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CÁLCULO
MALHAS DE
ATERRAMENTO –
SISTEMAS DE
DISTRIBUIÇÃO

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Conteúdo

1. OBJETIVO: .................................................................................................................. 4

2. INTRODUÇÃO: ............................................................................................................ 4

3. METODOLOGIA: ......................................................................................................... 4

4. CONFIGURAÇÃO PROPOSTA: .................................................................................. 5

5. DETERMINAÇÃO DA RESISTIVIDADE APARENTE DO SOLO ................................ 6

6. DETERMINAÇÃO DAS TENSÕES LIMITES ............................................................... 7

7. ESTIMATIVA DO MENOR VALOR DA RESISTÊNCIA DE ATERRAMENTO ............ 8

8. NOVA CONFIGURAÇÃO DA MALHA DE ATERRAMENTO ...................................... 9

8.1. CÁLCULO DA RESISTÊNCIA EQUIVALENTE DA MALHA: ................................... 10

8.2. CONDIÇÕES DE CONTORNO PARA CÁLCULO DA CORRENTE CIRCULANTE DA

MALHA .............................................................................................................................. 10

8.3. CÁLCULO DO FATOR DE DECREMENTO .............................................................. 11

9. AVALIAÇÃO DOS POTENCIAIS:.............................................................................. 13

10. CÁLCULO SIMPLIFICADO DA TENSÃO DE PASSO: ............................................. 13

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11. CÁLCULO SIMPLIFICADO DA TENSÃO DE TOQUE:............................................. 14

12. CONCLUSÃO: ........................................................................................................... 14

13. NORMAS: .................................................................................................................. 15

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1. Objetivo:

Nesse artigo será avaliado malhas de aterramento de pequenas subestações de distribuição de energia com tensões entre
13,20 kV até 34,50 kV.
Também será comentada a exigência de muitas concessionárias de avaliar a conformidade da malha através da
resistência e solicitação de valores típicos como 10 Ω e 5 Ω.

2. Introdução:

A malha de aterramento tem como função principal proteger patrimônio, pessoas e permitir que os dispositivos de
proteção de defeito à terra funcionem de maneira adequada.
Para elaboração do cálculo de uma malha de aterramento os seguintes fatores devem ser levados em conta:

• Potência e Correntes de Curto – Circuito


• Área da subestação
• Resistividade do solo
• Tempo máximo de eliminação da corrente de defeito

3. Metodologia:

Existem duas abordagens possíveis para a elaboração do cálculo da resistência de aterramento da malha e avaliação dos
potenciais:

• IEEE – 80
• NBR 15751

Nesse artigo vamos lançar mão das duas normas e proceder com um cálculo de malha de aterramento para subestação
da distribuição.

A sequência que será utilizada para o cálculo seguirá:

• Determinação da resistividade aparente do solo (medições de campo)


• Corrente de curto-circuito fase terra no ponto de conexão
• Determinação dos potenciais limites (toque e passo)
• Calcular o valor da figura de mérito da menor resistência de aterramento possível na área
• Calcular o valor da resistência da malha
• Calcular os potenciais reais de toque e passo

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4. Configuração proposta:

A malha proposta será de dimensões retangulares com 17 m x 8,0 m. Essa malha será dividida em 5 partes na horizontal e
3 partes na vertical.
ρa → resistividade aparente [Ω.m]

Cada retículo terá 3,40 x 2,67 m

Corrente de curto-circuito disponível no ponto de conexão:

Corrente de Curto-Circuito Trifásico (13,8 kV) 1,13 ∟-72,0 kA


Corrente de Curto-Circuito Monofásico (13,8 kV) 0,82 ∟-74,0 kA

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5. Determinação da resistividade aparente do solo

A medição da resistividade do solo se deu pelo método de “Werner” com quatro hastes sendo obtido os seguintes
valores:

DISTÂNCIA [M] RESISTÊNCIA [Ω] RESISTIVIDADE [Ω]


1 27,590 173,350
2 12,480 156,830
4 5,226 131,340
8 2,360 118,630

A relação entre a resistência medida e a resistividade se dá por:

𝜌𝑎 = 2. Π. 𝑑. 𝑅

ρa → resistivade aparente do solo [Ω.m]


R → resistência medida [Ω]
d → distância entre as hastes [m]

Resistividade do Solo
200,0
180,0
160,0
Rsistividade [Ω.m]

140,0
120,0
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Distância [m]

Nesse caso o modelo matemático para o modelamento do solo poderá ser feito como um solo uniforme com camada
única de resistividade média 146 Ω.m.

