is added as substrate and the reac-
tion will start. The tubes are agitated again and the mixture is incubated for 30 min in a water
bath at 37.5 ° C followed by the addition of 650 μl of 1 M Na2CO3 solution to the completion

307
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
of the reaction. The amount of p-nitrophenol formed is measured in a spectrophotometer at
wavelength of 410 nm for the estimation of the enzymatic activity. A 50æg mL -1 solution of
Acarbose is used as standard. A negative control using only solvent, in place of the sample,
is the one used. For each sample, a blank test is performed, where 20 μL of the sample
solution (500 μg mL–1) is added to 570 μL of potassium phosphate buffer (pH 6.8) (0.1 mol
L–1). The inhibitory activity of the enzyme alpha-glucosidase is calculated by the equation.

RESULTS AND DISCUSSION

Identification of Chemical Constituents

For the present study of the volatile components of the oil were considered only the
compounds that were present in the oils in a percentage equal to or greater than 1%.
After the analysis of the essential oil from the leaves of the species, 14 compounds
were identified; the others were inferior to the established value (≥1%). Table 1 below shows
the chemical constituents of the essential oil of the species Hedyosmum brasiliense Mart.

Table 1.Chemical Constituents of Essential Oil from leaf samples of Hedyosmum brasiliense Mart., Chloranthaceae

CONSTITUENTS IA THEORETICAL* IA* KI* %

Sabinene 969 975 975 5,54


β-Pinene 974 978 979 1,76
Cineole-1,8 1026 1033 1031 3,07
Pinocarvone 1160 1165 1164 1,97
Terpinel-4-ol 1174 1180 1177 1,36
β-Elemene 1389 1395 1390 1,35
y –Muurolene 1478 1484 1479 4,11
Biciclogermacrene 1500 1501 1500 50,63
Cadinene 1522 1528 1523 1,31
Germacrene B 1559 1561 1561 2,15
Sphatulenol 1577 1581 1578 2,68
Globulol 1590 1588 1590 1,16
Carotol 1594 1601 1594 19,06
Ferula lactone I 1974 1998 1974 1,90
Monoterpenes 7,44
Oxygenated Monoterpenes 6,52
Sesquiterpenes 60,75
Oxygenated Sesquiterpenes 25,29

Total identified % 98,05

*lA: Calculated Retention ; IA teórico: Literature Retention Index ; KI: Kovats Index.
*Index Aritimetical *Index Teorical Aritimetical.
Source: authors, 2019.

308
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Bicyclogermacrene is the main constituent of essential oil extracted, with an average
concentration of 50.63%. The next most abundant component was Carotol with a concentra-
tion of 19.06%. Essential oil coming from the leaves still indicated the presence of Sabinene
(5.54%) and Muurolene (4.11%) as main components, besides 1,8-Cineole with 3.07%. In ad-
dition, a higher concentration of sesquiterpenes (60.75%) and oxygenated sesquiterpenes
(25.29%) were verified in this study. Meanwhile, monoterpenes (7.44%) and oxygenated
monoterpenes (6.52%) were identified in a lower concentration.
In this respect, it is important to note that the chemical composition may vary according
to locality, climatic conditions and anthropic actions. In the other hands, Lima, Kaplan & e Cruz
(2003) emphasize that the “identification of chemo-types should be considered an important
item for quality maintenance, crop planning and phytopharmaceutical procurement (LIMA,
KAPLAN & CRUZ, p.75, 2003)”.Finally, it should be noted that the combination of essential
oil constituents may be effective against different etiological agents.

ASSAY WITH ESCHERICHIA COLI AND STAPHYLOCOCCUS AUREUS


BACTERIA

Antibacterial assays against E. coli strain oil (strain NCM3722) and S. aureus (ATCC
25923) were performed (table 2). 309
Table 2. Analysis of the antibacterial assay of Hedyosmum brasiliense Mart.essential oil against E. coli strain (NCM3722)
and S. aureus (ATCC 25923) (cm)

BACTERIUM AT MO EOHB

Escherichia coli 2,2 0 0

Staphylococcus aureus 3,0 0 1,2

Subtitle: AT= Antibiotic Tetracycline (positive control); MO= Mineral Oil (negative control); EOHB= Essential Oil Hedyosmum brasiliense
Mart.

Figure 2. below shows the inhibition of the antibiotic Tetracycline (positive control)
whereas for mineral oil (negative control) and essential oil (Hedyosmum brasiliense Mart.)
There is no inhibitory halo.

