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A Informação após a Virada

Cibernética

Laymert Garcia dos Santos


Objetivo do Texto

problematizar as relações entre tecnologia e política
na sociedade contemporânea

discutir politicamente a tecnologia e conhecer as
opções tecnológicas possíveis para evitar que elas
nos sejam apresentadas como inexoráveis e sem a
devida discussão.

a gente precisa saber as implicações do modo como
essa aliança entre o capital e a tecnociência utiliza
a tecnologia e o que significa essa situação nova que
foi criada, chamada de “virada cibernética”
A Virada Cibernética

A “virada cibernética”: esforço do capitalismo e
da tecnociência que, desde os anos 70 do
século XX, vem consagrando a centralidade
crescente da informação (digital e/ou genética)
em todos os setores da atividade humana
– reconfigura o que entendemos por vida, trabalho e
conhecimento
Cibernética

a virada cibernética foi uma mudança que se operou
desde o final da Segunda Guerra Mundial no campo da
ciência e da tecnologia

A elaboração de uma linguagem comum para além das
especificidades dos diversos ramos do conhecimento
científico e a instituição de uma nova síntese indicavam
que a teoria da informação parecia assumir um papel
central no pensamento humano contemporâneo.

Possibilidade de se conceber um substrato comum à
matéria inerte, ao ser vivo e ao objeto técnico
Cibernética e Controle

Donna Haraway: as ciências das comunicações e a biologia
moderna compartilham o mesmo ímpeto de traduzir o mundo
num problema de codificação, de buscar uma linguagem
comum na qual desapareça qualquer resistência ao controle
instrumental e na qual toda heterogeneidade possa ser
submetida a decomposição, recomposição, investimento e
troca.

É preciso, portanto, perceber a virada cibernética como esse
“movimento comum” que se dá no campo da ciência e da
técnica, a partir do qual se instaura a possibilidade de abrir
totalmente o mundo ao controle tecnocientífico por meio da
informação.
Virada Cibernética fora dos
laboratórios

A partir da década de 1970, a informática começa a penetrar
em diversos setores do plano social:
– Tecnologias de informação como base da globalização econômica
– Inovação tecnológica como instrumento de supremacia econômica e
política
– Tecnologização da sociedade
– Reordenação dos processos de trabalho, dos circuitos de produção,
circulação e consumo
– Recombinação da vida.
– Em suma: a informação reconfigura o trabalho, o conhecimento e a
vida, enquanto a virada cibernética transforma o mundo num
inesgotável banco de dados.
Exclusão e Resistência
Optando pela estratégia da aceleração tecnológica e econômica total, pela
colonização do virtual e pela capitalização da informação genética e digital, a
sociedade ocidental contemporânea se volta para o futuro e parece condenar
todas as outras sociedades à integração ao seu paradigma ou ao
desaparecimento – como se não houvesse a possibilidade de uma
convivência entre ela e outras formações sociais e culturais.

A questão do binômio inclusão-exclusão torna-se central e a questão da


resistência ao modelo dominante passa pela luta em prol da manutenção da
diversidade de culturas e de sociedades, mas também em prol da
diversidade de temporalidades e de ritmos, que não se aniquilam diante do
imperativo da aceleração total. Em outras palavras, luta pela possibilidade de
outros devires, diferentes daquele concebido pela tecnociência e pelo capital
global.
Lugar guardado à sociedade
brasileira nesse processo:
Não tenhamos ilusões: como um todo a sociedade
brasileira não tem fôlego para acompanhar o ritmo da
estratégia da aceleração total. Não temos pesquisa e
desenvolvimento em ciência e tecnologia, nossa
contribuição em matéria de inovações patenteáveis é
ridícula, os recursos genéticos de que dispomos por
sermos o país número 1 em megadiversidade estão
sendo saqueados com o estímulo do governo federal,
não temos sequer educação suficiente para pretender
participar plenamente de um capitalismo que é baseado
no conhecimento.

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