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FICHA TÉCNICA
Não é permitida a utilização deste Manual, para qualquer outro fim que não
o indicado, sem autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas
Certificados, entidade que detém os direitos de autor.
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Aspetos práticos das locações – IFRS 16
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Índice
1. Introdução ............................................................................................................................................. 5
2. O enquadramento das locações em Portugal ....................................................................................... 5
2.1. Enquadramento geral da NCRF 9 .................................................................................................. 5
2.1.1. Classificação........................................................................................................................... 6
2.1.2. Contabilização das locações financeiras................................................................................ 6
2.1.3. Contabilização das locações operacionais............................................................................. 7
2.1.4. Determinar se um acordo contém uma locação ................................................................... 7
2.2. Enquadramento geral da IFRS 16 .................................................................................................. 8
2.2.1. Âmbito ................................................................................................................................... 8
2.2.2. Isenções de reconhecimento................................................................................................. 8
3. Identificação de uma locação ................................................................................................................ 9
3.1. Definição de locação...................................................................................................................... 9
3.1.1. Ativo identificável ................................................................................................................ 10
3.1.2. Direito a controlar o uso desse ativo................................................................................... 10
3.2. Componentes do contrato .......................................................................................................... 10
3.2.1. Componentes da locação .................................................................................................... 10
3.2.2. Componentes que não são locação ..................................................................................... 10
3.2.3. Alocar a consideração do contrato às componentes .......................................................... 11
3.3. Prazo da locação .......................................................................................................................... 11
3.3.1. Período não cancelável........................................................................................................ 12
3.3.2. Reavaliação do período não cancelável .............................................................................. 12
3.3.3. Reavaliação da sua opção de estender a locação (ou não exercer a opção de a rescindir) 13
4. Ferramentas digitais para gestão de portfólio de contratos ............................................................... 13
5. Os fluxos financeiros de uma locação ................................................................................................. 18
5.1. Os pagamentos da locação .......................................................................................................... 18
5.2. Pagamentos fixos em substância ................................................................................................ 19
5.3. Pagamentos de locação variáveis que dependem de um índice ou taxa .................................... 19
5.4. A taxa de desconto ...................................................................................................................... 19
6. A contabilização do passivo da locação............................................................................................... 21
6.1. Reconhecimento.......................................................................................................................... 21
6.1.1. Mensuração inicial ............................................................................................................... 21
6.1.2. Mensuração subsequente ................................................................................................... 21
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1. Introdução
A IFRS 16 – Locações é uma norma internacional de reporte financeiro emitida pelo IASB (International Accounting
Standards Board).
A primeira proposta da norma para discussão foi apresentada em 2009, mas apenas em 13 de janeiro de 2016 a
norma foi aprovada e publicada pelo IASB. O endosso para a União Europeia ocorreu em 31 de outubro de 2017
através do Regulamento (EU) 2017/1986 da Comissão, o qual estabeleceu no seu artigo 2º a aplicação da norma
para exercícios que se iniciem em ou após 1 de janeiro de 2019.
Este manual pretende orientar o leitor no entendimento dos princípios previstos na norma internacional relativamente
ao reconhecimento, à mensuração, à apresentação e à divulgação de locações.
A nova norma traz novos desafios não só ao nível da contabilização inerente mas também ao nível da gestão dos
contratos até à sua maturidade. Atualmente a maioria das entidades gere os seus contratos em folhas de cálculo
(Excel). A nova norma vai aumentar significativamente o portfólio de contratos a gerir, pelo que o Excel pode deixar
de ser a solução mais adequada, face à complexidade acrescida.
Têm surgido no mercado diversas soluções (softwares) para a gestão de contratos, as quais permitem o controlo dos
registos contabilísticos a efetuar, do reporte financeiro e a gestão dos próprios contratos. Estes softwares foram
desenvolvidos para dar apoio aos requisitos regulatórios da IFRS 16 e as suas funcionalidades mais comuns serão
apresentadas ao longo deste manual, como exemplo prático (para o efeito recorreu-se a um software exemplo
meramente para efeitos ilustrativos, sem qualquer tipo de preferência).
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2.1.1. Classificação
A classificação das locações adotada pela NCRF 9 baseia-se na extensão em que os riscos e benefícios são
inerentes à posse de um ativo locado junto do locador ou do locatário.
Riscos Benefícios
Perdas podem surgir: Ganhos podem surgir:
• Quando o ativo permanece inativo por algum • Da geração de lucros a partir do uso do ativo;
tempo devido à falta de procura suficiente; • Do uso do ativo durante substancialmente toda
• De uma queda no valor do ativo devido à a sua vida útil; e
obsolescência técnica; e • De um ganho potencial decorrente da venda
• Do atender aos custos de manutenção e futura do ativo, onde ele aumenta de valor.
reparação do ativo.