309
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Figure 2. Plate after the 24-hour incubation period (without inhibition halo).

Subtitle: 1= Mineral Oil (negative control); 2== Essential Oil Hedyosmum brasiliense Mart.
; 3= Antibiotic Tetracycline (positive control).
Source: authors, 2019.

Therefore, the essential oil coming from Hedyosmum brasiliense Mart. showed no
activity against Gram-negative Escherichia coli bacteria.
The plaque tested against Gram-positive bacteria showed inhibition halo after establi-
shed incubation period according to figure 3.

Figure 3. Plate after the 24-hour incubation period (with the presence of inhibition halo).

Subtitle: 1= Mineral Oil (negative control); 2== Essential Oil Hedyosmum brasiliense Mart.
; 3= Antibiotic Tetracycline (positive control).
Source: authors, 2019.

310
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Figure 3. below shows the inhibition results of essential oils in millimeters from the
standard used - the antibiotic “Tetracycline”.

Figure 3. Inhibition of the species Hedyosmum brasiliense Mart. in mm against E. coli and S. aureus bacteria

Subtitle: E. coli= Escherichia coli; T1= Tetracycline in the E.coli assay; S. aureus= Staphylococcus aureus; T2= Tetracycline in the S.
aureus assay
Source: authors, 2019.

It was verified in this step the research that the oil of leaves from the Hedyosmum 311
Brasiliense Mart. species harvested in the National Park Saint-Hilaire / Lange on the coast
of Paraná do not have bacterial activity against E. coli strain (strain NCM3722). However,
the oil coming from the species is selective to the S. aureus bacterium (strain ATCC 25923).
The result of the microbiological test of this research was distinct from the research
carried out by Vido (2009), which used essential oil from Hedyosmum brasiliense Mart.
of two locations in the state of São Paulo (Pindamonhangaba and Paranapiacaba). Vido
(2009) achieved effective results against the bacteria tested (Escherichia coli (ATCC 8739)
and Staphylococcus aureus (ATCC 8538)) using Dextrose Agar medium and antibiotic
Chloramphenicol. It is noteworthy that “essential oils were more effective against Gram-
positive bacteria than Gram-negative bacteria, results similar to most investigations of the
antimicrobial potential of volatiles (VIDO, p.57, 2009)”. This result is related to the fact that
gram-positive microorganisms have cell walls more prone to passage, whereas gram-negative
microorganisms are more difficult to access due to cell membrane thickness.
Vido (2009) further states in his study that “against Staphylococcus aureus, most inhibi-
tions of leaf oils collected at both sites were 100% (VIDO, p.57, 2009).” In addition, he adds
that against Escherichia coli “the percentage of inhibition reached 100% in the spring (with
most responses above 90%) (VIDO, p.57, 2009)”.

311
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Kirchner et al. (2009) in their study carried out the Escherichia coli (ATCC 25922) and
Staphylococcus aureus (ATCC 25923) assay, prepared in 1 ml of Mueller-Hinton medium
agar (Difco). It was observed that the oil of Hedyosmum brasiliense showed activity against
Gram-positive S. aureus bacteria (vol%: 0.312), whereas no activity against Gram-negative
E.coli bacteria was identified, until the highest concentration used (2, 5%).
Luchesi (2017) performed a test with the essential oil coming from the species on
Mueller Hinton agar and with the microorganisms Staphylococcus aureus INCQS 00015,
Escherichia coli INCQS 00033, Pseudomonas aeruginosa INCQS 00025 and Salmonella
enteritidis INCQS 00035. According to Luchesi (2017), the oil from Hedyosmum brasiliense,

showed no activity against the bacteria at any concentration tested, this can be
justified by volatilization of some compound, degradation or even oxidation, of
mainly monoterpene actives, although in its composition it presents 31.6% of
Germacrene-B, 19.59% of Sabineno, 5.44% of α-Pinene, 7.23% of Eucalyptol,
6.41% of Carotol and other compounds that total the oil (LUCHESI, p.51, 2017).

It can be observed that several factors influence the obtaining of a positive result of
antimicrobial action, such as volatilization, oxidation or even degradation of some component
of the oil, facts that may have influenced this non-positive result.

RESULTS OF ENZYME INHIBITION

The results of the in vitro inhibition assay of this study can be seen in Table 3 below.

