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Princípios Norteadores da Lei 13.

146/2015

A Lei Brasileira de Inclusão ou Estatuto da Pessoa com Deficiência tem como


principal princípio embasado o da dignidade da pessoa humana, por ser esse
o basilar dos direitos humanos.

A dignidade constitui um valor universal, não impedindo as diversidades


socioculturais dos povos. As pessoas mesmo com todas as suas diferenças
físicas, intelectuais, psicológicas, são detentoras de igual dignidade, embora
sejam diferentes pela sua individualidade, pela condição humana apresentam
as mesmas necessidades e faculdades vitais.

Necessita-se frisar que a Lei Brasileira de Inclusão utilizou como base alguns
dos princípios usados também pela Convenção sobre os Direitos da Pessoa
com Deficiência, assim, os principais princípios norteadores da LBI, são:
princípio da dignidade da pessoa humana, igualdade e acessibilidade.

Dessa forma, em relação ao princípio da Igualdade, importante ressaltar que a


promoção da igualdade de oportunidades e a proibição de discriminação das
pessoas com alguma limitação funcional só foi possível a partir da
consolidação do modelo social de deficiência.

Antes desse fato, a deficiência era concebida como uma questão estritamente
individual, como reflexo, o Poder Público tomava medidas puramente
assistencialista e caritativa, não reconhecendo a pessoa com deficiência como
sujeito de direitos.

Deve-se destacar que o princípio da igualdade busca trazer à sociedade


através de seu conteúdo normativo, meios que possibilitem o tratamento
isonômico entre as pessoas sem nenhuma discriminação que vise impedir
direitos, mas pelo contrário, ampliá-los para o fim de zelar pelos desiguais na
medida de suas desigualdades, para que haja justa igualdade em perfeita
concordância com o princípio da dignidade da pessoa humana.

A LBI traz nos artigos 4º a 8º, dois preceitos centrais, quais sejam: o direito à
igualdade de oportunidades e a proibição de discriminação contra a pessoa
com deficiência. Com isso, podem-se visualizar medidas positivas a fim de
propiciar a equiparação de oportunidades entre as pessoas com deficiência e
as demais (discriminação positiva). E a outra, a vedação expressa de
discriminação negativa, qual seja, exclusão social ou restrição de direitos.

Art. 4o  Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades


com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação.

Para encerrar o assunto sobre o princípio da igualdade, é importante frisar que


esse direito não está restrito à previsão dos artigos 4º a 8º da Lei 13.146/2015.
Este valor perpassa toda a norma, a LBI traz a igualdade como um dos
princípios essenciais. Ainda necessário mencionar que o direito à igualdade e
não discriminação da pessoa com deficiência vincula não apenas o Poder
Público (Legislativo, Executivo e administração pública), mas também
particulares.

Em relação ao princípio da acessibilidade, necessário informar que a


Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência e o Estatuto da
Pessoa com Deficiência, em seus artigos 53 e 54, consolidaram a
acessibilidade tanto como princípio quanto como um direito. E, sendo um
princípio- direito obriga os Estados à sua implantação como garantia
fundamental.

Art. 53.  A acessibilidade é direito que garante à pessoa com deficiência ou


com mobilidade reduzida viver de forma independente e exercer seus direitos
de cidadania e de participação social.

Art. 54.  São sujeitas ao cumprimento das disposições desta Lei e de outras
normas relativas à acessibilidade, sempre que houver interação com a matéria
nela regulada:

I – a aprovação de projeto arquitetônico e urbanístico ou de comunicação e


informação, a fabricação de veículos de transporte coletivo, a prestação do
respectivo serviço e a execução de qualquer tipo de obra, quando tenham
destinação pública ou coletiva;

II – a outorga ou a renovação de concessão, permissão, autorização ou


habilitação de qualquer natureza;

III – a aprovação de financiamento de projeto com utilização de recursos


públicos, por meio de renúncia ou de incentivo fiscal, contrato, convênio ou
instrumento congênere; e

IV – a concessão de aval da União para obtenção de empréstimo e de


financiamento internacionais por entes públicos ou privados

A acessibilidade deve abranger não apenas as estruturas físicas, mas


também todas as demais esferas de interação social. A acessibilidade deve ser
descrita como a adoção de um conjunto de medidas capazes de eliminar todas
as barreiras sociais- não apenas físicas, mas também de informação, serviços,
transporte, entre outras- de modo a assegurar às pessoas com deficiência o
acesso, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.

Dessa maneira, a acessibilidade constituiu-se como direito instrumental, pois,


sem acesso aos equipamentos urbanos, às escolas, aos postos de saúde, aos
transportes públicos as pessoas com deficiência não podem exercer,
plenamente, a cidadania. Não se pode falar em inclusão social se não há um
ambiente acessível.

Para que haja a concretização desse princípio-direito é necessário que os


espaços públicos sejam readequados para eliminar as barreiras existentes, e,
além disso, é necessário que o Poder Público municipal atue, evitando que
novas barreiras sejam criadas.

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