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E-BOOK

RESILIÊNCIA EM TEMPOS DE CRISE

Aécio Nunes
Átila Chada
Erick Oliveira
Pedro Neves

São Pau
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 2

O QUE É GESTÃO DE CRISE 4

COMO SUPERAR UM MOMENTO DE CRISE 6

CASOS REAIS DE GESTÃO DE CRISE 7


Brastemp 8
Petz 8
Coca-Cola 9
Arezzo 9
Roberto Carlos e Friboi 10
JBS e Operação Carne Fraca 10

CARACTERÍSTICAS DE LÍDERES 11

CONCLUSÕES 13

REFERÊNCIAS 15

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INTRODUÇÃO

A liderança é um conceito mais abrangente do que aparenta ser. Quando falamos


em líder no sentido mais literal da palavra, estamos falando do indivíduo que tem autoridade
para comandar e coordenar terceiros (de acordo com o próprio dicionário do Google).
Entretanto, obviamente, essa definição não abrange por completo o significado de
ser líder em qualquer âmbito da vida, inclusive no âmbito empresarial. Antes de qualquer
coisa é muito importante que você, leitor, tenha algo bem claro na sua cabeça enquanto
discorre por esse livro: liderança não tem a ver com o fato de você comandar os outros,
mas sim, dos outros serem inspirados e guiados por você. Percebe como são coisas
parecidas mas com uma diferença crucial no entendimento do papel do líder?
O que preciso que você entenda antes de mergulhar na leitura conceitual e prática
sobre o papel do líder na gestão de crise de uma empresa, é que o líder, hoje, tem que ter
como uma de suas principais características a empatia. Entrando novamente em definições
breves, a empatia basicamente se define por compreender a dor do próximo. “Mas peraí,
então você está querendo me dizer que um líder empresarial que lida com negócios o
tempo todo deve se preocupar como o funcionário está se sentindo?”. Bingo! É exatamente
isso o que estou querendo dizer. Não fique surpreso ainda, essa característica por si só
pode ser considerada ultrapassada para um líder novo recém chegado ao mercado de
trabalho. Como assim? Vamos voltar para mais algumas definições para compreender.
O líder empático, que sabe lidar com o próximo, entende a dor da sua equipe e joga,
de fato, no mesmo time deles, é o que chamamos de um líder 3.0. O líder 3.0 é o gestor que
não se considera o decisor final, não considera seu poder como algo central na empresa já
que ele é movido por algo maior, algo comum tanto a ele quanto à equipe inteira liderada
por ele. E o que é esse algo maior? Bem, essa é fácil: o propósito da empresa.
Perceba, hoje em dia o que mais se fala, principalmente entre os millennials, é a
questão do propósito, certo? Propósito de vida, propósito profissional, propósito ambiental,
e assim vai. É claro que o mundo corporativo não escapou dessa necessidade de buscar o
propósito e, sinceramente, eu acredito que você, leitor, já até sabe dessa história de tão
“martelada” que ela já está.
Pois bem, esse mesmo propósito que somos obrigados a ter para que nossas
empresas sobrevivam ao mercado e à modernidade é o que deve guiar um bom líder 3.0, e
é o que deve guiar o funcionário do bom líder 3.0, diferente dos tempos em que o que
guiava a empresa era a palavra final do gestor (a partir daí entramos nos conceitos de líder
1.0 e 2.0, mas vamos focar na mensagem principal desse livro e deixar esses conceitos
para uma próxima oportunidade).

