Você está na página 1de 5

Machado de Assis nasceu no Morro do Livramento, Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839.

Era filho do mulato Francisco José de Assis, um pintor e decorador de paredes, e da


açoriana Maria Leopoldina Machado de Assis, uma lavadeira.
Aos 10 anos de idade, sua mãe faleceu e o pai dele resolveu que deveriam se mudar da
chácara onde moravam. Com isso, foram viver no Bairro de São Cristóvão com Maria Inês da
Silva, que se tornou madrasta de Joaquim em 1854. Maria era doceira em uma escola e
levava Machado de Assis para assistir algumas aulas, enquanto de noite ele ia para uma
padaria onde aprendia francês com o forneiro.

Aos 15 anos, em busca de um emprego, ele conheceu Francisco de Paula Brito, que era
dono da livraria e do jornal da cidade, e em 12 de fevereiro de 1855 a ‘Marmota
Fluminense’ publicou o poema “Ela”, de Machado de Assis:

“Seus olhos que brilham tanto,


Que prendem tão doce encanto,
Que prendem um casto amor
Onde com rara beleza,
Se esmerou a natureza
Com meiguice e com primor [...]”

Daí em diante, ele não parou mais de escrever na Marmota e de fazer amizades com os
políticos e literatos, frequentadores da livraria, onde o assunto principal era a poesia. Em
1856 tornou-se aprendiz de tipógrafo na tipografia Nacional, mas não era um dos melhores
funcionários. O diretor da Imprensa Oficial resolveu apresentar ele aos jornalistas Francisco
Otaviano, Pedro Luís e Quintino Bocaiúva, para incentivá-lo a ser um empregado mais
aplicado. Otaviano e Pedro Luís dirigiam o Correio Mercantil, onde Machado começou a
trabalhar, em 1858, como revisor de provas. Ele estreou como crítico teatral na revista “O
Espelho”.

Em 1860, ele foi chamado por Bocaiúva para trabalhar no “Diário do Rio de Janeiro”, quando
tornou-se representante do jornal no senado, além de continuar escrevendo os principais
textos do jornal e mantendo uma coluna de crítica literária.

Em 1864, Machado de Assis publicou seu primeiro livro de poemas, Crisálidas, que se
tratava de uma coletânea de suas poesias. Ele dedicou o livro a seus pais biológicos. Em
1867 foi condecorado pelo Imperador como Cavaleiro da Ordem da Rosa, por seus serviços
à língua nacional. No dia 8 de abril, ele foi promovido a ajudante do diretor do Diário Oficial,
quando iniciou sua “carreira burocrática"
Em 1868 ele conheceu Carolina Xavier de Novais, irmã do poeta português Faustino Xavier
de Novais, que lhe apresentou aos clássicos lusitanos. em 12 de novembro de 1869,
Joaquim e Carolina se casaram, porém não tiveram filhos.

O primeiro livro de contos de Machado de Assis, Contos Fluminenses (1870) e seu primeiro
romance, Ressurreição (1872), sedimentaram a imagem de um escritor que usava muito
bem a língua portuguesa e que preferia os relatos psicológicos às narrativas de ação
constante.

No dia 30 de janeiro de 1873, a capa do décimo número do “Arquivo Contemporâneo”,


periódico do Rio de Janeiro, colocou lado a lado as fotos de José de Alencar, até então o
maior romancista do Brasil, e a de Machado de Assis.

Machado de Assis se impôs, antes mesmo de ter publicado suas obras-primas, como a
maior expressão da literatura brasileira e, sem muita dificuldade, em 1896, fundou com
outros intelectuais, a Academia Brasileira de Letras.

Nomeado para a cadeira n.º 23, tornou-se, em 1897, seu primeiro presidente, cargo que
ocupou até sua morte.

Na entrada do prédio há uma estátua de bronze do escritor. Em sua homenagem, a


academia chama-se também “Casa de Machado de Assis”.

Obra de Machado de Assis

Machado de Assis teve uma carreira literária ininterrupta, produziu de 1855 a 1908.
Escreveu poesias, romances, contos, crônicas, críticas e peças de teatro. O ponto alto de sua
produção literária é o romance e o conto, onde se observa duas fases:

Fase Romântica – obras e características

A primeira fase das obras de Machado de Assis apresenta-se presa a algum aspecto do
“Romantismo”, com uma história cheia de mistérios, com final feliz ou trágico e uma
narrativa linear.
Apresenta também traços inovadores, como uma linguagem menos descritiva, menos
adjetivada e sem o exagero sentimental. As personagens têm um comportamento não só
movido pelo amor, mas também pela ambição e pelo interesse. São dessa fase os
romances:

● Ressurreição (1872)
● A Mão e a Luva (1874)
● Helena (1876)
● Iaiá Garcia (1878)

O Realismo – obras e características

A segunda fase das obras de Machado de Assis inicia-se com Memórias Póstumas de Brás
Cubas (1881), onde retrata a miséria humana, indo até seu último romance, “Memorial de
Aires” (1908) - o livro da saudade, escrito após a morte de Carolina.

É nesse período que se encontram suas mais ricas criações literárias. Diferente de tudo
quanto havia sido escrito no Brasil, Machado inaugura o “Realismo”.

O estilo realista de Machado de Assis difere de seus contemporâneos, porque ele


aprofunda-se na análise psicológica dos personagens desvendando a fragilidade existencial
na relação consigo mesmo e com os outros personagens. São dessa fase os romances:

● Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)


● Quincas Borba (1891)
● Dom Casmurro (1899)
● Esaú e Jacó (1904)
● Memorial de Aires (1908, seu último romance)

Contos de Machado de Assis

● Contos Fluminenses (1870)


● História da Meia Noite (1873)
● Papéis Avulsos (1882)
● Histórias Sem Data (1884)
● Várias Histórias (1896)
● Páginas Recolhidas (1899)
● Relíquias da Casa Velha (1906)
Alguns dos melhores contos “realistas” contidos nesses livros e que abordam os mais
diversos temas, são:

● Cantigas de Esponsais – a desesperada busca da expressão,


● Noites de Almirantes – análise de uma desilusão amorosa,
● Trio em Lá Menor – o anseio da perfeição,
● O Alienista – o problema da loucura. Foi adaptado para o cinema em 1970).
● Missa do Galo – o despertar do adolescente para o amor,
● Teoria do Medalhão – como vencer na vida sem fazer força,
● O Espelho – a dualidade da alma humana.

Em outubro de 1904, Carolina morreu, após 35 anos de casamento. Carolina, além de


esposa era também revisora dos textos e enfermeira de Machado, já que ele havia sido
consumido pela epilepsia. Em sua homenagem ele escreveu:

À Carolina

"Querida, ao pé do leito derradeiro


Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro


Que, a despeito de toda a humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs o mundo inteiro.

Trago-te flores, - restos arrancados


Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa separados.

Que eu, se tenho nos olhos malferidos


Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos."
Por fim, Machado faleceu no dia 29 de setembro de 1908. Seu velório contou com a
presença de grandes personalidades, como a de Rui Barbosa, um jurista renomado da
época.

FONTE: https://www.ebiografia.com/machado_assis/

Você também pode gostar