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OS MISTÉRIOS DO SEXO

HENRIQUE JOSÉ DE SOUZA

Compilado e Atualizado por Dr. Evaldo Martins Leite,

Ysak Lustig e Paulo Machado Albernaz

PRIMEIRA PARTE

CAPÍTULO I – GENEALOGIA ESOTÉRICA DOS COSMOS E DO HOMEM

01. A TERRA É UM SER VIVO

02. A HARMONIA UNIVERSAL

03. O VERDADEIRO ASTRO CENTRAL DO SISTEMA

04. O LABORATÓRIO DO ESPÍRITO SANTO

05. AS TRÊS CORRENTES DA VIDA

06. A VOLTA À UNIDADE

07. A LEI DA RECIPROCIDADE

08. RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO

09. AS SEIS DIREÇÕES DO ESPAÇO

10. A QUESTÃO DA FORMA E DA MASSA


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11. AS CIÊNCIAS EM FUNÇÃO DO PRANA

12. ANATOMIA CELESTE

13. A EVOLUÇÃO DA TERRA E DO HOMEM

14. OS MALES QUE ATORMENTAM A TERRA

15. A AÇÃO DA GRANDE HIERARQUIA OCULTA

16. O JUSTO E O INJUSTO: O BOM E MAU CARÁTER

CAPÍTULO II

17. O HEPTACÓRDIO CELESTE

18. AS QUATRO VERDADES

19. O REI NÃO COROADO

20. MOVIMENTOS QUATERNÁRIOS : ENIGMA NÚMERO QUATRO

21. ROTAÇÃO DAS ESTRELAS FIXAS

22. PERÍODOS SECRETOS

23. VERDADES MILENARES

24. AS FUNÇÕES FISIOLÓGICAS DA TERRA

CAPÍTULO III

25. AS BATALHAS DE LURUKSHETRA

26. RAÇAS LUNARES E SOLARES - EVOLUÇÃO DOS CONTINENTES

27. ANALOGIA ENTRE O COSMOS E O HOMEM

28. RELAÇÃO ENTRE O HOMEM E SEU PLANETA

29. REGIME ALIMENTAR

30. HIGIENE MENTAL

31. ESTADOS MÍSTICOS


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32. LEI CÍCLICA

33. IMPORTÂNCIA DO PLANETA MERCÚRIO

34. PEREGRINAÇÃO DAS ALMAS

35. ELEVAÇÃO ESPIRITUAL DAS MÔNADAS

36. ÓRBITA DA ALMA

37. A TERRA, SÍNTESE DE TODOS OS ESTADOS DE CONSCIÊNCIAS

38. AS TRÊS VESTES E O ESTADO NIRVÂNICO

39. OS AVATARAS

40. EXPLICAÇÃO DESTE MISTÉRIO

41. KARMA E OS ESTADOS DE CONSCIÊNCIA

42. OS PODERES DA ALMA

43. LINGUAGEM UNIVERSAL

44. SISTEMA ORGÂNICO DO COSMO

45. ALTERNATIVA DE VIGÍLIA E SONO

46. OS CONTINENTES

47. ORIGEM E DESTINO DA TERRA

48. A DUALIDADE

49. ORIGEM DOS MUNDOS

50. A VIDA CIRCULA EM TODO O UNIVERSO

51. ESTADOS MÍSTICOS

CAPÍTULO IV

52. EVOLUÇÃO HUMANA

53. HUMANIDADE CELESTE

54. PRIMEIRA RAÇA

55. SEGUNDA RAÇA


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56. GÊNESE DOS MAMÍFEROS

57. TERCEIRA RAÇA

58. COMPARAÇÃO ENTRE AS TRÊS RAÇAS

59. HABITAT DA TERCEIRA RAÇA

60. REPRODUÇÃO DA ESPÉCIE

61. SEPARAÇÃO DO SEXO

62. LINGUAGEM DA TERCEIRA RAÇA

63. FORMA, COR E SENTIDO

64. FACULDADES PSÍQUICAS

65. PERÍODOS DE PRAVRITI-MARGA E NIVRITI-MARGA

66. FIM DO MUNDO E JUÍZO FINAL

67. HABITANTES DA LEMÚRIA

68. LUTA E DECADÊNCIA

69. VESTÍGIOS DA VINDA DOS PITRIS

70. DESCENDENTES ATUAIS

71. QUARTA RAÇA MÃE E OS ATLANTES

72. O SEGREDO DA ILHA DE PÁSCOA

CAPÍTULO V

73. RAÇA EQUILIBRANTE

74. ATLÂNTIDA E SEUS LIMITES

75. DESTRUIÇÃO DO CONTINENTE

76. VEÍCULOS E SENTIDOS

77. CARACTERES GERAIS

78. SUB-RAÇAS

79. LUTAS ATLANTES


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80. A GUERRA TAKARA

81. A LENDA DE HERODES

82. SEMENTES DA QUINTA RAÇA

CAPÍTULO VI

83. MISCIGENAÇÃO PÓS-ATLANTE

84. CIVILIZAÇÕES PRÉ-INCAICAS

85. MANCO-CAPAC E MAMA-OCLO

86. O MANU BRASILEIRO

87. DIREITO DAS RAÇAS

88. TODES DO BRASIL

CAPÍTULO VII

89. NATUREZA DOS PENSAMENTOS

90. EFEITOS DOS PENSAMENTOS

91. EVOLUÇÃO DA MATÉRIA MENTAL

92. FORMAS E CORES

93. ORIGEM DOS HÁBITOS

94. ENTIDADES PERMANENTES

95. OUTRAS FORMAS DE PENSAMENTO

96. EFEITOS DA MÚSICA NO MUNDO MENTAL

97. O DEVER DO HOMEM


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SEGUNDA PARTE

CAPÍTULO I

98. ÓRBITA DOS CORPOS SIDERAIS

99. PULSAÇÕES DO UNIVERSO

100. A RODA DA VIDA

101. OS PROMETEUS DE TODOS OS TEMPOS

102. EVOLUÇÃO PREMATURA DO HOMEM

103. DESOBEDIÊNCIA À LEI

CAPÍTULO II

104. A VERDADEIRA CONSTITUIÇÃO DO HOMEM

105. O HOMEM ZERO

106. O HOMEM UNO

107. O HOMEM DUAL

108. O HOMEM UNO E TRINO

109. O HOMEM QUÍNTUPLO

110. CLASSIFICAÇÕES ORIENTAIS

111. CLASSIFICAÇÕES ANTIGAS

112. O HOMEM SÉTUPLO

113. DIVISÃO TRINA DO CORPO HUMANO

114. CIÊNCIA ESOTÉRICA

115. O OVO DO MUNDO E O HOMEM


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116. TRÍADE SUPERIOR E CORPO FÍSICO

117. CORPO ÁURICO

118. O ADEPTO E O HOMEM

119. SENTIDOS, CONSCIÊNCIAS E PLANOS CÓSMICOS

120. MÉTODOS DE INICIAÇÃO

CAPÍTULO III - TATWAS

121. TATTWAS, DEFINIÇÃO

122. OS TATWAS, CINCO OU SETE?

123. CLASSIFICAÇÕES VELADAS

124. O AKASHA E OS CENTROS DE FORÇAS

125. AS SETE FORÇAS SUTIS

126. LOCALIZAÇÃO DOS TATWAS NO CORPO HUMANO

127. A HATA YOGA NÃO CONDUZ À EVOLUÇÃO ESPIRITUAL

128. CAUSAS DE CONFUSÃO

129. TATWAS ESOTÉRICOS E TÂNTRICOS

130. OS TRÊS NADIS

131. DIFERENÇA ENTRE HATA E RAJA YOGA

132. PSIQUISMO E EVOLUÇÃO INDIVIDUAL

133. OS TATWAS E OS PLEXOS

134. O SOM, A LUZ E AS CORES

135. VISIBILIDADE DO AURA PSÍQUICO

CAPÍTULO IV – FISIOLOGIA ESOTÉRICA DA RESPIRAÇÃO


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136. RESPIRAÇÃO ALTERNADA

137. TIPOS DE RESPIRAÇÃO

138. FASES LUNARES E RESPIRAÇÃO

139. CORRESPONDÊNCIA ENTRE OS CHAKRAS

140. CARACTERÍSTICAS DOS TATWAS

141. CONSELHOS AOS DISCÍPULOS

CAPÍTULO V

142. FUNÇÃO DE VAYU NO ORGANISMO HUMANO

143. OS TRÊS HUMORES

144. EFEITOS DO DESEQUILÍBRIO

145. PARA MANTER O EQUILÍBRIO

146. OUTRO PROCESSO DE TRATAMENTO

147. DOENTES SEM KARMA

148. ELEMENTO "OJAS"

149. "OJAS' E A CONSTITUIÇÃO OCULTA DO HOMEM

150. CIÊNCIA DA VIDA – ORIGEM DESTE CONHECIMENTO

151. QUE É A VIDA

152. O ESPÍRITO E A CIÊNCIA DA VIDA

CAPÍTULO VI

153. O DIVINO FOGO

154. O FOGO DAS VÁRIAS TRADIÇÕES

155. AS DIVERSAS NATUREZAS DO FOGO

156. IGNIS NATURA RENOVATUR INTEGRA


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157. O FOGO NOS DEMAIS PLANOS DA NATUREZA

158. O FOGO NO PLANO MENTAL

159. O FOGO E A TRÍADE SUPERIOR

160. HINO AO FOGO

TERCEIRA PARTE

161. PRÓLOGO

CAPÍTULO I

162. CAMINHOS SINUOSOS PARA SE ALCANÇAR O FIM

163. A VEREDA INICIÁTICA

164. FALSAS INTERPRETAÇÕES

CAPÍTULO II

165. OBRIGAÇÃO DE PREVENIR

166. OPINIÕES CIENTÍFICAS

167. O ASPECTO ECONÔMICO

168. FILHOS ADOTIVOS E ANIMAIS DOMÉSTICOS

169. MISÉRIA E POBREZA

170. CRIME E CASTIGO

171. ALGUMAS CÉLEBRES CITAÇÕES

CAPÍTULO III - O SEXO - FATOS UNIVERSAIS


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CAPÍTULO IV

172. SÍNTESE SOBRE AS FUNÇÕES PROCRIADORAS EM AMBOS OS SEXOS

173. OS FATORES DETERMINANTES DO SEXO

174. TEORIA DA POLARIZAÇÃO DOS ESPERMATOZÓIDES

175. TEORIA DAS GÔNADAS

176. TEORIA DOS CROMOSSOMOS

177. TEORIA DO VITALISMO

178. OS ÓRGÃOS FUNCIONAIS DA EREÇÃO

179. ALGUNS MEDICAMENTOS

180. MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS

181. CAUSAS DA IMPOTÊNCIA

182. O CLORO E SEUS PREJUÍZOS

183. O OZONE

CAPÍTULO V

184. AS SAGRADAS FUNÇÕES DA MATERNIDADE

185. ESPERMATOGÊNESE

CAPÍTULO VI

186. MÉTODOS ANTIGOS E MODERNOS DE LIMITAÇÃO DE FILHOS

187. O ANTIGO CONHECIMENTO


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188. A SABEDORIA CHINESA

189. O YIN-YANG E OS PA-KUÁ DE FO-HI

190. ATUAÇÃO DOS TATTVAS

191. TESTÍCULO DIREITO E TESTÍCULO ESQUERDO - OVÁRIO DIREITO E OVÁRIO ESQUERDO

192. O QUE VEM A SER A CÁBALA

CAPÍTULO VII

193. TRÊS REVELADORES ARCANOS

CAPÍTULO VIII

194. VINTE E DOIS JULGADORES

CONCLUSÃO

195. CONCLUSÃO

196. CITANDO E COMENTANDO O DR MARANÔN

197. A GÔNADA MASCULINA E TESTÍCULOS

198. AS CÉLULAS INTERSTICIAIS COM CÉLULAS DE LEYDIG

199. ÓRGÃOS ACESSÓRIOS DE REPRODUÇÃO

OS MISTÉRIOS DO SEXO
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A GENEALOGIA ESOTÉRICA DO COSMOS E DO HOMEM

CAPÍTULO I

01. A TERRA É UM SER VIVO

O verdadeiro Astro Central do Sistema - O laboratório do Espírito Santo - As três


correntes de vida - A volta à Unidade - A Lei da reciprocidade - O Tulkuismo em Ação - Relação
de Causa e Efeito - As seis direções do Espaço - A questão da Forma e da Massa - As Ciências
em Função do Prana - Anatomia Celeste - A evolução da Terra e do homem - Os males que
atormentam a Terra - Ação da Grande Hierarquia Oculta - O justo e o injusto, o bom e o mau
caráter.

PARTE PRIMEIRA

02. A HARMONIA UNIVERSAL

Um laço misterioso une a natureza celeste à natureza terrestre. (Humboldt)

CAPÍTULO I

03. O VERDADEIRO ASTRO CENTRAL DO SISTEMA

A ciência começa a compreender que "o globo terrestre é um ser vivo e, como tal,
animado por outro globo maior que é o Sol, fonte de energia do nosso sistema", mas estamos
muitíssimo distantes do dia em que se poderão decifrar seus enigmas, principalmente a
origem dos seres que nela habitam.
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Kepler comparou o Sol a um gigantesco imã sustentado, pelas únicas leis de uma
atração recíproca, todos os mundos que ele rege; um archote de fogo permanente de
eletricidade, - força e luz (Kundalini e Fohat, segundo as teorias teosóficas), pondo em
movimento esse agente - imponderável da maior importância entre as energias atuantes em
nosso sistema.

A ação do Sol sobre a Terra, diz Flamarion, é tudo: a ele devemos nossa existência - o
vento que sopra em nossos campos; os rios que descem para os mares; as chuvas que
fecundam a Terra; as sementes que germinam; o ar que respiramos; as idéias dos
pensadores... É ao Sol que devemos reportar a explicação do fenômeno da vida. É o agente
direto ou indireto de todas as transformações que se operam nos planetas - ele, cuja força e
glória nos cercam e penetram, e sem ele cessaria logo de pulsar o coração gelado da Terra...

Resta, entretanto, indagar se esse esplendoroso Sol, diante de cujo trono se curvam
reverentes os maiores sábios e também se esse prateado astro da noite ao qual os poetas
dedicam versos maviosos, são de fato aqueles que agem e influem, "direta ou indiretamente"
sobre os destinos da Terra e de quantos seres nela habitam. Não seriam eles, por sua vez,
subordinados a outros astros que por trás deles se acham ocultos ?

São de um Mahatma da linha dos Kut-Humpas as seguintes palavras:

O Sol visível não é, absolutamente, o astro central de nosso pequeno universo, mas
apenas seu véu ou imagem refletida. O sol invisível é, nós o sabemos, composto de algo sem
nome para a linguagem humana, não podendo, pois ser comparado a nenhum dos elementos
conhecidos da ciência oficial. Seu reflexo não contém coisa alguma que se assemelhe a gás,
matéria magnética, etc, desde que fomos forçados a expressar semelhantes idéias em vossa
linguagem. Antes de abandonarmos o assunto que tanto nos interessa, devemos afirmar que
as modificações na coroa solar nenhuma influência tem sobre o clima terrestre, o mesmo se
dando com suas manchas, ao contrário do que julgam muitos sábios. As deduções de Lockyer
são, na sua maioria, errôneas. O Sol não é um globo sólido, líquido ou mesmo gasoso, mas
enormes esfera de energia eletro-magnética, como reserva da vida e do movimento
universais, cujas pulsações se irradiam em todos os sentidos, nutrindo, com o mesmo
alimento, desde o menor dos átomos ao maior dos gênios, até o fim da Maha-Yuga (grande
idade ou ciclo de 4.320.000 anos).

"O sol nada tem a ver com o fenômeno da chuva, e muito menos com o do calor. Eu
julgava que a ciência oficial soubesse que os períodos glaciários e também, os semelhantes aos
da "idade carbonífera" fossem devidos a diminuição e aumento, ou melhor, a dilatação e
contração de nossa atmosfera, expansão essa resultante da existência dos meteoros.
Sabemos, também, que o calor recebido pela Terra da irradiação Solar representa apenas um
terço ou menos da quantidade recebida dessa presença meteorítica".
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Corroboram tais assertivas um dos mais antigos livros do mundo, o Kiu-té, do qual
transcrevemos estas poucas palavras:

"Subi a mais elevada montanha da Terra (ou às maiores altitudes), e nem assim
podereis divisar qualquer raio de sol que se oculta por trás daquele que percebeis com vossos
olhos físicos. Este não é mais do que sua psíquica roupagem".

04. O LABORATÓRIO DO ESPÍRITO SANTO

Que dizer, então, dos fenômenos que se processam no centro da Terra, de cujos
profundos mistérios a ciência oficial não tem o menor conhecimento? É o Tártaro ou Inferno
para alguns, pois, de fato, inferno (ou in-fera) quer dizer lugares inferiores. Para outros,
entretanto, é esse o Sanctum Sanctorum da Mãe Terra (Mater Rhea, matéria), é o Laboratório
do Espírito Santo, pois em tal região inferior centro-terrena arde em plena atividade o fogo
cósmico, a que as antiquíssimas escrituras orientais denominam Kundalini, e que nas lendas
chinesas, mongólicas e Tibetanas se chama Serpente ou Dragão de Fogo. Algo, pois como um
Sol do qual vivesse a Terra em estado gravídico até o dia de se fazer una com ele e com outro
que, nos céus, se acha por trás das obras dos mistérios, formando assim três coisas (pessoas)
ou sóis distintos em um só coração gelado da Terra", na poética expressão de Flammarion,
tomará ela uma forma ígnea, ou seja, a de um Sol nascido de si mesmo, com o imanente
concurso dos dois outros sóis que lhe são afins.

05. AS TRÊS CORRENTES DE VIDA

As três correntes de vida que nutrem o globo terrestre e animaram os seres de seus
quatro reinos, evidenciam aquilo que se dará no final da evolução do mesmo globo: este e o
homem se reintegrarão na sua Origem. Os três sóis se reunirão em Uno, de igual modo que se
restabelecerá no homem o perfeito equilíbrio entre o corpo, alma e espírito, idênticos à
Unidade da qual procedem, por isso que somos (em essência) sua imagem e semelhança. O
homem é uno com Deus, embora trino em sua manifestação.

Esta se apresenta como Vontade, Atividade e Sabedoria, as três correntes vitais


simbolizadas nas três Normas ou Parcas mitológicas (Cloto, Laquesis e Átropos); nas três
pessoas da trindade cristã (Pai, Filho e Espírito Santo); na tríade Egípcia (Osiris, Isis e Horus); na
Trimurti Hindu (Brahmã, Shiva e Vishnu); na trindade caldaica (Anu, Hea e Bel); no triângulo
hebraico (Kether, Chochmah e Binah); nos três princípios superiores do Homem, Atmã, Budi e
Manas, que segundo a Teosofia, deram origem a essas e outras Trindades das diversas
tradições e que se interpretam ainda como as três forças: centrífuga, centrípeta e equilibrante,
as quais, em ação conjunta, desdobram-se esotericamente em Vontade na Vontade, na
Atividade e na Sabedoria; Atividade na Atividade, na Vontade e na Sabedoria; Sabedoria na
Sabedoria, na Atividade e na Vontade; assim como anatomicamente no homem se diria,
significando inteligência, Amor e Emoção: cabeça na cabeça, no peito e no ventre; peito no
peito, na cabeça e no ventre; ventre no ventre, na cabeça e no peito.
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06. A VOLTA À UNIDADE

A evolução da cada homem, precisamente por ser ele Mônada, um microcosmo ou


pequeno universo, se processa individual e coletivamente por vontade e esforço próprio,
exigindo-se de todos e de cada um a sua voluntária contribuição para que o Todo volte ao
Tudo. Ensina-nos uma das estâncias de Dzian que Deus se divide para consumar o supremo
sacrifício. As frações divididas e subdivididas em que se manifesta a Unidade tendem
centripetamente ao retorno, a tornaram-se unas com sua Origem. "Deus se divide em homens
e estes se somam em Deus". Os iogues mais evoluído, quando em êxtase ( o "samadhi",
período de "sushumna" ou andrógino em que funcionam as narinas), costumam pronunciar as
sagradas palavras - Tat Twan Asi (Eu sou Ele, Eu sou Brahmâ). O homem possui dentro de si
tudo quanto se contém no universo, constituindo efetivamente um microcosmo.

07. A LEI DA RECIPROCIDADE

A Lei da reciprocidade rege o mundo astral ou asterismal (dos astros), donde a razão
de os iluminados pregarem o tema básico da fraternidade entre os homens, que é a mesma de
haver a Sociedade Teosófica Brasileira (hoje a Sociedade Brasileira de Eubiose) adotado por
lema o - At Niat Niatat, um por todos e todos por um. A terra, tal como o homem, se acha
ligada com outras entidades celestes. Tudo se subordina a Lei da reciprocidade, o que já se
depreendia dos arcanos de Hermés o Trimegistro, gravados na Tábua de Esmeralda:

"É verdade (em princípio), é certo (em teoria), é real (de fato em ampliação) que aquilo
que está em baixo (o mundo físico, material) é como o que está em cima (análogo e
proporcional ao mundo espiritual e intelectual) e o que está em cima é como o que está em
baixo (reciprocidade), para a realização das maravilhas da Causa Única (Lei suprema, em
virtude da qual se harmoniza a criação universal na sua Unidade). E do mesmo modo que
todas as coisas são feitas de Um só (princípio), por mediação de Um só (agente), assim
também todas as coisas nasceram dessa mesma coisa, por adaptação (ou conjugação). O sol
(condensador da irradiação positiva, AOD, OD) é seu Pai (elemento produtor ativo); a Lua
(espelho da reverberação negativa ou da Luz no Azul, AOB, OB) é sua Mãe (elemento produtor
passivo); o Vento (atmosfera etérica ondulatória) a contém em seu peito (servindo-lhe de
veículo); a Terra (considerada como tipo dos centros de condensação material, é sua nutridora
material) é sua nutridora (atanor - ou forno purificador, o telesma universal - de sua
elaboração).

OBS: Telesma : Teles, fam. É a substância primitiva da qual se formam as coisas.

"Eis aí o Pai (elemento produtor) do universo telesmo (perfeição, fim colimado) do


mundo inteiro (universo vivo). Seu poder (força de exteriorização criadora, o rio Phishon de
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Moisés) é inteiro (perfeito, realizado, desenvolvido integralmente), quando metamorfoseado


(transformado) em Terra (aretz de Moisés, substância condensada, especificada; forma última
da exteriorização criadora, matéria sensível).

"Tu separarás a Terra (no sentido de mundo moral e inteligível), o sutil do grosseiro,
com delicadeza e prudência. Ele (o fluído puro, universal, mediador; corpo do Espírito Santo,
segundo os gnósticos) se eleva da Terra ao Céu (corrente hemicíclica de retorno, ascendente;
refluxo de síntese) e de volta (por movimento a um tempo alternativo e simultâneo), desde do
Céu à Terra (corrente hemicíclica de projeção, descida, influxo da análise) e recebe (enche-se,
carrega-se, impregna-se, alternativamente) a força (as virtudes, propriedades, influências) das
coisas, tanto de cima como de baixo (dos mundos físicos ou material e hiperfísico ou astral, e
ainda, sob outro ponto de vista, das esferas sensível e inteligível).

"Assim, (mediante esses princípios) tu terás a glória (a sabedoria, o império) do


Universo inteiro; pois toda a obscuridade (desânimo, dúvida, ignorância; o hierograma
mosaico Hoshek exprime esotericamente todas as idéias negativas simbolizadas pelo cone
sombrio da Terra) se afastará de ti. Aí reside a força de todas as forças (princípio mútuo de
atividade, o potencial de toda manifestação, o suporte de toda a ação, a base imanente de
toda a ordem fenomênica) que vencerá (fixará, reterá) toda coisa sutil, (volátil, fluídica) e
penetrará (decomporá, dissolverá) toda coisa sólida (densa, coesa, concreta)

"Assim (por esse agente ou por semelhante processo) foi o universo criado
(transformado de princípio em essência em poder original atuante, realizado na razão do "Fiat
Lux"). Daí se originarão maravilhosas adaptações, cuja maneira (de ser, tipo de formação), aqui
se acha (indicada, revelada).

"Razão de me chamar HPMHY, Hermés (mercúrio, muito complexo, no presente caso


emblema da Matese, ciência sintética e analítica experimental) o Trimegistro (três vezes
grande, o maior de todos), possuindo (por lhe ter sido por Lei doado, outorgado) as três partes
da Filosofia (o total conhecimento dos três mundos: divino ou inteligível; psíquico ou passional
e natural ou sensível, donde o termo Maitri com sentido de Senhor dos três mundos, vencedor
das três Gunas ou tipos de matéria) do Universo inteiro (evocando-se por direito divino a
majestade "Rei do Mundo).

"O que acabo de revelar (meu ensinamento, meu verbo solar ou "Deva-Vani") está
completo (consumado, proferido) sobre o magistério (a operação, a Grande Obra mágica) do
Sol (com inúmeros sentidos, dentre eles: a força e o papel das correntes fluídicas universais; a
evolução - AUR andrógino ou Luz engendradora; o Magistério dos alquimistas; cujo segredo,
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por assim dizer, estava a descoberto ou desvendado no presente texto da Tábua


Esmeraldina)."

O TULKUISMO EM AÇÃO

Dentro do processo evolutivo e mediante uma recíproca verdadeira, todas as coisas


estão subordinadas entre si, na razão da menor para a maior, a menos para a mais evoluída,
por fenômenos idênticos aos que na doutrina esotérica tibetana se denomina "Tulkuismo".
Deste assunto tratam os capítulos 31º a 34º da obra "O Tibete e a Teosofia", do cientista e
teósofo espanhol, Roso de Luna, em colaboração com o autor deste livro (trata-se de obra
publicada em capítulos pela revista Dhârânâ, órgão oficial da SBE, cujos fascículos encontram-
se esgotados). Transcreveremos aqui alguns trechos no intuito de elucidar uma questão muito
debatida entre os estudiosos do Oriente e quase desconhecida entre os ocidentais:

"Prescindindo da base adotada (binária, ternária, setenária, decimal, duodecimal etc.)


a grande descoberta da numeração se funda na consideração serial e categoremática das
unidades das diversas ordens. Toda a cifra de cada ordem é o Tulku da superior; toda unidade
superior é o Jina, gênio ou Shamano das inferiores. Seja-nos pois permitida semelhante
introdução das palavras novas por não encontrarmos outras próprias em nossa deficiente
linguagem corrente.

"Assim, cada cifra numérica possui dois valores: o seu próprio absoluto e o relativo à
ordem a que pertence (decimal, centesimal, milesimal etc.); o que, vertido para a linguagem
concreta equivale a dizer: cada ser é um número na grande síntese cósmica e possui duas
modalidades psíquicas e dois valores: o seu próprio e o da missão, assim como o "Eu sou quem
sou" (Ego sum qui sum), e seu corolário filosófico, Cogito, Ergo sum - com aquele que
corresponde, qual parte integrante de um conjunto superior, à família, povo, nação. Daí
acontece o caso muito frequente de um indivíduo forte, valioso, digno, achar-se mal colocado
ou fora da ordem que lhe corresponde, como aconteceria, por exemplo, ao número nove,
permita-se a comparação, que, valendo muito mais do que um, passasse a valer menos se este
ocupasse a ordem das dezenas, com o valor de 10".

Em outro ponto, tratando da Matemática, alma universal, diz o referido autor:

"A Numeração, símbolo do Anima-mundi platônico, é uma espécie de Árvore das


árvores, onde cada folha se acha presa em outro ramo do qual imediatamente depende. Tal
ramo e seus congêneres se acham, por sua vez, ligados a outro maior, e assim sucessivamente
e numericamente, até chegar ao tronco, cujo poder mágico de tamanhas considerações é o
que aciona todo o conjunto, tal como num exército o general comandante é unidade superior
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comandando unidades inferiores; os oficiais sendo unidades superiores aos sargentos e estes
aos soldados, constituindo um vasto organismo em atividade nos seus últimos misteres, tanto
mais eficiente quanto mais numeroso, organizado e disciplinado. Mas toda essa potência se
resume à mente e vontade do seu Chefe supremo, cuja personalidade se agiganta até o ponto
de alguns deles, na história, depois de vencerem o inimigo com a força do número ou de
armas, pretenderam para suas pessoas, honras divinas".

"Se cada homem e até cada coisa existe no Cosmos, é um tulku ou hipóstase de uma
entidade superior a que se acha subordinado por lei serial de numeração abstrata; do mesmo
modo se cada naldjorna possui um guru (mestre), em série indefinida, o grandioso panorama
do Universo, organismo vivo, não é mais do que a simbólica árvore, cujas raízes, como a árvore
norsa dos escandinavos primitivos e quantas outras figuram nas diversas teogonias, se acham
dentro do seio insondável da Divindade abstrata, inefável e incognoscível; enquanto seus
ramos crescem e se dividem sem cessar, envolvendo assim tudo quanto se acha dentro do
infinitamente grande até alcançar o infinitamente pequeno".

"E ao longe de tais raízes, troncos, galhos, folhas, flores e frutos atua uma só força
inteligente: a do Logos ou Verbo, fazendo circular, centrífuga e centripetamente, a magna
vibração da vida em que cada ilusória "realidade vital" não é senão o tulku, tatwa ou invólucro
mágico de uma parte, grande ou pequena, daquela vibração, como tônica orgânica ou vital
dentro de outro organismo superior, ao qual se subordina como a parte do todo".

08. RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO

Este, e não outro, o ensinamento universal da Mística, de acordo com a verdadeira


etimologia da palavra - a do mistério, germe, ponto de partida de posteriores porvires. Assim,
quantos simbolismos traduzem algo dessa relação de causa e efeito, dirigente e dirigido,
mestre e discípulo, pai e filho, governo e governado, rei e súdito, empregador e empregado
etc. deixam transparecer aquela verdade de que nos vimos ocupando".

"Notáveis são, com efeito, as estâncias do antiqüíssimo poema de Dzyan, que serviu de
tema à genial Helena Petrovna Blavatsky, autora da famosa "A Doutrina Secreta", que cantam
o místico laço existente em cada ser, na razão da Chama e Chispa; em cada astro, entre seu
Lha (espírito) e Vaham (veículo), que é a massa material e astral do mesmo astro, os Homens
solares ou imortais (Dhyanis, Chohans, andro-jinas ou andróginos Hermés-afroditas ou
hermafroditas, Kyrita etc.) e os mortais ou terrícolas, com aquelas finalizadoras palavras da
mais excelsa veneração, que cantam: "Tu és meu Vaham (veículo) até o grande dia (Nirvana)
em que Tu em mim e Eu em Ti seremos a mesma coisa", cujo sentido, se prescindimos do falso
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conceito de um Deus pessoal, antropomorfizado, de poder apenas criador e vingativo, para o


de Emanador ou Projetor, apontando nas palavras de s. Agostinho: "Creasti nos, domine, ad
Te; et inquietum est cornostrum donec requiesent in te., (Para ti e de Ti emanamos, senhor,
razão pelo qual nosso coração ficará inquieto até que em Ti repouse)."

09. AS SEIS DIREÇÕES DO ESPAÇO

Continuemos a citação de páginas do insigne Roso de Luna, extraídas de seu livro


póstumo "O Tibete e a Teosofia", por nós ampliado e concluído, a rogo de seus ilustres
herdeiros:

"Para focalizar melhor, embora sempre imperfeitamente por não o permitir a humana
linguagem essas místicas e inexplicáveis sublimidades, o próprio simbolismo de verdadeiras
coordenadas mentais, como diria um matemático - lembremos o que se acha contido naquela
parábola de "as seis direções", atribuídas a Budha, e que pode ser encontrada em nossa Obra
"Pelo Reino Encantado de Maya", em torno do qual e de outras fazemos modestos
comentários.

"Com efeito se o homem, saindo de seu cego e absurdo egocentrismo, de um simples


ponto sem dimensão espiritual, no mistério do espaço Infinito, meditar acerca das seis
direções, sendo ele um simples e efêmero ponto, verá na tríplice cruz formada pelas linhas
Norte-Sul, Este e Oeste, Zenit-Nadir; do lado Norte, as gerações físicas de seus sucessivos
ascendentes (avas, Jinas ou rishis), e do lado Sul os respectivos descendentes (nepas, tulkus
materiais etc ). Verá ainda, do lado Este, seus espirituais progenitores, seus gurus ou mestres,
e do lado Oeste a sua descendência espiritual e mental, seus chelas (discípulos), por sua vez,
tulkus seus.. já que ensinando a outros é que o homem pode chegar a Mestre. Perquirindo
mais, divisará misteriosamente na terceira linha (Zenit - Nadir ou vertical) passando, como as
outras duas, por seu próprio Eu, o ponto pessoal - seu Ideal, sua Missão, razão de ser na sua
vida e o Farol derradeiro de todas suas dolorosas "rondas", encarnações ou peregrinações
pelos mundos da ilusão; e alongando seu olhar para baixo, o Nadir, contemplará seu negro,
mísero ou kármico passado, lastro esse que o impede de subir, de erguer seu vôo triunfal para
o prodigioso Farol do eterno descanso nirvânico, e do qual só se despojará, feliz no dia em
que, sem egoísmos, encontrar em seu próprio ponto o Universo inteiro, ao ter alcançado
semelhante superação de sua mesma Consciência ou Ponto, esse Todo-Nada Incognoscível,
mas que, de um modo ou de outro constitui a própria Divindade, que em última análise não
está senão nele mesmo".
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10. A QUESTÃO DA FORMA E DA MASSA

Um dos muitos problemas que intrigam as inteligências não versadas em Ocultismo e Teosofia,
é o da forma. Pensa-se comummente que nenhum ser vivo pode deixar de possuir forma
característica, servindo de exemplo os vertebrados. No entanto, seres vivos como os minerais,
considerados em seu conjunto para formar a crosta terrestre, caracterizam-se pela ausência
quase completa de forma definida. Os vegetais, da ínfima bactéria à gigantesca sequóia,
apresentam-se sob prodigiosa multiplicidade de formas, o mesmo sucedendo com as infinitas
espécies animais.

11. AS CIÊNCIAS EM FUNÇÃO DO PRANA

Os sábios consideravam (e alguns ainda consideram) os astros como massas inertes,


postos em movimento por forças exteriores. A Teosofia, ou Sabedoria Iniciática, sempre
ensinou o contrário. Aliás, também a ciência oficial não deixa de ser um dos ramos daquela
Grande Árvore da Sabedoria Arcaica; tanto que a Química procede da Alquimia, a Astronomia
da Astrologia, a Medicina descende da Teurgia dos primitivos Terapeutas.

Esotericamente falando, todas as ciências poderiam ser definidas em função do prana


(sopro, hálito, vida universal) solar, dizendo-se por exemplo: Química agrícola é arte mágica de
captar o prana solar e ligá-lo ao prana terrestre; Mecânica aplicada é a arte mágica de utilizar
hoje o prana solar armazenado há milênios nas plantas fósseis do terreno carbonífero para
servir-se amanhã da força das ondas, do vento, das correntes telúricas, da eletricidade
atmosférica etc.; Higiene médica é a arte mágica de colocar os nossos sistemas físico, moral
(ou anímico, astral) e intelectual (ou espiritual) em perfeita sintonia com os pranas solar e
terrestre de que vivemos; Higiene social, essa mesma arte aplicada à vida dos povos, e assim
por diante.

12. ANATOMIA CELESTE

A_ moderna Astronomia não é mais que um simples ensaio da Anatomia celeste,_ uma
verdadeira Biologia alquímica em que se verifica uma_ contínua permuta vital entre os astros.
Igual permuta ocorre entre cada astro e o ambiente sideral, no qual ele se mantém com seus
incessantes movimentos de rotação e translação. Enquanto isso, semelhante permuta provoca
na terra, como organismo vivo que é, verdadeiros processos de alimentação e respiração pelo
prana; de assimilação quimo-prana, elaborado em suas próprias entranhas, e até de secreções,
que podem dar lugar a esses fenômenos eletro-magnéticos vitais das auroras polares, uma vez
que os sistemas nervoso, sanguíneo e linfático do planeta são dados respectivamente pelas
suas correntes eletrotelúricas, pela circulação "arterial" do vapor de água dos oceanos às
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nuvens, e a "venosa" das fontes regatos e rios até o mar; provocando ainda outros fenômenos,
como o das quedas meteoríticas, contínuo alimento do Sol e da Terra, e o das marés que
agitam as águas em constantes movimentos de "sístole" e "diástole", como se quisessem
voltar à mesma Lua que lhes serviu de origem.

13. A EVOLUÇÃO DA TERRA E DO HOMEM

A evolução do planeta se faz lentissimamente por longas Eras, equivalentes a


verdadeiras "eternidades", paripassu com a de seus reinos, inclusive o hominal, uma e outra
ainda distantíssima do período conclusivo, como é fácil revelar dos abalos sísmicos, erupções
vulcânicas, maremotos legítimos meios de defesa partindo do centro da Terra, tanto quanto se
verifica no organismo do próprio homem, daí podendo-se inferir que antes de concluída a
evolução do globo nenhum homem será perfeito. Excetuando-se somente aqueles que aqui
comparecem para dar cumprimento a sua missão de Guias ou Mestres, por serem fiéis
guardiões da Eterna Sabedoria, desde que, no longínquo alvorecer do mental humano, se
constitui a Excelsa Hierarquia Oculta, com o nome de "Shuda Dharma Mandalam".

Os ensinamentos da Doutrina Arcaica, por outro nome - Teosofia - tem uma origem
divina que se perde na noite dos tempos. origem divina, entretanto, não quer dizer a revelação
de um Deus antropomórfico, sobre uma montanha, entre relâmpagos e trovões, mas segundo
o compreendemos, uma linguagem e sistema transmitido à humanidade primitiva por outra
humanidade tão adiantada que parecia divina aos imaturos (Blavatsky).

O estado evolutivo de nosso Globo não podia deixar de ser o resultado de experiências
anteriores, o passado formando o presente, e este o futuro, sem necessidade dos
mirabolantes artifícios cuja teoria se atribui ao autor do primeiro livro bíblico: Adão
manufaturado com o pó da terra, cai em pesado sono para que Deus lhe extraia uma costela e
a transforme em Eva, predestinada a ser a primeira mulher e mãe de seus filhos. Se bem que
sob a velada linguagem do Genesis, como de outras escrituras ditas sagradas, alinhava-se um
tênue fio da verdade, que não se pode ensinar abertamente a humanidades onde predominem
seres egoístas e perversos que, mal adquirem um conhecimento, se dispõem a empregá-lo
contra seus semelhantes, na prática de crimes de lesa-evolução.

14. OS MALES QUE ATORMENTAM A TERRA

Crimes dessa natureza são não só os previstos no Código do Manú, mas também todo
o ato praticado contra a vida e os direitos do homem e da própria Terra, como ser vivo que é, a
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qual vem suportando; ao invés dos cuidados restauradores devidos pelos seus filhos que se
nutrem de sua seiva, terríveis bombardeios de imprevisíveis conseqüências intra e extra
terrena, abrindo fendas profundas, dolorosas chagas a clamarem perversidade de almas
inconscientes e formando na atmosfera faixas de radiações, cujo tremendo efeito deletério
recai sobre vastas áreas, envenenando os ares e as águas, contaminando os alimentos, tanto
os de origem vegetal como animal, afetando portanto gravemente a saúde pública, conforme
tem sido divulgado nos trabalhos de notáveis médicos e higienistas.

Que futuro podemos esperar de uma humanidade incoerente e hipócrita; os próprios


dirigentes dos povos que se dizem supercivilizados são os que se dizem pacifistas mas forjam
as armas para a destruição; os que apregoam o direito e a liberdade mas espezinham a
dignidade e cerceiam o livre arbítrio do homem e dos povos; são enfim os que ensinam a fé, o
amor fraternal e a caridade mas só para uso externo, pois que eles mesmos não praticam tais
coisas.

Respondem as profecias tantas vezes proferidas pelos clarividentes e realizadas ao


longo dos séculos, e a pior de todas a realizar-se neste fim de ciclo: cataclismos, vulcões
latentes que despertam com redobrada atividade, como destruidora réplica às cruéis bombas
A e H, inundações arrasadoras, como a lavar a face da terra das nódoas desumanas,
catástrofes e calamidades, pragas, epidemias, com seu indescritível cortejo de misérias e
mortes por toda a parte. Generosa e valente Mãe Terra, coagida a defender-se tragicamente
dos ultrajes causados por seus ingratos filhos ! Sim por toda a parte a dança maldita dos
quatro cavaleiros do apocalipse: domínio, guerra, fome, peste; eles mesmos, formas humanas
caóticas em oposição aos quatro Rishis ou reis Divinos.

15. AÇÃO DA GRANDE HIERARQUIA OCULTA

Não será por esse processo que se poderão aproveitar proficuamente os resultados
das laboriosas experiências levadas a efeito durante Idades sem conta pelos Pitris
construtores, os progenitores desta humanidade. A esta caberá por sua utilizar o que de mais
puro, perfeito e legítimo do ponto de vista espiritual puder adquirir para, com as experiências
do passado, somadas com às do presente, guiar os destinos das gerações futuras. Enquanto
não o conseguir, ingenuidade seria perguntar porque a Grande Hierarquia Oculta, mentora
espiritual da Humanidade permitem que alguns homens possam causar tantos males e
sofrimentos. É que a de hoje não difere, não é mais digna que as humanidades que motivaram
a vinda de luzeiros do quilate de Krishna, Moisés, Budha e Jeoshua, subsistindo sempre as
mesmas razões que impediram a realização prática de seus ensinamentos, sem a qual jamais
se poderá melhorar a fisionomia moral do animal homem, para transformá-lo em homem.

Essa invisível instituição emanada do Supremo Governo do Mundo é constituído de


Mahatmas, com poderes e funções definidas em todo o globo, e cuja significação não é a que
se lhe dá comummente, por isso que os Mahatmas são seres representativos, constituídos,
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também fisicamente, com elementos e matérias em combinações diversas das que foram os
sub-evoluídos terrícolas; são seres com poderosa capacidade de criar mentalmente, que
enviam periodicamente à Face da Terra seus embaixadores, mensageiros da Paz e da Verdade,
e aqui os mantém, por força de Lei, para vaticinar aos homens o advento de uma nova era
evolutiva, e nunca para impor-lhes com as armas da coação e da violência a disciplina do
Espírito nem para impedir as manifestações de seus instintos egoístas. Todavia, quando o Mal
predominar avassaladoramente a ponto de subverter até mesmo os alicerces da Mãe Terra,
vem então aqui apresentar-se sob a forma humana o próprio Espírito da Verdade, o Planetário
ou Avatara, ou como se lhe queira designar, pois que sempre que Ele vem, só é reconhecido
pelos raros eleitos da sua corte. Cumpriram-se no passado e cumprir-se-ão no porvir as
palavras que Ele mesmo, pelo verbo de Krishna dirigiu a seu discípulo Arjuna e que se acham
inscritas em frases cristalinas no maravilhoso Bhagavad-Gitâ: "Todas as vezes, ó filho de
Bharata, que Dharma (a lei justa) declina e Adharma (a Lei injusta, como a que hoje impera na
Terra) se levanta, Eu me manifesto para a salvação dos bons e destruição dos maus; para o
restabelecimento da Lei justa, Eu hei de renascer em cada Yuga (Era).

16. O JUSTO E O INJUSTO; O BOM E O MAU CARÁTER

E no capítulo XVI ele ensina a discernir o Justo do Injusto ou o Divino do Demoníaco:

"Vou dar-te os sinais característicos dos homens que andam pelo caminho que conduz
à Vida Divina. Ei-los: Intrepidez, pureza de coração, perseverança em busca da sabedoria,
caridade, abnegação, domínio de si mesmo, devoção, religiosidade, austeridade, retidão,
veracidade, mansidão, renúncia, equanimidade, amor e compaixão para com todos os seres,
ausência do desejo de matar, ânimo tranqüilo, modéstia, discrição, firmeza; paciência,
constância, castidade, humildade, indulgência."

"Agora houve as características dos homens que andam pelo caminho que conduz aos
demônios: Hipocrisia, egoísmo, orgulho, arrogância, presunção, cólera, ódio, rudeza,
ignorância".

"O bom caráter liberta da morte e conduz à Divindade. O mau caráter da causa a
repetidos nascimentos mortais. O primeiro da liberdade, o segundo, escravidão".

"Duas espécies de natureza pode-se observar neste mundo humano, a divina ou boa, e
a diabólica ou má. As características da natureza boa ou divina já te descrevi suficientemente.
Escuta agora, ó filho da Terra! quais são as da natureza má".

Os seres que são iguais aos Assuras (demônios, espíritos maus) não conhecem nem o
seu princípio nem seu fim; não sabem o que é praticar uma reta ação e não sabem abster-se
de ação má. Neles não há pureza nem moralidade, nem veracidade. Eles dizem que no mundo
não há verdade nem justiça. Negam a existência do Espírito Divino; acreditam que o mundo é
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produto do acaso, e que o fim da vida é para gozo dos bens materiais. E vivem conforme suas
idéias errôneas: são de intelecto mesquinho, desregrados, inimigos da humanidade e praga do
mundo. Entregam-se aos prazeres carnais e pensam que esse é o mais alto bem. Mas nunca os
prazeres sensuais os satisfazem, porque, mal um apetite obteve satisfação, já emerge outro
cada vez mais imperioso. É impura a sua vida, porque, pensando bem, com a morte do corpo
tudo se acaba, julgam que o supremo bem consiste na satisfação de seus desejos. Enleados nas
teias do desejo, entregam-se a volúpia, à ira e a avareza; prostituem suas mentes e seu
sentimento de justiça, empenham-se em acumular riquezas sem qualquer escrúpulo, desde
que possam satisfazer suas ambições materialistas.

CAPÍTULO II

O Heptacórdio Celeste: Trindade, Quaternário e Setenário - As Quatro Verdades - O rei


não Coroado - Movimentos Quaternários : Enigmas do Número Quatro - Rotações das Estrelas
fixas - Períodos Secretos - Verdades Milenares - As Funções Fisiológicas da Terra.

17. O HEPTACÓRDIO CELESTE; TRINDADE, QUATERNÁRIO E SETENÁRIO

Todas as coisas no Universo estão, como se disse, subordinadas umas às outras


mediante inelutável reciprocidade, obedientes ao mesmo ritmo, isto é, à harmonia das
esferas, que corresponde ao heptacordo celeste ou lira de sete cordas das escrituras orientais.
Mas, para nosso globo, como qualquer anel cortado da nebulosa primitiva após o esfriamento,
prevalece o ritmo quaternário, tendo por direção espiritual o ternário, na razão de 3 + 4 = 7.
Cabalisticamente falando, (triangulo + quadrado = Quadrado com triângulo em cima) o Carro,
a Mercabah ou arcano sete do Taro, letra hebraica Zain, com sua expressão hieroglífica de uma
flecha, lança ou qualquer instrumento retilínio, inclusive a caneta de que os homens se
utilizam para divulgar os bons e maus ensinamentos. O conjunto triângulo-quaternário
simboliza a casa ou lar, com seu telhado de duas águas, mesmo porque sem o lar e família o
Carro da Evolução não poderia cumprir o seu itinerário de IO.

Sim, o ternário celeste de harmonia, melodia e ritmo para, com o quaternário terreno,
completar o lírico heptacordo ou sete notas da gama musical, com os três sons principais (dó,
mi, sol), a que se relacionam também as sete cores, com as três básicas (amarela, azul,
vermelha), os sete luzeiros, os sete planetas ocultos, e os sete dias que precisou para construir
o mundo. Valores Um, Três, Quatro e Sete que, a filosofia teosófica revela como Mônada
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refletindo a Unidade, constituída dos três princípios superiores (Atmã, Budhi, Manas) que se
manifestam pelos quatro veículos ou vestes constituintes do quaternário humano (mental
discursivo, anímico, duplo etérico e corpo denso), cuja evolução se processa necessariamente
através dos sete estados de consciência de que se compõe a Ronda - sete raças-mãe, cada uma
delas com as respectivas sub-raças e descendentes ramos, famílias, clãs.

18. AS QUATRO VERDADES

À guisa de mais um exemplo do ritmo ou compasso quaternário do globo terrestre, em


correspondência a divina trindade, espiritualmente falando há as quatro verdades ou
Revelações pela boca dos três reis coroados - as três hierarquias construtoras ou cadeias
anteriores: Makaras, Agnisvatas e Barishads - e mais um sem coroa, para significar que ainda
não expirou o prazo para completar sua régia evolução. Este é representado pelo tradicional
guerreiro ou cavaleiro Akdorge das lendas transhimalaias, simbolizando a luta do ternário
espiritual contra o feroz dragão da ignorância, encarnando os quatro princípios inferiores
esmagados pelas quatro patas do cavalo branco ( o Kalki-avatara , símbolo da redenção
humana), símbolo esse plagiado no Ocidente com a figura cavalheiresca de um Ignaro S. Jorge,
cuja origem não pode ser outra senão o lendário Akdorge das mais antigas tradições orientais,
em que o guerreiro que representa a Tríade Superior e dignificado com o título de Maitri ou
Maitreya, que significa o vencedor dos três mundos (ou três mayas, ilusões) das três gunas ou
estados vibratórios da matéria.

As quatro verdades são expressas nas Revelações que este ou aquele ser oferece ao
mundo, de acordo com as várias épocas evolutivas em que eles se apresentam entre os
homens, a fim de libertá-los da ignorância em que vivem, causadora de todos seus
sofrimentos; revelações que constituem portanto as mais preciosas oferendas trazidas ao
quarto globo de nosso sistema.

19. O REI NÃO COROADO

Os três reis magos do Novo Testamento locomoveram-se de três regiões diversas para
homenagear no berço a vinda de um quarto rei, cujo reino, como ele mesmo disse mais tarde,
não é deste mundo; pois aqui vinha, não para dominar como imperador ou rei e viver
faustosamente às expensas do povo, nem para guerrear outros povos, mas para reinar como
Deus nos corações de todos os homens, pelo mágico poder do amor fraternal embora ante-
sabendo que por única recompensa "real" os homens lhe imporiam sobre a divinal cabeça uma
coroa de espinhos; que em lugar do cetro lhe ofereceriam por escárnio uma cana seca, e por
manto real, uma enxovalhada capa vermelha, cor de Kama-manas (correspondente aos quatro
princípios inferiores) e da matéria tamásica (a qualidade das trevas, impureza, inércia,
ignorância); o mesmo símbolo do mar vermelho (mundo tamásico) sobre o qual, Moisés, o
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Manú, não devia conspurcar os pés ao conduzir seu povo à Terra Prometida, por isso mesmo
passando sobre ele a pés enxutos, para não se confundirem, os de sua escolha, como
sementes que eram de uma nova raça ou civilização, com os que não mereciam tamanha
honra.

Pregada no cruzeiro do Supremo sacrifício ( a cruz é um dos símbolos do quaternário


terreno) a tabuleta indicava as quatro iniciais da frase escarnecedora - Jesus Nazarenus Rex
Judeorum - embora não tenha o sentido que lhe é dado correntemente, e além disso
"nazareno" não significava o adjetivo gentílico de Nazaré. Nazareno, nazáreo, nazar, são
expressões hebraicas que significam "separado" ou "selecionado", havia com esse nome uma
classe monástica temporal, mencionada no Antigo Testamento; os monges não se casavam,
usando cabeleira comprida, que só era cortada rente aos ombros, no ato da iniciação. Iokanan,
Jeoshua, Saulo de Tarso e outros iniciados pertenceram a essa Ordem, e por isso se chamavam
"nazarenos".

20. MOVIMENTOS QUATERNÁRIOS. ENIGMAS DO NÚMERO QUATRO

A Terra tem 24 horas, gira sobre seu próprio eixo, dividindo o dia em quatro períodos:
manhã, meio dia, tarde e noite. A Lua, exercendo em tudo prodigiosa influência, apresenta-se
nas quatro fases: nova, crescente, cheia e minguante, produzindo as quatro marés: enchente,
preamar, vazante, baixa-mar. Quaternária é a idade do homem: infância, adolescência,
maturidade e velhice. Quatro são os movimentos respiratórios: inspiração, retenção do ar nos
pulmões, expiração e pausa sem ar, movimentos que, uma vez ritmados pelo exercício
(pranayama) da yoga respiratória, são dos mais recomendados pelos salutares efeitos que
proporcionam.

Quatro são os pontos cardeais; quatro as estações do ano; quatro os temperamentos


do homem (sanguíneo, linfático, nervoso, bilioso); quatro são os graus iniciáticos na Sociedade
Brasileira de Eubiose (Manú, Yama, Karma e Astaroth). No Taro, o arcano quatro, o Imperador,
significa apoio, estabilidade, poder, proteção; exprime no mundo intelectual a realização das
idéias pelo quádruplo trabalho do espírito; afirmação, negação, discussão, solução. A esfinge
de Gisé aguarda até hoje que decifre seu complexo quaternário: mulher, leão, touro e águia. E
quatro são também os excelsos Maharajas, cujos nomes não devemos divulgar.

Os pitagóricos faziam seu juramento pelo sagrado Quatro, a Tetraktys ou tétrade, com
significação muito mística, idêntica à do Tetragrammaton, - JEOVAH - nome tão inefável que
os Hebreus não ousavam pronunciá-lo, substituindo-o pelo de Adonai. Em verdade ninguém o
sabia pronunciar então nem o sabe agora. Tão alto privilégio divino cabe exclusivamente ao
Deva-Vâni, o Anjo da Palavra, portador da Palavra Perdida, o mesmo Melki-Tsedek, que a
Bíblia designa como supremo Sacerdote do Altíssimo.
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Mas para não levarmos mais longe ainda estas digressões, vamos encerrá-las com uma
alusão à matemática das Idades do Mundo. A Maha-Yuga (grande idade) alcança um total de
4.320.000 anos e se divide nas quatro idades: Kali-yuga, 432.000 anos; Dvapara-Yuga, duas
vezes 432.000 igual a 864.000 anos; Treta-Yuga, três vezes 432.00 igual a 1.296.000 anos e
finalmente Krita-Yuga, 4 vezes 432.000 ou 1.728.000 de anos.

Mil dessas Maha-Yuga constituem um Kalpa, um Dia de Brahmâ, durante o qual reinam
quatorze Manus. Teremos assim 4.320.000.000 anos que juntos a outros tantos formarão uma
noite de Brahmâ, ou 8.640.000.000 que multiplicados por 360 completam o incrivelmente
longuíssimo ano de Brahmâ. Mas ainda não será o fim, pois que o período inteiro de Brahmâ é
de cem anos, teremos finalmente para essa Maha-Kalpa o número 311.040.000.000.000, igual
a 720 Kali-Yugas. E todos esses números são múltiplos de quatro.

21. ROTAÇÃO DAS ESTRELAS FIXAS

Todas essas idades em que se divide a vida universal estão relacionadas nos
movimentos das estrelas, que a astronomia chama de fixas porém sofrem uma rotação
matemática causadora deste e de muitos outros fenômenos que ocorrem em nosso globo.
Assim é que, durante cada período de 108.000 anos ou a quarta parte de 432.000, o zodíaco
faz quatro voltas completas em torno do seu eixo, dando lugar a outras mudanças sucessivas
da estrela polar.

Esse movimento do empíreo, em volta do qual gira todo o mistério, e que tanta
influência exerce sobre a Terra e a vida de todos seus habitantes, fará com que na próxima
fase ou ciclo a estrela Sirius passe a ocupar o lugar da estrela Polar, chamada esotericamente
nas escrituras orientais, Olho de Druva, e simbolicamente significando que através deste astro
o Eterno perscruta desde o Polo Norte toda a evolução do planeta, que é a sua própria,
segundo aquela estância de Dzyan, que ensina que Deus se divide para consumar o supremo
sacrifício.

Não há linhas retas nem pontos fixos no Universo, cujos movimentos, grandes ou
pequenos, rápidos ou lentos, luminosos ou trevosos, constituem no seu conjunto a famosa
harmonia das esferas de que tanto falavam os filósofos da antiguidade. O clarividente
Swedenborg se referia a esses ciclos de vida, que se manifestam em todos os fenômenos da
Natureza, como se fossem a própria vibração do Logos:

"A lei essencial da natureza é a vibração. Um ponto imutável é inteiramente impossível


dentro do nosso sistema. Os movimentos sutis a que chamamos de ondas, os mais vagarosos
que denominamos oscilações, as trajetórias dos planetas a que chamamos de órbitas, as
épocas da História designados por ciclos, tudo isso não é mais do que um movimento
ondulatório no Ar, no Éter, no Aura, na Terra, de nebulosas, pensamentos, emoções e de tudo
quanto se possa imaginar."
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22. PERÍODOS SECRETOS

As quatro idades, que podemos chamar de Ouro, Prata Cobre e Ferro, por serem esses
metais relacionados com os planetas Sol, Lua, Vênus e Marte, respectivamente, e que antes
designamos com seus primitivos nomes sânscritos: Kali, Dwapara, Treta e Krita, acham-se
ligadas aos quatro princípios inferiores (ou em função), permanecendo secretos os outros
três, relacionados com os planetas Júpiter, Saturno e Mercúrio, estes como regentes dos três
princípios superiores ou Tríade Superior que tem como regentes dos três princípios superiores
ou Tríade Superior que dirige a evolução espiritual da humanidade, mistério que tem suas
representações vivas no Rei do Mundo e seus dois Ministros, de que já tratamos longamente
em nosso livro "O Verdadeiro Caminho da Iniciação".

Em seus famosos versos dourados, Pitágoras exaltou esses três princípios superiores:

"A Tríade Sagrada, imenso e puro símbolo,

Fonte da Natureza e modelo dos Deuses".

A eles se referiu Zoroastro, com expressões equivalentes:

"O Número três reina por toda a parte,

e a Mônada é seu princípio".

23. VERDADES MILENARES

Essas verdades foram conhecidas nos templos (Panteões) iniciáticos e disso dão
testemunho antigos documentos. Aí se representam os quatro reis, três coroados e um sem
coroa, de cujas bocas jorra o precioso líquido (as quatro verdades). Templos e panteões,
mosteiros e catedrais, pirâmide e esfinge, hipogeus e sarcófagos, espalhados pelos cinco
continentes, construídos por vários povos em épocas diversas, resistem à ação demolidora dos
séculos e à fúria das guerras fratricidas, para abrigarem santas relíquias e conservarem
preciosos símbolos das grandes verdades que foram e são expressões objetivas.

Outros remanescentes ainda mais valiosos, inclusive papiros, pergaminhos, obras de


altíssimo valor, há longo tempo desaparecidas da superfície do globo, cânones de que não
mais restam sequer vestígios normas e preceitos ritualísticos de alta magia puderam escapar
da rapina dos infieis e das fogueiras dos fanáticos e foram finalmente ter aos invioláveis
escrínios dos templos subterrâneos, longe do alcance de mãos profanadoras, onde, com outras
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coisas mais são custodiadas pelos Gênios conservadores e propagadores da Sabedoria


Iniciática das Idades, os Super-homens aos quais na Índia e na Ásia Central se dá o nome de
Mahatmas ou Jinas.

Aos aludidos quatro reis, a Cabala denomina de quatro sóis, que correspondem aos
mesmos dos Nahoas e às "quatro cabeças", que Myers assim descreve:

"Aziluth é o nome com que se designa o mundo dos Sephirots, chamado mundo das
emanações (Olam-Aziluth). É o grande selo sagrado, por meio do qual se copiaram todos os
mundos e que compreendem três graus, que são três sures (protótipos) de: 1) Nephesh, a
alma vital; 2) Ruach, a alma tradicional; 3) Nechamad, a alma suprema. Assim, também os
mundos receberam três sures: 1) Briah; 2) Yetzirah e 3) Asiah. Finalmente, Aziluth é o supremo
dos quatro mundos da cábala, relacionando-se unicamente com o Espírito de Deus.

"O mistério do Ternário, que se faz Quaternário para fundir-se novamente no Um, está
ainda contido nas três faces cabalísticas (em língua Hebraica, Partsuphin), que são: 1º Arikh-
Anpin, o Face Larga; 2º Seir-Anpin, o Face Curta e o 3º Rosha-Hivrah, o Cabeça ou Face Branca.
Essas três cabeças estão em uma só, com o nome de Attikah-Kadosha: Santos Antigos e as
Faces. Quando tais faces olham uma para a outra, os Santos Antigos em três cabeças ou
Attikah-Kadosha recebem a denominação de Arkh-Appayem, ou seja, Cabeças Largas".

24. AS FUNÇÕES FISIOLÓGICAS DA TERRA

Voltamos considerar um dos temas abordados nesta parte de nosso trabalho, que se
propõe demonstrar que a Terra, como tudo na Natureza, é um ser vivo. As quatro estações
representam para o globo as quatro fases digestivas do homem: 1º) Ingestão de germes e seu
preparo por meio da digestão, digamos, num período climático para cada um dos hemisférios;
2º) Assimilação pelo húmus, dos germes ingeridos, ou verdadeira digestão da Terra, triunfo da
fermentação e das forças negras, porém começo da vitória das forças brancas, isto é , da
evolução solar, na seguinte estação; 3º) Produção e saída dos germes transformados, união
dos sucos terrestres e raios solares, constituindo a seiva, triunfo das forças evolutivas sobre as
involutivas, o mesmo fenômeno que se verifica na humanidade, para a estação imediata; 4º)
Fim da evolução dos novos seres terrestres; todos os subprodutos volvem à terra, sob forma
de cadáveres vegetais.

E tudo isso se explica as incompreensíveis palavras de Sendivexio em seu "Diálogo


entre Sulfur e o Alquimista", quando faz alusão ao coração sempre ativo da Terra, que ao astro
faz passar, sob a ação do sulfur solar, de luminoso sol condensado com o auxílio do seu
nebuloso anel, a planeta obscuro, tal como hoje o conhecemos. Esta nossa Mãe Bhumi, "vaca
nutridora" a que trivialmente se denomina Terra, e o Espírito Planetário que a preside
fornecem a quantos seres parasitariamente nela vivem, o prana vital que do Sol recebem,
realizando assim os mais transcendentes processos bioquímicos e fisiológicos, que ainda não
entraram nas cogitações de nossos ilustres cientistas.
30

OS MISTÉRIOS DO SEXO

A GENEALOGIA ESOTÉRICA NO COSMOS E NO HOMEM

A TERRA É UM SER VIVO

PARTE PRIMEIRA

A HARMONIA UNIVERSAL

Um laço misterioso une a natureza celeste à natureza terrestre

Humboldt.

CAPÍTULO III

O EQUILÍBRIO DO COSMOS

25. AS BATALHAS DE LURUKSHETRA

Devemos aqui referir-nos a um fenômeno oculto de grande interesse na evolução dos


seres, encoberto por uma das sete chaves com que se interpreta o Bhagavad Gitâ, isto é, em
relação a essas intermináveis batalhas da vida cotidiana entre solares e lunares, ou seja, entre
bem e mal, direita e esquerda, espírito e matéria; ou, como também se poderia dizer, entre as
experiências da cadeia lunar primitiva e as da atual cadeia terrena, tremenda e antiqüíssima
luta que remonta à "Queda dos Anjos rebeldes" e que de certo modo não deixa de ser travada
entre solares e lunares ou, segundo a terminologia das estruturas hindus, entre Surya-vansas e
Chandra-vansas.

Não poderia haver evolução sem os inevitáveis choques de interesses contrários, sem
a luta constante entre o que se convencionou chamar de "bem" e "mal". Posto que Daemon
est Deus inversus, como ensina a Cabala, o Diabo não é senão o contrário ou a sombra de
Deus; não há nem mal nem bem, mas tão somente, em última análise, ignorância e
conhecimento. "Avidya", no sentido de ignorância da Lei ou desconhecimento da Verdade, é
31

uma das doze nidanas dos budistas, e se lhe atribui a origem de toda a infelicidade. Vidya
(conhecimento, sabedoria) e Avidya são os dois polos contrários a serviço da evolução.
Aqueles que não evoluem passam a viver no sentido involutivo e, aumentando o peso do prato
esquerdo da balança, retardam o progresso dos que se colocam no prato direito.

26. RAÇAS SOLARES E LUNARES. EVOLUÇÃO DOS CONTINENTES

Segundo a Teosofia, as leis evolutivas de cada continente se desenvolvem


sucessivamente e nunca simultaneamente. Por isso, cada raça tem predominado sobre as
outras por longos períodos em determinados continentes. Enquanto uma delas se expandia e
alcançava a soberania, as outras, ao contrário, entravam em decadência e se dispersavam, pois
todas elas nasceram umas das outras, ligando-se à história dos respectivos continentes. A
lenda dos três Reis Magos, do Novo Testamento, é um símbolo relacionado à expressão
crística de um novo ciclo solar, que se encerra na significação dos próprios termos Cristo e
Mitra, motivo por que eles teriam partido dos três continentes para irem homenagear o
recém-nascido quarto rei (sem coroa), guiados por uma estrela, cuja luz só poderia provir
desse novo sol nascente.

Cada continente é, por sua vez, o sol dos demais, passando com suas raças por uma
sucessão de ascensão e declínios de civilização, enquanto nos outros se desenvolve civilização
diferente. Cada raça transfere para as outras o resultado de sua evolução. Houve, pois, para
cada raça uma idade de pedra, de bronze, de aço, de ferro; sem contar com as idades de ouro
e de prata, segundo seus ciclos, possuindo cada uma sua cor e característica própria.

Como as leis universais são rigorosamente as mesmas em todos os planos, basta


conhecer o que representa um continente terrestre para se compreender o motivo pelo qual
as raças se acham atualmente em estado de franca miscigenação, com intensos cruzamentos
inter-raciais, favorecidos pelas invasões, imigrações, desenvolvimento com comércio
internacional, multiplicação dos meios de transporte. Assim cada raça continental ou
autóctone assimila os indivíduos das outras, emprestando-lhes a cor e as tendências, a ponto
de se confundirem os biótipos nas gerações descendentes.

27. ANALOGIA ENTRE O COSMOS E O HOMEM

Nem generosa nem avarenta; não é tolerante nem vingativa. Não há sinônimo perfeito
para ela, exceto um equivalente a Deus. Não há adjetivo, a menos que se queira designá-la
pleonasticamente de Lei Justa. Em sânscrito ela se chama Dharma. O Homem é a sua mais
expressiva manifestação na Terra, de vez que, espiritual e materialmente, a representa na sua
multiplicidade. Não se atina com outra interpretação para o fato de haver ela mesma criado o
32

universo finito dentro do infinito; o microcosmo-homem qual reprodução fiel do macrocosmo-


Deus.

Empregando processos mais grosseiros e anti-evolutivos, semelhantes aos adotados


pelos magos da lendária Atlântida, os sacerdotes egípcios, seus descendentes psíquicos,
enleavam a alma do extinto faraó a seu corpo físico (Ká e Rá), por meio de rituais
necromânticos realizados enquanto se procedia à mumificação regulamentar. Eram
extremamente prejudiciais os efeitos desse processo artificial adotado no antigo Egito, em
contraste com os benefícios resultantes do processo natural ou evolutivo dos Manassaputras,
a que podem atingir os homens pelos seus próprios méritos.

28. RELAÇÃO ENTRE O HOMEM E SEU PLANETA

Cada Sol, ou melhor dizendo, cada Órgão-sol, com seu cortejo de planetas e satélites,
gira em torno de um centro mais ou menos determinado que é o Coração do Grande Homem
Universal. Não se dirige o Sol visível deste sistema para a constelação de Hércules?

Cada homem se acha ligado por meio de seus sentidos, num total de sete, sendo que
dois ainda permanecem latentes, bem como através de seus sete estados de consciência, a um
dos sete planetas sagrados e também aos sete planos do Cosmos. Esta maravilhosa
correspondência entre o Universo e o homem permite a este desenvolver e utilizar os
respectivos sentidos espirituais para situar-se em mais íntima ligação, no plano físico em que
vive, como divino centro de força que o engendrou e que é o seu direto criador.

Essas místicas relações eram ensinadas aos mystai nos mistérios menores das antigas
escolas iniciáticas, assim chamados por conduzirem à percepção das coisas somente através de
um véu ou névoa, ao contrário do que sucedia nos mistérios maiores, em que os epotpai,
podiam percebe-las claramente sem qualquer disfarces. Tais métodos de ensino, designados
pelos nomes de maya-vada, doutrina da ilusão ou maya-budista, ainda hoje são adotados na
Índia, pelas duas escolas, a do norte, a maya-yana ou grande barca da salvação, e a do sul, a
hina-yana ou pequena barca, mas tudo implicitamente envolvido na interpretação da letra que
mata por ocultar o Espírito que vivifica.

Intimamente unido aos planos cósmicos e achando-se sob a influência de um dos sete
raios planetários, cada homem possui idéias e temperamentos próprios que os levam a pensar,
agir e reagir de maneira diversa dos demais, mesmo em face de situações e circunstâncias
perfeitamente idênticas. Em Medicina isto se torna tão evidente que levou um famoso médico
patrício a pronunciar uma frase que se tornou aforismo: "Não há doenças, sim doentes". A
Medicina também conhece o fato, mas não sabe explicá-lo. Há pacientes que podem ingerir
impunemente uma grama ou mais de iodureto de potássio, enquanto outros nem sequer
suportam o cheiro do iodo. Para as intolerâncias, hipersensibilidades, idiossincrasias
alimentares ou medicamentosas, conseqüências da diferenciação do raio planetário a que está
sujeito cada ser humano, convencionou-se chamar de "Alergia", com significação
complementar ao que anteriormente se designava "Anafilaxia".
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29. REGIME ALIMENTAR

Não se conhece um limite para as diversas conseqüências da multiplicidade de


caracteres e de temperaturas originada de uma inelutável influência planetária, por sua vez
subordinada à lei de causa e efeito. Os médicos, na sua nobilíssima missão de prevenir as
doenças e restabelecer a saúde, estão diariamente em contato com tais enigmas: enquanto
determinado tratamento e regime produzem ótimos efeitos a um paciente, a outro resulta
ineficaz e a um terceiro se torna até nocivo. Não é aconselhável prescrever o mesmo
tratamento e regime alimentar a pacientes de temperamentos diversos; não é possível, por
exemplo, a uma pessoa nascida sob a influência de Marte, sentir-se bem com um tratamento e
regime favorável a um venusiano. Pela mesma razão, errado seria prescrever a um linfático um
regime exclusivamente a base de alimentos de origem vegetal, que poderia conduzí-lo a uma
anemia profunda; como também prejudicial seria indicar uma alimentação com predominância
de carnes a indivíduos pletóricos.

O homem era na sua origem primeira essencialmente frugívoro. O regime vegetariano,


tão fervorosamente recomendado por muitas escolas espiritualistas, não nos pode ser
propício, como resulta da mais elementar observação. Não é exato que os animais herbívoros,
pequenos ou grandes, tenham algo em comum com o aparelho gastroentérico do homem, que
de resto pertence a um reino superior, somente do ponto de vista esotérico. É que tais escolas
espiritualistas andam esquecidas dos ensinamentos ministrados pelos Colégios de Iniciação.

O primitivo regime frugívoro não era imposto nem artificioso; era o natural enquanto
durava a eterna primavera, isto é, até que os cataclismos que fizeram submergir a Atlântida
inclinaram a posição do eixo da Terra, ocasionando os equinócios e solstícios, as quatro
estações climáticas do ano. O homem foi se afastando cada vez mais da natureza, adquiriu os
quatro temperamentos, sanguíneo, linfático, nervoso e bilioso, devendo adaptar-se a
diferentes lugares e climas, já sem as primeiras condições de vida paradisíaca, da remotíssima
era em que os Deuses conviviam com os Homens, do que a Mitologia e a Tradição nos
oferecem alguns vislumbres. Dos motivos dessa involução espiritual e conseqüente
degenerescência física temos tratado em outros lugares e não seria oportuno repeti-los aqui.

Através de gerações sem conta o homem habituou-se a um regime alimentar


antinatural, tornando-se onívoro, e a própria constituição orgânica sofreu constante
adaptações, estudadas e classificadas pela Antropologia.

