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GABARITO
1 B 26 D 51 A 76 D
2 D 27 E 52 E 77 E
3 A 28 D 53 D 78 B
4 E 29 B 54 C 79 D
5 C 30 A 55 D 80 C
6 B 31 E 56 D 81 C
7 E 32 A 57 A 82 B
8 E 33 C 58 E 83 C
9 B 34 B 59 B 84 A
10 C 35 A 60 D 85 D
11 A 36 C 61 D 86 C
12 D 37 C 62 C 87 C
13 D 38 D 63 E 88 A
14 A 39 D 64 B 89 B
15 B 40 C 65 E 90 E
16 E 41 D 66 E 91 E
17 C 42 C 67 D 92 E
18 D 43 D 68 D 93 B
19 B 44 B 69 E 94 B
20 A 45 C 70 B 95 D
21 E 46 C 71 A 96 A
22 D 47 C 72 E 97 E
23 B 48 E 73 B 98 D
24 C 49 B 74 E 99 A
25 C 50 D 75 E 100 D

PROVA OBJETIVA: COMENTÁRIOS

DIREITO CONSTITUCIONAL

01) A respeito da organização dos poderes e da defesa do estado e das instituições


democráticas, assinale a opção correta.

A) Compete ao Conselho da República opinar sobre a decretação do estado de defesa,


do estado de sítio e da intervenção federal.
B) É viável o controle judicial da legalidade dos atos praticados por agentes públicos na
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vigência de estado de sítio.


C) O estado de sítio somente pode ser decretado em caso de declaração de estado de
guerra ou resposta a agressão armada estrangeira ou da ocorrência de fatos que
comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa.
D) O estado de defesa somente pode ser decretado após a deliberação da maioria
absoluta do Congresso Nacional.
E) O tempo de duração do estado de sítio não será superior a trinta dias, podendo ser
prorrogado uma vez, por igual período, se persistirem as razões que justificaram a sua
decretação.

Assunto: Organização dos Poderes - Da defesa do estado e das instituições


democráticas
Categoria: Lei Seca
Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.

Alerta! “Pegadinha” já explorada pelo Cespe/Cebraspe em duas oportunidades! A


primeira, em 2018, na prova para Analista do STJ. Posteriormente, a banca trouxe
questão semelhante na prova para Juiz do TJ-SC, aplicada em 2019. Expliquemos a
referida “pegadinha”.

Nos termos da CF/88, compete ao Conselho da República PRONUNCIAR-SE sobre a


intervenção federal, o estado de defesa e o estado de sítio. É o que diz a literalidade da
CF/88:
Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se
sobre:
I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio;

O quesito, em via diversa, afirma que compete ao Conselho da República opinar sobre
a intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio. Só que, nos termos da
CF/88, essa competência é do Conselho de Defesa Nacional. Revisemos abaixo:

Art. 91, § 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional:


II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado
de sítio e da intervenção federal;

Você deve estar se perguntando: “mas há alguma distinção entre opinar e se


pronunciar?”. E a resposta é: depende! O aluno deve ter em mente que os dois, tanto
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Conselho da República, como o Conselho de Defesa Nacional, manifestam-se aqui em


caráter meramente opinativo. Por isso, inclusive, a mesma banca (cebraspe) já
equiparou o tipo de manifestação dos dois órgãos em outras questões.

Mas o candidato deve conhecer os termos usados pela CF/88, para evitar errar
questões que cobrem a literalidade da lei, como é o caso desse quesito. O candidato
preparado deve ter em vista que a CF/88 usa termos distintos para se referir às
competências de cada um dos órgãos.

B) CORRETA.

As medidas tomadas durante o estado de sítio não devem ficar imunes ao controle
judicial. Inclusive, a própria CF/88 prevê que:

Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio,


cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da
responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores
ou agentes.
Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou o estado
de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas
pelo Presidente da República, em mensagem ao Congresso
Nacional, com especificação e justificação das providências
adotadas, com relação nominal dos atingidos e indicação das
restrições aplicadas.

Desse modo, este é o quesito que deve ser assinalado como correto.

C) INCORRETA.

Além das duas hipóteses apontadas neste quesito, o estado de sítio também pode ser
decretado em caso de comoção de grave repercussão nacional. Segue abaixo a
literalidade da CF/88, para fins de revisão:

Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho


da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao
Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio
nos casos de:
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de
fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o
estado de defesa;
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II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão


armada estrangeira.

D) INCORRETA.

Na verdade, o controle político empreendido pelo Congresso Nacional no estado de


defesa é posterior, nos termos previstos pela CF/88, e não prévio, como afirmado pelo
quesito. Confira o que diz a CF/88:

Art. 136 § 4º Decretado o estado de defesa ou sua


prorrogação, o Presidente da República, dentro de vinte e
quatro horas, submeterá o ato com a respectiva justificação ao
Congresso Nacional, que decidirá por maioria absoluta.
§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será
convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco dias.
§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez
dias contados de seu recebimento, devendo continuar
funcionando enquanto vigorar o estado de defesa.
§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de
defesa.

O Presidente dispõe de competência para elaborar decreto instituidor do estado de


defesa, com eficácia imediata, não precisando de autorização prévia do Legislativo. O
Congresso Nacional, de acordo com a CF/88, deve apenas aprovar ou rejeitar,
posteriormente, a medida já instituída pelo Presidente, via decreto, em vigor e
produzindo os efeitos correlatos.

A questão tenta confundir o aluno quanto ao estado de sítio, este sim passível de
aprovação prévia, por maioria absoluta, do Congresso Nacional. Compare a
literalidade do art. 137 da CF/88, caput e p. único, com a do art. 136, acima transcrito:

Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho


da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao
Congresso Nacional autorização para decretar o estado de
sítio nos casos de: (...)
Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar
autorização para decretar o estado de sítio ou sua
prorrogação, relatará os motivos determinantes do pedido,
devendo o Congresso Nacional decidir por maioria absoluta.

E) INCORRETA.
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A questão está incorreta, pois trocou o termo “estado de defesa” por “estado de sítio”.
É que, de acordo com a CF/88, o estado de defesa SÓ PODE SER DECRETADO PELO
PERÍODO MÁXIMO DE 30 DIAS E PRORROGADO UMA ÚNICA VEZ, POR IGUAL
PERÍODO.

Por sua vez, O ESTADO DE SÍTIO ADMITE SUCESSIVAS PRORROGAÇÕES, quando


decretado com base no inciso I, do art. 138, da CF/881, e não apenas uma única,
como descrito no quesito. Além disso, quando instituído com base na agressão
armada estrangeira ou guerra, o estado de sítio pode ser decretado por todo o
tempo em que perdurar o motivo que o ensejou.

Por oportuno, revisemos a literalidade da CF/88 a respeito do tema:

Art. 136 (...) § 2º O tempo de duração do estado de defesa não


será superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez,
por igual período, se persistirem as razões que justificaram a
sua decretação.

Art. 138 (...) § 1º - O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não


poderá ser decretado por mais de trinta dias, nem
prorrogado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II,
poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra
ou a agressão armada estrangeira.

GABARITO: LETRA B.

02) Em relação à comunicação social, assinale a assertiva que descreve corretamente


previsão contida na CF/88.

A) A publicação de veículo impresso de comunicação depende de licença do Presidente


da República, após aprovação pelo Congresso Nacional.
B) A não renovação da concessão ou permissão para o serviço de radiodifusão sonora
e de sons e imagens dependerá de aprovação de, no mínimo, três quintos do
Congresso Nacional, em votação nominal.
C) O prazo da concessão ou permissão será de quinze anos para as emissoras de rádio
e de dez anos para as de televisão.
D) Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de
monopólio ou oligopólio.

1
Comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida
tomada durante o estado de defesa;
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E) Em qualquer caso, pelo menos sessenta por cento do capital total e do capital
votante das empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens
deverá pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados há
mais de dez anos, que exercerão obrigatoriamente a gestão das atividades e
estabelecerão o conteúdo da programação.

Assunto: A Comunicação Social na CF/88


Categoria: Lei Seca
Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.

A assertiva não se coaduna com a democrática previsão constitucional, consoante a


qual:

Art. 220, § 6º A publicação de veículo impresso de


comunicação independe de licença de autoridade.

B) INCORRETA.

O quesito só incorre em equívoco em relação ao quórum exigido na votação realizada


pelo Congresso Nacional para a não renovação da concessão ou permissão para o
serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens. Segundo a CF/88, esse quórum é
de 2/5 dos congressistas, e não de 3/5, como afirmado no quesito.

Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar


concessão, permissão e autorização para o serviço de
radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio
da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal.

§ 1º O Congresso Nacional apreciará o ato no prazo do art. 64,


§ 2º e § 4º, a contar do recebimento da mensagem.

§ 2º A não renovação da concessão ou permissão dependerá de


aprovação de, no mínimo, DOIS QUINTOS do Congresso
Nacional, em votação nominal.

C) INCORRETA.
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Este quesito inverte os prazos para emissoras de rádio e televisão. Enquanto para as
primeiras o prazo é de 10 anos, as últimas contam com 15 anos. Para memorizar, basta
lembrar que a radiodifusão acaba por demandar processos transmissivos mais simples
e, por isso, o prazo é menor, do que o do sistema de transmissão televisivo, mais
complexo. Abaixo, reproduzimos o artigo da CF/88 que estabelece os referidos prazos.

Art. 223 § 5º O prazo da concessão ou permissão será de dez


anos para as emissoras de rádio e de quinze para as de
televisão.

D) CORRETA.

De fato, a CF/88, em respeito à liberdade de expressão, que inclui a diversidade na


detenção dos meios de comunicação social, contém essa exata previsão, a saber:

Art. 220 § 5º Os meios de comunicação social não podem,


direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou
oligopólio.

E) INCORRETA.

O quesito só está errado por trocar o quórum exigido pela CF/88. A Carta de 1988
exige que 70% (setenta por cento) do capital total e do capital votante das empresas
jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens pertençam a brasileiros
natos ou naturalizados há mais de 10 anos, e não 60% (sessenta por cento).

É o que diz a literalidade do dispositivo constitucional que trata do tema:

Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de


radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de
brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de
pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que
tenham sede no País. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 36, de 2002)

§ 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento do


capital total e do capital votante das empresas jornalísticas e de
radiodifusão sonora e de sons e imagens deverá pertencer,
direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados há
mais de dez anos, que exercerão obrigatoriamente a gestão das
atividades e estabelecerão o conteúdo da programação.
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GABARITO: LETRA D.

03) Seguem abaixo algumas afirmações sobre diferentes Constituições brasileiras.


Julgue-as e assinale a incorreta, ao final.

A) A Constituição de 1891 consagrou o sistema de governo “presidencialista”; instituiu


o federalismo e adotou como forma de governo a república. A religião católica foi
mantida como oficial da nova República.
B) Na Constituição de 1937 o Presidente da República poderia submeter novamente
uma lei declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal ao exame do Poder
Legislativo.
C) A Constituição de 1891 inaugurou no nosso direito constitucional o chamado
controle difuso de constitucionalidade e trouxe previsão acerca do instituto do habeas
corpus.
D) A Constituição de 1934, bastante nacionalista, manteve a república, a federação, a
divisão de poderes, o presidencialismo e o regime representativo. Houve também a
previsão de direitos sociais e, pela primeira vez, foi permitido o voto feminino.
E) A constituição de 1967 deu bastante ênfase à “segurança nacional”, concentrando o
poder no âmbito federal, ampliando os poderes do Presidente da República. Extinguiu
o voto direto para eleições presidenciais.

Assunto: A História Constitucional brasileira


Categoria: Doutrina
Nível: Difícil

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.

A “história” das Constituições cuida-se de assunto que muitos estudantes de Direito


tentam evitar, por não o considerarem tão interessante. Contudo, o tema tem sido,
não raro, cobrado pelas bancas em provas objetivas. Portanto, vamos revisa-lo!

A Constituição de 1891 instituiu o sistema de governo presidencialista. Também houve


a instituição da República como forma de governo, na época e o estabelecimento da
federação como forma de organização do Estado, cuja denominação era inclusive
“Estados Unidos do Brasil”.
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Entretanto, não foi mantida a religião católica como religião oficial da nova República.
Na verdade, a Constituição de 1891, inspirada na Constituição norte-americana,
inaugurou a laicidade do Estado.

Segundo Marco Antonio Villa2, “demonstrando a orientação laica (e com algum viés
positivista), a Constituição de 1891 iniciava-se sem fazer referência a Deus ou, como na
de 1824, à Santíssima Trindade. Os constituintes optaram pela forma “representantes
do povo brasileiro”.

B) CORRETA.

Da Constituição de 1937, inserida no contexto do autoritário Estado Novo e conhecida


como “polaca”, pode-se destacar que:

a) Concentrou os poderes executivo e legislativo nas mãos do Presidente da


República. Inclusive houve o “fechamento” do Congresso Nacional e instituição de um
novo Poder Legislativo. Foram também dissolvidas todas as Assembleias Legislativas e
Câmaras Municipais.

Mais uma vez, nas palavras de Marco Antonio Villa3:

Foi criado um novo Poder Legislativo, formado pelo


Parlamento (Câmara dos Deputados e Conselho Federal – uma
espécie de Senado), pelo Conselho de Economia Nacional e
pelo Presidente da República. É, não é nenhum erro de leitura.
Está correto: o Legislativo tinha a participação do Presidente,
ou seja, do Executivo.

b) Estabeleceu eleições indiretas para presidente, com mandato de seis anos;


c) Estabeleceu a pena de morte pela primeira vez. Isso porque as Constituições de
1891 e 1934 só a permitiam em caso de guerra com país estrangeiro.
d) Subordinou o Poder Judiciário ao Executivo, pois o Presidente da República
poderia submeter novamente uma lei declarada inconstitucional pelo Supremo
Tribunal Federal ao exame do Poder Legislativo, de cujo corpo também fazia
parte o próprio Presidente.

C) CORRETA.

2
VILLA, Marco Antonio. A história das Constituições brasileiras. São Paulo: Leya, 2011.
3
VILLA, Marco Antonio, op. cit.
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A Constituição de 1891 previu o instituto do Habeas Corpus, que não estava previsto
na Constituição de 1824, mas apenas no Código criminal de 1832. De igual forma,
introduziu, por influência norte-americana, o sistema de controle de
constitucionalidade difuso, pela primeira vez.

Desse modo, o quesito está correto.

D) CORRETA.

Todas as características apontadas no quesito estavam presentes na CF de 1934.


Foram mantidas: a forma federativa de Estado, a forma republicana de governo e o
sistema presidencialista.

O nacionalismo foi a “pedra de toque” dessa Carta Constitucional. Pela primeira vez foi
reservado um título exclusivo para tratar da ordem econômica e social, o que revela a
nítida influência da Carta Mexicana de 1917 e da Constituição de Weimar.

A Carta de 1934 definiu que a eleição presidencial seria “por sufrágio universal, direto
e secreto”. Pela primeira vez as mulheres poderiam votar nas eleições para Presidente.

E) CORRETA.

De fato, a Constituição de 1967, inserida no contexto da ditadura militar instituída em


1964 no Brasil, deu bastante ênfase ao conceito de segurança nacional. A esse
respeito, Marco Antonio Villa4 ensina:

Fazendo coro aos novos tempos, foi reservada uma seção para
as Forças Armadas e outra para a segurança nacional. Foi
atribuída ao Conselho de Segurança Nacional uma série de
competências. (...) O art. 89 transformou a segurança nacional
em responsabilidade de todos os cidadãos.

Em relação ao fim das eleições diretas para Presidente, o autor discorre que:
“também foi modificada a Constituição em um ponto ultrassensível: a eleição
presidencial. Acabou com a eleição direta sem nenhuma cerimônia. A eleição seria
por meio do Congresso Nacional”.

GABARITO: LETRA A.

4
VILLA, Marco Antonio. Op. cit.
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04) Julgue as seguintes assertivas acerca da atividade nuclear no ordenamento


jurídico nacional. Ao final, assinale a incorreta.

A) Só se admite atividade nuclear em território nacional para fins pacíficos e mediante


aprovação do Congresso Nacional.
B) Compete exclusivamente à União explorar os serviços e instalações nucleares de
qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o
enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios
nucleares e seus derivados.
C) Segundo a CF/88, a responsabilidade civil por danos nucleares independe da
existência de culpa. Parte da doutrina entende que a responsabilidade do Poder
Público por danos nucleares se funda na excepcional teoria do risco integral, que não
admite excludentes do nexo de causalidade.
D) Sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização
de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas.
E) Sob regime de permissão, são autorizadas a produção, a comercialização e a
utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais.

Assunto: Atividade nuclear na CF/88


Categoria: Lei Seca
Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

A) CORRETA.

É o que prevê o art. 21, XXIII, a, da CF/88, onde se lê que:

Art. 21 Compete à União:


Inciso XXIII (...) a) toda atividade nuclear em território nacional
somente será admitida para fins pacíficos e mediante
aprovação do Congresso Nacional;

B) CORRETA.

De fato, cuida-se de competência exclusiva da União, consoante art. 21, XXIII, da


CF/88, a saber:

Art. 21 Compete à União:


XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer
natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra,
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o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o


comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os
seguintes princípios e condições: (...).

C) CORRETA.

A CF/88, artigo 21, inciso XXIII, letra c, prescreve que a responsabilidade civil por
danos nucleares independe da existência de culpa. Interpretando esse dispositivo
constitucional, a doutrina majoritária entende que no âmbito dos danos nucleares,
adotou-se excepcionalmente a teoria do risco integral e não a do risco administrativo,
que admite as excludentes do nexo de causalidade, como a força maior, o caso fortuito
e a culpa exclusiva de terceiro.

Desse modo, o quesito está correto.

D) CORRETA.

Nos termos do art. 21, XXIII, alínea c, “sob regime de permissão, são autorizadas a
PRODUÇÃO, COMERCIALIZAÇÃO E UTILIZAÇÃO de radioisótopos de meia-vida igual ou
inferior a duas horas”.

Logo, o quesito não merece reparos.

E) INCORRETA.

A CF/88 permite a PRODUÇÃO apenas para radioisótopos de meia-vida igual ou


inferior a duas horas. No caso de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos,
agrícolas e industriais, a Carta de 1988 permite tão só a COMERCIALIZAÇÃO E
UTILIZAÇÃO, não cabendo nesta hipótese a produção das substâncias, como se lê
abaixo na alínea b, do inciso XXIII, do art. 21.

b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização


e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos,
agrícolas e industriais;

Portanto, o quesito está errado, devendo ser assinalado pelo aluno.

GABARITO: LETRA E.

05) O art. 18, § 3º, da CF/88, fixa os requisitos que devem ser cumpridos para a
formação de Estados-membros. Por sua vez, o Art. 18, § 4º, da CF/88, fixa as regras
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para a criação, incorporação, fusão e desmembramento de Municípios. Os itens


abaixo versam corretamente sobre as etapas descritas nesses dispositivos
constitucionais e na Lei 9.709/98 – que os complementa, à exceção de um deles.
Assinale-o.

A) A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão


por lei estadual e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações
de todos os Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade
Municipal.
B) Por meio de plebiscito, convocado mediante decreto legislativo, por iniciativa de um
terço, no mínimo, dos membros que compõem qualquer das Casas do Congresso
Nacional, a população diretamente interessada (tanto a do território que se pretende
desmembrar, quanto a do que sofrerá desmembramento; em caso de fusão ou
anexação, tanto a população da área que se quer anexar quanto a da que receberá o
acréscimo) deve aprovar a formação de novo Estado. O resultado desfavorável do
plebiscito vincula o Legislativo.
C) No caso da alteração territorial de Estados, a consulta plebiscitária ao povo é
meramente opinativa. Sendo o resultado do plebiscito desfavorável à alteração
territorial, o projeto de lei complementar respectivo pode, mesmo assim, ser proposto
perante qualquer das Casas do Congresso Nacional.
D) Em 1996, a CF/88 foi emendada para determinar que lei complementar federal
estabelecesse o período para a criação, incorporação, fusão ou desmembramento de
Municípios. Todavia, a EC 57/08 convalidou a criação de Municípios ocorrida, até
31/12/06, independentemente da observância do período determinado em lei
complementar federal.
E) No âmbito dos Estados-membros, deve haver a oitiva das Assembleias Legislativas
dos Estados envolvidos nas alterações territoriais pretendidas. As respectivas
Assembleias Legislativas opinam, sem caráter vinculativo, sobre a matéria, e fornecem
ao Congresso Nacional os detalhamentos técnicos concernentes aos aspectos
administrativos, financeiros, sociais e econômicos da área geopolítica afetada.

Assunto: Processo constitucional de alteração territorial de Estados e Municípios


Categoria: Lei seca e doutrina
Nível: Difícil

COMENTÁRIOS:

A) CORRETA.

De acordo com o art. 18, §4º, da Constituição, “a criação, a incorporação, a fusão e o


desmembramento de Municípios”, dá-se da seguinte forma:
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Art. 18, § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o


desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual,
dentro do período determinado por Lei Complementar
Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante
plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após
divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal,
apresentados e publicados na forma da lei.

Desse modo, o quesito não merece qualquer reparo, não devendo ser assinalado.

B) CORRETA.

De fato, a CF/88 prevê a realização de plebiscito, antes do processo de alteração


territorial dos Estados. Veja:

Art. 18. §3º Os Estados podem incorporar-se entre si,


subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou
formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante
aprovação da população diretamente interessada, através de
plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar.

Esse plebiscito deve ser convocado via Decreto legislativo do Congresso, por
proposta de 1/3 dos membros que compõem qualquer de suas Casas. O resultado do
plebiscito não vincula o Congresso tão somente se for positivo. Isso porque, nesse caso
de plebiscito favorável, o Parlamento possui discricionariedade para propor ou não o
projeto de lei complementar federal. Por outro lado, se o resultado do plebiscito for
negativo, o Legislativo fica vinculado, não podendo propor a Lei complementar para
promover a alteração territorial pretendida. Confira abaixo dispositivos importantes
da Lei 9.709/98, dos quais se extraem tais conclusões:

Lei nº. 9.709/98, art. Art. 3º. Nas questões de relevância


nacional, de competência do Poder Legislativo ou do Poder
Executivo, e no caso do §3º do art. 18 da Constituição Federal,
o plebiscito e o referendo são convocados mediante decreto
legislativo, por proposta de um terço, no mínimo, dos
membros que compõem qualquer das Casas do Congresso
Nacional, de conformidade com esta Lei.
Art. 4º. A incorporação de Estados entre si, subdivisão ou
desmembramento para se anexarem a outros, ou formarem
novos Estados ou Territórios Federais, dependem da
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aprovação da população diretamente interessada, por meio


de plebiscito realizado na mesma data e horário em cada um
dos Estados, e do Congresso Nacional, por lei complementar,
ouvidas as respectivas Assembléias Legislativas.
§1º Proclamado o resultado da consulta plebiscitária, sendo
favorável à alteração territorial prevista no caput, o projeto de
lei complementar respectivo será proposto perante qualquer
das Casas do Congresso Nacional.

Este quesito está correto, diante do exposto.

C) INCORRETA.

Como se acabou de discorrer no item “B”, o resultado desfavorável do plebiscito


vincula o Poder Legislativo, que não poderá, neste caso, apresentar o projeto de lei
complementar federal. O quesito está incorreto por afirmar o contrário.

D) CORRETA.

A CF/88 estabeleceu, em 1996, via Emenda Constitucional, que lei complementar


federal determinasse o período dentro do qual poderia haver alterações territoriais
nos Municípios. No entanto, a despeito da inexistência de LC, houve a criação de
muitos Municípios no Brasil.

No afã de corrigir a situação, o art. 96 do ADCT da CF/88 convalidou a criação, a fusão,


a incorporação e o desmembramento dos Municípios realizados até 2006. Como
forma de resguardar os Municípios já criados, a despeito da inobservância ao preceito
constitucional, o STF afirmou a constitucionalidade do art. 96 do ADCT.

Como se disse, a necessidade de lei complementar federal estabelecendo prazos


para a criação de novos Municípios somente foi prevista com a EC 15/96, como modo
de impedir o surgimento desenfreado de Municípios no país (antes dessa emenda
bastava lei complementar estadual).

Todavia, diversos Municípios foram criados sem a observância da lei complementar


federal, que não era editada pelo Congresso, o que acarretou, após judicialização do
tema no STF, na edição da EC 57/08.

Foi a EC 57/08 que incluiu o mencionado artigo 96 no ADCT no texto constitucional,


convalidando “os atos de criação, fusão, incorporação e desmembramento de
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Municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31.12.2006 atendidos os requisitos
estabelecidos na legislação do respectivo Estado à época de sua criação”.

Esta medida do Parlamento pacificou a discussão, tendo em vista que o STF, apesar das
críticas da doutrina de convalidação de atos inconstitucionais, entendeu pela
constitucionalidade da EC 57/08.

Hoje, tanto a Corte Constitucional quanto a doutrina são firmes em afirmar que
eventual Município criado após 31.12.2006, deve observância à lei complementar
federal, sob pena de vício formal de constitucionalidade (aliás, esse foi o
entendimento do STF na ADI 4.992). Por isso, o quesito está correto.

E) CORRETA.

O quesito retrata corretamente a etapa do procedimento de alteração territorial dos


Estados em que há a oitiva, meramente opinativa, das Assembleias legislativas
envolvidas. É o que estabelece a legislação:

CF/88, Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional (...): dispor sobre


(...):
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de
Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembleias
Legislativas.

Lei nº. 9.709/98, Art. 4º, § 2º À Casa perante a qual tenha sido
apresentado o projeto de lei complementar referido no
parágrafo anterior compete proceder à audiência das
respectivas Assembleias Legislativas.
§3º Na oportunidade prevista no parágrafo anterior, as
respectivas Assembleias Legislativas opinarão, SEM CARÁTER
VINCULATIVO, sobre a matéria, e fornecerão ao Congresso
Nacional os detalhamentos técnicos concernentes aos aspectos
administrativos, financeiros, sociais e econômicos da área
geopolítica afetada.
§4º O Congresso Nacional, ao aprovar a lei complementar,
tomará em conta as informações técnicas a que se refere o
parágrafo anterior.

GABARITO: LETRA C.
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06) Assinale o item correto acerca da Organização Política do Estado e Divisão de


Competências Materiais e Legislativas, tendo em mente a jurisprudência do STF.

A) É inconstitucional Lei Estadual que regulamenta forma de cobrança do ITCMD pela


PGE e de sua intervenção em processos de inventário, arrolamento e outros de
interesse da Fazenda Pública.
B) Lei estadual pode obrigar os planos de saúde a fornecer aos consumidores
informações e documentos justificando as razões pelas quais houve recusa de algum
procedimento tratamento ou internação.
C) Lei estadual pode dispor sobre a obrigatoriedade de informações nas embalagens
dos produtos alimentícios comercializados no Estado.
D) É inconstitucional Lei estadual que dispõe sobre a concessão de bolsas de estudo a
professores, por empresas privadas, em aprimoramento do sistema regional de
ensino, cuja contrapartida seja que os docentes ministrem aulas de alfabetização ou
aperfeiçoamento aos empregados da empresa patrocinadora.
E) Lei estadual pode dispor sobre medidas de segurança de estacionamentos privados
(incluindo a obrigatoriedade de contratação de funcionários para a segurança dos
clientes e o seu regime de contratação).

Assunto: Competências constitucionais dos entes federativos


Categoria: Jurisprudência
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.

O item reporta à recente decisão do STF, divulgada no Informativo n.º 905. Segundo o
voto do Relator Min. Alexandre de Moraes na ADI 4409, a previsão da lei estadual
versa sobre matéria procedimental (competência concorrente, art. 24 da CRFB), não
violando o CPC e, consequentemente, a competência privativa da União para legislar
sobre processo (art. 22, I da CRFB).

Portanto, ao contrário do afirmado no quesito, a lei estadual que regulamenta a forma


de cobrança do ITCMD foi considerada constitucional pelo STF.

B) CORRETA.

Trata-se da decisão no ADI 4512/MS (Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 07.02.2018),
que afastou a competência constitucional privativa da União para legislar
privativamente sobre direito civil (art. 22, I) e política de seguros (art. 22, VII),
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entendendo que a matéria versa prioritariamente sobre a competência concorrente


de proteção ao consumidor (art. 24, V da CRFB).

C) INCORRETA.

Deve-se ter em mente que o direito/proteção ao consumidor é de competência


legislativa concorrente (art. 24, V, CRFB), cabendo aos Estados suplementar a norma
geral federal.

Contudo, o STF entendeu, em recente decisão, que NÃO pode o Estado-membro criar
novo requisito que poderia, em última análise, desequilibrar o comércio
interestadual (art. 22, VIII, CRFB), em razão dos custos inerentes e consequências no
mercado após eventuais reformulações das embalagens em apenas um dos Estados
da federação.

Confira a ementa da decisão em que se discutiu lei do Estado do RJ, editada para
dispor sobre a obrigatoriedade de certas informações nas embalagens de alimentos
comercializados naquele Estado:

EMENTA: (...) Repartição de competências. Lei 1.939, de 30 de


dezembro de 2009, do Estado do Rio de Janeiro, que dispõe
sobre a obrigatoriedade de informações nas embalagens dos
produtos alimentícios comercializados no Estado do Rio de
Janeiro. Alegação de ofensa aos artigos 22, VIII, e 24, V, da
Constituição Federal. Ocorrência. Ausência de justificativa
plausível que autorize restrições às embalagens de alimentos
comercializados no Estado do Rio de Janeiro. Competência
legislativa concorrente em direito do consumidor. Ausência.
Predominância de interesse federal a evitar limitações ao
mercado interestadual. Ação julgada parcialmente
5
procedente .

D) INCORRETA.

Trata-se de decisão do STF, na recente ADI 2663/RS, assim ementada, pelo Min. Luiz
Fux, cuja leitura do inteiro teor se recomenda aos alunos:

EMENTA: (...) Lei estadual. Concessão de bolsas de estudo a


professores. Competência legislativa concorrente (art. 24, IX

5
ADI 750, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 03/08/2017, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-045 DIVULG 08-03-2018 PUBLIC 09-03-2018.
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da CRFB). (...) 1. O princípio federativo reclama o abandono de


qualquer leitura inflacionada e centralizadora das competências
normativas da União, bem como sugere novas searas
normativas que possam ser trilhadas pelos Estados, Municípios
e pelo Distrito Federal. 2. A prospective overruling, antídoto ao
engessamento do pensamento jurídico, possibilita ao Supremo
Tribunal Federal rever sua postura prima facie em casos de
litígios constitucionais em matéria de competência legislativa,
viabilizando o prestígio das iniciativas regionais e locais,
ressalvadas as hipóteses de ofensa expressa e inequívoca de
norma da Constituição de 1988. A competência legislativa de
Estado-membro para dispor sobre educação e ensino (art. 24,
IX, da CRFB/88) autoriza a fixação, por lei local, da
possibilidade de concessão de bolsas de estudo a professores,
em aprimoramento do sistema regional de ensino. (...)6.

E) INCORRETA.

O quesito remete à decisão do STF que foi ementada nos seguintes termos:

EMENTA: 1. A Lei Estadual 1.748/1990, que impõe medidas de


segurança em estacionamento, é inconstitucional, quer por
invadir a competência privativa da União para legislar sobre
direito civil (CF/88, art. 22, I), conforme jurisprudência
consolidada nesta Corte, quer por violar o princípio da livre
iniciativa (...) 2. O artigo 1º da lei impugnada, ao obrigar tais
empresas à manutenção de empregados próprios nas entradas
e saídas dos estacionamentos, restringe a contratação de
terceirizados, usurpando, ainda, a competência privativa da
União para legislar sobre direito do trabalho (CF/88, art. 22, I).
(...). 4. Tese: 1. “Lei estadual que impõe a prestação de serviço
segurança em estacionamento a toda pessoa física ou jurídica
que disponibilize local para estacionamento é
inconstitucional, quer por violação à competência privativa da
União para legislar sobre direito civil, quer por violar a livre
iniciativa.” 2. “Lei estadual que impõe a utilização de
empregados próprios na entrada e saída de estacionamento,

6
STF. Plenário. ADI 2663/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 8/3/2017.
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impedindo a terceirização, viola a competência privativa da


União para legislar sobre direito do trabalho 7.”

O STF entendeu, portanto, que lei estadual não pode versar sobre a obrigatoriedade
de estabelecimentos disponibilizarem seguranças nos estacionamentos por si
fornecidos, tanto por violar competência privativa da União para legislar sobre
direito civil, como pela ofensa à livre iniciativa, pelo que o quesito está incorreto.

GABARITO: LETRA B.

07) São previsões extraídas das Disposições Constitucionais Gerais, exceto:

A) Nos dez primeiros anos de criação de um Estado, o Tribunal de Contas deve ter três
membros, nomeados pelo Governador eleito.
B) A fiscalização e o controle sobre o comércio exterior, essenciais à defesa dos
interesses fazendários nacionais, são exercidos pelo Ministério da Fazenda.
C) A lei ordenará a venda e revenda de combustíveis de petróleo, álcool carburante e
outros combustíveis derivados de matérias-primas renováveis, respeitados os
princípios da Constituição.
D) Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação
do Poder Público.
E) A União pode assumir, direta ou indiretamente, em decorrência da criação de
Estado, encargos referentes a despesas com pessoal inativo e com encargos e
amortizações da dívida interna ou externa da administração pública, inclusive da
indireta.

Assunto: ADCT
Categoria: Lei Seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) CORRETA.

O item retrata exatamente o que prevê a CF/88, a saber:

Art. 235. Nos dez primeiros anos da criação de Estado, serão


observadas as seguintes normas básicas: III - o Tribunal de
Contas terá três membros, nomeados, pelo Governador

7
ADI 451, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2017, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-045 DIVULG 08-03-2018 PUBLIC 09- 03-2018.
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eleito, dentre brasileiros de comprovada idoneidade e notório


saber;

B) CORRETA.

A CF/88 contém previsão nesse sentido, como se lê abaixo:

Art. 237. A fiscalização e o controle sobre o comércio exterior,


essenciais à defesa dos interesses fazendários nacionais, serão
exercidos pelo Ministério da Fazenda.

C) CORRETA.

Do mesmo modo, este quesito retrata a exata previsão da CF/88, pelo que está
correto. Confira:

Art. 238. A lei ordenará a venda e revenda de combustíveis de


petróleo, álcool carburante e outros combustíveis derivados de
matérias-primas renováveis, respeitados os princípios desta
Constituição.

D) CORRETA.

Mais uma vez, o quesito não merece qualquer reparo, pois reflete a previsão da CF/88:

Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em


caráter privado, por delegação do Poder Público.

E) INCORRETA.

Este é o quesito que apresenta incorreção, devendo ser assinalado pelo aluno. É que,
ao contrário do afirmado, a CF/88 VEDA que a União assuma, direta ou
indiretamente, obrigações dos demais entes, como se lê abaixo na literalidade do
dispositivo constitucional (art. 234):

Art. 234. É vedado à União, direta ou indiretamente, assumir,


em decorrência da criação de Estado, encargos referentes a
despesas com pessoal inativo e com encargos e amortizações
da dívida interna ou externa da administração pública, inclusive
da indireta.
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GABARITO: LETRA E.

08) Assinale o quesito que reflete corretamente enunciado da súmula vinculante da


jurisprudência dominante do STF.

A) O salário mínimo não pode, em qualquer caso, ser usado como indexador de base
de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por
decisão judicial.
B) Viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo
para as praças prestadoras de serviço militar inicial.
C) A taxa cobrada em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou
destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo 145, II, da
Constituição Federal.
D) Não cabe ação direta de inconstitucionalidade de lei do Distrito Federal derivada da
sua competência legislativa municipal.
E) É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da
base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral
identidade entre uma base e outra.

Assunto: Súmulas Vinculantes


Categoria: Jurisprudência
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.

O único erro do quesito é afirmar não haver qualquer exceção à vedação de uso do
salário mínimo como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou
empregado. Isso porque a CF/88 ressalva expressamente os casos nela descritos.
Confira o enunciado da súmula vinculante 4:

Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo


não pode ser usado como indexador de base de cálculo de
vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser
substituído por decisão judicial.

B) INCORRETA.
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Ao contrário do afirmado, “não viola a Constituição o estabelecimento de


remuneração inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar
inicial”. É o exato teor da SV 6 do STF.

C) INCORRETA.

Muito cuidado com esse tipo de questão, que pode levar os alunos desatentos a erro!
Na recente prova da DPE/MG, em 2019, aplicada pela FUNDEP, houve a cobrança
desse quesito e muitos alunos “caíram na pegadinha criada pela banca”. Essa banca
também foi responsável pela organização da PGM Contagem/MG, em 2019, e pode ser
contratada para uma futura prova na AGE/MG. Portanto, fiquem atentos!

A pegadinha consistiu apenas na retirada da palavra “exclusivamente” do enunciado


da súmula, o que fez com que ficasse incorreta. Pode parecer “bobagem” à primeira
vista, mas, como dissemos, já houve a cobrança desse quesito em prova recente. Leia
abaixo o enunciado sumular e compare com o descrito no quesito C:

Súmula Vinculante 19: A taxa cobrada exclusivamente em


razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou
destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não
viola o artigo 145, II, da Constituição Federal.

A importância da palavra “exclusivamente”, contida na súmula, reside na


inconstitucionalidade de cobrança de taxa, como faziam alguns Municípios, em virtude
da limpeza urbana. Por isso, o STF fez questão de inserir o termo no enunciado
sumular de sua jurisprudência, deixando claro que ente municipal pode tão só cobrar
taxa pelo serviço público de coleta, remoção e tratamento de lixo ou resíduos
provenientes de imóveis.

O serviço de limpeza urbana, por sua vez, deve ser custeado apenas por impostos e
não por taxa, sob pena de inconstitucionalidade. É que, como se sabe, as taxas são
cobradas em razão da prestação de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados
aos contribuintes ou postos à sua disposição. Sendo que a limpeza urbana consiste em
serviço de utilidade coletiva, cujos usuários são indeterminados, pelo que deve ser
custeada por impostos.

D) INCORRETA.

De fato, há súmula do STF exatamente neste sentido, mas não se trata de enunciado
vinculante. O aluno deve ficar atento a esse tipo de “pegadinha”, que, não raro, é
explorado pela banca.
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Súmula 642-STF: Não cabe ação direta de inconstitucionalidade


de lei do Distrito Federal derivada da sua competência
legislativa municipal.

E) CORRETA.

É quesito que deve ser marcado pelo aluno, pois apresenta o exato teor da SV 29 do
STF:
SÚMULA VINCULANTE 29
É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou
mais elementos da base de cálculo própria de determinado
imposto, desde que não haja integral identidade entre uma
base e outra.

GABARITO: LETRA E.

09) Tendo em mente o regramento constitucional acerca do excepcional processo de


intervenção, tanto federal, como estadual, assinale a assertiva correta.

A) Diante da ausência de prestação de contas, a intervenção pode ser decretada por


iniciativa direta e específica do Executivo, tanto em âmbito federal, como estadual.
B) Caso não tenha sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção
e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde, a intervenção
estadual no Município pode ser decretada diretamente pelo Chefe do Executivo. Por
outro lado, não tendo havido a aplicação do mínimo exigido da receita resultante de
impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde, a intervenção da
União no Estado depende do provimento de representação interventiva do PGR
perante o STF.
C) Tanto na esfera federal como na estadual, a intervenção instaurada para prover a
execução de lei, de ordem ou de decisão judicial depende de análise judicial, sendo de
incumbência do Tribunal de Justiça, se estadual, ou do STF, se federal.
D) No caso de desobediência à ordem ou decisão judiciária, a intervenção federal
depende de requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça
ou do Tribunal Superior do Trabalho.
E) A intervenção da União nos Estados, para garantir o livre exercício de qualquer dos
Poderes nas unidades da Federação, depende de solicitação do Poder Legislativo ou do
Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Superior Tribunal de Justiça,
se a coação for exercida contra o Poder Judiciário.
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Assunto: Intervenção federal e estadual


Categoria: Lei Seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.

No âmbito estadual a intervenção por ausência de prestação de contas é, de fato, de


iniciativa do Executivo, por decreto. Entretanto, a intervenção federal decretada por
este mesmo motivo necessita da aprovação de representação interventiva perante o
STF, de iniciativa do PGR. Isso porque a prestação de contas da administração pública,
direta e indireta, foi inserida, em âmbito federal, no rol de princípios constitucionais
sensíveis.

É o que se extrai do regramento constitucional, que se reproduz abaixo:

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito


Federal, exceto para: VII - assegurar a observância dos
seguintes princípios constitucionais: d) prestação de contas da
administração pública, direta e indireta.

Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a


União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto
quando: II - não forem prestadas contas devidas, na forma da
lei;

Art. 36 A decretação da intervenção dependerá:


III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de
representação do Procurador-Geral da República, na hipótese
do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei federal.

B) CORRETA.

De fato, a intervenção estadual por descumprimento do mínimo constitucional exigido


para aplicação em serviços de saúde e ensino depende de decreto de iniciativa do
Poder Executivo. Lado outro, na esfera federal, por se enquadrar no rol dos princípios
constitucionais sensíveis, depende do julgamento de representação interventiva pelo
STF. Tal se depreende dos seguintes dispositivos:
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Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a


União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto
quando:
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita
municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas
ações e serviços públicos de saúde;

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito


Federal, exceto para: VII - assegurar a observância dos
seguintes princípios constitucionais:
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de
impostos estaduais, compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e
nas ações e serviços públicos de saúde.

Art. 36 A decretação da intervenção dependerá:


III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de
representação do Procurador-Geral da República, na hipótese
do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei federal.

C) INCORRETA.

Apenas no âmbito estadual que a intervenção derivada do descumprimento de lei,


ordem ou decisão judicial depende de representação do TJ. É que, na esfera federal,
apenas a intervenção decorrente do descumprimento de lei federal que depende da
aprovação da representação pelo STF. A intervenção decretada em razão da
desobediência de ordem ou decisão judicial, por sua vez, deve ser provocada por
requisição do STF, STJ ou TSE. Veja:

Art. 36 A decretação da intervenção dependerá:


II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária,
de requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior
Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de
representação do Procurador-Geral da República, na hipótese
do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei federal.

Art. 35 Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem


a União nos Municípios localizados em Território Federal,
exceto quando:
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IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para


assegurar a observância de princípios indicados na Constituição
Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de
decisão judicial.

D) INCORRETA.

O único erro da assertiva é incluir o TST. A CF/88 confere competência para requisitar
a intervenção federal apenas ao STF, STJ e ao TSE. Caso a ordem ou decisão judiciária
desobedecida seja de matéria trabalhista, cabe ao STJ requisitar a intervenção.

Art. 36 A decretação da intervenção dependerá:


II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de
requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal
de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;

E) INCORRETA.

A requisição para intervenção federal, em razão de coação exercida em face do Poder


Judiciário, deve ser de iniciativa do STF e não do STJ, como afirmado no quesito. É o
que dispõe a CF/88:

Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:


I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou
do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do
Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o
Poder Judiciário;

GABARITO: LETRA B.

10) Por meio de lei estadual complementar, de iniciativa do Legislativo, foi criada
região metropolitana, constituída pelo agrupamento de municípios limítrofes,
visando integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de
interesse comum, dentre as quais serviços de saneamento básico. A mesma lei criou,
ainda, uma autarquia vinculada à Administração estadual, com poder de concentrar
as decisões em relação aos assuntos de interesse da região metropolitana.
Considerando a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal acerca da matéria, a lei
estadual é
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A) Constitucional, no que atine à instituição da região metropolitana, às funções objeto


de integração e a instituição e atribuições da autarquia estadual.
B) Inconstitucional, já que a lei remete ao conceito de metrópole, e não de região
metropolitana. Além disso, não era necessária lei complementar, mas mera lei
ordinária.
C) Constitucional no que se refere à criação da região metropolitana por lei
complementar para as funções elencadas. Todavia, é inconstitucional, no que se refere
à atribuição de poder decisório unicamente à autarquia estadual, uma vez que esse
deve ser exercido conjuntamente por Estado e Municípios integrantes da região
metropolitana, embora a participação dos entes no órgão decisório não necessite ser
paritária.
D) Inconstitucional, no que se refere à iniciativa da lei complementar, cuja instituição
se deve dar por ato do Chefe do Poder Executivo, e não por iniciativa do Legislativo,
sob pena de ofensa ao princípio da separação de poderes.
E) Inconstitucional no que se refere aos serviços de saneamento básico, os quais são
de competência exclusiva dos Municípios, não cabendo ao Estado legislar sobre a
matéria, ainda que seja com o objetivo de criar região metropolitana.

Assunto: Organização político-administrativa do Estado. Regiões metropolitanas


Categoria: Jurisprudência
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.

A afirmativa está incorreta apenas em sua parte final. Conforme entendimento


firmado pelo Supremo Tribunal Federal, o poder decisório, nas regiões metropolitanas,
não pode ficar concentrado em um único ente.

Portanto, a lei, ao determinar a concentração do poder decisório perante a autarquia


estadual por si criada, não pode ser considerada constitucional.

Leia abaixo precedente do STF, emblemático para o esclarecimento deste e também


dos demais itens da questão sob análise:

O interesse comum inclui funções públicas e serviços que


atendam a mais de um Município, assim como os que, restritos
ao território de um deles, sejam de algum modo dependentes,
concorrentes, confluentes ou integrados de funções públicas,
bem como serviços supramunicipais. (...) A função pública do
saneamento básico frequentemente extrapola o interesse
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local e passa a ter natureza de interesse comum no caso de


instituição de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas
e microrregiões, nos termos do art. 25, § <3>º, da CF. Para o
adequado atendimento do interesse comum, a integração
municipal do serviço de saneamento básico pode ocorrer tanto
voluntariamente, por meio de gestão associada, empregando
convênios de cooperação ou consórcios públicos, consoante o
arts. <3>º, II, e 24 da Lei federal 11.445/2007 e o art. 241 da CF,
como compulsoriamente, nos termos em que prevista na lei
complementar estadual que institui as aglomerações urbanas.
A instituição de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas
ou microrregiões pode vincular a participação de Municípios
limítrofes, com o objetivo de executar e planejar a função
pública do saneamento básico, seja para atender
adequadamente às exigências de higiene e saúde pública, seja
para dar viabilidade econômica e técnica aos Municípios menos
favorecidos. Repita-se que esse caráter compulsório da
integração metropolitana não esvazia a autonomia municipal.
O estabelecimento de região metropolitana não significa
simples transferência de competências para o Estado. O
interesse comum é muito mais que a soma de cada interesse
local envolvido, pois a má condução da função de saneamento
básico por apenas um Município pode colocar em risco todo o
esforço do conjunto, além das consequências para a saúde
pública de toda a região. O parâmetro para aferição da
constitucionalidade reside no respeito à divisão de
responsabilidades entre Municípios e Estado. É necessário
evitar que o poder decisório e o poder concedente se
concentrem nas mãos de um único ente para preservação do
autogoverno e da autoadministração dos Municípios.
Reconhecimento do poder concedente e da titularidade do
serviço ao colegiado formado pelos Municípios e pelo Estado
federado. A participação dos entes nesse colegiado não
necessita de ser paritária, desde que apta a prevenir a
concentração do poder decisório no âmbito de um único ente.
A participação de cada Município e do Estado deve ser
estipulada em cada região metropolitana de acordo com suas
particularidades, sem que se permita que um ente tenha
predomínio absoluto8.

B) INCORRETA.

8
ADI 1.842, rel. p/ o ac. min. Gilmar Mendes, j. 6-<3>-2013, P, DJE de 16-9-2013.
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Na verdade, a hipótese descrita no enunciado remete sim ao conceito de região


metropolitana e não de metrópole. Além disso, há a necessidade de lei complementar.

Revisemos os conceitos contidos no Estatuto da Metrópole (Lei 13.089/15):

Art. 2º Para os efeitos dessa lei, consideram-se:


V – metrópole: espaço urbano com continuidade territorial
que, em razão de sua população e relevância política e
socioeconômica, tem influência nacional ou sobre uma região
que configure, no mínimo, a área de influência de uma capital
regional, conforme os critérios adotados pela Fundação
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE;
VII - região metropolitana: unidade regional instituída pelos
Estados, mediante lei complementar, constituída por
agrupamento de Municípios limítrofes para integrar a
organização, o planejamento e a execução de funções públicas
de interesse comum;
Art. 3º Os Estados, mediante lei complementar, poderão
instituir regiões metropolitanas e aglomerações urbanas,
constituídas por agrupamento de Municípios limítrofes, para
integrar a organização, o planejamento e a execução de
funções públicas de interesse comum.

C) CORRETA.

A partir dos comentários tecidos nos dois quesitos anteriores, fica fácil concluir pela
correção deste quesito, sem a necessidade de repetir o que se acabou de ressaltar.

D) INCORRETA.

Não há qualquer vício formal ou material neste aspecto da lei. Assertiva semelhante foi
cobrada em simulado anterior. Resolvemos exigi-la de novo, considerando a
importância do tema e a necessidade de revisão.

A CF/88 trata das regiões metropolitanas no § 3º do art. 25, nos seguintes termos:

§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir


regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para
integrar a organização, o planejamento e a execução de
funções públicas de interesse comum.
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A única exigência feita pela CF/88, relacionada com o processo legislativo, é que a
criação de regiões metropolitanas deve ser realizada por meio de lei complementar
estadual. Logo, a inclusão de município limítrofe na referida região pode ser feita por
lei de iniciativa parlamentar, desde que se trate de lei complementar.

Destaque-se, ainda, que a inclusão de Município na região metropolitana não acarreta


aumento de despesas, motivo pelo qual não viola o art. 63, I, da CF/88. É esse o
entendimento firme do STF, a saber:

É constitucional lei complementar, de iniciativa parlamentar,


que inclui município limítrofe na região metropolitana. A
iniciativa pare esse projeto de lei não é privativa do chefe do
Poder Executivo e essa inclusão não acarreta aumento de
despesa, não violando os artigos 61, §1º e 63, I, da CF/88 9.

A instituição de regiões metropolitanas, aglomerações


urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de
Municípios limítrofes, depende, apenas, de lei complementar
estadual10.

E) INCORRETA.

Ao contrário do afirmado, os serviços de saneamento, por extrapolarem a esfera de


mero interesse local, podem sim ser prestados de modo comum no âmbito de região
metropolitana. Isso, em especial, caso os entes municipais integrantes da região
metropolitana não possuam capacidade técnica suficiente para prestarem, de per si,
os serviços para a população de modo adequado.

Os comentários expedidos no item A, em especial o precedente do STF lá reproduzido,


demonstram que o STF já se pronunciou especificamente sobre a possibilidade de
inserção dos serviços de saneamento básico em lei complementar instituidora de
região metropolitana, sem violar a autonomia dos Municípios.

GABARITO: LETRA C.

11) Há apenas uma assertiva que descreve corretamente o conceito e a respectiva


classificação da Constituição. Assinale-a.

9
STF. Plenário. ADI 2803/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/11/2014 – Informativo 766.
10
ADI 1.841, rel. min. Carlos Velloso, j. 1º-8-2002, P, DJ de 20-9-2002. e ADI 1.842, rel. p/ o ac.
min. Gilmar Mendes, j. 6-<3-2013, P, DJE de 16-9-2013
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A) São consideradas Constituições Plásticas aquelas mais maleáveis à influência da


realidade social, o que permite mutações constitucionais.
B) A Constituição em sentido formal consiste no conjunto das normas fundantes
(basilares) que fazem parte do "núcleo ideológico" constitutivo do Estado e da
sociedade.
C) A Constituição dirigente também é intitulada por alguns autores de Constituição-
quadro, por ser planificadora e ter um viés de futuro.
D) A constituição garantia visa a explicitar as características da atual sociedade,
trazendo parâmetros que devem ser observados à luz da realidade econômica, política
e social já existente.
E) A constituição balanço trata-se de Constituição típica de Estado Liberal, que se
caracteriza pelo seu abstencionismo e sua atuação negativa (de não interferência ou
ingerência na sociedade).

Assunto: Classificação das Constituições


Categoria: Doutrina
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

Como ensina Bernardo Gonçalves Fernandes, as classificações constitucionais


(infelizmente) ainda são muito usuais na doutrina brasileira. E têm sido igualmente
cobradas em provas objetivas de concursos. Portanto, vale dominá-las para evitar a
perda de pontos importantes em sua prova.

OBS.: Serão analisadas abaixo as classificações abordadas nesta questão. Mas se


recomenda que o aluno aproveite a oportunidade para fazer um estudo das demais
classificações tratadas pela doutrina. Neste ponto, o livro de Bernardo Gonçalves é
bastante indicado, por cuidar da matéria de modo completo e aprofundado.

A) CORRETA.

A respeito das Constituições Plásticas, Bernardo Gonçalves Fernandes 11 ensina que:

As Constituições Plásticas são aquelas dotadas de uma


maleabilidade. Ou seja, são maleáveis aos influxos da
realidade social (política, econômica, educacional,
jurisprudencial e etc.). São constituições que possibilitam
releituras, (re)interpretações de seu texto, à luz de novas

11
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 9. ed. rev. ampl. e atual. -
Salvador. JusPODIVM, 2017.
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realidades sociais. A Constituição plástica pode ser flexível ou


mesmo rígida, desde que permita uma nova interpretação de
seu texto à luz de novos contextos sociais. Porém, é importante
deixarmos consignado que alguns autores classificam as
Constituições plásticas como flexíveis.

Portanto, está corretíssima a assertiva.

Dito isso, como o tema “classificação da Constituição” é um assunto corriqueiro em


prova de concurso, importa reproduzir o que o autor complementa sobre o assunto:

O fenômeno da teoria da Constituição, que possibilita que as


Constituições plásticas recebam novas atribuições de sentidos,
é chamado de mutações constitucionais. Ou seja, são
mudanças informais da Constituição, o texto continua o
mesmo, mas é reinterpretado à luz de novas realidades sociais.

B) INCORRETA.

Na verdade, o quesito conceitua constituição material e não formal, como afirmado.


Discorrendo sobre a classificação das constituições quanto ao conteúdo, leciona
Bernardo Gonçalves que a Constituição em sentido material:

É aquela escrita ou não em um documento constitucional e que


contém as normas tipicamente constitutivas do Estado e da
sociedade. Ou seja, são as normas fundantes (basilares) que
fazem parte do "núcleo ideológico" constitutivo do Estado e
da sociedade. Sem dúvida, essas matérias com o advento do
constitucionalismo (moderno) vêm sendo definidas como:
Organização e estruturação do Estado e Direitos e Garantias
Fundamentais.

Por sua vez, a constituição formal, ainda segundo os ensinamentos do autor, “é aquela
dotada de supralegalidade (supremacia), estando sempre acima de todas as outras
normas do ordenamento jurídico de um determinado país”. Daí porque o
procedimento para a modificação de suas normas é mais dificultoso do que o utilizado
para as demais normas do ordenamento. Então, conclui o autor que a Constituição
formal, quanto à estabilidade, é rígida.

C), D) e E) INCORRETAS.
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Estas assertivas serão tratadas de modo conjunto, porque remetem à classificação das
constituições quanto à finalidade.

De início, pontue-se que a assertiva C apenas se equivoca ao afirmar que a


Constituição dirigente também é denominada pela doutrina como “constituição
quadro”. Isso porque é a Constituição garantia que recebe essa nomenclatura. Lado
outro, a definição de constituição dirigente como planificadora e com viés voltado
para o futuro está correta.

Vejamos o que ensina Bernardo Gonçalves12:

Constituição garantia, abstencionista ou negativa: ela tem um


viés no passado, visando a garantir direitos assegurados contra
possíveis ataques do Poder Público. Trata-se de Constituição
típica de Estado Liberal que caracteriza-se pelo seu
abstencionismo e sua atuação negativa (de não interferência ou
ingerência na sociedade). Essa Constituição também intitulada
por alguns autores de Constituição-quadro foi concebida
apenas como um instrumento de governo que deveria trazer a
limitação ao Poder com a devida organização do Estado, assim
como direitos e garantias fundamentais.

As assertivas D) e E), a seu turno, invertem os conceitos de constituição garantia e


constituição balanço. Enquanto a D) conceitua a “balanço”, a letra E) cuida da
constituição garantia, sobre a qual se acabou de discorrer.

Revisemos o que discorre o autor sobre a constituição balanço:

Constituição Balanço: visa a trabalhar o presente. Trata-se de


constituição típica dos regimes socialistas (constituições de
cunho marxista). Essa constituição visa a explicitar as
características da atual sociedade, trazendo parâmetros que
devem ser observados à luz da realidade econômica, política e
social já existente. Ela realiza um balanço das planificações
realizadas e explicita à sociedade o novo grau de planificação já
em curso. A constituição visa adequar-se à realidade social.

Por fim, acerca da constituição dirigente, ensina o autor:

12
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Op. Cit.
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Constituição Dirigente: tem viés de futuro. É uma constituição


típica de Estado social e de seu pano de fundo paradigmático
(democracias-sociais, sobretudo do pós-Segunda Guerra
Mundial). Constituições dirigentes são planificadoras e visam a
predefinir uma pauta de vida para a sociedade e estabelecer
uma ordem concreta de valores para o Estado e para a
sociedade. Ou seja, programas e fins para serem cumpridos
pelo Estado e também pela sociedade. Uma das características
dessas Constituições, não raro, é a presença de normas
programáticas em seu bojo.

GABARITO: LETRA A.

12) Tendo em vista a doutrina constitucional e a jurisprudência dos Tribunais


Superiores, assinale a alternativa incorreta:

A) Os Atos das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT da Constituição Federal


possuem, em regra, retroatividade mínima, não havendo de se falar em tal efeito em
relação ao ADCT de Constituição Estadual.
B) Lei infraconstitucional pode restringir a eficácia de normas constitucionais.
C) Embora não seja comum, lei pode revogar medida provisória. Também é raro - mas
pode acontecer - de uma medida provisória ser devolvida pelo Congresso Nacional ao
Presidente da República, sem sequer ter sido incluída em pauta para votação.
D) A relação entre as constituições, a do presente e a do passado e entre a
constituição e as leis infraconstitucionais é marcada pelos fenômenos denominados
pela doutrina como: recepção, repristinação, integração e desconstitucionalização.
Segundo a teoria da recepção, ocorre a recepção da Constituição anterior como norma
infraconstitucional, desde que compatível com a nova Constituição. A repristinação,
por sua vez, consiste no fenômeno pelo qual a norma revogada volta a ter vigência
com a revogação da norma revogadora.
E) Em recentíssima decisão no âmbito de Recurso Extraordinário com repercussão
geral reconhecida, foi deferida tutela provisória incidental, para suspender todos os
efeitos do parecer da Advocacia Geral da União (AGU) sobre a conceituação de terras
indígenas, até o julgamento de mérito do Tema de repercussão geral pelo Supremo.
Este tema (1031) se refere à definição do estatuto jurídico-constitucional das relações
de posse das áreas de tradicional ocupação indígena à luz das regras dispostas no
artigo 231 da CF/88.

Assunto: Teoria Geral da Constituição e jurisprudência do STF


Categoria: Jurisprudência e doutrina
Nível: Difícil
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COMENTÁRIOS:

A) CORRETA.

O Professor Dirley da Cunha Júnior explica, de modo magistral, os graus da


retroatividade:
Ocorre a retroatividade máxima (também chamada
restitutória) quando a lei nova retroage para atingir os atos ou
fatos já consumados (direito adquirido, ato jurídico perfeito ou
coisa julgada).
A retroatividade média, por outro lado, se opera quando a nova
lei, sem alcançar os atos ou fatos anteriores, atinge os seus
efeitos ainda não ocorridos (efeitos pendentes). É o que ocorre,
por exemplo, quando uma nova lei, que dispõe sobre a redução
da taxa de juros, aplica-se às prestações vencidas de um
contrato, mas ainda não pagas.
Já a retroatividade mínima (também chamada temperada ou
mitigada) se verifica quando a novel lei incide imediatamente
sobre os efeitos futuros dos atos ou fatos pretéritos, não
atingindo, entretanto, nem os atos ou fatos pretéritos nem os
seus efeitos pendentes. Dá-se essa retroatividade mínima,
quando, por exemplo, a nova lei que reduziu a taxa de juros
somente se aplicar às prestações que irão vencer após a sua
vigência (prestações vincendas). A aplicação imediata de uma
lei, que atinge os efeitos futuros de atos ou fatos pretéritos,
corresponde a uma retroatividade, ainda que mínima ou
mitigada, pois essa lei retroage para interferir na causa, que é o
próprio ato ou fato ocorrido no passado 13.

Em seguida, o mesmo Professor aponta a visão da jurisprudência do STF sobre o


assunto:
Já se firmou a jurisprudência do STF no sentido de que os
dispositivos constitucionais têm vigência imediata, alcançando
os efeitos futuros de fatos passados (retroatividade mínima).
Porém, salvo disposição expressa em contrário – e a
Constituição pode fazê-lo –, eles não alcançam os fatos
consumados no passado nem seus efeitos pendentes

13
(fonte: https://www.brasiljuridico.com.br/artigos/distincao-entre-retroatividade-maxima-
media-e-minima).
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(retroatividades máxima e média) (RE 242740/GO, Rel. Min.


