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DIA DA LITERATURA BRASILEIRA

1º de maio — Dia da
Literatura Brasileira
1º de maio é o Dia da Literatura Brasileira. Nessa
data se comemora o nascimento do escritor
José de Alencar, além de celebrar a literatura
nacional e seus autores.

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1o de maio — Dia da Literatura Brasileira foi


o dia escolhido para celebrar a literatura
nacional porque, nessa data, comemora-se
também o aniversário do escritor José de
Alencar. É dia, portanto, de enaltecer a obra
desse autor, e também de empreender ações
que possam incentivar a leitura de obras
nacionais, pois o Brasil possui grandes
títulos e autores, como Senhora, de José de
Alencar; Dom casmurro, de Machado de
Assis; Quarto de despejo, de Carolina Maria
de Jesus; A hora da estrela, de Clarice
Lispector; entre tantos outros.

Leia também: 21 de março — Dia Mundial da


Poesia

Tópicos deste artigo


1 - Origem do Dia da Literatura Brasileira
2 - O que se comemora no Dia da
Literatura Brasileira?
3 - Movimentos literários do Brasil
4 - Grandes nomes da literatura brasileira
5 - Obras da literatura brasileira que você
não pode deixar de conhecer

Origem do Dia da Literatura


Brasileira

O escritor José de Alencar, provavelmente em 1870.

O Dia da Literatura Brasileira foi criado em


homenagem ao escritor José de Alencar,
que nasceu em 1o de maio de 1829, em
Messejana, no estado do Ceará. Além de
escritor, ele era advogado, jornalista e
político. Era filiado ao Partido Conservador e
foi deputado geral pelo Ceará, além de
ministro da justiça, de 1868 a 1870.

Seu primeiro romance, Cinco minutos, foi


publicado em 1856. No entanto, suas obras
mais conhecidas e populares são: O guarani
(1857), Lucíola (1862), Iracema (1865) e
Senhora (1875). É o principal e mais versátil
romancista do romantismo brasileiro, com
romances indianistas, urbanos, regionalistas
e históricos. Também escreveu para o teatro,
com peças relevantes, como O demônio
familiar (1857) e As asas de um anjo (1860).

Em suas obras, além de seguir as


características da estética romântica, ousava
criar personagens femininas fortes e
independentes, como Aurélia Camargo, de
Senhora, e Iracema, de romance homônimo.
Não podemos deixar de mencionar também
outro personagem em situação de
inferioridade social, Pedro, da peça O
demônio familiar, um jovem escravo que sai
do seu lugar de oprimido para exercer poder
de manipulação na família de seus donos.

José de Alencar, escritor que serviu de


inspiração ao jovem Machado de Assis (que
hoje é considerado o maior ou um dos
maiores escritores brasileiros), morreu em 12
de dezembro de 1877, no Rio de Janeiro,
vítima de tuberculose, doença que tirou a
vida de alguns autores românticos. Para
conhecer mais sobre a vida e a obra desse
autor homenageado, leia: José de Alencar.

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Saber mais

O que se comemora no Dia da


Literatura Brasileira?
No Dia da Literatura Brasileira, é
comemorado o aniversário do escritor José
de Alencar. Assim, é uma data para que
bibliotecas, escolas, editoras, órgãos
públicos e outras instituições que divulgam a
literatura nacional possam realizar eventos
que discutam ou coloquem em foco as
obras de José de Alencar. É, portanto, um
dia de incentivo à leitura das obras desse
autor.

No entanto, ainda que seja uma data que


homenageia José Alencar, é também, e
principalmente, uma data que presta
homenagem à literatura brasileira como um
todo. É o momento de refletir sobre a história
da literatura brasileira, sua evolução, e
divulgar seus autores clássicos, além de
incentivar a leitura de obras de escritores e
escritoras contemporâneos.

Acesse também: 18 de abril - Dia Nacional


do Livro Infantil

Movimentos literários do Brasil


A literatura brasileira vem sendo construída
desde a descoberta portuguesa do Brasil, em
1500. Na verdade, a literatura oral indígena
já existia, antes da chegada dos
colonizadores europeus. Entretanto, devido a
questões políticas da colonização, essa
literatura foi desconsiderada e, por séculos,
não recebeu nenhum incentivo. Atualmente,
no entanto, alguns autores indígenas, como
Daniel Munduruku, começam a ter
visibilidade.

A literatura brasileira oficial, então, teve início


com as obras escritas no Brasil pelos
colonizadores portugueses. Assim, a Carta
de Pero Vaz de Caminha (1450-1500) é a
primeira obra da literatura brasileira. Em
seguida, a nossa literatura foi sendo
construída por meio da assimilação de
movimentos literários europeus, copiados ou
adaptados a elementos nacionais. Realidade
que começou a mudar no fim do modernismo
brasileiro.

Desse modo, podemos apontar os seguintes


movimentos que fazem parte da história da
literatura brasileira:

Quinhentismo (1500-1601).

Barroco (1601-1768).

Arcadismo (1768-1836).

Romantismo (1836-1881).

Realismo (1881-1902).

Naturalismo (1881-1902).

