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Tratado de

Versalhes (1919)
documento que encerrou a Primeira
Guerra Mundial

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O Tratado de Versalhes (1919) foi um tratado de paz assinado pelas potências europeias
que encerrou oficialmente a Primeira Guerra Mundial, sendo que a Alemanha o classificou
como diktat (imposição). Após seis meses de negociações, em Paris, o tratado foi assinado
como uma continuação do armistício de Novembro de 1918, em Compiègne, que tinha posto
um fim aos confrontos.[1] O principal ponto do tratado determinava que a Alemanha
aceitasse todas as responsabilidades por causar a guerra e que, sob os termos dos artigos
231-247, fizesse reparações a um certo número de nações da Tríplice Entente.
Tratado de Versalhes

Tratado de Paz entre os aliados e Potências Associadas e a Alemanha

Página frontal da versão em inglês

Assinado 28 de junho de 1919

Local Paris, França

Em vigor 10 de janeiro de 1920

Condição Ratificação pela Alemanha e as três principais


Potências Associadas

Signatários  Reich Alemão

 Império Britânico

França

 Itália

 Japão
 Estados Unidos

outras potências aliadas


 Bélgica
 Bolívia
 Brasil
 R. da China
 Cuba
 Checoslováquia
 Equador
 Grécia
 Guatemala
 Haiti
 Hejaz
 Honduras
 Jugoslávia
 Libéria
 Nicarágua
 Panamá
 Peru
 Polónia
 Portugal
 Roménia
 Sião
 Uruguai
Como parte do Império Britânico:
 Austrália
 Canadá
 África do Sul
 Índia Brit.
 Nova Zelândia

Depositário Governo francês

Línguas Francês e inglês

Texto original (Wikisource)

Treaty of Versailles
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The Signing of the Peace Treaty of Versailles

Os termos impostos à Alemanha incluíam a perda de uma parte de seu território para um
número de nações fronteiriças, de todas as colônias sobre os oceanos e sobre o continente
africano, uma restrição ao tamanho do exército e uma indenização pelos prejuízos causados
durante a guerra. A República de Weimar também aceitou reconhecer a independência da
Áustria. O ministro alemão do exterior, Hermann Müller, assinou o tratado em 28 de Junho de
1919.[1] O tratado foi ratificado pela Liga das Nações em 10 de Janeiro de 1920. Na
Alemanha, o tratado causou choque e humilhação na população, o que contribuiu para a
queda da República de Weimar em 1933 e a ascensão do Nazismo.

No tratado foi criada uma comissão para determinar a dimensão precisa das reparações que
a Alemanha tinha de pagar. Em 1921, este valor foi oficialmente fixado em 33 milhões de
dólares. Os encargos a comportar com este pagamento são frequentemente citados como a
principal causa do fim da República de Weimar e a subida ao poder de Adolf Hitler, o que
inevitavelmente levou à eclosão da Segunda Guerra Mundial apenas 20 anos depois da
assinatura do Tratado de Versalhes.

Condições

O tratado tinha criado a Liga das Nações, um dos objetivos maiores do presidente dos
Estados Unidos, Woodrow Wilson. A Liga das Nações pretendia arbitrar disputas
internacionais para evitar futuras guerras. Só quatro dos chamados Quatorze Pontos de
Wilson foram concretizados, já que Wilson era obrigado a negociar com os primeiros-
ministros Clemenceau (França), Lloyd George (Reino Unido) e Orlando (Itália) alguns pontos
para conseguir a aprovação para criação da Liga das Nações.[1] A visão mais comum era que
a França de Clemenceau era a mais vigorosa na luta por uma represália contra a Alemanha,
já que grande parte da guerra tinha sido no solo francês.
Cedências territoriais

Outras cláusulas incluíam a perda das colônias alemãs e dos territórios que o país tinha
anexado ou invadido num passado recente:[1]

Alsácia-Lorena, os territórios cedidos a Alemanha no acordo de Paz assinado em


Versalhes em 26 de Janeiro de 1871 e o Tratado de Frankfurt em 10 de Maio de 1871,
seriam devolvidos a França (área 14 522 km², 1 815 000 habitantes, 1905).

