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Jéssica Iancoski
R$ 55,00……….........……………………..em marketing
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R$ 22,00…... registro ISBN na Câmara Brasileira do Livro
R$ 30,00.................................................ficha catalográfica
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ou CNPJ 33.066.546/0001-02
SUMÁRIO
É dezembro,
Tempo de confraternizar.
Feliz natal a você e a sua família!
Contagem regressiva,
show pirotécnico no céu
e na imaginação.
É janeiro outra vez,
tempo de celebrar:
estamos vivos
e juntos saudamos 2022!
Retrospectiva 2021 5
ELE
Neuzi Barbarini
Chegou quietinho
mas trouxe consigo,
ruidosa,
a dama de preto.
Espalhou-se entre os justos
e foi, pouco a pouco,
assumindo formas:
ora o mal total
de cujo retorno,
quando há, nunca é sem marcas;
ora brisa leve
passante, tal um arrepio na pele nua;
ora indefinições,
e a espera,
e o medo,
e o faz-de-conta
de que não há.
Ocupou radicalmente seus lugares todos
de onde escreve seu testamento devastador,
indiferente aos corpos abatidos.
Não lhe cabe teorizar seu lugar no mundo,
não há propósitos em seu existir.
6 Poesia Contemporânea
A CANÇÃO DA VIDA
Isabel Furini
não obstante
voltaria a realizar a semeadura
porque a minha alma
é terra sem fechaduras
aberta aos sonhos, ao Bem e à Poesia
Retrospectiva 2021 7
DIAS DE QUARENTENA.
Jojo illma
8 Poesia Contemporânea
DOZE MESES
Raquel Lopes
Final de ano
na estrada da vida
passam as promessas
que não foram cumpridas
Retrospectiva 2021 9
CICLOS
Jaime Jr.
O passado é agora
E o presente não existe!
O que se acaba de fazer
Já não é! Era!
E insistimos em repetir o ciclo.
Ah! Os ciclos!
Tão reais e tão desnecessários...
Sigamos em frente, em linha reta.
Enfrentemos o novo, o desconhecido...
De ciclo em ciclo
A gente acaba ficando tonto.
10 Poesia Contemporânea
REFLEXÕES NO ISOLAMENTO SOCIAL
Yasmin Ayana Ximenes Amorim
E se não pensasse,
Como poderia pensar,
Àquilo que sempre pensou?
E se não sonhasse,
Nunca sonharia,
O que sempre sonhou?
E se não se dedicasse,
A quem dedicaria,
O dom que Deus lhe dedicou?
E se eu me fosse,
Então jamais seria,
Quem realmente sou?
Retrospectiva 2021 11
O QUE DIZER
Géssica Menino
12 Poesia Contemporânea
AS PEDRAS
Clarice Dörr
Retrospectiva 2021 13
CAOS 2021
Mateus Lima Veloso
14 Poesia Contemporânea
TRAVESSIA DE GUERREIRAS
Carla Pepe
Eram muitas
Mulheres de todos os lugares
De todas as cores
De todas as idades
De mil amores
Vieram de longe
Fazer a travessia das guerreiras
eram tempos difíceis
de mares negros
de ouvir o grito das sereias
o choro das baleias
o lamento das mulheres e sua teia
cujo sangue corre ainda nas veias
Eram tempos de ventania e maré cheia
colher as lágrimas do menino
e dar comida rala da feira
dar as mãos uma a outra
para fazer a dança da lua cheia
e quem sabe ter colheita na aldeia
e de novo ouvir o uivar da mulher lobo
que com seu povo
protege o ano novo
para um dia quem sabe entoar
o canto da luz que vem
brilhar o caminho daquelas
que jamais soltaram as mãos
Mulheres livres, bruxas,
sacerdotisas, filhas e irmãs
Guardiãs eternas da travessia
onde nascem todas as manhãs
Senhoras dos novos tempos
Do futuro artesãs
Nas suas mãos estão a ancestralidade de todo clã.
15
CINCO QUADRAS, FOI-SE O ANO!
Nanda Chinaglia
A escrita me manteve
Cá bem viva e confiante
Cada dor que me feriu
A palavra a fez brilhante!