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"Tá bom, entendi já, tenho apenas que me preocupar em ser, portanto, um líder
empático com ânsia pela busca do propósito estipulado pela empresa e que guie meus
subordinados a correr atrás do mesmo objetivo que eu como uma equipe unida em busca
de algo maior, é isso?” Olha, devemos admitir que essa frase ficou bonita, não? No entanto,
nossa discussão aqui vai além de tudo o que comentamos até agora nesta introdução.
Pois é, hoje o buraco está mais embaixo. O mercado não busca mais por líderes 3.0,
esse conceito já está, relativamente, ultrapassado. A bola da vez? Líder 4.0.
Calma, sem pânico! O líder 4.0 ainda deve fazer tudo o que o 3.0 fazia, nada aqui é
jogado fora, é tudo aprendizado. Entretanto, ele acompanha alguns diferenciais essenciais
para o crescimento da empresa: o foco na mudança, a adaptabilidade e a resiliência.
Hoje no mercado de trabalho (e na vida, para ser sincero), é tudo muito líquido,
como já dizia Bauman. As mudanças acontecem em um piscar de olhos e, quando você
menos perceber, o seu público mudou e você não conseguiu acompanhá-lo.
É aqui que entra o líder 4.0 que, além da empatia e da busca por um propósito maior
para seus colaboradores, deve conduzi-los em um ritmo ditado pelas mudanças do
mercado, ou seja, ensiná-los a resiliência e a adaptabilidade que o mercado exige.
Entenda de uma vez por todas que adquirir essas habilidades é fundamental para o
desenvolvimento de qualquer pessoa, e você, como o bom líder que deve ser, precisa
formar sua equipe para que eles adquiram essas habilidades e, não se engane, nada disso
é ensinado nas escolas e muito menos na faculdade, pega-se na prática.
Espero que você tenha entendido esse importante conceito. Agora, nos próximos
capítulos, vamos trazer para você a conceituação de gestão de crise, casos reais onde foi
necessária uma boa gestão de crise para tirar empresas grandes de enrascadas
assustadoras e uma mapeamento definitivo do perfil ideal de líder com base em nossos
estudos sobre líderes relevantes, com resultados extraordinários e de forte posicionamento
no mercado. Meu objetivo aqui é que você desperte como líder e como empresário, e saia
da casinha de um gestor qualquer. Tenha certeza de uma coisa: se você conseguir colocar
em prática pelo menos 20% do que vamos te mostrar neste livro, o seu negócio vai andar,
ou melhor, correr muito mais rápido do que você imagina.

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O QUE É GESTÃO DE CRISE

A definição do termo crise de empresa se dá por qualquer situação que ameace


prejudicar as organizações e pessoas a elas relacionadas, interromper a continuidade de
um negócio ou danificar a reputação, gerando prejuízos financeiros e ofuscando a imagem
das organizações. A gestão de crise deve e serve para manter o funcionamento do negócio,
mesmo em momentos incertos, pois essa estratégia visa identificar riscos e ameaças ao
desempenho da empresa, analisando cada vez mais impactos e promovendo ações que
amenizem cada vez mais os efeitos que elas causam. Ela se caracteriza por um impacto
muito grande no negócio, que pode gerar sérios danos e acabar com uma empresa.
Crises não são problemas e problemas não são crises, pois alguns dos problemas
você consegue muito bem administrar, como qualquer coisa do seu dia a dia. No entanto, os
problemas podem se transformar em crise quando não são bem administrados. A crise
nada mais é do que uma ruptura violenta com a normalidade de qualquer situação, seja de
uma cidade, de um shopping, de um supermercado ou de grandes empresas. Portanto a
sua gestão deve ser planejada, pois nunca se sabe o que está por vir, como é o caso que
estamos enfrentando atualmente da crise do coronavírus, que se estende por mais de um
ano, repercutindo na segurança e na vida das pessoas do mundo inteiro.
Existem muitos gestores que com certeza não estavam preparados para essa crise
em especial, porém alguns conseguiram transformar um cenário de muitas incertezas em
ótimas oportunidades. Podemos citar algumas fábricas de perfumes e bebidas, por
exemplo, que começaram a produzir álcool em gel para suprir a alta demanda que a
pandemia proporcionou.
Todas as empresas em algum momento de sua existência e ciclo de vida, podem
submeter-se a algum tipo de crise.
Abaixo podemos citar alguns dos principais tipos de crise empresarial:

● CRISE ECONÔMICA | quando a redução significativa dos negócios de uma


empresa, que em algum momento apresenta mais bens e/ou serviços em
oferta do que clientes procurando por eles. Isso com certeza acarreta na
diminuição do faturamento de uma empresa;
● CRISE FINANCEIRA | quando o fluxo do caixa de uma empresa é menor do
que seus compromissos gerais (salários, custos fixos e custo dos produtos e
ou serviços);

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● CRISE POR DESASTRES NATURAIS | quando existem crises causadas por
efeitos que o ser humano não tem interferência como; enchentes, terremotos,
furacões e quaisquer outras eventualidades vindas da natureza;
● CRISE POR FALHA EM EQUIPAMENTOS | quando à crise resulta em falhas
no maquinário ou em qualquer outro equipamento tecnológico;
● CRISES POR BOATOS | quando existem acusações contra a empresa
ligadas a concorrência e acusações levianas de clientes insatisfeitos;
● CRISE DE QUESTÕES LEGAIS | quando se referem a processos judiciais e
indenizações que essas empresas em alguma eventualidade venha sofrer.

