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Curso de Capacitação e

Aperfeiçoamento em Transtorno
de Défict de Atenção com
Hiperatividade - TDAH

2020
Todos os direitos deste E-Book estão reservados à
ELLOCURSOS DE PSICOLOGIA inscrita no CNPJ n° 34.876.023/0001-86

LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - Crime de Violação aos Direitos Autorais no Art.
184 – Código Penal, que diz: Violar direitos de autor e os que lhe são conexos: Pena –
detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.

Daniela Navas Pazian - danypazian@gmail.com - CPF: 331.139.578-69


DICAS IMPORTANTES PARA O BOM APROVEITAMENTO

• O objetivo principal é aprender o conteúdo, e não apenas terminar o


curso.

• Leia todo o conteúdo com atenção redobrada, não tenha pressa.

• Explore as ilustrações explicativas, pois elas são fundamentais para


exemplificar e melhorar o entendimento sobre o conteúdo.

• Quanto mais aprofundar seus conhecimentos mais se diferenciará dos


demais alunos dos cursos.

• O aproveitamento que cada aluno tem é o que faz a diferença entre os


“alunos certificados” e os “alunos capacitados”.

• A aprendizagem não se faz apenas no momento em que está realizando o


curso, mas também durante o dia-a-dia. Ficar atento às coisas que estão à
sua volta permite encontrar elementos para reforçar aquilo que foi
aprendido.

• Aplique o que está aprendendo. O aprendizado só tem sentido quando é


efetivamente colocado em prática

Daniela Navas Pazian - danypazian@gmail.com - CPF: 331.139.578-69


Sumário
1 Introdução ao TDAH ............................................................................................................... 4
 Impulsividade .................................................................................................................. 5
 Sobre a desorganização................................................................................................ 7
 TDAH e Hiperatividade .................................................................................................. 8
2 Diferentes Formas de TDAH ................................................................................................. 8
 Sinais de TDAH desparecendo após a adolescência............................................... 9
 O fator mais importante é o hereditário? .................................................................. 10
 Frequência de ocorrências do TDAH ........................................................................ 10
3 Diagnóstico............................................................................................................................. 11
 Sinais de Hiperatividade mencionados no DSM-V ................................................. 12
 Sinais de Impulsividade de acordo com o DSM-V .................................................. 13
4 Exigências da Associação Psiquiátrica Americana para se diagnosticar o TDAH ..... 14
5 Como o TDAH é considerado hoje ..................................................................................... 14
6 Tratamento ............................................................................................................................. 16
7 Fatores Externos ................................................................................................................... 19
8 Fatores Genéticos ................................................................................................................. 20
9 Tipos de TDAH ...................................................................................................................... 23
 Etiologia ......................................................................................................................... 24
 Multidisciplinaridade ..................................................................................................... 26
Referencias ............................................................................................................................... 28

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1 Introdução ao TDAH

A primeira descrição oficial do que hoje chamamos TDAH data de 1902,


quando um pediatra inglês, George Still, apresentou casos clínicos de crianças
com hiperatividade e outras alterações de comportamento, que na sua opinião
não podiam ser explicadas por falhas educacionais ou ambientais, mas que
deveriam ser provocadas por algum transtorno cerebral na época desconhecido

Algumas das denominações com as quais se conheceu esse mesmo


transtorno foram: síndrome da criança hiperativa, lesão cerebral mínima,
disfunção cerebral mínima, transtorno hipercinético, transtorno primário da
atenção.

O TDAH é um transtorno neurobiológico, com grande participação


genética (isto é, existem chances maiores de ele ser herdado), que tem início na
infância e que pode persistir na vida adulta, comprometendo o funcionamento da
pessoa em vários setores de sua vida, e se caracteriza por três grupos de
alterações: hiperatividade, impulsividade e desatenção.

Hiperatividade é o aumento da atividade motora. A pessoa hiperativa é


inquieta e está quase constantemente em movimento. Quando se trata de
criança, os professores descrevem que ela se levanta da carteira a todo instante,
mexe com um ou com outro, fala muito. Parece que é elétrica, ou que está com
um motorzinho ligado o tempo todo.

Raramente consegue ficar sentada, mas se é obrigada a permanecer


sentada, se revira, bate com os pés, mexe com as mãos, ou então acaba
adormecendo. Dificilmente consegue se interessar por uma brincadeira em que
tenha que ficar quieta, mas está sempre correndo, subindo em móveis, árvores,
e frequentemente em locais perigosos. Uma criança mais hiperativa nem mesmo
para comer consegue sentar, quanto mais para assistir a um programa de
televisão, ler um livro ou uma revista.

Adolescentes e adultos hiperativos costumam se mostrar de forma um


pouco diferente das crianças, pois é próprio dessas idades mais avançadas uma
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redução normal da atividade motora. Então, muitas vezes o que predomina no
adolescente e no adulto é uma sensação interna de inquietação, ou eles se
mostram sempre ocupados com alguma coisa, dando a impressão de estarem
sempre muito atarefados, quando na verdade o que ocorre é uma dificuldade em
diminuir o nível de atividade. Adultos têm dificuldade em sair de férias, ou
comumente se ocupam com várias atividades ao mesmo tempo, na maior parte
das vezes sem conseguir completar nenhuma delas

A Hiperatividade é sinônimo de TDAH? Não, a rigor, hiperatividade


significa apenas o aumento da atividade motora, que pode ser encontrada em
diversos transtornos psíquicos, como o autismo, o transtorno bipolar e em certos
quadros ansiosos. A hiperatividade também pode ocorrer em decorrência de
certas doenças físicas (por exemplo, o hipertireoidismo), mas raramente pode
ser causada por alguns medicamentos.

