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Tradução Livre de parte do conteúdo do livro: An Introduction to

GEOLOGICAL STRUCTURES and MAPS. Terceira Edição, de G.M.


BENNISON (1975).

Finalidade: Ajudar discentes do Curso de Geologia, nas disciplinas


Introdução às Geociências e Geologia Geral nos passos iniciais no
tratamento e interpretação de mapas geológicos.

Tradução realizada pela Turma de 2012, representantes da


Monitoria de Introdução às Geociências 2013 sob a supervisão do
Professor Geól.Francisco de A. Matos de Abreu.

CAMADAS HORIZONTAIS E INCLINADAS

CURVAS DE NÍVEL

As colinas e os vales, geralmente, são marcados por sequências de rochas, ou


estratos, elementos individuais – ou camadas - diferenciadas quanto à espessura e
resistência à erosão. Assim, diversas feições topográficas e morfologias do terreno (land-
forms) são formadas, excetuando-se os casos em que a topografia resultante da erosão,
provém de apenas uma única litologia.

De maneira simples, podemos considerar os casos em que os estratos são


horizontais. Raramente os encontramos assim na natureza; frequentemente, eles são
encontrados soerguidos centenas de metros acima da posição em que foram depositados,
geralmente rotacionando-se e inclinando-se durante o processo de elevação. O padrão do
afloramento das camadas quando os estratos estão na horizontal é uma função da
topografia. A camada mais superior na sequência estratigráfica (a mais nova) aflorará no
terreno nas partes mais altas e as camadas da porção inferior da sequência aflorará nos
vales mais profundos. Os contatos geológicos serão paralelos às curvas de nível que
aparecem em um mapa topográfico, uma vez que eles próprios, os contatos, são curvas de
nível, tendo-se em consideração que uma curva de nível é uma linha que une infinitos
pontos de mesma cota. (Ela é o resultado da interseção de um plano horizontal imaginário,
de cota h com a superfície do terreno)

CONSTRUINDO UMA SEÇÃO OU CORTE.

Desenhe uma linha base do comprimento exato da linha A-B (19,2 cm). Marque na
linha base os pontos em que cada curva de nível corta a linha de seção: por exemplo, 9mm
de A marque o ponto correspondente à interseção da cota de 700m. Da linha base erga uma
perpendicular correspondente ao comprimento da altura do terreno e uma vez que é
importante igualar a escala vertical e a escala horizontal, a perpendicular de comprimento
17,5mm’ deve ser erguida correspondendo à cota de 700m (Fig. 1) N.B Muito trabalho pode
ser poupado se as seções forem desenhadas em um papel milimetrado. Muitos dos mapas
nesse livro estão desenhados em uma escala de 1’’ (2,5cm)= 500m e em alguns casos
1.000m para facilitar os desenhos de seção e simplificar os cálculos.

Fig. I. Parte da seção ao longo da linha A-B do Mapa I mostrando o método de construção da
superfície do terreno (ou perfil).

Os estratos inclinados são ditos terem mergulhos. O ângulo de mergulho é o ângulo


máximo, medido entre a camada e o plano horizontal que intercepta a camada
(independente da inclinação do terreno) (Fig 2).

Fig. 2. Seção mostrando uma camada com mergulho. O ângulo de mergulho é medido a partir do
plano horizontal que intercepta a camada.

Na direção situada em ângulo reto à linha de mergulho encontra-se a linha horizontal


desse plano. Essa direção é chamada de strike (Fig. 3) (em português simplesmente
direção). Uma analogia pode ser feita com o tampo de uma mesa. Uma bolinha de gude
rolará nesse tampo, no sentido onde estará 0 mergulho máximo desse plano. A aresta do
tampo da mesa, a qual tem a mesma altura em relação ao chão ao longo de todo o seu
comprimento, i.e. é horizontal, representa a orientação do strike.

Fig. 3. Camadas inclinadas em uma pedreira. Observe as relações entre as orientações das linhas de
mergulho e de direção.
Map 1. Os afloramentos geológicos são mostrados no canto noroeste do mapa. Pode ser
visto que as camadas são horizontais como os fronteiras geológicas coincidem com, ou são
paralelas, as curvas de nível do solo. Complete o afloramento geológico ao longo de todo o
mapa. Qual a espessura de cada camada? Faça uma coluna vertical mostrando as camadas
em uma escala de 1cm = 100m. Desenha uma seção ao longo da linha A-B.(Curvas de nível
em metros).
Mapa 2. As linhas contínuas são os limites (boundaries) geológicos separando os
afloramentos do dipping strata (mergulho estatigráfico?), beds (camadas) P, Q, R, S, T e U.
Examine o mapa e observe que os limites geológicos não estão paralelos às curvas de nível
mas, na verdade, interceptam elas. Isto mostra que as beds (camadas) estão dipping
(mergulhando). Antes de construir strike lines, podemos deduzir a direção do dip (megulho)
das beds (camadas) pelo fato de que os afloramentos traçam um 'V' vale abaixo? Desenhe
strike lines para cada interface geológica e calcule a direção e valor do mergulho. .(Curvas
de nível em metros).
LINHAS DE CONTORNO ESTRUTURAL (STRIKE LINES)

Assim como é possível definir a topografia de um terreno por meio de curvas de


nível, podemos desenhar linhas de contorno estrutural de um plano de acamamento (plano
estratigráfico). A essas linhas dá-se a denominação de linhas de contorno estrutural ou
strike lines, a primeira reune pontos de mesma cota; a segunda pontos paralelos à direção
(direção da camada = strike). Os termos são assim, sinônimos.

CONSTRUÇÃO DE LINHAS DE CONTORNO ESTRUTURAL

A cota de um contato geológico pode ser encontrada onde o mesmo intercepta uma
curva de nível. Por exemplo, o contato entre as camadas S e T corta a curva de 700m em
três pontos. Esses pontos estão na linha de contorno estrutural de 700m , que pode ser
desenhada através deles. Uma vez que estes mapas retratam simplesmente superfícies
planas inclinadas, as linhas de contorno vão ser contínuas, paralelas e - se os mergulhos
forem constantes- igualmente espaçadas.

Tendo encontrado a direção da camada sabemos que o sentido do mergulho é


perpendicular à direção da camada, mas devemos determinar se o mergulho é "para o
norte" ou "para sul". Uma segunda linha de contorno pode ser desenhada sobre o mesmo
contato geológico S-T através dos dois pontos onde essa linha corta a curva de nível de
600m. A partir do espaçamento das linhas de contorno estrutural podemos calcular o
mergulho ou o gradiente das camadas. (Fig. 4.a).

O gradiente é de 700m – 600m em 1,25cm, ou 100m em 1,25cm

= 100m em 250m

sendo a escala do mapa de 2,5cm = 500m.

Então, o gradiente é 1 em 2,5..

No geral é mais conveniente utilizar gradientes, rmbora sobre mapas geológicos o


mergulho sempre é dado como um ângulo. Usando-se relações trigonométricas simples, vê-
se que o ângulo do mergulho, no caso acima, é aquele ângulo que possui uma tangente de
ou 0.4, i.e. 22º (Fig. 4.b).

Fig. 4. (a) Plano mostrando linhas de contorno estrutural e (b) seção mostrando a relação entre
mergulho e gradiente.
Linhas perpendiculares são então desenhadas a partir da linha base, com comprimento
correspondente à altura das linhas de contorno estrutural (Fig. 5).

Fig. 5. Seção para mostrar o método de traçar contatos geológicos de forma precisa.

Nota de rodapé: Uma certa confusão pode ocorrer no que respeita ao uso do termo contato
geológico, uma vez que ele pode ser utilizado tanto para a interface entre duas camadas como para o
afloramento dessa interface. Esse parece ser um termo de emprego satisfatório, entretanto, uma vez
que os mesmos estão relacionados isso pode levar a uma certa ambiguidade.

ESSA NOTA DE RODAPÉ SE REFERE AO TEXTO DO MAPA 2.

DESENHANDO SEÇÕES: O perfil topográfico é desenhado pelo método já descrito na


página 7. Os contatos geológicos (interfaces) podem ser inseridos de modo análogo, pela
marcação dos pontos em que a linha da seção é interceptada pelas linhas de contorno
estrutural.
Map 3. Trace as linhas de direção do contatos geológicos. Calcule o mergulho das
camadas. Faça uma seção geológica ao longo da linha Y-Z. Calcule as espessuras das
camadas B, C, D e E. Indique no mapa um “inlier” (janela estrutural) e um “outlier”
(testemunho de erosão).
MERGULHO REAL E APARENTE

Se a inclinação, como em um tampo de mesa, de um contato geológico ou de um


plano de acamamento, é medido em uma direção qualquer situada entre a direção da
camada e a direção de mergulho máximo, o ângulo de mergulho naquela direção é
conhecido como sendo um mergulho aparente (Fig.6a). Seu valor irá se situar entre 0º da
linha que representa a direção, uma linha horizontal, e o valor do mergulho máximo ou
mergulho real ou verdadeiro. A relação trigonométrica não é simples:

Tangente do mergulho aparente = Tangente mergulho real x cosseno do ângulo β (


ângulo de mergulho na direção do mergulho aparente) (veja Fig. 6b).