“Certo certo, tem crise para dar e vender, e como eu lido com tudo isso?”. É
exatamente o que vamos abordar no próximo bloco do livro. Keep going.

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COMO SUPERAR UM MOMENTO DE CRISE

Como pudemos observar anteriormente, a alta complexidade do meio corporativo


faz com que seja normal, em algum momento, as empresas passarem por algum período de
crise, seja ele longo ou curto. Diversos fatores, por mais simples que sejam, podem
contribuir para tal cenário.
Nesse cenário, uma boa gestão e ter bons líderes conduzindo seu negócio se faz
necessário para que a empresa se mantenha em um mercado cada vez mais competitivo.
Isso porque, quando a situação fica feia para uma empresa, os colaboradores tendem a
ficar com medo por perderem seus empregos. As empresas, por outro lado, se preocupam
com sua perda financeira. Para que isso não aconteça, se faz necessário que o gestor
assuma o papel de liderança efetiva, tomando decisões cada vez mais assertivas e
direcionadas (seguindo o exemplo do líder 4.0 que mencionamos na introdução).
O líder, por sua vez, deve ter conhecimento sobre as questões sobre as quais a
crise está envolvida, de forma que ele seja capaz de desenvolver e elaborar estratégias que
se adaptem, no novo contexto em que ela se encontra atualmente. Quando se enfrenta uma
crise, o gestor deve rever por completo todos os planos de uma empresa, e por meio desse,
elaborar novas estratégias que projetam o futuro da mesma.
Ainda, é fundamental para uma empresa que todos os seus colaboradores,
fornecedores, investidores e consumidores finais sejam informados sobre todos os
problemas enfrentados, bem como todas as ações que foram planejadas para solucioná-lo.
Isso garante uma comunicação clara e será o norte para que a imagem da empresa não
seja mais ainda afetada e prejudicada.

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CASOS REAIS DE GESTÃO DE CRISE

Convido você a fazer um exercício agora. Vamos voltar os olhos ao que está
ocorrendo no mercado hoje, ou melhor, ao que já ocorreu. Nos próximos minutos você vai
ler casos reais de empresas grandes que correram sérios riscos financeiros por conta de
crises. Vamos te mostrar casos de boa gestão e casos de má gestão para que você se
familiarize com erros e acertos dos outros (nada melhor, não é?).
A ideia desse bloco, portanto, é que você entenda o que fazer e o que não fazer
com base no que já aconteceu. Espero que tire lições valiosas e que tenha em mente que
ações você deve tomar caso sua empresa passe por uma crise (mesmo que pequena).

Brastemp

No ano de 2011 a Brastemp foi uma das primeiras empresas que viveram crises de
marca através do alavancamento das mídias sociais. A história girou em torno de um
consumidor, morador de São Paulo, que adquiriu uma geladeira e ficou com o produto
danificado por 90 dias. Depois de 10 ligações para o SAC e nenhuma resolução do
problema, ele colocou seu refrigerador na porta de casa, com uma faixa e gravou um vídeo
contando todo o caso. O Caso gerou enorme repercussão na internet. O vídeo viralizou e o
assunto chegou aos trending topics no Twitter. Porém, antes mesmo de atingir 1.000
visualizações a Brastemp tomou conhecimento do acontecido.
“Nossa primeira posição foi resolver o problema do consumidor. A segunda foi
verificar onde ocorreu a falha no atendimento. A partir disso, treinamos novamente todos os
nossos profissionais que atuam no atendimento ao consumidor, para garantir que esse tipo
de problema não voltasse a se repetir.” - Cláudia Sender, Diretora de Marketing da
Brastemp, em entrevista ao Mundo do Marketing.
A empresa reconheceu o erro e prestou esclarecimentos públicos em veículos de
comunicação e aos seus consumidores da internet. Ainda, lamentou o ocorrido e explicou
que já havia entrado em contato com o cliente para solucionar o problema. Apesar da
grande repercussão do caso, prevaleceu o posicionamento da marca que soube, a partir de
um gerenciamento de crise, reverter a situação. Quando houve a entrega de uma nova
geladeira para o consumidor, a Brastemp comunicou ao seu público que havia resolvido o
problema, tal ato retornou positivamente para sua imagem.