 Impulsividade
Impulsividade é a deficiência no controle dos impulsos, é “agir antes de
pensar”. Podemos entender impulso como a resposta automática e imediata a
um estímulo. Por exemplo, se vemos alguma coisa apetitosa, queremos comê-
la; se estamos de dieta, temos que controlar o impulso.

Se alguém nos incomoda ou agride, nosso impulso é afastá-lo ou revidar,


agredindo-o de volta; mas isto pode ser algo ruim para todos e deve ser
controlado. Se observarmos uma criança pequena, fica fácil ter uma ideia do que
é impulsividade, porque nessa fase ela naturalmente ainda não desenvolveu
nenhum controle dos seus impulsos.

Em outras palavras, ela não tem freio. Somente à medida que a criança
cresce é que a educação vai criando esse freio interno, através de um processo
de inibição da resposta imediata. No TDAH, as reações tendem a ser imediatas,
sem reflexão.

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A falha da atenção pode aparecer de diversas formas. A pessoa não
consegue manter a concentração por muito tempo, se começar a ler um livro, na
metade da página não consegue lembrar o que acabou de ler. Até mesmo numa
conversa é capaz de perder o fio da meada.

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A desatenção é responsável por erros tolos que o estudante comete em


matérias que ele seguramente domina, mas que no momento da prova sua
atenção caiu. Outras vezes, a mente da pessoa com TDAH parece que não tem

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um “filtro”, e por isso qualquer estímulo é capaz de desviar sua atenção. Assim
é que numa aula, por exemplo, basta passar alguém no corredor ou acontecer
um ruído na rua para deixar a pessoa perdida em relação ao que está sendo
falado pelo professor.

Outra forma de falha da atenção é quando a pessoa não é capaz de dar


um recado, simplesmente por não se lembrar disso no exato momento em que
encontra a pessoa a quem deve dar o recado.

No entanto, basta alguém perguntar qual o recado que ela ficou de


transmitir que frequentemente irá lembrá-lo. Dito de outra forma, sua memória
está conservada, a questão é que essa pessoa não consegue se lembrar de algo
no momento em que deveria fazê-lo. Bastante comum também é uma pessoa
sair de uma parte da casa para outra a fim de pegar algo, mas ao chegar lá não
conseguir recordar o que foi procurar.

Ou então, pensar em dizer alguma coisa e logo em seguida já não ter a


menor ideia do que ia falar. O que falha nessas pessoas é um tipo de memória
denominada memória de curto prazo ou memória operacional

 Sobre a desorganização
A pessoa com TDAH é comumente muito desorganizada, graças, em
primeiro lugar, à falha da atenção, mas também devido à sua hiperatividade. Por
isso, frequentemente perde ou não sabe onde colocou objetos tais como
canetas, óculos, livros, chaves, telefone celular, etc., e não é raro depois achar
esses mesmos objetos nos locais mais estranhos, porque foram
inadvertidamente colocados ali num momento de distração, quando outro
estímulo desviou a atenção do que a pessoa estava fazendo.

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 TDAH e Hiperatividade
Ficou claro que TDAH e hiperatividade não são sinônimos, embora seja
comum se dizer que uma determinada pessoa é hiperativa quando se quer dizer
que ela apresenta TDAH. Por outro lado, toda pessoa com TDAH é desatenta
(embora exista desatenção em vários outros transtornos, como a depressão e a
ansiedade). Na maioria das vezes, a pessoa com TDAH é hiperativa sim, mas
nem sempre isso acontece. Em muitos casos, o TDAH se apresenta sem muitos
sinais de hiperatividade.

2 Diferentes Formas de TDAH


Até recentemente, falava-se em “subtipos”: com predomínio de
desatenção, com predomínio de hiperatividade-impulsividade e subtipo
combinado. Com a publicação do sistema americano de diagnóstico, o DSM-V,
passou-se a dizer que o TDAH tem “apresentações” diferentes. Isto porque um
indivíduo que tem predomínio de desatenção neste momento poderá passar a
ter sintomas combinados após alguns anos e vice-versa. Por isso, os
pesquisadores acreditaram ser mais apropriado falar em “apresentação” atual do
TDAH e não em “subtipo”

A apresentação com Predomínio de Desatenção costuma passar mais


despercebida porque neste caso as crianças são erroneamente consideradas
pelos professores e até mesmo pelos pais como pouco inteligentes, sem aptidão
para os estudos. Outras vezes são vistas como preguiçosas ou apenas muito
tímidas. Como não são hiperativas, não “incomodam” em sala de aula e não são
tão facilmente encaminhadas para uma avaliação como aquelas com sintomas
de hiperatividade. Vale lembrar que a desatenção pode estar presente em vários
outros transtornos que não o TDAH (como ansiedade, depressão, etc.)