ρ = 146 Ω.m

Nem sempre isto será possível. Casa o solo apresente curvas com maiores variações entre o começo e o final da curva
deverá ser utilizado o modelo de duas camadas.

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6. Determinação das tensões limites

Os limites de curta duração (de 0,03 até 3 segundos) dos potenciais suportáveis pelo ser humano, são, geralmente,
definidos através do equacionamento descrito na IEEE Std.80 - 2000 que baseado no trabalho de C. F. Dalziel que
apresenta duas equações de potenciais toleráveis (passo e toque).
A duração para a qual uma corrente de 60 Hz pode ser tolerada pela maioria das pessoas (99,5 %) sem fibrilação
ventricular é definida pela seguinte equação:

• Corrente de curta duração para pessoas com massa de 50 kg

0,116
𝐼𝐶𝐷 =
√𝑡

ICD → corrente de curta duração [A]


t → tempo de duração [s]

Para a equação anterior, define-se que: as resistências de contato dos pés e das mãos são consideradas iguais a zero; um
valor de 1000 Ω foi selecionado para representar a resistência do corpo humano de uma mão para ambos os pés, de uma
mão para a outra mão e de um pé para o outro pé, portanto R CH = 1000 Ω e o efeito da camada de cobertura superficial
do solo (assumida como brita) em contato com os pés é contemplado através das seguintes resistências:

• Tensão de passo

𝐸𝑃 = (𝑅𝐶𝐻 + 6. 𝜌𝑆 . 𝐶𝑆 ). 𝐼𝐶𝐷
Onde:
ρS → resistividade da camada de cobertura do solo [Ω.m]
RCH → resistência do corpo humano [Ω]
CS → fator de reflexão
ICD → corrente de curta duração [A]
EP → tensão passo [V]

• Tensão de toque

𝐸𝑇 = (𝑅𝐶𝐻 + 1,5. 𝜌𝑆 . 𝐶𝑆 ). 𝐼𝐶𝐷


Onde:
ρS → resistividade da camada de cobertura do solo [Ω.m]
RCH → resistência do corpo humano [Ω]
CS → fator de reflexão
ICD → corrente de curta duração [A]
ET → tensão toque [V]

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Avaliação do coeficiente de reflexão pode ser simplificado por:

  
 1−  
Cs (hs , K ) = 1 − 0,106 s

 2hs + 0,106 
 

s → resistividade da camada de cobertura do solo [.m]


hs → espessura da camada de cobertura do solo [m]

 → resistividade do solo [.m]


 − s
K= → fator de reflexão
 + s

Assumindo:

ρS = 3000 Ω.m (camada de cobertura de brita de 10 cm)


ρ = 146 Ω.m
hs = 0,10 m
t = 0,5 s

Obtêm:

ICD = 0,164 A
CS = 0,6705
EP = 2143,31 V
ET = 662,15 V

Os valores acimam correspondem as máximas tensões admissíveis na malha para garantir a segurança de pessoas.

7. Estimativa do menor valor da resistência de aterramento

O cálculo da malha de aterramento é um processo interativo. Ele é feito com uma primeira estimativa e vai refinando até
atingir o valor desejado.

A primeira etapa consiste em determinar o valor estimado de resistência da malha de aterramento em função somente
da área e da resistividade do solo.

𝜌𝑎 𝜋
𝑅𝑔 = .√
4 𝐴
ρa → resistividade aparente [Ω.m]
A → área da subestação [m2]

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Resistividade aparente será de 146 Ω.m e a malha da subestação terá uma área de 136 m2.