Parnasianismo (1881-1902).

Simbolismo (1893-1902).

Pré-modernismo (1902-1922).

Modernismo (1922-1945).

Pós-modernismo ou terceira geração


modernista (1945-1978).|1|

Literatura contemporânea (a partir da


década de 1970).|2|

Veja também: 2 de abril — Dia Internacional


do Livro Infantil

Grandes nomes da literatura


brasileira

Carlos Drummond de Andrade é um dos grandes


nomes da literatura brasileira.

É possível dizer que a literatura brasileira


começa, de fato, a ter uma marca nacional a
partir da poesia do poeta barroco Gregório
de Matos (1636-1696), apesar de que alguns
críticos apontam o romantismo como o
marco inicial da verdadeira literatura
brasileira. De qualquer forma, o Boca do
Inferno, como era chamado, é o primeiro
grande nome da nossa literatura. O Pe.
António Vieira (1608-1697) também deve ser
considerado, no entanto, ele é um autor
pertencente tanto à literatura brasileira
quanto à portuguesa.

Além deles, a literatura brasileira está repleta


de grandes autores e autoras de obras
clássicas e contemporâneas. Entretanto,
citaremos apenas alguns:

Arcadismo: Tomás António Gonzaga


(1744-1810) e Cláudio Manuel da Costa
(1729-1789).

Romantismo: Gonçalves Dias (1823-


1864), Álvares de Azevedo (1831-1852),
Castro Alves (1847-1871) e José de
Alencar (1829-1877).

Realismo: Machado de Assis (1839-


1908).

Naturalismo: Aluísio Azevedo (1857-


1913).

Parnasianismo: Olavo Bilac (1865-1918).

Simbolismo: Cruz e Sousa (1861-1898).

Pré-modernismo: Lima Barreto (1881-


1922) e Augusto dos Anjos (1884-1914).

Modernismo: Oswald de Andrade (1890-


1954), Mário de Andrade (1893-1945),
Manuel Bandeira (1886-1968), Carlos
Drummond de Andrade (1902-1987),
Cecília Meireles (1901-1964), Jorge
Amado (1912-2001), Graciliano Ramos
(1892-1953), Erico Verissimo (1905-
1975), Cora Coralina (1889-1985), Mario
Quintana (1906-1994) e Raquel de
Queiroz (1910-2003).

Pós-modernismo ou terceira geração


modernista: Clarice Lispector (1920-
1977), João Guimarães Rosa (1908-
1967), Ferreira Gullar (1930-2016) e João
Cabral de Melo Neto (1920-1999).

Literatura contemporânea: Paulo


Leminski (1944-1989), Caio Fernando
Abreu (1948-1996), Arnaldo Antunes
(1960-), Conceição Evaristo (1946-), Ana
Cristina Cesar (1952-1983) e Carolina
Maria de Jesus (1914-1977)|3|.

Leia também: 23 de abril - Dia Mundial do


Livro

Obras da literatura brasileira


que você não pode deixar de
conhecer
Vamos comentar aqui oito livros que você
não pode deixar de conhecer, entre as
inúmeras grandes obras literárias brasileiras.

1. Senhora, de José de Alencar


Romance urbano do romantismo brasileiro,
Senhora (1875), de José de Alencar, é mais
uma das obras do autor em que uma
personagem feminina forte é a
protagonista. Nessa história, Aurélia
Camargo, rica e independente, “compra” um
marido, Fernando Seixas, para vingar-se.

Apesar do caráter vingativo da personagem,


ela carrega também elementos de
idealização romântica, como a bondade ao
ajudar um amigo em situação financeira
desfavorável; a pureza, ao manter sua
virgindade mesmo após o casamento com
Seixas; e a inteligência, ainda que essa não
fosse uma característica feminina valorizada
por autores românticos no século XIX.

2. Dom Casmurro, de Machado


de Assis
A obra Dom Casmurro (1899), de Machado
de Assis, é irônica em sua própria
construção, pois engana a leitora e o leitor
ingênuos e românticos, para surpreendê-los,
ou zombar deles, no final. Isso porque o livro
inicia-se com a história de amor entre os
adolescentes Bentinho e Capitu. Assim
como nas obras românticas, a amor deles
enfrenta uma dificuldade, um empecilho:
Bentinho deve ser padre para cumprir uma
promessa de sua mãe.

O livro, portanto, parece ser romântico. Até


que o narrador quebra a expectativa dos
leitores e mostra uma obra realista, em que o
ciumento Bentinho desconfia que sua
mulher traiu-o com o seu melhor amigo,
chegando mesmo a ter um filho nessa
aventura extraconjugal. Caberá à leitora e ao
leitor confiarem no julgamento desse homem
ciumento ou questionarem as suas certezas.

3. Macunaíma, de Mário de
Andrade
A importância de Macunaíma (1928), de
Mário de Andrade, está na sua tentativa bem-
sucedida de mostrar a identidade brasileira.
Assim, o herói sem nenhum caráter
representa também uma faceta negativa do
povo brasileiro, sem a idealização romântica
com a qual a obra dialoga, já que o índio
romântico era idealizado, enquanto o índio
Macunaíma não o é.

