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2. Área temática
3. Datas
Início: Término:
4. Locais de realização
6. Justificativa
No ano de 2019, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicava a
existência de 23,779 milhões de autônomos no Brasil. De lá para cá, esse número
cresceu tendo alcançado o número recorde de 24,8 milhões de pessoas no segundo
trimestre de 2021 (IBGE, 2021). Dentro desse contingente populacional, milhões de
trabalhadores vem se utilizando de plataformas digitais para obter renda. Grande parte
deles envolvidos com atividades de entrega de mercadorias pela utilização de
aplicativos como uber, ifood, loggi.
Observa-se, portanto, que a maior parte dos trabalhadores que prestam serviços
por plataformas digitais utiliza-se desses mecanismos tecnológicos como sua principal
fonte de renda, mas sequer metade deste contingente contribui para a Seguridade
Social. De modo que é forçoso reconhecer as condições precarizantes de trabalho que
esse contingente populacional vem sendo submetido, os quais trazem consigo graves
consequências para realizar o desenvolvimento socioeconômico do país. Daí a
necessidade de buscar alternativas mais sustentáveis e inclusivas de utilização das
plataformas digitais.
Neste sentido, cabe esclarecer que as plataformas digitais são um modelo de
negócio baseado em tecnologias, os quais integram “produtos e serviços que trazem
para um mesmo ambiente grupos de usuários em dois lados de uma rede”
(EISENMANN; PARKER; VAN ALSTYNE, 2008).
Os primeiros modelos de plataformas permitiam a oferta de produtos e serviços,
sem interferência de empresas pela conexão entre produtores e consumidores (HAGIU;
ALTMAN, 2017). Esses arranjos sociais foram capazes de reduzir custos de transação e
de infraestrutura física, além de suprimir a figura da intermediação do negócio.
A economia do compartilhamento ressurgiu, pois, como forma de viabilizar a
prestação de serviços e passou a ser conhecida como economia colaborativa, consumo
colaborativo ou economia entre pares. Segundo Ribeiro (2009), essa forma de se
organizar em sociedade diz respeito “a antigas práticas de dividir, permutar, trocar ou
transacionar produtos e serviços entre pares, porém realizados em espaços muito mais
amplos e difusos do que no âmbito de comunidades locais fechadas”
De outro lado, no entanto, grandes empresas passaram a utilizar das
plataformas digitais externalizando seus custos de produção e estabelecendo rigorosos
mecanismos de controle sob sua força de trabalho sem ofertar transparência nos
mecanismos de precificação dos serviços e remuneração dos colaboradores.
Neste sentido, recente estudo realizado pela Organização Internacional do
Trabalho (OIT) sustenta que a economia de plataforma nos termos como vem sendo
operada por empresas transnacionais tem implicado em perdas substanciais de direitos
trabalhistas e sinaliza a perda de longo prazo das capacidades produtivas locais. O
estudo sugere a utilização de modelos alternativos de plataformas digitais para
recuperar valor para os trabalhadores, os quais devem priorizar a distribuição equitativa
entre os proprietários e seus trabalhadores em modelos de negócios de plataforma
(GURUMURTHY; CHAMI; DEEPTI, 2021).
Diante desse cenário, a economia de plataforma é como que o patamar patente
de um arranjo econômico-social disposto em vários níveis. Acima da economia de
plataforma temos: quanto à esfera produtiva, o deslocamento massivo dos
trabalhadores do segundo setor – indústria – para o setor de serviços (STANDING, 2013;
BENANAV, 2020); relativo à esfera econômica, teóricos observam uma acentuada
concentração de renda na atualidade (PIKETTY, 2014), bem como um capitalismo que
abriu mão da esfera produtiva, operando em larga medida no campo especulativo
(DAWBOR, 2018); por fim, quanto à dimensão política, temos um cenário de
depredação dos direitos trabalhistas e do Estado de bem-estar social, operado pelo,
assim chamado, neoliberalismo (CHAMAYOU, 2020) e, em sinergia com o
neoliberalismo, a erosão das instâncias de resistência, sindicatos ou organizações, que
mantinham tenso o cabo de força social (CHIBBER, 2022).
Dessa forma, o presente colóquio pretende reunir os diversos atores sociais e
pesquisadores na área, para possibilitar troca de conhecimento e experiência com vistas
a gerar acúmulo teórico e práticos para as partes envolvidas.
7. Objetivos
O presente projeto pretende reunir representantes de trabalhadores,
organizações sociais, pesquisadores, docentes e discentes que tenham interesse em
debater a organização do trabalho no século XXI e suas implicações, tais como aumento
da precarização do trabalho, uberização, trabalho por plataformas, organizações de
trabalhadores em cooperativas, associações ou coletivos como forma de melhoria da
condição social desses trabalhadores.
10. Metas
Reunir representantes de trabalhadores, organizações sociais, pesquisadores, docentes
e discentes que tenham interesse em debater a organização do trabalho no século XXI e
suas implicações
17. Referências
CHIBBER, Vivek. The class matrix: Social theory after the cultural turn. Harvard
University Press, 2022.
EISENMANN, T. R.; PARKER, G.; VAN ALSTYNE, M. W. Opening Platforms: How, When
and Why? SSRN Electronic Journal, 2008.
GURUMURTHY, A.; CHAMI, N.; DEEPTI, B. Platform labour in search of value: A study of
workers’ organizing practices and business models in the digital economy. Geneva:
ILO, 2021.
HAGIU, A.; ALTMAN, E. J. Finding The Platform In Your Product: Four Strategies That Can
Reveal Hidden Value. Harvard Business Review, v. 95, n. 4, p. 94–100, 2017.