Fig. 6. (a) Bloco diagrama e (b) mapa com linhas de contorno estrutural para ilustrar as relações entre
mergulho verdadeiro e o mergulho aparente.

Contudo, o problema de cálculo do mergulho aparente se torna muito mais simples


se o considerarmos como gradiente. Sendo assim, como o gradiente da camada na direção
do mergulho máximo é dado pelo espaçamento das strike lines (1,9cm = 380m na Fig. 6b,
representando um gradiente de 1 em 3,8 uma vez que a escala do mapa é 1cm = 200m),
então esse gradiente na direção em que desejamos obter o mergulho aparente é dado pelo
espaçamento das linhas de contorno estrutural naquela direção. (3,25cm = 650m, na Fig.
6b, representando um gradiente de 1 em 6,5).

CÁLCULO DA ESPESSURA DE UMA CAMADA

No mapa 3 pode ser visto que a linha de contorno estrutural 1.100m do contato D-E
coincide com a linha de contorno 1.000 do contato C-D. Assim, ao longo dessa linha de
direção, o topo da camada D está a 100m mais alto que a base. Esta tem uma espessura
vertical de 100m. Essa seria a espessura da camada que poderia ser recortada por uma
perfuração executado no ponto X.
ESPESSURA VERTICAL E ESPESSURA REAL

Sendo as camadas inclinadas, a espessura vertical recortada por uma perfuração é


maior que a espessura real medida perpendicular aos contatos geológicos (Fig. 7). O
ângulo α entre VT (espessura vertical ) e T (espessura verdadeira) é igual ao ângulo de
mergulho.

Nesse caso o Coseno α = ‫ ؞‬T = VT x Cos α

A espessura real de uma camada é igual à espessura vertical multiplicada pelo


cosseno do ângulo de mergulho. Onde o mergulho é baixo (menos que 5º) o cosseno é alto
(maior que 0.99) e a espessura real e vertical são aproximadamente a mesma (veja Tabela
I, na parte final desse texto)

Fig. 7. Corte mostrando a relação entre a espessura vertical (VT) e a espessura verdadeira (T) de
uma camada com mergulho.

LARGURA DE AFLORAMENTO

Se a superfície do terreno é plana a largura de afloramento de uma camada com


espessura constante expressa o comportamento do mergulho. (Fig 8). Mais comumente, os
afloramentos de camadas em terreno inclinado a espessura do afloramento é uma função
do mergulho dessas camadas e da inclinação do terreno.

Fig. 8. Cortes mostrando as diferentes larguras de afloramentos de uma camada com espessura
constante com mergulhos fortes e fracos.
Nota-se que no caso de camadas horizontais os contatos geológicos são
paralelos às curvas de níveis. Em camadas inclinadas os contatos geológicos
interceptam as curvas de níveis, e nos terrenos topograficamente irregulares quanto
maior for o mergulho, mais a largura do mesmo se aproxima da espessura da camada.
No caso limite de uma camada vertical, os contatos são linhas retas e não possuem
relação com a topografia. (grifo nosso)

JANELAS ESTRUTURAIS E TESTEMUNHOS DE EROSÃO (INLIERS AND OUTLIERS)

A um afloramento de uma camada inteiramente circundado por afloramentos de


outras camadas mais novas dá-se a denominação de inlier (janela estrutural ou janela
tectônica). No caso de um afloramento de rochas mais antigas inteiramente circundados
por camadas de rochas mais novas (estando assim, separado da unidade litológica à qual
pertence) dá-se, a essa configuração, a denominação de outlier (testemunho de erosão).
No mapa 3 essas feições são produtos da erosão sobre camadas estruturalmente simples e
são chamados de inliers e outliers erosionais. (Veja p. 30 para detalhes de outros inliers e
outliers).

É muito difícil construir a escala vertical igual a escala horizontal em uma situação
em que 1’’ em um mapa em milhas é, 1’’ = 5280’. É necessário, portanto, introduzir um
exagero vertical em que, se a escala vertical de 1’’ = 1000’ for a escolhida, esse exagero
será aproximadamente de 5 vezes e meia (O USGS emprega frequentemente um exagero
vertical de três vezes). Quando consideramos uma área do tamanho desse mapa observa-
se que os planos de acamamento não tem mergulhos uniformes mas são levemente
dobrados. As camadas não podem ser inseridas em uma seção por meio da construção de
strike lines; deve ser usada a espessura correta, tal como apresentado na coluna
estratigráfica na legenda do mapa, e se determinando um mergulho que permita adequar o
corte a largura correta do afloramento (veja acima).

Nota de rodapé: Esses mapas estão sendo substituídos por mapas na escala de 1:50.000
com curvas de níveis intervaladas de 50m. Uma escala vertical de 1cm – 100m poderia ser
adequado para a construção de uma seção com um exagero vertical de 5 vezes, ou poderia
ser em alguns casos utilizadas a metade dessa escala. (Para alguns mapas na escala de
1:25.000 pode ser seguida essa indicação).

PROBLEMAS DOS “TRÊS-PONTOS”

Se a cota de uma camada é conhecida em três ou mais pontos, é possível encontrar-


se a direção e calcular o mergulho da camada, em situação de mergulho uniforme. Esse
princípio permite muitas aplicações na mineração, abertura de shaft (poços de ventilação ou
de acesso em minas), em problemas de perfurações enfrentados por geólogos e
engenheiros, sendo que esse capítulo lida somente com princípios fundamentais e inclui
alguns poucos problemas em mapas simples.
A cota de uma camada pode ser conhecida nos pontos onde ela aflora ou sua cota pode ser
calculada a partir de dados da profundidade de perfurações e em minas. Se a cota é
conhecida em três pontos (ou mais) só existe uma solução possível tanto para direção como
para o valor do mergulho, e isso pode ser facilmente calculado.

CONSTRUÇÃO DE LINHAS DE CONTORNO ESTRUTURAL

Nota: uma vez que o mapa retrata uma camada de carvão, com uma espessura da ordem
de 2m, na escala de 2,5cm = 500m sua espessura é tal que pode ser satisfatoriamente
representada no mapa por uma simples linha cheia. Não há necessidade em desenhar strike
lines para o topo e para a base da camada – nessa escala elas são essencialmente
idênticas.

Observe a cota da camada nos pontos A, B e C onde ela aflora. Ligue com uma linha reta o
ponto mais alto da camada de carvão, C (600m) até o ponto mais baixo na camada, A
(200m). Divida a linha A-C em quatro partes iguais (de 600m – 200m = 400m). Como o
declive da camada é constante, podemos encontrar um ponto em AC onde a camada está
na cota de 400m (o ponto médio). Sabemos também que no ponto B a camada está na cota
de 400m. A linha reta desenhada entre esses dois pontos é a linha de contorno de 400m.
Em um estrato inclinado como esse, todas as strike lines são paralelas. Construa a strike
line de 200m passando pelo ponto A, outras por 300m, 500m e 600m – a última, passando
pelo ponto C. Tendo agora estabelecido ambos: direção e espaçamento das strike lines,
complete as camadas sobre todo o mapa.
Mapa 4. Calcule a direção e o mergulho de uma camada de carvão a qual aflora nos pontos A, B e
C. Em que profundidade essa camada pode ser encontrada em uma perfuração realizada no ponto
“D”? Complete os afloramentos da camada de carvão. Uma outra camada situada de 200m
dependendo do parâmetro que estiver utilizando) abaixo dessa camada de em consideração afloraria
na área do mapa?
INSERÇÃO DE AFLORAMENTOS

As linhas de contorno estrutural são desenhadas para determinar a cota da camada


de carvão, onde está aflora sobre curvas de nível. Onde a camada – definida pela linha de
contorno estrutural – estiver na mesma cota da superfície do terreno – definido pelas curvas
de nível –, ela vai aflorar. Pode-se encontrar no mapa um número de interseções nas quais
as linhas de contorno e as curvas de níveis tem a mesma cota: os afloramentos da camada
deve estar em todos esses pontos.

Nessas condições, os pontos não podem ser unidos por linhas retas. Devemos ter
em mente que onde as camadas existem entre duas strike lines, e.g. os 300m e 400m,ela
só pode aflorar nos locais onde o terreno também tem cotas situadas entre 300m e 400m,
i.e. entre as curvas de nível de 300m e 400m (Fig. 9). O afloramento de um contato
geológico não pode, no mapa, interceptar uma linha de contorno estrutural ou uma curva de
nível exceto nos locais onde elas se intersectam na mesma cota.