Ao avaliar uma pessoa na intenção de fazer diagnóstico de TDAH, o


profissional tem em mente algumas outras condições que podem se confundir
com esse transtorno:

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 Situações familiares desfavoráveis, como, por exemplo, um casal em
briga ou em vias de separação ou a existência de um pai alcoolista,
podem causar sintomas parecidos aos do TDAH em uma criança.
 Dificuldades sensoriais, como uma diminuição da audição ou da visão, às
vezes ainda não detectadas, são capazes de deixar uma criança
desinteressada e desatenta, e até mesmo inquieta.
 O uso de certos medicamentos e algumas doenças clínicas também
podem provocar hiperatividade.
 Alguns transtornos psíquicos, como o autismo, a depressão, o transtorno
bipolar e os quadros de ansiedade com frequência se confundem
bastante com o TDAH
 Transtornos do Aprendizado (dos quais os mais comuns são os
transtornos de leitura, de escrita e de matemática).
 Transtorno de Desafio e Oposição e Transtorno de Conduta.
 Tiques.
 Transtornos Ansiosos (Pânico, Fobia Social, Transtorno de Ansiedade
Generalizada).
 Transtornos do Humor (Depressão, Distimia, Transtorno Bipolar). 6.
Abuso de Drogas e Alcoolismo.

 Sinais de TDAH desparecendo após a adolescência


Antigamente, era exatamente isso que a ciência acreditava: que as
manifestações clínicas desapareciam espontaneamente quando a pessoa
alcançava a adolescência ou se aproximava da idade adulta. Todavia, estudos
mais recentes vieram comprovar que as características desse transtorno
persistem na adolescência e chegam até a idade adulta, perdurando em maior
ou menor grau por toda a vida da pessoa.

O que ocorre quase sempre é que os sinais de hiperatividade e


impulsividade costumam “perder força” com o passar dos anos. Em razão disso,
a sintomatologia do TDAH difere de acordo com a idade: quanto mais jovem
maior a chance de ter sintomas de hiperatividade. Cabe lembrar que, mesmo
nas pessoas consideradas normais, é diferente o nível de atividade motora e de
controle dos impulsos, nas diversas fases da vida. Dizemos que existe um
desenvolvimento, uma evolução normal da atividade motora e do controle de
impulsos, de acordo com as diferentes faixas de idade.

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 O fator mais importante é o hereditário?
Tanto isso é verdade que quando identificamos uma pessoa com TDAH,
se pesquisarmos na mesma família, invariavelmente encontraremos outras
pessoas com o mesmo problema, com frequência um dos pais ou algum irmão.

As manifestações desse problema sempre têm início na infância.


Ninguém adquire o transtorno na adolescência ou idade adulta. Muitas vezes os
pais contam que desde o berço notavam que aquela criança era mais agitada e
inquieta que os irmãos, que tinha uma dificuldade maior para adormecer ou
então que era muito chorona e não tolerava nenhuma frustração. Para o sistema
DSM-V, é necessário que os sintomas estejam presentes na história do indivíduo
antes dos 12 anos de idade.

 Frequência de ocorrências do TDAH


Existem diversas estatísticas, e a frequência com que se observa o
transtorno entre as crianças varia de 3 a 10 % da população infantil. Nos adultos,
estima-se que deve ser em torno de 4%. Pensa-se que em cada sala de aula
deva-se existir pelo menos uma criança com esse problema. Antes se pensava
que era mais comum nos meninos que nas meninas, na proporção de 3 para 1,
mas esta proporção vale apenas para as situações de consultório ou
ambulatório, pois na população em geral as diferenças entre meninos e meninas
com TDAH são menores

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3 Diagnóstico
Não existe nenhum exame ou teste psicológico que permita fazer o
diagnóstico desse transtorno. Assim sendo, o profissional chega ao diagnóstico
colhendo uma história da vida da pessoa,

Geralmente com a ajuda dos pais (no caso de crianças) e com a ajuda do
marido ou da mulher (no caso de adultos). Auxilia a investigação lançar mão de
questionários que podem ser
listas de verificação de
sintomas ou escalas de
avaliação.

Não é diferente
quando se trata de
diagnosticar outros
transtornos, como a síndrome do pânico, a fobia social, o transtorno obsessivo,
o autismo, etc. Também não existem exames que permitam fazer tais
diagnósticos. Além disso, o profissional sempre procura verificar se o caso que
ele está examinando atende a determinados critérios que se trata desse ou
daquele transtorno. Estes critérios diagnósticos são estabelecidos pela
Associação Psiquiátrica Americana (DSM-V) ou pela Organização Mundial de
Saúde (CID-10).

A Associação Americana de Psiquiatria, através de uma publicação oficial


chamada Diagnostic and Statistic Manual (DSM, que está na sua quinta edição,
a DSM-V), propõe que para se diagnosticar TDAH devem estar presentes no
mínimo 6 de uma lista de 9 sintomas de desatenção e/ou, no mínimo, 6 de uma
lista de 9 sintomas de hiperatividade e impulsividade.

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A pessoa apresenta com frequência (não apenas uma vez ou outra) as
características abaixo:

 Deixa de prestar atenção em detalhes e comete erros por descuido em


atividades escolares, no trabalho, ou em outras atividades. É o caso do
estudante que sai da prova e percebe que errou muita coisa que ele
próprio considera fácil.
 Tem dificuldade para manter a atenção em tarefas ou jogos. Isso fica
muito claro na dificuldade de ler. Certas pessoas com TDAH jamais leram
um livro até o final
 Parece não escutar quando lhe dirigem a palavra. As mães e esposas
acham até que a pessoa parece surda.
 Não segue instruções e não termina deveres escolares, tarefas
domésticas ou deveres profissionais. O estudante não lê o que pede a
questão e tentar adivinhá-la. O adulto não é capaz de ler um manual de
instrução de um novo aparelho
 Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades. A desorganização é
quase sempre muito grande
 Evita, antipatiza ou reluta em envolver-se em tarefas que exijam esforço
mental constante, como tarefas escolares ou deveres de casa. O
estudante com TDAH quase nunca consegue fazer os deveres por conta
própria e os adia até a última hora
 Perde coisas necessárias para tarefas ou atividades, por exemplo,
brinquedos, lápis, livros. Nunca sabem onde guardaram as coisas.
 Distrai-se com estímulos alheios à tarefa. Basta, às vezes, o menor ruído
para que a pessoa perca o fio do que estava fazendo ou ouvindo
 Apresenta esquecimento nas atividades diárias. Quando recebem um
recado, dificilmente o transmitem corretamente. Se lhes é pedido para
comprar duas ou três coisas, fatalmente, alguma delas será esquecida

 Sinais de Hiperatividade mencionados no DSM-V


A pessoa apresenta com frequência (e não apenas ocasionalmente) as
seguintes características:

 Agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira. É característico o


balançar constante das pernas ou o bater com a ponta dos pés no chão.

