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Organização:
Ricardo Henriques
Kleber Gesteira
Susana Grillo
Adelaide Chamusca
Ficha Técnica
Realização
Departamento de Educação para a Diversidade e Cidadania
Armênio Bello Schmidt
Redação
Coordenação: Susana Martelleti Grillo Guimarães
Pesquisa: Úgna Pereira Martins
Edição
Coordenação: Ana Luiza de Menezes Delgado
Colaboradores: Carolina Iootty de Paiva Dias, Clarisse Filliarte Ferreira da Silva,
Cristiane Galvão Ferreira de Freitas, Shirley Villela
Projeto Gráfico
Carmem Machado
Diagramação
José dos Santos Pugas e Shirley Villela
Para definir essa política de educação escolar indígena, o MEC tomou como pa-
râmetro o trabalho pioneiro realizado na área, a partir da metade da década de 1970,
por organizações não-governamentais indígenas e de apoio aos povos indígenas crian-
do, além disso, espaços para a participação da sociedade civil nessas definições. Assim,
no intuito de contar com assessoria, possibilitar a participação dos envolvidos com a
questão indígena e orientar os sistemas de ensino, o MEC, em julho de 1992, instituiu o
Comitê Nacional de Educação Indígena, composto por representantes de organizações
não-governamentais, universidades e representantes indígenas.
Um outro marco legal importante foi a criação de uma vaga para um represen-
tante da Educação Escolar Indígena no Conselho Nacional de Educação19, em decorrên-
cia dos compromissos assumidos pelo Brasil na Conferência Mundial contra Racismo,
Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata, realizada em Durban, África
do Sul, em 2001.
Não adianta ter leis, se a escola indígena diferente não for diferente.
Até agora a escola diferenciada só está no papel. A gente já falou
Anotações
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A compreensão das bases legais vigentes que regulamentam e garantem os di-
reitos indígenas, dentre as quais as relacionadas à educação, passa necessariamente
pelo entendimento de que esses dispositivos, por um lado, refletem a adequação jurídi-
ca e administrativa do Estado brasileiro aos termos de tratados e pactos internacionais
dos quais é signatário e, por outro, representam conquistas de lideranças indígenas,
que vêm ganhando força junto aos poderes executivos e legislativos brasileiros desde
meados dos anos de 1970.
A legislação desse período não considera o índio como cidadão: ele é tido como
ser humano inferior e dependente do não-índio, supostamente incapaz de se autogo-
vernar, o que tornava necessária a tutela do Estado21. Para promover a tutela indígena
foi necessária a criação de uma legislação compatível com as idéias que se formaram
em torno dessa questão (COLAÇO, 2000).
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No âmbito dos Estados há, no período pós-Constituição Federal de 1988, a pro-
mulgação de novas Constituições e definição de legislações específicas para a educação
escolar indígena, com o intuito de se adequarem os princípios nacionais às particulari-
dades locais.
Embora ainda não se tenha alcançado a plena efetivação das leis na forma como
foram pensadas e definidas, não se pode negar o avanço desencadeado pelas defini-
ções presentes na Constituição Federal de 1988 e nos documentos dela decorrentes.