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Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem

discriminação e preconceito. Isso vale desde a


FUNDAMENTOS DE ENFERMAGEM
tomada de decisão pelo profissional à forma como
A enfermagem é uma profissão comprometida ele lida com cada paciente.
com a saúde e a qualidade de vida da pessoa, Assistência à família e ao paciente
família e coletividade.
O enfermeiro deve prestar toda assistência
O profissional de enfermagem atua na promoção, possível, e ao seu alcance, à família e ao
prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, paciente, de forma a minimizar suas dores e
com autonomia e em consonância com os sofrimento. Também deve orientá-los quanto a
preceitos éticos e legais. decisões que devem ser tomadas, munindo-os de
O profissional de enfermagem participa, como toda informação necessária para isso.
integrante da equipe de saúde, das ações que Também, o enfermeiro deve ser zeloso ao
visem satisfazer as necessidades de saúde da orientar familiares e paciente sobre riscos de
população e da defesa dos princípios das procedimentos, bem como respeitar as suas
políticas públicas de saúde e ambientais, que convicções.
garantam a universalidade de acesso aos
serviços de saúde, integralidade da assistência, Fundamento nas ciências humanas, sociais e
resolutividade, preservação da autonomia das aplicadas
pessoas, participação da comunidade, O exercício da Enfermagem é caracterizado por
hierarquização e descentralização político- fundamentar-se no conhecimento próprio da
administrativa dos serviços de saúde. profissão, mas também nas Ciências Humanas,
Não observar os fundamentos de Enfermagem, Sociais e Aplicadas.
espalhados ao longo do Código de Ética da Na prática, isso significa que os processos de
profissão, pode ocasionar prejuízos à carreira do adoecimento do indivíduo e da população são
enfermeiro e até mesmo sanções, caso estejam afetados por fatores múltiplos que envolvem o
caracterizadas falhas éticas. social e o cultural. O enfermeiro deve usar esses
Autonomia conhecimentos na prática profissional,
principalmente quando atuar na área de atenção
O preâmbulo do Código de Ética traz um básica à saúde.
importante fundamento de Enfermagem: a
autonomia. Segundo o documento, enfermeiros Condições adequadas de trabalho
devem organizar suas ações e intervenções de Outro importante fundamento da Enfermagem é o
maneira autônoma, sem deixar que imposições direito a condições adequadas de trabalho. Essas
outras além das éticas, técnicas e institucionais condições envolvem a segurança para o exercício
orientem o seu trabalho. da profissão, a existência de aparatos técnicos e
Atentar-se à autonomia, no entanto, não significa até o direito a um digno e justo salário em
dizer que o enfermeiro atua isoladamente. O Enfermagem.
exercício da profissão muitas vezes é feito por O profissional pode, e deve, negar-se a trabalhar
meio da prática multiprofissional, interdisciplinar na ausência dessas circunstâncias, exceto em
e transdisciplinar, mas sempre versando pela casos de urgência e emergência.
liberdade e autonomia profissionais. Esses são os fundamentos de Enfermagem que
Respeito aos direitos humanos você deverá seguir quando exercer a profissão.
A Declaração Universal dos Direitos Uma dica é ler o Código de Ética do Enfermeiro
Humanos (1948) e a Declaração Universal sobre ainda durante a graduação, familiarizando-se
Bioética e Direitos Humanos (2005) são com aquilo que o documento diz.
documentos orientadores do Código de Ética da Segundo o Código de Ética da profissão:
profissão. Assim, fica claro a importância de O profissional de enfermagem respeita a vida, a
atentar-se a esse importante princípio que é, dignidade e os direitos humanos, em todas as
também, um dos fundamentos de Enfermagem. suas dimensões. O profissional de enfermagem
Ao exercer sua profissão, o enfermeiro deve exerce suas atividades com competência para a
atentar-se aos direitos do paciente e de sua promoção do ser humano na sua integralidade, de
família à livre escolha, à vida, à segurança e à acordo com os princípios da ética e da bioética.
liberdade, privando-os de qualquer tipo de
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
CAPÍTULO I RESPONSABILIDADES E DEVERES
DAS RELAÇÕES PROFISSIONAIS DIREITOS Art. 12 - Assegurar à pessoa, família e
coletividade assistência de enfermagem livre de
Art. 1º - Exercer a enfermagem com liberdade, danos decorrentes de imperícia, negligência ou
autonomia e ser tratado segundo os imprudência.
pressupostos e princípios legais, éticos e dos
direitos humanos. Art. 13 - Avaliar criteriosamente sua competência
técnica, científica, ética e legal e somente aceitar
Art. 2º - Aprimorar seus conhecimentos encargos ou atribuições, quando capaz de
técnicos, científicos e culturais que dão desempenho seguro para si e para outrem.
sustentação a sua prática profissional.
Art. 14 - Aprimorar os conhecimentos técnicos,
Art. 3º - Apoiar as iniciativas que visem ao científicos, éticos e culturais, em benefício da
aprimoramento profissional e à defesa dos pessoa, família e coletividade e do
direitos e interesses da categoria e da sociedade. desenvolvimento da profissão.
Art. 4º - Obter desagravo público por ofensa que Art. 15 - Prestar assistência de enfermagem sem
atinja a profissão, por meio do Conselho Regional discriminação de qualquer natureza.
de Enfermagem.
Art. 16 - Garantir a continuidade da assistência de
RESPONSABILIDADES E DEVERES enfermagem em condições que ofereçam
Art. 5º - Exercer a profissão com justiça, segurança, mesmo em caso de suspensão das
compromisso, equidade, resolutividade, atividades profissionais decorrentes de
dignidade, competência, responsabilidade, movimentos reivindicatórios da categoria.
honestidade e lealdade. Art. 17 - Prestar adequadas informações à
Art. 6º - Fundamentar suas relações no direito, pessoa, família e coletividade a respeito dos
na prudência, no respeito, na solidariedade e na direitos, riscos, benefícios e intercorrências
diversidade de opinião e posição ideológica. acerca da assistência de enfermagem.
Art. 18 - Respeitar, reconhecer e realizar ações
Art. 7º - Comunicar ao COREN e aos órgãos
que garantam o direito da pessoa ou de seu
competentes, fatos que infrinjam dispositivos
representante legal, de tomar decisões sobre sua
legais e que possam prejudicar o exercício
saúde, tratamento, conforto e bem estar.
profissional.
Art. 19 - Respeitar o pudor, a privacidade e a
PROIBIÇÕES intimidade do ser humano, em todo seu ciclo vital,
Art. 8º - Promover e ser conivente com a inclusive nas situações de morte e pós-morte.
injúria, calúnia e difamação de membro da equipe Art. 20 - Colaborar com a equipe de saúde no
de enfermagem, equipe de saúde e de esclarecimento da pessoa, família e coletividade
trabalhadores de outras áreas, de organizações a respeito dos direitos, riscos, benefícios e
da categoria ou instituições. intercorrências acerca de seu estado de saúde e
Art. 9º - Praticar e/ou ser conivente com crime, tratamento.
contravenção penal ou qualquer outro ato, que Art. 21 - Proteger a pessoa, família e coletividade
infrinja postulados éticos e legais. contra danos decorrentes de imperícia,
SEÇÃO I negligência ou imprudência por parte de qualquer
membro da equipe de saúde.
DAS RELAÇÕES COM A PESSOA, FAMILIA E
Art. 22 - Disponibilizar seus serviços profissionais
COLETIVIDADE.
à comunidade em casos de emergência,
DIREITOS epidemia e catástrofe, sem pleitear vantagens
Art. 10 - Recusar-se a executar atividades que pessoais.
não sejam de sua competência técnica, científica, Art. 23 - Encaminhar a pessoa, família e
ética e legal ou que não ofereçam segurança ao coletividade aos serviços de defesa do cidadão,
profissional, à pessoa, família e coletividade. nos termos da lei.
Art. 11 - Ter acesso às informações, Art. 24 - Respeitar, no exercício da profissão, as
relacionadas à pessoa, família e coletividade, normas relativas à preservação do meio ambiente
necessárias ao exercício profissional. e denunciar aos órgãos competentes as formas
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de poluição e deterioração que comprometam a exceto em situações de urgência e emergência.
saúde e a vida. Parágrafo único - O profissional de
Art. 25 - Registrar no prontuário do paciente as enfermagem poderá recusar-se a executar
informações inerentes e indispensáveis ao prescrição medicamentosa e terapêutica em caso
processo de cuidar. de identificação de erro ou ilegibilidade.
PROIBIÇÕES RESPONSABILIDADES E DEVERES A
Art. 26 - Negar assistência de enfermagem em Art. 38 - Responsabilizar-se por falta
qualquer situação que se caracterize como cometida em suas atividades profissionais,
urgência ou emergência. independentemente de ter sido praticada
individualmente ou em equipe.
Art. 27 - Executar ou participar da assistência
à saúde sem o consentimento da pessoa ou de Art. 39 - Participar da orientação sobre
seu representante legal, exceto em iminente risco benefícios, riscos e consequências decorrentes
de morte. de exames e de outros procedimentos, na
condição de membro da equipe de saúde.
Art. 28 - Provocar aborto, ou cooperar em
prática destinada a interromper a gestação. Art. 40 - Posicionar-se contra falta cometida
Parágrafo único - Nos casos previstos em lei, o durante o exercício profissional seja por imperícia,
profissional deverá decidir, de acordo com a sua imprudência ou negligência.
consciência, sobre a sua participação ou não no Art. 41 - Prestar informações, escritas e
ato abortivo. verbais, completas e fidedignas necessárias para
Art. 29 - Promover a eutanásia ou participar em assegurar a continuidade da assistência.
prática destinada a antecipar a morte do cliente. PROIBIÇÕES
Art. 30 - Administrar medicamentos sem Art. 42 - Assinar as ações de enfermagem
conhecer a ação da droga e sem certificar-se da que não executou, bem como permitir que suas
possibilidade de riscos. ações sejam assinadas por outro profissional.
Art. 31 - Prescrever medicamentos e praticar Art. 43 - Colaborar, direta ou indiretamente
ato cirúrgico, exceto nos casos previstos na com outros profissionais de saúde, no
legislação vigente e em situação de emergência. descumprimento da legislação referente aos
Art. 32 - Executar prescrições de qualquer transplantes de órgãos, tecidos, esterilização
natureza, que comprometam a segurança da humana, fecundação artificial e manipulação
pessoa. genética.
Art. 33 - Prestar serviços que por sua natureza SEÇÃO III
competem a outro profissional, exceto em caso DAS RELAÇÕES COM AS ORGANIZAÇÕES
de emergência. DA CATEGORIA
Art. 34 - Provocar, cooperar, ser conivente ou DIREITOS
omisso com qualquer forma de violência. Art. 44 - Recorrer ao Conselho Regional de
Art. 35 - Registrar informações parciais e Enfermagem, quando impedido de cumprir o
inverídicas sobre a assistência prestada. presente Código, a legislação do exercício
SEÇÃO II profissional e as resoluções e decisões
emanadas do Sistema COFEN/COREN.
DAS RELAÇÕES COM OS
TRABALHADORES DE ENFERMAGEM, Art. 45 - Associar-se, exercer cargos e
SAÚDE E OUTROS participar de entidades de classe e órgãos de
fiscalização do exercício profissional.
DIREITOS
Art. 46 - Requerer em tempo hábil,
Art. 36 - Participar da prática multiprofissional
informações acerca de normas e convocações.
e interdisciplinar com responsabilidade,
autonomia e liberdade. Art. 47 - Requerer, ao Conselho Regional de
Enfermagem, medidas cabíveis para obtenção de
Art. 37 - Recusar-se a executar prescrição
desagravo público em decorrência de ofensa
medicamentosa e terapêutica, onde não conste a
sofrida no exercício profissional.
assinatura e o número de registro do profissional,
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
RESPONSABILIDADES E DEVERES SEÇÃO IV DAS RELAÇÕES COM AS
Art. 48 - Cumprir e fazer os preceitos éticos e ORGANIZAÇÕES EMPREGADORAS
legais da profissão. DIREITOS
Art. 49 - Comunicar ao Conselho Regional de Art. 60 - Participar de movimentos de defesa
Enfermagem fatos que firam preceitos do da dignidade profissional, do aprimoramento
presente Código e da legislação do exercício técnico científico, do exercício da cidadania e das
profissional. reivindicações por melhores condições de
Art. 50 - Comunicar formalmente ao Conselho assistência, trabalho e remuneração.
Regional de Enfermagem fatos que envolvam Art. 61 - Suspender suas atividades,
recusa ou demissão de cargo, função ou individual ou coletivamente, quando a instituição
emprego, motivado pela necessidade do pública ou privada para a qual trabalhe não
profissional em cumprir o presente Código e a oferecer condições dignas para o exercício
legislação do exercício profissional. profissional ou que desrespeite a legislação do
Art. 51 - Cumprir, no prazo estabelecido, as setor saúde, ressalvadas as situações de
determinações e convocações do Conselho urgência e emergência, devendo comunicar
Federal e Conselho Regional de Enfermagem. imediatamente por escrito sua decisão ao
Conselho Regional de Enfermagem.
Art. 52 - Colaborar com a fiscalização de
exercício profissional. Art. 62 - Receber salários ou honorários
compatíveis com o nível de formação, a jornada
Art. 53 - Manter seus dados cadastrais de trabalho, a complexidade das ações e a
atualizados, e regularizadas as suas obrigações responsabilidade pelo exercício profissional.
financeiras com o Conselho Regional de
Enfermagem. Art. 63 - Desenvolver suas atividades
profissionais em condições de trabalho que
Art. 54 - Apor o número e categoria de promovam a própria segurança e a da pessoa,
inscrição no Conselho Regional de Enfermagem família e coletividade sob seus cuidados, e dispor
em assinatura, quando no exercício profissional. de material e equipamentos de proteção
Art. 55 - Facilitar e incentivar a participação individual e coletiva, segundo as normas vigentes.
dos profissionais de enfermagem no Art. 64 - Recusar-se a desenvolver atividades
desempenho de atividades nas organizações da profissionais na falta de material ou equipamentos
categoria. de proteção individual e coletiva definidos na
PROIBIÇÕES legislação específica.
Art. 56 - Executar e determinar a execução de Art. 65 - Formar e participar da comissão de
atos contrários ao Código de Ética e às demais ética da instituição pública ou privada onde
normas que regulam o exercício da Enfermagem. trabalha, bem como de comissões
Art. 57 - Aceitar cargo, função ou emprego interdisciplinares.
vago em decorrência de fatos que envolvam Art. 66 - Exercer cargos de direção, gestão e
recusa ou demissão de cargo, função ou coordenação na área de seu exercício
emprego motivado pela necessidade do profissional e do setor saúde.
profissional em cumprir o presente código e a Art. 67 - Ser informado sobre as políticas da
legislação do exercício profissional. instituição e do serviço de enfermagem, bem
Art. 58 - Realizar ou facilitar ações que causem como participar de sua elaboração.
prejuízo ao patrimônio ou comprometam a Art. 68 - Registrar no prontuário, e em outros
finalidade para a qual foram instituídas as documentos próprios da enfermagem,
organizações da categoria. informações referentes ao processo de cuidar da
Art. 59 - Negar, omitir informações ou emitir pessoa.
falsas declarações sobre o exercício profissional RESPONSABILIDADES E DEVERES
quando solicitado pelo Conselho Regional de
Enfermagem. Art. 69 - Estimular, promover e criar
condições para o aperfeiçoamento técnico,
científico e cultural dos profissionais de
Enfermagem sob sua orientação e supervisão.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Art. 70 - Estimular, facilitar e promover o CAPÍTULO II
desenvolvimento das atividades de ensino, DO SIGILO PROFISSIONAL
pesquisa e extensão, devidamente aprovadas
nas instâncias deliberativas da instituição. DIREITOS
Art. 71 - Incentivar e criar condições para Art. 81 - Abster-se de revelar informações
registrar as informações inerentes e confidenciais de que tenha conhecimento em
indispensáveis ao processo de cuidar. razão de seu exercício profissional a pessoas ou
entidades que não estejam obrigadas ao sigilo.
Art. 72 - Registrar as informações inerentes e
indispensáveis ao processo de cuidar de forma RESPONSABILIDADES E DEVERES
clara, objetiva e completa. Art. 82 - Manter segredo sobre fato sigiloso de
PROIBIÇÕES que tenha conhecimento em razão de sua
atividade profissional, exceto casos previstos em
Art. 73 - Trabalhar, colaborar ou acumpliciar- lei, ordem judicial, ou com o consentimento
se com pessoas físicas ou jurídicas que escrito da pessoa envolvida ou de seu
desrespeitem princípios e normas que regulam o representante legal.
exercício profissional de enfermagem.
§ 1º - Permanece o dever mesmo quando o
Art. 74 - Pleitear cargo, função ou emprego fato seja de conhecimento público e em caso de
ocupado por colega, utilizando-se de falecimento da pessoa envolvida.
concorrência desleal.
§ 2º - Em atividade multiprofissional, o fato
Art. 75 - Permitir que seu nome conste no sigiloso poderá ser revelado quando necessário à
quadro de pessoal de hospital, casa de saúde, prestação da assistência.
unidade sanitária, clínica, ambulatório, escola,
curso, empresa ou estabelecimento congênere § 3º - O profissional de enfermagem, intimado
sem nele exercer as funções de enfermagem como testemunha, deverá comparecer perante a
pressupostas. autoridade e, se for o caso, declarar seu
impedimento de revelar o segredo.
Art. 76 - Receber vantagens de instituição,
empresa, pessoa, família e coletividade, além do § 4º - O segredo profissional referente ao
que lhe é devido, como forma de garantir menor de idade deverá ser mantido, mesmo
Assistência de Enfermagem diferenciada ou quando a revelação seja solicitada por pais ou
benefícios de qualquer natureza para si ou para responsáveis, desde que o menor tenha
outrem. capacidade de discernimento, exceto nos casos
em que possa acarretar danos ou riscos ao
Art. 77 - Usar de qualquer mecanismo de mesmo.
pressão ou suborno com pessoas físicas ou
jurídicas para conseguir qualquer tipo de Art. 83 - Orientar, na condição de enfermeiro,
vantagem. a equipe sob sua responsabilidade, sobre o dever
do sigilo profissional.
Art. 78 - Utilizar, de forma abusiva, o poder que
PROIBIÇÕES
lhe confere a posição ou cargo, para impor
ordens, opiniões, atentar contra o pudor, assediar Art. 84 - Franquear o acesso a informações e
sexual ou moralmente, inferiorizar pessoas ou documentos para pessoas que não estão diretamente
envolvidas na prestação da assistência, exceto nos
dificultar o exercício profissional.
casos previstos na legislação vigente ou por ordem
Art. 79 - Apropriar-se de dinheiro, valor, bem judicial.
móvel ou imóvel, público ou particular de que Art. 85 - Divulgar ou fazer referência a casos,
tenha posse em razão do cargo, ou desviá-lo em situações ou fatos de forma que os envolvidos possam
proveito próprio ou de outrem. ser identificados.
Art. 80 - Delegar suas atividades privativas a CAPÍTULO III
outro membro da equipe de enfermagem ou de DO ENSINO, DA PESQUISA, E DA
saúde, que não seja enfermeiro. PRODUÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA
DIREITOS
Art. 86 - Realizar e participar de atividades de
ensino e pesquisa, respeitadas as normas ético-
legais.
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Art. 87 - Ter conhecimento acerca do ensino e da coautor em obra técnico-científica.
pesquisa a serem desenvolvidos com as pessoas sob CAPÍTULO IV
sua responsabilidade profissional ou em seu local de
DA PUBLICIDADE
trabalho.
DIREITOS
Art. 88 - Ter reconhecida sua autoria ou
participação em produção técnico-científica. Art. 103 - Utilizar-se de veículo de comunicação
para conceder entrevistas ou divulgar eventos e
RESPONSABILIDADES E DEVERES assuntos de sua competência, com finalidade
Art. 89 - Atender as normas vigentes para a educativa e de interesse social.
pesquisa envolvendo seres humanos, segundo a Art. 104 - Anunciar a prestação de serviços para
especificidade da investigação. os quais está habilitado.
Art. 90 - Interromper a pesquisa na presença de
qualquer perigo à vida e à integridade da pessoa. RESPONSABILIDADES E DEVERES
Art. 91 - Respeitar os princípios da honestidade e Art. 105 - Resguardar os princípios da
fidedignidade, bem como os direitos autorais no honestidade, veracidade e fidedignidade no conteúdo
processo de pesquisa, especialmente na divulgação e na forma publicitária.
dos seus resultados. Art. 106 - Zelar pelos preceitos éticos e legais da
Art. 92 - Disponibilizar os resultados de pesquisa à profissão nas diferentes formas de divulgação.
comunidade científica e sociedade em geral. PROIBIÇÕES
Art. 93 - Promover a defesa e o respeito aos Art. 107 - Divulgar informação inverídica sobre
princípios éticos e legais da profissão no ensino, na assunto de sua área profissional.
pesquisa e produções técnico-científicas. Art. 108 - Inserir imagens ou informações que
PROIBIÇÕES possam identificar pessoas e instituições sem sua
prévia autorização.
Art. 94 - Realizar ou participar de atividades de
ensino e pesquisa, em que o direito inalienável da Art. 109 - Anunciar título ou qualificação que não
pessoa, família ou coletividade seja desrespeitado ou possa comprovar.
ofereça qualquer tipo de risco ou danos aos Art. 110 - Omitir em proveito próprio, referência a
envolvidos. pessoas ou instituições.
Art. 95 - Eximir-se da responsabilidade por Art. 111 - Anunciar a prestação de serviços
atividades executadas por alunos ou estagiários, na gratuitos ou propor honorários que caracterizem
condição de docente, enfermeiro responsável ou concorrência desleal.
supervisor.
CAPÍTULO V
Art. 96 - Sobrepor o interesse da ciência ao
interesse e segurança da pessoa, família ou DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES
coletividade. Art. 112 - A caracterização das infrações éticas e
Art. 97 - Falsificar ou manipular resultados de disciplinares e a aplicação das respectivas
pesquisa, bem como, usá-los para fins diferentes dos penalidades regem-se por este Código, sem prejuízo
pré-determinados. das sanções previstas em outros dispositivos legais.
Art. 113 - Considera-se infração ética a ação,
Art. 98 - Publicar trabalho com elementos que
omissão ou conivência que implique em
identifiquem o sujeito participante do estudo sem sua
desobediência e/ou inobservância às disposições do
autorização.
Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem.
Art. 99 - Divulgar ou publicar, em seu nome,
Art. 114 - Considera-se infração disciplinar a
produção técnico-científica ou instrumento de
inobservância das normas dos Conselhos Federal e
organização formal do qual não tenha participado ou
Regional de Enfermagem.
omitir nomes de coautores e colaboradores.
Art. 115 - Responde pela infração quem a cometer
Art. 100 - Utilizar sem referência ao autor ou sem ou concorrer para a sua prática, ou dela obtiver
a sua autorização expressa, dados, informações, ou benefício, quando cometida por outrem.
opiniões ainda não publicados.
Art. 116 - A gravidade da infração é caracterizada
Art. 101 - Apropriar-se ou utilizar produções por meio da análise dos fatos do dano e de suas
técnico-científicas, das quais tenha participado como consequências.
autor ou não, implantadas em serviços ou instituições
Art. 117 - A infração é apurada em processo
sem concordância ou concessão do autor.
instaurado e conduzido nos termos do Código de
Art. 102 - Aproveitar-se de posição hierárquica Processo Ético das Autarquias Profissionais de
para fazer constar seu nome como autor ou Enfermagem.
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Art. 118 - As penalidades a serem impostas pelos Art. 121 - As infrações serão consideradas leves,
Conselhos Federal e Regional de Enfermagem, graves ou gravíssimas, segundo a natureza do ato e a
conforme o que determina o art. 18, da Lei n° 5.905, circunstância de cada caso.
de 12 de julho de 1973, são as seguintes: § 1º - São consideradas infrações leves as que
I - Advertência verbal; ofendam a integridade física, mental ou moral de
II – Multa; qualquer pessoa, sem causar debilidade ou aquelas
que venham a difamar organizações da categoria ou
III – Censura; instituições.
IV - Suspensão do exercício profissional; § 2º - São consideradas infrações graves as que
V - Cassação do direito ao exercício profissional. provoquem perigo de vida, debilidade temporária de
§ 1º - A advertência verbal consiste na membro, sentido ou função em qualquer pessoa ou as
admoestação ao infrator, de forma reservada, que que causem danos patrimoniais ou financeiros.
será registrada no prontuário do mesmo, na presença § 3º - São consideradas infrações gravíssimas as
de duas testemunhas. que provoquem morte, deformidade permanente,
§ 2º - A multa consiste na obrigatoriedade de perda ou inutilização de membro, sentido, função ou
pagamento de 01 (uma) a 10 (dez) vezes o valor da ainda, dano moral irremediável em qualquer pessoa.
anuidade da categoria profissional à qual pertence o Art. 122 - São consideradas circunstâncias
infrator, em vigor no ato do pagamento. atenuantes:
§3º - A censura consiste em repreensão que será I - Ter o infrator procurado, logo após a infração,
divulgada nas publicações oficiais dos Conselhos por sua espontânea vontade e com eficiência, evitar
Federal e Regional de Enfermagem e em jornais de ou minorar as consequências do seu ato;
grande circulação. II - Ter bons antecedentes profissionais;
§ 4º - A suspensão consiste na proibição do III - Realizar atos sob coação e/ou intimidação;
exercício profissional da enfermagem por um período
não superior a 29 (vinte e nove) dias e será divulgada IV - Realizar ato sob emprego real de força física;
nas publicações oficiais dos Conselhos Federal e V - Ter confessado espontaneamente a autoria da
Regional de Enfermagem, jornais de grande infração.
circulação e comunicada aos órgãos empregadores. Art. 123 - São consideradas circunstâncias
§ 5º - A cassação consiste na perda do direito ao agravantes:
exercício da enfermagem e será divulgada nas I - Ser reincidente;
publicações dos Conselhos Federal e Regional de
Enfermagem e em jornais de grande circulação. II - Causar danos irreparáveis;
Art.119 - As penalidades, referentes à advertência III - Cometer infração dolosamente;
verbal, multa, censura e suspensão do exercício IV - Cometer a infração por motivo fútil ou torpe;
profissional, são da alçada do Conselho Regional de V - Facilitar ou assegurar a execução, a ocultação,
Enfermagem, serão registradas no prontuário do a impunidade ou a vantagem de outra infração;
profissional de enfermagem; a pena de cassação do
direito ao exercício profissional é de competência do VI - Aproveitar-se da fragilidade da vítima;
Conselho Federal de Enfermagem, conforme o VII - Cometer a infração com abuso de autoridade
disposto no art. 18, parágrafo primeiro, da Lei n° ou violação do dever inerente ao cargo ou função;
5.905/73. VIII - Ter maus antecedentes profissionais
Parágrafo único - Na situação em que o processo
tiver origem no Conselho Federal de Enfermagem,
CAPÍTULO VI
terá como instância superior a Assembleia dos
Delegados Regionais. DA APLICAÇÃO DAS PENALIDADES
Art. 120 - Para a graduação da penalidade e Art. 124 - As penalidades previstas neste Código
respectiva imposição consideram-se: somente poderão ser aplicadas, cumulativamente,
quando houver infração a mais de um artigo.
I - A maior ou menor gravidade da infração;
Art. 125 - A pena de advertência verbal é aplicável
II - As circunstâncias agravantes e atenuantes da
nos casos de infrações ao que está estabelecido nos
infração;
artigos: 5º a 7º; 12 a 14; 16 a 24; 27; 30; 32; 34; 35; 38
III - O dano causado e suas consequências; a 40; 49 a 55; 57; 69 a 71; 74; 78; 82 a 85; 89 a 95; 98
IV - Os antecedentes do infrator. a 102; 105; 106; 108 a 111 deste Código.
Art. 126 - A pena de multa é aplicável nos casos de
infrações ao que está estabelecido nos artigos: 5º a
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9º; 12; 13; 15; 16; 19; 24; 25; 26; 28 a 35; 38 a 43; 48 Art. 3º O planejamento e a programação das
a 51; 53; 56 a 59; 72 a 80; 82; 84; 85; 90; 94; 96; 97 a instituições e serviços de saúde incluem planejamento
102; 105; 107; 108; 110; e 111 deste Código. e programação de enfermagem.
Art. 127 - A pena de censura é aplicável nos casos Art. 4º A programação de enfermagem inclui a
de infrações ao que está estabelecido nos artigos: 8º; prescrição da assistência de enfermagem.
12; 13; 15; 16; 25; 30 a 35; 41 a 43; 48; 51; 54; 56 a Art. 5º (VETADO).
59; 71 a 80; 82; 84; 85; 90; 91; 94 a 102; 105; 107 a
111 deste Código. § 1º (VETADO).
Art. 128 - A pena de suspensão do exercício § 2º (VETADO).
profissional é aplicável nos casos de infrações ao que Art. 6º São enfermeiros:
está estabelecido nos artigos: 8º; 9º; 12; 15; 16; 25; I - o titular do diploma de Enfermeiro conferido
26; 28; 29; 31; 33 a 35; 41 a 43; 48; 56; 58; 59; 72; 73; por instituição de ensino, nos termos da lei;
75 a 80; 82; 84; 85; 90; 94; 96 a 102; 105; 107 e 108
deste Código. II - o titular do diploma ou certificado de Obstetriz
ou de Enfermeira Obstétrica, conferido nos termos da
Art.129 - A pena de cassação do direito ao lei;
exercício profissional é aplicável nos casos de
infrações ao que está estabelecido nos artigos: 9º; 12; III - o titular do diploma ou certificado de
26; 28; 29; 78 e 79 deste Código. Enfermeira e a titular do diploma ou certificado de
Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz, ou equivalente,
CAPITULO VII conferido por escola estrangeira segundo as leis do
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS país, registrado em virtude de acordo de intercâmbio
Art. 130 - Os casos omissos serão resolvidos pelo cultural ou revalidado no Brasil como diploma de
Conselho Federal de Enfermagem. Enfermeiro, de Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz;
Art. 131- Este Código poderá ser alterado pelo IV - aqueles que, não abrangidos pelos incisos
Conselho Federal de Enfermagem, por iniciativa anteriores, obtiverem título de Enfermeiro conforme o
própria ou mediante proposta de Conselhos disposto na alínea d do art. 3º do Decreto nº 50.387,
Regionais. de 28 de março de 1961.
Parágrafo único - A alteração referida deve ser Art. 7º São Técnicos de Enfermagem:
precedida de ampla discussão com a categoria, I - o titular do diploma ou do certificado de
coordenada pelos Conselhos Regionais. Técnico de Enfermagem, expedido de acordo com a
Art. 132 - O presente Código entrará em vigor 90 legislação e registrado pelo órgão competente;
dias após sua publicação, revogadas as disposições II - o titular do diploma ou do certificado
em contrário. Rio de Janeiro, 08 de fevereiro de 2007. legalmente conferido por escola ou curso estrangeiro,
registrado em virtude de acordo de intercâmbio
cultural ou revalidado no Brasil como diploma de
LEI DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL Técnico de Enfermagem.
LEI No 7.498, DE 25 DE JUNHO DE 1986. Art. 8º São Auxiliares de Enfermagem:
Dispõe sobre a regulamentação do exercício da I - o titular de certificado de Auxiliar de
enfermagem, e dá outras providências. Enfermagem conferido por instituição de ensino, nos
termos da lei e registrado no órgão competente;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber
que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a II - o titular de diploma a que se refere a Lei nº
seguinte lei: 2.822, de 14 de junho de 1956;
Art. 1º É livre o exercício da enfermagem em III - o titular do diploma ou certificado a que se
todo o território nacional, observadas as disposições refere o inciso III do art. 2º da Lei nº 2.604, de 17 de
desta lei. setembro de 1955, expedido até a publicação da Lei
Art. 2º A enfermagem e suas atividades nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961;
auxiliares somente podem ser exercidas por pessoas IV - o titular de certificado de Enfermeiro Prático
legalmente habilitadas e inscritas no Conselho ou Prático de Enfermagem, expedido até 1964 pelo
Regional de Enfermagem com jurisdição na área Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e
onde ocorre o exercício. Farmácia, do Ministério da Saúde, ou por órgão
congênere da Secretaria de Saúde nas Unidades da
Parágrafo único. A enfermagem é exercida
Federação, nos termos do Decreto-lei nº 23.774, de
privativamente pelo Enfermeiro, pelo Técnico de
Enfermagem, pelo Auxiliar de Enfermagem e pela 22 de janeiro de 1934, do Decreto-lei nº 8.778, de 22
Parteira, respeitados os respectivos graus de de janeiro de 1946, e da Lei nº 3.640, de 10 de outubro
habilitação. de 1959;
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
V - o pessoal enquadrado como Auxiliar de c) prescrição de medicamentos estabelecidos
Enfermagem, nos termos do Decreto-lei nº 299, de 28 em programas de saúde pública e em rotina aprovada
de fevereiro de 1967; pela instituição de saúde;
VI - o titular do diploma ou certificado conferido d) participação em projetos de construção ou
por escola ou curso estrangeiro, segundo as leis do reforma de unidades de internação;
país, registrado em virtude de acordo de intercâmbio e) prevenção e controle sistemático da infecção
cultural ou revalidado no Brasil como certificado de hospitalar e de doenças transmissíveis em geral;
Auxiliar de Enfermagem.
f) prevenção e controle sistemático de danos que
Art. 9º São Parteiras:
possam ser causados à clientela durante a assistência
I - a titular do certificado previsto no art. 1º do de enfermagem;
Decreto-lei nº 8.778, de 22 de janeiro de
g) assistência de enfermagem à gestante,
1946, observado o disposto na Lei nº 3.640, de 10 de
parturiente e puérpera;
outubro de 1959;
II - a titular do diploma ou certificado de Parteira, h) acompanhamento da evolução e do trabalho
ou equivalente, conferido por escola ou curso de parto;
estrangeiro, segundo as leis do país, registrado em i) execução do parto sem distocia;
virtude de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil, j) educação visando à melhoria de saúde da
até 2 (dois) anos após a publicação desta lei, como população.
certificado de Parteira.
Parágrafo único. As profissionais referidas no
Art. 10. (VETADO). inciso II do art. 6º desta lei incumbe, ainda:
Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades a) assistência à parturiente e ao parto normal;
de enfermagem, cabendo-lhe:
b) identificação das distocias obstétricas e
I - privativamente:
tomada de providências até a chegada do médico;
a) direção do órgão de enfermagem integrante
da estrutura básica da instituição de saúde, pública e c) realização de episiotomia e episiorrafia e
privada, e chefia de serviço e de unidade de aplicação de anestesia local, quando necessária.
enfermagem; Art. 12. O Técnico de Enfermagem exerce
b) organização e direção dos serviços de atividade de nível médio, envolvendo orientação e
enfermagem e de suas atividades técnicas e acompanhamento do trabalho de enfermagem em
auxiliares nas empresas prestadoras desses serviços; grau auxiliar, e participação no planejamento da
assistência de enfermagem, cabendo-lhe
c) planejamento, organização, coordenação, especialmente:
execução e avaliação dos serviços da assistência de
enfermagem; a) participar da programação da assistência de
enfermagem;
d) (VETADO);
e) (VETADO); b) executar ações assistenciais de enfermagem,
exceto as privativas do Enfermeiro, observado o
f) (VETADO); disposto no parágrafo único do art. 11 desta lei;
g) (VETADO); c) participar da orientação e supervisão do
h) consultoria, auditoria e emissão de parecer trabalho de enfermagem em grau auxiliar;
sobre matéria de enfermagem;
d) participar da equipe de saúde.
i) consulta de enfermagem;
Art. 13. O Auxiliar de Enfermagem exerce
j) prescrição da assistência de enfermagem; atividades de nível médio, de natureza repetitiva,
l) cuidados diretos de enfermagem a pacientes envolvendo serviços auxiliares de enfermagem sob
graves com risco de vida; supervisão, bem como a participação em nível de
m) cuidados de enfermagem de maior execução simples, em processos de tratamento,
complexidade técnica e que exijam conhecimentos de cabendo-lhe especialmente:
base científica e capacidade de tomar decisões a) observar, reconhecer e descrever sinais e
imediatas; sintomas;
II - como integrante da equipe de saúde: b) executar ações de tratamento simples;
a) participação no planejamento, execução e c) prestar cuidados de higiene e conforto ao
avaliação da programação de saúde; paciente;
b) participação na elaboração, execução e d) participar da equipe de saúde.
avaliação dos planos assistenciais de saúde;
Art. 14. (VETADO).
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Art. 15. As atividades referidas nos arts. 12 e 13
desta lei, quando exercidas em instituições de saúde,
NOÇÕES DE FARMACOLOGIA
públicas e privadas, e em programas de saúde, DEFINIÇÕES:
somente podem ser desempenhadas sob orientação
Medicamento: É toda a substância que, introduzida
e supervisão de Enfermeiro.
no organismo humano, vai preencher uma das
Art. 16. (VETADO). seguintes finalidades:
Art. 17. (VETADO). * Preventiva ou Profilática: quando evita o
Art. 18. (VETADO). aparecimento de doenças ou reduz a gravidade da
Parágrafo único. (VETADO). mesma.
Art. 19. (VETADO). * Diagnóstica: localiza a área afetada.
Art. 20. Os órgãos de pessoal da administração * Terapêutica: quando é usada no tratamento da
pública direta e indireta, federal, estadual, municipal, doença.
do Distrito Federal e dos Territórios observarão, no
* Paliativa: quando diminui os sinais e sintomas da
provimento de cargos e funções e na contratação de
doença mas não promove a cura.
pessoal de enfermagem, de todos os graus, os
preceitos desta lei. Droga: É toda substância originada do reino animal e
Parágrafo único. Os órgãos a que se refere este vegetal que poderá ser transformada em
artigo promoverão as medidas necessárias à medicamento.
harmonização das situações já existentes com as Dose: É uma determinada quantidade de
disposições desta lei, respeitados os direitos medicamento introduzida no organismo para produzir
adquiridos quanto a vencimentos e salários. efeito terapêutico e promover alterações ou
Art. 21. (VETADO). modificações das funções do organismo ou do
metabolismo celular.
Art. 22. (VETADO).
Art. 23. O pessoal que se encontra executando Fórmula farmacêutica: é o conjunto de substâncias
tarefas de enfermagem, em virtude de carência de que compõem a forma pela qual os medicamentos são
recursos humanos de nível médio nessa área, sem apresentados e possui os seguintes componentes:
possuir formação específica regulada em lei, será princípio ativo (agente químico), o corretivo (sabor,
autorizado, pelo Conselho Federal de Enfermagem, a corantes, açúcares) e o veículo (dá volume, em forma
exercer atividades elementares de enfermagem, de talco, pós).
observado o disposto no art. 15 desta lei. Forma farmacêutica: é a maneira física pela qual o
Parágrafo único. É assegurado aos atendentes medicamento se apresenta. Ex: Lasix comprimido,
de enfermagem, admitidos antes da vigência desta Binotal suspensão.
lei, o exercício das atividades elementares da Remédio: Todo meio usado com fim de prevenir ou
enfermagem, observado o disposto em seu artigo de curar as doenças.
15. (Redação dada pela Lei nº 8.967, de 1986)
Prescrição medicamentosa: é o documento ou a
Art. 24. (VETADO).
principal fonte de informações. Nela deve constar o
Parágrafo único. (VETADO). nome do paciente, a data da prescrição, o registro e o
Art. 25. O Poder Executivo regulamentará esta nome do medicamento, a dose, a frequência e horário
lei no prazo de 120 (cento e vinte) dias a contar da da administração e a assinatura e carimbo do
data de sua publicação. profissional. Só poderá ser verbal em situação de
emergência. Princípio
Art. 26. Esta lei entra em vigor na data de sua
publicação. Ativo: É a substância que existe na composição do
Art. 27. Revogam-se (VETADO) as demais medicamento, responsável por seu efeito terapêutico.
disposições em contrário. Também pode ser chamado fármaco.
Brasília, 25 de junho de 1986; 165º da Medicamentos Simples: Aqueles usados a partir de
Independência e 98º da República. um único fármaco. Ex. Xarope de Vitamina C.
Medicamento Composto: São aqueles preparados a
partir de vários fármacos. Ex.: Comprimido de Ácido
Salicílico+ Cafeína.
Medicamento de Uso Externo: São aqueles
aplicáveis na superfície do corpo ou nas mucosas. Ex.:
Cremes, Xampus...
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Medicamentos de Uso Interno: São aqueles que se
É mais barato porque os fabricantes de genéricos, ao
destinam à administração no interior do organismo
produzirem medicamentos após ter terminado o
por via bucal e pelas cavidades naturais (vagina,
período de proteção de patente dos originais, não
nariz, ânus, ouvidos, olhos etc.)
precisam investir em pesquisas e refazer os estudos
Medicamentos de Manipulação: São aqueles clínicos que dão cobertura aos efeitos colaterais, que
preparados na própria farmácia, de acordo com são os custos inerentes à investigação e descoberta
normas e doses estabelecidas por farmacopeia ou de novos medicamentos, visto que estes estudos já
formulários e com uma designação uniforme. foram realizados para a aprovação do medicamento
Adição: Efeito combinado de dois fármacos. pela indústria que primeiramente obtinha a patente.
Assim, podem vender medicamentos genéricos com a
Efeito Adverso ou Indesejado: Ação diferente do
mesma qualidade do original que detinha a patente a
efeito planejado.
um preço mais baixo. Na embalagem dos genéricos
Potencialização: Efeito que ocorre quando um deve estar escrito "Medicamento Genérico" dentro de
fármaco aumenta ou prolonga a ação de outro uma tarja amarela. Como os genéricos não têm
fármaco. marca, o que você lê na embalagem é o princípio ativo
Efeito Colateral: Efeito imprevisível que não está do medicamento.
relacionado à principal ação do fármaco. Medicamento Similar: Cópia do medicamento de
Medicamentos Placebos: São substâncias ou referência. Alguns itens, porém, podem ser diferentes,
preparações inativas, administradas para satisfazer a como dose ou indicação de administração, tamanho e
necessidade psicológica do paciente de tomar forma do produto, prazo de validade, embalagem,
drogas. rotulagem, excipientes e veículo, devendo sempre ser
Medicamentos Homeopáticos: são preparados a identificado por nome comercial ou marca. Um
partir de substâncias naturais provenientes dos reinos medicamento referência vendido somente sob a forma
animal, vegetal e mineral, e não apenas plantas como de comprimido pode possuir um similar na forma
muitos acreditam. líquida. Representados por meio de uma marca
comercial própria, esses medicamentos são uma
Medicamento Fitoterápico: São medicamentos opção ao medicamento de marca.
obtidos a partir de plantas medicinais. Eles são
obtidos empregando-se exclusivamente derivados de Exemplo:
droga vegetal (extrato, tintura, óleo, cera, exsudato, Nome genérico: Paracetamol
suco, e outros).
Nome químico: 4-hidroxiacetanilida, p-
Medicamento de Referência ou de Marca: Os
acetilaminofenol, N-acetil-p-aminofenol
laboratórios farmacêuticos investem anos em
pesquisas para desenvolver medicamentos e, por Nome de fantasia: Tylenol
isso, possuem a exclusividade sobre a
ORIGEM DOS MEDICAMENTOS:
comercialização da fórmula durante um determinado
período, que pode chegar a 20 anos. Estes Segundo a sua origem os medicamentos podem ser:
medicamentos são denominados de ―referência‖ ou * Naturais: extraídos de órgãos, glândulas, plantas ou
―de marca‖. Após a expiração da patente, há a peçonhas de animais. Ex: Insulinas
liberação para produção de medicamentos genéricos
e similares. * Sintéticos: preparados com o auxílio de matéria-
Nome Fantasia ou Comercial: O nome de fantasia é prima natural, são resultados exclusivamente do
aquele registrado e protegido internacionalmente e trabalho de laboratórios. Ex: alguns antibióticos.
que identifica um medicamento como produto de uma * Semissintéticos: resultam de alterações produzidas
determinada indústria. Um mesmo medicamento em substâncias naturais, com a finalidade de
pode ser comercializado sob muitos nomes de modificarem as características das ações por elas
fantasia. A expressão "nome de fantasia" nada tem a exercidas.
ver com as características químicas ou
AÇÃO DOS MEDICAMENTOS:
farmacológicas dos medicamentos. São criados mais
em função de uma identificação comercial dos Os medicamentos agem no organismo vivo sob várias
produtos. maneiras, produzindo efeito ou ação.
Medicamento Genérico: É aquele que contém o Ação Local: Aquele que exerce seu efeito no local da
mesmo fármaco (princípio ativo), na mesma dose e aplicação, sem passar pela corrente sanguínea
forma farmacêutica, é administrado pela mesma via e (pomadas e colírios).
com a mesma indicação terapêutica do medicamento
de referência no país, apresentando a mesma Tipos de ação local:
segurança que o medicamento de referência no país. a) Anti-séptico: Impede o desenvolvimento de
É b)
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
microorganismos. Ex: álcool iodado, clorexedina. medicamentos que atacam a mucosa e/ou que devem
b) Adstringente: Medicamento que contrai o tecido. ser deglutidos com facilidade.
Ex: loção para fechar os poros. d) Cápsulas: O medicamento está revestido por um
c) Irritante: Medicamentos que irritam os tecidos. invólucro de gelatina para eliminar sabor
desagradável, facilitar a deglutição e/ou facilitar a
d) Paliativo: Aplicado no local para alívio da dor. liberação do medicamento na cavidade gástrica.
e) Emoliente: Lubrifica e amolece o tecido. e) Pastilhas: É um preparado sólido, de forma circular
f) Anestésico: Paralisa as terminações nervosas com o princípio ativo unido com açúcar e uma
sensoriais. mucilagem para que a dissolução seja lenta na
Ação Geral ou Sistêmica: A medicação é cavidade oral.
primeiramente absorvida, depois entra na corrente f) Enema, clister, enteroclisma, lavagem ou irrigação:
sanguínea para atuar no local de ação desejado. Para Sua composição varia de acordo com a indicação.
produzir um efeito geral, é necessário que o g) Supositórios: óvulos ou lápis - tem formato cônico
medicamento caia na corrente sanguínea, pois ou oval, destina-se à aplicação retal, pode ter ação
através dela o medicamento atinge o órgão ou tecido local ou sistêmica.
sobre o qual tem ação específica.
h) Pomadas: Formas pastosas ou semi-sólidas
Tipos de ação geral ou sistêmica constituídas de veículos oleosos, o princípio ativo é o
a) Estimulante: aumentam a atividade de um órgão ou pó.
tecido. Ex: Cafeína estimula o SNC. i) Cremes: São exclusivamente para uso tópicos, na
b) Depressor: diminuem as funções de um tecido ou epiderme (com ação epidérmica, endodérmica),
órgão. Ex.: Morfina deprime o SNC. vaginais e retais.
c) Cumulativo: medicamento cuja a eliminação é mais Líquidos:
lenta do que sua absorção, e a concentração do a) Soluções: mistura homogênea de líquidos ou de um
mesmo vai aumentando no organismo. Ex.. Digitalina. líquido e um sólido.
d) Anti-infeccioso: Capaz de destruir os b) Xarope: Solução que contém dois terço de açúcar.
microrganismos responsáveis por uma infecção.
c) Elixir: São preparações líquidas, hidroalcóolicas;
e) Antagônicos: Quando as duas ou mais substâncias açucaradas ou glicerinadas, destinadas ao uso oral,
administradas têm efeito contrário. contendo substâncias aromáticas e medicamentosas.
Ação Remota: Ocorre em partes distantes do d) Emulsão: Preparação feita de dois líquidos, óleo e
organismo. Uma droga pode estimular um órgão que água.
por sua vez estimula outro. (digitalina = coração =
aumenta a circulação = maior atividade diurética). e) Colírios: Soluções aquosas para uso na mucosa
ocular.
Ação Local Geral: Uma droga aplicada poderá
produzir um efeito local, ser absorvida e provocar um Gasosos:
efeito geral. Ex: Epinefrina aplicada na mucosa nasal a) Gás: Oxigênio.
= estanca a hemorragia = absorção da corrente b) Aerossol: Aerolin spray.
circulatória = aumento da pressão arterial.
AÇÕES TERAPÊUTICAS MAIS COMUNS
FORMAS DE APRESENTAÇÃO DOS
MEDICAMENTOS: Curativa ou específica: remove o agente causador
da doença. Ex.: Antibiótico. Paliativa ou Sintomática:
Os medicamentos são apresentados no mercado nos alivia determinados sintomas de uma doença. Ex.:
seguintes estados: sólido, líquido e gasoso. Analgésicos. Substitutiva: repõe substancias que se
Sólido: encontram ausentes. Ex.: Insulina.
a) Comprimidos: possuem consistência sólida e Farmacocinética e Farmacodinâmica
formato variável. São obtidos pela compreensão em Do ponto de vista operacional, esses termos podem
moldes da substância medicamentosa. ser definidos:
b) Pó: Deve ser tomado em colheradas ou é FARMACOCINÉTICA: é o caminho que o
acondicionado em saches. (Fluimucil). medicamento faz no organismo.
c) Drágeas: O princípio ativo está no núcleo da FARMACODINÂMICA: é como a droga age no
drágea, contendo revestimento com goma-laca, organismo. Farmacocinética: É o caminho que o
açúcar e corante. São fabricados em drágeas os medicamento faz no organismo. Não se trata do
medicamentos que não devem ser administrados em estudo do seu mecanismo de ação mais sim as etapas
forma de comprimidos, por apresentarem: sabor que o medicamento sofre desde a administração até a
desagradável, exigem absorção no intestino, excreção, que são: absorção, distribuição,
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
bio-transformação e excreção. Note também que uma secretados nos túbulos renais, não sofrendo
vez que o medicamento entra no organismo, essas reabsorção tubular, pois têm dificuldade em
etapas ocorrem de forma simultânea sendo essa atravessar membranas. Excretam-se, portanto, na
divisão apenas de caráter didático. forma ativa do fármaco. Os sítios de excreção
As fases da farmacocinética são: denominam-se emunctórios e, além do rim, incluem:
pulmões, fezes, secreção biliar, suor, lágrimas, saliva
1- Absorção e leite materno.
Absorção farmacológica: A absorção, é a primeira Farmacodinâmica: É o estudo dos mecanismos
etapa que começa com a escolha da via de relacionados às drogas, que produzem alterações
administração até o momento que a droga entra na bioquímicas ou fisiológicas no organismo. A interação,
corrente sanguínea. Vias de administração como a nível celular, entre um medicamento e certos
intravenosa e intra-arterial não passam por essa componentes celulares – proteínas, enzimas ou
etapa, entram direto na circulação sanguínea. receptores-alvo, representa a ação do fármaco. A
Existem fatores que interferem nessa etapa, dentre resposta decorrente dessa ação é o efeito do
estes temos: o pH do meio, forma farmacêutica e medicamento.
patologias (úlceras por exemplo), dose da droga a ser
administrada, concentração da droga na circulação ¬ Farmacocinética
sistêmica, concentração da droga no local de ação, Absorção/ Distribuição /Organismo ativo /Metabolismo
distribuição da droga. Temos ainda um fator a ser Excreção ─► Droga Passiva
relevado que é a característica química da droga pois
¬ Farmacodinâmica
esta interfere no processo de absorção.
Local de Ação/ Organismo Passivo/ Mecanismo de
Efeito de primeira passagem
Ação Efeito da Droga ─► Droga Ativa
É a metabolização do medicamento pelo fígado e pela
DOSAGEM DOS MEDICAMENTOS
microbiota intestinal, antes que o fármaco chegue à
circulação sistêmica. As vias de administração que Dose é a quantidade de medicamento que deve ser
estão sujeitas a esse efeito são: via oral e via retal (em administrado e posologia é a dose de medicamento,
proporções bem reduzidas). por dia ou período, para obtenção de efeito terapêutico
desejado. As doses dos medicamentos podem ser
2- Distribuição farmacológica
classificadas em:
Nesta etapa a droga é distribuída no organismo
Dose mínima: é a menor quantidade de um
através da circulação. O processamento da droga no
medicamento capaz de produzir efeito terapêutico.
organismo passa em primeiramente nos órgãos de
maior vascularização (como SNC, pulmão, coração) e Dose máxima: é a dose maior capaz de produzir
depois sofre redistribuição aos tecidos de menos efeito terapêutico sem apresentar efeitos indesejáveis.
irrigação (tecido adiposo por exemplo). É nessa etapa Dose de manutenção: dose necessária para manter os
em que a droga chega ao ponto onde vai atuar. Nessa níveis desejáveis de medicamento na corrente
fase poderá ocorrer: baixa concentração de proteínas sanguínea e nos tecidos durante o tratamento.
plasmáticas como desnutrição, hepatite e cirrose, que Dose letal: é a quantidade de um medicamento capaz
destroem hepatócitos, que são células produtoras de de produzir a morte do indivíduo.
proteínas plasmáticas, reduzindo assim o nível destas Fatores que Modificam a Dosagem
no sangue.
1- Idade
3- Bio-transformação
2- Sexo
Fase onde a droga é transformada em um composto
mais hidrossolúvel para a posterior excreção. A Bio - 3- Condições do paciente
transformação ocorre em duas fases: 4- Fatores psicológicos
Fase 1: etapas de oxidação, redução e hidrólise; 5- Temperatura
Fase 2: conjugação com o ácido glicurônico. A fase 1 6- Método de administração
não é um processo obrigatório, variando de droga 7- Fatores genéticos
para droga é diferente da fase 2, obrigatória a todas
as drogas. O fígado é o órgão que prepara a droga 8- Peso corporal
para a excreção. Essa é a fase que prepara a droga VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
para a excreção. Via Oral: Os medicamentos são absorvidos pela
4- Excreção mucosa do trato gastrointestinal.
Pela excreção, os compostos são removidos do Vantagens: - Maior segurança, comodidade e
organismo para o meio externo. Fármacos economia; Estabelecimento de esquemas
hidrossolúveis, são filtrados nos glomérulos ou terapêuticos fáceis de serem cumprido pelos paciente;
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Absorção intestinal favorecida pela grande VIA PARENTERAL
superfícies de vilosidade intestinal. As vias parenterais, não utilizam o tubo digestivo, e
Desvantagens: - Apresentação de efeitos compreendem as acessadas por injeção (intravenosa,
adversos (náuseas, vômitos e diarreias), pela intramuscular, subcutânea, entre outras).
irritação da mucosa; - Variações do grau de Absorção da via parenteral
absorção conforme: A menos que um fármaco seja administrado para
a) ação da enzima digestiva; produzir um efeito local ou seja injetado diretamente
na corrente circulatória, necessita fazer um primeiro
b) plenitude ou não gástrica; movimento de aproximação do sítio de ação, indo do
c) tipo da formulação farmacêutica; local de aplicação até a corrente circulatória. Esse
movimento denomina-se absorção. A absorção
d) pH. - Necessidade da cooperação do paciente. influencia o início e a magnitude do efeito
Fatores como outros medicamentos e a farmacológico e é um dos determinantes de escolha
alimentação, afetam a forma de absorção dos de vias de administração e doses. A absorção
medicamentos depois de sua ingestão oral. depende também do fluxo sanguíneo no sítio
Assim, há alguns medicamentos que devem ser absortivo, extensão e espessura da superfície de
tomados com o estômago vazio, e há outros que absorção e vias de administração escolhidas. Vias
devem ser ingeridos com o alimento ou parenterais mais utilizadas: intramuscular,
endovenosa, subcutânea e intradérmica. Vias
simplesmente não podem ser tomados por via
parenterais de competência médica: intratecal
oral, pois serão inativados por enzimas (intraraquidiana); intraperitoneal, intraóssea, epidural,
digestivas. A absorção começa na boca e no intra-cardíaca e endotraqueal.
estômago, mas ocorre principalmente no
Via Intramuscular
intestino delgado.
Os medicamentos são absorvidos pelo endotélio dos
Via Sublingual capilares vasculares e linfáticos.
Os medicamentos são absorvidos pela Vantagens: - Absorção rápida; - Administração em
mucosa oral. pacientes mesmo inconscientes; - Adequada para
Vantagens: - Absorção rápida de volumes moderados, veículos aquosos, não aquosos
substâncias hidrossolúveis; - Redução de bio- e suspensões.
transformação do princípio ativo do fígado, por Desvantagens: - Dor; - Aparecimento de lesões
atingir diretamente a circulação sistêmica. musculares pela aplicação de substâncias irritantes ou
substâncias de pH distante da neutralidade; -
Desvantagens: - Imprópria para Aparecimento de processos inflamatórios pela injeção
substâncias irritantes ou de sabores de substâncias irritantes ou mal absorvidas.
desagradáveis. O medicamento ingressa
Via Endovenosa
diretamente na circulação geral, sem passar
através da parede intestinal e pelo fígado. Vantagens: - Obtenção rápida dos efeitos; -
Administração de grandes volumes em infusões
Retal lentas; - Aplicação de substâncias irritantes, diluídas;
Os medicamentos são absorvidos pela - Possibilidade de controle de doses, para prevenção
mucosa retal. de efeitos tóxicos.
Vantagens: - Administração de Desvantagens: - Superdosagem relativa em injeções
medicamentos a pacientes inconscientes ou com rápidas; - Riscos de embolia, irritação do endotélio
vascular, infecções por contaminações bacterianas ou
náuseas e vômitos, particularmente em lactantes;
viróticas e reações anafiláticas; - Impróprio para
-Redução da bio-transformação do princípio ativo solventes oleosos e substâncias insolúveis.
pelo fígado, por atingir diretamente a circulação
Via Subcutânea
sistêmica.
Os medicamentos são absorvidos pelo endotélio dos
Desvantagens: - Absorção irregular e capilares vasculares e linfáticos.
incompleta; - Irritação da mucosa retal. Muitos
medicamentos que são administrados por via oral Vantagens: - Absorção boa e constante para soluções;
- Absorção lenta para suspenções.
podem ser administrados por via retal, em forma
de supositório. Em razão do revestimento Desvantagens: - Facilidade de sensibilização dos
delgado e da abundante irrigação sanguínea do pacientes; - Dor e necrose por substâncias irritantes.
reto, o medicamento é rapidamente absorvido.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
com nome do paciente, data e hora;
ADMISSÃO, ALTA, ÓBITO
1. Admissão • Condições de chegada (deambulando, em
maca, em cadeira de rodas, etc.);
É a entrada e permanência do paciente no
hospital, por determinado período. Tem por • Presença de acompanhante ou responsável;
objetivos facilitar a adaptação do paciente ao • Condições de higiene;
ambiente hospitalar, proporcionar conforto e
segurança. • Anotar queixas do paciente relacionadas ao
motivo da internação no momento da admissão;
Na unidade de internação o paciente é recebido
por um profissional da unidade e encaminhado ao • Anotar no Relatório Geral a admissão e o censo
quarto ou enfermaria. Deve ser recebido com diário;
gentileza e cordialidade para aliviar suas
Exemplo de Admissão:
apreensões e ansiedades. Geralmente, o
25/07/14 às 11:00 hs- Paciente M.J.S., admitido no
paciente está preocupado com a sua saúde.
setor, deambulando, acompanhado da mãe, para
A primeira impressão recebida é fundamental ao tratamento clínico de amigdalite, apresentando os
paciente e seus familiares, inspirando-lhes seguintes sintomas: "dor na garanta", dificuldade de
confiança no hospital e na equipe que o atenderá. deglutição, hipertemia, cefaléia, calafrios e "dor na
Se recebido atenciosamente, proporcionará nuca". SSVV: PA=110x80mmHg; FC=74bpm;
sensação de segurança e bem estar, e deste FR=15ipm; SpO2=97% e Tax=38ºC. Relata
primeiro contato depende em grande parte a apresentar sono agitado, alimentar-se pouco, não
colaboração do paciente ao tratamento. fazer uso de medicações e não apresentar reações
alérgicas, não ser tabagista, nem estilista,
Procedimentos:
apresentar evacuação e diurese diários. Há mais ou
• Receber o paciente cordialmente, verificando se menos seis anos apresentou infecção urinária,
as fichas estão completas; sendo realizado apenas tratamento clínico.
• Acompanhar o paciente ao leito, auxiliando-o a Apresenta ressecamento da pele, dos MMSS e
deitar e dando-lhe todo o conforto possível; MMII, solução de continuidade nos lábios, presença
de placas na garganta acompanhadas de dor,
• Apresentá-lo aos demais pacientes do seu dificuldade de verbalizar e tumefação dos gânglios.
quarto; Foi instalado soroterapia no dorso da mão do
membro superior esquerdo, encontrando-se em
• Orientar o paciente em relação à: localização
repouso no leito. Assinatura do profissional com o
das instalações sanitárias; horários das
número do COREN.
refeições; modo de usar a campainha; nome do
médico e da enfermeira chefe; 2. Alta
• Explicar o regulamento do hospital quanto à: Alta Hospitalar é o encerramento da assistência
fumo; horário de repouso; horário de visita; prestada ao paciente no hospital. O paciente recebe
alta quando seu estado de saúde permitir ou
• Os pertences do paciente devem ser entregues quando está em condições de recuperar-se e
à família no ato da admissão, se não for possível, continuar o tratamento em casa. A alta do paciente
colocá-los em um saco e grampear, identificando deve ser assinada pelo médico.
com um impresso próprio e encaminhar para a
sala de pertences; Procedimentos:
• Certificar-se da alta no prontuário do paciente, que
• Preparar o paciente em relação aos exames a deve estar assinada pelo médico;
que será submetido, a fim de obter sua
• Tipo de alta: médica ou a pedido;
cooperação;
• Verificar no prontuário as medicações ou outros
• Fornecer roupa do hospital, se a rotina da
tratamentos a serem feitos antes da saída do
enfermeira não permitir o uso da própria roupa; paciente;
• Fazer o prontuário do paciente; • Informar ao paciente sobre a alta, hora e de como
• Verificar temperatura, pressão arterial, pulso e será transportado;
respiração, proceder ao exame físico; • Entregar ao paciente a receita médica e orientá-lo
• Anotar no relatório de enfermagem a admissão devidamente;
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
• Auxiliar o paciente a vestir-se;
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO EXAME
• Reunir as roupas e objetos pessoais e colocá-los FÍSICO
na mala ou sacola;
O exame físico de enfermagem é um conjunto de
• Devolver objetos e medicamentos ao paciente,
técnicas e manobras que os profissionais
que foram guardados no hospital;
de enfermagem desenvolvem com o intuito de
• Providenciar cadeira de rodas ou maca para diagnosticar nos pacientes problemas associados
transportar o paciente até o veículo; a alguma patologia e com isso elaborar o
• Anotar no prontuário as condições clínicas do planejamento da assistência de enfermagem.
paciente no momento da alta, precedida da data e O exame físico pode ser realizado também por
do horário; outros profissionais da área da saúde, também
• Transportar o paciente; com o objetivo de evidenciar sinais e sintomas
• Preparar a unidade para receber outro paciente. que possam levar a um diagnóstico.
É importante ressaltarmos que muitos
Exemplo de Alta Hospitalar:
profissionais confundem o exame físico de
28/07/14 às 10h30min – Paciente M.J.S. recebeu
enfermagem com exame clínico, que é a junção
alta hospitalar após reavaliação médica e melhora
clínica, deixou o setor às 11h00minh, consciente, de exame físico e anamnese, com
orientado, deambulando, acompanhado da mãe. a verificação das informações clínicas do
No momento da alta: Tax=36ºC; FR=15 ipm; SpO2 paciente, com auxílio da entrevista ou ainda pela
98%; PA=110x70 mmHg e FC=80 bpm. Sendo avaliação direta por meio de técnicas específicas.
fornecidas orientações quanto a troca diária do O exame físico de enfermagem é realizado após
curativo oclusivo, localizado na região dorsal do pé a anamnese, que é aquela entrevista básica com
MIE, mantendo sempre limpo e seco, evitar o paciente e utilizamos equipamentos como:
atividades físicas e exercícios excessivos, fazer - estetoscópio;
uso correto das medicações prescritas, sendo - esfigmomanômetro;
prescrito inclusive os horários das doses e retornar - termômetro.
ao médico em sete dias para nova avaliação. O objetivo do exame físico de enfermagem é
Assinatura do profissional com o número do avaliar um órgão ou sistema na busca de
COREN. alterações anatômicas ou funcionais resultantes
da patologia que o paciente apresenta. Em
Óbito
contrapartida, pode ser utilizado também para
Procedimentos: comprovar o bom funcionamento dos órgãos e
• Cuidados e procedimentos realizados sistemas.
anteriormente – atendimento de urgências e O exame físico de enfermagem divide em quatro
emergência (PCR) etapas:
• Horário - inspeção;
• Médico que constatou - ausculta;
• Horário que foi desligado aparelhos e gases - palpação;
• Curativos realizados - percussão.
• Materiais utilizados no preparo do corpo Preparação do exame físico
• Encaminhamento ao necrotério e horário
O ambiente onde será realizado o exame físico
Exemplo de registro de óbito: precisa ter uma iluminação adequada (natural ou
01/08/14 às 17h00min - Paciente M.J.S. branca) de intensidade moderada, uma
apresentou piora no seu estado geral, PA temperatura agradável, silêncio e proporcionar
inaudível, pulso periférico não palpável, privacidade ao paciente.
movimentos respiratórios ausentes. Comunicado
médico plantonista responsável, iniciado Os equipamentos devem estar bem organizados
manobras de RCP conforme protocolo de PCR, e prontamente disponíveis para o uso e é
durante 45 minutos, sem sucesso. Constatado importante informar ao paciente sobre o passo a
óbito as 17h45min pelo médico plantonista. passo do procedimento que será feito. Outros
Realizado preparo do corpo pela equipe de cuidados incluem que:
enfermagem e encaminhado ao necrotério. • O enfermeiro sempre lave as mãos antes
Assinatura do profissional com número do e depois do procedimento;
COREN.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
• o uso de luvas é obrigatório em pacientes Confira agora cada técnica em sua ordem
com lesões cutâneas e no momento de cronológica do exame:
examinar a cavidade bucal; Inspeção (visão e olfato)
• é indispensável o uso do jaleco e sapatos A inspeção é o primeiro procedimento executado
fechados; no exame físico. Essa técnica avalia cores,
• todos os profissionais da saúde que tem formas, simetria e cavidades corpóreas através
contato direto com pacientes devem estar de uma observação detalhada da superfície do
devidamente vacinados para prevenir a corpo do paciente.
hepatite B, tétano e influenza A (H1N1). Durante essa observação, o profissional também
Posicionamento do paciente fica atento aos odores, reconhecendo sua
natureza e fonte. São inspecionados estado geral,
O posicionamento do paciente no momento do
consciência, estado nutricional, postura e
exame físico deve ser apropriado para que as
movimentação, coloração da pele, mucosas e
partes estejam acessíveis para serem
hidratação e higiene corpórea.
examinadas e também oferecer conforto ao
paciente. A posição adequada vai depender de Na inspeção, o paciente deve ficar exposto o
que parte do corpo será avaliada. menor tempo possível e só deixar a mostra a
parte do corpo que será examinada naquele
• Sentada: com o paciente nesta posição,
momento. Gentileza e delicadeza são primordiais
pode ser avaliado cabeça, pescoço,
no exame, principalmente se o paciente sente
coluna, tórax, pulmões (anteriores e
dores ou sintomas desagradáveis.
posteriores), mamas, axilas, coração,
sinais vitais e extremidades superiores. Ausculta (audição)
• Decúbito Dorsal: pode ser avaliado A técnica de ausculta serve para ouvir sons e
cabeça, pescoço, tórax, pulmões detectar variações do que é considerado normal.
anteriores, mamas, axilas, coração, Isso porque os sons gerados têm timbre,
abdômen, extremidades e pulso. intensidade e tonalidade específicos. As
vibrações que são transmitidas para a superfície
• Litotômica: é avaliado a genitália feminina
podem ser captadas de maneira direta ou indireta.
e o trato genital.
A forma direta de captação é quando o enfermeiro
• Sims: é avaliado reto e vagina.
uso o ouvido externo para captar os sons
• Decúbito Ventral: é avaliado o sistema diretamente no local a ser auscultado. Já a forma
musculoesquelético. indireta é quando os sons são captados por
• Genupeitoral: é avaliado região genital e instrumentos, como o estetoscópio.
retal. Para realizar a ausculta de forma correta é
• Decúbito Lateral: é avaliado o coração. preciso de um ambiente silencioso, colocar o
paciente na posição correta, dar as instruções
Técnicas do exame físico corretas ao paciente (alterações da respiração) e
As técnicas usadas no exame físico vão exigir do seguir o padrão correto.
profissional o uso de quatro dos seus cinco Palpação (tato)
sentidos: visão, tato, audição e olfato. Essas
técnicas são divididas em inspeção (visão e Na palpação, o enfermeiro utiliza as mãos para
olfato), ausculta (audição), palpação (tato) e identificar o que não é visível na inspeção. É com
percussão (tato e audição). essa técnica que ele consegue identificar massas
ou nódulos ao aplicar pressão em determinadas
É importante que durante essas técnicas (menos partes do corpo do paciente.
na ausculta), você informe ao paciente sobre o
que você está fazendo e com qual objetivo. Tudo Essa pressão pode ser feita de maneira
isso para tranquilizar a pessoa que está sendo superficial ou profunda e além de massas e
examinada e deixá-la o mais confortável nódulos, é possível identificar a temperatura,
possível. umidade, textura, formas, posições de estruturas
e os locais sensíveis a dor.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
A palpação pode ser realizada em várias formas, nas três fases de um exame;
desde utilizando uma única mão até ambas as Audiometria
mãos formando garras ou permitindo o aumento A audiometria serve para avaliar a capacidade
da área examinada. Para isso, é preciso manter auditiva do trabalhador. Essencial para
as mãos sempre aquecidas e unhas cortadas. profissionais que trabalham em ambientes com
Percussão (tato e audição) grandes níveis de ruídos. Neste exame, o
paciente fica em uma cabine de som e recebe
A percussão pode ser feita de forma direta ou sinais sonoros com diferentes níveis de decibéis,
digito-digital. A direta é feita a partir de golpes os quais tem que identificar. Simples e indolor,
com as pontas dos dedos na região alvo, fazendo mas necessário.
movimento de martelo e sempre retirando
rapidamente as pontas dos dedos para que a Eletrocardiograma – ECGO eletrocardiograma
vibração ocorra. monitora a atividade do coração, em repouso,
através de eletrodos colocados na superfície do
Já a percussão digito-digital é feita a partir de corpo do paciente. Ele é essencial para avaliar o
golpes com o leito ungueal do dedo médio funcionamento do órgão, seus músculos e nervos
(plexor) que são dados no dorso do dedo médio envolvidos. Sua realização pode detectar
da outra mão (plexímetro – único a tocar no disfunções como arritmias, taquicardias ou
paciente). Os movimentos são feitos sempre com bradicardias.
o pulso e não com o braço.
Acuidade Visual
A audição é usada nesta técnica pois as Assim como a audiometria, este exame mede a
vibrações que ocorrem a partir dos golpes dos capacidade sensorial dos pacientes através do
dedos geram sons e pelo timbre desses sons é envio de sinais interpretáveis pelo órgão em
possível fazer a avaliação do paciente para saber questão. No caso, os olhos. Muito utilizado para a
se há presença de ar, líquidos ou fibrose de habilitação veicular, o procedimento é
alguns músculos, por exemplo. indispensável também para a admissão em
Principais equipamentos necessários para o funções que exijam uma excelente capacidade
exame físico visiva.
Além do estetoscópio, como citamos Laboratoriais
anteriormente, outros principais equipamentos Exames laboratoriais avaliam o corpo mais
que são necessários para auxiliar no exame físico profundamente, através da coleta de amostras de
são o diapasão, termômetro, esfigmomanômetro, tecidos e excreções, como o sangue e a urina.
martelo de reflexos, lanternas e abaixador de Apurados para a detecção de doenças e toxinas,
línguas. como também para avaliação do quadro geral de
saúde.
Exames por imagem
Ressonâncias, tomografias, ultrassonografias,
ENFERMAGEM NOS EXAMES radiografias e mamografias são os principais
COMPLEMENTARES exames por imagem. Eles servem para que o
O papel da enfermagem em exames laboratoriais médico possa enxergar o interior do corpo de
é uma das tendências da profissão. Isso porque maneira indolor e não cirúrgica e, assim, detectar
está relacionado a questões como: possíveis anormalidades nos órgãos e tecidos.
Espirometria
• identificação correta do paciente;
Também conhecido como “exame do sopro”, este
• verificação dos exames solicitados; procedimento quantifica a capacidade pulmonar
• acompanhamento e supervisão dos dos pacientes, oferecendo dados comparáveis
técnicos de enfermagem na coleta de sobre a potência e volume das inspirações e
amostra biológica; expirações do paciente. Pessoas com disfunções
• coleta de sangue (e outras fluidos, quando respiratórias como asma, bronquite ou enfisema
necessário); devem fazer regularmente este exame.
• avaliação periódica;
• estabelecimento de padrões de segurança
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Eletroencefalograma – EEG Nesse sentido, é dever da equipe de enfermagem
estabelecer uma programação para a coleta de
O eletroencefalograma monitora o
sangue, secreções e demais amostras. Isso vai
funcionamento e as atividades do cérebro,
evitar desconfortos ou incômodos ao paciente
detectando os pontos de maior ou menor
durante o dia e repetições do exame devido a
ativação, bem como potenciais riscos. Assim
coletas inadequadas, entre outros problemas.
como o eletrocardiograma, é feito através de
eletrodos. Simples, não invasivo e eficiente. Mais um ponto fundamental é conferir se os
exames foram realizados conforme a solicitação
Para que todo o processo seja realizado
médica. Assim, é possível evitar problemas de
com segurança ao paciente e eficiência
interpretação posteriores, reclamações dos
comprovada, é preciso atentar a todos os fatores
pacientes e do profissional solicitante ou
que podem interferir nas etapas dos exames
situações que possam diminuir a percepção da
laboratoriais. Nesse sentido, o enfermeiro é um
qualidade do serviço.
profissional crucial para supervisionar e detectar
pontos passíveis de erros. Fase pós-analítica
Fase pré-analítica Esta é a finalização do processo — que começou
desde a avaliação prévia do paciente para a
Trata-se do processo relacionado:
realização do procedimento e a conferência dos
• à identificação correta do paciente e dos itens para executar essa ação, chegando até a
exames que serão realizados; emissão de um laudo clínico.
• à confirmação da amostra que deveria ter
Nesse caso, após a análise das amostras, serão
sido coletada;
elaborados laudos mediante os achados obtidos
• à verificação de sua condição de
pelos equipamentos. Infelizmente, em algumas
viabilidade, entre outras questões.
situações é possível que o exame seja
Também é importante investigar o preparo do inconclusivo por falta de amostra. Isso porque ela
paciente conforme as instruções prévias (se o pode ser processada algumas vezes nas
exame assim exigir), tais como: jejum de mais de máquinas, o que demanda novas coletas.
oito horas, descarte da primeira urina do dia,
Ao final da análise laboratorial, o profissional
suspensão do uso de medicamentos nas 24
emitirá um laudo contendo todas as informações
horas anteriores etc.
relacionadas à identificação do paciente, ao tipo
Após o check-list que varia conforme o tipo de de exame que a amostra foi submetida, ao
exame a ser realizado, é importante esclarecer equipamento usado para essa questão e à
ao paciente tudo sobre o que vai acontecer a conclusão do documento.
partir desse momento. Isso vale tanto para algo
Vale lembrar que esse documento deve ser
simples, como uma coleta de swab oral, quanto
datado, assinado e carimbado pelo profissional
para procedimentos mais complexos — como
responsável, podendo ser aceita a versão
uma punção venosa.
eletrônica. Também há a possibilidade de
Outras informações relevantes são os fatores disponibilizá-lo online ou encaminhado ao
que podem comprometer o resultado, como: profissional solicitante.
• ausência do jejum solicitado;
• tabagismo;
• atividade física;
• uso de medicamentos;
• horário da coleta.

