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OS MISTÉRIOS DO SEXO
PRIMEIRA PARTE
CAPÍTULO II
CAPÍTULO III
39. OS AVATARAS
46. OS CONTINENTES
48. A DUALIDADE
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO V
78. SUB-RAÇAS
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO VII
SEGUNDA PARTE
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
CAPÍTULO V
CAPÍTULO VI
TERCEIRA PARTE
161. PRÓLOGO
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
CAPÍTULO IV
183. O OZONE
CAPÍTULO V
185. ESPERMATOGÊNESE
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO VII
CAPÍTULO VIII
CONCLUSÃO
195. CONCLUSÃO
OS MISTÉRIOS DO SEXO
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CAPÍTULO I
PARTE PRIMEIRA
CAPÍTULO I
A ciência começa a compreender que "o globo terrestre é um ser vivo e, como tal,
animado por outro globo maior que é o Sol, fonte de energia do nosso sistema", mas estamos
muitíssimo distantes do dia em que se poderão decifrar seus enigmas, principalmente a
origem dos seres que nela habitam.
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Kepler comparou o Sol a um gigantesco imã sustentado, pelas únicas leis de uma
atração recíproca, todos os mundos que ele rege; um archote de fogo permanente de
eletricidade, - força e luz (Kundalini e Fohat, segundo as teorias teosóficas), pondo em
movimento esse agente - imponderável da maior importância entre as energias atuantes em
nosso sistema.
A ação do Sol sobre a Terra, diz Flamarion, é tudo: a ele devemos nossa existência - o
vento que sopra em nossos campos; os rios que descem para os mares; as chuvas que
fecundam a Terra; as sementes que germinam; o ar que respiramos; as idéias dos
pensadores... É ao Sol que devemos reportar a explicação do fenômeno da vida. É o agente
direto ou indireto de todas as transformações que se operam nos planetas - ele, cuja força e
glória nos cercam e penetram, e sem ele cessaria logo de pulsar o coração gelado da Terra...
Resta, entretanto, indagar se esse esplendoroso Sol, diante de cujo trono se curvam
reverentes os maiores sábios e também se esse prateado astro da noite ao qual os poetas
dedicam versos maviosos, são de fato aqueles que agem e influem, "direta ou indiretamente"
sobre os destinos da Terra e de quantos seres nela habitam. Não seriam eles, por sua vez,
subordinados a outros astros que por trás deles se acham ocultos ?
O Sol visível não é, absolutamente, o astro central de nosso pequeno universo, mas
apenas seu véu ou imagem refletida. O sol invisível é, nós o sabemos, composto de algo sem
nome para a linguagem humana, não podendo, pois ser comparado a nenhum dos elementos
conhecidos da ciência oficial. Seu reflexo não contém coisa alguma que se assemelhe a gás,
matéria magnética, etc, desde que fomos forçados a expressar semelhantes idéias em vossa
linguagem. Antes de abandonarmos o assunto que tanto nos interessa, devemos afirmar que
as modificações na coroa solar nenhuma influência tem sobre o clima terrestre, o mesmo se
dando com suas manchas, ao contrário do que julgam muitos sábios. As deduções de Lockyer
são, na sua maioria, errôneas. O Sol não é um globo sólido, líquido ou mesmo gasoso, mas
enormes esfera de energia eletro-magnética, como reserva da vida e do movimento
universais, cujas pulsações se irradiam em todos os sentidos, nutrindo, com o mesmo
alimento, desde o menor dos átomos ao maior dos gênios, até o fim da Maha-Yuga (grande
idade ou ciclo de 4.320.000 anos).
"O sol nada tem a ver com o fenômeno da chuva, e muito menos com o do calor. Eu
julgava que a ciência oficial soubesse que os períodos glaciários e também, os semelhantes aos
da "idade carbonífera" fossem devidos a diminuição e aumento, ou melhor, a dilatação e
contração de nossa atmosfera, expansão essa resultante da existência dos meteoros.
Sabemos, também, que o calor recebido pela Terra da irradiação Solar representa apenas um
terço ou menos da quantidade recebida dessa presença meteorítica".
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Corroboram tais assertivas um dos mais antigos livros do mundo, o Kiu-té, do qual
transcrevemos estas poucas palavras:
"Subi a mais elevada montanha da Terra (ou às maiores altitudes), e nem assim
podereis divisar qualquer raio de sol que se oculta por trás daquele que percebeis com vossos
olhos físicos. Este não é mais do que sua psíquica roupagem".
Que dizer, então, dos fenômenos que se processam no centro da Terra, de cujos
profundos mistérios a ciência oficial não tem o menor conhecimento? É o Tártaro ou Inferno
para alguns, pois, de fato, inferno (ou in-fera) quer dizer lugares inferiores. Para outros,
entretanto, é esse o Sanctum Sanctorum da Mãe Terra (Mater Rhea, matéria), é o Laboratório
do Espírito Santo, pois em tal região inferior centro-terrena arde em plena atividade o fogo
cósmico, a que as antiquíssimas escrituras orientais denominam Kundalini, e que nas lendas
chinesas, mongólicas e Tibetanas se chama Serpente ou Dragão de Fogo. Algo, pois como um
Sol do qual vivesse a Terra em estado gravídico até o dia de se fazer una com ele e com outro
que, nos céus, se acha por trás das obras dos mistérios, formando assim três coisas (pessoas)
ou sóis distintos em um só coração gelado da Terra", na poética expressão de Flammarion,
tomará ela uma forma ígnea, ou seja, a de um Sol nascido de si mesmo, com o imanente
concurso dos dois outros sóis que lhe são afins.
As três correntes de vida que nutrem o globo terrestre e animaram os seres de seus
quatro reinos, evidenciam aquilo que se dará no final da evolução do mesmo globo: este e o
homem se reintegrarão na sua Origem. Os três sóis se reunirão em Uno, de igual modo que se
restabelecerá no homem o perfeito equilíbrio entre o corpo, alma e espírito, idênticos à
Unidade da qual procedem, por isso que somos (em essência) sua imagem e semelhança. O
homem é uno com Deus, embora trino em sua manifestação.
A Lei da reciprocidade rege o mundo astral ou asterismal (dos astros), donde a razão
de os iluminados pregarem o tema básico da fraternidade entre os homens, que é a mesma de
haver a Sociedade Teosófica Brasileira (hoje a Sociedade Brasileira de Eubiose) adotado por
lema o - At Niat Niatat, um por todos e todos por um. A terra, tal como o homem, se acha
ligada com outras entidades celestes. Tudo se subordina a Lei da reciprocidade, o que já se
depreendia dos arcanos de Hermés o Trimegistro, gravados na Tábua de Esmeralda:
"É verdade (em princípio), é certo (em teoria), é real (de fato em ampliação) que aquilo
que está em baixo (o mundo físico, material) é como o que está em cima (análogo e
proporcional ao mundo espiritual e intelectual) e o que está em cima é como o que está em
baixo (reciprocidade), para a realização das maravilhas da Causa Única (Lei suprema, em
virtude da qual se harmoniza a criação universal na sua Unidade). E do mesmo modo que
todas as coisas são feitas de Um só (princípio), por mediação de Um só (agente), assim
também todas as coisas nasceram dessa mesma coisa, por adaptação (ou conjugação). O sol
(condensador da irradiação positiva, AOD, OD) é seu Pai (elemento produtor ativo); a Lua
(espelho da reverberação negativa ou da Luz no Azul, AOB, OB) é sua Mãe (elemento produtor
passivo); o Vento (atmosfera etérica ondulatória) a contém em seu peito (servindo-lhe de
veículo); a Terra (considerada como tipo dos centros de condensação material, é sua nutridora
material) é sua nutridora (atanor - ou forno purificador, o telesma universal - de sua
elaboração).
"Tu separarás a Terra (no sentido de mundo moral e inteligível), o sutil do grosseiro,
com delicadeza e prudência. Ele (o fluído puro, universal, mediador; corpo do Espírito Santo,
segundo os gnósticos) se eleva da Terra ao Céu (corrente hemicíclica de retorno, ascendente;
refluxo de síntese) e de volta (por movimento a um tempo alternativo e simultâneo), desde do
Céu à Terra (corrente hemicíclica de projeção, descida, influxo da análise) e recebe (enche-se,
carrega-se, impregna-se, alternativamente) a força (as virtudes, propriedades, influências) das
coisas, tanto de cima como de baixo (dos mundos físicos ou material e hiperfísico ou astral, e
ainda, sob outro ponto de vista, das esferas sensível e inteligível).
"Assim (por esse agente ou por semelhante processo) foi o universo criado
(transformado de princípio em essência em poder original atuante, realizado na razão do "Fiat
Lux"). Daí se originarão maravilhosas adaptações, cuja maneira (de ser, tipo de formação), aqui
se acha (indicada, revelada).
"O que acabo de revelar (meu ensinamento, meu verbo solar ou "Deva-Vani") está
completo (consumado, proferido) sobre o magistério (a operação, a Grande Obra mágica) do
Sol (com inúmeros sentidos, dentre eles: a força e o papel das correntes fluídicas universais; a
evolução - AUR andrógino ou Luz engendradora; o Magistério dos alquimistas; cujo segredo,
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O TULKUISMO EM AÇÃO
"Assim, cada cifra numérica possui dois valores: o seu próprio absoluto e o relativo à
ordem a que pertence (decimal, centesimal, milesimal etc.); o que, vertido para a linguagem
concreta equivale a dizer: cada ser é um número na grande síntese cósmica e possui duas
modalidades psíquicas e dois valores: o seu próprio e o da missão, assim como o "Eu sou quem
sou" (Ego sum qui sum), e seu corolário filosófico, Cogito, Ergo sum - com aquele que
corresponde, qual parte integrante de um conjunto superior, à família, povo, nação. Daí
acontece o caso muito frequente de um indivíduo forte, valioso, digno, achar-se mal colocado
ou fora da ordem que lhe corresponde, como aconteceria, por exemplo, ao número nove,
permita-se a comparação, que, valendo muito mais do que um, passasse a valer menos se este
ocupasse a ordem das dezenas, com o valor de 10".
comandando unidades inferiores; os oficiais sendo unidades superiores aos sargentos e estes
aos soldados, constituindo um vasto organismo em atividade nos seus últimos misteres, tanto
mais eficiente quanto mais numeroso, organizado e disciplinado. Mas toda essa potência se
resume à mente e vontade do seu Chefe supremo, cuja personalidade se agiganta até o ponto
de alguns deles, na história, depois de vencerem o inimigo com a força do número ou de
armas, pretenderam para suas pessoas, honras divinas".
"Se cada homem e até cada coisa existe no Cosmos, é um tulku ou hipóstase de uma
entidade superior a que se acha subordinado por lei serial de numeração abstrata; do mesmo
modo se cada naldjorna possui um guru (mestre), em série indefinida, o grandioso panorama
do Universo, organismo vivo, não é mais do que a simbólica árvore, cujas raízes, como a árvore
norsa dos escandinavos primitivos e quantas outras figuram nas diversas teogonias, se acham
dentro do seio insondável da Divindade abstrata, inefável e incognoscível; enquanto seus
ramos crescem e se dividem sem cessar, envolvendo assim tudo quanto se acha dentro do
infinitamente grande até alcançar o infinitamente pequeno".
"E ao longe de tais raízes, troncos, galhos, folhas, flores e frutos atua uma só força
inteligente: a do Logos ou Verbo, fazendo circular, centrífuga e centripetamente, a magna
vibração da vida em que cada ilusória "realidade vital" não é senão o tulku, tatwa ou invólucro
mágico de uma parte, grande ou pequena, daquela vibração, como tônica orgânica ou vital
dentro de outro organismo superior, ao qual se subordina como a parte do todo".
"Notáveis são, com efeito, as estâncias do antiqüíssimo poema de Dzyan, que serviu de
tema à genial Helena Petrovna Blavatsky, autora da famosa "A Doutrina Secreta", que cantam
o místico laço existente em cada ser, na razão da Chama e Chispa; em cada astro, entre seu
Lha (espírito) e Vaham (veículo), que é a massa material e astral do mesmo astro, os Homens
solares ou imortais (Dhyanis, Chohans, andro-jinas ou andróginos Hermés-afroditas ou
hermafroditas, Kyrita etc.) e os mortais ou terrícolas, com aquelas finalizadoras palavras da
mais excelsa veneração, que cantam: "Tu és meu Vaham (veículo) até o grande dia (Nirvana)
em que Tu em mim e Eu em Ti seremos a mesma coisa", cujo sentido, se prescindimos do falso
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"Para focalizar melhor, embora sempre imperfeitamente por não o permitir a humana
linguagem essas místicas e inexplicáveis sublimidades, o próprio simbolismo de verdadeiras
coordenadas mentais, como diria um matemático - lembremos o que se acha contido naquela
parábola de "as seis direções", atribuídas a Budha, e que pode ser encontrada em nossa Obra
"Pelo Reino Encantado de Maya", em torno do qual e de outras fazemos modestos
comentários.
Um dos muitos problemas que intrigam as inteligências não versadas em Ocultismo e Teosofia,
é o da forma. Pensa-se comummente que nenhum ser vivo pode deixar de possuir forma
característica, servindo de exemplo os vertebrados. No entanto, seres vivos como os minerais,
considerados em seu conjunto para formar a crosta terrestre, caracterizam-se pela ausência
quase completa de forma definida. Os vegetais, da ínfima bactéria à gigantesca sequóia,
apresentam-se sob prodigiosa multiplicidade de formas, o mesmo sucedendo com as infinitas
espécies animais.
A_ moderna Astronomia não é mais que um simples ensaio da Anatomia celeste,_ uma
verdadeira Biologia alquímica em que se verifica uma_ contínua permuta vital entre os astros.
Igual permuta ocorre entre cada astro e o ambiente sideral, no qual ele se mantém com seus
incessantes movimentos de rotação e translação. Enquanto isso, semelhante permuta provoca
na terra, como organismo vivo que é, verdadeiros processos de alimentação e respiração pelo
prana; de assimilação quimo-prana, elaborado em suas próprias entranhas, e até de secreções,
que podem dar lugar a esses fenômenos eletro-magnéticos vitais das auroras polares, uma vez
que os sistemas nervoso, sanguíneo e linfático do planeta são dados respectivamente pelas
suas correntes eletrotelúricas, pela circulação "arterial" do vapor de água dos oceanos às
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nuvens, e a "venosa" das fontes regatos e rios até o mar; provocando ainda outros fenômenos,
como o das quedas meteoríticas, contínuo alimento do Sol e da Terra, e o das marés que
agitam as águas em constantes movimentos de "sístole" e "diástole", como se quisessem
voltar à mesma Lua que lhes serviu de origem.
Os ensinamentos da Doutrina Arcaica, por outro nome - Teosofia - tem uma origem
divina que se perde na noite dos tempos. origem divina, entretanto, não quer dizer a revelação
de um Deus antropomórfico, sobre uma montanha, entre relâmpagos e trovões, mas segundo
o compreendemos, uma linguagem e sistema transmitido à humanidade primitiva por outra
humanidade tão adiantada que parecia divina aos imaturos (Blavatsky).
O estado evolutivo de nosso Globo não podia deixar de ser o resultado de experiências
anteriores, o passado formando o presente, e este o futuro, sem necessidade dos
mirabolantes artifícios cuja teoria se atribui ao autor do primeiro livro bíblico: Adão
manufaturado com o pó da terra, cai em pesado sono para que Deus lhe extraia uma costela e
a transforme em Eva, predestinada a ser a primeira mulher e mãe de seus filhos. Se bem que
sob a velada linguagem do Genesis, como de outras escrituras ditas sagradas, alinhava-se um
tênue fio da verdade, que não se pode ensinar abertamente a humanidades onde predominem
seres egoístas e perversos que, mal adquirem um conhecimento, se dispõem a empregá-lo
contra seus semelhantes, na prática de crimes de lesa-evolução.
Crimes dessa natureza são não só os previstos no Código do Manú, mas também todo
o ato praticado contra a vida e os direitos do homem e da própria Terra, como ser vivo que é, a
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qual vem suportando; ao invés dos cuidados restauradores devidos pelos seus filhos que se
nutrem de sua seiva, terríveis bombardeios de imprevisíveis conseqüências intra e extra
terrena, abrindo fendas profundas, dolorosas chagas a clamarem perversidade de almas
inconscientes e formando na atmosfera faixas de radiações, cujo tremendo efeito deletério
recai sobre vastas áreas, envenenando os ares e as águas, contaminando os alimentos, tanto
os de origem vegetal como animal, afetando portanto gravemente a saúde pública, conforme
tem sido divulgado nos trabalhos de notáveis médicos e higienistas.
Não será por esse processo que se poderão aproveitar proficuamente os resultados
das laboriosas experiências levadas a efeito durante Idades sem conta pelos Pitris
construtores, os progenitores desta humanidade. A esta caberá por sua utilizar o que de mais
puro, perfeito e legítimo do ponto de vista espiritual puder adquirir para, com as experiências
do passado, somadas com às do presente, guiar os destinos das gerações futuras. Enquanto
não o conseguir, ingenuidade seria perguntar porque a Grande Hierarquia Oculta, mentora
espiritual da Humanidade permitem que alguns homens possam causar tantos males e
sofrimentos. É que a de hoje não difere, não é mais digna que as humanidades que motivaram
a vinda de luzeiros do quilate de Krishna, Moisés, Budha e Jeoshua, subsistindo sempre as
mesmas razões que impediram a realização prática de seus ensinamentos, sem a qual jamais
se poderá melhorar a fisionomia moral do animal homem, para transformá-lo em homem.
também fisicamente, com elementos e matérias em combinações diversas das que foram os
sub-evoluídos terrícolas; são seres com poderosa capacidade de criar mentalmente, que
enviam periodicamente à Face da Terra seus embaixadores, mensageiros da Paz e da Verdade,
e aqui os mantém, por força de Lei, para vaticinar aos homens o advento de uma nova era
evolutiva, e nunca para impor-lhes com as armas da coação e da violência a disciplina do
Espírito nem para impedir as manifestações de seus instintos egoístas. Todavia, quando o Mal
predominar avassaladoramente a ponto de subverter até mesmo os alicerces da Mãe Terra,
vem então aqui apresentar-se sob a forma humana o próprio Espírito da Verdade, o Planetário
ou Avatara, ou como se lhe queira designar, pois que sempre que Ele vem, só é reconhecido
pelos raros eleitos da sua corte. Cumpriram-se no passado e cumprir-se-ão no porvir as
palavras que Ele mesmo, pelo verbo de Krishna dirigiu a seu discípulo Arjuna e que se acham
inscritas em frases cristalinas no maravilhoso Bhagavad-Gitâ: "Todas as vezes, ó filho de
Bharata, que Dharma (a lei justa) declina e Adharma (a Lei injusta, como a que hoje impera na
Terra) se levanta, Eu me manifesto para a salvação dos bons e destruição dos maus; para o
restabelecimento da Lei justa, Eu hei de renascer em cada Yuga (Era).
"Vou dar-te os sinais característicos dos homens que andam pelo caminho que conduz
à Vida Divina. Ei-los: Intrepidez, pureza de coração, perseverança em busca da sabedoria,
caridade, abnegação, domínio de si mesmo, devoção, religiosidade, austeridade, retidão,
veracidade, mansidão, renúncia, equanimidade, amor e compaixão para com todos os seres,
ausência do desejo de matar, ânimo tranqüilo, modéstia, discrição, firmeza; paciência,
constância, castidade, humildade, indulgência."
"Agora houve as características dos homens que andam pelo caminho que conduz aos
demônios: Hipocrisia, egoísmo, orgulho, arrogância, presunção, cólera, ódio, rudeza,
ignorância".
"O bom caráter liberta da morte e conduz à Divindade. O mau caráter da causa a
repetidos nascimentos mortais. O primeiro da liberdade, o segundo, escravidão".
"Duas espécies de natureza pode-se observar neste mundo humano, a divina ou boa, e
a diabólica ou má. As características da natureza boa ou divina já te descrevi suficientemente.
Escuta agora, ó filho da Terra! quais são as da natureza má".
Os seres que são iguais aos Assuras (demônios, espíritos maus) não conhecem nem o
seu princípio nem seu fim; não sabem o que é praticar uma reta ação e não sabem abster-se
de ação má. Neles não há pureza nem moralidade, nem veracidade. Eles dizem que no mundo
não há verdade nem justiça. Negam a existência do Espírito Divino; acreditam que o mundo é
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produto do acaso, e que o fim da vida é para gozo dos bens materiais. E vivem conforme suas
idéias errôneas: são de intelecto mesquinho, desregrados, inimigos da humanidade e praga do
mundo. Entregam-se aos prazeres carnais e pensam que esse é o mais alto bem. Mas nunca os
prazeres sensuais os satisfazem, porque, mal um apetite obteve satisfação, já emerge outro
cada vez mais imperioso. É impura a sua vida, porque, pensando bem, com a morte do corpo
tudo se acaba, julgam que o supremo bem consiste na satisfação de seus desejos. Enleados nas
teias do desejo, entregam-se a volúpia, à ira e a avareza; prostituem suas mentes e seu
sentimento de justiça, empenham-se em acumular riquezas sem qualquer escrúpulo, desde
que possam satisfazer suas ambições materialistas.
CAPÍTULO II
Sim, o ternário celeste de harmonia, melodia e ritmo para, com o quaternário terreno,
completar o lírico heptacordo ou sete notas da gama musical, com os três sons principais (dó,
mi, sol), a que se relacionam também as sete cores, com as três básicas (amarela, azul,
vermelha), os sete luzeiros, os sete planetas ocultos, e os sete dias que precisou para construir
o mundo. Valores Um, Três, Quatro e Sete que, a filosofia teosófica revela como Mônada
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refletindo a Unidade, constituída dos três princípios superiores (Atmã, Budhi, Manas) que se
manifestam pelos quatro veículos ou vestes constituintes do quaternário humano (mental
discursivo, anímico, duplo etérico e corpo denso), cuja evolução se processa necessariamente
através dos sete estados de consciência de que se compõe a Ronda - sete raças-mãe, cada uma
delas com as respectivas sub-raças e descendentes ramos, famílias, clãs.
As quatro verdades são expressas nas Revelações que este ou aquele ser oferece ao
mundo, de acordo com as várias épocas evolutivas em que eles se apresentam entre os
homens, a fim de libertá-los da ignorância em que vivem, causadora de todos seus
sofrimentos; revelações que constituem portanto as mais preciosas oferendas trazidas ao
quarto globo de nosso sistema.
Os três reis magos do Novo Testamento locomoveram-se de três regiões diversas para
homenagear no berço a vinda de um quarto rei, cujo reino, como ele mesmo disse mais tarde,
não é deste mundo; pois aqui vinha, não para dominar como imperador ou rei e viver
faustosamente às expensas do povo, nem para guerrear outros povos, mas para reinar como
Deus nos corações de todos os homens, pelo mágico poder do amor fraternal embora ante-
sabendo que por única recompensa "real" os homens lhe imporiam sobre a divinal cabeça uma
coroa de espinhos; que em lugar do cetro lhe ofereceriam por escárnio uma cana seca, e por
manto real, uma enxovalhada capa vermelha, cor de Kama-manas (correspondente aos quatro
princípios inferiores) e da matéria tamásica (a qualidade das trevas, impureza, inércia,
ignorância); o mesmo símbolo do mar vermelho (mundo tamásico) sobre o qual, Moisés, o
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Manú, não devia conspurcar os pés ao conduzir seu povo à Terra Prometida, por isso mesmo
passando sobre ele a pés enxutos, para não se confundirem, os de sua escolha, como
sementes que eram de uma nova raça ou civilização, com os que não mereciam tamanha
honra.
A Terra tem 24 horas, gira sobre seu próprio eixo, dividindo o dia em quatro períodos:
manhã, meio dia, tarde e noite. A Lua, exercendo em tudo prodigiosa influência, apresenta-se
nas quatro fases: nova, crescente, cheia e minguante, produzindo as quatro marés: enchente,
preamar, vazante, baixa-mar. Quaternária é a idade do homem: infância, adolescência,
maturidade e velhice. Quatro são os movimentos respiratórios: inspiração, retenção do ar nos
pulmões, expiração e pausa sem ar, movimentos que, uma vez ritmados pelo exercício
(pranayama) da yoga respiratória, são dos mais recomendados pelos salutares efeitos que
proporcionam.
Os pitagóricos faziam seu juramento pelo sagrado Quatro, a Tetraktys ou tétrade, com
significação muito mística, idêntica à do Tetragrammaton, - JEOVAH - nome tão inefável que
os Hebreus não ousavam pronunciá-lo, substituindo-o pelo de Adonai. Em verdade ninguém o
sabia pronunciar então nem o sabe agora. Tão alto privilégio divino cabe exclusivamente ao
Deva-Vâni, o Anjo da Palavra, portador da Palavra Perdida, o mesmo Melki-Tsedek, que a
Bíblia designa como supremo Sacerdote do Altíssimo.
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Mas para não levarmos mais longe ainda estas digressões, vamos encerrá-las com uma
alusão à matemática das Idades do Mundo. A Maha-Yuga (grande idade) alcança um total de
4.320.000 anos e se divide nas quatro idades: Kali-yuga, 432.000 anos; Dvapara-Yuga, duas
vezes 432.000 igual a 864.000 anos; Treta-Yuga, três vezes 432.00 igual a 1.296.000 anos e
finalmente Krita-Yuga, 4 vezes 432.000 ou 1.728.000 de anos.
Mil dessas Maha-Yuga constituem um Kalpa, um Dia de Brahmâ, durante o qual reinam
quatorze Manus. Teremos assim 4.320.000.000 anos que juntos a outros tantos formarão uma
noite de Brahmâ, ou 8.640.000.000 que multiplicados por 360 completam o incrivelmente
longuíssimo ano de Brahmâ. Mas ainda não será o fim, pois que o período inteiro de Brahmâ é
de cem anos, teremos finalmente para essa Maha-Kalpa o número 311.040.000.000.000, igual
a 720 Kali-Yugas. E todos esses números são múltiplos de quatro.
Todas essas idades em que se divide a vida universal estão relacionadas nos
movimentos das estrelas, que a astronomia chama de fixas porém sofrem uma rotação
matemática causadora deste e de muitos outros fenômenos que ocorrem em nosso globo.
Assim é que, durante cada período de 108.000 anos ou a quarta parte de 432.000, o zodíaco
faz quatro voltas completas em torno do seu eixo, dando lugar a outras mudanças sucessivas
da estrela polar.
Esse movimento do empíreo, em volta do qual gira todo o mistério, e que tanta
influência exerce sobre a Terra e a vida de todos seus habitantes, fará com que na próxima
fase ou ciclo a estrela Sirius passe a ocupar o lugar da estrela Polar, chamada esotericamente
nas escrituras orientais, Olho de Druva, e simbolicamente significando que através deste astro
o Eterno perscruta desde o Polo Norte toda a evolução do planeta, que é a sua própria,
segundo aquela estância de Dzyan, que ensina que Deus se divide para consumar o supremo
sacrifício.
Não há linhas retas nem pontos fixos no Universo, cujos movimentos, grandes ou
pequenos, rápidos ou lentos, luminosos ou trevosos, constituem no seu conjunto a famosa
harmonia das esferas de que tanto falavam os filósofos da antiguidade. O clarividente
Swedenborg se referia a esses ciclos de vida, que se manifestam em todos os fenômenos da
Natureza, como se fossem a própria vibração do Logos:
As quatro idades, que podemos chamar de Ouro, Prata Cobre e Ferro, por serem esses
metais relacionados com os planetas Sol, Lua, Vênus e Marte, respectivamente, e que antes
designamos com seus primitivos nomes sânscritos: Kali, Dwapara, Treta e Krita, acham-se
ligadas aos quatro princípios inferiores (ou em função), permanecendo secretos os outros
três, relacionados com os planetas Júpiter, Saturno e Mercúrio, estes como regentes dos três
princípios superiores ou Tríade Superior que tem como regentes dos três princípios superiores
ou Tríade Superior que dirige a evolução espiritual da humanidade, mistério que tem suas
representações vivas no Rei do Mundo e seus dois Ministros, de que já tratamos longamente
em nosso livro "O Verdadeiro Caminho da Iniciação".
Em seus famosos versos dourados, Pitágoras exaltou esses três princípios superiores:
Essas verdades foram conhecidas nos templos (Panteões) iniciáticos e disso dão
testemunho antigos documentos. Aí se representam os quatro reis, três coroados e um sem
coroa, de cujas bocas jorra o precioso líquido (as quatro verdades). Templos e panteões,
mosteiros e catedrais, pirâmide e esfinge, hipogeus e sarcófagos, espalhados pelos cinco
continentes, construídos por vários povos em épocas diversas, resistem à ação demolidora dos
séculos e à fúria das guerras fratricidas, para abrigarem santas relíquias e conservarem
preciosos símbolos das grandes verdades que foram e são expressões objetivas.
Aos aludidos quatro reis, a Cabala denomina de quatro sóis, que correspondem aos
mesmos dos Nahoas e às "quatro cabeças", que Myers assim descreve:
"Aziluth é o nome com que se designa o mundo dos Sephirots, chamado mundo das
emanações (Olam-Aziluth). É o grande selo sagrado, por meio do qual se copiaram todos os
mundos e que compreendem três graus, que são três sures (protótipos) de: 1) Nephesh, a
alma vital; 2) Ruach, a alma tradicional; 3) Nechamad, a alma suprema. Assim, também os
mundos receberam três sures: 1) Briah; 2) Yetzirah e 3) Asiah. Finalmente, Aziluth é o supremo
dos quatro mundos da cábala, relacionando-se unicamente com o Espírito de Deus.
"O mistério do Ternário, que se faz Quaternário para fundir-se novamente no Um, está
ainda contido nas três faces cabalísticas (em língua Hebraica, Partsuphin), que são: 1º Arikh-
Anpin, o Face Larga; 2º Seir-Anpin, o Face Curta e o 3º Rosha-Hivrah, o Cabeça ou Face Branca.
Essas três cabeças estão em uma só, com o nome de Attikah-Kadosha: Santos Antigos e as
Faces. Quando tais faces olham uma para a outra, os Santos Antigos em três cabeças ou
Attikah-Kadosha recebem a denominação de Arkh-Appayem, ou seja, Cabeças Largas".
Voltamos considerar um dos temas abordados nesta parte de nosso trabalho, que se
propõe demonstrar que a Terra, como tudo na Natureza, é um ser vivo. As quatro estações
representam para o globo as quatro fases digestivas do homem: 1º) Ingestão de germes e seu
preparo por meio da digestão, digamos, num período climático para cada um dos hemisférios;
2º) Assimilação pelo húmus, dos germes ingeridos, ou verdadeira digestão da Terra, triunfo da
fermentação e das forças negras, porém começo da vitória das forças brancas, isto é , da
evolução solar, na seguinte estação; 3º) Produção e saída dos germes transformados, união
dos sucos terrestres e raios solares, constituindo a seiva, triunfo das forças evolutivas sobre as
involutivas, o mesmo fenômeno que se verifica na humanidade, para a estação imediata; 4º)
Fim da evolução dos novos seres terrestres; todos os subprodutos volvem à terra, sob forma
de cadáveres vegetais.
OS MISTÉRIOS DO SEXO
PARTE PRIMEIRA
A HARMONIA UNIVERSAL
Humboldt.
CAPÍTULO III
O EQUILÍBRIO DO COSMOS
Não poderia haver evolução sem os inevitáveis choques de interesses contrários, sem
a luta constante entre o que se convencionou chamar de "bem" e "mal". Posto que Daemon
est Deus inversus, como ensina a Cabala, o Diabo não é senão o contrário ou a sombra de
Deus; não há nem mal nem bem, mas tão somente, em última análise, ignorância e
conhecimento. "Avidya", no sentido de ignorância da Lei ou desconhecimento da Verdade, é
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uma das doze nidanas dos budistas, e se lhe atribui a origem de toda a infelicidade. Vidya
(conhecimento, sabedoria) e Avidya são os dois polos contrários a serviço da evolução.
Aqueles que não evoluem passam a viver no sentido involutivo e, aumentando o peso do prato
esquerdo da balança, retardam o progresso dos que se colocam no prato direito.
Cada continente é, por sua vez, o sol dos demais, passando com suas raças por uma
sucessão de ascensão e declínios de civilização, enquanto nos outros se desenvolve civilização
diferente. Cada raça transfere para as outras o resultado de sua evolução. Houve, pois, para
cada raça uma idade de pedra, de bronze, de aço, de ferro; sem contar com as idades de ouro
e de prata, segundo seus ciclos, possuindo cada uma sua cor e característica própria.
Nem generosa nem avarenta; não é tolerante nem vingativa. Não há sinônimo perfeito
para ela, exceto um equivalente a Deus. Não há adjetivo, a menos que se queira designá-la
pleonasticamente de Lei Justa. Em sânscrito ela se chama Dharma. O Homem é a sua mais
expressiva manifestação na Terra, de vez que, espiritual e materialmente, a representa na sua
multiplicidade. Não se atina com outra interpretação para o fato de haver ela mesma criado o
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Cada Sol, ou melhor dizendo, cada Órgão-sol, com seu cortejo de planetas e satélites,
gira em torno de um centro mais ou menos determinado que é o Coração do Grande Homem
Universal. Não se dirige o Sol visível deste sistema para a constelação de Hércules?
Cada homem se acha ligado por meio de seus sentidos, num total de sete, sendo que
dois ainda permanecem latentes, bem como através de seus sete estados de consciência, a um
dos sete planetas sagrados e também aos sete planos do Cosmos. Esta maravilhosa
correspondência entre o Universo e o homem permite a este desenvolver e utilizar os
respectivos sentidos espirituais para situar-se em mais íntima ligação, no plano físico em que
vive, como divino centro de força que o engendrou e que é o seu direto criador.
Essas místicas relações eram ensinadas aos mystai nos mistérios menores das antigas
escolas iniciáticas, assim chamados por conduzirem à percepção das coisas somente através de
um véu ou névoa, ao contrário do que sucedia nos mistérios maiores, em que os epotpai,
podiam percebe-las claramente sem qualquer disfarces. Tais métodos de ensino, designados
pelos nomes de maya-vada, doutrina da ilusão ou maya-budista, ainda hoje são adotados na
Índia, pelas duas escolas, a do norte, a maya-yana ou grande barca da salvação, e a do sul, a
hina-yana ou pequena barca, mas tudo implicitamente envolvido na interpretação da letra que
mata por ocultar o Espírito que vivifica.
Intimamente unido aos planos cósmicos e achando-se sob a influência de um dos sete
raios planetários, cada homem possui idéias e temperamentos próprios que os levam a pensar,
agir e reagir de maneira diversa dos demais, mesmo em face de situações e circunstâncias
perfeitamente idênticas. Em Medicina isto se torna tão evidente que levou um famoso médico
patrício a pronunciar uma frase que se tornou aforismo: "Não há doenças, sim doentes". A
Medicina também conhece o fato, mas não sabe explicá-lo. Há pacientes que podem ingerir
impunemente uma grama ou mais de iodureto de potássio, enquanto outros nem sequer
suportam o cheiro do iodo. Para as intolerâncias, hipersensibilidades, idiossincrasias
alimentares ou medicamentosas, conseqüências da diferenciação do raio planetário a que está
sujeito cada ser humano, convencionou-se chamar de "Alergia", com significação
complementar ao que anteriormente se designava "Anafilaxia".
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O primitivo regime frugívoro não era imposto nem artificioso; era o natural enquanto
durava a eterna primavera, isto é, até que os cataclismos que fizeram submergir a Atlântida
inclinaram a posição do eixo da Terra, ocasionando os equinócios e solstícios, as quatro
estações climáticas do ano. O homem foi se afastando cada vez mais da natureza, adquiriu os
quatro temperamentos, sanguíneo, linfático, nervoso e bilioso, devendo adaptar-se a
diferentes lugares e climas, já sem as primeiras condições de vida paradisíaca, da remotíssima
era em que os Deuses conviviam com os Homens, do que a Mitologia e a Tradição nos
oferecem alguns vislumbres. Dos motivos dessa involução espiritual e conseqüente
degenerescência física temos tratado em outros lugares e não seria oportuno repeti-los aqui.
O regime alimentar é apenas um entre mil outros cuidados necessários para preservar
a higidez. A isso se relaciona a sentença atribuída ao Cristo: "Não é tanto o que entra pela
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boca, mas principalmente o que dela sai, que pode causar dano ao homem. À higiene física se
sobrepõe a mental. São causas de males físicos e ruína espiritual as palavras destrutivas, as
pragas, a maledicência, a mentira, a intriga, a calúnia, as blasfêmias, filhos dos maus
pensamentos. A boca é o santuário de nosso corpo, onde se acham implantados os trinta e
dois portais da sabedoria, representados pelos trinta e dois dentes. Santuário arquitetado para
bendizer e abençoar, para glorificar e louvar a Deus, para difundir a Verdade e propagar a
Fraternidade.
As três interrogações da esfinge - Quem és, de onde vens, para onde vais ? - se
reduzem a uma só, de acordo com a Lei Cíclico-espiritual que rege todos os fenômenos da
natureza e que mais se evidenciam nas orbitas dos astros, permitindo que na curva
ascendente se reproduzam os fenômenos verificados na metade descendente, como se as
duas curvas fossem ramos da grande parábola da vida e, entre si, se mantivessem em perfeita
simetria: tal como simétrico pelas sístoles e diástoles ou pelos estados radiante e latente, e
tudo quanto nos cerca.
biológica do mundo em que habitam, isto é, devem ter, como o próprio planeta, seu periélio e
seu afélio. O trajeto percorrido pela Mônada, do periélio ao afélio, se chama, em Ocultismo,
encarnação ou queda; e a volta cíclica do afélio ao periélio, desencarnação, ressurreição ou
volta à celeste morada solar de onde partira.
A órbita percorrida pela Mônada humana entre duas encarnações é, porém, mais
excêntrica do que a da própria Terra, porque, a semelhança dos cometas planetários, por ser
um verdadeiro cometa psíquico, quando seu afélio se encontra na órbita terrestre sua elipse
corta, em muitos casos, as órbitas de Vênus e de Mercúrio, e seu periélio está situado entre o
Sol e este último planeta.
Daí a importância astrológica que o Ocultismo confere aos dois referidos planetas, que
a bem dizer se completam em perfeito androginismo, principalmente ao segundo, acerca do
qual H. P. Blavatsky assim se expressa em sua obra "A Doutrina Secreta", livro V:
"Mercúrio, como planeta, é muito mais misterioso e oculto do que Vênus e idêntico ao
Mitra Masdeísta, o Gênio ou Deus estabelecido, segundo Pausanias, entre o Sol e a Lua (Ele
por si só integra estes dois planetas e mais a Terra ou os quatro elementos, na razão simbólica
de companheiro perpétuo do Sol da Sabedoria e em comum altar com Júpiter. Possuía asas
para expressar que assistia ao Sol em seu percurso, e era chamado e Núcio e o Lobo do Sol,
solaris luminis particeps. Por tudo isso, era ao mesmo tempo chefe e evocador das Almas, o
grande Mago e Hierofante".
Virgílio descreve-o tomando sua vara para evocar as almas precipitadas no Orco: Tum
Virgem capit, hae animas ille evocat Orco. É o áureo das teogonias, cujo nome os hierofantes
não permitiam se pronunciassem. Digamos entre parênteses que, esclarecendo as dúvidas
criadas por alguns autores, sempre ensinamos ser amarelo-ouro a sua cor, bem como a da
pedra correspondente.
O imperador Juliano orava ao Sol Oculto, por intercessão de Mercúrio, pois, como diz
Vossius (Idolatria, II, 373), todos os teólogos asseguram que Mercúrio e o Sol são uma e a
mesma coisa.
Sol oculto, sol espiritual, assim o temos denominado. Mercúrio é o mais eloqüente e
sábio dos Deuses, e que não é para estranhar, pois se acha tão próximo da Sabedoria e da
Palavra do Deus Solar que com ele se confunde. Simbolizando o androginismo perfeito,
relaciona-se com a Hierarquia dos Makaras ou "Manus-Karas", justamente aqueles que deram
aos homens o mental e o sexo.