Table 3. Result of the Enzyme Inhibition test of the essential oil against the enzyme Acetylcholinesterase and α-glucosidase

ENZYME A (%) SD

Acetylcholinesterase 69,82 3,46

α-glucosidase 5,15 0,40

Subtitle: A= Average; SD= Standard Deviation.


Source: authors, 2019.

Figure 4. reveals the action of Hedyosmum brasiliense Mart. against AChE and alpha-
-glucosidase enzymes.

312
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
Figura 4. Enzymatic Inhibition of the essential oil against the enzyme’s acetylcholinesterase and alpha-glucosidase

Source: authors, 2019.

In this aspect, with the positive result obtained, the species can be considered as a
potential anticholinesteric agent. Vido (2009) states that in his study in Paranapiacaba and
Pindamonhangaba, “Fresh leaf oils collected at both sites were not effective in inhibiting
acetylcholinesterase (VIDO, p. 61, 2009)”, which may be explained due to the fact that the
313
composition of the majorities is distinct from that of this research. In addition, observing the
result of inhibition, one can consider the oil coming from the species in function of the seasons
of the year little effective against the enzyme alpha-glucosidase.

CONCLUSION

It was identified different active components present in the leaves of the species, being
Biciclogermacrene the main constituent of the oil extracted, with a concentration of 50.63%.
The Carotol constituent is the second most visible with concentration of 19.06%. In the analy-
zed sample there was a higher concentration of hydrocarbons sesquiterpenes (60.75%).
Subsequently, the antibacterial tests showed a non-significant result for the oil coming
from the four seasons of the year against the strain of E. coli (NCM3722). However, the oil
was selective for the S. aureus bacterium (ATCC 25923), with a significant result with a
12mm inhibition halo.
In addition, in the enzyme inhibition assay against the acetylcholinesterase enzyme,
a percentage of inhibition of 69.82% was found. In this respect, observing the positive re-
sult for inhibition of AChE, the species can be considered as a potential anticholinesterase
agent. However, the inhibition test against the alpha-glucosidase enzyme did not show such

313
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
an effective result varying at 5.15%. Finally, it should be noted that the results of studies
of biological activity of the species Hedyosmum brasiliense Mart. are promising in order to
validate and recognize their potential.

REFERÊNCIAS
1. ADAMS, R.P. Identification of essential oil components by gas chromatography; mass
spectroscopy, ed. 4.1. Allured Publishing Corporation: Carol Stream, 2017. 809 p.

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(Tese doutorado em Biologia Geral e Aplicada,). Bocutatu, São Paulo. 2018.

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Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
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Dissertação (Mestrado em Agroecossistemas) – Programa de Pós Graduação em Agroecos-
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15. MURAKAMI, C. CORDEIRO, I. SCOTTI, M. T. MORENO, P. R. YOUNG, M. C. M. Chemical


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16. RANG, P. H. DALE, M. M. RITTER, J. M. FLOWER, R. J. Farmacologia. Elsevier. Rio de


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17. SANTOS, A. L. SANTOS, D. O. FREITAS, C. C. FERREIRA, L. A. F. AFONSO, I. F. RODRI-


GUES, C. R. CASTRO, H. C. Staphylococcus aureus: visitando uma cepa de importância
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20. VIDO, D. L. R. Comparação da composição química e das atividades biológicas dos


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provenientes da Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira (Mata Atlântica). Dissertação
(Mestrado em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente). Instituto de Botânica da Secretaria
do Meio Ambiente. São Paulo. 2009. 101 p.

315
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
21
O uso de plantas medicinais no controle
do diabetes: a ciência em ação junto
à comunidade de Uberlândia - MG

Victor de Sousa Carrijo

Mayker Lazaro Dantas Miranda

10.37885/210102785
RESUMO

A utilização de plantas medicinais e o uso de produtos naturais para tratamento, cura e