Fig.9. A interseção de um contato geológico em um mapa com curvas de níveis e linhas de contorno
estrutural.

PROFUNDIDADE EM PERFURAÇÕES

Relativamente ao nível do mar, a cota de um terreno em um local de uma perfuração


pode ser estimada considerando a sua proximidade em relação às curvas de nível e a cota
da camada de carvão no mesmo ponto no mapa, calculada a partir das linhas de contorno
estrutural. Muito simplesmente, a diferença em cota entre a superfície do terreno e a
camada é a profundidade no qual a perfuração deve ser realizada visando alcançar a
camada em consideração.
Mapa 5. Uma perfuração realizada no ponto A intercepta uma camada de carvão a uma
profundidade de 50m e uma outra camada a 450m. Os furos executados nos pontos B e C
encontram a camada inferior nas proximidades de 150m a 250m respectivamente. Após ter
determinado a direção e o mergulho, trace no mapa as duas camadas. Inicialmente é
preciso calcular a cota (altura do ponto em relação ao nível do mar) da camada inferior de
carvão, nos pontos A, B e C nos quais as perfurações estão localizadas.
Map 6. Afloramentos de três camadas – conglomerado, arenito e folhelho- estão presentes
no mapa. Complete o mapa traçando os contatos entre as camadas, assumindo que todas
as camadas tem o mesmo mergulho.
3
DISCORDÂNCIAS

Em termos de história geológica, uma discordância representa um período de tempo


durante o qual não há a deposição de camadas. Durante este período, os estratos já
formados podem ser elevados e inclinados por movimentos na crosta, movimentos esses
que podem ter interrompido a sedimentação, gerando a discordância. As camadas
soerguidas submetidas ao efeito do intemperismo sub-aéreo e da erosão , são
'desgastadas', em maior ou menor grau, antes da subsidência provocar a renovação da
sedimentação e a formação de novas camadas. Como resultado, encontramos no campo,
um conjunto de camadas que repousam sobre a superfície erodida de um outro conjunto de
camadas mais antigas (e muito frequentemente alguns dos materiais que formam as
camadas mais novas foram derivados pela erosão das camadas mais antigas).

Em um mapa previsional , ou em um mapa-base de levantamento geológico, a tal


superfície de erosão não pode ser vista, embora sua presença possa ser indicada na coluna
estratigráfica, na legenda do mapa. No entanto, por causa dos movimentos da crosta que
produzem a elevação dos estratos mais velhos, seguido por movimentos que levam à
subsidência e a uma nova sedimentação, é raro que as camadas mais jovens tenham a
mesma direção e o mesmo mergulho das camadas mais antigas.

Uma exceção a essa afirmativa pode ser encontrada nas bordas da Bacia de
Londres, onde as camadas do Terciário Inferior repousam discordantemente sobre o Chalk,
estabelecendo uma pequena diferença em termos de direção e de mergulho, embora
comparativamente, a sucessão de camadas, do outro lado do Channel, mostre uma
expressiva discordância, a qual representa um longo período de tempo, uma vez que se
sabe que na Grã-Bretanha, os dois estágios superiores do Chalk e o estágio inferior do
Terciário não são encontrados.

RECOBRIMENTO PARCIAL (OVERSTEP)

Geralmente a camada inferior de sequências mais jovens que apresentam um


mergulho e uma direção bastante diferentes daquele dos estratos mais velhos, deposita-se
sobre camadas de idades diferentes. Essa configuração (Fig. 10) é denominada de
“overstep” (recobrimento); a camada X é dito recobrir as camadas A, B, C, etc. Se as
camadas mais antigas já estavam inclinadas antes de ocorrer a erosão, elas compõem um
plano de discordância formando um ângulo com as camadas mais novas, e nesse caso se
configura uma “discordância angular” (Fig 10).

RECOBRIMENTO TOTAL (OVERLAP)

Quando a subsidência contínua e, por exemplo, o mar avança cada vez mais sobre a
área onde ocorrem os terrenos antigos, as camadas, sucessivamente são depositadas e
elas podem ter uma extensão geográfica maior, de modo que uma camada se estende além
dos limites da camada anterior a ela, a recobrindo de forma total (overlap). Nessa
configuração (Fig. 11) pode ter lugar uma discordância com ou sem “overstep”. A
camada Y recobre de forma total a camada X.
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Mapa 7. Encontre o plano da discordância. Deduza a direção e o mergulho das duas séries
de camadas que são separadas pela discordância. Construa uma seção geológica ao longo
da linha do canto noroeste do mapa até o canto sudeste. Haveria a possibilidade da camada
de carvão ser encontrada em perfurações situadas nos pontos A, B e C? Se a camada de
está carvão presente, calcule sua profundidade abaixo da superfície do terreno; se ela não
ocorre, sugira uma explicação para essa ausência.
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Camada X. (De modo inverso, quando uma sucessão de camadas se deposita sobre
uma área, progressivamente menor, em razão de um soerguimento gradativo tem-se um
off-lap (ausência da camada). (Raramente esse tipo de situação pode ser deduzida da
análise de um mapa geológico e não será discutida).

Fig 10. Bloco diagrama de uma inconformidade angular Fig. 11. Bloco diagrama de
uma inconformidade com overlap.

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4. FALHAS

Falhas:

Falhas são fraturas que deslocam as rochas. As camadas de um dos lados da falha
podem se deslocar verticalmente centenas ou mesmo milhares de metros, em relação às
camadas situadas no lado oposto da mesma. Em outro tipo de falha as rochas podem
deslocar – se horizontalmente por muitos quilômetros. Na natureza as falhas podem se
apresentar como uma superfície plana ao longo do qual se tem um deslocamento ou pode
ser representada por uma zona de rocha brechada. Para os objetivos da confecção de
mapas essas situações podem ser representadas como um plano, o qual, geralmente,
estabelece uma angularidade com a vertical. Este ângulo ( Fig. 12) é chamado de “hade”
(ângulo complementar ao ângulo de mergulho) da falha. O deslocamento vertical de um
plano de estratificação é chamado de “throw” (separação vertical) da falha.

FALHAS NORMAIS E INVERSAS:

Se o mergulho ou a inclinação da falha se posiciona no sentido de deslocamento do


bloco do topo para baixo, a falha é uma falha normal ( Fig. 12). Se, contudo, o mergulho ou
a inclinação da falha é no sentido oposto ao do deslocamento do bloco do topo da mesma, a
falha será uma falha inversa ( Fig.13). Na natureza, o ângulo de “hade” de uma falha inversa
é geralmente maior que o da falha normal, de modo que, em uma área com forte gradiente
de relevo o traço de uma falha inversa tende a ser sinuoso. Se o relevo do terreno for
relativamente plano e uniforme o traço do plano de falha, de qualquer tipo será praticamente
uma linha reta. É possível nos mapas 8 e 9 a construção de linhas de contorno estrutural
dos planos de falhas, exatamente como construímos strike lines em planos de estratificação
no capitulo 1. Portanto é possível encontrar o sentido da inclinação e verificar se as falhas
são normais ou inversas.

Fig12: seção de estratos deslocados por uma falha normal (após a erosão se produz um próximo
nível da superfície do solo).

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OS EFEITOS DA FALHA EM AFLORAMENTOS

Considere os efeitos da falha sobre as camadas: essas em um lado da falha são


elevados, muitos metros, relativamente ao outro lado. Uma vez que esta elevação como
regra geral, não é um processo rápido e a camada começa a sofrer a erosão,
continuamente, após essa elevação, uma falha pode não formar uma feição topográfica,
embora, temporariamente uma escarpa de falha (fault scarpe) possa estar presente (Fig.
I4) especialmente após uma repentina elevação resultante, por exemplo, de um terremoto.
Algumas falhas que levam à justaposição de rochas resistentes à erosão de um lado com
rochas facilmente erodíveis do outro podem ser reconhecidas pela presença de uma
escarpa de linha de falha (cf. escarpa de fallha resultante de um movimento real).

Fig. 13. Seção através de uma camada deslocada por uma falha reversa/inversa (reversed).
Note que devido à erosão as camadas mais jovens são removidas do lado da falha
que se moveu para cima, mas são preservadas no lado que se moveu para baixo
(downthrow). Uma falha desloca e desorganiza as camadas. Esse efeito de deslocamento,
combinado à erosão, causam descontinuidade ou deslocamento nos afloramentos das
camadas.