Uma locação é classificada como um locação financeira se ela transferir substancialmente todos os riscos e
benefícios inerentes à propriedade. Uma locação é classificada como um locação operacional se não transferir
substancialmente todos os riscos e benefícios inerentes à propriedade.
São indicadores de uma locação financeira os seguintes:
• Propriedade - a locação transfere a propriedade para o locatário no final do prazo da locação;
• Opção de compra do ativo - o locatário tem a opção de comprar o ativo a um preço que se espera que
seja suficientemente inferior ao justo valor do ativo na data de exercício da opção; é razoavelmente certo, no
início da locação, que a opção será exercida;
• Prazo da Locação - o prazo da locação é para a maior parte da vida económica do ativo, mesmo que o
título não seja transferido;
• Pagamentos mínimos - o valor presente dos pagamentos mínimos da locação, no início da locação,
corresponde a pelo menos substancialmente todo o justo valor do ativo transferido;
• Natureza especializada - os ativos transferidos são de natureza tão especializada que somente o locatário
pode usá-los sem grandes modificações;
• Perdas - as perdas associadas a qualquer cancelamento da locação são suportadas pelo locatário;
• Flutuações - as flutuações no justo valor do ativo no final do prazo da locação são suportadas pelo
locatário;
• Período secundário - o locatário tem a opção de prolongar a locação por um período adicional / secundário
a uma taxa que é substancialmente abaixo da taxa de mercado.
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2.1.2.2. Locatários
Os locatários devem reconhecer os ativos e os passivos da locação por valores iguais ao justo valor do ativo
transferido ou, se inferior, ao valor presente dos pagamentos mínimos da locação, cada um determinado no início da
locação.
Os custos incorridos relacionados com atividades específicas da locação, como na negociação e garantia de acordos
de locação devem ser incluídos como parte da quantia reconhecida como ativo sob locação.
Em resumo:
2.1.3.2. Locatários
Os locatários reconhecem os pagamentos efetuados de uma locação operacional como um gasto numa base linear
durante o prazo da locação, salvo se outra base sistemática seja mais representativa do modelo temporal do
benefício do locatário.
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As entidades que aplicam o SNC devem aplicar ainda, supletivamente, o estabelecido na IFRIC 4 - Determinar se um
Acordo contém uma Locação.
Existem acordos que, apesar de não assumirem a forma legal de uma locação, transmitem direitos de uso de ativos
em troca de um pagamento e, como tal, podem ter de ser tratados de acordo com a NCRF 9. A interpretação IFRIC 4
fornece as orientações para determinar se determinado contrato está ou não abrangido pela NCRF 9.
Esta Interpretação especifica que um acordo que satisfaz os seguintes critérios é, ou contém, uma locação que deve
ser contabilizada de acordo com a NCRF 9 Locações:
• O cumprimento do acordo depende de um ativo específico:
o O ativo não precisa de ser explicitamente identificado pelas disposições contratuais do acordo;
o O ativo pode ser especificado implicitamente porque não é economicamente viável ou praticável
para o fornecedor cumprir o acordo através do uso de ativos alternativos;
• O acordo transmite um direito de controlar o uso do ativo subjacente, que se materializa sempre que
qualquer uma das seguintes condições for atendida:
o O comprador no acordo tem a capacidade ou direito de operar o ativo ou direcionar outros para
operar o ativo;
o O comprador tem a capacidade ou direito de controlar o acesso físico ao ativo;
o Existe apenas uma possibilidade remota de que outros, além do comprador tomem mais do que
uma quantidade insignificante da produção do ativo e o preço que o comprador pagará não é fixo
por unidade de produção nem igual ao preço atual de mercado no momento da entrega.
2.2.1. Âmbito
A IFRS 16 é aplicável a todas as locações, incluindo locações de ativos de direito de uso de uma sublocação.
A IFRS 16 não é aplicável às seguintes locações:
a) Locações para explorar ou usar minérios, petróleo, gás natural e recursos similares não regeneráveis;
b) Locações de ativos biológicos abrangidos pelo âmbito de aplicação da IAS 41 Agricultura detidos por um
locatário;
c) Acordos de concessão de serviços no âmbito da IFRIC 12 Acordos de Concessão de Serviços;
d) Licenças de direitos de propriedade intelectual concedidas por um locador no âmbito da IFRS 15 Rédito de
Contratos com Clientes;
e) Direitos detidos por um locatário ao abrigo de acordos de licenciamento no âmbito da IAS 38 Ativos
Intangíveis para itens tais como películas cinematográficas, registos de vídeo, peças de teatro, manuscritos,
patentes e direitos de autor (copyrights).
