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Professor,
ensina como eu
estudo viola?
Quero que você entenda todo o caminho que per-
corri e o que eu quero compartilhar contigo aqui.

Tudo começa por essa frase inicial: Professor, ensi-


na como eu estudo viola?

Recordo muito o momento em que fiz esta pergun-


ta na minha aula experimental com o professor
Jairo Chaves em 2005.

Mas antes, vou voltar um pouco mais no tempo... e


quando foi que eu comecei a estudar?

Assim como a maioria dos violistas, eu também


iniciei meus estudos na igreja.

Foi lá que comecei a engatinhar na viola e dei os


meus primeiros passos nos estudos violísticos.

Também foi neste período que um desejo em mim


nasceu: ser músico profissional.

A única coisa que eu sabia era o quão longe eu


ainda estava do meu objetivo. A partir dali, eu
precisaria correr um longo caminho de disciplina,
dedicação e estudos contínuos.

Pois foi na sala 3.2 da Casa de Cultura da Univer-


sidade Estadual de Londrina (UEL) que uma nova
história começaria.

Nesta sala eu tive o primeiro contato com a


metodologia de um músico profissional e também
o prazer de conhecer o professor Jairo Chaves.

Se você ainda não conhece o professor Jairo, vale


a pena buscar conhecer. Jairo Chaves é um dos
músicos mais atuantes no cenário brasileiro, já
foi premiado em competições nacionais e até já
foi bolsista da Academia da Filarmônica de Berlim
e tocou em vários concertos e viagens com a tão
aclamada Orquestra Filarmônica de Berlim.

Era tudo o que eu precisava e não queria perder


essa oportunidade.
Jhonatan Santos no jornal Folha de Londrina,
de 2017 - Arquivo Pessoal

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Na aula experimental, toquei o material que es-
tava estudando. Lembro-me que era um estudo
do método Dotzauer para violoncelo. De acordo
com os primeiros ensinamentos na viola, teria que
ler a clave de fá na quarta linha, ou seja, a linha do
violoncelo.

O susto do professor já começou aí: como assim


chegar com um material original para outro instru-
mento e lendo uma clave que a viola não utiliza.

Depois de ter a explicação que aquele material que


estava estudando não teria utilidade, me deparei
com uma clave completamente desconhecida: um
“B”, que seria justamente a clave que me acompan-
haria dali para a frente.

Com as orientações adequadas, naquela primei-


ra aula já consegui ler alguma coisa do estudo
proposto pelo professor. Com muita paciência,
Jairo apontou uma grande quantidade de vícios
em minha postura e explicou o caminho que iria
percorrer caso houvesse interesse em seguir com
os estudos na viola.

Pronto! Até ali já tinha informações suficientes


para a cabeça travar; ou como se fala hoje em dia
- “bugar”. Não me restou outra pergunta, se não
essa: Professor, como eu estudo viola?

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A mudança de chave
Marcamos a segunda aula, isso significa que, sim, Nesta mudança de chave, eu abri mão do último
eu tinha topado o desafio de seguir os estudos emprego que estava.
de viola e assumir a responsabilidade de levar o
propósito de um dia ser músico profissional. Digo sempre que não nascemos músicos, e assim
como eu, muitos atuaram anteriormente em outras
Em 2005 eu tinha 15 para 16 anos e o contato com a áreas. Em meu caso, passei de trabalhador de “bi-
viola desde os meus 11, sendo que aos 10 havia ini- cos” até chegar aos últimos empregos estáveis: o
ciado com o violino e permanecido durante 1 ano; de office boy e operador de fotocopiadora.
o tempo suficiente para devorar alguns volumes do
Suzuki e, por sorte, acalmado meu espírito quando Então, com a motivação e o suporte de alguns
encontrei a viola. amigos, deixei o emprego na papelaria e substituí a
jornada de trabalho pelos estudos de viola.
Ou seja, segundo algumas convenções e para-
digmas eu estava começando os estudos sérios No início era para ser apenas das 08h às 18h,
“velho”. Então, coloquei como “estado de urgência” porque ainda estava cursando o ensino médio no
o rigor dessa nova jornada que se desenhou em período noturno. Esse equilíbrio não durou por
minha frente. muito tempo... e o resultado foi a reprovação esco-
lar (não façam isso, pessoal).
Soube que para corresponder a atenção que es-
tava recebendo nestas aulas era preciso estudar Tudo isso para dizer que aquela era a hora e o mo-
muito mais. mento da minha vida!