Resistência mínima será de 5,54 Ω.

Ou seja, não importa o quanto de cabos ou hastes sejam inseridas, o valor mínimo obtido não será inferior a 5,54 Ω.

Nesse caso, em particular, se a concessionária pedir uma malha de 5 Ω, a mesma deve ser aumentada.

Vamos trabalhar com essa hipótese e determinar a mínima área para se ter uma resistência de 5 Ω.

Será necessária uma área de aproximadamente 168 m 2 e com isso resistência de malha 4,81 Ω.

8. Nova configuração da malha de aterramento

A nova malha terá dimensões retangulares com 18 m x 10 m. Essa malha será dividida em 5 partes na horizontal e 3
partes na vertical.

Cada retículo terá 3,60 x 3,33 m.

Serão:

6 x condutores de 10 m → 60 m

4 x condutores de 18 m → 72 m

Total de condutores enterrados → 132 m + 12 m = 144 m

Total no comprimento de haste → 4 x 3 = 12 m

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8.1. Cálculo da resistência equivalente da malha:

Com a nova configuração da malha será calculada a resistência equivalente entre o solo e os condutores enterrados.

Uma forma simplificada de efetuar o cálculo é usando a equação abaixo para malhas enterradas entre 25 cm e 2,5 m.

1 1 1
𝑅 = 𝜌𝑎 ( )+( ). 1 +
𝐿𝑇 √20. 𝐴
√20
{ [ (1 + 𝐻. 𝐴 )]}

Onde:

ρa → resistividade aparente [Ω.m]


A → área da subestação [m2]
LT → comprimento total de condutores
H → profundidade da malha

R = 5,53 Ω

Conforme já mencionado o valor é superior ao mínimo teórico do item 7.

8.2. Condições de contorno para cálculo da corrente circulante da malha

A corrente de malha é uma função do fator de divisão de corrente.

No caso de um defeito da subestação poderá existir dois caminhos para a corrente de defeito escoar:

FONTE NBR 15751

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IFALTA = IMALHA + ICABO_PE

Na grande maioria das concessionárias do Brasil não é mais enviado o condutor PEN da subestação da concessionária
para a SE do cliente.
Dessa forma toda a corrente de defeito de falta à terra e escoada pela malha.

No tocante ao regime de aterramento, o regime e o TTN, ou seja, na malha da concessionária tudo está interligado, mas
não há uma interligação entre a malha da concessionária e a malha do cliente

FONTE NBR 14039

Desta forma:

IFALTA = IMALHA

8.3. Cálculo do fator de decremento

Em função do ângulo de curto-circuito, relação X/R , a corrente de pico do primeiro ciclo varia em função da corrente
eficaz.

𝐼𝑀𝐴𝐿𝐻𝐴 = 𝐷𝐹 . 𝐼𝐹𝐴𝐿𝑇𝐴

Onde:
DF → Fator de decremento ou correção
IFALTA → Corrente na malha de aterramento (“grid”)
IMALHA → Corrente na malha de aterramento (“grid”) corrigida

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2 𝑇𝑎 −2𝑡𝑓
𝐷𝐹 = √1 + . (1 − 𝑒 𝑇𝑎 )
𝑡𝑓

tf → tempo da duração da corrente de falta [s]


Ta → constante de tempo do ângulo da corrente de curto-circuito

tf = 0,50 s
Ta = 9,25 ms ( corresponde ao ângulo de curto-circuito de 74 º)

DF = 1,009

Corrente da malha percorrida durante falta = 1009 A.

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9. Avaliação dos potenciais:

O primeiro critério a ser verificado é elevação do potencial de terra (GPR).

Se o GPR produzido pela corrente de falta na malha for menor que o potencial de toque e de passo não há necessidade
de se calcular os demais potenciais.