Um locatário pode, mas não é obrigado a, aplicar a IFRS 16 a locações de ativos intangíveis que não as descritas no
ponto e) acima.
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• De um direito a controlar o uso desse ativo por um certo período em troca do pagamento de uma retribuição.
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3.2.3.2. Locadores
Os locadores devem seguir o previsto na IFRS 15 Rédito de Contratos com Clientes, para identificar as várias
componentes do contrato e alocar uma retribuição a cada uma dessas componentes (geralmente a alocação
efetuada também é com base no SSP.
Exemplo 1:
Um contrato de arrendamento de uma loja inclui, para além do arrendamento do espaço, as despesas comuns de
condomínio. De acordo com o contrato, a renda a ser paga (total do contrato) é de 7.000 euros, não especificando
qual o valor do componente de despesas de condomínio.
O locatário não optou pelo expediente prático da IFRS 16, pelo que terá de alocar o valor total do contrato aos dois
componentes identificados: renda do espaço e despesa do condomínio.
Os preços de mercado praticados para um contrato semelhante são os seguintes:
• Arrendamento – 7.500 euros;
• Despesas do condomínio – 500 euros.
A tabela abaixo exemplifica a alocação do preço total do contrato aos dois componentes identificados:
Componentes SSP % Valor a alocar
Arrendamento 7.500 93,75% 6.562,50 (7.000 x 93,75%)
Despesa do condomínio 500 6,25% 437,50 (7.000 x 6,25%)
As atividade ou os custos imputados pelo locador que não forneçam um bem ou um serviço adicional ao locatário
(por exemplo, os custos administrativos), não são um componente de locação nem de não locação. Como tal,
nenhuma consideração do contrato lhes deve ser alocada. No entanto, estes valores fazem parte da retribuição total
do contrato a ser imputada aos componentes separadamente identificados no contrato.
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3.3.3. Reavaliação da sua opção de estender a locação (ou não exercer a opção de a
rescindir)
Após a data de entrada em vigor da locação, o locatário deve reavaliar se é razoavelmente certo se irá exercer uma
opção de estender a locação, ou de não exercer uma opção de a rescindir quando ocorre um acontecimento
importante ou uma alteração significativa das circunstâncias que:
• Esteja sob o controlo do locatário; e
• Afete a sua certeza razoável de exercer uma opção que não estivesse previamente incluída na sua
determinação do prazo da locação, ou de não exercer uma opção previamente incluída na sua
determinação do prazo da locação.
São exemplos de eventos ou alterações significativos das circunstâncias figuram os seguintes:
• Melhorias significativas do objeto da locação que não se previam na data de entrada em vigor e que se
espera que produzam benefícios económicos significativos para o locatário quando a opção de prorrogar ou
rescindir o contrato de locação, ou de comprar o ativo subjacente, se torne exercível;
• Uma alteração significativa ou uma adaptação do ativo subjacente que não se previsse na data de entrada
em vigor;
• O início de uma sublocação do ativo subjacente durante um período que ultrapassa o prazo de locação
anteriormente fixado; e
• Uma decisão empresarial do locatário que seja diretamente relevante para o exercício, ou não exercício, de
uma opção (por exemplo, uma decisão de prorrogar a locação de um ativo complementar, de alienar um
ativo alternativo ou de alienar uma unidade empresarial na qual o ativo sob direito de uso é utilizado).
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• Hierarquia de objetos de locação, em que podem existir diversos acordos de locação que incluam um ou
agrupem mais do que um contrato. Cada contrato por sua vez pode incluir uma ou várias componentes,
dando origem a grupos de ativação, e por último, o nível dos próprios ativos.
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• Processos e Fluxos de Aprovação, entre os vários objetos e com perfis de autorização atribuídos a cada
interveniente.
Relativamente aos temas da norma abordados nos pontos 2. e 3., ao nível do sistema selecionámos as seguintes
características, em formato Excel, para carregamento inicial no sistema.
• Tipo de locação: os sistemas permitem arquivar informação relativa aos contratos de curto prazo e de baixo
valor, adicionalmente aos contratos de locação, e efetuam os cálculos de pagamentos das rendas.
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• Componentes de locação: é possível fazer a distinção dos componentes de locação e dos componentes de
não locação. Como componentes de locação temos a renda base, extensões, suplementos, reduções, pré-
pagamentos e incentivos, entre outros.