30. HIGIENE MENTAL

O regime alimentar é apenas um entre mil outros cuidados necessários para preservar
a higidez. A isso se relaciona a sentença atribuída ao Cristo: "Não é tanto o que entra pela
34

boca, mas principalmente o que dela sai, que pode causar dano ao homem. À higiene física se
sobrepõe a mental. São causas de males físicos e ruína espiritual as palavras destrutivas, as
pragas, a maledicência, a mentira, a intriga, a calúnia, as blasfêmias, filhos dos maus
pensamentos. A boca é o santuário de nosso corpo, onde se acham implantados os trinta e
dois portais da sabedoria, representados pelos trinta e dois dentes. Santuário arquitetado para
bendizer e abençoar, para glorificar e louvar a Deus, para difundir a Verdade e propagar a
Fraternidade.

31. ESTADOS MÍSTICOS

A consciência física pode desaparecer, proporcionando ao homem os melhores ou os


piores momentos, quando a imaginação ou a faculdade emocional entra em plena função,
absorvendo-o inteiramente, tal como pode suceder ou assistir um espetáculo empolgante, ao
representar uma cena que o emociona intensamente. Em grau ainda mais intenso o homem
pode atingir o estado místico ou apoteótico, como o que Plotino diz ter experimentado
algumas vezes em sua vida.

Os estados de paz, de espiritual felicidade a que só os justos tem direito, podem às


vezes ser obtidos pelo emprego de drogas entorpecentes que provocam os chamados
"paraísos artificiais", resultantes de intoxicações ou estados patológicos deprimentes,
altamente perigosos. O uso de tóxicos, combatido em todos os países civilizados, é
absolutamente condenável também pela Lei do Espírito. Com a súbita paralisação da
consciência provocada artificialmente nos mundos inferiores e seu brusco despertar nos
superiores, o homem transgrede a natureza, transpões o ritmo normal, com evidentes
prejuízos para seu organismo e a sua própria evolução espiritual.

32. LEI CÍCLICA

As três interrogações da esfinge - Quem és, de onde vens, para onde vais ? - se
reduzem a uma só, de acordo com a Lei Cíclico-espiritual que rege todos os fenômenos da
natureza e que mais se evidenciam nas orbitas dos astros, permitindo que na curva
ascendente se reproduzam os fenômenos verificados na metade descendente, como se as
duas curvas fossem ramos da grande parábola da vida e, entre si, se mantivessem em perfeita
simetria: tal como simétrico pelas sístoles e diástoles ou pelos estados radiante e latente, e
tudo quanto nos cerca.

Essa expressão "parábola da vida", é uma impropriedade, porque a Mônada ou


Consciência superior, em cada ciclo de encarnação e desencarnação, descreve perfeita elipse
em torno do Sol, e nisto está a verdadeira base da Astrologia. Com efeito, segundo a harmonia
universal, tudo quanto aconteça aos seres terrestres deve estar regido pela Lei astronômica-
35

biológica do mundo em que habitam, isto é, devem ter, como o próprio planeta, seu periélio e
seu afélio. O trajeto percorrido pela Mônada, do periélio ao afélio, se chama, em Ocultismo,
encarnação ou queda; e a volta cíclica do afélio ao periélio, desencarnação, ressurreição ou
volta à celeste morada solar de onde partira.

Se o Sol, ou seu Espírito, é o Deus do Sistema Planetário, a famosa sentença semi-


panteísta de S. Agostinho - "Para Ti nos criaste, Senhor, e nosso coração vive inquieto até que
em Ti descanse" - não é senão a mística revelação deste movimento de aproximação e
afastamento que, de certo modo, é o verão e o inverno de nossas planetárias ou astrais
vivências de seres manifestados.

A órbita percorrida pela Mônada humana entre duas encarnações é, porém, mais
excêntrica do que a da própria Terra, porque, a semelhança dos cometas planetários, por ser
um verdadeiro cometa psíquico, quando seu afélio se encontra na órbita terrestre sua elipse
corta, em muitos casos, as órbitas de Vênus e de Mercúrio, e seu periélio está situado entre o
Sol e este último planeta.

33. IMPORTÂNCIA DO PLANETA MERCÚRIO

Daí a importância astrológica que o Ocultismo confere aos dois referidos planetas, que
a bem dizer se completam em perfeito androginismo, principalmente ao segundo, acerca do
qual H. P. Blavatsky assim se expressa em sua obra "A Doutrina Secreta", livro V:

"Mercúrio, como planeta, é muito mais misterioso e oculto do que Vênus e idêntico ao
Mitra Masdeísta, o Gênio ou Deus estabelecido, segundo Pausanias, entre o Sol e a Lua (Ele
por si só integra estes dois planetas e mais a Terra ou os quatro elementos, na razão simbólica
de companheiro perpétuo do Sol da Sabedoria e em comum altar com Júpiter. Possuía asas
para expressar que assistia ao Sol em seu percurso, e era chamado e Núcio e o Lobo do Sol,
solaris luminis particeps. Por tudo isso, era ao mesmo tempo chefe e evocador das Almas, o
grande Mago e Hierofante".

Virgílio descreve-o tomando sua vara para evocar as almas precipitadas no Orco: Tum
Virgem capit, hae animas ille evocat Orco. É o áureo das teogonias, cujo nome os hierofantes
não permitiam se pronunciassem. Digamos entre parênteses que, esclarecendo as dúvidas
criadas por alguns autores, sempre ensinamos ser amarelo-ouro a sua cor, bem como a da
pedra correspondente.

Na mitologia grega é simbolizado por um dos vigilantes pastores que cuidam do


rebanho celeste, ou Hermés-Anúbis, e também pelo bom demônio Agathodaemon. É ainda o
Argus que vela sobre a Terra e todos os seres que a habitam, e que ela toma equivocadamente
pelo próprio Sol.
36

O imperador Juliano orava ao Sol Oculto, por intercessão de Mercúrio, pois, como diz
Vossius (Idolatria, II, 373), todos os teólogos asseguram que Mercúrio e o Sol são uma e a
mesma coisa.

Sol oculto, sol espiritual, assim o temos denominado. Mercúrio é o mais eloqüente e
sábio dos Deuses, e que não é para estranhar, pois se acha tão próximo da Sabedoria e da
Palavra do Deus Solar que com ele se confunde. Simbolizando o androginismo perfeito,
relaciona-se com a Hierarquia dos Makaras ou "Manus-Karas", justamente aqueles que deram
aos homens o mental e o sexo.

Hermés, "Herr-man" ou o Senhor ou Mestre dos Homens, um dos designativos de


Mercúrio, donde a teosófica afirmativa de ser Buda-Mercúrio o dirigente da quinta raça em
que se desenvolve o mental superior - representa ao mesmo tempo o sexto e sétimo
princípios, uma vez que não são inseparáveis; isto é, a esfera ou órbita do referido planeta,
onde se acha seu periélio e, como dissemos, para onde se dirige a Mônada depois de cada
peregrinação terrena.

34. PEREGRINAÇÃO DAS ALMAS

Plutarco, na mencionada máxima ocultista de Isis e Osiris, ensina que quando se dá a


primeira morte, a do corpo físico, Hermés, o eterno vigilante ou "pastor" que preside todo o
complexo visível e invisível do homem, arranca violentamente a alma do corpo para levá-la à
região lunar chamada Perséfona, evocando-a do mundo inferior - do Orco, para onde fora
lançado lúcifer, o Anjo rebelde em que se encontrava prisioneira e peregrina. Também Juliano,
ao dirigir-se ao Sol Espiritual e Oculto, animador dos homens e dos astros, o faz por
intercessão de sua Alma Espiritual (Budhi ou Mercúrio).

Não foi por outra razão que a genial Blavatsky afirmou, no começo de sua citada obra:
"Uma íntima correspondência astrológica ou vital existe entre os princípios humanos e os
respectivos planetas do sistema solar, visto que o Sol é o sétimo princípio do referido sistema e
do homem".

Para complementar essa frase de H.P.B., poderíamos acrescentar: Mercúrio-Buda é o


Sexto princípio, tanto que toma o lugar à direita daquele, a guisa de seu primeiro ministro ou
vice-rei, e com ele se confunde; Vênus Shukra, o quinto, mente espiritual ou abstrata
chamando-se por isso em ocultismo ao olho físico, da direita, de Budhi ou Mercúrio, e ao da
esquerda, de Manas-Taijásico ou de Vênus; a Terra, finalmente, o quarto ou mente concreta e
aprisionada, em parte, na região de Kama-manas, no plano passional demarcado pela órbita
ou esfera da Lua, o que deu origem a expressão teosófica "Cone da Lua", para significar a
região das almas perdidas, a qual, menos impropriamente, se poderia chamar "cone da Terra".
Nosso satélite, que em Ocultismo é considerado planeta, no seu novilúnio mais se aproxima do
Sol do que da Terra, no plenilúnio, mais se distancia desta, isto é, mais profundamente penetra
em regiões inferiores, na razão da natural seriação das esferas planetárias, todas, como
dissemos, tulkus umas das outras, a inferior da que lhe fica imediatamente superior, pela
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interdependência existente, quer entre os seres que habitam a Terra, quer entre os universos
que povoam o Infinito.

35. ELEVAÇÃO ESPIRITUAL DAS MÔNADAS

Os potenciais físico-químicos e eletromagnéticos do Sol, único manancial de vida, decrescem e


aumentam segundo a maior ou menor distância em que dele se encontre nosso planeta.
Assim, a Mônada humana que, em elipse muito excêntrica, semelhante as que descrevem os
cometas do sistema, tenha que cortar essas distâncias, sucessivamente, durante seu ciclo de
encarnações, terá maior elevação espiritual ou poderes psíquicos quanto maior seja sua
aproximação do divino foco. Em tais princípios se apóia a série de sucessivas transformações
ou "metempsicose" a que está sujeita ao percorrer o imenso ciclo de sua evolução. Essas,
como tantas outras coisas, se encontram mais ou menos veladas no livro das religiões,
sobretudo na Astrologia do Velho e caluniado Paganismo.

36. A ÓRBITA DA ALMA

Cada alma tem, no atual estado evolutivo, seu correspondente ciclo de encarnações e
nele uma excentricidade maior ou menor, segundo o grau de sua espiritualidade. São Paulo,
como iniciado que era, aludiu a esse fenômeno, ao dizer na sua primeira Epístola aos Coríntos,
que há uma alma espiritual e outra material, e que ao morrermos todos resuscitaremos,
porém nem todos seremos mudados; o que equivale dizer que, conquanto todos devemos
fatalmente deixar a Terra, nem todos estaremos aptos a mudar de lugar planetário.

As almas vulgares, agarradas exclusivamente às coisas terrenas terão órbitas psíquicas


tão pouco excêntricas como a da Terra, isto é, não terão forças nem poderes para escapar do
seu anel ou órbita, demarcada no espaço pela do próprio planeta. Com isso, ver-se-ão
obrigadas a renascer pouco tempo depois do desenlace, como as nuvens que se desfazem e
em seguida se formam nos mesmos lugares. Ao contrário, as almas divinamente evoluídas
(como por exemplo a de Gautama, o Buda, e a de Jeoshua o Cristo) atingem excentricidades
tão sublimes que em seu perihélio, ao desencarnarem, transpõem simultaneamente as quatro
esferas: Terra, Lua, Vênus e Mercúrio e mergulham definitivamente no Sol, por não lhes ser
mais necessário vivenciar no humano ciclo.

O insigne teósofo Roso de Luna, assim descreve as órbitas psíquicas da alma: "As
vulgares, em suas duas classes principais permanecerão séculos e séculos prisioneiras entre a
Lua e a Terra, no chamado cone sombrio da Lua. As mais elevadas, ao morrerem, serão
libertadas ou mudadas deste par conjugado de astros, ou melhor, levadas em seu periélio
psíquico à regiões mais excelsas de Vênus e de Mercúrio. As perversas, enfim, possuem na
órbita terrestre, não seu afélio, como as outras mas seu periélio, onde tão miserável estado,
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como o representado pela vida no vale profundo e escuro, de solitário e tristonho pranto,
segundo as palavras do místico Frei Luiz de Lião, seja para elas e para a sua melancólica psiquis
um verdadeiro céu, dentro da realidade de todas as coisas do Universo, exatamente como na
vida dos homens decaídos, as casas de jogo, as tavernas, ou lupanares e tantos outros
infernais lugares significam para suas almas verdadeiros paraísos".

37. A TERRA, SÍNTESE DE TODOS OS ESTADOS DE CONSCIÊNCIAS

Não nos permite a transcendência do assunto abordá-los como se devia. Diremos


apenas que se este ou aquele ser tem a cumprir determinada missão na Terra, aqui
permanecerá vinculado e não poderá desligar-se antes de a realizar integralmente. Há, por
isso, determinadas regiões da órbita terrestre, cujos estados de consciência são idênticos não
apenas aos dos quatro planetas citados, inclusive a própria Terra, mas aos de todos os sete,
visto possuir cada uma dessas regiões, colocadas fora ou dentro do âmbito terreno, seu
espiritual governo. Ele é ao mesmo tempo Uno e Trino, como reflexo do que se passa em
cima... além do Dhyan Chohan ou Planetário, cujo corpo físico, como dizem as escrituras
sagradas do Oriente, é a própria Terra, quarto globo de nosso sistema.

Tal Ser, o Planetário dirigente do Globo, deve portanto viver no interior de seu corpo
físico, no seio da Terra, pouco importa como ou porque; e deve receber o auxílio tulkuístico de
seus irmãos dirigentes dos outros seis globos, sem necessidade de se afastarem dos
respectivos governos espirituais. Se assim não fosse, como se poderia conceber o desenrolar
de sete raças-mães e respectivas sub-raças, desenvolvendo cada uma delas determinado
estado de consciência ? Cada raça-mãe se acha, pois, sob o influxo ou direção de Sete Raios
diferentes, que são os mesmos Dhyans-Chohans.

De público, não se deve ir além sobre o assunto, que por isso mesmo deixou de ser
tratado também pelo ínclito Roso de Luna. Daí termos recorrido à irreverente comparação da
página anterior. Por mais evoluída e sublime que seja uma alma, jamais poderá ser comparada
à do Cristo ou à do Buda. Com razão disse este que seu espírito continuaria no âmbito da
Terra. Quanto às suas "vestes", como ensinou H.P.Blavatsky, serviram para Shânkara-Chária e
outros mais, vale dizer, para várias de suas tulkuísticas manifestações.

38. AS TRÊS VESTES E O ESTADO NIRVÂNICO

Nos prolegômenos dedicados a Shvetashvatara, atribui-se a Shankaracharia as seguintes


palavras: "É uma idéia errônea aquela que impele os orientalistas a interpretarem literalmente
os ensinamentos da Escola Mahayama (Budismo do Norte da Índia) sobre os três corpos:
Prulpaku (Nirmanakaya), Longehod-dzoepig-Ku (shambogakaya) e Chos-Ku (Dharma-Kaya),
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apresentando-os como pertencendo todos ao estado nirvânico. Há duas espécies de Nirvana: o


terrestre (que é o Samadhi ou oitavo passo da Ioga de Patanjali, relacionado com a oitava
pétala do plexo cardíaco) e o dos Espíritos desencarnados.

"Esses três corpos são os três invólucros, todos mais ou menos físicos (donde a
possibilidade de Gautama se desfazer de qualquer deles, depois de deixar o Mundo, em favor
de outro ser, como citado Shankaracharia), que se acha a disposição dos Adeptos que
franquearam ou atravessaram as seis Paramitas ou caminhos do Buda. Alcançada a sétima
(preferimos fala de uma oitava), nenhum deles pode mais voltar à Terra".

39. OS AVATARAS

Podemos afirmar que o Buda não foi um dos Avataras comuns, isto é, dos que
figuraram na série dos dez, o último dos quais é o Kalkiavatara, o Cavaleiro do cavalo branco,
de que tratamos em nosso livro "O Verdadeiro Caminho da Iniciação". A brilhante autora de "A
Doutrina Secreta", embora não pudesse aprofundar a questão deixou transparecer que a
manifestação de Gautama, o Buda, não era apenas dessa natureza. Falando dos Avataras,
assim se expressou ela:

"É claro que os primeiros padres da Igreja, positivamente pagãos, haviam se ocupado
dos segredos dos templos, inclusive do mistério avatárico ou o messiânico, procurando
adaptá-lo ao nascimento do Messias. Mesmo assim, iludiram-se a si próprios porque esses
números cíclicos de que se serviram referem-se ao fim das raças-mães e não a este ou aquele
indivíduo propriamente dito. Seus esforços mal dirigidos provocaram também um erro de
cinco anos. Seria possível, diante do que eles afirmavam acerca de um assunto de tal
importância e tão universalmente conhecido, que erro tão grave fosse praticado em uma
computação cronológica de antemão organizada e inscrita nos céus pelo dedo de Deus ? Por
sua vez, que fariam os iniciados pagãos e judeus se tal afirmativa sobre Jesus fosse correta ?
Poderiam eles, como guardiões da chave dos ciclos secretos dos Avataras; eles, os herdeiros de
toda a sabedoria dos Árias, dos egípcios e dos caldeus, deixar de reconhecer seu grande Deus
encarnado como o próprio Jeová, seu Salvador dos últimos dias; Ele, que todas as nações da
Ásia esperam, ainda, como seu Kalkiavatara, Maitréia-Buda, Messias, etc. ?

40. EXPLICAÇÃO DESSE MISTÉRIO

Eis como Blavatsky desvenda o segredo, de que os sacerdotes das religiões


naturalmente se esqueceram.

"Existem ciclos menores contidos em outros maiores, dentro do único Kalpa de quatro
milhões trezentos e vinte mil anos. É no fim desse grande ciclo que se espera o Avatara Kalki,
cujo nome e características permanecem secretos. Virá de Shamballah, a cidade dos Deuses,
40

que se acha a Oeste para certos povos, a Este para outros e, para alguns ainda ao Norte e ao
Sul. Por isso, a começar pelo Rishi Indiano, até Virgílio, ou por Zoroastro até a última Sibila,
desde o começo da quinta raça, todos profetizaram, cantaram e auguraram a volta cíclica da
Virgem (Virgo, a constelação, e não a mulher, a mãe), e o nascimento de uma criança divina,
que faria renascer a Idade de Oiro sobre a Terra.

"Nenhum homem, por mais fanático que seja, será capaz de afirmar que a Era cristã
tivesse jamais constituído semelhante Idade. Além de outras razões, que não vem ao caso
apontar, teríamos a de não ter parecido o sinal celeste prometido, ou seja, o de Virgo na
Balança".

Quanto a relação esperada para aquela época, dispensa qualquer argumento para
demonstrar não ter sido Jesus o redentor final da Humanidade, a espantosa confusão em que
se encontra este mundo, no qual os homens continuam a odiar-se e a matar-se, ignorantes,
indiferentes ou esquecidos dos divinos ensinamentos e do trágico sacrifício daquele luminoso
ser.

Ele, como tantos outros, aparecendo nos ciclos menores dentro do maior, represente
uma fração, ou um tulku da forma total do Kalki-Avatara que, na sua missão de verdadeiro
Salvador do mundo, só aparecerá no fim de cada Yuga, como pela boca de Krishna, prometeu a
seu discípulo Arjuna: Para salvação dos bons e destruição dos maus, Ele surgirá entre os
homens no fim de cada Ronda de que foi o Dirigente, no seu papel de Manú-Colheita,
justamente para levar aos céus todos os esforços realizados desde o momento em se que
apresentou para a missão de Manú-semente, no início da Ronda (Bhagavad Gitâ).

41. KARMA E ESTADOS DE CONSCIÊNCIA

Entre as interessantes perguntas que os discípulos nos tem apresentado acerca da Lei
de Causa e Efeito, apontamos esta: O sentenciado cumpre na prisão a pena do crime
cometido, alivia seu Karma ?

Tudo na vida é condicionado por estados de consciência. Se por ventura o criminoso


encontra na prisão um ambiente que lhe agrade, onde se sinta feliz, Karma algum é
descontado. Dele, porém, será aliviado se suporta com resignação os sofrimentos morais e
físicos, os remorsos, situações vexatórias inerentes ao encarceramento, o regime
penitenciário, sentindo com saudade amorosa a ausência da esposa, de membros da família ou
de amigos.

Para despertar estes estados de consciência é que deveriam existir em maior número
as penitenciárias-modelo, com escolas e educandários, onde os prisioneiros pudessem
trabalhar, produzir e aprender em cursos adequados, às suas condições, como seres humanos
recuperáveis e dignos de melhor sorte.
41

42. OS PODERES DA ALMA

"A Alma humana é superior a tudo quanto se possa imaginar e mais sábia que
qualquer de suas obras". (Emerson)

Temporariamente mergulhados neste mundo de matéria grosseira, encarcerados em


um corpo denso e trevoso, tolhidos, por isso em nossos movimentos espirituais libertadores,
não conseguimos sequer imaginar ou fantasiar os transcendentes estados de alma que podem
os virtuosos atingir em outros planos. Positivismo ou materialismo, como cepticismo ou
negativismo deturpam e pervertem a linguagem destinada a exprimir quanto existe nos planos
do Espírito, o que levou o citado autor dizer que a corrupção do homem vai seguida da
deturpação de sua linguagem. Quando o caráter e as idéias são deturpados pelos impulsos
inferiores pervertidos pelas emoções egoístas, então a falsidade e a dissimulação tomam os
lugares da sinceridade e da verdade; cessam as criações mentais de novas imagens; sintam-se
as pristinas expressões; insinuando-se sentidos falsos às palavras e aos símbolos. Mas o erro e
a mistificação tem seu tempo de duração e círculo de expansão limitados pelo poder da
Verdade que por si mesma tende a mostrar-se à luz do Sol sem máscaras nem véu. Nenhum
fato ou acontecimento de nossa existência, por mais insignificante que pareça, deixa de
projetar no Akasha sua forma inerte. E assim cada homem, a seu turno, terá ensejo de
contemplar sua própria trajetória, partindo do imo do seu corpo e atingindo as regiões mais
elevadas do Espírito.

43. LINGUAGEM UNIVERSAL

Tal acontecerá, com a marcha do tempo, a essas coisas do céu, para onde se elevam os
justos ao deixar a Terra, como predisse o clarividente Claude Bernard, ao dizer que o religioso,
o filósofo, o artista e o cientista acabariam por falar uma só linguagem, idêntica a astrológica,
da há muito adotada pelos gênios ou Jinas, por ser de fato, a verdadeira linguagem universal.
Foi nela que Beethoven escreveu sua décima sinfonia, intitulada "Ressurreição", que o mundo
não conhece.

Ressurreição em planos celestiais, sim, bem o merecia aquele gênio da música, em sua
época desprezado pela surdez dos homens aos rogos divinos, mesmo quando divinamente
musicados ! E surdo ficou ele, como Kármica recompensa de seus melodiosos apelos ao
mundo da mentira e da ingratidão; pois que é destino dos homens superiores pregar em vão a
seus contemporâneos, no vasto deserto desta vida.
42

44. SISTEMA ORGÂNICO DO COSMO

Em cada sistema orgânico do grande Cosmo, o Sol em atividade ocupa um dos focos de
uma elipse, na qual se movem e giram os planetas desse mesmo Sol. O outro polo da elipse é
ocupado por um conglomerado de matérias em estado fluídico ou etérico; é o sol negro de
cada sistema, destinado a iluminar-se com seu novo grupo de planetas, atualmente também
etéricos, quando o sol branco de todo se extinguir. Desse modo, realiza-se em cada sistema o
equilíbrio perfeito que impede a ruptura do equilíbrio geral, a que aludimos no capítulo
anterior, por isso mesmo exigindo dos seres humanos, equilíbrio, que, uma vez atingido,
significa o resgate final de suas dívidas como habitantes da Terra.

45. ALTERNATIVA DE VIGÍLIA E SONO

Em cada órgão-sol há duas secções, uma em sono (pralaya) e outra em atividade


(manuântara); uma desperta, enquanto a outra dorme por períodos tão longos que equivalem
a verdadeiras eternidades. A Lei é igual para todos os planetas. Quando o sol negro se ilumina,
recolhe os elementos não ainda totalmente evoluídos do sol branco, do qual portanto ele
depende, e conduz a termo sua evolução.

46. OS CONTINENTES

Analogamente, cada planeta é formado por diversos continentes, que passam por seus
períodos de sono e atividade. E cada continente se origina de um planeta anterior. Razão
porque as escrituras tanto denominam de dwipa a um continente como a um globo, fato que
tem dado lugar a inúteis discussões entre teósofos e ocultistas, unicamente por
desconhecerem esse particular.

Há necessariamente, um substrato para a antilogia entre solares e lunares. Nosso


planeta possui uma direita e uma esquerda, cujas leis de evolução se sucedem. Nelas está
implícito o fenômeno do dia e noite que se observa simultaneamente em toda a superfície do
globo, a face-dia iluminada pelo Sol, e a face-noite pela Lua.

Seria pueril querer aplicar ao continente asiático, por exemplo as mesmas leis que
regem a América. Já o Sol nos aponta, à sua moda, que as leis, nesse caso, não sendo
diferentes, são no entanto sucessivas em sua aplicação.

A terra é, pois, constituída pela reunião no mesmo globo, de alguns continentes que
foram outrora satélites de outro Sol. Assim, do mesmo modo que um Sol negro se ilumina e
um Sol branco se extingue, na Terra um continente se torna solar e dirigente dos demais -
acontecendo isso atualmente com o americano, como se verifica pela destruição - e no
43

hemisfério oposto outro continente desaparece ou se torna satélite do que lhe sucede. Foi em
obediência a essa lei que a Europa substituiu a Atlântida e este continente sucedeu a Lemúria.

47. ORIGEM E DESTINO DA TERRA

A vida e o destino do nosso Globo, como astro do sistema solar, se acham estritamente
vinculados aos demais planetas e particularmente aos mais próximos. A Teosofia ensina que a
Terra, em sua vida planetária, constituí a quarta cadeia, em união com seis outras esferas
semelhantes que corresponderiam ao planeta desaparecido da órbita entre Marte e Júpiter, a
Marte, à Lua, a Vênus, a Mercúrio e finalmente a um planeta futuro.

Tudo quanto é terreno pertence, pois, àquela cadeia planetária representando, em


síntese, algo semelhante a um sistema numérico, do qual ela fosse a unidade de milhar de um
sistema septenário; o globo, a centena; a ronda, a dezena; a raça, a unidade e as sub-raças,
povos famílias etc., até chegar aos indivíduos, as frações das diferentes ordens desse ou de
qualquer outro sistema de numeração indefinido.

48. A DUALIDADE

A Terra é a esposa, a alma gêmea da Lua, com a qual forma esse par sexuado que, em
sânscrito, se chama Soma. É lei geral, e não exceção, que tudo seja duplo; são duplos os sóis,
conjugados se apresentam os Deuses, os homens, os irracionais, as flores, as células, as
moléculas; do mesmo modo se apresentam os átomos com seus íons - pistilos de sua
planetária flor - e seus elétrons, verdadeiros estames que são planetas, protozoários, varonis
heróis.

Não escapam à regra os homens capazes de compreender um dia o amor puro,


integral, uno e universal, que encerra em seu seio prolífero os mundos superiores e inferiores,
na suprema realidade que se chama Cosmos, por sua amorosa e conjugada Harmonia.

49. ORIGEM DOS MUNDOS

É exatamente isso que, em linguagem velada é poética, ensina a Estância III do livro de
Dzian:

"A Última vibração da Suprema Eternidade estremece através do infinito. A Mãe se


dilata, cresce de dentro para fora, como o botão do Lôto.
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"A vibração subitamente se propaga, tocando, com sua asa rápida todo o Universo. É o
germe colocado nas trevas que sopram as águas, nas profundezas da Mãe. O raio atravessa,
rapidamente, o óvulo infecundo, ele concorre para que o Ovo Eterno se agite e faça cair o
germe não eterno, que se condensa no Ovo do Mundo.

"Então, os três se tornam quatro. A Essência radiosa torna-se sete para dentro e sete
para fora. O Ovo luminoso, que em si mesmo é Trino, coagula e se estende em fragmentos
brancos, como se fora leite nas profundezas da Mãe, enquanto a Raiz, por sua vez, cresce nas
profundezas do Oceano da Vida".

Eis como na fabulosa gênese dos Universos se poderia vislumbrar o processamento


fisiológico e maravilhoso de algo como uma fantástica cópula dos siderais progenitores de
miríadas de expressões vivas. Sim, o que está em baixo é como o que está no alto...

50. A VIDA CIRCULA EM TODO O UNIVERSO

Encerraremos este capítulo com a transcrição de uma página extraída de um livro secreto, em
verdade inacessível.

"Na origem de cada Universo o Movimento perpétuo se converte em Hálito, de onde


procede a Luz primordial, em cujas radiações se manifesta o Pensamento Eterno, oculto nas
trevas, e que chega a se expressar na Palavra ou Mantra (Hino Sagrado). Dessa Palavra Inefável
surge o Universo, a existência. A Vida imperceptível é, pois, o Movimento equilibrado por
alternadas manifestações da Força; porém, tal Movimento se acha muito acima das forças
operantes (ou em ação), em que alternativamente se manifesta.

"A matéria é Substância primordial, apenas, no início de cada nova reconstrução ou


manifestação do Universo: é o primitivo Akasha (o Éter), o Pater Omnipotens Aeter dos
antigos, em seu grau mais grosseiro ou inferior, embora mais elevado, sem dúvida, para nós
homens, esse Raio do Sol Branco e Puro, que recebemos; prana, alento ou hálito universal de
tudo quanto em nossa Terra vive e palpita. Esse raio de Sol é tudo para nós.

"Ele tinge com a alvura apoteótica das suas auroras, a mais elevada camada
atmosférica, rasgando as sombras da noite e dando vida, mesmo ali, a seres hiperfísicos, por
isso, ainda, tingindo de violeta as primeiras nuvens distantes, lá para as bandas do Oriente...

"E esse filete inicial vai passando, insensivelmente, ao purpúreo, encarnado e,


finalmente, ao oiro, o primeiro Oiro celeste, que forma seu régio trono, quando a sua máscara
arredondada aparece lá para os confins do horizonte...

"As nuvens se tornam, então, durante alguns instantes, como se fossem de oiro puro...
A seguir, essas mesmas nuvens se dissipam diante da amorosa carícia de seu calor fecundo... E
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o áureo raio vai incidir diretamente sobre a Terra, que ansiosa por ser fecundada, recebe-o
com infindáveis beijos, que a própria madrugada deposita sobre as folhas mais elevadas das
palmeiras, até a erva rasteira das planícies... O Homem que esse matinal beijo, por sua vez,
recebe.... de pés descalços, sente o poder vitalizante desse mesmo prana Solar, sob a carícia
do raio doirado, que lhe vem retemperar as forças perdidas de uma véspera sempre agitada,
repleta de temores e desilusões, como só acontece à humana vida...

"E assim, continua o raio a acalentar toda a Terra, à medida que se levante o dia,
saturando a atmosfera com a sua frescura, com as áureas cintilações de sua longa cabeleira.
Aura Solar dando vida à traquéia, aos brônquios e aos pulmões das plantas, dos animais, do
próprio homem...

"Bate em cheio na face do globo, e as raízes do mundo vegetal, sentindo o contato de


seu prana, restauram os seus vigores, ativando, desse modo, a ação química no seio dos
fluidos ativos no subsolo, pelo hálito do raio solar... esse mesmo mundo super-excitado pelo
vigor das correntes que atravessam os seus próprios nervos...

"Excitada, também, a clorofila das partes verdes, verde-hemoglobina (de certo modo
rubro-verde), como o próprio sangue dos vegetais, iniciam, por sua vez, as reações redutoras
de aldeídos, que passam açucares, destes - como oiro respiratório nos organismos superiores,
de onde logo saem, por desdobramento, os prodigiosos álcoois, do catabolismo vegetal, que o
homem preferiu substituir pelos procedentes de fermentação vinícolas ou de funestas
destilações...

"O divino raio solar penetra, ainda, no seio do mar, dando vida a quantos seres nele
habitam, do mesmo modo que, no mais profundo da Terra, que embora opaca para seus raios
actínicos, no entanto, transparente para os raios infra e supra luminosos, que se lançam nos
abismos de suas entranhas..."

51. ESTADOS MÍSTICOS

Aldous Huxley, escritor inglês, lido e admirado em todo o mundo, tornou-se mais
notável por suas auto-experiências com a mescalina, publicadas recentemente em seus livros
"As Portas da Percepção" e "Céu e Inferno" (Editora Civilização Brasileira, Rio). Defendendo a
tese de que a percepção e revelação, em seu sentido místico, podem constituir um só
fenômeno, e que a capacidade visionária se consegue também por meio de certos alcalóides,
do hipnotismo e da lâmpada estroboscópica, o autor quis comprová-lo por experiência
própria. Ingere determinadas doses de mescalina e, como nos desdobramentos ocultistas,
entra bruscamente no reino dos antípodas do mundo inconsciente. Esse outro mundo,
fascinante ou pavoroso, existe realmente e se nos manifesta segundo nosso estado de
consciência. Pode ter as características do Céu se lá chegarmos de coração puro e alma limpa:
pode causar-nos os horrores do Inferno se nos deixarmos dominar pelas emoções negativas:
temor, ódio, malícia, falsidade.
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A divulgação das experiências visionárias de Huxley abalou o ceticismo do mundo


intelectual moderno e valeu por uma confirmação experimental da vivência da alma nos
estados místicos religiosos. Leiamos suas próprias palavras nas páginas 89 - 91 da citada obra:
"A experiência visionária negativa é, freqüentemente, seguida de sensações corpóreas de
natureza bastante especial e característica. As visões felizes são via de regra, associadas a uma
sensação de separação do corpo, a um sentimento de despersonalização. Mas quando as
experiências visionárias são terríveis e o mundo se transfigura para pior, a individualização é
intensificada e o visionário negativo sente- se preso a um corpo que parece tornar-se cada vez
mais denso, mais comprido, até que acaba por sentir-se reduzido a condição de torturada
consciência de um aglutinado de matéria compacta, não maior que uma pedra que pudesse
ser contida entre as mãos.

"Vale a pena observar que muitos dos sofrimentos narrados nas várias descrições do
Inferno são castigos de pressão e constrição. Os pecadores de Dante eram enterrados na lama,
encerrados em troncos de árvores, aprisionados em blocos de gelo, esmagados entre rochas.
Seu "Inferno" é psicologicamente verdadeiro. Muitas de suas punições são experimentadas
pelos esquizofrênicos e os que tomam mescalina ou ácido lisérgico, sob condições
desfavoráveis.

"Qual a natureza dessas condições desfavoráveis? Como e por que o Céu é


transformado em Inferno ?"

Em certos casos, a experiência visionária negativa é o resultado de causa


primordialmente fisiológica. A mescalina tende, após sua ingestão, a se acumular no fígado. Se
esse órgão estiver doente, isso pode levar a mente a sentir-se no inferno. Mas, o que é mais
importante, do ponto de vista de nosso presente estudo, é o fato de que, a experiência
visionária negativa pode ser produzida por meios puramente psicológicos. O temor e a
angústia barram o caminho para o Outro Mundo celestial e mergulham no Inferno quem
ingerir a droga.

"E o que é verdade para quem toma mescalina também é válido para os que tem
visões espontâneas ou sob a influência do hipnotismo. Foi com base nesse fundamento
psicológico que se ergueu a doutrina teológica da preservação da fé - doutrina com que nos
defrontamos em todas as grandes religiões do mundo. Os escatologistas sempre tiveram
dificuldade em conciliar seu racionalismo e sua moral com as realidades brutais da experiência
psicológica. Como racionalistas e moralistas, sentem que o bom comportamento deve ser
recompensado, e que o virtuoso merece subir ao Céu. Mas, como psicologistas, sabem
também que a virtude não é condição única, nem é suficiente, para uma experiência visionária
feliz. Sabem que as simples boas ações são impotentes, e que é a fé, ou a confiança no amor,
que assegura a bem-aventurança dessa experiência.

"As emoções negativas - o medo, que é a ausência de confiança; o ódio, a ira ou a


maldade, que elimina o amor - trazem consigo a certeza de que a experiência visionária, se e
quando se produzir, será aterradora.
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"O fariseu é um homem virtuoso; mas sua virtude é de uma espécie compatível com as
emoções negativas. Suas experiências visionárias tem pois, maiores probabilidades de serem
infernais que bem-aventuradas.

"A natureza da mente é tal que um pecador que se arrependa, e pratique um ato de fé
em um poder mais alto, tem maior probabilidade de encontrar a bem-aventurança, na
esperança visionária, do que um virtuoso de consciência tranqüila, mas que abrigue na mente
indignações, inquietações a respeito de bens e ambições materiais, hábitos arraigados de
reclamar, desprezar e condenar. Daí a enorme importância conferida, em todas as grandes
religiões, ao estado de espírito no momento da morte.

"Experiência visionária não é a mesma coisa que experiência mística. Esta se situa além
do reino do dualismo, enquanto que aquela permanece ainda dentro de sua esfera de ação. O
Céu está vinculado ao inferno, e "subir ao céu" não representa liberação maior do que a
descida ao horror. O Céu representa apenas a posição vantajosa, da qual o Sublime Princípio
poderá ser apreciado com maior clareza que ao nível da existência individual de todos os dias.

"Se a consciência sobreviver à morte do corpo, há de fazê-lo, provavelmente, em todos


os níveis mentais - no da experiência mística, no da experiência visionária - venturosa ou
infernal - e no nível da existência cotidiana.

"Em vida, a própria experiência visionária venturosa tende para inverter suas
características, caso persista por um tempo muito longo. Muitos esquizofrênicos possuem seus
períodos de celestial bem-aventurança; mas o fato de não saberem eles (o que não acontece
com quem ingere mescalina) quando - se jamais - ser-lhes-á dado a volver à reconfortante
banalidade da existência normal, faz com que o próprio céu pareça aterrador. Mas para
aqueles que, seja qual for a razão, estiverem atemorizados, o céu se volve em inferno, a
ventura em horror, a Serena Luz, no odioso clarão da terra da iluminação.

"Algo de natureza semelhante pode suceder após a morte. Depois de ter sido
contemplado, de relance, o ofuscante esplendor da Realidade última e após ter vagado, de um
para outro lado, entre o Céu e o Inferno, a maioria das almas acabará por conseguir recolher-
se àquela região mais tranqüila da mente, onde lhe seja possível fazer uso dos seus e dos
alheios desejos, recordações e predileções, para construir um mundo bem semelhante ao que
teve na Terra.

"Apenas uma minoria infinitesimal dos que morrem consegue ligar-se imediatamente
ao Divino Princípio; uns poucos são capazes de suportar a bem aventurança visionária do Céu e
outros tantos vêem-se envoltos pelos horrores das visões do Inferno, ao qual não mais
conseguirão escapar. A grande maioria acabará no tipo de mundo descrito por Swedenborg e
pelos médiuns, e dele, é fora de dúvida, conseguirá passar, após preencher as condições
necessárias, para outros mundos de visionária bem aventurança ou para a Suprema Luz.

"Na minha opinião, tanto o espiritualismo como a tradição antiga estão certos. Há um
estudo póstumo, do tipo descrito por Sir Oliver Lodge, em seu livro "Raymond"; mas há
também um Céu de experiência visionária venturosa, da mesma forma que um Inferno de
natureza semelhante à da aterradora experiência visionária a que estão submetidos os
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esquizofrênicos e alguns dentre os que fazem uso de mescalina. Mas há ainda outra
experiência - esta, ímpar - a da união com o Sublime Princípio."

CAPÍTULO IV

Evolução Humana - As três primeiras raças - Humanidade Celeste - Espírito Planetário -


Gênese dos Mamíferos - Comparação entre as primeiras raças - Hábitat e Continentes -
Reprodução da Espécie - Separação dos Sexos - Linguagem, Forma, sentidos - Faculdades
Psíquicas - Pravriti e Nivriti-Marga - Fim do Mundo - Habitantes da Lemúria - Lutas e
decadência - Pitris Solares e Venusianos - Achados arqueológicos da arte Lemuriana - A barca
de Noé

CAPÍTULO V

Atlantes e Arianos - Raça equilibrante - Atlântida e seus limites - Destruição do


continente - Sentidos e caracteres - Sub-raças - Guerras Táraka - A lenda de Herodes -
Sementes da Quinta Raça.

CAPÍTULO VI
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Miscigenação pós-atlante - Incógnitas comunicações - Civilização pré-Incaica - Manco-


Capac e Mama-Oclo - Manú brasileiro - Direito das raças - Todos do Brasil - Mulukurumbas e
Kahunas

CAPÍTULO VII

Pensamentos e formas-pensamento - Sua natureza e poder - Efeitos dos Pensamentos


- Evolução da matéria Mental - Formas e Cores - Origem dos habitantes - Elementais da
natureza - Elementares da mente humana - Entidades permanentes - Efeitos da música no
mundo mental - O dever do homem.

CAPÍTULO IV

52. EVOLUÇÃO HUMANA

A História da evolução humana, como a da própria Terra, não se resume aos períodos
da vida do nosso globo. Um comentário das Estâncias de Dzyan, citado por H.P. Blavatsky em
sua obra "A Doutrina Secreta" e por M. Roso de Luna em "O Simbolismo das Religiões do
Mundo", oferece-nos um ensinamento autenticamente ocultista, ao dizer que enquanto o
homem desenvolve neste mundo sua vida física, seu espírito habita as estrelas.

Com efeito, as mônadas, segundo afirma Plutarco, procedem do Sol, a estrela do nosso
sistema, e a ela voltam depois de cada reencarnação terrena, como se fossem verdadeiros
cometas; mas por força da lei serial da Analogia, reencarnam sucessivamente na Terra. Esta,
como ser vivo que é, possui seu Espírito Planetário, o qual, por sua vez, está subordinado a um
ciclo consideravelmente mais amplo de reencarnações. Este ciclo é expresso na doutrina
oriental das Cadeias, Globos, Rondas, Raças e Sub-raças, por unidades setenais de diferentes
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ordens, como diria um matemático. Razão por que a História da Terra e a origem das raças
permanecerão ignoradas pelos pesquisadores que não dispõem de outros subsídios e fontes
de consultas além dos ensinamentos exotéricos das religiões e das constatações da ciência
acadêmica.

53. HUMANIDADE CELESTE

O quarto globo, que é a Terra, já desenvolveu três Rondas ou ciclos completos de vida e,
portanto, de vidas terrenas, segundo a tradicional Doutrina do Oriente, e, ao iniciar sua quarta
ronda, a atual, já recebeu germes vitais de seu antecessor e vizinho planeta, a Lua, hoje
satélite. À frente de tais elementos, uma humanidade Celeste, a dos Pitris ou "Pais lunares",
desceu à "Ilha Sagrada" ou região do Pólo Norte da Terra (Pólo espiritual e não geográfico),
onde estabeleceu a sua morada em continente paradisíaco, denominado "Ilha Branca" em
diferentes teogonias.

Essa Ilha possuía clima tropical, e dela restam ainda inúmeros testemunhas geológicos.
Provavelmente, o eixo da Terra estivesse colocado em posição diferente da atual, ou, talvez, o
nosso globo apresentasse ao Sol sempre a mesma face, à semelhança do que se dá agora com
a Lua em relação ao nosso planeta. Seu centro de iluminação estaria no Polo Norte, seu eixo
de rotação coincidiria com o plano da eclíptica.

Naquele remotíssimo período da História da Terra, depois de sofrer inenarráveis


convulsões, emergia aos poucos das águas efervescentes o mencionado continente a que se
deu o nome de Ilha Branca, também chamado de ponta do Monte Meru, em Pleno Polo Norte.
E sete promontórios, como se representassem, em síntese, os próprios globos ou astros, os
dwipas ou continentes futuros, se formaram no ponto de junção, ao qual se dá o nome de
Púshkara, termo sânscrito que se pode traduzir por "mar de leite ou de manteiga clarificada",
nome, aliás, destinado a designar o sétimo continente, ainda adormecido nas profundezas
insondáveis dos mares.

54. PRIMEIRA RAÇA

As sementes da vida lançadas nesse continente deram origem à primeira raça humana,
cujo estado de consciência era o átmico, relativo a Atmã, nosso sétimo princípio. Eram os
"filhos da Ioga", assim chamados por terem sido originados pelas projeções mentais dos Pítris
Lunares, da hierarquia dos Barishads, enquanto concentrados na meditação. Tais seres
resultaram das experiências de outras cadeias celestes, tendo sido denominados "auto-
gerados", por não descenderem de pais humanos.

A propagação da espécie era feita por cissiparidade, desenvolvendo-se em forma de


gomos, como se nota em algumas espécies de plantas. No começo dividiam-se em duas metas
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iguais, mais tarde, em porções desiguais, produzindo descendentes menores, que cresciam
para dar origem, por sua vez, a novos rebentos.

Tais seres, que nada possuíam de humanos, não passavam de formas frustras (Bhutas,
como denomina a tradição oriental), filamentosos, sem sexo, quase protistas, emanadas do
corpo etérico de seus progenitores. Quase inconscientes, podiam manter a posição erecta,
andar, correr, e "voar", embora simples chayas ou sombras, desprovidas de sentidos, exceto
da audição, correspondendo às impressões do AR.

Não voavam propriamente, como se lê nos velhos livros; eram levados muitas vezes a
grandes distâncias pelas rajadas mais fortes do vento. Fora disso, arrastavam-se, moviam-se,
preguiçosamente, baloiçavam inertes a diferentes altitudes, ao sabor das correntes de ar,
assemelhando-se a estranhas figuras de aeróstatos semi-humanos ou de bonecos
imponderáveis, de variadas formas e tamanhos, alguns de estatura maior que a dos homens
atuais. Seus movimentos davam a impressão de aves recém saídas dos ovos, outros se
pareciam a curiosas plantas semoventes, flexíveis e ondulantes.

Na fronte apresentavam uma protuberância, com aparência de botão convexo, indício


de um olho embrionário, que melhor se distinguirá na segunda raça, vindo a desabrochar no
começo da terceira. As orelhas eram como duas rodelas esponjosas e flácidas, em cujo centro
se localizava o conduto auditivo externo.

Dizem as primitivas escrituras do Oriente que o planeta governante foi o Sol, mas para
os iniciados poderíamos dizer que foi Urano.

55. SEGUNDA RAÇA

A segunda raça foi criada sob a égide do planeta Júpiter. Correspondia francamente ao estado
de consciência intuicional ou Búdico, que é o que vibra no sexto princípio. Ao sentido da
audição, desenvolvido na primeira raça, juntava-se o tato, correspondendo aos impactos do
Fogo e do Ar. Para o pleno desenvolvimento de seus indivíduos, os espíritos da natureza,
também chamados elementais, construíram em torno dos chayas moléculas mais densas de
matéria, formando uma espécie de urdidura protetora, de maneira que o exterior (chaya) da
primeira raça tornava-se o interior da segunda, equivalente pois ao seu duplo etérico.

Suas formas, de brilhantes matizes, apresentavam-se ainda filamentosas,


arborescentes, com vestígios também animais, repetindo as três rondas anteriores, durante as
quais se desenvolveram os reinos mineral, vegetal e animal. De uma coloração amarelo-ouro,
os indivíduos melhor desenvolvidos, apresentavam, já nos meados do ciclo evolutivo dessa
raça, aparências semi-humanas, principalmente na conformação do crânio e das faces.

Reproduziam-se de dois modos distintos: os assexuados desdobravam-se, como os


indivíduos da primeira raça, razão por que tomaram o nome de andróginos latentes.
52

56. GÊNESE DOS MAMÍFEROS

Dos germes abandonados pelos ares da segunda raça, aos quais não se podia ainda considerar
como pertencentes a espécie humana, foram desenvolvendo-se gradualmente os primeiros
mamíferos. Os animais da escala zoológica inferior a estes, iam paralelamente sendo
constituídos pelos elementos ou espíritos da natureza, utilizando-se dos tipos elaborados
durante a terceira ronda.

O continente habitado pela segunda raça denominava-se Hiperbóreo ou Plaska, na


terminologia das escrituras orientais. Ocupava o Norte da Ásia, ligando a Groenlândia ao
Kamtchatka. Era limitado ao sul pelas águas do mar que cobriam as areias do atual deserto de
Góbi. Compreendia ainda o Spitzberg, grande parte da Suécia, Noruega e das Ilhas Britânicas.
O Clima era tropical e luxuriante a vegetação.

57. TERCEIRA RAÇA

Nasceram os primeiros seres da terceira raça sob a égide do planeta Vênus, a cuja influência se
devem, desde aquela remotíssima era, os biótipos hermafroditas. O estado de consciência
dessa raça correspondia ao de Atmã-Budi-Manas, desde que aos sétimo e sexto princípios das
duas raças anteriores (crístico e intuicional), veio juntar-se o quinto, relacionado ao mental
superior, incorporando-se a Tríade sagrada do primeiro autêntico homem.

A partir de meados da evolução da terceira raça os seres passaram a manifestar-se


com todas as características gerais dos seres humanos. Possuíam uma razão, conquanto
incipiente e pueril, (polo positivo do organismo); um sexo (polo negativo), que começava por
expressar uma cruz, para terminar em glorificação com a vitória sobre o instinto sexual; uma
noção de responsabilidade ou de equilíbrio entre os postulados da razão ou mente e as
exigências do sexo, constituindo assim o fiel da balança (com vista ao que dissemos a respeito
do Sol branco e do Sol negro e de sua simbolização esotérica em forma de balança), entre a
vida física ou material, vinculada ao sexo, e a vida intelectual ou espiritual, que define o
homem como ser pensante, racional e verdadeiro manú. Daí o considerar-se a terceira raça-
mãe como a primeira, por se haverem nela concebido e gerado os primeiros autênticos
representantes da humanidade.

58. RELAÇÃO ENTRE AS TRÊS PRIMEIRAS RAÇAS

Sirvam de comparações e comentários acerca dessas três primeiras etapas da evolução


humana, as seguintes palavras transcritas do livro "O simbolismo das Religiões do Mundo", de
Roso de Luna:
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"Assim como os homens da primeira raça foram exaltados e dirigidos por Pais ou
Mestres Lunares (Pitris Barishads); os da segunda, por seres ainda mais elevados, os Pitris
Solares (os luminosos Agniswattas); os da terceira o foram pelos Pitris Makaras, Manus
(Manus-kara ou ainda Kumaras). Estes sacrificaram-se oferecendo-nos a Mente, o Fogo Divino
do Pensamento, caindo entre nós, aceitaram nossas limitações físicas, inclusive as de nosso
cárcere ou corpo carnal (donde a mitológica expressão "Prometeu acorrentado ao Cáucaso),
mundo inferior ou infernal, que as religiões pregam até hoje como "A Queda dos Anjos", se
bem que desvirtuando lamentavelmente seu verdadeiro sentido. Sim, desse mesmo modo
acontece à humanidade, segundo a lei teosófica da analogia, ou seja, que o homem é criado e
alimentado fisicamente no lugar de seu nascimento pelos pais físicos (primeiro período ou
raça); depois, na escola, pelos pais morais, a que chamamos de professores e mestres
(segunda raça ou período); enfim, quando alcançamos o final da instrução, aptos a cumprir
nossa missão no mundo social (terceiro período ou raça), tomamos por Norte ou rumo
(espiritual farol), a um verdadeiro Guru, guia supremo ideal que, por suas obras e exemplos,
mesmo quando distante de nós há muitos séculos e de acordo com o esforço próprio, segundo
as leis do Ocultismo, não só nos guia, mas ainda, pela renúncia e abnegação, oferece-nos sua
própria Mente, como prova, na maioria dos casos, passar seu estilo ao discípulo, constituindo,
portanto, as características das escolas filosóficas, religiosas, artísticas e científicas.

"Uma vez de posse desses preciosos graus evolutivos, o aprendiz, discípulo ou chela
adquire consciente responsabilidade, como a tiveram os homens da terceira raça, os primeiros
que possuíram a Mente e o Sexo, os dois principais fatores da vida humana, aquela para as
criações mentais e este para a reprodução da espécie".

59. HABITAT DA TERCEIRA RAÇA

O Continente chamado Lemúria é o mesmo Shalmali das escrituras orientais. Foi


formado pela emersão da cadeia do Himalaia do seio do oceano, e ao sul, com a dos
continentes que se elevam para Leste, do lado de Ceilão, da Austrália até a Tasmânia e a ilha
da Páscoa (famosa pelo ciclópicos achados arqueológicos) e para oeste até Madagascar. Uma
parte da Á África emerge igualmente; a Suécia, a Noruega e a Sibéria conservam-se.

No decorrer dos tempos, tal continente teve de suportar numerosos cataclismos,


devido às erupções vulcânicas e aos tremores de terra. Uma inclinação, ou antes,
rebaixamento, começou na Noruega e esse antigo continente desapareceu durante algum
tempo sob as águas. Há cerca de sete milhões de anos, no período Eoceno (da era terciária),
houve uma grande convulsão vulcânica que destruiu quase toda a Lemúria, não subsistindo
senão fragmentos, tais como a Austrália, Madagascar, a ilha da Páscoa etc. Nos meados da
evolução da terceira raça ocorreram fortes variações climáticas que fizeram desaparecer os
últimos vestígios da segunda, assim como os primeiros representantes da terceira.
54

60. REPRODUÇÃO DA ESPÉCIE

A reprodução obedecia a três tipos diferentes. Na primeira, segunda e terceira sub-raças da


Raça Lemuriana, os indivíduos eram nascidos do suor. Os sexos somente se desenvolveram na
segunda sub-raça, produzindo seres nitidamente andróginos, apresentando distintamente o
biótipo humano. Durante a terceira e quarta sub-raças, os indivíduos passaram a nascer do
ovo; na terceira ocorreu a produção de hermafroditas bem desenvolvidos desde o nascimento,
e capazes de se locomover ao sair do ovo. Suas formas serviram de veículos aos Senhores de
Vênus. Na quarta sub-raça, um dos sexos começou a predominar sobre o outro, e pouco a
pouco foram saindo do ovo machos e fêmeas. Os recém-nascidos careciam de maiores
cuidados. Já não podiam, ao romper do ovo, movimentar-se pelas próprias forças. Durante as
três últimas sub-raças tem lugar o humano desenvolvimento. Na quinta continuam ainda
nascendo do ovo, mas este é paulatinamente retido no seio materno. O filho nasce débil,
impotente. Durante a sexta e sétima sub-raças a criação intra-uterina se torna universal.

61. SEPARAÇÃO DOS SEXOS

A separação dos sexos se deu na terceira raça, sob o domínio de Marte (Lohitanga), cuja
característica é Kama, natureza passional ou psíquica e por isso os seres eram quase
totalmente desprovidos de mental. Daí a chamada "Queda no Sexo", a qual só poderia ocorrer
nessa raça, de vez que nas anteriores não havia dualidade sexual. Assim, a tríade superior,
representada pelo mental ou intelecto, tem por antagônica ou oposta a tríade inferior, na
própria conformação anatômica da região pubiana ou sexual.

O exame ginecológico dos órgãos genitais da mulher mostra que seu aspecto interno
corresponde ao aspecto exterior dos órgãos masculinos. Marañon, o grande endocrinólogo
espanhol, dizia que o homem e a mulher apresentam externamente seu sexo e, internamente,
o oposto. O mental e o sexo foram dados ao mesmo tempo ao homem, justamente quando
sua evolução alcançou a primeira etapa da responsabilidade perante a Lei. Daí a necessidade
de manifestar-se imediatamente na face da Terra a Grande Hierarquia Oculta, de que falamos
no capítulo anterior, constituída de seres evoluídos, com a missão de guiar a humanidade
nascente, que carecia de especiais cuidados, como os recém-nascidos e as crianças os devem
receber de seus genitores.

Quando esse mental chegar a tornar-se tão puro quanto o de sua origem (mundo
superior ou divino) desaparecerá o sexo, pois o mesmo andrógino do começo se manifestará
consciente, iluminado ou equilibrado, Uno com o Pai.
55

Os adeptos ou iluminados, embora não possam considerar-se andróginos,


anatomicamente falando, já se encontram nessas condições espirituais de evolução, tanto que
são designados "mercurianos perfeitos", andróginos ou hermafroditas (Hermés Afrodita, iguais
a Mercúrio e Vênus).

62. LINGUAGEM DA TERCEIRA RAÇA

Durante a primeira e segunda sub-raça, a linguagem consistia apenas em gritos de espanto,


dor ou prazer, interjeições de amor e ódio, tristeza e alegria. Na terceira sub-raça se torna
monossilábica e assim se transfere para a quarta, como se nota já pelos termos zac, mu, ka, ra,
ak, respectivamente nomes do tempo, país, corpo, alma, espírito, sendo que os dois últimos
passaram, como tantos outros, para a primitiva civilização egípcia: Ka, o corpo astral, e Ra, a
alma universal, e Sol o espírito. A palavra sânscrita Makara se dá aos Assuras, aos Mu, Ka e Ra
no sentido de filhos do Sol, corpos ígneos, leões ardentes, segundo várias teogonias, embora
nenhuma delas se tivesse preocupado com a chave filológica. A linguagem Maya, vergôntea da
raça atlante, é por sua vez rica em vocábulos com esses radicais, o que vem abonar nossas
assertivas acerca da origem da linguagem.

63. FORMA, COR E SENTIDOS

Os homens da terceira raça possuíam corpos gigantescos, acompanhando fisicamente


a evolução da Cadeia e de todos os seres dos demais reinos da natureza. tinham que enfrentar
animais monstruosos, tais como os pterodáctilos, dinossauros, megalossauros e outros do
mesmo porte, comuns na era lemuriana.

Apresentavam a fronte inclinada, o nariz achatado e o queixo proeminente.


Predominava a cor avermelhada com variedades de tons. Os andróginos divinos eram da cor
ouro velho brilhante, com um fulgor que lhes provinha da própria Mônada na sua tríplice
manifestação átmica, búdica ou manásica.

Os órgãos visuais desenvolveram-se a princípio pela refulgência de um só olho no


centro da fronte; que depois foi involuindo para tornar-se o terceiro olho da visão interior ou
espiritual, com a qual se relaciona a glândula pineal. Muito mais tarde foram se formando os
dois olhos latero-subfrontais, cuja plena função só veio manifestar-se na sétima sub-raça e nos
primórdios da quarta raça-mãe ou atlante.

Os princípios Atmã-Budi-Manas, ou tríade superior, caracterizavam o estado de


consciência da terceira raça e correspondiam aos impactos do fogo, ar e água. Aos sentidos
preexistentes do tato e audição, somou-se, da maneira que tentamos resumir, o da visão. Os
homens daquela raça pecaram, portanto, pela visão e pelo instinto, como era natural para a
realização das experiências evolucionais.
56

64. FACULDADES PSÍQUICAS

Selvagens em aparência, não possuíam qualquer dom intuitivo. Obedeciam apenas, e sem
menor esforço, a todos os impulsos dos Reis Divinos, sob cujas ordens construíram grandes
cidades, enormes templos com imagens colossais, de que ainda hoje se encontram destroços
nas escavações da Ilhas Palenque e de Páscoa (1), além das ruínas que os sucessivos
cataclismos fizeram submergir nas profundezas dos mares.

Os lemurianos eram senhores de um poder psíquico fantástico, difícil de ser entendido


pelo raciocínio de nossos dias. Tal poder lhe permitia obter tudo quanto desejassem no seu
ambiente; um animal, um objeto, a rendição de um inimigo. Não era o mental, então quase
nulo ou incipiente, que lhes dava tão grande força, mas o desenvolvimento psíquico ou
"astral", de origem superior e sabiamente dirigido pelos reis divinos.

Ultrapassada essa primeira fase da evolução humana, tornou-se condenável o


emprego de semelhantes forças ou "sidhis". Excetuam-se os adeptos da Boa Lei, que só se
utilizam desse poder para fins transcendentes, como, por exemplo, para construir ou
reconstruir uma obra de caráter espiritualista ou para assinalar novas etapas evolucionais.

Como exemplos recentes da aplicação de forças dessa natureza, poderíamos apontar


dois grandes acontecimentos que, por serem de nossos dias, são bem conhecidos pelos
estudiosos ocultistas e teosofistas. Trata-se da fundação na América do Norte, em fins do
século passado, da Theosophical Society, cuja sede mais tarde retrocedeu para a India, sendo
hoje conhecido em nossos meios por Sociedade Teosófica Adiar ou Mundial; e da fundação em
Niterói, RJ, na segunda década deste século, de Dhâranâ Sociedade Mental e Espiritualista, em
seguida denominada Sociedade Teosófica Brasileira e mais tarde Sociedade Brasileira de
Eubiose, ocasiões em que ocorreram, em torno das pessoas de seus fundadores, lá e aqui,
fenômenos e fatos de extraordinária relevância, apesar de ininteligíveis ao mental discursivo
e, por isso mesmo, considerados "impossíveis" ou "absurdos" na opinião dos que não dispõem
de conhecimentos herméticos nem de uma percepção intuicional.

65. PERÍODOS DE "PRAVRITI-MARGA" E "NIVRITI-MARGA"

Atingiu-se naquela raça o último passo da Mônada, na curva descendente do grande


esquema evolucional, chamado em sânscrito "Pravriti-Marga", da vida-energia, em que a
consciência suprema arde intimamente à matéria cada vez mais densa. Aqueles mesmos
princípios superiores, Átmico, Búdico e Manásico (ou, em termos que aproximadamente lhes
correspondem: espiritual, intuicional e mental), a Mônada os manifestará em sentido inverso,
durante o período de ascensão. "Nivriti-Marga" - quando ela se movimenta no sentido de
retorno à sua origem divina, à Casa de Deus, não sendo outro o significado da parábola
57

evangélica: o filho pródigo regressa à Casa paterna, filho que se arrepende e se regenera ou
renasce na vida eterna.

O período de ascensão começou com a quinta raça-mãe, chamada ária ou ariana por
se relacionar com o ciclo de Áries, o carneiro, durante a qual está se desenvolvendo Manas, o
princípio mental; para, na sexta, desenvolver-se a plena intuição, razão iluminada ou princípio
Búdico, em que tudo será visto e entendido simultaneamente; e, na sétima raça, atingir-se-á
finalmente a perfeição e o conhecimento do sétimo princípio inerente a Atmã, longínqua era
futura, em que a Mônada - após ter evoluído em cada um dos sete estados de consciência -
vivenciará a Superação pela conquista integral da consciência divina ou, por outras palavras,
pela sua perfeita identificação na Unidade de onde procede.

Só então se restabelecerá o equilíbrio perfeito entre os três mundos; espiritual,


psíquico e físico. Mas até lá .... devemos percorrer ainda duas sub-raças, mais as duas raças-
mãe faltantes e suas respectivas sete sub-raças. Uma verdadeira eternidade de vidas e
experiências antes de completarmos a presente Ronda.

66. FIM DO MUNDO E "JUÍZO FINAL"

A vida da humanidade é repartida em grande ciclos e dentro destes, outros menores,


incorreto, pois, falar-se em fim do mundo e juízo final, sendo menos errado dizer-se fim de
ciclo e julgamento cíclico ou periódico, como aquele pelo qual a humanidade passou agora no
ano de 1956, sem que de tal Julgamento tenha ela sequer tomado conhecimento...

Os falsos profetas, os adivinhadores da astrologia mercantil e seus concorrentes de


curta vidência e duvidosos dons mediúnicos, vem desde remotos tempos, apavorando os
crédulos com reiterados e sombrios prognósticos de iminente catástrofes, causando pânico as
populações e graves desequilíbrios neuropsíquicos aos mais sugestionáveis. Basta que Marte
se aproxime da órbita da Terra, ou que se aviste a cabeleira luminosa de um inocente cometa,
como sucedeu ao surgir o Halley em 1910 na sua maravilhosa função de astro fecundador
cósmico, para que comecem a esvoaçar de seus tugúrios as aves agourentas. E logo se põem a
grasnar os vaticínios do "fim do mundo" e do "juízo final".

67. HABITANTES DA LEMÚRIA

A população da terceira raça dividia-se em três classes, a saber: 1) Os seres chamados


Senhores de Vênus; 2) Os Reis Divinos, emanados das hierarquias dos Agniswattas, e 3) Os
Agniswattas da classe inferior, constituída pelos descendentes dos cruzamentos da raça divina
com a terrena, e que mais tarde se tornaram Arhats. Daí a expressão de "arhat de fogo", que
ainda hoje se dá ao Adepto que alcançou a mais elevada categoria iniciática, visto que
Agniswatta quer dizer "leões de fogo", seres ígneos, solares. Também por isso é que existe,
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desde aquela era, a Hierarquia Oculta que, em plena Aryavartha toma o nome de Sudha
Dharma Mandalam, com o sentido de Irmãos da Pureza, Grande Fraternidade Branca,
Confraria dos Bhante-Yaul.

68. LUTAS E DECADÊNCIA

Depois da separação dos sexos, as paixões carnais eclodiram de maneira insopitável e


generalizada, envolvendo até os seres superiores, que foram atraídos por mulheres de classe
inferior. Os desregramentos sexuais e a depravação alastraram-se por todo o continente.
Originou-se o primeiro conflito entre os Pitris e Barishads, que se mantiveram puros e fiéis às
leis da Divina Hierarquia e os que decaíram na sua sensualidade que, de resto, era quase toda
a população adulta.

As famílias não contaminadas pelo vírus da luxúria foram se retirando para o norte; os
corrompidos emigraram para o sul, na razão das raças de Caim e Abel, de errônea
interpretação no Velho Testamento. Mal interpretados tem sido também os termos simbólicos
de três ramos raciais: Sem, Cam, Jafé ou sejam, a raça semita ou amarela, para Sem; a negra
para Cam (Caim ou mesmo Kam, Kama, do sânscrito, significando paixão, princípios inferiores
donde a religião camanista ou dos shamamos, do deserto de Góbi, que logo caiu em
decadência passou a chamar-se camanismo); a branca, para Jafé. Em outras palavras, asiática,
africana e européia, expressas nos três reis magos da Bíblia, como uma entre as sete chaves
interpretativas que possuem os símbolos ou coisas veladas.

Quanto aos povos de leste e oeste, decaíram ainda mais, a ponto de se conjugarem a
grosseiros elementais, ou rackshasas negros, que foram causadores da queda da raça atlante,
como se verá mais tarde. Adoravam a matéria, praticavam a magia negra, servindo-se dos
raios lunares , cuja cor violeta é nociva ao duplo etérico; praticavam grande número de
assassinatos, inclusive de mulheres grávidas para lhes extraírem do ventre os fetos, que
devoravam animalescamente. Não admira, pois, que os canibais, vergônteas da raça
lemuriana, devorem as esposas consideradas imprestáveis.

69. VESTÍGIOS DA VINDA DOS PITRIS

De que estiveram na Terra os Pitris solares e venusianos, primeiros instrutores da


humanidade, existe uma tradicional recordação em todas as teogonias, além de vestígios
indeléveis, como a descoberta do fogo; o ensino da linguagem; os princípios radiculares das
artes e das ciências, encontrados nas lendas de Muisca e Moisés, depois transmitidos aos
bardos e profetas; o ensino das "mantras" mágicos, que mais tarde se integraram aos Vedas; a
flauta de Pã, as liras de Apolo e de Orfeu; o Cânone arquitetural das proporções; os desenhos
das primitivas invenções (roda, polia, plano inclinado, alavanca, balança, torno, pêndulo); os
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primeiros conhecimentos religiosos superiores, no sentido de religar ou ligar duas vezes,


porque, além do vínculo filial que unia a nascente humanidade aos Pitris, surgia a ligação
cármica e moral, como dívida de gratidão dos homens em relação àqueles seus primordiais
mestres e benfeitores.

70. DESCENDENTES ATUAIS

São descendentes dos lemurianos os aborígenes da Austrália e da Tasmânia, provenientes da


sétima sub-raça; ou malaios, os papuas, os hotentotes; os dravídios do sul da Índia também
descendentes daquela e das primeiras sub-raças atlantes. Todas as raças tipicamente negras
são descendentes da Lemúria, donde suas "nidhanas" ou tendências psíquicas pela prática da
goécia ou magia negra.

Segundo as teogonias, os antropóides são os últimos descendentes de um cruzamento


racial havido entre os decaídos lemurianos com uma espécie de animal parecido com a lontra.
A reprodução teratogênica se tornou impraticável graças à própria evolução haver afastado o
homem do reino inferior, conferindo-lhe diversa constituição bioendócrina.

71. QUARTA RAÇA-MÃE - OS ATLANTES

Das últimas sub-raças da Lemúria originou-se a quarta raça-raiz que, como o seu "hábitat",
recebeu o nome de atlante. Teve início acerca de oito milhões de anos, na segunda metade da
era secundária. O Manú da quarta raça escolheu entre os remanescentes da terceira, aqueles
mais desenvolvidos, moral e espiritualmente, constituindo uma elite e os conduziu para o
norte, a fim de reuní-los e desenvolvê-los numa região, a que se deu o nome de Terra Sagrada.

Essa, em síntese, a verdadeira interpretação de passagem bíblica que fala de Noé (2) e
da barca da salvação, de seu intuito manúsico de selecionar e abrigar o povo eleito, de salvá-lo
do dilúvio universal em sua grande arca (ou Agarta). Chegados os tempos, o Manú desceu com
seu povo para as regiões setentrionais da Ásia, salvas dos grandes cataclismos lemurianos,
passando a ocupar o continente Atlante, onde iria desenvolver-se a nova raça.

72. O SEGREDO DA ILHA DA PÁSCOA

Não podemos hoje, quando nos referimos às ruínas ciclópicas da raça lemuriana,
deixar de citar o livro de Thor Heyerdahl - "AKU-AKU, O SEGREDO DA ILHA DE PÁSCOA"
(Edições Melhoramentos, S. Paulo). Os achados arqueológicos recentes vieram esclarecer os
60

textos da tradição oriental e, para os teosofistas, confirmar o sentido de ensinamentos


esotéricos de nosso Mestre acerca das civilizações pré-históricas.

Transcreveremos aqui, para satisfação de nossos leitores que não possuem o citado
livro, um comentário de seus editores:

"Quando Thor Heyerdahl voltou às ilhas dos mares do sul, oito anos após a aventurosa
viagem da jangada Kon Tiki, a sua meta foi a ilha da Páscoa, a ilha das misteriosas estátuas
gigantescas que confundem os cientistas do mundo. A ilha é a morada mais solitária. Naquela
época seu único contato com a civilização era feito por um navio do Chile que lhe fazia breve
visita uma vez por ano. Mas os nativos tiveram notícias de Kon Tiki.

"Heyerdahl foi alvo de recepção sem precedentes, quando armou suas tendas no
antigo sítio do lendário Rei Hotu Matua e deu início às primeiras escavações. Os habitantes
logo começaram a atribuír-lhe poderes supernaturais. Aquele homem que devolvia à luz do dia
estátuas descomunais e esculturas estranhas, de que ninguém jamais tivera notícias, deveria
ser um dos antepassados lemurianos que regressava para junto deles.

"Com o transcorrer dos meses, os vínculos que ligavam o "Sr Kon-Tiki" aos nativos se
fizeram íntimos. Os nativos admitiram que ele possuísse um aku-aku poderoso, espécie de
espírito protetor de uso privado, que o ajudava em tudo quanto ele empreendia. Eles, então, o
iniciaram nas suas tradições mais secretas. Revelaram-lhe como seus ancestrais, sem disporem
de qualquer equipamento além do tronco de árvore e pedras, foram capazes de esculpir e
levantar aqueles colossos de granito de forma humana, de dez a catorze metros de altura e
pesando até setenta toneladas. Thor Heyerdahl foi o primeiro europeu a ser admitido pelos
insulares em suas cavernas subterrâneas e secretas, cheias de tesouros artísticos de valor
inestimável, bem como de relíquias apavorantes.

"Essa expedição a um Mundo subterrâneo, que quase lhe custou a vida, lançou nova
luz sobre a cultura e as idéias religiosas dos habitantes da Ilha da Páscoa".

(2) O nome de Noé, lido anagramaticamente dá o termo grego Eon, que, por
causalidade, significa a manifestação de Deus na Terra.

CAPÍTULO V

73. RAÇA EQUILIBRANTE


61

A quarta raça-mãe é a equilibrante entre as três primeiras e as três últimas, assunto


omisso nas escrituras orientais. A humanidade atual pertence à quinta, achando-nos por isso à
base do triângulo divino, cujo vértice aponta para o alto.