Fase analítica
Corresponde à etapa de realização do exame
propriamente dito, que inclui o preparo dos
reagentes e materiais a serem utilizados, a ordem
cronológica da retirada de fluidos corporais e o
acondicionamento intermediário até o
encaminhamento ao laboratório para análise.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
• Lubrificar os lábios com vaselina;
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AOS
PACIENTES GRAVES E AGONIZANTES E • Realizar massagem com hidratante para ativar
PREPARO DO CORPO PÓS-MORTE circulação;
• Aplicar solução de escara em proeminências
ósseas e outras regiões do corpo do paciente;
Cuidados de enfermagem a paciente
• Realizar mudança de decúbito de 2 em 2 horas,
agonizante
para evitar formação de escara;
• Manter o paciente limpo e confortável na • Colocar bolsa de conforto nas regiões de
unidade; compressão;
• Manter proteção de grade na cama, se o • Apoiar os pés com travesseiros, para evitar
paciente apresenta-se agitado; hiperextensão;
• Manter o ambiente calmo, semipenumbra e boa • Quando apresentar diurese no leito ou
areação; evacuação, trocá-lo imediatamente;
• Retirar próteses dentárias; • Administrar medicação conforme prescrição
• Controlar sinais vitais; médica;
• Administrar e controlar oxigênio, se necessário; • Realizar relatório de enfermagem.
• Se o paciente estiver com soluções O coma é um estado de inconsciência no qual o
endovenosas, controlar rigorosamente o paciente não percebe a si mesmo e nem ao seu
gotejamento e observar o local da punção; ambiente. O mutismo acinético é um estado em
que não há resposta ao meio, não há
• Realizar controle de eliminações urinárias e movimentos, mas os olhos permanecem abertos
intestinais; algumas vezes. No estado vegetativo, o paciente
• Realizar higiene oral e corporal; está acordado, mas sem função mental eficaz.
• Lubrificar os lábios com vaselina;
Objetivos:
• Realizar massagem com hidratante para ativar • Manutenção das vias aéreas permeáveis;
circulação;
• Aplicar solução de escara em proeminências • Avaliação neurológica;
ósseas e outras regiões do corpo do paciente; • Obtenção de um equilíbrio hidroeletrolítico;
• Realizar mudança de decúbito de 2 em 2 horas • Obtenção de membranas mucosas orais
para evitar formação de escara; intactas;
• Administrar medicação conforme prescrição • Manter integridade cutânea;
médica;
• Manter integridade dos olhos.
• Realizar relatório de enfermagem;
• Manter curativos limpos - se houver; Manutenção das vias aéreas
•Realizar compressas úmidas com água Uma ventilação adequada assegurará a
destilada em pálpebras, para evitar circulação para o cérebro.
queratinização de córnea.
• O paciente deverá ser colocado de lado para
Cuidados de enfermagem a paciente evitar broncoaspiração;
inconsciente • Aspiração da secreção orofaríngea e
• Administrar líquidos por sonda nasogástrica, traqueobrônquica, sempre que necessário;
após dieta e nos intervalos;
• Em caso de insuficiência respiratória administrar
• Se o paciente estiver com soluções oxigênio umidificado;
endovenosas, controlar rigorosamente o
• Controle rigoroso de sinais vitais;
gotejamento e observar o local da punção;
• Manter cabeceira no ângulo de 30º.
• Realizar controle hidroeletrolítico;
Nível de consciência
• Realizar higiene oral rigorosamente para evitar
• Verificar o nível de consciência (se está
a formação de crostas e inflamação;
consciente, inconsciente, confuso, desorientado);
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
• Verificar se há abertura ocular espontânea, a prontuário.
um comando de voz ou estímulo doloroso; • Dar banho no leito se necessário
• Avaliar pupilas quanto ao tamanho, igualdade e • Retirar sondas e drenos
reatividade;
• Observar movimentos dos olhos; • Fazer curativos se necessário
• Manter os olhos umedecidos com soro • Fazer tamponamento dos orifícios com algodão
fisiológico ou água boricada para evitar lesão de ou gaze
córnea; • Prender braços e pernas com atadura
• Observar reflexos de deglutição, pois quando • Colocar o cadáver identificado no saco para
ineficaz ou ausente, apresenta sialorréia; óbito
• Realizar estímulo doloroso (pressão suave, mas No prontuário as anotações de enfermagem
firme), na região esternal ou no mamilo, quando devem conter:
o paciente não estiver obedecendo aos • O horário que o médico constatou o óbito; o
comandos; nome do médico que constatou o óbito;
• Verificar se apresenta decorticação ou
descerebração. • O horário que avisou o Registro Geral do
Hospital;
Quanto aos cuidados pós-morte • O tipo de óbito (mal definido, bem definido, caso
Segundo a Classificação das Intervenções de de polícia, etc.);
Enfermagem – NIC, (2016) são cuidados de • A retirada de cateteres, drenos, equipamentos
Enfermagem realizados no corpo pós-morte: a para suporte;
identificação do corpo, a limpeza e preservação • O preparo do corpo realizado (limpeza,
da aparência natural do corpo, retirada de tamponamento, colocação de
sondas, cateteres, cânulas e equipamentos próteses, curativo, vestimenta, identificação do
conectados ao corpo, alinhamento dos membros corpo);
superiores e inferiores, colocação de próteses
dentárias (se houver), fechamento dos olhos, • Os pertences encaminhados juntamente com o
tamponamento dos orifícios naturais ou orifícios corpo;
realizados em decorrência da assistência • O horário do encaminhamento do corpo ao
multiprofissional para evitar a saída de gazes, necrotério, Instituto Médico Legal (IML), Serviço
odores e secreções, elevar a cabeceira da cama de Verificação de Óbitos (SVO);
para evitar acúmulo de líquido na cabeça, avisar • O encaminhamento do prontuário do paciente ao
os departamentos e funcionários (conforme a Registro Geral do Hospital.
política da instituição de saúde), etiquetar os Cuidados gerais com drenos, sondas,
pertences do paciente e colocá-los em local ostomias e acesso central
adequado, avisar o serviço religioso conforme
O paciente internado em UTI lida com muitos
solicitação da família, facilitar e oferecer apoio à
procedimentos invasivos, durante a internação
visão do corpo pela família, oferecer privacidade
permanece com: sondas, drenos, cateteres,
e apoio aos familiares, responder às perguntas
traqueostomia, tubos de ventilação mecânica,
sobre doação de órgãos e transferência do corpo
etc., e a equipe precisa saber cuidar desses
para o necrotério.
materiais para que o paciente se restabeleça sem
Esses cuidados devem ser realizados sequelas.
conforme protocolo ou rotina estabelecida pela
instituição de saúde e em consonância com os Drenos
princípios éticos e legais que norteiam os Existem muitos tipos de drenos como o de
profissionais de Enfermagem. penrose, de kher utilizado em cirurgias da via
A equipe de Enfermagem deve permitir que os biliar, dreno fechados de pressão negativa que é
familiares tenham um tempo com o cadáver, deve uma bolsa sanfonada que cria um vácuo e aspira
entregar à família os objetos pessoais, pedir para continuamente à secreção, dreno de tórax
assinar o livro de protocolo além de identificar o utilizado na cavidade torácica, para retirar pus, ar,
cadáver com os dados pessoais, preparar o sangue, etc.
corpo e enviar ao necrotério e fazer anotações no
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Os drenos devem ser cuidadosamente Os ostomizados utilizam um dispositivo,
manipulados para que não seja alterado o fluxo geralmente uma bolsa, que permite recolher o
das secreções e também para que não desloque conteúdo a ser eliminado através do ostoma.
ou retire o dreno acidentalmente causando Existem três tipos principais de ostomias:
desconforto e dor ao paciente. • Colostomia: é um tipo de ostomia intestinal que
faz a comunicação do cólon com o exterior,
As anotações do prontuário devem conter: também através do ostoma, no qual é acoplado a
• A localização e tipo de dreno (Kher, Penrose, bolsa coletora no abdômen para a coleta das
tórax, etc.); fezes.
• O débito (volume, cor, aspecto, etc.); • Ileostomia: é um tipo de ostomia intestinal que
faz a combinação do íleo, a parte final e mais
• A troca de coletor, especificando o horário; larga do intestino delgado, com o exterior. As
• O aspecto de inserção (hiperemia, lesão, Ileostomias localizam-se sempre no lado inferior
ressecamento, presença de exsudato, condições direito do abdômen. Através do ostoma é
gerais de pele); colocada a bolsa coletora para eliminar as fezes
• O curativo de inserção (se houver): oclusivo, mais líquidas.
aberto, limpo, seco e compressivo; • Urostomia (também denominada como
• O tipo de fixação do dreno; “Desvio Urinário”): é a intervenção cirúrgica que
consiste em desviar o curso normal da urina. As
• As queixas referidas pelo paciente com relação
semelhanças das ostomias podem ser
ao dreno (dor, prurido, etc.).
permanentes ou temporárias.
Sondas A equipe de enfermagem ao prestar cuidados
aos ostomizados deve observar:
As sondas utilizadas no paciente podem ser
vesical, nasogástrica, orogástrica, retal, • A localização e o tipo de dispositivo utilizado;
gastrostomia, etc. • O débito (características, volume, frequência,
odor, cor);
Os cuidados de enfermagem vão depender do
tipo de sonda e é importante inicialmente, • As características da ostomia como retração,
observar a localização e tipo de sonda prolapso, edema, sangramento, etc.;
(nasogástrica, nasoenteral, vesical, retal) e • A higienização da ostomia (horário,
assim: intercorrências, etc.);
• Anotar o débito (volume, cor, aspecto, etc.). A • As características da pele ao redor da ostomia
secreção gástrica é clara e viscosa. O aspecto (ressecada, lesada, hiperemiada, edemaciada,
marrom ou esverdeado sugere estase gástrica e presença de exsudato, etc.);
fluxo de bile;
• O horário da troca do dispositivo coletor (bolsa,
• Sempre que necessário trocar de coletor, etc.);
especificando o horário; • As orientações ao paciente relacionadas aos
• Observar o aspecto de inserção se há presença cuidados com a ostomia.
de hiperemia, lesão, ressecamento, quais as • Em relação às eliminações deve anotar a
condições gerais de pele. frequência, a quantidade ou volume, o aspecto ou
• Fazer curativo com técnica asséptica características, a consistência (fezes), a cor e o
• Observar e anotar as queixas referidas pelo odor.
paciente com relação à sonda (dor, prurido, etc.).
Acesso central
O grande tempo de internação, a terapia
Ostomias intravenosa de longa duração, medicamentos
A ostomia é uma intervenção cirúrgica que vesicantes, nutrição parenteral, ausência de
permite criar uma comunicação entre o órgão acesso periférico de boa qualidade são alguns
interno e o exterior, com a finalidade de eliminar dos motivos pelo qual o paciente crítico precisa
os dejetos do organismo. A nova abertura que se ter um acesso central feito pelo médico da equipe.
cria com o exterior, chama-se ostoma.
O cuidado deve ser rigoroso principalmente no
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
O cuidado deve ser rigoroso principalmente no EMERGÊNCIA
controle da infecção nestes acessos que na A Associação Americana de Enfermagem (ANA)
maioria das vezes tem muitas entradas. Então o estabeleceu os "Padrões da Prática de
curativo deve ser feito sempre que necessário Enfermagem em Emergência" em 1983, tendo
utilizando técnicas assépticas, usar sempre luvas como referência padrões definidos classificando
ao manusear o cateter, observar presença de os enfermeiros de emergência em três níveis de
sinais flogísticos (exsudato, hiperemia, rubor, competência. O primeiro nível requer
calor), observarem indicativos de infecção da competência mínima para o enfermeiro prestar
corrente sanguínea como: tremores, sudorese, atendimento ao paciente traumatizado; no
confusão mental, etc., complicações locais segundo nível este profissional necessita
(hiperemia, flebite, infiltração, edema, queixas formação específica em enfermagem de
álgicas, etc.). emergência e no último nível o enfermeiro deve
Além disso, após os cuidados anotar no ser especialista em área bem delimitada e atuar
prontuário a localização (subclávia, pedioso, etc.) no âmbito pré e intra-hospitalar.
e o tipo do procedimento (intracath, flebotomia, A equipe de enfermagem do setor de emergência
port-a-cath, etc.), tipo de cateter (duplo, triplo do Hospital é composta por:
lúmen, etc.), o tempo de permanência, os
produtos utilizados no curativo realizado em Enfermeiros clínico-cirúrgicos emergencistas;
inserção de cateter. Enfermeiros de protocolo (acolhimento – pré-
atendimento);
TRATAMENTO E ASSITÊNCIA DE Enfermeiros coordenadores;
ENFERMAGEM EM: Clínica médica, Técnicos de enfermagem e Auxiliares de
emergências, clínica médico-cirúrgica, Enfermagem.
pediatria, psiquiatria, ginecologia e Em relação às atividades assistenciais exercidas
obstetrícia, neonatologia. pelo enfermeiro, salientamos abaixo as principais:
- elabora, implementa e supervisiona,
CLÍNICA MÉDICA em conjunto com a equipe médica e
multidisciplinar, o Protocolo de Atenção em
O que é a Clínica Médica? Emergências (PAE) nas bases do acolhimento,
É um setor hospitalar onde acontece o pré-atendimento, regulação dos fluxos e
atendimento integral do indivíduo com idade humanização do cuidado;
superior a 12 anos que se encontra em estado - presta o cuidado ao paciente juntamente com o
crítico ou semicrítico, que não são provenientes médico;
de tratamento cirúrgico e ainda àqueles que
estão hemodinamicamente estáveis, neste setor - prepara e ministra medicamentos;
é prestada assistência integral de enfermagem - viabiliza a execução de exames
aos pacientes de média complexidade. complementares necessários à diagnose;
- instala sondas nasogástricas, nasoenterais e
O papel da Enfermagem em Clínica Médica vesicais em pacientes;
É propiciar a recuperação dos pacientes para que - realiza troca de traqueotomia e punção venosa
alcancem o melhor estado de saúde física, com cateter;
mental e emocional possível, e de conservar o
sentimento de bem-estar espiritual e social dos - efetua curativos de maior complexidade;
mesmos, sempre envolvendo e capacitando-os - preparam instrumentos para intubação,
para o auto cuidado juntamente com os seus aspiração, monitoramento cardíaco e
familiares, prevenindo doenças e danos, visando desfibrilação, auxiliando a equipe médica na
a recuperação dentro do menor tempo possível execução dos procedimentos diversos;
ou proporcionar apoio e conforto aos pacientes - realiza o controle dos sinais vitais;
em processo de morrer e aos seus familiares,
- executa a consulta de enfermagem, diagnóstico,
respeitando as suas crenças e valores. Realizar
plano de cuidados, terapêutica em enfermagem e
também todos os cuidados pertinentes aos
evolução dos pacientes registrando no prontuário;
profissionais de enfermagem.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
- administra, coordena, qualifica e supervisionam atendido em até 2 horas; pouco urgente)
todo o cuidado ao paciente, o serviço de • Azul (pode aguardar até 3 horas; não
enfermagem em emergência e a equipe de urgente).
enfermagem sob sua gerência. Já a classificação do Protocolo de Manchester,
Dentre as atividades administrativas efetuadas é dividida em:
pelo enfermeiro, destacam-se: • Vermelho (atendimento imediato, com
- realiza a estatística dos atendimentos ocorridos risco de vida; emergência)
na unidade; • Laranja (o paciente pode aguardar até 30
- lidera a equipe de enfermagem no atendimento minutos; urgência)
dos pacientes críticos e não críticos; • Amarelo (o paciente pode aguardar até 1
- coordena as atividades do pessoal de recepção, hora; potencialmente urgente)
hotelaria, limpeza e portaria;
• Verde (o paciente pode aguardar até 2
- soluciona problemas decorrentes com o horas; não urgente)
atendimento médico-ambulatorial;
• Azul (o paciente pode aguardar até 4
- aloca pessoal e recursos materiais necessários; horas; ordem de chegada)
- realiza a escala diária e mensal da equipe de Aprofundando cada etapa do Trauma, temos:
enfermagem;
X: Hemorragias – As hemorragias devem ser
- controla estoque de material, insumos e controladas comprimindo-se diretamente a lesão
medicamentos; e elevando o membro ou, em último caso,
- verifica a necessidade de manutenção dos comprimindo diretamente a artéria ou fazendo
equipamentos do setor. uso de torniquete.
A: Permeabilidade das vias aéreas e
ÁREAS DA EMERGÊNCIA estabilização da coluna cervical – todo
Um ambiente de urgência e emergência é politraumatizado deve ser considerado como
subdividido por áreas de gravidade. Por portador de lesão de coluna cervical, até que se
convenção, existem 3 áreas principais: área prove o contrário.
vermelha, amarela e verde. Para a manutenção das vias aéreas, existem
• Área vermelha: encontra-se a sala de algumas manobras e utensílios:
emergência, destinada ao atendimento • Chin Lift: elevação da mandíbula
imediato de pacientes com risco de morte • Jaw Thrust: elevação modificada da
ou que necessitem de procedimentos mandíbula
invasivos;
• Cânula orofaríngea (Guedel)
• Área amarela: encontram-se os pacientes
• Cânula nasofaríngea: indicado para
já estabilizados na área vermelha, porém
pacientes com trismo, crise convulsiva ou
que ainda precisam de cuidados
fratura de mandíbula.
especiais;
• Aspiração das vias aéreas: com cânulas
• Área verde: é composta pela sala de
rígidas ou flexíveis
observação e, por isso, é a área em que,
geralmente, os pacientes passam mais • Máscara laríngea
tempo. • Via aérea definitiva: cânula endotraqueal
PROTOCOLOS conectada a um sistema de ventilação
assistida
A classificação de risco, segundo o Ministério da
Vale ressaltar que é importante estar atento para o
Saúde, contém:
que está causando a ausência de permeabilidade das
• Vermelho (atendimento imediato, com vias aéreas, como a presença de corpo estranho, por
risco de vida; emergência) exemplo. Neste caso, pode-se fazer uso da Manobra
de Heimlich (em pacientes conscientes) ou então
• Amarelo (o paciente pode aguardar cerca realizar 30 compressões torácicas e avaliar se é
de 10 a 30 minutos; urgência) possível retirar o corpo estranho (em pacientes
• Verde (casos menos graves; pode ser inconscientes).
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
B: Avaliar a respiração e ventilar – quando a Na avaliação de cada região do corpo da vítima,
via aérea já está permeável, inicia-se a o examinador deve estar atento a:
ventilação.
Os tipos de ventilação são: • Sinais de TCE (extravasamento de LCR;
hematoma em região periorbital ou em
• Boca-máscara região mastoidea)
• Boca-acessório • Trauma buco-maxilo-facial
• Sistema bolsa-máscara • Distensão ou colabamento de veias
• Ventiladores jugulares (indicando pneumotórax,
tamponamento ou hipovolemia)
Importante: Um cateter nasal ou uma máscara • Sinais vitais
facial não são suficientes para atender às • Avaliação do tórax, abdômen, genitais
necessidades de um politraumatizado. A (investigando lesão uretral) e
ventilação com máscara com reservatório (em extremidades
um ritmo acima de 30 incursões/minuto) com um • Aplicar escala de coma de Glasgow
fluxo de 10 a 15 litros/minuto é capaz de atender
à demanda inicial do paciente. Após isso, é realizada a reavaliação e o
tratamento definitivo.
C: Controle de hemorragias – atentar para o
risco de insuficiência respiratória e hipovolemia.
Já na Parada Cardiorrespiratória (PCR), que é a
Nesse momento, é importante avaliar o nível de interrupção abrupta da atividade mecânica
consciência, a coloração da pele e o pulso cardíaca, devemos atentar para:
central.
Também se torna indispensável a obtenção de • Causas: Primárias – a principal em adultos é a
acessos venosos calibrosos para a reposição de fibrilação ventricular; Secundárias – as
líquidos (de preferência, Ringer Lactato). principais em crianças são causas exteriores
ao coração. Ex: intoxicação, choque;
D: Avaliação neurológica – observação do • Diagnóstico: Inconsciência, ausência de
diâmetro e reatividade das pupilas. pulsos na circulação central, ausência de
O nível de consciência será avaliado pela análise movimentos respiratórios;
dos seguintes parâmetros: • Técnica das compressões torácicas:
realizadas sobre a metade inferior do esterno,
• A – O paciente está alerta; com a região hipotênar do reanimador, com
• V – Responde a estímulos verbais; uma mão sobre a outra e dedos entrelaçados,
• I – Não responde a estímulos. comprimindo 5 cm do tórax em uma frequência
de 100 a 120 compressões/minuto (ou 30
E: Exposição – despir completamente o compressões para cada 2 ventilações) e
paciente e proteger contra hipotermia. monitorando a cada 5 ciclos (2 minutos) a
respiração e o pulso.
Após a finalização das etapas, inicia-se a
• Modalidades da parada cardíaca: ritmos
Avaliação Secundária, onde cada região do
não chocáveis (assistolia – a cessação de
corpo deve ser examinada por completo além da
qualquer atividade elétrica ou mecânica dos
coleta de uma história. A coleta de informações
ventrículos; atividade elétrica sem pulso –
da vítima é conhecida como AMPLA:
caracterizada pela ausência de pulso
detectável na presença de algum tipo de
• A: Alergias
atividade elétrica) e ritmos
• M: Medicamentos
chocáveis (fibrilação ventricular – a contração
• P: Passado Médico
não coordenada do miocárdio; taquicardia
• L: Líquidos e Alimentos
ventricular sem pulso – sucessão rápida de
• A: Ambiente (eventos relacionados ao
batimentos ectópicos ventriculares que podem
trauma ou emergência clínica)
levar à acentuada deterioração
hemodinâmica).
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
• Utilização do desfibrilador: manual controles, na tomada de sinais vitais e diurese e
(dependem totalmente do operador para na observação de sinais e sintomas, além de
interpretar o ritmo cardíaco e indicar o realizar anotações;
choque) e semiautomáticos (analisam o ritmo Preparo na véspera da cirurgia (limpeza e
e indicam a necessidade de choque. Os desinfecção): o enfermeiro verifica os dados da
aparelhos dependem do operador para cirurgia, checa os pedidos e preparos especiais,
dispara o choque. O DEA sofre interferência providencia a coleta de materiais, observa
da movimentação da vítima, da respiração sintomas, realiza a limpeza do paciente e o
agônica e de convulsões) preparo da pele para a cirurgia, acompanha a
• Terapia farmacológica na parada alimentação, planeja a lavagem intestinal ou
cardiorrespiratória: as drogas mais gástrica, acompanha o jejum, orienta o paciente e
utilizadas são: Adrenalina, Vasopressina, preza por um ambiente calmo e sereno;
Amiodarona, Lidocaína, Bicarbonato de Preparo físico no dia da cirurgia: é o momento
Sódio (deve ser evitado, a não ser que exista de averiguar se todos os cuidados foram tomados
acidose metabólica e/ou hipercalemia prévia
e as preparações realizadas corretamente.
ou intoxicações), Atropina, Adenosina, Também de remover próteses e joias, controlar o
Noradrenalina, Dopamina, Dobutamina, pulso, a temperatura, a respiração e a pressão
Digitálico, Nitroprussiato de sódio (Nipride®), arterial, administrar a medicação pré-anestésica,
Gluconato de Cálcio, Magnésio. ajudar o paciente a passar para a maca e
encaminhá-lo ao centro cirúrgico.
CLÍNICA MÉDICO-CIRÚRGICA Já durante o procedimento, novas funções se
somam à enfermagem no centro cirúrgico.
A assistência de enfermagem no centro cirúrgico
consiste no cuidado integral do paciente. Ou seja, O enfermeiro pode atuar em duas funções para
o enfermeiro assume a responsabilidade por auxiliar a equipe médica:
realizar todos os cuidados necessários para o Instrumentação: responsável por dar apoio ao
bem-estar e a recuperação da pessoa atendida. médico cirurgião com os instrumentais.
Inicialmente, ele é o responsável pela abordagem Circulantes: ajuda com a esterilização das
pré-operatória. É neste momento que o roupas utilizadas pela equipe de cirurgia e
profissional conhece o paciente, avalia suas armazena biópsias no local correto para o envio
condições físicas e emocionais e começa a ao setor de análises, além de seguir orientações
construir uma relação de confiança para médicas, quando necessário.
identificar as principais necessidades a serem
atendidas. Por fim, no pós-operatório, o enfermeiro realiza o
acompanhamento da recuperação do paciente
É ele quem atua não apenas no atendimento até o momento de sua liberação médica.
direto ao paciente, mas também no seu preparo
psicológico. Portanto, é essencial que esse Nessa etapa, a assistência desse profissional é
profissional tenha uma abordagem calma, essencial para normalizar as funções do paciente
com conforto, e de forma rápida e segura. O
otimista e compreensiva, principalmente para
profissional de enfermagem cuidará para que o
entender quais são as principais aflições do
recém-operado receba todas as medicações nos
paciente e tomar as medidas necessárias para horários certos. Também realizará a troca de
acalmá-lo. curativos e auxiliará na higiene.
No pré-operatório, o enfermeiro também é Além disso, ele é responsável por manter o
responsável pelo preparo físico do paciente. Esta prontuário do paciente atualizado. Para isso, deve
etapa engloba: ainda observar a ocorrência de qualquer sintoma
atípico e controlar os sinais vitais.
O preparo inicial (realização de exames pré-
operatórios): profissional auxilia na explicação É ele o responsável por certificar que a sala de
operação esteja preparada, esterilizada e com
dos procedimentos, na coleta de materiais, na
todo o instrumental necessário disponível para a
manutenção de jejum, na aplicação de
realização do procedimento.
medicamentos, soro ou sangue, na realização de
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
O enfermeiro ainda atua no cuidado do leito no PEDIATRIA
qual o paciente será acomodado, avaliando sua A enfermagem pediátrica é especializada em todo
limpeza e esterilização tanto no pré, quanto no o processo de cuidados envolvendo crianças. O
pós-operatório. enfermeiro pediátrico é o profissional que está à
Sabemos que os hospitais são propícios frente da saúde na atenção básica e é ele que
à proliferação de microrganismos que coordena esses programas. Um profissional bem
causam infecções. Por esse motivo, é preciso preparado é uma peça-chave aos procedimentos
rigor nesses espaços, realizando a limpeza, de vida e problemas de saúde infantil.
a higienização e a desinfecção de O cuidado de enfermagem em pediatria deve ser
instrumentos, equipamentos e do próprio compartilhado com a família, de modo que o
ambiente em conformidade com as normas de mesmo participe dos cuidados de seus filhos, o
segurança vigentes. que solidifica a parceria entre as mães e a
Quando falamos em centros cirúrgicos, os enfermagem.
cuidados devem ser redobrados para evitar Descrição detalhada
complicações no quadro de pacientes, mas
também para prevenir a saúde de toda a equipe Executar ações assistenciais de enfermagem,
médica, incluindo os profissionais de sob supervisão, observando e registrando sinais
enfermagem. Logo, a recomendação é que os e sintomas apresentados pelo doente, fazendo
colaboradores sejam capacitados e treinados curativos, ministrando medicamentos e outros.
continuamente para adotar as boas práticas Executar controles relacionados à patologia de
na realização de procedimentos hospitalares. cada paciente. Coletar material para exames
laboratoriais.
Além disso, é fundamental destacar a
importância da correta higienização das mãos e Administra medicamentos e tratamentos, realiza
também do uso apropriado dos equipamentos cuidados ao paciente, como higiene corporal,
de proteção individual (EPI’s). Por falar nisso, mobilização no leito e monitorização dos dados
os principais itens que precisam ser empregados vitais. Elabora relatório do atendimento feito e
durante os procedimentos cirúrgicos, comunica anormalidades à sua supervisão e ao
para proteger a saúde da equipe de enfermagem plantão médico.
e dos demais profissionais, são os seguintes: O enfermeiro precisa buscar ferramentas na
• luvas cirúrgicas: são imprescindíveis para comunicação com a criança, interação, tornando
que os colaboradores de saúde se protejam e assim a informação um processo presente e a
para evitar a transmissão de qualquer agente relação com a equipe de enfermagem satisfatória
infeccioso ao paciente; para busca de bons resultados;
- O enfermeiro deve promover um ambiente
• máscaras de proteção: protege as vias
saudável à criança e de interação buscando a
respiratórias e o rosto contra contaminantes cooperação da criança;
presentes no ar e encontrados no sangue;
- Para o enfermeiro é necessário conhecer o
• pijama e avental cirúrgico: são
Estatuto da Criança e do Adolescente e agir
indumentárias apropriadas para proteger a
sempre na intenção de cumpri-lo;
equipe de cirurgia de agentes contaminantes e
do contato com fluidos corporais; - O enfermeiro tem responsabilidade de promover
• touca: evita que fios de cabelo caiam sobre o a segurança no atendimento à criança em todas
paciente ou na sala de cirurgia, que deve estar as suas fases, por meio de procedimentos
devidamente higienizada e livre de técnicos isentos de riscos e manutenção da
contaminação externa; criança em ambiente seguro quando nos
momentos de consulta de enfermagem e
• propé: é fundamental para evitar que agentes internação hospitalar;
infecciosos entrem em contato com o chão da
sala cirúrgica e se disseminem por todo o
ambiente, representando um risco à saúde,
principalmente ao paciente.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
PSIQUIATRIA o) Participar dos estudos de caso, discussão e
processos de educação permanente na área da
Segundo a resolução COFEN 599/2018:
saúde mental e psiquiatria;
Compete ao Enfermeiro de cuidados de
p) Efetuar a referência e contra referência dos
Enfermagem de maior complexidade técnica e
usuários;
que exijam conhecimentos científicos adequados
e capacidade de tomar decisões imediatas: q) Desenvolver e atualizar os protocolos relativos
à atenção de enfermagem ao usuário do serviço
a) Planejamento, coordenação, organização,
de saúde mental e psiquiatria, pautados nesta
direção e avaliação do serviço de enfermagem
norma, adequadas às particularidades do serviço;
nos serviços de saúde mental e psiquiatria;
r) Desenvolver ações de treinamento operacional
b) Realizar Processo de Enfermagem por meio
e de educação permanente, de modo a garantir a
da consulta de enfermagem em saúde mental
capacitação e atualização da equipe de
com o objetivo de viabilizar a Sistematização da
enfermagem;
Assistência de Enfermagem;
s) Promover a vinculação das pessoas em
c) Prescrever cuidados de enfermagem voltados
sofrimento/transtornos mentais e com
à saúde do indivíduo em sofrimento mental;
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool
d) Utilizar modelos teóricos para fundamentar e e outras drogas e suas famílias aos pontos de
sistematizar as ações de cuidado de enfermagem atenção no território;
em saúde mental, por meio do Processo de
t) Participar da regulação do acesso aos leitos de
Enfermagem;
acolhimento noturno, com base em critérios
e) Estabelecer relacionamento terapêutico no clínicos, em especial desintoxicação e/ou critérios
qual o enfermeiro cuida do usuário no psicossociais, como a necessidade de
atendimento de suas necessidades; observação, repouso e proteção, manejo de
f) Programar e gerenciar planos de cuidados para conflito, dentre outros;
usuários com transtornos mentais leves ou u) Promover ações para o desenvolvimento do
severos e persistentes; processo de reabilitação psicossocial;
g) Realizar práticas integrativas e v) Efetuar registro escrito, individualizado e
complementares em saúde dentre as ações de sistemático, no prontuário, contendo os dados
cuidado, se detentor de formação especializada; relevantes da permanência do usuário;
h) Elaborar e participar do desenvolvimento do w) Aplicar testes e escalas em Saúde Mental que
Projeto Terapêutico Singular dos usuários dos não sejam privativas de outros profissionais.
serviços em que atua, com a equipe
Compete ao Técnico de Enfermagem:
multiprofissional;
a) Promover cuidados gerais do usuário de
i) Realizar atendimento individual e/ou em grupo
acordo com a prescrição de enfermagem ou
com os usuários em sofrimento psíquico e seus
protocolo pré-estabelecido;
familiares;
b) Comunicar ao Enfermeiro qualquer
j) Conduzir e coordenar grupos terapêuticos;
intercorrência;
k) Participar das ações de psicoeducação de
c) Participar de treinamento, conforme programas
usuários, familiares e comunidade;
estabelecidos, garantindo a capacitação e
l) Promover o vínculo terapêutico, escuta atenta atualização referente às boas práticas da atenção
e compreensão empática nas ações de à saúde mental e psiquiatria;
enfermagem aos usuários e familiares;
d) Proceder ao registro das ações efetuadas, no
m) Participar da equipe multiprofissional na prontuário do usuário, de forma clara, precisa e
gestão de caso; pontual;
n) Prescrever medicamentos e solicitar exames e) Participar de atividades grupais junto aos
descritos nos protocolos de saúde pública e/ou demais profissionais da equipe de saúde mental.
rotinas institucionais;
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Compete ao Auxiliar de Enfermagem: V – CAPS AD III: atende adultos ou crianças e
adolescentes, considerando as normativas do
a) Participar dos cuidados gerais aos usuários de
Estatuto da Criança e do Adolescente, com
acordo com a Legislação e com a prescrição de
necessidades de cuidados clínicos contínuos.
enfermagem ou protocolo pré-estabelecido;
Serviço com no máximo doze leitos, para
b) Comunicar ao Enfermeiro qualquer observação e monitoramento, de funcionamento
intercorrência; 24 horas, incluindo feriados e finais de semana;
c) Participar de treinamento, conforme indicado para Municípios ou regiões com
programas estabelecidos, garantindo a população acima de duzentos mil habitantes; e
capacitação e atualização referente às boas VI – CAPS i: atende crianças e adolescentes com
práticas da atenção à saúde mental e psiquiatria; transtornos mentais graves e persistentes e os
d) Proceder à o registro das ações efetuadas, no que fazem uso de crack, álcool e outras drogas.
prontuário do paciente, de forma clara, precisa e Serviço aberto e de caráter comunitário indicado
pontual; para municípios ou regiões com população acima
de cento e cinquenta mil habitantes.
e) Participar de atividades grupais junto aos
demais profissionais da equipe de saúde mental. O trabalho do profissional de enfermagem dentro
dos CAPS AD se constitui na reabilitação
Os Centros de Atenção Psicossocial, segundo a psicossocial que inclui a reinserção do sujeito nas
Portaria Nº 3.088, de 23 de Dezembro de 2011, atividades diárias, no mundo do trabalho e nos
estão organizados nas seguintes modalidades: espaços comunitários. Este desafio é assumido
I – CAPS I: atende pessoas com transtornos cotidianamente nas atividades de cuidado,
mentais graves e persistentes e também com sociais, de acompanhamento, nas oficinas e
necessidades decorrentes do uso de crack, grupos, enquanto espaços terapêuticos e de
álcool e outras drogas de todas as faixas etárias; socialização. Nesse sentido, considera-se
indicado para Municípios com população acima importante realizar ações educativas junto aos
de vinte mil habitantes; profissionais de enfermagem de nível médio e
superior, para que os mesmos sejam qualificados
II – CAPS II: atende pessoas com transtornos para prestarem cuidados humanizados à clientela
mentais graves e persistentes, podendo também assistida nos CAPS AD.
atender pessoas com necessidades decorrentes
do uso de crack, álcool e outras drogas, conforme Sobre o profissional técnico em enfermagem, a
a organização da rede de saúde local, indicado Lei Federal nº 7.498 de 25 de Junho de 1986 que
para Municípios com população acima de setenta dispõe sobre a regulamentação do exercício da
mil habitantes; enfermagem e dá outras providências, em seu
artigo 12, consta que este profissional exerce
III – CAPS III: atende pessoas com transtornos atividades de nível médio, envolvendo orientação
mentais graves e persistentes. Proporciona e acompanhamento do trabalho de Enfermagem
serviços de atenção contínua, com em grau auxiliar, e participação no planejamento
funcionamento vinte e quatro horas, incluindo da assistência de Enfermagem, cabendo-lhe
feriados e finais de semana, ofertando especialmente:
retaguarda clínica e acolhimento noturno a outros
serviços de saúde mental, inclusive CAPS Ad, a) Participar da programação da assistência de
indicado para Municípios ou regiões com Enfermagem;
população acima de duzentos mil habitantes; b) Executar ações assistenciais de Enfermagem,
IV – CAPS AD: atende adultos ou crianças e exceto as privativas do Enfermeiro, observado o
adolescentes, considerando as normativas do disposto no Parágrafo único do Art. 11 desta Lei;
Estatuto da Criança e do Adolescente, com c) Participar da orientação e supervisão do
necessidades decorrentes do uso de crack, trabalho de Enfermagem em grau auxiliar;
álcool e outras drogas. Serviço de saúde mental
aberto e de caráter comunitário, indicado para d) Participar da equipe de saúde.
Municípios ou regiões com população acima de
setenta mil habitantes;
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Nas portarias do Ministério da Saúde GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA,
relacionadas ao CAPS (336/2002 e 3.088/2013) NEONATOLOGIA
apresentam-se as atribuições dos profissionais Para o estudo deste assunto, juntamente com o
de enfermagem, atribuindo aos técnicos em tópico “SAÚDE DA MULHER: Gravidez e suas
enfermagem as seguintes funções: complicações, prevenção do câncer cérvico-
• Realizar o acolhimento; uterino e mama, planejamento familiar”. LEIA
o PDF: Profissionalização de Auxiliares de
• Participar dos planejamentos e realizar
Enfermagem do Ministério da Saúde, até a página
atividades culturais, terapêuticas e de
121. Este abordará todos estes conteúdos
reabilitação psicossocial com o objetivo de
solicitados.
propiciar a reinserção social e profissional
dos usuários que utilizam os serviços do Vamos aos demais conteúdos solicitados do
CAPS; edital:
• Realizar pesquisas visando à construção e
ampliação do conhecimento teórico aplicado DOENÇAS INFECTO-PARASITÁRIAS
no campo da saúde mental coletiva;
• Participar de grupos de estudos para
aprimoramento da equipe; Doenças infecciosas são as doenças causadas
por agentes como bactérias, fungos e vírus.
• Participar das reuniões de equipe, na Doenças parasitárias são as causadas por
educação permanente; protozoários, ácaros, vermes e insetos.
• Realizar boletins de atividades diárias; AIDS
• Discussão de casos clínicos; Os infectados pelo vírus da imunodeficiência
• Fazer anotações nos prontuários, sobre a humana (HIV) evoluem para uma grave disfunção
assistência prestada; do sistema imunológico, à medida que vão sendo
destruídos os linfócitos T CD4+, uma das
• Dar orientações individuais aos usuários e
principais células alvo do vírus. A contagem de
familiares;
linfócitos T CD4+ é um importante marcador
• Atuar como facilitador no processo de dessa imunodeficiência, sendo utilizada tanto
integração e adaptação do indivíduo ao para estimar o prognóstico e avaliar a indicação
CAPS; de início de terapia antirretroviral, quanto para
• Palestras informativas e educativas; definição de casos de Aids, com fins
epidemiológicos.
• Discussão de admissão e alta junto à equipe;
O HIV pode ser transmitido por via sexual
• Participar na construção do Projeto (esperma e secreção vaginal); pelo sangue (via
Terapêutico Individual (PTI) e na sua parenteral e vertical); e pelo leite materno.
constante reformulação;
Período de incubação - Compreendido entre a
• Realizar trabalhos em grupos; infecção pelo HIV e o aparecimento de sinais e
• Evolução em prontuário; sintomas da fase aguda, podendo variar de 5 a 30
dias.
• Visita Domiciliar;
Período de latência - É o período após a fase de
• Convivência. infecção aguda, até o desenvolvimento da
imunodeficiência). Esse período varia entre 5 e 10
anos, média de seis anos.
Período de transmissibilidade - O indivíduo
infectado pelo HIV pode transmiti-lo em todas as
fases da infecção, risco esse proporcional à
magnitude da viremia.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Aids/doenças oportunistas - Uma vez agravada a Agente etiológico - Entamoeba histolytica.
imunodepressão, o portador da infecção pelo HIV Reservatório - O homem.
apresenta infecções oportunistas (IO). As
doenças oportunistas associadas à Aids são Modo de transmissão - As principais fontes de
várias, podendo ser causadas por vírus, infecção são a ingestão de alimentos ou água
bactérias, protozoários, fungos e certas contaminados por fezes contendo cistos
neoplasias: amebianos maduros. Ocorre mais raramente na
transmissão sexual, devido a contato oral-anal. A
Vírus - Citomegalovirose, Herpes Simples, falta de higiene domiciliar pode facilitar a
leucoencefalopatia multifocal progressiva; disseminação de cistos nos componentes da
Bactérias - Micobacterioses (Tuberculose e família. Os portadores assintomáticos, que
complexo Mycobacterium avium-intracellulare), manipulam alimentos, são importantes
pneumonias (S. pneumoniae), salmonelose; disseminadores dessa protozoose.
Fungos - Pneumocistose, candidíase, Período de incubação - Entre 2 a 4 semanas,
criptococose, histoplasmose; podendo variar dias, meses ou anos.
Protozoários - Toxoplasmose, criptosporidiose, Período de transmissibilidade - Quando não
isosporíase. tratada, pode durar anos.
Tratamento - A abordagem clínico-terapêutica Complicações - Granulomas amebianos
do HIV tem-se tornado cada vez mais complexa, (amebomas) na parede do intestino grosso,
em virtude da velocidade do conhecimento abscesso hepático, pulmonar ou cerebral,
acerca deste agente. Os objetivos do tratamento empiema, pericardite, colite fulminante com
são: prolongar a sobrevida e melhorar a perfuração.
qualidade de vida, pela redução da carga viral e Diagnóstico - Presença de trofozoítos ou cistos
reconstituição do sistema imunológico. O do parasito encontrados nas fezes; em aspirados
atendimento é garantido pelo SUS, por meio de ou raspados, obtidos através de endoscopia ou
uma ampla rede de serviços. O Brasil é um dos proctoscopia; ou em aspirados de abscesso ou
poucos países que disponibiliza, integralmente, a cortes de tecido. Os anticorpos séricos podem ser
assistência ao paciente com Aids. Em crianças dosados e são de grande auxílio no diagnóstico
infectadas pelo HIV, atualmente, indica-se de abscesso hepático amebiano. A ultra-
tratamento antirretroviral potente, com a sonografia e tomografia axial computadorizada
associação de três ou mais drogas, por tempo são úteis no diagnóstico de abscessos
indeterminado, e monitoramento periódico da amebianos.
eficácia clínico-laboratorial e sinais de toxicidade
aos medicamentos. Tratamento
AMEBÍASE 1º opção: Formas intestinais: Secnidazol -
Adultos: 2g, em dose única. Crianças:
- Infecção causada por protozoário que se 30mg/kg/dia, VO, não ultrapassando o máximo de
apresenta em duas formas: cisto e trofozoíto. 2g/dia. Deve ser evitado no 1º trimestre da
Esse parasito pode atuar como comensal ou gravidez e durante a amamentação.
provocar a invasão de tecidos, originando as
formas intestinal e extra-intestinal da doença. O 2º opção: Metronidazol, 500mg, 3 vezes/dia,
quadro clínico varia de uma forma branda, durante 5 dias, para adultos. Para crianças,
caracterizada por desconforto abdominal leve ou recomenda-se 35mg/kg/dia, divididas em 3
moderado, com sangue e/ou muco nas dejeções, tomadas, durante 5 dias.
até uma diarreia aguda e fulminante, de caráter Formas graves: amebíase intestinal sintomática
sanguinolento ou mucóide, acompanhada de ou Amebíase extra intestinal): Metronidazol,
febre e calafrios. Podem ou não ocorrer períodos 750mg, VO, 3 vezes/dia, durante 10 dias. Em
de remissão. Em casos graves, as formas crianças, recomenda-se 50mg/kg/dia, durante 10
trofozoíticas se disseminam pela corrente dias.
sanguínea, provocando abcesso no fígado (com
maior frequência), nos pulmões ou cérebro. 3º opção: Tinidazol, 2g, VO, para adultos, após
Quando não diagnosticadas a tempo, podem uma das refeições, durante 2 dias, para formas
levar o paciente a óbito. intestinais.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Formas extra intestinais: 50mg/kg/dia, durante 2 Agente etiológico - Nematóides da família
ou 3 dias, a depender da forma clínica. Em Ancylostomidae: A. duodenale e Necator
formas graves, utilizar a mesma dosagem das americanus.
formas leves, por 3 dias. Em crianças, a dosagem Reservatório - O homem.
recomendada é 50mg/kg/dia.
Modo de transmissão - Os ovos contidos nas
MEDIDAS DE CONTROLE fezes são depositados no solo, onde se tornam
Gerais- Impedir a contaminação fecal da água e embrionados. Em condições favoráveis de
alimentos por meio de medidas de saneamento, umidade e temperatura, as larvas se
educação em saúde, destino adequado das fezes desenvolvem até chegar ao 3º estágio, tornando-
e controle dos indivíduos que manipulam se infectantes em um prazo de 7 a 10 dias. A
alimentos. infecção nos homens ocorre quando essas larvas
infectantes penetram na pele, geralmente pelos
Específicas- Lavar as mãos, após o uso do pés, causando dermatite característica. As larvas
sanitário e lavar cuidadosamente os vegetais dos ancilóstomos, após penetrarem pela pele,
com água potável, e deixando-os imersos em passam pelos vasos linfáticos, ganham a corrente
hipoclorito de sódio a 2,5% (uma colher de sopa sanguínea e, nos pulmões, penetram nos
de hipoclorito em 1 litro de água filtrada), durante alvéolos. Daí migram para a traqueia e faringe,
meia hora, para eliminar os cistos. Evitar práticas são deglutidas e chegam ao intestino delgado,
sexuais que favoreçam o contato fecal-oral. onde se fixam, atingindo a maturidade ao final de
Investigar os contatos e a fonte de infecção, ou 6 a 7 semanas, passando a produzir milhares de
seja, realizar exame coproscópico dos membros ovos por dia.
do grupo familiar e de outros contatos. O
Período de incubação - Semanas ou meses
diagnóstico de um caso em quartéis, creches,
após a infecção inicial.
orfanatos e outras instituições indica a realização
de inquérito coproscópico para tratamento dos Período de transmissibilidade - Não se
portadores de cistos. Realizar a fiscalização dos transmite de pessoa a pessoa, porém os
prestadores de serviços na área de alimentos, indivíduos infectados contaminam o solo durante
atividade a cargo da vigilância sanitária. vários anos, quando não adequadamente
tratados. Em condições favoráveis, as larvas
Isolamento- Em pacientes internados, permanecem infectantes no solo durante várias
precauções do tipo entérico devem ser adotadas. semanas.
Pessoas infectadas devem ser afastadas de
atividades de manipulação dos alimentos. Complicações - Anemia, hipoproteinemia,
podendo ocorrer insuficiência cardíaca e
Desinfecção- Concorrente, destino adequado anasarca. A migração da larva através dos
das fezes. pulmões pode causar hemorragia e pneumonite.
Diagnóstico - Em geral clínico, devido ao prurido
ANCILOSTOMÍASE característico. O diagnóstico laboratorial é
realizado pelo achado de ovos no exame
Descrição - Infecção intestinal causada por parasitológico de fezes, por meio dos métodos de
nematódeos, que nos caos de infecções leves, Lutz, Willis ou Faust, realizando-se, também, a
pode apresentar-se assintomática. contagem de ovos pelo Kato-Katz.
Apresentações clínicas importantes, como um
Características epidemiológicas - Distribuição
quadro gastrointestinal agudo caracterizado por
mundial. Ocorre, preferencialmente, em crianças
náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal e
com mais de 6 anos, adolescentes e em
flatulência, também podem ocorrer. Em crianças
indivíduos mais velhos, independentemente da
com parasitismo intenso, pode ocorrer
idade. No Brasil, predomina nas áreas rurais,
hipoproteinemia e atraso no desenvolvimento
estando muito associada a áreas sem
físico e mental. Com frequência, dependendo da
saneamento e cujas populações têm o hábito de
intensidade da infecção, acarreta anemia
andar descalças.
ferropriva.
MEDIDAS DE CONTROLE
Sinonímia - Amarelão, opilação, doença do Jeca
Tatu. Desenvolver atividades de educação em saúde
com relação a hábitos pessoais de higiene,
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
particularmente o de lavar as mãos antes das CÓLERA
refeições e o uso de calçados. Evitar a Descrição - Infecção intestinal aguda, causada pela
contaminação do solo mediante a instalação de enterotoxina do bacilo da Cólera Vibrio cholerae,
sistemas sanitários para eliminação das fezes, frequentemente assintomática ou oligossintomática,
especialmente nas zonas rurais (saneamento). com diarreia leve. Pode se apresentar de forma grave,
com diarreia aquosa e profusa, com ou sem vômitos,
ASCARIDÍASE
dor abdominal e câimbras. Esse quadro, quando não
Descrição - Doença parasitária do homem, tratado prontamente, pode evoluir para desidratação,
causada por um helminto. Habitualmente, não acidose, colapso circulatório, com choque
causa sintomatologia, mas pode manifestar-se hipovolêmico e insuficiência renal à infecção.
por dor abdominal, diarreia, náuseas e anorexia. Agente etiológico - Vibrio cholerae O1, biotipo
Quando há grande número de parasitas, pode clássico ou El Tor (sorotipos Inaba, Ogawa ou
ocorrer quadro de obstrução intestinal. Em Hikogima), toxigênico, e, também, o O139. Bacilo
virtude do ciclo pulmonar da larva, alguns gram-negativo, com flagelo polar, aeróbio ou
pacientes apresentam manifestações anaeróbio facultativo, produtor de endotoxina.
pulmonares, com broncoespasmo, hemoptise e Reservatório - O principal é o homem. Estudos
pneumonite, caracterizando a síndrome de recentes sugerem a existência de reservatórios
Löefler, que cursa com eosinofilia importante. ambientais como plantas aquáticas e frutos do mar.
Quando há grande número de parasitas, pode Modo de transmissão - Ingestão de água ou
ocorrer quadro de obstrução intestinal. alimentos contaminados por fezes ou vômitos de
Sinonímia - Infecção por Ascaris. Agente doente ou portador. A contaminação pessoa a pessoa
é menos importante na cadeia epidemiológica. A
etiológico - Ascaris lumbricoides.
variedade El Tor persiste na água por muito tempo, o
Modo de transmissão - Ingestão dos ovos que aumenta a probabilidade de manter sua
infectantes do parasita, procedentes do solo, transmissão e circulação.
água ou alimentos contaminados com fezes Período de incubação - De algumas horas a 5 dias.
humanas. Na maioria dos casos, de 2 a 3 dias.
Período de incubação - O período de incubação Período de transmissibilidade - Dura enquanto
dos ovos férteis até o desenvolvimento da larva houver eliminação do V. cholerae nas fezes, o que
infectante (L3), no meio exterior e em condições ocorre, geralmente, até poucos dias após a cura. Para
favoráveis, é de aproximadamente 20 dias. O fins de vigilância, o padrão aceito é de 20 dias. Alguns
período pré-patente da infecção (desde a indivíduos podem permanecer portadores sadios por
infecção com ovos embrionados até a presença meses ou até anos, situação de particular importância,
já que podem se tornar responsáveis pela introdução
de ovos nas fezes do hospedeiro) é de 60 a 75
da doença em área indene.
dias.
Suscetibilidade e imunidade - A suscetibilidade é
Período de transmissibilidade - Durante todo o variável e aumenta na presença de fatores que
período em que o indivíduo portar o parasita e diminuem a acidez gástrica (acloridria, gastrectomia,
estiver eliminando ovos pelas fezes. Portanto, uso de alcalinizantes e outros). A infecção produz
longo, quando não se institui o tratamento elevação de anticorpos e confere imunidade por
adequado. As fêmeas fecundadas no aparelho tempo limitado, e m torno de 6 meses.
digestivo podem produzir cerca de 200.000 ovos Complicações - São decorrentes, fundamentalmente,
por dia. A duração média de vida dos parasitas da depleção hidro-salina imposta pela diarreia e pelos
adultos é de 12 meses. Quando os ovos vômitos. A desidratação não corrigida levará a uma
embrionados encontram um meio favorável, deterioração progressiva da circulação, da função
podem permanecer viáveis e infectantes durante renal e do balanço hidroeletrolítico, produzindo dano a
anos. todos os sistemas do organismo. Em consequência,
sobrevém choque hipovolêmico, necrose tubular
Complicações - Obstrução intestinal, volvo, renal, íleo paralítico, hipocalemia (levando a arritmias),
perfuração intestinal, colecistite, colelitíase, hipoglicemia (com convulsão e coma em crianças). O
pancreatite aguda e abcesso hepático. aborto é comum no 3º trimestre de gestação, em
Diagnóstico - O quadro clínico apenas não a casos de choque hipovolêmico. As complicações
distingue de outras verminoses, havendo, podem ser evitadas com adequada hidratação
precoce.
portanto, necessidade de confirmação do achado
de ovos nos exames parasitológicos de fezes.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
COQUELUCHE Reservatório - O homem é o único reservatório
natural. Ainda não foi demonstrada a existência de
Descrição - Doença infecciosa aguda,
portadores crônicos; entretanto, podem ocorrer casos
transmissível, de distribuição universal, que oligossintomáticos, com pouca importância na
compromete especificamente o aparelho disseminação da doença.
respiratório (traqueia e brônquios) e se
Modo de transmissão - Contato direto da pessoa
caracteriza por paroxismos de tosse seca. Ocorre doente com pessoa suscetível (gotículas de secreção
sob as formas endêmica e epidêmica. Em eliminadas por tosse, espirro ou ao falar). A
lactentes, pode resultar em número elevado de transmissão por objetos recém-contaminados com
complicações e até morte. A doença evolui em secreções do doente é pouco frequente, em virtude da
três fases sucessivas: dificuldade do agente sobreviver fora do hospedeiro.
Fase Catarral- Com duração de 1 ou 2 semanas, Período de incubação - Em média, de 5 a 10 dias,
inicia-se com manifestações respiratórias e podendo variar de 1 a 3 semanas e, raramente, até 42
sintomas leves (febre pouco intensa, mal-estar dias.
geral, coriza e tosse seca), seguidos pela Período de transmissibilidade - Para efeito de
instalação gradual de surtos de tosse, cada vez controle, considera-se que esse período se estende
mais intensos e frequentes, até que passam a de 5 dias após o contato com um do ente (final do
ocorrer as crises de tosses paroxísticas. período de incubação) até 3 semanas após o início
dos acessos de tosse típicos da doença (fase
Fase Paroxística- Geralmente afebril ou com paroxística). Em lactentes menores de 6 meses, o
febre baixa. Em alguns casos, ocorrem vários período de transmissibilidade pode prolongar-se por
picos de febre ao longo do dia. A manifestação até 4 a 6 semanas após o início da tosse. A maior
típica são os paroxismos de tosse seca (durante transmissibilidade ocorre na fase catarral.
os quais o paciente não consegue inspirar e Suscetibilidade e imunidade - A suscetibilidade é
apresenta protusão da língua, congestão facial e, geral. O indivíduo torna-se imune após adquirir a
eventualmente, cianose com sensação de doença (imunidade duradoura, mas não permanente)
asfixia), finalizados por inspiração forçada, súbita ou após receber vacinação adequada. Em média de 5
e prolongada, acompanhada de um ruído a 10 anos após a última dose da vacina, a proteção
característico, o guincho, seguidos de vômitos. pode declinar.
Os episódios de tosse paroxística aumentam em Complicações - Pneumonia e otite média por B.
frequência e intensidade nas duas primeiras pertussis, pneumonias por outras etiologias, ativação
semanas e depois diminuem paulatinamente. de Tuberculose latente, atelectasia, bronquiectasia,
Nos intervalos dos paroxismos o paciente passa enfisema, pneumotórax, ruptura de diafragma;
bem. Essa fase dura de 2 a 6 semanas. encefalopatia aguda, convulsões, coma, hemorragias
intracerebrais, hemorragia subdural, estrabismo,
Fase de convalescença -Os paroxismos de surdez; hemorragias subconjuntivais, epistaxe, edema
tosse desaparecem e dão lugar a episódios de de face, úlcera do frênulo lingual, hérnias (um bilicais,
tosse comum; esta fase pode persistir por mais 2 inguinais e diafragmáticas), conjuntivite, desidratação
a 6 semanas e, em alguns casos, pode se e/ou desnutrição.
prolongar por até 3 meses. Infecções Diagnóstico - O diagnóstico específico é realizado
respiratórias de outra natureza, que se instalam mediante o isolamento da B. pertussis por meio de
durante a convalescença da Coqueluche, podem cultura de material colhido de nasorofaringe, com
provocar reaparecimento de paroxismos. técnica adequada. Essa técnica é considerada como
Lactentes jovens (<6 meses) dão propensos a “padrão-ouro” para o diagnóstico laboratorial da
apresentar formas graves, muitas vezes letais. Coqueluche, por seu alto grau de especificidade,
Indivíduos inadequadamente vacinados ou embora sua sensibilidade seja variável. Como a B.
vacinados há mais de 5 anos podem apresentar pertussis apresenta um tropismo pelo epitélio
respiratório ciliado, a cultura deve ser feita a partir da
formas atípicas da doença, com tosse
secreção nasofaríngea. A coleta do espécime clínico
persistente, porém sem o guincho característico. deve ser realizada antes do início da antibioticoterapia
Agente etiológico - Bordetella pertussis. Bacilo ou, no máximo, até 3 dias após seu início. Por isso, é
gram-negativo, aeróbio, não-esporulado, imóvel importante procurar a unidade de saúde ou entrar em
e pequeno, provido de cápsula (formas contato com a coordenação da vigilância
patogênicas) e fímbrias. epidemiológica, na secretaria de saúde do município
ou estado.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
DENGUE Vetores hospedeiros - Os vetores são
Descrição - Doença infecciosa febril aguda, que mosquitos do gênero Aedes. Nas Américas, o
pode ser de curso benigno ou grave, dependendo vírus da Dengue persiste na natureza, mediante o
da forma como se apresente. A primeira ciclo de transmissão homem → Aedes aegypti →
manifestação do Dengue é a febre, geralmente homem. O Aedes albopictus, já presente nas
alta (39ºC a 40ºC), de início abrupto, associada à Américas e com ampla dispersão na região
cefaleia, adinamia, mialgias, artralgias, dor retro Sudeste do Brasil, até o momento não foi
orbitária, com presença ou não de exantema e/ou associado à transmissão do vírus. A fonte da
prurido. Anorexia, náuseas, vômitos e diarreia infecção e hospedeiro vertebrado é o homem. Foi
podem ser observados por 2 a 6 dias. As descrito, na Ásia e na África, um ciclo selvagem
manifestações hemorrágicas, como epistaxe, envolvendo o macaco.
petéquias, gengivorragia, metrorragia, Modo de transmissão - A transmissão se faz
hematêmese, melena, hematúria e outras, bem pela picada da fêmea do mosquito Ae. aegypti, no
como a plaquetopenia, podem ser observadas ciclo homem → Ae. aegypti → homem. Após um
em todas as apresentações clínicas de Dengue. repasto de sangue infectado, o mosquito está
Alguns pacientes podem evoluir para formas apto a transmitir o vírus, depois de 8 a 12 dias de
graves da doença e passam a apresentar sinais incubação extrínseca. A transmissão mecânica
de alarme da Dengue (Quadro 2), principalmente também é possível, quando o repasto é
quando a febre cede, precedendo manifestações interrompido e o mosquito, imediatamente, se
hemorrágicas mais graves. É importante alimenta em um hospedeiro suscetível próximo.
ressaltar que o fator determinante nos casos Não há transmissão por contato direto de um
graves de Dengue é o extravasamento doente ou de suas secreções com uma pessoa
plasmático, que pode ser expresso por meio da sadia, nem por fontes de água ou alimento.
hemoconcentração, hipoalbuminemia e/ou Período de incubação - De 3 a 15 dias; em
derrames cavitários. As manifestações clínicas média, de 5 a 6 dias.
iniciais da Dengue grave denominada de Dengue
hemorrágica são as mesmas descritas nas Período de transmissibilidade - O homem
formas clássicas da doença. Entre o terceiro e o infecta o mosquito durante o período de viremia,
sétimo dia do seu início, quando, da febre, que começa um dia antes da febre e perdura até
surgem sinais e sintomas como vômitos o sexto dia da doença.
importantes, dor abdominal intensa, Complicações - O paciente pode evoluir para
hepatomegalia dolorosa, desconforto instabilidade hemodinâmica, com hipotensão
respiratório, letargia, derrames cavitários arterial, taquisfigmia e choque.
(pleural, pericárdico, ascite), que indicam a Diagnóstico - É necessária uma boa anamnese,
possibilidade de evolução do paciente para com realização da prova do laço, exame clínico e
formas hemorrágicas severas. Em geral, esses confirmação laboratorial específica. A
sinais de alarme precedem as manifestações confirmação laboratorial é orientada de acordo
hemorrágicas espontâneas ou provocadas com a situação epidemiológica: em períodos não
(prova do laço positiva) e os sinais de epidêmicos, solicitar o exame de todos os casos
insuficiência circulatória, que podem existir na suspeitos; em períodos epidêmicos, solicitar o
FHD. A Dengue na criança, na maioria das vezes, exame em todo paciente grave ou com dúvidas
apresenta-se como uma síndrome febril com no diagnóstico, seguindo as orientações da
sinais e sintomas inespecíficos: apatia, Vigilância Epidemiológica de cada região.
sonolência, recusa da alimentação, vômitos,
diarreia ou fezes amolecidas.
Sinonímia - Febre de quebra ossos.
Agente etiológico - O vírus da Dengue (RNA).
Arbovírus do gênero Flavivirus, pertencente à
família Flaviviridae, com quatro sorotipos
conhecidos: DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
DIFTERIA A transmissão por objetos recém-contaminados
Descrição - Doença transmissível aguda, toxico com secreções do doente ou de lesões em outras
infecciosa, causada por bacilo toxigênico, que, localizações é pouco frequente.
frequentemente, se aloja nas amígdalas, faringe, Período de incubação - De 1 a 6 dias, podendo
laringe, nariz e, ocasionalmente, em outras ser mais longo.
mucosas e na pele. A manifestação clínica típica Período de transmissibilidade - Em média, até
é a presença de placas pseudomembranosas 2 semanas após o início dos sintomas. A
branco-acinzentadas aderentes, que se instalam antibioticoterapia adequada erradica o bacilo
nas amígdalas e invadem estruturas vizinhas diftérico da orofaringe, de 24 a 48 horas após a
(forma faringe-amigdaliana ou faringotonsilar – sua introdução, na maioria dos casos. O portador
angina diftérica). Essas placas podem se crônico não tratado pode transmitir a infecção por
localizar na faringe, laringe (laringite diftérica) e 6 meses ou mais e é extremamente importante na
fossas nasais (rinite diftérica), e, menos disseminação da doença.
frequentemente, na conjuntiva, pele, conduto
auditivo, vulva, pênis (pós-circuncisão) e cordão Suscetibilidade e imunidade - A suscetibilidade
umbilical. A doença se manifesta por é geral. A imunidade pode ser naturalmente
comprometimento do estado geral do paciente, adquirida pela passagem de anticorpos maternos
com prostração e palidez. A dor de garganta é via transplacentária, que protegem o bebê nos
discreta, independentemente da localização ou primeiros meses de vida, ou através de infecções
quantidade de placas existentes, e a febre inaparentes atípicas, que conferem imunidade em
normalmente não é muito elevada (37,5 -38,5°C). diferentes graus, dependendo da maior ou menor
Nos casos mais graves, há intenso aumento do exposição dos indivíduos. A imunidade também
pescoço (pescoço taurino), por pode ser adquirida ativamente, através da
comprometimento dos gânglios linfáticos dessa vacinação com toxóide diftérico. A proteção
área e edema periganglionar nas cadeias conferida pelo soro antidiftérico (SAD) é
cervicais e submandibulares. Dependendo do temporária e de curta duração (em média, 2
tamanho e localização da placa semanas). A doença normalmente não confere
pseudomembranosa, pode ocorrer asfixia imunidade permanente, devendo o doente
mecânica aguda no paciente, o que muitas vezes continuar seu esquema de vacinação após a alta
exige imediata traqueostomia para evitar a morte. hospitalar.
O quando clínico produzido pelo bacilo não- Complicações - Miocardite, neurites periféricas,
toxigênico também determina a formação de nefropatia tóxica, insuficiência renal aguda.
placas características, embora não se observe Diagnóstico - Isolamento e identificação do
sinais de toxemia ou ocorrência de complicações. bacilo, mesmo sem as provas de toxigenicidade,
Entretanto, as infecções causadas pelos bacilos associados ao quadro clínico e epidemiológico.
não toxigênicos têm importância epidemiológica
Diagnóstico diferencial - Angina de Paul
por disseminar o Corynebacterium diphtheriae.
Vincent, rinite e amigdalite estreptocócica, rinite
Os casos graves e intensamente tóxicos são
sifilítica, corpo estranho em naso e orofaringe,
denominados de Difteria Hipertóxica (maligna) e
angina monocítica, crupe viral, laringite
apresentam, desde o início, importante com
estridulosa, epiglotite aguda, inalação de corpo
prometimento do estado geral, placas com
estranho. Para o diagnóstico diferencial da difteria
aspecto necrótico e pescoço taurino.
cutânea, considerar impetigo, eczema, ectima,
Sinonímia - Crupe. úlceras.
Agente etiológico - Corynebacterium
diphtheriae, bacilo grampositivo, produtor da
toxina diftérica, quando infectado por um fago.
Reservatório - O homem, doente ou portador
assintomático.
Modo de transmissão - Contato direto da
pessoa doente ou do portador com pessoa
suscetível através de gotículas de secreção
eliminadas por tosse, espirro ou ao falar.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
DOENÇA DE CHAGAS Alterações eletrocardiográficas mais comuns:
Descrição - Doença parasitária com curso clínico bloqueio completo do ramo direito (BCRD),
bifásico (fases aguda e crônica), podendo se hemibloqueio anterior esquerdo (HBAE), bloqueio
manifestar sob várias formas. atrioventricular (BAV) de 1º, 2º e 3º graus,
Fase Aguda- Caracterizada por miocardite difusa, extrassístoles ventriculares, sobrecarga de
com vários graus de severidade, às vezes só cavidades cardíacas, alterações da repolarização
identificada por eletrocardiograma ou eco ventricular. A radiografia de tórax pode revelar
cardiograma. Pode ocorrer pericardite, derrame cardiomegalia.
pericárdico, tamponamento cardíaco, cardiomegalia, Digestiva: alterações ao longo do trato digestivo,
insuficiência cardíaca congestiva, derrame pleural, As ocasionadas por lesões dos plexos nervosos
manifestações clínicas mais comuns são: febre
(destruição neuronal simpática), com
prolongada e recorrente, cefaleia, mialgias, astenia,
edema de face ou membros inferiores, rash cutâneo, consequentes alterações da motilidade e
hipertrofia de linfonodos, hepatomegalia, morfologia, sendo o megaesôfago e o megacólon
esplenomegalia, ascite. Manifestações digestivas as formas mais comuns. Manifestações que
(diarreia, vômito e epigastralgia intensa) são comuns sugerem megaesôfago: disfagia (sintoma mais
em casos por transmissão oral; há relatos de icterícia frequente), regurgitação, epigastralgia, dor
e manifestações digestivas hemorrágicas. Em casos retroesternal à passagem do alimento, odinofagia
de transmissão vetorial, podem ocorrer sinais de porta (dor à deglutição), soluços, ptialismo (excesso de
de entrada: sinal de Romaña (edema bipalpebral salivação), hipertrofia de parótidas; em casos
unilateral) ou chagoma de inoculação (lesão a mais graves pode ocorrer esofagite, fístulas
furúnculo que não supura). A meningoencefalite, que esofágicas, alterações pulmonares decorrentes
é rara, tende a ser letal, e ocorre geralmente em casos
de refluxo gastroesofágico. No megacólon,
de reativação (imunodeprimidos) ou em lactentes.
Alterações laboratoriais incluem anemia, leucocitose, geralmente ocorre constipação intestinal de
linfocitose, elevação de enzimas hepáticas, alteração instalação insidiosa, meteorismo, distensão
nos marcadores de atividade inflamatória (velocidade abdominal; volvos e torções de intestino e
de hemossedimentação, proteína C-reativa, etc.). fecalomas podem complicar o quadro. Exames
Relatos em surtos de transmissão por via oral radiológicos contrastados são importantes no
demonstraram a ocorrência de icterícia, lesões em diagnóstico da forma digestiva.
mucosa gástrica, alterações nas provas de
Forma associada (cardiodigestiva): quando no
coagulação e plaquetopenia.
mesmo paciente são identificadas pelo as duas
Fase Crônica- Passada a fase aguda, aparente ou formas da doença.
inaparente, se não for realizado tratamento
específico, ocorre redução espontânea da Forma congênita: ocorre em crianças nascidas
parasitemia com tendência à evolução para as de mães com exame positivo para T. cruzi. Pode
formas: passar despercebida em mais de 60% dos casos;
Indeterminada: forma crônica mais frequente. O em sintomáticos, pode ocorrer prematuridade,
indivíduo apresenta exame sorológico positivo sem baixo peso, hepatoesplenomegalia e febre; há
nenhuma outra alteração identificável por exames relatos de icterícia, equimoses e convulsões
específicos (cardiológicos, digestivos, etc). Esta fase devidas à hipoglicemia. Meningoencefalite
pode durar toda a vida ou, após cerca de 10 anos, costuma ser letal.
pode evoluir para outras formas (ex: cardíaca, Pacientes imunodeprimidos, como os portadores de
digestiva). neoplasias hematológicas, os usuários de drogas
Cardíaca: importante causa de limitação do imunodepressoras, ou os co-infectados pelo vírus da
chagásico crônico e a principal causa de morte. Pode imunodeficiência humana adquirida, podem
apresentar-se sem sintomatologia, apenas com apresentar reativação da Doença de Chagas, que
alterações eletrocardiográficas, ou com insuficiência deve ser confirmada por exames parasitológicos
cardíaca de diversos graus, progressiva ou diretos no sangue periférico, em outros fluidos
fulminante, arritmias graves, acidentes orgânicos ou em tecidos.
tromboembólicos, aneurisma de ponta do coração e Agente etiológico - Trypanosoma cruzi, protozoário
morte súbita. As principais manifestações são flagelado da família Trypanosomatidae, caracterizado
palpitações, edemas, dor precordial, dispneia, pela presença de um flagelo e uma única mitocôndria.
dispneia paroxística noturna, tosse, tonturas, No sangue dos vertebrados, apresenta-se sob a forma
desmaios, desdobramento ou hipofonese de segunda de tripomastigota e, nos tecidos, como amastigota.
bulha, sopro sistólico.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Vetores - Triatomíneos hematófagos que, Período de incubação - Varia de acordo com a
dependendo da espécie, podem viver em meio forma de transmissão. Vetorial: 4 a 15 dias;
silvestre, no peridomicílio ou no intradomicílio. transfusional: 30 a 40 dias; vertical: pode ocorrer
São também conhecidos como “barbeiros” ou em qualquer período da gestação ou durante o
“chupões”. No Brasil, há uma diversidade de parto; oral: 3 a 22 dias; transmissão acidental: até
espécies que foram encontradas infectadas. A aproximadamente 20 dias.
mais importante era o Triatoma infestans que Período de transmissibilidade - O paciente
recentemente foi eliminado do Brasil. Os T. chagásico pode albergar o T. cruzi no sangue
brasiliensis, Panstrongylus megistus, T. e/ou tecidos por toda a vida, sendo assim
pseudomaculata, T. sórdida também se reservatório para os vetores com os quais tiver
constituem em vetores do T.cruzi . contato. No entanto, os principais reservatórios
Reservatórios - Além do homem, diversos são os outros mamíferos já citados.
mamíferos domésticos e silvestres têm sido FASE AGUDA- Determinada pela presença de
encontrados naturalmente infectados pelo T. parasitos circulantes em exames parasitológicos
cruzi. Epidemiologicamente, os mais importantes diretos de sangue periférico (exame a fresco,
são aqueles que coabitam ou estão próximos do esfregaço, gota espessa). Quando houver
homem (gatos, cães, porcos, ratos). No entanto, presença de sintomas por mais de 30 dias, são
também são relevantes os tatus, gambás, recomendados métodos de concentração devido
primatas não humanos, morcegos, entre outros ao declínio da parasitemia (teste de Strout, micro-
animais silvestres. As aves, répteis e anfíbios são hematócrito, QBC); b) presença de anticorpos
refratários à infecção pelo T. cruzi. IgM anti-T. cruzi no sangue indica doença aguda
Modo de transmissão quando associada a fatores clínicos e
A forma vetorial ocorre pela passagem do epidemiológicos compatíveis.
protozoário dos excretas dos triatomíneos FASE CRÔNICA- Indivíduo que apresenta
através da pele lesada ou de mucosas do ser anticorpos IgG anti-T. cruzi detectados por dois
humano, durante ou logo após o repasto testes sorológicos de princípios distintos, sendo a
sanguíneo. Imunofluorescência Indireta (IFI), a
A transmissão oral ocorre a partir da ingestão de Hemoaglutinação (HE) e o ELISA os métodos
alimentos contaminados com T. cruzi. Esta recomendados. Por serem de baixa sensibilidade,
forma, frequente na região Amazônica, tem sido os métodos parasitológicos são desnecessários
implicada em surtos intrafamiliares em diversos para o manejo clínico dos pacientes; no entanto,
estados brasileiros e tem apresentado letalidade testes de xenodiagóstico, hemocultivo ou PCR
elevada. positivos podem indicar a doença crônica.
A transmissão transfusional ocorre por meio de
hemoderivados ou transplante de órgãos ou ESCABIOSE
tecidos provenientes de doadores contaminados Descrição - Parasitose da pele causada por um
com o T. cruzi. ácaro cuja penetração deixa lesões em forma de
A transmissão por transplante de órgãos tem vesículas, pápulas ou pequenos sulcos, nos quais
adquirido relevância nos últimos anos devido ao ele deposita seus ovos. As áreas preferenciais da
aumento desse tipo de procedimento, com pele para visualizar essas lesões são: regiões
quadros clínicos pois receptores estão interdigitais, punhos (face anterior), axilas (pregas
imunocomprometidos. anteriores), região periumbilical, sulco interglúteo
A transmissão vertical ocorre em função da e órgãos genitais externos (nos homens). Em
passagem do T. cruzi de mulheres infectadas crianças e idosos, podem também ocorrer no
para seus bebês, durante a gestação ou o parto. couro cabeludo, nas palmas das mãos e plantas
dos pés. O prurido intenso é causado por reação
A transmissão acidental ocorre a partir do alérgica a produtos metabólicos do ácaro.
contato de material contaminado (sangue de Caracteristicamente essa manifestação clínica se
doentes, excretas de triatomíneos) com a pele intensifica durante a noite, por ser o período de
lesada ou com mucosas, geralmente durante reprodução e deposição de ovos desse agente.
manipulação em laboratório sem equipamento de
biossegurança.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Sinonímia - Sarna, pereba, curuba, pira, quipá. dessa forma clínica, correspondem a áreas de
Agente etiológico - Sarcoptes scabiei. fibrose decorrentes de granulomatose periportal
ou fibrose de Symmers.
Reservatório - O homem.
Hepática- A apresentação clínica dos pacientes
Modo de transmissão - Contato direto com pode ser assintomática ou com sintomas da forma
doentes (compartilhamento de dormitórios, hepatointestinal. Ao exame físico, o fígado é
relações sexuais, etc.) e por meio de fômites palpável e endurecido, à semelhança do que
contaminados (roupas de cama, toalhas de acontece na forma hepatoesplênica. Na
banho, vestimentas). ultrassonografia, verifica-se a presença de fibrose
Período de incubação - De 1 dia a 6 semanas. hepática, moderada ou intensa.
Período de transmissibilidade - Todo o período Hepatoesplênica compensada- A característica
da doença. fundamental desta forma é a presença de
Complicações - Infecções secundárias pela hipertensão portal, levando à esplenomegalia e
“coçadura”, que, quando causada pelo ao aparecimento de varizes no esôfago. Os
estreptococo ß hemolítico, pode levar à pacientes costumam apresentar sinais e sintomas
glomerulonefrite. Em pacientes gerais inespecíficos, como dores abdominais
imunocomprometidos, há risco de se estender atípicas, alterações das funções intestinais e
como uma dermatite generalizada, com intensa sensação de peso ou desconforto no hipocôndrio
descamação. Essa forma também pode ocorrer esquerdo, devido ao crescimento do baço. Às
em idosos, nos quais o prurido é menor ou não vezes, o primeiro sinal de descompensação da
existe. A forma intensamente generalizada é doença é a hemorragia digestiva com a presença
denominada de sarna norueguesa. de hematêmese e/ou melena. O exame físico
detecta hepatoesplenomegalia.
Diagnóstico
Hepatoesplênica Descompensada-
Clínico- Baseia-se na sintomatologia, tipo e
Considerada uma das formas mais graves.
topografia das lesões e dados epidemiológicos.
Caracteriza-se por diminuição acentuada do
Pode ser feito também mediante a visualização
estado funcional do fígado. Essa
do ácaro, à microscopia pelo raspado ou biópsia
descompensação relaciona-se à ação de vários
de pele.
fatores, tais como os surtos de hemorragia
digestiva e consequente isquemia hepática e
ESQUISTOSSOMOSE fatores associados (hepatite viral, alcoolismo).
Descrição - A Esquistossomose Mansônica é Agente etiológico - Schistosoma mansoni, um
uma doença parasitária, causada pelo helminto pertencente à classe dos Trematoda,
trematódeo Schistosoma mansoni, cuja família Schistosomatidae e gênero Schistosoma.
sintomatologia clínica depende de seu estágio de Reservatório - No ciclo da doença, estão
evolução no homem. A fase aguda pode ser envolvidos dois hospedeiros, um definitivo e o
assintomática ou apresentar-se como dermatite intermediário.
cercariana, caracterizada por micropápulas
Hospedeiro definitivo - O homem é o principal
eritematosas e pruriginosas, até cinco dias após
hospedeiro definitivo e nele o parasita apresenta
a infecção. Com cerca de 3 a 7 semanas após a
a forma adulta, reproduzindo-se sexuadamente,
exposição, pode ocorrer a febre de Katayama,
possibilitando a eliminação dos ovos do S.
caracterizada por linfodenopatia, febre, anorexia,
mansoni, no ambiente, pelas fezes, ocasionando
dor abdominal e cefaleia. Esses sintomas podem
a contaminação das coleções hídricas. Os
ser acompanhados de diarreia, náuseas, vômitos
primatas, marsupiais (gambá), ruminantes,
ou tosse seca, ocorrendo hepatomegalia. Após
roedores e lagomorfos (lebres e coelhos), são
seis meses de infecção, há risco do quadro
considerados hospedeiros permissivos ou
clínico evoluir para a fase crônica, cujas formas
reservatórios, porém, não está clara a
clínicas são:
participação desses animais na transmissão.
Hepatointestinal - Caracteriza-se pela presença
de diarreias e epigastralgia. Ao exame físico, o
paciente apresenta fígado palpável, com
nodulações que, nas fases mais avançadas
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Modo de transmissão - Os ovos do S. mansoni FEBRE AMARELA
são eliminados pelas fezes do hospedeiro
infectado (homem). Na água, eclodem, liberando
Descrição - Doença febril aguda, de curta duração (no
uma larva ciliada denominada miracídio, que máximo 12 dias) e gravidade variável. Apresenta-se
infecta o caramujo. Após 4 a 6 semanas, a larva como infecções subclínicas e/ ou leves, até formas
abandona o caramujo, na forma de cercária, graves, fatais. O quadro típico tem evolução bifásica
ficando livre nas águas naturais. O contato (período de infecção e de intoxicação), com início
humano com águas infectadas pelas cercárias é abrupto, febre alta e pulso lento em relação à
a maneira pela qual o indivíduo adquire a temperatura (sinal de Faget), calafrios, cefaleia
Esquistossomose. Período de incubação - Em intensa, mialgias, prostração, náuseas e vômitos,
média, 1 a 2 meses após a infecção. durando cerca de 3 dias, após os quais se observa
remissão da febre e melhora dos sintomas, o que pode
Período de transmissibilidade - O homem pode durar algumas horas ou, no máximo, 2 dias. O caso
eliminar ovos viáveis de S. mansoni nas fezes a pode evoluir para cura ou para a forma grave (período
partir de 5 semanas após a infecção, e por um de intoxicação), caracterizada pelo aumento da febre,
período de 6 a 10 anos, podendo chegar até mais diarreia e reaparecimento de vômitos com aspecto de
de 20 anos. Os hospedeiros intermediários, borra de café, instalação de insuficiência hepática e
começam a eliminar cercárias após 4 a 7 renal. Surgem também icterícia, manifestações
semanas da infecção pelos miracídios Os hemorrágicas (hematêmese, melena, epistaxe,
caramujos infectados eliminam cercárias durante hematúria, sangramento vestibular e da cavidade oral,
toda a sua vida que é de, aproximadamente, 1 entre outras), oligúria, albuminúria e prostração
ano. intensa, além de comprometimento do sensório, que
se expressa mediante obnubilação mental e torpor
Complicações - Fibrose hepática, hipertensão com evolução para coma. Epidemiologicamente, a
portal, insuficiência hepática severa, hemorragia doença pode se apresentar sob duas formas distintas:
digestiva, cor pulmonale, glomerulonefrite. Febre Amarela Urbana (FAU) e Febre Amarela
Podem ocorrer associações com infecções Silvestre (FAS), diferenciando-se uma da outra pela
bacterianas (salmonelas, estafilococos) e virais localização geográfica, espécie vetorial e tipo de
(hepatites B e C). Pode haver comprometimento hospedeiro.
do sistema nervoso central e de outros órgãos Agente etiológico - Vírus amarílico, arbovírus do
secundários ao depósito ectópico de ovos. gênero Flavivírus e família Flaviviridae. É um RNA
vírus.
Diagnóstico - Além do quadro clínico-
epidemiológico, deve ser realizado exame Vetores/reservatórios e hospedeiros - O principal
coprológico, preferencialmente com uso de vetor e reservatório da FAS no Brasil é o mosquito do
gênero Haemagogus janthinomys; os hospedeiros
técnicas quantitativas de sedimentação,
naturais são os primatas não humanos (macacos). O
destacando-se a técnica de Kato-Katz. A ultra- homem não imunizado entra nesse ciclo
sonografia hepática auxilia o diagnóstico da acidentalmente. Na FAU, o mosquito Aedes aegypti é
fibrose de Symmers e nos casos de o principal vetor e reservatório e o homem, o único
hepatoesplenomegalia. A biópsia retal ou hospedeiro de importância epidemiológica.
hepática, apesar de não recomendada na rotina, Modo de transmissão - Na FAS, o ciclo de
pode ser de ser útil em casos suspeitos e na transmissão se processa entre o macaco infectado →
presença de exame parasitológico de fezes mosquito silvestre → macaco sadio. Na FAU, a
negativo. transmissão se faz através da picada do mosquito Ae.
aegypti, no ciclo: homem infectado → Ae. aegypti →
homem sadio.
Período de incubação - Varia de 3 a 6 dias, após a
picada do mosquito fêmea infectado.
Período de transmissibilidade - O sangue dos
doentes é infectante de 24 a 48 horas antes do
aparecimento dos sintomas até 3 a 5 dias após, tempo
que corresponde ao período de viremia. No mosquito
Ae. aegypti, o período de incubação é de 9 a 12 dias,
após o que se mantém infectado por toda a vida.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Diagnóstico - É clínico, epidemiológico e infectado com microfilaremia e a transmite a outro
laboratorial. O diagnóstico laboratorial é feito por indivíduo, após maturação das microfilárias no
isolamento do vírus de amostras de sangue ou de vetor, que ocorre entre 12 a 14 dias do repasto
tecido hepático, por detecção de antígeno em sanguíneo. A microfilaremia pode persistir,
tecido (imunofluorescência e imunoperoxidase) aproximadamente, por 5 a 10 anos.
ou por sorologia. Complicações - Hidrocele, linfoscroto,
FILARIOSE elefantíase e hematoquilúria.
Descrição - A Filariose causada pela Wuchereria Diagnóstico - Clínico-epidemiológico, quando há
bancrofti se manifesta clinicamente no homem manifestações sugestivas e o indivíduo é oriundo
sob várias formas. Existem indivíduos com esta de área endêmica.
parasitose que nunca desenvolvem sintomas, Diagnóstico específico - O teste de rotina é feito
havendo ou não detecção de microfilárias no pela pesquisa da microfilária no sangue periférico,
sangue periférico; outros podem apresentar febre pelo método da gota espessa (periodicidade
recorrente aguda, astenia, mialgias, fotofobia, noturna, das 23h a 1h). Pode-se, ainda, pesquisar
quadros urticariformes, pericardite, cefaleia, microfilária no líquido ascítico, pleural, sinovial,
linfadenite e linfangite retrógrada, com ou sem cefalorraquidiano, urina, expectoração e gânglios,
microfilaremia. Os casos crônicos mais graves sendo, entretanto, restrito a casos específicos.
são de indivíduos que apresentam hidrocele, Pela presença do verme adulto no sistema
quilúria e elefantíase de membros, mamas e linfático, genitália ou em outras lesões (essa
órgãos genitais. Nesses casos, em geral, a forma de diagnóstico não é realizada como
densidade de microfilária no sangue é muito rotina).
pequena ou mesmo não detectável. Descrevem-
se, ainda, casos de eosinofilia pulmonar tropical, GIARDÍASE
síndrome que se manifesta por crises Descrição - Infecção por protozoários que atinge,
paroxísticas de asma, com pneumonia intersticial principalmente, a porção superior do intestino
crônica e ligeira febre recorrente, cujo delgado. A maioria das infecções é assintomática
leucograma registra importante eosinofilia. e ocorre tanto em adultos, quanto em crianças. A
Nesses casos, o exame dos tecidos mostra infecção sintomática pode apresentar-se de
microfilárias em processo de degeneração, não forma aguda com diarreia, acompanhada de dor
encontradas no sangue periférico (filaríase abdominal (enterite aguda) ou de natureza
oculta). crônica, caracterizada por fezes amolecidas, com
Sinonímia - Filariose, filaríase de Bancrofti, aspecto gorduroso, fadiga, anorexia, flatulência e
elefantíase. distensão abdominal. Anorexia, associada com
má absorção, pode ocasionar perda de peso e
Agente etiológico - Wuchereria bancrofti, anemia. Não há invasão intestinal.
nematódeo que vive nos vasos linfáticos dos
indivíduos infectados. Sinonímia - Enterite por giárdia.
Reservatório - O homem. Modo de transmissão Agente etiológico - Giardia lamblia, protozoário
- Pela picada dos mosquitos transmissores com flagelado que existe sob as formas de cisto e
larvas infectantes (L3). No Brasil, o Culex trofozoíto. O cisto é a forma infectante encontrada
quinquefasciatus é o principal transmissor. Em no ambiente.
geral, as microfilárias têm periodicidade para Reservatório - O homem e alguns animais
circular no sangue periférico, sendo mais domésticos ou selvagens, como cães, gatos e
detectadas à noite, entre as 23h e 1h. castores.
Período de incubação - Manifestações alérgicas Modo de transmissão - Fecal-oral. Direta, pela
podem aparecer 1 mês após a infecção. As contaminação das mãos e consequente ingestão
microfilárias, em geral, aparecem no sangue de cistos existentes em dejetos de pessoa
periférico de 6 a 12 meses após a infecção com infectada; ou indireta, por meio da ingestão de
as larvas infectantes da W. bancrofti. água ou alimento contaminado.
Período de transmissibilidade - Não se Período de incubação - De 1 a 4 semanas, com
transmite de pessoa a pessoa. O ciclo ocorre média de 7 a 10 dias.
quando um inseto transmissor pica um homem
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Período de transmissibilidade - Enquanto Características epidemiológicas - Tem baixa
persistir a infecção. letalidade e baixa mortalidade, podendo ocorrer
Complicações - Síndrome de má absorção. em qualquer idade, raça ou gênero. Observa-se
relação entre endemicidade e baixos índices de
Diagnóstico - Identificação de cistos ou desenvolvimento humano. A Hanseníase
trofozoítos, no exame direto de fezes, pelo apresenta tendência de estabilização dos
método de Faust; ou identificação de trofozoítos coeficientes de detecção no Brasil, mas ainda em
no fluido duodenal, obtido através de aspiração. patamares muito altos nas regiões Norte, Centro-
São necessárias, pelo menos, três amostras de oeste e Nordeste.
fezes para obter uma boa sensibilidade. A
detecção de antígenos pode ser realizada pelo Período de transmissibilidade - Os pacientes
Elisa, com confirmação diagnóstica. Em raras multibacilares (MB) podem transmitir a infecção
ocasiões, poderá ser realizada biópsia duodenal, enquanto o tratamento específico não for iniciado.
com identificação de trofozoítos. Diagnóstico - O diagnóstico é clínico e
Diagnóstico diferencial - Enterites causadas epidemiológico, realizado por meio da análise da
por protozoários, bactérias ou outros agentes história e condições de vida do paciente, do
infecciosos. exame dermatoneurológico, para identificar
lesões ou áreas de pele com alteração de
sensibilidade e/ou comprometimento de nervos
periféricos (sensitivo, motor e/ou autonômico). Os
HANSENÍASE
casos com suspeita de comprometimento neural,
Descrição - Doença crônica granulomatosa, sem lesão cutânea (suspeita de Hanseníase
proveniente de infecção causada pelo neural pura), e aqueles que apresentam área com
Mycobacterium leprae. Esse bacilo tem a alteração sensitiva e/ou autonômica duvidosa e
capacidade de infectar grande número de sem lesão cutânea evidente deverão ser
indivíduos (alta infectividade), no entanto poucos encaminhados para unidades de saúde de maior
adoecem (baixa patogenicidade); essas complexidade para confirmação diagnóstica. Em
propriedades dependem de, além das crianças, o diagnóstico da Hanseníase exige
características intrínsecas do bacilo, de sua exame criterioso, diante da dificuldade de
relação com o hospedeiro e o grau de aplicação e interpretação dos testes de
endemicidade do meio. O alto potencial sensibilidade.
incapacitante da Hanseníase está diretamente
relacionado ao poder imunogênico do M. leprae. HEPATITE A
Sinonímia - Mal de Hansen. Antigamente, a Descrição - Doença viral aguda, de
doença era conhecida como lepra. manifestações clínicas variadas, desde formas
Agente etiológico - Mycobacterium leprae, subclínicas, oligossintomáticas e até fulminantes
bacilo álcool-ácido resistente, intracelular (entre 2 e 8% dos casos). Os sintomas se
obrigatório, sendo a única espécie de assemelham a uma síndrome gripal, porém há
micobactéria que infecta nervos periféricos, elevação das transaminases. A frequência de
especificamente células de Schwann. quadros ictéricos aumenta com a idade, variando
Reservatório - O homem, reconhecido como de 5 a 10% em menores de 6 anos, chegando de
única fonte de infecção, embora tenham sido 70 a 80% nos adultos. O quadro clínico é mais
identificados animais naturalmente infectados. intenso à medida que aumenta a idade do
paciente. No decurso de uma Hepatite típica, há
Modo de transmissão - A principal via de
vários períodos:
eliminação dos bacilos dos pacientes
multibacilares (virchowianos e dimorfos) é a Incubação -Varia de 15 a 45 dias, média de 30
aérea superior, sendo, também, o trato dias.
respiratório a mais provável via de entrada do M. Prodrômico ou pré-ictérico- Com duração em
leprae no corpo. Período de incubação - Em média de 7 dias, caracterizado por mal-estar,
média, 2 a 7 anos. Há referências a períodos cefaleia, febre baixa, anorexia, astenia, fadiga
mais curtos, de 7 meses, como também mais intensa, artralgia, náuseas, vômitos, desconforto
longos, de 10 anos. abdominal na região do hipocôndrio direito,
aversão a alguns alimentos e à fumaça de cigarro.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Ictérico- Com intensidade variável e duração HEPATITE B
geralmente de 4 a 6 semanas. É precedido por 2 Descrição - Doença viral que cursa de forma
a 3 dias de colúria. Pode ocorrer hipocolia fecal, assintomática ou sintomática (até formas
prurido, hepato ou hepatoesplenomegalia. A fulminantes). As formas sintomáticas são
febre, artralgia e cefaleia vão desaparecendo caracterizadas por mal-estar, cefaleia, febre
nesta fase. baixa, anorexia, astenia, fadiga, artralgia,
Covalescença- Retorno da sensação de bem- náuseas, vômitos, desconforto no hipocôndrio
estar: gradativamente, a icterícia regride e as direito e aversão a alguns alimentos e ao cigarro.
fezes e urina voltam à coloração normal. Agente A icterícia, geralmente, inicia-se quando a febre
etiológico - Vírus da Hepatite A (HAV). Vírus desaparece, podendo ser precedida por colúria e
RNA, família. hipocolia fecal. Hepatomegalia ou
Reservatório - O homem, principalmente. hepatoesplenomegalia também podem estar
Também primatas, como chimpanzés e saguis. presentes. Na forma aguda, os sintomas vão
desaparecendo paulatinamente. Algumas
Modo de transmissão - Fecal-oral, veiculação pessoas desenvolvem a forma crônica mantendo
hídrica, pessoa a pessoa (contato intrafamiliar e um processo inflamatório hepático por mais de 6
institucional), alimentos contaminados e objetos meses. O risco de cronificação pelo vírus B
inanimados. Transmissão percutânea depende da idade na qual ocorre a infecção.
(inoculação acidental) e parenteral (transfusão) Assim, em menores de um ano chega a 90%,
são muito raras, devido ao curto período de entre 1 e 5 anos esse risco varia entre 20 e 50%
viremia. e em adultos, entre 5 e 10%. Portadores de
Período de transmissibilidade - Desde a imunodeficiência congênita ou adquirida evoluem
segunda semana antes do início dos sintomas para a cronicidade com maior frequência.
até o final da segunda semana de doença. Agente etiológico - Vírus da Hepatite B (HBV).
Complicações - As formas prolongadas ou Um vírus DNA, da família Hepadnaviridae.
recorrentes são raras e caracterizam-se pela Reservatório - O homem. Experimentalmente,
manutenção das transaminases em níveis chimpanzés, espécies de pato e esquilo.
elevados por meses ou, até mesmo, 1 ano. A
Modo de transmissão - O HBV é altamente
forma fulminante apresenta letalidade elevada
infectivo e facilmente transmitido pela via sexual,
(40 a 80% dos casos). Ocorre necrose maciça ou
por transfusões de sangue, procedimentos
submaciça do fígado. Os primeiros sinais e
médicos e odontológicos e hemodiálises sem as
sintomas são brandos e inespecíficos. Icterícia e
adequadas normas de biossegurança, pela
indisposição progressivas, urina escurecida, e
transmissão vertical (mãe-filho), por contatos
coagulação anormal são sinais que devem
íntimos domiciliares (compartilhamento de
chamar atenção para o desenvolvimento de
escova dental e lâminas de barbear), acidentes
insuficiência hepática aguda (10 a 30 dias). A
perfurocortantes, compartilhamento de seringas e
deteriorização neurológica progride para o coma
de material para a realização de tatuagens e
ao longo de poucos dias após a apresentação
piercings. Período de incubação - De 30 a 180
inicial.
dias (em média, de 60 a 90 dias).
Diagnóstico - Pode ser clínico-laboratorial, Período de transmissibilidade - De 2 a 3
clínico-epidemiológico e laboratorial. Apenas semanas antes dos primeiros sintomas,
com os aspectos clínicos, não é possível mantendo-se durante a evolução clínica da
identificar o agente etiológico, sendo necessária doença. O portador crônico pode transmitir por
a realização de exames sorológicos. Entretanto, vários anos.
pode-se confirmar clinicamente os casos
secundários em um surto, no qual o caso-índice Complicações - Cronificação da infecção, cirrose
teve sorologia confirmada (antiHAVIgM). hepática e suas complicações (ascite,
hemorragias digestivas, peritonite bacteriana
Tratamento - Não existe tratamento específico espontânea, encefalopatia hepática) e carcinoma
para a forma aguda. Se necessário, apenas hepatocelular.
sintomático para náuseas, vômitos e prurido.
Diagnóstico - Clínico-laboratorial e laboratorial.
Como recomendação geral, orienta-se repouso
Apenas com os aspectos clínicos não é possível
relativo até praticamente a normalização das
identificar o agente etiológico, sendo
aminotransferases.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
necessária a realização de exames sorológicos. A transmissão intrauterina é incomum. A média de
infecção em crianças nascidas de mães HCV positivas
HEPATITE C
é de, aproximadamente, 6% – havendo co-infecção
Descrição - Doença viral com infecções com HIV, sobe para 17%. A transmissão pode estar
assintomáticas ou sintomáticas (até formas associada ao genótipo e à carga viral elevada do HCV.
fulminantes, raras). As Hepatites sintomáticas Apesar da possibilidade da transmissão pelo
são caracterizadas por mal-estar, cefaleia, febre aleitamento materno (partículas virais foram
baixa, anorexia, astenia, fadiga, artralgia, demonstradas no colostro e leite materno), não há
náuseas, vômitos, desconforto no hipocôndrio evidências conclusivas de aumento do risco à
transmissão, exceto na ocorrência de fissuras ou
direito e aversão a alguns alimentos e ao cigarro.
sangramento nos mamilos.
A icterícia é encontrada entre 18% a 26% dos
casos de Hepatite Aguda e inicia-se quando a Período de incubação - Varia de 15 a 150 dias
(média de 50 dias).
febre desaparece, podendo ser precedida por
colúria e hipocolia fecal. Pode, também, Período de transmissibilidade - Inicia-se 1 semana
apresentar hepatomegalia ou antes dos sintomas e mantém-se enquanto o paciente
apresentar RNA-HCV detectável.
hepatoesplenomegalia. Na forma aguda, os
sintomas vão desaparecendo paulatinamente. A Complicações - Cronificação da infecção, cirrose
hepática e suas complicações (ascite, hemorragias
taxa de cronificação varia entre 60 e 90%, sendo
digestivas, peritonite bacteriana espontânea,
maior em função de alguns fatores do hospedeiro encefalopatia hepática) e carcinoma hepatocelular.
(sexo masculino, imunodeficiências, idade maior
Diagnóstico - Clínico-laboratorial. Apenas com os
que 40 anos). Em média, de um quarto a um terço
aspectos clínicos não é possível identificar o agente
dos pacientes evolui para formas histológicas etiológico, sendo necessária a realização de exames
graves, num período de 20 anos. Esse quadro sorológicos. Os exames laboratoriais inespecíficos
crônico pode ter evolução para cirrose e incluem as dosagens de aminotransferases –
hepatocarcinoma, fazendo com que o HCV seja, ALT/TGP e AST/ TGO – que denunciam lesão do
hoje em dia, responsável pela maioria dos parênquima hepático. O nível de ALT pode estar 3
transplantes hepáticos no Ocidente. O uso vezes maior que o normal. As bilirrubinas são
concomitante de bebida alcoólica, em pacientes elevadas e o tempo de protrombina pode estar
portadores do HCV, determina uma maior alargado (TP>17s ou INR>1,5), indicando gravidade.
propensão para desenvolver cirrose hepática. Diagnóstico diferencial - Hepatite por vírus A, B, D
ou E; infecções como leptospirose, febre amarela,
Agente etiológico - Vírus da Hepatite C (HCV).
malária, dengue, sepse, citomegalovírus e
É um vírus RNA, família Flaviviridae. mononucleose; doenças hemolíticas; obstruções
Reservatório - O homem. Experimentalmente, o biliares; uso abusivo de álcool e uso de alguns
chimpanzé. medicamentos e substâncias químicas.
Modo de transmissão - A transmissão ocorre, Tratamento - Como norma geral, recomenda-se
principalmente, por via parenteral. São repouso relativo até, praticamente, a normalização
consideradas populações de risco acrescido por das aminotransferases. Dieta pobre em gordura e rica
em carboidratos é de uso popular, porém seu maior
via parenteral: indivíduos que receberam
benefício é ser mais agradável para o paciente
transfusão de sangue e/ou hemoderivados antes anorético. De forma prática, deve-se recomendar que
de 1993; pessoas que compartilham material o próprio paciente defina sua dieta, de acordo com seu
para uso de drogas injetáveis (cocaína, apetite e aceitação alimentar. A única restrição
anabolizantes e complexos vitamínicos), relaciona-se à ingestão de álcool, que deve ser
inaláveis (cocaína) e pipadas (crack); pessoas suspensa por 6 meses, no mínimo, sendo,
com tatuagem, piercings ou que apresentem preferencialmente, por 1 ano. Medicamentos não
outras formas de exposição percutânea. A devem ser administrados sem recomendação médica,
transmissão sexual pode ocorrer, principalmente, para não agravar o dano hepático. As drogas
em pessoas com múltiplos parceiros e com consideradas “hepatoprotetoras”, associadas ou não a
prática sexual de risco acrescido (sem uso de complexos vitamínicos, não têm nenhum valor
terapêutico. Na Hepatite Crônica, estima-se que um
preservativo), sendo que a coexistência de
terço a um quarto dos casos necessitará de
alguma DST – inclusive o HIV – constitui um tratamento. Sua indicação baseia-se no grau de
importante facilitador dessa transmissão. A acometimento hepático.
transmissão perinatal é possível e ocorre, quase
sempre, no momento do parto ou logo após.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
LEISHMANIOSE TEGUMENTAR Modo de transmissão - Pela picada da fêmea de
insetos flebotomíneos das diferentes espécies de
Descrição - Doença infecciosa, não contagiosa,
importância médico-sanitária do gênero Lutzomyia.
causada por protozoários do gênero Leishmania, São conhecidos popularmente como mosquito palha,
de transmissão vetorial, que acomete pele e tatuquira, birigui, entre outros.
mucosas. É primariamente uma infecção
zoonótica que afeta outros animais que não o Período de incubação - Em média, de 2 a 3 meses,
podendo apresentar períodos mais curtos (2
homem, o qual pode ser envolvido
semanas) e mais longos (2 anos).
secundariamente. A doença cutânea apresenta-
se classicamente por pápulas, que evoluem para Período de transmissibilidade - Desconhecido. Não
úlceras com fundo granuloso e bordas infiltradas há transmissão homem a homem. A transmissão se
em moldura, que podem ser únicas ou múltiplas, dá pelo vetor que adquire o parasito ao picar
reservatórios, transmitindo-o ao homem.
mas indolores. Também pode manifestar-se
como placas verrucosas, papulosas, nodulares, Suscetibilidade e imunidade - A suscetibilidade é
localizadas ou difusas. A forma mucosa, universal. A infecção e a doença não conferem
secundária ou não à cutânea, caracteriza-se por imunidade ao paciente.
infiltração, ulceração e destruição dos tecidos da Complicações - Na forma mucosa grave, pode
cavidade nasal, faringe ou laringe. Quando a apresentar disfagia, disfonia, insuficiência respiratória
destruição dos tecidos é importante, podem por edema de glote, pneumonia por aspiração e morte.
ocorrer perfurações do septo nasal e/ou palato. Diagnóstico - Suspeita clínico-epidemiológica
Sinonímia - Úlcera de Bauru, nariz de tapir, associada à intradermorreação de Montenegro
botão do Oriente. (IDRM) positiva e/ou demonstração do parasito no
exame parasitológico direto em esfregaço de raspado
Agente etiológico - Há várias espécies de da borda da lesão, ou no inprint feito com o fragmento
leishmanias envolvidas na transmissão. Nas da biópsia; em histopatologia ou isolamento em
Américas, são atualmente reconhecidas 11 cultura. A imunofluorescência não deve ser utilizada
espécies dermotrópicas de Leishmania como critério isolado para diagnóstico de LTA.
causadoras de doença humana e 8 espécies Entretanto, pode ser considerada como critério
descritas, somente em animais. No Brasil, já adicional no diagnóstico diferencial com outras
foram identificadas 7 espécies, sendo 6 do doenças, especialmente nos casos sem
subgênero Viannia e 1 do subgênero Leishmania. demonstração de qualquer agente etiológico. A
As mais importantes são Leishmania (Viannia) utilização de métodos de diagnóstico laboratorial visa
braziliensis, L. (L.) amazonensis e L. (V.) não somente à confirmação dos achados clínicos, mas
pode fornecer importantes informações
guyanensis.
epidemiológicas, pela identificação da espécie
Hospedeiros e reservatórios - Marsupiais, circulante, orientando quanto às medidas a serem
roedores, preguiça, tamanduá, dentre outros. A adotadas para o controle do agravo. O diagnóstico de
interação reservatório-parasito é considerada um certeza de um processo infeccioso é feito pelo
sistema complexo, na medida em que é encontro do parasito, ou de seus produtos, nos tecidos
multifatorial, imprevisível e dinâmica, formando ou fluidos biológicos dos hospedeiros. Portanto,
uma unidade biológica que pode estar em recomenda-se a confirmação do diagnóstico por
constante mudança, em função das alterações método parasitológico, antes do início do tratamento,
especialmente naqueles casos com evolução clínica
do meio ambiente. São considerados
fora do habitual e/ ou má resposta a tratamento
reservatórios da LTA as espécies de animais que anterior.
garantam a circulação de leishmânias na
natureza, dentro de um recorte de tempo e Tratamento - A droga de primeira escolha é o
espaço. Infecções por leishmanias que causam a antimonial pentavalente. Visando padronizar o
esquema terapêutico, a Organização Mundial da
LTA foram descritas em várias espécies de
Saúde recomenda que a dose desse antimonial seja
animais silvestres, sinantrópicos e domésticos calculada em mg/Sb+5/kg/dia (Sb+5 significando
(canídeos, felídeos e equídeos). Com relação a antimônio pentavalente).
esse último, seu papel na manutenção do
parasito no meio ambiente ainda não foi
definitivamente esclarecido.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
LEISHMANIOSE VISCERAL Período de estado- Caracteriza-se por febre
Descrição - Protozoose cujo espectro clínico irregular, associada ao emagrecimento
pode variar desde manifestações clínicas progressivo, palidez cutâneo-mucosa e aumento
discretas até as graves, que, se não tratadas, da hepatoesplenomegalia. Apresenta quadro
podem levar a óbito. A Leishmaniose Visceral clínico arrastado, geralmente com mais de 2
(LV), primariamente, era uma zoonose meses de evolução e, muitas vezes, com
caracterizada como doença de caráter comprometimento do estado geral. Os exames
eminentemente rural. Mais recentemente, vem se complementares estão alterados e, no exame
expandindo para áreas urbanas de médio e sorológico, os títulos de anticorpos específicos
grande porte e se tornou crescente problema de antiLeishmania são elevados.
saúde pública no país e em outras áreas do Período final - Caso não seja feito o diagnóstico
continente americano, sendo uma endemia em e tratamento, a doença evolui progressivamente
franca expansão geográfica. É uma doença para o período final, com febre contínua e
crônica, sistêmica, caracterizada por febre de comprometimento intenso do estado geral.
longa duração, perda de peso, astenia, adinamia Instala-se a desnutrição, (cabelos quebradiços,
e anemia, dentre outras manifestações. Quando cílios alongados e pele seca) e edema dos
não tratada, pode evoluir para óbito em mais de membros inferiores, que pode evoluir para
90% dos casos. Muitos infectados apresentam a anasarca. Outras manifestações importantes
forma inaparente ou assintomática da doença. incluem hemorragias (epistaxe, gengivorragia e
Suas manifestações clínicas refletem o petéquias), icterícia e ascite. Nesses pacientes, o
desequilíbrio entre a multiplicação dos parasitos óbito geralmente é determinado por infecções
nas células do sistema fagocítico mononuclear bacterianas e/ou sangramentos. Os exames
(SFM), a resposta imunitária do indivíduo e o complementares estão alterados e, no exame
processo inflamatório subjacente. Considerando sorológico, os títulos de anticorpos específicos
a evolução clínica desta endemia, optou-se por antiLeishmania são elevados.
sua divisão em períodos:
Período Inicial - Esta fase da doença, também Sinonímia - Calazar, esplenomegalia tropical,
chamada de “aguda” por alguns autores, febre dundun, doença do cachorro, dentre outras
caracteriza o início da sintomatologia, que pode denominações menos conhecidas.
variar para cada paciente, mas, na maioria dos Agente etiológico - Protozoário
casos, inclui febre com duração inferior a 4 tripanosomatídeos do gênero Leishmania,
semanas, palidez cutâneo-mucosa e espécie Leishmania chagasi, parasita intracelular
hepatoesplenomegalia. Em área endêmica, uma obrigatório sob forma aflagelada ou amastigota
pequena proporção de indivíduos, geralmente das células do sistema fagocítico mononuclear.
crianças, pode apresentar quadro clínico Dentro do tubo digestivo do vetor, as formas
discreto, de curta duração, aproximadamente 15 amastigotas se diferenciam em promastigotas
dias, que frequentemente evolui para cura (flageladas). Nas Américas, a Leishmania
espontânea (forma oligossintomática). Os (Leishmania) chagasi é a espécie comumente
exames sorológicos são invariavelmente envolvida na transmissão da LV.
reativos. O aspirado de medula óssea mostra Reservatórios - Na área urbana, o cão (Canis
presença de forma amastigota do parasito. Nos familiaris) é a principal fonte de infecção. A
exames complementares, o hemograma revela enzootia canina tem precedido a ocorrência de
anemia, geralmente pouco expressiva, com casos humanos e a infecção em cães tem sido
hemoglobina acima de 9g/dl. A combinação de mais prevalente que no homem. No ambiente
manifestações clínicas e alterações laboratoriais, silvestre, os reservatórios são as raposas
que melhor parece caracterizar a forma (Dusicyon vetulus e Cerdocyon thous) e os
oligossintomática, é febre, hepatomegalia, marsupiais (Didelphis albiventris). Questiona-se a
hiperglobulinemia e velocidade de possibilidade do homem também ser fonte de
hemossedimentação alta. Na forma infecção.
oligossintomática, os exames laboratoriais não
se alteram, com exceção da hiperglobulinemia e
aumento na velocidade de hemossedimentação.
O aspirado de medula pode ou não mostrar a
presença de Leishmania.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Modo de transmissão - No Brasil, a forma de LEPTOSPIROSE
transmissão é através da fêmea de insetos
flebotomíneos das espécies de Lutzomyia Descrição - Doença infecciosa febril de início
longipalpis e L. cruzi, infectados. A transmissão abrupto, que pode variar desde formas
ocorre enquanto houver o parasitismo na pele ou assintomáticas e subclínicas até quadros clínicos
no sangue periférico do hospedeiro. Alguns graves associados a manifestações fulminantes.
autores admitem a hipótese da transmissão entre Didaticamente, as apresentações clínicas da
a população canina através da ingestão de Leptospirose foram divididas considerando as
carrapatos infectados e, mesmo, através de fases evolutivas da doença:
mordeduras, cópula e ingestão de vísceras Fase Precoce (fase leptospirêmica) -
contaminadas, porém não existem evidências Caracterizada pela instalação abrupta de febre,
sobre a importância epidemiológica desses comumente acompanhada de cefaleia e mialgia,
mecanismos de transmissão para humanos ou anorexia, náuseas e vômitos. Podem ocorrer
na manutenção da enzootia. Não ocorre diarreia, artralgia, hiperemia ou hemorragia
transmissão direta da LV de pessoa a pessoa. conjuntival, fotofobia, dor ocular e tosse. Pode ser
Período de incubação - É bastante variável acompanhada de exantema e frequentemente,
tanto para o homem, como para o cão. No não pode ser diferenciada de outras causas de
homem varia de 10 dias a 24 meses; em média, doenças febris agudas. Esta fase tende a ser
de 2 a 6 meses, e, no cão, varia de 3 meses a autolimitada e regride em 3 a 7 dias, sem deixar
vários anos, com média de 3 a 7 meses. sequelas.
Período de transmissibilidade - O vetor poderá Fase Tardia (fase imune) - Aproximadamente
se infectar enquanto persistir o parasitismo na 15% dos pacientes evoluem para manifestações
pele ou no sangue circulante dos animais clínicas graves iniciando-se, em geral, após a
reservatórios. primeira semana de doença. A manifestação
Complicações - As mais frequentes são de clássica da Leptospirose grave é a síndrome de
natureza infecciosa bacteriana. Dentre elas, Weil, caracterizada pela tríade de icterícia,
destacam-se: otite média aguda, otites, insuficiência renal e hemorragias, mais
piodermites e afecções pleuropulmonares, comumente pulmonar. A síndrome de hemorragia
geralmente precedidas de bronquites, pulmonar é caracterizada por lesão pulmonar
traqueobronquites agudas, infecção urinária, aguda e sangramento pulmonar maciço e vem
complicações intestinais; hemorragias e anemia sendo cada vez mais reconhecida no Brasil como
aguda. Caso essas infecções não sejam tratadas uma manifestação distinta e importante da
com antimicrobianos, o paciente poderá Leptospirose na fase tardia. Esta apresentação
desenvolver um quadro séptico com evolução clínica cursa com letalidade superior a 50%.
fatal. As hemorragias são geralmente Sinonímia - Doença de Weil, síndrome de Weil,
secundárias à plaquetopenia, sendo a epistaxe e febre dos pântanos, febre dos arrozais, febre
a gengivorragia as mais comumente outonal, doença dos porqueiros, tifo canino e
encontradas. A hemorragia digestiva e a icterícia, outras. Atualmente, evita-se a utilização desses
quando presentes, indicam gravidade do caso. termos, por serem passíveis de confusão.
Tratamento - No Brasil, os medicamentos Agente etiológico - Bactéria helicoidal
utilizados para o tratamento da LV são o (espiroqueta) aeróbica obrigatória do gênero
Antimonial Pentavalente e a Anfotericina B. O Leptospira, do qual se conhecem atualmente 14
Ministério da Saúde recomenda o Aantimoniato espécies patogênicas, sendo a mais importante a
de N-metil Glucamina como fármaco de primeira L. interrogans. A unidade taxonômica básica é o
escolha para o tratamento da LV; no entanto, a sorovar (sorotipo). Mais de 200 sorovares já
escolha de cada um deles deverá considerar a foram identificados, e cada um tem o seu
faixa etária, presença de gravidez e co- hospedeiro preferencial, ainda que uma espécie
morbidades. animal possa albergar um ou mais sorovares.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Reservatório - Os animais sinantrópicos domésticos A insuficiência renal aguda é uma importante
e selvagens são os reservatórios essenciais para a complicação da fase tardia caracterizada
persistência dos focos da infecção. Os seres geralmente por ser não oligúrica e hipocalêmica,
humanos são apenas hospedeiros acidentais e devido à inibição de reabsorção de sódio nos
terminais dentro da cadeia de transmissão. O
túbulos renais proximais, aumento no aporte
principal reservatório é constituído pelos roedores
sinantrópicos das espécies Rattus norvegicus
distal de sódio e consequente perda de potássio.
(ratazana ou rato-de-esgoto), Rattus rattus (rato de Durante esse estágio inicial, o débito urinário é
telhado ou rato preto) e Mus musculus (camundongo normal a elevado, os níveis séricos de creatinina
ou catita). O R. norvegicus é o principal portador do e ureia aumentam e o paciente pode desenvolver
sorovar Icterohaemorraghiae, um dos mais hipocalemia moderada a grave. Com a perda
patogênicos para o homem. Outros reservatórios de progressiva do volume intravascular, os pacientes
importância são: caninos, suínos, bovinos, equinos, desenvolvem insuficiência renal oligúrica, devido
ovinos e caprinos. à azotemia pré-renal. Nesse estágio, podem
Modo de transmissão - A infecção humana resulta apresentar hiperpotassemia e os pacientes
da exposição direta ou indireta à urina de animais podem desenvolver necrose tubular aguda,
infectados. A penetração do microrganismo ocorre necessitando o início imediato de diálise para
através da pele com presença de lesões, da pele tratamento da insuficiência renal aguda. Outras
íntegra imersa por longos períodos em água manifestações frequentes na forma grave são:
contaminada ou através de mucosas. O elo hídrico é
miocardite, acompanhada ou não de choque e
importante na transmissão da doença ao homem.
Raramente a transmissão ocorre pelo contato direto
arritmias, agravadas por distúrbios eletrolíticos;
com sangue, tecidos e órgãos de animais infectados, pancreatite; anemia e distúrbios neurológicos
transmissão acidental em laboratórios e ingestão de como confusão, delírio, alucinações e sinais de
água ou alimentos contaminados. A transmissão irritação meníngea, meningite asséptica. Menos
entre humanos é muito rara e de pouca relevância frequentemente ocorrem encefalite, paralisias
epidemiológica, podendo ocorrer pelo contato com focais, espasticidade, nistagmo, convulsões,
urina, sangue, secreções e tecidos de pessoas distúrbios visuais de origem central, neurite
infectadas. periférica, paralisia de nervos cranianos,
Período de incubação - De 1 a 30 dias (em média, radiculite, síndrome de Guillain-Barré e mielite.
de 5 e 14 dias). Atenção: Os casos da “forma pulmonar grave da
Período de transmissibilidade - Os animais Leptospirose” podem evoluir para insuficiência
infectados podem eliminar a leptospira através da respiratória aguda, hemorragia maciça ou
urina durante meses, anos ou por toda a vida, síndrome de angústia respiratória do adulto.
segundo a espécie animal e o sorovar envolvido. Muitas vezes precede o quadro de icterícia e
Complicações - Os pacientes podem apresentar insuficiência renal. O óbito pode ocorrer nas
comprometimento pulmonar, caracterizado por tosse
primeiras 24 horas de internação.
seca, dispneia, expectoração hemoptóica e,
ocasionalmente, dor torácica e cianose. A hemoptise Tratamento - Na fase precoce, deve ser utilizado
franca denota extrema gravidade e pode ocorrer de a Amoxacilina, em adultos na dose de 500mg,
forma súbita, levando a insuficiência respiratória – VO, de 8/8 horas, durante 5 a 7 dias. Em crianças,
síndrome da hemorragia pulmonar aguda e síndrome administrar 50mg/kg/dia, VO, a cada 6/8 horas,
da angústia espiratória aguda (SARA) – e óbito. Os durante 5 a 7 dias; ou ainda pode ser utilizado
médicos devem manter uma suspeição para a forma Doxiciclina: 100mg, VO, de 12 em 12 horas,
pulmonar grave em pacientes que apresentem febre durante 5 a 7 dias.
e sinais de insuficiência respiratória,
independentemente da presença de hemoptise. Pode
ocorrer síndrome da angústia respiratória aguda na
ausência de sangramento pulmonar. Alem disso,
outros tipos de diátese hemorrágica, frequentemente
em associação com trombocitopenia. Os fenômenos
hemorrágicos podem ocorrer na pele (petéquias,
equimoses e sangramento nos locais de
venopunção), nas conjuntivas e em outras mucosas
ou órgãos internos, inclusive no sistema nervoso
central.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
MALÁRIA continente africano, porém, ocasionalmente, casos
importados podem ser diagnosticados no Brasil.
Descrição - Doença infecciosa febril aguda,
cujos agentes etiológicos são protozoários Reservatório - O homem é o único reservatório com
importância epidemiológica para a Malária humana.
transmitidos por vetores. O quadro clínico típico
é caracterizado por febre alta, acompanhada de Vetores - Mosquito pertencente à ordem Diptera,
calafrios, sudorese profusa e cefaleia, que infraordem Culicomorpha, família Culicidae, gênero
Anopheles Meigen, 1818. O gênero compreende
ocorrem em padrões cíclicos, dependendo da
cerca de 400 espécies, no mundo, das quais, cerca de
espécie de plasmódio infectante. Em alguns 60 ocorrem no Brasil. No país, as principais espécies
pacientes, aparecem sintomas prodrômicos, transmissoras da Malária são: Anopheles (N.) darlingi
vários dias antes dos paroxismos da doença, a Root, 1926; Anopheles (N.) aquasalis Curry, 1932;
exemplo de náuseas, vômitos, astenia, fadiga, Anopheles (Nyssorhynchus) albitarsis s. l. Lynch-
anorexia. Inicialmente apresentase o período de Arribálzaga, 1878. O principal vetor de Malária no
infecção, que corresponde a fase sintomática Brasil é o An. darlingi, cujo comportamento é
inicial, caracterizada por mal-estar, cansaço e extremamente antropofílico e, dentre as espécies
mialgia. O ataque paroxístico inicia-se com brasileiras, é a mais encontrada picando no interior e
calafrio, acompanhado de tremor generalizado, nas proximidades das residências. Popularmente, os
com duração de 15 minutos a 1 hora. Na fase vetores da doença são conhecidos por “carapanã”,
“muriçoca”, “sovela”, “mosquito-prego” e “bicuda”.
febril, a temperatura pode atingir 41°C. Esta fase
Modo de transmissão - Por meio da picada da fêmea
pode ser acompanhada de cefaleia, náuseas e do mosquito Anopheles, infectada pelo Plasmodium.
vômitos. É seguida de sudorese intensa. A fase Os vetores são mais abundantes nos horários
de remissão caracteriza-se pelo declínio da crepusculares, ao entardecer e ao amanhecer.
temperatura (fase de apirexia). A diminuição dos Todavia, são encontrados picando durante todo o
sintomas causa sensação de melhora no período noturno, porém em menor quantidade em
paciente. Contudo, novos episódios de febre algumas horas da noite. Não há transmissão direta da
podem acontecer em um mesmo dia ou com doença de pessoa a pessoa. Raramente pode ocorrer
intervalos variáveis, caracterizando um estado de a transmissão por meio de transfusão de sangue
febre intermitente. O período toxêmico ocorre se contaminado ou do uso compartilhado de seringas
o paciente não receber terapêutica específica, contaminadas. Mais rara ainda é a transmissão
congênita.
adequada e oportuna. Os sinais e sintomas
podem evoluir para formas graves e Período de incubação - Varia de acordo com a
complicadas, dependendo da resposta espécie de plasmódio: P. falciparum, de 8 a 12 dias;
imunológica do organismo, aumento da P. vivax, de 13 a 17 dias; P. malariae, de 18 a 30 dias.
parasitemia e espécie de plasmódio. São sinais Período de transmissibilidade - O mosquito é
de Malária grave e complicada: hiperpirexia infectado ao sugar o sangue de uma pessoa com
(temperatura >41°C), convulsão, gametócitos circulantes. Os gametócitos surgem, na
corrente sanguínea, em períodos variáveis: de poucas
hiperparasitemia (>200.000/mm3), vômitos
horas, para o P. vivax, e de 7 a 12 dias, para o P.
repetidos, oligúria, dispneia, anemia intensa, falciparum. Para Malária por P. falciparum, o indivíduo
icterícia, hemorragias e hipotensão arterial. As pode ser fonte de infecção por até 1 ano; P. vivax, até
formas graves podem cursar com alteração de 3 anos; e P. malariae, por mais de 3 anos, desde que
consciência, delírio e coma, estão relacionadas à não seja adequadamente tratado.
parasitemia elevada, acima de 2% das hemácias Tratamento - O tratamento da Malária visa a atingir o
parasitadas, podendo atingir até 30% dos parasito em pontos-chave de seu ciclo evolutivo, os
eritrócitos. quais podem ser didaticamente resumidos em:
Sinonímia - Paludismo, impaludismo, febre interrupção da esquizogonia sanguínea, responsável
pela patogenia e manifestações clínicas da infecção,
palustre, febre intermitente, febre terçã benigna,
destruição de formas latentes do parasito no ciclo
febre terçã maligna, além de nomes populares tecidual (hipnozoítos) das espécies P. vivax e P. ovale,
como maleita, sezão, tremedeira, batedeira ou evitando assim as recaídas tardias, interrupção da
febre. transmissão do parasito, pelo uso de drogas que
Agente etiológico - No Brasil, três espécies de impedem o desenvolvimento de formas sexuadas dos
Plasmodium causam Malária em seres humanos: parasitos (gametócitos).
P. malariae, P. vivax e P. falciparum. A Malária
por Plasmodium ovale ocorre apenas no
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
TENÍASE Período de incubação
Descrição - O complexo Teníase/Cisticercose é Cisticercose humana - Varia de 15 dias a anos
constituído por duas entidades mórbidas após a infecção.
distintas, causadas pela mesma espécie de Teníase - Cerca de 3 meses após a ingesta da
cestódio, em fases diferentes do seu ciclo de larva, o parasita adulto já é encontrado no
vida. A Teníase é provocada pela presença da intestino delgado humano.
forma adulta da Taenia solium ou da Taenia Período de transmissibilidade - Os ovos das
saginata, no in testino delgado do homem. A tênias permanecem viáveis por vários meses no
Cisticercose é causada pela larva da Taenia meio ambiente, contaminado pelas fezes de
solium nos tecidos, ou seja, é uma enfermidade humanos portadores de Teníase.
somática. A Teníase é uma parasitose intestinal
que pode causar dores abdominais, náuseas, Diagnóstico - Clínico, epidemiológico e
debilidade, perda de peso, flatulência, diarreia ou laboratorial. Como a maioria dos casos de
cons tipação. Quando o parasita permanece na Teníase é oligossintomático, o diagnóstico
luz intestinal, o parasitismo pode ser considerado comumente é feito pela observação do paciente
benigno e só, excepcionalmente, requer ou, quando crianças, pelos familiares. Isso ocorre
intervenção cirúrgica por penetração em porque os proglotes são eliminados
apêndice, colédoco ou ducto pancreático, devido espontaneamente e nem sempre são detectados
ao crescimento exagerado do parasita. A nos exames parasitológicos de fezes. Em geral,
infestação pode ser percebida pela eliminação para se fazer o diagnóstico da espécie, coleta-se
espontânea de proglotes do verme, nas fezes. material da região anal e, através do microscópio,
Em alguns casos, podem causar retardo no diferencia-se morfologicamente os ovos da tênia
crescimento e desenvolvimento das crianças, e dos demais parasitas. Os estudos sorológicos
baixa produtividade no adulto. As manifestações específicos (fixação do complemento,
clínicas da Cisticercose dependem da imunofluorescência e hemaglutinação) no soro e
localização, do tipo morfológico, do número de líquido ce falorraquiano confirmam o diagnóstico
larvas que infectaram o indivíduo, da fase de da neurocisticercose, cuja suspeita decorre de
desenvolvimento dos cisticercos e da resposta exames de imagem: raios X (identifica apenas
imunoló gica do hospedeiro. As formas graves cisticercos calcificados), tomografia computado
estão localizadas no sistema nervoso central e rizada e ressonância nuclear magnética
apresentam sintomas neuropsiquiátricos (identificam cisticercos em várias fases de
(convulsões, distúrbio de comportamento, desenvolvimento). A biópsia de teci dos, quando
hipertensão intracraniana) e oftálmicos. realizada, possibilita a identificação microscópica
da larva.
Agente etiológico - A Taenia solium é a tênia da
carne de porco e a Taenia saginata é a da carne Tratamento
bovina. Esses dois cestódeos causam doença Teníase- Mebendazol: 200mg, 2 vezes ao dia,
intestinal (Teníase) e os ovos da T. solium por 3 dias, VO; Niclosamida ou
desenvolvem infecções somáticas (Cisticercose). Clorossalicilamida: adulto e criança com 8 anos
ou mais, 2g, e crianças de 2 a 8 anos, 1g, VO,
Reservatório - O homem é o único hospedeiro dividida em 2 tomadas; Praziquantel, VO, dose
definitivo da forma adulta da T. solium e da T. única, 5 a 10mg/kg de peso corporal; Albendazol,
saginata. O suíno doméstico ou javali é o 400mg/dia, durante 3 dias.
hospedeiro intermediário da T. solium e o bo vino
é o hospedeiro intermediário da T. saginata, por
apresentarem a forma larvária (Cysticercus
cellulosae e C. bovis, respectivamente) nos seus
tecidos.
Modo de transmissão - A Teníase é adquirida
pela ingesta de carne de boi ou de porco mal
cozida, que contém as larvas. Quando o homem
acidentalmente ingere os ovos de T. solium,
adquire a Cisticercose.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
TOXOPLASMOSE Haja vista que a infecção da mãe é usualmente
assintomática, geralmente não é detectada. Por
Descrição - A Toxoplasmose é uma zoonose
isso, tem-se sugerido a realização de testes
cosmopolita, causada por protozoário. Apresenta
sorológicos na gestação, durante o
quadro clínico variado, desde infecção
acompanhamento pré-natal. Quando se realiza o
assintomática a manifestações sistêmicas
diagnóstico, deve ser instituída a quimioterapia
extremamente graves. Do ponto de vista prático,
adequada.
é importante fazer uma distinção entre as
manifestações da doença, quais sejam: Sinonímia - Doença do gato.
Toxoplasmose febril aguda - Na maioria das Diagnóstico - Baseia-se na associação das
vezes, a infecção inicial é assintomática. Porém, manifestações clínicas com a confirmação por
em muitos casos, pode generalizar-se e ser meio de estudos sorológicos, ou da
acompanhada de exantema. Às vezes, sintomas demonstração ou detecção do agente em tecidos
de acometimento pulmonar, miocárdico, hepático ou líquidos corporais, em lâminas coradas por
ou cerebral são evidentes. As lesões resultam da Wright-Giemsa ou imunohistoquímica, a partir de
proliferação rápida dos organismos nas células biópsia ou necropsia, testes biomoleculares ou
hospedeiras e, quando há manifestações pela identificação em ensaios experimentais em
clínicas, essas têm evolução benigna. Há casos animais ou cultivos celulares.
em que ocorrem pneumonia difusa, miocardite, Agente etiológico - Toxoplasma gondii, um
miosite, hepatite, encefalite e exantema protozoário coccídio intracelular, pertencente à
maculopapular. família Sarcocystidae, na classe Sporozoa.
Toxoplasmose ocular- A coriorretinite é a lesão Reservatório - Os hospedeiros definitivos de T.
mais frequentemente associada à Toxoplasmose gondii são os gatos e outros felídeos. Os
e, em 30 a 60% dos pacientes com esta hospedeiros intermediários são os homens,
enfermidade, a etiologia pode ser atribuída ao outros mamíferos não-felinos e as aves.
toxoplasma. Dois tipos de lesões de retina podem Modo de transmissão - O homem adquire a
ser observados: a retinite aguda, com intensa infecção por três vias:
inflamação, e a retinite crônica, com perda Ingestão de oocitos provenientes do solo, areia,
progressiva de visão, algumas vezes chegando à latas de lixo contaminados com fezes de gatos
cegueira. infectados;
Toxoplasmose neonatal- Resulta da infecção Ingestão de carne crua e mal cozida infectada
intra-uterina, variando de assintomática à letal, com cistos, especialmente carne de porco e
dependendo da idade fetal e de fatores não carneiro;
conhecidos. Os achados comuns são
prematuridade, baixo peso, coriorretinite pós- Infecção transplacentária, ocorrendo em 40% dos
maturidade, estrabismo, icterícia e fetos de mães que adquiram a infecção durante a
hepatomegalia. Se a infecção ocorreu no último gravidez.
trimestre da gravidez, o recém-nascido pode Período de incubação - De 10 a 23 dias, quando
apresentar, principalmente, pneumonia, a fonte for a ingestão de carne; de 5 a 20 dias,
miocardite ou Hepatite Com icterícia, anemia, após ingestão de oocistos de fezes de gatos.
plaquetopenia, coriorretinite e ausência de ganho Período de transmissibilidade - Não se
de peso, ou pode permanecer assintomático. transmite diretamente de uma pessoa a outra,
Quando ocorre no segundo trimestre da com exceção das infecções intrauterinas. Os
gestação, o bebê pode nascer prematuramente, oocistos expulsos por felídeos esporulam e se
mostrando sinais de encefalite com convulsões, tornam infectantes depois de 1 a 5 dias, podendo
pleocitose do líquor e calcificações cerebrais. conservar essa condição por 1 ano.
Pode apresentar a tétrade de Sabin: microcefalia
com hidrocefalia, coriorretinite, retardo mental e
calcificações intracranianas.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Ainda, o principal objetivo do
PROGRAMA DE IMUNIZAÇÃO
Programa é oferecer todas as vacinas com
Desde 1973, o Brasil conta com o Programa qualidade a todas as crianças que nascem
Nacional de Imunizações (PNI). O Programa anualmente em nosso país, tentando
é inclusive reconhecido internacionalmente, alcançar coberturas vacinais de 100% de
sendo parte integrante do Programa forma homogênea em todos os municípios e
da Organização Mundial de Saúde, com o em todos os bairros.
apoio técnico, operacional e financeiro
Quanto ao Sistema de Informatização do
da UNICEF, e contribuições do Rotary
Programa Nacional de Imunizações (SI-
Internacional e do Programa das Nações
PNI), este
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
foi desenvolvido pelo DATASUS – Departam
Instituído pela Lei nº 6.259/1975 e ento de Informática do Sistema Único de
regulamentado pelo Decreto nº 78.231/1976, Saúde, criado em 1991 – consistindo em:
o PNI iniciou sua primeira Campanha
Avaliação do Programa de Imunizações – API.
Nacional de Vacinação contra a
Poliomielite em 1980, com a meta de vacinar Registra, por faixa etária, as doses de
todas as crianças menores de 05 anos em um imunobiológicos aplicadas e calcula a
só dia. cobertura vacinal, por unidade básica,
município, região da Secretaria Estadual de
A campanha foi bem sucedida, afinal o último
Saúde, estado e país. Fornece informações
caso de poliomielite no Brasil ocorreu 1989,
sobre rotina e campanhas, taxa de abandono
na Paraíba. Além disso, em 1994, o Brasil
e envio de boletins de imunização. Pode ser
recebeu, junto com os demais países da
utilizado nos âmbitos federal, estadual,
região das Américas, o certificado que a
regional e municipal.
doença e o vírus haviam sido eliminados do
continente. Estoque e Distribuição de Imunobiológicos –
EDI.
A eficácia do PNI pode ser percebida por meio
dos resultados obtidos ao longo dos anos. Gerencia o estoque e a distribuição dos
São exemplos de sucesso: a erradicação do imunobiológicos. Contempla o âmbito federal,
sarampo, a eliminação do tétano neonatal e o estadual, regional e municipal.
controle de outras doenças imunopreveníveis Eventos Adversos Pós-vacinação – EAPV.
como Difteria, Coqueluche e Tétano acidental,
Hepatite B, Meningites, Febre Amarela, Permite o acompanhamento de casos de
formas graves da Tuberculose, Rubéola e reação adversa ocorridos pós-vacinação e a
Caxumba, bem como a manutenção da rápida identificação e localização de lotes de
erradicação da Poliomielite. vacinas. Contempla a gestão federal,
estadual, regional e municipal.
A Portaria nº 597 de 2004, do Ministério da
Saúde, estabelece, em seu art. 3º, que as Programa de Avaliação do Instrumento de
vacinas previstas no calendário do PNI são de Supervisão em Sala de Vacinação – PAISSV.
carácter obrigatório, sendo que sua Sistema utilizado pelos coordenadores
comprovação será realizada mediante estaduais de imunizações para padronização
atestado de vacinação (art. 4º). Ainda, o do perfil de avaliação, capaz de agilizar a
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) tabulação de resultados. Desenvolvido para a
também prevê que “é obrigatória a vacinação supervisão das salas de vacina.
das crianças nos casos recomendados pelas
autoridades sanitárias” (art. 14, §1º, do ECA). Apuração dos Imunobiológicos Utilizados –
AIU.
O PNI define os calendários de
vacinação considerando a situação Permite realizar o gerenciamento das doses
epidemiológica, o risco, a vulnerabilidade e as utilizadas e das perdas físicas para calcular as
especificidades sociais, com orientações perdas técnicas a partir das doses aplicadas.
específicas para crianças, adolescentes, Desenvolvido para a gestão federal, estadual,
adultos, gestantes, idosos e povos indígenas. regional e municipal.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Programa de Avaliação do Instrumento de caxumba.
Supervisão – PAIS. Para garantir que todas as vacinas cheguem com
Sistema utilizado pelos supervisores e a mais perfeita qualidade e dentro dos padrões
assessores técnicos do PNI para máximos de conservação, o Governo Federal
padronização do perfil de avaliação, sendo conta com uma área específica para
capaz de agilizar a tabulação de resultados. armazenamento das vacinas e distribuição. O
Desenvolvido para a supervisão dos estados. órgão é responsável em garantir o controle da
temperatura, evitando a deterioração dos
Sistema de Informações dos Centros de
imunobiológicos, seja durante o transporte, seja
Referência em Imunobiológicos Especiais –
durante seu armazenamento nas unidades de
SICRIE.
saúde espalhadas pelo Brasil.
Registra os atendimentos nos CRIEs e
Por sua vez, a responsabilidade nacional é da
informa a utilização dos imunobiológicos
Coordenação-Geral do PNI (CGPNI), ligada ao
especiais e eventos adversos.
Ministério da Saúde. O setor é responsável pelas
O início do programa atividades de imunização, além de contar com
A primeira campanha de vacinação em massa uma Central Nacional de Armazenamento e
em território brasileiro ocorreu em 1904, quando Distribuição de Insumos (Cenadi), localizada no
o governo criou a Lei da Vacina Obrigatória, e Rio de Janeiro.
que visava imunizar a população contra a varíola. A Cenadi conta área refrigerada, e é o complexo
A ação foi coordenada por Oswaldo Cruz. logístico que representa o nível central da cadeia
Apesar das boas intenções do governo, a de frio no Brasil. O local possui 17.600 metros
população não foi devidamente informada, e o cúbicos de área em temperatura de +2° C a +8°
resultado foi uma revolta no Rio de Janeiro. Os C. Possui ainda outra área de 2.646 metros
cariocas tinham medo dos efeitos contrários da cúbicos em temperatura de -20° C para
injeção, e boatos davam conta que as vacinas conservação de congelados, e ainda um espaço
deveriam ser aplicadas nas partes íntimas próprio, com temperatura controlada entre +16° C
femininas. O resultado foi uma rebelião que a +17º C para recebimento, distribuição e
deixou um saldo de 50 mortos e 110 feridos, após armazenamento das vacinas.
choques com as forças policiais da época. Para garantir o máximo de qualidade desde do
Mesmo com o incidente, outras campanhas de Cenadi até a unidade de saúde, o Ministério da
vacinação foram feitas posteriormente e, na Saúde conta com um complexo sistema de
década de 1960, foi comprovado que campanhas logística. Embasado em um Manual de Rede de
em massa tinham o poder de erradicar doenças. Frio, critérios técnicos garantem que toda vacina
Por exemplo, o último caso notificado de varíola mantenha temperatura constante dentro das suas
no Brasil foi em 1971. Já no mundo, o último caso recomendações.
foi na Somália, em 1977. Para agilizar a distribuição, além da Central
Por conta do resultado positivo, em 1980 foi Nacional do Rio de Janeiro, cada Estado conta
realizada a primeira Campanha Nacional de com uma estrutura regional do Cenadi. Para
Vacinação contra Poliomielite. O objetivo — essas unidades são enviados os imunobiológicos
bastante ousado para a época — era vacinar de forma aérea. Como exemplo, quando essas
todas as crianças brasileiras com menos de 5 vacinas e soros chegam às capitais dos Estados,
anos em um único dia. A ação passou a ser ocorre a distribuição para os municípios, que por
realizada anualmente e, o último caso registrado sua vez são os responsáveis em abastecer as
de poliomielite no Brasil foi em 1989. salas de vacina acessíveis à população.