16 Poesia Contemporânea
REALIDADE PARALELA
Valdeck Almeida de Jesus
Retrospectiva 2021 17
AMANHECI NOVO
Sergio Augusto dos Santos Rabelo Silva
18 Poesia Contemporânea
Enlouqueço em Setembro
Tateando referências para uma tese
Entrego tudo nas mãos da fé que dará certo
Dezembro chegou
Olhei para trás e sorri
De tudo que passou
Eu sempre amanheci novo
Retrospectiva 2021 19
FUGITIVO DOS CÉUS
Karla Fontoura
20
que eLe dói comigo. Que elE come silêncios.
debaixo ele me vê por inteiro.
21
MIGRAÇÕES
Angela Dondoni
Reconcilie-se
com os seus sonhos
O céu nunca é o mesmo
Às vezes, a lua se mostra
Durante o dia
A primavera pode
despertar mais cedo
E o vento sempre procura novas rotas
22 Poesia Contemporânea
ESTÁ NO MEIO DE NÓS
Leandro Emanuel Pereira
O vírus veio;
Está no meio de nós;
Bicho feio;
Que nos mata os avós...
Retrospectiva 2021 23
ANO QUE VAI, ANO QUE VEM
Laís Chagas Facco
Ano
que corre rápido
veio para lavar
as mágoas passadas,
para aproximar
os que estavam distantes
para sarar
feridas trazidas anteriormente
sem causar muitas outras.
24 Poesia Contemporânea
CARTA À LITERATURA
sammis reachers
Torneira quebrada
no oceano dentro
canivete de Dâmocles
que areja enquanto paira
por sobre suas vítimas
e vingadores
soco civilizatório
bêbada que urina num prostíbulo
como quem forja uma flor
estatuária de ar
corrente de aço entre os homens
alicerce de bolso, jogo de amarelinha
quiche de pus croissant de sangue
feijoada de muitas dores mudas derramadas
egografia, fútil périplo,
orgasmo múltiplo
alucinada pero pálida
imitação da realidade,
deusa assunta e terror
donde se foge
nudez ensaiada
sanatório sideral dos tuberculosos
de Qorpo e d’alma
falsa apólice, nota proemissária
invencível armada:
todo seu caminho é um descaminho
Retrospectiva 2021 25
SURPRESA
Hortência Siebra
Resquício
Da 2ª guerra mundial.
O passado
Põe ovos arriscados
Sob a terra.
Não se pode prever
Quando onde
Vão explodir.
26 Poesia Contemporânea
2021: UMA ODISSEIA NO NOVABSURDO
Saul Gomes
Retrospectiva 2021 27
EUCARISTIA
Talita de Oliveira Bueno
28 Poesia Contemporânea
O SOL E O GIRASSOL
Ruan Vieira
Amarelo
E tão belo,
O Girassol.
Amarelo
E tão forte,
O Sol.
Planta iluminada
Estrela que ilumina
A beleza que é dada
A você, minha menina.
Tu és meu Girassol
Tua beleza me fascina
E a luz do Sol
em ti te ilumina.
Pela janela
Vejo a imagem mais bela:
O Sol
E o Girassol
Deixando a vida amarela.
Retrospectiva 2021 29
MANHÃ
Mateus Xavier Lira
Rente
a vista turva
nessa manhã de espectros
este pardal
a atira-se contra parede
[de meu quarto
tentarás suicídio?
Pode uma manhã
oferecer tanta tristeza aos pássaros?
Não, não tentarás
não dar-te-ei oferenda
Pássaro inútil!
Passado inútil!
Manhã inútil!
Vida inútil!
30 Poesia Contemporânea
MESMO SEM SER AMADO, EU AMEI
José Rodrigues
Retrospectiva 2021 31
ANTISSONHO
Fernando De Azevedo Alves Brito
32 Poesia Contemporânea
LUA DOS TRÓPICOS
Alberto Arecchi
Retrospectiva 2021 33
QUARENTENA
Adalberto Souza
Noites frias
na cidade que dorme.
Insone,
passeio pela praça
à espera da primeira
floração:
azuis,
verdes,
grenás.
(muito mais viva
na lembrança cada vez mais
colorida
na memória dos sentidos.)
Igual esse cheiro
de caju doce
espalhado pela cidade
que dorme
de mim
esquecida.
34 Poesia Contemporânea
SOBRE 2021
Lara Machado de Oliveira Santos
Retrospectiva 2021 35
POR DENTRO DE MIM
Venâncio Grosso
Tudo vive
Em meu mar.