Não foi por outra razão que a genial Blavatsky afirmou, no começo de sua citada obra:
"Uma íntima correspondência astrológica ou vital existe entre os princípios humanos e os
respectivos planetas do sistema solar, visto que o Sol é o sétimo princípio do referido sistema e
do homem".
interdependência existente, quer entre os seres que habitam a Terra, quer entre os universos
que povoam o Infinito.
Cada alma tem, no atual estado evolutivo, seu correspondente ciclo de encarnações e
nele uma excentricidade maior ou menor, segundo o grau de sua espiritualidade. São Paulo,
como iniciado que era, aludiu a esse fenômeno, ao dizer na sua primeira Epístola aos Coríntos,
que há uma alma espiritual e outra material, e que ao morrermos todos resuscitaremos,
porém nem todos seremos mudados; o que equivale dizer que, conquanto todos devemos
fatalmente deixar a Terra, nem todos estaremos aptos a mudar de lugar planetário.
O insigne teósofo Roso de Luna, assim descreve as órbitas psíquicas da alma: "As
vulgares, em suas duas classes principais permanecerão séculos e séculos prisioneiras entre a
Lua e a Terra, no chamado cone sombrio da Lua. As mais elevadas, ao morrerem, serão
libertadas ou mudadas deste par conjugado de astros, ou melhor, levadas em seu periélio
psíquico à regiões mais excelsas de Vênus e de Mercúrio. As perversas, enfim, possuem na
órbita terrestre, não seu afélio, como as outras mas seu periélio, onde tão miserável estado,
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como o representado pela vida no vale profundo e escuro, de solitário e tristonho pranto,
segundo as palavras do místico Frei Luiz de Lião, seja para elas e para a sua melancólica psiquis
um verdadeiro céu, dentro da realidade de todas as coisas do Universo, exatamente como na
vida dos homens decaídos, as casas de jogo, as tavernas, ou lupanares e tantos outros
infernais lugares significam para suas almas verdadeiros paraísos".
Tal Ser, o Planetário dirigente do Globo, deve portanto viver no interior de seu corpo
físico, no seio da Terra, pouco importa como ou porque; e deve receber o auxílio tulkuístico de
seus irmãos dirigentes dos outros seis globos, sem necessidade de se afastarem dos
respectivos governos espirituais. Se assim não fosse, como se poderia conceber o desenrolar
de sete raças-mães e respectivas sub-raças, desenvolvendo cada uma delas determinado
estado de consciência ? Cada raça-mãe se acha, pois, sob o influxo ou direção de Sete Raios
diferentes, que são os mesmos Dhyans-Chohans.
De público, não se deve ir além sobre o assunto, que por isso mesmo deixou de ser
tratado também pelo ínclito Roso de Luna. Daí termos recorrido à irreverente comparação da
página anterior. Por mais evoluída e sublime que seja uma alma, jamais poderá ser comparada
à do Cristo ou à do Buda. Com razão disse este que seu espírito continuaria no âmbito da
Terra. Quanto às suas "vestes", como ensinou H.P.Blavatsky, serviram para Shânkara-Chária e
outros mais, vale dizer, para várias de suas tulkuísticas manifestações.
"Esses três corpos são os três invólucros, todos mais ou menos físicos (donde a
possibilidade de Gautama se desfazer de qualquer deles, depois de deixar o Mundo, em favor
de outro ser, como citado Shankaracharia), que se acha a disposição dos Adeptos que
franquearam ou atravessaram as seis Paramitas ou caminhos do Buda. Alcançada a sétima
(preferimos fala de uma oitava), nenhum deles pode mais voltar à Terra".
39. OS AVATARAS
Podemos afirmar que o Buda não foi um dos Avataras comuns, isto é, dos que
figuraram na série dos dez, o último dos quais é o Kalkiavatara, o Cavaleiro do cavalo branco,
de que tratamos em nosso livro "O Verdadeiro Caminho da Iniciação". A brilhante autora de "A
Doutrina Secreta", embora não pudesse aprofundar a questão deixou transparecer que a
manifestação de Gautama, o Buda, não era apenas dessa natureza. Falando dos Avataras,
assim se expressou ela:
"É claro que os primeiros padres da Igreja, positivamente pagãos, haviam se ocupado
dos segredos dos templos, inclusive do mistério avatárico ou o messiânico, procurando
adaptá-lo ao nascimento do Messias. Mesmo assim, iludiram-se a si próprios porque esses
números cíclicos de que se serviram referem-se ao fim das raças-mães e não a este ou aquele
indivíduo propriamente dito. Seus esforços mal dirigidos provocaram também um erro de
cinco anos. Seria possível, diante do que eles afirmavam acerca de um assunto de tal
importância e tão universalmente conhecido, que erro tão grave fosse praticado em uma
computação cronológica de antemão organizada e inscrita nos céus pelo dedo de Deus ? Por
sua vez, que fariam os iniciados pagãos e judeus se tal afirmativa sobre Jesus fosse correta ?
Poderiam eles, como guardiões da chave dos ciclos secretos dos Avataras; eles, os herdeiros de
toda a sabedoria dos Árias, dos egípcios e dos caldeus, deixar de reconhecer seu grande Deus
encarnado como o próprio Jeová, seu Salvador dos últimos dias; Ele, que todas as nações da
Ásia esperam, ainda, como seu Kalkiavatara, Maitréia-Buda, Messias, etc. ?
"Existem ciclos menores contidos em outros maiores, dentro do único Kalpa de quatro
milhões trezentos e vinte mil anos. É no fim desse grande ciclo que se espera o Avatara Kalki,
cujo nome e características permanecem secretos. Virá de Shamballah, a cidade dos Deuses,
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que se acha a Oeste para certos povos, a Este para outros e, para alguns ainda ao Norte e ao
Sul. Por isso, a começar pelo Rishi Indiano, até Virgílio, ou por Zoroastro até a última Sibila,
desde o começo da quinta raça, todos profetizaram, cantaram e auguraram a volta cíclica da
Virgem (Virgo, a constelação, e não a mulher, a mãe), e o nascimento de uma criança divina,
que faria renascer a Idade de Oiro sobre a Terra.
"Nenhum homem, por mais fanático que seja, será capaz de afirmar que a Era cristã
tivesse jamais constituído semelhante Idade. Além de outras razões, que não vem ao caso
apontar, teríamos a de não ter parecido o sinal celeste prometido, ou seja, o de Virgo na
Balança".
Quanto a relação esperada para aquela época, dispensa qualquer argumento para
demonstrar não ter sido Jesus o redentor final da Humanidade, a espantosa confusão em que
se encontra este mundo, no qual os homens continuam a odiar-se e a matar-se, ignorantes,
indiferentes ou esquecidos dos divinos ensinamentos e do trágico sacrifício daquele luminoso
ser.
Ele, como tantos outros, aparecendo nos ciclos menores dentro do maior, represente
uma fração, ou um tulku da forma total do Kalki-Avatara que, na sua missão de verdadeiro
Salvador do mundo, só aparecerá no fim de cada Yuga, como pela boca de Krishna, prometeu a
seu discípulo Arjuna: Para salvação dos bons e destruição dos maus, Ele surgirá entre os
homens no fim de cada Ronda de que foi o Dirigente, no seu papel de Manú-Colheita,
justamente para levar aos céus todos os esforços realizados desde o momento em se que
apresentou para a missão de Manú-semente, no início da Ronda (Bhagavad Gitâ).
Entre as interessantes perguntas que os discípulos nos tem apresentado acerca da Lei
de Causa e Efeito, apontamos esta: O sentenciado cumpre na prisão a pena do crime
cometido, alivia seu Karma ?
Para despertar estes estados de consciência é que deveriam existir em maior número
as penitenciárias-modelo, com escolas e educandários, onde os prisioneiros pudessem
trabalhar, produzir e aprender em cursos adequados, às suas condições, como seres humanos
recuperáveis e dignos de melhor sorte.
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"A Alma humana é superior a tudo quanto se possa imaginar e mais sábia que
qualquer de suas obras". (Emerson)
Tal acontecerá, com a marcha do tempo, a essas coisas do céu, para onde se elevam os
justos ao deixar a Terra, como predisse o clarividente Claude Bernard, ao dizer que o religioso,
o filósofo, o artista e o cientista acabariam por falar uma só linguagem, idêntica a astrológica,
da há muito adotada pelos gênios ou Jinas, por ser de fato, a verdadeira linguagem universal.
Foi nela que Beethoven escreveu sua décima sinfonia, intitulada "Ressurreição", que o mundo
não conhece.
Ressurreição em planos celestiais, sim, bem o merecia aquele gênio da música, em sua
época desprezado pela surdez dos homens aos rogos divinos, mesmo quando divinamente
musicados ! E surdo ficou ele, como Kármica recompensa de seus melodiosos apelos ao
mundo da mentira e da ingratidão; pois que é destino dos homens superiores pregar em vão a
seus contemporâneos, no vasto deserto desta vida.
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Em cada sistema orgânico do grande Cosmo, o Sol em atividade ocupa um dos focos de
uma elipse, na qual se movem e giram os planetas desse mesmo Sol. O outro polo da elipse é
ocupado por um conglomerado de matérias em estado fluídico ou etérico; é o sol negro de
cada sistema, destinado a iluminar-se com seu novo grupo de planetas, atualmente também
etéricos, quando o sol branco de todo se extinguir. Desse modo, realiza-se em cada sistema o
equilíbrio perfeito que impede a ruptura do equilíbrio geral, a que aludimos no capítulo
anterior, por isso mesmo exigindo dos seres humanos, equilíbrio, que, uma vez atingido,
significa o resgate final de suas dívidas como habitantes da Terra.
46. OS CONTINENTES
Analogamente, cada planeta é formado por diversos continentes, que passam por seus
períodos de sono e atividade. E cada continente se origina de um planeta anterior. Razão
porque as escrituras tanto denominam de dwipa a um continente como a um globo, fato que
tem dado lugar a inúteis discussões entre teósofos e ocultistas, unicamente por
desconhecerem esse particular.
Seria pueril querer aplicar ao continente asiático, por exemplo as mesmas leis que
regem a América. Já o Sol nos aponta, à sua moda, que as leis, nesse caso, não sendo
diferentes, são no entanto sucessivas em sua aplicação.
A terra é, pois, constituída pela reunião no mesmo globo, de alguns continentes que
foram outrora satélites de outro Sol. Assim, do mesmo modo que um Sol negro se ilumina e
um Sol branco se extingue, na Terra um continente se torna solar e dirigente dos demais -
acontecendo isso atualmente com o americano, como se verifica pela destruição - e no
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hemisfério oposto outro continente desaparece ou se torna satélite do que lhe sucede. Foi em
obediência a essa lei que a Europa substituiu a Atlântida e este continente sucedeu a Lemúria.
A vida e o destino do nosso Globo, como astro do sistema solar, se acham estritamente
vinculados aos demais planetas e particularmente aos mais próximos. A Teosofia ensina que a
Terra, em sua vida planetária, constituí a quarta cadeia, em união com seis outras esferas
semelhantes que corresponderiam ao planeta desaparecido da órbita entre Marte e Júpiter, a
Marte, à Lua, a Vênus, a Mercúrio e finalmente a um planeta futuro.
48. A DUALIDADE
A Terra é a esposa, a alma gêmea da Lua, com a qual forma esse par sexuado que, em
sânscrito, se chama Soma. É lei geral, e não exceção, que tudo seja duplo; são duplos os sóis,
conjugados se apresentam os Deuses, os homens, os irracionais, as flores, as células, as
moléculas; do mesmo modo se apresentam os átomos com seus íons - pistilos de sua
planetária flor - e seus elétrons, verdadeiros estames que são planetas, protozoários, varonis
heróis.
É exatamente isso que, em linguagem velada é poética, ensina a Estância III do livro de
Dzian:
"A vibração subitamente se propaga, tocando, com sua asa rápida todo o Universo. É o
germe colocado nas trevas que sopram as águas, nas profundezas da Mãe. O raio atravessa,
rapidamente, o óvulo infecundo, ele concorre para que o Ovo Eterno se agite e faça cair o
germe não eterno, que se condensa no Ovo do Mundo.
"Então, os três se tornam quatro. A Essência radiosa torna-se sete para dentro e sete
para fora. O Ovo luminoso, que em si mesmo é Trino, coagula e se estende em fragmentos
brancos, como se fora leite nas profundezas da Mãe, enquanto a Raiz, por sua vez, cresce nas
profundezas do Oceano da Vida".
Encerraremos este capítulo com a transcrição de uma página extraída de um livro secreto, em
verdade inacessível.
"Ele tinge com a alvura apoteótica das suas auroras, a mais elevada camada
atmosférica, rasgando as sombras da noite e dando vida, mesmo ali, a seres hiperfísicos, por
isso, ainda, tingindo de violeta as primeiras nuvens distantes, lá para as bandas do Oriente...
"As nuvens se tornam, então, durante alguns instantes, como se fossem de oiro puro...
A seguir, essas mesmas nuvens se dissipam diante da amorosa carícia de seu calor fecundo... E
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o áureo raio vai incidir diretamente sobre a Terra, que ansiosa por ser fecundada, recebe-o
com infindáveis beijos, que a própria madrugada deposita sobre as folhas mais elevadas das
palmeiras, até a erva rasteira das planícies... O Homem que esse matinal beijo, por sua vez,
recebe.... de pés descalços, sente o poder vitalizante desse mesmo prana Solar, sob a carícia
do raio doirado, que lhe vem retemperar as forças perdidas de uma véspera sempre agitada,
repleta de temores e desilusões, como só acontece à humana vida...
"E assim, continua o raio a acalentar toda a Terra, à medida que se levante o dia,
saturando a atmosfera com a sua frescura, com as áureas cintilações de sua longa cabeleira.
Aura Solar dando vida à traquéia, aos brônquios e aos pulmões das plantas, dos animais, do
próprio homem...
"Excitada, também, a clorofila das partes verdes, verde-hemoglobina (de certo modo
rubro-verde), como o próprio sangue dos vegetais, iniciam, por sua vez, as reações redutoras
de aldeídos, que passam açucares, destes - como oiro respiratório nos organismos superiores,
de onde logo saem, por desdobramento, os prodigiosos álcoois, do catabolismo vegetal, que o
homem preferiu substituir pelos procedentes de fermentação vinícolas ou de funestas
destilações...
"O divino raio solar penetra, ainda, no seio do mar, dando vida a quantos seres nele
habitam, do mesmo modo que, no mais profundo da Terra, que embora opaca para seus raios
actínicos, no entanto, transparente para os raios infra e supra luminosos, que se lançam nos
abismos de suas entranhas..."
Aldous Huxley, escritor inglês, lido e admirado em todo o mundo, tornou-se mais
notável por suas auto-experiências com a mescalina, publicadas recentemente em seus livros
"As Portas da Percepção" e "Céu e Inferno" (Editora Civilização Brasileira, Rio). Defendendo a
tese de que a percepção e revelação, em seu sentido místico, podem constituir um só
fenômeno, e que a capacidade visionária se consegue também por meio de certos alcalóides,
do hipnotismo e da lâmpada estroboscópica, o autor quis comprová-lo por experiência
própria. Ingere determinadas doses de mescalina e, como nos desdobramentos ocultistas,
entra bruscamente no reino dos antípodas do mundo inconsciente. Esse outro mundo,
fascinante ou pavoroso, existe realmente e se nos manifesta segundo nosso estado de
consciência. Pode ter as características do Céu se lá chegarmos de coração puro e alma limpa:
pode causar-nos os horrores do Inferno se nos deixarmos dominar pelas emoções negativas:
temor, ódio, malícia, falsidade.
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"Vale a pena observar que muitos dos sofrimentos narrados nas várias descrições do
Inferno são castigos de pressão e constrição. Os pecadores de Dante eram enterrados na lama,
encerrados em troncos de árvores, aprisionados em blocos de gelo, esmagados entre rochas.
Seu "Inferno" é psicologicamente verdadeiro. Muitas de suas punições são experimentadas
pelos esquizofrênicos e os que tomam mescalina ou ácido lisérgico, sob condições
desfavoráveis.
"E o que é verdade para quem toma mescalina também é válido para os que tem
visões espontâneas ou sob a influência do hipnotismo. Foi com base nesse fundamento
psicológico que se ergueu a doutrina teológica da preservação da fé - doutrina com que nos
defrontamos em todas as grandes religiões do mundo. Os escatologistas sempre tiveram
dificuldade em conciliar seu racionalismo e sua moral com as realidades brutais da experiência
psicológica. Como racionalistas e moralistas, sentem que o bom comportamento deve ser
recompensado, e que o virtuoso merece subir ao Céu. Mas, como psicologistas, sabem
também que a virtude não é condição única, nem é suficiente, para uma experiência visionária
feliz. Sabem que as simples boas ações são impotentes, e que é a fé, ou a confiança no amor,
que assegura a bem-aventurança dessa experiência.
"O fariseu é um homem virtuoso; mas sua virtude é de uma espécie compatível com as
emoções negativas. Suas experiências visionárias tem pois, maiores probabilidades de serem
infernais que bem-aventuradas.
"A natureza da mente é tal que um pecador que se arrependa, e pratique um ato de fé
em um poder mais alto, tem maior probabilidade de encontrar a bem-aventurança, na
esperança visionária, do que um virtuoso de consciência tranqüila, mas que abrigue na mente
indignações, inquietações a respeito de bens e ambições materiais, hábitos arraigados de
reclamar, desprezar e condenar. Daí a enorme importância conferida, em todas as grandes
religiões, ao estado de espírito no momento da morte.
"Experiência visionária não é a mesma coisa que experiência mística. Esta se situa além
do reino do dualismo, enquanto que aquela permanece ainda dentro de sua esfera de ação. O
Céu está vinculado ao inferno, e "subir ao céu" não representa liberação maior do que a
descida ao horror. O Céu representa apenas a posição vantajosa, da qual o Sublime Princípio
poderá ser apreciado com maior clareza que ao nível da existência individual de todos os dias.
"Em vida, a própria experiência visionária venturosa tende para inverter suas
características, caso persista por um tempo muito longo. Muitos esquizofrênicos possuem seus
períodos de celestial bem-aventurança; mas o fato de não saberem eles (o que não acontece
com quem ingere mescalina) quando - se jamais - ser-lhes-á dado a volver à reconfortante
banalidade da existência normal, faz com que o próprio céu pareça aterrador. Mas para
aqueles que, seja qual for a razão, estiverem atemorizados, o céu se volve em inferno, a
ventura em horror, a Serena Luz, no odioso clarão da terra da iluminação.
"Algo de natureza semelhante pode suceder após a morte. Depois de ter sido
contemplado, de relance, o ofuscante esplendor da Realidade última e após ter vagado, de um
para outro lado, entre o Céu e o Inferno, a maioria das almas acabará por conseguir recolher-
se àquela região mais tranqüila da mente, onde lhe seja possível fazer uso dos seus e dos
alheios desejos, recordações e predileções, para construir um mundo bem semelhante ao que
teve na Terra.
"Apenas uma minoria infinitesimal dos que morrem consegue ligar-se imediatamente
ao Divino Princípio; uns poucos são capazes de suportar a bem aventurança visionária do Céu e
outros tantos vêem-se envoltos pelos horrores das visões do Inferno, ao qual não mais
conseguirão escapar. A grande maioria acabará no tipo de mundo descrito por Swedenborg e
pelos médiuns, e dele, é fora de dúvida, conseguirá passar, após preencher as condições
necessárias, para outros mundos de visionária bem aventurança ou para a Suprema Luz.
"Na minha opinião, tanto o espiritualismo como a tradição antiga estão certos. Há um
estudo póstumo, do tipo descrito por Sir Oliver Lodge, em seu livro "Raymond"; mas há
também um Céu de experiência visionária venturosa, da mesma forma que um Inferno de
natureza semelhante à da aterradora experiência visionária a que estão submetidos os
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esquizofrênicos e alguns dentre os que fazem uso de mescalina. Mas há ainda outra
experiência - esta, ímpar - a da união com o Sublime Princípio."
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO V
CAPÍTULO VI
49
CAPÍTULO VII
CAPÍTULO IV
A História da evolução humana, como a da própria Terra, não se resume aos períodos
da vida do nosso globo. Um comentário das Estâncias de Dzyan, citado por H.P. Blavatsky em
sua obra "A Doutrina Secreta" e por M. Roso de Luna em "O Simbolismo das Religiões do
Mundo", oferece-nos um ensinamento autenticamente ocultista, ao dizer que enquanto o
homem desenvolve neste mundo sua vida física, seu espírito habita as estrelas.
Com efeito, as mônadas, segundo afirma Plutarco, procedem do Sol, a estrela do nosso
sistema, e a ela voltam depois de cada reencarnação terrena, como se fossem verdadeiros
cometas; mas por força da lei serial da Analogia, reencarnam sucessivamente na Terra. Esta,
como ser vivo que é, possui seu Espírito Planetário, o qual, por sua vez, está subordinado a um
ciclo consideravelmente mais amplo de reencarnações. Este ciclo é expresso na doutrina
oriental das Cadeias, Globos, Rondas, Raças e Sub-raças, por unidades setenais de diferentes
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ordens, como diria um matemático. Razão por que a História da Terra e a origem das raças
permanecerão ignoradas pelos pesquisadores que não dispõem de outros subsídios e fontes
de consultas além dos ensinamentos exotéricos das religiões e das constatações da ciência
acadêmica.
O quarto globo, que é a Terra, já desenvolveu três Rondas ou ciclos completos de vida e,
portanto, de vidas terrenas, segundo a tradicional Doutrina do Oriente, e, ao iniciar sua quarta
ronda, a atual, já recebeu germes vitais de seu antecessor e vizinho planeta, a Lua, hoje
satélite. À frente de tais elementos, uma humanidade Celeste, a dos Pitris ou "Pais lunares",
desceu à "Ilha Sagrada" ou região do Pólo Norte da Terra (Pólo espiritual e não geográfico),
onde estabeleceu a sua morada em continente paradisíaco, denominado "Ilha Branca" em
diferentes teogonias.
Essa Ilha possuía clima tropical, e dela restam ainda inúmeros testemunhas geológicos.
Provavelmente, o eixo da Terra estivesse colocado em posição diferente da atual, ou, talvez, o
nosso globo apresentasse ao Sol sempre a mesma face, à semelhança do que se dá agora com
a Lua em relação ao nosso planeta. Seu centro de iluminação estaria no Polo Norte, seu eixo
de rotação coincidiria com o plano da eclíptica.
As sementes da vida lançadas nesse continente deram origem à primeira raça humana,
cujo estado de consciência era o átmico, relativo a Atmã, nosso sétimo princípio. Eram os
"filhos da Ioga", assim chamados por terem sido originados pelas projeções mentais dos Pítris
Lunares, da hierarquia dos Barishads, enquanto concentrados na meditação. Tais seres
resultaram das experiências de outras cadeias celestes, tendo sido denominados "auto-
gerados", por não descenderem de pais humanos.
iguais, mais tarde, em porções desiguais, produzindo descendentes menores, que cresciam
para dar origem, por sua vez, a novos rebentos.
Tais seres, que nada possuíam de humanos, não passavam de formas frustras (Bhutas,
como denomina a tradição oriental), filamentosos, sem sexo, quase protistas, emanadas do
corpo etérico de seus progenitores. Quase inconscientes, podiam manter a posição erecta,
andar, correr, e "voar", embora simples chayas ou sombras, desprovidas de sentidos, exceto
da audição, correspondendo às impressões do AR.
Não voavam propriamente, como se lê nos velhos livros; eram levados muitas vezes a
grandes distâncias pelas rajadas mais fortes do vento. Fora disso, arrastavam-se, moviam-se,
preguiçosamente, baloiçavam inertes a diferentes altitudes, ao sabor das correntes de ar,
assemelhando-se a estranhas figuras de aeróstatos semi-humanos ou de bonecos
imponderáveis, de variadas formas e tamanhos, alguns de estatura maior que a dos homens
atuais. Seus movimentos davam a impressão de aves recém saídas dos ovos, outros se
pareciam a curiosas plantas semoventes, flexíveis e ondulantes.
Dizem as primitivas escrituras do Oriente que o planeta governante foi o Sol, mas para
os iniciados poderíamos dizer que foi Urano.
A segunda raça foi criada sob a égide do planeta Júpiter. Correspondia francamente ao estado
de consciência intuicional ou Búdico, que é o que vibra no sexto princípio. Ao sentido da
audição, desenvolvido na primeira raça, juntava-se o tato, correspondendo aos impactos do
Fogo e do Ar. Para o pleno desenvolvimento de seus indivíduos, os espíritos da natureza,
também chamados elementais, construíram em torno dos chayas moléculas mais densas de
matéria, formando uma espécie de urdidura protetora, de maneira que o exterior (chaya) da
primeira raça tornava-se o interior da segunda, equivalente pois ao seu duplo etérico.
Dos germes abandonados pelos ares da segunda raça, aos quais não se podia ainda considerar
como pertencentes a espécie humana, foram desenvolvendo-se gradualmente os primeiros
mamíferos. Os animais da escala zoológica inferior a estes, iam paralelamente sendo
constituídos pelos elementos ou espíritos da natureza, utilizando-se dos tipos elaborados
durante a terceira ronda.
Nasceram os primeiros seres da terceira raça sob a égide do planeta Vênus, a cuja influência se
devem, desde aquela remotíssima era, os biótipos hermafroditas. O estado de consciência
dessa raça correspondia ao de Atmã-Budi-Manas, desde que aos sétimo e sexto princípios das
duas raças anteriores (crístico e intuicional), veio juntar-se o quinto, relacionado ao mental
superior, incorporando-se a Tríade sagrada do primeiro autêntico homem.
"Assim como os homens da primeira raça foram exaltados e dirigidos por Pais ou
Mestres Lunares (Pitris Barishads); os da segunda, por seres ainda mais elevados, os Pitris
Solares (os luminosos Agniswattas); os da terceira o foram pelos Pitris Makaras, Manus
(Manus-kara ou ainda Kumaras). Estes sacrificaram-se oferecendo-nos a Mente, o Fogo Divino
do Pensamento, caindo entre nós, aceitaram nossas limitações físicas, inclusive as de nosso
cárcere ou corpo carnal (donde a mitológica expressão "Prometeu acorrentado ao Cáucaso),
mundo inferior ou infernal, que as religiões pregam até hoje como "A Queda dos Anjos", se
bem que desvirtuando lamentavelmente seu verdadeiro sentido. Sim, desse mesmo modo
acontece à humanidade, segundo a lei teosófica da analogia, ou seja, que o homem é criado e
alimentado fisicamente no lugar de seu nascimento pelos pais físicos (primeiro período ou
raça); depois, na escola, pelos pais morais, a que chamamos de professores e mestres
(segunda raça ou período); enfim, quando alcançamos o final da instrução, aptos a cumprir
nossa missão no mundo social (terceiro período ou raça), tomamos por Norte ou rumo
(espiritual farol), a um verdadeiro Guru, guia supremo ideal que, por suas obras e exemplos,
mesmo quando distante de nós há muitos séculos e de acordo com o esforço próprio, segundo
as leis do Ocultismo, não só nos guia, mas ainda, pela renúncia e abnegação, oferece-nos sua
própria Mente, como prova, na maioria dos casos, passar seu estilo ao discípulo, constituindo,
portanto, as características das escolas filosóficas, religiosas, artísticas e científicas.
"Uma vez de posse desses preciosos graus evolutivos, o aprendiz, discípulo ou chela
adquire consciente responsabilidade, como a tiveram os homens da terceira raça, os primeiros
que possuíram a Mente e o Sexo, os dois principais fatores da vida humana, aquela para as
criações mentais e este para a reprodução da espécie".
A separação dos sexos se deu na terceira raça, sob o domínio de Marte (Lohitanga), cuja
característica é Kama, natureza passional ou psíquica e por isso os seres eram quase
totalmente desprovidos de mental. Daí a chamada "Queda no Sexo", a qual só poderia ocorrer
nessa raça, de vez que nas anteriores não havia dualidade sexual. Assim, a tríade superior,
representada pelo mental ou intelecto, tem por antagônica ou oposta a tríade inferior, na
própria conformação anatômica da região pubiana ou sexual.
O exame ginecológico dos órgãos genitais da mulher mostra que seu aspecto interno
corresponde ao aspecto exterior dos órgãos masculinos. Marañon, o grande endocrinólogo
espanhol, dizia que o homem e a mulher apresentam externamente seu sexo e, internamente,
o oposto. O mental e o sexo foram dados ao mesmo tempo ao homem, justamente quando
sua evolução alcançou a primeira etapa da responsabilidade perante a Lei. Daí a necessidade
de manifestar-se imediatamente na face da Terra a Grande Hierarquia Oculta, de que falamos
no capítulo anterior, constituída de seres evoluídos, com a missão de guiar a humanidade
nascente, que carecia de especiais cuidados, como os recém-nascidos e as crianças os devem
receber de seus genitores.
Quando esse mental chegar a tornar-se tão puro quanto o de sua origem (mundo
superior ou divino) desaparecerá o sexo, pois o mesmo andrógino do começo se manifestará
consciente, iluminado ou equilibrado, Uno com o Pai.
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Selvagens em aparência, não possuíam qualquer dom intuitivo. Obedeciam apenas, e sem
menor esforço, a todos os impulsos dos Reis Divinos, sob cujas ordens construíram grandes
cidades, enormes templos com imagens colossais, de que ainda hoje se encontram destroços
nas escavações da Ilhas Palenque e de Páscoa (1), além das ruínas que os sucessivos
cataclismos fizeram submergir nas profundezas dos mares.
evangélica: o filho pródigo regressa à Casa paterna, filho que se arrepende e se regenera ou
renasce na vida eterna.
O período de ascensão começou com a quinta raça-mãe, chamada ária ou ariana por
se relacionar com o ciclo de Áries, o carneiro, durante a qual está se desenvolvendo Manas, o
princípio mental; para, na sexta, desenvolver-se a plena intuição, razão iluminada ou princípio
Búdico, em que tudo será visto e entendido simultaneamente; e, na sétima raça, atingir-se-á
finalmente a perfeição e o conhecimento do sétimo princípio inerente a Atmã, longínqua era
futura, em que a Mônada - após ter evoluído em cada um dos sete estados de consciência -
vivenciará a Superação pela conquista integral da consciência divina ou, por outras palavras,
pela sua perfeita identificação na Unidade de onde procede.
desde aquela era, a Hierarquia Oculta que, em plena Aryavartha toma o nome de Sudha
Dharma Mandalam, com o sentido de Irmãos da Pureza, Grande Fraternidade Branca,
Confraria dos Bhante-Yaul.
As famílias não contaminadas pelo vírus da luxúria foram se retirando para o norte; os
corrompidos emigraram para o sul, na razão das raças de Caim e Abel, de errônea
interpretação no Velho Testamento. Mal interpretados tem sido também os termos simbólicos
de três ramos raciais: Sem, Cam, Jafé ou sejam, a raça semita ou amarela, para Sem; a negra
para Cam (Caim ou mesmo Kam, Kama, do sânscrito, significando paixão, princípios inferiores
donde a religião camanista ou dos shamamos, do deserto de Góbi, que logo caiu em
decadência passou a chamar-se camanismo); a branca, para Jafé. Em outras palavras, asiática,
africana e européia, expressas nos três reis magos da Bíblia, como uma entre as sete chaves
interpretativas que possuem os símbolos ou coisas veladas.
Quanto aos povos de leste e oeste, decaíram ainda mais, a ponto de se conjugarem a
grosseiros elementais, ou rackshasas negros, que foram causadores da queda da raça atlante,
como se verá mais tarde. Adoravam a matéria, praticavam a magia negra, servindo-se dos
raios lunares , cuja cor violeta é nociva ao duplo etérico; praticavam grande número de
assassinatos, inclusive de mulheres grávidas para lhes extraírem do ventre os fetos, que
devoravam animalescamente. Não admira, pois, que os canibais, vergônteas da raça
lemuriana, devorem as esposas consideradas imprestáveis.
Das últimas sub-raças da Lemúria originou-se a quarta raça-raiz que, como o seu "hábitat",
recebeu o nome de atlante. Teve início acerca de oito milhões de anos, na segunda metade da
era secundária. O Manú da quarta raça escolheu entre os remanescentes da terceira, aqueles
mais desenvolvidos, moral e espiritualmente, constituindo uma elite e os conduziu para o
norte, a fim de reuní-los e desenvolvê-los numa região, a que se deu o nome de Terra Sagrada.
Essa, em síntese, a verdadeira interpretação de passagem bíblica que fala de Noé (2) e
da barca da salvação, de seu intuito manúsico de selecionar e abrigar o povo eleito, de salvá-lo
do dilúvio universal em sua grande arca (ou Agarta). Chegados os tempos, o Manú desceu com
seu povo para as regiões setentrionais da Ásia, salvas dos grandes cataclismos lemurianos,
passando a ocupar o continente Atlante, onde iria desenvolver-se a nova raça.
Não podemos hoje, quando nos referimos às ruínas ciclópicas da raça lemuriana,
deixar de citar o livro de Thor Heyerdahl - "AKU-AKU, O SEGREDO DA ILHA DE PÁSCOA"
(Edições Melhoramentos, S. Paulo). Os achados arqueológicos recentes vieram esclarecer os
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Transcreveremos aqui, para satisfação de nossos leitores que não possuem o citado
livro, um comentário de seus editores:
"Quando Thor Heyerdahl voltou às ilhas dos mares do sul, oito anos após a aventurosa
viagem da jangada Kon Tiki, a sua meta foi a ilha da Páscoa, a ilha das misteriosas estátuas
gigantescas que confundem os cientistas do mundo. A ilha é a morada mais solitária. Naquela
época seu único contato com a civilização era feito por um navio do Chile que lhe fazia breve
visita uma vez por ano. Mas os nativos tiveram notícias de Kon Tiki.
"Heyerdahl foi alvo de recepção sem precedentes, quando armou suas tendas no
antigo sítio do lendário Rei Hotu Matua e deu início às primeiras escavações. Os habitantes
logo começaram a atribuír-lhe poderes supernaturais. Aquele homem que devolvia à luz do dia
estátuas descomunais e esculturas estranhas, de que ninguém jamais tivera notícias, deveria
ser um dos antepassados lemurianos que regressava para junto deles.
"Com o transcorrer dos meses, os vínculos que ligavam o "Sr Kon-Tiki" aos nativos se
fizeram íntimos. Os nativos admitiram que ele possuísse um aku-aku poderoso, espécie de
espírito protetor de uso privado, que o ajudava em tudo quanto ele empreendia. Eles, então, o
iniciaram nas suas tradições mais secretas. Revelaram-lhe como seus ancestrais, sem disporem
de qualquer equipamento além do tronco de árvore e pedras, foram capazes de esculpir e
levantar aqueles colossos de granito de forma humana, de dez a catorze metros de altura e
pesando até setenta toneladas. Thor Heyerdahl foi o primeiro europeu a ser admitido pelos
insulares em suas cavernas subterrâneas e secretas, cheias de tesouros artísticos de valor
inestimável, bem como de relíquias apavorantes.
"Essa expedição a um Mundo subterrâneo, que quase lhe custou a vida, lançou nova
luz sobre a cultura e as idéias religiosas dos habitantes da Ilha da Páscoa".
(2) O nome de Noé, lido anagramaticamente dá o termo grego Eon, que, por
causalidade, significa a manifestação de Deus na Terra.
CAPÍTULO V
A raça atlante foi governada por Lua e Saturno, isto é, desenvolveu-se sob a égide
desses planetas, que davam o espírito deífico e equilibrante aos seus representantes, mas
também a facilidade de entrar em decadência quando havia qualquer vacilação por parte dos
chamados deuses que a dirigiam. Uma espécie de balança em fiel, mas se a concha se
depositava o mal descambasse com o peso de Kama ou Tamas, tudo estaria perdido. Foi, de
fato, o que sucedeu por terem prevalecido os instintos grosseiros da raça anterior.
transformaram em duas ilhas que, por sua vez, foram tragadas pelas águas há perto de
duzentos e cinquenta mil anos. Depois disso só restava em pleno oceano a ilha de Posseidon,
que alguns historiadores supõem ter sido todo o continente da Atlântida. Finalmente, também
essa ilha veio a submergir em conseqüência de um maremoto vulcânico, numa data que a
cronologia esotérica estima em nove mil quinhentos e sessenta e quatro anos antes da era
cristã. (2).
Na raça atlante o veículo físico adquiriu o máximo da densidade, uma vez que ela atingiu o
clímax no caminho da descida (pravriti-marga). O mental desenvolvia-se lentamente, pois a
característica era o veículo kamásico, onde a consciência se focava. Sobre o terceiro olho, diz a
Doutrina Secreta:
"Quando a quarta raça chegou à metade de sua carreira, a visão interna teve que ser
despertada e adquiriu por estímulos artificiais, cujos procedimentos eram conhecidos pelos
antigos sábios. O terceiro olho involuiu e desapareceu gradualmente, internando-se no centro
do cérebro (onde viria a transformar-se em glândula pineal). Os seres de uma só face se
converteram em homens de dois olhos e dupla face".
A influência negativa dos planetas regentes, Lua e Saturno, contribuiu para que se
generalizasse a prática da magia negra, mormente por meio do hipnotismo. A linguagem era
aglutinante na terceira, quarta e quinta sub-raça, a mais antiga forma de linguagem dos
rackshasas; com o correr do tempo se tornou inflexiva, assim passando para a raça ária.
78. SUB-RAÇAS
Como as demais raças raízes, a atlante desenvolveu sete sub-raças, a saber: 1a.) os
romoals, povos pastores que imigraram sob a direção dos reis divinos; 2a.) os tlavatli, de cor
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amarela, pacíficos habitantes da América; 3a.) os toltecas, belos, de cor avermelhada, estatura
elevada, constituíram poderosa civilização, embora fossem essencialmente guerreiros; deram
origem aos maias e astecas; 4a.) os turânios, raça guerreira e brutal, designados nos antigos
documentos Hindus sob o nome de rackshasas; 5a.) os semitas, povo turbulento e obstinado,
que deu origem aos Hebreus; 6a.) os acádicos, migradores, espalharam-se pela bacia do
Mediterrâneo; deles se originaram os pelasgos, os etruscos, os cartagineses, os citas; e 7a.) os
mongóis, nascidos dos turânios, difundiram-se sobretudo pelo norte da Ásia.
A primeira luta travada na Terra, entre solares e lunares, adeptos da esquerda contra os da
direita, ocorreu na Atlântida em tempos imemoriais, da qual o poema épico de Valmiki é uma
alegoria. O Ramayana, como diz seu próprio nome, descreve as aventuras de Rama, o primeiro
rei divino dos primitivos ários, desterrado de Ayodhyâ, o país dos Deuses, equivalente a
Agartha, Atalântida ou aptalântida. Trata-se do mais antigo dos poemas épicos sânscritos, ao
qual só se podem comparar o Mahabhârata e a Ilíada. Ravana, o grande opositor de Rama, é a
personificação simbólica dos lunares da quarta raça.
O choque entre os Agniswattas e os Barishads, por causa das maldosas insinuações dos
Rackshasas, inimigos dos Deuses, redundou na terrível batalha entre o Bem e o Mal, isto é,
entre a Magia Branca e a Negra, que era a luta pela supremacia das forças divinas sobre os
poderes terrenos; era o combate encarniçado movido pelas deidades da Lua, governadoras
dos povos atlantes, contra os seres solares que, como doadores do mental, deviam dirigir os
povos ários da quinta raça mãe.
Tais guerras, em verdade, tiveram suas origens nos próprios céus, da divina luta entre
o Anjo da espada e o Anjo da luz; foi da derrota deste e de suas hostes que o acompanharam
na sacrílega rebeldia, que a tradição passou para as bíblicas escrituras como a lenda da "queda
dos anjos". Todavia, as interpretações da Igreja, como as de Milton, no seu "Paraíso Perdido",
estão muito longe de corresponder à verdade.