Atualmente, o PNI é muito mais abrangente, e Por exemplo, ao longo de todo o transporte o
realiza campanhas para erradicação de outras cuidado é redobrado. Seja por meio de aviões ou
doenças, como o sarampo e o tétano neonatal. por caminhões refrigerados, a preocupação
Mas há também campanha para controle de central é garantir que sejam mantidas as
doenças imunopreveníveis, como o tétano temperaturas determinadas pelos laboratórios
acidental, a coqueluche, a difteria, as meningites, (em geral de +2ºC a +8ºC).
a febre amarela, a hepatite B, e a rubéola e a
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Uma vez nas salas de vacina, os imunobiológicos +2° C e +8° C. De acordo com estudos da OMS,
integrantes do PNI contam com temperaturas os problemas mais recorrentes no processo
monitoradas constantemente. Portanto, isso evita logístico de distribuição e armazenamento das
que sofram qualquer alteração na rede de frio e vacinas estão altas temperaturas durante a
que precisem ser descartadas ou que não armazenagem ou transporte.
apresentem o resultado esperado de imunização. Exposição de vacina adsorvida a temperaturas de
A cadeia do frio congelamento, equipamentos de refrigeração
sem controle de temperatura, falhas nas leituras
A cadeia do frio é o processo logístico
e nos registros da temperatura também são
responsável em manter a armazenamento das
relatados.
vacinas, sejam eles vacinas ou soros. Mas esse
trabalho ocorre desde o laboratório responsável Uma vez que há evidência comprovada de que a
pela produção, e passa pelas etapas de vacina foi submetida a uma variação da
recebimento, armazenamento, transporte e temperatura de conservação, ela deve passar por
distribuição. Como resultado, o objetivo de procedimentos específicos para análise da
garantir que a temperatura de conservação seja estabilidade. Por outro lado, os métodos para
criteriosamente seguida. avaliar se uma vacina exposta à variação de
temperatura são caros e, por conta disso, acabam
Os imunobiológicos são produzidos a partir de
sendo descartadas.
micro-organismos vivos, subprodutos ou
componentes. Ou seja, eles são produtos Legislação sobre o armazenamento de vacinas
termolábeis, sensíveis ao calor, ao frio e à luz e Além do Manual de Rede de Frio, o PNI segue
são capazes de imunizar de forma ativa ou uma série de resoluções, recomendações e leis
passiva os receptores. Desta forma, todo o específicas, a fim de garantir o correto
processo de distribuição não pode ter falhas em armazenamento de vacinas. Ou seja, tais
relação à temperatura de conservação. medidas possuem embasamento internacional,
De acordo com o Manual de Rede de Frio da PNI, garantindo que as boas práticas sejam sempre
são 42 imunobiológicos disponíveis no Sistema aplicadas também em solo nacional.
de Informação de Insumos Estratégicos Da mesma forma, a cadeia do frio segue ainda
(Sies/SVS). Mas cada um dos imunobiológicos uma série de regulamentos internacionais, como
requer condições de armazenamento da FDA, ISO, ICH, entre outros, que estabelecem
especificadas pelos laboratórios produtores, e os procedimentos corretos em cada etapa do
que consideram as composições e formas manuseio. Isso tudo visa garantir que os
farmacêuticas. imunobiológicos cheguem ao paciente com a
Mas a conservação dos imunobiológicos do PNI máxima potência, produzindo a melhor resposta
nas diversas instâncias da Rede de Frio prevê o ao organismo humano na defesa de doenças.
tempo de armazenamento e temperatura. São Portanto, além do papel da PNI na imunização em
elas as variáveis determinantes para garantir a massa da população de uma série de doenças, o
segurança ao longo da cadeia de frio, e seguem armazenamento de vacinas segue um rígido
orientações da Organização Mundial da Saúde padrão de qualidade, por meio do Manual de
(OMS). Rede de Frio.
Sensibilidade das vacinas à temperatura REDE DE FRIOS
Por sua vez, o Manual de Rede de Frio trata Leia o PDF MANUAL DE REDE DE FRIO.
também sobre a sensibilidade à variação de
temperatura no armazenamento das vacinas.
Nesse caso, a sensibilidade está diretamente
relacionada à temperatura de conservação
estabelecida pelo laboratório. Tal medida garante
a estabilidade química, física e das propriedades
biológicas de cada uma das vacinas.
Dos 42 imunobiológicos existentes no PNI, todos
requerem temperatura de conservação entre
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
ESQUEMA BÁSICO DE VACINAÇÃO
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
A parede intestinal e o fígado alteram
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
quimicamente (metabolizam) muitos
Os medicamentos são introduzidos no corpo por medicamentos, diminuindo a quantidade que
diversas vias. Eles podem ser chega à corrente sanguínea. Por isso, esses
• Tomados pela boca (via oral) medicamentos geralmente são administrados
em doses menores quando injetados por via
• Administrados por injeção em uma veia (via intravenosa para produzirem o mesmo efeito.
intravenosa-IV), em um músculo (via
intramuscular-IM), no espaço ao redor da Quando se toma um medicamento por via
medula espinhal (via intratecal) ou sob a oral, alimentos e outros medicamentos no trato
pele (via subcutânea-SC) digestivo podem afetar a quantidade e a rapidez
com que este é absorvido. Dessa forma, alguns
• Aplicados sob a língua (via sublingual) ou medicamentos devem ser tomados com o
entre a gengiva e a bochecha (via bucal) estômago vazio, outros devem ser tomados com
• Inseridos no reto (via retal) ou na vagina (via alimentos, outros não podem ser tomados com
vaginal) certos medicamentos e, em alguns casos, a via
oral é contraindicada.
• Aplicados nos olhos (por via ocular) ou
ouvido (por via otológica) Alguns medicamentos administrados por via
oral irritam o trato digestivo. Por exemplo, a
• Inalados pelo nariz e absorvidos através das aspirina e a maioria dos outros medicamentos
membranas nasais (via nasal) anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) podem
• Aspirados até os pulmões, geralmente danificar o revestimento do estômago e do
através da boca (por inalação) ou boca e intestino delgado, podendo causar úlceras ou
nariz (por nebulização) agravar úlceras preexistentes. Outros
medicamentos são absorvidos mal ou
• Aplicados sob a pele (via cutânea) para um
inadequadamente no trato digestivo ou são
efeito local (tópico) ou em todo o corpo
destruídos pelo ácido e pelas enzimas digestivas
(sistêmico)
no estômago.
• Aplicados na pele através de um adesivo
Outras vias de administração são necessárias
(via transdérmica) para um efeito sistêmico
quando a via oral não pode ser utilizada, por
Cada via de administração tem vantagens, exemplo:
desvantagens e objetivos específicos.
• Quando a pessoa não pode tomar nada
pela boca
Via oral
• Quando o medicamento deve ser
Muitos medicamentos podem ser administrados administrado rapidamente ou em uma dose
oralmente como líquidos, cápsulas, precisa ou muito elevada
comprimidos ou comprimidos mastigáveis. • Quando o medicamento é mal ou
Como a via oral é a mais conveniente e, irregularmente absorvido pelo trato
geralmente, a mais segura e menos digestivo.
dispendiosa, ela é a via utilizada mais
frequentemente. No entanto, ela tem limitações
devido ao trajeto característico do medicamento
ao longo do trato digestivo. No caso de Vias injetáveis
medicamentos administrados por via oral, a
absorção pode começar na boca e no estômago. A administração por injeção (administração
parenteral) inclui as seguintes vias:
No entanto, a maioria dos medicamentos
geralmente é absorvida no intestino delgado. O • Subcutânea (sob a pele);
medicamento passa pela parede intestinal e • Intramuscular (no músculo);
chega ao fígado, antes de ser transportado pela
corrente sanguínea até sua região-alvo. • Intravenosa (na veia)
• Intratecal (ao redor da medula espinhal)
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Um produto farmacêutico pode ser preparado introduzido em uma veia, geralmente no
ou fabricado de forma que sua absorção a partir antebraço. A via intravenosa é a melhor maneira
do local da injeção seja prolongada por horas, de disponibilizar uma dose precisa por todo o
dias ou mais tempo. Tais produtos não precisam corpo de forma rápida e bem controlada. Ela
ser administrados tão frequentemente quanto também é utilizada na administração de soluções
aqueles com absorção mais rápida. irritantes, que causariam dor ou danificariam os
tecidos se fossem administradas por injeção
Na administração por via
subcutânea, insere-se uma agulha no tecido subcutânea ou intramuscular. Uma injeção
intravenosa pode ser mais difícil de administrar
adiposo logo abaixo da pele. Após um
do que uma injeção subcutânea ou
medicamento ser injetado, ele se move para os
intramuscular, já que inserir uma agulha ou
pequenos vasos sanguíneos (capilares) e é
cateter em uma veia pode ser difícil,
transportado pela corrente sanguínea.
especialmente se a pessoa for obesa.
Alternativamente, um medicamento pode
alcançar a corrente sanguínea através dos Quando um medicamento é administrado por
vasos linfáticos. Medicamentos que são via intravenosa, ele chega imediatamente à
proteínas grandes, como a insulina, costumam corrente sanguínea e tende a apresentar efeito
alcançar a corrente sanguínea pelos vasos mais rapidamente do que quando administrado
linfáticos, pois esses medicamentos movem-se por qualquer outra via. Por isso, os médicos
lentamente dos tecidos para o interior dos vasos monitoram cuidadosamente as pessoas que
capilares. A via subcutânea é a utilizada para recebem uma injeção intravenosa quanto a
muitos medicamentos proteicos, visto que eles sinais de que o medicamento está fazendo efeito
seriam destruídos no trato digestivo caso ou está provocando efeitos colaterais
fossem tomados por via oral. indesejáveis. Porém, o efeito de um
medicamento administrado por essa via costuma
Alguns medicamentos (como a progesterona,
durar menos tempo. Portanto, alguns
utilizada no controle hormonal da natalidade)
medicamentos devem ser administrados por
podem ser administrados através da inserção de
infusão contínua para manter seu efeito
cápsulas de plástico sob a pele (implante). No
constante.
entanto, essa via é muito pouco utilizada. Sua
principal vantagem é a de fornecer um efeito Para a via intratecal, insere-se uma agulha
terapêutico de longo prazo (por exemplo, o entre duas vértebras na parte inferior da coluna
etonogestrel implantado para contracepção vertebral dentro do espaço ao redor da medula
pode durar até três anos). espinhal. Neste caso, o medicamento é injetado
no canal medular. Frequentemente é utilizada
A via intramuscular é preferível à via
uma pequena quantidade de anestésico local
subcutânea quando são necessárias maiores
para tornar a zona da injeção insensível. Essa
quantidades de um produto farmacêutico. Como
via é utilizada quando é necessário que um
os músculos estão abaixo da pele e dos tecidos
medicamento produza um efeito rápido ou local
adiposos, utiliza-se uma agulha mais longa. Os
no cérebro, medula espinhal ou tecido que os
medicamentos geralmente são injetados em um
envolvem (meninges) — por exemplo, para tratar
músculo do braço, coxa ou nádega. A rapidez
infecções nessas estruturas. Algumas vezes,
com que o medicamento é absorvido na corrente
anestésicos e analgésicos (como morfina) são
sanguínea depende, em parte, do suprimento de
administrados dessa maneira.
sangue para o músculo: Quanto menor for o
suprimento de sangue, mais tempo o Através da pele
medicamento demora para ser absorvido.
Algumas vezes, administra-se um medicamento
Na administração por via intravenosa, insere- através da pele utilizando-se uma agulha (vias
se uma agulha diretamente na veia. Assim, a subcutânea, intramuscular ou intravenosa),
solução que contém o medicamento pode ser
adesivo (via transdérmica) ou implante.
administrada em doses únicas ou por infusão
contínua. Em caso de infusão, a solução é
movida por gravidade (a partir de uma bolsa de
plástico colabável) ou por uma bomba infusora
através de um tubo fino flexível (cateter)
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Via retal

Muitos dos medicamentos que são


administrados por via oral também podem ser
administrados por via retal em forma de
supositório. Nesse formato, o medicamento é
misturado com uma substância cerosa, que se
dissolve ou liquefaz depois de ter sido
introduzida no reto. A absorção do medicamento
é rápida, uma vez que o revestimento do reto é
fino e a irrigação sanguínea é abundante.
Prescrevem-se supositórios quando alguém não
pode tomar um medicamento por via oral devido
a náuseas, impossibilidade de deglutir ou
restrições alimentares, como acontece antes e
depois de muitas intervenções cirúrgicas. Os
medicamentos que podem ser administrados por
via retal incluem acetaminofeno (para a febre),
diazepam (para convulsões) e laxantes (para a
constipação). Medicamentos que são irritantes
em forma de supositório geralmente precisam
ser administrados por injeção.

Via vaginal

Alguns medicamentos podem ser


administrados a mulheres por via vaginal na
forma de solução, comprimido, creme, gel,
supositório ou anel. O medicamento é
lentamente absorvido pela parede vaginal. Esta
via é usada com frequência para administrar
estrogênio a mulheres durante a menopausa
Vias sublingual e bucal para aliviar sintomas vaginais, como secura, dor
e vermelhidão.
Alguns medicamentos são colocados sob a
língua (tomados via sublingual) ou entre a Via ocular
gengiva e os dentes (via bucal) para que possam
se dissolver e ser absorvidos diretamente pelos Os medicamentos utilizados para tratar os
pequenos vasos sanguíneos que ficam sob a problemas oculares (como glaucoma,
língua. Esses medicamentos não são ingeridos. conjuntivite e lesões) podem ser misturados com
A via sublingual é especialmente boa para substâncias inativas para produção de um
nitroglicerina, que é utilizada para aliviar a líquido, gel ou pomada para serem aplicados no
angina, devido à sua absorção rápida e ao fato olho. Colírios em forma líquida são de uso
de o medicamento entrar imediatamente na relativamente fácil, mas podem sair dos olhos
corrente sanguínea, sem necessidade de passar muito rapidamente, impedindo uma boa
primeiro pela parede intestinal e pelo fígado. No absorção. Fórmulas em gel e pomada mantêm o
entanto, a maioria dos medicamentos não pode medicamento em contato com a superfície do
ser administrada dessa forma, porque eles olho durante mais tempo, mas podem embaçar a
podem ser absorvidos de maneira incompleta ou visão. Também estão disponíveis apresentações
indevida. sólidas para inserção ocular, que liberam o
medicamento de forma contínua e lenta, mas
esses produtos podem ser de difícil aplicação e
manutenção no local exato.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Os medicamentos oculares são utilizados quase Via inalatória
sempre devido a seus efeitos locais. Por
exemplo, lágrimas artificiais são utilizadas para Os medicamentos administrados por inalação
aliviar a secura dos olhos. Outros medicamentos pela boca devem ser atomizados em partículas
(por exemplo, os utilizados para tratar glaucoma, menores do que os administrados por via nasal,
como acetazolamida e betaxolol, e os que são para que seja possível que o medicamento
utilizados para dilatar as pupilas, como passe pela traqueia e entre nos pulmões. A
fenilefrina e tropicamida) produzem um efeito profundidade atingida pelo medicamento nos
local (agindo diretamente nos olhos) depois de pulmões depende do tamanho das gotículas.
serem absorvidos através da córnea e Gotículas menores alcançam maior
conjuntiva. Alguns desses medicamentos profundidade, o que aumenta a quantidade de
entram na corrente sanguínea e podem causar medicamento absorvido. No interior dos
efeitos colaterais indesejáveis em outras partes pulmões, elas são absorvidas e entram na
do corpo. corrente sanguínea.
Relativamente poucos medicamentos são
Via otológica administrados dessa forma, pois a inalação deve
ser controlada cuidadosamente para que a
Medicamentos usados para tratar inflamação pessoa receba a quantidade correta de
e infecção de ouvido podem ser aplicados medicamento em um determinado período.
diretamente nos ouvidos afetados. Gotas para
ouvidos contendo soluções ou suspensões são Além disso, pode ser necessário um
tipicamente aplicadas apenas no canal auricular equipamento especializado para administrar o
externo. Antes de aplicar gotas para ouvidos, as medicamento por essa via. Geralmente, este
pessoas devem limpar cuidadosamente os método é utilizado para administrar
ouvidos com um pano úmido e secá-los. A medicamentos que agem especificamente nos
menos que os medicamentos sejam utilizados pulmões, tais
por um longo período ou utilizados em excesso, como aerossolizados medicamentos
uma pequena quantidade de medicamento entra antiasmáticos em recipientes de doses
na corrente sanguínea, logo, os efeitos controladas (chamados inaladores), e para
colaterais generalizados são ausentes ou administrar gases utilizados para anestesia
mínimos. Os medicamentos que podem ser geral.
administrados por via otológica incluem
hidrocortisona (para aliviar a inflamação), Via por nebulização
ciprofloxacino (para tratar infecção), e
benzocaína (para insensibilizar os ouvidos). Similar à via inalatória, medicamentos
administrados por nebulização devem ser
Via nasal aerossolizados em pequenas partículas para
alcançarem os pulmões. A nebulização requer o
Caso um medicamento deva ser inalado e uso de dispositivos especiais, geralmente
absorvido através da fina membrana mucosa sistemas ultrassônicos ou nebulizadores a jato.
que reveste as fossas nasais, ele precisa ser A utilização apropriada de um dispositivo ajuda a
transformado em pequenas gotículas no ar aumentar a quantidade de medicamento liberado
(atomizado). Uma vez absorvido, o nos pulmões. Os medicamentos que são
medicamento entra na corrente sanguínea. nebulizados incluem tobramicina (para fibrose
Medicamentos administrados por essa via cística), pentamidina
costumam atuar rapidamente. Alguns deles (para pneumonia provocada por Pneumocystis
irritam as vias nasais. Os medicamentos que jirovecii) e albuterol (para ataques de asma).
podem ser administrados por via nasal incluem Os efeitos colaterais podem incluir aqueles
nicotina (para deixar de fumar), calcitonina (para que ocorrem quando o medicamento é
osteoporose), sumatriptana (para enxaqueca) e depositado diretamente nos pulmões (tais como
corticosteroides (para alergias). tosse, sibilos, falta de ar e irritação pulmonar),
disseminação do medicamento no meio
ambiente (possivelmente afetando outras
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
pessoas diferentes daquelas que tomam o POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
medicamento), e contaminação do dispositivo
utilizado para nebulização (particularmente Muitas iniciativas foram tomadas para a
quando o dispositivo é reutilizado e implementação do SUS, a partir de 1990, com
inadequadamente limpo). Utilizar o dispositivo forte ênfase na descentralização e
adequadamente ajuda a evitar efeitos colaterais. municipalização das ações de saúde. Este
processo de descentralização ampliou o contato
Via cutânea de gestores e profissionais da saúde com a
realidade social, política e administrativa do país.
Os medicamentos aplicados na pele Evidenciaram-se, com maior clareza, as
geralmente são utilizados por seus efeitos locais diferenças regionais, tornando mais complexa a
e, assim, são mais comumente usados no organização de rede de serviços que atenda as
tratamento de distúrbios da pele superficiais, diferentes necessidades dos brasileiros. Em
como psoríase, eczema, infecções de pele princípio, a responsabilidade pela gestão do SUS
(virais, bacterianas e fúngicas), prurido e pele é dos três níveis de governo e as normas
seca. O medicamento é misturado com operacionais vinham regulamentando as relações
substâncias inativas. Dependendo da e responsabilidades dos diferentes níveis até
consistência dessas substâncias inativas, a 2006, momento em que se instituiu o Pacto pela
formulação pode ser uma pomada, um creme, Saúde, como um conjunto de reformas nas
uma loção, uma solução, um pó ou um gel. relações institucionais e fortalecimento da gestão
do SUS. O Pacto introduziu mudanças nas
Via transdérmica relações entre os entes federados, inclusive nos
mecanismos de financiamento – significando,
Alguns medicamentos são disponibilizados portanto, um esforço de atualização e
no corpo todo através de um adesivo sobre a aprimoramento do SUS. Para a adesão dos
pele. Algumas vezes, esses medicamentos são gestores ao Pacto, é assinado um termo de
misturados a uma substância química (como o compromisso, onde se estabelecem
álcool) que intensifica a penetração pela pele e compromissos entre os gestores em três
entrada na corrente sanguínea sem uso de dimensões: Pacto pela Vida, em Defesa do SUS
injeções. Através de um adesivo, o e de Gestão. No Pacto pela Vida são firmados
medicamento pode ser administrado lentamente compromissos em torno das medidas que
e de forma constante, durante muitas horas, dias resultem em melhorias da situação de saúde da
ou até mesmo mais tempo. Como resultado, os população brasileira. A partir dele, definem-se
níveis do medicamento no sangue podem ser prioridades e metas a serem alcançadas nos
mantidos relativamente constantes. municípios, regiões, estados e país. Atualmente
Os adesivos são particularmente úteis no são seis as prioridades em vigência: Saúde do
caso de medicamentos que o organismo elimina Idoso; Controle do Câncer do colo do útero e da
com rapidez, pois, se os mesmos fossem mama; Redução da mortalidade infantil e
administrados de outras formas, teriam de ser materna; Fortalecimento da capacidade de
tomados frequentemente. No entanto, os resposta às doenças emergentes e endemias,
adesivos podem irritar a pele de algumas com ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose,
pessoas. Além disso, os adesivos são limitados malária e influenza; Promoção da Saúde;
pela rapidez com que o medicamento pode Fortalecimento da Atenção Básica.
atravessar a pele. Apenas medicamentos que O Pacto em Defesa do SUS firma-se em torno
devem ser administrados em doses diárias de ações que contribuam para aproximar a
relativamente baixas podem ser administrados sociedade brasileira do SUS, seguindo as
através de adesivos. Exemplos desses seguintes diretrizes:
medicamentos são: nitroglicerina (para dor
torácica), escopolamina (para enjoo do • A repolitização da saúde, como movimento que
movimento), nicotina (para deixar de fumar), retoma a Reforma Sanitária Brasileira,
clonidina (para hipertensão arterial) e fentanila atualizando as discussões em torno dos desafios
(para alívio da dor). atuais do SUS;
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
• Promoção da Cidadania como estratégia de mortalidade infantil e de doenças
mobilização social tendo a questão da saúde cardiovasculares.
como direito; São 43 mil equipes multidisciplinares espalhadas
• Garantia de financiamento de acordo com as pelo Brasil. Com a ampliação do atendimento lá
necessidades do Sistema. Na dimensão do Pacto na rede básica é possível se tomar medidas e
de Gestão são abordados: ações de prevenção a algumas doenças para que
• A Regionalização; sejam controladas antes de se tornarem grave.
As equipes de estratégia da saúde da família
• A qualificação do processo de descentralização
mapeiam os principais problemas que impactam
e ações de planejamento e programação;
na saúde da comunidade em que atuam e criam
• Mudanças no financiamento. projetos a partir disso. Dessa forma, o programa
Na adesão ao Pacto, os gestores assinam em contribuiu para a redução no número de
conjunto o Termo de Compromisso, onde internações.
constam nos eixos prioritários as metas a serem Programa Nacional de Imunizações
atingidas anualmente ou bianualmente. Existe
Este programa disponibiliza vacinas para as
um sistema informatizado de monitoramento, o
principais doenças acometidas em crianças,
SISPACTO, que contém indicadores e metas
adolescentes, adultos e idosos.
atingidas do ano anterior e as pactuadas para o
ano seguinte. São em torno de 40 indicadores A disponibilização de imunização para a febre
tais como: coeficiente de mortalidade infantil, amarela e para a gripe, por exemplo, fazem parte
cobertura de Programa de Saúde da Família, deste programa. É através dele que se estuda
proporção de internação por complicação de também a compra e a disponibilização da
Diabetes, proporção de sete consultas ou mais imunização para o coronavírus, assim que
de pré-natal, cobertura de primeira consulta aprovada pelos órgãos de controle e
odontológica programática, entre outros. disponibilizada no mercado.
Este é mais um esforço para se traduzir, na Por meio deste programa, o Brasil conseguiu
prática, as grandes diretrizes do SUS construída erradicar algumas doenças, como a poliomielite,
ao longo de muitos anos. Sem a atuação conhecida como paralisia infantil, e a varíola.
concreta dos gestores municipais, do controle Segundo a Organização Pan-americana de
social, e, principalmente do aperfeiçoamento do
Saúde (Opas) no Brasil, o programa nacional de
trabalho de cada equipe, o SUS permanecerá “no imunização é um dos melhores do mundo. Ele é
papel”, sem ter um papel realmente reconhecido internacionalmente pelo alto número
transformador no cuidado aos brasileiros. Este é de imunizações oferecidas gratuitamente, seu
o desafio ao se pensar o SUS como política. Não impacto sobre as doenças imunopreveníveis e as
uma abstração, mas um conjunto de ações altas coberturas vacinais.
concretas capazes de transformar, para melhor,
a vida das pessoas. Controle da AIDS
As principais políticas públicas de saúde no Brasil Desde 2013, todos os pacientes com HIV no
estão associadas à criação do Sistema Único de Brasil têm acesso à terapia antirretroviral por
Saúde, em 1990, através da Lei nº 8.080, de 19 intermédio da rede pública. O programa brasileiro
de setembro. Ela detalha todos os compromissos de controle do vírus revolucionou o tratamento
para esta doença e contribuiu para redução da
e responsabilidades do Estado e especifica quais
velocidade de disseminação da epidemia.
as atribuições de competência no Município, do
Estado e da União. Sistema Nacional de Transplantes

Veja alguns dos que mais se destacam: Quando o assunto é políticas públicas de saúde
no Brasil não se pode deixar de falar do maior
Estratégia Saúde da Família sistema público de transplantes do mundo, que é
O programa que promove atendimento à toda a o brasileiro. Uma média de 95% dos transplantes
família na atenção básica atingiu cobertura de de órgãos no Brasil são realizados por intermédio
mais de 60% da população. Entre suas principais do Sistema Único de Saúde (SUS), que oferece
contribuições estão a redução dos índices de toda assistência ao paciente transplantado.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Um dos diferenciais do sistema nacional é a Especialidades Odontológicas (CEO) e hospitais.
oferta dos medicamentos necessários e Além desses serviços, o Brasil Sorridente conta
acompanhamento ao paciente transplantado pelo com Laboratórios Regionais de Prótese Dentária
tempo que for necessário por meio do sistema (LRPD), que colaboram com a confecção laboratorial
de próteses dentárias, servindo de apoio para USF,
público.
UOM e CEO.
Programa Nacional de Controle ao Tabagismo O Brasil Sorridente tem interface com diversas
Implementado em 1986, o programa articulado ações e programas do Ministério da Saúde, como
pelo Ministério da Saúde por intermédio do o Brasil Sorridente Indígena, Programa Saúde na
Instituto Nacional de Câncer José Alencar Escola, Plano Nacional para Pessoas com
Gomes da Silva (INCA) é composto por ações Deficiência, Convenção de Minamata e
Fluoretação das Águas de Abastecimento Público,
educativas, de comunicação, atenção à saúde,
entre outras.
além de medidas legislativas e econômicas para
reduzir o consumo de tabaco. Além disso, o programa coopera com ações para
a qualificação profissional e científica dos
Alguns exemplos de ações são a proibição de profissionais e para a educação em saúde da
propagandas televisivas de marcas de cigarro; população.
obrigatoriedade de imagens nas carteiras
advertindo sobre os riscos à saúde; e proibição • Consultório na Rua
de se fumar em ambientes fechados, reduzindo o
número de fumantes passivos. A estratégia Consultório na Rua foi instituída pela
Política Nacional de Atenção Básica, em 2011, e visa
As políticas públicas de saúde voltadas a esta ampliar o acesso da população em situação de rua
área contribuíram para a redução da prevalência aos serviços de saúde, ofertando, de maneira mais
de fumantes de 29% para 12% entre homens, e oportuna, atenção integral à saúde para esse grupo
de 19% para 8% entre mulheres, no período de populacional, o qual se encontra em condições de
1990 a 2015. vulnerabilidade e com os vínculos familiares
interrompidos ou fragilizados.