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Petz

Em 2019, após denúncias de maus tratos, um Canil Clandestino localizado em Céu


Azul, Piedade (SP), teve suas atividades encerradas pelas polícias civil e militar, com o
apoio de algumas empresas que auxiliaram com voluntários. A ativista Luísa Mell
acompanhou a ação e explicou a ocorrência por meio de suas redes sociais, além de expor
a relação comercial que o Canil mantinha com a empresa Petz.
A repercussão no Instagram aumentou a cobrança por um posicionamento da rede
de pet shops e, com isso, o Presidente e fundador da Petz, Sergio Zimerman, veio a público
para anunciar que a rede encerraria a venda de filhotes em todas as suas unidades. Quanto
aos filhotes disponíveis na loja, o presidente afirmou que “todo o resultado obtido com a
venda desses filhotes será destinado à causa animal através das ONGs participantes do
projeto Adote Petz.”
O apoio popular à atitude tomada pela empresa foi imediato. No momento de crise,
ações rápidas e coerentes devem ser tomadas, e o ideal é ser proativo, o presidente vir a
público assumir a responsabilidade e apresentar uma mudança que surtiu efeito positivo
revela o conhecimento da Petz tanto em relação à crise quanto às expectativas do público.
Esse tipo de postura, aliado a transparência na resolução do caso colabora diretamente para
a manutenção da credibilidade da empresa.

Coca-Cola

Em 2013 a Coca-Cola Brasil teve que lidar com um foco de crise. Tudo começou com
a circulação de fotos comprometendo a integridade do produto com um suposto “rato” dentro
da garrafa, e posteriormente, um consumidor que tinha dificuldades motora e de fala
espalhou pela internet ter adquirido essa condição após consumir um produto contaminado.
Ele abriu um processo contra a companhia em 2010, mas o caso só ganhou
notoriedade em 2013.
Para lidar com essa situação, a Coca-Cola emitiu comunicados oficiais na internet e
lançou um comercial que mostrava todo o rigor nos processos de controle de qualidade dos
seus produtos. Em 2016, o Tribunal de Justiça de São Paulo, em primeira instância,
inocentou a empresa e disse que o tal caso do rato nunca existiu. Deu certo!

Arezzo
Em 2015, uma cliente da Arezzo descobriu um carimbo da concorrente Via Uno
dentro de uma sandália da marca e publicou um desabafo indignado no Facebook. Segundo
a consumidora, a descoberta foi feita após a palmilha do sapato se descolar. "Fiz uso

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apenas duas vezes da sandália e a mesma descolou a palmilha. Até aí tudo certo, pois isso
pode acontecer sem nenhum problema. Porém, o fato é que, ao levantar a palmilha para
colar, vi que havia embaixo da marca Arezzo a marca de uma outra loja", postou a cliente,
que afirmou ter feito a compra em um shopping no Recife.
Na época, em comunicado, a Arezzo respondeu: "A Arezzo informa que identificou, e
já trabalha para corrigir, o equívoco na produção de um de seus modelos. A companhia
lamenta o ocorrido, está revendo processos internos para eliminar eventuais novas falhas e
reafirma o compromisso com a autenticidade de seus produtos".
Consumidores indignados com a situação encheram as mídias sociais com
reclamações. Muitos se sentiram enganados pela marca, ofendidos por sentirem que
estavam comprando um produto, mas levando outro de pior qualidade.
A marca respondeu dizendo que um pedaço de couro que faria uma proteção entre a
sola e a palmilha, normalmente incluído sem marcação nenhuma, neste caso havia recebido
a estampa da Via Uno. Houve então mais reclamações dizendo que a resposta era
inadequada, e questionando o que um pedaço de um calçado da Via Uno estava fazendo na
fábrica da Arezzo.
Após novos questionamentos a empresa não tomou mais nenhuma medida pública
para conter o avanço dos comentários. Missão falhada!