Nessa guerra, dizem certos fragmentos alegóricos, o Deus Soma (Lua), o de áurea cor, à
semelhança de Páris, arrebata a esposa de Brihaspati, qual uma Helena do reino sideral dos
Hindus, ocasionando a guerra entre Deuses e Assuras. O rei Soma alia-se a Ushanas (Vênus), o
chefe dos Davanas, enquanto os Deuses são dirigidos por Indra e Rudra. Aquele auxilia
também a Brihaspati, que havia sido seu Mestre. Durante a luta, os Maruts (3) gênios da
tempestade, desertam, abandonando as forças do esposo de Tara e seus aliados.
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Com esses mesmos fatos se relaciona a lenda bíblica acerca de HERODES, segundo a qual, a
rogo de sua filha Salomé e por insinuação de Herodíades, João Batista foi preso e degolado.
Uma representação simbólica do aparecimento da raça Ária, portadora do mental que ela
devia desenvolver e da luta que lhe impuseram os Rackshasas, que não queriam seu
florescimento. Assim, cortava-se a cabeça (portadora do mental) de quem naquele tempo
fosse o arauto da "boa nova", o divulgador de auspiciosas transformações na mentalidade dos
homens. Deve-se observar, no sentido transcendente, que dos homens de João, HERODES e
Salomé, se formou a prodigiosa sigla JHS, também relacionada aos planetas Júpiter, Hermés
(Mercúrio) e Saturno, que as escolas espiritualistas e a própria Igreja divulgam com
interpretação completamente diversa da verdadeira.
Há cerca de um milhão de anos, o Manú Vaisvávata selecionou na sub-raça semita, quinta sub-
raça atlante, as sementes que deviam constituir a quinta raça-mãe, conduzindo-as à Terra
imperecível. Segundo a cronologia esotérica, há 850.000 anos, uma primeira emigração
atravessou as cordilheiras do Himalaia, espalhando-se pelo norte da Índia.
A quarta sub-raça, dita céltica, povoou a Grécia, a Itália, a França, a Irlanda e a Escócia.
Distinguiu-se no culto das artes, apanágio de nossa civilização. Foi conduzida pelo Manú Orfeu,
que alguns consideram um ser mítico, o que não admira, se outros, ainda hoje, negam
Shakespeare.
Saber-se que essa raça Ária é dirigida por Buda Mercúrio, precisamente porque o
principal objetivo é o desenvolvimento da mente. Visto que o estado de consciência acima de
Manas, teosoficamente falando, é Budhi, correspondente à intuição ou razão iluminada, outro
não poderia ser seu dirigente ou guia senão o que lhe está imediatamente acima. Com isso
também se relaciona o fato de conspícuos membros da Excelsa Fraternidade Branca
considerarem que Gautama, o Buda, foi o Ser de mais alta hierarquia manifestado no mundo.
Aos quatro sentidos da quarta raça veio, na quinta, juntar-se o olfato, como quinto
sentido para os representantes da quinta raça mãe, na razão também dos cinco continentes,
cinco dedos, quinto princípio (Manas), do astro pentagonal e de outras coisas mais.
SUB-RAÇAS ÁRIAS
A primeira sub-raça Ária povoou, como se disse, o Norte da Índia. Sua religião era o
hinduísmo primitivo, regido pelo Código do Manú, pela lei das castas, fonte de preconceitos
que até hoje perturbam a vida social daquele país.
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(1) - A Sociedade Brasileira de Eubiose tem pesquisado certas regiões chamadas Jinas, entre as
quais, a de S. Tomé das Letras, no Sul de Minas, onde se encontram inscrições rupestres ainda
por decifrar; a de Vila Velha, no Paraná; a Serra do Roncador, em Mato Grosso; a Ilha de
Itaparica, na Bahia; a Pedra da Gávea, na Guanabara, cujas inscrições foram decifradas por
Bernardo A. da Silva Ramos, e publicadas em sua obra "Inscrições e Tradições da América Pré-
Histórica, especialmente do Brasil".
(2) - As catástrofes atlantes teriam dado causa a uma inclinação de 23 graus no eixo do Globo,
segundo cálculos aproximativos.
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(3) - Deste vocábulo deriva a palavra japonesa Maru, com o significado de força, vapor.
Maruths, Marus, Tachus-marus, são outrossim, expressões que designam seres de alta
hierarquia, que, no meio da Terra, montam guarda aos vinte e dois templos sagrados de
Agartha.
CAPÍTULO VI
Depois das catástrofes que fizeram submergir grandes áreas da Atlântida, processou-se
lentamente o caldeamento de ramos e famílias de suas últimas sub-raças, consoante o
fenômeno cíclico da descida das mônadas pelo itinerário de IO, a fim de que pudessem
constituir no devido tempo as duas derradeiras sub-raças do ciclo ariano que deveriam
desenvolver-se, como se disse, uma ao norte e outra ao sul do continente americano. Daquele
caldeamento destacou-se o ramo chamado sohane, do qual brotou o chichêmeca, gerando-se
depois vários outros, como o tolteca, o nahuatl, o quíchua, o tsental.
Os toltecas, ramo de uma família étnica e lingüística muito extensa; os nahoas, não se
reconheciam, segundo suas próprias tradições, como autóctones. Diziam ter vindo de um
outro país bastante povoado, situado a noroeste do México, e só se terem estabelecido no
centro de Anahuac, após longas vicissitudes. Alcançaram elevado grau de civilização,
mormente na arquitetura. O mesmo termo "tolteca" acabou por significar construtor.
Guerreiros e construtores eram, por sua vez, chamados de turânios, quarta sub-raça atlante.
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Curioso notar que os toltecas construíam suas cidades por cima de infindáveis galerias
subterrâneas. E até hoje, pela deficiência dos métodos de investigação, os arqueólogos não
puderam atinar com a razão de ser das "infindáveis galerias subterrâneas"
P. Odinot, em seu trabalho "O mistério dos Incas", escreve entre outras coisas o
seguinte:
"Uma das páginas mais dolorosas da história é a conquista do Peru pelos espanhóis.
Pizarro, o Conquistador, a exemplo do que já fizera Cortez, no México, atirou-se com seus
soldados sobre o grande Império dos Incas, dele se apoderando. A extraordinária façanha
ocorreu no ano de 1532, num século em que qualquer descoberta de terras no Novo Mundo
inflamava o ânimo dos Europeus, atraindo-os para viagens e expedições as mais audaciosas.
"Por mais trágico que possa parecer o aniquilamento dessa poderosa e bem
organizada civilização, o progresso empregado pelos conquistadores faz-nos lembrar o que ela
mesmo utilizou para firmar seus próprios alicerces na face da Terra.
"O Império dos Incas não datava de longos séculos. Sua fundação foi feita pelas armas
e os seus invasores tinham subjugado uma civilização que atingira nível igual ou talvez superior
ao seu.
"Na realidade, uma civilização multissecular tinha existido naquela parte da América,
antes da chegada dos Incas, embora sua História, até hoje desconhecida, só permitia vagas
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suposições por parte dos cientistas hodiernos. Porém outros seres existem, conhecedores de
uma História mais profunda e consentânea com os reais princípios da Evolução humana, mas
que só se manifestam através de reduzido número de discípulos, chamemo-los assim, que aos
poucos vão oferecendo ao mundo aquilo que não possa transpor o limite máximo dessa
mesma evolução.
"O pouco que a ciência oficial conhece a respeito da referida civilização acha-se
representado pelas ruínas de suas cidades, cujas construções exigiam grandes conhecimentos
arquitetônicos e mecânicos e pelas vasilhas finamente trabalhadas, entre as quais alguns
exemplares que fazem supor não faltar àquelas antiqüíssimas populações um delicado espírito
artístico.
"Que povo era aquele, anterior aos Incas, construtor de semelhante império no Novo
Mundo ? De onde teria vindo para realizar semelhante fenômeno cíclico, se tudo na vida está
regulado por uma série de leis que a mesma ciência desconhece ?
"Para que se possa ter uma idéia do que é o Peru atual, torna-se necessária a
apresentação de fatores que passaram despercebidos. Julga ela que aquele povo guerreiro e
empreendedor se originou dos aymaras, cujo hábitat era o planalto dos Andes, ao tempo em
que os quíchuas, seus irmãos, se achavam estabelecidos nos vales situados mais a nordeste.
Pensam os historiadores que essas duas grandes estirpes pré-colombianas foram do mesmo
sangue, pelo simples fato de ser idêntica a linguagem, não havendo entre uma e outra maior
diferença que a existente entre dois dialetos do mesmo tronco.
"A verdade é que, avançando cada vez mais, os Incas foram subjugando povo a povo,
construindo assim os fundamentos do seu vasto Império. Merece particular destaque o fato de
que, sendo esse povo de origem guerreira (1) conseguiu formar uma civilização digna de
constituir um dos maiores títulos de glória de uma estirpe aborígene da América. Seus
engenheiros eram capazes de construir através das montanhas, galerias que, segundo secretas
tradições, alcançavam longínquas distâncias (2) e lançar pontes sobre abismos ou abrir
estradas de cuja perfeição e solidez nos falam bem alto as que ainda hoje existem. Eram
igualmente infatigáveis agricultores; hidráulicos tão geniais que suas obras são em nosso dias
motivo de assombro por parte dos técnicos. Tem-se a impressão de estar em face daquele
espírito construtivo e admirável dos remotíssimos tempos da Atlântida, a que se referem as
narrações de Platão, em Timeu e Crítias, bem como as de Diodoro Sículo e outros.
"Não se pode falar no país dos Incas sem mencionar as ruínas de Machu-Pichu,
descobertas pelos arqueólogos americanos no começo de 1911. Situadas sobre as montanhas,
a nordeste de Cuzco em um "Cañon" banhado pelo rio Urubamba, as construções daquela
cidade-fortaleza constituem uma das maravilhas do Novo Mundo. Sobre a rochosa cordilheira
onde ainda são vistos terraços de pedra lavrada e ruínas graníticas de templos, existia a
morada de um povo misterioso de quem os Incas descendem.
parte séculos sem conta de opressão, guerras civis e lutas tremendas por sua independência e
chegamos ao Peru de hoje.
"A que país se assemelha este vasto centro que já foi um império pré-colombiano e
como tal, incluía em suas fronteiras a maior porção da Bolívia atual ? A terra em que a
civilização dos Incas floresceu e se extinguiu chamou-se "O Teto da América Meridional", já
que o teto do mundo inteiro é o Tibete. O nome dado pelos antigos a esse rincão americano e
sua configuração topográfica, que levou os atuais habitantes a falarem do Peru central como
de La Sierra, nenhuma dúvida nos deixa acerca de sua identidade com as terras tibetanas, ao
Norte da India.
"No que diz respeito ao temperamento, os quíchuas dos planaltos dos Andes
assemelham-se aos montanheses dos outros países. Taciturnos, muitas vezes melancólicos,
tem uma fisionomia tão expressiva que, embora não denunciando muita inteligência, denotam
um princípio investigador ou uma grande perspicácia. Suas fisionomias mais parecem máscaras
sob as quais se acham os restos evoluídos de uma raça desconhecida. Todavia, o quíchua é um
companheiro bastante simpático, segundo a opinião dos viajantes que percorrem aquelas
regiões. Merece essa lisonjeira referência ao fato de ser paciente, industrioso, sensato e
geralmente alheio à petulância e arrogância.
"O estudos destas últimas, principalmente, podem dar-nos segura indicação do grau
de cultura alcançado, visto que, para a execução desses empreendimentos, mister se faz a
coordenação de prodigiosos esforços individuais, além de exigirem uma comunidade
possuidora de importância material, cultural e demográfica.
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"Naqueles remotos tempos habitavam tribos neolíticas nas Américas, Europa, Ásia e
Oceania. No âmbito selvagem de semelhantes povos persistiam, entretanto, verdadeiros
"oásis" formados por outros povos de maior cultura e inteligência que, como nossos
antepassados, constituíam então uma minoria. Mas, como a levedura, penetraram os extratos
humanos através de interpenetrações, se assim se pode dizer, de ramos e famílias raciais,
todas elas, grandes e pequenas, possuidoras de Guias (ou Manus) capazes de se infiltrarem
com suas gentes nos momentos cíclicos coordenados pela própria Lei de Evolução, onde quer
que fossem reclamados.
"Os homens de ciência não estão de acordo quanto à idade que se deve assinalar às
civilizações americanas. Nota-se mesmo entre eles uma certa tendência em só admitir a
existência de civilizações pré-históricas em outras regiões do mundo, notadamente nas
asiáticas. No entanto Posnanshy, por exemplo, afirma que a famosa cidade pré-incaica de
altiplano boliviano, Tiahuanaco, foi construída há perto de 13.000 (treze mil) anos. Aquele
sábio baseia seus cálculos cronológicos na orientação astronômica dada pelos fundadores às
entradas do templo maior, método aliás seguido pelos construtores das pirâmides do Egito.
"A referida cidade, que ocupa grande superfície, foi planejada e construída por
arquitetos de incomparável capacidade. Os monólitos empregados são de enormes
dimensões; um deles mede aproximadamente doze metros de comprimento e mais de dois de
largura, pesando 70 toneladas. Com muita probabilidade, diz Markham, em seu livro "Los Incas
del Peru": "A condução e colocação de tais monólitos em semelhante lugar faz supor uma
grande população, um governo regular e desde logo o cultivo da terra em grande escala, além
da organização de uma chefia ativa e inteligente encarregada do transporte dos
abastecimentos e sua distribuição entre os trabalhadores. Deve ter sido um regime que uniu o
gênio e a destreza ao poder e à capacidade administrativa. Depois da gigantesca dimensão das
pedras, o que mais surpreende é sua magnífica escultura. A complexidade e simetria do
debuxo e da ornamentação demonstram grandes conhecimentos artísticos por parte daqueles
que tiveram a seu cargo a realização de tão maravilhoso trabalho".
71
"Que teria acontecido àquele povo imperial cuja permanência em semelhante região
não poderia ser curta, mesmo porque uma raça nômade não constrói tão maravilhosas obras
arquitetônicas ?
"Sir Markham acredita em uma possível elevação da zona andina como fator decisivo
do afastamento da raça tiahuanacana. Para apoiar sua tese, cita o descobrimento de ossos de
mastodonte na região de Ulluma, na Bolívia, situada a 4300 metros acima do nível do mar.
Esse animal não podia viver em semelhantes altitudes. Os esqueletos gigantescos sepultos nas
paredes quebradas dos desertos de Tarapacá e pertencentes a mamíferos que só habitam as
selvas frondosas, são outras tantas provas de ter havido uma profunda mudança no clima. Os
desertos em que se encontram os restos dos tamanduás deviam ter sido anteriormente zonas
úmidas e férteis cobertas de espessos bosques.
"Quando a cordilheira era mais baixa do que agora, os ventos alísios chegaram a
semelhante lugar deixando sua umidade na faixa costeira. Quando os mastodontes viviam em
Ulluma e os tamanduás em Tarapacá, os Andes, em seu lento ressurgimento, estariam a
setecentos ou mil metros mais abaixo do que é hoje; o milho crescia então nas proximidades
do lago Titicaca e a paragem das ruínas de Tihuanaco poderia aumentar a numerosa população
que construiu aquela ciclópica cidade.
"A origem dos Incas, sucessores de outros povos de precedência ainda mais
enigmática, não é muito clara, apesar de sua alta cultura e do íntimo contato com os
conquistadores espanhóis. Sir Markham trata mui detalhadamente dos mitos de Paccari-
Tempu, Pouso da Aurora, e de Tampu-Tocco, a Serra das Três Cavernas, melhor dito,
embocaduras chamadas, Sutic, Maras e Ceapac. A lenda diz como da embocadura de Maras
saiu uma tribo que levava o mesmo nome, e da de Sutic, outra denominada Tampu. Da do
centro saíram, por sua vez, quatro augustos personagens com o título de Ayar, nome que se dá
a diversos monarcas primitivos e que se chamavam Manco, o príncipe; Auca, o ayar guerreiro e
jovial; cach, o Ayar sal e Uchu, o Ayar pimenta. Estes monarcas vieram acompanhados de suas
esposas. Reuniram em torno de si forças consideráveis, sem contar as duas tribos que saíram
das embocaduras Maras e Tampu, da Serra do Tampu-Tacco. Sob suas bandeiras alistaram
mais outras oito linhagens cujos nomes conserva a lenda.
Para nós tem outra significação também a lenda que assim narra o aparecimento dos
fundadores do Império Tawantisuyo:
dizer centro ou umbigo. Manco-Capac ensinava aos homens a lavrar a terra, construir
habitações e tudo quanto lhes iluminasse a mente. E Mama-Oclo ensinava as mulheres a fiar,
tocar e a tornarem-se boas mães de família".
Outra lenda conta que ele ensinava aos homens na cidade alta e ela doutrinava as
mulheres na cidade baixa; o que se interpreta, respectivamente, como coisas do mental, parte
alta ou superior, para o sexo masculino, e coisas do lar, domésticas, inclusive os ensinamentos
inerentes à maternidade e à puericultura, para o feminino.
O bastão pode significar o cetro de um rei e chefe, desde que se trate de um Manú
racial. As duas penas e vestes, nas cores encarnado e verde, se relacionam a Fogo sagrado,
Verbo Solar, Agni (ou Tejas, nas escrituras orientais), e o Hálito que o anima, como sopro
divino ( nominado Vayú nas mesmas escrituras).
Na língua tupi, Tamandaré procede da expressão Tamanda-ré, que quer dizer "depois da
volta". É este o nome do Noé brasileiro na lenda do dilúvio que assolou as plagas brasileiras.
Segundo Batista Caetano, o termo Tamandaré originou-se de Tamandaré (tab-moi-nda-ré), isto
é, aquele que formou um povo ou o repovoador da Terra. Nesse caso, o Manú dirigente dessa
raça, em que se infundiu o sangue português, qual fenômeno cíclico por Lei exigido.
Fato histórico dessa miscigenação racial é a mística união entre Diogo Álvares Correia,
o Caramuru, representante da raça portuguesa, e Catarina Paraguaçu, a índia representante da
raça tupi.
"Foi longe, bem longe dos tempos de agora. As águas caíam e começaram a cobrir a
terra. Os homens subiram ao alto das montanhas. Um só ficou na várzea com sua esposa. Era
Tamandaré. Forte entre os fortes, sabia mais do que todos. O Senhor falava-lhe de noite e de
dia ele ensinava aos filhos da tribo o que aprendia do Céu".
O romancista tece, nesse livro, o enredo que prende os corações dos dois principais
personagens, Cecí e Perí, a portuguesa e o índio. Perí quer dizer "a flecha"; e Cecí "meu pesar,
minha dor". Qual Deus Cupido, a flecha amorosa de Perí fere em cheio o coração de Cecí.
Damos aqui a palavra de Menotti del Picchia, escritor e poeta dos mais ilustres.
73
"A descida dos tupis do planalto continental, rumo ao Atlântico, foi uma fatalidade
histórica pré-cabralina, que preparou o ambiente para as entradas no sertão pelos
aventureiros brancos desbravadores do oceano.
"A expulsão feita pelo povo tapir, dos tapuias do litoral, significa bem, na história da
América, a proclamação do direito das raças e a negação de todos os preconceitos.
"Os tupis desceram para serem absorvidos. Para se diluírem no sangue da gente nova.
Para viver subjetivamente e transformar numa prodigiosa força a bondade do brasileiro e o
seu grande sentimento de humanidade; e aí parece estar indicada a predestinação da gente
tupi.
"O tapuia isolou-se na selva para viver e foi morto pelos arcabuzes e pelas flexas
inimigas. O tupi sociabilizou-se sem temor da morte; e ficou eternizado no sangue da nossa
raça. O tapuia é morte; o tupi é vida".
"Temos de construir uma grande nação, integrando na Pátria comum todas as nossas
expressões históricas, étnicas, sociais, religiosas e políticas, pela força centrípeta do elemento
tupi".
Roso de Luna, quando, em 1910, realizou uma série de conferências teosóficas pela
América do Sul, teve ensejo de dizer:
"O país de Pinzón, Cabral, Lopes e Souza, por sua maior vizinhança com a Europa e
África, por sua mescla de raças e por inúmeras outras razões... demonstra excepcionais
características que nos dão o direito de afirmar que seus futuros destinos são semelhantes aos
de Norte América; que em cultura, no litoral, nada fica a dever à Europa; do mesmo modo que,
em belezas naturais e espiritualidade, recorda o berço ário, a Índia, como se no desenvolver
dessa nobre raça - da Ásia à Europa e desta à América - coubesse ao Brasil a glória de servir de
remate e epílogo daquele grande povo, com um civilização fluvial e costeira igual a de todos os
grandes rios chamados Ganges, Indo, Oxus, Iaxarte, Nilo, Tigre e Eufrates, Danúbio, Ródano,
Reno, Mississipi, etc cada um deles legando ao humano um florão de sua coroa...
"Não resta dúvida alguma que as bacias do Amazonas e do Prata, com o decorrer do
tempo, selarão em suas ribeiras os destinos do mundo".
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(1) - Também de caráter guerreiro era a primeira sub-raça ária que povoou, como se disse, o
Norte da Índia. A uma de suas quatro castas se deu por isso mesmo o nome de Kshattrya, no
sentido de aguerrida, a par de Jina, isto é, heróica e sábia.
(2) - A cidade de Cuzco, no Perú, como toda a cordilheira de Machu-Pichu, comunica-se por via
subterrânea com a Serra do Roncador, em Mato Grosso, por se tratarem de regiões Jinas.
Nossos Xavantes, de caráter aguerrido, mas não feroz como dizem alguns sertanistas, são os
fiéis guardiões de uma região vedada à curiosidade profana; uma espécie de tabu onde se
oculta grande mistério relacionado com a descida das Mônadas de Norte para Sul e com a
infusão do nobre sangue ibérico no não menos nobre da raça Tupi.
É conhecida a tradição que nos fala da advertência Xavantina: Toda a vez que um
intruso se aproxima de suas terras, vê cair na sua frente uma flecha atirada por mãos invisíveis.
Se teima em prosseguir, a segunda flecha lhe cai junto aos pés, para uma terceira o ferir
mortalmente, no caso de não atender ao aviso da nação aborígene localizada na bacia do
Tocantins.
O termo Xavante poderia ser decomposto em dois: chave, andes. Ligada a essa
possível derivação, estaria a hipótese de se encontrar em suas mãos a chave do enigma.
Tentaram ir buscá-la e não voltaram para contar a aventura, os valorosos Fawcett, pai e filho.
Quem se interessa pela história desses heróis, poderá ler algumas páginas emocionantes
assinadas por Feliciano Galdino, publicadas em "O Globo", do Rio, de 17 de setembro de 1928,
que, pela sua importância, foram transcritas por Bernardo de Azevedo da Silva Ramos, por
justa alcunha, "O Champollion brasileiro", no segundo volume de sua citada obra, "Inscrições e
Tradições da América Pré-Histórica", sob o título de "Os Mártires da Ciência" (pgs. 470/474).
(3) - terrível poder esse o de matar uma pessoa em duas semanas, pela força do olhar direto. A
magia negra, como a branca, dispões de métodos e processos incrivelmente eficazes e rápidos.
Poder mortífero semelhante ao olhar dos Mulukurumbas , possuem os "Kahunas", magos
nativos do Havai, os "donos do Segredo". Podem eles matar um desafeto a distância, pela
76
prática da "Ana-Ana" - A oração da morte. Uma das perguntas mais frequentes dos turistas
que chegam a Honolulu é sobre a veracidade e os perigos dessa arma.
Max Freedom Long, em seu livro "Milagres da Ciência Secreta" (Secret Science Behind
Miracles) reporta suas observações pessoais e as constatações do Dr. William T. Brigham que
conviveu quarenta anos com os Kahunas do Havai. Os arquivos do "Queen's Hospital", de
Honolulu, indicam, segundo o autor, que as vítimas dessa potente forma de magia não
escapam da morte, apesar de todos os socorros que a medicina lhes possa oferecer.
"Os espíritos (elementais) também recebiam instruções definitivas sobre o que deviam
fazer com a força vital. Deviam apanhar como que o odor pessoal através de uma mecha de
cabelos ou fragmentos de vestuário usado pela vítima e segui-la pelo faro, assim como faz um
cão à procura do dono pelas pegadas que este deixou no solo. Tão logo encontrasse a vítima
deveriam esperar uma oportunidade até que pudessem penetrar em seu corpo. Isto eles eram
capazes de fazer por causa da sobrecarga de força vital que lhes fora doada por seu mestre e
que deveria ser usada como choque paralisador.
"O processo era um só, qual seja o de penetrar no corpo da vítima ou anexar-se ao
mesmo. Uma vez feito isto, a força vital da vítima era retirada pelos espíritos intrusos e
armazenada em seus fantasmas. Como as forças da vítima eram retiradas pelos pés, uma
espécie de insensibilidade advinha dos mesmos, a qual progredia gradativamente num período
de três dias até os joelhos, quadris e, finalmente, o plexo solar e o coração, vindo então a
vítima a falecer.
O autor observa que nenhuma das explicações correntes acerca da "oração da morte",
como o uso de algum veneno, ou "pavor supersticioso", era verdadeira. Quase nunca a vítima
sabia que estava sendo assassinada pela magia. Em seguida passa a relatar detalhadamente os
casos por ele observados.
77
Mais uma lenda que, como tantas outras, vem comprovar existência de um mundo
subterrâneo, a que se referem as tradições dos povos primitivos, assunto de que temos
tratado em diversos trabalhos, inclusive em nosso livro "O Verdadeiro Caminho da Iniciação".
Tal mundo ou país é conhecido por vários nomes, sobressaindo dentre todos o de
Agartha, muito citado nas obras do marquês Saint'Yves d'Alveydre, "La Mission des Juifs" e "La
Mission de L'Inde, Mission de Europe dans L'Asie"; como no livro "Le Roi du Monde", do ilustre
cabalista Réné Guénon e também no de Ferdinand Ossendowski, intitulado "Bêtes, Homes,
Dieux".
Agharta é a mesma Asgardi ou a cidade dos Doze Ases, dos Edas escandinavos, o
mesmo País subterrâneo de Asar, dos povos da Mesopotâmia. É o País do Amenti a que se
refere o Livro da Santa Morada ou Livro dos Mortos, mal compreendido pelos ocultistas que
tentaram comentá-lo. É ainda o País das Sete Pétalas descrito por Parashara a Maitréia no
Vishnu Purana, ou o dos sete Reis de Edon (Éden ou Paraíso Terrestre). Para os tibetanos e
mongóis é a Cidade de Erdemi; na Mitologia grega, são os Campos Elíseos, o Tártaro ou Hades;
para os antigos mexicanos, a Cidade de Tula ou Tulã; para os bardos celtas: A Terra do
Mistério, cantada por O'Hering. É o famoso Monte Salvat, das tradições do Santo Graal e do
ciclo artúrico, nas quais se inspirou Wagner para compor suas monumentais peças Lohengrin e
Parsifal. É a Terra de Chivin ou Cidade das Treze Serpentes; o Fu-Sang das tradições chinesas;
"o Mundo subterrâneo que fica na Raiz do Céu", segundo o Votan Tsental; o País dos Calcas,
Kalcis ou Kalkis, ou a famosa Cólchida, para onde se dirigiam os Argonautas. Na literatura inca
se fala do famoso falcão, companheiro inseparável de Manco-Capac, imperador da dinastia
incaica. Essa ave se chamava "indi", era venerada e temida por todos de sua raça.
CAPÍTULO VII
Vibrações desta natureza são, por exemplo, as produzidas por pensamentos teosóficos
ou eubióticos que, pairando nas mesmas alturas dos de caráter puramente religioso ou
científico, acham-se destes separados pela nitidez e precisão de suas formas. Um pensamento
teosófico ou eubiótico assemelha-se a um som produzido no meio do mais absoluto silêncio.
Ele age em matéria mental ainda pouco utilizada, tocando as fronteiras do plano búdico, onde
não podem chegar nem os mais elevados pensamentos filosóficos e científicos, em geral
indecisos e impregnados de matéria em que se origina a vaidade e o orgulho.
É no plano búdico que se faz a leitura dos anéis "acásicos", podendo-se distinguir a
identidade de nossas vidas anteriores; por isso o "Akasha" é chamado o Grande Livro da Vida.
O pensamento, principalmente quando dirigido por uma forte vontade, é sempre uma
entidade viva, capaz de realizar a idéia que lhe deu origem. Projetadas no ambiente, essas
entidades vivas representam outros tantos mensageiros, destinados a propagar o bem ou o
mal, o amor ou o ódio, a virtude ou o vício. Acordam os germes das boas e más tendências
latentes nos cérebros humanos, não raro dependendo deles o impulso original de uma vida
virtuosa ou pecaminosa. Conscientemente projetados em uma determinada direção, por mais
distante que esteja o objeto visado, agem tão eficazmente como se estivessem fisicamente
presentes os indivíduos que os emitem.
No estado atual da humana evolução, apenas quatro das espirilas de cada átomo se
acham vivificadas e a última só entrará em plena atividade, no presente período de vida do
Globo, desenvolvendo a faculdade correspondente a consciência mental. A maioria dois
homens só agora inicia o desenvolvimento dessa faculdade que irá futuramente dar-lhe posse
plena dessa consciência, ainda incipiente.
As cores do ovo áurico, de cada homem revelam o estado evolutivo de seu corpo
mental. É também pelas formas e cores dos pensamentos que nesse "ovo" se agitam ou dele
se projetam para o exterior, que o clarividente pode ter conhecimento do caráter de cada
pessoa. A forma indica a natureza boa ou má do pensamento, e a cor espalha a qualidade
superior ou inferior da matéria que o reveste. A precisão dos pensamentos, sua intensidade e
natureza, resultam da luz e da nitidez de suas formas.
através do mundo mental, em busca de seu destino. Assemelham-se aos Devas luminosos dos
hindus, tanto quanto aos anjos dos cristãos.
A grande maioria dos pensamentos não tem uma forma precisa, nem cores marcantes,
assemelhando-se a espessos nevoeiros de contornos indefinidos. São dessa natureza os
emitidos pela massa de fiéis e devotos, ao entrarem nos templos e igrejas, com pouca fé e em
geral sem convicções fundamentadas, conferindo assim, inevitavelmente, um nível de
pequena ou nula espiritualidade ao ambiente. Formam-se sobre eles nuvens de um azul
sombrio, por entre as quais transitam lívidos pensamentos de medo e remorsos ou estranhas
formas tentaculares do egoísmo.
São de um grande mestre estas palavras: "O homem cria sem cessar no seu ambiente
um mundo próprio, povoado pelos produtos da sua imaginação, dos seus desejos, dos seus
impulsos e das suas paixões". As formas-pensamento grosseiras invadem nosso aura,
aumentam sempre de número e se tornam suficientemente fortes para dominar toda nossa
vida mental e emocional, desde que obedeçamos docilmente nos seus impulsos e caprichos,
coagindo-nos a criar hábitos de pensar e sentir que passarão a formar parte integrante do
nosso caráter.
A propósito da formação moral da criança, é interessante ouvir o que diz esse autor,
na referida obra (pag 189):
"Durante os primeiros anos de vida do homem, o Ego tem pouco domínio sobre seus
veículos; espera, portanto, que os pais o ajudem a conseguir um domínio mais firme,
cercando-o de condições adequadas. É impossível exagerar a plasticidade desses veículos
ainda não formados. Muito pode fazer-se com o corpo físico das crianças; porém, muito mais
ainda se pode fazer com o veículo astral e com o mental.
82
"Estes corpos respondem prontamente a toda a vibração que lhes chega e são
intensamente receptivos a qualquer influência, boa ou má, que proceda de quem os rodeia.
Além disso, enquanto em sua tenra juventude sejam muito suscetíveis e se moldem com
facilidade, muito depressa se assentam e enrijecem, adquirindo hábitos que, uma vez
firmemente arraigados, são difíceis de extirpar.
"De sorte que o porvir das crianças depende dos pais e mestres em medida muito
maior do que geralmente estes supõem. Só uma clarividente sabe com que rapidez e em que
grande medida se poderia melhorar o caráter das crianças se o adulto fosse melhor do que é
correntemente. O meio ambiente em que crescem é de tanta importância, que na vida, em
que se alcança o adeptado, a criança há de estar em um meio ambiente absolutamente
perfeito."
Todas as vezes que o homem pensa num objeto qualquer, sua imagem aparece antes
de tudo no aura do seu corpo mental. O clarividente que "adivinha" nosso pensamento,
apenas "vê" suspensa diante de nós a imagem daquilo em que pensamos, seja uma pessoa,
uma casa, uma paisagem ou qualquer outra coisa. O pintor que vai executar um quadro, o
escritor que imagina um romance, o arquiteto que planeja uma construção, antes de
objetivarem no mundo físico suas concepções já as tem realizadas nos seus corpos mentais.
São formas-pensamento que persistem, tornando-se "contra-partes" invisíveis daquelas obras
de arte, e os sentimentos ou emoções que inspiraram seus autores, exercerão sua influência
nas gerações futuras, levando-as à concepção de idênticas obras.
Daí o mal que pode causar aos homens, principalmente às crianças, a contemplação de
quadros com cenas de guerra, de destruição, episódios sangrentos; a leitura de livros
deprimentes, negativos; de folhetos e revistas indecorosos. Pior ainda, devido o seu incoercível
efeito sugestivo, assistir a espetáculos de teatro, circo, cinema ou televisão, em que as cenas
de adultério, traição, corrupção, roubo, covardia, são apresentados de maneira a sugerirem a
reprodução do vício e do crime. Espetáculos esses que vêm exercendo tão nefasta influência,
em particular na mente da infância e da juventude, naturalmente propensas a imitar os maus
exemplos dos adultos. Compete antes de tudo aos pais, aos educadores e às autoridades
constituídas a adoção de medidas saneadoras adequadas, visando a moralização dos costumes
e o aprimoramento do caráter.
achar para o fato uma explicação plausível, que a ação se vai desenrolando de maneira muito
diferente que ele havia concebido.
Além das citadas entidades criadas pelos magos negros, encontram-se espalhadas pelo plano
astral outras formas-pensamento, a bem dizer de caráter permanente, resultado de um
trabalho por várias gerações. As histórias religiosas, os acontecimentos históricos, as lendas
dos santos e heróis que ocuparam o pensamento dos homens, são outras tantas imagens vivas
existentes como formas-pensamento no plano mental, visíveis para um clarividente, que as
pode tomar por entidades reais, quando não possui suficiente experiência.
Elas não serão destruídas com a morte de um líder ou a queda de um governo nem
desaparecerão com a derrota completa desta ou daquela facção em luta. Permanecerão vivas
e ativas mesmo que não houvesse mais homens para assassinar nem cidades para arrasar.
Suas inesgotáveis energias continuarão agindo caoticamente para produzir aqui uma
epidemia, ali um terremoto, além um ciclone, as pragas, as secas, as inundações, os sinistros
coletivos.
Tal como sucede com as formas-pensamento criadas pelos grandes poetas, as dos
compositores persistem por milhares de anos no mundo mental, constantemente reforçadas
pelas repetições de sua execução nos concertos e nas gravações. As formas mentais da boa
música atraem os "espíritos da natureza". Seu afastamento do convívio humano é provocado
pelas formas-pensamento inferiores de que em geral nos achamos cercados.
A análise dos efeitos de um canto coral revela-nos como um tecido ondulante de fios
de diversas cores e contexturas, ao passo que um "solo" com acompanhamento produz no
mundo mental um fio colorido sinuoso ou espiraliforme, ao longo do qual se dispõem e se
movimentam magnificamente os diversos anéis do acompanhamento. Já uma música marcial
produz uma série de formas vibrantes ritmadamente em ondulações sucessivas. É conhecido o
efeito encorajador das pulsações de tais ondulações na mente dos soldados.
MISTÉRIOS DO SEXO
Segunda Parte
Capítulo I
Capítulo II
CAPÍTULO I
87
Uma voz secreta, indefinível, a voz de nossa consciência interna, como aquela do
Judeu Errante da lenda, exclama constantemente em nossos ouvidos: Anda, Caminha, Avante !
Inútil resistir-lhe, porque a lei da vida é em síntese, a da mudança, do movimento, do caminhar
para determinado ponto, que só se considera ilusório por não ter sido ainda alcançado.
Essa lei envolve os próprios astros. Assim, nosso planeta realiza sua marcha em torno
do Sol por meio de movimento constante, acelerando a rotação de um dia, e lento na
transição de um ano. E no entanto, por ser o Sol, a seu turno, submetido a um movimento em
direção a constelação de Hércules (ou Lira), percorrendo no mesmo período milhões e milhões
de quilômetros, a elipse descrita pelo planeta, não se torna, no espaço sideral, mais do que
uma ondulação espiral, uma simples rosca de infindável parafuso, lembrando o movimento
dos anéis de uma serpente a deslizar cautelosamente pelo solo. Razão pela qual os sábios da
antiguidade denominavam os astros de Serpentes e Dragões da celestial sabedoria.
Engastada no fantástico mecanismo celeste, nem por isso volta a ocupar o mesmo
ponto do espaço planetário do dia anterior, porém a Terra, nesse breve tempo, afastou-se
milhões de quilômetros do lugar em que se encontrava, à semelhança do fenômeno do
deslocamento do Sol em relação ao nosso planeta.
tecendo, não pelas três Parcas nem pelas três Normas, mas pelas eternas Normas do
Movimento Cósmico. Seus respectivos símbolos, não deuses como pensa o vulgo, são
representadas por Brahmã, o crescimento germinativo, o movimento progressivo de tudo
quanto nasce, cresce ou se dilata; e por Shiva, o decrescimento vital, o cíclico movimento
regressivo de quanto se contrai ou morre, e que se vai transformando e desaparecendo,
ilusório equilíbrio, fugaz, instável, relativo, fio apenas da limitação, da inércia, da forma
cambiante que jamais volta a ser idêntica a si mesma nos momentos sucessivos.
No começo era o Ritmo, disse o inspirado Wagner. E o Ritmo outra coisa não é senão o
eterno caminhar de Édipo, alma incansável, embora o corpo se desgaste na caminhada (alusão
aos pés inchados) e mesmo que, de costas para a Luz, como disse Platão, tome por seres reais
as sombras que se projetam nas paredes de seu cárcere terreno (o bíblico pote de argila), do
qual se libertará gloriosamente com a morte física, para renascer em outro mundo, o mundo
"Jina" ou "Lunar".
A Causa desconhecida dos efeitos, que pode ou não ser observados, chama-se Vida
Una, imutável em sua eternidade, não importa o nome que se lhe queira dar, mas, Essência de
tudo quanto não poderia existir sem Ela; que não teve princípio nem jamais terá fim; da qual
emana o mental ou inteligência universal, "Mahat", que é a síntese de todas as inteligências,
diferenciadas, por sua vez, em todas as manifestações existentes, inclusive nos seres humanos.
Tal é a roda da vida e da morte, a roda terrível a que se refere Sidarta, o Mestre do
Nirvana e da Lei; roda da qual ele procurou libertar o homem, depois de ter-se iluminado com
suas meditações sob a "Árvore de Budhi", que é a Sabedoria. São dele estes primorosos
ensinamentos: "Uma vez começada a vida, qualquer que seja o seu lugar de origem e sua
causa, percorre o seu ciclo de existência, elevando-se desde o átomo ao verme, ao inseto, ao
réptil, ao peixe, ao pássaro, ao quadrúpede, até alcançar o homem, o demônio, o deva e o
Deus, para depois tornar à descer à terra e ao átomo.
"Sem poder salvar o mundo, e recursos existem para tanto, refúgio sagrado deve haver
contra tudo isso. Os homens pareciam gelados pelos ventos de inverno, até que a um deles
ocorreu fazer saltar do sílex a chama viva, partida do fogo solar, que na pedra fria se ocultava...
"Fartavam-se de carne, como lobos, até que um deles experimentou semear o trigo,
que germinou como uma pobre erva, e que, entretanto, dá nutrimento a todos os homens.
"Balbuciavam, apenas; gesticulavam como verdadeiros monos, até que uma "língua"
inventou a palavra, e pacientes dedos procuravam escrever a harmoniosa música das letras.
"Que dons possuem os meus irmãos, que não provenham da investigação, da luta e do
sacrifício inspirados pelo amor ?