Fig. I 4. Seções para exibir a eliminação progressiva de uma falha escarpa (fault scarp) por erosão

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Onde o plano de falha é paralelo à direção das camadas vê-se tanto uma repetição
de afloramentos ( Fig. I 5 a) onde a sucessão de camadas na superfície é A, B, C, A, B, C
ou a supressão delas (Fig. I 5 b) quando a sucessão de camadas vistas em superfície tem o
arranjo A, B, C, E, F, G.

Fig 15: Bloco diagramas de uma strike fault normal (a) com a direção do mergulho oposto à direção
da inclinação, causando repetição de parte da sucessão dos afloramentos e (b) com as direções do
mergulho e de inclinação similares, causando uma supressão de parte da sucessão dos
afloramentos.

Onde o plano de falha é paralelo à direção do mergulho da mesma (uma falha de


mergulho; dip fault), i.e. em ângulos retos, relativamente à direção da camada, ocorre um
deslocamento lateral do afloramento. Esta situação não deve ser confundida com o
movimento lateral de camadas (veja página 47): a transposição dos afloramentos é devido
ao deslocamento vertical das camadas seguido ou acompanhado pela erosão que, em
razão da camada estar inclinada, causa aos afloramentos situados do lado que sofreu
elevação (upthrow ) se deslocarem no sentido do mergulho.
Figura 16. Bloco diagrama de uma falha de mergulho normal. Note que a lateral do movimento dos
afloramentos atravez do real deslocamento é vertical.

Figura 17. Seção mostra um “pequeno angulo” (alta inclinação) reservada à falha e sua importância
aos problemas na mineração.
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Mapa 8. Desenhe strike lines para os contatos superior e inferior superfícies do arenito
(pontilhado). Qual é o valor do throw da falha? Desenhe strike lines do plano de falha. É
uma falha normal ou inversa? Qual é a espessura do arenito?
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Mapa 9. A linha F-F é o afloramento de um plano de falha. A outra linha espessa no mapa
representa afloramentos de uma camada de carvão. Sombreie as áreas onde o carvão pode
ser atravessado por uma perfuração (as áreas onde ela não foi removida pela erosão).
Indique as áreas nas quais qualquer perfuração poderia interceptar duas vezes a camada de
carvão. Que tipo de falha é esta? Desenhe uma seção ao longo da linha X-Y.
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CALCULO DO THROW (SEPARAÇÃO OU REJEITO VERTICAL) DE UMA FALHA.

NOTA SOBRE O MAPA 8: Construa as strike lines da superfície superior da camada de


arenito na parte norte do Mapa 8. Elas se orientam norte-sul e são espaçadas em intervalos
de 12,5mm. Siga o mesmo procedimento para a superfície superior do arenito ao sul do
plano de falha. A strike line 500m desenhada no lado sul da falha, se estendida além da
falha, coincide com a posição da strike line 1000m no lado norte da falha. O estrato no lado
sul portanto situar-se-á 500’ abaixo daquele do lado norte. A falha, então, apresenta um
rejeito vertical (downthrow ) para sul, de 500m.

NOTA SOBRE O MAPA 9: A área na qual uma perfuração recorta duas vezes a camada
de carvão é definida pelas linhas de interseção do plano de falha com a camada de carvão
(Figura 17). As superfícies definirão uma interseção onde elas estiverem na mesma cota
em que se encontra a camada de carvão (onde as strike lines da camada de carvão e os
strike lines dos planos de falha tiverem a mesma cota).

FALHAS DE RASGAMENTO (Wrench ou Tear Faults).

No caso dessas falhas, as camadas, em ambos os lados do plano de falha se


movem lateralmente, um em relação ao outro, i.e. o movimento terá sido em deslocamento
horizontal paralelo ao plano de falha. No caso de um mergulho simples das camadas os
afloramentos são deslocados lateralmente (Figura 18) de tal forma que o efeito sobre o
afloramento é similar àquele das falhas normais de mergulho (cf. Figura 16) – e neste caso
geralmente é impossível demostrar a ocorrência de deslocamento horizontal utilizando-se
simplesmente o mapa geológico (pode-se determinar apenas o deslocamento aparente).

Cavalgamentos (thrust faulting) que possuem um “hade” elevado bem como os efeitos do
falhamento sobre camadas dobradas serão tratados em capítulos posteriores.

Figura 18. Bloco diagrama de uma falha wrench (=tear). Note que o efeito nos afloramentos é similar
ao falha do mergulho normal (cf. Figura 16).
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FALAHAMENTO PRÉ E PÓS DISCORDÂNCIAS

Após a deposição de um conjunto de estratos, os movimentos na crosta que causam


elevação também podem dar origem a uma falha que afete esses estratos. Uma série
discordante (um conjunto de camadas mais novas), que foram depositada em um período
posterior a esse evento, não é afetada por essa falha. Movimentos crustais posteriores à
deposição das camadas mais novas, poderiam, se elas induzem ao processo de
falhamento, desenvolver falhas que afetariam ambos os conjuntos de estratos. Claramente,
é possível determinar a idade relativa da falha através da análise do mapa geológico, o qual
vai indicar se a falha desloca apenas o conjunto mais antigo (pré-discordância) ou se
desloca ambos os conjuntos (pós-discondância). A falha é mais nova do que as camadas
mais novas que ela corta. (grifo nosso)

JANELA ESTRUTURAL E TESTEMUNHO DE EROSÃO (INLIERS E OUTLIERS)

O aumento da complexidade dos padrões de afloramento devido à discordância e ao


falhamento aumenta o potencial para a formação de janelas estruturais e testemunhos de
erosão (esses termos foram definidos anteriormente). Indique no mapa 11 os testemunhos
de erosão e as janelas estruturais que devem sua existência às características estruturais e
ao subquente isolamento erosional.

FALHAS PÓSTUMAS

Movimentos adicionais podem acontecer ao longo de um plano de falha pré-


existente. Dessa forma, o deslocamento de uma camada pode ser relacionado à dois ou
mais períodos geológicos. Assim, um conjunto de camadas mais antigas pode ser
deslocado por um movimento inicial, o qual não afetou as rochas mais novas desde que elas
tenham sido depositadas subsequentemente a esse movimento. Uma reativação da falha,
dando lugar a uma nova movimentação, ao longo do plano da mesma, agora deslocar
ambos os estratos, o antigo e o novo, de tal forma que as camadas mais velhas sofrerão um
deslocamento maior uma vez que elas serão movimentadas duas vezes ( os rejeitos serão
então somados).
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Mapa 10. A parte oeste do mapa compreende um problema de 3 pontos nos permitindo desenhar
strike lines nos intervalos de 10’ da base de uma camada de minério de ferro. Assumindo que o topo
dessa camada está 20m acima, por que o furo B penetra apenas 15m de ironstone? A leste da falha
(uma falha normal de baixo “hade”), trace as strike likes e as renumere então com 10m a menos (já
que a falha é mostrada como tendo um deslocamento para baixo de 10m para leste). Marque os
afloramentos de minério de ferro nos dois lados da falha. Marque também as áreas onde a camada
de minério de ferro pode ser trabalhada à céu aberto com uma remoção máxima do pacote de
ardósias sobrejacente menor que 40m.
PAG 32

Mapa 11: Calcule a direção e o mergulho das camadas abaixo e acima do plano de
discordância. Construa uma secção ao longo da linha X-Y. As linhas F1-F1 e F2-F2 são os
afloramentos de dois planos de falha. Qual falha ocorreu mais cedo no tempo geológico?
PAG 33

DOBRAMENTO

Vimos que as camadas geológicas estão frequentemente inclinadas (ou mergulham).


Ao examinarmos as camadas sobre uma área de grande dimensão observamos que os
mergulhos das mesmas não são constantes, e como regra geral, as camadas inclinadas
fazem parte de uma estrutura muito maior. Por exemplo, o Chalk dos South Downs*
geralmente mergulha para sul, em direção ao Channel - como pode ser visto quando da
análise do "mapa de Pesquisa Geológica 1 de Brighton (Folha n º 315). Sabemos, porém,
que nas Colinas do Norte o Chalk mergulha para norte (passando por baixo da Bacia de
Londres); as camadas inclinadas das Colinas do Sul e do Norte são realmente partes de
uma grande estrutura que arqueou as rochas, incluindo o Chalk na área de Wealden. Nem
todos os arqueamento dos estratos acontecem nessa escala maior, sendo que se
encontram dobras menores próximo do centro da Folha Brighton.