Vamos conhecer os programas existentes: Chamamos de Consultório na Rua equipes


multiprofissionais que desenvolvem ações integrais de
• Programa Academia da Saúde saúde frente às necessidades dessa população. Elas
devem realizar suas atividades de forma itinerante e,
O Programa Academia da Saúde (PAS), lançado quando necessário, desenvolver ações em parceria
em 2011, é uma estratégia de promoção da saúde e com as equipes das Unidades Básicas de Saúde do
produção do cuidado que funciona com a implantação território.
de espaços públicos conhecidos como polos onde Ressalta-se que a responsabilidade pela atenção
são ofertadas práticas de atividades físicas para à saúde da população em situação de rua como de
população. Esses polos fazem parte da rede de qualquer outro cidadão é de todo e qualquer
Atenção Primária à Saúde e são dotados de profissional do Sistema Único de Saúde, mesmo que
infraestrutura, equipamentos e profissionais ele não seja componente de uma equipe de
qualificados. Como ponto de atenção no território, Consultório na Rua (eCR). Desta forma, em
complementam o cuidado integral e fortalecem as municípios ou áreas em que não haja eCR, a atenção
ações de promoção da saúde em articulação com deverá ser prestada pelas demais modalidades de
outros programas e ações de saúde como a equipes da Atenção Básica. É importante destacar,
Estratégia Saúde da Família, os Núcleos Ampliados ainda, que o cuidado em saúde da população em
situação de rua deverá incluir os profissionais de
de Saúde da Família (NASF) e a Vigilância em Saúde.
Saúde Bucal e os Nasf do território onde essas
• Brasil Sorridente pessoas estão concentradas.
• Prevenção e Controle de Agravos Nutricionais
O Brasil Sorridente - Política Nacional de Saúde
Bucal tem modificado a vida de milhões de brasileiros Fortificação da alimentação infantil com
por meio do acesso a serviços odontológicos de forma micronutrientes em pó - NutriSUS
gratuita no Sistema Único de Saúde (SUS). Esses
serviços são ofertados em Unidades de Saúde Lançada oficialmente em março de 2015, a
Família (USF)/Postos de Saúde, Unidades Estratégia de Fortificação da Alimentação Infantil com
Odontológicas Móveis (UOM), Centros de Micronutrientes (vitaminas e minerais) em Pó –
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
NutriSUS consiste na adição de uma mistura de O programa foi lançado em 2011 e agora, em 2015,
vitaminas e minerais em pó em uma das refeições inicia seu 3º ciclo com a participação de todas as
diárias oferecidas às crianças de 06-48 meses de equipes de saúde da Atenção Básica (Saúde da
idade. Os micronutrientes em pó são embalados Família e Parametrizada), incluindo as equipes de
individualmente na forma de sachês (1g). Saúde Bucal, Núcleos de Apoio à Saúde da Família e
Centros de Especialidades Odontológicas que se
A Estratégia NutriSUS ocorre por meio de dois
encontrem em conformidade com a PNAB.
ciclos de fortificação planejados dentro de um ano
letivo em creches públicas ou conveniadas ao poder • Políticas de Promoção da Equidade em Saúde
público. Um ciclo é executado no primeiro semestre
do ano e outro ciclo no segundo semestre do ano com As Políticas de Promoção da Equidade em Saúde
um intervalo de 3 a 4 meses entre eles. Adiciona-se são formadas por um conjunto de programas e ações
um sachê de 1g, diariamente por 60 dias (de segunda governamentais de saúde, no âmbito do SUS,
a sexta-feira), em uma das refeições da criança até pensados para promover o respeito à diversidade e
finalizar o ciclo de 60 sachês. Em seguida, é realizada garantir o atendimento integral a populações em
uma pausa na administração de 3 a 4 meses. Após situação de vulnerabilidade e desigualdade social.
esse período, inicia-se outro ciclo de 60 dias, Por ser a principal porta de entrada no SUS, cabe
seguindo essa sequência até a criança completar 48 também à Atenção Primária à Saúde (APS) ser
meses de idade. espaço de fomento à implementação de políticas e
A ação vem sendo implantada em diversos ações intersetoriais de promoção da equidade em
municípios brasileiros e atualmente está em 1.044 saúde, acolhendo e articulando as demandas de
municípios, 6.338 creches e 304.606 crianças. grupos em situação de iniquidade no acesso e na
Também participam da Estratégia 20 Distritos assistência à saúde.
Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) com 4.290
crianças indígenas a serem suplementadas. • Política Nacional de Práticas Integrativas e
Implantada inicialmente nas creches Complementares no SUS
participantes do Programa Saúde na Escola, a As Práticas Integrativas e Complementares em
iniciativa tem o objetivo de potencializar o pleno Saúde (PICS) são recursos terapêuticos que buscam
desenvolvimento infantil, a prevenção e o controle da a prevenção de doenças e a recuperação da saúde,
anemia e outras carências nutricionais específicas na com ênfase na escuta acolhedora, no
infância. Identificou-se que 200 milhões de crianças desenvolvimento do vínculo terapêutico e na
menores de cinco anos, residentes em países em integração do ser humano com o meio ambiente e a
desenvolvimento, não atingem seu potencial de sociedade.
desenvolvimento, e a anemia é um dos fatores
atribuídos a essa condição Essas crianças possuem As práticas foram institucionalizadas por meio da
maior probabilidade de baixo rendimento escolar, o Política Nacional de Práticas Integrativas e
que provavelmente contribui para a transmissão Complementares no SUS (PNPIC). São elas:
intergeracional da pobreza com implicações para o Medicina Tradicional Chinesa/Acupuntura, Medicina
desenvolvimento dos países (WHO, 2011). Tal tipo de Antroposófica, Homeopatia, Plantas Medicinais e
estratégia, amplamente estudada por todo o mundo e Fitoterapia, Termalismo Social/Crenoterapia,
implementada com sucesso em diferentes Arteterapia, Ayurveda, Biodança, Dança Circular,
continentes, já acumula muitas evidências de eficácia Meditação, Musicoterapia, Naturopatia, Osteopatia,
e efetividade (WHO, 2016). Quiropraxia, Reflexoterapia, Reiki, Shantala, Terapia
Comunitária Integrativa, Yoga, Apiterapia,
• Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Aromaterapia, Bioenergética, Constelação familiar,
Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) Cromoterapia, Geoterapia, Hipnoterapia, Imposição
de mãos, Ozonioterapia e Terapia de Florais.
O PMAQ-AB tem como objetivo incentivar os Estas importantes práticas são transversais em
gestores e as equipes a melhorar a qualidade dos suas ações no SUS e podem estar presentes em
serviços de saúde oferecidos aos cidadãos do todos os pontos da Rede de Atenção à Saúde,
território. Para isso, propõe um conjunto de prioritariamente na Atenção Primária com grande
estratégias de qualificação, acompanhamento e potencial de atuação. Uma das abordagens desse
avaliação do trabalho das equipes de saúde. campo são a visão ampliada do processo
O programa eleva o repasse de recursos do incentivo saúde/doença e da promoção global do cuidado
federal para os municípios participantes que atingirem humano, especialmente do autocuidado. As
melhora no padrão de qualidade no atendimento. indicações são embasados no indivíduo como um
todo, considerando-o em seus vários aspectos: físico,
psíquico, emocional e social.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Entre as principais diretrizes da PNPIC está o possibilitando um pleno potencial de crescimento e
aumento da resolutividade dos serviços de saúde, desenvolvimento humano, com qualidade de vida e
que ocorre a partir da integração – ao modelo cidadania. Além disso, reflete a preocupação com a
convencional de cuidado – de racionalidades com prevenção e com o cuidado integral dos agravos
olhar e atuação mais ampliados, agindo de forma relacionados à alimentação e nutrição como a
integrada e/ou complementar no diagnóstico, na prevenção das carências nutricionais específicas,
avaliação e no cuidado. desnutrição e contribui para a redução da prevalência
do sobrepeso e obesidade e das doenças crônicas
não transmissíveis, além de contemplar necessidades
• Programa Bolsa Família alimentares especiais tais como doença falciforme,
O Programa Bolsa Família (PBF) é um programa hipertensão, diabetes, câncer, doença celíaca, entre
federal de transferência de renda para famílias em outras.
situação de pobreza (famílias com renda entre R$89
A PAAS corresponde a uma das diretrizes da
a R$178 por pessoa) ou de extrema pobreza (famílias
Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN),
com renda de até R$89 por pessoa). O Programa tem
insere-se como eixo estratégico da Política Nacional
a finalidade de promover acesso aos direitos sociais
de Promoção da Saúde (PNPS), e tem como enfoque
básicos e romper com o ciclo intergeracional da
prioritário a realização de um direito humano básico,
pobreza.
que proporcione a realização de práticas alimentares
O PBF é concedido às pessoas por meio de auxílio
apropriadas dos pontos de vista biológico e
financeiro vinculado ao cumprimento de
sociocultural, bem como o uso sustentável do meio
compromissos na Saúde, Educação e Assistência
ambiente.
Social, esses compromissos são chamados de
condicionalidades. As famílias em situação de Considerando-se que o alimento tem funções que
pobreza e extrema pobreza podem ter maior transcendem ao suprimento das necessidades
dificuldade de acesso e de frequência aos serviços de biológicas, pois agrega significados culturais,
Saúde. Nesse contexto, o objetivo das comportamentais e afetivos singulares que não
condicionalidades do Programa é garantir a oferta das podem ser desprezados, a garantia de uma
ações básicas, e potencializar a melhoria da alimentação adequada e saudável deve contemplar o
qualidade de vida da população mais vulnerável resgate de hábitos e práticas alimentares regionais
contribuindo para a sua inclusão social. que valorizem a produção e o consumo de alimentos
De forma a reforçar o papel do profissional de locais de baixo custo e elevado valor nutritivo, livre de
saúde como ator chave nesse processo, a Política contaminantes, bem como os padrões alimentares
Nacional de Atenção Básica (PNAB 2017), por meio mais variados em todos os ciclos de vida.
da Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017, Diferentes estratégias têm sido pensadas no
estabeleceu que o acompanhamento das sentido de estimular a autonomia dos indivíduos para
condicionalidades de saúde do PBF é uma atribuição a realização de escolhas e de favorecer a adoção de
comum dos profissionais da Atenção Primária à práticas alimentares (e de vida) saudáveis. Nesse
Saúde. sentido, as ações de PAAS fundamentam-se nas
A agenda do PBF no SUS compreende a oferta de dimensões de incentivo, apoio, proteção e promoção
serviços para a realização do pré-natal pelas da saúde e devem combinar iniciativas focadas em:
gestantes, o acompanhamento do crescimento e
desenvolvimento infantil e imunização das crianças * Políticas públicas;
menores de 7 anos. * Criação de ambientes favoráveis à saúde nos quais
Assim, as beneficiárias mulheres com idade entre o indivíduo e comunidade possam exercer o
14 e 44 anos e crianças menores de sete anos de comportamento saudável;
idade deverão ser assistidas por uma equipe de
saúde da família, por agentes comunitários de saúde * Reforço da ação comunitária;
ou por unidades básicas de saúde, que proverão os
serviços necessários ao cumprimento das ações de * Desenvolvimento de habilidades pessoais por meio
responsabilidade da família. de processos participativos e permanentes;
• Promoção da Saúde e da Alimentação * Reorientação dos serviços na perspectiva da
Adequada e Saudável promoção da saúde.

A Promoção da Alimentação Adequada e • Programa de Requalificação de Unidades


Saudável (PAAS) tem por objetivo apoiar Estados e Básicas de Saúde
municípios brasileiros no desenvolvimento da
promoção e proteção à saúde da população, O Requalifica UBS é uma das estratégias do
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Ministério da Saúde para a estruturação e o Adesão Facilitada - para os municípios que NÃO
fortalecimento da Atenção Básica. Por meio do pertencem à região de saúde priorizada na CIB e que
programa, o MS propõe uma estrutura física das NÃO aderiram ao Programa da Melhoria do Acesso e
unidades básicas de saúde - acolhedoras e dentro da Qualidade (PMAQ);
dos melhores padrões de qualidade - que facilite a
Adesão Integrada - para os municípios com adesão
mudança das práticas das equipes de Saúde.
ao Programa da Melhoria do Acesso e da Qualidade
Instituído em 2011, o programa tem como objetivo (PMAQ) que estão previstos ou não na adesão
criar incentivo financeiro para a reforma, ampliação e regional.
construção de UBS, provendo condições adequadas
para o trabalho em saúde, promovendo melhoria do
acesso e da qualidade da atenção básica. Envolve
• Saúde na hora
também ações que visam à informatização dos O Programa Saúde na Hora foi lançado pela
serviços e a qualificação da atenção à saúde Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério
desenvolvida pelos profissionais da equipe. da Saúde (Saps/MS) em maio de 2019 e passou por
Tanto a adesão ao programa quanto o registro do atualizações com a publicação da Portaria nº
andamento das obras são realizados pelo SISMOB 397/GM/MS, de 16 de março de 2020. O programa
(Sistema de Monitoramento de Obras), ferramenta viabiliza o custeio aos municípios e Distrito Federal
que possibilita ao gestor maior controle sobre o para implantação do horário estendido de
andamento das obras e, com os registros em dia, funcionamento das Unidades de Saúde da Família
garante a continuidade dos repasses realizados pelo (USF) e Unidades Básicas de Saúde (UBS) em todo o
Ministério da Saúde. território brasileiro.
Dessa forma, o programa Saúde na Hora conta
• Rede Cegonha
agora com a possibilidade de adesão em quatro tipos
É uma estratégia do Ministério da Saúde que visa de formato de funcionamento em horário estendido:
implementar uma rede de cuidados para assegurar às USF com 60 horas semanais, USF com 60 semanais
mulheres o direito ao planejamento reprodutivo e a horas com Saúde Bucal, USF com 75 horas semanais
atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao com Saúde Bucal e USF ou UBS com 60 horas
puerpério, bem como assegurar às crianças o direito semanais Simplificado.
ao nascimento seguro e ao crescimento e
desenvolvimento saudáveis. • Programa Saúde na Escola (PSE)

Esta estratégia tem a finalidade de estruturar e O Programa Saúde na Escola (PSE), política
organizar a atenção à saúde materno-infantil no País intersetorial da Saúde e da Educação, foi instituído em
e será implantada, gradativamente, em todo o 2007 pelo Decreto Presidencial nº 6.286, de 5 de
território nacional, iniciando sua implantação dezembro de 2007. As políticas de saúde e educação
respeitando o critério epidemiológico, taxa de voltadas às crianças, adolescentes, jovens e adultos
mortalidade infantil e razão mortalidade materna e da educação pública brasileira se unem para
densidade populacional. promover saúde e educação integral.

São quatro os componentes da Rede Cegonha: A intersetorialidade das redes públicas de saúde e
de educação e das demais redes sociais para o
I - Pré-natal; desenvolvimento das ações do PSE implica mais do
II - Parto e nascimento; que ofertas de serviços num mesmo território, pois
deve propiciar a sustentabilidade das ações a partir da
III - Puerpério e atenção integral à saúde da criança; conformação de redes de corresponsabilidade. A
IV - Sistema logístico (transporte sanitário e regulação) articulação entre Escola e Atenção Primária à Saúde
é a base do Programa Saúde na Escola. O PSE é uma
estratégia de integração da saúde e educação para o
Quais as modalidades de adesão à Rede desenvolvimento da cidadania e da qualificação das
Cegonha? políticas públicas brasileiras.

Adesão Regional - para o Distrito Federal e o • PNAISP


conjunto de municípios da região de saúde priorizada Um dos problemas fundamentais para a efetivação
na CIB, conforme critérios da Portaria GM/MS nº de políticas públicas voltadas à saúde das pessoas
2.351/2011. privadas de liberdade é a superação das dificuldades
Referente à adesão aos componentes pré-natal e impostas pela própria condição de confinamento, que
puerpério/atenção integral à saúde da criança, prevê dificulta o acesso às ações e serviços de saúde de
duas possibilidades: forma integral e efetiva.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
A consequência econômica e social dessa nutricional das pessoas, em todas as fases da vida.
desconformidade implicou, por parte do governo
VAN nos Serviços de Saúde e SISVAN
federal, a elaboração e pactuação de uma política que
considerasse, primariamente, o princípio do acesso Os registros da avaliação antropométrica (peso e
universal e igualitário às ações e serviços para a altura, por exemplo) e dos marcadores do consumo
promoção, proteção e recuperação da saúde das alimentar das pessoas atendidas nos serviços de
pessoas privadas de liberdade. Atenção Primária à Saúde, desde que inseridos no
Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan),
Assim, sob essa ótica, o Ministério da Saúde
no Sistema de Gestão do Programa Bolsa Família na
lançou a Política Nacional de Atenção Integral à
Saúde ou no e-SUS Atenção Primária, compõem os
Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no
relatórios do Sisvan e revelam a situação alimentar e
Sistema Prisional (PNAISP), instituída pela Portaria
nutricional da população atendida e permitem a
Interministerial nº 1, de 2 de janeiro de 2014, com o
orientação de ações, políticas e estratégias para a
objetivo de ampliar as ações de saúde do Sistema
atenção integral à saúde.
Único de Saúde (SUS) para a população privada de
liberdade, fazendo com que cada unidade básica de Nesse sentido, é muito importante investir em
saúde prisional passasse a ser visualizada como recursos que garantam o exercício das ações de
ponto de atenção da Rede de Atenção à Saúde. Vigilância Alimentar e Nutricional na Atenção Primária
à Saúde (APS), como a disponibilidade de balanças,
A PNAISP nasceu da avaliação dos dez anos de
antropômetros, fita métrica, formulários para registros
aplicação do Plano Nacional de Saúde no Sistema
de dados de antropometria e dos marcadores de
Penitenciário (PNSSP), quando se constatou o
consumo alimentar, acesso à internet para a digitação
esgotamento desse modelo, que se mostrou restrito
dos dados nos sistemas de informação e,
por não contemplar em suas ações, entre outras
principalmente, profissionais capacitados para realizar
coisas, a totalidade do itinerário carcerário –
todas as atividades preconizadas no Ciclo de Gestão
delegacias e distritos policiais, cadeias públicas,
e Produção do Cuidado (saiba mais em Marco de
colônias agrícolas ou industriais e, tampouco,
Referência da Vigilância Alimentar e Nutricional na
penitenciárias federais.
Atenção Básica).
Destarte, essas mudanças podem ser apontadas
como grande ganho na garantia e defesa dos direitos
humanos no Brasil, em total consonância com a
previsão constitucional de saúde para todos sob a
SAÚDE DO IDOSO
responsabilidade do Estado brasileiro.
É muito importante que idoso não fique na
• Unidades Básicas de Saúde Fluviais (UBSF)
mesma posição na cama durante o dia todo, para
As Unidades Básicas de Saúde Fluviais (UBSF) evitar o surgimento de escaras. Causadas pela
são embarcações que comportam Equipes de Saúde má circulação sanguínea, essas feridas, também
da Família Fluviais (ESFF), providas com a chamadas de úlceras de pressão são tratadas
ambiência, mobiliário e equipamentos necessários com antibióticos e curativos. Em casos extremos,
para atender à população ribeirinha da Amazônia as escaras podem destruir a pele do idoso,
Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, deixando ossos e músculos expostos. Para evitar
Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão) escaras nos idosos, é necessário movimentá-los
e Pantanal Sul Mato-Grossense. Elas buscam de duas em duas horas. Nos cuidados de
responder às especificidades dessas regiões, enfermagem com paciente idoso, evite mudanças
garantindo o cuidado às suas populações como
bruscas de posição, que elevam a pressão
previsto na Política Nacional de Atenção Básica
(PNAB).
arterial, causando tonturas e desmaios.

• Vigilância Alimentar e Nutricional O quarto do idoso deve ser arejado, iluminado


e limpo. Troque as roupas de cama do idoso
A avaliação contínua do perfil alimentar e todos os dias ou com mais frequência, se
nutricional da população e seus fatores determinantes necessário. Nos cuidados de enfermagem para o
compõem a Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN), idoso, os banhos de sol também são
uma das diretrizes da Política Nacional de imprescindíveis para saúde e qualidade de vida.
Alimentação e Nutrição (PNAN) do Ministério da Sempre que possível, abra as cortinas do quarto
Saúde. Essa importante ferramenta de promoção de e deixe a luz do dia entrar. Leve-o para tomar sol,
práticas alimentares adequadas e saudáveis pode ser pois isso enriquece a pele de vitamina D e
agregada a serviços de saúde, por exemplo, com a fortalece os ossos.
avaliação do consumo alimentar e do estado
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
A limpeza da boca e dos dentes deve ser feita O perfil epidemiológico da população idosa é
com a cabeceira da cama elevada, depois de caracterizado pela tripla carga de doenças com
cada refeição. Os banhos precisam ser diários, forte predomínio das condições crônicas,
pois são essenciais para garantir a saúde da prevalência de elevada mortalidade e morbidade
pele. Só devem ser dados na cama quando a por condições agudas decorrentes de causas
pessoa cuidada não consegue se locomover até externas e agudizações de condições crônicas. A
o chuveiro. maioria dos idosos é portadora de doenças ou
disfunções orgânicas, mas cabe destacar que
Os momentos de refeições diárias podem se
esse quadro não significa necessariamente
transformar em pequenos exercícios físicos. É
limitação de suas atividades, restrição da
importante que o doente fique sentado, e não
participação social ou do desempenho do seu
deitado, quando for consumir líquidos ou comer.
papel social.
Importante lembrar que a dieta deve ser
balanceada e com acompanhamento No cenário internacional, a discussão sobre
profissional, mesmo quando os cuidados forem envelhecimento da população mundial teve como
em domicílio. Alimentos ricos em proteínas, marco a aprovação do Plano Internacional para
vitaminas e sais minerais são recomendados. Envelhecimento, conduzido pela ONU, em Madri,
no ano de 2002, que estabeleceu como objetivo
No momento das refeições e de tomar a
garantir o envelhecimento seguro e digno para
medicação, coloque a pessoa sentada
todas as populações do mundo com participação
confortavelmente, na posição mais ereta
e lugar nas sociedades como cidadãos plenos de
possível. Jamais ofereça água ou comida quando
direitos.
ela estiver deitada, sonolenta ou engasgada.
A Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa do
Nos cuidados com idosos, mudanças no
Ministério da Saúde é responsável pela
apetite, na temperatura corporal, na pele, na
implementação da Política Nacional de Saúde da
frequência respiratória e no nível de consciência
Pessoa Idosa, normatizada pela Portaria GM/MS
devem ser relatadas ao médico. Registre
nº 2.528, de 19 de outubro de 2006). Nesse
qualquer alteração por escrito. Em caso de
contexto, a política tem como principais diretrizes:
vômito, vire o idoso de lado para garantir sua
segurança. Se isso ocorrer com frequência, avise • envelhecimento ativo e saudável;
o médico, pois há risco de desidratação. • atenção integral e integrada à saúde da
Por ficar deitado por longos períodos, é pessoa idosa;
comum que o idoso acumule secreção nos • estimulo às ações intersetoriais;
pulmões. Na assistência, ofereça bastante
líquido e estimule o idoso a fazer exercícios • fortalecimento do controle social;
respiratórios. Não esqueça do emocional, • garantia de orçamento;
estimule-o com materiais de leitura, televisão,
música, carinho e boa conversa. • incentivo a estudos;
Na legislação brasileira, é considerada idosa a • pesquisas.
pessoa que tenha 60 anos ou mais de idade. A Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa do
Para comprovar a idade, basta apresentar um Ministério da Saúde, publicou, nos anos de 2013 e
documento oficial com foto, como a carteira de 2014, o documento “Diretrizes para o cuidado das
identidade ou a carteira nacional de habilitação. pessoas idosas no SUS: proposta de Modelo de
Atenção Integral”, que tem por objetivo orientar a
IMPORTANTE: Não cometa violência contra a organização do cuidado ofertado à pessoa idosa no
pessoa idosa. Existem várias formas de agredir âmbito do SUS, potencializando as ações já
os idosos (negligência, abandono, agressão desenvolvidas e propondo estratégias para fortalecer
física, sexual, psicológica etc. a articulação, a qualificação do cuidado e a ampliação
do acesso da pessoa idosa aos pontos de atenção das
Redes de Atenção à Saúde. A Atenção Básica,
principal porta de entrada para o SUS, apresenta-se
como ordenadora do cuidado e este deve considerar
as especificidades desse grupo populacional, a partir
de sua capacidade funcional.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
O Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003) é uma • Gratuidade no transporte coletivo público
iniciativa inovadora na garantia de direitos da urbano e semiurbano, com reserva de 10%
pessoa idosa, fruto de forte mobilização da dos assentos, que deverão ser
sociedade, e abrange as seguintes dimensões: identificados com placa de reserva.
• direito à vida; • Reserva de duas vagas gratuitas no
transporte interestadual para idosos com
• à liberdade;
renda igual ou inferior a dois salários
• ao respeito; mínimos e desconto de 50% para os
• à dignidade; idosos que excedam as vagas garantidas.

• à alimentação; • Reserva de 5% das vagas nos


estacionamentos públicos e privados.
• à saúde;
• Prioridade na tramitação dos processos e
• à convivência familiar e comunitária. dos procedimentos na execução de atos e
Em 2013, comemoraram-se os 10 anos do diligências judiciais.
Estatuto, com o reconhecimento de avanços • Direito de requerer o Benefício de
significativos no campo dos direitos, mas ainda Prestação Continuada (BPC), a partir dos
existam lacunas de atenção por parte das 65 anos de idade, desde que não possua
políticas públicas. Nesse mesmo ano foi lançado meios para prover sua própria subsistência
o Decreto Presidencial Compromisso Nacional ou de tê-la provida pela família.
para o Envelhecimento Ativo, coordenado pela
Secretaria dos Direitos Humanos e com a • Direito de 25% de acréscimo na
participação de doze ministérios, incluindo o aposentadoria por invalidez (casos
Ministério da Saúde. especiais).

O Estatuto do Idoso destina-se a regular os • Os casos de suspeita ou confirmação de


direitos assegurados às pessoas com idade igual violência praticada contra idosos devem
ou superior a 60 (sessenta) anos. ser objeto de notificação compulsória pelos
serviços de saúde públicos e privados à
Entre os direitos assegurados pelo Estatuto do autoridade sanitária, bem como devem ser
Idoso às pessoas idosas estão, entre outros, o da obrigatoriamente comunicados por eles a
saúde. quaisquer dos seguintes órgãos:
• Atenção integral à saúde da pessoa idosa, autoridade policial; Ministério Público;
por intermédio do Sistema Único de Saúde Conselho Municipal do Idoso; Conselho
(SUS), garantindo-lhe o acesso universal Estadual do Idoso; Conselho Nacional do
e igualitário, em conjunto articulado e Idoso.
contínuo das ações e serviços, para a Como prevenir quedas em pessoas idosas?
prevenção, promoção, proteção e
recuperação da saúde, incluindo a Quedas são frequentes em pessoas idosas, mas
atenção especial às doenças que afetam podem ser evitadas com alguns cuidados.
preferencialmente os idosos. Geralmente, esses tombos provocam fraturas,
traumatismo craniano, contusão muscular e,
• Direito a acompanhante em caso de principalmente, o medo de cair novamente. Para
internação ou observação em hospital. evitar que tais situações aconteçam e coloquem a
• Direito de exigir medidas de proteção qualidade de vida da pessoa idosa em questão,
sempre que seus direitos estiverem tome as seguintes precauções:
ameaçados ou violados por ação ou • Evite tapetes soltos.
omissão da sociedade, do Estado, da
• As escadas e os corredores devem ter
família, de seu curador ou de entidades de
corrimão dos dois lados.
atendimento.
• Use sapatos fechados com solados de
• Desconto de, pelo menos, 50% nos borracha.
ingressos para eventos artísticos,
culturais, esportivos e de lazer. • Coloque tapete antiderrapante no
banheiro.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
• Evite andar em áreas com piso úmido. A Caderneta permite a identificação das
• Evite encerar a casa. necessidades de saúde de cada idoso e do
potencial de risco e graus de fragilidade, o que é
• Evite móveis e objetos espalhados pela
fundamental para a elaboração do projeto
casa. terapêutico singular e para o seu
• Deixe uma luz acesa à noite, caso você se acompanhamento com resolutividade na atenção
levante. básica. Trata-se de um instrumento que auxilia na
• Espere que o ônibus pare completamente estratificação dos idosos de acordo com sua
para você subir ou descer. capacidade funcional.
• Coloque o telefone em local acessível. A Caderneta também conta com uma ficha
• Utilize sempre a faixa de pedestres. espelho (resumo da caderneta) contendo dados
gerais a serem preenchidos e anexados ao
• Se necessário, use bengalas, muletas ou
prontuário da pessoa idosa na atenção básica.
instrumentos de apoio. O importante é a Através das informações registradas na ficha
sua segurança. espelho as equipes de saúde podem fazer
Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa levantamento do perfil dos idosos cobertos no
A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa é um território, identificando as situações de maior
instrumento estratégico de qualificação da vulnerabilidade. Trata-se de uma ferramenta que
atenção à pessoa idosa, objetiva contribuir para pode ser utilizada pelas equipes da atenção
a organização do processo de trabalho das básica para o planejamento e monitoramento de
equipes de saúde e para a otimização de ações suas ações.
que possibilitem uma avaliação integral da saúde Para receber a caderneta o município deverá
da pessoa idosa, identificando suas principais fazer adesão via formulário eletrônico
vulnerabilidades e oferecendo orientações de FormSUS http://formsus.datasus.gov.br/site/form
autocuidado. É um instrumento proposto para ulario.php?id_aplicacao=28007. Neste formulário
auxiliar no bom manejo da saúde da pessoa serão inseridos os dados do município, sobre
idosa, sendo usada tanto pelas equipes de perfil da rede de saúde, de idosos, a necessidade
saúde, quanto pelos idosos, seus familiares e de caderneta, plano de implementação e ofício
cuidadores. Também é instrumento de cidadania do(a) Secretário(a) Municipal de Saúde, em que
e de relevância para os indivíduos idosos, pois este assume o compromisso em implementar a
“empoderam” os sujeitos sobre sua saúde e Caderneta.
direitos.
O plano de cuidados estabelecido a partir da
avaliação multidimensional se aplica ao
indivíduo, mas também subsidia a tomada de TÉCNICAS DE HIGIENE, CONFORTO E
decisões do ponto de vista coletivo, pois fornece SEGURANÇA DO PACIENTE
recursos e informações para estruturar as ações
de uma Unidade de Saúde no que se refere à • Higiene
população adscrita. É muito importante que seu A higiene corporal envolve: higiene oral, banho,
preenchimento ocorra por meio de informações higiene íntima ou lavagem externa, lavagem dos
cedidas pela pessoa idosa, seus familiares e/ou cabelos, higiene das mãos e rosto.
cuidadores, para compor o Plano de Cuidado. A
Os objetivos da higiene oral são: motivar a
Caderneta permite o registro e o
formação de hábitos de higiene, remover restos
acompanhamento, pelo período de cinco anos,
alimentares, prevenir cáries dentárias e
de informações sobre dados pessoais,
infecções, aumentar a circulação capilar,
sociofamiliares, condições de saúde, hábitos de
proporcionar conforto e bem-estar.
vida, identificando suas vulnerabilidades, além de
ofertar orientações para o seu autocuidado. Procedimentos:
Sendo assim não é necessário que seja Material: escova de dente; dentifrício; copo
substituída todos os anos. descartável com água; toalha de rosto; cuba-rim;
espátula; canudo s/n; lubrificante labial (vaselina);
antisséptico oral (Cepacol); luva de
procedimento; gaze.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Paciente com pouca limitação: Princípios básicos para a higiene:
1. Em posição de Fowler e com a cabeça -Manter a proteção contra a contaminação.
lateralizada; Iniciar a higiene do menos contaminado para o
2. Proteger o tórax com a toalha de rosto; mais contaminado (paciente com evacuação no
3. Colocar a cuba-rim sob a bochecha; leito- retirar a fralda ou limpar com papel
4. Solicitar para que abra a boca ou abri-la com higiênico ou pano úmido antes começar a higiene
auxílio da espátula; corporal. Trocar luvas).
5. Utilizar a escova com movimentos da raiz em
direção à extremidade dos dentes. Fazer cerca -Usar hamper. Não colocar a roupa suja no chão.
de 6 a 10 movimentos em cada superfície - Encaminhar a roupa suja para local adequado.
dental, com pressão constante da escova;
6. Repetir esse movimento na superfície - Não demorar na realização do cuidado para não
vestibular e lingual, tracionando a língua com cansar o paciente.
espátula protegida com gaze, s/n; - Permitir se possível, que o paciente faça sua
7. Oferecer copo com água para enxaguar a própria higiene íntima.
boca; utilizar canudo.
- Se necessário solicitar ajuda de profissional do
Paciente com prótese: mesmo sexo do (a) paciente.
1. Solicitar que retire a prótese ou fazer por ele,
utilizando a gaze; -Perguntar se o paciente quer urinar/evacuar
colocá-la na cuba rim; antes de iniciar o banho.
2. Escovar a gengiva, palato e língua, se o -Estimular a participação do paciente.
paciente não puder fazê-lo;
-Não deixa-lo sozinho ou desamparado.
3. Oferecê-la para que o paciente a coloque
ainda molhada.
Pacientes inconscientes ou em estado grave: Prevenir acidentes e danos:
1. Toalha sobre o tórax e proteger a cama; - Avaliar a capacidade funcional (nível de
2. Elevar decúbito se não houver contra independência) e necessidade de mais pessoas
indicação; para o procedimento.
3. Molhar a gaze na solução;
4. Lavar dentes, gengivas, palato, bochechas, - Prevenir quedas do leito e no banheiro
língua; - Prevenir lipotimias e desmaios.
5. Lubrificar lábios;
6. Deixar paciente confortável. - Prevenir queimaduras

- Banho - Banho no leito:

No momento do banho a enfermagem deve Explicar o procedimento ao paciente; lavar as


aproveitar para movimentar as articulações do mãos; calçar luvas; oferecer comadre ou
paciente e massagear seus membros inferiores e papagaio; desprender roupa da cama; fazer
superiores da extremidade distal para proximal. higiene oral; lavar os olhos; ensaboar a luva de
banho ou compressa; lavar, ensaboar e enxaguar
Tipos de banho: o rosto, pescoço e orelhas; remover a camisola
1- Imersão- banho na banheira; camisa do pijama do paciente; colocar a toalha
2- Ablução- colocar pequenas porções de água sob o braço mais distante de você, lavar e
sobre o corpo; enxaguar; colocar a mão do cliente na bacia, lavar
3- Completo no leito- administrado em clientes e enxugar; colocar a toalha sobre o tórax e
totalmente dependentes; abdome do cliente, afastando o lençol até o
4- Aspersão- banho de chuveiro; púbis; erguer a toalha com uma das mãos e com
5- Parcial no leito- banhar regiões que a outra lavar e enxaguar o tórax e abdome em
provocam desconforto quando ficam sem movimentos circulares; enxugar e verificar as
banho; condições da pele e mamas; cobrir com lençol o
6- Banho seco- compressas de algodão tórax e abdome, retirando a toalha; retirar a calça
umedecidas com solução de limpeza sem do pijama; colocar a toalha sob a perna mais
enxágue. distante de você; aproxime dos pés do paciente a
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
bacia e a cuba-rim com sabonete; colocar um dos - Cuidados com a unha:
pés na bacia, lavar, enxaguar e enxugar; retirar a Limpar e cortar, caso o paciente não consiga;
cuba-rim e a bacia da cama; virar o cliente em
decúbito lateral, colocando a toalha sob suas Ter cuidado com pacientes com Diabetes Melito;
costas e nádegas; lavar, enxaguar e massagear Caso as unhas sejam duras, colocar imersas em
as costas, nádegas do cliente; posicionar a água morna durante 10-15 min;
comadre e virar o cliente em decúbito dorsal e a
realizar a higiene íntima do cliente; fazer a Desaconselhável o uso do esmalte em clientes
arrumação da cama; vestir o cliente; recompor a pré-cirúrgicos.
unidade; retirar as luvas e lavar as mãos; fazer as - Cuidado Perineal:
anotações no prontuário.
Mulheres- sentido anteroposterior (de frente para
- Cuidados com o cabelo: trás); Lave os grandes lábios, pequenos lábios,
Lavar quando necessário; pode ser feito durante clitóris, pregas cutâneas.
o banho no leito; secar os cabelos rapidamente Homens- retrai-se o prepúcio para limpar, o pênis
para evitar resfriamento; pentear e prender o é limpo a seguir e, por fim, a bolsa escrotal.
cabelo (se necessário).
- Problemas de Desconforto:
Lavagem do cabelo:
Úlceras de decúbito: são lesões na pele que
Proteger a cama e o cliente das eventuais fugas necrosou e desprendeu-se, após pressão
de água, com resguardos impermeáveis; inadequada do local, são causadas pela
Se a lavagem se faz na cama, instalar o cliente interrupção da circulação numa parte do corpo.
na posição semi-fowler, as costas e os ombros Fatores que predispõem a úlcera de
apoiados por uma ou duas almofadas e a cabeça decúbito:
Inclinada para trás.
Umidade, má nutrição, desidratação, distúrbios
Proteger o canal auditivo com compressas ou circulatórios, proeminências ósseas
algodão; desprotegidas do tecido adiposo pelo
Envolver os ombros do cliente com um emagrecimento.
resguardo impermeável coberto por uma toalha Sinais/ sintomas: rubor, amolecimento da região
cruzada a frente sobre o peito e fixo com um e sensação de queimadura local.
clampe.
Se o indivíduo não for tratado nesta fase, a lesão
Molhar o cabelo com shampoo, friccionando evolui com maceração da pele, aumentando a
suavemente o couro cabeludo com as pontas profundidade e formando gradativamente crostas.
dos dedos;
Enxaguar, recomeçar a operação e enxaguar Medidas profiláticas:
abundantemente;
-Mudança de decúbito em intervalos regulares
Secar o cabelo com a toalha, retirar o resguardo conforme necessidade individual de paciente:
e o balde. diminui a pressão sobre a área atingida.
- Cuidados com a barba: -Exercícios ativos, quando o estado do paciente
Quando o cliente necessitar a enfermagem deve permite: melhora a circulação local.
ajuda-lo; -Manter a pele e as roupas do paciente limpas e
Água morna ajuda a amolecer os pelos; secas: evita escoriações e infecções.

Usar loção ou sabonete, passar o barbeador -Manter roupas de cama esticada e sem migalhas
com movimentos curtos e firmes (no sentido do de comida.
crescimento); -Uso de colchões especiais (piramidal).
Utilizar alguma loção, se houver. -Ingestão hídrica adequada, conforme orientação
médica.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Segurança do Paciente saúde e da segurança, substituindo a culpa e a
punição pela oportunidade de aprender com as falhas
O Programa Nacional de Segurança do e melhorar a atenção à saúde;
Paciente propõe um conjunto de medidas para
prevenir e reduzir a ocorrência de incidentes nos III - dano: comprometimento da estrutura ou função
do corpo e/ou qualquer efeito dele oriundo, incluindo
serviços de saúde – eventos ou circunstâncias
doenças, lesão, sofrimento, morte, incapacidade ou
que poderiam resultar ou que resultaram em disfunção, podendo, assim, ser físico, social ou
dano desnecessário para o paciente. psicológico;
Por exemplo, queda de paciente da cama,
aplicação errada de medicamento, falhas durante IV - evento adverso: incidente que resulta em dano
a cirurgia, etc. Esses problemas podem causar à saúde;
danos à saúde do paciente e devem ser V - garantia da qualidade: totalidade das ações
comunicados à Anvisa. A Agência é o órgão do sistemáticas necessárias para garantir que os serviços
Ministério da Saúde responsável pelo prestados estejam dentro dos padrões de qualidade
recebimento das informações. Com isso, a exigidos para os fins a que se propõem;
Anvisa poderá propor ações visando a melhoria VI - gestão de risco: aplicação sistêmica e contínua
da qualidade dos estabelecimentos, de acordo de políticas, procedimentos, condutas e recursos na
com a Resolução RDC nº 36, de 25/07/13 identificação, análise, avaliação, comunicação e
controle de riscos e eventos adversos que afetam a
RESOLUÇÃO - RDC Nº 36, DE 25 DE JULHO segurança, a saúde humana, a integridade
DE 2013 profissional, o meio ambiente e a imagem institucional;
Institui ações para a segurança do paciente em VII - incidente: evento ou circunstância que poderia
serviços de saúde e dá outras providências. ter resultado, ou resultou, em dano desnecessário à
CAPÍTULO I saúde;
DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS VIII - núcleo de segurança do paciente (NSP):
Seção I instância do serviço de saúde criada para promover e
apoiar a implementação de ações voltadas à
Objetivo segurança do paciente;
Art. 1º Esta Resolução tem por objetivo instituir IX - plano de segurança do paciente em serviços de
ações para a promoção da segurança do paciente e a saúde: documento que aponta situações de risco e
melhoria da qualidade nos serviços de saúde. descreve as estratégias e ações definidas pelo serviço
Seção II de saúde para a gestão de risco visando a prevenção
e a mitigação dos incidentes, desde a admissão até a
Abrangência transferência, a alta ou o óbito do paciente no serviço
Art. 2º Esta Resolução se aplica aos serviços de de saúde;
saúde, sejam eles públicos, privados, filantrópicos, X - segurança do paciente: redução, a um mínimo
civis ou militares, incluindo aqueles que exercem aceitável, do risco de dano desnecessário associado
ações de ensino e pesquisa. à atenção à saúde;
Parágrafo único. Excluem-se do escopo desta XI - serviço de saúde: estabelecimento destinado
Resolução os consultórios individualizados, ao desenvolvimento de ações relacionadas à
laboratórios clínicos e os serviços móveis e de promoção, proteção, manutenção e recuperação da
atenção domiciliar. saúde, qualquer que seja o seu nível de
Seção III complexidade, em regime de internação ou não,
incluindo a atenção realizada em consultórios,
Definições domicílios e unidades móveis;
Art. 3º Para efeito desta Resolução são adotadas XII - tecnologias em saúde: conjunto de
as seguintes definições: equipamentos, medicamentos, insumos e
I - boas práticas de funcionamento do serviço de procedimentos utilizados na atenção à saúde, bem
saúde: componentes da garantia da qualidade que como os processos de trabalho, a infraestrutura e a
asseguram que os serviços são ofertados com organização do serviço de saúde.
padrões de qualidade adequados; CAPÍTULO II
II - cultura da segurança: conjunto de valores, DAS CONDIÇÕES ORGANIZACIONAIS
atitudes, competências e comportamentos que
determinam o comprometimento com a gestão da Seção I
D i d Nú l d S d
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Da criação do Núcleo de Segurança do IX - analisar e avaliar os dados sobre incidentes e
Paciente eventos adversos decorrentes da prestação do
serviço de saúde;
Art. 4º A direção do serviço de saúde deve
constituir o Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) X - compartilhar e divulgar à direção e aos
e nomear a sua composição, conferindo aos membros profissionais do serviço de saúde os resultados da
autoridade, responsabilidade e poder para executar análise e avaliação dos dados sobre incidentes e
as ações do Plano de Segurança do Paciente em eventos adversos decorrentes da prestação do
Serviços de Saúde. serviço de saúde;
§ 1º A direção do serviço de saúde pode utilizar a XI - notificar ao Sistema Nacional de Vigilância
estrutura de comitês, comissões, gerências, Sanitária os eventos adversos decorrentes da
coordenações ou núcleos já existentes para o prestação do serviço de saúde;
desempenho das atribuições do NSP.
XII- manter sob sua guarda e disponibilizar à
§ 2º No caso de serviços públicos ambulatoriais autoridade sanitária, quando requisitado, as
pode ser constituído um NSP para cada serviço de notificações de eventos adversos;
saúde ou um NSP para o conjunto desses, conforme
XIII - acompanhar os alertas sanitários e outras
decisão do gestor local do SUS.
comunicações de risco divulgadas pelas autoridades
Art. 5º Para o funcionamento sistemático e sanitárias.
contínuo do NSP a direção do serviço de saúde deve Seção II
disponibilizar:
Do Plano de Segurança do Paciente em
I - recursos humanos, financeiros, equipamentos, Serviços de Saúde
insumos e materiais;
Art. 8º O Plano de Segurança do Paciente em
II - um profissional responsável pelo NSP com Serviços de Saúde (PSP), elaborado pelo NSP, deve
participação nas instâncias deliberativas do serviço estabelecer estratégias e ações de gestão de risco,
de saúde. conforme as atividades desenvolvidas pelo serviço de
saúde para:
III - A articulação e a integração dos processos de
gestão de risco; I - identificação, análise, avaliação, monitoramento e
comunicação dos riscos no serviço de saúde, de forma
IV - A garantia das boas práticas de funcionamento
sistemática;
do serviço de saúde.
II - integrar os diferentes processos de gestão de
Art.7º Compete ao NSP:
risco desenvolvidos nos serviços de saúde;
I - promover ações para a gestão de risco no
serviço de saúde; III - implementação de protocolos estabelecidos pelo
Ministério da Saúde;
II - desenvolver ações para a integração e a
articulação multiprofissional no serviço de saúde; IV - identificação do paciente;
III - promover mecanismos para identificar e avaliar V - higiene das mãos;
a existência de não conformidades nos processos e
VI - segurança cirúrgica;
procedimentos realizados e na utilização de
equipamentos, medicamentos e insumos propondo VII - segurança na prescrição, uso e administração
ações preventivas e corretivas; de medicamentos;
IV - elaborar, implantar, divulgar e manter VIII - segurança na prescrição, uso e administração
atualizado o Plano de Segurança do Paciente em de sangue e hemocomponentes;
Serviços de Saúde; IX - segurança no uso de equipamentos e materiais;
V - acompanhar as ações vinculadas ao Plano de X - manter registro adequado do uso de órteses e
Segurança do Paciente em Serviços de Saúde; próteses quando este procedimento for realizado;
VI - implantar os Protocolos de Segurança do XI - prevenção de quedas dos pacientes;
Paciente e realizar o monitoramento dos seus
indicadores; XII - prevenção de úlceras por pressão;
VII - estabelecer barreiras para a prevenção de XIII - prevenção e controle de eventos adversos em
incidentes nos serviços de saúde; serviços de saúde, incluindo as infecções
relacionadas à assistência à saúde;
VIII - desenvolver, implantar e acompanhar
programas de capacitação em segurança do paciente XIV- segurança nas terapias nutricionais enteral e
e qualidade em serviços de saúde; parenteral;
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
XV - comunicação efetiva entre profissionais do Massagem de Conforto
serviço de saúde e entre serviços de saúde;
A massagem de conforto é realizada
XVI - estimular a participação do paciente e dos principalmente por auxiliares e técnicos de
familiares na assistência prestada. enfermagem, e tem como objetivo
XVII - promoção do ambiente seguro promover relaxamento e hidratação da pele,
CAPÍTULO III quando o paciente está acamado há um tempo
longo. Portanto, pode ser usada em vários tipos
DA VIGILÂNCIA, DO MONITORAMENTO E DA de pacientes, em condições diversas.
NOTIFICAÇÃO DE EVENTOS ADVERSOS
Auxiliares e técnicos de enfermagem podem
Art. 9º O monitoramento dos incidentes e eventos
ampliar seus conhecimentos por meio de Cursos
adversos será realizado pelo Núcleo de Segurança do
Paciente - NSP.
Técnicos de Massoterapia, que os qualifica para
a prática correta.
Art. 10 A notificação dos eventos adversos, para fins
desta Resolução, deve ser realizada mensalmente Enfermeiros poderão aplicar as técnicas de
pelo NSP, até o 15º (décimo quinto) dia útil do mês massagem, quando qualificados para definir o
subsequente ao mês de vigilância, por meio das procedimento, segundo o quadro de cada
ferramentas eletrônicas disponibilizadas pela Anvisa. paciente. Qualificação esta, que ele adquire em
Parágrafo único - Os eventos adversos que uma Pós-graduação em Massagem.
evoluírem para óbito devem ser notificados em até 72 A massagem faz parte das intervenções de
(setenta e duas) horas a partir do ocorrido. enfermagem e, com a devida formação nesta
Art. 11 Compete à ANVISA, em articulação com área, o enfermeiro saberá escolher a técnica
o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária: adequada para o alívio de dores e a diminuição
I - monitorar os dados sobre eventos adversos do estresse. Portanto, todos podem
notificados pelos serviços de saúde; se beneficiar da massagem, com a escolha
correta, segundo a idade e a condição de cada
II - divulgar relatório anual sobre eventos adversos
com a análise das notificações realizadas pelos paciente.
serviços de saúde; Para pacientes mulheres, a massagem pode ser
III - acompanhar, junto às vigilâncias sanitárias utilizada para alívio das dores no período pré-
distrital, estadual e municipal as investigações sobre parto, na melhora dos desconfortos da
os eventos adversos que evoluíram para óbito. síndrome pré-menstrual, diminuição
CAPÍTULO IV
de dores nas pernas e de cabeça, comuns neste
público.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Em bebês e crianças, a realização e ensino de
Art. 12 Os serviços de saúde abrangidos por esta massagem contribui para o desenvolvimento
Resolução terão o prazo de 120 (cento e vinte) dias
motor, aumento da imunidade e quando
para a estruturação dos NSP e elaboração do PSP e
o prazo de 150 (cento e cinquenta) dias para iniciar a
ensinada aos pais/responsáveis, fortalece
notificação mensal dos eventos adversos, contados a o vínculo.
partir da data da publicação desta Resolução. Em unidades de internação pré-cirúrgica, aplicar
Art. 13 O descumprimento das disposições a massagem em pacientes que estejam
contidas nesta Resolução constitui infração sanitária, estressados e ansiosos, contribui inclusive para
nos termos da Lei n. 6.437, de 20 de agosto de 1977, o controle dos sinais vitais, alterados pela
sem prejuízo das responsabilidades civil, situação adversa. No pós-cirúrgico, pode-se
administrativa e penal cabíveis. escolher uma técnica de massagem adequada ao
Art. 14 Esta Resolução entra em vigor na data de paciente e a aplicar para o alívio da dor.
sua publicação. Inclusive em pacientes graves, que estão em
unidades de terapia intensiva⁴ com dificuldades
para dormir, a massagem proporciona melhora
na qualidade do sono impactando na recuperação
deste paciente por meio de um repouso
reparador.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Pacientes Oncológicos são grandes beneficiários É uma posição tipicamente utilizada para libertar a
desta técnica, com resultados na diminuição tensão sobre os músculos do paciente e para
da náusea relacionada à quimioterapia, melhorar a respiração, sendo indicada para pacientes
melhora do sono, diminuição do estresse e da que apresentam problemas respiratórios ecardíacos,
em pós-operatório nasal, buco maxilo e
ansiedade, por exemplo.
tireoidectomia, higiene oral, passagem de sondas:
nasogástrica ou nasoenteral, conforto e durante a
alimentação do paciente.
POSIÇÕES PARA EXAMES
• Posição ortostática ou anatômica • Decúbito dorsal

O decúbito dorsal é indicado para realização do


exame físico, alguns exames por imagens, cirurgias,
entre outros. Essa posição também pode ser chamada
de supina, o paciente fica deitado de costas com a
cabeça e os ombros ligeiramente elevados. Esse
decúbito proporciona conforto ao paciente, além de
um bom alinhamento do corpo.
Consiste em solicitar que o cliente e/ou
paciente fique de pé com o tronco ereto e os • Decúbito lateral
braços ao longo do corpo, os pés devem estar
ligeiramente afastados e o olhar fixo na linha do
horizonte.
Posição utilizada para aferir peso, altura, para
examinar, usada em alguns exames ortopédicos
e neurológicos, curvaturas de coluna, membros
Usado para exames da coluna, dorso. Posição
inferiores entre outros.
indicada para casos de convulsão com risco de
• Posição de Fowler
broncoaspiração.

• Posição de Sims

É uma posição em que o paciente fica em


decúbito dorsal, semisentado ou sentado, onde
os braços podem ficar estendidos ao lado do
corpo, cabeceira da cama elevada e os membros Esta posição é utilizada para aplicação de
inferiores podem permanecer retos e estendidos supositório, realização de enema: introdução de água
sobre a cama ou levemente elevados. e medicamentos líquidos no organismo por via retal;
clister, lavagem intestinal.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
• Posição Ginecológica TRANSPORTE DO PACIENTE E PACIENTE
TERMINAL
É a transferência do paciente de um local a outro,
utilizando-se de maca ou cadeira de rodas.

Para se fazer o transporte ou remoção do


paciente de um determinado lugar para outro, nas
dependências do hospital, exige-se que a pessoa
que realiza o transporte tenha noções básicas de
como atuar de forma correta e adequada.

Cuidados gerais com o transporte:


1. O transporte do paciente deve ser feito com
Consiste no decúbito dorsal, com as pernas
muito cuidado. A movimentação mal feita pode
flexionadas afastadas. É utilizada para exames provocar lesões, às vezes irreversíveis;
dos órgãos genitais internos e externos, cirurgias, 2. Para que o transporte seja eficiente deve-se
cateterização, partos, entre outros. agir com rapidez e segurança, porém com
cuidado;
• Posição Trendelenburg 3. Observar constantemente o estado geral do
paciente durante o transporte;
4. Movimentos suaves ao manipular o paciente
diminuem as vibrações, solavancos, dor e
desconforto;
5. Não mova local fraturado ou suspeito de
fratura, nestes casos, uma pessoa deverá apoiar
apenas este segmento (perna, braço, etc.);
6. Ao se movimentar ou transportar pacientes
politraumatizados, os cuidados devem ser
redobrados: pacientes com trauma crânio-
encefálico devem ser movimentados com máxima
atenção, sem movimentos de flexão e rotação e
com maior número de pessoas;
7. Ao proceder transporte com maca:
• Descer e subir rampas com a cabeça do
paciente para cima, exceto quando o paciente
estiver em estado de choque;
• Conduzir a maca pelo corredor com o paciente
sempre olhando para frente. Se for preciso subir
a rampa ou entrar em elevador, virar a maca
após, para conduzir o paciente sempre na
É uma variação da posição de decúbito dorsal posição correta;
onde a parte superior do dorso é abaixada e os Ao entrar no elevador, nivelar o mesmo e travar
membros inferiores são elevados. Mantém as a porta. Entrar primeiro com a cabeceira da maca,
alças intestinais na parte superior da cavidade desta maneira já saíra na posição correta;
abdominal. Posição utilizada para cirurgias de • Transporte a maca com a grade, principalmente
órgãos pélvicos e laparotomia de abdome quando for transportar pacientes anestesiados,
inferior. Ela recebe esse nome em homenagem inconscientes, agitados e crianças;
ao cirurgião alemão Friedrich Trendelenburg • Transportar o paciente sempre coberto com
(1844-1924) que a descreveu. lençol, se necessário.
8. Ao proceder transporte com cadeiras de rodas:
• Descer a rampa, transportar sempre a cadeira
de ré;
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
• Subir a rampa com o paciente olhando para Paciente com tubo endotraqueal:
frente; • Transportar sempre com cilindro de oxigênio e
• Solicitar auxílio, sempre que necessário, para ambú. O enfermeiro deve acompanhar o
subir e descer a rampa; transporte;
• Entrar no elevador puxando a cadeira, de ré. • Cuidado para não tracionar o tubo;
Desta forma, ao sair do elevador estará na
posição correta. • Se o paciente também estiver com sonda
9. Cuidados com portas e paredes; nasogástrica e apresentar náuseas ou sinal de
refluxo, abrir imediatamente a sonda.
10. Transportar paciente sempre coberto com
lençol e cobertor, se necessário.
Pacientes agitados, confusos:
Cuidados específicos: • Proceder sempre o transporte em maca com
1. Paciente com soro: grade
• Cuidado para não obstruir a agulha ou cateter, • Restringir o paciente se necessário.
mantendo o soro sempre em altura adequada Pacientes anestesiados:
para gotejamento uniforme;
• Não tracionar o equipo, para que a agulha ou • Proceder sempre o transporte em maca com
cateter não se desloque, e para evitar grade;
desconexão; •Não movimentar muito o paciente, pois pode
provocar vômito. Nestes casos, lateralizar a
• Se houver formação de soroma (infiltração de cabeça do paciente, para evitar aspiração. Se o
soro no tecido subcutâneo), interromper o paciente estiver som sonda nasogástrica abri-la.
gotejamento. Comunicar o responsável pela
medicação assim que chegar à unidade;
• Caso haja desconexão dos cateteres, procurar TÉCNICAS BÁSICAS: SINAIS VITAIS
o posto de enfermagem mais próximo. É fundamental avaliar: frequência respiratória (FR),
frequência cardíaca (FC), frequência de pulso (FP),
Paciente com sonda vesical: temperatura corporal (°C), pressão arterial (PA),
dentre outros.
• Verificar se a sonda está corretamente fixada na
coxa do paciente, prevenindo lesões uretrais PULSO
devido a tração acidental;
• Manter a bolsa coletora sempre em nível abaixo Deve-se identificar e palpar o pulso radial, analisar
o estado da parede da artéria, se está lisa, endurecida
do paciente, para evitar retorno de urina à bexiga.
ou com outra alteração, notar se o ritmo desse pulso
Pode-se também pinçar o prolongamento para é constante ou se possui alguma irregularidade,
poder elevar o coletor. amplitude do pulso, além de outros fatores. Logo,
deve-se realizar esse procedimento no outro braço e
Paciente com dreno de tórax: comparar os achados (igualdade, desigualdade). A
• Pinçar o dreno e o prolongamento com 2 pinças partir disso, conta-se o número de pulsos durante 1
minuto anotando esse valor.
próprias;
A Frequência Cardíaca normal de um adulto em
• O frasco só poderá ser elevado acima do nível repouso situa-se na faixade 60 a 100 batimentos por
do tórax do paciente quando o dreno e o minuto, sendo geralmente mais baixa em um atleta
prolongamento estiverem pinçados; bem condicionado.
• Cuidado para não tracionar o dreno;
Idade Batimentos/minuto
• Coloque o frasco entre os pés em transporte de
cadeira; e em caso de maca, colocar entre os
membros inferiores; Bebês 100-170
•Retirar as pinças imediatamente após a chegada
do paciente ao destino, observando que o frasco Crianças de 2 a 10 70-120
esteja em nível mais baixo que o tórax do anos
paciente. Crianças >10 anos e 60-100
adultos
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
A frequência cardíaca, por sua vez, é definida • Método Auscultatório
como a quantidade de vezes que o coração bate por
minuto e é expressa em batimentos por minuto (bpm).  Coloque o paciente na posição sentada;
Existem 2 principais técnicas para aferição da FC:  Deixe-o descansar por 5 minutos em ambiente
ausculta cardíaca ou palpação do íctus cordis. calmo e de temperatura agradável;
A técnica de aferição por ausculta cardíaca  Explique o procedimento;
começa pela identificação e palpação do pulso
carotídeo pela artéria carótida comum. Após isso,  Certifique-se de que o paciente não esteja com a
coloque a parte que tem as olivas nas orelhas, bexiga cheia e não tenha, nos últimos 30 minutos:
posicione a campânula do estetoscópio na região do praticado exercícios físicos; ingerido café,
íctus cordis de maneira suave (evite compressões bebidas alcoólicas ou alimentos em excesso ou
excessivas). fumado.
Deve-se palpar o pulso carotídeo e ir se atentando  Localize a Artéria Braquial por palpação;
para a ausculta de B1, B2 e os silêncios. Conte os  Prenda o manguito firmemente cerca de 2 a 3 cm
ciclos durante um minuto para obter o valor da FC. acima da fossa anticubital, centralizando a bolsa
Um outro método é pela palpação do íctus cordis. de borracha sobre a Artéria Braquial;
Essa técnica inicia-se colocando o paciente em uma  Mantenha o braço do paciente na altura do
posição confortável, avisando-o sobre o exame. Após coração;
isso, você deve localizar o íctus cordis (ele é
percebido no 4º e 5º espaço intercostal, na linha  Palpe o pulso radial, posicione o estetoscópio
hemiclavicular) e informar ao paciente que irá palpar sobre a ArtériaBraquial e infle o manguito até o
o coração. desaparecimento do som;
Após isso, coloque a palma da mão na região  Faça a deflação com uma velocidade constante
deixando os seus dedos em hiperextensão. Cada de 2 a 4 mmHg/segundo;
impulsão do íctus equivale a uma sístole. Sendo  Determine a pressão sistólica máxima no
assim, deve-se contar o número de sístoles em um momento doaparecimento do primeiro som;
minuto e com isso você terá o valor da FC.
 Determine a pressão diastólica mínima no
momento dodesaparecimento do som;
Frequência Respiratória
 Registre os valores das pressões sistólica e
A Frequência Respiratória deve ser monitorizada diastólica, o braço emque foi feito o exame e o
imediatamente após a avaliação do pulso: Mantenha horário.
os dedos sobre a artéria carotídea; Conte o número  Se necessário nova avaliação, aguarde 2
de incursões respiratórias, observando a elevação eo minutos.
abaixamento da caixa torácica;
 Método Oscilométrico
Avalie a frequência: conte o número de incursões
em 30 segundos e multiplique por 2. Compare com os Faz-se uso de um aparelho digital para a aferição.
valores normais. É dispensado o uso de estetoscópio.
Idade (anos) FR/minuto A exatidão varia em função do fabricante
É recomendável o uso de aparelhos validados pelas
0 30 a 40
sociedades ou associações de cardiologia do país.
1-2 25 a 30 Independentemente do método clínico de avaliação
2-8 20 a 25 empregado, a interpretação clínica dos resultados é a
mesma.
8-12 18 a 20
Categoria Pressão arterial
Adultos 14 a 18 Sistólica (mmHg)