𝐺𝑃𝑅 = 𝐼𝑀𝐴𝐿𝐻𝐴 . 𝑅𝑀𝐴𝐿𝐻𝐴

GPR → Elevação de potencial na malha [V]


IMALHA → Corrente efetiva que circula na malha de aterramento [A]
RMALHA → Resistência da malha de aterramento [Ω]

GPR = 5670 V

EP = 2143,31 V
ET = 662,15 V

Ou seja, o GPR é maior do que a tensão de passo e de toque. Então se faz necessário calcular as tensões obtidas na
malha.

10. Cálculo simplificado da tensão de passo:

Vamos utilizar o cálculo simplificado da tensão de passo conforme demonstrado no anexo da norma.

𝜌𝑎. 𝐾𝑀 . 𝐾𝑖 . 𝐼𝑀𝐴𝐿𝐻𝐴
𝐸𝑃𝐶 =
𝐿𝑀

Onde:

ρa → resistividade aparente solo [Ω.m]


LM → comprimento total dos condutores [m]
IMALHA → corrente eficaz na malha
KM → constante para cálculo em função da geometria e número de condutores
KI → constante irregularidade da malha

EPC = 926,74 V

Potencial máximo de passo permitido 2143,31 V. A malha atende o requisito de potencial de passo, pois EPC < EP

EPC = 926,74 V < EP = 2143,31 V

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11. Cálculo simplificado da tensão de toque:

Vamos utilizar o cálculo simplificado da tensão de passo conforme demonstrado no anexo da norma.

𝜌𝑎. 𝐾𝑆 . 𝐾𝑖 . 𝐼𝑀𝐴𝐿𝐻𝐴
𝐸𝑇𝐶 =
𝐿𝑀

Onde:

ρa → resistividade aparente [Ω.m]


LM → comprimento total dos condutores [m]
IMALHA → corrente eficaz na malha
KS → constante para cálculo em função da geometria e número de condutores
KI → constante para cálculo em função da geometria

ETC = 872,78 V

Potencial máximo de toque permitido 662,15 V. A malha não atende o requisito de potencial de toque pois E TC > ET.

ETC = 872,78 V > ET = 662,15 V

12. Conclusão:

A malha calculada é na verdade um projeto real de uma subestação de distribuição na indústria. O valor originalmente
pedido pela concessionária de energia era de 5Ω. Nota -se que mesmo com esse valor baixo, as tensões máximas obtidas
não atendem totalmente as condições:

• GPR < ET & GPR < Ep (1)

Neste exemplo, caso atendesse não haveria necessidade de se calcular o potencial de passo e toque estimado na periferia
da malha.

Uma vez que a condição (1) não foi atendida passa -se para a segunda verificação.

• EPC < EP (2)


• ETC < ET (2)

Para a malha ser considerada segura, ou seja, tanto os potenciais de passo e toque calculado devem ser inferiores aos
limites no item 6 deste documento.

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Isso traz somente uma reflexão sobre a tendência de não mais se determinar um valor fixo de resistências para sistemas
elétricos; como normalmente 5Ω e 10Ω. Mais importante que o valor da resistência são os potenciais produzidos no solo
frente a suportabilidade das pessoas em determinadas situações de contorno.

Principais fatores que influenciam na malha de aterramento:

• Resistência aparente do solo


• Tamanho da malha
• Corrente de defeito
• Fator de divisão de corrente (possibilidade interligação do cabo para raio da concessionária com a malha)
• Tempo de seccionamento
• Quantidade de condutores enterrados

Sempre lembrando que o menor valor possível para uma malha é:

𝜌𝑎 𝜋
𝑅𝑔 = .√
4 𝐴
ρa → resistividade aparente [Ω.m]
A → área da subestação [m2]

A fórmula acima é considerando que houvesse uma camada condutora abaixo da área da malha.

13. Normas:

Normas Aplicáveis:

IEC® 60.909 → Cálculo de corrente de curto – circuito


NBR® 14039 → Instalações elétricas de média tensão
NBR® 15751 → Sistemas de aterramento em subestações
NBR® 7117 → Medição de resistividade e estratificação do solo
IEEE® 80 → Guide for Safety in AC Substation Grounding

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