ANTICLINAIS E SINCLINAIS

Nos locais onde as camadas dobradas tem concavidade voltadas para cima elas
constituem um anticlinal (anti = oposto: clino = inclinação). As camadas mergulham para
sentidos opostos, nessa estrutura em forma de arco); nos locais onde as camadas tem
concavidade voltadas para baixo a estrutura é chamada sinclinal (syn = juntos: Clino =
declive. As camadas mergulham em sentido convergente relativamente umas às outras
(Fig. 19). No caso mais simples, as camadas de cada lado de uma dobra, ou seja, os
limbos ou flancos da dobra possuem o mesmo valor de mergulho e nesse caso a dobra é
dita ser simétrica. Neste caso, um plano que representa a bissetriz da dobra, denominado
plano axial, é vertical.

Fig 19: corte esquemático de estratos cruzados


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A erosão sobre camadas dobradas produz afloramentos nos quais a sucessão de


camadas em um flanco é repetida no outro flanco, embora, naturalmente, na ordem inversa.
Em um anticlinal erodido as camadas mais antigas afloram no centro da estrutura, e à
medida que nos movemos para fora da estrutura, sucessivamente são encontradas as
camadas mais jovens da sequência (Fig. 20). Em um sinclinal erodido, inversamente, as
camadas mais jovens estão centro da estrutura, sendo sucessivamente encontradas, as
camadas mais velhas à proporção que nos dirigimos para a borda da estrutura (Fig. 21).

Fig 20: Bloco diagrama de um anticlinal Fig 21: Bloco diagrama de um sinclinal
simétrica (uma dobra na vertical) simétrica (uma dobra na vertical)

DOBRAS ASSIMÉTRICAS

Em muitos casos, os esforços na crosta terrestre geram dobras não simétricas, como
as descritas anteriormente. Se as camadas em um flanco da dobra mergulham mais
fortemente do que as camadas do outro flanco a dobra é assimétrica. A diferença de
mergulho nos dois flancos da dobra definirão as larguras de seus afloramentos, os quais
serão mais estreitos quanto mais forte for o mergulho do flanco (Fig 22). (Ver também a Fig.
8). Agora, o plano axial, bissetriz da dobra não é mais vertical, mas está inclinado e a dobra
é chamada de dobra inclinada.

Fig 22: Bloco diagrama de um sinclinal assimétrico (uma dobra inclinada)


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DOBRAS REVERSAS (OVERFOLDS)

Se a assimetria de uma dobra é tão grande, de modo que ambos os flancos


mergulhem no mesmo sentido (mesmo com ângulos diferentes de mergulho), o que significa
que o flanco de mergulho mais forte, em uma dobra assimétrica foi levado para além da
posição vertical, de modo que ele tem um mergulho inverso, geralmente forte e a dobra será
chamada de reversa (Fig. 23). As camadas do flanco com mergulho reverso, deve notar-se,
estão de cabeça para baixo, ou seja invertidas.

Fig 23 : Bloco diagrama de um Fig 24: Bloco diagrama de dobras isoclinais,


overfold (um sinclinal overfolded) um caso especial de overfolding
em que os membros das pregas são sub-paralela

DOBRAS ISOCLINAIS

As dobras isoclinais representam um caso especial de dobras em que os flancos


mergulham no mesmo sentido, com o mesmo valor de ângulo de mergulho (isos = igual:
clino = inclinação) como o termo sugere (Fig 24). Os planos axiais dessa série de dobras
estarão também aproximadamente paralelos, quando se considera uma área pequena,
porém em uma área mais extensa (maior do que aquela do mapa-problema) elas possam
configurar uma estrutura em feixes.

DOBRAS SIMILARES E CONCENTICAS

Quando estratos, inicialmente horizontal, são dobrados, é evidente que as camadas


mais elevadas do anticlinal irão formar um arco maior do que as camadas mais inferiores (e
o inverso aplica-se à um sinclinal). Teoricamente, pelo menos, dois mecanismos são
possíveis: as camadas da parte externa da dobra podem ser estiradas relativamente às da
parte interna que são comprimidas ou as camadas externas da dobra podem deslizar sobre
as superfícies das camadas mais internas (Fig. 25)
A maneira segunda a qual as camadas vão reagir à aplicação dos esforços,
dependerá da natureza dos materiais que a constituem (e do nível crustal em que a rocha
se encontra). As rochas competentes, tais como os mármores e os arenitos não se estiram
facilmente sob esforços tensionais ou compressionais, mas dão lugar à fraturamento ou
dobras em caixa (buckling), enquanto as rochas incompetentes como os folhelhos ou
argilitos são estiradas ou comprimidas. Assim, em uma sequência alternada de arenitos e
folhelhos o arenito vai se fraturar ou sofrer estricção, enquanto os folhelhos vão ser
comprimidos e preencher os espaços disponíveis.

Fig 25: Dois possíveis mecanismos de respostas às dobragens dos estratos

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DOBRAS CONCÊNTRICAS

As camadas em uma dobra são aproximadamente concêntricas, i.e. as camadas


sucessivas são dobrados em arcos que tem o mesmo centro de curvatura. As camadas
mantem a sua espessura ao longo de toda a curvatura e ocorre somente um pequeno
afinamento ou atenuação da camada nos flancos da dobra. (Fig. 26 a)

Os flancos retos das dobras também mantem a uniformidade da espessura das


camadas (exceto na crista da dobra) e o dobramento ocorre por deslizamento ao longo dos
planos de acamamento, como é o caso das dobras concêntricas. Embora desenvolvido em
rochas finamente bandadas (como as de Culm Measures em North Devon), a maioria dos
mapas- problema utilizados neste livro, são elaborados com as dobras tendo flancos retos, o
que proporciona um padrão simples de strike lines regularmente espaçadas em ambos os
flancos da dobra.

DOBRAS SIMILARES

A forma dos planos sucessivos de acamamento é essencialmente similar, daí a sua


denominação (Fig. 26b). O adelgaçamento das camadas tem lugar nos flancos das dobras
(e frequentemente se desenvolve uma forte clivagem de plano axial). Este tipo de
dobramento provavelmente ocorre quando as temperaturas e pressões são elevadas.

Fig 26: Formas de círculos concêntricos (a) e semelhante dobrável (b)


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MAPA 12: Desenhe strike lines para a superfície superior e inferior da camada de ardósia hachurada
no mapa. A direção da camada é, aproximadamente, norte-sul ou leste-oeste? Indique no mapa as
posições de eixos de anticlinal e de sinclinal. Desenhe uma seção ao longo da linha X-Y
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DUAS POSSIBLIDADES PARA A DIREÇÃO DA CAMADA

Uma strike line é desenhada pela união dos pontos em que o limite de um contato
geológico (ou plano da estratificação) tem a mesma cota. Por definição essa superfície tem
a mesma cota ao longo de toda a extensão da strike line. Claramente, se nós juntarmos os
pontos X e Y (Fig.27) nós construiremos uma strike line para o plano de estratificação nela
apresentado, de tal forma que não somente os pontos X e Y estão na mesma cota, mas o
plano de estratificação está também na mesma cota, ao longo da linha X-Y. Entretanto se
juntarmos os pontos W e X, embora eles estejam na mesma cota, nós não podemos
construir uma linha de contorno estrutural, para o plano de estratificação, porque a cota não
é a mesma ao longo da linha W-X; esta é dobrada com concavidade para baixo, formando
um sinclinal. Assim, se tentarmos desenhar um padrão de strike line, o qual se constate
estar errado, nós devemos procurar uma outra direção, aproximadamente em ângulos retos,
em relação a nossa primeira tentativa. Deve-se notar também que a tentativa de visualizar
as estruturas também deve ser feita. Por exemplo, no mapa 12 os lados do vale fornecem,
em essência, uma sessão que sugere uma estrutura sinclinal, especialmente se o mapa for
virado de cabeça pra baixo e olhado a partir do norte.

Qual o teste para sabermos se encontramos a direção correta da camada? Nesses


mapas relativamente simples as linhas de contorno estrutural devem ser paralelas e
igualmente espaçadas (pelo menos para cada flanco de uma estrutura dobrada). Além
disso, os cálculos de espessuras verdadeiras de uma camada em diferentes pontos do
mapa devem dar o mesmo valor.

Fig 27 – Bloco diagrama ilustrando a direção das strikes lines em estratos dobrados.
NOTA DO MAPA 13: Observe que o lado norte do vale, visto como uma seção, imediatamente dá o
contorno das estruturas – um virada sinclinal e anticlinal revirados ou reversos. MAPA 13: Desenhe
as linhas de contorno estrutural de todos os contatos geológicos e deduza as direções e mergulhos
das camadas. Que tipos de dobras estão presentes no mapa? Construa uma seção ao longo de uma
linha leste-oeste. Desenhe os traços axiais, ou seja, os afloramentos dos planos axiais das dobras.
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Mapa 14: Este mapa inclui todas as características estruturais até agora introduzidas,
dobras, uma falha e uma discordância. Escreva uma breve história geológica da área
mostrada no mapa, indicando a ordem dos eventos que produzem essas características
estruturais. Construa uma seção ao longo da linha X-Y.
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MAIS DOBRAS E DOBRAS-FALHAS


DOBRAS COM CAIMENTO

Nas dobras estudadas até agora, a crista do anticlinal ou a quilha do sinclinal, i.e.
o eixo da dobra, tem tido uma postura horizontal e, consequentemente, as linhas de
contorno estrutural desenhadas sobre as camadas de um flanco de dobra tem sido paralela
às strikes lines das camadas do outro flanco da dobra. (Eles têm sido também paralelas ao
plano axial, e nos casos nos quais o plano axial era vertical, paralelo traço axial (=
afloramento do plano axial). Claramente, as dobras possuem geralmente extensões
bastante limitadas e podem mergulhar em uma das extremidades até as camadas
desaparecerem (Fig. 28).