Tantas rochas
Que causam dor.
Insanamente,
Rejeito a paz.
Esqueça-me... te peço.
Nada mais.
Livre alma,
Nesta prisão,
Pede vida
E clama o fim.
Sonhando amar,
Eternamente.
36 Poesia Contemporânea
NÓS PRODUZIMOS
O SEU FILME DE LIBERDADE
Matheus Bandeira
Filhos do trópico
soturnos em sua fingida desinstrução
somos a pintura do novo escravo das estrelas 50
Porém somos a força de quem mantém a roda da liberdade
os fios do capitalismo
Um dia
sabemos quem fomos
então retomaremos o Texas
E vocês vão implorar por um muro
This is America
o povo que resiste
E não os frutos preteridos da rainha
37
CANAVIAL
Elivelson Valderez
38 Poesia Contemporânea
COVID19 A CHEGADA
Waschgniton Ferreira
po
lí
ti
cas
pa
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po
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é
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cas
40
UM HAIKAI
Eduardo Ezus
41
BRASIL GRITOU
Gustavo Anjos
O Brasil gritou,
Sofreu,
Chorou.
Retrospectiva !
Famílias enlutadas,
Desabrigadas ,
Desempregadas.
Gente preocupada com o futuro incerto,
Educação de má qualidade.
O preço das coisas só aumentou,
E até quem não é brasileiro se assustou.
Retrospectiva de uma sociedade que vem sobrevivendo de caridades.
Retrospectiva de um governo:
Canalha,
Estupido,
Covarde.
- Gustavo Anjos
42 Poesia Contemporânea
POSTO QUE É MORTE
Jéssica Iancoski
enquanto o escopo
do humano
se esgota
um corpo dissidente
se debruça sobre o outro
corpo
ou seria corpa
ou corpe
ou corpallitus post mortem?
com lactovacillus
vivos
Retrospectiva 2021 43
TUDO AQUI RIMA NA SUA CORRUPÇÃO
Lucas da Costa
Crianças e idosos
sujos, percorrendo suas capitais
olhos nervosos
buscando fila nos hospitais
44 Poesia Contemporânea
SOBRE 2021
Viviane Cabrera
Revisando o ano,
Nenhum plano
Já feito
Teve um jeito
Plausível de concretizar,
Nenhum sonho foi possível sonhar.
Passando a limpo,
Nem os deuses do Olimpo
Puderam nos ajudar.
Tivemos mortes para calcular
Em centenas de milhares
Causando medo em todos os lugares.
Retrospectiva 2021 45
SOBRAS
Marian Koshiba
Quem é você
Quando o caos silencia
A tela esgota a bateria
Teu palco é só a noite
Que aspereza denuncia?
Quem é você
Quando são avulsas
A lágrima, a dor
e a vida?
46 Poesia Contemporânea
SENHOR PENSAMENTO!
Abner Vinicius
Retrospectiva 2021 47
BALADA +18
Tim Soares
Na cama ou na escada
Comer Alice Alba
Lamber a densa alma
De Cai Duarte nua
Vamos de orgia
Com Leminski
Uma estranha
E Kerouac doidão
Vamos de suruba
Com Dhenova
Torquato Neto
E Wally Salomão
48 Poesia Contemporânea
NOME-ANO
Luciana Quintão de Moraes
A vida é subreptícia
e talvez comece a vê-la novamente
bebida pelos cães, badalada pelos sinos,
entusiasmada pelo vento
sem falta de ar nos seres, mas
inquieta, sim:
germinal semente
a originar um novo Começo
como quem come
e cria, com hálito,
a fabricação de
sua própria causa
O movimento de escolhas
conjecturando outros espelhos
passa pelas nossas mãos catando feijões:
Iscas do saber
que nomeiam o novo
tempo com
escalas de atenção e risco
Retrospectiva 2021 49
ESTILHAÇOS
Tainá Chagas
50 Poesia Contemporânea
DESCULPA
Gabriel Castellamare
Retrospectiva 2021 51
A LA EXAUSTÃO
Rilnete Soares
Fatigada
Sobre a rede planetária
que embala
olhos altruístas
- repouso a poesia
No punho emaranhado
O lápis desembaraça
O Indulto cravado
Em catástrofes
Até quando?