Roberto Carlos e Friboi

O anúncio de que a JBS tinha contratado o cantor Roberto Carlos para ser
garoto-propaganda da Friboi caiu como uma bomba. Mas a empresa simplesmente não
recuperou o investimento nessa aposta ousada que, no fim, se mostrou errada. No
comercial, o cantor não chega a comer o bife que está no prato, o que causou muitas
críticas. Ele diz que voltou a comer carne depois de anos sendo vegetariano. Só diz. Marca
e cantor romperam um contrato de 45 milhões de reais e acabaram na justiça para resolver
pendências.

JBS e Operação Carne Fraca

A operação “Carne Fraca“, deflagrada pela Polícia Federal, no dia 27/03/2017,


abalou significativamente os maiores frigoríficos brasileiros, além de impactar as
exportações do produto para diversos países.
Segundo o apuramento da Polícia Federal, alguns frigoríficos participavam de um
esquema de corrupção junto ao Ministério da Agricultura, o qual permitia a comercialização
de carnes sem a devida inspeção necessária. Além disso, indícios apontavam que algumas

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substâncias eram aplicadas às mercadorias com o propósito de mascarar o aspecto e cheiro
do produto, já com a validade vencida.
Em outros casos, utilizava-se água a fim de aumentar o peso da carne. Houve,
inclusive, a suspeita de mistura de papelão aos alimentos, algo que acabou não se
confirmando. Com a repercussão dos fatos, as redes sociais foram inundadas com piadas e
denúncias relativas à qualidade da carne produzida por Seara, Friboi, Sadia, Perdigão entre
outros. Os próprios artistas que protagonizam os comerciais (Fátima Bernardes, Tony
Ramos, Angélica, Roberto Carlos, Ana Maria Braga…) serviram de inspiração para as
sátiras.
Embora a intenção da Polícia Federal fosse desmarcar um esquema de corrupção
existente entre empresas e funcionários públicos e não apontar a qualidade da carne
distribuída, a operação pecou em apresentar fatos mais claros à população, confundindo os
consumidores sobre quais empresas ou produtos deveriam ser evitados. Na prática, poucos
foram os casos de irregularidades encontrados. Apesar do alarde aparentemente
desproporcional, a carne brasileira já teve a comercialização suspensa em diversos países.
Uma semana após o fato, as exportações do produto apresentaram queda de 90%.
Alguns frigoríficos anunciaram demissão em massa de funcionários, outros fecharam as
portas. Gerou-se, portanto, uma desconfiança total sobre a carne produzida no Brasil,
implicando impressionante queda nas ações das empresas investigadas que possuem
capital na bolsa de Nova York. Estima-se que o consumo de carne nos supermercados
brasileiros, os quais disponibilizam alimentos dos grandes frigoríficos investigados, teve
queda de 35% nas vendas durante a semana seguinte à operação da Polícia Federal.
Para estancar a sangria, JBS (dona das marcas Friboi e Seara) e BRF (controladora
da Perdigão e Sadia) passaram a veicular de forma ostensiva comunicados sobre a
qualidade de seus produtos, bem como reiteraram o comprometimento com seus
consumidores. Outras medidas de gestão de crise passarão a ser constantes nos meios de
comunicação (TV, Facebook, Twitter, sites, blogs…) voltadas ao conteúdo institucional.