"Se, pois, um homem nas minhas condições, que tudo possuindo em seus palácios,
tudo abandona por amor aos homens, e sua própria vida arruína, para dedicar-se a
investigação da verdade, para descobrir o segredo da libertação, quer esteja nos céus ou nos
infernos, quer no seio de todas as coisas, ou em nosso próprio imo, não sabe quando,
finalmente, se levantará diante de seus olhos o espesso véu das trevas; seus pés
ensangüentados e doloridos hão de chorar, desde já o caminho da libertação, por ter
alcançado a Meta, pela qual renunciou o império do mundo.
Este búdico "Matar a Morte" é o tema de Paulo de Tarso, em sua primeira Epístola aos
Coríntios, cap XV, e, mais incisivo, no versículo 16:
É a mesma tese teosófica de Roso de Luna, em sua obra "El Libro que Mata a la Muerte
o Libro de los Jinas" (1)
Porque a morte encontrará o seu Senhor quando este destruir a fatalidade com a
liberdade, a ignorância com o conhecimento, o jugo das leis naturais com o definitivo poder
sobre elas; poder que a Humanidade há de alcançar somente quando todos os seus membros,
sem exceção alguma, compreenderem e viverem o sentido de que "deuses fomos, mas nos
esquecemos por causa da nossa queda", como afirmam os grandes iniciados, de vez que a
iniciação consiste em verdadeiro despertar no mundo da Verdade.
90
Cavaleiros chamados "andantes", na idade Média. Todos eles de fato estão sempre
andando, sem jamais dormir, moralmente falando - (a falta de repouso de quantos se fizeram
escravos da Lei, para salvação do mundo), escudados na virtude, que é "qualidade de varão", e
atraídos pela Dama de seus pensamentos, de seus sonhos, ou seja a Tríade Superior que
preside seus atos (a mesma Psyké, ou a alma em busca do Espírito, seu bem amado, segundo a
mitologia Grega); mas, desafortunadamente, crucificados a cada passo, por quantas
esfingéticas ilusões e sombras procuram embargar-lhes o passo (como os fantásticos moinhos
de vento e rebanhos de ovelhas do Cavaleiro da Triste Figura), mas tendo que vencer, por lei
cósmica de ponderação de forças, por serem naturalmente superiores àquelas.
Todos os heróis das referidas epopéias tem por sublime protótipo o clássico Prometeu,
o gigante Imir dos Edas, preso à terra pelas invisíveis cordas dos Liliputianos, pois o próprio
significado etimológico de Prometeu (de Pro-mitor, o que vê e percebe), é de herói super-
homem, previdente, tanto que H.P. Blavatsky diz ter Ésquilo, na sua divina tragédia "Prometeu
Encadeado" (obra que teria custado a vida do autor por haver revelado ao mundo profano
mistérios iniciáticos assegurando que um dos maiores dons propiciados aos homens pelo
rebelde titã foi o de lhes impossibilitar a visão do futuro, que ele possuía; de acordo com uma
advertência de "luz no Caminho"; Antes que os olhos possam ver, tem que se Tornar incapazes
de chorar; antes que o neófito possa falar na presença do Mestre, tem que lavar suas mãos no
sangue do coração.
(1) O último capítulo dessa obra, intitulado "a morte da Morte, operada pela Teosofia",
recorda-nos, entre outros fatos e muitas experiências, que nas iniciações egípcias mais solenes
dos mestres, está demonstrando que o iniciador ou Hierofante submetia o candidato a uma
espécie de transe hipnótico que deixava inerte, desmaiado e como morto seu corpo físico, ao
mesmo tempo que levava a alma pelos amplos confins do mundo Jina ou astral, em
verdadeiras peregrinações que na tradição tem chamado "A descida de Orfeu aos infernos
para libertar Eurídice", "A de Perseu para libertar Andrômeda", "A de Pitágoras", "A de
Telêmaco em busca de seu pai Ulisses", etc. Não é preciso dizer que, com isso, a partir desse
momento, logo que ao terceiro dia o inerte corpo do candidato despertava de seu letargo
físico sob o primeiro raio de Sol nascente, conservando plena consciência de que se havia visto
cadáver (em seu corpo de carne), e, simultaneamente, vivo (em seu duplo astral, corpo em
que recebera a iniciação), o iniciado nunca mais temeria a morte (segundo a própria frase de
Cícero ao regressar de sua iniciação eleusiana), e estivesse apto para realizar, com desprezo de
uma morte que já para ele era pura mentira, os maiores heroísmos.
nessa obra, há motivo para pensar que, com semelhantes práticas, da mais refinada magia
negra e a mais anti-natural, o que faziam era suspender a evolução interior daquelas almas
que, devido a conservação maior ou menor dos corpos físicos, ficavam atadas e retidas em
esferas vizinhas deste mundo inferior. Semelhante estado de suspensão da marcha
ascencional das lamas, que acompanham a destruição "conjurada" dos corpos de carne,
devem equivaler, em um aspecto ao fenômeno do trânsito da larva à crisálida, fenômeno em
que não há putrefação. Em outro aspecto, corresponde ao estado desses cadáveres que, longe
de se compreenderem, são encontrados às vezes dentro de suas tumbas em conservação tão
perfeita que lhes permitiu crescerem o cabelo e as unhas, e até apresentarem uma coloração
em suas faces, por neles continuar a circulação sanguínea, alimentada "etereamente" através
das paredes da sepultura, pelos mais aterradores fenômenos do vampirismo.
A autora de "A Doutrina Secreta", diz a respeito do viajante Prometeu, o que foi ao céu
e volveu à terra para trazer-nos o dom do pensamento, com o qual nos igualamos aos deuses,
as seguintes palavras, dignas de profunda meditação:
"Em sua revelação final, o antigo mito de Prometeu, cujos protótipos e arquétipos se
encontram em todas as antigas teogonias, equivale, em todas elas, à origem do mal físico, por
ser a entrada nessa mesma vida humana. Cronos é o Tempo, cuja primeira lei é a de que se
conserve a ordem das fases sucessivas e harmônicas, no processo da evolução cíclica, sob pena
de um desenvolvimento anormal com todos os seus terríveis resultados, não estava, embora
se pense ao contrário, no plano para o desenvolvimento natural do homem o intento de
convertê-lo com tanta rapidez, intelectual, psíquica e espiritualmente, no semideus que é a
Terra, antes que sua constituição física pudesse tornar-se mais potente e longeva que a de
qualquer dos grandes mamíferos.
"Semelhante tortura aceitou-a Prometeu, embora essa Hoste se houvesse, daí por
diante, misturado no tabernáculo por ela preparado (1). Sim, não concluído tal tabernáculo no
referido período de formação, por isso mesmo incapaz de espiritual evolução ou marcha para
adiante, ao lado da física, uma vez desfeita a homogeneidade pela referida mescla, aquele
dom de Prometeu se converte na causa principal, senão a única da origem de quanto por mal
se concebe..." (2)
(2) Houve também uma Segunda Queda, à qual aludimos em nosso estudo "reminiscências
Atlantes" publicado na revista DHÂRANÂ, número 104.
Édipo-prometeu, ao desviar-se das diretrizes traçadas por Lei, não fez mais do que
imitar o mesmo fenômeno que acontece aos astros, se mesmo aos homens, quais mônadas
caídas do céu, dá-se o nome de Estrela, como prova a humana configuração pentalfa ou signo
de Salomão.
Por tudo isso, e muito mais ainda, se nosso planeta permanece submetido à lei de
rotação sobre seu eixo ou ciclo de raio curto, os dias, as noites e todas as resultantes climáticas
teriam um caráter de regularidade, normalidade e constância o que no entanto lhe falta
justamente por causa do ciclo de raio longo, que lhe permitiu girar em torno do Sol da
Verdade, não egolatricamente em redor de seu eixo antropocêntrico, conquanto lhe sucedam
também, como duplo viajante humano e terreno, crises análogas ou de dores, das quais, por
sua vez, padece a Natureza (com dores parirás teus filhos e te cobrirás de espinhos, na
expressão bíblica de Eloim), na sucessão das estações climáticas, não da rotação, mas da
transição da Terra, e que só poderá terminar de duas maneiras: ou cessando o movimento de
translação (o que seria absurdo, de vez que, mecanicamente, rotação e translação se acham
essencialmente ligados); ou orientando-se de modo reto e justo (do que certas fraternidades
93
iniciáticas tiram seu antigo lema "Justus et perfectus"), como no começo das coisas, até a
grande catástrofe atlante, que desviou de vinte e três graus o eixo da Terra em relação ao
plano da elíptica.
Foi esse desvio que lhe deu a forma do misterioso Tau ou Esquadro (outro símbolo
iniciático ou maçônico, além do seu sentido de construção, obra), com o plano translativo, mas
que um dia volverá, infalivelmente à sua primitiva posição, a despeito de opiniões contrárias
baseadas em cálculos aparentemente certos, mas certamente errôneos porque despistados
pelo véu maiávico (a ilusão dos sentidos), que envolve toda a abóbada celeste.
CAPÍTULO II
Laboram em grave erro os que confundem o espírito ou Inteligência (NOUS) com Alma
(PSYKÉ) e com o Corpo (SOMA). Da união do Espírito com a Alma nasce a razão; da união da
Alma com o Corpo nasce a Paixão. Desses três elementos, a terra deu o Corpo; a Lua, a Alma, e
o Sol o Espírito. Por isso, todo o homem justo e consciente dessas coisas é ao mesmo tempo,
durante sua vida física, um habitante da Terra, da Lua e do Sol.
Depois de Plutarco, iniciamos este capítulo citando Roso de Luna que, tanto quanto
H.P. Blavatsky, nunca poderemos deixar de citar porquanto, pela magnitude de suas obras, se
tornaram eternos credores
105. O HOMEM-ZERO
Este conceito inicial é negativo e talvez o mais evidente. O homem igual a zero, que pode, de
fato, representar o homem e seus problemas para o ente vulgar que de si próprio jamais se
ocupou ? Um verdadeiro não-ser metafísico, nada, zero. Por outro lado, no começo das coisas,
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antes de seu desaparecimento como um ser distinto, emanado da Divindade, o homem nada
era, representava o zero. E a própria Divindade pode ser simbolizada por um Zero; neste caso,
Zero Astro ou Sol. Donde o nome adotado de Zoroastro, ou antes, por um dos seres que se
apresentam na Terra com esse nome.
106. O HOMEM-UNO
Este conceito, homem-uno, é por sua vez evidente. Por um lado, obediente a toda
espécie de manifestação, que é una no começo, como por exemplo, o talo do germe, do seio
do abstrato ou do não-ser. Por outro, como quer a ciência positiva, que só vê e analisa o
organismo físico, do qual pretende fazer derivar, como quaisquer funções ou secreções, os
princípios intangíveis e as faculdades hiperfísicas que integram o animal-homem.
107. O HOMEM-DUAL
Este, em duas pinceladas, o quadro apresentado pelas religiões ocidentais com o seu
homem dual, alma e corpo, dois elementos, um mortal-eterno e outro mortal-ressuscitável.
Ou a mariposa triunfal, que bate suas asas policrômicas surgindo de misterioso casulo,
simbolizado no sudário da morte, e a asquerosa larva que, nele encerrando-se teve de morrer
para ressuscitar como alígero ser.
No entanto, mesmo errônea essa doutrina dualista, devemos convir que não está,
quanto a anterior, tão longe da verdade. pelo menos já considera algo que não morre.
Antes de chegarmos ao âmago da questão, convém lembrar que em nenhuma língua existem
sinônimos perfeitos. Assim, por exemplo, na palavra "cosmos" é essencial a condição de
harmonia; em "universo" temos a idéia de unidade invertida ou manifestada. Não é idêntico o
"ser" com o "existir", como demonstra a Ontologia.
109. O HOMEM-QUÍNTUPLO
Segundo a filosofia grega, a alma é atraída para baixo pelo corpo e para cima pelo
espírito, separando-se, por assim dizer, em três níveis constituídos respectivamente; a) pela
mente inferior ou passional (em Sânscrito denominada Kama-manas, alma animal, corpo dos
desejos; b) pela mente superior intuitiva ou agencial (Budhi-manas ou alma espiritual) e c) pela
mente reflexiva ou mediadora propriamente dita (o Manas Sânscrito, donde se deriva a
palavra "manú", pensador e "man", homem).
Esses três elementos anímicos formam com o espírito e o corpo a divisão quinária das
antigas filosofias do Oriente, nas quais, por essa razão, tomaram por símbolo o pentalfa, muito
propriamente relacionando-o aos cinco sentidos, aos "tatwas" e aos cinco continentes.
96
Não se conhecendo bem todos esses sistemas, o assunto parece muito complexo e não
raro se confunde princípios com corpos, quando estes são três em um, como o é o mistério de
sua própria origem, e os veículos propriamente ditos, os que ligam entre si, ligando ao Divino e
ao seio da Terra, qual nova maneira de se interpretar o fenômeno.
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I Prana I I I I
I Linga-sharira IPrana-maya-kosha I I I
I Kama-rupa I I I I
I IVijnana-maya-koshaI I I
I Budhi IAnanda-maya-kosha I I I
I I I I I
----------------------------------------------------------------------
A lei de analogia demonstra que no corpo humano se refere a clássica divisão trina. Em
sua "Antroposofia", Brionde ensina que se examinarmos com atenção nosso corpo ou de um
animal adiantado na escala zoológica, podemos observar que existe uma tríplice divisão que
separa os órgãos mais importantes, encerrando-se em cavidades distintas e perfeitamente
98
A terceira (ou primeira) e mais perfeita é a craniana, admirável abóbada onde todas as
leis da Arquitetura chegaram à sublimação, encerrando o conjunto de orifícios de entrada das
três cavidades: esotericamente o conjunto de orifícios, na razão setenária da própria
constituição do homem (olhos, ouvidos, narinas e boca).
O estudo das ciências esotéricas, segundo H. P. B., visa a dois objetivos principais:
demonstrar que a essência espiritual e física do homem é idêntica no Princípio Absoluto ou
Deus na natureza; e demonstrar que no homem existem, potencialmente, poderes criadores e
destruidores idênticos aos que pulsam nas forças ou energias dessa mesma natureza.
onde se mantém o ar, comparável à Consciência Universal, o externo Atmã (se assim
quisermos designá-la), em relação ao interno, que represente a Mônada em cada indivíduo. E
que são os indivíduos de todas as correntes de vida, senão infinitas frações do Grande Todo
em evolução, mais ou menos lenta, ao longo das sete Cadeias de cada Sistema. Diz uma
estância de Dzyan tantas vezes citadas, que Deus se divide para consumar o supremo
sacrifício. O homem é um microcosmo dentro do macrocosmo, ou uma fração microscópica
(potencialmente idêntica) na Unidade infinita e imperecível. Daí o maior ideal pregado por
todos os iluminados de todos os tempos: a fraternidade Universal (que não çe apenas, como se
pensa, a fraternidade humana, e que já é por si só um Grande Ideal), para que todos os seres
de todos os reinos da natureza possam evoluir, progredindo para atingir o fim estabelecido
dentro do período prefixado pela Eterna Lei.
Entenda-se ainda que esse ideal máximo de Fraternidade universal abrange o inteiro
esquema do Logos para a evolução da vida, não só aquelas formas visíveis em que os seres se
apresentam revestidos de matéria densa, nas mais variadas formas e constituições, pois inclui
paralelamente a evolução da vida nos planos invisíveis, em que os seres se apresentam
constituídos de matéria sutilíssima, hiperfísica, com indescritível variedade de formas, cores e
sons ou vozes, desde os espíritos solares, devas búdicos, devas mentais, do astral, silfos,
salamandras, gnomos, ninfas, ondinas, etc., além das formas menos etéreas de uma infinita
profusão de elementais ou espíritos da natureza.
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I--------------------------------------------------------------------I
I Entrada I I I I
I--------------------------------------------------------------------I
I Saída I I I I
I--------------------------------------------------------------------I
I Centrais I I I Ventrículo I
I--------------------------------------------------------------------I
I laterais I Pâncreas I I I
I--------------------------------------------------------------------I
I orgânicas I I Torácica I I
I--------------------------------------------------------------------I
I--------------------------------------------------------------------I
I--------------------------------------------------------------------I
I--------------------------------------------------------------------I
I I I fluído nêurico I I
I--------------------------------------------------------------------I
Nosso corpo físico, a rigor, não participa das diretivas nem das excelsas ondas da divina
Essência, as quais fluem na Tríade Superior. Purusha, o Espírito Primordial, vem ter à cabeça e
nela se detêm, mas o homem espiritual, síntese dos sete princípios, com ele se acha
diretamente relacionado. Até agora só teve ocasião de dar uma classificação aproximada e
vaga dos referidos sete princípios. O budismo esotérico começa por Atmã, o sétimo, também
chamado de princípio crístico e termina no primeiro, em sentido da descida ou involução: o
corpo físico. Nenhum dos dois, entretanto, deve ser considerado estritamente como princípio,
porque aquele é a radiação no indivíduo, do Logos Imanifestado ou hipostaticamente Um com
ele: e o último, a simples casca ou envoltório protetor do Homem espiritual, o pote de argila
bíblico.
Não era até então permitido falar publicamente do corpo áurico por ser o mais
sagrado. Depois da morte física, este se assemelha à essência de Budhi e de Manas,
convertendo-se no veículo desses dois princípios espirituais, não objetivados. A razão já
plenamente operada por Atmã sobre ele se eleva ao estado devacânico (celestial), como um
Mânasa-Taijasi, Manas radioso, iluminado pelo Eu superior, liberto das cadeias da carne. O
corpo áurico é, pois, o Sutra-Atmã (Sutratmã), conhecido na linguagem iniciática como Fio de
ouro (Sol) ou Fio de Prata (Lua), Andrógino etc., que se acha encarnado desde o começo do
manuântara ou ciclo, e irá até seu fim, engastando, uma após outra, as numerosas pérolas
desse Colar inefável, que tem por potencial o prodigioso número setecentos e setenta e sete,
como que colhendo o místico perfume das múltiplas personalidades de que vai fazendo uso
em sua longa peregrinação pela vereda evolucional da Vida.
Processo semelhante se verifica quanto à matéria com que os Adeptos vão formando seus
corpos astrais, desde o Augoeides ou Mayavirupa, até os menos sutis. Depois da morte física,
quando as partículas mais etéreas do homem foram absorvidas pelos espirituais princípios de
Budhi e Manas superior, e iluminados pela direta radiação de Atmã ( razão porque o Mahatma
Djval-Kul dizia que o verdadeiro Mestre é o sétimo princípio), o corpo áurico passa ao estado
de consciência chamado Devachan ou ao puríssimo estado de Nirmanakaya se se trata de um
Adepto que habitava o plano astral, em relação com a terra, já que vive em seus humanos
princípios, com exceção de Kama-rupa e do corpo físico. no primeiro caso, ao chegar a
Devachan (reino dos Devas, equivalente ao céu dos cristãos, mas no astral superior, portanto
beatitude, bem-aventurança temporária, não eterna como se diz), seu linga-sharira, o Alter-
ego do corpo físico, sendo compelido pelas partículas materiais que o Aura deixa para traz,
permanece, ainda, estreitamente ligado ao cadáver, do qual sempre acaba por desvencilhar-
se.
podem receber ações ocultas e recíprocas. O aura humano tem, como espaço cósmico e nossa
própria pele, sete revestimentos; razão porque, quanto mais delicado ou sutil for nosso aura,
maiores probabilidades teremos de abrir os olhos espirituais para os mundos superiores ou
divinos.
Antes de falarmos de sentidos, para clareza do assunto, fazemos uma pergunta e damos uma
resposta. São cinco ou sete ? Sete, sendo dois em estado latente ou ainda não desenvolvidos,
e portanto desconhecidos da Ciência ortodoxa. Cada um deles e cada um de nossos sete
estados de consciência se corresponde com um dos sete planos cósmicos desenvolvendo e
utilizando o respectivo sentido espiritual e, no plano terreno-espiritual, com o divino e cósmico
centro de força que os engendrou, isto é, com seu direto Criador.
Cada sentido, além disso, está relacionado e submetido aos respectivos sete Planetas
Sagrados.
Todas essas correlações e muitas outras eram ensinadas aos mystai, nos mistérios
menores, assim chamados, justamente, por só permitirem a percepção das coisas através de
um véu ou névoa; enquanto os Iniciados nos Mistérios maiores, os videntes, tinham o
qualificativo de epoptai, porque viam coisas diretamente, despidas de qualquer véu. S. Paulo,
ao atribuir-se tal qualificativo, (1, Conríntios, III, 10), revela ser um adepto ou iniciado, com
faculdades e responsabilidade de iniciar a outros.
MISTÉRIO DO SEXO
----------------
104
SEGUNDA PARTE
CAPÍTULO III
OS TATTVAS
CAPÍTULO IV
-----------
CAPÍTULO V
----------
CAPÍTULO VI
-----------
106
O fogo nas várias tradições - As diversas naturezas do fogo - Ignis natura renovatur integra - o
fogo nos demais planos da natureza - O fogo no plano mental - O fogo e a Tríade Superior -
Hino ao fogo.
CAPÍTULO III
Eram considerados cinco por se relacionarem aos cinco planos cósmicos nos quais evoluiu o
homem, mas na realidade existem sete, para acompanhar os mistérios que envolvem os
107
universos, de acordo com a "harmonia das estrelas", expressão encontradiça nas escrituras
orientais, equivalente a "heptacordo divino", simbolizado por uma lira de sete cordas.
A existência de mais dois sentidos latentes no homem não pode ser ainda afirmada
senão mediante provas de ordem fenomênica. Aos cinco sentidos manifestos relacionaram-se
os cincos "Tattvas" inferiores. Os dois sentidos embrionários e as duas forças sutis que
escaparam às cogitações dos ocultistas orientais existem subjetivamente e correspondem aos
dois mais elevados princípios do homem: o intuicional ou búdico e o espiritual ou atômico, por
achar-se iluminado por "Atmã".
A menos que consigamos despertar em nós mesmos aqueles dois mais elevados
princípios, o que so alguns eleitos conseguem, por seus próprios esforços, ao término da
dificílima escalada para o Adeptado, jamais poderemos compreender suas equivalências físicas
e fisiológicas. Assim, não nos parece correta, à luz da Filosofia esotérica, a afirmação contida
na citada obra de Rama Prasad, de que na escala Tattvica o primeiro e mais importante é o
"Akasha", e que em sentido de descida cada um dos quatro restantes se torna menos sutil.
Os tattvas ocupam a mesma ordem que as sete forças macro e microcósmicas, a saber:
(3) - Akasha: Ponte de partida de todas as filosofias e de todas as religiões exotéricas. Estas
descrevem-no como sendo a força esotérica, o éter. O próprio júpiter, o "Deus altíssimo", era
chamado "Pater Asther". Indra, que em certa época foi o maior Deus dos hindus, representa a
expansão etérica celeste, e é o mesmo Urano. O Deus cristão, é também representado como
Espírito Santo, Pneuma, o Vento ou Ar rarefeito. Os ocultistas chamam a este tattva de força
do Terceiro Logos.
(7)- Pritivi: a substância terrestre sólida, o espírito ou força terrestre, o mais sólido.
Correspondem aos sete princípios, aos sete sentidos e aos sete centros de força
existentes em nosso duplo etérico. O corpo humano age e reage segundo o "tattva" nele
gerado ou introduzido de um plano externo.
109
H.P.B. aconselhava uma ioga em que se mentalizava a recepção pelo "olho de Budi",
de uma faixa de cor amarelo-ouro, indo ter à glândula pineal, acompanhada da vibração da
nota mi, ao harmônio ou piano. A mistura das duas referidas cores dá, como se sabe o verde. E
sendo esta a cor de "Vayú", o ar, deve ele estar no peito, respondendo pelo abastecimento e
funcionamento da árvore respiratória.
Ensina o ocultismo que o setenário da natureza visível e invisível se compões dos três
mais quatro fogos, na razão das três emanações cósmicas dos três princípios superiores e dos
quatro inferiores, que se desenvolvem e se fazem quarenta e nove fogos, os chamados
110
quarenta e nove fogos de Kundalini. Quarenta e nove é também o número de uma Ronda na
razão de sete raças mães, cada uma delas com as respectivas sete sub-raças, o que demonstra
que o macrocosmo é dividido em sete grandes planos, formados das diversas diferenciações
da Substância, desde a espiritual ou subjetiva ate a que se faz totalmente objetiva ou material;
desde o Akasha até a a atmosfera saturada de pecados desta terrena humanidade; e que cada
um de seus grandes planos possui três baseados nos quatro princípios. disto não diverge a
Ciência oficial, que distingue três estados de matéria e o que geralmente denomina de estados
críticos ou intermediários para sólido líquido e gasoso.
A luz astral não é senão a matéria universalmente difusa, mas pertence exclusivamente à Terra
e aos demais corpos do Sistema Solar, que se acham no mesmo plano da matéria terrestre.
Nossa Lua astral é, por assim dizer, o Linga-Sharira da Terra; somente que, em lugar de ser o
protótipo primordial, como nos casos de nosso Chaya ou duplo, é justamente o contrário. Os
corpos dos homens e dos animais crescem e se desenvolvem sob o modelo de seu duplo
antétipo; enquanto a luz astral nasceu das emanações terrestres, cresce e desenvolve-se
segundo seu genitor e protótipo. De outro modo, tudo quanto provém dos planos superiores e
do inferior sólido, a terra, se reflete invertido em suas ondas traiçoeiras.
Daí a confusão que se nota em suas cores, forma e sons, no que concerne a
clarividência e a Clariaudiência, quer dos sensitivos espontâneos, que se fixam em
semelhantes arquivos, quer se trate de sensitivos artificialmente preparados por inadequados
métodos de ioga ou por inconscientes instrutores de "médiuns".
Para maior clareza de quanto vimos expondo neste capítulo, publicamos um quadro
indicativo os sete tattvas, os princípios esotéricos, suas correspondências com os estados da
matéria, órgãos e aparelhos do corpo físico, as cores e suas relações com os tattvas tântricos.
O ensino dos cinco sopros, o úmido, o ardente, o aéreo, etc., possui dupla significação
e aplicação. Os tantristas, como regularizador do sopro vital dos pulmões, enquanto os antigo
raja-iogues o relacionavam com o sopro mental ou da vontade, capaz de conduzir o discípulo
às mais altas faculdades de clarividência, ao desenvolvimento funcional do "terceiro olho" e à
conquista de poderes ocultos da verdadeira "Raja-Ioga". Há enormes diferenças entre os dois
métodos. O primeiro emprega, como dissemos, os cinco tattvas inferiores. O segundo começa
por empregar os dois superiores. para o desenvolvimento mental e da vontade, e não usa os
demais senão depois de completo domínio daqueles.
111
(1) Por sustentar este ponto de vista. HPB manteve longo debate com Subba-Rao. Este
afirmava que, já tendo descido o espírito na Matéria, pareceria lógico que, para despertá-lo no
corpo humano, dever-se-ia fazê-lo de baixo para cima. Ambos permaneceram irredutíveis em
suas posições. Ela, receosa de que seus discípulos pudessem descambar pelo declive da magia
negra, alertava-os das ilusões e perigos que levam ao desequilíbrio; e ele a insistir que não é o
cérebro (chakra Sahasrara) e sim o cóccix (chakra Muladara) a sede física do poder de
Kundalini.
O raja-iogue não desce aos planos da substância além de Sushumna (a matéria sutil); o
hata-iogue, ao contrário, não desenvolve nem emprega suas faculdades senão no plano da
matéria.
Alguns tattvas localizam os três nadis na coluna vertebral. Um, que percorre a linha
central, chama-se Sushumna; os outros dois, persorrendo as loinhas laterais, um à esquerda e
outro à direita da central, receberam respectivamente os nomes de Ida e Pingala. Dividem
também o coração em tres secções, uma central e duas laterais, atribuindo-lhes os mesmos
nomes.
A Escola dos antigos raja-iogues, com a qual os modernos iogues da Índia quase não
tem contato, localiza Sushumnâ, a sede principal desses três nadis (ou condutos) no canal
vertebral, e Ida e Pingala à sua esquerda e direita. Sushumna desce do vértice cerebral onde
localiza o místico Brahmarandhra. Ida e Pingala não são mais que os sustenidos e bemóis desse
"fá" musical da natureza humana, tônica e nota média da escala da harmonia setenária dos
princípios que, tão logo os faça vibrar convenientemente, desperta as sentinelas que se acham
de cada lado, o Manas espiritual e o Karma físico, submetendo o inferior ao superior.
Esse efeito, todavia, deve ser produzido por meio também de poder da Vontade, e não
apenas pela paralisação dos movimentos respiratórios, seja obtido por meios científicos ou à
custa de exaustivos exercícios especiais. Examine-se uma secção transversa da região da
espinha dorsal e constatar-se a existência de três secções através de três colunas: uma
transmite as ordens da Vontade; a outra transporta uma corrente vital Jiva, não de Prana, que
112
anima o corpo humano durante os estado de Samádi e outros estados semelhantes; ao passo
que a terceira...
Note-se que o cardíaco é o número quatro, tanto na ordem de descida como de subida
e que, também, se lhe dá, esotericamente, o nome de "Câmara de Kundalini", justamente por
ser nesse plexo que o discípulo se une, afinal com seu mestre. Além disso, estando ele
compreendido nos cinco tattvas visíveis, os dois superiores hão de ser atingidos, mesmo
indiretamente, porquanto ambos fluem através do Akasha para formar com este o que se
denomina "Tríade Superior", fiando então os outros quatros "tattvas" abaixo, como os quatro
princípios inferiores.
provável que a insigne autora se tenha referido ao laringeo por constituir este uma espécie de
Antakarana, isto é, um tubo de ligação entre os dois mundos, superior e inferior, visto que,
realmente, a cabeça representa o divino e o corpo (do pescoço para baixo) o terreno. Pode-se
também interpretar o peito como mundo humano, relegando para animal ou terreno
propriamente dito a parte inferior do tronco, por ser justamente a mais impregnada de Tamas,
como se vê no Ôvo áurico. Para os discípulos da Escola antiga, acrescenta HPB, o caso é
diferente. Começam pelo treinamento do órgão ou glândula centro-cerebral que está em
relação com o "terceiro olho", na mesma razão de Manas para Budi. Aquele que dá energia à
Vontade, enquanto este confere a percepção clarividente. RAJA-IOGA E JNANA-IOGA.
O erro está em querer ligar os plexos inferiores à questão dos tattvas. Assim,
desprezando a conhecida nomenclatura, o Akasha passaria a corresponder-se com o cérebro,
isto é, com Manas, mental, pensamento etc. Logo, praticando-se esse método de Ioga sob a
direção de um Mestre, equivale a praticar ao mesmo tempo a Jnana e a Raja-Ioga, na razão do
corpo, alma e Espírito, porque desde o começo, do mínimo ao máximo, o discípulo deve
permanecer sob a dependência desse tríplice manifestação. Nesse caso a Hata-Ioga pode
encerrar a Jnana e a Raja. Quando se passa para Jnana, não mais se faz a Hata e sim ambas; e
quando se passa para a terceira o discípulo deve dominar as três, equilibrando-se física,
psíquica e espiritualmente, na mesma razão das três gunas ou qualidades da matéria,
tornando-se finalmente um Adepto, um Homem perfeito.
O som é capaz de provocar impressões de luz e de cor, além das conhecidas impressões
sonoras. Cada impulso ou cada movimento de um objeto físico, originando no ar uma certa
vibração, isto é, provocando a colisão das partículas físicas, é suscetível de afetar o sentido
auditivo, produzindo ao mesmo tempo um som e uma luminosidade correspondente, dotado
de uma determinada cor. Um som audível não é senão uma cor subjetiva, enquanto uma cor
objetiva ou perceptível é um som inaudível. Ambos procedem da mesma substância potencial,
à qual a Física chama de éter, e agora lhe dá nomes diversos. Nós a chamamos de Espaço
plástico, embora invisível.
A completa surdez, por exemplo, não exclui a possibilidade de poder o surdo perceber
os sons. A ciência médica registra diversos casos em que os sons foram recebidos e
114
transmitidos pelo mental, atingindo o órgão visual do paciente sob a forma de impressões
cromáticas. O fato de os tons intermediários da escola cromática musical serem ou outrora
representados pelas cores, segundo o qual a cor e o som, em nosso plano, são dois dos sete
aspectos correlativos de uma só e mesma coisa, a saber: a primeira substância diferenciada da
Natureza.
Nosso sistema nervoso, em seu conjunto, pode ser considerado como uma harpa eólia,
respondendo aos impactos da força vital, o que não é uma abstração, mas realidade dinâmica,
denunciando as mais sutis nuances do caráter e temperamento individual, por meio de
fenômenos policrômicos. Se tais vibrações nervosas são bastante intensas o postas em
vibratórias relações nervosas com um elemento astral, o resultado produzido é o som. Por
que, pois, duvidar das relações existentes entre as forças microcósmicas e as macrocósmicas ?
CAPÍTULO IV
Um teste ainda mais fácil e rápido pode-se fazer em decúbito. Deite-se de flanco e
procure comprimir com o travesseiro o lado que estiver apoiado no colchão. Depois de alguns
minutos verificará que a respiração se processa pela narina do lado oposto. Se antes era pela
esquerda, passará para a direita, e vice-versa. Bastaria isso para demonstrar que a respiração
nem sempre se faz por ambas as narinas ao mesmo tempo.
Chama-se de "Prana-Vayú" o ar que penetra por "Ida" (narina esquerda ou lunar) e "Pingala"
(direita ou Solar). Quando por ambas simultaneamente, "Sushumnâ", a respiração é, como
dissemos, do tipo andrógino. Em ciência médica, a narina lunar está para o vago, assim, como
a solar para o simpático. Logo, mediante semelhantes exercícios pode-se conseguir o perfeito
equilíbrio do sistema nervoso. Nas crises simpático-tônicas, já alguns médicos mandam
respirar profundamente, ou por ambas as narinas ou, justamente, pela direita; nas
vagotônicas, pela esquerda.
A respiração feita pela esquerda é menos cálida do que a pela direita. Por isso, de um
doente febril se deitar sobre o lado direito, obriga a narina esquerda a funcionar, e a febre
diminui dentro de poucos instantes. Sim, porque Lua, "Apas" ou água e Sol, "Tejas", "Agni" ou
fogo são respectivamente termos de igual significado. Tudo quanto está no Macrocosmo se
116
encontra também no Microcosmo, segundo a sentença hermética: "O que está em baixo é
como o que está em cima"...
É isso, a respiração natural. Mas o iogue pode modificar a própria natureza quando
deseja alcançar determinado fim, principalmente quando este se reverte em benefício para
seus semelhantes. Dominada pelo poder da inteligência, a respiração se torna submissa à
vontade do homem.
O mês lunar divide-se em duas metades, isto é, nas duas semanas da lua crescente e nas duas
da minguante, o que abrange as quatro fases lunares. No primeiro dia das duas semanas da
Lua crescente, deve a respiração passar, ao nascer do Sol, pela narina esquerda, isto no
princípio dos três primeiros dias. No sétimo dia, começa outra vez a respiração lunar, e assim
por diante. Vemos, pois, que em certos dias se começa por uma respiração determinada.
A respiração ora se efetua por uma das narinas, ora simultaneamente por ambas
durante um período de cinco "gharis", equivalente a duas horas; fato que o homem vulgar,
para escárnio de seu mental, ainda não descobriu.
Se no primeiro dia das duas semanas, na Lua crescente, começa a respiração lunar,
deve ser substituída, depois de cinco "gharis" (ou duas horas) pela respiração Solar, e, passado
esse tempo, novamente pela Lunar. Tal coisa se dá naturalmente todos os dias. No primeiro
dia das duas semanas da Lua minguante, começa outra vez a respiração solar, que muda
depois de cinco "gharis", durante os três dias seguintes. Donde se conclui, que todos os dias do
mês são divididos em "Ida" e "Pingala".
A respiração somente corre em "Sushumnâ" quando passa de uma para outra narina,
ou na forma natural ou sob condições que explicaremos em nossa próxima obra. Além de ser
ato dessa respiração que o homem pode ligar-se ao seu Raio ("Dhyan Choan"), pela realização
do êxtase espiritual, era nesse momento que se praticavam determinadas uniões sexuais,
como, por exemplo, entre reis e rainhas do velho Egito, para que seus filhos nascesses deuses,
filhos de Amon, como rezam suas escrituras. Mas não explicam o resto. Um casal pobre,
espiritualizado, poderá, dessa forma, procriar um filho genial, portador de dotes de grande
valor. Se, porém, os cônjuges não forem de alto padrão moral e espiritual, seria vã qualquer
tentativa nesse sentido. Na terceira parte desse livro desenvolveremos estes e outros temas
diretamente relacionados com o título do mesmo.
A região genital ou "sagrada", como indica seu nome, está para a cabeça na razão dos
próprios centros de força ou "chakras".
A tabela abaixo complementa as características dos "Tattvas" dadas no começo deste capítulo:
------------------------------------------------------------------------
I----------------------------------------------------------------------I
I I I I trante I I
I----------------------------------------------------------------------I
Os comprimentos podem ser constatados, colocando-se a mão abaixo das narinas até
o máximo que eles possam alcançar, para uma espécie de tensão arterial aplicada ao sistema
respiratório, se um ligado está ao outro, ou melhor dizendo, todos os sistemas estão
interligados apesar da diversidade de suas funções.
118
O fato do "Akasha" não ter dimensão é natural, pois que a tudo alcança e interpenetra,
e como tal dando razão a uma nossa assertiva, em parte contrapondo-se à da "Doutrina
Secreta", de que através desse "Tattva" fluem outros dois que lhe são superiores.
(1) O sentido literal do termo sânscrito - TANTRA - é ritual ou regra, significando também
misticismo ou magia destinada a cultuar o poder feminino personificado em Shakti. Devi,
Durgâ (Kali, esposa de Shiva) é a energia especial relacionada com os ritos sexuais e poderes
mágicos, a pior forma de feitiçaria ou magia negra. A linguagem adotada nas obras tântricas é
altamente simbólica e as fórmulas são pouco mais que expressões algébricas sem qualquer
utilidade. (H.P.B. - Glossário Teosófico).
CAPÍTULO V
Sem querermos invadir a seara alheia, permita-se-nos recordar que para a maioria
destas doenças o melhor remédio é a temperança e adoção de regime dietético racional
prescrito pelo médico especialista. Mas há outra classe de doenças que afeta praticamente a
todos os seres pensantes, oriundas da ausência de higiene mental e de erros na formulação
dos pensamentos ou idéias. Para estas a cura ou tratamento não é tão fácil, pois que se devem
desarraigar velhos hábitos de pensar e modificar velhas atitudes adquiridas. Posto que nesse
mundo tudo é conseqüência do "mental", a reforma deve começar pela cabeça, com
responsabilidade para os pais, educadores, psicólogos e psiquiatras.
Quando fleuma muda de condição, converte-se nas impurezas que se eliminam pelos
emunctórios, podendo ocasionar por acúmulo ou deficiente eliminação, as mais variadas
doenças. Todas as funções orgânicas são devidas a "vayú", por isso mesmo considerado a vida.
Nele tem origem os males que acabam por desgastar e aniquilar o físico. A digestão e
assimilação dos alimentos se produzem com o auxílio de pepsina, ácido clorídrico e bílis.
Quando estes se alteram, surgem distúrbios gastrintestinais, nervosos, cardiocirculatórios. No
organismo anemiado, as extremidades dos membros são frias. O corpo requer calor. No
entanto, "pés quentes, cabeça fria".
Daí o nosso conselho de se dormir com a cabeça voltada para o Norte (Vayú), que é a
região fria ou polar, e os pés para o Sul, região quente (Tejas), conquanto também polar. O
primeiro alimenta o segundo, Vayú flui no corpo para que este se mantenha vivo e aquecido. É
certo dizer-se: O fogo está vivo. Brasas vivas ou acesas. Como fazer tornar a normalidade os
três humores ? Admninistrando alimentos ou medicamentos de condições opostas à causa que
produziu o estado anormal.