A Sonderjutlândia seria devolvida a Dinamarca se assim fosse decidido por um plebiscito


na região (toda a região da Schleswig-Holstein teve o plebiscito, sendo a Sonderjutlândia a
única região a se decidir separar) (3 984 km², 163 600 habitantes, 1920).

As províncias de Posen e Prússia Oriental, que a Prússia Ocidental tinha conquistado nas
Partições da Polônia eram devolvidas após a população local ter ganho a liberdade na
Revolução da Grande Polônia (área 53 800 km², 4 224 000 habitantes, 1931).

Hlučínsko, região da Alta Silésia, para a Checoslováquia (316 ou 330 km² e 49 000


habitantes)

Parte leste da Alta Silésia para a Polônia (área 3 214 km², 965 000 habitantes) apesar do
plebiscito ter apontado que 60% população preferia ficar sob domínio da Alemanha.

As cidades alemãs de Eupen e Malmedy para a Bélgica.

A região de Soldau da Prússia Oriental a Polônia (área de 492 km²).

Parte setentrional da Prússia Ocidental, Klaipėda, sob o controle francês, depois


transferida para a Lituânia.

Na parte oriental da Prússia Ocidental e na parte sul da Prússia Oriental, Vármia e Masúria,
pequenas partes para a Polônia.

A província de Sarre para o comando da Liga das Nações durante 15 anos.

A cidade de Danzig (hoje Gdańsk, Polônia com o delta do Rio Vístula foi transformada na
Cidade Livre de Danzig sobre o controlo da Liga das Nações (área de 1 893 km², 408 000
habitantes, 1929).

O artigo 156 do tratado transferiu as concessões de Shandong, da China para o Japão ao


invés de retornar a região à soberania chinesa. O país considerou tal decisão ultrajante o que
levou a movimentos como o Movimento de Quatro de Maio, que influenciou a decisão final
chinesa de não aderir ao Tratado de Versalhes. A República da China declarou o fim da
guerra contra a Alemanha em Setembro de 1919 e assinou um tratado em separado com a
mesma em 1921.
Reparações de guerra e cláusulas de culpa

Em seu livro Margaret Olwen MacMillan escreve:[2]

“ No início, França e Bélgica argumentavam que o dano direto deveria receber


prioridade em qualquer distribuição de reparações. No norte francês,
altamente industrializado, os alemães levaram tudo o que queriam para o uso
próprio e destruíram muito do que sobrara. Mesmo batendo em retirada em
1918, as forças alemãs encontraram tempo para destruir as minas de carvão
mais importantes da França. ”
O artigo 231 do Tratado (a cláusula da 'culpa de guerra') responsabilizou unicamente a
Alemanha por todas as 'perdas e danos' sofridas pela Tríplice Entente durante a guerra
obrigando-a a pagar uma reparação por tais atos. O montante total foi decidido entre a
Tríplice Entente na Comissão de Reparação. Em Janeiro de 1921 esse número foi
oficializado em 269 bilhões de marcos, dos quais 226 bilhões como principal, e mais 12% do
valor das exportações anuais alemãs - um valor que muitos economistas consideraram ser
excessivo. Mais tarde, naquele ano, a dívida foi reduzida para 132 bilhões, o que ainda era
considerado uma soma astronômica para os observadores germânicos.

Os problemas econômicos que tal pagamento trouxe, e a indignação alemã pela sua
imposição são normalmente citados como um dos mais significantes factores que levaram
ao fim da República de Weimar e ao início da ditadura de Adolf Hitler, que levou à Segunda
Guerra Mundial. Alguns historiadores, como Margaret Olwen MacMillan discordam desta
afirmação, popularizada por John Maynard Keynes.