Deuses e Homens formaram a humanidade da raça equilibrante. Cada rei ou Dhyan-


Chohan - os sete reis de Edon, Edem ou paraíso terrestre - dirigia uma das sete cidades,
enquanto na oitava se encontrava a expressão do próprio Logos, o Uno-Trino de que foram
auto-geradas as cidades constituintes de um sistema geográfico que era a reprodução fiel de
um sistema planetário, a oitava representando o Sol central, e as demais os sete planetas.

A raça atlante foi governada por Lua e Saturno, isto é, desenvolveu-se sob a égide
desses planetas, que davam o espírito deífico e equilibrante aos seus representantes, mas
também a facilidade de entrar em decadência quando havia qualquer vacilação por parte dos
chamados deuses que a dirigiam. Uma espécie de balança em fiel, mas se a concha se
depositava o mal descambasse com o peso de Kama ou Tamas, tudo estaria perdido. Foi, de
fato, o que sucedeu por terem prevalecido os instintos grosseiros da raça anterior.

74. ATLÂNTIDA E SEUS LIMITES

A Atlântida é conhecida com o nome de Kucha nos arquivos ocultos, denominando-se


também , país de Mú, inclusive entre os Maias, que figuram entre seus rebentos. O continente
compreendia o Norte da Ásia, quase toda a costa oriental das Américas. Ao Sul estendia-se
pela India, Ceilão, Birmânia e Malásia. A Oeste, a Pérsia, Arábia, Síria, Abissínia e as regiões
banhadas pela bacia do Mediterrâneo. Da Escócia e da Irlanda, projetava-se para o Leste sobre
a região hoje tomada pelo Oceano Atlântico e grande parte da costa ocidental das Américas. O
Brasil, como outras regiões, escapou ileso aos grandes cataclismos. Habitamos, portanto, um
grande país positivamente atlante(1).

75. DESTRUIÇÃO DO CONTINENTE

A Atlântida sofreu grande transformação geográfica desde a primeira catástrofe, que a


despedaçou em sete ilhas de tamanhos e configurações diversas, verdadeiros fantasmas ou
duplos das sete cidades sagradas. Estima-se que isso tenha ocorrido em meados do período
Mioceno, há quatro milhões de anos, tendo provocado a elevação das regiões que vieram a
constituir a Escandinávia, grande parte da Europa meridional, o Egito, quase toda a Africa e
parte da América do Norte; no passo que submergia a Ásia setentrional, separando, desse
modo, a Atlântida da Terra Sagrada.

Os continentes chamados Ruta e Daitia, que jazem no fundo do Atlântico, foram


separados da América à qual estavam ligados por grande faixa de terra que desapareceu há
uns oitocentos e cinquenta mil anos, com o cataclismo do fim do Plioceno. Tais continentes se
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transformaram em duas ilhas que, por sua vez, foram tragadas pelas águas há perto de
duzentos e cinquenta mil anos. Depois disso só restava em pleno oceano a ilha de Posseidon,
que alguns historiadores supõem ter sido todo o continente da Atlântida. Finalmente, também
essa ilha veio a submergir em conseqüência de um maremoto vulcânico, numa data que a
cronologia esotérica estima em nove mil quinhentos e sessenta e quatro anos antes da era
cristã. (2).

76. VEÍCULOS E SENTIDOS

Na raça atlante o veículo físico adquiriu o máximo da densidade, uma vez que ela atingiu o
clímax no caminho da descida (pravriti-marga). O mental desenvolvia-se lentamente, pois a
característica era o veículo kamásico, onde a consciência se focava. Sobre o terceiro olho, diz a
Doutrina Secreta:

"Quando a quarta raça chegou à metade de sua carreira, a visão interna teve que ser
despertada e adquiriu por estímulos artificiais, cujos procedimentos eram conhecidos pelos
antigos sábios. O terceiro olho involuiu e desapareceu gradualmente, internando-se no centro
do cérebro (onde viria a transformar-se em glândula pineal). Os seres de uma só face se
converteram em homens de dois olhos e dupla face".

77. CARACTERES GERAIS

A influência negativa dos planetas regentes, Lua e Saturno, contribuiu para que se
generalizasse a prática da magia negra, mormente por meio do hipnotismo. A linguagem era
aglutinante na terceira, quarta e quinta sub-raça, a mais antiga forma de linguagem dos
rackshasas; com o correr do tempo se tornou inflexiva, assim passando para a raça ária.

Administrativamente, dividia-se o continente em sete grandes reinos ou cantões, cada


um regido, como se disse, por um dos sete reis divinos, sendo que o governo geral era sediado
na capital do oitavo, a qual era protegida por altíssimas muralhas. Houve época em que a
capital foi sitiada pelos inimigos da Lei e da Ordem; construíram grande torre para poderem
transpor as referidas muralhas. Da tradição oral do fato nasceu a lenda bíblica da Torre de
Babel.

78. SUB-RAÇAS

Como as demais raças raízes, a atlante desenvolveu sete sub-raças, a saber: 1a.) os
romoals, povos pastores que imigraram sob a direção dos reis divinos; 2a.) os tlavatli, de cor
63

amarela, pacíficos habitantes da América; 3a.) os toltecas, belos, de cor avermelhada, estatura
elevada, constituíram poderosa civilização, embora fossem essencialmente guerreiros; deram
origem aos maias e astecas; 4a.) os turânios, raça guerreira e brutal, designados nos antigos
documentos Hindus sob o nome de rackshasas; 5a.) os semitas, povo turbulento e obstinado,
que deu origem aos Hebreus; 6a.) os acádicos, migradores, espalharam-se pela bacia do
Mediterrâneo; deles se originaram os pelasgos, os etruscos, os cartagineses, os citas; e 7a.) os
mongóis, nascidos dos turânios, difundiram-se sobretudo pelo norte da Ásia.

79. LUTAS NA ATLÂNTIDA

A primeira luta travada na Terra, entre solares e lunares, adeptos da esquerda contra os da
direita, ocorreu na Atlântida em tempos imemoriais, da qual o poema épico de Valmiki é uma
alegoria. O Ramayana, como diz seu próprio nome, descreve as aventuras de Rama, o primeiro
rei divino dos primitivos ários, desterrado de Ayodhyâ, o país dos Deuses, equivalente a
Agartha, Atalântida ou aptalântida. Trata-se do mais antigo dos poemas épicos sânscritos, ao
qual só se podem comparar o Mahabhârata e a Ilíada. Ravana, o grande opositor de Rama, é a
personificação simbólica dos lunares da quarta raça.

O choque entre os Agniswattas e os Barishads, por causa das maldosas insinuações dos
Rackshasas, inimigos dos Deuses, redundou na terrível batalha entre o Bem e o Mal, isto é,
entre a Magia Branca e a Negra, que era a luta pela supremacia das forças divinas sobre os
poderes terrenos; era o combate encarniçado movido pelas deidades da Lua, governadoras
dos povos atlantes, contra os seres solares que, como doadores do mental, deviam dirigir os
povos ários da quinta raça mãe.

Tais guerras, em verdade, tiveram suas origens nos próprios céus, da divina luta entre
o Anjo da espada e o Anjo da luz; foi da derrota deste e de suas hostes que o acompanharam
na sacrílega rebeldia, que a tradição passou para as bíblicas escrituras como a lenda da "queda
dos anjos". Todavia, as interpretações da Igreja, como as de Milton, no seu "Paraíso Perdido",
estão muito longe de corresponder à verdade.

80. A GUERRA TARAKA

Nessa guerra, dizem certos fragmentos alegóricos, o Deus Soma (Lua), o de áurea cor, à
semelhança de Páris, arrebata a esposa de Brihaspati, qual uma Helena do reino sideral dos
Hindus, ocasionando a guerra entre Deuses e Assuras. O rei Soma alia-se a Ushanas (Vênus), o
chefe dos Davanas, enquanto os Deuses são dirigidos por Indra e Rudra. Aquele auxilia
também a Brihaspati, que havia sido seu Mestre. Durante a luta, os Maruts (3) gênios da
tempestade, desertam, abandonando as forças do esposo de Tara e seus aliados.
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O sentido esotérico desses personagens é o seguinte: Brihaspati, o esposo enganado,


personifica o gênio que preside o Planeta Júpiter; é o representante dos poderes criadores, a
quem o Rig Veda denomina Brahmanaspati, isto é o culto esotérico, a fé ritualística. Tara, sua
esposa, simboliza o conhecimento místico, é a Gupta-Vidya, doutrina esotérica. Soma, embora
astronomicamente seja a Lua, tem aqui o sentido de licor de Shukra, Amrita, a misteriosa
bebida usada pelos deuses.

81. A LENDA DE HERODES

Com esses mesmos fatos se relaciona a lenda bíblica acerca de HERODES, segundo a qual, a
rogo de sua filha Salomé e por insinuação de Herodíades, João Batista foi preso e degolado.
Uma representação simbólica do aparecimento da raça Ária, portadora do mental que ela
devia desenvolver e da luta que lhe impuseram os Rackshasas, que não queriam seu
florescimento. Assim, cortava-se a cabeça (portadora do mental) de quem naquele tempo
fosse o arauto da "boa nova", o divulgador de auspiciosas transformações na mentalidade dos
homens. Deve-se observar, no sentido transcendente, que dos homens de João, HERODES e
Salomé, se formou a prodigiosa sigla JHS, também relacionada aos planetas Júpiter, Hermés
(Mercúrio) e Saturno, que as escolas espiritualistas e a própria Igreja divulgam com
interpretação completamente diversa da verdadeira.

82. SEMENTES DA QUINTA RAÇA

Há cerca de um milhão de anos, o Manú Vaisvávata selecionou na sub-raça semita, quinta sub-
raça atlante, as sementes que deviam constituir a quinta raça-mãe, conduzindo-as à Terra
imperecível. Segundo a cronologia esotérica, há 850.000 anos, uma primeira emigração
atravessou as cordilheiras do Himalaia, espalhando-se pelo norte da Índia.

A quarta sub-raça, dita céltica, povoou a Grécia, a Itália, a França, a Irlanda e a Escócia.
Distinguiu-se no culto das artes, apanágio de nossa civilização. Foi conduzida pelo Manú Orfeu,
que alguns consideram um ser mítico, o que não admira, se outros, ainda hoje, negam
Shakespeare.

A sexta e sétima sub-raças do ciclo ário se manifestariam respectivamente, na América


do Norte e do Sul, quase simultaneamente, para o desenvolvimento do sexto e sétimo
sentidos. Foi a razão de ter-se dado à missão da então S.T.B. o nome de "Sete Raios de Luz" e
também de "Missão Y", por abranger essas duas sub-raças. No entanto as explosões atômicas
experimentais ocorridas em Norte América, mudaram essas diretrizes. Recaiu para a América
do Sul a responsabilidade evolutiva das duas sub-raças. Motivo pelo qual costumamos dizer
que o Brasil é o santuário da iniciação moral do gênero humano, a caminho da sociedade
futura.
65

Saber-se que essa raça Ária é dirigida por Buda Mercúrio, precisamente porque o
principal objetivo é o desenvolvimento da mente. Visto que o estado de consciência acima de
Manas, teosoficamente falando, é Budhi, correspondente à intuição ou razão iluminada, outro
não poderia ser seu dirigente ou guia senão o que lhe está imediatamente acima. Com isso
também se relaciona o fato de conspícuos membros da Excelsa Fraternidade Branca
considerarem que Gautama, o Buda, foi o Ser de mais alta hierarquia manifestado no mundo.

Aos quatro sentidos da quarta raça veio, na quinta, juntar-se o olfato, como quinto
sentido para os representantes da quinta raça mãe, na razão também dos cinco continentes,
cinco dedos, quinto princípio (Manas), do astro pentagonal e de outras coisas mais.

SUB-RAÇAS ÁRIAS

A primeira sub-raça Ária povoou, como se disse, o Norte da Índia. Sua religião era o
hinduísmo primitivo, regido pelo Código do Manú, pela lei das castas, fonte de preconceitos
que até hoje perturbam a vida social daquele país.

A segunda, ário-semita ou caldáica, atravessou o Afganistão, ocupando as planícies do


Eufrates, dirigida pelo Manú Ram ou Rama, que adotou o símbolo de Áries (carneiro), do qual
provem o termo ário, ariano. Sua religião era o Sabeísmo, crendo no Princípio deífico
impessoal, universal, tributando culto aos planetários e aos deuses.

A terceira, chamada iraniana, conduzida pelo primeiro Zoroastro, cabendo observar


que houve não apenas um, mas vários seres com esse nome, assim também como o de
Moisés, Vyasa e outros. Estabeleceu-se na Pérsia, difundindo-se pela Arábia e pelo Egito. Culto
do fogo e da pureza. Astrologia e Alquimia obtiveram progressos acentuados.

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(1) - A Sociedade Brasileira de Eubiose tem pesquisado certas regiões chamadas Jinas, entre as
quais, a de S. Tomé das Letras, no Sul de Minas, onde se encontram inscrições rupestres ainda
por decifrar; a de Vila Velha, no Paraná; a Serra do Roncador, em Mato Grosso; a Ilha de
Itaparica, na Bahia; a Pedra da Gávea, na Guanabara, cujas inscrições foram decifradas por
Bernardo A. da Silva Ramos, e publicadas em sua obra "Inscrições e Tradições da América Pré-
Histórica, especialmente do Brasil".

(2) - As catástrofes atlantes teriam dado causa a uma inclinação de 23 graus no eixo do Globo,
segundo cálculos aproximativos.
66

(3) - Deste vocábulo deriva a palavra japonesa Maru, com o significado de força, vapor.
Maruths, Marus, Tachus-marus, são outrossim, expressões que designam seres de alta
hierarquia, que, no meio da Terra, montam guarda aos vinte e dois templos sagrados de
Agartha.

CAPÍTULO VI

83. MISCIGENAÇÃO PÓS-ATLANTE

Depois das catástrofes que fizeram submergir grandes áreas da Atlântida, processou-se
lentamente o caldeamento de ramos e famílias de suas últimas sub-raças, consoante o
fenômeno cíclico da descida das mônadas pelo itinerário de IO, a fim de que pudessem
constituir no devido tempo as duas derradeiras sub-raças do ciclo ariano que deveriam
desenvolver-se, como se disse, uma ao norte e outra ao sul do continente americano. Daquele
caldeamento destacou-se o ramo chamado sohane, do qual brotou o chichêmeca, gerando-se
depois vários outros, como o tolteca, o nahuatl, o quíchua, o tsental.

Os quíchuas habitaram a Guatemala e o México, enquanto os toltecas, antigo povo


mexicano, foram suplantados pelos Astecas, cujo último imperador, Guatimazin, foi supliciado
por ordem de Cortez.

A civilização Maia alcançou altos níveis e dela se ocuparam eminentes teósofos,


notadamente Roso de Luna, em sua contribuição para o estudo dos códices Anahuac,
intitulada "La Ciência Hierática de Los Mayas". Antes da invasão Tolteca, habitavam toda a
costa oeste da América Central. Seus remanescentes encontram-se nos Estados mexicanos de
Chiapas e de Tabasco, na península de Yucatã, em S. Salvador e nas Honduras. dividiam-se em
três grupos: 1) os de Guatemala, divididos em três sub-grupos, nam, queché e pokonchi; 2) os
de Iucatã, Tabasco e Chiapas, com seus sub-grupos teantal e mayas, propriamente ditos; 3)
Huasteques, considerando-se mais importantes os que se localizam no Iucatã e nos confins da
Guatemala.

Os toltecas, ramo de uma família étnica e lingüística muito extensa; os nahoas, não se
reconheciam, segundo suas próprias tradições, como autóctones. Diziam ter vindo de um
outro país bastante povoado, situado a noroeste do México, e só se terem estabelecido no
centro de Anahuac, após longas vicissitudes. Alcançaram elevado grau de civilização,
mormente na arquitetura. O mesmo termo "tolteca" acabou por significar construtor.
Guerreiros e construtores eram, por sua vez, chamados de turânios, quarta sub-raça atlante.
67

Curioso notar que os toltecas construíam suas cidades por cima de infindáveis galerias
subterrâneas. E até hoje, pela deficiência dos métodos de investigação, os arqueólogos não
puderam atinar com a razão de ser das "infindáveis galerias subterrâneas"

INCÓGNITAS COMUNICAÇÕES INTRATERRENAS

Aceitamos o risco de sermos apodados de visionários e fantasistas pelos senhores da


sabedoria acadêmica, mas desejamos aqui consignar nossa opinião a esse respeito. As
misteriosas galerias subterrâneas das cidades toltecas eram utilizadas pelos seus mais
conspícuos representantes, quase sempre sacerdotes, para se comunicarem com
determinadas regiões do mundo "jina" ou agartino, habitado por seres de extraordinário saber
e poder. Outras galerias subterrâneas existiram ou existem numa secreta correspondência
com aquele mundo, construídas e conservadas para que, na instância das catástrofes de fim de
ciclo, o povo eleito, os iniciados, ou seja, os poucos que permanecerem fiéis à divina tradição,
pudessem ser guiados à Terra Santa, à Ilha Imperecível que resiste e sobrevive a qualquer
cataclismo, na expressão das escrituras sagradas do Oriente.

Também temos afirmado que se pode passar subterraneamente de um sítio no Estado


de Mato Grosso para certa região do Peru, denominada Machu-Pichu, esotericamente Manus
Piscus (Piscis).

84. CIVILIZAÇÕES PRÉ-INCAICAS

P. Odinot, em seu trabalho "O mistério dos Incas", escreve entre outras coisas o
seguinte:

"Uma das páginas mais dolorosas da história é a conquista do Peru pelos espanhóis.
Pizarro, o Conquistador, a exemplo do que já fizera Cortez, no México, atirou-se com seus
soldados sobre o grande Império dos Incas, dele se apoderando. A extraordinária façanha
ocorreu no ano de 1532, num século em que qualquer descoberta de terras no Novo Mundo
inflamava o ânimo dos Europeus, atraindo-os para viagens e expedições as mais audaciosas.

"Por mais trágico que possa parecer o aniquilamento dessa poderosa e bem
organizada civilização, o progresso empregado pelos conquistadores faz-nos lembrar o que ela
mesmo utilizou para firmar seus próprios alicerces na face da Terra.

"O Império dos Incas não datava de longos séculos. Sua fundação foi feita pelas armas
e os seus invasores tinham subjugado uma civilização que atingira nível igual ou talvez superior
ao seu.

"Na realidade, uma civilização multissecular tinha existido naquela parte da América,
antes da chegada dos Incas, embora sua História, até hoje desconhecida, só permitia vagas
68

suposições por parte dos cientistas hodiernos. Porém outros seres existem, conhecedores de
uma História mais profunda e consentânea com os reais princípios da Evolução humana, mas
que só se manifestam através de reduzido número de discípulos, chamemo-los assim, que aos
poucos vão oferecendo ao mundo aquilo que não possa transpor o limite máximo dessa
mesma evolução.

"O pouco que a ciência oficial conhece a respeito da referida civilização acha-se
representado pelas ruínas de suas cidades, cujas construções exigiam grandes conhecimentos
arquitetônicos e mecânicos e pelas vasilhas finamente trabalhadas, entre as quais alguns
exemplares que fazem supor não faltar àquelas antiqüíssimas populações um delicado espírito
artístico.

"Que povo era aquele, anterior aos Incas, construtor de semelhante império no Novo
Mundo ? De onde teria vindo para realizar semelhante fenômeno cíclico, se tudo na vida está
regulado por uma série de leis que a mesma ciência desconhece ?

"Para que se possa ter uma idéia do que é o Peru atual, torna-se necessária a
apresentação de fatores que passaram despercebidos. Julga ela que aquele povo guerreiro e
empreendedor se originou dos aymaras, cujo hábitat era o planalto dos Andes, ao tempo em
que os quíchuas, seus irmãos, se achavam estabelecidos nos vales situados mais a nordeste.
Pensam os historiadores que essas duas grandes estirpes pré-colombianas foram do mesmo
sangue, pelo simples fato de ser idêntica a linguagem, não havendo entre uma e outra maior
diferença que a existente entre dois dialetos do mesmo tronco.

"A verdade é que, avançando cada vez mais, os Incas foram subjugando povo a povo,
construindo assim os fundamentos do seu vasto Império. Merece particular destaque o fato de
que, sendo esse povo de origem guerreira (1) conseguiu formar uma civilização digna de
constituir um dos maiores títulos de glória de uma estirpe aborígene da América. Seus
engenheiros eram capazes de construir através das montanhas, galerias que, segundo secretas
tradições, alcançavam longínquas distâncias (2) e lançar pontes sobre abismos ou abrir
estradas de cuja perfeição e solidez nos falam bem alto as que ainda hoje existem. Eram
igualmente infatigáveis agricultores; hidráulicos tão geniais que suas obras são em nosso dias
motivo de assombro por parte dos técnicos. Tem-se a impressão de estar em face daquele
espírito construtivo e admirável dos remotíssimos tempos da Atlântida, a que se referem as
narrações de Platão, em Timeu e Crítias, bem como as de Diodoro Sículo e outros.

"Não se pode falar no país dos Incas sem mencionar as ruínas de Machu-Pichu,
descobertas pelos arqueólogos americanos no começo de 1911. Situadas sobre as montanhas,
a nordeste de Cuzco em um "Cañon" banhado pelo rio Urubamba, as construções daquela
cidade-fortaleza constituem uma das maravilhas do Novo Mundo. Sobre a rochosa cordilheira
onde ainda são vistos terraços de pedra lavrada e ruínas graníticas de templos, existia a
morada de um povo misterioso de quem os Incas descendem.

"Encontram-se essas ruínas em uma das pontas do monte Machu-Pichu, do qual


tomaram o nome. Quando foram redescobertas - pois sua existência havia sido vagamente
mencionada no passado - estavam em grande parte sepultadas sob a cordilheira. Deixemos de
69

parte séculos sem conta de opressão, guerras civis e lutas tremendas por sua independência e
chegamos ao Peru de hoje.

"A que país se assemelha este vasto centro que já foi um império pré-colombiano e
como tal, incluía em suas fronteiras a maior porção da Bolívia atual ? A terra em que a
civilização dos Incas floresceu e se extinguiu chamou-se "O Teto da América Meridional", já
que o teto do mundo inteiro é o Tibete. O nome dado pelos antigos a esse rincão americano e
sua configuração topográfica, que levou os atuais habitantes a falarem do Peru central como
de La Sierra, nenhuma dúvida nos deixa acerca de sua identidade com as terras tibetanas, ao
Norte da India.

"Entre os principais maciços montanhosos dos Andes há desfiladeiros profundos e


íngremes, cavados pelas águas dos numerosos rios, que vão desembarcar no caudalosos
Amazonas. A paisagem é monótona, e estéril. Sobre aqueles planaltos, rodeados de picos
nevoentos, batidos por ventos ásperos, não existia outra vegetação a não ser a erva "ichu" e
algumas áridas pastagens chamadas "lhamas", donde o nome dos camelídeos aí criados.

"É particularmente interessante saber-se que os índios habitantes desses planaltos


descendem, mais diretamente que os de qualquer outra tribo, dos antigos incas. Na província
do lago Titicaca, na Bolívia, são ainda chamados "aymarás"; mas no Peru os índios das
montanhas o são de quíchuas. Morenos na sua maioria, os quíchuas tem os cabelos pretos,
como a maior parte das tribos do Brasil, que formam entroncamento, embora distante, com os
índios daquelas regiões. O corpo baixo e largo recorda o dos esquimós.

"No que diz respeito ao temperamento, os quíchuas dos planaltos dos Andes
assemelham-se aos montanheses dos outros países. Taciturnos, muitas vezes melancólicos,
tem uma fisionomia tão expressiva que, embora não denunciando muita inteligência, denotam
um princípio investigador ou uma grande perspicácia. Suas fisionomias mais parecem máscaras
sob as quais se acham os restos evoluídos de uma raça desconhecida. Todavia, o quíchua é um
companheiro bastante simpático, segundo a opinião dos viajantes que percorrem aquelas
regiões. Merece essa lisonjeira referência ao fato de ser paciente, industrioso, sensato e
geralmente alheio à petulância e arrogância.

São inúmeras as cidades antigas hoje cobertas por verdadeiros escombros. As


narrações dessas descobertas, embora mui longe de expressarem a verdade, constituem um
capítulo de grande interesse. Podemos afirmar que apenas insignificante parte dos tesouros
perdidos volveu à luz do dia. Tão vultosos são eles que impossível nos seria avaliá-los num
simples estudo como este. Basta dizer que na região de que estamos tratando, floresceram
povos durante muitos milênios, suas energias desenvolveram-se pelo mundo, embora dentro
de limitada periferia e manifestaram-se em diversas atividades: artísticas, industriais,
guerreiras e arquitetônicas.

"O estudos destas últimas, principalmente, podem dar-nos segura indicação do grau
de cultura alcançado, visto que, para a execução desses empreendimentos, mister se faz a
coordenação de prodigiosos esforços individuais, além de exigirem uma comunidade
possuidora de importância material, cultural e demográfica.
70

"As descobertas arqueológicas levadas a efeito concorreram para que se fizessem


profundas explorações no remoto passado da humanidade. É curioso verificar-se a existência
de raças civilizadas de parceria com as mais primitivas, se é que 6.000 anos antes da era Cristã
represente alguma coisa diante da imensidade de anos que pesa na existência do mundo. As
condições de vida mudaram enormemente durante os últimos oito milênios. Subsistem porém
tribos e povos atrasados, cujo modo de viver em nada se modificou, por falta de progresso
desde a época dos grandes reinos mesopotâmicos.

"Naqueles remotos tempos habitavam tribos neolíticas nas Américas, Europa, Ásia e
Oceania. No âmbito selvagem de semelhantes povos persistiam, entretanto, verdadeiros
"oásis" formados por outros povos de maior cultura e inteligência que, como nossos
antepassados, constituíam então uma minoria. Mas, como a levedura, penetraram os extratos
humanos através de interpenetrações, se assim se pode dizer, de ramos e famílias raciais,
todas elas, grandes e pequenas, possuidoras de Guias (ou Manus) capazes de se infiltrarem
com suas gentes nos momentos cíclicos coordenados pela própria Lei de Evolução, onde quer
que fossem reclamados.

"Os homens de ciência não estão de acordo quanto à idade que se deve assinalar às
civilizações americanas. Nota-se mesmo entre eles uma certa tendência em só admitir a
existência de civilizações pré-históricas em outras regiões do mundo, notadamente nas
asiáticas. No entanto Posnanshy, por exemplo, afirma que a famosa cidade pré-incaica de
altiplano boliviano, Tiahuanaco, foi construída há perto de 13.000 (treze mil) anos. Aquele
sábio baseia seus cálculos cronológicos na orientação astronômica dada pelos fundadores às
entradas do templo maior, método aliás seguido pelos construtores das pirâmides do Egito.

"É indiscutível a grande antiguidade dessas ruínas. Os Incas encontraram a região


abandonada quando aí chegaram pela primeira vez. Do grande povo construtor que antes
deles tinham ocupado a região, nenhum vestígio ficou entre os raros habitantes dos seus
arredores. As condições climáticas e mesmo a configuração topográfica da meseta do lago
Titicaca, provavelmente sofreram grandes modificações no correr dos tempos, visto os
degraus da escadaria de pedra ultimamente descobertos no muro que olha de frente o lago e
que deviam ter sido usados pelos habitantes de Tihuanaco para descer até às margens do
mesmo lago, acharem-se atualmente afastados desse em um número considerável de milhas.

"A referida cidade, que ocupa grande superfície, foi planejada e construída por
arquitetos de incomparável capacidade. Os monólitos empregados são de enormes
dimensões; um deles mede aproximadamente doze metros de comprimento e mais de dois de
largura, pesando 70 toneladas. Com muita probabilidade, diz Markham, em seu livro "Los Incas
del Peru": "A condução e colocação de tais monólitos em semelhante lugar faz supor uma
grande população, um governo regular e desde logo o cultivo da terra em grande escala, além
da organização de uma chefia ativa e inteligente encarregada do transporte dos
abastecimentos e sua distribuição entre os trabalhadores. Deve ter sido um regime que uniu o
gênio e a destreza ao poder e à capacidade administrativa. Depois da gigantesca dimensão das
pedras, o que mais surpreende é sua magnífica escultura. A complexidade e simetria do
debuxo e da ornamentação demonstram grandes conhecimentos artísticos por parte daqueles
que tiveram a seu cargo a realização de tão maravilhoso trabalho".
71

"Que teria acontecido àquele povo imperial cuja permanência em semelhante região
não poderia ser curta, mesmo porque uma raça nômade não constrói tão maravilhosas obras
arquitetônicas ?

"Sir Markham acredita em uma possível elevação da zona andina como fator decisivo
do afastamento da raça tiahuanacana. Para apoiar sua tese, cita o descobrimento de ossos de
mastodonte na região de Ulluma, na Bolívia, situada a 4300 metros acima do nível do mar.
Esse animal não podia viver em semelhantes altitudes. Os esqueletos gigantescos sepultos nas
paredes quebradas dos desertos de Tarapacá e pertencentes a mamíferos que só habitam as
selvas frondosas, são outras tantas provas de ter havido uma profunda mudança no clima. Os
desertos em que se encontram os restos dos tamanduás deviam ter sido anteriormente zonas
úmidas e férteis cobertas de espessos bosques.

"Quando a cordilheira era mais baixa do que agora, os ventos alísios chegaram a
semelhante lugar deixando sua umidade na faixa costeira. Quando os mastodontes viviam em
Ulluma e os tamanduás em Tarapacá, os Andes, em seu lento ressurgimento, estariam a
setecentos ou mil metros mais abaixo do que é hoje; o milho crescia então nas proximidades
do lago Titicaca e a paragem das ruínas de Tihuanaco poderia aumentar a numerosa população
que construiu aquela ciclópica cidade.

"A origem dos Incas, sucessores de outros povos de precedência ainda mais
enigmática, não é muito clara, apesar de sua alta cultura e do íntimo contato com os
conquistadores espanhóis. Sir Markham trata mui detalhadamente dos mitos de Paccari-
Tempu, Pouso da Aurora, e de Tampu-Tocco, a Serra das Três Cavernas, melhor dito,
embocaduras chamadas, Sutic, Maras e Ceapac. A lenda diz como da embocadura de Maras
saiu uma tribo que levava o mesmo nome, e da de Sutic, outra denominada Tampu. Da do
centro saíram, por sua vez, quatro augustos personagens com o título de Ayar, nome que se dá
a diversos monarcas primitivos e que se chamavam Manco, o príncipe; Auca, o ayar guerreiro e
jovial; cach, o Ayar sal e Uchu, o Ayar pimenta. Estes monarcas vieram acompanhados de suas
esposas. Reuniram em torno de si forças consideráveis, sem contar as duas tribos que saíram
das embocaduras Maras e Tampu, da Serra do Tampu-Tacco. Sob suas bandeiras alistaram
mais outras oito linhagens cujos nomes conserva a lenda.

85. MANCO-CAPAC E MAMA-OCLO

Para nós tem outra significação também a lenda que assim narra o aparecimento dos
fundadores do Império Tawantisuyo:

"Manco-Capac, homem de caráter enérgico e de costumes outros, acompanhado de


Mama-Oclo, sua irmã e esposa, surgem às margens do lago Titicaca, enviados pelo seu pai, o
Sol, para arrancar seu povo da barbárie, mediante a unificação. Trazia ele um bastão de ouro,
que seu pai lhe havia oferecido, a fim de escolher o território onde o mesmo se enterrasse
profundamente no solo, que viria a ser a Terra Prometida ou a fundação de seu império. De
fato, o bastão enterrou-se no monte Huanacaura, ao qual deu ele o nome de Cuzco, que quer
72

dizer centro ou umbigo. Manco-Capac ensinava aos homens a lavrar a terra, construir
habitações e tudo quanto lhes iluminasse a mente. E Mama-Oclo ensinava as mulheres a fiar,
tocar e a tornarem-se boas mães de família".

Outra lenda conta que ele ensinava aos homens na cidade alta e ela doutrinava as
mulheres na cidade baixa; o que se interpreta, respectivamente, como coisas do mental, parte
alta ou superior, para o sexo masculino, e coisas do lar, domésticas, inclusive os ensinamentos
inerentes à maternidade e à puericultura, para o feminino.

O bastão pode significar o cetro de um rei e chefe, desde que se trate de um Manú
racial. As duas penas e vestes, nas cores encarnado e verde, se relacionam a Fogo sagrado,
Verbo Solar, Agni (ou Tejas, nas escrituras orientais), e o Hálito que o anima, como sopro
divino ( nominado Vayú nas mesmas escrituras).

86. O MANÚ BRASILEIRO

Na língua tupi, Tamandaré procede da expressão Tamanda-ré, que quer dizer "depois da
volta". É este o nome do Noé brasileiro na lenda do dilúvio que assolou as plagas brasileiras.
Segundo Batista Caetano, o termo Tamandaré originou-se de Tamandaré (tab-moi-nda-ré), isto
é, aquele que formou um povo ou o repovoador da Terra. Nesse caso, o Manú dirigente dessa
raça, em que se infundiu o sangue português, qual fenômeno cíclico por Lei exigido.

Fato histórico dessa miscigenação racial é a mística união entre Diogo Álvares Correia,
o Caramuru, representante da raça portuguesa, e Catarina Paraguaçu, a índia representante da
raça tupi.

José de Alencar, no seu esplêndido "Guarani", oferece-nos em poucas e maviosas


frases, a lenda do Manú brasileiro e de sua esposa:

"Foi longe, bem longe dos tempos de agora. As águas caíam e começaram a cobrir a
terra. Os homens subiram ao alto das montanhas. Um só ficou na várzea com sua esposa. Era
Tamandaré. Forte entre os fortes, sabia mais do que todos. O Senhor falava-lhe de noite e de
dia ele ensinava aos filhos da tribo o que aprendia do Céu".

O romancista tece, nesse livro, o enredo que prende os corações dos dois principais
personagens, Cecí e Perí, a portuguesa e o índio. Perí quer dizer "a flecha"; e Cecí "meu pesar,
minha dor". Qual Deus Cupido, a flecha amorosa de Perí fere em cheio o coração de Cecí.

87. DIREITO DAS RAÇAS

Damos aqui a palavra de Menotti del Picchia, escritor e poeta dos mais ilustres.
73

"A descida dos tupis do planalto continental, rumo ao Atlântico, foi uma fatalidade
histórica pré-cabralina, que preparou o ambiente para as entradas no sertão pelos
aventureiros brancos desbravadores do oceano.

"A expulsão feita pelo povo tapir, dos tapuias do litoral, significa bem, na história da
América, a proclamação do direito das raças e a negação de todos os preconceitos.

"Embora viessem os guerreiros do Oeste, dizendo - Ya so Pindorama Koti, itamarana


po anhatim, yura rama recê - realidade não desceram com a sua Anta, afim de absorver a
gente branca e se fixarem objetivamente na terra. Onde estão os rastos dos velhos
conquistadores?

"Os tupis desceram para serem absorvidos. Para se diluírem no sangue da gente nova.
Para viver subjetivamente e transformar numa prodigiosa força a bondade do brasileiro e o
seu grande sentimento de humanidade; e aí parece estar indicada a predestinação da gente
tupi.

"Toda a história desta raça corresponde a um lento desaparecer de formas objetivas e


um crescente aparecimento de forças subjetivas nacionais. O tupi significa a ausência de
preconceitos. O tapuia é o próprio preconceito, em fuga para o sertão. O jesuíta pensou que
havia conquistado o tupi, mas este é que conquistara a religião daquele. O português julgou
que o tupi deixaria de existir; e o português transformou-se e ergueu-se com fisionomia de
nação nova contra a Metrópole, porque o tupi venceu dentro da alma e do sangue do
português.

"O tapuia isolou-se na selva para viver e foi morto pelos arcabuzes e pelas flexas
inimigas. O tupi sociabilizou-se sem temor da morte; e ficou eternizado no sangue da nossa
raça. O tapuia é morte; o tupi é vida".

Da lavra do brilhante Menotti são também as seguintes expressões:

"Somos um país de imigração e continuaremos a ser o refúgio da humanidade, por


motivos geográficos e econômicos demasiadamente sabidos. Segundo os dados de Reclus, só o
vale do Amazonas é capaz de alimentar trezentos milhões de habitantes. Na opinião bem
fundamentada do sociólogo mexicano Vasconcelos, é de entre as bacias do Amazonas e do
Prata que sairá a raça cósmica, que realizará a concórdia universal, porque será filha das dores
e das esperanças de toda a humanidade.

"Temos de construir uma grande nação, integrando na Pátria comum todas as nossas
expressões históricas, étnicas, sociais, religiosas e políticas, pela força centrípeta do elemento
tupi".

De um editorial publicado na revista "Dhâranâ", nº 72, intitulado "Uma Nova


Humanidade":

"Está se formando no continente sul-americano um novo tipo racial. Para concentrar-


se e tomar expressão só lhe falta um corpo coletivo capaz de fundi-lo em uma só entidade. Já a
atual população dos países Íbero-americanos possui, sobre outras, imensa superioridade do
74

ponto de vista estético, culturalmente emotivo e ideológico. A descoberta não é nossa; já o


disseram outros pensadores mais autorizados. Até o mais inferior índio mexicano possui em
seu imo, profunda sensibilidade e capacidade de organização. Que viva em choça e deixe
morrer a metade de seus filhos, não é prova em contrário. Em sua concepção dos valores da
vida não entra o fator castigo nem o problema da morte. Em troca, está profundamente
integrado no sentido de sua pessoa, como fator dentro de sua comunidade.

"Nisso se estriba o aparente mistério de produzirem eles uma arte plástica de


insuperável beleza, que só podem reproduzir, aproximadamente, raros artistas civilizados,
tidos como gênios. O gênio do índio mexicano produziu no começo deste século a maior escola
de pintura, sem exceção alguma e o maior ressurgimento dos grêmios de artesãos populares
de nossa época".

Roso de Luna, quando, em 1910, realizou uma série de conferências teosóficas pela
América do Sul, teve ensejo de dizer:

"O país de Pinzón, Cabral, Lopes e Souza, por sua maior vizinhança com a Europa e
África, por sua mescla de raças e por inúmeras outras razões... demonstra excepcionais
características que nos dão o direito de afirmar que seus futuros destinos são semelhantes aos
de Norte América; que em cultura, no litoral, nada fica a dever à Europa; do mesmo modo que,
em belezas naturais e espiritualidade, recorda o berço ário, a Índia, como se no desenvolver
dessa nobre raça - da Ásia à Europa e desta à América - coubesse ao Brasil a glória de servir de
remate e epílogo daquele grande povo, com um civilização fluvial e costeira igual a de todos os
grandes rios chamados Ganges, Indo, Oxus, Iaxarte, Nilo, Tigre e Eufrates, Danúbio, Ródano,
Reno, Mississipi, etc cada um deles legando ao humano um florão de sua coroa...

"Não resta dúvida alguma que as bacias do Amazonas e do Prata, com o decorrer do
tempo, selarão em suas ribeiras os destinos do mundo".

As proféticas palavras desses grandes pensadores fazem eco as nossas: Brasil Tu é o


Santuário da iniciação moral do gênero humano, a caminho da sociedade futura. Teu nome o
diz: é em teu seio, nas profundezas de teu solo, que se mantém vivas e crepitantes as brasas
de Agni, o Fogo Sagrado.

88. TODES DO BRASIL

Todes ? Mulukurumbas ? Naturalíssimas interrogações, essas como tantas outras.


ninguém pode saber o que não estudou nem o que "deixaram" de ensinar. Ao Sul da Índia há
uma região denominada Nilguíria, palavra que significa montanhas azuis. Blavatski, em sua
preciosa obra "Au Pays des Montagnes Bleux" (aludindo a Nilguíria), trata desses estranhos
seres que, a bem dizer, representam o alfa e ômega das civilizações lá existentes. Os
Mulukurumbas, homúnculos, monstrengos cujo olhar mata em treze dias a quem quer que
lhes seja antipático, constituem os últimos vestígios de uma raça desaparecida.
75

Os Todes, ao contrário, como fiéis guardiões de montanhas sagradas, ou guardas


avançadas de embocaduras que conduzem aos reinos infraterrenos, são as sementes de uma
raça futura, arregimentadas em determinada parte do globo, a espera do raiar do novo ciclo.
Naquela região o totem é o búfalo, com o qual conversa e se entende o Tode, como narra a
insigne autora. Este, como aquele fato, estão registrados nos arquivos das autoridades inglesas
que então dominavam a Índia, consignando até uma severa penalidade ao Mulukurumba que
com seu fulminante olhar abatesse um súdito da coroa britânica (3).

Os Todes se encontram em outras regiões do Globo, inclusive no Brasil, em


determinados sítios da majestosa Mantiqueira, onde em 1921 eclodiu a obra em que está
empenhada a S. B. E. e também a Serra do Roncador (Mato Grosso), subterraneamente
comunicante com a montanha peruana de Machu-Pichu.

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(1) - Também de caráter guerreiro era a primeira sub-raça ária que povoou, como se disse, o
Norte da Índia. A uma de suas quatro castas se deu por isso mesmo o nome de Kshattrya, no
sentido de aguerrida, a par de Jina, isto é, heróica e sábia.

(2) - A cidade de Cuzco, no Perú, como toda a cordilheira de Machu-Pichu, comunica-se por via
subterrânea com a Serra do Roncador, em Mato Grosso, por se tratarem de regiões Jinas.
Nossos Xavantes, de caráter aguerrido, mas não feroz como dizem alguns sertanistas, são os
fiéis guardiões de uma região vedada à curiosidade profana; uma espécie de tabu onde se
oculta grande mistério relacionado com a descida das Mônadas de Norte para Sul e com a
infusão do nobre sangue ibérico no não menos nobre da raça Tupi.

É conhecida a tradição que nos fala da advertência Xavantina: Toda a vez que um
intruso se aproxima de suas terras, vê cair na sua frente uma flecha atirada por mãos invisíveis.
Se teima em prosseguir, a segunda flecha lhe cai junto aos pés, para uma terceira o ferir
mortalmente, no caso de não atender ao aviso da nação aborígene localizada na bacia do
Tocantins.

O termo Xavante poderia ser decomposto em dois: chave, andes. Ligada a essa
possível derivação, estaria a hipótese de se encontrar em suas mãos a chave do enigma.
Tentaram ir buscá-la e não voltaram para contar a aventura, os valorosos Fawcett, pai e filho.
Quem se interessa pela história desses heróis, poderá ler algumas páginas emocionantes
assinadas por Feliciano Galdino, publicadas em "O Globo", do Rio, de 17 de setembro de 1928,
que, pela sua importância, foram transcritas por Bernardo de Azevedo da Silva Ramos, por
justa alcunha, "O Champollion brasileiro", no segundo volume de sua citada obra, "Inscrições e
Tradições da América Pré-Histórica", sob o título de "Os Mártires da Ciência" (pgs. 470/474).

(3) - terrível poder esse o de matar uma pessoa em duas semanas, pela força do olhar direto. A
magia negra, como a branca, dispões de métodos e processos incrivelmente eficazes e rápidos.
Poder mortífero semelhante ao olhar dos Mulukurumbas , possuem os "Kahunas", magos
nativos do Havai, os "donos do Segredo". Podem eles matar um desafeto a distância, pela
76

prática da "Ana-Ana" - A oração da morte. Uma das perguntas mais frequentes dos turistas
que chegam a Honolulu é sobre a veracidade e os perigos dessa arma.

Max Freedom Long, em seu livro "Milagres da Ciência Secreta" (Secret Science Behind
Miracles) reporta suas observações pessoais e as constatações do Dr. William T. Brigham que
conviveu quarenta anos com os Kahunas do Havai. Os arquivos do "Queen's Hospital", de
Honolulu, indicam, segundo o autor, que as vítimas dessa potente forma de magia não
escapam da morte, apesar de todos os socorros que a medicina lhes possa oferecer.

"Nos primórdios do Havai, prisioneiros de guerra, bem como outros quaisquer


infelizes, recebiam o que se chamava tratamento pela sugestão hipnótica para, numa forma de
grande potência, fazer com que seu espírito subconsciente, depois da morte, se separasse da
mente espiritual consciente e permanecesse como fantasma, a fim de guardar as clausuras de
pedra sagrada dos templos nativos do "kahunaísmo" decadente. É provável que alguns destes
infelizes receberam ordens de servir os kahunas na "oração da morte", mesmo depois de
executados.

"Os espíritos (elementais) também recebiam instruções definitivas sobre o que deviam
fazer com a força vital. Deviam apanhar como que o odor pessoal através de uma mecha de
cabelos ou fragmentos de vestuário usado pela vítima e segui-la pelo faro, assim como faz um
cão à procura do dono pelas pegadas que este deixou no solo. Tão logo encontrasse a vítima
deveriam esperar uma oportunidade até que pudessem penetrar em seu corpo. Isto eles eram
capazes de fazer por causa da sobrecarga de força vital que lhes fora doada por seu mestre e
que deveria ser usada como choque paralisador.

"O processo era um só, qual seja o de penetrar no corpo da vítima ou anexar-se ao
mesmo. Uma vez feito isto, a força vital da vítima era retirada pelos espíritos intrusos e
armazenada em seus fantasmas. Como as forças da vítima eram retiradas pelos pés, uma
espécie de insensibilidade advinha dos mesmos, a qual progredia gradativamente num período
de três dias até os joelhos, quadris e, finalmente, o plexo solar e o coração, vindo então a
vítima a falecer.

"Quando a morte era consumada, os espíritos retiravam o máximo de força vital e


voltavam para seus mestres. Se a vítima fosse salva por um outro "kahuna", os espíritos
voltavam para seu chefe, porém hipnotizados e com ordem de atacar o mandante. Neste caso,
poderiam de fato atacar e então os resultados eram fatais. Com o propósito de evitar tal
perigo, o ritual de magia era seguido à risca, quando o "kahuna" enviava seus espíritos (kala).
Ou, ainda, como acontecia na maior parte dos casos, a pessoa que contratara o "kahuna" para
enviar a "oração da morte" a outro, e que afirmava merecer a vítima tão drástica punição, era
nomeada responsável e a única a ser atacada, caso a vítima fosse salva por outro "kahuna" e
os espíritos mandados de volta, antes da tarefa cumprida".

O autor observa que nenhuma das explicações correntes acerca da "oração da morte",
como o uso de algum veneno, ou "pavor supersticioso", era verdadeira. Quase nunca a vítima
sabia que estava sendo assassinada pela magia. Em seguida passa a relatar detalhadamente os
casos por ele observados.
77

Mais uma lenda que, como tantas outras, vem comprovar existência de um mundo
subterrâneo, a que se referem as tradições dos povos primitivos, assunto de que temos
tratado em diversos trabalhos, inclusive em nosso livro "O Verdadeiro Caminho da Iniciação".

Tal mundo ou país é conhecido por vários nomes, sobressaindo dentre todos o de
Agartha, muito citado nas obras do marquês Saint'Yves d'Alveydre, "La Mission des Juifs" e "La
Mission de L'Inde, Mission de Europe dans L'Asie"; como no livro "Le Roi du Monde", do ilustre
cabalista Réné Guénon e também no de Ferdinand Ossendowski, intitulado "Bêtes, Homes,
Dieux".

Agharta é a mesma Asgardi ou a cidade dos Doze Ases, dos Edas escandinavos, o
mesmo País subterrâneo de Asar, dos povos da Mesopotâmia. É o País do Amenti a que se
refere o Livro da Santa Morada ou Livro dos Mortos, mal compreendido pelos ocultistas que
tentaram comentá-lo. É ainda o País das Sete Pétalas descrito por Parashara a Maitréia no
Vishnu Purana, ou o dos sete Reis de Edon (Éden ou Paraíso Terrestre). Para os tibetanos e
mongóis é a Cidade de Erdemi; na Mitologia grega, são os Campos Elíseos, o Tártaro ou Hades;
para os antigos mexicanos, a Cidade de Tula ou Tulã; para os bardos celtas: A Terra do
Mistério, cantada por O'Hering. É o famoso Monte Salvat, das tradições do Santo Graal e do
ciclo artúrico, nas quais se inspirou Wagner para compor suas monumentais peças Lohengrin e
Parsifal. É a Terra de Chivin ou Cidade das Treze Serpentes; o Fu-Sang das tradições chinesas;
"o Mundo subterrâneo que fica na Raiz do Céu", segundo o Votan Tsental; o País dos Calcas,
Kalcis ou Kalkis, ou a famosa Cólchida, para onde se dirigiam os Argonautas. Na literatura inca
se fala do famoso falcão, companheiro inseparável de Manco-Capac, imperador da dinastia
incaica. Essa ave se chamava "indi", era venerada e temida por todos de sua raça.

CAPÍTULO VII

89. NATUREZA DOS PENSAMENTOS

O pensamento é o resultado das vibrações na matéria dos corpos invisíveis do homem.


Tal como acontece a todas as vibrações, elas se transmitem no meio que lhe é próprio. A
diferença entre as ondas produzidas pelo som e as que se originam do pensamento, está em
que estas se propagam por dimensões desconhecidas no mundo físico. À medida que a onda
se afasta do seu ponto de partida, vai diminuindo seu poder, alcançando, porém, as do
pensamento uma distância incomparavelmente maior que as emanadas de qualquer outra
fonte.

Quanto à natureza e vitalidade dos pensamentos, depende de vários fatores, entre os


quais está a espécie da matéria que os produziu. Emitidos pelo intelecto de um homem vulgar,
sua potência é limitada nos mundos em que deve agir, devido, principalmente, a projetarem-
78

se em planos onde turbilhonam milhões de pensamentos da mesma natureza inferior que, de


certo modo, logo anulam seus efeitos. Emanados, porém, dos homens superiores, encontram
campo mais livre que lhes permite atingir grandes distâncias e permanecer ativos durante mais
tempo.

Vibrações desta natureza são, por exemplo, as produzidas por pensamentos teosóficos
ou eubióticos que, pairando nas mesmas alturas dos de caráter puramente religioso ou
científico, acham-se destes separados pela nitidez e precisão de suas formas. Um pensamento
teosófico ou eubiótico assemelha-se a um som produzido no meio do mais absoluto silêncio.
Ele age em matéria mental ainda pouco utilizada, tocando as fronteiras do plano búdico, onde
não podem chegar nem os mais elevados pensamentos filosóficos e científicos, em geral
indecisos e impregnados de matéria em que se origina a vaidade e o orgulho.

É no plano búdico que se faz a leitura dos anéis "acásicos", podendo-se distinguir a
identidade de nossas vidas anteriores; por isso o "Akasha" é chamado o Grande Livro da Vida.

90. EFEITO DOS PENSAMENTOS

O pensamento, principalmente quando dirigido por uma forte vontade, é sempre uma
entidade viva, capaz de realizar a idéia que lhe deu origem. Projetadas no ambiente, essas
entidades vivas representam outros tantos mensageiros, destinados a propagar o bem ou o
mal, o amor ou o ódio, a virtude ou o vício. Acordam os germes das boas e más tendências
latentes nos cérebros humanos, não raro dependendo deles o impulso original de uma vida
virtuosa ou pecaminosa. Conscientemente projetados em uma determinada direção, por mais
distante que esteja o objeto visado, agem tão eficazmente como se estivessem fisicamente
presentes os indivíduos que os emitem.

Incalculável é o mal que homens e mulheres causam ao mundo e a si próprios pela


força destruidora de seus pensamentos hostis, de suas palavras de ódio, de inveja, de egoísmo.
A calúnia, a maledicência, o rancor são outros tantos inimigos mortais da alma.

Felizmente, como consoladora compensação, existem as formas-pensamento de paz e


amor, de bondade e solidariedade, emitidas pelos que se dedicam à felicidade humana,
capazes de induzir calma, coragem, resignação, tranqüilidade e toda a sorte de benefícios
morais, e mesmo materiais, às almas aflitas e sofredoras.

Os efeitos dos pensamentos são tão intensificados quando emitidos conjuntamente


por várias pessoas. Daí os maiores benefícios que auferem as coletividades onde militam
associações espiritualistas e escolas de iniciação, como a Sociedade Brasileira de Eubiose, em
cujas sedes e templos se reúnem seus membros para ensinar e vivenciar as regras de paz, do
amor e da concórdia universal.
79

As poderosas egrégoras assim formadas movem-se e vibram em todas as direções,


afastando ou dominando as vibrações negativas dos gênios do mal. Quantos benefícios esses
pensamentos coletivos tem trazido à humanidade! Ninguém jamais o poderá saber, porque as
entidades que eles representam vibram e agem na matéria sutil que não se vê e na qual, por
isso, poucos acreditam.

91. EVOLUÇÃO DA MATÉRIA MENTAL

As ondas de pensamentos altruístas e generosas propagadas no plano da matéria


mental, não se limitam a favorecer e beneficiar apenas os que são por elas alcançados;
concorrem para o desenvolvimento e enriquecimento da própria matéria que lhes serve de
condução, de veículos transmissores.

No estado atual da humana evolução, apenas quatro das espirilas de cada átomo se
acham vivificadas e a última só entrará em plena atividade, no presente período de vida do
Globo, desenvolvendo a faculdade correspondente a consciência mental. A maioria dois
homens só agora inicia o desenvolvimento dessa faculdade que irá futuramente dar-lhe posse
plena dessa consciência, ainda incipiente.

O homem dotado de um corpo mental em que os átomos constituintes já contenham


essa espirila ativa, emitirá constantemente átomos dessa natureza superior, suscetíveis de
adentrarem o aura de pessoas afins e de serem por estas utilizados. Desse modo, todos os
pensamentos puros levam em si átomos evoluídos que irão despertar no mundo mental, as
espirilas daqueles cujas consciências mentais, por ausência de veículo apropriado, ainda não
puderam manifestar-se.

92. FORMAS E CORES

As cores do ovo áurico, de cada homem revelam o estado evolutivo de seu corpo
mental. É também pelas formas e cores dos pensamentos que nesse "ovo" se agitam ou dele
se projetam para o exterior, que o clarividente pode ter conhecimento do caráter de cada
pessoa. A forma indica a natureza boa ou má do pensamento, e a cor espalha a qualidade
superior ou inferior da matéria que o reveste. A precisão dos pensamentos, sua intensidade e
natureza, resultam da luz e da nitidez de suas formas.

O tom rosa brilhante caracteriza os pensamentos afetivos, amorosos; os que visam


aliviar alguém de sofrimentos, apresentam-se aos olhos do clarividente em matizes de ouro,
de azul celeste e, por vezes, de um branco prateado. Dir-se-ia que tais pensamentos, como
todos os de simpatia e amizade, depois de tomarem a forma ovóide, que é a de qualquer
criação física ou mental, adornam-se de asas e partem com uma velocidade superior à da luz,
80

através do mundo mental, em busca de seu destino. Assemelham-se aos Devas luminosos dos
hindus, tanto quanto aos anjos dos cristãos.

De cores embaçadas e turvas e de formas grosseiras apresentam-se os pensamentos


de sensualidade, ódio, ciúme, cólera, irascibilidade, por se acharem impregnados de matéria
astral. Neles predominam os tons escuros do vermelho e do verde, projetando-se sob formas
de raios e de garras aduncas.

A grande maioria dos pensamentos não tem uma forma precisa, nem cores marcantes,
assemelhando-se a espessos nevoeiros de contornos indefinidos. São dessa natureza os
emitidos pela massa de fiéis e devotos, ao entrarem nos templos e igrejas, com pouca fé e em
geral sem convicções fundamentadas, conferindo assim, inevitavelmente, um nível de
pequena ou nula espiritualidade ao ambiente. Formam-se sobre eles nuvens de um azul
sombrio, por entre as quais transitam lívidos pensamentos de medo e remorsos ou estranhas
formas tentaculares do egoísmo.

93. ORIGEM DOS HÁBITOS

Toda e qualquer forma-pensamento, uma vez criada, tende a persistir viva e a


reproduzir-se no corpo que a plasmou. Este fato, de máxima relevância, verifica-se também no
plano físico e basta para explicar a razão de ser de nossos hábitos de pensar e sentir. Isso
justifica a ênfase dos teósofos e ocultistas ao recomendarem a formulação de pensamentos
altruístas, a emissão de idéias nobres e a imaginação de esquemas construtivos, progressistas,
liberais que, incentivados com palavras da mesma natureza, concorrem seguramente para
acelerar a evolução do homem.

O desconhecimento desse fato é a causa de baixo teor vibratório nos pensamentos de


uma grande maioria, que os mantém restritos às suas exclusivas conveniências pessoais,
entravando assim a marcha do progresso da coletividade.

São de um grande mestre estas palavras: "O homem cria sem cessar no seu ambiente
um mundo próprio, povoado pelos produtos da sua imaginação, dos seus desejos, dos seus
impulsos e das suas paixões". As formas-pensamento grosseiras invadem nosso aura,
aumentam sempre de número e se tornam suficientemente fortes para dominar toda nossa
vida mental e emocional, desde que obedeçamos docilmente nos seus impulsos e caprichos,
coagindo-nos a criar hábitos de pensar e sentir que passarão a formar parte integrante do
nosso caráter.

94. ELEMENTARES ARTIFICIAIS


81

Dá-se o nome de elementares artificiais às formas-pensamento excepcionalmente poderosas,


criadas pelo prolongado esforço de um ou vários homens reunidos para o mesmo fim. Essas
entidades, plenamente vivificadas, podem ser benéficas ou maléficas e, uma vez bem
constituídas, dificilmente poderão ser aniquiladas. Continuarão através dos séculos a executar
o trabalho ordenado pelo seu criador, mesmo quando este venha a arrepender-se de havê-las
plasmado.

Quando impossibilitadas de descarregarem a energia que lhes deu a vida, sobre o


objeto a que se destinam ou sobre seu próprio criador, elas se transformam em verdadeiros
demônios, atraídos constantemente para quantas pessoas mantenham pensamentos ou
sentimentos de sua natureza. São geralmente a causa das obsessões e dos acidentes entre os
frequentadores das sessões anímicas ou necromânticas, impropriamente ditas espíritas, e que
eles, mal orientados pelos livros e os adeptos do "Kardecismo", atribuem a "espíritos atrasados
e sem lua" de pessoas falecidas.

Por vezes eles se apoderam de um "coque" ou cadáver astral e podem manifestar-se


na sessão através de um "médium", fazendo-se passar, astutamente, por alguém muito
venerado ou conhecido e, desse modo, exercer grande influência sobre os incautos.

O prestígio dessas entidades artificiais é notável principalmente entre os selvagens,


cujo amor e adoração elas estimulam por meio da prática de certos fenômenos psíquicos de
ordem inferior. conseguem assim, à custa da vitalidade de seus devotos, prolongar sua
existência durante anos e mesmo séculos.

Foram exímios fabricantes de entidades dessa natureza os magos negros que


proliferaram na decadência da Atlântida, os quais conseguiam envolver estas formas-
pensamentos em matéria física, fazendo-as surgir entre os combatentes nas guerras por eles
movidas contra as forças brancas. É a elas, animalescas e semi-humanas, criadas nos recuados
tempos do continente submerso, que se referiam os gregos, nos seus mitos dos faunos e dos
sátiros. A terrível deusa Kali, que até hoje tem sequazes na Índia e em outros países, pode,
com toda a probabilidade, ser uma síntese de elementais dessa natureza, como vestígio
pertinaz daquele tempo tenebroso passado.

Os conceitos aqui emitidos acerca da natureza e o poder das formas-pensamentos,


constituem tema de estudos nas escolas de iniciação e vem sendo desenvolvidos nas melhores
obras de Ocultismo. Dentre estas, assinalamos a de Arthur E. Powell, intitulada "El Cuerpo
Astral Y Otros Fenómenos Celestes", de que foram extraídos alguns trechos deste capítulo.

A propósito da formação moral da criança, é interessante ouvir o que diz esse autor,
na referida obra (pag 189):

"Durante os primeiros anos de vida do homem, o Ego tem pouco domínio sobre seus
veículos; espera, portanto, que os pais o ajudem a conseguir um domínio mais firme,
cercando-o de condições adequadas. É impossível exagerar a plasticidade desses veículos
ainda não formados. Muito pode fazer-se com o corpo físico das crianças; porém, muito mais
ainda se pode fazer com o veículo astral e com o mental.
82

"Estes corpos respondem prontamente a toda a vibração que lhes chega e são
intensamente receptivos a qualquer influência, boa ou má, que proceda de quem os rodeia.
Além disso, enquanto em sua tenra juventude sejam muito suscetíveis e se moldem com
facilidade, muito depressa se assentam e enrijecem, adquirindo hábitos que, uma vez
firmemente arraigados, são difíceis de extirpar.

"De sorte que o porvir das crianças depende dos pais e mestres em medida muito
maior do que geralmente estes supõem. Só uma clarividente sabe com que rapidez e em que
grande medida se poderia melhorar o caráter das crianças se o adulto fosse melhor do que é
correntemente. O meio ambiente em que crescem é de tanta importância, que na vida, em
que se alcança o adeptado, a criança há de estar em um meio ambiente absolutamente
perfeito."

95. FORMAS PENSAMENTOS DOS OBJETOS

Todas as vezes que o homem pensa num objeto qualquer, sua imagem aparece antes
de tudo no aura do seu corpo mental. O clarividente que "adivinha" nosso pensamento,
apenas "vê" suspensa diante de nós a imagem daquilo em que pensamos, seja uma pessoa,
uma casa, uma paisagem ou qualquer outra coisa. O pintor que vai executar um quadro, o
escritor que imagina um romance, o arquiteto que planeja uma construção, antes de
objetivarem no mundo físico suas concepções já as tem realizadas nos seus corpos mentais.
São formas-pensamento que persistem, tornando-se "contra-partes" invisíveis daquelas obras
de arte, e os sentimentos ou emoções que inspiraram seus autores, exercerão sua influência
nas gerações futuras, levando-as à concepção de idênticas obras.

Daí o mal que pode causar aos homens, principalmente às crianças, a contemplação de
quadros com cenas de guerra, de destruição, episódios sangrentos; a leitura de livros
deprimentes, negativos; de folhetos e revistas indecorosos. Pior ainda, devido o seu incoercível
efeito sugestivo, assistir a espetáculos de teatro, circo, cinema ou televisão, em que as cenas
de adultério, traição, corrupção, roubo, covardia, são apresentados de maneira a sugerirem a
reprodução do vício e do crime. Espetáculos esses que vêm exercendo tão nefasta influência,
em particular na mente da infância e da juventude, naturalmente propensas a imitar os maus
exemplos dos adultos. Compete antes de tudo aos pais, aos educadores e às autoridades
constituídas a adoção de medidas saneadoras adequadas, visando a moralização dos costumes
e o aprimoramento do caráter.

Citemos de passagem o curioso fenômeno a que estão sujeitos todos os artistas,


principalmente os romancistas e dramaturgos. Criados no plano mental os personagens de que
se vão utilizar para a realização de suas obras, não é raro que um escritor falecido ou mesmo
um "elemental", espírito da natureza, que não se deve confundir com os "elementais
artificiais", ao ver essas imagens mentais, delas se apoderam e as faça agir de modo diverso do
imaginado pelo autor. E este, à medida que escreve seu trabalho, nota com espanto, e sem
83

achar para o fato uma explicação plausível, que a ação se vai desenrolando de maneira muito
diferente que ele havia concebido.

94. ENTIDADES PERMANENTES

Além das citadas entidades criadas pelos magos negros, encontram-se espalhadas pelo plano
astral outras formas-pensamento, a bem dizer de caráter permanente, resultado de um
trabalho por várias gerações. As histórias religiosas, os acontecimentos históricos, as lendas
dos santos e heróis que ocuparam o pensamento dos homens, são outras tantas imagens vivas
existentes como formas-pensamento no plano mental, visíveis para um clarividente, que as
pode tomar por entidades reais, quando não possui suficiente experiência.

Poderoso é o efeito que essas formas-pensamento exercem na gênese dos sentidos


racionais, formando uma entidade coletiva, saturam o meio que nos cerca e todos os produtos
de nosso espírito, ao atravessá-las, sofrem deformações decorrentes de sua infância. Nossos
próprios corpos astral e mental, onde se originam nossas emoções e pensamentos, são
dominados por essa entidade, levando-nos a reproduzir suas próprias vibrações. A consciência
das multidões encontra nesse fato a verdadeira explicação.

Quando esse agregado de formas-pensamentos, constantemente intensificado pela


automática reprodução de pensamentos idênticos, tem caráter destrutivo ou é criado sob a
influência do ódio entre os povos e as raças, torna-se de tal modo poderosos que sua energia
se faz sentir no mundo físico em formas de guerras, guerrilhas, epidemias, crimes jamais
imaginados, desarmonia entre classes e revoluções sociais. Suas ações vão ainda mais longe,
originando tempestades, terremotos, cataclismos físicos de toda a natureza. Foram esses
poderosos agregados de formas-pensamento que abalaram até aos fundamentos, acabando
por fazer desaparecer o continente atlante da face da Terra. Foi esse incontrolável poder
maligno que desencadeou a guerra de 1914 / 18 e as calamidades que lhe sucederam. Não foi
de outra origem a força avassaladora que engendrou a guerra de 1939 - 45 e as sucessivas
lutas internacionais.

Povos inteiros, plasmando durante anos e anos explosivos pensamentos de ódio,


domínio, destruição, imaginando como inimigos implacáveis os demais povos do mundo,
alimentam e desenvolvem as monstruosas e sanguinárias formas-pensamento que subjugam e
escravizam os espíritos, mesmo os mais poderosos, levando-os a considerar como justos todos
os delitos contra o direito e a liberdade alheios e como necessários os mais nefandos crimes
cometidos contra a dignidade humana. Nessas ocasiões, a rubra matéria tamásica prevalece
pesadamente por sobre toda a superfície do planeta.

A história que registra os feitos humanos, ignorando a existência dessas fatídicas


formas-pensamento e de seu irrefreável poder, lançará sobre dois ou três nomes toda a culpa
desses crimes de lesa-evolução. Os portadores desses nomes serão execrados pelos
contemporâneos e pelas gerações futuras. No entanto, eles nada mais fizeram que dar forma
84

concreta, personificar e dirigir essas invisíveis forças maléficas, criadas e constantemente


alimentadas pelos negros pensamentos de milhões de seres humanos.

Elas não serão destruídas com a morte de um líder ou a queda de um governo nem
desaparecerão com a derrota completa desta ou daquela facção em luta. Permanecerão vivas
e ativas mesmo que não houvesse mais homens para assassinar nem cidades para arrasar.
Suas inesgotáveis energias continuarão agindo caoticamente para produzir aqui uma
epidemia, ali um terremoto, além um ciclone, as pragas, as secas, as inundações, os sinistros
coletivos.

A desordem e confusão que tais formas-pensamento provocam no mental humano


atingem igualmente o mental cósmico, cujas leis, aparentemente imutáveis, modificam-se e
alteram-se de modo alarmante, por força desses efeitos "kármicos".

95. OUTRAS FORMAS-PENSAMENTO

Todo e qualquer pensamento egoísta, em suas diversas modalidades (ambição,


avareza, cobiça, vaidade, impostura, orgulho) se tinge de cores turvas, pardacentas, com
reflexos avermelhados ou esverdeados, e suas formas adquirem linhas curvas, com aparências
de garras aduncas, como as das aves de rapina, ou assemelham-se a tentáculos ondulantes
que lembram bem os dos polvos e outros cefalópodes.

Ao contrário, todos os pensamentos altruístas, filantrópicos de abnegação e


generosidade, distinguem-se pelas cores claras e brilhantes, nos mais lindos tons de ouro e
azul, de púrpura e verde ou lilás. São frequentes ainda os matizes rosa e prata fulgurante, mas
muito raros os que reproduzem pequenos sois circundados de auras de todas as cores. As
formas desses pensamentos são radiantes, retilíneas, e jamais reconvergem ao ponto de
partida.

Um pensamento de devoção bem definido afigura-se à forma de uma flor ou de um


cone índigo com a ponta voltada para o alto, rumando para as regiões mais sutis do cosmos,
como para abrir um conduto pelo qual descem até ao pensador as sublimes vibrações desses
planos.

Os pensamentos bem definidos, formulados por seres conscientes e capazes de


dominar suas emoções, adquirem formas simétricas de rara beleza, entre as quais se
distinguem os triângulos entrelaçados ou separados, as estrelas de cinco pontas, os
hexágonos, as cruzes, os globos, relacionando-se em geral a conceitos metafísicos ou de índole
cósmica.

Os pensamentos de ciúme, de inveja, tomam formas de serpentes esverdeadas; os de


ira, cólera ou irritação violenta, surgem como um raio vermelho de uma nuvem da mesma cor;
mas quando a cólera é persistente, vê-se a projeção alaranjada de um estilete pontiagudo.
85

96. EFEITOS DA MÚSICA NO MUNDO MENTAL

Talvez não pareça razoável incluir entre as formas-pensamento, as produzidas pela


música. Se as considerarmos, porém como o resultado do pensamento do compositor,
expresso pelos artistas mediante seus instrumentos ou vozes, convencer-nos-emos de que lhes
cabe lugar destacado, principalmente pelos benéficos efeitos que produzem. Elas variam não
só com o timbre da voz e com a sonoridade do instrumento que as emitem, como também
segundo as qualidades artísticas do compositor e o virtuosismo dos executantes. As formas
musicais produzidas no plano mental emanam vibrações exatamente como as das formas-
pensamento.

São conhecidas dos clarividentes as cores e formas características resultantes da


execução de obras deste ou daquele compositor. Uma "overture" de Wagner, por exemplo,
produz um conjunto magnífico semelhante a um grupo de majestosos edifícios de paredes e
telhados resplandecentes. Uma "fuga" de Bach dá origem a formas audaciosas, de contornos
nítidos: uma forma rude mas simétrica, cortada verticalmente por uma infinidade de riachos
paralelos e multicores. Se observarmos os efeitos de uma canção de Mendelssohn,
distinguiremos algo como castelos volantes, rendilhados de ouro e prata.

As músicas populares originam formas variáveis, segundo os motivos, amorosos,


satíricos ou sensuais que as inspiram. As de caráter selvagem, sincopadas, povoam o espaço de
pequenos estiletes opacos, saltitantes, semelhantes aos produzidos pelos latidos dos cães,
pelos gritos e pelas buzinas estridentes.

Tal como sucede com as formas-pensamento criadas pelos grandes poetas, as dos
compositores persistem por milhares de anos no mundo mental, constantemente reforçadas
pelas repetições de sua execução nos concertos e nas gravações. As formas mentais da boa
música atraem os "espíritos da natureza". Seu afastamento do convívio humano é provocado
pelas formas-pensamento inferiores de que em geral nos achamos cercados.

A análise dos efeitos de um canto coral revela-nos como um tecido ondulante de fios
de diversas cores e contexturas, ao passo que um "solo" com acompanhamento produz no
mundo mental um fio colorido sinuoso ou espiraliforme, ao longo do qual se dispõem e se
movimentam magnificamente os diversos anéis do acompanhamento. Já uma música marcial
produz uma série de formas vibrantes ritmadamente em ondulações sucessivas. É conhecido o
efeito encorajador das pulsações de tais ondulações na mente dos soldados.

97. O DEVER DO HOMEM

O universo inteiro é um ser vivo, uma verdadeira forma-pensamento do Logos. Dentro


dela agem inconscientemente na realização do seu plano, em todos os setores da natureza,
entidades menores, visíveis e invisíveis, entre as quais se conta o homem; microscópica
86

reprodução do Homem Cósmico. Dotado do livre arbítrio e do poder de criar formas-


pensamento, povoando assim o Infinito de entidades vivas, tem o homem a faculdade de lhes
conferir qualidades e defeitos, perfeições e imperfeições. Mas nunca o direito de perturbar a
marcha progressista da Evolução, mediante espúrias criações mentais que possam causar
infelicidade e sofrimento a qualquer pessoa.

Compete ao homem evoluído espiritual e moralmente, tornar-se um colaborador


consciente na realização do grande plano do Supremo Arquiteto. Pode e deve o homem, digno
de sua Tríade Superior, trabalhar pela fraternidade e paz mundial. Por humilde que seja,
dispõe o homem da força mágica do pensamento, capaz de reerguê-lo de volta ao Nirvana ou
plano divino, e de ajudar seus irmãos a progredirem por esse mesmo e verdadeiro caminho da
Iniciação.

