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MÃE ÁRVORE

Houve árvores inesquecíveis

A vida passa, mas elas ficam

Infelizmente algumas apenas na memória

Ah, as árvores...

O que seria de minha infância sem as árvores?

A caramboleira do quintal da minha avó

Que caramboleira!

Grande, mas pequena

Como uma pequena mulher fofinha

Seus galhos finos a tornam esbelta quando vista por dentro,

Onde cabiam todos os meus sonhos

Lugares cativos meu e de meu irmão nos acolhiam

Quantas carambolas eu comi

Agora ela faz parte do meu corpo

E de minhas lembranças...

Minha infância já se foi,

Mas ela está lá

Teve melhor destino que a goiabeira

Que no meu quintal deu lugar à piscina

Mas em minha memória ela ocupa

Os principais arquivos de tempos idos

Era minha casa dentro do quintal de minha casa


O meu universo quando minhas preocupações

Eram apenas comer meu lanche longe da mesa e do chão

Quantas proteínas ela me ofereceu

Através dos bichinhos dos caroços brancos de seus frutos

Hoje deito ao sol ao lado da piscina no vazio que ela deixou

Que saudade...

Saudade igual à que sinto pela minha “cabeluda”

Ah, que frutinha gostosa

Amarela como o sol

Redonda como as bolas de gude

Que eu tirava dos “triângulos” de giz no cimento

Seus galhos frágeis não me agüentavam

Mas nada mais eu pedia

Que suas frutinhas de grandes caroços doces

Teve o mesmo destino que a goiabeira

Eram duas irmãs...

E hoje seu doce vive apenas na lembrança de meu paladar

Abacateiro que brincava de esconder

E guardava seus frutos em cima do telhado

Jameleiro que era artista

E pintava todo o chão com seu lindo violeta dos frutos

Todas vivem apenas na lembrança

Apenas na lembrança...

Existem outras,
Como o cajueiro da casa de praia

Se fazia de difícil,

Mas subíamos e Pescávamos seus frutos nos mais altos galhos

Este embora vivo também vive na lembrança

Pois como um parente distante muito pouco o visito

Que saudade, árvore da frente da minha casa

Lindas suas flores brancas, suas enormes folhas

E seus frágeis galhos que se quebravam nos jogando ao chão

E sua seiva, que pingava como lágrimas de leite

Leite que brotava como nos seios das mães

Que vivem apenas na lembrança quente

De quando as árvores nos pegavam no colo,

Como mamãe também fazia.


MUTAÇÃO

Quem me dera ocorresse uma catástrofe benéfica

Uma guerra que produzisse efeitos mutantes no ser humano

E nossa raça se visse, palas próprias mãos

Impedida de se reproduzir com seus semelhantes

Quem me dera o ser humano tivesse

Que optar em fazer sexo com animais

Apenas pela necessidade

De perpetuar sua existência

Alguns escolheria o cachorro, e seus filhos,

Fossem fisicamente como fossem

Herdariam a lealdade e a sinceridade dos cães

Outros, nadando pelas águas, cruzariam com golfinhos

E seus filhos teriam um sincero sorriso no rosto

Herdando a bondade e benevolência que nos faltam

Os filhos de quem escolhesse os cavalos seriam felizes

Pois gostariam do trabalho

Seriam mais amigos uns dos outros

Amando a natureza e a liberdade


E alegres seriam nossos filhos com macacos

Com sua espontaneidade e esperteza

Sabendo saborear o que nos dá a natureza

E, mesmo dentucinhos,

Alegres seriam também os cruzamentos com esquilos

Sabendo dar valor ao alimento

Guardando apenas o que é de seu sustento

Os filhos de humanos com cobras

Seriam bem menos maliciosos e traiçoeiros

Visto que elas só usam seu veneno e astúcia

Para caçar seu alimento

Ah, me alegro só de pensar em nossos filhos com as araras

Que cores lindas teríamos

E mais: também herdaríamos sua fidelidade,

Sua vida conjugal à dois,

O amor das araras.

O amor.

Herdaríamos o amor dos bichos.

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