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CONHECIMENTOS

ESPECÍFICOS

Autor: Prof. Francisco de Assis

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PROCESSO DE TRABALHO EM ENFERMAGEM

3.3. Código de Ética e Lei do Exercício Profissional da Enfermagem.

Código de ética

CAPÍTULO I

Dos Princípios Fundamentais

Art. 1º – A Enfermagem é uma profissão comprometida com a saúde do ser humano


e da coletividade. Atua na promoção, proteção, recuperação da saúde e reabilitação
das pessoas, respeitando os preceitos éticos e legais.

Art. 2º – O profissional de Enfermagem participa, como integrante da sociedade,


dasações que visem satisfazer às necessidades de saúde da população.

Art. 3º – O profissional de Enfermagem respeita a vida, a dignidade e os direitos


dapessoa humana, em todo o seu ciclo vital, sem discriminação de qualquer nature-
za.

Art. 4º – O profissional de Enfermagem exerce suas atividades com justiça,


competência, responsabilidade e honestidade.

Art. 5º – O profissional de Enfermagem presta assistência a saúde visando a


promoção do ser humano como um todo.

Art. 6º – O profissional de Enfermagem exerce a profissão com autonomia,


respeitando os preceitos legais da Enfermagem.

CAPÍTULO II

Dos Direitos

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Art. 7º – Recusar-se a executar atividades que não sejam de sua competência legal.

Art. 8º – Ser informado sobre o diagnóstico provisório ou definitivo de todos os


clientes que estejam sob sua assistência.

Art. 9º – Recorrer ao Conselho Regional de Enfermagem, quando impedido de


cumprir o presente Código e a Lei do Exercício Profissional.

Art. 10 – Participar de movimentos reivindicatórios por melhores condições de


assistência, de trabalho e remuneração.

Art. 11 – Suspender suas atividades, individual ou coletivamente, quando a institu-


ição pública ou privada para a qual trabalhe não oferecer condições mínimas para
o exercício profissional, ressalvadas as situações de urgência e emergência, deven-
do comunicar imediatamente sua decisão ao Conselho Regional de Enfermagem.

Parágrafo único – Ao cliente sob sua responsabilidade, deve ser garantida a conti-
nuidade da assistência de Enfermagem.

Art. 12 – Receber salários ou honorários pelo seu trabalho que deverá corresponder,
no mínimo, ao fixado por legislação específica.

Art. 13 – Associar-se, exercer cargos e participar das atividades de entidades de


classe.

Art. 14 – Atualizar seus conhecimentos técnicos, científicos e culturais.

Art. 15 – Apoiar as iniciativas que visem ao aprimoramento profissional, cultural e a


defesa dos legítimos interesses de classe.

CAPÍTULO III

Das Responsabilidades

Art. 16 – Assegurar ao cliente uma assistência de Enfermagem livre de danos


decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência.

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Art. 17 – Avaliar criteriosamente sua competência técnica e legal e somente aceitar
encargos ou atribuições, quando capaz de desempenho seguro para si e para a clien-
tela.

Art. 18 – Manter-se atualizado ampliando seus conhecimentos técnicos, científicos e


culturais, em benefício da clientela, coletividade e do desenvolvimento da profissão.

Art. 19 – Promover e/ou facilitar o aperfeiçoamento técnico, científico e cultural do


pessoal sob sua orientação e supervisão.

Art. 20 – Responsabilizar-se por falta cometida em suas atividades profissionais, in-


dependente de ter sido praticada individualmente ou em equipe.

CAPÍTULO IV

Dos Deveres

Art. 21 – Cumprir e fazer cumprir os preceitos éticos e legais da profissão.

Art. 22 – Exercer a enfermagem com justiça, competência, responsabilidade ehonesti-


dade.

Art. 23 – Prestar assistência de Enfermagem à clientela, sem discriminação de qual-


quer natureza.

Art. 24 – Prestar à clientela uma assistência de Enfermagem livre dos riscos decor-
rentes de imperícia, negligência e imprudência.

Art. 25 – Garantir a continuidade da assistência de Enfermagem.

Art. 26 – Prestar adequadas informações ao cliente e família a respeito da assistência de


Enfermagem, possíveis benefícios, riscos e conseqüências que possam ocorrer.

Art. 27 – Respeitar e reconhecer o direito do cliente de decidir sobre sua pessoa, seu
tratamento e seu bem-estar.

Art. 28 – Respeitar o natural pudor, a privacidade e a intimidade do cliente.

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Art. 29 – Manter segredo sobre fato sigiloso de que tenha conhecimento em razão
desua atividade profissional, exceto nos casos previstos em Lei.

Art. 30 – Colaborar com a equipe de saúde no esclarecimento do cliente e família


sobre o seu estado de saúde e tratamento, possíveis benefícios, riscos econseqüênci-
as que possam ocorrer.

Art. 31 – Colaborar com a equipe de saúde na orientação do cliente ou responsável,


sobre os riscos dos exames ou de outros procedimentos aos quais se submeterá.

Art. 32 – Respeitar o ser humano na situação de morte e pós-morte.

Art. 33 – Proteger o cliente contra danos decorrentes de imperícia, negligência ou


imprudência por parte de qualquer membro da equipe de saúde.

Art. 34 – Colocar seus serviços profissionais à disposição da comunidade em casos


de emergência, epidemia e catástrofe, sem pleitear vantagens pessoais.

Art. 35 – Solicitar consentimento do cliente ou do seu representante legal, de prefe-


rência por escrito, para realizar ou participar de pesquisa ou atividade de ensino em
Enfermagem, mediante apresentação da informação completa dos objetivos,riscos e
benefícios, da garantia do anonimato e sigilo, do respeito a privacidade e intimidade
e a sua liberdade de participar ou declinar de sua participação no momento que dese-
jar.

Art. 36 – Interromper a pesquisa na presença de qualquer perigo a vida e a integrida-


de da pessoa humana.

Art. 37 – Ser honesto no relatório dos resultados da pesquisa.

Art. 38 – Tratar os colegas e outros profissionais com respeito e consideração.

Art. 39 – Alertar o profissional, quando diante de falta cometida por imperícia, impru-
dência e negligência.

Art. 40 – Comunicar ao Conselho Regional de Enfermagem fatos que infrinjam pre-


ceitos do presente Código e da Lei do Exercício Profissional.

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Art. 41 – Comunicar formalmente ao Conselho Regional de Enfermagem fatos que
envolvam recusa ou demissão de cargo, função ou emprego, motivados pela necessi-
dade do profissional em preservar os postulados éticos e legais da profissão.

CAPÍTULO V

Das Proibições

Art. 42 – Negar assistência de Enfermagem em caso de urgência ou emergência.

Art. 43 – Abandonar o cliente em meio a tratamento sem garantia de continuidade


da assistência.

Art. 44 – Participar de tratamento sem consentimento do cliente ou representante le-


gal, exceto em iminente risco de vida.

Art. 45 – Provocar aborto ou cooperar em prática destinada a interromper a gesta-


ção.

Parágrafo único – Nos casos previstos em Lei, o profissional deverá decidir, de acor-
do com a sua consciência, sobre a sua participação ou não no ato abortivo.

Art. 46 – Promover a eutanásia ou cooperar em prática destinada a antecipar a morte


do cliente.

Art. 47 – Ministrar medicamentos sem certificar-se da natureza das drogas que o


compõem e da existência de risco para o cliente.

Art. 48 – Prescrever medicamentos ou praticar ato cirúrgico, exceto os previstos na


legislação vigente e em caso de emergência.

Art. 49 – Executar a assistência de Enfermagem sem o consentimento do cliente ou


seu representante legal, exceto em iminente risco de vida.

Art. 50 – Executar prescrições terapêuticas quando contrárias à segurança do cliente.

Art. 51 – Prestar ao cliente serviços que por sua natureza incumbem a outro profissi-

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onal, exceto em caso de emergência.

Art. 52 – Provocar, cooperar ou ser conivente com maus-tratos.

Art. 53 – Realizar ou participar de pesquisa ou atividade de ensino, em que o direito


inalienável do homem seja desrespeitado ou acarrete perigo de vida ou dano à sua saú-
de.

Parágrafo único – A participação do profissional de Enfermagem nas pesquisas ex-


perimentais, deve ser precedida de consentimento, por escrito, do cliente ou do seu
representante legal.

Art. 54 – Publicar trabalho com elementos que identifiquem o cliente, sem sua auto-
rização.

Art. 55 – Publicar, em seu nome, trabalho científico do qual não tenha participação
ou omitir em publicações, nomes de colaboradores e/ou orientadores.

Art. 56 – Utilizar-se, sem referência ao autor ou sem autorização expressa, de dados,


informações ou opiniões ainda não publicados.

Art. 57 – Sobrepor o interesse da ciência ao interesse e segurança da pessoa humana.

Art. 58 – Determinar a execução de atos contrários ao Código de Ética e demais le-


gislações que regulamentam o exercício profissional da Enfermagem.

Art. 59 – Trabalhar e/ou colaborar com pessoas físicas e/ou jurídicas que desrespei-
tem princípios éticos de Enfermagem.

Art. 60 – Acumpliciar-se com pessoas ou instituições que exerçam ilegalmente ativi-


dades de Enfermagem.

Art. 61 – Pleitear cargo, função ou emprego ocupado por colega, utilizando-se de


concorrência desleal.

Art. 62 – Aceitar, sem anuência do Conselho Regional de Enfermagem, cargo, fun-


ção ou emprego vago em decorrência do previsto no Art. 41.

Art. 63 – Permitir que seu nome conste no quadro de pessoal de hospital, casa de
saúde, unidade sanitária, clínica, ambulatório, escola, curso, empresa ou estabeleci-

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mento congênere sem nele exercer as funções de Enfermagem pressupostas.

Art. 64 – Assinar as ações de Enfermagem que não executou, bem como permitir
que outro profissional assine as que executou.

Art. 65 – Receber vantagens de instituição, empresa ou de cliente, além do que lhe é


devido, como forma de garantir assistência de Enfermagem diferenciada ou benefí-
cios de qualquer natureza para si ou para outrem.

Art. 66 – Colaborar, direta ou indiretamente com outros profissionais de saúde, no


descumprimento da legislação referente aos transplantes de órgãos, tecidos, esterili-
zação ou fecundação artificial.

Art. 67 – Usar de qualquer mecanismos de pressão e/ou suborno com pessoas físicas
e/ou jurídicas para conseguir qualquer tipo de vantagem.

Art. 68 – Utilizar, de forma abusiva, o poder que lhe confere a posição ou cargo,
para impor ordens, opiniões, inferiorizar as pessoas e/ou dificultar o exercício pro-
fissional.

Art. 69 – Ser conivente com crime, contravenção penal ou ato praticado por membro
da equipe de trabalho que infrinja postulado ético profissional.

Art. 70 – Denegrir a imagem do colega e/ou de outro membro da equipe de saúde,


de entidade de classe e/ou de instituição onde trabalha.

CAPÍTULO VI

Dos Deveres Disciplinares

Art. 71 – Cumprir as normas dos Conselhos Federal e Regionais de Enfermagem.

Art. 72 – Atender às convocações dos Conselhos Federal e Regionais de Enferma-


gem, no prazo determinado.

Art. 73 – Facilitar a fiscalização do exercício profissional.

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Art. 74 – Manter-se regularizado com suas obrigações financeiras com o Conselho
Regional de Enfermagem.

Art. 75 – Apor o número de inscrição do Conselho Regional de Enfermagem em sua


assinatura, quando no exercício profissional.

Art. 76 – Facilitar a participação dos profissionais de Enfermagem no desempenho


de atividades nos órgãos de classe.

Art. 77 – Facilitar o desenvolvimento das atividades de ensino e pesquisa, devida-


mente aprovadas.

Art. 78 – Não apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer bem imóvel, público ou


particular de que tenha posse, em razão do cargo, ou desviá-lo em proveito próprio
ou de outrem.

Capítulo VII

Das Infrações e Penalidades

Art. 79 – A caracterização das infrações éticas e disciplinares e a aplicação das respecti-


vas penalidades regem-se por este Código, sem prejuízo das sanções previstas em ou-
tros dispositivos legais.

Art. 80 – Considera-se infração ética a ação, omissão ou conivência que implique


em desobediência e/ou inobservância às disposições do Código de Ética dos Profis-
sionais de Enfermagem.

Art. 81 – Considera-se infração disciplinar a inobservância das normas dos Conse-


lhos Federal e Regionais de Enfermagem.

Art. 82 – Responde pela infração quem a cometer ou concorrer para a sua prática,
oudela obtiver benefício, quando cometida por outrem.

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Art. 83 – A gravidade da infração é caracterizada através da análise dos fatos e cau-
sas do dano, suas conseqüências e dos antecedentes do infrator.

Art. 84 – A infração é apurada em processo instaurado e conduzido nos termos deste


Código.

Art. 85 – As penalidades a serem impostas pelos Conselhos Federal e Regionais de


Enfermagem, conforme o que determina o Art. 18, da Lei nº 5.905, de 12 de julho
de 1973, são as seguintes:

I – Advertência verbal.

– Multa. III

– Censura.

IV – Suspensão do exercício profissional.

V – Cassação do direito ao exercício profissional.

Parágrafo primeiro – A advertência verbal consiste numa admoestação ao infrator,


de forma reservada, que será registrada no prontuário do mesmo, na presença de du-
as testemunhas.

Parágrafo segundo – A multa consiste na obrigatoriedade de pagamento de 01 (um)


a 10 (dez) vezes o valor da anuidade da categoria profissional a qual pertence o in-
frator, em vigor no ato do pagamento.

Parágrafo terceiro – A censura consiste em repreensão que será divulgada naspubli-


cações oficiais dos Conselhos Federal e Regionais de Enfermagem.

Parágrafo quarto – A suspensão consiste na proibição do exercício da Enfermagem


por um período não superior a 29 (vinte e nove) dias e será divulgada nas publica-
ções oficiais dos Conselhos Federal e Regionais de Enfermagem.

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Parágrafo quinto – A cassação consiste na perda do direito ao exercício da Enferma-


gem e será divulgada nas publicações dos Conselhos Federal e Regionais de Enfer-
magem e em jornais de grande circulação.

Art. 86 – As penalidades de advertência verbal, multa, censura e suspensão do exer-


cício Profissional são da alçada dos Conselhos Regionais de Enfermagem; a pena de
cassação do direito ao exercício Profissional é de competência do Conselho Federal
de Enfermagem, conforme o disposto no Art. 18, parágrafo primeiro, da Lei nº
5.905/73.

Parágrafo único – Na situação em que o processo tiver origem no Conselho Federal


de Enfermagem, terá como instância superior a Assembléia dos Delegados Regio-
nais.

Art. 87 – Para a graduação da penalidade e respectiva imposição consideram-


se:I – A maior ou menor gravidade da infração.
– As circunstâncias agravantes e atenuantes da in-
fração. III – O dano causado e suas conseqüências.IV
– Os antecedentes do infrator.
Art. 88 – As infrações serão consideradas leves, graves ou gravíssimas, conforme a
natureza do ato e a circunstância de cada caso.

Parágrafo primeiro – São consideradas infrações leves as que ofendam a integridade


física, mental ou moral de qualquer pessoa, sem causar debilidade.

Parágrafo segundo – São consideradas infrações graves as que provoquem perigo de


vida, debilidade temporária de membro, sentido ou função em qualquer pessoa.

Parágrafo terceiro – São consideradas infrações gravíssimas as que provoquemmor-


te, deformidade permanente, perda ou inutilização de membro, sentido, função ou
ainda, dano moral irremediável em qualquer pessoa.

Art. 89 – São consideradas circunstâncias atenuantes:

I – Ter o infrator procurado, logo após a infração, por sua espontânea vontade e com
eficiência, evitar ou minorar as conseqüências do seu ato.

II – Ter bons antecedentes profissionais.

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– Realizar atos sob coação e/ou intimidação.

IV – Realizar atos sob emprego real de força física.

V – Ter confessado espontaneamente a autoria da infração.

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Art. 90 – São consideradas circunstâncias agravantes:

I – Ser reincidente.

II – Causar danos irreparáveis.

III – Cometer infração dolosamente.

IV – Cometer infração por motivo fútil ou torpe.

V – Facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de


outra infração.

VI – Aproveitar-se da fragilidade da vítima.

VII – Cometer a infração com abuso de autoridade ou violação do dever inerente ao


cargo ou função.

VIII – Ter mais antecedentes pessoais e/ou profissionais.

Capítulo VIII

Da Aplicação das Penalidades

Art. 91 – As penalidades previstas neste Código somente poderão ser aplicadas,


cumulativamente, quando houver infração a mais de um artigo.

Art. 92 – A pena de Advertência Verbal é aplicável nos casos de infrações ao que


está estabelecido nos artigos: 16 a 26; 28 a 35; 37 a 44; 47 a 50; 52; 54; 56; 58 a 62
e 64 a 78 deste Código.

Art. 93 – A pena de Multa é aplicável nos casos de infrações ao que está


estabelecido nos artigos: 16 a 75 e 77 a 79, deste Código.

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Art. 94 – A pena de Censura é aplicável nos casos de infrações ao que estáestabele-


cido nos artigos: 16; 17; 21 a 29; 32; 35 a 37; 42; 43; 45 a 53; 55 a 75 e 77 a
79, deste Código.

Art. 95 – A pena de Suspensão do Exercício Profissional é aplicável nos casos de


infrações ao que está estabelecido nos artigos: 16; 17; 21 a 25; 29; 32; 36; 42; 43; 45
a 48; 50 a 53; 57 a 60; 63; 66; 67; 70 a 72; 75 e 79, deste Código.

Art. 96 – A pena de Cassação do Direito ao Exercício Profissional é aplicável nos


casos de infrações ao que está estabelecido nos artigos: 16; 24; 36; 42; 45; 46; 51 a
53; 57; 60; 69 e 78, deste Código.

CAPÍTULO IX

Das Disposições Gerais

Art. 97 – Os casos omissos serão resolvidos pelo Conselho Federal de Enfermagem.

Art. 98 – Este Código poderá ser alterado pelo Conselho Federal de Enfermagem,
por iniciativa própria e/ou mediante proposta de Conselhos Regionais.

Parágrafo único – A alteração referida deve ser precedida de ampla discussão com a
categoria.

Art. 99 – O presente Código entrará em vigor na data de sua publicação, revogando


os demais disposições em contrário.

Lei do Exercício Profissional da Enfermagem

Art. 1º – O exercício da atividade de Enfermagem, observadas as disposições da Lei


nº 7.498, de 25 de junho de 1986, e respeitados os graus de habilitação, é privativo
de Enfermeiro, Técnico de Enfermagem, Auxiliar de Enfermagem e Parteiro e só se-
rá permitido ao profissional inscrito no Conselho Regional de Enfermagem da res-

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pectiva região.

Art. 2º – As instituições e serviços de saúde incluirão a atividade de Enfermagem no


seu planejamento e programação.

Art. 3º – A prescrição da assistência de Enfermagem é parte integrante do programa


de Enfermagem.

Art. 4º – São Enfermeiros:

I – o titular do diploma de Enfermeiro conferido por instituição de ensino, nos ter-


mos da lei;

– o titular do diploma ou certificado de Obstetriz ou de Enfermeira Obstétrica,


conferidos nos termos da lei;

– o titular do diploma ou certificado de Enfermeira e a titular do diploma ou cer-


tificado de Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz, ou equivalente, conferido por es-
cola estrangeira segundo as respectivas leis, registrado em virtude de acordo de in-
tercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de Enfermeiro, de Enfer-
meira Obstétrica ou de Obstetriz;

IV – aqueles que, não abrangidos pelos incisos anteriores, obtiveram título deEnfer-
meira conforme o disposto na letra “”d”” do Art. 3º. do Decreto-lei Decreto nº
50.387, de 28 de março de 1961.

Art. 5º. São técnicos de Enfermagem:

I – o titular do diploma ou do certificado de técnico de Enfermagem, expedido de


acordo com a legislação e registrado no órgão competente;

– o titular do diploma ou do certificado legalmente conferido por escola ou curso


estrangeiro, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado
no Brasil como diploma de técnico de Enfermagem.

Art. 6º São Auxiliares de Enfermagem:

I – o titular do certificado de Auxiliar de Enfermagem conferido por instituição


deensino, nos termos da Lei e registrado no órgão competente;

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II – o titular do diploma a que se refere a Lei nº 2.822, de 14 de junho de 1956;

– o titular do diploma ou certificado a que se refere o item III do Art. 2º. da Lei
nº 2.604, de 17 de setembro de1955, expedido até a publicação da Lei nº 4.024, de
20 de dezembro de 1961;

IV – o titular de certificado de Enfermeiro Prático ou Prático de Enfermagem, expe-


dido até 1964 pelo Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia, do
Ministério da Saúde, ou por órgão congênere da Secretaria de Saúde nas Unidades
da Federação, nos termos do Decreto-lei nº 23.774, de 22 de janeiro de 1934, do De-
creto-lei nº 8.778, de 22 de janeiro de 1946, e da Lei nº 3.640, de 10 de
outubro de 1959;

V – o pessoal enquadrado como Auxiliar de Enfermagem, nos termos do Decreto-lei


nº 299, de 28 de fevereiro de 1967;

VI – o titular do diploma ou certificado conferido por escola ou curso estrangeiro,


segundo as leis do país, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou
revalidado no Brasil como certificado de Auxiliar de Enfermagem.

Art. 7º – São Parteiros:

I – o titular de certificado previsto no Art. 1º do nº 8.778, de 22 de janeiro de 1946,


observado o disposto na Lei nº 3.640, de 10 de outubro de 1959;

– o titular do diploma ou certificado de Parteiro, ou equivalente, conferido por es-


cola ou curso estrangeiro, segundo as respectivas leis, registrado em virtude de inter-
câmbio cultural ou revalidado no Brasil, até 26 de junho de1988, como certificado
de Parteiro.

Art. 8º – Ao enfermeiro incumbe:


I – privativamente:

direção do órgão de Enferma-


gem integrante da estrutura
básica da instituição desaúde,
pública ou privada, e chefia

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de serviço e de unidade de
Enfermagem;

organização e direção dos serviços de Enfermagem e de suas atividades técni-


cas eauxiliares nas empresas prestadoras desses serviços;

planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos servi-


ços daassistência de Enfermagem;

consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de Enferma-


gem;consulta de Enfermagem;
prescrição da assistência de Enfermagem;
cuidados diretos de Enfermagem a pacientes graves com risco de
vida; cuidados de Enfermagem de maior complexidade técnica e
que exijam
conhecimentos científicos adequados e capacidade de tomar decisões imediatas;

II – como integrante da equipe de saúde:


participação no planejamento, execução e avaliação da programação de saúde;partici-
pação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de
saúde;

prescrição de medicamentos previamente estabelecidos em programas de saúde


pública e em rotina aprovada pela instituição de saúde;
participação em projetos de construção ou reforma de unidades de internação;
prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar, inclusive como membro
das respectivas comissões;

participação na elaboração de medidas de prevenção e controle sistemático de


danos que possam ser causados aos pacientes durante a assistência de Enfermagem;

participação na prevenção e controle das doenças transmissíveis em geral e nos


programas de vigilância epidemiológica;

prestação de assistência de enfermagem à gestante, parturiente, puérpera e


aorecém-nascido;

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participação nos programas e nas atividades de assistência integral à saúde indivi-


dual e de grupos específicos, particularmente daqueles prioritários e de alto risco;

acompanhamento da evolução e do trabalho de parto;

l) execução e assistência

obstétrica em situação de emergência e execução do parto sem distocia;

participação em programas e atividades de educação sanitária, visando à


melhoria de saúde do indivíduo, da família e da população em geral;

participação nos programas de treinamento e aprimoramento de pessoal de saúde,


particularmente nos programas de educação continuada;

participação nos programas de higiene e segurança do trabalho e de prevenção de


acidentes e de doenças profissionais e do trabalho;

participação na elaboração e na operacionalização do sistema de referência


econtra-referência do paciente nos diferentes níveis de atenção à saúde;

participação no desenvolvimento de tecnologia apropriada à assistência de saúde;

participação em bancas examinadoras, em matérias específicas de Enfermagem,


nos concursos para provimento de cargo ou contratação de Enfermeiro ou pessoal
Técnico e Auxiliar de Enfermagem.

Art. 9º – Às profissionais titulares de diploma ou certificados de Obstetriz ou de En-


fermeira Obstétrica, além das atividades de que trata o artigo precedente, incumbe:

I – prestação de assistência à parturiente e ao parto normal;

– identificação das distócias obstétricas e tomada de providências até a chegada


do médico;

– realização de episiotomia e episiorrafia com aplicação de anestesia local,


quando necessária.

Art. 10 – O Técnico de Enfermagem exerce as atividades auxiliares, de nível médio

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técnico, atribuídas à equipe de Enfermagem, cabendo-lhe:

I – assistir ao Enfermeiro:

no planejamento, programação, orientação e supervisão das atividades de


assistência de Enfermagem;
na prestação de cuidados diretos de Enfermagem a pacientes em estado grave;
na prevenção e controle das doenças transmissíveis em geral em programas de
vigilância epidemiológica;

na prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar;

na prevenção e controle sistemático de danos físicos que possam ser causados apa-
cientes durante a assistência de saúde;

f) na execução dos programas referidos nas letras “”i”” e “”o”” do item II do Art. 8º.

– executar atividades de assistência de Enfermagem, excetuadas as privativas do


Enfermeiro e as referidas no Art. 9º deste Decreto:

III – integrar a equipe de saúde.

Art. 11 – O Auxiliar de Enfermagem executa as atividades auxiliares, de nível


médio atribuídas à equipe de Enfermagem, cabendo-lhe:

I – preparar o paciente para consultas, exames e tratamentos;

II – observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas, ao nível de sua qualificação;

– executar tratamentos especificamente prescritos, ou de rotina, além de outras


atividades de Enfermagem, tais como:

ministrar medicamentos por via oral e parenteral;


realizar controle hídrico; fazer curativos;

aplicar oxigenoterapia, nebulização, enteroclisma, enema e calor ou frio;


executar tarefas referentes à conservação e aplicação de vacinas;

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efetuar o controle de pacientes e de comunicantes em doenças transmissíveis;


realizar testes e proceder à sua leitura, para subsídio de diagnóstico;
colher material para exames laboratoriais;

prestar cuidados de Enfermagem pré e pós-operatórios; cir-


cular em sala de cirurgia e, se necessário, instrumentar;
l) executar atividades de desinfecção e esterilização;

IV – prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente e zelar por sua segurança,


inclusive:

alimentá-lo ou auxiliá-lo a alimentar-se;

zelar pela limpeza e ordem do material, de equipamentos e de dependência de


unidades de saúde;

V – integrar a equipe de saúde;

VI – participar de atividades de educação em saúde, inclusive:


VII orientar os pacientes na pós-consulta, quanto ao cumprimento das prescrições de
Enfermagem e médicas;

auxiliar o Enfermeiro e o Técnico de Enfermagem na execução dos programas de


educação para a saúde;

VIII – executar os trabalhos de rotina vinculados à alta de pacien-


tes:VIII – participar dos procedimentos pós-morte.
Art. 12 – Ao Parteiro incumbe:

I – prestar cuidados à gestante e à parturiente;

– assistir ao parto normal, inclusive em domicílio; e


III – cuidar da puérpera e do recém-nascido.
Parágrafo único – As atividades de que trata este artigo são exercidas sob supervisão
de Enfermeiro Obstetra, quando realizadas em instituições de saúde, e, sempre que
possível, sob controle e supervisão de unidade de saúde, quando realizadas em do-
micílio ou onde se fizerem necessárias.

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Art. 13 – As atividades relacionadas nos arts. 10 e 11 somente poderão ser exercidas


sob supervisão, orientação e direção de Enfermeiro.

Art. 14 – Incumbe a todo o pessoal de Enfermagem:

I – cumprir e fazer cumprir o Código de Deontologia da Enfermagem;

– quando for o caso, anotar no prontuário do paciente as atividades da assistência


de Enfermagem, para fins estatísticos;

Art. 15 – Na administração pública direta e indireta, federal, estadual, municipal, do


Distrito Federal e dos Territórios será exigida como condição essencial para provi-
mento de cargos e funções e contratação de pessoal de Enfermagem, de todos os
graus, a prova de inscrição no Conselho Regional de Enfermagem da respectiva re-
gião.

Parágrafo único – Os órgãos e entidades compreendidos neste artigo promoverão,


em articulação com o Conselho Federal de Enfermagem, as medidas necessárias à
adaptação das situações já existentes com as disposições deste Decreto, respeitados
os direitos adquiridos quanto a vencimentos e salários.

Art. 16 – Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.


Art. 17 – Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 08 de junho de 1987;

José Sarney

Eros Antonio de Almeida

3.4. Entidades de Classe na Enfermagem

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Associação Brasileira de Enfermagem- ABEn

É uma entidade cultural que congrega enfermeiros e técnicos de enfermagem, fun-


dada em 12 de agosto de 1926, sob a denominação de " Associação Nacional de En-
fermeiras Diplomadas Brasileiras".

1944: passou a ser chamada de Associação Brasileira de Enfermeiras Diplomadas


(ABED).

1945: Foram criadas Seções Estaduais, Coordenadorias de Comissões. Ficou estabe-


lecido que em qualquer Estado onde houvesse 7 (sete) enfermeiras diplomadas, po-
deria ser formada uma Seção.

Em 1955: esse número foi elevado a 10 (dez).

21 de agosto de 1954: Associação Brasileira de Enfermagem, com sede emBra-


sília, funciona através de Seções formadas nos Estados, e no Distrito Federal.

1977: passou a congregar auxiliares de enfermagem.

Atualmente congrega estudantes dos cursos de graduação e de educação profissio-


nal de nível técnico que a ela se associam, individual e livremente - facultativa.

uma entidade civil de direito privado, de caráter científico e assistencial,


regida pelas disposições do Estatuto, Regulamento Geral ou Regimento Especial;

Finalidades da ABEn

Congregar os enfermeiros e técnicos em enfermagem, incentivar o espírito de


união e solidariedade entre as classes;

Promover o desenvolvimento técnico, científico e profissional dos integrantes de


Enfermagem do País;

Promover integração às demais entidades representativas da Enfermagem, na


defesa dos interesses da profissão.

Estrutura

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A ABEn é constituída pelos seguintes órgãos, com jurisdição nacional:


Assembléia de delegados
Conselho Nacional da ABEn (CONABEn)
Diretoria Central
Conselho Fiscal

Realizações da ABEn

Congresso Brasileiro em Enfermagem.

Revista Brasileira de Enfermagem (publicado bimestralmente)

COFEN/CORENs

Em 12 de julho de 1973, através da Lei 5.905, foram criados os Conselhos Federal e


Regionais de Enfermagem. São Órgãos disciplinadores do exercício da Profissão
de Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem. Em cada Estado existe
um Conselho Regional, os quais estão subordinados ao Conselho Federal, que é se-
diado no Rio de Janeiro e com Escritório Federal em Brasília.

Finalidade

O objetivo primordial é zelar pela qualidade dos profissionais de Enfermagem e


cumprimento da Lei do Exercício Profissional.

Lei nº 5.905, de julho de 1973 (alguns art.)

Art. 8º Compete ao Conselho Federal:

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I- aprovar seu regimento interno e os dos Conselhos Regionais;

II- instalar os Conselhos Regionais;

III- elaborar o Código de Deontologia de Enfermagem e alterá-lo, quando necessá-


rio, ouvidos os Conselhos Regionais;
IV- baixar provimentos e expedir instruções, para uniformidade de procedimento
ebom funcionamento dos Conselhos Regionais;

V- dirimir as dúvidas suscitadas pelos Conselhos Regionais;

VI- apreciar, em grau de recursos, as decisões dos Conselhos Regionais;

VII- instituir o modelo das carteiras profissionais de identidade e as insígnias da


profissão;

VIII- homologar, suprir ou anular atos dos Conselhos Regionais;

IX- aprovar anualmente as contas e a proposta orçamentária da autarquia,re-


metendo-as aos órgãos competentes;

X- promover estudos e campanhas para aperfeiçoamento profissional;

XI- publicar relatórios anuais de seus trabalhos;

XII- convocar e realizar as eleições para sua diretoria;

XIII- exercer as demais atribuições que lhe forem conferidas por lei.

Art. 9º O mandato dos membros do Conselho Federal será honorífico e terá a


duração de três anos, admitida uma reeleição.

Art. 10 A receita do Conselho Federal de Enfermagem será constituída de:


I- um quarto da taxa de expedição das carteiras profissionais;

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II- um quarto das multas aplicadas pelos Conselhos Regionais;

III- um quarto das anuidades recebidas pelos Conselhos Regionais;

IV- doações e legados;

V- subvenções oficiais;

VI- rendas eventuais.

Art. 15 Compete aos Conselhos Regionais:

I- deliberar sobre inscrição no Conselho e seu cancelamento;

II- disciplinar e fiscalizar o exercício profissional, observadas as diretrizes gerais


doConselho Federal;

III- fazer executar as instruções e provimentos do Conselho Federal;

IV- manter o registro dos profissionais com exercício na respectiva jurisdição;

V- conhecer e decidir os assuntos atinentes à ética profissional impondo as penali-


dades cabíveis;

VI- elaborar a sua proposta orçamentária anual e o projeto de seu regimento interno
e submetê-los à aprovação do Conselho Federal;

VII- expedir a carteira profissional indispensável ao exercício da profissão, a qual


terá fé pública em todo o

território nacional e servirá de documento de identidade;

VIII- zelar pelo bom conceito da profissão e dos que a exerçam;

IX- publicar relatórios anuais de seus trabalhos e a relação dos profissionais regis-
trados;

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X- propor ao Conselho Federal medidas visando à melhoria do exercício profissio-


nal;

XI- fixar o valor da anuidade;

XII- apresentar sua prestação de contas ao Conselho Federal, até o dia 28 de feve-
reiro de cada ano;

XIII- eleger sua diretoria e seus delegados eleitores ao Conselho Federal;

XIV- exercer as demais atribuições que lhes forem conferidas por esta Lei ou pelo
Conselho Federal.

Art. 18 Aos infratores do Código de Deontologia de Enfermagem poderão ser apli-


cadas as seguintes penas:

I- advertência verbal; (registrada no prontuário)

II- multa; (obrigatoriedade de pagamento de 01 (um) a 10 (dez) vezes o valor da


anuidade da categoria profissional a qual pertence o infrator)

III- censura; (repreensão que será divulgada nas publicações oficiais dos Conselhos
Federal e Regional de Enfermagem e em jornais de grande circulação)

IV- suspensão do exercício profissional; (período não superior a 29 dias e serão di-
vulgados nas publicações oficiais dos Conselhos Federal e Regional deEnfermagem,
jornais de grande circulação e comunicada aos órgãos empregadores)

V- cassação do direito ao exercício profissional; (perda do direito ao exercício


da Enfermagem e será divulgada nas publicações oficiais dos Conselhos Federal
eRegional de Enfermagem e em jornais de grande circulação).

Atribuições do Sindicato:
Representar os interesses da categoria perante autoridades administrativas (pre-
feituras, governadores, secretários de estado e municipais, delegados regionais do
trabalho etc.) e judiciárias (presidentes dos tribunais e juízes em geral).
• Celebrar convenções coletivas de trabalho.

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Eleger ou designar os representantes da categoria respectiva ou profissão liberal. Co-


laborar com o estado, como órgãos técnicos e consultivos, para a solução de proble-
mas relacionados com a categoria profissional que representa.
• Recolher e administrar as contribuições de todos aqueles que participam dacate-
goria profissional representadas.
• Fundar e manter agência de colocação recolocação profissional.

O primeiro sindicato de enfermagem foi criado em 1929 – Sindicato Nacional dos


Enfermeiros da Marinha Mercante, onde se filiavam todas as pessoas quede-
senvolvia ações de enfermagem na Marinha brasileira, mesmo que não fossem for-
madas em escolas oficiais.

Em 1933 teve origem o Sindicato de enfermeiros terrestre, ao qual se associava os


práticos de enfermagem, os atendentes e até enfermeiros diplomados.

A partir de 1952, a Associação Brasileira de Enfermeiras Diplomadas (ABED) e o


Sindicato dos Enfermeiros em Hospitais e Casas de Saúde assumem uma postura de
trabalho conjunto para defender os interesses da enfermagem.

3.5.O processo de trabalho em saúde e em enfermagem: Sistematização daAssis-


tência de Enfermagem.

A sistematização da assistência de enfermagem (SAE) é o que organiza o traba-


lho profissional quanto ao método, pessoal e instrumentos, tornando possível a ope-
racionalização do PE.

Existem diversas formas de sistematizar (organizar/ ordenar) a assistência, para tor-


ná-la segura, por exemplo:

Os protocolos, a escala de funcionários diária, os fluxos, o processo de enferma-


gem são formas de sistematizar/ organizar a assistência de enfermagem.

E o Processo de enfermagem é uma ferramenta metodológica utilizada para tornar


assistência de enfermagem sistemática, organizada em fases, com o objetivo de

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orientar o cuidado profissional de enfermagem, de promover a qualidade no cui-


dado prestado.

O processo de enfermagem é uma atividade intelectual, que quando realizada de ma-


neira adequada, contribui para o fortalecimento da profissão enquanto ciência,
pois passamos do cuidado empírico (realizado pelo “achismo” ou intuição), pa-
ra o cuidado baseado em evidências. Este trabalho intelectual é o que norteia o
raciocínio clínico e a tomada de decisão diagnóstica, de resultados e de inter-
venções. A utilização desta ferramenta possibilita a documentação dos dados
relacionada às etapas do processo, favorecendo a visibilidade das ações de en-
fermagem e, consequentemente, da sua relevância na sociedade.

E quais são as fases do Processo de Enfermagem (PE)?

Segundo a Resolução COFEN 358/2009, o PE se organiza em 5 etapas:


Coleta de Dados de Enfermagem (ou Histórico de Enfermagem); Di-
agnóstico de Enfermagem;
Planejamento de Enfermagem;
Implementação e;
Avaliação de Enfermagem.

O Processo de Enfermagem foi introduzido por Wanda de Aguiar Horta, na década


de 70. Para fins didáticos, essas fases são descritas separadamente e em ordem se-
quencial. Mas vale destacar, que assim como Horta propôs, as etapas são inter- re-
lacionadas e, por isso, uma depende da outra. Ademais, essas etapas se sobre-
põem, dado que o PE é contínuo.

FASES DO PROCESSO DE ENFERMAGEM

1. Histórico de enfermagem (HE) ou Coleta de Dados

constituído por entrevista e exame físico. A entrevista investigará a situação de


saúde do cliente ou da comunidade, identificando os problemas e necessidades de
intervenções. Já o exame físico consiste na inspeção, palpação, percussão e ausculta,
que necessita de conhecimento teórico e habilidades técnicas apropriadas para sua

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realização.

2. Diagnóstico de Enfermagem

Nesta fase, o enfermeiro analisa os dados coletados e o estado de saúde doindivi-


duo, através da identificação e avaliação de problemas de saúde presentes ou em po-
tencial. Os diagnósticos serão elaborados de acordo com os protocolos dainsti-
tuição, os mais utilizados são: NANDA e CIPE.

3. Planejamento de Enfermagem

Determinado os resultados esperados, de maneira específica e identificado asinterven-


ções necessárias para alcançar os resultados.

As intervenções elaboradas devem ser direcionadas para alcançar os resultadosespe-


rados e prevenir, resolver ou controlar as alterações encontradas durante o histórico
de enfermagem e diagnóstico de enfermagem.

Existem diversos sistemas de classificação para intervenções de enfermagem, mas


os mais utilizados no Brasil são a Nursing Interventions Classification (NIC) e a CI-
PE, baseado no julgamento clínico e conhecimento do enfermeiro para melhorar os
resultados do cliente, e também a Nursing Outcomes Classification (NOC), para a
classificação padronizada dos resultados dos clientes, que avalia o estado, comporta-
mento ou percepção do cliente ou família, permitindo a qualificação do seuestado.

4. Implementação de Enfermagem

Trata-se da concretização do plano assistencial, realização das ações ou interven-


ções determinadas na etapa de Planejamento de Enfermagem.

5. Avaliação de Enfermagem

Processo sistemático e contínuo de verificação de mudanças nas respostas da pes-


soa, família ou coletividade em um determinado momento do processo saúde- doen-
ça, para determinar se as ações ou intervenções de enfermagem alcançaram o resul-
tado esperado; e verificação da necessidade de mudanças ou adaptações em alguma
das etapas do Processo de Enfermagem.

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São utilizados indicadores para qualificação de avaliação:


Ausente ou Presente;
Melhorado ou Piorado;
Mantido ou Resolvido.
Nesta etapa está a evolução de enfermagem, que é a avaliação do paciente a cada
24 horas.

A realização do Processo de Enfermagem é uma atividade privativa do Enfer-


meiro?