Normal Menor que 120

Pré- 120-139
hipertensão
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Categoria Pressão arterial TÉCNICAS BÁSICAS: MEDICAÇÃO
Diastólica (mmHg)
No momento do preparo e administração de
Normal Menor que 80 medicamentos é importante que enfermeiro fique
atento e leve em consideração o conceito dos 9
Pré- 80-89 certos:
hipertensão
1. Paciente certo;
2. Medicamento certo;
Pressão arterial 3. Via certa;
HIPERTENSÃO 4. Hora certa;
Sistólica (mmHg)
5. Dose certa;
Estágio 1 140-159 6. Registro certo;
7. Orientação certa;
8. Forma/Apresentação certa;
Estágio 2 Igual ou maior 9. Resposta certa.
que 160
A administração de medicamentos é uma das
atividades que a enfermagem desenvolve com
Pressão arterial muita frequência, requerendo muita atenção e
HIPERTENSÃO sólida fundamentação técnico-científica para
Diastólica (mmHg)
subsidiá-lo na realização de tarefas correlatas,
Estágio 1 90-99 pois envolve uma sequência de ações que visam
a obtenção de melhores resultados no tratamento
do paciente, sua segurança e a da instituição na
Estágio 2 Igual ou maior
qual é realizado o atendimento.
que 100
A pressão arterial de forma simplificada é Assim, é importante compreender que o uso de
definida como a força aplicada pelo sangue nas medicamentos, os procedimentos envolvidos e as
paredes internas das artérias enquanto está em próprias respostas orgânicas decorrentes do
circulação. Ela é escrita com valores sistólicos tratamento envolvem riscos potenciais de
(contração) e diastólicos (relaxamento). Dessa provocar danos ao paciente, sendo
forma, a pressão de um indivíduo saudável gira imprescindível que o profissional esteja
em torno de 120×80 mmHg, sendo que 120 preparado para assumir as responsabilidades
mmHg é a pressão de sístole, e 80 mmHg é a técnicas e legais decorrentes dos erros que possa
pressão de diástole. vir a incorrer.
Durante a fase de preparo, o profissional de
TEMPERATURA
enfermagem deve ter muita atenção para evitar
Por fim, a temperatura corporal corresponde à erros, assegurando ao máximo que o paciente
temperatura média do organismo humano. receba corretamente a medicação. Isto justifica
Geralmente, os valores normais estão entre 35,5 porquê o medicamento deve ser administrado por
até 37,4°C sendo que temperaturas abaixo de quem o preparou, não sendo recomendável a
35,5º C indicam um estado de hipotermia e administração de medicamentos preparados por
temperaturas acima de 37,4°C são indicativas de outra pessoa.
febre (hipertermia).
As orientações a seguir compreendem
medidas de organizativas e de assepsia que
visam auxiliar o profissional nesta fase do
trabalho:
• lavar sempre as mãos antes do preparo e
administração de medicamentos, e logo
após;
• preparar o medicamento em ambiente com
boa iluminação;
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
• concentrar-se no trabalho, evitando • antes de administrar o medicamento,
distrair a atenção com atividades paralelas esclarecer o paciente sobre os medicamentos
e interrupções que podem aumentar a que irá receber, de maneira clara e
chance de cometer erros; compreensível, bem como conferir
cuidadosamente a identidade do mesmo, para
• ler e conferir o rótulo do medicamento três
certificar-se de que está administrando o
vezes: ao pegar o frasco, ampola ou
medicamento à pessoa certa, verificando a
envelope de medicamento; antes de
pulseira de identificação e/ou pedindo-lhe para
colocar o medicamento no recipiente
próprio para administração e ao recolocar dizer seu nome, sem induzi-lo a isso;
o recipiente na prateleira ou descartar a • permanecer junto ao paciente até que o
ampola/frasco ou outra embalagem – um mesmo tome o medicamento.
profissional competente não se deixa levar
Deixar os medicamentos para que tome mais
por comportamentos automatizados, pois
tarde ou permitir que dê medicação a outro são
tem a consciência de que todo cuidado é
práticas indevidas e absolutamente condenáveis;
pouco quando se trata de preparar e
administrar medicamentos; • efetuar o registro do que foi fornecido ao
paciente, após administrar o medicamento.
• realizar o preparo somente quando tiver a
certeza do medicamento prescrito, Todo medicamento administrado deve ser
dosagem e via de administração; as registrado e rubricado na prescrição. Nas
medicações devem ser administradas sob aplicações parenterais é importante anotar o local
prescrição médica, mas em casos de de administração.
emergência é aceitável fazê-las sob
ordem verbal (quando a situação estiver
sob controle, todas as medicações usadas TÉCNICAS BÁSICAS: COLETA DE MATERIAL
devem ser prescritas pelo médico e PARA EXAME
checadas pelo profissional de HEMOGRAMA
enfermagem que fez as aplicações);
Hemograma é um exame de sangue que indica
• identificar o medicamento preparado com a contagem de células do corpo humano.
o nome do paciente, número do leito, Consiste basicamente em analisar as hemácias
nome da medicação, via de administração (células brancas, que são as causadoras de
e horário; combate a infecções); os leucócitos (células
• observar o aspecto e características da vermelhas responsáveis pelo carregamento de
medicação, antes de prepará-la; oxigênio) e as plaquetas, ou seja, o hemograma
é um exame completo que analisa diretamente a
• deixar o local de preparo de medicação em
quantidade de células presentes no sangue.
ordem e limpo, utilizando álcool a 70%
Muitas vezes, o hemograma é solicitado sempre
para desinfetar a bancada;
por um médico para fazer o chamado “Exame de
• utilizar bandeja ou carrinho de medicação rotina”.
devidamente limpos e desinfetados com
O resultado correto de um exame de análises
álcool a 70%;
clinicas não depende somente de quem os
• quando da preparação de medicamentos analisa, mas também da qualidade da amostra
para mais de um paciente, é conveniente coletada. A equipe de enfermagem atua no
organizar a bandeja dispondo-os na processo de coleta do material biológico, e,
sequência de administração. conforme a qualidade da amostra, os erros pré –
Similarmente, seguem-se as orientações analíticos são minimizados e os resultados
relativas à fase de administração: manter a garantidos. Para tanto são necessários cuidados
bandeja ou o carrinho de medicação sempre à especiais no momento da coleta. A coleta de
vista durante a administração, nunca deixando- material biológico para analise é muito comum e
os, sozinhos, junto ao paciente; útil no período pré – operatório e quando
solicitado pelo médico.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Como proceder: SUMÁRIO DE URINA
- Lavar as mãos; O exame de urina é um processo analítico que
- Preparar o material: bandeja contendo tubos de permite identificar os aspectos físicos, químicos e
coleta, luvas de procedimento, seringas, também aos componentes presentes no
dispositivos intravenosos, torniquetes, bolas de sedimento urinário. Através destas análises
algodão, antisséptico, adesivos e etiquetas; podem ser observados e avaliados distúrbios
- Realizar a identificação do cliente (conferir hemorrágicos glomerulares, hepatopatias, erros
pulseira e perguntar o nome); inatos de metabolismo e infecções urinárias.
- Solicitar o consentimento do paciente para
execução do procedimento; Procedimento de coleta de urina:
- Orientar o paciente para o procedimento; Para a coleta de urina, seguir as orientações
- Acomodá-lo confortavelmente; abaixo:
- Posicionar a bandeja; • Coletar preferencialmente a primeira urina da
manhã ou qualquer outra urina do dia, porém com
- Observar a rede venosa e escolher a melhor
intervalo de no mínimo 2 horas sem urinar.
veia para puncionar;
• Fazer a coleta do material com kit fornecido
- Calçar luvas de procedimento;
pelo laboratório.
- Garrotear de 10cm a 15cm acima do local da
• Lave as mãos.
punção;
• Realize a higiene da região genital com água
- Deixar o menor tempo possível o cliente
limpa e sabonete comum, secar bem o local.
garroteado;
• Abra a embalagem do kit coletor, retire da
- Apalpar a veia escolhida;
embalagem do frasco coletor.
- Fazer antissepsia ampla do local da punção
• Ao urinar, despreze o 1° jato da urina no vaso
com movimentos firmes num único sentido;
sanitário e colete o 2° jato da urina no pote largo
- Pegar o dispositivo intravenoso escolhido de sem tampa.
modo que o bisel esteja voltado para cima;
• Transfira a urina coletada para o tubo estreito
- Fixar a veia; Puncionar a veia, introduzindo o com tampa até completá-lo totalmente.
dispositivo intravenoso acoplado á seringa;
• Tampe-o bem.
- Fixar o dispositivo;
• Despreze caso necessário, o resto da urina que
- Aspirar o volume sanguíneo determinado para ficou no pote sem tampa no vaso sanitário.
o exame solicitado;
• Jogue o mesmo no lixo.
- Passar o conteúdo da seringa (sem agulha)
Entregue o frasco com a urina para o coletor para
para o tubo de modo que o sangue escorra
que o mesmo identifique a amostra e encaminhe
pela parede do mesmo.
ao laboratório.
- Se vácuo, o conteúdo vai diretamente para o
tubo.
- Observar a reação do paciente;
- Retirar o dispositivo;
- Fazer compressão do local com algodão seco;
- Orientar o paciente a não dobrar o braço;
- Descartar materiais perfurocortantes em local
próprio;
- Retirar luvas de procedimento;
- Lavar as mãos;
- Checar na prescrição médica correta;
- Manter a unidade em ordem e encaminhar
material colhido.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Atenção: a espuma não deve ser valorizada
como volume de escarro expectorado.
Orientações para coleta
Antes de iniciar as orientações, certifique-se de
que os seguintes elementos estão disponíveis
com fácil acesso ao paciente: (para ingestão
durante a coleta, se necessário); fechado,
devidamente identificado e com o mecanismo de
rosqueamento e desrosqueamento funcionando
corretamente; e ou guardanapos (para
higienização do paciente durante a coleta)
Oriente-o quanto aos seguintes
procedimentos: inspirar profundamente, reter o ar
BACILOCOSPIA por alguns instantes (segundos) e expirar. Após
repetir esses procedimentos três vezes, tossir
O EXAME BACILOSCÓPICO tem o objetivo de
imediatamente após o ato da tosse produtiva, o
fornecer orientação adequada para profissionais
paciente deverá abrir o pote e expectorar.
que realizam o exame baciloscópico em suas
unidades de trabalho. A baciloscopia é um exame A secreção dentro dele sem encostar os lábios
de auxilio diagnóstico. no pote ou tocar a parte interna com os dedos,
pois há o risco de contaminação da amostra;
1ª amostra de escarro na unidade de saúde?
O acolhimento adequado ao paciente é
fundamental. Dirigir-se a ele pelo nome, manter
fisionomia receptiva e contato visual demonstram
interesse de que o paciente realize o
procedimento de forma correta, garantindo uma
etapa importante na coleta do escarro. Explique
ao paciente, de maneira simples e objetiva, o Logo após, fechar novamente o frasco
passo-a-passo para a coleta. Após explicar o rosqueando firmemente a tampa; repetir esses
procedimento que o paciente irá realizar, procedimentos quantas vezes for necessário até
verifique se ele entendeu todas as orientações. que o volume de 10 ml seja atingido. Caso não
Caso necessário, repita a explicação, seja possível esse volume, estimular o paciente
modificando a linguagem e deixando o paciente para repetir os procedimentos para expectoração
à vontade para fazer perguntas. até que obtenha o volume desejado (5 a 10 ml). A
Pote de coleta espuma não deve ser levada em consideração
Antes de identificar e manipular o pote, o para atingir esse volume.
profissional de saúde deve lavar as mãos. Dentro da unidade de saúde, durante todo o
Identifique o pote com uma etiqueta com o nome período de atendimento de sintomáticos
do paciente e a data da coleta; respiratórios ou de casos que ainda têm
Fixe a etiqueta na parte externa do pote, num baciloscopia positiva, o profissional deve usar a
local que não comprometa a observação da máscara de proteção respiratória (N95).
graduação do volume do pote, ou seja, nunca fixe
a etiqueta sobre a escala de volume, nem sobre FEZES
a tampa do pote; A coleta das fezes deve ser feita com cuidado
Nunca entregue um pote de coleta sem para não haver contaminação com a urina ou com
identificação devido ao risco de troca de a água do vaso sanitário. Para a coleta é preciso:
amostras. A marca de 10 ml deve ser reforçada 1. Evacuar no penico ou numa folha de papel
com caneta de retroprojetor (marcador branco colocada no chão do banheiro;
permanente) para facilitar a visualização pelo
paciente. 2. Coletar um pouco de fezes com uma
pazinha (que vem junto do pote) e coloca-
la dentro do frasco;
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Escrever o nome completo no frasco e guardar FERIDAS LIMPAS: nas feridas limpas, não
na geladeira por 24 horas até ser levado para o drenadas, recomenda-se o uso de curativos nas
laboratório. primeiras 24 horas após a cirurgia. Se a incisão
estiver seca, recomenda-se limpeza com água e
O procedimento é simples e deve ser o mesmo
sabão e secagem com gaze estéril. Não é
para adultos, bebês e crianças, no entanto no
recomendado uso de PVP-I nestas feridas. Não
caso da pessoa usar fraldas, a coleta deve ser
há evidências de prejuízo à cicatrização e de
feita logo após a evacuação.
aumento de ISC em feridas descobertas. Se
Uma outra forma de coletar as fezes de forma houver saída de secreção serosa ou
mais fácil é comprar uma espécie de sacola sanguinolenta, a limpeza deve ser feita com
plástica esterilizada que reveste o vaso sanitário SF0,9% estéril, repetindo-se quantas vezes for
e evacuar usando o vaso normalmente. Esta necessário, até interrupção da drenagem.
sacola não permite a contaminação com a água Cobertura da incisão é recomendável para evitar
presente no vaso e facilita a coleta das fezes, que a secreção suje a roupa de cama e do
sendo especialmente útil para pessoas com paciente. Esta cobertura pode ser feita com uma
mobilidade reduzida e que não conseguem ficar única compressa de gaze estéril, com o mínimo
agachadas para evacuar num penico ou numa de fita adesiva ou curativo adesivo sintético. Em
folha de jornal, por exemplo. caso de indicação de cobertura em feridas limpas,
a literatura aponta vantagem para o uso de gaze
seca e esparadrapo, quando comparada com
TÉCNICAS BÁSICAS: TÉCNICAS DE CURATIVO materiais sintéticos. As coberturas devem ser
No momento do trauma são interrompidas as limitadas somente ao local da incisão. Coberturas
conexões vasculares e nervosas, sendo que, semi-oclusivas (filmes plásticos) são
quanto mais extenso o traumatismo, maior é o parcialmente permeáveis e impedem o contato
número de elementos lesados. Podem ser com substâncias contaminadas, podendo ser
encontrados nas feridas tecidos desvitalizados, utilizadas neste tipo de feridas, especialmente
sangue extravasado, microorganismos ou corpos quando é utilizada sutura intradérmica. Seu fator
estranhos, como terra, fragmento de madeira, limitante é o aumento de custos.
vidro e outros, dependendo do tipo de acidente e
do agente causal. FERIDAS INFECTADAS: o processo de
cicatrização só será iniciado quando o agente
Após lesão tecidual de qualquer natureza, o
agressor for eliminado e o exsudato e os tecidos
organismo desencadeia a cicatrização,
desvitalizados retirados. Fundamental nesta
considerado um processo extremamente
situação é a limpeza meticulosa. O excesso de
complexo, composto de uma série de estádios,
exsudato deve ser removido, juntamente com
interdependentes e simultâneos, envolvendo
exotoxinas e debris, pois a presença desses
fenômenos químicos, físicos e biológicos.
componentes pode retardar o crescimento celular
Conforme a intensidade do trauma, a ferida pode e prolongar a fase inflamatória, o que prejudica a
ser considerada superficial, afetando apenas as formação do tecido de granulação. A limpeza
estruturas de superfície, ou grave, envolvendo pode ser realizada com SF0,9% estéril com
vasos sangüíneos mais calibrosos, músculos, auxílio de gaze ou seringa, até o final do processo
nervos, fáscias, tendões, ligamentos ou ossos. infeccioso, e os curativos deverão ser trocados
Independentemente da etiologia da ferida, a sempre que saturados. O uso da SF0,9% limpa e
cicatrização segue um curso previsível e umedece a ferida, favorecendo a formação do
contínuo, sendo dividida didaticamente em três tecido de granulação, amolecendo os tecidos
fases (fase inflamatória, fase proliferativa e fase desvitalizados e favorecendo o debridamento
de maturação). autolítico. As soluções anti-sépticas, em sua
maioria, não são indicadas para feridas abertas,
O cuidado com feridas traumáticas é por apresentar aumento das reações
determinado pela forma como são tratadas. Cada inflamatórias e dificultar o processo de
tipo de fechamento da ferida tem um efeito sobre cicatrização. Existem alguns fatores que
a cicatrização. Pode ocorrer cicatrização por interferem no processo de cicatrização. Alguns
primeira, segunda ou terceira intenção. fatores sistêmicos são: oxigenação e perfusão
tecidual deficientes; distúrbios nutricionais;
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
presença de infecção; distúrbios do sistema • Usar gaze uma só vez;
hematopoiético; distúrbios metabólicos e • Lavar a ferida com SF 0,9% em jato,
hidroeletrolíticos; distúrbios neurológicos; usando um frasco de SF0,9% de 250 ml
tabagismo; distúrbios de coagulação; distúrbios furado com uma agulha 25/8, a fim de
vasculares; imunossupressão; falência renal; uso promover pressão suficiente para remover
de corticosteróides; radioterapia e quimioterapia; o exsudato da ferida e eventuais corpos
idades extremas e doenças crônicas. Fatores estranhos;
locais também são importantes: presença de • Secar a pele ao redor da ferida sem tocar
infecção; presença de corpos estranhos, tecidos no leito desta;
necróticos e crostas; ressecamento; edema; • Adequar o curativo ao tamanho da ferida;
pressão, fricção e cisalhamento; localização da • Remover ao máximo as secreções, corpo
ferida. estranho e tecido necrótico;
• Fechar os curativos primários cobertos
CARACTERÍSTICAS DE UM CURATIVO IDEAL: com gaze ou compressa, fazendo uma
proteção da pele do paciente com adesivo
• Manter a umidade no leito da ferida; microporoso e vedar com esparadrapo
• Manter a temperatura em torno de 37o C comum, para manter o meio úmido;
no leito da ferida; • Observar e anotar o aspecto da lesão e o
• Absorver o excesso de exsudato, curativo realizado, na papeleta e no
mantendo uma umidade ideal; instrumento de evolução de feridas.
• Prevenir a infecção, devendo ser
impermeável a bactérias; Tipos de Curativos:
• Permitir sua remoção sem causar traumas O Tipo de curativo a ser realizado varia de acordo
no tecido neoformado; com a natureza, a localização e o tamanho da
• Não deixar resíduos no leito da ferida; ferida. Em alguns casos é necessária uma
• Limitar a movimentação dos tecidos em compressão, em outros lavagem exaustiva com
torno da ferida; solução fisiológica e outros exigem imobilização
• Proteger contra traumas mecânicos. com ataduras. Nos curativos em orifícios de
drenagem de fístulas entéricas a proteção da pele
Curativos que utilizam coberturas auto-aderentes sã em torno da lesão é o objetivo principal.
(à base de hidrocolóides, filme transparente)
dispensam o uso de instrumental (pacote de Curativo semi-oclusivo: Este tipo de curativo é
curativo). Recomendam-se luvas de absorvente, e comumente utilizado em feridas
procedimento, uma vez que o leito da ferida não cirúrgicas, drenos, feridas exsudativas,
vai ser tocado. Após a limpeza da lesão com absorvendo o exsudato e isolando-o da pele
SF0,9% em jato, secar a pele em volta da ferida adjacente saudável.
e aplicar a cobertura que deverá cobrir 2 cm de
pele íntegra em torno da lesão. Curativo oclusivo: não permite a entrada de ar
ou fluídos, atua como barreira mecânica, impede
Curativos primários (alginato de cálcio, carvão a perda de fluídos, promove isolamento térmico,
ativado) ficam em contato direto com a lesão e veda a ferida, a fim de impedir enfisema, e
exigem uma cobertura. Deve-se usar formação de crosta.
obrigatoriamente luvas estéreis no momento da
manipulação da placa e da adaptação dela no Curativo compressivo: Utilizado para reduzir o
leito da ferida. fluxo sanguíneo, promover a estase e ajudar na
aproximação das extremidades da lesão.
PROCEDIMENTO:
• Lavar as mãos com a técnica correta e Curativos abertos: São realizados em
fazer antissepsia com álcool glicerinado ferimentos que não há necessidade de serem
antes e após o procedimento; ocluídos. Feridas cirúrgicas limpas após 24 horas,
• As pinças usadas durante o curativo cortes pequenos, suturas, escoriações, etc, são
devem estar com as pontas para baixo, exemplos deste tipo de curativo.
prevenindo a contaminação;
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Classificação do Curativo de acordo com o • Nunca colocar o material sobre a cama do
Tamanho da Ferida: paciente e sim sobre a mesa auxiliar, ou carrinho
Curativo pequeno: curativo realizado em ferida de curativo. O mesmo deve sofrer desinfecção
pequena: aproximadamente 16 cm2. (ex: após cada uso;
cateteres venosos e arteriais, cicatrização de • Todo curativo deve ser realizado com a seguinte
coto umbilical, fístulas anais, flebotomias e/ou paramentação: luva, máscara e óculos.
subclávia/jugular, hemorroidectomia, pequenas Em caso de curativos de grande porte e curativos
incisões, traqueotomia, cateter de diálise e infectados (escaras infectadas com áreas
intermitente). extensas, lesões em membros inferiores, e ferida
Curativo Médio: curativo realizado em ferida cirúrgica infectada) usar também o capote como
média, variando de 16,5 a 36 cm2. (ex: Cesáreas paramentação;
infectadas, incisões de dreno, lesões cutâneas, Quando o curativo for oclusivo deve-se anotar no
abscessos drenados, escaras infectadas, outros esparadrapo a data, a hora e o nome de quem
especificar). realizou o curativo.
Curativo grande: curativo realizado em ferida
grande, variando de 36,5 a 80 cm2. (ex: Incisões Cuidados importantes:
contaminadas, grandes cirurgias – incisões • Em portadores de ostomias e fístulas utilizar
extensas (cirurgia torácica, placa protetora e TCM na proteção da pele nas
cardíaca), queimaduras (área e grau), áreas adjacentes à ferida;
toracotomia com drenagem, úlceras infectadas,
• Não comprimir demasiadamente com ataduras
outros).
e esparadrapos o local da ferida a fim de garantir
Curativo Extra Grande: curativo realizado em
boa circulação;
ferida grande, com mais de 80 cm2 (ex: Todas as
ocorrências de curativos extragrandes deverão • As compressas e ataduras deverão ser
obrigatoriamente constar de justificativa médica). colocadas em saco plástico protegidos e jogar no
Técnica de Curativo: hamper de roupa do paciente. Quando este
material estiver com grande quantidade de
Normas Gerais: secreção, deve-se colocar em saco plástico e
• Lavar as mãos antes e após cada curativo, desprezar;
mesmo que seja em um mesmo paciente; • Trocar os curativos úmidos quantas vezes forem
• Verificar data de esterilização nos pacotes necessárias, o mesmo procedimento deve ser
utilizados para o curativo (validade usual 7 dias); adotado para a roupa de cama, com secreção do
curativo;
• Expor a ferida e o material o mínimo de tempo • Quando o curativo da ferida for removido, a
possível; ferida deve ser inspecionada quanto a sinais
• Utilizar sempre material esterilizado; flogísticos. Se houver presença de sinais de
• Se as gazes estiverem aderidas na ferida, infecção (calor, rubor, hiperemia, secreção)
umedecê-las antes de retirá-las; comunicar o S.C.I.H. e / ou a supervisora e anotar
no prontuário, colher material para cultura
• Não falar e não tossir sobre a ferida e ao
conforme técnica;
manusear material estéril;
• Considerar contaminado qualquer material que • O curativo deve ser feito após o banho do
toque sobre locais não esterilizados; paciente, fora do horário das refeições;
• O curativo não deve ser realizado em horário de
• Usar luvas de procedimentos em todos os limpeza do ambiente, o ideal é após a limpeza;
curativos, fazendo-os com pinças (técnica • Em feridas em fase de granulação realizar a
• asséptica); limpeza do interior da ferida com soro fisiológico
• Utilizar luvas estéreis em curativos de em jatos, não esfregar o leito da ferida para não
cavidades ou quando houver necessidade de lesar o tecido em formação.
• contato direto com a ferida ou com o material
• Os drenos devem ser de tamanho que permitam
que irá entrar em contato com a ferida;
a sua permanência na posição vertical, livre de
• Se houver mais de uma ferida, iniciar pela dobras e curva;
menos contaminada;
• Mobilizar dreno conforme prescrição médica;
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
• Em úlceras arteriais e neuropatias diabética (pé Observações:
diabético) manter membro enfaixado e aquecido
com algodão ortopédico; - A evolução do curativo, bem como os materiais
gastos deverão ser anotados ao término de cada
• Em úlceras venosas, manter membro elevado.
curativo, evitando assim erros e esquecimentos
Antes de Iniciar o Curativo, deve-se realizar:
de anotações;
- Avaliação do estado do paciente,
principalmente os fatores que interferem na - Se houver mais de um curativo em um mesmo
cicatrização, fatores causais, risco de infecção; paciente anotar as informações separadas para
- Avaliação do curativo a ser realizado, cada um deles citando a localização do mesmo.
considerando-os em função do tipo de ferida; Lembre-se de:
- Orientação do paciente sobre o procedimento; • Evitar falar no momento da realização do
- Preparo do ambiente (colocar biombos quando procedimento e orientar o paciente para que faça
necessário, deixar espaço na mesa de cabeceira o mesmo;
para colocar o material a ser utilizado, fechar
janelas muito próximas, disponibilizar lençol ou • Fazer a limpeza com jatos de SF 0,9% sempre
toalha para proteger o leito e as vestes do que a lesão estiver com tecido de
paciente quando houver possibilidade de que as • granulação vermelho vivo (para evitar o atrito da
soluções escorram para áreas adjacentes); gaze);
- Preparar o material e lavar as mãos; • A troca do curativo será prescrita de acordo com
- Após estes preparativos, podemos iniciar o a avaliação diária da ferida;
curativo propriamente dito (remoção, limpeza, • Proceder a desinfecção da bandeja, carrinho, ou
tratamento, proteção). mesa auxiliar após a execução de cada curativo,
Após a realização do curativo proceder a: com solução de álcool a 70%;
• Recomposição do paciente; • Manter o Soro Fisiológico 0,9 % dentro do frasco
• Recomposição do ambiente; de origem (125 ml);
• Destinação dos materiais (colocar em sacos no • Desprezar o restante em caso de sobra;
carrinho de curativos encaminhando à C.M.E. o • O T.C.M. deve ser distribuído em frascos
mais rápido possível, ou de acordo com as pequenos estéreis, (individuais);
rotinas do Setor) • Realizar os curativos contaminados com S. F.
• Lavar as mãos; 0,9 % aquecido (morno).
Evolução: Registro do procedimento incluindo
avaliação da ferida; Após cada curativo devem Principais erros cometidos ao se realizar um
ser anotadas no prontuário do paciente as Curativo:
seguintes informações sobre a lesão:
• Usar curativo em feridas totalmente cicatrizadas;
• Localização anatômica; • Cobrir o curativo com excesso de esparadrapo;
• Tamanho e profundidade; • Trocar o curativo em excesso em feridas secas;
• Demorar a trocar o curativo de feridas
• Tipo de Tecido
secretantes;
• Presença de secreção / exsudato (quantidade, • Esquecer de fazer as anotações ou não faze-las
aspecto, odor); corretamente;
• Bordas e Pele peri-ulceral; • Não lavar as mãos entre um curativo e outro;
• Conversar durante o procedimento;
• Presença de crosta; • Misturar material de um curativo e outro, em um
• Presença de calor, rubor, hiperemia e edema. mesmo paciente;
• Não fazer desinfecção do carrinho de um
curativo para outro.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
TÉCNICAS BÁSICAS: CRIOTERAPIA E sanguíneo do local, ajudando no combate das
TERMOTERAPIA rugas e linhas de expressão, além de também
promover o aumento no metabolismo das
A crioterapia é uma técnica terapêutica que gorduras, combatendo a gordura localizada,
consiste na aplicação de frio no local e que tem flacidez e celulites.
como objetivo tratar inflamações e dores no
corpo, diminuindo sintomas como inchaço e Como é um método que interfere com a
vermelhidão, já que promove a vasoconstrição, circulação de sangue, o metabolismo e fibras
diminuindo o fluxo sanguíneo local, diminui a nervosas da pele, as contraindicações do uso de
permeabilidade das células e o edema. gelo devem ser respeitadas pois, quando a
técnica é utilizada de forma inadequada, pode
Apesar de ser muito utilizado no tratamento e prejudicar a saúde da pessoa, agravando
prevenção de lesões, a crioterapia pode também doenças de pele e a má circulação, por exemplo.
ser realizada com fins estéticos, através do uso
de aparelhos específicos, combatendo a gordura Assim, a realização desse tipo de tratamento não
localizada, celulite e a flacidez, por exemplo. é recomendado quando há:
• Ferimentos ou doenças na pele, como
psoríase, pois o frio excessivo pode irritar
ainda mais a pele e prejudicar a
cicatrização;
• Má circulação sanguínea, como
insuficiência arterial ou venosa grave,
porque este procedimento diminui a
circulação do corpo no local onde está
sendo aplicada, e isso pode ser prejudicial
em quem já tem uma circulação alterada;
A crioterapia tem indicação em várias situações, • Doença imunológica associada ao frio,
podendo ajudar tanto no tratamento de lesões como doença de Raynaud,
infecciosas ou musculares como na sua crioglobulinemia ou até alergias, por
prevenção e no tratamento de situações exemplo, pois o gelo pode desencadear
estéticas. Assim, as principais indicações da uma crise;
crioterapia são:
• Situação de desmaio ou coma ou com
• Lesões musculares, como, por exemplo, algum tipo de retardo da compreensão, já
entorses, pancadas ou manchas roxas na que estas pessoas podem não saber
pele; informar quando o frio está muito intenso
• Lesões ortopédicas, como no tornozelo, ou causando dor.
joelho ou coluna; Além disso, caso os sintomas de dor, inchaço e
• Inflamação dos músculos e das vermelhidão no membro tratado não melhorem
articulações; com a crioterapia, deve-se procurar o ortopedista,
para que seja feita a investigação das causas e o
• Dores musculares; tratamento direcionado para cada pessoa,
• Queimaduras leves; podendo-se associar o uso de anti-inflamatórios,
por exemplo.
• Tratamento de lesões causadas pelo HPV,
devendo ser recomendado pelo A termoterapia é um recurso terapêutico
ginecologista. utilizado no processo de reabilitação que, através
de fontes de calor de origem química, elétrica,
A crioterapia e termoterapia, que utiliza o calor magnéticas e mecânica, aumentam a agitação
em vez do frio, podem ser utilizadas em conjunto molecular e consequentemente
de acordo com a lesão. Além disso, a crioterapia o metabolismo também. Através do calor,
pode ser realizada com fins estéticos, isso porque conseguimos aumentar a velocidade metabólica,
ao aplicar frio na região a ser tratada, é possível a excreção de dejetos, a vasodilatação para o
diminuir a permeabilidade das células e o fluxo aumento do aporte de oxigênio, a aceleração
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Existem métodos de indução de calor, onde pode do frio, onde possui ampla aplicabilidade também.
se dar através das seguintes características: Porém o calor tem sido usado com mais
frequência, principalmente por ser um recurso
• Condução: transferência de calor de um
que gera maior conforto e relaxamento durante a
lugar para o outro, onde a movimentação
sua aplicação, aliviando as tensões musculares e
de moléculas e átomos passam entre eles.
provocando o relaxamento profundo do paciente.
O fluxo de calor através da matéria varia
com a natureza do material e é chamado
de condutividade térmica. Apesar do alto número de estudos em torno dos
efeitos do calor e do frio em relação aos
• Convecção: as moléculas se movimentam tratamentos de reabilitação, ainda não se tem
transferindo energia térmica, assim como comprovação de qual recurso possa ser mais
acontece com líquidos e gases. eficaz em relação aos benefícios, uma vez que
• Radiação: é a conversão da energia ambos possuem ação analgésica, anti-
térmica em radiação eletromagnética. A inflamatória e cicatrizante, porém o frio produz a
quantidade de radiação produzida vasoconstrição e o calor produz a vasodilatação,
depende da temperatura da estrutura. O onde ambos são necessários no processo de
comprimento de onda também dependerá recuperação tecidual. Dependendo da forma de
da temperatura da estrutura, de modo que lesão, acaba se indicando o frio ou calor, afim de
as temperaturas mais altas produzem promover os melhores efeitos para o seu
comprimentos de ondas menores e com processo de recuperação. Muitos estudos estão
mais energia. em fase de desenvolvimento, afim de buscar
melhores conclusões em relação aos recursos da
Os recursos da termoterapia são classificados termoterapia.
em superficiais e profundos. Dentre os recursos
classificados como calor superficial, podemos NEBULIZAÇÃO, OXIGENOTERAPIA E
citar as lâmpadas infravermelhas, compressas e SONDAGENS
bolsas quentes, banhos de parafina, turbilhões ou
imersão aquecidas. Nesse caso, é muito utilizado A nebulização é um procedimento terapêutico
para diminuir a dor e provocar efeitos analgésicos que desentope as vias aéreas, possibilitando a
nas condições subagudas. Nos recursos para passagem do ar mais rapidamente e aliviando os
aplicação de calor profundo, podemos citar a sintomas incômodos, como chiado e respiração
diatermia de micro-ondas, diatermia de ondas curta, proporcionando a sensação de alívio e
curtas e o ultra-som. Nesse caso, é muito bem-estar ao paciente.
utilizado para a cicatrização tecidual e maior Geralmente, a obstrução das vias respiratórias é
relaxamento estrutural. causada pelo excesso de mucos nessa região,
As indicações para a aplicação de calor profundo dificultando a entrada e a saída de ar. A
são as condições inflamatórias crônicas e inflamação acomete especialmente o trato aéreo
subagudas, dor crônica ou subaguda, ADM inferior, em decorrência de doenças, como asma
diminuída, pontos-gatilho miofasciais, proteção e vários tipos de bronquite, podendo ser aguda
muscular, espasmo muscular, tensão muscular ou crônica.
subaguda, torção ligamentar Esse método é bastante usado em enfermarias
e contusão subaguda. Porém se contraindica o de hospitais. No entanto, ele se tornou bastante
calor quando apresentar condições popular nas últimas décadas em virtude da
musculoesqueléticas agudas, circulação popularização dos aparelhos nebulizadores.
prejudicada, doença vascular periférica, Sendo assim, é possível realizar a nebulização
anestesia da pele, feridas ou problemas de pele. mesmo em casa, sem a necessidade de ter que ir
Devido aos resultados que a termoterapia a clínicas e consultórios.
oferece, ela tem sido muito indicada para que o A nebulização é uma metodologia que possibilita
paciente faça o uso da termoterapia superficial a inspiração de um vapor contendo uma solução
em casa, afim de auxiliar no tratamento medicamentosa, geralmente corticoides e
fisioterapêutico para se obter melhores broncodilatadores de rápido efeito
resultados. Porém, também pode ser utilizada descongestionante. Esse gás vai chegar ao trato
a crioterapia, que é o tratamento térmico através respiratório e desentupir a mucosidade presente
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
na região que está dificultando a passagem do ar. O nebulizador tem a capacidade de transformar
soluções medicamentosas (líquidos) em vapor,
Trata-se de um tipo de aerossolterapia ou
tornando a absorção muito mais rápida e
oxigenioterapia. A nebulização parte do princípio
eficiente. Isso acontece porque o vapor consegue
da inalação de vapores como via
passar pelas vias respiratórias e chegar
medicamentosa. Essa técnica é amplamente
diretamente aos brônquios e pulmões mais
indicada para o tratamento de doenças
facilmente e rapidamente. Logo, há uma maior
respiratórias agudas ou crônicas.
eficiência na atuação do princípio farmacêutico da
O tratamento dura cerca de 15 a 30 minutos e medicação.
apresenta uma ação rápida, em comparação com
Trata-se de uma maneira mais ágil e eficaz de
a ingestão de medicamentos via oral, por
tratar as doenças respiratórias. Afinal, a
exemplo. Além disso, há menos efeitos
administração da medicação via oral demanda
colaterais. De qualquer forma, a posologia deve
mais tempo até ser processada pelo organismo e
ser recomendada por um médico especialista.
começar a fazer efeito. E diante de sintomas tão
Não é indicado administrar remédios via
desconfortáveis quanto os causados por
nebulização sem a prescrição de um profissional
problemas respiratórios, tudo o que o paciente
da área da saúde.
quer é ter alívio o mais rápido possível,
O que é um nebulizador? especialmente perante os sintomas causados
Os nebulizadores são aparelhos utilizados para pela bronquite e pela asma.
a prática da nebulização. Esses equipamentos Os medicamentos mais comuns de serem
produzem o aerossol, uma espécie de vapor ou administrados pelo nebulizador são o soro
gás que contém uma suspensão de material fisiológico, corticoide e soluções
sólido ou líquido, mas sob a forma de pequenas broncodilatadoras. Eles atuam umidificando as
partículas. O tratamento costuma ser chamado vias aéreas, fluidificando e amolecendo as
de aerossolterapia (ou terapia de nebulização). secreções, de modo que elas possam ser
Nesse sentido, o nebulizador viabiliza eliminadas pelo organismo.
a administração de determinados fármacos por O uso do nebulizador alivia a falta de ar e ajuda o
via inalatória, na sua maioria, medicamentos de paciente a ter uma respiração normal. Esse
natureza corticoide ou broncodilatadora, aparelho é essencial em pessoas que estão
destinados para desobstruir as vias nasais sofrendo com crises de bronquite e asma e
respiratórias e pulmão. apresentam grande dificuldade para respirar.
Essa medicação é recomendada para o Além disso, a nebulização, quando feita com
tratamento das seguintes complicações: frequência, também atua na prevenção da falta de
ar e reduz o risco de chiados no peito.
• gripe ou resfriado;
O nebulizador transforma o fármaco do remédio
• doença pulmonar obstrutiva crónica; em vapor, sem perder os seus princípios ativos.
• tosse com chiado; Os medicamentos mais recomendados pelos
médicos para serem utilizados no nebulizador
• bronquite; (aerossolterapia) são:
• bronquiolite; • soro fisiológico e soro hipertônico;
• bronquiectasia, • broncodilatadores: relaxam o músculo e
• pneumonia. dilatam as vias aéreas, facilitando a
passagem de ar;
O nebulizador é utilizado para aliviar rapidamente
os sintomas respiratórios e estabilizar o paciente • beta2-agonistas: relaxam do músculo liso
com mais agilidade. No entanto, ele também é e causam a dilatação dos brônquios;
usado com a finalidade de administrar certos • anti-inflamatórios esteroides: atuam como
tipos de medicamentos que têm a indicação corticosteroides;
somente por meio da nebulização, ou quando
eles não conseguem usar outros sistemas de • anti-inflamatórios: reduzem a inflamação
inalação. das vias respiratórias;
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
• mucolíticos: umedecem o muco e reduzem O tipo de oxigenoterapia depende do grau do
a solidificação das secreções; desconforto respiratório de uma pessoa e dos
sinais de hipóxia, sendo que pode ser
• antibióticos: têm a função principal de
recomendado o uso de cateter nasal, máscara
combater e prevenir infecções;
facial ou de Venturi. Em alguns casos, pode ser
• antifúngicos e iloprost: reduzem o risco de indicado o CPAP para facilitar a entrada de
proliferação de fungos e atuam na oxigênio nas vias respiratórias.
umidificação das vias aéreas.
Existem vários tipos de oxigenoterapia que são
• O nebulizador e o inalador são aparelhos classificados de acordo com as concentrações de
que apresentam a mesma função, ou seja, oxigênio que são liberadas, sendo que o médico
garantir a inalação dos medicamentos vai recomendar o tipo de acordo com as
para que eles cheguem rapidamente até necessidades da pessoa, assim como o grau de
as vias respiratórias, pulmões e brônquios. desconforto respiratório e se a pessoa apresenta
• Ou seja, o vapor chega até o pulmão e é sinais de hipóxia, como boca e dedos arroxeados,
rapidamente absorvido pelos brônquios suor frio e confusão mental. Desta forma, os
pulmonares, acelerando o efeito do principais tipos de oxigenoterapia podem ser:
medicamento. O intuito é promover um 1. Sistemas de baixo fluxo
tratamento mais rápido e trazer o alívio dos
Este tipo de oxigenoterapia é recomendado para
sintomas desconfortáveis.
pessoas que não necessitam de grande
• A diferença entre os aparelhos está no quantidade de oxigênio e através destes sistemas
tamanho. Nesse sentido, o inalador é é possível fornecer oxigênio para as vias aéreas
menor e traz mais praticidade, podendo em um fluxo de até 8 litros por minuto ou com
ser transportado facilmente. Por outro um FiO2, chamado de fração de oxigênio
lado, o nebulizador costuma ser maior e inspirado, de 60%. Isso significa que do ar total
mais pesado. que a pessoa vai inspirar, 60% será de oxigênio.
• No entanto, apesar de terem nomes Os dispositivos mais usados neste tipo são:
diferentes, muitos se referem aos termos
• Cateter nasal: é um tubo de plástico com
como sinônimos e dizem respeito ao
duas saídas de ar que devem ser
mesmo equipamento. Muitos defendem
colocadas nas narinas e em média, servem
que o termo nebulizador foi sendo
para oferecer oxigênio a 2 litros por minuto;
substituído pelo inalador.
• Cânula nasal ou cateter tipo óculos: se
A OXIGENOTERAPIA consiste na administração
constitui como um pequeno tubo fino com
de oxigênio em uma quantidade maior do que se
dois orifícios em sua extremidade e é
encontra no ambiente normal e tem como objetivo
introduzido na cavidade nasal a uma
garantir a oxigenação dos tecidos do corpo.
distância equivalente ao comprimento
Algumas condições podem levar à redução da
entre o nariz e a orelha e é capaz de ofertar
oferta de oxigênio para os pulmões e
oxigênio até 8 litros por minuto;
tecidos, como ocorre na doença pulmonar
obstrutiva crônica, conhecida como DPOC, • Máscara facial: consiste em uma máscara
ataque de asma, apneia do sono e pneumonia e de plástico que deve ser colocada sobre a
por isso, nestes casos, pode ser necessário a boca e nariz e funciona para disponibilizar
oxigenoterapia. oxigênio em fluxos mais altos que os
cateteres e cânulas nasais, além de servir
Esta terapia é indicada por um clínico geral ou
para pessoas que respiram mais pela
pneumologista depois de verificar baixo nível de
boca, por exemplo;
oxigênio no sangue, através da realização da
gasometria arterial, que é um exame de sangue • Máscara com reservatório: é uma
coletado da artéria do pulso, e da oximetria de máscara com uma bolsa inflável acoplada
pulso, que é feita por meio da observação da e com capacidade de armazenar até 1 litro
saturação de oxigênio e deve estar acima de de oxigênio. Existem modelos de
90%. Saiba mais como é feita a oximetria de máscaras com reservatório, chamadas
pulso. máscara sem reinalação, que possuem
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
uma válvula que impede que a pessoa inspire Diferente dos outros tipos, esta técnica não é
dióxido de carbono; usada para ofertar oxigênio extra, mas serve para
facilitar a respiração através da reabertura dos
• Máscara de traqueostomia: equivale a
alvéolos pulmonares, melhorando a troca gasosa
um tipo de máscara de oxigênio especifica
e diminuindo o esforço respiratório e é
para pessoas que têm traqueostomia, que
recomendada para pessoas com apneia do sono
é uma cânula introduzida na traqueia para
e que têm doenças cardiorrespiratórias.
respiração.
E ainda, existem vários tipos de máscaras de VNI
• Além disso, para que o oxigênio seja
que podem ser utilizadas em casa e variam de
absorvido pelos pulmões de maneira
acordo com o tamanho da face e da adaptação de
adequada é importante que a pessoa não
cada pessoa, sendo o CPAP o tipo mais comum.
tenha obstruções e nem secreções no
Confira mais o que é CPAP e como usar.
nariz e também, para evitar o
ressecamento da mucosa das vias Para que serve
respiratórias é necessário utilizar A oxigenoterapia é recomendada por um médico
umidificação quando o fluxo de oxigênio é para aumentar a disponibilidade de oxigênio nos
acima de 4 litros por minuto. pulmões e tecidos do corpo, diminuindo os efeitos
2. Sistemas de alto fluxo negativos da hipóxia, e deve ser feita quando a
pessoa apresenta saturação de oxigênio abaixo
• Os sistemas de alto fluxo são capazes de
de 90%, pressão parcial de oxigênio, ou PaO2,
fornecer uma alta concentração de
menor que 60 mmHg, ou quando se apresenta
oxigênio, acima do que uma pessoa é
algumas condições como:
capaz de inspirar e é indicado em casos
mais graves, em situações de hipóxia • Insuficiência respiratória aguda ou crônica;
provocada por insuficiência respiratória, • Doença pulmonar obstrutiva crônica;
enfisema pulmonar, edema agudo de
pulmão ou pneumonia. Veja mais o que é • Enfisema pulmonar;
hipóxia e possíveis sequelas se não • Ataque de asma;
tratada.
• Intoxicação por monóxido de carbono;
• A máscara de Venturi é a maneira mais
comum deste tipo de oxigenoterapia, • Apneia obstrutiva do sono;
sendo que possui diferentes adaptadores • Envenenamento por cianeto;
que servem para oferecer níveis de
oxigênio exatos e diferentes, de acordo • Recuperação pós-anestésica;
com a cor. Por exemplo o adaptador rosa • Parada cardiorrespiratória.
oferta 40% de oxigênio em uma
Este tipo de terapia também é indicada nos casos
quantidade de 15 litros por minuto. Esta
de infarto agudo do miocárdio e angina do peito
máscara possui orifícios que permitem o
instável, pois o oferecimento de oxigênio pode
escape do ar expirado, que contém o
diminuir os sinais de hipóxia, causados pela fluxo
dióxido de carbono, e requer umidificação
de sangue interrompido, elevando os níveis de
para não causar ressecamento das vias
oxigênio no sangue e, consequentemente, nos
respiratórias.
alvéolos do pulmão.
3. Ventilação não invasiva
Em alguns casos, pessoas que possuem alguma
A ventilação não invasiva, também conhecida doença respiratória crônica, como a DPOC,
como VNI, consiste em um suporte ventilatório precisam utilizar de suporte de oxigênio durante
que utiliza a pressão positiva para facilitar a 24 horas por dia e por isso pode-se utilizar a
entrada de oxigênio nas vias respiratórias. Esta oxigenoterapia em casa. Esta terapia é feita em
técnica é indicada pelo pneumologista e pode ser casa através de cateter nasal, colocado nas
realizada por um enfermeiro ou fisioterapeuta em narinas, e o oxigênio é oferecido a partir de um
pessoas adultas com desconforto respiratório e cilindro, que é um recipiente de metal onde o
que estão com frequência respiratória acima de oxigênio é armazenado e somente deve ser
25 respirações por minuto ou saturação de administrado a quantidade prescrita pelo médico.
oxigênio abaixo de 90%.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Os cilindros de oxigênio são disponibilizados por PROCEDIMENTOS
programas específicos do SUS ou podem ser 1. orientação ao paciente sobre o procedimento
alugados em empresas de produtos médico-
hospitalar e também podem ser transportados 2. lavagem das mãos
através de um suporte com rodinhas, podendo 3. reunir o material e levar até o paciente: sonda,
ser levado para locais diferentes. Entretanto, ao copo com água, seringa de 20 ml,
utilizar os cilindros de oxigênio são necessários
alguns cuidados como não fumar enquanto usar gazes, lubrificante hidrossolúvel (xylocaína
o oxigênio, manter o cilindro longe de qualquer geleia) esparadrapo, estetoscópio e luvas.
chama e protegido do sol. 4. posicionar o paciente em Fowler ou decúbito
E também, a pessoa que faz uso de oxigênio em dorsal
casa precisa ter acesso a aparelhos de oximetria 5. medir o comprimento da sonda: da ponta do
de pulso para verificar a saturação e no caso da nariz até a base da orelha e descendo até o final
pessoa apresentar sinais como lábios e dedos do esterno, marcando-se com uma tira de
arroxeados, tonturas e desmaios deve-se esparadrapo
procurar imediatamente um hospital, pois pode
estar com baixo nível de oxigênio no sangue. 6. Aplicar spray anestésico na orofaringe para
facilitar a passagem e reprimir o reflexo do
SONDAGENS
vômito.
Sondagem Gastrointestinal
7. lubrificar cerca dos 10 cm. iniciais da sonda
As sondas gastrointestinais podem ser: com uma substância solúvel em água (K- Y gel),
1 – Nasogástrica; pela boca. introduzir por uma narina, e após a introdução da
parte lubrificada, flexionar o pescoço de tal forma
2 – Orogástrica; pelo nariz. que o queixo se aproxime do tórax. Solicitar para
• Indicações: descompressão do estômago e o paciente que faça movimentos de deglutição,
intestino delgado, administração de medicações, durante a passagem da sonda pelo esôfago,
administração de nutrição enteral e lavagem observando se a mesma não está na cavidade
gástrica. bucal.
A passagem de sonda gastrointestinal é a
inserção de uma sonda plástica ou de borracha,
flexível, podendo ser curta ou longa, pela boca Sondagem Vesical
(orofaríngea) ou nariz (nasofaríngea), com a
finalidade de: Quando a urina não pode ser eliminada
naturalmente, deve ser drenada artificialmente
A Sonda Nasogástrica -> é um tubo de cloreto através de sondas ou cateteres que podem ser
de polivinila (PVC) que, quando prescrito pelo introduzidos diretamente na bexiga, ureter ou
médico para drenagem ou alimentação por pelve renal.
sonda, deve ser tecnicamente introduzido desde
as narinas até o estômago.
A passagem de sonda gastrointestinal é a
inserção de uma sonda de plástico ou de
borracha, flexível, pela boca ou pelo nariz, cujos
objetivos são:
1. descomprimir o estômago
2. remover gás e líquidos
3. diagnosticar a motilidade intestinal
4. administrar medicamentos e alimentos
5. tratar uma obstrução ou um local com
sangramento
6. obter conteúdo gástrico para análise
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
A sondagem vesical é a introdução de uma sonda PROCEDIMENTO
ou cateter na bexiga, que pode ser realizada Quanto ao material necessário: pacote
através da uretra ou por via supra-púbica, e tem esterilizado contendo: cuba rim, campo
por finalidade a remoção da urina. fenestrado, pinça, gaze, ampola de água
Suas principais indicações são: obtenção de destilada, seringa de 10 ml e cuba redonda, e
urina asséptica para exame, esvaziar bexiga em ainda: sonda vesical, luvas esterilizadas, frasco
pacientes com retenção urinária, em preparo com solução antisséptica (PVPI), saco plástico,
cirúrgico e mesmo no pós operatório, para recipiente para a coleta de urina e lubrificante
monitorizar o débito urinário horário e em (xylocaína esterilizada). De início devemos ao
pacientes inconscientes, para a determinação da paciente uma orientação sobre as necessidades
urina residual ou com bexiga neurogênica que e técnicas. Após lavagem adequada das mãos,
não possuam um controle esfincteriano deve-se reunir todo o material necessário para o
adequado. procedimento. O isolamento do paciente nos
quartos comunitários é humano. Quanto à melhor
A sondagem vesical pode ser dita de alívio,
posição, é para as mulheres a ginecológica e para
quando há a retirada da sonda após o
os homens o decúbito dorsal com as pernas
esvaziamento vesical, ou de demora, quando há
afastadas. Após a abertura do pacote de
a necessidade de permanência da mesmo.
cateterismo, calçar luvas estéreis. Nas mulheres,
Nestas sondagens de demora, a bexiga não se
realizar antissepsia da região pubiana, grandes
enche nem se contrai para o seu esvaziamento,
lábios e colocar campo fenestrado; entreabrir os
perdendo com o tempo, um pouco de sua
pequenos lábios e fazer antissepsia do meato
tonicidade e levando à incapacidade de
uretral, sempre no sentido uretra-ânus, levando
contração do músculo detrursor; portanto antes
em consideração de que a mão em contato com
da remoção de sonda vesical de demora, o
esta região é contaminada e não deve voltar para
treinamento com fechamento e abertura da
o campo ou sonda. Introduzir a sonda lubrificada
sonda de maneira intermitente, deve ser
no meato urinário até a verificação da saída de
realizada para a prevenção da retenção urinária.
urina. Se for uma sonda de Foley, insuflar o balão
Quando há a necessidade de uma sonda de de segurança com água destilada, obedecendo o
demora, é imperativo a utilização de um sistema volume identificado na sonda. Conectar à
fechado de drenagem, que consiste de uma extensão, fixar a sonda e reunir o material
sonda ou cateter de demora, um tubo de conexão utilizado. Se for uma sonda de alívio, aguardar
e uma bolsa coletora que possa ser esvaziada esvaziar a bexiga e remover imediatamente a
através de uma valva de drenagem, tudo isto para sonda.
a redução do risco de infecção (ilustração
Nos homens, após a antissepsia da região
abaixo).
púbica, realiza-se o mesmo no pênis, inclusive a
O risco de infecção é inerente ao procedimento; glande com movimentos circulares, e para a
a colonização bacteriana ocorre na metade dos passagem do cateter, traciona-se o mesmo para
pacientes com sonda de demora por duas cima, introduzindo-se a sonda lentamente.
semanas e praticamente em todos os pacientes
Nas sondagens vesicais de demora, com o
após seis semanas de sondagem. Sabe-se que
sistema de drenagem fechado, deve-se observar
as infecções do trato urinário são responsáveis
algumas regras para diminuição do risco de
por um terço de todas as infecções hospitalares,
infecção do trato urinário: nunca elevar a bolsa
e que na grande maioria das vezes existiu um
coletora acima do nível vesical; limpeza completa
procedimento invasivo do trato urinário, pois
duas vezes ao dia ao redor do meato uretral;
nesses procedimentos os microrganismos podem
ter acesso ao trato urinário através da uretra no
momento da sondagem, através da delgada
camada de líquido uretral externo à sonda e
através da luz interna da sonda após
contaminação. Este índice de infecção acontece
mesmo com a obediência de todos os preceitos
de uma boa técnica de sondagem vesical.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Sondagem Nasogástrica (SNG) Sonda de MOSS: é uma sonda de
descompressão gástrica de 90 cm de
A passagem de sonda nasogástrica é a inserção
comprimento, três luzes e somente um balão que
de uma sonda plástica ou de borracha, flexível,
serve para fixar a sonda ao estômago quando
podendo ser curta ou longa, pela boca ou nariz.
inflado. O cateter de descompressão serve para
Ela tem a finalidade de: descomprimir o aspiração gástrica e esofagiana, como também
estômago e remover gás e líquidos; diagnosticar para lavagem. A terceira luz é uma via para
a motilidade intestinal; administrar medicamentos alimentação duodenal;
e alimentos; tratar uma obstrução ou um local
Sonda S-B: é usada para tratar sangramento de
com sangramento; obter conteúdo gástrico para
varizes esofagianas. Tem 3 luzes e 2 balões;
análise.
duas das luzes são utilizadas para inflar os
Condições ou necessidades que requerem balões, enquanto a terceira é usada para lavagem
utilização de sonda: gástrica e para monitorizar o sangramento.
–Preparação pré-operatória com dieta elementar; Técnica de Sondagem com Sonda Levine
–Problemas gastrintestinais com dieta elementar; Material:
– Terapia para o câncer; • Sonda gástrica LEVINE (mulher 14 a 16, homem
– Cuidado na convalescença; 16 a 18);

– Coma; • Seringa de 20 ml;

– Condições hipermetabólicas; • Copo com água;

– Cirurgia maxilofacial ou cervical. • Gaze,

Tipos de Sonda Nasogástrica • Benzina;

A sonda nasogástrica é introduzida através do • Toalha de rosto;


nariz ou boca até o estômago. • Xilocaína gel;
As mais comumente usadas são: sonda de • Fita adesiva;
Levine, gástrica simples, Nutriflex, a Moss e a
• Estetoscópio;
Sengstaken-Blakemore (S-B).
Sonda de Levine: é uma das mais usadas, • Biombo s/n;
existindo no mercado tanto tubos de plástico • Luvas de procedimento;
como de borracha, com orifícios laterais próximos • Sacos para lixo.
à ponta; são passadas normalmente pelas
narinas. Apresenta uma única luz (números 14 a Procedimento:
18). A sonda é usada para remover líquidos e 1. Elevar a cabeceira da cama (posição Fowler –
gases do trato gastrintestinal superior em adultos, 45º) com a cabeceira inclinada para frente ou
obter uma amostra do conteúdo gástrico para decúbito dorsal horizontal com cabeça
estudos laboratoriais e administrar alimentos e lateralizada;
medicamentos diretamente no trato
gastrintestinal. 2. Proteger o tórax com a toalha e limpar as
narinas com gaze;
Sonda gástrica simples (“Salem-
VENTROL”): é uma sonda radiopaca, de plástico 3. Limpar o nariz e a testa com gaze e benzina
claro, dotada de duas luzes. É usada para para retirar a oleosidade da pele;
descomprimir o estômago e mantê-lo vazio; 4. Medir a sonda do lóbulo da orelha até a ponta
Sonda Nutriflex: é uma sonda usada para do nariz e até a base do apêndice;
nutrição. Possui 76 cm de comprimento e uma 5. Marcar com adesivo;
ponta pesada de mercúrio para facilitar sua
inserção. É protegida por um lubrificante que é 6. Calçar luvas;
ativado quando é umidificado; 7. Lubrificar a sonda com xylocaína;
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
8. Introduzir a sonda em uma das narinas pedindo 4. Colocar o balde sobre a cadeia, forrada com
ao paciente que degluta; papel toalha;
9. Introduzir até a marca do adesivo; 5. Cercar a cama com biombo;
10. Observar sinais de cianose, dispneia e tosse; 6. Colocar o soro no suporte;
11. Para verificar se a sonda está no local: 7. Calçar as luvas de procedimentos;
12. Injetar 20 ml de ar na sonda e auscultar com 8. Proceder a técnica de sondagem nasogástrica;
estetoscópio, na base do apêndice xifoide, para 9. Conectar o equipo na sonda e deixar fluir
ouvir ruídos hidroaéreos; aproximadamente 250 a 500 ml de soro;
13. Ver fluxo de suco gástrico aspirando com a 10. Fechar o soro, desconectar o equipo, colocar
seringa de 20 ml; a extremidade aberta da sonda no balde,
14. Colocar a ponta da sonda no copo com água deixando o líquido refluir por sinfonagem. Aspirar
– se tiver borbulhamento está na traqueia. Deve com seringa. Se necessário pode-se também
ser retirada; usar frasco de soro com pressão negativa;
15. Toda vez que a sonda for aberta, para algum 11. Repetir o processo até que o retorno seja
procedimento, dobrá-la para evitar a entrada de límpido;
ar; 12. Proceder a retirada da sonda, conforme
16. Fechá-la ou conectá-la ao coletor; técnica descrita;
17. Fixar a sonda não tracionando a narina. 13. Retirar luvas;
Lavagem gástrica 14. Deixar o paciente confortável;
É a introdução através da SNG, de líquido na 15. Medir o retorno, desprezar e anotar.
cavidade gástrica, seguida de sua remoção. Tem Drenagem por sonda nasogástrica
como objetivo remover do estômago substâncias
tóxicas ou irritantes, preparar para cirurgias do Material:
aparelho digestivo. Deve-se evitar a lavagem • Bandeja;
gástrica em casos de envenenamento por
substâncias causticas, para não provocar • Sonda nasogástrica;
perfuração do esôfago ou estômago, pela sonda. • Xylocaína gel;
Material: • Frasco esterilizado;
• Bandeja; • Tampa plástica;
• Material para sondagem nasogástrica – sonda • Seringa de 20 ml;
calibrosa;
• Luvas de procedimento;
• Balde;
• Gazes;
• Folhas de papel toalha;
• Esparadrapo;
• Soro fisiológico com equipo;
• Estetoscópio;
• Biombo;
• Frasco graduado para medir secreção drenada;
• Luvas de procedimento.
• Prolongamento esterilizado.
Procedimentos:
Procedimentos:
1. Fazer planejamento;
1. Lavar as mãos;
2. Lavar as mãos;
2. Preparar o material e levá-lo à unidade do
3. Reunir o material na bandeja, levar a unidade paciente;
do paciente, colocá-lo sobre a mesa de
cabeceira; 3. Cercar a cama com biombo, se necessário;
4. Colocar o paciente em posição Fowler;
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
5. Proteger o tórax do paciente; Sonda Nasoenteral (SNE)
6. Calçar luvas; A sonda nasoenteral (SNE) tem comprimento
7. Proceder a sondagem nasogástrica conforme variável de 50 a 150 cm, e diâmetro médio interno
descrito; de 1,6mm e externo de 4 mm, com marcas
numéricas ao longo de sua extensão, facilitando
8. Deixar a sonda aberta e conectar a
posicionamentos, maleáveis, com fio-guia
extremidade no prolongamento de látex e deixar
metálico e flexível, radiopaca.
a outra ponta no frasco de soro vazio;
9. Retirar as luvas; A sonda nasoenteral é passada da narina até o
intestino. Difere da sonda nasogástrica, por ter o
10. Anotar no prontuário a quantidade e aspecto calibre mais fino, causando assim, menos trauma
do líquido drenado. ao esôfago, e por alojar-se diretamente no
Retirada da sonda nasogástrica intestino, necessitando de controle por Raios-X
Materiais: para verificação do local da sonda.
• Bandeja; Tem como função apenas a alimentação do
• Gazes; paciente, sendo de escolha no caso de pacientes
que receberam alimentação via sonda por tempo
• Luvas de procedimento; indeterminado e prolongado. Por isso, esta sonda
• Recipiente com algodão embebido na benzina; só permanece aberta durante o tempo de infusão
• Cuba rim; da alimentação. A técnica de sondagem se
assemelha com a técnica de sondagem
• Papel toalha.
nasogástrica.
Procedimentos:
Material:
1. Lavar as mãos;
• Sonda enteral com fio guia (mandril);
2. Preparar o material e levá-lo à unidade do
paciente; • Seringa de 20 ml;
3. Cercar a cama com biombo, se necessário; • Copo com água;
4. Colocar papel toalha sobre o tórax do • Gaze;
paciente;
• Benzina;
5. Forrar a cuba rim com papel toalha e colocá-
la ao lado do paciente; • Toalha de rosto;
6. Calçar luvas; • Xylocaína gel;
7. Desprender o esparadrapo com algodão • Fita adesiva;
embebido na benzina;
• Estetoscópio;
8. Pegar a sonda com aze e comprimi-la firmemente;
9. Retirar a sonda com movimentos suaves e colocá-
• Biombo s/n;
la na cuba rim envolvendo-a com o papel toalha; • Luvas de procedimento;
10. Anotar no prontuário procedimento realizado. • Sacos para lixo.
Procedimento:
1. Elevar a cabeceira da cama (posição
Fowler – 45º) com a cabeceira inclinada
para frente ou decúbito dorsal horizontal
com cabeça lateralizada;
2. Proteger o tórax com a toalha e limpar as
narinas com gaze;
3. Limpar o nariz e a testa com gaze e
benzina para retirar a oleosidade da pele;
4. Medir a sonda do lóbulo da orelha até a
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
ponta do nariz e até a base do apêndice A alimentação por sonda pode ser administrada
(acrescentar mais 10 cm); no hospital, em centros de reabilitação, centros de
enfermagem especializado e em home care. Há
1. Marcar com adesivo;
evidências crescentes de que há benefícios
2. Calçar luvas; significativos da nutrição enteral em comparação
3. Injetar água dentro da sonda (com com a nutrição intravenosa, mas isso é outro
mandril); assunto que falaremo depois.