MOREIRA ALVES, J. 20/03/2001). Mas é imperioso advertir que
somente as normas constitucionais federais é que, por terem
aplicação imediata, alcançam os efeitos futuros de fatos
passados (retroatividade mínima), e se expressamente o
declararem podem alcançar até fatos consumados no passado
(retroatividades média e máxima). Não assim, porém, as
normas constitucionais estaduais que estão sujeitas à vedação
do artigo 5º, XXXVI, da Carta Magna Federal, inclusive a
concernente à retroatividade mínima que ocorre com a
aplicação imediata delas (AI 258337 AgR/MG, Rel. Min.
MOREIRA ALVES, J. 06/06/2000).

Após a revisão das lições do doutrinador, fica fácil concluir pela correção da assertiva.
Isso porque, de fato, a regra é que as normas do ADCT da CF/88 possuam
retroatividade mínima. Entretanto, as normas de Constituição estadual não são
atingidas por essa regra, por decorrerem de atividade do Poder Constituinte derivado
decorrente, que deve respeitar os limites traçados pelo Poder Constituinte originário, a
exemplo do preceito estatuído no artigo 5º, XXXVI, da CF/88 (que estabelece a
necessidade de observância do ato jurídico perfeito, direito adquirido e coisa julgada).

B) CORRETA.

É plenamente possível que norma infraconstitucional restrinja a eficácia de normas


constitucionais. Quando se recorda o tema da eficácia das normas constitucionais,
conclui-se que a norma constitucional de eficácia CONTIDA é justamente a espécie em
questão, por possuir aplicabilidade direta e ampla, sem necessitar de norma
regulamentadora para produzir efeitos imediatos, podendo, porém, ter a sua área de
alcance restringida por lei infraconstitucional.

C) CORRETA.

De fato, conquanto seja raro, é possível que lei revogue medida provisória, pois, como
se sabe, a MP é espécie normativa específica, de iniciativa do Executivo, editada em
casos de relevância e urgência, mas com eficácia de lei, desde a sua edição.

Embora possua eficácia de lei, a MP precisa ser votada pelo Congresso Nacional,
podendo ser aprovada (quando é convertida em lei), ou rejeitada (hipótese em que
deixa de existir).
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A possibilidade de o Congresso Nacional DEVOLVER a medida provisória ao


Presidente, sem que ela sequer seja votada, sob o fundamento de sua
inconstitucionalidade, não está prevista expressamente na CF/88, mas já aconteceu
em algumas situações. Inclusive, com a recentíssima MP 979/20, a qual concedia
autorização ao Ministro da Educação para designar reitores em Universidades públicas,
enquanto durasse a pandemia da Covid-19.

Foi construída a tese de que, em se tratando de MP flagrantemente inconstitucional, o


Presidente do Congresso Nacional pode devolver a MP ao Presidente da República,
sem sequer ter sido votada. É como se a MP fosse liminarmente rejeitada. Entende-se
que a autorização para isso está no art. 48, XI, do Regimento interno do Senado.

Nesse contexto, importa destacar que no último dia 12 de junho, o Presidente do CN, o
Senador Davi Alcolumbre, devolveu ao Presidente a mencionada MP 979/20, por
considerá-la patentemente inconstitucional, diante da violação à autonomia
universitária (art. 206, VI, da CF/88 e 207, também da CF/88).

Vale salientar também que a devolução de MP pelo Legislativo ao Executivo já ocorreu


em outras ocasiões anteriores.

D) INCORRETA.

Este quesito apresenta uma incorreção. Vejamo-la.

De início, destaca-se a confusão que é feita entre os conceitos de


desconstitucionalização e teoria da recepção. Esta (teoria da recepção) ocorre quando
normas infraconstitucionais anteriores são recepcionadas pela nova Carta
Constitucional, por serem com ela compatíveis. Aquela (teoria da
desconstitucionalização), por sua vez, ocorre quando “as normas da Constituição
anterior, desde que compatíveis com a nova ordem, permanecem em vigor, mas com
o status de lei infraconstitucional14.”

Desse modo, o quesito define a desconstitucionalização, mas a denomina como teoria


da recepção.

Apenas a título de complementação, ressalta-se que está correto o conceito de


repristinação dado na assertiva. A repristinação ocorre quando norma revogada volta
a viger, após a revogação da norma que a revogara anteriormente. Em regra, a
repristinação não é automática na ordem jurídica brasileira, consoante previsão da Lei

14
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 2016, Saraiva.
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de Introdução às normas do direito brasileiro. Deve haver a expressa previsão para que
a repristinação ocorra.

E) CORRETA.

De fato, o Tema 1031 da repercussão geral no STF trata da “definição do estatuto


jurídico-constitucional das relações de posse das áreas de tradicional ocupação
indígena à luz das regras dispostas no artigo 231 do texto constitucional”.

A principal discussão nos autos do processo, cuja repercussão geral foi reconhecida
(Recurso Extraordinário 1017365), gira em torno da definição do marco temporal para
que seja reconhecido o direito indígena sobre determinado território. O recurso
discute a definição do estatuto jurídico-constitucional das relações de posse das
áreas de tradicional ocupação indígena.

Como se sabe, a CF/88, no art. 231, reconheceu o direito dos índios à posse
permanente sobre as terras por eles tradicionalmente ocupadas, cabendo-lhes o
usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.

Em 7 de maio de 2020, o ministro do STF Edson Fachin deferiu pedido de tutela


provisória incidental, nos autos do Recurso Extraordinário 1017365, representativo
da controvérsia, para suspender os efeitos de parecer da Advocacia Geral da União
(AGU) sobre a conceituação de terras indígenas.

Segundo a comunidade indígena e as partes interessadas admitidas no recurso, o


Parecer 001/2017/GAB/CGU/AGU, editado em 2017 e aprovado pela Presidência da
República, insere novos pressupostos sobre conceituação de terra indígena que não
estão em harmonia com a Constituição Federal nem com a jurisprudência do STF.

As entidades indígenas interessadas no processo argumentam que o parecer retira da


decisão do STF no julgamento da PET 3388 (Raposa Serra do Sol) dois fundamentos –
correspondentes ao marco temporal e à impossibilidade de ampliação da terra
demarcada – e ignora a íntegra do julgado, amplamente favorável aos indígenas.

Acompanhemos a definição final desse importante tema, que deve ocorrer em breve!

GABARITO: LETRA D.
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DIREITO TRIBUTÁRIO

13) Os próximos itens dispõem acerca do ISS – Imposto sobre serviços -, de


competência municipal. Tendo em mente as disposições da LC 116/03, bem como o
posicionamento da doutrina e da jurisprudência, assinale o item correto.

A) Incide o ISS sobre as três formas de leasing existentes, isto é, sobre o leasing
financeiro, o lease back, bem como sobre o operacional.
B) O STF posicionou-se, em recente decisão, pela inconstitucionalidade da incidência
do ISS sobre o contrato de franquia (franchising), sob o fundamento de que,
conquanto este albergue em si também uma “obrigação de fazer”, com natureza
jurídica de prestação de serviço, é um contrato complexo, sobre o qual não pode
incidir ISS.
C) É consolidado o entendimento acerca da não incidência do ISS sobre serviços
bancários, não se admitindo qualquer interpretação extensiva para abarcar também as
atividades congêneres.
D) O STJ já se posicionou no sentido de que o ISS incide sobre os serviços de proteção
ao crédito, ainda que prestados por entidade sindical a seus associados.
E) A jurisprudência do STF e do STJ é firme pela impossibilidade de dedução da base de
cálculo do ISS dos valores dos materiais utilizados em construção civil e das
subempreitadas.

Assunto: Tributos Municipais – ISS – Imposto sobre serviços


Categoria: Jurisprudência e doutrina
Nível: Difícil

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.

Ao revés do afirmado neste item, de acordo com a posição firme dos tribunais
superiores, somente há a incidência do ISSQN sobre o leasing financeiro e sobre o
lease back. É que nesses dois casos entende-se prevalecer o serviço de
financiamento. Por outro lado, no leasing operacional há nítida prevalência da
operação de locação do bem, sobre a qual não pode incidir ISS.

Há tese de repercussão geral do STF com o seguinte teor:

É constitucional a incidência do Imposto sobre Serviços de


Qualquer Natureza - ISS sobre as operações de arrendamento
mercantil (leasing financeiro).
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Apenas a título de complementação, recordemos os conceitos dos tipos de leasing, por


meio de tabela extraída da obra “tributos em espécie”15.

Leasing operacional A empresa de leasing Não incide ISSQN


compra o bem e o aluga
por determinado período
ao seu cliente, que no fim
do contrato pode optar
em comprar o bem,
devolvê-lo ou renovar o
contrato.
Leasing financeiro O cliente escolhe comprar Incide ISSQN
o bem no início da
operação por valor pré-
determinado ou pelo
preço de mercado, ao fim
da operação. Assim, além
do valor das prestações
que correspondem ao
aluguel do bem, o
consumidor paga o VRG
(valor residual garantido).
Lease back O cliente vende o bem Incide ISSQN
para a arrendadora e, em
seguida, arrenda o bem.
Ao fim do contrato, o
cliente compra o bem pelo
VRG.

B) INCORRETA.

O contrato de franquia encontra-se no item 17.08 da lista anexa da LC 116/03, que


define os serviços passíveis de incidência de ISS. Entretanto, diante da complexidade
dessa modalidade de contrato, sempre houve muita controvérsia acerca da
constitucionalidade do referido item 17.08 da LC 116/03.

Diante das controvérsias sobre o tema, inclusive doutrinárias, o STF reconheceu a


Repercussão Geral do assunto e, em recentíssima decisão, em 29 de maio de 2020,
definiu o seguinte:

15
CASTRO, Eduardo M. L. Rodrigues; LUSTOZA, Helton Kramer; GOUVÊA, Marcus de Freitas. Tributos
em espécie. 6 ed. Rev. Atual. E ampliada. Salvador: Juspodivm, 2019.
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É constitucional a incidência de Imposto sobre Serviços de


Qualquer Natureza (ISS) sobre contratos de franquia
(franchising) (itens 10.04 e 17.08 da lista de serviços prevista
no Anexo da Lei Complementar 116/2003).

C) INCORRETA.

Prevalece justamente o contrário: considera-se consolidado o entendimento de


incidência do ISSQN sobre os serviços bancários, admitindo-se, inclusive, a
interpretação extensiva das atividades congêneres.

A 1ª Seção do STJ aprovou a súmula 424, cuja redação é:

É legítima a incidência de ISS sobre os serviços bancários


congêneres da lista anexa ao DL n. 406/1968 e à LC n.
56/1987.

D) CORRETA.

Analisando a situação acerca dos serviços de consulta e proteção ao crédito, decidiu


recentemente a 1ª Turma do STJ que:

O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN -


incide sobre os serviços de proteção ao crédito, ainda que
prestados por entidade sindical a seus associados. STJ. 1ª
Turma. AREsp 654.401-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
04/10/2018 (Info 638).

Segundo a fundamentação do julgado, prevaleceu o entendimento de que neste caso


havia uma prestação de serviços mediante remuneração, suficiente para a incidência
do ISSQN. Seria irrelevante que a remuneração desse serviço ocorresse sem o
propósito de lucro, sendo que bastava a ocorrência do fato gerador, independente do
resultado da atividade, na espécie caracterizada pelo preço pago, a cada consulta.

Deve-se tomar cuidado, contudo, com precedente anterior da 2ª Turma, em sentido


contrário. Vejamos:

A Câmara de Dirigentes Lojistas é uma associação cujos serviços


destinam-se a atender seus próprios sócios, os diretores de
lojas, sem objetivo de lucro, mas visando a realização de seus
objetivos, tal como previsto em seu estatuto. Assim, como o
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CDL realiza suas atividades sem fins lucrativos não está sujeito
à incidência do ISS.
STJ. 2ª Turma. REsp 1338554/RS, Rel. Min. Humberto Martins,
julgado em 07/05/2015.

Como o quesito apenas mencionou a existência de julgado do STJ no sentido do que foi
afirmado, deve ser considerado correto pelo aluno. Isso, até mesmo considerando que
se trata do precedente mais recente do STJ sobre o tema. Em provas objetivas, é
essencial que o aluno fique atento à intenção do examinador, para evitar perder
pontos por má interpretação do enunciado.

E) INCORRETA.

Ao contrário do afirmado, a jurisprudência, tanto do STF, como do STJ, permite a


exclusão da base de cálculo do ISS do valor dos materiais adquiridos de terceiros e
empregados na construção civil.

Há, inclusive, tese com repercussão geral firmada sobre o tema, no âmbito do STF:

TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS - ISS. DEFINIÇÃO DA


BASE DE CÁLCULO. DEDUÇÃO DOS GASTOS COM MATERIAIS
EMPREGADOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL. RECEPÇÃO DO ART. 9o,
§ 2o, b, DO DECRETO-LEI 406/1968 PELA CONSTITUIÇÃO DE
1988. RATIFICAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA FIRMADA POR ESTA
CORTE. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL (RE 603.497-RG,
Relatora a Ministra Ellen Gracie, Plenário Virtual, DJe 7.5.2010,
grifos nossos).

Também há proposta de enunciado de súmula vinculante sobre o tema, cujo teor é:

Não se inclui na base de cálculo do Imposto Sobre Serviços de


Qualquer Natureza - ISSQN o valor dos materiais adquiridos
de terceiros e empregados em obras de construção civil pelo
prestador de serviços.

Discorrendo sobre o tema, complementa Helton Kramer Lustoza 16:


(...) a fundamentação das decisões da Suprema Corte,
consideram que a dedução é possível, mas devem se limitar
somente aos materiais diretamente empregados na obra. Com

16
CASTRO, Eduardo M. L. Rodrigues; LUSTOZA, Helton Kramer; GOUVÊA, Marcus de Freitas. Tributos
em espécie. 6 ed. Rev. Atual. E ampliada. Salvador: Juspodivm, 2019.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

isso, fica claro que a legislação tributária juntamente com a


jurisprudência dominante, pretendem excluir da base de
cálculo, correspondente ao valor total do serviço de
construção civil prestado, tão somente, os valores advindos
de materiais que tenham origem de uma venda mercantil
(sujeita a tributação do ICMS) e desde que sejam empregados
(incorporados definitivamente) na obra.

GABARITO: LETRA D.

14) Imagine a instituição pela União de um tributo cujo fato gerador seja a
movimentação financeira caracterizada, por exemplo, por saques e transferências
bancárias de dinheiro. Sobre o tema, é correto afirmar que:

A) A União já instituiu essa espécie tributária no campo da competência residual, pois


tal fato gerador não estava discriminado originariamente na Constituição. A CF/88
exige, para a instituição de tributo residual, a edição de lei complementar e que o novo
tributo não seja cumulativo.
B) Este tributo somente pode ter natureza jurídica de CIDE - contribuição para a
intervenção no domínio econômico - da União, instituída mediante lei ordinária.
C) Não poderia ser instituído qualquer tributo tendo como fatos geradores os saques e
transferências bancárias de dinheiro, por expressa vedação constitucional.
D) Poderia ser instituído, por lei complementar, por quaisquer dos entes federativos,
com a natureza jurídica de taxa.
E) Por ter fato gerador novo, não previsto na Constituição Federal, é imposto que
somente pode ser instituído por Emenda Constitucional.

Assunto: Contribuições sociais residuais e impostos residuais na CF/88


Categoria: Doutrina e lei seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) CORRETA.

B), C), D) e E) INCORRETAS.

Ao ler a questão o aluno deve recordar da CPMF!

O enunciado da questão trata da CPMF, Contribuição Provisória sobre Movimentação


Financeira, que vigorou no Brasil por 11 anos. A CPMF incidia sobre transmissão e
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

movimentação de valores e de créditos e direitos de natureza financeira (a exemplo


dos saques e transferências bancárias). Os recursos arrecadados com a contribuição
destinavam-se ao Fundo Nacional de Saúde, para financiamento de ações e serviços de
saúde.

A contribuição, criada pela EC 12/96, por meio da inserção do art. 74 no ADCT, incidiu
sobre todas as movimentações bancárias — exceto nas negociações de ações na Bolsa,
saques de aposentadorias, seguro-desemprego, salários e transferências entre contas
correntes de mesma titularidade17.

A natureza jurídica da CPMF era a de Contribuição previdenciária residual (art. 195, §


4º, da CF/88), já que os recursos arrecadados eram destinados ao Fundo de Saúde.
Não possuía natureza jurídica de imposto!!!

Nos termos do art. 195, § 4º, c/c 154, I, todos da CF/88, a nova contribuição só poderia
ser instituída por Lei complementar.

Art. 154. A União poderá instituir:


I - mediante lei complementar, impostos não previstos no
artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não
tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos
discriminados nesta Constituição;

Art. 195 § 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a


garantir a manutenção ou expansão da seguridade social,
obedecido o disposto no art. 154, I.

Para aprofundar: Como se disse, foi editada a EC 12/96 autorizando a instituição da


CPMF pela União (art. 74, caput, ADCT). Ao mesmo tempo, essa emenda afastou a
observância da regra do art. 154, I, da CF, permitindo que a CPMF fosse instituída por
Lei Ordinária (a EC apenas autorizou sua instituição, o que veio de fato a ocorrer com a
edição de posterior Lei Ordinária). Também ficaram afastadas as regras de não
cumulatividade e base de cálculo e fato gerador não discriminados na Constituição.
Vejam a redação do § 4º do art. 74 do ADCT:

§ 2º A contribuição de que trata este artigo não se aplica o


disposto nos arts. 153, § 5º, e 154, I, da Constituição.

17
Fonte: agência senado.
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A CPMF era um tributo PROVISÓRIO, sendo que a sua vigência inicial foi de apenas 2
anos (posteriormente foram editadas outras emendas prorrogando o prazo). Em tese,
seria possível a edição de outra EC prorrogando o prazo mais uma vez (nesse caso,
para a sua criação bastaria LO). Todavia, caso não fosse editada uma nova EC, dever-
se-ia seguir a regra constitucional, ou seja, a sua instituição dar-se-ia mediante a
edição de Lei Complementar.

Importante destacar que os demais quesitos estão errados, porque:

1) não há qualquer vedação constitucional à criação de tributo com tal fato gerador;
2) taxas só podem ser criadas em razão do efetivo exercício do poder de polícia ou da
prestação, efetiva ou potencial, de serviços públicos, específicos e divisíveis, prestados
ao contribuinte ou postos à sua disposição;
3) a CF/88 permite a criação de impostos residuais pela União, mediante lei
complementar, e também de contribuições sociais residuais, mediante esse mesmo
instrumento normativo, não sendo necessária a edição de Emenda Constitucional
para tal fim. No caso da CPMF optou-se por EC tão só para fazer o expresso
afastamento das regras constitucionais relativas à necessidade de lei complementar e
da não cumulatividade.
4) os fatos geradores de CIDE (contribuição para a intervenção no domínio
econômico), de competência da União, estão descritos na CF/88 e dentre eles não se
incluem as movimentações financeiras referidas no enunciado.

GABARITO: LETRA A.

15) Sobre os tributos em espécie, julgue os seguintes itens e assinale o correto.

A) Compete aos Municípios a instituição de taxa para o custeio do serviço de


iluminação pública, cuja cobrança pode ser feita na fatura de consumo da energia
elétrica.
B) Havendo órgão instalado e com competência e estrutura para o exercício das
atividades de fiscalização, presume-se realizada a fiscalização, o que justifica a
cobrança de taxa em razão do Poder de Polícia, conforme já decidiu o Supremo
Tribunal Federal.
C) Embora, em regra, a instituição da contribuição de melhoria deva ser realizada em
momento posterior à obra, vez que se utiliza do critério da valorização dela decorrente
para cálculo do valor a ser pago, o Superior Tribunal de Justiça definiu a possibilidade
de sua prévia cobrança para os casos de obras de grande dimensão.
D) Os empréstimos compulsórios necessariamente são tributos vinculados e de
arrecadação vinculada.
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E) Em caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse


nacional, a instituição de empréstimo compulsório não deve obediência ao princípio da
anterioridade.

Assunto: Tributos em espécie


Categoria: Doutrina e jurisprudência
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.

O erro na assertiva é o uso da expressão taxa, quando deveria mencionar contribuição.


Não se trata de mero apego à literalidade. A diferenciação do uso da taxa ou da
contribuição para fins de custeio do serviço de iluminação pública é de suma
importância. Expliquemos.

Diversos Municípios instituíam taxas com a finalidade de manutenção do custeio do


serviço de iluminação pública. No entanto, como se sabe, de acordo com o artigo 145,
inciso II, da Constituição Federal de 1988, os entes políticos podem instituir “II - taxas,
em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de
serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua
disposição”.

Ou seja, para instituição do referido tributo no que atine aos serviços públicos, é
necessário sejam serviços específicos e divisíveis.

Conceituando tais expressões, o próprio Código Tributário Nacional, em seu artigo 79,
incisos II e III, define que os serviços são específicos quando possam ser destacados em
unidades autônomas de intervenção, sendo divisíveis quando suscetíveis de utilização,
separadamente, por parte de cada um dos seus usuários. Ou seja, deve o usuário saber
por qual serviço está pagando, bem como o ente poder identificar quais os usuários do
mencionado serviço.

Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77


consideram-se:
I - utilizados pelo contribuinte:
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória,
sejam postos à sua
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disposição mediante atividade administrativa em efetivo


funcionamento;
II - específicos, quando possam ser destacados em unidades
autônomas de intervenção,
de utilidade, ou de necessidades públicas;
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente,
por parte de cada um
dos seus usuários.

Uma vez que a iluminação pública é um serviço uti universi, ou seja, de uso coletivo,
não possibilitando o preenchimento dos requisitos acima mencionados, o Supremo
Tribunal Federal entende pela impossibilidade de utilização da taxa para seu custeio.
Inclusive, foi editada a Súmula Vinculante no 41, segundo a qual “o serviço de
iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa”.

Também em razão da problemática acima mencionada, o Poder Constituinte Derivado


acrescentou na Constituição Federal de 1988 o artigo 149-A, prevendo a possibilidade
de se realizar o custeio do serviço de iluminação pública através de contribuição a ser
instituída por Municípios e Distrito Federal.

É a chamada COSIP, cuja cobrança pode ocorrer, inclusive, na fatura de consumo da


energia elétrica.

Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir


contribuição, na forma das
respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação
pública, observado o disposto
no art. 150, I e III. (Incluído pela Emenda Constitucional no 39,
de 2002)
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que
se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.

Ao mencionar taxa, e não contribuição, a assertiva se encontra incorreta.

B) CORRETA.

Para o Supremo Tribunal Federal, é suficiente para justificar a cobrança da taxa em


razão do Poder de Polícia a prova da existência de órgão instalado e com
competência e estrutura para exercer a atividade de fiscalização, o que gera
verdadeira presunção de que tal exercício está sendo realizado. Vejamos a ementa de
julgado que ilustra essa posição:
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EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM


RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TAXADE
LICENÇAPARALOCALIZAÇÃO DE ESTABELECIMENTO.
CONSTITUCIONALIDADE. BASE DE CÁLCULO.
PROPORCIONALIDADE COM O CUSTO DA ATIVIDADE ESTATAL
DE FISCALIZAÇÃO. PRECEDENTES. 1. Nos termos da
jurisprudência da Corte, a taxa de renovação de licença de
funcionamento é constitucional, desde que haja o efetivo
exercício do poder de polícia, o qual é demonstrado pela mera
existência de órgão administrativo que possua estrutura e
competência para a realização da atividade de fiscalização. 2. A
base de cálculo da taxa de fiscalização e funcionamento
fundada na área de fiscalização é constitucional, na medida em
que traduz o custo da atividade estatal de fiscalização. Quando
a Constituição se refere às taxas, o faz no sentido de que o
tributo não incida sobre a prestação, mas em razão da
prestação de serviço pelo Estado. A área ocupada pelo
estabelecimento comercial revela-se apta a refletir o custo
aproximado da atividade estatal de fiscalização. 3. Agravo
regimental a que se nega provimento18.

C) INCORRETA.

A contribuição de melhoria corresponde a tributo que pode ser instituído pelos entes
políticos com a finalidade de reaver os recursos gastos com a realização de obras
públicas que acarretem valorização imobiliária dos particulares. É o que prevê a CF/88:

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios


poderão instituir os
seguintes tributos: (...)
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

Uma vez instituída, possui dois limites: a) o global, pois o valor cobrado pelo Poder
Público ao particular deve ser limitado ao valor total gasto com a obra; e b) o limite
individual, tendo em vista que só se pode exigir de determinado sujeito passivo o
quantum referente à respectiva valorização de seu imóvel.

18
RE 856185 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 04/08/2015,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-190 DIVULG 23-09-2015 PUBLIC 24-09-2015.
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Como seu cálculo decorre da valorização imobiliária, verdadeiro fato gerador da


exação, entende-se que sua instituição apenas pode ocorrer ao final da obra. Apesar
de já ter entendido pela possibilidade de, excepcionalmente, ser cobrado o tributo
pela realização de parte de obra, desde que a parcela já elaborada tenha
inequivocamente resultado em valores dos imóveis localizados em sua área de
influência, não há qualquer exceção definida pelo Superior Tribunal de Justiça no que
diz respeito a obras de grande dimensão, motivo pelo qual a assertiva se encontra
incorreta.

D) INCORRETA.

Prevê o art. 148 da CF/88 que:

Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir


empréstimos compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de
calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de
relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150,
III, "b".
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de
empréstimo compulsório será vinculada à despesa que
fundamentou sua instituição.

Percebe-se que, diferentemente das taxas e das contribuições de melhoria, não se


está aqui diante de uma espécie tributária necessariamente vinculada. Em outras
palavras, o fato gerador dos empréstimos compulsórios não é, por determinação
constitucional, uma prestação estatal (serviço específico e divisível, atividade de polícia
administrativa ou obra pública), conquanto nada obste que a lei de instituição assim o
preveja.

Seu traço distintivo, contudo, é a existência de previsão constitucional de um destino


específico para o produto da arrecadação (arrecadação vinculada), que deve ser,
necessariamente, custear as despesas decorrentes de guerra externa ou da sua
iminência ou custear investimento público de caráter urgente e relevante interesse
nacional. Nisso diferem também dos impostos, tributos de arrecadação não
vinculada.

Portanto, o quesito se equivoca na parte em que os define como “tributos


necessariamente vinculados”, pois apenas são, de modo obrigatório, tributos com
arrecadação vinculada. Não confundam tais conceitos!
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Apenas rememorando esses conceitos, fala-se que um tributo é vinculado nos casos
em que o fato gerador da obrigação corresponde a uma prestação estatal – como
acontece com as taxas e contribuições de melhoria. Em outra via, determinada espécie
é classificada como tributo de arrecadação vinculada quando houver previsão no
texto constitucional de um destino específico para o montante arrecadado.

OBS.: Outro traço importante dos empréstimos compulsórios consiste no fato de ser
obrigatória a devolução, pela União, do valor arrecadado a título de empréstimo, após
determinado lapso de tempo.

E) INCORRETA.

Consoante a literalidade da CF/88, os empréstimos compulsórios instituídos para


custear investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional,
submeter-se-ão ao princípio da anterioridade. Revise a redação da CF/88 nesse
aspecto:

II - no caso de investimento público de caráter urgente e de


relevante interesse nacional, observado o disposto no art.
150, III, "b".

Nada obstante o texto constitucional apenas faça referência específica ao princípio da


anterioridade, a doutrina majoritária defende também a submissão de tais
empréstimos compulsórios ao princípio da anterioridade mitigada ou nonagesimal (art.
150, III, c, da CF/88). É o caso de Helton Kramer Lustoza19 e Ricardo Alexandre 20.

Então, para a doutrina, o princípio da anterioridade apenas não se aplica aos


empréstimos compulsórios instituídos para fazer face a despesas de guerra e
calamidade pública.

GABARITO: LETRA B.

16) Julgue os seguintes itens sobre os princípios tributários e assinale o incorreto.

A) A doutrina aponta como corolários do princípio da não surpresa os princípios da


irretroatividade, anterioridade e da noventena.

19
CASTRO, Eduardo M. L. Rodrigues; LUSTOZA, Helton Kramer; GOUVÊA, Marcus de Freitas. Tributos
em espécie. 6 ed. Rev. Atual. E ampliada. Salvador: Juspodivm, 2019.
20
Alexandre, Ricardo. Direito tributário. 11. ed. rev. atual. e amp. Salvador: JusPodivm, 2017.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

B) Em virtude do princípio da irretroatividade, é vedado aos entes tributantes cobrar


tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que
os houver instituído ou aumentado.
C) Embora o princípio da vedação ao confisco só seja previsto na literalidade da CF/88
para os tributos, a jurisprudência já é firme em aplicá-lo também às multas tributárias.
A jurisprudência do STF tem precedente no sentido de ser confiscatória a multa
punitiva que ultrapasse o valor da própria obrigação tributária, o que, na prática,
significou estabelecer um teto de 100% para as multas de ofício, sob pena de
configuração de confisco.
D) Enquanto o princípio da irretroatividade se relaciona com a vigência da legislação, o
princípio da anterioridade do exercício financeiro tem por marco a data de publicação
da lei.
E) O princípio da não discriminação baseada na procedência ou no destino se aplica à
União, aos Estados, DF e Municípios, vedando-os de estabelecer diferenças tributárias
entre bens e serviços de qualquer natureza em razão de sua procedência ou destino.

Assunto: Princípios do direito tributário


Categoria: Jurisprudência e doutrina
Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

A) CORRETA.

O princípio da não surpresa, como o próprio nome sugere, traduz a ideia de


segurança jurídica e previsibilidade do que poder vir a ser cobrado do contribuinte,
evitando-se que seja surpreendido com alguma exação sem que saiba o porquê de
sua cobrança.

Por este motivo, a doutrina entende que são consequências (corolários) do princípio
da não surpresa os demais princípios citados na assertiva, pois todos visam esse ideal
de “previsibilidade” tributária.

Nesse contexto, apenas para rememorar: a irretroatividade corresponde à vedação


constitucional aos entes públicos de cobrar tributos em relação a fatos geradores
ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. A
anterioridade tributária é a impossibilidade de os entes públicos cobrarem tributos
no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou. Por fim, a noventena, ou anterioridade nonagesimal, corresponde à
vedação à cobrança de tributo que fora instituído ou majorado antes de transcorrer o
mínimo de noventa dias da data da lei instituidora ou majoradora do tributo.
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B) CORRETA.

Este é exatamente o conceito do princípio da irretroatividade, mencionado


anteriormente. Trata-se de disposição literal contida no artigo 150, inciso III, alínea a,
da Constituição Federal de 1988. Confira:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da
vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;

C) CORRETA.

Segundo a doutrina de Ricardo Alexandre21:

Conforme se pode perceber no Acórdão proferido pelo


Supremo Tribunal Federal ao julgar a ADI 551 (item 2.8.1),
apesar de o texto literal do art 150, IV, constitucional anunciar
o não confisco como princípio a ser aplicado aos tributos, a
restrição é também aplicável às multas tributárias.

Complementa o autor em relação aos parâmetros para considerar multa confiscatória:

Apesar de toda a doutrina no sentido de que não há um limite


exato a partir do qual se possa assegurar que um tributo tem
efeito confiscatório, no tocante às multas a afirmação já não
pode ser feita, ao menos do ponto de vista jurisprudencial. A
novidade veio no final de 2014, quando o Supremo Tribunal
Federal considerou inconstitucional disposição constante de lei
tributária do Estado de Goiás estabelecendo multa de ofício de
120% do valor do tributo. Nesse julgado, a Primeira Turma do
Tribunal entendeu que é confiscatória a multa punitiva que
ultrapassasse o valor da própria obrigação tributária, o que,
na prática, significou estabelecer um teto de 100% para as
multas de ofício, sob pena de configuração de confisco.

21
Alexandre, Ricardo. Direito tributário. 11. ed. rev. atual. e amp. Salvador: JusPodivm, 2017.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

Posteriormente outras decisões foram proferidas no mesmo sentido, inclusive no


âmbito da 2ª Turma do STF (RE 748.257-AgR), o que demonstra uma tendência de
pacificação do tema.

D) CORRETA.

Como visto, a assertiva “B” bem define o princípio da irretroatividade e sua relação
com a vigência da lei. No que tange à anterioridade, conceituada na explicação do item
“A”, trata-se de princípio previsto no artigo 150, III, b, da Constituição Federal de 1988,
que veda que os entes cobrem tributos “no mesmo exercício financeiro em que haja
sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou”. Daí a relação com a data de
publicação da lei. Nos termos da CF/88:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a
lei que os instituiu ou aumentou;

Ressalte-se a importância de se fixar referidos marcos para a conceituação dos


institutos, tendo em vista a possibilidade de que a bancas mesclem tais elementos
conceituais dos princípios tributários.

E) INCORRETA.

Ao contrário do afirmado, o princípio da não discriminação baseada na procedência ou


no destino (art. 152 da CF/88) apenas se aplica aos Estados, DF e Municípios, não
incidindo em relação à União, diante de expressa previsão constitucional. Confira a
literalidade do art. 152, de onde se extrai o princípio:

Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos


Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e
serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência
ou destino.

Discorrendo sobre o tema, Ricardo Alexandre 22 ensina que:

22
Alexandre, Ricardo. Direito tributário. 11. ed. rev. atual. e amp. Salvador: JusPodivm, 2017.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

Este princípio é previsto no art. 152 da CF como aplicável


exclusivamente aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios, vedando-os estabelecer diferenças tributárias
entre bens e serviços de qualquer natureza em razão de sua
procedência ou destino. (...) Relembre-se, entretanto, que a
União - e somente ela - está autorizada a estipular tratamento
tributário diferenciado entre os Estados da federação tendo por
meta diminuir as desigualdades socioeconômicas tão comuns
no Brasil.

A equivocada inclusão da União cuida-se de “pegadinha” bastante recorrente em


provas objetivas!

GABARITO: LETRA E.

17) Os itens abaixo versam sobre o ICMS – Imposto Sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços. Tendo em vista as disposições legais e jurisprudenciais em torno da
matéria, marque o item INCORRETO.

A) Não é possível a inclusão de crédito presumido de ICMS na base de cálculo do


imposto de renda da pessoa jurídica - IRPJ e da contribuição social sobre o lucro líquido
- CSLL.
B) O ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da COFINS.
C) O valor pago pelo consumidor final a título de seguro de garantia estendida integra
a base de cálculo do ICMS incidente sobre a operação de compra e venda de
mercadoria.
D) Em relação ao aspecto espacial do ICMS, pode-se afirmar que operações estaduais
com energia elétrica e petróleo, com lubrificantes e combustíveis deles derivados,
quando não destinadas à industrialização ou comercialização, consideram-se
realizadas onde situado o adquirente, inclusive consumidor final.
E) Segundo o STJ, sacolas plásticas fornecidas aos clientes para o transporte ou
acondicionamento de produtos, bem como bandejas, não são insumos essenciais à
atividade dos supermercados, de modo que não geram creditamento de ICMS. Lado
outro, as sacolas e filmes plásticos usadas para o armazenamento de produtos
perecíveis, implicam o direito ao crédito correspondente ao seu valor.

Assunto: Impostos em espécie: ICMS


Categoria: Jurisprudência
Nível: Difícil

COMENTÁRIOS:
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A) CORRETA.

Segundo enunciado extraído da edição n.º 121 da ferramenta “jurisprudência em


teses do STJ”: “Não é possível a inclusão de crédito presumido de ICMS na base de
cálculo do imposto de renda da pessoa jurídica - IRPJ e da contribuição social sobre o
lucro líquido - CSLL”.

Segue recentíssimo precedente ilustrativo dessa posição da Corte:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO


RECURSO ESPECIAL.
ILEGITIMIDADE DA INCLUSÃO DE CRÉDITO PRESUMIDO DE
ICMS NAS BASES DE CÁLCULO DO IRPJ E DA CSLL. AGRAVO
INTERNO DA FAZENDA NACIONAL A QUE SE NEGA
PROVIMENTO.
1. A Primeira Seção desta Corte, no julgamento do EREsp
1.517.492/PR, decidiu pela não inclusão do crédito presumido
de ICMS nas bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, ao
fundamento de que a incidência de tributo federal sobre o
incentivo fiscal de ICMS ofenderia o princípio federativo.
2. Agravo Interno da FAZENDA NACIONAL a que se nega
provimento23.

O STJ firmou a sua posição pela inviabilidade da inclusão do crédito presumido de


ICMS nas bases de cálculo do IRPJ e da CSLL sob o argumento de que entendimento
em sentido contrário sufragaria a possibilidade de a União retirar, por via oblíqua, o
incentivo fiscal que o Estado-membro, no exercício de sua competência
tributária, outorgou.

B) CORRETA.

Mais um quesito cuja resolução passa pelo conhecimento da jurisprudência recente do


STJ. Segundo a Corte:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM


RECURSO ESPECIAL. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. ART. 1.030, II, DO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. ICMS NA BASE DE

23
AgInt no REsp 1725131/SC, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado
em 18/02/2019, REPDJe 26/02/2019, DJe 25/02/2019.
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CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TESE FIXADA


EM REPERCUSSÃO GERAL. TEMA N. 69/STF.
I - O Superior Tribunal de Justiça, após o julgamento do RE n.
574.706/PR, Relatora Ministra Cármen Lúcia, diante do efeito
vinculante dos pronunciamentos emanados em repercussão
geral, passou a adotar o entendimento de que o ICMS não
compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da
COFINS.
II - Agravo regimental provido para negar provimento ao
recurso especial (Juízo de retratação, nos termos do art. 1.030,
II, do CPC/2015)24.

Importante assinalar que o STJ já se posicionou de modo diferente. Entretanto, na


sessão do dia 15.3.2017, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, julgando o RE
574.706/PR, em repercussão geral, entendeu que o valor arrecadado a título de ICMS
não se incorpora ao patrimônio do contribuinte e, dessa forma, não pode integrar a
base de cálculo dessas contribuições, que são destinadas ao financiamento da
Seguridade Social. Após, o STJ alinhou-se à tese firmada pelo STF.

Apenas a título de complemento, recordem que o STJ também entende que o crédito
presumido de ICMS não integra a base de cálculo da contribuição para o programa de
integração social - PIS e da contribuição para o financiamento da seguridade social -
COFINS.

Extrai-se o seguinte da ratio decidendi dos julgados do STJ sobre a matéria: que crédito
presumido de ICMS, concedido pelos Estados-Membros, “configura incentivo voltado
à redução de custos, não assumindo natureza de receita ou faturamento, motivo
pelo qual não compõe a base de cálculo das contribuições destinadas ao PIS e à
COFINS”25.

Outro precedente da Primeira Seção, no âmbito do EREsp nº 1.517.492, afastou, mais


uma vez, a incidência de PIS e COFINS sobre os créditos presumidos de ICMS por
entender que tal tributação implicava interferência indevida da União na política fiscal
dos Estados em violação ao princípio Federativo e à segurança jurídica. Logo, o STJ
possui posição firme quanto ao afirmado no item.

C) INCORRETA.

24
AgRg no REsp 1510905/BA, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA, julgado em
23/10/2018, DJe 29/10/2018.
25
AgInt no REsp 1606998 / SC. Primeira Turma. Ministra REGINA HELENA COSTA. DJe 19/12/2017.
Julgado em 07/12/2017.
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Este quesito também foi retirado da edição 121 da “jurisprudência em teses do STJ”.
Segundo a corte, “o valor pago pelo consumidor final a título de seguro de garantia
estendida não integra a base de cálculo do ICMS incidente sobre a operação de
compra e venda de mercadoria”.

Vejam a ementa de julgado importante na matéria:

RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA. TRIBUTÁRIO. ICMS.


BASE DE CÁLCULO. ART. 13, § 1º, II, A, DA LC 87/96. SEGURO DE
GARANTIA ESTENDIDA. NÃO INCLUSÃO. NEGÓCIO JURÍDICO
POSTERIOR E AUTÔNOMO EM RELAÇÃO À OPERAÇÃO DE
COMPRA DA MERCADORIA.
1. O valor pago pelo consumidor final a título de "seguro de
garantia estendida", regulamentado pelo Conselho Nacional de
Seguros Privados (Resoluções 122/05 e 296/13), não integra a
base de cálculo do ICMS incidente sobre a operação de
compra e venda da mercadoria.
2. Recurso especial do Estado de Minas Gerais não provido26.

A Primeira Turma do STJ, por ocasião do julgamento do REsp 1.346.749/MG, ao


interpretar o art. 13, § 1º, da LC n. 87/1996, assentou que o ICMS não está limitado ao
preço da mercadoria, devendo também ser computados os valores relativos aos
demais encargos exigidos do comprador como condição para a realização do
negócio.

Contudo, decidiu-se pela não inclusão da garantia estendida na base de cálculo, pois a
sua contratação, além de posterior à realização da venda, é apenas facultada ao
comprador.

Para o STJ, o pagamento do prêmio desse seguro não deve ser exigido do comprador
como condição indispensável para a aquisição da mercadoria. Isso porque esse seguro
é de adesão voluntária, podendo, ou não, ser contratado diretamente pelo
consumidor final.

Não é, pois, pago pelo vendedor para depois ser exigido do comprador, na composição
do preço da operação, para o fechamento do negócio, essa, sim, hipótese de
incidência do art. 13, § 1º, II, a, da LC 87/96.

D) CORRETA.

26
REsp 1346749/MG, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 10/02/2015,
DJe 04/03/2015.
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De fato, a LC 87/96 dispõe exatamente, em seu art. 11, I, alínea g, que operações
estaduais com energia elétrica e petróleo, com lubrificantes e combustíveis deles
derivados, quando não destinadas à industrialização ou comercialização,
consideram-se realizadas onde situado o adquirente, inclusive consumidor final.

Apenas a título de aprofundamento, ressalte-se que, nos termos da CF/88, o ICMS não
incide sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes,
combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica (CF, art. 155, §2º, X,
b).

Essa regra, como ensina Helton Kramer Lustoza27, tem como objetivo garantir que o
imposto arrecadado nas referidas operações fique com os Estados consumidores, ou
seja, aqueles em que é consumida tanto a energia elétrica, como os combustíveis
líquidos e gasosos derivados do petróleo. É que se entende já estarem
suficientemente recompensados os Estados produtores com os royalties decorrentes
da exploração da matéria prima em seus territórios.

Por exemplo: não incide ICMS na operação de venda de energia elétrica da usina de
Itaipu, situada no PR, à concessionária situada em SC. Porém, incide o imposto sobre a
operação de comercialização da energia pela concessionária aos consumidores finais
de SC. A totalidade do imposto deve ficar com este último estado.

Têm entendido os Tribunais Superiores que, mesmo nas operações de aquisição


direta de energia elétrica ou petróleo pelo consumidor localizado em outro Estado,
não tem direito o Estado produtor ao produto da arrecadação do ICMS. Cabe, sim, ao
Fisco do Estado de destino o ICMS referente à operação.

E) CORRETA.

A LC 87/96 condiciona o aproveitamento dos créditos relativos à aquisição de


produtos intermediários apenas à comprovação de que eles estão aptos a serem
utilizados para a consecução das atividades que constituem o objeto social do
estabelecimento empresarial.

Diferente dos produtos intermediários, os bens de conveniência não são essenciais à


atividade do estabelecimento, daí porque não se vem admitindo o creditamento de
ICMS em decorrência de sua entrada.

27
CASTRO, Eduardo M. L. Rodrigues; LUSTOZA, Helton Kramer; GOUVÊA, Marcus de Freitas. Tributos
em espécie. 6 ed. Rev. Atual. E ampliada. Salvador: Juspodivm, 2019.
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Exemplos de bens de conveniência são as sacolas plásticas usadas pelos


supermercados para acondicionamento e transporte de produtos vendidos. Ressalta a
jurisprudência, nesse caso, que as referidas sacolas, além de serem alheias à atividade
fim do estabelecimento, servem também como material de publicidade, o que só
reforça a tese de impossibilidade de creditamento28.

Nessa esteira, o STJ decidiu recentemente que:

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ICMS.


DIREITO DE CREDITAMENTO. PRINCÍPIO DA NÃO
CUMULATIVIDADE. PRODUTO INTERMEDIÁRIO.
ESSENCIALIDADE. BEM DE CONSUMO OU USO. SACOLAS
PLÁSTICAS. FILMES PLÁSTICOS. BANDEJAS. ART. 170 DO CTN.
COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. EXISTÊNCIA DE LEGISLAÇÃO
ESTADUAL. INTERPRETAÇÃO DE LEI LOCAL. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA 280/STF.
1. Controverte-se nos autos a respeito da imprescindibilidade
do fornecimento de sacolas plásticas, filmes plásticos e
bandejas de isopor na comercialização dos produtos vendidos
em supermercado, para fins de creditamento do ICMS.
2. As sacolas plásticas são colocadas à disposição dos clientes,
para acomodar e facilitar o carregamento dos produtos; os
sacos e filmes plásticos, transparentes e de leve espessura,
envolvem os produtos perecíveis (como carnes, bolo, torta,
queijos, presuntos) e revestem e protegem o alimento; as
bandejas acomodam o produto a ser comercializado.
3. "Os insumos que geram direito ao creditamento são aqueles
que, extrapolando a condição de mera facilidade, se
incorporam ao produto final, de forma a modificar a maneira
como esse se apresenta e configurar parte essencial do
processo produtivo" (AgInt no REsp 1.802.032/RS, Rel. Ministro
Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em
20/8/2019, DJe 27/8/2019) .
4. O Superior Tribunal de Justiça possui precedentes no sentido
de que, para fins de creditamento de ICMS, é necessário que o
produto seja essencial ao exercício da atividade produtiva para
que seja considerado insumo (AgInt no AREsp 424.110/PA, Rel.
Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, julgado em 19/2/2019,
DJe 26/2/2019, DJe 25/2/2019).

28
CASTRO, Eduardo M. L. Rodrigues; LUSTOZA, Helton Kramer; GOUVÊA, Marcus de Freitas. Tributos
em espécie. 6 ed. Rev. Atual. E ampliada. Salvador: Juspodivm, 2019.
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5. As sacolas plásticas, postas à disposição do clientes para o


transporte dos produtos, não são insumos essenciais à
comercialização de produtos pelos supermercados. Nesse
sentido: REsp 1.808.979/RS, Rel. Ministro Herman Benjamin,
Segunda Turma, julgado em 11/6/2019, DJe 1/7/2019.
6. As bandejas não são indispensáveis ao isolamento do
produto perecível, mas mera comodidade entregue ao
consumidor, não se constituindo em insumo essencial à
atividade da recorrida (AgInt no REsp 1.802.032/RS, Rel.
Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 20/8/2019, DJe 27/8/2019)
7. Filmes e sacos plásticos, utilizados exclusivamente com o
propósito de comercialização de produtos de natureza
perecível, são insumos essenciais à atividade desenvolvida
pelo supermercado, cuja aquisição autoriza o creditamento do
ICMS.
8. Quanto a alegada violação do art. 170 do CTN, a tutela
jurisdicional prestada pela Corte de origem foi feita com
fundamento em legislação local, o que impede o exame do
recurso especial quanto ao ponto. Incide ao caso a Súmula
280/STF.
9. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão,
provido em parte para excluir do creditamento do ICMS o
imposto incidente na aquisição de bandejas e de sacolas
plásticas fornecidas aos clientes para o transporte ou
acondicionamento de produtos.
(REsp 1830894/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/03/2020, DJe 05/03/2020)

A recentíssima decisão, que demonstra a correção do quesito sob análise, foi veiculada
no informativo 666 do STJ (de 27/03/20), cuja leitura do inteiro teor se recomenda ao
aluno (especialmente se pretende fazer as próximas provas de procuradorias estaduais
ou a PGDF, já que o DF acumula competências tributárias municipais e estaduais).

GABARITO: LETRA C.

18) Nos termos do CTN, são normas tributárias complementares das leis, dos
tratados e das convenções internacionais e dos decretos, exceto:

A) Os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas.


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B) Os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios.
C) As decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a
lei atribua eficácia normativa.
D) As decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa.
E) As práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas.

Assunto: Legislação tributária


Categoria: Lei seca
Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

A), B), C) e E), CORRETAS.

D) INCORRETA.

Essa questão remete à literalidade do CTN, a saber:

Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e


das convenções internacionais e dos decretos:

I - os atos normativos expedidos pelas autoridades


administrativas;

II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição


administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa;

III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades


administrativas;

IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o


Distrito Federal e os Municípios.

Parágrafo único. A observância das normas referidas neste


artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros
de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo
do tributo.

Como se vê, o único erro da questão está no quesito D, pois só são consideradas
normas complementares as decisões de órgãos com jurisdição normativa se a lei
atribuir-lhes eficácia normativa.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

GABARITO: LETRA D.

19) A Lei de Execução Fiscal (6.830/80) estabelece, ao tratar da arrematação de bem


penhorado, que o prazo entre as datas de publicação do edital e do leilão não
poderá:

A) ser superior a 15 (quinze), nem inferior a 5 (cinco) dias.


B) ser superior a 30 (trinta), nem inferior a 10 (dez) dias.
C) ser superior a 20 (vinte), nem inferior a 10 (dez) dias.
D) ser superior a 30 (trinta), nem inferior a 15 (quinze) dias.
E) ser superior a 20 (vinte), nem inferior a 5 (cinco) dias.

Assunto: Execução fiscal


Categoria: Lei Seca
Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

A), C), D) e E) INCORRETAS.

B) CORRETA.

Decidimos elaborar questão adaptada à questão recentíssima de prova da Vunesp –


PGM São José dos Campos, aplicada em novembro de 2019. Sim, as bancas – e não só
a Vunesp – formulam questões que buscam aferir o domínio de prazos legais pelo
aluno. Embora essas questões sejam pura “decoreba” do texto da lei, e pareçam não
medir conhecimento jurídico, o aluno precisa estar preparado para a sua cobrança!
Portanto, NÃO CUSTA REPISAR: LEIAM E RELEIAM A “LEI SECA”. Ela é essencial para a
aprovação!

Feito esse esclarecimento, passemos ao conteúdo legal exigido nesta questão: o do


art. 22, §1º, da LEF:

Art. 22 - A arrematação será precedida de edital, afixado no


local de costume, na sede do Juízo, e publicado em resumo,
uma só vez, gratuitamente, como expediente judiciário, no
órgão oficial.
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§ 1º - O prazo entre as datas de publicação do edital e do


leilão não poderá ser superior a 30 (trinta), nem inferior a 10
(dez) dias.
§ 2º - O representante judicial da Fazenda Pública, será
intimado, pessoalmente, da realização do leilão, com a
antecedência prevista no parágrafo anterior.

Desse modo, apenas o item B responde corretamente a questão.

GABARITO: LETRA B.

20) Sobre a prescrição e decadência em matéria tributária, assinale a alternativa


correta.

A) A notificação do auto de infração faz cessar a contagem da decadência para a


constituição do crédito tributário; exaurida a instância administrativa com o decurso
do prazo para a impugnação ou com a notificação de seu julgamento definitivo e
esgotado o prazo concedido pela Administração para o pagamento voluntário, inicia-se
o prazo prescricional para a cobrança judicial.
B) O pedido administrativo de compensação ou de restituição interrompe o prazo
prescricional para a ação de repetição de indébito tributário de que trata o art. 168 do
CTN nem o da execução de título judicial contra a Fazenda Pública.
C) São institutos formal e materialmente reservados à lei federal, e os seus prazos são
de cinco anos.
D) São institutos formal e materialmente reservados à lei federal, e os seus prazos são
de dez anos.
E) O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário conta-se
exclusivamente na forma do art. 150, § 4º, do CTN, nos casos em que a legislação
atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da
autoridade administrativa (lançamento por homologação). Isto é, nesses casos, o prazo
é necessariamente de 5 anos, a contar da data do fato gerador.

Assunto: Prescrição e decadência no Direito Tributário


Categoria: Jurisprudência (Súmulas) e lei seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) CORRETA.

O quesito reproduziu a literalidade da súmula 622 do STJ, a saber:


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Súmula 622-STJ: A notificação do auto de infração faz cessar a


contagem da decadência para a constituição do crédito
tributário; exaurida a instância administrativa com o decurso do
prazo para a impugnação ou com a notificação de seu
julgamento definitivo e esgotado o prazo concedido pela
Administração para o pagamento voluntário, inicia-se o prazo
prescricional para a cobrança judicial. STJ. 1ª Seção

B) INCORRETA.

O STJ entende que, em se tratando de créditos e débitos tributários, as hipóteses de


interrupção de prescrição são apenas aquelas listadas no parágrafo único do art. 174
do CTN.

O pedido administrativo de compensação e o pedido administrativo de restituição não


foram previstos neste rol. Logo, não têm o condão de interromper a prescrição. Veja a
redação legal:

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve


em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva.
Parágrafo único. A prescrição se interrompe:
I - pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução
fiscal;
II - pelo protesto judicial;
III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que
importe em reconhecimento do débito pelo devedor.

Portanto, para o STJ, por ausência de previsão legal, não se pode admitir que a
formalização de pedido de restituição/compensação interrompa o prazo prescricional.

Consolidando a posição, o STJ editou enunciado de súmula da jurisprudência


dominante:

Súmula 625-STJ: O pedido administrativo de compensação ou


de restituição não interrompe o prazo prescricional para a ação
de repetição de indébito tributário de que trata o art. 168 do
CTN nem o da execução de título judicial contra a Fazenda
Pública. STJ. 1ª Seção.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

C) e D) INCORRETAS.

Estes quesitos estão incorretos, por ser necessária, nos termos da CF/88, lei
complementar nacional para tratar da prescrição e decadência tributárias. Não são
matérias sujeitas à lei federal, como afirmado. O aluno deve ter cuidado para não
confundir lei federal com lei nacional. Enquanto a lei federal se aplica exclusivamente
no âmbito da União, enquanto ente federativo, a lei nacional destina-se a todos os
entes da federação.

Por oportuno, recordem o que dispõe a CF/88 no art. 146:

Art. 146. Cabe à lei complementar:


III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação
tributária, especialmente sobre:
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência
tributários;

E) INCORRETA.

Este quesito está incorreto pela inclusão da palavra “exclusivamente”. É que, embora,
em regra, a decadência nos tributos sujeitos a lançamento por homologação ocorra
nos termos do art. 150, § 4º, do CTN, isto é, a contar da data do fato gerador,
excepcionalmente, a contagem deve seguir o disposto no art. 173, I, do CTN – primeiro
dia do exercício seguinte ao do fato gerador.

É o que dispõe a Súmula 555 do STJ:

Quando não houver declaração do débito, o prazo decadencial


quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário conta-
se exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN, nos casos
em que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de
antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade
administrativa.

Explicando a matéria, ensina a doutrina que:

No caso dos tributos sujeitos a lançamento por homologação,


podem ocorrer duas hipóteses quanto à contagem do prazo
decadencial do Fisco para a constituição de crédito tributário:
1) quando o contribuinte efetua o pagamento no vencimento,
o prazo para o lançamento de ofício de eventual diferença a
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

maior, ainda devida, é de cinco anos contados da ocorrência


do fato gerador, forte no art. 150, § 4º, do CTN; 2) quando o
contribuinte não efetua o pagamento no vencimento, o prazo
para o lançamento de ofício é de cinco anos contado do
primeiro dia do exercício seguinte ao de ocorrência do fato
gerador, o que decorre da aplicação, ao caso, do art. 173, I, do
CTN. Importante é considerar que, conforme o caso, será
aplicável um ou outro prazo; jamais os dois sucessivamente,
pois são excludentes um do outro. Ou é o caso de aplicação da
regra especial ou da regra geral, jamais se aplicando as duas no
mesmo caso29.

GABARITO: LETRA A.

21) Assinale a única assertiva correta, tendo em mente as disposições acerca da


execução, tanto a regida pelo CPC, como a Fiscal (lei 6830/80).

A) Tanto na execução fiscal regida pela Lei 6830/80, como na Execução processada
pelo CPC, o executado pode oferecer embargos no prazo de 30 dias, contados do
depósito, da juntada da prova da fiança bancária ou da intimação da penhora,
devendo alegar toda a matéria útil à defesa.
B) Para a doutrina majoritária, os embargos à execução fiscal não possuem a natureza
jurídica de ação impugnatória autônoma.
C) É desnecessária a intimação pessoal do devedor para embargos à execução fiscal,
bem como a menção do prazo para a oposição dos embargos.
D) Para a maior parte da doutrina, a natureza jurídica dos embargos é de meio de
defesa do executado.
E) Havendo mais de uma penhora nos autos, o marco inicial para a oposição dos
embargos à execução fiscal é a intimação ao devedor da primeira das constrições
estabelecidas.

Assunto: Execução fiscal


Categoria: Lei seca e jurisprudência
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.

29
PAULSEN, Leandro. Direito Tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da
jurisprudência, 9ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007, p. 1109.
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Neste quesito chamamos a atenção para a circunstância de serem distintos os prazos


para a impugnação à pretensão executiva na LEF e no CPC/15. No regime do CPC, o
prazo para a oposição de Embargos é de 15 dias (art. 915). Logo, o item está incorreto.

B) INCORRETA.

As assertivas B e D versam sobre a natureza jurídica dos Embargos à execução fiscal.


Para a doutrina majoritária, eles têm a natureza de ação impugnatória autônoma,
cujo objeto é a desconstituição (constituição negativa) do título executivo (no caso,
da CDA), da inscrição do crédito em dívida ativa ou do ato da sua constituição.

Como ensina Augusto Newton Chucri30:

Desta feita, os embargos à execução ganham a natureza de


demanda independente do rito executivo, possuindo a
natureza de uma demanda do processo de conhecimento, onde
se é permitido utilizar-se do contraditório e da ampla defesa
em suas formas plenas. Contudo, não há como afastar a
discussão iniciada nos embargos da existência da execução, vez
que não haveria motivos para os embargos se não fosse a
existência da execução iniciada. Portanto é de se dizer que os
embargos à execução fiscal têm natureza de ação autônoma
de amplitude máxima, mas de conteúdo correlato à execução
fiscal existente.

Comentando sobre o tema, acrescentam Cláudio Madureira e José Arildo Valadão 31:

Por isso, a sua oposição obedece às formalidades de


constituição das demais ações judiciais, cabendo ao
embargante narrar, em seu corpo, a sua causa de pedir e,
sobretudo, formular o pedido constitutivo negativo, não sendo
satisfatório, sob o ponto de vista da técnica processual,
requerer a procedência dos embargos e/ou a improcedência da
execução.

C) INCORRETA.

30
CHUCRI, Augusto Newton et al. Execução fiscal aplicada: análise pragmática do processo de execução
fiscal. 8 ed. Rev. atual. e ampl. Salvador: Juspodivm, 2020.
31
MADUREIRA, Cláudio; VALADÃO, José Arildo. Execução fiscal. Coleção: leis especiais para concursos.
V4. 7 ed. Rev., atual e ampl. Salvador: Juspodivm, 2019.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

Ao contrário do afirmado, a intimação é feita na pessoa do devedor, razão pela qual o


mandado deve registrar expressamente o prazo para defesa, conforme a
jurisprudência do STJ:

TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. NECESSIDADE DE EXPRESSA


MENÇÃO, NO MANDADO DE PENHORA, DO PRAZO PARA
EMBARGOS.
1. Cinge-se a controvérsia a saber se há necessidade de
expressa menção do prazo legal e do termo inicial para
interposição dos Embargos à Execução no mandado de
intimação, sob pena de nulidade.
2. A respeito do tema, a jurisprudência mais recente do
Superior Tribunal de Justiça tem se orientado no sentido de que
"no processo de execução fiscal, para que seja o devedor
efetivamente intimado da penhora, é necessária a sua
intimação pessoal, e deve constar, expressamente, como
requisito no mandado, a advertência do prazo para o
oferecimento dos embargos à execução" (AgRg no REsp
1.085.967/RJ, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJe
23/4/9). Demais precedentes: AgRg no AgRg no REsp
1.254.413/CE, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira
Turma, DJe 10/5/2013, REsp 1.269.075/CE, Rel. Ministro Mauro
Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 8/9/2011, RMS
32.925/SP, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma,
DJe 19/9/2011, AgRg no REsp 1.063.263/RS, Rel. Ministro Luiz
Fux, Primeira Turma, DJe 6/8/2009, EREsp 191.627/SC, Rel.
Ministro Francisco Falcão, Primeira Seção, DJ 05/5/2003, p.
211, AgRg no REsp 1269071/CE, Rel. Ministro Napoleão Nunes
Maia Filho, Primeira Turma, DJe 19/06/2012; AgRg no Ag
793.455/RS, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, DJ
08/11/2007, p. 169; EDcl no REsp 606.958/PB, Rel. Ministro
José Delgado, Primeira Turma, DJ 02/08/2004, p. 329; REsp
903.979/BA, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira
Turma, DJe 17/11/2008; EDcl nos EDcl no AgRg no REsp
448.134/DF, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJ
29/06/2006, p. 171; e REsp 445.550/DF, Rel. Ministro João
Otávio de Noronha, Segunda Turma, DJ 01/08/2006, p. 400) 3.
Com efeito, é exatamente porque a intimação é feita na
pessoa do empresário que o mandado deve registrar,
expressamente, o prazo de defesa, de modo que o cidadão
comum possa dimensionar o espaço temporal de que dispõe
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para constituir advogado com vistas à defesa técnica que lhe


asseguram os princípios constitucionais do contraditório e da
ampla defesa 4. Embargos de Divergência providos32.

D) INCORRETA.

Como já destacado no item B, para a doutrina majoritária os embargos à execução


fiscal não consistem em mero meio de defesa, mas ação autônoma.