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 Abandona sua cadeira na sala de aula ou em outras situações em que
deveria permanecer sentado.
 Corre ou escala objetos e móveis, de forma não apropriada. Em
adolescentes e adultos pode se limitar a uma sensação subjetiva de
inquietação.
 Está “a mil” ou age como se estivesse “a todo vapor”. Nossas avós diziam
que a criança parecia que tinha “bicho no corpo inteiro”, que por vício de
linguagem acabou em “bicho carpinteiro”.
 Falam em demasia e não são bons ouvintes, mas, por outro lado, são a
alegria de uma reunião porque nunca deixam haver um minuto de silêncio.

 Sinais de Impulsividade de acordo com o DSM-V


A presença frequente dos sinais:

 Dá respostas precipitadas antes de ouvir a pergunta inteira.


 Tem dificuldade para esperar sua vez. Não consegue esperar numa fila
de banco, ou quando está dirigindo um carro. É difícil também que espere
o melhor momento para falar sua opinião ou para tomar uma decisão
qualquer.

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 Interrompe ou se intromete em assuntos dos outros, como conversas ou
brincadeiras de outras pessoas

4 Exigências da Associação Psiquiátrica Americana para se diagnosticar o TDAH


A primeira como já vimos, é que esses sintomas ocorram em número
mínimo de 6 do grupo de sintomas de Desatenção e/ou em número mínimo de
6 para o grupo de sintomas de Hiperatividade/ Impulsividade. É importante que
estes sintomas ocorram em níveis que não são observados em outras pessoas
da mesma idade. Os adultos costumam apresentar menor número de sintomas
que as crianças.

Em segundo lugar, também já vimos que é necessário que a ocorrência


desses sintomas seja frequente, porque é fácil de perceber que todas as pessoas
podem apresentar uma vez outra na vida um ou vários dos sintomas
mencionados, e não seria possível dizer que quase todas as pessoas
apresentam TDAH.

Depois, é necessário que esses sintomas existam desde a infância ou


início da adolescência.

Também se requer que esses sintomas estejam causando prejuízo no


funcionamento da pessoa em duas ou mais áreas de sua vida, como no trabalho
ou na escola ou no relacionamento afetivo.

Por último, outra condição é que esses sintomas não estejam sendo
provocados por nenhum outro transtorno conhecido. Como vemos, então, não é
qualquer pessoa que apresente alguns dos traços descritos que preenche os
critérios diagnósticos fixados pela Associação Psiquiátrica Americana.

5 Como o TDAH é considerado hoje


É verdade que uma pessoa com TDAH, quando não é muito acentuado,
pode passar pela vida sem maiores complicações. Todavia, o mais comum é que
os sintomas do TDAH (desatenção, hiperatividade e impulsividade) tragam
alguns comprometimentos:

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 Dificuldades no rendimento escolar são umas das primeiras
consequências desse transtorno. Esse transtorno é considerado a
principal causa de fracasso nos estudos.
 Dificuldades de relacionamento são frequentes.
 Em função dessas situações expostas nos dois itens anteriores, a regra é
a pessoa desenvolver uma baixa autoestima.
 Problemas profissionais, como mudanças frequentes de trabalho,
demissões e nível de realização abaixo da sua capacidade não são raros.
 As pessoas com TDAH são mais propensas ao uso de álcool e drogas,
até porque essas substâncias podem atenuar passageiramente alguns
sintomas do transtorno.
 Estatisticamente, sabe-se também que essas pessoas são mais
propensas a vários tipos de acidentes, em particular os acidentes de
trânsito.
 Essas pessoas apresentam um risco maior de desenvolverem outros
transtornos, como depressão, transtornos ansiosos, etc.

(COMORBIDADES) Uma das características do TDAH é exatamente essa alta


coincidência com outros transtornos que chamamos de comorbidades. Estima-
se que até 70% das crianças com TDAH apresentam simultaneamente outros
transtornos, assim como os adultos que também costumam apresentar um
número elevado de outros transtornos simultâneos.

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6 Tratamento
O primeiro passo e talvez o mais importante de todos é o conhecimento.
A própria pessoa, os pais, os maridos, as esposas, os professores, enfim, todos
precisam aprender sobre TDAH, saber como ele se apresenta, como isso
compromete o modo da pessoa ser e agir no cotidiano, suas reações e,
principalmente, que isso não é culpa de ninguém, nem da pessoa e nem de seus
pais Alguém pode ser culpado se uma criança nasce com diabetes ou miopia,
por exemplo?