NÃO! No processo de enfermagem é competência exclusiva do Enfermeiro a rea-


lização da consulta de enfermagem, segundo a Lei n. 7.498/86, que dispõe sobre o
exercício da enfermagem e o “Guia de recomendações para registros de enfermagem
no prontuário do paciente”, que foi aprovado pela Resolução COFENnº 514/2016,
que compreende:

Histórico de enfermagem;

Diagnóstico de enfermagem;

Planejamento da assistência de enfermagem (que compreende também a


prescrição de enfermagem) e;

Evolução de enfermagem.

Como visto, a 4ª fase, a de IMPLEMENTAÇÃO DE ENFERMAGEM não foi ci-


tada, pois esta, trata-se da execução das atividades prescritas na etapa de planeja-
mento e não é de competência exclusiva do enfermeiro, mas sim de toda a equipe de
enfermagem (enfermeiro, técnico e auxiliar de enfermagem).

Dentre as atribuições dos técnicos e auxiliares de enfermagem no processo de


enfermagem, especificamente na fase de IMPLEMENTAÇÃO DE ENFERMA-
GEM, estão:

Realizar os cuidados prescritos pelo enfermeiro;

Realizar anotações relacionadas às intervenções/atividades prescritas pelo enfer-


meiro sejam elas independentes, dependentes ou interdependentes, lembrando

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que fornecem dados importantes ao enfermeiro e à equipe multidisciplinar para


realizar a avaliação/ evolução do paciente.

Todo integrante da equipe de enfermagem é essencial para que consigamos prestar


uma assistência com qualidade, livre de danos, garantindo a segurança do paciente.

A realização do Processo de Enfermagem é Obrigatório? E a SAE?

SIM! Segundo Art. 1º da Resolução COFEN 358/2009, o Processo de Enfermagem


deve ser realizado, de modo deliberado e sistemático, em todos os ambientes,públi-
cos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem.

Segundo a mesma resolução, a Sistematização da Assistência de Enfermagem tam-


bém é obrigatória, uma vez que sistematizar a assistência organiza o trabalho profis-
sional, por meio de protocolos, instrumentos e pessoal, tornando possível a opera-
cionalização do processo de Enfermagem;

3.6. Processo de comunicação, relacionamento interpessoal e terapêutico, meios


de comunicação nos serviços de saúde, registro de enfermagem.

A comunicação é fundamental em todas as áreas sociais, definindo-se por ser o


ato de produzir e receber mensagens por meio da linguagem, em que as pessoas
compreendem e partilham mensagens enviadas e recebidas. Na área da saúde é
fundamental saber interagir com as outras pessoas, uma vez que as relações hu-
manas, seja com o doente, os seus familiares ou com a equipa médica, são
uma das bases do seu trabalho.

Segundo a Ordem dos Enfermeiros, no contexto da prática assistencial da enfer-


magem, a comunicação é entendida como um instrumento básico para o cuida-
do, sendo fulcral para a formação do profissional de saúde, e para a satisfação
das necessidades do doente. Deste modo, o profissional de saúde deverá ter em
atenção no processo de comunicação as suas expressões faciais, o tom de voz, a
audição, o tato e a escrita. As palavras escolhidas são também decisivas e deter-
minam o modo como as pessoas compreendem a mensagem que lhes está a ser

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transmitida. A ênfase que é dada num discurso e a postura corporal poderão aju-
dar à compreensão da comunicação.
Como posso diminuir o número de reclamações?

Como transmito más notícias?

Quais as vantagens e como posso aprender a escutar?

Estas questões são apenas algumas para as quais nós temos resposta! Com uma
comunicação de qualidade estabelecida entre o profissional de saúde e a sua
equipa/doente/familiares do doente, a adesão e o sucesso do tratamento são mui-
to superiores. Existe mais confiança por parte do utente e uma redução significa-
tiva do nível de ansiedade deste e da sua família. A comunicação deve ser enten-
dida como parte integrante da área da saúde, em que se pretende que o doente
consiga enfrentar e conviver com as várias etapas do processo da sua doença.
As más notícias tendencialmente implicam uma mudança drástica no futuro do
utente, num sentido negativo, podendo implicar perdas de funções, progressão
da doença ou até um tempo de vida mais curto do que o esperado. O problema
de comunicação levanta questões como: O que deve ser dito? Quem deve dizer?
Como deve ser dito? Para quem deve ser dito? O profissional de saúde encontra-
se em conflito interno perante a comunicação de um diagnóstico ao doente. Al-
gumas dicas que podemos dar são: recorra a uma linguagem compreensível, sem
recurso exagerado a termos técnicos para que o utente consiga entender o que es-
tá a transmitir; responda a todas as perguntas e dúvidas, dando o tempo necessá-
rio ao utente e aos seus familiares para compreenderem; reconheça as emoções e
os sentimentos que poderão eclodir no(s) afetado(s); e posicione-se ao mesmo
nível do que o utente, ou seja, se este estiver sentado, sente-setambém, demons-
trará proximidade.

Saber escutar é tão ou mais importante como saber falar com o doente e os seus
familiares. Ao escutar poderá perceber como aquele utente entende a sua mensa-
gem e como poderá reagir a eventuais más notícias. Tente sempre permanecer
em silêncio quando o doente fala, utilizando gestos de afeto que expressem acei-
tação.
A documentação do paciente (prontuário) e os demais documentos inerentes ao
processo de cuidados enfermagem (livros de ocorrência, relatórios, etc.) consti-

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tuem a finalização do processo de cuidar do paciente: trazem maior visibilidade


a profissão, permitem o planejamento da assistência, refletem a produtividade da
equipe, permitem que sejam feitas estatísticas de atendimento, servem de fonte
de consulta para inspeção da auditoria de enfermagem, são provas cabais da jor-
nada de trabalho, e ainda, poderão servir para a defesa ou incriminação de pro-
fissionais de saúde.

A Resolução Cofen 358/2009, que dispõe sobre a Sistematização da Assistência


de Enfermagem (SAE) e a implementação do Processo de Enfermagem em am-
bientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de enferma-
gem e dá outras providências. O artigo 6°, da referida Resolução, diz que:

Art.6° “A execução do processo de enfermagem deve ser registrada formalmen-


te”.

A Resolução Cofen 311/ 2007, que aprovou a reformulação do Código de Ética


dos Profissionais de Enfermagem-CEPE, incluiu mais seis novos artigos sobre
Anotações de Enfermagem (dentre os três já existentes), dentre os quais nos
cabe especificar: artigos 25, 35, 41, 42, 54, 68, 71 e 72. Em destaque os artigos
41, 68, 71 e 54, quais sejam:

Art.41. Prestar informações, escritas e verbais, completas e fidedignas necessári-


as para assegurar a continuidade da assistência.

Art.68. Registrar no prontuário e em outros documentos próprios da Enferma-


gem informações referentes ao processo de cuidar da pessoa (grifomeu).

Art. 71. Incentivar e criar condições para registrar as informações inerentes e in-
dispensáveis ao processo de cuidar.

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O Capítulo I, Seção III, Das Relações com as Organizações da Categoria, Res-


ponsabilidades e Deveres, artigo 54, do CEPE, prevê que é dever do profissional
de enfermagem:

Art. 54. Apor o número e categoria de inscrição no Conselho Regional de


Enfermagem em assinatura, quando no exercício profissional.

Portanto, nas anotações de enfermagem, seja na evolução, na prescrição, em re-


latórios ou qualquer documento utilizado quando no exercício profissional, cons-
titui responsabilidade e dever do profissional, apor o número e a categoria de
inscrição, conjuntamente a sua assinatura. O uso do carimbo é facultativo, po-
rém, por ser material de baixo custo e cujo uso traz benefício ao profissional, por
racionalizar a finalização da anotação de enfermagem, seu uso é indicado.

O Decreto 94.406 /87 que regulamenta a Lei do Exercício dos Profissionais de


Enfermagem-LEPE prevê as Anotações de Enfermagem nos Artigos 11, Inciso
II e 14, Inciso II.

A Resolução Cofen 191/ 96, dispõe sobre a forma de anotação e o uso donúme-
ro de inscrição ou da autorização, pelo pessoal de enfermagem, no entanto,a Re-
solução Cofen 372/ 2010 estabeleceu novos parâmetros sobre o uso do número
de inscrição e siglas das categorias profissionais de Enfermagem. Emseu arti-
go 4°consta: Enfermeiros-ENF; Técnicos de Enfermagem-TEC; Auxiliares de
Enfermagem-AUX; Parteira-PAR, os quais deverão ser apostos após o número
de inscrição, nas anotações de enfermagem.

Recentemente foi aprovada e homologada a Resolução Cofen 429/ 2012, que


dispõe sobre o registro das ações profissionais no prontuário do paciente, e em
outros documentos próprios da Enfermagem, independente do meio de suporte-
Tradicional ou Eletrônico. O artigo 1°, assevera que:

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Art.1° É responsabilidade e dever dos profissionais de enfermagem registrar, no


prontuário do paciente e em outros documentos próprios da área, seja em meio
de suporte tradicional (papel) ou eletrônico, as informações inerentes ao proces-
so de cuidar e ao gerenciamento de processos de trabalho, necessários para asse-
gurar a continuidade e a qualidade da assistência.

Portanto, diante da ampla legislação sobre o registro e anotações das atividades


de enfermagem, ocorrências e intercorrências, os referidos registros se fazem ne-
cessários em qualquer área da assistência de enfermagem. Atentando-se para o
fato de que os registros dos atendimentos e/ou cuidados de enfermagem, devem
ser realizados no prontuário, folha de evolução ou folha de atendimento do paci-
ente e que as ocorrências e intercorrências referentes a equipe, devem ser regis-
trados no livro de relatório de enfermagem, acessível e privativo da equipe de
enfermagem.

3.7. Estatuto do Idoso: capítulo IV – Do direito à saúde.

CAPÍTULO IV

Do Direito à Saúde

Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema
Único de Saúde – SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto arti-
culado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e recupe-
ração da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam preferencialmente
os idosos.

1º A prevenção e a manutenção da saúde do idoso serão efetivadas por meio


de:I – cadastramento da população idosa em base territorial;
II – atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios;

– unidades geriátricas de referência, com pessoal especializado nas áreas de geriatria e ge-

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rontologia social;

IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a população que dele neces-


sitar e esteja impossibilitada de se locomover, inclusive para idosos abrigados e acolhi-
dos por instituições públicas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e eventualmente con-
veniadas com o Poder Público, nos meios urbano e rural;

V – reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia, para redução das seqüelas


decorrentes do agravo da saúde.

2º Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos, gratuitamente, medicamentos, espe-


cialmente os de uso continuado, assim como próteses, órteses e outros recursos relativos
ao tratamento, habilitação ou reabilitação.

3º É vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores


diferenciados em razão da idade.

4º Os idosos portadores de deficiência ou com limitação incapacitante terão


atendimento especializado, nos termos da lei.

5º É vedado exigir o comparecimento do idoso enfermo perante os órgãos públicos,


hipótese na qual será admitido o seguinte procedimento: (Incluído pela Lei nº 12.896,
de 2013)

I – quando de interesse do poder público, o agente promoverá o contato necessário com


o idoso em sua residência; ou (Incluído pela Lei nº 12.896, de 2013)

– quando de interesse do próprio idoso, este se fará representar por procurador


legalmente constituído. (Incluído pela Lei nº 12.896, de 2013)

6º É assegurado ao idoso enfermo o atendimento domiciliar pela perícia médica do Ins-


tituto Nacional do Seguro Social – INSS, pelo serviço público de saúde ou pelo serviço
privado de saúde, contratado ou conveniado, que integre o Sistema Único de Saúde –
SUS, para expedição do laudo de saúde necessário ao exercício de seus direitossociais e
de isenção tributária. (Incluído pela Lei nº 12.896, de 2013)

7º Em todo atendimento de saúde, os maiores de oitenta anos terão preferência especial


sobre os demais idosos, exceto em caso de emergência. (Incluído pela Lei nº 13.466, de
2017).

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Art. 16. Ao idoso internado ou em observação é assegurado o direito a acompanhante,


devendo o órgão de saúde proporcionar as condições adequadas para a sua permanência
em tempo integral, segundo o critério médico.

Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde responsável pelo tratamento conceder


autorização para o acompanhamento do idoso ou, no caso de impossibilidade, justificá-
la por escrito.

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Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas faculdades mentais é assegurado o
direito de optar pelo tratamento de saúde que lhe for reputado mais favorável.

Parágrafo único. Não estando o idoso em condições de proceder à opção, esta será feita:
I – pelo curador, quando o idoso for interditado;
– pelos familiares, quando o idoso não tiver curador ou este não puder ser contactado
em tempo hábil;

– pelo médico, quando ocorrer iminente risco de vida e não houver tempo hábil para
consulta a curador ou familiar;

IV – pelo próprio médico, quando não houver curador ou familiar conhecido, caso em
que deverá comunicar o fato ao Ministério Público.

Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos critérios mínimos para o atendimen-
to às necessidades do idoso, promovendo o treinamento e a capacitação dos profissio-
nais, assim como orientação a cuidadores familiares e grupos de auto-ajuda.

Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de violência praticada contra idosos serão
objeto de notificação compulsória pelos serviços de saúde públicos e privados à autori-
dade sanitária, bem como serão obrigatoriamente comunicados por eles a quaisquer dos
seguintes órgãos: (Redação dada pela Lei nº 12.461, de 2011)

I – autoridade policial;
II – Ministério Público;
– Conselho Municipal do Idoso;
IV – Conselho Estadual do Ido-
so; V – Conselho Nacional do
Idoso.
1º Para os efeitos desta Lei, considera-se violência contra o idoso qualquer ação ou
omissão praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento
físico ou psicológico. (Incluído pela Lei nº 12.461, de 2011)

2º Aplica-se, no que couber, à notificação compulsória prevista no caput deste artigo, o


disposto na Lei no 6.259, de 30 de outubro de 1975. (Incluído pela Lei nº 12.461, de
2011)

A inviolabilidade ao direito à vida é constitucionalmente assegurada no caput do artigo

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5º da Constituição Federal. Esse direito destina-se a todas as pessoas. Em relação às


crianças, no entanto, o legislador infraconstitucional disciplinou de modo expresso tal
direito no Estatuto da Criança e do Adolescente.

A proteção do direito à vida não se limita à vedação da pena de morte. É muito mais pro-
fundo. Aliás, em toda sua extensão, o direito à vida se inter-relaciona com outros,dentre os
quais cabe destaque ao direito à saúde.

1.6 Estatuto da criança e do adolescente (ECA)

Para assegurar o sadio desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, é dever do


Estado efetivar políticas públicas voltadas ao atendimento e cuidado desses. Neste
contexto, vejamos o artigo 7º do ECA:

Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a


efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvi-
mento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.

A proteção do direito à saúde começa desde a concepção, por meio da prestação


demedidas efetivas de atendimento pré e perinatal. Neste sentido, vejamos o artigo
8ºdo ECA.

Art. 8º É assegurado à gestante, através do Sistema Único de Saúde, o atendimento pré e


perinatal.

1º - A gestante será encaminhada aos diferentes níveis de atendimento, segundo


critérios médicos específicos, obedecendo-se aos princípios de regionalização e
hierarquização do Sistema.

2º - A parturiente será atendida preferencialmente pelo mesmo médico que a


acompanhou na fase pré-natal.

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3º - Incumbe ao poder público propiciar apoio alimentar à gestante e à nutriz que dele
necessitem.

4º - Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe,


no período pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequên-
cias do estado puerperal.

5º - A assistência referida no § 4º deste artigo deverá ser também prestada a gestantes


ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção.

Da leitura do artigo citado anteriormente, podemos concluir que é ampla a proteção


destinada ao nascituro. Isso porque a tutela do direito à saúde começa com uma sadia
gestação.

Conheça o significado de alguns termos:

O atendimento pré-natal é aquele realizado durante os nove meses da gestação.

O atendimento perinatal é referente ao período imediatamente anterior e posterior ao


parto.

O estado puerperal compreende o período entre o início do parto até o momento em


que o corpo da mulher retorna ao seu estado originário. Por vezes, esse período é
acompanhado de alterações psíquicas, tanto que, quando ela retira a vida do próprio
filho nesse período (infanticídio é o termo preciso), há previsão de pena inferior ao
homicídio comum.

Como é sabido por todos, as mulheres sempre estiveram em um patamar de desigual-


dade em relação aos homens perante o mercado de trabalho. Um dos motivosque
aguçavam essa desigualdade era, justamente, a gestação. E ainda depois do nascimen-
to, a mãe precisa dedicar parte do seu tempo ao aleitamento, o que coincide com os

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horários de trabalho.

Quando um Estado (como o Brasil) concede licença à gestante e permite a criação


de berçários e creches, até mesmo nos locais de trabalho (em alguns casos), está di-
retamente contribuindo para o desenvolvimento sadio das crianças e indiretamente
colaborando para a igualdade entre homens e mulheres.

Nesse contexto, é importante mencionar que até mesmo as mulheres presas têm direito de,
após o parto, aleitarem seus filhos. Este é o teor do artigo 9º do ECA. Vejamos:

Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores propiciarão condições ade-


quadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães submetidas à medidapri-
vativa de liberdade.

Desde a entrada da gestante no estabelecimento de saúde até o período imediatamente


posterior ao parto, algumas medidas são de obrigatório cumprimento por parte do es-
tabelecimento de saúde, sob pena de responsabilidade. Vejamos o teor do que dispõe
o artigo 10 do ECA:

Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde degestan-


tes, públicos e particulares, são obrigados a:

Manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo


prazo de dezoito anos.

Identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da


impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade
administrativa competente.

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Proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no


metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais.

Fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências


do parto e do desenvolvimento do neonato.

Manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe.

Atenção!

Na rede pública, o atendimento às crianças e aos adolescentes é realizado pelo Siste-


ma Único de Saúde, sendo assegurada a observância dos princípios da universalidade
e da igualdade.

Quanto às crianças com deficiência, o Estado tem o dever de fornecer a elas atendi-
mento especializado. Sobre esse tema, aliás, é importante mencionar que o Brasil re-
cepcionou com status de norma constitucional a Convenção Internacional sobre os Di-
reitos das Pessoas com Deficiência e seu protocolo facultativo, por meio doDecreto n.º
6.949, de 25 de agosto de 2009.

Outro aspecto relevante em relação à saúde, e, infelizmente, pouco conhecido, é que um


dos pais ou responsável, no caso de internação de criança ou de adolescente, tem o di-
reito de, com ele, permanecer por período integral.

Situação que não pode deixar de ser analisada é a da gestante que não quer assumir a
maternidade do nascituro. Nesse caso, hoje, o Estado ampara essa mulher para que ela
manifeste sua vontade perante a Justiça da Infância e da Juventude e, tão logo ocorra o
nascimento, seja a criança encaminhada a um abrigo para posterior doação. Assim, a
mãe que não desejar permanecer com seu filho após o nascimento não poderá privá-lo
da vida.

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Nesse contexto, recorde-se, pois, que o aborto é crime. A vida é inviolável, nos termos
do artigo 5º da Constituição Federal de 1988. No entanto, existem duas hipóteses nas
quais o Código Penal prevê a possibilidade da realização do aborto. Vejamos quais
são estas hipóteses:

Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico:

Aborto necessário

I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro

- se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante


ou, quando incapaz, de seu representante legal.

Por fim, resta-nos mencionar que o direito à saúde compreende não só o atendimento
médico, mas também o odontológico. Nesse sentido, vejamos o artigo 14 do ECA:

Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de assistência médica e


odontológica para a prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a popu-
lação infantil, e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos.

Parágrafo único. É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas
autoridades sanitárias.

4. BIOSSEGURANÇA NAS AÇÕES DE ENFERMAGEM

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4.3. Central de material e esterilização

CME é a sigla para Central de Material e Esterilização. A sigla também pode ser conhe-
cida como Central de Materiais Estéreis ou até Centro de Material Esterilizado, e apesar
das variações, o objetivo é o mesmo: ser um setor destinado à limpeza, acondiciona-
mento, esterilização e distribuição de todos os artigos médicos hospitalares.

A infecção hospitalar representa a quarta maior causa de óbitos em todo o mundo. De


acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, fungos, vírus e bactérias matam cerca de
cem mil pessoas todos os anos. O assunto preocupa hospitais da rede pública e privada
pela alta taxa de contágio, que chega a 15% de todos os pacientes internados em hospi-
tais brasileiros. Nos EUA e em países da Europa, o nível chega a 10%. A prevenção
contra esse grave problema pode ser feita através de atitudes simples, como acorreta hi-
gienização de instrumentos e utensílios médicos. Por isso, em hospitais de médio e gran-
de porte, há um setor específico para isso: o CME.

O que é CME?

O processo de limpeza, esterilização e infecção envolve não apenas a remoção da sujei-


ra, mas também a eliminação de todos os micro-organismos presentes no item a serpro-
cessado. Essa prática é adotada pelo menos desde o século IX a.C., quando Homero
aponta o uso do Enxofre como desinfetante. Com o passar do tempo e o sucessivo de-
senvolvimento dos estudos sobre a microbiologia, metodologias foram adotadas técni-
cas contra as doenças infecciosas.
No Brasil, a primeira Central de Material e Esterilização foi implantada na década de
1940, no Hospital das Clínicas de São Paulo. Desde então esse setor vem sendo constan-
temente desenvolvido, apesar das limitações.

Por que é tão importante?

A Central de Material e Esterilização é considerada como o setor mais importante de


uma instituição hospitalar, sendo chamada de “coração do hospital”. Isso porque é a par-

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tir dela que todos os outros setores dão continuidade à assistência dos pacientes.

Um hospital é o lugar onde há a maior associação de fatores de risco à saúde humana.


Pesquisas científicas sugerem que a infecção hospitalar ameaça mais que infecções co-
mo gripe, AIDS e tuberculose juntas, tendo em vista que nenhum outro ambiente combi-
na, de forma tão insalubre, hospedeiros vulneráveis e patogenias resistentes.Dessa for-
ma, são indispensáveis ações para prevenir contaminações, já que ao lado de neoplasias
e doenças cardiovasculares, respiratórias e contagiosas, a infecção hospitalar é a causa
da maioria das mortes ao redor do mundo.

A enfermagem tem um papel fundamental na gestão de equipamentos médicos e princi-


palmente dentro das CME, devendo adotar medidas de prevenção e controle de infec-
ções. Por serem profissionais qualificados e que atuam em conjuntos com osdemais se-
tores, os enfermeiros são os responsáveis por administrar e integrar essa central,
planejando, executando e avaliando os métodos de esterilização.

Como funciona uma Central de Material e Esterilização?

Uma Central de Material e Esterilização pode ser descentralizada, quando cada unidade
hospitalar esteriliza e prepara o material utilizado, semicentralizada, onde os materiais
são preparados em cada unidade e esterilizados no mesmo local, ou centralizada, quan-
do o preparo e a esterilização são feitos no mesmo lugar. A melhor e mais usada forma
de funcionamento é a centralizada, já que proporciona mais eficiência, economiae qua-
lidade.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é quem estabelece as diretrizes


para o funcionamento de um Centro de Material Esterilizado. As normas abrangem
todas as áreas e ações relacionadas ao setor. Na constituição da equipe da CME, por
exemplo, deve haver enfermeiros e técnicos ou auxiliares de enfermagem. O responsá-
vel pelo setor também deve ser preferencialmente enfermeiro, com curso superior, habi-
litação legal e treinamento voltado para o processamento de produtos para a saúde, de-
vendo se dedicar integralmente à essa unidade.

Ainda de acordo com a ANVISA, a infraestrutura da CME deve ser constituída de: sala

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de recepção e limpeza; sala de preparo e esterilização; sala de desinfecção química


(quando aplicável); área de monitoramento do processo de esterilização; e sala dearma-
zenamento e distribuição de materiais esterilizados. E como ambientes de apoio, devem
ser previstos: vestiário com sanitário para funcionários; depósito de material de limpe-
za; uma copa para os funcionários do setor; sala administrativa e sala para descanso de
funcionários em plantões noturnos.

4. Quais os setores?

A esterilização dos materiais hospitalares dever ser feitas na seguinte sequência:

Expurgo;
Todo o material “sujo” é recebido pelo setor e limpo antes da esterilização.

Preparo de materiais;
Os utensílios são inspecionados, identificados, separados, embalados
e preparados para a esterilização.

Esterilização;
Aqui, o material é esterilizado por meios físicos (calor úmido ou seco) ou
químicos (através de soluções).

Distribuição de materiais esterilizados


O último processo consiste em armazenar o material esterilizado e devolvê-lo
aos setores de origem, com os cuidados necessários e estabelecidos.

Quais as principais barreiras?

A crescente resistência dos micro-organismos a agentes químicos e físicos obriga o se-


tor a manter o rigor e uma constante atualização das formas de limpeza e esterilização.

Além disso, apesar da suma importância dentro dos hospitais, muita CME ainda não se-

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guem todos os padrões teóricos definidos. E isso é causado, principalmente, por uma
junção de fatores, como altos custos de maquinário e manutenção (já falamos aqui sobre
como evitar esse problema), baixo investimento no setor, falta de profissionais qualifi-
cados para o e a ausência de planejamento.

6. Conclusão

Dadas as informações sobre os perigos das infecções e contaminações, a Central de Ma-


terial e Esterilização ainda merece maior atenção dentro dos hospitais. Além da assistên-
cia prestada aos pacientes, os funcionários também precisam estar seguros, já que estão
em contato diário com materiais de alto risco. Os enfermeiros, fundamentais para o fun-
cionamento de um hospital, têm grande responsabilidade na garantia daeficácia dos pro-
cessos contra infecções.

Uma sugestão é a criação de comissões especiais de fiscalização, com um bom relacio-


namento com a administração hospitalar, para aproximar as referências teóricas aos pa-
drões de funcionamento do setor. Os funcionários devem, ainda, estar em constante trei-
namento, para que sejam aperfeiçoadas as técnicas de limpeza, esterilização, segurança
e logística.

2.2 Prevenção e controle da infecção hospitalar

O QUE É CCIH?

A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar CCIH é um órgão de assessoria á


autoridade máxima da instituição de saúde e tem por finalidade a execução das ações
de controle de infecção hospitalar.

A CCIH deverá periodicamente aprovar o Programa de Controle de Infecção


Hospitalar e garantir a execução do mesmo.

Quais os objetivos da CCIH?

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São objetivos da CCIH:

Realizar a prevenção para impedir ou reduzir a aquisição de infecção e a


entrada de um novo micro-organismo na unidade de saúde;
Realizar o controle de infecções já instalado. Neste caso, houve uma falha na
prevenção e a infecção já se instalou.

O QUE O PROGRAMA DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR PCIH

O Programa de Controle de Infecção Hospitalar é um conjunto de ações que foram in-


tensamente discutidas e que deverão ser colocadas em práticas para a máxima redução
possível da incidência e gravidade das infecções hospitalares.

Vigilância Epidemiológica das Infecções Hospitalares SVEIH

Para realizar o controle das infecções hospitalares de modo efetivo, é necessário conhe-
cer a origem, propagação, difusão, frequência bem como analisar a evolução das infec-
ções hospitalares, para isso, a CCIH, utiliza uma ferramenta chamada: Sistema de Vigi-
lância Epidemiológica Hospitalar (SVEIH).

O Sistema de Vigilância Epidemiológica Hospitalar permite que se faça uma identifica-


ção e avaliação de forma sistematizada das causas da infecção hospitalar em grupo de
pacientes submetidos a tratamento ou procedimentos hospitalares possibilitando o pla-
nejamento de ações eficazes para prevenir e reduzir a incidência de infecção hospitalar.

Como deve ser composta a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar?

A CCIH deverá ser composta por profissionais de nível superior na área da saúde que
deverão trabalhar em duas linhas, as saber:

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Consultores;
Executores.

Quem são os Executores da CCIH?

São profissionais responsáveis por executar as ações de controle de infecção hospitalar


contidas no Programa de Controle de Infecção Hospitalar. Um deles, deve ser, preferen-
cialmente enfermeiro e ter carga horária específica para a execução dessas atividades.

Quem são os Consultores da CCIH?

Os profissionais consultores são responsáveis por estabelecer diretrizes para o Progra-


made Controle de Infecção Hospitalar e fornecer orientações e assessorias quando soli-
citados. Eles representam os seguintes serviços: médicos, de enfermagem, farmácia, mi-
crobiologia e administração.

AÇÕES DESEMPENHADAS PELA CCIH

Entre as ações da CCIH, destacam-se as seguintes:

Realização da Vigilância Epidemiológica para detecção de casos de infecção


hospitalar de modo a entender sua ocorrência e posteriormente planejar ações
que diminuem sua incidência;
Confecção de diretrizes para a prevenção das infecções relacionadas á assistên-
cia de saúde que devem ser incorporadas nas normas e rotinas de atendimento ao
paciente;
Elaboração de orientações para fins de uso racional de antibióticos (Os antibióti-
cos tem um papel importante no aumento da resistência bacterianahospitalar);
Realizar investigação epidemiológica de casos de surto e quando neces sário,

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implantar medidas imediatas de controle;


Realizar treinamentos periódicos e contínuos aos profissionais de saúde no
quesito infecção hospitalar;
Elaborar o Regimento Interno da CCIH;
Montar esquema de recomendações quanto á medidas de precaução eisolamen-
to para pacientes portadores de bactérias multirresistentes a antibióticos e com
doenças transmissíveis, a fim de minimizar o risco de transmissão destes agentes
entre os profissionais e pacientes;
Ofertar apoio técnico á administração hospitalar no sentido de aquisição de for-
ma correta de materiais e equipamentos e mobiliários que vão compor a área fí-
sica hospitalar.

Biossegurança do paciente em serviços de saúde

Biossegurança em saúde

A biossegurança pode ser compreendida como um conjunto de normas e medidas


que visa à proteção da população e dos profissionais de saúde.

A biossegurança pode ser definida como um conjunto de medidas que busca minimizar
os riscos inerentes a uma determinada atividade. Esses riscos não são apenas aqueles
que afetam o profissional que desempenha uma função, e sim todos aqueles que podem
causar danos ao meio ambiente e à saúde das pessoas.
No que diz respeito aos profissionais de saúde, a biossegurança preocupa-se com as
instalações laboratoriais, as boas práticas em laboratório, os agentes biológicos aos
quais o profissional está exposto e até mesmo a qualificação da equipe de trabalho. Isso
importante porque, nesses locais, existe a frequente exposição a agentes patogênicos,
além, é claro, de riscos físicos e químicos.

Apesar de muitos profissionais considerarem a biossegurança como normas que dificul-


tam a execução de seu trabalho, são essas regras que garantem a saúde dotrabalhador e
do restante da população. O não cumprimento das normas básicas de biossegurança po-
de acarretar problemas como transmissão de doenças e até mesmo epidemias.

Uma das principais normas de biossegurança em hospitais, clínicas e laboratórios diz


respeito à higienização das mãos. Elas sempre devem ser lavadas antes do preparo e da
ministração de medicamentos e do manuseio do paciente. Apesar de simples, essa é uma

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das medidas que mais evitam a propagação de doenças.


Os profissionais de saúde também devem ficar atentos aos seus equipamentos deprote-
ção, tais como jalecos e aventais, que devem ser usados apenas no local de trabalho e
nunca em áreas públicas ou mesmo refeitórios e copas no interior da unidade de saúde.
Além disso, é importante não abraçar pessoas ou carregar bebês utilizando jalecos, uma
vez que existe o risco de contaminá-los.
Apesar de ser uma recomendação conhecida por todos os profissionais da saúde, é
muito comum observar essas pessoas utilizando jalecos em áreas públicas etransportan-
do-os de maneira inadequada. Isso pode ocasionar o transporte de agentes patogênicos
para fora das unidades de saúde, causando doenças na população. Umponto importante
e que merece destaque é a propagação de bactérias resistentes, que normalmente são
encontradas restritas ao ambiente hospitalar, porém podem ser facilmente levadas até a
população em virtude da falta de conhecimento dessas normas de biossegurança.
As luvas também são um dos equipamentos de proteção que merecem destaque. Elas
devem ser usadas sempre que necessário e trocadas após cada procedimento. Após a re-
moção, é fundamental dar a destinação correta a esse material, assim como a todos os
materiais que tiveram contato com material biológico. O descarte correto é extrema-
mente importante para a segurança de todos.
Os profissionais de saúde estão expostos frequentemente a material biológico, por isso
os riscos de contaminação podem ser altos a depender da atividade realizada.

Os acidentes com esses profissionais geralmente envolvem ferimentos com agulhas ou


outro material cortante e contato direto com sangue ou materiais contaminados. Dentre
os mais envolvidos com esses acidentes, destacam-se os profissionais de enfermagem.
Diante da exposição frequente a agentes patogênicos, recomenda-se que os profissionais
de saúde mantenham atualizadas suas carteiras de vacinação. As vacinas são umas das
melhores formas de prevenção contra doenças infecciosas.
importante frisar que qualquer acidente ocorrido com os profissionais da saúde durante
o desenvolvimento de sua atividade é considerado um acidente de trabalho. Em casos
de acidentes com material biológico, é importante lavar o local de contato ou a lesão e
notificar a chefia imediata, que analisará o acidente. Essa análise observará qual materi-
al biológico esteve envolvido e como ocorreu o acidente. Posteriormente, será observa-
do se o material pode ou não transmitir HIV e hepatites. Se for esse o caso, será neces-
sária a realização de uma quimioprofilaxia. Após esse momento, ocorrerá o seguimento

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clínico laboratorial apropriado.

2.3. Norma regulamentadora 32

A NR-32 é: Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho em Estabele-


cimentos de Saúde. Quando há solicitação de uma norma que regulamente umsetor
profissional na sociedade é entendido que este precisa de uma orientação e que seja
respeitada em beneficio de um coletivo. A linha condutora da NR-32 consiste em ade-
quar o ambiente de trabalho para preservar a segurança do profissional da saúde.

Qual a importância da NR 32

Toda regulamentação alinha comportamento humano prescrito por uma autoridade. O


descumprimento pode acarretar sanções, e geralmente impõe deveres e confere direitos.
A NR 32 é uma conquista dos trabalhadores da saúde, foi instituída pela Portaria 485 de
11 de novembro do ano de 2005 no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Desde
então, cabe aos profissionais da saúde: conhecer, respeitar e contribuir para o cumpri-
mento dos artigos que compõe o dispositivo.

Conhecer a NR-32: Responsabilidade compartilhada

Todo o profissional de saúde está exposto durante a assistência, e vulnerável a acidentes


de trabalho. Protegê-lo através de ações de segurança de saúde efetivas, minimiza os ris-
cos durante a jornada. A preservação destas ações é solidária. Entende-se que: emprega-
dos e empregadores têm o dever de adequar as mudanças das relações e condições de
trabalho através da cooperação.
A NR-32 é aplicada em toda unidade de assistência e em todas as ações de saúde. Todo
trabalhador da saúde deve procurar conhecer os textos para exigir o cumprimento, e as-
sim colaborar para que o ambiente de trabalho ofereça segurança. Com essa atitude o
profissional não é apenas um membro do quadro funcional do equipamento de saúde,
mas é um agente ativo, transformador e consciente do processo de contração ao atendi-
mento. Conhecer as regras é escolher um ambiente de trabalho adequado. A aplicação
das diretrizes estende-se a área de Ensino e Pesquisa.

Está na NR 32 e é importante saber que:

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Os empregadores têm a obrigação de assegurar a capacitação dos trabalhadores, antes


do inicio das atividades e de forma continuada e adaptada à evolução do conhecimento
e a identificação de novos riscos biológicos e para a utilização segura de produtos quí-
micos.
Riscos Biológicos: reconhecimento dos riscos ambientais – ações de prevenção, elimi-
nação e controle através da observação in loco das condições de exposição do trabalha-
dor.
Riscos Radiológicos: Trabalhadores que estejam expostos a fontes de radiações ionizan-
tes devem: permanecer o menor tempo possível nestas áreas – receber capacitação con-
tinuada em proteção radiológica – Cabe ao empregador programar açõesde proteção co-
letiva relacionada aos riscos radiológicos.

O Sindicato convida todo o trabalhador da saúde a conhecer a Norma Regulamentadora


32 para que todos possam fazer parte da efetivação dos artigos que compõe a cartilha no
cotidiano. Que o cumprimento seja uma união de esforços entre todos.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM SAÚDE.

Vigilância em saúde

PORTARIA NO - 204, DE 17 DE FEVEREIRO DE 2016

Define a Lista Nacional de Notifica-


ção Compulsória de doenças, agra-
vos e eventos de saúde pública nos
serviços de saúde públicos e priva-
dos em todo o território nacional,
nos termos do anexo, e dá outras
providências.

O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, INTERINO, no uso das atribuições

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que lhe conferem os incisos I e II do parágrafo único do art. 87 da Constituição, e

Considerando a Lei nº 6.259, de 30 de outubro de 1975, que dispõe sobre a orga-


nização das ações de Vigilância Epidemiológica, sobre o Programa Nacional de Imuni-
zações, estabelece normas relativas à notificação compulsória de doenças, e dá outras
providências;

Considerando o art. 10, incisos VI a IX, da Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1977,


que configura infrações à legislação sanitária federal, estabelece as sanções respectivas,
e dá outras providências; Considerando a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que dis-
põe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente;

Considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as con-


dições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funciona-
mento dos serviços correspondentes e dá outras providências;

Considerando a Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, que dispõe sobre o Esta-


tuto do Idoso, alterada pela Lei nº 12.461, de 26 de julho de 2011, que determina a noti-
ficação compulsória dos atos de violência praticados contra o idoso atendido em estabe-
lecimentos de saúde públicos ou privados;

Considerando a Lei nº 10.778, de 24 de novembro de 2003, que estabelece a noti-


ficação compulsória, no território nacional, do caso de violência contra a mulher que
for atendida em serviços de saúde, públicos ou privados;

Considerando a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, que regula o acesso às


informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no §
2º do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de
1990; revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8
de janeiro de 1991; e dá outras providências;

Considerando o Decreto Legislativo nº 395, publicado no Diário do Senado Fede-


ral em 13 de março de 2009, que aprova o texto revisado do Regulamento Sanitário In-
ternacional, acordado na 58ª Assembleia Geral da Organização Mundial de Saúde, em

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23 de maio de 2005;

Considerando o Decreto nº 7.616, de 17 de novembro de 2011, que dispõe sobre a


declaração de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) e insti-
tui a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FN-SUS); e

Considerando a necessidade de padronizar os procedimentos normativos relacio-


nados à notificação compulsória no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), resolve:

CAPÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS

Art. 1º Esta Portaria define a Lista Nacional de Notificação Compulsória dedoen-


ças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em
todo o território nacional, nos termos do anexo.

Art. 2º Para fins de notificação compulsória de importância nacional, serão consi-


derados os seguintes conceitos:

I - agravo: qualquer dano à integridade física ou mental do indivíduo, provocado


por circunstâncias nocivas, tais como acidentes, intoxicações por substâncias químicas,
abuso de drogas ou lesões decorrentes de violências interpessoais, como agressões e
maus tratos, e lesão autoprovocada;

- autoridades de saúde: o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde dos Es-


tados, Distrito Federal e Municípios, responsáveis pela vigilância em saúde em cada es-
fera de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS);

- doença: enfermidade ou estado clínico, independente de origem ou fonte,


querepresente ou possa representar um dano significativo para os seres humanos;

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IV - epizootia: doença ou morte de animal ou de grupo de animais que possa


apresentar riscos à saúde pública;

V - evento de saúde pública (ESP): situação que pode constituir potencial ameaça
saúde pública, como a ocorrência de surto ou epidemia, doença ou agravo de causa
desconhecida, alteração no padrão clínicoepidemiológico das doenças conhecidas,con-
siderando o potencial de disseminação, a magnitude, a gravidade, a severidade, a
transcendência e a vulnerabilidade, bem como epizootias ou agravos decorrentes de
desastres ou acidentes;

VI - notificação compulsória: comunicação obrigatória à autoridade de saúde, re-


alizada pelos médicos, profissionais de saúde ou responsáveis pelos estabelecimentos de
saúde, públicos ou privados, sobre a ocorrência de suspeita ou confirmação de doença,
agravo ou evento de saúde pública, descritos no anexo, podendo ser imediata ou sema-
nal;

VII - notificação compulsória imediata (NCI): notificação compulsória realizada


em até 24 (vinte e quatro) horas, a partir do conhecimento da ocorrência de doença,
agravo ou evento de saúde pública, pelo meio de comunicação mais rápido disponível;

VIII - notificação compulsória semanal (NCS): notificação compulsória realizada


em até 7 (sete) dias, a partir do conhecimento da ocorrência de doença ou agravo;

IX - notificação compulsória negativa: comunicação semanal realizada pelo res-


ponsável pelo estabelecimento de saúde à autoridade de saúde, informando que na se-
mana epidemiológica não foi identificado nenhuma doença, agravo ou evento de saúde
pública constante da Lista de Notificação Compulsória; e

X - vigilância sentinela: modelo de vigilância realizada a partir de estabelecimento de


saúde estratégico para a vigilância de morbidade, mortalidade ou agentes etiológicos de in-
teresse para a saúde pública, com participação facultativa, segundo norma técnica específica
estabelecida pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS).