Vayú pode ser frio, seco, ligeiro, sutil, instável, claro e azedo, normalizando por meio
de coisas que possuam qualidades contrárias. A bílis, que pode ser quente, fria, ácida e
amarga, também se normalizou por meio de coisas antagônicas. As qualidades de fleuma,
quando alteradas, podem igualmente normalizar-se mediante substâncias opostas. Acre, doce,
salgado, reprimem vayú. As doenças geradas por esses três elementos, separadamente ou em
combinações, carecem de medicamentos e dietas apropriadas a estabelecer condições
contrárias a anormalidade provocada.
Cada enfermidade possui o seu "devata" ou inteligência própria. Certas curas consideradas
miraculosas, resultam de uma força poderosa que se convencionou chamar de magnetismo. A
conjugação dessa força acionada pelo agente e pela fé do paciente pode, efetivamente,
conseguir a cura de moléstias consideradas incuráveis. Na filosofia oriental se dá ao
magnetismo o nome de "Kundalini Shakti".
perturbações, basta fazer uso dos sistemas terapêuticos fundados nos atos relativos as
deidades e à razão. Era esta a medicina do grande Paracelso.
Para encerrar o assunto, recordemos a famosa frase de um célebre facultativo brasileiro: "Não
há doenças; há doentes". Mas falta dizer que há também doentes sem "Karma". São os seres
de alta hierarquia espiritual que trazem missão especial para este mundo, aos quais não falta o
necessário equilíbrio orgânico, porém são obrigados a assumir as responsabilidades Kármicas
se seus discípulos e da humanidade. Esses missionários tornam-se vítimas até dos próprios
meios de que devem lançar mão para poder atrair a atenção e despertar interesse pela sua
Obra, pois em geral os homens a quem devem instruir e redimir se portam como crianças: para
cumprirem suas tarefas, deve-se antes oferecer-lhes doces e brinquedos. E para doentes de tal
categoria não se conhecem remédios. Nesses casos, não há como repetir "Sic transit gloria
mundi".
Ao centro cardíaco (anahata) relacionam-se dez grandes condutos (nadis), por sua vez
ligado a medula espinhal (Sushumnâ) e aos demais centros geradores de energia (chakras).
Mahat e Artha, são, para o iogue, sinônimos de "coração". A inteligência, os sentidos, a alma
com seus atributos, a mente, e os pensamentos se acham instalados no coração, órgão que
encerra a síntese evolucional de cada ser humano. O coração é a sede do ojas mais perfeito,
pois é também o trono de Brahmâ.. Os dez grandes condutos distribuem ojas por todo o
corpo, vivificando-o, por isso que é um fluido como o sangue. Fluido físico ou etérico ?
Inclinamo-nos pelo etérico e, sem abusar da dualidade das coisas poderíamos considerar ojas
como o espírito do sangue. Ele desempenha papel relevante na constituição humana. Se
desejamos preservá-lo, devemos libertar-nos dos tormentos passionais e mentais.
Os sentidos, com suas naturais limitações, se encontram nos dois primeiros, físico e
anímico; e, enquanto estes permanecerem da mesma natureza, o terceiro não se manifesta,
isto é, o homem não o percebem, necessitando de numerosas encarnações para com ele
identificar-se. Só então haverá o chamado equilíbrio das três cordas da "Vina de Shiva" a
harmonia entre as três "Gunas": Sattva (amarelo ouro), pureza, verdade, esplendor, justiça;
Rajas (azul), atividade, movimento, progresso, evolução; Tamas (vermelho), resistência,
inércia, indolência, involução.
Assim como essas três qualidades de matéria se encontram ligadas entre si, com
predominância do vermelho tamásico, também os três corpos do homem se acham
interpenetrados, com geral prevalência do emocional. Restabelecer-lhes o equilíbrio, por
vontade e esforço próprios, é formar o homem perfeito ou sintético. O corpo causal tem este
nome justamente por ser a causa dos outros dois e o reflexo, em si mesmo, da Causa das
Causas. É necessário que na causa se encontre o efeito, embora de forma latente. De fato, no
físico e no psíquico se acham os sentidos. Não poderá ocorrer o mesmo em sua causa ?
As obras esotéricas mencionam o "corpo causal" na forma de "ovo áurico", sem entrar
em detalhes acerca dos sentidos. Segundo alguns autores hindus, seria um corpo de
inconsciência, que funciona no alto transe, o que está a indicar que ele só pode ter consciência
quando ligado aos dois inferiores. Isoladamente, não lhe seria possível possuir consciência.
Não é ele o reflexo do Espírito universal ? Nos "Upanishads" se descreve o "corpo causal" com
sede no coração e diferentes pórticos onde se acham localizados os elementos restantes dos
corpos menos vibráteis. Nos centros cardíacos se concentram, portanto todas as energias do
alto transe. Cabe lembrar, além disso, que aí se abrigam os famosos "oito poderes do iogue". E
quando o homem tem que despertar o alto transe, "ojas" é compelido a fluir do coração pelos
diferentes condutos, para dar força ao corpo sutil e depois ao físico, fato que será explicado
quando tratarmos dos dois "chakras" que recebem de cada plano a vitalidade prânica.
Vida, é assim chamada por ensinar como se alcança a longevidade e como se evitam as causas
das doenças.
Châraka (não confundir com Ramachâraka e outros nomes parecidos) dizia que, boa ou
má, feliz ou desgraçada pode ser a vida. Antes de entrarmos em considerações sobre as causas
determinantes da ventura ou desventura, devemos estar preparados para responder esta
pergunta:
Châraka define-a assim: Chama-se vida a união do corpo, da sensibilidade e da alma com o
Espírito. Nossa definição pouco difere dessa, pois dizemos que a vida é o fio de Sutra que liga o
Espírito com a alma e o corpo. o Chandogyá-Upanishad a compara a um cordão que consegue
atá-los intimamente. Se considerarmos os corpos do homem, esse fio de Sutra é o que une
(ioga) todos os seus sete veículos e tem por nome Prana. Quando ele se rompe, fato que em
geral se verifica prematuramente, a vida deixa de fluir para os veículos inferiores, tal como o
rompimento da linha de transmissão interrompe a passagem da corrente elétrica.
A vida é ainda o que em sânscrito se chama "Dhari", aquilo que mantém a coesão dos
elementos do corpo: "Jivata", o que torna possível a existência; "Nityoga", o que passa através;
"anubanda", ininterrupto, continente etc. De tal coesão ou interligação de corpo,
sensibilidade, alma e Espírito, diz Châraka, a semelhança é o que produz a unidade, e a
dessemelhança, a diversidade. Nesse caso, semelhança é identidade de essência e de
substância. Espírito, alma e corpo, a trindade a que se dá o nome de "pessoa", (per-sona,
aquele através de quem se manifesta o som), repousam sobre essa coessência com três ramos
unidos ou três luzes de um só candelabro, qual símbolo cabalístico da árvore sefirotal, na razão
da coroa, como Kether, Chochmah e Binah. Sobre essa trindade tudo descansa. É o que nas
escrituras orientais se denomina Purusha, a verdadeira vida universal que anima a vida
puramente animal, dentro do pequeno mundo de que é formado cada indivíduo.
Do exposto resulta que a ciência da vida não busca apenas a longevidade hígida do
nosso organismo, mas principalmente a união e a perfeita identificação com Purusha, o
Espírito supremo Eu que se torna assim, o regente da Ciência Espiritual e recorriam a
processos racionais para as deter ou evitar, a fim de que fosse alcançada a longevidade, qual
eucaristia dos corpos humanos (a carne eucarística ou imortal das tradições) que passavam a
pertencer ao "mundo jina", agartino ou de Shamballah, a Cidade dos deuses.
124
CAPÍTULO VI
125
Tu és o coração do sacrifício,
Centelha divina
O hino védico ao fogo é ainda hoje cantado nos templos hindus e nos colégios de
iniciação. Para a S.T.B. foi um "mantram" de notável poder construtivo. O fogo vem sendo
objeto de culto desde eras imemoriais. os "Vedas" caracterizam o culto de Agni, o fogo. Na
religião de Zoroastro ele representou papel de relevo e seu nome - Zero Astro - está ligado ao
Fogo divino. No antigo Egito, como entre incas dos altiplanos, o fogo era religiosamente
venerado. Grécia e Roma o cultuavam e o conservavam aceso nos vestíbulos, consagrado a
Vesta. No jainismo a "Swástica" era o símbolo dos símbolos sagrados, a representação plana
de uma pirâmide de base quadrada, como as do Egito, o que revela o segredo da relação entre
o fogo e pirâmide, de acordo com o Timeu de Platão.
formas de vida, luz e calor. No aspecto menos sutil é Prana, é a forma primeira e reflete as
formas inferiores dos primitivos seres subjetivos.
Nas combinações químicas, o movimento dos átomos que se entrecruzam para formar
novas moléculas, ou seja, o aumento do estado vibratório, se traduz igualmente em calor.
Assim, o calor, cuja culminância física é o fogo, é uma atuação de forças internas que se
produzem pela aceleração do movimento vibratório. Alguns corpos, como a esponja de
platina, tem a propriedade de absorver gases que, aprisionados, modificam seu equilíbrio
interno, atuação de energia que se manifesta por uma elevação de temperatura capaz de
incandescer a esponja. Os corpos radioativos, em que o calor se origina pela constante atuação
das partículas primárias constitutivas, fazem supor que se achem submetidas a um processo
de desmaterialização. Há corpos, como o rádio, que se diriam fragmentos do próprio Sol,
trazidos à Terra por seu calor e luminosidade, praticamente inesgotáveis. Se uma modificação
vibratória, uma concentração de forças em movimento e uma atuação das energias elementais
constituem, como se supõe, o processo inteligível do princípio da formação de um sistema
cósmico, o Fogo teria sido o primeiro elemento a surgir na alvorada de um Manuântara.
milhares de irmãs espalhados pelo espaço, um refletor sem mais luz própria do que a de
qualquer astro opaco". (Isis Sem Véu, vol. I, 357)
Temo-nos referido à presença objetiva das formas inferiores do plano. Sem nos
esquecermos de que estas são reflexos de seres subjetivos, vejamos até que ponto a Ciência
concede movimento e vida aos corpúsculos primários, considerados no estudo da constituição
dos corpos.
"Os diversos métodos usados para medir a velocidade das partículas da matéria
dissociada, diz Gustavo Le Bon em seu livro "L'Evolution de la Matiere" (p. 37), deram sempre
cifras aproximadas. Essa velocidade é quase igual a da luz para certas emissões radioativas, e
destas para outras. Aceitamos a menos elevada dessas cifras, a de 100.000 km por segundo, e
tratamos com base de calcular a energia que produziria a desintegração completa de 1 g de
uma substância qualquer. Ponhamos, por exemplo, uma moeda de cobre de um grama e
suponhamos que conseguimos desintegrá-la, exagerando a rapidez de sua desintegração. A
energia cinemática possuída por um corpo em movimento é igual a metade de sua massa pelo
quadrado de sua velocidade.
T = 0,001 kg 1 2
9,81 2
Até aqui ocupamo-nos somente do fogo físico. A seguir, algumas palavras sobre as
gradações do divino fogo nos demais planos. Falemos antes do mais próximo, o astral, o
campo das paixões onde impera o desejo de apropriação egoísta e de separatividade.
Posto que tudo se manifesta sob a forma dual, vemos esse Fogo descendo como
"Fohat" (Luz) e subindo como "Kundalini" (Força), como choque ou reflexo, segundo a fórmula
que propusemos: um projétil lançado contra uma chapa blindada experimenta enorme
elevação de temperatura (Laboratório do E.S.), que o faz incandescer, passando-o ao estado
ígneo pela combustão brusca provocada pela retenção de movimento da massa total, aí
transmutada em movimento da substância íntima do corpo considerado.
129
Antes de passarmos ao fogo mental, citemos mais uma vez a teoria de Swedenborg: "A
Lei essencial da Natureza é a da vibração. Um ponto morto, um ponto imóvel não poderia
existir em nosso planeta. Os movimentos sutis a que chamamos de vibrações ou ondas; os
mais vagarosos a que chamamos de osculações; as trajetórias dos planetas e cometas a que
denominamos órbitas; às épocas da História consideradas como ciclos; tudo isso e mais ainda
não passa de um movimento ondulatório cíclico de ondas no éter, no ar, na água, na aura, na
terra, por nebulosas, pensamentos, emoções de todo o imaginável".
relacionado estiver com o mesmo fato. Eis porque o período de "Sushumnâ" é o da meditação
e fusão no maravilhoso Brahmâ (Tat Twan Asi).
No mundo espiritual ou atmânico, para a nossa consciência, todo Ele é o Fogo, porque
todo ele é o radiante Amor divino. É unidade embora tríplice em sua manifestação, como luz e
calor no coração humano, a "câmara de Kundalini".
Como "Fohat", o fogo é de tal sutileza que se torna quase inconcebível, apesar das
múltiplas formas sob as quais se manifesta, como "Kundalini", é ao mesmo tempo criador de
Vida e causador de Morte; melhor dizendo, Transformação. É o mesmo Fogo na ânsia de
alcançar sua extremidade superior, o Divino. Na sua essência ou Unidade é para a consciência
a revelação primeira das energias cósmicas.
É a própria força divina revelada; o germe dos universos, conexões imensas das forças
cósmicas, segundo a própria Ciência, ao admitir que os corpos celestes e os sistemas nasceram
de primitivas nebulosas ígneas; a Alma vivificadora, prodigiosa transmissora de vibrações e
energias do Logos, que denominamos Sol espiritual.
Compreende-se assim razão por que os primitivos povos veneravam o Fogo. Ante seus
olhos, era este o representante legítimo, no plano físico, das Potências divinas. Podemos
reviver sua devoção recitando o Hino entoado pelos antigos "Rishis", tal como foi descrito no
Rig Veda:
OS MISTÉRIOS DO SEXO
131
TERCEIRA PARTE
161. Prólogo
Pergunta de difícil resposta - Nasceu este livro das seguintes perguntas feitas ao seu
autor: "Que pensa a Eubiose a respeito do sexo ? Aprova ou condena que se evite a procriação
? Deve-se limitar o número de filhos ?"
A nossa resposta foi: O assunto é por demais complexo para ser respondido
imediatamente. O teósofo apanhado de surpresa, principalmente o que confunde Eubiose com
religião, desprezaria o lado científico do problema e responderia, sem vacilações, do modo
pelo qual as religiões correntes o fazem: - A união dos sexos é uma função dada por Deus com
o objetivo da criação de indivíduos semelhantes aos pais, e que todo o artifício, seja ele qual
for, para obstar esse objetivo é contrário a Lei da Natureza e da Igreja". Nesse caso, para tais
pessoas, Teosofia e Igreja valem a mesma coisa, o que absolutamente, não se dá. Desprezaria
esse mesmo teósofo, muitíssimo mais, aquilo a que preferimos chamar de Lei, e que está
acima da própria Teosofia, visto a concebermos como algo tangível, embora como origem de
todas as religiões, ciências, artes e filosofias.
A leitura deste livro permitirá compreender o que pensa a Teosofia seguindo a própria
Lei da evolução humana - não só do ponto de vista daquelas perguntas como de outras, que
envolvem o mais importante assunto da vida humana, e que se relaciona com uma das tarefas
da Sociedade Brasileira de Eubiose, claramente exposta no lema "Spess messis in Semine" (A
esperança da colheita reside na Semente). Semente representada pelos "filhos", as crianças, a
nova geração que homens procriaram, como se inconscientemente quisessem fazer a
espiritual seleção entre as velhas e as novas sementes raciais, ou seja, as de um ciclo
positivamente agonizante, para um outro que vai surgir das suas cinzas. Por isso, terçam armas
da arena da vida as Forças do Mal e as Forças do Bem, para fazer jus a essas repetidas batalhas
no campo de Kuru-Kshetra , que é o mesmo da vida humana, entre lunares e solares, por sua
vez imitando aquela no começo das coisas, entre "rakshasas" negros e devas luminosos.
CAPÍTULO I
"O verdadeiro filósofo nem tudo pretende reformar, nem a tudo submeter-se, pois, tirano não
é, nem tão pouco escravo. Por isso mesmo, a Filosofia tanto pode como deve discutir, de igual
modo, os motivos da crença religiosa e científica".
Conhecida a razão de ser do lançamento deste livro aos amantes da boa leitura, bem
como as analogias das perguntas com a Obra em que a S.B.E. está empenhada, abordaremos a
questão de um modo mais direto, embora, segundo a exigida maneira de se iniciar os homens,
conduzindo o leitor ora por uma trilha cheia de sinuosidades, ora contornando a realidade um
tanto mais próxima ou distanciando-se da mesma, por meio das mais fatigantes escaladas,
133
para que o leitor, acostumado a caminhos menos árduos, possa decidir por si próprio, a
desligar-se de suas antigas ou enraizadas convicções... Caminho, portanto, igual àquele falso
da esquerda, ou "smaritta", a que se refere Dante, na sua Divina Comédia, ou seja, aquele que
ia ter ao trágico Portal, onde se liam as ameaçadoras palavras: "Lasciate ogni esperanza, o Voi
che entrate"
Comecemos:
A Eubiose é contraria a qualquer processo que evite ou limite a natalidade, desde que
não existam motivos superiores para isso, como sejam: doenças, inclusive anomalias
congênitas ou adquiridas; miséria; incompatibilidade de gênios, que as próprias leis terrenas
reconhecem como motivo bastante para o divórcio. sim, desde que exista uma
"incompatibilidade de gênios", melhor que se de a separação dos corpos, para que o mau
exemplo provocado pelas disputas, além do mais, não seja observado pelos filhos, ou melhor,
transmitidos aos mesmos. E isso porque a humanidade, na sua eterna "falta de vigilância dos
sentidos" , como dizem os mesmos Adeptos, em relação com toda a espécie de erros e faltas
praticados por seus discípulos só se preocupa com o lado mau das coisas depois de ter passado
por ele, na razão do "Vox populi" ou seja, o de "só fechar a porta depois de roubado". E se tal
coisa acontece na mais insignificantes questões da vida, que dizer nas e cunho mais
transcendental, como aquela, por exemplo, em que a Esfinge expões por meio de três simples
perguntas: "Quem és ?... De onde vens ? ... Para onde vais ? ... Seguidas de um repto: "Ou me
decifras, ou te devoro! ... Sim, porque sendo o homem a própria Esfinge, e dentro dele mesmo
que deve procurar a Verdade, ou melhor, o conhecimento perfeito das coisas.
"Busca dentro de ti mesmo o que procura fora !"... "O Adepto faz-s, e não é feito"...
Tais são os ensinamentos dos livros sagrados do Oriente. E mesmo Jeoshua, quando aconselha
o "faze por ti, que Eu te ajudarei", além de estar de acordo com aquelas duas sábias sentenças,
completa a do "Conhece-te a ti mesmo" do portal do Templo de Delfos. Porque não é pagando
a outros para realizar preces, missas, etc. ("culto externo" e não o do interno...) que o Homem
poderá resolver aquelas três perguntas feitas pela Esfinge. O que vale é o esforço próprio, o
verdadeiro significado do Édipo grego, ou "pé inchado" (de tanto caminhar), como o da ânsia
multi-milenar da mônada humana em busca da Meta desejada, ou a sua completa evolução
por este planeta de dores (ou de provas, de conhecimentos, de experiências, etc.) onde é
obrigado a viver...
Lá está ela guardando, ainda a entrada desse deserto imenso de areia que se chama
"Saara". Com a sua face voltada para o Oriente, e coroada de um disco de ouro, o sol da
manhã emergia da cadeia arábica, e seus primeiros raios iam iluminar o disco e a face da
esfinge, fazendo-a resplandecer como um "sol, de face humana", ou como um "deus
aureolado de chamas". A própria face do Kumara-andrógino, excelso padrão da humanidade
inteira.
134
Com um pouco de boa vontade e fértil imaginação, poderíamos até ouvir suas
fantásticas palavras ao peregrino:
"Data veniam corvis, vexat censura columbus" - (A censura poupa os corvos e persegue as
pombas)
O verdadeiro Teósofo tem o dever de "dar de graça o que de graças receber". É isso o
que ele faz com o que aprende no Templo da Sabedoria Divina, melhor dito, dos deuses,
super-homens, gênios ou Jinas, pouco importa que se chamem Rama, Moisés, Krishna, Buda,
Platão, Confúcio, Láo-Tzé ou outro qualquer inclusive os próprios "santos da Igreja", como
Francisco de Assis, o Cura d'Ars e Pio X. Todos eles incapazes de ter um procedimento
incorreto para com seus irmãos em humanidade.
Mais uma vez dissemos: "Não é a religião que faz o homem e sim, o seu caráter".
Como isso, entretanto, vem a própria Igreja em nosso auxílio, Sim, porque o termo
"pais" provem do latim "padre", que por sua vez remonta ao sânscrito "Pitris", com o
mesmíssimo significado para "Aqueles" que foram de fato, os Construtores da Humanidade,
135
para não dizer, responsáveis pela sua Antropogênese, e como tal, senhores de uma só Religião
ou Verdade, que serviu, mais tarde, de origem às simples facetas com que se apresentam as
várias religiões existentes no mundo, para não dizer, "turvos espelhos onde aquela Verdade se
reflete".
O próprio Amônio Sacas ensinou que "a religião das multidões correm pari-passu com
a filosofia, e com esta gradualmente se corrompem, por vícios de conceitos, mentiras e
superstições puramente humanas". Era necessário, portanto, restitui-la à sua prístina
integridade (a religião-Sabedoria dos Pitris, pais ou antepassado), purificando-a da escória e
interpretando-a filosoficamente. Sim, porque o propósito de Jesus foi o de restabelecer a
pureza inicial num todo harmonioso, a Sabedoria Iniciática das Idades; reduzir o domínio da
superstição, que prevalecia (e prevalece ainda em muitos setores...), corrigir os erros
introduzidos nas diversas religiões, etc.
Tornamos a repetir, nenhum DELES (Rama, Krishna, Buda, Platão, e etc.) pregou a
religião confessional que se lhes atribuem, e sim, os seus pretensos discípulos que, escravos do
inerte dogma que criavam, esqueceram que religião não é crença, mas uma dupla ligação de
fraternidade entre os homens, segundo sua etimologia latina, (do religo, religare, etc.). Tal
como no começo, dia virá em que todos os homens estarão ligados pelos indissolúveis laços de
Fraternidade entre os homens, para que melhor possam unir-se à sua própria Origem, na razão
do dito de Santo Agostinho: "Viemos da Divindade e um dia, depois de cumpridos todos os
trabalhos, para Ela haveremos de voltar". Por sinal, que com a mesma interpretação da
"Parábola do Filho Pródigo", ou aquele que "volta a Casa Paterna", embora não a façam, desse
modo, os que ignoram tão excelsos ensinamentos, por não serem iniciados.
Esses grandes Seres, portadores, todos Eles da Paz, da Harmonia, da Concórdia entre
os homens - jamais benzeriam espadas e outras armas de destruição ou extermínio, como o
fazem alguns daqueles que se dizem representantes de Deus na Terra. Sem falar na
contradição palmar da súplica posterior que fazem as religiões, à Divindade, para que "faça
cessar a luta entre os homens". Valha-nos neste momento o famoso "Ser ou não ser" do
"Hamlet"... Sim, porque o Poder Espiritual é um e o Temporal bem outro, na razão mesma de
ouvirmos da boca do "Cristo" aquele: "dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus
!"...
Helena P. Blavatsky já dizia: "A crítica mútua é a política mais sadia, e ajuda a
estabelecer regras finais e definitivas na vida prática, e não meramente teórica. Temos tido
teoria demais !"
Infelizmente, em assuntos dessa natureza - iguais aquele que fez a "Pedro negar o
Mestre por três vezes" - nem todos possuem coragem bastante para afrontar os chamados
"Preconceitos Sociais", mesmo que a sociedade humana, com algumas exceções, por
felicidade, esteja repleta de vícios e defeitos que lhe não dão o direito de criticar o próximo,
sob a pena de "rir o roto do esfarrapado", por isso mesmo, não podendo "atirar a primeira
136
pedra"... muito menos naquele que fala em nome da Razão através de seu tríplice aspecto"
Amor, Verdade e Justiça. E que a mesma humanidade se acha afastada da Lei inclusive as
religiões, conforme provamos em nossa obra anterior, nenhuma obra resta. Falam bem alto
todos os horrores que a afligiram na última Grande Guerra. Aliás, as guerras sem tréguas são
todas elas provocadas, por verdadeiros monstros que serão fatalmente expulsos de seus
tronos, ou melhor, destruídos juntamente com o próprio ciclo agonizante. É a cavalgada
fantasmagórica dos Três Irmãos da sombra, em oposição aos Três Irmãos Luminosos. Os
primeiros agiram recentemente através da personalidade de Mussoline, Hitler e Stalin, tal qual
uma caótica reedição dos flagelos: Átila, Genghis-Khan e Tamerlão, refletindo aquele fatal
triângulo, chamem-no Ódio, Mentira, Injustiça, como grosseiras formas de uma evolução
passada, por isso mesmo capazes de interditar aos Homens - principalmente aos de espírito
fraco - a excelsa Visão das Coisas Eternas.
Desviemos nossos olhos, para não vermos tamanhas misérias, num chamado "século
de luzes", e marchemos, intrépidos, com o leitor amigo, através das propositais "sinuosidades"
a que nos referimos no começo do capítulo, com se estivéssemos seguindo as hamanas
quedas, nesse "cair e levantar" de tão longos quão necessários parênteses, principalmente em
se tratando de questões de sexo.
CAPÍTULO II
JULGAMENTOS EUBIÓTICOS
Como admitir que um senhora portadora de defeito congênito, tendo os seus partos
laboriosos, com ameaça de morte, ou mesmo aquela que, outrora com partos felizes, em
virtude de acidente ou moléstia, que dificulte novas concepções, não tomem elas a exigida
deliberação de evitar a vinda de novos filhos ? A menos que, sujeitando-se a um tratamento e
venham a ficar radicalmente curadas, convirá empregar os processos naturais, hoje, de certo
modo, mais ou menos conhecidos, graças aos doutores Ogino e Knaus e não os artificiais,
dentre eles "o venusiano véu elástico", que até uma úlcera interna - devido ao seu uso muitas
vezes repetido - pode provocar na pobre "venus-mulher".
137
Fazem parte de um livro intitulado "Método Moderno de Limitação dos Filhos", editado em
1937 o qual aconselhamos aos casai dignos e sinceros, a par de uma outra obra intitulada
"Menino ou Menina ?" de autoria do Dr. Jules Regnault, as seguintes palavras:
"É uma felicidade para o gênero humano que este método tenha sido descoberto, pois
há ocasiões em que, mesmo as pessoas mais amantes, virtuosas e religiosas desejam
sinceramente e com boas razões, limitar ou prevenir, durante certo tempo, o nascimento de
filhos ou novos filhos. Os médicos sabem que em alguns casos a procriação de muitos filhos,
em rápida sucessão, não é boa para a saúde da mãe. Muitas vezes acha-se a mulher atacada
de alguma doença que poderá torna-la inválida no caso de se tornar grávida. Há enfermidades
capazes de determinar a morte, no caso de virem a complicar a gravidez ou serem por ela
complicadas. Fatores econômicos tornam muitas vezes desejável interromper-se, pelo menos
durante certo tempo, a procriação de filhos. Alguns pais, por motivos particulares, desejam
espaçar o nascimento de seus filhos, fazendo com que nasçam com intervalos de tempo
determinados."
Noutro particular, estamos de acordo com a Sra. Annie Besant, quando prefere que se
tome para criar filhos sem pais, ou quando estes se encontram em franca indigência; que
sejam fundadas instituições como as acima enumeradas, de maior valia que as sociedades
protetoras de animais. Sem querer diminuir essa grande obra, também de benemerência, não
há razão para se preferir manter em seu lar cães, gatos, etc., com seus bercinhos enfeitados,
comendo à mesa com seus "humanos papais". Preferível adotar uma ou mais crianças
abandonadas, que no final de contas, acabariam por serem tão queridas como se fossem seus
próprios filhos. Nem sempre prevalece o velho adágio popular de que "Deus dá o frio
conforme a roupa", pois, em muitas partes do mundo, tanto se morre de frio como de fome,
não faltando ocasião propícia para se adotar as referidas crianças. Do mesmo modo, quando
aquele outro adágio: "Onde comem dois, comem três e mais", pois, acontece muitas vezes que
nem para dois há o necessário, quanto mais para maior número de pessoas.
Não nos referimos aqueles que, aparentemente pobres, como os pescadores, por exemplo,
com prole superior a dez filhos, habitando o litoral e tendo por alimentação, peixes e mariscos
(ricos em proteína, fosforo, cálcio, iodo, etc.) e uma pequena lavoura nos fundos da casa, não
passem miséria, pois o termo é bem diverso do de pobreza, propriamente dita. Referimo-nos,
sim, aqueles que são obrigados a escolher uma profissão de acordo com o seu habitat, ou
lugar onde vivem, como por exemplo, o lavrador, que vê de um momento para o outro, todo o
seu esforço de meses e até de anos completamente destruído pelas longas estiagens ou pelo
excesso de chuvas, as pragas, destruidoras da lavoura, etc... Muito pior, os doentes, os
desempregados, os que acabam por tomar o doloroso alvitre de recorrer a mendicância para
não chegarem ao ponto daquele Jean Valgean de "Os Miseráveis" de Victor Hugo, de ter que
roubar um pão para mitigar a fome de um ente querido...
Quanto ao crime propriamente dito, deve-se levar em conta, antes de tudo, o preconizado nas
sábias palavras dos Visconde de Bonald: "Esperar o delito para o punir, quando é fácil corrigí-
lo, é uma barbárie inútil, um crime de lesa humanidade, que desonra um código e um
governo".
acha separado, sem arrependimento algum do crime cometido, continua de pé, um outro
castigo muito mais severo e infalível, que é justamente o imposto pelo Carma, o qual terá
fatalmente de pagar, nesta vida ou em outra... Donde a sentença bíblica: "Quem com ferro
fere, com ferro será ferido", igual à do Corão: "Dente por dente, olho por olho".
Quanto àqueles que lançam mão do criminoso processo de destruir a vida no seio
materno, seja a própria mãe, o pai ou outro qualquer, mais hoje, mais amanhã, terão que
pagar o pesado tributo de semelhante falta. Não importa como, mas o fato é que pagarão... O
anjo negro da morte paira eternamente sobre semelhantes lares ! Sim, porque a lareira vive
apagada...
"Os direitos da puerícia; dizia o grande Victor Hugo, são mais sagrados dos que os dos
pais, porque se confundem com os do próprio Estado".
Do mesmo modo, disse Paul Strauss: "Educar a criança é cultivar o seu espírito,
enriquecendo-os com os conhecimentos necessários ou úteis; o coração, sufocando neles o
germe das paixões e dos vícios, que crescem conosco, e implantando nele o amor do bem e da
virtude".
Michelet dizia: "Les homes superieurs, sont tous les fils de leus mère; ils en
reproduisent l'empreinte morale aussi bien que les trais".
Mãe, nome querido que todos nós trazemos como preciosa jóia no escrínio de nossos
corações.
Não pode, pois, de ser a maldita mulher, que sem motivo justificável, se negar ao mais
excelso de todos os privilégios existentes no mundo: o da MATERNIDADE.
Descubramo-nos ! Por nossa frente passa uma Mulher carregando em seu seio "o
bendito fruto", com que a própria Lei quis honrá-la, preciosa dádiva que a natureza lhe fez,
pouco importa que seu nome seja Maria ou qualquer outro !
J.H.S
142
CAPÍTULO III
Ciência e Eubiose
"... As trevas irradiam a Luz, e a Luz deixa cair um Raio solitário nas Águas, nas
profundezas da Mãe. O Raio atravessa, rapidamente, o Ovo virgem; ele faz vibrar o Ovo
Eterno, que deixa cair o Germe não eterno, que se condensa no Ovo do Mundo".
A citação acima, extraída do mais antigo livro existente no mundo, que é o de Dzyan,
para provar que o Sexo, para não dizer, a cópula, pouco importa maneira pela qual se lhe
queiram interpretar, já provém do Divino, inclusive no momento de ser fecundado o "Ovo do
Mundo", fato este que já deixamos bem patente na primeira parte deste livro.
Por isso mesmo, ao invés de motivo ou gozo de prazer, é que tantos crimes tem
ocasionado na vida humana, é o sublime postulado através do qual se mantém a própria
Evolução de tudo quanto se manifesta na Natureza.
Depois de ter o grande Mozart, como Rosacruz que era e portanto um iniciado,
musicado ou antes, dado vida ao D. joão de Molière, e não quando da Flauta Mágica, como
pensam alguns, aparecem-lhe três misteriosos Seres encomendando o "Requiem" que,
conforme ele mesmo compreendeu, "seria executado na ocasião de sua morte"...
Contrariamente, o mavioso poeta Guerra Junqueira aniquila, mata o D. João, o devasso, o
profanador e destruidor de lares, com o fulgor e veemência de sua pena justiceira...
ao macho, depois deste ter vencido em renhida luta, os demais leões que dela se aproximam,
no erroneamente chamado "momento do cio" (cio provem do latim - zelus) pois o melhor seria
chamá-lo "momento da necessidade", ou outro termo qualquer para definir aquilo que a
natureza instituiu como "propagação da espécie". O mesmo acontece com a cadela, senão
mesmo com certas aves, inclusive o canário, que depois da vitória, e ao lado "de sua dama",
como "os cavalheiros de outrora em busca da sua", põe-se a cantar de um modo
completamente diverso do usual, qual acontece, também, na hora de sua morte, com diversas
aves, a começar pelo cisne, donde surgiu a conhecida frase "o canto do cisne na hora da
morte", que os próprios poetas em "flores de retórica" ou "passarinhos de papel" dela fazem
uso, na sua última poesia, esperando deixar o mundo dentro em breve. Sim, na razão do Amor,
Mor, Mors ou Morte, pois que Amor e Morte vivem de braços dados.
Que dizer do "vôo nupcial entre as abelhas", tão poeticamente descrito pelo inspirado
Maeterlink, em que o zangão morre para reviver no filho ? já nas velhas tradições egípcias,
Osiris ressuscitado em seu filho Horus, vem ao mundo vingar a sua própria morte... Enquanto
isso, Isis procura seus quatorze pedaços, sendo que o último, o sexual ou fálico, encontra-se no
bucho de um peixe, no rio Nilo. E como se sabe, Peixe ou Piscis, no qual se encontra a
humanidade, é o signo zodiacal relacionado com o sexo. Não o traçou no solo, o mesmo
Jeoshua, quando lhe apresentam a mulher adúltera, passagem esta do Novo Testamento,
tantas vezes por nós citada e comentada de acordo com o seu verdadeiro sentido, e não o
errôneo de que fossem o mesmo Jeoshua e seus apóstolos, pescadores ... ? Como se verá no
decorrer desta Terceira Parte, o número 14 se acha estritamente ligado ao referido fenômeno.
"cherchez la femme", dizia certo juiz francês, diante de qualquer crime, por mais
complicado que fosse, mas esquecendo que em outros casos também poderia apelar para o
"cherchez l'homme", nessa verdadeira recíproca sexual, ou de atrações boas ou más, ou as que
tanto podem ser abençoadas como amaldiçoadas...
"O ser humano está crucificado no sexo, bem se pode dizer, desde o nascimento até a
morte. Semelhante limitação orgânica é a causa principal de suas lutas, de suas desditas no
decorrer da vida.
Há no diálogo "O Banquete do Amor", diz E. Gomes de Baquero, uma passagem onde
cita estranha mitologia, que teve seu curso no Oriente e ressuscitou no ocultismo moderno. É
aquele em que Aristófanes afirma que em outros tempos a Humanidade possuiu uma forma
distinta das conhecida pelos gregos. Compunha-se de homens duplos, de três espécies: uns
varões, outros fêmeas e, finalmente, outros mistos dos dois primeiros; os andróginos
144
(concorda com a mesma opinião do Dr. Marañon, que citaremos várias vezes, e com os
ensinamentos ocultistas ou teosóficos, como já foi dito na primeira parte deste livro).
Tais seres que eram uma espécie de "irmãos siameses", foram fortes e audazes.
Conceberam o projeto de "escalar o céu para lutar contra os deuses" (donde a tradição
religiosa copiou a Torre de Babel e respectiva "confusão das línguas", mas em verdade, o que
transcende nosso trabalho intitulado "Reminiscências Atlantes", publicado no número 32 da
revista Dhâranâ), tal como aconteceu com os Titãs em mais remotos dias, Júpiter quis castigá-
los, porém, resolveu não aniquilar tão soberba raça, para não privar o Olimpo do culto e dos
sacrifícios oferecidos pelos homens. Adotou um meio termo: dividiu os homens duplos em
duas metades ("a separação dos sexos" nos meados da 3a. raça-mãe ou Lemuriana), às quais
Apolo deus os necessários retoques (isto é, o Sol, Prana, a própria vida Universal), para que
não ficassem por demais imperfeitas. Assim, nasceram as diversas atrações do amor: as
naturais e aquelas que o homem normal olha como "aberrações" (as tais "faltas ortográficas" a
que se refere Anatole France) pela nostalgia de cada homem pela metade perdida (donde o
termo, dizemos nós, "alma-irmã", ou algo que vem completar uma das duas partes).
E uma vez que começa a impor o sexo o seu imperativo categórico, orgânico e até
psíquico, não mais pode perdê-lo. Em resumo, em idades avançadas do homem e depois do
fenômeno da menopausa na mulher, o sexo descamba, de modo estranho, para diversas
espécies de misticismo, que a ciência bem longe está em conhecer. É a "ferida de Amfertas",
no Parsifal de Wagner; a chaga terrível que jamais sanará; a propulsora eterna de grandezas e
loucuras, de heroísmos e crimes, de sonhos, esperanças de protéicas desilusões; da Arte,
enfim, da História e da Vida.
Natureza, tornando mais uma vez real a sentença de que o Amor é maior do que a Morte, e
que a Mors-Amor - Morte e Amor (como dissemos anteriormente) o título genial da maior das
obras de D. Juan Valera, são os dois pratos da balança da Vida, com cuja oscilação eterna, que
muito possui do fluxo e refluxo das marés, é mantida a economia do Universo, concorrendo
para que a Morte vença o indivíduo e seja, por sua vez, vencida pela espécie, que é o que os
antigos indus quiseram simbolizar com a eterna lutado Brahmã criador (Brahmã não é um
deus, como vulgarmente se pensa, mas o Germe da raiz sânscrita "brig" crescer, estender-se,
propagar-se, donde a incompreendida expressão "crescei e multiplicai-vos") e o Shiva
destruidor, ou antes, reformador para novas criações...
e rutilantes, flutuam um instante ao lado de sua amorosa desposada; a união dos dois seres se
realiza, depois da qual a flor masculina, sacrificada nas aras de seus anelos, torna-se joguete
das águas, que levam o seu cadáver para a margem vizinha, enquanto a esposa já mãe, cerra
sua corola, onde palpitam ainda os amantes eflúvios, enrola seu pistilo e volta as
profundidades aquáticas, a fim de amadurecer o fruto de um amor heróico e sem limites...
Muito tem ainda a Ciência que descobrir na Natureza, os mistérios do sexo, não se
limitando, como até agora, a animais e vegetais, mas a tudo quanto nos cerca: minerais,
átomos, moléculas, células e astros, fazendo do estudo do Sexo Universal a chave mestra dos
segredos do Cosmos, porque, se o Sexo, em si, é limitação, a união dos sexos contrários é
propagação indefinida: finitude da Dualidade, vencendo, com a sua recíproca penetração, so
Infinito !
Em tal sentido, a química não vem a ser senão o estudo do sexo em moléculas e
átomos. Se a Filogenia e a Ontogenia nos ensinam que a vida terrestre nasceu no mar, isto é,
da Água, a Química moderna já comprovou este princípio, que na presente obra não é possível
desenvolver de modo científico, de que: todas as reações químicas produzem ou decompõem
água", ou finalmente, quando esta última não aparecendo, por falta de algun de seus dois
componentes, colocam os elementos da reação em condições de produzir água ou decompô-
la, por meio de outra posterior.
Fica, pois, com isso assentado - mais longe não podemos ir neste livro - que debaixo do
novo "sentido sexual" de nosso presente Ensaio, todo ácido é "masculino" e como tal, apto a
ceder um Hidrogênio ao unir-se ou copular com o Oxidrila da base, a qual, por sua vez, se faz
feminina".