Varandas em desalento
Nas dobras do espaço?
52 Poesia Contemporânea
QUANDO TUDO ISTO PASSAR…
Cecy Quadros Raicik
Retrospectiva 2021 53
FIOS SOLTOS
Marcos Pontal
54 Poesia Contemporânea
UM ANO DE MUITAS MARCAS
E UM SÓ CORAÇÃO
Franncis Antunes
Retrospectiva 2021 55
RATOS
Bruno Greggio
Foi depois, sim, depois que coalhamos com mortos sem nome
a terra ressentida, saltamos do absurdo para espirais
de silêncio e cidades de horizontes infinitos e simulados, sempre
abertas
e das quais nenhum de nós pode mais sair.
que esta estranha nova sina não nos legou mais nada:
nem forma nem metro – nem rima.
56 Poesia Contemporânea
VIVER DA MORTE
Mungongo Cipriano Francisco
Retrospectiva 2021 57
AMPARO
Cristina Parreira
58 Poesia Contemporânea
RECEITA PARA O NOVO ANO
Victor Coimbra
Retrospectiva 2021 59
ARGONAUTA DOS
ESPAÇOS INTERIORES
Patrícia Fonseca
É PRECISO, É URGENTE
RETOMAR DE ASSALTO O LEME
NAVEGAR PRA DENTRO
ABRIR-SE AO ABISMO
ENXERGAR-SE DO AVESSO
PASMEM: O CAOS DO COSMOS
[É SINCRONIZADO E DEUS
MORA NO CENTRO DE NÓS.
60
CERTEZAS
Luís Eduardo Faleiros
SEDADREV
A
S B
A S
D U
R
61
365 DIAS
Jackeline Monteiro
365 dias
Ganhei e perdi
Chorei e sorri
Por aqui eu vivi
Como em uma estrada
Que parecia não ter fim.
365 dias
Das doídas saudades
Das confusas perdas
Que me levou a labirintos do grito,
Grito da alma.
Do coração que sangrou
E não se recuperou.
365 dias.
Na balança, alegria!
No coração, às vezes cardiomegalia.
Conquistas inexplicáveis
Em movimentos de Zig Zag.
365 dias
Olhe ao seu redor
Você deu o seu melhor.
Se livre das pesadas bagagens
Refaça as malas
Que logo, iniciará uma nova caminhada.
62 Poesia Contemporânea
RESSIGNIFICÂNCIAS
Ale Heidenreich
Ale Heidenreich
Alemanha, Primavera, 17.05.2021
Retrospectiva 2021 63
NÓS
Kananda Nogueira
Existimos?
No antes e no agora,
existimos.
emaranhado de agree e disagree.
64 Poesia Contemporânea
SENHOR DONO DO PAÍS
K. S. Della Capa
Retrospectiva 2021 65
RETRÔ 21
Nayra Menezes
Quando me lembro,
De tudo que nesse ano vivi,
Sinto meu coração disparar,
Por tanta coisa que tenho para dividir.
Momentos na escuridão.
Vivendo procurando um chão.
Querendo encontrar uma luz.
Para ali me agarrar e lutar.
A escrita e o declamar,
Trouxeram para mim, um alento,
Para aquilo que chama atenção,
E enche meu coração de emoção.
66 Poesia Contemporânea
SOMBRAS DE
UM PASSADO BORRADO
Carina Falchi
Retrospectiva 2021 67
PALAVRA-CHAVE
Boris Rodrigues Garay
Eu pensei em desistir
Mas veio uma palavra
E me tocou com uma chave:
“Se você quer um poema
vamos lá na minha casa...
Mas isso é só entre nós”.
68 Poesia Contemporânea
RACISMO
Edson Santana
Retrospectiva 2021 69
POEMIA
José Manuel da Silva
70 Poesia Contemporânea
SARDAS E MARIA
Bárbara Maria
Retrospectiva 2021 71
O QUE SERÁ AGORA
Mara Beatriz Magalhães
72 Poesia Contemporânea
HORROR
Ricardo Serpa
Retrospectiva 2021 73
TARTARUGAS
Julia Mascaro Alvim
Tartarugas infundidas
Andam
Em um lodo fundo
Não mergulham toda a corcova
Ainda a dar pé
Ao partirem, enlameadas, botaram ovos sapiensais
Sarapintados em gomos fortes
Disfarçaram assim, longos outonos
Eu rapidamente mergulho minhas mãos colhendo todos eles
Com a malícia do prever
Observo muito os ovos
Parecem brigar com suas cascas grossas
As tartarugas testilhavam com seus cascos
Indicando o caminho...