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CARACTERÍSTICAS DE LÍDERES

Espero que você tenha aproveitado os casos e que tenha levado consigo alguns
insights sobre o que fazer e o que não fazer para gerar uma crise empresarial.
Nesse bloco, vamos abordar algumas características fundamentais dos líderes para
que você se espelha e consiga lidar com toda essa dinamicidade do mercado, onde todo
mundo está observando tudo!
Os bons líderes têm por característica o reconhecimento dos problemas e de seus
significados, e não costumam fugir das consequências do que conseguem visualizar. A
serenidade é um dos principais componentes de seu DNA; eles pensam no que é melhor
para a organização, e não em seu ganho pessoal.
Os líderes são capazes de enxergar o cenário completo, o todo. Eles podem ver
todas as partes e separá-las entre causa e efeito. Eles vão analisar todos os detalhes sem
se deixar envolver. Esta habilidade pode aumentar ainda mais sua capacidade de enxergar
o problema. Quando identificados os problemas, os bons líderes estão dispostos a
considerar várias abordagens para sua resolução (com foco no propósito, lembra?).
Inicialmente, monta-se um comitê de crise e faz-se um brainstorming para explorar
possíveis soluções. Mesmo quando os gestores já tiverem uma solução favorita em mente,
eles possuem confiança o suficiente para reconhecer e aceitar quando sua maneira de
pensar não é a melhor. Foco no resultado e foco no detalhe!
Os líderes também possuem confiança e determinação para chamar para si a
decisão quando sentem ter ouvido a melhor opinião. Os líderes usam de uma combinação
entre os dados observados, os argumentos orquestrados e seu feeling, que é construído
durante seu tempo de experiência em liderar. Eles sabem que suas decisões precisam ser
“vendidas” para outras áreas interessadas e lutam contra a resistência sobre sua decisão
(sempre de maneira lógica, e quando realmente entendem que sua decisão é a melhor a
ser tomada). Outra característica importante é saber ouvir, assumir a responsabilidade na
hora do problema, mas também trabalhar junto com outras pessoas a fim buscar uma
melhor solução para casos de crise.
O líder na crise busca pessoas que têm uma perspectiva diferente sobre um
determinado assunto. Eles incluem alguém com os quais possam discordar e cujos
conselhos podem ser contrários àqueles de seus conselheiros mais próximos.
Eles têm um senso de urgência e se mantêm equilibrados. Eles são portadores de
más notícias quando preciso e o fazem de forma a evitar o pânico e a oferecer um nível
realista de esperança sobre o futuro. Acima de tudo, são corajosos o suficiente para tomar
decisões que acreditam ser corretas, independente delas serem ou não as mais populares.

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Coletam os pontos de vista contrários de pessoas com as quais discordam, mas respeitam,
mesmo sabendo que essas pessoas podem propor planejamentos cujos resultados podem
ser desconhecidos. Contudo, caso seja a melhor solução em pauta, esse líder está
preparado para assumir o risco calculado.
Os líderes na crise são corajosos assumem riscos calculados, e irão cometer erros
em algum momento, nestas crises profundas, que demandam constantemente de tomadas
de decisões, devido a alta quantidade em grandes crises, é quase uma certeza de que nem
todas as decisões serão 100% corretas, e sendo assim, os líderes devem sempre estar
preparados para assumirem os seus erros.
Espero que esses últimos parágrafos entrem na sua mente e te façam, ao menos,
refletir sobre o que é ser líder. Não! Não é fácil e nem é para ser! Aqui nós estamos te
proporcionando os conceitos, os insights e apontando o melhor caminho para você seguir
na liderança de sua empresa frente a prováveis crises, mas quem fará isso tudo na prática e
aprenderá com seus próprios erros sempre será você. Lembre-se disso!

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CONCLUSÕES

Partindo deste ponto, podemos tirar grandes lições para o líder conseguir lidar, com
relativo sucesso, com uma crise qualquer. Os estilos de líderes podem variar, mas a
mensagem final para os funcionários deverá ser entendida de forma única baseada na
estratégia determinada pela empresa. Em um cenário conturbado, quando falamos de crise
nas organizações, há a certeza de que sobreviverão apenas aquelas conduzidas por uma
liderança tranquila e corajosa. Os líderes devem estar munidos de informações suficientes
para comunicar periodicamente os seus liderados sobre a atual situação da companhia.
Tais informações como: o que é a crise; quais são seus impactos; quais são os
desafios a serem enfrentados por todos; o que se ganha e o que se perde com essa
situação; estimativa das possíveis consequências; e o estímulo às pessoas a olharem no
horizonte de saídas para tais situações.
Os objetivos da comunicação dos líderes com seus empregados precisam estar
claros para que ele se faça entender e os funcionários entendam a estratégia dos próximos
passos. As lideranças precisam definir para as equipes que direção será tomada, qual
futuro a empresa quer construir depois da crise e, mais do que informar o rumo, devem
ainda despertar nos funcionários a vontade de participar e de se comprometer com o futuro.
A ansiedade é o sentimento que mais se torna evidente em líderes que não estão
devidamente preparados para essas ocasiões e, de uma forma rápida, começam a aparecer
as falhas e problemas de compreensão, relacionamentos e tomadas de decisões. Além
disso, junto com essa avalanche de sentimentos, surgem ainda os boatos de cortes de
funcionários, diminuições de orçamentos e novos procedimentos operacionais, ocasionando
estresse e falta de liderança.
Para a maioria dos líderes, uma crise, de maneira geral, significa uma longa e
dolorosa experiência que traz consigo inúmeros dias de apreensão e longas noites em
claro. A verdade é que um líder devidamente preparado considera esse momento de crise
uma verdadeira oportunidade de crescimento, uma vez que trata a situação como um
desafio profissional, inclusive com possibilidade de ensinar seus liderados a orientar a
empresa a tomar a melhor decisão. A situação de crise exige do profissional que ele saia da
sua zona de conforto e pede para que exerça uma postura diferenciada.
Quando falamos de bons líderes, as empresas esperam que a pessoa que ocupa o
cargo tenha controle emocional e profissional, estando disposta a assumir novos riscos,
proporcionando progresso para si, para a sua equipe a para a companhia, seja durante uma
rotina normal de jornada de trabalho ou ainda em momentos de assumir grandes riscos.
Entrando na conclusão dessa reflexão, pode-se afirmar que em um mercado tão