prevenção de doenças é uma das mais antigas formas de prática medicinal da humani-
dade, e, com base na evolução histórica do uso de plantas medicinais, a Organização
Mundial de Saúde (OMS), em 1978, passou a reconhecer a fitoterapia como terapia
alternativa para diversas enfermidades humanas. A OMS reconhece que a diabetes
é, atualmente, uma das doenças mais importantes que afetam a humanidade e têm
estimulado a investigação de plantas medicinais para serem usadas em seu tratamen-
to. Um expressivo número das plantas são comercializadas como antidiabetogênicas e
hipoglicêmicas nas feiras livres e mercados populares do município de Uberlândia-MG
e apresentam realmente estes efeitos. Neste sentido, este projeto de extensão objetivou
investigar, especialmente os diabéticos desta segunda maior cidade do estado de Minas
Gerais com a finalidade de descobrir quais plantas as pessoas utilizam como soluções
naturais para o controle da diabetes. Em suma, este estudo possibilitou conhecer novos
métodos de tratamento fitoterápicos como forma complementar do tratamento de diabe-
tes, podendo-se sugerir maneiras de melhorar o controle dos níveis glicêmicos. Portanto,
pesquisas que comprovem a ação terapêutica de plantas medicinais são fundamentais
para garantir eficácia e segurança da sua utilização, por toda população.

Palavras-chave: Plantas Medicinais, Diabetes, Fitoterapia, Comunidade e Triângulo Mineiro.

317
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
INTRODUÇÃO

No Brasil, o uso terapêutico de plantas medicinais pela população sempre ocorreu


de forma expressiva, principalmente devido à extensa e diversificada flora. Ainda hoje, nas
regiões mais pobres do país e até mesmo nas grandes cidades, plantas medicinais são
comercializadas em feiras livres e mercados populares, sendo também encontradas em
residências. As plantas medicinais da flora nativa são consumidas com pouca ou nenhuma
comprovação de suas propriedades farmacológicas, propagadas por usuários ou comer-
ciantes (TRESVENZOL et al., 2006).
Praticamente, todas as formas de Diabetes Mellitus são causadas por uma deficiência
na secreção de insulina ou por uma combinação de resistência à insulina e secreção inade-
quada. A hiperglicemia é o sinal mais consistente de diabete, mas não é um indicador sensível
no início da doença. Hemoglobina glicada (HbA1C) é anormalmente elevada na diabete, com
hiperglicemia crônica e muitas vezes reflete seu controle metabólico (TIERNEY et al., 1999).
Trata-se de uma doença com maior relevância para a humanidade devido ao número
crescente de indivíduos afetados. Estima-se que em 2030 o número de diabéticos, em todo
o mundo, chegue a 366 milhões. Por conta destes índices elevados houve maior interesse
e investimento em pesquisas para identificação de plantas antidiabetogênicas ou hipoglice-
miantes. Ensaios experimentais constataram efeito hipoglicemiante em um grande número
de espécies, no entanto muitos não foram validados por protocolos científicos referentes a
controle de qualidade e grau de toxidade. Sendo assim, a maioria não pode ser aceita como
medicamento ético de prescrição livre (WILD et al., 2004).
Diversas espécies de plantas são utilizadas na terapêutica de enfermidades humanas,
sendo representativa a variedade empregada etnofarmacologicamente com fins antidiabéti-
cos. As plantas que contêm princípios ativos como glicosídeos e flavonóides têm atividade
antioxidante e são tidas como indutoras de efeitos antidiabetogênicos. Além disso, sabe-se
que os flavonóides regeneram as células β danificadas, conforme demonstrado em ratos
diabéticos induzidos por aloxano (SAID et al., 2002).
Este projeto de extensão irá descrever a indicação de plantas medicinais por diabéticos
do Centro Municipal de Atenção ao Diabético do município de Uberlândia-MG (CMAD, Figura
1) para o tratamento da diabete. A utilização popular de plantas medicinais é fundamentada
em um conhecimento milenar, transmitido ao longo de gerações, e que muitas vezes cons-
tituía o único recurso em termos de cuidados médicos, curativos ou preventivos. A medicina
popular equivale aos conhecimentos e práticas arraigados tanto à cultura indígena quanto aos
valores trazidos por colonizadores e escravos. Estes conhecimentos foram incorporados pela
população e são respeitados pelas tradições e costumes (PAIXÃO et al., 2016). Por estas

318
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
razões este trabalho teve como objetivo inicial investigar as espécies vegetais empregadas
para fins terapêuticos neste CMAD, com ênfase no tratamento da doença.

Figura 1. Centro Municipal de Atenção ao Diabético (CMAD). Localizado na Rua Tenente Rafael de Freitas, 530 – Bairro
Patrimônio, CEP: 38411-066, Uberlândia-MG.