4. Mergulhar a ponta da sonda em copo com O movimento crescente em direção à alimentação


água para lubrificar; enteral exige que os enfermeiros compreendam a
necessidade, os fatores de risco, o
5. Introduzir a sonda em uma das narinas posicionamento adequado do paciente e a
pedindo ao paciente que degluta – importância da colocação do tubo. O
introduzir até a marca do adesivo; conhecimento ajudará o enfermeiro ou o
6. Aguardar a migração da sonda para profissional de saúde a fornecer cuidados ideais
duodeno, encaminhar ao Raio-X para ao paciente, o que, por sua vez, melhorará os
confirmação do local da sonda; resultados do paciente.
7. Retirar o fio-guia após a passagem
correta;
8. Observar sinais de cianose, dispnéia e
tosse;
Para verificar se a sonda está no local:
1. Injetar 20 ml de ar na sonda e auscultar
com esteto, na base do apêndice xifóide,
para ouvir ruídos hidroaéreos;
2. Colocar a ponta da sonda no copo com
água – se tiver borbulhamento está na CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR
traquéia, deve ser retirada;
3. Toda vez que a sonda for aberta, para ASSEPSIA E ANTISSEPSIA
algum procedimento, dobrá-la para evitar
a entrada de ar; O significado de assepsia é “ausência de germes,
entre eles bactérias, vírus e outros
4. Fechá-la ou conectá-la ao coletor; microrganismos que podem causar doenças”. É
5. Fixar a sonda não tracionando a narina; claro que é impossível manter um ambiente como
uma sala de operação totalmente livre de germes,
6. Colocar o paciente em decúbito lateral absolutamente estéril, por isso, a ideia da
direito para que a passagem da sonda até assepsia é prevenir a infecção reduzindo esses
o duodeno seja facilitada pela peristalce microrganismos a uma quantidade insuficiente
gástrica. para causar alguma complicação.
Cuidados de Enfermagem com a Sonda Já a antissepsia é o processo que visa reduzir ou
Nasoenteral (SNE) inibir o crescimento de microrganismos na pele ou
A passagem da Sonda Nasoenteral pelo nas mucosas. Os produtos usados para fazer a
enfermeiro, é regulamentada pelo Conselho antissepsia são chamados de antissépticos.
Federal de Enferamgem (Cofen) através Veja quais são elas:
da Resolução Cofen Nº 619/2019, ela stabelece
as diretrizes necessárias para atuação da equipe Fazer uma boa higienização das mãos é uma das
de enfermagem na sondagem orogástrica, práticas mais importante para prevenir infecções
nasogástrica e nasoentérica, com o objetivo de e também impedir um surto de bactérias
obter a efetiva segurança do paciente ao ser multirresistentes na sala cirúrgica.
submetido ao procedimento de sondagem, E não é só o cirurgião que tem de fazer a
independente de sua finalidade. antissepsia das mãos, mas toda a equipe que vai
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
participar – anestesista, assistentes etc., bem instrumentos. A esterilização pode ser feita por
como todo profissional de saúde que tem contato vários métodos:
com um paciente, inclusive os enfermeiros. “A Calor
estratégia de maior importância ainda é a Pode-se usar o calor seco; por exemplo, de uma
higienização das mãos por parte dos estufa. A estufa garante uma boa esterilização,
profissionais de saúde sempre antes e após mas é um processo demorado. Deve-se utilizar
examinar o paciente ou prestar algum tipo de uma temperatura de 170 graus Celsius durante
cuidado”, disse Ícaro Boszczowski, coordenador 120 a 150 minutos, segundo o Setor de Ensino e
do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Pesquisas Cirúrgicas da Universidade Federal do
Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC) ao site Rio Grande do Sul.
do Proqualis.
Também pode se usar calor úmido, como a
Há vários tipos de produtos que podem ser fervura dos instrumentos, que não é um método
usados: 100% efetivo, ou o autoclave. O autoclave é um
Água e sabão comum, quando as mãos estão aparelho que consegue esterilizar materiais e
visivelmente sujas (leia aqui). Geralmente, sabão artigos médico-hospitalares por meio do calor
comum é usado só quando o profissional de úmido sob pressão. É um método bastante efetivo
saúde vai entrar em contato com o doente e causa poucos danos aos instrumentos.
clorexidina, um tipo de detergente com ação Radiação
antimicrobiana A esterilização pode ser feita através de raios UV,
compostos à base de iodo, um poderoso que podem ser utilizado em equipamentos já
antisséptico embalados, como cateteres e seringas, ou raios
triclosan, composto que tem ação antimicrobiana Gama, Alfa ou X.
gel desinfetante à base de álcool
Substâncias químicas
Segundo um manual da Anvisa, não existe um
produto que seja ideal. A escolha de que tipo de Algumas substâncias químicas, que podem ser
produto usar para higienizar as mãos depende de líquidas ou gasosas, são capazes de eliminar
vários fatores, como da preferência, dos recursos bactérias, vírus e até fungos.
disponíveis, entre outros. Agora, é preciso usar b) Desinfecção
uma escovinha descartável para lavar as mãos e
antebraços. A escova pode ou não estar A desinfecção serve para eliminar
impregnada com antisséptico. microrganismos pelo uso de desinfetantes. Ela é
fundamental, mas antes de mais nada é preciso
A antissepsia cirúrgica das mãos deve durar de 3 lavar os instrumentos, para depois, desinfetá-los.
minutos a 5 minutos quando o médico for fazer a Os desinfetantes podem perder o seu efeito na
sua primeira cirurgia do dia. Se ele for fazer mais presença de sujeiras e contribuir para que os
de uma operação, a higienização cai para 2 micróbios fiquem resistentes a eles, diz um
minutos a 3 minutos para as cirurgias estudo de 2019.
subsequentes.
Não há uma recomendação padrão para o uso de
Uma coisa importante: o uso de luvas estéreis desinfetantes, segundo artigo na Biblioteca
não elimina a higienização das mãos! As luvas Virtual em Saúde da Atenção Primária à Saúde
apenas servem para reduzir o risco de algum (BVS APS). Tudo vai depender da efetividade do
germe passar do paciente para a equipe desinfetante, da sua toxicidade, facilidade de uso
cirúrgica. Já a antissepsia das mãos serve para e custos, entre outros.
eliminar germes que por acaso estejam na pele,
bem como reduzir o número de micróbios que Ainda de acordo com o artigo, a escolha do tipo
vivem na pele da mãos. de desinfetante não é uma tarefa fácil. Inclusive,
vários guias e manuais de recomendações têm
A descontaminação dos instrumentos cirúrgicos é sido publicados com o objetivo de orientar os
um processo complexo, mas essencial para profissionais para uma adequada desinfecção de
prevenir infecção hospitalar. Há dois tipos materiais utilizados na assistência de saúde.
básicos de procedimento:
a) Esterilização – O objetivo é eliminar
microrganismos que possam estar presentes nos Os desinfetantes comumente usados são os
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Os desinfetantes comumente usados são os Os métodos de esterilização podem ser físicos e
álcoois, compostos clorados, formaldeído, químicos. Dentre os físicos há o calor, sob a
iodóforos, peróxido de hidrogênio, ácido forma úmida e seca, a radiação e a filtração.
peracético, compostos fenólicos e quaternário de Dentre os métodos químicos, há os agentes
amônia. químicos sob a forma líquida e gasosa. Nas
instituições de saúde, os métodos de esterilização
c) Outras providências
disponíveis rotineiramente são o calor, sob a
Há outras maneiras de afastar microrganismos: forma úmida e seca, e os agentes químicos.
Uso de luvas – As luvas não apenas servem de Vapor Saturado
barreira de proteção para a equipe médica como
Sob Pressão O calor úmido na forma de vapor
ajudam a manter o ambiente asséptico durante a
saturado sob pressão é o processo de
cirurgia e a proteger o paciente de ser
esterilização mais seguro, eficiente, rápido e
contaminado pelas mãos do médico. Em
econômico disponível. O mecanismo de
procedimentos em que há chance de a luva ser
esterilização pelo vapor saturado sob pressão
perfurada, recomenda-se usar duas.
está relacionado com o calor latente e o contato
Máscaras e óculos de proteção – Ajudam a
direto com o vapor, promovendo a coagulação
proteger o cirurgião e a equipe de possíveis
das proteínas. Calor latente é o calor que um
fluidos corporais que possam respingar durante a
corpo “recebe” sem variação de temperatura e
cirurgia.
sim de estado físico. É o calor necessário para
Bata cirúrgica e gorro – Só para que se tenha
converter uma umidade de água em vapor. O
uma ideia, durante a prática de atividade física,
vapor sob pressão, ao entrar em contato com a
chegamos a perder 10 mil células epiteliais, como
superfície fria dos materiais colocados na
são chamadas as células da pele, por minuto.
autoclave, se condensa liberando o calor latente,
Numa cirurgia, também se perde uma boa
que é o responsável pela desnaturação dos
quantidade. O uso da bata cirúrgica, bem como
microrganismos. A esterilização está
do gorro, ajuda a prevenir a contaminação do
fundamentada nessa troca de calor entre o meio
corte cirúrgico.
e o objeto a ser esterilizado.
ESTERILIZAÇÃO
É necessário o estabelecimento de padrões no
Pela conceituação clássica, entende-se que preparo e no acondicionamento dos artigos a
esterilização é o processo de destruição de todas serem esterilizados, além do perfeito
as formas de vida microbiana, ou seja, bactérias funcionamento do equipamento. O
na forma vegetativa e esporuladas, fungos e acondicionamento dos artigos deve ser feito com
vírus, mediante a aplicação de agentes físicos e embalagens permeáveis ao vapor, além de
químicos. Entretanto, considerando o resistentes a condições úmidas e secas, flexíveis
comportamento dos microrganismos num meio e que não permitam a penetração do
de cultura e sob ação de um agente esterilizante microrganismo após o processo de auto lavação.
(morte em curva logarítmica), o processo de Não devem conter na sua composição produtos
esterilização assume um entendimento mais tóxicos, corantes ou liberar resíduos. Devem
complexo. Sendo assim, esterilização é o favorecer o fechamento ou selagem e
processo pelo qual os microrganismos são apresentarem facilidade na abertura sem
mortos a tal ponto que não seja mais possível ocasionar risco de contaminação do seu
detectá-los no meio de cultura padrão no qual conteúdo.
previamente haviam proliferado.
Para que ocorra o contato do vapor com o
Convencionalmente, considera-se um artigo
material, há necessidade da remoção do ar
estéril quando a probabilidade de sobrevivência
presente na câmara, pois sendo o ar um bom
dos microrganismos que o contamina é menor do
isolante térmico, impedirá a penetração do vapor
que 1:1.000.000 (10-6). Esse critério é o princípio
nos materiais, reduzindo a eficácia ou
básico dos testes biológicos usualmente
impossibilitando o processo de esterilização. A
utilizados para controlar os processos de
remoção do ar da autoclave pode ser prejudicada
esterilização.
pelo tamanho e posição dos pacotes, das
embalagens muito apertadas e pela carga
excessiva.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
A combinação tempo de exposição-temperatura Radiação
adotados nos ciclos de esterilização, são A radiação é uma alternativa na esterilização de
condições essenciais para a garantia da eficácia artigos termossensíveis, por atuar em baixas
desse processo. O tempo de exposição abrange temperaturas. É um método disponível em escala
três componentes: o tempo de penetração do industrial devido aos elevados custos de
vapor, o tempo de esterilização e o intervalo de implantação e controle. Além do uso na
confiança. O tempo de penetração do vapor é “o esterilização de seringas, agulhas hipodérmicas,
intervalo necessário para que a carga atinja a luvas, fios cirúrgicos e outros artigos
temperatura da câmara”, o que varia com o tipo médicohospitalares, é empregada também em
de autoclave e a natureza do material a ser determinados tipos de alimentos visando
esterilizado. O tempo de esterilização é “o menor aumentar a vida de prateleira dos mesmos e no
intervalo necessário para a destruição de todas tratamento de resíduos. É utilizada também pela
as formas de vida microbiana”, variando com a indústria farmacêutica na esterilização de
temperatura empregada e o bioburden do artigo; medicamentos. A radiação é “a emissão e
intervalo de confiança é o período adicional, propagação de energia através de um meio
geralmente igual à metade do tempo de material, sob a forma de ondas eletro-magnéticas,
esterilização, adotado na autoclavação de sonoras ou por partículas”.
artigos”.
Calor Seco Filtração
A esterilização pelo calor seco é feita em estufas A filtração tem por finalidade eliminar,
elétricas equipadas com termostato e ventilador, mecanicamente, os microorganismos e/ou
a fim de promover um aquecimento mais rápido, partículas através da passagem por filtro
controlado e uniforme dentro da câmara. A microbiológico. A eficácia da esterilização por
circulação de ar quente e o aquecimento dos filtração depende do uso de elementos filtrantes
materiais se faz de forma lenta e irregular, com poros de dimensões adequadas e das
requerendo longos períodos de exposição e condições de assepsia observadas durante o
temperatura mais elevada do que o vapor procedimento. Esta técnica não é considerada
saturado sob pressão para se alcançar a infalível, sendo recomendada apenas quando não
esterilização. Este processo deve se restringir a é possível aplicar métodos mais eficazes. Este
artigos que não possam ser esterilizados pelo processo é empregado em esterilização de
vapor saturado sob pressão, pelo dano que a fluídos farmacêuticos, como medicamentos
umidade pode lhes causar ou quando são endovenosos, drogas, vacinas e esterilização de
impermeáveis, como vaselina, óleos e pós. A ar em áreas onde esteja envolvida produção
utilização do calor seco tem também por objetivo asséptica de produtos farmacêuticos, em salas
a despirogenação, quando realizada numa cirúrgicas, salas para pacientes
temperatura de 2000 C a 2200 C, por um período imunodeprimidos, etc. A filtração de ar incorpora
de exposição não inferior a 2 horas. o princípio de fluxo laminar, definido como um
A inativação dos microrganismos pelo calor seco “fluxo unidirecional de ar dentro de uma área
é resultante da oxidação e dessecação. O confinada com velocidade uniforme e turbulência
processo de esterilização pelo calor seco, mínima”.
embora seja simples, exige cuidados como Agentes químicos
propiciar a livre circulação do ar por toda a estufa
Os esterilizantes químicos, cujos princípios ativos
e entre as caixas e observar rigorosamente a
são autorizados pela Portaria n o 930/92 do
relação tempo de exposição e temperatura, a fim
Ministério da Saúde, são aldeídos, óxido de
de assegurar a sua eficácia. O tempo de
etileno e outros, desde que atendam a legislação
exposição deve ser considerado apenas quando
específica.
a temperatura determinada for alcançada, sem
incluir o tempo gasto para o aquecimento. O Aldeído: o agente químico mais utilizado na
estabelecimento de parâmetros de tempo de esterilização é o glutaraldeído a 2% por um
exposição e temperatura tem sido uma período de exposição de 8 a 12 horas
preocupação constante entre os profissionais dependendo da formulação química. É associado
responsáveis pela esterilização, pela diversidade a uma solução antioxidante para não dissolver o
de informações disponíveis. cimento de lentes.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
É indicado para a esterilização de artigos críticos O peróxido de hidrogênio é outro agente
termossensíveis como acrílicos, catéteres, químico esterilizante tanto na sua forma líquida,
drenos, nylon, silicone, teflon, PVC, gasosa e plasma, esta última, com perspectivas
laringoscópios e outros. Deve ser usado em de substituir o uso do gás óxido de etileno para
recipiente fechado, na imersão completa do esterilização de artigos termossensíveis. É
material a ser esterilizado, com preenchimento de altamente oxidante, podendo ser ativo em
lúmen e outras superfícies externas e internas. presença de matéria orgânica, sendo tóxico,
O material deve ser enxaguado em água irritante de pele e olhos, mas facilmente
destilada esterilizada e o pessoal, ao realizar manipulado. Como o glutaraldeído, falhas no
esse procedimento, deve estar devidamente enxágüe podem provocar no paciente uma
paramentado com gorro, máscara, luvas e enterite ou colite semelhante à
aventais esterilizados. A possibilidade de pseudomembranosa. O óxido de etileno é um gás
recontaminação do material é grande à medida inflamável, explosivo, carcinogênico e quando
que a manipulação é muito maior. É misturado com gás inerte e sob determinadas
recomendável a secagem do material com condições, tem sido uma das principais opções
compressa estéril e o seu uso imediato pois a para esterilização de materiais termos sensíveis.
guarda desse material, sob o rótulo “esterilizado” Na legislação brasileira há vários documentos
é praticamente impossível. que tratam das instalações do óxido de etileno e
O formaldeído pode ser usado como do controle de saúde dos funcionários que ali
esterilizante tanto no estado líquido, como trabalham. O seu mecanismo de ação é a
gasoso. Usualmente, o tempo mínimo de alquilação das cadeias proteicas microbianas,
esterilização é de 18 horas, tanto para a solução impedindo a multiplicação celular. O seu uso está
alcoólica a 8% quanto para solução aquosa a indicado para materiais termos sensíveis, desde
10%. O seu uso é limitado pelos vapores que obedecidos alguns parâmetros relacionados
irritantes, carcinogenicidade em potencial, odor a: concentração de gás, temperatura, umidade e
característico desagradável, mesmo em baixa tempo de exposição. É imprescindível a fase de
concentração (1 ppm). A utilização desse agente aeração do material processado.
químico exige uso de Equipamento de Proteção ANTISSEPSIA
Individual (EPI).
O ácido peracético é um agente químico que Antissépticos são substâncias providas de ação
está sendo utilizado como esterilizante para letal ou inibitória da reprodução microbiana, de
alguns materiais termossensíveis como, por baixa causticidade e hipoalérgicas, destinados a
exemplo os cateteres. A Portaria no 15 de 23 de aplicações em pele e mucosa. Os
agosto de 1988 inclui no subanexo 1, alínea I, microrganismos encontrados na pele e nas
este princípio ativo para uso com finalidade mucosas são classificados em flora residente ou
desinfetante e esterilizante. transitória. A flora residente é composta por
microrganismos que vivem e se multiplicam nas
É reconhecido como esporicida em baixas camadas mais profundas da pele, glândulas
concentrações e tem como principal vantagem os sebáceas, folículos pilosos, feridas ou trajetos
produtos de sua decomposição, que não são fistulosos. A flora transitória compreende os
tóxicos, a saber: ácido acético, água, oxigênio e microrganismos adquiridos por contato direto com
peróxido de hidrogênio. Em altas concentrações, o meio ambiente, contaminam a pele
o ácido peracético é volátil, tem odor pungente e
temporariamente e não são considerados
riscos de explosão e incêndio. Esta inovação colonizantes. Estes microrganismos podem ser
tecnológica oferece um tempo recorde de ciclo de facilmente removidos com o uso de água e sabão.
esterilização para artigos termossensíveis, é No entanto, adquirem particular importância em
totalmente automatizada sem o contato do ambientes hospitalares devido à facilidade de
operador com o agente químico e o seu resíduo transmissão de um indivíduo à outro.
tóxico é nulo sobre o artigo, o operador e o
ambiente. A sua aplicabilidade é restrita apenas Os antissépticos devem atender aos seguintes
para ítens passíveis de imersão em meio líquido. requisitos: amplo espectro de ação
O ácido peracético é inativado na presença de antimicrobiana; ação rápida; efeito residual
sangue e não se dispõe ainda de monitor cumulativo; não absorção sistêmica; não causar
biológico para controlar o processo. hipersensibilidade e outros efeitos indesejáveis,
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
como ressecamento, irritação e fissuras; odor Iodo e iodóforos
agradável ou ausente; boa aceitação pelo O iodo tem imediata ação contra bactérias e vírus
usuário; baixo custo e veiculação funcional em entéricos e contra cistos de protozoários.
dispensadores ou embalagens de pronto uso. Micobactérias e esporos de bacilos e de
O Ministério da Saúde, no sentido de equacionar clostrídios podem também serem eliminados pelo
o grave problema das infecções hospitalares no iodo. Além disso, foi observada atividade
Brasil, considerou, na Portaria nº 930/92 como fungicida e tricomonicida do iodo.
princípios ativos adequados para os anti- O iodóforo mais conhecido é a polivinilpirrolidona
sépticos: soluções alcoólicas (álcool etílico e um composto de 1 vinil-2- polímero pirrolidona
isopropílico); soluções iodadas (iodo em álcool); com iodo (PVPI). Em nosso meio as formulações
iodóforos (polivinilpirrolidona I - PVPI); disponíveis até o momento são: PVPI degermante
clorohexidina (biguanida); solução aquosa de para degermação das mãos e antebraços da
Permanganato de Potássio; soluções aquosas à equipe cirúrgica; PVPI alcoólico indicado para
base de sais de prata e outros princípios com aplicação em pele íntegra e PVPI aquoso para
comprovada eficácia frente S. aureus, S. curativos e aplicação sobre mucosas por exemplo
choleraesuis e P. aeruginosa. Triclosan na antissepsia antes da sondagem vesical. Todas
Apresenta ação contra bactérias Gram positivas estas formulações são tamponadas para pH da
e a maioria das Gram negativas, exceto para a
pele.
Pseudomonas aeruginosa, e apresenta pouca
ação contra fungos. O efeito residual das soluções à base de iodo,
O triclosan pode ser absorvido através da pele considerado como uma propriedade importante
íntegra, mas sem conseqüências sistêmicas dos antissépticos depende, dentre outras coisas,
relevantes. A sua ação antimicrobiana se faz num da absorção do iodo pela pele sem contudo atingir
período intermediário e tem uma excelente ação níveis sistêmicos. O efeito residual dos
residual. Sua atividade é minimamente afetada compostos iodados traz significativas vantagens
pela presença de matéria orgânica. sobre outros tipos de antissépticos
convencionais, especialmente como meio que
Álcool (etílico e isopropílico) O álcool possui pode reduzir a flora residente num nível muito
muitas qualidades desejáveis dos anti-sépticos: maior que, por exemplo, o uso do álcool
barato, facilmente obtido e tem rápida ação isopropílico.
contra bactérias e é também tuberculicida e
fungicida. Estudos "in vitro" demonstraram ação Clorexidina
virucida, incluindo os vírus sinciciais respiratórios, A atividade microbicida da clorexidina é
o HBV e HIV. O nível ótimo de atividade principalmente contra bactérias vegetativas G+ e
microbicida acontece com álcool etílico na G-. Não age sobre formas esporuladas exceto a
concentração 70% (p/v) pois, a desnaturação das temperaturas elevadas. Alguns vírus lipofílicos
proteínas dos microorganismos faz-se mais (por ex: influenza, vírus da herpes, HIV) são
rapidamente na presença da água. Nesta rapidamente inativados. Sua ação fungicida varia
concentração, o álcool etílico é viruscida. A com a espécie. A imediata ação bactericida da
concentração recomendada do álcool isopropílico clorexidina (15”) supera com vantagem as
é de 92% (p/v) e inativa a maioria dos soluções à base de polionilpinolidona iodo e
picornavírus. Estudos em vivo demonstraram a triclosan (irgasan). O seu uso regular resulta num
redução de 99% da flora da pele, sendo de baixa efeito cumulativo. O produto mantém atividade,
irritabilidade cutânea, principalmente quando mesmo na presença de sangue, e é menos
utilizado com um emoliente (1% de glicerol) e é irritante que o PVPI, o que o coloca em vantagem
irritante de mucosa. Está indicado como anti- quando comparado. Dentre as suas principais
séptico de pele em procedimentos de baixo e aplicações, destacamos: degermação das mãos
médio risco e degermação das mãos da equipe e antebraço da equipe; preparo da pele (pré
entre os procedimentos quando da operatório e procedimentos invasivos); lavagem
impossibilidade da lavagem das mãos. Neste simples das mãos. Trabalho em grupo: visando a
caso, o álcool deve ser friccionado conscientização dos profissionais e a prevenção
vigorosamente nas mãos até secar. O álcool não das infecções hospitalares, elabore uma
remove sujeira ou matéria orgânica. estratégia para uma grande campanha de
lavagem das mãos.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Nitrato de Prata mãos, reduzem o risco de transmissão de um
A solução de nitrato de prata a 1% é utilizada no patógeno de um paciente a outro por intermédio
método de Crede para a profilaxia da conjuntivite das mãos dos profissionais de saúde. É
gonocócica do recém-nascido. Como não atua importante salientar que o uso de luvas não
sobre Clamídias, tem sido substituída em alguns elimina a necessidade de lavagem das mãos.
hospitais por PVPI em solução ocular a 2,5% ou Alocação dos pacientes – o local, no qual o
colírio de eritromicina a 0,5% ou colírio de paciente é internado, possui grande importância
tetraciclina a 1,0%. Há relatos do seu uso na prevenção da transmissão de patógenos entre
também no tratamento de queimaduras. Seu os pacientes, quer esta transmissão se faça por
espectro de ação inclui bactérias Gram positivos, contato ou por via respiratória.
Gram negativos, e fungos. Transporte de pacientes infectados – os
Controle e prevenção de infecção hospitalar pacientes infectados ou colonizados por
Precauções de Isolamento As Precauções de microrganismos transmissíveis por contato ou por
Isolamento se destinam a prevenir a propagação via respiratória devem deixar seus quartos
de patógenos em hospitais, fundamentadas em somente por motivos especiais. Nestas ocasiões,
seu modo de transmissão. é importante que sejam mantidas medidas de
Lavagem das mãos – constitui na medida mais barreira (p.e., máscaras); que sejam orientados
importante que existe para a redução dos riscos os funcionários da área para a qual o paciente se
de transmissão de microrganismos; deve ser dirige; que o próprio paciente seja informado
realizada antes e depois de contatos com sobre as maneiras como pode auxiliar na
pacientes, com sangue, fluidos corpóreos, prevenção da disseminação de seus
secreções, excreções, equipamentos e objetos microrganismos.
contaminados por eles. É o simples ato de lavar Uso de máscaras, protetores dos olhos e
as mãos com água e sabão, visando a remoção protetores de face – o uso de máscaras de
das bactérias transitórias e residentes, células vários tipos, bem como de protetores oculares e
descamativas, pelos, suor, sujidades e de face é necessário em situações nas quais
oleosidade da pele. O profissional de saúde deve possam ocorrer respingos e espirros de sangue
fazer deste procedimento um hábito, seguindo as ou secreções nos funcionários.
recomendações e etapas abaixo descritas:
Uso de aventais – os aventais devem ser usados
- fique em posição confortável, sem tocar na pia, como parte dos equipamentos de proteção e
e abra a torneira, de preferência com a mão não também quando do cuidado de pacientes
dominante (se for destro, com a esquerda; se for infectados ou colonizados com microrganismos
canhoto, com a mão direita);
transmissíveis por contato direto ou indireto.
- mantenha a água em temperatura agradável, já
que a água quente ou muito fria resseca a pele. Equipamentos e objetos de cuidados dos
Use, de preferência 2 ml de sabão líquido; pacientes – deverão ser avaliados de acordo
com sua possibilidade de contaminação com
- ensaboe as mãos e friccione-as por cerca de 15 material infectante, sua capacidade de causar
segundos, em todas as suas faces, espaços lesões a quem o manipula etc.
interdigitais, articulações, unhas e extremidades
dos dedos; Roupas e lavanderia – o risco de transmissão de
-enxágue as mãos, retirando totalmente a microrganismos por roupas poderá ser muito
espuma e os resíduos de sabão; pequeno se sua manipulação for adequada.
- enxugue-as com papel-toalha descartável; Pratos, copos e talheres – pode-se usar pratos
- feche a torneira utilizando o papel-toalha e utensílios descartáveis para pacientes em
descartável (evite encostar-se à mesma ou na isolamento. Utensílios reutilizáveis devem ser
pia); tempo aproximado = 15 segundos. descontaminados com água quente e
detergentes.
Uso de luvas –as luvas funcionam como barreira
protetora prevenindo a contaminação grosseira Limpeza concorrente e terminal – a limpeza do
das mãos; reduzem a probabilidade de os quarto do paciente em isolamento deve ser feita
profissionais de saúde transmitirem aos da mesma maneira que a do quarto do paciente
pacientes, patógenos que podem estar suas que não está sob isolamento
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Recomenda-se o uso de desinfetantes na deve ser precedida de limpeza e ou desinfecção.
limpeza concorrente dos quartos e a desinfecção Assegurar-se que os itens de uso único sejam
do equipamento de cabeceira, de cama e de descartados em local apropriado.
superfícies ambientais para a prevenção de 6. Controle Ambiental: Estabelecer e garantir
alguns patógenos de sobrevivência mais procedimentos de rotina adequados para a
prolongada e de patógenos multirresistentes. limpeza e desinfecção das superfícies
As Precauções Padrão são um conjunto de ambientais, camas, equipamentos de cabeceira e
medidas utilizadas para diminuir os riscos de outras superfícies tocadas frequentemente.
transmissão de microrganismos nos hospitais e 7. Roupas: Manipular, transportar e processar as
constituem-se basicamente em:
roupas usadas, sujas de sangue, fluidos
1.Lavagem das mãos: Após realização de corpóreos, secreções e excreções de forma a
procedimentos que envolvem presença de prevenir a exposição da pele e mucosa, e a
sangue, fluidos corpóreos, secreções, excreções contaminação de roupas pessoais, evitando a
e itens contaminados. Após a retirada das luvas. transferência de microrganismos para outros
Antes e após contato com paciente e entre um e pacientes e para o ambiente.
outro procedimento ou em ocasiões onde existe
risco de transferência de patógenos para 8. Saúde Ocupacional e Patógenos Veiculados
pacientes ou ambiente. Entre procedimentos no por Sangue: Prevenção de acidentes perfuro-
mesmo paciente quando houver risco de infecção cortantes: Atenção com o uso, manipulação,
cruzada de diferentes sítios anatômicos. Nota: O limpeza e descarte de agulhas, bisturis e outros
uso de sabão comum líquido é suficiente para materiais perfuro-cortantes. Não retirar agulhas
lavagem de rotina das mãos, exceto em situações usadas das seringas descartáveis, não dobrá-las
especiais definidas pelas Comissões de Controle e não reencapá-las. O descarte desses materiais
de Infecção Hospitalar - CCIH (como nos surtos deve ser feito em caixas apropriadas e de
ou em infecções hiperendêmicas). paredes resistentes. Usar dispositivos bucais,
conjunto de ressuscitação e outros dispositivos de
2. Luvas: Usar luvas limpas, não estéreis, ventilação quando houver necessidade de
quando existir possibilidade de contato com ressuscitação.
sangue, fluidos corpóreos, secreções e
excreções, membranas mucosas, pele não 9. Local de Internação do Paciente: A alocação
íntegra e qualquer item contaminado. Mudar de do paciente é um componente importante da
luvas entre duas tarefas e entre procedimentos precaução de isolamento. Quando possível,
no mesmo paciente. Retirar e descartar as luvas pacientes com microrganismos altamente
depois do uso, entre um paciente e outro e antes transmissíveis e/ou epidemiologicamente
de tocar itens não contaminados e superfícies importantes devem ser colocados em quartos
ambientais. A lavagem das mãos após a retirada privativos com banheiro e pia próprios. Quando
das luvas é obrigatória. um quarto privativo não estiver disponível,
3. Máscara, Protetor de Olhos, Protetor de pacientes infectados devem ser alocados com
Face: é necessário em situações nas quais companheiros de quarto infectados com o mesmo
possam ocorrer respingos e espirros de sangue microrganismo e com possibilidade mínima de
ou secreções nos funcionários. infecção.
4. Avental: Usar avental limpo, não estéril, para Precauções por modo de transmissão
proteger roupas e superfícies corporais sempre No ambiente hospitalar, a transmissão de
que houver possibilidade de ocorrer microrganismos ocorre na maioria das vezes por
contaminação por líquidos corporais e sangue. contato, por via aérea e pela exposição a sangue
Escolher o avental apropriado para atividade e a e líquidos corporais ou indiretamente, através de
quantidade de fluido ou sangue encontrado. A um vetor ou fômite. Visto que a maior parte das
retirada do avental deve ser feita o mais breve infecções nosocomiais tem origem endógena, é
possível com posterior lavagem das mãos. importante ressaltar que o emprego do
5. Equipamentos de Cuidados ao Paciente: isolamento reverso ou protetor, cujo objetivo é a
Devem ser manuseados com proteção se sujos prevenção da aquisição de microrganismos
de sangue ou fluidos corpóreos, secreções e provenientes do meio inanimado, é considerado
excreções e sua reutilização em outros pacientes de valor duvidoso.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Precauções para transmissão através de contato A solução pode vir pronta para uso individual
Os microrganismos podem ser transmitidos de (enemas) ou ser preparada pela enfermagem de
uma pessoa a outra através do contato com a acordo com a prescrição médica, mas antes de
pele ou mucosa. Podemos classificar este modo ser aplicada no cliente deve ser aquecida, para
de transmissão em duas categorias: ficar morna. As soluções mais prescritas são a
Contato direto: Ocorre quando um solução fisiológica ou água acrescida ou não de
microrganismo é transmitido de um paciente a glicerina ou vaselina, cloreto de potássio (para
outro, através do contato direto da pele, sem que não ocorrer hipopotassemia nas lavagens
haja a participação de um veículo inanimado ou freqüentes) e neomicina (para destruir os
fômite como por exemplo, Herpes simples, microrganismos entéricos). Em algumas
Herpes zoster não disseminado em instituições, a solução preparada pela
imunocompetente, feridas com secreção enfermagem é colocada em um recipiente
abundante não contida, diarreia infecciosa em chamado irrigador.
paciente incontinente. -Realizando a lavagem intestinal
Contato indireto: Quando a transmissão ocorre
pelo contato da pele e mucosas com superfícies A numeração das sondas retais deve ser
ambientais e nos artigos e equipamentos de selecionada de acordo com a idade e sexo do
cuidados aos pacientes contaminados por cliente, sendo de 14 a 20 para crianças e
microrganismos, como por exemplo, Enterococo adolescentes, de 22 a 24 para as mulheres e 24
resistente à vancomicina. a 26 para os homens. Caso a sonda apresente
diâmetro maior do que o do ânus do cliente e/ou
ATUAÇÃO DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM seja introduzida sem lubrificante, poderá provocar
NO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO dor e lesões durante a sua passagem. Os frascos
O preparo físico do cliente é importante para o com solução pronta para uso dispensam a
bom andamento do ato cirúrgico, bem como para utilização da sonda retal, dependendo das
evitar complicações posteriores ao mesmo. Evitar orientações do fabricante.
estas complicações requer alguns cuidados de O procedimento pode ser realizado no próprio
enfermagem específicos relacionados com o quarto do cliente ou em sala apropriada, mas a
preparo intestinal, vesical e da pele, além de uma equipe de enfermagem deve estar atenta em
avaliação da equipe, do ambiente e do cliente promover a privacidade do cliente. Antes de
para prevenir a ocorrência de infecções. iniciar o procedimento, a cama deve ser forrada
O risco de infecção cirúrgica pode ser diminuído com impermeável e lençol móvel. Para facilitar a
quando se trata ou compensa as doenças e os entrada e o trajeto a ser percorrido pelo líquido do
agravos que favorecem a infecção, tais como a enteroclisma, o mesmo deverá ser introduzido
obesidade, focos infecciosos, presença de febre seguindo os contornos anatômicos do intestino.
e outros. Também no pré-operatório imediato Por esse motivo, o cliente é deitado em decúbito
alguns cuidados são implementados, tais como o lateral esquerdo, com o corpo ligeiramente
banho com antissépticos específicos (clorexidine inclinado para a frente e apoiado sobre o tórax,
ou solução de iodo PVPI) na noite anterior e no tendo sua perna direita flexionada e apoiada
dia da cirurgia, tricotomia, lavagem intestinal, ligeiramente na esquerda (posição de SIMS).
retirada de objetos pessoais, próteses e outros. Antes da introdução da sonda, o cliente deve ser
orientado para relaxar a musculatura anal,
a) Esvaziamento intestinal
inspirando e prendendo a respiração.
O esvaziamento intestinal no pré-operatório
diminui o risco de liberação do conteúdo intestinal b) Esvaziamento da bexiga
durante a cirurgia, provocado pelo efeito de Recomenda-se seu esvaziamento espontâneo
medicamento relaxante muscular. Existem antes do pré-anestésico. Em cirurgias em que a
controvérsias quanto à importância desse mesma necessite ser mantida vazia, ou naquelas
procedimento pré-operatório. Dependendo do de longa duração, faz-se necessário passar a
cliente, da cirurgia e da equipe que o assiste, o sonda vesical de demora, o que é feito,
preparo intestinal pode ser realizado mediante a geralmente, no centro cirúrgico.
utilização de laxativos, lavagem intestinal ou
ambos. Geralmente, este preparo ocorre entre 8
e 12 horas antes do ato cirúrgico.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
c) Preparo da pele Quando realizada com barbeador, deve-se
esticar a pele e realizar a raspagem dos pelos no
O banho e a rigorosa limpeza da região onde será
sentido do crescimento dos mesmos, tendo-se o
feita a incisão cirúrgica devem ser realizados para
cuidado de não provocar arranhaduras na pele. O
diminuir a possibilidade de contaminação. De
uso de depilatórios tem sido utilizado em algumas
acordo com o tipo de cirurgia, o cliente pode
instituições, mas apresenta a desvantagem de,
necessitar ser encaminhado para a cirurgia sem
em algumas pessoas, provocar reações alérgicas
pelos na região operatória, sendo então
e deixar a pele avermelhada. A forma de
necessária uma tricotomia da região.
utilização varia de acordo com as orientações do
Existem controvérsias se a tricotomia aumenta ou fabricante. Existem ainda aparelhos que ao invés
diminui o potencial de infecção da ferida de rasparem os pelos cortam os mesmos rente à
operatória. Por esse motivo, recomenda-se que pele, evitando escoriações e diminuindo o risco
sua realização ocorra o mais próximo possível do de infecção.
momento da cirurgia (no máximo 2 horas antes)
Prevenindo complicações anestésicas
ou no próprio centro cirúrgico, em menor área
possível e com método o menos agressivo. A manutenção do jejum de 6 a 12 horas antes da
Também há controvérsia em relação às áreas da cirurgia objetiva evitar vômitos e prevenir a
tricotomia, que variam conforme as técnicas e aspiração de resíduos alimentares por ocasião da
tecnologias usadas no processo cirúrgico. anestesia. É importante que tanto o cliente como
Entretanto, existem cirurgias nas quais a seus familiares tenham conhecimento deste
tricotomia é absolutamente necessária, como as cuidado, para que possam entender o motivo e
cranianas. Para exemplificar, listamos as áreas efetivamente cumpri-lo. O medicamento pré-
de tricotomia segundo a região da cirurgia: anestésico (MPA) é prescrito pelo anestesista
Cirurgia craniana – raspa-se o couro cabeludo com os objetivos de reduzir a ansiedade do
total ou parcialmente, e o pescoço. Nas cirurgias cliente, facilitar a indução anestésica e a
de pescoço, deve-se incluir o colo e as axilas; manutenção da anestesia, bem como diminuir
tanto a dose dos agentes anestésicos como as
Cirurgia torácica - raspa-se os pelos do tórax
secreções do trato respiratório, sempre
anterior e posterior até a cicatriz umbilical,
lembrando a necessidade de verificação da
podendo-se estender tal processo até a axila e
existência de alergia. Na noite que antecede à
região inguinal;
cirurgia, visando evitar a insônia do cliente, pode
Cirurgia cardíaca - as áreas a serem raspadas ser administrado um medicamento tranquilizante.
são o tórax, metade do dorso, punhos, dobras Administra-se o MPA cerca de 45 a 60 minutos
dos cotovelos e região inguinal, acrescentando- antes do início da anestesia. Todos os cuidados
se a face interna das coxas quando das cirurgias pré-operatórios devem ser realizados antes de
de revascularização do miocárdio; sua aplicação, porque após sua administração o
Cirurgia abdominal - recomenda-se a tricotomia cliente permanecerá na maca de transporte,
da região mamária até a região pubiana anterior devido ao estado de sonolência. Os MPA mais
(posterior no caso das cirurgias renais); nas comuns são os:
cesáreas e cirurgia abdominal via baixa, raspa-se
Opiáceos - que provocam analgesia e sonolência,
a região pubiana;
sendo normalmente prescritos para clientes que
Cirurgia dos membros – raspa-se o membro a apresentam dor antes da cirurgia. O principal
ser operado, acrescentando-se ou não as regiões medicamento é a meperidina (Dolantinaâ,
axilar e pubiana. Demerolâ);
Realizando a tricotomia (rever marcador das
Benzodiazepínicos - apresentam ação ansiolítica
cirurgias anteriores para não ficar igual) Antes de
e tranqüilizante, bem como efeitos sedativo,
iniciar a tricotomia em áreas de grande
miorelaxante e anticonvulsivante. Os principais
pilosidade, recomenda-se cortar o excesso de
medicamentos são o diazepan (Dienpaxâ,
pelo com uma tesoura.
Valliumâ) e o midazolan (Dormonidâ). O diazepan
injetável não pode ser administrado com outros
medicamentos em vista da possibilidade de
ocorrer precipitação;
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Hipnóticos - provocam sono ou sedação, porém Materiais diversos: máscaras e cateteres de
sem ação analgésica, sendo os principais o oxigênio, sondas de aspiração, luvas
fenobarbital (Luminalâ, Gardenalâ) e o midazolan esterilizadas, luvas de procedimentos,
(Dormonidâ); medicamentos, frascos de solução, equipes de
solução e de transfusão sanguínea, equipes de
Neurolépticos - diminuem a ansiedade, a
PVC (pressão venosa central), material para
agitação e a agressividade. Os principais
sondagem vesical, pacote de curativo, bolsas
medicamentos são a clorpromazina (Amplictilâ) e
a prometazina (Fenerganâ). coletoras, termômetro, material de coleta para
exames e outros porventura necessários.
Os medicamentos hipnóticos, neurolépticos,
benzodiazepínicos e opiáceos, utilizados como Cuidados de enfermagem no pós-operatório
pré-anestésicos, são de uso controlado, daí a imediato (POI)
necessidade de se guardar as ampolas vazias, Este período é considerado crítico,
para posterior reposição pela farmácia. considerando-se que o cliente estará,
O pós-operatório inicia-se a partir da saída do inicialmente, sob efeito da anestesia geral,
cliente da sala de operação e perdura até sua raquianestesia, peridural ou local. Nessa
total recuperação. Subdivide-se em pós- circunstância, apresenta-se bastante vulnerável
operatório imediato (POI), até às 24 horas às complicações. Assim, é fundamental que a
posteriores à cirurgia; mediato, após as 24 horas equipe de enfermagem atue de forma a
e até 7 dias depois; e tardio, após 7 dias do restabelecer-lhe as funções vitais, aliviar-lhe a dor
recebimento da alta. Nesta fase, os objetivos do e os desconfortos pós-operatório (náuseas,
atendimento ao cliente são identificar, prevenir e vômitos e distensão abdominal), manter-lhe a
tratar os problemas comuns aos procedimentos integridade da pele e prevenir a ocorrência de
anestésicos e cirúrgicos, tais como dor, laringite infecções. Ao receber o cliente na RPA, UTI ou
pós- intubação traqueal, náuseas, vômitos, enfermaria, a equipe deve tranquilizá-lo, informá-
retenção urinária, flebite pós-venóclise e outros, lo onde se encontra e perguntar-lhe se sente
com a finalidade de restabelecer o seu equilíbrio. alguma anormalidade e/ou desconforto. Se o
Idealmente, todos os clientes em situação de POI cliente estiver sonolento ou aparentemente
devem ser encaminhados da SO para a RPA e inconsciente, não devem ser feitos comentários
sua transferência para a enfermaria ou para a UTI indevidos, pois sua audição pode estar presente.
só deve ocorrer quando o anestesista considerar Deve-se ler atentamente o seu prontuário, o qual
sua condição clínica satisfatória. deverá conter informações sobre o tipo de
anestesia, anestésico recebido, cirurgia
A RPA é a área destinada à permanência
realizada, intercorrências e recomendações
preferencial do cliente imediatamente após o
especiais.
término do ato cirúrgico e anestésico, onde ficará
por um período de uma a seis horas para Os frascos de solução, sangue e derivados
prevenção ou tratamento de possíveis devem ser postos no suporte e realizados o
complicações. Neste local aliviará a dor pós- controle de gotejamento e dos líquidos infundidos
operatória e será assistido até a volta dos seus e eliminados pelas sondas, drenos e cateteres -
reflexos, normalização dos sinais vitais e os quais deverão estar conectados às extensões
recuperação da consciência. e fixados no leito ou outro local adequado. Para
Considerando tais circunstâncias, este setor deve os clientes submetidos à anestesia geral,
possuir equipamentos, medicamentos e materiais recomenda-se o decúbito dorsal horizontal sem
que atendam a qualquer situação de emergência, travesseiro, com a cabeça lateralizada para evitar
tais como: aspiração de vômito (caso ocorra). Para os
Equipamentos básicos: cama/maca com grades clientes com sonda nasogástrica (SNG), indica-se
laterais de segurança e encaixes para suporte de a posição semifowler, para prevenir a ocorrência
solução, suporte de solução fixo ou móvel, duas de esofagite de refluxo. Visando evitar a queda
saídas de oxigênio, uma de ar comprimido, aspirador dos clientes sonolentos, confusos e/ou agitados
a vácuo, foco de luz, tomadas elétricas, monitor devido à ação dos anestésicos, as grades da
cardíaco, oxímetro de pulso, esfigmomanômetro, cama devem ser mantidas elevadas.
ventiladores mecânicos, carrinho com material e
medicamentos de emergência; Normalmente, o cliente apresenta-se hipotérmico
ao retornar da SO, em vista da ação depressora
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Normalmente, o cliente apresenta-se hipotérmico A decisão pela restrição deve basear-se na real
ao retornar da SO, em vista da ação depressora necessidade do cliente, e não por ser a medida
do sistema nervoso - provocada pelo anestésico. que diminuirá o trabalho da equipe de
A primeira conduta é aquecê-lo com cobertores, enfermagem. Após a sua adoção, não se deve
fechar as janelas, ligar o aquecedor de ambiente esquecer que o cliente sob restrição permanece
e controlar sua temperatura com maior sendo um ser humano que necessita ser
frequência. É absolutamente contraindicada a confortado, tranquilizado e receber os adequados
aplicação de bolsa de água quente, pelo risco de cuidados de enfermagem, incluindo avaliação
surgirem queimaduras causadas pela diminuição constante da necessidade de manutenção da
da sensibilidade dolorosa. restrição. Após os cuidados recebidos, devem ser
registrados, pela enfermagem, dados como o tipo
Na RPA, na primeira hora o controle dos sinais
de anestesia, a cirurgia realizada, o horário de
vitais é realizado de 15 em 15 minutos; se estiver
chegada, as condições gerais do cliente, a
regular, de 30 em 30 minutos. Mantida a
presença de drenos, soluções venosas, sondas,
regularidade do quadro, o tempo de verificação
do controle deve ser espaçado para 1/1h, 2/2h, e cateteres e a assistência prestada.
assim por diante. Nos cuidados com o curativo, Anormalidades e complicações do pós-
observar se o mesmo está apertado demais ou operatório
provocando edema no local; se está frouxo
A ocorrência de complicações no pós-operatório
demais ou se desprendendo da pele; ou se implica piora do quadro clínico do cliente,
apresenta-se sujo de sangue, o que indica aumento do período de recuperação cirúrgica e,
sangramento ou hemorragia. Nestas situações, a em alguns casos, até mesmo o óbito. Por isso, é
equipe de enfermagem solicita avaliação médica vital que a prevenção, identificação e imediata
ou refaz o curativo, mantendo uma maior intervenção sejam realizadas o mais
vigilância sobre o cliente que apresenta precocemente possível. Geralmente, as
sangramento. complicações mais comuns são:
Quando o cliente está com os reflexos presentes,
sinais vitais estabilizados, drenos e sondas Alteração dos sinais vitais (TPR-PA)
funcionantes, recebe alta médica da RPA e é É importante que a temperatura corporal seja
encaminhado para a unidade de internação. No controlada com maior frequência, bem como
tocante à ansiedade e agitação apresentada por atentar para a instalação de quadro convulsivo,
alguns clientes, a equipe de enfermagem pode principalmente em crianças. Como as alterações
diminuir seus receios dizendo-lhes onde se térmicas levam a alterações nos sistemas
encontram, perguntando-lhes o que os está cardiovascular e respiratório, recomenda-se que
incomodando ou tranquilizando-os mediante os sinais vitais também recebam idêntica
aplicação de analgésicos ou tranquilizantes. frequência de controle – o qual possibilita a
Com relação aos clientes agitados, a contenção identificação precoce do choque, que é a
dos mesmos ao leito só deve ocorrer após terem intercorrência mais grave, muitas vezes fatal.
sido realizadas várias tentativas para acalmá-los Assim, estes controles devem ser realizados até
(orientação, mudança de posicionamento, que o cliente estabilize suas condições físicas.
oferecer óculos e/ou aparelho de audição, dentre No tocante à respiração, esta pode estar alterada
outras estratégias). Quando da contenção, por efeito do anestésico que deprime o sistema
alguns cuidados de enfermagem devem ser nervoso ou por obstrução das vias aéreas devido
realizados visando evitar a ocorrência de à aspiração de vômitos ou secreções. A cirurgia
complicações circulatória e respiratória: evitar o provoca no cliente um período de instabilidade
garroteamento e proteger a área com algodão em orgânica que pode se manifestar pela alteração
rama (ortopédico), camadas de algodão ou de temperatura (hipertermia ou hipotermia). Na
compressa; manter vigilância da área restrita; hipertermia, a equipe de enfermagem pode retirar
massagear o local e refazer a restrição duas os cobertores, resfriar o ambiente, aplicar
vezes ao dia e sempre que houver cianose e compressas frias nas regiões da fronte, axilar e
edema; além disso, verificar queixas de dor ou inguinal e medicar antitérmico, de acordo com a
formigamento. prescrição; na hipotermia, o cliente deve ser
agasalhado e sua temperatura monitorada.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
A diminuição da pressão arterial e pulso é do corpo em coxins e aplicar compressas frias ou
ocasionada pela perda de sangue durante a quentes, escurecer o ambiente e diminuir os
cirurgia, efeito do anestésico ou, mesmo, barulhos, estimulando o cliente a repousar e/ou
mudança brusca de posição. A hipotensão proporcionar-lhe algo que o distraia, por exemplo,
arterial é a complicação precoce mais televisão, música, revistas, etc. As ações a serem
frequentemente encontrada nas pessoas implementadas devem considerar a necessidade
submetidas à raquianestesia, devendo ser e o tipo de cliente, bem como os recursos
corrigida com hidratação rigorosa pela via EV, disponíveis na unidade.
mantendo-se o cliente na posição de A equipe de enfermagem deve acompanhar a
Trendelemburg - para melhorar o retorno venoso evolução da dor, pois só assim saberá se o
- e administrando-lhe oxigênio. A administração medicamento está fazendo efeito, comunicando à
de medicamentos vasopressores está indicada enfermeira ou médico a sua persistência, para
apenas quando outras medidas não conseguiram reavaliação da causa e/ou seu tratamento. É
normalizaram a pressão arterial. importante lembrar que a analgesia precoce ajuda
Alterações neurológicas o cliente a se movimentar sem grandes restrições,
a) Dor o que auxilia e agiliza sua efetiva recuperação.
Outra dor bastante comum é a cefaleia pós-
O estado neurológico do cliente pode ser afetado raquianestesia, causada pela saída de licor
pela ação do anestésico, do ato cirúrgico ou de durante a punção lombar realizada para a
um posicionamento inadequado na mesa introdução do anestésico. O cliente, ao elevar a
cirúrgica. Por isso, a equipe de enfermagem deve cabeça, pode apresentar cefaleia intensa – o que
observar o nível de consciência e as funções também pode ocorrer mais tardiamente, entre o
motora e sensitiva. Quando o cliente apresentar 2° e 7° dias após a punção. Nessas
quadro de confusão mental ou agitação, circunstâncias, recomenda-se colocá-lo em
pesquisar se isto não está sendo provocado pela decúbito baixo, em posição supina, e dar-lhe
dor que surge na medida em que a ação do hidratação adequada por VO e/ou EV, bem como
anestésico vai sendo eliminada pelo organismo. os analgésicos prescritos.
Confirmando-se a dor, medicá-lo conforme
prescrição médica. A dor mais comum é a que Sonolência
ocorre na região alvo da cirurgia, a qual diminui A sonolência é uma característica muito frequente
gradativamente com o passar do tempo. Por ser no cliente cirúrgico. Assim, a certificação do seu
a dor uma experiência subjetiva e pessoal, ou nível de consciência deve ser sempre verificada
seja, só o cliente sabe identificá-la e avaliar sua mediante alguns estímulos (perguntas, estímulo
intensidade, não devemos menosprezá-la mas, tátil) e as alterações comunicadas o mais
sim, providenciar o medicamento prescrito para a rapidamente possível, pois podem indicar
analgesia de forma a não permitir que se torne complicações graves – como, por exemplo,
mais intensa. Muitas vezes, na prescrição médica hemorragia interna.
há analgésicos que devem ser administrados a Soluço
intervalos regulares e sempre que necessário. Os soluços são espasmos intermitentes do
Mesmo que o cliente não relate dor intensa, a diafragma, provocados pela irritação do nervo
administração da medicação é importante para frênico. No pós-operatório, suas causas mais
prevenir a sensação dolorosa mais intensa e comuns são a distensão abdominal e a
contínua. hipotermia. No mais das vezes, os soluços
A dor pode variar quanto à localização, terminam espontaneamente ou por condutas
intensidade, duração e tipo (em pontadas, simples. Uma delas é eliminar as causas pela
compressiva, constante, intermitente) - aspiração ou lavagem gástrica (na distensão
características que podem ser obtidas pelas abdominal), deambulação, aquecimento do
informações dadas pelo cliente. cliente hipotérmico e mudança de decúbito.
Outras manobras/estratégias podem auxiliar no Outras, orientar o cliente para inspirar e expirar
alívio da dor, tais como, respeitadas as devidas em um saco de papel, porque o dióxido de
contraindicações: afrouxar e/ou trocar os carbono diminui a irritação nervosa; ou
curativos, aliviar a retenção de urina e fezes, administrar-lhe metoclopramida (Plasil®) de
fazer a mudança de decúbito, apoiar segmentos acordo com a prescrição médica.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Complicações pulmonares No caso de retenção urinária, a equipe de
São as complicações mais sérias e frequentes no enfermagem deve eliminar suas prováveis
pós-operatório, principalmente nos clientes causas: medicando o cliente contra a dor,
obesos, fumantes, idosos e naqueles com outros promovendo sua privacidade, mudando-lhe de
agravos clínicos. As ações da equipe de posição (se não houver contraindicação) e
enfermagem priorizam a prevenção das avaliando a presença de dobraduras e grumos
complicações pulmonares pelo reconhecimento nas extensões das sondas e drenos nas
precoce dos sinais e sintomas (cianose, dispnéia, proximidades da bexiga.
tiragem intercostal, batimentos de asa de nariz, Se essas medidas não surtirem efeito, realizar
agitação), movimentação e deambulação higiene íntima com água morna, aquecer e relaxar
precoces, lateralização da cabeça do cliente com o abdome pela aplicação de calor local e realizar
vômito e não infusão de soluções endovenosas estimulação pelo ruído de uma torneira aberta
pelos membros inferiores - para evitar a formação próxima ao leito. Caso o cliente não consiga
de trombos e embolia pulmonar. Normalmente, a urinar após tentados estes métodos, deve-se
causa dessas complicações é o acúmulo de comunicar tal fato à enfermeira e/ou médico, e
secreções brônquicas, cuja remoção pode ser discutir a possibilidade da passagem de uma
favorecida pela fluidificação. A expectoração é o sonda de alívio.
meio natural de expeli-las, o que ocorre pela Complicações gastrintestinais
tosse. Assim, o cliente deve ser estimulado a
a) Náuseas e vômito
hidratar-se, realizar os exercícios respiratórios e
não inibir a tosse. Ao tossir, o cliente pode referir Os efeitos colaterais dos anestésicos e a
medo e dor. Para minimizar esta sensação, deve diminuição do peristaltismo ocasionam distensão
ser orientado a colocar as mãos, com os dedos abdominal, acúmulo de líquidos e restos
entrelaçados, sobre a incisão cirúrgica; ou alimentares no trato digestório; em consequência,
utilizar-se de um travesseiro, abraçando-o e o cliente pode apresentar náuseas e vômito. Na
expectorando no lenço de papel. presença de náuseas, os clientes sem sonda
nasogástrica devem ser colocados em decúbito
O cliente pode apresentar, ainda, hipertermia,
lateral ou com a cabeça lateralizada para facilitar
alterações na frequência e profundidade da
a drenagem do vômito pela boca. Nos clientes
respiração, dispnéia e dor torácica. Como
com sonda nasogástrica, abrir a sonda e,
algumas complicações instalam-se bruscamente,
mantendo-a aberta, proceder à aspiração para
faz-se necessário que a equipe de enfermagem
esvaziar a cavidade gástrica. Para proporcionar
mantenha material de oxigenação pronto para o
conforto ao cliente, o vômito deve ser aparado em
uso emergencial: material de aspiração de
uma cuba rim ou lençol/toalha; a seguir, trocar as
secreção, nebulizadores, cateter de oxigênio,
roupas de cama e proceder à higiene oral o mais
balão auto inflável tipo ambú com intermediários,
rápido possível. Geralmente, faz-se necessário
máscaras de diversos tamanhos e material de
medicá-lo com antieméticos, passar a sonda
intubação (laringoscópio, sondas endotraqueais
nasogástrica (mantendo-a aberta) e aspirar mais
de diversos calibres, mandril).
frequentemente o conteúdo gástrico, de acordo
Complicações urinárias com as orientações da enfermeira e/ou médico.
As mais frequentes são a infecção urinária e a Posteriormente, anotar a intercorrência e as
retenção urinária (bexigoma). A infecção urinária providências adotadas. A dieta é introduzida de
é geralmente causada por falhas na técnica de forma gradativa nos clientes, desde que não
sondagem vesical e refluxo da urina. Como apresentem náuseas, vômitos ou distensão
sintomatologia o cliente apresenta hipertermia, abdominal, ou de acordo com as condições de
disúria e alterações nas características da urina. aceitação. A equipe de enfermagem deve estar
Visando minimizar a ocorrência de infecção atenta quanto à ingestão de líquidos, por ser esta
urinária, deve-se manter a higiene íntima uma das formas de reposição das perdas líquidas
adequada do cliente, bem como obedecer à ocorridas na cirurgia, devidas principalmente ao
técnica asséptica quando da passagem da sonda sangramento.
e sempre utilizar extensões, conectores e
coletores esterilizados com sistema fechado de
drenagem.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Constipação intestinal ativos no leito e início da deambulação o mais
A constipação intestinal ocorre quando há precocemente possível são os cuidados
diminuição do peristaltismo provocada pelo efeito recomendados para evitar a ocorrência de
colateral do anestésico, imobilidade prolongada complicações vasculares.
no leito, quadro inflamatório, exposição e Não havendo contraindicação, a partir do primeiro
manipulação do intestino durante as cirurgias PO inicia-se a deambulação precoce. Para
abdominais e o medo da dor. Como resultado, prevenir a hipotensão postural, deve-se orientar o
ocorre retenção de fezes acompanhada ou não cliente para que não se levante bruscamente do
de dor, desconforto abdominal e flatulência. O leito. Caso seja este seu desejo, deve,
objetivo principal do cuidado é facilitar a saída primeiramente, sentar-se no leito com as pernas
dos gases e fezes retidos, o que pode ser obtido para baixo e, em seguida, ficar em pé, sempre
mediante movimentação no leito, deambulação com o auxílio de outra pessoa. Deve ainda ser
precoce, ingestão de líquidos e aceitação de orientado para solicitar medicação analgésica
alimentos ricos em celulose. A nutricionista deve caso a dor dificulte-lhe a movimentação,
ser notificada para que possa rever a dieta. A desestimulando-o a levantar-se do leito.
aplicação de calor na região abdominal e a Complicações na ferida operatória
orientação, ao cliente, para que degluta menos ar
a) Hemorragia
ao beber ou ingerir alimentos pode ajudar no
retorno do movimento peristáltico e diminuir o A hemorragia pode ser externa, quando o
acúmulo de gases. Deve-se preferencialmente sangramento é visível, ou interna, quando o
promover sua privacidade para que possa sangramento não é visível – circunstância mais
eliminar os gases. Nos casos em que o cliente difícil de imediata identificação. A hemorragia
não consegue evacuar de forma satisfatória, o acontece mais frequentemente nas primeiras 24
médico pode prescrever laxante no período horas após a cirurgia. Dependendo da
noturno e/ou lavagem intestinal. intensidade, o cliente apresentará sensação de
desconforto, palidez intensa, mucosa descorada,
Sede
taquicardia, dispneia e choque hipovolêmico. No
Provocada pela ação inibidora da atropina, caso de hemorragia interna, pode também referir
perdas sanguíneas e de líquidos pela cavidade dor. As ações de enfermagem consistem em
exposta durante o ato operatório, sudorese e observar a presença de sangramento no curativo
hipertermia. A equipe de enfermagem deve e/ou roupas de cama. Qualquer sinal de aumento
observar a presença de sinais de desidratação no sangramento deve ser comunicado com
(alteração no turgor da pele e da PA e diminuição urgência à enfermeira ou médico, para que sejam
da diurese), manter a hidratação por via oral e, tomadas as devidas providências pois, conforme
nos clientes impossibilitados de hidratar-se por o caso, o cliente deverá ser preparado para uma
via oral, umidificar os lábios e a boca, realizar possível revisão cirúrgica. Na ocorrência de
higiene oral e manter hidratação endovenosa. sangramento aumentado, a verificação dos sinais
Complicações vasculares vitais é importante, pois pode indicar possível
A permanência prolongada no leito, associada à choque hemorrágico.
imobilidade após a cirurgia, provoca estase b) Infecção da ferida cirúrgica
venosa, predispondo o aparecimento de A infecção da ferida operatória caracteriza-se
trombose, tromboflebite e embolia. Quando o pela presença de secreção purulenta que varia de
cliente muda de decúbito isto estimula sua clara inodora a pus espesso com odor fétido, com
circulação e a respiração mais profunda, a presença ou não de necrose nas bordas da
aliviando-lhe também as áreas de pressão. ferida. Quando ocorre um processo inflamatório,
Portanto, para melhorar a circulação dos normalmente os sintomas se manifestam entre 36
membros inferiores (MMII) o cliente deve, só ou e 48 horas após a cirurgia, mas podem passar
com ajuda, deitar-se em decúbito dorsal, dobrar desapercebidos devido à antibioticoterapia. A
o joelho e levantar o pé; um outro bom exercício equipe de enfermagem pode prevenir a infecção
é fazer com que movimente as articulações. através de um preparo pré-operatório adequado,
A mudança de decúbito a cada 2 ou 4 horas, com utilização de técnicas assépticas, observação dos
ou sem auxílio da equipe de enfermagem, bem princípios da técnica de curativo e alerta aos
como a movimentação, realização de exercícios sinais que caracterizam a infecção.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Os clientes devem ser orientados quanto aos O sistema para drenagem fechada de feridas
cuidados, durante o banho, com o curativo realiza a drenagem com o auxílio de uma leve
fechado. Nas instituições que têm por rotina sucçcão (vácuo), sendo composto por uma
trocar o curativo somente após o 2o dia pós- extensão onde uma extremidade fica instalada na
operatório (DPO), o mesmo deve ser coberto com cavidade e a outra em uma bolsa com o aspecto
plástico, como proteção à água do chuveiro - de sanfona. Seu manejo consiste em manter essa
caso molhe-se acidentalmente, isto deve ser sanfona com a pressão necessária para que a
notificado. Nas instituições onde os curativos são drenagem ocorra com mais facilidade. Este
trocados diariamente, o curativo pode ser retirado sistema é utilizado principalmente para a
antes do banho, para que o cliente possa lavar o drenagem de secreção sanguinolenta, sendo
local com água e sabão, e refeito logo após. amplamente utilizado nas cirurgias de
c) Deiscência osteosíntese e drenagem de hematoma craniano.
A deiscência é a abertura total ou parcial da Uma outra forma de drenagem fechada são os
incisão cirúrgica provocada por infecção, drenos com reservatório de Jackson-Pratt (JP),
rompimento da sutura, distensão abdominal, que funciona com pressão negativa e diferencia-
ascite e estado nutricional precário do cliente. O se do anterior por possuir a forma de pera - sendo
tratamento da deiscência realiza-se mediante comumente utilizado para cirurgias abdominais.
lavagem ou irrigação do local com solução O principal cuidado com esse tipo de dreno é a
fisiológica, podendo haver a necessidade de o correta manutenção do vácuo, obtido com a
cliente revisar os pontos cirúrgicos. A troca do compressão do reservatório. Caso contrário, a
curativo pode ou não ser atribuição da equipe de drenagem não será eficaz, podendo ocorrer
enfermagem e o tempo de permanência dos acúmulo de secreção - o que provocaria no cliente
curativos fechados depende da rotina da dor, desconforto e alterações dos seus sinais
instituição ou da equipe médica. Todos os vitais, entre outras intercorrências.
curativos com saída de secreções (purulenta, Existem também os sistemas de drenagem
sanguinolenta) devem ser do tipo fechado; nos aberta, nos quais o dreno mais utilizado é o de
casos de sangramento, indica-se o curativo Penrose, constituído por um tubo macio de
compressivo. borracha, de largura variada, utilizado
Drenos: cuidados necessários Algumas cirurgias principalmente para cirurgias em que haja
exigem a necessidade da colocação de drenos presença de abcesso na cavidade,
para facilitar o esvaziamento do ar e líquidos particularmente nas cirurgias abdominais – nas
(sangue, secreções) acumulados na cavidade. quais se posiciona dentro da cavidade, sendo
Assim, para que exerça corretamente sua função exteriorizado por um orifício próximo à incisão
o profissional deve ter a compreensão do que cirúrgica.
vem a ser dreno, bem como suas formas e Com relação aos cuidados de enfermagem, por
localizações. Dreno pode ser definido como um se tratar de um sistema aberto - que deverá estar
objeto de forma variada, produzido em materiais sempre protegido por um reservatório (bolsa) - a
diversos, cuja finalidade é manter a saída de manipulação deve ser feita de maneira asséptica,
líquido de uma cavidade para o exterior. De pois existe a comunicação do meio ambiente com
maneira geral, os cuidados de enfermagem são: a cavidade, o que possibilita a ocorrência de
manter a permeabilidade, visando garantir uma infecção – e o profissional deve estar atento para
drenagem eficiente; realizar o adequado a possibilidade de exteriorização, o que não é
posicionamento do dreno, evitando que ocorra incomum. Além dessas, existe uma outra forma
tração e posterior deslocamento; realizar o de drenagem que pode ser realizada tanto no
curativo conforme a necessidade e com o momento da realização do ato cirúrgico como na
material determinado para a prevenção de presença de algum colapso: a drenagem de tórax
infecções; controlar a drenagem, atentando para – a qual, em vista de suas particularidades, será
a quantidade e aspecto da secreção drenada, e detalhada a seguir.
registrar corretamente todos estes dados. Dreno de tórax - Sabemos que os pulmões estão
Para melhor entendimento, apresentaremos a seguir envolvidos por um saco seroso, completamente
alguns tipos de drenos, seu posicionamento, cuidados fechado, chamado pleura - que possui um espaço
específicos e em que tipos de cirurgia podem ser (cavidade pleural) com pequena quantidade de
utilizados. líquido. Nesta cavidade a pressão é menor que a
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
do ar atmosférico, o que possibilita a entrada de Observar a oscilação da coluna de líquido no
ar. Sempre que o pulmão perde essa pressão interior do frasco coletor – que deve estar de
negativa, seja por abertura do tórax devido à acordo com os movimentos respiratórios do
cirurgia, trauma ou por presença de ar, pus, ou cliente. Caso haja a necessidade de seu
sangue no tórax ocorrerá o colapso pulmonar. Na transporte, o profissional deverá pinçar a
presença desse colapso faz-se necessária a extensão apenas no momento da transferência da
realização de drenagem torácica para a cama para a maca. Nessa circunstância, o cliente
reexpansão pulmonar pela restauração da deve ser orientado para não deitar ou sentar
pressão negativa. Para tal procedimento faz-se sobre a extensão e a equipe deve observar se
necessária a utilização de máscara, aventais e não existem dobras, formação de alças e/ou
luvas estéreis, solução para a assepsia do local obstrução da extensão, visando evitar o aumento
de punção, sistema de drenagem montado, da pressão intrapleural, que pode provocar
anestésico local e material para curativo Durante parada cardiorrespiratória. A cada 24 horas,
o procedimento, a equipe de enfermagem deve realizar a troca do frasco de drenagem, de
auxiliar a circulação dos materiais e promover maneira asséptica, cujo pinçamento de sua
conforto e segurança ao cliente. Em relação à extensão deve durar apenas alguns segundos (o
manutenção do sistema fechado, a equipe de momento da troca), observando-se e anotando-
enfermagem deve observar e realizar algumas se, nesse processo, a quantidade e aspecto da
ações específicas para impedir a entrada de ar no secreção desprezada. Com relação aos clientes
sistema pois, caso isto ocorra, o ar pode entrar em posição pleural e com drenos o controle da
nas pleuras (colabamento pulmonar) e comprimir dor é de extrema importância, pois lhes diminui a
os pulmões, provocando dispneia e desconforto ansiedade e desconforto, além de evitar a
respiratório para o cliente. Como precaução a infecção pulmonar - como sabemos, a pessoa
esta eventualidade o dreno deve estar com dor não realiza corretamente a fisioterapia
corretamente fixado ao tórax do paciente com fita respiratória, o que aumenta o acúmulo de
adesiva – o que impede seu deslocamento. secreção e, consequentemente, a possibilidade
Visando evitar o colabamento pulmonar a equipe de infecção pulmonar.
deve adotar os seguintes cuidados: certificar-se
de que as tampas e os intermediários do dreno HEMORRAGIA
estejam corretamente ajustados e sem presença
É a perda de sangue através de ferimentos, pelas
de escape de ar, o que prejudicaria a drenagem;
cavidades naturais como nariz, boca, etc; ela
manter o frasco coletor sempre abaixo do nível do
pode ser também, interna, resultante de um
tórax do cliente – o qual, durante a deambulação,
traumatismo. As hemorragias podem ser
poderá utilizar uma sacola como suporte para o
classificadas inicialmente em arteriais e venosas,
frasco coletor. O cliente deve ser orientado para
e, para fins de primeiros socorros, em internas e
manter o frasco coletor sempre abaixo do nível de
externas.
seu tórax, e atentar para que não quebre - caso
isto ocorra, deve imediatamente pinçar com os Hemorragias Arteriais: É aquela hemorragia em
dedos a extensão entre o dreno e o frasco, o que que o sangue sai em jato pulsátil e se apresenta
evitará a penetração de ar na cavidade pleural. com coloração vermelho vivo.
O dreno originário do tórax deve ser mantido Hemorragias Venosas: É aquela hemorragia em
mergulhado em solução estéril contida no frasco que o sangue é mais escuro e sai continuamente
coletor (selo de água) – no qual deve ser e lentamente, escorrendo pela ferida.
colocada uma fita adesiva em seu exterior, para Hemorragia Externa: É aquela na qual o sangue
marcar o volume de solução depositada, é eliminado para o exterior do organismo, como
possibilitando, assim, o efetivo controle da acontece em qualquer ferimento externo, ou
drenagem. A intervalos regulares, o auxiliar de quando se processa nos órgãos internos que se
enfermagem deve checar o nível do líquido comunicam com o exterior, como o tubo digestivo,
drenado, comunicando à enfermeira e/ou médico ou os pulmões ou as vias urinárias.
as alterações (volume drenado, viscosidade e Hemorragia Interna: É aquela na qual o sangue
coloração). extravasa em uma cavidade pré-formada do
organismo, como o peritoneu, pleura, pericárdio,
meninges, cavidade craniana e câmara do olho.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
· Hemorragias graves não tratadas ocasionam o No caso de ferimento com hemorragia no membro
desenvolvimento do estado de choque e morte. · inferior, o ponto de pressão é encontrado na parte
Hemorragias lentas e crônicas (por exemplo, interna no terço superior, próximo à região
através de uma úlcera) causam anemia (ou seja, inguinal, que é por onde passa a artéria femoral.
quantidade baixa de glóbulos vermelhos). Nesta região a artéria passa por trás dos
Quanto mais rápida as hemorragias, menos músculos. Usar compressão muito forte para
eficientes são os mecanismos compensatórios do atingi-la e diminuir a afluência de sangue. Deve-
organismo. Um indivíduo pode suportar uma se inclinar para frente, com o acidentado deitada
perda de um litro de sangue, que ocorre em e pressionar com força o punho contra a região
período de horas, mas não tolera esta mesma inguinal. É importante procurar manter o braço
perda se ela ocorrer em minutos. Não pode ser esticado para evitar cansaço excessivo e estar
medida, mas pode ser estimada através de dados preparado para insistir no ponto de pressão no
clínicos do acidentado. caso de a hemorragia recomeçar.
A hemorragia arterial é menos frequente, mas é Conter uma hemorragia com pressão direta
mais grave e precisa de atendimento imediato usando um curativo simples, é o método mais
para sua contenção e controle. A hemorragia indicado. Se não for possível, deve-se usar
venosa é a que ocorre com maior frequência, mas curativo compressivo; se com a pressão direta e
é de controle mais fácil, pois o sangue sai com elevação da parte atingida de modo que fique
menor pressão e mais lentamente. As num nível superior ao do coração, ainda se não
hemorragias podem se constituir em condições for possível conter a hemorragia, pode-se optar
extremamente graves. Muitas hemorragias pelo método do ponto de pressão. Atenção: Não
pequenas podem ser contidas e controladas por elevar o segmento ferido se isto produzir dor ou
compressão direta na própria ferida, e curativo se houver suspeita de lesão interna tal como
compressivo. Uma hemorragia grande não fratura.
controlada, especialmente se for uma hemorragia Manter o acidentado agasalhado com cobertores
arterial, pode levar o acidentado à morte em ou roupas, evitando contato com chão frio ou
menos de 5 minutos, devido à redução do volume úmido. Não dar líquidos quando estiver
intravascular e hipoxia cerebral (anemia aguda). inconsciente ou houver suspeita de lesão no
A hemorragia nem sempre é visível, podendo ventr/abdome.
estar oculta pela roupa ou posição do acidentado, Há casos em que uma hemorragia torna-se
por exemplo, uso de roupas grossas, onde a intensa, com grande perda de sangue. Estes
absorção do sangue é completa ou hemorragias casos são de extrema gravidade. Nestes casos,
causadas por ferimentos nas costas quando o em que hemorragias não podem ser contidas
acidentado estiver deitada de costas. O sangue pelos métodos de pressão direta, curativo
pode ser absorvido pelo solo ou tapetes, lavado compressivo ou ponto de pressão, torna-se
pela chuva, dificultando a avaliação do socorrista. necessário o uso do torniquete. O torniquete é o
Por este motivo o acidentado deve ser examinada último recurso usado por quem fará o socorro,
completamente para averiguar se há sinais de devido aos perigos que podem surgir por sua má
hemorragias. utilização, pois com este método impede-se
Em casos particulares, um método que pode vir a totalmente a passagem de sangue pela artéria.
ser temporariamente eficaz é o método do ponto Para fazer um torniquete usar a seguinte técnica:
de pressão. · Elevar o membro ferido acima do nível do
A técnica do ponto de pressão consiste em coração. · Usar uma faixa de tecido largo, com
comprimir a artéria lesada contra o osso mais aproximadamente sete centímetros ou mais,
próximo, para diminuir a afluência de sangue na longo o suficiente para dar duas voltas, com
região do ferimento. Em hemorragia de ferimento pontas para amarração. · Aplicar o torniquete logo
ao nível da região temporal e parietal, deve-se acima da ferida. · Passar a tira ao redor do
comprimir a artéria temporal contra o osso com membro ferido, duas vezes. Dar meio nó. ·
os dedos indicadores, médios e anular. No caso Colocar um pequeno pedaço de madeira (vareta,
de hemorragia no membro superior, o ponto de caneta ou qualquer objeto semelhante) no meio
pressão está na artéria braquial, localizada na do nó. Dar um nó completo no pano sobre a
face interna do terço médio do braço. vareta. · Apertar o torniquete, girando a vareta. ·
Fixar as varetas com as pontas do pano. ·
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Afouxar o torniquete, girando a vareta no sentido Hemorragia Interna
contrário, a cada 10 ou 15 minutos. Os casos de hemorragia interna são também de
Devemos estar conscientes dos perigos muita gravidade, devido ao grau de dificuldade de
decorrentes da má utilização do torniquete. A má sua identificação por quem está socorrendo.
utilização (tempo muito demorado) pode resultar Suspeitar de hemorragia interna se o acidentado
em deficiência circulatória de extremidade. É estiver envolvido em:
absolutamente contra indicado a utilização de fios · Acidente violento, sem lesão externa aparente
de arame, corda, barbante, material fino ou
· Queda de altura
sintético na técnica do torniquete. Usar torniquete
nos casos de hemorragias externas graves: · Contusão contra volante ou objetos rígidos
esmagamento mutilador ou amputação · Queda de objetos pesados sobre o corpo
traumática. Mesmo que, a princípio, o acidentado não
A fixação do torniquete também pode ser feita reclame de nada e tente dispensar socorro, é
com o uso de uma outra faixa de tecido amarrada importante observar os seguintes sintomas:
sobre a vareta, em volta do membro ferido. É a) Pulso fraco e rápido
importante que se saiba da necessidade de b) Pele fria
afrouxar o torniquete gradual e lentamente a cada
c) Sudorese (transpiração abundante)
10 ou 15 minutos, ou quando ocorrer
arroxeamento da extremidade, para que o d) Palidez intensa e mucosas descoradas
sangue volte a circular um pouco evitando assim e) Sede acentuada
maior sofrimento da parte sã do membro afetado. f) Apreensão e medo
Se a hemorragia for contida, deve-se deixar o g) Vertigens
torniquete frouxo no lugar, de modo que ele
possa ser reapertado caso necessário. h) Náuseas
O acidentado com torniquete tem prioridade no i) Vômito de sangue
atendimento e deve ser acompanhada durante o j) Calafrios
transporte. É importante lembrar também de k) Estado de choque
marcar e anotar por escrito, de preferência no l) Confusão mental e agitação
próprio corpo do acidentado, a indicação de que
m) "Abdômen em tábua" (duro não compressível)
há torniquete aplicado, o local e a hora da
aplicação, assim: TQ BRAÇO 10:15h n) Dispneia (rápida e superficial)
o) Desmaio
A conduta deve ser procurar imediatamente
atendimento especializado, enquanto se mantém
o acidentado deitado com a cabeça mais baixa
que o corpo, e as pernas elevadas para melhorar
o retorno sanguíneo. Este procedimento é o
padrão para prevenir o estado de choque. Nos
casos de suspeita de fratura de crânio, lesão
cerebral ou quando houver dispneias, a cabeça
deve ser mantida elevada. Aplicar compressas
frias ou saco de gelo onde houver suspeita de
hemorragia interna. Se não for possível, usar
compressas úmidas.
Outras Hemorragias
Existem hemorragias que nem sempre são
decorrentes de traumatismos. São as
hemorragias provocadas por problemas clínicos.
Hemorragia Nasal (Epistaxe ou Rinorragia)
É a perda de sangue pelo nariz. A hemorragia
nasal pode ocorrer por traumatismo craniano.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Neste caso, especialmente quando o sangue sai Toda hemorragia nasal que ocorre com relativa
em pequena quantidade acompanhada de líquor, frequência, sem causa evidente, requer
o corrimento não deve ser contido e o acidentado investigação imediata por profissional qualificado.
precisa de atendimento especializado com Toda hemorragia nasal que se segue a contusões
urgência. A hemorragia do nariz é uma na cabeça deve ser investigada imediatamente
emergência comum que geralmente resulta de por profissional qualificado.
um distúrbio local, mas pode decorrer de uma Hemoptise
grave desordem sistêmica. Em muitos casos a
Hemoptise é a perda de sangue que vem dos
epistaxe não tem causa aparente. Pode ocorrer
pulmões, através das vias respiratórias. O sangue
devido à manipulação excessiva no plexo
flui pela boca, precedido de tosse, em pequena
vascular com rompimento dos vasos através das
ou grande quantidade, de cor vermelho vivo e
unhas; diminuição da pressão atmosférica; locais
espumoso. Para alguns autores, a excessiva
altos; viagem de avião; saída de câmara
perda de sangue e a insuficiência respiratória são
pneumática de imersão ou sino de mergulho;
igualadas por poucas condições em suas
contusão; corpo estranho; fratura da base do
potencialidades de ameaçar diretamente a vida
crânio; altas temperaturas; dentre outras. Às
do acidentado. Neste contexto a hemoptise pode
vezes pode ocorrer como sintoma de um grave
representar um dos mais alarmantes sinais de
transtorno no organismo que requer investigação
emergência. Ao contrário da hemorragia externa,
imediata, como por exemplo crise hipertensiva.
a fonte e a causa exatas da hemorragia pulmonar
As hemorragias nasais sempre podem ser
são muitas vezes desconhecidas das vítimas
estancadas. As medidas para contenção devem
dessa condição, e a sua natureza desconhecida
ser aplicadas o mais rapidamente possível, a fim
contribui para acentuar o medo. As causas mais
de evitar perda excessiva de sangue. Primeiros
frequentes de hemoptise são:
Socorros Ao atender um caso de epistaxe deve-
se observar a seguinte conduta: a) Bronquiectasia
· Tranqüilizar o acidentado para que não entre em b) Tuberculose
pânico. c) Abscesso pulmonar
· Afrouxar a roupa que lhe aperte o pescoço e o d) Tumor pulmonar
tórax. e) Estenose da válvula mitral
· Sentar o acidentado em local fresco e arejado f) Embolia pulmonar
com tórax recostado e a cabeça levantada. g) Traumatismo
· Verifique o pulso, se estiver forte, cheio e h) Alergia (poeiras, vapores, gases, etc).
apresentar sinais de hipertensão, deixe que seja
O acidentado além dos sintomas anteriormente
eliminada certa quantidade de sangue.
descritos pode apresentar também palidez
· Fazer ligeira pressão com os dedos sobre a asa intensa, sudorese e expressão de ansiedade e
do orifício nasal de onde flui o sangue, para que angústia, o que caracteriza a entrada em estado
as paredes se toquem e, por compressão direta de choque. A seguinte conduta deve ser
o sangramento seja contido. observada:
· Inclinar a cabeça do acidentado para trás e · Tranquilizar o acidentado e amenizar lhe o
manter a boca aberta. Sempre que possível medo.
aplicar compressas frias sobre a testa e nuca.
· Deitá-lo de lado para prevenir sufocamento pelo
· Caso a pressão externa não tenha contido a refluxo de sangue. Deixá-lo em repouso.
hemorragia, introduzir um pedaço de gaze ou
· Recomendar que não fale e nem faça esforço.
pano limpo torcido na narina que sangra.
Pressionar o local. · Não demonstrar apreensão.
· Encaminhar o acidentado para local onde possa · Providenciar transporte urgente para local onde
receber assistência adequada. possa receber atendimento especializado.
· Em caso de contenção do sangramento, avisar
o acidentado para evitar assoar o nariz durante
pelo menos duas horas para evitar novo
sangramento.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Hematêmese gástrica ou devido a rompimento de varizes
É a perda de sangue através de vômito de esofagogástricas, cirrose hepática, febre tifóide,
origem gástrica (sangramento, por exemplo: perfuração intestinal, gastrite hemorrágica,
úlcera) ou esofagiana (ruptura de varizes retocolite ulcerativa inespecífica, tumores
esofagianas). O sangue sai só ou junto com resto malignos do intestino e reto, hemorroidas e
de alimento. A coloração do sangue pode ser de outras. Obedecer aos seguintes procedimentos:
um vermelho rutilante (raro) ou, após ter sofrido · Tranquilizar o acidentado e obter sua
ação do suco gástrico, apresentar-se com uma colaboração.
coloração escura. É a chamada hematêmese em · Deitar o acidentado de costas.
borra de café. A hematêmese é comum em
· Aplicar bolsa de gelo sobre o abdômen, na
enfermidades como varizes do esôfago, úlcera,
região gástrica e intestinal. · Aplicar compressas
cirrose e esquistossomose. Pode ter como
geladas na região anal (sangramento por
causas: mecânicas ou tóxicas (arsênico, sulfureto
hemorroidas).
de carbono, mercúrio) ou inflamatórias. Toda
hemorragia interna que demora a se exteriorizar · Encaminhar o acidentado para atendimento
pode ser identificada pelos seguintes sinais: especializado com urgência.
palidez intensa, distensão abdominal, Metorragia
extremidades frias e úmidas, pulso rápido e fraco. É a perda anormal de sangue pela vagina. Este
Quando se exterioriza o sangramento, os sinais tipo de hemorragia pode ter causas variadas:
são os mesmos, acrescidos dos sintomas: a) Abortamento, provocado ou não.
fraqueza, tontura, enjôo, náusea antes da perda
b) Hemorragias do primeiro trimestre da gravidez
de sangue, vômitos com sangue escuro e
(gravidez ectópica e outras).
desmaio. Proceder de acordo com a seguinte
conduta: · Manter o acidentado em repouso em c) Traumatismos causados por violências sexuais
decúbito dorsal (ou lateral se estiver (estupro) e acidentes
inconsciente), não utilizar travesseiros. · d) Tumores malignos do útero ou da vulva
Suspender a ingestão de líquidos e alimentos. · (carcinomas)
Aplicar bolsa de gelo ou compressas frias na área e) Hemorragia pós-parto, ocasionada pela
do estômago. · Encaminhar o acidentado para retenção de membranas placentárias, ruptura e
atendimento especializado no NUST. traumatismos vaginais devidos ao parto ou não.
Estomatorragia f) Distúrbio menstrual
É o sangramento proveniente da cavidade Toda hemorragia durante a gravidez é anormal,
oral/bucal. Proceder à compressão da área que podendo representar sério risco tanto para a
está sangrando, usando uma gaze ou pano limpo gestante quanto para o feto. Por isto, o
até estancar a hemorragia. Dependendo do acidentado deve ser encaminhada para receber
volume do sangramento e das dificuldades para assistência médica tão logo lhe sejam prestados
estancá-lo, deve-se procurar atendimento os primeiros socorros.
especializado imediatamente. Sugerir o Conduta no caso de hemorragias de vítimas
acidentado que procure socorro especializado do reconhecidamente grávidas, ou com suspeitas de
NUST mesmo que a hemorragia tenha sido gravidez admitida:
contida. No caso de hemorragia dentária deve-se
colocar um rolo de gaze, ou atadura, ou um lenço 1.Manter a gestante em repouso, deitada,
enrolado e apertar fortemente o local que sangra aquecida e tranquiliza-la.
contra a arcada dentária até a contenção do 2.Impedir sua deambulação e qualquer forma de
sangramento. Isto pode ser feito com a mão ou o esforço.
paciente mordendo a compressa de tecido. 3.Conservar a totalidade do sangue e dos
É a perda de sangue escuro, brilhante, fétido e produtos expulsos do útero para mostrar ao
com aspecto de petróleo, pelo orifício anal, médico.
geralmente provocada por hemorragia no 4. Encaminhar para assistência médica ou
aparelho digestivo alto (melena) ou no aparelho serviços de saúde.
digestivo baixo (enterorragia - sangue vivo). 5. Prevenir o estado de choque. No caso de
Assim com a hematêmese, este tipo de sangramento acompanhar-se de forte dor
sangramento é também originado por doença abdominal, deve-se suspeitar de gravidez
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
ectópica (extra uterina). Neste caso o acidentado C ENVENENAMENTO
deve ser transportado com urgência para Alterações funcionais e/ou anatômicas, mais ou
hospitalização e o transporte deve ser feito com menos graves, causadas pela introdução de
o acidentado em repouso, se possível deitado e qualquer substância em dose suficiente, no
aquecido. Não administrar alimentos líquidos ou organismo, ou nele formada, por suas
sólidos. propriedades químicas. Estas alterações
Nestes casos, suspeita de prenhes ectópica rôta. dependem da natureza da substância, da sua
Atenção para os sinais de choque. Conduta no concentração e principalmente da sensibilidade
caso de hemorragias não relacionadas com a do próprio indivíduo ou de seus órgãos. As
gravidez: substâncias supracitadas denominam-se veneno
1.Investigar o mais completamente possível a ou tóxico. Devemos diferenciar a intoxicação de
história para descartar uma possível gravidez. anafilaxia e alergia. Na intoxicação as alterações
2.Mantê-la em repouso, deitada e procurar resultam da ação direta do tóxico ou veneno,
tranquilizá-la. sobre o organismo ou um de seus órgãos, o que
pode verificar-se em uma única dose. Na
· Impedir deambulação e qualquer forma de anafilaxia e na alergia as alterações resultam do
esforço. choque antígeno x anticorpo, necessitando
· Aplicar absorvente higiênico externo. invariavelmente de uma primeira dose, chamada
· Aplicar bolsa de gelo ou compressas geladas sensibilizante, e, uma segunda dose chamada
sobre a região pélvica (baixo ventre). desencadeante, ocorrendo sempre num órgão
· Encaminhar para assistência especializada. específico para cada espécie animal,
denominado "órgão de choque". A primeira
medida a ser tomada é a verificação se realmente
Otorragia houve envenenamento. Uma pessoa, que tenha
simplesmente deglutido alguma substância, não
É o sangue que sai pelo conduto auditivo externo.
estará necessariamente intoxicada. Algumas
Pode ser causada por ferimento no ouvido
substâncias são inócuas e não requerem
externo, contusão por corpo estranho e trauma.
tratamento. Outras necessitam apenas de um
Os traumatismos cranianos podem provocar
pouco de água ou leite para minimizar as
hemorragia pelo ouvido, quando então,
possibilidades de uma irritação gástrica.
geralmente o sangue vem acompanhado de
Entretanto, podemos suspeitar de
líquor. Não se deve estancar este tipo de
envenenamento ou intoxicação em qualquer
hemorragia, e a procura de socorro médico
pessoa que manifeste os sinais e sintomas
nestes casos deve ser urgente. Nas otorragias
descritos no quadro abaixo. Além destes sinais e
simples, pode-se introduzir no ouvido um
sintomas, poderão ocorrer ainda náuseas,
pequeno pedaço de gaze e deixá-lo no local até
diarreia, midríase (aumento das pupilas dos
que a hemorragia pare. É sempre conveniente
olhos) ou miose (diminuição das pupilas dos
encaminhar o acidentado para atendimento
olhos), salivação, sudorese excessiva, respiração
especializado do NUST, para esclarecimento.
alterada e inconsciência.
Como suspeitar de Envenenamento
Hematúria
Deve-se suspeitar da existência de
É a perda de sangue juntamente com a urina. envenenamento na presença dos seguintes
Pode ocorrer em consequência de traumatismo sinais e sintomas:
com lesão do aparelho urinário (rins, ureter,
Sinais evidentes, na boca ou na pele, de que a
uretra, bexiga) ou em caso de doença como
vítima tenha mastigado, engolido, aspirado ou
nefropatia, cálculo, infecção, tumor, processo
estado em contato com substâncias tóxicas,
obstrutivo ou congestivo e após intervenção
elaboradas pelo homem ou animais.
cirúrgica no trato urinário. Pode ser classificada
em macroscópica ou microscópica, se é visível a Hálito com odor estranho (cheiro do agente
olho nu ou não, e em inicial, total e terminal, de causal no hálito).
acordo com a fase de micção em que aparece. Modificação na coloração dos lábios e interior da
Encaminhar o acidentado para atendimento boca, dependendo do agente causal.
especializado.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Dor, sensação de queimação na boca, garganta C atendimento especializado, no NUST, com
ou estomago. Sonolência, confusão mental, curativo oclusivo.
torpor ou outras alterações de consciência. Ingestão
Estado de coma alternado com períodos de
Muitas intoxicações ocorrem pela ingestão de
alucinações e delírio. Vômitos. Lesões cutâneas,
agentes tóxicos, líquidos ou sólidos. O grau de
queimaduras intensas com limites bem definidos
intoxicação varia com a toxicidade da substância
ou bolhas. Depressão da função respiratória.
e com a dose ingerida. De uma maneira geral, as
Oligúria ou anúria (diminuição ou ausência de
seguintes substâncias encontram-se entre as que
volume urinário). Convulsões. Distúrbios
mais frequentemente provocam acidentes
hemorrágicos manifestados por hematênese
tóxicos: · Alimentos estragados ou que sofreram
(vômito com sangue escuro e brilhoso), melena
contaminação química · Produtos de limpeza ·
(sangue escuro brilhoso nas fezes) ou hematúria
Remédios - sedativos e hipnóticos · Plantas
(sangue na urina). Queda de temperatura, que se
venenosas (veja quadro) · Alucinógenos e
mantém abaixo do normal. Evidências de estado
narcóticos · Bebidas alcoólicas · Inseticidas,
de choque eminente. Paralisia.
raticidas, formicidas. · Soda cáustica · Derivados
Devemos conhecer os tipos de substâncias de petróleo · Ácidos, álcalis, fenóis.
tóxicas manipuladas no nosso ambiente de
A ingestão destas substâncias pode causar
trabalho, bem como os antídotos para estas
diversos sintomas e sinais, entre os quais: ·
substâncias. Apesar da extensa variedade de
Alterações respiratórias, tais como espirro, tosse,
substâncias tóxicas que provocam diferentes
queimação na garganta, sufocação. · Náuseas. ·
reações em diversos sistemas do organismo, o
Vômito. · Dor abdominal. · Diarreia. · Salivação. ·
ambiente de trabalho laboratorial é
Suor excessivo. · Extremidades frias. ·
particularmente propício à existência de alguns
Lacrimejamento e irritação nos olhos. · Midríase
agentes tóxicos.
ou miose. · Convulsões. · Inconsciência.
Algumas substâncias podem causar irritação ou
Ao confirmar que houve ingestão de substância
destruição tecidual através do contato com a
tóxica ou venenosa, verificar imediatamente os
pele, mucosas ou olhos. Além de poeiras, fumaça
sinais vitais e assegurar de que a vítima respira.
ou vapores pode ocorrer contato tóxico com
Proceder segundo a técnica para os casos de
ácidos, álcalis e outros compostos. O contato
parada cardiorrespiratória.
com estes agentes pode provocar inflamação ou
queimaduras químicas nas áreas afetadas. A Primeiros Socorros
substância irritante ou corrosiva deverá ser · Dar prioridade à parada cardiorrespiratória. Não
removida o mais rapidamente possível. O local faça respiração boca-a-boca caso o acidentado
afetado deverá ser lavado com água corrente, tenha ingerido o produto, para estes casos utilize
pura, abundantemente. Se as roupas e calçados máscara ou outro sistema de respiração
o acidentado estiverem contaminados, a adequado. · Identificar o agente, através de
remoção destas deverá ser feita sob o mesmo frascos próximos do acidentado, para informar o
fluxo de água da lavagem, para auxiliar na rápida médico ou procurar ver nos rótulos ou bulas se
remoção do agente, e estes deverão ser isolados. existe alguma indicação de antídotos. · Observar
Não fazer a neutralização química da substância atentamente o acidentado, pois os efeitos podem
tóxica. A lavagem da pele e mucosa afetada, com não ser imediatos. · Procurar transportar o
água corrente, tem demonstrado ser a mais acidentado imediatamente a um pronto-socorro,
valiosa prevenção contra lesões. Em caso de para diminuir a possibilidade de absorção do
contato com gases liquefeitos, aqueça a parte veneno pelo organismo, mantendo-a aquecida.
afetada com água morna. Pode-se provocar o vômito em casos de
Se o contato de substâncias químicas for com os intoxicações por alimentos, medicamentos,
olhos, dar atenção redobrada ao caso. Esses álcool, inseticida, xampu, naftalina, mercúrio,
agentes, além de serem absorvidos rapidamente plantas venenosas (exceto diefembácias -
pela mucosa, podem produzir irritação intensa e comigo-ninguém-pode) e outras substâncias que
causar a perda da visão. não sejam corrosivas nem derivados de petróleo.
Lavar os olhos abundantemente com água
corrente, durante pelo menos 15 minutos.
Encaminhar o acidentado com urgência para
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Observação: Muitos indícios são úteis nesta dedução: frascos
NÃO PROVOCAR VÔMITO EM VÍTIMAS de remédios, produtos químicos, materiais de
INCONSCIENTES E NEM DE limpeza, bebidas, seringas de injeção, latas de
ENVENENAMENTO PELOS SEGUINTES alimentos, caixas e outros recipientes.
AGENTES: · Substância corrosiva forte, como: Muitas pessoas supõem que exista um antídoto
ácidos e lixívia · Veneno que provoque para a maioria ou a totalidade dos agentes
queimadura dos lábios, boca e faringe · Soda tóxicos. Infelizmente isto não é verdade. Existem
cáustica · Alvejantes · Tira-ferrugem · Água com apenas alguns produtos específicos para certos
cal · Amônia · Desodorante · Derivados de casos e que, mesmo assim, necessitam de
petróleo como: · querosene · gasolina · fluido de orientação médica para serem usados. O bom
isqueiro · benzina · lustra-móveis. atendimento de primeiros socorros deve ser feito
O conhecimento dos sinais e sintomas dos pelo uso, aplicação e práticas dos cuidados gerais
envenenamentos mais comuns costuma ser de indicados neste item. Se for possível entregue
grande valor no diagnóstico presuntivo. uma amostra da planta ou substância tóxica, ao
Correlações serão estabelecidas pelo médico atendimento especializado, para facilitar a
entre o quadro do acidentado e quadros clínicos escolha do tratamento adequado. Nenhum de nós
dos tóxicos suspeitos. Nos casos duvidosos, a deve se arriscar inutilmente. Toda vez que se
confirmação do agente tóxico tem que se basear envolver com um acidente por intoxicação, seja
na pesquisa laboratorial. por que agente for, é preciso certificar-se de que
Plantas Venenosas o agente tóxico não está mais presente no
ambiente onde se encontra a vítima e a pessoa
As plantas venenosas crescem nos campos, que irá socorrê-la.
jardins, casas e no local do trabalho. Sua
ingestão pode causar alterações nos sistemas Primeiros Socorros para picadas de
circulatórios, gastrointestinal ou nervoso central. Insetos
Cerca de meia hora após a ingestão de uma Não existe tratamento específico de primeiros
planta venenosa, a vítima pode apresentar sinais socorros que seja eficaz no caso de picadas de
clássicos de colapso circulatório; frequência insetos. Após observação do estado geral de uma
cardíaca alta; queda de pressão arterial; vítima de picada de inseto, com atenção para os
sudorese; cianose e fraqueza. A diefembácia sintomas descritos acima, proceder da seguinte
("comigo-ninguém-pode") é uma planta maneira:
encontrada com muita frequência em casa e nos · Mantenha a calma. · Instituir imediatamente o
escritórios e outros ambientes de trabalho. A suporte básico à vida, observando os sinais e
ingestão de uma dessas plantas pode causar funções vitais. · No caso de múltiplas picadas de
edema das membranas mucosas, provocando abelhas ou vespas, levar o acidentado
dificuldade de deglutição. Se o edema for intenso, rapidamente ao hospital, juntamente com uma
a vítima corre risco de vida devido à total amostra dos insetos que provocaram o acidente.
obstrução das vias aéreas. O atendimento · Abelhas deixam o ferrão e o saco de veneno no
especializado é urgente após a aplicação do local da picada. Se houver suspeita de picada de
suporte básico da vida. As seguintes plantas são abelha, retirar cuidadosamente o ferrão e o saco
exemplos de agentes que podem causar de veneno da pele. Não usar pinça, pois
distúrbios circulatórios ou irritação cutânea nas provocam a compressão dos reservatórios de
vítimas: Nabo venenoso Lírio-do-vale Coração- veneno, o que resulta na inoculação do veneno
de-Maria Íris Loureiro Erva-de-passarinho ainda existente no ferrão. A melhor técnica é a
Pedófilo Trepadeira venenosa Cogumelos Cicuta raspagem do local com uma lâmina limpa, até que
venenosa Quatro horas Broto de batata Maconha o ferrão se solte sozinho. Após a remoção o local
Caroço de pêssego Diefembácia Caroço de deve ser lavado com água e sabão, para prevenir
cereja Caroço de damasco. a ocorrência de infecção secundária. Aplicar
Em todos os casos de envenenamentos e bolsa de gelo para controlar a dor. · Nos acidentes
intoxicações, é importante investigar da área com lagartas recomenda-se a lavagem na região
onde o acidentado foi encontrado, na tentativa de atingida com água fria, aplicação de compressas
identificar com a maior precisão possível o agente frias, elevação do membro acometido e
causador do envenenamento, ou encontrar pistas encaminhar para atendimento médico os
que ajudem nesta identificação. indivíduos que apresentam ardor intenso.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
· Não dê bebidas alcoólicas à vítima. · Nos casos No Brasil existem numerosas aranhas
de dores intensas, encaminhar a vítima para venenosas, distribuídas por todas as regiões. Os
atendimento especializado. · Remover com a acidentes envolvendo aranhas têm importância
maior urgência para atendimento especializado, médica por sua frequência de ocorrência e
em caso de reação de hipersensibilidade. · Não potencial risco de complicações associadas. Os
pegue o animal agressor com a mão. · Se aracnídeos têm hábitos noturnos, alimentam-se
possível levar o animal para identificação. de pequenos insetos, e por isso os acidentes
Finalizando, deve ser salientado que os ocorrem, de um modo geral, no domicílio ou em
acidentes por animais peçonhentos constituem regiões do peridomicílio. No Brasil, mais de 95%
emergência médica frequente em nosso meio, dos casos notificados de araneísmo ocorrem nas
requerendo tratamento adequado e imediato, regiões Sudeste e Sul. As partes do corpo mais
evitando com isso que muitos doentes evoluam frequentemente atingidas nestes acidentes são
para o óbito. os membros superiores e inferiores com 85% dos
O veneno do escorpião exerce uma ação acidentes.
neurotóxica direta sobre os neurônios do córtex, Primeiros Socorros ´
cerebelo e medula espinhal. Pode ocorrer a A pessoa que for prestar os primeiros socorros
impregnação dos núcleos neurovegetativos do precisa saber identificar o mais rapidamente
bulbo, levando à morte por choque e apnéia. possível o tipo de picada que a vítima levou e
Muitos escorpiões, porém, produzem ferroadas providenciar imediatamente sua remoção para
inócuas, com os sinais comuns de vários graus onde haja pessoal capaz de aplicar o tratamento
de edema, com dor e alteração de cor da pele. por soro. Para amenizar a dor da vítima, enquanto
Os sintomas sistêmicos nos casos moderados e não ocorre o atendimento especializado, aplicar
graves podem surgir após intervalo de minutos bolsa de gelo ou compressa de água gelada. Se
até horas (2 a 3). A gravidade destes acidentes for possível, poderá ser feita a imersão da parte
depende da espécie e tamanho do escorpião (os atingida em água fria. Deve-se acalmar e
acidentes com escorpiões amarelos têm maior tranquilizar a vítima, não demonstrando
gravidade), da quantidade de veneno inoculado e apreensão com seu estado, observar
da sensibilidade da vítima ao veneno. Influirão na atentamente os sinais vitais, estando pronto para
evolução do quadro a precocidade do prevenir choque e instituir o suporte básico à vida.
diagnóstico, o tempo decorrido desde a picada O tratamento depende do diagnóstico acertado e
até o início do atendimento, o uso de soroterapia da identificação do aracnídeo e, por vezes, inclui
e a perfeita manutenção das funções vitais. soroterapia. A notificação dos casos é
Observar rapidamente o estado geral da vítima indispensável para garantir o fornecimento
para avaliar o grau de perigo existente no adequado de soro pelo sistema de saúde, além
envenenamento. Se for possível identificar o tipo de permitir um melhor conhecimento de sua
de escorpião envolvido, pois facilita a atuação relevância epidemiológica.
das ações de primeiros socorros. É boa conduta Cobras
conhecer a ocorrência de escorpiões na unidade Os acidentes por cobras merecem atenção, visto
de trabalho e saber reconhecer os tipos mais que são importantes do ponto de vista da saúde
comuns. Primeiros Socorros · Lavar a região pública, por sua frequência e potencial gravidade,
atingida com água. · Colocar saco com gelo ou sobretudo em países como o Brasil, que
compressa de água gelada sobre o local da apresenta características geográficas favoráveis
ferroada para auxiliar no alívio da dor. · Toda à existência de grande número de espécies de
atenção deverá ser dada para o caso de cobras venenosas. Estima-se que anualmente,
desenvolvimento de reações sistêmicas, ou de atinjam cerca de um milhão de acidentes com
ferroadas por Tityus serrulatus. · Pode ser vítimas, com óbito estimado em 30 a 50 mil.
necessário a instituição de suporte básico à vida
As serpentes venenosas são mais frequentes nas
e prevenção do estado de choque. · Remoção
áreas cultivadas, principalmente em plantações,
imediata para atendimento médico. · Não pegue
campos e pastos. Elas têm hábitos noturnos,
o animal agressor com a mão. · Se possível levar
ficando em esconderijos durante o dia, como
o animal para identificação.
tocas de tatus, tocos de árvores, covas de raízes
e montes de lenha. Em geral, fogem dos lugares
que recebem sol diretamente, a não ser nas
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
primeiras horas da manhã e nas últimas horas da Sempre que for possível, deve-se localizar a
tarde. A cascavel escolhe lugares mais secos ou cobra que mordeu a vítima e levá-la, com
pedregosos e as Bothrops, os mais úmidos. As segurança, para reconhecimento e para que seja
corais preferem abrigo subterrâneo. As ministrado o soro específico. O soro universal não
enchentes dos rios fazem com que as serpentes, é tão eficiente quanto o soro específico. Captura-
nessas ocasiões, procurem lugares mais se uma cobra viva levantando-a do chão com uma
elevados, aumentando sua concentração. haste qualquer pelo meio do corpo, sem se
Os acidentes causados por serpentes ocorrem arriscar e, em seguida, coloca-se o animal em
principalmente nos meses quentes de novembro uma caixa bem fechada; assim ela não consegue
a abril, sendo em número muito reduzido de maio reagir nem dar o bote. Se não for possível levá-la
a outubro. Quanto à hora do acidente, viva, não devemos hesitar em matar o animal e
praticamente fica condicionada apenas às recolher o exemplar.
circunstâncias, já que a estatística os demonstra CHOQUE
em todos os horários. As emas, seriemas, corujas São abalos musculares causados pela passagem
e gaviões são inimigos naturais das serpentes, de corrente elétrica pelo corpo humano. As
Preservar a vida dessas aves e os locais onde alterações provocadas no organismo humano
habitam representa grande proteção ao homem e pela corrente elétrica dependem principalmente
ao equilíbrio ecológico. de sua intensidade, isto é, da amperagem. A
Primeiros Socorros em Picadas de Cobras patologia das alterações provocadas pode ser
· Acalmar e confortar a vítima que, quase sempre, esquematizada em três tipos de fenômenos:
estará excitada ou agitada. Ela deve ser mantida eletroquímico, térmico e fisiopatológico. Esses
em decúbito dorsal, em repouso, evitando efeitos variam, porém, conforme a sua freqüência,
deambular ou correr, caso contrário, a absorção a intensidade medida em amperes, a tensão
do veneno pode disseminar-se. · Lavar o local da medida em volts, a duração da sua passagem
picada apenas com água ou com água e sabão, pelo corpo, o seu percurso através do mesmo e
fazendo a antissepsia local, se possível (a ferida das condições em que se encontrava a vítima.
também é contaminada por bactérias). · Não Como a maior parte da resistência elétrica se
perfurar ou cortar o local da picada. · Não colocar encontra no ponto em que a pele entra em contato
folhas, pó de café ou outros contaminantes. · Não com o condutor, as queimaduras elétricas
se deve fazer o garroteamento do membro geralmente afetam a pele e os tecidos
afetado, pois isto agravará as lesões locais. · O subjacentes. A necrose progressiva e a formação
membro afetado deve ser mantido elevado. · de escaras geralmente são maiores do que a
Manter a vítima hidratada. · Evitar o uso de lesão inicial poderia sugerir. Se a corrente for
drogas depressoras do Sistema Nervoso (álcool intensa, determinará a morte pela paralisia do
por exemplo). · Controlar os sinais vitais e o centro nervoso central (bulbo) que regem os
volume urinário do acidentado. · Dar o apoio movimentos respiratórios e cardíacos. Em outros
respiratório que o caso exigir. casos, a morte se dá por fibrilação cardíaca
· Transportar a vítima com urgência para o (ventricular). Em condições habituais correntes
atendimento especializado de emergência. · Em de 100 a 150 Volts já são perigosas e acima de
nenhuma circunstância a extremidade deve ser 500 Volts são mortais. A intensidade da corrente
envolvida com gelo. · Se já passaram mais de 30 é o fator mais importante a ser considerado nos
minutos desde o momento da picada, não adianta acidentes com eletricidade. Corrente com 25 mA
qualquer medida local de primeiros socorros. determinam espasmos musculares, podendo
Deve-se manter os cuidados gerais de repouso e levar à morte se atuar por alguns minutos, por
apoio psicológico: verificação dos sinais vitais e paralisia da musculatura respiratória. Entre 25 mA
prevenção de estado de choque e transportar a e 75 mA, além do espasmo muscular, dá-se a
vítima o mais rápido possível ao serviço de parada do coração em diástole (fase de
emergência médica. relaxamento) ventricular. Se o tempo de contato
for curto, o coração poderá sobreviver a fibrilação
ventricular. Cada segundo de contato com a
eletricidade diminui a possibilidade de
sobrevivência da vítima.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Os acidentes com eletricidade também oferecem QUEIMADURAS
perigo à pessoa que vai socorrer a vítima. Queimaduras são lesões provocadas pela
· Antes de socorrer a vítima, cortar a corrente temperatura, geralmente calor, que podem atingir
elétrica, desligando a chave geral de força, graves proporções de perigo para a vida ou para
retirando os fusíveis da instalação ou puxando o a integridade da pessoa, dependendo de sua
fio da tomada (desde que esteja encapado). localização, extensão e grau de profundidade. O
· Se o item anterior não for possível, tentar afastar efeito inicial e local, comum em todas as
a vítima da fonte de energia utilizando luvas de queimaduras é a desnaturação de proteínas, com
borracha grossa ou materiais isolantes, e que consequente lesão ou morte celular, por este
estejam secos (cabo de vassoura, tapete de motivo elas têm o potencial de desfigurar, causar
borracha, jornal dobrado, pano grosso dobrado, incapacitações temporárias ou permanentes ou
corda, etc.), afastando a vítima do fio ou aparelho mesmo a morte. A pele é o maior órgão do corpo
elétrico. humano e a barreira contra a perda de água e
calor pelo corpo, tendo também um papel
importante na proteção contra infecções.
Acidentados com lesões extensas de pele tendem
a perder temperatura e líquidos corporais
tornando-se mais propensos a infecções. Todo
tipo de queimadura é uma lesão que requer
atendimento médico especializado
imediatamente após a prestação de primeiros
socorros, seja qual for a extensão e profundidade.
Afastar o acidentado da origem da queimadura é
o passo inicial e tem prioridade sobre todos os
outros tratamentos. Observar sua segurança
pessoal, com máximo cuidado, durante o
atendimento a queimados.
Gravidade da Queimadura
· Não tocar na vítima até que ela esteja separada Depende da causa, profundidade, percentual de
da corrente elétrica ou que esta seja superfície corporal queimada, localização,
interrompida. associação com outras lesões, comprometimento
· Se o choque for leve seguir os itens do capítulo de vias aéreas e estado prévio do acidentado.
"Estado de Choque". Como efeitos gerais (sistêmicos) das
queimaduras podem ter:
· Em caso de parada cardiorrespiratória iniciar
imediatamente as manobras de ressuscitação. a) Choque primário (neurogênico) - vasodilatação
· Insistir nas manobras de ressuscitação, mesmo b) Choque secundário - hipovolemia
que a vítima não esteja se recuperando, até a c) Infecção bacteriana secundária a lesão
chegada do atendimento especializado. d) Paralisia respiratória e fibrilação - choque
· Depois de obtida a ressuscitação elétrico.
cardiorrespiratória, deve ser feito um exame geral Classificação das Queimaduras:
da vítima para localizar possíveis queimaduras, Profundidade ou Grau das Queimaduras O
fraturas ou lesões que possam ter ocorrido no agente causador das queimaduras produz uma
caso de queda durante o acidente. série de alterações sistêmicas, mas o
· Deve-se atender primeiro a hemorragias, revestimento cutâneo, sendo o mais atingido
fraturas e queimaduras, nesta ordem, segundo os primariamente, apresenta alterações mais
capítulos específicos. visíveis. As lesões não são uniformes, existem,
em geral, vários graus de profundidade em uma
mesma área. O tratamento inadequado e a
infecção podem converter queimaduras de
segundo grau em queimaduras de terceiro grau.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Dependendo da profundidade queimada do Este tempo é necessário para o resfriamento
corpo, as queimaduras são classificadas em local, para interromper a atuação do agente
graus para melhor compreensão e adoção de causador da lesão, aliviar a dor e para evitar o
medidas terapêuticas adequadas. As aprofundamento da queimadura. O resfriamento
queimaduras de primeiro grau são caracterizadas mais prolongado pode induzir hipotermia.
pelo eritema (vermelhidão), que clareia quando Não aplicar gelo no local, pois causa
sofre pressão. Existe dor e edema, mas vasoconstrição e diminuição da irrigação
usualmente há bolhas. As queimaduras de sanguínea. Se o acidentado sentir sede, deve ser-
segundo grau são caracteristicamente lhe dada toda a água que desejar beber, porém
avermelhadas e dolorosas, com bolhas, edema lentamente. Sendo possível, deve-se adicionar à
abaixo da pele e restos de peles queimadas água sal (uma colher, das de café, de sal para
soltas. São mais profundas, provocam necrose e meio litro de água). Se o acidentado estiver
visível dilatação do leito vascular. Nas inconsciente não lhe dê água, pois pode
queimaduras de segundo grau superficiais não ocasionar-lhe a morte. Em todos os casos de
há destruição da camada basal da epiderme, queimaduras, mesmo as de primeiro grau, são
enquanto nas queimaduras secundárias convenientes ficar atento para a necessidade de
profundas há. Não há capacidade de manter o local lesado limpo e protegido contra
regeneração da pele. A dor e ardência local são infecções. As queimaduras de segundo grau
de intensidade variável. As queimaduras de requerem outros tipos de cuidados para primeiros
terceiro grau são aquelas em que toda a socorros. Além do procedimento imediato de
profundidade da pele está comprometida, lavagem do local lesado, proteger o mesmo com
podendo atingir a exposição dos tecidos, vasos e compressa de gaze ou pano limpo, umedecido,
ossos. Como há destruição das terminações ou papel alumínio. Não furar as bolhas que
nervosas, o acidentado só acusa dor inicial da venham a surgir no local. Não aplicar pomadas,
lesão aguda. São queimaduras de extrema cremes ou unguentos de qualquer tipo. Especial
gravidade. Na prática é difícil de distinguirmos menção deverá ser feita quanto a certos hábitos
queimaduras de segundo e terceiro graus. Além populares prejudiciais como: uso e aplicação de
disto, uma mesma pessoa pode apresentar os creme dentifrício, manteiga, margarina ou graxa
três graus de queimaduras, porém a gravidade do de máquina. É preciso ficar bem claro que não se
quadro não reside no grau da lesão, e sim na pode usar qualquer espécie de medicamento
extensão da superfície atingida. tópico (pomadas) nestes casos. Para prevenir o
Primeiros Socorros em Queimaduras estado de choque o acidentado deverá ser
Térmicas protegido por cobertor ou similar; colocado em
Estes tipos de queimaduras são causados pela local confortável, com as pernas elevadas cerca
condução de calor através de líquidos, sólidos, de 30 cm, em relação à cabeça.
gases quentes e do calor de chamas. Podem ser Tranquilizar o acidentado devido à existência de
extremamente dolorosas e nos casos de dor e sofrimento, já que a administração de
queimaduras de segundo grau profundas ou de drogas analgésicas é restrita a pessoa
terceiro grau, em que a profundidade da lesão especializada. Nada deve ser dado à vítima como
tenha destruído terminais nervosos da pele a dor medicamento. Remover joias e vestes do
aguda é substituída por insensibilidade. A dor e a acidentado para evitar constrição com o
ansiedade podem evoluir para síncope. Nas desenvolvimento de edema. Não retirar roupas ou
queimaduras térmicas, extensas e/ou profundas, partes de roupa que tenham grudado no corpo do
é frequente sobrevir o estado de choque, acidentado, nem retirar corpos estranhos que
causado pela dor e/ou perda de líquidos, após tenham ficado na queimadura após a lavagem
algumas horas. Em consequência disto, devem inicial. Todas as manobras deverão ser
ser tomadas as medidas necessárias para a executadas com calma e precisão.
prevenção. Nas queimaduras identificadas como A identificação do estado ou iminência de choque
sendo de primeiro grau, deve-se limitar à lavagem poderá ser feita pela observação de ansiedade;
com água corrente, na temperatura ambiente, por inquietação, confusão, sonolência, pulso rápido,
um máximo de um minuto. sudorese, oligúria e baixa pressão arterial.
Realizar normalmente o exame primário,
priorizando a manutenção de vias aéreas,
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
respiração e circulação. O acidentado deverá ser Substâncias químicas podem queimar
encaminhado imediatamente para atendimento rapidamente; não há tempo a perder, porém a
especializado. Não transportar o acidentado pessoa que estiver atendendo o acidentado
envolvido em panos úmidos ou molhados. deverá, basicamente, saber que as tentativas de
O atendimento de primeiros socorros para neutralização química da substância podem gerar
queimaduras de terceiro grau também consiste reações com produção de calor e piora da lesão
na lavagem do local lesado e na proteção da e que pode se contaminar ao fazer este
lesão. Se for possível, proteger a área com papel atendimento. A área de contato deve ser lavada
alumínio. O papel alumínio separa efetivamente a imediatamente com água, até mesmo sem
lesão do meio externo; diminui a perda de calor; esperar para retirar a roupa. Continuar a lavar a
é moldável, não aderente e protege a queimadura área com água, enquanto a roupa é removida. A
contra microrganismos. Todas as providências melhor lavagem é feita com o acidentado debaixo
tomadas para prevenção do estado de choque, de um chuveiro. Pode também ser feita com uma
administração de líquidos e cuidados gerais com mangueira, mas, neste caso, a força do jato
vítima são as mesmas aplicadas nos casos de d'água deve ser levada em consideração. O jato
queimaduras de segundo grau. As queimaduras de água muito forte contra um tecido já lesado
de terceiro grau têm a mesma gravidade que causará maior lesão. O fluxo de água deve ser
queimaduras de segundo grau profundas. O abundante, mas não pode ser forte. É impossível
acidentado de queimadura térmica na face, cujo determinar exatamente por quanto tempo uma
acidente ocorreu em ambiente fechado, deve área queimada por substância química deve ser
ficar em observação para verificação de sinais de lavada com água. Em geral, a água deve correr
lesão no trato respiratório. Os sintomas e sinais, por um período de tempo longo o suficiente para
muitas vezes, podem aparecer algumas horas que possamos ter certeza de que toda a
depois da ocorrência e representar oclusão dos substância foi removida da pele.
brônquios e edema pulmonar. Pode haver Frequentemente, o acidentado será capaz de
expectoração fuliginosa com fragmentos de dizer se a irritação parou ou se a dor diminuiu na
tecido. medida em que a substância é removida. O tempo
A combustão das roupas do acidentado agrava mínimo de 15 minutos tem-se mostrado eficaz. As
consideravelmente a severidade da lesão. lesões das queimaduras ocasionadas por
Nestes casos: · Não deixar o acidentado correr. · agentes químicos aparecem quase que
Obrigá-lo a deitar-se no chão com o lado das imediatamente após o acidente; há dor e visível
chamas para cima. · Abafar as chamas usando destruição dos tecidos. Os cuidados
cobertor, tapete, toalha de mesa, de banho, subsequentes às queimaduras produzidas por
casaco ou algo semelhante, ou faça-o rolar sobre ácidos e álcalis são semelhantes: cobrir a
si mesmo no chão. · Começar pela cabeça e queimadura com curativo esterilizado e
continuar em direção aos pés. · Se houver água, transportar o acidentado imediatamente para
molhar a roupa do acidentado. · Não usar água atendimento especializado. O diagnóstico de
se a roupa estiver com gasolina, óleo ou queimadura do trato respiratório por inalação de
querosene. É absolutamente contra indicado a substâncias de combustão incompleta (potentes
aplicação sobre a queimadura de qualquer irritantes da mucosa respiratória) será feito
substância que não seja água na temperatura através do histórico de exposição a vapores ou
ambiente ou pano úmido muito limpo. gases tóxicos, em acidentes em ambientes
fechados ou não. Alguns gases provocam
É absolutamente contra indicado a aplicação distúrbios sensoriais que só se manifestam
sobre a queimadura de qualquer substância que algumas horas após o acidente. Presença de
não seja água na temperatura ambiente ou pano hiperemia (vermelhidão) da mucosa nasal e
úmido muito limpo. faríngea, rouquidão, dispneias, tosse com
Primeiros Socorros em Queimaduras expectoração sanguinolenta. A principal
Químicas complicação deste tipo de queimadura é o risco
Os ácidos ou álcalis fortes podem queimar de edema pulmonar até 72 horas após o acidente.
qualquer área do organismo com a qual entrem Observa-se que somente a inalação de vapor
em contato. Este contato é mais frequente com a destas substâncias causa lesão térmica direta no
pele, boca e olhos, afetando estes órgãos. trato respiratório.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Cuidados especiais com os olhos passagem da eletricidade pelos tecidos, são
Os olhos devem receber tratamento especial. difíceis de avaliar, pois dependem da
Queimaduras dos olhos são mais comuns em profundidade da destruição celular, e mesmo as
acidentes com substâncias irritantes (ácidos, lesões que parecem superficiais podem ter danos
álcalis), água quente, vapor, cinzas quentes, pó profundos alcançando os ossos, necrosando
explosivo, metal fundido ou chama direta. As tecidos, vasos sanguíneos e provocando
queimaduras químicas dos olhos são emergência hemorragias. A severidade do trauma depende do
prioritária, podendo haver lesão permanente tipo de corrente, magnitude da energia aplicada,
resultante de uma pequena exposição destes resistência, duração do contato e caminho
tecidos a uma substância química. O olho deve percorrido pela eletricidade. A corrente de alta
ser lavado com água, conforme o prescrito para tensão geralmente causa os danos mais graves,
as outras áreas do corpo, usando-se o fluxo porém lesões fatais podem ocorrer mesmo com
contínuo de uma torneira, ou, de preferência do as baixa voltagens das residências. A pele é o
próprio chuveiro lava-olhos existente em muitos fator mais importante na resistência à passagem
laboratórios. A lavagem deve durar no mínimo 15 da eletricidade, mas a umidade reduz muito esta
minutos. Podemos ser obrigados a manter a resistência, podendo aumentar, em muito, a
cabeça do acidentado sob a torneira e as gravidade do choque. A corrente alternada é mais
pálpebras abertas durante este tratamento, perigosa que a corrente contínua de mesma
porque geralmente o acidentado será incapaz de intensidade. O contato com a corrente alternada
cooperar. Provavelmente ela sentirá muita dor e pode causar contrações tetânicas da musculatura
estará agitada. O cuidado posterior para as esquelética, que impedem que o acidentado se
queimaduras oculares deve incluir o fechamento libere da fonte de eletricidade, e prolongam a
delicado do olho com a pálpebra, colocação de duração da exposição à corrente. O fluxo de
um curativo macio e transporte do paciente, o corrente transtorácico, mão a mão, tem maior
mais rápido possível, para assistência risco de ser fatal que a passagem de corrente
especializada. mão para pé ou pé a pé. A complicação mais
Primeiros Socorros em Queimadura por Sódio importante das queimaduras elétricas é a parada
Metálico cardíaca. A lesão local nestas queimaduras
raramente necessita de cuidado imediato, porém
O sódio metálico tem grande afinidade pelo as paradas respiratórias e cardíaca sim.
oxigênio, fazendo com que ele reaja com o ar, na Geralmente a parada respiratória ocorre primeiro
temperatura ambiente, formando óxidos ou e, se não for tratada de imediato, é rapidamente
hidróxidos. A reação do sódio pode ter caráter seguida pela parada cardíaca. As queimaduras
explosivo, se entrar em contato com a água. A elétricas podem ser mais graves do que
queimadura por sódio exige pronta intervenção aparentam na observação inicial. Em geral, a
nos 2 a 3 minutos após o acidente. Se atingir 20% ferida é pequena, porém a corrente elétrica
de área corporal, é considerada queimadura destrói caracteristicamente uma quantidade
grave, com difícil recuperação. Se atingir 50% de considerável de tecido abaixo do que parece ser
área, é considerada gravíssima, geralmente uma ferida cutânea sem gravidade. A parada
levando à morte. Ao atender uma pessoa vítima cardiorrespiratória por fibrilação ventricular ou
deste tipo de acidente, retirar os restos de sódio assistolia é a principal causa de óbito após a
empregando pinças ou espátulas (de madeira ou lesão elétrica. A fibrilação ventricular pode ocorrer
plástico) completamente secas. A seguir, como resultado direto do choque elétrico,
impregnar as regiões com substância oleosa principalmente a corrente alternada. A parada
(vaselina líquida) a fim de eliminar os últimos cardiorrespiratória causada por exposição à
restos de sódio e limpar com água corrente corrente contínua frequentemente é em
abundante. assistolia. A parada respiratória pode ser causada
Queimaduras por Eletricidade na passagem da corrente elétrica pelo cérebro
Estas queimaduras são produzidas pelo contato causando inibição da função do centro
com eletricidade de alta ou baixa voltagem. Os respiratório, contração tetânica do diafragma e da
principais danos à saúde do acidentado são os musculatura torácica e paralisia prolongada dos
provocados pelo choque elétrico. Os danos músculos respiratórios.
resultam dos efeitos diretos da corrente e
conversão da eletricidade em calor durante a
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Primeiros Socorros movimentação, quer para segurar objetos, quer
A segurança da cena é prioridade. Não se torne porque a visão fica prejudicada. As luvas e as
também uma vítima. Desligar a fonte de energia, botas, com a umidade, podem congelar as mãos
antes de tocar no acidentado. e os pés. Isso pode levar a acidentes de trabalho,
Não tente manipular alta voltagem com pedaços como quedas, quedas de materiais,
de pau, ou mesmo luvas de borracha. Qualquer congelamento das mãos e dos pés, desmaios,
substância pode se transformar em condutor. É etc. Cremes e óleos protetores para nariz, lábios
prioridade interromper o contato entre o e face também são usados nestas condições. ·
acidentado e a fonte de eletricidade. Cobrir o local Dependendo do tipo de exposição ao frio, podem
da queimadura com um curativo seco esterilizado ocorrer as seguintes lesões: · úlceras · pé-de-
ou papel de alumínio e transporte o acidentado trincheira · hipotermia sistêmica · As lesões
para atendimento especializado. Estas causadas pelo frio são extremamente dolorosas.
queimaduras da pele, frequentemente existem · Deve-se ficar atento para a insuficiência
em duas áreas do corpo, nos sítios de entrada e cardiorrespiratória em caso de hipotermia
saída, geradas pelo arco elétrico. Procurar sistêmica. · Há risco de infecção grave no
sempre uma segunda área queimada e tratá-la descongelamento de uma área lesada. · A
como se fez com a primeira. As roupas do hipotermia é uma gravíssima emergência médica.
acidentado podem incendiar-se e causar O atendimento médico especializado deverá ser
queimaduras de pele adicionais. A passagem da prioritário.
corrente através dos músculos pode causar Primeiros Socorros
violenta contração muscular com fraturas e No caso de congelamento dos pés ou das mãos:
luxações. Pode haver lesão muscular e de · Levar o acidentado a um local aquecido,
nervos. A lesão de órgãos internos como o fígado mantendo-o deitado. · Tirar imediatamente os
e baço é rara. As queimaduras elétricas, equipamentos de segurança. · Aquecer as partes
especialmente aquelas de alta voltagem, podem congeladas com água quente (não fervente) ou
provocar parada cardíaca e perda de panos molhados com água quente, realizando
consciência. Abrir as vias aéreas dos massagens delicadas para ativar a circulação nas
acidentados inconscientes com manobras partes próximas do membro congelado (nunca
manuais, instituindo a respiração artificial. massagear diretamente a parte congelada). · Dar
Solicitar imediatamente apoio se o acidentado bebidas quentes, como chá ou café (nunca
estiver inconsciente. Observar cuidados com a bebidas alcoólicas). · Pedir o acidentado para
coluna cervical. movimentar os pés ou as mãos, para ajudar na
Queimaduras por Frio ou Geladuras recuperação da circulação. No caso de desmaio
O frio também pode causar queimaduras e lesões em ambientes frios: · Retirar imediatamente o
nas partes do corpo expostas por muito tempo a acidentado do ambiente de trabalho. · Retirar
baixas temperaturas ou umidade excessiva. A todos os equipamentos de segurança, incluindo a
exposição a temperaturas no ponto de roupa (nunca deixar o acidentado com as
congelamento ou abaixo deste, ou mesmo ao frio mesmas roupas). · Cobrir com um cobertor
extremo, ainda que por curto período de tempo, quente, ou dar um banho de água quente. ·
pode causar geladuras. Podem ocorrer lesão Fornecer bebidas quentes, como chá ou café, se
tecidual local delimitada e resfriamento corporal estiver consciente (nunca bebidas alcoólicas). ·
generalizado, que pode causar morte Levar imediatamente ao atendimento
(hipotermia). Na improbabilidade de acidentes especializado.
graves devido à exposição ao frio intenso em Lembre-se: Os métodos de prestação de
nosso país, é conveniente apenas lembrar alguns primeiros socorros começam a ser aplicados
detalhes importantes: · Lesões pelo frio somente depois de termos realizado as manobras
dependem da temperatura, da umidade relativa de suporte básico à vida, hemostasia, prevenção
do ar, da velocidade do vento. · O uso de roupas de choque e assistência a outras lesões que
adequadas para condições ambientais extremas possam colocar em risco a vida do acidentado ou
deverá ser observado por todos que tenham que piorar seu estado clínico. Queimaduras podem
trabalhar sob estas circunstâncias. Os ser lesões extremamente dolorosas e com sérias
equipamentos de proteção individual, que servem consequências psicológicas, dependendo de sua
para isolar o frio, podem causar dificuldades na localização, extensão e profundidade.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Não demonstrar apreensão. Atuar com calma, INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA
rapidez, segurança e bastante compreensão. A É causado por certos tipos de traumatismos como
tranquilidade do acidentado é fundamental. aqueles que atingem a cabeça, a boca, o
Nunca romper as bolhas. Não retirar as roupas pescoço, o tórax; por fumaça no decurso de um
queimadas que estiverem aderidas à pele. Não incêndio; por afogamento; em soterramentos,
submeter à ação da água, uma queimadura com dentre outros acidentes, ocasionando dificuldade
bolhas rompidas. Separar a causa do acidentado respiratória, levando à parada respiratória. Nesse
ou o acidentado da causa. Cobrir caso, a identificação da dificuldade respiratória
cuidadosamente com um pano limpo as partes pela respiração arquejante nas vítimas
queimadas, pois estes ferimentos são inconscientes, pela falta de ar de que se queixam
vulneráveis à infecção. Tomar medidas os conscientes, ou ainda, pela cianose acentuada
apropriadas para prevenção do choque. Ajudar o do rosto, dos lábios e das extremidades (dedos),
acidentado a obter atendimento qualificado. servirá de guia para o socorro à vítima.
Ataduras Se as funções respiratórias não forem
A colocação de ataduras é uma prática muito restabelecidas dentro de 3 a 4 minutos, as
frequente no atendimento de primeiros socorros, atividades cerebrais cessarão totalmente,
por isto é importante conhecer esta habilidade. O ocasionando a morte. O oxigênio é vital para o
socorrista deve aplicar a atadura após limpar o cérebro.
ferimento e cobri-lo com um pedaço de pano bem A. Bloqueio da passagem de ar. Pode acontecer
limpo. nos casos de afogamento, secreções e espasmos
1.Aplicar uma atadura de largura adequada, que da laringe, estrangulamento, soterramento e
ofereça segurança. bloqueio do ar causado por ossos, alimentos ou
2.Firmar a parte a ser amarrada, colocando-se o qualquer corpo estranho na garganta.
socorrista de frente para a vítima que deverá B. Insuficiência de oxigênio no ar. Pode ocorrer
estar sentada ou deitada. em altitudes onde o oxigênio é insuficiente, em
3.Aplicar a atadura com o membro na posição em compartimentos não ventilados, nos incêndios em
que este deverá permanecer. compartimentos fechados e por contaminação do
4.Suspender a extremidade da atadura o mais ar por gases tóxicos (principalmente emanações
alto possível em relação ao ferimento e aplicá-lo de motores, fumaça densa).
desenrolando-a pouco a pouco. C. Impossibilidade do sangue em transportar
5.Iniciar a aplicação da atadura, pela sua oxigênio.
extremidade, colocando-a na parte superior do D. Paralisia do centro respiratório no cérebro.
curativo, dando duas voltas bem firmes, para que Pode ser causada por choque elétrico, venenos,
fiquem ajustadas. doenças, (AVC), ferimentos na cabeça ou no
6.Envolver o membro, passando a atadura aparelho respiratório, por ingestão de grande
alternadamente, por cima e por baixo do quantidade de álcool, ou de substâncias
ferimento, de tal maneira que cada volta cubra 2/3 anestésicas, psicotrópicos e tranquilizantes.
da volta anterior, mantendo a mesma pressão, E. Compressão do corpo. Pode ser causado por
até que a atadura fique bem ajustada. forte pressão externa (por exemplo, traumatismo
7.Prender a extremidade da atadura, para que a torácico), nos músculos respiratórios.
bandagem fique firme. Primeiros Socorros
· A primeira conduta é favorecer a passagem do
ar através da boca e das narinas · Afastar a
causa. · Verificar se o acidentado está consciente
· Desapertar as roupas do acidentado,
principalmente em volta do pescoço, peito e
cintura. · Retirar qualquer objeto da boca ou da
garganta do acidentado, para abrir e manter
desobstruída a passagem de ar. · Para assegurar
que o acidentado inconsciente continue
respirando, coloque-a na posição lateral de
segurança. · Iniciar a respiração de socorro
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
tão logo tenha sido o acidentado colocado na conhecimento em primeiros socorros pela
posição correta. Lembrar que cada segundo é população em geral, visto que o atendimento
importante para a vida do acidentado. inicial é na maioria das vezes, decisivo para
Repetir a respiração de socorro tantas vezes qualidade e sobrevida da vítima.
quanto necessário, até que o acidentado de COMPRESSÕES TORÁCICAS
entrada em local onde possa receber assistência Existem alguns procedimentos que toda pessoa
adequada. · Manter o acidentado aquecido, para que presta socorro a uma vítima de PCR
prevenir o choque. · Não dar líquidos enquanto o necessita ter conhecimento para que o resultado
acidentado estiver inconsciente. · Não deixar o final seja mais eficaz possível que são:
acidentado sentar ou levantar. O acidentado deve
As mãos precisam estar corretamente
permanecer deitado, mesmo depois de ter
posicionadas, braços retos, cotovelos firmes. Os
recuperado a respiração. · Não dar bebidas
ombros devem ficar acima das mãos. Os
alcoólicas ao acidentado. Dar chá ou café para
impulsos cairão diretamente sobre o esterno da
beber, logo que volte a si. · Continuar observando
vítima; Pressionar o corpo direto para baixo, onde
cuidadosamente o acidentado, para evitar que a
o peso que deve ser utilizado é o da parte superior
respiração cesse novamente. · Não deslocar o
deve- se ter noção no sentido de que uma pessoa
acidentado até que sua respiração volte ao
obesa as vezes necessita que o tórax seja mais
normal. · Remover o acidentado, somente
comprimido do que uma pessoa mais magra; A
deitado, mas só em caso de extrema
pressão deve ser completamente liberada para
necessidade. · Solicitar socorro especializado
permitir o retorno total do tórax com consequente
mesmo que o acidentado esteja recuperado.
retorno venoso ao coração; As mãos devem
permanecer sobre o tórax da vítima durante todo
RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR o procedimento, não devendo ser trocadas de
Uma parada cardíaca pode ser definida como a posição em nenhum momento; As compressões
cessação dos batimentos do coração o que devem ser rápidas, rítmicas e fortes, visto que não
prejudica o recebimento de oxigênio pelo se pode realizar movimentos bruscos ou parada
músculo cardíaco, pela diminuição do aporte dos movimentos; A recomendação de 2015 são
sanguíneo. de no mínimo 100 compressões e no máximo 120
Uma pessoa em parada cardíaca tem seu fluxo por minuto de maneira dinâmica.
sanguíneo circulante diminuído, levando Posicionamento correto das mãos para as
imediatamente a perda de consciência. As compressões torácicas na RCP.
manobras de reanimação cardiopulmonar (RCP)
precisam ser estabelecidas imediatamente. No
caso de a vítima encontrar-se em via pública ou
em algum outro local que não dentro de um
serviço especializado, as compressões torácicas
devem ser realizadas de maneira intermitente até
a chegada de uma equipe de emergência com
treinamento para proporcionar suporte avançado.
Deve-se sempre ter em mente que, quanto mais
rápido as manobras de RCP iniciarem maiores
são as chances de sobrevivência com menor
risco de sequela. Estudiosos no assunto revelam
através de pesquisas que existem três pontos
que são de fundamental importância para eficácia
no socorro à vítima: Início rápido das manobras
de RCP; Chegada do socorro especializado no
menor tempo possível; Desfibrilação com
desfibrilador externo automático (DEA), o quanto
antes.
É importante ressaltar que, como já citado em um
outro momento, da importância que tem o
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Posicionamento para a Ressuscitação Nas vítimas inconscientes a principal causa de
cardiorrespiratória a) Do acidentado: · obstrução é a queda da língua sobre a parede
Posicionar o acidentado em superfície plana e posterior da faringe. Como causa ou como
firme. · Mantê-lo em decúbito dorsal, pois as consequência da PR, pode ocorrer oclusão da
manobras para permitir a abertura da via aérea e hipofaringe pela base da língua ou regurgitação
as manobras da respiração artificial são mais do conteúdo gástrico para dentro das vias aéreas.
bem executadas nesta posição. · A cabeça não Observar prováveis lesões na coluna cervical ou
deve ficar mais alta que os pés, para não dorsal, antes de proceder às recomendações
prejudicar o fluxo sanguíneo cerebral. · Caso o seguintes. Para manter as vias aéreas
acidentado esteja sobre uma cama ou outra permeáveis e promover sua desobstrução, para
superfície macia ele deve ser colocado no chão tanto colocar o acidentado em decúbito dorsal e
ou então deve ser colocada uma tábua sob seu fazer a hiperextensão da cabeça, colocando a
tronco. · A técnica correta de posicionamento do mão sob a região posterior do pescoço do
acidentado deve ser obedecida utilizando-se as acidentado e a outra na região frontal. Com essa
manobras de rolamento. b) Da pessoa que está manobra a mandíbula se desloca para frente e
socorrendo: · Este deve ajoelhar-se ao lado do promove o estiramento dos tecidos que ligam a
acidentado, de modo que seus ombros fiquem faringe, desobstruindo-se a hipofaringe. Em
diretamente sobre o esterno do acidentado. algumas pessoas a hiperextensão da cabeça não
A conduta de quem socorre é vital para o é suficiente para manter a via aérea superior
salvamento do acidentado. Uma rápida avaliação completamente permeável. Nestes casos é
do estado geral do acidentado é que vai preciso fazer o deslocamento da mandíbula para
determinar quais etapas a serem executadas, por frente. Para fazer isso é necessário tracionar os
ordem de prioridades. A primeira providência a ramos da mandíbula com as duas mãos. Por uma
ser tomada é estabelecer o suporte básico da das mãos na testa e a outra sob o queixo do
vida, para tal o acidentado deverá estar acidentado. Empurrar a mandíbula para cima e
posicionado adequadamente de modo a permitir inclinar a cabeça do acidentado para trás ate que
a realização de manobras para suporte básico da o queixo esteja em um nível mais elevado que o
vida. nariz. Desta maneira restabelece-se uma livre
Adotar medidas de autoproteção colocando luvas passagem de ar quando a língua é separada da
e máscaras. O suporte básico da vida consiste na parte posterior da garganta. Mantendo a cabeça
administração de ventilação das vias aéreas e de nesta posição, escuta-se e observa-se para
compressão torácica externa. Estas manobras de verificar se o acidentado recuperou a respiração.
apoio vital básico constituem-se de três etapas Em caso afirmativo, coloque o acidentado na
principais que devem ser seguidas: · posição lateral de segurança. Em outras pessoas,
desobstrução das vias aéreas; · suporte o palato mole se comporta como uma válvula,
respiratório e · suporte circulatório. O provocando a obstrução nasal expiratória, o que
reconhecimento da existência de obstrução das exige a abertura da boca.
vias aéreas pode ser feito pela incapacidade de Assim, o deslocamento da mandíbula, a extensão
ouvir ou perceber qualquer fluxo de ar pela boca da cabeça e a abertura da boca são manobras
ou nariz da vítima e observando a retração que permitem a obtenção de uma via
respiratória das áreas supraclaviculares, supra- supraglótica, sem a necessidade de qualquer
esternal e intercostal, quando existem equipamento. Além disso, pode ser preciso a
movimentos espontâneos. A obstrução poderá limpeza manual imediata da via aérea para
ser reconhecida pela incapacidade de insuflar os remover material estranho ou secreções
pulmões quando se tenta ventilar a vítima. presentes na orofaringe. Usar os próprios dedos
A ventilação e a circulação artificiais constituem o protegidos com lenço ou compressa. Duas
atendimento imediato para as vítimas de PCR. A manobras principais são recomendadas para a
ventilação artificial é a primeira medida a ser desobstrução manual das vias aéreas:
tomada na RCR. Para que essa ventilação seja a) Manobra dos Dedos Cruzados Pressionar o
executada com sucesso é necessária à dedo indicador contra os dentes superiores e
manutenção das vias aéreas permeáveis, polegar - cruzado sobre o indicador - contra os
tomando-se as medidas necessárias para a dentes inferiores.
desobstrução.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
1. Respiração Boca a Boca
Universalmente a ventilação artificial sem auxílio
de equipamentos provou que a respiração boca a
boca é a técnica mais eficaz na ressuscitação de
vítimas de parada cardiorrespiratória. Esta
manobra é melhor que as técnicas de pressão
nas costas ou no tórax, ou o levantamento dos
braços; na maioria dos casos, essas manobras
não conseguem ventilar adequadamente os
pulmões. O ar exalado de quem está socorrendo
contém cerca de 18% de oxigênio e é
considerado um gás adequado para a
ressuscitação desde que os pulmões da vítima
estejam normais e que se use cerca de duas
b) Manobra de Levantamento da Língua / vezes os volumes correntes normais. Para iniciar
Mandíbula a respiração boca a boca e promover a
Deve ser feita com o acidentado relaxado. ressuscitação cardiorrespiratória, deve-se
Introduzir o polegar dentro da boca e garganta do obedecer a seguinte sequência: ·Deitar o
acidentado. Com a ponta do polegar, levantar a acidentado de costas. ·Desobstruir as vias
base da língua. Com os dedos segurar a aéreas. Remover prótese dentária (caso haja),
mandíbula ao nível do queixo e trazê-la para limpar sangue ou vômito. ·Pôr uma das mãos sob
frente. Outra forma prática de desobstruir as vias a nuca do acidentado e a outra mão na testa. ·
aéreas é o uso de pancadas e golpes que são Inclinar a cabeça do acidentado para trás até que
dados no dorso do acidentado em sucessão o queixo fique em um nível superior ao do nariz,
rápida. As pancadas são fortes e devem ser de forma que a língua não impeça a passagem de
aplicadas com a mão em concha entre as ar, mantendo-a nesta posição. ·Fechar bem as
escápulas da vítima. A técnica deve ser feita com narinas do acidentado, usando os dedos polegar
o paciente sentado, deitado ou em pé. Algumas e indicador, utilizando a mão que foi colocada
vezes a simples execução de certas manobras é anteriormente na testa do acidentado. ·Inspirar
suficiente para tornar permeáveis as vias aéreas, profundamente. ·Colocar a boca com firmeza
prevenir ou mesmo tratar uma parada sobre a boca do acidentado, vedando-a
respiratória, especialmente se a PR, é devida a totalmente (Figura 6). ·Soprar vigorosamente
asfixia por obstrução e esta é removida de para dentro da boca do acidentado, até notar que
imediato. Em muitos casos, porém, torna-se seu peito está levantando.
necessário a ventilação artificial.
A ventilação artificial é indicada nos casos de as
vias aéreas estarem permeáveis e na ausência
de movimento respiratório. Os músculos de uma
pessoa inconsciente estão completamente
relaxados. A língua retrocederá e obstruirá a
garganta. Para eliminar esta obstrução, fazer o
que foi descrito anteriormente. Constatada a
permeabilidade das vias aéreas e a ausência de
movimento respiratório, passar imediatamente à
aplicação da respiração boca a boca. Lembrar de
que quando encontrarmos um acidentado
inconsciente, não tentar reanimá-lo sacudindo-o ·Fazer leve compressão na região do estômago
e gritando. do acidentado, para que o ar seja expelido.
·Inspirar profundamente outra vez e continuar o
procedimento na forma descrita, repetindo o
movimento tantas vezes quanto necessário
(cerca de 15 vezes por minuto) até que o
acidentado possa receber assistência médica.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Se a respiração do acidentado não tiver sido a vítima em decúbito dorsal como já citado
restabelecida após as tentativas dessa manobra, anteriormente. Posicionar ajoelhado, ao lado do
ela poderá vir a ter parada cardíaca, tornando acidentado e num plano superior, de modo que
necessária a aplicação de massagem cardíaca possa executar a manobra com os braços em
externa. extensão. Em seguida apoiar as mãos uma sobre
2. Método Holger - Nielsen ·Deitar o acidentado a outra, na metade inferior do esterno, evitando
de bruços com uma das mãos sobre a outra, fazê-lo sobre o apêndice xifóide, pois isso tornaria
embaixo da cabeça. ·Virar a cabeça do a manobra inoperante e machucaria as vísceras.
acidentado de lado, deixando livres a boca e o Não se deve permitir que o resto da mão se apoie
nariz. ·Ajoelhar em frente à cabeça do acidentado na parede torácica. A compressão deve ser feita
e segurar cada um dos braços do mesmo, logo sobre a metade inferior do esterno, porque essa é
acima dos cotovelos. ·Levantar os braços do a parte que está mais próxima do coração. Com
acidentado até sentir resistência. ·Baixar os os braços em hiperextensão, aproveite o peso do
braços do acidentado. ·Colocar imediatamente, seu próprio corpo para aplicar a compressão,
as palmas das mãos abertas sobre as costas do tornando-a mais eficaz e menos cansativa do que
acidentado (um pouco acima das axilas). ·Inclinar se utilizada a força dos braços. Aplicar pressão
para frente o seu próprio corpo sem dobrar os suficiente para baixar o esterno de 3,8 a 5
cotovelos e fazer pressão sobre as costas do centímetros para um adulto normal e mantê-lo
acidentado, mantendo seus braços sobre elas, assim por cerca de meio segundo. O ideal é
mais ou menos na vertical. ·Prosseguir verificar se a compressão efetuada é suficiente
ritmadamente, repetindo os movimentos para gerar um pulso carotídeo palpável Com isso
descritos no item anterior, cerca de 10 vezes por se obtém uma pressão arterial média e um
minuto. contorno de onda de pulso próximo do normal.
Observação:
a) Para calcular a duração de cada tempo, contar
baixo e sem pressa.
b) Assim que começar a respiração artificial, pedir
a outra pessoa para desapertar a roupa do
acidentado, principalmente no peito e pescoço.
3. Método Sylvester
Também aplicado quando não puder ser feito o
método boca a boca. ·Colocar o acidentado
deitado com o rosto para cima e pôr algo por
baixo dos seus ombros, para que ele fique com a
cabeça inclinada para trás. ·Ajoelhar de frente
para o acidentado e pôr a cabeça dele entre seus
joelhos. ·Segurar os braços do acidentado pelos
pulsos, cruzando-os e comprimindo-os contra o
peito dela. ·Segurar os braços do acidentado
primeiro para cima, depois para os lados e a
seguir para trás, em movimentos sucessivos.
Massagem Cardíaca Externa ou Compressão
Torácica
É o método efetivo de ressuscitação cardíaca que
consiste em aplicações rítmicas de pressão sobre
o terço inferior do esterno. O aumento
generalizado da pressão no interior do tórax e a
compressão do coração fazem com que o sangue
circule. Mesmo com a aplicação perfeita das
técnicas a quantidade de sangue que circula está
entre 10% a 30% do normal. Para realizar a
massagem cardíaca externa deve-se posicionar
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Em seguida remover subitamente a compressão SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS):
que, junto com a pressão negativa, provoca o estrutura, princípios e como funciona
retorno de sangue ao coração. Isso sem retirar as
mãos do tórax da vítima, garantindo assim que O QUE É O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
não seja perdida a posição correta das mãos. As (SUS)?
compressões torácicas e a respiração artificial O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos
devem ser combinadas para que a ressuscitação maiores e mais complexos sistemas de saúde
cardiorrespiratória seja eficaz. A relação pública do mundo, abrangendo desde o simples
ventilações/compressões varia com a idade do atendimento para avaliação da pressão arterial,
acidentado e com o número de pessoas que por meio da Atenção Primária, até o transplante
estão fazendo o atendimento emergencial. A de órgãos, garantindo acesso integral, universal e
frequência das compressões torácicas deve ser gratuito para toda a população do país. Com a
mantida em 80 a 100 por minuto. Com a pausa sua criação, o SUS proporcionou o acesso
que é efetuada para ventilação, a frequência real universal ao sistema público de saúde, sem
de compressões cai para 60 por minuto. A discriminação. A atenção integral à saúde, e não
aplicação da massagem cardíaca externa pode somente aos cuidados assistenciais, passou a ser
trazer consequências graves, muitas vezes um direito de todos os brasileiros, desde a
fatais. Podemos citar dentre elas, fraturas de gestação e por toda a vida, com foco na saúde
costelas e do esterno, separação condrocostal, com qualidade de vida, visando a prevenção e a
ruptura de vísceras, contusão miocárdica e promoção da saúde.
ruptura ventricular. Essas complicações, no
A gestão das ações e dos serviços de saúde deve
entanto, poderão ser evitadas se a massagem for
ser solidária e participativa entre os três entes da
realizada com a técnica correta. É, portanto,
Federação: a União, os Estados e os municípios.
muito importante que nos preocupemos com a
A rede que compõe o SUS é ampla e abrange
correta posição das mãos e a quantidade de força
tanto ações quanto os serviços de saúde.
que deve ser aplicada. A massagem cardíaca
Engloba a atenção primária, média e alta
externa deve ser aplicada em combinação com a
complexidades, os serviços urgência e
respiração boca a boca. O ideal é conseguir
emergência, a atenção hospitalar, as ações e
alguém que ajude para que as manobras não
serviços das vigilâncias epidemiológica, sanitária
sofram interrupções devido ao cansaço.
e ambiental e assistência farmacêutica.
É absolutamente contra indicado cessar as
massagens por um tempo superior a alguns AVANÇO: Conforme a Constituição Federal de
segundos, pois a corrente sanguínea produzida 1988 (CF-88), a “Saúde é direito de todos e dever
pela compressão externa é inferior à normal, do Estado”. No período anterior a CF-88, o
representando apenas de 40 a 50% da circulação sistema público de saúde prestava assistência
normal. Portanto, qualquer interrupção maior no apenas aos trabalhadores vinculados à
processo diminuirá a afluência de sangue no Previdência Social, aproximadamente 30 milhões
organismo. de pessoas com acesso aos serviços
hospitalares, cabendo o atendimento aos demais
Não se deve desanimar em obter a recuperação
cidadãos às entidades filantrópicas.
da respiração e dos batimentos cardíacos do
acidentado. É preciso mandar que procurem Estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS)
socorro médico especializado com a maior O Sistema Único de Saúde (SUS) é composto
urgência. É preciso ter paciência, calma e pelo Ministério da Saúde, Estados e Municípios,
disposição. Qualquer interrupção na tentativa de conforme determina a Constituição Federal. Cada
ressuscitação da vítima até a chegada de socorro ente tem suas co-responsabilidades.
especializado implicará fatalmente em morte.
Ministério da Saúde
Gestor nacional do SUS, formula, normatiza,
fiscaliza, monitora e avalia políticas e ações, em
articulação com o Conselho Nacional de Saúde.
Atua no âmbito da Comissão Intergestores
Tripartite (CIT) para pactuar o Plano Nacional de
Saúde.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Integram sua estrutura: Fiocruz, Funasa, Anvisa, Conselho Nacional de Secretarias Municipais
ANS, Hemobrás, Inca, Into e oito hospitais de Saúde (Conasems)
federais. Entidade representativa dos entes municipais na
Secretaria Estadual de Saúde (SES) CIT para tratar de matérias referentes à saúde
Participa da formulação das políticas e ações de Conselhos de Secretarias Municipais de
saúde, presta apoio aos municípios em Saúde (Cosems)
articulação com o conselho estadual e participa São reconhecidos como entidades que
da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) para representam os entes municipais, no âmbito
aprovar e implementar o plano estadual de estadual, para tratar de matérias referentes à
saúde. saúde, desde que vinculados institucionalmente
Secretaria Municipal de Saúde (SMS) ao Conasems, na forma que dispuserem seus
estatutos.
Planeja, organiza, controla, avalia e executa as PRINCÍPIOS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
ações e serviços de saúde em articulação com o (SUS)
conselho municipal e a esfera estadual para
aprovar e implantar o plano municipal de saúde. Universalização: a saúde é um direito de
cidadania de todas as pessoas e cabe ao Estado
Conselhos de Saúde assegurar este direito, sendo que o acesso às
O Conselho de Saúde, no âmbito de atuação ações e serviços deve ser garantido a todas as
(Nacional, Estadual ou Municipal), em caráter pessoas, independentemente de sexo, raça,
permanente e deliberativo, órgão colegiado ocupação ou outras características sociais ou
composto por representantes do governo, pessoais.
prestadores de serviço, profissionais de saúde e Equidade: o objetivo desse princípio é diminuir
usuários, atua na formulação de estratégias e no desigualdades. Apesar de todas as pessoas
controle da execução da política de saúde na possuírem direito aos serviços, as pessoas não
instância correspondente, inclusive nos aspectos são iguais e, por isso, têm necessidades distintas.
econômicos e financeiros, cujas decisões serão Em outras palavras, equidade significa tratar
homologadas pelo chefe do poder legalmente desigualmente os desiguais, investindo mais
constituído em cada esfera do governo. onde a carência é maior.
Cabe a cada Conselho de Saúde definir o número Integralidade: este princípio considera as
de membros, que obedecerá a seguinte pessoas como um todo, atendendo a todas as
composição: 50% de entidades e movimentos suas necessidades. Para isso, é importante a
representativos de usuários; 25% de entidades integração de ações, incluindo a promoção da
representativas dos trabalhadores da área de saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a
saúde e 25% de representação de governo e reabilitação. Juntamente, o princípio de
prestadores de serviços privados conveniados, integralidade pressupõe a articulação da saúde
ou sem fins lucrativos. com outras políticas públicas, para assegurar
uma atuação intersetorial entre as diferentes
Comissão Intergestores Tripartite (CIT)
áreas que tenham repercussão na saúde e
Foro de negociação e pactuação entre gestores qualidade de vida dos indivíduos.
federal, estadual e municipal, quanto aos PRINCÍPIOS ORGANIZATIVOS
aspectos operacionais do SUS.
Regionalização e Hierarquização: os serviços
Comissão Intergestores Bipartite (CIB) devem ser organizados em níveis crescentes de
Foro de negociação e pactuação entre gestores complexidade, circunscritos a uma determinada
estadual e municipais, quanto aos aspectos área geográfica, planejados a partir de critérios
operacionais do SUS. epidemiológicos e com definição e conhecimento
da população a ser atendida.
Conselho Nacional de Secretário da Saúde
(Conass) A regionalização é um processo de articulação
entre os serviços que já existem, visando o
Entidade representativa dos entes estaduais e do comando unificado dos mesmos.
Distrito Federal na CIT para tratar de matérias
referentes à saúde.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Já a hierarquização deve proceder à divisão de Além de ser um dos parceiros para a aplicação
níveis de atenção e garantir formas de acesso a de políticas nacionais de saúde, o estado formula
serviços que façam parte da complexidade suas próprias políticas de saúde. Ele coordena e
requerida pelo caso, nos limites dos recursos planeja o SUS em nível estadual, respeitando a
disponíveis numa dada região. normatização federal. Os gestores estaduais são
Descentralização e Comando Único: responsáveis pela organização do atendimento à
saúde em seu território.
Descentralizar é redistribuir poder e
responsabilidade entre os três níveis de governo. Municípios
Com relação à saúde, descentralização objetiva São responsáveis pela execução das ações e
prestar serviços com maior qualidade e garantir o serviços de saúde no âmbito do seu território. O
controle e a fiscalização por parte dos cidadãos. gestor municipal deve aplicar recursos próprios e
No SUS, a responsabilidade pela saúde deve ser os repassados pela União e pelo estado. O
descentralizada até o município, ou seja, devem município formula suas próprias políticas de
ser fornecidas ao município condições saúde e também é um dos parceiros para a
gerenciais, técnicas, administrativas e financeiras aplicação de políticas nacionais e estaduais de
para exercer esta função. Para que valha o saúde. Ele coordena e planeja o SUS em nível
princípio da descentralização, existe a concepção municipal, respeitando a normatização federal.
constitucional do mando único, onde cada esfera Pode estabelecer parcerias com outros
de governo é autônoma e soberana nas suas municípios para garantir o atendimento pleno de
decisões e atividades, respeitando os princípios sua população, para procedimentos de
gerais e a participação da sociedade. complexidade que estejam acima daqueles que
Participação Popular: a sociedade deve pode oferecer.
participar no dia-a-dia do sistema. Para isto,
devem ser criados os Conselhos e as Carta dos direitos dos usuários do Sistema
Conferências de Saúde, que visam formular Único de Saúde (SUS)
estratégias, controlar e avaliar a execução da
política de saúde. A “Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde”
traz informações para que você conheça seus
Responsabilidades dos entes que compõem o direitos na hora de procurar atendimento de
SUS saúde. Ela reúne os seis princípios básicos de
cidadania que asseguram ao brasileiro o ingresso
União digno nos sistemas de saúde, seja ele público ou
privado.
A gestão federal da saúde é realizada por meio
do Ministério da Saúde. O governo federal é o Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e
principal financiador da rede pública de saúde. organizado aos sistemas de saúde.
Historicamente, o Ministério da Saúde aplica Todo cidadão tem direito a tratamento adequado
metade de todos os recursos gastos no país em e efetivo para seu problema.
saúde pública em todo o Brasil, e estados e
Todo cidadão tem direito ao atendimento
municípios, em geral, contribuem com a outra
humanizado, acolhedor e livre de qualquer
metade dos recursos. O Ministério da Saúde
discriminação.
formula políticas nacionais de saúde, mas não
realiza as ações. Para a realização dos projetos, Todo cidadão tem direito a atendimento que
depende de seus parceiros (estados, municípios, respeite a sua pessoa, seus valores e seus
ONGs, fundações, empresas, etc.). Também tem direitos.
a função de planejar, elaborar normas, avaliar e Todo cidadão também tem responsabilidades
utilizar instrumentos para o controle do SUS. para que seu tratamento aconteça da forma
Estados e Distrito Federal adequada.
Os estados possuem secretarias específicas Todo cidadão tem direito ao comprometimento
para a gestão de saúde. O gestor estadual deve dos gestores da saúde para que os princípios
aplicar recursos próprios, inclusive nos anteriores sejam cumpridos.
municípios, e os repassados pela União.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
COMO SE DÁ O FINANCIAMENTO DO SUS? registros das ações e serviços de saúde no
De acordo com a Constituição Federal, os SUS. Além disso, o Cartão do SUS é feito de
municípios são obrigados a destinar 15% do que forma gratuita em hospitais ou locais definidos
arrecadam em ações de saúde. Para os governos pela secretaria municipal de saúde, mediante a
estaduais, esse percentual é de 12%. Já o apresentação de RG, CPF, certidão de
Governo Federal tem um cálculo um pouco mais nascimento ou casamento. O uso do cartão
complexo: tem que contabilizar o que foi gasto no facilita a marcação de consultas e exames e
ano anterior, mais a variação nominal do Produto garante o acesso a medicamentos gratuitos.
Interno Bruto (PIB). Então essa variação é Quais são os serviços de saúde que irei
somada ao que se gastou no ano anterior para se encontrar em uma UBS?
definir qual o valor da aplicação mínima naquele
Na UBS, o usuário do SUS irá receber
ano.
atendimentos básicos e gratuitos em Pediatria,
Qual é a porta de entrada do usuário no SUS? Ginecologia, Clínica Geral, Enfermagem e
Odontologia, de segunda a sexta-feira, de 08h às
A porta de entrada do usuário no SUS é 17h. Os principais serviços oferecidos pelas UBS
na Unidade Básica de Saúde (UBS), são consultas médicas, inalações, injeções,
popularmente conhecida como Posto de Saúde. curativos, vacinas, coleta de exames
A UBS é de responsabilidade de gerenciamento laboratoriais, tratamento odontológico,
do município, ou seja, de cada Prefeitura encaminhamentos para outras especialidades
brasileira. Para facilitar o acesso do usuário, o clínicas e fornecimento de medicação básica. As
município mapeia a área de atuação de cada Unidades Básicas de Saúde (UBS) fazem parte
UBS por bairro ou região. Por isso, o cidadão da Política Nacional de Urgência e
deve procurar a unidade mais próxima da sua Emergência, lançada pelo Ministério da Saúde
casa, munido de documentos e de comprovante em 2003, estruturando e organizando a rede de
de residência (conta de água, luz ou telefone). urgência e emergência no país, para integrar a
atenção às urgências.
Como acontece o acolhimento do usuário do
SUS na UBS? O que é uma UPA?
Ao ir a uma UBS pela primeira vez, o usuário fará A Unidade de Pronto Atendimento
um Cartão do SUS receberá um número e/ou (UPA) são estruturas de complexidade
uma cor que irá identificar de qual equipe intermediária entre as Unidades Básicas de
da Estratégia da Saúde da Família (ESF) ele Saúde (UBS) e as portas de urgência
fará parte. Regularmente, a ESF acompanha a hospitalares, onde em conjunto com estas
saúde do usuário, sendo o elo de informação da compõe uma rede organizada de Atenção às
população com os profissionais de saúde da Urgências. Com isso ajudam a diminuir as filas
Unidade. É por meio da coleta de informações nos prontos-socorros dos hospitais. A UPA
das equipes de ESF que é possível pensar em oferece estrutura simplificada, com raio-X,
ações de saúde pública de forma regional e eletrocardiografia, pediatria, laboratório de
personalizada. exames e leitos de observação. Nas localidades
que contam com UPA, 97% dos casos são
O que é o Cartão do SUS? solucionados na própria unidade.
O Cartão do SUS ou Cartão Nacional de Quando devo procurar uma UPA?
Saúde é um documento gratuito que reúne dados
sobre quando e onde o usuário foi atendido em Somente em casos de urgência e emergência
toda rede de saúde pública. Se você ainda não traumáticas e não traumáticas. Além disso, é a
tem um cartão, faça já o seu em opção de assistência de saúde nos feriados e
qualquer Unidade Básica de Saúde (UBS, finais de semana quando a UBS está fechada. Há
também conhecida como Posto de Saúde). Por também a situação em que o usuário pode ser
meio do cartão, os profissionais da equipe de encaminhado da UBS para a UPA, dependendo
saúde podem ter acesso ao histórico de da gravidade ou da necessidade de um pronto
atendimento do usuário no SUS. Ainda, o usuário atendimento ou qualquer situação de
pode acessar o Portal de Saúde do emergência.
Cidadão para ter acesso ao seu histórico de
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
A UPA tem consultórios de clínica médica, (NASF) enquanto o nível intermediário de
pediatria e odontologia, serviços de laboratório e atenção fica a encargo do SAMU 192 (Serviço de
raio-x. Também conta com leitos de observação Atendimento Móvel as Urgência), das Unidades
para adultos e crianças, salas de medicação, de Pronto Atendimento (UPA), e o atendimento de
nebulização, ortopedia e uma "sala de média e alta complexidade feito nos hospitais.
emergência" para estabilizar os pacientes mais
A Atenção Secundária é formada pelos
graves que, após o atendimento necessário para
serviços especializados em nível ambulatorial e
a estabilização do quadro clínico, este paciente
hospitalar, com densidade tecnológica
possa ser removido para um hospital.
intermediária entre a atenção primária e a
Então, qual é o papel dos hospitais na rede do terciária, historicamente interpretada como
SUS? procedimentos de média complexidade. Esse
O papel dos hospitais é oferecer ao usuário do nível compreende serviços médicos
SUS atendimento de saúde especializado de especializados, de apoio diagnóstico e
média e alta complexidade, como cirurgias terapêutico e atendimento de urgência e
eletivas (realizada em uma data adequada de emergência.
acordo com a saúde do paciente) tratamentos A Atenção Terciária ou alta complexidade
clínicos de acordo com cada especialidade. Para designa o conjunto de terapias e procedimentos
chegar ao hospital, geralmente o usuário é de elevada especialização. Organiza também
encaminhado depois de ser atendido por uma procedimentos que envolvem alta tecnologia e/ou
UBS ou UPA, dependendo de cada caso. Tudo alto custo, como oncologia, cardiologia,
isso acontece devido ao processo de troca de oftalmologia, transplantes, parto de alto risco,
informações entre as redes de atenção à saúde traumato-ortopedia, neurocirurgia, diálise (para
no SUS. pacientes com doença renal crônica), otologia
O Sistema Único de Saúde (SUS) é usado (para o tratamento de doenças no aparelho
como modelo de referência internacional por auditivo).
conta do seu alcance e multiplicidade de serviços
Envolve ainda a assistência em cirurgia
de saúde.
reparadora (de mutilações, traumas ou
É de responsabilidade da saúde pública queimaduras graves), cirurgia bariátrica (para os
brasileira todas as ações da Vigilância casos de obesidade mórbida), cirurgia
Sanitária e da Vigilância Sanitária de reprodutiva, reprodução assistida, genética
Zoonoses (imunização de animais; castração; clínica, terapia nutricional, distrofia muscular
controle de pragas; prevenção e controle de progressiva, osteogênese imperfeita (doença
doenças de animais urbanos e rurais, etc.), além genética que provoca a fragilidade dos ossos) e
de campanhas de vacinação, prevenção, controle fibrose cística (doença genética que acomete
e tratamento de doenças crônicas por meio das vários órgãos do corpo causando deficiências
equipes da Estratégia da Saúde da Família progressivas).
(ESF), além do tratamento oncológico nos seus
mais diversos níveis. Entre os procedimentos ambulatoriais de alta
complexidade estão a quimioterapia, a
O SUS realiza ainda coleta para a doação de radioterapia, a hemoterapia, a ressonância
sangue, organização da rede de banco de leite magnética e a medicina nuclear, além do
materno, além de transplante de órgãos e bancos fornecimento de medicamentos excepcionais, tais
de pele para o tratamento de queimados, comopróteses ósseas, marca-passos, stendt
definição de regras para venda de medicamentos cardíaco, etc.
genéricos e de distribuição gratuita de remédios.
Outra curiosidade é que internacionalmente, o
SUS é exemplo de excelência na assistência e
tratamento de pessoas com Aids/HIV.
A Atenção Primária é constituída pelas
Unidades Básicas de Saúde (UBS),
pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS),
pela Equipe de Saúde da Família (ESF) e
pelo Núcleo de Apoio à Saúde da Família
( S )
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
LEI ORGÂNICA DA SAÚDE- LEI Nº 8.080/1990 § 1º Estão incluídas no disposto neste artigo
as instituições públicas federais, estaduais e
Dispõe sobre as condições para a promoção, municipais de controle de qualidade, pesquisa e
proteção e recuperação da saúde, a produção de insumos, medicamentos, inclusive
organização e o funcionamento dos serviços de sangue e hemoderivados, e de equipamentos
correspondentes e dá outras providências. para saúde.
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
§ 2º A iniciativa privada poderá participar do
Art. 1º Esta lei regula, em todo o território Sistema Único de Saúde (SUS), em caráter
nacional, as ações e serviços de saúde, complementar.
executados isolada ou conjuntamente, em
caráter permanente ou eventual, por pessoas CAPÍTULO I
naturais ou jurídicas de direito Público ou privado. Dos Objetivos e Atribuições
TÍTULO I Art. 5º São objetivos do Sistema Único de
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Saúde SUS:
Art. 2º A saúde é um direito fundamental do I - a identificação e divulgação dos fatores
ser humano, devendo o Estado prover as condicionantes e determinantes da saúde;
condições indispensáveis ao seu pleno exercício.
II - a formulação de política de saúde
§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde destinada a promover, nos campos econômico e
consiste na formulação e execução de políticas social, a observância do disposto no § 1º do art.
econômicas e sociais que visem à redução de 2º desta lei;
riscos de doenças e de outros agravos e no
estabelecimento de condições que assegurem III - a assistência às pessoas por intermédio
acesso universal e igualitário às ações e aos de ações de promoção, proteção e recuperação
serviços para a sua promoção, proteção e da saúde, com a realização integrada das ações
recuperação. assistenciais e das atividades preventivas.
§ 2º O dever do Estado não exclui o das Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de
pessoas, da família, das empresas e da atuação do Sistema Único de Saúde (SUS):
sociedade. I - a execução de ações:
Art. 3o Os níveis de saúde expressam a a) de vigilância sanitária;
organização social e econômica do País, tendo a
saúde como determinantes e condicionantes, b) de vigilância epidemiológica;
entre outros, a alimentação, a moradia, o c) de saúde do trabalhador; e
saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho,
a renda, a educação, a atividade física, o d) de assistência terapêutica integral,
transporte, o lazer e o acesso aos bens e inclusive farmacêutica;
serviços essenciais. II - a participação na formulação da política e
Parágrafo único. Dizem respeito também à na execução de ações de saneamento básico;
saúde as ações que, por força do disposto no III - a ordenação da formação de recursos
artigo anterior, se destinam a garantir às pessoas humanos na área de saúde;
e à coletividade condições de bem-estar físico,
mental e social. IV - a vigilância nutricional e a orientação
alimentar;
TÍTULO II
V - a colaboração na proteção do meio
DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
ambiente, nele compreendido o do trabalho;
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
VI - a formulação da política de
Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e
prestados por órgãos e instituições públicas outros insumos de interesse para a saúde e a
federais, estaduais e municipais, da participação na sua produção;
Administração direta e indireta e das fundações
mantidas pelo Poder Público, constitui o Sistema
Único de Saúde (SUS).
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
VII - o controle e a fiscalização de serviços, II - participação, no âmbito de competência
produtos e substâncias de interesse para a do Sistema Único de Saúde (SUS), em estudos,
saúde; pesquisas, avaliação e controle dos riscos e
VIII - a fiscalização e a inspeção de agravos potenciais à saúde existentes no
alimentos, água e bebidas para consumo processo de trabalho;
humano; III - participação, no âmbito de competência
IX - a participação no controle e na do Sistema Único de Saúde (SUS), da
fiscalização da produção, transporte, guarda e normatização, fiscalização e controle das
utilização de substâncias e produtos psicoativos, condições de produção, extração,
tóxicos e radioativos; armazenamento, transporte, distribuição e
manuseio de substâncias, de produtos, de
X - o incremento, em sua área de atuação, máquinas e de equipamentos que apresentam
do desenvolvimento científico e tecnológico; riscos à saúde do trabalhador;
XI - a formulação e execução da política de IV - avaliação do impacto que as tecnologias
sangue e seus derivados. provocam à saúde;
§ 1º Entende-se por vigilância sanitária um V - informação ao trabalhador e à sua
conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou respectiva entidade sindical e às empresas sobre
prevenir riscos à saúde e de intervir nos os riscos de acidentes de trabalho, doença
problemas sanitários decorrentes do meio profissional e do trabalho, bem como os
ambiente, da produção e circulação de bens e da resultados de fiscalizações, avaliações
prestação de serviços de interesse da saúde, ambientais e exames de saúde, de admissão,
abrangendo: periódicos e de demissão, respeitados os
I - o controle de bens de consumo que, direta preceitos da ética profissional;
ou indiretamente, se relacionem com a saúde, VI - participação na normatização,
compreendidas todas as etapas e processos, da fiscalização e controle dos serviços de saúde do
produção ao consumo; e trabalhador nas instituições e empresas públicas
II - o controle da prestação de serviços que e privadas;
se relacionam direta ou indiretamente com a VII - revisão periódica da listagem oficial de
saúde. doenças originadas no processo de trabalho,
§ 2º Entende-se por vigilância tendo na sua elaboração a colaboração das
epidemiológica um conjunto de ações que entidades sindicais; e
proporcionam o conhecimento, a detecção ou VIII - a garantia ao sindicato dos
prevenção de qualquer mudança nos fatores trabalhadores de requerer ao órgão competente a
determinantes e condicionantes de saúde interdição de máquina, de setor de serviço ou de
individual ou coletiva, com a finalidade de todo ambiente de trabalho, quando houver
recomendar e adotar as medidas de prevenção e exposição a risco iminente para a vida ou saúde
controle das doenças ou agravos. dos trabalhadores.
§ 3º Entende-se por saúde do trabalhador, CAPÍTULO II
para fins desta lei, um conjunto de atividades que
se destina, através das ações de vigilância Dos Princípios e Diretrizes
epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção Art. 7º As ações e serviços públicos de
e proteção da saúde dos trabalhadores, assim saúde e os serviços privados contratados ou
como visa à recuperação e reabilitação da saúde conveniados que integram o Sistema Único de
dos trabalhadores submetidos aos riscos e Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com
agravos advindos das condições de trabalho, as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição
abrangendo: Federal, obedecendo ainda aos seguintes
I - assistência ao trabalhador vítima de princípios:
acidentes de trabalho ou portador de doença I - universalidade de acesso aos serviços de
profissional e do trabalho; saúde em todos os níveis de assistência;
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
II - integralidade de assistência, entendida CAPÍTULO III
como conjunto articulado e contínuo das ações e
Da Organização, da Direção e da Gestão
serviços preventivos e curativos, individuais e
coletivos, exigidos para cada caso em todos os Art. 8º As ações e serviços de saúde,
níveis de complexidade do sistema; executados pelo Sistema Único de Saúde (SUS),
seja diretamente ou mediante participação
III - preservação da autonomia das pessoas
complementar da iniciativa privada, serão
na defesa de sua integridade física e moral;
organizados de forma regionalizada e
IV - igualdade da assistência à saúde, sem hierarquizada em níveis de complexidade
preconceitos ou privilégios de qualquer espécie; crescente.
V - direito à informação, às pessoas Art. 9º A direção do Sistema Único de Saúde
assistidas, sobre sua saúde; (SUS) é única, de acordo com o inciso I do art.
VI - divulgação de informações quanto ao 198 da Constituição Federal, sendo exercida em
potencial dos serviços de saúde e a sua utilização cada esfera de governo pelos seguintes órgãos:
pelo usuário; I - no âmbito da União, pelo Ministério da
VII - utilização da epidemiologia para o Saúde;
estabelecimento de prioridades, a alocação de II - no âmbito dos Estados e do Distrito
recursos e a orientação programática; Federal, pela respectiva Secretaria de Saúde ou
VIII - participação da comunidade; órgão equivalente; e