Para isso, algumas concessões foram feitas, como Toda organização e forma de sistematizar o meu
por exemplo, um tempo integral para os estudos, tempo era necessário, afinal de contas eu não po-
como vive um concurseiro em preparação para dia desperdiçar esta imensa oportunidade.
provas.

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O escopo Outras empreitadas surgiram, e eu ali, colado com
o cronograma e seguindo o passo a passo sem
abrir mão dos detalhes.

Passado alguns anos de estudo, três para ser exato,


É chegada a lista feita pelo professor. Os exer- fiquei sabendo de uma audição para a Orquestra
cícios, métodos e obras, incluindo a ordem e o Sinfônica da Bahia (OSBA).
tempo de estudo para cada coisa.
Juntei os materiais solicitados: Hoffmeister e mais
um monte de excerto de orquestra que eu nunca
Pois foi aqui que nasceu o pri- tinha visto e coloquei (novamente) o cronograma
meiro esboço do que futura- para me auxiliar na preparação desta prova.
mente originaria o tal crono- Você que chegou até aqui comigo, já fez a ligação
grama de estudos em questão. do que seria o escopo? Vou dar um direcionamen-
to. Se pegar esta palavra, ao pé da letra, ela signifi-
No começo formatei uma tabela “tosca” no word, ca: ponto em que se mira; alvo.
imprimia toda semana, anotava a mão e depois
juntava todas em uma pasta daquele mês. Toda esta história nos trás para este momento, o
meu alvo.
Fazendo isso eu conseguia supervisionar melhor o
caminho da minha evolução técnica. Vamos lembrar que lá atrás eu parti para esta
jornada com o propósito de um dia ser músico e o
Sempre tive o hábito de anotar os procedimentos escopo era justamente conseguir passar em uma
trabalhados em cada aula, e, com isso, fui adquir- audição profissional.
indo a sistematização de preencher tudo o que eu
estudava e como eu estudava. Com a memória refrescada, consegue então sentir
a gravidade deste momento?
Sem saber, eu acabei desenvolvendo uma orga-
nização das ideias. Avaliando hoje, essa seria a Mais uma vez a sistematização de toda a prepa-
base da minha didática em sala de aula não apenas ração, com anotações e supervisões de cada pas-
como aluno, mas como professor. so, a clareza ao aumentar e diminuir um metrôno-
mo, os passos na construção do repertório, as
Pois bem... o tempo foi passando e com o forma- etapas de estudo de cada excerto, a distribuição
to do cronograma mais estabelecido vieram os igual da carga horária para cada estudo, enfim... um
desafios. percurso aliado e alinhado ao acompanhamento
bem próximo do melhor professor que eu poderia
O primeiro desafio foi a preparação para contar.
participar da seleção de um festival de música fora
da minha cidade. Para ser admitido como bolsista O resultado desse caminho todo foi a aprovação
(ou seja, não precisar pagar) eu teria que fazer uma em uma orquestra profissional com meus 18 para
gravação e enviar para a avaliação. 19 anos. Um emprego que eu almejava tanto; o meu
escopo.
Fruto da dedicação e organização, fui escolhido
na categoria avançada (promusc), em 2007, no
Festival Internacional de Música de Santa Catarina
(FEMUSC). Mais do que uma simples tabela,
Por estar nesta categoria, tive que tocar com a
o objetivo é compartilhar os
orquestra dos professores com o repertório “Vida meus resultados ao longo deste
de Herói” de Richard Strauss; uma das obras mais
“cabeludas” do repertório sinfônico de todos os período de constante uso dessa
tempos.
sistematização, apresentando
Mais uma vez o cronograma me ajudou a tocar uma proposta efetiva para que
alguns porcentos, não me deixando passar tanta
vergonha, afinal de contas, teve mais um agravante você destrave seus estudos e
nesta história: eu estava sentado na mesma estan-
te do professor mais carrasco que eu já conheci alcance seus objetivos na viola.
nesta vida.

