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Crime e Castigo 

(em russo, Преступление и наказание, Prestuplênie i nakazánie) é


um romance do escritor Fiódor Dostoiévski, publicado na revista literária O Mensageiro
Russo durante doze edições mensais ao longo do ano de 1866.[1] Posteriormente, foi
publicado em volume único. É o segundo romance de Dostoiéviski, escrito após
seu exílio de dez anos na Sibéria. Crime e Castigo é considerado o primeiro grande
romance do seu período de escrita "maduro".[2] O romance é frequentemente mencionado
como uma das maiores obras da literatura universal.[3][4][5][6]
O romance se baseia numa visão sobre religião e existencialismo com um foco
predominante na ideia de atingir salvação por meio do sofrimento, ao que o autor envolve
algumas questões acerca do socialismo e do niilismo.
Os personagens do romance, assim como suas caracterizações e personalidades, bem
como em outras obras de Fiódor Dostoiévski, inspiraram
pensamentos filosóficos, sociológicos e psicológicos da segunda metade do século XIX e
também no século XX. Tendo como influenciados
declarados Nietzsche, Sartre, Freud, Orwell, Huxley, dentre outros.[7]
Os traços autobiográficos particularmente evidentes, como a adoração pela mãe,
o vício do jogo (também explorado pelo autor em O Jogador) e a fidelidade psicológica da
narrativa acompanhada pelos traços estilísticos do autor, colocaram esta obra entre as
maiores da história da literatura universal e, certamente, junto com Os Irmãos Karamazov,
garantiram a Fiódor Dostoiévski a posição de maior escritor russo da história em conjunto
com Lev Tolstoy.

Enredo
O personagem principal, apesar de ex-estudante de Direito, é um homem extremamente
pobre e que vive angustiado pela sombra de fazer algo importante. Ele divide os indivíduos
em ordinários e extraordinários, numa tentativa de explicar a quebra das regras em prol do
avanço humano. Seguindo esse preceito, o personagem planeja e concretiza, em meio a
uma luta com sua consciência, a morte de uma agiota.
Antes de fugir da cena do crime, porém, Raskólnikov também comete, a contragosto,
levado apenas pela situação de surpresa, o assassinato de Lizavieta, irmã da velha agiota,
pois ela havia aparecido no local inopinadamente.
Raskólnikov rouba algumas joias, mas não chega a usufruir desse ganho e, sentindo-se
arrependido, enterra-as sob uma pedra.
Após tal fato e seus desfechos, o romance relata de maneira detalhista os dramas
psicológicos sofridos pelo autor do homicídio.
Diversas histórias se desenvolvem de maneira paralela à principal, entre elas um romance
da irmã do personagem Raskólnikov e as relações do protagonista com Sônia, filha de um
funcionário público a quem ele doou dinheiro.
Apesar de investigar Raskólnikov, a polícia termina por prender um inocente que se
intitulou culpado devido à pressão que sofria. Entretanto, o personagem por fim confessa o
crime que cometera. A confissão deveu-se, principalmente, à enorme influência de Sônia,
que, antes disso, compartilha com Raskólnikov a descrição da ressurreição de Lázaro,
contida no Novo Testamento.
No decorrer da história, Raskólnikov conta à Sônia sobre o crime que cometeu, e sua irmã
fica sabendo por uma terceira pessoa o que ele havia feito. Visto o fato, o tamanho do
crime que ele cometera e as pessoas que sabiam e desconfiavam do ocorrido, mais
parecia que não eram as pessoas que o importunavam, mas a sua consciência que
sufocava, esfacelava seu íntimo. Mostras de que ele não fazia parte do grupo dos
extraordinários, indivíduos nos quais ele considerava capazes de cometer quaisquer
crimes, ou infringir regras sem culpa alguma.
Por fim, Raskólnikov é preso. Porém, devido à sua confissão, arrependimento e falta de
antecedentes criminais, sua pena acaba por ser reduzida a oito anos em uma cadeia
na Sibéria. Durante tal período, Sônia, personagem que a partir de certo momento segue
Raskólnikov em todas as situações, manteve-se muito presente, servindo até mesmo de
mensageira a sua família em São Petesburgo.

Traduções para o português


Décadas atrás, a tradução de livros escritos em idiomas distantes do português era feita
por intermédio de línguas como o francês, inglês e espanhol, o que se denomina tradução
indireta, o que provocou alterações substanciais no conteúdo final dos textos que
circulavam em português; por exemplo, os tradutores franceses tinham por hábito
modificar os textos para torná-los mais interessantes para o público.[8] A princípio, Crime e
Castigo chegou ao Brasil a partir de várias edições que plagiavam a tradução portuguesa
de Câmara Lima. Em 1949, é publicada a primeira tradução brasileira do livro, de autoria
de Rosário Fusco, tradução indireta a partir do francês. Em 1963, a tradução a partir do
francês de Natália Nunes, lusitana, foi adaptada à variante brasileira por Oscar Mendes.
[8]
 Em 2001, a Editora 34 lançou a primeira tradução direta do russo para o português, com
autoria de Paulo Bezerra.[9][10]

Referências
1. ↑ «University of Minnesota – Study notes for Crime and Punishment». lol-
russ.umn.edu. Consultado em 10 de janeiro de 2021
2. ↑ FRANK (1995), p. 96
3. ↑ «The 50 Most Influential Books Ever Written». Open Education Database (em
inglês). 26 de janeiro de 2010. Consultado em 25 de agosto de 2021
4. ↑ «The Greatest Books: The Best Books of All Time - 1 to
50». thegreatestbooks.org (em inglês). Consultado em 25 de agosto de 2021
5. ↑ Writers, Telegraph (23 de julho de 2021).  «The 100 greatest novels of all
time». The Telegraph  (em inglês).  ISSN  0307-1235. Consultado em 25 de agosto
de 2021
6. ↑ «100 Must-Read Classic Books, As Chosen By Our Readers | Fiction, Novels &
More». www.penguin.co.uk  (em inglês). 22 de fevereiro de 2021. Consultado em
25 de agosto de 2021
7. ↑ 1000 events that shaped the world. Dan O'Toole, National Geographic Society 1st
trade ed. Washington, D.C.: National Geographic. 2007.  ISBN  978-1-4262-0193-
6.  OCLC 171152352
8. ↑ Ir para:a b Vólkova Américo, Ekaterina; Teixeira Siqueira Barbosa, Melissa. «Crime e
Castigo em reflexos: uma análise comparativa das traduções direta e indireta»
9. ↑ Scarpin, Paula (agosto de 2010). «Nossos três russos».  revista piauí  47 ed.
Consultado em 10 de janeiro de 2021
10. ↑ Canofre, Fernanda (24 de dezembro de 2019). «'Dostoiévski foi a minha Sibéria
intelectual', diz tradutor Paulo Bezerra». Folha de S.Paulo. Consultado em 10 de
janeiro de 2021

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