Conversando com quem conhece (sendo que infelizmente até muitos


médicos ignoram essa questão) ou lendo sobre o assunto. Sugerimos os livros
que se encontram no site da Associação Brasileira do Déficit de Atenção:
www.tdah. org.br. Lá você também terá links para outros sites sobre TDAH

O programa de tratamento, de modo geral, deve sempre incluir esses 3


componentes:

 Informação e conhecimento.
 Medicação.
 Recursos psicoterápicos

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A necessidade de uso de medicamentos deve sempre ser decidida pelo
médico. Existem vários medicamentos para o tratamento e eles devem ser
escolhidos de acordo com as particularidades de cada caso: o medicamento que
serve para um pode não servir para o outro. Os medicamentos mais utilizados e
recomendados como primeira opção em consensos de especialistas são os
estimulantes, como o metilfenidato e a lisdexanfetamina. Outros medicamentos
são a atomoxetina, a clonidina e os antidepressivos (nem todo antidepressivo é
utilizado para o tratamento do TDAH). Vale lembrar que a presença de
comorbidades (como vimos na questão 28) pode exigir o uso de outros
medicamentos, mesmo que eles não sejam indicados para tratar os sintomas de
TDAH. Você pode conhecer mais sobre os medicamentos usados no tratamento
do TDAH no site da ABDA: www. tdah.org.br.

Como qualquer medicamento, os estimulantes também podem causar


efeitos colaterais e, por isso, devem sempre ser prescritos por um médico, que
também deve acompanhar o uso ao longo do tempo. O medicamento que é
seguro para um paciente pode não ser seguro para outro. Nunca faça uso de
medicamento sem supervisão médica.

O tratamento, incluindo ou não medicamentos, deve ser longo o suficiente


para o controle dos sintomas durante um período maior, contornando ou
minimizando os problemas na vida escolar, profissional, familiar e social. Como
foi dito, o TDAH pode ser crônico em alguns casos e persistir na vida adulta.
Muitas vezes, com a conscientização acerca do transtorno e com o aprendizado
de certas estratégias de comportamento, é possível, depois de algum tempo,
reavaliar a necessidade de se manter o medicamento ou não.

O primeiro passo, e muitas vezes o mais importante, é dar à pessoa


conhecimentos científicos sobre o transtorno, porque só isso já modifica a baixa

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autoestima e a certa carga de culpa que o portador provavelmente carrega.
Muitos sintomas de TDAH (e suas consequências) são interpretados
erroneamente pelos demais (e às vezes também pelo próprio portador) ao longo
de toda a vida: “só lembra o que interessa”, “não tem persistência em nada”, “não
leva nada a sério”, “não se dedica”, “se realmente se importasse com os outros,
teria lembrado”, “é vagabundo”, etc. Em seguida, pode ser útil aprender certas
estratégias de comportamento para administrar os sintomas do TDAH. Por
exemplo, quando o portador sofre de dificuldade crônica de organização e por
causa disso acaba se esquecendo de compromissos, torna-se muito útil
estimular o uso de agenda, mural e outros recursos (especialmente eletrônicos,
quando possível).

Existem algumas estratégias para quando a pessoa tem dificuldade em


manter a atenção em leituras ou em aulas; também existem estratégias para
minimizar a impulsividade. O professor pode ser um grande aliado no tratamento.
Quando ele tem conhecimentos sobre TDAH, ele se torna capaz de adotar
estratégias de ensino capazes de favorecer o aprendizado dos alunos com
TDAH. A psicoterapia também pode ser útil, seja ela familiar, individual ou de
casal (no caso de adultos casados), quando é necessário tratar as
consequências do TDAH na vida do portador e das pessoas importantes em sua
vida.

A Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA) congrega


profissionais estudiosos do assunto, pais e portadores e tem como objetivos
divulgar informação cientificamente correta e orientar pais, portadores e escolas
no reconhecimento e tratamento do TDAH.

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O Tratamento do TDAH deve ser multimodal, ou seja, uma combinação
de medicamentos, orientação aos pais e professores, além de técnicas
específicas que são ensinadas ao portador. A medicação, na maioria dos casos,
faz parte do tratamento.

A psicoterapia que é indicada para o tratamento do TDAH chama-se


Terapia Cognitivo Comportamental que no Brasil é uma atribuição exclusiva de
psicólogos. Não existe até o momento nenhuma evidência científica de que
outras formas de psicoterapia auxiliem nos sintomas de TDAH

O tratamento com fonoaudiólogo está recomendado em casos específicos


onde existem, simultaneamente, Transtorno de Leitura (Dislexia) ou Transtorno
da Expressão Escrita (Disortografia). O TDAH não é um problema de
aprendizado, como a Dislexia e a Disortografia, mas as dificuldades em manter
a atenção, a desorganização e a inquietude atrapalham bastante o rendimento
dos estudos. É necessário que os professores conheçam técnicas que auxiliem
os alunos com TDAH a ter melhor desempenho (Obs: A ABDA oferece cursos
anuais para professores). Em alguns casos é necessário ensinar ao aluno
técnicas específicas para minimizar as suas dificuldades.

7 Fatores Externos
Agentes psicossociais que atuam no funcionamento adaptativo e na
saúde emocional geral da criança, como desentendimentos familiares e
presença de transtornos mentais nos pais, parecem ter participação importante
no surgimento e manutenção da doença, pelo menos em alguns casos.
Biederman encontraram uma associação positiva entre algumas adversidades
psicossociais (discórdia marital severa, classe social baixa, família muito
numerosa, criminalidade dos pais, psicopatologia materna e colocação em lar
adotivo) e o TDAH. A procura pela associação entre TDAH e complicações na
gestação ou no parto tem resultado em conclusões divergentes, mas tende a
suportar a idéia de que tais complicações (toxemia, eclâmpsia, pós-maturidade
fetal, duração do parto, estresse fetal, baixo peso ao nascer, hemorragia pré-
parto, má saúde materna) predisponham ao transtorno.

