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Projeto Extensão

Organização do Trabalho e Renda na Contemporaneidade


1. Resumo proposta
Trata-se da organização de um colóquio a ser realizado na Universidade Federal
de Lavras com o tema: Organização do Trabalho e Renda na Contemporaneidade. O
colóquio pretende reunir representantes de trabalhadores, organizações sociais,
pesquisadores, docentes e discentes que tenham interesse em debater a organização
do trabalho no século XXI e suas implicações, tais como aumento da precarização do
trabalho, uberização, trabalho por plataformas, organizações de trabalhadores em
cooperativas, associações ou coletivos como forma de melhoria da condição social
desses trabalhadores.

2. Área temática

3. Datas
Início: Término:

4. Locais de realização

5. Número estimado de participantes


50 pessoas

6. Justificativa
No ano de 2019, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicava a
existência de 23,779 milhões de autônomos no Brasil. De lá para cá, esse número
cresceu tendo alcançado o número recorde de 24,8 milhões de pessoas no segundo
trimestre de 2021 (IBGE, 2021). Dentro desse contingente populacional, milhões de
trabalhadores vem se utilizando de plataformas digitais para obter renda. Grande parte
deles envolvidos com atividades de entrega de mercadorias pela utilização de
aplicativos como uber, ifood, loggi.
Observa-se, portanto, que a maior parte dos trabalhadores que prestam serviços
por plataformas digitais utiliza-se desses mecanismos tecnológicos como sua principal
fonte de renda, mas sequer metade deste contingente contribui para a Seguridade
Social. De modo que é forçoso reconhecer as condições precarizantes de trabalho que
esse contingente populacional vem sendo submetido, os quais trazem consigo graves
consequências para realizar o desenvolvimento socioeconômico do país. Daí a
necessidade de buscar alternativas mais sustentáveis e inclusivas de utilização das
plataformas digitais.
Neste sentido, cabe esclarecer que as plataformas digitais são um modelo de
negócio baseado em tecnologias, os quais integram “produtos e serviços que trazem
para um mesmo ambiente grupos de usuários em dois lados de uma rede”
(EISENMANN; PARKER; VAN ALSTYNE, 2008).
Os primeiros modelos de plataformas permitiam a oferta de produtos e serviços,
sem interferência de empresas pela conexão entre produtores e consumidores (HAGIU;
ALTMAN, 2017). Esses arranjos sociais foram capazes de reduzir custos de transação e
de infraestrutura física, além de suprimir a figura da intermediação do negócio.
A economia do compartilhamento ressurgiu, pois, como forma de viabilizar a
prestação de serviços e passou a ser conhecida como economia colaborativa, consumo
colaborativo ou economia entre pares. Segundo Ribeiro (2009), essa forma de se
organizar em sociedade diz respeito “a antigas práticas de dividir, permutar, trocar ou
transacionar produtos e serviços entre pares, porém realizados em espaços muito mais
amplos e difusos do que no âmbito de comunidades locais fechadas”
De outro lado, no entanto, grandes empresas passaram a utilizar das
plataformas digitais externalizando seus custos de produção e estabelecendo rigorosos
mecanismos de controle sob sua força de trabalho sem ofertar transparência nos
mecanismos de precificação dos serviços e remuneração dos colaboradores.
Neste sentido, recente estudo realizado pela Organização Internacional do
Trabalho (OIT) sustenta que a economia de plataforma nos termos como vem sendo
operada por empresas transnacionais tem implicado em perdas substanciais de direitos
trabalhistas e sinaliza a perda de longo prazo das capacidades produtivas locais. O
estudo sugere a utilização de modelos alternativos de plataformas digitais para
recuperar valor para os trabalhadores, os quais devem priorizar a distribuição equitativa
entre os proprietários e seus trabalhadores em modelos de negócios de plataforma
(GURUMURTHY; CHAMI; DEEPTI, 2021).
Diante desse cenário, a economia de plataforma é como que o patamar patente
de um arranjo econômico-social disposto em vários níveis. Acima da economia de
plataforma temos: quanto à esfera produtiva, o deslocamento massivo dos
trabalhadores do segundo setor – indústria – para o setor de serviços (STANDING, 2013;
BENANAV, 2020); relativo à esfera econômica, teóricos observam uma acentuada
concentração de renda na atualidade (PIKETTY, 2014), bem como um capitalismo que
abriu mão da esfera produtiva, operando em larga medida no campo especulativo
(DAWBOR, 2018); por fim, quanto à dimensão política, temos um cenário de
depredação dos direitos trabalhistas e do Estado de bem-estar social, operado pelo,
assim chamado, neoliberalismo (CHAMAYOU, 2020) e, em sinergia com o
neoliberalismo, a erosão das instâncias de resistência, sindicatos ou organizações, que
mantinham tenso o cabo de força social (CHIBBER, 2022).
Dessa forma, o presente colóquio pretende reunir os diversos atores sociais e
pesquisadores na área, para possibilitar troca de conhecimento e experiência com vistas
a gerar acúmulo teórico e práticos para as partes envolvidas.