Nas palavras de Hugo de Brito Machado Segundo 33:

Os embargos do executado representam ação de


conhecimento autônoma, mas estreitamente relacionada com
a execução. Seu principal objetivo é o de obter a invalidação,
total ou parcial, do título executivo e, por conseguinte, obter a
extinção da execução por ele aparelhada.

Em outra doutrina sobre o tema:

Só aparentemente podem ser tidos como resposta do devedor


ao pedido do credor. Na verdade, o embargante toma posição
ativa ou de ataque, exercitando contra o credor o direito de
ação à procura de uma sentença que possa extinguir o
processo ou desconstituir a eficácia do título executivo 34.

E) CORRETA.

De fato, havendo mais de uma penhora nos autos, o marco inicial para a oposição
dos embargos será a intimação do devedor da primeira constrição estabelecida, pois
os Embargos têm por objeto não o ato constritivo em si, mas a própria Execução.

O STJ decidiu nessa toada no seguinte julgamento:

PROCESSO CIVIL. TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL.


GARANTIA DO JUÍZO. PENHORA INSUFICIENTE. NEGATIVA DE

32
EREsp 1269069/CE, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/04/2014, DJe
17/06/2014.

33
MACHADO SEGUNDO, Hugo de Brito. Processo tributário. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2010, p. 326.
34
FERREIRA, Reinaldo Alves apud CHUCRI, Augusto Newton, op. Cit., p. 857.
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PRESTAÇÃO JURISDICIONAL NÃO CONFIGURADA. DISSÍDIO


PRETORIANO INDEMONSTRADO.
1. Havendo o acórdão recorrido apreciado todas as questões
relevantes ao deslinde da controvérsia de forma sólida,
adequada e suficiente, inexiste violação dos art. 165, 458, II, e
535, II, do CPC.
2. O acórdão recorrido entendeu corretamente que o marco
inicial para a interposição dos embargos é a data da intimação
da penhora, ainda que efetivada uma segunda ou terceira
penhoras, sendo que o prazo sempre se contaria da primeira,
pois não se embarga o ato constritivo, mas a execução.
Quando efetivada a penhora por oficial de justiça com a
intimação do devedor, restará satisfeito o requisito de garantia
com vistas à interposição dos embargos à execução. Se
insuficiente a penhora, poderá haver complemento a título de
reforço em qualquer fase do processo, segundo preconiza o art.
15, II, da Lei nº Lei 6.830/80.
3. A recorrente deixou de cumprir as formalidades exigidas
pelos artigos 541, parágrafo único, do CPC e 255 do RISTJ, no
que concerne à comprovação do dissídio jurisprudencial,
limitando-se à transcrição das ementas dos acórdãos
paradigma, sem proceder ao cotejo analítico.
4. Recurso especial conhecido em parte e não provido35.

GABARITO: LETRA E.

22) Acerca da natureza jurídica das exações, as cobranças de valores para serviços de
coleta de lixo, sepultamento em cemitério municipal e para distribuição de energia
elétrica têm natureza jurídica:

A) De taxa em todos os casos, porque todas as cobranças decorrem de serviços


públicos essenciais.
B) Tributária no primeiro caso (taxa) e de tarifa ou preço público nos dois últimos.
C) De tarifa em todos os casos.
D) Compulsória (taxa), decorrente de serviço público essencial nos dois primeiros casos
e de tarifa decorrente de serviço público não essencial no último.
E) De taxa para serviços de coleta de lixo e distribuição de energia elétrica e tarifa para
sepultamento em cemitério.

35
REsp 983.734/SC, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/10/2007, DJ
08/11/2007, p. 224.
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Assunto: Taxas
Categoria: Jurisprudência e doutrina
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A), B), C) e E) INCORRETAS.

D) CORRETA.

Alerta! Questão similar à questão já cobrada pela Banca Cebraspe/Cespe (na prova
aplicada em 2018 para Analista de Controle Externo do TCE-MG).

A questão reporta à importante classificação de serviços públicos e sua repercussão no


direito tributário, consoante palavras do Ministro Carlos Velloso, quando relatou o
Recurso Extraordinário 209.365-3/SP, conduzindo o STF a adotar a seguinte
classificação:

1- Serviços públicos propriamente estatais, em cuja prestação o


Estado atue no exercício de sua soberania, visualizada sob o
ponto de vista interno e externo; esses serviços são
indelegáveis, porque somente o Estado pode prestá-los. São
remunerados, por isso mesmo mediante taxa. Exemplos: a
emissão de passaportes e o serviço jurisdicional.
2- Serviços públicos essenciais ao interesse público: são os
serviços prestados no interesse da comunidade. São
remunerados mediante taxa. E porque as atividades
remuneradas são essenciais ao interesse público, à comunidade
ou à coletividade, a taxa incidirá sobre a utilização efetiva ou
potencial do serviço. Exemplos: os serviços de coleta de lixo e
de sepultamento.
3- Serviços públicos não essenciais e que, quando não
utilizados, disso não resulta dano ou prejuízo para a
comunidade ou para o interesse público. Esses serviços são, em
regra, delegáveis, vale dizer, podem ser concedidos e podem
ser remunerados mediante preço público. Exemplos: o serviço
postal, os serviços telefônicos, telegráficos, de distribuição de
energia, de gás etc. (STF, Tribunal Pleno, RE 209.365·3/SP, Rei.
Min. Carlos Velloso, j. 04.03.1999, DJ 07.12.2000, p. 50)
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Portanto, os serviços de coleta de lixo e sepultamento se enquadram na categoria de


serviços essenciais, remunerados mediante taxa, ao passo que os serviços de
distribuição de energia podem ser remunerados mediante tarifa ou preço público, por
serem serviços não essenciais, delegáveis pelo Poder Público mediante concessão.
Logo, o item D é o único correto, devendo ser assinalado.

GABARITO: LETRA D.

DIREITO CIVIL

23) Considerando a disciplina conferida pelo Código Civil aos institutos da prescrição
e da decadência, marque a alternativa correta:

A) A prescrição não corre entre ascendentes e descendentes.


B) A prescrição iniciada contra uma pessoa nem sempre continua a correr contra o seu
sucessor.
C) Prazo decadencial, considerando a sua natureza, não admite causa impeditiva do
seu transcurso.
D) As causas interruptivas da prescrição estão sempre relacionadas a condutas do
credor.
E) Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para
pleitear-se a anulação, será este de quatro anos, a contar da data da conclusão do ato.

Assunto: Prescrição e Decadência


Categoria: Lei
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.

De acordo com a literalidade do art. 197, II, do CC/02, não corre prescrição entre
ascendentes e descendentes DURANTE O PODER FAMILIAR.

Portanto, a assertiva se equivoca ao generalizar, pois o CC/02 prevê como requisito


obstativo da prescrição entre ascendentes e descendentes o EXERCÍCIO DO PODER
FAMILIAR! Assim, por exemplo, caso se esteja diante de menor emancipado por ato
voluntário dos pais, não incide a causa impeditiva da prescrição em análise.

Muito cuidado com questões desse estilo, em que a banca pretende induzir o aluno
desatento a erro.
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B) CORRETA.

O CC/02 estabelece, em seu art. 196, o seguinte:

Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a


correr contra o seu sucessor.

Apesar do disposto nesse artigo do CC/02, é preciso recordar que há causas


impeditivas da prescrição nos artigos 197, 198 e 199, a exemplo da sociedade conjugal
entre cônjuges, do exercício do poder familiar entre ascendentes e descendentes ou
mesmo da incapacidade absoluta.

Desse modo, caso o sucessor do falecido contra quem se iniciara um prazo


prescricional seja absolutamente incapaz, por exemplo, a prescrição não continuará a
correr, diante da existência de causa impeditiva de seu transcurso. Nessa hipótese, a
prescrição deve ficar temporariamente “paralisada” até que o menor atinja 18 anos.

Por isso, a assertiva deve ser reputada como correta, apesar de aparentemente
contrariar a dicção legal.

C) INCORRETA.

Em regra, não se aplicam aos prazos decadenciais as causas impeditivas, suspensivas


ou interruptivas da prescrição, consoante dispõe o CC/02:

Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à


decadência as normas que impedem, suspendem ou
interrompem a prescrição.

Entretanto, o próprio CC/02 excepciona essa regra, ao enunciar que:

Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198,


inciso I.

Art. 198. Também não corre a prescrição: I - contra os


incapazes de que trata o art. 3º;
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Ou seja, a decadência não pode correr contra os absolutamente incapazes, pelo que
está incorreta a assertiva.

D) INCORRETA.

De fato, há algumas causas interruptivas da prescrição que estão relacionadas a


condutas do credor. Todavia, NEM TODAS as causas listadas no CC/02 como aptas a
interromper o prazo prescricional dependem de ato do credor.

A propósito, confira abaixo as causas interruptivas da prescrição do CC/02:

Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá


ocorrer uma vez, dar-se-á:

I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a


citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei
processual;

II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;

III - por protesto cambial;

IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de


inventário ou em concurso de credores;

V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;

VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que


importe reconhecimento do direito pelo devedor.

Após revisar o dispositivo legal, fica fácil concluir pela incorreção da assertiva. Isso
porque, por exemplo, o despacho do juiz que ordenar a citação não se cuida de
conduta do credor; ou mesmo, “qualquer ato inequívoco que importe em
reconhecimento do direito pelo devedor”. Este último, obviamente, se trata de ato de
iniciativa do devedor, apto a interromper o transcurso do prazo prescricional.

E) INCORRETA.

Na verdade, diferentemente do afirmado na assertiva, quando a lei dispuser que


determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será
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este de 2 (dois) anos, a contar da conclusão do ato. Confira que é esta a redação do
art. 179 do CC/02:

Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é


anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação,
será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.

A questão tenta confundir o aluno quanto ao prazo de 4 anos consignado no art. 178,
que se transcreve, para fins de revisão:

Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-


se a anulação do negócio jurídico, contado:

I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;

II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo


ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;

III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a


incapacidade.

GABARITO: LETRA B.

24) Sobre as modificações inseridas pela Lei 13.655/18 na Lei de Introdução às


Normas do Direito Brasileiro, é correto afirmar:

A) O agente público responde pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em


caso de dolo, culpa ou erro grosseiro.
B) Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste,
processo ou norma administrativa, devem ser consideradas as circunstâncias jurídicas
que houverem imposto, limitado ou condicionado a ação do agente.
C) A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de
ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, cuja produção já se houver
completado, levará em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com
base em mudança posterior de orientação geral, se declarem inválidas situações
plenamente constituídas.
D) A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a
invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, deverá indicar
de modo expresso suas consequências jurídicas e administrativas, sendo vedado ao
julgador, contudo, indicar as condições para que a regularização ocorra.
E) Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por autoridade
administrativa, sem qualquer exceção, poderá ser precedida de consulta pública para
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manifestação de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a qual será


considerada na decisão.

Assunto: Lei de Introdução às normas do direito brasileiro


Categoria: Lei Seca
Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.

Ao contrário do afirmado na assertiva, nos termos do proposto pela Lei 13.655, o


agente público NÃO responde pessoalmente por suas decisões em caso de CULPA.
Segundo o art. 28 da LINDB, com a redação dada pela Lei 13.655:

Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas


decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro
grosseiro.

B) INCORRETA.

A alternativa apenas se equivoca ao trocar o termo circunstâncias “práticas” por


“jurídicas”. Confira abaixo a redação do dispositivo que fundamenta o quesito:

Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública,


serão considerados os obstáculos e as dificuldades reais do
gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem
prejuízo dos direitos dos administrados. (Regulamento)

§ 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de


ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, serão
consideradas as CIRCUNSTÂNCIAS PRÁTICAS que houverem
imposto, limitado ou condicionado a ação do agente.

C) CORRETA.

O quesito está em consonância com a previsão da LINDB que, norteada pelo ideal de
segurança jurídica, estabelece o seguinte:

Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou


judicial, quanto à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou
norma administrativa cuja produção já se houver completado
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levará em conta as orientações gerais da época, sendo vedado


que, com base em mudança posterior de orientação geral, se
declarem inválidas situações plenamente constituídas.

Cuida-se de respeito ao ato jurídico perfeito!

D) INCORRETA.

A primeira parte do quesito está correta. De fato, a decisão que invalide ato, contrato
ou norma administrativa, deve indicar as suas consequências jurídicas e
administrativas.

Contudo, ao revés do afirmado na parte final da assertiva, não é vedado ao julgador


indicar as condições para que a regularização ocorra. Pelo contrário: a lei incentiva que
a decisão indique as condições para que a regularização ocorra de modo proporcional
e equânime. Confira a esse respeito o art. 22 da LINDB:

Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora


ou judicial, decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste,
processo ou norma administrativa deverá indicar de modo
expresso suas consequências jurídicas e administrativas.

Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste


artigo deverá, quando for o caso, indicar as condições para
que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime
e sem prejuízo aos interesses gerais, não se podendo impor aos
sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das
peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos.

E) INCORRETA.

O único equívoco do quesito é afirmar não haver qualquer exceção à consulta pública
prévia para a edição de atos normativos pela autoridade administrativa. É que a lei
excepciona os atos de mera organização interna, como se lê abaixo:

Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos


normativos por autoridade administrativa, salvo os de mera
organização interna, poderá ser precedida de consulta pública
para manifestação de interessados, preferencialmente por
meio eletrônico, a qual será considerada na decisão.
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GABARITO: LETRA C.

25) Acerca do direito obrigacional, assinale a alternativa incorreta.

A) A assunção de dívida por expromissão é concretizada quando terceiro assume


espontaneamente a dívida, não participando o devedor originário da operação.
B) Como regra geral, não havendo manifestação expressa, a cessão de crédito dá-se na
modalidade pro soluto, isto é, o cedente não responde pela solvência pelo devedor.
C) É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, sem o consentimento
expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo.
D) Na assunção de dívida por delegação, o devedor originário toma parte na operação.
E) Caso acordado entre as partes, a cessão de crédito pode se dar na modalidade pro
solvendo, em que o cedente responde pela solvência do devedor.

Assunto: Direito das obrigações


Categoria: Lei e doutrina
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) CORRETA.
A assunção de dívida ou cessão de débito, situada no título do direito obrigacional que
trata da transmissão das obrigações, deve ser compreendida pelo aluno, pois, não
raro, é alvo de cobrança em provas de concursos, como aconteceu na recente
avaliação objetiva para Procurador da PGM Contagem/MG, em 2019.

Como ensina Flávio Tartuce36, embora os conceitos de novação subjetiva passiva e


assunção de dívida sejam diversos, tem-se utilizado a classificação do instituto da
novação passiva – em que uma dívida é substituída por outra – para a assunção de
dívida – na qual se mantém a integridade da dívida, com alteração apenas no polo
passivo obrigacional.

A classificação baseia-se na divisão da assunção de dívida em duas espécies: A


ASSUNÇÃO POR EXPROMISSÃO E A ASSUNÇÃO POR DELEGAÇÃO. Enquanto naquela,
terceira pessoa assume espontaneamente o débito de outra, sem a participação do
devedor originário; nesta última, o próprio devedor originário, denominado delegante,
transfere o débito a um terceiro (delegatário), com a anuência do credor (delegado).

36
TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único. 5. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015.
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Desse modo, o quesito conceitua corretamente a assunção de dívida por expromissão,


na qual não há a participação do devedor originário.

Apenas a título de aprofundamento, é importante revisar que essa forma de assunção


pode ser: liberatória, quando o devedor primitivo se exonera da obrigação; e
cumulativa, quando o expromitente entra na relação como novo devedor, ao lado do
devedor primitivo, conforme tratamento dado pelo Enunciado n. 16 do CJF/STJ 37.

B) CORRETA.

O CC/02 contém previsão exatamente no sentido do afirmado na assertiva, isto é, de


que, em regra, na cessão de crédito o cedente não responde pela solvência do
devedor. Cuida-se da chamada cessão “pro soluto”, aquela que confere quitação
plena e imediata do débito do cedente para com o cessionário, exonerando o
cedente. Confira o que dispõe o CC/02 sobre o tema:

Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não


responde pela solvência do devedor.

C) INCORRETA.

A assunção de dívida ou cessão de débito consiste em negócio jurídico bilateral, pelo


qual o devedor, COM A ANUÊNCIA DO CREDOR, transfere a um terceiro a posição de
sujeito passivo da relação obrigacional.

Esse conceito é extraído da dicção do art. 299 do CC/2002, segundo o qual:

Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor,


COM O CONSENTIMENTO EXPRESSO DO CREDOR, ficando
exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da
assunção, era insolvente e o credor o ignorava.

Logo, o quesito incorre em equívoco, ao afirmar não ser necessário o consentimento


expresso do credor na assunção de dívida.

D) CORRETA.

Este quesito remete aos comentários da assertiva “A”. Como se viu, na classificação
doutrinária da assunção de dívida a nomenclatura “assunção por delegação” é usada

37
O art. 299 do Código Civil não exclui a possibilidade da assunção cumulativa da dívida quando dois ou
mais devedores se tornam responsáveis pelo débito com a concordância do credor.
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exatamente para os casos em que há a participação do devedor originário na


transmissão obrigacional a terceiro.

Logo, a assertiva está correta.

E) CORRETA.

De fato, conquanto a regra na cessão de crédito seja a cessão “pro soluto”, em que o
credor não responde pela solvência do devedor, é possível disposição contrária pelos
negociantes.

Em outras palavras, as partes podem estipular, por autorização do CC/02, que a cessão
de crédito se dê com a eventual responsabilização do credor pela solvência do devedor
cedido, dando ensejo à nominada de cessão “pro solvendo”. Segundo Tartuce, cuida-se
da cessão em que a transferência do crédito é feita com intuito de extinguir a
obrigação apenas quando o crédito for efetivamente cobrado.

Esse tipo de cessão deve ser expressamente prevista pelas partes, situação em que o
cedente responde perante o cessionário pela solvência do cedido (art. 297 do CC).

A esse respeito, recorde-se o já transcrito art. 296 do CC/02 e se leia a disposição do


art. 297:

Art. 296. SALVO ESTIPULAÇÃO EM CONTRÁRIO, o cedente não


responde pela solvência do devedor.

Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência


do devedor, não responde por mais do que daquele recebeu,
com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas
da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança.

GABARITO: LETRA C.

26) Julgue os seguintes itens, que versam sobre a teoria geral dos contratos.

I) Nas hipóteses de adimplemento substancial de um contrato, afasta-se a


possibilidade de resolução, sem que isto prejudique eventuais pleitos indenizatórios.
II) Se, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos
consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de
transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

III) Segundo jurisprudência do STJ, a teoria do adimplemento substancial não se aplica


aos casos de alienação fiduciária em garantia, regidos pelo Dec. 911/69, nem no
âmbito do direito de família, a exemplo dos acordos de pensão alimentícia.
IV) Para parcela da doutrina, o Código Civil brasileiro adotou a teoria da onerosidade
excessiva e prevê para a sua configuração a existência de extrema vantagem para uma
das partes.

Estão corretas:

A) Apenas I e II.
B) Apenas I e IV.
C) Apenas I, II e IV.
D) Todas as assertivas.
E) Apenas I, II e III.

Assunto: Teoria Geral dos Contratos


Categoria: Doutrina e Jurisprudência
Nível: Difícil

COMENTÁRIOS:

A), B), C) E E): INCORRETAS.


D) CORRETA.

Todas as assertivas estão corretas, como se explicará a seguir.

I) A teoria do adimplemento substancial, desenvolvida pela jurisprudência a partir de


princípios gerais de direito, como os princípios da boa-fé, o da conservação dos
negócios jurídicos, da função social dos contratos, assim como da vedação ao
enriquecimento sem causa e ao abuso de direito, tem sido bastante aplicada pelos
Tribunais.

Pela teoria do adimplemento substancial (substantial performance), em hipóteses em


que a obrigação tiver sido cumprida praticamente em sua totalidade, restando apenas
parcela mínima irrelevante inadimplida, não cabe a resolução do contrato, mas
apenas outros efeitos jurídicos, visando à manutenção da avença.

Cumprida quase integralmente a obrigação, embora a parte credora não possa pleitear
a extinção do contrato, pode pleitear indenização por eventuais prejuízos decorrentes
do inadimplemento ínfimo do contrato.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

É que o inadimplemento, ainda que ínfimo, pode causar prejuízos consideráveis ao


credor, dignos de ressarcimento pelo causador dos danos.

II) Este quesito reporta ao conteúdo do p. único do art. 473 do CC/02, a saber:

Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa


ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia
notificada à outra parte.

Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma


das partes houver feito investimentos consideráveis para a
sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois
de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos
investimentos.

Como se vê, a assertiva II apenas reproduz o texto legal, pelo que está correta.

III) De fato, a jurisprudência do STJ é firme no sentido da inaplicabilidade da teoria do


adimplemento substancial aos contratos de alienação fiduciária, regidos pelo Decreto
911/69, nas hipóteses em que o devedor fiduciário deixa de cumprir com o pagamento
integral da dívida.

Para compreender as razões do afastamento da tese aos casos de alienação fiduciária


regidos pelo referido Decreto, leia os seguintes trechos de precedente relevantíssimo
do STJ sobre o tema:

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. CONTRATO


DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULO, COM ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA
EM GARANTIA REGIDO PELO DECRETO-LEI 911/69.
INCONTROVERSO INADIMPLEMENTO DAS QUATRO ÚLTIMAS
PARCELAS (DE UM TOTAL DE 48). EXTINÇÃO DA AÇÃO DE BUSCA
E APREENSÃO (OU DETERMINAÇÃO PARA ADITAMENTO DA
INICIAL, PARA TRANSMUDÁ-LA EM AÇÃO EXECUTIVA OU DE
COBRANÇA), A PRETEXTO DA APLICAÇÃO DA TEORIA DO
ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL. DESCABIMENTO. 1. ABSOLUTA
INCOMPATIBILIDADE DA CITADA TEORIA COM OS TERMOS DA
LEI ESPECIAL DE REGÊNCIA. RECONHECIMENTO. 2.
REMANCIPAÇÃO DO BEM AO DEVEDOR CONDICIONADA AO
PAGAMENTO DA INTEGRALIDADE DA DÍVIDA, ASSIM
COMPREENDIDA COMO OS DÉBITOS VENCIDOS, VINCENDOS E
ENCARGOS APRESENTADOS PELO CREDOR, CONFORME
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

ENTENDIMENTO CONSOLIDADO DA SEGUNDA SEÇÃO, SOB O


RITO DOS RECURSOS ESPECIAIS REPETITIVOS (REsp n.
1.418.593/MS). 3. INTERESSE DE AGIR EVIDENCIADO, COM A
UTILIZAÇÃO DA VIA JUDICIAL ELEITA PELA LEI DE REGÊNCIA
COMO SENDO A MAIS IDÔNEA E EFICAZ PARA O PROPÓSITO DE
COMPELIR O DEVEDOR A CUMPRIR COM A SUA OBRIGAÇÃO
(AGORA, POR ELE REPUTADA ÍNFIMA), SOB PENA DE
CONSOLIDAÇÃO DA PROPRIEDADE NAS MÃOS DO CREDOR
FIDUCIÁRIO. 4. DESVIRTUAMENTO DA TEORIA DO
ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL, CONSIDERADA A SUA
FINALIDADE E A BOA-FÉ DOS CONTRATANTES, A ENSEJAR O
ENFRAQUECIMENTO DO INSTITUTO DA GARANTIA FIDUCIÁRIA.
VERIFICAÇÃO. 5. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. A incidência
subsidiária do Código Civil, notadamente as normas gerais, em
relação à propriedade/titularidade fiduciária sobre bens que não
sejam móveis infugíveis, regulada por leis especiais, é
excepcional, somente se afigurando possível no caso em que o
regramento específico apresentar lacunas e a solução ofertada
pela "lei geral" não se contrapuser às especificidades do instituto
regulado pela lei especial (ut Art. 1.368-A, introduzido pela Lei n.
10931/2004). 1.1 Além de o Decreto-Lei n. 911/1969 não tecer
qualquer restrição à utilização da ação de busca e apreensão
em razão da extensão da mora ou da proporção do
inadimplemento, é expresso em exigir a quitação integral do
débito como condição imprescindível para que o bem alienado
fiduciariamente seja remancipado. Em seus termos, para que o
bem possa ser restituído ao devedor, livre de ônus, não basta
que ele quite quase toda a dívida; é insuficiente que pague
substancialmente o débito; é necessário, para esse efeito, que
quite integralmente a dívida pendente.
2. Afigura-se, pois, de todo incongruente inviabilizar a utilização
da ação de busca e apreensão na hipótese em que o
inadimplemento revela-se incontroverso, desimportando sua
extensão, se de pouca monta ou se de expressão considerável,
quando a lei especial de regência expressamente condiciona a
possibilidade de o bem ficar com o devedor fiduciário ao
pagamento da integralidade da dívida pendente. Compreensão
diversa desborda, a um só tempo, do diploma legal
exclusivamente aplicável à questão em análise (Decreto-Lei n.
911/1969), e, por via transversa, da própria orientação firmada
pela Segunda Seção, por ocasião do julgamento do citado Resp n.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

1.418.593/MS, representativo da controvérsia, segundo a qual a


restituição do bem ao devedor fiduciante é condicionada ao
pagamento, no prazo de cinco dias contados da execução da
liminar de busca e apreensão, da integralidade da dívida
pendente, assim compreendida como as parcelas vencidas e não
pagas, as parcelas vincendas e os encargos, segundo os valores
apresentados pelo credor fiduciário na inicial. 3. Impor-se ao
credor a preterição da ação de busca e apreensão (prevista em
lei, segundo a garantia fiduciária a ele conferida) por outra via
judicial, evidentemente menos eficaz, denota absoluto
descompasso com o sistema processual. Inadequado, pois,
extinguir ou obstar a medida de busca e apreensão corretamente
ajuizada, para que o credor, sem poder se valer de garantia
fiduciária dada (a qual, diante do inadimplemento, conferia-lhe,
na verdade, a condição de proprietário do bem), intente ação
executiva ou de cobrança, para só então adentrar no patrimônio
do devedor, por meio de constrição judicial que poderá, quem
sabe (respeitada o ordem legal), recair sobre esse mesmo bem
(naturalmente, se o devedor, até lá, não tiver dele se desfeito).
4. A teoria do adimplemento substancial tem por objetivo
precípuo impedir que o credor resolva a relação contratual em
razão de inadimplemento de ínfima parcela da obrigação. A via
judicial para esse fim é a ação de resolução contratual.
Diversamente, o credor fiduciário, quando promove ação de
busca e apreensão, de modo algum pretende extinguir a relação
contratual. Vale-se da ação de busca e apreensão com o
propósito imediato de dar cumprimento aos termos do contrato,
na medida em que se utiliza da garantia fiduciária ajustada para
compelir o devedor fiduciante a dar cumprimento às obrigações
faltantes, assumidas contratualmente (e agora, por ele,
reputadas ínfimas). A consolidação da propriedade fiduciária nas
mãos do credor apresenta-se como consequência da renitência
do devedor fiduciante de honrar seu dever contratual, e não
como objetivo imediato da ação. E, note-se que, mesmo nesse
caso, a extinção do contrato dá-se pelo cumprimento da
obrigação, ainda que de modo compulsório, por meio da
garantia fiduciária ajustada. 4.1 É questionável, se não
inadequado, supor que a boa-fé contratual estaria ao lado de
devedor fiduciante que deixa de pagar uma ou até algumas
parcelas por ele reputadas ínfimas, mas certamente de
expressão considerável, na ótica do credor, que já cumpriu
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

integralmente a sua obrigação , e, instado extra e judicialmente


para honrar o seu dever contratual, deixa de fazê-lo, a despeito
de ter a mais absoluta ciência dos gravosos consectários legais
advindos da propriedade fiduciária. A aplicação da teoria do
adimplemento substancial, para obstar a utilização da ação de
busca e apreensão, nesse contexto, é um incentivo ao
inadimplemento das últimas parcelas contratuais, com o nítido
propósito de desestimular o credor - numa avaliação de custo-
benefício - de satisfazer seu crédito por outras vias judiciais,
menos eficazes, o que, a toda evidência, aparta-se da boa-fé
contratual propugnada. 4.2. A propriedade fiduciária, concebida
pelo legislador justamente para conferir segurança jurídica às
concessões de crédito, essencial ao desenvolvimento da
economia nacional, resta comprometida pela aplicação
deturpada da teoria do adimplemento substancial38.

Do mesmo modo, o STJ afasta a aplicação da teoria às relações decorrentes do direito


de família, a exemplo dos casos de inadimplemento de pensão alimentícia, como
ilustra a decisão abaixo:

HABEAS CORPUS. DIREITO DE FAMÍLIA. TEORIA DO


ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL. NÃO INCIDÊNCIA. DÉBITO
ALIMENTAR INCONTROVERSO. SÚMULA N. 309/STJ. PRISÃO
CIVIL. LEGITIMIDADE. PAGAMENTO PARCIAL DA DÍVIDA.
REVOGAÇÃO DO DECRETO PRISIONAL. NÃO CABIMENTO.
IRRELEVÂNCIA DO DÉBITO. EXAME NA VIA ESTREITA DO WRIT.
IMPOSSIBILIDADE.
1. A Teoria do Adimplemento Substancial, de aplicação estrita
no âmbito do direito contratual, somente nas hipóteses em
que a parcela inadimplida revela-se de escassa importância,
não tem incidência nos vínculos jurídicos familiares,
revelando-se inadequada para solver controvérsias
relacionadas a obrigações de natureza alimentar.
2. O pagamento parcial da obrigação alimentar não afasta a
possibilidade da prisão civil. Precedentes.
3. O sistema jurídico tem mecanismos por meio dos quais o
devedor pode justificar o eventual inadimplemento parcial da
obrigação (CPC/2015, art. 528) e, outrossim, pleitear a revisão

38
REsp 1622555/MG, Rel. Ministro Marco Buzzi, Rel. p/ Acórdão Ministro Marco Aurélio Bellizze,
Segunda Seção, julgado em 22/02/2017, DJe 16/03/2017. Grifos acrescidos.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

do valor da prestação alimentar (L. 5.478/1968, art. 15;


CC/2002, art. 1.699).
4. A ação de Habeas Corpus não é a seara adequada para aferir
a relevância do débito alimentar parcialmente adimplido, o que
só pode ser realizado a partir de uma profunda incursão em
elementos de prova, ou ainda demandando dilação probatória,
procedimentos incompatíveis com a via estreita do remédio
constitucional.
5. Ordem denegada39.

IV) Como ensina Tartuce, há ainda intensa controvérsia acerca da teoria adotada pelo
CC/02 a respeito da revisão contratual por fato superveniente. Parte da doutrina, à
qual o autor se filia, considera que o CC/02 adotou a teoria da imprevisão. Outra parte
entende ter sido adotada a teoria da onerosidade excessiva, nos seguintes termos:

Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se


a prestação de uma das partes se tornar excessivamente
onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de
acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o
devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença
que a decretar retroagirão à data da citação.

A assertiva está correta, por ter apontado a existência de corrente doutrinária que
entende positivada no direito brasileiro a tese da onerosidade excessiva, oriunda do
direito italiano.

Para os adeptos à teoria da onerosidade excessiva, dentre os requisitos para a revisão


dos contratos, fundada no art. 478, figuram: a) a existência de contrato bilateral,
oneroso, comutativo e de execução diferida ou trato sucessivo; b) acontecimento
imprevisível e extraordinário; c) por fim, deve estar presente a onerosidade excessiva
(ou quebra do sinalagma obrigacional), situação desfavorável a uma das partes da
avença – normalmente à parte mais fraca ou vulnerável – e a extrema vantagem para
a outra parte.

Por sua vez, a parcela da doutrina que defende a teoria da imprevisão, entende que o
fator onerosidade, a fundamentar a revisão ou mesmo a resolução do contrato, não
necessita da prova de que uma das partes auferiu vantagens, bastando a prova do
prejuízo e do desequilíbrio negocial. Foi aprovado nessa toada, na IV Jornada de
Direito Civil, o Enunciado n. 365 do CJF/STJ:

39
HC 439.973/MG, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Rel. p/ Acórdão Ministro Antônio Carlos Ferreira,
Quarta Turma, julgado em 16/08/2018, DJe 04/09/2018. Com o acréscimo de grifos.
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A extrema vantagem do art. 478 deve ser interpretada como


elemento acidental da alteração de circunstâncias, que
comporta a incidência da resolução ou revisão do negócio por
onerosidade excessiva, independentemente de sua
demonstração plena.

Considerando que o quesito fez referência expressa à doutrina adepta à teoria da


onerosidade excessiva, está correta a menção à extrema vantagem de uma das partes
como requisito à revisão contratual fundada no art. 478 do CC/02.

GABARITO: LETRA D.

27) Pedro, rico empresário e detentor de muitos imóveis em Belo Horizonte,


prometeu doar ao seu primo Tiago um imóvel no Bairro de Belvedere, em BH, onde
este residia e sob a condição de que se comprometesse a continuar cuidando, com
esmero, do bem. Todavia, Pedro faleceu inesperadamente, sem completar a doação.
Tiago seguiu residindo no local sem qualquer contestação, inclusive pagando o IPTU
do referido imóvel, por mais de 15 anos ininterruptos. Ocorre que Lucas – filho único
de Pedro, com 26 anos de idade quando o pai morreu – havia dado o imóvel em
garantia hipotecária para Márcio, com quem tinha negócios. Tiago, desconhecendo
essa situação, ajuizou demanda de usucapião. Com base na situação narrada,
assinale a alternativa correta.

A) Tiago adquire a propriedade, mas ela segue sendo a garantia da dívida de Lucas com
Márcio.
B) A hipoteca impede a aquisição da propriedade por Tiago, uma vez que se caracteriza
como uma oposição à posse por ele exercida.
C) Como Pedro não completou a doação antes de falecer, Tiago nada pode pleitear em
relação ao imóvel.
D) Tiago pode adquirir o imóvel pela usucapião extraordinária, mas deverá, para tanto,
indenizar Márcio.
E) O fato de Lucas ter hipotecado o imóvel não constitui óbice ao acolhimento pelo
juízo do pedido de usucapião formulado por Tiago. Isso porque, tendo preenchido
todos os requisitos da usucapião extraordinária, Tiago adquire a propriedade do
imóvel livre de qualquer ônus ou encargo.

Assunto: Direitos reais


Categoria: Doutrina e jurisprudência
Nível: Médio
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.

A usucapião, também conhecida como “prescrição aquisitiva”, consiste em forma de


aquisição originária de bem imóvel. Preenchidos os seus requisitos, o usucapiente faz
jus à declaração de seu direito à propriedade, por sentença, que serve como título
para registro em cartório. Veja o que dispõe o CC/02:

Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem
oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a
propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo
requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual
servirá de título para o registro no Cartório de Registro de
Imóveis.

Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á


a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua
moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de
caráter produtivo.

No caso narrado, Tiago, tendo preenchido todos os requisitos da usucapião


extraordinária, deve ter o seu direito à propriedade do bem judicialmente reconhecido
e LIVRE DE QUAISQUER ÔNUS OU ENCARGOS. É que, como afirmado, a usucapião é
forma de aquisição originária da propriedade, e não derivada.

Por isso, a assertiva se equivoca ao afirmar que a propriedade segue sendo garantia da
dívida de Lucas com Márcio. A hipoteca, direito real de garantia, não pode ser oposta
ao usucapiente, o qual, como se disse, ADQUIRE A PROPRIEDADE SEM QUALQUER
ÔNUS OU ENCARGO!

B) INCORRETA.

Ao contrário do afirmado, a hipoteca não pode ser considerada forma de oposição de


Lucas à posse exercida por Tiago sobre o bem imóvel. Isso porque a hipoteca consiste
tão só em direito real de garantia, instituído sobre imóvel, que não tem o condão de
obstar o transcurso do prazo de prescrição aquisitiva. Caso quisesse se opor à posse
exercida por Tiago, Lucas deveria ter tomado outras providências relacionadas ao
próprio exercício da posse sobre o bem imóvel. Logo, o quesito está incorreto.

C) INCORRETA.
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Tiago faz jus ao reconhecimento de seu direito à propriedade, não pela doação, que,
de fato, não foi perfectibilizada, mas sim pela presença dos requisitos da usucapião
extraordinária. Portanto, este quesito não está correto.

D) INCORRETA.

A assertiva se equivoca ao afirmar que Tiago deve indenizar Márcio, o credor


hipotecário. Isso porque, como se disse e não é demais repisar, a usucapião consiste
em forma de aquisição originária da propriedade, o que faz com que esta venha livre
de quaisquer ônus ou encargos que recaiam sobre o bem usucapido.

E) CORRETA.

Este é o quesito que deve ser assinalado pelo aluno. Ele retrata exatamente o
posicionamento da jurisprudência do STJ, fundado na dicção do CC/02 acerca dos
institutos da usucapião e do direito real de hipoteca. Confira abaixo precedente com
situação fática similar à narrada no enunciado:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE USUCAPIÃO


EXTRAORDINÁRIA. REQUISITOS. DISCUSSÃO RESTRITA À
NATUREZA DA POSSE. SÚMULA N. 7 DO STJ. NÃO INCIDÊNCIA
DA ESPÉCIE. PREMISSAS FÁTICAS JÁ ASSENTADAS.
ENQUADRAMENTO JURÍDICO DOS FATOS. OPOSIÇÃO. NÃO
DEMONSTRAÇÃO. EXERCÍCIO COM ÂNIMO DE DONO
EXTERIORIZADO. AQUISIÇÃO DO DOMÍNIO PELA PRESCRIÇÃO
AQUISITIVA.
1. O fato de o proprietário do imóvel ter celebrado negócio
com instituição financeira e dado o bem em garantia, depois
baixada, não configura verdadeira oposição à posse exercida
por terceiros que nenhuma relação têm com aquele negócio,
já que não foi adotada nenhuma providência hábil a
interromper o lapso prescricional hábil a autorizar o
reconhecimento da aquisição do domínio pela usucapião.
2. Exerce a posse com ânimo de dono aquele que passa a
residir no imóvel por autorização de quem acreditava ser o
dono e com a promessa de que o bem lhe seria doado,
passando a pagar os respectivos impostos, a conservar as
respectivas benfeitorias, ali recebendo correspondências
particulares, tudo por mais de vinte anos, sem ser molestado
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por quem quer que seja. A exteriorização da posse reforça que


ela é exercida com ânimo de dono.
3. Preenchidos os requisitos legais, deve-se reconhecer a
aquisição do domínio pela usucapião.
4. Recurso especial provido. Sentença restabelecida40.

GABARITO: LETRA E.

28) Assinale a alternativa incorreta acerca dos Direitos da Personalidade.

A) Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos de personalidade são


intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação
voluntária.
B) No caso de pessoas públicas, o âmbito de proteção dos direitos da personalidade se
vê diminuído, sendo admitida, em tese, a divulgação de informações aptas a formar o
juízo crítico dos eleitores sobre o caráter do candidato.
C) De acordo com a jurisprudência do STF, a liberdade de expressão goza de posição
preferencial em relação aos demais direitos da personalidade no ordenamento jurídico
brasileiro, embora não haja qualquer hierarquia apriorística entre direitos
fundamentais.
D) A veiculação de matéria jornalística sobre delito histórico que expõe a vida
cotidiana de terceiros não envolvidos no fato criminoso não representa ofensa ao
princípio da intranscendência.
E) Nome é um direito personalíssimo e, em princípio, é inalterável e imutável, salvo as
exceções em lei, sendo possível a supressão de um patronímico pelo casamento, desde
que não haja prejuízo à ancestralidade nem à sociedade.

Assunto: Direitos da personalidade


Categoria: Lei Seca e jurisprudência
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) CORRETA.

Este quesito reporta à literalidade do art. 11 do CC/02, a saber:

40
REsp 1.253.767 PR. T3 – TERCEIRA TURMA. Relator: Min. João Otávio de Noronha. Julgamento
18.02.2016. DJe 26.02.2016.
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Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da


personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não
podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

B) CORRETA.

De fato, o STJ possui jurisprudência cristalizada no sentido do afirmado na assertiva,


como ilustra o seguinte trecho de precedente:

No caso de pessoas públicas, o âmbito de proteção dos direitos


da personalidade se vê diminuído, sendo admitidas, em tese, a
divulgação de informações aptas a formar o juízo crítico dos
eleitores sobre o caráter do candidato41.

C) CORRETA.

Ao julgar a ADPF 130/DF, em 2008, o STF firmou posição favorável à liberdade de


expressão, afirmando gozar esta de posição preferencial em relação aos demais
direitos. Não quer isso dizer, contudo, que o Guardião da Constituição haja
consolidado qualquer hierarquia apriorística entre a liberdade de expressão em
relação aos direitos da personalidade. Quando em confronto com outros direitos da
personalidade, deve haver a aplicação da técnica da ponderação para decidir qual
direito deve prevalecer no caso concreto, tendo em mente que o afastamento da
liberdade de expressão deve ser excepcionalíssimo.

Leia abaixo trecho de decisão do STF a respeito do tema:

A Constituição de 1988 incorporou um sistema de proteção


reforçado das liberdades de expressão, informação e imprensa,
reconhecendo uma prioridade prima facie destas liberdades
públicas na colisão com outros interesses juridicamente
tutelados, inclusive com os direitos da personalidade. Assim,
embora não haja hierarquia entre direitos fundamentais, tais
liberdades possuem uma posição preferencial, o que significa
dizer que seu afastamento é excepcional e o ônus
argumentativo é de quem sustenta o direito oposto.
Consequentemente, é necessário o escrutínio rigoroso de todas
as medidas restritivas da liberdade de expressão42.

41
REsp 253.058/MG, Rel. Ministro Fernando Gonçalves, Quarta Turma, julgado em 04/02/2010, DJe
08/03/2010.
42
STF. Reclamação n.º 18.638 Ceará. Relator: Roberto Barroso. Dje 02 de maio de 2018.
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D) INCORRETA.

O STJ possui recentíssima decisão em sentido diverso do afirmado no quesito.


Vejamos:

A veiculação de matéria jornalística sobre delito histórico que


expõe a vida cotidiana de terceiros não envolvidos no fato
criminoso, em especial de criança e de adolescente,
representa ofensa ao princípio da intranscendência. (REsp
1.736.803-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 28/04/2020, DJe
04/05/2020).

Na situação, para o STJ, a reportagem atingiu indevidamente terceiros não integrantes


do fato histórico rememorado - os filhos e marido de mulher que fora condenada por
delito. Segundo a Corte, o esposo e os filhos não se tornaram figuras notórias à época
do delito, pelo que não se trata de incidência do direito ao esquecimento na hipótese,
mas sim do princípio da intranscendência dos efeitos da condenação. Segundo o STJ:

Nesse aspecto, a matéria jornalística apresentou ofensa ao


princípio da intranscendência, ou da pessoalidade da pena,
descrito nos artigos 5º, XLV, da Constituição Federal e 13 do
Código Penal. Isso porque, ao expor publicamente a
intimidade dos familiares, em razão do crime ocorrido, a
reportagem compartilhou dimensões evitáveis e indesejáveis
dos efeitos da condenação então estendidas à atual família da
ex-condenada.

Especificamente quanto aos filhos, menores de idade, ressalta-


se a Opinião Consultiva n. 17, de 28 de agosto de 2002 da Corte
Interamericana de Direitos Humanos, que entende que o
melhor interesse das crianças e dos adolescentes é reconhecido
como critério regente na aplicação de normas em todos os
aspectos da vida dos denominados "sujeitos em
desenvolvimento".

Ademais, a exposição jornalística da vida cotidiana dos infantes,


relacionando-os, assim, ao ato criminoso, representa ofensa ao
direito ao pleno desenvolvimento de forma sadia e integral, nos
termos dos artigos 3º do Estatuto da Criança e do Adolescente
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e 16 da Convenção sobre os Direitos da Criança, promulgada


pelo Decreto n. 99.710/199043.

Desse modo, o quesito está incorreto, devendo ser assinalado.

E) CORRETA.

De fato, os tribunais permitem a alteração excepcional do patronímico por ocasião do


casamento, desde que não haja prejuízo ao reconhecimento da pessoa perante o meio
social, nem à ancestralidade. Confira trecho de decisão do STJ a esse respeito:

[...] Excepcionalmente, desde que preservados os interesses


de terceiro e demonstrado justo motivo, é possível a
supressão do patronímico materno por ocasião do casamento.
2. A supressão devidamente justificada de um patronímico em
virtude do casamento realiza importante direito da
personalidade, desde que não prejudique a plena
ancestralidade nem a sociedade. 3. Preservação da autonomia
de vontade e da integridade psicológica perante a unidade
familiar no caso concreto. 4. Recurso especial não provido 44.

GABARITO: LETRA D.

DIREITO AMBIENTAL

29) Segundo as disposições da Lei Federal n. 9.985/2000, que institui o Sistema


Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC, é incorreto afirmar:

A) A Reserva da Biosfera é constituída por áreas de domínio público ou privado.


B) É permitida, após autorização do órgão gestor, a introdução de espécies não
autóctones nas unidades de conservação de uso sustentável.
C) Na Reserva Particular do Patrimônio Natural, conforme se dispuser em
regulamento, somente serão permitidas a pesquisa científica e a visitação com
objetivos turísticos, recreativos e educacionais.

43
REsp 1.736.803-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
28/04/2020, DJe 04/05/2020.
44
REsp 1433187/SC, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, julgado em 26/05/2015,
DJe 02/06/2015.
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D) As unidades de conservação da Reserva Biológica, da Estação Ecológica, do Parque


Nacional, do Refúgio de Vida Silvestre e do Monumento Natural integram as Unidades
de Proteção Integral.
E) Dentre as unidades de conservação que devem ser constituídas apenas por áreas de
domínio público figuram a reserva biológica, a estação ecológica e o parque nacional.
O monumento natural e o Refúgio da Vida silvestre, por sua vez, podem ser
constituídos por áreas particulares, embora também sejam unidades de conservação
da categoria de proteção integral.

Assunto: Sistema Nacional das Unidades de Conservação da Natureza (SNUC)


Categoria: Lei Seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) CORRETA.

De fato é o que prevê a Lei 9.985/00, no art. 41, §2º, segundo o qual:

Art. 41. A Reserva da Biosfera é um modelo, adotado


internacionalmente, de gestão integrada, participativa e
sustentável dos recursos naturais, com os objetivos básicos de
preservação da diversidade biológica, o desenvolvimento de
atividades de pesquisa, o monitoramento ambiental, a
educação ambiental, o desenvolvimento sustentável e a
melhoria da qualidade de vida das populações.
§ 2º A Reserva da Biosfera é constituída por áreas de domínio
público ou privado.

Aqui o aluno precisa ter cuidado para não confundir a Reserva da Biosfera, referida
no quesito, com a unidade de conservação integral nominada pela lei como Reserva
Biológica, que deve ser composta apenas por áreas públicas.

B) INCORRETA.

Ao contrário do afirmado na assertiva, a Lei 9.985/00 VEDA a introdução de espécies


não autóctones nas unidades de conservação, independentemente de serem do tipo
de proteção integral ou uso sustentável, não havendo qualquer exceção. Veja abaixo a
literalidade do art. 31 da lei:
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

Art. 31. É proibida a introdução nas unidades de conservação


de espécies não autóctones.

O enunciado pedia que o aluno assinalasse a assertiva incorreta, pelo que a letra “B”
deve ser selecionada.

C) CORRETA.

A assertiva se coaduna totalmente à previsão do art. 21, § 2º, da Lei do SNUC, a saber:

§ 2º Só poderá ser permitida, na Reserva Particular do


Patrimônio Natural, conforme se dispuser em regulamento:
I - a pesquisa científica;
II - a visitação com objetivos turísticos, recreativos e
educacionais;

D) CORRETA.

De fato, todas as unidades de conservação referidas na assertiva estão inseridas na


categoria de proteção integral. É importante que o aluno memorize essa informação,
que costuma ser bastante explorada pelas bancas. Por oportuno, revisemos o art. 8º
da Lei 9.985/00:

Art. 8º O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto


pelas seguintes categorias de unidade de conservação:
I - Estação Ecológica;
II - Reserva Biológica;
III- Parque Nacional;
IV - Monumento Natural;
V - Refúgio de Vida Silvestre.

E) CORRETA.

Consoante previsão da Lei 9.985/00, a reserva biológica, a reserva ecológica e o


parque nacional, dentre as unidades de proteção integral, devem necessariamente
ser constituídas apenas por áreas de domínio público, devendo haver a
desapropriação de eventuais áreas particulares incluídas em seus limites. As demais
unidades de proteção integral, isto é, o refúgio da vida silvestre e o monumento
natural podem conter áreas particulares, de acordo com o regramento legal, abaixo
transcrito.
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Art. 9º (...) § 1º A Estação Ecológica é de posse e domínio


públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus
limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.

Art. 10 (...) § 1º A Reserva Biológica é de posse e domínio


públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus
limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.

Art. 11 § 1º O Parque Nacional é de posse e domínio públicos,


sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão
desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.

Art. 12 (...) § 1º O Monumento Natural pode ser constituído por


áreas particulares, desde que seja possível compatibilizar os
objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos
naturais do local pelos proprietários.

Art. 13 (...) § 1º O Refúgio de Vida Silvestre pode ser constituído


por áreas particulares, desde que seja possível compatibilizar os
objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos
naturais do local pelos proprietários.

Portanto, o quesito não merece reparos.

GABARITO: LETRA B.

30) Segundo o disposto na Lei Federal n. 12.651/2012 (Código Florestal), é incorreto


afirmar que:

A) O corte ou a exploração de espécies nativas plantadas em área de uso alternativo


do solo dependem de autorização prévia.
B) No imóvel rural que possuir área abandonada não é permitida a conversão de
vegetação nativa para uso alternativo do solo.
C) Não deve ser exigida área de preservação permanente no entorno de reservatórios
artificiais de água que não decorram de barramento ou represamento de cursos
d'água naturais.
D) A lei estabelece serem de interesse social as atividades de pesquisa e extração de
areia, argila, saibro e cascalho, outorgadas pela autoridade competente.
E) A lei classifica como atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental a
implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e efluentes
tratados, desde que comprovada a outorga do direito de uso da água, quando couber.
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Assunto: Código Florestal – Lei nº 12.651/12


Categoria: Lei seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.

A literalidade do artigo 35, §1º, do Código Florestal dispõe que:

§ 3º O corte ou a exploração de espécies nativas plantadas em


área de uso alternativo do solo serão permitidos
independentemente de autorização prévia, devendo o plantio
ou reflorestamento estar previamente cadastrado no órgão
ambiental competente e a exploração ser previamente
declarada nele para fins de controle de origem.

Desse modo, o quesito não se coaduna ao regramento legal.

B) CORRETA.

É exatamente o que prevê a Lei 12.651/12, em seu art. 28, in verbis:

Art. 28. Não é permitida a conversão de vegetação nativa para


uso alternativo do solo no imóvel rural que possuir área
abandonada.

Portanto, o quesito está correto.

C) CORRETA.

O Código Florestal define como área de preservação permanente “as áreas no entorno
dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento ou represamento de
cursos d’água naturais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento”
(art. 4º, III).

Mais à frente, complementa, no § 1º, do art. 4º, que:

§ 1º NÃO será exigida Área de Preservação Permanente no


entorno de reservatórios artificiais de água que não decorram
de barramento ou represamento de cursos d’água naturais.
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A assertiva está correta, pois reporta à referida exceção contida no Código Florestal –
isto é, da desnecessidade de APP no entorno de reservatórios que não decorram de
barramento ou represamento de cursos d’água naturais.

D) CORRETA.

O quesito remete à literalidade da alínea f, do inciso IX, do art. 3º, do Código Florestal,
onde se lê que:

Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por:


IX - interesse social:
f) as atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e
cascalho, outorgadas pela autoridade competente;

E) CORRETA.

Do mesmo modo, este quesito apenas reporta à literalidade do Código Florestal, desta
vez, à alínea b, do inciso X, do art. 3º, cujo teor é o seguinte:

Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por:


X - atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental:
b) implantação de instalações necessárias à captação e
condução de água e efluentes tratados, desde que comprovada
a outorga do direito de uso da água, quando couber;

Tenham cuidado para não confundir a previsão acima transcrita com a do inciso IX,
alínea e, que trata como atividade de interesse social:

e) implantação de instalações necessárias à captação e


condução de água e de efluentes tratados para projetos cujos
recursos hídricos são partes integrantes e essenciais da
atividade;

Importante alertar o aluno quanto à necessidade de ficar atento às definições do art.


3º do Código Florestal, que são bastante exploradas pelas bancas em provas objetivas.

GABARITO: LETRA A.

31) O agrotóxico XYZ é muito eficaz no combate a um tipo específico de praga que
tem assolado a cultura de café em algumas regiões do país, onde a umidade é maior.
Ao avaliar um pedido de autorização do uso desse agrotóxico, o órgão ambiental
competente, pautado em estudos científicos, autorizou o uso do produto. A decisão
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justificou a autorização com base no atual estágio do conhecimento científico.


Segundo o órgão ambiental, já restou comprovado cientificamente inexistirem
efeitos nocivos à saúde humana e ao meio ambiente decorrentes da exposição ao
referido agrotóxico na cafeicultura, conforme os parâmetros propostos pela
Organização Mundial de Saúde. Tendo em vista o exposto, assinale a alternativa que
contém o princípio que fundamenta a decisão do órgão ambiental.

A) Princípio do usuário-pagador.
B) Princípio da precaução.
C) Princípio da equidade.
D) Princípio do desenvolvimento sustentável.
E) Princípio da prevenção.

Assunto: Princípios do direito ambiental


Categoria: Doutrina
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.

O princípio do usuário pagador estabelece que o usuário de recursos naturais deve


pagar por sua utilização.

Os recursos naturais são bens da coletividade e o seu uso garante uma compensação
financeira, não importando se houve ou não dano ao meio ambiente. Aqui, o indivíduo
está pagando pela utilização de recursos naturais escassos, e não necessariamente
pelo dano causado ao meio ambiente (reparação), que é o caso do princípio do
poluidor-pagador.

A ideia de definir valor econômico ao recurso ambiental busca racionalizar o seu uso e
evitar desperdício. Não há qualquer referência no enunciado ao pagamento pelo uso
de recursos ambientais, pelo que esta assertiva não deve ser assinalada.

B) INCORRETA.

Embora haja alguns autores que ainda abordem o princípio da prevenção como
sinônimo de precaução, o tratamento do assunto pela doutrina majoritária não deixa
dúvidas que se tratam de princípios distintos. Inclusive, as bancas de concursos, não
raro, abordam-nos e costumam, inclusive, elaborar pegadinhas para confundir os
candidatos em relação aos princípios. Foi o que fez a questão em análise.
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O princípio da precaução não foi o descrito no enunciado. Isso porque este princípio
incide em casos de incerteza científica. Como a decisão do órgão ambiental levou em
conta dados científicos já existentes, fundamentou-se, em verdade, no princípio da
prevenção.

O princípio da precaução busca garantir a população de riscos potenciais, ainda não


identificados. Na ausência de certeza científica formal, a existência de RISCO de dano
sério ou irreversível requer a adoção de medidas prévias que evitem o eventual dano.

Paulo Affonso Leme Machado aponta, nesse sentido, que “na dúvida, opta-se pela
solução que proteja imediatamente o ser humano e conserve o meio ambiente (in
dubio pro salute ou in dubio pro natura)”45.

Como a decisão do órgão ambiental levou em conta comprovação científica quanto à


inexistência de dano à saúde humana com o uso do agrotóxico, dentro dos
parâmetros propostos pela OMS, fundou-se, como se disse, no princípio da
prevenção.

O cespe elaborou recente questão nessa toada, na prova para o Ministério Público do
Ceará (aplicada em 2020), e queremos aqui alertar os alunos quanto à possibilidade de
nova “pegadinha” a esse respeito. Fiquem atentos!

C) INCORRETA.

A Constituição estabelece ao Poder Público e à coletividade (art. 225) o dever de


preservar os recursos naturais em benefício das gerações presentes e das gerações
futuras, o que para alguns autores configura o princípio da equidade intergeracional.

A partir do seu conceito, resta concluir que não se trata do princípio que fundamentou
a decisão do órgão ambiental no caso concreto descrido no enunciado.

D) INCORRETA.

Considerado um dos principais princípios de direito ambiental, o princípio do


desenvolvimento sustentável busca a harmonização das seguintes vertentes:
crescimento econômico, preservação ambiental e equidade social. O

45
MACHADO, Paulo Affonso Leme in GARCIA, Leonardo de Medeiros; SILVA, Romeu Faria Thomé da.
Leis especiais para concursos: direito ambiental. V.10. 9. ed. rev., atual. e ampl. Salvador: Juspodivm,
2016.
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desenvolvimento só é considerado sustentável caso essas três vertentes sejam


respeitadas.

Embora seja princípio que fundamenta muitas decisões importantes em matéria


ambiental, o enunciado não atine especificamente a ele.

E) CORRETA.

Como já se discorreu acima, o enunciado atine ao princípio da prevenção. A título de


reforço argumentativo, recorda-se que, de acordo com o princípio da prevenção,
devem ser tomadas as medidas necessárias para evitar o dano ambiental porque as
consequências de se iniciar determinado ato, prosseguir com ele ou suprimi-lo são
conhecidas.

É o princípio que incide em caso de conhecimento científico em relação à existência


ou inexistência de danos ambientais.

O enunciado afirma categoricamente que já havia, com base no atual estágio do


conhecimento científico, a comprovação da inexistência de potencial danoso à saúde e
ao meio ambiente, a partir do uso do agrotóxico. Portanto, a decisão do órgão
ambiental em liberar a substância fundamenta-se no princípio da prevenção.

GABARITO: LETRA E.

32) De acordo com a jurisprudência do STF em matéria ambiental, julgue os


seguintes itens e assinale o correto.

A) É inconstitucional lei estadual que dispense a exigência de licenciamento para


atividades agrossilvipastoris.
B) É inconstitucional lei estadual que proíba a utilização de animais para
desenvolvimento, experimentos e testes de produtos cosméticos, de higiene pessoal,
perfumes e seus componentes.
C) É inconstitucional lei estadual que, usurpando a competência do CONAMA,
estabeleça procedimentos simplificados para as atividades e empreendimentos de
pequeno potencial de impacto ambiental.
D) O STF julgou totalmente improcedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI
5592) proposta em face da Lei 13.301/16, que permite o mecanismo de dispersão de
substâncias químicas por aeronaves para combate ao mosquito transmissor do vírus
da dengue, do vírus chikungunya e do vírus da zika. No recente julgamento, a corte
manteve incólume o principal dispositivo legal questionado, que trata da dispersão
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aérea de substâncias para reduzir a reprodução do mosquito vetor das doenças a que
a lei se refere.
E) Tendo em vista a competência concorrente em matéria ambiental, é constitucional
a norma estadual que, ao regulamentar o licenciamento ambiental, impede o exercício
de atividade garimpeira por pessoas físicas.

Assunto: Controle de Constitucionalidade de Normas de Natureza Ambiental


Categoria: Jurisprudência
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) CORRETA.

O STF, em recente decisão, julgou procedente Ação Direta de Inconstitucionalidade


ajuizada em face de lei do Estado de Tocantins que dispensava atividades
agrossilvipastoris do prévio licenciamento ambiental, independentemente de seu
potencial poluidor. Confira a ementa do julgado:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONSTITUCIONAL


E AMBIENTAL. FEDERALISMO E RESPEITO ÀS REGRAS DE
DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIA LEGISLATIVA. LEI ESTADUAL
QUE DISPENSA ATIVIDADES AGROSSILVIPASTORIS DO PRÉVIO
LICENCIAMENTO AMBIENTAL. INVASÃO DA COMPETÊNCIA DA
UNIÃO PARA EDITAR NORMAS GERAIS SOBRE PROTEÇÃO
AMBIENTAL. DIREITO FUNDAMENTAL AO MEIO AMBIENTE
EQUILIBRADO E PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO.
INCONSTITUCIONALIDADE. 1. A competência legislativa
concorrente cria o denominado “condomínio legislativo” entre
a União e os Estados-Membros, cabendo à primeira a edição de
normas gerais sobre as matérias elencadas no art. 24 da
Constituição Federal; e aos segundos o exercício da
competência complementar — quando já existente norma
geral a disciplinar determinada matéria (CF, art. 24, § 2º) — e
da competência legislativa plena (supletiva) — quando
inexistente norma federal a estabelecer normatização de
caráter geral (CF, art. 24, § 3º). 2. A possibilidade de
complementação da legislação federal para o atendimento de
interesse regional (art. 24, § 2º, da CF) não permite que
Estado-Membro dispense a exigência de licenciamento para
atividades potencialmente poluidoras, como pretendido pelo
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art. 10 da Lei 2.713/2013 do Estado do Tocantins. 3. O


desenvolvimento de atividades agrossilvipastoris pode
acarretar uma relevante intervenção sobre o meio ambiente,
pelo que não se justifica a flexibilização dos instrumentos de
proteção ambiental, sem que haja um controle e fiscalização
prévios da atividade. 4. A dispensa de licenciamento de
atividades identificadas conforme o segmento econômico,
independentemente de seu potencial de degradação, e a
consequente dispensa do prévio estudo de impacto ambiental
(art. 225, § 1º, IV, da CF) implicam proteção deficiente ao
direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado (art. 225 da CF), cabendo ao Poder Público o
exercício do poder de polícia ambiental visando a prevenir e
mitigar potenciais danos ao equilíbrio ambiental. 5. Ação direta
julgada procedente46.

