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Subversão do sujeito e a dialética do desejo

pp. 833-834 (18/04/22)

Lacan comenta, nessa passagem, sobre a diferença da prática da psicanálise em relação


a um ofício doutrinal, ou seja, um ofício que responde a uma verdade última como é o caso da
religião. A prática do psicanalista, ao contrário disso, se apoia no que a sigla S (Ⱥ). Propõe
que trabalhemos a partir da lógica do significante.
Nesse contexto, Lacan comenta que “um significante é aquilo que representa o sujeito
para outro significante” (p. 833). Com essa afirmação, podemos depreender também que um
sistema de representação sempre necessita de um sistema de referência capaz de sustentar a
forma como um significante específico opera dentro da cadeia junto de outros significantes.
Um sistema sociossimbólico é composto, portanto, de representações cujo centro é
sustentado por um norteador. Esse norteador compreende, muitas vezes, um horizonte de
possibilidades que abarcam uma espécie ordem moral. Isso torna viável que o sujeito,
alienado aos significantes de um Outro, possa direcionar suas ações e fazer escolhas.
No processo de análise, no entanto, o sujeito é levado, a partir de sua fala em
associação livre, a se esbarrar com uma dimensão fronteiriça e não simbolizável, ou seja, a
um aspecto limite da experiência simbólica e provocado a lidar de forma menos sintomática
com seu desamparo.
Nessa direção, Lacan começa a comentar acerca da dimensão do nome próprio. O
nome próprio é um significante que veicula arbitrariamente outros significantes. Ele passa a
fazer sentido pela sua potência: é um indexador que não agrega qualidades aos objetos que
nomeia, mas faz parte de uma operação que cria um contorno para o sujeito nomeado.

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