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SERVIÇO SOCIAL

O PAPEL DO TERCEIRO SETOR E SUA RELAÇÃO COM O


SERVIÇO SOCIAL

Assis
2020
O PAPEL DO TERCEIRO SETOR E SUA RELAÇÃO COM O
SERVIÇO SOCIAL

Trabalho apresentado à UNOPAR como requisito parcial


à aprovação no 8º semestre do curso de Serviço Social

Assis
2020
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..............................................................................................................3
DESENVOLVIMENTO..................................................................................................4
CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................8
REFERÊNCIAS.............................................................................................................9
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INTRODUÇÃO

O Terceiro Setor se configurou, no decorrer dos últimos vinte anos, dentro


de um contexto social, econômico e político marcado pela complexidade, incerteza,
instabilidade e mudanças aceleradas, em uma dimensão globalizada e de grande
desenvolvimento tecnológico e científico. Em contrapartida, de muita pobreza e
desigualdade social.
O pensamento neoliberal justifica, por meio do discurso da “solidariedade
social” a expansão do terceiro setor como resposta alternativa no trato da questão
social.
Perpassado por interesses classistas, o aumento de instituições que
integram o rol desta suposta esfera, oscila entre o interesse de grandes capitalistas,
que buscam através do desenvolvimento da filantropia empresarial, entre outras
coisas, difundir uma boa imagem, na sociedade, de suas instituições, passando
pelas ONGs que surgem atreladas aos movimentos sociais as quais possuem, por
assim dizer, um espírito mais revolucionário, sendo mencionadas, inclusive,
instituições como seitas religiosas.
Essa primeira ideia do que engloba o terceiro setor na sociedade, mostra-
nos uma complexidade no que se “esconde” por trás deste suposto “setor”.
A abordagem desse tema não pode ocorrer nem de forma orgulhosa como
se o terceiro setor viesse ocupar o papel que é do Estado na formulação e execução
de políticas sociais e nem de forma pessimista, negando a sua importância e a
dimensão de suas ações no enfrentamento de diferentes manifestações da questão
social brasileira.
A postura é a de buscarmos uma compreensão real e equilibrada do papel
que as organizações do terceiro setor ocupam no contexto capitalista
contemporâneo e, concomitantemente, as diferentes formas que diferentes áreas
profissionais podem contribuir para o mesmo, dentre elas, o Serviço Social.
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DESENVOLVIMENTO

ATIVIDADE 1
O processo de desenvolvimento capitalista brasileiro constituiu-se assentado
direta e indiretamente na atuação do Estado, sobretudo pela natureza das
formações sociais ambientadas na tradição autoritária e de transição tardia.
Sobre os dois principais determinantes da atuação do Estado no capitalismo
brasileiro destacam-se os de natureza externa e interna à dinâmica de acumulação
de capital e suas demais consequências à economia e à sociedade nacional.
Desde o ano 2016, com a ascensão de o governo Temer, o Brasil passou a
conviver com sinais importantes de esgotamento do ciclo político da Nova
República. Com isso, o padrão de políticas públicas constituído nas últimas três
décadas de experimentação democrática aponta para uma profunda inflexão
impulsionada pelo retorno do receituário neoliberal ao país.
O mercado de trabalho aberto no chamado “terceiro setor” está muito “longe
de se constituir como um canal minimamente expressivo e estável de absorção de
profissionais (não só de assistentes sociais)” dado que “apostar nas ONGs como
saída profissional é desconhecer os graves riscos de pluriemprego” (NETTO, 1996,
p. 122).
De fato, a inserção dos assistentes sociais nestes espaços sócio-
ocupacionais tende a ser caracterizada pela precariedade das inserções
empregatícias, predominando a flexibilização das relações contratuais, marcada pela
rotatividade de emprego, multiplicidade dos vínculos de trabalho e níveis salariais
reduzidos, jornada de trabalho de tempo parcial (SERRA, 2000, p. 182).
Para Netto (1996), configura-se um processo que produz a fragmentação do
mercado de trabalho que pode, inclusive, acarretar a desagregação profissional. A
crescente segmentação do mercado de trabalho estabelece uma diferenciação nas
condições de trabalho nas instituições estatais e nas da iniciativa privada e alterando
as atribuições e papeis profissionais, efetivando numa direção conciliadora e/ou
numa perspectiva doutrinadora (MONTAÑO, 2002).
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ATIVIDADE 2