A obra também é importante por resgatar a


origem da cultura brasileira, ou seja, a
cultura indígena, sem, contudo, deixar de
lado as influências estrangeiras que forjaram
a nossa identidade miscigenada.

4. O tempo e o vento, de Erico


Verissimo
A trilogia O tempo e o vento, de Erico
Verissimo, é composta pelos livros “O
continente” (1949), em dois volumes, “O
retrato” (1951), em dois volumes, e “O
arquipélago” (1961), em três volumes. Esses
romances narram 200 anos da história do
Rio Grande do Sul por meio dos integrantes
das famílias Terra e Cambará.

Trata-se de uma saga cheia de emoção e


aventura, sem perder a perspectiva política
inerente à geração de 1930 do modernismo
brasileiro.

5. Grande sertão: veredas, de


João Guimarães Rosa
O livro Grande sertão: veredas (1956), de
João Guimarães Rosa, é narrado pelo ex-
jagunço Riobaldo. Uma obra sem divisão em
capítulos, com fluxos de consciência e
muitos neologismos, que conta a história de
Riobaldo e Diadorim, e tem como pano de
fundo a guerra entre jagunços na República
Velha.

Riobaldo carrega consigo duas angústias: o


pacto que fez com o diabo e o amor que
sente por um homem, isto é, Reinaldo (ou
Diadorim).

6. Quarto de despejo, de Carolina


Maria de Jesus
A obra Quarto de despejo (1960), de Carolina
Maria de Jesus, tem por subtítulo: “diário de
uma favelada”. Nessa obra, com uma
linguagem despojada, a autora relata o seu
dia a dia na favela do Canindé, em São
Paulo, de 1955 a 1960. Essa mulher negra e
favelada consegue, com seu diário, projetar a
sua voz para todo o Brasil e, também, para
terras estrangeiras, já que seu livro foi
publicado em vários países. Nesse diário,
Carolina Maria de Jesus fala da miséria, do
preconceito, da discriminação, da fome e de
seu amor pela literatura.

7. A hora da estrela, de Clarice


Lispector
Último romance (ou novela) de Clarice
Lispector, A hora da estrela (1977) conta a
história de Macabéa, uma datilógrafa
nordestina e pobre no Rio de Janeiro. A
personagem é o retrato do vazio existencial
bem típico da pós-modernidade. Como
expressa o narrador Rodrigo S. M.: “Ela
somente vive, inspirando e expirando,
inspirando e expirando. [...] O seu viver é
ralo”.

Aliás, o que mais chama atenção na obra é


seu caráter metalinguístico. O narrador,
criado por Clarice Lispector (a autora), é um
personagem que vai discutir com o leitor o
processo de criação de um livro e de seus
personagens.

8. A teus pés, de Ana Cristina


Cesar
O livro de poesias de Ana Cristina Cesar, A
teus pés (1982), tem seu caráter poético
centrado na estranheza fragmentária do
cotidiano e na plurissignificação, uma poesia
que é, sem precisar ser rotulada:

Sumário

Polly Kellog e o motorista Osmar.

Dramas rápidos mas intensos.

Fotogramas do meu coração conceitual.

De tomara que caia azul-marinho.

Engulo desaforos mas com sinceridade.

Sonsa com bom-senso.

Antena da praça.

Artista da poupança.

Absolutely blind.

Tesão do talvez.

Salta-pocinhas.

Água na boca.

Anjo que registra.

Notas

|1| Ainda não existe consenso sobre a existência de uma


literatura ou estilo pós-modernistas. Se, por um lado,
alguns estudiosos consideram autores como Clarice
Lispector e João Guimarães Rosa como produtores de
uma prosa pós-moderna, portanto, pós-modernista, de
outro, há aqueles que consideram esses autores como
pertencentes a uma terceira fase modernista. Dessa
forma, se existe um pós-modernismo brasileiro, ele se
inicia em 1945, com o fim do modernismo, e finaliza-se
em 1978, após a morte de Clarice Lispector. Em todo
caso, tudo ainda não passa de especulação.

|2| Alguns estudiosos consideram que a literatura


contemporânea brasileira tem início na década de 1970.
Para outros, a literatura contemporânea ainda (ou
também) é pós-modernista.

|3| Carolina Maria de Jesus é de difícil classificação


quando o assunto é estilo de época, pois a escritora
viveu à margem não só da sociedade mas também da
literatura oficial. O caráter marginal e de representação
de minorias, marcante em suas obras, está muito mais
condizente com o que vem sendo produzido na
atualidade, quando há uma valorização da literatura dita
periférica. Dessa forma, Carolina Maria de Jesus pode
ser considerada uma de suas precursoras. Portanto,
estava à frente de seu tempo.

Por Warley Souza


Professor de Literatura

Escrito por : Warley Souza


Professor de Português e Literatura, com
licenciatura e mestrado em Letras pela
Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um


trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "1º de maio — Dia da Literatura


Brasileira"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/datas-
comemorativas/1-de-maio-dia-da-literatura-
brasileira.htm. Acesso em 16 de novembro de
2023.

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