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PACHECO, Ricardo de Aguiar.

Educação, memória e patrimônio: ações educativas em


museu e o ensino de história. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 30, nº 60, p. 143-
154, 2010.

[144] A proposta do autor é de expor “as reflexões teóricas oriundas do projeto de pesquisa e
extensão que norteou a utilização do museu como espaço de aplicação das referências teóricas
de produção do discurso historiográfico e de difusão de determinada narrativa sobre o
passado, com vistas a produzir uma memória coletiva positiva para a comunidade.”
História e memória
O processo de formalização e difusão da memória institucional atende à um movimento de
“profissionalização dos processos de guarda e difusão dos elementos simbólicos que unificam
grupos sociais”; separa-se a memória coletiva de uma memória oficial, “registrada e
documentada, produzida por especialistas detentores das técnicas e da autoridade de articular
os enunciados sobre o passado.”
 [144] Discutir sobre a memória institucional e a interpelação dela pelas hierarquias
sociais
 Conceitos de memórias: memória coletiva; memória oficial; memória institucional;
memória individual. A memória oficial equivale à institucional?
 Oposição e interação entre memória pessoal e memória social
Tende-se a compreender a memória individual como “a capacidade cognitiva de evocar
elementos materiais ou simbólicos ausentes”, enriquecida pela memória coletiva que, por sua
vez, é “produzida e difundida pelos depoimentos que os sujeitos autorizados enunciam através
de diferentes lugares sociais.”
[145] “[...] a memória coletiva atua como elemento constituinte de uma identidade social.
Nesse momento, a memória para além de lembrança de um passado que já se foi aponta para
as potencialidades de um futuro que se deseja construir.”
“[...] as políticas culturais da memória partem da definição dos objetos culturais significativos
para aquela comunidade de sentidos. Uma vez selecionados, esses objetos se tornam
metáforas que dizem aos membros da comunidade quem somos “nós” em relação ao “outro”.”
Para que um objeto se torne elemento compositor de uma memória, é preciso que ele seja
reconhecido como representativo; e esse reconhecimento implica numa necessidade de
atribuir ao objeto um “valor simbólico que originalmente não lhes pertencia”. Esses objetos
são deslocados de um contexto original para assumir a função de “evocar o passado e articular
um discurso” produtor de uma legitimidade e identidade.
“[...] a crescente luta de diferentes grupos sociais pelo reconhecimento de sua identidade tem
relativizado os discursos oficiais e oficiosos sobre o passado exigindo, como aponta Stuart
Hall, a inclusão de novos discursos identitários.”
[146] “Os objetos que eles [os lugares de memória] guardam são alegorias do passado que se
deseja lembrar. Isso significa que eles não são o próprio passado, mas objetos culturais
selecionados e ordenados para produzir um discurso sobre o passado que atenda às demandas
da comunidade de evocar o seu passado.”
 [146] A visão comum do museu como um espaço de exposição e não de produção de
conhecimento
Museu e educação
 Discutir o fato de que [147] a memória não é espontânea; ao contrário: ela é
construída, não-natural, forçosamente celebrada e projetada.
 A memória política: como a memória se imiscui com um caráter de exercício
político? Como um projeto político – de afirmação política de um grupo sobre o
outro – se vale da produção de memória para impor legitimidade e gerar
reconhecimento?
 [148] O museu como um espaço de execução de ações educativas
Como as ações educativas se impõem no espaço do museu? Estas, segundo Pacheco, [148]
permitem que os visitantes possuam “uma melhor apropriação dos significados das peças e
dados expostos. Entendendo as exposições como estratégias pedagógicas é que propomos,
com base no pensamento de Paulo Freire, que o discurso da exposição museológica não está
pronto, mas é algo em construção.”
Segundo Horta, [149] “a educação patrimonial é um instrumento de “alfabetização cultural”
que possibilita ao indivíduo fazer a leitura do mundo que o rodeia, levando-o à compreensão
do universo sociocultural e da trajetória histórico-temporal em que está inserido.”
O ato de estudar segundo Freire: [150] “O ato de estudar, de ensinar, de aprender, de conhecer
é difícil, sobretudo exigente, mas prazeroso ... É preciso, pois, que os educandos descubram e
sintam a alegria nele embutida, que dele faz parte e que está sempre disposta a tomar todos
quantos a ele se entreguem.”
Narrar a história ou reconhecer o passado
 [152] A interpelação da pesquisa e do ensino de história: como produzir um
discurso sobre o passado e difundir esse discurso levando em consideração as
implicações dos próprios processos educativos?
 Como valer-se das linguagens diversas para “promover a reflexão sobre a
experiência humana no tempo”, isto é, sobre a história?
 [154] Pensar o indivíduo ativo que lê o mundo: o aluno; o leitor; o visitante de um
museu.

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