Diante dos conceitos, características, desafios, diversidade e do processo de


configuração do terceiro setor, no cenário brasileiro, não há como negarmos a
importância da atuação de diferentes profissionais, na perspectiva da ação
interdisciplinar, tendo em vista o caráter profissional e técnico que os serviços
prestados por esse setor necessitam assumir. Para tanto, há a necessidade do
reordenamento administrativo e técnico dessas instituições, significando a
construção de instrumentos e ferramentas de gestão adequadas às suas
especificidades e singularidades. Nesse processo, profissionais de diferentes áreas
podem contribuir significativamente e, dentre estes, o assistente social tem
importante atuação, considerando a sua especificidade profissional.
Em se tratando da atuação específica do assistente social, acrescentamos
que este profissional, necessita, além dos requisitos apontados, de possuir uma
sólida formação profissional sobre,
•  Os determinantes da questão social brasileira e suas diferentes
manifestações,
•  As políticas sociais setoriais para o enfretamento dessas manifestações,
•  A relação Estado, Mercado e Terceiro Setor, discernindo o papel e função
de cada um no contexto da formulação e execução dessas políticas; não
esquecendo que cabe ao ESTADO o dever de prover políticas sociais adequadas e
eficientes para o enfrentamento da questão social . O terceiro setor é parceiro do
Estado e não o contrário.
Além disso, baseados na Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente
Social (Lei nº. 8.6662, de 07/06/93), podemos visualizar algumas atribuições
específicas ao assistente social que atua na área do terceiro setor:
•  Implantar, no âmbito institucional, a Política de Assistência Social,
conforme as diretrizes da Lei Orgânica da Assistência Social ( LOAS /93) e Sistema
Único da Assistência Social ( SUAS /04), de acordo com a área e o segmento
atendido pela instituição ;
•  Subsidiar e auxiliar a administração da instituição na elaboração ,
execução e avaliação do Plano Gestor Institucional, tendo como referência o
processo do planejamento estratégico para organizações do terceiro setor ;
•  Desenvolver pesquisas junto aos usuários da instituição , definindo o perfil
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social desta população , obtendo dados para a implantação de projetos sociais,


interdisciplinares;
•  Identificar, continuamente, necessidades individuais e coletivas,
apresentadas pelos segmentos que integram a instituição , na perspectiva do
atendimento social e da garantia de seus direitos , implantando e administrando
benefícios sociais ;
•  Realizar seleção sócio-econômica, quando for o caso , de usuários para
as vagas disponíveis, a partir de critérios pré-estabelecidos, sem perder de vista o
atendimento integral e de qualidade social ; e nem o direito de acesso universal ao
atendimento;
•  Estender o atendimento social às famílias dos usuários da instituição , com
projetos específicos e formulados a partir de diagnósticos preliminares ;
•  Intensificar a relação instituição / família , objetivando uma ação integrada
de parceria na busca de soluções dos problemas que se apresentarem;
•  Fornecer orientação social e fazer encaminhamentos da população
usuária aos recursos da comunidade , integrando e utilizando-se da rede de serviços
sócio-assistenciais;
•  Participar , coordenar e assessorar estudos e discussões de casos com a
equipe técnica , relacionados à política de atendimento institucional e nos assuntos
concernentes à política de Assistência Social ;
•  Realizar perícia , laudos e pareceres técnicos relacionados à matéria
específica da Assistência Social , no âmbito da instituição , quando solicitado;
No interior das instituições do terceiro setor a atuação do assistente social ,
sempre tendo como fim último o atendimento integral e de qualidade social ,
trabalhará no enfoque da garantia do direito de inclusão ao atendimento. Mas
também , priorizará ações que caracterizam o alcance dos objetivos , metas e
diretrizes preconizados pelo planejamento estratégico institucional, para o qual
deverá ter contribuição significativa .
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ATIVIDADE 3