CAPÍTULO II

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DA NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA

Art. 3º A notificação compulsória é obrigatória para os médicos, outros profissio-


nais de saúde ou responsáveis pelos serviços públicos e privados de saúde, que prestam
assistência ao paciente, em conformidade com o art. 8º da Lei nº 6.259, de 30de outu-
bro de 1975.

1º A notificação compulsória será realizada diante da suspeita ou confirmação


de doença ou agravo, de acordo com o estabelecido no anexo, observando-se, também,
as normas técnicas estabelecidas pela SVS/MS.

2º A comunicação de doença, agravo ou evento de saúde pública de notificação


compulsória à autoridade de saúde competente também será realizada pelos responsá-
veis por estabelecimentos pú- blicos ou privados educacionais, de cuidado coletivo,
além de serviços de hemoterapia, unidades laboratoriais e instituições depesquisa.

3º A comunicação de doença, agravo ou evento de saúde pública de notificação


compulsória pode ser realizada à autoridade de saúde por qualquer cidadão que deles te-
nha conhecimento.

Art. 4º A notificação compulsória imediata deve ser realizada pelo profissional de


saúde ou responsável pelo serviço assistencial que prestar o primeiro atendimento ao pa-
ciente, em até 24 (vinte e quatro) horas desse atendimento, pelo meio mais rápido dispo-
nível.

Parágrafo único. A autoridade de saúde que receber a notificação compulsória


imediata deverá informa-la, em até 24 (vinte e quatro) horas desse recebimento, às de-
mais esferas de gestão do SUS, o conhecimento de qualquer uma das doenças ou agra-
vos constantes no anexo.

Art. 5º A notificação compulsória semanal será feita à Secretaria de Saúde do Mu-


nicípio do local de atendimento do paciente com suspeita ou confirmação de doença ou
agravo de notificação compulsória.

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Parágrafo único. No Distrito Federal, a notificação será feita à Secretaria de Saúde


do Distrito Federal.

Art. 6º A notificação compulsória, independente da forma como realizada, tam-


bém será registrada em sistema de informação em saúde e seguirá o fluxo de comparti-
lhamento entre as esferas de gestão do SUS estabelecido pela SVS/MS.

CAPÍTULO III

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 7º As autoridades de saúde garantirão o sigilo das informações pessoais inte-


grantes da notificação compulsória que estejam sob sua responsabilidade

Art. 8º As autoridades de saúde garantirão a divulgação atualizada dos dados pú-


blicos da notificação compulsória para profissionais de saúde, órgãos de controle social
e população em geral.

Art. 9º A SVS/MS e as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e


dos Municípios divulgarão, em endereço eletrônico oficial, o número de telefone, fax,
endereço de e-mail institucional ou formulário para notificação compulsória.

Art. 10. A SVS/MS publicará normas técnicas complementares relativas aos flu-
xos, prazos, instrumentos, definições de casos suspeitos e confirmados, funcionamento
dos sistemas de informação em saúde e demais diretrizes técnicas para ocumprimento e
operacionalização desta Portaria, no prazo de até 90 (noventa) dias, contados a partir da
sua publicação.
Art. 11. A relação das doenças e agravos monitorados por meio da estratégia de
vigilância em unidades sentinelas e suas diretrizes constarão em ato específico doMinis-
tro de Estado da Saú- de.

Art. 12. A relação das epizootias e suas diretrizes de notificação constarão em ato
específico do Ministro de Estado da Saúde.

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Art. 13. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. Art. 14.

Fica revogada a Portaria nº 1.271/GM/MS, de 06 de junho de 2014, publicada no


Diário Oficial da União, nº 108, Seção 1, do dia 09 de junho de 2014, p. 37.

Art. 14. Fica revogada a Portaria nº 1.271/GM/MS, de 06 de junho de 2014, publi-


cada no Diário Oficial da União, nº 108, Seção 1, do dia 09 de junho de 2014, p. 37.

3.2 Epidemiologias, vigilância e controle das doenças transmissíveis

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA Centro Nacional de Epidemiologia - CENEPI/FNS

O controle das doenças transmissíveis baseia-se em intervenções que, atuando sobre um


ou mais elos conhecidos da cadeia epidemiológica de transmissão, sejam capazes de vir
a interrompê-la. Entretanto, a interação do homem com o meio ambiente é muito com-
plexa, envolvendo fatores desconhecidos ou que podem ter se modificado no momento
em que se desencadeia a ação. Assim sendo, os métodos de intervenção tendem a ser
aprimorados ou substituídos, na medida em que novos conhecimentos são aportados, se-
ja por descobertas científicas (terapêuticas, fisio-patogênicas ou epidemiológicas), seja
pela observação sistemática do comportamento dos procedimentos de prevenção e con-
trole estabelecidos. A evolução desses conhecimentoscontribui, também, para a modifi-
cação de conceitos e de formas organizacionais dos serviços de saúde, na contínua bus-
ca do seu aprimoramento.

A conceituação de vigilância epidemiológica e a evolução de sua prática, ao longo das


últimas décadas devem ser entendidas no contexto acima referido. Originalmente, essa
expressão significava "a observação sistemática e ativa de casos suspeitos ou confirma-
dos de doenças transmissíveis e de seus contatos". Tratava-se, portanto, da vigilância de
pessoas, através de medidas de isolamento ou de quarentena, aplicadas individualmente,
e não de forma coletiva. Posteriormente, na vigência de campanhas de erradicação de
doenças - como a malária e a varíola - a vigilância epidemiológica passou a ser referi-

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da como uma das etapas desses programas, na qual se buscavadetectar, ativamen-


te, a existência de casos da doença alvo, com vistas ao desencadeamento de medidas ur-
gentes, destinadas a bloquear a transmissão. A estruturaoperacional de vigilância, orga-
nizada para esse fim específico, devia ser desativada apósa comprovação de que o risco
de transmissão da doença havia sido eliminado, como resultado das ações do programa.

Na primeira metade da década de 60 consolidou-se, internacionalmente, umaconceitua-


ção mais abrangente de vigilância epidemiológica, em que eram explicitados seus
propósitos, funções, atividades, sistemas e modalidades operacionais. Vigilância epide-
miológica foi, então, definida como "o conjunto de atividades que permite reunir a in-
formação indispensável para conhecer, a qualquer momento, o comportamento ou hist-
ória natural das doenças, bem como detectar ou prever alterações de seus fatores condi-
cionantes, com o fim de recomendar oportunamente, sobre bases firmes, as medidas in-
dicadas e eficientes que levem à prevenção e ao controle de determinadas doenças "

No Brasil, esse conceito foi inicialmente utilizado em alguns programas de controle de


doenças transmissíveis coordenados pelo Ministério da Saúde, notadamente a Campa-
nha de Erradicação da Varíola - CEV (1966-73). A experiência da CEV motivou a apli-
cação dos princípios de vigilância epidemiológica a outras doenças evitáveis por imuni-
zação, de forma que, em 1969, foi organizado um sistema de notificação semanal de do-
enças, baseado na rede de unidades permanentes de saúde e sob a coordenação das Se-
cretarias Estaduais de Saúde. As informações de interesse desse sistema passaram a ser
divulgadas regularmente pelo Ministério da Saúde, através de um boletim epidemiológi-
co de circulação quinzenal. Tal processo propiciou o fortalecimento de bases técnicas
que serviram, mais tarde, para a implementação de programas nacionais de grande su-
cesso na área de imunizações, notadamente na erradicação da transmissão autóctone do
poliovírus selvagem na região das Américas.

Em 1975, por recomendação da 5a Conferência Nacional de Saúde foi instituído o Siste-


ma Nacional de Vigilância Epidemiológica - SNVE. Este sistema formalizado através
da Lei 6.259, do mesmo ano e decreto 78.231, que a regulamentou, em 1976, incorpo-
rou o conjunto de doenças transmissíveis então consideradas de maior relevância sani-
tária no país. Buscava-se, na ocasião, compatibilizar a operacionalização de estratégias
de intervenção desenvolvidas para controlar doenças específicas, através de programas

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nacionais que eram, então, escassamente interativos.

A promulgação da lei 8.080, que instituiu, em 1990, o Sistema Único de Saúde - SUS,
teve importantes desdobramentos na área de vigilância epidemiológica. O texto legal
manteve o SNVE, oficializando o conceito de vigilância epidemiológico como "um con-
junto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer
mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva,
com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doen-
ças ou agravos". Embora essa definição não modifique a essência da concepção até en-
tão adotada pelo SNVE, ela faz parte de um contexto de profunda reorganização do sis-
tema de saúde brasileiro, que prevê a integralidade preventivo-assistêncial das ações de
saúde, e a consequente eliminação da dicotomia tradicional entre essas duas áreas que
tanto dificultava as ações de vigilância. Além disso, um dos pilares do novo sistema de
saúde passou a ser a descentralização de funções, sob comando único em cada esfera de
governo federal, estadual, municipal o que implica no direcionamento da atenção para
as bases locais de operacionalização das atividades de vigilância epidemiológica no
país.

Dessa forma, a orientação atual para o desenvolvimento do SNVE estabelece, como


prioridade, o fortalecimento de sistemas municipais de vigilância epidemiológica dota-
dos de autonomia técnico-gerencial para enfocar os problemas de saúde próprios de su-
as respectivas áreas de abrangência. Espera-se, assim, que os recursos locais sejam dire-
cionados para atender, prioritariamente, às ações demandadas pelas necessidades da
área, em termos de doenças e agravos que lá sejam mais prevalentes. Nessa perspectiva,
a reorganização do SNVE deve pautar-se nos seguintes pressupostos, que resultaram de
amplo debate nacional entre os técnicos da área, com base nos preceitos da reforma sa-
nitária instituída e implementação no país:

heterogeneidade do rol de doenças e agravos sob vigilância no nível municipal, embora


apresentando, em comum, aquelas que

tenham sido definidas como de interesse do sistema nacional e do estadual correspon-


dente; distintos graus de desenvolvimento técnico, administrativo e operacional dos sis-
temas locais, segundo o estágio de organização da rede de serviços em cada município;

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incorporação gradativa de novas doenças e agravos - inclusive doenças não transmissí-


veis - aos diferentes níveis do sistema; fluxos de informações baseados no atendimento
às necessidades do sistema local de saúde, sem prejuízo da transferência, em tempo há-
bil, de informações para outros níveis do sistema; construção de programas de controle
localmente diferenciados, respeitadas as bases técnico-científicas de referência nacio-
nal.

A relação de doenças de notificação nacional tem sofrido revisões durante as últimas dé-
cadas, em função de novas ações programáticas instituídas para controlar problemas es-
pecíficos de saúde. Em 1998 foi procedida, pelo Centro Nacional de Epidemiologia -
CENEPI, ampla revisão do assunto, que resultou na explicitação de conceitos técnicos
sobre o processo de notificação, bem como dos critérios utilizados para a seleção de do-
enças e agravos notificáveis. Essa orientação servirá de base para a atualização da rela-
ção de doenças de notificação compulsória em âmbito nacional.

A Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) foi criada em junho de 2003 para agregar as
atribuições do an- tigo Centro Nacional de Epidemiologia (Cenepi) à coordenação de
outros programas nacionais de combate à tuberculose, hanseníase, hepatites virais, DST
e Aids, doenças até então supervisionadas por outras áreas do Ministério da Saúde.

A partir da criação da SVS, todas as ações de prevenção e controle de doenças passam a


estar reunidas na mesma estrutura, possibilitando uma abordagem mais integrada e efi-
caz. Além disso, expandindo o objeto da vigilância em saúde pública, a SVS também
coordena as ações do Sistema Único de Saúde na área de vigilância ambiental e de vigi-
lância de agravos e doenças não transmissíveis e seus fatores de risco. Cabe ainda à
SVS coordenar e supervisionar a execução das atividades técnicas desenvolvidas pelo
Instituto Evandro Chagas, pelo Centro de Referência Professor Hélio Fraga, pelo Centro
Nacional de Primatas e pela Central de Armazenagem e Distribuição de Insumos Estra-
tégicos.

A Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS é responsável pela coordenação do Sistema


Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE).

No âmbito do SNVE, a Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS define normas e proce-

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dimentos técnicos e diretrizes operacionais, além de promover a cooperação técnica e


assessorar as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde. Também promovea coope-
ração técnica com organismos internacionais correlatos.

A Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS trabalha para a promoção e disseminação do


uso da metodologia epidemiológica em todos os níveis do Sistema Único de Saúde
(SUS). Objetiva o estabelecimento de sistemas de informação e análises que permitam o
monitoramento do quadro sanitário do país e subsidiem a formulação, implementação e
avaliação das ações de prevenção e controle de doenças e agravos, a definição de priori-
dades e a organização dos serviços e ações de saúde.

Propósitos e Funções

A vigilância epidemiológica tem como propósito fornecer orientação técnica permanen-


te para os que têm a responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de controle
de doenças e agravos, tornando disponíveis, para esse fim, informações atualizadas so-
bre a ocorrência dessas doenças ou agravos, bem como dos seus fatores condicionantes
em uma área geográfica ou população determinada. Subsidiariamente, a vigilância epi-
demiológica constitui-se em importante instrumento para o planejamento, a organiza-
ção e a operacionalização dos serviços de saúde, como também para a normatização de
atividades técnicas correlatas .

Sua operacionalização compreende um ciclo completo de funções específicas e inter-


complementares que devem ser, necessariamente, desenvolvidas de modo contínuo,per-
mitindo conhecer, a cada momento, o comportamento epidemiológico da doença ou
agravo escolhido como alvo das ações, para que as medidas de intervenção pertinentes
possam ser desencadeadas com oportunidade e eficácia.

São funções da vigilância epidemiológica:

Coleta de dados; processamento de dados coletados; análise e interpretação dos dados


processados; recomendação das medidas de controle apropriadas; promoção das ações
de controle indicadas; avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas; divul-
gação de informações pertinentes.

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Todos os níveis do sistema de saúde têm atribuições de vigilância epidemiológica com-


preendendo o conjunto das funções mencionadas. Quanto mais eficientemente essasfun-
ções forem realizadas no nível local, maior será a oportunidade com que as ações de
controle tenderão a ser desencadeadas. Além disso, a atuação competente no nível local
estimulará maior visão do conjunto nos níveis estadual e nacional, abarcando o amplo
espectro dos problemas prioritários a serem enfrentados em diferentes situações opera-
cionais. Ao mesmo tempo, os responsáveis técnicos no âmbito estadual, e, com maior
razão, no federal, poderão dedicar-se seletivamente, a questões mais complexas, emer-
genciais ou de maior extensão, que demandem a participação de especialistas e centros
de referência, inclusive de nível internacional.

Dessa forma, não mais se admite que a atuação no âmbito local esteja restrita à realiza-
ção de coleta de dados e à sua transmissão a outros níveis. O fortalecimento de sistemas
municipais de saúde, tendo a vigilância epidemiológica como um de seus instrumentos
mais importantes de atuação, deve constituir-se na estratégia principal de institucionali-
zação.

A Norma Operacional Básica do SUS - NOB-SUS/96, no seu item 14 já prevê a transfe-


rência de recursos financeiros fundo a fundo para estados e municípios para custeio das
ações de epidemiologia e de controle de doenças/agravos formalizando a criação e ope-
ração de sistemas locais de vigilância epidemiológica com aporte derecursos diferencia-
dos para cada área de acordo com o desenvolvimento desses sistemas, que serão aferi-
dos pelo índice de Valorização de Resultados (1VR) (12.1.6 daNOB/SUS/96).

Coleta de Dados e Informações

O cumprimento das funções de vigilância epidemiológica depende da disponibilidade


de INFORMAÇÕES que sirvam para subsidiar o desencadeamento de ações - INFOR-
MAÇÃO PARA A AÇÃO. A qualidade da informação, por sua vez, depende da ade-
quada coleta de dados, que são gerados no local onde ocorre o evento sanitário (dadoco-
letado). É também nesse nível que os dados devem primariamente ser tratados e estrutu-
rados, para se constituírem em um poderoso instrumento. A INFORMAÇÃO - capaz de
estabelecer um processo dinâmico de planejamento, avaliação, manutenção e aprimora-

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mento das ações.

A coleta de dados ocorre em todos os níveis de atuação do sistema de saúde. A força e


valor da informação (que é o dado analisado) depende da qualidade e fidedignidade
comque o mesmo é gerado. Para isso, faz-se necessário que as pessoas responsáveis pe-
la coleta estejam bem preparadas para diagnosticar corretamente o caso, como também
para realizar uma boa investigação epidemiológica, com anotações claras e confiáveis
para que se possa assimilá-las com confiabilidade.

Outro aspecto refere-se à qualidade do dado gerado, ou seja, sua representatividade em


função do problema existente. Assim, é necessário que a gerência local do sistema obte-
nha, com regularidade e oportunidade, dados do maior número possível de outras fontes
geradoras como ambulatórios ou hospitais sentinelas localizados nesse nível ou em sua
periferia.

A passagem do dado pelos diversos níveis deverá ser suficientemente rápida para o de-
sencadeamento de ações, particularmente quando for necessário o desenvolvimento des-
sas por um outro nível, visando a adoção das medidas em momento oportuno. É impor-
tante salientar que o fluxo, a periodicidade e o tipo de dado que interessa ao sistema de
vigilância estão relacionados às características de cada doença ou agravo.

Os fluxos de informações, dentro dos estados e municípios, estão sendo profundamente


alterados em função da reorganização do sistema de saúde. Entretanto, tem-se mantido
alguns instrumentos e fluxos, visando impedir que haja solução de continuidade na cole-
ta, repasse e armazenamento de dados.

Tipos de Dados

Os dados e informações que alimentam o Sistema de Vigilância Epidemiológica são os


seguintes:

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Dados Demográficos e Ambientais Permitem quantificar a população: número de habi-


tantes e características de sua distribuição, condições de saneamento, climáticas, eco-
lógicas, habitacionais e culturais.

Dados de Morbidade Podem ser obtidos através de notificação de casos e surtos, de pro-
dução de serviços ambulatoriais e hospitalares, de investigação epidemiológica, de bus-
ca ativa de casos, de estudos amostrais e de inquéritos, entre outras formas.

Dados de Mortalidade São obtidos através das declarações de óbitos que são processa-
das pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade. Mesmo considerando o sub-regis-
tro, que é significativo em algumas regiões do país, e a necessidade de um correto pre-
enchimento das declarações, trata-se de um dado que assume importância capital como
indicador de saúde. Esse sistema está sendo descentralizado, objetivando ouso imediato
dos dados pelo nível local de saúde.

Notificação de Surtos e Epidemias A detecção precoce de surtos e epidemias ocorre


quando o sistema de vigilância epidemiológica local está bem estruturado com acompa-
nhamento constante da situação geral de saúde e da ocorrência de casos de cada doença
e agravo sujeito à notificação. Essa prática possibilita a constatação de qualquer indício
de elevação do número de casos de uma patologia, ou a introdução de outras doenças
não incidentes no local, e, conseqiientemente, o diagnóstico de uma situação epidêmica
inicial para a adoção imediata das medidas de controle. Em geral, deve-se notificar es-
ses fatos aos níveis superiores do sistema para que sejam alertadas as áreas vizinhas
e/ou para solicitar colaboração, quando necessário.

Fontes de Dados

A informação para a vigilância epidemiológica destina-se à tomada de decisões - IN-


FORMAÇÃO PARA AÇÃO. Este princípio deve reger as relações entre os responsá-
veis pela vigilância e as diversas fontes que podem ser utilizadas para o fornecimento
de dados. As principais são:

Notificação

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Notificação é a comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde,


feita à autoridade sanitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fins de
adoção de medidas de intervenção pertinentes.

Historicamente, a notificação compulsória tem sido a principal fonte da vigilânciaepide-


miológica a partir da qual, na maioria das vezes, se desencadeia o processo informação-
decisão-ação. A listagem nacional das doenças de notificação vigente está restrita a al-
guns agravos e doenças de interesse sanitário para o país e compõe o Sistema de Doen-
ças de Notificação Compulsória. Entretanto, estados e municípios podem incluir novas
patologias, desde que se defina com clareza o motivo e o objetivo da notificação, os ins-
trumentos e fluxo que a informação vai seguir e as ações que devem ser postas em práti-
ca de acordo com as análises realizadas. Entende-se que só se deve coletar dados que te-
nham uma utilização prática, para que não se sobrecarreguem os serviços de formulários
que não geram informações capazes de aperfeiçoar as atividadesde saúde.

Dada a natureza específica de cada doença ou agravo à saúde, a notificação deve seguir
um processo dinâmico, variável em função das mudanças no perfil epidemiológico, dos
resultados obtidos com as ações de controle e da disponibilidade de novos conhecimen-
tos científicos e tecnológicos. As normas de notificação devem adequar-se no tempo e
no espaço, às características de distribuição das doenças consideradas, ao conteúdo de
informação requerido, aos critérios de definição de casos, à periodicidade da transmis-
são dos dados, às modalidades de notificação indicadas e a representatividade das fon-
tes de notificação. Para nortear os parâmetros de inclusão de doenças e/ou agravos na
lista de notificação compulsória, para as três esferas de governo, o CENEPI publicou
um documento resultante do processo de discussão da revisão desta lista nacional, que
deve ser consultada por estados e municípios que desejam incorporar ou retirar doenças
ou agravos da lista nacional do Informe Epidemiológico do SUS, VII, n. l,Jan a Mar/98.

Os critérios que devem ser aplicados no processo de seleção para notificação de doen-
çassão:

Magnitude - doenças com elevada frequência que afetam grandes contingentes popula-
cionais, que se traduzem pela incidência, prevalência, mortalidade, anos potenciais de

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vida perdidos. Potencial de disseminação - se expressa pela transmissibilidade da doen-


ça, possibilidade de sua disseminação através de vetores e demais fontes de infecção,
colocando sob risco outros indivíduos ou coletividades.

Transcendência - tem-se definido como um conjunto de características apresentadas por


doenças e agravos, de acordo com sua apresentação clínica e epidemiológica, das quais
as mais importantes são: a severidade medida pelas taxas de letalidade, hospitalizações
e sequelas; a relevância social que subjetivamente significa o valor que a sociedade im-
puta à ocorrência do evento através da estigmatização dos doentes, medo, indignação
quando incide em determinadas classes sociais; e as que podem afetar o desenvolvimen-
to, o que as caracteriza como de relevância económica devido a restrições comerciais,
perdas de vidas, absenteísmo ao trabalho, custo de diagnóstico e tratamento, etc. Vulne-
rabilidade - doenças para as quais existem instrumentos específicos de prevenção e con-
trole permitindo a atuação concreta e efetiva dos serviçosde saúde sob indivíduos ou co-
letividades. Compromissos Internacionais - o governo brasileiro vem firmando acordos
juntamente com os países membros da OPAS/OMS, que visam empreender esforços
conjuntos para o alcance de metas continentais ou até mundiais de controle, eliminação
ou erradicação de algumas doenças. Exemplo mais expressivo é o do Programa de
Eliminação do Poliovírus Selvagem, que alcançou a meta de erradicação das Améri-
cas. Desta forma, teoricamente, a poliomielite deveria ser excluída da lista, no entanto
este programa preconiza sua manutenção e sugere ainda que se acrescentem as Paralisi-
as Flácidas Agudas, visando a manutenção da vigilância do vírus, para que se detecte
sua introdução em países indenes, visto que o mesmo continua circulando em áreas fora
do continente americano. Regulamento Sanitário Internacional; doenças que estão defi-
nidas como de notificação compulsória internacional, obrigatoriamente, são incluídas
nas listas de todos os países membros da OPAS/OMS, e hoje estão restritas a três: cóle-
ra, febre amarela e peste.

Epidemias, surtos e agravos inusitados - todas as suspeitas de epidemias ou de ocorrên-


cia de agravo inusitado devem ser investigados e imediatamente notificados aos níveis
hierárquicos superiores pelo meio mais rápidos de comunicação disponível.

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Mecanismos próprios de notificação devem ser instituídos, definidos de acordo com a


apresentação clínica e epidemiológica do evento.

Estes critérios devem ser observados e analisados em conjunto, e, obviamente, não é ne-
cessário para a inclusão de uma doença o atendimento de todos eles. Por outro lado,
nem sempre podem ser aplicados de modo linear, desde quando a lista que vai gerar este
sistema de informação irá subsidiar a Vigilância Epidemiológica, e esta tem que se ali-
cerçar sob bases factíveis e aceitáveis por quem alimenta o sistema, que são especial-
mente os profissionais de saúde da rede de serviços.

Mesmo sendo compulsório - o que significa ser dever de todo cidadão notificar a ocor-
rência de algum caso suspeito de doença que esteja na relação de notificação compuls-
ória, e uma obrigação inerente à profissão médica e outras profissões da área de saúde -
a notificação é habitualmente realizada de modo precário, pelo desconhecimento de sua
importância, descrédito nos serviços de saúde, falta de acompanhamento esupervisão da
rede de serviços e, também, pela falta de retorno dos dados coletados edas ações que
foram geradas pela análise. Neste sentido, é fundamental que trabalhos desensibilização
dos profissionais e das comunidades sejam sistematicamente realizados, visando a me-
lhoria da obtenção dos dados no que diz respeito à sua quantidade e qualidade, fortale-
cendo e ampliando a rede de notificação, pois, idealmente, o sistema deve cobrir toda a
população. Dessa forma, considera-se que todas as unidades de saúde devem compor a
rede de notificação (pública, privada e filantrópica), como também, todos os profissio-
nais de saúde e mesmo a população em geral.

3.3. Transição epidemiológica e demográfica no Brasil e no mundo

A teoria da transição demográfica tem como objetivo explicar a evolução da população


desde níveis altos de mortalidade e fecundidade até outros cada vez mais baixos para es-
tabelecer um parâmetro causal entre a população e o desenvolvimento socioeconômico
ao longo dos últimos cem anos, assumindo as transformações econômicas e sociais do
crescimento econômico capitalista baixo e a influência da modernização industrial.

A transição epidemiológica refere-se às modificações, em longo prazo, dos padrões de

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morbidade, invalidez e morte que caracterizam uma população específica e que, em ge-
ral, ocorrem em conjunto com outras transformações demográficas, sociais e econômi-
cas.

Sua origem surgiu a partir da teoria da transição demográfica referindo-se a mudança


seculares dos padrões de saúde e doença, relacionando-se aos fatores sociais, econômi-
cos e demográficos.

O Brasil se encontra em pleno estágio intermediário de transição epidemiológica, sendo


que esta não é uniforme: em alguns estados, ou regiões destes, esta se encontra em fase
inicial; em outros, na fase intermediária, e em alguns a transição está quase se comple-
tando.

Transição Demográfica

De Acordo com Perez (2005) ao final do século XIX e princípios do XX, partindo dos inte-
resses por aprofundar nas tendências da população, sobretudo na procura de uma explica-
ção na diminuição dos níveis de fecundidade em muitos países da Europa Ocidental, tinha
lugar o surgimento que se denomina a “Teoria da Transição Demográfica”.

Transição demográfica referem-se essencialmente às tentativas de explicação para as


transformações operadas nas populações dos países industrializados, entre meados do
século XIX e meados do século XX (Infopédia, 2003 -2009).

Esta teoria trata de explicar a evolução da população desde níveis altos de mortalidade e
fecundidade até outros cada vez mais baixos para estabelecer o nexo causal entre a po-
pulação e o desenvolvimento socioeconômico ao longo dos últimos cem anos na Euro-
pa, assumindo as transformações econômicas e sociais do crescimento econômico capi-
talista baixo a influência da modernização industrial (PEREZ 2005).

Segundo Brito (2008) a transição demográfica é um dos fenômenos estruturais mais im-
portantes que tem marcado a economia e a sociedade brasileiras desde a segunda meta-
de do século passado.

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Segundo Freire (2008) para explicar as alterações na evolução da população são usados
modelos demográficos, sendo o mais aceito, o modelo de transição demográfica. Segun-
do este modelo a população evolui em quatro fases.

Regime demográfico primitivo ou pré–industrial: caracteriza-se por registrar


elevadas taxas de natalidade e de mortalidade

Primeira Transição: produz-se uma diminuição da mortalidade, como conseqüência


das melhorias alimentares e de assistência medica e sanitária mas mantém-se umaeleva-
da natalidade o que provoca um acentuado crescimento da população.

Segunda Transição: a natalidade começa a diminuir e a mortalidade continua a descer


embora mais lentamente.

Regime democrático moderno: as taxas de mortalidade atingem os mínimos biológi-


cos e as de natalidade são muitos baixas. O crescimento é fraco, podendo mesmo haver
um decréscimo populacional.

Transição Epidemiológica

Laurenti (1990) define como transição epidemiológica o processo de mudança na inci-


dência ou na prevalência de doenças, bem como nas principais causas de morte, ao lon-
go do tempo.

Segundo Miguel (2007) a transição epidemiológica refere-se às modificações, em longo


prazo, dos padrões de morbidade, invalidez e morte que caracterizam uma população es-
pecífica e que, em geral, ocorrem em conjunto com outras transformações demo-
gráficas, sociais e econômicas.

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Schramm; et al. (2004) relatam que o processo engloba três mudanças básicas: substitui-
ção das doenças transmissíveis por doenças não-transmissíveis e causas externas; deslo-
camento da carga de morbi-mortalidade dos grupos mais jovens aos grupos mais idosos;
e transformação de uma situação em que predomina a mortalidade para outra na qual a
morbidade é dominante.

De acordo com Laurenti (1990) esse processo está, em geral, condicionado por dois fa-
tores: a) mudanças associadas à estrutura etária da população, ocorridas ao longo do
processo de transição demográfica e propiciadas pela rápida queda da fecundidade em
um contexto mais suave de declínio da mortalidade; b) mudanças no grau e no estilo de
desenvolvimento, caracterizando a passagem de sociedades rurais para urbanas, bem co-
mo na elevação dos níveis de assalariamento e monetarização da sociedade, aumento na
cobertura dos serviços sociais básicos de saúde, educação, aumento na distribuição da
renda nacional, dentre outros.

O conceito de transição epidemiológica surgiu a partir da teoria da transição demográfi-


ca e foi descrito pela primeira vez por Omram, referindo-se a mudança seculares dos pa-
drões de saúde e doença relacionado-se aos fatores sociais, econômicos e demográficos
(MEDRONHO).

Ainda segundo o mesmo autor, á medida que os paises atingem níveis de desenvolvi-
mento mais elevados, as melhorias das condições sociais, econômicas e de saúde cau-
sam a transição de um padrão de expectativa ou esperança de vida baixa, com altas ta-
xas de mortalidade por doenças infecciosas e parasitarias em faixas de idade precoces,
para um aumento da sobrevida em direção á idades mais avançadas e aumentodas mor-
tes por doenças não transmissíveis (MEDRONHO).

Andrade (2009) comenta que a determinação do perfil epidemiológico da mortalidade


deve ser considerada como o resultado de um processo dinâmico, onde as variáveis são
interdependentes e podem ter um peso diferenciado, de acordo com o local, com a socie-
dade e com o tempo histórico.

Estágios da Transição Epidemiológica

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De acordo com Medronho a transição epidemiológica tem como premissa: que e a mor-
talidade e a fecundidade são as forças mais importantes da dinâmica populacional; eque
durante a transição epidemiológica ocorrem mudanças lentas e longa duração nos pa-
drões de mortalidade e morbidade, com substituição gradual das pandemias de doenças
infecciosas e parasitárias e da deficiência nutricional, pela doenças crônico degenerati-
vas e aquelas provocadas pelo homem (causas externas).

Ainda segundo o mesmo autor, as mudança de mortalidade, nos padrões de causas de


morbidade e mortalidade e na fecundidade distinguem cinco principais estágios datran-
sição epidemiológica.

Estágio 1: Fome e pestilências

Duração até o fim da idade média;


Alta natalidade;
Alta mortalidade – doenças infecciosas;
Endemias, epidemias, pandemias; Expectativa de vida de 20 a 40 anos;Crescimento
demográfico lento.

Estágio 2: Declínio das pandemias

Da Renascença até a Revolução Industrial;Progres-


siva diminuição das pandemias;
Doenças infecciosas como principal causa de morte;
Expectativa de vida de 40 anos;
Queda da mortalidade e natalidade alta aumento da população.

Estágio 3: Doenças degenerativas e provocadas pelo homem

Da Revolução Industrial até meados do século XX;


Maior disponibilidade de alimentos;
Melhores condições de moradia;
Saneamento básico;
Declínio das doenças infecciosas; Doen-

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ças cardiocirculatórias e neoplasias;Ex-


pectativa de vida acima de 70 anos;
Desaceleração do crescimento populacional.

Estágio 4: Declínio da mortalidade por doenças cardiovasculares

Envelhecimento populacional;
Modificação de Estilo de Vida;
Doenças Emergentes; Ressur-
gimento de Doenças.

Estágio 5: Período de longevidade paradoxal

Emergência de doenças enigmáticas;


Capacitação tecnológica para a sobrevivência do inapto.

Modelos de Transição Epidemiológico

Segundo Pereira o modelo de transição epidemiológica no Brasil é denominado contem-


porâneo ou retardado, diferentemente dos países desenvolvidos que é uma evolução gra-
dual. Nesses países os fatores determinantes são eco biológico e socioeconômico, en-
quanto o nosso é influenciado pela introdução maciça de tecnologia e assistência médi-
ca.

Para a distinção entre os diferentes modelos são considerados o tempo, ritmo e magnitu-
de do declínio nos níveis dos coeficientes de mortalidade e sua estrutura por causas; a
esperança de vida; os níveis das taxas de mortalidade infantil; o nível da taxa de fertili-
dade e a estrutura etária. O comportamento da mortalidade proporcional em menores de
um ano e dos componentes da mortalidade infantil, da mortalidade proporcional em
menores de cinco anos, da mortalidade proporcional de 50 anos ou mais (Indicador
de Swarrop-Uemura) e das taxas de mortalidade materna, são também

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indicadores amplamente usados para classificar os países nos modelos descritos a se-
guir: Modelo clássico ou Ocidental, Modelo de transição acelerada e semi- ociden-
tal,Modelo de transição retardada com suas variações transicionais (variante transicio-
nal rápida em sociedades recém-industrializadas e ou em rápido desenvolvimento;a va-
riante transicional intermediária em paises de renda média,a variante transicional lenta
em países menos desenvolvidos). Os dois primeiros modelos se referem a países que
tiveram seu declínio na mortalidade anteriormente ao séculoXX, sendo que a fecundi-
dade iniciou sua queda, após um intervalo de tempo, atingindo níveis baixos no modelo
clássico e níveis moderados no semi-ocidental. No modelo retardado o declíneo impor-
tante na mortalidade só veio ocorrer no início do éculo XX e o da fecundidade ainda
mais tarde, em torno do período após a metade deste século (MEDRONHO)

Transição Demográfica no Brasil

No Brasil, a transição demográfica e a transição epidemiológica começam com a queda


da taxa de mortalidade na década de 1940, devido à redução das doenças infecciosas e
paritárias como causas de óbitos, com a natalidade mantendo-se ainda em níveis eleva-
dos até 1960.

Essas mudanças provocam alterações no ritmo de crescimento vegetativo, que é medido


pela diferença: natalidade – mortalidade. Quando as migrações internacionais envolven-
do a população brasileira eram insignificantes e o saldo migratório era nulo, a popula-
ção do Brasil cresceu exclusivamente em função deste crescimento vegetativo, sendo
mais intenso ao redor de 1960, quando a natalidade era de 43 nascidos vivos por mil ha-
bitantes.

A taxa de mortalidade infantil é considerada como um dos indicadores de maior impor-


tância na avaliação das condições de saúde de uma coletividade, já que se refere a um
grupo etário extremamente vulnerável tanto às agressões ambientais, quanto a agravos
de maior complexidade, como são os de origem materno-infantil e à qualidadee acesso
aos serviços de saúde. È interessante ressaltar que a mortalidade infantil foi causada, em
grande parte, pelo declínio nas taxas das doenças da infância cuja resoluçãodepende de
melhorias nas condições ambientais, higiene e alimentação, isto é, principalmente aque-
las relacionadas ao componente da mortalidade infantil tardia.

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O gráfico abaixo mostra a fase de grande crescimento populacional na década de 1960.


No entanto chegamos ao ano 2000 com um crescimento relativo menor que em 1940, e
as projeções para 2020 mostram uma taxa de crescimento menor que 1% ao ano.

Na década de 1940, quando a taxa de mortalidade cai rapidamente de 25 para 21 óbitos


por mil habitantes, o ritmo de crescimento vegetativo aumenta de 1,9% para 2,3% ao
ano, pois a natalidade manteve-se alta.

Na etapa seguinte, a partir de 1960, a natalidade diminui, encurtando a diferença entre


natalidade e mortalidade e diminuindo a taxa de crescimento, que tinha atingido em
1960 seu valor mais alto, de 3% ao ano.

O crescimento da população, no entanto, reflete-se principalmente na população urbana,


apesar de a natalidade ser maior nas áreas rurais, resultando até numa diminuição da po-
pulação rural na década de 1980. Os motivos deste processo de urbanização são a gran-
de migração do campo para a cidade e a transformação de áreas rurais em áreas urbanas.

Em relação à natalidade, as mudanças que estão ocorrendo desde a década de 1960, têm
aspectos positivos e negativos. Entre os positivos, a queda da fecundidade aumentou o
intervalo intergestacional, resultando em riscos menores de mortalidade na infância,
pois a mãe pode dar mais atenção e cuidados a seus filhos. Entre os aspectos negativos,
associados com a saúde reprodutiva, são citados: a elevada prevalência de abortamento
no Brasil; a persistência de atenção pré-natal insuficiente e inadequada.

A partir de 1970 há uma aceleração no processo de envelhecimento populacional, e o


contingente de menores de 20 anos, que constituía mais da metade da população, já no
Censo Demográfico de 1991, representa 45% do total, e na Contagem de População de
1996 diminui para 43%. Já a população idosa, com 60 anos ou mais: que representava
apenas 4% do total em 1950 cresce rapidamente e, duplicando sua participação relativa
na população brasileira, chega a 8% em 1996.

Transição Epidemiológica no Brasil

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O conceito de transição epidemiológica refere-se às modificações, a longo prazo, dos


padrões de morbidade, invalidez e morte que caracterizam uma população específica e
que, em geral, ocorrem em conjunto com outras transformações demográficas, sociais e
econômicas (JORGE, 2007).

No Brasil, a transição epidemiológica não tem ocorrido de acordo com o modeloexperi-


mentado pela maioria dos países desenvolvidos. Velhos e novos problemas em saúde
coexistem, com predominância das doenças crônico-degenerativas, as doenças transmis-
síveis ainda desempenham um papel importante. (http://www.saude.es.gov.br)

Na população brasileira o processo engloba três mudanças básicas: 1) substituição, entre


as primeiras causas de morte, das doenças transmissíveis (doenças infecciosas) por do-
enças não transmissíveis; 2) deslocamento da maior carga de morbi-mortalidade dos
grupos mais jovens (mortalidade infantil) aos grupos mais idosos; e 3) transformação de
uma situação em que predomina a mortalidade para outra em que a morbidade (doenças
crônicas) é dominante.

Há uma correlação direta entre os processos de transição demográfica e epidemiológica.


De um modo geral a queda inicial da mortalidade concentra-se seletivamente entre as
doenças infecciosas e tende a beneficiar os grupos mais jovens da população. Estes “so-
breviventes” passam a conviver com fatores de risco para doenças crônico- degenerati-
vas e, na medida em que cresce o número de idosos e aumenta a expectativa de vida,
tornam-se mais freqüentes as complicações daquelas moléstias.

Modifica-se o perfil de saúde da população; ao invés de processos agudos que “se resol-
vem” rapidamente através da cura ou do óbito, tornam-se predominantes as doenças
crônicas e suas complicações, que implicam em décadas de utilização dos serviços de
saúde. (www.ibge.gov.br)

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O Brasil se encontra, portanto, em pleno estágio intermediário de transição epidemioló-


gica, sendo que esta não é uniforme: em alguns estados, ou regiões destes, esta se en-
contra em fase inicial; em outros, na fase intermediária, e em alguns a transição está
quase se completando. Este contraste é observado entre áreas de desenvolvimento dife-
renciado intra-regionais e entre subgrupos populacionais submetidos a condições de vi-
da também diferenciadas nestas regiões. As doenças infecciosas apresentam maior pre-
valência nas regiões de precária infra-estrutura e entre as populações mais pobres.

No Brasil, a hipertensão arterial tem alta determinação social. A proporção de trabalha-


dores de baixa renda em uma população está relacionada com a prevalência da hiperten-
são arterial. Desta forma, estas doenças não seriam a conseqüência inevitável doproces-
so de envelhecimento da população e sim preveníveis por ser o resultado de modifica-
ções do estilo de vida, da relação do ser humano com o ambiente onde vive edo qual
faz parte.

