Três Olhares Wagner Raposo

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Universidade Federal de Minas Gerais

Escola de Belas Artes – EBA


Disciplina: Pintura Projeto 2022/1
Professora: Giovanna Martins
Aluno: Wagner de Assis Raposo

O PERFIL DO ARTISTA

1814-1836
Jean-françois Millet nasceu na aldeia de Gruchy (1814), na Normandia, em uma rica
familia rural. Começou seu treinamento artístico ainda adolescente como aluno do
pintor de retratos Paul Dumouchel.

1837-1844
Millet mudou-se para Paris e passou dois anos na Escola de Belas-Artes estudando
com Paul Delaroche. Dedicado principalmente aos retratos e às pequenas cenas
pastorais, teve seu primeiro quadro aceito no Salão de Paris em 1848. Casou-se em
1841 com sua primeira mulher, Pauline-Virginie Ono, que faleceu poucos anos
depois.

1845-1859
Em meados da década de 1840, Millet conheceu em Paris vários artistas com
quem mais tarde se associaria na Escola de Barbizon, dentre os quais Constant
Troyon (1810-1865) e Narcisse Diaz (1807-1876).
Estabelecido em Barbizon em 1849, deu início a um produtivo período de criação de
paisagens e imagens do trabalho camponês. Sua tríade de quadros de camponeses
— O semeador (1850), os catadores e Angelus (1857-1859) — marca uma inflexão
em sua carreira, mesmo não tendo sido universalmente aclamada em sua época.

1860-1875
Mesmo tendo angariado uma clientela internacional na década de 1860, a situação
financeira de Millet foi incerta até pouco antes de sua obra tardia, menos polêmica,
foi inteiramente constituída de paisagens.
A ESCOLA DE BARBIZON
Jean-François Millet foi membro fundador da Escola de Barbizon, formada por
artistas que pintavam em estilo realista e produziam basicamente paisagens.
Estabelecido no vilarejo de Barbizon, perto de Fontainebleau, o grupo se inspirava
em seu entorno imediato, como em Charco às margens de uma floresta (abaixo), de
Théodore Rousseau. Empenhados em retratar mais naturalismo em suas obras,
eles o alcançavam com temas simples e rigorosa atenção aos detalhes. Foi uma
mudança consciente em pleno movimento romântico, dominante na época. Outros
artistas realistas importantes da Escola de Barbizon foram Jean-Baptiste-Camille
Corot e Charles-François Daubigny.

Análise de obra a partir do texto “A parábola dos três


olhares”, de Didi Huberman.

OS CATADORES 1857
JEAN FRANÇOIS MILLET 1814-1875

Óleo sobre tela 83,5cm x 110cm, Museu d`Orsay, Paris, França.


OLHAR PARA VELAR

A Paisagem
Mestre da paisagem, Millet se distinguia por sua representação naturalista de cenas
rurais. Os catadores é uma idílica paisagem pastoral banhada pela cálida luz do pôr
do sol em nítido contraste com o trabalho estafante das três catadoras.

O Proprietário
O proprietário é o sujeito Isolado à direita, no fundo da tela, supervisionando a
colheita, montado em seu cavalo. Millet o retrata como uma figura embaçada e
inativa a distância, o que serve para destacar o esforço das catadoras trabalhando
em primeiro plano.

Respiga
O termo “respiga” se refere à atividade de coletar as sobras após a colheita. As três
mulheres são representadas nas três fases da respiga: procurar as espigas que
restaram recolhê-las e as amarrar num feixe. Millet passou 10 anos pesquisando o
tema da respiga, uma das principais ocupações dos camponeses franceses de
então. Ele conduz a atenção do observador para o trabalho das camponesas,
afastando-o da colheita do dono da terra.
Chapéus azuis e vermelhos
As cores fortes dos chapéus das camponesas se destacam contra a suave
paisagem dourada e seu matiz é realçado pela luz do sol poente. As manchas de
cores intensas atraem os olhos para as mulheres curvadas e acentuam sua estrita
atenção à terra. Os chapéus vermelhos e azuis e as mangas brancas trazem à
mente as cores da bandeira francesa um importante símbolo das lutas políticas da
França do século XIX.

OLHAR PARA ADORMECER

Jean François Millet está intimamente associado à escola de artistas de Barbizon,


estabelecidos nesse pequeno vilarejo dos arredores de Paris para compartilhar o
desejo de desenvolver um estilo mais naturalista de pintura de paisagens.
Dentre eles, Millet se destacou por suas imagens realistas do trabalho camponês.
Na época, essas cenas rurais eram polêmicas por serem produzidas numa escala
previamente reservada às obras clássicas e históricas. Em Os catadores, Millet
infunde às três camponesas um forte senso de dignidade. Elas são retratadas
executando a tarefa estafante de recolher as espigas que ficaram no campo após a
colheita: duas delas catam as espigas enquanto a terceira faz um amarrado. As
expressões fixas das mulheres e seus traços duros e fortes acentuam o caráter
extenuante da tarefa, que é executada contra o harmonioso cenário da sega de um
milharal dourado. Millet usa o contraste de luz e sombra para enfatizar a separação
de classes.

OLHAR PARA SONHAR

Embora não buscasse criar quadros explicitamente políticos, Millet gostava de


explorar o relacionamento entre a classe camponesa e a terra. Autor de uma obra
marcadamente pessoal, Os catadores é uma expressão da sua natureza
melancólica.
Quando o quadro foi exibido no Salão de Paris de 1857, a opinião dos críticos se
dividiu segundo seus próprios pontos de vista políticos: os republicanos elogiaram a
obra pela representação digna e realista das classes trabalhadoras rurais, ao passo
que os conservadores, desconfiados de seu caráter progressista, viram-na como
subversiva.
A obra de Millet exerceu uma influência profunda sobre Vincent van Gogh, que
compartilhava sua compaixão pelos trabalhadores rurais e camponeses.

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