Fig.28 – Mapa mostrando os estratos dobrados da anticlinal


do afloramento, que mergulha para o oeste.

Dobras simples que foram subsequentemente inclinadas por movimentos tectônicos


também irão mergulhar. Este é o jeito mais simples de entender tais estruturas, embora elas
possam ter sido originadas de outras maneiras. Esse tipo de dobra é referido em algumas
obras anteriores como uma dobra tendo ‘’pitching’’, e não é raro o termo ‘’pitch’’ e ‘’plunge’’
são usados como sinônimos. Estudos avançados podem ser consultados em F.C. Phillips
The Use of Stereographic Projection in Structural Geology (Edward Arnold, London), que
deixa mais claro as diferenças entre esses termos.

Os efeitos da erosão sobre as dobras com mergulho podem ser observadas nas
Figs. 29 e 30. Os afloramentos dos contatos geológicos (nas strike lines) dos dois flancos de
uma dobra não são paralelos.
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Enquanto as strike lines são paralelas as camadas em cada flanco da dobra, estes
dois flancos convergem, encontrando-se no plano axial (Figura 31).

Figura 29. Bloco diagrama de uma plunging syncline. Figura 30. Bloco diagrama de uma plunging
anticline.

Figura 31. Mapa de uma strike line padrão de um plunging fold.

CÁLCULO DO VALOR DO PLUNGE

Assim como a inclinação das camadas (mergulho) podem ser calculados pelo
espaçamento das strike lines medidos no sentido do mergulho, o plunge de uma dobra pode
ser calculado a partir do espaçamento das strike lines medido no sentido do plunge, i.e. ao
longo do eixo. O plunge da dobra, mostrado na Figura 31, pode ser expresso como tendo
um gradiente, 1 em 5. Se a escala do diagrama é 1” = 1000”, o espaçamento da strike line
ao longo do eixo de 0.5”. (O mergulho do plano de acamamento de cada flanco é de 1 em
3: verifique se isto é assim mesmo).
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Mapa 15. O mapa mostra partes de afloramentos de uma camada de carvão. Ela também
foi encontrada em uma profundidade de 300 pés (91,44 metros) nas perfurações em vários
pontos marcados com X. Complete os afloramentos da camada de carvão. Determine a
profundidade na qual ela seria encontrado em poços (shaft) localizados em Y e Z. Também
insira o afloramentos de outra camada que está aproximadamente 300 pés (91,44 metros)
acima (verticalmente) na sucessão das camadas. Qual é o valor do plunge do eixo da
dobra?
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Mapa 16. São os eixos das duas dobras coincidentes? Desenhe uma seção ao longo da
linha X-Y.
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Mapa 17. Insira um eixo de dobra. Qual é o throw e a idade relativa das falhas, F1 e F2?
Note os efeitos do falhamento nos flancos das dobras e nos planos axiais. Desenhe uma
seção ao longo da linha X-Y. Sombreie a área onde um poço (shaft) realizado sobre a
camada de calcário encontraria a camada de carvão.
DOBRAMENTO “RECORRENTE” (POSTHUMOUS FOLDING) (após ter cessado uma
primeira fase de dobramento)
Após uma camada ser depositada em uma área ela pode ser soerguida, dobrada e
erodida como foi visto no capítulo anterior. Uma subsidência subsequente pode levar à
deposição de novas camadas discordantemente sobre as camadas pré-existentes. Podem
ainda os processos de soerguimento e dobramento serem recorrentes , situação na qual
esse segundo período de dobramento é dito recorrente (posthumous) - caso os eixos das
dobras das camadas mais jovens sejam paralelos e aproximadamente coincidentes com
aqueles das dobras das camadas mais velhas. A orientação dos dois conjuntos de dobras
pode ter paralelismo e os eixos das dobras coincidirem, como pode ser visto na Fig.32, ou
eles podem ser paralelos mas não coincidentes. Uma vez que o dobramento tem duas
idades a orientação dos dois conjuntos de dobras pode ter direções bastante diferentes e
nesse caso ele é dito ser um dobramento superposto ou dobramento cruzado e não é
assim incluído entre os dobramentos posthumous, mas normalmente há uma tendência do
dobramento inicial exercer um “controle” sobre o dobramento posterior mais recente, de tal
forma que muito comumente as orientações dos dois conjuntos terem direções paralelas ou
sub-paralelas.

Fig. 32. Bloco diagrama mostrando os efeitos de um dobramento recorrente

DOBRAMENTO POLIFÁSICO

Camadas que sofreram dobramento podem em um momento posterior serem redobradas.


Os esforços causadores do redobramento podem estar relacionados às fases finais de uma
orogênese ou podem ser devidos a uma orogênese subsequente. Os esforços da fase final
de dobramento podem não ter relação com as direções dos esforços do dobramento
precoce, ou mais antigo (as primeiras dobras). Disso decorre que as orientações das
dobras dos dois eventos de dobramentos podem ser muito diferentes.

Padrões complexos de afloramentos podem resultar da interferência de duas (ou mais)


fases de dobramento. Alguns exemplos simples são mostrados na Fig. 33. Nesses casos
mais simples as dobras iniciais podem ser vistas terem sido redobradas uma vez que os
planos axiais dessas dobras, eles próprios, estão dobrados.
Fig. 33. Afloramento de dobras redobradas em uma superfície plana. (a) dobras isoclinais redobradas
(b) eixos de dobras de uma segunda fase cruzando em ângulo reto com dobras de uma primeira fase.

OS EFEITOS DO FALHAMENTO SOBRE ESTRUTURAS DOBRADAS

Vimos na Capítulo 3 que o efeito de um falhamento normal, seguido pelos processos


erosivos pode produzir deslocamento dos afloramentos de um lado do plano de falha,
relativamente ao outro lado. Os deslocamentos dos afloramentos, exceto em plano verticais,
ocorrerão, de tal forma, no caso de dobras simétricas, que os afloramentos dos dois flancos
sofrerão deslocamentos, mas não o plano axial (Fig. 34).

A erosão acontecendo fortemente no bloco que sofreu soerguimento (levando


necessariamente à formação de uma área plana com a da figura) e o afloramento se
movendo lateralmente – como resultado da erosão – na direção do mergulho, os
afloramentos do flanco de uma anticlinal encontram-se muito mais afastado do lado do bloco
que subiu. Inversamente a mesma camada estando desenhando um sinclinal, os
afloramentos estarão mais próximos no bloco que subiu do que no bloco que desceu.

Consideremos agora os efeitos do falhamento e da erosão sobre os afloramentos de


uma dobra assimétrica. A erosão subsequente ao falhamento causará um deslocamento
mais pronunciado nos afloramentos das camadas do flanco menos inclinado. Os
afloramentos das camadas com maior mergulho, do outro flanco da dobra, não serão tão
fortemente deslocados (e no caso limite quando as camadas forem verticais não haverá
movimento lateral). A consequência disto é a de que no caso de uma dobra assimétrica os
afloramentos do flanco com o mergulho mais suave se deslocam bem mais. Se o plano axial
de tais dobras for inclinado o afloramento do mesmo também se moverá lateralmente pelo
efeito do falhamento.

FALHAS DE RASGAMENTO (WRENCH OU TEAR FAULTS)

Uma falha de rasgamento causa um movimento lateral (horizontal) de camadas,


deslocamentos estes que em alguns casos podem ser da ordem de muitos quilômetros. O
efeito de uma falha de rasgamento é de causar o deslocamento dos afloramentos de uma
camada, sempre na mesma direção – e o resultado sobre o afloramento de uma camada
com mergulho em determinadas circunstâncias é semelhante àquele de uma falha normal:
não é possível definir a partir da análise um mapa simplesmente se uma falha tem um
movimento vertical ou horizontal (ver p.29). Por outro lado, os edeitos de uma falha de
rasgamento sobre camadas dobradas é imediantamente distinguível dos efeitos de uma
falha normal uma vez que ela deslocaraá os afloramentos em ambos os flancos de um
valor igual e na mesma direção (sendo a dobra simética ou assimétriac) e dessa forma os
afloramentos da camada que ocorrem nos flancos de uma dobra terão a mesmadistância
nos dois lados do plano de falha (Fig, 35). O plano axial será deslocado lateralmente de um
mesmo valor dos dos afloramentos das camadas que ocorrem nos flacos da dobra e esse
deslocamento corre se o plano axial é vertical (em dobra simétrica) ou inclinado (em dobra
assimétrica), Compare as Figuras 34 e 35.

