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“O Azul é mais Azul que o Anil” | Poemas&Reflexões • TC • Ed.

451 • 01/03/2006 • ()

TC

POEMAS&REFLEXÕES

“O Azul é mais Azul que o Anil”


Dedico aos jovens companheiros no “Dia do Kossen-rufu”
O novo amanhã é dos jovens,
Tal como a exuberância dos verdes campos de trigo

Na manhã clara de geada.

Mesmo em março,

O frio é rigoroso

No Fuji escarlate na alvorada.

A convocação repentina

Como o lampejo de um relâmpago,

Seis mil companheiros emergidos da terra

Lá compareceram.

Branco se tornava o ar expirado,

E os passos no chão adormecido

Ecoavam pelo bosque ainda escuro.

Havia moças de rosto ruborizado,

Como também adolescentes de uniforme escolar

E jovens que inflavam o peito imponentemente

Apesar de desprovidos de roupas próprias de frio.

No ambiente gelado e ainda escuro,

Seus olhos cintilavam num pulsar precioso


Prestes a receber o majestoso “tempo”

Com o raiar da alvorada.

Ah! A expressão da genuína vida dos jovens,

Pura e vigorosamente,

Anunciavam a ascensão do Sol novo e fulguroso.

Oh! Dezesseis de março —

Eternizado ficará para sempre.

Nesse dia,

Em torno do venerado mestre,

Delineou-se o modelo do Kossen-rufu

E tornou-se o “Dia do Juramento”,

Inalterável por todo o eterno futuro,

Da luta conjunta de mestre e discípulo.

Assim, preservando o profundo significado desse dia,

Este foi denominado de

“Dia Comemorativo do Kossen-rufu”.

Decorrida a terrível batalha deste século

Como tempestade para a humanidade,

O pulsar da correnteza do Kossen-rufu

Emergiu no bailar imbatível

Do herói que se levantou resoluto

Envolto pela chuva e escuridão.

Dia 3 de maio de 1951 —


“Atirem meus restos mortais na Baía de Shinagawa

Se eu não concretizar 750 mil famílias” —

Ante esta declaração que ressoou pelo chão,

A chama, no peito dos companheiros, expandiu-se.

No desenrolar dos sete anos,

Árduas lutas se sucederam

Desgastando a própria vida

Numa demonstração de que

Não há outro momento para lutar

Do que agora,

E que todo o esforço ora canalizado

Encerra o valor de milhares de anos.

Ah! Nos dias que se sucederam,

A onda de júbilo dos companheiros revivescentes

Formou finalmente

A fileira de 750 mil heróis emergidos da terra.

Setecentos anos se passaram

Desde o levantar do Grande Filósofo.

Foi o tempo que amadureceu

Ou o tempo foi atraído e criado?

Místico é o assentamento do alicerce do

Kossen-rufu de Mappo.1

Primeiro de março de 1958 —


O ardor da proteção

Transformou-se na inauguração

Do grande Auditório do Ensino Essencial do

Sutra de Lótus,

Que havia muito não se via igual,

E assim se concretizou uma das aspirações do mestre.

Naquela ocasião,

Por providência das entidades budistas

Ou foram Bonten e Taishaku que desceram à terra,

Uma notícia se espalhou:

O primeiro-ministro compareceria

No dia 16 de março.

E o mestre propôs

Tornar esse dia

Uma Cerimônia de Demonstração do Kossen-rufu.

Os jovens emergidos da terra,

Considerados por ele atores principais da

Grande cerimônia

Seis mil se reuniram ante a repentina convocação.

Lá estavam os jovens musicistas do Kossen-rufu

E também os “Anjos da Paz”

Abrilhantando a marcha com valentia e beleza.

Na manhã enregelada
Juntos saborearam a sopa quente de leitão,

Fazendo penetrar no corpo e na alma

O sentimento do mestre.

Mesmo trajados pobremente

Transbordavam de felicidade e orgulho

Por viver pela nobre missão.

A alegria de viver juntos ao lado do mestre

E de juntos avançarem com o mestre

Compôs o sorriso de profunda satisfação.

Sem buscar fama nem abrigo

Fortuna e nem mesmo benefícios,

Elevando o espírito valente e cristalino

Com o desejo único de tudo consagrar

Junto com o mestre

Em prol da Grande Lei.

Nesta propagação alicerçada no juramento,

Transcendendo a vida e a morte,

E de acordo com os sagrados ensinamentos,

Foi assentada a história de absoluta vitória

Que mesmo as ondas das maldades

Não puderam impedi-la.

No alvorecer do ano de 1958,

No meio do turbilhão contra a fúria da doença,


O indomável mestre em seu brado revelou:

— Quero lutar por mais sete anos,

Até alcançar dois milhões de famílias.