7. Objetivos
O presente projeto pretende reunir representantes de trabalhadores,
organizações sociais, pesquisadores, docentes e discentes que tenham interesse em
debater a organização do trabalho no século XXI e suas implicações, tais como aumento
da precarização do trabalho, uberização, trabalho por plataformas, organizações de
trabalhadores em cooperativas, associações ou coletivos como forma de melhoria da
condição social desses trabalhadores.

8. Caracterização dos beneficiários


O presente projeto pode beneficiar toda a sociedade lavrense, sobretudo os
trabalhadores informais e autônomos, maiores de 18 anos, sem distinção de gênero.

9. Desenho metodológico das atividades de sensibilização, capacitação e reprodução dos


materiais fotográficos.
Realização de colóquio, rodas de conversas e debates, mediante inscrição de temas
relacionados com o projeto.

10. Metas
Reunir representantes de trabalhadores, organizações sociais, pesquisadores, docentes
e discentes que tenham interesse em debater a organização do trabalho no século XXI e
suas implicações

11. Impactos na formação discente


A troca de experiência entre os diversos atores sociais envolvidos com o tema do
projeto pode proporcionar novas perspectivas que transcendem os ensinos obtidos em
sala de aula.

12. Relação ensino, pesquisa e extensão


A universidade pública dotada de docentes e discentes dos cursos de Administração
Pública, Direito e Ciência da Computação possui conhecimento técnico e científico para
promover modelos decentes de trabalho, bem como o associativismo, por meio de
incubadoras de cooperativas, como também elaboração de software de telefonia, de
modo a atender uma demanda social e contribuir com o ensino público superior.
13. Relação com a sociedade e impacto social
O colóquio pretende reunir não somente pesquisadores na área, mas iniciativas em
curso no município de Lavras, como associações e cooperativas inseridas no contexto da
plataformização do trabalho.

14. Resultados esperados


Espera-se com a realização do projeto o estreitamento de relações entre universidade e
atores sociais interessados, tais como coletivos de trabalhadores, associações e
cooperativas inseridas no contexto da plataformização do trabalho.

15. Indicadores de acompanhamento e avaliação


Ante a natureza qualitativa do projeto, não foram elaborados indicadores para
acompanhamento.

16. Descrição resumida para certificado


Organização do Trabalho e Renda na Contemporaneidade

17. Referências

BENANAV, Aaron. Automation and the Future of Work. Verso Books, 2020.

CHAMAYOU, Grégoire. A sociedade ingovernável: uma genealogia do liberalismo


autoritário. Ubu Editora, 2020.

CHIBBER, Vivek. The class matrix: Social theory after the cultural turn. Harvard
University Press, 2022.

DOWBOR, Ladislau. A era do capital improdutivo: nova arquitetura do poder-


dominação financeira, sequestro da democracia e destruição do planeta. Editora
Autonomia Literária LTDA-ME, 2018.

EISENMANN, T. R.; PARKER, G.; VAN ALSTYNE, M. W. Opening Platforms: How, When
and Why? SSRN Electronic Journal, 2008.

GURUMURTHY, A.; CHAMI, N.; DEEPTI, B. Platform labour in search of value: A study of
workers’ organizing practices and business models in the digital economy. Geneva:
ILO, 2021.

HAGIU, A.; ALTMAN, E. J. Finding The Platform In Your Product: Four Strategies That Can
Reveal Hidden Value. Harvard Business Review, v. 95, n. 4, p. 94–100, 2017.

IBGE - Instituto Nacional de Geografia e Estatítisca. Pesquisa Nacional Por Amostra de


Domicílios 2º trimestre de 2021. Disponível em:
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/9173-pesquisa-nacional-por-
amostra-de-domicilios-continua-trimestral.html?edicao=32353&t=destaques. Acesso
em 01 nov 2021.
PIKETTY, Thomas. O capital no século XXI. Editora Intrínseca, 2014.
STANDING, Guy. O precariado: a nova classe perigosa. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

RIBEIRO, M. A. Estratégias micropolíticas para lidar com o desemprego: contribuições da


psicologia social do trabalho. Rev. psicol. polít, v. 9, n. 18, p. 331–346, 2009.

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