Recentemente, documentaram uma associação significativa entre


exposição a fumo e álcool durante a gravidez e a presença de TDAH nos filhos,
a qual se manteve mesmo após controle para psicopatologia familiar (incluindo
TDAH), adversidades sociais e comorbidade com transtorno de conduta. Outros

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fatores, como danos cerebrais perinatais no lobo frontal, podem afetar processos
de atenção, motivação e planejamento, relacionando-se indiretamente com a
doença. É importante ressaltar que a maioria dos estudos sobre possíveis
agentes ambientais apenas evidenciaram uma associação desses fatores com
o TDAH, não sendo possível estabelecer uma relação clara de causa e efeito
entre eles

8 Fatores Genéticos
Uma contribuição genética substancial no TDAH é sugerida pelos estudos
genéticos clássicos. Numerosos estudos de famílias já foram realizados com o
TDAH, os quais mostraram consistentemente uma recorrência familial
significante para este transtorno. O risco para o TDAH parece ser de duas a oito
vezes maior nos pais das crianças afetadas do que na população em geral.
Todas as evidências obtidas nos estudos com famílias não excluem, porém, a
possibilidade de que a transmissão familial do TDAH tenha origem ambiental.
Nesse sentido, os estudos com gêmeos e adotados são fundamentais para
determinar se uma característica é de fato influenciada por fatores genéticos. A
concordância obtida entre os pares de gêmeos nada mais é do que uma medida
da herdabilidade, que, por sua vez, representa uma estimativa de qual porção
do fenótipo é influenciada por fatores genéticos.

A maioria dessas investigações encontrou grande concordância para esta


patologia, significativamente maior entre gêmeos monozigóticos do que entre
dizigóticos. A herdabilidade estimada é bastante alta, ultrapassando 0,70 em
vários destes estudos, o que sugere uma forte influência genética. Evidências
mais fortes da herdabilidade do TDAH são fornecidas pelos estudos com
adotados, uma vez que estes conseguem distinguir melhor efeitos genéticos de
efeitos ambientais. Pesquisas iniciais com adotados encontraram uma
freqüência significativamente maior de TDAH entre os pais biológicos de
crianças afetadas do que entre os pais adotivos. Uma prevalência de cerca de
três vezes mais TDAH entre pais biológicos de pacientes comparados a pais
adotivos também foi observada recentemente. Essa maior prevalência de TDAH
entre os parentes biológicos em relação aos parentes adotivos dos probandos
confirma a existência de importantes fatores genéticos contribuindo para a
etiologia do transtorno.

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Nos últimos anos, um interesse crescente vem surgindo em relação aos
estudos de genética molecular no TDAH. O principal alvo dessas pesquisas são
genes que codificam componentes dos sistemas dopaminérgico, noradrenérgico
e, mais recentemente, serotoninérgico, uma vez que dados de estudos
neurobiológicos sugerem fortemente o envolvimento desses neurotransmissores
na patofisiologia do transtorno18.

O sistema dopaminérgico vem sendo o foco da maioria dos estudos


moleculares com o TDAH. O gene do transportador de dopamina (DAT1) foi o
candidato inicial para essas investigações, visto que a proteína transportadora é
inibida pelos estimulantes usados no tratamento do TDAH19. O primeiro relato
de associação do gene DAT1 com a doença foi feito por Cook et al.20. Esses
autores investigaram um polimorfismo de número variável de repetições em
tandem (VNTR) localizado na região 3 do gene. Através do método risco relativo
de haplótipos (HRR), foi detectada uma associação com o alelo de 480 pb (pares
de base), que corresponde a 10 cópias da unidade de repetição de 40 pb (alelo
10R). Posteriormente, vários estudos tentaram replicar essa associação.
Embora existam alguns relatos negativos, a maioria das investigações conseguiu
detectar um efeito do gene DAT1 no TDAH.

O efeito estimado para o gene DAT1 é bastante pequeno, com uma razão
de chances variando de 1,6 a 2,821. Outro gene do sistema dopaminérgico
intensamente investigado neste transtorno é o gene do receptor D4 de dopamina
(DRD4). O grande interesse por este gene surgiu a partir da observação de sua
associação com a dimensão de personalidade busca de novidades,
provavelmente relacionada ao TDAH22. Além disso, o produto deste gene
concentra-se em áreas do cérebro cujas funções estão prejudicadas na doença.
O principal polimorfismo investigado no gene DRD4 é um VNTR de 48 pb,
localizado no éxon 3, região que supostamente codifica um domínio funcional
importante da proteína foram os primeiros a detectar a associação deste gene
com o TDAH. O alelo com sete cópias da unidade de repetição de 48 pb (alelo
7R), o mesmo relacionado com a dimensão busca de novidades, foi sugerido
como alelo de risco.

Embora muitas investigações posteriores tenham replicado a associação


com o gene DRD4, os resultados são controversos. Uma meta-análise recente
sugeriu uma razão de chances combinada de 1,4 para os estudos baseados em
famílias e de 1,9 para os estudos que utilizaram controles populacionais.
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Praticamente todos os demais genes conhecidos do sistema dopaminérgico já
foram objeto de estudos de associação com o TDAH, incluindo genes que
codificam os receptores D2, D3 e D5, e genes de enzimas relacionadas ao
metabolismo da dopamina. Destes, o mais promissor parece ser o gene do
receptor D5 de dopamina (DRD5).