Eu me farto cozinhando ovos empanados, e discordo dos seus
ninhos...
74 Poesia Contemporânea
O QUE VEM LÁ
Daniel Pimentel
Retrospecção? Não
Já não quero voltar
A memória traz sequidão
Além de me assombrar
Retrospectiva 2021 75
O FIM DO EU NO NOSSO AMOR
Ed Santos
A cada eu te amo,
um pouco de mim foi substituído pelo nós,
mas você não ficou.
76 Poesia Contemporânea
NÃO DEMORA
Dielson Luz
Retrospectiva 2021 77
MUITO
Keyane Dias
É tudo muito
e já não quero dar ouvidos.
É no hiato
do presente
que me perco
displicente
no cansaço dos sentidos.
É tudo muito
e ser muito é vão castigo.
É no miúdo
de ser gente
onde encontro
minha nascente
pra crescer além do umbigo.
78 Poesia Contemporânea
SOBRE(VIVER) DESDIZENDO
Alexandra Matos
Retrospectiva 2021 79
ALGO DENTRO SEMPRE FICA
Marlon Procopio Martins
Tantos rostos que não vi,
Abraços tantos que imaginei,
E dentro de mim um sentimento
De que nunca haverá outra vez.
Tantas partidas
Não passaram despercebidas,
Algo dentro em mim sempre fica
Para querer o novo,
Degolar o velho porco
E ser feliz, talvez.
80
PEQUENA DOSE DE UTOPIA
Tamires Francisco
Criar um mundo
paralelo onde
tudo aquilo
que é belo
proteja os pés
de pisarem
em solo
infértil.
81
QUESTÃO DE LEI
Valdenia Alves
Existe um acento
que não me agrada assentar:
é o chapéu de abas flexionadas
que a Gramática me força a usar.
82 Poesia Contemporânea
CONVÉM RECORDAR... E ESPERAR
Evandro Valentim de Melo
Retrospectiva 2021 83
ODE FRIA AO SOFÁ AMARELO
Katja Mota
durante um tempo
tive ciúmes.
não de corpos atravessados
ou atravancados,
ciúmes de um quê de todas as pessoas.
dos sorrisos que te roubaram
exibindo a nudez de seus dentes
irregulares.
das voltas que seus pés davam
e tocavam um solo de redemoinhos
balançado os braços
do vento que produzia
ao movimentar o ar,
aquele que te tocava inteira,
na curva de um tempo de aindas.
e rangi os dentes pelo brilho dos seus olhos
à luz de uma vela.
do banco do trem
da porta do ônibus
do elevador
do trinco da janela
do sofá amarelo,
aquele que suportou seu peso
seu choro,
seu gozo.
Senti a falta de todo um eu
que não estava lá.
84 Poesia Contemporânea
KRONOS
Tiago Gonçalves
Ao te traírem, esclareci;
ao te ferirem, curei;
ao te injustiçarem, rasguei.
Retrospectiva 2021 85
EM TRANSE
Jeferson Ilha
Você se compreende?
Você sabe de onde vem?
Qual é a sua história?
De que classe ou raiz você pertence?
Se você sabe de tudo isso,
Por que ainda deixa-se subjugar?
Ou você gosta de ser
O que outro queira que você seja?
Se isso não está claro para você
É porque você emergiu tão profundamente
Na manipulação que te aprisiona
Que não percebe que está preso a ela.
Isso faz com que você não saiba o que faz,
O que pensa ou o que você realmente é.
No entanto, acordar desse transe,
Só depende de você.