319
Fonte da Imagem: autores.

Entretanto, o difícil cenário imposto pela pandemia do coronavírus (COVID-19) im-


possibilitou em partes o desenvolvimento deste estudo. Não foi possível o comparecimento
presencial ao centro municipal de atenção ao diabético, como alternativa, propusemos uma
pesquisa via Google forms, na qual várias pessoas do município de Uberlândia-MG tiveram
acesso e puderam responder ao questionário.

OBJETIVO

Compreender a utilização de plantas medicinais por pessoas com diabetes e que resi-
dam no município de Uberlândia – MG, bem como todos os servidores públicos do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro (IFTM). Fazer uma tabela
informativa das plantas mais utilizadas pela população em geral.

DESENVOLVIMENTO

A busca de novas soluções terapêuticas utilizando plantas medicinais é embasada em


duas áreas do conhecimento, a etnobotânica e a etnofarmacologia. A etnobotânica é a ciên-
cia que estuda a inter-relação direta entre pessoas e plantas, incluindo todas as formas de

319
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
percepção e apropriação dos recursos vegetais, como as plantas são nomeadas e usadas,
enquanto a etnofarmacologia ocupa-se da averiguação dos compostos biologicamente ativos
presentes em plantas tradicionalmente utilizadas pelo homem (RATES, 2001).
A pesquisa para este projeto de extensão, foi baseada na busca e revisão de artigos,
periódicos bem e sites de pesquisas científicas (Bireme, Scielo, Pubmed, Highwire), propor-
cionando embasamento referente aos estudos sobre o efeito hipoglicemiantes das plantas,
em especial, aquelas espécies utilizadas pela população uberlandense que são comprova-
damente portadora da doença. Esta primeira e fundamental etapa foi feita totalmente em
modo remoto nas bases científicas supracitadas.
Realizou-se um levantamento em ~ 45 fontes bibliográficas, principalmente do período
de 2017 a 2020, relacionadas às áreas de Botânica, Química e Farmacologia. As informações
obtidas foram sistematizadas em um banco de dados que geraram uma lista dos nomes das
plantas utilizadas como indicação antidiabética.
Através da plataforma Google forms elaborou-se um questionário que foi respondido
on line por cem pessoas, sendo composto pelas seguintes perguntas:

1. Você é diabético? Ou conhece pessoas que sejam?


2. Quantas Pessoas?
3. Qual tipo de diabetes você tem ou as pessoas que você conhece?
4. Caso seja diabético, você faz uso de alguma planta para baixar os níveis de glico-
se?
5. Qual o nome popular dessa planta?
6. De qual forma? Chá, garrafada etc... Responda também qual parte da planta é uti-
lizada (folha, casca, raiz...)
7. A quanto tempo você utiliza esse tratamento alternativo?
8. O uso desta forma de tratamento realmente levou ao abaixamento de seus níveis
glicêmicos?
9. Você indicaria este tratamento para alguém?
10. Se um médico indicasse esse tratamento alternativo para outras pessoas, você
concordaria?
11. Como você descobriu sobre esse tratamento alternativo? Alguém indicou? Inter-
net? Livro?

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Através das respostas obtidas ao final da pesquisa, confirmou-se que a fitoterapia é


uma ciência de aplicação para várias patologias, principalmente pelas pessoas diabéticas do

320
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
município de Uberlândia-MG. O uso das diferentes plantas medicinais utilizadas na maioria
das vezes está baseado em dados empíricos.
O Diabetes mellitus, por ser uma doença crônica, de tratamento contínuo, é um alvo
interessante para a busca de novos métodos de tratamento e aqui os autores estarão em
busca destes métodos alternativos. Sabe-se que possibilidade de uso de várias espécies de
plantas medicinais para o tratamento do diabetes, contribuem para triagens etnofarmacoló-
gicas e direcionam pesquisas no mundo inteiro e o potencial de espécies brasileiras para o
tratamento desta condição patológica têm chamado a atenção de diversos pesquisadores.
É descrito que a automedicação com plantas é particularmente preocupante quando
realizada em conjunto com outros medicamentos, podendo levar a efeitos sinérgicos e in-
terações não esperadas pelo médico. Há também uma grande dificuldade em determinar
a causa de interações entre um fármaco e uma planta medicinal, principalmente quando
essas ocorrem em pacientes polimedicados, como os idosos (COLALTO, 2010). Nossa ação
extensionista, após analisarmos os dados, foi retornar à população entrevistada nossos re-
sultados. Realizamos uma apresentação no 7º Encontro de Pesquisa & Extensão do IFTM
– Campus Patrocínio com o intuito de orientar a população quanto às possíveis interações e
os riscos que as plantas medicinais e os fitoterápicos podem oferecer, quando utilizados de
forma indevida. Outro ponto que sempre devemos lembrar é que nada pode ser consumido
sem a orientação médica e que a dose de todo medicamento é importante. 321
As plantas mais citadas e que a população mais utiliza foram: Cynara scolymus (cápsula
da flor, 1), Echinodorus grandiflorus (chá das folhas, 2), Cissus sicyoides (chá das folhas, 3),
Syzygium cumini (chá das folhas, 4), Momordica charantia (extrato das folhas, 5), Bauhinia
forficata (chá das folhas, 6), Quassia amara L. (chá das folhas, 7), Phyllanthus niruri (chá
das folhas, 8), Abelmoschus esculentus (chá e extrato dos frutos, 9), Salvia officinalis (chá
das folhas, 10) e Anacardium occidentale (casca do caule, 11) – Figura 2.