MISTÉRIOS DO SEXO

Segunda Parte

Capítulo I

Órbita dos Corpos Siderais - Serpentes de Fogo - Pulsações do Universo - A Roda da


Vida - Os Prometeus de Todos os Tempos - Evolução Prematura do Homem.

Capítulo II

A Verdadeira Constituição do Homem - Classificações antigas - Ciência Esotérica - Ovo


do Mundo - Corpo Áurico - Adepto e Homem - Métodos de Iniciação

CAPÍTULO I
87

98. ÓRBITA DOS CORPOS SIDERAIS , "SERPENTES DE FOGO"

Uma voz secreta, indefinível, a voz de nossa consciência interna, como aquela do
Judeu Errante da lenda, exclama constantemente em nossos ouvidos: Anda, Caminha, Avante !
Inútil resistir-lhe, porque a lei da vida é em síntese, a da mudança, do movimento, do caminhar
para determinado ponto, que só se considera ilusório por não ter sido ainda alcançado.

Essa lei envolve os próprios astros. Assim, nosso planeta realiza sua marcha em torno
do Sol por meio de movimento constante, acelerando a rotação de um dia, e lento na
transição de um ano. E no entanto, por ser o Sol, a seu turno, submetido a um movimento em
direção a constelação de Hércules (ou Lira), percorrendo no mesmo período milhões e milhões
de quilômetros, a elipse descrita pelo planeta, não se torna, no espaço sideral, mais do que
uma ondulação espiral, uma simples rosca de infindável parafuso, lembrando o movimento
dos anéis de uma serpente a deslizar cautelosamente pelo solo. Razão pela qual os sábios da
antiguidade denominavam os astros de Serpentes e Dragões da celestial sabedoria.

Pela mesma razão, na falta de melhor imagem literária, se chama de "Dhyans


Chohans", Espíritos Planetários, de Serpentes de Fogo ou Dragões Luminosos, expressões
encontradiças na literatura mística dos povos orientais, enquanto nas lendas dos primitivos
povos da América Central se fala de Serpentes Luminosas Voadoras. Ao norte da Índia existe
uma cidade chamada Srinagar que, além de outros significados, possui o de Homens-
Serpentes.

Semelhantes ao movimento da Terra em volta do Sol, também a Lua parece completar


a sua órbita em torno da Terra, em 29 dias e meio. Mas, na realidade, esse movimento é
ilusório, justamente por não estar a Terra fixa em um determinado ponto (foco da elipse), mas
constantemente em movimento, arrastando consigo o satélite, que é obrigado a traçar o seu
serpentino caminho de um ponto a outro da órbita terrestre, que traça no espaço sideral o seu
rastro que é outra serpentina. Alcança, enfim, o seu mais elevado ponto, arrastada pela massa
planetária, completando seu ciclo diurno de rotação.

Engastada no fantástico mecanismo celeste, nem por isso volta a ocupar o mesmo
ponto do espaço planetário do dia anterior, porém a Terra, nesse breve tempo, afastou-se
milhões de quilômetros do lugar em que se encontrava, à semelhança do fenômeno do
deslocamento do Sol em relação ao nosso planeta.

99. PULSAÇÕES DO UNIVERSO

Tudo se move, tudo caminha no universo. Movimento é vida; imobilidade é morte.


Entre esse par de contrários, irmãos poderosos e inseparáveis, como o Pai-Mãe das escrituras
sagradas, e seu reflexo na Terra, desenvolve-se o fio de nossa existência. Fio que se vai
88

tecendo, não pelas três Parcas nem pelas três Normas, mas pelas eternas Normas do
Movimento Cósmico. Seus respectivos símbolos, não deuses como pensa o vulgo, são
representadas por Brahmã, o crescimento germinativo, o movimento progressivo de tudo
quanto nasce, cresce ou se dilata; e por Shiva, o decrescimento vital, o cíclico movimento
regressivo de quanto se contrai ou morre, e que se vai transformando e desaparecendo,
ilusório equilíbrio, fugaz, instável, relativo, fio apenas da limitação, da inércia, da forma
cambiante que jamais volta a ser idêntica a si mesma nos momentos sucessivos.

No começo era o Ritmo, disse o inspirado Wagner. E o Ritmo outra coisa não é senão o
eterno caminhar de Édipo, alma incansável, embora o corpo se desgaste na caminhada (alusão
aos pés inchados) e mesmo que, de costas para a Luz, como disse Platão, tome por seres reais
as sombras que se projetam nas paredes de seu cárcere terreno (o bíblico pote de argila), do
qual se libertará gloriosamente com a morte física, para renascer em outro mundo, o mundo
"Jina" ou "Lunar".

100. A RODA DA VIDA

A Causa desconhecida dos efeitos, que pode ou não ser observados, chama-se Vida
Una, imutável em sua eternidade, não importa o nome que se lhe queira dar, mas, Essência de
tudo quanto não poderia existir sem Ela; que não teve princípio nem jamais terá fim; da qual
emana o mental ou inteligência universal, "Mahat", que é a síntese de todas as inteligências,
diferenciadas, por sua vez, em todas as manifestações existentes, inclusive nos seres humanos.

É o movimento eterno e ininterrupto que governa as demais leis da Natureza, que


regem, por sua vez, o equilíbrio dinâmico dos Universos e a harmonia perfeita, que envolve,
soberana e completamente, não apenas quanto nos seja possível observar ou sentir, mas tudo
quanto escapa à nossa limitada visão e inteligência. Inalterável e perpétuo Movimento,
produtor de maravilhosas vidas e de inefáveis vibrações em todos os planos cósmicos e
terrenos, sapientissimamente regido por Lei Suprema e Única, a qual o verdadeiro teósofo
como Divindade Eterna e Absoluta; jamais como um Deus antropomorfo, moldado ao sabor da
mente humana, ora magnânimo, ora vingativo. Por isso mesmo, preferimos dar-lhe o nome de
Lei, de vez que não se pode deixar de convencionar um nome. Lei justa, reta, inelutável. Lei
Suprema e Única que a tudo e a todos rege.

Tal é a roda da vida e da morte, a roda terrível a que se refere Sidarta, o Mestre do
Nirvana e da Lei; roda da qual ele procurou libertar o homem, depois de ter-se iluminado com
suas meditações sob a "Árvore de Budhi", que é a Sabedoria. São dele estes primorosos
ensinamentos: "Uma vez começada a vida, qualquer que seja o seu lugar de origem e sua
causa, percorre o seu ciclo de existência, elevando-se desde o átomo ao verme, ao inseto, ao
réptil, ao peixe, ao pássaro, ao quadrúpede, até alcançar o homem, o demônio, o deva e o
Deus, para depois tornar à descer à terra e ao átomo.

"Razão de nosso evolucional parentesco com os seres de todos os reinos da Natureza.


Se o homem pudesse, pois, quebrar esse ciclo e livrar-se de tais transmigrações, o mundo
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inteiro participaria da obra de extermínio da ignorância, cujo temor é a sombra, e a crueldade


seu terrível passatempo.

"Sem poder salvar o mundo, e recursos existem para tanto, refúgio sagrado deve haver
contra tudo isso. Os homens pareciam gelados pelos ventos de inverno, até que a um deles
ocorreu fazer saltar do sílex a chama viva, partida do fogo solar, que na pedra fria se ocultava...

"Fartavam-se de carne, como lobos, até que um deles experimentou semear o trigo,
que germinou como uma pobre erva, e que, entretanto, dá nutrimento a todos os homens.

"Balbuciavam, apenas; gesticulavam como verdadeiros monos, até que uma "língua"
inventou a palavra, e pacientes dedos procuravam escrever a harmoniosa música das letras.

"Que dons possuem os meus irmãos, que não provenham da investigação, da luta e do
sacrifício inspirados pelo amor ?

"Se, pois, um homem nas minhas condições, que tudo possuindo em seus palácios,
tudo abandona por amor aos homens, e sua própria vida arruína, para dedicar-se a
investigação da verdade, para descobrir o segredo da libertação, quer esteja nos céus ou nos
infernos, quer no seio de todas as coisas, ou em nosso próprio imo, não sabe quando,
finalmente, se levantará diante de seus olhos o espesso véu das trevas; seus pés
ensangüentados e doloridos hão de chorar, desde já o caminho da libertação, por ter
alcançado a Meta, pela qual renunciou o império do mundo.

"E a morte encontrará o seu Senhor !"

Divinas palavras de um Mestre ímpar, que transcendeu a presente Ronda.

101. OS PROMETEUS DE TODOS OS TEMPOS

Este búdico "Matar a Morte" é o tema de Paulo de Tarso, em sua primeira Epístola aos
Coríntios, cap XV, e, mais incisivo, no versículo 16:

"Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou".

É a mesma tese teosófica de Roso de Luna, em sua obra "El Libro que Mata a la Muerte
o Libro de los Jinas" (1)

Porque a morte encontrará o seu Senhor quando este destruir a fatalidade com a
liberdade, a ignorância com o conhecimento, o jugo das leis naturais com o definitivo poder
sobre elas; poder que a Humanidade há de alcançar somente quando todos os seus membros,
sem exceção alguma, compreenderem e viverem o sentido de que "deuses fomos, mas nos
esquecemos por causa da nossa queda", como afirmam os grandes iniciados, de vez que a
iniciação consiste em verdadeiro despertar no mundo da Verdade.
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Por esse motivo, na literatura universal, a começar pelas epopéias, há sempre um


herói, um destemido viandante, um peregrino lutador que, inflexível como um astro na sua
órbita, caminha impávido até alcançar seu ideal, decifrando esfinges ou elidindo sereias,
atravessando mares ou galgando montanhas, não o detendo as seduções das Apsaras nem das
Kundrys, não o intimidando as ameaças ferozes dos Keshin nem dos Fafner...

Cavaleiros chamados "andantes", na idade Média. Todos eles de fato estão sempre
andando, sem jamais dormir, moralmente falando - (a falta de repouso de quantos se fizeram
escravos da Lei, para salvação do mundo), escudados na virtude, que é "qualidade de varão", e
atraídos pela Dama de seus pensamentos, de seus sonhos, ou seja a Tríade Superior que
preside seus atos (a mesma Psyké, ou a alma em busca do Espírito, seu bem amado, segundo a
mitologia Grega); mas, desafortunadamente, crucificados a cada passo, por quantas
esfingéticas ilusões e sombras procuram embargar-lhes o passo (como os fantásticos moinhos
de vento e rebanhos de ovelhas do Cavaleiro da Triste Figura), mas tendo que vencer, por lei
cósmica de ponderação de forças, por serem naturalmente superiores àquelas.

Todos os heróis das referidas epopéias tem por sublime protótipo o clássico Prometeu,
o gigante Imir dos Edas, preso à terra pelas invisíveis cordas dos Liliputianos, pois o próprio
significado etimológico de Prometeu (de Pro-mitor, o que vê e percebe), é de herói super-
homem, previdente, tanto que H.P. Blavatsky diz ter Ésquilo, na sua divina tragédia "Prometeu
Encadeado" (obra que teria custado a vida do autor por haver revelado ao mundo profano
mistérios iniciáticos assegurando que um dos maiores dons propiciados aos homens pelo
rebelde titã foi o de lhes impossibilitar a visão do futuro, que ele possuía; de acordo com uma
advertência de "luz no Caminho"; Antes que os olhos possam ver, tem que se Tornar incapazes
de chorar; antes que o neófito possa falar na presença do Mestre, tem que lavar suas mãos no
sangue do coração.

(1) O último capítulo dessa obra, intitulado "a morte da Morte, operada pela Teosofia",
recorda-nos, entre outros fatos e muitas experiências, que nas iniciações egípcias mais solenes
dos mestres, está demonstrando que o iniciador ou Hierofante submetia o candidato a uma
espécie de transe hipnótico que deixava inerte, desmaiado e como morto seu corpo físico, ao
mesmo tempo que levava a alma pelos amplos confins do mundo Jina ou astral, em
verdadeiras peregrinações que na tradição tem chamado "A descida de Orfeu aos infernos
para libertar Eurídice", "A de Perseu para libertar Andrômeda", "A de Pitágoras", "A de
Telêmaco em busca de seu pai Ulisses", etc. Não é preciso dizer que, com isso, a partir desse
momento, logo que ao terceiro dia o inerte corpo do candidato despertava de seu letargo
físico sob o primeiro raio de Sol nascente, conservando plena consciência de que se havia visto
cadáver (em seu corpo de carne), e, simultaneamente, vivo (em seu duplo astral, corpo em
que recebera a iniciação), o iniciado nunca mais temeria a morte (segundo a própria frase de
Cícero ao regressar de sua iniciação eleusiana), e estivesse apto para realizar, com desprezo de
uma morte que já para ele era pura mentira, os maiores heroísmos.

Refere-se em seguida, às múmias egípcias, a que se dedicara a ciência necromante do


País dos Faraós, com seus profundos conhecimentos anatômicos e químicos, a conservar
quase indefinidamente o organismo corpóreo de seus reis e sacerdotes, salvo, como é natural,
certas partes brancas e vísceras do mesmo. Dentro do critério ocultista que o autor desenvolve
91

nessa obra, há motivo para pensar que, com semelhantes práticas, da mais refinada magia
negra e a mais anti-natural, o que faziam era suspender a evolução interior daquelas almas
que, devido a conservação maior ou menor dos corpos físicos, ficavam atadas e retidas em
esferas vizinhas deste mundo inferior. Semelhante estado de suspensão da marcha
ascencional das lamas, que acompanham a destruição "conjurada" dos corpos de carne,
devem equivaler, em um aspecto ao fenômeno do trânsito da larva à crisálida, fenômeno em
que não há putrefação. Em outro aspecto, corresponde ao estado desses cadáveres que, longe
de se compreenderem, são encontrados às vezes dentro de suas tumbas em conservação tão
perfeita que lhes permitiu crescerem o cabelo e as unhas, e até apresentarem uma coloração
em suas faces, por neles continuar a circulação sanguínea, alimentada "etereamente" através
das paredes da sepultura, pelos mais aterradores fenômenos do vampirismo.

Em são Ocultismo, a completa liberação da alma pressupõe, como condição


indispensável, a total decomposição ou a incineração do corpo. Tudo quanto de um modo ou
de outro impeça ou retarde essa liberação de átomos físicos pelo corpo aprisionado, além de
ser uma operação necromante, impede ou atrasa semelhante liberação, tal como sucede no
caso das evocações que se fazem dos mortos nas sessões espíritas e em geral todo e qualquer
ato de comunicação com os que se despediram deste mundo, salvo as comunicações de
pensamentos e palavras nascidas do amor, que é superior à morte, e da santa recordação de
sua obra e de bons exemplos de sua vida.

102. EVOLUÇÃO PREMATURA DO HOMEM

A autora de "A Doutrina Secreta", diz a respeito do viajante Prometeu, o que foi ao céu
e volveu à terra para trazer-nos o dom do pensamento, com o qual nos igualamos aos deuses,
as seguintes palavras, dignas de profunda meditação:

"Em sua revelação final, o antigo mito de Prometeu, cujos protótipos e arquétipos se
encontram em todas as antigas teogonias, equivale, em todas elas, à origem do mal físico, por
ser a entrada nessa mesma vida humana. Cronos é o Tempo, cuja primeira lei é a de que se
conserve a ordem das fases sucessivas e harmônicas, no processo da evolução cíclica, sob pena
de um desenvolvimento anormal com todos os seus terríveis resultados, não estava, embora
se pense ao contrário, no plano para o desenvolvimento natural do homem o intento de
convertê-lo com tanta rapidez, intelectual, psíquica e espiritualmente, no semideus que é a
Terra, antes que sua constituição física pudesse tornar-se mais potente e longeva que a de
qualquer dos grandes mamíferos.

"O contraste é muito grosseiro e evidente, e o tabernáculo, por sua vez,


demasiadamente indigno do Deus que nele habita. Assim, o dom de Prometeu converteu-se
em maldição, embora de antemão conhecida e prevista pela Hoste das excelsas entidades
sintetizadas no mesmo Personagem, segundo seu próprio nome o demonstra. Em tal mistério
estão fundados, ao mesmo tempo, seu pecado e sua redenção, pois que a hoste de seres que
92

encarnaram em uma parte da humanidade preferiram o livre arbítrio à escravidão passiva, a


dor e a tortura intelectual, consciente, durante miríades de séculos, à beatitude instintiva,
imbecil e vazia.

"Sabendo que semelhante encarnação era prematura e não estava no plano da


natureza, a Hoste celeste, ou Prometeu, sacrificou-se, entretanto, para beneficiar, desse
modo, uma parte da humanidade. À medida, porém, que salvava o homem do obscurantismo
mental, infligia-lhe as torturas da própria consciência de sua responsabilidade, resultante de
seu livre arbítrio, além de quantos males é herdeiro o homem por sua carne mortal.

"Semelhante tortura aceitou-a Prometeu, embora essa Hoste se houvesse, daí por
diante, misturado no tabernáculo por ela preparado (1). Sim, não concluído tal tabernáculo no
referido período de formação, por isso mesmo incapaz de espiritual evolução ou marcha para
adiante, ao lado da física, uma vez desfeita a homogeneidade pela referida mescla, aquele
dom de Prometeu se converte na causa principal, senão a única da origem de quanto por mal
se concebe..." (2)

(1) Tabernáculo a que os teósofos designam de Manassaputras, no sentido de filhos do


Mental, depois considerados Vasos de eleição ou, como dizem as teogonias, custodiados,
embora sem ligar um fenômeno a outro.

(2) Houve também uma Segunda Queda, à qual aludimos em nosso estudo "reminiscências
Atlantes" publicado na revista DHÂRANÂ, número 104.

103. DESOBEDIÊNCIA À LEI

Édipo-prometeu, ao desviar-se das diretrizes traçadas por Lei, não fez mais do que
imitar o mesmo fenômeno que acontece aos astros, se mesmo aos homens, quais mônadas
caídas do céu, dá-se o nome de Estrela, como prova a humana configuração pentalfa ou signo
de Salomão.

Por tudo isso, e muito mais ainda, se nosso planeta permanece submetido à lei de
rotação sobre seu eixo ou ciclo de raio curto, os dias, as noites e todas as resultantes climáticas
teriam um caráter de regularidade, normalidade e constância o que no entanto lhe falta
justamente por causa do ciclo de raio longo, que lhe permitiu girar em torno do Sol da
Verdade, não egolatricamente em redor de seu eixo antropocêntrico, conquanto lhe sucedam
também, como duplo viajante humano e terreno, crises análogas ou de dores, das quais, por
sua vez, padece a Natureza (com dores parirás teus filhos e te cobrirás de espinhos, na
expressão bíblica de Eloim), na sucessão das estações climáticas, não da rotação, mas da
transição da Terra, e que só poderá terminar de duas maneiras: ou cessando o movimento de
translação (o que seria absurdo, de vez que, mecanicamente, rotação e translação se acham
essencialmente ligados); ou orientando-se de modo reto e justo (do que certas fraternidades
93

iniciáticas tiram seu antigo lema "Justus et perfectus"), como no começo das coisas, até a
grande catástrofe atlante, que desviou de vinte e três graus o eixo da Terra em relação ao
plano da elíptica.

Foi esse desvio que lhe deu a forma do misterioso Tau ou Esquadro (outro símbolo
iniciático ou maçônico, além do seu sentido de construção, obra), com o plano translativo, mas
que um dia volverá, infalivelmente à sua primitiva posição, a despeito de opiniões contrárias
baseadas em cálculos aparentemente certos, mas certamente errôneos porque despistados
pelo véu maiávico (a ilusão dos sentidos), que envolve toda a abóbada celeste.

CAPÍTULO II

104. A VERDADEIRA CONSTITUIÇÃO DO HOMEM

Laboram em grave erro os que confundem o espírito ou Inteligência (NOUS) com Alma
(PSYKÉ) e com o Corpo (SOMA). Da união do Espírito com a Alma nasce a razão; da união da
Alma com o Corpo nasce a Paixão. Desses três elementos, a terra deu o Corpo; a Lua, a Alma, e
o Sol o Espírito. Por isso, todo o homem justo e consciente dessas coisas é ao mesmo tempo,
durante sua vida física, um habitante da Terra, da Lua e do Sol.

PLUTARCO (ISIS E OSIRIS)

Depois de Plutarco, iniciamos este capítulo citando Roso de Luna que, tanto quanto
H.P. Blavatsky, nunca poderemos deixar de citar porquanto, pela magnitude de suas obras, se
tornaram eternos credores

da gratidão e admiração dos verdadeiros teósofos.

105. O HOMEM-ZERO

Este conceito inicial é negativo e talvez o mais evidente. O homem igual a zero, que pode, de
fato, representar o homem e seus problemas para o ente vulgar que de si próprio jamais se
ocupou ? Um verdadeiro não-ser metafísico, nada, zero. Por outro lado, no começo das coisas,
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antes de seu desaparecimento como um ser distinto, emanado da Divindade, o homem nada
era, representava o zero. E a própria Divindade pode ser simbolizada por um Zero; neste caso,
Zero Astro ou Sol. Donde o nome adotado de Zoroastro, ou antes, por um dos seres que se
apresentam na Terra com esse nome.

106. O HOMEM-UNO

Este conceito, homem-uno, é por sua vez evidente. Por um lado, obediente a toda
espécie de manifestação, que é una no começo, como por exemplo, o talo do germe, do seio
do abstrato ou do não-ser. Por outro, como quer a ciência positiva, que só vê e analisa o
organismo físico, do qual pretende fazer derivar, como quaisquer funções ou secreções, os
princípios intangíveis e as faculdades hiperfísicas que integram o animal-homem.

107. O HOMEM-DUAL

Já não parece clara e evidente às mentalidades vulgares, esta maneira de considerar o


homem. Para divulgar a idéia da dualidade, as religiões apelam para a fé. A fé, no entanto,
pairando acima do conhecimento, não pode ser racionalmente explicada e muito menos
demonstrada cientificamente. Seria pois "algo" sentimental e inexplicável. As religiões cristãs,
por exemplo, ensinam que, com a morte, fica livre para sempre a parte imortal do homem, a
alma, criada por Deus, antes dos nascimento físico; e que depois da morte seu destino terá um
destes três endereços: céu, inferno ou purgatório, segundo sua conduta (boa, má ou neutra)
durante o tempo que viveu na Terra, unida a um corpo carnal perecível, porém capaz de
recompor-se e reanimar-se no dia do "Juízo Final", isto é, ressuscitaria o mesmo corpo que
fora seu tentador, seu lastro cruel e até mesmo seu inimigo mortal.

Este, em duas pinceladas, o quadro apresentado pelas religiões ocidentais com o seu
homem dual, alma e corpo, dois elementos, um mortal-eterno e outro mortal-ressuscitável.
Ou a mariposa triunfal, que bate suas asas policrômicas surgindo de misterioso casulo,
simbolizado no sudário da morte, e a asquerosa larva que, nele encerrando-se teve de morrer
para ressuscitar como alígero ser.

No entanto, mesmo errônea essa doutrina dualista, devemos convir que não está,
quanto a anterior, tão longe da verdade. pelo menos já considera algo que não morre.

108. O HOMEM UNO E TRINO


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Antes de chegarmos ao âmago da questão, convém lembrar que em nenhuma língua existem
sinônimos perfeitos. Assim, por exemplo, na palavra "cosmos" é essencial a condição de
harmonia; em "universo" temos a idéia de unidade invertida ou manifestada. Não é idêntico o
"ser" com o "existir", como demonstra a Ontologia.

Na concepção do homem trino se detiveram, historicamente, todas as filosofias


ocidentais, desde a antiga cabala até o moderno Espiritismo, sem falar nas de povos
aborígenes, como os africanos e ameríndios, e as línguas correspondentes, tais como a grega
(com o seu "NOUS" "Psiké" e "Soma"); a latina (com seu "spiritus", "anima" e "Corpus") e
algumas línguas pré-colombianas, tais como o guarani, essa língua ária sul-americana que
serviu de auxílio à cultura de um grande povo, séculos antes da conquista. Nela se encontram
os três referidos conceitos relativos a "corpo", "alma", e "espírito". Senão vejamos: "Pa", o
espírito, o hálito divino, ou "Hu", "Tu", que, segundo Wagner (é a própria gênese bíblica),
move-se originariamente sobre as águas primordiais (Ap-sa ou Apas, em sânscrito); "Pan" ou
"fP'an" é o espírito, porém já manifestado na alma, como em um veículo ou "perispírito", e
"Ang", o corpo, donde a verdadeira desinência que define o homem, como física integração
dos três citados elementos: "Pa-pan-gan"; ou, como demonstra o termo "caray" (donde
Caraíbas, etc.), o humano "fruto", segundo a doutrina dos "aba" (ava, avo, avô, etc) ou
"antecessores guaranis".

Essa mesma concepção, notável por sua simplicidade, resplandece também os


ensinamentos de Paulo: em sua primeira Epístola aos coríntios, alude a um "corpo material",
um "corpo espiritual" e um "Espirito". Depois os textos religiosos passaram equivocadamente
a considerar como sinônimos termos de significações distintas.

Por fim, o conceito de Plutarco, de Homem-trino, constituído de corpo, alma e espírito,


em relação respectivamente com a Terra, a Lua e o Sol.

109. O HOMEM-QUÍNTUPLO

Segundo a filosofia grega, a alma é atraída para baixo pelo corpo e para cima pelo
espírito, separando-se, por assim dizer, em três níveis constituídos respectivamente; a) pela
mente inferior ou passional (em Sânscrito denominada Kama-manas, alma animal, corpo dos
desejos; b) pela mente superior intuitiva ou agencial (Budhi-manas ou alma espiritual) e c) pela
mente reflexiva ou mediadora propriamente dita (o Manas Sânscrito, donde se deriva a
palavra "manú", pensador e "man", homem).

Esses três elementos anímicos formam com o espírito e o corpo a divisão quinária das
antigas filosofias do Oriente, nas quais, por essa razão, tomaram por símbolo o pentalfa, muito
propriamente relacionando-o aos cinco sentidos, aos "tatwas" e aos cinco continentes.
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110. CLASSIFICAÇÕES ORIENTAIS

O assunto foi amplamente tratado por H.P.B. em a "Doutrina Secreta" (Estância VI do


vol. I). Enquanto a classificação oriental e tártara chamada Táraka - Raja-Yoga, é ternária, como
as do ocidente, as posteriores da escola Vedanta obedecendo a forma quinária. ambas não
incluem Atmã, ou Espírito, por ser elemento hiperabstrato, consubstancial com a Divindade,
como os raios solares o são com o próprio Sol, passando a forma quaternária, uma, e
setenária, a outra. Idênticos se apresentam em mambos os termos mais sutis de espírito
(Atmã) e alma espiritual (Kárana-Upadhi) ou Ananda-maya-Kosha, literalmente: envoltório do
ilusório espírito), enquanto os elementos mentais do homem (sukshma-upadhi) dividem-se, na
escola vedantina, em mente superior (vijnana-maya-kosha) e mente inferior ou passional
(manas-maya-kosha) e os elementos mais baixos ou astrais e corpóreos (sthula-upadi, da
táraka) se dividem, por sua vez, segundo a Vedanta, em força transitória, da vida (prana-maya-
kosha) e elementos corpóreos (ana-maya-kosha).

111. CLASSIFICAÇÃO ANTIGA

A antiqüíssima classificação de Táraka-Raja-Yoga responde, a nosso ver, melhor que


qualquer outra às funções da magia prática ou "raja-yoga", no sentido de reforma ou
renovação do homem pela meditação, estudo e conhecimento. conquanto existem sete
princípios no homem, eles se firmam em três bases apenas, ou envolturas para Atmã. Este
pode, com efeito, agir separadamente em cada um desses três veículos ou "uphadis". Tais
veículos (correspondente ao corpo, à mente e a alma espiritual) podem ser separados por um
Adepto, sem perigo de vida (justamente por se relacionarem com as três regiões - terrestre,
lunar e solar, da teoria de Plutarco); porém, ele não pode desagregar os sete princípios sem
destruir a constituição integral. Não obstante todo Adepto, de aquém ou além Himalaia,
pertença ele a escola de Patanjali, à Áriasanga ou à Maha-yana (Budismo do Norte), deve
converter-se em um raja-iogue, e, como tal, aceitar a classificação "táraka", seja qual for à que
recorra com fins práticos esotéricos. Assim, tanto faz dizer "três upadhis com seus três
aspectos e mais Atmã, sua síntese eterna e imortal", como a todo esse conjunto chamar de
"sete princípios".

Não se conhecendo bem todos esses sistemas, o assunto parece muito complexo e não
raro se confunde princípios com corpos, quando estes são três em um, como o é o mistério de
sua própria origem, e os veículos propriamente ditos, os que ligam entre si, ligando ao Divino e
ao seio da Terra, qual nova maneira de se interpretar o fenômeno.
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112. O HOMEM SÉTUPLO

As duas classificações de iogues e vedantinos representam o precedente histórico da


chamada classificação teosófica, que foi divulgado no mundo ocidental pela primeira vez por
A. P. Sinnett, em seu livro "Budismo Esotérico", o qual, seguindo os ensinamentos da época,
classificou o homem em um Ternário ou Tríade superior, como diriam os pitagóricos, à saber:
Espírito, alma espiritual e mente superior ou abstrata (Atmã-Budhi-Manas), indubitavelmente
ligada à própria mente pelo quaternário inferior (Kama-manas) ou mente animal e sua
envoltura Kama-rúpica; linga-sharira ou corpo astral (mediador plástico, segundo a escola de
Paracelso, "perispírito" de Allan Kardec, etc.), corpo físico.

O quadro seguinte resume estas classificações e dá ao leitor melhor idéia de suas


correspondências:

______________________________________________________________________

I Budismo Esotérico I Vedanta I Táraka-raja-yoga I OcidenteI

----------------------------------------------------------------------

I Sthula-sharira I Ana-maya-kocha I Sthula-upadi I corpo I

I Prana I I I I

I Linga-sharira IPrana-maya-kosha I I I

I Kama-rupa I I I I

I Manas IManas-maya-kosha I Sukshma-upadi I alma I

I IVijnana-maya-koshaI I I

I Budhi IAnanda-maya-kosha I I I

I Atmã IAtmã I Atmã I espírito I

I I I I I

----------------------------------------------------------------------

113. DIVISÃO TRINA DO CORPO HUMANO

A lei de analogia demonstra que no corpo humano se refere a clássica divisão trina. Em
sua "Antroposofia", Brionde ensina que se examinarmos com atenção nosso corpo ou de um
animal adiantado na escala zoológica, podemos observar que existe uma tríplice divisão que
separa os órgãos mais importantes, encerrando-se em cavidades distintas e perfeitamente
98

limitadas. A cavidade inferior é encontrada na região antero-lateral, pelos músculos retos


anteriores do abdômen, obliquo maior e menor, aponeurose e músculo transverso (além de
outros pequenos elementos, como o músculo piramidal, etc.) Na região posterior da face,
temos o quadrado lombar, o psoas ilíaco, as apófises transversais da vértebras lombares,
músculos vertebrais, coluna vertebral, etc. A base se acha oculta pelos músculos períneos e a
aponeurose do períneo, com orifícios de saída para os diferentes condutos excretores - (
uretra, ânus, vulva). Na parte superior estende-se um só músculo, aponeurótico, que separa
perfeitamente o abdome do tórax, deixando, entretanto, passar o esôfago e a aorta. Seve, ao
mesmo tempo, de base para a chamada caixa torácica, segunda cavidade, limitada pela coluna
vertebral, costelas e esterno, dando passagem, no estreitamento superior, ao esôfago,
traquéia, artérias, etc., que põem em comunicação as três cavidades.

A terceira (ou primeira) e mais perfeita é a craniana, admirável abóbada onde todas as
leis da Arquitetura chegaram à sublimação, encerrando o conjunto de orifícios de entrada das
três cavidades: esotericamente o conjunto de orifícios, na razão setenária da própria
constituição do homem (olhos, ouvidos, narinas e boca).

Crânio, tórax e abdômen encerram admiráveis geradores de energia, usinas


transformadoras, laboratórios químicos e biológicos auto-controlados, capazes de uma incrível
complexidade de ações e reações, com planos de construção, produção e transporte
inteligentemente executados em todos os departamentos orgânicos, a ponto de a própria
Fisiologia considerar que temos dentro de nós um gênio diretor. São as três bases da
constituição mental, psíquicas e física em que se fundamenta o chamado cruzamento polar do
Ocultismo: cabeça na cabeça, cabeça no peito, cabeça no ventre; peito na cabeça, peito no
peito, peito no ventre; ventre na cabeça, ventre no ventre, ventre no peito.

114. CIÊNCIA ESOTÉRICA

Desde a primeira publicação da citada obra Sinett (1891) ou do desaparecimento de H.


P. Blavatsky (1891) aos nossos dias, os clássicos conceitos setenários da constituição humana
sofreram profundas modificações na sua exposição e interpretação, merecendo por isso
mesmo alguns comentários.

O estudo das ciências esotéricas, segundo H. P. B., visa a dois objetivos principais:
demonstrar que a essência espiritual e física do homem é idêntica no Princípio Absoluto ou
Deus na natureza; e demonstrar que no homem existem, potencialmente, poderes criadores e
destruidores idênticos aos que pulsam nas forças ou energias dessa mesma natureza.

A sagrada sentença do Longínquo Oriente - OM MANI PADME HUM - equivale só por si


a sempiterna e oculta diferenciação do Raio Uno ou Atmã que. ligado a Budhi e Manas,
constitui nossa Tríade Superior. Esta, sobrepujando os quatro princípios inferiores (ver
diagrama), acha-se envolvida em uma atmosfera áurica, dourada brilhante, de forma oval,
chamada por isso de Aura ou Ovo de Ouro, lembrando a gema do ovo, futuro embrião, em
relação a clara do e à casca, três coisas distintas numa só, alem de lembrar a forma espacial,
99

onde se mantém o ar, comparável à Consciência Universal, o externo Atmã (se assim
quisermos designá-la), em relação ao interno, que represente a Mônada em cada indivíduo. E
que são os indivíduos de todas as correntes de vida, senão infinitas frações do Grande Todo
em evolução, mais ou menos lenta, ao longo das sete Cadeias de cada Sistema. Diz uma
estância de Dzyan tantas vezes citadas, que Deus se divide para consumar o supremo
sacrifício. O homem é um microcosmo dentro do macrocosmo, ou uma fração microscópica
(potencialmente idêntica) na Unidade infinita e imperecível. Daí o maior ideal pregado por
todos os iluminados de todos os tempos: a fraternidade Universal (que não çe apenas, como se
pensa, a fraternidade humana, e que já é por si só um Grande Ideal), para que todos os seres
de todos os reinos da natureza possam evoluir, progredindo para atingir o fim estabelecido
dentro do período prefixado pela Eterna Lei.

Entenda-se ainda que esse ideal máximo de Fraternidade universal abrange o inteiro
esquema do Logos para a evolução da vida, não só aquelas formas visíveis em que os seres se
apresentam revestidos de matéria densa, nas mais variadas formas e constituições, pois inclui
paralelamente a evolução da vida nos planos invisíveis, em que os seres se apresentam
constituídos de matéria sutilíssima, hiperfísica, com indescritível variedade de formas, cores e
sons ou vozes, desde os espíritos solares, devas búdicos, devas mentais, do astral, silfos,
salamandras, gnomos, ninfas, ondinas, etc., além das formas menos etéreas de uma infinita
profusão de elementais ou espíritos da natureza.

115. O "OVO DO MUNDO" E O HOMEM

Os seres superiores percebem semelhante conjunto, desde planos mais elevados, de


sorte que para eles cada indivíduo é representado por uma esfera oval, mais ou menos
radiante, segundo seu maior, ou menor grau de evolução. Os Puranas expõem,
exotericamente, a alegoria do nascimento de Brahmã (masculino-feminino, na razão do Pai-
Mãe de quase todas as escrituras sagradas), no Hyrania-garbha (Ovo do mundo) circundado de
sete regiões ou planos, e, analogamente, o homem na matriz (materna), circundados, por sua
vez, de outras tantas capas ou envoltórios, a saber: embrião, líquido amniótico, âmnios,
cordão umbilical (que o prende astralmente à mãe, como esta à Lua, e o homem ao Sol, no
sentido esotérico ou das polaridades magnéticas), o alantóide, o interstício entre o âmnios e o
córion, e este como envoltura externa. Cada um desses sete elementos uterinos corresponde a
um dos sete planos da existência, e estes sete antétipos correspondem, por sua vez aos sete
estados da matéria e às adequadas forças da natureza.

No quadro abaixo estão esquematizados os grandes sistemas orgânicos, de forma


distinta da conhecida pela Ciência oficial, e que a própria Ciência Hermética procura velar,
tanto quanto possível, por não ser ainda o tempo de sua revelação completa.
100

----------------------------------------------------------------------

I I Aparelho I Aparelho I Aparelho Céfalo I

I I Digestivo I Circulatório I Raquidiano I

I--------------------------------------------------------------------I

I Orifícios de I Boca I Nariz I Olhos I

I Entrada I I I I

I--------------------------------------------------------------------I

I Orifícios de I Esôfago I Traquéia I Nervo óptico I

I Saída I I I I

I--------------------------------------------------------------------I

I Órgãos I estômago I Coração I Terceiro I

I Centrais I I I Ventrículo I

I--------------------------------------------------------------------I

I Órgãos I Fígado e I Pulmões I Hemisférios I

I laterais I Pâncreas I I I

I--------------------------------------------------------------------I

I Cavidades I Abdômen I Caixa I Crânio I

I orgânicas I I Torácica I I

I--------------------------------------------------------------------I

I Formas de matéI sólidos e I Ar I Luz I

Iria assimilávelI líquidos I I I

I--------------------------------------------------------------------I

I Redes I Sistema I Sistema arté- I Sistema I

I Gerais I quilífero I rio Venoso I nervoso I

I--------------------------------------------------------------------I

I Redes de I Tubo intestinal I Aparelho I Aparelho sexual I

I eliminação I I Urinário I interno I


101

I--------------------------------------------------------------------I

I Sublimações I Transforma os I Transforma o I Transforma o I

I I alimentos em I plasma sanguí- I fluído nêurico I

I I linfa e plasma I neo em energia I em magnetismo e I

I I sanguíneo. I nervosa ou I pensamentos. I

I I I fluído nêurico I I

I--------------------------------------------------------------------I

(1) Em semelhantes condições se encontra lá embaixo o seio ou "útero da Terra", que


representa a verdadeira mãe de todos os seres que vivem na superfície. donde o termo Mater-
rhea (Mãe Terra).

116. TRÍADE SUPERIOR E CORPO FÍSICO

Nosso corpo físico, a rigor, não participa das diretivas nem das excelsas ondas da divina
Essência, as quais fluem na Tríade Superior. Purusha, o Espírito Primordial, vem ter à cabeça e
nela se detêm, mas o homem espiritual, síntese dos sete princípios, com ele se acha
diretamente relacionado. Até agora só teve ocasião de dar uma classificação aproximada e
vaga dos referidos sete princípios. O budismo esotérico começa por Atmã, o sétimo, também
chamado de princípio crístico e termina no primeiro, em sentido da descida ou involução: o
corpo físico. Nenhum dos dois, entretanto, deve ser considerado estritamente como princípio,
porque aquele é a radiação no indivíduo, do Logos Imanifestado ou hipostaticamente Um com
ele: e o último, a simples casca ou envoltório protetor do Homem espiritual, o pote de argila
bíblico.

Em verdade, o princípio capital não é mencionado na literatura teosófica e ocultista.


Trata-se do Ovo luminoso (Hyrania-garbha), ou esfera invisível magnética que envolve cada ser
dos vários reinos da escala evolucional, representando muito mais que o aura ou eflúvio ódico,
como denominou Reichenbach, por ser aquele a emanação direta do raio átmico em seu
tríplice aspecto: criador, conservador e destruidor (Brahmã, Vishnu, Shiva) e também da
excelsa Tríade Atmã, Budhi-Manas.

O sétimo aspecto desse aura individual é a faculdade de revestir o corpo, convertendo-


o no radiante e luminoso Augoeides (corpo causal) dos neo-platônicos; o Deus Cupido, que
não é o Deus do amor da interpretação popular, no sentido da abstração sexual, e muito
menos do amor platônico, no sentido de aliança de todos os seres da Terra, que também
possui seu próprio aura. Em sânscrito, a expressão que corresponde a Augoeides é Mauavi-
rupa.
102

O homem espiritual, segundo a escola vedantina é constituído de cinco princípios; ela


substitui o corpo áurico pelo físico e resumiu em um só os dois princípios manásicos, e chama
de Atmã ao Espírito. Nisto se funda a crítica do sanscritista Subba Rao à citada obra de Sinnett.

Vejamos qual a verdadeira nomenclatura esotérica.

117. CORPO ÁURICO

Não era até então permitido falar publicamente do corpo áurico por ser o mais
sagrado. Depois da morte física, este se assemelha à essência de Budhi e de Manas,
convertendo-se no veículo desses dois princípios espirituais, não objetivados. A razão já
plenamente operada por Atmã sobre ele se eleva ao estado devacânico (celestial), como um
Mânasa-Taijasi, Manas radioso, iluminado pelo Eu superior, liberto das cadeias da carne. O
corpo áurico é, pois, o Sutra-Atmã (Sutratmã), conhecido na linguagem iniciática como Fio de
ouro (Sol) ou Fio de Prata (Lua), Andrógino etc., que se acha encarnado desde o começo do
manuântara ou ciclo, e irá até seu fim, engastando, uma após outra, as numerosas pérolas
desse Colar inefável, que tem por potencial o prodigioso número setecentos e setenta e sete,
como que colhendo o místico perfume das múltiplas personalidades de que vai fazendo uso
em sua longa peregrinação pela vereda evolucional da Vida.

118. O ADEPTO E O HOMEM

Processo semelhante se verifica quanto à matéria com que os Adeptos vão formando seus
corpos astrais, desde o Augoeides ou Mayavirupa, até os menos sutis. Depois da morte física,
quando as partículas mais etéreas do homem foram absorvidas pelos espirituais princípios de
Budhi e Manas superior, e iluminados pela direta radiação de Atmã ( razão porque o Mahatma
Djval-Kul dizia que o verdadeiro Mestre é o sétimo princípio), o corpo áurico passa ao estado
de consciência chamado Devachan ou ao puríssimo estado de Nirmanakaya se se trata de um
Adepto que habitava o plano astral, em relação com a terra, já que vive em seus humanos
princípios, com exceção de Kama-rupa e do corpo físico. no primeiro caso, ao chegar a
Devachan (reino dos Devas, equivalente ao céu dos cristãos, mas no astral superior, portanto
beatitude, bem-aventurança temporária, não eterna como se diz), seu linga-sharira, o Alter-
ego do corpo físico, sendo compelido pelas partículas materiais que o Aura deixa para traz,
permanece, ainda, estreitamente ligado ao cadáver, do qual sempre acaba por desvencilhar-
se.

No caso de um adepto, ao desintegrar-se do corpo físico, desintegra-se também o


centro de seus desejos e paixões, embora durante sua vida esses centros tenham estado mais
ou menos ativos e em constante correspondência com seus protótipos, os centros cósmicos. É
unicamente por intermédio desses centros espirituais que os correspondentes centros físicos
103

podem receber ações ocultas e recíprocas. O aura humano tem, como espaço cósmico e nossa
própria pele, sete revestimentos; razão porque, quanto mais delicado ou sutil for nosso aura,
maiores probabilidades teremos de abrir os olhos espirituais para os mundos superiores ou
divinos.

119. SENTIDOS, CONSCIÊNCIA E PLANOS CÓSMICOS

Antes de falarmos de sentidos, para clareza do assunto, fazemos uma pergunta e damos uma
resposta. São cinco ou sete ? Sete, sendo dois em estado latente ou ainda não desenvolvidos,
e portanto desconhecidos da Ciência ortodoxa. Cada um deles e cada um de nossos sete
estados de consciência se corresponde com um dos sete planos cósmicos desenvolvendo e
utilizando o respectivo sentido espiritual e, no plano terreno-espiritual, com o divino e cósmico
centro de força que os engendrou, isto é, com seu direto Criador.

Cada sentido, além disso, está relacionado e submetido aos respectivos sete Planetas
Sagrados.

120. MÉTODOS DE INICIAÇÃO

Todas essas correlações e muitas outras eram ensinadas aos mystai, nos mistérios
menores, assim chamados, justamente, por só permitirem a percepção das coisas através de
um véu ou névoa; enquanto os Iniciados nos Mistérios maiores, os videntes, tinham o
qualificativo de epoptai, porque viam coisas diretamente, despidas de qualquer véu. S. Paulo,
ao atribuir-se tal qualificativo, (1, Conríntios, III, 10), revela ser um adepto ou iniciado, com
faculdades e responsabilidade de iniciar a outros.

Entre os hindus, tais processos de ensinamento são chamados Maya-vada (doutrina da


ilusão) ou Maya-budista, por ser adotada pelas duas escolas: a do norte da Índia, conhecida
por Maha-yana, com o significado de grande barca da salvação; e a do Sul, designada
Rinayana, querendo dizer pequena barca da salvação. Em suma, por baixo da letra que mata
encontra-se o Espírito que vivifica.

MISTÉRIO DO SEXO

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104

Genealogia Esotérica no Cosmo e no Homem

Henrique José de Souza

Fundador e Primeiro Presidente da sociedade Teosófica Brasileira. OBRA PÓSTUMA INÉDITA.


Edição em fascículos autorizada com exclusividade e direitos reservados à Revista DHÂRANÂ

SEGUNDA PARTE

CAPÍTULO III

OS TATTVAS

Definições - Cinco ou Sete ? - Classificações veladas - O "Akasha" e os centros de força - As sete


forças sutis - Localização dos "Tattvas" no corpo humano - Hata-ioga não conduz à evolução
espiritual - Causas de confusão - "Tattvas" esotéricos e Tântricos - Diferenças entre Hata e
105

Raja-ioga - Psiquismo e evolução individual - Os "Tattvas" e os plexos - O som e a cor -


Visibilidade do aura psíquico.

CAPÍTULO IV

-----------

FISIOLOGIA ESOTÉRICA DA RESPIRAÇÃO

Respiração alternada - Tipos de respiração - Fases lunares e respiração - Correspondências


entre so "chakras" - Características dos Tattvas" - Conselhos aos discípulos.

CAPÍTULO V

----------

ESTUDO SOBRE "VAYU" E "OJAS"

Funções de "Vayu" no organismo humano - Os três humores - Efeitos do desequilíbrio - Para


manter o equilíbrio - Outro processo de tratamento - Doentes sem "Karma" - Elemento "Ojas"
- "Ojas" e a constituição oculta do homem - Origem deste conhecimento - Que é a Vida ? - O
espírito da Vida.

CAPÍTULO VI

-----------
106

O fogo nas várias tradições - As diversas naturezas do fogo - Ignis natura renovatur integra - o
fogo nos demais planos da natureza - O fogo no plano mental - O fogo e a Tríade Superior -
Hino ao fogo.

CAPÍTULO III

121. OS TATTVAS, DEFINIÇÕES

Antes de falarmos do "Tattvas", cuidemos de conhecer o significado deste vocábulo


sânscrito. H.P.Blavatsky define-os como aquilo externamente existente, inclusive os diferentes
princípios da natureza em seu sentido oculto. São Abstratos Princípios de existência ou
categorias físicas e metafísicas; os elementos sutis correlacionados aos sentidos humanos no
plano físico. (Glossário Teosófico Edit. Glem - Buenos Aires).

Rama Prasad é considerado autoridade no assunto, em seguida à publicação de seu


livro Las Fuerzas Sutiles de la Naturaleza, que traz como subtítulo - La ciencia del aliento y
Filosofia de los Tattvas (Ed. Kier, Buenos Aires), tendo baseado seus estudos no antigo tratado
hindu - "Shivâgama" - os Ensinamentos de Shiva. Define ele os "Tattvas" como um modo de
movimento; o impulso central que mantém a matéria em certo estado vibratório e ainda como
uma forma distinta de vibração.

Podemos defini-los também como qualidade de Aquele ou de Aquilo que não se


percebe pelos sentidos físicos, mas que pode ser concebido como origem ou natureza
essencial; forma de manifestação dos diferentes planos cósmicos; as linhas que determinam a
forma do átomo seus eixos de crescimento e suas relações angulares.

122. CINCO OU SETE

Eram considerados cinco por se relacionarem aos cinco planos cósmicos nos quais evoluiu o
homem, mas na realidade existem sete, para acompanhar os mistérios que envolvem os
107

universos, de acordo com a "harmonia das estrelas", expressão encontradiça nas escrituras
orientais, equivalente a "heptacordo divino", simbolizado por uma lira de sete cordas.

os autores orientais consideravam apenas cinco "Tattvas", baseados em reflexões


apoiadas nesse número. Existem ainda remanescentes lemurianos e atlantes necessariamente
imiscuídos na humanidade atual para resgates Kármicos de raças e sub-raças primitivas. De
fato, neste ciclo a humanidade evolui através da cinco sub-raças da quinta raça raiz, sob a
égide do Pentalfa, habitando cinco continentes e desenvolvendo cinco sentidos.

A existência de mais dois sentidos latentes no homem não pode ser ainda afirmada
senão mediante provas de ordem fenomênica. Aos cinco sentidos manifestos relacionaram-se
os cincos "Tattvas" inferiores. Os dois sentidos embrionários e as duas forças sutis que
escaparam às cogitações dos ocultistas orientais existem subjetivamente e correspondem aos
dois mais elevados princípios do homem: o intuicional ou búdico e o espiritual ou atômico, por
achar-se iluminado por "Atmã".

São vivificados respectivamente por "Anupâdaka" e "Adi", nomes sânscritos dos


"Tattvas" ditos ocultos ou superiores. aquele de cor dourada e este púrpura.

123. CLASSIFICAÇÕES VELADAS

A menos que consigamos despertar em nós mesmos aqueles dois mais elevados
princípios, o que so alguns eleitos conseguem, por seus próprios esforços, ao término da
dificílima escalada para o Adeptado, jamais poderemos compreender suas equivalências físicas
e fisiológicas. Assim, não nos parece correta, à luz da Filosofia esotérica, a afirmação contida
na citada obra de Rama Prasad, de que na escala Tattvica o primeiro e mais importante é o
"Akasha", e que em sentido de descida cada um dos quatro restantes se torna menos sutil.

Se o "Akasha", "Tattva" quase homogêneo e certamente universal é definido como


"éter sonoro", deduz-se que seja limitado ao nosso universo visível, por não ser de fato o éter
do espaço.

O éter é uma substância diferenciada. O "Akasha", não possuindo senão um atributo, o


som (de que ele é o substrato), não é a substância. Do ponto de vista profano, pode ser
considerado o caos e o grande vácuo do espaço. Esotericamente, e o espaço sem limites, e não
se faz éter senão no último plano, isto é, aquele que vivemos. O equivoco se resume no termo
"atributo", com o qual se designou o som. Este não é um atributo do "Akasha", mas sua
correlação primária ou manifestação primordial, o Logos ou Ideação divina feito Verbo e este
feito carne. O som não deve ser considerado como um atributo do "Akasha", a menos que se
queira antropomorfiza-lo. Nele é inata a idéia do "Eu sou Eu" (Ego sum qui sum), por sua vez
inata em nosso pensamento.
108

124. O "AKASHA" E OS CENTROS DE FORÇA

O ocultismo ensina que o Akasha encerra e compreende os sete centros de força e,


portanto, os seis tattvas, de que ele é o sétimo, ou antes, de que ele constitui a síntese (nesse
caso, vale por três, porquanto, como dissemos, por ele fluem os outros dois). Mas, se
considera o Akasha representado apenas uma idéia exotérica, Rama Prasad estaria com a
razão, porque, admitindo ser esse tattva, onipresente no universo, devemos conformar-nos
com a limitação purânica, para ser melhor compreendido, colocando-o, então, no começo ou
além dos quatros planos de nossa Cadeia terrestre, seguido dos dois tattvas superiores, ainda
latentes, relativos ao sexto e sétimo sentidos. Por tudo isso, enquanto as Filosofias sânscrita e
indiana não consideram senão cinco tattvas, os verdadeiros ocultistas estudam mais dois,
fazendo-os corresponder a todos os setenários da Evolução.

125. AS SETE FORÇAS SUTIS

Os tattvas ocupam a mesma ordem que as sete forças macro e microcósmicas, a saber:

(1) - Adi: a forças primordial universal existente no começo da manifestação, ou no período da


criação, no seio do Eterno Imutável Sat, e substrato de Tudo. Corresponde ao envoltório
áurico, o Ovo de Brahmã, no qual por sua vez, estão envolvidos não só os globos, como os
homens, os animais e todas as coisas. É o veículo que contém potencialmente o Espírito e a
Substância, a Força e a Matéria, Adi-Tattva, na Cosmogonia esotérica, é a Força emanada do
Primeiro Logos ou Logos não manifestado.

(2) - Anupâdaka: A primeira diferenciação sobre o plano do ser, diferenciação ideal,


originando-se de transformação de algo mais elevado. Para os ocultistas, procede do Segundo
Logos.

(3) - Akasha: Ponte de partida de todas as filosofias e de todas as religiões exotéricas. Estas
descrevem-no como sendo a força esotérica, o éter. O próprio júpiter, o "Deus altíssimo", era
chamado "Pater Asther". Indra, que em certa época foi o maior Deus dos hindus, representa a
expansão etérica celeste, e é o mesmo Urano. O Deus cristão, é também representado como
Espírito Santo, Pneuma, o Vento ou Ar rarefeito. Os ocultistas chamam a este tattva de força
do Terceiro Logos.

(4)- Vayú: o plano aéreo onde a substância se acha em estado gasoso.

(5)- Tejas: o plano da nossa atmosfera.

(6)- Apas: a substância ou força aquosa ou líquida.

(7)- Pritivi: a substância terrestre sólida, o espírito ou força terrestre, o mais sólido.

Correspondem aos sete princípios, aos sete sentidos e aos sete centros de força
existentes em nosso duplo etérico. O corpo humano age e reage segundo o "tattva" nele
gerado ou introduzido de um plano externo.
109

126. LOCALIZAÇÃO DOS TATTVAS NO CORPO HUMANO

Na filosofia exotérica da Hata-Ioga, indica-se vagamente o cérebro como sede física do


Akasha. Tejas localizar-se-ia nas espáduas. Vayú, na região umbilical. Apas, nos joelhos e Pritivi
nos pés. Assim, os dois "Tattvas" superiores - Adi e Anupâdaka - por serem ignorados, são
simplesmente omitidos. No entanto, são fatores preponderantes da Raja-Ioga. Nenhum
progresso espiritual e mental pode ser conseguido sem as suas vibrações.

A localização, ou melhor, a correspondência anátomo-fisiológica dos "Tattvas", como a


dos chakras, não é precisamente a que tem sido divulgada. Em verdade o assunto é demasiado
complexo para poder ser claramente exposto em livros e revistas. No concernente aos
"Tattvas" e suas vibrações nos diversos departamentos orgânicos, procuramos, mediante a
ilustração da figura 1, corrigir os lapsos aqui apontados.

Vejamos com olhar clarividente o Ovo áurico de um indivíduo equilibrado. Na cabeça


correspondente ao mundo divino, distinguem-se as cores azul e dourada, de "Manas" e "Budi"
bafejados por "Atmã". Dourada para o olho direito, ou búdico e azul para o esquerdo, ou
manásico.

H.P.B. aconselhava uma ioga em que se mentalizava a recepção pelo "olho de Budi",
de uma faixa de cor amarelo-ouro, indo ter à glândula pineal, acompanhada da vibração da
nota mi, ao harmônio ou piano. A mistura das duas referidas cores dá, como se sabe o verde. E
sendo esta a cor de "Vayú", o ar, deve ele estar no peito, respondendo pelo abastecimento e
funcionamento da árvore respiratória.

O encarnado abrange a região do estômago, fígado, baço e a umbilical, onde o verde e


o vermelho se unem. Note-se que na região sexual figura o signo de Scórpio, do planeta Marte.
Este possui a cor encarnada do mesmo Tejas, e da guna ou qualidade de matéria Tamas, que é
a mais grosseira das três. Por isso, o indivíduo que tenha predominância dessa cor em
qualquer parte do corpo (principalmente na cabeça) exceto na região pubiana, é sem dúvida
involuido. De fato, a cor vermelha é a que envolve o ovo áurico do selvagem.

127. A HATA-IOGA NÃO CONDUZ A EVOLUÇÃO

Como os cinco hálitos (sopros), ou antes, os cinco estados da respiração humana


correspondem, na Hata-ioga, aos planos e as cores terrenos, quais resultados espirituais
poderiam ser obtidos ? Nenhum, porque eles são o inverso do plano do Espírito, o plano
macrocósmico superior, e se refletem em desordem na luz astral, conforme ficou
demonstrado na obra tântrica Shivâgama (Ensinamentos de Shiva).

Ensina o ocultismo que o setenário da natureza visível e invisível se compões dos três
mais quatro fogos, na razão das três emanações cósmicas dos três princípios superiores e dos
quatro inferiores, que se desenvolvem e se fazem quarenta e nove fogos, os chamados
110

quarenta e nove fogos de Kundalini. Quarenta e nove é também o número de uma Ronda na
razão de sete raças mães, cada uma delas com as respectivas sete sub-raças, o que demonstra
que o macrocosmo é dividido em sete grandes planos, formados das diversas diferenciações
da Substância, desde a espiritual ou subjetiva ate a que se faz totalmente objetiva ou material;
desde o Akasha até a a atmosfera saturada de pecados desta terrena humanidade; e que cada
um de seus grandes planos possui três baseados nos quatro princípios. disto não diverge a
Ciência oficial, que distingue três estados de matéria e o que geralmente denomina de estados
críticos ou intermediários para sólido líquido e gasoso.

128. CAUSAS DE CONFUSÃO

A luz astral não é senão a matéria universalmente difusa, mas pertence exclusivamente à Terra
e aos demais corpos do Sistema Solar, que se acham no mesmo plano da matéria terrestre.
Nossa Lua astral é, por assim dizer, o Linga-Sharira da Terra; somente que, em lugar de ser o
protótipo primordial, como nos casos de nosso Chaya ou duplo, é justamente o contrário. Os
corpos dos homens e dos animais crescem e se desenvolvem sob o modelo de seu duplo
antétipo; enquanto a luz astral nasceu das emanações terrestres, cresce e desenvolve-se
segundo seu genitor e protótipo. De outro modo, tudo quanto provém dos planos superiores e
do inferior sólido, a terra, se reflete invertido em suas ondas traiçoeiras.

Daí a confusão que se nota em suas cores, forma e sons, no que concerne a
clarividência e a Clariaudiência, quer dos sensitivos espontâneos, que se fixam em
semelhantes arquivos, quer se trate de sensitivos artificialmente preparados por inadequados
métodos de ioga ou por inconscientes instrutores de "médiuns".

129. TATTVAS ESOTÉRICOS E TÂNTRICOS

Para maior clareza de quanto vimos expondo neste capítulo, publicamos um quadro
indicativo os sete tattvas, os princípios esotéricos, suas correspondências com os estados da
matéria, órgãos e aparelhos do corpo físico, as cores e suas relações com os tattvas tântricos.

O ensino dos cinco sopros, o úmido, o ardente, o aéreo, etc., possui dupla significação
e aplicação. Os tantristas, como regularizador do sopro vital dos pulmões, enquanto os antigo
raja-iogues o relacionavam com o sopro mental ou da vontade, capaz de conduzir o discípulo
às mais altas faculdades de clarividência, ao desenvolvimento funcional do "terceiro olho" e à
conquista de poderes ocultos da verdadeira "Raja-Ioga". Há enormes diferenças entre os dois
métodos. O primeiro emprega, como dissemos, os cinco tattvas inferiores. O segundo começa
por empregar os dois superiores. para o desenvolvimento mental e da vontade, e não usa os
demais senão depois de completo domínio daqueles.
111

Os Tattvas são modificações de Svara. Este é a raiz de todos os sons, o substrato da


harmonia das esferas, por ser Aquele ou Aquilo que se encontra além do Espírito, na mais alta
acepção da palavra; ou a corrente da vaga da vida, a emanação da Vida Única, o mesmo que
nossa Escola ensina o desenvolvimento mental, o processo da própria evolução do universo,
isto é, procedendo do universal para o particular a Hata-Ioga inverte as condições e começa
procurando suprimir seu sopro vital. Se, como ensina a filosofia Hindu, no começo da evolução
cósmico Svara se projeta em forma de Akasha, depois, sucessivamente, em forma de Vayú (ar),
Tejas (fogo), Apas (água) e Pritivi (matéria sólida), o bom senso indica que se deve começar
pelos tattvas superiores hipersensíveis (1)

(1) Por sustentar este ponto de vista. HPB manteve longo debate com Subba-Rao. Este
afirmava que, já tendo descido o espírito na Matéria, pareceria lógico que, para despertá-lo no
corpo humano, dever-se-ia fazê-lo de baixo para cima. Ambos permaneceram irredutíveis em
suas posições. Ela, receosa de que seus discípulos pudessem descambar pelo declive da magia
negra, alertava-os das ilusões e perigos que levam ao desequilíbrio; e ele a insistir que não é o
cérebro (chakra Sahasrara) e sim o cóccix (chakra Muladara) a sede física do poder de
Kundalini.

O raja-iogue não desce aos planos da substância além de Sushumna (a matéria sutil); o
hata-iogue, ao contrário, não desenvolve nem emprega suas faculdades senão no plano da
matéria.

130. OS TRÊS NADIS

Alguns tattvas localizam os três nadis na coluna vertebral. Um, que percorre a linha
central, chama-se Sushumna; os outros dois, persorrendo as loinhas laterais, um à esquerda e
outro à direita da central, receberam respectivamente os nomes de Ida e Pingala. Dividem
também o coração em tres secções, uma central e duas laterais, atribuindo-lhes os mesmos
nomes.

A Escola dos antigos raja-iogues, com a qual os modernos iogues da Índia quase não
tem contato, localiza Sushumnâ, a sede principal desses três nadis (ou condutos) no canal
vertebral, e Ida e Pingala à sua esquerda e direita. Sushumna desce do vértice cerebral onde
localiza o místico Brahmarandhra. Ida e Pingala não são mais que os sustenidos e bemóis desse
"fá" musical da natureza humana, tônica e nota média da escala da harmonia setenária dos
princípios que, tão logo os faça vibrar convenientemente, desperta as sentinelas que se acham
de cada lado, o Manas espiritual e o Karma físico, submetendo o inferior ao superior.

Esse efeito, todavia, deve ser produzido por meio também de poder da Vontade, e não
apenas pela paralisação dos movimentos respiratórios, seja obtido por meios científicos ou à
custa de exaustivos exercícios especiais. Examine-se uma secção transversa da região da
espinha dorsal e constatar-se a existência de três secções através de três colunas: uma
transmite as ordens da Vontade; a outra transporta uma corrente vital Jiva, não de Prana, que
112

anima o corpo humano durante os estado de Samádi e outros estados semelhantes; ao passo
que a terceira...

131. DIFERENÇAS ENTRE HATA E RAJA-IOGA

A Hata-ioga exerce ações psicofisiológicas, ao passo que a Raja-ioga é de âmbito psico-


espiritual, capaz portanto de aproximar cada vez mais a alma do Espírito. Parece que os
Tantristas não se elevam acima dos seis plexos visíveis e conhecidos, a cada um dos quais eles
ligam os tattvas. A grande importância que emprestam ao chakra muladara (plexo sagrado)
demonstra a tendência egoísta de seus esforços. Ninguém pode despertar o poder de
Kundalini existente no muladhara fazendo vibrar os chakras em sentido contrário, isto é, de
cima para baixo.

Note-se que o cardíaco é o número quatro, tanto na ordem de descida como de subida
e que, também, se lhe dá, esotericamente, o nome de "Câmara de Kundalini", justamente por
ser nesse plexo que o discípulo se une, afinal com seu mestre. Além disso, estando ele
compreendido nos cinco tattvas visíveis, os dois superiores hão de ser atingidos, mesmo
indiretamente, porquanto ambos fluem através do Akasha para formar com este o que se
denomina "Tríade Superior", fiando então os outros quatros "tattvas" abaixo, como os quatro
princípios inferiores.

132. PSIQUISMO E EVOLUÇÃO INDIVIDUAL

Só é louvável a busca de poderes psíquicos para usá-los em benefício de seus irmãos e


da humanidade; jamais de maneira frívola ou pior ainda, em detrimento de outrem, razão
porque Budha ensinou que devemos reservá-los para a vida futura. Eles constituem poderosos
liames para unir veículos de que é formado o homem, robustecem seu Ovo áurico, evitando
que este se rompa. A graves riscos, se expõem os frequentadores de sessões espíritas,
infestadas de larvas astrais e de outros parasitas nocivos, de que não é oportuno tratar aqui.

133. OS TATTVAS E OS PLEXOS

Os cincos hálitos e os cinco tattvas ligam-se principalmente aos plexos genital,


esplênico, cardíaco e laringeo. Desconhecendo (os tantristas) quase por completo o plexo Ajna
ou frontal, ignoram positivamente o Vishuda, plexo laringeo ou sintético (H.P.B.). Quanto ao
poder de síntese desse chakra, não nos parece que Blavatsky esteja com a razão, porquanto,
como dissemos, esse papel cabe ao plexo Anahata ou cardíaco, inclusive pela sua localização
central, em quarto lugar, como equilibrante entre os três superiores e os três inferiores. É
113

provável que a insigne autora se tenha referido ao laringeo por constituir este uma espécie de
Antakarana, isto é, um tubo de ligação entre os dois mundos, superior e inferior, visto que,
realmente, a cabeça representa o divino e o corpo (do pescoço para baixo) o terreno. Pode-se
também interpretar o peito como mundo humano, relegando para animal ou terreno
propriamente dito a parte inferior do tronco, por ser justamente a mais impregnada de Tamas,
como se vê no Ôvo áurico. Para os discípulos da Escola antiga, acrescenta HPB, o caso é
diferente. Começam pelo treinamento do órgão ou glândula centro-cerebral que está em
relação com o "terceiro olho", na mesma razão de Manas para Budi. Aquele que dá energia à
Vontade, enquanto este confere a percepção clarividente. RAJA-IOGA E JNANA-IOGA.

Entre so exercícios de "Hata-Ioga", para a obtenção da clarividência, há um que


consiste em olhar fixamente a ponta do próprio nariz, forçando a visão física, normalmente
bifocal, a transformar-se em unifocal, coma dos Espírito, ou visão interna. O nervo ótico é de
conformação bifurcada, semelhante a um "Y" horizontal. Esse exercício obriga a interferência
pineal, que se acha atrás do referido nervo.

O erro está em querer ligar os plexos inferiores à questão dos tattvas. Assim,
desprezando a conhecida nomenclatura, o Akasha passaria a corresponder-se com o cérebro,
isto é, com Manas, mental, pensamento etc. Logo, praticando-se esse método de Ioga sob a
direção de um Mestre, equivale a praticar ao mesmo tempo a Jnana e a Raja-Ioga, na razão do
corpo, alma e Espírito, porque desde o começo, do mínimo ao máximo, o discípulo deve
permanecer sob a dependência desse tríplice manifestação. Nesse caso a Hata-Ioga pode
encerrar a Jnana e a Raja. Quando se passa para Jnana, não mais se faz a Hata e sim ambas; e
quando se passa para a terceira o discípulo deve dominar as três, equilibrando-se física,
psíquica e espiritualmente, na mesma razão das três gunas ou qualidades da matéria,
tornando-se finalmente um Adepto, um Homem perfeito.

134. O SOM, A LUZ E A COR

O som é capaz de provocar impressões de luz e de cor, além das conhecidas impressões
sonoras. Cada impulso ou cada movimento de um objeto físico, originando no ar uma certa
vibração, isto é, provocando a colisão das partículas físicas, é suscetível de afetar o sentido
auditivo, produzindo ao mesmo tempo um som e uma luminosidade correspondente, dotado
de uma determinada cor. Um som audível não é senão uma cor subjetiva, enquanto uma cor
objetiva ou perceptível é um som inaudível. Ambos procedem da mesma substância potencial,
à qual a Física chama de éter, e agora lhe dá nomes diversos. Nós a chamamos de Espaço
plástico, embora invisível.

A completa surdez, por exemplo, não exclui a possibilidade de poder o surdo perceber
os sons. A ciência médica registra diversos casos em que os sons foram recebidos e
114

transmitidos pelo mental, atingindo o órgão visual do paciente sob a forma de impressões
cromáticas. O fato de os tons intermediários da escola cromática musical serem ou outrora
representados pelas cores, segundo o qual a cor e o som, em nosso plano, são dois dos sete
aspectos correlativos de uma só e mesma coisa, a saber: a primeira substância diferenciada da
Natureza.

135. VISIBILIDADE DO AURA PSÍQUICO

Os clarividentes e mesmo os videntes podem ver em torno de cada indivíduo um aura


psíquico, de cores variadas segundo seu caráter e temperamento. Virtudes e vícios, paixões,
emoções, ideais, pensamentos são registrados ao vivo no Aura por formas, cores, sons, e
movimentos variáveis segundo sua intensidade. Assim como um instrumento musical vibra
emitindo sons, o sistema nervoso, como verdadeiro heptacordo, vibra sob o influxo das
emoções, absorvendo vitalidade do Prana ou desperdiçando-a, quando elas são destrutivas.

Nosso sistema nervoso, em seu conjunto, pode ser considerado como uma harpa eólia,
respondendo aos impactos da força vital, o que não é uma abstração, mas realidade dinâmica,
denunciando as mais sutis nuances do caráter e temperamento individual, por meio de
fenômenos policrômicos. Se tais vibrações nervosas são bastante intensas o postas em
vibratórias relações nervosas com um elemento astral, o resultado produzido é o som. Por
que, pois, duvidar das relações existentes entre as forças microcósmicas e as macrocósmicas ?

CAPÍTULO IV

FISIOLOGIA ESOTÉRICA DA RESPIRAÇÃO

136. RESPIRAÇÃO ALTERNADA


115

Pelo fato de possuirmos duas narinas, julga-se que a respiração se processa


simultaneamente por ambas, assim como vemos ao mesmo tempo pelos dois olhos e
escutamos pelos dois ouvidos. Puro engano, pois a respiração se faz alternadamente, ora pela
narina direita, ora pela esquerda.

Desde milênio, no Egito, e antes na Atlântida, eram praticados exercícios respiratórios,


como hoje praticam os iogues na Índia e no Ocidente, todos quantos seguem as escolas
orientais. Do modo pelo qual são realizados, valendo alguma coisa do ponto de vista exotérico,
esotericamente nada representam, alem do mais porque praticar algo sem saber a razão,
redunda em fanatismo.

Os sábios de outrora, pela ciência da respiração e da alimentação protegiam a saúde e


prolongavam a existência. No que concerne a respiração alternada, o leitor pode certificar-se
do que afirmamos, mediante um teste muito simples. Coloque a mão sob o nariz para sentir se
são ambas ou apenas uma das narinas que está funcionando. Se nesse momento a respiração
se faz por ambas, aguarde uma hora ou pouco mais e repita a prova. Verificará que a
respiração passou a processar-se unilateralmente, pela narina direita ou pela esquerda. É que
depois desse lapso de tempo passou a vibrar outro "tattva".

Um teste ainda mais fácil e rápido pode-se fazer em decúbito. Deite-se de flanco e
procure comprimir com o travesseiro o lado que estiver apoiado no colchão. Depois de alguns
minutos verificará que a respiração se processa pela narina do lado oposto. Se antes era pela
esquerda, passará para a direita, e vice-versa. Bastaria isso para demonstrar que a respiração
nem sempre se faz por ambas as narinas ao mesmo tempo.

137. TIPOS DE RESPIRAÇÃO

Chama-se de "Prana-Vayú" o ar que penetra por "Ida" (narina esquerda ou lunar) e "Pingala"
(direita ou Solar). Quando por ambas simultaneamente, "Sushumnâ", a respiração é, como
dissemos, do tipo andrógino. Em ciência médica, a narina lunar está para o vago, assim, como
a solar para o simpático. Logo, mediante semelhantes exercícios pode-se conseguir o perfeito
equilíbrio do sistema nervoso. Nas crises simpático-tônicas, já alguns médicos mandam
respirar profundamente, ou por ambas as narinas ou, justamente, pela direita; nas
vagotônicas, pela esquerda.