Desse modo, o quesito está correto.

B) INCORRETA.

Na verdade, o STF firmou recentíssima posição no sentido contrário ao afirmado pelo


quesito, como demonstra a seguinte ementa:

É constitucional lei estadual que proíba a utilização de animais


para desenvolvimento, experimentos e testes de produtos
cosméticos, de higiene pessoal, perfumes e seus
componentes. A proteção da fauna é matéria de competência
legislativa concorrente (art. 24, VI, da CF/88). A Lei federal nº
11.794/2008 possui uma natureza permissiva, autorizando, a
utilização de animais em atividades de ensino e pesquisas
científicas, desde que sejam observadas algumas condições
relacionadas aos procedimentos adotados, que visam a evitar
e/ou atenuar o sofrimento dos animais. Mesmo o que o tema
tenha sido tratado de forma mais restrita pela lei estadual, isso
não se mostra inconstitucional porque, em princípio, é possível
que os Estados editem normas mais protetivas ao meio
ambiente, com fundamento em suas peculiaridades regionais e

46
ADI 5312, Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 25/10/2018, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-026 DIVULG 08-02-2019 PUBLIC 11-02-2019. Grifos acrescidos.
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na preponderância de seu interesse, conforme o caso. STF.


Plenário47.

C) INCORRETA.

Ao revés do afirmado no quesito, o STF, em recente julgamento, considerou


constitucional lei do estado do Ceará que estabelece procedimentos simplificados
para as atividades e empreendimentos de pequeno potencial de impacto ambiental.
Leia abaixo a ementa do referido julgado:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DIREITO


AMBIENTAL E CONSTITUCIONAL. FEDERALISMO E RESPEITO ÀS
REGRAS DE REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS. LEI
ESTADUAL QUE VERSA SOBRE PROCEDIMENTOS AMBIENTAIS
SIMPLIFICADOS. LEI Nº 14.882, DE 27.01.2011, DO ESTADO DO
CEARÁ. PRINCÍPIO DA PREDOMINÂNCIA DO INTERESSE.
JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA E DOMINANTE. PRECEDENTES. 1. O
princípio norteador da repartição de competências entre os
entes componentes do federalismo brasileiro é o princípio da
predominância do interesse, que é aplicado não apenas para as
matérias cuja definição foi preestabelecida pela Constituição
Federal, mas também em interpretações que envolvem
diversas matérias. Quando surgem dúvidas sobre a distribuição
de competências para legislar sobre determinado assunto,
caberá ao intérprete priorizar o fortalecimento das autonomias
locais e o respeito às suas diversidades como características
que assegurem o Estado Federal, garantindo o imprescindível
equilíbrio federativo. 2. O constituinte distribuiu entre todos os
entes da federação as competências legislativas e materiais em
matéria ambiental, de modo a reservar à União o protagonismo
necessário para a edição de normas de interesse geral e aos
demais entes a possibilidade de suplementarem a legislação
federal (arts. 23, VI ao VIII, e 24, VI e VIII, CF). 3. Este Supremo
Tribunal Federal, em diversas oportunidades, já se pronunciou
sobre o tema, afirmando a regra de que a matéria ambiental é
disciplina de competência legislativa concorrente, cabendo à
União estabelecer as normas gerais, restando aos Estados a
atribuição de complementar as lacunas da normatização
federal, consideradas as situações regionais específicas. Nesse
sentido: ADI 5.312, Rel. Min. Alexandre de Moraes; ADI 3.035,

47
ADI 5996, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em 15/04/2020 (Info 975).
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Rel. Min. Gilmar Mendes; ADI 3.937, Rel. Min. Dias Toffoli; RE
194.704, Rel. p/ acórdão, Min. Edson Fachin. 4. A Lei nº
6.938/1981, de âmbito nacional, ao instituir a Política Nacional
do Meio Ambiente, elegeu o Conselho Nacional do Meio
Ambiente – CONAMA como o órgão competente para
estabelecer normas e critérios para o licenciamento de
atividades efetiva ou potencialmente poluidoras a ser
concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA. O
CONAMA, diante de seu poder regulamentar, editou a
Resolução nº 237/1997, que, em seu art. 12, § 1º, fixou que
poderão ser estabelecidos procedimentos simplificados para
as atividades e empreendimentos de pequeno potencial de
impacto ambiental, que deverão ser aprovados pelos
respectivos Conselhos de Meio Ambiente. 5. A legislação
federal, retirando sua força de validade diretamente da
Constituição Federal, permitiu que os Estados-membros
estabelecessem procedimentos simplificados para as
atividades e empreendimentos de pequeno potencial de
impacto ambiental. 6. Ação direta de inconstitucionalidade
cujo pedido se julga improcedente 48.

D) INCORRETA.

A Lei 13.301, referida no quesito, prevê o uso de mecanismo de dispersão de


substâncias químicas por aeronaves para combate ao mosquito transmissor do vírus
da dengue, do vírus chikungunya e do vírus da zika.

De modo diverso do afirmado no quesito, o STF julgou parcialmente procedente o


pedido da ADI 5592, cujo objeto era dispositivo do diploma normativo em comento. Os
Ministros deram interpretação conforme à Constituição ao inciso impugnado da Lei
13.301, para acrescentar a exigência de pronunciamento da autoridade ambiental,
com o objetivo de fazer a análise adequada do impacto que a providência legal (isto é,
a dispersão de substancias químicas por aeronaves) produzirá no meio ambiente.

Nas razões de decidir, os Ministros da Corte destacaram que a aprovação das


autoridades competentes e a comprovação científica da eficácia da medida são
condições prévias e inafastáveis à incorporação de mecanismos de controle vetorial
por meio de dispersão por aeronaves, em atendimento aos arts. 225, § 1º, IV, V e VII;
6º e 196 da CF.

48
ADI 4615, Relator (a): ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 20/09/2019, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-233 DIVULG 25-10-2019 PUBLIC 28-10-2019. Grifos acrescidos.
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É o que se lê na ementa desse importante precedente, que reproduzimos a seguir com


o acréscimo de grifos:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ADMINISTRATIVO


E AMBIENTAL. MEDIDAS DE CONTENÇÃO DAS DOENÇAS
CAUSADAS PELO AEDES AEGYPTI. ARTIGO 1º, §3º, INCISO IV DA
LEI N. 13.301, DE 27 DE JUNHO DE 2016. PERMISSÃO DA
INCORPORAÇÃO DE MECANISMOS DE CONTROLE VETORIAL
POR MEIO DE DISPERSÃO POR AERONAVES MEDIANTE
APROVAÇÃO DAS AUTORIDADES SANITÁRIAS E DA
COMPROVAÇÃO CIENTÍFICA DA EFICÁCIA DA MEDIDA.
POSSIBILIDADE DE INSUFICIÊNCIA DA PROTEÇÃO À SAÚDE E AO
MEIO AMBIENTE. VOTO MÉDIO. INTERPRETAÇÃO CONFORME À
CONSTITUIÇÃO. ARTIGOS 225, §1º, INCISOS V E VII, 6º E 196 DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. INAFASTABILIDADE DA
APROVAÇÃO PRÉVIA DA AUTORIDADE SANITÁRIA E DA
AUTORIDADE AMBIENTAL COMPETENTE. ATENDIMENTO ÀS
PREVISÕES CONSTITUCIONAIS DO DIREITO À SAÚDE, AO MEIO
AMBIENTE EQUILIBRADO E AOS PRINCÍPIOS DA PRECAUÇÃO E
DA PREVENÇÃO. PROCEDÊNCIA PARCIAL DA AÇÃO. 1. Apesar
de submeter a incorporação do mecanismo de dispersão de
substâncias químicas por aeronaves para combate ao
mosquito transmissor do vírus da dengue, do vírus
chikungunya e do vírus da zika à autorização da autoridade
sanitária e à comprovação de eficácia da prática no combate
ao mosquito, o legislador assumiu a positivação do
instrumento sem a realização prévia de estudos em
obediência ao princípio da precaução, o que pode levar à
violação à sistemática de proteção ambiental contida no
artigo 225 da Constituição Federal. 2. A previsão legal de
medida sem a demonstração prévia de sua eficácia e segurança
pode violar os princípios da precaução e da prevenção, se se
mostrar insuficiente o instrumento para a integral proteção ao
meio ambiente equilibrado e ao direito de todos à proteção da
saúde. 3. O papel do Poder Judiciário em temas que envolvem a
necessidade de consenso mínimo da comunidade científica, a
revelar a necessidade de transferência do lócus da decisão
definitiva para o campo técnico, revela-se no reconhecimento
de que a lei, se ausentes os estudos prévios que atestariam a
segurança ambiental e sanitária, pode contrariar os dispositivos
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constitucionais apontados pela Autora em sua exordial,


necessitando, assim, de uma hermenêutica
constitucionalmente adequada, a assegurar a proteção da vida,
da saúde e do meio ambiente. 4. Em atendimento aos
princípios da precaução e da prevenção, bem como do direito
à proteção da saúde, portanto, confere-se interpretação
conforme à Constituição, sem redução de texto, ao disposto
no inciso IV do §3º do artigo 1º da Lei nº 13.301/2016, para
fixar o sentido segundo o qual a aprovação das autoridades
sanitárias e ambientais competentes e a comprovação
científica da eficácia da medida são condições prévias e
inafastáveis à incorporação de mecanismos de controle
vetorial por meio de dispersão por aeronaves, em
atendimento ao disposto nos artigos 225, §1º, incisos V e VII,
6º e 196 da Constituição da República. 5. Ação direta de
inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente 49.

Ou seja, ao contrário do que se disse no quesito, o STF não manteve incólume o


dispositivo adversado na ADI.

E) INCORRETA.

Em via diametralmente oposta à descrita na assertiva, o STF julgou formalmente


inconstitucional lei estadual que proibia o exercício de atividade garimpeira por pessoa
física. É que, como se sabe, compete privativamente à União dispor sobre jazidas,
minas, outros recursos minerais e metalurgia (art. 22, XII, da CF/1988).

Transcrevemos abaixo a ementa do julgamento, para fins de revisão:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONSTITUCIONAL


E AMBIENTAL. FEDERALISMO E RESPEITO ÀS REGRAS DE
DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIA LEGISLATIVA. LEI 3.213/2013
DO ESTADO DE RONDÔNIA. MINERAÇÃO E GARIMPAGEM.
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PRIVATIVA DA UNIÃO (ART. 22,
XII, DA CF). LICENCIAMENTO AMBIENTAL. COMPETÊNCIA
CONCORRENTE. PRIMAZIA DA UNIÃO PARA FIXAR NORMAS
GERAIS (ART. 24, VI, VII E VII, § 1º, 30, I E II, E 225, § 1º, IV, DA
CF). EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA AMBIENTAL. SEPARAÇÃO

49
ADI 5592, Relator(a): CÁRMEN LÚCIA, Relator(a) p/ Acórdão: EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado
em 11/09/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-051 DIVULG 09-03-2020 PUBLIC 10-03-2020. Grifos
acrescidos.
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DOS PODERES (ART. 2º DA CF). RESERVA DE ADMINISTRAÇÃO


(ART. 2º, 61, § 1º, II, “E”, 84, II E VI, “A”, DA CF). COBRANÇA DE
TAXA PELO EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA (ART. 145, II, DA
CF), POR MEIO DE LEI DE INICIATIVA DO LEGISLATIVO.
POSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE INICIATIVA RESERVADA EM
MATÉRIA TRIBUTÁRIA. PARCIAL PROCEDÊNCIA. 1. Compete
privativamente à União legislar sobre jazidas, minas, outros
recursos minerais e metalurgia (CF/1988, art. 22, XII), em
razão do que incorre em inconstitucionalidade a norma
estadual que, a pretexto de regulamentar o licenciamento
ambiental, impede o exercício de atividade garimpeira por
pessoas físicas. 2. A diretriz fixada pelo constituinte, de
favorecimento da organização da atividade garimpeira em
cooperativas (art. 174, § 3º, da CF), não permite o extremo de
limitar a prática de garimpagem apenas aos associados a essas
entidades, sob pena de violação à garantia constitucional da
liberdade de iniciativa e de livre associação (art. 1º, IV, art. 5º,
XX, e art. 170, parágrafo único, da CF). 3. A competência
legislativa concorrente cria o denominado “condomínio
legislativo” entre a União e os Estados-Membros, cabendo à
primeira a edição de normas gerais sobre as matérias elencadas
no art. 24 da Constituição Federal; e aos segundos o exercício
da competência complementar — quando já existente norma
geral a disciplinar determinada matéria (CF, art. 24, § 2º) — e
da competência legislativa plena (supletiva) — quando
inexistente norma federal a estabelecer normatização de
caráter geral (CF, art. 24, § 3º). 4. O licenciamento para
exploração de atividade potencialmente danosa, como é o caso
da lavra de recursos minerais, insere-se no Poder de Polícia
Ambiental, cujo exercício é atividade administrativa de
competência do Poder Executivo e, portanto, submetida à
reserva de administração (art. 61, § 1º, II, e, c/c art. 84, II e VI,
“a”, da CF). 5. A definição do valor cobrado a título de taxa pelo
exercício do poder de polícia (art. 145, II, da CF) pode ser
estabelecida em sede legislativa, por iniciativa concorrente dos
Poderes Executivo e Legislativo, pois não há falar em iniciativa
reservada em matéria tributária (ARE 743480, Rel. Min.
GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado sob o rito da
repercussão geral, DJe de 19/11/2013). 6. Medida Cautelar
confirmada e Ação Direta julgada parcialmente procedente50.

50
ADI 5077, Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 25/10/2018, PROCESSO
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GABARITO: LETRA A.

33) A Lei n.º 6.938/81, que trata da Política Nacional do Meio Ambiente estabeleceu
os chamados “instrumentos de política ambiental”. Estão previstos na lei como
instrumentos de política ambiental, exceto:

A) Padrões de qualidade ambiental.


B) A concessão florestal, servidão ambiental e o seguro ambiental.
C) O cadastro ambiental rural (CAR).
D) O relatório de Qualidade do Meio Ambiente do IBAMA.
E) O licenciamento ambiental.

Assunto: Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA)


Categoria: Lei Seca
Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

A) CORRETA.

Esta questão exige a literalidade da Lei 6.938/81, pois todos os instrumentos de


política ambiental estão descritos no art. 9º desse diploma legal. O primeiro
instrumento é justamente o contido no item A, isto é, o “estabelecimento de padrões
de qualidade ambiental”. Confira abaixo o trecho da lei que contém essa previsão:

Art. 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio


Ambiente:

I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;

B) CORRETA.

Do mesmo modo, a lei prevê como instrumentos da política ambiental os instrumentos


econômicos descritos no item B, como se demonstra a seguir:

Art. 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio


Ambiente:

ELETRÔNICO DJe-250 DIVULG 22-11-2018 PUBLIC 23-11-2018. Grifos acrescidos.


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XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal,


servidão ambiental, seguro ambiental e outros.

C) INCORRETA.

O Cadastro Ambiental Rural (CAR), por sua vez, não está descrito no art. 9º da Lei
6.938 como instrumento da política ambiental nacional. Aqui se aproveita para
advertir o aluno: não confunda os dois tipos de cadastros descritos na Lei do PNMA,
com o CAR, que é previsto no Código Florestal! Vejamos o que diz a Lei 6.938/81:

Art. 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio


Ambiente:
VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos
de Defesa Ambiental;
XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente
poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais.

O Cadastro Ambiental Rural (CAR) é um registro público eletrônico de âmbito


nacional, criado pelo Código Florestal, no âmbito do Sistema Nacional de Informação
sobre Meio Ambiente (SINIMA), obrigatório para todos os imóveis rurais, com a
finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais
referentes à situação das Áreas de Preservação Permanente - APP, das áreas de
Reserva Legal, das florestas e dos remanescentes de vegetação nativa, das Áreas de
Uso Restrito e das áreas consolidadas, compondo base de dados para controle,
monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento.

A Lei 6.938 estabelece o SINIMA como um dos instrumentos da PNMA. Entretanto, a


lei não prevê diretamente o CAR como instrumento da Política Nacional Ambiental.
Como o enunciado pediu especificamente os instrumentos criados pela Lei da PNMA, o
aluno deveria assinalar esta assertiva como incorreta.

D) CORRETA.

A Lei da PNMA prevê, no inciso X, do art. 9º, abaixo reproduzido, como instrumento da
política nacional a elaboração de relatório de qualidade ambiental, divulgado
anualmente pelo IBAMA.

Art. 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio


Ambiente:
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X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a


ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA;

E) CORRETA.

Por fim, a lei também estabelece, no inciso IV, do art. 9º, o licenciamento como
instrumento da PNMA.

Art. 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio


Ambiente:
IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou
potencialmente poluidoras;

GABARITO: LETRA C.

DIREITO ADMINISTRATIVO

34) Imagine a seguinte situação hipotética: servidor Y concede benefício fiscal sem
observar as formalidades legais aplicáveis ao ISS. É correto afirmar que ao referido
ato de improbidade administrativa pode ser aplicada, dentre outras, a seguinte
cominação:

A) Multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial.


B) Multa civil de até duas vezes o valor do dano.
C) Multa civil de até três vezes o valor do benefício financeiro ou tributário concedido.
D) Multa civil de até duas vezes o valor do benefício financeiro ou tributário
concedido.
E) Nenhuma das alternativas anteriores.

Assunto: Improbidade Administrativa


Categoria: Lei seca
Nível: Difícil

COMENTÁRIOS:

A questão traz uma pegadinha já cobrada anteriormente pela banca VUNESP que
induziu muitos candidatos a erro! Vamos às assertivas.

B) CORRETA.
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A assertiva está correta. A hipótese de concessão de benefício fiscal sem observância


das formalidades legais corresponde ao art. 10, VII da Lei nº 8.429/92 (LIA).

Deste modo, as cominações estão expostas no art. 12, II, senão vejamos:

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa


lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa,
que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das
entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a
observância das formalidades legais ou regulamentares
aplicáveis à espécie;

Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e


administrativas previstas na legislação específica, está o
responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou
cumulativamente, de acordo com a gravidade do
fato: (Redação dada pela Lei nº 12.120, de 2009).
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano,
perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos,
pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e
proibição de contratar com o Poder Público ou receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da
qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;

Para não confundir, veja a tabela quanto à cominação de multa:

Art. 9 Art. 10 Art. 10-A Art. 11


Multa civil de Multa civil de Multa civil de até 3 Multa civil de
até 3 vezes o até 2 vezes o vezes o valor do até 100 vezes o
valor do acréscimo valor do dano. benefício valor da
patrimonial. financeiro ou remuneração.
tributário
concedido.
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A) INCORRETA.

A assertiva está incorreta, uma vez que a cominação de “multa civil de até três vezes o
valor do acréscimo patrimonial” é aplicável a ato de improbidade administrativa que
importe enriquecimento ilícito, o que não é o caso do enunciado, vide explicação da
“B”.

C) INCORRETA.

Essa é a assertiva que poderia gerar maior confusão.

Isso porque o enunciado menciona o ISS apenas para que o candidato se confunda e
responda a assertiva com base no art. 10-A da Lei nº 8.429:

Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa


qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter
benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem
o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31
de julho de 2003.

De fato, se este fosse o caso, a assertiva estaria correta, nos termos do art. 12, IV da
Lei nº 8.429/92:

Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e


administrativas previstas na legislação específica, está o
responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou
cumulativamente, de acordo com a gravidade do
fato: (Redação dada pela Lei nº 12.120, de 2009).
(...)
IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função pública,
suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito) anos e
multa civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício financeiro
ou tributário concedido. (Incluído pela Lei Complementar nº
157, de 2016)

Contudo, como já demonstrado na assertiva “B”, veja que o enunciado foi claro ao
tratar de BENEFÍCIO FISCAL, conforme hipótese prevista no art. 10, VII, que configura
ato de improbidade administrativa que causa prejuízo ao erário!
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Deste modo, a ele deve ser aplicado o art. 12, II da Lei nº 8.429/92, que prevê multa
civil de até 2x o valor do dano, e não o inciso IV.

D) INCORRETA.

A assertiva está incorreta, conforme exposto na “B”. Note, ainda, que a cominação de
“multa civil de até duas vezes o valor do benefício financeiro ou tributário concedido”
não possui qualquer previsão na Lei nº 8.429/92.

E) INCORRETA.

A assertiva está incorreta, uma vez que a “B” traz afirmativa verdadeira.

GABARITO: B

35) Assinale a assertiva correta a respeito da improbidade administrativa.

A) A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o


trânsito em julgado da sentença condenatória.
B) A aplicação das sanções previstas na Lei de Improbidade Administrativa depende da
efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público.
C) A aplicação das sanções previstas na Lei de Improbidade Administrativa depende
da aprovação das contas pelo órgão de controle interno.
D) A aplicação das sanções previstas na Lei de Improbidade Administrativa depende
da aprovação das contas ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
E) Será punido, com pena de suspensão, o agente público que se recusar a prestar
declaração dos bens dentro do prazo determinado.

Assunto: Improbidade administrativa


Categoria: Lei seca
Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

A) CORRETA.

De fato, a assertiva corresponde ao disposto no caput do art. 20 da Lei nº 8.429/92,


senão vejamos:
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Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos


políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença
condenatória.
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa
competente poderá determinar o afastamento do agente
público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo
da remuneração, quando a medida se fizer necessária à
instrução processual.

B) INCORRETA.

Ao contrário do que dispõe a alternativa “B”, a aplicação das sanções INDEPENDE da


efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público. Confira:

Lei nº 8.429/92:
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo
quanto à pena de ressarcimento; (Redação dada pela Lei nº
12.120, de 2009).
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle
interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.

C) INCORRETA.

Ao contrário do que dispõe a alternativa “C”, a aplicação das sanções INDEPENDE da


aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno. Confira:

Lei nº 8.429/92:
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo
quanto à pena de ressarcimento; (Redação dada pela Lei nº
12.120, de 2009).
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle
interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.

D) INCORRETA.

Ao contrário do que dispõe a alternativa “D”, a aplicação das sanções INDEPENDE da


aprovação ou rejeição das contas pelo Tribunal ou Conselho de Contas. Confira:

Lei nº 8.429/92:
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Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:


I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo
quanto à pena de ressarcimento; (Redação dada pela Lei nº
12.120, de 2009).
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle
interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.

E) INCORRETA.

Ao contrário do que dispõe a alternativa “E”, o agente público será punido com a pena
de DEMISSÃO:

Lei nº 8.429/92:
Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam
condicionados à apresentação de declaração dos bens e valores
que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada
no serviço de pessoal
competente. (Regulamento) (Regulamento)
§ 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes,
dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie de bens e
valores patrimoniais, localizado no País ou no exterior, e,
quando for o caso, abrangerá os bens e valores patrimoniais do
cônjuge ou companheiro, dos filhos e de outras pessoas que
vivam sob a dependência econômica do declarante, excluídos
apenas os objetos e utensílios de uso doméstico.
§ 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na data
em que o agente público deixar o exercício do mandato, cargo,
emprego ou função.
§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço
público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente
público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do
prazo determinado, ou que a prestar falsa.
§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da
declaração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita
Federal na conformidade da legislação do Imposto sobre a
Renda e proventos de qualquer natureza, com as necessárias
atualizações, para suprir a exigência contida no caput e no § 2°
deste artigo .

GABARITO: A
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36) Julgue as assertivas a seguir:


I – Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito
perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a permuta de bem
público por preço inferior ao valor de mercado;
II – Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública agir negligentemente na celebração, fiscalização e análise das
prestações de contas de parcerias firmadas pela administração pública com entidades
privadas;
III – Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo
para celebração de parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los
indevidamente;

Assinale a assertiva correta.

A) A assertiva I está errada, pois a hipótese descrita constitui ato de improbidade


administrativa que causa lesão ao erário.
B) A assertiva I está errada, pois a hipótese descrita constitui ato de improbidade
administrativa que atenta contra os princípios da administração pública.
C) A assertiva II está errada, pois a hipótese descrita constitui ato de improbidade
administrativa que causa lesão ao erário.
D) A assertiva III está errada, pois a hipótese descrita constitui ato de improbidade
administrativa que importa enriquecimento ilícito.
E) A assertiva III está correta.

Assunto: Improbidade Administrativa


Categoria: Lei seca
Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

Pessoal, a questão exige conhecimento básico da Lei de Improbidade. Deste modo,


caso você tenha errado, ou tenha acertado com dúvidas, recomendo fortemente a
leitura atenta da lei.

Vamos às assertivas.

A (I) está CORRETA: de fato, a hipótese descrita constitui ato de improbidade que
importa enriquecimento ilícito, nos termos do art. 9, III, da Lei nº 8.429/92:

Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando


SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem


patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato,
função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no
art. 1° desta lei, e notadamente:
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o
fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao
valor de mercado;

A (II) está ERRADA:

De fato, a II está errada, uma vez que agir negligentemente na celebração, fiscalização
e análise das prestações de contas de parcerias firmadas pela administração pública
com entidades privadas é hipótese de ato de improbidade que CAUSA LESÃO AO
ERÁRIO, e não que atenta contra os princípios da administração pública. Confira:

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa


lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa,
que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das
entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
(...)
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda,
bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio
público;

A (III) está ERRADA:

A (III) também está ERRADA, uma vez que a hipótese narrada constitui ato de
improbidade que CAUSA LESÃO AO ERÁRIO, e não que atenta contra os princípios da
Administração Pública, nos termos do art. 10, VII da Lei nº 8.429/92. Veja:

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa


lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa,
que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das
entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo
seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins
lucrativos, ou dispensá-los indevidamente; (Redação
dada pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

Sendo assim, nosso gabarito é a “C”.

GABARITO: C

37) O Poder Executivo pode qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de
direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas às seguintes
atividades, EXCETO:

A) Ao desenvolvimento tecnológico.
B) À cultura.
C) À segurança pública.
D) À proteção e preservação do meio ambiente.
E) À pesquisa científica.

Assunto: Terceiro Setor; Organizações Sociais.


Categoria: Lei seca
Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

Inicialmente, lembre-se de que as organizações sociais (Lei nº 9.637 de 1998) fazem


parte do Terceiro Setor, que diz respeito às entidades da sociedade civil sem fins
lucrativos que desempenham atividades de interesse social mediante vínculo formal
de parceria com o Estado.

Conforme exposto na Lei nº 9.637/1998, as Organizações Sociais são entidades


privadas que celebram contrato de gestão com o Estado para cumprir metas de
desempenho e recebimento de benefícios públicos.

A referida Lei é MUITO cobrada em provas objetivas da Advocacia Pública, assim como
a Lei nº 9.790/1999 (que trata das Organizações da Sociedade Civil de Interesse
Público – OSCIP) e a Lei nº 13.019/2014 (que trata das Organizações da Sociedade Civil
- OSC). Como já ressaltado em simulados passados, é imprescindível saber diferenciar
os institutos.

Vamos às assertivas.

C) INCORRETA.

A assertiva está incorreta, nos termos do art. 1º da Lei nº 9.637/98:


SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

Art. 1o O Poder Executivo poderá qualificar como organizações


sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,
cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica,
ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do
meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos
previstos nesta Lei.

Veja que a segurança pública não é uma das hipóteses mencionadas.

É importante saber as atividades descritas no art. 1º, uma vez que muito cobradas em
1ª fase (vide certame para Procurador do Estado de Santa Catarina, realizado em 2018
pela FEPESE).

Sendo assim, o Poder Executivo pode qualificar como OS pessoas jurídicas de DIREITO
PRIVADO, SEM FINS LUCRATIVOS, cujas atividades sejam dirigidas:
➔ Ao ensino
➔ À pesquisa científica
➔ Ao desenvolvimento tecnológico
➔ À proteção e preservação do meio ambiente
➔ À cultura
➔ À saúde

A) INCORRETA.

A assertiva está incorreta, nos termos do art. 1º da Lei nº 9.637/98:

Art. 1o O Poder Executivo poderá qualificar como organizações


sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,
cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica,
ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do
meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos
previstos nesta Lei.

B) INCORRETA.

A assertiva está incorreta, nos termos do art. 1º da Lei nº 9.637/98:

Art. 1o O Poder Executivo poderá qualificar como organizações


sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,
cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica,
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do


meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos
previstos nesta Lei.

D) INCORRETA.

A assertiva está incorreta, nos termos do art. 1º da Lei nº 9.637/98:

Art. 1o O Poder Executivo poderá qualificar como organizações


sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,
cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica,
ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do
meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos
previstos nesta Lei.

E) INCORRETA.

A assertiva está incorreta, nos termos do art. 1º da Lei nº 9.637/98:

Art. 1o O Poder Executivo poderá qualificar como organizações


sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,
cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica,
ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do
meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos
previstos nesta Lei.

GABARITO: C

38) Assinale a assertiva correta quanto à diferenciação entre Organização Social (OS)
e Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP).

A) Enquanto a OSCIP firma contrato de gestão, a OS firma termo de parceria.


B) A OS não pode ter fim lucrativo; a OSCIP pode.
C) As Organizações Sociais podem ser qualificadas como Organizações da Sociedade
Civil de Interesse Público.
D) Compete ao Ministério da Justiça expedir certificado às entidades interessadas em
obter qualificação como organização da sociedade civil de interesse público
E) Enquanto a qualificação como OSCIP é discricionária, a da OS é vinculada.

Assunto: Terceiro Setor; OS e OSCIP.


Categoria: Lei seca
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

Mais uma questão para trabalharmos o Terceiro Setor. Ressaltamos que a cobrança a
respeito da diferenciação entre OS e OSCIP é MUITO COMUM, sendo de extrema
importância conhecê-la. Deste modo, atente-se ao quadro sinótico51:

OS -> Lei nº 9.637/98 OSCIP -> Lei nº 9.790/99


Qualificação Discricionária Vinculada
Competência para Ministério ou órgão Ministério da Justiça
Qualificar regulador responsável
pela área de atuação da
entidade privada
requerente
Órgão de deliberação Presença OBRIGATÓRIA Presença FACULTATIVA de
superior da entidade de representante do servidor público na
Poder Público composição do conselho
ou diretoria da entidade
Vínculo jurídico Contrato de gestão Termo de parceria
Dica: oS contrato de Dica: osciP termo de
gestão Parceria
Fomento - Repasse de recursos - Repasse de recursos
orçamentários orçamentários
- Permissão de uso de - Permissão de uso de
bens públicos bens públicos
- Cessão especial de
servidores sem custo para
a entidade

D) CORRETA.

A assertiva está correta, nos termos do art. 6º, §1º, da Lei nº 9.790/99, senão vejamos:

Art. 5o Cumpridos os requisitos dos arts. 3o e 4o desta Lei, a


pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos,
interessada em obter a qualificação instituída por esta Lei,
deverá formular requerimento escrito ao Ministério da

51
Quadro sinótico com base no Curso de Direito Administrativo do Professor Rafael Carvalho Rezende
Oliveira. 5ª ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2017.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

Justiça, instruído com cópias autenticadas dos seguintes


documentos:
I - estatuto registrado em cartório;
II - ata de eleição de sua atual diretoria;
III - balanço patrimonial e demonstração do resultado do
exercício;
IV - declaração de isenção do imposto de renda;
V - inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes.
Art. 6o Recebido o requerimento previsto no artigo anterior, o
Ministério da Justiça decidirá, no prazo de trinta dias,
deferindo ou não o pedido.
§ 1o No caso de deferimento, o Ministério da Justiça emitirá,
no prazo de quinze dias da decisão, certificado de qualificação
da requerente como Organização da Sociedade Civil de
Interesse Público.
§ 2o Indeferido o pedido, o Ministério da Justiça, no prazo do §
1o, dará ciência da decisão, mediante publicação no Diário
Oficial.
§ 3o O pedido de qualificação somente será indeferido quando:
I - a requerente enquadrar-se nas hipóteses previstas no art.
2o desta Lei;
II - a requerente não atender aos requisitos descritos nos arts.
3o e 4o desta Lei;
III - a documentação apresentada estiver incompleta.

A) INCORRETA.

A assertiva está incorreta.


Veja novamente o quadro sinótico acima e lembre-se da dica:
➔ oS: contrato de geStão
➔ osciP: termo de Parceria

Nos termos da Lei nº 9.637/98 (lei da OS):

Art. 5o Para os efeitos desta Lei, entende-se por contrato de


gestão o instrumento firmado entre o Poder Público e a
entidade qualificada como organização social, com vistas à
formação de parceria entre as partes para fomento e execução
de atividades relativas às áreas relacionadas no art. 1o.

E, ainda, nos termos da Lei nº 9.790/99 (lei da OSCIP):


SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

Art. 9o Fica instituído o Termo de Parceria, assim considerado


o instrumento passível de ser firmado entre o Poder Público e
as entidades qualificadas como Organizações da Sociedade
Civil de Interesse Público destinado à formação de vínculo de
cooperação entre as partes, para o fomento e a execução das
atividades de interesse público previstas no art. 3o desta Lei.

B) INCORRETA.

A assertiva está incorreta, uma vez que nenhuma das duas pode ter fim lucrativo,
senão vejamos:

Lei nº 9.637/98:
Art. 1o O Poder Executivo poderá qualificar como organizações
sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,
cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica,
ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do
meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos
previstos nesta Lei.

Lei nº 9.790/99:
Art. 1o Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade
Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de direito
privado sem fins lucrativos que tenham sido constituídas e se
encontrem em funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três)
anos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas
estatutárias atendam aos requisitos instituídos por esta Lei.
(Redação dada pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)

Vamos aproveitar para revisar algumas características comuns das entidades do


Terceiro Setor:

➔ NÃO possuem finalidade lucrativa


➔ NÃO integram a Administração Pública Indireta
➔ Recebem benefícios públicos
➔ Prestam atividades privadas de relevância social

C) INCORRETA.

A assertiva está incorreta, uma vez que OS NÃO PODE SER OSCIP! Confira:
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

Lei nº 9.790/99:
Art. 2o Não são passíveis de qualificação como Organizações
da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se
dediquem de qualquer forma às atividades descritas no art.
3o desta Lei:
I - as sociedades comerciais;
II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação
de categoria profissional;
III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de
credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais;
IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas
fundações;
V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar
bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios;
VI - as entidades e empresas que comercializam planos de
saúde e assemelhados;
VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas
mantenedoras;
VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não
gratuito e suas mantenedoras;
IX - as organizações sociais;
X - as cooperativas;
XI - as fundações públicas;
XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito
privado criadas por órgão público ou por fundações públicas;
XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de
vinculação com o sistema financeiro nacional a que se refere
o art. 192 da Constituição Federal.
Parágrafo único. Não constituem impedimento à qualificação
como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público as
operações destinadas a microcrédito realizadas com
instituições financeiras na forma de recebimento de repasses,
venda de operações realizadas ou atuação como
mandatárias. (Incluído pela Lei nº 13.999, de 2020)

E) INCORRETA.

A assertiva está incorreta, uma vez que houve a sua inversão: na realidade, a
qualificação como OS é DISCRICIONÁRIA, e a da OSCIP é VINCULADA, senão vejamos:
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

Lei nº 9.637/98:
Art. 1o O Poder Executivo poderá qualificar como organizações
sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,
cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica,
ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do
meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos
previstos nesta Lei.
Art. 2o São requisitos específicos para que as entidades
privadas referidas no artigo anterior habilitem-se à qualificação
como organização social:
(...)
II - haver aprovação, quanto à conveniência e oportunidade de
sua qualificação como organização social, do Ministro ou
titular de órgão supervisor ou regulador da área de atividade
correspondente ao seu objeto social e do Ministro de Estado da
Administração Federal e Reforma do Estado.

Mas atenção: apesar de a qualificação como OS ser discricionária, ela observa critérios
objetivos.

Agora veja o que diz a Lei a respeito da qualificação como OSCIP:

Lei nº 9.790/99:
Art. 1o Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade
Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de direito privado
sem fins lucrativos que tenham sido constituídas e se
encontrem em funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três)
anos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas
estatutárias atendam aos requisitos instituídos por esta Lei.
(Redação dada pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)
(...)
§ 2o A outorga da qualificação prevista neste artigo é ato
vinculado ao cumprimento dos requisitos instituídos por esta
Lei.

GABARITO: D

39) É possível afirmar que as operações destinadas a microcrédito realizadas com


instituições financeiras:

A) Constituem impedimento à qualificação como Organização da Sociedade Civil de


SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

Interesse Público, conforme expressamente previsto na Lei nº 9.790 de 1999.


B) Constituem impedimento à qualificação como Organização da Sociedade Civil de
Interesse Público, conforme entendimento pacífico dos Tribunais Superiores.
C) Não constituem impedimento à qualificação como Organização da Sociedade Civil
de Interesse Público apenas se as operações forem realizadas na forma de
recebimento de repasses.
D) Não constituem impedimento à qualificação como Organização da Sociedade Civil
de Interesse Público, na forma de recebimento de repasses, venda de operações
realizadas ou atuação como mandatárias.
E) Nenhuma das anteriores.

Assunto: Terceiro Setor; OSCIP; novidade legislativa.


Categoria: Lei seca
Nível: Difícil

COMENTÁRIOS:

Atenção: a questão trata de novidade legislativa!

A Lei nº 13.999 de 2020 foi publicada no dia 18 de maio e instituiu o Pronampe:


Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, para o
desenvolvimento e o fortalecimento dos pequenos negócios. Além disso, alterou
algumas Leis, sendo uma delas a Lei nº 9.790/1999.

Lembre-se de que a Lei nº 9.790/1999 dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas


de direito privado, sem fins lucrativos, como OSCIP.

O artigo 2º da referida Lei traz algumas vedações quanto à qualificação como OSCIP,
senão vejamos:

Art. 2o Não são passíveis de qualificação como Organizações


da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se
dediquem de qualquer forma às atividades descritas no art.
3o desta Lei:
I - as sociedades comerciais;
II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação
de categoria profissional;
III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de
credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais;
IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas
fundações;
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar


bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios;
VI - as entidades e empresas que comercializam planos de
saúde e assemelhados;
VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas
mantenedoras;
VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não
gratuito e suas mantenedoras;
IX - as organizações sociais;
X - as cooperativas;
XI - as fundações públicas;
XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito
privado criadas por órgão público ou por fundações públicas;
XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de
vinculação com o sistema financeiro nacional a que se refere
o art. 192 da Constituição Federal.
Parágrafo único. Não constituem impedimento à qualificação
como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público as
operações destinadas a microcrédito realizadas com
instituições financeiras na forma de recebimento de repasses,
venda de operações realizadas ou atuação como
mandatárias. (Incluído pela Lei nº 13.999, de 2020)

Agora muita atenção ao parágrafo único do art. 2º, colacionado acima: ele foi incluído
pela Lei nº 13.999/2020 e dispõe que as operações destinadas a microcrédito
realizadas com instituições financeiras na forma de recebimento de repasses, venda de
operações realizadas ou atuação como mandatárias NÃO CONSTITUEM
IMPEDIMENTO À QUALIFICAÇÃO COMO OSCIP!

Ressalto a importância da leitura de material atualizado, uma vez que os certames


certamente explorarão a novidade legislativa.

Deste modo, a assertiva correta é a “D”.

D) CORRETA.

A assertiva está correta, nos termos do art. 2º, parágrafo único, explicado em
“COMENTÁRIOS” acima.

A) INCORRETA.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

A assertiva está incorreta, uma vez que NÃO CONSTITUEM impedimento à qualificação
como OSCIP, nos termos do parágrafo único do art. 2º da Lei nº 9790/99. Veja
“COMENTÁRIOS” acima.

B) INCORRETA.

A assertiva está incorreta, uma vez que NÃO CONSTITUEM impedimento à qualificação
como OSCIP, nos termos do parágrafo único do art. 2º da Lei nº 9.790/99.

C) INCORRETA.

A assertiva está incorreta, tendo em vista que não é apenas nesse caso, conforme o
parágrafo único do art. 2º da Lei nº 9.790/99. Veja em “COMENTÁRIOS” acima.

E) INCORRETA.

A assertiva está incorreta, visto que a “D” está correta, nos termos do parágrafo único
do art. 2º da Lei nº 9.790/99, conforme explicado em “COMENTÁRIOS” acima.

GABARITO: D

40) Assinale a alternativa correta a respeito dos princípios do Direito Administrativo.

A) O princípio da autotutela administrativa, de criação jurisprudencial, significa que a


Administração Pública possui o poder-dever de rever os seus próprios atos, não sendo
previsto em lei.
B) O princípio da participação, expressamente previsto na Constituição Federal, diz
respeito à utilização de mecanismos consensuais de satisfação do interesse público.
C) A Lei nº 9.784 de 1999 trata os princípios da proporcionalidade e razoabilidade
separadamente.
D) O interesse público primário representa o interesse do próprio Estado, enquanto
sujeito de direitos e obrigações, ligando-se fundamentalmente à noção de interesse do
erário.
E) O interesse público secundário relaciona-se com a necessidade de satisfação de
necessidades coletivas.

Assunto: Princípios
Categoria: Doutrina
Nível: Difícil

COMENTÁRIOS:
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

C) CORRETA.

A razoabilidade e a proporcionalidade são princípios gerais de direito que, apesar de


não previstos expressamente no texto constitucional, permeiam diversos dispositivos
da CF/88, constituindo-se em princípios constitucionais implícitos52.

O professor Rafael Oliveira explica que, apesar da polêmica quanto à existência ou não
de diferenças entre os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, tem
prevalecido a tese da fungibilidade.

Não obstante a divergência doutrinária, a Lei nº 9.784/99 trata os dois princípios de


forma separada, nos termos do caput do art. 2º. Confira:

Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos


princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade,
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência.

Sendo assim, a assertiva está correta.

A) INCORRETA.

A assertiva contraria a Lei nº 9.784/99 que dispõe a respeito do princípio da


autotutela, senão vejamos:

Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos,


quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos.

Ressalto que também tem previsão nas Súmulas 346 e 473 do STF:
Súmula 346 STF A Administração Pública pode declarar a
nulidade dos seus próprios atos.

Súmula 473 STF A administração pode anular seus próprios


atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque
deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos

52
Ricardo Alexandre e João de Deus. Direito Administrativo. 3ª ed., Editora MÉTODO, 2016.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação


judicial.

B) INCORRETA.

De fato, o princípio da participação diz respeito à utilização de mecanismos


consensuais de satisfação do interesse público. Veja o que diz o professor Rafael
Oliveira a seu respeito:

Por essa razão, é possível afirmar a existência, hoje, do


princípio da consensualidade ou da participação administrativa
no âmbito da Administração Pública Democrática e Consensual
que substitui o modelo liberal “agressivo” de atuação unilateral
da Administração por mecanismos consensuais de satisfação do
interesse público e “canais participatórios” que servem para a
solução negociada dos conflitos de interesses53.

Contudo, erra a alternativa ao dispor que tal princípio está expressamente previsto
na Constituição Federal.

Deste modo, a assertiva está incorreta.

D) INCORRETA.

Pessoal, as assertivas “D” e “E” estão com conceitos invertidos.

Cumpre mencionar, inicialmente, que o princípio da supremacia do interesse público


sobre o privado é considerado um pilar do Direito Administrativo tradicional.

Conforme explicado por Rafael Oliveira, o interesse público pode ser dividido em duas
categorias:

Enquanto o interesse público primário está relacionado à necessidade de satisfação de


necessidades coletivas, como justiça, segurança e bem-estar, por meio do
desempenho de atividades administrativas prestadas à coletividade, o interesse
público secundário representa o interesse do próprio Estado, enquanto sujeito de
direitos e obrigações, ligando-se fundamentalmente à noção de interesse do erário,
implementado por meio de atividades administrativas instrumentais necessárias para
o atendimento do interesse público primário, como as relacionadas ao orçamento,
agentes públicos e patrimônio público.

53
Rafael Carvalho Rezende Oliveira. Curso de Direito Administrativo. 5ª ed., 2017.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

E) INCORRETA.

As assertivas “D” e “E” estão com conceitos invertidos, conforme explicado acima.

GABARITO: C

41) O conceito de Direito Administrativo depende dos critérios utilizados para a


formulação do próprio conceito. Sobre o tema, julgue as assertivas a seguir:

I- De acordo com a Escola Legalista (critério legalista), o Direito Administrativo consiste


na disciplina jurídica responsável pelo estudo das normas administrativas.
II- O critério teleológico considera o Direito Administrativo como o conjunto de normas
que disciplinam a atuação concreta do Estado para consecução dos seus fins (fins
públicos).
III- A Escola do Serviço Público (critério do Serviço Público) surgiu na França, inspirada
na jurisprudência do Conselho de Estado Francês, segundo a qual a competência dos
tribunais administrativos passou a ser fixada em função da execução de serviços
públicos.

Assinale a alternativa correta:

A) I, II, III estão erradas.


B) Apenas a I está correta.
C) Apenas a III está correta.
D) Todas estão corretas.
E) Apenas II está correta.

Assunto: Conceito de Direito Administrativo


Categoria: Doutrina
Nível: Difícil

COMENTÁRIOS:

A questão aborda tema já explorado pela banca CESPE no certame para Advogado da
União, realizado em 2009. O assunto foi novamente objeto de cobrança pela banca
CESPE, em 2014, na prova para Procurador do TCE-PB.

Assim como mencionado na questão, o conceito de Direito Administrativo depende


dos critérios utilizados para formulação do próprio conceito.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

Os professores Ricardo Alexandre e João de Deus explicam que “os critérios podem ser
unitários (unidimensionais ou simples), quando são utilizados de forma isolada, ou
conjugados (pluridimensionais ou compostos), quando o conceito se apoia em pelo
menos dois critérios54”.

Todos os critérios utilizados na questão são unitários.

Vamos às assertivas.

A assertiva I está CORRETA. Ela traz corretamente a ideia de Direito Administrativo


para a Escola Legalista. De acordo com esse critério, o Direito Administrativo consiste
na disciplina jurídica responsável pelo estudo das normas administrativas (leis,
decretos, regulamentos) de um determinado país.

A título de conhecimento, os professores Ricardo Alexandre e João de Deus fazem uma


crítica: o referido critério não esclarece o que são essas normas administrativas e,
ainda, reduz o Direito Administrativo às leis, deixando de lado os princípios jurídicos55.

A assertiva II também está CORRETA. Ela aborda o critério teleológico (ou finalístico),
que considera o Direito Administrativo como o conjunto de normas que disciplinam a
atuação concreta do Estado para consecução de seus fins (fins públicos).

Os professores Ricardo Alexandre e João de Deus também elaboram uma crítica a seu
respeito: o referido critério não define quais as atividades que caberiam ao Estado.
Além disso, o critério traz a discussão a respeito dos fins do Estado, que por ter um
cunho ideológico acaba levando a respostas distintas56.

Cumpre ressaltar, ainda, que o critério teleológico foi objeto de cobrança no certame
para Advogado da União, realizado em 2009 pela banca CESPE. Veja:

CESPE – 2009 – AGU – Advogado da União


Pelo critério teleológico, o Direito Administrativo é considerado como o conjunto de
normas que regem as relações entre a administração e os administrados. Tal critério
leva em conta, necessariamente, o caráter residual ou negativo do Direito
Administrativo.
A assertiva está ERRADA! Não corresponde ao critério teleológico, mas sim ao
critério negativo ou residual. De acordo com esse critério, “o Direito Administrativo
tem por objeto as normas que disciplinam as atividades desenvolvidas para a

54
Ricardo Alexandre e João de Deus. Direito Administrativo. 3ª ed., Editora MÉTODO, 2016.
55
Ricardo Alexandre e João de Deus. Direito Administrativo. 3ª ed., Editora MÉTODO, 2016.
56
Ricardo Alexandre e João de Deus. Direito Administrativo. 3ª ed., Editora MÉTODO, 2016.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

consecução dos fins públicos, excluídas a atividade legislativa e a jurisdicional, além


das atividades patrimoniais, regidas pelo direito privado57”.

A assertiva III também está CORRETA.

De fato, a Escola do Serviço Público (critério do serviço público) surgiu na França,


inspirada na jurisprudência do Conselho de Estado Francês, que fixou a competência
dos Tribunais Administrativos em razão da execução de serviços públicos.

Essa escola acabou se desenvolvendo em duas concepções: uma delas abordava o


serviço público em sentido amplo, o que abrangeria todas as funções do Estado, até
mesmo a judiciária. Esse conceito era defendido por Duguit e Bonnard.

A outra concepção, defendida por Jèze, adotava o sentido estrito de serviço público.
Ele compreenderia apenas as atividades materiais exercidas pelo Estado para a
satisfação de necessidades coletivas58.

Ressalto que a banca CESPE já abordou a Escola do Serviço Público mais de uma vez,
vejamos:

CESPE – 2014 – TCE PB – Procurador


No que se refere ao direito administrativo e seus princípios, assinale a opção correta.
Para Gaston Jezè, defensor da Escola do Serviço Público, o direito administrativo tem
como objeto a soma das atividades desenvolvidas para a realização dos fins estatais,
excluídas a legislação e a jurisdição.
A assertiva está ERRADA! O critério mencionado na assertiva é o NEGATIVO ou
RESIDUAL, segundo o qual o Direito Administrativo tem por objeto normas que
disciplinam as atividades desenvolvidas para consecução dos fins públicos, excluídas
a atividade legislativa e a jurisdicional.

CESPE – 2009 – AGU – Advogado da União


Na França, formou-se a denominada Escola do Serviço Público, inspirada na
jurisprudência do Conselho de Estado, segundo a qual a competência dos tribunais
administrativos passou a ser fixada em função da execução de serviços públicos.
A assertiva está CORRETA! Conforme abordado no item “III” da questão do simulado,
o conceito corresponde ao Critério do Serviço Público.

Sendo assim, vemos que todas as assertivas estão CORRETAS.

57
Ricardo Alexandre e João de Deus. Direito Administrativo. 3ª ed., Editora MÉTODO, 2016.
58
Ricardo Alexandre e João de Deus. Direito Administrativo. 3ª ed., Editora MÉTODO, 2016.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

GABARITO: D

42) De acordo com a Lei nº 8.666/1993, nas obras, serviços e fornecimentos de


grande vulto, que envolvam alta complexidade técnica e riscos financeiros
consideráveis, a autoridade competente, desde que previsto no instrumento
convocatório, poderá exigir a prestação de garantia de até:

A) 2%
B) 5%
C) 10%
D) 15%
E) 50%

Assunto: Licitações
Categoria: Lei seca
Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

Por mais importante que seja conhecer pontos específicos da doutrina, a maioria das
questões ainda diz respeito ao conhecimento da lei seca. Deste modo, vamos
relembrar alguns pontos da Lei nº 8.666/93.

Lembre-se de que a prestação de garantia pode ser exigida a critério da autoridade


competente e desde que prevista no instrumento convocatório.

Contudo, cabe ao CONTRATADO optar por uma das modalidades da garantia.

Em regra, essa garantia não excede a 5% do valor do contrato.

A questão aborda justamente a exceção: caso em que as obras, serviços e


fornecimentos de grande vulto envolvam ALTA COMPLEXIDADE TÉCNICA e RISCOS
FINANCEIROS CONSIDERÁVEIS (demonstrados através de parecer). Neste caso, o
limite da garantia, que em regra não excede a 5% do valor do contrato, poderá ser
elevado para até 10%!

Tudo isso está expressamente previsto no art. 56, da Lei nº 8.666/93. Confira:

Art. 56. A critério da autoridade competente, em cada caso, e


desde que prevista no instrumento convocatório, poderá ser
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

exigida prestação de garantia nas contratações de obras,


serviços e compras.
§ 1o Caberá ao contratado optar por uma das seguintes
modalidades de garantia: (Redação dada pela Lei nº
8.883, de 1994)
I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública, devendo
estes ter sido emitidos sob a forma escritural, mediante
registro em sistema centralizado de liquidação e de custódia
autorizado pelo Banco Central do Brasil e avaliados pelos seus
valores econômicos, conforme definido pelo Ministério da
Fazenda; (Redação dada pela Lei nº 11.079, de 2004)
II - seguro-garantia; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de
1994)
III - fiança bancária. (Redação dada pela Lei nº
8.883, de 8.6.94)
§ 2o A garantia a que se refere o caput deste artigo não
excederá a cinco por cento do valor do contrato e terá seu
valor atualizado nas mesmas condições daquele, ressalvado o
previsto no parágrafo 3o deste artigo. (Redação dada
pela Lei nº 8.883, de 1994) -> VEJA: ESSA É A REGRA
§ 3o Para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto
envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros
consideráveis, demonstrados através de parecer tecnicamente
aprovado pela autoridade competente, o limite de garantia
previsto no parágrafo anterior poderá ser elevado para até dez
por cento do valor do contrato. (Redação dada pela Lei
nº 8.883, de 1994) -> ESSA É A EXCEÇÃO: CASO DA QUESTÃO!
§ 4o A garantia prestada pelo contratado será liberada ou
restituída após a execução do contrato e, quando em dinheiro,
atualizada monetariamente.
§ 5o Nos casos de contratos que importem na entrega de bens
pela Administração, dos quais o contratado ficará depositário,
ao valor da garantia deverá ser acrescido o valor desses bens.

OBS: veja que, tanto no caso do §2º quanto do §3º do art. 56 colacionado acima a
garantia não tem que ser exatamente 5% e 10% do valor do contrato,
respectivamente, mas sim ATÉ esse valor, sendo esse apenas um limite estipulado.

Vamos às assertivas.

C) CORRETA.
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Conforme demonstrado em “COMENTÁRIOS”, neste caso a garantia poderá ser de até


10%, nos termos do art. 56, §3º da Lei nº 8.666/93.

A) INCORRETA.

Nos termos do art. 56, §3º da Lei nº 8.666/93, a garantia poderá ser de até 10%. Veja
em “COMENTÁRIOS”.

B) INCORRETA.

Nos termos do art. 56, §3º da Lei nº 8.666/93, a garantia poderá ser de até 10%. Veja
em “COMENTÁRIOS”.

D) INCORRETA.

Nos termos do art. 56, §3º da Lei nº 8.666/93, a garantia poderá ser de até 10%. Veja
em “COMENTÁRIOS”.

E) INCORRETA.

Nos termos do art. 56, §3º da Lei nº 8.666/93, a garantia poderá ser de até 10%. Veja
em “COMENTÁRIOS”.

GABARITO: C

43) Imagine que o município de Santos/SP precise alugar imóvel para instalação de
uma escola. Após avaliação prévia, verificou-se que um imóvel localizado no bairro X
era o único que cumpria as necessidades de instalação e localização da escola e,
ainda, que o preço estava compatível com o valor do mercado.

Nesse caso, é correto afirmar que a licitação para a locação do imóvel:

A) Deve ser realizada por concorrência, obrigatoriamente.


B) Deve ser realizada por meio de leilão.
C) É inexigível.
D) É dispensável.
E) Deve ser realizada por meio de pregão.

Assunto: Licitações
Categoria: Lei seca
Nível: Fácil
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COMENTÁRIOS:

A presente questão, assim como a anterior, aborda ponto da Lei nº 8.666/93. Como
mencionado, a maior parte das questões de provas objetivas é composta pela
cobrança de lei seca, sendo a Lei nº 8.666/93 uma das mais importantes para a
Advocacia Pública.

Vamos às assertivas.

D) CORRETA.

A licitação dispensável tem as suas hipóteses (taxativas) elencadas no art. 24 da Lei nº


8.666/93, sendo uma delas a que corresponde à questão, senão vejamos:

Art. 24. É dispensável a licitação:


X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao
atendimento das finalidades precípuas da administração,
cujas necessidades de instalação e localização condicionem a
sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de
mercado, segundo avaliação prévia; (Redação dada pela
Lei nº 8.883, de 1994)

Veja que o município de Santos/SP precisava alugar imóvel para instalação de escola
(imóvel destinado ao “atendimento das finalidades precípuas da administração”,
conforme inciso X).
Houve avaliação prévia que comprovou que imóvel no bairro X era o único que
cumpria as necessidades de instalação e localização da escola (“cujas necessidades de
instalação e localização condicionem sua escolha”, conforme inciso X) e que o preço
estava compatível com o valor de mercado.

Não há dúvidas de que o caso concreto está alinhado ao inciso X do art. 24. Sendo
assim, a licitação será dispensável. Isso quer dizer que a Administração Pública pode
optar por realizar a licitação, ou não. A lei AUTORIZA a não realização da licitação.

A) INCORRETA.

A assertiva está incorreta.

Nesse caso apresentado, a licitação NÃO tem que ser obrigatoriamente realizada por
concorrência.
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Como vimos, trata-se da hipótese de licitação dispensável prevista no art. 24, X, da Lei
nº 8.666/93 (veja a explicação da assertiva “D”).

Deste modo, a Administração Pública pode optar por realizar a licitação, ou não.

B) INCORRETA.

Errada! Pessoal, o leilão é modalidade de licitação prevista no art. 22, §5º, da Lei nº
8.666/93, utilizada para VENDA dos seguintes tipos de bens:
-Bens móveis inservíveis para a administração
- Produtos legalmente apreendidos ou penhorados
- Alienação de bens imóveis, cuja aquisição haja derivado de procedimentos judiciais
ou de dação em pagamento.

Tendo em vista que no caso da questão a Administração Pública busca alugar um


imóvel, não há que se falar em leilão que se presta à VENDA.

C) INCORRETA.

A licitação inexigível está prevista no art. 25, I, II e III da Lei nº 8.666/93. Confira:

Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de


competição, em especial:
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que
só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou
representante comercial exclusivo, vedada a preferência de
marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita
através de atestado fornecido pelo órgão de registro do
comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o
serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal,
ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art.
13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou
empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade
para serviços de publicidade e divulgação;
III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico,
diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que
consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

A inexigibilidade de licitação ocorre sempre que houver IMPOSSIBILIDADE DE


COMPETIÇÃO. Importante ressaltar que as suas hipóteses previstas em lei são apenas
EXEMPLIFICATIVAS.

Veja que o caso apresentado não configura hipótese de impossibilidade de


competição, mas sim hipótese de licitação dispensável, conforme explicado na
assertiva “D”.

E) INCORRETA.

Errada! O pregão é modalidade de licitação prevista na Lei nº 10.520/2002 para


AQUISIÇÃO DE BENS E SERVIÇOS COMUNS, independentemente do valor do contrato.

Sendo assim, não há que se falar em utilização de pregão para alugar imóvel, existindo
previsão nesse sentido no Decreto nº 3.555/2000, que aprovou o regulamento para o
pregão. Confira:

Decreto nº 3.555/2000:
Art. 5º A licitação na modalidade de pregão não se aplica às
contratações de obras e serviços de engenharia, bem como às
locações imobiliárias e alienações em geral, que serão regidas
pela legislação geral da Administração.

OBS: veja que não é necessário o conhecimento do Decreto para acertar a alternativa.
O conhecimento básico doutrinário do pregão e da Lei nº 10.520/2002 já descartaria a
alternativa.

GABARITO: D

44) É correto afirmar que a celebração de contrato de rateio de consórcio público


sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar formalidades
previstas em lei, tipifica:

A) crime contra a Administração Pública, previsto no Código Penal.


B) ato de improbidade administrativa, previsto na Lei nº 8.429/1992.
C) crime de responsabilidade de Prefeito Municipal, previsto no Decreto-Lei nº
201/1967.
D) infração político-administrativa de Prefeito Municipal, previsto no Decreto-Lei nº
201/1967.
E) crime previsto na Lei nº 8.666/1993.

Assunto: Consórcios públicos e improbidade administrativa


SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

Categoria: Lei seca


Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

Inicialmente, cumpre mencionar que os consórcios públicos estão previstos no art. 241
da Constituição Federal:

Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios


disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os
convênios de cooperação entre os entes federados,
autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como
a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e
bens essenciais à continuidade dos serviços
transferidos. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998)

Já a Lei nº 11.107/2005 dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios


públicos, sendo muito relevante para as provas da Advocacia Pública.

Vamos às assertivas.

B) CORRETA.

De fato, o ato narrado na questão configura improbidade administrativa, nos termos


do art. 10, XV, da Lei nº 8.429/92. Note que o inciso foi acrescido pela Lei nº
11.107/2005. Confira:

Lei nº 8.429/92:
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa
lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa,
que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das
entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a
incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou
jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do
acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta
lei;
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica
privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do
acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta
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lei, sem a observância das formalidades legais ou


regulamentares aplicáveis à espécie;
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente
despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assistências,
bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das
entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância
das formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de
bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades
referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço
por parte delas, por preço inferior ao de mercado;
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem
ou serviço por preço superior ao de mercado;
VI - realizar operação financeira sem observância das normas
legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou
inidônea;
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a
observância das formalidades legais ou regulamentares
aplicáveis à espécie;
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo
seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins
lucrativos, ou dispensá-los indevidamente; (Redação dada
pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não
autorizadas em lei ou regulamento;
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda,
bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio
público;
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas
pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação
irregular;
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se
enriqueça ilicitamente;
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular,
veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer
natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das
entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o
trabalho de servidor público, empregados ou terceiros
contratados por essas entidades.
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por
objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão
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associada sem observar as formalidades previstas na


lei; (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem
suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as
formalidades previstas na lei. (Incluído pela Lei nº 11.107,
de 2005)
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a
incorporação, ao patrimônio particular de pessoa física ou
jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos
transferidos pela administração pública a entidades privadas
mediante celebração de parcerias, sem a observância das
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à
espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de
2014) (Vigência)
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica
privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos
transferidos pela administração pública a entidade privada
mediante celebração de parcerias, sem a observância das
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à
espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de
2014) (Vigência)
XVIII - celebrar parcerias da administração pública com
entidades privadas sem a observância das formalidades legais
ou regulamentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei
nº 13.019, de 2014) (Vigência)
XIX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e análise
das prestações de contas de parcerias firmadas pela
administração pública com entidades privadas; (Incluído
pela Lei nº 13.019, de 2014, com a redação dada pela Lei nº
13.204, de 2015)
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração
pública com entidades privadas sem a estrita observância das
normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua
aplicação irregular. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014, com
a redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração
pública com entidades privadas sem a estrita observância das
normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua
aplicação irregular. (Incluído pela Lei nº 13.019, de
2014) (Vigência)
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Por último, repare que o inciso XIV também foi acrescido pela Lei nº 11.107/2005,
sendo ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário celebrar contrato
ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços públicos por meio
da gestão associada sem observar as formalidades previstas em lei.