Considerações Finais

Apesar, de na década de 40 a transição demográfica e epidemiológica serem marcadas


por uma queda da taxa de mortalidade devido à redução das doenças infecciosas e para-
sitárias, a taxa de natalidade manteve-se ainda em níveis elevados até a década de 60.

Na década de 70 há uma aceleração no processo de envelhecimento populacional, e o


contingente de menores de 20 anos, que constituía mais da metade da população.

Em 1980 o crescimento da população reflete-se principalmente na população urbana,


apesar de a natalidade ser maior nas áreas rurais, resultando até numa diminuição da po-
pulação rural. Os motivos deste processo de urbanização são a grande migração do cam-
po para a cidade e a transformação de áreas rurais em áreas urbanas.

No entanto chegamos ao ano 2000 com um crescimento relativo menor que em 1940, e
as projeções para 2020 mostram uma taxa de crescimento menor que 1% ao ano. O Bra-
sil vem demonstrando transição em seu perfil populacional, prevendo-se que no ano de
2025, ocupará o sexto lugar entre os países com maior quantitativo de idosos, qual se-
jam pessoas com mais de sessenta anos de idade.

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3.4. Programa nacional de imunização

O Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Brasil é uma referência internacional de


política pública de saúde. O país já erradicou, por meio da vacinação, doenças de alcan-
ce mundial como a varíola e a poliomielite (paralisia infantil). A população brasileira
tem acesso gratuito a todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial de Saú-
de (OMS).
Desde que foi criado, em 1973, o programa busca a inclusão social, assistindo todas as

pessoas, em todos o país, sem distinção de qualquer natureza. As vacinas do programa


estão à disposição de todos nos postos de saúde ou com as equipes de vacinação, cujo
empenho permite levar a imunização mesmo aos locais de difícil acesso.

Há mais de 100 anos foi realizada a primeira campanha de vacinação em massa feita no
Brasil. Idealizada por Oswaldo Cruz, o fundador da saúde pública no país, a campanha
tinha o objetivo de controlar a varíola, que então dizimava boa parte da população do
Rio de Janeiro.
O êxito das Campanhas de Vacinação contra a varíola na década dos anos sessenta mos-
trou que a vacinação em massa tinha o poder de erradicar a doença. O último caso de
varíola notificado no Brasil foi em 1971, e no mundo em 1977, na Somália.

Em 1980 aconteceu a 1ª Campanha Nacional de Vacinação Contra Poliomlite, com a


meta de vacinar todas as crianças menores de 5 anos em um só dia. O último caso de po-
liomielite no Brasil ocorreu na Paraíba em março de 1989. Em setembro de 1994 o Bra-
sil recebeu, junto com os demais países da região das Américas, o certificado que a do-
ença e o vírus foram eliminados do continente.

Ao longo dos anos, a atuação do PNI apresentou consideráveis avanços. As metas mais
recentes contemplam a erradicação do sarampo, a eliminação tétano neonatal e o contro-
le de outras doenças imunopreveníveis como Difteria, Coqueluche e Tétano acidental,
Hepatite B, Meningites, Febre Amarela, formas graves da Tuberculose, Rubéola e Ca-
xumba, bem como, a manutenção da erradicação da Poliomielite.

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Ana Goretti Kalumi, coordenadora-substituta do Programa Nacional de Imunização do


Ministério da Saúde, conta que a participação da sociedade é fundamental para osuces-
so da imunização no Brasil. “O PNI é um programa que tem uma participação muito
grande da sociedade. Sem o comparecimento das pessoas aos postos de vacinação não
teríamos o sucesso que temos. E, é claro que não podemos esquecer a participação de
todos os profissionais de saúde que levam a vacina para cada cidade, cada bairro”, disse
ela.

O Brasil conta atualmente com mais de 36 mil salas de vacinação espalhadas por todo
território nacional, que aplicam por ano 300 mil imunobiológicos. Entre eles estão 27
vacinas, 13 soros e 4 imunoglobulinas, todos distribuídos gratuitamente com materiais
seguros e de qualidade. Há ainda vacinas especiais para grupos em condições clínicas

específicas, como portadores de HIV, disponíveis nos Centros de Referência


para Imunobiológicos Especiais (CRIE).
Desde sua criação, o PNI é uma das prioridades do Governo Federal. Para 2015,
o programa conta com um orçamento previsto de três bilhões de reais.
Apesar da maioria das pessoas acreditar que a vacina é somente para crianças, é
importante manter a carteira de vacinação em dia em todas as idades, para evitar o
retorno de doenças já erradicadas. Os adultos devem ficar atentos às campanhas e
manter caderneta atualizada.
Ainda assim, muitas pessoas deixam de comparecer aos postos de saúde para atualizar a
carteira de vacinação, e também de levar os filhos no tempo correto de aplicação das va-
cinas. “Umas das coisas que nós temos nos preocupado muito é o receio das pessoas
quanto à seguridade das vacinas. Como não temos doenças como pólio há mais de 20
anos e profissionais de saúde nunca viram surtos destas doenças, isso faz com que a po-
pulação não tenha um olhar tão importante para este momento. Com a diminuição
dos riscos de transmissão de algumas doenças, as pessoas passam a se preocupar mais
com notícias equivocadas do que com a importância da vacinação. Só vamos conseguir
de fato a garantia da imunização da população se tivermos altíssimas coberturas vaci-
nais em todos os municípios brasileiros. Por isso, é fundamental que a população tome
consciência de que é preciso acompanhar as campanhas e ir regularmente às unidades
de saúde para a vacinação”, disse a coordenadora.

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3.5. Estratégia amamenta e alimenta Brasil

A "Estratégia Nacional para Promoção do Aleitamento Materno e Alimentação Comple-


mentar Saudável no SUS - Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil (EAAB)", lançada
em 2012, tem como objetivo qualificar o processo de trabalho dos profissionais da aten-
ção básica com o intuito de reforçar e incentivar a promoção do aleitamento materno e
da alimentação saudável para crianças menores de dois anos no âmbito do Sistema Úni-
co de Saúde (SUS). Essa iniciativa é o resultado da integração de duas ações importan-
tes do Ministério da Saúde: a Rede Amamenta Brasil e a Estratégia Nacional para a Ali-
mentação Complementar Saudável (ENPACS), que se uniram para formar essa nova es-
tratégia, que tem como compromisso a formação de recursos humanos na atenção bási-
ca.

A base legal adotada para a formulação da estratégia são políticas e programas já exis-
tentes como a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC- pac-
tuada, aguardando publicação), a Rede Cegonha, a Política Nacional de Atenção Básica
(PNAB), a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), a Política Nacional de Ali-
mentação e Nutrição (PNAN).

Coordenação-Geral de Saúde da Criança e Aleitamento Materno (CGSCAM/DA-


PES/SAS) e a Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN/DAB/SAS) do
Ministério da Saúde, em parceria com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde,
são os responsáveis pela formulação das ações da nova estratégia, que visa colaborar
com as iniciativas para a atenção integral da saúde das crianças. A Oficina da EAAB
tem como princípio a educação permanente em saúde e como base a metodologia críti-
co-reflexiva que é desenvolvida por meio de atividades teóricas e práticas, leituras e dis-
cussões de textos, troca de experiências, dinâmicas de grupo, conhecimento da realidade
local, sínteses e planos de ação.

Para a efetivação da estratégia os estados e municípios deverão se organizar para formar


os profissionais da atenção básica por meio de duas ações: formação de tutores e ofici-
nas de trabalho na Unidade Básica de Saúde (UBS):

Oficina de formação de tutores - Visa qualificar profissionais de referência que serão


responsáveis em disseminar a estratégia e realizar oficinas de trabalho nas suas respecti-
vas equipes e UBS. Esses profissionais são os pilares da estratégia e devem apoiar o pla-
nejamento, o acompanhamento e/ou fortalecimento das ações de promoção, proteção e

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apoio ao aleitamento materno e à alimentação complementar saudável nas UBS, de for-


ma contínua. O Ministério da Saúde, desde março de 2013, vem apoiando os estados na
formação de tutores para levar a estratégia aos municípios.
Oficina de trabalho na UBS - Visa discutir a prática do aleitamento materno e alimen-
tação complementar saudável com as equipes das UBS e planejar ações de incentivo à
alimentação saudável na infância, de acordo com a realidade local. Essa oficina é o pon-
to de partida para o desenvolvimento de ações com o objetivo de promover, proteger e
apoiar a prática do aleitamento materno e alimentação complementar saudável. Essas
oficinas acontecem a partir de um cronograma firmado entre as UBS e a secretaria de
saúde, que em um primeiro momento deve ser de quatro horas, de acordo com a metodo-
logia proposta. Em um segundo momento, uma oficina, com tempo variável de acordo
com a necessidade da equipe, deve ser realizada para discutir temas específicos segundo
a realidade de cada UBS. Como exemplo dessas discussões estão o manejo do aleita-
mento materno, prática da alimentação complementar, desenvolvimento infantil, Vigi-
lância Alimentar e Nutricional, entre outros.

Mulher trabalhadora que amamenta

A estratégia de Apoio à Mulher Trabalhadora que Amamenta consiste em criar nas em-
presas públicas e privadas uma cultura de respeito e apoio à amamentação como forma
de promover a saúde da mulher trabalhadora e de seu bebê, trazendo benefícios diretos
para a empresa e para o país.

Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde em 2008 revelou que 34% das mães brasi-
leiras que trabalhavam fora de casa naquele ano e que tinham bebê menor de um ano
não amamentavam mais a criança, enquanto que entre as mães que não trabalhavamfora
de casa esse índice era de 19%. Os dados mostram que as condições de trabalho da mu-
lher e o nível de sensibilidade da empresa implicam diretamente no tempo em que o be-
bê é amamentado e, consequentemente, na saúde da criança.

Salas de Apoio à Amamentação

As salas de apoio à amamentação são espaços dentro da empresa em que a mulher, com
conforto, privacidade e segurança, pode esvaziar as mamas, armazenando seu leite em

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frascos previamente esterilizados para, em outro momento, oferecê-lo ao seu filho. Esse
leite é mantido em um freezer a uma temperatura controlada até o fim do dia, com uma
etiqueta identificando o vidro com o nome da mãe, a data e a hora da coleta. No fim do
expediente, a mulher pode levar seu leite para casa para que seja oferecido ao seu filho
na sua ausência, e também se desejar, doá-lo para um Banco de Leite Humano.

Geralmente o término da licença maternidade implica em separação da dupla mãe/bebê


por um determinado número de horas por dia, fazendo com que esse processo de volta
ao trabalho se torne muitas vezes doloroso para a mulher, sobretudo para as que ama-
mentam. Nesse sentido, a sala de apoio é um incentivo para que a mulher trabalhadora
siga amamentando seu filho, sentindo-se ao mesmo tempo mais tranquila edisposta para
realizar suas tarefas profissionais.

As empresas que aderem a essa iniciativa tendem a ter menos problemas com a ausência
de funcionárias para tratar de problemas de saúde dos filhos, pois como o leite materno
possui anticorpos que previnem doenças, as crianças amamentadas no peito adoecem
menos. Funcionários e sociedade também passam a ter uma imagem mais positiva da
instituição, que por sua vez, ganha em reputação.

A sala não exige uma estrutura complexa. Por isso, sua implementação e manutenção
são de baixo custo. Além disso, todos são beneficiados: mães, bebês e empresas.

3.6 Atribuições do técnico em enfermagem

O técnico de enfermagem atuante em diálise é o agente executor das prescrições


médicas e de enfermagem. Ele é um dos responsáveis pela garantia de uma assistên-
cia individualizada ao paciente. Suas ações se aplicam ao campo assistencial(na
atenção direta ao paciente) e no campo administrativo (em ações voltadas ao modo
e local de trabalho).

Ações Assistenciais do Técnico de Enfermagem


Realizar higiene do paciente (enfermaria); Fisca-
lizar a higiene do paciente pré-hemodiálise;Ins-
talação do paciente nas máquinas de diálise; Mo-

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nitorização da terapia;
Atuação nas intercorrências que possam surgir durante a terapia;
Administração de medicamentos prescritos;
Atuação sistêmica de maneira integral ao paciente.

importante saber que o técnico de enfermagem, quando na hemodiálise, deve observar


os parâmetros da terapia de modo a avaliar se está de acordo com o estado do paciente
e, junto ao enfermeiro, discutir a adequação da diálise.

Ainda na hemodiálise, é o técnico de enfermagem o responsável pelo reprocessamento


de dialisadores, e é imprescindível que ele tenha conhecimento das normas de biosse-
gurança e faça a adoção do uso de equipamentos de proteção individual necessários
naquele setor.

Ações Administrativas do Técnico de Enfermagem


Auxiliar na elaboração de escala de tarefas;
Auxiliar no controle e no uso racional de roupas, materiais utilizados pela enfermagem
e pela equipe multiprofissional de cuidado ao paciente renal;
Auxiliar na conservação e no controle do patrimônio da unidade;
Seguir as normas de biossegurança;
Executar ações de assistência de enfermagem ao paciente renal,
com exceção àquelasprivativas do enfermeiro.

importante também que estes profissionais tenham sensibilidade para entender o


estado emocional dos pacientes e sejam agentes de mudança na unidade, oferecen-
do conforto e atenção ao paciente que, por vezes, mostram-se cansados darotina
que o cotidiano crônico de saúde exige.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À CLIENTE EM TRATAMENTO


CLÍNICO E CIRÚRGICO

4.1. Semiotécnica aplicada a enfermagem

Semiotécnica é um campo de estudo onde estão inseridas as mais diversas técnicas

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realizadas pelo enfermeiro, técnico de enfermagem e auxiliar de enfermagem.

Procedimentos como: realização de curativos, sondagens vesical e gástrica, preparo


dos mais diversos tipos de cama, aspiração entre outras. A fundamentação científica na
aplicação de cada técnica é muito importante, inclusive para noções de controle de in-
fecções.

4.2. Assistência de enfermagem aos pacientes clínicos e cirúrgicos


Enfermagem em Clínica Médica
O que é a Clínica Médica?

um setor hospitalar onde acontece o atendimento integral do indivíduo com idade


superior a 12 anos que se encontra em estado crítico ou semi-crítico, que não são
provenientes de tratamento cirúrgico e ainda àqueles que estão hemodinamica-
mente estáveis, neste setor é prestada assistência integral de enfermagem aos pa-
cientes de média complexidade.

O papel da Enfermagem em Clínica Médica

propiciar a recuperação dos pacientes para que alcancem o melhor estado de saúde fí-
sica, mental e emocional possível, e de conservar o sentimento de bem-estar espirituale
social dos mesmos, sempre envolvendo e capacitando-os para o auto cuidado juntamen-
te com os seus familiares, prevenindo doenças e danos, visando a recuperação dentro
do menor tempo possível ou proporcionar apoio e conforto aos pacientes em processo
de morrer e aos seus familiares, respeitando as suas crenças e valores. Realizartambém
todos os cuidados pertinentes aos profissionais de enfermagem.

Inter-relação com outras clínicas

Por ser um setor onde temos pacientes com as mais diversas doenças, este setor
tem uma ligação direta com a maioria dos setores do hospital, como:

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Unidade de Terapia Intensiva (UTI);


Unidade de Hemodiálise;
Banco de Sangue;
Pronto-Socorro;
Entre outros.

Preparo pré-operatório
O preparo pré-operatório tem inicio com a internação estendendo-se até o momento da
cirurgia.

Objetivo
Levar o paciente as melhores condições possíveis para cirurgia, para garantir-lhe
menores possibilidades de complicações.Cada paciente deve ser tratado e enca-
rado individualmente.
Dependendo da cirurgia a ser realizada, o preparo pré-operatório poderá ser feito em
alguns dias ou ate mesmo em minutos. A s cirurgias que exigem um rápido preparo
são as cirurgias de emergência estas devem ser realizadas sem perda de tempo a fim de
salvar a vida do paciente.

Preparo psicológico
Tem como objetivo assegurar confiança e tranqüilidade mental ao paciente.
A internação para o paciente pode significar reclusão, afastamento dos familiares e o
paciente podem ficar ansioso e cheio de temores.O trabalho, a vida diária do paciente é
momentaneamente paralisados e o desconhecimento do tratamento a que será submeti-
do, tudo isso gera stress, insegurança, desassossego e medo.
Estes estados psicológicos quando não reconhecidos e atendidos pode levar o paciente
a apresentar vômitos, náuseas, dor de cabeça, não cooperando para a recuperação pós-
cirurgicas, levando-o a complicação respiratórias, agitação e outros problemas.
Para auxiliar o paciente a enfermagem deve ser calma, otimista, compreensiva, e saiba
como desenvolver confiança.
Inteirados da aflição do paciente a enfermeira chefe deve ser notificada para que to-
mea melhor medida.
Muitas vezes o paciente tem medo da morte, durante ou após a cirurgia, tem medo de
não acordar da anestesia, tem medo de perder qualquer parte do corpo ou de sentir

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dordurante a cirurgia.
Dependendo da necessidade, a enfermeira solicitara a presença do cirurgião
ou anestesista para esclarecer o paciente.
Portanto a enfermagem, embora solicitando outros profissionais para atender o paciente
em suas necessidades psicológicas, é principalmente a pessoa que ouve, compreende,
ampara e conforta.

Preparo físico:

É dividido em três etapas:


1 - inicial
2 - na véspera da cirurgia
3 - no dia da cirurgia

Preparo inicial é quando o paciente vai ser submetido a exames laboratoriais (exames
pré-operatórios), que vão assegurar a viabilidade ou não da cirurgia.
Nesta fase, a atuação da enfermagem no preparo se relaciona:
- Ao preparo do paciente, explicando os procedimentos a serem realizados.
- A coleta e encaminhamento dos materiais para exames.
- A manutenção do jejum quando necessário. -
A aplicação de medicamentos, soro e sangue. -
A realização de controles.
- Sinais vitais.
- Diurese.
- Observação de sinais e sintomas.
- Anotação na papeleta.

Preparo físico na véspera da cirurgia tem por objetivo remover toda a fonte de
infecção, através da limpeza e desinfecção conseguida com um mínimo de esgo-
tamento do paciente.
Essa segunda etapa se processa assim:
- Verificar lista de cirurgia quais os pacientes que serão operados, nome da cirur-
gia,horário, se há pedido de sangue, preparos especiais ou de rotina.
- Providenciar material e colher a amostra de sangue para tipagem sanguínea.

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- Observar sintomas como tosse, coriza, febre, variação de p.a e outros.


Proceder à limpeza e preparar a pele para cirurgia da seguinte forma:
- Tricotomia da região a ser operada, bem ampla.
- Banho completo, incluindo cabeça e troca de roupa.
- Limpeza e corte das unhas, remover esmaltes (pés e mãos) para poder observar a
coloração durante a cirurgia.
- Mandar barbear os homens.
- Dieta leve no jantar.
- Lavagem intestinal ou gástrica, de acordo com a prescrição medica.
- Jejum após o jantar, orientar o paciente.
- Promover ambiente tranqüilo e repousante.

Preparo físico no dia da cirurgia.


Verifica se o jejum continua sendo mantido.
Verificar se todos os cuidados da véspera foram feitos.
Remover maquiagem, próteses e jóias.As jóias e próteses serão enroladas e guardadas
conforme rotina do local.
Controlar pulso, temperatura, respiração e P.A.
Urinar meia hora antes da cirurgia.
Aplicar a medicação pré-anestésica seguindo prescrição medica e geralmente é feito
de 30 á 45 minutos da cirurgia.
Checar a medicação pré-anestésica dada.Ela acalma o paciente.
Fazer anotação na papeleta.
Ajudar o paciente a passar da cama a maca.
Levar a maca com o paciente até o centro cirúrgico, juntamente com o prontuário.
Qualquer cuidado não efetuado deve ser comunicado ao centro cirúrgico.

Preparo da unidade do paciente e atendimento pós-operatório

Introdução
os cuidados de enfermagem no pós-operatório são aqueles realizados após a cirurgia ate
a alta.
Visam ajudar o recém operado a normalizar suas funções com conforto e da forma mais
rápida e segura.

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Incluímos nesses cuidados o preparo da unidade para receber o paciente internado. Ob-
servação: nos hospitais que possuem no centro cirúrgica sala de recuperação, pós- anes-
tésica, recebem os pacientes nestes locais imediatamente após a cirurgia dando-lhesas-
sistência até a normalização de reflexos e sinais vitais.
Só posteriormente esse paciente é encaminhado a unidade onde estão internados. Cuida-
dos no preparo da unidade visa equipa-la para o recebimento do paciente operado,a fim
de proporcionar-lhe conforto, segurança e rápido atendimento.Esse preparo é feitoapós
o encaminhamento do paciente para a s.o.

Cuidados
Promoção da limpeza e ordem de todo o ambiente.Arru-
mação da cama “tipo operado”.
Limpeza e arrumação da mesa de cabeceira.
Trazer suporte de soro e coloca-lo ao lado da cama.Dei-
xar oxigênio com equipamento completo.

Atendimento de enfermagem no pós-operatório

Ao receber o paciente no quarto.


Transporta-lo da maca para a cama com o auxilio de outros funcionários.
Manter a cama em posição horizontal.
Cobri-lo e agasalha-lo de acordo com a necessidade.
Verificar na papeleta as anotações do centro cirúrgico.Se foi feita a anestesia raque
deixar o paciente sem travesseiro e sem levantar pelo o menos 12 horas.
Enquanto estiver semiconsciente, mantê-lo sem travesseiro com a cabeça voltada para
o lado.
Observar o gotejamento do soro e sangue. Ob-
servar estado geral e nível de consciência.
Verificar o curativo colocado no local operado, se esta seco ou com san-
gue.Restringi-lo no leito com grades para evitar que caia.
Se estiver confuso, restringir os membros superiores para evitar que retire soro ou
sondas.
Observar sintomas como:palidez, sudorese, pele fria, lábios e unhas arroxeados,
hemorragia, dificuldade respiratória e outros, porque podem ocorrer complicações

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respiratórias e circulatórias.
Controlar, pulso, temperatura, respiração e pressão arterial.
Fazer anotação na papeleta.
Ler a prescrição medica, providenciando para que seja feita.
Qualquer sintoma alarmante deve ser comunicado imediatamente.

Nas horas em seguida:

Ao recuperar totalmente a consciência avisa-lo do lugar onde esta e que esta passandobem.
Periodicamente, controlar sinais vitais e funcionamento de soro e sondas.Pro-
mover comodidade no leito.
Medica-lo para dor, quando necessá-
rio.Movimenta-lo no leito, de decúbi-
to.
Verificar e estimular a aceitação da dieta

ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM EM CLIENTES DE URGÊNCIA


E EMERGÊNCIA

5.1. Cuidados de enfermagem em acidentes que caracterizam situações


de urgência e emergência

A atuação em unidade de urgência e emergência tem se tornado um desafio constante


para profissionais de enfermagem por causa do surgimento de novos métodos, tecnolo-
gias e possibilidades. O papel desses profissionais é atuar em situações graves, comple-
xas, em que o paciente corre risco de morte.

De acordo com a doutora em Enfermagem em Saúde Pública, Anne Marie Weisshei-


mer, os profissionais de enfermagem que atuam na linha de frente das unidades de ur-
gência e de emergência têm um papel fundamental.

— Além de também estarem presentes em todas as Unidades móveis de atendimento


domiciliar de urgência (SAMU). São os profissionais que realizam a primeira avaliação
dos usuários, classificando-os conforme um sistema de triagem validado — explica.

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crescente a preocupação de hospitais em relação às condutas e redução da mortalidade


e morbidade em suas unidades. Isso porque é a vida do paciente que está em jogo, e o
evento doença é súbito e agudo e a qualificação do médico é decisiva.

Listamos dois temas com base no Programa de Atualização em Enfermagem deUr-


gência e Emergência. Confira:

1. Cuidados de enfermagem nas hemorragias obstétricas


Em situações de urgência e emergência, é necessário identificar qual a causa do sangra-
mento e atuar com rapidez e eficiência no cuidado às gestantes. De acordo com a enfer-
meira Anne Marie Weissheimer, os enfermeiros devem saber as possíveis repercussões
das hemorragias obstétricas.

— Podem ser prematuridade. Ou baixo peso no nascimento causada por restrição de


crescimento intrauterino (RCIU). Baixos índices de Apgar ao nascimento que podem
demandar medidas de reanimação do neonato e a possibilidade de internação na Unida-
de de Cuidados Intensivos Neonatais — aponta a especialista.

Ainda de acordo com ela, também é importante estar atualizado sobre:

As características dos diferentes tipos de Hemorragias Obstétricas levando à rápida


atuação nos cuidados de enfermagem.

Diagnósticos de Enfermagem para as Hemorragias Obstétricas com as diferentes


Intervenções de Enfermagem, facilitando a implementação dos cuidados.

Cuidados de enfermagem para as situações de Hemorragias Obstétricas para serem im-


plementados por profissionais que atuam em unidades de Emergência, Centro Obstétri-
co e Neonatologia.

Pesquisa clínica e sua contribuição para a qualidade do atendimento de


enfermagem no cenário de emergência

A busca das instituições hospitalares nacionais e internacionais pela qualidade da assis-


tência e dos serviços prestados pela enfermagem nos cuidados ao paciente tem sidocada
vez maior. A introdução de tecnologias de ponta, ampliação da complexidade dos servi-
ços e a exigência crescente por parte dos usuários de um atendimento de qualidade con-
tribuem para o interesse de gestores e pesquisadores em buscar formas de promover o
melhor cuidado à saúde.

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Em um artigo publicado no Programa de Atualização em Enfermagem de Urgência em


Emergência, os especialistas Rafaely De Cassia Nogueira Sanches, Fernanda Sabini
Faix Figueiredo, Anderson Da Silva Rêgo e Cremilde Aparecida Trindade Radovanovic
observaram que ainda existem fatores que interferem na qualidade do atendimento, con-
siderados de difícil resolução, principalmente no cenário dos serviços hospitalares de
emergência (SHEs). Desde baixo investimento, atendimento fragmentado, conflitos eas-
simetrias de poder até superlotação e falta de materiais e insumos.

No Brasil, os fatores citados acima são amplamente encontrados no cotidiano da prática


assistencial, principalmente nos prontos-socorros (PS). Para a melhoria da saúde em to-
dos os cenários, é preciso maiores investimentos na implementação dos conhecimentos
e das ferramentas que foram produzidos pelas pesquisas científicas e estão disponíveis
para utilização.

importante incentivar os profissionais de saúde que se deparam cotidianamente com


contínuas e novas dificuldades no trabalho a produzirem novos conhecimentos e novas
práticas de enfermagem.

5.2 Suporte básico e avançado de vida

Suporte básico de vida (SBV) é o conjunto de medidas e procedimentos técnicos que


objetivam o suporte de vida à vítima. O SBV é vital até a chegada do SIV (Suporte in-
termediário de vida - transporte até o hospital). O objetivo principal é não agravar lesões
já existentes ou gerar novas lesões (iatrogênicas). Um rápido SBV proporciona até 60%
de chance de sobrevivência.

O Suporte básico de vida é um dos elos da "Cadeia de Sobrevivência". Há que salientar


também que no SBV (Suporte Básico da Vida) tem diferença entre bebes, crianças e
adultos pois nos bebes usam-se dois dedos para se fazer a compressão, nas crianças usa-
se uma mão para se fazer a compressão. As semelhanças são os processos de insuflação
que tem o mesmo procedimento.

suporte avançado de vida (SAV) ou a reanimação cardio-respiratória (RCR) assistida

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(RCRA) consistem na ressuscitação com uso de equipamento adicional ao usado no su-


porte básico ou CAB (Compressão, ventilação e vias aéreas), podem ser aplicadas técni-
cas de uso exclusivo do médico ou pessoal treinado e amparado pela lei. “obtenção das
vias aéreas e ventilação, obtenção de via intravenosa, e administração de medicamentos,
cuidados pós-ressuscitação, intubação, cricotireoidotomia, alinhamento ou tração de fra-
turas, redução de luxações, drenagem de tórax e outras que sejam necessárias e invasi-
vas”.

Protocolos para atendimento dos tipos de paragem cardio-respiratória (PCR):

Dentre as modalidades de parada cardíaca temos: fibrilação ventricular e taquicardia


ventricular sem pulso; assistolia; e a atividade elétrica sem pulso (dissociação eletrome-
cânica).

ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM AO CLIENTE EM ESTADO


GRAVE

6.1 Assistências de enfermagem nas emergências cardiovasculares


eneurológicas.

Ao abordarmos um paciente cardiopata, devemos perguntar o paciente sobre sintomas


como, dispnéia, dor torácica, palpitações, edema nos pés e tornozelos os quais sugerem
a possibilidade de uma cardiopatia. Importante também questionarmos Também questi-
onamos o paciente acerca de membros da família que tiveram cardiopatias e enfermida-
des afins e sobre o paciente manifestar alguma outra doença que afete o sistema cardio-
vascular, como diabetes mellitus, hipertensão arterial. Neste momento é primordial o
questionamento dos hábitos de vida deste paciente como o uso do tabaco, do álcool, se-
dentarismo, obesidade etc.

Após a anamnese é necessário a realização do exame físico completo desse paciente, ob-
jetivando encontrar sinais e sintomas indicativos de doença cardíaca. Alguns pontos são
de extrema importância durante essa avaliação, como por exemplo:

Ao avaliarmos a coloração da pele, devemos observar se esta recebe uma quantidade


adequada de oxigênio e nutrientes, sua coloração não deve estar pálida ou cianótica,
pois estes sinais indicam uma anemia ou uma dificuldade circulatória, que pode ser pro-

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veniente de uma doença cardíaca.

Durante a avaliação das veias do pescoço, devemos estar atento ao ingurgitamento ou


ausência de enchimento capilar, pois estas estão conectadas diretamente ao átrio direito
do coração e fornecem uma indicação sobre o volume e a pressão do sangue que está en-
trando no lado direito do coração.

Ao realizarmos a ausculta pulmonar, buscamos verificar se os sons estão normais, pois a


ocorrência de sons anormais pode indicar a presença de líquido nos pulmões decorrente
de uma insuficiência cardíaca.
Outro ponto importante é a ausculta cardíaca, pois anormalidades das válvulas e de es-
truturas cardíacas causam um fluxo sanguíneo turbulento, dando origem aos sons carac-
terísticos denominados sopros. Em geral, o fluxo sanguíneo turbulento ocorre quando o
sangue passa por válvulas estenosadas ou insuficientes.

Sinais e sintomas da insuficiência cardíaca

Edema periférico,
Veias do pescoço distendidas
Anorexia
Distensão abdominal
Náuseas
Nictúria - é a eliminação de volume aumentado de urina durante a noite.
Dispnéia grave
Tosse produtiva ou espumosa
Dispnéia paroxística noturna
Ansiedade intensa
Agitação
Confusão
Astenia grave - sensação de cansaço generalizado e falta de energia, e afeta a
capacidade de realizar as tarefas mais simples.
Fadiga intensa
Oliguria - redução do volume urinário para um valor abaixo de 400 mL em 24 horas.

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Taquicardia
Angor transitório - Angústia profunda com algidez dos membros.

Possíveis Diagnósticos de Enfermagem do Paciente Cardiopata

Padrão respiratório ineficaz relacionado a


Troca gasosa comprometida relacionada a edema alveolar decorrente das pressões
ventriculares elevadas
Dor relacionada a um desequilíbrio no suprimento e demanda de O2;
Ansiedade ligada à dor torácica, medo da morte, ambiente ameaçador;
Débito cardíaco diminuído relacionado à contratilidade comprometida;
Intolerância à atividade ligada à oxigenação insulficiente para realizar as AVDs, perda
do condicionamento físico pelo repouso no leito;
Risco de lesão relacionada à dissolução dos coágulos protetores;
Perfusão tecidual alterada relacionada ao infarto;
Ineficiências de como lidar com a auto-estima, ruptura do padrão sono-repouso, falta de
sistema de apoio significativo e perda de controle.

Intervenções de Enfermagem ao Paciente


Manter débito cardíaco adequado
Repouso físico e emocional para reduzir o trabalho cardíaco e as necessidades de
oxigênio.
Posicionar em semi-Fowler ou Fowler-alto para facilitar o retorno venosoEvitar
manobras de valsava
·Monitorizar para verificação de arritmias
Observar sinais e sintomas da diminuição da perfusão tecidual periférica: pele fria,
palidez facial, enchimento capilar retardado
Administrar terapêutica prescrita e avaliar a resposta quanto ao alívio de sintomas

Melhorar a oxigenação

Administrar oxigênio para reduzir dispnéia e fadiga


Posicionar em semi-Fowler ou Fowler-alto para facilitar a respiração e aliviar a

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congestão pulmonar
Monitorizar freqüência respiratória, profundidade e facilidades respiratórias
Promover mudança de decúbito
Estimular os exercícios freqüentes de respiração profunda
Proporcionar refeições fracionadas e em pouca quantidade

Restabelecer equilíbrio hídrico

Administrar diuréticos
Avaliar diariamente o peso
Avaliar sinais de hipocalcemia: astenia, mal-estar e câimbrasAd-
ministrar potássio
Estar atento aos potenciais problemas dos diuréticos
Observar sinais de distensão da bexiga no idoso com hiperplasia da próstata Propor-
cionar uma dieta hipocalórica e hipossódica fracionada e restringir os líquidos

Melhorar a tolerância à atividade

Aumentar gradualmente a atividade


Auxiliar o paciente nas atividades da vida diária.
Observar possíveis dores pré-cordiais durante e após as atividades
Avaliar sinais vitais, sintomas e resposta comportamental na execução de atividades que
requerem maior esforço físico.
Planear períodos de repouso e equilibrá -los com a atividade para diminuir as
necessidades do miocárdio
Encorajar ao auto-cuidado quando tolerado Propor-
cionar um ambiente calmo para sono e repousoAdmi-
nistrar sedativos para aliviar a insônia e agitação
Vigiar a eliminação intestinal para ver se há constipação e administrar emolientes se
necessário
Controlar a ansiedade
Permitir ao doente que exteriorize os seus sentimentos
Incentivar e identificar a força de motivação e vonta-
deAdministrar ansiolíticos

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Manutenção da integridade cutânea

Manter membros inferiores ligeiramente elevadosRealizar mudança de decúbito freqüente-


mente Reduzir ao mínimo os pontos de pressão e tensão
Avaliar a existência de zonas de pressão e massagear para ativar a circulação
Avaliar diariamente a integridade da pele
Higienizar a pele suavemente e aplicar loção hidratante para reduzir soluções de
continuidade

Ensino ao doente

Desmistificar o conceito de insuficiente


Explicar os sintomas de recidiva Au-
mento de peso
Edema periférico
Tosse persistente
Cansaço
Perda de apeti-
teNicturia
Tomar a terapêutica prescrita e ter em atenção os seus efeitos colaterais
Pesar diariamente
Planejar o reinício das atividades
Aumentar a marcha e outras atividades progressivamente
Alternar o exercício com o repouso
Evitar ultrapassar o nível de tolerân-
ciaEvitar excesso de alimentos e bebi-
das Evitar temperaturas extrema

Conclusão

A assistência de enfermagem ao paciente cardiopata deve ser sempre seguida de um


exame físico e histórico completo, pois assim poderemos determinar as ações de enfer-
magem que deverão ser realizadas com este paciente. Outro aspecto importante é a in-

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clusão da família no tratamento deste paciente, pois os hábitos alimentares, o uso corre-
to dos medicamentos e a atividade física são fundamentais para o sucesso do tratamento
e da qualidade de vida deste paciente.

6.2 Cuidados de enfermagem ao paciente em umidade de terapia intensiva

As internações eletivas são normalmente decorrentes de procedimentos cirúrgicos.


Quando a cirurgia é programada, realiza-se a reserva de leito em UTI. Como a reserva
de leito em UTI é feita considerando o quadro clínico do paciente e a probabilidade de
complicações operatórias, muitas vezes o leito é reservado e não utilizado.

Os responsáveis pela UTI devem elaborar rotinas e procedimentos descrevendo oscrité-


rios clínicos que são considerados para a admissão do paciente.

As internações de urgência/emergência podem ser provenientes de pronto-socorro, uni-


dades de internação e centro cirúrgico (transferência interna). Nesses casos há uma alte-
ração no quadro clínico do paciente, sendo necessários cuidados intensivos. Os respon-
sáveis pela UTI devem elaborar rotinas e procedimentos descrevendo os critérios clíni-
cos que são considerados para a admissão do paciente. Há necessidade também de ela-
boração de protocolos de conduta para a situação de falta de leito para atendimento de
pacientes nessas condições.

As internações provenientes de transferência externa (outra instituição) seguem a rotina


de contato para solicitação de vaga, com fornecimento de informações sobre o estado
clínico do paciente. O ideal é que esse contato seja entre médicos. Após a liberação de
vaga, é indicado que haja contato entre os enfermeiros, para fornecimento de informa-
ções detalhadas.

Responsabilidades dos Profissionais no Processo de Admissão

Para que a admissão do paciente para a UTI seja realizada de forma rápida e segura, po-
derá ser estabelecido um protocolo que descreva as atividades de responsabilidade das
equipes envolvidas. Uma sugestão de protocolo para o recebimento de um paciente na
UTI compreende as seguintes fases:

Solicitação de vaga/leito disponível: A unidade origem solicita a vaga para o médico


responsável pelo plantão e discute com o enfermeiro o melhor leito a ser designado para

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o paciente. A unidade de origem será responsável pelo transporte e pela segurança do


paciente, mantendo suas condições clínicas e hemodinâmicas;
Enfermeiro do setor de origem: O enfermeiro transmite por telefone o caso do pacien-
te ao enfermeiro da UTI, com dados relevantes sobre: hipótese diagnóstica e diasde in-
ternação, breve exame físico e condições gerais do paciente, necessidade desuporte
ventilatório, bombas de infusão ou outro equipamento que poderá ser utilizadopelo
paciente. Após a passagem de plantão, o enfermeiro da UTI confirma o horáriopara
a transferência do paciente;
Enfermeiro da UTI e equipe de enfermagem: O enfermeiro da UTI designa o funcio-
nário que irá receber o paciente mediante escala e transmite a ele informações necessári-
as para a montagem do box/leito. É importante determinar quem responde pela monta-
gem e checagem do ventilador. Alguns hospitais têm fisioterapeutas e técnicos de enge-
nharia responsáveis pela montagem e checagem do ventilador. Se não houver esse pro-
fissional na UTI, a tarefa poderá ser realizada pelo enfermeiro ou técnico de enferma-
gem devidamente treinado.

Procedimentos de Admissão

Na Admissão do paciente deverão estar presentes o enfermeiro, médico e dois técnicos


de enfermagem para a realização do transporte e a admissão. Após a acomodação no lei-
to, o paciente deverá ser identificado com pulseira e orientado sobre todos os procedi-
mentos que serão realizados. O paciente deverá ser monitorizado e submetido imediata-
mente à verificação de sinais e à investigação do traçado eletrocardiográfico.

As drogas e medicações deverão ser colocadas em bombas de infusão conforme prescri-


ção médica, e em seguida, deve-se iniciar rigoroso controle e aprazamento dessas dro-
gas. Instalar oxigenoterapia ou ventilação conforme prescrição médica. O enfermeirore-
alizará exame físico completo e registrá-lo em Evolução de Enfermagem quando da ad-
missão do paciente.

Registro de Enfermagem

O registro de enfermagem tem como objetivo garantir a comunicação entre os profissionais,


fornecendo respaldo legal e segurança, pois constituem o documento que relata todas as
ações de enfermagem aplicadas ao paciente.

Anotações de Enfermagem

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As anotações de enfermagem fornecem dados para o enfermeiro estabelecer o plano de


cuidados e a prescrição de enfermagem para o paciente. É uma descrição dos cuidados
ministrados e a resposta do paciente para esses cuidados.

A anotação de enfermagem pode ser realizada por todos os membros da equipe de enfer-
magem, ou seja, enfermeiros e técnicos de enfermagem.

Algumas regras norteiam a elaboração da anotação de enfermagem:

Letra legível;
Informações claras, conscisas, objetivas e pontuais;
Descrição dos fatos em ordem cronológica; Regis-
tro de data e hora (no início do relato);
Assinatura, e carimbo do profissional no final do relato.
Sem rasuras, linhas ou espaços em branco;
Deve conter relato e observações de todos os cuidados prestados;
Deve conter a resposta do paciente aos cuidados prestados, incluindo sinais e sintomas;
Deve conter apenas abreviaturas previstas em literatura ou autorizadas pela instituição.

Anotação de Admissão

Deverá ter alguns dados registrados como:

Data e hora da admissão;


Condições de chegada; Pre-
sença de acompanhante;
Condições de higiene;
Queixas relacionadas ao motivo da internação; Procedi-
mentos e cuidados realizados no ato da admissão;Orienta-
ções fornecidas ao paciente e ao acompanhante.

A neurologia possui algumas especialidades e dentre elas há a neurocirurgia, a qual é


responsável pelo tratamento cirúrgico de doenças que acomentem o Sistema Nervoso
Central e Periférico, assim como Traumas Cranio-Encefálicos (TCE), Traumas Raqui-
Medulares (TRM) e substituição de órgãos sensoriais disfuncionais por dispositivos
artificiais.