86 Poesia Contemporânea
PRA VIVER O AGORA
Carolina Melo
difícil pedir
pra não acelerar o passo
mas para chegar no horizonte
não existe atalho
Retrospectiva 2021 87
SEM TÍTULO #80
Ian Pereira Silvares
Fotografo ao léu
Nunca paro pra pensar em enquadramentos ou técnicas
A cada olhar, um possível clique
A cada passo, uma pose ridícula
A cada abraço, conforto
A cada encontro, comemoração ou despedida,
uma foto em nome da futura nostalgia
88 Poesia Contemporânea
DOIS MIL E VINTE E UM
Ian Anderson Gomes Dias
esse ano
me senti sozinho travando lutas microscópicas conta monarcas invisíveis
cujas coroas proteicas tiveram seus segredos revelados pelos homens e
mulheres de jaleco.
tive saudades e passei vontades,
foi um ano definitivamente tantálico.
houveram dias
em que eu daria tudo que eu tenho
e um pouco mais só para ouvir uma voz amiga.
em outros, só queria
um segundo que fosse de silêncio para poder escutar algum sussurro
que eu sutilmente tentava pescar da minha mente esfrangalhada.
tudo que era vidro e cristal se quebrou.
e, sob eles, encontrei a rocha calcária que secretamente sustentava-me a vida.
escrevi coisas com as quais eu nunca sonharia fosse esse um outro ano
qualquer.
esqueci e perdi e descobri que na vida há outros muitos et ceteras.
mas tudo bem, porque quando nada vai bem, tudo vai bem e ninguém é do
bem.
bem? bem doido. insano.
nada de maluco beleza, estou/sou só maluco normal mesmo.
dançando desajeitadamente
entre rosas e covas e bombas atômicas
nós aguentamos até o último segundo.
a quem jurava que o mundo acabaria esse ano, sinto muito.
mas, afinal, tudo depois de 2012 já é lucro.
acima de tudo, vivi, e existi, e, por sorte,
tive nem que seja um pingo de esperança.
agora basta deixar que continue a dança.
Retrospectiva 2021 89
ELEGIA MENSAL
Lua Pinkhasovna
90 Poesia Contemporânea
ASSINTOMÁTICO
Pablo Natan de Mello
Estou afundando
Submerso entre as pedras
Minha alma se fragmenta
Se quebra enquanto eu observo
Pedaço por pedaço
Secos ao chão.
A cada olhar eu me perco
Desnorteado entre os pensamentos
Fingindo que está tudo bem
Enquanto vou perdendo a força
Desacelerando a cada batida.
A vontade de viver,
Meus ensinamentos,
Minha história,
Tudo está indo por água abaixo
Eu estou afundando
Afundando entre a escuridão.
Retrospectiva 2021 91
NA CIDADE ENLADEIRADA
HÁ VIDA VIOLADA
Jane Mara de Araujo Costa
Da fome,
Da criança abusada,
Da mulher espancada...
A vida é enladeirada!
Pretos lábios,
Lagrimas e sorrisos no rosto.
Gente brava!
Brava gente!
A fome é imediata,
A subjetividade pisoteada
A vida sobe, a vida desce.
Nesse sobe e desce, nesse desce e sobe,
A direita subiu, a esquerda desceu.
92 Poesia Contemporânea
NOVO (RE)CICLO.
Victor Hugo
94 Poesia Contemporânea
COVID AO RISO
Guilherme Fischer
na garganta
que a palavra não grita
a frase raspa
o verso é ferpa
é farpa é asma
rasgo calado
contido abafado
no tapariso
da máscaramordaça
mas
quando com vida raiar o dia
em que o covid covarde
estará na cova
da pós pandemia
covinhas nas bochechas
correrão livres
nas vielas nos becos favelas
e não haverá quem as pare
e criança seremos
criando cirandas
criança seremos
serenas crianças
Retrospectiva 2021 95
SONETO DE “SOFRÊNCIA”
(OU DE LUTO)
F. Cristianne de Magalhães
De supetão, me obrigaram
a apenas me arrastar
nesta vida tolerável.
Sequer me ensinaram
que morte é se acostumar
a uma ferida incurável.
96 Poesia Contemporânea
O ANO DO VERBO ESPERANÇAR
Asor Almeida
Retrospectiva 2021 97
ANO 21.
Larissa Sousa Silva de Jesus.
Vi o tempo passar,
A noite chegar,
A alma apanhar,
A boca secar,
O vento soprar,
O corpo paralisar...
O peito apertar,
O sol arruinar,
A mão compartilhar,
O coração apreciar,
O doar,
O amar,
O confiar,
O esperar,
O zelar.