A respiração pela narina esquerda chama-se também "Chandraswara", isto é,


respiração lunar. (Chandra, lua; Swara, hálito). Se pela narina direita, "Suryaswara" ou
respiração solar (Surya - Sol).

A respiração feita pela esquerda é menos cálida do que a pela direita. Por isso, de um
doente febril se deitar sobre o lado direito, obriga a narina esquerda a funcionar, e a febre
diminui dentro de poucos instantes. Sim, porque Lua, "Apas" ou água e Sol, "Tejas", "Agni" ou
fogo são respectivamente termos de igual significado. Tudo quanto está no Macrocosmo se
116

encontra também no Microcosmo, segundo a sentença hermética: "O que está em baixo é
como o que está em cima"...

É isso, a respiração natural. Mas o iogue pode modificar a própria natureza quando
deseja alcançar determinado fim, principalmente quando este se reverte em benefício para
seus semelhantes. Dominada pelo poder da inteligência, a respiração se torna submissa à
vontade do homem.

138. FASES LUNARES E RESPIRAÇÃO

O mês lunar divide-se em duas metades, isto é, nas duas semanas da lua crescente e nas duas
da minguante, o que abrange as quatro fases lunares. No primeiro dia das duas semanas da
Lua crescente, deve a respiração passar, ao nascer do Sol, pela narina esquerda, isto no
princípio dos três primeiros dias. No sétimo dia, começa outra vez a respiração lunar, e assim
por diante. Vemos, pois, que em certos dias se começa por uma respiração determinada.

A respiração ora se efetua por uma das narinas, ora simultaneamente por ambas
durante um período de cinco "gharis", equivalente a duas horas; fato que o homem vulgar,
para escárnio de seu mental, ainda não descobriu.

Se no primeiro dia das duas semanas, na Lua crescente, começa a respiração lunar,
deve ser substituída, depois de cinco "gharis" (ou duas horas) pela respiração Solar, e, passado
esse tempo, novamente pela Lunar. Tal coisa se dá naturalmente todos os dias. No primeiro
dia das duas semanas da Lua minguante, começa outra vez a respiração solar, que muda
depois de cinco "gharis", durante os três dias seguintes. Donde se conclui, que todos os dias do
mês são divididos em "Ida" e "Pingala".

A respiração somente corre em "Sushumnâ" quando passa de uma para outra narina,
ou na forma natural ou sob condições que explicaremos em nossa próxima obra. Além de ser
ato dessa respiração que o homem pode ligar-se ao seu Raio ("Dhyan Choan"), pela realização
do êxtase espiritual, era nesse momento que se praticavam determinadas uniões sexuais,
como, por exemplo, entre reis e rainhas do velho Egito, para que seus filhos nascesses deuses,
filhos de Amon, como rezam suas escrituras. Mas não explicam o resto. Um casal pobre,
espiritualizado, poderá, dessa forma, procriar um filho genial, portador de dotes de grande
valor. Se, porém, os cônjuges não forem de alto padrão moral e espiritual, seria vã qualquer
tentativa nesse sentido. Na terceira parte desse livro desenvolveremos estes e outros temas
diretamente relacionados com o título do mesmo.

139. CORRESPONDÊNCIAS ENTRE OS "CHAKRAS"


117

A região genital ou "sagrada", como indica seu nome, está para a cabeça na razão dos
próprios centros de força ou "chakras".

"Muladara" (raiz); "Sahasrara" (coronal); "Svadistana" (esplênico; "Ajna" (frontal);


"manipura" (umbilical); "Vishuda" (laringeo).

"Anahata" (cardíaco) é ímpar em relação aos demais; a câmara de "Kundalini" é um


centro independente, se assim pudermos denominar por ser nele que se regulam todos os
mistérios humanos, entre os quais o fato de suas doze pétalas aumentarem para catorze,
desde o momento em que se manifesta o poder de "Kundalini" para elevar o homem à
categoria de Adepto.

140. CARACTERÍSTICAS DOS "TATTVAS"

A tabela abaixo complementa as características dos "Tattvas" dadas no começo deste capítulo:

------------------------------------------------------------------------

I "Tattva" I SABOR I COMPRIMENTO I NATUREZA I MOVIMENTO I

I----------------------------------------------------------------------I

I Pritivi I doce I 12 dedos I grumoso I centro I

I Apas I adstringente 16 dedos I frio I para baixo I

I Tejas I picante I 4 dedos I quente I para cima I

I Vayú I ácido I 8 dedos I em movimento inclinado I

I Akasha I amargo I sem dimensão I onipenetrante- I transversal I

I I I I trante I I

I----------------------------------------------------------------------I

Os comprimentos podem ser constatados, colocando-se a mão abaixo das narinas até
o máximo que eles possam alcançar, para uma espécie de tensão arterial aplicada ao sistema
respiratório, se um ligado está ao outro, ou melhor dizendo, todos os sistemas estão
interligados apesar da diversidade de suas funções.
118

O fato do "Akasha" não ter dimensão é natural, pois que a tudo alcança e interpenetra,
e como tal dando razão a uma nossa assertiva, em parte contrapondo-se à da "Doutrina
Secreta", de que através desse "Tattva" fluem outros dois que lhe são superiores.

141. CONSELHO AOS DISCÍPULOS

Não se deve tomar por guia as obras tântricas (1).

(1) O sentido literal do termo sânscrito - TANTRA - é ritual ou regra, significando também
misticismo ou magia destinada a cultuar o poder feminino personificado em Shakti. Devi,
Durgâ (Kali, esposa de Shiva) é a energia especial relacionada com os ritos sexuais e poderes
mágicos, a pior forma de feitiçaria ou magia negra. A linguagem adotada nas obras tântricas é
altamente simbólica e as fórmulas são pouco mais que expressões algébricas sem qualquer
utilidade. (H.P.B. - Glossário Teosófico).

Elas concorrem, na maioria dos casos, principalmente quando o praticante não se


encontra sob a orientação pessoal de um Mestre nem filiado a um colégio Iniciático, para
ocasionar mais mal do que bem, levando muitas vezes o incauto pelo caminho perigoso da
magia negra. Acrescente-se que jamais se poderia escrever um Verdadeiro Tratado de ioga,
mesmo porque, se alguém tivesse competência para tanto, teria igualmente consciência dos
riscos a que se expõem os seus leitores.

CAPÍTULO V

ESTUDO SOBRE "VAYÚ" E "OJAS"


119

De um livro desaparecido da face da terra.

142. FUNÇÕES DE "VAYÚ" NO ORGANISMO HUMANO

"Vayú" é o "tattva" que anima os constituintes do corpo humano e circula na


intimidade de todas as células. Ele é de forma quíntupla, sendo a causa determinante dos
movimentos de diferentes classes. Afasta a mente do não desejável. Concorre para que os
sentidos de conhecimento e os órgãos de ação cumpram suas respectivas funções próprias.
Leva à mente a imagem dos objetos que entra em contato com os sentidos. Mantém coesos os
elementos do corpo, é a causa da voz, a energia primária do tato, do som e da audição, sendo
também a raiz ou causa do olfato.

"Vayú" desperta a temperatura e age como termo-regulador. Conduz os humores,


elimina as impurezas. Dá forma ao embrião na matriz e propulsiona o início da vida do
nascituro. Mas, quando excitado, aflige o corpo com doenças, sendo capaz de destruir os
sentidos de conhecimento e os órgãos de ação, chamados em sânscrito respectivamente
"Jnanaendryanis" e "Karmaendrianis".

143. OS TRÊS HUMORES

Os três humores do sistema vayú-bilisfleuma, em suas ações ou movimentos tríplices:


1) podem ser atenuados, normais ou excitados; 2) podem correr para cima, para baixo ou
diagonalmente; 3) podem fluir pelo estômago e os condutos eferentes, pelos órgãos vitais e
pelas articulações. Em seus estados normais, todo o organismo se mantem hígido; qualquer
anormalidade nos humores provoca desequilíbrio. Entre as doenças, além das hereditárias,
infecciosas e constitucionais, são mais frequentes as contraídas por ausência de higiene,
desnutrição, alcoolismo, tabagismo, erros alimentares.

Sem querermos invadir a seara alheia, permita-se-nos recordar que para a maioria
destas doenças o melhor remédio é a temperança e adoção de regime dietético racional
prescrito pelo médico especialista. Mas há outra classe de doenças que afeta praticamente a
todos os seres pensantes, oriundas da ausência de higiene mental e de erros na formulação
dos pensamentos ou idéias. Para estas a cura ou tratamento não é tão fácil, pois que se devem
desarraigar velhos hábitos de pensar e modificar velhas atitudes adquiridas. Posto que nesse
mundo tudo é conseqüência do "mental", a reforma deve começar pela cabeça, com
responsabilidade para os pais, educadores, psicólogos e psiquiatras.

144. EFEITO DO DESEQUILÍBRIO


120

Quando fleuma muda de condição, converte-se nas impurezas que se eliminam pelos
emunctórios, podendo ocasionar por acúmulo ou deficiente eliminação, as mais variadas
doenças. Todas as funções orgânicas são devidas a "vayú", por isso mesmo considerado a vida.
Nele tem origem os males que acabam por desgastar e aniquilar o físico. A digestão e
assimilação dos alimentos se produzem com o auxílio de pepsina, ácido clorídrico e bílis.
Quando estes se alteram, surgem distúrbios gastrintestinais, nervosos, cardiocirculatórios. No
organismo anemiado, as extremidades dos membros são frias. O corpo requer calor. No
entanto, "pés quentes, cabeça fria".

145. PARA MANTER O EQUILÍBRIO

Daí o nosso conselho de se dormir com a cabeça voltada para o Norte (Vayú), que é a
região fria ou polar, e os pés para o Sul, região quente (Tejas), conquanto também polar. O
primeiro alimenta o segundo, Vayú flui no corpo para que este se mantenha vivo e aquecido. É
certo dizer-se: O fogo está vivo. Brasas vivas ou acesas. Como fazer tornar a normalidade os
três humores ? Admninistrando alimentos ou medicamentos de condições opostas à causa que
produziu o estado anormal.

Vayú pode ser frio, seco, ligeiro, sutil, instável, claro e azedo, normalizando por meio
de coisas que possuam qualidades contrárias. A bílis, que pode ser quente, fria, ácida e
amarga, também se normalizou por meio de coisas antagônicas. As qualidades de fleuma,
quando alteradas, podem igualmente normalizar-se mediante substâncias opostas. Acre, doce,
salgado, reprimem vayú. As doenças geradas por esses três elementos, separadamente ou em
combinações, carecem de medicamentos e dietas apropriadas a estabelecer condições
contrárias a anormalidade provocada.

146. OUTRO PROCESSO DE TRATAMENTO

Cada enfermidade possui o seu "devata" ou inteligência própria. Certas curas consideradas
miraculosas, resultam de uma força poderosa que se convencionou chamar de magnetismo. A
conjugação dessa força acionada pelo agente e pela fé do paciente pode, efetivamente,
conseguir a cura de moléstias consideradas incuráveis. Na filosofia oriental se dá ao
magnetismo o nome de "Kundalini Shakti".

No Tibet e na Mongólia certas moléstias são tratadas por meio de "mantrans" ou


"daranis", isto é, de versos do "Rig Veda" cantados com entonações especiais, segundo o tipo
de doença. Produzem-se vibrações para obrigar os "devatas" a abandonar o paciente. Para o
Hinduísmo não há vida sem forma, nem forma sem vida. Não há espírito sem matéria nem
matéria sem espírito. Cada humor tem, portanto, seu próprio "devata" e para curar suas
121

perturbações, basta fazer uso dos sistemas terapêuticos fundados nos atos relativos as
deidades e à razão. Era esta a medicina do grande Paracelso.

147. DOENTES SEM "KARMA"

Para encerrar o assunto, recordemos a famosa frase de um célebre facultativo brasileiro: "Não
há doenças; há doentes". Mas falta dizer que há também doentes sem "Karma". São os seres
de alta hierarquia espiritual que trazem missão especial para este mundo, aos quais não falta o
necessário equilíbrio orgânico, porém são obrigados a assumir as responsabilidades Kármicas
se seus discípulos e da humanidade. Esses missionários tornam-se vítimas até dos próprios
meios de que devem lançar mão para poder atrair a atenção e despertar interesse pela sua
Obra, pois em geral os homens a quem devem instruir e redimir se portam como crianças: para
cumprirem suas tarefas, deve-se antes oferecer-lhes doces e brinquedos. E para doentes de tal
categoria não se conhecem remédios. Nesses casos, não há como repetir "Sic transit gloria
mundi".

148. ELEMENTO "OJAS"

Circula dentro do nobre órgão central determinada quantidade de sangue puro,


ligeiramente amarelado, ao qual se dá o nome de "ojas" (força). Quando esse elemento
escasseia, o paciente se torna febril, com tendência a ansiedade e desânimo inexplicáveis,
cansando-se ao menor esforço. Se a escassez perdura, pode até causar a morte. "Ojas"
aparece inicialmente, nas crianças; tem cor de manteiga clarificada, gosto semelhante ao do
mel e cheiro de arroz fermentado.

Ao centro cardíaco (anahata) relacionam-se dez grandes condutos (nadis), por sua vez
ligado a medula espinhal (Sushumnâ) e aos demais centros geradores de energia (chakras).
Mahat e Artha, são, para o iogue, sinônimos de "coração". A inteligência, os sentidos, a alma
com seus atributos, a mente, e os pensamentos se acham instalados no coração, órgão que
encerra a síntese evolucional de cada ser humano. O coração é a sede do ojas mais perfeito,
pois é também o trono de Brahmâ.. Os dez grandes condutos distribuem ojas por todo o
corpo, vivificando-o, por isso que é um fluido como o sangue. Fluido físico ou etérico ?
Inclinamo-nos pelo etérico e, sem abusar da dualidade das coisas poderíamos considerar ojas
como o espírito do sangue. Ele desempenha papel relevante na constituição humana. Se
desejamos preservá-lo, devemos libertar-nos dos tormentos passionais e mentais.

149. "OJAS" E A CONSTITUIÇÃO OCULTA DO HOMEM


122

Para compreender-se o sentido dessas palavras, deve-se aprofundar o estudo da


constituição oculta do homem. Como poderia o coração encerrar os dons da mente, da
inteligência, os atributos da alma ? O homem se constitui, repetimos, de três corpos: o
grosseiro ou denso, o sutil ou psíquico e o causal ou espiritual, isto é, causado ou tecido pelo
Espírito universal. O corpo causal é portador, uma "sombra espiritual" da verdadeira luz
espiritual, ou em outras palavras, uma partícula do Todo, uma fagulha acesa separada pela
divina fogueira; "Mônada" atirada na corrente evolucional pelo imanifestado.

Os sentidos, com suas naturais limitações, se encontram nos dois primeiros, físico e
anímico; e, enquanto estes permanecerem da mesma natureza, o terceiro não se manifesta,
isto é, o homem não o percebem, necessitando de numerosas encarnações para com ele
identificar-se. Só então haverá o chamado equilíbrio das três cordas da "Vina de Shiva" a
harmonia entre as três "Gunas": Sattva (amarelo ouro), pureza, verdade, esplendor, justiça;
Rajas (azul), atividade, movimento, progresso, evolução; Tamas (vermelho), resistência,
inércia, indolência, involução.

Assim como essas três qualidades de matéria se encontram ligadas entre si, com
predominância do vermelho tamásico, também os três corpos do homem se acham
interpenetrados, com geral prevalência do emocional. Restabelecer-lhes o equilíbrio, por
vontade e esforço próprios, é formar o homem perfeito ou sintético. O corpo causal tem este
nome justamente por ser a causa dos outros dois e o reflexo, em si mesmo, da Causa das
Causas. É necessário que na causa se encontre o efeito, embora de forma latente. De fato, no
físico e no psíquico se acham os sentidos. Não poderá ocorrer o mesmo em sua causa ?

As obras esotéricas mencionam o "corpo causal" na forma de "ovo áurico", sem entrar
em detalhes acerca dos sentidos. Segundo alguns autores hindus, seria um corpo de
inconsciência, que funciona no alto transe, o que está a indicar que ele só pode ter consciência
quando ligado aos dois inferiores. Isoladamente, não lhe seria possível possuir consciência.
Não é ele o reflexo do Espírito universal ? Nos "Upanishads" se descreve o "corpo causal" com
sede no coração e diferentes pórticos onde se acham localizados os elementos restantes dos
corpos menos vibráteis. Nos centros cardíacos se concentram, portanto todas as energias do
alto transe. Cabe lembrar, além disso, que aí se abrigam os famosos "oito poderes do iogue". E
quando o homem tem que despertar o alto transe, "ojas" é compelido a fluir do coração pelos
diferentes condutos, para dar força ao corpo sutil e depois ao físico, fato que será explicado
quando tratarmos dos dois "chakras" que recebem de cada plano a vitalidade prânica.

150. CIÊNCIA DA VIDA - ORIGEM DESTE CONHECIMENTO

A Ciência da vida (Ayur-Veda) achava-se sob custódia de BrahmÂ, o Criador, e d'Ele


provem este conhecimento, o qual foi transmitido por um Mestre a seu discípulo e por este a
outros, em séries regulares. Finalmente, o Tratado do discípulo Agnivesha teve por título
CHARA-KASAMHITA, pelo fato de ter sido corrigido por Châraka, "Ayur-Veda" ou Ciência da
123

Vida, é assim chamada por ensinar como se alcança a longevidade e como se evitam as causas
das doenças.

Châraka (não confundir com Ramachâraka e outros nomes parecidos) dizia que, boa ou
má, feliz ou desgraçada pode ser a vida. Antes de entrarmos em considerações sobre as causas
determinantes da ventura ou desventura, devemos estar preparados para responder esta
pergunta:

151. QUE É A VIDA?

Châraka define-a assim: Chama-se vida a união do corpo, da sensibilidade e da alma com o
Espírito. Nossa definição pouco difere dessa, pois dizemos que a vida é o fio de Sutra que liga o
Espírito com a alma e o corpo. o Chandogyá-Upanishad a compara a um cordão que consegue
atá-los intimamente. Se considerarmos os corpos do homem, esse fio de Sutra é o que une
(ioga) todos os seus sete veículos e tem por nome Prana. Quando ele se rompe, fato que em
geral se verifica prematuramente, a vida deixa de fluir para os veículos inferiores, tal como o
rompimento da linha de transmissão interrompe a passagem da corrente elétrica.

Por outras palavras, a vida do homem na terra é um entrelaçamento íntimo do corpo


físico com as sensações e emoções do corpo astral, tido como alma, e com os corpos mental e
causal. A vida divina se une a terrena através do Ego ou Espírito, também chamado Mônada ou
Tríade. Em linguagem teosófica fala-se, por essa razão, da Tríade Superior, que transcende e
sobrevive ao quaternário inferior, que é a mesma "tetrakis" pitagórica, no símbolo do "Kalki-
Avatra", décimo avatara de Vishnu, sob a forma de cordel branco, animal nobre, de alvura
imaculada, mesmo que apoiado nas quatro patas alusivas ao quaternário.

A vida é ainda o que em sânscrito se chama "Dhari", aquilo que mantém a coesão dos
elementos do corpo: "Jivata", o que torna possível a existência; "Nityoga", o que passa através;
"anubanda", ininterrupto, continente etc. De tal coesão ou interligação de corpo,
sensibilidade, alma e Espírito, diz Châraka, a semelhança é o que produz a unidade, e a
dessemelhança, a diversidade. Nesse caso, semelhança é identidade de essência e de
substância. Espírito, alma e corpo, a trindade a que se dá o nome de "pessoa", (per-sona,
aquele através de quem se manifesta o som), repousam sobre essa coessência com três ramos
unidos ou três luzes de um só candelabro, qual símbolo cabalístico da árvore sefirotal, na razão
da coroa, como Kether, Chochmah e Binah. Sobre essa trindade tudo descansa. É o que nas
escrituras orientais se denomina Purusha, a verdadeira vida universal que anima a vida
puramente animal, dentro do pequeno mundo de que é formado cada indivíduo.

Do exposto resulta que a ciência da vida não busca apenas a longevidade hígida do
nosso organismo, mas principalmente a união e a perfeita identificação com Purusha, o
Espírito supremo Eu que se torna assim, o regente da Ciência Espiritual e recorriam a
processos racionais para as deter ou evitar, a fim de que fosse alcançada a longevidade, qual
eucaristia dos corpos humanos (a carne eucarística ou imortal das tradições) que passavam a
pertencer ao "mundo jina", agartino ou de Shamballah, a Cidade dos deuses.
124

152. O ESPÍRITO E A CIÊNCIA DA VIDA

O Espírito é imutável e eterno; as faculdades, os atributos da matéria e dos sentidos são as


causas, diz Châraka. Poderíamos acrescentar a essa frase: as causas ou as formas causais, razão
porque um Adepto ou homem perfeito pode apresentar-se em corpo causal. O Espírito é a
eterna testemunha de todos os pensamentos, palavras e ações, boas ou más, sem jamais ser
atingido por qualquer delas, mercê de sua inalienável independência, que lhe faculta
abandonar um veículo tornado indigno de sua presença, ou antes, da bênção da sua
assistência. Felizes os que podem vislumbrar Sua presença, os que distinguem a voz da
Consciência, a voz silenciosa que nos acusa de todo o mal que fazemos e que nos sugere todo
o bem que devemos praticar. A presença simbólica do Arcanjo Miguel (o mesmo Dhyan-Choan
Mikael), como supremo guardião à porta do Paraíso, co sua flamígera espada na mão direita,
não seria para impedir a volta de Adão e Eva, mas para guardar o Edem até que a última
parelha humana; e por isso ele sustem na mão esquerda uma balança em cujas conchas se
pesam o bem e o mal que praticamos.

A expressão Espírito tem, pois, aqui a acepção de um raio de Atmã, a manifestação da


eterna testemunha, o Jivatmã da terminologia hindu, a Tríade Atmã-Budi-Manas dos teósofos
ou a Santíssima trindade de todas as tradições. Nenhuma enfermidade, seja qual for sua causa,
jamais poderá atingi-lo, mas apenas no corpo e à mente inferior, por isso que as doenças só
podem ser de duas classes, psicofísicas e psicomentais, estas originadas no mental inferior e
aquelas no veículo emocional, como imperfeições e deformações do próprio aura, das quais
cada indivíduo é o causador, por ignorar as Leis do Espírito e os conhecimentos de ordem
superior, dificultando-lhe a ascensão evolucional.

Consideram-se o corpo e a mente como formas parciais do sujeito ou indivíduo


inferior, mas coesas e inseparáveis, sejam hígidas ou enfermas, até o rompimento do fio de
sutra. Da harmonia entre ambas resultam saúde e bem estar, donde o sábio aforismo - Mens
sana in corpore sano.

CAPÍTULO VI
125

153. O DIVINO FOGO

"Agni Agni, AUM"

Fogo sagrado, fogo purificador,

Tu que dormes no lenho

E que te elevas em chamas brilhantes no Altar!

Tu és o coração do sacrifício,

Vôo audaz da oração.

Centelha divina

Que arde em todas as coisas,

Alma gloriosa do sol !

Agni Agni Agni AUM".

154. O FOGO NAS VÁRIAS TRADIÇÕES

O hino védico ao fogo é ainda hoje cantado nos templos hindus e nos colégios de
iniciação. Para a S.T.B. foi um "mantram" de notável poder construtivo. O fogo vem sendo
objeto de culto desde eras imemoriais. os "Vedas" caracterizam o culto de Agni, o fogo. Na
religião de Zoroastro ele representou papel de relevo e seu nome - Zero Astro - está ligado ao
Fogo divino. No antigo Egito, como entre incas dos altiplanos, o fogo era religiosamente
venerado. Grécia e Roma o cultuavam e o conservavam aceso nos vestíbulos, consagrado a
Vesta. No jainismo a "Swástica" era o símbolo dos símbolos sagrados, a representação plana
de uma pirâmide de base quadrada, como as do Egito, o que revela o segredo da relação entre
o fogo e pirâmide, de acordo com o Timeu de Platão.

No antigo Testamento encontram-se evidências da adoração ao fogo. Os autores de


obras teosóficas exaltam o princípio da existência de diferentes planos, mundos ou
idealizações resultantes de agregados diversos e peculiares de um só último átomo original,
multiplicado ao infinito, com o repercussões inúmeras da primeira atualização das
potencialidades do indiferenciado Parabramâ. O fogo não é um elemento e sim uma coisa
divina (Blavatsky). A chama física é o veículo objetivo do espírito mais elevado. O éter é fogo. A
chama é a parte inferior do éter. O fogo é divindade em sua presença subjetiva, através do
Universo. sob certas condições, este fogo universal se manifesta como água, ar e terra. É o
elemento uno de nosso Universo visível, sendo a potência criadora (Kriya-Shakti) de todas as
126

formas de vida, luz e calor. No aspecto menos sutil é Prana, é a forma primeira e reflete as
formas inferiores dos primitivos seres subjetivos.

155. AS DIVERSAS NATUREZAS DO FOGO

Segundo Blavatsky, os primeiros pensamentos caóticos divinos são elementos do fogo.


pergunta-se: Os vários aspectos que adota o fogo correspondem a cada mundo concebível ?
ou melhor: Existem, além do fogo físico, um fogo astral ou passional, um fogo manásico ?
Existiriam os fogos de Atmã e Budi ? cremos que sim e, ao tentarmos concentrar-nos em tal
idéia e com ela penetrarmos seu significado.

Consideremos o primeiro, aliás o menos difícil de entender, e com ele também o


calórico, a caloria, calor necessário para elevar de um grau centígrado a temperatura de um
grama de água. Para o teósofo, o fogo físico é a atuação da energia cósmica, do movimento
original da primeira vibração inteligível. Se com um malho ferimos um objeto de metal, a
energia comunica à massa um abalo que modifica seu estado vibratório, traduzindo-se em
calor. Um projétil lançado contra uma chapa blindada, se suficientemente resistente para
contê-lo, sofre enorme elevação de temperatura, que o faz incandescer, passando para o
estado ígneo pela comoção brusca experimentada. Até o organismo humanos, o fenômeno de
enrubescimento se verifica mediante uma comoção ou abalo de ordem moral, que acelera a
velocidade da circulação, produzindo calor.

Nas combinações químicas, o movimento dos átomos que se entrecruzam para formar
novas moléculas, ou seja, o aumento do estado vibratório, se traduz igualmente em calor.
Assim, o calor, cuja culminância física é o fogo, é uma atuação de forças internas que se
produzem pela aceleração do movimento vibratório. Alguns corpos, como a esponja de
platina, tem a propriedade de absorver gases que, aprisionados, modificam seu equilíbrio
interno, atuação de energia que se manifesta por uma elevação de temperatura capaz de
incandescer a esponja. Os corpos radioativos, em que o calor se origina pela constante atuação
das partículas primárias constitutivas, fazem supor que se achem submetidas a um processo
de desmaterialização. Há corpos, como o rádio, que se diriam fragmentos do próprio Sol,
trazidos à Terra por seu calor e luminosidade, praticamente inesgotáveis. Se uma modificação
vibratória, uma concentração de forças em movimento e uma atuação das energias elementais
constituem, como se supõe, o processo inteligível do princípio da formação de um sistema
cósmico, o Fogo teria sido o primeiro elemento a surgir na alvorada de um Manuântara.

Poderíamos assim corroborar a assertiva da brilhante autora de "A Doutrina Secreta",


de que os elementais do fogo são os primeiros pensamentos caóticos do Criador; e
compreender sua afirmação de que o Sol Espiritual é o centro, é o fogo etéreo e espiritual, o
inquietante enigma dos materialistas, que algum dia hão de convencer-se de que a
eletricidade, ou, melhor dizendo, o magnetismo divino é a casa da diversidade de forças
cósmicas, manifestadas em correlação perpétua; e que o Sol Físico é um dos milhares e
127

milhares de irmãs espalhados pelo espaço, um refletor sem mais luz própria do que a de
qualquer astro opaco". (Isis Sem Véu, vol. I, 357)

156. IGNIS RENOVATUR INTEGRA

A instantaneidade da aplicação da força influi poderosamente na produção ou


dissipação do calor físico. Quando uma força atua lentamente sobre um corpo, o calor também
é produzido, porém inapreciável, dissipando-se no ambiente. A razão poderíamos, talvez,
buscá-la no fato de que, sendo o fogo um reflexo das formas inferiores subjetivas do plano,
manifesta-se o reflexo, o calor, a luz o fogo.

Igual efeito reflexo ocorre quando se manifestam e se desligam essas primeiras


formas, tal como nas combinações químicas, na afinidade pelos gases observada na esponja de
platina, ou nos fenômenos de desmaterialização notados por Gustavo Le Bon nos corpos
radioativos. Quando é intenso e enérgico o movimento, em certos estados da matéria
desaparece, pelo contrário, o reflexo calorífico produzido pela presença daquelas formas
inferiores subjetivas, veladas no movimento total, e se produz o frio intenso que se manifesta
nas clássicas experiências de Cailletet e Pietet da liquefação dos gases.

O calor moderado, reflexo da presença do elemento do plano estimula a evolução


física, o crescimento. O calor exaltado, o fogo, quebra os edifícios moleculares e torna aquela
presença tão real e efetiva que chega a separar os elementos atômicos, produzindo as
dissociações. Temos assim o duplo papel do fogo como criador e destruidor no plano físico:
Ignis Natura Renovatur Integra (I.N.R.I., iniciais impropriamente traduzidas por Jesus
Nazarenus Rex Judeorum).

Temo-nos referido à presença objetiva das formas inferiores do plano. Sem nos
esquecermos de que estas são reflexos de seres subjetivos, vejamos até que ponto a Ciência
concede movimento e vida aos corpúsculos primários, considerados no estudo da constituição
dos corpos.

"Os diversos métodos usados para medir a velocidade das partículas da matéria
dissociada, diz Gustavo Le Bon em seu livro "L'Evolution de la Matiere" (p. 37), deram sempre
cifras aproximadas. Essa velocidade é quase igual a da luz para certas emissões radioativas, e
destas para outras. Aceitamos a menos elevada dessas cifras, a de 100.000 km por segundo, e
tratamos com base de calcular a energia que produziria a desintegração completa de 1 g de
uma substância qualquer. Ponhamos, por exemplo, uma moeda de cobre de um grama e
suponhamos que conseguimos desintegrá-la, exagerando a rapidez de sua desintegração. A
energia cinemática possuída por um corpo em movimento é igual a metade de sua massa pelo
quadrado de sua velocidade.

"Um cálculo elementar nos dará a potência que representariam as partículas de um


grama de matéria, animadas pela velocidade que propusemos. Temos, com efeito,
128

T = 0,001 kg 1 2

-------- X --- X 100.000.000 = 510.000.000.000 de kg

9,81 2

número que corresponde a cerca de 6.800.000.000 de HP".

157. O FOGO NOS DEMAIS PLANOS DA NATUREZA

Até aqui ocupamo-nos somente do fogo físico. A seguir, algumas palavras sobre as
gradações do divino fogo nos demais planos. Falemos antes do mais próximo, o astral, o
campo das paixões onde impera o desejo de apropriação egoísta e de separatividade.

No mundo astral, em determinado movimento-retenção que, consoante o ocorrido no


mundo físico, pode ser ocasionado por uma violenta comoção, ou choque astral, que,
transformado em aumento de atividade vibratória dos elementos (ou formas inferiores do
corpo astral receptor), nele provoca um fogo característico do plano. De igual modo, o fogo
astral pode engendrar-se pela contínua inserção e expansão do corpo de desejos de novas
formas astrais. Com isto, estamos apenas formulando as idéias, ficando, porém, claro que as
expressões correntes, como "o fogo das paixões", "desejo ardente", "paixão vulcânica" e
tantas outras não são desprovidas de sentido concreto, tratando-se evidentemente de fogo
criado pelo nosso mental inferior; de vez que, segundo dissemos no início deste estudo, o fogo
real e verdadeiro nos diversos planos se manifesta como reflexos do divino fogo, quais
natureza e diversificadas de "Purusha", do Espírito em sua Fonte ou Manancial de todo o
Cosmo. De qualquer modo, reflexos ou projeções cada vez mais largas, segundo a abertura do
ângulo em maior distância do Projetor ou Farol-matriz.

Posto que tudo se manifesta sob a forma dual, vemos esse Fogo descendo como
"Fohat" (Luz) e subindo como "Kundalini" (Força), como choque ou reflexo, segundo a fórmula
que propusemos: um projétil lançado contra uma chapa blindada experimenta enorme
elevação de temperatura (Laboratório do E.S.), que o faz incandescer, passando-o ao estado
ígneo pela combustão brusca provocada pela retenção de movimento da massa total, aí
transmutada em movimento da substância íntima do corpo considerado.
129

Antes de passarmos ao fogo mental, citemos mais uma vez a teoria de Swedenborg: "A
Lei essencial da Natureza é a da vibração. Um ponto morto, um ponto imóvel não poderia
existir em nosso planeta. Os movimentos sutis a que chamamos de vibrações ou ondas; os
mais vagarosos a que chamamos de osculações; as trajetórias dos planetas e cometas a que
denominamos órbitas; às épocas da História consideradas como ciclos; tudo isso e mais ainda
não passa de um movimento ondulatório cíclico de ondas no éter, no ar, na água, na aura, na
terra, por nebulosas, pensamentos, emoções de todo o imaginável".

158. O FOGO DO PLANO MENTAL

A Luz é universal em todos os planos e em todas as suas relações. Quando as ondas


etéricas impelem, com movimentos mais lentos, o ar que nos envolve, dizemos que há som; já
outras, sumamente rápidas, que o sentido da audição não pode captar, as tomamos por luz. A
origem das vibrações, ondas, ciclos, está na própria Vida Divina.

No mundo mental o Fogo divino se manifesta de modo próprio e característico do


plano, já que o cérebro é a sede do corpo mental. Na glândula pineal se concentram as várias
naturezas do Fogo uno ou sintético. Uma ação interna ou externa, atuando nas formas
mentais, integrantes do corpo mental, produz a ação de presença das formas assim vitalizadas,
o que se expressa por fogo luminoso este mesmo que em linguagem corrente chamamos "fogo
do entusiasmo", "verbo inflamado", fogo da inspiração", etc. Essa a primeira manifestação do
Fogo ascendente na Terra (mundo psíquico), por isso que caminha para a vitória sobre o
mundo astral.

159. O FOGO E A TRÍADE SUPERIOR

No mundo do discernimento, da intuição (plano búdico), o cérebro- professor (sexto princípio),


a energia aí manifestada (matéria ígnea rarefeita), por mais próxima que esteja do Sol
(Fogueira central) que para baixo vibra no "Poço de ilusões", como ardente céu do filantropo, a
chama da caridade, as inspirações do gênio etc., já o dissemos em outros lugares, é a válvula
de segurança entre a alma e os demais princípios inferiores, para que a matéria-espírito não se
turve nem se confunda com as demais. É como os diques no canal do Panamá, por exemplo,
contendo as marés montantes do Pacífico e do Atlântico.

No "Oceano sem Litoral" as águas somente podem confluir e misturar-se quando a


Humanidade estiver equilibrada ao nível do Oceano das puríssimas e tranqüilas águas do
"Akasha", o imperecível Brahmâ-Shiva-Vishnu, na mesma razão porque "Atmã" só se manifesta
nessa tríplice forma (Atmã-Budi-Manas; Ida-Pingala-Sushumnâ), ou os Três em Um, quando o
hálito corre pelo meio, desde já simbolizando o Hermafrodita do fim da Ronda, se este
130

relacionado estiver com o mesmo fato. Eis porque o período de "Sushumnâ" é o da meditação
e fusão no maravilhoso Brahmâ (Tat Twan Asi).

No mundo espiritual ou atmânico, para a nossa consciência, todo Ele é o Fogo, porque
todo ele é o radiante Amor divino. É unidade embora tríplice em sua manifestação, como luz e
calor no coração humano, a "câmara de Kundalini".

Seu despertar no homem é a famosa "Serpente de Fogo" que deixa de se arrastar


serpenteando na Terra, para evoluir em forma circular nesse mesmo humano coração: o fogo
das paixões afinal substituído pelo Fogo do Amor Divino. Nesse instante não se poderia dizer
em qual extremidade da "serpente" se encontra a cabeça ou a ponta da cauda, pois ambas se
confundem. Certos estavam os antigos ensinamentos ao consideraram o fogo como elemento
divino e infernal.

Como "Fohat", o fogo é de tal sutileza que se torna quase inconcebível, apesar das
múltiplas formas sob as quais se manifesta, como "Kundalini", é ao mesmo tempo criador de
Vida e causador de Morte; melhor dizendo, Transformação. É o mesmo Fogo na ânsia de
alcançar sua extremidade superior, o Divino. Na sua essência ou Unidade é para a consciência
a revelação primeira das energias cósmicas.

É a própria força divina revelada; o germe dos universos, conexões imensas das forças
cósmicas, segundo a própria Ciência, ao admitir que os corpos celestes e os sistemas nasceram
de primitivas nebulosas ígneas; a Alma vivificadora, prodigiosa transmissora de vibrações e
energias do Logos, que denominamos Sol espiritual.

Compreende-se assim razão por que os primitivos povos veneravam o Fogo. Ante seus
olhos, era este o representante legítimo, no plano físico, das Potências divinas. Podemos
reviver sua devoção recitando o Hino entoado pelos antigos "Rishis", tal como foi descrito no
Rig Veda:

160. HINO AO FOGO

Ó Fonte de riqueza, Divindade, vida alimento,

Prazer do lar feliz, que te saúda e adora,

Expressão ideal da Verdade Excelsa !

OS MISTÉRIOS DO SEXO
131

A Genealogia Esotérica no Cosmos e no Homem

TERCEIRA PARTE

"Crescei e multiplicai-vos... (A voz de

Deus, ou antes, da Lei ou Natureza).

161. Prólogo

Pergunta de difícil resposta - Nasceu este livro das seguintes perguntas feitas ao seu
autor: "Que pensa a Eubiose a respeito do sexo ? Aprova ou condena que se evite a procriação
? Deve-se limitar o número de filhos ?"

A nossa resposta foi: O assunto é por demais complexo para ser respondido
imediatamente. O teósofo apanhado de surpresa, principalmente o que confunde Eubiose com
religião, desprezaria o lado científico do problema e responderia, sem vacilações, do modo
pelo qual as religiões correntes o fazem: - A união dos sexos é uma função dada por Deus com
o objetivo da criação de indivíduos semelhantes aos pais, e que todo o artifício, seja ele qual
for, para obstar esse objetivo é contrário a Lei da Natureza e da Igreja". Nesse caso, para tais
pessoas, Teosofia e Igreja valem a mesma coisa, o que absolutamente, não se dá. Desprezaria
esse mesmo teósofo, muitíssimo mais, aquilo a que preferimos chamar de Lei, e que está
acima da própria Teosofia, visto a concebermos como algo tangível, embora como origem de
todas as religiões, ciências, artes e filosofias.

Até certo ponto, concordaríamos que se respondesse desse modo; porém, em se


tratando de um assunto que afeta a humanidade inteira, por sua vez, subordinada à excelsa Lei
da Evolução, há inúmeros casos em que se deve evitar ou limitar a procriação. Os próprios
132

Manús, grandes e pequenos, reconhecem a necessidade de se considerar a situação cada


casal. Diante da impossibilidade, por exemplo, de uma esposa exercer as funções maternas,
devido a um defeito orgânico ou doença, não há razão de sacrificá-la. O sectarismo religioso,
nesse caso, colide com a orientação científica e os preconceitos sócio-econômicos. Certas
religiões, reconhecendo a necessidade, em diversos casos, de se evitar ou limitar os filhos,
aconselham o uso dos processos científicos conhecidos, sem se responsabilizar pela opinião da
maioria dos seus prosélitos. Dessa forma, sem comprometer a própria felicidade conjugal,
senão, muito mais ainda, a evolução de ambos: marido e mulher.

A leitura deste livro permitirá compreender o que pensa a Teosofia seguindo a própria
Lei da evolução humana - não só do ponto de vista daquelas perguntas como de outras, que
envolvem o mais importante assunto da vida humana, e que se relaciona com uma das tarefas
da Sociedade Brasileira de Eubiose, claramente exposta no lema "Spess messis in Semine" (A
esperança da colheita reside na Semente). Semente representada pelos "filhos", as crianças, a
nova geração que homens procriaram, como se inconscientemente quisessem fazer a
espiritual seleção entre as velhas e as novas sementes raciais, ou seja, as de um ciclo
positivamente agonizante, para um outro que vai surgir das suas cinzas. Por isso, terçam armas
da arena da vida as Forças do Mal e as Forças do Bem, para fazer jus a essas repetidas batalhas
no campo de Kuru-Kshetra , que é o mesmo da vida humana, entre lunares e solares, por sua
vez imitando aquela no começo das coisas, entre "rakshasas" negros e devas luminosos.

CAPÍTULO I

162. Caminhos sinuosos para se alcançar o fim...

"O verdadeiro filósofo nem tudo pretende reformar, nem a tudo submeter-se, pois, tirano não
é, nem tão pouco escravo. Por isso mesmo, a Filosofia tanto pode como deve discutir, de igual
modo, os motivos da crença religiosa e científica".

163. A VEREDA INICIÁTICA

Conhecida a razão de ser do lançamento deste livro aos amantes da boa leitura, bem
como as analogias das perguntas com a Obra em que a S.B.E. está empenhada, abordaremos a
questão de um modo mais direto, embora, segundo a exigida maneira de se iniciar os homens,
conduzindo o leitor ora por uma trilha cheia de sinuosidades, ora contornando a realidade um
tanto mais próxima ou distanciando-se da mesma, por meio das mais fatigantes escaladas,
133

para que o leitor, acostumado a caminhos menos árduos, possa decidir por si próprio, a
desligar-se de suas antigas ou enraizadas convicções... Caminho, portanto, igual àquele falso
da esquerda, ou "smaritta", a que se refere Dante, na sua Divina Comédia, ou seja, aquele que
ia ter ao trágico Portal, onde se liam as ameaçadoras palavras: "Lasciate ogni esperanza, o Voi
che entrate"

Comecemos:

A Eubiose é contraria a qualquer processo que evite ou limite a natalidade, desde que
não existam motivos superiores para isso, como sejam: doenças, inclusive anomalias
congênitas ou adquiridas; miséria; incompatibilidade de gênios, que as próprias leis terrenas
reconhecem como motivo bastante para o divórcio. sim, desde que exista uma
"incompatibilidade de gênios", melhor que se de a separação dos corpos, para que o mau
exemplo provocado pelas disputas, além do mais, não seja observado pelos filhos, ou melhor,
transmitidos aos mesmos. E isso porque a humanidade, na sua eterna "falta de vigilância dos
sentidos" , como dizem os mesmos Adeptos, em relação com toda a espécie de erros e faltas
praticados por seus discípulos só se preocupa com o lado mau das coisas depois de ter passado
por ele, na razão do "Vox populi" ou seja, o de "só fechar a porta depois de roubado". E se tal
coisa acontece na mais insignificantes questões da vida, que dizer nas e cunho mais
transcendental, como aquela, por exemplo, em que a Esfinge expões por meio de três simples
perguntas: "Quem és ?... De onde vens ? ... Para onde vais ? ... Seguidas de um repto: "Ou me
decifras, ou te devoro! ... Sim, porque sendo o homem a própria Esfinge, e dentro dele mesmo
que deve procurar a Verdade, ou melhor, o conhecimento perfeito das coisas.

"Busca dentro de ti mesmo o que procura fora !"... "O Adepto faz-s, e não é feito"...
Tais são os ensinamentos dos livros sagrados do Oriente. E mesmo Jeoshua, quando aconselha
o "faze por ti, que Eu te ajudarei", além de estar de acordo com aquelas duas sábias sentenças,
completa a do "Conhece-te a ti mesmo" do portal do Templo de Delfos. Porque não é pagando
a outros para realizar preces, missas, etc. ("culto externo" e não o do interno...) que o Homem
poderá resolver aquelas três perguntas feitas pela Esfinge. O que vale é o esforço próprio, o
verdadeiro significado do Édipo grego, ou "pé inchado" (de tanto caminhar), como o da ânsia
multi-milenar da mônada humana em busca da Meta desejada, ou a sua completa evolução
por este planeta de dores (ou de provas, de conhecimentos, de experiências, etc.) onde é
obrigado a viver...

Lá está ela guardando, ainda a entrada desse deserto imenso de areia que se chama
"Saara". Com a sua face voltada para o Oriente, e coroada de um disco de ouro, o sol da
manhã emergia da cadeia arábica, e seus primeiros raios iam iluminar o disco e a face da
esfinge, fazendo-a resplandecer como um "sol, de face humana", ou como um "deus
aureolado de chamas". A própria face do Kumara-andrógino, excelso padrão da humanidade
inteira.
134

Com um pouco de boa vontade e fértil imaginação, poderíamos até ouvir suas
fantásticas palavras ao peregrino:

"Sim... Homem-Esfinge, se te fizeres em deus!... Homem-animal, se te tornares um


"demônio", por te afastares das diretrizes da Lei!...Atrás de ti, Fogueira imensa destrói as
velhas e imundas roupagens com que te revestiste inúmeras vezes, para alcançar o lugar que
te encontras hoje. Não busques, pois, olhar para trás na mórbida contemplação dessas chamas
perigosas que se elevam, ora pequeninas, como as tuas faltas dessa mesma natureza, ora
enormes, raivosas e sibilantes, como verdadeiras víboras destilando veneno das tuas faltas
maiores... Não o faças, para que tu mesmo não sejas por elas destruído. Olha sempre para
frente, buscando fogueira maior e mais excelsa, que a do próprio Sol espiritual, cujas radiosas
chamas, oh! corajoso peregrino, édipo de todos os tempos, concorrerão para que ELE te
confundas, e transformados sejas em "Sol de humana face", em "Deus aureolado de
chamas!..."

164. FALSAS INTERPRETAÇÕES

"Data veniam corvis, vexat censura columbus" - (A censura poupa os corvos e persegue as
pombas)

Verso de Juvenal - (Sátiras, II, 63)

O verdadeiro Teósofo tem o dever de "dar de graça o que de graças receber". É isso o
que ele faz com o que aprende no Templo da Sabedoria Divina, melhor dito, dos deuses,
super-homens, gênios ou Jinas, pouco importa que se chamem Rama, Moisés, Krishna, Buda,
Platão, Confúcio, Láo-Tzé ou outro qualquer inclusive os próprios "santos da Igreja", como
Francisco de Assis, o Cura d'Ars e Pio X. Todos eles incapazes de ter um procedimento
incorreto para com seus irmãos em humanidade.

Mais uma vez dissemos: "Não é a religião que faz o homem e sim, o seu caráter".

A discriminação religiosa é um dos crimes contra a própria Divindade, ainda mais,


quando é acompanhada de férreos preconceitos e injustas perseguições. Por isso mesmo,
quem adota uma religião pelo simples fato de ter sido a mesma de seus pais, como quer a
Igreja, demonstra quanto muito, ser um seguidor da "lei do menor esforço", pouco
importando a posição em que esteja colocado. Ademais, que dizer se esses "pais" ao invés de
católicos (por exemplo), fossem protestantes, muçulmanos, budistas ou ateus ?

Como isso, entretanto, vem a própria Igreja em nosso auxílio, Sim, porque o termo
"pais" provem do latim "padre", que por sua vez remonta ao sânscrito "Pitris", com o
mesmíssimo significado para "Aqueles" que foram de fato, os Construtores da Humanidade,
135

para não dizer, responsáveis pela sua Antropogênese, e como tal, senhores de uma só Religião
ou Verdade, que serviu, mais tarde, de origem às simples facetas com que se apresentam as
várias religiões existentes no mundo, para não dizer, "turvos espelhos onde aquela Verdade se
reflete".

O próprio Amônio Sacas ensinou que "a religião das multidões correm pari-passu com
a filosofia, e com esta gradualmente se corrompem, por vícios de conceitos, mentiras e
superstições puramente humanas". Era necessário, portanto, restitui-la à sua prístina
integridade (a religião-Sabedoria dos Pitris, pais ou antepassado), purificando-a da escória e
interpretando-a filosoficamente. Sim, porque o propósito de Jesus foi o de restabelecer a
pureza inicial num todo harmonioso, a Sabedoria Iniciática das Idades; reduzir o domínio da
superstição, que prevalecia (e prevalece ainda em muitos setores...), corrigir os erros
introduzidos nas diversas religiões, etc.

Tornamos a repetir, nenhum DELES (Rama, Krishna, Buda, Platão, e etc.) pregou a
religião confessional que se lhes atribuem, e sim, os seus pretensos discípulos que, escravos do
inerte dogma que criavam, esqueceram que religião não é crença, mas uma dupla ligação de
fraternidade entre os homens, segundo sua etimologia latina, (do religo, religare, etc.). Tal
como no começo, dia virá em que todos os homens estarão ligados pelos indissolúveis laços de
Fraternidade entre os homens, para que melhor possam unir-se à sua própria Origem, na razão
do dito de Santo Agostinho: "Viemos da Divindade e um dia, depois de cumpridos todos os
trabalhos, para Ela haveremos de voltar". Por sinal, que com a mesma interpretação da
"Parábola do Filho Pródigo", ou aquele que "volta a Casa Paterna", embora não a façam, desse
modo, os que ignoram tão excelsos ensinamentos, por não serem iniciados.

Esses grandes Seres, portadores, todos Eles da Paz, da Harmonia, da Concórdia entre
os homens - jamais benzeriam espadas e outras armas de destruição ou extermínio, como o
fazem alguns daqueles que se dizem representantes de Deus na Terra. Sem falar na
contradição palmar da súplica posterior que fazem as religiões, à Divindade, para que "faça
cessar a luta entre os homens". Valha-nos neste momento o famoso "Ser ou não ser" do
"Hamlet"... Sim, porque o Poder Espiritual é um e o Temporal bem outro, na razão mesma de
ouvirmos da boca do "Cristo" aquele: "dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus
!"...

Quanto a estas críticas, ou outras quaisquer que fazemos - dentro do espírito


construtivo ensinado pela Eubiose - continuam valendo os nossos dizeres publicados em "O
Verdadeiro Caminho da Iniciação (pag 98 e seguintes).

Helena P. Blavatsky já dizia: "A crítica mútua é a política mais sadia, e ajuda a
estabelecer regras finais e definitivas na vida prática, e não meramente teórica. Temos tido
teoria demais !"

Infelizmente, em assuntos dessa natureza - iguais aquele que fez a "Pedro negar o
Mestre por três vezes" - nem todos possuem coragem bastante para afrontar os chamados
"Preconceitos Sociais", mesmo que a sociedade humana, com algumas exceções, por
felicidade, esteja repleta de vícios e defeitos que lhe não dão o direito de criticar o próximo,
sob a pena de "rir o roto do esfarrapado", por isso mesmo, não podendo "atirar a primeira
136

pedra"... muito menos naquele que fala em nome da Razão através de seu tríplice aspecto"
Amor, Verdade e Justiça. E que a mesma humanidade se acha afastada da Lei inclusive as
religiões, conforme provamos em nossa obra anterior, nenhuma obra resta. Falam bem alto
todos os horrores que a afligiram na última Grande Guerra. Aliás, as guerras sem tréguas são
todas elas provocadas, por verdadeiros monstros que serão fatalmente expulsos de seus
tronos, ou melhor, destruídos juntamente com o próprio ciclo agonizante. É a cavalgada
fantasmagórica dos Três Irmãos da sombra, em oposição aos Três Irmãos Luminosos. Os
primeiros agiram recentemente através da personalidade de Mussoline, Hitler e Stalin, tal qual
uma caótica reedição dos flagelos: Átila, Genghis-Khan e Tamerlão, refletindo aquele fatal
triângulo, chamem-no Ódio, Mentira, Injustiça, como grosseiras formas de uma evolução
passada, por isso mesmo capazes de interditar aos Homens - principalmente aos de espírito
fraco - a excelsa Visão das Coisas Eternas.

Desviemos nossos olhos, para não vermos tamanhas misérias, num chamado "século
de luzes", e marchemos, intrépidos, com o leitor amigo, através das propositais "sinuosidades"
a que nos referimos no começo do capítulo, com se estivéssemos seguindo as hamanas
quedas, nesse "cair e levantar" de tão longos quão necessários parênteses, principalmente em
se tratando de questões de sexo.

CAPÍTULO II

JULGAMENTOS EUBIÓTICOS

165. OBRIGAÇÃO DE PREVENIR

Como admitir que um senhora portadora de defeito congênito, tendo os seus partos
laboriosos, com ameaça de morte, ou mesmo aquela que, outrora com partos felizes, em
virtude de acidente ou moléstia, que dificulte novas concepções, não tomem elas a exigida
deliberação de evitar a vinda de novos filhos ? A menos que, sujeitando-se a um tratamento e
venham a ficar radicalmente curadas, convirá empregar os processos naturais, hoje, de certo
modo, mais ou menos conhecidos, graças aos doutores Ogino e Knaus e não os artificiais,
dentre eles "o venusiano véu elástico", que até uma úlcera interna - devido ao seu uso muitas
vezes repetido - pode provocar na pobre "venus-mulher".
137

166. OPINIÕES CIENTÍFICAS

Fazem parte de um livro intitulado "Método Moderno de Limitação dos Filhos", editado em
1937 o qual aconselhamos aos casai dignos e sinceros, a par de uma outra obra intitulada
"Menino ou Menina ?" de autoria do Dr. Jules Regnault, as seguintes palavras:

"É uma felicidade para o gênero humano que este método tenha sido descoberto, pois
há ocasiões em que, mesmo as pessoas mais amantes, virtuosas e religiosas desejam
sinceramente e com boas razões, limitar ou prevenir, durante certo tempo, o nascimento de
filhos ou novos filhos. Os médicos sabem que em alguns casos a procriação de muitos filhos,
em rápida sucessão, não é boa para a saúde da mãe. Muitas vezes acha-se a mulher atacada
de alguma doença que poderá torna-la inválida no caso de se tornar grávida. Há enfermidades
capazes de determinar a morte, no caso de virem a complicar a gravidez ou serem por ela
complicadas. Fatores econômicos tornam muitas vezes desejável interromper-se, pelo menos
durante certo tempo, a procriação de filhos. Alguns pais, por motivos particulares, desejam
espaçar o nascimento de seus filhos, fazendo com que nasçam com intervalos de tempo
determinados."

Não havendo no passado, um método científico seguro, que de maneira legal e


religiosa lhes permitisse seguir tais preferências, as pessoas casadas, muitas vezes, recorriam a
meios anti-naturais, que atuavam desfavoravelmente sobre a saúde e felicidade mental. Estas
objeções já não se explicam mais. Marido e mulher podem ter relações naturais em períodos
certos do mês, sem ficar apreensivos com a possibilidade de uma gravidez momentaneamente
não desejada. Podem saber quando deverão abster-se das relações maritais, se não desejarem
filhos. A mulher não necessita mais procurar, afobada, uma clínica de controle de natalidade
ou um consultório médico, muitas vezes com grande sacrifício, a fim de se informar do
"modus-operandi" de adaptar um preventivo mecânico à sua cervix (colo do útero), ou
modernamente, no interior do útero (Dispositivo Intra-uterino - DIU), objeto de borracha,
metal ou plástico, invenção em cuja história se contam inúmeros fracassos e que, como
poderá dizer qualquer ginecologista, já causou infecções pélvicas, tendo sido o fator etiológico
de condições que muitas vezes exigiram operação abdominal, tendo ainda em muitos casos,
tornado mulheres estéreis ou inválidas, e em outros, sendo causa de sua morte. Sem falar no
fato, de tal dispositivo causar freqüentemente uma ação abortiva. Quando as mulheres
tiverem sido instruídas sobre este método simples e natural, que não exige o dispêndio de
dinheiro e sim, apenas um cuidado inteligente quanto à ocasião do mês em que tenham
relações sexuais, será seguramente eliminada uma grande fonte de afecções peculiares às
mulheres.

A moderna Farmacologia, partindo dos estudos de Pincus, realizadas com mulheres de


Porto Rico, em 1945, produz drogas de natureza hormonal, que agindo sobre a hipófise e
ovários, impede que estes libertem seus óvulos. Assim, não havendo ovulação, não poderá
haver fecundação, isto é, a concepção de um novo ser. Daí serem chamados tais
medicamentos de drogas anti-concepcionais ou Enovulatório, os quais podem trazer efeitos
outros, secundários, desde os desequilíbrios hormonais até perigosas alterações no sistema
circulatório, que podem chegar a serem fatais. Em estudos, encontram-se outros
138

medicamentos que agem como anti-concepcionais masculinos, por um mecanismo


semelhante aos femininos. Mas, os efeitos secundários dos mesmos são de tal maneira
nocivos, que ainda não foram liberados para uso generalizado.

167. O ASPECTO ECONÔMICO

Condenaria, entretanto, a Eubiose, qualquer casal (como no caso já apontado, de


doenças e acidentes radicalmente curados) que continuasse a evitar filhos, a menos que outra
doença maior, que é a da miséria, viesse bater à sua porta, e portanto, dentro da Lei do Livre
Arbítrio e não do Determinismo propriamente dito. Mesmo que a nação seja incumbida de
proteger semelhantes casais, impossível seria exercer efetivamente a referida proteção, pois,
que a ela compete outros tantos socorros, inclusive o da sua própria defesa interna e externa.
Donde a existência das chamadas "Obras Pias", com os nomes de patronatos, asilos, creches,
etc., mantidos por particulares e instituições religiosas, e sob a direção de profissionais
devotados e competentes, como por felicidade em nosso país já se contam aos milhares.

168. FILHOS ADOTIVOS E ANIMAIS DOMÉSTICOS

Noutro particular, estamos de acordo com a Sra. Annie Besant, quando prefere que se
tome para criar filhos sem pais, ou quando estes se encontram em franca indigência; que
sejam fundadas instituições como as acima enumeradas, de maior valia que as sociedades
protetoras de animais. Sem querer diminuir essa grande obra, também de benemerência, não
há razão para se preferir manter em seu lar cães, gatos, etc., com seus bercinhos enfeitados,
comendo à mesa com seus "humanos papais". Preferível adotar uma ou mais crianças
abandonadas, que no final de contas, acabariam por serem tão queridas como se fossem seus
próprios filhos. Nem sempre prevalece o velho adágio popular de que "Deus dá o frio
conforme a roupa", pois, em muitas partes do mundo, tanto se morre de frio como de fome,
não faltando ocasião propícia para se adotar as referidas crianças. Do mesmo modo, quando
aquele outro adágio: "Onde comem dois, comem três e mais", pois, acontece muitas vezes que
nem para dois há o necessário, quanto mais para maior número de pessoas.

169. MISÉRIA E POBREZA


139

Não nos referimos aqueles que, aparentemente pobres, como os pescadores, por exemplo,
com prole superior a dez filhos, habitando o litoral e tendo por alimentação, peixes e mariscos
(ricos em proteína, fosforo, cálcio, iodo, etc.) e uma pequena lavoura nos fundos da casa, não
passem miséria, pois o termo é bem diverso do de pobreza, propriamente dita. Referimo-nos,
sim, aqueles que são obrigados a escolher uma profissão de acordo com o seu habitat, ou
lugar onde vivem, como por exemplo, o lavrador, que vê de um momento para o outro, todo o
seu esforço de meses e até de anos completamente destruído pelas longas estiagens ou pelo
excesso de chuvas, as pragas, destruidoras da lavoura, etc... Muito pior, os doentes, os
desempregados, os que acabam por tomar o doloroso alvitre de recorrer a mendicância para
não chegarem ao ponto daquele Jean Valgean de "Os Miseráveis" de Victor Hugo, de ter que
roubar um pão para mitigar a fome de um ente querido...

170. CRIME E CASTIGO

Quanto ao crime propriamente dito, deve-se levar em conta, antes de tudo, o preconizado nas
sábias palavras dos Visconde de Bonald: "Esperar o delito para o punir, quando é fácil corrigí-
lo, é uma barbárie inútil, um crime de lesa humanidade, que desonra um código e um
governo".

A sociedade humana é responsável pelos crimes de que se queixa e que rebaixam o


seu prestígio. Inconscientemente ou não, são os favorecidos pela sorte que excitam os apetites
das classes inferiores, pois, nem sempre o fato de se arrojar aqui e ali um porta moedas, mais
ou menos cheio, será bastante para acalmar a sede de ouro entre os deserdados. O exemplo
tem que vir de cima, se é que se deseja por termo aos sentimentos de inveja, que explodem
em forma de roubo, assassínio e anarquia.

Quando um povo colocar a instrução acima do dinheiro; quando todas as honras


pertenceram ao homem instruído, ao sábio e ao benfeitor, o pobre, atraído pelas radiantes
fulgurações de semelhante ideal, imitará o exemplo que lhe apresentam, porque o povo é um
grande imitador e segue o caminho que lhe traçam os que vão à sua frente. Se nele encontra
apenas o vício, ao vício se vê conduzido; se ao contrário, é a virtude, para esta se voltará do
mesmo modo.

Em resumo, do ponto de vista eubiótico, o verdadeiro crime em se evitar, ou mesmo


limitar os filhos, consiste em se agir contrariamente às leis da natureza, onde se deve também
incluir a Lei do Carma, ou de Causa e Efeito. Sim, porque o que realmente importa na vida é o
"estado de consciência". Se o homem age deste ou daquele modo, visando o bem, nenhum
crime pratica; se ao contrário, é ao Mal que ele visa, criminoso se torna, e como tal, sujeito fica
ao castigo, pouco importa se instituído pelos homens através de seus códigos. Se um
criminoso aceita a pena que lhe foi imposta, como já dissemos, sofrendo as suas
conseqüências, chorando a liberdade perdida, a separação da família e dos amigos, etc., "ipso
fato", seu carma correspondente é esgotado. No entanto, se tal pena ou castigo é recebido
com indiferença, muito pior, mantendo ódio por seus juízes, pelo próprio mundo, do qual se
140

acha separado, sem arrependimento algum do crime cometido, continua de pé, um outro
castigo muito mais severo e infalível, que é justamente o imposto pelo Carma, o qual terá
fatalmente de pagar, nesta vida ou em outra... Donde a sentença bíblica: "Quem com ferro
fere, com ferro será ferido", igual à do Corão: "Dente por dente, olho por olho".

Quanto àqueles que lançam mão do criminoso processo de destruir a vida no seio
materno, seja a própria mãe, o pai ou outro qualquer, mais hoje, mais amanhã, terão que
pagar o pesado tributo de semelhante falta. Não importa como, mas o fato é que pagarão... O
anjo negro da morte paira eternamente sobre semelhantes lares ! Sim, porque a lareira vive
apagada...

171. ALGUMAS CÉLEBRES CITAÇÕES

"Que é a infância senão o futuro de uma raça forte e poderosa ?"

"Os direitos da puerícia; dizia o grande Victor Hugo, são mais sagrados dos que os dos
pais, porque se confundem com os do próprio Estado".

Do mesmo modo, disse Paul Strauss: "Educar a criança é cultivar o seu espírito,
enriquecendo-os com os conhecimentos necessários ou úteis; o coração, sufocando neles o
germe das paixões e dos vícios, que crescem conosco, e implantando nele o amor do bem e da
virtude".

Para as mulheres voltadas inteiramente para o lar, poderíamos citar as palavras de


Gina Lombroso, a ilustre filha do grande César Lombroso (doutor em letras e em medicina), em
sua obra de alta psicologia, "L'Ame de la femme", cuja leitura indicamos a toda mulher que se
honre de possuir o nome da mãe:

É um fato que entre as mulheres não se encontre um Dante, um Sheakespeare, um


Newton, porém, a verdade é que fazer poemas ou descobrir as leis universais não é assunto
nosso; a mulher não pode consagrar a um obra prima senão o que em sua alma não for
absorvido pelas preocupações da família, porque, nenhuma excelência poderá jamais exonerá-
la de suas humildes funções de mãe, para as quais o instinto a atrai e a natureza a destina. À
personalidade prepara instintivamente as mulheres a auxiliar os demais, ates de produzir por
conta própria."

Michelet dizia: "Les homes superieurs, sont tous les fils de leus mère; ils en
reproduisent l'empreinte morale aussi bien que les trais".

Efetivamente, a mãe é a melhor mestra, que a humanidade conhece e admira, para


formar cidadãos dignos e cônscios dos seus deveres cívicos, e atém mesmo espirituais; do
mesmo modo que as esposas e filhas exemplares, que não se esquecerão jamais de praticar os
ensinamentos daquela que lhes deu a vida e guiou os passos na adolescência.
141

Mãe, nome querido que todos nós trazemos como preciosa jóia no escrínio de nossos
corações.

Não pode, pois, de ser a maldita mulher, que sem motivo justificável, se negar ao mais
excelso de todos os privilégios existentes no mundo: o da MATERNIDADE.

Descubramo-nos ! Por nossa frente passa uma Mulher carregando em seu seio "o
bendito fruto", com que a própria Lei quis honrá-la, preciosa dádiva que a natureza lhe fez,
pouco importa que seu nome seja Maria ou qualquer outro !

Descubramo-nos, sim, que em seu Seio vibra, em ânsias de evolução, a preciosa


Mônada que, finalmente encontrou o lar apropriado onde devia realizar a sua atual
encarnação.

"Senire parvulus venire ad ME"

J.H.S
142

CAPÍTULO III

Ciência e Eubiose

"... As trevas irradiam a Luz, e a Luz deixa cair um Raio solitário nas Águas, nas
profundezas da Mãe. O Raio atravessa, rapidamente, o Ovo virgem; ele faz vibrar o Ovo
Eterno, que deixa cair o Germe não eterno, que se condensa no Ovo do Mundo".

(Doutrina Secreta - A Evolução Cósmica - Estância III do "Livro de Dzyan")

172. SÍNTESE SOBRE AS FUNÇÕES PROCRIADORAS EM AMBOS OS SEXOS

O SEXO - FATOR UNIVERSAL

A citação acima, extraída do mais antigo livro existente no mundo, que é o de Dzyan,
para provar que o Sexo, para não dizer, a cópula, pouco importa maneira pela qual se lhe
queiram interpretar, já provém do Divino, inclusive no momento de ser fecundado o "Ovo do
Mundo", fato este que já deixamos bem patente na primeira parte deste livro.

Por isso mesmo, ao invés de motivo ou gozo de prazer, é que tantos crimes tem
ocasionado na vida humana, é o sublime postulado através do qual se mantém a própria
Evolução de tudo quanto se manifesta na Natureza.

Depois de ter o grande Mozart, como Rosacruz que era e portanto um iniciado,
musicado ou antes, dado vida ao D. joão de Molière, e não quando da Flauta Mágica, como
pensam alguns, aparecem-lhe três misteriosos Seres encomendando o "Requiem" que,
conforme ele mesmo compreendeu, "seria executado na ocasião de sua morte"...
Contrariamente, o mavioso poeta Guerra Junqueira aniquila, mata o D. João, o devasso, o
profanador e destruidor de lares, com o fulgor e veemência de sua pena justiceira...

Ao contrário do que faz ao homem, o mais evoluído de todos os seres que se


manifestam na Terra, os animais procuram realizar a seleção da espécie: a leoa só se entrega
143

ao macho, depois deste ter vencido em renhida luta, os demais leões que dela se aproximam,
no erroneamente chamado "momento do cio" (cio provem do latim - zelus) pois o melhor seria
chamá-lo "momento da necessidade", ou outro termo qualquer para definir aquilo que a
natureza instituiu como "propagação da espécie". O mesmo acontece com a cadela, senão
mesmo com certas aves, inclusive o canário, que depois da vitória, e ao lado "de sua dama",
como "os cavalheiros de outrora em busca da sua", põe-se a cantar de um modo
completamente diverso do usual, qual acontece, também, na hora de sua morte, com diversas
aves, a começar pelo cisne, donde surgiu a conhecida frase "o canto do cisne na hora da
morte", que os próprios poetas em "flores de retórica" ou "passarinhos de papel" dela fazem
uso, na sua última poesia, esperando deixar o mundo dentro em breve. Sim, na razão do Amor,
Mor, Mors ou Morte, pois que Amor e Morte vivem de braços dados.

Que dizer do "vôo nupcial entre as abelhas", tão poeticamente descrito pelo inspirado
Maeterlink, em que o zangão morre para reviver no filho ? já nas velhas tradições egípcias,
Osiris ressuscitado em seu filho Horus, vem ao mundo vingar a sua própria morte... Enquanto
isso, Isis procura seus quatorze pedaços, sendo que o último, o sexual ou fálico, encontra-se no
bucho de um peixe, no rio Nilo. E como se sabe, Peixe ou Piscis, no qual se encontra a
humanidade, é o signo zodiacal relacionado com o sexo. Não o traçou no solo, o mesmo
Jeoshua, quando lhe apresentam a mulher adúltera, passagem esta do Novo Testamento,
tantas vezes por nós citada e comentada de acordo com o seu verdadeiro sentido, e não o
errôneo de que fossem o mesmo Jeoshua e seus apóstolos, pescadores ... ? Como se verá no
decorrer desta Terceira Parte, o número 14 se acha estritamente ligado ao referido fenômeno.

"cherchez la femme", dizia certo juiz francês, diante de qualquer crime, por mais
complicado que fosse, mas esquecendo que em outros casos também poderia apelar para o
"cherchez l'homme", nessa verdadeira recíproca sexual, ou de atrações boas ou más, ou as que
tanto podem ser abençoadas como amaldiçoadas...

Em um desses casos obscuros, e no qual um indivíduo caiu do telhado de sua casa, o


referido juiz pronunciou as referidas palavras, tendo as próprias autoridades esboçado um
sorriso de incredulidade... Mais tarde ficou provado que "o tal homem ali havia subido para
contemplar melhor uma certa dama, que na casa fronteiriça se achava em trajes menores..."

No prefácio de "aberraciones Psíquicas del Sexo", valiosíssimo trabalho de crítica a


condenável obra do Conde de Gabalis, nome com que se ocultava o Abade Villars, e que
muitas vezes foi citada pelo escritor Anatole France, diz o grande Teósofo e Cientista espanhol
Dr. Mario Roso de Luna: (alias já citada em nossa outra obra)

"O ser humano está crucificado no sexo, bem se pode dizer, desde o nascimento até a
morte. Semelhante limitação orgânica é a causa principal de suas lutas, de suas desditas no
decorrer da vida.

Há no diálogo "O Banquete do Amor", diz E. Gomes de Baquero, uma passagem onde
cita estranha mitologia, que teve seu curso no Oriente e ressuscitou no ocultismo moderno. É
aquele em que Aristófanes afirma que em outros tempos a Humanidade possuiu uma forma
distinta das conhecida pelos gregos. Compunha-se de homens duplos, de três espécies: uns
varões, outros fêmeas e, finalmente, outros mistos dos dois primeiros; os andróginos
144

(concorda com a mesma opinião do Dr. Marañon, que citaremos várias vezes, e com os
ensinamentos ocultistas ou teosóficos, como já foi dito na primeira parte deste livro).

Tais seres que eram uma espécie de "irmãos siameses", foram fortes e audazes.
Conceberam o projeto de "escalar o céu para lutar contra os deuses" (donde a tradição
religiosa copiou a Torre de Babel e respectiva "confusão das línguas", mas em verdade, o que
transcende nosso trabalho intitulado "Reminiscências Atlantes", publicado no número 32 da
revista Dhâranâ), tal como aconteceu com os Titãs em mais remotos dias, Júpiter quis castigá-
los, porém, resolveu não aniquilar tão soberba raça, para não privar o Olimpo do culto e dos
sacrifícios oferecidos pelos homens. Adotou um meio termo: dividiu os homens duplos em
duas metades ("a separação dos sexos" nos meados da 3a. raça-mãe ou Lemuriana), às quais
Apolo deus os necessários retoques (isto é, o Sol, Prana, a própria vida Universal), para que
não ficassem por demais imperfeitas. Assim, nasceram as diversas atrações do amor: as
naturais e aquelas que o homem normal olha como "aberrações" (as tais "faltas ortográficas" a
que se refere Anatole France) pela nostalgia de cada homem pela metade perdida (donde o
termo, dizemos nós, "alma-irmã", ou algo que vem completar uma das duas partes).

