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Vamos tratar aqui da natureza da ressurreição. Uma pergunta foi feita naquela época e ainda é feita
hoje: “Como ressuscitam os mortos? Em que corpo vêm?” (15.35). Para responder a essa pergunta,
Paulo usa três figuras: a figura da semente (15.36-38), a figura da carne (15.39) e a figura dos astros
(15.40,41). Limitar-nos-emos à figura da semente. O corpo é como uma semente, que ao morrer e
ser sepultado, é semeado no ventre da terra, mas ao ressurgir, embora mantenha a mesma
identidade, será um corpo totalmente novo. Ao mesmo tempo que há continuidade, há, também,
descontinuidade. Vejamos:
Em primeiro lugar, semeia-se na corrupção, ressuscita-se na incorrupção (15.42). Nosso corpo
hoje nasce, cresce, envelhece e morre. O tempo vai esculpindo em nosso corpo rugas indisfarçáveis.
Ficamos cansados, doentes, caquéticos. Nosso corpo está sujeito à fraquezas e doenças. É surrado
pelas intempéries do tempo e pela ação das enfermidades. Mas, o corpo da ressurreição não terá
corrupção, ou seja, jamais ficará cansado, enfermo ou senil. Será um corpo perfeito, sem defeito,
com absoluto vigor.
Em segundo lugar, semeia-se em desonra, ressuscita-se em glória (15.42). Nosso corpo hoje é
escravizado por pecados, vícios e mazelas de toda sorte. Sofre o golpe da nossa insensatez e recebe
a paga do nosso pecado. Nosso corpo fica desfigurado pela iniquidade, abatido pela doença e sem
qualquer beleza ou fulgor por causa do peso dos anos que nos esmaga. Porém, o corpo da
ressurreição brilhará como as estrelas no firmamento. Jamais ficará envelhecido ou cansado. Será
um corpo semelhante ao corpo da glória do Senhor Jesus (Fp 3.20-21).
Em terceiro lugar, semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder (15.43). Nosso corpo tem muitas
fraquezas. Temos limitações intransponíveis. À medida que os anos passam, nosso corpo vai
ficando débil, enrugado e impotente. Nossos olhos ficam embaçados, nossas mãos descaídas e
nossos joelhos trôpegos. Todavia, o corpo da ressurreição será um corpo poderoso. Não terá
limitações. Quando Jesus ressuscitou e recebeu um corpo de glória, ele entrava numa casa fechada
sem precisar abrir a porta. Ele saía de Jerusalém e aparecia na Galileia sem precisar percorrer
essa longa distância. Ele foi assunto aos céus entre nuvens. Assim será o corpo que recebemos na
ressurreição, um corpo poderoso!
Em quarto lugar, semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual (15.44). O nosso corpo foi
feito do pó, é pó e voltará ao pó. Nosso corpo é terreno e não pode sobreviver senão nesse ambiente.
Porém, o corpo da ressurreição será um corpo espiritual e celestial, completamente governado pelo
nosso espírito glorificado. Então, habitaremos os novos céus e a nova terra. Reinaremos com Cristo
e o serviremos pelo desdobrar da eternidade. Assim como no corpo terreno trazemos a imagem do
primeiro Adão, em nosso corpo espiritual traremos a imagem de Jesus, o segundo Adão, a imagem
do celestial. Oh, quão belo, quão perfeito e quão glorioso será o nosso corpo!
Rev. Hernandes Dias Lopes
OBS: Interessante notar que, mesmo não sabendo quando irá germinar a semente que foi plantada,
mas podemos saber o que ela será. Por exemplo: A semente de trigo lançada ao solo, germinará
apenas trigo. Igualmente, esta ideia serve para nos mostrar que, ainda que não saibamos quando
(tempo – cronos, mas sabemos que será na parousia) nosso corpo glorioso será transformado em
glória, sabemos como ele será – glorioso como o de Cristo.
A RESSURREIÇÃO DO CRENTES E INCRÉDULOS
1 Tessalonicenses 4.16, que acabamos de citar, diz em parte: “E os mortos em Cristo ressuscitarão
primeiro”. Alguns premilenistas afirmam que a expressão “ressuscitarão primeiro” implica em que
os crentes serão ressuscitados antes dos incrédulos. Mas mesmo um exame superficial desta
passagem revelará que aqui o contraste não é entre a ressurreição de crentes e incrédulos, mas entre
a ressurreição dos mortos em Cristo e o arrebatamento dos crentes que ainda estiverem vivos
quando Cristo retornar. Paulo está dizendo aos Tessalonicenses que a ressurreição dos crentes
mortos precederá a transformação e o arrebatamento dos crentes que estiverem vivos por ocasião da
Parousia.