A posição dos Estados Unidos

Os Estados Unidos não ratificaram o tratado. As eleições para o Senado em 1918 deram a
vitória ao Partido Republicano (49 contra 47 lugares), que assumiu o controle do Senado e
por duas vezes bloqueou a ratificação (a segunda vez em 19 de março de 1920),
favorecendo o isolamento do país opondo-se à Sociedade das Nações. Outros senadores
queixaram-se da quantidade excessiva de reparações a que a Alemanha era obrigada. Como
resultado, os Estados Unidos nunca aderiram à Sociedade das Nações e negociaram em
separado a paz com a Alemanha: o Tratado de Berlim de 1921, que confirmou a pagamento
de indenizações e de outras disposições do Tratado de Versalhes, mas excluiu
explicitamente todos os assuntos relacionados com a Sociedade das Nações.

As negociações
Assinatura do Tratado na Sala dos Espelhos do Palácio de Versalhes.
A Europa em 1920

1. República de Portugal 21. República Popular da Ucrânia

2. Reino de Espanha 22. União Soviética

3. Principado de Andorra 23. República da Lituânia Central

4. Terceira República Francesa 24. República da Letónia

5. Reino de Itália 25. Constantinopla

6. Suíça 26. Turquia

7. Reino da Bélgica 27. República da Finlândia

8. Reino dos Países Baixos 28. Reino da Suécia

9. República de Weimar 29. Reino da Noruega

10. Reino da Dinamarca e da 30. Império Britânico


Islândia
31. Rife
11. Primeira República Austríaca
32. Reino de Marrocos
12. República Checoslovaca
33. Argélia (colônia francesa)
13. Segunda República Polaca
34. Tunísia (protetorado francês)
14. Silésia 35. Líbia (colônia italiana)

15. Reino da Hungria 36. Sultanato do Egito

16. Reino da Jugoslávia (protetorado britânico)


37. República de San Marino
17. Reino da Roménia
38. Vaticano (Reino de Itália)
18. Principado da Albânia
39. Cidade Livre de Danzigue
19. Reino da Grécia
40. Grão-Ducado do Luxemburgo
20. Reino da Bulgária
41. República Democrática da
Geórgia

As negociações entre as potências aliadas começaram em 18 de Janeiro, no Salão dos


Relógios no Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, no Quai d'Orsay, em Paris. No
início participaram nas negociações 70 delegados representado 27 nações.[3]

Tendo sido derrotados, a Alemanha, a Áustria e a Hungria (estados que sucederam à Áustria-
Hungria) foram excluídas das negociações. A República Socialista Federativa Soviética da
Rússia também foi excluída porque tinha negociado o Tratado de Brest-Litovsk, que
estabelecia uma paz separada com a Alemanha em 1918, graças ao qual a Alemanha
ganhou uma grande faixa de terras e de recursos à Rússia.[1]

Até Março de 1919, as extremamente complexas negociações das condições de paz foram
conduzidas através de reuniões periódicas do "Conselho dos Dez" (líderes de governo e
ministros dos Negócios Estrangeiros), composto pelos cinco grandes vencedores (Estados
Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália e Japão). Uma vez que este organismo revelou ser
demasiado pesado e formal para uma tomada eficaz de decisões, o Japão e os ministros
dos Negócios Estrangeiros deixaram as principais reuniões, de modo que apenas os ditos
"Quatro Grandes" permaneceram.[4] Após as suas reivindicações territoriais para a região de
Fiume (hoje Rijeka) terem sido rejeitadas, o primeiro-ministro da Itália, Vittorio Orlando,
deixou as negociações (apenas voltaria para a assinatura em Junho). As condições finais
foram determinadas pelos líderes das "três grandes" nações: o primeiro-ministro britânico
David Lloyd George, o primeiro-ministro francês Georges Clemenceau, e o presidente dos
EUA, Woodrow Wilson.