321
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
 Figura 2. Plantas medicinais mais utilizadas no tratamento alternativo da diabetes em Uberlândia-MG. Fonte da
Imagem: autores.

A folha foi o órgão mais utilizado nas preparações e estas plantas mencionadas foram
citadas mais de 12 vezes cada uma. Os resultados demonstram a importância dos fitomedica-
mentos como coadjuvantes no tratamento do diabetes. Portanto, pesquisas que comprovem
a ação terapêutica de princípios ativos vegetais são fundamentais para garantir eficácia e
segurança da sua utilização, por profissionais de saúde.
Em suma, os resultados do presente projeto contribuiu para incentivar outras pesquisas
na busca de novos compostos ativos para o tratamento do Diabetes mellitus através de novas
fontes vegetais. Em contrapartida, possibilitou a divulgação deste tipo de conhecimento entre
os alunos do IFTM-UDICENTRO que em sua maioria não conheciam as plantas medicinais
antidiabetogênicas comercializadas em mercados e feiras da região. Possibilitou ainda a
divulgação em meios de comunicação público através da apresentação do presente proje-
to no 7º Encontro de Pesquisa & Extensão (7º EnPE, vídeo 2020) realizado e organizado
pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro, Campus
Patrocínio. O evento foi realizado de forma virtual.

CONCLUSÃO

Os resultados do presente projeto pôde contribuir para incentivar outras pesquisas na


busca de novos compostos ativos para o tratamento do Diabetes mellitus através de novas

322
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
fontes vegetais. Em contrapartida, possibilitou a divulgação deste tipo de conhecimento entre
os alunos do IFTM-UDICENTRO que possivelmente podem não conhecer a existência do
Centro Municipal de Atenção ao Diabético (CMAD). Em relação a ação social, este trabalho
promoveu uma vivência rica em troca de informações entre alunos e pessoas diabéticas do
município de Uberlândia-MG.
Ficou claro que são necessários maiores investimentos para estudos científicos nessa
área, de maneira a levar à comprovação da eficácia dessas espécies como hipoglicemian-
tes. A realização deste trabalho trouxe informações sobre o uso das plantas no controle
do diabetes, além disso, averiguou-se como a população possuem conhecimento sobre a
utilização destas plantas, e quais são as formas de preparo mais comumente utilizadas e
os riscos que as mesmas podem apresentar, a fim de que o uso proporcione os benefícios
desejados à saúde.
Foi discutido com a comunidade interna e externa do IFTM Campus Uberlândia Centro
o consumo e o incentivo a plantas medicinais e tratamentos naturais, assim como explicar os
efeitos da doença no organismo. Tendo em vista o exposto, entende-se que foi de importante
contribuição para a comunidade pois assim, a comunidade buscará alternativas naturais que
estão no seu dia a dia antes de recorrer a indústria farmacêutica. Outro ponto relevante é que
mesmo com a pandemia do coranavírus nosso estudo foi possibilitado pelo uso das platafor-
mas digitais de ensino, como o próprio Google forms. Em outra oportunidade pretendemos 323
conhecer e entrevistar pessoalmente os diabéticos atendidos/acompanhados pelo CMAD.