A) INCORRETA.

Os crimes contra a Administração Pública estão previstos nos arts. 312 a 327 do Código
Penal, não sendo a hipótese da assertiva um deles.

Conforme explicado na alternativa “B”, trata-se de ato de improbidade administrativa,


nos termos do art. 10, XV, da Lei nº 8.429/92.

C) INCORRETA.

Os crimes de responsabilidade de Prefeito estão previstos no art. 1º do DL nº 201/67,


não sendo a hipótese apresentada na questão um deles.

Como demonstrado na alternativa “B”, trata-se de ato de improbidade administrativa


disposto no art. 10, XV, da Lei nº 8.429/92.

D) INCORRETA.

As infrações político-administrativas estão previstas no art. 4º do DL nº 201/67, não


estando a hipótese tipificada na questão nele previsto.

Conforme demonstrado na alternativa “B”, trata-se de ato de improbidade


administrativa, nos termos do art. 10, XV, da Lei nº 8.429/92.

E) INCORRETA.

Os crimes da lei de licitações estão nos arts. 89 a 99 da Lei nº 8.666/93, não sendo a
hipótese narrada um deles.

Conforme demonstrado na alternativa “B”, trata-se de ato de improbidade


administrativa, nos termos do art. 10, XV, da Lei nº 8.429/92.

GABARITO: B

45) Imagine que Fernanda, servidora pública estadual, possua vencimento-base


inferior ao salário mínimo. Com o objetivo de complementar a remuneração para
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que o salário-mínimo seja atingido, ela recebe abono.

No entendimento do Supremo Tribunal Federal, caso Fernanda passe a receber


gratificação, é correto afirmar que:

A) O cálculo da gratificação incidirá apenas sobre o abono.


B) O cálculo da gratificação não incide, excepcionalmente, sobre o abono, mas incide
sobre outras vantagens que Fernanda receber.
C) O cálculo da gratificação não incide sobre o abono.
D) O cálculo da gratificação incidirá sobre o abono e o vencimento-base.
E) O cálculo da gratificação é vinculado ao salário mínimo.

Assunto: Remuneração
Categoria: Súmula Vinculante
Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

Pessoal, muita atenção aqui! A leitura das súmulas vinculantes é IMPRESCINDÍVEL!


Além da cobrança em provas objetivas, elas também podem servir como fundamento
em discursivas.

Caso seja possível, faça a sua leitura (mais uma vez!) na véspera da prova.

Vamos às assertivas.

C) CORRETA.

A assertiva está de acordo com a Súmula Vinculante 15, senão vejamos:

Súmula Vinculante 15: O cálculo de gratificações e outras


vantagens do servidor público não incide sobre o abono
utilizado para se atingir o salário mínimo.

Veja jurisprudência a respeito:

De acordo com a jurisprudência desta Corte, a incidência de


gratificações e outras vantagens sobre o resultado da soma do
vencimento com o abono contraria o art. 7º, IV, da CF/1988,
porquanto, a cada aumento do salário mínimo e, por
consequência, do abono, aumentar-se-iam, indiretamente,
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também as gratificações e vantagens dos servidores.


Consubstanciaria, dessa forma, uma vinculação indireta ao
salário mínimo, vinculação, essa, vedada pela CF/1988 e objeto
de reiteradas decisões desta Casa.
RE 518.933 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, dec.
monocrática, j. 30-9-2009, DJE 197 de 20-10-2009.

A) INCORRETA.

A assertiva contraria a Súmula Vinculante 15 do STF, uma vez que NÃO incide sobre o
abono. Confira:

Súmula Vinculante 15: O cálculo de gratificações e outras


vantagens do servidor público não incide sobre o abono
utilizado para se atingir o salário mínimo.

B) INCORRETA.

De fato, o cálculo da gratificação não incide sobre o abono.

Contudo, a assertiva erra ao dispor que incide sobre outras vantagens do servidor
público, senão vejamos:

Súmula Vinculante 15: O cálculo de gratificações e outras


vantagens do servidor público não incide sobre o abono
utilizado para se atingir o salário mínimo.

D) INCORRETA.

A assertiva contraria a Súmula Vinculante 15, uma vez que o cálculo da gratificação
NÃO INCIDE SOBRE O ABONO:

Súmula Vinculante 15: O cálculo de gratificações e outras


vantagens do servidor público não incide sobre o abono
utilizado para se atingir o salário mínimo.

E) INCORRETA.

A assertiva está completamente errada. Veja que a súmula 15 surgiu justamente com o
objetivo de não vincular a gratificação ao salário mínimo, uma vez que isso é
constitucionalmente vedado:
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Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de


outros que visem à melhoria de sua condição social:
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado,
capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua
família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer,
vestuário, higiene, transporte e previdência social, com
reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;

GABARITO: C

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

46) No que diz respeito aos procedimentos especiais, assinale a assertiva correta
sobre a ação de consignação em pagamento.

A) O Código de Processo Civil prevê que apenas o devedor pode promovê-la.


B) O depósito será requerido no lugar do pagamento, cessando para o devedor, à data
do depósito, os juros e riscos de mora, ainda que a demanda seja julgada
improcedente.
C) Na petição inicial, o autor requererá o depósito da quantia ou da coisa devida no
prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento, sob pena de extinção do processo
sem resolução do mérito.
D) Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, em 15 (quinze)
dias.
E) A ação deverá ser proposta no domicílio do credor.

Assunto: Procedimentos especiais; ação de consignação em pagamento.


Categoria: Lei seca
Nível: Difícil

COMENTÁRIOS:

Pessoal, a leitura dos artigos relativos aos procedimentos especiais é, muitas vezes,
“deixada de lado” pelos candidatos. Sendo assim, vamos revisar algumas pegadinhas
que podem ser objeto de cobrança pelos examinadores.

Antes de passarmos às assertivas, veja que a ação de consignação em pagamento está


prevista nos arts. 539 a 549 do CPC/2015.
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Conforme explicado pelo professor Daniel Assumpção:

A forma normal de extinção das obrigações é o pagamento,


mas o ordenamento civil prevê outras formas atípicas, entre
elas a consignação em pagamento, utilizada quando o
pagamento não puder ser realizado em virtude da recusa do
credor em recebê-lo ou em dar quitação ou, ainda, quando
existir um obstáculo fático ou jurídico alheio à vontade do
devedor que impossibilite o pagamento eficaz59.

Veja que o Código Civil estabelece algumas hipóteses de cabimento da consignação no


art. 335:

Código Civil
Art. 335. A consignação tem lugar:
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o
pagamento, ou dar quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar,
tempo e condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido,
declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso
perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber
o objeto do pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

O procedimento em si é regulado pelo Código de Processo Civil.

Vamos às assertivas.

C) CORRETA.

A assertiva está correta, nos termos do art. 542, inciso II, c/c o parágrafo único, do
CPC/2015. Confira:

Art. 542. Na petição inicial, o autor requererá:


I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no
prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento, ressalvada a
hipótese do art. 539, § 3º ;

59
Daniel Amorim Assumpção Neves. Manual de Direito Processual Civil. 8ª ed., ed. JUSPODIVM, 2016.
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II - a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer


contestação.
Parágrafo único. Não realizado o depósito no prazo do inciso I,
o processo será extinto sem resolução do mérito.

Ressalto que o conhecimento desse artigo foi necessário para resolução de questão do
certame para Procurador do Município de São José do Rio Preto-SP, realizado em 2019
(banca VUNESP).

A) INCORRETA.

A assertiva está incorreta, nos termos do art. 539, caput, do CPC/2015, senão vejamos:

Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou


terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da
quantia ou da coisa devida.
§ 1º Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser
depositado em estabelecimento bancário, oficial onde houver,
situado no lugar do pagamento, cientificando-se o credor por
carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez)
dias para a manifestação de recusa.
§ 2º Decorrido o prazo do § 1º, contado do retorno do aviso de
recebimento, sem a manifestação de recusa, considerar-se-á o
devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a
quantia depositada.
§ 3º Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao
estabelecimento bancário, poderá ser proposta, dentro de 1
(um) mês, a ação de consignação, instruindo-se a inicial com a
prova do depósito e da recusa.
§ 4º Não proposta a ação no prazo do § 3º, ficará sem efeito o
depósito, podendo levantá-lo o depositante.

Sendo assim, além do devedor, TERCEIROS também podem promover a consignação.

B) INCORRETA.

A assertiva está incorreta.

O art. 540 do CPC/2015 trata da competência para a ação de consignação em


pagamento: ela será do foro do LUGAR DO PAGAMENTO.
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Neste aspecto, a assertiva está correta. Sendo assim, se a dívida for quesível o foro do
pagamento será no domicílio do autor da ação (que é o devedor da obrigação). Se a
dívida for portável, o foro competente é do local do domicílio do réu (credor da
obrigação).

Contudo, tenha atenção ao Enunciado 59 do Fórum Permanente de Processualistas


Civis (FPPC):

59. (art. 540). Em ação de consignação e pagamento, quando a


coisa devida for corpo que deva ser entregue no lugar em que
está, poderá o devedor requerer a consignação no foro em
que ela se encontra. A supressão do parágrafo único do art.
891 do Código de Processo Civil de 1973 é inócua, tendo em
vista o art. 341 do Código Civil.

O erro da assertiva está ao final:

Art. 540. Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento,


cessando para o devedor, à data do depósito, os juros e os
riscos, SALVO se a demanda for julgada improcedente.

Note que a assertiva dispõe “ainda que a demanda seja julgada improcedente”, o que
está incorreto.

D) INCORRETA.

A assertiva está incorreta, tendo em vista que o prazo é de 10 DIAS, não quinze. Veja:

Art. 545. Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor


completá-lo, em 10 (dez) dias, salvo se corresponder a
prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do
contrato.
§ 1º No caso do caput , poderá o réu levantar, desde logo, a
quantia ou a coisa depositada, com a consequente liberação
parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela
controvertida.
§ 2º A sentença que concluir pela insuficiência do depósito
determinará, sempre que possível, o montante devido e valerá
como título executivo, facultado ao credor promover-lhe o
cumprimento nos mesmos autos, após liquidação, se
necessária.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

E) INCORRETA.

Conforme vimos na assertiva “B”, o art. 540 do CPC/2015 trata da competência para a
ação de consignação em pagamento: ela será do foro do LUGAR DO PAGAMENTO.

Sendo assim, se a dívida for quesível o foro do pagamento será no domicílio do autor
da ação (que é o devedor da obrigação).

Por outro lado, se a dívida for portável, o foro competente é do local do domicílio do
réu (credor da obrigação).

Deste modo, está incorreto afirmar que a ação de consignação em pagamento deve
ser proposta no domicílio do credor. Ela estaria correta se a assertiva tivesse
demonstrado que se tratava de DÍVIDA PORTÁVEL, mas nada foi mencionado nesse
sentido.

GABARITO: C

47) Sobre as ações possessórias, assinale a assertiva correta.

A) A propositura de uma ação possessória em vez de outra obsta a que o juiz conheça
do pedido.
B) Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, após ouvir o réu, a
expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração.
C) No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de
pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local
e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério
Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da
Defensoria Pública.
D) Contra as pessoas jurídicas de direito público será deferida a manutenção ou
reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais.
E) Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor
ação de reconhecimento do domínio, mesmo se a pretensão for deduzida em face de
terceira pessoa.

Assunto: Procedimentos especiais; ações possessórias


Categoria: Lei seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

Mais uma questão a respeito dos procedimentos especiais. Desta vez, vamos abordar
alguns aspectos das ações possessórias.

C) CORRETA.

A assertiva está correta, uma vez que reproduz o teor do §1º do art. 554 do CPC/2015,
senão vejamos:

Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de


outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a
proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos
estejam provados.
§ 1º No caso de ação possessória em que figure no polo
passivo grande número de pessoas, serão feitas a citação
pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a
citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a
intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em
situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria
Pública.
§ 2º Para fim da citação pessoal prevista no § 1º, o oficial de
justiça procurará os ocupantes no local por uma vez, citando-se
por edital os que não forem encontrados.
§ 3º O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da
existência da ação prevista no § 1º e dos respectivos prazos
processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em
jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do
conflito e de outros meios.

A) INCORRETA.

A assertiva está incorreta, nos termos do caput do art. 554 do CPC/2015. Confira:

Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de


outra NÃO OBSTARÁ a que o juiz conheça do pedido e
outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos
pressupostos estejam provados.
§ 1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo
grande número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos
ocupantes que forem encontrados no local e a citação por
edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do
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Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de


hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública.
§ 2º Para fim da citação pessoal prevista no § 1º, o oficial de
justiça procurará os ocupantes no local por uma vez, citando-se
por edital os que não forem encontrados.
§ 3º O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da
existência da ação prevista no § 1º e dos respectivos prazos
processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em
jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do
conflito e de outros meios.

Veja: há um aspecto essencial sobre as ações possessórias que devemos saber: há


FUNGIBILIDADE entre elas!

Deste modo, é lícito ao juiz conceder uma tutela possessória diversa daquela pedida
pelo autor. Note que a fungibilidade é uma das exceções ao princípio da congruência.

B) INCORRETA.

A assertiva está incorreta, nos termos do caput do art. 562 do CPC/2015. Confira:

Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz


deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de
manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará
que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu
para comparecer à audiência que for designada.
Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público
não será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem
prévia audiência dos respectivos representantes judiciais.

Conforme explica o professor Daniel Assumpção, “a grande especialidade do


procedimento especial é a previsão liminar do art. 562, caput, do Novo CPC. Segundo
esse dispositivo legal, estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá
inaudita altera partes a medida liminar, consubstanciada na expedição de mandado
de manutenção ou reintegração de posse, conforme o caso”.

D) INCORRETA.

A assertiva está incorreta, nos termos do parágrafo único do art. 562 do CPC/2015:
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Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz


deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de
manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará
que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu
para comparecer à audiência que for designada.
Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público
não será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem
prévia audiência dos respectivos representantes judiciais.

Veja: a liminar do caput do art. 562 PODE SIM ser deferida contra a Fazenda Pública.
Contudo, TEM QUE HAVER AUDIÊNCIA PRÉVIA DO SEU REPRESENTANTE!

E) INCORRETA.

A afirmativa está incorreta.

Ao contrário do que dispõe a assertiva, não haverá a vedação caso a pretensão seja
deduzida em face de terceira pessoa:

Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao


autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do
domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de
terceira pessoa.
Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de
posse a alegação de propriedade ou de outro direito sobre a
coisa.

GABARITO: C

48) Sobre os embargos de terceiros, assinale a assertiva correta.

A) Podem ser de terceiro proprietário, mas não possuidor.


B) O companheiro é considerado terceiro pelos Tribunais Superiores, apesar de
inexistir previsão no Código de Processo Civil nesse sentido.
C) Não é admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de
posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel quando desprovido de
registro.
D) É obrigatória a prova da posse em audiência preliminar designada pelo juiz.
E) Para ajuizamento dos embargos, considera-se terceiro quem sofre constrição
judicial de seus bens por força de desconsideração da personalidade jurídica, de cujo
incidente não fez parte.
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Assunto: Procedimentos especiais; embargos de terceiros


Categoria: Lei seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

Mais uma (e última) questão a respeito dos procedimentos especiais. Desta vez, vamos
abordar alguns aspectos dos embargos de terceiros, previstos nos arts. 674 a 681 do
CPC/2015.

Inicialmente, é importante saber que os embargos de terceiros são “ação de


conhecimento de rito especial sumário de que dispõe o terceiro ou a parte a ele
equiparada, sempre que sofra uma constrição de um bem do qual tenha posse (como
senhor ou possuidor) em razão de decisão judicial proferida num processo do qual não
participe.”

Além disso, a ação tem como objetivo “desconstituir a constrição judicial com a
consequente liberação do bem. Também pode ser utilizada preventivamente, com o
propósito de evitar a realização da constrição (...)”.

Vamos às assertivas.

E) CORRETA.

A assertiva está correta, uma vez que reproduz o teor do art. 674, §2º, III do CPC/2015.
Confira:

Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição


ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os
quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá
requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de
embargos de terceiro.
§ 1º Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive
fiduciário, ou possuidor.
§ 2º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:
I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens
próprios ou de sua meação, ressalvado o disposto no art. 843 ;
II - o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão
que declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à
execução;
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III - quem sofre constrição judicial de seus bens por força de


desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente
não fez parte;
IV - o credor com garantia real para obstar expropriação judicial
do objeto de direito real de garantia, caso não tenha sido
intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios
respectivos.

A) INCORRETA.

A assertiva está incorreta, conforme art. 674, §1º do CPC/2015:

Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição


ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os
quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá
requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de
embargos de terceiro.
§ 1º Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive
fiduciário, ou possuidor.
(...)

B) INCORRETA.

A assertiva está incorreta, nos termos do art. 674, §2º, I, do CPC/2015:

Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição


ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os
quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá
requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de
embargos de terceiro.
§ 1º Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive
fiduciário, ou possuidor.
§ 2º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:
I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens
próprios ou de sua meação, ressalvado o disposto no art. 843 ;
II - o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão
que declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à
execução;
III - quem sofre constrição judicial de seus bens por força de
desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente
não fez parte;
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IV - o credor com garantia real para obstar expropriação judicial


do objeto de direito real de garantia, caso não tenha sido
intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios
respectivos.

C) INCORRETA.

A assertiva contraria a súmula 84 do STJ. Confira:

É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em


alegação de posse advinda do compromisso de compra e venda
de imóvel, ainda que desprovido do registro.

D) INCORRETA.

A assertiva está incorreta, nos termos do §1º do art. 677, do CPC/2015:

Art. 677. Na petição inicial, o embargante fará a prova sumária


de sua posse ou de seu domínio e da qualidade de terceiro,
oferecendo documentos e rol de testemunhas.
§ 1º É facultada a prova da posse em audiência preliminar
designada pelo juiz.
§ 2º O possuidor direto pode alegar, além da sua posse, o
domínio alheio.
§ 3º A citação será pessoal, se o embargado não tiver
procurador constituído nos autos da ação principal.
§ 4º Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de
constrição aproveita, assim como o será seu adversário no
processo principal quando for sua a indicação do bem para a
constrição judicial.

GABARITO: E

49) O Código de Processo Civil dispõe que os juízes e tribunais atenderão,


preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou
acórdão. Sobre o tema, assinale a afirmativa incorreta.

A) As sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de


improcedência liminar do pedido estão excluídas da regra mencionada na questão.
B) A inobservância da ordem cronológica do julgamento implica, por si, a invalidade do
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ato decisório.
C) O julgamento de recursos repetitivos ou de IRDR está excluído da regra mencionada
na questão.
D) No juízo onde houver cumulação de competência de processos dos juizados
especiais com outros procedimentos diversos, o juiz poderá organizar duas listas
cronológicas autônomas, uma para os processos dos juizados especiais e outra para os
demais processos.
E) A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à disposição
para consulta pública em cartório e na rede mundial de computadores.

Assunto: Ordem cronológica de julgamento


Categoria: Enunciados do FPPC e Lei seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

O artigo 12 do CPC/2015 trata da ordem de julgamento dos processos, sendo muito


importante conhecer as suas exceções, previstas no §2º. Veja:

Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à


ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou
acórdão. (REGRA)
§ 1º A lista de processos aptos a julgamento deverá estar
permanentemente à disposição para consulta pública em
cartório e na rede mundial de computadores.
§ 2º Estão excluídos da regra do caput: (EXCEÇÕES)
I - as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de
acordo ou de improcedência liminar do pedido;
II - o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese
jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos;
III - o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de
resolução de demandas repetitivas;
IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932 ;
V - o julgamento de embargos de declaração;
VI - o julgamento de agravo interno;
VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo
Conselho Nacional de Justiça;
VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que
tenham competência penal;
IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim
reconhecida por decisão fundamentada.
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§ 3º Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a ordem


cronológica das conclusões entre as preferências legais.
§ 4º Após a inclusão do processo na lista de que trata o § 1º, o
requerimento formulado pela parte não altera a ordem
cronológica para a decisão, exceto quando implicar a
reabertura da instrução ou a conversão do julgamento em
diligência.
§ 5º Decidido o requerimento previsto no § 4º, o processo
retornará à mesma posição em que anteriormente se
encontrava na lista.
§ 6º Ocupará o primeiro lugar na lista prevista no § 1º ou,
conforme o caso, no § 3º, o processo que:
I - tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo quando houver
necessidade de realização de diligência ou de complementação
da instrução;
II - se enquadrar na hipótese do art. 1.040, inciso II .

Note que a questão busca a INCORRETA. Vamos às assertivas.

B) INCORRETA

Ao contrário do que dispõe a assertiva, a inobservância da ordem cronológica dos


julgamentos NÃO IMPLICA, POR SI, A INVALIDADE DO ATO DECISÓRIA, conforme
enunciado 486 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC):

486. (art. 12; art. 489) A inobservância da ordem cronológica


dos julgamentos não implica, por si, a invalidade do ato
decisório. (Grupo: Sentença, coisa julgada e ação rescisória)

A) CORRETA

A assertiva está correta, uma vez que essa é uma das exceções ao caput do art. 12,
prevista no inciso I do §2º do art. 12 do CPC/2015. Confira:

Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à


ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou
acórdão. (REGRA)
§ 1º A lista de processos aptos a julgamento deverá estar
permanentemente à disposição para consulta pública em
cartório e na rede mundial de computadores.
§ 2º Estão excluídos da regra do caput: (EXCEÇÕES)
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I - as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de


acordo ou de improcedência liminar do pedido;
II - o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese
jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos;
III - o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de
resolução de demandas repetitivas;
IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932 ;
V - o julgamento de embargos de declaração;
VI - o julgamento de agravo interno;
VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo
Conselho Nacional de Justiça;
VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que
tenham competência penal;
IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim
reconhecida por decisão fundamentada.

C) CORRETA

A assertiva está correta. O julgamento de recursos repetitivos ou de IRDR também é


exceção prevista no art. 12, §2º, inciso III do CPC/2015, senão vejamos:

Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à


ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou
acórdão. (REGRA)
§ 1º A lista de processos aptos a julgamento deverá estar
permanentemente à disposição para consulta pública em
cartório e na rede mundial de computadores.
§ 2º Estão excluídos da regra do caput: (EXCEÇÕES)
I - as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de
acordo ou de improcedência liminar do pedido;
II - o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese
jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos;
III - o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de
resolução de demandas repetitivas;
IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932 ;
V - o julgamento de embargos de declaração;
VI - o julgamento de agravo interno;
VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo
Conselho Nacional de Justiça;
VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que
tenham competência penal;
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IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim


reconhecida por decisão fundamentada.

D) CORRETA

A assertiva está correta.

Trata-se do teor do enunciado 382 do Fórum Permanente dos Processualistas Civis


(FPPC). Confira:

382. (art. 12) No juízo onde houver cumulação de competência


de processos dos juizados especiais com outros procedimentos
diversos, o juiz poderá organizar duas listas cronológicas
autônomas, uma para os processos dos juizados especiais e
outra para os demais processos. (Grupo: Poderes do juiz)

E) CORRETA

A assertiva está correta.

Trata-se do §1º do art. 12 do CPC/2015, senão vejamos:

Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à


ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou
acórdão.
§ 1º A lista de processos aptos a julgamento deverá estar
permanentemente à disposição para consulta pública em
cartório e na rede mundial de computadores.

GABARITO: B

50) Julgue as afirmativas a seguir.

I- Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos ao juízo federal
competente se nele intervier conselho de fiscalização de atividade profissional, na
qualidade de parte ou de terceiro interveniente.
II- O juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual sem suscitar conflito se o ente
federal cuja presença ensejou a remessa for excluído do processo.
III- Caso a União intervenha em ação de insolvência civil, os autos serão remetidos ao
juízo federal competente.

Assinale a alternativa correta:


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A) Todas as afirmativas estão corretas.


B) Apenas a afirmativa I está correta.
C) Apenas a afirmativa II está correta.
D) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
E) Todas as afirmativas estão incorretas.

Assunto: Competência
Categoria: Lei seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

É necessário conhecer o art. 45 do CPC/2015 para responder corretamente a questão.


Vamos a ele:

Código de Processo Civil:


Art. 45. Tramitando o processo perante outro juízo, os autos
serão remetidos ao juízo federal competente se nele intervier a
União, suas empresas públicas, entidades autárquicas e
fundações, ou conselho de fiscalização de atividade
profissional, na qualidade de parte ou de terceiro
interveniente, exceto as ações:
I - de recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente
de trabalho;
II - sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho.
§ 1º Os autos não serão remetidos se houver pedido cuja
apreciação seja de competência do juízo perante o qual foi
proposta a ação.
§ 2º Na hipótese do § 1º, o juiz, ao não admitir a cumulação de
pedidos em razão da incompetência para apreciar qualquer
deles, não examinará o mérito daquele em que exista interesse
da União, de suas entidades autárquicas ou de suas empresas
públicas.
§ 3º O juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual sem
suscitar conflito se o ente federal cuja presença ensejou a
remessa for excluído do processo.

Sendo assim, veja:


SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

A afirmativa I está CORRETA, uma vez que os autos serão remetidos ao juízo federal
competente se nele intervier CONSELHO DE FISCALIZAÇÃO, nos termos do caput do
art. 45.

A afirmativa II também está CORRETA, conforme o §1º do art. 45, ou seja, se o ente
federal for excluído do processo, o juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual
sem suscitar conflito. Note que não há mais razão para que haja a permanência dos
autos no juízo federal!

A afirmativa III está INCORRETA, nos termos do art. 45, I do CPC/15.

Veja que o caput estabelece a regra, e os incisos I e II trazem exceções a ela. Uma
dessas exceções diz respeito às ações de insolvência civil.

Deste modo, mesmo se intervier União, suas empresas públicas, entidades autárquicas
e fundações, ou conselho de fiscalização de atividade profissional, os autos NÃO serão
remetidos ao juízo federal se for caso de ação de insolvência civil!

Sendo assim, apenas as afirmativas I e II estão corretas.

GABARITO: D

51) No que diz respeito à competência interna no Código de Processo Civil, julgue as
afirmativas a seguir como verdadeiras ou falsas.

( ) A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência


ou no do lugar onde for encontrado.
( ) A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo
juízo tem competência absoluta.
( ) A ação fundada em direito pessoal ou direito real sobre bens móveis será proposta,
em regra, no foro de domicílio do réu.
( ) Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de
situação da coisa, podendo o autor optar pelo foro de domicílio do réu ou foro de
eleição se o litígio recair sobre direito de propriedade.

Assinale a sequencia correta:

A) V-V-V-F
B) V-F-F-V
C) F-V-F-V
D) V-V-F-F
E) V-V-F-V
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Assunto: Competência interna


Categoria: Lei seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

Vamos relembrar os arts. 46 e 47 do CPC/2015. Além de muito cobrados em provas


objetivas, costuma confundir os candidatos. Sendo assim, muita atenção!

Inicialmente, leia com atenção:

Art. 46. A ação fundada em direito PESSOAL ou em direito


REAL sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de
domicílio do réu.
§ 1º Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no
foro de qualquer deles.
§ 2º Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele
poderá ser demandado onde for encontrado ou no foro de
domicílio do autor.
§ 3º Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a
ação será proposta no foro de domicílio do autor, e, se este
também residir fora do Brasil, a ação será proposta em
qualquer foro.
§ 4º Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios,
serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do
autor.
§ 5º A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do
réu, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado.
Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é
competente o foro de situação da coisa.
§ 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo
foro de eleição SE O LITÍGIO NÃO RECAIR SOBRE DIREITO DE
PROPRIEDADE, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de
terras e de nunciação de obra nova.
§ 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de
situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta.

A primeira afirmativa é VERDADEIRA, nos termos do §5º do art. 46. MUITA ATENÇÃO a
ele, visto que MUITO IMPORTANTE em provas da Advocacia Pública por tratar da
execução fiscal!
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Deste modo, a execução fiscal será proposta no foro de DOMICÍLIO DO RÉU, no de sua
RESIDÊNCIA ou no do LUGAR ONDE FOR ENCONTRADO!

A segunda assertiva também é VERDADEIRA, nos termos do §2º do art. 47 do


CPC/2015.

A terceira assertiva também é VERDADEIRA, nos termos do caput do art. 46 do


CPC/2016.
Ação fundada em direito PESSOAL ou REAL sobre BENS MÓVEIS -> Regra: foro de
DOMICÍLIO DO RÉU!

A quarta assertiva é FALSA!


Veja que a afirmativa dispõe que é competente o foro de situação da coisa para a ação
fundada em direito real sobre imóveis, PODENDO O AUTOR OPTAR PELO FORO DE
DOMICÍLIO DO RÉU OU FORO DE ELEIÇÃO SE O LITÍGIO RECAIR SOBRE DIREITO DE
PROPRIEDADE. A última parte (riscada) é FALSA, nos termos do §1º do art. 47 do
CPC/2015.
Veja:
AÇÕES FUNDADAS EM DIREITO REAL SOBRE IMÓVEIS:
Regra -> Foro de situação da coisa (art. 47, caput)
Exceção -> Foro de domicílio do réu ou foro de eleição SE O LITÍGIO NÃO RECAIR
SOBRE DIREITO DE PROPRIEDADE, VIZINHANÇA, SERVIDÃO DIVISÃO E DEMARCAÇÃO
DE TERRAS E DE NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA!

GABARITO: A

52) Assinale a assertiva correta acerca da cooperação nacional.

A) O pedido de cooperação jurisdicional não pode ser realizado entre o árbitro e o


Poder Judiciário.
B) O pedido de cooperação jurisdicional deve ser prontamente atendido, sendo
imprescindível forma específica.
C) Não é possível o pedido de cooperação judiciária realizado entre órgãos
jurisdicionais de diferentes ramos do Poder Judiciário.
D) O pedido de cooperação jurisdicional pode ser executado apenas como auxílio
direto, reunião ou apensamento de processos e prestação de informações.
E) A carta arbitral tramitará e será processada no Poder Judiciário de acordo com o
regime previsto no Código de Processo Civil, respeitada a legislação aplicável.

Assunto: Cooperação nacional


Categoria: Enunciados do FPPC e Lei seca
Nível: Médio
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COMENTÁRIOS:

Os artigos 67 a 69 do CPC/2015 dispõem sobre a cooperação nacional. Vamos


relembrar alguns de seus pontos, bem como conhecer enunciados do Fórum
Permanente dos Processualistas Civis a seu respeito.

E) CORRETA

A assertiva está correta.

Trata-se do enunciado 94 do FPPC, senão vejamos:

FPPC 4. (art. 69, § 1o) A carta arbitral tramitará e será


processada no Poder Judiciário de acordo com o regime
previsto no Código de Processo Civil, respeitada a legislação
aplicável.

A) INCORRETA

A assertiva está incorreta por contrariar o enunciado 5 do FPPC. Confira:

FPPC 5. (art. 69, § 3º) O pedido de cooperação jurisdicional


poderá ser realizado também entre o árbitro e o Poder
Judiciário.

B) INCORRETA

A assertiva está incorreta.

A parte inicial está correta: o pedido de cooperação jurisdicional realmente deve ser
prontamente atendido. Contudo, ele PRESCINDE (=DISPENSA) de forma específica!
Veja o que dispõe o caput do art. 69 do CPC/2015:

Art. 69. O pedido de cooperação jurisdicional deve ser


prontamente atendido, prescinde de forma específica e pode
ser executado como:
I - auxílio direto;
II - reunião ou apensamento de processos;
III - prestação de informações;
IV - atos concertados entre os juízes cooperantes.
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§ 1º As cartas de ordem, precatória e arbitral seguirão o regime


previsto neste Código.
§ 2º Os atos concertados entre os juízes cooperantes poderão
consistir, além de outros, no estabelecimento de procedimento
para:
I - a prática de citação, intimação ou notificação de ato;
II - a obtenção e apresentação de provas e a coleta de
depoimentos;
III - a efetivação de tutela provisória;
IV - a efetivação de medidas e providências para recuperação e
preservação de empresas;
V - a facilitação de habilitação de créditos na falência e na
recuperação judicial;
VI - a centralização de processos repetitivos;
VII - a execução de decisão jurisdicional.
§ 3º O pedido de cooperação judiciária pode ser realizado entre
órgãos jurisdicionais de diferentes ramos do Poder Judiciário.

C) INCORRETA

A assertiva está incorreta. Veja o que dispõe o §3º do art. 69 do CPC/2015:

Art. 69 (...)
§ 3º O pedido de cooperação judiciária pode ser realizado
entre órgãos jurisdicionais de diferentes ramos do Poder
Judiciário.

Deste modo, é sim possível pedido de cooperação judiciária entre órgãos judiciários de
diferentes ramos do Poder Judiciário.

D) INCORRETA

A assertiva está incorreta.

De fato, o pedido de cooperação jurisdicional pode ser executado como auxílio direto,
reunião ou apensamento de processos e prestação de informações. Contudo, veja que
o “apenas” tornou a assertiva incorreta, uma vez que pode ser executado de outras
formas também. Confira:

Art. 69. O pedido de cooperação jurisdicional deve ser


prontamente atendido, prescinde de forma específica e pode
ser executado como:
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I - auxílio direto;
II - reunião ou apensamento de processos;
III - prestação de informações;
IV - atos concertados entre os juízes cooperantes.

GABARITO: E

53) As autarquias municipais serão representadas, ativa e passivamente:

A) Pelo seu presidente.


B) Pelo curador.
C) Pelo administrador judicial.
D) Por quem a lei do ente federado designar.
E) Pelo prefeito ou procurador.

Assunto: Representação
Categoria: Lei seca
Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

A questão trata do art. 75 do CPC/2015. Note que ele é MUITO cobrado em certames
da Advocacia Pública, como por exemplo, para Procurador Municipal de Senador
Canedo-GO (banca Itame, 2019), Procurador Jurídico de Bauru-SP e Procurador da
FAPESP (banca VUNESP, ambos em 2018), Procurador de São José dos Campos-SP
(banca VUNESP, 2017).

Deste modo, é imprescindível o seu conhecimento.

Inicialmente, leia-o atentamente:

Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:


I - a União, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou
mediante órgão vinculado;
II - o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores;
III - o Município, por seu prefeito ou procurador;
IV - a autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei
do ente federado designar;
V - a massa falida, pelo administrador judicial;
VI - a herança jacente ou vacante, por seu curador;
VII - o espólio, pelo inventariante;
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VIII - a pessoa jurídica, por quem os respectivos atos


constitutivos designarem ou, não havendo essa designação, por
seus diretores;
IX - a sociedade e a associação irregulares e outros entes
organizados sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem
couber a administração de seus bens;
X - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante
ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou
instalada no Brasil;
XI - o condomínio, pelo administrador ou síndico.
§ 1º Quando o inventariante for dativo, os sucessores do
falecido serão intimados no processo no qual o espólio seja
parte.
§ 2º A sociedade ou associação sem personalidade jurídica não
poderá opor a irregularidade de sua constituição quando
demandada.
§ 3º O gerente de filial ou agência presume-se autorizado pela
pessoa jurídica estrangeira a receber citação para qualquer
processo.
§ 4º Os Estados e o Distrito Federal poderão ajustar
compromisso recíproco para prática de ato processual por seus
procuradores em favor de outro ente federado, mediante
convênio firmado pelas respectivas procuradorias.

D) CORRETA

A assertiva está correta.

Nos termos do art. 75, VI, do CPC/15, as autarquias serão representadas em juízo,
ativa e passivamente, por quem a lei do ente federado designar.

Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:


IV - a autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei
do ente federado designar;

A) INCORRETA

A assertiva está incorreta.

Conforme visto na assertiva comentada acima, as autarquias são representadas em


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juízo POR QUEM A LEI DO ENTE FEDERADO DESIGNAR.

B) INCORRETA

A assertiva está incorreta.

Nos termos do art. 75, VI, do CPC/15, as autarquias são representadas em juízo POR
QUEM A LEI DO ENTE FEDERADO DESIGNAR.

Veja que o CURADOR representa em juízo a HERANÇA JACENTE OU VACANTE, nos


termos do art. 75, VI, do CPC/2015:

Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:


(...)
VI - a herança jacente ou vacante, por seu curador;

C) INCORRETA

A assertiva está incorreta.

Nos termos do art. 75, VI, do CPC/15, as autarquias são representadas em juízo POR
QUEM A LEI DO ENTE FEDERADO DESIGNAR.

Veja que o ADMINISTRADOR JUDICIAL representa em juízo a MASSA FALIDA, nos


termos do art. 75, V, do CPC/2015:

Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:


(...)
V - a massa falida, pelo administrador judicial;

E) INCORRETA

A assertiva está incorreta.

Nos termos do art. 75, VI, do CPC/15, as autarquias são representadas em juízo POR
QUEM A LEI DO ENTE FEDERADO DESIGNAR.

Veja que o PREFEITO ou PROCURADOR representa em juízo o MUNICÍPIO, nos termos


do art. 75, III, do CPC/2015:

Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:


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(...)
III - o Município, por seu prefeito ou procurador;

GABARITO: D

54) A respeito da Lei nº 7.347 de 1985 (Lei da Ação Civil Pública) e do entendimento
dos Tribunais Superiores, assinale a assertiva correta.

A) Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores responsáveis pela


propositura da ação serão subsidiariamente condenados em honorários advocatícios e
ao décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.
B) Após 30 (trinta) dias do trânsito em julgado da sentença condenatória, sem que a
associação autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público,
facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
C) Pelo critério da simetria, não é cabível a condenação da parte vencida ao
pagamento de honorários advocatícios em favor do Ministério Público nos atos de
Ação Civil Pública, salvo comprovada má-fé.
D) Tem legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar a associação que
esteja constituída há pelo menos 2 (dois) anos nos termos da lei civil.
E) Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o
Ministério Público tem atribuição exclusiva para assumir a titularidade ativa.

Assunto: Processo Coletivo; Ação Civil Pública


Categoria: Jurisprudência e Lei Seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A questão trata da Lei nº 7.347 de 1985 (Lei da Ação Civil Pública). Vamos abordar
alguns de seus prazos, bem como o entendimento do Superior Tribunal de Justiça a
seu respeito.

Ressalta-se que a Lei é MUITO importante para os concursos da Advocacia Pública!


Conhecer os seus dispositivos é essencial para a prova objetiva. Além disso, por ser
uma lei pequena, o custo x benefício da sua leitura é ótimo.

Por último, como será demonstrado no item “D”, o conhecimento da Lei também é
necessário para fundamentar provas discursivas.

C) CORRETA
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A assertiva está correta.

Trata-se da reprodução do teor da tese 1) do Jurisprudência em Teses do STJ, Edição n.


25: Processo Coletivo – III. Confira:

1) Por critério de simetria, não é cabível a condenação da parte


vencida ao pagamento de honorários advocatícios em favor do
Ministério Público nos autos de ação civil pública, salvo
comprovada má-fé.

Isso porque o STJ tem entendimento no sentido de que, em sede de ação civil pública,
a condenação do Ministério Público ao pagamento de honorários advocatícios
somente é cabível na hipótese de comprovada e inequívoca má-fé do Parquet.

Sendo assim, por conta da simetria de tratamento e à luz da interpretação sistemática


do ordenamento, não pode o parquet beneficiar-se de honorários, quando for
vencedor na ação civil pública (EREsp 895530/PR, Rel. Ministra Eliana Calmon,
Primeira Seção, julgado em 26/08/2009, DJe 18/12/2009).

A) INCORRETA

A assertiva está incorreta.

Nos termos do art. 17 da Lei da ACP, a condenação será SOLIDÁRIA, senão vejamos:

Art. 17. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os


diretores responsáveis pela propositura da ação serão
solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao
décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por
perdas e danos.

B) INCORRETA

Inicialmente, menciona-se que é de extrema importância conhecer os prazos da Lei da


Ação Civil Pública, visto que MUITO explorados pelos examinadores em provas
objetivas.

Ao contrário do que afirma a assertiva, o prazo é de 60 dias (SESSENTA DIAS) do


trânsito em julgado da sentença condenatória:

Art. 15. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da


sentença condenatória, sem que a associação autora lhe
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promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público,


facultada igual iniciativa aos demais legitimados.

D) INCORRETA

Conforme dispõe o art. 5º, V, a), a associação deve estar constituída há pelo menos 1
ANO nos termos da lei civil, não 2 anos. Confira:

Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação


cautelar:
I - o Ministério Público;
II - a Defensoria Pública;
III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de
economia mista;
V - a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da
lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao
patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor,
à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos
raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico.
§ 1º O Ministério Público, se não intervier no processo como
parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei.
§ 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações
legitimadas nos termos deste artigo habilitar-se como
litisconsortes de qualquer das partes.
§ 3° Em caso de desistência infundada ou abandono da ação
por associação legitimada, o Ministério Público ou outro
legitimado assumirá a titularidade ativa.
§ 4.° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado
pelo juiz, quando haja manifesto interesse social evidenciado
pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do
bem jurídico a ser protegido.
§ 5.° Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os
Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e dos Estados
na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei.
§ 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos
interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às
exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de
título executivo extrajudicial.

Veja que bastava esse conhecimento para assinalar a assertiva como incorreta.
Contudo, é importante ter atenção ao disposto no §4º do art. 5º, uma vez que o
requisito da pré-constituição pode ser dispensado pelo juiz quando haja manifesto
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interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela


relevância do bem jurídico a ser protegido.

Sendo assim, neste caso, mesmo a ACP tendo sido proposta por associação com
menos de 1 ano, ela pode ser julgada.

Note que o conhecimento da Lei também é necessário para fundamentação em provas


discursivas da Advocacia Pública. No certame para Procurador de Maricá – RJ,
realizado em 2018 pela banca COSEAC UFF, uma das questões discursivas apresentou
associação criada há apenas 6 (seis) meses e foi questionado se ela era parte legítima
para o ajuizamento de ação civil pública. Veja o espelho de correção quanto a esse
item:

Prova Discursiva – Procurador de Maricá - RJ


Espelho do item a) da 4ª questão:
Espera-se que o candidato, diante da matéria jurídica proposta,
redija sua resposta com as seguintes abordagens:
Com relação ao item a, o candidato deveria abordar que em
regra, considerando que a associação é legalmente constituída
há menos de um ano, não atenderia ao requisito temporal
previsto no art. 5º, V, a, L. 7347/85. E mesmo que o critério
temporal pudesse ser afastado pelo juiz, deve se considerar
que o objeto da ação é mais amplo do que os fins da associação
expressos no seu estatuto social, razão pela qual também com
relação à pertinência temática não haveria legitimidade ativa
da associação.

E) INCORRETA

Ao contrário do que afirma a assertiva, em caso de desistência infundada ou abandono


da ação por associação legitimada, o Ministério Público OU OUTRO LEGITIMADO
assumirá a titularidade ativa.

Deste modo, não há que se falar em titularidade exclusiva do Ministério Público. Veja:

Art. 5. (...)
§ 3° Em caso de desistência infundada ou abandono da ação
por associação legitimada, o Ministério Público ou outro
legitimado assumirá a titularidade ativa.

GABARITO: C

55) O Código de Processo Civil dispõe que o autor que residir fora do Brasil ou deixar
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de residir no país ao longo da tramitação de processo prestará caução suficiente ao


pagamento das custas e dos honorários de advogado da parte contrária nas ações
que propuser, se não tiver no Brasil bens imóveis que lhes assegurem o pagamento.
Acerca do tema, julgue as assertivas a seguir:

I – O dispositivo é aplicável ao autor brasileiro ou estrangeiro.


II- A caução não é exigida quando houver dispensa prevista em acordo ou tratado
internacional de que o Brasil faz parte, e a sua entrada em vigor impõe a liberação da
caução previamente prestada.
III- A caução não é exigida no cumprimento de sentença.

Assinale a correta:

A) Apenas a III está errada.


B) Apenas a II está errada.
C) II e III estão erradas.
D) I, II e III estão corretas.
E) Nenhuma das anteriores.

Assunto: Das Despesas, dos Honorários Advocatícios e das Multas; da Caução.


Categoria: Enunciados JDPC do CJF e Lei Seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

Além de revisarmos o art. 83 do Código de Processo Civil de 2015, o objetivo principal


é relembrarmos enunciado da Jornada de Direito Processual Civil do Conselho da
Justiça Federal. Vamos às assertivas.

D) CORRETA

A assertiva está correta.

O item (I) está correto, uma vez que o caput do art. 83 do CPC/2015 dispõe que a
necessidade de prestação de caução é aplicável tanto ao autor brasileiro ou
estrangeiro, senão vejamos:

Art. 83. O autor, BRASILEIRO ou ESTRANGEIRO, que residir fora


do Brasil ou deixar de residir no país ao longo da tramitação de
processo prestará caução suficiente ao pagamento das custas e
dos honorários de advogado da parte contrária nas ações que
propuser, se não tiver no Brasil bens imóveis que lhes
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assegurem o pagamento.
§ 1º Não se exigirá a caução de que trata o caput :
I - quando houver dispensa prevista em acordo ou tratado
internacional de que o Brasil faz parte;
II - na execução fundada em título extrajudicial e no
cumprimento de sentença;
III - na reconvenção.
§ 2º Verificando-se no trâmite do processo que se desfalcou a
garantia, poderá o interessado exigir reforço da caução,
justificando seu pedido com a indicação da depreciação do bem
dado em garantia e a importância do reforço que pretende
obter.

O item (II) está correto, uma vez que a sua parte inicial é a reprodução do teor do art.
83, §1º, I (grifado acima), e a parte final é o que dispõe o Enunciado nº 4 da 1ª Jornada
de Direito Processual Civil do CJF. Confira:

JDPC 4. A entrada em vigor de acordo ou tratado internacional,


que estabeleça dispensa da caução prevista no art. 83, §1º, I,
do CPC, impõe a liberação da caução previamente prestada.

Sendo assim, se o autor já tiver efetuado a caução, ela será liberada!

O item (III) também está correto, visto que se trata do disposto no art. 83, §1º, II
(grifado acima).

Deste modo, não é preciso que o autor preste caução no cumprimento de sentença.

Lembre-se de que para fins de prova objetiva é sempre importante se atentar às


exceções previstas no CPC. Releia com atenção os incisos do §1º do art. 83 para não
esquecer as exceções à caução!

GABARITO: D

56) Assinale a assertiva incorreta a respeito da intervenção de terceiros.

A) Vencido o denunciante na ação principal e não tendo havido resistência à


denunciação da lide, não cabe a condenação do denunciado nas verbas de
sucumbência.
B) Quando a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição
inicial, incumbe ao sócio ou a pessoa jurídica, na contestação, impugnar não somente
a própria desconsideração, mas também os demais pontos da causa.
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C) Resolvida a desconsideração da personalidade jurídica na sentença, caberá


apelação.
D) O disposto no Código de Processo Civil a respeito da desconsideração da
personalidade jurídica não é aplicável às hipóteses de desconsideração indireta e
expansiva da personalidade jurídica.
E) A instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica não
suspenderá a tramitação do processo de execução e do cumprimento de sentença em
face dos executados originários.

Assunto: Intervenção de terceiros


Categoria: Enunciados FPPC e CJF
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

As modalidades de intervenção de terceiros estão previstas nos arts. 119 a 138 do


Código de Processo Civil. Na presente questão abordaremos alguns enunciados do
Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC) e da 1ª Jornada de Direito
Processual Civil do CJF sobre o tema.

D) INCORRETA.

Note que a questão pede a alternativa INCORRETA, sendo a “D” o nosso gabarito.
Isso porque contraria o teor do enunciado 11 da Jornada de Direito Processual Civil,
senão vejamos:

JDPC 11 Aplica-se o disposto nos arts. 133 a 137 do CPC às


hipóteses de desconsideração indireta e expansiva da
personalidade jurídica.

Sendo assim, os artigos referentes ao incidente de desconsideração da personalidade


jurídico do Código de Processo Civil (arts. 133 a 137) também são aplicáveis à
desconsideração INDIRETA e EXPANSIVA.

Para relembrar:

- Desconsideração da personalidade jurídica: os bens particulares dos administradores


ou sócios são utilizados para pagar dívidas da pessoa jurídica.
- Desconsideração inversa: os bens da pessoa jurídica são utilizados para pagar dívidas
dos sócios.
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- Desconsideração indireta: afastamento da responsabilidade civil de empresa


controlada para atingir os bens da empresa controladora.
- Desconsideração expansiva: atinge os bens do sócio oculto que estão em nome de
terceiros ("laranjas”).

Importante mencionar que os conceitos apresentados acima foram cobrados no


certame para Procurador de Francisco Morato/SP, realizado em 2019 pela banca
VUNESP.

A) CORRETA.

Trata-se do teor do enunciado 122 do Fórum Permanente dos Processualistas Civis.


Confira:

FPPC 122. (art. 129) Vencido o denunciante na ação principal e


não tendo havido resistência à denunciação da lide, não cabe a
condenação do denunciado nas verbas de sucumbência.

B) CORRETA.

Trata-se do teor do enunciado 248 do FPPC, senão vejamos:

FPPC 248. (art. 134, § 2o; art. 336) Quando a desconsideração


da personalidade jurídica for requerida na petição inicial,
incumbe ao sócio ou a pessoa jurídica, na contestação,
impugnar não somente a própria desconsideração, mas
também os demais pontos da causa.

C) CORRETA.

FPPC390. (arts. 136, caput, 1.015, IV, 1.009, §3o) Resolvida a


desconsideração da personalidade jurídica na sentença, caberá
apelação.

E) CORRETA.

A assertiva traz o teor do enunciado 110 da II Jornada de Direito Processual Civil, do


CJF:

CJF 110: A instauração do incidente de desconsideração da


personalidade jurídica NÃO SUSPENDERÁ a tramitação do
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processo de execução e do cumprimento de sentença em face


dos executados originários.

GABARITO: D

57) Assinale a alternativa correta a respeito do amicus curiae.

A) Os requisitos objetivos exigidos para a intervenção do amicus curiae são


alternativos.
B) Não é cabível a intervenção do amicus curiae no mandado de segurança.
C) As partes podem estabelecer, em convenção processual, a vedação da participação
do amicus curiae.
D) A representatividade adequada exigida do amicus curiae pressupõe a
concordância unânime daqueles a quem representa.
E) Não é cabível a intervenção de amicus curiae no procedimento do Mandado de
Injunção.

Assunto: Amicus curiae


Categoria: Enunciados FPPC
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

O amicus curiae é modalidade de intervenção de terceiros presente no art. 138 do


Código de Processo Civil. Vamos ver alguns enunciados do FPPC a seu respeito.

A) CORRETA.

A assertiva está correta por reproduzir o teor do enunciado 395 do FPPC:

FPPC 395. (art. 138, caput) Os requisitos objetivos exigidos para


a intervenção do amicus curiae são alternativos.

O caput do art. 138 prevê alguns requisitos objetivos para a intervenção do amicus
curiae, vejamos:

Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da


matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a
repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão
irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem
pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de
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pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada,


com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias
de sua intimação.

Veja que o próprio caput do art. 138 já dispõe que os requisitos objetivos são
alternativos ao utilizar o “ou”. De qualquer forma, o enunciado não deixa qualquer
dúvida.

B) INCORRETA.

É sim cabível a intervenção do amicus curiae no mandado de segurança, conforme


enunciado 249 do FPPC:

FPPC 249. (art. 138) A intervenção do amicus curiae é cabível


no mandado de segurança.

C) INCORRETA.

Ao contrário do que diz a alternativa, as partes NÃO podem estabelecer, em


convenção processual, a vedação da participação do amicus curiae.

FPPC 392. (arts. 138 e 190) As partes NÃO podem estabelecer,


em convenção processual, a vedação da participação do amicus
curiae.

D) INCORRETA.

A assertiva contraria o enunciado 127 do FPPC. Confira:

FPPC 127. (art. 138) A representatividade adequada exigida do


amicus curiae NÃO pressupõe a concordância unânime
daqueles a quem representa.

E) INCORRETA.

A assertiva está incorreta, uma vez que a intervenção do amicus curiae É SIM CABÍVEL
no mandado de injunção, conforme enunciado 12 da I Jornada de Direito Processual
Civil do CJF:
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Enunciado 12 É cabível a intervenção de amicus curiae (art. 138


do CPC) no procedimento do Mandado de Injunção (Lei
n.13.300/2016).

GABARITO: A

DIREITO DO TRABALHO

58) Assinale a alternativa correta a respeito de súmulas e orientações


jurisprudenciais do Tribunal Superior do Trabalho.

A) O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação


de serviço e o despedimento, é do empregado.
B) O direito ao aviso prévio é renunciável pelo empregado.
C) O pagamento relativo ao período de aviso prévio trabalhado não está sujeito à
contribuição para o FGTS.
D) No caso de concessão de auxílio-doença no curso do aviso prévio, concretizam-se
os efeitos da dispensa depois de expirado o prazo do aviso prévio,
independentemente da vigência do benefício previdenciário.
E) O trabalho prestado em domingos e feriados, não compensado, deve ser pago em
dobro, sem prejuízo da remuneração relativa ao repouso semanal.

Assunto: Princípio da continuidade da relação de emprego; aviso prévio; trabalho em


domingos e feriados
Categoria: Súmulas e OJs do TST
Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

Pessoal, não tem como fugir das súmulas e OJs do TST! A chance de ter pelo menos
uma questão na prova de direito do trabalho a seu respeito é IMENSA!

Deste modo, a sua leitura constante é necessária.

O que eu recomendaria: após resolver uma questão em que foi cobrada determinada
súmula ou OJ, sinalize no seu material (ex: com caneta preta para FCC, caneta
vermelha VUNESP, rosa CESPE). Uma semana antes do certame, ou até mesmo na
véspera, releia as súmulas e OJS cobradas pela banca. Elas são repetidas diversas
vezes!
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Vamos às assertivas.

E) CORRETA.

A alternativa reproduz o teor da súmula nº 146 do TST, senão vejamos:

Súmula 146 do TST O trabalho prestado em domingos e


feriados, não compensado, deve ser pago em dobro, sem
prejuízo da remuneração relativa ao repouso semanal.

A) INCORRETA.

A alternativa está incorreta por contrariar a Súmula 212 do TST, senão vejamos:

Súmula 212 TST O ônus de provar o término do contrato de


trabalho, quando negados a prestação de serviço e o
despedimento, é do empregador, pois o princípio da
continuidade da relação de emprego constitui presunção
favorável ao empregado.

Lembre-se de que essa súmula está relacionada ao princípio da continuidade da


relação de emprego.

B) INCORRETA.

A alternativa contraria a súmula 276 do TST. Confira:

Súmula 276 TST O direito ao aviso prévio é irrenunciável pelo


empregado. O pedido de dispensa de cumprimento não exime
o empregador de pagar o valor respectivo, salvo comprovação
de haver o prestador dos serviços obtido novo emprego.

É importante lembrar que o aviso prévio é constitucionalmente previsto:

CF/88:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
outros que visem à melhoria de sua condição social:
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no
mínimo de trinta dias, nos termos da lei;

C) INCORRETA.
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A assertiva contraria o teor da súmula 305 do TST, senão vejamos:

Súmula 305 TST: O pagamento relativo ao período de aviso


prévio, trabalhado ou não, está sujeito a contribuição para o
FGTS.

Ressalto que a alternativa foi objeto de cobrança no certame para Procurador do


estado de São Paulo, realizado em 2018 pela VUNESP (obs: a banca apenas organizou,
não elaborou as assertivas).

D) INCORRETA.

A assertiva está incorreta por contrariar o teor da súmula 371 do TST:

Súmula 371 TST A projeção do contrato de trabalho para o


futuro, pela concessão do aviso prévio indenizado, tem efeitos
limitados às vantagens econômicas obtidas no período de pré-
aviso, ou seja, salários, reflexos e verbas rescisórias. No caso de
concessão de auxílio-doença no curso do aviso prévio,
todavia, só se concretizam os efeitos da dispensa depois de
expirado o benefício previdenciário.

GABARITO: E

59) Nos termos da Consolidação das Leis do Trabalho, é lícito o regime de


compensação de jornada estabelecido por acordo individual, tácito ou escrito, para
compensação:

A) na mesma semana.
B) no mesmo mês.
C) no mesmo semestre.
D) no mesmo ano.
E) a qualquer tempo.

Assunto: Banco de horas; reforma trabalhista


Categoria: Lei seca
Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:
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O art. 59 da CLT sofreu alterações pela Reforma Trabalhista. A questão trata do seu
§6º, que não possuía previsão anterior.

B) CORRETA.

O art. 59, §6º traz a possibilidade de compensação, no mesmo mês, por meio de
acordo individual, escrito ou tácito. Confira:

Art. 59. A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de


horas extras, em número não excedente de duas, por acordo
individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho.
(Redação dada pela Lei nº 13.467, de
2017) (Vigência)
§ 1o A remuneração da hora extra será, pelo menos, 50%
(cinquenta por cento) superior à da hora normal.
(Redação dada pela Lei nº 13.467, de
2017) (Vigência)
§ 2o Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força
de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de
horas em um dia for compensado pela correspondente
diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no
período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de
trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de
dez horas diárias. (Redação dada pela Medida
Provisória nº 2.164-41, de 2001)
§ 3º Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem que
tenha havido a compensação integral da jornada
extraordinária, na forma dos §§ 2o e 5o deste artigo, o
trabalhador terá direito ao pagamento das horas extras não
compensadas, calculadas sobre o valor da remuneração na data
da rescisão. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de
2017) (Vigência)
§ 5º O banco de horas de que trata o § 2o deste artigo poderá
ser pactuado por acordo individual escrito, desde que a
compensação ocorra no período máximo de seis meses.
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência)
§ 6o É lícito o regime de compensação de jornada
estabelecido por acordo individual, tácito ou escrito, para a
compensação no mesmo mês. (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017) (Vigência)
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A) INCORRETA.

Conforme exposto na assertiva “B”, é lícito o regime de compensação de jornada


estabelecido por acordo individual, tácito ou escrito, para compensação NO MESMO
MÊS.

C) INCORRETA.

Também está incorreta, visto que no caso a compensação deve ocorrer NO MESMO
MÊS, conforme exposta na “B”.

D) INCORRETA.

Assertiva incorreta, visto que a compensação deve ser NO MESMO MÊS, como
exposto na “B”.

E) INCORRETA.

Assertiva incorreta. Conforme exposto na “B”, a compensação deve ser no MESMO


MÊS.

GABARITO: B

60) De acordo com o Tribunal Superior do Trabalho, a contratação de servidor


público, após a Constituição Federal de 1988, sem prévia aprovação em concurso
público, lhe confere o(s) seguinte(s) direito(s):

A) pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao número de horas


trabalhadas, das férias e do décimo terceiro.
B) pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao número de horas
trabalhadas e das férias, apenas.
C) pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao número de horas
trabalhadas e do décimo terceiro, apenas.
D) pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao número de horas
trabalhadas, e dos valores referentes aos depósitos do FGTS.
E) nenhum, pois o contrato é nulo.

Assunto: Banco de horas; reforma trabalhista


Categoria: Lei seca
Nível: Fácil
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COMENTÁRIOS:

A questão busca conhecimento do candidato a respeito da súmula nº 363 do TST.


Ressalto que ela é clássica de ser objeto de cobrança nos certames! Veja:

SÚMULA Nº 363 - CONTRATO NULO. EFEITOS


A contratação de servidor público, após a CF/1988, sem prévia
aprovação em concurso público, encontra óbice no respectivo
art. 37, II e § 2º, somente lhe conferindo direito ao pagamento
da contraprestação pactuada, em relação ao número de horas
trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e
dos valores referentes aos depósitos do FGTS.

Vamos às assertivas.

D) CORRETA.

Lembre-se de que, nos termos do art. 37, II, da Constituição Federal, a investidura de
cargo ou emprego público depende de aprovação em concurso público, vejamos:

Constituição Federal:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei,
assim como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas
e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo
ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as
nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
(...)
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§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III


implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade
responsável, nos termos da lei.

Além disso, conforme o §2º do mesmo artigo (colacionado acima), caso a investidura
ocorra sem aprovação prévia em concurso público, o ato será NULO.

Diante disso, surge a dúvida: o que acontecerá com servidor público contratado APÓS
a CF/1988 SEM ter sido por meio de aprovação em concurso público?
Como vimos na Constituição Federal, o contrato será considerado nulo. Resta saber se
ele teria algum direito, o que é respondido pela súmula 363 do TST. Confira:

SÚMULA Nº 363 - CONTRATO NULO. EFEITOS


A contratação de servidor público, após a CF/1988, sem prévia
aprovação em concurso público, encontra óbice no respectivo
art. 37, II e § 2º, somente lhe conferindo direito ao pagamento
da contraprestação pactuada, em relação ao número de horas
trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e
dos valores referentes aos depósitos do FGTS.

