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Na introdução do “Como as Democracias Morrem” (Levitsky e Ziblatt, 2017), os autores chegam a
abordar rapidamente sobre o tema (numa perspectiva geral), mas uma explanação (na perspectiva
acadêmica) mais assertiva está presente no “Uma Teoria Política Comparada” (Powell e Allmond,
1974), também na introdução. Nela, os cientistas falam sobre como o Iluminismo (séc. XVIII)
influenciou a Ciência Política reduzindo-a “...a investigação e exposição da natureza da democracia e
de seus aspectos institucionais e éticos…”, como se o progresso democrático fosse inevitável. Essa
percepção, na academia, muda apenas depois da II Guerra Mundial.
importantes, caprichos do momento e de necessidade de longo prazo.[...]” Sartori
(1994)
A liberdade grega então está relacionada ao homem poder agir e atuar politicamente, e
não necessariamente de expressar-se individualmente. É sintomático, por exemplo, que
“‘homem’ e ‘cidadão’ significassem exatamente a mesma coisa”. Justiça seja feita, a
percepção do homem como indivíduo só muda mesmo no século XIX, num processo balizado
pelo cristianismo e desenvolvido na Renascença. Hoje, sob a égide dos valores sustentados
pela Democracia Liberal, atitudes que atentem contra a pessoa humana não são toleráveis.
É com a Reforma que a diversidade começa de fato a ser absorvida pelas sociedades,
começando então a construir os sistemas democráticos modernos. Os esforços dos puritanos
por influência política e social, alinhados com a expansão do capital (onde eles já tinham
certo poderio), ajuda meio que sem querer nessa construção. Inseridos na sociedade em
oposição ao catolicismo, a diversidade passa aos poucos a ser vista não mais de forma
negativa. O processo (inversão na percepção sobre o diverso) é determinante na consolidação
da democracia como concebemos hoje.