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323
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
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8. https://www.youtube.com/watch?v=Pr_sS8LB9Lo

9. http://enpe.iftmpatrocinio.com.br/index.php/enpe

324
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
SOBRE O ORGANIZADOR
Prof. Me. Silvio de Almeida Junior
Doutorando em Promoção de Saúde pela Universidade de Franca com ênfase em Terapias
Integrativas e Complementares. Mestre em Ciência Animal pela Universidade de Franca
desenvolvendo trabalhos com produtos naturais e suas atividades biológicas (inflamação,
analgésica e imunomoduladora) associadas ou não a nanopartículas. Especialista em Ludicidade
e Psicopedagogia com trabalhos na área de desenvolvimento cognitivo e motor de idosos
institucionalizados. Graduado em Biomedicina com iniciação cientifica em toxicologia e mutagênese.
Experiência clinico-laboratorial (análises clínicas, histopatologia, citologia), docência em cursos da
saúde (Farmacologia / Patologia / Fisiologia), ensaios pré-clínicos (toxicologia, genética, farmacologia.
inflamação, analgesia, iNos e estatística). Membro do Consorcio Acadêmico Brasileiro de Saúde
Integrativa. Cursando Biologia (formação de professores), especialização em Acupuntura e Estética.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/1260811516811618

325
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
ÍNDICE REMISSIVO

Dislipidemia: 72, 73
A
E
Acupuntura: 325
Educação: 5, 6, 7, 30, 35, 57, 68, 69, 291, 319,
Algas: 103, 130 322

Antimicrobianos: 119 Efeitos: 71, 102, 182, 192, 199

Antioxidante: 23, 24, 246, 269 Endofítico: 119

Antioxidantes Naturais: 130 Endotélio: 72, 74, 84

Aromaterapia: 151, 183, 191, 196, 198 Ensino: 7

Aterosclerose: 72, 85, 87, 178 Essential oil: 155, 231, 309

Atividade Antioxidante: 31, 35, 138, 235, 297 Extração: 106, 130, 132, 140, 169

B F
Bauhinia: 20, 31, 34, 179, 201, 202, 203, 204, Fitoterapia: 33, 34, 35, 179, 294, 317
205, 206, 210, 213, 216, 217, 321
Fitoterápico: 33
Bioatividade de Algas: 130
Fluconazol: 182, 187, 191, 192, 193, 195, 197,
Bioativos: 35, 103 199

Bioindicators: 37 Fungos: 118, 119, 120, 128, 184

Bioprospecção: 269 G
C Ganoderma Lucidum: 248, 249, 250, 251, 253,
255, 257, 258, 259, 260, 261, 262, 263, 264,
Cecropia: 179, 201, 202, 203, 204, 205, 206, 265, 266, 267
211, 212, 213, 214, 216
H
Chá: 23, 235, 320
Handling Technique: 37
Cicatrização: 22, 90, 100, 281
Hedyosmum Brasiliense: 301, 302, 303, 304,
Clínico: 196 305, 306, 308, 309, 310, 311, 312, 314, 315

Compostos: 103, 148, 149, 179, 235, 238 I


Comunidade: 61, 62, 128, 317 Infusão: 235, 242

Curativo: 281 Interações: 21, 22, 23, 24, 25, 26, 30, 31, 32,
34, 69
D
L
Decocção: 235, 242
Laboratório: 86, 94, 112, 122, 139

326
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
M
Medicina: 33, 100, 147, 196, 279

Melaleuca: 153, 181, 182, 183, 184, 188, 190,


191, 193, 194, 195, 196, 197, 198, 199, 200

Metabólitos Secundários: 105, 130

N
Neoplasia: 294

O
Óleos: 32, 82, 143, 144, 145, 146, 147, 149,
150, 167, 188, 189, 193, 194, 197, 198, 199,
270, 280, 281, 283, 284, 285, 289, 290, 314, 315
Ômega: 71, 72, 80, 82, 83, 85, 86, 282

Osteogênese: 269

P
Pathologies: 249

Planta: 21, 22, 23, 24, 25, 26, 34, 121, 123, 153,
178, 215, 242, 315
327
Plantas Medicinais: 20, 30, 32, 215, 279, 300,
322

Polifenois: 165

Produtos Naturais: 314

Propolis: 37, 38, 51

R
Romã: 25, 294

S
Saúde: 325

Saúde Pública: 33, 53, 182, 185

Sustentabilidade: 281

T
Tóxico: 146

Tratamento: 22, 23, 24, 147, 294, 300

U
Usos: 31

327
Produtos Naturais e Suas Aplicações: da comunidade para o laboratório
VENDA PROIBIDA - acesso livre - OPEN ACCESS



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