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O paciente que é submetido a este procedimento pode vir a apresentar sequelas que po-
dem alterar a sua vida tanto física quanto socialmente. Na maioria dos casos os pacien-
tes de pós-operatório de neurocirurgia ficam internados em Unidades ou Centrosde Te-
rapia Intensiva para que tenham uma melhor recuperação, sendo esta sob a atenção in-
termitente de uma equipe multiprofissional (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nu-
tricionistas e psicólogos).

A Monitorização do Paciente em Pós-Operatório de Neurocirurgia consiste na per-


cepção de sinais que indiquem a diminuição do Fluxo Sanguíneo Cerebral (FSC)
através do exame físico e da monitorização invasiva, para que se evite a morte cere-
bral(ALCÂNTARA; MARQUES, 2009).

A Monitorização Hemodinâmica Invasiva Neurológica é utilizada principalmente para


se avaliar constantemente os parâmetros da Pressão Arterial Média (PAM) e da Pressão
Intracraniana (PIC), de forma a facilitar a identificação da Pressão de Perfusão Cere-
bral (PPC).

A assistência de enfermagem é indispensável na monitorização neurológica, pois


está inteiramente envolvida desde o preparo dos materiais utilizados na assistência
de enfermagem e aos pacientes até a manutenção correta das monitorizações inva-
sivas, bem como na prevenção de complicações.

Para Alcântara e Marques (2009, p. 895), a avaliação de enfermagem do paciente neu-


rológico deve incluir “o monitoramento do nível de consciência, a reação pupilar, as
funções motoras e a observação dos sinais vitais. A atuação da enfermagem em uma
UTI deve estar voltada para a detecção precoce de alterações hemodinâmicas e neuroló-
gicas”.

Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo avaliar a necessidade da


monitorização em pacientes de pós-operatório de Cirurgia neurológica, para que
através deste estudo se possa ter uma noção da necessidade de um enfermeiro na
evolução dos pacientes durante o período de sua internação.

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METODOLOGIA

Para alcançar o objetivo proposto, esta foi uma pesquisa bibliográfica com abordagem
qualitativa, descritiva e documental, o qual é um tipo de estudo que procura revelar
suas características e não em explicar suas fontes.

De acordo com o objetivo da pesquisa os documentos analisados podem ser o


mais importante meio de concretizar o estudo ou pode ser apenas um comple-
mento do mesmo.

Os artigos foram obtidos na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) nas bases de dados
SCIELO, LILACS e MEDLINE, através dos descritores: “Paciente Neurológico”;
“Monitorização”; “Cuidados Intensivos de Enfermagem”; “Unidade de Terapia
Intensiva”.

O período de busca foi livre, mas os artigos analisados foram os que mais se adequaram
ao tema e que continham informações relevantes e atualizadas.

A análise de dados ocorreu mediante a análise temática de Bardin (1977, p. 42) que
conceitua a análise de conteúdo como “um conjunto de técnicas de análise das co-
municações, com finalidade de descrever, objetivamente, sistematicamente e quan-
titativamente, o conteúdo dessa comunicação”.

DESENVOLVIMENTO
HISTORIA DO CTI

A enfermagem como profissão, teve início no século XIX, na Inglaterra, quando Floren-
ce Nightingale recrutou e treinou mulheres para ajudarem nos cuidados e na higiene dos
soldados feridos durante a Guerra da Crimeia (1854 - 1856). Foi durante este período
que Florence Nightingale, surgiu com a ideia de classificar os doentes de acordo com o
grau de dependência, dispondo-os nas enfermarias, de tal maneira que os mais graves fi-
cassem próximos a área de trabalho das enfermeiras, para maior vigilânciae melhor
atendimento (MALTA; NISHIDE, 2010).

Pacientes de Cuidados Intensivos (PCIt) são aqueles pacientes graves e recuperáveis,

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com risco iminente de morte, sujeitos à instabilidade das funções vitais, requerendo
assistência da equipe de enfermagem e da equipe médica permanente e especializada.
O cliente com demanda de cuidados intensivos deverá ser assistido em unidade com
infraestrutura adequada e especializada para este fim (COFEN, 2004).

Com o avanço dos procedimentos cirúrgicos, a necessidade de maiores cuidados ao


paciente aumentou, principalmente durante o período de pós-operatório imediato. Esta
necessidade levou ao desenvolvimento das unidades de Terapia Intensiva. No início o
tratamento era realizado próximo às salas de cirurgia, tendo acompanhamento dos ci-
rurgiões e depois pelos anestesistas. Após algum tempo a função de ser responsável
pela observação e tratamento clínico dos pacientes de risco foi atribuído aos enfermei-
ros e à equipe.

Evolutivamente surgiram os Centros de Tratamento Intensivo (CTI), que são locais


onde se encontram todos os equipamentos e pessoal necessário para monitoração e
tratamento de graves insuficiências orgânicas ou de doenças com grande potencial
de tornar insuficientes os órgãos comprometidos (KNIBEL; SANTOS; FLEM-
MING, 2008, p. 112).

Durante a Segunda Guerra mundial, as enfermarias de choque foram criadas para cuidar
dos soldados feridos em batalha. A escassez de enfermeiras, após a Segunda Guerra
mundial, forçou as equipes a reunir um número maior de pacientes em pós-operatório
nas salas de recuperação para terem certeza de que todos seriam cuidados. A vantagem
que houve a expansão das salas de recuperação para quase todos os hospitais nos anos
seguintes.

Com a epidemia de poliomielite nos anos 50, os hospitais ficaram sobrecarregados e


foram obrigados a criar centros regionais para o atendimento dos pacientes. Nesses
centros havia o uso de técnicas modernas de ventilação mecânica prolongada, que
eram realizadas fora das salas de cirurgias, o que fez com que as enfermeiras lidassem
com equipamento que as separava de seus pacientes e aprendessem a unir o uso de
instrumentos ao cuidado manual.

Em 1962, segundo Day (1968), estabeleceu-se em Kansas City, a primeira unidade de

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vigilância a pacientes vítimas de Infarto agudo do Miocárdio, precursora das atuais Uni-
dades Coronarianas. Surgiram também, unidades especiais para pacientes cirúrgicos,
queimados, neurológicos, renais, entre outros. E mais tarde, a terapia intensiva dividiu-
se em adulto / idoso, neonatal e pediátrico.

No Brasil, as unidades de terapia intensiva (UTI), foram implantadas no início da década de


70, e hoje está presente na maior parte dos hospitais, tendo profissionaisespecializados e
tecnologia atualizada.

ENFERMAGEM EM TERAPIA INTENSIVA

Gomes (1988 apud AMANTE; ROSSETTO; SCHNEIDER, 2008, p. 55) analisa a UTI
como uma unidade que “destina-se ao tratamento de pacientes em estado crítico, dis-
pondo de uma infraestrutura própria e recursos humanos especializados que atravésde
uma prática assistencial segura e contínua, busca o restabelecimento das funções vi-
tais do corpo”.

Os profissionais que trabalham nos setores de Alta Complexidade são chamados de


intensivistas. A equipe é multiprofissional e interdisciplinar, constituída por diversos
profissionais, dentre eles o enfermeiro, o qual tem a função de supervisionar a ação
dos técnicos e auxiliares de enfermagem, assim como o controle das medicações,
prescrições, a higienização, sendo peça fundamental na assistência à beira do leito.

No pós-operatório imediato, a assistência de enfermagem baseia-se na prevenção e/ ou


tratamento das complicações. Há sempre um risco de complicações em todas (qual-
quer) cirurgia. A prevenção poupa tempo, gastos, preocupações, diminui a dor, au-
menta a sobrevida e promove rápida recuperação.

Durante a internação na UTI, o paciente deve ser orientado sempre que possível, sobre
o seu estado, de forma a evitar estresse, intercorrências e ansiedade por parte do fami-
liar, o qual deve ser orientado sobre a rotina da unidade, estado geral do paciente,per-
manência, transferência, entre outros.

O cuidado humano e a tecnologia andam lado a lado, de forma que o enfermeiro deve

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conciliar estas duas instâncias, deve buscar a harmonização entre elas e o paciente
crítico, deve visualizar o paciente através da máquina, porém sem perder o senso crí-
tico, pois em diversos casos nem todas as informações que são registradas na máqui-
na indicam com total certeza o que está realmente acontecendo com o doente (ROSE
et al., 2010, p. 191).

O enfermeiro por trabalhar na UTI, enfrenta dificuldades relacionadas tanto à comple-


xidade técnica, quanto à assistência aos pacientes assim como o ambiente fechado, no
qual são exigidos pelos pacientes, familiares e equipe. Frente aos aparatostecnológi-
cos existentes nas UTIs, a grande quantidade de procedimentos a que são submetidos
os pacientes que ali se encontram, o ambiente é reconhecido como um dosmais trau-
matizantes e agressivos (MARTINS; ROBAZZI, 2009).

O enfermeiro deve manter a sua presença humanizada junto ao doente, independente do


uso de alta tecnologia na unidade. O avanço tecnológico na área da saúde é uma grande
conquista, pois ela ajuda a equipe a manter com maior qualidade as necessidades dos
pacientes. Mas, além disso, o enfermeiro deve ter uma postura enquanto ser humano
que presta cuidados a outros seres humanos e criar laços de amizade e cooperação com
toda a equipe com o objetivo de dar o seu potencial máximo na assistência.

MONITORIZAÇÕES

A Revolução Industrial foi marco na evolução da área da Saúde, pois neste período quehou-
ve uma evolução significativa da tecnologia em favor da saúde mundial. Embora noBrasil,
a evolução da tecnologia só pode ser percebida a partir da década de 1930, ainda assim foi
de grande importância para uma melhor assistência aos pacientes críticos principalmente.

Na UTI, a monitorização é a forma de tecnologia mais utilizada para observar o estado


do paciente crítico. A monitorização do paciente neurológico grave na UTI consiste
em identificar, por meio do exame físico e dos equipamentos monitores invasivos si-
nais, que indiquem hipertensão intracraniana e diminuição de perfusão cerebral, que
se não forem revertidas levam à morte cerebral.

A monitorização hemodinâmica é a forma de acompanhar continuamente os parâmetros

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e detectar precocemente as alterações de risco. A monitorização possui vários tipos de


acordo com os sistemas a serem avaliados: Neurológico, Cardiovascular, Respiratório,
Renal, Metabólico e Inflamatório.

A monitorização ainda se divide em dois grandes blocos: a monitorização não invasiva,


a qual respeita a integridade das barreiras de defesa do organismo e a invasiva, que que-
bra esta barreira. A monitorização não invasiva tem sido a mais utilizada atualmentepe-
los benefícios que oferece: facilidade no manuseio, menor custo e menores lesões nos
pacientes. Quanto menos invasivo for a monitorização, menos risco de uma infecção
para o paciente. A monitorização não invasiva possui vários tipos, e dentre eles temos
Frequência cardíaca, a Frequência respiratória, a temperatura.

Além desses, há também os mais específicos como: Pressão Arterial não invasiva (PNI),
que é a aferição da pressão através do método escutatório, com o esfigmomanômetro e o
estetoscópio, ou através do método automatizado que é avaliado através das curvas de
medidas.

Além da PNI temos a Oximetria de Pulso que Segundo Pierce (1995, p. 147)a
“monitorização fornece informação acerca dos sistemas cardíaco e respiratório e
do transporte de oxigênio no organismo. Seu princípio é baseado na absorção da
luz vermelha e infravermelha na hemoglobina oxigenada (saturada) e reduzida”.

Outro tipo de monitorização não invasiva é o Eletrocardiograma (ECG) contínuo, o qual de


acordo com Nicolau et al. (2007, p. 97) os “episódios de redução primária do fluxo coroná-
rio podem se associar a alterações variáveis e mínimas do ECG, que precedem os sintomas
de dor ou desconforto”. A constante monitorização do ECG diminui a demora na assistên-
cia caso, o paciente entre em convulsão ou tenha isquemia cerebral.

A capnografia também é uma monitorização não invasiva que se baseia no registro do


gás carbônico ao final da expiração, através de sensores aplicados às vias aéreas do
paciente ou de amostras de ar do mesmo.

A monitorização invasiva por sua vez consiste em métodos mais agressivos ao paciente e
necessitam de uma atenção redobrada com relação aos riscos de infecção. A Oximetria

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Bulbo Jugular é um tipo de monitorização indicada aos pacientes neurológicos, principal-


mente, pois detecta rapidamente níveis de hipoxemia e isquemia cerebral.

A Pressão Venosa Central (PVC) mensura a pré-carga do ventrículo direito (VD), a


suacapacidade de enchimento ao final da diástole. Avalia indiretamente a pressão ge-
rada pelo sangue do retorno venoso no átrio direito. A pressão intratorácica pode in-
terferir variando a pressão do átrio, durante o ciclo respiratório, tanto na ventilação
mecânica com pressão positiva, quanto em respiração espontânea, então se indica que
a monitorização ocorra no final da expiração.

O cateter de Swan Ganz já é uma monitorização mais completa, pois, apenas na pun-
ção de um único cateter é possível analisar a pressão da artéria pulmonar, pressãoda
artéria pulmonar ocluída, pressão do átrio direito e o débito cardíaco por meio de ter-
modiluição, além de ser possível a coleta de sangue arterial e pulmonar e administra-
ção de cristaloides (ALCÂNTARA; MARQUES, 2009).

No paciente neurológico as três monitorizações que são constantemente avaliadas são a


Pressão Arterial Média (PAM), a Pressão Intracraniana (PIC) e a Pressão de Perfusão
Cerebral (PPC), pois estes três parâmetros são de suma importância para a manutenção
das funções cerebrais do mesmo.

A PAM é uma monitorização que consiste na introdução de um cateter em uma artéria


através de uma punção ou dissecção, que é conectado a um sistema de transmissão de
pressão, um transdutor de pressão que por sua vez é conectado ao monitor. A PAM
equivale à média exata das pressões sistólica (PAS) e diastólica (PAD), por ser invasiva
constantemente mutável. Para que seja colocada é necessário que o teste de Allen seja
feito para garantir que há circulação colateral suficiente para suprir as necessidades do
membro. A fórmula utilizada para se obter a PAM é: a PAS adicionada a duas vezes a
PAD dividida por três (PAS + 2 x PAD / 3). Os valores normais para a PAM variam de
50 a 150 mmHg (NOCITI, 2008, p. 1).

A PIC é a pressão entre o conteúdo do crânio (cérebro, líquor, entre outros) e cai-
xa craniana propriamente dita. A variação normal da PIC é entre 5 e 15 mmHg.As
alterações do conteúdo craniano levam a Hipertensão Intracraniana.

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A Pressão Intracraniana pode ser medida diretamente pela introdução de cateter intrace-
rebral permeados com fluido ou de fibra óptica ligados a um transdutor que permita que
a PIC seja medida continuamente. O cateter intracerebral permeado com fluido pode ser
colocado também no ventrículo lateral, o que permite lenta drenagem delíquor, se a PIC
for alta (LIONTAKIS, 2005, p. 243-244).

A monitorização da PPC é de extrema importância, principalmente em pacientes que


tem a tendência de evoluir para uma Hipertensão Intracraniana. Ela tem um papel de-
terminante na PPC que corresponde à diferença entre a PAM e a PIC (PPC = PAM
- PIC) e consequentemente, no FSC (ANDRÉ; FREITAS, 2002, p. 17).

O fluxo sanguíneo cerebral é mantido enquanto a PAM não chega ao limite de 50


mmHg, pois ao chegar a este nível, ela ao invés de diminuir como em um estágio
compensatório, ela passa a aumentar podendo até se igualar aos níveis já altos de PIC,
o que inutiliza o FSC.

Para Pereira Jr et al. (1999 apud ALCÂNTARA; MARQUES 2009, p. 897) além da
manutenção do FSC e PPC, “deve-se, também, manter adequada concentração de
oxigênio arterial (PaO2), hematócrito e hemoglobina, além de considerar o diâ-
metro etônus das artérias encefálicas, que variam de acordo com o mecanismo
de autorregulação cerebral”.

Portanto, a avaliação da PPC ocorre através da avaliação da PAM e da PIC, as quais em


níveis alterados atrapalham o FSC e consequentemente causam lesões neurológicas gra-
ves podendo levar à morte cerebral.

PACIENTE NEUROLÓGICO: DISTÚRBIOS E CUIDADOS DE ENFERMAGEM

As doenças neurológicas podem ter diferentes origens: hereditária/genética ou congê-


nita, ou seja, dependente de um distúrbio do desenvolvimento embrionário oufetal do
sistema Nervoso Central ou Periférico; adquirida ao longo dos diferentes períodos da
vida, desde a fase neonatal até à velhice.

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Segundo O’Sullivan e Schmitz, (2004 apud ANDRADE et al., 2010, p. 156), o


“paciente com sequelas neurológicas apresenta uma série de alterações orgânicas e
psíquicas em decorrência da não aceitação da doença e, consequente, não aceitação
do seu corpo, visualizado como representante desta condição”.

Os distúrbios neurológicos comumente causam lesões temporárias ou permanentes que


prejudicam o individuo em suas funções tornando-o um dependente parcial ou total de
outras pessoas. Eles podem limitar de modo significativo o desempenho funcional do
indivíduo, com consequências negativas nas relações pessoais, familiares, sociais e,
sobretudo na qualidade de vida.

Para Oliveira (2004 apud RESENDE et al., 2007 p. 165), as incapacidades funcionais
podem “desestruturar as bases do indivíduo, interferir no desempenho de regras e pa-
péis sociais, na independência e habilidade para realizar tarefas essenciais à sua vida,
na capacidade afetiva e capacidade de realizar atividades profissionais”.

Leva-se em consideração que a neurocirurgia também é um dos fatores que colaboram


para o agravamento dessas incapacidades. Fitzsimmon et al. (2007, p. 809) afirmam
que “durante o curso da doença, muitos pacientes com afecções neurológicas exigem
tratamento em ambiente de cuidados críticos”. Estes procedimentos neurocirúrgicos
envolvem uma internação de duração curta na Unidade de terapia Intensiva (UTI).

A cirurgia neurológica é indicada para diversos distúrbios neurológicos. Ela é par-


te integrante do tratamento de pacientes neurológicos, dentre eles: tumores cere-
brais, malformações arteriovenosas e aneurismas.

Para uma assistência de qualidade na Unidade de Terapia Intensiva, o enfermeiro se faz


necessário, já que segundo o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN, 2004), existe
a “obrigatoriedade de haver Enfermeiros em todas as unidades de serviços nos quais
são desenvolvidas ações de Enfermagem que envolvam procedimentos de alta comple-
xidade, comuns na assistência a pacientes críticos/potencialmente críticos”.

O enfermeiro que possui conhecimento técnico-científico possui autonomia para lidar


com o paciente neurológico e através desta pode tomar decisões, realizar intervenções e

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diagnósticos de enfermagem. Ele se vê diante de situações que requerem o mínimo de

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raciocínio clínico para solucionar problemáticas. Por assim dizer, o enfermeiro
necessita sempre buscar aprofundar e ampliar, seus conhecimentos na sua área de
atuação, sem esquecer o enfoque interdisciplinar e/ou multidimensional.

Fitzsimmon et al., (2007, p. 798) dizem que “como parte da equipe multidisciplinar, a
enfermeira desempenha um papel central no cuidado ao paciente durante a doença.
Elaparticipa no diagnóstico, tratamento e cuidado de acompanhamento do paciente”.

A prevenção do aumento da PIC, ou hipertensão intracraniana, é uma função de


primordial importância para a enfermagem ao cuidar de um paciente com lesão
neurológica. Em primeiro lugar, é essencial que a enfermeira realize uma avaliação
neurológica basal no paciente, sobre a qual possa ser analisado se houver uma piora
adicional. Em termos gerais, o aumento da PIC manifesta-se por comprometimento
geral de todos os aspectos da função neurológica (HILTON, 2007, p. 775).

O nível de consciência diminui à medida que a PIC se eleva. Inicialmente, o paciente


pode evidenciar inquietação, confusão e combatividade. Isso descompensa, então, os
níveis inferiores de consciência, variando da letargia até a obnubilação e ao coma. As
reações pupilares começam a diminuir, com pupilas lentamente reativas até chegarem a
pupilas fixas e dilatadas. O exame pupilar deve ser realizado e deve incluir o tamanho e
simetria (comparação do lado Direito e Esquerdo), fotorreação e simetria. A agitação,
as contraturas musculares, os tremores e relacionar a presença de cefaleia com varia-
ções de PA.

A função motora também declina e o paciente começará a mostrar atividade motora


anormal, presença de flexão ou extensão anormal. Os achados tardios são alterações
nos sinais vitais. As variações nos padrões respiratórios são evidenciadas, mais tarde
como apneia total. A tríade de Cushing “descreve os três sinais tardios da herniação:
aumento da Pressão Arterial Sistólica, redução da frequência cardíaca e um padrão
respiratório irregular. O alargamento da pressão de pulso também está associado à
herniação” (ZINK, 2007, p. 856).

Outro item a ser avaliado é a presença de convulsões, pois estas indicam inicio das al-
terações agudas no SNC. Elas devem ser observadas e acompanhadas quanto à hora de

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início e término, onde começaram os movimentos ou rigidez, tipo de movimento da
parte comprometida.

As intervenções de Enfermagem para tratar a PIC elevada incluem a manutenção do


alinhamento corporal, evitar mudar a posição lateral da cabeça de forma brusca e a
flexão ostensiva do quadril, para evitar o aumento da pressão intra-abdominal. A ro-
tação lateral da cabeça também pode causar compressão da veia jugular diminuindo
ou cessando a drenagem do sangue venoso.

O enfermeiro ao cuidar do paciente neurológico deve estar sempre atento, pois o seu quadro
pode alterar rapidamente e ele deve saber lidar com as intercorrências, não pode estar só
atento ao monitor. O enfermeiro deve ter o cuidado com a elevação da cabeceira do pacien-
te, com o período de troca dos cateteres, com as anotações dos parâmetros registrados
(PAM, PIC, Relação P / F, entre outros) pelos equipamentos, assim como os horários e
aprazamentos dos medicamentos administrados ao paciente, sem esquecer-se das coletas de
sangue para gasometria e principalmente oferecer uma assistência humanizada, sem medos
e receios de complicações, mas com confiança e conhecimentopara enfrenta-las.

Os pacientes com lesões neurológicas podem apresentar os distúrbios do equilíbrio hi-


droeletrolítico por diversos motivos, como administração de diuréticos osmóticos, au-
mento da perda hídrica insensível e disfunção pituitária, gerando distúrbios de sódio. A
enfermeira de cuidados críticos deve levar em consideração todas as variáveis quando
examina o paciente. Ela deve observar e avaliar constante os níveis de oxigenação para
que o paciente aumente os níveis de oxigenação sanguínea e cerebral, a perfusão para
perceber se há isquemia miocárdica, a PIC, a PAM e a PPC para prevenir lesões cere-
brais, monitorar os níveis de eletrólitos séricos e registrar rigorosamente a ingesta e o
débito do paciente com intuito de mantê-los dentro do nível de estabilidade pré- estabe-
licido (ZINK, 2007, p. 865).

O paciente ao passar por uma neurocirurgia necessita de um acompanhamento


constante, visto que pode sofrer alterações metabólicas de forma rápida e letal.

Ao analisar todos esses autores pode-se perceber que de uma forma geral a instabilidade
do paciente neurológico é algo que preocupa à todos e tem um caráter crucial na recupe-

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ração do paciente.

A presença do enfermeiro na unidade de terapia intensiva é indispensável, pois ele


tendo a capacidade de comunicação e liderança, além do conhecimento técnico e ci-
entífico, pode-se atentar para as possíveis alterações e auxiliar nas intercorrências.

ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM À MULHER, A CRIANÇA, AO


ADOLESCENTE, AO HOMEM E AO IDOSO.

7.1. Política nacional de atenção integral a saúde da criança

PORTARIA Nº 1.130, DE 5 DE AGOSTO DE 2015

Institui a Política Nacional de Aten-


ção Integral à Saúde da Criança
(PNAISC) no âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS).

O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso da atribuição que lhe confere o


inciso II do parágrafo único do art. 87 da Constituição, e

Considerando o art. 227 da Constituição Federal de 1988, que define como dever
da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem,
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivênciafamili-
ar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discrimina-
ção, exploração, violência, crueldade e opressão;

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Considerando a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA) e dá outras providências;

Considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as con-


dições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funciona-
mento dos serviços correspondentes e dá outras providências;

Considerando a Lei nº 11.265, de 3 de janeiro de 2006, que regulamenta acomer-


cialização de alimentos para lactentes e crianças de primeira infância e também a de
produtos de puericultura correlatos;

Considerando a Lei nº 12.845, de 1º de agosto de 2013, que dispõe sobre o atendi-


mento obrigatório e integral de pessoas em situação de violência sexual;

Considerando o Decreto nº 99.710, de 21 de novembro de 1990, que promulga a


Convenção sobre os Direitos da Criança;

Considerando o Decreto nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007, que institui o Pro-


grama Saúde na Escola (PSE), no âmbito dos Ministérios da Saúde e da Educação;

Considerando o Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011, que regulamenta a Lei


nº 8.080, de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde (SUS), o
planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá outras
providências;

Considerando o Decreto nº 7.958, de 13 de março de 2013,que estabelece diretri-


zes para o atendimento às vítimas de violência sexual pelos profissionais de segurança
pública e da rede de atendimento do SUS;

Considerando a Portaria nº 737/GM/MS, de 16 de maio de 2001, que aprova a Po-


lítica Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências;

Considerando a Portaria nº 1.058/GM/MS, de 4 de julho de 2005, que institui a


disponibilização gratuita da "Caderneta de Saúde da Criança", e dá outras providências;

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Considerando a Portaria nº 2.395/GM/MS, de 7 de outubro de 2009, que institui a
Estratégia Brasileirinhas e Brasileirinhos Saudáveis e cria o Comitê Técnico-Consultivo
para a sua implementação;

Considerando a Portaria nº 4.279/GM/MS, de 30 de dezembro de 2010, que esta-


belece diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde (RAS) no âmbito
SUS;

Considerando a Portaria nº 2.488/GM/MS, de 21 de outubro de 2011, que aprova


a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas
para a organização da atenção básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF), e o Pro-
grama de Agente Comunitário de Saúde (PACS);

Considerando a Portaria nº 930/GM/MS, de 10 de maio de 2012, que define as di-


retrizes e objetivos para a organização da atenção integral e humanizada ao recém-nas-
cido grave ou potencialmente grave e os critérios de classificação e habilitação delei-
tos de Unidade Neonatal no âmbito do SUS;

Considerando a Portaria nº 2.362/GM/MS, de 17 de outubro de 2012, que institui


Comitê de Especialistas e de Mobilização Social para o Desenvolvimento Integral da
Primeira Infância no âmbito do SUS;

Considerando a Portaria nº 1.920/GM/MS, de 5 de setembro de 2013, que institui


a Estratégia Nacional para Promoção do Aleitamento Materno e AlimentaçãoCom-
plementar Saudável no SUS - Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil (EAAB);

Considerando a Portaria nº 485/GM/MS, de 1º de abril de 2014, que redefine o


funcionamento do Serviço de Atenção às Pessoas em Situação de Violência Sexual no
âmbito do SUS;

Considerando a Portaria nº 1.153/GM/MS, de 22 de maio de 2014, que redefine os


critérios de habilitação da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), como estraté-
gia de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à saúde integral da criança

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e da mulher, no âmbito do SUS;

Considerando a Portaria nº 2.446/GM/MS, de 11 de novembro de 2014, que rede-


fine a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS);

Considerando a Portaria nº 371/SAS/MS, de 7 de maio de 2014, que institui dire-


trizes para a organização da atenção integral e humanizada ao recém-nascido (RN) no
SUS;

Considerando os compromissos internacionais dos quais o Brasil é signatário, es-


pecialmente as metas quatro e cinco dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio
(2000);

Considerando as ações de aleitamento materno desenvolvidas no país, em mais de


quatro décadas, e as evidencias cientificas sobre seu impacto na redução da morbimorta-
lidade infantil, no crescimento, desenvolvimento e prevenção de doenças na infância e
idade adulta;

Considerando o desafio de garantir acesso às ações e serviços de saúde às crianças


de grupos populacionais em situação de vulnerabilidade, tais como as crianças com defi-
ciências, indígenas, negras, quilombolas, residentes nas águas e nas florestas e crianças
em situação de rua e de violência;

Considerando a atual dimensão e complexidade das políticas públicas e a necessi-


dade de fortalecimento dos eixos temáticos estratégicos desta Política para promover a
integralidade do cuidado da criança, articulando as ações de saúde em todosos níveis de
atenção, alinhando com a definição das condições estruturais necessárias para a imple-
mentação em todas as esferas de gestão do SUS; e

Considerando a pactuação ocorrida na 8ª reunião da Comissão Intergestores Tri-


partite (CIT), em 11 de dezembro de 2014, resolve:

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Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança
(PNAISC) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

Art. 2º A PNAISC tem por objetivo promover e proteger a saúde da criança e o


aleitamento materno, mediante a atenção e cuidados integrais e integrados da gestação
aos 9 (nove) anos de vida, com especial atenção à primeira infância e às populações de
maior vulnerabilidade, visando à redução da morbimortalidade e um ambiente facilita-
dor à vida com condições dignas de existência e pleno desenvolvimento.

Art. 3º Para fins da PNAISC, considera-se:

I - criança: pessoa na faixa etária de 0 (zero) a 9 (nove) anos, ou seja, de 0 (zero) a


120 (cento e vinte) meses; e

- primeira infância: pessoa na faixa etária de 0 (zero) a 5 (cinco) anos, ou se-


ja,de 0 (zero) a 72 (setenta e dois) meses.

Paragrafo único. Para fins de atendimento em serviços de pediatria no SUS, a


PNAISC contemplará crianças e adolescentes até a idade de 15 (quinze) anos, ou seja,
192 (cento e noventa e dois) meses, sendo este limite etário passível de alteração de
acordo com as normas e rotinas do estabelecimento de saúde responsável pelo atendi-
mento.

Art. 4º A PNAISC é orientada pelos seguintes princípios:


I - direito à vida e à saúde;
- prioridade absoluta da criança;
III - acesso universal à saúde;
IV - integralidade do cuidado;
V - equidade em saúde;
VI - ambiente facilitador à vida;
VII - humanização da atenção; e
VIII - gestão participativa e controle social.

Art. 5º A PNAISC possui as seguintes diretrizes a serem observadas na elaboração

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dos planos, programas, projetos e ações de saúde voltadas para crianças:

I - gestão interfederativa das ações de saúde da criança;

- organização das ações e serviços na rede de atenção;


III - promoção da saúde;
IV - fomento à autonomia do cuidado e da correspon-
sabilidade da família;V - qualificação da força de traba-
lho do SUS;
VI - planejamento e desenvolvimento de ações;

VII - incentivo à pesquisa e à produção de conhecimento;


VIII - monitoramento e avaliação; e IX - intersetorialidade.
Art. 6º A PNAISC se estrutura em 7 (sete) eixos estratégicos, com a finalidade de
orientar e qualificar as ações e serviços de saúde da criança no território nacional, consi-
derando os determinantes sociais e condicionantes para garantir o direito à vida e àsaú-
de, visando à efetivação de medidas que permitam o nascimento e o pleno desenvolvi-
mento na infância, de forma saudável e harmoniosa, bem como a redução dasvulnerabi-
lidades e riscos para o adoecimento e outros agravos, a prevenção das doenças crônicas
na vida adulta e da morte prematura de crianças, a seguir relacionados:

I - atenção humanizada e qualificada à gestação, ao parto, ao nascimento e ao re-


cém-nascido: consiste na melhoria do acesso, cobertura, qualidade e humanização da
atenção obstétrica e neonatal, integrando as ações do pré-natal e acompanhamento da
criança na atenção básica com aquelas desenvolvidas nas maternidades, conformando-
se uma rede articulada de atenção;

II - aleitamento materno e alimentação complementar saudável:

estratégia ancorada na promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, inicia-


ndo na gestação, considerando-se as vantagens da amamentação para a criança, a mãe, a
família e a sociedade, bem como a importância de estabelecimento de hábitos alimenta-
res saudáveis;

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- promoção e acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento integral:
consiste na vigilância e estímulo do pleno crescimento e desenvolvimento da criança,
em especial do "Desenvolvimento na Primeira Infância (DPI)", pela atenção básica à
saúde, conforme as orientações da "Caderneta de Saúde da Criança", incluindo ações de
apoio às famílias para o fortalecimento de vínculos familiares;

IV - atenção integral a crianças com agravos prevalentes na infância e comdoen-


ças crônicas: consiste em estratégia para o diagnóstico precoce e a qualificação do ma-
nejo de doenças prevalentes na infância e ações de prevenção de doenças crônicas e de
cuidado dos casos diagnosticados, com o fomento da atenção e internação domiciliar
sempre que possível;

V - atenção integral à criança em situação de violências, prevenção de acidentes e


promoção da cultura de paz: consiste em articular um conjunto de ações e estratégias da
rede de saúde para a prevenção de violências, acidentes e promoção da cultura de paz,
além de organizar metodologias de apoio aos serviços especializados e processos forma-
tivos para a qualificação da atenção à criança em situação de violência de naturezasexu-
al, física e psicológica, negligência e/ou abandono, visando à implementação de linhas
de cuidado na Rede de Atenção à Saúde e na rede de proteção social no território;
VI - atenção à saúde de crianças com deficiência ou em situações específicas e de
vulnerabilidade: consiste na articulação de um conjunto de estratégias intrassetoriais e
intersetoriais, para inclusão dessas crianças nas redes temáticas de atenção à saúde, me-
diante a identificação de situação de vulnerabilidade e risco de agravos e adoecimento,
reconhecendo as especificidades deste público para uma atençãoresolutiva; e

VII - vigilância e prevenção do óbito infantil, fetal e materno:

consiste na contribuição para o monitoramento e investigação da mortalidade in-


fantil e fetal e possibilita a avaliação das medidas necessárias para a prevenção de óbi-
tos evitáveis.

Art 7º São ações estratégicas do eixo de atenção humanizada e qualificada à gesta-


ção, ao parto, ao nascimento e ao recém-nascido:

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I - a prevenção da transmissão vertical do HIV e da sífilis;

- a atenção humanizada e qualificada ao parto e ao recémnascido no momento


do nascimento, com capacitação dos profissionais de enfermagem e médicos para pre-
venção da asfixia neonatal e das parteiras tradicionais;

- a atenção humanizada ao recém-nascido prematuro e de baixo peso, com a


utilização do "Método Canguru";

IV - a qualificação da atenção neonatal na rede de saúde materna, neonatal e in-


fantil, com especial atenção aos recém-nascidos graves ou potencialmente graves, inter-
nados em Unidade Neonatal, com cuidado progressivo entre a Unidade de Terapia In-
tensiva Neonatal (UTIN), a Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Convencional
(UCINCo) e a Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Canguru(UCINCa);

V - a alta qualificada do recém-nascido da maternidade, com vinculação da dupla


mãe-bebê à Atenção Básica, de forma precoce, para continuidade do cuidado, a exem-
plo da estratégia do "5º Dia de Saúde Integral", que se traduz em um conjunto de ações
de saúde essenciais a serem ofertadas para a mãe e bebê pela Atenção Básica à Saúde
no primeiro contato após a alta da maternidade;

VI - o seguimento do recém-nascido de risco, após a alta da maternidade, de for-


ma compartilhada entre a Atenção Especializada e a Atenção Básica; e

VII - as triagens neonatais universais.

Art. 8º São ações estratégicas do eixo de aleitamento materno e alimentação com-


plementar saudável:

I - a Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC);

- a Estratégia Nacional para Promoção do Aleitamento Materno e Alimenta-


çãoComplementar Saudável no SUS - Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil
(EAAB);

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- a Mulher Trabalhadora que Amamenta (MTA);
IV - a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano;
V - a implementação da Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para
Lactentes, para Crianças de Primeira Infância, Bicos Chupetas e Mamadeiras
(NBCAL); e

VI - a mobilização social em aleitamento materno.

Art. 9º São ações estratégicas do eixo de promoção e acompanhamento docresci-


mento e do desenvolvimento integral:

I - a disponibilização da "Caderneta de Saúde da Criança", com atualização


periódica de seu conteúdo;

- a qualificação do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da


primeira infância pela Atenção Básica à Saúde;

- o Comitê de Especialistas e de Mobilização Social para o Desenvolvimento


Integral da Primeira Infância, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); e

IV - o apoio à implementação do Plano Nacional pela Primeira Infância.

Art. 10. São ações estratégicas do eixo de atenção integral a crianças com agravos
prevalentes na infância e com doenças crônicas:

I - a Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI);

- a construção de diretrizes de atenção e linhas de cuidado;


e III - o fomento da atenção e internação domiciliar.
Art. 11. São ações estratégicas do eixo de atenção integral à criança em situação
de violências, prevenção de acidentes e promoção da cultura de paz:

I - o fomento à organização e qualificação dos serviços especializados para


atenção integral a crianças e suas famílias em situação de violência sexual;

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- a implementação da "Linha de Cuidado para a Atenção Integral à Saúde de
Crianças, Adolescentes e suas Famílias em Situação de Violência";

- a articulação de ações intrassetoriais e intersetoriais de prevenção de


acidentes, violências e promoção da cultura de paz; e

IV - o apoio à implementação de protocolos, planos e outros compromissos sobre


o enfrentamento às violações de direitos da criança pactuados com instituições governa-
mentais e não-governamentais, que compõem o Sistema de Garantia de Direitos.
Art. 12. São ações estratégicas do eixo de atenção à saúde de crianças com
deficiência ou em situações específicas e de vulnerabilidade:

I - a articulação e intensificação de ações para inclusão de crianças com deficiên-


cias, indígenas, negras, quilombolas, do campo, das águas e da floresta, ecrianças em si-
tuação de rua, entre outras, nas redes temáticas;

- o apoio à implementação do protocolo nacional para a proteção integral de


crianças e adolescentes em situação de risco e desastres; e

- o apoio à implementação das diretrizes para atenção integral à saúde de


crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil.

Art. 13. Os comitês de vigilância do óbito materno, fetal e infantil em âmbito


local são ações estratégicas do eixo de vigilância e prevenção do óbito infantil, fetal e
materno.

Art. 14. A PNAISC se organiza a partir da Rede de Atenção à Saúde e de seus ei-
xos estratégicos, mediante a articulação das ações e serviços de saúde disponíveis nas
redes temáticas, em especial aquelas desenvolvidas na rede de saúde materna neonatal e
infantil e na atenção básica, esta como coordenadora do cuidado no território.

Art. 15. Compete ao Ministério da Saúde:

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I - articular e apoiar a implementação da PNAISC, em parceria com os gestores
estaduais e municipais de saúde, o alinhamento das ações e serviços de saúde da criança
no Plano Nacional de Saúde, considerando as prioridades e as especificidades regionais,
estaduais e municipais;

- desenvolver ações de mobilização social, informação, educação, comunicação,


visando a divulgação da PNAISC e a implementação das ações de atenção integral à
saúde da criança;

- propor diretrizes, normas, linhas de cuidado e metodologias específicasnecessá-


rias à implementação da PNAISC;

IV - prestar assessoria técnica e apoio institucional aos Estados, ao Distrito Fede-


ral e aos Municípios no processo de implementação de atenção integral à saúde da cri-
ança nas regiões de saúde;

V- promover a capacitação e educação permanente dos profissionais de saúde, em


parceria com instituições de ensino e pesquisa, para a atenção integral à saúde da crian-
ça no SUS;

VI - fomentar a qualificação de serviços como centros de apoio e formação em


boas práticas em saúde da criança, visando à troca de experiências e de conhecimento;

VII - monitorar e avaliar os indicadores e as metas nacionais relativas à saúde da


criança, estabelecidas no Plano Nacional de Saúde e em outros instrumentos de gestão;
VIII - apoiar e fomentar a realização de pesquisas consideradas estratégicas
no contexto da PNAISC;

IX - promover articulação intersetorial e interinstitucional com os diversos setores


e instituições governamentais e não governamentais, com organismos internacionais,
envolvidos com a saúde da criança, em busca de parcerias que favoreçam a implementa-
ção da PNAISC;

X - estimular, apoiar e participar do processo de discussão sobre as ações de aten-

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ção integral à saúde da criança nas redes temáticas de atenção à saúde, com os setores
organizados da sociedade nas instâncias colegiadas e de controle social; e

XI - designar e apoiar sua respectiva representação política nos fóruns, colegiados


e conselhos nacionais envolvidos com a temática da saúde da criança, em especial no
Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA).