Deste modo, a assertiva está correta, uma vez que ele terá direito apenas ao saldo de
salário e aos valores referentes aos depósitos do FGTS.

A) INCORRETA.

A assertiva está incorreta.

Conforme explicado na assertiva “D”, terá direito apenas ao saldo de salário e aos
valores referentes aos depósitos do FGTS.

B) INCORRETA.

A assertiva está incorreta.

Conforme explicado na assertiva “D”, terá direito apenas ao saldo de salário e aos
valores referentes aos depósitos do FGTS.

C) INCORRETA.

A assertiva está incorreta.


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Conforme explicado na assertiva “D”, terá direito apenas ao saldo de salário e aos
valores referentes aos depósitos do FGTS.

E) INCORRETA.

A assertiva está incorreta.

Veja que o contrato realmente é nulo, uma vez que, nos termos do art. 37, II, §2º, da
Constituição Federal, a investidura em cargo ou emprego público depende de
aprovação prévia em concurso público, e a sua não observância implica nulidade do
ato, senão vejamos:

Constituição Federal:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei,
assim como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas
e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo
ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as
nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
(...)
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III
implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade
responsável, nos termos da lei.

Contudo, conforme vimos na súmula 363 do TST, a pessoa terá direito ao saldo de
salário e ao FGTS.

SÚMULA Nº 363 - CONTRATO NULO. EFEITOS


A contratação de servidor público, após a CF/1988, sem prévia
aprovação em concurso público, encontra óbice no respectivo
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

art. 37, II e § 2º, somente lhe conferindo direito ao pagamento


da contraprestação pactuada, em relação ao número de horas
trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e
dos valores referentes aos depósitos do FGTS.

GABARITO: D

61) Imagine que Maria, sem saber que havia câmeras, praticava atos libidinosos nas
dependências do estabelecimento do empregador. A respeito do caso apresentado,
assinale a alternativa correta.

A) O ato de Maria é hipótese de indisciplina, que constitui justa causa para rescisão
do contrato de trabalho pelo empregador.
B) O ato de Maria é hipótese de insubordinação, que constitui justa causa para
rescisão do contrato de trabalho pelo empregador.
C) Apesar de ser considerado ato de indisciplina, a Consolidação das Leis do Trabalho
não é expressa quanto à possibilidade de rescisão por justa causa na hipótese.
D) O ato de Maria é hipótese de incontinência, que constitui justa causa para rescisão
do contrato de trabalho pelo empregador.
E) O ato de Maria é hipótese de desídia no desempenho das respectivas funções.

Assunto: Justa causa para rescisão de contrato de trabalho pelo empregador


Categoria: Lei seca e doutrina
Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

O art. 482 da CLT traz hipóteses que constituem justa causa para rescisão do contrato
de trabalho pelo empregador. Ressalto que os examinadores gostam de cobrar a
diferença entre elas, por exemplo, a diferença de indisciplina e insubordinação.

Vamos às assertivas.

D) CORRETA.

Inicialmente, veja que a incontinência de conduta está elencada como justa causa para
rescisão do contrato de trabalho pelo empregador, nos termos do art. 482, b, da CLT:

Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de


trabalho pelo empregador:
a) ato de improbidade;
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

b) incontinência de conduta ou mau procedimento;


c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem
permissão do empregador, e quando constituir ato de
concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou
for prejudicial ao serviço;
d) condenação criminal do empregado, passada em julgado,
caso não tenha havido suspensão da execução da pena;
e) desídia no desempenho das respectivas funções;
f) embriaguez habitual ou em serviço;
g) violação de segredo da empresa;
h) ato de indisciplina ou de insubordinação;
i) abandono de emprego;
j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço
contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas
condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de
outrem;
k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas
praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos,
salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
l) prática constante de jogos de azar.
m) perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei
para o exercício da profissão, em decorrência de conduta
dolosa do empregado. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017)

A incontinência de conduta está atrelada à falta de cunho sexual, uma conduta imoral
sexual. Por exemplo: empregado flagrado praticando atos libidinosos dentro da
empresa (caso de Maria), ou acessando sites pornográficos.

Sendo assim, a assertiva está correta.

A) INCORRETA.

Inicialmente, veja que a indisciplina realmente configura justa causa para rescisão do
contrato de trabalho pelo empregador, nos termos do art. 482, h, da CLT:

Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de


trabalho pelo empregador:
a) ato de improbidade;
b) incontinência de conduta ou mau procedimento;
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem


permissão do empregador, e quando constituir ato de
concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou
for prejudicial ao serviço;
d) condenação criminal do empregado, passada em julgado,
caso não tenha havido suspensão da execução da pena;
e) desídia no desempenho das respectivas funções;
f) embriaguez habitual ou em serviço;
g) violação de segredo da empresa;
h) ato de indisciplina ou de insubordinação;
i) abandono de emprego;
j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço
contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas
condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de
outrem;
k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas
praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos,
salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
l) prática constante de jogos de azar.
m) perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei
para o exercício da profissão, em decorrência de conduta
dolosa do empregado. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017)

Contudo, o ato praticado por Maria constitui INCONTINÊNCIA, como explicado na


assertiva “D”. Lembre-se de que a indisciplina é o descumprimento de ordem geral.
Por exemplo: a proibição de fumar dentro da empresa.

B) INCORRETA.

Inicialmente, veja que a insubordinação realmente configura justa causa para rescisão
do contrato de trabalho pelo empregador, nos termos do art. 482, h, da CLT:

Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de


trabalho pelo empregador:
a) ato de improbidade;
b) incontinência de conduta ou mau procedimento;
c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem
permissão do empregador, e quando constituir ato de
concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou
for prejudicial ao serviço;
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

d) condenação criminal do empregado, passada em julgado,


caso não tenha havido suspensão da execução da pena;
e) desídia no desempenho das respectivas funções;
f) embriaguez habitual ou em serviço;
g) violação de segredo da empresa;
h) ato de indisciplina ou de insubordinação;
i) abandono de emprego;
j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço
contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas
condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de
outrem;
k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas
praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos,
salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
l) prática constante de jogos de azar.
m) perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei
para o exercício da profissão, em decorrência de conduta
dolosa do empregado. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017)

Contudo, o ato praticado por Maria constitui INCONTINÊNCIA, como explicado na


assertiva “D”. Lembre-se de que a insubordinação é o descumprimento de ordem
individual. Sendo assim, a assertiva está incorreta.

OBS: muita atenção à diferença entre indisciplina (descumprir ordem GERAL) e


insubordinação (descumprir ordem INDIVIDUAL)!

C) INCORRETA.

Veja que a assertiva está duplamente errada! Primeiramente, o ato de Maria é


considerado INCONTINÊNCIA, e não indisciplina. Enquanto a incontinência representa
uma conduta imoral sexual, a indisciplina constitui o descumprimento de ordem geral
(ex: proibição de fumar dentro da empresa).

Ademais, a CLT é sim expressa quanto à possibilidade de rescisão por justa causa na
hipótese de indisciplina, nos termos do art. 482, h:

Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de


trabalho pelo empregador:
(...)
h) ato de indisciplina ou de insubordinação;
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

Sendo assim, a alternativa está incorreta.

E) INCORRETA.

Inicialmente, veja que a desídia realmente configura justa causa para rescisão do
contrato de trabalho pelo empregador, nos termos do art. 482, e, da CLT:

Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de


trabalho pelo empregador:
a) ato de improbidade;
b) incontinência de conduta ou mau procedimento;
c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem
permissão do empregador, e quando constituir ato de
concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou
for prejudicial ao serviço;
d) condenação criminal do empregado, passada em julgado,
caso não tenha havido suspensão da execução da pena;
e) desídia no desempenho das respectivas funções;
f) embriaguez habitual ou em serviço;
g) violação de segredo da empresa;
h) ato de indisciplina ou de insubordinação;
i) abandono de emprego;
j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço
contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas
condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de
outrem;
k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas
praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos,
salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
l) prática constante de jogos de azar.
m) perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei
para o exercício da profissão, em decorrência de conduta
dolosa do empregado. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017)

Contudo, o ato praticado por Maria constitui INCONTINÊNCIA, como explicado na


assertiva “D”. Lembre-se de que a desídia é o desleixo no desempenho das funções.
Exemplo: empregado que não cumpre as metas, ou que não cumpre os horários.

Sendo assim, a assertiva está incorreta.


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GABARITO: D

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

62) É correto afirmar que a prescrição intercorrente no processo do trabalho é de:

A) 5 anos.
B) 3 anos.
C) 2 anos.
D) 1 ano.
E) Nenhuma das alternativas, uma vez que não há prescrição intercorrente no
processo do trabalho.

Assunto: Prescrição intercorrente


Categoria: Lei seca
Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

Inicialmente, é preciso saber que a prescrição intercorrente é a que ocorre no curso do


processo devido à inércia da parte. Havia muita controvérsia a respeito da sua
aplicação ao processo trabalhista, uma vez que existiam súmulas divergentes.

Enquanto o enunciado da súmula nº 327 do STF dispõe que “O direito trabalhista


ADMITE a prescrição intercorrente”, a súmula nº 114 do TST dispõe que “É
INAPLICÁVEL na Justiça do Trabalho a prescrição intercorrente”.

Deste modo, a Reforma Trabalhista introduziu o instituto da prescrição intercorrente


de forma expressa na Consolidação das Leis do Trabalho de modo a acabar com a
controvérsia. Confira:

Art. 11-A. Ocorre a prescrição intercorrente no processo do


trabalho no prazo de dois anos. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017)
§ 1o A fluência do prazo prescricional intercorrente inicia-
se quando o exequente deixa de cumprir determinação judicial
no curso da execução. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
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Ressalto que esse conhecimento foi objeto de cobrança nos certames para Procurador
do Estado de Pernambuco e para Procurador do Município de Campo Grande-MS,
realizados em 2018 e 2019, respectivamente, pela banca CESPE.

C) CORRETA.

A assertiva está correta.

A prescrição intercorrente no processo do trabalho é de DOIS ANOS, nos termos do


art. 11-A, colacionado acima.

A) INCORRETA.

A assertiva está incorreta, uma vez que nos termos do art. 11-A da CLT o prazo é de 2
anos, conforme “COMENTÁRIOS”.

B) INCORRETA.

A assertiva está incorreta, uma vez que nos termos do art. 11-A da CLT o prazo é de 2
anos, conforme “COMENTÁRIOS”.

D) INCORRETA.

A assertiva está incorreta, uma vez que nos termos do art. 11-A da CLT o prazo é de 2
anos, conforme “COMENTÁRIOS”.

E) INCORRETA.

Trata-se de assertiva incorreta, uma vez que a prescrição intercorrente está


expressamente prevista no art. 11-A da CLT, vide “COMENTÁRIOS”.

Ressalto que a banca CESPE cobrou assertiva nesse sentido. Confira:

CESPE - 2019 - PGM - Campo Grande - MS - Procurador Municipal


A respeito de prescrição no processo do trabalho, julgue o seguinte item, de acordo
com a legislação processual trabalhista.
No processo trabalhista, não ocorre a prescrição intercorrente.
Gabarito: ERRADO, conforme vimos no art. 11-A da CLT. A prescrição intercorrente
ocorre sim no processo trabalhista e tem prazo de 2 anos.

GABARITO: C
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63) É coreto afirmar que a interrupção da prescrição somente ocorrerá pelo


ajuizamento de reclamação trabalhista,

A) desde que em juízo competente.


B) desde que em juízo competente, e que não venha a ser extinta sem resolução de
mérito.
C) desde que em juízo competente, ainda que venha a ser extinta sem resolução do
mérito, produzindo efeitos em relação a todos os pedidos.
D) mesmo que em juízo incompetente, e que não venha a ser extinta sem resolução
do mérito.
E) mesmo que em juízo incompetente, ainda que venha a ser extinta sem resolução
do mérito, produzindo efeitos apenas em relação aos pedidos idênticos.

Assunto: Interrupção da prescrição


Categoria: Lei seca
Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

E) CORRETA.

A questão busca conhecimento do §3º do art. 11 da CLT, veja:

Art. 11. A pretensão quanto a créditos resultantes das relações


de trabalho prescreve em cinco anos para os trabalhadores
urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do
contrato de trabalho. (Redação dada pela Lei nº
13.467, de 2017) (Vigência)
§ 1º O disposto neste artigo não se aplica às ações que tenham
por objeto anotações para fins de prova junto à Previdência
Social. (Incluído pela Lei nº 9.658, de 5.6.1998)
§ 2º Tratando-se de pretensão que envolva pedido de
prestações sucessivas decorrente de alteração ou
descumprimento do pactuado, a prescrição é total, exceto
quando o direito à parcela esteja também assegurado por
preceito de lei. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017) (Vigência)
§ 3o A interrupção da prescrição somente ocorrerá pelo
ajuizamento de reclamação trabalhista, mesmo que em juízo
incompetente, ainda que venha a ser extinta sem resolução
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do mérito, produzindo efeitos apenas em relação aos pedidos


idênticos. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017) (Vigência)

Repare, ainda, que o §3º do art. 11 da CLT foi inserido pela Reforma Trabalhista.

A) INCORRETA.

A assertiva contraria o art. 11, §3º da CLT, uma vez que a interrupção ocorrerá pelo
ajuizamento da reclamação trabalhista MESMO QUE EM JUÍZO INCOMPETENTE,
conforme colacionado na alternativa “E”.

B) INCORRETA.

A assertiva contraria o art. 11, §3º da CLT, uma vez que a interrupção ocorrerá pelo
ajuizamento da reclamação trabalhista MESMO QUE EM JUÍZO INCOMPETENTE, e
AINDA QUE venha a ser extinta sem resolução de mérito, veja:

Art. 11 (...)
§ 3o A interrupção da prescrição somente ocorrerá pelo
ajuizamento de reclamação trabalhista, mesmo que em juízo
incompetente, ainda que venha a ser extinta sem resolução
do mérito, produzindo efeitos apenas em relação aos pedidos
idênticos. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017) (Vigência)

C) INCORRETA.

A assertiva contraria o art. 11, §3º da CLT, uma vez que a interrupção ocorrerá pelo
ajuizamento da reclamação trabalhista MESMO QUE EM JUÍZO INCOMPETENTE, ainda
que venha a ser extinta sem resolução de mérito, produzindo efeitos APENAS EM
RELAÇÃO AOS PEDIDOS IDÊNTICOS, veja:

Art. 11 (...)
§ 3o A interrupção da prescrição somente ocorrerá pelo
ajuizamento de reclamação trabalhista, mesmo que em juízo
incompetente, ainda que venha a ser extinta sem resolução
do mérito, produzindo efeitos apenas em relação aos pedidos
idênticos. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017) (Vigência)
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D) INCORRETA.

A assertiva contraria o art. 11, §3º da CLT, uma vez que a interrupção ocorrerá pelo
ajuizamento da reclamação trabalhista ainda que venha a ser extinta sem resolução
de mérito, veja:

Art. 11 (...)
§ 3o A interrupção da prescrição somente ocorrerá pelo
ajuizamento de reclamação trabalhista, mesmo que em juízo
incompetente, ainda que venha a ser extinta sem resolução
do mérito, produzindo efeitos apenas em relação aos pedidos
idênticos. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017) (Vigência)

GABARITO: E

64) Imagine a seguinte situação hipotética. Gabriel é empregado de uma grande


empresa chamada “M”. Em seu contrato de trabalho há cláusula expressa de “não
competição”, a qual estabelece que, nos 12 meses posteriores à ruptura contratual,
ele se compromete a não prestar serviços a empresas concorrentes. Contudo, após
o seu pedido de demissão, a empresa “M” colheu provas de tratativas entre Gabriel
e empresa concorrente, para início imediato dos trabalhos. Não tendo obtido
sucesso em pedido de tutela antecipada em caráter antecedente, a empresa “M”
impetrou mandado de segurança com pedido liminar objetivando restringir a
prestação de serviços de Gabriel a empresas concorrentes, no período de 12 meses,
a contar da rescisão contratual, tendo sido concedida a liminar.

De acordo com o Tribunal Superior do Trabalho, caso Gabriel decida impetrar


habeas corpus contra o ato jurisdicional, é correto afirmar que:

A) É incabível o habeas corpus, pois apesar de o caso concreto abordar o direito à


liberdade de locomoção de forma primária, há ausência de interesse de agir na
modalidade adequação.
B) É incabível o habeas corpus para discutir interpretação do conteúdo de cláusula
contratual para se extrair a garantia de exercício profissional.
C) É cabível o habeas corpus, uma vez que a decisão impede o paciente de exercer
livremente a sua profissão.
D) É cabível o habeas corpus, pois no caso concreto o direito à liberdade de
locomoção é abordado de forma primária.
E) É cabível o habeas corpus, uma vez que a cláusula de não concorrência é inválida
por restringir, em último caso, o seu direito de liberdade de locomoção.
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Assunto: Habeas corpus


Categoria: Jurisprudência
Nível: Difícil

COMENTÁRIOS:

O objetivo é abordar recente decisão da SBDI-II e demonstrar, ainda, que a dificuldade


da questão reside apenas na sua extensão.

O caso concreto foi o seguinte: executivo de uma grande empresa (em nossa questão,
“Gabriel”) tinha contrato de trabalho com cláusula de “não competição” no sentido de
que, após a rescisão contratual, deveria passar 12 meses sem prestar serviços a
empresas concorrentes.

Contudo, após pedir demissão, iniciou tratativas com empresa concorrente, tendo a
sua ex empregadora (na nossa questão, “empresa M”) descoberto e realizado pedido
em sede de tutela antecipada em caráter antecedente para que o ex empregado
(“Gabriel”) cumprisse a cláusula e não prestasse serviço a concorrentes por 12 meses.
Como o seu pedido foi rejeitado, impetrou mandado de segurança com pedido de
liminar, tendo obtido sucesso.

Não satisfeito, o ex empregado (“Gabriel”) impetrou habeas corpus contra o ato


jurisdicional sob a alegação de que a liminar concedida para que cumprisse a cláusula
contratual constituiria uma verdadeira proibição de exercer sua profissão, direito
constitucional que estaria sendo ferido. Alegou, ainda, que foi proibido de exercer a
sua livre escolha de oferecer seus serviços a quem desejasse. E, em último caso, o seu
direito à vida e à saúde teria sido proibido, pois teria perdido o direito de trabalhar.

Deste modo, pugnou pela concessão de liminar em habeas corpus para ser autorizado
a exercer livremente a sua profissão, para qualquer empregador e em qualquer
localidade, conforme a sua livre escolha.

A SBDI-2/TST entendeu que o remédio é INCABÍVEL no caso.

No julgamento, foi relembrado o caso de habeas corpus impetrado por jogador de


futebol que pretendia sua desvinculação de contratante atual para jogar em outro
Clube, o qual foi extinto sem resolução de mérito. Isso porque a discussão sobre
cláusula contratual de atleta profissional com pedido de transferência imediata para
outra agremiação desportiva não envolveria a restrição ou a privação da liberdade de
locomoção e, portanto, NÃO SÉRIA PASSÍVEL DE SER EXAMINADA POR MEIO DE
HABEAS CORPUS. Restou prevalecida a tese no sentido de que “o habeas corpus tem
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cabimento restrito à defesa da liberdade de locomoção primária, assim entendida


como o direito de ir, vir e permanecer” (HC - 1000678-46.2018.5.00.0000. Relator
Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 19/11/2018).
Sendo assim, restou entendido que o direito de liberdade de locomoção foi abordado
de forma apenas secundária, representado pela prerrogativa individual do trabalhador
de prestar serviços para quem e onde bem entender.

Em suma: o habeas corpus é INCABÍVEL para discutir interpretação do conteúdo de


cláusula contratual para se extrair a garantia de exercício profissional. A liminar para
que o trabalhador se abstenha de prestar serviços a empresas concorrentes, conforme
previsto em cláusula, NÃO está cerceando a sua liberdade de locomoção.

Ele se impôs, em razão das suas condições subjetivas, um dever de abstenção, sendo
compensado por isso.

Portanto, a SBDI-2 entendeu, por maioria, incabível o habeas corpus extinguindo o


processo sem resolução de mérito. (TST HCCiv-1000288-08.2020.5.00.0000, SBDI-II,
rel. Min. Maria Helena Mallmann, red. p/ acórdão Min. Douglas Alencar Rodrigues,
9/6/2020).

B) CORRETA.

A assertiva está correta, conforme explicado em “COMENTÁRIOS” acima.

A) INCORRETA.

A assertiva está incorreta.

De fato, o habeas corpus é incabível no caso.

Contudo, erra a alternativa ao dispor que o caso concreto aborda direito à liberdade
de locomoção de forma primária. Isso porque, conforme explicado em
“COMENTÁRIOS”, o direito à locomoção é apresentado apenas em sua forma
secundária, representado pela prerrogativa individual do trabalhador de prestar
serviços para quem e onde bem entender.

C) INCORRETA.

A assertiva está incorreta.

Conforme explicado em “COMENTÁRIOS”, o habeas corpus é INCABÍVEL no caso.


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Veja, ainda, que não há que se falar em impedimento de exercício da profissão, uma
vez que a decisão impede apenas que o trabalhador preste serviços a empresas
concorrentes, o que já estava previsto na cláusula contratual.

D) INCORRETA.

A assertiva está incorreta.

Ao contrário do que dispõe a assertiva, o habeas corpus é INCABÍVEL no caso, uma vez
que o direito à liberdade de locomoção é abordado de forma SECUNDÁRIA, conforme
explicado em “COMENTÁRIOS”.

E) INCORRETA.

A assertiva está incorreta.

Conforme explicado em “COMENTÁRIOS”, o habeas corpus é INCABÍVEL. Além disso,


restou entendido que a liminar restringiria apenas a prestação de serviços a empresas
concorrentes, por 12 meses a contar da rescisão contratual, o que permitiria o livre
exercício imediato de atividades laborativas, por parte do ex empregado, a outras
empresas que não explorem a mesma atividade econômica. Sendo assim, não haveria
ameaça à liberdade de locomoção capaz de ensejar habeas corpus.

GABARITO: B

65) Julgue as assertivas a seguir quanto às hipóteses em que o relator do recurso de


revista pode denegar-lhe seguimento, em decisão monocrática:

I- Em caso de ausência de qualquer pressuposto intrínseco de admissibilidade.


II- Em caso de intempestividade.
III- Em caso de ausência de qualquer pressuposto extrínseco de admissibilidade.

Assinale a correta.

A) Apenas a II está correta.


B) Apenas I e II estão corretas.
C) Apenas II e III estão corretas.
D) Nenhuma está correta.
E) Todas estão corretas.

Assunto: Recurso de revista


Categoria: Lei seca
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Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

Inicialmente, lembre-se de que o recurso de revista é de natureza extraordinária,


visando à tutela do direito objetivo.

A questão busca recordar o §14 do art. 896 da CLT, uma vez que foi incluído pela
Reforma Trabalhista. Ressalto que o seu conhecimento foi necessário em uma das
questões do certame para Procurador do Município de Caruaru-PE, realizado em 2018
pela banca FCC.

Vamos a ele:

Art. 896 - Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal


Superior do Trabalho das decisões proferidas em grau de
recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais
Regionais do Trabalho, quando: (Redação dada pela
Lei nº 9.756, de 17.12.1998)
a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação
diversa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional do
Trabalho, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios
Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou contrariarem
súmula de jurisprudência uniforme dessa Corte ou súmula
vinculante do Supremo Tribunal Federal; (Redação
dada pela Lei nº 13.015, de 2014)
b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção
Coletiva de Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou
regulamento empresarial de observância obrigatória em área
territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator
da decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da
alínea a; (Redação dada pela Lei nº 9.756, de 1998)
c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou
afronta direta e literal à Constituição Federal.
(Redação dada pela Lei nº 9.756, de 1998)
(...)
§ 14. O relator do recurso de revista poderá denegar-lhe
seguimento, em decisão monocrática, nas hipóteses de
intempestividade, deserção, irregularidade de representação
ou de ausência de qualquer outro pressuposto extrínseco ou
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intrínseco de admissibilidade. (Incluído pela Lei nº


13.467, de 2017)

I- CORRETA.

Nos termos do art. 896, §14 da CLT, colacionado acima, a ausência de qualquer
pressuposto intrínseco de admissibilidade configura hipótese em que o relator do
recurso de revista poderá denegar-lhe seguimento, em decisão monocrática.

II – CORRETA.

A (II) também está correta. Veja que intempestividade é uma das hipóteses previstas
no §14 do art. 896 da CLT.

III- CORRETA.

A (III) também está correta. Nos termos do art. 896, §14, da CLT, colacionado acima, a
ausência de qualquer pressuposto extrínseco de admissibilidade configura hipótese em
que o relator do recurso de revista poderá denegar-lhe seguimento, em decisão
monocrática.

Logo, o gabarito é “E”, pois todas estão corretas.

GABARITO: E

66) Leia as assertivas a seguir de acordo com a Instrução Normativa 41/2018.

I- Ainda que beneficiária da justiça gratuita, a responsabilidade pelo pagamento dos


honorários periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia.
II- O juízo poderá deferir parcelamento dos honorários periciais.
III- O juízo não poderá exigir adiantamento de valores para realização de periciais.

É possível afirmar que é (são) aplicável (is) aos processos iniciados antes de 11 de
novembro de 2017 (data em que entrou em vigor a Lei nº 13.467/2017, ou
“Reforma Trabalhista”):

A) Apenas a I.
B) Apenas I e II.
C) Apenas I e III.
D) I, II e III.
E) Nenhuma.
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Assunto: Instrução Normativa do TST


Categoria: Lei seca
Nível: Difícil

COMENTÁRIOS:

Pessoal, apesar de as disposições da Instrução Normativa nº 41/2018 não serem


difíceis, muitos candidatos não as leem. Se estiver prevista no seu edital, a sua leitura é
obrigatória, uma vez que é bem pequena!

Ela traz algumas regras processuais acerca da Lei nº 13.467/2017 (Reforma


Trabalhista).

Bastava o conhecimento do art. 5º da referida Instrução Normativa para acertar a


questão, senão vejamos:

Instrução Normativa nº 41/2018:


Art. 5º O art. 790-B, caput e §§ 1º a 4º, da CLT, NÃO SE APLICA
aos processos iniciados ANTES de 11 de novembro de 2017 (Lei
nº 13.467/2017).

Vamos ver o que diz o art. 790-B da CLT:

Consolidação das Leis do Trabalho:


Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos
honorários periciais é da parte sucumbente na pretensão
objeto da perícia, ainda que beneficiária da justiça
gratuita. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 1o Ao fixar o valor dos honorários periciais, o juízo deverá
respeitar o limite máximo estabelecido pelo Conselho Superior
da Justiça do Trabalho. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017)
§ 2o O juízo poderá deferir parcelamento dos honorários
periciais. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 3o O juízo não poderá exigir adiantamento de valores para
realização de perícias. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017)
§ 4o Somente no caso em que o beneficiário da justiça gratuita
não tenha obtido em juízo créditos capazes de suportar a
despesa referida no caput, ainda que em outro processo, a
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União responderá pelo encargo. (Incluído pela Lei nº


13.467, de 2017)

Vamos às assertivas:

A assertiva (I) reproduz o conteúdo do caput do art. 790-B da CLT. Conforme previsto
no art. 5º da IN nº 41/2018 colacionado acima, ele NÃO é aplicável aos processos
iniciados antes da entrada em vigor da Reforma Trabalhista.

A assertiva (II) reproduz o conteúdo do §2º do art. 790-B da CLT. Conforme previsto no
art. 5º da IN nº 41/2018 colacionado acima, ele NÃO é aplicável aos processos
iniciados antes da entrada em vigor da Reforma Trabalhista.

A assertiva (IIII) reproduz o conteúdo do §3º do art. 790-B da CLT. Conforme previsto
no art. 5º da IN nº 41/2018 colacionado acima, ele NÃO é aplicável aos processos
iniciados antes da entrada em vigor da Reforma Trabalhista.

Sendo assim, a “E” está correta, pois as assertivas I, II e III NÃO são aplicáveis aos
processos iniciados antes da entrada em vigor da Reforma Trabalhista.

GABARITO: E

67) Devidamente intimada da decisão que, na fase de execução, rejeitou o


incidente de desconsideração da personalidade jurídica, o exequente deverá
interpor:

A) agravo interno.
B) embargos infringentes.
C) recurso de revista.
D) agravo de petição.
E) nenhum recurso, uma vez que não é cabível recurso de imediato.

Assunto: Agravo de petição


Categoria: Lei seca
Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

O incidente de desconsideração da personalidade jurídica está previsto no art. 855-A


da CLT, incluído pela Reforma Trabalhista. Confira:
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Art. 855-A. Aplica-se ao processo do trabalho o incidente de


desconsideração da personalidade jurídica previsto nos arts.
133 a 137 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de
Processo Civil. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 1o Da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o
incidente: (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
I - na fase de cognição, não cabe recurso de imediato, na forma
do § 1o do art. 893 desta Consolidação; (Incluído
pela Lei nº 13.467, de 2017)
II - na fase de execução, cabe agravo de petição,
independentemente de garantia do juízo; (Incluído
pela Lei nº 13.467, de 2017)
III - cabe agravo interno se proferida pelo relator em incidente
instaurado originariamente no tribunal. (Incluído
pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 2o A instauração do incidente suspenderá o processo, sem
prejuízo de concessão da tutela de urgência de natureza
cautelar de que trata o art. 301 da Lei no 13.105, de 16 de
março de 2015 (Código de Processo Civil) (Incluído pela
Lei nº 13.467, de 2017)

Recursos possíveis no incidente de desconsideração da PJ no processo do trabalho:


Fase de COGNIÇÃO -> NÃO cabe recurso de imediato
Fase de EXECUÇÃO -> Cabe AGRAVO DE PETIÇÃO
Incidente originário no Tribunal -> Cabe AGRAVO INTERNO

D) CORRETA.

Nos termos do art. 855-A, §1º, II, colacionado em “COMENTÁRIOS” acima, é cabível o
AGRAVO DE PETIÇÃO.

A) INCORRETA.

Veja que nos termos do art. 855, §1º, II, da CLT é cabível AGRAVO DE PETIÇÃO, e não
agravo interno.

Note que o agravo interno é cabível em caso de incidente originário no Tribunal:

Art. 855- A (...)


§ 1o Da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o
incidente: (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
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I - na fase de cognição, não cabe recurso de imediato, na forma


do § 1o do art. 893 desta Consolidação; (Incluído
pela Lei nº 13.467, de 2017)
II - na fase de execução, cabe agravo de petição,
independentemente de garantia do juízo; (Incluído
pela Lei nº 13.467, de 2017)
III - cabe agravo interno se proferida pelo relator em incidente
instaurado originariamente no tribunal. (Incluído
pela Lei nº 13.467, de 2017)

B) INCORRETA.

Assertiva incorreta.

Nos termos do art. 855-A, §1º, II, colacionado em “COMENTÁRIOS” acima, é cabível o
AGRAVO DE PETIÇÃO.

C) INCORRETA.

Assertiva incorreta.

Nos termos do art. 855-A, §1º, II, colacionado em “COMENTÁRIOS”, é cabível o


AGRAVO DE PETIÇÃO.

E) INCORRETA.

Ao contrário do que dispõe a assertiva, é sim cabível AGRAVO DE PETIÇÃO, nos termos
do art. 855-A, §1º, II, colacionado em “COMENTÁRIOS”.

Note que não cabe recurso imediato em caso de incidente na fase de COGNIÇÃO.

GABARITO: D

DIREITO URBANÍSTICO

68) No que diz respeito aos instrumentos da política urbana do Estatuto da Cidade,
assinale a alternativa que não prevê um instituto jurídico e político.

A) Concessão de uso especial para fins de moradia.


B) Limitação administrativa.
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C) Referendo popular.
D) Estudo prévio de impacto ambiental.
E) Assistência técnica e jurídica gratuita para grupos menos favorecidos.

Assunto: Estatuto da Cidade


Categoria: Lei seca
Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

Fique muito atento ao estudar o art. 4º do Estatuto da Cidade, que é um dos cernes na
lei e lista os instrumentos da política urbana. É preciso diferenciar os tipos de
instrumentos, que são frequentemente misturados. Apesar de muitos serem intuitivos,
alguns podem gerar confusão na classificação.

Art. 4º Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre outros


instrumentos:

I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do


território e de desenvolvimento econômico e social;

II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações


urbanas e microrregiões;

III – planejamento municipal, em especial:


a) plano diretor;
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
c) zoneamento ambiental;
d) plano plurianual;
e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;
f) gestão orçamentária participativa;
g) planos, programas e projetos setoriais;
h) planos de desenvolvimento econômico e social;

IV – institutos tributários e financeiros:


a) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana -
IPTU;
b) contribuição de melhoria;
c) incentivos e benefícios fiscais e financeiros;

V – institutos jurídicos e políticos:


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a) desapropriação;
b) servidão administrativa;
c) limitações administrativas;
d) tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano;
e) instituição de unidades de conservação;
f) instituição de zonas especiais de interesse social;
g) concessão de direito real de uso;
h) concessão de uso especial para fins de moradia
i) parcelamento, edificação ou utilização compulsórios;
j) usucapião especial de imóvel urbano;
l) direito de superfície;
m) direito de preempção;
n) outorga onerosa do direito de construir e de alteração de
uso;
o) transferência do direito de construir;
p) operações urbanas consorciadas;
q) regularização fundiária;
r) assistência técnica e jurídica gratuita para as comunidades e
grupos sociais menos favorecidos;
s) referendo popular e plebiscito;
t) demarcação urbanística para fins de regularização fundiária;
(Incluído pela Lei nº 11.977, de 2009)
u) legitimação de posse. (Incluído pela Lei nº 11.977, de 2009)

VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio


de impacto de vizinhança (EIV).

A) INCORRETA.

Concessão de uso especial para fins de moradia é instrumento jurídico-político (inciso


V, alínea “h”).

B) INCORRETA.

Limitação administrativa é instrumento jurídico-político (inciso V, alínea “c”).

C) INCORRETA.

Referendo popular é instrumento jurídico-político (inciso V, alínea “s”).

D) CORRETA.
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Estudo prévio de impacto ambiental não é instrumento jurídico-político e pertence a


um grupo em separado (inciso VI).

E) INCORRETA.

Assistência técnica e jurídica gratuita para grupos menos favorecidos é instrumento


jurídico-político (inciso V, alínea “r”).

GABARITO: D

69) Determinado Município deseja coibir o inadequado aproveitamento dos


imóveis urbanos. Para tanto, algumas ideias para inclusão na lei municipal
específica sobre o tema estão em discussão:

I- O Município enviará notificação para que o proprietário irregular para que cumpra
a obrigação de parcelamento, edificação ou utilização compulsórios, a qual estará
dispensada de averbação no cartório de registro de imóveis.
II- O Município deverá conceder aos proprietários de empreendimentos de pequeno
porte a possibilidade de conclusão das obras em etapas.
III- O prazo para protocolo do projeto será de 2 anos.
IV- Caso seja descumprida a obrigação de parcelamento, edificação ou utilização
compulsórios, o Município aplicará IPTU progressivo no tempo, cuja alíquota poderá
ser majorada até o máximo de 15%, após 5 anos consecutivos.

Qual das propostas está de acordo com o estabelecido pelo Estatuto da Cidade?

A) I e II, apenas.
B) I e IV, apenas.
C) II e IV, apenas.
D) II, III e IV, apenas.
E) III e IV, apenas.

Assunto: Estatuto da Cidade


Categoria: Lei seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

Vamos às assertivas, que estão baseadas no art. 5º do Estatuto da Cidade.


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Art. 5º Lei municipal específica para área incluída no plano


diretor poderá determinar o parcelamento, a edificação ou a
utilização compulsórios do solo urbano não edificado,
subutilizado ou não utilizado, devendo fixar as condições e os
prazos para implementação da referida obrigação.
§ 1º Considera-se subutilizado o imóvel:
I – cujo aproveitamento seja inferior ao mínimo definido no
plano diretor ou em legislação dele decorrente;
II – (VETADO)

A assertiva I é FALSA. Segundo o § 2º:

§ 2º O proprietário será notificado pelo Poder Executivo


municipal para o cumprimento da obrigação, devendo a
notificação ser averbada no cartório de registro de imóveis.

A assertiva II também é FALSA. A lei trata dessa possibilidade para empreendimentos


de grande porte, e apenas excepcionalmente. Segundo o § 5º:

§ 5º Em empreendimentos de grande porte, em caráter


excepcional, a lei municipal específica a que se refere o caput
poderá prever a conclusão em etapas, assegurando-se que o
projeto aprovado compreenda o empreendimento como um
todo.

A assertiva III é VERDADEIRA. Tal disposição seria possível, já que a lei veda prazo
inferior a 1 ano para protocolo do projeto.

§ 4º Os prazos a que se refere o caput não poderão ser


inferiores a:
I - um ano, a partir da notificação, para que seja protocolado o
projeto no órgão municipal competente;
II - dois anos, a partir da aprovação do projeto, para iniciar as
obras do empreendimento.

A assertiva IV é VERDADEIRA. Trata-se do disposto no art. 7º:

Art. 7º Em caso de descumprimento das condições e dos


prazos previstos na forma do caput do art. 5º desta Lei, ou
não sendo cumpridas as etapas previstas no § 5º do art. 5º
desta Lei, o Município procederá à aplicação do imposto sobre
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a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) progressivo


no tempo, mediante a majoração da alíquota pelo prazo de
cinco anos consecutivos.
§ 1º O valor da alíquota a ser aplicado a cada ano será fixado
na lei específica a que se refere o caput do art. 5º desta Lei e
não excederá a duas vezes o valor referente ao ano anterior,
respeitada a alíquota máxima de quinze por cento.
§ 2º Caso a obrigação de parcelar, edificar ou utilizar não esteja
atendida em cinco anos, o Município manterá a cobrança pela
alíquota máxima, até que se cumpra a referida obrigação,
garantida a prerrogativa prevista no art. 8º.
§ 3º É vedada a concessão de isenções ou de anistia relativas à
tributação progressiva de que trata este artigo.

GABARITO: E

70) Sobre a usucapião especial coletiva de imóvel urbano, assinale a alternativa


correta.

A) A usucapião especial coletiva de imóvel urbano possui previsão constitucional


expressa.
B) Não há óbice para que imóveis com mais de 250 m² possam ser usucapidos
coletivamente.
C) A sentença de reconhecimento da usucapião possui natureza constitutiva.
D) O juiz atribuirá fração de terreno proporcional à área ocupada por cada morador,
salvo se houver acordo condominial que estabeleça a divisão equitativa.
E) O condomínio especial constituído é sempre considerado indivisível e inextinguível.

Assunto: Estatuto da Cidade


Categoria: Lei seca e doutrina
Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.

A Constituição Federal não faz menção à modalidade coletiva da usucapião especial


urbana. Sobre isso, explicam Ronaldo Vieira Francisco e Fábio Ianni Goldfinger60:

60
FRANCISCO, Ronaldo Vieira; GOLDFINGER, Fábio. Sinopses para concursos, vol. 44: direito urbanístico.
5. ed. Salvador: JusPodivm, 2020, p. 83.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

[...] razão pela qual chegou-se a ventilar a inconstitucionalidade


do referido instituto. Contudo, embora não expressamente
prevista na CF, sua inclusão no EC [Estatuto da Cidade] não
extrapolou competência legislativa, bem como não houve
ofensa a qualquer norma ou princípio constitucional.

B) CORRETA.

O Estatuto da Cidade, alterado pela Lei nº 13.465/17, prevê:

Art. 10. Os núcleos urbanos informais existentes sem oposição


há mais de cinco anos e cuja área total dividida pelo número
de possuidores seja inferior a duzentos e cinquenta metros
quadrados por possuidor são suscetíveis de serem usucapidos
coletivamente, desde que os possuidores não sejam
proprietários de outro imóvel urbano ou rural. (Redação dada
pela lei nº 13.465, de 2017)

Assim, é possível que imóveis com metragem superior a 250 m² sejam usucapidos
coletivamente. O que se exige é que a área total dividida pela quantidade de
possuidores seja inferior a 250 m².

C) INCORRETA.

A sentença de usucapião possui natureza declaratória:

Será necessária uma sentença de natureza declaratória que


reconheça a aquisição do domínio, muito embora a
propriedade já tenha sido adquirida com a consumação dos
pressupostos e requisitos previstos na lei61.

D) INCORRETA.

Errado. O juiz atribui, em regra, frações ideais.

Art. 10. § 3º Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de


terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão
do terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo
escrito entre os condôminos, estabelecendo frações ideais
diferenciadas.

61
FRANCISCO; GOLDFINGER. Op. cit., p. 86.
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E) INCORRETA.

Em regra, o condomínio especial é indivisível e inextinguível. Porém essa regra não é


absoluta e pode ser afastada por deliberação condominial de dois terços:

§ 4º O condomínio especial constituído é indivisível, não


sendo passível de extinção, salvo deliberação favorável
tomada por, no mínimo, dois terços dos condôminos, no caso
de execução de urbanização posterior à constituição do
condomínio.

GABARITO: B

71) São documentos necessários para o registro imobiliário do projeto de


loteamento, segundo a Lei nº 6.766/79:

( ) Título de propriedade do imóvel ou certidão da matrícula.


( ) Certidão negativa de tributos federais, estaduais e municipais incidentes sobre o
imóvel.
( ) Certidão negativa de ações reais referentes ao imóvel, pelo período de 10 anos.
( ) Certidão negativa de ações penais com respeito ao crime contra o patrimônio e
contra a Administração Pública, pelo período de 10 anos.
( ) Histórico dos títulos de propriedade do imóvel, abrangendo os últimos 10 anos,
acompanhados dos respectivos comprovantes.
( ) Certidão de ações pessoais relativas ao loteador, pelo período de 5 anos.

Assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a sequência correta.

A) V, V, V, F, F, F.
B) V, F, V, F, F, V.
C) V, V, F, F, V, V.
D) F, V, F, V, F, F.
E) V, V, V, V, V, F.

Assunto: Parcelamento do solo urbano


Categoria: Lei seca
Nível: Difícil

COMENTÁRIOS:
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O art. 18 da Lei nº 6.766/79 traz rol de documentos que devem estar presentes na
submissão do projeto de loteamento ao registro imobiliário:

Art. 18. Aprovado o projeto de loteamento ou de


desmembramento, o loteador deverá submetê-lo ao registro
imobiliário dentro de 180 (cento e oitenta) dias, sob pena de
caducidade da aprovação, acompanhado dos seguintes
documentos:
I - título de propriedade do imóvel ou certidão da matrícula,
ressalvado o disposto nos §§ 4º e 5º; (Redação dada pela Lei
nº 9.785, de 1999)
II - histórico dos títulos de propriedade do imóvel, abrangendo
os últimos 20 (vintes anos), acompanhados dos respectivos
comprovantes;
III - certidões negativas:
a) de tributos federais, estaduais e municipais incidentes
sobre o imóvel;
b) de ações reais referentes ao imóvel, pelo período de 10
(dez) anos;
c) de ações penais com respeito ao crime contra o patrimônio
e contra a Administração Pública.
IV - certidões:
a) dos cartórios de protestos de títulos, em nome do loteador,
pelo período de 10 (dez) anos;
b) de ações pessoais relativas ao loteador, pelo período de 10
(dez) anos;
c) de ônus reais relativos ao imóvel;
d) de ações penais contra o loteador, pelo período de 10 (dez)
anos.
V - cópia do ato de aprovação do loteamento e comprovante
do termo de verificação pela Prefeitura Municipal ou pelo
Distrito Federal, da execução das obras exigidas por legislação
municipal, que incluirão, no mínimo, a execução das vias de
circulação do loteamento, demarcação dos lotes, quadras e
logradouros e das obras de escoamento das águas pluviais ou
da aprovação de um cronograma, com a duração máxima de
quatro anos, acompanhado de competente instrumento de
garantia para a execução das obras; (Redação dada pela Lei nº
9.785, de 1999)
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VI - exemplar do contrato padrão de promessa de venda, ou de


cessão ou de promessa de cessão, do qual constarão
obrigatoriamente as indicações previstas no art. 26 desta Lei;
VII - declaração do cônjuge do requerente de que consente no
registro do loteamento.

As assertivas I, II e III são VERDADEIRAS. Será necessário apresentar título de


propriedade do imóvel ou certidão da matrícula (inciso I), certidão negativa de
tributos federais, estaduais e municipais incidentes sobre o imóvel (inciso III, “a”) e
certidão negativa de ações reais referentes ao imóvel, pelo período de 10 anos (inciso
III, “b”).

A assertiva IV é FALSA. Há a necessidade de certidão de ações penais contra o


loteador, pelo período de 10 anos (inciso IV, “d”) e certidão negativa de ações penais
com respeito ao crime contra o patrimônio e contra a Administração Pública (inciso III,
“c”). Porém, apenas a primeira deve ser apenas em relação aos últimos 10 anos.

A assertiva V é FALSA, pois o período, no caso do histórico de títulos, é de 20 anos


(inciso II).

A assertiva VI também é FALSA. Para ações pessoais, a certidão deve cobrir período de
10 anos. (inciso IV, “b”).

Sequência: V, V, V, F, F, F.

GABARITO: A

72) No que diz respeito aos loteamentos, a Lei nº 6.766/79 dispõe que

A) aos Estados caberá disciplinar a aprovação pelos Municípios de loteamentos e


desmembramentos quando o loteamento ou desmembramento localizar-se em área
limítrofe estadual.
B) aprovado o projeto de loteamento ou de desmembramento, o loteador deverá
submetê-lo ao registro imobiliário dentro de 120 dias.
C) os espaços livres de uso comum, as vias e praças, as áreas destinadas a edifícios
públicos e outros equipamentos urbanos poderão ter sua destinação alterada pelo
loteador.
D) nos Municípios cuja legislação for omissa, os prazos serão de 60 dias para a
aprovação ou rejeição e de 90 dias para a aceitação ou recusa fundamentada das
obras de urbanização.
E) nos Municípios inseridos no cadastro nacional de municípios com áreas suscetíveis
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à ocorrência de inundações bruscas, a aprovação do projeto ficará vinculada ao


atendimento dos requisitos constantes da carta geotécnica de aptidão à urbanização.

Assunto: Parcelamento do solo urbano


Categoria: Lei seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.

Errado. Para que o Estado discipline a aprovação, a área deve ser de limítrofe entre
Municípios, e não entre Estados:

Art. 13. Aos Estados caberá disciplinar a aprovação pelos


Municípios de loteamentos e desmembramentos nas seguintes
condições: (Redação dada pela Lei nº 9.785, de 1999)
I - quando localizados em áreas de interesse especial, tais como
as de proteção aos mananciais ou ao patrimônio cultural,
histórico, paisagístico e arqueológico, assim definidas por
legislação estadual ou federal;
Il - quando o loteamento ou desmembramento localizar-se em
área limítrofe do município, ou que pertença a mais de um
município, nas regiões metropolitanas ou em aglomerações
urbanas, definidas em lei estadual ou federal;
III - quando o loteamento abranger área superior a 1.000.000
m².

B) INCORRETA.

O prazo para submissão é de 180 dias, sob pena de caducidade:

Art. 18. Aprovado o projeto de loteamento ou de


desmembramento, o loteador deverá submetê-lo ao registro
imobiliário dentro de 180 (cento e oitenta) dias, sob pena de
caducidade da aprovação, acompanhado dos seguintes
documentos:

C) INCORRETA.
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A destinação dos espaços livres de uso comum não pode, em regra, ser alterada pelo
loteador.

Art. 17. Os espaços livres de uso comum, as vias e praças, as


áreas destinadas a edifícios públicos e outros equipamentos
urbanos, constantes do projeto e do memorial descritivo, não
poderão ter sua destinação alterada pelo loteador, desde a
aprovação do loteamento, salvo as hipóteses de caducidade
da licença ou desistência do loteador, sendo, neste caso,
observadas as exigências do art. 23 desta Lei.

D) INCORRETA.

Os prazos estão invertidos. Memorize:


• 90 dias para aprovação ou rejeição.
• 60 dias para aceitação ou recusa das obras de urbanização.

Art. 16. A lei municipal definirá os prazos para que um projeto


de parcelamento apresentado seja aprovado ou rejeitado e
para que as obras executadas sejam aceitas ou recusadas.
(Redação dada pela Lei nº 9.785, de 1999)
§ 1º Transcorridos os prazos sem a manifestação do Poder
Público, o projeto será considerado rejeitado ou as obras
recusadas, assegurada a indenização por eventuais danos
derivados da omissão. (Incluído pela Lei nº 9.785, de 1999)
§ 2º Nos Municípios cuja legislação for omissa, os prazos serão
de noventa dias para a aprovação ou rejeição e de sessenta
dias para a aceitação ou recusa fundamentada das obras de
urbanização. (Incluído pela Lei nº 9.785, de 1999)

E) CORRETA.

É o que dispõe o art. 12 da Lei nº 6.766/79:

Art. 12. O projeto de loteamento e desmembramento deverá


ser aprovado pela Prefeitura Municipal, ou pelo Distrito Federal
quando for o caso, a quem compete também a fixação das
diretrizes a que aludem os arts. 6º e 7º desta Lei, salvo a
exceção prevista no artigo seguinte.
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§ 1º O projeto aprovado deverá ser executado no prazo


constante do cronograma de execução, sob pena de
caducidade da aprovação. (Incluído pela Lei nº 12.608, de 2012)
§ 2º Nos Municípios inseridos no cadastro nacional de
municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de
deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou
processos geológicos ou hidrológicos correlatos, a aprovação
do projeto de que trata o caput ficará vinculada ao
atendimento dos requisitos constantes da carta geotécnica de
aptidão à urbanização. (Incluído pela Lei nº 12.608, de 2012)
§ 3º É vedada a aprovação de projeto de loteamento e
desmembramento em áreas de risco definidas como não
edificáveis, no plano diretor ou em legislação dele derivada.

GABARITO: E

73) De acordo com as disposições da Lei nº 6.766/79, assinale a opção correta.

A) Quando a área loteada estiver situada em mais de uma circunscrição imobiliária, o


registro será requerido simultaneamente em todas as circunscrições.
B) Nenhum lote poderá situar-se em mais de uma circunscrição.
C) Somente será admitido o parcelamento do solo para fins urbanos em zonas
urbanas ou de expansão urbana.
D) O Poder Público competente não poderá exigir complementarmente reserva de
faixa non aedificandi destinada a equipamentos urbanos.
E) O oficial do Registro de Imóveis que efetuar o registro em desacordo com as
exigências da Lei nº 6.766/79 ficará sujeito a multa equivalente a 20 vezes os
emolumentos regimentais fixados para o registro.

Assunto: Parcelamento do solo urbano


Categoria: Lei seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.

O artigo 21 da Lei nº 6.766/99 é de vital importância. O registro, no caso de área


situada em múltiplas circunscrições, é processado paulatinamente, a começar pela
circunscrição que abrange a maior área.
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Art. 21. Quando a área loteada estiver situada em mais de


uma circunscrição imobiliária, o registro será requerido
primeiramente perante aquela em que estiver localizada a
maior parte da área loteada. Procedido o registro nessa
circunscrição, o interessado requererá, sucessivamente, o
registro do loteamento em cada uma das demais,
comprovando perante cada qual o registro efetuado na
anterior, até que o loteamento seja registrado em todas.
Denegado registro em qualquer das circunscrições, essa
decisão será comunicada, pelo Oficial do Registro de Imóveis,
às demais para efeito de cancelamento dos registros feitos,
salvo se ocorrer a hipótese prevista no § 4º deste artigo.

B) CORRETA.

É o que dispõe o § 1º do art. 21:

§ 1º Nenhum lote poderá situar-se em mais de uma


circunscrição.

Não misture. A área loteada total pode se espalhar por mais de uma circunscrição, mas
cada lote deve pertencer a uma única circunscrição.

C) INCORRETA.

Há também a possibilidade de parcelamento em áreas de urbanização específica:

Art. 3º Somente será admitido o parcelamento do solo para


fins urbanos em zonas urbanas, de expansão urbana ou de
urbanização específica, assim definidas pelo plano diretor ou
aprovadas por lei municipal. (Redação dada pela Lei nº 9.785,
de 1999)

D) INCORRETA.

A Administração poderá, sim, fazer a exigência complementar de faixa non aedificandi.

Art. 5º O Poder Público competente poderá


complementarmente exigir, em cada loteamento, a reserva de
faixa non aedificandi destinada a equipamentos urbanos.
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E) INCORRETA.

A multa em questão é equivalente a 10 vezes os emolumentos regimentais:

Art. 19. Examinada a documentação e encontrada em ordem, o


Oficial do Registro de Imóveis encaminhará comunicação à
Prefeitura e fará publicar, em resumo e com pequeno desenho
de localização da área, edital do pedido de registro em 3 (três)
dias consecutivos, podendo este ser impugnado no prazo de 15
(quinze) dias contados da data da última publicação.
§ 1º - Findo o prazo sem impugnação, será feito imediatamente
o registro. Se houver impugnação de terceiros, o Oficial do
Registro de Imóveis intimará o requerente e a Prefeitura
Municipal, ou o Distrito Federal quando for o caso, para que
sobre ela se manifestem no prazo de 5 cinco) dias, sob pena de
arquivamento do processo. Com tais manifestações o processo
será enviado ao juiz competente para decisão.
§ 2º - Ouvido o Ministério Público no prazo de 5 (cinco) dias, o
juiz decidirá de plano ou após instrução sumária, devendo
remeter ao interessado as vias ordinárias caso a matéria exija
maior indagação.
§ 3º - Nas capitais, a publicação do edital se fará no Diário
Oficial do Estado e num dos jornais de circulação diária. Nos
demais municípios, a publicação se fará apenas num dos jornais
locais, se houver, ou, não havendo, em jornal da região.
§ 4º - O Oficial do Registro de Imóveis que efetuar o registro
em desacordo com as exigências desta Lei ficará sujeito a
multa equivalente a 10 (dez) vezes os emolumentos
regimentais fixados para o registro, na época em que for
aplicada a penalidade pelo juiz corregedor do cartório, sem
prejuízo das sanções penais e administrativas cabíveis.
§ 5º - Registrado o loteamento, o Oficial de Registro
comunicará, por certidão, o seu registro à Prefeitura.

GABARITO: B

74) Em relação à Lei n° 13.465/17, assinale a alternativa que não apresenta


legitimado para requerer a Reurb.

A) A União, os Estados, o DF e os Municípios, diretamente ou por meio da


Administração Pública indireta.
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B) A Defensoria Pública, em nome de beneficiários hipossuficientes.


C) O Ministério Público.
D) Os proprietários de imóveis ou de terrenos, loteadores ou incorporadores.
E) Os beneficiários, individual ou coletivamente, diretamente ou por meio de
cooperativas habitacionais, associações de moradores, fundações, OSs, OSCIPs ou
outras associações legalmente constituídas e em funcionamento há pelo menos 1 ano
que tenham por finalidade atividades nas áreas de desenvolvimento urbano ou
regularização fundiária urbana.

Assunto: Regularização fundiária urbana


Categoria: Lei seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

O rol de legitimados para requerimento da Reurb está no art. 14 da Lei nº 13.465/17:

Art. 14. Poderão requerer a Reurb:


I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
diretamente ou por meio de entidades da administração
pública indireta;
II - os seus beneficiários, individual ou coletivamente,
diretamente ou por meio de cooperativas habitacionais,
associações de moradores, fundações, organizações sociais,
organizações da sociedade civil de interesse público ou outras
associações civis que tenham por finalidade atividades nas
áreas de desenvolvimento urbano ou regularização fundiária
urbana;
III - os proprietários de imóveis ou de terrenos, loteadores ou
incorporadores;
IV - a Defensoria Pública, em nome dos beneficiários
hipossuficientes; e
V - o Ministério Público.
§ 1º Os legitimados poderão promover todos os atos
necessários à regularização fundiária, inclusive requerer os atos
de registro.
§ 2º Nos casos de parcelamento do solo, de conjunto
habitacional ou de condomínio informal, empreendidos por
particular, a conclusão da Reurb confere direito de regresso
àqueles que suportarem os seus custos e obrigações contra os
responsáveis pela implantação dos núcleos urbanos informais.
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§ 3º O requerimento de instauração da Reurb por proprietários


de terreno, loteadores e incorporadores que tenham dado
causa à formação de núcleos urbanos informais, ou os seus
sucessores, não os eximirá de responsabilidades administrativa,
civil ou criminal.

A) INCORRETA.

A Administração Pública, seja ela direta ou indireta, é legitimada (inciso I).

B) INCORRETA.

A Defensoria Pública, em nome dos beneficiários hipossuficientes, é legitimada (inciso


IV).

C) INCORRETA.

O Ministério Público também é legitimado (inciso V).

D) INCORRETA.

Os proprietários, loteadores e incorporadores são legitimados (inciso III).

E) CORRETA.

Essa alternativa não está em conformidade com a lei. Não há a exigência, para Reurb,
que a associação funcione há pelo menos 1 ano – elas precisam apenas da pertinência
temática (inciso II). O restante da alternativa não possui incorreções.

O examinador tentou confundir com a legitimidade de associações para os mandados


de segurança e de injunção coletivos. A propositura de ação civil pública por
associação também exige 1 ano de regularidade da mesma.

GABARITO: E

75) Sobre a demarcação urbanística, assinale a alternativa incorreta.


A) Não se exigirá, para a averbação da demarcação urbanística, a retificação da área
não abrangida pelo auto de demarcação urbanística.
B) O auto de demarcação urbanística deve ser instruído com planta e memorial
descritivo da área a ser regularizada.
C) O auto de demarcação urbanística poderá abranger uma parte ou a totalidade de
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um ou mais imóveis de domínio público.


D) Na hipótese de apresentação de impugnação, poderá ser adotado procedimento
extrajudicial de composição de conflitos.
E) Os procedimentos da demarcação urbanística constituem condição para o
processamento e a efetivação da Reurb.

Assunto: Regularização fundiária urbana


Categoria: Lei seca
Nível: Difícil

COMENTÁRIOS:

O que é demarcação urbanística? Conceituam Francisco e Goldfinger:

A demarcação urbanística é o instrumento pelo qual o poder


público procede ao levantamento da situação da área a ser
regularizada e na caracterização do núcleo urbano informal a
ser regularizado. O auto de demarcação urbanística deve ser
instruído de documentos, tais como a planta e o memorial
descritivo da área, devidamente georreferenciada, números
das matrículas ou transcrições atingidas, indicação dos
proprietários identificados, bem como da planta de
sobreposição do imóvel demarcado com a situação da área
constante do registro de imóveis. Assim como as ZEIS, os
procedimentos da demarcação urbanística não constituem
condição para o processamento e a efetivação da Reurb.

Cumpre destacar que a demarcação urbanística é instrumento da política urbana (art.


4º, V, “t”, do Estatuto da Cidade) e possui característica procedimental (art. 11, IV, da
Lei nº 13.465/17):

IV - demarcação urbanística: procedimento destinado a


identificar os imóveis públicos e privados abrangidos pelo
núcleo urbano informal e a obter a anuência dos respectivos
titulares de direitos inscritos na matrícula dos imóveis
ocupados, culminando com averbação na matrícula destes
imóveis da viabilidade da regularização fundiária, a ser
promovida a critério do Município;

A) CORRETA.
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É o que dispõe o art. 22, § 6º:

§ 6º Não se exigirá, para a averbação da demarcação


urbanística, a retificação da área não abrangida pelo auto de
demarcação urbanística, ficando a apuração de
remanescente sob a responsabilidade do proprietário do
imóvel atingido.

B) CORRETA.

São três os documentos que instruem o auto de demarcação, grifados abaixo:

Art. 19. O poder público poderá utilizar o procedimento de


demarcação urbanística, com base no levantamento da
situação da área a ser regularizada e na caracterização do
núcleo urbano informal a ser regularizado.
§ 1º O auto de demarcação urbanística deve ser instruído com
os seguintes documentos:
I - planta e memorial descritivo da área a ser regularizada, nos
quais constem suas medidas perimetrais, área total,
confrontantes, coordenadas georreferenciadas dos vértices
definidores de seus limites, números das matrículas ou
transcrições atingidas, indicação dos proprietários
identificados e ocorrência de situações de domínio privado
com proprietários não identificados em razão de descrições
imprecisas dos registros anteriores;
II - planta de sobreposição do imóvel demarcado com a
situação da área constante do registro de imóveis.

C) CORRETA.

A demarcação urbanística pode envolver áreas de domínio público. Veja o art. 19, § 2º:

§ 2º O auto de demarcação urbanística poderá abranger uma


parte ou a totalidade de um ou mais imóveis inseridos em uma
ou mais das seguintes situações:
I - domínio privado com proprietários não identificados, em
razão de descrições imprecisas dos registros anteriores;
II - domínio privado objeto do devido registro no registro de
imóveis competente, ainda que de proprietários distintos; ou
III - domínio público.
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D) CORRETA.