IX - descentralização político-administrativa, III - no âmbito dos Municípios, pela


com direção única em cada esfera de governo: respectiva Secretaria de Saúde ou órgão
equivalente.
a) ênfase na descentralização dos serviços
para os municípios; Art. 10. Os municípios poderão constituir
consórcios para desenvolver em conjunto as
b) regionalização e hierarquização da rede ações e os serviços de saúde que lhes
de serviços de saúde; correspondam.
X - integração em nível executivo das ações § 1º Aplica-se aos consórcios administrativos
de saúde, meio ambiente e saneamento básico; intermunicipais o princípio da direção única, e os
XI - conjugação dos recursos financeiros, respectivos atos constitutivos disporão sobre sua
tecnológicos, materiais e humanos da União, dos observância.
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na § 2º No nível municipal, o Sistema Único de
prestação de serviços de assistência à saúde da Saúde (SUS), poderá organizar-se em distritos de
população; forma a integrar e articular recursos, técnicas e
XII - capacidade de resolução dos serviços práticas voltadas para a cobertura total das ações
em todos os níveis de assistência; e de saúde.
XIII - organização dos serviços públicos de Art. 11. (Vetado).
modo a evitar duplicidade de meios para fins Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de
idênticos. âmbito nacional, subordinadas ao Conselho
XIV – organização de atendimento público Nacional de Saúde, integradas pelos Ministérios
específico e especializado para mulheres e e órgãos competentes e por entidades
vítimas de violência doméstica em geral, que representativas da sociedade civil.
garanta, entre outros, atendimento, Parágrafo único. As comissões intersetoriais
acompanhamento psicológico e cirurgias terão a finalidade de articular políticas e
plásticas reparadoras, em conformidade com programas de interesse para a saúde, cuja
a Lei nº 12.845, de 1º de agosto de 2013. execução envolva áreas não compreendidas no
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Art. 13. A articulação das políticas e
programas, a cargo das comissões intersetoriais,
abrangerá, em especial, as seguintes atividades:
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
I - alimentação e nutrição; Art. 14-B. O Conselho Nacional de Secretários
II - saneamento e meio ambiente; de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de
Secretarias Municipais de Saúde (Conasems)
III - vigilância sanitária e são reconhecidos como entidades
farmacoepidemiologia; representativas dos entes estaduais e municipais
IV - recursos humanos; para tratar de matérias referentes à saúde e
declarados de utilidade pública e de relevante
V - ciência e tecnologia; e função social, na forma do regulamento.
VI - saúde do trabalhador. § 1o O Conass e o Conasems receberão recursos
Art. 14. Deverão ser criadas Comissões do orçamento geral da União por meio do Fundo
Permanentes de integração entre os serviços de Nacional de Saúde, para auxiliar no custeio de
saúde e as instituições de ensino profissional e suas despesas institucionais, podendo ainda
superior. celebrar convênios com a União.
§ 2o Os Conselhos de Secretarias Municipais de
Parágrafo único. Cada uma dessas
Saúde (Cosems) são reconhecidos como
comissões terá por finalidade propor prioridades,
entidades que representam os entes municipais,
métodos e estratégias para a formação e
no âmbito estadual, para tratar de matérias
educação continuada dos recursos humanos do
referentes à saúde, desde que vinculados
Sistema Único de Saúde (SUS), na esfera
institucionalmente ao Conasems, na forma que
correspondente, assim como em relação à
dispuserem seus estatutos.
pesquisa e à cooperação técnica entre essas
instituições. CAPÍTULO IV
Art. 14-A. As Comissões Intergestores Da Competência e das Atribuições
Bipartite e Tripartite são reconhecidas como foros Seção I
de negociação e pactuação entre gestores, Das Atribuições Comuns
quanto aos aspectos operacionais do Sistema
Art. 15. A União, os Estados, o Distrito
Único de Saúde (SUS).
Federal e os Municípios exercerão, em seu
Parágrafo único. A atuação das Comissões âmbito administrativo, as seguintes atribuições:
Intergestores Bipartite e Tripartite terá por I - definição das instâncias e mecanismos de
objetivo: controle, avaliação e de fiscalização das ações e
I - decidir sobre os aspectos operacionais, serviços de saúde;
financeiros e administrativos da gestão II - administração dos recursos
compartilhada do SUS, em conformidade com a orçamentários e financeiros destinados, em cada
definição da política consubstanciada em planos ano, à saúde;
de saúde, aprovados pelos conselhos de saúde;
III - acompanhamento, avaliação e
II - definir diretrizes, de âmbito nacional, regional divulgação do nível de saúde da população e das
e intermunicipal, a respeito da organização das condições ambientais;
redes de ações e serviços de saúde, IV - organização e coordenação do sistema
principalmente no tocante à sua governança de informação de saúde;
institucional e à integração das ações e serviços
dos entes federados; V - elaboração de normas técnicas e
estabelecimento de padrões de qualidade e
III - fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, parâmetros de custos que caracterizam a
distrito sanitário, integração de territórios, assistência à saúde;
referência e contrarreferência e demais aspectos
VI - elaboração de normas técnicas e
vinculados à integração das ações e serviços de
estabelecimento de padrões de qualidade para
saúde entre os entes federados.
promoção da saúde do trabalhador;
VII - participação de formulação da política e
da execução das ações de saneamento básico e
colaboração na proteção e recuperação do meio
ambiente;
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
VIII - elaboração e atualização periódica do I - formular, avaliar e apoiar políticas de
plano de saúde; alimentação e nutrição;
IX - participação na formulação e na II - participar na formulação e na
execução da política de formação e implementação das políticas:
desenvolvimento de recursos humanos para a a) de controle das agressões ao meio
saúde; ambiente;
X - elaboração da proposta orçamentária do b) de saneamento básico; e
Sistema Único de Saúde (SUS), de conformidade c) relativas às condições e aos ambientes de
com o plano de saúde; trabalho;
XI - elaboração de normas para regular as III - definir e coordenar os sistemas:
atividades de serviços privados de saúde, tendo a) de redes integradas de assistência de alta
em vista a sua relevância pública; complexidade;
XII - realização de operações externas de b) de rede de laboratórios de saúde pública;
natureza financeira de interesse da saúde, c) de vigilância epidemiológica; e
autorizadas pelo Senado Federal; d) vigilância sanitária;
XIII - para atendimento de necessidades IV - participar da definição de normas e
coletivas, urgentes e transitórias, decorrentes de mecanismos de controle, com órgão afins, de
situações de perigo iminente, de calamidade agravo sobre o meio ambiente ou dele
pública ou de irrupção de epidemias, a autoridade decorrentes, que tenham repercussão na saúde
competente da esfera administrativa humana;
correspondente poderá requisitar bens e V - participar da definição de normas,
serviços, tanto de pessoas naturais como de critérios e padrões para o controle das condições
jurídicas, sendo-lhes assegurada justa e dos ambientes de trabalho e coordenar a
indenização; política de saúde do trabalhador;
XIV - implementar o Sistema Nacional de VI - coordenar e participar na execução das
Sangue, Componentes e Derivados; ações de vigilância epidemiológica;
XV - propor a celebração de convênios, VII - estabelecer normas e executar a
acordos e protocolos internacionais relativos à vigilância sanitária de portos, aeroportos e
saúde, saneamento e meio ambiente; fronteiras, podendo a execução ser
complementada pelos Estados, Distrito Federal e
XVI - elaborar normas técnico-científicas de Municípios;
promoção, proteção e recuperação da saúde;
VIII - estabelecer critérios, parâmetros e
XVII - promover articulação com os órgãos métodos para o controle da qualidade sanitária de
de fiscalização do exercício profissional e outras produtos, substâncias e serviços de consumo e
entidades representativas da sociedade civil para uso humano;
a definição e controle dos padrões éticos para IX - promover articulação com os órgãos
pesquisa, ações e serviços de saúde; educacionais e de fiscalização do exercício
XVIII - promover a articulação da política e profissional, bem como com entidades
dos planos de saúde; representativas de formação de recursos
humanos na área de saúde;
XIX - realizar pesquisas e estudos na área
de saúde; X - formular, avaliar, elaborar normas e
participar na execução da política nacional e
XXI - fomentar, coordenar e executar produção de insumos e equipamentos para a
programas e projetos estratégicos e de saúde, em articulação com os demais órgãos
atendimento emergencial. governamentais;
Seção II XI - identificar os serviços estaduais e
Da Competência municipais de referência nacional para o
Art. 16. A direção nacional do Sistema Único estabelecimento de padrões técnicos de
da Saúde (SUS) compete: assistência à saúde;
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
XII - controlar e fiscalizar procedimentos, I - promover a descentralização para os
produtos e substâncias de interesse para a Municípios dos serviços e das ações de saúde;.
saúde;
II - acompanhar, controlar e avaliar as redes
XIII - prestar cooperação técnica e financeira hierarquizadas do Sistema Único de Saúde
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios (SUS);
para o aperfeiçoamento da sua atuação
institucional; III - prestar apoio técnico e financeiro aos
Municípios e executar supletivamente ações e
XIV - elaborar normas para regular as
serviços de saúde;
relações entre o Sistema Único de Saúde (SUS)
e os serviços privados contratados de assistência IV - coordenar e, em caráter complementar,
à saúde; executar ações e serviços:
XV - promover a descentralização para as a) de vigilância epidemiológica;
Unidades Federadas e para os Municípios, dos
b) de vigilância sanitária;
serviços e ações de saúde, respectivamente, de
abrangência estadual e municipal; c) de alimentação e nutrição; e
XVI - normatizar e coordenar nacionalmente d) de saúde do trabalhador;
o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e
Derivados; V - participar, junto com os órgãos afins, do
controle dos agravos do meio ambiente que
XVII - acompanhar, controlar e avaliar as tenham repercussão na saúde humana;
ações e os serviços de saúde, respeitadas as
competências estaduais e municipais; VI - participar da formulação da política e da
XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico execução de ações de saneamento básico;
Nacional no âmbito do SUS, em cooperação VII - participar das ações de controle e
técnica com os Estados, Municípios e Distrito avaliação das condições e dos ambientes de
Federal; trabalho;
XIX - estabelecer o Sistema Nacional de VIII - em caráter suplementar, formular,
Auditoria e coordenar a avaliação técnica e executar, acompanhar e avaliar a política de
financeira do SUS em todo o Território Nacional insumos e equipamentos para a saúde;
em cooperação técnica com os Estados,
Municípios e Distrito Federal. IX - identificar estabelecimentos hospitalares
de referência e gerir sistemas públicos de alta
§ 1º A União poderá executar ações de
complexidade, de referência estadual e regional;
vigilância epidemiológica e sanitária em
circunstâncias especiais, como na ocorrência de X - coordenar a rede estadual de laboratórios
agravos inusitados à saúde, que possam de saúde pública e hemocentros, e gerir as
escapar do controle da direção estadual do unidades que permaneçam em sua organização
Sistema Único de Saúde (SUS) ou que administrativa;
representem risco de disseminação nacional. XI - estabelecer normas, em caráter
§ 2º Em situações epidemiológicas que suplementar, para o controle e avaliação das
caracterizem emergência em saúde pública, ações e serviços de saúde;
poderá ser adotado procedimento simplificado
para a remessa de patrimônio genético ao XII - formular normas e estabelecer padrões,
exterior, na forma do regulamento. em caráter suplementar, de procedimentos de
controle de qualidade para produtos e
§ 3º Os benefícios resultantes da exploração substâncias de consumo humano;
econômica de produto acabado ou material
reprodutivo oriundo de acesso ao patrimônio XIII - colaborar com a União na execução da
genético de que trata o § 2º deste artigo serão vigilância sanitária de portos, aeroportos e
repartidos nos termos da Lei nº 13.123, de 20 de fronteiras;
maio de 2015. XIV - o acompanhamento, a avaliação e
divulgação dos indicadores de morbidade e
Art. 17. À direção estadual do Sistema Único
mortalidade no âmbito da unidade federada.
de Saúde (SUS) compete:
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Art. 18. À direção municipal do Sistema de CAPÍTULO V
Saúde (SUS) compete: Do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena
I - planejar, organizar, controlar e avaliar as Art. 19-A. As ações e serviços de saúde voltados
ações e os serviços de saúde e gerir e executar para o atendimento das populações indígenas,
os serviços públicos de saúde; em todo o território nacional, coletiva ou
II - participar do planejamento, programação individualmente, obedecerão ao disposto nesta
e organização da rede regionalizada e Lei.
hierarquizada do Sistema Único de Saúde (SUS), Art. 19-B. É instituído um Subsistema de Atenção
em articulação com sua direção estadual; à Saúde Indígena, componente do Sistema Único
III - participar da execução, controle e de Saúde – SUS, criado e definido por esta Lei, e
avaliação das ações referentes às condições e pela Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990,
aos ambientes de trabalho; com o qual funcionará em perfeita integração.
IV - executar serviços: Art. 19-C. Caberá à União, com seus recursos
a) de vigilância epidemiológica; próprios, financiar o Subsistema de Atenção à
b) vigilância sanitária; Saúde Indígena.
c) de alimentação e nutrição; Art. 19-D. O SUS promoverá a articulação do
Subsistema instituído por esta Lei com os órgãos
d) de saneamento básico; e responsáveis pela Política Indígena do País.
e) de saúde do trabalhador; Art. 19-E. Os Estados, Municípios, outras
V - dar execução, no âmbito municipal, à instituições governamentais e não-
política de insumos e equipamentos para a governamentais poderão atuar
saúde; complementarmente no custeio e execução das
VI - colaborar na fiscalização das agressões ações.
ao meio ambiente que tenham repercussão sobre § 1º A União instituirá mecanismo de
a saúde humana e atuar, junto aos órgãos financiamento específico para os Estados, o
municipais, estaduais e federais competentes, Distrito Federal e os Municípios, sempre que
para controlá-las; houver necessidade de atenção secundária e
VII - formar consórcios administrativos terciária fora dos territórios indígenas.
intermunicipais; § 2º Em situações emergenciais e de calamidade
VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e pública:
hemocentros; I - a União deverá assegurar aporte adicional de
recursos não previstos nos planos de saúde dos
IX - colaborar com a União e os Estados na
Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dseis)
execução da vigilância sanitária de portos,
ao Subsistema de Atenção à Saúde Indígena;
aeroportos e fronteiras;
II - deverá ser garantida a inclusão dos povos
X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, indígenas nos planos emergenciais para
celebrar contratos e convênios com entidades atendimento dos pacientes graves das
prestadoras de serviços privados de saúde, bem Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde,
como controlar e avaliar sua execução; explicitados os fluxos e as referências para o
XI - controlar e fiscalizar os procedimentos atendimento em tempo oportuno.
dos serviços privados de saúde; Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente levar em
XII - normatizar complementarmente as consideração a realidade local e as
ações e serviços públicos de saúde no seu especificidades da cultura dos povos indígenas e
âmbito de atuação. o modelo a ser adotado para a atenção à saúde
Art. 19. Ao Distrito Federal competem as indígena, que se deve pautar por uma
atribuições reservadas aos Estados e aos abordagem diferenciada e global, contemplando
Municípios. os aspectos de assistência à saúde, saneamento
básico, nutrição, habitação, meio ambiente,
demarcação de terras, educação sanitária e
integração institucional.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Art. 19-G. O Subsistema de Atenção à Saúde § 2o O atendimento e a internação domiciliares
Indígena deverá ser, como o SUS, serão realizados por equipes multidisciplinares
descentralizado, hierarquizado e regionalizado. que atuarão nos níveis da medicina preventiva,
§ 1o O Subsistema de que trata o caput deste terapêutica e reabilitadora.
artigo terá como base os Distritos Sanitários § 3o O atendimento e a internação domiciliares só
Especiais Indígenas. poderão ser realizados por indicação médica,
§ 1º-A. A rede do SUS deverá obrigatoriamente com expressa concordância do paciente e de sua
fazer o registro e a notificação da declaração de família.
raça ou cor, garantindo a identificação de todos CAPÍTULO VII
os indígenas atendidos nos sistemas públicos de
DO SUBSISTEMA DE
saúde. § 1º-B. A União deverá integrar os
ACOMPANHAMENTO DURANTE O
sistemas de informação da rede do SUS com os
TRABALHO DE PARTO, PARTO E PÓS-
dados do Subsistema de Atenção à Saúde
PARTO IMEDIATO
Indígena.
Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único
§ 1º-B. A União deverá integrar os sistemas de
de Saúde - SUS, da rede própria ou conveniada,
informação da rede do SUS com os dados do
ficam obrigados a permitir a presença, junto à
Subsistema de Atenção à Saúde Indígena.
parturiente, de 1 (um) acompanhante durante
§ 2o O SUS servirá de retaguarda e referência ao todo o período de trabalho de parto, parto e pós-
Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, parto imediato.
devendo, para isso, ocorrer adaptações na
§ 1o O acompanhante de que trata o caput deste
estrutura e organização do SUS nas regiões
artigo será indicado pela parturiente.
onde residem as populações indígenas, para
propiciar essa integração e o atendimento § 2o As ações destinadas a viabilizar o pleno
necessário em todos os níveis, sem exercício dos direitos de que trata este artigo
discriminações. constarão do regulamento da lei, a ser elaborado
pelo órgão competente do Poder Executivo.
§ 3o As populações indígenas devem ter acesso
garantido ao SUS, em âmbito local, regional e de § 3o Ficam os hospitais de todo o País obrigados
centros especializados, de acordo com suas a manter, em local visível de suas dependências,
necessidades, compreendendo a atenção aviso informando sobre o direito estabelecido
primária, secundária e terciária à saúde. no caput deste artigo.
Art. 19-H. As populações indígenas terão direito Art. 19-L. (VETADO)
a participar dos organismos colegiados de CAPÍTULO VIIIDA ASSISTÊNCIA
formulação, acompanhamento e avaliação das TERAPÊUTICA E DA INCORPORAÇÃO DE
políticas de saúde, tais como o Conselho TECNOLOGIA EM SAÚDE”
Nacional de Saúde e os Conselhos Estaduais e
Municipais de Saúde, quando for o caso. Art. 19-M. A assistência terapêutica
integral a que se refere a alínea d do inciso I do
CAPÍTULO VI art. 6o consiste em:
DO SUBSISTEMA DE ATENDIMENTO E I - dispensação de medicamentos e produtos de
INTERNAÇÃO DOMICILIAR interesse para a saúde, cuja prescrição esteja em
Art. 19-I. São estabelecidos, no âmbito do conformidade com as diretrizes terapêuticas
Sistema Único de Saúde, o atendimento definidas em protocolo clínico para a doença ou o
domiciliar e a internação domiciliar. agravo à saúde a ser tratado ou, na falta do
protocolo, em conformidade com o disposto no
§ 1o Na modalidade de assistência de art. 19-P;
atendimento e internação domiciliares incluem-
se, principalmente, os procedimentos médicos, II - oferta de procedimentos terapêuticos, em
de enfermagem, fisioterapêuticos, psicológicos e regime domiciliar, ambulatorial e hospitalar,
de assistência social, entre outros necessários ao constantes de tabelas elaboradas pelo gestor
cuidado integral dos pacientes em seu domicílio. federal do Sistema Único de Saúde - SUS,
realizados no território nacional por serviço
próprio, conveniado ou contratado.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Art. 19-N. Para os efeitos do disposto no III - no âmbito de cada Município, de forma
art. 19-M, são adotadas as seguintes suplementar, com base nas relações de
definições: medicamentos instituídas pelos gestores
I - produtos de interesse para a saúde: municipais do SUS, e a responsabilidade pelo
órteses, próteses, bolsas coletoras e fornecimento será pactuada no Conselho
equipamentos médicos; Municipal de Saúde.
Art. 19-Q. A incorporação, a exclusão ou a
II - protocolo clínico e diretriz terapêutica: alteração pelo SUS de novos medicamentos,
documento que estabelece critérios para o produtos e procedimentos, bem como a
diagnóstico da doença ou do agravo à saúde; o constituição ou a alteração de protocolo clínico ou
tratamento preconizado, com os medicamentos de diretriz terapêutica, são atribuições do
e demais produtos apropriados, quando couber; Ministério da Saúde, assessorado pela Comissão
as posologias recomendadas; os mecanismos Nacional de Incorporação de Tecnologias no
de controle clínico; e o acompanhamento e a SUS.
verificação dos resultados terapêuticos, a serem
seguidos pelos gestores do SUS. § 1o A Comissão Nacional de Incorporação de
Tecnologias no SUS, cuja composição e
Art. 19-O. Os protocolos clínicos e as diretrizes regimento são definidos em regulamento, contará
terapêuticas deverão estabelecer os com a participação de 1 (um) representante
medicamentos ou produtos necessários nas indicado pelo Conselho Nacional de Saúde e de
diferentes fases evolutivas da doença ou do 1 (um) representante, especialista na área,
agravo à saúde de que tratam, bem como indicado pelo Conselho Federal de Medicina.
aqueles indicados em casos de perda de eficácia
e de surgimento de intolerância ou reação § 2o O relatório da Comissão Nacional de
adversa relevante, provocadas pelo Incorporação de Tecnologias no SUS levará em
medicamento, produto ou procedimento de consideração, necessariamente:
primeira escolha. I - as evidências científicas sobre a eficácia, a
acurácia, a efetividade e a segurança do
Parágrafo único. Em qualquer caso, os medicamento, produto ou procedimento objeto do
medicamentos ou produtos de que trata processo, acatadas pelo órgão competente para
o caput deste artigo serão aqueles avaliados o registro ou a autorização de uso;
quanto à sua eficácia, segurança, efetividade e
custo-efetividade para as diferentes fases II - a avaliação econômica comparativa dos
evolutivas da doença ou do agravo à saúde de benefícios e dos custos em relação às
que trata o protocolo. tecnologias já incorporadas, inclusive no que se
refere aos atendimentos domiciliar, ambulatorial
Art. 19-P. Na falta de protocolo clínico ou de ou hospitalar, quando cabível.
diretriz terapêutica, a dispensação será
realizada: Art. 19-R. A incorporação, a exclusão e a
alteração a que se refere o art. 19-Q serão
I - com base nas relações de medicamentos efetuadas mediante a instauração de processo
instituídas pelo gestor federal do SUS, administrativo, a ser concluído em prazo não
observadas as competências estabelecidas superior a 180 (cento e oitenta) dias, contado da
nesta Lei, e a responsabilidade pelo fornecimento data em que foi protocolado o pedido, admitida a
será pactuada na Comissão Intergestores sua prorrogação por 90 (noventa) dias corridos,
Tripartite; quando as circunstâncias exigirem.
II - no âmbito de cada Estado e do Distrito § 1o O processo de que trata o caput deste artigo
Federal, de forma suplementar, com base nas observará, no que couber, o disposto na Lei
relações de medicamentos instituídas pelos no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, e as
gestores estaduais do SUS, e a responsabilidade seguintes determinações especiais:
pelo fornecimento será pactuada na Comissão I - apresentação pelo interessado dos
Intergestores Bipartite; documentos e, se cabível, das amostras de
produtos, na forma do regulamento, com
informações necessárias para o atendimento do
disposto no § 2o do art. 19-Q;
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
II - (VETADO); seguintes casos:
III - realização de consulta pública que inclua a I - doações de organismos internacionais
divulgação do parecer emitido pela Comissão vinculados à Organização das Nações Unidas, de
Nacional de Incorporação de Tecnologias no entidades de cooperação técnica e de
SUS; financiamento e empréstimos;
IV - realização de audiência pública, antes da II - pessoas jurídicas destinadas a instalar,
tomada de decisão, se a relevância da matéria operacionalizar ou explorar:
justificar o evento. a) hospital geral, inclusive filantrópico,
§ 2o (VETADO). hospital especializado, policlínica, clínica
geral e clínica especializada; e
Art. 19-S. (VETADO). b) ações e pesquisas de planejamento
Art. 19-T. São vedados, em todas as esferas de familiar;
gestão do SUS III - serviços de saúde mantidos, sem finalidade
I - o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso lucrativa, por empresas, para atendimento de
de medicamento, produto e procedimento clínico seus empregados e dependentes, sem qualquer
ou cirúrgico experimental, ou de uso não ônus para a seguridade social; e
autorizado pela Agência Nacional de Vigilância IV - demais casos previstos em legislação
Sanitária - ANVISA; específica.
II - a dispensação, o pagamento, o ressarcimento CAPÍTULO II
ou o reembolso de medicamento e produto, Da Participação Complementar
nacional ou importado, sem registro na Anvisa.”
Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem
Art. 19-U. A responsabilidade financeira pelo insuficientes para garantir a cobertura
fornecimento de medicamentos, produtos de assistencial à população de uma determinada
interesse para a saúde ou procedimentos de que área, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá
trata este Capítulo será pactuada na Comissão recorrer aos serviços ofertados pela iniciativa
Intergestores Tripartite. privada.
TÍTULO III Parágrafo único. A participação
complementar dos serviços privados será
DOS SERVIÇOS PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA
formalizada mediante contrato ou convênio,
À SAÙDE
observadas, a respeito, as normas de direito
CAPÍTULO I público.
Do Funcionamento Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as
entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos
Art. 20. Os serviços privados de assistência
terão preferência para participar do Sistema
à saúde caracterizam-se pela atuação, por
Único de Saúde (SUS).
iniciativa própria, de profissionais liberais,
legalmente habilitados, e de pessoas jurídicas de Art. 26. Os critérios e valores para a
direito privado na promoção, proteção e remuneração de serviços e os parâmetros de
recuperação da saúde. cobertura assistencial serão estabelecidos pela
direção nacional do Sistema Único de Saúde
Art. 21. A assistência à saúde é livre à (SUS), aprovados no Conselho Nacional de
iniciativa privada. Saúde.
Art. 22. Na prestação de serviços privados § 1° Na fixação dos critérios, valores, formas
de assistência à saúde, serão observados os de reajuste e de pagamento da remuneração
princípios éticos e as normas expedidas pelo aludida neste artigo, a direção nacional do
órgão de direção do Sistema Único de Saúde Sistema Único de Saúde (SUS) deverá
(SUS) quanto às condições para seu fundamentar seu ato em demonstrativo
funcionamento. econômico-financeiro que garanta a efetiva
Art. 23. É permitida a participação direta ou qualidade de execução dos serviços contratados.
indireta, inclusive controle, de empresas ou de
capital estrangeiro na assistência à saúde nos
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
§ 2° Os serviços contratados submeter-se- TÍTULO V
ão às normas técnicas e administrativas e aos DO FINANCIAMENTO
princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde CAPÍTULO I
(SUS), mantido o equilíbrio econômico e
Dos Recursos
financeiro do contrato.
Art. 31. O orçamento da seguridade social
§ 3° (Vetado). destinará ao Sistema Único de Saúde (SUS) de
§ 4° Aos proprietários, administradores e acordo com a receita estimada, os recursos
dirigentes de entidades ou serviços contratados é necessários à realização de suas finalidades,
vedado exercer cargo de chefia ou função de previstos em proposta elaborada pela sua direção
confiança no Sistema Único de Saúde (SUS). nacional, com a participação dos órgãos da
TÍTULO IV Previdência Social e da Assistência Social, tendo
em vista as metas e prioridades estabelecidas na
DOS RECURSOS HUMANOS Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Art. 27. A política de recursos humanos na Art. 32. São considerados de outras fontes
área da saúde será formalizada e executada, os recursos provenientes de:
articuladamente, pelas diferentes esferas de I - (Vetado)
governo, em cumprimento dos seguintes
objetivos: II - Serviços que possam ser prestados sem
prejuízo da assistência à saúde;
I - organização de um sistema de formação III - ajuda, contribuições, doações e
de recursos humanos em todos os níveis de donativos;
ensino, inclusive de pós-graduação, além da
elaboração de programas de permanente IV - alienações patrimoniais e rendimentos
aperfeiçoamento de pessoal; de capital;
V – taxas multas, emolumentos e preços
II - (Vetado) públicos arrecadados no âmbito do Sistema Único
III - (Vetado) de Saúde (SUS); e
Parágrafo único. Os serviços públicos que VI - rendas eventuais, inclusive comerciais e
integram o Sistema Único de Saúde (SUS) industriais.
constituem campo de prática para ensino e § 1° Ao Sistema Único de Saúde (SUS)
pesquisa, mediante normas específicas, caberá metade da receita de que trata o inciso I
elaboradas conjuntamente com o sistema deste artigo, apurada mensalmente, a qual será
educacional. destinada à recuperação de viciados.
Art. 28. Os cargos e funções de chefia, § 2° As receitas geradas no âmbito do
direção e assessoramento, no âmbito do Sistema Sistema Único de Saúde (SUS) serão creditadas
Único de Saúde (SUS), só poderão ser exercidas diretamente em contas especiais, movimentadas
em regime de tempo integral. pela sua direção, na esfera de poder onde forem
§ 1° Os servidores que legalmente arrecadadas.
acumulam dois cargos ou empregos poderão § 3º As ações de saneamento que venham a
exercer suas atividades em mais de um ser executadas supletivamente pelo Sistema
estabelecimento do Sistema Único de Saúde Único de Saúde (SUS), serão financiadas por
(SUS). recursos tarifários específicos e outros da União,
Estados, Distrito Federal, Municípios e, em
§ 2° O disposto no parágrafo anterior aplica-
particular, do Sistema Financeiro da Habitação
se também aos servidores em regime de tempo
(SFH).
integral, com exceção dos ocupantes de cargos
ou função de chefia, direção ou assessoramento. § 4º (Vetado).
§ 5º As atividades de pesquisa e
Art. 29. (Vetado).
desenvolvimento científico e tecnológico em
Art. 30. As especializações na forma de saúde serão co-financiadas pelo Sistema Único
treinamento em serviço sob supervisão serão de Saúde (SUS), pelas universidades e pelo
regulamentadas por Comissão Nacional, orçamento fiscal, além de recursos de instituições
instituída de acordo com o art. 12 desta Lei, de fomento e financiamento ou de origem externa
garantida a participação das entidades e receita própria das instituições executoras.
profissionais correspondentes.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
§ 6º (Vetado). IV - desempenho técnico, econômico e
CAPÍTULO II financeiro no período anterior;
Da Gestão Financeira V - níveis de participação do setor saúde nos
Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema orçamentos estaduais e municipais;
Único de Saúde (SUS) serão depositados em VI - previsão do plano quinquenal de
conta especial, em cada esfera de sua atuação, investimentos da rede;
e movimentados sob fiscalização dos respectivos
Conselhos de Saúde. VII - ressarcimento do atendimento a
serviços prestados para outras esferas de
§ 1º Na esfera federal, os recursos
governo.
financeiros, originários do Orçamento da
Seguridade Social, de outros Orçamentos da § 2º Nos casos de Estados e Municípios
União, além de outras fontes, serão sujeitos a notório processo de migração, os
administrados pelo Ministério da Saúde, através critérios demográficos mencionados nesta lei
do Fundo Nacional de Saúde. serão ponderados por outros indicadores de
§ 2º (Vetado). crescimento populacional, em especial o número
de eleitores registrados.
§ 3º (Vetado).
§ 4º O Ministério da Saúde acompanhará, § 3º (Vetado).
através de seu sistema de auditoria, a
conformidade à programação aprovada da § 4º (Vetado).
aplicação dos recursos repassados a Estados e § 5º (Vetado).
Municípios. Constatada a malversação, desvio
ou não aplicação dos recursos, caberá ao § 6º O disposto no parágrafo anterior não
Ministério da Saúde aplicar as medidas previstas prejudica a atuação dos órgãos de controle
em lei. interno e externo e nem a aplicação de
penalidades previstas em lei, em caso de
Art. 34. As autoridades responsáveis pela
irregularidades verificadas na gestão dos
distribuição da receita efetivamente arrecadada
recursos transferidos.
transferirão automaticamente ao Fundo Nacional
de Saúde (FNS), observado o critério do CAPÍTULO III
parágrafo único deste artigo, os recursos Do Planejamento e do Orçamento
financeiros correspondentes às dotações
consignadas no Orçamento da Seguridade Art. 36. O processo de planejamento e
Social, a projetos e atividades a serem orçamento do Sistema Único de Saúde (SUS)
executados no âmbito do Sistema Único de será ascendente, do nível local até o federal,
Saúde (SUS). ouvidos seus órgãos deliberativos,
compatibilizando-se as necessidades da política
Parágrafo único. Na distribuição dos de saúde com a disponibilidade de recursos em
recursos financeiros da Seguridade Social será planos de saúde dos Municípios, dos Estados, do
observada a mesma proporção da despesa Distrito Federal e da União.
prevista de cada área, no Orçamento da
Seguridade Social. § 1º Os planos de saúde serão a base das
atividades e programações de cada nível de
Art. 35. Para o estabelecimento de valores a direção do Sistema Único de Saúde (SUS), e seu
serem transferidos a Estados, Distrito Federal e financiamento será previsto na respectiva
Municípios, será utilizada a combinação dos proposta orçamentária.
seguintes critérios, segundo análise técnica de
programas e projetos: § 2º É vedada a transferência de recursos
para o financiamento de ações não previstas nos
I - perfil demográfico da região; planos de saúde, exceto em situações
II - perfil epidemiológico da população a ser emergenciais ou de calamidade pública, na área
coberta; de saúde.
III - características quantitativas e Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde
qualitativas da rede de saúde na área; estabelecerá as diretrizes a serem observadas na
elaboração dos planos de saúde, em função das
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
características epidemiológicas e da Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais
organização dos serviços em cada jurisdição universitários e de ensino integram-se ao Sistema
administrativa. Único de Saúde (SUS), mediante convênio,
Art. 38. Não será permitida a destinação de preservada a sua autonomia administrativa, em
subvenções e auxílios a instituições prestadoras relação ao patrimônio, aos recursos humanos e
de serviços de saúde com finalidade lucrativa. financeiros, ensino, pesquisa e extensão nos
limites conferidos pelas instituições a que estejam
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS vinculados.
Art. 39. (Vetado). § 1º Os serviços de saúde de sistemas
estaduais e municipais de previdência social
§ 1º (Vetado).
deverão integrar-se à direção correspondente do
§ 2º (Vetado). Sistema Único de Saúde (SUS), conforme seu
§ 3º (Vetado). âmbito de atuação, bem como quaisquer outros
órgãos e serviços de saúde.
§ 4º (Vetado). § 2º Em tempo de paz e havendo interesse
§ 5º A cessão de uso dos imóveis de recíproco, os serviços de saúde das Forças
propriedade do Inamps para órgãos integrantes Armadas poderão integrar-se ao Sistema Único
do Sistema Único de Saúde (SUS) será feita de de Saúde (SUS), conforme se dispuser em
modo a preservá-los como patrimônio da convênio que, para esse fim, for firmado.
Seguridade Social. Art. 46. o Sistema Único de Saúde (SUS),
o municipal do Sistema Único de Saúde - SUS ou, estabelecerá mecanismos de incentivos à
eventualmente, pelo estadual, em cuja participação do setor privado no investimento em
circunscrição administrativa se encontrem, ciência e tecnologia e estimulará a transferência
mediante simples termo de recebimento. de tecnologia das universidades e institutos de
pesquisa aos serviços de saúde nos Estados,
§ 7º (Vetado).
Distrito Federal e Municípios, e às empresas
§ 8º O acesso aos serviços de informática e nacionais.
bases de dados, mantidos pelo Ministério da
Saúde e pelo Ministério do Trabalho e da Art. 47. O Ministério da Saúde, em
Previdência Social, será assegurado às articulação com os níveis estaduais e municipais
Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde ou do Sistema Único de Saúde (SUS), organizará, no
órgãos congêneres, como suporte ao processo prazo de dois anos, um sistema nacional de
de gestão, de forma a permitir a gerencia informações em saúde, integrado em todo o
informatizada das contas e a disseminação de território nacional, abrangendo questões
estatísticas sanitárias e epidemiológicas médico- epidemiológicas e de prestação de serviços.
hospitalares. Art. 48. (Vetado).
Art. 40. (Vetado) Art. 49. (Vetado).
Art. 41. As ações desenvolvidas pela
Fundação das Pioneiras Sociais e pelo Instituto Art. 50. Os convênios entre a União, os
Nacional do Câncer, supervisionadas pela Estados e os Municípios, celebrados para
direção nacional do Sistema Único de Saúde implantação dos Sistemas Unificados e
(SUS), permanecerão como referencial de Descentralizados de Saúde, ficarão rescindidos à
prestação de serviços, formação de recursos proporção que seu objeto for sendo absorvido
humanos e para transferência de tecnologia. pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Art. 42. (Vetado). Art. 51. (Vetado).
Art. 43. A gratuidade das ações e serviços Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções
de saúde fica preservada nos serviços públicos cabíveis, constitui crime de emprego irregular de
contratados, ressalvando-se as cláusulas dos verbas ou rendas públicas (Código Penal, art.
contratos ou convênios estabelecidos com as 315) a utilização de recursos financeiros do
entidades privadas. Sistema Único de Saúde (SUS) em finalidades
Art. 44. (Vetado). diversas das previstas nesta lei.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Art. 53. (Vetado).
LEI Nº 8.142/1990
Art. 53-A. Na qualidade de ações e serviços de
Dispõe sobre a participação da comunidade na
saúde, as atividades de apoio à assistência à
gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre
saúde são aquelas desenvolvidas pelos
as transferências intergovernamentais de
laboratórios de genética humana, produção e
recursos financeiros na área da saúde e dá outras
fornecimento de medicamentos e produtos para
providências.
saúde, laboratórios de analises clínicas,
anatomia patológica e de diagnóstico por Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de
imagem e são livres à participação direta ou que trata a Lei n° 8.080, de 19 de setembro de
indireta de empresas ou de capitais 1990, contará, em cada esfera de governo, sem
estrangeiros. prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as
seguintes instâncias colegiadas:
Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua
publicação. I - a Conferência de Saúde; e
Brasília, 19 de setembro de 1990; 169º da II - o Conselho de Saúde.
Independência e 102º da República. § 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a
FERNANDO COLLOR cada quatro anos com a representação dos vários
Alceni Guerra segmentos sociais, para avaliar a situação de
saúde e propor as diretrizes para a formulação da
política de saúde nos níveis correspondentes,
convocada pelo Poder Executivo ou,
extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho
de Saúde.
§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter
permanente e deliberativo, órgão colegiado
composto por representantes do governo,
prestadores de serviço, profissionais de saúde e
usuários, atua na formulação de estratégias e no
controle da execução da política de saúde na
instância correspondente, inclusive nos aspectos
econômicos e financeiros, cujas decisões serão
homologadas pelo chefe do poder legalmente
constituído em cada esfera do governo.
§ 3° O Conselho Nacional de Secretários de
Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de
Secretários Municipais de Saúde (Conasems)
terão representação no Conselho Nacional de
Saúde.
§ 4° A representação dos usuários nos
Conselhos de Saúde e Conferências será
paritária em relação ao conjunto dos demais
segmentos.
§ 5° As Conferências de Saúde e os
Conselhos de Saúde terão sua organização e
normas de funcionamento definidas em
regimento próprio, aprovadas pelo respectivo
conselho.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de V - contrapartida de recursos para a saúde
Saúde (FNS) serão alocados como: no respectivo orçamento;
I - despesas de custeio e de capital do VI - Comissão de elaboração do Plano de
Ministério da Saúde, seus órgãos e entidades, da Carreira, Cargos e Salários (PCCS), previsto o
administração direta e indireta; prazo de dois anos para sua implantação.
II - investimentos previstos em lei Parágrafo único. O não atendimento pelos
orçamentária, de iniciativa do Poder Legislativo e Municípios, ou pelos Estados, ou pelo Distrito
aprovados pelo Congresso Nacional; Federal, dos requisitos estabelecidos neste
III - investimentos previstos no Plano artigo, implicará em que os recursos
Qüinqüenal do Ministério da Saúde; concernentes sejam administrados,
respectivamente, pelos Estados ou pela União.
IV - cobertura das ações e serviços de saúde
a serem implementados pelos Municípios, Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante
Estados e Distrito Federal. portaria do Ministro de Estado, autorizado a
estabelecer condições para aplicação desta lei.
Parágrafo único. Os recursos referidos no
inciso IV deste artigo destinar-se-ão a Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua
investimentos na rede de serviços, à cobertura publicação.
assistencial ambulatorial e hospitalar e às demais Art. 7° Revogam-se as disposições em
ações de saúde. contrário.
Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do Brasília, 28 de dezembro de 1990; 169° da
art. 2° desta lei serão repassados de forma Independência e 102° da República.
regular e automática para os Municípios, Estados
FERNANDO COLLOR
e Distrito Federal, de acordo com os critérios
Alceni Guerra
previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de
setembro de 1990.
§ 1° Enquanto não for regulamentada a
aplicação dos critérios previstos no art. 35 da Lei DECRETO Nº 7.508/2011
n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, será Regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro
utilizado, para o repasse de recursos, de 1990, para dispor sobre a organização do
exclusivamente o critério estabelecido no § 1° do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento
mesmo artigo. da saúde, a assistência à saúde e a articulação
§ 2° Os recursos referidos neste artigo serão interfederativa, e dá outras providências.
destinados, pelo menos setenta por cento, aos CAPÍTULO I
Municípios, afetando-se o restante aos Estados. DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
§ 3° Os Municípios poderão estabelecer Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei nº
consórcio para execução de ações e serviços de 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor
saúde, remanejando, entre si, parcelas de sobre a organização do Sistema Único de Saúde
recursos previstos no inciso IV do art. 2° desta lei. - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à
Art. 4° Para receberem os recursos, de que saúde e a articulação interfederativa.
trata o art. 3° desta lei, os Municípios, os Estados Art. 2º Para efeito deste Decreto, considera-
e o Distrito Federal deverão contar com: se:
I - Fundo de Saúde; I - Região de Saúde - espaço geográfico
II - Conselho de Saúde, com composição contínuo constituído por agrupamentos de
paritária de acordo com o Decreto n° 99.438, de Municípios limítrofes, delimitado a partir de
7 de agosto de 1990; identidades culturais, econômicas e sociais e de
redes de comunicação e infraestrutura de
III - plano de saúde;
transportes compartilhados, com a finalidade de
IV - relatórios de gestão que permitam o integrar a organização, o planejamento e a
controle de que trata o § 4° do art. 33 da Lei n° execução de ações e serviços de saúde;
8.080, de 19 de setembro de 1990;
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
execução de ações e serviços de saúde; a participação complementar da iniciativa privada,
II - Contrato Organizativo da Ação Pública da sendo organizado de forma regionalizada e
Saúde - acordo de colaboração firmado entre entes hierarquizada.
federativos com a finalidade de organizar e integrar Seção I
as ações e serviços de saúde na rede regionalizada
Das Regiões de Saúde
e hierarquizada, com definição de
responsabilidades, indicadores e metas de saúde, Art. 4º As Regiões de Saúde serão
critérios de avaliação de desempenho, recursos instituídas pelo Estado, em articulação com os
financeiros que serão disponibilizados, forma de Municípios, respeitadas as diretrizes gerais
controle e fiscalização de sua execução e demais pactuadas na Comissão Intergestores Tripartite -
elementos necessários à implementação integrada CIT a que se refere o inciso I do art. 30.
das ações e serviços de saúde; § 1º Poderão ser instituídas Regiões de
III - Portas de Entrada - serviços de Saúde interestaduais, compostas por Municípios
atendimento inicial à saúde do usuário no SUS; limítrofes, por ato conjunto dos respectivos
Estados em articulação com os Municípios.
IV - Comissões Intergestores - instâncias de
pactuação consensual entre os entes federativos § 2º A instituição de Regiões de Saúde
para definição das regras da gestão situadas em áreas de fronteira com outros países
compartilhada do SUS; deverá respeitar as normas que regem as
relações internacionais.
V - Mapa da Saúde - descrição geográfica
da distribuição de recursos humanos e de ações Art. 5º Para ser instituída, a Região de
e serviços de saúde ofertados pelo SUS e pela Saúde deve conter, no mínimo, ações e serviços
iniciativa privada, considerando-se a capacidade de:
instalada existente, os investimentos e o I - atenção primária;
desempenho aferido a partir dos indicadores de
saúde do sistema; II - urgência e emergência;
VI - Rede de Atenção à Saúde - conjunto de III - atenção psicossocial;
ações e serviços de saúde articulados em níveis IV - atenção ambulatorial especializada e
de complexidade crescente, com a finalidade de hospitalar; e
garantir a integralidade da assistência à saúde;
V - vigilância em saúde.
VII - Serviços Especiais de Acesso Aberto -
serviços de saúde específicos para o atendimento Parágrafo único. A instituição das Regiões
da pessoa que, em razão de agravo ou de situação de Saúde observará cronograma pactuado nas
laboral, necessita de atendimento especial; e Comissões Intergestores.