Art. 16. Compete às Secretarias de Saúde dos Estados e do Distrito Federal:

I - coordenar a implementação da PNAISC no âmbito do seu território, respeitan-


do as diretrizes do Ministério da Saúde e promovendo as adequações necessárias, de
acordo com o perfil epidemiológico e as prioridades e especificidades loco-regionais e
articular, em parceria com os gestores municipais de saúde, o alinhamento das ações e
serviços de saúde da criança no Plano Estadual de Saúde;

- desenvolver ações de mobilização social, informação, educação, comunicação,


no âmbito estadual e distrital, visando a divulgação da PNAISC e a implementação das
ações de atenção integral à saúde da criança;

- prestar assessoria técnica e apoio institucional aos Municípios e às regiões de


saúde no processo de gestão, planejamento, execução, monitoramento e avaliação de
programas e ações de atenção integral à saúde da criança;

IV - promover a capacitação e educação permanente dos profissionais de saúde, se


necessário em parceria com instituições de ensino e pesquisa, para a atenção integral à
saúde da criança no âmbito estadual, distrital e municipal, no que couber;

V - monitorar e avaliar os indicadores e as metas estaduais e distritais relativas à


saúde da criança, estabelecidas no Plano Estadual de Saúde e em outros instrumentos de
gestão;

VI - promover articulação intersetorial e interinstitucional com os diversos setores


e instituições governamentais e não governamentais, com organismos internacionais,
envolvidos com a saúde da criança, em busca de parcerias que favoreçam a implementa-

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ção da PNAISC;

VII - estimular, apoiar e participar do processo de discussão sobre as ações de


atenção integral à saúde da criança nas redes temáticas de atenção à saúde, com os seto-
res organizados da sociedade nas instâncias colegiadas e de controle social; e - designar
e apoiar sua respectiva representação política nos fóruns, colegiados e conselhos estadu-
ais envolvidos com a temática da saúde da criança, em especial no Conselho Estadual
dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Art. 17. Compete às Secretarias de Saúde dos Municípios:

I - implantar/implementar a PNAISC, no âmbito do seu território, respeitando


suas diretrizes e promovendo as adequações necessárias, de acordo com o perfil epide-
miológico e as prioridades e especificidades locais e articular o alinhamento das ações e
serviços de saúde da criança no Plano Municipal de Saúde, e no Planejamento Regional;

- promover a capacitação e educação permanente dos profissionais de saúde, se


necessário em parceria com instituições de ensino e pesquisa, para a atenção integral à
saúde da criança no âmbito municipal, no que couber;

- monitorar e avaliar os indicadores e as metas municipais relativas à saúde da


criança, estabelecidas no Plano Municipal de Saúde e em outros instrumentos de gestão
e no Planejamento Regional e alimentar os sistemas de informação da saúde, de forma
contínua, com dados produzidos no sistema local de saúde;

IV - promover articulação intersetorial e interinstitucional com os diversos setores


e instituições governamentais e não governamentais, com organismos internacionais,
envolvidos com a saúde da criança, em busca de parcerias que favoreçam a implementa-
ção da PNAISC;

V - fortalecer a participação e o controle social no planejamento, execução,moni-


toramento e avaliação de programas e ações de atenção integral à saúde da criança;e

VI - designar e apoiar sua respectiva representação política nos fóruns, colegiados

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e conselhos municipais envolvidos com a temática da saúde da criança, em especial no
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Art. 18. O financiamento da PNAISC é de responsabilidade tripartite, de acordo


com pactuação nas instâncias colegiadas de gestão do SUS.

Art. 19. O processo de monitoramento e avaliação da PNAISC ocorrerá de acordo


com as pactuações realizadas nas instâncias colegiadas de gestão do SUS.

Parágrafo único. O monitoramento e a avaliação deverão considerar os indicado-


res de atenção à saúde da criança, estabelecidos nos instrumentos de gestão do SUS, em
âmbito federal, estadual, do Distrito Federal e municipal.

Art. 20. A PNAISC contará com documento orientador para sua implementação a
ser disponibilizado pela Coordenação-Geral de Saúde da Criança e Aleitamento Mater-
no (CGSCAM/DAPES/SAS/MS) no sítio eletrônico www.saude.gov.br/crianca.

Art. 21. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

7.2. Planejamento familiar e direito reprodutivo, pré-natal, cuidados de


enfermagem no trabalho de parto e parto. Complicações na gravidez.

A saúde da mulher é uma preocupação antiga, mas a situação da população feminina no


país demonstra que o desenvolvimento da área ainda é uma necessidade.

Atualmente, um dos grandes méritos dos profissionais e serviços de saúde tem sido a
ampliação não só do acesso à assistência, mas também da qualidade desse trabalho, ga-
rantindo cada vez mais que a paciente seja considerada como um todo.

Para que esse atendimento da Medicina, Enfermagem e demais áreas se desenvolva ain-
da mais, é importante que o profissional de saúde esteja ciente da realidade desse públi-
co e do que pode ser feito para mudá-la.
A saúde da mulher foi incorporada às políticas nacionais de saúde nas primeiras décadas
do século XX e considerada prioritária no decorrer da história da área no Brasil. Mesmo

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antes da concepção do Sistema Único de Saúde (SUS), o Brasil foi contemplado em
1983 com o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM). Porém, ape-
sar da priorização da saúde da mulher nas políticas brasileiras, foram preconizadas as
ações materno-infantis, ou seja, a assistência era prestada fundamentalmente noperíodo
da gravidez, parto e pós- parto.

Nos programas iniciais, a atenção à saúde da mulher era restrita, não visualizando a pa-
ciente na sua totalidade, mas apenas como “a mãe”, “a esposa” ou “a grávida”. Por isso,
questões não relacionadas à gravidez, ao parto e ao cuidado dos filhos eram relegadas
ao segundo plano.

Somente em 2004, com a Política Nacional de Assistência Integral à Saúde da Mulher


(PNAISM), houve a inclusão da assistência a grupos até então esquecidos nas políticas
de saúde da mulher no Brasil como as mulheres negras, trabalhadoras rurais, lésbicas,
profissionais do sexo, presidiárias, indígenas, adolescentes, vítimas de violência sexual
e de abortamento em condições inseguras. A nova política trouxe também para adiscus-
são a necessidade da reorganização de ações definidas no PAISM no início da década
de 80, a saber: climatério, planejamento familiar, prevenção do câncer do colo uterino e
de mama, doenças sexualmente transmissíveis e promoção da atenção obstétrica huma-
nizada sem riscos à saúde da mulher e do bebê.

Posteriormente, algumas dessas ações foram desdobradas em políticas e programas es-


pecíficos como os de assistência à mulher em situação de abortamento, mulher vítima
de violência e à saúde da mulher negra. A necessidade da qualificação e humanização
da saúde reprodutiva das mulheres volta a ser priorizada em 2011 pelo Ministério da
Saúde através da “Rede Cegonha”.

Apesar dos avanços das políticas de saúde da mulher no Brasil e dos esforços dispensa-
dos para concretização das propostas elaboradas, ainda há um grande caminho a per-
correr. Alguns objetivos do PAISM e da PNAISM não foram alcançados. As dificulda-
des em concretizar essas políticas estão diretamente relacionadas a não compreensão
e/ou valorização por parte dos gestores de saúde e a não incorporação

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pelos profissionais de saúde do conjunto de ações possíveis para uma assistência inte-
gral e não somente voltada para o período gravídico puerperal.

Por que é importante contribuir para a Saúde da Mulher atualmente?


As mulheres representam a maioria da população brasileira (51,2%) e em Minas Gerais
a proporção de mulher/homem chega a alcançar sete mulheres para um homem. Elas
continuam sendo a maior clientela do SUS, seja para cuidar da própria saúde ou para
buscar assistência à familiares.

Elas ainda possuem maior expectativa de vida que os homens e estão sujeitas àspatolo-
gias específicas da sua fisiologia como câncer do colo uterino e de mama, além do
adoecimento relacionado à persistência das desigualdades de gênero. Outro fator muito
importante que justifica um atendimento especializado é a morbidade e mortalidade por
questões relacionadas à gravidez, parto e pós-parto. E no processo de gestação, existem
algumas adversidades principais enfrentadas pelas mulheres:

Mortalidade infantil: Mesmo considerando a redução importante da mortalidade infan-


til no Brasil nas últimas décadas, os indicadores de óbitos neonatais apresentaram uma
velocidade de queda abaixo do esperado. Um número expressivo de mortes ainda faz
parte da realidade social e sanitária de nosso País. Tais mortes ainda ocorrem por causas
evitáveis, principalmente no que diz respeito às ações dos serviços de saúde e, entre
elas, a atenção pré-natal, ao parto e ao recém-nascido (Brasil, 2012).
Mortalidade materna: A mortalidade materna é hoje considerada como uma das mais
graves violações dos direitos humanos das mulheres, por ser uma tragédia evitável em
92% dos casos e por ocorrer principalmente nos países em desenvolvimento. Os índices
de mortalidade materna nos países em desenvolvimento são alarmantes
(CPMM/JF/MG, 2014).
Assistência ao parto: A pesquisa Nascer no Brasil (2014) evidenciou dados assombro-
sos em relação à assistência ao ciclo gravídico puerperal no país. Em relação àassistên-
cia pré-natal, apesar da excelente cobertura (99%), 39% das mulheres iniciam pré-natal
após 12 semanas e 27% realizam menos de seis consultas. Em relação à assistência ao
parto, 52% das crianças nascem por partos cirúrgicos no país e na rede pública a cesa-

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riana chega a 46% , enquanto no setor privado os números atingem 88%. O parto vagi-
nal, apesar de mais frequente na rede pública, quase sempre ocorre com muita dor e ex-
cesso de intervenções como episiotomia, amniotomia, uso rotineiro de ocitocina e ou-
tros.
Acesso ao atendimento: Outro problema é o acesso ao atendimento, pois as mulheres
continuam a perambular a procura de lugar para admissão no momento do parto. A pes-
quisa evidenciou que 16% das grávidas passam por dois ou mais hospitais para conse-
guirem internação. Diante da situação obstétrica no Brasil, é imprescindível a formação
de profissionais que contribuam para a reversão desse quadro; que ajudem a aumentar o
número de partos vaginais através da realização de pré- natal de qualidade e do empode-
ramento das mulheres; saibam identificar riscos obstétricos; atuar com base na obstetrí-
cia baseada em evidências e, consequentemente, consigam reduzir a morbimortalidade
materna e neonatal.

Como contribuir para a Saúde da Mulher como profissional de saúde?


A principal contribuição do profissional de saúde para o atendimento da população fe-
minina é prestar diariamente uma assistência humana e que considera os diferentes per-
fis de mulheres e suas necessidades. Seja você um enfermeiro, médico, educador físico,
fisioterapeuta ou qualquer outro profissional da área, a mudança dessa realidade nacio-
nal que infelizmente perdura começa na quaA falta de acesso à informação sobre os es-
tágios do parto, cuidados necessários e possibilidades de atendimento também é um
problema no país. Por isso, a dedicação do profissional de saúde em esclarecer as dúvi-
das da mulher é tão importante para garantir que o parto seja um momento especial na
vida da paciente.

No IESPE, por exemplo, a pós-graduação de Enfermagem em Obstetrícia organiza o


Grupo de Gestantes e Casais Grávidos, com o apoio da Policonsultas. Nesses encontros
mensais e gratuitos que tenho a alegria de conduzir juntamente com o professor Edson
Rosa, as grávidas, seus familiares e convidados tiram dúvidas sobre os diversos aspec-
tos da gestação.
Considerando que há o acompanhamento de alunos da pós, essa é uma forma de auxiliar
essas mulheres e, ao mesmo tempo, desenvolver profissionais capacitados que se preo-
cupam com o atendimento humanizado.

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E se um bom atendimento depende da qualificação e estudo constante na área, muitas
opções estão disponíveis para adquirir esses conhecimentos. No IESPE, por exemplo,
existem pós-graduações de qualidade em Saúde.
As teorias e técnicas aplicadas corretamente permitem evitar os prejuízos à saúde da
mulher e, juntamente com a conduta do profissional da área, promovem um atendimen-
to eficiente e humanizado.

E se um bom atendimento depende da qualificação e estudo constante na área, muitas


opções estão disponíveis para adquirir esses conhecimentos. No IESPE, por exemplo,
existem pós-graduações de qualidade em Saúde.

As teorias e técnicas aplicadas corretamente permitem evitar os prejuízos à saúde da


mulher e, juntamente com a conduta do profissional da área, promovem um atendimen-
to eficiente e humanizado.

7.2. Assistência de enfermagem ao recém-nascido, a criança e ao adolescente na


atenção básica.

O Ministério da Saúde afirma que “acompanhar o crescimento e o desenvolvimento da


criança e do adolescente é dever do Estado e direito da população, o que tem sido reco-
mendado pelas organizações mundiais como um compromisso universal a ser seguido
por todos os países”. Cumprindo tal determinação, desde 1984, o Ministério daSaúde
determinou que fazê-lo constitui uma das cinco ações básicas da assistência à saúde da
população infantil (MS, 2003).

Para esse segmento, devemos utilizar como instrumento o Cartão da Criança, que con-
tém a curva de crescimento e a ficha de acompanhamento do desenvolvimento (MS,
2004).

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2.2 O enfermeiro e a Consulta no Pré-natal
Ao receber pela primeira vez uma gestante num ambulatório de pré-natal, quem a rece-
be ainda não sabe os múltiplos significados daquela gestação. O contexto em que sedeu
essa gestação influencia consideravelmente seu desenvolvimento, a relação que a mu-
lher e sua família estabelecerá com a criança desde as primeiras horas após o nascimen-
to, a sua capacidade de amamentar, os cuidados, a higiene e principalmente o vínculo
mãe-bebê, condição básica para o desenvolvimento saudável dos seres humanos. Uma
escuta aberta, sem julgamentos nem preconceitos, que permita a mulherfalar de sua inti-
midade com segurança, fortalece a mulher no seu caminho até o parto, favorecendo um
nascimento tranquilo e saudável.
De acordo com o Ministério da Saúde (2000), a assistência pré-natal constitui-se num
conjunto de procedimentos clínicos e educativos com o objetivo de vigiar a evolução
da gravidez e promover a saúde da gestante e da criança, encaminhando-os para solu-
ções imediatas ao Sistema Único de Saúde.
Atualmente, a Consulta de Enfermagem na rede básica de saúde é realizada de acordo
com o roteiro estabelecido pelo Ministério de Saúde (2000), garantida pela Lei do
Exercício Profissional e o Decreto nº 94.406/87, o pré-natal de baixo risco pode ser
inteiramente acompanhado pelo enfermeiro. A enfermagem possui embasamento te-
órico-científico e respaldo legal para prestar assistência pré-natal de baixo risco, e se
esperam dela o acompanhamento e a assistência à população de gestantes (MS, 2000).

Na consulta de pré-natal, o enfermeiro desenvolve assistência integral à gestante, reali-


zando condutas e procedimentos técnicos no decorrer da gestação, assegurando para
que ocorra uma gravidez sem intercorrências e/ou minimizando desconfortos que po-
derão surgir no período gestacional, através de medidas preventivas tanto para a mãe
quanto para o feto (MS, 2006).
No que se refere aos problemas de saúde, a atuação do enfermeiro na consulta pré-
natal possibilita a identificação de agravos e posterior avaliação do cuidado de cada
gestante, realizando as intervenções de enfermagem adequadas.
Um atendimento de qualidade no pré-natal pode desempenhar um papel importante na
redução da mortalidade materna, além de evidenciar outros benefícios à saúde materna e
infantil (MS, 2006).
Na consulta de pré-natal, especialmente no programa da Saúde da Família (ESF), o en-

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fermeiro é parte essencial no atendimento e assistência de pré-parto, parto e pós-parto
por se tratar de um profissional capaz de atender as expectativas e necessidades das ges-
tantes neste período de tantas transformações, sejam elas físicas, emocionais ou sociais.
Por se tratar de um período importante especialmente na vida da mulher, o enfermeiro é
capaz de acompanhar, orientar e auxiliar a futura mãe para desenvolver uma gravidez
promovendo segurança e bem-estar.
Após confirmação da gravidez em consulta médica ou de enfermagem, dá-se o início
do acompanhamento da gestante, registrando-se os seguintes aspectos (MS, 2006):

nome, idade e endereço da gestante;


data da última menstruação;
idade gestacional;

trimestre da gravidez no momento em que iniciou o pré-natal:


− abaixo de 13 semanas - 1° trimestre;
entre 14 e 27 semanas - 2° trimestre;acima de 28 semanas - 3° trimestre;

avaliação nutricional: utilizando a curva de peso/idade gestacional e/ou medida do


perímetro braquial.
Nesse momento, a gestante deverá receber as orientações necessárias referentes ao
acompanhamento pré-natal - sequência das consultas médica e de enfermagem, vi-
sitas domiciliares e reuniões educativas.
Deverão ser fornecidos (MS, 2000):

o cartão da gestante, com a identificação preenchida e orientação sobre o mesmo;


o calendário de vacinas e suas orientações;
a solicitação dos exames de rotina;
as orientações sobre a participação nas atividades educativas - reuniões em grupo e
visitas domiciliares.
Os fatores de risco deverão ser identificados em destaque no Cartão da Gestante, uma
vez que tal procedimento contribui para alertar os profissionais de saúde que realizam o
acompanhamento pré-natal.
Os procedimentos e condutas padronizados que se seguem devem ser realizados
sistematicamente e avaliados em toda consulta pré-natal. As condutas e os achados

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diagnósticos sempre devem ser anotados na ficha perinatal e no cartão da gestante,
de acordo com o Ministério da Saúde (2000).

Segundo o Ministério da Saúde a gestante tem direito, no mínimo, a seis consultas, com
acompanhamento intercalado entre médicos e enfermeiros. Sempre que possível, as
consultas devem seguir o seguinte cronograma:

até a 28ª semana – mensalmente;


da 28ª a 36º semana – quinzenalmente;
da 36ª até a 41ª semana – semanalmente.

O acompanhamento da mulher no ciclo gravídico-puerperal deve ser iniciado o mais


rapidamente possível e só deve se encerrar após ao 41º dia de puerpério, período em
que a consulta de puerpério deverá ser realizada.

2.3 Crescimento e Desenvolvimento da Criança e a Consulta de Enfermagem

O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento (CD), do nascimento até a


adolescência, é de fundamental importância para a promoção à saúde e prevenção de
agravos das crianças e adolescentes, identificando problemas nutricionais, alterações
no desenvolvimento neuropsicomotor e situações de risco, buscando atuar de forma
precoce nas intercorrências. Ações simples como pesar, medir, avaliar os marcos de
desenvolvimento e aquisição de novas habilidades, além do registro e avaliação do
Cartão da Criança, devem ser incorporadas na rotina de atendimento às crianças e
adolescentes pelas equipes de saúde (BRANDEN, 2000).

A assistência ao neonato dentro da sala de parto é fundamental, visto que medidas


simples podem reduzir sérias complicações posteriores. O atendimento imediato ao
recém-nascido deve ser realizado por médico pediatra com experiência e treinamento

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em neonatologia; na sua ausência, é desejável que algum outro profissional se responsa-
bilize exclusivamente por esta função. Os membros da equipe responsável pelaassistên-
cia à gestante e puérpera não devem assumir a função adicional de dar atenção ao neo-
nato.
A assistência ao recém-nascido inicia-se após o desprendimento do polo cefálico,
quando se faz cuidadosa aspiração das secreções das narinas e boca. Após o despren-
dimento fetal o neonato é colocado no berço aquecido, em decúbito dorsal. Procede-
se à secagem de todo o corpo, inclusive cabeça, com compressas aquecidas e estéreis.
Evita-se assim a perda de calor após o nascimento. Realiza-se a desobstruçãodas vias
aéreas aspirando-se secreções ainda existentes. Se necessário, é feito estímulotátil de-
licado nos pés e no tronco.

No âmbito da Rede Cegonha, preconiza-se a realização da “Primeira Semana de Saúde In-


tegral”. Trata-se, segundo o Ministério da Saúde, de uma estratégia em saúde, na qual
são realizadas atividades na atenção integral à saúde de puérperas e recém-nascidos.
Tais ações contribuem para a redução da mortalidade infantil. Durante os primeiros di-
as, são realizadas ações básicas preconizadas nessa estratégia. As ações objetivam a
triagem neonatal, a triagem auditiva, a checagem da vacinação BCG e Hepatite B e a
avaliação do aleitamento materno, para orientação e apoio. A atenção à mulher e ao re-
cém-nascido nas primeiras semanas após o parto é fundamental para saúde materna e
neonatal.

O Ministério da Saúde recomenda uma visita domiciliar na primeira semana após a alta
do bebê. Caso o RN tenha sido classificado como de risco, a visita deverá acontecer
nos primeiros três dias após a alta. O retorno da mulher e do recém-nascido ao serviço
de saúde e uma visita domiciliar, entre 7 e 10 dias após o parto, devem ser incentivados
desde o pré-natal, na maternidade e pelos agentes comunitários de saúde na visita do-
miciliar, juntamente com o enfermeiro.

A prática de enfermagem, baseada nos princípios de crescimento e desenvolvimento, é


organizada e dirigida para ajudar as crianças e suas famílias a se adaptarem às condi-
ções internas e externas mutáveis. Uma boa compreensão do crescimento e desenvol-
vimento é essencial para a individualização do cuidado de todas as crianças. Os parâ-

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metros de crescimento e desenvolvimento constituem indicadores diretamente relacio-
nados com a manutenção da saúde e da nutrição infantil e, indiretamente com
a qualidade de vida de uma população, o que justifica a necessidade da realização de
consultas frequentes e regulares. Sendo por meio do medir, anotar e interpretar tais
indicadores por um período de tempo, que a enfermeira detecta precocemente os seus
desvios, os quais devem ser devidamente encaminhados, seguindo a evolução das si-
tuações anormais (ARAÚJO, 2010).

O crescimento, do ponto de vista biológico, refere-se à alteração da forma, tamanho e


funções celulares. Teoricamente, deve ser estudado desde o momento da fecundação do
óvulo até a velhice, pois o crescimento celular ocorre durante toda a vida de um indiví-
duo. Todo o processo do crescimento é proveniente de instruções do nosso códigogené-
tico, desde a formação do ovo. Apesar do potencial genético ser fundamental, as influ-
ências do meio ambiente podem alterar de maneira positiva ou negativa o ritmo de cres-
cimento de uma criança. O crescimento pode ser considerado um dos indicadores de
saúde mais importantes da criança.

De um modo geral, considera-se o crescimento como aumento do tamanho corporal


e, portanto, ele cessa com o término do aumento em altura (crescimento linear). É
considerado como um dos melhores indicadores de saúde da criança, em razão de sua
estreita dependência de fatores ambientais, tais como alimentação, ocorrência de do-
enças, cuidados gerais e de higiene, condições de habitação e saneamento básico,
acesso aos serviços de saúde, refletindo assim, as condições de vida da criança, no
passado e no presente (MS, 2006).

O planejamento familiar, a realização de uma adequada assistência pré-natal, ao parto e


ao puerpério, as medidas de promoção, proteção e recuperação da saúde nos primeiros
anos de vida são condições cruciais para que o crescimento infantil se processe de for-
ma adequada (SHIMIZU E LIMA, 2009).

Um fenômeno de ordem físico-química observado nas fases iniciais do crescimento é o


acúmulo de água no interior das células, atraída pelos sais de hidrato de carbono. Essa
"retenção hídrica" representa 70% do ganho ponderai nesse período. Em seguida, a

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proteína e sais minerais passam também a ser incorporados pelas células, contribuindo
para um aumento da massa tecidual. A partir dessa fase, as proteínas assumem de vez
um papel único no processo de crescimento do organismo, sendo as principais respon-
sáveis. O aumento do tamanho das células e a divisão celular são eventos que, soma-
dos aos acima, constituem a base do processo de crescimento.

O crescimento somático não ocorre de forma homogênea ao longo do tempo. Existem


fases de crescimento acelerado e fases de crescimento lento. A primeira fase de cresci-
mento rápido, que se estende da vida intrauterina até os dois anos de idade, é determina-
da pela nutrição da criança. Nessa fase, o potencial genético e o hormônio de cresci-
mento parecem não ter grande importância e o peso é um bom avaliador isolado do
crescimento. Dos dois anos de idade até a puberdade, temos uma fase de crescimentore-
gular, homogêneo (aumento de 2 kg/ano e 6cm/ano). O potencial genético e o hormônio
do crescimento são os principais determinantes dessa fase: a criança entra no seu canal
de crescimento. Quando chega a puberdade, outra fase de crescimento rápido se instala.
Os hormônios sexuais são responsáveis por essa velocidade.
O crescimento em comprimento e o peso do feto seguem o mesmo padrão, entretanto,
o pico da velocidade de ganho ponderal é atingindo mais tarde, por volta da 32ª semana
(terceiro trimestre). Entre a 34ª e a 36ª semana, a velocidade de crescimento do feto co-
meça a diminuir devido à influência do espaço da cavidade uterina que vai se tornando
completamente ocupado. Fetos gemelares diminuem a sua velocidade de crescimento
mais cedo que o feto único, e isso ocorre quando a soma do peso dos dois fetos é apro-
ximado ao peso do feto único com 36 semanas.

O indicador que melhor retrata o que ocorre durante a fase fetal é o peso de nascimento
da criança. Pesos ao nascer menor que 2.500 g podem ser decorrentes de prematuridade
e/ou déficit de crescimento intrauterino. Recém-nascidos com menos de 2.500g são
classificados, genericamente, como de baixo peso ao nascer.

Vários fatores podem influir negativamente no crescimento intrauterino, sendo que, no


nosso meio, os mais importantes são: o fumo, o álcool e outras drogas, a hipertensão

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arterial, as doenças infecciosas crônicas, as doenças sexualmente transmissíveis, o esta-
do nutricional da gestante, o curto intervalo interpartal (menor do que dois anos), a ele-
vada paridade, a idade materna (<19 anos e >35 anos), a gestação múltipla e as anoma-
lias congênitas. Por essa razão, são chamados fatores de risco para baixo peso aonascer
(<2.500g). Muitos desses fatores têm causas socioeconômicas e podem ser prevenidos
com uma boa cobertura por parte dos serviços de saúde e controle pré-natal(MS,
2005).
O controle pré-natal periódico desde o primeiro trimestre e durante toda a gestação é
fundamental para identificar os fatores de risco do retardo de crescimento intrauteri-
no (LIMA, 2005).
A partir da consulta de acompanhamento do crescimento e desenvolvimento é tam-
bém possível o estabelecimento de condutas curativas dirigidas aos processos patoló-
gicos presentes e o estabelecimento de condutas preventivas, adequadas a cada idade,
sobre vacinação, alimentação, estimulação e cuidados gerais com a criança, emum
processo contínuo de educação para a saúde (ZUGAIB E SANCOVSKI, 1994).

Desenvolvimento é um conceito amplo que se refere a uma transformação complexa,


contínua, dinâmica e progressiva, que inclui, além do crescimento, a maturação, a
aprendizagem e os aspectos psíquicos e sociais (POTTER, 2004). O termo DESEN-
VOLVIMENTO traduz a capacidade de uma criança de realizar tarefas cada vezmais
complexas. Citamos como exemplo, a destreza e o controle neuromuscular.
Corresponde à aquisição de novas habilidades; sendo um processo qualitativo, não tem
como ser medido de forma objetiva.
Potter (2004) destaca que prestar o cuidado de enfermagem apropriado ao desen-
volvimento é mais fácil, quando o planejamento se baseia em um referencial teóri-
co. Uma abordagem organizada e sistemática garante que as necessidades da crian-
ça sejam avaliadas e satisfeitas pelo plano de cuidado. Quando o cuidado de enfer-
magem é prestado apenas como uma série de ações isoladas, algumas das necessi-
dades de desenvolvimento da criança podem passar despercebidas. Uma conduta
de desenvolvimento promove a organização do cuidado direcionado para onível
atual de desempenho da criança, a fim de motivar o auto direcionamento e a pro-
moção da saúde.
Desta forma, algumas doenças específicas podem determinar um desenvolvimento nor-

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mal e crescimento deficitário, como a acondroplasia, enquanto outras podem ser repre-
sentadas por crescimento normal e desenvolvimento deficitário ou retardado, comoa
Trissomia 21. Vale ressaltar que fatores extrínsecos, como alimentação adequada, estí-
mulos biopsicossociais e atividade física, assim como fatores intrínsecos (genética, sis-
tema neuroendócrino), vão apresentar influências profundas e marcantes tanto no cres-
cimento quanto no desenvolvimento de uma criança.

A atividade física é importante no processo do crescimento e desenvolvimento,


pois atua beneficiando itens como a velocidade, flexibilidade, equilíbrio, contração
e relaxamento muscular, coordenação, além de estimular ou melhorar qualidades
biopsicossociais como força de vontade, concentração, coragem, confiança e soli-
dariedade. A prática esportiva promove um avanço na idade óssea em relação à
cronológica.

Durante uma consulta, a avaliação do desenvolvimento da criança é feita utilizando-se


gráficos de crescimento, observação, histórico do desenvolvimento, além de levanta-
mento e atendimento às preocupações dos pais. Em cima desses fatoreslevantados de-
ve-se realizar educação em saúde (CUNHA, 2009).

A Ficha de Acompanhamento do Desenvolvimento deve ficar no prontuário da


criança; e a padronização para o seu uso, no consultório. Sempre que possível, o
profissional deve tentar utilizar a mesma forma de padronização, o que facilitará o
exame e dará maior confiabilidade aos achados clínicos (MS, 2006).

Esses marcos, selecionados a partir da Ficha de Acompanhamento do Desenvolvimento,


permitirão ao profissional estabelecer uma conversa com a mãe a respeito do desenvol-
vimento do seu filho e como ela pode, durante os cuidados normais do dia a diacom a
criança, participar e estimular o crescimento e desenvolvimento da mesma.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A assistência pré-natal adequada, com a detecção e a intervenção precoce das situações


de risco, bem como um sistema ágil de referência hospitalar, além da qualificação da

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assistência ao parto, são os grandes determinantes dos indicadores de saúde relaciona-
dos à mãe e ao bebê que tem o potencial de diminuir as principais causas de mortalida-
de materna e neonatal.

Apesar da redução importante da mortalidade infantil no Brasil nas ultimas décadas, os


indicadores de óbitos neonatais apresentaram uma velocidade de queda aquém do dese-
jado. Um número expressivo de mortes ainda faz parte da realidade social e sanitária
de nosso País. Tais mortes ainda ocorrem por causas evitáveis, principalmenteno que
diz respeito às ações dos serviços de saúde e, entre elas, a atenção pré-natal, ao parto e
ao recém-nascido.

Avaliar o crescimento e o desenvolvimento da criança/adolescente significa acom-


panhar seu amadurecimento biológico, psicológico, intelectual e moral. Essesfato-
res determinarão seu modo de viver e interagir com o ambiente e as pessoas.
Para que tudo se passe de modo harmônico é necessário que antes de tudo a
criança/adolescente mantenha vínculos de afeto, proteção e aceitação.

Cabe aos pais/responsáveis e/ou cuidadores promover uma passagem natural pelas di-
versas fases, para que a construção desse novo indivíduo se constitua de momentos esi-
tuações que possibilitem a formação de um ser humano equilibrado, consciente das suas
limitações e possibilidades.
A participação de enfermeiros tem fundamental importância para o fortalecimento da
assistência pré-natal; entretanto, são necessários investimentos na formação de pesso-
alqualificado para o atendimento à mulher no ciclo gravídico-puerperal, o que poderá
ser suprido com a formação de especialistas em enfermagem obstétrica. O Enfermeiro
como Profissional integrante da Equipe de Saúde da ESF, tem papel essencial para
atender, orientar e capacitar a gestante para conduzir com tranquilidade e maior auto-
nomia sua gestação além de também ser responsável pela prevenção e promoção dos
agravos à saúde, podendo intervir no tratamento de acordo com a Lei do Exercício
Profissional.
Com isso, o pré-natal humanizado contribuirá para oferecer à gestante um atendimento
qualificado e incentivar à mesma a participar e realizar as consultas, podendo melhorar

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cada vez mais os indicadores de saúde no que diz respeito a mortalidade materna
e neonatal.

7.4 Política nacional de atenção integral a saúde do homem

A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (BRASIL, 2009), foi im-
plantada em 2008, quando o SUS completava 20 anos. O objetivo principal desta po-
lítica é a promoção de ações de saúde que contribuam para a “compreensão da reali-
dade singular masculina nos seus diversos contextos socioculturais e político- econô-
micos”, visando possibilitar o aumento da expectativa de vida e a redução dos níveis
de morbidade e mortalidade (duas de cada três mortes registradas entre adultos)nesta
população, em especial nas situações preveníveis e evitáveis como a violência. Visto
que, a entrada dos homens no sistema de saúde se dá por meio da atenção especializa-
da em consequência de agravos de enfermidades crônicas, gerando elevadocusto para
o SUS; além da menor expectativa de vida quando comparado às mulheres(até sete
anos menos) e da baixa procura por serviços de atenção básica.

Segundo o Ministério da Saúde, a cada 3 pessoas que morrem no Brasil, 2 são homens.
A cada cinco pessoas que morrem de 20 a 30 anos, quatro delas são homens. De acordo
com a publicação Saúde Brasil 2007, os homens representam quase 60% das mortes no
país. Das 1.003.350 mortes ocorridas em 2005, 582.311 foram de pessoas do sexo mas-
culino – 57,8% do total.

Inúmeras pesquisas, Keijzer (2003) e Schraiber et al. (2000), apontam que esta vulne-
rabilidade decorre de variáveis culturais, como a questão de gênero e do que é sermas-
culino enraizado na cultura patriarcal de séculos, onde doença é sinal de fragilidade e
incompetência. Outro fator que contribui para a baixa procura de serviçosde saúde,
com as relações com o mundo do trabalho, ligado ao seu papel de provedor, e a alega-
ção de incompatibilidade de horário de sua jornada de trabalho e o funcionamento das
unidades de saúde. (BRASIL, 2008).

Como metodologia de ação, optou-se por identificar as principais enfermidades e

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agravos à saúde do homem, “buscando delinear caminhos que incentivem a procura
pelos serviços de atenção primária, antes que os agravos requeiram atenção especia-
lizada” (BRASIL, 2008). Em especial, o da população masculina na faixa etária de
25 a 59 anos, de grande significado produtivo, sociocultural e político, corresponden-
do a 2/5 de toda a população masculina e 20% do total da população doBrasil.

Alguns eixos metodológicos, conceituais e práticos são fundamentais para orientar


a formulação de estratégias e ações:
A mudança do foco programático, saindo do restrito campo da “adesão a programas
assistenciais de saúde”, para uma perspectiva mais ampla que privilegie um novo pa-
radigma baseado na atenção integral, valorizando, fundamentalmente, a promo-
ção da saúde e a qualidade de vida, bem como a Educação como importante es-
tratégia parapromover mudanças comportamentais indispensáveis à consolidação
das ações propostas;

Articulação com outras ações governamentais e da sociedade organizada, espe-


cialmente aqueles locais coletivos de sociabilidade ocupados por homens, taisco-
mo: empresas, sindicatos, campos de futebol, estações rodoviárias e metrôs, quar-
téis, escolas, etc.

Finalmente, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem está alinhada


com a Política Nacional de Atenção Básica – porta de entrada do Sistema Único de
Saúde - e com as estratégias de humanização em saúde, em consonância com os prin-
cípios do SUS, fortalecendo ações e serviços em redes e cuidados da saúde, privilegi-
ando a Estratégia de Saúde da Família, evitando assim, a setorialização de serviços ou
a segmentação de estruturas.

7.5. Política Nacional de atenção integral a saúde do idoso


PORTARIA Nº 2.528 DE 19 DE OUTUBRO DE 2006

Aprova a Política Nacional de


Saúde da Pessoa Idosa.

O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso de suas atribuições, e Con-


siderando a necessidade de que o setor saúde disponha de uma política

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atualizada relacionada à saúde do idoso;

Considerando a conclusão do processo de revisão e atualização do constante da


Portaria n° 1.395/GM, de 10 de dezembro de 1999;

Considerando a publicação da Portaria nº 399/GM, de 22 de fevereiro de 2006,


que divulga o Pacto pela Saúde 2006 - Consolidação do SUS e aprova as Diretrizes
Operacionais do referido Pacto; e

Considerando a pactuação da Política na reunião da Comissão Intergestores Tri-


partite do dia 5 de outubro de 2006 e a aprovação da proposta da Política, pelo Conse-
lho Nacional de Saúde, por meio do Memorando nº 500/SE/CNS/ 2006, resolve:

Art. 1º Aprovar a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, cujas disposições


constam do Anexo a esta Portaria e dela são parte integrante.

Art. 2º Determinar que os órgãos e entidades do Ministério da Saúde, cujas ações


se relacionem com o tema objeto da Política ora aprovada, promovam a elaboração ou a
readequação de seus programas, projetos e atividades em conformidade com as dire-
trizes e responsabilidades nela estabelecidas.

Art.3º Fixar o prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da data de publicação desta


Portaria, para que o Ministério da Saúde adote as providências necessárias à revisão das
Portarias nº 702/GM, de 12 de abril de 2002, e n° 249/SAS/MS, de 16 de abril de 2002,
que criam os mecanismos de organização e implantação de Redes Estaduais de Assis-
tência à Saúde do Idoso, compatibilizando-as com as diretrizes estabelecidas na Política
Nacional de Saúde da Pessoa Idosa aprovada neste ato.

Art. 4º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 5º Fica revogada a Portaria nº 1.395/GM, de 10 de dezembro de 1999,


publicada no Diário Oficial da União nº 237-E, de 13 de dezembro de 1999, página 20,
seção 1.

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JOSÉ AGENOR ÁLVARES DA SILVA

ANEXO

POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA


INTRODUÇÃO
No Brasil, o direito universal e integral à saúde foi conquistado pela sociedade na
Constituição de 1988 e reafirmado com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS),
por meio da Lei Orgânica da Saúde nº 8.080/90. Por esse direito, entende-se o acesso
universal e equânime a serviços e ações de promoção, proteção e recuperação da saúde,
garantindo a integralidade da atenção, indo ao encontro das diferentes realidades e ne-
cessidades de saúde da população e dos indivíduos. Esses preceitos constitucionais en-
contram-se reafirmados pela Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, que dispôs sobre
a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde e sobre as transfe-
rências intergovernamentais de recursos financeiros na área de saúde e as Normas Ope-
racionais Básicas (NOB), editadas em 1991, 1993 e 1996, que, por sua vez, regulamen-
tam e definem estratégias e movimentos táticos que orientam a operacionalidade do Sis-
tema.

A regulamentação do SUS estabelece princípios e direciona a implantação de um


modelo de atenção à saúde que priorize a descentralização, a universalidade, a integrali-
dade da atenção, a eqüidade e o controle social, ao mesmo tempo em que incorpora, em
sua organização, o princípio da territorialidade para facilitar o acesso das demandas po-
pulacionais aos serviços de saúde. Com o objetivo de reorganizar a prática assistencial é
criado em 1994, pelo Ministério da Saúde, o Programa de Saúde da Família (PSF), tor-
nando-se a estratégia setorial de reordenação do modelo de atenção à saúde, como eixo
estruturante para reorganização da prática assistencial, imprimindo nova dinâmica nos
serviços de saúde e estabelecendo uma relação de vínculo com a comunidade, humani-
zando esta prática direcionada à vigilância na saúde, na perspectivada intersetorialidade
(Brasil, 1994), denominando-se não mais programa e sim Estratégia Saúde da Família
(ESF).

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Concomitante à regulamentação do SUS, o Brasil organiza-se para responder às
crescentes demandas de sua população que envelhece. A Política Nacional do Idoso,
promulgada em 1994 e regulamentada em 1996, assegura direitos sociais à pessoa ido-
sa, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva
na sociedade e reafirmando o direito à saúde nos diversos níveis de atendimento do SUS
(Lei nº 8.842/94 e Decreto nº 1.948/96).

Em 1999, a Portaria Ministerial nº 1.395 anuncia a Política Nacional de Saúde do


Idoso, a qual determina que os órgãos e entidades do Ministério da Saúde relacionados
ao tema promovam a elaboração ou a readequação de planos, projetos e atividades na
conformidade das diretrizes e responsabilidades nela estabelecidas (Brasil, 1999). Essa
política assume que o principal problema que pode afetar o idoso é a perda de sua capa-
cidade funcional, isto é, a perda das habilidades físicas e mentais necessárias para reali-
zação de atividades básicas e instrumentais da vida diária.

Em 2002, é proposta a organização e a implantação de Redes Estaduais de Assis-


tência à Saúde do Idoso (Portaria nº 702/SAS/MS, de 2002), tendo como base as condi-
ções de gestão e a divisão de responsabilidades definida pela Norma Operacional de As-
sistência à Saúde (NOAS). Como parte de operacionalização das redes, são criadas as
normas para cadastramento de Centros de Referência em Atenção à Saúde do Idoso
(Portaria nº 249/SAS/MS, de 2002).

Em 2003, o Congresso Nacional aprova e o Presidente da República sanciona o


Estatuto do Idoso, elaborado com intensa participação de entidades de defesa dos inte-
resses dos idosos. O Estatuto do Idoso amplia a resposta do Estado e da sociedade àsne-
cessidades da população idosa, mas não traz consigo meios para financiar as ações pro-
postas. O Capítulo IV do Estatuto reza especificamente sobre o papel do SUS na garan-
tia da atenção à saúde da pessoa idosa de forma integral, em todos os níveis de atenção.