Caso haja impugnação, há a possibilidade de composição extrajudicial, seja por


mediação, seja por arbitragem:

Art. 21. Na hipótese de apresentação de impugnação, poderá


ser adotado procedimento extrajudicial de composição de
conflitos.
§ 1º Caso exista demanda judicial de que o impugnante seja
parte e que verse sobre direitos reais ou possessórios
relativos ao imóvel abrangido pela demarcação urbanística,
deverá informá-la ao poder público, que comunicará ao juízo
a existência do procedimento de que trata o caput deste
artigo.
§ 2º Para subsidiar o procedimento de que trata o caput deste
artigo, será feito um levantamento de eventuais passivos
tributários, ambientais e administrativos associados aos
imóveis objeto de impugnação, assim como das posses
existentes, com vistas à identificação de casos de prescrição
aquisitiva da propriedade.
§ 3º A mediação observará o disposto na Lei nº 13.140, de 26
de junho de 2015, facultando-se ao poder público promover a
alteração do auto de demarcação urbanística ou adotar
qualquer outra medida que possa afastar a oposição do
proprietário ou dos confrontantes à regularização da área
ocupada.
§ 4º Caso não se obtenha acordo na etapa de mediação, fica
facultado o emprego da arbitragem.

E) INCORRETA.

É o gabarito. A ausência de demarcação urbanística não impede a Reurb. Art. 19, § 3º:

§ 3º Os procedimentos da demarcação urbanística não


constituem condição para o processamento e a efetivação da
Reurb.

GABARITO: E

76) Assinale a alternativa que não contempla um instituto jurídico da Reurb


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previsto na Lei n° 13.465/17.

A) A arrecadação de bem vago.


B) A compra e venda.
C) A doação.
D) A ocupação.
E) A requisição.

Assunto: Regularização fundiária urbana


Categoria: Lei seca
Nível: Difícil

COMENTÁRIOS:

Segundo a Lei nº 13.465/17:

Art. 15. Poderão ser empregados, no âmbito da Reurb, sem


prejuízo de outros que se apresentem adequados, os seguintes
institutos jurídicos:
I - a legitimação fundiária e a legitimação de posse, nos termos
desta Lei;
II - a usucapião, nos termos dos arts. 1.238 a 1.244 da Lei nº
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), dos arts. 9º a 14
da Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, e do art. 216-A da Lei
nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973;
III - a desapropriação em favor dos possuidores, nos termos dos
§§ 4º e 5º do art. 1.228 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de
2002 (Código Civil);
IV - a arrecadação de bem vago, nos termos do art. 1.276 da
Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil);
V - o consórcio imobiliário, nos termos do art. 46 da Lei nº
10.257, de 10 de julho de 2001;
VI - a desapropriação por interesse social, nos termos do inciso
IV do art. 2º da Lei nº 4.132, de 10 de setembro de 1962;
VII - o direito de preempção, nos termos do inciso I do art. 26
da Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001;
VIII - a transferência do direito de construir, nos termos do
inciso III do art. 35 da Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001;
IX - a requisição, em caso de perigo público iminente, nos
termos do § 3º do art. 1.228 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro
de 2002 (Código Civil);
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X - a intervenção do poder público em parcelamento


clandestino ou irregular, nos termos do art. 40 da Lei nº 6.766,
de 19 de dezembro de 1979;
XI - a alienação de imóvel pela administração pública
diretamente para seu detentor, nos termos da alínea f do inciso
I do art. 17 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993;
XII - a concessão de uso especial para fins de moradia;
XIII - a concessão de direito real de uso;
XIV - a doação; e
XV - a compra e venda.

A) INCORRETA.

A arrecadação de bem vago é instituto jurídico da Reurb (art. 15, inciso IV).

B) INCORRETA.

A compra e venda é instituto jurídico da Reurb (art. 15, inciso XV).

C) INCORRETA.

A doação é instituto jurídico da Reurb (art. 15, inciso XIV).

D) CORRETA.

A ocupação não é instituto jurídico da Reurb. Não há previsão legal.

E) INCORRETA.

A requisição é instituto jurídico da Reurb (art. 15, inciso IX).

GABARITO: D

DIREITO FINANCEIRO

77) Segundo a Lei nº 4.320/64, a dívida flutuante não compreende

A) os débitos de tesouraria.
B) os depósitos.
C) os serviços da dívida a pagar.
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D) os restos a pagar, excluídos os serviços da dívida.


E) os compromissos contraídos para atender a desequilíbrio orçamentário.

Assunto: Lei nº 4.320/64


Categoria: Lei seca
Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

A divisão entre dívida flutuante e dívida fundada (ou consolidada) advém da de


classificação do crédito público quanto à temporalidade, segundo Harrison Leite62.

O autor explica os empréstimos que o Estado toma da seguinte forma:

Empréstimos
quanto à
temporalidade

Perpétuos Temporários

Remíveis: Estado Irremíveis: Curto prazo: Longo prazo:


faz o reembolso reembolso inferior a 12 superior a 12
quando quiser impossível meses meses

A dívida pública flutuante é de curto prazo, que visa atender necessidades


momentâneas. Segundo a Lei nº 4.320/64:

Art. 92. A dívida flutuante compreende:


I - os restos a pagar, excluídos os serviços da dívida;
II - os serviços da dívida a pagar;
III - os depósitos;
IV - os débitos de tesouraria.

62
LEITE, Harrison. Manual de Direito Financeiro. 5. ed. rev. atual e ampl. Salvador: Juspodivm, 2016, p.
383-385.
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Parágrafo único. O registro dos restos a pagar far-se-á por


exercício e por credor distinguindo-se as despesas
processadas das não processadas.

A dívida pública fundada ou consolidada é aquela de longo prazo, ou mesmo aquela


sem prazo (empréstimo perpétuo):

Art. 98. A divida fundada compreende os compromissos de


exigibilidade superior a doze meses, contraídos para atender a
desequilíbrio orçamentário ou a financeiro de obras e serviços
públicos. (Veto rejeitado no DOU, de 5.5.1964)
Parágrafo único. A dívida fundada será escriturada com
individuação e especificações que permitam verificar, a
qualquer momento, a posição dos empréstimos, bem como os
respectivos serviços de amortização e juros.

A) INCORRETA.

Trata-se de dívida flutuante (art. 92, IV).

B) INCORRETA.

Trata-se de dívida flutuante (art. 92, III).

C) INCORRETA.

Trata-se de dívida flutuante (art. 92, II).

D) INCORRETA.

Trata-se de dívida flutuante (art. 92, I).

E) CORRETA.

Não está no rol legal de dívida flutuante. Constitui dívida consolidada quando o
empréstimo for de longo prazo (art. 98, caput).

GABARITO: E

78) Sobre a programação de despesas, regulamentada na Lei nº 4.320/64, assinale a


alternativa incorreta.
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A) Imediatamente após a promulgação da LOA e com base nos limites nela fixados, o
Poder Executivo aprovará um quadro de cotas trimestrais da despesa que cada
unidade orçamentária fica autorizada a utilizar.
B) A programação da despesa orçamentária não levará em conta as operações
extraorçamentárias.
C) A fixação das cotas tem como objetivo assegurar às unidades orçamentárias, em
tempo útil a soma de recursos necessários e suficientes a melhor execução do seu
programa anual de trabalho.
D) As cotas trimestrais somente poderão ser alteradas durante o exercício se
observado, simultaneamente, o comportamento da execução orçamentária.
E) A programação da despesa orçamentária levará em conta os créditos adicionais.

Assunto: Lei nº 4.320/64


Categoria: Lei seca
Nível: Difícil

COMENTÁRIOS:

A questão visa revisar os artigos 47 a 50 da Lei nº 4.320/64, que tratam da


programação da despesa. Esse capítulo, a respeito de programação da despesa, ganha
renovada importância com o advento da EC nº 102/2019, que incluiu algumas regras
sobre o tema para a Constituição.

A) CORRETA.

É o que dispõe o art. 47 da Lei nº 4.320/64. As cotas são trimestrais.

Art. 47. Imediatamente após a promulgação da Lei de


Orçamento e com base nos limites nela fixados, o Poder
Executivo aprovará um quadro de cotas trimestrais da
despesa que cada unidade orçamentária fica autorizada a
utilizar.

B) INCORRETA.

Errado e, portanto, o gabarito. A programação da despesa leva em conta, sim, as


operações extraorçamentárias.
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Art. 49. A programação da despesa orçamentária, para feito


do disposto no artigo anterior, levará em conta os créditos
adicionais e as operações extraorçamentárias.

C) CORRETA.

É um dos objetivos da fixação das contas trimestrais:

Art. 48 A fixação das cotas a que se refere o artigo anterior


atenderá aos seguintes objetivos:
a) assegurar às unidades orçamentárias, em tempo útil a soma
de recursos necessários e suficientes a melhor execução do
seu programa anual de trabalho;
b) manter, durante o exercício, na medida do possível o
equilíbrio entre a receita arrecadada e a despesa realizada, de
modo a reduzir ao mínimo eventuais insuficiências de
tesouraria.

D) CORRETA.

É a cópia do art. 50:

Art. 50. As cotas trimestrais poderão ser alteradas durante o


exercício, observados o limite da dotação e o comportamento
da execução orçamentária.

E) CORRETA.

Assim como as operações extraorçamentárias, a programação leva em conta os


créditos adicionais.

Art. 49. A programação da despesa orçamentária, para feito


do disposto no artigo anterior, levará em conta os créditos
adicionais e as operações extraorçamentárias.

GABARITO: B

79) Assinale a alternativa correta, com base na Lei nº 4.320/64.

A) É vedada a dotação destinada ao pagamento de bonificações a produtores de


determinados gêneros ou materiais.
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B) A LOA não poderá consignar ajuda financeira, em qualquer hipótese, a empresa de


fins lucrativos.
C) O valor das subvenções sociais, sempre que possível, será calculado unicamente
com base em unidades de serviços efetivamente prestados, obedecidos os padrões
mínimos de eficiência previamente fixados.
D) São subvenções econômicas as dotações destinadas a cobrir a diferença entre os
preços de mercado e os preços de revenda, pelo governo, de gêneros alimentícios ou
outros materiais.
E) As subvenções sociais serão concedidas independentemente do julgamento a
respeito das condições de funcionamento pelos órgãos oficiais de fiscalização.

Assunto: Lei nº 4.320/64


Categoria: Lei seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

As subvenções são espécies de transferências correntes (e, assim, despesas correntes),


e podem ser classificadas em sociais ou econômicas. Segundo a Lei nº 4.320/64:

Art. 12. § 2º Classificam-se como Transferências Correntes as


dotações para despesas as quais não corresponda
contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive para
contribuições e subvenções destinadas a atender à
manutenção de outras entidades de direito público ou privado.
§ 3º Consideram-se subvenções, para os efeitos desta lei, as
transferências destinadas a cobrir despesas de custeio das
entidades beneficiadas, distinguindo-se como:
I - subvenções sociais, as que se destinem a instituições
públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural, sem
finalidade lucrativa;
II - subvenções econômicas, as que se destinem a empresas
públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, agrícola
ou pastoril.

A) INCORRETA.

A destinação de verba para pagamento de bonificações a produtores de determinados


gêneros ou materiais é um dos modos de subvenção econômica:

II) Das Subvenções Econômicas


SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

Art. 18. A cobertura dos déficits de manutenção das empresas


públicas, de natureza autárquica ou não, far-se-á mediante
subvenções econômicas expressamente incluídas nas despesas
correntes do orçamento da União, do Estado, do Município ou
do Distrito Federal.
Parágrafo único. Consideram-se, igualmente, como
subvenções econômicas:
a) as dotações destinadas a cobrir a diferença entre os preços
de mercado e os preços de revenda, pelo Governo, de gêneros
alimentícios ou outros materiais;
b) as dotações destinadas ao pagamento de bonificações a
produtores de determinados gêneros ou materiais.

B) INCORRETA.

A empresa de fins lucrativos está, a priori, proibida de receber subvenções. A vedação,


entretanto, cai por terra caso haja lei especial autorizativa:

Art. 19. A Lei de Orçamento não consignará ajuda financeira, a


qualquer título, a empresa de fins lucrativos, salvo quando se
tratar de subvenções cuja concessão tenha sido
expressamente autorizada em lei especial.

A possibilidade de o setor privado receber recursos consta da LRF, onde se lê no art.


26, caput:

Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou


indiretamente, cobrir necessidades de pessoas físicas ou
déficits de pessoas jurídicas deverá ser autorizada por lei
específica, atender às condições estabelecidas na lei de
diretrizes orçamentárias e estar prevista no orçamento ou em
seus créditos adicionais.

Portanto, são necessários os seguintes requisitos:


• autorização por lei específica;
• atendimento das condições da LDO e
• previsão no orçamento ou em créditos adicionais.

C) INCORRETA.
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A subvenção social pode ser calculada com base nos serviços efetivamente prestados
ou naqueles apenas postos à disposição do interessado:

I) Das Subvenções Sociais


Art. 16. Fundamentalmente e nos limites das possibilidades
financeiras a concessão de subvenções sociais visará a
prestação de serviços essenciais de assistência social, médica e
educacional, sempre que a suplementação de recursos de
origem privada aplicados a esses objetivos, revelar-se mais
econômica.
Parágrafo único. O valor das subvenções, sempre que
possível, será calculado com base em unidades de serviços
efetivamente prestados ou postos à disposição dos
interessados obedecidos os padrões mínimos de eficiência
previamente fixados.

D) CORRETA.

É o que dispõe a alínea “a” do parágrafo único do art. 18:

II) Das Subvenções Econômicas


Art. 18. A cobertura dos déficits de manutenção das empresas
públicas, de natureza autárquica ou não, far-se-á mediante
subvenções econômicas expressamente incluídas nas despesas
correntes do orçamento da União, do Estado, do Município ou
do Distrito Federal.
Parágrafo único. Consideram-se, igualmente, como
subvenções econômicas:
a) as dotações destinadas a cobrir a diferença entre os preços
de mercado e os preços de revenda, pelo Governo, de gêneros
alimentícios ou outros materiais;
b) as dotações destinadas ao pagamento de bonificações a
produtores de determinados gêneros ou materiais.

E) INCORRETA.

Intuitivamente, veda-se que a subvenção social possa ser dada para instituições sem
condições de funcionamento satisfatórias:
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Art. 17. Somente à instituição cujas condições de


funcionamento forem julgadas satisfatórias pelos órgãos
oficiais de fiscalização serão concedidas subvenções.

GABARITO: D

80) A Lei de Responsabilidade Fiscal traz algumas disposições acerca do Banco


Central do Brasil (BC). Assinale a alternativa correta.

A) É vedado ao Tesouro Nacional adquirir títulos da dívida pública federal existentes


na carteira do BC, salvo cláusula de reversão.
B) Os balanços quadrimestrais do BC conterão notas explicativas sobre os custos da
remuneração das disponibilidades do Tesouro Nacional e da manutenção das
reservas cambiais e a rentabilidade de sua carteira de títulos, destacando os de
emissão da União.
C) O BC não está proibido de conceder às instituições financeiras operações de
redesconto e de empréstimos de prazo inferior a 360 dias.
D) O BC não poderá comprar diretamente títulos emitidos pela União para refinanciar
a dívida mobiliária federal que estiver vencendo na sua carteira.
E) O BC efetuará o registro eletrônico centralizado e atualizado das dívidas públicas
interna e externa, garantido o acesso público às informações.

Assunto: Lei de Responsabilidade Fiscal


Categoria: Lei seca
Nível: Difícil

COMENTÁRIOS:

O Banco Central do Brasil é autarquia federal vinculada ao Ministério da Economia e


que possui elevada tecnicidade e relevância constitucional (embora tenha sido criado
antes da Constituição de 1988). Harrison Leite63 lista como funções do BC:

A) EMISSÃO DE MOEDA → Não se incluem entre a moeda os


bilhetes e os títulos de crédito. Compreende o poder de cunhar.
O art. 48, XIV dá ao Congresso o poder de dispor sobre moeda e
seus limites de emissão, e o inciso II do mesmo artigo confere o
poder de dispor sobre emissões de curso forçado. Por sua vez,
o art. 21, VII confere à União a competência para emitir moeda.
No que diz respeito à cunhagem da moeda, a exclusividade é

63
Op. cit., p. 398-399.
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da Casa da Moeda, empresa pública federal de atividade


industrial, criada pela Lei nº 5.895/73.

B) COMPRA E VENDA DE TÍTULOS DO TESOURO NACIONAL


(ART. 164, § 2º), OPERAÇÕES DE OPEN MARKET, COM O
OBJETIVO DE REGULAR A OFERTA DA MOEDA OU A TAXA DE
JUROS → Nessa hipótese, quando há necessidade de menos
dinheiro em circulação, o BACEN vende títulos, e faz o inverso,
caso queira aumentar o volume de dinheiro em circulação. O
que o BACEN não pode é financiar o déficit público com essas
operações. É bom registrar que a LRF vedou o BACEN de emitir
títulos da dívida pública a partir de 2 (dois) anos após a sua
publicação (art. 34 da LRF).

C) DEPÓSITOS DOS PODERES PÚBLICOS (ART. 164, § 3º) →


Reza a Constituição que “As disponibilidades de caixa da União
serão depositadas no banco central; as dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder
Público e das empresas por ele controladas, em instituições
financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei”. Na
ADI 3578 (Min. Rel. Sepúlveda Pertence), o STF decidiu que, em
relação às disponibilidades de caixa dos Estados-membros, dos
órgãos ou entidades que os integram e das empresas por ela
controladas, cabe unicamente à União, mediante lei nacional,
definir as exceções autorizadas pelo art. 164, § 3º da CF. No
ponto, o Estado-membro não dispõe de competência
normativa para, por ato próprio, estabelecer as ressalvas do
depósito em instituições oficiais.

Vamos às alternativas, extraídas da LRF.

A) INCORRETA.

Ainda que exista cláusula de reversão, a vedação subsiste. Apenas para reduzir a dívida
mobiliária o Tesouro Nacional pode adquirir títulos da dívida pública federal do BC.

Art. 39. Nas suas relações com ente da Federação, o Banco


Central do Brasil está sujeito às vedações constantes do art. 35
e mais às seguintes:
I - compra de título da dívida, na data de sua colocação no
mercado, ressalvado o disposto no § 2º deste artigo;
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

II - permuta, ainda que temporária, por intermédio de


instituição financeira ou não, de título da dívida de ente da
Federação por título da dívida pública federal, bem como a
operação de compra e venda, a termo, daquele título, cujo
efeito final seja semelhante à permuta;
III - concessão de garantia.
§ 1º O disposto no inciso II, in fine, não se aplica ao estoque de
Letras do Banco Central do Brasil, Série Especial, existente na
carteira das instituições financeiras, que pode ser refinanciado
mediante novas operações de venda a termo.
§ 2º O Banco Central do Brasil só poderá comprar diretamente
títulos emitidos pela União para refinanciar a dívida mobiliária
federal que estiver vencendo na sua carteira.
§ 3º A operação mencionada no § 2º deverá ser realizada à taxa
média e condições alcançadas no dia, em leilão público.
§ 4º É vedado ao Tesouro Nacional adquirir títulos da dívida
pública federal existentes na carteira do Banco Central do
Brasil, ainda que com cláusula de reversão, salvo para reduzir
a dívida mobiliária.

B) INCORRETA.

Os balanços em questão são trimestrais.

Art. 7º O resultado do Banco Central do Brasil, apurado após a


constituição ou reversão de reservas, constitui receita do
Tesouro Nacional, e será transferido até o décimo dia útil
subsequente à aprovação dos balanços semestrais.
§ 1º O resultado negativo constituirá obrigação do Tesouro
para com o Banco Central do Brasil e será consignado em
dotação específica no orçamento.
§ 2º O impacto e o custo fiscal das operações realizadas pelo
Banco Central do Brasil serão demonstrados trimestralmente,
nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias
da União.
§ 3º Os balanços trimestrais do Banco Central do Brasil
conterão notas explicativas sobre os custos da remuneração
das disponibilidades do Tesouro Nacional e da manutenção
das reservas cambiais e a rentabilidade de sua carteira de
títulos, destacando os de emissão da União.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

C) CORRETA.

É o que dispõe o § 2º do art. 28:

Art. 28. Salvo mediante lei específica, não poderão ser


utilizados recursos públicos, inclusive de operações de crédito,
para socorrer instituições do Sistema Financeiro Nacional, ainda
que mediante a concessão de empréstimos de recuperação ou
financiamentos para mudança de controle acionário.
§ 1º A prevenção de insolvência e outros riscos ficará a cargo
de fundos, e outros mecanismos, constituídos pelas instituições
do Sistema Financeiro Nacional, na forma da lei.
§ 2º O disposto no caput não proíbe o Banco Central do Brasil
de conceder às instituições financeiras operações de
redesconto e de empréstimos de prazo inferior a trezentos e
sessenta dias.

D) INCORRETA.

Nesse caso há permissão:

Art. 39. Nas suas relações com ente da Federação, o Banco


Central do Brasil está sujeito às vedações constantes do art. 35
e mais às seguintes:
I - compra de título da dívida, na data de sua colocação no
mercado, ressalvado o disposto no § 2º deste artigo;
II - permuta, ainda que temporária, por intermédio de
instituição financeira ou não, de título da dívida de ente da
Federação por título da dívida pública federal, bem como a
operação de compra e venda, a termo, daquele título, cujo
efeito final seja semelhante à permuta;
III - concessão de garantia.
§ 1º O disposto no inciso II, in fine, não se aplica ao estoque de
Letras do Banco Central do Brasil, Série Especial, existente na
carteira das instituições financeiras, que pode ser refinanciado
mediante novas operações de venda a termo.
§ 2º O Banco Central do Brasil só poderá comprar diretamente
títulos emitidos pela União para refinanciar a dívida mobiliária
federal que estiver vencendo na sua carteira.
§ 3º A operação mencionada no § 2º deverá ser realizada à taxa
média e condições alcançadas no dia, em leilão público.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

§ 4º É vedado ao Tesouro Nacional adquirir títulos da dívida


pública federal existentes na carteira do Banco Central do
Brasil, ainda que com cláusula de reversão, salvo para reduzir a
dívida mobiliária.

E) INCORRETA.

Errado, já que esse registro eletrônico centralizado é atribuição do Ministério da


Economia (antigo Ministério da Fazenda):

Art. 32. § 4º Sem prejuízo das atribuições próprias do Senado


Federal e do Banco Central do Brasil, o Ministério da Fazenda
efetuará o registro eletrônico centralizado e atualizado das
dívidas públicas interna e externa, garantido o acesso público
às informações, que incluirão:

GABARITO: C

81) Quanto às disponibilidades de caixa, assinale a alternativa incorreta.

A) As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no Banco Central.


B) Na determinação da disponibilidade de caixa serão considerados os encargos e
despesas compromissadas a pagar até o final do exercício.
C) Por se enquadrar como disponibilidade de caixa, é vedado o depósito de salário ou
de remuneração de servidor público em instituição financeira privada.
D) A disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de modo que os recursos
vinculados a órgão, fundo ou despesa obrigatória fiquem identificados e escriturados
de forma individualizada.
E) As disponibilidades de caixa do RGPS e dos RPPS, ainda que vinculadas a fundos
específicos, ficarão depositadas em conta separada das demais disponibilidades de
cada ente.

Assunto: Lei de Responsabilidade Fiscal


Categoria: Lei seca e jurisprudência
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) CORRETA.

Correto. Veja a redação do art. 164, § 3º da CRFB:


SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

§ 3º As disponibilidades de caixa da União serão depositadas


no banco central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das
empresas por ele controladas, em instituições financeiras
oficiais, ressalvados os casos previstos em lei.

Relembremos, quanto à parte final do parágrafo, que essa lei deve ser nacional,
elaborada pela União. O Estado não possui competência para prever as exceções ao
depósito em instituições financeiras oficiais (ADI 3578):

As disponibilidades de caixa dos Estados-membros, dos


órgãos ou entidades que os integram e das empresas por eles
controladas deverão ser depositadas em instituições
financeiras oficiais, cabendo, unicamente, à União Federal,
mediante lei de caráter nacional, definir as exceções
autorizadas pelo art. 164, § 3º, da Constituição da República
[ADI 2.661 MC, rel. min. Celso de Mello, j. 5-6-2002, P, DJ de
23-8-2002.]

B) CORRETA.

Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art.


20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair
obrigação de despesa que não possa ser cumprida
integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem
pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente
disponibilidade de caixa para este efeito.
Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa
serão considerados os encargos e despesas compromissadas a
pagar até o final do exercício.

C) INCORRETA.

Foi no sentido contrário que a jurisprudência do STF se assentou: o pagamento da


folha de pagamento não constitui disponibilidade de caixa e, portanto, o depósito em
banco privado não ofende o art. 164, § 3º, da CRFB:

O Supremo Tribunal Federal, em outras oportunidades, já


analisou o aspecto constitucional da presente controvérsia e
firmou o entendimento de que o depósito de salário ou de
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

remuneração de servidor público em instituição financeira


privada não afronta o artigo 164, § 3º, da Constituição
Federal, porque o referido depósito não se enquadra no
conceito de disponibilidade de caixa. Nesse sentido, cito, além
da Rcl 3.872-AgR/DF, Tribunal Pleno, rel. para acórdão Min.
Carlos Velloso, DJ 12.5.2006, mencionada na decisão
agravada, o RE 469.516/RS, rel. Min. Cezar Peluso, DJ
09.06.2006; e o AI 693.251/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski,
DJe 28.04.2008.

D) CORRETA.

Ao tratar sobre a escrituração das contas públicas, a LRF dispõe o seguinte.

Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade


pública, a escrituração das contas públicas observará as
seguintes:
I - a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de
modo que os recursos vinculados a órgão, fundo ou despesa
obrigatória fiquem identificados e escriturados de forma
individualizada;
II - a despesa e a assunção de compromisso serão registradas
segundo o regime de competência, apurando-se, em caráter
complementar, o resultado dos fluxos financeiros pelo regime
de caixa;
III - as demonstrações contábeis compreenderão, isolada e
conjuntamente, as transações e operações de cada órgão,
fundo ou entidade da administração direta, autárquica e
fundacional, inclusive empresa estatal dependente;
IV - as receitas e despesas previdenciárias serão apresentadas
em demonstrativos financeiros e orçamentários específicos;
V - as operações de crédito, as inscrições em Restos a Pagar e
as demais formas de financiamento ou assunção de
compromissos junto a terceiros, deverão ser escrituradas de
modo a evidenciar o montante e a variação da dívida pública no
período, detalhando, pelo menos, a natureza e o tipo de
credor;
VI - a demonstração das variações patrimoniais dará destaque à
origem e ao destino dos recursos provenientes da alienação de
ativos.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

E) CORRETA.

Alternativa em consonância com o Art. 43, § 1º, da LRF.

Art. 43. As disponibilidades de caixa dos entes da Federação


serão depositadas conforme estabelece o § 3º do art. 164 da
Constituição.
§ 1º As disponibilidades de caixa dos regimes de previdência
social, geral e próprio dos servidores públicos, ainda que
vinculadas a fundos específicos a que se referem os arts. 249 e
250 da Constituição, ficarão depositadas em conta separada
das demais disponibilidades de cada ente e aplicadas nas
condições de mercado, com observância dos limites e
condições de proteção e prudência financeira.
§ 2º É vedada a aplicação das disponibilidades de que trata o §
1º em:
I - títulos da dívida pública estadual e municipal, bem como em
ações e outros papéis relativos às empresas controladas pelo
respectivo ente da Federação;
II - empréstimos, de qualquer natureza, aos segurados e ao
Poder Público, inclusive a suas empresas controladas.

Esse dispositivo da LRF constitui exceção ao princípio da unidade de tesouraria (ou de


caixa). Em regra, todos os recursos recebidos pelo Poder Público, originários ou
derivados, são carreados para a Conta Única do Tesouro, mantida junto ao Banco
Central do Brasil e operacionalizada pelo Banco do Brasil64.

GABARITO: C

82) Devido a forte crise financeira, deseja conceder benefício tributário para um
grupo empresarial da área têxtil. Para tanto, fará uma renúncia de receitas, a qual
espera ser oportuna para frear a situação emergencial.
I. O Município poderá apresentar medidas de compensação por meio do aumento de
receita, proveniente da ampliação da base de cálculo de outro tributo, como o IPTU.
II. O Município deverá, obrigatoriamente, demonstrar que a renúncia foi considerada
na estimativa de receita da LOA.
III. O Município deverá, obrigatoriamente, apresentar estimativa do impacto
orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos 2
seguintes.

64
LEITE, Harrison. Op. cit., p. 113-115.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

IV. O Município deverá, obrigatoriamente, demonstrar que a renúncia não afetará as


metas de resultados fiscais da LDO.
V. Se o Município apenas conceder um crédito presumido, a ser aproveitado
posteriormente, a operação não será considerada renúncia de receita.

Quais itens estão corretos?

A) I e II, apenas.
B) I e III, apenas.
C) II, IV e V, apenas.
D) I, III, IV e V, apenas.
E) II, III, IV e V, apenas.

Assunto: Lei de Responsabilidade Fiscal


Categoria: Lei seca
Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

Se fôssemos fazer uma pesquisa dos artigos mais importantes do Direito Financeiro, o
art. 14 da LRF fatalmente estaria entre os primeiros colocados. É a norma que trata dos
limites para a renúncia de receita.

Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício


de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita
deverá estar acompanhada de estimativa do impacto
orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua
vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de
diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes
condições: (Vide Medida Provisória nº 2.159, de 2001) (Vide
Lei nº 10.276, de 2001) (Vide ADI 6357)

1ª opção
I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi
considerada na estimativa de receita da lei orçamentária, na
forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados
fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes
orçamentárias;

2ª opção
II - estar acompanhada de medidas de compensação, no
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

período mencionado no caput, por meio do aumento de


receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da
base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou
contribuição.

§ 1º A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio,


crédito presumido, concessão de isenção em caráter não
geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo
que implique redução discriminada de tributos ou
contribuições, e outros benefícios que correspondam a
tratamento diferenciado.
§ 2º Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou
benefício de que trata o caput deste artigo decorrer da
condição contida no inciso II, o benefício só entrará em vigor
quando implementadas as medidas referidas no mencionado
inciso.
§ 3º O disposto neste artigo não se aplica:
I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos
incisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, na forma do seu §
1º;
II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao
dos respectivos custos de cobrança.

Esse artigo é reflexo do art. 165, § 6º, da CRFB:

§ 6º O projeto de lei orçamentária será acompanhado de


demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e
despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões,
subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e
creditícia.

A assertiva I é VERDADEIRA. Apresentar medidas de compensação é uma das opções


para a renúncia de receita (a outra é a demonstração de consideração da receita na
LOA/não afetação das metas da LDO). O aumento da base de cálculo de tributo é uma
medida de compensação válida.

Por sua vez, as assertivas II e IV são FALSAS. Não há, necessariamente, essa
obrigatoriedade. Caso promova medidas de compensação, o Município estará
dispensado da demonstração de que a renúncia foi considerada na estimativa de
receita da LOA e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo
próprio da LDO.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

A assertiva III é VERDADEIRA, já que há obrigação, de acordo com o caput do art. 14 da


LRF (“deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no
exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes”).

A assertiva IV é FALSA. O crédito presumido é considerado renúncia de receita,


conforme o § 1º.

Fique atento! Para fins de combate à pandemia de COVID-19, o Plenário do STF


afastou, por medida cautelar, a necessidade de observância das exigências do art. 14
da LRF. A decisão é válida para todos os entes que tenham decretado estado de
calamidade pública decorrente da pandemia:
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=443281.

GABARITO: B

83) Sobre o Relatório de Gestão Fiscal (RGF) e o Relatório Resumido da Execução


Orçamentária (RREO), a Lei de Responsabilidade Fiscal dispõe que

A) tanto o RGF como o RREO são instrumentos de transparência da gestão fiscal, mas
apenas o RGF apresenta versão simplificada.
B) o RREO será emitido pelos titulares dos Poderes e órgãos da Administração e será
publicado até 30 após o encerramento de cada bimestre.
C) o RREO referente ao último bimestre do exercício será acompanhado também de
demonstrativos da variação patrimonial.
D) o RGF será composto de balanço orçamentário, que especificará, por categoria
econômica, as receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar, bem como a
previsão atualizada.
E) o RGF dos Municípios com população inferior a 200 mil habitantes pode ser
divulgado semestralmente.

Assunto: Lei de Responsabilidade Fiscal


Categoria: Lei seca
Nível: Difícil

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.

Sobre a gestão fiscal, a LRF indica como instrumentos de transparência o seguinte:


SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal,


aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios
eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de
diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o
respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução
Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões
simplificadas desses documentos.

Ambos os documentos possuem versões simplificadas, que também são instrumentos


de transparência da gestão fiscal.

B) INCORRETA.

A incorreção aqui é sutil, mas é uma das distinções básicas entre o RGF e o RREO.
Sobre o RREO, a LRF:

Art. 52. O relatório a que se refere o § 3º do art. 165 da


Constituição abrangerá todos os Poderes e o Ministério
Público, será publicado até trinta dias após o encerramento de
cada bimestre e composto de: [...]

É dizer: o RREO abrangerá todos os Poderes, o MP e o TC, mas é elaborado pelo Poder
Executivo. De outra banda, o RGF é assinado por cada um dos titulares de Poderes ou
órgãos.

Art. 54. Ao final de cada quadrimestre será emitido pelos


titulares dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 Relatório
de Gestão Fiscal, assinado pelo:
I - Chefe do Poder Executivo;
II - Presidente e demais membros da Mesa Diretora ou órgão
decisório equivalente, conforme regimentos internos dos
órgãos do Poder Legislativo;
III - Presidente de Tribunal e demais membros de Conselho de
Administração ou órgão decisório equivalente, conforme
regimentos internos dos órgãos do Poder Judiciário;
IV - Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados.
Parágrafo único. O relatório também será assinado pelas
autoridades responsáveis pela administração financeira e pelo
controle interno, bem como por outras definidas por ato
próprio de cada Poder ou órgão referido no art. 20.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

C) CORRETA.

Sobre o RREO, o art. 53 da LRF:

§ 1º O relatório referente ao último bimestre do exercício será


acompanhado também de demonstrativos:
I - do atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da
Constituição, conforme o § 3º do art. 32;
II - das projeções atuariais dos regimes de previdência social,
geral e próprio dos servidores públicos;
III - da variação patrimonial, evidenciando a alienação de
ativos e a aplicação dos recursos dela decorrentes.

D) INCORRETA.

O balanço orçamentário é objeto do RREO, segundo a literalidade da LRF:

Art. 52. O relatório a que se refere o § 3º do art. 165 da


Constituição abrangerá todos os Poderes e o Ministério
Público, será publicado até trinta dias após o encerramento de
cada bimestre e composto de:
I - balanço orçamentário, que especificará, por categoria
econômica, as:
a) receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar,
bem como a previsão atualizada;
b) despesas por grupo de natureza, discriminando a dotação
para o exercício, a despesa liquidada e o saldo;
II - demonstrativos da execução das:
a) receitas, por categoria econômica e fonte, especificando a
previsão inicial, a previsão atualizada para o exercício, a receita
realizada no bimestre, a realizada no exercício e a previsão a
realizar;
b) despesas, por categoria econômica e grupo de natureza da
despesa, discriminando dotação inicial, dotação para o
exercício, despesas empenhada e liquidada, no bimestre e no
exercício;
c) despesas, por função e subfunção.

E) INCORRETA.

São os Municípios com menos de 50 mil habitantes que possuem essa faculdade:
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

Art. 63. É facultado aos Municípios com população inferior a


cinquenta mil habitantes optar por:
I - aplicar o disposto no art. 22 e no § 4º do art. 30 ao final do
semestre;
II - divulgar semestralmente:
a) (VETADO)
b) o Relatório de Gestão Fiscal;
c) os demonstrativos de que trata o art. 53;
III - elaborar o Anexo de Política Fiscal do plano plurianual, o
Anexo de Metas Fiscais e o Anexo de Riscos Fiscais da lei de
diretrizes orçamentárias e o anexo de que trata o inciso I do art.
5º a partir do quinto exercício seguinte ao da publicação desta
Lei Complementar.

GABARITO: C

84) O Tribunal de Contas auxilia o Poder Legislativo no controle externo das


finanças. Tomando como base as disposições da Constituição Federal e a
jurisprudência do STF, assinale a alternativa correta.

A) O Tribunal de Contas deve encaminhar ao Congresso Nacional, trimestral e


anualmente, relatório de suas atividades.
B) No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Tribunal de
Contas, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.
C) O Tribunal de Contas do DF é o órgão competente para fiscalizar os recursos
decorrentes do Fundo Constitucional do DF.
D) O Tribunal de Contas da União é incompetente para suspender pagamentos que
estão sendo realizados com base em contrato investigado em tomada de contas.
E) Ao Tribunal de Contas compete julgar as contas prestadas anualmente pelo
Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em 60
dias a contar de seu recebimento.
Assunto: Controle externo
Categoria: Jurisprudência
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) CORRETA.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

É o que dispõe a CRFB, no seu art. 71. Nunca negligenciem a leitura seca da
Constituição, mesmo os dispositivos que aparentemente são desimportantes!

Art. 71. § 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional,


trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.

B) INCORRETA.

Errado. A competência corretiva do TC pode ser esquematizada da seguinte forma 65:

Art. 71. § 1º No caso de contrato, o ato de sustação será


adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará,
de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.

65
PASCOAL, Valdecir Fernandes. Direito financeiro e controle. 9. ed. rev. e atual. São Paulo: MÉTODO,
2015, p. 159.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

TC

Ilegalidade
sanável

Assina prazo

Não atendido

Ato Contrato
administrativo administrativo

TC comunica
TC susta o ato
ao Legislativo

Comunica ao 90 dias de
Legislativo omissão

TC decide a
respeito

C) INCORRETA.

É o TCU o órgão responsável pela fiscalização do Fundo Constitucional do DF, já que os


recursos pertencem aos cofres federais:

O Tribunal de Contas da União (TCU) é o órgão competente


para fiscalizar os recursos decorrentes do Fundo
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

Constitucional do Distrito Federal (art. 21, XIV, da CF/88 e Lei


nº 10.633/2002). Os recursos destinados ao Fundo
Constitucional do Distrito Federal pertencem aos cofres
federais, consoante disposto na Lei 10.663/2002. Logo, a
competência para fiscalizar a aplicação dos recursos da União
repassados ao FCDF é do Tribunal de Contas da União. STF. 2ª
Turma. MS 28584/DF, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski,
red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 29/10/2019 (Info
958) 66.

D) INCORRETA.

Incorreto. O STF entendeu a favor do poder geral de cautela do TC. Explicando Márcio
André Lopes Cavalcante: “Como o TCU pode determinar que o BNDES anule o contrato
de confissão de dívida, isso significa que o TCU também possui o poder geral de
cautela de impor a suspensão dos repasses mensais decorrentes dessa avença, como
forma de assegurar o próprio resultado útil da futura manifestação da Corte de
Contas”67.

TCU possui a competência para determinar que empresa


pública federal (BNDES) suspenda pagamentos que estão
sendo realizados com base em contrato de confissão de dívida
cuja regularidade está sendo apurada em tomada de contas.
STF. 1ª Turma. MS 35038 AgR/DF, Rel. Min. Rosa Weber,
julgado em 12/11/2019 (Info 959).

E) INCORRETA.

Pegadinha muitíssimo comum. O TC não julga as contas do Presidente da República;


isso é função do Congresso Nacional:

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:


IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da
República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos
de governo;

66
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O TCU (e não o TCDF) é o órgão competente para fiscalizar os
recursos decorrentes do Fundo Constitucional do Distrito Federal. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/349f36aa789
af083b8e26839bd498af9>. Acesso em: 20/06/2020.
67
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Suspensão de pagamentos que estão sendo realizados com base
em contrato investigado em tomada de contas. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/7edcfb2d8f6a659ef4cd1e6c9b6d7
079>. Acesso em: 20/06/2020.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

Caso as contas não sejam apresentadas ao Congresso Nacional (dentro de 60 dias após
abertura da sessão legislativa), cabe à Câmara dos Deputados fazer a tomada de
contas:

Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:


II - proceder à tomada de contas do Presidente da República,
quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de
sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;

A função do TC, nos termos da CRFB, é apenas “apreciar” as contas mediante parecer
prévio a ser elaborado em 60 dias.

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional,


será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União,
ao qual compete:
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente
da República, mediante parecer prévio que deverá ser
elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;

GABARITO: A

85) Quanto aos orçamentos, assinale a alternativa correta.

A) As emendas individuais ao projeto de LOA serão aprovadas no limite de 1,2% da


receita corrente líquida prevista no projeto encaminhado pelo Poder Executivo,
sendo que a um terço deste percentual será destinada a ações e serviços públicos de
saúde.
B) Os restos a pagar poderão ser considerados para fins de cumprimento da execução
financeira prevista, conforme a disposição constitucional, até o limite de 0,5% da
receita corrente líquida realizada no exercício anterior, para as programações das
emendas individuais.
C) Os restos a pagar poderão ser considerados para fins de cumprimento da execução
financeira prevista, conforme a disposição constitucional, até o limite de 0,6% da
receita corrente líquida realizada no exercício anterior, para as programações das
emendas de iniciativa de bancada de parlamentares de Estado ou do DF.
D) As emendas individuais impositivas apresentadas ao projeto de LOA poderão
alocar recursos a Estados, ao DF e a Municípios por meio de transferência especial.
E) Os recursos transferidos por meio de emendas individuais impositivas integrarão a
receita do Estado, do DF e dos Municípios para fins de repartição e para o cálculo dos
limites da despesa com pessoal ativo e inativo e de endividamento.
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Assunto: Normas constitucionais de Direito Financeiro


Categoria: Lei seca
Nível: Difícil

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.

Errado. Segundo o art. 166, § 9º, da CRFB:

§ 9º As emendas individuais ao projeto de lei orçamentária


serão aprovadas no limite de 1,2% (um inteiro e dois décimos
por cento) da receita corrente líquida prevista no projeto
encaminhado pelo Poder Executivo, sendo que a metade
deste percentual será destinada a ações e serviços públicos de
saúde. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

B) INCORRETA.

Errado. Segundo o art. 166, § 17, da CRFB (redação dada pela EC nº 100/2019):

§ 17. Os restos a pagar provenientes das programações


orçamentárias previstas nos §§ 11 e 12 poderão ser
considerados para fins de cumprimento da execução
financeira até o limite de 0,6% (seis décimos por cento) da
receita corrente líquida realizada no exercício anterior, para
as programações das emendas individuais, e até o limite de
0,5% (cinco décimos por cento), para as programações das
emendas de iniciativa de bancada de parlamentares de Estado
ou do Distrito Federal. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 100, de 2019) (Produção de efeito)

C) INCORRETA.

Pelo mesmo art. 166, § 17:

§ 17. Os restos a pagar provenientes das programações


orçamentárias previstas nos §§ 11 e 12 poderão ser
considerados para fins de cumprimento da execução
financeira até o limite de 0,6% (seis décimos por cento) da
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receita corrente líquida realizada no exercício anterior, para


as programações das emendas individuais, e até o limite de
0,5% (cinco décimos por cento), para as programações das
emendas de iniciativa de bancada de parlamentares de Estado
ou do Distrito Federal. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 100, de 2019) (Produção de efeito)

Sobre o espinhoso tema de emendas individuais e emenda de bancada, recomenda-se


fortemente a leitura das mudanças através da explicação esquematizada de Márcio
André Lopes Cavalcante no link https://www.dizerodireito.com.br/2019/06/
promulgada-ec- 1002019-emenda-do.html.

D) CORRETA.

Correto. Essa alocação possui duas modalidades: transferência especial e transferência


com finalidade definida. Atenção para o novo art. 166-A da CRFB, novidade da EC nº
105/2019:

Art. 166-A. As emendas individuais impositivas apresentadas


ao projeto de lei orçamentária anual poderão alocar recursos
a Estados, ao Distrito Federal e a Municípios por meio de:
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 105, de 2019)
I - transferência especial; ou (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 105, de 2019)
II - transferência com finalidade definida.

E) INCORRETA.

O § 1º do art. 166-A diz o seguinte:

§ 1º Os recursos transferidos na forma do caput deste artigo


não integrarão a receita do Estado, do Distrito Federal e dos
Municípios para fins de repartição e para o cálculo dos limites
da despesa com pessoal ativo e inativo, nos termos do § 16 do
art. 166, e de endividamento do ente federado, vedada, em
qualquer caso, a aplicação dos recursos a que se refere o
caput deste artigo no pagamento de: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 105, de 2019)

GABARITO: D
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DIREITO EMPRESARIAL

86) Sobre as sociedades não personificadas, assinale a alternativa correta.

A) Na sociedade em conta de participação, especialização patrimonial produz efeitos


em relação aos sócios e aos terceiros.
B) O contrato social da sociedade em conta de participação produz efeito somente
entre os sócios, mas a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro
confere personalidade jurídica à sociedade.
C) Os sócios da sociedade em comum podem provar a existência da sociedade
somente por escrito.
D) Os bens da sociedade em comum respondem pelos atos de gestão praticados por
qualquer dos sócios, independentemente de pacto limitativo de poderes.
E) Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é
exercida pelo sócio ostensivo e pelo sócio participante.

Assunto: Direito societário


Categoria: Lei seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

O Código Civil divide as sociedades em dois grupos: as sociedades personificadas e as


sociedades não personificadas:

Sociedades não personificadas Sociedades personificadas


Sociedade em comum Sociedade limitada
Sociedade em conta de participação Sociedade anônima
Sociedade em nome coletivo
Sociedade em comandita simples
Sociedade em comandita por ações

Explica André Santa Cruz68 que o termo “sociedades não personificadas” é impróprio,
já que não se pode admitir uma sociedade sem personalidade jurídica.

A sociedade em comum é aquela tradicionalmente conhecida como “irregular” ou “de


fato”: é a sociedade que ainda não inscreveu seus atos constitutivos no registro
competente (Junta Comercial para as empresárias; Cartório de Registro Civil de

68
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial: volume único. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2020.
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Pessoas Jurídicas para as simples). André Santa Cruz, entretanto, diferencia as 3


espécies, aplicando-se as normas da sociedade em comum às sociedades de fato e às
sociedades irregulares, por analogia:

A) SOCIEDADE DE FATO → É a sociedade sem contrato escrito,


que já está exercendo suas atividades sem nenhum indício de
que seus sócios estejam tomando as providências necessárias à
sua regularização;
B) SOCIEDADE EM COMUM → É a sociedade contratual em
formação, isto é, aquela que tem contrato escrito e que está
realizando os atos preparatórios para o seu registro perante o
órgão competente, antes de iniciar a exploração do seu objeto
social;
C) SOCIEDADE IRREGULAR → É a sociedade com contrato
escrito e registrado, que já iniciou suas atividades normais, mas
que apresenta irregularidade superveniente ao registro (por
exemplo: não averbou alterações do contrato social).

Por sua vez, a sociedade em conta de participação não é, propriamente, uma


sociedade, mas um contrato especial de investimento (gerando, para Santa Cruz, uma
incoerência, já que esse tipo de “sociedade” não possui personalidade jurídica). A
conta de participação é uma “sociedade” que só existe internamente, ou seja, entre os
sócios. Externamente, isto é, perante terceiros, só aparece o sócio ostensivo, o qual
exerce, em seu nome individual, a atividade empresarial, e responde sozinho pelas
obrigações contraídas.

Vale reforçar, para encerrar essa introdução, que as sociedades não personificadas,
embora estejam disciplinadas na parte do CC referente às sociedades empresárias,
podem eventualmente desenvolver atividades não empresariais. Ou seja, podem ser
sociedades simples ou empresárias.

Vamos às alternativas, retiradas dos arts. 986 a 997 do CC.

A) INCORRETA.

Art. 994. A contribuição do sócio participante constitui, com a


do sócio ostensivo, patrimônio especial, objeto da conta de
participação relativa aos negócios sociais.
§ 1º A especialização patrimonial somente produz efeitos em
relação aos sócios.
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§ 2º A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da


sociedade e a liquidação da respectiva conta, cujo saldo
constituirá crédito quirografário.
§ 3º Falindo o sócio participante, o contrato social fica sujeito
às normas que regulam os efeitos da falência nos contratos
bilaterais do falido.

Explicando sobre a especialização patrimonial (também presente na sociedade em


comum), Santa Cruz:
Por não ter personalidade jurídica, a conta de participação não
possui um patrimônio social, mas, a exemplo do que ocorre
com a sociedade em comum, já estudada no tópico
antecedente, o legislador criou para essa sociedade um
patrimônio especial, conforme disposto no art. 994 do Código
Civil: “a contribuição do sócio participante constitui, com a do
sócio ostensivo, patrimônio especial, objeto da conta de
participação relativa aos negócios sociais”. Observe-se, porém,
que como a atividade é exercida unicamente pelo sócio
ostensivo, que o faz em seu nome individual e sob sua própria e
exclusiva responsabilidade, a referida “especialização
patrimonial somente produz efeitos em relação aos sócios”
(art. 994, § 1.º). Perante terceiros, frise-se, quem responde é o
próprio sócio ostensivo. Aliás, “os terceiros que com ele
negociam não têm conhecimento da existência da sociedade,
posto que o sócio ostensivo ou aparente comercia em seu
próprio nome, sob sua firma individual, social ou
denominação”.

B) INCORRETA.

A sociedade em conta de participação não possui personalidade jurídica, não sendo


considerada pela doutrina sequer como uma sociedade propriamente dita.

Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os


sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer
registro não confere personalidade jurídica à sociedade.

C) CORRETA.
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Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros,


somente por escrito podem provar a existência da sociedade,
mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo.

D) INCORRETA.
É possível a existência de pacto limitativo de poderes, desde que expresso:

Art. 989. Os bens sociais respondem pelos atos de gestão


praticados por qualquer dos sócios, salvo pacto expresso
limitativo de poderes, que somente terá eficácia contra o
terceiro que o conheça ou deva conhecer.

E) INCORRETA.

Art. 991. Na sociedade em conta de participação, a atividade


constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio
ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e
exclusiva responsabilidade, participando os demais dos
resultados correspondentes.

GABARITO: C

87) Assinale a alternativa que não corresponde a uma forma de dissolução da


sociedade simples.

A) Extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.


B) Falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de 180 dias.
C) Deliberação de dois terços dos sócios, na sociedade de prazo indeterminado.
D) Vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio,
não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo
indeterminado.
E) Exaurimento do fim social, desde que haja requerimento judicial.

Assunto: Direito societário


Categoria: Lei seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.
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Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:


V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.

B) INCORRETA.

Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:


IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no
prazo de cento e oitenta dias;

C) CORRETA.

O quórum para dissolução da sociedade limitada de prazo indeterminado é de maioria


absoluta, e não de dois terços.

Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:


III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na
sociedade de prazo indeterminado;

D) INCORRETA.

Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:


I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e
sem oposição de sócio, não entrar a sociedade em liquidação,
caso em que se prorrogará por tempo indeterminado;

E) INCORRETA.

O art. 1.034 do CC traz o rol de hipóteses de dissolução judicial da sociedade limitada:

Art. 1.034. A sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a


requerimento de qualquer dos sócios, quando:
I - anulada a sua constituição;
II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexequibilidade.

GABARITO: C

88) Com base nas disposições do Código Civil sobre a administração e o conselho
fiscal da sociedade limitada, marque a alternativa correta.

A) A administração atribuída no contrato a todos os sócios não se estende de pleno


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direito aos que posteriormente adquiram essa qualidade.


B) A designação de administradores não sócios dependerá de aprovação da
unanimidade dos sócios, enquanto o capital não estiver integralizado, e de metade,
no mínimo, após a integralização.
C) A renúncia de administrador torna-se eficaz, em relação à sociedade, desde a
averbação e publicação.
D) Sem prejuízo dos poderes da assembleia dos sócios, pode o contrato instituir
conselho fiscal composto de 2 ou mais membros e respectivos suplentes, sócios ou
não, residentes no País, eleitos na assembleia semestral.
E) As atribuições e poderes conferidos pela lei ao conselho fiscal podem ser
outorgados a outro órgão da sociedade.

Assunto: Direito societário


Categoria: Lei seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) CORRETA.

É o disposto no art. 1.080, parágrafo único, do CC.

Art. 1.060. A sociedade limitada é administrada por uma ou


mais pessoas designadas no contrato social ou em ato
separado.
Parágrafo único. A administração atribuída no contrato a
todos os sócios não se estende de pleno direito aos que
posteriormente adquiram essa qualidade.

Isso ocorre porque a atividade de administrador é personalíssima. O máximo que se


permite é a delegação de certas atividades a mandatários.

Art. 1.018. Ao administrador é vedado fazer-se substituir no


exercício de suas funções, sendo-lhe facultado, nos limites de
seus poderes, constituir mandatários da sociedade,
especificados no instrumento os atos e operações que
poderão praticar.

B) INCORRETA.
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O quórum para designação de administradores não sócios é de dois terços, após a


integralização do capital social.

Art. 1.061. A designação de administradores não sócios


dependerá de aprovação da unanimidade dos sócios,
enquanto o capital não estiver integralizado, e de 2/3 (dois
terços), no mínimo, após a integralização. (Redação dada pela
Lei nº 12.375, de 2010)

C) INCORRETA.

A renúncia do administrador torna-se eficaz para a sociedade, a partir da ciência. Para


terceiros, a partir da averbação e publicação.

Art. 1.063. O exercício do cargo de administrador cessa pela


destituição, em qualquer tempo, do titular, ou pelo término do
prazo se, fixado no contrato ou em ato separado, não houver
recondução.
§ 1º Tratando-se de sócio nomeado administrador no contrato,
sua destituição somente se opera pela aprovação de titulares
de quotas correspondentes a mais da metade do capital social,
salvo disposição contratual diversa. (Redação dada pela Lei nº
13.792, de 2019)
§ 2º A cessação do exercício do cargo de administrador deve
ser averbada no registro competente, mediante requerimento
apresentado nos dez dias seguintes ao da ocorrência.
§ 3º A renúncia de administrador torna-se eficaz, em relação à
sociedade, desde o momento em que esta toma
conhecimento da comunicação escrita do renunciante; e, em
relação a terceiros, após a averbação e publicação.

D) INCORRETA.

O conselho fiscal da limitada é composto por 3 ou mais membros, além dos suplentes.
Além disso, a assembleia de eleição é anual, e não semestral.

Art. 1.066. Sem prejuízo dos poderes da assembleia dos


sócios, pode o contrato instituir conselho fiscal composto de
três ou mais membros e respectivos suplentes, sócios ou não,
residentes no País, eleitos na assembleia anual prevista no
art. 1.078.
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§ 1º Não podem fazer parte do conselho fiscal, além dos


inelegíveis enumerados no § 1º do art. 1.011, os membros dos
demais órgãos da sociedade ou de outra por ela controlada, os
empregados de quaisquer delas ou dos respectivos
administradores, o cônjuge ou parente destes até o terceiro
grau.
§ 2º É assegurado aos sócios minoritários, que representarem
pelo menos um quinto do capital social, o direito de eleger,
separadamente, um dos membros do conselho fiscal e o
respectivo suplente.

E) INCORRETA.

As atribuições do conselho fiscal são indelegáveis para outros órgãos societários.

Art. 1.070. As atribuições e poderes conferidos pela lei ao


conselho fiscal não podem ser outorgados a outro órgão da
sociedade, e a responsabilidade de seus membros obedece à
regra que define a dos administradores (art. 1.016).
Parágrafo único. O conselho fiscal poderá escolher para assisti-
lo no exame dos livros, dos balanços e das contas, contabilista
legalmente habilitado, mediante remuneração aprovada pela
assembleia dos sócios.

GABARITO: A

89) Sobre a recuperação judicial e falência de empresas (Lei nº 11.101/05), marque


a alternativa correta.

A) O administrador judicial será profissional idôneo, obrigatoriamente advogado,


economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica
especializada.
B) A Lei nº 11.101/05 não se aplica às seguradoras.
C) Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do
pedido, salvo aqueles ainda não vencidos.
D) Qualquer credor poderá manifestar ao juiz sua objeção ao plano de recuperação
judicial no prazo de 180 dias contado da publicação da relação de credores.
E) A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação
judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do
devedor, inclusive aquelas que demandam quantia ilíquida.
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Assunto: Direito falimentar


Categoria: Lei seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.

Não há obrigatoriedade; a lei fala apenas em preferência aos profissionais dessas


áreas. Segundo a Lei nº 11.101/05:

Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo,


preferencialmente advogado, economista, administrador de
empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada.
Parágrafo único. Se o administrador judicial nomeado for
pessoa jurídica, declarar-se-á, no termo de que trata o art. 33
desta Lei, o nome de profissional responsável pela condução do
processo de falência ou de recuperação judicial, que não
poderá ser substituído sem autorização do juiz.

B) CORRETA.

As seguradoras não podem ser sujeitos passivos do pedido de falência. Veja o art. 2º
da Lei nº 11.101/05:

Art. 2º Esta Lei não se aplica a:


I – empresa pública e sociedade de economia mista;
II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de
crédito, consórcio, entidade de previdência complementar,
sociedade operadora de plano de assistência à saúde,
sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras
entidades legalmente equiparadas às anteriores.

Explica Santa Cruz69 o seguinte:

Tais agentes possuem, na verdade, leis específicas que


disciplinam o tratamento jurídico de sua insolvência,
submetendo-os a um processo especial de liquidação
extrajudicial. Citem-se, por exemplo, a Lei 6.024/1974,

69
Op. cit.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

aplicável às instituições financeiras, e o Decreto-lei 73/1966,


aplicável às seguradoras.

C) INCORRETA.

Os créditos não vencidos também estão sujeitos à recuperação judicial:

Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos


existentes na data do pedido, ainda que não vencidos.

D) INCORRETA.

O prazo para objeção ao plano de recuperação judicial é de 30 dias, e não 180.

Art. 55. Qualquer credor poderá manifestar ao juiz sua


objeção ao plano de recuperação judicial no prazo de 30
(trinta) dias contado da publicação da relação de credores de
que trata o § 2º do art. 7º desta Lei.
Parágrafo único. Caso, na data da publicação da relação de que
trata o caput deste artigo, não tenha sido publicado o aviso
previsto no art. 53, parágrafo único, desta Lei, contar-se-á da
publicação deste o prazo para as objeções.

E) INCORRETA.

As ações que demandam quantia ilíquida não são suspensas; sequer são atraídas para
o juízo de falência:

Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do


processamento da recuperação judicial suspende o curso da
prescrição e de todas as ações e execuções em face do
devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio
solidário.
§ 1º Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se
processando a ação que demandar quantia ilíquida.
§ 2º É permitido pleitear, perante o administrador judicial,
habilitação, exclusão ou modificação de créditos derivados da
relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista,
inclusive as impugnações a que se refere o art. 8º desta Lei,
serão processadas perante a justiça especializada até a
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apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro-


geral de credores pelo valor determinado em sentença.

GABARITO: B

90) Com base no que dispõe a legislação e considerando o entendimento da


jurisprudência pátria, assinale a alternativa que contenha a opção correta acerca
dos contratos bancários.

A) A cobrança antecipada do valor residual garantido (VRG) descaracteriza o contrato


de leasing.
B) A cláusula de territorialidade é típica de um contrato de factoring.
C) Chama-se lease back a modalidade de leasing onde o arrendatário indica o bem a
ser comprado pelo arrendador, o qual faz a aquisição do mesmo para depois alugá-lo
para o arrendatário.
D) Há relação de consumo em todas as relações jurídicas de um contrato de cartão de
crédito.
E) Na falta de pagamento das prestações do contrato de leasing, a ação cabível para a
retomada do bem é a reintegração de posse.

Assunto: Contratos empresariais


Categoria: Doutrina e jurisprudência
Nível: Difícil

COMENTÁRIOS:

Antes das alternativas, vamos aos conceitos básicos exigidos. Santa Cruz classifica
como contratos bancários o depósito bancário, o mútuo bancário, o desconto bancário
e o contrato de abertura de crédito. A alienação fiduciária em garantia, o leasing, a
factoring e o cartão de crédito são considerados contratos bancários impróprios.