Por meio das políticas sociais, o Estado intervém sobre as sequelas da


“questão social”, compondo áreas e campos através da intervenção de uma
“instância política que, formal e explicitamente, mostrava-se como expressão e
manifestação da coletividade” (NETTO, 2001, p. 30).
Ocorre que, sendo o atendimento voltado para grupos e segmentos sociais
específicos, ele tem por base os princípios da seletividade e da elegibilidade do
atendimento social. O trabalho do assistente social passa a ter, portanto, sentidos e
resultados sociais bem distintos, o que altera o significado sócio do trabalho técnico-
profissional, bem como ainda seu nível de abrangência.
Por outro lado, observa-se que, com a tendência de redução do Estado, tem-
se a diminuição do espaço profissional do assistente social mediante os processos
de diminuição das despesas estatais na órbita da esfera social, acarretando a
racionalização dos gastos sociais com as políticas sociais, com implicações nos
postos de trabalho para o assistente social na esfera pública, com a diminuição de
demandas, sucateamento do aparato organizacional e institucional, a precarização
das condições de trabalho, principalmente em face do perigo da terceirização.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A abordagem desenvolvida nas páginas anteriores concedeu especial


atenção aos determinantes principais do papel do Estado no capitalismo brasileiro,
com o intuito de oferecer uma interpretação ensaísta a respeito do atual movimento
de inflexão no conjunto das políticas públicas.
Nesse sentido, pode-se constatar que a emergência de um novo projeto de
governo do tipo conservador, classista e autoritário termina por apontar para o
esgotamento do ciclo político da Nova República.
Além disso, constatou-se também que esse estudo teve por finalidade
suscitar discussões que perpassam o contexto do terceiro setor, os seus
rebatimentos para a sociedade, e de forma particular para o Serviço Social.
Ao finalizarmos esse estudo, apontamos algumas considerações, de modo
particular, destacamos que situar os aspectos que envolvem, na
contemporaneidade, o Serviço Social no âmbito do terceiro setor, se faz de suma
importância, pois tais espaços demandam a intervenção de profissionais que
possuem como objeto de intervenção as múltiplas expressões da questão social.
Constatamos que os espaços que se aglutinam no terceiro setor, assim
como os próprios determinantes que o fazem “surgir”, se apresentem de forma
contraditória ao Serviço Social, pelos interesses de classe que perpassam o
surgimento e expansão deste “setor” na sociedade.
Contudo, é de suma importância que tais espaços sejam ocupados por
profissionais que, longe de legitimar a lógica burguesa na sociedade, busquem
através da efetivação de um projeto profissional crítico responder as seqüelas da
questão social, por meio de ações que visem à emancipação política dos sujeitos.
O trabalho do(a) assistente social no terceiro setor envolve, ainda, um
complexo de questões que não puderam ser aprofundadas nesse estudo, a saber: a
desprofissionalização do Serviço Social; a perda do espaço privilegiado de atuação
profissional: o Estado, maior empregador dos(as) assistentes sociais no Brasil; a
crescente demanda do profissional de Serviço Social pelo terceiro setor; entre
outras, que podem vir a ser estudadas por outros sujeitos.
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REFERÊNCIAS

ALENCAR, Mônica. O trabalho do assistente social nas organizações privadas não


lucrativas. In: Serviço Social: direitos sociais e competências profissionais. Brasília:
CFESS/ABEPSS, 2009.

BRASIL. Lei nº 8.742 de 07 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da


Assistência Social e dá outras providências. Publicada no DOU dia 08 de dezembro
de 1993.

_______.Lei nº 12.317 de 26 de agosto de 2010. Acrescenta dispositivo à Lei no


8.662, de 7 de junho de 1993, para dispor sobre a duração do trabalho do Assistente
Social. Publicada no DOU dia 27 de agosto de 2010.

GUERRA, Yolanda. O Projeto Profissional Crítico: estratégias de enfrentamento das


condições contemporâneas da prática profissional. In: Revista Serviço Social e
Sociedade n° 91. São Paulo: Cortez, 2007.

IAMAMOTO, Marilda Vilela. O serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e


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MONTAÑO, Carlos Eduardo. Das “lógicas do Estado” às “lógicas da Sociedade


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59. São Paulo: Cortez, 1999.

_______. “O Serviço Social frente ao neoliberalismo. Mudanças na sua base de


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São Paulo: Cortez, 1997.

_______.Terceiro Setor e Questão Social: crítica ao padrão emergente de


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NOGUEIRA, Marco Aurélio. Um Estado para a Sociedade Civil: temas éticos e


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OLIVEIRA, Lívia Maria de. A materialização do projeto ético-político do Serviço


Social no cotidiano profissional em ONG’s de Mossoró-RN. Trabalho monográfico
apresentado à Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Mossoró,
2005.

RAMOS, Sâmya Rodrigues. Limites e possibilidades históricas do projeto ético-


político. In: Inscrita. n. 12, Brasília, CFESS, 2009.

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