Compreendendo seu sentimento

Sozinho e na profunda tristeza,

Jurei naquele dia herdar inteiramente

A tocha da concretização do

Kossen-rufu por toda a vida

Mesmo que preciso fosse atirar meu corpo ao chão.

Muitos companheiros

Pouco sabiam da gravidade da saúde do mestre

E otimistas estavam por sua recuperação.

Sozinho, visualizando o futuro do Kossen-rufu,

Dispus-me profundamente determinado

A jamais esquecer os ensinamentos do mestre

Mesmo deitado, imerso em meus sonhos.

O mestre, por sua vez, não permitindo

Que me afastasse,

Treinou-me em meio ao rigor,

Dedicando todos os seus esforços.

Não esquecerei o brado do âmago de meu mestre:

— Nada mais quero.

Somente busco valores humanos de confiança!


Ah! Dia 16 de Março —

O primeiro mandatário não compareceu,

E a cerimônia teve início

Com a presença de sua esposa e genro.

O venerado mestre,

Arrastando seu corpo doente,

Levantou-se na liderança pessoal

Dos jovens emergidos da terra,

Assentando aí o espírito da

Concretização do Kossen-rufu.

Misticamente,

A radiante cerimônia tornou-se

O momento solene da transmissão,

Do estandarte dos herdeiros,

Do mestre para o discípulo.

O mestre e pai,

Carregando seu corpo debilitado,

Resoluta liderança tomava.

Ante o palanquim construído pelos discípulos,

Repreendeu-os com rigor:

— É demasiado grande!

Não serve para a batalha!

Porém, nele subiu


Louvando a preocupação dos discípulos,

Suas palavras tocaram

As profundezas de seus corações.

Sucesso ou fracasso, quem irá empreendê-lo?

A verdade da vida devotada até a morte

Tal como o aspecto imponente

De Komei contado no Gojoguen,2

A figura do venerado mestre sobre a plataforma

Parecia lançar raios de luz eternos e indestrutíveis.

— Nós somos soberanos do mundo da religião!

O brado vigoroso do grande herói,

Que nasceu para o Kossen-rufu,

Ecoou por entre os gigantescos cedros de 700 anos.

Eu declaro —

Aquele brado triunfante

Do grandioso soberano dos povos,

Que ressoou por todo o mundo

E por toda a eterna era de Mappo,

Parecia obscurecer até mesmo

A brilhante jornada do Grande Rei Alexandre.

A enfermidade do mestre

Era demais grave.

A mim, que o sustentava nos braços,


Ele espremeu da sua vida

As intrépidas palavras:

— Daisaku! Eu conclui todo o meu trabalho.

Já posso morrer quando quiser.

O resto deixo com você! —

Aquelas palavras,

Em meus ouvidos,

Ainda ressoam nitidamente.

O mestre estava com 58 anos

E o discípulo, com 30.

Talvez, por ter herdado a sua vida,

Pude receber os 60 anos em seu lugar.

Meus caros jovens!

Agora, com o mesmo sentimento do mestre,

Peço-lhes que me sucedam.

Ah! Ainda hoje

Lembro com profunda gratidão

A benevolência grandiosa do

65º sumo prelado, Nitijun Shonin,

Que nos assistiu do começo ao fim.

Na conclusão de sua liderança

De inúmeras e árduas batalhas,

O mestre, agora deitado enfermo em seu leito,


Perguntou-me:

— Que livro está lendo?

Estude! Estude! Estude!

Repreendia-me com rigor e benevolência.

Disse-me num outro momento:

— Sonhei que fui ao México.

No calor de seus olhos benevolentes

Podia-se ler:

— Em tuas mãos confio o mundo!

Fazendo do coração do mestre

O meu próprio coração,

Jurei voar em prol do Kossen-rufu mundial

Por este céu imenso

Como o grande pássaro da lenda chinesa.

Quatro dias antes do falecimento —

O leão rugiu severa e rigorosamente:

— Não afrouxem as mãos do ataque!

Cravando assim o pilar do avanço dos discípulos

Como vagas furiosas.

Ah! Inesquecível 2 de abril...

Cercado pela exuberância das cerejeiras

O venerado mestre partiu para o Ryozen.3

A parte de sua vida que aqui ficou


Iniciou o ataque inabalável

Rumo à concretização do Kossen-rufu.

Na época

Assim escrevi em meu diário:

“Um jovem discípulo de Toda

Avança sozinho e imponente

Contra os ventos do norte.”

Nos trinta anos que se seguiram,

Fazendo frente aos tormentos das ventanias

E me expondo só debaixo do sol escaldante,

Movido pelo desejo único de proteger

Os meus queridos companheiros,

Dispus-me no combate a todos os

Obstáculos e maldades

Sem retroceder um passo sequer

Dia após dia.

Por estar ciente

De que o budismo é vitória ou derrota,

Não me permiti,

Em meio às ondas bravias,

Um momento de estagnação ou hesitação

Para provar à posteridade

A figura autêntica e valente


Tal como Ashura.