• LEASING → Pode-se definir o contrato de arrendamento mercantil, também


chamado de leasing, como um contrato especial de locação que assegura ao
locatário a prerrogativa de adquirir o bem alugado ao final da avença, pagando,
nesse caso, uma diferença chamada de valor residual. Em síntese: o leasing ou
arrendamento mercantil é um contrato de locação em que se asseguram ao
arrendatário três opções ao final do aluguel: (i) renovar a locação; (ii) encerrar
o contrato, não mais renovando a locação; (iii) comprar o bem alugado,
pagando--se o valor residual. Enfim, “trata-se, na essência – e essas são suas
notas conceituais – de um contrato de arrendamento com tríplice opção
assegurada ao arrendatário (continuar o arrendamento, terminá-lo ou comprar
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o bem)”70. O leasing existe em 3 modalidades, conforme explica Márcio André


Lopes Cavalcante71:

Lease back ou leasing de


Leasing financeiro Leasing operacional retorno

Previsto no art. 5º da Previsto no art. 6º da Sem previsão na


Resolução 2.309/96- Resolução 2.309/96-BACEN. Resolução 2.309-BACEN.
BACEN.
É a forma típica e clássica Ocorre quando a Ocorre quando
do leasing. arrendadora já é proprietária determinada pessoa,
Ocorre quando uma do bem e o aluga ao precisando se capitalizar,
pessoa jurídica arrendatário, aliena seu bem à empresa
(arrendadora) compra o comprometendo-se também de leasing, que arrenda de
bem solicitado por uma a prestar assistência técnica volta o bem ao antigo
pessoa física ou jurídica em relação ao maquinário. proprietário a fim de que
(arrendatária) para, então, ele continue utilizando a
alugá-lo à arrendatária. coisa. Em outras palavras, a
pessoa vende seu bem e
celebra um contrato de
arrendamento com o
comprador, continuando na
posse direta.
Ex: determinada empresa Ex: Ex: em 2001, a Varig®, a fim
(arrendatária) quer utilizar a Boeing Capital Corporation® de se recapitalizar, vendeu
uma nova máquina em sua (arrendadora) celebra algumas aeronaves
linha de produção, mas não contrato de arrendamento à Boeing® e os alugou de
tem recursos suficientes para alugar cinco aeronaves à volta por meio de um
para realizar a aquisição. GOL® (arrendatária) a fim de contrato de lease back.
Por esse motivo, celebra que esta utilize os aviões em
contrato seus voos. A arrendadora O nome completo desse
de leasing financeiro com também ficará responsável negócio jurídico, em inglês,
um Banco (arrendador), pela manutenção dos aviões. é sale and lease
que compra o bem e o back (venda e
arrenda para que a arrendamento de volta).
empresa utilize o
maquinário.
Normalmente, a intenção Normalmente, a intenção da Em geral é utilizado como

70
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Op. cit.
71
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Nova Súmula 564 do STJ comentada. Disponível em:
<https://www.dizerodireito.com.br/2016/03/nova-sumula-564-do-stj-comentada.html>.
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da arrendatária é, ao final arrendatária é, ao final do uma forma de obtenção de


do contrato, exercer seu contrato, NÃO exercer seu capital de giro.
direito de compra do bem. direito de compra do bem.

• VRG → O VRG (valor residual garantido) é estabelecido apenas nos contratos


de arrendamento mercantil financeiro. Trata-se de valor, contratualmente
garantido pela arrendatária, como mínimo que será recebido pela arrendadora
na venda a terceiros do bem arrendado, na hipótese da devolução do bem. O
VRG será sempre utilizado para liquidar o valor da opção de compra do bem
arrendado, conforme pactuado no contrato de arrendamento mercantil72. Não
se confunde com o VR (valor residual)73.

• FACTORING → Também chamado de fomento mercantil ou faturização. Trata-


se, enfim, de um contrato por meio do qual o empresário transfere a uma
instituição financeira (que não precisa ser, necessariamente, um banco) as
atribuições atinentes à administração do seu crédito. Algumas vezes, esse
contrato também envolve a antecipação desse crédito ao empresário. Em
síntese: a instituição financeira orienta o empresário acerca da concessão do
crédito a seus clientes, antecipa o valor dos créditos que o empresário possui e
assume o risco da inadimplência desses créditos74.

Conventional factoring Maturity factoring


Há a antecipação dos valores referentes Há apenas a prestação de serviços de
aos créditos do faturizado. A administração do crédito.
remuneração da instituição financeira
faturizadora costuma ser mais elevada,
em razão do fato de ela antecipar ao
cliente faturizado os valores dos seus
créditos.

• CARTÃO DE CRÉDITO → Trata-se de contrato por meio do qual uma instituição


financeira, a operadora do cartão, permite aos seus clientes a compra de bens
e serviços em estabelecimentos comerciais cadastrados, que receberão os

72
Fonte: ABEL – Associação Brasileira de Empresas de Leasing
(http://www.leasingabel.com.br/perguntas-e-respostas/12-o-que-e-vrg/).
73
STJ no REsp 249.340/SP: No contrato de leasing, o “valor residual” é o preço contratual estipulado
para o exercício da opção de compra, enquanto o ”valor residual garantido” é obrigação assumida pelo
arrendatário, quando da contratação do arrendamento mercantil, no sentido de garantir que o
arrendador receba, ao final do contrato, a quantia mínima final de liquidação do negócio, em caso de o
arrendatário optar por não exercer seu direito de compra e, também, não desejar que o contrato seja
prorrogado.
74
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Op. cit.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

valores das compras diretamente da operadora. Esta, por sua vez, cobra dos
clientes, mensalmente, o valor de todas as suas compras realizadas num
determinado período. Chama-se cartão de crédito, então, o documento por
meio do qual o cliente realiza a compra, apresentando-o ao estabelecimento
comercial cadastrado. Do que foi exposto, pode-se então distinguir três
relações jurídicas distintas numa operação com cartão de crédito: (i) a da
operadora com o seu cliente; (ii) a do cliente com o estabelecimento comercial;
(iii) a do estabelecimento comercial com a operadora75.

Feita a introdução, vamos à resolução.

A) INCORRETA.

O STJ editou súmula no sentido contrário:

Súmula 293-STJ: A cobrança antecipada do valor residual


garantido (VRG) não descaracteriza o contrato de
arrendamento mercantil.

Havia celeuma doutrinária e jurisprudencial quanto à descaracterização ou não do


leasing quando houvesse antecipação do VRG. Isso se dá pela similaridade da cobrança
com uma mera compra e venda:

Prática comum é a exigência por parte das instituições


financeiras arrendantes de que o arrendatário faça o
pagamento do valor residual de forma adiantada, o chamado
VRG – Valor Residual Garantido. Essa prática tolhe a
possibilidade de o arrendatário vir a rejeitar o bem ao final do
contrato, não se verificando a opção pela aquisição do bem
arrendado, mas, isso sim, a imposição de sua compra desde o
início da relação contratual, fato esse que transforma o leasing
em um simples contrato de compra e venda financiada76.

B) INCORRETA.

Essa alternativa foi cobrada na prova da PGE-SE, de 2017 e é falsa. Sobre as cláusulas
típicas do contrato de factoring, expõe Santa Cruz:

75
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Op. cit.
76
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Op. cit.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

Dentre as cláusulas típicas de um contrato de faturização,


merecem destaque as seguintes: a) cláusula de exclusividade,
por meio da qual se compromete a não contratar outro
faturizador (tal cláusula impede que o faturizado ceda os
créditos bons a um faturizador, deixando os créditos ruins para
outro faturizador); b) cláusula de totalidade, por meio da qual
o faturizado transmite todos os seus créditos ao faturizador,
cabendo a este escolher os que vai garantir (tal cláusula, por
sua vez, impede que o faturizado só transfira os créditos ruins);
c) cláusula de aprovação prévia pelo faturizador.

A cláusula de territorialidade, por sua vez, é mais ligada a contratos empresariais do


tipo colaboração, como contrato de distribuição, concessão mercantil, franchising
(franquia) e representação comercial (agência). O contrato de colaboração “trata-se,
em síntese, de contratos entre empresários que dinamizam a atividade empresarial,
aproximando o produtor do bem ou prestador do serviço dos seus respectivos
consumidores finais. Assim, o colaborador assume a obrigação contratual de ajudar a
formar ou ampliar o mercado consumidor do colaborado”.

C) INCORRETA.

Como visto, trata-se do leasing financeiro, e não do lease back. É a modalidade clássica
de arrendamento mercantil, através da qual a arrendadora compra o bem que o
arrendatário deseja possuir.

D) INCORRETA.

Errado. Santa Cruz explica que só há relação de consumo na relação operadora-cliente


e na relação cliente-comércio. Entre comércio e operadora não existe vínculo
consumerista.

Perceba-se que só há relação de consumo nas duas primeiras


relações jurídicas ora destacadas. Em contrapartida, não há
relação de consumo na relação entre a operadora e o
estabelecimento comercial credenciado, conforme orientação
jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça.

E) CORRETA.

Questão cobrada na prova da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional de 2006 (ESAF)


e dada como correta. Em 2016, o STJ editou a seguinte súmula:
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Súmula 564-STJ: No caso de reintegração de posse em


arrendamento mercantil financeiro, quando a soma da
importância antecipada a título de valor residual garantido
(VRG) com o valor da venda do bem ultrapassar o total do
VRG previsto contratualmente, o arrendatário terá direito de
receber a respectiva diferença, cabendo, porém, se estipulado
no contrato, o prévio desconto de outras despesas ou
encargos pactuados.

Sobre o tema, veja o recentíssimo julgado veiculado no Informativo 665 do STJ:

O arrendante é o responsável final pelo pagamento das


despesas, junto a pátio privado, com a remoção e a estadia do
automóvel apreendido em ação de reintegração de posse. STJ.
3ª Turma. REsp 1.828.147-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 20/02/2020 (Info 665) 77.

GABARITO: E

91) Quanto à locação comercial, regulada pela Lei nº 8.245/91, assinale a


alternativa correta.

A) Um dos requisitos para que o locatário de imóvel comercial tenha direito a


renovação do contrato é a exploração do comércio, no mesmo ramo, pelo prazo
mínimo e ininterrupto de 2 anos.
B) O locador de espaço em shopping center não estará obrigado a renovar o contrato
caso queira utilizar, ele próprio, o imóvel.
C) Dissolvida a sociedade comercial por morte de um dos sócios, o sócio sobrevivente
fica sub-rogado no direito a renovação, independentemente de continuar no mesmo
ramo.
D) O direito a renovação do contrato não se estende às locações celebradas por
indústrias e sociedades civis com fim lucrativo, regularmente constituídas.
E) No caso de sublocação total do imóvel, o direito a renovação somente poderá ser
exercido pelo sublocatário.

Assunto: Locação empresarial


Categoria: Lei seca
77
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O arrendante é o responsável final pelo pagamento das despesas,
junto a pátio privado, com a remoção e a estadia do automóvel apreendido em ação de reintegração de
posse. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/
jurisprudencia/detalhes/99cd3843754d20ec3c5885d805db8a32>. Acesso em: 21/06/2020
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Nível: Difícil

COMENTÁRIOS:

O tema da locação comercial é interessante pela possibilidade de cobrança tanto nas


provas de Direito Civil (já que é regulado pela Lei nº 8.245/91, presença constante nos
editais) ou de Direito Empresarial.

A) INCORRETA.

O art. 51 da Lei nº 8.245/91 traz os requisitos cumulativos para que o locatário possa
exercer direito de renovação do contrato de locação de imóvel destinado ao comércio.
O prazo de exploração do comércio é de, no mínimo, 3 anos ininterruptos (inciso III):

Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o


locatário terá direito a renovação do contrato, por igual prazo,
desde que, cumulativamente:
I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com
prazo determinado;
II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos
prazos ininterruptos dos contratos escritos seja de cinco anos;
III - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo
ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos.

B) INCORRETA.

Nas hipóteses do inciso II do art. 52 da Lei nº 8.245/91, o locador de espaços em


shoppings não poderá recusar a renovação.

Art. 52. O locador não estará obrigado a renovar o contrato


se:
I - por determinação do Poder Público, tiver que realizar no
imóvel obras que importarem na sua radical transformação;
ou para fazer modificações de tal natureza que aumente o
valor do negócio ou da propriedade;
II - o imóvel vier a ser utilizado por ele próprio ou para
transferência de fundo de comércio existente há mais de um
ano, sendo detentor da maioria do capital o locador, seu
cônjuge, ascendente ou descendente.
§ 1º Na hipótese do inciso II, o imóvel não poderá ser
destinado ao uso do mesmo ramo do locatário, salvo se a
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locação também envolvia o fundo de comércio, com as


instalações e pertences.
§ 2º Nas locações de espaço em shopping centers, o locador
não poderá recusar a renovação do contrato com fundamento
no inciso II deste artigo.

C) INCORRETA.

O sócio sobrevivente precisa continuar no mesmo ramo comercial para que haja sub-
rogação do direito a renovação.

Art. 51. § 3º Dissolvida a sociedade comercial por morte de


um dos sócios, o sócio sobrevivente fica sub-rogado no direito
a renovação, desde que continue no mesmo ramo.

D) INCORRETA.

O § 4º do art. 51 da Lei nº 8.245/91 prevê o contrário:

Art. 51. § 4º O direito a renovação do contrato estende-se às


locações celebradas por indústrias e sociedades civis com fim
lucrativo, regularmente constituídas, desde que ocorrentes os
pressupostos previstos neste artigo.

E) CORRETA.

É o gabarito. Se houver sublocação total, só o sublocatário poderá exercer o direito de


renovação.

Art. 51. § 1º O direito assegurado neste artigo poderá ser


exercido pelos cessionários ou sucessores da locação; no caso
de sublocação total do imóvel, o direito a renovação somente
poderá ser exercido pelo sublocatário.

GABARITO: E

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

92) A respeito da aposentadoria por idade do trabalhador rural tema, assinale a


opção correta.
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A) A idade para a aposentadoria do trabalhador rural sofre redução em relação à


regra geral, sendo de 55 anos de idade, se homem, e de 50 anos, se mulher.
B) Não se computa como efetivo exercício de atividade rural o exercício de mandato
eletivo de dirigente sindical de organização da categoria de trabalhadores rurais.
C) Para sofrer a redução na idade de aposentadoria, o trabalhador rural deve
comprovar atividade rural, a qual não poderá ser descontínua.
D) Para a comprovação do exercício de atividade rural, basta a autodeclaração do
trabalhador rural.
E) Para a concessão de aposentadoria rural por idade, o trabalhador rural deve ter
exercido a atividade por 180 meses.

Assunto: Benefícios previdenciários


Categoria: Lei seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.

A aposentadoria por idade do trabalhador rural é prevista no art. 201, § 7º, da CRFB,
sendo de 60 e 55 anos (homens e mulheres, respectivamente).

§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de


previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes
condições: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20,
de 1998)
I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 62
(sessenta e dois) anos de idade, se mulher, observado tempo
mínimo de contribuição; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)
II - 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cinquenta e
cinco) anos de idade, se mulher, para os trabalhadores rurais
e para os que exerçam suas atividades em regime de
economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o
garimpeiro e o pescador artesanal. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

Observe que o inciso I acima é a regra geral; as idades para os trabalhadores rurais são
reduzidas. Isso também é previsto no art. 48, § 1º, da Lei nº 8.213/91:
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

§ 1º Os limites fixados no caput são reduzidos para sessenta e


cinquenta e cinco anos no caso de trabalhadores rurais,
respectivamente homens e mulheres, referidos na alínea a do
inciso I, na alínea g do inciso V e nos incisos VI e VII do art. 11.

B) INCORRETA.

Veja o que diz o art. 48, § 2º, da Lei nº 8.213/91:

§ 2º Para os efeitos do disposto no § 1º deste artigo, o


trabalhador rural deve comprovar o efetivo exercício de
atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período
imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por
tempo igual ao número de meses de contribuição
correspondente à carência do benefício pretendido,
computado o período a que se referem os incisos III a VIII do §
9º do art. 11 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11,718, de
2008)

Uma das possibilidades de cômputo, para fins de aposentadoria por idade rural, é o
período como dirigente sindical eleito, desde que em organização da categoria de
trabalhadores rurais. Veja o inciso IV do§ 9º do art. 11 da Lei nº 8.213/91.

§ 9º Não é segurado especial o membro de grupo familiar que


possuir outra fonte de rendimento, exceto se decorrente de:
(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
I – benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio-
reclusão, cujo valor não supere o do menor benefício de
prestação continuada da Previdência Social; (Incluído pela Lei
nº 11.718, de 2008)
II – benefício previdenciário pela participação em plano de
previdência complementar instituído nos termos do inciso IV do
§ 8º deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
III - exercício de atividade remunerada em período não
superior a 120 (cento e vinte) dias, corridos ou intercalados,
no ano civil, observado o disposto no § 13 do art. 12 da Lei nº
8.212, de 24 de julho de 1991; (Redação dada pela Lei nº
12.873, de 2013)
IV – exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de
organização da categoria de trabalhadores rurais; (Incluído
pela Lei nº 11.718, de 2008)
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

V – exercício de mandato de vereador do Município em que


desenvolve a atividade rural ou de dirigente de cooperativa
rural constituída, exclusivamente, por segurados especiais,
observado o disposto no § 13 do art. 12 da Lei no 8.212, de 24
de julho de 1991; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
VI – parceria ou meação outorgada na forma e condições
estabelecidas no inciso I do § 8º deste artigo; (Incluído pela Lei
nº 11.718, de 2008)
VII – atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima
produzida pelo respectivo grupo familiar, podendo ser
utilizada matéria-prima de outra origem, desde que a renda
mensal obtida na atividade não exceda ao menor benefício de
prestação continuada da Previdência Social; e (Incluído pela
Lei nº 11.718, de 2008)
VIII – atividade artística, desde que em valor mensal inferior
ao menor benefício de prestação continuada da Previdência
Social. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

C) INCORRETA.

Errado. A lei autoriza que o exercício de atividade rural seja, também, descontínuo.

Art. 48. § 2º Para os efeitos do disposto no § 1º deste artigo, o


trabalhador rural deve comprovar o efetivo exercício de
atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período
imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por
tempo igual ao número de meses de contribuição
correspondente à carência do benefício pretendido,
computado o período a que se referem os incisos III a VIII do §
9º do art. 11 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11,718, de
2008)

Sobre o tema, há a Súmula nº 46 da TNU:

O exercício de atividade urbana intercalada não impede a


concessão de benefício previdenciário de trabalhador rural,
condição que deve ser analisada no caso concreto.

D) INCORRETA.

Sobre a comprovação do tempo, o art. 143 da Lei nº 8.213/91 diz:


SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

Art. 143. O trabalhador rural ora enquadrado como segurado


obrigatório no Regime Geral de Previdência Social, na forma da
alínea "a" do inciso I, ou do inciso IV ou VII do art. 11 desta Lei,
pode requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário
mínimo, durante quinze anos, contados a partir da data de
vigência desta Lei, desde que comprove o exercício de
atividade rural, ainda que descontínua, no período
imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em
número de meses idêntico à carência do referido benefício.
(Redação dada pela Lei nº. 9.063, de 1995)

O art. 106 da mesma lei, alterado em 2019, traz o rol de documentos para
comprovação da atividade rural:

Art. 106. A comprovação do exercício de atividade rural será


feita, complementarmente à autodeclaração de que trata o §
2º e ao cadastro de que trata o § 1º, ambos do art. 38-B desta
Lei, por meio de, entre outros: (Redação dada pela Lei nº
13.846, de 2019)
I – contrato individual de trabalho ou Carteira de Trabalho e
Previdência Social; (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008)
II – contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural;
(Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008)
III – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
IV – Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar, de que trata o inciso II
do caput do art. 2º da Lei nº 12.188, de 11 de janeiro de 2010,
ou por documento que a substitua; (Redação dada pela Lei nº
13.846, de 2019)
V – bloco de notas do produtor rural; (Redação dada pela Lei nº
11.718, de 2008)
VI – notas fiscais de entrada de mercadorias, de que trata o §
7º do art. 30 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, emitidas
pela empresa adquirente da produção, com indicação do nome
do segurado como vendedor; (Incluído pela Lei nº 11.718, de
2008)
VII – documentos fiscais relativos a entrega de produção rural à
cooperativa agrícola, entreposto de pescado ou outros, com
indicação do segurado como vendedor ou consignante;
(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

VIII – comprovantes de recolhimento de contribuição à


Previdência Social decorrentes da comercialização da
produção; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
IX – cópia da declaração de imposto de renda, com indicação de
renda proveniente da comercialização de produção rural; ou
(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
X – licença de ocupação ou permissão outorgada pelo Incra.
(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

Assim, o pleiteante deve apresentar algum documento para comprovar o exercício de


atividade rural, além da autodeclaração (para período anterior a 01/01/2023) e da
presença no Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS (para período posterior a
01/01/2023):

Art. 38-A O Ministério da Economia manterá sistema de


cadastro dos segurados especiais no Cadastro Nacional de
Informações Sociais (CNIS), observado o disposto nos §§ 4º e
5º do art. 17 desta Lei, e poderá firmar acordo de cooperação
com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e
com outros órgãos da administração pública federal, estadual,
distrital e municipal para a manutenção e a gestão do sistema
de cadastro. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)

Art. 38-B. O INSS utilizará as informações constantes do


cadastro de que trata o art. 38-A para fins de comprovação do
exercício da atividade e da condição do segurado especial e do
respectivo grupo familiar. (Incluído pela Lei nº 13.134, de
2015)
§ 1º A partir de 1º de janeiro de 2023, a comprovação da
condição e do exercício da atividade rural do segurado
especial ocorrerá, exclusivamente, pelas informações
constantes do cadastro a que se refere o art. 38-A desta Lei.
(Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
§ 2º Para o período anterior a 1º de janeiro de 2023, o
segurado especial comprovará o tempo de exercício da
atividade rural por meio de autodeclaração ratificada por
entidades públicas credenciadas, nos termos do art. 13 da Lei
nº 12.188, de 11 de janeiro de 2010, e por outros órgãos
públicos, na forma prevista no regulamento. (Incluído pela Lei
nº 13.846, de 2019)
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

§ 3º Até 1º de janeiro de 2025, o cadastro de que trata o art.


38-A poderá ser realizado, atualizado e corrigido, sem prejuízo
do prazo de que trata o § 1º deste artigo e da regra
permanente prevista nos §§ 4º e 5º do art. 38-A desta Lei.
(Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
§ 4º Na hipótese de divergência de informações entre o
cadastro e outras bases de dados, para fins de reconhecimento
do direito ao benefício, o INSS poderá exigir a apresentação dos
documentos referidos no art. 106 desta Lei. (Incluído pela Lei
nº 13.846, de 2019)
§ 5º O cadastro e os prazos de que tratam este artigo e o art.
38-A desta Lei deverão ser amplamente divulgados por todos
os meios de comunicação cabíveis para que todos os cidadãos
tenham acesso à informação sobre a existência do referido
cadastro e a obrigatoriedade de registro. (Incluído pela Lei nº
13.846, de 2019)

Fique atento, por fim, ao disposto na Súmula nº 14 no TNU:

Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se


exige que o início de prova material, corresponda a todo o
período equivalente à carência do benefício.

E) CORRETA.

A carência para aposentadoria por idade é de 180 contribuições mensais:

Art. 25. A concessão das prestações pecuniárias do Regime


Geral de Previdência Social depende dos seguintes períodos de
carência, ressalvado o disposto no art. 26:
II - aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de
serviço e aposentadoria especial: 180 contribuições mensais.
(Redação dada pela Lei nº 8.870, de 1994)

GABARITO: E

93) A respeito do auxílio-acidente, assinale a alternativa correta.

A) O auxílio-acidente mensal corresponderá a 91% do salário-de-benefício.


B) O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-
doença.
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

C) O auxílio-acidente é acumulável com a aposentadoria.


D) A perda da audição, em qualquer grau, proporcionará a concessão do auxílio-
acidente sempre quando houver reconhecimento de causalidade entre o trabalho e a
doença.
E) Somente poderão beneficiar-se do auxílio-acidente os segurados empregados,
empregados domésticos, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais.

Assunto: Benefícios previdenciários


Categoria: Lei seca
Nível: Fácil

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.

A renda mensal do auxílio-acidente é de 50% do salário-de-benefício, conforme art. 81,


§º, da Lei nº 8.213/91:

§ 1º O auxílio-acidente mensal corresponderá a cinquenta por


cento do salário-de-benefício e será devido, observado o
disposto no § 5º, até a véspera do início de qualquer
aposentadoria ou até a data do óbito do segurado. (Redação
dada pela Lei nº 9.528, de 1997)

O percentual de 91% corresponde, na verdade, ao auxílio-doença:

Art. 61. O auxílio-doença, inclusive o decorrente de acidente do


trabalho, consistirá numa renda mensal correspondente a 91%
(noventa e um por cento) do salário-de-benefício, observado o
disposto na Seção III, especialmente no art. 33 desta Lei.
(Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)

B) CORRETA.

É o que dispõe o art. 86, § 2º:

§ 2º O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao


da cessação do auxílio-doença, independentemente de
qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo
acidentado, vedada sua acumulação com qualquer
aposentadoria. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)
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C) INCORRETA.

É vedada a acumulação de aposentadoria com auxílio-acidente:

§ 2º O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao


da cessação do auxílio-doença, independentemente de
qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo
acidentado, vedada sua acumulação com qualquer
aposentadoria. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)

D) INCORRETA.

Além do reconhecimento do nexo causal entre trabalho e doença, será necessário


comprovar a redução ou perda da capacidade para o trabalho habitual.

§ 4º A perda da audição, em qualquer grau, somente


proporcionará a concessão do auxílio-acidente, quando, além
do reconhecimento de causalidade entre o trabalho e a
doença, resultar, comprovadamente, na redução ou perda da
capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.
(Restabelecido com nova redação pela Lei nº 9.528, de 1997)

E) INCORRETA.

O contribuinte individual (e também o segurado facultativo) não recebe auxílio-


acidente:

Art. 18. § 1º Somente poderão beneficiar-se do auxílio-


acidente os segurados incluídos nos incisos I, II, VI e VII do art.
11 desta Lei. (Redação dada pela Lei Complementar nº 150, de
2015)

Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as


seguintes pessoas físicas: (Redação dada pela Lei nº 8.647, de
1993)
I - como empregado: [...]
II - como empregado doméstico: aquele que presta serviço de
natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial
desta, em atividades sem fins lucrativos;
SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHAIENY CARVALHO 11413135617 SSHA

VI - como trabalhador avulso: quem presta, a diversas


empresas, sem vínculo empregatício, serviço de natureza
urbana ou rural definidos no Regulamento;
VII – como segurado especial: a pessoa física residente no
imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele
que, individualmente ou em regime de economia familiar,
ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de:
(Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008)

GABARITO: B

94) Sobre o benefício de prestação continuada (BPC) da Lei Orgânica da Assistência


Social (LOAS), assinale a opção correta.

A) A pessoa idosa que deseja receber o BPC-LOAS deve comprovar, entre outros
requisitos, possuir mais de 60 anos.
B) O recebimento de seguro-desemprego impede o recebimento do BPC-LOAS.
C) A pessoa com deficiência deverá provar impedimento de longo prazo com duração
mínima de 1 ano.
D) Para fins de concessão do BPC-LOAS, o conceito de pessoa com deficiência se
confunde necessariamente com a situação de incapacidade laborativa.
E) É constitucional a renda familiar mensal per capita inferior a um quarto do salário
mínimo como requisito obrigatório para concessão do BPC-LOAS.

Assunto: Lei Orgânica da Assistência Social


Categoria: Lei seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

Os requisitos do BPC constituem verdadeira predileção dos examinadores quando


querem explorar a LOAS. Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari 78, com
base nas disposições legais, esquematizam assim os requisitos legais para a concessão:

BPC-LOAS: requisitos cumulativos


Pessoa idosa Pessoa com deficiência
65 anos de idade ou mais. Impedimento de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial, os

78
CASTRO, Carlos Alberto Pereira; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 23. ed. Rio
de Janeiro: Forense, 2020.
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quais, em interação com uma ou mais


barreiras, obstruam sua participação
plena e efetiva na sociedade em
igualdade de condições com os demais.
Família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 do salário mínimo, podendo
ser utilizados outros elementos probatórios da condição de miserabilidade do grupo
familiar e da situação de vulnerabilidade.
Não receber benefício no âmbito da Seguridade Social ou de outro regime, inclusive o
seguro-desemprego, salvo o de assistência médica e a pensão especial de natureza
indenizatória.

A) INCORRETA.

O BPC-LOAS é devido para idosos com 65 anos (não 60) ou pessoas com deficiência
que sejam carentes. As condições estão no art. 20 da LOAS:

Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de


um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao
idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem
não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-
la provida por sua família. (Redação dada pela Lei nº 12.435,
de 2011) (Vide Lei nº 13.985, de 2020)

B) CORRETA.

O art. 20, § 4º, da LOAS só autoriza como exceção os benefícios de assistência médica
e as pensões especiais indenizatórias.

§ 4º O benefício de que trata este artigo não pode ser


acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito
da seguridade social ou de outro regime, salvo os da
assistência médica e da pensão especial de natureza
indenizatória. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)

C) INCORRETA.

É considerada deficiência, para fins do BPC, o impedimento físico, mental, intelectual


ou sensorial de longo prazo (2 anos) que cause obstrução na participação plena e
efetiva da pessoa na sociedade:
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Art. 20. § 2º Para efeito de concessão do benefício de


prestação continuada, considera-se pessoa com deficiência
aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação
com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação
plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com
as demais pessoas. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
2015) (Vigência)

Art. 20. § 10. Considera-se impedimento de longo prazo,


para os fins do § 2º deste artigo, aquele que produza efeitos
pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº
12.470, de 2011)

D) INCORRETA.

A Súmula nº 48 da TNU fala exatamente o contrário:

Para fins de concessão do benefício assistencial de prestação


continuada, o conceito de pessoa com deficiência, que não se
confunde necessariamente com situação de incapacidade
laborativa, é imprescindível a configuração de impedimento de
longo prazo com duração mínima de 2 (dois) anos, a ser aferido
no caso concreto, desde a data do início sua caracterização.

E) INCORRETA.

O requisito econômico do BPC foi alvo de debate jurisprudencial. O art. 20, § 3º, I, fala
o seguinte:

§ 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa


com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per
capita seja: (Redação dada pela Lei nº 13.982, de 2020)
I - igual ou inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo, até
31 de dezembro de 2020; (Incluído pela Lei nº 13.982, de
2020)

Segundo a orientação do STJ (REsp 1.112.557/MG, de 2009), o magistrado não está


sujeito a um sistema de tarifação legal de provas, motivo pelo qual a delimitação do
valor da renda familiar per capita não deve ser tida como único meio de prova da
condição de miserabilidade do requerente.
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Analisando o assunto, o STF fixou a Tese de Repercussão Geral nº 27 no seguinte


sentido:

É inconstitucional o § 3º do artigo 20 da Lei 8.742/1993, que


estabelece a renda familiar mensal per capita inferior a um
quarto do salário mínimo como requisito obrigatório para
concessão do benefício assistencial de prestação continuada
previsto no artigo 203, V, da Constituição.

Embora declarado inconstitucional, não houve declaração de nulidade. Deve se dar


prioridade, na verdade, ao art. 20, § 11, da LOAS:

§ 11. Para concessão do benefício de que trata o caput deste


artigo, poderão ser utilizados outros elementos probatórios
da condição de miserabilidade do grupo familiar e da situação
de vulnerabilidade, conforme regulamento. (Incluído pela Lei
nº 13.146, de 2015)

Além disso, cumpre destacar que STJ fixou, em regime de recursos repetitivos, a
seguinte tese (Tema nº 185 – REsp 1.112.557/MG):

A limitação do valor da renda per capita familiar não deve ser


considerada a única forma de se comprovar que a pessoa não
possui outros meios para prover a própria manutenção ou de
tê-la provida por sua família, pois é apenas um elemento
objetivo para se aferir a necessidade, ou seja, presume-se
absolutamente a miserabilidade quando comprovada a renda
per capita inferior a 1/4 do salário mínimo.

GABARITO: B

95) Considere as empresas a seguir:

I. Empresa A, cuja atividade preponderante o risco de acidente de trabalho seja


considerado leve.
II. Empresa B, cuja atividade preponderante o risco de acidente de trabalho seja
considerado médio.
III. Empresa C, cuja atividade preponderante o risco de acidente de trabalho seja
considerado grave.
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Assinale a alternativa que corresponde às alíquotas da Contribuição do Grau de


Incidência de Incapacidade Laborativa decorrente dos Riscos Ambientais do
Trabalho (GILRAT) devidas pelas empresas A, B e C, respectivamente.

A) 0,5%, 1,25% e 2%.


B) 0,5%, 1,5% e 2,5%.
C) 1%, 1,5% e 2%.
D) 1%, 2% e 3%.
E) 4%, 6% e 8%.

Assunto: Custeio de seguridade social


Categoria: Lei seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

O GILRAT (antigo SAT) é uma das (muitas) contribuições a serem pagas pelas empresas
para o custeio da seguridade social. É um seguro obrigatório que se destina à
cobertura de eventos resultantes de acidente do trabalho. A Lei nº 8.212/91 fixa o
seguinte (o art. 202 do Regulamento da Previdência Social contém disposição similar):

Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à


Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de:
II - para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e
58 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles
concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade
laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho,
sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no
decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores
avulsos: (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 1998).
a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade
preponderante o risco de acidentes do trabalho seja
considerado leve;
b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade
preponderante esse risco seja considerado médio;
c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade
preponderante esse risco seja considerado grave.

Explicam Castro e Lazzari79:

79
Op. cit.
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O enquadramento nos correspondentes graus de risco é de


responsabilidade da empresa, e deve ser feito mensalmente, de
acordo com a sua atividade econômica preponderante,
conforme a Relação de Atividades Preponderantes e
Correspondentes Graus de Risco, elaborada com base na CNAE,
prevista no Anexo V do RPS, reproduzida no Anexo I da
Instrução Normativa RFB n. 971, de 13.11.2009.

O enquadramento de grau de risco pela atividade preponderante no caso de vários


estabelecimentos da mesma empresa foi tema da Súmula nº 351 do STJ:

Súmula 351-STJ: A alíquota de contribuição para o Seguro de


Acidente do Trabalho (SAT) é aferida pelo grau de risco
desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu
CNPJ, ou pelo grau de risco da atividade preponderante
quando houver apenas um registro.

Por fim, destaque-se que as alíquotas do GILRAT podem ser reduzidas ou aumentadas
por um multiplicador chamado Fator Acidentário de Prevenção (FAP), possibilitado
pela Lei nº 10.666/03:

Art. 10. A alíquota de contribuição de um, dois ou três por


cento, destinada ao financiamento do benefício de
aposentadoria especial ou daqueles concedidos em razão do
grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos
riscos ambientais do trabalho, poderá ser reduzida, em até
cinquenta por cento, ou aumentada, em até cem por cento,
conforme dispuser o regulamento, em razão do desempenho
da empresa em relação à respectiva atividade econômica,
apurado em conformidade com os resultados obtidos a partir
dos índices de frequência, gravidade e custo, calculados
segundo metodologia aprovada pelo Conselho Nacional de
Previdência Social.

Foi o Decreto nº 6.042/07 que regulamentou o FAP, introduzindo o art. 202-A no


Regulamento da Previdência Social:

Art. 202-A. As alíquotas constantes nos incisos I a III do art. 202


serão reduzidas em até cinquenta por cento ou aumentadas em
até cem por cento, em razão do desempenho da empresa em
relação à sua respectiva atividade, aferido pelo Fator
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Acidentário de Prevenção - FAP. (Incluído pelo Decreto nº


6.042, de 2007).
§ 1º O FAP consiste num multiplicador variável num intervalo
contínuo de cinco décimos (0,5000) a dois inteiros (2,0000),
aplicado com quatro casas decimais, considerado o critério de
arredondamento na quarta casa decimal, a ser aplicado à
respectiva alíquota. (Redação dada pelo Decreto nº 6.957, de
2009)
§ 2º Para fins da redução ou majoração a que se refere o caput,
proceder-se-á à discriminação do desempenho da empresa,
dentro da respectiva atividade econômica, a partir da criação
de um índice composto pelos índices de gravidade, de
frequência e de custo que pondera os respectivos percentis
com pesos de cinquenta por cento, de trinta cinco por cento e
de quinze por cento, respectivamente. (Redação dada pelo
Decreto nº 6.957, de 2009)

GABARITO: D

96) Situação hipotética: Matias, de 60 anos de idade, é segurado do RGPS na


categoria empregado e deseja pleitear administrativamente o benefício da
aposentadoria por incapacidade permanente. Com base na lei e na jurisprudência,
assinale a opção correta.

A) Caso obtenha o benefício, Matias estará posteriormente isento de convocação


para exame médico-pericial.
B) O STJ entende que o laudo pericial pode ser utilizado como parâmetro para fixar o
termo inicial de aquisição de direitos previdenciários.
C) Caso Matias não requeira administrativamente o benefício, o termo inicial do
benefício previdenciário concedido na via judicial é a data da sentença.
D) O requerimento do benefício deve ser formulado no prazo de 15 dias a partir da
data da incapacidade, sob pena de ser a data de entrada do requerimento o termo
inicial do benefício.
E) Há direito a aposentadoria por invalidez mesmo quando a incapacidade para o
trabalho é preexistente ao reingresso do segurado no RGPS.

Assunto: Benefícios previdenciários


Categoria: Jurisprudência e lei seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:
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A) CORRETA.

Dispõe a Lei nº 8.213/91:

Art. 43. § 4º O segurado aposentado por invalidez poderá ser


convocado a qualquer momento para avaliação das condições
que ensejaram o afastamento ou a aposentadoria, concedida
judicial ou administrativamente, observado o disposto no art.
101 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.457, de 2017)

Entretanto, aqueles que completaram 60 anos (ou 55 anos, desde que decorridos 15
anos da concessão) estão dispensados de novos exames:

Art. 101. O segurado em gozo de auxílio-doença, aposentadoria


por invalidez e o pensionista inválido estão obrigados, sob pena
de suspensão do benefício, a submeter-se a exame médico a
cargo da Previdência Social, processo de reabilitação
profissional por ela prescrito e custeado, e tratamento
dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de
sangue, que são facultativos. (Redação dada pela Lei nº 9.032,
de 1995)
§ 1º O aposentado por invalidez e o pensionista inválido que
não tenham retornado à atividade estarão isentos do exame
de que trata o caput deste artigo: (Redação dada pela lei nº
13.457, de 2017)
I - após completarem cinquenta e cinco anos ou mais de idade
e quando decorridos quinze anos da data da concessão da
aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a
precedeu; ou (Incluído pela lei nº 13.457, de 2017) (Vide
Medida Provisória nº 871, de 2019)
II - após completarem sessenta anos de idade. (Incluído pela
lei nº 13.457, de 2017)

B) INCORRETA.

O termo inicial da aposentadoria da invalidez não pode ser a data do laudo médico-
pericial. Explica Castro e Lazzari80 que:

80
Op. cit.
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Ou seja, o STJ tem afastado a data do laudo médico-pericial


como marco inicial de aposentadoria por invalidez. Assim, o
início da concessão de aposentadoria por invalidez deve
coincidir com a data do requerimento administrativo ou, na
ausência deste, da citação do INSS, na hipótese em que a
incapacidade definitiva apenas seja comprovada após a
apresentação do laudo pericial em juízo e o segurado não
esteja em gozo de auxílio-doença decorrente do mesmo fato
gerador.

Nas palavras do STJ:

O laudo pericial norteia somente o livre convencimento do


juiz quanto aos fatos alegados pelas partes, portanto, não
serve como parâmetro para fixar termo inicial de aquisição de
direitos (AgRg no Ag 1.189.010/SP, Rel. Min. JORGE MUSSI,
DJe 12.4.2010). (STJ - REsp: 1429256 SP 2014/0005372-0,
Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Data de
Publicação: DJ 03/08/2018).

C) INCORRETA.

O termo inicial para recebimento do benefício, caso seja concedido judicialmente, é a


data da citação válida:

Súmula 576-STJ: Ausente requerimento administrativo no


INSS, o termo inicial para a implantação da aposentadoria por
invalidez concedida judicialmente será a data da citação
válida.

D) INCORRETA.

A data de início do benefício da aposentadoria por invalidez pode ser esquematizada


da seguinte forma:

Decorrente de
Data de início
transformação
do benefício Dia imediato ao da cessação do auxílio-doença
de auxílio-
de
doença
aposentadoria
Não Segurados 16º dia de Data de
por invalidez OU
decorrente de empregados afastamento entrada do
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transformação (exceto requerimento,


de auxílio- domésticos) se requerer
doença após o 30º dia
de
afastamento
Data de
entrada do
Data de requerimento,
Demais
início da ser requerer
segurados
incapacidade após o 30º dia
de
incapacidade

O requerimento deve ser formulado no prazo de 30 dias a partir do afastamento (para


que o benefício retroaja e inicie a partir do 16º dia – durante os primeiros 15 dias de
afastamento, é a empresa que paga o salário), pois Matias é segurado empregado.
Caso não apresente o requerimento dentro de 30 dias, o benefício iniciará a partir da
data de entrada do requerimento. Veja como dispõe a Lei nº 8.213/91:

Art. 43. A aposentadoria por invalidez será devida a partir do


dia imediato ao da cessação do auxílio-doença, ressalvado o
disposto nos §§ 1º, 2º e 3º deste artigo.
§ 1º Concluindo a perícia médica inicial pela existência de
incapacidade total e definitiva para o trabalho, a
aposentadoria por invalidez será devida: (Redação dada pela
Lei nº 9.032, de 1995)
a) ao segurado empregado, a contar do décimo sexto dia do
afastamento da atividade ou a partir da entrada do
requerimento, se entre o afastamento e a entrada do
requerimento decorrerem mais de trinta dias; (Redação Dada
pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
b) ao segurado empregado doméstico, trabalhador avulso,
contribuinte individual, especial e facultativo, a contar da data
do início da incapacidade ou da data da entrada do
requerimento, se entre essas datas decorrerem mais de trinta
dias. (Redação Dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
§ 2º Durante os primeiros quinze dias de afastamento da
atividade por motivo de invalidez, caberá à empresa pagar ao
segurado empregado o salário. (Redação Dada pela Lei nº
9.876, de 26.11.99)
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E) INCORRETA.

A Súmula nº 53 do TNU dispõe em sentido contrário:

Não há direito a auxílio-doença ou a aposentadoria por


invalidez quando a incapacidade para o trabalho é
preexistente ao reingresso do segurado no Regime Geral de
Previdência Social.

GABARITO: A

97) Sobre a prescrição e decadência envolvendo benefícios previdenciários, assinale


a alternativa correta.

A) Prescreve em 10 anos, a contar da data em que deveriam ter sido pagas, toda e
qualquer ação para haver prestações vencidas ou quaisquer restituições ou
diferenças devidas pela Previdência Social.
B) O prazo de prescrição interrompe-se pela formulação de requerimento
administrativo e reinicia-se após a ciência da decisão administrativa final.
C) O juiz não poderá reconhecer de ofício a prescrição e a decadência em favor do
INSS.
D) O prazo de decadência do direito de revisão do cálculo de benefício previdenciário
é de 10 anos, contado do dia seguinte ao do recebimento da primeira prestação.
E) Segundo o STJ, o prazo decadencial para revisão de benefício originário não é
renovado na concessão de pensão por morte.

Assunto: Prescrição e decadência


Categoria: Jurisprudência e lei seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.

O prazo é de 5 anos, e não de 10, conforme Lei nº 8.213/91:

Art. 103. Parágrafo único. Prescreve em cinco anos, a contar


da data em que deveriam ter sido pagas, toda e qualquer ação
para haver prestações vencidas ou quaisquer restituições ou
diferenças devidas pela Previdência Social, salvo o direito dos
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menores, incapazes e ausentes, na forma do Código Civil.


(Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)

B) INCORRETA.

Não há interrupção, mas suspensão. Portanto, o prazo é paralisado e posteriormente


volta a correr pela diferença de tempo restante. Súmula nº 74 da TNU:

O prazo de prescrição fica suspenso pela formulação de


requerimento administrativo e volta a correr pelo saldo
remanescente após a ciência da decisão administrativa final.

C) INCORRETA.

Castro e Lazzari81 advogam pela possibilidade de o juiz reconhecer de ofício a


prescrição e a decadência em favor do INSS, com base na TNU, no STJ, no STF e no
CPC:

Questionamento importante sobre a matéria diz respeito à


possibilidade de o Juiz reconhecer de ofício a prescrição e a
decadência em favor do INSS. A TNU fixou tese no sentido do
cabimento, quanto à prescrição: PEDILEF 200381100283235,
DJU de 30.5.2006; e quanto à decadência: PEDILEF 0020377-
04.2008.4.03.6301, DOU de 22.8.2014. Essa orientação está
em conformidade com a jurisprudência do STJ, segundo a qual
as matérias de ordem pública podem ser conhecidas de ofício,
por força do efeito translativo da via recursal, ainda que este
seja conhecido por motivo diverso. Tal conclusão encontra
fundamento na conhecida Súmula n. 456 do STF, pois o
conhecimento da matéria pela Corte não a impede de analisar
as questões prejudiciais que se relacionem com o mérito da
questão. Oportuno mencionar que o novo Código de Processo
Civil prevê a possibilidade de resolução de mérito quando o
juiz reconhecer, de ofício ou a requerimento, a ocorrência de
decadência ou prescrição (art. 487).

D) INCORRETA.

81
Op. cit.
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Errado. O prazo de 10 conta-se a) do 1º dia do mês subsequente ao do recebimento da


primeira prestação ou da data em que a prestação deveria ter sido paga com o valor
revisto ou b) do dia da ciência, pelo segurado, da decisão administrativa.

Art. 103. O prazo de decadência do direito ou da ação do


segurado ou beneficiário para a revisão do ato de concessão,
indeferimento, cancelamento ou cessação de benefício e do
ato de deferimento, indeferimento ou não concessão de
revisão de benefício é de 10 (dez) anos, contado: (Redação
dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
I - do dia primeiro do mês subsequente ao do recebimento da
primeira prestação ou da data em que a prestação deveria ter
sido paga com o valor revisto; ou (Incluído pela Lei nº 13.846,
de 2019)
II - do dia em que o segurado tomar conhecimento da decisão
de indeferimento, cancelamento ou cessação do seu pedido
de benefício ou da decisão de deferimento ou indeferimento
de revisão de benefício, no âmbito administrativo. (Incluído
pela Lei nº 13.846, de 2019)

E) CORRETA.

Mudando o entendimento, em 2019 a 1º Seção do STJ definiu que a concessão da


pensão por morte, embora legitime o pensionista a pedir a revisão da aposentadoria
do falecido, não tem como efeito reabrir o prazo decadencial para essa discussão.
Explica didaticamente a Min. Assusete Magalhães (EREsp 1.605.554):

Realmente, o direito de revisar o benefício originário pertencia


ao falecido segurado, que não o exerceu. Por conseguinte,
considerando que o direito decaiu, não poderá,
posteriormente, ser invocado pela titular da pensão por
morte, a quem restará, tão somente, em sendo o caso, o
direito de revisar os critérios utilizados no cálculo da renda
mensal inicial da própria pensão, por exemplo, se inobservados
os parâmetros estabelecidos no artigo 75 da Lei 8.213/91.

Em outras palavras:

O termo a quo do prazo decadencial para a revisão da pensão


por morte, mediante revisão da renda mensal inicial da
aposentadoria que a originou, corresponde à data da
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concessão do benefício originário. STJ. 1ª Seção. EREsp


1605554-PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Rel. Acd.
Min. Assusete Magalhães, julgado em 27/02/2019 (Info
652) 82.

GABARITO: E

98) Sobre a competência das ações previdenciárias, marque a alternativa correta.

A) O julgamento de causas previdenciárias na Justiça Estadual é limitado aos casos


em que o domicílio do segurado seja em cidade localizada a mais de 100 km de
município sede de vara federal.
B) Compete à Justiça Comum o processamento de demandas ajuizadas contra
entidades privadas de previdência com o propósito de obter complementação de
aposentadoria, entendimento que se estende aos casos em que a complementação
da aposentadoria fica a cargo do antigo empregador.
C) A União é parte legítima para figurar no polo passivo nas ações em que seja
postulado o BPC-LOAS.
D) Compete à Justiça Federal processar e julgar demanda proposta em face do INSS
com o objetivo de ver reconhecido exclusivamente o direito da autora de receber
pensão decorrente da morte de companheiro, ainda que seja necessário enfrentar
questão prejudicial referente à existência da união estável.
E) Compete à Justiça Federal processar e julgar ação que tenha por objeto a
concessão de pensão por morte decorrente de óbito de empregado ocorrido em
razão de assalto sofrido durante o trabalho.

Assunto: Ações previdenciárias


Categoria: Jurisprudência e lei seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.

A EC nº 103/19 modificou o § 3º do art. 109 da CRFB, que agora tem a seguinte


redação:

82
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Em caso de revisão de pensão por morte mediante revisão da RMI
da aposentadoria que a originou o termo inicial do prazo decadencial para a ação é a data da concessão
da aposentadoria(benefício originário). Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/5a499f6e26313e19bd4049009bb
ed5bd>. Acesso em: 23/06/2020
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§ 3º Lei poderá autorizar que as causas de competência da


Justiça Federal em que forem parte instituição de previdência
social e segurado possam ser processadas e julgadas na justiça
estadual quando a comarca do domicílio do segurado não for
sede de vara federal. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)

Com isso, foi editada a Lei nº 13.876/19, que alterou a Lei nº 5.010/66. Agora, o
julgamento de causas previdenciárias na Justiça Estadual é limitado aos casos em que
o domicílio do segurado seja em cidade localizada a mais de 70 km de município sede
de vara federal, e não 100 km.

Art. 15. Quando a Comarca não for sede de Vara Federal,


poderão ser processadas e julgadas na Justiça Estadual:
III - os feitos ajuizados contra instituições previdenciárias por
segurados ou beneficiários residentes na Comarca, que se
referirem a benefícios de natureza pecuniária. (Vide Decreto-
Lei nº 488, de 1969)
III - as causas em que forem parte instituição de previdência
social e segurado e que se referirem a benefícios de natureza
pecuniária, quando a Comarca de domicílio do segurado
estiver localizada a mais de 70 km (setenta quilômetros) de
Município sede de Vara Federal; (Redação dada pela Lei nº
13.876, de 2019)

B) INCORRETA.

De acordo com a Tese de Repercussão Geral nº 190 do STF (2013):

Compete à Justiça comum o processamento de demandas


ajuizadas contra entidades privadas de previdência com o
propósito de obter complementação de aposentadoria,
mantendo-se na Justiça Federal do Trabalho, até o trânsito em
julgado e correspondente execução, todas as causas dessa
espécie em que houver sido proferida sentença de mérito até
20/2/2013.

Portanto, nos casos em que a complementação da aposentadoria fica a cargo do


antigo empregador, a competência é da Justiça Federal.
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C) INCORRETA.

A competência, em ações cujo objeto seja a concessão ou a manutenção do BPC, não


se desloca para a Justiça Federal.

Dessa forma, infere-se que a União é parte ilegítima para


figurar no polo passivo de demandas judiciais que versem
acerca da concessão e manutenção do benefício previsto no art.
20 da Lei n. 8.742/1993. Neste sentido, é o entendimento
firmado pelo Superior Tribunal de Justiça: REsp n. 308.711/SP, 6ª
Turma, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, DJ de 10.3.2003, p. 323;
EREsp 204.974/SP, 3ª Seção, Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca,
DJU de 29.5.200083.

D) CORRETA.

É o entendimento esposado pelo STJ em sede de conflito de competência:

Compete à Justiça Federal processar e julgar demanda


proposta em face do INSS com o objetivo de ver reconhecido
exclusivamente o direito da autora de receber pensão
decorrente da morte do alegado companheiro, ainda que seja
necessário enfrentar questão prejudicial referente à
existência, ou não, da união estável. STJ. 1ª Seção. CC 126489-
RN, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 10/4/2013 (Info
517) 84.

E) INCORRETA.

A competência é estadual, e não federal:

Se determinado vendedor é morto durante um assalto


ocorrido na loja, tal evento caracteriza-se como acidente de
trabalho atípico (art. 21, II, “a”, da Lei 8.213/91). A ação
proposta pela viúva desse vendedor contra o INSS buscando o
benefício previdenciário da pensão por morte deve ser julgada
pela Justiça Estadual (art. 109, I, parte final, da CF/88). STJ. 1ª

83
CASTRO, Carlos Alberto Pereira; LAZZARI, João Batista. Op. cit.
84
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Ação de pensão por morte na qual haverá reconhecimento de
união estável: justiça federal. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a1f0cf94512f963e5ed4edd9af70e
2cc>. Acesso em: 23/06/2020
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Seção. CC 132034-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado


em 28/5/2014 (Info 542)85.

GABARITO: D

99) A Lei nº 9.717/98 dispõe sobre regras gerais para a organização e o


funcionamento dos RPPS dos servidores públicos da União, dos Estados, do DF e dos
Municípios. Marque a alternativa que está em dissonância com os critérios a serem
seguidos na organização dos RPPS dos entes:

A) Cobertura de um número mínimo de segurados, de modo que os regimes possam


garantir diretamente a totalidade dos riscos cobertos no plano de benefícios,
preservando o equilíbrio atuarial com a necessidade de resseguro, conforme
parâmetros específicos.
B) Registro contábil individualizado das contribuições de cada servidor e dos entes
estatais.
C) Vedação de inclusão nos benefícios, para efeito de percepção destes, do abono de
permanência.
D) Vedação de inclusão nos benefícios, para efeito de percepção destes, de parcelas
remuneratórias pagas em decorrência de local de trabalho.
E) Realização de avaliação atuarial inicial e em cada balanço utilizando-se parâmetros
gerais, para a organização e revisão do plano de custeio e benefícios.

Assunto: RPPS
Categoria: Lei seca
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A questão pede a alternativa que não apresenta um critério a ser observado pelos
diversos RPPS. Vejamos a Lei nº 9.717/98:

Art. 1º Os regimes próprios de previdência social dos


servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, dos militares dos Estados e do Distrito
Federal deverão ser organizados, baseados em normas gerais
de contabilidade e atuária, de modo a garantir o seu equilíbrio
financeiro e atuarial, observados os seguintes critérios:

85
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Acidente de trabalho atípico e competência da justiça estadual.
Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/80c94c09453dfe07681fd
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I - realização de avaliação atuarial inicial e em cada balanço


utilizando-se parâmetros gerais, para a organização e revisão
do plano de custeio e benefícios; (Redação dada pela Medida
Provisória nº 2.187-13, de 2001)
II - financiamento mediante recursos provenientes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e das
contribuições do pessoal civil e militar, ativo, inativo e dos
pensionistas, para os seus respectivos regimes;
III - as contribuições e os recursos vinculados ao Fundo
Previdenciário da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios e as contribuições do pessoal civil e militar, ativo,
inativo, e dos pensionistas, somente poderão ser utilizadas para
pagamento de benefícios previdenciários dos respectivos
regimes, ressalvadas as despesas administrativas estabelecidas
no art. 6º, inciso VIII, desta Lei, observado os limites de gastos
estabelecidos em parâmetros gerais; (Redação dada pela
Medida Provisória nº 2.187-13, de 2001)
IV - cobertura de um número mínimo de segurados, de modo
que os regimes possam garantir diretamente a totalidade dos
riscos cobertos no plano de benefícios, preservando o
equilíbrio atuarial sem necessidade de resseguro, conforme
parâmetros gerais;
V - cobertura exclusiva a servidores públicos titulares de cargos
efetivos e a militares, e a seus respectivos dependentes, de
cada ente estatal, vedado o pagamento de benefícios,
mediante convênios ou consórcios entre Estados, entre Estados
e Municípios e entre Municípios;
VI - pleno acesso dos segurados às informações relativas à
gestão do regime e participação de representantes dos
servidores públicos e dos militares, ativos e inativos, nos
colegiados e instâncias de decisão em que os seus interesses
sejam objeto de discussão e deliberação;
VII - registro contábil individualizado das contribuições de
cada servidor e dos entes estatais, conforme diretrizes gerais;
VIII - identificação e consolidação em demonstrativos
financeiros e orçamentários de todas as despesas fixas e
variáveis com pessoal inativo civil, militar e pensionistas, bem
como dos encargos incidentes sobre os proventos e pensões
pagos;
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IX - sujeição às inspeções e auditorias de natureza atuarial,


contábil, financeira, orçamentária e patrimonial dos órgãos de
controle interno e externo.
X - vedação de inclusão nos benefícios, para efeito de
percepção destes, de parcelas remuneratórias pagas em
decorrência de local de trabalho, de função de confiança ou
de cargo em comissão, exceto quando tais parcelas
integrarem a remuneração de contribuição do servidor que se
aposentar com fundamento no art. 40 da Constituição
Federal, respeitado, em qualquer hipótese, o limite previsto
no § 2º do citado artigo; (Redação dada pela Lei nº 10.887, de
2004)
XI - vedação de inclusão nos benefícios, para efeito de
percepção destes, do abono de permanência de que tratam o
§ 19 do art. 40 da Constituição Federal, o § 5º do art. 2º e o §
1º do art. 3º da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de
dezembro de 2003. (Redação dada pela Lei nº 10.887, de
2004)

A) INCORRETA.

Há dois erros na alternativa. O primeiro é que há não há necessidade de resseguro. O


segundo é que os parâmetros devem ser gerais, e não específicos (inciso IV).

B) CORRETA.

Alternativa em conformidade com o inciso VII.

C) CORRETA.

Alternativa em conformidade com o inciso XI.

D) CORRETA.

Alternativa em conformidade com o inciso X.

E) CORRETA.

Alternativa em conformidade com o inciso I.

GABARITO: A
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100) Acerca da jurisprudência dos Tribunais Superiores, assinale a alternativa


correta.

A) Não é possível a ratificação da data de entrada do pedido de aposentadoria no


curso da ação judicial.
B) A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial não poderá obter
pensão previdenciária por morte do ex-marido.
C) Na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de
tolerância, a declaração do empregador no âmbito do Perfil Profissiográfico
Previdenciário (PPP) no sentido da eficácia do equipamento de proteção individual
descaracteriza o tempo de serviço especial para a aposentadoria.
D) O regulamento aplicável ao participante de plano fechado de previdência privada
para fins de cálculo da renda mensal inicial é aquele vigente no momento da
implementação das condições de elegibilidade.
E) É de 5 anos o prazo prescricional de ação proposta por entidade de previdência
privada complementar contra terceiro que se apropriou indevidamente de verbas
relativas a benefício previdenciário.

Assunto: Benefícios previdenciários


Categoria: Jurisprudência
Nível: Médio

COMENTÁRIOS:

A) INCORRETA.

É possível a reafirmação da DER (Data de Entrada do


Requerimento) para o momento em que implementados os
requisitos para a concessão do benefício, mesmo que isso se
dê no interstício entre o ajuizamento da ação e a entrega da
prestação jurisdicional nas instâncias ordinárias, nos termos
dos arts. 493 e 933 do CPC/2015, observada a causa de pedir.
STJ. 1ª Seção. REsp 1727064-SP, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 23/10/2019 (recurso repetitivo - Tema
995) (Info 661)86.

B) INCORRETA.
86
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível a ratificação da data de entrada do pedido de
aposentadoria no curso da ação judicial. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/8767bccb1ff4231a9962e3914f4f1
f8f>. Acesso em: 23/06/2020
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Súmula 336-STJ: A mulher que renunciou aos alimentos na


separação judicial tem direito à pensão previdenciária por
morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica
superveniente.

C) INCORRETA.

Segundo a Tese de Repercussão Geral nº 555 do STF (2014):

I - O direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva


exposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de
modo que, se o EPI for realmente capaz de neutralizar a
nocividade não haverá respaldo constitucional à
aposentadoria especial;
II - Na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos
limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no
âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no
sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual –
EPI, não descaracteriza o tempo de serviço especial para
aposentadoria.

D) CORRETA.

O regulamento aplicável ao participante de plano fechado de


previdência privada para fins de cálculo da renda mensal
inicial do benefício complementar é aquele vigente no
momento da implementação das condições de elegibilidade,
haja vista a natureza civil e estatutária, e não o da data da
adesão, assegurado o direito acumulado. Esse entendimento
se aplica a quaisquer das modalidades de planos de
benefícios, como os Planos de Benefício Definido (BD), os
Planos de Contribuição Definida (CD) e os Planos de
Contribuição Variável (CV). STJ. 2ª Seção. REsp 1435837/RS,
Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. p/ Acórdão Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 27/02/2019 (recurso
repetitivo) (Info 647) 87.

87
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O regulamento aplicável ao participante para fins de cálculo da
renda mensal inicial é aquele vigente no momento da implementação das condições de elegibilidade.
Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/9e9a30b74c49d07d8150c8c83b1c
cf07>. Acesso em: 23/06/2020
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E) INCORRETA.

O STJ decidiu que esse prazo prescricional é trienal, e não quinquenal.

É de 3 anos o prazo prescricional de ação proposta por


entidade de previdência privada complementar contra
terceiro que se apropriou indevidamente de verbas relativas a
benefício previdenciário. Não há previsão específica para este
caso na LC 109/2001, razão pela qual se aplica o art. 206, § 3º,
IV, do Código Civil (pretensão de ressarcimento de
enriquecimento sem causa). Ex: o segurado morreu e, como a
entidade de previdência não foi informada, continuou a
depositar, todos os meses, o valor da aposentadoria; tais
quantias foram sacadas indevidamente da conta bancária por
uma sobrinha do falecido; a entidade terá o prazo de 3 anos
para reaver os valores. STJ. 4ª Turma. REsp 1334442-RS, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, Rel. para acórdão Min. Raul Araújo,
julgado em 7/6/2016 (Info 588) 88.

O fundamento é o art. 206, § 3º, IV, do Código Civil, já que não há prazo prescricional
específico para o caso na LC nº 109/01.

Art. 206. Prescreve:


§ 3º Em três anos:
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem
causa;

Com efeito, existe um prazo prescricional quinquenal na LC nº 109/01, mas ele não se
amolda à hipótese de uma demanda envolvendo a entidade e um terceiro, no
entender da Corte Cidadã.

Art. 75. Sem prejuízo do benefício, prescreve em cinco anos o


direito às prestações não pagas nem reclamadas na época
própria, resguardados os direitos dos menores dependentes,
dos incapazes ou dos ausentes, na forma do Código Civil.

88
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Prazo de 3 anos para pretensão de entidade de previdência
privada complementar de reaver verbas relativas a benefício indevidamente apropriadas por terceiro.
Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d74a214501c1c40b2c77e995082f
3587>. Acesso em: 23/06/2020
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GABARITO: D

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