1 Coríntios 15.23,24 diz o seguinte: “Cada um porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias,
depois os que são de Cristo, na sua vinda. E então virá o fim, quando ele entregar o Reino ao Deus e
Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder”. Não existe aqui
nenhuma evidência conclusiva de que os incrédulos serão ressuscitados muito tempo depois de os
crentes terem sido ressuscitados. Em todo este capítulo, Paulo não diz coisa alguma acerca da
ressurreição dos incrédulos; seu ensino aqui ocupa-se apenas da ressurreição dos crentes.
Concluímos que não há base, nas Escrituras, para a teoria de uma ressurreição dupla ou quádrupla.
O ensino claro da Bíblia é de que, na ocasião da volta de Cristo, haverá uma ressurreição geral tanto
de crentes como de incrédulos. Após esta ressurreição geral se seguirá o juízo.
Na verdade, há um sentido no qual as pessoas são julgadas já na presente vida, pela resposta delas a
Cristo. Lemos em João 3.18: “Aquele que nele [Cristo] crê não é condenado (ou julgado, ASV);
aquele que não crê já está condenado (ou julgado, ASV), porque não creu no nome do unigênito
Filho de Deus” (veja também 3.36; 5.24). Em outras palavras, um julgamento divino recai já agora
sobre aqueles que se recusam a crer em Cristo. Mas a Bíblia também ensina que haverá um
julgamento final no fim da história, no qual todos os homens aparecerão perante o trono de Cristo
para serem julgados.
Alguns consideram o juízo final como desnecessário, pois o destino de cada pessoa já terá sido
determinado por ocasião de sua morte. Se alguém morre, estando em Cristo, essa pessoa será salva
e imediatamente após a morte estará na presença do Senhor. Se, porém, uma pessoa morre na
incredulidade, ela estará perdida e irá imediatamente para o lugar de tormentos. Se isto é assim, por
que é necessário um juízo final? Sem dúvida, tal juízo seria necessário para aqueles que ainda
estivessem vivos quando do retorno de Cristo, mas não para aqueles que tiverem morrido até aquela
ocasião. Esta objeção, porém, está baseada na suposição de que o propósito do juízo final seja
determinar o destino futuro do homem.
Os Adventistas do Sétimo Dia, por exemplo, ensinam que no final da vida de cada pessoa haverá
um “julgamento investigador” para determinar se ela será salva ou estará perdida: “Este julgamento
investigador determina quem dentre os milhares que estão dormindo no pó da terra é digno de tomar
parte na primeira ressurreição, e quem de suas multidões viventes é digno da transladação”. Mas
esta suposição não é correta. Na ocasião do juízo final o destino final de todos os que tiverem
vivido ou ainda estiverem vivendo na terra já terá sido determinado. Deus não necessita de proceder
a uma investigação nas vidas das pessoas para determinar quem será salvo e quem não o será.
Vemos em Efésios (1.4) que o destino dos salvos é não apenas preconhecido por Deus mas tem,
também, sido predeterminado desde a eternidade: “assim como nos escolheu nele [Cristo] antes da
fundação do mundo”.
II. Qual a necessidade do juízo final?
Qual será, pois, o propósito do juízo final? Três pontos podem ser destacados: (1) O principal
propósito do juízo será mostrar a soberania de Deus e a glória de Deus na revelação do destino final
de cada pessoa. Até essa ocasião, o destino final de cada ser humano terá estado oculto; agora esse
destino será revelado, conforme a fé que cada um teve ou não, conforme as obras que cada um fez e
a vida que cada um viveu. Com a publicação dessas obras, a graça de Deus será magnificada na
salvação de seu povo e sua justiça será magnificada na condenação de seus inimigos. Portanto, o
que é central no dia do juízo não é o destino dos indivíduos, mas sim a glória de Deus (2) um
segundo propósito é o de revelar o grau de punição que cada um deverá receber. Uma vez que esta
atribuição está intimamente relacionada com as vidas que as pessoas viveram, este assunto terá de
ser determinado por ocasião do juízo final. (3) Um terceiro propósito é o de executar o julgamento
de Deus sobre cada pessoa. Agora Deus designará o lugar em que cada pessoa passará a eternidade:
ou a nova terra, ou o lugar de punição final.