FALHAS PARALELAS AO FLANCO DE UMA DOBRA

Anteriormente consideramos as falhas como sendo perpendiculares ao plano axial


de dobras, ou pelo menos cortando o plano axial. Uma falha que é paralela à direção das
camadas que desenham o flanco de uma dobra, é uma falha direcional. Isso causará tanto
repetição como supressão das camadas na sequência natural das mesmas, na forma como
foi discutido na página 25.

Fig. 34. Bloco diagrama mostrando camadas dobradas (uma camada pontilhada é usada para
destacar) deslocada por uma falha normal.

Fig. 35. Bloco diagrama mostrando camadas semelhantes às da Fig. 34, deslocada por uma falha de
rasgamento.
PAG 49

Mapa 18. Que tipo de falha ocorre no mapa? Existe deslocamento vertical? Faça uma seção
ao longo de uma linha que intercepte a falha. Indique no mapa os eixos de anticlinais e
sinclinais.
PAG 50

Mapa 19. São mostrados afloramentos somente na parte norte do mapa. Trace linhas de
contorno estrutural para os contatos e componha o mapa à sul da falha, assumindo que a
mesma é uma falha normal com deslocamento vertical de 200 pés para Norte. Qual é o
valor do plunge da dobra?
7

ESTRUTURAS COMPLEXAS

NAPPES

Dando continuidade à discussão do Capitulo 5, no qual foram descritas dobras


recumbentes, estruturas nas quais as camadas rotacionam para além da vertical, vamos a
partir de agora denominar essa estrutura como nappes. Uma nappe tem lugar em grandes
dobras nas quais as camadas estão muito próximas da horizontal, mantendo essa postura
por grandes áreas. A estrutura é referenciada como dobra recumbente e resultante de ter
sido a mesma rotacionada de tal forma que ambos os limbos mostram mergulhos suaves e
são aproximadamente paralelos, embora, nesse caso em um dos flancos as camadas
estarem na verdade invertidas. Somente no nariz da dobra onde os estratos são dobrados
sobre eles mesmos se encontram mergulhos fortes (Fig. 36).

Fig. 36. Bloco diagrama de uma dobra recumbente.

O plano axial desse tipo de estrutura aproxima-se da horizontal mas ele pode ser
curvado como na figura 36. Frequentemente os intensos esforços laterais que levam à
formação de dobras recumbentes podem também causar a ruptura dos estratos produzindo
uma falha inversa de “baixo ângulo” (fazendo um ângulo suave com a horizontal, mas na
verdade tendo um alto ângulo de hade: veja a definição de hade). Uma dobra de
cavalgamento recumbente é assim uma nappe (Fig. 37ª).
PAG 52

Mapa 20. Alguns afloramentos são mostrados ma área do mapa, suficientes para traçar
linhas de contorno estrutural. Complete todo o mapa e faça uma seção ao logo de uma linha
Norte – Sul. Componha uma história geológica dessa área.
PAG 53

FALHAS DE EMPURRÃO OU DE CAVALGAMENTO (THRUST FAULTS)

Um cavalgamento é uma falha que tem um plano com baixo valor de mergulho, ao
longo do qual acontece movimentos, e os estratos sobre este plano sofreram deslocamentos
horizontais por grandes distâncias, em movimentos crustais intensos, relativamente às
camadas situadas abaixo dele. As camadas cavalgantes podem se deslocar por distâncias
de vários quilômetros e podem, por exemplo com é o caso das rochas Moinian do Assynt
(Sutherland) acima do Cavalgamento Moine serem muito diferentes das outras rochas do
mesmo distrito. Por outro lado, a camada acima do plano de cavalgamento pode ser
semelhante àqueles situadas abaixo desse plano, porem frequentemente o que acontece é
que rochas mais antigas podem cavalgar rochas mais novas, Dessa forma, é possível
encontrar rochas precambrianas recobrindo (em razão de cavalgamento) rochas
cambrianas.

As camadas acima do plano de cavalgamento podem estar aproximadamente


paralelas a ele , ou de outra forma, seus mergulhos não terem relação com a inclinação do
plano de cavalgamento de tal forma que há uma movimentação de todo o conjunto, dita ser
uma movimentação “en masse”. Frequentemente logo acima do plano de cavalgamento os
mergulhos estão localmente afetados pelo movimento que teve lugar ao longo do plano,
sendo as camadas reviradas devido ao efeito de arrasto sobre as rochas situadas abaixo do
plano.

As camadas abaixo do cavalgamento podem ser fortemente afetadas pelos esforços


a ele associados. Disso pode resultar a geração de estruturas imbricadas. Elas
compreendem falhas paralelas ou sub-paralelas, algumas vezes com baixo hade embora
sejam falhas inversas, as quais dividem a área que não sofreu cavalgamento ou o foreland
em fatias ou escamas (Fig. 37b).

Fig. 37 (a) Corte em dobra recumbente a qual se movimentou como uma nappe e em (b) uma seção
mostrando estrutura imbricada a qual ocorre abaixo desse plano de cavalgamento.
PAG 54

Mapa 21. Construa uma seção geológica ao longo da linha X – Y e elabore uma história
geológica para a área.
PAG 55

Mapa 22. Considere que o fundo do vale (planície de inundação) é praticamente horizontal,
uma vez que o rio é maduro e tem um gradiente suave na cota de 150m. Os afloramentos
dos contatos geológicos são retilíneos nos locais onde os mergulhos são fortes. Complete o
mapa e elabore uma seção para mostrar as estruturas geológicas presentes.
PAG 56

CLIVAGEM PLANO AXIAL

Quando rochas acamadadas (que tem esse estrutura denominada de estrutura


primária) são submetidas à pressões – esforços – elas podem, como já foi discutido
anteriormente, sofrer fraturamento e falhamento ou podem tornar-se encurvadas em
estruturas dobradas. O esforço aplicada à rocha pode também gerar sobre os corpos
geológicos por deformação, uma nova estrutura como por exemplo a clivagem e a
xistosidade. A clivagem se desenvolve como resultado do encurtamento da rochas em uma
direção perpendicular aos planos de clivagem com um estiramento ou extensão da rocha
segundo esses planos de clivagem.

A clivagem frequentemente se encontra em rochas dobradas. O maior encurtamento


da camada devido ao dobramento é perpendicular ao plano axial da dobra e disso decorre
que os planos de clivagem são paralelos aos planos axiais das dobras e assim a clivagem é
denominada como clivagem plano axial ( Deve se observar que isso pode não ser
verdadeiro em uma sequência de camadas de competências distintas, assim como,
naturalmente, nos casos de dobras redobradas.)

O mergulho da clivagem é indicada sobre mapas por meio de simbologias próprias


para não ser confundida com aqueles relativos aos planos de acamamento – para os quais
não existe à primeira vista uma interrelação evidente. Essa informação não deve,
naturalmente, obliterar o que é essencial: se a clivagem é plano axial (situação mais
frequente) haverá uma interrelação consistente entre a direção da clivagem e as das feições
estruturais principais (dobras). A clivagem será paralela ao plano axial das dobras.

As relações entre o mergulho da clivagem e os mergulhos das camadas revelam,


quando se trata de dobras reviradas, se as camadas de um flanco tem uma posição
estratigráfica normal ou invertida (ver Mapa 22). A clivagem tem ângulo maior do que o
acamamento se o flanco está em posição normal; se o acamamento tem mergulho mais
forte que a clivagem indica uma situação de flanco invertido (Fig, 38). Essa regra só é
verdadeira quando aconteceu apenas um período de dobramento.

Fig. 38, Seção mostrando as interrelações clivagem/acamamento uma dobra revirada com clivagem
plano axial.
PAG 57
8
ROCHAS IGNEAS

As rochas ígneas podem ser divididas de acordo com o modo como ocorrem,
compreendendo rochas extrusivas e rochas intrusivas. As rochas ígneas intrusivas
podem ser adicionalmente classificadas de acordo com suas formas, estando sob o ponto
de vista estrutural, enquadradas em dois grupos denominados intrusões transgressivas,
secantes ou discordantes e intrusões concordantes.