Os modernos Teósofos citam os andróginos platônicos como "reminiscência da antiga


tradição esotérica de uma raça bi-sexuada, bem como um versículo do Gênesis: "Macho e
Fêmea criou", que tem, sem dúvida alguma, explicação mais simples dentro da exegese bíblica,
como expressão abreviada da criação da primitiva parelha.

Não realizada, entretanto, a emancipação do crescimento, desde a vida intra-uterina


até a puberdade, o sexo adquire plenamente com esta, os seus tirânicos direitos, se é que,
segundo Freud, indica o Dr. Marañon em suas maravilhosas obras, não começa a exigí-los
muitos anos antes, ao alcançar nos cinco anos os pródomos da sexualidade.

E uma vez que começa a impor o sexo o seu imperativo categórico, orgânico e até
psíquico, não mais pode perdê-lo. Em resumo, em idades avançadas do homem e depois do
fenômeno da menopausa na mulher, o sexo descamba, de modo estranho, para diversas
espécies de misticismo, que a ciência bem longe está em conhecer. É a "ferida de Amfertas",
no Parsifal de Wagner; a chaga terrível que jamais sanará; a propulsora eterna de grandezas e
loucuras, de heroísmos e crimes, de sonhos, esperanças de protéicas desilusões; da Arte,
enfim, da História e da Vida.

A crucificação no sexo e pelo sexo não pertence apenas ao homem. Dela


compartilham, também, os animais, se é que ela não é em si a característica animal de sua
complexíssima contextura, assemelhando-se a simbólica flor do Loto, com as suas raízes no
fundo das águas (ou o lodo que lhe deu o nome, dizemos), seus talos emergindo das águas
tranqüilas, suas folhas estendem-se, verdes e louçãs, no ar, e suas flores, alegria da vista,
saturando de fragrâncias, não foi mais além no problema do sexo, porem, teve que aparecer o
sábio Lineu surpreendendo o mundo com a revelação do sexo nas plantas, e vendo nas flores,
encanto maior da natureza animada, depois da mulher, um tálamo de amor, o cego amor
vegetal! Tálamo em que, sobre o cálice floral, cálice havia de ser em dores e amarguras !,
masculinos estames e femininos pistilos sublimemente se unirem, no policrômico seio da
circunavegadora corola, para dar nascimento à semente, futuro germe de outras plantas
análogas, que opor, com a sua indefinida prossecução sobre a Terra, à destruidora ação da
145

Natureza, tornando mais uma vez real a sentença de que o Amor é maior do que a Morte, e
que a Mors-Amor - Morte e Amor (como dissemos anteriormente) o título genial da maior das
obras de D. Juan Valera, são os dois pratos da balança da Vida, com cuja oscilação eterna, que
muito possui do fluxo e refluxo das marés, é mantida a economia do Universo, concorrendo
para que a Morte vença o indivíduo e seja, por sua vez, vencida pela espécie, que é o que os
antigos indus quiseram simbolizar com a eterna lutado Brahmã criador (Brahmã não é um
deus, como vulgarmente se pensa, mas o Germe da raiz sânscrita "brig" crescer, estender-se,
propagar-se, donde a incompreendida expressão "crescei e multiplicai-vos") e o Shiva
destruidor, ou antes, reformador para novas criações...

E a botânica post-Lineuana teve de comprovar, desde logo, que a separação sexual do


estame e do pistilo era insignificante nas flores chamadas monóicas, tornando verdadeiras
entidades andróginas, sendo que, completa nas plantas chamadas dióicas, nas quais o órgão
floral masculino estava em um talo ou algo diferente do órgão feminino, observando-se casos
admiráveis, como daquela palmeira fêmea do Jardim Botânico de Madrí, que apesar de não
haver outra de características masculinas nas imediações (qual acontece entre nós com o
mamoeiro, etc.) era fecundada, anualmente, pelo pólen de uma dessas, no pátio das Salésias
Reais, a dois quilômetros de distância. Ficou também provado que o instinto sexual, mesmo
nas plantas, é mais forte do que o da conservação, tal como o da Valisnéria, de que
Maeterlink, como um dos mais valiosos escritores botânicos, nos deixou uma descrição feita
com mão de mestre"

"Entre as plantas aquáticas figura, como a mais romântica, a Valisnéria, essa


hidrocarídea, cujos desposórios formam o episódio mais trágico da história amorosa das flores.
A Valisnéria é uma planta insignificante, desprovida da graça encantadora do nenúfar, espécie
de loto europeu, ou de outras flores sub-aquáticas, de airosa cabeleira, que a natureza se
esmerou em oferecer-lhe delicado romance. Toda a existência dessa planta tão humilde, se
desenvolve no fundo das águas, em uma espécie de sono, até o momento nupcial, em que tem
de passar por uma nova vida. Então, a flor feminina vai desenrolando, lentamente, a longa
espiral do seu pedúnculo; sobe, emerge das águas, abre e se estende na superfície do lago. De
lugar vizinho, ao vê-la, apenas, através do reflexo das águas, eleva-se, por sua vez, a flor
masculina, cheia de esperança, atraída para um mundo novo de senhos, que transcende da
mágica sugestão de sua companheira. Chegando, entretanto, ao meio do caminho, a flor
masculina se sente bruscamente retida, porque o talo que a sustenta e que lhe dá a vida, é
demasiadamente curto, não lhe permitindo, portanto, chegar à superfície, e ali consumar a
nupcial união entre estame e pistilo. Será isso um defeito ou a mais cruel das provas, impostas
pela natureza ?... Imagine-se, com efeito, a horrível tragédia de semelhante desejo, de estar
vendo e tocando aquilo que se fez inacessível... Semelhante drama se torna tão insolúvel
quanto o nosso próprio na Terra; mas, eis que, de repente, surge um novo e inesperado
elemento. Terá a flor masculino o pressentimento de tamanha decepção ? Não o sabemos,
que é certo, é que, ela soube conservar em seu coração uma bolha de ar, como guardamos em
nossa alma um doce pensamento de inesperada salvação... Dir-se-ia que vacila um instante,
mas, em seguida, com esforço sobrenatural, o mais assombroso de quantos se conhece na vida
de flores e de insetos, rompe heroicamente o laço que a une à existência, para voar às alturas
de seu amoroso ideal: corta, por si mesma, seu pedúnculo, e em incomparável impulso, entre
pérolas de alegria, suas pétalas afloram à superfície das águas... Feridos de morte, porém livres
146

e rutilantes, flutuam um instante ao lado de sua amorosa desposada; a união dos dois seres se
realiza, depois da qual a flor masculina, sacrificada nas aras de seus anelos, torna-se joguete
das águas, que levam o seu cadáver para a margem vizinha, enquanto a esposa já mãe, cerra
sua corola, onde palpitam ainda os amantes eflúvios, enrola seu pistilo e volta as
profundidades aquáticas, a fim de amadurecer o fruto de um amor heróico e sem limites...

Muito tem ainda a Ciência que descobrir na Natureza, os mistérios do sexo, não se
limitando, como até agora, a animais e vegetais, mas a tudo quanto nos cerca: minerais,
átomos, moléculas, células e astros, fazendo do estudo do Sexo Universal a chave mestra dos
segredos do Cosmos, porque, se o Sexo, em si, é limitação, a união dos sexos contrários é
propagação indefinida: finitude da Dualidade, vencendo, com a sua recíproca penetração, so
Infinito !

Sim, porque, orgânica e filosoficamente, o fenômeno da cópula não é mais do que a


cessão, que o elemento chamado masculino faz ao elemento feminino, de algo que possui,
mas o segundo necessita. Razão pela qual a sabedoria da Linguagem, outra das preciosas
chaves do Mistério que nos cerca, houve por bem chamar ao referido fenômeno de "comércio
sexual", como simil da mesma essência do fenômeno "Comércio", nascido com a Humanidade,
em forma de troca, ou seja, da cessão de algo que se tem e não se necessita, e até estorva,
devido a sua abundância, em troca de algo de que se carece. E, desse modo, tal "troca de que
se tem pelo que não se tem, mas se deseja", é comum a tudo quanto existe no Universo,
constituindo, assim a própria essência da Vida, que é precisamente a Vida pelo Sexo.

Em tal sentido, a química não vem a ser senão o estudo do sexo em moléculas e
átomos. Se a Filogenia e a Ontogenia nos ensinam que a vida terrestre nasceu no mar, isto é,
da Água, a Química moderna já comprovou este princípio, que na presente obra não é possível
desenvolver de modo científico, de que: todas as reações químicas produzem ou decompõem
água", ou finalmente, quando esta última não aparecendo, por falta de algun de seus dois
componentes, colocam os elementos da reação em condições de produzir água ou decompô-
la, por meio de outra posterior.

Assim, se a água é a Mãe, e "águas-mães" se chama, por exemplo, aos resíduos da


cristalização por via úmida, a água é, por sua vez, o filho (na espécie humana, dizemos nós, o
filho é precedido de água, na razão das "águas do parto"...) em toda reação de ácidos e bases
para formar o sal ( união dos resíduos - ligaduras post-cópula, como se poderia dizer; e que
não é estranha nenhuma vez no reino animal), sendo, além disso, a água o protótipo do
androginismo químico, porque, embora o voltâmetro decomponha a sua molécula em um
átomo de hidrogênio (H), que atua nas reações à guisa de elemento ácido, e outra de oxidrila
(OH) que, por sua parte, age como elemento básico, tornando-se assim, a água, por seu
Hidrogênio (H), o último, o menos ácido dos ácidos, e por seu Oxidrila, (OH), a primeira ou
menos alcalina das bases, que, com o seu maior calor específico, é causa da decisiva
importância da água em a Natureza.

Fica, pois, com isso assentado - mais longe não podemos ir neste livro - que debaixo do
novo "sentido sexual" de nosso presente Ensaio, todo ácido é "masculino" e como tal, apto a
ceder um Hidrogênio ao unir-se ou copular com o Oxidrila da base, a qual, por sua vez, se faz
feminina".
147

A molécula H + (OH) é, pois, o filho de semelhante "comércio sexual químico", e os


ligados a radicais resíduos, ou "progenitores" da referida molécula de água, ficam em
condições de latência química, para reconstituir o seu recíproco e perdido "sexo", destruindo
em posteriores reações, a molécula de água, isto é, "devorando-a", como fez Saturno a seus
filhos, na Mitologia, pois, afirma-se que o mesmo devorava, porque estes, como mais tarde fez
com o próprio Júpiter, o ameaçavam de privá-lo daquela sua virtude criadora, com o deus que
era...

E se este é o "fenômeno da sexualidade química", também existe aquele que,


plagiando a Marañon; poderíamos qualificar de "química homossexual", que é realizado, como
foi dito, entre os ácidos e os sais, entre moléculas homogêneas ou do mesmo sexo químico. Tal
é o caso de duas moléculas "femininas" de qualquer dos infinitos álcoois, de oxidrilos básicos
copuláveis com o hidrogênio dos ácidos. E, quando sobre elas atua o calor, eterno ativador das
reações (inclusive febris para a desintoxicação do organismo), se não tem ácido com que se
unirem, unem-se entre si (uma espécie de "tribadismo" ... ou algo mais) gerando "água" e
transformando-se as duas moléculas de álcool e uma de éter.

H H H H H H H H

| | ....... | | | | | |

H--C--C--OH HO--C--C--H --> H--C--C--O--C--C--H + H2O

| | ....... | | | | | |

H H H H H H H H

Álcool Álcool Éter Água

Há, finalmente, a "autossexualidade química", pela qual moléculas das mais


complexas, como as albuminas e as lactonas, copulam hidrogênios e oxidrilos de seu próprio
meio, tornando-se, desse modo, com seu complexo edifício estéreo-químico, verdadeiras
148

plantas de infinitésimo, onde, os "estames hidrogênicos e os pistilos oxidrílicos" ficam


sustentados pelo mesmo arbóreo tronco molecular...

Da sexualidade "de átomos e moléculas" muito se poderia dizer, porque, presididos,


sem dúvida, por essa suprema "Lei geométrica", que rege o Cosmos, segundo Platão e os
pitagóricos, todas elas se cristalizam em alguns dos sistemas regulares da ciência
cristalográfica, e já houve quem demonstrasse "a origem poliédrica das mesmas espécies".

(AURORA BOREAL NA NORUEGA, enfeita o cerúleo manto do firmamento )

**** deve haver uma figura ****

Quanto à sexualidade dos astros, ela já se torna evidente para muitos filósofos
astrônomos e, como já tratamos do assunto em muitos dos nossos trabalhos, não se torna
necessária a sua repetição. Basta apontar, apenas, que os últimos estudos sobre os cometas
começam a considerá-los como "espermatozóides cósmicos", que, depois das mais
vertiginosas, "loucas e juvenis corridas" pelo espaço sem fim, acabam ficando prisioneiros de
verdadeiros "óvulos femininos", constituído pelo Sol e os "anéis" ou "esferas", onde se movem
os planetas, e ainda por estes mesmos. Realizada tamanha "fecundação", o núcleo cometário,
tal como aconteceu com o cometa Biela em 1866-72, se decompõe em milhares de fragmentos
produtores de densas "chuvas de estrelas", com as quais "o espermatozóide celeste" é
absorvido, do mesmo modo como pela fecundação é absorvido o espermatozóide orgânico,
pelo óvulo que assim fecundado determina, em seguida, a primeira cariocinese do organismo
do "filho". Milhões e milhões desses inertes fragmentos, como suspeita a teoria meteorítica de
Lockier, caem sobre o Sol, "alimentando-o" (novo broto do mito de Saturno), do mesmo modo
que sobre a Terra e demais planetas. Cada um destes, com efeito, possui ligados a ele ou
fazendo parte "de sua família", vários cometas ou "espermatozóides" ainda não destruídos,
mas que, cedo ou tarde, deverão ser por eles "genesicamente absorvidos", tal como foi dito.
Isto sem contar com a mesma Luz, que gira em torno da Terra, como o "espermatozóide" em
torno do "óvulo", antes de fecundá-lo, e a prognosticada dissolução da "masculina Lua" (para a
Terra, pois, para o Sol se faz "feminina"...) no âmbito "ovular" da "feminina Terra", que só se
dará, felizmente, em época muito distante, na opinião dos referidos astrônomos-filósofos.

E não apenas astros e átomos obedecem, desse modo, ao imperativo do sexo, mas
também, de modo brilhante, o metabolismo de tudo quanto nos cerca, pois tudo é, segundo o
critério dual do masculino-feminino, positivo-negativo, latente-radiante, ativo-passivo, quente-
frio, luminoso-tenebroso e demais "contrários filosóficos" - contrários por sua mesma
transcendental sexualidade - sem o que nada seria possível realizar no mundo, pois, como
muito bem afirma D. Rafael Salillas, em sua "Teoria Básica ou Sexual", tudo é, segundo a lei do
"lingham e do Yoni" : a chave e a fechadura, o ferrolho macho e fêmea, do mesmo modo que o
colchete, o arado e a terra, cortante e cortado, a serra e a madeira, o vencedor e o vencido, o
operador e o operado, lucro e perda, abandono e posse, ação e reação, impulso e queda e mil
149

outros conceitos reciprocamente sexuais, de que está repleta a literatura burlesca de todos os
tempos e países, literatura cujo único mal se estriba em oferecer "como recreação proibida",
ou de atrações morbo-imaginativas, o que deveria ser tratado com a maior pureza e
sublimidade possíveis, por corresponder a um dos mais sagrados mistérios da Natureza...
SANCTA, SANCTA SUNT TRACTANDA !

Viveu-se, durante muitos séculos - o que é de se lamentar - debaixo de condenáveis


subterfúgios acerca dessas questões. Hoje, em troca, todo o mundo clama acompanhando o
simpático escritor espanhol Ernesto Lopes Parra :" A verdade, Senhor ! A verdade ! " Se a vida
é difícil e má e nos cumula de adversidades, preferível é enfrentar tudo isso, com verdadeiro
heroísmo, do que se refugiar na ilusão de uma rósea esperança... Porém, feliz não pode viver
aquele que não deseja saber se vive de mentiras, resignando-se a seguir vivendo... Não existe
amor sem verdade, como verdade sem amor. "A única fé admissível é a fé da verdade", disse
Buchner, condenando o fanatismo das religiões positivas.

"A verdade, Senhor ! A verdade!

"Não pode consolar-nos a mentira, nem em paz pode viver por muito tempo quem de
mentiras vive, porque a verdade lhe tolhe o passo com a frieza da sua realidade e justiça. os
que alicerçam a sua própria história com perfídias, negando cinicamente a crença que à sua
própria insinceridade diminui, vivem sempre em estado precário; sua vida é uma promissória,
cujo vencimento chegará antes do prazo terminado. A verdade, pouco importa qual seja,
mesmo que para confessar um crime... combater com ela é livrar-se de todas as ciladas e
prevenir-se contra todos os possíveis perigos; é limpar o ar de miasmas e o espaço de sombras,
o coração de rancores e dúvidas. Morrer é afogar-se em mentiras; cair na cisma em que caiu
Hamlet e debater-se como Sigismundo em uma luta estafante e inútil. Há quem tema a
verdade, porque nela se executa sem querer, porque é a forca dos que vão vivendo do seu
próprio medo e dos demais. Porém, os que fizeram de sua vida um culto e vivem com os olhos
abertos às eternas verdades, asfixiam-se, justamente, quando os seus pulmões são obrigados a
respirar o ar da mentira, que sempre foi o ar da escravidão..."

porém, verdade alguma daquelas que o mundo busca, ou melhor, das que o mundo se
arreceia, como aquela do mito da Lady Godiva, é mais repelida do que a verdade sexual, a lei
que, por meios fisiológicos, impele ao amor da humana parelha, edifica o lar, alimenta, educa,
instrui, tornando verdadeiros Homens os filhos, vencendo, assim, pela magia do Amor, que
cria, ao também mágico poder da Morte, que destrói. E o vence, em criadora epopéia, com a
qual a nossa finitude em Espaço, Tempo, Quantidade, forma e Matéria alcança o Infinito,
assegurando, por trás da fugaz personalidade dos dois consortes, a perpetuidade do Homem
sobre a Terra.

Mas não existe micróbio algum moral que ataque mais diretamente a Santidade do
Sexo como a má literatura, sempre em voga no mundo, desde as cruezas de "As mil e uma
noites" árabes - não "As Mil e Uma Noites" primitivas ário-indús, hoje perdidas (e quantos
outros livros tivemos de apontar em "O Verdadeiro Caminho da Iniciação"), e das que só
podemos deduzir como eram na sua excepcional grandeza, através dessas últimas, cruamente
traduzidas para o francês, pelo Dr. Mardrus, e para o castelhano por Blasco Ibañes desde as
"Mil e Uma Noites", repetimos, até a obra do Abade Villars, comentado por Roso de Luna,
150

através de toda essa literatura medieval, conhecida sob o nome genérico de "literatura
picaresca", e hoje continuada, como lamentabilíssimo êxito, mas, transformando-as em
montões de esterco, ou de dolorosas realidades que antes deveriam ser silenciadas, em honra
da mesma verdade, pois que, sendo elas "uma verdade animal" não são "uma verdade
humana" no sentido sublimado do verdadeiro Ideal literário, que sobre elas voando a imensas
alturas, não deviam ser alcançadas com a vista, justamente por essa mesma elevação de
espírito, já que a verdadeira Arte deve firmar-se sempre acima da Realidade - melhor dito, dos
"crus realismos", que não representam senão uma parte, mínima inferior, daquela Realidade -
do mesmo modo que da Terra se acham afastados todos os sóis que adornam o cerúleo manto
do Firmamento.

Em tão perigoso sentido, o Conde de Gabalis tem tantos precursores como


continuadores.

Mas, fiquemos aqui, por enquanto, pois, para terminar esta terceira parte e o próprio
livro que hoje expomos, teremos mais uma vez de citar Roso de Luna, através de sua
valiosíssima obra "Aberraciones psíquicas del sexo" . CAPÍTULO V

Síntese sobre as funções procriadoras em ambos os sexos

173. OS FATORES DETERMINANTES DO SEXO

O que figura no presente capítulo, faz parte de uma série de estudos realizados através
de pesquisa microscópica pelo Dr. Constant Papazolu, de "Sanatatea", de Bucarest, que é bem
um complemento do magistral estudo do capítulo anterior, da autoria do insigne polígrafo
espanhol, Dr. Mario Roso de Luna, além dos enxertos, comentários, anotações e tradução do
autor da presente obra:

"O problema relacionado com o conhecimento do mecanismo, através do qual evolui o


sexo, não constitui apenas uma curiosidade científica, mas sim uma questão de suma
importância, tanto sob o ponto de vista social como econômico.

É, pois, natural que um problema de tamanha vitalidade concorresse para que diversas
opiniões se fizessem apresentar, na esperança de que o resumo fosse elucidado. E assim, das
várias teorias levadas a lume, surgiram dois grupos:
151

1o - O que sustenta a predestinação do sexo, desde a célula germinativa.

De acordo com esta teoria, o sexo se produz de modo imperioso, em virtude de


determinadas captações das células germinativas, seja antes ou depois da fecundação.

2o - O que reúne todas as teorias que atribuem ao organismo materno as captações


que determinam, no momento oportuno a procriação do sexo masculino ou feminino ( esta é
entre todas, dizemos, a mais acertada, pelas razões que vamos elucidar em outro capítulo, já
se vê, do ponto de vista esotérico ou eubiótico).

Predestinação do sexo das células germinativas:

Deste grupo fazem parte:

a) a teoria da polarização dos espermatozóides;

b) a teoria das gônadas;

c) a teoria dos cromossomos;

d) a teoria do vitalismo.

174. TEORIA DA POLARIZAÇÃO DOS ESPERMATOZÓIDES

Foi concebida por M. R. Coltzoff e W. R. Schroeder. Tais autores afirmam que os


germes se diferenciam entre si devido a certas propriedades, apoiando esta tese nos
resultados obtidos em suas próprias experiências.

O processo consiste em por líquido espermático sob a influência de uma corrente


elétrica, cujo resultado demonstra que nem todos os germes se conduzem do mesmo modo.

Alguns dirigem-se e reúnem-se em torno do polo positivo, enquanto outros procedem


do mesmo modo em torno do polo negativo; uma terceira categoria permanece à margem da
influência dos dois polos.
152

De acordo com a presente teoria, existem três categorias de células germinativas


masculinas. Acreditamos que a referida multipolaridade seria difícil de explicar, do ponto de
vista biológico, pois o fato de somente os espermatozóides do polo negativo produzirem
exclusivamente um sexo, impõe certa reserva à respeito da mesma tese.

Deve-se, pois, estudar as demais espécies de animais, visto o processo sexual, embora
em suas características ser análogo em todas as espécies, apresentar variações de uma para
outra; não podemos nos basear na experiência com os coelhos, nos quais a ovulação não se
produz de modo espontâneo.

175. TEORIA DAS GÔNADAS

Segundo Biedl, a gônada, que é uma glândula sexual inicial, em sua origem, bi-sexual,
da maneira que o sexo é determinado, posteriormente, depois da bifurcação sexual,
concorrendo para que o mesmo se pronuncie a favor do que estiver melhor representado, por
intermédio dos tecidos sexuais endócrinos.

Segundo Steinach, a gônada primária seria "assexuada", porém, suscetível de


diferenciar-se posteriormente de modo tal que as células glandulares endócrinas de um dos
sexos chegariam a exercer a sua influência hormônica sobre o organismo. Para o mesmo autor,
ambos os sexos, o principal e o secundário, preexistiriam. Este último poderia manifestar-se
somente no caso em que aquele não estivesse suficientemente desenvolvido, ou se
encontrasse ausente.

Mas, tal fenômeno tem a sua origem poli-glandular e exige outras interpretações
relacionadas com a teoria de Steinach.

Outros autores, por sua vez, julgam que as células intersticiais constituem "a fonte
harmônica do tecido germinativo".

Gley, do mesmo modo, acredita na dualidade funcional, mas que não implica tão
pouco em dualidade morfológica. Segundo sua opinião, as células germinativas pré-existiriam
antes da puberdade e se tornariam mais complexas mediante a modificação das células
seminais.

176. TEORIA DOS CROMOSSOMOS


153

Herking pôs em evidência, pela primeira vez, a existência de cromossomos especiais


nas células germinativas denominados "cromossomos sexuais".

Mais tarde, E. Wilson, Winifater, Ozuma, Painter, e outros, atribuiriam a tais


cromossomos as virtudes de terminar o sexo, com o auxílio das células germinativas,
possuindo um ou dois cromossomos sexuais.

Modernamente estes cromossomos são chamados de Cromossomos X e Y, sendo


justamente os que determinam o sexo. Na realidade, o verdadeiro responsável pela formação
de machos e fêmeas é o elemento masculino, o espermatozóide. Nas células do corpo existe
um par de cromossomos sexuais (XX para o sexo feminino e XY para o masculino), enquanto as
células germinativas (óvulos e espermatozóides) tem um só cromossomo sexual: X, para
óvulos; X ou Y para espermatozóides. Quando, na formação do ovo, unir-se um óvulo com um
espermatozóide X, teremos um ovo XX e, conseqüentemente, nasce um indivíduo feminino. Se
o óvulo unir-se a um espermatozóide Y, teremos o ovo XY, nascendo um indivíduo masculino.

177. TEORIA DO VITALISMO

Muitas são as opiniões que concedem à vitalidade das células - segundo o grau de cada
uma - a virtude de produzir seres masculinos ou femininos. Institui-se, do mesmo modo, no
que diz respeito ao vigor dos procriadores maduros, ao estado de nutrição, conservação, etc.
(o que não deixa de ser importante, dizemos nós, para o caso, segundo reclama a própria
lógica.

É de observar que, em todas essas opiniões, os experimentadores chegaram - partindo


da mesma idéia - a resultados opostos, de modo que semelhante teoria não possui valor
científico suficiente, para que fosse tomada em consideração.

178. OS ÓRGÃOS FUNCIONAIS DA EREÇÃO

O fenômeno da ereção e conseqüente orgasmo, que é justamente o fim ou razão de


ser da cópula ou união sexual, como já foi dito, não por um simples motivo de gozo ou prazer,
mas por pura necessidade fisiológica, donde resulta o nascimento do filho, principalmente se
154

antecedido da vontade do casal em possuir tal filho, o que se torna u mato da mais
transcendental pureza, além do mais para que não surja um simples "filho de acidente sexual",
mas da vontade, do desejo de dois seres francamente evoluídos, dizíamos, tal fenômeno foi
por muito tempo posto em discussão, no que diz respeito à sua origem propriamente dita, ou
por outra, quais os órgãos que no mesmo influíam. Inútil dizer que, sob esse ponto de vista,
aliás como em outros muitos, até bem pouco tempo, a ciência oficial estava bastante
distanciada da verdadeira Ciência, que só era facultada nos Colégios Iniciáticos, como fossem
os do Egito, da Grécia, da própria India, etc., como reminiscência dos prodigiosos tempos
atlantes, ou sejam, os do governo do mundo, através dos chamados "Reis Divino".

Assim acabou por descobrir a mesma ciência oficial que o fenômeno da ereção ou
"potência", no homem, origina-se da ação conjunta dos seguintes fatores:

a) do estado psico-mental;

b) do sistema secretor interno

c) do sistema nervoso;

d) do aparelho genital.

As glândulas de secreção que tomam parte ativa no referido fenômeno são: hipófise,
tiróide, cápsulas supra-renais, próstata, vesículas seminais e epidídimo. A principal glândula
deste sistema é a genital (testículos). sob a ação do hormônio pela mesma secretado, todo o
aparelho genital se torna eretizado, "carregado", como se fosse uma bateria. Nesta carga
tomam parte, mais ou menos acentuadamente, as outras glândulas acima citadas. Do córtice
cerebral partem as excitações erético-nervosas, que são conduzidas por intermédio de um
centro especial através dos meios condutores da medula (esotericamente falando, os próprios
nadis, a que já nos referimos na parte anterior), dirigindo-se então para baixo, para o centro
de ereção, que atua mediante os nervos eretivos provocando uma afluência sanguínea sobre
os corpos cavernosos.

(-) (+)

CABEÇA CABEÇA

^ v
155

| |

| |

Coração Coração

e e

Grande Simpático Grande Simpático

| |

| |

^ V

Órgão Órgão

Genital Genital

(+) (-)

***** verificar os outros desenhos *****

O cérebro masculino da mulher, não produz mais que os germens das idéias, mas ele
só fornece esses germens, o que vale dizer, o movimento inicial e a substância da primeira,
numa palavra: o esperma intelectual. É o cérebro masculino da mulher que fecunda o cérebro
feminino do homem, que a seguir gera as idéias. O diagrama acima explica e comprova
(esotericamente) tudo quanto acima vai exarado, em relação com a cabeça, e do mesmo
fenômeno sexual caótico para o cerebral, etc., ou seja do Samadhi ou êxtase místico (cabeça,
portanto), para o da cópula ou região sexual.

Veja-se, ainda, o que foi dito na primeira parte, por meio de representações ou
símbolos, a respeito dos dois referidos fenômenos, do ponto de vista externo: dois olhos
físicos e mais o frontal ou o chamado terceiro olho (relacionado com a glândula pinela), que
formam um triângulo de vértice para cima, ou apontando o divino, em oposição aos dois
testículo e o falus, que além do mais, situados na região pubiana, que tem a forma de um
triângulo de vértice para baixo, ou mundo infra-terreno, pois que, no terreno propriamente
156

dito, ela o indica no momento eretivo, tomando o falus a posição horizontal para a referida
função de cópula, que é bem a comparação feita no capítulo anterior da "chave para a
fechadura", etc. etc...

Em tais momentos, também assume a divina posição do 3o olho, muito bem


representado, como se disse ainda na primeira parte, por uma "serpente de bote armado na
fronte dos faraós" mais conhecido como "ureus mágico".

Em medicina, bem se poderia dizer que semelhante triângulo, anatomicamente


falando (e que se vê externamente) confirma o nosso esotérico, apontando pela primeira vez
em estudos profanos, como internamente, no chamado "Triângulo Lietau".

Com um derivativo conhecido, os intelectuais não necessitam tanto da união sexual,


como o vulgar dos homens. sim, nessa mais que comprovada ligação existente entre o cérebro
e os órgãos sexuais.

Outro ponto em que a Medicina está, mesmo sem o saber, de acordo com o
esoterismo, é aquele dos distúrbios mentais muitas vezes serem provocados pelo abuso dos
chamados "prazeres sexuais", sendo que muito mais, ainda, perlo sentimento de culpa
provocado pelo "vício solitário". Sem falar em que, muito antes de se manifestar o referido
desequilíbrio, na maioria dos casos, já as células se tornarem menos suscetíveis de fecundar o
óvulo feminino.

179. ALGUNS MEDICAMENTOS

A medicina Alopata empregando, hoje em dia, a Hormonoterapia, não só para os


distúrbios do aparelho genital, em ambos os sexos, como para os de outra espécie (hipo ou
hipertireoidismo, hipo-suprarenalismo, etc. etc.), não abandonou o velho sistema de drogas
para esse mesmo tratamento, e outros que possam cercar ao caso apontado, ou seja, das
anomalias sexuais. Faz muito mais, diga-se de passagem, com resultados proveitosos, por meio
do "tratamento cruzado", ou de hormônio de um sexo empregado no outro. Em tais casos,
estão muitos dos apontados pelo insigne Dr. Marañon, na sua obra intitulada "L'evolution de la
sexualité et les etats intersexuels" (trad. francesa do Dr. Sanjurjo d'arellano).

180. MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS


157

A homeopatia, que embora muitos afirmem "so lhe interessarem os sintomas, e não as
causas", procura atender as várias razões da "impotência", por meio de medicamentos
adequados.

Exemplo: a originada por mau funcionamento das funções da digestão e conseqüentes


anomalias (inclusive hemorróidas, etc.): NUX VOMICA, LYCOPODIUM CLAVAT (este é um dos
mais indicados), ALOES SOC. DA 6a alternada com CAPSICUM AN. DA 30a dinamizações;
quando a causa é desconhecida: PHOSPHORUS ACID, SELENIUM, etc.

Medicamento, por excelência, para a impotência provocada por "prostatite": SABAL


SERRULATA (na 1a dinamização). É este seu principal quadro de ação: Hipertrofia da próstata
dos velhos, com difícil micção e desejo constante de urinar à noite; enurese, devida à paresia
do esfíncter vesical; gonorréia, epididimite, irite com perturbações prostáticas, vertigem com
dor de cabeça, nevralgia em pacientes fracos, debilidade sexual, impotência (seu mais
poderoso medicamento), nevroses sexuais; perversão ou debilidade sexual nas jovens, ovários
sensíveis e tumefactos; valioso remédio para as mulheres que tem os seios mal desenvolvidos
e enrugados (desenvolve as glândulas mamárias, logo, tem a ver com a hipófise, etc. embora
os homeopatas ignorem. Do mesmo modo NATRUM MUR. - medicamento também
empregado na sua extensa patogenia, na impotência, já então influindo na tiróide, pois, além
do mais, é medicamento do hipertireoidismo.

Todas essas deduções ou intuição para as coisas, o espírito dedutivo, de raciocínio


analógico, de análise profunda, portanto, é exigido ao médico, pouco importa a sua medicina,
sob a pena de incorrer em graves erros. Copiosa expectoração com catarro no nariz, bronquite
crônica, são ainda sintomas do referido medicamento NATRUM MUR.

A próstata, sendo para o homem o mesmo que o útero é para a mulher - na razão do
primitivo hermafrodita de que já falamos em outro capítulo - possui cinco núcleos
embrionários, que condicionam os lobos prostáticos: o anterior, os laterais (que são dois), o
pré-espermático ou mediano e um quinto grupo, que é o mais importante: o grupo submucoso
cervical, abaixo da mucosa, ao nível do colo, prolongando-se algumas vezes para o soalho
vesical, ao nível da porção trigonal, ao nível do trígono.

As perturbações produzidas por uma prostatite são muito maiores do que se possa
julgar, porquanto chegam a alcançar órgãos mais distantes, produzindo futuras anomalias, que
no começo não podem ser previstas. Por isso mesmo se aconselha o tratamento, quer no
velho, quer no jovem, neste com maior razão, antes que seja tarde. Inúmeros sintomas que
tanto se propagam para a área nervosa, como para a muscular ou articular, como sejam certas
artrites e manifestações miálgicas, etc. tem por origem uma anomalia prostática. Sem falar
naquelas - por felicidade, raras - que penetram no campo muito bem estudado pelo Dr.
Marañon, ou dos estados intersexuais, inclusive bridas ou vestígios uterinos, exigindo uma
intervenção cirúrgica, por um profissional de reconhecido mérito. São anomalias que passam
158

despercebidas, mas que podem colocar um quadro enorme de sintomas nervosos, incapazes
de serem debelados com a Hormonoterapia, ou quaisquer outros medicamentos.

A falta de resistência ao frio, que se nota na maioria dos anciãos (e sempre às voltas
com balas, bombons, açúcar, enfim) demonstra uma hipo glicemia, na maioria dos casos
provocada por uma prostatite, que é doença de todo aquele que já passou dos 40/45 anos,
mas que não é razão, como já foi dito anteriormente, para deixar de ser tratada. É a prova que
uma dose pela manhã e outra à noite, de SABAL SERRULATA, fazem desaparecer esta fraqueza,
essa falta de vitalidade naquele que do mesmo medicamento fizer uso. Não há como
experimentar, quem estiver em semelhantes condições...

181. CAUSAS DA IMPOTÊNCIA

Assim, a fraqueza genital possui várias causas, a começar pela invasão do organismo,
de uma carga de hormônios originada das glândulas que lhe são correlatas.

Tais hormônios, entretanto, só agem sobre tecidos quando estes possuem uma certa
quantidade de sais minerais (sais de potássio). Estes sais preparam, pois, os tecidos para
receberem hormônios.

Todo e qualquer metabolismo dos sais minerais pode trazer como conseqüência uma
modificação de carga. Tal modificação pode se dar das seguintes maneiras:

a) Retardamento congênito das glândulas de secreção internas (hermafroditismo,


eunucoidismo, infantilismo);

b) Traumatismo mecânico ou físico das glândulas;

c) Como conseqüência de moléstias infecciosas, (como também diabetes);

d) Prejuízos químicos: excessos de álcool, fumo, cocaína, morfina, abuso de cloro na


água, (como se dá em certos países, que ainda não fazem uso de ozone). Do mesmo modo,
outros vícios, que interferem principalmente nos processos psico-mentais, na razão daquelas
"aberrações psíquicas do sexo" de que falava Roso de Luna.

As moléstias intestinais, por sua vez, concorrem para a fraqueza genital, quando não
provocam a sua perda total. Chama-se de "impotência coe undi" a produzida não apenas pela
prostatite, como julgam muitos, mas também pela "sigmoidite" e outras afecções intestinais,
que na maioria dos casos se caracterizam por dilatações das veias retais, hemorróidas, estas,
por si só, capazes de ocasionar outras tantas doenças e "anomalias" difíceis de serem
removidas. Por isso mesmo, nos casos obscuros deverá o doente procurar imediatamente o
159

seu médico de confiança, sim, e além do mais, porque "confiança não se impõe, adquire-se",
especialmente em medicina.

Outrora, os distúrbios do aparelho sexual produzidos por infecções e uso exagerado de


tóxicos eram considerados como esgotamento nervoso e classificados no campo da
neurastenia. Hoje, após as pesquisas efetuadas a cerca de hormônios, sabe-se que as moléstias
infecciosas; assim como o uso exagerado de tóxicos prejudicam a produção de hormônios. Do
mesmo modo, a impotência causada por onanismo e relações sexuais exageradas não devem
ser consideradas sob o antigo ponto de vista, isto é, o de "neurastenia sexual", e sim como um
distúrbio no funcionamento das glândulas sexuais, ocasionadas por processos psico-mentais.
Em tais casos, como nos demais, deve-se atender a famosa e sábia sentença: "Uti, non abuti".

182. O CLORO E SEUS PREJUÍZOS

O uso do cloro, de maneira excessiva (na água, etc.) não apenas causa apenas a
impotência, mas antes produz a ruína da mucosa gastro-intestinal, isso em adultos, quanto
mais em crianças...

Nas próprias piscinas - como se usa e abusa de modo aterrador - o cloro é


prejudicialíssimo à saúde pública. Não falemos da falta de higiene existente em tais lugares,
onde não podia deixar de haver a promiscuidade e tudo quanto da mesma resulta, inclusive o
do fenômeno produzido pelo choque entre o corpo, na sua temperatura natural, com a água,
principalmente se o banhista não tiver, antes de entrar na piscina, tomada a consciência e a
humanitária deliberação de procurar o mictório, etc. Que dizer, ainda, de moléstias de pele, e
em lugares invisíveis do corpo, ou as que o mesmo banhista não queira revelar ao médico de
tais estabelecimentos ?

Das várias moléstias causadas pelo excesso de cloro nas piscinas ressaltam: oftalmias,
otites, rinites, etc. etc.

Em questões dessa natureza - dentro da própria técnica profissional, à qual se atribui


hoje tanto valor - é ao médico, à Saúde Pública, que se deve ouvir, e não aos de outras
profissões, sob pena de graves riscos para a população, seja de que país for.

Até hoje, na América do Norte, ninguém sabe, ao certo, a razão porque ali, mais do
que em qualquer parte, principalmente em determinados Estados, sempre grassou a "paralisia
infantil". E pelo que se sabe, além de muitas outras razões, o cloro entra como principal
elemento que facilita a incidência dessa doença. Depois que esse mesmo país tomou a
deliberação do uso do OZONE e outras providências que a própria Medicina conhece (vacinas,
etc.), o surto de semelhante moléstia diminui ou desapareceu, ficando, entretanto, nos lugares
onde continua o grosseiro e prejudicialíssimo sistema do cloro. em outros países, onde
160

raramente foram constatados casos da mesma doença, por se ter tomado a resolução de
aumentar o volume d'água para abastecimento da cidade, fazendo uso de uma "adutora" de
certa cachoeira de má procedência, (águas contaminadas, etc. ) logo diversos casos de
"paralisia infantil" foram constatados.

Empregar o cloro para não se apanhar uma doença, ou mesmo morrer dela, pelo fato
de ser a água de má procedência, torna-se um círculo vicioso, porque também se apanha
doenças terríveis com o cloro, das quais também se pode morrer muito mais depressa do que
bebendo uma água imunda. As probabilidades são totais para o primeiro caso, e duvidosas
para o segundo, na razão das defesas orgânicas em cada indivíduo.

183. O OZONE

O ozone é o mais apropriado purificador da água, graças às suas propriedades


microbicidas, oxigenantes e vivificantes. De ozone está impregnada a água da chuva, e o "vox-
populi" é o primeiro a se manifestar por meio destas palavras: "A água da chuva é a mais pura
e a mais saborosa de quantas se conhece". Pessoas há, que por ocasião das tempestades -
estando a atmosfera completamente carregada de eletricidade - expõem a água impura de
suas residências, repleta de artifícios ( para não dizer venenos ) ao âmbito exterior, durante
todo o tempo da tempestade. Os Adeptos ou Iniciados, com maior razão de ser, procuram
residir próximo à cachoeiras, pois, de viverem em harmonia com a Natureza, sabem que a
mesma, ao natural, ou sem processos "artificiais" apontados, possuem maior quantidade de
Prana.

Tudo isso faz lembrar os primitivos dias da Humanidade, em que esta era obrigada a
viver dentro do ambiente de cataclismos que nos conta a Cosmogênese, todo saturado de
OZONE.

Por ser interessante, transcrevemos aqui alguns trechos de um velho estudo nosso
publicado em Dhârânâ, nos números 25 a 28, de janeiro a abril de 1928, na segunda parte de
nossa Mensagem ao Mundo Espiritualista:

"Se em uma bela noite estrelada, assestardes uma bela luneta telescópica sobre a
constelação cantada por Homero, como "a mais bela e mais rica do céu", a sublime Orion,
podereis verificar, perto das três estrelas, que formam o cinturão do guerreiro, um nevoeiro
luminoso que nos aparece mais ou menos com a largura do disco aparente de nosso satélite, e
que, no entanto, possui um bilhão, trezentos e trinta e dois milhões de léguas de extensão,
afastando-se de nós a velocidade de cem mil quilômetros por hora. (Uma nave espacial, das
que foram à Lua, numa velocidade aproximada de sessenta mil quilômetros por hora, levaria a
bagatela de cem mil anos para atravessar tal nevoeiro). Tudo isso entretanto, dizemos, são
161

cálculos aproximados, porque "a trepidação da matéria akashica que envolve o nosso globo é
bastante para confundir os mais valiosos astrônomos", como prova cada vez mais se
empenharem na fabricação de maiores ou mais potentes telescópios, (ou mesmo transferi-los
para estações orbitais), a fim de poderem melhor devassar a abóbada celeste, embora nunca,
absolutamente nunca, cheguem a alcançar o que se pode chamar de verdadeiro, existente por
trás dessa mesma matéria akhasica.

Em uma época a que o espírito humano não pode remontar, nosso sistema solar não
formava senão uma vasta nebulosa perdida no infinito negro da imensidade (por hipótese,
negra, mas em verdade, o índigo do mesmo akasha, como já dissemos na parte anterior).

De acordo com as leis, em virtude das quais "cada átomo atrai outro átomo", um anel
central se formou e todas as moléculas da nebulosa convergiram para esse anel.

Então, dois fenômenos se produziram: o movimento de rotação, conseqüência da


força condensadora e da atração central, e o calor, conseqüência do movimento produzido.

Um globo de fogo brilhou no espaço; em torno desse globo a nebulosa continuou a


girar, e suas diversas partes condensando-se, sucessivamente, formaram alguns anéis, que
gravitaram em torno do centro incandescente.

No entanto, o trabalho atômico, continuando em cada um de seus anéis, fez com que
os mesmos se separassem e dessem nascimento a outros focos luminosos (os planetas),
donde, outros anéis se desprendendo e separando, formaram, por sua vez, os seus satélites.

O Fiat-Lux estava realizado !

Séculos e séculos se passaram, e em nossa Terra, quarto anel cortado da nebulosa


primitiva, resfriou-se, e uma camada consistente pode receber a condensação dos vapores.

Todavia, o fogo central sempre em atividade desprendia enormes quantidades de


gazes, que, para se escaparem, faziam monstruosas fendas na crosta terrestre, produzindo
gigantescas elevações. As águas, subitamente volatilizadas, subiam em imensas trombas de
vapor às regiões geladas do éter, donde bruscamente condensadas tornavam a cair com
estrepitosos raios que, unidos aos clarões do raio e à rutilância dos relâmpagos, continuavam a
obra terrível mais grandiosa da criação.

Milênios sobre milênios se passaram para que a camada se condensasse, os


continentes emergissem e a vida aparecesse na face da Terra.

Descrever as primeiras idade da vida, definir como uma simples célula transformou-se
em uma alga e esta num gigantesco dinossauro; como insignificante infusório, passando pela
escala ascendente de todos os seres, tornou-se um homem; como os cataclismos cósmicos
agiram na sucessão das raças; descrever tudo isso é impossível, no limitado espaço em que nos
mantemos, em uma insignificante mensagem, cujos fins, em verdade, são bem outros".

Foi, pois, em tal ocasião - como dissemos anteriormente - que o homem envolvido
pelo natural ozone produzido pela obra grandiosa da criação, além do mais, possuindo outros
meios de vida superiores aos de hoje, adquiria o direito a uma existência acima de 200 anos.
162

Regiões há na face da Terra, próximas aquelas a que denominamos de "embocadura


agartinas", onde os vapores que vem do seio da Terra auxiliam os habitantes dos arredores a
uma existência ainda hoje superior a 150 anos, pouco importa o sorriso de escárnio por parte
daquelas que ousam criticar as coisas que ignoram por completo. A estes, como diz o Nitri-
xataca de Barticari, nem Brahmâ é capaz de convencer.

Na Índia, em lugar idêntico, existe um misterioso Ser que fez verdadeiros "milagres",
tornando um ancião em jovem, ou melhor, diminuindo-lhe de 25 anos ou mais a idade.
(Paracelso e outros já possuíam o mesmo poder...)

CAPÍTULO V

184. As sagradas funções da Maternidade

Entre alguns povos od Oriente - inclusive os Todes da Nilguiria (Nilghiri, "montanha


azul") ao sul da Índia - o nome mulher é substituído pelo de mãe. A uma menina se chama
"mãezinha" e a uma senhora, de "mãe grande". O mesmo acontece em certas tribos selvagens
de nosso próprio país.

Pelo que se vê, tais povos tem uma concepção mais perfeita do papel da mulher que
outros que desejam passar por mais civilizados.

Na mesma Índia, o casamento é principalmente entre filhos de brâmanes levado a


efeito entre duas crianças, cujos pais - concordaram em que "tivessem nascido uma para a
outra", seguindo, assim, as velhas regras do Manu, apontadas no "Manava-Dharma-Shastra.
Logo que o menino alcança os quinze anos e a menina os treze, deixam a casa paterna para
morarem juntos. as razões, científica e esotérica, de semelhante comportamento se baseiam
no que passamos a expor:

Pequena é a diferença entre as duas crianças ao nascerem. Nos primeiros anos,


entretanto, cada uma delas assume características diferentes e acentuadas. Logo que
163

começam a andar, essa diferenciação se torna evidente. Do ponto de vista sexual, a menina
sofre uma transformação ao atingir, mais ou menos, a idade de dez anos. Tal mudança se
torna visível dos doze aos quatorze anos. Nessa ocasião atinge ela a puberdade, tornando-se
mulher, ou melhor, em condições (biológicas) de reprodução. E assim continua até alcançar,
mais ou menos, os cinquenta anos, quando passa pela denominada "idade crítica" ou
menopausa.

Esotericamente, tal fenômeno pode ser indicado por uma quadrante, (que pela
primeira vez se apresenta em um livro), onde há uma pequena divergência, ou antes, variação
para o que é conhecido pela ciência oficial:

*** desenho de um semi-circulo dividido em quatro partes ***

** 'os raios' estão numerados com 1, 15, 30, 45, 60

De acordo com o "compasso quaternário", a que tudo se sujeita no mundo, como


procuramos provar na primeira parte deste livro, citando as quatro idades da vida (infância,
adolescência, maturidade e velhice), o diagrama acima representa 4 vezes a idade dos quinze
anos, sendo que seu dobro central dos quinze aos quarenta e cinco anos, pode ser todo
dedicado a procriação, a menos que, como acontece com os mesmos brâmanes acima citados,
ao completar, o casal que se uniu naquela idade, o homem 42 anos e a mulher 40, estando
seus filhos em condições de se manterem por si mesmos, procurem dedicar-se a outro
sacerdócio. sim, o pai - depois de tão sublime missão do lar, ao lado de sua companheira (a
sacerdotisa, que manteve durante tanto tempo a lareira, ou fogo sagrado da maternidade, das
responsabilidades domésticas, etc...) procura uma outra, ou seja a espiritual, quer seja em um
mosteiro, ou mesmo independentemente, pregando as santas verdades a quantos desejam
ouví-lo ou seguir os seus preciosos conselhos e ensinamentos. Semelhantemente, a sua antiga
companheira faz-se sacerdotisa de um templo, ou - tal como o esposo - indo pregar entre as
mulheres não possuidoras dessas mesmas verdades, que ambos já em seu lar não se
descuidaram, compartilhando com seus filhos.

Na maioria dos casos, a jovem que começa cedo o período catamenial vê-se também
cedo livre dele, isto é, mais ou menos dos 40 aos 45 anos. Conforme indica o mesmo diagrama,
nessa idade, que é a de 3 X 15, começando a chamada "idade crítica", é muito natural que a
esposa brâmane procure dedicar-se a outros misteres, pouco importa que o fazendo aos 40
164

anos, pois quando tal período lhe aparece, já está ela envolvida em outro ambiente, como o
mesmo Dr. Marañon diz na sua preciosa obra anteriormente citada.

Nessa idade a mulher toma um verdadeiro aspecto masculino (por isso mesmo,
podendo substituir as coisas do sexo pelas do Espírito), inclusive na tonalidade da voz, que se
torna mais grossa e algumas vezes por meio de pelos que nascem no lábio superior, à guisa de
bigode, etc. O mesmo, quanto ao homem ( em diversos casos, também), o de lhe cair os pelos
da barba, a voz se afinar, além de outras características femininas.

De passagem, fazemos lembrar que foi na idade de 15 para 16 que fomos conduzidos
ao Norte da Índia, afim de realizar um certo ritual que, a bem dizer, estreitas relações tem com
tudo quanto estamos desenvolvendo. E ao subirmos à Montanha Sagrada, em São Lourenço,
21 anos depois de voltarmos da Índia, ou seja em 1921, quando a Obra em que a S.B.E. se acha
empenhada foi espiritualmente fundada, nossa companheira de missão, por sua vez, acabava
de completar os mesmos 15 anos (apontados em nosso diagrama e respectivos comentários).

Mais adiante voltaremos a tratar do mesmo assunto, servindo-nos, porém, de uma


linguagem mais transcendental, para não dizer cabalística, obedecendo aos 22 Arcanos
Maiores, com a suas sete chaves interpretativas, entre as quais se acha a sexual, embora
considerada como a mais grosseira de todas.

Acentuadas alterações físicas e psíquicas se passam na menina quando se faz mulher;


alarga-se a bacia, assumindo o tamanho e forma necessários à sua principal função. E adquire
"formas", devido a gordura arredondar seu corpo. Ângulos são substituídos por graciosas
curvas e belas proporções, a menos que se trate de uma jovem anômala. Os seios aumenta,
tornando-se seus bicos mais salientes e cercados por um pequeno círculo de
hiperpigmentação (auréola primária). A atividade da pele aumenta, especialmente a das
glândulas sebáceas. É conhecido, mesmo entre os povos incultos, o fenômeno das erupções
cutâneas, em ambos os sexos, espinhas (ácne), cravos, etc. Na jovem, os cabelos se tornam
mais abundantes e de textura delicada. Modificam-se, também, os órgãos genitais externos,
desenvolvendo-se e tornando-se mais escuros, bem como aumenta a sua irrigação sanguínea.
A tiróide, por sua vez, aumenta o volume, exercendo importante papel na vida da jovem. A voz
se torna mais cheia e mais harmoniosa.

Psiquicamente, apresentam-se várias modificações no seu caráter: no começo,


instabilidade nervosa; grita, ri e canta sem motivo justificável. Mostra-se caprichosa, e algumas
vezes, arrogante, ao ponto de não querer aceitar os conselhos paternos, inclusive, por suas
predileções amorosas. Seu estado, entretanto, plenamente desenvolvido, e fixados os seus
hábitos, essas emotivas manifestações tempestuosas desaparecem, e em sua vida começa um
novo equilíbrio mental. Embora encarando o sexo oposto com maior interesse, a sexualidade
não está de todo desenvolvida, a menos que seja despertada por fatores externos, digamos,
artificiais, e muitas vezes, só alcançado a plenitude do desenvolvimento depois de casada.

Quando transpõe o portal que conduz da infância à sexual maturidade, verificam-se


outras modificações internas. Notável aumento se dá no tamanho do útero e dos demais
órgãos da geração. suas glândulas de secreção interna apresentam novas ou intensificadas
165

funções. O óvulo é libertado periodicamente. E portanto, como mulher, pode ser fecundada. A
bacia não alcança seu integral desenvolvimento senão dos dezoito aos vinte anos.

Diz-se que nos países tropicais as meninas se tornam verdadeiramente mulher muito
cedo. Porém, nem sempre é esse o principal fator de semelhante desenvolvimento. Existem
muitos outros, dentre eles o temperamento, para não irmos a questões mais transcendentes,
ou sejam as cármicas.

Periodicamente desprende-se um óvulo de um ovário. Quando isso se dá pela primeira


vez, é geralmente seguido da primeira menstruação. A menstruação resulta da não
fecundação de um óvulo.

O grave erro de se ocultar das jovens suas próprias funções concorre para, quando
mulheres já formadas, mal saberem o que se relaciona consigo próprias, quando não fazem
concepções completamente errôneas, dentre elas, por exemplo, o de que "a união sexual 3
dias antes ou depois da menstruação é sinal certo de fecundação". Este é o maior de todos os
absurdos, como se verá mais adiante.

Algumas instruções devem ser dadas nesse sentido, em proveito de nossas leitoras.

A vagina, que pode ser comparada a um tubo, é o receptáculo das células masculinas
que lhe chegam pela união física. Em sua extremidade superior acha-se o útero. O útero
virgem é periforme e achatado no sentido antero-posterior. Numa comparação grosseira, tem
mais ou menos o tamanho de uma pera. Possui uma cavidade vertical que se abre na vagina.
Lateralmente ao útero e perto de seu fundo, acham-se as aberturas das trompas de Fallopio,
uma de cada lado. Cada trompa leva um ovário que se acha preso por um ligamento ao lado
externo do útero.

O útero hígido é móvel e mantido em sua posição por certos suportes e ligamentos.
Faz geralmente ângulo quase reto com a vagina, tendo o seu fundo dirigido para diante. Acha-
se situado abaixo e para trás da sínfise pubiana (falta um arcabouço ósseo na porção mediana
mais baixa do abdome). O útero é um órgão muscular que foi denominado "o coração da
bacia" pelo fato de se contrair e relaxar de tempos em tempos. A cavidade do útero tem um
revestimento glandular de primordial importância na menstruação e gravidez. Esse
revestimento é denominado endométrio. O útero é um órgão especializado. A natureza o deu
à mulher com um objetivo determinado - o recebimento do óvulo fecundado e sua
implantação, bem como para albergar e proteger o produto da concepção, até o nascimento
da criança a termo. Se as mulheres pudesse os seus óvulos de maneira análoga a dos peixes e
às aves, a natureza não lhes teria dado útero. Deixando de parte sua função na gravidez, o
útero é um órgão inútil. Da mesma forma que temos dentes para mastigar os alimentos e
ossos para caminhar, tem a mulher útero para conceber filhos.

O leitor de reportar-se ao que foi dito na primeira parte, a respeito das primitivas
raças, ou meios completamente diferentes de reprodução da espécie: no começo, por
cissiparidade; depois, por uma forma de exsudação; nascidos do ovo; finalmente, o humano,
na sua própria apresentação orgânica, como o ser mais evoluído da cadeia.
166

Continuamos as descrições anatômicas do corpo feminino (que alias pode ser


encontrado em qualquer Anatomia, mas, preferimos transcrevê-las da obra por nós
recomendada, ou seja: Método Moderno da limitação dos filhos, do Dr. Thurston Scott
Welton):

"As trompas de Fallopio tem mais ou menos o comprimento do útero. Seu diâmetro é
mais ou menos o dos canudinhos que se usam para tomar refrescos. A extremidade interna
termina na cavidade do útero; a extremidade externa é livre, próxima do ovário e ligeiramente
dilatada como o pavilhão de uma trombeta. O ovo chega a extremidade da trompa e desce
pelo seu interior. É, enquanto atravessa a mesma, que se encontram com ele as células
masculinas, uma das quais o fertiliza.

Os ovários são os principais órgãos responsáveis pelas características sexuais


femininas. Como vimos, a menina, ao atingir a idade de doze a quatorze anos, sofre
pronunciadas transformações físicas e mentais, tornando-se mulher. Estas mudanças são
resultado de atividades e alterações dos ovários. Os ovários lançam na corrente sanguínea
hormônios (secreção interna) que, em conjunto com os hormônios de outras glândulas (como
foi dito em outros lugares desta parte) sem tubo excretor, exercem notável influência sobre a
sua estrutura corporal, mentalidade, felicidade e eficiência na vida".

Se os ovários são extirpados ou sua função cessa sob a influência de enfermidades, ou


radiações várias, a mulher passa por uma idade crítica artificial, cessa a menstruação e a
concepção se torna impossível.

Os ovários, portanto, tem dupla função: formar e libertar óvulos e produzir hormônios
essenciais à saúde.

Quanto a formação e libertação da célula feminina ou óvulo, diz o mesmo autor ( para
apresentar depois o seu método, baseado nas descobertas dos Drs. Ogino e Knaus):

"Na criança, a maior porção do ovário acha-se preenchida por grandes quantidades de
óvulos não desenvolvidos. Nas mulheres jovens, o ovário contém ainda grande quantidade
destes óvulos não desenvolvidos. Cada óvulo tem um núcleo (corpúsculo relativamente grande
situado no interior e geralmente próximo ao centro de toda célula típica). Um óvulo não
desenvolvido pode conter, ocasionalmente, mais de um núcleo.

O óvulo cresce. Do nascimento até a idade crítica, acham-se em constante


desenvolvimento vesículas fechadas (folículos de Graaf), que contêm o óvulo. Antes que a
menina atinja a puberdade são apenas encontradas nas partes mais profundas do ovário e não
alcançam a superfície. Mais tarde, contudo, estes folículos que contem o óvulo abrem caminho
para a superfície do ovário, as paredes do folículo vão se tornando mais delgadas. O óvulo
aumenta muito ao avizinhar-se à maturidade. Quando o folículo de Graaf alcança plena
maturidade, rompe-se, o óvulo é expulso e vai ter a uma das trompas.

Na imensa maioria das mulheres liberta-se um óvulo em cada ciclo menstrual processo
esse que se continua por todo o período fecundo de sua vida (1). Se a ovulação for constante e
regular, também a menstruação o será. Desde, porém, que quaisquer condições irregulares
interfiram com a ovulação, o ciclo menstrual se torna variável e patológico. Para compreender
167

a teoria dos ciclos fixos de infertilidade e fertilidade (período em que a gravidez é ou não
possível) e ter confiança na mesma, é necessário lembrar-se que foi descoberto que a ovulação
(libertação do óvulo) se dá de 12 a 16 dias antes do advento da menstruação. Por outras
palavras, muitas mulheres leigas custam a compreender este fato, a mulher tem as regras e 12
a 16 dias antes da menstruação seguinte é que se dará a libertação do óvulo (logo, como
dissemos anteriormente, não é possível ser ela fecundada, nesse período como julga a
maioria). Sendo o óvulo fertilizado, aquela menstruação seguinte não se verifica porque a
mulher está grávida. No caso de não ser o óvulo fertilizado pela célula masculina, a
menstruação se dará 12 a 16 dias após a ovulação.

(1) Sem considerar os casos de mulheres em que se desenvolvem duas ovulações em cada
ciclo lunar, e não apenas uma ovulação mensal.

Esta questão de tempo no ciclo menstrual de ovulação é uma das bases sobre as quais
se edificou a teoria dos períodos seguros e inseguros, relativamente a concepção".

Foi, pois, dentro de tais princípios, que os Drs. Ogino e Knaus fizeram as suas descobertas,
pois, como já tivemos ocasião de dizer, elas são muito mais antigas do que se possa julgar, e
obedientes a processos mais seguros, alguns dos quais, o possível de ser revelado ao mundo
profano, serão comentados no capítulo que a este se segue.

O Dr. Knaus, como diz o autor da obra citada, abordou o problema por um ângulo
diverso, do ponto de vista endocrinológico (referente à ciência das secreções internas).

"O lobo posterior da hipófise, situada na base do cérebro, produz uma secreção que é
lançada na corrente sanguínea. Este hormônio ou secreção interna excita as contrações
musculares do útero (ou fenômeno peristáltico, que, tornando-se deficiente, em certos partos
laboriosos, dizemos, exige o emprego da pituitrina).

Após a libertação do óvulo, fica no ovário uma cavidade que se enche de sangue. Por
sua vez, este coágulo sanguíneo é absorvido. Por um processo desconhecido, o espaço por
este coágulo sanguíneo torna-se cheio de células de coloração amarela. Estas constituem o
corpus-luteum ou "corpo amarelo".

Imaginemos que este corpo amarelo se acha ciente de que um óvulo partiu na
esperança de encontrar um companheiro masculino (a teoria dos átomos já apontada em
outro capítulo), ou seja o espermatozóide e por este ser fertilizado. Sabemos que o destino do
óvulo, no caso de se dar a fecundação, é a cavidade do útero. Este corpo lúteo envia ao
mesmo, por intermédio da corrente sanguínea, um aviso para que se prepare afim de receber
importante hóspede. Outro aviso é enviado aos músculos do útero dizendo-lhes que eliminem
a ação do hormônio da hipófise (pituitrina), que, como vimos, é causa das contrações e
expansões do útero. Os músculos obedecem a este aviso, cessam as contrações e o útero
torna-se preparado para hospedar o óvulo fecundado".

O Dr.Cyrus W. Anderson, por sua vez, escreveu no "Colorado Medicine" (junho de


1933) um artigo referente às suas observações sobre o fato de as mulheres sentirem, pelos
meados do ciclo menstrual, uma sensação particular na bacia. O Dr. Anderson descreve esta
sensação como uma dor ligeira, semelhante a uma cãimbra, sobrevindo súbita e
168

seguidamente, durante algumas longas horas, uma desagradável sensação, como se o fundo
do útero estivesse caído para fora da bacia... Não se assemelha a nenhuma outra dor. No
entanto, dizemos, existe um outro aviso ainda não conhecido da ciência médica, que vem
através de vários sintomas, objetivos e subjetivos; além da referida dor, que nem sempre
aparece. Sim, uma outra como se fosse um corte de navalha, ou algo deslisando, de modo
cortante, de um dos lados para o baixo ventre. a mulher se torna mais irritável, embora se
interessando pela união sexual, devido a excitações vaginais. Quando sentada, move as coxas,
insensível e agitadamente; seus olhos se tornam lânguidos e húmidos, algumas vezes produz
movimento instintivo com os lábios, formando ligeira contração no canto da boca,
principalmente do lado esquerdo.

Conclui o referido médico que tal dor é produzido pela ruptura do folículo ao
desprender o óvulo. Baseado nessa dor intermenstrual, localizou o período estéril, para as
pacientes que desejam espaçar o nascimento dos filhos, a partir de quatro dias após a
superveniência da dor... "E, em nenhum caso houve gravidez em pacientes que só se
utilizaram deste período seguro", segundo relata. Contudo, há ainda autores que não dão
muito valor à associação dessa "dor intermedeia", com o fenômeno da ovulação.

E assim, de acordo com outras experiências, ficou constatado que a "libertação do


óvulo" e o início de sua jornada pela trompa se dá 12 a 16 dias antes de cada menstruação.
Ademais, se "o óvulo vivesse desde o instante de seu nascimento até ser expulso com os
resíduos menstruais, não haveria um período seguro, por assim dizer, na vida da mulher. Se o
mesmo vivesse longo tempo, seria possível a uma célula masculina fertilizá-lo ou fecundá-lo a
qualquer momento". Se tal fosse verdadeiro, todas as mulheres que levam vida matrimonial
normal, achar-se-iam em estado quase constante de gravidez". Sabe-se, pois, que ele expulso
uma só vez por mês e vive apenas algumas horas, exceto quando fecundado pela célula
masculina.

Quanto às células masculinas, chamadas espermatozóides, são gerados em


quantidades incríveis nos testículos.

Da mesma maneira que a próstata, é comparada ao útero, os testículos o são com os


ovários. Produzem eles as células necessárias à reprodução. Ambos, segundo a ciência, lançam
na corrente sanguínea hormônios que servem ao pleno desenvolvimento sexual, com suas
características. Mas, como se verá oportunamente, quando apresentar-mos novas teorias (de
caráter esotérico), nem sempre ambos funcionam do mesmo modo, como não funcionam
ambas as narinas, na razão luni-solar do fenômeno.

O espermatozóide tem uma cabeça lanceolada (donde o termo Lachesis lanceolata,


que aqui citamos para fazer lembrar aquela "serpente" existente na fronte dos faraós, em
oposição ao próprio falus",etc.) e uma cauda. Depositado na vagina ou vulva, ganha a entrada
do útero, atravessa a sua cavidade e penetra nas trompas. Com seus duzentos milhões de
companheiros ou irmãos, vai vivamente à caça do óvulo virgem. Se encontra um deles na
trompa, imediatamente se introduz no mesmo (digamos, uma segunda cópula interna, ou
antes, complementar). Nesse momento se dá a fertilização do óvulo, tornando-se grávida a
mulher.
169

Suponha-se, entretanto, que não exista óvulo algum nas trompas. Esperarão as células
masculinas o seu aparecimento ? Não. Tem longa vida ? Não, ainda. Calculou-se que as células
masculinas perdem o seu poder de fecundação 48 horas após terem penetrado nos órgãos
femininos. Diz o Dr. Knaus: "As últimas pesquisas lançaram bastante luz sobre a duração da
vida do espermatozóide. Estes perdem sua capacidade fecundante muito antes de sua
motilidade. Isto significa que sua capacidade de deslocamento não implica absolutamente em
capacidade de fecundação. E assim, outros mais chegaram às mesmas conclusões.

Em resumo, três casos se apresentam dignos de nota: 1o - o óvulo é expulso entre 12 e


16 dias antes da menstruação; 2o - o óvulo não é fecundado após 24 horas de idade; 3o - a
célula masculina, ou espermatozóide, perde seu poder de fecundante após 48 horas, como
dobro da vitalidade da célula feminina.

185. ESPERMATOGÊNESE

Com a fecundação do óvulo feminino inicia-se o desenvolvimento de um novo ser


humano, que começa a delinear-se a partir da Quarta Semana. Daí, em etapas sucessivas,
opera-se o desenvolvimento intra-uterino, que se completa na fase final do nascimento.

FIGURA

******

CAPÍTULO VI

186. Métodos antigos e modernos de limitação dos filhos


170

Para que melhor se possa compreender o que será desenvolvido no presente capítulo,
mister se faz conhecer, ao menos, o conteúdo destes dois livros por nós recomendados, ou
sejam "Método de limitação dos filhos" do Dr. Thuston Scott Welton e "Menino e Menina" do
Dr. Jules Regnault, ou obras semelhantes. O primeiro, por exemplo, por ser mais simples, ou
de mais fácil compreensão, é algo assim como um manual a ser consultado pelos casais que se
interessam pelos processos postos hoje em prática, para se evitar ou limitar os filhos.
Acontece, porém, que "não havendo regra sem exceção", àqueles que lançam mão de
semelhantes processos, não por motivos superiores, e sim egoisticamente, ou por "não
quererem se preocupar com filhos. para melhor poderem viver fora do lar, como se unir ou
casar fosse desunir, abandonar, etc., levando, enfim, a vida que muitos casais hoje preferem,
ainda que contrariando a Voz da Natureza. Tais processos -por mais valiosos que sejam -
podem falhar em 75 % dos casos, digamos mesmo, em 80 ou 90 %; ficaria o restante - usando
de palavras ocultistas ou eubióticas - para "castigo cármico" aqueles que, sem motivos
justificáveis se recusam à razão principal da união de dois seres que se amam e que se acham
ligados pelos sagrados laços do matrimônio. nisso, como em tudo mais na vida, não é religião -
seja ela qual for - nem mesmo as leis civis em vigor, que prevalecem, e sim, como estamos
fartos de dizer, o caráter. Muitíssimo pior, se tais casais revoltados contra esse pseudo-código -
se representa uma Bênção que a Natureza lança sobre aqueles que a desprezam - procurarem
obstar essa "marcha triunfal de Vênus em torno do Sol", que é o período de nove meses ou da
gestação.

Outros, por sua vez - uma espécie também de "castigo cármico" - desejam possuir
filhos, e estes jamais aparecem. Em casos tais, mais vale curvar a fronte - reverente e
heroicamente - diante dos desígnios da Lei. E assim, aperfeiçoando o organismo de um ou de
ambos - pois que a perfeição produz milagres, receberá esse tão digno quão evoluído casal a
recompensa de semelhante resignação. coisa semelhante acontece por vezes em nossa vida.

Contam as lendas tibetanas que certo leproso tendo sido abandonado pela família,
dedicou-se à vida de ermitão. Depois de muitos anos, separado do mundo, um tufão destruiu a
sua ermida, indo ele ter à margem de um rio. Qual não foi a sua surpresa, ao mirar-se no
espelho das águas, ao ver que tinha desaparecido todos os sinais das chagas que lhe corriam o
corpo. Tal lenda, como outras tantas, são narradas em O Tibet e a Teosofia, publicado na
revista Dhâranâ de autoria do insigne Teósofo e cientista, Dr. Mario Roso de Luna, de parceria
com o autor do presente livro.

O segundo livro recomendado - por ser mais complexo e repleto de termos técnicos, é
mais próprio para médicos e pessoas que desejam saber um pouco mais de tudo, ao menos
para se ilustrarem. Dele extraímos as seguintes palavras, dedicadas às esposas, como síntese
do método de controle da natalidade:

"sabemos pelos trabalhos de Ogino e Knaus que a ovulação se dá 12 a 16 dias antes da


data em que é esperada a menstruação. sabemos que a célula feminina ou óvulo vive um dia
ou ainda menos. Em vosso caso, portanto, se a união sexual se realizou no último dia em que
171

se poderia verificar a ovulação, o óvulo, a menos que tenha sido fecundado por essa ocasião,
não poderá mais ser fecundado durante esse ciclo. Assim, o período durante o qual se poderá
dar vossa ovulação termina no 12o dia antes da menstruação seguinte. (Note-se que contais
de trás para diante, da data em que esperais a menstruação seguinte, para trás).

A ovulação pode, porém, se dar 16 dias antes da menstruação seguinte. As células


masculinas podem viver 3 dias. A vida dos espermatozóides é, geralmente, de dois dias, só
vivendo três dias em casos excepcionais; assim, falamos em três dias para ter absoluta
segurança. Se tiverdes relações 1, 2 ou 3 dias antes do primeiro dia possível de ovulação,
podereis tornar-vos grávida. Exemplo: estamos a primeiro de março. No dia 2 de março
verifica-se a união sexual. No dia 3 começa o período fértil. suponhamos que os
espermatozóides ou células masculinas vivam os três dias que poderão viver. No último dia de
sua vida é que se vai dar a ovulação. A fecundação se realiza e fiscais grávida. Por causa dessa
possibilidade devemos acrescentar mais 3 dias ao tempo da ovulação.