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Pra que mesmo é o
cronograma?
De fase em fase, eu compartilhei um pouco do
contexto por onde caminhei, apresentei minha
vivência e os resultados a partir da utilização e
aplicabilidade dessa organização.

E foi justamente nesta linha do tempo que adquiri


as informações necessárias para pegar na sua mão
e, através desta explicação mais fundamentada,
falar para você que o mesmo cronograma pode
fazer parte do seu dia a dia com a viola.

Vamos então esmiuçar tudo o que você vai


precisar para colocar isso na sua prática diária.

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UM ADENDO…
UM ADENDO…
UM ADENDO…
UM ADENDO…
UM ADENDO…
Vale ressaltar que este material é
um complemento da videoaula de
cronograma de estudos e da planilha
disponibilizada no Google Docs.

Para que você consiga ter clareza do


processo de organização dos estudos,
será necessário estar com os três
materiais na mão.

A partir daqui, ligue o vídeo, baixe sua


planilha, e vamos juntos!

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//Aquecimento
Para administrar e executar uma boa etapa
técnica, eu oriento separar exercícios simples
que auxiliarão na empunhadura da mão direita e
esquerda.

A ideia de separar e intercalar procedimentos


adequados, com a utilização de partituras ou não, é
a forma efetiva que encontrei de distribuir o tempo
e aplicar estudos para estes dois importantes
mecanismos: arco e mão esquerda.

Quando iniciamos os estudos concentrados


nestas engrenagens, preparamos o corpo e as
técnicas para os próximos “treinos” dos nossos
estudos, como é o caso das escalas, métodos e
repertórios.

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//Escalas e Arpejos
Agora que os mecanismos estão aquecidos e
revisados, chegamos às escalas. O estudo das
diferentes escalas e arpejos, em suas diversas
formatações, apresentam objetivos técnicos
amplos.

Vale ressaltar a grande quantidade de elementos


técnicos que trabalhamos ao estudar escalas
e arpejos da forma correta. Quero deixar claro
que em cada etapa (nível) no instrumento, estes
estudos terão objetivos diferentes, desenvolvendo
uma infinidade de componentes no decorrer dos
anos.

Por isso, se faz necessária a sistematização do que


está estudando para ter a clareza da fase em que
está.

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//Métodos
Os métodos reservam uma importante evolução
técnica em nossos estudos. Assim como as
escalas, para que os objetivos sejam alcançados
de forma efetiva, devemos buscar o entendimento
do propósito técnico de cada material.

A falta desta clareza pode ser um empecilho na


hora de conciliar os caminhos percorridos nas
etapas anteriores até o estudo de um determinado
método.

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//Repertórios
Esse conjunto de obras musicais (que chamamos
repertório) é, sem sombra de dúvidas, o nosso
objetivo técnico e musical dos estudos.

Todas as etapas estudadas anteriormente são


fundamentais para chegar até aqui!

Será no repertório que veremos, na prática, o


nosso desenvolvimento violístico.

Aqui há algo muito importante: Iremos adentrar o


mundo da interpretação.

O meu desejo é que você consiga chegar


preparado para que a viola seja o “instrumento” do
“fazer” músical.

Este trabalho mais artístico (no que diz respeito


à interpretação musical) é a nossa meta final
enquanto músicos!

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