Assim, embora a legislação brasileira relativa aos cuidados da população idosa


seja bastante avançada, a prática ainda é insatisfatória. A vigência do Estatuto do Idoso
e seu uso como instrumento para a conquista de direitos dos idosos, a ampliação da Es-
tratégia Saúde da Família que revela a presença de idosos e famílias frágeis e em situa-
ção de grande vulnerabilidade social e a inserção ainda incipiente das Redes Estaduais

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de Assistência à Saúde do Idoso tornaram imperiosa a readequação da Política Nacio-
nal de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI).

Em fevereiro de 2006, foi publicado, por meio da Portaria nº 399/GM, o docu-


mento das Diretrizes do Pacto pela Saúde que contempla o Pacto pela Vida. Neste docu-
mento, a saúde do idoso aparece como uma das seis prioridades pactuadas entre as três
esferas de governo sendo apresentada uma série de ações que visam, em última instân-
cia, à implementação de algumas das diretrizes da Política Nacional de Atenção à Saúde
do Idoso.

A publicação do Pacto pela Vida, particularmente no que diz respeito à saúde da


população idosa, representa, sem sombra de dúvida, um avanço importante. Entretanto,
muito há que se fazer para que o Sistema Único de Saúde dê respostas efetivas e efica-
zes às necessidades e demandas de saúde da população idosa brasileira. Dessa maneira,
a participação da Comissão Intergestores Tripartite e do Conselho Nacional de Saúde,
no âmbito nacional, é de fundamental importância para a discussão e formulação de es-
tratégias de ação capazes de dar conta da heterogeneidade da população idosa e, por
conseguinte, da diversidade de questões apresentadas.

Cabe destacar, por fim, que a organização da rede do SUS é fundamental para que
as diretrizes dessa Política sejam plenamente alcançadas. Dessa maneira, torna-se impe-
riosa a revisão da Portaria nº 702/GM, de 12 de abril de 2002, que cria os mecanismos
de organização e implantação de Redes Estaduais de Assistência à Saúdedo Idoso e a
Portaria nº 249/SAS, de 16 de abril de 2002, com posterior pactuação na Comissão In-
tergestores Tripartite.

A meta final deve ser uma atenção à saúde adequada e digna para os idosos e ido-
sas brasileiras, principalmente para aquela parcela da população idosa que teve, por uma
série de razões, um processo de envelhecimento marcado por doenças e agravos que
impõem sérias limitações ao seu bem-estar.

1. Finalidade

A finalidade primordial da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa é recupe-

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rar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, direcio-
nando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, em consonância com os
princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. É alvo dessa política todo cidadão e
cidadã brasileiros com 60 anos ou mais de idade.

Considerando:

o contínuo e intenso processo de envelhecimento populacional brasileiro;


os inegáveis avanços políticos e técnicos no campo da gestão da saúde;
o conhecimento atual da Ciência;

o conceito de saúde para o indivíduo idoso se traduz mais pela sua condição
deautonomia e independência que pela presença ou ausência de doença orgânica;

a necessidade de buscar a qualidade da atenção aos indivíduos idosos por


meiode ações fundamentadas no paradigma da promoção da saúde;

o compromisso brasileiro com a Assembléia Mundial para o Envelhecimento de


2002, cujo Plano de Madri fundamenta-se em: (a) participação ativa dos idosos na socie-
dade, no desenvolvimento e na luta contra a pobreza; (b) fomento à saúde e bem- estar
na velhice: promoção do envelhecimento saudável; e (c) criação de um entorno propício
e favorável ao envelhecimento; e

escassez de recursos sócio-educativos e de saúde direcionados ao atendimento


ao idoso;

A necessidade de enfrentamento de desafios como:


a escassez de estruturas de cuidado intermediário ao idoso no SUS, ou seja, estruturas
de suporte qualificado para idosos e seus familiares destinadas a promover intermedi-
ação segura entre a alta hospitalar e a ida para o domicílio;

número insuficiente de serviços de cuidado domiciliar ao idoso frágil previsto


no Estatuto do Idoso. Sendo a família, via de regra, a executora do cuidado ao idoso,
evidencia-se a necessidade de se estabelecer um suporte qualificado e constante aos res-

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ponsáveis por esses cuidados, tendo a atenção básica por meio da Estratégia Saúdeda
Família um papel fundamental;

a escassez de equipes multiprofissionais e interdisciplinares com conhecimento


em envelhecimento e saúde da pessoa idosa; e

a implementação insuficiente ou mesmo a falta de implementação das Redes de


Assistência à Saúde do Idoso.

2. Justificativa

O Brasil envelhece de forma rápida e intensa. No Censo de 2000, contava com mais
de 14,5 milhões de idosos (IBGE, 2002), em sua maioria com baixo nível socioeconômico e
educacional e com uma alta prevalência de doenças crônicas e causadoras de limitações fun-
cionais e de incapacidades (Lima-Costa et al, 2003; Ramos, 2002). A cada ano, 650 mil no-
vos idosos são incorporados à população brasileira (IBGE, 2000). Essa transição demográfi-
ca repercute na área da saúde, em relação à necessidade de (re)organizar os modelos assis-
tenciais (Lima-Costa & Veras, 2003). A maior causa de mortalidade entre idosos brasileiros
é o acidente vascular cerebral (Lima-Costa et al., 2000). Na transição epidemiológica brasi-
leira ocorrem incapacidades resultantes do não-controle de fatores de risco preveníveis (Li-
ma-Costa et al., 2003).

O sistema de saúde brasileiro tradicionalmente está organizado para atender à saú-


de materno-infantil e não tem considerado o envelhecimento como uma de suas priori-
dades. Uma importante conseqüência do aumento do número de pessoas idosas em uma
população é que esses indivíduos provavelmente apresentarão um maior número de do-
enças e/ou condições crônicas que requerem mais serviços sociais e médicos e por mais
tempo (Firmo et al, 2003). Isso já pode ser notado, uma vez que a população idosa, que
hoje representa cerca de 9% da população, consome mais de 26% dos recursos de inter-
nação hospitalar no SUS (Lima-Costa et al, 2000). Além disso, é notável a carência de
profissionais qualificados para o cuidado ao idoso, em todos os níveis de atenção.

Outro fato importante a ser considerado é que saúde para a população idosa não se
restringe ao controle e à prevenção de agravos de doenças crônicas não-transmissíveis.

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Saúde da pessoa idosa é a interação entre a saúde física, a saúde mental, a independên-
cia financeira, a capacidade funcional e o suporte social (Ramos, 2002).

As políticas públicas de saúde, objetivando assegurar atenção a toda população,


têm dado visibilidade a um segmento populacional até então pouco notado pela saúde
pública - os idosos e as idosas com alto grau de dependência funcional -. É possível a
criação de ambientes físicos, sociais e atitudinais que possibilitem melhorar a saúde das
pessoas com incapacidades tendo como uma das metas ampliar a participação social
dessas pessoas na sociedade (Lollar & Crews, 2002). Por isso mesmo, é imprescindível
oferecer cuidados sistematizados e adequados a partir dos recursos físicos, financeiros e
humanos de que se dispõe hoje.

2.1. O Grande Desafio: o Envelhecimento Populacional em Condição deDe-


sigualdade Social e de Gênero

Envelhecimento populacional é definido como a mudança na estrutura etária da


população, o que produz um aumento do peso relativo das pessoas acima de determina-
da idade, considerada como definidora do início da velhice (Carvalho & Garcia, 2003).
No Brasil, é definida como idosa a pessoa que tem 60 anos ou mais de idade (BRASIL,
2003).

Nos últimos 60 anos, o número absoluto de pessoas com 60 anos ou mais de idade
aumentou nove vezes (Beltrão, Camarano e Kanso, 2004). Não só a população brasileira
está envelhecendo, mas a proporção da população “mais idosa”, ou seja, a de 80 anos ou
mais de idade, também está aumentando, alterando a composição etária dentro do
próprio grupo. Significa dizer que a população idosa também está envelhecendo (Cama-
rano et al, 1999). Em 2000, esse segmento representou 12,6% do total da população ido-
sa brasileira. Isso leva a uma heterogeneidade do segmento idoso brasileiro, havendo no
grupo pessoas em pleno vigor físico e mental e outras emsituações de maior vulnerabili-
dade (Camarano et al, 2004).

O envelhecimento é também uma questão de gênero. Cinqüenta e cinco por cento


da população idosa são formados por mulheres. A proporção do contingente feminino é
tanto mais expressiva quanto mais idoso for o segmento. Essa predominância feminina

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se dá em zonas urbanas. Nas rurais, predominam os homens, o que pode resultar em iso-
lamento e abandono dessas pessoas (Camarano et al, 2004; Camarano et al, 1999; Saad,
1999).

Quanto ao local de moradia, os idosos podem estar no ambiente familiar ou em


instituições de longa permanência para idosos (ILPI). Cuidados institucionais não são
prática generalizada nas sociedades latinas. É consenso entre as mais variadas especiali-
dades científicas que a permanência dos idosos em seus núcleos familiares e comunitá-
rios contribui para o seu bem-estar (Camarano & Pasinato, 2004). No entanto, os dados
referentes à população idosa institucionalizada no Brasil são falhos. Em 2002,a Comis-
são de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados publicou o relatório “V Caravana
Nacional de Direitos Humanos: uma amostra da Realidade dos Abrigos e Asilos de Ido-
sos no Brasil”. De acordo com o relatório, havia cerca de 19.000 idosos institucionaliza-
dos em todo o País, o que representa 0,14% do total de idosos brasileiros. É de se espe-
rar que esse número seja bem maior levando-se em conta que muitas das instituições
asilares não são cadastradas e que grande parte funciona na clandestinidade.

A heterogeneidade do grupo de idosos, seja em termos etários, de local de mora-


dia ou socioeconômicos, acarreta demandas diferenciadas, o que tem rebatimento na
formulação de políticas públicas para o segmento (Camarano et al, 2004).

O envelhecimento populacional desafia a habilidade de produzir políticas desaú-


de que respondam às necessidades das pessoas idosas. A proporção de usuários idosos
de todos os serviços prestados tende a ser cada vez maior, quer pelo maior acesso

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às informações do referido grupo etário, quer pelo seu expressivo aumento relativo e
absoluto na população brasileira. (Lima-Costa & Veras, 2003).

Além disso, os idosos diferem de acordo com a sua história de vida, com seu grau
de independência funcional e com a demanda por serviços mais ou menos específicos.
Todos necessitam, contudo, de uma avaliação pautada no conhecimento do processo de
envelhecimento e de suas peculiaridades e adaptada à realidade sócio-cultural em que
estão inseridos. Faz-se, portanto, necessário que os serviços que prestam atendimento a
idosos respondam a necessidades específicas e distingam-se pela natureza daintensida-
de dos serviços que ofereçam.

Cumpre notar que os idosos são potenciais consumidores de Serviços de Saúde e


de Assistência. Esse grupo sabidamente apresenta uma grande carga de doenças crôni-
cas e incapacitantes, quando comparado a outros grupos etários (Lima-Costa et al,
2003a; Lima-Costa et al, 2003b; Caldas, 2003). Disso resulta uma demanda crescente
por serviços sociais e de saúde (Lima-Costa & Veras, 2003).

2.2. Contextualização: Responder às Demandas das Pessoas Idosas mais Frágeis


dentre a População em Maior Risco de Vulnerabilidade

O envelhecimento populacional cursa com o aumento de doenças e condições que


podem levar a incapacidade funcional. Para Verbrugge & Jette (1994), a incapacidade
funcional é a dificuldade experimentada em realizar atividades em qualquer domínio da
vida devido a um problema físico ou de saúde. Ela também pode ser entendida como a
distância entre a dificuldade apresentada e os recursos pessoais e ambientais de que dis-
põe para superá-la (Hébert, 2003). Incapacidade é mais um processo do que um estado
estático (Iezzoni, 2002). A Organização Mundial de Saúde (OMS) em sua Classificação
Internacional de Funções, Incapacidade e Saúde (CIF, 2001) vê a incapacidade e as fun-
ções de uma pessoa como a interação dinâmica entre condições de saúde - doenças, le-
sões, traumas etc - e fatores contextuais, incluindo atributos pessoais e ambientais. A
dependência é a expressão da dificuldade ou incapacidade em realizar uma atividade es-
pecífica por causa de um problema de saúde (Hébert, 2003). No entanto, cabe enfatizar
que a existência de uma incapacidade funcional, independentemente de sua origem, é o
que determina a necessidade de um cuidador (Néri & Sommerhalder, 2002).

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Incapacidade funcional e limitações físicas, cognitivas e sensoriais não sãocon-
seqüências inevitáveis do envelhecimento. A prevalência da incapacidade aumenta
com a idade, mas a idade sozinha não prediz incapacidade (Lollar & Crews, 2002).
Mulheres, minorias e pessoas de baixo poder socioeconômico são particularmentevul-
neráveis (Freedman, Martin e Schoeni, 2002). Independentemente de sua etiologia,
pessoas com incapacidade estão em maior risco para problemas de saúde e afins (Lollar
Crews, 2002). A presença de incapacidade é ônus para o indivíduo, para a família, para
o sistema de saúde e para a sociedade (Giacomin et al., 2004).

Estudos brasileiros de base populacional em idosos apontam a existência de inca-


pacidade entre idosos em cifras que variam de 2 a 45% dos idosos (Giacomin et al.,
2005; Duarte, 2003; Lima-Costa, 2003; Rosa et al; 2003), dependendo da idade e do se-
xo. Assim, torna-se imprescindível incluir a condição funcional ao se formularem políti-
cas para a saúde dos idosos e responder, prioritariamente, às pessoas idosas que já apre-
sentem alta dependência.

3. Diretrizes

Não se fica velho aos 60 anos. O envelhecimento é um processo natural que


ocorre ao longo de toda a experiência de vida do ser humano, por meio de escolhas e de
circunstâncias. O preconceito contra a velhice e a negação da sociedade quanto a esse
fenômeno colaboram para a dificuldade de se pensar políticas específicas para esse gru-
po. Ainda há os que pensam que se investe na infância e se gasta na velhice. Deveser
um compromisso de todo gestor em saúde compreender que, ainda que os custos de hos-
pitalizações e cuidados prolongados sejam elevados na parcela idosa, também aí está se
investindo na velhice “Quando o envelhecimento é aceito como um êxito, o aproveita-
mento da competência, experiência e dos recursos humanos dos grupos mais velhos é
assumido com naturalidade, como uma vantagem para o crescimento de sociedades hu-
manas maduras e plenamente integradas” (Plano de Madri, Artigo 6º).

Envelhecer, portanto, deve ser com saúde, de forma ativa, livre de qualquer tipo
de dependência funcional, o que exige promoção da saúde em todas as idades. Impor-
tante acrescentar que muitos idosos brasileiros envelheceram e envelhecem apesar da

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falta de recursos e da falta de cuidados específicos de promoção e de prevenção em saú-
de. Entre esses estão os idosos que vivem abaixo da linha de pobreza, analfabetos, osse-
qüelados de acidentes de trabalho, os amputados por arteriopatias, os hemiplégicos, os
idosos com síndromes demenciais, e para eles também é preciso achar respostas e ter
ações específicas.

São apresentadas abaixo as diretrizes da Política Nacional de Saúde da Pessoa


Idosa:

promoção do envelhecimento ativo e saudável;


atenção integral, integrada à saúde da pessoa idosa;
estímulo às ações intersetoriais, visando à integralidade da atenção;

provimento de recursos capazes de assegurar qualidade da atenção à saúde da


pessoa idosa;

estímulo à participação e fortalecimento do controle social;

formação e educação permanente dos profissionais de saúde do SUS na área de


saúde da pessoa idosa;

divulgação e informação sobre a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa


para profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS;

promoção de cooperação nacional e internacional das experiências na atenção à


saúde da pessoa idosa; e apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas.

3.1. Promoção do Envelhecimento Ativo e Saudável

A promoção do envelhecimento ativo, isto é, envelhecer mantendo a capacidade


funcional e a autonomia, é reconhecidamente a meta de toda ação de saúde. Ela permeia
todas as ações desde o pré-natal até a fase da velhice. A abordagem do envelhecimento
ativo baseia-se no reconhecimento dos direitos das pessoas idosas e nos princípios de in-
dependência, participação, dignidade, assistência e auto-realização determinados pela

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Organização das Nações Unidas (WHO, 2002). Para tanto é importante entender que as
pessoas idosas constituem um grupo heterogêneo. Também será necessário vencer pre-
conceitos e discutir mitos arraigados em nossa cultura. Os profissionais de saúde e a co-
munidade devem perceber que a prevenção e a promoção de saúde não é privilégio ape-
nas dos jovens. A promoção não termina quando se faz 60 anos e as ações de preven-
ção, sejam elas primárias, secundárias ou terciárias, devem ser incorporadas à atenção à
saúde, em todas as idades.

Envelhecimento bem sucedido pode ser entendido a partir de seus trêscomponen-


tes: (a) menor probabilidade de doença; (b) alta capacidade funcional física e mental; e
(c) engajamento social ativo com a vida (Kalache & Kickbush, 1997; Rowe & Kahn,
1997; Healthy People 2000). O Relatório Healthy People 2000 da OMS enfatiza em se-
us objetivos: aumentar os anos de vida saudável, reduzir disparidades na saúde entre di-
ferentes grupos populacionais e assegurar o acesso a serviços preventivos de saúde.
Além disso, é preciso incentivar e equilibrar a responsabilidade pessoal – cuidado con-
sigo mesmo – ambientes amistosos para a faixa etária e solidariedade entre gerações. As
famílias e indivíduos devem se preparar para a velhice, esforçando-se para adotar uma
postura de práticas saudáveis em todas as fases da vida (OMS, 2002).

Com a perspectiva de ampliar o conceito de “envelhecimento saudável”, a Organi-


zação Mundial da Saúde propõe “Envelhecimento Ativo: Uma Política de Saúde”
(2005), ressaltando que o governo, as organizações internacionais e a sociedade civil
devam implementar políticas e programas que melhorem a saúde, a participação ea se-
gurança da pessoa idosa. Considerando o cidadão idoso não mais como passivo, masco-
mo agente das ações a eles direcionadas, numa abordagem baseada em direitos, que va-
lorize os aspectos da vida em comunidade, identificando o potencial para o bem-estar fí-
sico, social e mental ao longo do curso da vida.

Aproveitar todas as oportunidades para:

desenvolver e valorizar o atendimento acolhedor e resolutivo à pessoa idosa,


baseado em critérios de risco;

informar sobre seus direitos, como ser acompanhado por pessoas de sua rede

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social (livre escolha) e quem são os profissionais que cuidam de sua saúde;

valorizar e respeitar a velhice;

estimular a solidariedade para com esse grupo etário;


realizar ações de prevenção de acidentes no domicílio e nas vias públicas, como
quedas e atropelamentos;

realizar ações integradas de combate à violência doméstica e institucional


contra idosos e idosas;

facilitar a participação das pessoas idosas em equipamentos sociais, grupos de


terceira idade, atividade física, conselhos de saúde locais e conselhos comunitários onde
o idoso possa ser ouvido e apresentar suas demandas e prioridades;

articular ações e ampliar a integração entre as secretarias municipais e as esta-


duais de saúde, e os programas locais desenvolvidos para a difusão da atividade física e
o combate ao sedentarismo;

promover a participação nos grupos operativos e nos grupos de convivência,


com ações de promoção, valorização de experiências positivas e difusão dessas na rede,
nortear e captar experiências;

informar e estimular a prática de nutrição balanceada, sexo seguro, imunização


e hábitos de vida saudáveis;

realizar ações motivadoras ao abandono do uso de álcool, tabagismo e


sedentarismo, em todos os níveis de atenção;

promover ações grupais integradoras com inserção de avaliação, diagnóstico e


tratamento da saúde mental da pessoa idosa;

reconhecer e incorporar as crenças e modelos culturais dos usuários em seus


planos de cuidado, como forma de favorecer a adesão e a eficiência dos recursos e trata-

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mentos disponíveis;

promover a saúde por meio de serviços preventivos primários, tais como a va-
cinação da população idosa, em conformidade com a Política Nacional deImunização;

estimular programas de prevenção de agravos de doenças crônicas não-


transmissíveis em indivíduos idosos;

implementar ações que contraponham atitudes preconceituosas e sejamesclarece-


doras de que envelhecimento não é sinônimo de doença;

disseminar informação adequada sobre o envelhecimento para os profissionais


de saúde e para toda a população, em especial para a população idosa;

implementar ações para reduzir hospitalizações e aumentar habilidades para


oauto-cuidado dos usuários do SUS;

incluir ações de reabilitação para a pessoa idosa na atenção primária de modo


aintervir no processo que origina a dependência funcional;
investir na promoção da saúde em todas as idades; e

articular as ações do Sistema Único de Saúde com o Sistema Único de


Assistência Social – SUAS.

3.2. Atenção Integral e Integrada à Saúde da Pessoa Idosa

A atenção integral e integrada à saúde da pessoa idosa deverá ser estruturada nos
moldes de uma linha de cuidados, com foco no usuário, baseado nos seus direitos, ne-
cessidades, preferências e habilidades; estabelecimento de fluxos bidirecionais funcio-
nantes, aumentando e facilitando o acesso a todos os níveis de atenção; providos de con-
dições essenciais - infra-estrutura física adequada, insumos e pessoal qualificado para a
boa qualidade técnica.

Instrumentos gerenciais baseados em levantamento de dados sobre a capacidade

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funcional (inventários funcionais) e sócio-familiares da pessoa idosa deverão ser imple-
mentados pelos gestores municipais e estaduais do SUS, para que haja a participação de
profissionais de saúde e usuários na construção de planos locais de ações para en-
frentamento das dificuldades inerentes à complexidade de saúde da pessoaidosa.

Incorporação, na atenção básica, de mecanismos que promovam a melhoria da


qualidade e aumento da resolutividade da atenção à pessoa idosa, com envolvimento
dos profissionais da atenção básica e das equipes do Saúde da Família, incluindo a aten-
ção domiciliar e ambulatorial, com incentivo à utilização de instrumentos técnicos vali-
dados, como de avaliação funcional e psicossocial.

Incorporação, na atenção especializada, de mecanismos que fortaleçam a atenção


à pessoa idosa: reestruturação e implementação das Redes Estaduais de Atenção à Saú-
de da Pessoa Idosa, visando a integração efetiva com a atenção básica e os demais ní-
veis de atenção, garantindo a integralidade da atenção, por meio do estabelecimento de
fluxos de referência e contra-referência; e implementando de forma efetiva modalidades
de atendimento que correspondam às necessidades da população idosa, com abordagem
multiprofissional e interdisciplinar, sempre que possível. Contemplando também fluxos
de retaguarda para a rede hospitalar e demais especialidades, disponíveis no Sistema
Único de Saúde.

A prática de cuidados às pessoas idosas exige abordagem global, interdisciplinar e


multidimensional, que leve em conta a grande interação entre os fatores físicos, psicoló-
gicos e sociais que influenciam a saúde dos idosos e a importância do ambiente no qual
está inserido. A abordagem também precisa ser flexível e adaptável às necessidades de
uma clientela específica. A identificação e o reconhecimento da rede desuporte social e
de suas necessidades também faz parte da avaliação sistemática, objetivando prevenir e
detectar precocemente o cansaço das pessoas que cuidam. As intervenções devem ser
feitas e orientadas com vistas à promoção da autonomia e independência da pessoa ido-
sa, estimulando-a para o auto-cuidado. Grupos de auto- ajuda entre as pessoas que cui-
dam devem ser estimulados.

Uma abordagem preventiva e uma intervenção precoce são sempre preferíveis às


intervenções curativas tardias. Para tanto, é necessária a vigilância de todos os membros

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da equipe de saúde, a aplicação de instrumentos de avaliação e de testes de triagem, pa-
ra detecção de distúrbios cognitivos, visuais, de mobilidade, de audição, de depressão e
do comprometimento precoce da funcionalidade, dentre outros.

O modelo de atenção à saúde baseado na assistência médica individual não se


mostra eficaz na prevenção, educação e intervenção, em questões sociais, ficando mui-
tas vezes restritas às complicações advindas de afecções crônicas. A cada etapa de inter-
venção os profissionais deverão considerar os anseios do idoso e de sua família. Pressu-
pondo-se troca de informações e negociação das expectativas de cada um, levando-se
em consideração elementos históricos do paciente, seus recursos individuais e sociais e
aqueles da rede de suporte social disponível no local.

Um dos instrumentos gerenciais imprescindíveis é a implementação da avaliação fun-


cional individual e coletiva. A partir da avaliação funcional coletiva determina-se a pirâmi-
de de risco funcional, estabelecida com base nas informações relativas aos critériosde ris-
co da população assistida pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de cada município. Veri-
fica-se como está distribuída a população adscrita à equipe do Saúde da Família, com base
no inventário de risco funcional. Nos municípios que não dispõem da Estratégia Saúde da
Família, as equipes das UBS poderão ser responsáveis por esse levantamento e acompanha-
mento. Assim, é possível conhecer qual a proporção de idosos que vivem em Instituições de
Longa Permanência para Idosos, a proporção daqueles com alta dependência funcional –
acamados –, a proporção dos que já apresentam alguma incapacidade funcional para ativida-
des básicas da vida diária (AVD)
– como tomar banho, vestir-se, usar o banheiro, transferir-se da cama para a cadeira, ser
continente e alimentar-se com a própria mão – e qual a proporção de idosos independen-
tes.

Considera-se o idoso independente aquele que é capaz de realizar sem dificulda-


des e sem ajuda todas as atividades de vida diária citadas acima. Esses idosos comporão
a base da pirâmide.

Indivíduos idosos, mesmo sendo independentes, mas que apresentem alguma difi-
culdade nas atividades instrumentais de vida diária (AIVD) – preparar refeições, contro-
lar a própria medicação, fazer compras, controlar o próprio dinheiro, usar otelefone, fa-

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zer pequenas tarefas e reparos domésticos e sair de casa sozinho utilizando uma condu-
ção coletiva –, são considerados idosos com potencial para desenvolverfragilidade e por
isso merecerão atenção específica pelos profissionais de saúde edevem ser acompanha-
dos com maior freqüência.

Considera-se idoso frágil ou em situação de fragilidade aquele que: vive em ILPI,


encontra-se acamado, esteve hospitalizado recentemente por qualquer razão, apresente
doenças sabidamente causadoras de incapacidade funcional – acidente vascular encefá-
lico, síndromes demenciais e outras doenças neurodegenerativas, etilismo, neoplasia ter-
minal, amputações de membros –, encontra-se com pelo menos uma incapacidade funci-
onal básica, ou viva situações de violência doméstica. Por critério etário, a literatura
estabelece que também é frágil o idoso com 75 anos ou mais deidade. Outros crité-
rios poderão ser acrescidos ou modificados de acordo com as realidades locais.
Uma vez conhecida a condição de fragilidade, será necessário avaliar os recursos
locais para lidar com ela, de modo a facilitar o cuidado domiciliar, incluir a pessoa que
cuida no ambiente familiar como um parceiro da equipe de cuidados, fomentar uma re-
de de solidariedade para com o idoso frágil e sua família, bem como promover a reinser-
ção da parcela idosa frágil na comunidade.

De acordo com a condição funcional da pessoa idosa serão estabelecidas ações de


atenção primária, de prevenção – primária, secundária e terciária –, de reabilitação, para
a recuperação da máxima autonomia funcional, prevenção do declínio funcional, e recu-
peração da saúde. Estarão incluídas nessas ações o controle e a prevenção deagravos de
doenças crônicas não-transmissíveis.

Todo profissional deve procurar promover a qualidade de vida da pessoa idosa,


quando chamado a atendê-la. É importante viver muito, mas é fundamental viver bem.
Preservar a autonomia e a independência funcional das pessoas idosas deve ser a meta
em todos os níveis de atenção.

Ficam estabelecidos, portanto, os dois grandes eixos norteadores para a integrali-


dade de ações: o enfrentamento de fragilidades, da pessoa idosa, da família e dosistema
de saúde; e a promoção da saúde e da integração social, em todos os níveis de atenção.

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3.3. Estímulo às Ações Intersetoriais, visando à Integralidade da Atenção

A prática da intersetorialidade pressupõe o reconhecimento de parceiros e de


órgãos governamentais e não-governamentais que trabalham com a população idosa. A
organização do cuidado intersetorial a essa população evita duplicidade de ações, corri-
ge distorções e potencializa a rede de solidariedade.

As ações intersetoriais visando à integralidade da atenção à saúde da pessoa idosa


devem ser promovidas e implementadas, considerando as características e as necessida-
des locais.

3.4. Provimento de Recursos Capazes de Assegurar Qualidade da Atenção àSaú-


de da Pessoa Idosa

Deverão ser definidas e pactuadas com os estados, o Distrito Federal e os municí-


pios as formas de financiamento que ainda não foram regulamentadas, para aprimora-
mento da qualidade técnica da atenção à saúde prestada à pessoa idosa. Os mecanismos
e os fluxos de financiamento devem ter por base as programações ascendentes de estra-
tégias que possibilitem a valorização do cuidado humanizado ao indivíduo idoso. Abai-
xo são apresentados os itens prioritários para a pactuação:

provimento de insumos, de suporte em todos os níveis de atenção,


prioritariamente na atenção domiciliar inclusive medicamentos;

provimento de recursos para adequação de estrutura física dos serviços próprios


do SUS;

provimento de recursos para ações de qualificação e de capacitação de recursos


humanos, e incremento da qualidade técnica dos profissionais de saúde do SUS na aten-
ção à pessoa idosa;

produção de material de divulgação e informativos sobre a Política Nacional de


Saúde da Pessoa Idosa, normas técnicas e operacionais, protocolos e manuais de aten-
ção, para profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS;

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implementação de procedimento ambulatorial específico para a avaliação
global do idoso; e

determinação de critérios mínimos de estrutura, processo e resultados, com vis-


tas a melhorar o atendimento à população idosa, aplicáveis às unidades de saúde do
SUS, de modo que a adequação a esses critérios seja incentivada e mereça reconheci-
mento.

3.5. Estímulo à Participação e Fortalecimento do Controle Social

Deve-se estimular a inclusão nas Conferências Municipais e Estaduais de Saúde


de temas relacionados à atenção à população idosa, incluindo o estímulo à participação
de cidadãos e cidadãs idosos na formulação e no controle social das ações deliberadas
nessas Conferências.

Devem ser estimulados e implementados os vínculos dos serviços de saúde com


os seus usuários, privilegiando os núcleos familiares e comunitários, criando, assim,
condições para uma efetiva participação e controle social da parcela idosa da população.

3.6. Divulgação e Informação sobre a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa


para Profissionais de Saúde, Gestores e Usuários do SUS

As medidas a serem adotadas buscarão:

incluir a PNSPI na agenda de atividades da comunicação social do SUS;

produzir material de divulgação, tais como cartazes, cartilhas, folhetos e


vídeos;

promover ações de informação e divulgação da atenção à saúde da pessoa ido-


sa, respeitando as especificidades regionais e culturais do País e direcionadas aos traba-
lhadores, aos gestores, aos conselheiros de saúde, bem como aos docentes e discentes
da área de saúde e à comunidade em geral;

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apoiar e fortalecer ações inovadoras de informação e divulgação sobre a
atenção à saúde da pessoa idosa em diferentes linguagens culturais;

identificar, articular e apoiar experiências de educação popular, informação e


comunicação em atenção à saúde da pessoa idosa; e

prover apoio técnico e/ou financeiro a projetos de qualificação de profissionais


que atuam na Estratégia Saúde da Família e no Programa de Agentes Comunitários de
saúde, para atuação na área de informação, comunicação e educação popular ematen-
ção à saúde da pessoa idosa.

3.7. Promoção de Cooperação Nacional e Internacional das Experiências na


Atenção à Saúde da Pessoa Idosa

Devem-se fomentar medidas que visem à promoção de cooperação nacional e in-


ternacional das experiências bem sucedidas na área do envelhecimento, no que diz res-
peito à atenção à saúde da pessoa idosa, à formação técnica, à educação em saúde e a
pesquisas.

3.8. Apoio ao Desenvolvimento de Estudos e Pesquisas

Apoiar o desenvolvimento de estudos e pesquisas que avaliem a qualidade e apri-


morem a atenção de saúde à pessoa idosa. Identificar e estabelecer redes de apoio com
instituições formadoras, associativas e representativas, universidades, faculdades e
órgãos públicos nas três esferas, visando:

fomentar pesquisas em envelhecimento e saúde da pessoa idosa;

identificar e apoiar estudos/pesquisas relativos ao envelhecimento e à saúde da


pessoa idosa existentes no Brasil, com o objetivo de socializar, divulgar e embasar no-
vas investigações;

criar banco de dados de pesquisadores e pesquisas em envelhecimento e saúde


da pessoa idosa realizadas no Brasil, interligando-o com outros bancos de abrangência

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internacional;

identificar e divulgar as potenciais linhas de financiamento – Ministério da Ci-


ência e Tecnologia, Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa, terceiro setor e outros
– para a pesquisa em envelhecimento e saúde da pessoa idosa;

apoiar a realização de estudo sobre representações sociais, junto a usuários e


profissionais de saúde sobre a saúde da pessoa idosa;

priorizar as linhas de pesquisas em envelhecimento e saúde da pessoa idosa a


serem implementadas pelo SUS, visando o aprimoramento e a consolidação da atenção
saúde da pessoa idosa no SUS; e

implementar um banco de dados nacional com resultados de avaliação


funcional da população idosa brasileira.

4. Responsabilidades Institucionais

Caberá aos gestores do SUS, em todos os níveis, de forma articulada e conforme


suas competências específicas, prover os meios e atuar para viabilizar o alcance do
propósito desta Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa.

4.1. Gestor Federal


elaborar normas técnicas referentes à atenção à saúde da pessoa idosa no SUS;

definir recursos orçamentários e financeiros para a implementação desta Políti-


ca, considerando que o financiamento do Sistema Único de Saúde é de competência das
três esferas de governo;

estabelecer diretrizes para a qualificação e educação permanente em saúde da


pessoa idosa;

manter articulação com os estados e municípios para apoio à implantação e


supervisão das ações;

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promover articulação intersetorial para a efetivação desta Política Nacional;
estabelecer instrumentos e indicadores para o acompanhamento e avaliação do
impacto da implantação/implementação desta Política;

divulgar a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa; e

estimular pesquisas nas áreas de interesse do envelhecimento e da atenção à


saúde da pessoa idosa, nos moldes do propósito e das diretrizes desta Política.

4.2. Gestor Estadual


elaborar normas técnicas referentes à atenção à saúde da pessoa idosa no SUS;
definir recursos orçamentários e financeiros para a implementação desta
Política, considerando que o financiamento do Sistema Único de Saúde é de
competência das três esferas de governo;

Discutir e pactuar na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) as estratégias e


metas a serem alcançadas por essa Política a cada ano;
promover articulação intersetorial para a efetivação da Política; im-
plementar as diretrizes da educação permanente e qualificação em
consonância com a realidade loco regional;

estabelecer instrumentos e indicadores para o acompanhamento e a avaliação do


impacto da implantação/implementação desta Política;

manter articulação com municípios para apoio à implantação e supervisão das


ações;

divulgar a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa;

exercer a vigilância sanitária no tocante a Saúde da Pessoa Idosa e a ações


decorrentes no seu âmbito; e

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apresentar e aprovar proposta de inclusão da Política Nacional de Saúde da
Pessoa Idosa no Conselho Estadual de Saúde.

4.3. Gestor Municipal:


elaborar normas técnicas referentes à atenção à saúde da pessoa idosa no SUS;
definir recursos orçamentários e financeiros para a implementação desta
Política, considerando que o financiamento do Sistema Único de Saúde é de
competência das três esferas de governo;

discutir e pactuar na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) as estratégias e


metas a serem alcançadas por essa Política a cada ano;

promover articulação intersetorial para a efetivação da Política;

estabelecer mecanismos para a qualificação dos profissionais do sistema local


de saúde;

estabelecer instrumentos de gestão e indicadores para o acompanhamento e a


avaliação do impacto da implantação/implementação da Política;

divulgar a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa; e

apresentar e aprovar proposta de inclusão da Política de Saúde da Pessoa Idosa


no Conselho Municipal de Saúde.

5. Articulação Intersetorial

As diretrizes aqui definidas implicam o desenvolvimento de um amplo conjunto


de ações, que requerem o compartilhamento de responsabilidades com outros setores.
Nesse sentido, os gestores do SUS deverão estabelecer, em suas respectivas áreas de
abrangência, processos de articulação permanente, visando ao estabelecimento de parce-
rias e a integração institucional que viabilizem a consolidação de compromissos multila-
terais efetivos. Será buscada, igualmente, a participação de diferentes segmentos da so-
ciedade, que estejam direta ou indiretamente relacionadas com a presente Política. No

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âmbito federal, o Ministério da Saúde articulará com os diversos setores do Poder Exe-
cutivo em suas respectivas competências, de modo a alcançar os objetivos a seguir ex-
plicitados.

5.1. Educação

inclusão nos currículos escolares de disciplinas que abordem o processo do en-


velhecimento, a desmistificação da senescência, como sendo diferente de doença ou de
incapacidade, valorizando a pessoa idosa e divulgando as medidas de promoção e pre-
venção de saúde em todas as faixas etárias;

adequação de currículos, metodologias e material didático de formação de pro-


fissionais na área da saúde, visando ao atendimento das diretrizes fixadas nesta Política;

incentivo à criação de Centros Colaboradores de Geriatria e Gerontologia nas


instituições de ensino superior, que possam atuar de forma integrada com o SUS,
mediante o estabelecimento de referência e contra-referência de ações e serviços para o
atendimento integral dos indivíduos idosos e a capacitação de equipes multiprofissio-
nais e interdisciplinares, visando à qualificação contínua do pessoal de saúde nas áreas
de gerência, planejamento, pesquisa e assistência à pessoa idosa; e

discussão e readequação de currículos e programas de ensino nas instituições


de ensino superior abertas para a terceira idade, consoante às diretrizes fixadas nesta Po-
lítica.

5.2. Previdência Social

realização de estudos e pesquisas de cunho epidemiológico junto aos segurados,


relativos às doenças e agravos mais prevalentes nesta faixa etária, sobretudo quanto aos
seus impactos no indivíduo, na família, na sociedade, na previdência social e no setor
saúde; e

elaboração de programa de trabalho conjunto direcionado aos indivíduos ido-


sossegurados, consoante às diretrizes fixadas nesta Política.

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5.3. Sistema Único de Assistência Social:

reconhecimento do risco social da pessoa idosa como fator determinante de sua


condição de saúde;

elaboração de inquérito populacional para levantamento e estratificação das


condições de risco social da população idosa brasileira;

elaboração de medidas, com o apontamento de soluções, para abordagem da


população idosa sob risco social;

criação de mecanismos de monitoramento de risco social individual, de fácil


aplicabilidade e utilização por profissionais da atenção básica do SUS e do SUAS;

difusão de informações relativas à preservação da saúde e à prevenção ourecupera-


ção de incapacidades;

inclusão das diretrizes aqui estabelecidas em seus programas de educação


continuada;

implantação de política de atenção integral aos idosos residentes em


Instituições de Longa Permanência para Idosos;

promoção da formação de grupos sócio-educativos e de auto-ajuda entre os in-


divíduos idosos, principalmente para aqueles com doenças e agravos mais prevalentes
nesta faixa etária;

implantação e implementação de Centros de Convivência e Centros-Dia,


conforme previsto no Decreto nº 1948/96;

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apoio à construção de Políticas Públicas de Assistência Social que considerem
as pessoas, suas circunstâncias e o suporte social e que atuem como aliadas no processo
de desenvolvimento humano e social, e não como tuteladora e assistencialista, tanto na
proteção social básica, como na proteção social especial;

compromisso com a universalização do direito, inclusão social, eqüidade, des-


centralização e municipalização das ações, respeitando a dignidade do cidadão e sua au-
tonomia, favorecendo o acesso à informação, aos benefícios e aos serviços de qualida-
de, bem como à convivência familiar e comunitária; e

desenvolvimento de ações de enfrentamento à pobreza.

5.4. Trabalho e Emprego:

elaboração, implantação e implementação de programas de preparação para a


aposentadoria nos setores público e privado;

implantação de ações para a eliminação das discriminações no mercado de tra-


balho e a criação de condições que permitam a inserção da pessoa idosa na vida socio-
econômica das comunidades; e

levantamento dos indivíduos idosos já aposentados e que retornaram ao merca-


do de trabalho, identificando as condições em que atuam no mercado, de forma a coibir
abusos e explorações.