Na mulher com ciclo menstrual de 28 dias, o exemplo citado, o período vai de 12 a 16


dias antes da data em que é esperada a menstruação seguinte. Como as células masculinas
podem viver 3 dias, devemos acrescentar a estes o limite de 16 dias da ovulação, o que perfaz
19 dias. O período em que a gravidez é possível fica sendo, assim, de 12 a 19 dias antes da data
em que se espera o início da menstruação seguinte.

Quando falamos em data da menstruação seguinte, sempre nos referimos ao primeiro


dia do fluxo. A duração do fluxo menstrual nada tem a ver com a determinação dos períodos
férteis e estéreis".

E vem nas páginas seguintes alguns exemplos para serem utilizados na prática no
referido Método, além de inúmeros gráficos dos ciclos menstruais normais, regulares e
irregulares, com variações de 4 a 5 dias etc. Sem falar num "disco-calendário" encontrado na
capa interna do mesmo livro, dentro de uma carteira ou invólucro. Por tudo isso, termos
recomendado aos casais interessados no assunto que mais de perto lhe diz respeito.

Quando tivermos de falar dos verdadeiros processos adotados antigamente, e ainda


hoje, pelos Iniciados nos Grandes Mistérios da Vida, abordaremos a questão com o critério que
merece, inclusive, quando consideramos como normais as senhoras cujo ciclo lunar (mensal ou
menstrual) é de 28 dias, pois, de fato, o verdadeiro calendário astrológico devia ser de acordo
com as próprias 4 fases lunares, cada uma delas com sete dias.

187. O ANTIGO CONHECIMENTO

citamos, agora, algumas teorias - na sua maior parte dentro do Ocultismo - mas que
nada tem de comum com as que vamos tratar mais adiante - embora que só de leve, como a
gaivota que tocando a superfície das águas, com as suas enormes e alígeras asas, se eleva nos
ares conduzindo no bico o pobre peixinho que lhe serve de alimento... Sim, um tanto comum
com as nossas, apenas as citações do Manava-Dharma-Shastra; diga-se de passagem, fazendo
172

com inteira responsabilidade, na humilde obra que hoje trazemos a público, embora oriunda
de nosso fraternal e carinhoso desejo de bem servir a Excelsa causa da Humanidade.

Principiemos por alguns preceitos, do Manava-Dharma-Shastra (ou leis do Manú):

"Que o marido se aproxime da mulher no momento favorável a concepção, anunciado


pelo fluxo sanguíneo, e lhe seja sempre fielmente ligado, mesmo em qualquer outra ocasião;
excetuados os dias lunares interditos, pode vir a ela com amor, seduzido pela atração da
volúpia".

São dias lunares interditos: "a noite do Novilúnio, a oitava, a do Plenilúnio e a décima-
quarta (1) que o Dwija, dono de casa, seja tão casto quanto um noviço, mesmo na estação
favorável ao amor", a qual é: Dezesseis dias e dezesseis noites, cada mês a partir do momento
em que o sangue se mostra, com quatro dias distintos interditos pelas pessoas de bem (pelo
que se vê, também no rodapé, o Dr. Ogino e outros beberam nesta Fonte o que hoje
apresentam como seu, qual acontece com outras pseudo-descobertas, que de há muito eram
conhecidas pelos referidos Iniciados aos Mistérios da Vida), formando o que se chama a
estação natural das mulheres. Como se vê, dessas 16 noites, as 4 primeiras são proibidas,
assim como a undécima e duodécima: as dez outras noites são permitidas.

Em outros lugares:

"Seja qual for o desejo que sinta, não deve aproximar-se da mulher quando suas regras
começam a mostrar-se, nem com ela repousar no mesmo leito".

Com efeito, a ciência, virilidade, o vigor, a vista ou a decência, a própria existência do


homem que se aproxima da mulher em semelhante estado destroem-se por completo.

(1) A tradução é errônea, como se verá mais tarde, devendo ser a décima-segunda.

Dizem as lendas sertanejas que "a cobra não morde a mulher em semelhante estado".
E quanto aos Yoguis, na Índia, procuram passar longe da mulher que estiver em semelhante
estado, o qual é percebido por vibrações étero-astrais ou psíquicas. Já dissemos que é este o
período lunar, enquanto o dos nove meses de gestação corresponde ao vitorioso período
venusiano.

Por isso, "o que dela se afasta - como preconiza ainda o mesmo códice sagrado - na
época em que se acha imunda, aumenta a ciência, a virilidade, o vigor, a vista e a existência".

"As noites pares, entre as dez aprovadas, são favoráveis à procriação de filhos varões;
e a ímpares, às filhas. Assim, quem deseja um filho deve aproximar-se da esposa na época
favorável e durante as noites pares".

"Todavia, gerado é um filho varão se a semente do homem está em maior quantidade;


quando se dá ao contrario, gera-se uma menina; quando houver igualdade produz-se um
eunuco ou um menino e uma menina. Em caso de fraqueza ou de esgotamento se dá a
esterilidade".
173

A Bíblia está repleta de indicações nesse sentido, mas como é para ser lida "por baixo
da letra que mata", bem poucos as descobrem. Um dos primeiros argumentos é tirado da
história de Jacó, Lia e Raquel:

"Para ter um filho, é preciso que a mulher deseje ardentemente o marido, como Lia
desejou a Jacó".

Na mesma razão o Talmud (existem dois Talmuds: o da escola de Jerusalém e o da


escola da Caldéia; a primeira parte de cada um deles, chamada Mischná, é sensivelmente
semelhante; a segunda, entretanto, a Ghemurá ou comentários, é bem diferente). Era o
Talmud da Babilônia que Luiz Felipe se referia, ao dizer a Meyerbeer:

"O senhor leu o Talmud; deve saber, portanto, como eu posso anunciar a meus
parentes e amigos o sexo do ser que esta para vir". Assim explicava como anunciava, com
exatidão o sexo de seus filhos.

Atribuem-lhe também esta frase mais explícita:

"Quando quero uma filha, ofereço-a à rainha; quando quero um menino, espero que
seja ela quem mo ofereça".

Pelo que se vê, por mais valiosas que sejam as teorias modernas, outra coisa fazem
senão buscar nos velhos alfarrábios o que em outros tempos já era conhecido.

Em 1837 Marcel de Rubempré publicava em Bruxelas "Os segredos da geração ou a


arte de procriar a vontade meninos ou meninas e de fazer criaturas de espírito" (ou
inteligentes, como se provará mais adiante).

188. A sabedoria chinesa

"Entre os chineses, todos os fenômenos são atribuídos a dois princípios YNN e YANG,
cujo equilíbrio constitui a harmonia do Universo e a saúde do organismo (já falamos, com
outras palavras, dessas duas forças, às quais todas as outras estão subordinadas: Fohat e
Kundalini). O determinismo do sexo explica-se por esta lei geral: nascerá menino ou menina
conforme predominam as forças ou formas de energia YNN ou YANG.

**** desenho da página 39 segunda parte ****


174

189. O YNN-IANG e os PA-KUÁ de FU-HI

Conforme indica o gráfico, temos no centro o círculo que simboliza o princípio único,
Tai-Ki, o qual gera Ynn e Yang (com vista ao ideograma chinês de outro capítulo, traduzindo o
Ovo Universal, de onde parte esse mesmo princípio indicado no diagrama acima),
representados por duas espécies de vírgulas, ou antes, embriões enlaçados, um verde e outro
encarnado (outras vezes branco e preto) cores essas que preferimos justamente para designar
os dois elementos Ar e Fogo, dos quais já nos ocupamos em outros capítulos.

Os traços inteiros representam Yang, e os traços interrompidos, Ynn. A combinação


desses traços três a três dá os Pa-Kuá ou oito signos ou pentagrama de Fu-Hi.

Na teoria atômica, seriam os eons e os elétrons (por sinal que o primeiro termo, algo
semelhante ao chinês: Ynn ou Eon, do mesmo modo que Yone, para o ctéis ou elemento
feminino e o Yang, lingham ou Falus para o elemento masculino).

Oito signos, do mesmo modo que os OITO PODERES DO YOGUI, contidos nas "oito
pétalas do chacra vibutti do centro cardíaco, ao qual denominamos de "pêndulo que regula a
vida humana, etc."

Os gráficos dos ciclos de dias, dos métodos modernos, são, por sua vez, divididos em
três seções, as duas das extremidades ou dos períodos estéreis e o segundo por um traço
inteiro. Mas como Ynn e Yang nunca se apresentam inteiramente separados na Natureza (o
eterno mistério do duplo, do Pai-Mãe, etc.) os elementos são figurados por três traços simples
ou duplos superpostos. Obtêm-se, assim, oito combinações, que se denominam Pá-Kuá ou
"oito signos" de Fu-Hi, do nome do imperador que os teria imaginado entre os anos 2.900 e
2.850 antes de nossa era (o mesmo Buda é chamado, em chinês, de Fo-Hi).

Superpostos dois a dois, esses "oito sinais" dão 64 combinações, que constituem o
livro mais antigo da China, o Y-King. O verdadeiro sentido desse livro não podia deixar de, com
o tempo, obscurecer-se. No século XII antes de nossa era, o imperador Uen-Uang, em primeiro
lugar, o seu filho Tchéu-kong, em seguida, julgaram conveniente oferecer, do referido livro,
uma explicação sumária, redigida com os caracteres que usavam seus contemporâneos; o
conjunto de seus comentários formou o Hi-Tsé. Mais tarde, no século VI antes de J.C., Kong-Fu-
Tséu (Confúcio) deu, por sua vez, explicações do Y-King e dos comentários precedentes;
escreveu assim os Hi-tsé-tchuan, que a bem dizer seria "a Sabedoria dos Chohans" (ou dos
Arcanjos, o que implica, finalmente, em Theoin, movimento, astros, etc., para provar que tudo
na vida aos mesmos se acha ligado). Hoje em dia, o livro primitivo e esses diversos
comentários estão englobados sob o nome de Y-King.
175

Os dois princípios, derivando-se do Princípio Único, são ainda representados de outro


modo com o Ynn-Yang: no círculo em que figura, o Tai-Ki, os dois princípios são representados,
como se viu, por duas espécie de vírgulas enlaçadas, uma branca e outra negra, ou uma
vermelha e outra esverdeada, simulando os elementos de um turbilhão de larvas, ou micróbios
(no caso vertente, em relação com o espermatozóide). Não se apresenta, do mesmo modo,
essa poeira cósmica, ou cauda que todos os cometas possuem, e com à qual vão fecundando
os universos. Umas circulares (ou de cabeleira) como feminina ou negativa, e outras projetivas
ou de cauda, como masculino ou positivo.

Cada uma dessa duas formas possui dois dentes que penetram na forma oposta, e um
"olho" ou núcleo, que é da cor da forma oposta, para demonstrar que os dois princípios se
acham indissoluvelmente ligados.

Um dos comentários diz que:

"No domínio científico, Yang e Ynn, seriam os fluidos ou polos negativos e positivo, o
vermelho e o verde, a luz e a obscuridade, o calor e o frio, a base e o ácido, o macho e a
fêmea: formam turbilhões e seu equilíbrio faz-se segundo um ciclo..."

Pelo que se vê, esta teoria nada difere da do Ocultismo, aliás, como já foi dito na
primeira parte, "donde a mesma ciência oficial procede". O mais é querer contaminar a Fonte
de cujas águas ela hoje se serve...

Em 1935, em seu livro "Princípio único da filosofia e da ciência do Extremo oriente",


Sakurazawa, levou as aproximações muito mais longe, aplicando a "Ynn-Yologia" (ciência do
Ynn-Yang ou Ynn-yo, em japonês) a explicação de diversos fenômenos físicos, químicos ou
biológicos. Não precisamos ir tão longe, entretanto, se o presente livro esta vazado nos
mesmos princípios. Haja vista as citações que fizemos da preciosíssima obra Aberraciones
psíquicas del sexo, daquele a quem consideramos "o maior gênio de nosso século" - o Dr.
Mario Roso de Luna.

A Determinação do sexo segundo o conhecimento chinês.

No que se refere aos fatores que determinam o sexo, escreve Jorge Oshawa
Sakurazawa em 1931:

"Tomemos uma centena de ovos. Podemos dividí-los muito facilmente em duas


categorias: Ynn e Yo. Subentende-se que os primeiros são longos em comparação com os
últimos, que são mais arredondados (1). Os primeiros são machos e os últimos, fêmeas,
porque Ynn produz Yo e Yo produz Ynn (2). Não se trata de probabilidades, pois que esta só
176

existe para o homem. A química provará em seguida que os primeiros são superiores aos
segundos pelo teor em elementos Ynn, representados pelo potássio, K (3) e estes, ao
contrário, são superiores por seu Elemento Yo, representado pelo sódio, Na.

Assim, também o espermatozóide é longo, enquanto o óvulo é redondo.

Se a vitalidade do óvulo é superior à do espermatozóide, sua comunhão dará o sexo


macho e reciprocamente, segundo a lei da minoria.

__ __ ______

______ __ __

__ __ ______

Cumpre dizer que em Ynn-Yologia o primeiro é considerado como um símbolo de Yo,


porque a minoria ali está representada por Yo; é sempre a minoria que governa em todos os
níveis dos fenômenos.

A mulher (Ynn) dá o óvulo (Yo) e o homem, o esperma (Ynn). As condições


climatológicas e geográficas desempenham um papel muito importante. É assim que se
obtém, em, identidade com todas as outras circunstâncias, mais meninas que meninos à beira-
mar, onde a atividade Yo (Na) é tão abundante, e mais meninos que meninas nas montanhas
(4).

(1) Na mesma razão a teoria comentada por nós apresentada: cometas projetivos ou de cauda
e circulares ou redondos.

(2) A Deusa Isis, por sua vez, não é chamada de IO ? Isis ou Lua e Osiris ou Sol, por sua vez,
representam os elementos feminino e masculino, água e fogo, etc., etc..

(3) As células masculinas não duram, como se viu, o dobro dos óvulos ?

(4) É assim que a religião dos Mormons, deve admitir a poligamia, perto do lago Salgado.
Esotericamente falando, já o dissemos: maré, o mar, Maria, Lua, água, tanto valem...

"Uyogo-ga-Sima", a terra japonesa feminista em que o homem não trabalha e sim a


mulher, é uma pequena ilha (e isto diz tudo)...

É preciso notar que o continente Ynn pode transformar-se em país Yo pela ação do
homem, ou graças a condições especiais, por exemplo, se a alimentação comporta muitos
produtos animais Yo, ou se existe uma grande jazida de sal, fontes muito quentes, etc.
177

Assim também a ilha se transforma num país, mais ou menos Ynn, graças à
humanidade, a uma corrente fria do mar, etc.

Se os habitantes de uma ilha submetida a uma temperatura média bastante elevada,


isto é, de uma ilha Yo, se nutrem em grande parte de vegetais, batata inglesa ou da Índia,
incomparavelmente ricas em K, tornam-se muito grandes, isto é, muito desenvolvidas pela
atividade Ynn, dilatadora (1); a fortiori os habitantes de um clima frio, os ingleses, por
exemplo...

devem-se contar igualmente os fatores e os agentes físicos. O calor, o frio, a secura, a


umidade, a pressão atmosférica, a excitação externa, etc. desempenham um papel muito
importante, e isto sobretudo nos seres inferiores ou simples. Uma excitação qualquer, por
mais simples que seja, pode ser o fator de Yo, ou de Ynn, conforme o caso. Deve-se
compreender aqui que a reprodução, a sexualidade, não são mais do que uma oscilação, uma
vibração das atividades Ynn e Yo.

E opina o autor de "Menino ou Menina ?" que é o ilustre cientista Dr. Jules Regnault -
a respeito de Ynn-Yang:

"Em biologia, encontraremos evoluções cíclicas que podem enquadrar-se no esquema


do Ynn-Yang. A harmonia deste corresponde no organismo ao equilíbrio vago-simpático (2) e
no ácido básico, que andam ao par e aos quais se começa a atribuir a importância que
merecem."

E mais adiante:

"A noção filosófica é bem outra: a procriação de uma criança de tal ou qual sexo está
ligada à predominância das influências de Ynn ou Yang. Uma ou outra predomina conforme a
estação, a fase da Lua, a alimentação, etc.

Na prática, aconselha-se à mulher que deseja um menino, comer a Iris foetidissima.


Pensa-se aumentar assim nela a influência de Yang ou de Ynn ? É possível !

Pelo que se vê, e estamos de pleno acordo, a ciência oficial não conhece ainda um
método de todo eficiente, para se alcançar o êxito desejado.

(1) Embora interpretemos esse fenômeno de maneira diferente.

(2) dissemos o mesmo, em outros capítulos deste livro.

190. Atuação dos "TATTVAS"


178

No entanto, vamos tentar provar que o verdadeiro Esoterismo o conhece. E isso o


fazemos através de uma velha teoria, também citada no mesmo livro, mas que infelizmente
não foi compreendida, porque lhe faltava o devido critério esotérico, ou seja, o da conjugação
do ato sexual com certas posições e a atuação dos Tattvas ou forças sutis da Natureza. Não foi
por outra razão que lhes dedicamos um capítulo deste livro, isto é, para que o leitor inteligente
pudesse formar uma idéia própria, a respeito do pouquíssimo que vamos insinuar, servindo-
nos - como já dissemos anteriormente - da teoria testicular e ovariana, na constante do
referido livro.

191. Testículo direito e testículo esquerdo. Ovário direito e ovário esquerdo

"Aristóteles também teria feito intervir a proveniência do sêmen do testículo de tal ou


qual lado; o direito daria meninos e esquerdo, meninas.

Se Plutarco não mente, a teoria remontaria a Parmênides a teria sido retomada por
Anaxágoras, no VI e V séculos antes de nossa era, mas estes haviam admitido certa influência
da mãe se o sêmen que vem do testículo direito é projetado no lado esquerdo resulta em
macho: de outro modo tem-se uma fêmea. Hipócrates admite uma teoria semelhante e
aconselha a inclinar a matriz para o lado direito, afim de obter um menino, e para o lado
esquerdo afim de obter uma menina. Aconselhava-a fazer a ligadura do testículo
correspondente ao sexo que não se desejava.

contudo, na escola hipocrática, a teoria era mais complexa: ambos os pais tem
isoladamente a aptidão de procriar seja um menino seja uma menina (estamos de acordo).

A semente masculina do pai juntando-se à semente masculina da mãe, daria um filho


macho dotado de beleza e vigor.

A semente masculina do pai juntando-se à semente feminina da mãe daria um filho


macho menos forte.

A semente feminina do pai dominada pela semente masculina da mãe daria um


homem efeminado.

Demócrito, Plínio e Calúmelo aconselharam, igualmente, a ligadura ou mesmo a


secção do canal deferente.

No século XVIII, Procópio Couteau retomou tais idéias e foi mais longe. Segundo ele, o
homem poderia sacrificar o testículo correspondente ao sexo que não desejava obter.
179

Millot respondeu-lhe: "Não se divorcie de nenhum de seus testículos; conserve os dois,


que a sábia natureza fez bem o que fez, nada nos deu demais". Entretanto, era o primeiro a
preconizar a ovarioectomia - ou ablação de um dos ovários...

Não vamos adiante para não fatigar o mental do leitor e sua própria paciência em
saber que temos a dizer de novo a respeito de um fenômeno que à Humanidade toda
interessa. Não esqueça, porém, o leitor que não prometemos fazê-lo na íntegra, mas apenas,
os possíveis comentários, aliás de assuntos por demais tratados em nosso primeiro livro, e em
estudos esparsos, como por exemplo, no preâmbulo da Seção dedicada a São Lourenço, na
revista Dhârânâ, no 103, Dhâranâ falamos dos filho de Amon Râ, ou sejam os de certos Faraós
que, usando processos ocultos ou conservados no Seio das Fraternidades egípcias, por isso
mesmo, eram auxiliados, em tais ocasiões, por um sacerdote e uma sacerdotisa, não que isso
influísse de todo no fenômeno, mas pelo caráter ritualístico que o mesmo tomava.

Chegamos mesmo a ensinar, no capítulo deste livro dedicado aos Tattvas, como se
pode fazer a respiração passar de uma narina para a outra, bastando deitar do lado contrário
da narina que se deseja funcionar.

Nesse caso, sem precisar fazer uso de tão complicados meios como os que foram
ensinados pelos autores citados anteriormente, dentre eles alguns dignos do maior
acatamento, bastar observar a posição ou asana - quando agir determinado Tattva... - para que
o casal obtenha uma criança do sexo masculino ou feminino, segundo seu desejo. E isso, está
subentendido, na fase fértil ou fecundante, embora varie de acordo com o período menstrual;
desde que se obedeça a semelhante processo, todas as probabilidades serão favoráveis para
que se obtenha o devido resultado. Porque, se deitado estiver o homem sobre o lado
esquerdo, conseqüentemente a mulher estará sobre o direito, e portanto, a respiração fluirá
em um pela narina direita, e em outro pela esquerda, acontecendo, infalivelmente, o que foi
preconizado por Aristóteles e pouco mais: o testículo direito obedecerá à função
respiratóriada narina do mesmo lado, e assim, a criança que nascer de semelhante união
deverá ser do sexo masculino. Nascerá uma criança do sexo feminino se as posições forem
invertidas. (1)

Mas, se não houver tanta pressa por parte do casal, basta esperar que a respiração
esteja normalmente funcionando do lado correspondente ao sexo da criança`que se deseja
(para o homem, o lado direito ou solar, masculino, e, o esquerdo ou lunar, feminino, pois que a
mulher tem as polaridades opostas, regulando assim em sentido oposto, e com isso, a união
pode ser efetuada segundo o processo pela primeira vez apontado).

(1) Pode-se comparar tal período ao de uma "balança em fiel", isto é, as conchas em equilíbrio,
ou mesmo nível. Com justa razão lhe demos o nome de "período andrógino", devido os dois
elementos (o masculino e o feminino) estarem afins. Nesse caso, um "mercuriano", ou mesmo,
"Uraniano Perfeito". O termo Hermafrodita, no seu mais elevado sentido, provém de Hermes
(Mercúrio) e Afrodite (Vênus). O capítulo com que se conclui o presente livro ao mesmo é
dedicado.

Quanto a um filho "dotado de beleza e vigor", e até mesmo de grande inteligência


(razão por que era chamado de "filho do deus Amom") o processo é bem outro, por isso, e
180

além do mais, que reclamava o auxílio de "um sacerdote e uma sacerdotisa", isto é, o rei e a
rainha assentados, em um trono especial... mas, ambas as narinas funcionando, porque, em tal
período chamado de Súshumna, o homem se acha unido à Divindade. dizem mesmo as
escrituras sagradas que tratam do assunto (inclusive a obra de Rama-Prasad, As Forças sutis da
Natureza) que "nessa ocasião não se deve tratar de assunto algum concernente ao mundo
físico, isto é, às coisas comuns da vida, mas sim às do Espírito". E como a função sexual seja
caótica ou oposta a mental ou cerebral... logo, nenhuma outra hora mais propícia para se
obter um filho de "categoria superior" ou divina.. Seria isso contrariar o Karma ? Não, porque
Karma é Ignorância ou falta dos conhecimentos superiores. E estes quando aplicados para fins
condignos, só podem exaltar o homem. Nesse caso, o mesmo Karma, como lei bem certa,
concorrerá para que nasça de um casal tão inteligente, ou conhecedor da Magia Teúrgica, a
Magia dos C, etc., a Mônada que tal direito possui, para não dizer, de skandas ou tendências
apropriadas a semelhante Lar., O mesmo Buda já dizia: "Ninguém nasce na família ou na Pátria
que não lhe estiver destinada". Para completar tudo isso, o próprio termo "Senhores do
Karma", podem lançar Adeptos da Boa Lei, demonstra que já tendo Eles esmagado o Karma,
podem lançar mão deste ou daquele processo, desde que afastados não fiquem dessa mesma
Lei. Negar tudo isso não passa de fanatismo ou ignorância.

Não se deve esquecer, ainda, que tendo o homem a própria conformação dos cinco
Tattvas, isto é - como já dissemos em outros lugares, (******* DESENHO DESENHO DESENHO
DESENHO *******)

estando sentado ou em pé, sua cabeça representa o Akasha. Por isso quando as duas narinas
estiverem funcionando simultaneamente, são os dois Tattvas superiores que estão em plena
função. Já tivemos ocasião de citar a famosa sentença iniciática que diz: "Aquele que
ultrapassa o Akasha é fonte de toda a Riqueza" (isto é, a riqueza espiritual). Como negar que
tal processo não concorra, mesmo que carmicamente falando, para o nascimento de uma
criança privilegiada ? Não há como provar o contrário, seja cientista ou ocultista.

O processo é antiquíssimo, pois, o conheciam certos Faraós egípcios. Sendo o Egito,


considerado "o primogênito atlante", ou herdeiro direto da Sabedoria da Atlântida, lógico é
deduzir que já procedia o mesmo da 4a Raça Atlante, para não dizer, "já havia sido ensinado
pelos Reis Divinos".

Tal como "o Ovo de Colombo", é facílimo o processo; resta, apenas, saber manejar as
forças sutis da Natureza. Para isso, necessita o homem sujeitar-se a longos anos de exercícios.
Não foi para o outro fim que nos propusemos publicar uma quarta obra, intitulada A ciência da
vida, ou como se tornar adepto, dedicado àqueles que de fato aspiram a Luz Sublime da
Verdade. Quanto aos interesseiros, os que só se dedicam ao Ocultismo para fins pessoais, e
muito pior, em detrimento do próximo, melhor que nunca adquiram semelhante obra, mesmo
porque, antes de terminar a sua leitura, já estarão arrependidos como a "mariposa que
aproxima-se da chama de uma vela". De fato, a Luz, quando é por demais intensa, cega.
181

192. O que vem a ser Cabala?

Para isso o leitor possa compreender o que vai ser dito no seguinte capítulo, mister se
faz conhecer de modo sintético, o significado do termo Cabala.

Cabala, quer dizer, em hebraico, Tradição.

Este termo, que também se escreve Quabala, possui diversos significados, justamente
por aplicar-se a diversos assuntos:

I - Doutrina oralmente transmitida. Os textos hebraicos dizem "de boca a ouvido" e de


idade em idade, de pai a filho, etc., é, pois, uma doutrina oral que os judeus denominam Lei
oral, em oposição à Lei escrita, que Deus confiou a Moisés, no Monte Sinai. Voltando ele do
referido Monte, entrou em sua tenda e comunicou a seu irmão Aarão o que havia aprendido
do céu (1) da mesma revelação tiveram conhecimento Eleazar e Ithamar, filhos de Aarão; a
seguir, os 70 anciãos que compunham o Sanhedrin, e finalmente todos os Israelitas que
desejaram conhecê-la, de sorte que os filhos de Israel ouviram a explicação da Lei uma só vez;
os setenta anciãos, duas vezes; Eleazar e Ithamar, três vezes, e Aarão, quatro vezes (2).

II - Este termo designa, ainda, a interpretação que os Rabinos e os Doutores Judeus


deram, quer do texto da Escritura, quer das palavras ou mesmo das letras de que se compõe o
texto e seu real sentido, por meio de certas combinações. Esta espécie de Cabala se divide em
três partes: a Gematria, a Notaricon e a Themurah.

(1) Sempre a mesma lenda dos Manus, que transmitem aos de sua tribo, clã, raça, etc., o que
recebem do céu.

(2) Na razão cabalística, digamos assim, dos Espirituais merecimentos de cada um...

A - A Gematria consiste em desdobrar as letras de uma palavra em números,


explicando cada uma de acordo com seu valor numérico.

B - A Notaricon consiste em tomar cada letra de uma palavra por uma inteira dicção,
isto é, pronunciar separadamente o nome de cada letra.

C - A Themurah, isto é, mudança, troca, etc., consiste em dar um sentido diferente a


qualquer palavra, quer separando quer transpondo as letras que a compõem.

chama-se a esta espécie de Cabala, de artificial.

III - Cábala prática: - É a ciência com auxílio da qual se operam as obras mágicas, as
mesmas de que se serviram Moisés, Josué, Elias e outros Taumaturgos, e que não estão ao
alcance dos homens vulgares, por isso mesmo, tomando-as como "milagres". foi ainda com
seu auxílio que Salomão pode construir o templo de Jerusalém. Esta Cabala foi consignada em
um livro publicado pelo rabino Isaac Ben-Abrahão, no começo do século XVIII. De todas as
Cabalas, entretanto, a mais importante é a filosófica.
182

IV - Cábala Filosófica: Tal espécie de Cabala contem sobre Deus, o homem e o Universo
(Aziluth) sublime metafísica. ela se divide em duas partes principais: uma chamada Bereschit
(livro dos princípios); e outra Mercabah ou o Carro, na qual se acham todas as explicações
necessárias a compreensão de todas as verdades. Existem várias razões para ser chamada de
Carro, dentre elas a relacionada com o carro (ou charriot) de Ezequiel. Estas duas ciências são
sagradas. Não se pode falar do Bereschit diante de mais de duas pessoas; quanto a Mercabah
ou Mercavah, proibido é explicá-la diante de qualquer pessoa.

Eis aqui alguns princípios encontrados na Cabala Filosófica:

1 - Nada é feito do nada;

2 - Nenhuma substância foi do nada;

3 - Assim, também, a matéria não foi tirada do nada;

4 - Porém, não deve ela a sua origem à substância com que se apresenta;

5 - Não há, pois, matérias, num uma só matéria propriamente dita;

6 - Tudo que existe é fluido ou espírito;

7 - O Espírito é incriado, eterno, inteligente, sensível e contém em si o princípio do


movimento (1);

8 - Tudo quanto existe emana do Espírito Universal ou Finito (2);

9 - Quanto mais próximos se achem os seres desse Espírito Infinito, maiores e divinos
se tornam;

(1) - Lei da vibração, portanto.

(2) O Ain-soph.

10 - O mundo emanou de Deus, devendo, pois, ser olhado - com tudo quanto nele
existe - como o próprio Deus, que estando oculto, incognoscível, incompreendido em sua
própria Essência, manifestou-se e tornou-se, por assim dizer, invisível ao homem por suas
emanações (1).

Foram essas emanações que no Universo criaram três mundos diferentes, embora
ligados entre si: Aziah, Ietzirah e Briah, os quais, por sua vez, correspondem às três divisões
fundamentais do homem: Nephesch, Ruasch e Neschamah, Corpo, Alma e Espírito (2)..

Os dez princípios acima exarados para simbolizar os Dez ramos da "Árvore Sephirotal",
são: 1 - Kether; 2 - Chochmah; 3 - Binah; 4 - Chesed; 5 - Geburah; 6 - Tiphereth; 7 - Netzah; 8 -
Hod; 9 - Yesod e 10 - Malkuth.
183

Tanto no universo como no homem. a Árvore Sefirotal possui diversos simbolismos,


dentre eles os desconhecidos que vão abaixo, extraído dos Livros de Revelações da Sociedade
Brasileira de Eubiose:

****** desenho desenho desenho ********

(1) Nesse caso, não é visto, mas é sentido ou percebido em tudo e em todos, justamente por
aqueles que mais próximos se achem desse mesmo Espírito infinito.

(2) Como concebe a própria Teosofia, e neste livro exuberantemente demonstrado.

CAPÍTULO VII

193. TRÊS REVELADORES ARCANOS

Quando o Dragão celeste caiu do céu, arrastou com sua cauda tudo quanto foi
encontrado no seu caminho, fazendo apagar as 22 estrelas". (Dos mais antigos livros do
Oriente)

Em se tratando de um livro escrito para o mundo profano - embora repleto de


ensinamentos completamente desconhecidos para o mesmo - não seria possível comentar as
palavras que servem de cabeçalho a este capítulo, a menos que quiséssemos infringir a própria
Lei.

Nesse caso, diremos apenas que os próprios Arcanos Maiores do Taro (Tora, Rota,
Torah, etc.) do mesmo modo que diversos alfabetos sagrados, dentre eles o hebraico, tiveram,
no verdadeiro sentido encoberto por semelhantes palavras, a sua origem, na razão de 3 X 7 =
21, e mais 1 igual a 22, sendo o 22o a Síntese dos demais.
184

A própria Mônada, cujo significado já conhece, agora, o leitor, por nela termos falado
tantas vezes no decorrer deste livro, é de forma Tríplice. E se a multiplicássemos pelos sete
estados de consciência por que é obrigada a percorrer, durante a sua evolução em toda a
Ronda (inclusive através das sete raças-mães e respectivas sete sub-raças, ramos e famílias),
obteríamos o precioso número 21, que acrescido da Vitória da própria Mônada, ou a volta à
sua Origem, como Unidade donde tudo procede, completo estaria o mistério dos referidos
Arcanos Maiores.

Tanto o Taro Sacerdotal como o dos Boêmios, serve para jogar a vida dos homens, algo assim
como quem diz: "a própria vida humana depende dos referidos arcanos".

E a maneira de jogar, que nada tem de comum com aquela usada por cartomantes, por
mais peritos que sejam, é feita do seguinte modo: a primeira carta que sai representa o
consulente ou pessoa que interroga "a voz do Oráculo"; as duas seguintes, que devem ser
colocadas, uma à direita e outra à esquerda, como verdadeiras colunas ou Ministros (as
colunas do Templo de Salomão, etc.) são as que devem responder à pergunta feita pelo
mesmo consulente. Sete vezes baralhadas as 22 cartas do Taro, e sete vezes arrumadas do
referido modo, sete vezes, portanto, o jogo completo da vida do consulente.

Se o leitor conhecesse um estudo nosso intitulado Cabala Musical, publicado no


número 99/101 de Dhârânâ, compreenderia melhor o sentido de nossas atuais palavras,
principalmente quando falando do "piano" - como o mais sintético de todos os instrumentos -
lhe bastariam sete ou oitavas de escalas, através das quais se pode repetir um acorde (de três
notas; exemplo: dó, mi, sol, ou mi, sol, dó; sol, dó, mi etc.), na mesma razão da evolução da
Mônada", como foi dito anteriormente, através dos sete estados de consciência.

Quanto ao termo "estrelas", já dissemos várias vezes que o próprio homem tem a sua
conformação na razão do Pentalfa, etc. E isso obtém, ainda, mais transcendental explicação
através da resposta que deu certo "nadjorpa tibetano" à Sra. A. David-Neel, autora de
"Místicos e Magos do Tibet", quando lhe indagou o que fazia - "Vivo de transformar esterco de
cães em estrelas luminosas", respondeu. Infelizmente, a ilustre escritora e abnegada ocultista
francesa não compreendeu o sentido de semelhantes palavras, nem tão pouco o lama
Yongdem, a quem ela chamava de seu "pupilo", e que significam: "Vivo de transformar almas
(ou homens, se o quiserem) imundas em estrelas luminosas, isto é, em Espíritos, em formas
radiosas semelhantes à sua própria Origem.

Essas "22 estrelas que se apagaram com a queda do Dragão celeste" estão expressas
em constelações (e a prova é que certo Jogo de cartas, ou Taro, chamado de Mlle. Lenormend,
traz, em cima do assunto, as referidas constelações, que ninguém sabe decifrar...), com a
conformação e sentido dos alfabetos sagrados mencionados. Haja visto a de Orion, em relação
com o Alef, primeira letra do alfabeto hebraico, e o próprio A do nosso, etc., por isso,
representando o Pai, Osiris, Deus, etc, enquanto a segunda, o Beth (nosso B), a Mãe, o aspecto
feminino que toma a mesma divindade, na razão de Isis para o egípcio, e astrologicamente
falando, as duas letras e arcanos, para expressarem Sol e Lua, como os Pais da Humanidade....

O grande iluminado Claude Bernard (citado várias vezes) disse, em tom profético, as
seguintes palavras, a respeito do mistério celeste: "Há de chegar o dia em que os homens
185

poderão ler ao livro aberto do Firmamento a sua própria História passada, presente e futura"
(na razão dos 3 arcanos reveladores da vida humana, a própria Mônada, etc.)

Na Atlântida, cada um dos Sete Reis de que a mesma regiam, como dirigentes de suas
sete cidades cantões, e mais uma oitava, onde se achava o mistério do Uno e do Trino (1) para
provar que todos os nossos trabalhos de caráter iniciático dizem as coisas, mas nem todos a
compreendem) representava o mesmo Ternário, na razão de Rei-Rainha e Valete (ou Príncipe),
ou seja, Pai-Mãe-Filho. Por isso mesmo, essa tríplice direção, multiplicada pelas referidas sete
cidades dão o número 21, e mais a Unidade representada pela Oitava, igual a 22. Em tudo e
em todos... o mesmo Mistério.

O arcano 21 do Taro é representado pelo Louco, isto é, o incompreendido, o que


embora manifestado, é como se não o estivesse, porque nem todos o compreendem, vêm ou
sabem de sua existência. Donde a velada frase bíblica: "Ele já veio e vós não o reconhecestes".
E isso, através de suas sete chaves interpretativas ou cabalísticas. E não apenas o sentido que
lhe dá a Igreja.

Por isso, tal LOUCO leva no ombro um saco, o saco contendo as experiências da Ronda,
por Ele mesmo, em forma, ao mesmo tempo, Una e Trina, dirigida. Volta, pois, ao Seio do
Infinito ou Mansão Celeste. Mas falta algo ainda a decifrar: um crocodilo negro, a sua própria
sombra na razão cabalística do Daemon est Deus inversus, que procura devorar a sua perna
esquerda, por ser o lado lunar do homem. E "da Lua vieram as Mônadas em evolução em
nosso globo, como o do 4o Sistema". Nova é a decifração do mistério do referido arcano, mas
é a verdadeira, por ser a 7a ou última das chaves interpretativas. Sim, e alem do mais, porque
a Obra em cuja frente nos achamos, e tendo a S.B.E. como sua fiel detentora no mundo; é a
própria Mercabah. Por isso, não podendo ser desvendada por aqueles que na mesma não
estiverem integrados. Mister se faz ser Um com Ela. Por isso, possui quatro vestíbulos ou
graus, e mais um, que é o próprio Mistério, na razão do Templo ou Apta.

Agora entram em cena os três reveladores Arcanos: 13, 14 e 15.

Mas antes, uma simples pergunta:

Porque razão teria exigido a própria Lei que os Dois principais fundadores da Obra em
que a S.B.E. se acha empenhada nascessem, o Homem a 15 de setembro (Mercúrio, ou Urano,
se quiserem), e a Mulher a 13 de agosto (o Sol; não esquecer que Mercúrio é o verdadeiro Sol
espiritual, que se oculta por trás do que se toma como tal...) ? Não nasceu, também, a mesma
Obra, materialmente, a 10 de agosto de 1924 ? Nesse caso, 3 sois ou mundos, quer pelo ano
de 1924 ter sido por ele (Sol) governado, quer pelo mês e dia, que foi um domingo.

(1) Vide nosso trabalho intitulado "Reminiscências Atlantes", publicado em o No 104 de


Dhârânâ.

Fisiologicamente falando, já não se apontou que a idade em que a mulher pode


conceber, justamente por se manifestar o início do fenômeno catamenial (lunar, mensal, etc.),
começa dos 13 aos 15 anos, dependendo do temperamento, clima e outras tantas razões ?
Não se disse, que entre os brâmanes, os casamentos, na maioria dos casos, quando se trata de
jovens de categoria superior, se dão, na mesma idade, ou seja, o jovem com 15 anos e a jovem
186

com 13 ? Não foi, ainda, com 15 anos, como se viu anteriormente, que os citados fundadores
foram ao Norte da Índia (em 1899) para voltarem com 16 anos, 1900, começo do século XX...
ou seja a chamada "idade adolescente", ou, de outro modo, "O adolescente das 16
primaveras" (em relação com Kumara ou Makara) ? O arcano 16 é chamado de CASA DE DEUS.
A presidência geral de S.B.E., em São Lourenço, possui 16 degraus, que devem ser galgados,
para chegar ao alto, à mesma Casa, Presépio, Creche, APTA, ou o nome que lhe queiram dar,
na razão de uma oitava coisa ...

Assim, nas extremidades dos 3 arcanos, figurando os 13o e 15o, se acha no centro do
14o, na razão dos "14 pedaços de Osiris", da lenda egípcia, mas, em verdade... sete vezes uma
forma dual, ou seja o "andrógino em separado". Por essa razão, na frente dos Templos
babilônicos e assírios existiam duas filas de Esfinges: de um lado, 7 machos, e do outro, 7
fêmeas.

Penetremos no CARRO, e deixemos que o mesmo deslize cercado de fogo, através do


cerúleo manto do Firmamento, qual Elias no seu.

A 13a letra hebraica, ou seja o Mem (com a qual em nossa língua tanto se escreve
Mulher como Mãe) designa hieroglificamente "a Mulher", como companheira do Homem. Daí
a idéia de tudo quanto é fecundo e formador. É o signo maternal e fêmeo por excelência, signo
local e plástico, imagem da ação exterior e passiva, para o masculino, que é o Homem, etc.
Empregado no fim das palavras se torna signo coletivo (Mem final). Em tal estado desenvolve
o ser no indefinido espaço...

A criação necessitando de uma força destruidora igual e de sentido contrário o Mem


designa todas as REGENERAÇÕES, nascidas de anteriores destruições. Por isso, nasceu a Obra
em que a S.B.E. se acha empenhada, das anteriores destruições, uma delas, aquela por que
está passando o mundo. Fala bem alto a GUERRA.. Morte, mas também, transformação, ou
passagem de um mundo ou coisa para outra.

O Mem é uma das 3 letras mães, no alfabeto hebraico, ao lado de Alef e Shim.

A 14a letra hebraica Num (ou arcano) corresponde, hieroglificamente, a produção da


mulher: o Filho. Donde os 14 pedaços daquele que, sendo Filho, é ao mesmo tempo Pai: Osíris.
Chamêmo-lo, ainda, de Maitri (o vencedor dos 3 mundos ou Mayas) ou Maitreya, como
Redentor-Síntese da Humanidade, ou o próprio Manu, que é ao mesmo tempo SEMENTE E
COLHEITA (começo e fim das coisas...)

Assim, tal letra é a imagem do ser produzido ou refletido, o signo da existência


individual e corporal.

Como letra final, é o signo aumentativos (Num final) e dá à palavra que o recebe, toda
a extensão individual de que a coisa expressa é suscetível.

O Num correspondente ao signo zodiacal SCORPIO, que está situado, no corpo


humano (como se pode verificar no diagrama expresso em outro capítulo), na região sexual. É
signo de Marte, que corresponde, simbolicamente, ao mesmo guerreiro Maitri, Akdorge, etc.
ou seja "Aquele que, em 1921 apareceu por 3 vezes aos Dois principais fundadores da Obra,
187

em 3 lugares diferentes, sendo que o último, no cume da Montanha Sagrada (Cume ou


Kumara, tanto vale...)

Não se deve, ainda, esquecer que, na lenda egípcia, o último pedaço (o sexual) de
Osíris, foi encontrado no bucho de um Peixe, no rio Nilo. E Peixe ou Piscis é um signo
puramente sexual, mesmo que pertença a Júpiter, Zeus, Jove, Jeove ou Jeová... Por isso,
Jeoshua o traçou no solo, quando lhe apresentaram "a mulher adúltera". e logo pronunciou as
seguintes palavras: "Aquele que estiver isento de pecado (este pecado, deveria ter dito), que
lhe atire a primeira pedra".

Diversos símbolos de Piscis ou Peixes trás o homem em seu corpo, para demonstrar
que nasceu da "queda do sexo". De fato:

Orelhas

Olhos

Lábios

Narinas (vistas de baixo para cima)

Na mulher: grandes e pequenos lábios, na vagina; no homem: os testículos.

Pés (pis, Pies, Piscis, justamente onde o mesmo signo está colocado no corpo humano
(vide o respectivo diagrama):

&&&&&&&& desenho de dois pés &&&&&&&&

Por onde passa, o Manu deixa impresso na pedra, na rocha, tão precioso símbolo: os
pés. Assim estão em S. Tomé das Letras e em diversas partes do mundo. O peregrino, o
andante, aquele que palmilha a estreita Vereda da Vida, o ÉDIPO grego, que quer dizer "pés
inchados", sim, de tanto caminhar ! Na mesma razão da Mônada, através de dolorosa
peregrinação de corpo em corpo, vida em vida.

A 15a letra (ou arcano) correspondente é o Samech, tendo por hieróglifo, uma arma
qualquer, sugerindo um circulo fechado. Tal idéia de um círculo intransponível dá nascimento
a de Destino, Fatalidade, etc. delimitando uma circunferência, em cuja área age livremente a
vontade humana (livre arbítrio). Assim, a serpente que morde a própria cauda, alem de seus
mais transcendentes sentidos, possui o de Destino ou Fatalidade.
188

Não foi Destino, ou melhor, a nossa ida à Srinagar, ao Norte da Índia, por sinal que
tendo por significado "Homens Serpentes" (semi-deuses, Adeptos, Iluminados, etc.) ? E
Srinagar não tem por inicial a mesma letra que é Samech ? Quantas vezes o S está envolvido na
vida do autor deste livro, a começar por seu nome de família !

Para fazer jus a "Srinagar Templo Budista", onde o mesmo esteve, a Instituição possuía
a sigla S.T.B.

Astronomicamente falando, tem por signo Sagitário, que pertence - como se sabe - a
JÚPITER...

Nos três Mundos ou planos possui os seguintes significados: 1o - O Destino, Karma; 2o


- A Fatalidade, como resultado da QUEDA DE ADAM HEVE, que outra não é senão,
simbolicamente, a do SEXO; 3o - Nabash, O Dragão do Umbral, o próprio "Seio da Terra", onde,
além do mais, se acha a Agarta, ou seja o "País das Sete mais uma Cidades", tal como era
representada a mesma Atlântida...

E paremos por aqui, por já termos falado demais em Cabala, porém, fazendo suo,
ainda, das conhecidas palavras: "Deixai vir a Mim as crianças, porque delas é o Reino do Céu".

Deixai, sim, vir aos nossos lares, quantos Filhos a Natureza vos quiser oferecer, a
menos que motivos superiores (como os vários apontados neste livro) não vos permitam
usufruir de tão valiosa dádiva.

Como conceber um Natal se uma Árvore repleta de brinquedos e cercada de crianças ?


Vendo-as assim, vós e vossa esposa, Pai-Mãe manifestado no Santuário do Lar, acabardes por
compreender, ao menos nesse dia, que a vossa vida não foi inútil na Terra, se ali está
representada a prodigiosa árvore genealógica de vossa Família...

CAPÍTULO VIII

194. Vinte e Dois julgadores Arcanos

"O estado de sexual escravidão, (diz Roso de Luna na mesma obra já citada, ou seja
"Aberraciones Psíquicas del Sexo"), em que tanto o homem como a mulher se encontram em
sua vida terrena, é assunto que não pode deixar de maravilhar o filósofo. Sacudir semelhante
escravidão, por outra parte, bendita, pois que ao sexo a saúde e a vida devemos, é
seguramente, o maior de todos os problemas e por ignorá-lo ou mal compreendê-lo os
legisladores, tem lugar todos os horrores que se conhecem no mundo, a começar pelas
guerras.

O trilema do sexo é bem claro: ou se lhe obedece, ou se lhe transcende, ou se lhe


perverte, segundo já o dissemos em nossa obra La Dama del Ensueño: porém, quase todos que
pretendem transcender seu categórico imperativo, ao contrário, não fazem mais do que
189

pervertê-lo. Nesse caso se encontram todos aqueles que, tomando ao pé da letra o simbolismo
da chamada "chave sexual do Mistério", o aceitam em seu morto sentido de "união sexual
mágica" com entidades "astrais", ou dos Elementos, (Tattvas), tal como o pretende e julga
Villars, embora colocando essa sua pervertida opinião nos lábios do bom Conde de Gabalis".

Vimos a este mundo devido ao sexo, e nossa titânica prova no mesmo, em torno do
mesmo gira. Se seguirmos o caminho fisiológico, traçado pela Natureza, e melhor interpretada
que qualquer outra legislação, a da ária primitiva do Código do Manú, do amor passarmos ao
matrimônio, e deste aos filhos e a todos os cuidados e lutas do Drama da Vida, que o vulgo
procura sintetizar na poética frase de "criar os filhos". Se seguirmos, entretanto, o caminho
patológico, ou temos de buscar "o doce amargo do pomar alheio", com enormes perigos
morais e sociais, ou oferecer mais um doloroso óbelo ao estigma social da prostituição, que
logo, hipocritamente, queremos por meio do "abolicionismo" combater ou construir "lares
anormais", como falsificação dos legítimos que a Lei ampara, em honra aos consortes e a seus
preciosos frutos (os filhos), ou viver entre aquela "mariposagem" a que se referem os
sansimonianos, ou então, sem contarmos com as nossas próprias forças, nos lançarmos à
perigosa aventura dos irrealizáveis asceticismos, seja o dos "celibatos oficiais", a respeito dos
quais muito teríamos para dizer, quer o exigido como condição indispensável à "superação",
que as Branca e Negra magias adotam".

Muito mais racional e sábia, entretanto, seguindo à própria Voz da Natureza, a


doutrina bramânica, que só considera completo o homem, por sua vez trino,
constitucionalmente falando, por si, sua esposa e filho. E que exige, também, como condição
indispensável para não nos considerarmos fracassados na vida o haver plantado, ao menos,
uma árvore (símbolo da produção que temos de oferecer à sociedade); a oferta de um filho
(símbolo, por sua vez, da reprodução com que devemos, também, contribuir à social
propagação da espécie sobre a terra), e escrever um livro, outra dádiva ainda, e das mais
preciosas (isto é, a necessidade de lutar em prol de uma doutrina transcendente, acima da
vulgaridade e "animalidade" de toda a espécie de doutrinas, que de salvadoras ou redentoras
nada possuem...)

A renúncia, pois, que defende, como algo indispensável, o Conde de Gabalis, antes de
prosseguir em suas revelações, não é, senão, a supressão desse exigido laço ou nó da vida
humana, constituído pelo sexo em nossas idades centrais, antecipando, anormalmente, a
idade senil em que o homem virtuoso, por força de lei, terá que se ver livre da cadeia do sexo,
para poder preparar fisiologicamente "seu trânsito", com aquele asceticismo moral e físico que
exige a retirada do brâmane ao seu retiro florestal, depois de cumpridos os referidos deveres
sociais ou físicos, que pressa, pois, deve haver em antecipar de alguns anos a colheita do
ascético fruto, que devemos saborear em idade avançada, se a ela teremos que chegar como
premio de nossas virtudes ?

Porém nunca o fruto da aberração psíquica, o "prazer solitário", que estabelece o


"comércio" com os habitantes dos Elementos, como preconiza Gabalis, como mais adiante
veremos.

E vêm os aforismos, que por serem em número de Vinte e Dois, representam, de fato,
o julgamento dos Arcanos Maiores:
190

I - A primeira concepção transcendente, que podemos adquirir do Cosmos, como um


todo orgânico, está sintetizada na filosofia do Sexo. Tudo no Universo é luminoso ou tenebroso
(a Teoria dos dois Sois - Branco e Negro - a que nos referimos na primeira parte deste livro)
ativo ou passivo, isto é, "masculino e feminino". Donde essas duas espécies ou Características
dos seres e coisas encontradas em todas as línguas sábias. As trevas da "luz sexual" ou luz
astral, como diria Paracelso, representa a espécie ou gênero neutro.

II - A simbólica "Queda dos Anjos" das teogonias, foi a queda da própria Humanidade
no sexo. Primitivamente, os homens eram assexuados, segundo essas mesmas teogonias,
como assexuadas as plantas denominadas criptógamas, e bissexuados ou andróginos, como
deuses e a maioria das plantas. Chegaram então, os homens, diz Platão no Banquete, a tal grau
de Saber e de Poder, que os Deuses, invejosos, os dividiram em sexos, cujas recíprocas
metades se buscam sempre, sem nunca se unificarem. Desde então, a Natureza é a primeira a
rir-se de nós, na sua impiedade, pois que, da união dos sexos opostos, ao invés de nascer a
desejada identificação ou retorno ao androginismo (mistificação), aparece o Ternário, o filho,
de acordo com a humorística poesia de Victor Hugo, que no lied de Rosamunda (a Roda do
mundo ou da vida ? perguntamos nós...), musicada por René Chansarel, assim canta:

Il était une fois

Un jardin, et j'y vis madame Rosemonde;

L'air était plein d'oiseaux les plus charmants du monde.

Quelle ombre dans les bois!

Il était une fois

Un source, et j'y vins boire avec Rosemonde;

Des naoades passaient, et je voyais dans l'ombre

Des perles à leurs doigts.

Il était une fois

Un baiser qu'en tremblant je pris à Rosemonde,

- Tiens, regarde, ils sont deux - dit une nynphe blonde.

- Non - dit autre - ils sont trois !

Natural, pois, se o sexo é queda, que a superação filosófica, depois de obedecido, seja a
libertação, embora não no necromântico sentido apontado por Gabalis.

III - Porém, essa mesma queda no sexo que é nossa crucificação na vida, também
exprime a nossa redenção futura, ao abandonar nossa "Pecadora" carne com a morte, por
aquele em que o ponto da roda que mais baixo cai, é logo o que mais alto se levanta, quando
ao caminhar, descreve sua epiciclóide evolutiva. Talvez por isso tivesse dito Jesus que "no
191

Reino do Pai os últimos serão os primeiros", e que ali não viveríamos como homens e
mulheres, mas como anjos celestes, ou seja, acima do Sexo. E, por sua vez, S. Paulo ao dizer
que "estes mesmos seres humanos, hoje caídos, chegariam a ser juízes e senhores dos
próprios anjos celestes", semelhantes àquele "império universal dos sábios sobre todas as
coisas e seres da Natureza", a que se refere o Conde de Gabalis.

IV - Não conhecemos hoje os vulgares ou não iniciados meios legítimos de escapar ao


sexo, entre o que se denomina de Humanidade. Aqueles que fisiologicamente o obedecem,
sem profaná-lo, isto é, pondo a serviço do sexo animal, os divinos dons da imaginação criadora
(para o que já dissemos no capítulo anterior), estes são os verdadeiros Homens. Aqueles que,
mediante as leis da Boa Magia - não os execrandos ou feiticeiros meios propostos em O Conde
de Gabalis, leis hoje desconhecidas ou conhecidas por um número muito limitado, alcançarem
a sua vitoriosa exaltação, denominam-se de super-homens ou "irracionais", quantos o
pervertem ou prostituem. Proverbial é, pois, a maldade do eunuco; do que tem hipertrofiada a
glândula do timo, como os criminosos natos, e em geral, todos os de sexo aberrado, de que
hoje tão valiosamente se preocupa a ciência médica, ou seja a das secreções internas ou
endócrinas.

V - Magia branca no sexo ? Tal coisa equivaleria em querer conservar, por um lado,
todo os traços da animalidade que o sexo possui, mas também todos os nossos humanos
lauréis, simbolizados no divino mito de Prometeu, por isso mesmo, elevar-nos, cada vez mais,
até chegarmos à condição de deuses. Cabe, sim, na Lei da Evolução, aquele dualismo humano-
animal, causa de todas as nossas torturas de seres decaídos: o dualismo cruel da animalidade,
que vamos abandonando, e a verdadeira ou pura Humanidade que constante e
vagarosamente vamos conquistando. Como tentar unir a semelhante dualismo, uma terceira
evolução super-humana, sem que o primitivo animal, a Besta Rugidora da lenda do Baladro, de
Merlim, em nós tenha morrido (ou desaparecido) ? Pretendê-lo, como se quer por meio das
"ciências secretas" e as sábias" uniões com os seres Elementais, do Conde Gabalis, é querer
abrir a Porta Celeste do Mistério com traiçoeira gazua. Tais "ciências" são, assim, como já
temos dito em outros lugares, a falsa moeda do verdadeiro Ocultismo assexual e redentor, ou
seja, dessa Ciência das ciências transcendentes, sintetizada, acima de tudo, em nosso mais
sublime aperfeiçoamento moral e sexual, Ciência que há de destruir em nós aquela simbólica e
perigosa Besta, antes que o super-homem, o "Menino-Deus" nasça no presépio de nossa
animal miséria.

VI - O elemento propulsor de nossos referidos três estados evolutivos, é a imaginação


criadora. Ela, por necessidade orgânica, nos inicia, fisiologicamente, no desejo sexual mediante
preciosos sonhos premonitórios; quando debilitada e corrompida por maus exemplos,
condenáveis leituras eróticas e outras muitas patologias psíquicas, precipita a diversos no
abismo profundo das aberrações sexuais, entre elas, à da imortalização de sílfides, ninfas,
salamandras ou gnômidas, criminosamente aconselhadas pelo Conde de Gabalis.
Transcendida, entretanto, e vigorizada por criadora força de vontade (algo desde já,
semelhante ao poder de Krya-shakty), ou seja aquela imaginação criadora, que é a Chave da
Verdadeira Magia, dessa Ciência da Virtude e essa virtude da Ciência, que, semelhante ao
ensinado por Pitágoras, Platão e Jesus, acaba por tornar o homem um verdadeiro Deus, como
192

os mesmos das Teogonias. Razão porque o radical latino virtus, virtude, provem do vir (1),
varão, e do vis, força, etc., pois que outra maior não se conhece sobre a terra.

VII - O amor físico entre os sexos reflete o místico Amor Ideal e sem Sexo, como o
próprio lago reflete as estrelas do céu; porém, quando as águas do referido lago não estejam
agitadas pelo tempestuoso desencadear do vento das paixões, mas, gozando de serena
tranqüilidade fisiológica; doloroso, sim, quando essa límpida e tranqüila superfície se vê
alterada sob os impetuosos ventos passionais, que uma aberrante imaginação provoca. Por
isso, estudar a imaginação equivale a estudar a origem humana do sexo e suas aberrações.
Razão de se dizer que "os artistas e os libertinos tudo despem com o olhar". Por isso, o animal,
desprovido de imaginação, só se ressente da atração amorosa ou sexual quando a mesma
imaginação da Natureza, a eterna Fada-Primavera, a tal coisa o impele. No homem, pois,
imaginação criadora e sexo são essencialmente antitéticos, os dois polos da alta e da baixa
sexualidade, e por isso, seus anelos espirituais e suas paixões sexuais, lutam na arena da vida,
como muito bem diz Espronceda, com estas palavras:

"En este mundo, para estar en calma,

o sobra la materia o sobra el alma".

E finalmente, quando Pitágoras ensina aos seus discípulos:

-"Não vos entregueis ao sexo, quando o sintais inferior a vós mesmos - coisa completamente
oposta aos "delírios imortalizadores de Sílfides", do Conde de Gabalis, isto é, quando o véu de
Mayá, ou de Isis, criado pela paixão sexual reclama seus reprodutores direitos evolutivos. Ou
então, quando o mesmo Adepto de Crotona tem estas outras palavras: "Não deveis jamais
enaltecer a tão extensiva lei animal do sexo, empregando o divino dom da Imaginação
Criadora, porque realizareis, com isso, o mais perfeito ato de Magia Negra, concorrendo para
que a régia faculdade humana imaginativa se torne escrava da animal condição inferior, e não
ao contrário, como aqueles insensatos cavalheiros de O mundo ao contrário, que carregavam
seus cavalos, ao invés de serem por estes transportados.

(1) O Viril Atlante, dizemos nós, que significa "força", e com a qual se moviam os veículos
naquele tempo, inclusive os aviatórios, pouco importa o descrédito por parte daqueles que
tudo negam, sem nada saberem... E ainda, para o próprio termo "virilidade", potência, etc. etc.

VIII - Este é o maior crime de certas literaturas - inclusive a do Conde Gabalis -


enaltecedoras ou pervertedoras de uma sagrada função (1), pois que, igual às demais funções
naturais do organismo, jamais deveria ser comentada, muito menos, enfeitada com vários
adornos imaginativos ou artísticos, como aquele que cinzela e modela a lápide de um sepulcro,
onde jazem apodrecidos os restos mortais de nossa animalidade...

IX - O Sexo, como o Estado, como as religiões vulgares ou exotéricas, como as


profissões (médicos, advogados, comerciantes, políticos, engenheiros, etc.) representa um mal
necessário (2). Donde o referido conselho pitagórico.

X - Do mesmo modo, o sexo é ainda uma realidade - e realidade tão dolorosa quão
perseguidora (3), a suprema arte humana, insistimos, seria preferível só se falar do Sexo nos
193

tratados de Medicina, Sociologia e outros similares. Além disso, aquele que só vive a pensar no
sexo, quando carmicamente o perde, grave perigo ocorre em pervertê-lo. Coloquem-se em
uma das conchas de simbólica balança, certas obras decadentes atribuídas a Salomão e todas
as da mesma espécie, de procedência grega e romana... Continuem-se enfileirando por cima -
com algumas honrosas exceções - o Decameron de Boccacio, os Diálogos do Aretino, a
Celestina, etc. etc.; do mesmo modo, devido a seu estilo e perigosos realismo, as de certos
literatos, e até acadêmicos. Ponha-se, entretanto, na concha oposta, as super-sexuais e
idealistas (4) e nosso horror chegará ao auge... Sim, o alarmante horror de nossa sexual
decadência.

XI - Quem se deleita com pensamentos dessa natureza; quem, em conversações


grosseiras, só trata de semelhante assunto, do mesmo modo que, por aberrações imaginativas
se entrega patologicamente ou excessivamente ao sexo, repetimos, corre grande perigo de
perdê-lo (5).

XII - Luxúria, no seu etimológico sentido, nunca foi o ato fisiológico sexual, como pensa
a maioria, pois que, luxúria provem de "jogo" e de "luxo", isto é, das doentias excitações que o
luxo e a ociosidade provocam na imaginação de ambos os sexos: na mulher, quando, para
atrair, mais agradar, se excede em adornos, em jóias, etc.; no homem, quando assim
contemplando o sexo oposto, contrariamente ao preceito salomônico de "afasta teus olhos da
mulher excessivamente adornada, para que não venhas a cair em tentação", ou aquele do
Evangelho, "quem olha com os olhos de deleite à mulher do outro, com ela já cometeu
adultério no coração". Donde, também, a eterna castidade do Nú estatuário da Vênus do Milo,
de Guido, de Falero ou de Medicis, no Apolo de Belvedere, etc. A imaginação, prejudicada por
enfeites e atavios, além de outros meios com que lhe excita, ilude sempre com aquilo que se
procura adivinhar por baixo do que não aparece, na razão de "o proibido ser justamente o
desejado". O famoso suplício de Tântalo não nasceu do sentido que se julga, mas do luxo, pois
que certo famoso escritor já dizia a tal respeito: "Se a mulher mantem o presunçoso e egoísta
culto de sua própria beleza, de outra coisa não se pode ocupar. Madame de Castiglioni, que
adorava a si mesma como um Narciso, passou a maior parte de sua vida meditando na
maneira como aperfeiçoar, cada vez mais, os defeitos de seu rosto e as linhas de seu corpo".
"A história das mulheres que se fizeram célebres por sua formosura, demonstra que essa
mesma formosura as submeteu a verdadeira e doentia escravidão, que nem de leve pode ser
comparada com as mais cômodas, não menos atrativas e atuais exigências para se conseguir
agradar, diz Salomé Nunez Topete, e toda a beleza feminina, beleza proclamada, corresponde
a limitada missão de se considerar algo assim como um espetáculo gratuito, embora que
pesado ou custoso. Enquanto uma galante é duplamente fácil, uma intelectual é ativa,
incansável, desinteressada, uma grande mulher, enfim, que não concordaria, jamais, que lhe
dissessem "tua cabeça é formosa, mas sem juízo" (1). Resignam-se, pois, as beldades e essa
quebra universal do tipo ideal de outrora: aquelas damas célebres apenas por seu rosto. Os
mesmos pintores já não mais procuram modelos "de rara beleza", e sim, "os muito
interessantes". Um outro crítico, de fino trato, preferiu dizer que, "se fácil é adquirir a
formosura do rosto, em troca não é o de aformosear o porte, a indumentária, o trato, a
conversação, a força observadora, afina ou delicada vontade. Em suma, a beleza feminina está
quase aniquilada, vendida, pelas elevadas aspirações de outras mulheres modernas, e pela
indiferença, por sua vez, de inúmeros homens, muito mais modernos ainda".
194

(1) O próprio termo "região sacra" o diz, acrescentamos nós.

(2) "Fruto proibido", dizemos nós, que um dia - com a própria evolução humana, ser ele
transcendido - acabará apodrecendo por si mesmo, e portanto, deixando de ser ou existir.

(3) Ou pseudo-atraente, dizemos nós.

(4) Inclusive esta, dizemos nós, que submetemos ao estudo dos homens de boa vontade e
sedentos de luz.

(5) Mais uma vez, dizemos nós, "Uti, non abuti".

XIII - O Sexo, nas Matemáticas, esta representado pelas quantidades positivas e


negativas - as imaginárias são o luxo; em Mecânica, pela matéria e a força inteligente, que a
forma e fecunda; em Física, pelos elétricos opostos; em Química, pelos metalóides e metais,
electrons e íons; em Biologia, pelos hidrogenioentes e oxidrilos, nos quais a água se
decompõe, e também pelo anfiáster, que determina a cariocinese da célula; em Fisiologia, pelo
espermatozóide e pelo óvulo; em Astronomia, pelos duplos sóis, pares conjugados, como o
está também a Luz com a Terra e os planetas com o Sol; nas lutas da História, pelos
vencedores militares e vencidos, mais cultos que eles, quase sempre, e que terminam por
dominá-los... Em tudo quanto nos cerca, enfim o sexo está simbolizado, como já foi dito, no
ativo e no passivo; o arado e a terra, a chave e a fechadura, a agulha e o tecido, o envolvente e
o envolvido, a árvore e o solo que a sustenta, etc.

XIV - O sexo, em todos os seres vivos, é uma organização justaposta, francamente


parasitária, agindo no organismo de maneira a assegurar, com o seu contrário, a continuidade
da espécie. O espermatozóide e o óvulo, característicos, em uma outra forma, de todos os
seres organizados, não são, senão, o limite supremo a que chegam as sucessivas divisões ou
cariocineses da célula que já não pode mais segmentar-se, esterilizada ou impossibilitada
como se encontra para uma segmentação posterior, pela natureza química dos respectivos
jogos protoplásmicos. Olhados sob o ponto de vista cariocinético, representam ambos a
Morte. E no entanto, ao conjugar-se, geram, também, por suas próprias virtudes, a Vida. Tudo
isso é simbolizado, talvez no mito egípcio do anfiáster de Isis-Osíris, e os cromossomos
nucleares representados pela serpente Tifón que, embora divida o anfiáster, é também
cortada em pedaços ou morta pelo fenômeno cariocinético do mesmo anfiáster.

(1) A guisa da desconhecida frase de Schopenhauer as mulheres frívolas, etc. "longos cabelos
para curta inteligência".

XV - Amor e Morte - Morsamor, de Valera - não sinônimos conjugados, porém, o Amor


é mais forte do que a Morte, por ser justamente a vida.

XVI - O estado de civilização de um povo, do mesmo modo que sua cultura, não se
avalia por algo melhor do que a sua elevação moral e intelectual de suas mulheres, e também
pela maneira por que os homens as consideram.

XVII - O homem faz a mulher, e a mulher o homem. "Diz-me a quem amas e como
amas, e te direi quem és".
195

XVIII - O problema dos clericalismos, falsos misticismos, frivolidades e egoísmo


feminino, não é, senão, o justo karma ou retribuição do abandono do homem e da falta de
convivência dos dois sexos, segundo o mais perfeito princípio de igualdade, desde que
representam seres humanos - uma e outra - e não propriamente dito, homem e mulher. A
igreja faz o cassino e o cassino a igreja, dito isso, não no sentido religioso, mas no de recinto,
onde, tantas damas, tristonhas e abandonadas, buscam, não a devoção, mas o divertimento
ou passatempo.

XIX - Correm grandes perigos de perder ou perverter o sexo os que vivem sempre a
pensar nele, ou a falar, constantemente, nos seus escravizadores prazeres. Por isso, a má
literatura, chamada "pornográfica", vai diretamente contra o próprio sexo, sob o
grosseiríssimos pretexto de arte naturista, que nada tem de Arte, muito menos de Verdade.

XX - Se admitíssemos o cristianismo assunto da Sonata a Kreutzer, de Tolstoi,


relacionado aos deveres de fidelidade que devem ser idênticos, tanto para o homem como
para a mulher, transformaríamos, por completo, as caducas bases de nossa atual sociedade.
Nesse caso, tem a palavra os biólogos e os moralistas. Entretanto, as grandezas da monogamia
e do lar tradicional, sancionado no primitivo Código do Manú ou Manava-Dharma-Shastra,
parecem constituir o mais alto ideal humano, não a tendência animal contrária, que chamou
de "mariposagem" um conspícuo precursor do comunismo. E um sábio alemão houve
também, que escreveu oito grossos volumes para chegar a essa mesma conclusão, porque, de
todos os males, o sexo, não brota melhor planta redentora que um lar fecundo, enaltecido por
todas as religiões, do mesmo modo que preciosa ara de todos os redentores sacrifícios, não
obstante terem elas mesmas, desgraçadamente, produzido em seu seio, mais de uma vez, o
que graficamente, poderíamos chamar de "micróbio destruidor do próprio lar".

XXI - Como a chave sexual, diz-se, é a mais inferior do Mistério que nos cerca, tudo no
sexo, entretanto, possui algo de iniciação. Porém, a Natureza não conhece, senão, duas
maneiras de agir para iniciar os seres humanos: a evolutiva e revolucionária, e a fisiológica e
patológica. Por isso, as maiores vítimas do tempestuoso mar do sexo são aquelas que antes e
depois da puberdade, receberam a letal influência dessas doutrinas, que julgam resolver o
problema so sexo, estendendo, sobre o mesmo, como disse Freud, um véu de mistério que o
torna, precisamente, mais sedutora e apetitosa. À criança de um outro sexo, desde a mais
tenra idade, tanto no que ao mesmo sexo se refere, como em outras tantas coisas, não se deve
mentir. Os pais educadores cumprem sua missão oferecendo-lhes, sempre, a verdade tal como
se apresenta, suave, sem adornos nem incentivos, na certeza de que o fazendo com toda
decência, resvalará - como a própria água de uma cachoeira, pela encosta abaixo - nessas
mentalidades ainda jovens ou não preparadas. Mais de uma vez se tem criticado, por agir ao
contrário, o que se passa no confessionário, justamente por inverter os termos do problema,
procurando saber o que de mau foi praticado em relação ao sexo, quando deveriam limitar-se
- como bons educadores - a só o fazerem com paternal e amorosa lealdade, a respeito daquilo
a que se limita, ainda, tão jovem consciência... "Qual de vossos filhos vos pedindo pão, lhe
dareis apenas uma pedra" ? ensinou o Evangelho.

XXII - O amor é o desconhecido... Por isso, a Divindade, que é supremo Amor, também
é supremo Incognoscível... Bendito seja, pois, tudo quanto restitua ao sexo seus legítimos
196

direitos, e maldito, quanto o afastam, por meio de enganosos processos, do verdadeiro


caminho, que é o natural, hoje tão sabiamente traçado, por isso mesmo, oposto ao indicado
por Gabalis, tanto quanto o Amor o é para o Ódio.

Os aforismos precedentes (1) representam o que o nosso insignificantes saber nos


ensina a respeito de tão grande problema, contrariamente a quantas "aberrações" ou
"desvios" servem de obstáculos à Humanidade, seguindo ou não o bom Conde de Gabalis, bom
dignos da atualidade, que em nada difere dos negros dias da Kali-yuga ária, a que se refere
Krishna em seu famoso diálogo com Maitréya, no Visnhu Purana, quando diz:

"Nos dias em que os bárbaros foram senhores das margens do Indo, Casemira, e
Chandra-bhaga, aparecerão monarcas de mau espírito, gênio violento, mentirosos e perversos.
Darão morte as mulheres, às crianças e aos animais domésticos. No entanto, limitado será o
seu poder, curtas as suas vidas, embora seus desejos sejam insaciáveis... Gentes de todos os
países, confundindo-se com eles, seguirão o seu exemplo. Os puros serão desprezados e o
povo perecerá, porque os mlechchas estarão nos extremos, e os verdadeiros ários, no centro.
A riqueza e a piedade diminuirão cada vez mais, até que o mundo entre em completa
degradação... Então, só a fortuna dará valor aos homens; será ela a única fonte de devoção; a
paixão animal, o único laço de união entre os dois sexos; a falsidade, o único meio de vencer as
contendas; e as mulheres, simples objetos de satisfações inferiores; a exterioridade, o único
sinal de distinção entre as camadas sociais; a falta de honradez o mais prático de todos os
meios para se ganhar a vida; a debilidade trará consigo a dependência; a mais desenfreada
liberdade não dará lugar a outras aspirações. A riqueza dará ao homem a reputação de puro e
honesto; o matrimônio não passará de simples negócio; a razão estará sempre do lado do mais
forte. E o povo esmagado pelo peso de enorme carga, emigrará. E assim, na Idade Negra, a
decadência moral continuará a sua marcha, até que a raça humana se aproxime de sua
extinção.