98 Poesia Contemporânea
RETRÔ
PERSPECTIVA
2.021
Reginaldo Luiz Cardoso
03... MORTOS
Em um futuro distante
Em um futuro recente
Aquele foi o ano da peste
57... MORTOS
Aquele foi o pior ano de nós mesmos
965... MORTOS
acabrunhados, encasulados, indiferentes, exauridos, acovardados
3839... MORTOS
aquele foi o ano que a nossa humanidade ruiu
82357... MORTOS
pressentimentos, procedimentos, procrastinações
31do12de2021
619.249 MORTOS
Retrospectiva 2021 99
SALDO POSITIVO
Luciano Santa Brígida
Anoiteço homem
E nada é mais solitário.
Caminho entre multidões
Como quem desbrava abismos.
É meia-noite.
em cena
um território partilhado
ganham visibilidade
os intrincados fios
que nos unem
pactos subterrâneos
camadas de não ditos
emergem sem aviso
tempestade de ilusões
sobre nós mesmos
só a proximidade
é capaz de tanto
desmoronamos.
Ao cair da noite
A lua aparece tão bela
E nas batidas do meu coração
Eu descubro que eu te amo muito
E no exato momento
Que as nossas almas se unem
Eu descubro que você é um anjo
Que veio para me consolar
Ou segunda, ou a terceira
da vacina (a que nos salva),
vacinar, ou não os “anjos”,
bem de leve a mão na calva,
tão careca, em desenganos,
quer tocar a estrela-d’alva!...
Retrospecvida
Hora da retrospectiva
Primeiro gratidão a Deus e a ciência.
Muito de nós vencemos o COVID.
Prece para os que se foram.
Reflexão! O que poderia ter sido feito?
ou que poderia ser evitado?
desarmamento.
Violência mata!
queimadas,
enchentes
pode e deve ser evitadas.
Educação é fundamental!
Educar para a valorização à vida,
Educar pra cuidar da natureza,
educar para à reflexão,
educar para a política.
A fome retornou à década de 70,
um retrocesso social.
As pessoas que produzem Arte,
sofrem perseguição.
A religião ficou mais separatista.
O homem está míope, cego
ou finge que não ver.
Retrospecvida...
A vida pede passagem,
ela não sobrevive a penas das promessas
da virada de ano.
A retrospectiva é de alegrias e dores.
Dores pelas enchentes,
pelos ossos servidos como alimento,
pelo salário ínfimo de fome,
De tanto pensar
acabo pensando
que pensar é verbo passado.
E pensa quem quer
querendo o que quiser
na alma do sujeito cansado.
Que na fadiga de olhar o futuro
já olha o presente amargado.
Do fim ao recomeço
não me resta apreço
pelo ano que se foi e o que está por vir
ainda que tentasse
há uma lápide
entre muitos de nós por aqui.
Solidão
Focinheira
Nariz ardendo
Nada é natural
Nada é mais como antes.
Tenho alergias respiratórias
E meu pequeno nariz sofre
Com a restrição constante.
Álcool gel nas mãos e pulsos
E a vida diária é massacrante.
Ainda tem muita gente doente.
Gente com sequelas do Covid-19
E cuja saúde ainda fragilizada
Se sobressai na dores múltiplas
Das articulações e do corpo.
Dores na alma de parentais perdas,
Alguma solidão e tristezas.
Tudo que desejo é saúde
Para todos os brasileiros
Para todos os povos do mundo.
Vacinação para todos.
Imunização em escala mundial.
O privilégio de jogar a máscara fora
E respirar profundamente o ar
Sem vírus ou qualquer contaminação.
Esse é o sonho vívido do presente,
E consequentemente também do futuro.
Existe o momento...
Certo?
Chegaria e chegou;
Na última noite,
O último poema
Do ano
(Linda)
Sonhei com o teu abraço.
Foi meio sem jeito,
Meio torto,
Mas pude senti-la.
Acredite!
Acreditei
Que seria o único
Momento,
Mas acabei por sonhar
Novamente
E as ondas do mar
Encontravam-se em fúria
Na nossa ilha
(que era única).
Deitei
Sobre as suas pernas
Contei
Sobre as frivolidades
Da vida
Ah, o seu sorriso...
Iluminava o barco
Um sentimento
Sem sentido
Sim! O usávamos,
Ousávamos
À fugir.
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