Lowe et al.27 conduziram uma análise conjunta de amostras de 12 centros


de pesquisa, documentando um efeito pequeno, mas significativo (razão de
chances = 1,24; p < 0,001) para o gene DRD5 no TDAH combinado e com
predominância de desatenção. Entretanto, o número de investigações para a
maioria desses marcadores é ainda bastante reduzido, o que impede conclusões
definitivas. Poucos estudos moleculares foram realizados até o momento com
genes do sistema noradrenérgico. Esses estudos concentraram-se
principalmente no gene que codifica a enzima dopamina-beta-hidroxilase (DßH),
ou lócus DßH, sendo objeto de investigação um sítio de restrição TaqI localizado
no íntron 5 do gene.

Embora o significado funcional do sítio de restrição TaqI sobre a enzima


DßH e desta sobre o TDAH ainda não sejam conhecidos, o relato de associação
em duas amostras independentes sugere a contribuição do gene DßH na
suscetibilidade a este transtorno28. Genes de alguns dos receptores
adrenérgicos também já foram investigados no TDAH. Associações dos genes
que codificam os receptores α2A (ADRA2A) e α2C (ADRA2C) com escores
elevados de TDAH foram sugeridas na literatura. Investigações adicionais com
esses genes são necessárias antes que se possa confirmar ou não sua influência
na etiologia do TDAH.

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Recentemente, uma possível influência do sistema serotoninérgico na
etiologia do TDAH também foi investigada. Resultados positivos em pacientes
com este transtorno foram obtidos para os genes do receptor 2A de serotonina
(HTR2A)30 e do transportador de serotonina, enquanto que nenhuma
associação foi verificada para o gene que codifica a enzima triptofano hidroxilase
(TPH), reguladora da síntese de serotonina. Efeitos de interação entre os genes
5-HTT e DRD4 sobre a atenção sustentada em bebês de 1 ano de idade e sobre
a resposta ao metilfenidato foram observados em outros estudos. Todos esses
achados, embora bastante iniciais, indicam que a análise destes e de outros
genes do sistema serotoninérgico em diferentes grupos de pacientes com TDAH
pode resultar em uma contribuição importante para o entendimento de sua
etiologia. Assim, o estudo da etiologia do TDAH ainda está no início.

Mesmo em relação à genética, intensamente investigada, os resultados


são bastante contraditórios. Nenhum dos genes investigados, nem mesmo o
DRD4 ou o DAT1, pode ser considerado como necessário ou suficiente ao
desenvolvimento do transtorno.

Este panorama se deve, em grande parte, a uma heterogeneidade


etiológica ímpar, representada pela alta complexidade clínica da doença. O
futuro do estudo da etiologia do TDAH vai envolver, certamente, a definição de
possíveis subfenótipos ou endofenótipos onde essa heterogeneidade esteja
reduzida.

9 Tipos de TDAH
 TDAH com predomínio de sintomas de desatenção;
 TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade;
 TDAH combinado. O tipo com predomínio de sintomas de desatenção é
mais freqüente no sexo feminino e parece apresentar, conjuntamente com
o tipo combinado, uma taxa mais elevada de prejuízo acadêmico. As
crianças com TDAH com predomínio de sintomas de
hiperatividade/impulsividade são, por outro lado, mais agressivas e
impulsivas do que aquelas com que os outros dois tipos e tendem a
apresentar altas taxas de impopularidade e de rejeição pelos colegas. O
tipo combinado apresenta um maior prejuízo no funcionamento global
quando comparado aos dois outros grupos.

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 Etiologia
A etiologia do TDAH é vista como um conjunto de interações de diversos
fatores ambientais e genéticos. (COUTO; MELO-JUNIOR; GOMES, 2010).
Rohde e Halpern (2004) afirmam que mesmo se conhecendo as características
de desatenção, hiperatividade e impulsividade presentes no TDAH, este por sua
vez se manifesta de forma heterogênea.

Sobre os fatores ambientais, afirma-se que crianças vivendo em


ambientes que atuam de forma negativa em sua saúde emocional, seja porque
são tumultuados e existem conflitos entre a família ou porque os pais possuem
algum sofrimento mental, podem vir a desenvolver o transtorno. Existe uma
possível associação de certos fatores que geram problemas psicossociais, tais
como, baixa renda, família com muitos membros, pais criminosos e mesmo a
inserção em uma família adotiva, com o TDAH. (ROHDE; HALPERN, 2004).

A literatura também aponta que algumas complicações na gravidez ou no


parto podem vir a acarretar o transtorno. (ROHDE; HALPERN, 2004). Durante a
gravidez e logo após o nascimento, o bebê que apresenta características como
baixo peso ou tenha sido exposto a cigarro e/ou álcool ainda no período
gestacional, têm possibilidades de desenvolver o transtorno. Porém, esses
problemas não afetam igualmente todos os recém-nascidos nessas condições,
sendo então insuficientes para que se explique o aparecimento do TDAH
igualmente em todos os portadores. (COUTO; MELO-JUNIOR; GOMES, 2010).
Rohde e Halpern (2004) frisam que os estudos feitos nessa área, em sua grande
maioria, só comprovam que há uma associação desses fatores com a causa,
mas que não são suficientes para afirmar que eles próprios são a causa. Sob um
ponto de vista genético, há uma confirmação tida através de estudos de que,
entre irmãos e pais, há uma possibilidade cinco vezes maior de que o transtorno
se repita em relação ao restante da população. Mesmo com a confirmação de
que há uma contribuição genética para o desenvolvimento do TDAH não existem
evidências de um gene responsável pelo transtorno. Isso se explica devido a sua
complexidade. (COUTO; MELO-JUNIOR; GOMES, 2010).