Quando o fim estiver próximo, descerá sobre a Terra uma parte daquele divino Ser,
que existe em sua própria natureza espiritual dotado das OITO faculdades supremas. Ele
restabelecerá a justiça na Terra e as mentes dos que viverem até o fim serão tão puras como
cristal. Os homens assim transformados serão somo SEMENTES DE UMA NOVA RAÇA, que
seguirá as leis da Idade de Ouro ou da pureza para transformar o mundo. Dois elevados Seres,
dois DEVAPIS, volverão à Terra para a felicidade dos homens !!!

(1) Em número de 22, como os Arcanos Maiores, dizemos nós.

195. CONCLUSÃO
197

O Uraniano perfeito ou verdadeiro Andrógino é todo aquele que possui a sua natureza
masculina, varonil, forte, construtiva, de pensamentos claros, imaginativos e repletos de
confiança em si mesmo, na sua tríplice manifestação de Sabedoria, Amor e Justiça. Em sua
natureza feminina (a introspectiva), terno, protetor dos débeis, dos fracos, dos oprimidos, mas
forte, receptivo e protéico em todas as suas emoções, inflexível nos seus propósitos, em
resumo, com a energia das potências da vida dirigidas para ideais colimados com essa mesma
natureza, que o coloca acima dos puramente humanos ou terrenos.

Somente da união dos dois sexos num mesmo e consciente organismo pode ser
desenvolvido um grande artista, como construtor de belas formas, ou realizador de grandes
ideais. O homem que não é conjugado debaixo desse duplo e espiritual aspecto, deixa de ser o
escultor para ser e estátua muda e fria, por ele mesmo esculpida. Deve ser, portanto, o criador
e não a criatura. Desse modo, nele se reflete a sua própria obra, construída, animada, por seus
melhores sentimentos. O mesmo acontecerá, uma dia, à própria humanidade. Sim, porque o
Supremo Arquiteto se esforça, de todos os modos, para que a sua obra se torne
completamente animada de sua Vontade. E por isso mesmo, nele se funde, como naquela
conhecida lenda trans-himalia, em que o santo e o sábio (as duas salvadoras características
humanas) Rimpotché se fundiu na estátua de Maitréya, por sua vez, precioso Símbolo da
Redenção Humana.

Deve-se notar, entretanto, que semelhante tipo de Uraniano não podia, de modo
algum, ser o hermafrodita a que se referem os grandes clássicos da Medicina, como Marañon
e outros mais, quer se trate da predominância de um sexo ou de outro. Na época atual, o que
predomina é o aspecto feminino ou lunar; não faltam homens efeminados nem mulheres
masculinizadas. quanto a estas, além de repelirem o papel sublime de Mãe, com o qual lhes
dotou a própria Natureza, miram o seu sexo como um D. João de saias, através de um
monóculo, símbolo adequado para quem vê as coisas de modo contrário, ou seja, com um
grau maior do lado em que devia estar o menor. Francas "aberrações psíquicas do sexo", que
fazem jus a um ciclo por sua vez decadente.

Os totalmente masculinos em sua natureza masculina, e totalmente femininos em sua


natureza feminina, são os verdadeiros andróginos, a que nos referimos no começo desta
conclusão. O esoterismo denomina-os: aos masculinos, soli-lunares (ou helio-selenitas, se o
quiserem), e aos femininos, luni-solares, etc. Cada qual em seu sexo, mas trazendo o contrário
internamente.

São aqueles que sentem, física e espiritualmente, atraídos um para o outro, pois, como
verdadeiras "almas-irmãs", se completam. Por isso, procuram cada vez mais alcançar o sublime
e puro Amor, que os une para sempre. Sentem-se felizes com seu próprio destino, sua
condição sexual, como quis a Natureza, para não dizer, a prodigiosa e sabia lei de Retribuição,
que é a do Karma.

As crianças nascidas de tão abençoada união representam a verdadeira SEMENTE da


Nova Civilização, que começa a fazer seu surto no privilegiado continente americano. Para
semelhante advento foi fundada a Sociedade Brasileira de Eubiose a 10 de agosto de 1924,
senão muitos anos antes, embora que de modo subjetivo par ao mundo profano.
198

**** FOTOGRAFIA *****

Schopenhauer não era inimigo das mulheres, como julga a maioria, pois, como budista,
não podia ser inimigo de pessoa alguma, e sim, de tudo quanto fosse fútil, enganoso,
prejudicial à evolução humana. Não podia, pois, suportar - como não o suporta nenhum
homem evoluído - a mulher vulgar, fútil, inimiga do lar, para não dizer, de si mesma, a mulher
a que o grande escritor ocultista francês Josephin Péladan, se referia na sua obra "Le Vice
Suprême", como tipo degenerado de Finis Latinorum, mas em verdade, dizemos nós, do fim de
toda uma civilização que definha ou morre, para que das suas cinzas uma outra possa surgir
em todo o esplendor da sua espiritual grandeza.

A Rainha Vitória, da Inglaterra, chegava ao ponto de não permitir ao homem, em


tempo de calor, usar um leque. E àqueles que desvirtuavam por completo o verdadeiro
sentido de seu sexo, enviava ao exílio, para não servirem de exemplo a outros indivíduos
possuidores das mesmas "propensões", para não dizer, anomalias... "Vitória" idêntica - através
de pertinaz e acertada campanha - devia ser alcançada por toda a parte, nesse sentido a
começar por nosso país, com o auxílio do mundo médico, porque o caso é mais digno de ir ter
às suas mãos do que, propriamente, às das autoridades policiais. Estas se incumbiriam de fazer
cumprir as novas leis que, nesse sentido, fossem sancionadas.

"Filhos da Evolução", entretanto, outros Homens que a caminho se acham do


"androginismo perfeito", que terá lugar na chamada "Idade de Ouro ou Satya-Yuga", os
milênio que ainda restam para se alcançar tal desenvolvimento. No fim, entretanto, serão
aqueles que, a possuindo de modo integral, conduzirão até o fim da Ronda os que não tiverem
alcançado tamanha dignidade.

Com efeito, em tal época, a reprodução será feita, entre os "andróginos vitoriosos",
pelo Poder da Vontade (o poder de Krya-Shakti), como o foi no início das coisas, algo assim
como se disséssemos "nascidos de si mesmos", portanto, sem necessidade de união sexual.
São os mais sagrados e antigos livros do mundo que afirmam tais coisas, os mesmos que
predisseram aquilo que hoje vem sendo cumprido à risca, inclusive na própria ciência. Antes,
porém, menosprezam-nas os que não conhecem a sabedoria arcaica, para depois aceitá-las,
não se envergonhando, entretanto, quando trazidas a lume. O grande Paracelso já dizia, em
199

seu tempo: "O que uma Humanidade considera como do saber, considerado é pela vindoura
como inútil, e até prejudicial".

O corpo pituitário, na sua forma física, se fará o órgão dessa espiritual Vontade. E a
energia, nessa epigenesia, se expressará através dos prodigiosos fogos de KUNDALINI. O corpo
terá dois fortes condutos por onde passarão os fogos da criação, servindo de suporte a cabeça,
que será maior do que aquela que possui o homem; do mesmo modo, canais por onde fluem
os elétricos "fogos de ouro", cuja síntese é o Sutratma.

O despertar dos fogos de Kundalini, de há muito tem sido o apanágio daqueles que se
fizerem precursores de semelhante Raça.

O fogo destruirá todas as coisas impuras, inclusive as moléstias, porque, os "Devatas


da dor e da miséria" serão transformados em Devas de outra natureza, por isso mesmo, fiéis
servidores dos homens, transformados em Deuses.

Atualmente, os canais se acham ligados, obstruídos pelas próprias formas grosseiras


dos atos e pensamentos humanos. E é a razão pela qual nem todos obtém resultados
satisfatórios da maneira de dirigir semelhantes fogos através de Ida e Píngala. Para estes,
quem sabe quantas vidas terrenas lhe serão, ainda, exigidas...

Nenhum discípulo deve perder de vista, um só instante, esse fato importantíssimo, se


representa, desde já, o fim da evolução humana. As potências espirituais são o resultado de
esforços muito acima daquilo que hoje se concebe através do referido termo. E mesmo que
tais resultados não sejam imediatos, dever é de todo o homem praticar tão sublime quão
prodigiosa Ciência. Basta a certeza de que o fenômeno é o "Summum-bonum" da evolução
terrena, para que os mais dignos e perseverantes não se esqueçam um só dia de tão nobre
quão valiosa prática.

Não se deve, ainda, esquecer, que outros homens desconhecedoras de tamanhas


verdades, no entanto se tornaram "mártires de sua ciência", somente pelo desejo de fazer
sanar os sofrimentos de seus semelhantes. São "bons e sábios", embora ainda não Adeptos. A
história está repleta de tão abnegados seres.

Não se dedicam, também, os Adeptos à verdadeira felicidade humana, que é a


espiritual, ou seja a da Superação ? Uns e outros se distinguem pelo mesmo Amor que
compartilham entre todos os seres da Terra.

Por tudo isso, o homem evoluído não deve temer o despertar desses fogos tão sutis,
prodigiosamente construtivos e realizadores, porque somente os maus atos, palavras e
pensamentos, são os três tipos de escória, que mantem obstruídos semelhantes canais. Não
são estes que se dilatam, e sim, a substância contida nos mesmos, permitindo, assim a tais
fogos se manifestarem ou despertarem. É como aquele conto da "Bela Adormecida, à espera
do príncipe encantador, que a venha despertar de tão amargurado letargo".

Todos os homens possuem nas profundezas de seu ser, imenso tesouro que não
sabem avaliar. Com perseverança e coragem, um dia o encontrando, sentir-se-ão para sempre
felizes.
200

Nos primeiros momentos em que tais fogos se manifestam, aparecem as formas


grosseiras de uma evolução passada. Chamem-nas de "poderes psíquicos" (visão astral,
audição, etc.), o nome que lhe quiserem dar, contanto que aproveitadas não sejam
inutilmente, e muitíssimo pior, em detrimento alheio. Aceite-se, então, o conselho de Buda:
"guarda os teus sidhis para a tua vida futura".

A seguir, começarão a surgir os fulgurantes lampejos da Inteligência, que jamais


engana ou atraiçoa, como as que apareceram anteriormente.

Essas três exigidas etapas do Físico, do Astral e do Mental (na razão de Hatha, Jnana, e
Raja Yogas, como meios de vencê-las) estão poeticamente descritas em A Voz do Silêncio, com
estas palavras:

"Três Vestíbulos, oh! fatigado peregrino, conduzem ao termo dos penosos trabalhos.
Três Vestíbulos, oh! Vencedor de Mâra (o deus tentador), te conduzirão por três diversos
estados, ao quarto, e daí aos sete mundos; os mundos do Eterno Repouso.

Se desejas saber seus nomes, ouve e guarda contigo:

O nome do primeiro vestíbulo é Ignorância (Avidya). É aquele em que viste a luz, onde
vives e onde morrerás.

O nome do segundo é Vestíbulo da Instrução (instrução probatória). Nele encontrará a


tua alma as flores da vida, porém, debaixo de cada flor uma serpente se acha enroscada (o
mundo astral ou psíquico).

O nome do terceiro Vestíbulo é Sabedoria, além do qual se estendem as águas sem


praias do Akasha, a fonte inesgotável da Onisciência".

É, pois, desses três vestíbulos que vai tratar a nossa futura obra:

A CIÊNCIA DA VIDA ou Como se tornar um Adepto.

FIM

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196. CITANDO E COMENTANDO O Dr. MARAÑON


201

Apresentando os caracteres anatômicos e primários na diferenciação dos sexos, diz o


Dr. Marañon, como teósofo latente, por sinal que grande amigo e companheiro do Dr. Mario
Roso de Luna, tantas vezes por nós citado:

A maior e mais profunda diferenciação dos sexos se observa nas glândulas onde nasce
a sexualidade: as gônadas, isto é, o testículo do homem e o ovário da mulher. Há animais, (por
exemplo, diversos pássaros), nos quais não se pode diferenciar o sexo no período juvenil, a
não ser por meio de exame microscópico da glândula genital, tal a semelhança entre o macho
e a fêmea. Há casos, mesmo, de inter-sexualidade pronunciada (hermafroditismo) no homem
e em diversos animais superiores.

Embora não haja razão para se fazer aqui uma descrição embriológica e anatômica da
glândula germinal, mister se faz ter presente, para a perfeita compreensão de nossas
anteriores afirmações, os seguintes e elementares fatos:

1o - Há no ovário duas espécies de tecidos: o tecido folicular e o tecido intersticial. O


folicular é formado por células do tipo epitelial, que se dispõem em lâminas constituindo uma
vesícula (a vesícula de Graaf), cheia de um líquido (líquido folicular), no qual banha uma célula
extraordinariamente diferenciada (o óvulo ou gameta fêmea), célula que fecundada por um
espermatozóide ou gameta macho, dará nascimento ao ovo ou zigoto. Uma camada de
elementos conjuntos (a teca) forma um revestimento externo, que protege a vesícula assim
constituída.

O tecido intersticial é formado de células epitelióides do tipo glandular, lembrando


aquelas que formam o parênquima hepático ou córtico supra-renal. Elas são dispostas em,
grupos disseminados entre as vesículas.

CARACTERES SEXUAIS - G. MARAÑON: ENSAYOS SOBRE LA VIDA SEXUAL - CAP I - PÁG. 28 -


ESPASA - CALPE S.A. MADRID - 1951

Anatômicos

Mulher Homem

Primários (genitais)
202

a) Ovários a) Testículos

b) Trompas b) Epidídimo, canal deferente

Útero Vesículas Seminais

Vagina Próstata

Vulva (lábios, clitóris) Pênis, escroto

c) Seios bem desenvolvidos c) Seios rudimentares

Secundários (sexuais)

a) Predominância do desenvolvimento- a) Predominância do

pélvico sobre o es- vimento escapulário sobre

capulário. o pélvico

b) Sistema locomotor pouco b) Sistema locomotor muito

poderoso. poderoso.

c) Maior desenvolvimento e c) Menor desenvolvimento e

distribuição da gordura sub- distribuição da gordura

cutânea sub-cutânea

d) Sistema piloso infantil e ca- d) Sistema piloso desenvol-

beleira abundante e persis- vimento, cabelos menos abun

tente. dantes e caducos

e) Laringe com desenvolvimento e) Laringe bem desenvolvida

FUNCIONAIS

Primários (genitais)

a) Libido com o homem a) Libido com a mulher

b) Orgasmo lento e não neces- b) Orgasmo rápido e neces-

sário a fecundação. sário a fecundação.

c) Aptidão conceptual c) Aptidão fecundante


203

Menstruação

Gravidez. Parto.

Lactação

Secundário (sexuais)

a) Instinto maternal e cui- a) Instinto de agir social-

dado direto sobre o fi- mente (defesa e desenvol-

lho. vimento do lar)

b) Maior sensibilidade às b) Menor sensibilidade às

reações afetivas e menor reações afetivas e maior

disposição para o trabalho capacidade para a abstra-

abstrato e criador ção mental e criadora.

c) Menor aptidão as impulsões c) Maior aptidão as impulsões

motrizes ativas e a resis- motrizes e à resistência

tência passiva. passiva.

d) Timbre de voz aguda (sopra- d) Timbre de voz grave (baixo

no para contralto) para tenor)

Enfim o folículo amadurece e se rompe para dar origem ao óvulo; a cicatriz da vesícula
rota se transforma em um tecido de igual aparência glandular, formado de células especiais
ditas luteínicas. Cada grupo de células luteínicas constitui um corpo amarelo.

Como o ovário, preenche duas funções, uma genésica ou externa (produção do óvulo
maduro), e outra endócrina ou interna (produção dos hormônios que determinam e protegem
as funções e os caracteres da feminilidade). tem-se procurado dar a essa divisão do trabalho
uma baixa diferenciação histológica, isto é, de assinalar a cada um dos tipos de tecidos
ovarianos uma função diferente. Mas se a sede do processo da ovulação é conhecida (o
folículo), o mesmo não acontece a secreção endócrina. Em diversas fazes do progresso
científico, foram considerados como origem da secreção hormonal o tecido folicular, o
intersticial e os corpos amarelos. Hoje, entretanto, sabemos que o tecido folicular, é
certamente a fonte de hormônio muito importante do ovário, a foliculina, que rege o ciclo
menstrual e os fenômenos primários do libido feminino. Resta, entretanto, dizer que, no
tecido intersticial e nos corpos amarelos, são elaborados também funções endócrinas, que não
são, de fato, a foliculina. É possível que cada um desses tecidos, como já vimos há muito
204

tempo sugerindo, exerce uma dessas funções hormonais complexas, sem podermos precisar a
que uma função corresponde cada grupo histológico.

2o - A Gônada masculina ou testículo é também formada por dois tipos de tecidos: o


seminífero e o intersticial.

O seminífero é encarregado de formar os gametas macho ou espermatozóides. Ela se


compõe da canais (tubos seminíferos) constituídos por células epiteliais de duas espécies: uma
que se transforma diretamente em espermatozóides (ditos espermatogônias) e outras, que
não se transformam, jamais, em espermatozóides e que provavelmente servem de elementos
de sustentáculo e de nutrição às precedentes ( células de Sertoli). Alguns autores julgam que
elas representam também um papel de increção.

As células intersticiais ou células de Levdig, são do tipo glandular, que se agrupam em


conglomerados mais ou menos densos, entre os tubos seminíferos. A maior parte dos autores
julgam que às mesmas se deve a elaboração da secreção interna testicular. no testículo, por
conseguinte, a divisão do trabalho corresponderia a uma nítida divisão histológica; a função
seminal ou externa seria preenchida pelo tecido seminífero, a função endócrina ou interna,
pelo tecido intersticial. não obstante, existem vários casos clínicos e experimentais que não se
enquadram no referido esquema.

3o - As duas gônadas ( o ovário e o testículo) provêm do mesmo tecido embrionário: a


eminência uro-genital. Até a quarta semana da fecundação é impossível discernir no embrião
(que então atinge o tamanho de 11 a 13 mm), se a futura gônada será masculina ou feminina.
Não quer dizer, entretanto, que pelo fato de não se poder fazer semelhante distinção, o sexo
já não esteja determinado. É bem possível que a razão de tal coisa esteja na insuficiência de
nossos métodos de análise. Mas, em suma, é preciso admitir que em certo estágio, o futuro
tecido germinal, é ainda indiferenciado, sem pender para o sentido testicular ou ovariano. A
diferenciação não se produz senão no fim de determinado tempo. A gônada é, pois,
indiferenciada a seus fins, contendo em poder, as duas sexualidades. É admitido, hoje, por
todos os autores, que essa diferenciação quase nunca se efetua de maneira absoluta, mas, ao
contrário, subsistem elementos masculinos no ovário e femininos no testículo, ou antes, uma
aptidão bi-funcional latente das células, susceptível de se manifestar em certas condições e de
secretar hormônios de sexo contrário. Segundo essa hipótese, toda a gônada (em um outro
sexo) seria, por conseguinte, um ovário-testículo, mas com predominância dos elementos
testiculares, entre o macho, e ovarianos entre a fêmea.

Pelo que se vê, a teoria ocultista, por nós apresentada pela primeira vez, diferencia o
testículo direito (solar ou masculino) do esquerdo (lunar ou feminino), e na razão inversa para
o ovário, é de certo modo, corroborada pelo Dr, Marañon, ainda que suas prodigiosas teorias
não estejam de todo elaboradas. Por isso mesmo, a possibilidade da fecundação do sexo que
se queira, fazendo funcionar um ou outro dos testículos, em relação com a narina do mesmo
lado (com atuação nervosa, seja para o simpático ou solar, ou para o vago ou lunar), conforme
apontamos em outros lugares, principalmente em pessoas normais ou perfeitamente
equilibradas com as forças cósmicas.
205

"Em circunstâncias anormais, continua o famoso endocrinologista, essa persistência


das células dos dois sexos na mesma glândula já tem sido demonstrada em considerável
número de casos de hermafroditismo, tanto no animal como no homem. Mas sem chegar a
esses casos indiscutíveis de verdadeiro ovário-testículo (1), em muitos outros aparecem células
isoladas da gônada contrária, coincidindo com manifestações anatômicas funcionais de inter-
sexualidade. Não podemos, até agora, determinar em que medida essa predominância da
bissexualidade histológica é frequente, porque os meios de análise são por ora imperfeitos. É
provável que o tecido intersticial, sempre menos diferenciado que o tecido germinativo
propriamente dito (folicular e seminífero), é a sede dessa confusão histológica, como
pensaram Steinach e outros.

A mais importante questão do problema está em se saber se a gônada originalmente


indiferenciada em todos os indivíduos, conserve, no decorrer do desenvolvimento, esta
virtualidade bi-sexual em um certo número de organismo, ou em todos, a frequência dos casos
intersexuais em clínicas humanas, de uma parte, e o fato de que, em muitos casos, essa
transformação intersexual sobrevenha tardiamente entre indivíduos que anteriormente não
apresentaram o menor estigma da confusão, faz crer que a a virtualidade bi-sexual da gônada
é um fenômeno universal, persistindo de modo latente no maior número de indivíduos e se
manifesta, claramente, em outros, quer no decorrer da existência, sob o efeito estimulante de
circunstâncias ocasionais, quer desde o começo da vida extra-uterina. Entretanto, ao menos
teoricamente, não seria possível imaginar, senão em princípio, um grupo de seres humanos
não suscetível de atingir tão perfeita diferenciação da gônada, que tornasse impossível
qualquer alteração de sua futura especificidade sexual. Seriam os sexos-tipos, atualmente
excepcionais, mas que se tornarão mais numerosos, à medida que a humanidade for
progredindo (2).

(1) Para a mulher, dizemos nós, e testículo-ovário para o homem; em estudos nossos já
denominamos, mesmo que embrionariamente, de luni-solares soli ou hélio-lunares, etc...

(2) Caminho ao androginismo, dizemos nós, do começo até alcançar a total consciência da
Ronda.

Não resta a menor dúvida de que o problema só será resolvido quando nossos métodos
histológicos e biológicos houverem progredido, sobretudo, no terreno da Embriologia.

4o - Uma outra questão, que não deve ser perdida de vista, é que a gônada masculina
(o testículo) sofreu, além de sua evolução intrínseca, um processo de migração, do interior do
abdômen, onde teve a sua origem, para o exterior, depositando-se nas bolsas escrotais.
Ordinariamente, logo que a criança do sexo masculino vem ao mundo, seus testículos já
efetuaram a referida descida. Mas, em um grande número, observa-se a criptorquidia ou um
retardamento na descida do testículo, que estaciona em regiões diferentes, seja no interior do
abdômen, ou no trajeto inguinal. Essa criptorquidia pode ser corregida, espontaneamente, ou
persistir definitivamente. Por conseguinte, no que concerne ao desenvolvimento da virilidade
em um indivíduo dessa natureza, semelhante dote topográfico será também de considerável
valor.
206

Órgãos acessórios de reprodução: Tais órgãos são constituídos pelas trompas, o útero,
a vagina e os órgãos vulvares, na mulher, e pelo epidídimo, vesículas seminais, canais
deferentes, próstata, pênis e escroto, no homem.

Todos esses órgãos acessórios, são diretamente adaptados à realização do ato genital.
Seu fim é servir: 1o - à migração; 2o- à sua conjugação, depois à nidação e ao desenvolvimento
do ovo ou zigoto que disso resulta.

A diferenciação desses órgão acessórios da reprodução é muito nítida entre os seres


humanos normais. Entre os recém-nascidos, constituem o único elemento de determinação do
sexo, porque todos os outros caracteres diferenciais não existem, a não ser no estado
rudimentar. Enquanto não se examina essa região não se sabe se o fato, cuja cabeça se
apresenta na vulva materna, será menino ou menina.

O verdadeiro ocultista, sem necessidade de clarividência psíquica, mas apenas por


sinais, chamados subjetivos, o reconhece com bastante facilidade, dentre eles, a feição
materna, que se torna emagrecida ou seca quando o ser gerado é masculino, e arredondada
ou um tanto gorda, quando é feminino.

Conhece por acaso, a medicina os sinais subjetivos de uma anginacrupal ? Ignora-os


por completo. No entanto, apresentamos alguns: a criança atacada dessa doença ergue-se
repentinamente e vem ter à beira do leito, de olhar espantado; quando não, põe uma das
mãos espalmada sobre a nuca, acompanhando o gesto por grande irritabilidade nervosa. Não
falemos no odor característico de todas as doenças, que se pode ser pressentido pelo médico
entendido em assuntos ocultistas, logo ao chegar à porta da casa do seu doente. Do mesmo
modo, sabe se vai ou não morrer. Tudo isso e muito mais ainda explicaremos em nossa
próxima obra "A Ciência da Vida ou como se tornar Adepto" (1).

Numa categoria importante de indivíduos (os hermafroditas e muitos pseudo-


hermafroditas), o exame dos órgãos genitais não permite facilmente tal distinção, sendo
impossível determinar o sexo; essa tese, muitas vezes só pode ser resolvida por exame
histológico da gônada.

Explica-se tão frequente indiferenciação se conhece a comum origem desses órgãos


em um outro sexo. O mesmo canal de Muller do embrião se desenvolverá na mulher para
formar as trompas, o útero e a vagina; no homem, ele se atrofiará, ficando reduzido ao
utrículo prostático. Por sua vez, o mesmo tubérculo genital do embrião se desenvolverá
amplamente no homem, para formar o pênis com a parte cavernosa da uretra e as bolsas
escrotais; e se atrofiará na mulher, transformando-se em clitóris e em pequenos e grandes
lábios.

Já tivemos ocasião de dizer que, esotericamente, a mulher possui introspectivamente


os órgãos genitais masculinos. E tudo isso para provar o androginismo do começo, a que nos
referimos, que se reproduzirá novamente no fim da evolução humana. H.P.B., na "Doutrina
Secreta", por sua vez, demonstra as similitudes existentes entre o cérebro e os órgãos genitais
em ambos os sexos. Donde as perturbação que no mesmo se dão, como já dissemos, devidas
ao abuso do coito e outras anomalias relacionadas com o sexo.
207

É este um dos motivos porque muitos preconizam a castidade absoluta - mesmo para a
aquisição de poderes psíquicos, etc. - no que não estamos de acordo, pois no sexo, como em
tudo mais na vida, necessário se torna estudar as tendências dos indivíduos. Assim, tanto uma
abstinência total como o abuso podem ocasionar gravíssimos distúrbios. Ninguém ignora que
tanto se pode morrer por falta de alimento como também de uma indigestão, através das
respectivas complicações.

No homem e na mulher adultos, tais órgãos característicos do sexo não são, pois
rigorosamente específicos; no primeiro há órgãos femininos hipoplásticos, e na segunda,
órgãos viris, igualmente rudimentares.

(1) Certa vez, em São Lourenço, parou à porta da Residência Presidencial da S.B.E. (Vila Helena)
uma charrete para nos conduzir, segundo pedido urgente de um médico amigo da localidade,
ao Hotel Bela Vista, para vermos um doente que se achava muito mal. Três médicos inclusive
aquele que nos mandou chamar, levaram-nos à presença do doente. Logo ao entrarmos, sem
outro exame prévio, já tínhamos divulgado seu duplo etérico baloiçando sobre o corpo, como
querendo se desligar do mesmo, através do plexo solar. Olhamos, mesmo de longe, o doente,
que falava, queixava-se de uma dor do lado, que muito o incomodava, etc., e delicadamente
nos afastamos, tomando lugar em uma das cadeiras existentes na varanda do referido Hotel.
Dando por nossa falta, vieram os 3 médicos saber por que razão não havíamos dito coisa
alguma, saindo tão depressa do quarto do doente. sim, respondemos, porque ele só durará, no
máximo, uma oito a nove horas. Viemos para casa, e no dia seguinte o próprio médico amigo,
que nos havia chamado na véspera, telefonou dizendo que o doente tinha falecido oito horas
depois...

Órgãos mamários - Inútil insistir sobre o desenvolvimento tão típico dos seios na
mulher e de seu estado rudimentar no homem. Os seios são o órgão representativo da aptidão
lactária, uma das funções sexuais primárias da mulher. Por nos afastarmos de todos os
autores, é justamente que não hesitamos em fazer figurar tais órgãos entre os caracteres
anatômicos primários.

Todavia, não encontramos também nesse caso uma distinção radical entre os dois
sexos. No homem subsistem freqüentemente restos de tecido mamário pequeno, além da
morfologia atrófica, porém, constante, indicada pelo pequeno mamilo masculino cercado por
sua auréola. Tais restos mamários podem desenvolver-se de modo eventual devido à ação de
diferentes estimulantes, dando lugar à ginecomastia, que será estudada mais adiante. É muito
interessante notar a origem comum embriológica do seio e das glândulas sebáceas e
sudoríparas da região compreendida entre as raízes dos membros superiores. Essas glândulas
tem um caráter sexual muito nítido, porque elas desprendem o odor axilar, cuja importância é
inegável na atração dos sexos.

Em algumas mulheres esse odor aumenta, consideravelmente, quando da


aproximação do período mensal; em outras, por felicidade, raras, esse chamado "odor-femina"
toma caraterísticas especiais tão profundas que se tornam as "mulheres fatais" de que trata a
própria História.
208

Entretanto, os indivíduos, de ambos os sexos, que abusam da alimentação carnívora,


possuem também tal odor muito pronunciado, assemelhando-se ao das próprias feras, de
cujas jaulas dificilmente nos aproximamos sem termos de levar o lenço às narinas.

No estudo dos caracteres sexuais, o autor apresenta como o mais significativo dos
anatômicos secundários, o que se relaciona com o tamanho proporcional da bacia e da cintura
escapulária. A bacia da mulher é mais larga do que a do homem, em relação ao tamanho do
diâmetro que separa os pontos mais distantes das espáduas. Tal privilégio na mulher está
ligado à necessidade de ter de alojar na bacia os órgãos femininos da gestação; por isso, dever-
se-ia considerar, de fato, tal conformação como um caráter primário. Basta vê-los, mesmo que
vestidos, para se distinguir um sexo do outro. No homem, as ancas são estreitas (não há regra
sem exceção, dizemos nós, principalmente em se tratando de um final de ciclo racial, onde os
indivíduos apresentam em se tratando de um final de ciclo racial, onde os indivíduos
apresentam diversas deformações, na maioria dos casos, de origem luética, etc.) indicando sua
aptidão ao esforço físico. Na mulher, o peito é nitidamente menor, em relação ao tamanho da
bacia, indicando que o plano de sua arquitetura é subordinado às necessidades da
maternidade. A acumulação da gordura peri-pélvica acentua o contraste. Porém, mesmo entre
as mulheres negras se torna evidente. A maior largura pélvica faz com que na mulher as coxas
convirjam fortemente para os joelhos. No homem, o paralelismo das coxas é muito mais
estrito. Tal diferença imprime à marcha uma modalidade distinta, em um ou outro sexo. Se
medirmos as respectivas dimensões da bacia e das espáduas, a diferença que o simples exame
visual permite constatar, plenamente se firma. É este o quadro de Vierordt completado por
Well:

Homem Mulher Eunucóide

1) Largura das espáduas 39,1 35,2 36

2) Largura da bacia 30,5 31,4 31

Relação entre 1 e 2 1:0,78 1:0,89 1:0,86

3) Circunferência torácica 82 76 80

Circunferência pélvica 81 84 81,5

Relação entre 3 e 4 1:0,89 1:1,11 1:1,02

Essas diferenças típicas não existem na infância, época em que a bacia dos dois sexos é
muito semelhante. A diferença se opera, certamente, sob a influência dos hormônios genitais.
Enquanto o hormônio testicular não age sobre o desenvolvimento pélvico, e sim sobre o
torácico, o hormônio ovariano estimula, especificamente, o desenvolvimento da bacia, três ou
quatro anos antes de aparecerem as primeiras regras. Poder-se-á constar que desde o começo
209

desse desenvolvimento começa a acumulação da gordura pélvica, como se a natureza quisesse


proteger, de avanço, essa parte do esqueleto que vai ser a arca da maternidade.

Vê-se, no quadro de Vierordt, que, faltando a secreção genital (estado eunucóide), a


bacia fica no estado indiferenciado, assemelhando-se ao da mulher. Nos animais castrados, tal
falta de diferenciação sexual da bacia é um dos fenômenos mais típicos e constantes. Se se
enxerta em tais animais uma glândula ovariana, a bacia desenvolve-se normalmente. E se
injeta em animais jovens fortes doses de extrato ovariano, o aumento pélvico aparece antes da
idade normal. Não é, pois, duvidosos que semelhante alteração fundamental do esqueleto não
seja um verdadeiro caráter específico do sexo.

Esses caracteres não são os únicos, no que diz respeito às respectivas proporções do
esqueleto, que diferenciam o homem da mulher. Mas, não faz parte de nosso plano entrar em
detalhes. Lembremos, entretanto, para ser mais fácil a compreensão, aqueles que se relaciona
com a altura da cabeça, do tronco e das extremidades. Se considerarmos uma criança púbere,
uma mulher e um homem, donde somente a cabeça emerge de um plano, a altura desses três
crânios é aproximadamente igual; é apenas maior no homem que na mulher, e ligeiramente
mais visível o tamanho entre esta e a criança. Se virmos esses três indivíduos assentados no
mesmo plano, a progressão descendente do homem para a criança, se acentua sobremodo,
mas sem ultrapassar os discretos limites. Se então os três se puserem de pé, a diferença a
favor do homem se torna mais visível, a mulher tendo, como sempre, o lugar intermediário
entre aquele e a criança.

É fácil, ainda observar que, estando o homem de pé com os braços pendentes em


supinação (as palmas para diante), o braço e o ante-braço formam um ângulo médio de 173.17
graus, enquanto na mulher o ângulo é de 167,35 graus.

Em geral, todo aparelho locomotor (esqueleto, articulação, tendões, músculos) do


homem é mais potente que o da mulher. É talvez difícil, com um osso isolado entre as mãos,
diagnosticar o sexo daquele a que o mesmo pertenceu, mas, o conjunto do esqueleto dá uma
impressão tão diferente que não poderia haver confusão. Nota-se logo a grande robustez no
esqueleto masculino e a impressão nitidamente infantil do esqueleto feminino. Mesmo os
ossos pélvicos, de menor envergadura no homem, são de uma estrutura mais forte que os da
mulher.

Ademais, dizemos nós, grande é a diferença entre o crânio de uma mulher e do


homem. Os próprios pássaros se distinguem pela cabeça: o macho a possui achatado no
vértex, enquanto a fêmea, arredondada. Muitas pessoas quando desejam comprar, por
exemplo, um canário, não sabem como distinguí-lo da fêmea. A cor, nas aves, por sua vez,
distingue um sexo do outro. O macho é sempre de cor mais escura que a fêmea.

Em harmonia com a potência estrutural óssea, o sistema muscular do homem é, por


sua vez, mais forte do que o da mulher; os relevos musculares, nas condições normais,
modelam-se sobre a pele discretamente adiposa; enquanto na mulher, mesmo que esportista,
é de notar que os músculos deformam, por seu relevo aparente, os contornos, modelados pela
gordura, da morfologia feminina (1)
210

Como apêndice às diferenças sexuais do esqueleto, citaremos os dos dentes:

Na mulher nota-se a predominância do desenvolvimento dos incisivos centrais


superiores sobre os caninos. O contrário se dá no homem. Os dentes superiores da mulher são
em geral, mais serrados que os do homem. Entre os intersexuais, esse caráter aparece,
segundo nossa experiência, com acentuações equívocas (virilóides na mulher e feminilóides no
homem). É pois mais um fato interessante a juntar aos já conhecidos.

(1) Em caso contrário, dizemos nós, a mulher que desde a puberdade apresenta músculos
salientes nos braços, do mesmo modo como o homem quase sem musculatura, poderia muito
bem ser um caso de hermafroditismo, mesmo que não manifestado visivelmente.

Do mesmo modo, a distribuição da gordura é completamente diferente nos homens e


nas mulheres normais e submetidas a condições exógeras análogas de alimentação e de
repouso. Neste caso, a gordura sub-cutânea da mulher é, desde logo, mais abundante que a do
homem. Poderão dizê-lo quantos tenham feito operações cirúrgicas ou autópsias; logo que um
homem, devido a qualquer perturbação no seu metabolismo, ou por comer em demasia,
engorda bastante, as massas musculares predominam sempre sobre a tecitura adiposa. Na
mulher, mesmo que emagreça, a gordura tende, não obstante, a predominar sobre o músculo;
isto, porém, quanto a quantidade, pois existem outras diferenças não menos interessantes, no
que diz respeito ao tecido adiposo.

A gordura subcutânea na mulher, sobretudo no tipo astênico, acumala-se de


preferência, na região retromamária, na parte inferior do ventre na região pubiana, em volta
das ancas e das nádegas: em suma, na metade inferior do corpo, na maioria dos casos, escapa
ao engrossamento (1). Mesmo que se trate de grandes obesidades, o excesso de gordura
tende a invadir o rosto, o pescoço, a região torácica e a parte alta do ventre, deixando a perna
um tanto fina.

Estudando uma síndrome muito interessante, ou seja, a lipodistrofia progressiva de


Barbaquer-Simon, ou lipodistrofia céfalo-torácica, segundo nos propusemos chamar essa
síndroma, como se sabe, consistindo na desaparição da gordura da parte superior do corpo
(cabeça, tórax e braço) enquanto que a da parte inferior do corpo (baixo ventre e pernas)
conserva seu volume ou mesmo aumenta, temos feito notar que não se age, de fato, senão da
expressão patológica de uma disposição formal entre a maioria das mulheres de tipo astênico.

Como a morfologia astênica seja mais particularmente feminina que a pícnica,


acontece que essa distribuição adiposa se apresenta entre as mulheres mais profundamente
femininas, as astênicas, e em seguida, as que são mais próprias para excitar o libido masculino.
É interessante notar que, precisamente a lipodistrofia céfalo-torácica - verdadeira caricatura
de uma forma normal - é observada sempre na mulher, e nunca, pelo que sabemos, no
homem.

Nas crianças, a distribuição da gordura é a mesma em ambos os sexos. No decorrer dos


anos que precedem a aparição das regras, já se percebe na rapariga, quase sempre de modo
notável, o depósito adiposo peri-pélvico.
211

(1) Outro sinal de hermafroditismo, quer em um como em outro sexo, isto é, quando acontece
o contrário - a mulher com a parte inferior mais estreita, e o homem com a mesma mais larga.

Esta gordura pélvica seria, pois, a primeira a se manifestar no desenvolvimento do


dimorfismo sexual da mulher.

Sua acumulação precede o desenvolvimento esquelético da bacia, acentuando assim a


importância biológica e a significação erótica desse caráter ósseo.

Na época pré-menopáusica, a gordura sub-cutânea da mulher se apropria da parte


superior do tronco. Ela dá lugar ao arredondado adiposo da cintura escapular, dos braços e do
pescoço, característica esta do chamado tipo matrona que permite, debaixo de uma nova
forma, prolongar muitas vezes durante alguns anos, os atrativos físicos da mulher. As do tipo
pícnico, achatado (cheio) São mais sujeitas à deformação e a suportá-la mais intensamente.

Tanto os homens como as senhoras gordas, dizemos nós, na maioria dos casos são
fracos, eroticamente falando, perdendo mesmo, os homens, prematuramente a virilidade (1),
e as senhoras, do mesmo modo, alcançando cedo o período da menopausa.

A mulher atual evita a gordura típica da maturidade sujeitando-se a severos regimes


de hipoalimentação (2), dedicando-se à ginástica (3), a silhueta juvenil é assim conservada, à
custa dessa fase de beleza madura; atualmente, as senhoras elegantes passam sem transição
da mocidade a decrepitude senil.

É preciso escolher, diz um grande sábio da ciência endocrinológica, em uma anotação,


"entre a pele lisa e a ruga"; a humanidade atual preferiu a primeira. Por isso mesmo, as modas
de hoje são concebidas para a vida à luz do artificialismo.

Temos estudado, recentemente, com grande minúcia, as características sexuais da


pele e do sistema piloso. Procuremos resumi-las:

De modo geral, podemos dizer que a pele da mulher é mais lisa, mais delicada e
acetinada, menos pigmentada que a do homem. As glândulas sebáceas menos abundantes que
no homem, o que explica sua menor predisposição para erupções de acne e de furúnculos, etc.

E cita em uma anotação um sinal, entre os sexuais de origem circulatória:

(1) Do termo atlante e sânscrito vril, donde o nosso viril - força, poder, potência, etc.

(2) Muitas vezes condenados, como os levados a efeito por meio de medicamentos,
principalmente com a tiróide, etc., tais os distúrbios que podem provocar, senão a própria
morte...

(3) Como o mais aconselhável


212

"Segundo Novak, 80 % das matronas tem, nas coxa, ligeiras sinuosidades de pequenas
veias eclásicas, que o homem apresenta bem mais raramente. Tal fenômeno poderia
relacionar-se com a maior frequência das varizes no sexo feminino (1).

Os dados tricósicos relativos à distribuição e aos caracteres dos pêlos e dos cabelos são
os seguintes:

Cabelos - As características sexuais dos cabelos são o comprimento, a caducidade e o


modo de implantação.

Essas três modalidades distinguem um sexo de outro, o que torna, a meu ver, seu
estudo muito interessante, contrariamente a opinião da maioria dos autores que supõem o
caráter formá-lo desde o nascimento, pouca importância representando os cabelos na
formação sexual.

Os cabelos da criança já possuem tendências para ser mais longos e mais finos no sexo
feminino, mas a diferença é ainda pouco visível.

Não é senão depois da puberdade, logo que os cabelos da mulher adquirem seus
característicos comprimento e fineza, que aparece, nitidamente, a diferenciação sexual.
Emitiu-se a hipótese que, se o homem deixasse crescer indefinidamente os cabelos, atingiriam
eles o mesmo comprimento do da mulher. Essa asserção é certamente errônea".

Indivíduos há, entretanto, dizemos nós, que em criança, mesmo que do sexo
masculino, possuem cabelos até os quadris, como tivemos ocasião de conhecer (poucos em
verdade), mas que contrariam a regra geral indicada pelo eminente endocrinologista por nós
citado e comentado. Uma dessas crianças do sexo masculino possuía uma cabeleira tão basta e
comprida que sua mãe ofereceu a metade para uma imagem ainda hoje existente em
Salvador, e o restante, por sua vez, ficou na mão da madrinha da referida criança. De fato, em
questões dessa natureza, como em tudo mais na vida, não há regras sem exceções.

E sem citar as crianças do sexo masculino, por ele mesmo já ter afiançado que em tal
época a diferença é pouco visível (e a prova é que a criança por nós citada, ao se tornar
homem, seus cabelos tomaram outra feição, seguindo também a forma normal de
crescimento no referido sexo, sem ultrapassar os ombros, na razão dos "nazar ou nazarenos",
como eram os do próprio Jesus e todos os Adeptos da referida seita), chega ao ponto de
afirmar que "um homem possuidor de cabelos longos e bastos como os da mulher é um
monstro, uma aberração da natureza".

Convém notar que, segundo suas próprias teorias que muito tem de comum com as
ocultistas, ao menos uma grande parte delas, até os 15 anos (vide nosso diagrama ou
quadrante que divide a idade em quatro períodos) o menino possui características feminis,
enquanto a menina, masculinas; dessa idade em diante, se passa para a característica de cada
sexo e dos 45 anos em diante começam a voltar ao que eram na infância. O vox populi diz que
ambos chegam a senectude: "E virou criança", "deu para brincar e cometer toda sorte de
asneiras", etc

(1) Principalmente, dizemos, para aquelas que tiveram muitos filhos.


213

Mais adiante, quando fala dos atrativos eróticos para ambos os sexos, referindo-se
ainda aos cabelos, faz ver o seguinte:

"A longa cabeleira foi em todas as épocas um dos traços característicos da atração
sexual da mulher. Há diversas histórias de mulheres - na sua maioria espanholas e italianas -
que se tornaram célebres por suas magníficas madeixas: sua cabeleira bastou,
independentemente dos demais atrativos, para desencadear a paixão em muitos homens.

Desde o Cânticos dos Cânticos, depois Catulo e Ovídio e tantos outros - quase sempre
poetas - cantaram as belezas de negras, castanhas e loiras cabeleiras, sempre luxuriantes, da
bem-amada". Contrariamente, como já dissemos em outros lugares deste livro, a moda da
jovem usar seus cabelos curtos, "à la garçom", de cigarro nos lábios, mesmo que estes mais do
que enrubecidos pelo cheiro do fumo, principalmente para os homens que não tem
semelhante vício.

"Convém ajuntar, diz o Dr. Marañon, no que diz respeito aos cabelos curtos da mulher,
que seu verdadeiro sentido não é, como se pensa, o de uma tendência masculinizada. É bem
verdade que a aparição de semelhante moda coincidir com o surto feminista no mundo (bem
que ele o diz... ! ), no decorrer da 1a Grande Guerra e dos primeiros anos de sua conclusão, e
que a mesma se aliou a um conjunto de detalhes anatômicos e indumentários que revelavam
nitidamente uma tendência inversa. Mas, a parte das razões de comodidade e economia que
representam, para a mulher, os cabelos curtos e que influíram sobre a duração de tal moda, a
verdadeira razão dessa "tosquia" (mutilação, como ele próprio diz) sexual é menos uma
tendência virilóide do que uma aspiração juvenil.

E completa as suas afirmações através da seguinte rota:

"Com efeito, toda interpretação sexual posta de parte, os cabelos curtos dão uma
aparência de juventude e é, portanto, a principal razão de se tornar em "moda". Na época da
Revolução Francesa, a nuca rapada era, como agora, a moda, em homenagem aos
guilhotinados ("Chaveux à la sacrificiée).

O estudo da caducidade dos cabelos, mesmo que um caráter sexual viril, é bastante
interessante. Realmente, a partir da puberdade, os cabelos do mancebo, e não da rapariga,
começam a desaparecer dos ângulos fronte-parietais, até então recobertos, dando lugar, entre
um grande número de pessoas, à calvitites frontalis adolescentium. Passados vinte e cinco ou
trinta anos, tal fenômeno se torna quase geral e tende para a forma típica da fronte "livre" do
homem, não pela sua vaidosa opinião da grande importância da massa encefálica, mas pelo
banalíssimo fenômeno da queda precoce dos cabelos.

Entre grande número de homens, a queda dos cabelos continua e a calvice, mais ou
menos espalhada, aparece até invadir, em certos casos, todo o couro cabeludo, exceto o
occipital e a região parietal. A meu ver a caducidade dos cabelos, degenerando muitas vezes
em calvice, tem pois um sentido virilóide indiscutível. Todas as experiências que foram feitas
para explicar a calvície exclusivamente por motivos locais - seborréia - ou gerais - diátese
artrítica - carecem de base, sendo que tais causas existem, igualmente, nos dois sexos e que a
214

mulher não se torna calva senão excepcionalmente. Não se deve, pois, invocar senão um fator
constitucional ligado ao sexo. Em todo caso, se a calvície é uma acidente patológico, é preciso
admitir que seu agente etiológico apresenta predileção para o sexo masculino que lhe pode
conferir o título de verdadeiro caráter sexual.

Mas, o que vem provar não se tratar de um fenômeno mórbido, e sim, de um acidente
em relação com a vida sexual, é que na idade em que se produz a queda dos cabelos da fronte,
a cabeleira com tendência a se desenvolver para a nuca, desenhando a modalidade occipital
da cabeleira do homem maduro, que vamos agora descrever. De outro modo, é muito
frequente, como afirmam diversos autores, e como por nossa vez temos verificado, que a
calvície precoce coincide com uma afluência extraordinária dos cílios, da barba e dos pelos do
púbis e das axilas. Mister se faz juntar, como já dizia Hipócrates e continuam repetindo todos
os observadores, que os eunucos jamais se tornam calvos, conservando - como eu mesmo tive
ocasião de constatar, os ângulos fronto-parientais cobertos de cabelos, tal como as senhoras e
crianças.

O estudo da patologia nos oferece, também, muitos dados interessantes a respeito da


calvície, considerada como um caráter sexual viril: Quando, por efeito de um tumor da capsula
supra-renal, a sexualidade de uma mulher se torna perturbada, e que, entre os sinais de
virilismo, aparece uma forte pilosidade do tronco e da face, este hirsutismo, tão claramente
masculino, não é acompanhado, como se pensa julgar, de um crescimento de cabeleira; muito
ao contrário, os cabelos encurtam e caem, indicando tudo isso a positiva categoria dos
caracteres viris".

Mais adiante procura provar que, à caducidade dos cabelos e ao seu comprimento, é
preciso juntar, como caracteres sexuais, as modalidades da linha de implantação sobre a
fronte, a região zigomática e a nuca.

Nas crianças, qualquer que seja o sexo, os cabelos são plantados na fronte, seguindo
uma linha à concavidade inferior, porque eles cobrem inteiramente os ângulos fronto-
parietais..... Logo atingida a puberdade, esses ângulos começam a se desguarnecer, e pouco a
pouco a linha de implantação na convexidade inferior, ora ligeiramente indicada, ora
apresentando profundas entradas laterais (calvities frontalis adolescentium).

Entre as crianças de puberdade precoce, e as senhoras de franco caráter viril, observa-


se essa mesma disposição dos cabelos. Buschke e Gumpert verificaram tal fenômeno, além de
Steins; mas não admitem senão com certa reserva seu sexual significado.

E mais adiante:

Nas senhoras em idade de menopausa, a queda dos cabelos fronto-parietais se produz


mui freqüentemente; o que vem explicar a razão por que certos autores não conhecendo a
idade, tenham seguido diretrizes diferentes da nossa.

Na região zigomática, os cabelos da mulher terminam bruscamente. No homem,


continuam sem interrupção com a barba, que começa justamente por essa região, ao mesmo
tempo que se estende ao mento e sobre o mento. Nas mulheres francamente viris, observa-se
a tendência para a disposição masculina.
215

Enfim, no que diz respeito à nuca, já descrevemos a disposição dos cabelos


nitidamente distinta nos dois sexos. Em mulher adulta, terminam de modo muito preciso,
sobre a pele sempre lisa da nuca, seguindo uma linha característica por dois prolongamentos
laterais, firmes e constantes, formados por longos cabelos frisados, e eventualmente por um
prolongamento central, que infalivelmente o deve fazer através de um outro simétrico, sobre a
linha mediana da fronte.

No homem adulto, essa terminação occipital é imprecisa: ora os cabelos terminam


horizontalmente, ora os prolongamentos laterais são vagamente desenhados e mesmo o
central - mas sem a reconhecida precisão e nitidez da mulher. Contrariamente, são sempre
formados por cabelos curtos, os pelos espalhando-se em toda a região que, passados os
quarenta anos, é fartamente coberta. No adolescente, pode-se observar uma disposição que,
embora não seja idêntica, faz lembrar a observada na mulher. Esta, em troca, conserva a
mesma disposição típica até a idade avançada.

Nas crianças, a implantação dos cabelos na nuca é muito parecida em ambos os sexos.
Ela desenha uma linha horizontal, colocada mais alto do que o adulto, e apresentando um
prolongamento mediano.

Mais tarde, a partir de cinco anos, porém mais precocemente entre as meninas, os
prolongamentos são desenhados indistintamente em ambos os sexos; entre os oito e dez anos
aparecem no menino pelos um tanto atravessados que mais tarde cobrirão toda a região; em
troca, na menina, os prolongamentos laterais persistem e se espalham, destacando-se com
nitidez sobre a pele lisa da nuca.

O caráter familiar e a hereditariedade muito influem sobre todas essas modalidades de


implantação (inclusive, dizemos nós, quando de origem patológica - a lues, etc.), donde as
novas teorias das escolas anglicanas, para diferenciar as doenças congênitas e de contágio: o
sifilítico, por exemplo, que possui congenitamente a sífilis, para o sifilítico, que contraiu essa
doença após o seu nascimento; o tuberculínico, do mesmo modo, para o tuberculoso, e assim
por diante. Sabe-se mesmo, que a queda dos cabelos, quer da cabeça, quer das pernas, e até
da região pubiana, são indícios certos da LUES. Na Homeopatia, por exemplo, onde se cogita
os sintomas, embora algumas vezes abusando mais deles do que da causa... pois nem sempre
se deve olhar uma cousa desprezando a outra. NITRI-ACID, é o medicamento aconselhado,
pois que em sua patogenia figuram os referidos sintomas, designando mesmo as regiões onde
tem lugar o desprendimento ou queda dos pelos, a ponto de, na banheira, etc. serem eles
constatados em abundância.

Quanto às sobrancelhas, no homem não mais desenvolvidas, com maior tendência a se


juntarem (sinofridia) e se espalharem até uma idade muito avançada, coincidindo então com a
abertura tardia da pilosidade corporal, que vamos estudar, o que faz contraste com a
tendência à calvície.

Entre os homens idosos as sobrancelhas crescem em desmesuradamente e se


interpenetram.
216

Esse fenômeno é muito mais frequente na raça semítica. Temos visto, por exemplo
entre os velhos judeus, sobrancelhas que chegam voltar nas extremidades, como se fossem
verdadeiros bigodes. Quanto mais antiga é a raça, tanto mais se constata o referido fenômeno.

Na mulher se dá justamente o contrário: as sobrancelhas são menos espessas, menos


compridas para a linha mediana, e o crescimento cessa ao mesmo tempo que o
desenvolvimento.

Notamos que as mulheres de todos os tempos foram sempre atraídas pela depilação,
como que procurando acentuar seu desenho linear, ou seja o essencialmente feminino.

Assim também, quer em um sexo como no outro, a abundância das sobrancelhas


segue geralmente a dos pelos das axilas e do púbis.

A significação sexual da barba e do bigode é por demais conhecida para que insistamos
a seu respeito. Sua ordem de aparição, segundo o mesmo Dr. Marañon, é a seguinte:

1 - Ângulos externos do lábio superior;

2 - Região zigomática, prolongando-se para baixo dos "favoritos";

3 - Região mentoniana e sub-maxilar;

4 - Remanescente do bigode e da barba.

Segundo o que temos observado, mui freqüentemente é ver, durante um certo tempo,
a barba limitar-se às três primeiras regiões, constituindo a forma juvenil. Muitas vezes entre os
jovens de evolução retardada, essa forma juvenil persiste anos inteiros, não chegando senão
tardiamente à forma total ou adulta. Todo o homem que se barbeia desde a puberdade pode
testemunhar o fato, fazendo apelo à sua memória.

Essa evolução crono-topográfica da barba masculina se reproduz nos casos de


hirsutismo virilóide na mulher.

Em tais casos, tem lugar na primeira fase, nas três primeiras regiões de nossa
enumeração ou forma juvenil. E apenas nas síndromes de virilismo muito intenso que aparece
a forma total ou madura de barba. Por não reconhecer semelhante distinção entre a forma
juvenil e adulta, certos autores, como Olivet, por exemplo, supuseram que a barba feminina
nada tinha de comum com a masculina. Nós insistimos que a mesma difere da do homem
adulto, mas é idêntica à masculina juvenil.

Quanto às outras zonas de pilosidade facial, nem todos os autores ligam importância
aos pelos que se espalham (ou crescem) quase sempre no homem de idade madura, do orifício
auricular, do mesmo modo sobre o lóbulo das orelhas, e nas fossas nasais, senão mesmo na
ponta do nariz. Tal fenômeno jamais acontece na mulher, salvo em casos excepcionais, nas de
idade muito avançada. sua significação especificamente sexual não é, pois, para suscitar
217

dúvidas. Reafirmamos que a aparição desses pelos é tardia - entre 40 e 50 anos - e que seu
apogeu é muito mais tardio ainda: quase pré-senil ou mesmo senil.

Em referência a pilosidade pubiana, suas formas, diferentes em cada sexo, são bem
conhecidas. Na mulher, os pelos obedecem à mesma disposição que no adolescente, isto é,
terminam no alto por uma linha horizontal, e no baixo, invadindo raramente o períneo.

No homem, a disposição é feminóide na época da puberdade; porém, nos anos post-


púbere, evolui de modo típico, a pilosidade tornando-se mais cheia que na mulher,
prolongando-se ao alto até o umbigo, seguindo a linha média do abdome e invadindo para trás
o períneo e a margem do ânus.

Na pilosidade axilar, se é que não são mais espessos, nenhuma outra diferença se
constata entre a de um sexo e do outro. São mesmo abundantíssimos nas mulheres muito
morenas, de sorte que nenhuma diferença quantitativa existe para outro sexo.

Quanto ao odor que se desprende das axilas, já foi tratado anteriormente, para que
tenhamos de insistir sobre o assunto, embora sua importância erótica em ambos os sexos.

No que diz respeito à pilosidade do tronco`e das extremidades, de modo geral, são
cobertos de pêlos os do homem, enquanto que na mulher, tais regiões são lisas (com exceção
do púbis e das axilas). Embora muitas exceções e variedades existem nesse esquema, sua
significação sexual é indiscutível. Mais interessantes, pois, notar a ordem da aparição dessa
pilosidade.

Na maioria dos indivíduos jovens do sexo masculino - não entre todos - tal ordem é a
seguinte:

1 - Ante-braço ( plano extensor ou posterior);

2 - Pernas (plano extensor ou posterior);

3 - Tórax (parede anterior);

4 - Coxas (plano anterior);

5 - Ventre (parede anterior);

6 - Dorso

Insistimos sobre o fato de que tal ordem, sendo a mais conhecida varia num grande
número de casos. Certos homens acabam por ter toda a superfície da epiderme coberta de
pelos, excetuando apenas a planta dos pés e as palmas das mãos. Tal fenômeno tem lugar, de
preferência nas raças morenas. E já foi dito que freqüentemente esse hirsutismo exuberante
coincide com uma calvície precoce.
218

É quase impossível descrever sistematicamente as variedades na topografia e


cronologia da pilosidade viril. É frequente, por exemplo, observar na região torácica duas
modalidades: uma, a pilosidade se acumula exclusivamente ou de modo predominante sobre
as regiões mamilares, deixando livre a zona do esterno; na outra, acumula-se nessa região
respeitando as zonas mamilares. No dorso, que entre muitos homens é desprovida de pelos, a
pilosidade adota também, quando aí se desenvolve, duas disposições bastante típicas, ou
antes, se apropria das fossas sub-escapulárias e região deltóide, ou então, a mais dessas duas
zonas, cobrindo as regiões infra-escapulárias e o sacro, onde procura formar um verdadeiro
tufo, semelhante a um penacho (ou cauda), como já foi dito anteriormente. Muitas outras
variedades poderiam ser citadas. Uma das mais raras é a distribuição da pilosidade que
denominamos de "tipo faunesco", onde o tronco e os braços ficam lisos ou quase lisos,
enquanto os membros inferiores, o sacro e o púbis cobertos de pelos.

Aí, como no rosto, podemos distinguir dois tipos de hirsutismo: um juvenil, que
compreende as três primeiras zonas da enumeração anterior (ante-braço, pernas e tórax) e
que aparece nos primeiros anos da maturidade masculina - única que chegam a apresentar
muitos homens, o que se observa também na maioria das mulheres atingidas de hirsutismo
viril. O outro tipo, total ou adulto, é a forma final, aquela que se observa entre os homens
maduros, no hirsutismo muito completo, e entre raras mulheres apresentando um hirsutismo
intenso patológico.

A raça e a cor dos pelos influem bastante no grau de desenvolvimento desse caráter.
As formas intensas de hirsutismo são muito mais frequentes entre os indivíduos morenos das
raças do sul. Em tais raças - o mesmo se aplicando às mulheres - um hirsutismo de primeiro
grau (pernas e antebraço) é tão frequente que seu caráter fisiológico não mais depende, em
realidade, de sua presença, mas de sua intensidade.

Devo insistir sobre um caráter que me parece essencial na cronologia dessa pilosidade
e daquelas que já temos estudado: a lentidão da evolução. Nos casos normais, essa aparição
sucessiva de zonas pilosas se opera no decorrer de muitos anos, e não se acelera senão em
idade muito avançada. Mais ou menos pelos quarenta anos, sobrevém, geralmente, em muitos
homens, um impulso súbito da pilosidade, que não cessará senão na velhice; coincide muitas
vezes com a aparição ou acentuação da calvície.

Devemos lembrar que muitas crianças, de ambos os sexos, sobretudo no feminino,


apresentam, ao nascer, pilosidade no tronco, especialmente no dorso e nas extremidades, em
particular no ante-braço (1). Tal penugem persiste durante alguns anos. nos casos de
infantilismo patológico até uma idade mais adiantada, tal como já foi observado. É preciso,
pois, descobrir aí um verdadeiro sintoma desse infantilismo.

A significação desse lanuge fetal é muito discutível e não nos foi possível estudá-lo até
agora; mas, pode-se conjecturar que, quando se iniciam nas primeiras fases do
desenvolvimento as preponderâncias masculinas ou femininas, logo dessa "primeira
puberdade" de Steinach, predominam, sem dúvida, influências virilóides, que desaparecem
mais tarde, porém deixando o sinal indelével da pilosidade.
219

Algumas vezes, tal pilosidade precoce desaparece espontaneamente na menina, logo


que chega a verdadeira puberdade, se a influência feminina adquire o necessário vigor. O mais
provável é que essa pilosidade do recém-nascido - assim como os cabelos anteriormente
estudados - pouca relação tem com os caracteres sexuais definitivos, propriamente post-
púberos. Mas, de todos os modos, as mulheres fortemente providas de lanugem infantil são
aquelas que mais tarde, no decorrer da vida, apresentam a maior predisposição ao hirsutismo
fisiológico ou patológico.

Duas palavras sobre os cabelos anelados ou frisados:

São, desde logo, um caráter racial (cabelos encaracolados nos negros, lisos nos
amarelos, ondulados dos brancos). Em nossas raças brancas, constituem, de outro modo, um
caráter juvenil, poderíamos dizer, fetal; o feto nasce, muito comummente, com cabelos
anelados, que se alisam depois. Os cachos persistem muitas vezes durante toda a infância, mas
raramente depois da juventude, e excepcionalmente até a maturidade. Os cachos sendo um
atributo da mocidade, explica-se a sua razão de ser mais frequente na mulher.

(1) E nas orelhas, acrescentamos.

Convém notar, acrescentamos, que muitas doenças - principalmente acompanhadas


de febre alta - modificam não só a qualidade como a cor dos cabelos. Na gripe chama
"espanhola", inúmeros casos se deram, confirmando assim a nossa afirmativa. Pessoas com
cabelos lisos e negros passaram a tê-los cacheados e castanhos. Noutros se deu justamente o
contrário. Das doenças que muito concorrem para o fenômeno figuram o sarampo, a varíola,
etc. por afetarem de perto a pele.

É muito estranho que os pelos do púbis sejam quase sempre anelados. A perda desses
caráter coincide, em um ou outro sexo, com a involução.

Os pelos do tronco, sobretudo os do tórax, apresentam particularmente predisposição


a se anelar.

Como um apêndice ao estudo dos cabelos, temos a dizer que as UNHAS são mais
longas e mais fortes no homem que na mulher. (1).

Pode-se considerar essa diferença como um verdadeiro caráter sexual, segundo


Esbach, cujas minuciosas medidas permitiriam estabelecer as cifras de 0.384 mm como a
espessura média da unha masculina, e a de 0.346 mm para a feminina.

O último caráter anatômico que desejamos apontar diz respeito ao desenvolvimento


da laringe - a da mulher fica em estado de hipo-evolução e a do homem se desenvolve
completamente, tanto no que diz respeito à sua morfologia geral, que se firma exteriormente
pela existência ou ausência da "maça de Adão" (ou "fruto proibido", como diz o vulgo), como
pelo tamanho e grossura das cordas vocais. Segundo Richerand, a abertura da glote aumenta,
220

do menino ao homem, na proporção de 5 para 10, enquanto o aumento da menina para a


mulher não é senão 5 para 7.

Esta última desigualdade é a mais importante, e da mesma depende, diretamente, a


diferença de timbre entre a voz dos homens e das mulheres, que reputamos de imenso valor
específico do ponto de vista sexual.

Antes de falarmos do timbre de voz, citando e comentando a maior sumidade em


matéria endocrinológica, devemos deixar aqui consignado um fenômeno de há muito
conhecido do Ocultismo, e que a ciência médica começa a tomar na devida consideração:
refere-se a estreita ligação existente entre as amígdalas e o apêndice. Por isso mesmo, todo
cuidado deve haver por parte do médico, em não permitir sua extração em qualquer caso, o
que se poderia resolver clinicamente. Sim, a extração das amígdalas ou do apêndice, poderá
ocorrer com o correr do tempo que um desses órgãos venha a ser afetado sem o equilíbrio do
outro.

(1) Nem sempre, dizemos nós, obediente, muitas vezes, à questão da inter-sexualidade por
que tanto se bate o insigne Dr. Marañon, porquanto, é mesmo usual dizer-se "unha feminina"
e "unha masculina" par aos sexos inversos.

Nesse caso, a medicina homeopática está muito mais adiantada. O número de curas,
em ambos os casos, e já na iminência de uma intervenção cirúrgica, é tão grande que só não o
conhece que prima negar as coisas sem conhecimento de causa, e outros, para "não darem às
mãos à palmatória", como se costuma dizer.

Para a amigdalite, por exemplo, aí está, em primeiro lugar, a Baryta carbônica, além do
mais, para evitar um possível tumor, se o indivíduo é positivamente luético, Mercurius iodat
ruber 5a alternado com Belladona atr 3a. Mesmo que supurada, uma só dose de Thuya 200 (5
gotas para 15 gr. de água destilada), seguido dum tratamento complementar. A própria angina
crupal é debelada, de início, com Mercuriuscyanatus 30 e Tarantula cubensis 5a, podendo
variar as dinamizações de acordo com a gravidade ou não do caso. E isso, ao invés do soro de
Roux, de posteriores e perigosas perturbações, impossível de ser previstas por quem, dentro
de sua própria medicina, o aplica em uma hora tão difícil.

Quanto a apendicite, são tantos os medicamentos, segundo os sintomas, que seria


fastidioso enumerá-los. Bastam os seguintes: Dioscorea vilosa, e mesma Belladona atr.
Colocinthis, Mercurius iod ruber, etc. etc.

Para terminar o seguinte capítulo, que foi um tanto longo, e mais para profanos do que
para médicos, se na sua maioria não podem deixar de possuir em suas valiosas estantes as
obras do grande endocrinologista Dr. Gregório Marañon, citaremos o que diz respeito da voz:

"As diferenças anatômicas da laringe, num e noutro sexo, correspondem as vozes


dotadas, por sua vez, de uma significação específica diferente. Nos tons graves, a voz da
221

mulher é de uma oitava mais alta que a do homem, e no registro agudo, em média, mais alta
de duas oitavas (Schultze).

A voz propriamente feminina é a voz de soprano em suas diversas modalidades ou


graus. As vozes propriamente masculinas são as de barítono e de baixo. Pode-se considerar
como vozes intersexuais a de tenor lírico no homem e de contralto na mulher.

Se se considera a importância que tem a voz para a atração sexual, nas espécies
animais, compreende-se que o mesmo devia acontecer com o homem, bem que até agora,
apesar de sua importância ainda muito elevada, tenha perdido o seu primitivo valor. H. Ellis fez
observar que a sugestão sexual da voz, nas espécies animais, é geralmente a própria do
macho. Não somente é ela mais poderosa como tem as aptidões características para o canto.
Supõe ele que de modo análogo, na espécie humana, a mulher é mais sensível à atração da voz
masculina que o homem pelo encanto da voz feminina. "A voz feminina, diz, para sustentar a
sua tese, difere um pouco apenas da criança". Não podemos admitir essa razão, quando
sabemos que à parte dos caracteres maternais, tolos os demais traços da feminilidade são
precisamente a tonalidade infantil e, todavia, se tornam atrativos específicos da libido
masculina. De fato, poderíamos citar inúmeros exemplos tomados da vida real, ou através de
interpretações literárias da vida, que provam que se é precisamente atraído para uma mulher
por causa da voz.

Um outro ponto interessante é o encanto erótico das vozes intersexuais. A voz de


contralto é, para muitos homens, especificadamente sugestiva e provoca diretamente a libido.
Quanto à voz tenor, sua significação erótica é, afora de dúvida, de grande influência para a
mulher, como se pode constatar facilmente no delírio que a mesma provoca no teatro. Tais
fatos fazem parte de fenômenos geral da "inter-sexualidade, como estimulante do erotismo
em ambos os sexos": fenômeno ao qual poucas naturezas escapam, e que entra na
generalidade das predisposições inter-sexuais primitivas, mas aparece, quase sempre de um
modo pronunciado entre os indivíduos dotados de um sexo pouco diferenciado.

Entre as crianças, a voz leva muito tempo para adquirir a diferenciação específica. De
todas as manifestações funcionais da criança, aquela que menos revela seu sexo é a voz. A
discriminação é difícil, mesmo na época da puberdade, porque a rapariga conserva uma vez
infantil e, no homem, é um dos caracteres que mais tardiamente se viriliza: passa, no começo,
por uma fase que dá lugar aos típicos adolescentes de "voz de frango". Aristóteles já dizia que
essa transformação sobrevém mais cedo entre os jovens que precocemente se dedicam ao
amor.

Freqüentemente, ao se aproximar o período da menopausa, a voz das mulheres se


torna mais grave.

Quando mudanças patológicas se produzem na sexualidade (virilização da mulher,


feminização do homem), a voz traduz a mesma tendência invertida como nos outros
caracteres sexuais. Se antes da puberdade o testículo do homem for suprimido por uma
operação ou moléstia, a voz fica indefinidamente fixa no registro de tenor, o que demonstra
uma vez mais, o caráter inter-sexual do timbre.
222

Notemos, enfim, que a propósito desse caráter sexual, como de todos os outros, pode-
se observar uma inversão parcial, isto é, que no homem uma voz nitidamente afeminada pode
coincidir com a sexualidade morfológica e funcional tipicamente masculina. E vice-versa, uma
voz grave coexistir em uma senhora com uma feminilidade perfeita, embora que, de ordinário,
a inversão da voz não se apresenta como um caráter isolado, mas fazendo parte de um vasto
conjunto de síndromes inter-sexuais".

Sabe-se, acrescentamos nós, que outrora, os pequenos do "Coro da Capela Sixtina" -


para manterem a voz afeminada - passavam por uma intervenção cirúrgica ( castração que os
transformava em verdadeiros eunucos), que lhes dava ainda outras características feminís,
como por exemplo, o desenvolvimento dos seios e dos quadris.

Convém, ainda, notar que o temor, o susto, etc. provocam momentaneamente, a


modificação do timbre da voz em certos indivíduos de qualquer sexo.

Para terminar: a um clarividente, o que é mais notável para distinguir um sexo do


outro, desde criança, o tamanho do chacra raiz ou muladara. No sexo feminino ele é muito
maior do que no masculino. E se se trata de uma senhora que já teve diversos filhos, o
tamanho é por demais notável para escapar a indivíduos possuidores de semelhante privilégio.
contrariamente, possui o homem mais desenvolvido o coronal (ou Sahasrara) do que a mulher.
E isso, para provar que o homem tem maior desenvolvimento mental (ou inteligência) do que
a mulher (com as devidas exceções de todas as regras), cuja função principal é a da
maternidade. (Veja-se o que diz, em outros lugares, Gina Lombroso, como valioso testemunho
do que acabamos de afirmar). Nada, entretanto, de maior valor para a nítida compreensão de
nossas anteriores palavras do que as próprias vidas dos "manus raciais", onde o "Homem
ensina aos de seu sexo as coisas do espírito, enquanto sua esposa, às suas companheiras, as
que dizem respeito ao lar, à maternidade, etc."

***** finis *****

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