147
H H H H H H H H
| | ....... | | | | | |
| | ....... | | | | | |
H H H H H H H H
Quanto à sexualidade dos astros, ela já se torna evidente para muitos filósofos
astrônomos e, como já tratamos do assunto em muitos dos nossos trabalhos, não se torna
necessária a sua repetição. Basta apontar, apenas, que os últimos estudos sobre os cometas
começam a considerá-los como "espermatozóides cósmicos", que, depois das mais
vertiginosas, "loucas e juvenis corridas" pelo espaço sem fim, acabam ficando prisioneiros de
verdadeiros "óvulos femininos", constituído pelo Sol e os "anéis" ou "esferas", onde se movem
os planetas, e ainda por estes mesmos. Realizada tamanha "fecundação", o núcleo cometário,
tal como aconteceu com o cometa Biela em 1866-72, se decompõe em milhares de fragmentos
produtores de densas "chuvas de estrelas", com as quais "o espermatozóide celeste" é
absorvido, do mesmo modo como pela fecundação é absorvido o espermatozóide orgânico,
pelo óvulo que assim fecundado determina, em seguida, a primeira cariocinese do organismo
do "filho". Milhões e milhões desses inertes fragmentos, como suspeita a teoria meteorítica de
Lockier, caem sobre o Sol, "alimentando-o" (novo broto do mito de Saturno), do mesmo modo
que sobre a Terra e demais planetas. Cada um destes, com efeito, possui ligados a ele ou
fazendo parte "de sua família", vários cometas ou "espermatozóides" ainda não destruídos,
mas que, cedo ou tarde, deverão ser por eles "genesicamente absorvidos", tal como foi dito.
Isto sem contar com a mesma Luz, que gira em torno da Terra, como o "espermatozóide" em
torno do "óvulo", antes de fecundá-lo, e a prognosticada dissolução da "masculina Lua" (para a
Terra, pois, para o Sol se faz "feminina"...) no âmbito "ovular" da "feminina Terra", que só se
dará, felizmente, em época muito distante, na opinião dos referidos astrônomos-filósofos.
E não apenas astros e átomos obedecem, desse modo, ao imperativo do sexo, mas
também, de modo brilhante, o metabolismo de tudo quanto nos cerca, pois tudo é, segundo o
critério dual do masculino-feminino, positivo-negativo, latente-radiante, ativo-passivo, quente-
frio, luminoso-tenebroso e demais "contrários filosóficos" - contrários por sua mesma
transcendental sexualidade - sem o que nada seria possível realizar no mundo, pois, como
muito bem afirma D. Rafael Salillas, em sua "Teoria Básica ou Sexual", tudo é, segundo a lei do
"lingham e do Yoni" : a chave e a fechadura, o ferrolho macho e fêmea, do mesmo modo que o
colchete, o arado e a terra, cortante e cortado, a serra e a madeira, o vencedor e o vencido, o
operador e o operado, lucro e perda, abandono e posse, ação e reação, impulso e queda e mil
149
outros conceitos reciprocamente sexuais, de que está repleta a literatura burlesca de todos os
tempos e países, literatura cujo único mal se estriba em oferecer "como recreação proibida",
ou de atrações morbo-imaginativas, o que deveria ser tratado com a maior pureza e
sublimidade possíveis, por corresponder a um dos mais sagrados mistérios da Natureza...
SANCTA, SANCTA SUNT TRACTANDA !
"Não pode consolar-nos a mentira, nem em paz pode viver por muito tempo quem de
mentiras vive, porque a verdade lhe tolhe o passo com a frieza da sua realidade e justiça. os
que alicerçam a sua própria história com perfídias, negando cinicamente a crença que à sua
própria insinceridade diminui, vivem sempre em estado precário; sua vida é uma promissória,
cujo vencimento chegará antes do prazo terminado. A verdade, pouco importa qual seja,
mesmo que para confessar um crime... combater com ela é livrar-se de todas as ciladas e
prevenir-se contra todos os possíveis perigos; é limpar o ar de miasmas e o espaço de sombras,
o coração de rancores e dúvidas. Morrer é afogar-se em mentiras; cair na cisma em que caiu
Hamlet e debater-se como Sigismundo em uma luta estafante e inútil. Há quem tema a
verdade, porque nela se executa sem querer, porque é a forca dos que vão vivendo do seu
próprio medo e dos demais. Porém, os que fizeram de sua vida um culto e vivem com os olhos
abertos às eternas verdades, asfixiam-se, justamente, quando os seus pulmões são obrigados a
respirar o ar da mentira, que sempre foi o ar da escravidão..."
porém, verdade alguma daquelas que o mundo busca, ou melhor, das que o mundo se
arreceia, como aquela do mito da Lady Godiva, é mais repelida do que a verdade sexual, a lei
que, por meios fisiológicos, impele ao amor da humana parelha, edifica o lar, alimenta, educa,
instrui, tornando verdadeiros Homens os filhos, vencendo, assim, pela magia do Amor, que
cria, ao também mágico poder da Morte, que destrói. E o vence, em criadora epopéia, com a
qual a nossa finitude em Espaço, Tempo, Quantidade, forma e Matéria alcança o Infinito,
assegurando, por trás da fugaz personalidade dos dois consortes, a perpetuidade do Homem
sobre a Terra.
Mas não existe micróbio algum moral que ataque mais diretamente a Santidade do
Sexo como a má literatura, sempre em voga no mundo, desde as cruezas de "As mil e uma
noites" árabes - não "As Mil e Uma Noites" primitivas ário-indús, hoje perdidas (e quantos
outros livros tivemos de apontar em "O Verdadeiro Caminho da Iniciação"), e das que só
podemos deduzir como eram na sua excepcional grandeza, através dessas últimas, cruamente
traduzidas para o francês, pelo Dr. Mardrus, e para o castelhano por Blasco Ibañes desde as
"Mil e Uma Noites", repetimos, até a obra do Abade Villars, comentado por Roso de Luna,
150
através de toda essa literatura medieval, conhecida sob o nome genérico de "literatura
picaresca", e hoje continuada, como lamentabilíssimo êxito, mas, transformando-as em
montões de esterco, ou de dolorosas realidades que antes deveriam ser silenciadas, em honra
da mesma verdade, pois que, sendo elas "uma verdade animal" não são "uma verdade
humana" no sentido sublimado do verdadeiro Ideal literário, que sobre elas voando a imensas
alturas, não deviam ser alcançadas com a vista, justamente por essa mesma elevação de
espírito, já que a verdadeira Arte deve firmar-se sempre acima da Realidade - melhor dito, dos
"crus realismos", que não representam senão uma parte, mínima inferior, daquela Realidade -
do mesmo modo que da Terra se acham afastados todos os sóis que adornam o cerúleo manto
do Firmamento.
Mas, fiquemos aqui, por enquanto, pois, para terminar esta terceira parte e o próprio
livro que hoje expomos, teremos mais uma vez de citar Roso de Luna, através de sua
valiosíssima obra "Aberraciones psíquicas del sexo" . CAPÍTULO V
O que figura no presente capítulo, faz parte de uma série de estudos realizados através
de pesquisa microscópica pelo Dr. Constant Papazolu, de "Sanatatea", de Bucarest, que é bem
um complemento do magistral estudo do capítulo anterior, da autoria do insigne polígrafo
espanhol, Dr. Mario Roso de Luna, além dos enxertos, comentários, anotações e tradução do
autor da presente obra:
É, pois, natural que um problema de tamanha vitalidade concorresse para que diversas
opiniões se fizessem apresentar, na esperança de que o resumo fosse elucidado. E assim, das
várias teorias levadas a lume, surgiram dois grupos:
151
d) a teoria do vitalismo.
Deve-se, pois, estudar as demais espécies de animais, visto o processo sexual, embora
em suas características ser análogo em todas as espécies, apresentar variações de uma para
outra; não podemos nos basear na experiência com os coelhos, nos quais a ovulação não se
produz de modo espontâneo.
Segundo Biedl, a gônada, que é uma glândula sexual inicial, em sua origem, bi-sexual,
da maneira que o sexo é determinado, posteriormente, depois da bifurcação sexual,
concorrendo para que o mesmo se pronuncie a favor do que estiver melhor representado, por
intermédio dos tecidos sexuais endócrinos.
Mas, tal fenômeno tem a sua origem poli-glandular e exige outras interpretações
relacionadas com a teoria de Steinach.
Outros autores, por sua vez, julgam que as células intersticiais constituem "a fonte
harmônica do tecido germinativo".
Gley, do mesmo modo, acredita na dualidade funcional, mas que não implica tão
pouco em dualidade morfológica. Segundo sua opinião, as células germinativas pré-existiriam
antes da puberdade e se tornariam mais complexas mediante a modificação das células
seminais.
Muitas são as opiniões que concedem à vitalidade das células - segundo o grau de cada
uma - a virtude de produzir seres masculinos ou femininos. Institui-se, do mesmo modo, no
que diz respeito ao vigor dos procriadores maduros, ao estado de nutrição, conservação, etc.
(o que não deixa de ser importante, dizemos nós, para o caso, segundo reclama a própria
lógica.
antecedido da vontade do casal em possuir tal filho, o que se torna u mato da mais
transcendental pureza, além do mais para que não surja um simples "filho de acidente sexual",
mas da vontade, do desejo de dois seres francamente evoluídos, dizíamos, tal fenômeno foi
por muito tempo posto em discussão, no que diz respeito à sua origem propriamente dita, ou
por outra, quais os órgãos que no mesmo influíam. Inútil dizer que, sob esse ponto de vista,
aliás como em outros muitos, até bem pouco tempo, a ciência oficial estava bastante
distanciada da verdadeira Ciência, que só era facultada nos Colégios Iniciáticos, como fossem
os do Egito, da Grécia, da própria India, etc., como reminiscência dos prodigiosos tempos
atlantes, ou sejam, os do governo do mundo, através dos chamados "Reis Divino".
Assim acabou por descobrir a mesma ciência oficial que o fenômeno da ereção ou
"potência", no homem, origina-se da ação conjunta dos seguintes fatores:
a) do estado psico-mental;
c) do sistema nervoso;
d) do aparelho genital.
As glândulas de secreção que tomam parte ativa no referido fenômeno são: hipófise,
tiróide, cápsulas supra-renais, próstata, vesículas seminais e epidídimo. A principal glândula
deste sistema é a genital (testículos). sob a ação do hormônio pela mesma secretado, todo o
aparelho genital se torna eretizado, "carregado", como se fosse uma bateria. Nesta carga
tomam parte, mais ou menos acentuadamente, as outras glândulas acima citadas. Do córtice
cerebral partem as excitações erético-nervosas, que são conduzidas por intermédio de um
centro especial através dos meios condutores da medula (esotericamente falando, os próprios
nadis, a que já nos referimos na parte anterior), dirigindo-se então para baixo, para o centro
de ereção, que atua mediante os nervos eretivos provocando uma afluência sanguínea sobre
os corpos cavernosos.
(-) (+)
CABEÇA CABEÇA
^ v
155
| |
| |
Coração Coração
e e
| |
| |
^ V
Órgão Órgão
Genital Genital
(+) (-)
O cérebro masculino da mulher, não produz mais que os germens das idéias, mas ele
só fornece esses germens, o que vale dizer, o movimento inicial e a substância da primeira,
numa palavra: o esperma intelectual. É o cérebro masculino da mulher que fecunda o cérebro
feminino do homem, que a seguir gera as idéias. O diagrama acima explica e comprova
(esotericamente) tudo quanto acima vai exarado, em relação com a cabeça, e do mesmo
fenômeno sexual caótico para o cerebral, etc., ou seja do Samadhi ou êxtase místico (cabeça,
portanto), para o da cópula ou região sexual.
Veja-se, ainda, o que foi dito na primeira parte, por meio de representações ou
símbolos, a respeito dos dois referidos fenômenos, do ponto de vista externo: dois olhos
físicos e mais o frontal ou o chamado terceiro olho (relacionado com a glândula pinela), que
formam um triângulo de vértice para cima, ou apontando o divino, em oposição aos dois
testículo e o falus, que além do mais, situados na região pubiana, que tem a forma de um
triângulo de vértice para baixo, ou mundo infra-terreno, pois que, no terreno propriamente
156
dito, ela o indica no momento eretivo, tomando o falus a posição horizontal para a referida
função de cópula, que é bem a comparação feita no capítulo anterior da "chave para a
fechadura", etc. etc...
Outro ponto em que a Medicina está, mesmo sem o saber, de acordo com o
esoterismo, é aquele dos distúrbios mentais muitas vezes serem provocados pelo abuso dos
chamados "prazeres sexuais", sendo que muito mais, ainda, perlo sentimento de culpa
provocado pelo "vício solitário". Sem falar em que, muito antes de se manifestar o referido
desequilíbrio, na maioria dos casos, já as células se tornarem menos suscetíveis de fecundar o
óvulo feminino.
A homeopatia, que embora muitos afirmem "so lhe interessarem os sintomas, e não as
causas", procura atender as várias razões da "impotência", por meio de medicamentos
adequados.
A próstata, sendo para o homem o mesmo que o útero é para a mulher - na razão do
primitivo hermafrodita de que já falamos em outro capítulo - possui cinco núcleos
embrionários, que condicionam os lobos prostáticos: o anterior, os laterais (que são dois), o
pré-espermático ou mediano e um quinto grupo, que é o mais importante: o grupo submucoso
cervical, abaixo da mucosa, ao nível do colo, prolongando-se algumas vezes para o soalho
vesical, ao nível da porção trigonal, ao nível do trígono.
As perturbações produzidas por uma prostatite são muito maiores do que se possa
julgar, porquanto chegam a alcançar órgãos mais distantes, produzindo futuras anomalias, que
no começo não podem ser previstas. Por isso mesmo se aconselha o tratamento, quer no
velho, quer no jovem, neste com maior razão, antes que seja tarde. Inúmeros sintomas que
tanto se propagam para a área nervosa, como para a muscular ou articular, como sejam certas
artrites e manifestações miálgicas, etc. tem por origem uma anomalia prostática. Sem falar
naquelas - por felicidade, raras - que penetram no campo muito bem estudado pelo Dr.
Marañon, ou dos estados intersexuais, inclusive bridas ou vestígios uterinos, exigindo uma
intervenção cirúrgica, por um profissional de reconhecido mérito. São anomalias que passam
158
despercebidas, mas que podem colocar um quadro enorme de sintomas nervosos, incapazes
de serem debelados com a Hormonoterapia, ou quaisquer outros medicamentos.
A falta de resistência ao frio, que se nota na maioria dos anciãos (e sempre às voltas
com balas, bombons, açúcar, enfim) demonstra uma hipo glicemia, na maioria dos casos
provocada por uma prostatite, que é doença de todo aquele que já passou dos 40/45 anos,
mas que não é razão, como já foi dito anteriormente, para deixar de ser tratada. É a prova que
uma dose pela manhã e outra à noite, de SABAL SERRULATA, fazem desaparecer esta fraqueza,
essa falta de vitalidade naquele que do mesmo medicamento fizer uso. Não há como
experimentar, quem estiver em semelhantes condições...
Assim, a fraqueza genital possui várias causas, a começar pela invasão do organismo,
de uma carga de hormônios originada das glândulas que lhe são correlatas.
Tais hormônios, entretanto, só agem sobre tecidos quando estes possuem uma certa
quantidade de sais minerais (sais de potássio). Estes sais preparam, pois, os tecidos para
receberem hormônios.
Todo e qualquer metabolismo dos sais minerais pode trazer como conseqüência uma
modificação de carga. Tal modificação pode se dar das seguintes maneiras:
As moléstias intestinais, por sua vez, concorrem para a fraqueza genital, quando não
provocam a sua perda total. Chama-se de "impotência coe undi" a produzida não apenas pela
prostatite, como julgam muitos, mas também pela "sigmoidite" e outras afecções intestinais,
que na maioria dos casos se caracterizam por dilatações das veias retais, hemorróidas, estas,
por si só, capazes de ocasionar outras tantas doenças e "anomalias" difíceis de serem
removidas. Por isso mesmo, nos casos obscuros deverá o doente procurar imediatamente o
159
seu médico de confiança, sim, e além do mais, porque "confiança não se impõe, adquire-se",
especialmente em medicina.
O uso do cloro, de maneira excessiva (na água, etc.) não apenas causa apenas a
impotência, mas antes produz a ruína da mucosa gastro-intestinal, isso em adultos, quanto
mais em crianças...
Das várias moléstias causadas pelo excesso de cloro nas piscinas ressaltam: oftalmias,
otites, rinites, etc. etc.
Até hoje, na América do Norte, ninguém sabe, ao certo, a razão porque ali, mais do
que em qualquer parte, principalmente em determinados Estados, sempre grassou a "paralisia
infantil". E pelo que se sabe, além de muitas outras razões, o cloro entra como principal
elemento que facilita a incidência dessa doença. Depois que esse mesmo país tomou a
deliberação do uso do OZONE e outras providências que a própria Medicina conhece (vacinas,
etc.), o surto de semelhante moléstia diminui ou desapareceu, ficando, entretanto, nos lugares
onde continua o grosseiro e prejudicialíssimo sistema do cloro. em outros países, onde
160
raramente foram constatados casos da mesma doença, por se ter tomado a resolução de
aumentar o volume d'água para abastecimento da cidade, fazendo uso de uma "adutora" de
certa cachoeira de má procedência, (águas contaminadas, etc. ) logo diversos casos de
"paralisia infantil" foram constatados.
Empregar o cloro para não se apanhar uma doença, ou mesmo morrer dela, pelo fato
de ser a água de má procedência, torna-se um círculo vicioso, porque também se apanha
doenças terríveis com o cloro, das quais também se pode morrer muito mais depressa do que
bebendo uma água imunda. As probabilidades são totais para o primeiro caso, e duvidosas
para o segundo, na razão das defesas orgânicas em cada indivíduo.
183. O OZONE
Tudo isso faz lembrar os primitivos dias da Humanidade, em que esta era obrigada a
viver dentro do ambiente de cataclismos que nos conta a Cosmogênese, todo saturado de
OZONE.
Por ser interessante, transcrevemos aqui alguns trechos de um velho estudo nosso
publicado em Dhârânâ, nos números 25 a 28, de janeiro a abril de 1928, na segunda parte de
nossa Mensagem ao Mundo Espiritualista:
"Se em uma bela noite estrelada, assestardes uma bela luneta telescópica sobre a
constelação cantada por Homero, como "a mais bela e mais rica do céu", a sublime Orion,
podereis verificar, perto das três estrelas, que formam o cinturão do guerreiro, um nevoeiro
luminoso que nos aparece mais ou menos com a largura do disco aparente de nosso satélite, e
que, no entanto, possui um bilhão, trezentos e trinta e dois milhões de léguas de extensão,
afastando-se de nós a velocidade de cem mil quilômetros por hora. (Uma nave espacial, das
que foram à Lua, numa velocidade aproximada de sessenta mil quilômetros por hora, levaria a
bagatela de cem mil anos para atravessar tal nevoeiro). Tudo isso entretanto, dizemos, são
161
cálculos aproximados, porque "a trepidação da matéria akashica que envolve o nosso globo é
bastante para confundir os mais valiosos astrônomos", como prova cada vez mais se
empenharem na fabricação de maiores ou mais potentes telescópios, (ou mesmo transferi-los
para estações orbitais), a fim de poderem melhor devassar a abóbada celeste, embora nunca,
absolutamente nunca, cheguem a alcançar o que se pode chamar de verdadeiro, existente por
trás dessa mesma matéria akhasica.
Em uma época a que o espírito humano não pode remontar, nosso sistema solar não
formava senão uma vasta nebulosa perdida no infinito negro da imensidade (por hipótese,
negra, mas em verdade, o índigo do mesmo akasha, como já dissemos na parte anterior).
De acordo com as leis, em virtude das quais "cada átomo atrai outro átomo", um anel
central se formou e todas as moléculas da nebulosa convergiram para esse anel.
No entanto, o trabalho atômico, continuando em cada um de seus anéis, fez com que
os mesmos se separassem e dessem nascimento a outros focos luminosos (os planetas),
donde, outros anéis se desprendendo e separando, formaram, por sua vez, os seus satélites.
Descrever as primeiras idade da vida, definir como uma simples célula transformou-se
em uma alga e esta num gigantesco dinossauro; como insignificante infusório, passando pela
escala ascendente de todos os seres, tornou-se um homem; como os cataclismos cósmicos
agiram na sucessão das raças; descrever tudo isso é impossível, no limitado espaço em que nos
mantemos, em uma insignificante mensagem, cujos fins, em verdade, são bem outros".
Foi, pois, em tal ocasião - como dissemos anteriormente - que o homem envolvido
pelo natural ozone produzido pela obra grandiosa da criação, além do mais, possuindo outros
meios de vida superiores aos de hoje, adquiria o direito a uma existência acima de 200 anos.
162
Na Índia, em lugar idêntico, existe um misterioso Ser que fez verdadeiros "milagres",
tornando um ancião em jovem, ou melhor, diminuindo-lhe de 25 anos ou mais a idade.
(Paracelso e outros já possuíam o mesmo poder...)
CAPÍTULO V
Pelo que se vê, tais povos tem uma concepção mais perfeita do papel da mulher que
outros que desejam passar por mais civilizados.
começam a andar, essa diferenciação se torna evidente. Do ponto de vista sexual, a menina
sofre uma transformação ao atingir, mais ou menos, a idade de dez anos. Tal mudança se
torna visível dos doze aos quatorze anos. Nessa ocasião atinge ela a puberdade, tornando-se
mulher, ou melhor, em condições (biológicas) de reprodução. E assim continua até alcançar,
mais ou menos, os cinquenta anos, quando passa pela denominada "idade crítica" ou
menopausa.
Esotericamente, tal fenômeno pode ser indicado por uma quadrante, (que pela
primeira vez se apresenta em um livro), onde há uma pequena divergência, ou antes, variação
para o que é conhecido pela ciência oficial:
Na maioria dos casos, a jovem que começa cedo o período catamenial vê-se também
cedo livre dele, isto é, mais ou menos dos 40 aos 45 anos. Conforme indica o mesmo diagrama,
nessa idade, que é a de 3 X 15, começando a chamada "idade crítica", é muito natural que a
esposa brâmane procure dedicar-se a outros misteres, pouco importa que o fazendo aos 40
164
anos, pois quando tal período lhe aparece, já está ela envolvida em outro ambiente, como o
mesmo Dr. Marañon diz na sua preciosa obra anteriormente citada.
Nessa idade a mulher toma um verdadeiro aspecto masculino (por isso mesmo,
podendo substituir as coisas do sexo pelas do Espírito), inclusive na tonalidade da voz, que se
torna mais grossa e algumas vezes por meio de pelos que nascem no lábio superior, à guisa de
bigode, etc. O mesmo, quanto ao homem ( em diversos casos, também), o de lhe cair os pelos
da barba, a voz se afinar, além de outras características femininas.
De passagem, fazemos lembrar que foi na idade de 15 para 16 que fomos conduzidos
ao Norte da Índia, afim de realizar um certo ritual que, a bem dizer, estreitas relações tem com
tudo quanto estamos desenvolvendo. E ao subirmos à Montanha Sagrada, em São Lourenço,
21 anos depois de voltarmos da Índia, ou seja em 1921, quando a Obra em que a S.B.E. se acha
empenhada foi espiritualmente fundada, nossa companheira de missão, por sua vez, acabava
de completar os mesmos 15 anos (apontados em nosso diagrama e respectivos comentários).
funções. O óvulo é libertado periodicamente. E portanto, como mulher, pode ser fecundada. A
bacia não alcança seu integral desenvolvimento senão dos dezoito aos vinte anos.
Diz-se que nos países tropicais as meninas se tornam verdadeiramente mulher muito
cedo. Porém, nem sempre é esse o principal fator de semelhante desenvolvimento. Existem
muitos outros, dentre eles o temperamento, para não irmos a questões mais transcendentes,
ou sejam as cármicas.
O grave erro de se ocultar das jovens suas próprias funções concorre para, quando
mulheres já formadas, mal saberem o que se relaciona consigo próprias, quando não fazem
concepções completamente errôneas, dentre elas, por exemplo, o de que "a união sexual 3
dias antes ou depois da menstruação é sinal certo de fecundação". Este é o maior de todos os
absurdos, como se verá mais adiante.
Algumas instruções devem ser dadas nesse sentido, em proveito de nossas leitoras.
A vagina, que pode ser comparada a um tubo, é o receptáculo das células masculinas
que lhe chegam pela união física. Em sua extremidade superior acha-se o útero. O útero
virgem é periforme e achatado no sentido antero-posterior. Numa comparação grosseira, tem
mais ou menos o tamanho de uma pera. Possui uma cavidade vertical que se abre na vagina.
Lateralmente ao útero e perto de seu fundo, acham-se as aberturas das trompas de Fallopio,
uma de cada lado. Cada trompa leva um ovário que se acha preso por um ligamento ao lado
externo do útero.
O útero hígido é móvel e mantido em sua posição por certos suportes e ligamentos.
Faz geralmente ângulo quase reto com a vagina, tendo o seu fundo dirigido para diante. Acha-
se situado abaixo e para trás da sínfise pubiana (falta um arcabouço ósseo na porção mediana
mais baixa do abdome). O útero é um órgão muscular que foi denominado "o coração da
bacia" pelo fato de se contrair e relaxar de tempos em tempos. A cavidade do útero tem um
revestimento glandular de primordial importância na menstruação e gravidez. Esse
revestimento é denominado endométrio. O útero é um órgão especializado. A natureza o deu
à mulher com um objetivo determinado - o recebimento do óvulo fecundado e sua
implantação, bem como para albergar e proteger o produto da concepção, até o nascimento
da criança a termo. Se as mulheres pudesse os seus óvulos de maneira análoga a dos peixes e
às aves, a natureza não lhes teria dado útero. Deixando de parte sua função na gravidez, o
útero é um órgão inútil. Da mesma forma que temos dentes para mastigar os alimentos e
ossos para caminhar, tem a mulher útero para conceber filhos.
O leitor de reportar-se ao que foi dito na primeira parte, a respeito das primitivas
raças, ou meios completamente diferentes de reprodução da espécie: no começo, por
cissiparidade; depois, por uma forma de exsudação; nascidos do ovo; finalmente, o humano,
na sua própria apresentação orgânica, como o ser mais evoluído da cadeia.
166
"As trompas de Fallopio tem mais ou menos o comprimento do útero. Seu diâmetro é
mais ou menos o dos canudinhos que se usam para tomar refrescos. A extremidade interna
termina na cavidade do útero; a extremidade externa é livre, próxima do ovário e ligeiramente
dilatada como o pavilhão de uma trombeta. O ovo chega a extremidade da trompa e desce
pelo seu interior. É, enquanto atravessa a mesma, que se encontram com ele as células
masculinas, uma das quais o fertiliza.
Os ovários, portanto, tem dupla função: formar e libertar óvulos e produzir hormônios
essenciais à saúde.
Quanto a formação e libertação da célula feminina ou óvulo, diz o mesmo autor ( para
apresentar depois o seu método, baseado nas descobertas dos Drs. Ogino e Knaus):
"Na criança, a maior porção do ovário acha-se preenchida por grandes quantidades de
óvulos não desenvolvidos. Nas mulheres jovens, o ovário contém ainda grande quantidade
destes óvulos não desenvolvidos. Cada óvulo tem um núcleo (corpúsculo relativamente grande
situado no interior e geralmente próximo ao centro de toda célula típica). Um óvulo não
desenvolvido pode conter, ocasionalmente, mais de um núcleo.
Na imensa maioria das mulheres liberta-se um óvulo em cada ciclo menstrual processo
esse que se continua por todo o período fecundo de sua vida (1). Se a ovulação for constante e
regular, também a menstruação o será. Desde, porém, que quaisquer condições irregulares
interfiram com a ovulação, o ciclo menstrual se torna variável e patológico. Para compreender
167
a teoria dos ciclos fixos de infertilidade e fertilidade (período em que a gravidez é ou não
possível) e ter confiança na mesma, é necessário lembrar-se que foi descoberto que a ovulação
(libertação do óvulo) se dá de 12 a 16 dias antes do advento da menstruação. Por outras
palavras, muitas mulheres leigas custam a compreender este fato, a mulher tem as regras e 12
a 16 dias antes da menstruação seguinte é que se dará a libertação do óvulo (logo, como
dissemos anteriormente, não é possível ser ela fecundada, nesse período como julga a
maioria). Sendo o óvulo fertilizado, aquela menstruação seguinte não se verifica porque a
mulher está grávida. No caso de não ser o óvulo fertilizado pela célula masculina, a
menstruação se dará 12 a 16 dias após a ovulação.
(1) Sem considerar os casos de mulheres em que se desenvolvem duas ovulações em cada
ciclo lunar, e não apenas uma ovulação mensal.
Esta questão de tempo no ciclo menstrual de ovulação é uma das bases sobre as quais
se edificou a teoria dos períodos seguros e inseguros, relativamente a concepção".
Foi, pois, dentro de tais princípios, que os Drs. Ogino e Knaus fizeram as suas descobertas,
pois, como já tivemos ocasião de dizer, elas são muito mais antigas do que se possa julgar, e
obedientes a processos mais seguros, alguns dos quais, o possível de ser revelado ao mundo
profano, serão comentados no capítulo que a este se segue.
O Dr. Knaus, como diz o autor da obra citada, abordou o problema por um ângulo
diverso, do ponto de vista endocrinológico (referente à ciência das secreções internas).
"O lobo posterior da hipófise, situada na base do cérebro, produz uma secreção que é
lançada na corrente sanguínea. Este hormônio ou secreção interna excita as contrações
musculares do útero (ou fenômeno peristáltico, que, tornando-se deficiente, em certos partos
laboriosos, dizemos, exige o emprego da pituitrina).
Após a libertação do óvulo, fica no ovário uma cavidade que se enche de sangue. Por
sua vez, este coágulo sanguíneo é absorvido. Por um processo desconhecido, o espaço por
este coágulo sanguíneo torna-se cheio de células de coloração amarela. Estas constituem o
corpus-luteum ou "corpo amarelo".
Imaginemos que este corpo amarelo se acha ciente de que um óvulo partiu na
esperança de encontrar um companheiro masculino (a teoria dos átomos já apontada em
outro capítulo), ou seja o espermatozóide e por este ser fertilizado. Sabemos que o destino do
óvulo, no caso de se dar a fecundação, é a cavidade do útero. Este corpo lúteo envia ao
mesmo, por intermédio da corrente sanguínea, um aviso para que se prepare afim de receber
importante hóspede. Outro aviso é enviado aos músculos do útero dizendo-lhes que eliminem
a ação do hormônio da hipófise (pituitrina), que, como vimos, é causa das contrações e
expansões do útero. Os músculos obedecem a este aviso, cessam as contrações e o útero
torna-se preparado para hospedar o óvulo fecundado".
seguidamente, durante algumas longas horas, uma desagradável sensação, como se o fundo
do útero estivesse caído para fora da bacia... Não se assemelha a nenhuma outra dor. No
entanto, dizemos, existe um outro aviso ainda não conhecido da ciência médica, que vem
através de vários sintomas, objetivos e subjetivos; além da referida dor, que nem sempre
aparece. Sim, uma outra como se fosse um corte de navalha, ou algo deslisando, de modo
cortante, de um dos lados para o baixo ventre. a mulher se torna mais irritável, embora se
interessando pela união sexual, devido a excitações vaginais. Quando sentada, move as coxas,
insensível e agitadamente; seus olhos se tornam lânguidos e húmidos, algumas vezes produz
movimento instintivo com os lábios, formando ligeira contração no canto da boca,
principalmente do lado esquerdo.
Conclui o referido médico que tal dor é produzido pela ruptura do folículo ao
desprender o óvulo. Baseado nessa dor intermenstrual, localizou o período estéril, para as
pacientes que desejam espaçar o nascimento dos filhos, a partir de quatro dias após a
superveniência da dor... "E, em nenhum caso houve gravidez em pacientes que só se
utilizaram deste período seguro", segundo relata. Contudo, há ainda autores que não dão
muito valor à associação dessa "dor intermedeia", com o fenômeno da ovulação.
Suponha-se, entretanto, que não exista óvulo algum nas trompas. Esperarão as células
masculinas o seu aparecimento ? Não. Tem longa vida ? Não, ainda. Calculou-se que as células
masculinas perdem o seu poder de fecundação 48 horas após terem penetrado nos órgãos
femininos. Diz o Dr. Knaus: "As últimas pesquisas lançaram bastante luz sobre a duração da
vida do espermatozóide. Estes perdem sua capacidade fecundante muito antes de sua
motilidade. Isto significa que sua capacidade de deslocamento não implica absolutamente em
capacidade de fecundação. E assim, outros mais chegaram às mesmas conclusões.
185. ESPERMATOGÊNESE
FIGURA
******
CAPÍTULO VI
Para que melhor se possa compreender o que será desenvolvido no presente capítulo,
mister se faz conhecer, ao menos, o conteúdo destes dois livros por nós recomendados, ou
sejam "Método de limitação dos filhos" do Dr. Thuston Scott Welton e "Menino e Menina" do
Dr. Jules Regnault, ou obras semelhantes. O primeiro, por exemplo, por ser mais simples, ou
de mais fácil compreensão, é algo assim como um manual a ser consultado pelos casais que se
interessam pelos processos postos hoje em prática, para se evitar ou limitar os filhos.
Acontece, porém, que "não havendo regra sem exceção", àqueles que lançam mão de
semelhantes processos, não por motivos superiores, e sim egoisticamente, ou por "não
quererem se preocupar com filhos. para melhor poderem viver fora do lar, como se unir ou
casar fosse desunir, abandonar, etc., levando, enfim, a vida que muitos casais hoje preferem,
ainda que contrariando a Voz da Natureza. Tais processos -por mais valiosos que sejam -
podem falhar em 75 % dos casos, digamos mesmo, em 80 ou 90 %; ficaria o restante - usando
de palavras ocultistas ou eubióticas - para "castigo cármico" aqueles que, sem motivos
justificáveis se recusam à razão principal da união de dois seres que se amam e que se acham
ligados pelos sagrados laços do matrimônio. nisso, como em tudo mais na vida, não é religião -
seja ela qual for - nem mesmo as leis civis em vigor, que prevalecem, e sim, como estamos
fartos de dizer, o caráter. Muitíssimo pior, se tais casais revoltados contra esse pseudo-código -
se representa uma Bênção que a Natureza lança sobre aqueles que a desprezam - procurarem
obstar essa "marcha triunfal de Vênus em torno do Sol", que é o período de nove meses ou da
gestação.
Outros, por sua vez - uma espécie também de "castigo cármico" - desejam possuir
filhos, e estes jamais aparecem. Em casos tais, mais vale curvar a fronte - reverente e
heroicamente - diante dos desígnios da Lei. E assim, aperfeiçoando o organismo de um ou de
ambos - pois que a perfeição produz milagres, receberá esse tão digno quão evoluído casal a
recompensa de semelhante resignação. coisa semelhante acontece por vezes em nossa vida.
Contam as lendas tibetanas que certo leproso tendo sido abandonado pela família,
dedicou-se à vida de ermitão. Depois de muitos anos, separado do mundo, um tufão destruiu a
sua ermida, indo ele ter à margem de um rio. Qual não foi a sua surpresa, ao mirar-se no
espelho das águas, ao ver que tinha desaparecido todos os sinais das chagas que lhe corriam o
corpo. Tal lenda, como outras tantas, são narradas em O Tibet e a Teosofia, publicado na
revista Dhâranâ de autoria do insigne Teósofo e cientista, Dr. Mario Roso de Luna, de parceria
com o autor do presente livro.
O segundo livro recomendado - por ser mais complexo e repleto de termos técnicos, é
mais próprio para médicos e pessoas que desejam saber um pouco mais de tudo, ao menos
para se ilustrarem. Dele extraímos as seguintes palavras, dedicadas às esposas, como síntese
do método de controle da natalidade:
se poderia verificar a ovulação, o óvulo, a menos que tenha sido fecundado por essa ocasião,
não poderá mais ser fecundado durante esse ciclo. Assim, o período durante o qual se poderá
dar vossa ovulação termina no 12o dia antes da menstruação seguinte. (Note-se que contais
de trás para diante, da data em que esperais a menstruação seguinte, para trás).
E vem nas páginas seguintes alguns exemplos para serem utilizados na prática no
referido Método, além de inúmeros gráficos dos ciclos menstruais normais, regulares e
irregulares, com variações de 4 a 5 dias etc. Sem falar num "disco-calendário" encontrado na
capa interna do mesmo livro, dentro de uma carteira ou invólucro. Por tudo isso, termos
recomendado aos casais interessados no assunto que mais de perto lhe diz respeito.
citamos, agora, algumas teorias - na sua maior parte dentro do Ocultismo - mas que
nada tem de comum com as que vamos tratar mais adiante - embora que só de leve, como a
gaivota que tocando a superfície das águas, com as suas enormes e alígeras asas, se eleva nos
ares conduzindo no bico o pobre peixinho que lhe serve de alimento... Sim, um tanto comum
com as nossas, apenas as citações do Manava-Dharma-Shastra; diga-se de passagem, fazendo
172
com inteira responsabilidade, na humilde obra que hoje trazemos a público, embora oriunda
de nosso fraternal e carinhoso desejo de bem servir a Excelsa causa da Humanidade.
São dias lunares interditos: "a noite do Novilúnio, a oitava, a do Plenilúnio e a décima-
quarta (1) que o Dwija, dono de casa, seja tão casto quanto um noviço, mesmo na estação
favorável ao amor", a qual é: Dezesseis dias e dezesseis noites, cada mês a partir do momento
em que o sangue se mostra, com quatro dias distintos interditos pelas pessoas de bem (pelo
que se vê, também no rodapé, o Dr. Ogino e outros beberam nesta Fonte o que hoje
apresentam como seu, qual acontece com outras pseudo-descobertas, que de há muito eram
conhecidas pelos referidos Iniciados aos Mistérios da Vida), formando o que se chama a
estação natural das mulheres. Como se vê, dessas 16 noites, as 4 primeiras são proibidas,
assim como a undécima e duodécima: as dez outras noites são permitidas.
Em outros lugares:
"Seja qual for o desejo que sinta, não deve aproximar-se da mulher quando suas regras
começam a mostrar-se, nem com ela repousar no mesmo leito".
(1) A tradução é errônea, como se verá mais tarde, devendo ser a décima-segunda.
Dizem as lendas sertanejas que "a cobra não morde a mulher em semelhante estado".
E quanto aos Yoguis, na Índia, procuram passar longe da mulher que estiver em semelhante
estado, o qual é percebido por vibrações étero-astrais ou psíquicas. Já dissemos que é este o
período lunar, enquanto o dos nove meses de gestação corresponde ao vitorioso período
venusiano.
Por isso, "o que dela se afasta - como preconiza ainda o mesmo códice sagrado - na
época em que se acha imunda, aumenta a ciência, a virilidade, o vigor, a vista e a existência".
"As noites pares, entre as dez aprovadas, são favoráveis à procriação de filhos varões;
e a ímpares, às filhas. Assim, quem deseja um filho deve aproximar-se da esposa na época
favorável e durante as noites pares".
A Bíblia está repleta de indicações nesse sentido, mas como é para ser lida "por baixo
da letra que mata", bem poucos as descobrem. Um dos primeiros argumentos é tirado da
história de Jacó, Lia e Raquel:
"Para ter um filho, é preciso que a mulher deseje ardentemente o marido, como Lia
desejou a Jacó".
"O senhor leu o Talmud; deve saber, portanto, como eu posso anunciar a meus
parentes e amigos o sexo do ser que esta para vir". Assim explicava como anunciava, com
exatidão o sexo de seus filhos.
"Quando quero uma filha, ofereço-a à rainha; quando quero um menino, espero que
seja ela quem mo ofereça".
Pelo que se vê, por mais valiosas que sejam as teorias modernas, outra coisa fazem
senão buscar nos velhos alfarrábios o que em outros tempos já era conhecido.