VIII - Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica Art. 6º As Regiões de Saúde serão


- documento que estabelece: critérios para o referência para as transferências de recursos
diagnóstico da doença ou do agravo à saúde; o entre os entes federativos.
tratamento preconizado, com os medicamentos e Art. 7º As Redes de Atenção à Saúde
demais produtos apropriados, quando couber; as estarão compreendidas no âmbito de uma Região
posologias recomendadas; os mecanismos de de Saúde, ou de várias delas, em consonância
controle clínico; e o acompanhamento e a com diretrizes pactuadas nas Comissões
verificação dos resultados terapêuticos, a serem Intergestores .
seguidos pelos gestores do SUS.
Parágrafo único. Os entes federativos
CAPÍTULO II definirão os seguintes elementos em relação às
DA ORGANIZAÇÃO DO SUS Regiões de Saúde:

Art. 3º O SUS é constituído pela conjugação I - seus limites geográficos;


das ações e serviços de promoção, proteção e II - população usuária das ações e serviços;
recuperação da saúde executados pelos entes
III - rol de ações e serviços que serão
federativos, de forma direta ou indireta, mediante
ofertados; e
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
IV - respectivas responsabilidades, critérios Parágrafo único. As Comissões
de acessibilidade e escala para conformação dos Intergestores pactuarão as regras de
serviços. continuidade do acesso às ações e aos serviços
Seção II de saúde na respectiva área de atuação.

Da Hierarquização Art. 13. Para assegurar ao usuário o acesso


universal, igualitário e ordenado às ações e
Art. 8º O acesso universal, igualitário e serviços de saúde do SUS, caberá aos entes
ordenado às ações e serviços de saúde se inicia federativos, além de outras atribuições que
pelas Portas de Entrada do SUS e se completa venham a ser pactuadas pelas Comissões
na rede regionalizada e hierarquizada, de acordo Intergestores:
com a complexidade do serviço.
I - garantir a transparência, a integralidade e a
Art. 9º São Portas de Entrada às ações e aos equidade no acesso às ações e aos serviços de
serviços de saúde nas Redes de Atenção à Saúde saúde;
os serviços:
II - orientar e ordenar os fluxos das ações e
I - de atenção primária; dos serviços de saúde;
II - de atenção de urgência e emergência; III - monitorar o acesso às ações e aos
III - de atenção psicossocial; e serviços de saúde; e
IV - especiais de acesso aberto. IV - ofertar regionalmente as ações e os
serviços de saúde.
Parágrafo único. Mediante justificativa
técnica e de acordo com o pactuado nas Art. 14. O Ministério da Saúde disporá sobre
Comissões Intergestores, os entes federativos critérios, diretrizes, procedimentos e demais
poderão criar novas Portas de Entrada às ações medidas que auxiliem os entes federativos no
e serviços de saúde, considerando as cumprimento das atribuições previstas no art. 13.
características da Região de Saúde. CAPÍTULO III
Art. 10. Os serviços de atenção hospitalar e DO PLANEJAMENTO DA SAÚDE
os ambulatoriais especializados, entre outros de
maior complexidade e densidade tecnológica, Art. 15. O processo de planejamento da
serão referenciados pelas Portas de Entrada de saúde será ascendente e integrado, do nível local
que trata o art. 9º . até o federal, ouvidos os respectivos Conselhos
de Saúde, compatibilizando-se as necessidades
Art. 11. O acesso universal e igualitário às das políticas de saúde com a disponibilidade de
ações e aos serviços de saúde será ordenado recursos financeiros.
pela atenção primária e deve ser fundado na
avaliação da gravidade do risco individual e § 1º O planejamento da saúde é obrigatório
coletivo e no critério cronológico, observadas as para os entes públicos e será indutor de políticas
especificidades previstas para pessoas com para a iniciativa privada.
proteção especial, conforme legislação vigente. § 2º A compatibilização de que trata
Parágrafo único. A população indígena o caput será efetuada no âmbito dos planos de
contará com regramentos diferenciados de saúde, os quais serão resultado do planejamento
acesso, compatíveis com suas especificidades e integrado dos entes federativos, e deverão conter
com a necessidade de assistência integral à sua metas de saúde.
saúde, de acordo com disposições do Ministério § 3º O Conselho Nacional de Saúde
da Saúde. estabelecerá as diretrizes a serem observadas na
Art. 12. Ao usuário será assegurada a elaboração dos planos de saúde, de acordo com
continuidade do cuidado em saúde, em todas as as características epidemiológicas e da
suas modalidades, nos serviços, hospitais e em organização de serviços nos entes federativos e
outras unidades integrantes da rede de atenção da nas Regiões de Saúde.
respectiva região.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Art. 16. No planejamento devem ser Art. 24. Os Estados, o Distrito Federal e os
considerados os serviços e as ações prestados Municípios poderão adotar relações específicas e
pela iniciativa privada, de forma complementar ou complementares de ações e serviços de saúde,
não ao SUS, os quais deverão compor os Mapas em consonância com a RENASES, respeitadas
da Saúde regional, estadual e nacional. as responsabilidades dos entes pelo seu
Art. 17. O Mapa da Saúde será utilizado na financiamento, de acordo com o pactuado nas
identificação das necessidades de saúde e Comissões Intergestores.
orientará o planejamento integrado dos entes Seção II
federativos, contribuindo para o estabelecimento
Da Relação Nacional de Medicamentos
de metas de saúde.
Essenciais - RENAME
Art. 18. O planejamento da saúde em âmbito
Art. 25. A Relação Nacional de
estadual deve ser realizado de maneira
Medicamentos Essenciais - RENAME
regionalizada, a partir das necessidades dos
compreende a seleção e a padronização de
Municípios, considerando o estabelecimento de
medicamentos indicados para atendimento de
metas de saúde.
doenças ou de agravos no âmbito do SUS.
Art. 19. Compete à Comissão Intergestores
Parágrafo único. A RENAME será
Bipartite - CIB de que trata o inciso II do art. 30
acompanhada do Formulário Terapêutico
pactuar as etapas do processo e os prazos do
Nacional - FTN que subsidiará a prescrição, a
planejamento municipal em consonância com os
dispensação e o uso dos seus medicamentos.
planejamentos estadual e nacional.
Art. 26. O Ministério da Saúde é o órgão
CAPÍTULO IV
competente para dispor sobre a RENAME e os
DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas em
Art. 20. A integralidade da assistência à âmbito nacional, observadas as diretrizes
saúde se inicia e se completa na Rede de pactuadas pela CIT.
Atenção à Saúde, mediante referenciamento do Parágrafo único. A cada dois anos, o
usuário na rede regional e interestadual, Ministério da Saúde consolidará e publicará as
conforme pactuado nas Comissões atualizações da RENAME, do respectivo FTN e
Intergestores. dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas.
Seção I Art. 27. O Estado, o Distrito Federal e o
Da Relação Nacional de Ações e Serviços Município poderão adotar relações específicas e
de Saúde - RENASES complementares de medicamentos, em
consonância com a RENAME, respeitadas as
Art. 21. A Relação Nacional de Ações e responsabilidades dos entes pelo financiamento
Serviços de Saúde - RENASES compreende todas de medicamentos, de acordo com o pactuado nas
as ações e serviços que o SUS oferece ao usuário Comissões Intergestores.
para atendimento da integralidade da assistência à
saúde. Art. 28. O acesso universal e igualitário à
assistência farmacêutica pressupõe,
Art. 22. O Ministério da Saúde disporá sobre cumulativamente:
a RENASES em âmbito nacional, observadas as
diretrizes pactuadas pela CIT. I - estar o usuário assistido por ações e
serviços de saúde do SUS;
Parágrafo único. A cada dois anos, o
Ministério da Saúde consolidará e publicará as II - ter o medicamento sido prescrito por
atualizações da RENASES. profissional de saúde, no exercício regular de
suas funções no SUS;
Art. 23. A União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios pactuarão nas III - estar a prescrição em conformidade com
respectivas Comissões Intergestores as suas a RENAME e os Protocolos Clínicos e Diretrizes
responsabilidades em relação ao rol de ações e Terapêuticas ou com a relação específica
serviços constantes da RENASES. complementar estadual, distrital ou municipal de
medicamentos; e
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
IV - ter a dispensação ocorrido em unidades dos entes federativos, consubstanciada nos seus
indicadas pela direção do SUS. planos de saúde, aprovados pelos respectivos
§ 1º Os entes federativos poderão ampliar o conselhos de saúde;
acesso do usuário à assistência farmacêutica, II - diretrizes gerais sobre Regiões de
desde que questões de saúde pública o Saúde, integração de limites geográficos,
justifiquem. referência e contrarreferência e demais aspectos
vinculados à integração das ações e serviços de
§ 2º O Ministério da Saúde poderá saúde entre os entes federativos;
estabelecer regras diferenciadas de acesso a
medicamentos de caráter especializado. III - diretrizes de âmbito nacional, estadual,
regional e interestadual, a respeito da
Art. 29. A RENAME e a relação específica organização das redes de atenção à saúde,
complementar estadual, distrital ou municipal de principalmente no tocante à gestão institucional e
medicamentos somente poderão conter produtos à integração das ações e serviços dos entes
com registro na Agência Nacional de Vigilância federativos;
Sanitária - ANVISA.
IV - responsabilidades dos entes federativos
CAPÍTULO V na Rede de Atenção à Saúde, de acordo com o seu
DA ARTICULAÇÃO INTERFEDERATIVA porte demográfico e seu desenvolvimento
econômico-financeiro, estabelecendo as
Seção I responsabilidades individuais e as solidárias; e
Das Comissões Intergestores V - referências das regiões intraestaduais e
Art. 30. As Comissões Intergestores interestaduais de atenção à saúde para o
pactuarão a organização e o funcionamento das atendimento da integralidade da assistência.
ações e serviços de saúde integrados em redes Parágrafo único. Serão de competência
de atenção à saúde, sendo: exclusiva da CIT a pactuação:
I - a CIT, no âmbito da União, vinculada ao I - das diretrizes gerais para a composição
Ministério da Saúde para efeitos administrativos da RENASES;
e operacionais; II - dos critérios para o planejamento
II - a CIB, no âmbito do Estado, vinculada à integrado das ações e serviços de saúde da
Secretaria Estadual de Saúde para efeitos Região de Saúde, em razão do compartilhamento
administrativos e operacionais; e da gestão; e
III - das diretrizes nacionais, do
III - a Comissão Intergestores Regional -
financiamento e das questões operacionais das
CIR, no âmbito regional, vinculada à Secretaria
Regiões de Saúde situadas em fronteiras com
Estadual de Saúde para efeitos administrativos e
outros países, respeitadas, em todos os casos, as
operacionais, devendo observar as diretrizes da
normas que regem as relações internacionais.
CIB.
Seção II
Art. 31. Nas Comissões Intergestores, os
gestores públicos de saúde poderão ser Do Contrato Organizativo da Ação Pública da
representados pelo Conselho Nacional de Saúde
Secretários de Saúde - CONASS, pelo Conselho Art. 33. O acordo de colaboração entre os
Nacional de Secretarias Municipais de Saúde - entes federativos para a organização da rede
CONASEMS e pelo Conselho Estadual de interfederativa de atenção à saúde será firmado por
Secretarias Municipais de Saúde - COSEMS. meio de Contrato Organizativo da Ação Pública da
Saúde.
Art. 32. As Comissões Intergestores
pactuarão: Art. 34. O objeto do Contrato Organizativo
de Ação Pública da Saúde é a organização e a
I - aspectos operacionais, financeiros e integração das ações e dos serviços de saúde,
administrativos da gestão compartilhada do SUS, sob a responsabilidade dos entes federativos em
de acordo com a definição da política de saúde uma Região de Saúde, com a finalidade de
garantir a integralidade da assistência aos
usuários.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Parágrafo único. O Contrato Organizativo VIII - investimentos na rede de serviços e as
de Ação Pública da Saúde resultará da respectivas responsabilidades; e
integração dos planos de saúde dos entes IX - recursos financeiros que serão
federativos na Rede de Atenção à Saúde, tendo disponibilizados por cada um dos partícipes para
como fundamento as pactuações estabelecidas sua execução.
pela CIT.
Parágrafo único. O Ministério da Saúde
Art. 35. O Contrato Organizativo de Ação
poderá instituir formas de incentivo ao
Pública da Saúde definirá as responsabilidades
cumprimento das metas de saúde e à melhoria
individuais e solidárias dos entes federativos com
das ações e serviços de saúde.
relação às ações e serviços de saúde, os
indicadores e as metas de saúde, os critérios de Art. 37. O Contrato Organizativo de Ação
avaliação de desempenho, os recursos Pública de Saúde observará as seguintes
financeiros que serão disponibilizados, a forma diretrizes básicas para fins de garantia da gestão
de controle e fiscalização da sua execução e participativa:
demais elementos necessários à implementação I - estabelecimento de estratégias que
integrada das ações e serviços de saúde. incorporem a avaliação do usuário das ações e dos
§ 1º O Ministério da Saúde definirá serviços, como ferramenta de sua melhoria;
indicadores nacionais de garantia de acesso às II - apuração permanente das necessidades
ações e aos serviços de saúde no âmbito do SUS, e interesses do usuário; e
a partir de diretrizes estabelecidas pelo Plano III - publicidade dos direitos e deveres do
Nacional de Saúde. usuário na saúde em todas as unidades de saúde
§ 2º O desempenho aferido a partir dos do SUS, inclusive nas unidades privadas que dele
indicadores nacionais de garantia de acesso participem de forma complementar.
servirá como parâmetro para avaliação do
Art. 38. A humanização do atendimento do
desempenho da prestação das ações e dos
usuário será fator determinante para o
serviços definidos no Contrato Organizativo de
estabelecimento das metas de saúde previstas no
Ação Pública de Saúde em todas as Regiões de
Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde.
Saúde, considerando-se as especificidades
municipais, regionais e estaduais. Art. 39. As normas de elaboração e fluxos do
Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde
Art. 36. O Contrato Organizativo da Ação
serão pactuados pelo CIT, cabendo à Secretaria de
Pública de Saúde conterá as seguintes
Saúde Estadual coordenar a sua implementação.
disposições essenciais:
I - identificação das necessidades de saúde Art. 40. O Sistema Nacional de Auditoria e
locais e regionais; Avaliação do SUS, por meio de serviço
II - oferta de ações e serviços de vigilância especializado, fará o controle e a fiscalização do
em saúde, promoção, proteção e recuperação da Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde.
saúde em âmbito regional e inter-regional; § 1º O Relatório de Gestão a que se refere
III - responsabilidades assumidas pelos entes o inciso IV do art. 4º da Lei nº 8.142, de 28 de
federativos perante a população no processo de dezembro de 1990, conterá seção específica
regionalização, as quais serão estabelecidas de relativa aos compromissos assumidos no âmbito
forma individualizada, de acordo com o perfil, a do Contrato Organizativo de Ação Pública de
organização e a capacidade de prestação das Saúde.
ações e dos serviços de cada ente federativo da § 2º O disposto neste artigo será
Região de Saúde; implementado em conformidade com as demais
IV - indicadores e metas de saúde; formas de controle e fiscalização previstas em
V - estratégias para a melhoria das ações e Lei.
serviços de saúde;
VI - critérios de avaliação dos resultados e Art. 41. Aos partícipes caberá monitorar e
forma de monitoramento permanente; avaliar a execução do Contrato Organizativo de
VII - adequação das ações e dos serviços Ação Pública de Saúde, em relação ao
dos entes federativos em relação às atualizações cumprimento das metas estabelecidas, ao seu
realizadas na RENASES; desempenho e à aplicação dos recursos
disponibilizados.
Parágrafo único. Os partícipes incluirão
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Parágrafo único. Os partícipes incluirão PACTO DO SUS
dados sobre o Contrato Organizativo de Ação O Pacto pela Saúde, seus eixos temáticos,
Pública de Saúde no sistema de informações em prioridades, objetivos e metas, divulgado por meio
saúde organizado pelo Ministério da Saúde e os da Portaria GM/MS nº 399, de 22 de Fevereiro de
encaminhará ao respectivo Conselho de Saúde 2006foi contemplado de forma permanente na
para monitoramento. pauta de reflexões, debates e decisões no âmbito
CAPÍTULO VI das Comissões Intergestores do Sistema Único
de Saúde (SUS).
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Considerado como ordenador do processo de
Art. 42. Sem prejuízo das outras gestão do SUS, o Pacto pela Saúde fez parte da
providências legais, o Ministério da Saúde agenda prioritária da Comissão Intergestores
informará aos órgãos de controle interno e Tripartite (CIT), no período de 2006 a 2011. A
externo: agenda de trabalho teve como objetivo:
I - o descumprimento injustificado de
Orientar as pactuações de políticas, evitando
responsabilidades na prestação de ações e
ações fragmentadas e desconectadas às suas
serviços de saúde e de outras obrigações previstas
prioridades;
neste Decreto;
Garantir que no processo de pactuação de
II - a não apresentação do Relatório de
estratégias para implementação das políticas
Gestão a que se refere o inciso IV do art. 4º da
fossem definidas diretrizes nacionais que
Lei no 8.142, de 1990 ;
refletissem a unidade de princípios, assegurando,
III - a não aplicação, malversação ou desvio no processo de descentralização, a diversidade
de recursos financeiros; e operativa em cada Estado;
IV - outros atos de natureza ilícita de que Retomar o processo de redução das
tiver conhecimento. desigualdades regionais e monitorar de forma
Art. 43. A primeira RENASES é a somatória permanente o Pacto pela Saúde e as ações
de todas as ações e serviços de saúde que na definidas para sua implementação.
data da publicação deste Decreto são ofertados O consolidado com as Portarias referentes às
pelo SUS à população, por meio dos entes adesões ao Pacto pela Saúde por Estado;
federados, de forma direta ou indireta.
Quadros de Homologações dos Termos de
Art. 44. O Conselho Nacional de Saúde Compromisso de Gestão Estadual e dos Termos
estabelecerá as diretrizes de que trata o § 3º do de Compromisso de Gestão Municipal na
art. 15 no prazo de cento e oitenta dias a partir da Comissão Intergestores Tripartite.
publicação deste Decreto.
Todavia, nesse mesmo ano, foi sancionado
Art. 45. Este Decreto entra em vigor na data o Decreto 7.508, de 28 de junho de 2011, que
de sua publicação. dispõe sobre a organização do SUS, o
Brasília, 28 de junho de 2011; 190º da planejamento da saúde, a assistência à saúde e
Independência e 123º da República. a articulação interfederativa, possibilitando o
aprimoramento do Pacto Federativo.
DILMA ROUSSEFF
Alexandre Rocha Santos Padilha O Decreto preencheu a lacuna que existia no
arcabouço jurídico do SUS e regulamentou, após
20 anos, a Lei 8.080/90, contribuindo
efetivamente na garantia do direito à saúde a
todos os cidadãos brasileiros. Nesse sentido,
considerando a necessidade de aprimoramento
do Pacto pela Saúde e de implantação do Decreto
nº 7.508, a CIT em Reunião Ordinária, ocorrida
em 12 de Junho de 2012, pactuou as seguintes
normativas vigentes:
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
• Resolução nº 4, de 19 de julho de 2012, que de saúde que presta bons serviços à população
dispõe sobre a pactuação tripartite acerca das brasileira.
regras relativas às responsabilidades
O SUS tem uma rede de mais de 63 mil
sanitárias no âmbito do SUS, para fins de
unidades ambulatoriais e de cerca de 6 mil
transição entre os processos operacionais do
unidades hospitalares, com mais de 440 mil leitos.
Pacto pela Saúde e a sistemática do Contrato
Sua produção anual é aproximadamente de 12
Organizativo da Ação Pública da Saúde
milhões de internações hospitalares; 1 bilhão de
(COAP);
procedimentos de atenção primária à saúde; 150
• Portaria nº 1.580, de 19 de julho de 2012, que milhões de consultas médicas; 2 milhões de
afasta a exigência de adesão ao Pacto pela partos; 300 milhões de exames laboratoriais; 132
Saúde ou assinatura do Termo de milhões de atendimentos de alta complexidade e
Compromisso de Gestão, de que trata 14 mil transplantes de órgãos. Além de ser o
a Portaria nº 399/GM/MS, de 22 de fevereiro segundo país do mundo em número de
de 2006, para fins de repasse de recursos transplantes, o Brasil é reconhecido
financeiros pelo Ministério da Saúde a internacionalmente pelo seu progresso no
Estados, Distrito Federal e Municípios e atendimento universal às Doenças Sexualmente
revoga Portarias. Transmissíveis/AIDS, na implementação do
PORTARIA Nº 399, DE 22 DE FEVEREIRO Programa Nacional de Imunização e no
DE 2006 atendimento relativo à Atenção Básica. O SUS é
avaliado positivamente pelos que o utilizam
Divulga o Pacto pela Saúde 2006 – rotineiramente e está presente em todo território
Consolidação do SUS e aprova as Diretrizes nacional.
Operacionais do Referido Pacto.
Ao longo de sua história houve muitos
Art. 1º - Dar divulgação ao Pacto pela Saúde 2006 avanços e também desafios permanentes a
– Consolidação do SUS, na forma do Anexo I a superar. Isso tem exigido, dos gestores do SUS,
esta portaria. um movimento constante de mudanças, pela via
Art 2º - Aprovar as Diretrizes Operacionais do das reformas incrementais. Contudo, esse
Pacto pela Saúde em 2006 – Consolidação do modelo parece ter se esgotado, de um lado, pela
SUS com seus três componentes: Pactos Pela dificuldade de imporem-se normas gerais a um
Vida, em Defesa do SUS e de Gestão, na forma país tão grande e desigual; de outro, pela sua
do Anexo II a esta Portaria. fixação em conteúdos normativos de caráter
técnico-processual, tratados, em geral, com
Art. 3º - Ficam mantidas, até a assinatura do detalhamento excessivo e enorme complexidade.
Termo de Compromisso de Gestão constante nas
Diretrizes Operacionais do Pacto pela Saúde Na perspectiva de superar as dificuldades
2006, as mesmas prerrogativas e apontadas, os gestores do SUS assumem o
responsabilidades dos municípios e estados que compromisso público da construção do PACTO
estão habilitados em Gestão Plena do Sistema, PELA SAÚDE 2006, que será anualmente
conforme estabelecido na Norma Operacional revisado, com base nos princípios constitucionais
Básica - NOB SUS 01/96 e na Norma do SUS, ênfase nas necessidades de saúde da
Operacional da Assistência à Saúde - NOAS SUS população e que implicará o exercício simultâneo
2002. de definição de prioridades articuladas e
integradas nos três componentes: Pacto pela
Art. 4º - Esta Portaria entra em vigor na data Vida, Pacto em Defesa do SUS e Pacto de
de sua publicação. Gestão do SUS.
ANEXO I Estas prioridades são expressas em
PACTO PELA SAÚDE 2006 objetivos e metas no Termo de Compromisso de
Gestão e estão detalhadas no documento
Consolidação do SUS Diretrizes Operacionais do Pacto pela Saúde
O Sistema Único de Saúde - SUS é uma 2006.
política pública que acaba de completar uma
década e meia de existência. Nesses poucos
anos, foi construído no Brasil, um sólido sistema
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
I – O PACTO PELA VIDA: II – O PACTO EM DEFESA DO SUS:
O Pacto pela Vida está constituído por um O Pacto em Defesa do SUS envolve ações
conjunto de compromissos sanitários, expressos concretas e articuladas pelas três instâncias
em objetivos de processos e resultados e federativas no sentido de reforçar o SUS como
derivados da análise da situação de saúde do política de Estado mais do que política de
País e das prioridades definidas pelos governos governos; e de defender, vigorosamente, os
federal, estaduais e municipais. princípios basilares dessa política pública,
Significa uma ação prioritária no campo da inscritos na Constituição Federal.
saúde que deverá ser executada com foco em A concretização desse Pacto passa por um
resultados e com a explicitação inequívoca dos movimento de repolitização da saúde, com uma
compromissos orçamentários e financeiros para clara estratégia de mobilização social envolvendo
o alcance desses resultados. o conjunto da sociedade brasileira, extrapolando
As prioridades do PACTO PELA VIDA e os limites do setor e vinculada ao processo de
seus objetivos para 2006 são: instituição da saúde como direito de cidadania,
tendo o financiamento público da saúde como um
SAÚDE DO IDOSO: dos pontos centrais.
Implantar a Política Nacional de Saúde da As prioridades do Pacto em Defesa do SUS
Pessoa Idosa, buscando a atenção integral. são:
CÂNCER DE COLO DE ÚTERO E DE IMPLEMENTAR UM PROJETO PERMANENTE
MAMA: DE MOBILIZAÇÃO SOCIAL COM A FINALIDADE
Contribuir para a redução da mortalidade DE:
por câncer de colo do útero e de mama. Mostrar a saúde como direito de cidadania e o
MORTALIDADE INFANTIL E MATERNA: SUS como sistema público universal garantidor
desses direitos;
Reduzir a mortalidade materna, infantil
neonatal, infantil por doença diarréica e por Alcançar, no curto prazo, a regulamentação da
pneumonias. Emenda Constitucional nº 29, pelo Congresso
Nacional;
DOENÇAS EMERGENTES E ENDEMIAS,
COM ÊNFASE NA DENGUE, HANSENÍASE, Garantir, no longo prazo, o incremento dos
TUBERCULOSE, MALÁRIA E INFLUENZA recursos orçamentários e financeiros para a
saúde.
Fortalecer a capacidade de resposta do
sistema de saúde às doenças emergentes e Aprovar o orçamento do SUS, composto pelos
endemias. orçamentos das três esferas de gestão,
explicitando o compromisso de cada uma delas.
PROMOÇÃO DA SAÚDE:
ELABORAR E DIVULGAR A CARTA DOS
Elaborar e implantar a Política Nacional de DIREITOS DOS USUÁRIOS DO SUS
Promoção da Saúde, com ênfase na adoção de
hábitos saudáveis por parte da população III – O PACTO DE GESTÃO DO SUS
brasileira, de forma a internalizar a O Pacto de Gestão estabelece as
responsabilidade individual da prática de responsabilidades claras de cada ente federado
atividade física regular alimentação saudável e de forma a diminuir as competências
combate ao tabagismo. concorrentes e a tornar mais claro quem deve
ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE fazer o quê, contribuindo, assim, para o
fortalecimento da gestão compartilhada e
Consolidar e qualificar a estratégia da solidária do SUS.
Saúde da Família como modelo de atenção
básica à saúde e como centro ordenador das Esse Pacto parte de uma constatação
redes de atenção à saúde do SUS. indiscutível: o Brasil é um país continental e com
muitas diferenças e iniquidades regionais. Mais
do que definir diretrizes nacionais é necessário
avançar na regionalização e descentralização do
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
SUS, a partir de uma unidade de princípios e uma DIRETRIZES OPERACIONAIS DO PACTO
diversidade operativa que respeite as PELA SAÚDE EM 2006 – CONSOLIDAÇÃO DO
singularidades regionais. SUS
Esse Pacto radicaliza a descentralização de Transcorridas quase duas décadas do
atribuições do Ministério da Saúde para os processo de institucionalização do Sistema Único
estados, e para os municípios, promovendo um de Saúde, a sua implantação e implementação
choque de descentralização, acompanhado da evoluíram muito, especialmente em relação aos
desburocratização dos processos normativos. processos de descentralização e municipalização
Reforça a territorialização da saúde como base das ações e serviços de saúde. O processo de
para organização dos sistemas, estruturando as descentralização ampliou o contato do Sistema
regiões sanitárias e instituindo colegiados de com a realidade social, política e administrativa do
gestão regional. país e com suas especificidades regionais,
Reitera a importância da participação e do tornando-se mais complexo e colocando os
controle social com o compromisso de apoio à gestores a frente de desafios que busquem
sua qualificação. superar a fragmentação das políticas e
Explicita as diretrizes para o sistema de programas de saúde através da organização de
financiamento público tripartite: busca critérios de uma rede regionalizada e hierarquizada de ações
alocação equitativa dos recursos; reforça os e serviços e da qualificação da gestão.
mecanismos de transferência fundo a fundo entre Frente a esta necessidade, o Ministério da
gestores; integra em grandes blocos o Saúde, o Conselho Nacional de Secretários de
financiamento federal e estabelece relações Saúde - CONASS e o Conselho Nacional de
contratuais entre os entes federativos. Secretários Municipais de Saúde - CONASEMS,
As prioridades do Pacto de Gestão são: pactuaram responsabilidades entre os três
gestores do SUS, no campo da gestão do
DEFINIR DE FORMA INEQUÍVOCA A Sistema e da atenção à saúde. O documento a
RESPONSABILIDADE SANITÁRIA DE CADA seguir contempla o pacto firmado entre os três
INSTÂNCIA GESTORA DO SUS: federal, gestores do SUS a partir de uma unidade de
estadual e municipal, superando o atual processo princípios que, guardando coerência com a
de habilitação. diversidade operativa, respeita as diferenças
ESTABELECER AS DIRETRIZES PARA A loco-regionais, agrega os pactos anteriormente
GESTÃO DO SUS, com ênfase na existentes, reforça a organização das regiões
Descentralização; Regionalização; sanitárias instituindo mecanismos de co-gestão e
Financiamento; Programação Pactuada e planejamento regional, fortalece os espaços e
Integrada; Regulação; Participação e Controle mecanismos de controle social, qualifica o acesso
Social; Planejamento; Gestão do Trabalho e da população a atenção integral à saúde, redefine
Educação na Saúde. os instrumentos de regulação, programação e
avaliação, valoriza a macro função de cooperação
Este PACTO PELA SAÚDE 2006 aprovado técnica entre os gestores e propõe um
pelos gestores do SUS na reunião da Comissão financiamento tripartite que estimula critérios de
Intergestores Tripartite do dia 26 de janeiro de equidade nas transferências fundo a fundo.
2006, é abaixo assinado pelo Ministro da Saúde,
o Presidente do Conselho Nacional de A implantação desse Pacto, nas suas três
Secretários de Saúde - CONASS e o Presidente dimensões - Pacto pela Vida, Pacto de Gestão e
do Conselho Nacional de Secretários Municipais Pacto em Defesa do SUS - possibilita a efetivação
de Saúde - CONASEMS e será operacionalizado de acordos entre as três esferas de gestão do
por meio do documento de Diretrizes SUS para a reforma de aspectos institucionais
Operacionais do Pacto pela Saúde 2006. vigentes, promovendo inovações nos processos e
instrumentos de gestão que visam alcançar maior
Ministério da Saúde efetividade, eficiência e qualidade de suas
Conselho Nacional de Secretários de respostas e ao mesmo tempo, redefine
Saúde-CONASS responsabilidades coletivas por resultados
sanitários em função das necessidades de saúde
Conselho Nacional de Secretários
da população e na busca da equidade social.
Municipais de Saúde-CONASEMS
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
I – PACTO PELA VIDA Divulgação e informação sobre a Política
O Pacto pela Vida é o compromisso entre os Nacional de Saúde da Pessoa Idosa para
gestores do SUS em torno de prioridades que profissionais de saúde, gestores e usuários do
apresentam impacto sobre a situação de saúde SUS;
da população brasileira. Promoção de cooperação nacional e
A definição de prioridades deve ser internacional das experiências na atenção à
estabelecida através de metas nacionais, saúde da pessoa idosa;
estaduais, regionais ou municipais. Prioridades Apoio ao desenvolvimento de estudos e
estaduais ou regionais podem ser agregadas às pesquisas.
prioridades nacionais, conforme pactuação local.
2 - Ações estratégicas:
Os estados/região/município devem pactuar
as ações necessárias para o alcance das metas Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa -
e dos objetivos propostos. Instrumento de cidadania com informações
São seis as prioridades pactuadas: relevantes sobre a saúde da pessoa idosa,
possibilitando um melhor acompanhamento por
Saúde do idoso; parte dos profissionais de saúde.
Controle do câncer de colo de útero e de
Manual de Atenção Básica e Saúde para a
mama;
Pessoa Idosa - Para indução de ações de saúde,
Redução da mortalidade infantil e materna; tendo por referência as diretrizes contidas na
Fortalecimento da capacidade de respostas Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa.
às doenças emergentes e endemias, com ênfase Programa de Educação Permanente à
na dengue, hanseníase, tuberculose, malária e Distância - Implementar programa de educação
influenza; permanente na área do envelhecimento e saúde
Promoção da Saúde; do idoso, voltado para profissionais que
Fortalecimento da Atenção Básica. trabalham na rede de atenção básica em saúde,
contemplando os conteúdos específicos das
A – SAÚDE DO IDOSO repercussões do processo de envelhecimento
Para efeitos desse Pacto será considerada populacional para a saúde individual e para a
idosa a pessoa com 60 anos ou mais. gestão dos serviços de saúde.
1 - O trabalho nesta área deve seguir as Acolhimento - Reorganizar o processo de
seguintes diretrizes: acolhimento à pessoa idosa nas unidades de
Promoção do envelhecimento ativo e saúde, como uma das estratégias de
saudável; enfrentamento das dificuldades atuais de acesso.
Atenção integral e integrada à saúde da Assistência Farmacêutica - Desenvolver
pessoa idosa; ações que visem qualificar a dispensação e o
Estímulo às ações intersetoriais, visando à acesso da população idosa.
integralidade da atenção; Atenção Diferenciada na Internação -
A implantação de serviços de atenção Instituir avaliação geriátrica global realizada por
domiciliar; equipe multidisciplinar, a toda pessoa idosa
O acolhimento preferencial em unidades de internada em hospital que tenha aderido ao
saúde, respeitado o critério de risco; Programa de Atenção Domiciliar.
Provimento de recursos capazes de Atenção domiciliar – Instituir esta
assegurar qualidade da atenção à saúde da modalidade de prestação de serviços ao idoso,
pessoa idosa; valorizando o efeito favorável do ambiente familiar
no processo de recuperação de pacientes e os
Fortalecimento da participação social;
benefícios adicionais para o cidadão e o sistema
Formação e educação permanente dos de saúde.
profissionais de saúde do SUS na área de saúde
da pessoa idosa;
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
B– CONTROLE DO CÂNCER DE COLO DE D – FORTALECIMENTO DA CAPACIDADE
ÚTERO E DE MAMA: DE RESPOSTAS ÀS DOENÇAS EMERGENTES
1 - Objetivos e metas para o Controle do E ENDEMIAS, COM ÊNFASE NA DENGUE,
Câncer de Colo de Útero: HANSENIASE, TUBERCULOSE, MALARIA E
INFLUENZA.
Cobertura de 80% para o exame preventivo
do câncer do colo de útero, conforme protocolo, Objetivos e metas para o Controle da
em 2006. Dengue

Incentivo da realização da cirurgia de alta Plano de Contingência para atenção aos


frequência técnica que utiliza um instrumental pacientes, elaborado e implantado nos
especial para a retirada de lesões ou parte do municípios prioritários, em 2006;
colo uterino comprometidas (com lesões intra- Reduzir a menos de 1% a infestação predial
epiteliais de alto grau) com menor dano possível, por Aedes aegypti em 30% dos municípios
que pode ser realizada em ambulatório, com prioritários ate 2006;
pagamento diferenciado, em 2006.
2 - Meta para a Eliminação da Hanseníase:
2 – Metas para o Controle do Câncer de
Atingir o patamar de eliminação enquanto
mama:
problema de saúde pública, ou seja, menos de 1
Ampliar para 60% a cobertura de caso por 10.000 habitantes em todos os
mamografia, conforme protocolo. municípios prioritários, em 2006.
Realizar a punção em 100% dos casos 3 - Metas para o Controle da Tuberculose:
necessários, conforme protocolo.
Atingir pelo menos 85% de cura de casos
C – REDUÇÃO DA MORTALIDADE novos de tuberculose bacilífera diagnosticados a
MATERNA E INFANTIL: cada ano;
1 - Objetivos e metas para a redução da 4- Meta para o Controle da Malária
mortalidade infantil
Reduzir em 15% a Incidência Parasitária
Reduzir a mortalidade neonatal em 5%, em Anual, na região da Amazônia Legal, em 2006;
2006.
5 – Objetivo para o controle da Influenza
Reduzir em 50% os óbitos por doença
Implantar plano de contingência, unidades
diarréica e 20% por pneumonia, em 2006.
sentinelas e o sistema de informação - SIVEP-
Apoiar a elaboração de propostas de GRIPE, em 2006.
intervenção para a qualificação da atenção as
E – PROMOÇÃO DA SAÚDE
doenças prevalentes.
1 - Objetivos:
Criação de comitês de vigilância do óbito em
80% dos municípios com população acima de Elaborar e implementar uma Política de
80.000 habitantes, em 2006. Promoção da Saúde, de responsabilidade dos
três gestores;
2 - Objetivos e metas para a redução da
mortalidade materna Enfatizar a mudança de comportamento da
população brasileira de forma a internalizar a
Reduzir em 5% a razão de mortalidade
responsabilidade individual da prática de
materna, em 2006.
atividade física regular, alimentação adequada e
Garantir insumos e medicamentos para saudável e combate ao tabagismo;
tratamento das síndromes hipertensivas no parto.
Articular e promover os diversos programas
Qualificar os pontos de distribuição de de promoção de atividade física já existentes e
sangue para que atendam as necessidades das apoiar a criação de outros;
maternidades e outros locais de parto.
Promover medidas concretas pelo hábito da
alimentação saudável;
Elaborar e pactuar a Política Nacional de
Promoção da Saúde que contemple as
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
especificidades próprias dos estados e II - PACTO EM DEFESA DO SUS
municípios devendo iniciar sua implementação A – DIRETRIZES
em 2006;
O trabalho dos gestores das três esferas de
F – FORTALECIMENTO DA ATENÇÃO governo e dos outros atores envolvidos dentro
BÁSICA deste Pacto deve considerar as seguintes
1 - Objetivos diretrizes:
Expressar os compromissos entre os
Assumir a estratégia de saúde da família gestores do SUS com a consolidação da Reforma
como estratégia prioritária para o fortalecimento Sanitária Brasileira, explicitada na defesa dos
da atenção básica, devendo seu princípios do Sistema Único de Saúde
desenvolvimento considerar as diferenças loco- estabelecidos na Constituição Federal.
regionais.
Desenvolver e articular ações, no seu
Desenvolver ações de qualificação dos âmbito de competência e em conjunto com os
profissionais da atenção básica por meio de demais gestores, que visem qualificar e assegurar
estratégias de educação permanente e de oferta o Sistema Único de Saúde como política pública.
de cursos de especialização e residência 2 - O Pacto em Defesa do SUS deve se
multiprofissional e em medicina da família. firmar através de iniciativas que busquem:
Consolidar e qualificar a estratégia de saúde A repolitização da saúde, como um
da família nos pequenos e médios municípios. movimento que retoma a Reforma Sanitária
Ampliar e qualificar a estratégia de saúde da Brasileira aproximando-a dos desafios atuais do
família nos grandes centros urbanos. SUS;
A Promoção da Cidadania como estratégia
Garantir a infraestrutura necessária ao
de mobilização social tendo a questão da saúde
funcionamento das Unidades Básicas de Saúde,
como um direito;
dotando-as de recursos materiais, equipamentos
e insumos suficientes para o conjunto de ações A garantia de financiamento de acordo com
propostas para esses serviços. as necessidades do Sistema;
3 – Ações do Pacto em Defesa do SUS:
Garantir o financiamento da Atenção Básica
como responsabilidade das três esferas de As ações do Pacto em Defesa do SUS
gestão do SUS. devem contemplar:
Articulação e apoio à mobilização social pela
Aprimorar a inserção dos profissionais da
promoção e desenvolvimento da cidadania, tendo
Atenção Básica nas redes locais de saúde, por
a questão da saúde como um direito;
meio de vínculos de trabalho que favoreçam o
provimento e fixação dos profissionais. Estabelecimento de diálogo com a
sociedade, além dos limites institucionais do SUS;
Implantar o processo de monitoramento e
Ampliação e fortalecimento das relações
avaliação da Atenção Básica nas três esferas de
com os movimentos sociais, em especial os que
governo, com vistas à qualificação da gestão
lutam pelos direitos da saúde e cidadania;
descentralizada.
Elaboração e publicação da Carta dos
Apoiar diferentes modos de organização e Direitos dos Usuários do SUS;
fortalecimento da Atenção Básica que considere
Regulamentação da EC nº 29 pelo
os princípios da estratégia de Saúde da Família,
Congresso Nacional, com aprovação do PL nº
respeitando as especificidades loco-regionais.
01/03, já aprovado e aprimorado em três
comissões da Câmara dos Deputados;
Aprovação do orçamento do SUS, composto
pelos orçamentos das três esferas de gestão,
explicitando o compromisso de cada uma delas
em ações e serviços de saúde de acordo com a
Constituição Federal.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
especificidades próprias dos estados e II - PACTO EM DEFESA DO SUS
municípios devendo iniciar sua implementação A – DIRETRIZES
em 2006;
O trabalho dos gestores das três esferas de
F – FORTALECIMENTO DA ATENÇÃO governo e dos outros atores envolvidos dentro
BÁSICA deste Pacto deve considerar as seguintes
1 - Objetivos diretrizes:
Expressar os compromissos entre os
Assumir a estratégia de saúde da família gestores do SUS com a consolidação da Reforma
como estratégia prioritária para o fortalecimento Sanitária Brasileira, explicitada na defesa dos
da atenção básica, devendo seu princípios do Sistema Único de Saúde
desenvolvimento considerar as diferenças loco- estabelecidos na Constituição Federal.
regionais.
Desenvolver e articular ações, no seu
Desenvolver ações de qualificação dos âmbito de competência e em conjunto com os
profissionais da atenção básica por meio de demais gestores, que visem qualificar e assegurar
estratégias de educação permanente e de oferta o Sistema Único de Saúde como política pública.
de cursos de especialização e residência 2 - O Pacto em Defesa do SUS deve se
multiprofissional e em medicina da família. firmar através de iniciativas que busquem:
Consolidar e qualificar a estratégia de saúde A repolitização da saúde, como um
da família nos pequenos e médios municípios. movimento que retoma a Reforma Sanitária
Ampliar e qualificar a estratégia de saúde da Brasileira aproximando-a dos desafios atuais do
família nos grandes centros urbanos. SUS;
A Promoção da Cidadania como estratégia
Garantir a infraestrutura necessária ao
de mobilização social tendo a questão da saúde
funcionamento das Unidades Básicas de Saúde,
como um direito;
dotando-as de recursos materiais, equipamentos
e insumos suficientes para o conjunto de ações A garantia de financiamento de acordo com
propostas para esses serviços. as necessidades do Sistema;
3 – Ações do Pacto em Defesa do SUS:
Garantir o financiamento da Atenção Básica
como responsabilidade das três esferas de As ações do Pacto em Defesa do SUS
gestão do SUS. devem contemplar:
Articulação e apoio à mobilização social pela
Aprimorar a inserção dos profissionais da
promoção e desenvolvimento da cidadania, tendo
Atenção Básica nas redes locais de saúde, por
a questão da saúde como um direito;
meio de vínculos de trabalho que favoreçam o
provimento e fixação dos profissionais. Estabelecimento de diálogo com a
sociedade, além dos limites institucionais do SUS;
Implantar o processo de monitoramento e
Ampliação e fortalecimento das relações
avaliação da Atenção Básica nas três esferas de
com os movimentos sociais, em especial os que
governo, com vistas à qualificação da gestão
lutam pelos direitos da saúde e cidadania;
descentralizada.
Elaboração e publicação da Carta dos
Apoiar diferentes modos de organização e Direitos dos Usuários do SUS;
fortalecimento da Atenção Básica que considere
Regulamentação da EC nº 29 pelo
os princípios da estratégia de Saúde da Família,
Congresso Nacional, com aprovação do PL nº
respeitando as especificidades loco-regionais.
01/03, já aprovado e aprimorado em três
comissões da Câmara dos Deputados;
Aprovação do orçamento do SUS, composto
pelos orçamentos das três esferas de gestão,
explicitando o compromisso de cada uma delas
em ações e serviços de saúde de acordo com a
Constituição Federal.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE O conceito de atenção primária à saúde tem sido
repetidamente reinterpretado e redefinido. A
A Atenção Primária à Saúde (APS) é o primeiro Organização Mundial da Saúde (OMS)
nível de atenção em saúde e se caracteriza por desenvolveu uma definição coesa baseada em
um conjunto de ações de saúde, no âmbito três componentes:
individual e coletivo, que abrange a promoção e
• Garantir que as pessoas tenham acesso a
a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o
diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a serviços abrangentes de promoção, proteção,
redução de danos e a manutenção da saúde com prevenção, cura, reabilitação e cuidados
o objetivo de desenvolver uma atenção integral paliativos ao longo da vida, priorizando
que impacte positivamente na situação de saúde estrategicamente as principais funções do
das coletividades. Trata-se da principal porta de sistema voltadas para indivíduos, famílias e
entrada do SUS e do centro de comunicação com para a população em geral como elementos
toda a Rede de Atenção dos SUS, devendo se centrais da prestação de serviços integrados
orientar pelos princípios da universalidade, da em todos os níveis de atenção;
acessibilidade, da continuidade do cuidado, da • Agir de forma sistemática sobre os
integralidade da atenção, da responsabilização, determinantes mais amplos de saúde
da humanização e da equidade. Isso significa (incluindo características e comportamentos
dizer que a APS funciona como um filtro capaz de sociais, econômicos, ambientais, bem como
organizar o fluxo dos serviços nas redes de das pessoas), por meio de políticas públicas e
saúde, dos mais simples aos mais complexos. No ações baseadas em evidências em todos os
Brasil, a Atenção Primária é desenvolvida com o setores; e
mais alto grau de descentralização e
• Empoderar indivíduos, famílias e comunidades
capilaridade, ocorrendo no local mais próximo da
para otimizar sua saúde, como defensores de
vida das pessoas. Há diversas estratégias
políticas que promovam e protejam a saúde e
governamentais relacionadas, sendo uma delas a
o bem-estar, como co-desenvolvedores de
Estratégia de Saúde da Família (ESF), que leva
serviços sociais e de saúde por meio de sua
serviços multidisciplinares às comunidades por
participação e como cuidadores de saúde de si
meio das Unidades de Saúde da Família (USF),
mesmos e de outras pessoas.
por exemplo. Consultas, exames, vacinas,
radiografias e outros procedimentos são Renovar a atenção primária à saúde e colocá-la
disponibilizados aos usuários nas USF. Hoje, há no centro dos esforços para melhorar a saúde e o
uma Carteira de Serviços da Atenção Primária à bem-estar é fundamental por três razões:
Saúde (Casaps) disponível para apoiar os 1. A atenção primária à saúde está bem
gestores municipais na tomada de decisões e posicionada para poder responder às rápidas
levar à população o conhecimento do que mudanças econômicas, tecnológicas e
encontrar na APS. Ela envolve outras iniciativas demográficas, que impactam a saúde e o bem-
também, como: o Programa Saúde na Hora e estar;
o Médicos pelo Brasil. Esse trabalho é realizado
nas Unidades de Saúde da Família (USF), nas 2. A atenção primária à saúde é uma forma
Unidades de Saúde Fluviais, nas Unidades altamente eficaz e eficiente de agir sobre as
Odontológicas Móveis (UOM) e nas Academias principais causas de problemas de saúde e
de Saúde. Entre o conjunto de iniciativas da riscos ao bem-estar, bem como de lidar com os
Secretaria de Atenção Primária à Saúde (Saps) desafios emergentes que ameaçam a saúde e
para cuidar da população no ambiente em que o bem-estar no futuro. Também tem se
vive estão o Programa Saúde na Hora, o Médicos mostrado um investimento custo-efetivo, pois
pelo Brasil , o Previne Brasil e a Estratégia Saúde há evidências de que a atenção primária de
da Família, entre outros programas, ações e qualidade reduz os gastos totais em saúde e
estratégias. melhora a eficiência, por exemplo, reduzindo
as internações hospitalares. Agir sobre as cada
vez mais complexas necessidades de saúde
exige uma abordagem multissetorial que
integre: políticas de promoção da saúde e
prevenção; soluções que atendam às
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
comunidades; e serviços de saúde centrados nas Produzindo mudanças nos modos de gerir e
pessoas. A atenção primária à saúde também cuidar, a PNH estimula a comunicação entre
inclui os principais elementos necessários para gestores, trabalhadores e usuários para construir
melhorar a segurança sanitária e prevenir processos coletivos de enfrentamento de
ameaças à saúde, como epidemias e resistência relações de poder, trabalho e afeto que muitas
antimicrobiana, por meio de medidas como vezes produzem atitudes e práticas
educação e engajamento comunitário, prescrição desumanizadoras que inibem a autonomia e a
racional e um conjunto básico de funções corresponsabilidade dos profissionais de saúde
essenciais de saúde pública, incluindo vigilância. em seu trabalho e dos usuários no cuidado de si.
O fortalecimento dos sistemas na comunidade
Vinculada à Secretaria de Atenção à Saúde do
com a descentralização dos serviços de saúde
Ministério da Saúde, a PNH conta com um núcleo
contribui para a construção de resiliência, o que
técnico sediado em Brasília – DF e equipes
é fundamental para resistir a choques nos
regionais de apoiadores que se articulam às
sistemas de saúde.
secretarias estaduais e municipais de saúde. A
partir desta articulação se constroem, de forma
3. Uma atenção primária à saúde mais forte no compartilhada, planos de ação para promover e
mundo é essencial para alcançar os Objetivos disseminar inovações em saúde. Com a análise
de Desenvolvimento Sustentável (ODS) dos problemas e dificuldades em cada serviço de
relacionados à saúde e à cobertura universal de saúde e tomando por referência experiências
saúde. Contribuirá para alcançar objetivos que bem-sucedidas de humanização, a PNH tem sido
vão além do objetivo específico de saúde experimentada em todo o país. Existe um SUS
(ODS3), incluindo aqueles ligados à pobreza, que dá certo, e dele partem as orientações da
fome, educação, igualdade de gênero, água PNH, traduzidas em seu método, princípios,
potável e saneamento, trabalho e crescimento diretrizes e dispositivos.
econômico, redução da desigualdade e ação
climática. Como valorizar participação de usuário,
profissionais e gestores
As rodas de conversa, o incentivo às redes e
movimentos sociais e a gestão dos conflitos
POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO gerados pela inclusão das diferenças são
ferramentas experimentadas nos serviços de
A Política Nacional de Humanização (PNH) existe saúde a partir das orientações da PNH que já
desde 2003 para efetivar os princípios do SUS no apresentam resultados positivos.
cotidiano das práticas de atenção e gestão,
qualificando a saúde pública no Brasil e Incluir os trabalhadores na gestão é fundamental
incentivando trocas solidárias entre gestores, para que eles, no dia a dia, reinventem seus
trabalhadores e usuários. A PNH deve se fazer processos de trabalho e sejam agentes ativos das
presente e estar inserida em todas as políticas e mudanças no serviço de saúde. Incluir usuários e
programas do SUS. Promover a comunicação suas redes sócio familiares nos processos de
entre estes três grupos pode provocar uma série cuidado é um poderoso recurso para a ampliação
de debates em direção a mudanças que da corresponsabilização no cuidado de si.
proporcionem melhor forma de cuidar e novas O HumanizaSUS aposta em inovações em
formas de organizar o trabalho. saúde
• Defesa de um SUS que reconhece a
A humanização é a valorização dos usuários,
diversidade do povo brasileiro e a todos
trabalhadores e gestores no processo de
oferece a mesma atenção à saúde, sem
produção de saúde. Valorizar os sujeitos é
distinção de idade, etnia, origem, gênero e
oportunizar uma maior autonomia, a ampliação
orientação sexual;
da sua capacidade de transformar a realidade em
que vivem, através da responsabilidade • Estabelecimento de vínculos solidários e de
compartilhada, da criação de vínculos solidários, participação coletiva no processo de gestão;
da participação coletiva nos processos de gestão • Mapeamento e interação com as demandas
e de produção de saúde. sociais, coletivas e subjetivas de saúde;
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
• Valorização dos diferentes sujeitos implicados experiência de um homem qualquer;
no processo de produção de saúde: usuários,
Construir trocas solidárias e comprometidas com
trabalhadores e gestores;
a dupla tarefa de produção de saúde e produção
• Fomento da autonomia e do protagonismo de sujeitos;
desses sujeitos e dos coletivos;
Oferecer um eixo articulador das práticas em
• Aumento do grau de corresponsabilidade na saúde, destacando o aspecto subjetivo nelas
produção de saúde e de sujeitos; presente;
• Mudança nos modelos de atenção e gestão Contagiar, por atitudes e ações humanizadoras,
em sua indissociabilidade, tendo como foco as a rede do SUS, incluindo gestores, trabalhadores
necessidades dos cidadãos, a produção de da saúde e usuários;
saúde e o próprio processo de trabalho em
- Posicionar-se, como política pública:
saúde, valorizando os trabalhadores e as
relações sociais no trabalho; a) nos limites da máquina do Estado onde ela se
encontra com os coletivos e as redes sociais;
• Proposta de um trabalho coletivo para que o
SUS seja mais acolhedor, mais ágil e mais b) nos limites dos Programas e Áreas do
resolutivo; Ministério da Saúde, entre este e outros
ministérios (intersetorialidade).
• Qualificação do ambiente, melhorando as
condições de trabalho e de atendimento; Assim, entendemos humanização do SUS como:
• Articulação dos processos de formação com - Valorização dos diferentes sujeitos implicados
os serviços e práticas de saúde; no processo de produção de saúde: usuários,
trabalhadores e gestores; - Fomento da
• Luta por um SUS mais humano, porque
autonomia e do protagonismo desses sujeitos e
construído com a participação de todos e
dos coletivos;
comprometido com a qualidade dos seus
serviços e com a saúde integral para todos e - Aumento do grau de co-responsabilidade na
qualquer um. produção de saúde e de sujeitos;
Por meio de cursos e oficinas de - Estabelecimento de vínculos solidários e de
formação/intervenção e a partir da discussão dos participação coletiva no processo de gestão;
processos de trabalho, as diretrizes e dispositivos - Mapeamento e interação com as demandas
da Política Nacional de Humanização (PNH) são sociais, coletivas e subjetivas de saúde;
vivenciados e reinventados no cotidiano dos
serviços de saúde. Em todo o Brasil, os - Defesa de um SUS que reconhece a diversidade
trabalhadores são formados técnica e do povo brasileiro e a todos oferece a mesma
politicamente e reconhecidos como atenção à saúde, sem distinção de idade, raça/
multiplicadores e apoiadores da PNH, pois são os cor, origem, gênero e orientação sexual;
construtores de novas realidades em saúde e - Mudança nos modelos de atenção e gestão em
poderão se tornar os futuros formadores da PNH sua indissociabilidade, tendo como foco as
em suas localidades. necessidades dos cidadãos, a produção de saúde
A humanização vista não como programa, mas e o próprio processo de trabalho em saúde,
como política pública que valorizando os trabalhadores e as relações
atravessa/transversaliza as diferentes ações e sociais no trabalho;
instâncias gestoras do SUS, implica em: - Proposta de um trabalho coletivo para que o
- Traduzir os princípios do SUS em modos de SUS seja mais acolhedor, mais ágil, e mais
operar dos diferentes equipamentos e sujeitos da resolutivo;
rede de saúde; - Compromisso com a qualificação da ambiência,
- Orientar as práticas de atenção e gestão do melhorando as condições de trabalho e de
SUS a partir da experiência concreta do atendimento;
trabalhador e usuário, construindo um sentido - Compromisso com a articulação dos processos
positivo de humanização, desidealizando “o de formação com os serviços e práticas de saúde;
Homem”. Pensar o humano no plano comum da
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
- Luta por um SUS mais humano, porque Um ponto importante é o estabelecimento de uma
construído com a participação de todos e equipe multiprofissional (equipe de Saúde da
comprometido com a qualidade dos seus Família – eSF) composta por, no mínimo: (I)
serviços e com a saúde integral para todos e médico generalista, ou especialista em Saúde da
qualquer um. Família, ou médico de Família e Comunidade; (II)
Para isso, a Humanização do SUS se enfermeiro generalista ou especialista em Saúde
operacionaliza com: da Família; (III) auxiliar ou técnico de
enfermagem; e (IV) agentes comunitários de
- O resgate dos fundamentos básicos que saúde. Podem ser acrescentados a essa
norteiam as práticas de saúde no SUS, composição os profissionais de Saúde Bucal:
reconhecendo os gestores, trabalhadores e cirurgião-dentista generalista ou especialista em
usuários como sujeitos ativos e protagonistas das Saúde da Família, auxiliar e/ou técnico em Saúde
ações de saúde; Bucal.
- A construção de diferentes espaços de encontro Mais informações sobre as atribuições das
entre sujeitos (Grupo de Trabalho em equipes de Saúde da Família, assim como de
Humanização; Rodas; Colegiados de Gestão, cada profissional, você encontra nos itens 4.3 e
etc.); 4.4 da Política Nacional de Atenção Básica.
É prevista, ainda, a implantação da Estratégia de
- A construção e a troca de saberes;
Agentes Comunitários de Saúde nas Unidades
- O trabalho em rede com equipes Básicas de Saúde como uma possibilidade para a
multiprofissionais, com atuação transdisciplinar; reorganização inicial da atenção básica com
- O mapeamento, análise e atendimento de vistas à implantação gradual da ESF ou como
demandas e interesses dos diferentes sujeitos do uma forma de agregar os agentes comunitários a
campo da saúde; outras maneiras de organização da atenção
básica.
- O pacto entre os diferentes níveis de gestão do Cada equipe de Saúde da Família (eSF) deve ser
SUS (federal, estadual e municipal), entre as responsável por, no máximo, 4.000 pessoas,
diferentes instâncias de efetivação das políticas sendo a média recomendada de 3.000 pessoas,
públicas de saúde (instâncias da gestão e da respeitando critérios de equidade para essa
atenção), assim como entre gestores, definição. Recomenda-se que o número de
trabalhadores e usuários desta rede; pessoas por equipe considere o grau de
- A construção de redes solidárias e interativas, vulnerabilidade das famílias daquele território,
participativas e protagonistas do SUS. sendo que, quanto maior o grau de
vulnerabilidade, menor deverá ser a quantidade
de pessoas por equipe.
NORMAS E DIRETRIZES DA ESTRATÉGIA Equipes de Saúde da Família Ribeirinhas e
SAÚDE DA FAMÍLIA Fluviais
A Estratégia Saúde da Família (ESF) visa à As equipes de Saúde da Família Ribeirinhas e as
reorganização da atenção básica no País, de Unidades Básicas de Saúde Fluviais estão
acordo com os preceitos do Sistema Único de direcionadas para o atendimento da população
Saúde, e é tida pelo Ministério da Saúde e ribeirinha da Amazônia Legal e Pantanal Sul-
gestores estaduais e municipais como estratégia Mato-Grossense, respectivamente.
de expansão, qualificação e consolidação da Considerando as especificidades locais, os
atenção básica por favorecer uma reorientação municípios podem optar entre dois arranjos
do processo de trabalho com maior potencial de organizacionais para equipes de Saúde da
aprofundar os princípios, diretrizes e Família, além dos existentes para o restante do
fundamentos da atenção básica, de ampliar a País:
resolutividade e impacto na situação de saúde I. Equipes de Saúde da Família Ribeirinhas
das pessoas e coletividades, além de propiciar (eSFR): desempenham a maior parte de suas
uma importante relação custo-efetividade. funções em Unidades Básicas de Saúde (UBS)
construídas/localizadas nas comunidades
pertencentes a regiões à beira de rios e lagos cujo
acesso se dá por meio fluvial; e
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Recomenda-se que o número de pessoas por
II. Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF): equipe considere o grau de vulnerabilidade das
desempenham suas funções em Unidades famílias daquele território, sendo que, quanto
Básicas de Saúde Fluviais (UBSF). maior o grau de vulnerabilidade, menor deverá
ser a quantidade de pessoas por equipe;
A implantação das equipes de Saúde da Família Cadastramento de cada profissional de saúde em
Ribeirinhas e Fluviais segue os mesmos critérios apenas uma eSF, exceção feita somente ao
das equipes e dos Núcleos de Apoio à Saúde da profissional médico, que poderá atuar em, no
Família. Obtenha mais informações na página máximo, duas eSF e com carga horária total de
101 da Política Nacional de Atenção Básica. 40 horas semanais; e
A Estratégia Saúde da Família visa à - Carga horária de 40 horas semanais para todos
reorganização da atenção básica no País, de os profissionais de saúde membros da equipe de
acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde da Família, à exceção dos profissionais
Saúde, e é tida pelo Ministério da Saúde e médicos, cuja jornada é descrita no próximo
gestores estaduais e municipais, representados inciso. A jornada de 40 horas deve observar a
respectivamente pelo Conass e Conasems, como necessidade de dedicação mínima de 32 horas da
estratégia de expansão, qualificação e carga horária para atividades na equipe de Saúde
consolidação da atenção básica por favorecer da Família, podendo, conforme decisão e prévia
uma reorientação do processo de trabalho com autorização do gestor, dedicar até oito horas do
maior potencial de aprofundar os princípios, total da carga horária para prestação de serviços
diretrizes e fundamentos da atenção básica, de na rede de urgência do município ou para
ampliar a resolutividade e impacto na situação de atividades de especialização em Saúde da
saúde das pessoas e coletividades, além de Família, residência multiprofissional e/ou de
propiciar uma importante relação custo- Medicina de Família e de Comunidade, bem como
efetividade. atividades de educação permanente e apoio
São itens necessários à Estratégia Saúde da matricial.
Família: Serão admitidas também, além da inserção
integral (40h), as seguintes modalidades de
- Existência de equipe multiprofissional (equipe inserção dos profissionais médicos generalistas
de Saúde da Família) composta por, no mínimo, ou especialistas em Saúde da Família ou médicos
médico generalista ou especialista em Saúde da de Família e Comunidade nas equipes de Saúde
Família ou médico de Família e Comunidade, da Família, com as respectivas equivalências de
enfermeiro generalista ou especialista em Saúde incentivo federal:
da Família, auxiliar ou técnico de enfermagem e
agentes comunitários de saúde, podendo - Dois médicos integrados a uma única equipe em
acrescentar a esta composição, como parte da uma mesma UBS, cumprindo individualmente
equipe multiprofissional, os profissionais de carga horária semanal de 30 horas – equivalente
saúde bucal: cirurgião-dentista generalista ou a um médico com jornada de 40 horas semanais
especialista em Saúde da Família, auxiliar e/ ou –, com repasse integral do incentivo financeiro
técnico em saúde bucal; referente a uma equipe de Saúde da Família;
Três médicos integrados a uma equipe em uma
- O número de ACS deve ser suficiente para mesma UBS, cumprindo individualmente carga
cobrir 100% da população cadastrada, com um horária semanal de 30 horas – equivalente a dois
máximo de 750 pessoas por ACS e de 12 ACS médicos com jornada de 40 horas, de duas
por equipe de Saúde da Família, não equipes –, com repasse integral do incentivo
ultrapassando o limite máximo recomendado de financeiro referente a duas equipes de Saúde da
pessoas por equipe; Família;
- Cada equipe de Saúde da Família deve ser Quatro médicos integrados a uma equipe em uma
responsável por, no máximo, 4.000 pessoas, mesma UBS, com carga horária semanal de 30
sendo a média recomendada de 3.000, horas – equivalente a três médicos com jornada
respeitando critérios de equidade para essa de 40 horas semanais, de três equipes –, com
definição. repasse integral do incentivo financeiro referente
a três equipes de Saúde da Família;
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
- Dois médicos integrados a uma equipe,
MODELOS ASSISTENCIAIS
cumprindo individualmente jornada de 20 horas
semanais, e demais profissionais com jornada de Modelos assistenciais são a forma como
40 horas semanais, com repasse mensal a assistência à saúde é organizada. Eles
equivalente a 85% do incentivo financeiro podem variar muito ao longo do tempo e espaço
referente a uma equipe de Saúde da Família; e em que estão inseridos, de acordo com as
mudanças que ocorrem na sociedade como um
- Um médico cumprindo jornada de 20 horas
todo.
semanais e demais profissionais com jornada de
40 horas semanais, com repasse mensal Observando em escala global, são incontáveis o
equivalente a 60% do incentivo financeiro número de modelos já realizados e atualmente
referente a uma equipe de Saúde da Família. existentes:
Tendo em vista a presença do médico em horário Modelos hegemônicos, modelo sanitarista,
parcial, o gestor municipal deve organizar os modelo médico assistencial privatista, modelo de
protocolos de atuação da equipe, os fluxos e a atenção gerenciada, modelo de campanhas
retaguarda assistencial, para atender a esta sanitarista e programas especiais, propostas
especificidade. Além disso, é recomendável que alternativas, oferta organizada, distritalização,
o número de usuários por equipe seja próximo de ações programáticas de saúde, vigilância da
2.500 pessoas. As equipes com essa saúde, modelos presentes no passado e
configuração são denominadas equipes que ainda permanecem na contemporaneidade.
transitórias, pois, ainda que não tenham tempo
mínimo estabelecido de permanência nesse No Brasil, ao longo da história, devido às
formato, é desejável que o gestor, tão logo tenha transformações sociais, históricas e
condições, transite para um dos formatos políticas, varios modelos assistenciais tiveram
anteriores que preveem horas de médico ascensão e declínio.
disponíveis durante todo o tempo de No período da República, em meio às epidemias
funcionamento da equipe. existentes, como febre amarela, peste e varíola,
As equipes de Saúde da Família devem estar foram realizadas campanhas contra essas
devidamente cadastradas no sistema de cadastro doenças, que por fim acabaram se tornando uma
nacional vigente de acordo com conformação e política de saúde.
modalidade de inserção do profissional médico. Já na década de 1930, houve instalação de
O processo de trabalho, a combinação das centros e postos de saúde para atender algumas
jornadas de trabalho dos profissionais das demandas específicas da população, como: pré-
equipes e os horários e dias de funcionamento natal, vacinação, infecções sexualmente
das UBS devem ser organizados de modo que transmissíveis, tuberculose e hanseníase.
garantam o maior acesso possível, o vínculo
entre usuários e profissionais, a continuidade, Logo, percebe-se a presença de dois modelos
coordenação e longitudinalidade do cuidado. assistenciais: o médico Hegemônico
(atendimento a demandas específicas)
Cada equipe de Saúde de Família que for e o Sanitarista (campanhas de saúde para
implantada com os profissionais de saúde bucal algumas demandas).
ou quando se introduzir pela primeira vez esses
profissionais numa equipe já implantada, Modelos Hegemônicos
Modalidade I ou II, o gestor receberá do Ministério Este modelo privilegia as demandas espontâneas
da Saúde os equipamentos odontológicos, por da população com atendimento médico
meio de doação direta ou repasse de recursos unicamente.
necessários para adquiri-los (equipo
Tem como características principais:
odontológico completo).
individualismo, saúde/doença da mercadoria, a
história da prática médica, medicalização dos
problemas, privilégio da medicina curativa,
estímulo ao consumismo médico.
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
Modelo Sanitarista A administração é vertical, com coordenadores ou
Essencialmente constituído de campanhas de gerente nacional, estadual e municipal, cujas
saúde, programas especiais e decisões, normas e informações atravessam
vigilâncias. Tem como principais exemplos de instituições, estabelecimentos e serviços de
sua atividade: vacinação, controle de saúde de forma individualizada.
epidemias e erradicação de endemias O modelo de campanhas sanitárias e programas
especiais podem gerar alguns transtornos, por
O modelo sanitarista tem os seguintes aspectos: existir um programa para cada doença,
remete a ideia de campanha e programa, ilustra gerando dificuldade no controle de verbas,
a saúde pública centrada no biomédico, fortalece integração entre unidades de serviços e
a influência americana, desenvolve programas gestão.
especiais, incorpora ações de vigilância sanitária
e epidemiológica. Além do fato de que muitas das vezes, vários
indivíduos possuem mais de um problema de
Modelo Médico Assistencial Privatista saúde ao mesmo tempo.
Esse modelo é centrado também na demanda Propostas alternativas
espontânea, porém baseado em procedimentos Prevaleceram as propostas que enfatizavam a
e serviços especializados e na clínica. Ainda é o racionalização, o uso das tecnologias na
mais prestigiado na sociedade. atenção médica e o gerenciamento eficiente. A
O seu perfil principal é demanda aberta. O principal foi a atenção primária à saúde ou
objetivo é a doença ou o doente, seu agente é o medicina comunitária.
médico, complementado pelos paramédicos. Os No período da década de 1970, essa proposta foi
meios de trabalho são as tecnologias médicas e vista pelos opositores ao governo militar como
as formas de organização são as redes de uma estratégia de levar a assistência à saúde à
serviços, com destaque para hospitais. população em geral.
Esteve presente na assistência filantrópica e A partir disso, foi necessário buscar outras
na medicina liberal. Fortalecido por meio alternativas para a assistência à saúde. Assim,
do INAMPS, Instituto Nacional da Previdência foram valorizadas propostas como oferta
Social. organizada, distritalização, ações programáticas
Modelo da Atenção Gerenciada de saúde, vigilância da Saúde, estratégia de
saúde da família, acolhimento e linhas de
O presente modelo está fundamentado a partir cuidados, projetos assistenciais e equipes
da análise de custo – benefício e custo – matriciais e de referência.
, efetividade e na medicina baseada em
A maior parte dessas propostas é com o objetivo
evidências. Tem como principais áreas
de atender às demandas da
a epidemiologia clínica, a informática e a
população e promover a integralidade da
bioestatística.
atenção.
Como principais aspectos temos a retomada do Oferta Organizada
aspecto saúde/doença como mercadoria, o
biologismo e a subordinação do consumidor. Já a oferta organizada compreende
as necessidades
O principal diferencial desse modelo é que há epidemiologicamente identificadas e mantém
uma racionalização de procedimentos e relações funcionais e programáticas com
serviços especializados indo em direção a demanda espontânea no interior da unidade
oposta ao modelo médico assistencial de saúde.
privatista.
Os problemas eram identificados por meio da
Modelos de Campanhas Sanitárias e análise da situação por estudos epidemiológicos.
Programas Especiais A partir daí, geravam a oferta organizada.
Consiste em uma combinação entre O local que se pautar pela oferta organizada
disciplinas biológicas e atenderá os indivíduos por consulta, pronto-
epidemiológicas, resultando em uma atenção atendimento, urgência/emergência. Também
voltada para certas doenças e riscos e se preocupará com o ambiente, com o controle
determinados grupos populacionais
Conhecimentos Específicos – Técnico em Enfermagem
de doenças e riscos e com o atendimento a O essencial parece ser a Vigilância da Saúde
demanda da comunidade. como eixo para orientação dos modelos
Distritalização assistenciais presentes no SUS, mostrando
caminhos para a superação da crise que se
Organização dos serviços a partir de uma rede encontra no sistema de saúde brasileiro.
estruturada, meios de comunicação e
integração e de um modelo de atenção de É importante mencionar ainda que a presença de
base epidemiológica. um modelo de atenção à saúde não significa que
Se estrutura a partir de doze princípios: Impacto, o anterior deixa de existir. Isso porque os
Orientação por problemas, Intersetorialidade, modelos de assistência podem existir ao
Planejamento e Programação local, Autoridade mesmo tempo com harmonia ou sem ela, o que
Sanitária e Local, Corresponsabilidade, também acontece no SUS.
Hierarquização, Inter complementaridade,
Integralidade, Adscrição, Heterogeneidade,
Realidade.
Ações programáticas de saúde
Foi construída a partir da redefinição de
programas especiais de saúde, recompondo as
práticas de saúde no nível local, por meio do
trabalho prático e ágil.

Vigilância de saúde
Essa proposta visa: problemas de saúde,
respostas sociais, correspondência entre
níveis de determinação e níveis de
intervenção (controle de causas, de riscos e
danos), práticas sanitárias (promoção,
proteção e assistência).
Seus principais aspectos: intervenção sobre os
problemas de saúde; mais atenção a problemas
que requerem maior acompanhamento; relação
entre as ações promocionais, preventivas e
curativas; atuação entre setores e ações sobre
território.
Estratégia de Saúde da Família- ESF
O PSF (Programa de Saúde da Família), a
princípio como parte do modelo Sanitarista de
campanhas, foi modificado para um modelo
assistencial.
Foi criado como uma estratégia para a
reorientação da atenção básica e permitindo
inclusão entre as propostas alternativas.
Hoje, o sistema de saúde brasileiro é
uma relação entre os mais diversos modelos
assistenciais, com maior vinculação aos
modelos hegemônicos, médico assistencial
privatista e modelo assistencial sanitarista. Em
contrapartida, também busca a construção de
modelos alternativos.

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