INTRUSÕES CONCORDANTES

SILLS O tipo principal de intrusão nessa categoria são sills, “camadas” que
variam em espessura desde metros até centímetros, composto por material ígneo,
geralmente diabásio ou basalto, ou felsitos, os quais são paralelos ao acamamento de
rochas sedimentares nas quais eles foram intrudidos. Apenas raramente a intrusão causa
uma perturbação observável nos estratos, de tal forma que o sill torna-se estruturalmente
uma parte da sucessão estratigráfica: se subsequentemente à intrusão as camadas são
basculadas ou dobradas o sill será basculado com o mesmo valor de rotação e mergulho
das camadas onde ele se encerra, ou será dobrado juntamente com elas.

Para se diferenciar um sill das camadas nas quais eles se encaixam, além da sua
petrologia, deve ser considerado o fato de que ele é mais jovem do que as camadas que o
incluem: ele teria se intrudido após as camadas haverem se depositado e se consolidado,
talvez após um longo período de tempo, subsequente à formação das mesmas.
Consequentemente, a camada na qual o sill intrudiu-se pode já ter sido falhada, de tal forma
que se encontram camadas deslocadas por uma falha, a qual não deslocaria o sill.
Naturalmente, se o falhamento teve lugar após a intrusão do sill haverá o deslocamento de
ambos, sill e camadas.

Embora um sill normalmente seja concordante ele pode mudar a sua posição
estratigráfica, ocorrendo em um determinado nível da sequência estratigráfica em uma dada
localidade, mas em um outro nível dessa mesma sequência em outra localidade.
Frequentemente essas mudanças de níveis ou de posição estratigráfica acontecem como
degraus, isto é, as mudanças são abruptas, sendo que o material que está sendo intrudido
pode se colocar segundo linhas de fraqueza na rocha, tais como juntas ou planos de falhas
preexistentes (Fig. 39).

Fig. 39. Bloco diagrama mostrando sill que intrudiu camadas inclinadas. Observe que o sill muda de
nível abruptamente.
PAG 58

Como os sills são formados por rochas resistentes, frequentemente eles são
encontrados capeando o topo de colinas, como por exemplo o que se vê na borda do “Fife-
Kinross”. Um sill pode levar a um forte escarpamento como aquele que se encontra
sustentando o “Stirling Castle” ou como o sill que ocorre ao longo do “Northumberland
“(constituído pelo “Sill Great Whin”) da qual a escarpa de “Hadrian” faz parte.

Outras intrusões concordantes tais como os lacolitos e lopolitos, cujas formas e


descrição são encontrados em qualquer compêndio de petrologia, são menos frequentes,
em termos de ocorrência, e não são aqui tratados.

FLUXOS DE LAVAS E TUFOS

Esses são produtos expelidos por vulcões ativos e na Gran Bretânia existem muitos
exemplos dessas rochas formadas em períodos antigos de ocorrência de vulcanismo.
Analisando apenas as informações fornecidas pelos mapas pode ser muito difícil distinguir
um fluxo de lava de um sill, especialmente quando o fluxo é formado por rochas
classificadas como basaltos: o tipo de rocha não é um critério relevante. Se a lava é
extrudida sobre uma superfície de erosão ela pode se depositar sobre camadas de idades
distintas, produzindo efeitos como aqueles vistos em discordâncias. Se ela extravasa sobre
a superfície dos mares ou sobre sedimentos que sofreram levantamento recentes e não
foram erodidos, ela pode ter uma postura concordante a essas camadas e estruturalmente
se assemelham a um sill. Evidências de campo indicando que o contato superior de um
fluxo de lava está intemperisado enquanto aquele de um sill não tem essa característica e
mais ainda o fato de que o sill imprime metamorfismo termal sobre os sedimentos que os
recobrem são informações que não podem ser extraídas ou deduzidas dos mapas.

Os tufos são camadas de cinzas vulcânicas que podem ocorrer interacamadadas


com sedimentos, de tal modo que do ponto de vista estrutural comportam-se como uma
camada de sedimento, a despeito da sua origem vulcânica.

INTRUSÕES DISCORDANTES

DIQUES São intrusões verticais ou que se posicionam próximo à vertical,


comumente compostos por diabásio ou basaltos e que variam, em termos de espessuras
de centímetros a metros (raramente dezenas de metros). Frequentemente eles podem ser
traçados, no terreno, se estendendo por quilômetros, recortando as camadas nas quais eles
se intrudiram.

Posto que eles são aproximadamente verticais quando se colocam, seus


afloramentos tem, via de regra, traçado retilíneo, independentemente das variações da
topografia. Em alguns casos é possível datar um dique, relativamente a uma camada
sedimentar: ele deve ser mais novo do que as camadas que ele recorta, e adicionalmente,
nos locais onde um conjunto de camadas mais jovens recobrem sequências mais antigas é
possível verificar se o dique recorta ambas as camadas, as antigas e as mais jovens
(conferir a que se discutiu sobre a datação de falhas à pg 30).
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Mapa 23. Construa seções geológicas sobre o mapa, as quais permitam mostrar a forma
das rochas ígneas e de outras feições estruturais presentes. Deduza as idades relativas das
rochas ígneas, no limite das possibilidades constantes no mapa .
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Mapa 24. Complete o mapa geológico. Construa uma seção geológica Norte – Sul para
mostrar as estruturas. Escreva uma história geológica da área, incluindo comentários sobre
as idades relativas das rochas ígneas.
PAG 61

STOCKS, PLUGS E BATÓLITOS

São grandes corpos de materiais intrusivos. São de origem plutônica, colocados nos
níveis profundos da crosta e agora expostos, após um prolongado processo de erosão, e
que tem como rochas mais comuns os granitos. Variam, em suas configurações em mapa,
de corpos aproximadamente circulares, à massas de formas irregulares (stocks). Também
variam enormemente em tamanho, sendo as intrusões maiores (batólitos) superiores à
dezenas de quilômetros de extensão. De forma frequente essas intrusões discordantes são
alongadas e geralmente paralelas à direção das dobras ou de outras feições estruturais,
porém, em todos os casos, as suas bordar são verticais ou tem fortes inclinações, e cortam
discordantemente as camadas sedimentares nas quais se colocam. Circundando grandes
intrusões ígneas rochas sedimentares ditas encaixantes são alteradas pelo calor dessas
intrusões. Essas áreas são conhecidas com auréolas metamórficas.

CONE VULCÂNICOS ( VOLCANIC NECK)

São os preenchimentos dos condutos vulcânicos por materiais consolidados


(basaltos, etc) ou material piroclástico (aglomerados). Eles recortam as camadas
preexistentes e tem lados verticais ou próximos da vertical e configuração em mapa
aproximadamente circular. Estruturalmente um cone vulcânico, dessa forma, assemelha-se
a um “plug”, mas ele é normalmente de diâmetro menor e exibe tipos de rochas
inteiramente diferentes.

Apenas com as evidências encontradas em mapas é difícil distinguir entre um


basalto que capeia um colina circular (um sill ou um fluxo de lava) com um formato circular,
de um cone vulcânico com um preenchimento com basalto que também tenha uma forma
circular, embora em uma seção as duas feições sejam inteiramente diferentes (Fig. 40).

Fig. 40. Seção Geológica mostrando um cone vulcânico e lavas capeando colinas.
PAG 62

Mapa 25. Descreva a estrutura geológica da área do mapa e construa uma seção geológica
ao longo da linha X-Y.
PAG 63

DESCRIÇÃO DE UM MAPA GEOLÓGICO

Todas as fontes de informação disponíveis devem se ordenadas e usadas: as


informações deduzidas a partir do mapa propriamente dito, a sequência indicada das
camadas e as seções mostrando as estruturas geológicas (essa última se não foi indicada
na mapa , desenhado pelo estudante). A descrição de um mapa pode ser sumarizada da
forma a seguir. O padrão estrutural geral e a orientação das principais feições estruturais
pode ser deduzida do padrão geral dos afloramentos. As relações gerais entre a topografia
e a geologia devem ser observadas. É muito comum um resumo sobre a geologia
econômica da área. Mais importante, a história geológica da área deve ser descrita. Isso
compreende uma atenção especial à idade relativa de todos os eventos geológicos, a
deposição dos sedimentos, as interrupções na deposição (discordâncias), as intrusões de
rochas ígneas e o desenvolvimento de falhas e dobras. A evolução dos depósitos
superficiais, o padrão de drenagem e a topografia completam a história. Em alguns casos a
cronologia completa dos eventos pode não se dedutível, sendo que as idades possíveis dos
eventos e as ambiguidades que eles encerram devem se discutidas. Um exemplo pode ser
encontrado realizando a análise do mapa 24.

Tabela 1: Quando a espessura de uma camada for = 100m


Tabela 2: Ângulo entre a linha de seção e da direção da camada.

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