"Entre os chineses, todos os fenômenos são atribuídos a dois princípios YNN e YANG,
cujo equilíbrio constitui a harmonia do Universo e a saúde do organismo (já falamos, com
outras palavras, dessas duas forças, às quais todas as outras estão subordinadas: Fohat e
Kundalini). O determinismo do sexo explica-se por esta lei geral: nascerá menino ou menina
conforme predominam as forças ou formas de energia YNN ou YANG.
Conforme indica o gráfico, temos no centro o círculo que simboliza o princípio único,
Tai-Ki, o qual gera Ynn e Yang (com vista ao ideograma chinês de outro capítulo, traduzindo o
Ovo Universal, de onde parte esse mesmo princípio indicado no diagrama acima),
representados por duas espécies de vírgulas, ou antes, embriões enlaçados, um verde e outro
encarnado (outras vezes branco e preto) cores essas que preferimos justamente para designar
os dois elementos Ar e Fogo, dos quais já nos ocupamos em outros capítulos.
Na teoria atômica, seriam os eons e os elétrons (por sinal que o primeiro termo, algo
semelhante ao chinês: Ynn ou Eon, do mesmo modo que Yone, para o ctéis ou elemento
feminino e o Yang, lingham ou Falus para o elemento masculino).
Oito signos, do mesmo modo que os OITO PODERES DO YOGUI, contidos nas "oito
pétalas do chacra vibutti do centro cardíaco, ao qual denominamos de "pêndulo que regula a
vida humana, etc."
Os gráficos dos ciclos de dias, dos métodos modernos, são, por sua vez, divididos em
três seções, as duas das extremidades ou dos períodos estéreis e o segundo por um traço
inteiro. Mas como Ynn e Yang nunca se apresentam inteiramente separados na Natureza (o
eterno mistério do duplo, do Pai-Mãe, etc.) os elementos são figurados por três traços simples
ou duplos superpostos. Obtêm-se, assim, oito combinações, que se denominam Pá-Kuá ou
"oito signos" de Fu-Hi, do nome do imperador que os teria imaginado entre os anos 2.900 e
2.850 antes de nossa era (o mesmo Buda é chamado, em chinês, de Fo-Hi).
Superpostos dois a dois, esses "oito sinais" dão 64 combinações, que constituem o
livro mais antigo da China, o Y-King. O verdadeiro sentido desse livro não podia deixar de, com
o tempo, obscurecer-se. No século XII antes de nossa era, o imperador Uen-Uang, em primeiro
lugar, o seu filho Tchéu-kong, em seguida, julgaram conveniente oferecer, do referido livro,
uma explicação sumária, redigida com os caracteres que usavam seus contemporâneos; o
conjunto de seus comentários formou o Hi-Tsé. Mais tarde, no século VI antes de J.C., Kong-Fu-
Tséu (Confúcio) deu, por sua vez, explicações do Y-King e dos comentários precedentes;
escreveu assim os Hi-tsé-tchuan, que a bem dizer seria "a Sabedoria dos Chohans" (ou dos
Arcanjos, o que implica, finalmente, em Theoin, movimento, astros, etc., para provar que tudo
na vida aos mesmos se acha ligado). Hoje em dia, o livro primitivo e esses diversos
comentários estão englobados sob o nome de Y-King.
175
Cada uma dessa duas formas possui dois dentes que penetram na forma oposta, e um
"olho" ou núcleo, que é da cor da forma oposta, para demonstrar que os dois princípios se
acham indissoluvelmente ligados.
"No domínio científico, Yang e Ynn, seriam os fluidos ou polos negativos e positivo, o
vermelho e o verde, a luz e a obscuridade, o calor e o frio, a base e o ácido, o macho e a
fêmea: formam turbilhões e seu equilíbrio faz-se segundo um ciclo..."
Pelo que se vê, esta teoria nada difere da do Ocultismo, aliás, como já foi dito na
primeira parte, "donde a mesma ciência oficial procede". O mais é querer contaminar a Fonte
de cujas águas ela hoje se serve...
No que se refere aos fatores que determinam o sexo, escreve Jorge Oshawa
Sakurazawa em 1931:
existe para o homem. A química provará em seguida que os primeiros são superiores aos
segundos pelo teor em elementos Ynn, representados pelo potássio, K (3) e estes, ao
contrário, são superiores por seu Elemento Yo, representado pelo sódio, Na.
__ __ ______
______ __ __
__ __ ______
(1) Na mesma razão a teoria comentada por nós apresentada: cometas projetivos ou de cauda
e circulares ou redondos.
(2) A Deusa Isis, por sua vez, não é chamada de IO ? Isis ou Lua e Osiris ou Sol, por sua vez,
representam os elementos feminino e masculino, água e fogo, etc., etc..
(3) As células masculinas não duram, como se viu, o dobro dos óvulos ?
(4) É assim que a religião dos Mormons, deve admitir a poligamia, perto do lago Salgado.
Esotericamente falando, já o dissemos: maré, o mar, Maria, Lua, água, tanto valem...
É preciso notar que o continente Ynn pode transformar-se em país Yo pela ação do
homem, ou graças a condições especiais, por exemplo, se a alimentação comporta muitos
produtos animais Yo, ou se existe uma grande jazida de sal, fontes muito quentes, etc.
177
Assim também a ilha se transforma num país, mais ou menos Ynn, graças à
humanidade, a uma corrente fria do mar, etc.
E opina o autor de "Menino ou Menina ?" que é o ilustre cientista Dr. Jules Regnault -
a respeito de Ynn-Yang:
E mais adiante:
"A noção filosófica é bem outra: a procriação de uma criança de tal ou qual sexo está
ligada à predominância das influências de Ynn ou Yang. Uma ou outra predomina conforme a
estação, a fase da Lua, a alimentação, etc.
Pelo que se vê, e estamos de pleno acordo, a ciência oficial não conhece ainda um
método de todo eficiente, para se alcançar o êxito desejado.
Se Plutarco não mente, a teoria remontaria a Parmênides a teria sido retomada por
Anaxágoras, no VI e V séculos antes de nossa era, mas estes haviam admitido certa influência
da mãe se o sêmen que vem do testículo direito é projetado no lado esquerdo resulta em
macho: de outro modo tem-se uma fêmea. Hipócrates admite uma teoria semelhante e
aconselha a inclinar a matriz para o lado direito, afim de obter um menino, e para o lado
esquerdo afim de obter uma menina. Aconselhava-a fazer a ligadura do testículo
correspondente ao sexo que não se desejava.
contudo, na escola hipocrática, a teoria era mais complexa: ambos os pais tem
isoladamente a aptidão de procriar seja um menino seja uma menina (estamos de acordo).
No século XVIII, Procópio Couteau retomou tais idéias e foi mais longe. Segundo ele, o
homem poderia sacrificar o testículo correspondente ao sexo que não desejava obter.
179
Não vamos adiante para não fatigar o mental do leitor e sua própria paciência em
saber que temos a dizer de novo a respeito de um fenômeno que à Humanidade toda
interessa. Não esqueça, porém, o leitor que não prometemos fazê-lo na íntegra, mas apenas,
os possíveis comentários, aliás de assuntos por demais tratados em nosso primeiro livro, e em
estudos esparsos, como por exemplo, no preâmbulo da Seção dedicada a São Lourenço, na
revista Dhârânâ, no 103, Dhâranâ falamos dos filho de Amon Râ, ou sejam os de certos Faraós
que, usando processos ocultos ou conservados no Seio das Fraternidades egípcias, por isso
mesmo, eram auxiliados, em tais ocasiões, por um sacerdote e uma sacerdotisa, não que isso
influísse de todo no fenômeno, mas pelo caráter ritualístico que o mesmo tomava.
Chegamos mesmo a ensinar, no capítulo deste livro dedicado aos Tattvas, como se
pode fazer a respiração passar de uma narina para a outra, bastando deitar do lado contrário
da narina que se deseja funcionar.
Nesse caso, sem precisar fazer uso de tão complicados meios como os que foram
ensinados pelos autores citados anteriormente, dentre eles alguns dignos do maior
acatamento, bastar observar a posição ou asana - quando agir determinado Tattva... - para que
o casal obtenha uma criança do sexo masculino ou feminino, segundo seu desejo. E isso, está
subentendido, na fase fértil ou fecundante, embora varie de acordo com o período menstrual;
desde que se obedeça a semelhante processo, todas as probabilidades serão favoráveis para
que se obtenha o devido resultado. Porque, se deitado estiver o homem sobre o lado
esquerdo, conseqüentemente a mulher estará sobre o direito, e portanto, a respiração fluirá
em um pela narina direita, e em outro pela esquerda, acontecendo, infalivelmente, o que foi
preconizado por Aristóteles e pouco mais: o testículo direito obedecerá à função
respiratóriada narina do mesmo lado, e assim, a criança que nascer de semelhante união
deverá ser do sexo masculino. Nascerá uma criança do sexo feminino se as posições forem
invertidas. (1)
Mas, se não houver tanta pressa por parte do casal, basta esperar que a respiração
esteja normalmente funcionando do lado correspondente ao sexo da criança`que se deseja
(para o homem, o lado direito ou solar, masculino, e, o esquerdo ou lunar, feminino, pois que a
mulher tem as polaridades opostas, regulando assim em sentido oposto, e com isso, a união
pode ser efetuada segundo o processo pela primeira vez apontado).
(1) Pode-se comparar tal período ao de uma "balança em fiel", isto é, as conchas em equilíbrio,
ou mesmo nível. Com justa razão lhe demos o nome de "período andrógino", devido os dois
elementos (o masculino e o feminino) estarem afins. Nesse caso, um "mercuriano", ou mesmo,
"Uraniano Perfeito". O termo Hermafrodita, no seu mais elevado sentido, provém de Hermes
(Mercúrio) e Afrodite (Vênus). O capítulo com que se conclui o presente livro ao mesmo é
dedicado.
além do mais, que reclamava o auxílio de "um sacerdote e uma sacerdotisa", isto é, o rei e a
rainha assentados, em um trono especial... mas, ambas as narinas funcionando, porque, em tal
período chamado de Súshumna, o homem se acha unido à Divindade. dizem mesmo as
escrituras sagradas que tratam do assunto (inclusive a obra de Rama-Prasad, As Forças sutis da
Natureza) que "nessa ocasião não se deve tratar de assunto algum concernente ao mundo
físico, isto é, às coisas comuns da vida, mas sim às do Espírito". E como a função sexual seja
caótica ou oposta a mental ou cerebral... logo, nenhuma outra hora mais propícia para se
obter um filho de "categoria superior" ou divina.. Seria isso contrariar o Karma ? Não, porque
Karma é Ignorância ou falta dos conhecimentos superiores. E estes quando aplicados para fins
condignos, só podem exaltar o homem. Nesse caso, o mesmo Karma, como lei bem certa,
concorrerá para que nasça de um casal tão inteligente, ou conhecedor da Magia Teúrgica, a
Magia dos C, etc., a Mônada que tal direito possui, para não dizer, de skandas ou tendências
apropriadas a semelhante Lar., O mesmo Buda já dizia: "Ninguém nasce na família ou na Pátria
que não lhe estiver destinada". Para completar tudo isso, o próprio termo "Senhores do
Karma", podem lançar Adeptos da Boa Lei, demonstra que já tendo Eles esmagado o Karma,
podem lançar mão deste ou daquele processo, desde que afastados não fiquem dessa mesma
Lei. Negar tudo isso não passa de fanatismo ou ignorância.
Não se deve esquecer, ainda, que tendo o homem a própria conformação dos cinco
Tattvas, isto é - como já dissemos em outros lugares, (******* DESENHO DESENHO DESENHO
DESENHO *******)
estando sentado ou em pé, sua cabeça representa o Akasha. Por isso quando as duas narinas
estiverem funcionando simultaneamente, são os dois Tattvas superiores que estão em plena
função. Já tivemos ocasião de citar a famosa sentença iniciática que diz: "Aquele que
ultrapassa o Akasha é fonte de toda a Riqueza" (isto é, a riqueza espiritual). Como negar que
tal processo não concorra, mesmo que carmicamente falando, para o nascimento de uma
criança privilegiada ? Não há como provar o contrário, seja cientista ou ocultista.
Tal como "o Ovo de Colombo", é facílimo o processo; resta, apenas, saber manejar as
forças sutis da Natureza. Para isso, necessita o homem sujeitar-se a longos anos de exercícios.
Não foi para o outro fim que nos propusemos publicar uma quarta obra, intitulada A ciência da
vida, ou como se tornar adepto, dedicado àqueles que de fato aspiram a Luz Sublime da
Verdade. Quanto aos interesseiros, os que só se dedicam ao Ocultismo para fins pessoais, e
muito pior, em detrimento do próximo, melhor que nunca adquiram semelhante obra, mesmo
porque, antes de terminar a sua leitura, já estarão arrependidos como a "mariposa que
aproxima-se da chama de uma vela". De fato, a Luz, quando é por demais intensa, cega.
181
Para isso o leitor possa compreender o que vai ser dito no seguinte capítulo, mister se
faz conhecer de modo sintético, o significado do termo Cabala.
Este termo, que também se escreve Quabala, possui diversos significados, justamente
por aplicar-se a diversos assuntos:
(1) Sempre a mesma lenda dos Manus, que transmitem aos de sua tribo, clã, raça, etc., o que
recebem do céu.
(2) Na razão cabalística, digamos assim, dos Espirituais merecimentos de cada um...
B - A Notaricon consiste em tomar cada letra de uma palavra por uma inteira dicção,
isto é, pronunciar separadamente o nome de cada letra.
III - Cábala prática: - É a ciência com auxílio da qual se operam as obras mágicas, as
mesmas de que se serviram Moisés, Josué, Elias e outros Taumaturgos, e que não estão ao
alcance dos homens vulgares, por isso mesmo, tomando-as como "milagres". foi ainda com
seu auxílio que Salomão pode construir o templo de Jerusalém. Esta Cabala foi consignada em
um livro publicado pelo rabino Isaac Ben-Abrahão, no começo do século XVIII. De todas as
Cabalas, entretanto, a mais importante é a filosófica.
182
IV - Cábala Filosófica: Tal espécie de Cabala contem sobre Deus, o homem e o Universo
(Aziluth) sublime metafísica. ela se divide em duas partes principais: uma chamada Bereschit
(livro dos princípios); e outra Mercabah ou o Carro, na qual se acham todas as explicações
necessárias a compreensão de todas as verdades. Existem várias razões para ser chamada de
Carro, dentre elas a relacionada com o carro (ou charriot) de Ezequiel. Estas duas ciências são
sagradas. Não se pode falar do Bereschit diante de mais de duas pessoas; quanto a Mercabah
ou Mercavah, proibido é explicá-la diante de qualquer pessoa.
4 - Porém, não deve ela a sua origem à substância com que se apresenta;
9 - Quanto mais próximos se achem os seres desse Espírito Infinito, maiores e divinos
se tornam;
(2) O Ain-soph.
10 - O mundo emanou de Deus, devendo, pois, ser olhado - com tudo quanto nele
existe - como o próprio Deus, que estando oculto, incognoscível, incompreendido em sua
própria Essência, manifestou-se e tornou-se, por assim dizer, invisível ao homem por suas
emanações (1).
Foram essas emanações que no Universo criaram três mundos diferentes, embora
ligados entre si: Aziah, Ietzirah e Briah, os quais, por sua vez, correspondem às três divisões
fundamentais do homem: Nephesch, Ruasch e Neschamah, Corpo, Alma e Espírito (2)..
Os dez princípios acima exarados para simbolizar os Dez ramos da "Árvore Sephirotal",
são: 1 - Kether; 2 - Chochmah; 3 - Binah; 4 - Chesed; 5 - Geburah; 6 - Tiphereth; 7 - Netzah; 8 -
Hod; 9 - Yesod e 10 - Malkuth.
183
(1) Nesse caso, não é visto, mas é sentido ou percebido em tudo e em todos, justamente por
aqueles que mais próximos se achem desse mesmo Espírito infinito.
CAPÍTULO VII
Quando o Dragão celeste caiu do céu, arrastou com sua cauda tudo quanto foi
encontrado no seu caminho, fazendo apagar as 22 estrelas". (Dos mais antigos livros do
Oriente)
Nesse caso, diremos apenas que os próprios Arcanos Maiores do Taro (Tora, Rota,
Torah, etc.) do mesmo modo que diversos alfabetos sagrados, dentre eles o hebraico, tiveram,
no verdadeiro sentido encoberto por semelhantes palavras, a sua origem, na razão de 3 X 7 =
21, e mais 1 igual a 22, sendo o 22o a Síntese dos demais.
184
A própria Mônada, cujo significado já conhece, agora, o leitor, por nela termos falado
tantas vezes no decorrer deste livro, é de forma Tríplice. E se a multiplicássemos pelos sete
estados de consciência por que é obrigada a percorrer, durante a sua evolução em toda a
Ronda (inclusive através das sete raças-mães e respectivas sete sub-raças, ramos e famílias),
obteríamos o precioso número 21, que acrescido da Vitória da própria Mônada, ou a volta à
sua Origem, como Unidade donde tudo procede, completo estaria o mistério dos referidos
Arcanos Maiores.
Tanto o Taro Sacerdotal como o dos Boêmios, serve para jogar a vida dos homens, algo assim
como quem diz: "a própria vida humana depende dos referidos arcanos".
E a maneira de jogar, que nada tem de comum com aquela usada por cartomantes, por
mais peritos que sejam, é feita do seguinte modo: a primeira carta que sai representa o
consulente ou pessoa que interroga "a voz do Oráculo"; as duas seguintes, que devem ser
colocadas, uma à direita e outra à esquerda, como verdadeiras colunas ou Ministros (as
colunas do Templo de Salomão, etc.) são as que devem responder à pergunta feita pelo
mesmo consulente. Sete vezes baralhadas as 22 cartas do Taro, e sete vezes arrumadas do
referido modo, sete vezes, portanto, o jogo completo da vida do consulente.
Quanto ao termo "estrelas", já dissemos várias vezes que o próprio homem tem a sua
conformação na razão do Pentalfa, etc. E isso obtém, ainda, mais transcendental explicação
através da resposta que deu certo "nadjorpa tibetano" à Sra. A. David-Neel, autora de
"Místicos e Magos do Tibet", quando lhe indagou o que fazia - "Vivo de transformar esterco de
cães em estrelas luminosas", respondeu. Infelizmente, a ilustre escritora e abnegada ocultista
francesa não compreendeu o sentido de semelhantes palavras, nem tão pouco o lama
Yongdem, a quem ela chamava de seu "pupilo", e que significam: "Vivo de transformar almas
(ou homens, se o quiserem) imundas em estrelas luminosas, isto é, em Espíritos, em formas
radiosas semelhantes à sua própria Origem.
Essas "22 estrelas que se apagaram com a queda do Dragão celeste" estão expressas
em constelações (e a prova é que certo Jogo de cartas, ou Taro, chamado de Mlle. Lenormend,
traz, em cima do assunto, as referidas constelações, que ninguém sabe decifrar...), com a
conformação e sentido dos alfabetos sagrados mencionados. Haja visto a de Orion, em relação
com o Alef, primeira letra do alfabeto hebraico, e o próprio A do nosso, etc., por isso,
representando o Pai, Osiris, Deus, etc, enquanto a segunda, o Beth (nosso B), a Mãe, o aspecto
feminino que toma a mesma divindade, na razão de Isis para o egípcio, e astrologicamente
falando, as duas letras e arcanos, para expressarem Sol e Lua, como os Pais da Humanidade....
O grande iluminado Claude Bernard (citado várias vezes) disse, em tom profético, as
seguintes palavras, a respeito do mistério celeste: "Há de chegar o dia em que os homens
185
poderão ler ao livro aberto do Firmamento a sua própria História passada, presente e futura"
(na razão dos 3 arcanos reveladores da vida humana, a própria Mônada, etc.)
Na Atlântida, cada um dos Sete Reis de que a mesma regiam, como dirigentes de suas
sete cidades cantões, e mais uma oitava, onde se achava o mistério do Uno e do Trino (1) para
provar que todos os nossos trabalhos de caráter iniciático dizem as coisas, mas nem todos a
compreendem) representava o mesmo Ternário, na razão de Rei-Rainha e Valete (ou Príncipe),
ou seja, Pai-Mãe-Filho. Por isso mesmo, essa tríplice direção, multiplicada pelas referidas sete
cidades dão o número 21, e mais a Unidade representada pela Oitava, igual a 22. Em tudo e
em todos... o mesmo Mistério.
Por isso, tal LOUCO leva no ombro um saco, o saco contendo as experiências da Ronda,
por Ele mesmo, em forma, ao mesmo tempo, Una e Trina, dirigida. Volta, pois, ao Seio do
Infinito ou Mansão Celeste. Mas falta algo ainda a decifrar: um crocodilo negro, a sua própria
sombra na razão cabalística do Daemon est Deus inversus, que procura devorar a sua perna
esquerda, por ser o lado lunar do homem. E "da Lua vieram as Mônadas em evolução em
nosso globo, como o do 4o Sistema". Nova é a decifração do mistério do referido arcano, mas
é a verdadeira, por ser a 7a ou última das chaves interpretativas. Sim, e alem do mais, porque
a Obra em cuja frente nos achamos, e tendo a S.B.E. como sua fiel detentora no mundo; é a
própria Mercabah. Por isso, não podendo ser desvendada por aqueles que na mesma não
estiverem integrados. Mister se faz ser Um com Ela. Por isso, possui quatro vestíbulos ou
graus, e mais um, que é o próprio Mistério, na razão do Templo ou Apta.
Porque razão teria exigido a própria Lei que os Dois principais fundadores da Obra em
que a S.B.E. se acha empenhada nascessem, o Homem a 15 de setembro (Mercúrio, ou Urano,
se quiserem), e a Mulher a 13 de agosto (o Sol; não esquecer que Mercúrio é o verdadeiro Sol
espiritual, que se oculta por trás do que se toma como tal...) ? Não nasceu, também, a mesma
Obra, materialmente, a 10 de agosto de 1924 ? Nesse caso, 3 sois ou mundos, quer pelo ano
de 1924 ter sido por ele (Sol) governado, quer pelo mês e dia, que foi um domingo.
com 13 ? Não foi, ainda, com 15 anos, como se viu anteriormente, que os citados fundadores
foram ao Norte da Índia (em 1899) para voltarem com 16 anos, 1900, começo do século XX...
ou seja a chamada "idade adolescente", ou, de outro modo, "O adolescente das 16
primaveras" (em relação com Kumara ou Makara) ? O arcano 16 é chamado de CASA DE DEUS.
A presidência geral de S.B.E., em São Lourenço, possui 16 degraus, que devem ser galgados,
para chegar ao alto, à mesma Casa, Presépio, Creche, APTA, ou o nome que lhe queiram dar,
na razão de uma oitava coisa ...
Assim, nas extremidades dos 3 arcanos, figurando os 13o e 15o, se acha no centro do
14o, na razão dos "14 pedaços de Osiris", da lenda egípcia, mas, em verdade... sete vezes uma
forma dual, ou seja o "andrógino em separado". Por essa razão, na frente dos Templos
babilônicos e assírios existiam duas filas de Esfinges: de um lado, 7 machos, e do outro, 7
fêmeas.
A 13a letra hebraica, ou seja o Mem (com a qual em nossa língua tanto se escreve
Mulher como Mãe) designa hieroglificamente "a Mulher", como companheira do Homem. Daí
a idéia de tudo quanto é fecundo e formador. É o signo maternal e fêmeo por excelência, signo
local e plástico, imagem da ação exterior e passiva, para o masculino, que é o Homem, etc.
Empregado no fim das palavras se torna signo coletivo (Mem final). Em tal estado desenvolve
o ser no indefinido espaço...
O Mem é uma das 3 letras mães, no alfabeto hebraico, ao lado de Alef e Shim.
Como letra final, é o signo aumentativos (Num final) e dá à palavra que o recebe, toda
a extensão individual de que a coisa expressa é suscetível.
Não se deve, ainda, esquecer que, na lenda egípcia, o último pedaço (o sexual) de
Osíris, foi encontrado no bucho de um Peixe, no rio Nilo. E Peixe ou Piscis é um signo
puramente sexual, mesmo que pertença a Júpiter, Zeus, Jove, Jeove ou Jeová... Por isso,
Jeoshua o traçou no solo, quando lhe apresentaram "a mulher adúltera". e logo pronunciou as
seguintes palavras: "Aquele que estiver isento de pecado (este pecado, deveria ter dito), que
lhe atire a primeira pedra".
Diversos símbolos de Piscis ou Peixes trás o homem em seu corpo, para demonstrar
que nasceu da "queda do sexo". De fato:
Orelhas
Olhos
Lábios
Pés (pis, Pies, Piscis, justamente onde o mesmo signo está colocado no corpo humano
(vide o respectivo diagrama):
Por onde passa, o Manu deixa impresso na pedra, na rocha, tão precioso símbolo: os
pés. Assim estão em S. Tomé das Letras e em diversas partes do mundo. O peregrino, o
andante, aquele que palmilha a estreita Vereda da Vida, o ÉDIPO grego, que quer dizer "pés
inchados", sim, de tanto caminhar ! Na mesma razão da Mônada, através de dolorosa
peregrinação de corpo em corpo, vida em vida.
A 15a letra (ou arcano) correspondente é o Samech, tendo por hieróglifo, uma arma
qualquer, sugerindo um circulo fechado. Tal idéia de um círculo intransponível dá nascimento
a de Destino, Fatalidade, etc. delimitando uma circunferência, em cuja área age livremente a
vontade humana (livre arbítrio). Assim, a serpente que morde a própria cauda, alem de seus
mais transcendentes sentidos, possui o de Destino ou Fatalidade.
188
Não foi Destino, ou melhor, a nossa ida à Srinagar, ao Norte da Índia, por sinal que
tendo por significado "Homens Serpentes" (semi-deuses, Adeptos, Iluminados, etc.) ? E
Srinagar não tem por inicial a mesma letra que é Samech ? Quantas vezes o S está envolvido na
vida do autor deste livro, a começar por seu nome de família !
Para fazer jus a "Srinagar Templo Budista", onde o mesmo esteve, a Instituição possuía
a sigla S.T.B.
Astronomicamente falando, tem por signo Sagitário, que pertence - como se sabe - a
JÚPITER...
E paremos por aqui, por já termos falado demais em Cabala, porém, fazendo suo,
ainda, das conhecidas palavras: "Deixai vir a Mim as crianças, porque delas é o Reino do Céu".
Deixai, sim, vir aos nossos lares, quantos Filhos a Natureza vos quiser oferecer, a
menos que motivos superiores (como os vários apontados neste livro) não vos permitam
usufruir de tão valiosa dádiva.
CAPÍTULO VIII
"O estado de sexual escravidão, (diz Roso de Luna na mesma obra já citada, ou seja
"Aberraciones Psíquicas del Sexo"), em que tanto o homem como a mulher se encontram em
sua vida terrena, é assunto que não pode deixar de maravilhar o filósofo. Sacudir semelhante
escravidão, por outra parte, bendita, pois que ao sexo a saúde e a vida devemos, é
seguramente, o maior de todos os problemas e por ignorá-lo ou mal compreendê-lo os
legisladores, tem lugar todos os horrores que se conhecem no mundo, a começar pelas
guerras.
pervertê-lo. Nesse caso se encontram todos aqueles que, tomando ao pé da letra o simbolismo
da chamada "chave sexual do Mistério", o aceitam em seu morto sentido de "união sexual
mágica" com entidades "astrais", ou dos Elementos, (Tattvas), tal como o pretende e julga
Villars, embora colocando essa sua pervertida opinião nos lábios do bom Conde de Gabalis".
Vimos a este mundo devido ao sexo, e nossa titânica prova no mesmo, em torno do
mesmo gira. Se seguirmos o caminho fisiológico, traçado pela Natureza, e melhor interpretada
que qualquer outra legislação, a da ária primitiva do Código do Manú, do amor passarmos ao
matrimônio, e deste aos filhos e a todos os cuidados e lutas do Drama da Vida, que o vulgo
procura sintetizar na poética frase de "criar os filhos". Se seguirmos, entretanto, o caminho
patológico, ou temos de buscar "o doce amargo do pomar alheio", com enormes perigos
morais e sociais, ou oferecer mais um doloroso óbelo ao estigma social da prostituição, que
logo, hipocritamente, queremos por meio do "abolicionismo" combater ou construir "lares
anormais", como falsificação dos legítimos que a Lei ampara, em honra aos consortes e a seus
preciosos frutos (os filhos), ou viver entre aquela "mariposagem" a que se referem os
sansimonianos, ou então, sem contarmos com as nossas próprias forças, nos lançarmos à
perigosa aventura dos irrealizáveis asceticismos, seja o dos "celibatos oficiais", a respeito dos
quais muito teríamos para dizer, quer o exigido como condição indispensável à "superação",
que as Branca e Negra magias adotam".
A renúncia, pois, que defende, como algo indispensável, o Conde de Gabalis, antes de
prosseguir em suas revelações, não é, senão, a supressão desse exigido laço ou nó da vida
humana, constituído pelo sexo em nossas idades centrais, antecipando, anormalmente, a
idade senil em que o homem virtuoso, por força de lei, terá que se ver livre da cadeia do sexo,
para poder preparar fisiologicamente "seu trânsito", com aquele asceticismo moral e físico que
exige a retirada do brâmane ao seu retiro florestal, depois de cumpridos os referidos deveres
sociais ou físicos, que pressa, pois, deve haver em antecipar de alguns anos a colheita do
ascético fruto, que devemos saborear em idade avançada, se a ela teremos que chegar como
premio de nossas virtudes ?
E vêm os aforismos, que por serem em número de Vinte e Dois, representam, de fato,
o julgamento dos Arcanos Maiores:
190
II - A simbólica "Queda dos Anjos" das teogonias, foi a queda da própria Humanidade
no sexo. Primitivamente, os homens eram assexuados, segundo essas mesmas teogonias,
como assexuadas as plantas denominadas criptógamas, e bissexuados ou andróginos, como
deuses e a maioria das plantas. Chegaram então, os homens, diz Platão no Banquete, a tal grau
de Saber e de Poder, que os Deuses, invejosos, os dividiram em sexos, cujas recíprocas
metades se buscam sempre, sem nunca se unificarem. Desde então, a Natureza é a primeira a
rir-se de nós, na sua impiedade, pois que, da união dos sexos opostos, ao invés de nascer a
desejada identificação ou retorno ao androginismo (mistificação), aparece o Ternário, o filho,
de acordo com a humorística poesia de Victor Hugo, que no lied de Rosamunda (a Roda do
mundo ou da vida ? perguntamos nós...), musicada por René Chansarel, assim canta:
Natural, pois, se o sexo é queda, que a superação filosófica, depois de obedecido, seja a
libertação, embora não no necromântico sentido apontado por Gabalis.
III - Porém, essa mesma queda no sexo que é nossa crucificação na vida, também
exprime a nossa redenção futura, ao abandonar nossa "Pecadora" carne com a morte, por
aquele em que o ponto da roda que mais baixo cai, é logo o que mais alto se levanta, quando
ao caminhar, descreve sua epiciclóide evolutiva. Talvez por isso tivesse dito Jesus que "no
191
Reino do Pai os últimos serão os primeiros", e que ali não viveríamos como homens e
mulheres, mas como anjos celestes, ou seja, acima do Sexo. E, por sua vez, S. Paulo ao dizer
que "estes mesmos seres humanos, hoje caídos, chegariam a ser juízes e senhores dos
próprios anjos celestes", semelhantes àquele "império universal dos sábios sobre todas as
coisas e seres da Natureza", a que se refere o Conde de Gabalis.
V - Magia branca no sexo ? Tal coisa equivaleria em querer conservar, por um lado,
todo os traços da animalidade que o sexo possui, mas também todos os nossos humanos
lauréis, simbolizados no divino mito de Prometeu, por isso mesmo, elevar-nos, cada vez mais,
até chegarmos à condição de deuses. Cabe, sim, na Lei da Evolução, aquele dualismo humano-
animal, causa de todas as nossas torturas de seres decaídos: o dualismo cruel da animalidade,
que vamos abandonando, e a verdadeira ou pura Humanidade que constante e
vagarosamente vamos conquistando. Como tentar unir a semelhante dualismo, uma terceira
evolução super-humana, sem que o primitivo animal, a Besta Rugidora da lenda do Baladro, de
Merlim, em nós tenha morrido (ou desaparecido) ? Pretendê-lo, como se quer por meio das
"ciências secretas" e as sábias" uniões com os seres Elementais, do Conde Gabalis, é querer
abrir a Porta Celeste do Mistério com traiçoeira gazua. Tais "ciências" são, assim, como já
temos dito em outros lugares, a falsa moeda do verdadeiro Ocultismo assexual e redentor, ou
seja, dessa Ciência das ciências transcendentes, sintetizada, acima de tudo, em nosso mais
sublime aperfeiçoamento moral e sexual, Ciência que há de destruir em nós aquela simbólica e
perigosa Besta, antes que o super-homem, o "Menino-Deus" nasça no presépio de nossa
animal miséria.
os mesmos das Teogonias. Razão porque o radical latino virtus, virtude, provem do vir (1),
varão, e do vis, força, etc., pois que outra maior não se conhece sobre a terra.
VII - O amor físico entre os sexos reflete o místico Amor Ideal e sem Sexo, como o
próprio lago reflete as estrelas do céu; porém, quando as águas do referido lago não estejam
agitadas pelo tempestuoso desencadear do vento das paixões, mas, gozando de serena
tranqüilidade fisiológica; doloroso, sim, quando essa límpida e tranqüila superfície se vê
alterada sob os impetuosos ventos passionais, que uma aberrante imaginação provoca. Por
isso, estudar a imaginação equivale a estudar a origem humana do sexo e suas aberrações.
Razão de se dizer que "os artistas e os libertinos tudo despem com o olhar". Por isso, o animal,
desprovido de imaginação, só se ressente da atração amorosa ou sexual quando a mesma
imaginação da Natureza, a eterna Fada-Primavera, a tal coisa o impele. No homem, pois,
imaginação criadora e sexo são essencialmente antitéticos, os dois polos da alta e da baixa
sexualidade, e por isso, seus anelos espirituais e suas paixões sexuais, lutam na arena da vida,
como muito bem diz Espronceda, com estas palavras:
-"Não vos entregueis ao sexo, quando o sintais inferior a vós mesmos - coisa completamente
oposta aos "delírios imortalizadores de Sílfides", do Conde de Gabalis, isto é, quando o véu de
Mayá, ou de Isis, criado pela paixão sexual reclama seus reprodutores direitos evolutivos. Ou
então, quando o mesmo Adepto de Crotona tem estas outras palavras: "Não deveis jamais
enaltecer a tão extensiva lei animal do sexo, empregando o divino dom da Imaginação
Criadora, porque realizareis, com isso, o mais perfeito ato de Magia Negra, concorrendo para
que a régia faculdade humana imaginativa se torne escrava da animal condição inferior, e não
ao contrário, como aqueles insensatos cavalheiros de O mundo ao contrário, que carregavam
seus cavalos, ao invés de serem por estes transportados.
(1) O Viril Atlante, dizemos nós, que significa "força", e com a qual se moviam os veículos
naquele tempo, inclusive os aviatórios, pouco importa o descrédito por parte daqueles que
tudo negam, sem nada saberem... E ainda, para o próprio termo "virilidade", potência, etc. etc.
X - Do mesmo modo, o sexo é ainda uma realidade - e realidade tão dolorosa quão
perseguidora (3), a suprema arte humana, insistimos, seria preferível só se falar do Sexo nos
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tratados de Medicina, Sociologia e outros similares. Além disso, aquele que só vive a pensar no
sexo, quando carmicamente o perde, grave perigo ocorre em pervertê-lo. Coloquem-se em
uma das conchas de simbólica balança, certas obras decadentes atribuídas a Salomão e todas
as da mesma espécie, de procedência grega e romana... Continuem-se enfileirando por cima -
com algumas honrosas exceções - o Decameron de Boccacio, os Diálogos do Aretino, a
Celestina, etc. etc.; do mesmo modo, devido a seu estilo e perigosos realismo, as de certos
literatos, e até acadêmicos. Ponha-se, entretanto, na concha oposta, as super-sexuais e
idealistas (4) e nosso horror chegará ao auge... Sim, o alarmante horror de nossa sexual
decadência.
XII - Luxúria, no seu etimológico sentido, nunca foi o ato fisiológico sexual, como pensa
a maioria, pois que, luxúria provem de "jogo" e de "luxo", isto é, das doentias excitações que o
luxo e a ociosidade provocam na imaginação de ambos os sexos: na mulher, quando, para
atrair, mais agradar, se excede em adornos, em jóias, etc.; no homem, quando assim
contemplando o sexo oposto, contrariamente ao preceito salomônico de "afasta teus olhos da
mulher excessivamente adornada, para que não venhas a cair em tentação", ou aquele do
Evangelho, "quem olha com os olhos de deleite à mulher do outro, com ela já cometeu
adultério no coração". Donde, também, a eterna castidade do Nú estatuário da Vênus do Milo,
de Guido, de Falero ou de Medicis, no Apolo de Belvedere, etc. A imaginação, prejudicada por
enfeites e atavios, além de outros meios com que lhe excita, ilude sempre com aquilo que se
procura adivinhar por baixo do que não aparece, na razão de "o proibido ser justamente o
desejado". O famoso suplício de Tântalo não nasceu do sentido que se julga, mas do luxo, pois
que certo famoso escritor já dizia a tal respeito: "Se a mulher mantem o presunçoso e egoísta
culto de sua própria beleza, de outra coisa não se pode ocupar. Madame de Castiglioni, que
adorava a si mesma como um Narciso, passou a maior parte de sua vida meditando na
maneira como aperfeiçoar, cada vez mais, os defeitos de seu rosto e as linhas de seu corpo".
"A história das mulheres que se fizeram célebres por sua formosura, demonstra que essa
mesma formosura as submeteu a verdadeira e doentia escravidão, que nem de leve pode ser
comparada com as mais cômodas, não menos atrativas e atuais exigências para se conseguir
agradar, diz Salomé Nunez Topete, e toda a beleza feminina, beleza proclamada, corresponde
a limitada missão de se considerar algo assim como um espetáculo gratuito, embora que
pesado ou custoso. Enquanto uma galante é duplamente fácil, uma intelectual é ativa,
incansável, desinteressada, uma grande mulher, enfim, que não concordaria, jamais, que lhe
dissessem "tua cabeça é formosa, mas sem juízo" (1). Resignam-se, pois, as beldades e essa
quebra universal do tipo ideal de outrora: aquelas damas célebres apenas por seu rosto. Os
mesmos pintores já não mais procuram modelos "de rara beleza", e sim, "os muito
interessantes". Um outro crítico, de fino trato, preferiu dizer que, "se fácil é adquirir a
formosura do rosto, em troca não é o de aformosear o porte, a indumentária, o trato, a
conversação, a força observadora, afina ou delicada vontade. Em suma, a beleza feminina está
quase aniquilada, vendida, pelas elevadas aspirações de outras mulheres modernas, e pela
indiferença, por sua vez, de inúmeros homens, muito mais modernos ainda".
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(2) "Fruto proibido", dizemos nós, que um dia - com a própria evolução humana, ser ele
transcendido - acabará apodrecendo por si mesmo, e portanto, deixando de ser ou existir.
(4) Inclusive esta, dizemos nós, que submetemos ao estudo dos homens de boa vontade e
sedentos de luz.
(1) A guisa da desconhecida frase de Schopenhauer as mulheres frívolas, etc. "longos cabelos
para curta inteligência".
XVI - O estado de civilização de um povo, do mesmo modo que sua cultura, não se
avalia por algo melhor do que a sua elevação moral e intelectual de suas mulheres, e também
pela maneira por que os homens as consideram.
XVII - O homem faz a mulher, e a mulher o homem. "Diz-me a quem amas e como
amas, e te direi quem és".
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XIX - Correm grandes perigos de perder ou perverter o sexo os que vivem sempre a
pensar nele, ou a falar, constantemente, nos seus escravizadores prazeres. Por isso, a má
literatura, chamada "pornográfica", vai diretamente contra o próprio sexo, sob o
grosseiríssimos pretexto de arte naturista, que nada tem de Arte, muito menos de Verdade.