Rohde e Halpern (2004), falam sobre um possível motivo:

A contribuição genética é substancial; assim como ocorre na maioria dos


transtornos psiquiátricos, acredita-se que vários genes de pequeno efeito sejam

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responsáveis por uma vulnerabilidade (ou suscetibilidade) genética ao
transtorno, à qual somam-se diferentes agentes ambientais. (ROHDE;
HALPERN, 2004, p. 62).

Estudos realizados comprovaram que 57% das crianças com transtorno


têm pais que também o possuem, quando se trata de irmãos, o número é de
15%. As pesquisas também levantaram que entre irmãos gêmeos monozigotos
(idênticos) há uma concordância de 51%, sendo que, para gêmeos dizigotos
(não idênticos) o número cai para 33%, tendo uma incidência maior do transtorno
com parentes de primeiro grau. (COUTO; MELO-JUNIOR; GOMES, 2010).

Couto, Melo-Junior e Gomes (2010) pontuam que existem evidências de


que o TDAH é um distúrbio neurobiológico. Pesquisas consideram duas causas
possíveis: uma tem relação com um déficit funcional localizado no lobo frontal
(figura 1), sendo de forma mais precisa no córtex cerebral; outra está relacionada
a um déficit funcional de neurotransmissores específicos. (COUTO; MELO-
JUNIOR; GOMES, 2010)

Os dados que relacionam o TDAH como tendo uma característica


neurobiológica são obtidos através de estudos da neuropsicologia e por recursos
de neuroimagem. Pesquisas relacionam o TDAH com ações dos
neurotransmissores, sendo que os principais envolvidos são: dopamina e
noradrenalina. (ROHDE; HALPER, 2004).

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Este distúrbio pode apresentar tanto uma causa com um único sintoma,
quanto a soma de diversos fatores ao mesmo tempo. Desse modo, é importante
que haja um diagnóstico minucioso e compartilhado por um conjunto de
profissionais de diferentes áreas / especialidades. Mesmo com a ação de vários
fatores envolvidos, o TDAH é visto como fruto de uma etiologia “neuro-genético-
ambiental”. (COUTO; MELO-JUNIOR; GOMES, 2010).

 Multidisciplinaridade
Como se pode observar, a multidisciplinaridade no tratamento do TDAH é
algo que deve ser visto como essencial para o alcance do seu correto
diagnóstico, pois as comorbidades fazem com que as possíveis causas para o
déficit de atenção sejam muito abrangentes, dificultando o seu diagnóstico.

Considerando as especialidades envolvidas no diagnóstico do TDAH,


citadas na pesquisa “As várias formas de avaliação do TDAH na cidade de
Joinville”, da Psicóloga Gislene Carla Erbs (2010), destaca-se as seguintes
atuações:

 Psicólogo: O profissional levará em consideração o transtorno


comportamental, o estado emocional e psicológico do indivíduo e o
ambiente em que se encontra inserido;
 Psicopedagogo: Acompanhamento do aluno junto à área acadêmica, seu
trabalho é identificar possíveis problemas que estejam atrapalhando o
rendimento escolar, que por sua vez, podem ser de fundo objetivo ou
subjetivo, ou seja, tanto relacionado a fatores psicossociais quanto físicos.
É o principal responsável pela identificação e encaminhamento para o
devido tratamento de TDAH.
 Neuropsicólogo: O fator genético está muito presente nas causas desse
transtorno, fazendo com que a participação desse profissional seja muito
importante para o seu correto diagnóstico.
 Psiquiatra: Uma vez confirmado que a causa do transtorno é neurológico,
fica a cargo do profissional em psiquiatria, indicar e prescrever o seu
correto tratamento através de psicotrópicos
 Terapeuta Ocupacional: O terapeuta ocupacional tem pouca participação
no processo de avaliação, no entanto, também tem a sua importância no

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processo multidisciplinar. Atua no “brincar”, no treino cognitivo da atenção
e atuação referente às funções executivas.

Infelizmente observamos que, apesar de sua importância, não existe uma


interatividade entre as diversas especialidades para que se alcance um
diagnóstico satisfatório em relação ao TDAH, trazendo prejuízos para o seu
portador, como mostra pesquisa realizada pela Psicóloga Gislene Carla Erbs,
em Joinville, junto a profissionais de diferentes áreas (Psiquiatras,
Psicólogos(as), Neuropsicólogos(as), Psicopedagogos(as), Terapeutas
Ocupacionais, Fonoaudiólogos(as) e Neurologistas).

Em artigo internacional de autoria do Dr. Alberto Fernández-Jaén e Dra.


Beatriz Calleja Pérez (2006), que aborda diversos aspectos sobre o transtorno,
desde psicológicos, ambientais até genéticos, destacam a importância da
multidisciplinaridade, confirmando a questão como uma necessidade global.

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Referencias
Associação Brasileira do Déficit de Atenção.

Jornal de Pediatria Copyright © 2004 by Sociedade Brasileira de Pediatria

GOMES, Isadora; GOULART, Kenya; PIOVESAN, Giovanni et al. A Atuação do


Psicólogo no Apoio à Criança com TDAH. Trabalho apresentado como requisito
parcial para aprovação do 2º Semestre de curso de Psicologia. Faculdade de
Psicologia, Centro Universitário UNA. Belo Horizonte, 2013.

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