Objetivo do Texto ● problematizar as relações entre tecnologia e política na sociedade contemporânea ● discutir politicamente a tecnologia e conhecer as opções tecnológicas possíveis para evitar que elas nos sejam apresentadas como inexoráveis e sem a devida discussão. ● a gente precisa saber as implicações do modo como essa aliança entre o capital e a tecnociência utiliza a tecnologia e o que significa essa situação nova que foi criada, chamada de “virada cibernética” A Virada Cibernética ● A “virada cibernética”: esforço do capitalismo e da tecnociência que, desde os anos 70 do século XX, vem consagrando a centralidade crescente da informação (digital e/ou genética) em todos os setores da atividade humana – reconfigura o que entendemos por vida, trabalho e conhecimento Cibernética ● a virada cibernética foi uma mudança que se operou desde o final da Segunda Guerra Mundial no campo da ciência e da tecnologia ● A elaboração de uma linguagem comum para além das especificidades dos diversos ramos do conhecimento científico e a instituição de uma nova síntese indicavam que a teoria da informação parecia assumir um papel central no pensamento humano contemporâneo. ● Possibilidade de se conceber um substrato comum à matéria inerte, ao ser vivo e ao objeto técnico Cibernética e Controle ● Donna Haraway: as ciências das comunicações e a biologia moderna compartilham o mesmo ímpeto de traduzir o mundo num problema de codificação, de buscar uma linguagem comum na qual desapareça qualquer resistência ao controle instrumental e na qual toda heterogeneidade possa ser submetida a decomposição, recomposição, investimento e troca. ● É preciso, portanto, perceber a virada cibernética como esse “movimento comum” que se dá no campo da ciência e da técnica, a partir do qual se instaura a possibilidade de abrir totalmente o mundo ao controle tecnocientífico por meio da informação. Virada Cibernética fora dos laboratórios ● A partir da década de 1970, a informática começa a penetrar em diversos setores do plano social: – Tecnologias de informação como base da globalização econômica – Inovação tecnológica como instrumento de supremacia econômica e política – Tecnologização da sociedade – Reordenação dos processos de trabalho, dos circuitos de produção, circulação e consumo – Recombinação da vida. – Em suma: a informação reconfigura o trabalho, o conhecimento e a vida, enquanto a virada cibernética transforma o mundo num inesgotável banco de dados. Exclusão e Resistência Optando pela estratégia da aceleração tecnológica e econômica total, pela colonização do virtual e pela capitalização da informação genética e digital, a sociedade ocidental contemporânea se volta para o futuro e parece condenar todas as outras sociedades à integração ao seu paradigma ou ao desaparecimento – como se não houvesse a possibilidade de uma convivência entre ela e outras formações sociais e culturais.
A questão do binômio inclusão-exclusão torna-se central e a questão da
resistência ao modelo dominante passa pela luta em prol da manutenção da diversidade de culturas e de sociedades, mas também em prol da diversidade de temporalidades e de ritmos, que não se aniquilam diante do imperativo da aceleração total. Em outras palavras, luta pela possibilidade de outros devires, diferentes daquele concebido pela tecnociência e pelo capital global. Lugar guardado à sociedade brasileira nesse processo: Não tenhamos ilusões: como um todo a sociedade brasileira não tem fôlego para acompanhar o ritmo da estratégia da aceleração total. Não temos pesquisa e desenvolvimento em ciência e tecnologia, nossa contribuição em matéria de inovações patenteáveis é ridícula, os recursos genéticos de que dispomos por sermos o país número 1 em megadiversidade estão sendo saqueados com o estímulo do governo federal, não temos sequer educação suficiente para pretender participar plenamente de um capitalismo que é baseado no conhecimento.