Os saudosos irmãos,

Que estiveram no glorioso 16 de março,

Viveram também a jornada de trinta anos

Sem nunca retroceder,

Registrando junto comigo,

Corajosa e valentemente,

A sinfonia da gloriosa jornada.

A tempestade dos três fortes inimigos

Por várias vezes

Tentou se levantar à nossa frente.

Houve dias turbulentos de intensos ataques

E traição de astutos e perversos.

Entretanto, com toda a radiância,

Nós os vencemos completamente.

As jovens daquela época

Que transpuseram as inúmeras intempéries

Com as asas da esperança,

São hoje rainhas acariciadas

Pelas douradas brisas da felicidade.

Os jovens,

Como pilares da sublime fortaleza da paz

Para a grandeza do ser humano,


Assentaram imponentemente seu alicerce inabalável.

A mística relação dos companheiros

Concebida no passado infinito de kuon,

A força da união que converte o itai em doshin,

O austero laço de devoção da vida

Pelo ideal dos sagrados ensinamentos —

Em torno desse eixo diamantino e indestrutível

Estabeleceu-se para toda a posteridade

O alicerce do Kossen-rufu.

O ardor dos jovens que se sucedem ilimitadamente,

Emerge como nuvens brancas

Hoje e amanhã também

Lá no azul do horizonte.

Quando novamente percorrer

O espaço celestial do novo século,

Não haverá mais nuvens escuras

De obstáculos e maldades.

O rosto dos jovens filhos do Buda

Resplandecente estará com todo o vigor

E as pétalas irão bailar

Ao vento da fragrância de sua jornada.

O jovem é o tesouro imensurável.

Todo labor e dificuldade,


Até mesmo vitórias e derrotas,

Tudo é trampolim para o maravilhoso dinamismo.

Meu jovem! Meus caros jovens!

Peço-lhes que se encarreguem

Do novo e segundo “Sétimo Sino”.

Na propagação gradativa para o Leste

De acordo com o seu próprio princípio,

O budismo chegou ao Japão

E 700 anos se passaram

Para o Grande Filósofo aqui emergir

Com toda a imponência do Sol.

Passados sete séculos desde então

Uma mística organização nasceu,

Revertendo as ondas do Kossen-rufu da Verdadeira Lei

Para a propagação gradativa para o Oeste

Banhando as praias da Ásia e de todo o mundo.

Agora, a Lei Mística —

O supremo raiar da grandiosa luz da vida —

Está prestes a cobrir

Toda esta Terra azul.

Meu jovem,

Não questione se a grandiosa

Correnteza do Kossen-rufu
É ou não uma certeza no curso da história.

Questione sim, a todo momento,

Se possui ou não a paixão

De tornar o Kossen-rufu numa certeza

Em seu próprio coração

Com o labor e suor de si mesmo.

Kossen-rufu é

Implantar o supremo estado de vida do Buda

No coração da humanidade

Seguindo o testamento de Daishonin,

Cobrindo esta grande Terra eternamente

Com o desabrochar exuberante

De flores da renascença da vida.

Tient’ai declarou:

“O azul é mais azul que o anil!”

A você, meu jovem,

Oro ardentemente para que,

Abraçado à Lei básica

E emitindo ilimitados raios de luz

Do interior de sua própria vida,

Trace com audácia

Todo o curso da grandiosa história

Do triunfo da sinfonia do povo.


Para todo compromisso,

No raiar da “Era dos Jovens”

Heróis da missão

Haverão de emergir em sucessão.

Ah! A grande expedição para os próximos trinta anos

Assinala agora a sua partida.

Eu acredito que vocês,

Meus jovens e minhas jovens,

Haverão de transpor valentemente

Os desconhecidos picos das intempéries

Para tocar solene e vigorosamente

Os sinos da alvorada do novo século.

O tempo retorna

E aqui recebemos

O “Dia Comemorativo do Kossen-rufu”.

Este dia não é senão

A manhã de renovada esperança

Dos meus queridos discípulos.

Meus jovens,

Haja o que houver,

Avancem sempre!

Agora é o tempo

Que não devem


Recuar um passo sequer.

Jovens!

Haja o que houver,

Desafiando resolutamente

O labor no aprimoramento diário,

Cantem, cantem altivamente

Os versos da juventude alegre e vigorosa.

Com a harmonia de ouro

Indestrutível por toda a existência,

Desbravem com todo o ardor

A nova manhã da história da humanidade

E completem por mim o sagrado empreendimento.

Agradecendo sinceramente a todos os

companheiros que compareceram à cerimônia

em meio ao vento gelado desde as primeiras horas da manhã do dia 16 de março de 1958,

elevo minhas orações formulando votos de

felicidade e de longa vida.

De mãos postas em oração...

O Poeta Laureado

Em 9 de março de 1988

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