5.5. Desenvolvimento Urbano:

implantação de ações para o cumprimento das leis de acessibilidade (Decreto


Lei nº 5296/2004), de modo a auxiliar na manutenção e no apoio à independência funci-
onal da pessoa idosa; e

promoção de ações educativas dirigidas aos agentes executores e beneficiários


de programas habitacionais quanto aos riscos ambientais à capacidade funcional dos in-
divíduos idosos.

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5.6. Transportes:

implantação de ações que permitam e/ou facilitem o deslocamento do cidadão


idoso, sobretudo aquele que já apresenta dificuldades de locomoção, tais como elevat-
órias para acesso aos ônibus na porta de hospitais, rampas nas calçadas, bancos mais al-
tos nas paradas de ônibus. Em conformidade com a Lei da Acessibilidade, Decreto Lei
nº 5296, de 2 de dezembro de 2004.

5.7. Justiça e Direitos Humanos:

promoção e defesa dos direitos da pessoa idosa, no tocante às questões de saú-


de, mediante o acompanhamento da aplicação das disposições contidas na Lei nº
8.842/94 e seu regulamento (Decreto nº 1.948/96), bem como a Lei nº 10.741/2003, que
estabelece o Estatuto do Idoso.

Esporte e Lazer

estabelecimento de parceria para a implementação de programas de atividades


físicas e recreativas destinados às pessoas idosas.

5.8.Ciência e Tecnologia:

fomento à pesquisa na área do envelhecimento, da geriatria e da gerontologia, por


intermédio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), e demais órgãos de incentivo à pesquisa, contemplando estudos e pesquisas
que estejam, prioritariamente, alinhados com as diretrizes propostas nesta Política.

6. Acompanhamento e Avaliação

A operacionalização desta Política compreenderá a sistematização de processo


contínuo de acompanhamento e avaliação, que permita verificar o alcance de seu propó-
sito – e, conseqüentemente, o seu impacto sobre a saúde dos indivíduos idosos –, bem
como proceder a eventuais adequações que se fizerem necessárias.

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Esse processo exigirá a definição de critérios, parâmetros, indicadores e metodo-
logia específicos, capazes de evidenciar, também, a repercussão das medidas levadas a
efeito por outros setores, que resultaram da ação articulada preconizada nesta Política,
bem como a observância dos compromissos internacionais assumidos pelo Paísem rela-
ção à atenção à saúde dos indivíduos idosos.

importante considerar que o processo de acompanhamento e avaliação referido


será apoiado, sobretudo para a aferição de resultados no âmbito interno do setor, pelas
informações produzidas pelos diferentes planos, programas, projetos, ações e/ou ativida-
des decorrentes desta Política Nacional.

Além da avaliação nos contextos anteriormente identificados, voltados principal-


mente para a verificação do impacto das medidas sobre a saúde dos indivíduos idosos,
buscar-se-á investigar a repercussão desta Política na qualidade de vida deste segmento
populacional.

Nesse particular, buscar-se-á igualmente conhecer em que medida a Política Naci-


onal de Saúde da Pessoa Idosa tem contribuído para a concretização dos princípios e di-
retrizes do SUS, na conformidade do Artigo 7º da Lei nº 8.080/90, entre os quais, desta-
cam-se aqueles relativos à integralidade da atenção, à preservação da autonomia das
pessoas e ao uso da epidemiologia no estabelecimento de prioridades (respectivamente
incisos II, III e VII). Paralelamente, deverá ser observado, ainda, se:

o potencial dos serviços de saúde e as possibilidades de utilização pelo usuário


estão sendo devidamente divulgados para a população de forma geral e, principalmente,
população idosa;

as ações, programas, projetos e atividades que operacionalizam esta Política es-


tão sendo desenvolvidos de forma descentralizada, considerando a direção única em ca-
da esfera de gestão; e

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a participação dos indivíduos idosos nas diferentes instâncias do SUS está
sendo incentivada e facilitada.

ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL

8.1. Políticas de saúde mental no Brasil

BREVE HISTÓRICO

A internação de pessoas portadoras de transtornos mentais no Brasil remonta à metade


do Século XIX. Desde então, atenção aos portadores de transtornos mentais foi quase si-
nônimo de internação em hospitais psiquiátricos especializados.

Cabe ressaltar ainda que a oferta desse atendimento hospitalar concentrou-se nos cen-
tros de maior desenvolvimento econômico do país, deixando vastas regiões carentes de
qualquer recurso de assistência em saúde mental.

A partir dos anos 70, têm início experiências de transformação da assistência, pautadas
no começo pela reforma intramuros das instituições psiquiátricas (comunidades terapêu-
ticas) e mais tarde pela proposição de um modelo centrado na comunidade e substitutivo
ao modelo do hospital especializado.

Com a proclamação da Constituição, em 1988, cria-se o Sistema Único de Saúde (SUS)


e são estabelecidas as condições institucionais para a implantação de novas políticas de
saúde, entre as quais a de saúde mental.

Consoante com diversas experiências de reforma da assistência psiquiátrica no mundo


ocidental, e as recomendações da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) conti-
das na Carta de Caracas (1990), o Ministério da Saúde, a partir da década passada, defi-
ne uma nova política de saúde mental que redireciona paulatinamente os recursos daas-

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sistência psiquiátrica para um modelo substitutivo de base comunitária. Incentiva-se a
criação de serviços em saúde mental de atenção comunitária, pública, de base territorial,
ao mesmo tempo em que se determina a implantação de critérios mínimos de adequação
e humanização do parque hospitalar especializado.

O QUE É A REFORMA PSIQUIÁTRICA?

É a ampla mudança do atendimento público em Saúde Mental, garantindo o acesso da


população aos serviços e o respeito a seus direitos e liberdade;
É amparada pela lei 10.216/2001, conquista de uma luta social que durou 12 anos;
Significa a mudança do modelo de tratamento: no lugar do isolamento, o convívio na
família e na comunidade;
O atendimento é feito em Caps – Centros de Atenção Psicossocial -, Residências
Terapêuticas, Ambulatórios, Hospitais Gerais, Centros de Convivência;
As internações, quando necessárias, são feitas em hospitais gerais ou nos
Caps/24 horas.Os hospitais psiquiátricos de grande porte vão sendo progressiva-
mente substituídos.

POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL

O Governo brasileiro tem como objetivo reduzir progressivamente os leitos psiquiátri-


cos, qualificar, expandir e fortalecer a rede extra-hospitalar – Centros de Atenção Psi-
cossocial (CAPS), Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs) e Unidades Psiquiátricas
em Hospitais Gerais (UPHG) – incluir as ações da saúde mental na atenção básica, im-
plementar uma política de atenção integral a usuários de álcool e outras drogas, implan-
tar o programa “De Volta Para Casa”, manter um programa permanente de formação
de recursos humanos para reforma psiquiátrica, promoverdireitos de usuários e fami-
liares incentivando a participação no cuidado, garantir tratamento digno e de qualidade
ao louco infrator (superando o modelo de assistência centrado no Manicômio Judiciá-
rio) e avaliar continuamente todos os hospitais psiquiátricos por meio do Programa Na-
cional de Avaliação dos Serviços Hospitalares – PNASH/ Psiquiatria.

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Cenário atual

Tendência de reversão do modelo hospitalar para uma ampliação significativa da rede


extra-hospitalar, de base comunitária;
Entendimento das questões de álcool e outras drogas como problema de saúde pública eco-
mo prioridade no atual governo;
Ratificação das diretrizes do SUS pela Lei Federal 10.216/01 e III Conferência Nacional
de Saúde Mental;

Dados importantes

3% da população geral sofre com transtornos mentais severos e persistentes;


>6% da população apresente transtornos psiquiátricos graves decorrentes douso de
álcool e outras drogas;
12% da população necessita de algum atendimento em saúde mental, seja ele contínuo
ou eventual;
2,3% do orçamento anual do SUS para a Saúde Mental.

Desafios

Fortalecer políticas de saúde voltadas para grupos de pessoas com transtornos mentais
de alta prevalência e baixa cobertura assistencial;
Consolidar e ampliar uma rede de atenção de base comunitária e territorial, promotora
da reintegração social e da cidadania;
Implementar uma política de saúde mental eficaz no atendimento às pessoas que sofrem
com a crise social, a violência e desemprego;

Aumentar recursos do orçamento anual do SUS para a Saúde Mental.

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CAPS

Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), entre todos os dispositivos de atenção à


saúde mental, têm valor estratégico para a Reforma Psiquiátrica Brasileira. É o surgi-
mento destes serviços que passa a demonstrar a possibilidade de organização de uma re-
de substitutiva ao Hospital Psiquiátrico no país. É função dos CAPS prestar atendimen-
to clínico em regime de atenção diária, evitando assim as internações em hospitais psi-
quiátricos; promover a inserção social das pessoas com transtornos mentais através de
ações intersetoriais; regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental
na sua área de atuação e dar suporte à atenção à saúde mental na rede básica. É função,
portanto, e por excelência, dos CAPS organizar a rede de atenção às pessoas com trans-
tornos mentais nos municípios. Os CAPS são os articuladores estratégicos desta rede e
da política de saúde mental num determinado território.

Estes serviços devem ser substitutivos, e não complementares ao hospital psiquiátrico.


Cabe aos CAPS o acolhimento e a atenção às pessoas com transtornos mentais graves e
persistentes, procurando preservar e fortalecer os laços sociais do usuário em seu territ-
ório. De fato, o CAPS é o núcleo de uma nova clínica, produtora de autonomia, quecon-
vida o usuário à responsabilização e ao protagonismo em toda a trajetória do seu trata-
mento.

São serviços de saúde municipais, abertos, comunitários, que oferecem atendimento diá-
rio às pessoas com transtornos mentais severos e persistentes, realizando o acompanha-
mento clínico e a reinserção social destas pessoas através do acesso ao trabalho, lazer,
exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares ecomunitários. Os pro-
jetos desses serviços, muitas vezes, ultrapassam a própria estrutura física, em busca da
rede de suporte social, potencializadora de suas ações, preocupando-se com o sujeito e a
singularidade, sua história, sua cultura e sua vida quotidiana.

O perfil populacional dos municípios é sem dúvida um dos principais critérios para o
planejamento da rede de atenção à saúde mental nas cidades, e para a implantação de
centros de Atenção Psicossocial. O critério populacional, no entanto, deve ser compre-

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endido apenas como um orientador para o planejamento das ações de saúde. De fato, é o
gestor local, articulado com as outras instâncias de gestão do SUS, que terá as condi-
ções mais adequadas para definir os equipamentos que melhor respondem às demandas
de saúde mental de seu município.

A posição estratégica dos Centros de Atenção Psicossocial como articuladores da rede


de atenção de saúde mental em seu território, é, por excelência, promotora de autono-
mia, já que articula os recursos existentes em variadas redes: sócio-sanitárias, jurídicas,
sociais e educacionais, entre outras. A tarefa de promover a reinserção social exige uma
articulação ampla, desenhada com variados componentes ou recursos da assistência, pa-
ra a promoção da vida comunitária e da autonomia dos usuários dos serviços. Os CAPS,
no processo de construção de uma lógica comunitária de atenção à saúde mental, ofere-
cem então os recursos fundamentais para a reinserção social de pessoas com transtornos
mentais.

Residências Terapêuticas

O Serviço Residencial Terapêutico (SRT) – ou residência terapêutica ou simplesmente


“moradia” – são casas localizadas no espaço urbano, constituídas para responder às ne-
cessidades de moradia de pessoas moradoras de transtornos mentais graves, institucio-
nalizadas ou não. O número de usuários pode variar desde 1 indivíduo até um pequeno
grupo de 8 pessoas, que deverão contar sempre com suporte profissionalsensível às de-
mandas e necessidades de cada um.

O suporte de caráter interdisciplinar (seja o CAPS de referência, seja uma equipe da


atenção básica, sejam outros profissionais) deve ter um projeto terapêutico próprio, ba-
seado em alguns princípios e diretrizes: ser centrado nas necessidades dos usuários;
ter como objetivo central contemplar os princípios da reabilitação psicossocial, ofere-
cendo ao usuário um amplo projeto de reintegração social, por meio de programas de re-
inserção no trabalho, de mobilização de recursos comunitários, de autonomia para ativi-
dades domésticas e pessoais, e de estímulo à formação de associações de usuários, fami-
liares e voluntários; respeitar os direitos do usuário enquanto cidadão e comosujeito em
condição de desenvolver uma vida com qualidade e integrada ao ambiente comunitário.

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Este projeto deverá considerar a singularidade de cada um dos moradores,e não apenas
projetos e ações baseadas no coletivo de moradores. O acompanhamento a um morador
deve prosseguir, mesmo que ele mude de endereço ou eventualmente seja hospitalizado.

O processo de reabilitação psicossocial deve buscar de modo especial a inserção do usu-


ário na rede de serviços, organizações e relações sociais da comunidade. Ou seja, a in-
serção em um SRT é o início de longo processo de reabilitação que deverá buscar a pro-
gressiva inclusão social do morador.

A questão central do SRT enquanto modelo de atenção psicossocial é a moradia e o vi-


ver em sociedade. Assim, tais residências não são precisamente serviços de saúde, mas
espaços de habitação, que devem possibilitar à pessoa em sofrimentos mental o retorno,
ou até mesmo início, à vida social, usufruindo de um espaço que seja seu por direito,
não transformando-o em um local de tratamento, clínica, ou até mesmo de exclusão,
contenção ou enclausuramento. É um espaço de reconstrução de laços sociaise afetivos
para aqueles cujas vidas encontravam-se confinadas ao universo hospitalar.

Atenção Básica

A Política Nacional de Saúde Mental propõe que as práticas de saúde mental na atenção
básica/saúde da família devam ser substitutivas ao modelo tradicional e não medicali-
zantes ou produtoras da psiquiatrização e psicologização do sujeito e de suas necessida-
des. Por isso, é necessária a articulação da rede de cuidados, tendo como objetivo a inte-
gralidade do sujeito, constituindo um processo de trabalho voltado para as necessidades
singulares e sociais e não somente para as demandas.
Considera-se que a atenção básica/saúde da família é a porta de entrada preferencial de
todo o Sistema de Saúde, inclusive no que diz respeito às necessidades de saúde mental
dos usuários. Busca-se resgatar a singularidade de cada usuário, investindo no seu com-
prometimento com o tratamento, apostando em seu protagonismo, tentando romper com
a lógica de que a doença é sua identidade e de que a medicação é a ‘única’ responsável
pelas melhoras; investir nas suas potencialidades; auxiliar na formação de laços sociais
e apostar na força do território como alternativa para a reabilitação social.

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Dessa forma, há uma convergência de princípios entre a saúde mental e a atenção bási-
ca. Para que a saúde mental aconteça de fato na atenção básica é necessário que os prin-
cípios do SUS se transformem em prática cotidiana.

Podemos sintetizar como princípios fundamentais da articulação entre saúde mental e


atenção básica/saúde da família: promoção da saúde; território; acolhimento, vínculo e
responsabilização; integralidade; intersetorialidade; multiprofissionalidade; organização
da atenção à saúde em rede; desinstitucionalização; reabilitação psicossocial; participa-
ção da comunidade; promoção da cidadania dos usuários.

Na articulação entre a saúde mental e a atenção básica o apoio matricial constitui um ar-
ranjo organizacional que visa ações conjuntas. Nesse arranjo, o profissional da saúde
mental responsável pelo apoio participa de reuniões de planejamento das equipes de
ESF, realiza ações de supervisão, discussão de casos, atendimento compartilhado e aten-
dimento específico, além de participar das iniciativas de capacitação. Esse compartilha-
mento se produz em forma de co-responsabilização pelos casos, que pode seefetivar por
meio de discussões conjuntas, intervenções junto às famílias e comunidades.

Uma forma de implementar o apoio matricial é através dos NASF (Núcleo de Apoio à
saúde da Família). Desde janeiro de 2008 há regulamentação para a formação destas
equipes, com recomendação explícita de que cada NASF conte com pelo menos um pro-
fissional de saúde mental.

A mudança do modelo de atenção à saúde mental dentro do SUS é direcionada para a


ampliação e qualificação do cuidado nos serviços comunitários, com base no território.
Trata-se de mudança na concepção e na forma de como deve se dar o cuidado: o mais
próximo da rede familiar, social e cultural do paciente, para que seja possível a retoma-
da de sua história de vida e de seu processo de adoecimento. Aliado a isto adota- se a
concepção de que a produção de saúde é também produção de sujeitos. Os saberes eprá-
ticas não somente técnicos devem se articular à construção de um processo de valoriza-
ção da subjetividade, onde os serviços de saúde possam se tornar mais acolhedores, com

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possibilidades de criação de vínculos.

Existe um componente de sofrimento subjetivo associado a toda e qualquer doença, às


vezes atuando como entrave à adesão a práticas de promoção da saúde ou de vida mais
saudáveis. Poderíamos dizer que todo problema de saúde é também – e sempre – men-
tal, e que toda saúde mental é também – e sempre – produção de saúde. Nesse sentido, é
sempre importante e necessária a articulação da saúde mental com a atenção básica/saú-
de da família.

Leitos de Atenção Integral

São considerados Leitos de Atenção Integral em Saúde Mental todos os recursos de hos-
pitalidade e acolhimento noturno da rede de atenção à saúde mental (leitos dos Hospi-
tais Gerais, dos CAPS III, das emergências gerais, dos Serviços Hospitalares de Refe-
rência para Álcool e Drogas), quando articulados em rede – podendo estar associados
aos leitos de hospitais psiquiátricos de pequeno porte, quando eles existirem.

Estes leitos devem ofertar o acolhimento integral ao paciente em crise, devendo estar ar-
ticulados e em diálogo com outros dispositivos de referência para o paciente. A tendên-
cia é de que esta rede de leitos de atenção integral, à medida de sua expansão, e à medi-
da da expansão de toda rede aberta de atenção à saúde mental, apresente-se como substi-
tutiva à internação em hospitais psiquiátricos convencionais. Para tanto, é preciso inves-
timento dos gestores em regulação – os leitos de atenção integral em saúde mental são
um componente essencial da porta de entrada da rede assistencial e um mecanismo efe-
tivo de garantia de acessibilidade.

Para estimar a quantidade necessária de leitos de atenção integral em saúde mental, o


Ministério da Saúde adotou os parâmetros contidos nas “Diretrizes para a Programação
Pactuada e Integrada da Assistência à Saúde”. Nessas diretrizes, os contextos locais de
rede fazem diferença :

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a) Onde existir uma rede de atenção integral efetiva, o parâmetro de cobertura pode vari-
ar de 0.1 a 0.16 leitos de atenção integral por 1.000 habitantes. Note-se que uma rede
efetiva é aquela composta por diversos dispositivos (CAPS, SRTs,Programa de Volta
Para Casa, saúde mental na atenção básica, ambulatórios,leitos em hospitais gerais,
etc.) e que foi capaz de efetivamente controlar a porta de entrada das inter-
nações, reduzir as internações, reduzir o tempo médio de permanência das internações,
reduzir consideravelmente os leitos ou fecharhospitais psiquiátricos.

Onde existir uma rede com baixa resolutividade, o parâmetro de cobertura é de até
0.24leitos de atenção integral por 1.000 habitantes.

Para cada contexto, parâmetros diferentes – quanto melhor a efetividade da rede, menor
a necessidade de Leitos de Atenção Integral.

De Volta Para Casa

O Programa De Volta Para Casa dispõe sobre a regulamentação do auxílio-reabilitação


psicossocial, instituído pela Lei 10.708, de 31 de julho de 2003, para assistência,acom-
panhamento e integração social, fora da unidade hospitalar, de pessoas acometidas de
transtornos mentais, com história de longa internação psiquiátrica (com dois anos ou
mais de internação).

Este Programa atende ao disposto na Lei 10.216, de 06.04.2001, que no Art. 5º, determi-
na que os pacientes há longo tempo hospitalizados, ou para os quais se caracterize situa-
ção de grave dependência institucional, sejam objeto de política específica de alta plane-
jada e reabilitação psicossocial assistida.

Política de Saúde Mental Infanto-Juvenil

Estima-se que de 10% a 20% da população de crianças e adolescentes sofram de trans-

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tornos mentais. Desse total, de 3% a 4% necessitam de tratamento intensivo. Entre os
males mais freqüentes estão a deficiência mental, o autismo, a psicose infantil, os trans-
tornos de ansiedade. Observamos, também, aumento da ocorrência do uso desubstâncias
psicoativas e do suicídio entre adolescentes.

O quadro merece atenção especial do setor público. O Ministério da Saúde, aderindo à


idéia proposta pela Organização Mundial da Saúde e pela Federação Mundial de Saúde
Mental, prioriza a construção de uma nova Política de Saúde Mental, voltada para a in-
fância e adolescência. Preenche, assim, uma lacuna histórica: a ausência de uma política
de saúde mental voltada para esse público, e que tem tido como conseqüência mais trá-
gica o tratamento ausente ou inadequado de crianças e adolescentes.

A base normativa e política do atual campo da Saúde Mental vem, há muito, apontando
a necessidade de ser construído um novo patamar de ações para o cuidado de crianças e
adolescentes portadores de transtorno mental. A 2.ª Conferência Nacional de Saúde
Mental, realizada em 1992, apontou os efeitos perversos da institucionalização de crian-
ças e jovens e a 3.ª Conferência Nacional de Saúde Mental (2001) foi contundente sobre
o tema, determinando que não fossem postergadas as ações político-assistenciais neces-
sárias para que um novo tempo se instaurasse no que diz respeito ao cuidado e tratamen-
to da população infanto-juvenil. A institucionalidade para todas as mudanças está mate-
rializada na Lei n.º 10.216, de 6/4/2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das
pessoas portadoras de transtorno mental e redireciona o modelo assistencial em saúde
mental.

No campo específico da Saúde Mental Infanto-Juvenil, essa prioridade se materializou


na instituição do Fórum Nacional de Saúde Mental Infanto-Juvenil, que teve sua im-
plantação concretizada graças ao esforço de representantes de diferentes setores, do âm-
bito governamental e não-governamental, garantindo que este se fortaleça a cada dia co-
mo um importante espaço de diálogo e construção de consensos possíveis sobre o tema,
consolidando as redes de serviços, de forma que possam fazer frente aos diferentes pro-
blemas apresentados pelas crianças e pelos adolescentes portadores de transtornos men-
tais.

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POLÍTICAS E PROGRAMAS

Programa de Reestruturação da Assistência

A Política Nacional de Saúde Mental tem como uma das suas principais diretrizes a
reestruturação da assistência hospitalar psiquiátrica, objetivando uma redução gradual,
pactuada e programada dos leitos psiquiátricos de baixa qualidade assistencial.

Esta reestruturação da assistência hospitalar psiquiátrica acontece ao mesmo tempo em


que uma rede de atenção aberta e inserida na comunidade se expande. Ao mesmo tempo
em que leitos de baixa qualidade são fechados, um processo responsável de desinstitu-
cionalização de pacientes longamente internados passa a ter início, com a implantação
de Residências Terapêuticas e a inclusão de beneficiários no Programa de Volta para
Casa.

Simultaneamente, uma rede aberta e diversificada de atenção à saúde mental deve ser
implantada, com Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Centros de Convivência e
Cultura, ações de saúde mental na atenção básica e programas de inclusão social pelo
trabalho.

Deste modo, a redução de leitos psiquiátricos no país segue um determinado ritmo, que
deve andar junto com a expansão dos serviços comunitários de atenção à saúde mental.
Esta redução gradual, pactuada e programada de leitos é realizada através de 2 mecanis-
mos, simultaneamente:

1 – Programa Nacional de Avaliação dos Serviços Hospitalares – PNASH/Psiquiatria


(PT GM 251, de 31 de janeiro de 2002) : este Programa já realizou vistorias em todos os
hospitais psiquiátricos públicos e conveniados ao SUS em 2002 e 2003/2004 e
2006/2007. Os resultados dos processos avaliativos indicam os hospitais que apresen-
tam sérios problemas na qualidade de assistência. Os problema mais comuns referem-se

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ao projeto terapêutico dos pacientes e da instituição, aos aspectos gerais da assistência
(longo tempo de permanência, número alto de pacientes longamente internados) e aos
aspectos gerais dos pacientes (limpeza, calçados e roupas, entreoutros). Este instrumen-
to gera uma pontuação que, cruzada com o número de leitos do hospital, permite classi-
ficar os hospitais psiquiátricos em quatro grupos diferenciados: aqueles de boa qualida-
de de assistência; os de qualidade suficiente; aqueles que precisam de adequações e de-
vem sofrer revistoria; e aqueles de baixa qualidade, encaminhados para o descredencia-
mento pelo Ministério da Saúde, com os cuidados necessários para evitar desassistência
à população.

2 – Programa Anual de Reestruturação da Assistência Hospitalar no SUS (PRH) – PT


GM 52, de 20 de janeiro de 2004 – A principal estratégia deste Programa é promover a
redução progressiva e pactuada de leitos a partir dos macro-hospitais ( hospitais com
mais de 600 leitos, muitas vezes hospitais-cidade, com mais de mil leitos) e hospitais de
grande porte (com 240 a 600 leitos psiquiátricos). Assim, são componentes fundamen-
tais do programa a redução do peso assistencial dos hospitais de maior porte, que ten-
dem a apresentar assistência de baixa ou péssima qualidade, e a pactuação entre os ges-
tores do SUS, os hospitais e as instâncias de controle social, da redução planejada de lei-
tos, evitando a desassistência. Desta forma, procura-se conduzir o processo de mudança
do modelo assistencial de modo a garantir uma transição segura, onde a redução
dos leitos hospitalares possa ser planificada e acompanhada da construção simultânea de
alternativas de atenção no modelo comunitário. Para tanto, são definidos no Programa
os limites máximos e mínimos de redução anual de leitos para cada classe de hospitais
(definidas pelo número de leitos existentes, contratados pelo SUS). Assim, todos os hos-
pitais com mais de 200 leitos devem reduzir no mínimo, a cada ano, 40 leitos. Os hospi-
tais entre 320 e 440 leitos podem chegar a reduzir 80 leitos ao ano (mínimo: 40), e os
hospitais com mais de 440 leitos podem chegar a reduzir, no máximo, 120 leitos ao
ano. Desta forma, busca-se a redução progressiva do portehospitalar, de modo a si-
tuarem-se os hospitais, ao longo do tempo, em classes de menor porte (até 160 leitos).

Como resultado destes mecanismos, foram retirados do sistema nos últimos anos leitos
de péssima qualidade assistencial. O perfil dos hospitais psiquiátricos mudou. Se em
2002 apenas 24% dos leitos se localizavam em hospitais de pequeno porte (com até 160

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leitos), em 2007, cerca de 44% leitos em psiquiatria encontram-se nestes hospitais.

Programa Supervisão Clínico-Institucional

Exercido por profissionais de formação teórica e prática diversas, o ofício da supervisão


apresenta algumas características comuns, no entendimento da CNSM, apresentadas a
seguir:

A supervisão deve ser “clínico-institucional”, no sentido de que a discussão dos casos


clínicos deve sempre levar em conta o contexto institucional, isto é, o serviço, a rede, a
gestão, a política pública. Assim, ao supervisor cabe a complexa tarefa de contextuali-
zar permanentemente a situação clínica, foco do seu trabalho, levando em conta as ten-
sões ea dinâmica da rede e do território. Em outras palavras: buscando sustentar o diálo-
go ativo entre a dimensão política da clínica e a dimensão clínica da política.

Escolhido pelo município onde se localiza o serviço e a rede, espera-se que o supervi-
sor inicie sua tarefa contando com condições propícias de acolhimento pela equipe, de
modo a também acolhê-la em suas dificuldades, tensões internas, sobrecarga, construin-
do um ambiente de trabalho favorável. Estudos (em relatórios preliminares) do edital
MS/CNPq 2005 vêm mostrando que as equipes dos CAPS têm uma representaçãopositi-
va de seu trabalho, mas se mostram muito desgastadas com as dificuldades concretas da
gestão pública (somadas à complexidade da tarefa clínica que realizam). Cabe ao super-
visor compreender esta dinâmica, desvelando-a para a equipe – multidisciplinar, hetero-
gênea, com tradições teóricas diversas e fenômenos grupais inevitáveis -, de modo a aju-
dar no andamento da vida do serviço e na construção permanente do trabalho da equipe
(marcado por vitalidade e conflito).

Qualquer que seja sua tradição teórica predominante, cabe ao supervisor enfrentar ele
mesmo o desafio do novo cenário de sua prática (o CAPS e a rede pública de saúde),
ajudando a equipe a buscar permanentemente, em cada caso clínico, a construção dos
conceitos operativos de rede (de serviços de saúde, de outras políticas intersetoriais, fa-
miliar, social, cultural, laboral) e de território (o lugar da vida do sujeito, suas

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características culturais, suas interações significativas). Sujeito, rede e território articu-
lam-se no projeto terapêutico, cujo objetivo final é ajudar o serviço e a rede a apoiarem
o paciente e sua família na construção da autonomia possível.

Este “novo cenário” da prática do supervisor é o espaço social concreto e histórico da


vida dos sujeitos e da instituição, no âmbito de uma política pública, o SUS. O supervi-
sor deve trabalhar na direção da construção do SUS, buscando sempre vencer a dicoto-
mia, que com freqüência se instala, entre as diretrizes gerais da política e a construção
particular do cuidado clínico, que seja capaz de levar em conta a complexidade da di-
mensão existencial de um sujeito singular em um determinadoterritório.

As 3 dimensões referidas (a supervisão como clínica e institucional; a integração da


equipe de cuidado; e a construção do projeto terapêutico articulando os conceitos de su-
jeito, rede, território e autonomia) são características da tarefa da supervisão, e perfeita-
mente harmonizáveis com formações teóricas diversas (desde que o supervisor esteja
aberto a exercer sua competência clínica no cenário peculiar da rede pública de saúde
mental). Mas este desafio – de exercer a competência técnica no cenário da saúde públi-
ca, harmonizando as diversidades profissionais e teóricas – não é só dos supervisores,
mas uma condição para o êxito mais permanente da Política Nacional de Saúde Mental.

Embora recente, a supervisão clínico-institucional em saúde mental já tem umahist-


ória. É uma prática que surge no contexto dos inicialmente chamados “serviçossubstitu-
tivos”, que hoje integram a rede de atenção psicossocial. Os novos supervisorespreci-
sam apropriar-se desta história, da política nacional de saúde mental, dosproblemas
e desafios dos novos serviços, do contexto do SUS. Inicialmente, sugerimos,para aque-
les que não os conhecem, a leitura de um conjunto de documentos básicos dapolítica
(Manual dos CAPS, Relatório de Gestão 2003-2006, Relatório Final da IIIConfe-
rência Nacional de Saúde Mental, Saúde Mental e Economia Solidária, SaúdeMen-
tal da Criança e Adolescente, Legislação de Saúde Mental, WHO-AIMS Report Brazil
2007), facilmente acessíveis no
endereço http://www.saude.gov.br/bvs/saudemental. Em seguida, vale a pena
familiarizar-se com a recente produção teórica em torno do trabalho dos CAPS, da rede
de atenção psicossocial e do próprio ofício de supervisão.

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Para propiciar um diálogo viável e permanente, o Ministério da Saúde está buscando
concretizar a proposta de uma “Escola de Supervisores”, nascida do I Congresso Brasi-
leiro de CAPS (São Paulo, 2004), um dispositivo capaz de permitir a difusão einter-
câmbio do ofício de supervisor. Uma “Escola” aberta, pública, que permita aarticulação
entre os supervisores dos diversos territórios do país.

Programa Nacional de Avaliação de Centros de Atenção Psicossocial – AVALIAR


CAPS

O Programa Nacional de Avaliação de Centros de Atenção Psicossocial – AVALIAR


CAPS – apresentou sua terceira edição em 2008.

O programa tem como objetivos o levantamento de informação sobre estes serviços,


possibilitando a caracterização dos CAPS, o acompanhamento, a estimativa de qua-
lidade da assistência prestada e a proposição de indicadores.

O AVALIAR CAPS é uma iniciativa da Área Técnica de Saúde Mental do Ministério


da Saúde, que utilizará o instrumento de avaliação para o acompanhamento sistemático
e permanente. Este ano, o questionário está disponibilizado em meio eletrônico (FORM-
SUS/DATASUS), o que torna mais ágil seu recebimento, o preenchimento e a devolu-
ção, evitando perda de informação e possibilitando mais rapidez no tratamento dos da-
dos.

O teste piloto foi aplicado em uma amostra de 10% dos CAPS, ou 120 serviços do país.
Após a consolidação dos resultados, no mês de outubro, foi construído o questionário
permanente, aplicado entre novembro e dezembro de 2008, com uma etapa de recoleta
em janeiro de 2009, na totalidade dos serviços CAPS.

O Programa de avaliação da qualidade e monitoramento dos CAPS se constitui em um


instrumento de gestão, de indução da produção de informação nos serviços e uma opor-

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tunidade para uma atitude reflexiva diante das práticas cotidianas nos serviços de saúde
mental.

8.2. Assistência de enfermagem a pacientes portadores de transtornos mentais.

A enfermagem sempre esteve ligada ao sofrimento das pessoas doentes. As pessoas que
sofrem precisam de alguém que lhes dê os cuidados necessários para aliviar tal sofri-

mento.

O portador de doença mental sempre esteve presente no cotidiano profissional doenfer-


meiro, independentemente da sua área de atuação (hospital geral ou especializado, ser-
viço público ou privado, unidade básica de saúde, programa de saúde da família ou clí-
nica particular). Embora se reconheça que o enfermeiro da área de psiquiatria tenha
mais experiência, os profissionais de outras áreas precisam estar preparados para identi-
ficar, cuidar e orientar o portador de transtorno mental.

A atenção de enfermagem psiquiátrica se oferece em todos os lugares, escolas, comuni-


dades e centros de saúde mental, serviços de assistência gerais e especializados eatendi-
mentos psiquiátricos. Sendo uma parte da enfermagem geral, todos os enfermeiros ne-
cessitam de conhecimentos da enfermagem psiquiátrica.

Na década de 70, já era reconhecido pela enfermagem psiquiátrica(15) que a saúde men-
tal é um componente essencial da saúde, um direito humano, o que vem reforçar a idéia
de que é um dever do enfermeiro promover a saúde mental das pessoas. Já se reconhecia
que assistência na prática de enfermagem, centralizada na doença e nodoente hos-
pitalizado, deveria concentrar-se na pessoa com seus comportamentos específicos, os
quais significam um grito, um alerta, para sua necessidade de ajuda.

O desempenho do enfermeiro psiquiátrico e as relações interpessoais desse profissional


foi estudado tomando por base os diferentes modelos de atenção que determinam a prá-
tica. O autor, apresenta os diferentes modelos de assistência nessa área, discutindo a re-
lação de ajuda, as comunicações interpessoais e o cuidado em saúde mental.

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O enfermeiro é, ou deveria ser, o profissional de saúde que mais frequentemente entra
em contato com o cliente no atendimento primário de saúde. Entretanto, observou-se
que enfermeiros, em atividade na rede básica de saúde (atenção primária), não estão pre-
parados para dar a devida atenção ao portador de transtorno mental, apesar deapresenta-
rem médio conhecimento teórico sobre a doença.

O enfermeiro é um dos profissionais da saúde que tem contato direto, prolongado e


constante com os clientes dos serviços de saúde. Está em posição de identificar os sinais
indicativos de depressão, fazer o levantamento das possíveis dificuldades desse porta-
dor, realizar os devidos encaminhamentos e atuar terapeuticamente sempre que estiver
em interação com o portador de transtorno depressivo.

O trabalho inovador que vários enfermeiros vêm realizando em serviços de saúdemen-


tal faz supor que o preparo para o exercício profissional do enfermeiro tem se dado no
próprio mercado de trabalho já que, em tese, o ensino de enfermagem ainda não incor-
porou em suas práticas ações baseadas no novo paradigma contido na atual política de
saúde mental.

Nessa direção, afirma-se que o principal desafio para a atuação da enfermagem voltada
para ações de saúde mental está no ensino, pois a formação ainda se dá, predominante-
mente, dentro dos hospitais psiquiátricos tradicionais, ou seja, nos manicômios.

Em outras palavras, o ensino de enfermagem ainda não incorporou integralmente a nova


filosofia da Reforma Psiquiátrica e suas conseqüências e os enfermeiros que atuam na
rede não foram devidamente atualizados em seus conhecimentos.

Assim, faz-se necessário o envolvimento dos diversos segmentos da enfermagem (ensi-


no, assistência e pesquisa) para o desenvolvimento efetivo da prática terapêutica da en-
fermagem aos portadores de transtorno mental.

No que tange à atenção ao portador de transtorno depressivo, algumas reflexões e


alertas são importantes para o enfermeiro incorporar às suas ações profissionais.

O planejamento e a implementação do cuidado de enfermagem devem basear-se nas ca-

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racterísticas clínicas que cada portador de transtorno depressivo apresenta, identificadas
através da observação constante no relacionamento enfermeiro-cliente.

Em geral, os objetivos para todo cuidado de enfermagem à pessoa deprimida devem es-
tar relacionados ao aumento da auto-estima desse indivíduo e às ações técnicas para
atender as suas necessidades.

No relacionamento enfermeiro/pessoa deprimida, a abordagem deve ser tranqüila, sem


críticas, de forma amigável, gentil, compreensiva e séria. A paciência é um elemento
importante no cuidado a essas pessoas, pois apresentam várias funções prejudicadas
(pensamento, sentimentos e ações) e cada movimento ou palavra exige esforço e tempo
excessivos. Deve-se demonstrar honestidade, empatia e compaixão.

Os clientes deprimidos tendem a permanecer isolados, a verbalizar pouco, a pensar que


não merecem ajuda e a formar vínculos de dependência, resistem ao envolvimento, re-
traindo-se ou deixando de responder às pessoas, em virtude de suas visões negativas.
Nem sempre é fácil dar atenção e cuidados a uma pessoa que não responde e se isola. O
profissional pode sentir-se irritado, magoar-se com o cliente ou temer a rejeição. Paciên-
cia e crença no potencial de cada pessoa para crescer e mudar são semprenecessárias. A
comunicação feita calmamente, ainda que leve algum tempo, estimula o cliente a res-
ponder.

Deve-se evitar assumir uma posição excessivamente agressiva ou compassiva com a


pessoa deprimida. Comentários como você tem tantos motivos para viver”, alegre-se –
as coisas vão melhorar”, ou você não deveria sentir-se tão deprimido” transmitem pou-
ca compreensão e respeito pelos sentimentos do cliente. Esses comentários podem criar
mais distância e bloquear um possível vinculo terapêutico.

Da mesma forma, não se deve aderir à autocomiseração do individuo, pois a identifica-


ção excessiva e subjetiva dos profissionais de saúde pode fazer com que tenham emo-
ções similares às do cliente, de falta de esperança e de desamparo. Isso não os ajuda.

A melhor forma de estabelecer vínculo com o deprimido é a presença frequente e inte-


ressada, sempre demonstrando apoio e compreensão mesmo que ele fale pouco. A sim-

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ples presença do profissional indica que ela é vista como uma pessoa de valor. É preciso
ajustar-se ao ritmo da pessoa deprimida, falando mais devagar e dando mais tempo para
que ela responda. Deve-se chamá-la pelo nome e escutá-la. Estudando os relatos sobre a
vida e os interesses dessa pessoa é possível selecionar tópicos que permitam a criação
de comunicações que despertem seu interesse.

Em razão da falta de energia, os portadores de depressão sempre precisam da assistência


em todos os aspectos da vida diária. É necessário o acompanhamento da equipe de en-
fermagem ou de familiares no seu domicílio, encorajando, estimulando e apoiando.

Desse modo, deve-se observar: as respostas fisiológicas (alterações do sono, constipa-


ção, fadiga); as respostas cognitivas (queixas somáticas, atividade inquieta e sem dire-
ção, indecisão, diminuição da concentração e do limite de atenção); as respostas emo-
cionais – ruminação (preocupações constante com os mesmos pensamentos), delírios so-
máticos, pensamento empobrecido, tristeza, desânimo, raiva, agitação, ressentimento,
culpa e menos valia, desespero e impotência; as respostascomportamentais – apatia, hi-
giene pessoal deficiente, retardo psicomotor, baixa motivação, anedonia, queixas e exi-

gências freqüentes; falta de espontaneidade(13,19-21).

No que se refere aos cuidados físicos, o modo mais efetivo de cuidar de uma pessoa de-
primida é estabelecer um plano de atividades com horários que inclua banho, penteado,
alimentação e atividade física. Quanto mais agudo o quadro de depressão, mais necessá-
rios são os cuidados físicos.

Recomenda-se também a sistematização da assistência para prestação de cuidados de


enfermagem. Usa-se uma abordagem de resolução de problemas que passou a ser aceita
como a metodologia para o cuidado de enfermagem. A sistematização compõe-se das
etapas: (re)avaliação, diagnóstico, identificação de problemas, planejamento, prescri-
ção, implementação ou intervenção e evolução. É um processo contínuo, onde a enfer-
meira ea pessoa sob seus cuidados devem ter interações dirigidas à modificação das res-
postas físicas ou comportamentais, atendendo as suas necessidades e melhorando sua
qualidade de vida.

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