XXI - Como a chave sexual, diz-se, é a mais inferior do Mistério que nos cerca, tudo no
sexo, entretanto, possui algo de iniciação. Porém, a Natureza não conhece, senão, duas
maneiras de agir para iniciar os seres humanos: a evolutiva e revolucionária, e a fisiológica e
patológica. Por isso, as maiores vítimas do tempestuoso mar do sexo são aquelas que antes e
depois da puberdade, receberam a letal influência dessas doutrinas, que julgam resolver o
problema so sexo, estendendo, sobre o mesmo, como disse Freud, um véu de mistério que o
torna, precisamente, mais sedutora e apetitosa. À criança de um outro sexo, desde a mais
tenra idade, tanto no que ao mesmo sexo se refere, como em outras tantas coisas, não se deve
mentir. Os pais educadores cumprem sua missão oferecendo-lhes, sempre, a verdade tal como
se apresenta, suave, sem adornos nem incentivos, na certeza de que o fazendo com toda
decência, resvalará - como a própria água de uma cachoeira, pela encosta abaixo - nessas
mentalidades ainda jovens ou não preparadas. Mais de uma vez se tem criticado, por agir ao
contrário, o que se passa no confessionário, justamente por inverter os termos do problema,
procurando saber o que de mau foi praticado em relação ao sexo, quando deveriam limitar-se
- como bons educadores - a só o fazerem com paternal e amorosa lealdade, a respeito daquilo
a que se limita, ainda, tão jovem consciência... "Qual de vossos filhos vos pedindo pão, lhe
dareis apenas uma pedra" ? ensinou o Evangelho.
XXII - O amor é o desconhecido... Por isso, a Divindade, que é supremo Amor, também
é supremo Incognoscível... Bendito seja, pois, tudo quanto restitua ao sexo seus legítimos
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"Nos dias em que os bárbaros foram senhores das margens do Indo, Casemira, e
Chandra-bhaga, aparecerão monarcas de mau espírito, gênio violento, mentirosos e perversos.
Darão morte as mulheres, às crianças e aos animais domésticos. No entanto, limitado será o
seu poder, curtas as suas vidas, embora seus desejos sejam insaciáveis... Gentes de todos os
países, confundindo-se com eles, seguirão o seu exemplo. Os puros serão desprezados e o
povo perecerá, porque os mlechchas estarão nos extremos, e os verdadeiros ários, no centro.
A riqueza e a piedade diminuirão cada vez mais, até que o mundo entre em completa
degradação... Então, só a fortuna dará valor aos homens; será ela a única fonte de devoção; a
paixão animal, o único laço de união entre os dois sexos; a falsidade, o único meio de vencer as
contendas; e as mulheres, simples objetos de satisfações inferiores; a exterioridade, o único
sinal de distinção entre as camadas sociais; a falta de honradez o mais prático de todos os
meios para se ganhar a vida; a debilidade trará consigo a dependência; a mais desenfreada
liberdade não dará lugar a outras aspirações. A riqueza dará ao homem a reputação de puro e
honesto; o matrimônio não passará de simples negócio; a razão estará sempre do lado do mais
forte. E o povo esmagado pelo peso de enorme carga, emigrará. E assim, na Idade Negra, a
decadência moral continuará a sua marcha, até que a raça humana se aproxime de sua
extinção.
Quando o fim estiver próximo, descerá sobre a Terra uma parte daquele divino Ser,
que existe em sua própria natureza espiritual dotado das OITO faculdades supremas. Ele
restabelecerá a justiça na Terra e as mentes dos que viverem até o fim serão tão puras como
cristal. Os homens assim transformados serão somo SEMENTES DE UMA NOVA RAÇA, que
seguirá as leis da Idade de Ouro ou da pureza para transformar o mundo. Dois elevados Seres,
dois DEVAPIS, volverão à Terra para a felicidade dos homens !!!
195. CONCLUSÃO
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O Uraniano perfeito ou verdadeiro Andrógino é todo aquele que possui a sua natureza
masculina, varonil, forte, construtiva, de pensamentos claros, imaginativos e repletos de
confiança em si mesmo, na sua tríplice manifestação de Sabedoria, Amor e Justiça. Em sua
natureza feminina (a introspectiva), terno, protetor dos débeis, dos fracos, dos oprimidos, mas
forte, receptivo e protéico em todas as suas emoções, inflexível nos seus propósitos, em
resumo, com a energia das potências da vida dirigidas para ideais colimados com essa mesma
natureza, que o coloca acima dos puramente humanos ou terrenos.
Somente da união dos dois sexos num mesmo e consciente organismo pode ser
desenvolvido um grande artista, como construtor de belas formas, ou realizador de grandes
ideais. O homem que não é conjugado debaixo desse duplo e espiritual aspecto, deixa de ser o
escultor para ser e estátua muda e fria, por ele mesmo esculpida. Deve ser, portanto, o criador
e não a criatura. Desse modo, nele se reflete a sua própria obra, construída, animada, por seus
melhores sentimentos. O mesmo acontecerá, uma dia, à própria humanidade. Sim, porque o
Supremo Arquiteto se esforça, de todos os modos, para que a sua obra se torne
completamente animada de sua Vontade. E por isso mesmo, nele se funde, como naquela
conhecida lenda trans-himalia, em que o santo e o sábio (as duas salvadoras características
humanas) Rimpotché se fundiu na estátua de Maitréya, por sua vez, precioso Símbolo da
Redenção Humana.
Deve-se notar, entretanto, que semelhante tipo de Uraniano não podia, de modo
algum, ser o hermafrodita a que se referem os grandes clássicos da Medicina, como Marañon
e outros mais, quer se trate da predominância de um sexo ou de outro. Na época atual, o que
predomina é o aspecto feminino ou lunar; não faltam homens efeminados nem mulheres
masculinizadas. quanto a estas, além de repelirem o papel sublime de Mãe, com o qual lhes
dotou a própria Natureza, miram o seu sexo como um D. João de saias, através de um
monóculo, símbolo adequado para quem vê as coisas de modo contrário, ou seja, com um
grau maior do lado em que devia estar o menor. Francas "aberrações psíquicas do sexo", que
fazem jus a um ciclo por sua vez decadente.
São aqueles que sentem, física e espiritualmente, atraídos um para o outro, pois, como
verdadeiras "almas-irmãs", se completam. Por isso, procuram cada vez mais alcançar o sublime
e puro Amor, que os une para sempre. Sentem-se felizes com seu próprio destino, sua
condição sexual, como quis a Natureza, para não dizer, a prodigiosa e sabia lei de Retribuição,
que é a do Karma.
Schopenhauer não era inimigo das mulheres, como julga a maioria, pois, como budista,
não podia ser inimigo de pessoa alguma, e sim, de tudo quanto fosse fútil, enganoso,
prejudicial à evolução humana. Não podia, pois, suportar - como não o suporta nenhum
homem evoluído - a mulher vulgar, fútil, inimiga do lar, para não dizer, de si mesma, a mulher
a que o grande escritor ocultista francês Josephin Péladan, se referia na sua obra "Le Vice
Suprême", como tipo degenerado de Finis Latinorum, mas em verdade, dizemos nós, do fim de
toda uma civilização que definha ou morre, para que das suas cinzas uma outra possa surgir
em todo o esplendor da sua espiritual grandeza.
Com efeito, em tal época, a reprodução será feita, entre os "andróginos vitoriosos",
pelo Poder da Vontade (o poder de Krya-Shakti), como o foi no início das coisas, algo assim
como se disséssemos "nascidos de si mesmos", portanto, sem necessidade de união sexual.
São os mais sagrados e antigos livros do mundo que afirmam tais coisas, os mesmos que
predisseram aquilo que hoje vem sendo cumprido à risca, inclusive na própria ciência. Antes,
porém, menosprezam-nas os que não conhecem a sabedoria arcaica, para depois aceitá-las,
não se envergonhando, entretanto, quando trazidas a lume. O grande Paracelso já dizia, em
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seu tempo: "O que uma Humanidade considera como do saber, considerado é pela vindoura
como inútil, e até prejudicial".
O corpo pituitário, na sua forma física, se fará o órgão dessa espiritual Vontade. E a
energia, nessa epigenesia, se expressará através dos prodigiosos fogos de KUNDALINI. O corpo
terá dois fortes condutos por onde passarão os fogos da criação, servindo de suporte a cabeça,
que será maior do que aquela que possui o homem; do mesmo modo, canais por onde fluem
os elétricos "fogos de ouro", cuja síntese é o Sutratma.
O despertar dos fogos de Kundalini, de há muito tem sido o apanágio daqueles que se
fizerem precursores de semelhante Raça.
Por tudo isso, o homem evoluído não deve temer o despertar desses fogos tão sutis,
prodigiosamente construtivos e realizadores, porque somente os maus atos, palavras e
pensamentos, são os três tipos de escória, que mantem obstruídos semelhantes canais. Não
são estes que se dilatam, e sim, a substância contida nos mesmos, permitindo, assim a tais
fogos se manifestarem ou despertarem. É como aquele conto da "Bela Adormecida, à espera
do príncipe encantador, que a venha despertar de tão amargurado letargo".
Todos os homens possuem nas profundezas de seu ser, imenso tesouro que não
sabem avaliar. Com perseverança e coragem, um dia o encontrando, sentir-se-ão para sempre
felizes.
200
Essas três exigidas etapas do Físico, do Astral e do Mental (na razão de Hatha, Jnana, e
Raja Yogas, como meios de vencê-las) estão poeticamente descritas em A Voz do Silêncio, com
estas palavras:
"Três Vestíbulos, oh! fatigado peregrino, conduzem ao termo dos penosos trabalhos.
Três Vestíbulos, oh! Vencedor de Mâra (o deus tentador), te conduzirão por três diversos
estados, ao quarto, e daí aos sete mundos; os mundos do Eterno Repouso.
O nome do primeiro vestíbulo é Ignorância (Avidya). É aquele em que viste a luz, onde
vives e onde morrerás.
É, pois, desses três vestíbulos que vai tratar a nossa futura obra:
FIM
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A maior e mais profunda diferenciação dos sexos se observa nas glândulas onde nasce
a sexualidade: as gônadas, isto é, o testículo do homem e o ovário da mulher. Há animais, (por
exemplo, diversos pássaros), nos quais não se pode diferenciar o sexo no período juvenil, a
não ser por meio de exame microscópico da glândula genital, tal a semelhança entre o macho
e a fêmea. Há casos, mesmo, de inter-sexualidade pronunciada (hermafroditismo) no homem
e em diversos animais superiores.
Embora não haja razão para se fazer aqui uma descrição embriológica e anatômica da
glândula germinal, mister se faz ter presente, para a perfeita compreensão de nossas
anteriores afirmações, os seguintes e elementares fatos:
Anatômicos
Mulher Homem
Primários (genitais)
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a) Ovários a) Testículos
Vagina Próstata
Secundários (sexuais)
capulário. o pélvico
poderoso. poderoso.
cutânea sub-cutânea
FUNCIONAIS
Primários (genitais)
Menstruação
Gravidez. Parto.
Lactação
Secundário (sexuais)
Enfim o folículo amadurece e se rompe para dar origem ao óvulo; a cicatriz da vesícula
rota se transforma em um tecido de igual aparência glandular, formado de células especiais
ditas luteínicas. Cada grupo de células luteínicas constitui um corpo amarelo.
Como o ovário, preenche duas funções, uma genésica ou externa (produção do óvulo
maduro), e outra endócrina ou interna (produção dos hormônios que determinam e protegem
as funções e os caracteres da feminilidade). tem-se procurado dar a essa divisão do trabalho
uma baixa diferenciação histológica, isto é, de assinalar a cada um dos tipos de tecidos
ovarianos uma função diferente. Mas se a sede do processo da ovulação é conhecida (o
folículo), o mesmo não acontece a secreção endócrina. Em diversas fazes do progresso
científico, foram considerados como origem da secreção hormonal o tecido folicular, o
intersticial e os corpos amarelos. Hoje, entretanto, sabemos que o tecido folicular, é
certamente a fonte de hormônio muito importante do ovário, a foliculina, que rege o ciclo
menstrual e os fenômenos primários do libido feminino. Resta, entretanto, dizer que, no
tecido intersticial e nos corpos amarelos, são elaborados também funções endócrinas, que não
são, de fato, a foliculina. É possível que cada um desses tecidos, como já vimos há muito
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tempo sugerindo, exerce uma dessas funções hormonais complexas, sem podermos precisar a
que uma função corresponde cada grupo histológico.
Pelo que se vê, a teoria ocultista, por nós apresentada pela primeira vez, diferencia o
testículo direito (solar ou masculino) do esquerdo (lunar ou feminino), e na razão inversa para
o ovário, é de certo modo, corroborada pelo Dr, Marañon, ainda que suas prodigiosas teorias
não estejam de todo elaboradas. Por isso mesmo, a possibilidade da fecundação do sexo que
se queira, fazendo funcionar um ou outro dos testículos, em relação com a narina do mesmo
lado (com atuação nervosa, seja para o simpático ou solar, ou para o vago ou lunar), conforme
apontamos em outros lugares, principalmente em pessoas normais ou perfeitamente
equilibradas com as forças cósmicas.
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(1) Para a mulher, dizemos nós, e testículo-ovário para o homem; em estudos nossos já
denominamos, mesmo que embrionariamente, de luni-solares soli ou hélio-lunares, etc...
(2) Caminho ao androginismo, dizemos nós, do começo até alcançar a total consciência da
Ronda.
Não resta a menor dúvida de que o problema só será resolvido quando nossos métodos
histológicos e biológicos houverem progredido, sobretudo, no terreno da Embriologia.
4o - Uma outra questão, que não deve ser perdida de vista, é que a gônada masculina
(o testículo) sofreu, além de sua evolução intrínseca, um processo de migração, do interior do
abdômen, onde teve a sua origem, para o exterior, depositando-se nas bolsas escrotais.
Ordinariamente, logo que a criança do sexo masculino vem ao mundo, seus testículos já
efetuaram a referida descida. Mas, em um grande número, observa-se a criptorquidia ou um
retardamento na descida do testículo, que estaciona em regiões diferentes, seja no interior do
abdômen, ou no trajeto inguinal. Essa criptorquidia pode ser corregida, espontaneamente, ou
persistir definitivamente. Por conseguinte, no que concerne ao desenvolvimento da virilidade
em um indivíduo dessa natureza, semelhante dote topográfico será também de considerável
valor.
206
Órgãos acessórios de reprodução: Tais órgãos são constituídos pelas trompas, o útero,
a vagina e os órgãos vulvares, na mulher, e pelo epidídimo, vesículas seminais, canais
deferentes, próstata, pênis e escroto, no homem.
Todos esses órgãos acessórios, são diretamente adaptados à realização do ato genital.
Seu fim é servir: 1o - à migração; 2o- à sua conjugação, depois à nidação e ao desenvolvimento
do ovo ou zigoto que disso resulta.
É este um dos motivos porque muitos preconizam a castidade absoluta - mesmo para a
aquisição de poderes psíquicos, etc. - no que não estamos de acordo, pois no sexo, como em
tudo mais na vida, necessário se torna estudar as tendências dos indivíduos. Assim, tanto uma
abstinência total como o abuso podem ocasionar gravíssimos distúrbios. Ninguém ignora que
tanto se pode morrer por falta de alimento como também de uma indigestão, através das
respectivas complicações.
No homem e na mulher adultos, tais órgãos característicos do sexo não são, pois
rigorosamente específicos; no primeiro há órgãos femininos hipoplásticos, e na segunda,
órgãos viris, igualmente rudimentares.
(1) Certa vez, em São Lourenço, parou à porta da Residência Presidencial da S.B.E. (Vila Helena)
uma charrete para nos conduzir, segundo pedido urgente de um médico amigo da localidade,
ao Hotel Bela Vista, para vermos um doente que se achava muito mal. Três médicos inclusive
aquele que nos mandou chamar, levaram-nos à presença do doente. Logo ao entrarmos, sem
outro exame prévio, já tínhamos divulgado seu duplo etérico baloiçando sobre o corpo, como
querendo se desligar do mesmo, através do plexo solar. Olhamos, mesmo de longe, o doente,
que falava, queixava-se de uma dor do lado, que muito o incomodava, etc., e delicadamente
nos afastamos, tomando lugar em uma das cadeiras existentes na varanda do referido Hotel.
Dando por nossa falta, vieram os 3 médicos saber por que razão não havíamos dito coisa
alguma, saindo tão depressa do quarto do doente. sim, respondemos, porque ele só durará, no
máximo, uma oito a nove horas. Viemos para casa, e no dia seguinte o próprio médico amigo,
que nos havia chamado na véspera, telefonou dizendo que o doente tinha falecido oito horas
depois...
Órgãos mamários - Inútil insistir sobre o desenvolvimento tão típico dos seios na
mulher e de seu estado rudimentar no homem. Os seios são o órgão representativo da aptidão
lactária, uma das funções sexuais primárias da mulher. Por nos afastarmos de todos os
autores, é justamente que não hesitamos em fazer figurar tais órgãos entre os caracteres
anatômicos primários.
Todavia, não encontramos também nesse caso uma distinção radical entre os dois
sexos. No homem subsistem freqüentemente restos de tecido mamário pequeno, além da
morfologia atrófica, porém, constante, indicada pelo pequeno mamilo masculino cercado por
sua auréola. Tais restos mamários podem desenvolver-se de modo eventual devido à ação de
diferentes estimulantes, dando lugar à ginecomastia, que será estudada mais adiante. É muito
interessante notar a origem comum embriológica do seio e das glândulas sebáceas e
sudoríparas da região compreendida entre as raízes dos membros superiores. Essas glândulas
tem um caráter sexual muito nítido, porque elas desprendem o odor axilar, cuja importância é
inegável na atração dos sexos.
No estudo dos caracteres sexuais, o autor apresenta como o mais significativo dos
anatômicos secundários, o que se relaciona com o tamanho proporcional da bacia e da cintura
escapulária. A bacia da mulher é mais larga do que a do homem, em relação ao tamanho do
diâmetro que separa os pontos mais distantes das espáduas. Tal privilégio na mulher está
ligado à necessidade de ter de alojar na bacia os órgãos femininos da gestação; por isso, dever-
se-ia considerar, de fato, tal conformação como um caráter primário. Basta vê-los, mesmo que
vestidos, para se distinguir um sexo do outro. No homem, as ancas são estreitas (não há regra
sem exceção, dizemos nós, principalmente em se tratando de um final de ciclo racial, onde os
indivíduos apresentam em se tratando de um final de ciclo racial, onde os indivíduos
apresentam diversas deformações, na maioria dos casos, de origem luética, etc.) indicando sua
aptidão ao esforço físico. Na mulher, o peito é nitidamente menor, em relação ao tamanho da
bacia, indicando que o plano de sua arquitetura é subordinado às necessidades da
maternidade. A acumulação da gordura peri-pélvica acentua o contraste. Porém, mesmo entre
as mulheres negras se torna evidente. A maior largura pélvica faz com que na mulher as coxas
convirjam fortemente para os joelhos. No homem, o paralelismo das coxas é muito mais
estrito. Tal diferença imprime à marcha uma modalidade distinta, em um ou outro sexo. Se
medirmos as respectivas dimensões da bacia e das espáduas, a diferença que o simples exame
visual permite constatar, plenamente se firma. É este o quadro de Vierordt completado por
Well:
3) Circunferência torácica 82 76 80
Essas diferenças típicas não existem na infância, época em que a bacia dos dois sexos é
muito semelhante. A diferença se opera, certamente, sob a influência dos hormônios genitais.
Enquanto o hormônio testicular não age sobre o desenvolvimento pélvico, e sim sobre o
torácico, o hormônio ovariano estimula, especificamente, o desenvolvimento da bacia, três ou
quatro anos antes de aparecerem as primeiras regras. Poder-se-á constar que desde o começo
209
Esses caracteres não são os únicos, no que diz respeito às respectivas proporções do
esqueleto, que diferenciam o homem da mulher. Mas, não faz parte de nosso plano entrar em
detalhes. Lembremos, entretanto, para ser mais fácil a compreensão, aqueles que se relaciona
com a altura da cabeça, do tronco e das extremidades. Se considerarmos uma criança púbere,
uma mulher e um homem, donde somente a cabeça emerge de um plano, a altura desses três
crânios é aproximadamente igual; é apenas maior no homem que na mulher, e ligeiramente
mais visível o tamanho entre esta e a criança. Se virmos esses três indivíduos assentados no
mesmo plano, a progressão descendente do homem para a criança, se acentua sobremodo,
mas sem ultrapassar os discretos limites. Se então os três se puserem de pé, a diferença a
favor do homem se torna mais visível, a mulher tendo, como sempre, o lugar intermediário
entre aquele e a criança.
(1) Em caso contrário, dizemos nós, a mulher que desde a puberdade apresenta músculos
salientes nos braços, do mesmo modo como o homem quase sem musculatura, poderia muito
bem ser um caso de hermafroditismo, mesmo que não manifestado visivelmente.
(1) Outro sinal de hermafroditismo, quer em um como em outro sexo, isto é, quando acontece
o contrário - a mulher com a parte inferior mais estreita, e o homem com a mesma mais larga.
Tanto os homens como as senhoras gordas, dizemos nós, na maioria dos casos são
fracos, eroticamente falando, perdendo mesmo, os homens, prematuramente a virilidade (1),
e as senhoras, do mesmo modo, alcançando cedo o período da menopausa.
De modo geral, podemos dizer que a pele da mulher é mais lisa, mais delicada e
acetinada, menos pigmentada que a do homem. As glândulas sebáceas menos abundantes que
no homem, o que explica sua menor predisposição para erupções de acne e de furúnculos, etc.
(1) Do termo atlante e sânscrito vril, donde o nosso viril - força, poder, potência, etc.
(2) Muitas vezes condenados, como os levados a efeito por meio de medicamentos,
principalmente com a tiróide, etc., tais os distúrbios que podem provocar, senão a própria
morte...
"Segundo Novak, 80 % das matronas tem, nas coxa, ligeiras sinuosidades de pequenas
veias eclásicas, que o homem apresenta bem mais raramente. Tal fenômeno poderia
relacionar-se com a maior frequência das varizes no sexo feminino (1).
Os dados tricósicos relativos à distribuição e aos caracteres dos pêlos e dos cabelos são
os seguintes:
Essas três modalidades distinguem um sexo de outro, o que torna, a meu ver, seu
estudo muito interessante, contrariamente a opinião da maioria dos autores que supõem o
caráter formá-lo desde o nascimento, pouca importância representando os cabelos na
formação sexual.
Os cabelos da criança já possuem tendências para ser mais longos e mais finos no sexo
feminino, mas a diferença é ainda pouco visível.
Não é senão depois da puberdade, logo que os cabelos da mulher adquirem seus
característicos comprimento e fineza, que aparece, nitidamente, a diferenciação sexual.
Emitiu-se a hipótese que, se o homem deixasse crescer indefinidamente os cabelos, atingiriam
eles o mesmo comprimento do da mulher. Essa asserção é certamente errônea".
Indivíduos há, entretanto, dizemos nós, que em criança, mesmo que do sexo
masculino, possuem cabelos até os quadris, como tivemos ocasião de conhecer (poucos em
verdade), mas que contrariam a regra geral indicada pelo eminente endocrinologista por nós
citado e comentado. Uma dessas crianças do sexo masculino possuía uma cabeleira tão basta e
comprida que sua mãe ofereceu a metade para uma imagem ainda hoje existente em
Salvador, e o restante, por sua vez, ficou na mão da madrinha da referida criança. De fato, em
questões dessa natureza, como em tudo mais na vida, não há regras sem exceções.
E sem citar as crianças do sexo masculino, por ele mesmo já ter afiançado que em tal
época a diferença é pouco visível (e a prova é que a criança por nós citada, ao se tornar
homem, seus cabelos tomaram outra feição, seguindo também a forma normal de
crescimento no referido sexo, sem ultrapassar os ombros, na razão dos "nazar ou nazarenos",
como eram os do próprio Jesus e todos os Adeptos da referida seita), chega ao ponto de
afirmar que "um homem possuidor de cabelos longos e bastos como os da mulher é um
monstro, uma aberração da natureza".
Convém notar que, segundo suas próprias teorias que muito tem de comum com as
ocultistas, ao menos uma grande parte delas, até os 15 anos (vide nosso diagrama ou
quadrante que divide a idade em quatro períodos) o menino possui características feminis,
enquanto a menina, masculinas; dessa idade em diante, se passa para a característica de cada
sexo e dos 45 anos em diante começam a voltar ao que eram na infância. O vox populi diz que
ambos chegam a senectude: "E virou criança", "deu para brincar e cometer toda sorte de
asneiras", etc
Mais adiante, quando fala dos atrativos eróticos para ambos os sexos, referindo-se
ainda aos cabelos, faz ver o seguinte:
"A longa cabeleira foi em todas as épocas um dos traços característicos da atração
sexual da mulher. Há diversas histórias de mulheres - na sua maioria espanholas e italianas -
que se tornaram célebres por suas magníficas madeixas: sua cabeleira bastou,
independentemente dos demais atrativos, para desencadear a paixão em muitos homens.
Desde o Cânticos dos Cânticos, depois Catulo e Ovídio e tantos outros - quase sempre
poetas - cantaram as belezas de negras, castanhas e loiras cabeleiras, sempre luxuriantes, da
bem-amada". Contrariamente, como já dissemos em outros lugares deste livro, a moda da
jovem usar seus cabelos curtos, "à la garçom", de cigarro nos lábios, mesmo que estes mais do
que enrubecidos pelo cheiro do fumo, principalmente para os homens que não tem
semelhante vício.
"Convém ajuntar, diz o Dr. Marañon, no que diz respeito aos cabelos curtos da mulher,
que seu verdadeiro sentido não é, como se pensa, o de uma tendência masculinizada. É bem
verdade que a aparição de semelhante moda coincidir com o surto feminista no mundo (bem
que ele o diz... ! ), no decorrer da 1a Grande Guerra e dos primeiros anos de sua conclusão, e
que a mesma se aliou a um conjunto de detalhes anatômicos e indumentários que revelavam
nitidamente uma tendência inversa. Mas, a parte das razões de comodidade e economia que
representam, para a mulher, os cabelos curtos e que influíram sobre a duração de tal moda, a
verdadeira razão dessa "tosquia" (mutilação, como ele próprio diz) sexual é menos uma
tendência virilóide do que uma aspiração juvenil.
"Com efeito, toda interpretação sexual posta de parte, os cabelos curtos dão uma
aparência de juventude e é, portanto, a principal razão de se tornar em "moda". Na época da
Revolução Francesa, a nuca rapada era, como agora, a moda, em homenagem aos
guilhotinados ("Chaveux à la sacrificiée).
O estudo da caducidade dos cabelos, mesmo que um caráter sexual viril, é bastante
interessante. Realmente, a partir da puberdade, os cabelos do mancebo, e não da rapariga,
começam a desaparecer dos ângulos fronte-parietais, até então recobertos, dando lugar, entre
um grande número de pessoas, à calvitites frontalis adolescentium. Passados vinte e cinco ou
trinta anos, tal fenômeno se torna quase geral e tende para a forma típica da fronte "livre" do
homem, não pela sua vaidosa opinião da grande importância da massa encefálica, mas pelo
banalíssimo fenômeno da queda precoce dos cabelos.
Entre grande número de homens, a queda dos cabelos continua e a calvice, mais ou
menos espalhada, aparece até invadir, em certos casos, todo o couro cabeludo, exceto o
occipital e a região parietal. A meu ver a caducidade dos cabelos, degenerando muitas vezes
em calvice, tem pois um sentido virilóide indiscutível. Todas as experiências que foram feitas
para explicar a calvície exclusivamente por motivos locais - seborréia - ou gerais - diátese
artrítica - carecem de base, sendo que tais causas existem, igualmente, nos dois sexos e que a
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mulher não se torna calva senão excepcionalmente. Não se deve, pois, invocar senão um fator
constitucional ligado ao sexo. Em todo caso, se a calvície é uma acidente patológico, é preciso
admitir que seu agente etiológico apresenta predileção para o sexo masculino que lhe pode
conferir o título de verdadeiro caráter sexual.
Mas, o que vem provar não se tratar de um fenômeno mórbido, e sim, de um acidente
em relação com a vida sexual, é que na idade em que se produz a queda dos cabelos da fronte,
a cabeleira com tendência a se desenvolver para a nuca, desenhando a modalidade occipital
da cabeleira do homem maduro, que vamos agora descrever. De outro modo, é muito
frequente, como afirmam diversos autores, e como por nossa vez temos verificado, que a
calvície precoce coincide com uma afluência extraordinária dos cílios, da barba e dos pelos do
púbis e das axilas. Mister se faz juntar, como já dizia Hipócrates e continuam repetindo todos
os observadores, que os eunucos jamais se tornam calvos, conservando - como eu mesmo tive
ocasião de constatar, os ângulos fronto-parientais cobertos de cabelos, tal como as senhoras e
crianças.
Mais adiante procura provar que, à caducidade dos cabelos e ao seu comprimento, é
preciso juntar, como caracteres sexuais, as modalidades da linha de implantação sobre a
fronte, a região zigomática e a nuca.
Nas crianças, qualquer que seja o sexo, os cabelos são plantados na fronte, seguindo
uma linha à concavidade inferior, porque eles cobrem inteiramente os ângulos fronto-
parietais..... Logo atingida a puberdade, esses ângulos começam a se desguarnecer, e pouco a
pouco a linha de implantação na convexidade inferior, ora ligeiramente indicada, ora
apresentando profundas entradas laterais (calvities frontalis adolescentium).
E mais adiante:
Nas crianças, a implantação dos cabelos na nuca é muito parecida em ambos os sexos.
Ela desenha uma linha horizontal, colocada mais alto do que o adulto, e apresentando um
prolongamento mediano.
Mais tarde, a partir de cinco anos, porém mais precocemente entre as meninas, os
prolongamentos são desenhados indistintamente em ambos os sexos; entre os oito e dez anos
aparecem no menino pelos um tanto atravessados que mais tarde cobrirão toda a região; em
troca, na menina, os prolongamentos laterais persistem e se espalham, destacando-se com
nitidez sobre a pele lisa da nuca.
Esse fenômeno é muito mais frequente na raça semítica. Temos visto, por exemplo
entre os velhos judeus, sobrancelhas que chegam voltar nas extremidades, como se fossem
verdadeiros bigodes. Quanto mais antiga é a raça, tanto mais se constata o referido fenômeno.
Notamos que as mulheres de todos os tempos foram sempre atraídas pela depilação,
como que procurando acentuar seu desenho linear, ou seja o essencialmente feminino.
A significação sexual da barba e do bigode é por demais conhecida para que insistamos
a seu respeito. Sua ordem de aparição, segundo o mesmo Dr. Marañon, é a seguinte:
Segundo o que temos observado, mui freqüentemente é ver, durante um certo tempo,
a barba limitar-se às três primeiras regiões, constituindo a forma juvenil. Muitas vezes entre os
jovens de evolução retardada, essa forma juvenil persiste anos inteiros, não chegando senão
tardiamente à forma total ou adulta. Todo o homem que se barbeia desde a puberdade pode
testemunhar o fato, fazendo apelo à sua memória.
Em tais casos, tem lugar na primeira fase, nas três primeiras regiões de nossa
enumeração ou forma juvenil. E apenas nas síndromes de virilismo muito intenso que aparece
a forma total ou madura de barba. Por não reconhecer semelhante distinção entre a forma
juvenil e adulta, certos autores, como Olivet, por exemplo, supuseram que a barba feminina
nada tinha de comum com a masculina. Nós insistimos que a mesma difere da do homem
adulto, mas é idêntica à masculina juvenil.
Quanto às outras zonas de pilosidade facial, nem todos os autores ligam importância
aos pelos que se espalham (ou crescem) quase sempre no homem de idade madura, do orifício
auricular, do mesmo modo sobre o lóbulo das orelhas, e nas fossas nasais, senão mesmo na
ponta do nariz. Tal fenômeno jamais acontece na mulher, salvo em casos excepcionais, nas de
idade muito avançada. sua significação especificamente sexual não é, pois, para suscitar
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dúvidas. Reafirmamos que a aparição desses pelos é tardia - entre 40 e 50 anos - e que seu
apogeu é muito mais tardio ainda: quase pré-senil ou mesmo senil.
Em referência a pilosidade pubiana, suas formas, diferentes em cada sexo, são bem
conhecidas. Na mulher, os pelos obedecem à mesma disposição que no adolescente, isto é,
terminam no alto por uma linha horizontal, e no baixo, invadindo raramente o períneo.
Na pilosidade axilar, se é que não são mais espessos, nenhuma outra diferença se
constata entre a de um sexo e do outro. São mesmo abundantíssimos nas mulheres muito
morenas, de sorte que nenhuma diferença quantitativa existe para outro sexo.
Quanto ao odor que se desprende das axilas, já foi tratado anteriormente, para que
tenhamos de insistir sobre o assunto, embora sua importância erótica em ambos os sexos.
No que diz respeito à pilosidade do tronco`e das extremidades, de modo geral, são
cobertos de pêlos os do homem, enquanto que na mulher, tais regiões são lisas (com exceção
do púbis e das axilas). Embora muitas exceções e variedades existem nesse esquema, sua
significação sexual é indiscutível. Mais interessantes, pois, notar a ordem da aparição dessa
pilosidade.
Na maioria dos indivíduos jovens do sexo masculino - não entre todos - tal ordem é a
seguinte:
6 - Dorso
Insistimos sobre o fato de que tal ordem, sendo a mais conhecida varia num grande
número de casos. Certos homens acabam por ter toda a superfície da epiderme coberta de
pelos, excetuando apenas a planta dos pés e as palmas das mãos. Tal fenômeno tem lugar, de
preferência nas raças morenas. E já foi dito que freqüentemente esse hirsutismo exuberante
coincide com uma calvície precoce.
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Aí, como no rosto, podemos distinguir dois tipos de hirsutismo: um juvenil, que
compreende as três primeiras zonas da enumeração anterior (ante-braço, pernas e tórax) e
que aparece nos primeiros anos da maturidade masculina - única que chegam a apresentar
muitos homens, o que se observa também na maioria das mulheres atingidas de hirsutismo
viril. O outro tipo, total ou adulto, é a forma final, aquela que se observa entre os homens
maduros, no hirsutismo muito completo, e entre raras mulheres apresentando um hirsutismo
intenso patológico.
A raça e a cor dos pelos influem bastante no grau de desenvolvimento desse caráter.
As formas intensas de hirsutismo são muito mais frequentes entre os indivíduos morenos das
raças do sul. Em tais raças - o mesmo se aplicando às mulheres - um hirsutismo de primeiro
grau (pernas e antebraço) é tão frequente que seu caráter fisiológico não mais depende, em
realidade, de sua presença, mas de sua intensidade.
Devo insistir sobre um caráter que me parece essencial na cronologia dessa pilosidade
e daquelas que já temos estudado: a lentidão da evolução. Nos casos normais, essa aparição
sucessiva de zonas pilosas se opera no decorrer de muitos anos, e não se acelera senão em
idade muito avançada. Mais ou menos pelos quarenta anos, sobrevém, geralmente, em muitos
homens, um impulso súbito da pilosidade, que não cessará senão na velhice; coincide muitas
vezes com a aparição ou acentuação da calvície.
A significação desse lanuge fetal é muito discutível e não nos foi possível estudá-lo até
agora; mas, pode-se conjecturar que, quando se iniciam nas primeiras fases do
desenvolvimento as preponderâncias masculinas ou femininas, logo dessa "primeira
puberdade" de Steinach, predominam, sem dúvida, influências virilóides, que desaparecem
mais tarde, porém deixando o sinal indelével da pilosidade.
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São, desde logo, um caráter racial (cabelos encaracolados nos negros, lisos nos
amarelos, ondulados dos brancos). Em nossas raças brancas, constituem, de outro modo, um
caráter juvenil, poderíamos dizer, fetal; o feto nasce, muito comummente, com cabelos
anelados, que se alisam depois. Os cachos persistem muitas vezes durante toda a infância, mas
raramente depois da juventude, e excepcionalmente até a maturidade. Os cachos sendo um
atributo da mocidade, explica-se a sua razão de ser mais frequente na mulher.
É muito estranho que os pelos do púbis sejam quase sempre anelados. A perda desses
caráter coincide, em um ou outro sexo, com a involução.
Como um apêndice ao estudo dos cabelos, temos a dizer que as UNHAS são mais
longas e mais fortes no homem que na mulher. (1).
(1) Nem sempre, dizemos nós, obediente, muitas vezes, à questão da inter-sexualidade por
que tanto se bate o insigne Dr. Marañon, porquanto, é mesmo usual dizer-se "unha feminina"
e "unha masculina" par aos sexos inversos.
Nesse caso, a medicina homeopática está muito mais adiantada. O número de curas,
em ambos os casos, e já na iminência de uma intervenção cirúrgica, é tão grande que só não o
conhece que prima negar as coisas sem conhecimento de causa, e outros, para "não darem às
mãos à palmatória", como se costuma dizer.
Para a amigdalite, por exemplo, aí está, em primeiro lugar, a Baryta carbônica, além do
mais, para evitar um possível tumor, se o indivíduo é positivamente luético, Mercurius iodat
ruber 5a alternado com Belladona atr 3a. Mesmo que supurada, uma só dose de Thuya 200 (5
gotas para 15 gr. de água destilada), seguido dum tratamento complementar. A própria angina
crupal é debelada, de início, com Mercuriuscyanatus 30 e Tarantula cubensis 5a, podendo
variar as dinamizações de acordo com a gravidade ou não do caso. E isso, ao invés do soro de
Roux, de posteriores e perigosas perturbações, impossível de ser previstas por quem, dentro
de sua própria medicina, o aplica em uma hora tão difícil.
Para terminar o seguinte capítulo, que foi um tanto longo, e mais para profanos do que
para médicos, se na sua maioria não podem deixar de possuir em suas valiosas estantes as
obras do grande endocrinologista Dr. Gregório Marañon, citaremos o que diz respeito da voz:
mulher é de uma oitava mais alta que a do homem, e no registro agudo, em média, mais alta
de duas oitavas (Schultze).
Se se considera a importância que tem a voz para a atração sexual, nas espécies
animais, compreende-se que o mesmo devia acontecer com o homem, bem que até agora,
apesar de sua importância ainda muito elevada, tenha perdido o seu primitivo valor. H. Ellis fez
observar que a sugestão sexual da voz, nas espécies animais, é geralmente a própria do
macho. Não somente é ela mais poderosa como tem as aptidões características para o canto.
Supõe ele que de modo análogo, na espécie humana, a mulher é mais sensível à atração da voz
masculina que o homem pelo encanto da voz feminina. "A voz feminina, diz, para sustentar a
sua tese, difere um pouco apenas da criança". Não podemos admitir essa razão, quando
sabemos que à parte dos caracteres maternais, tolos os demais traços da feminilidade são
precisamente a tonalidade infantil e, todavia, se tornam atrativos específicos da libido
masculina. De fato, poderíamos citar inúmeros exemplos tomados da vida real, ou através de
interpretações literárias da vida, que provam que se é precisamente atraído para uma mulher
por causa da voz.
Entre as crianças, a voz leva muito tempo para adquirir a diferenciação específica. De
todas as manifestações funcionais da criança, aquela que menos revela seu sexo é a voz. A
discriminação é difícil, mesmo na época da puberdade, porque a rapariga conserva uma vez
infantil e, no homem, é um dos caracteres que mais tardiamente se viriliza: passa, no começo,
por uma fase que dá lugar aos típicos adolescentes de "voz de frango". Aristóteles já dizia que
essa transformação sobrevém mais cedo entre os jovens que precocemente se dedicam ao
amor.
Notemos, enfim, que a propósito desse caráter sexual, como de todos os outros, pode-
se observar uma inversão parcial, isto é, que no homem uma voz nitidamente afeminada pode
coincidir com a sexualidade morfológica e funcional tipicamente masculina. E vice-versa, uma
voz grave coexistir em uma senhora com uma feminilidade perfeita, embora que, de ordinário,
a inversão da voz não se apresenta como um caráter isolado, mas fazendo parte de um vasto
conjunto de síndromes inter-sexuais".