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competitivo e com um nível de exigência cada vez mais elevado, as organizações entram
em um fluxo de ansiedade e acabam tomando decisões nem sempre acertadas para aquela
ocasião. Soma-se a isto um mercado cada vez mais volátil, instável, incerto. Nesse cenário,
os funcionários acabam se tornando cansados e desmotivados e os seus líderes gastam
muito mais energia para tentar motivá-los. Além disso, os líderes, dentro dos seus papéis de
gestores, são pressionados a exercerem uma determinada liderança para a qual eles
sequer foram desenvolvidos.
que precisam saber buscar as informações e repassá-las para as equipes da melhor
manO papel de gestão de crise deve ser algo de responsabilidade totalmente
compartilhada, no qual envolve fundamentalmente o papel dos controladores da companhia,
tomando as melhores e acertadas decisões, os líderes, eira possível, e os próprios
funcionários, que devem ter em mente a importância do seu papel dentro da companhia e
ter sabedoria para receber as informações e trabalhá-las de maneira a torná-la sua fonte de
inspiração e motivação.
É aqui que nos despedimos. Agradeço desde já o seu empenho em buscar por mais
informações sobre como se portar frente a crise (esse já é um grande passo de um líder
4.0). Tenho certeza que você conseguirá se portar bem em momentos de incertezas em sua
empresa e espero que tudo isso reflita em seu sucesso profissional. Recomendo, sempre
que possível, uma revisita aos conceitos e casos abordados neste livro. Você será sempre
bem-vindo ou bem-vinda. No mais, nos vemos no mercado a fora! Boa liderança!

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REFERÊNCIAS

Bibliografia da matéria Liderança e Cultura Digital. ESPM, São Paulo, 2021.

https://www.macondopropaganda.com/3-exemplos-que-mostram-importancia-de-u
m-bom-gerenciamento-de-crise/
https://mercadizar.com/noticias/gerenciamento-de-crise-case-petz-x-case-carrefour
https://www.macondopropaganda.com/3-exemplos-que-mostram-importancia-de-u
m-bom-gerenciamento-de-crise/
https://exame.com/blog/branding-consumo-negocios/a-polemica-da-arezzo-e-se-a-p
almilha-nao-fosse-da-via-uno/
https://www.sosmarketing.com.br/veja-como-a-operacao-carne-fraca-abalou-a-imag
em-de-friboi-sadia-seara-e-outros-gigantes-do-setor/
https://empresasecooperativas.com.br/gestao-de-crise-empresarial/
https://blogdaqualidade.com.br/ser-lider-e-cultivar-pessoas/
https://www.mundodomarketing.com.br/ultimas-noticias/28696/coca-cola-e-o-caso
-do-rato-encontrado-na-garrafa-marca-se-manifesta.html
https://www.meioemensagem.com.br/home/gente/acontece_no_meio/2021/05/14/
arc-apresenta-lideranca-na-area-de-comunicacao.html
https://www.proxxima.com.br/home/proxxima/assuntos/lideranca-feminina
https://www.roberthalf.com.br/blog/gestao-de-talentos/lideranca-40-entenda-o-que-
e-e-porque-implementar-em-sua-empresa-rc#:~:text=A%20lideran%C3%A7a%204.0%
20alia%20inova%C3%A7%C3%A3o,continue%20a%20leitura%20deste%20artigo!

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