O Japão tentou no início inserir uma cláusula nos artigos referentes à constituição da
Sociedade das Nações contra a discriminação baseada na raça ou na nacionalidade, mas
teve de retirar a pretensão devido sobretudo à atitude da Austrália.

Em Versalhes, era difícil chegar a posições comuns porque os conferencistas defendiam


objetivos que entravam em conflito entre si. O resultado foi chamado um "compromisso
infeliz".[5] Por exemplo, enquanto os líderes americanos e britânicos quiseram chegar a uma
paz justa e a um acordo razoável, os interesses da França apelavam a vastíssimas
indenizações, já que a maior parte das batalhas e destruição se deram em solo francês, além
de a França ter perdido cerca de 1 500 000 combatentes e 400 000 civis.

Estrutura do Tratado

Parte I - Pacto da Sociedade das Nações (artigos 1 a 26 e anexo).

Parte II - As Fronteiras da Alemanha (artigos 27 a 30).

Parte III - Cláusulas para Europa (artigos 31 a 117 e anexos).

Parte IV - Direitos e interesses alemães fora da Alemanha (artigos 118 a 158 e anexos).

Parte V - Cláusulas militares, navais e aéreas (artigos 159 a 213).

Parte VI - Prisioneiros de guerra e cemitérios (artigos 214 a 226).

Parte VII - Sanções (artigos 227 a 230).

Parte VIII - Reparações (artigos 231 a 247 e anexos).

Parte IX - Cláusulas financeiras (artigos 248 a 263).

Parte X - Cláusulas económicas (artigos 264 a 312).

Parte XI - Navegação aérea (artigos 313 a 320 e anexos).

Parte XII - Portos, vias marítimas e vias férreas (artigos 321 a 386).

Parte XIII - Organização Internacional do Trabalho (artigos 387 a 399).

Procedimentos (artigos 400 a 427 e anexo).

Parte XIV - Garantias (artigos 428 a 433).

Parte XV - Previsões e diversos (artigos 434 a 440 e anexo).

Ver também

Plano Dawes

Plano Young

Referências

1. Emerson Santiago (3 de junho de 2010). «Tratado de Versalhes» (http://www.infoescola.co


m/historia/tratado-de-versalhes/) . InfoEscola. Consultado em 17 de outubro de 2012
2. Peacemakers: The Paris Peace Conference of 1919 and Its Attempt to End War (também
nomeado Paris 1919: Six Months That Changed the World e Peacemakers: Six Months
That Changed the World) por Margaret MacMillan e John Murray

3. Lentin, Antony (1985). Guilt at Versailles: Lloyd George and the Pre-history of
Appeasement. [S.l.]: Routledge. p. 84. ISBN 9780416411300

4. Alan Sharp, "The Versailles Settlement: Peacemaking in Paris, 1919", 1991

5. Harold Nicolson, Diaries and Letters, 1930-39,250; cit. in Derek Drinkwater: Sir Harold
Nicolson and International Relations: The Practitioner as Theorist, p. 139.

Bibliografia

H. Foley, W. Wilson. Woodrow Wilson's Case for the League of Nations. Princeton
University Press, Princeton, 1923.

W. Stanley Macbean Knight. The History of the Great European War - Its Causes and
Effects. Caxton Publishing Co., Londres, 1914-1919, Volumes I - X.

Margaret Macmillan. Paris 1919. Random House, Nova Iorque, 2003.

Magnoli, Demetrio (2008) História da Paz. São Paulo: Editora Contexto, 448p. ISBN 85-
7244-396-7

Ligações externas

«JBlog Hoje na História: 10 de janeiro de 1920 - Ratificado o Tratado de Versailles» (http


s://web.archive.org/web/20111218051442/http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?it
emid=25307)

«Deutsche Welle - 1920: Entra em vigor o Tratado de Versalhes» (http://www.dw-world.de/


dw/article/0,,400678,00.html)

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