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• Componentes de não locação: estas componentes podem subdividir-se por várias rubricas, a configurar,
como por exemplo seguros, manutenção, serviços, entre outros.
• Duração: são definidas as datas de início e fim do contrato, bem como a primeira data e última de
pagamento.
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Ao nível do ativo locado, em sistema é introduzida a classe do ativo e respetiva vida útil.
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Quando esta não pode ser fiavelmente determinada, o locatário deve usar a taxa de juro incremental. Nesta situação
deverá ser identificada a taxa a que a entidade se iria financiar para adquirir um ativo nas mesmas condições (por
exemplo, características do ativo locado, justo valor do ativo locado, prazo da locação).
Ao nível de sistema, os detalhes sobre a taxa de desconto e pagamentos que dependem de índices introduzem-se
da seguinte forma:
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6.1. Reconhecimento
6.1.1. Mensuração inicial
Na data de entrada em vigor do contrato, o locatário deve reconhecer o passivo da locação pelo valor presente dos
pagamentos de locação (ver ponto 5.1 acima), usando a taxa de desconto acima mencionada, que não estejam já
pagos nessa data.
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7.1. Reconhecimento
7.1.1. Mensuração inicial
A mensuração inicial de um ativo sob direito de uso é ao custo, o qual inclui:
• O montante da mensuração inicial do passivo da locação (ver ponto 6);
• Quaisquer pagamentos de locação efetuados na data de entrada em vigor ou antes desta, deduzidos os
incentivos à locação recebidos;
• Quaisquer custos diretos iniciais incorridos pelo locatário; e
• Uma estimativa dos custos a serem suportados pelo locatário com o desmantelamento e a remoção do ativo
subjacente, a restauração do local onde este está localizado ou a restauração do ativo subjacente para a
condição exigida pelos termos e condições da locação, a menos que esses custos sejam incorridos para
produzir inventários; o locatário contrai a obrigação de suportar esses custos, quer na data de entrada em
vigor, quer em consequência de ter usado o ativo subjacente durante um determinado período.
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Exemplo 2:
Um contrato de arrendamento do escritório de uma empresa tem os seguintes termos:
• Taxa implícita não é prontamente determinável;
• Taxa incremental de empréstimo é de 3%;
• Tem cinco rendas anuais postecipadas de 15.000 (Valor presente é de 68.696);
• Adicionalmente há um pagamento de 30.000, 3 meses antes de poder usar o ativo pela primeira vez;
• Este contrato teve custos diretos iniciais de 2.000;
• O locatário recebeu um incentivo do locador de 5.000.
A tabela abaixo discrimina os movimentos a efetuar:
Débito / (Crédito)
Descritivo Caixa Direito de uso Passivo de locação
Pré-pagamento (30.000) 30.000
Valor presente dos pagamentos de locação 68.696 (68.696)
Custos diretos iniciais (2.000) 2.000
Incentivo da locação 5.000 (5.000)
No reconhecimento inicial (27.000) 95.695 (68.696)
• Mapa de ativo
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• Mapa de passivo
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• Apenas o montante de qualquer ganho ou perda relacionado com os direitos transferidos para o comprador-
locador é reconhecido.
No comprador-locador:
• Deve contabilizar a compra do ativo de acordo com as normas aplicáveis ao ativo subjacente;
• Deve contabilizar a locação de acordo com os requisitos contabilísticos previstos para o locador (ver ponto
8).
Nesta venda, as situações podem ocorrer:
• O justo valor da retribuição pela venda de um ativo não for igual ao justo valor do ativo; ou
• Os pagamentos de locação não forem efetuados a taxas de mercado.
Nestes casos, é necessário efetuar os seguintes ajustamentos para mensurar o rédito da venda pelo justo valor:
• Quaisquer prazos inferiores aos do mercado devem ser contabilizados como pagamentos antecipados da
locação; e
• Quaisquer prazos superiores aos do mercado devem ser contabilizados como financiamento suplementar
fornecido pelo comprador-locador ao vendedor-locatário.
Estes ajustamentos devem ser mensurados com base no valor mais facilmente determinável de entre:
• A diferença entre o justo valor da retribuição pela venda e o justo valor do ativo; e
• A diferença entre o valor presente dos pagamentos contratuais pela locação e o valor presente dos
pagamentos pela locação às taxas de mercado.
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• Ajustar o ativo sob direito de uso visado pela relocação a quaisquer ganhos ou perdas diferidos relacionados
com condições diferentes das de mercado reconhecidos na demonstração da posição financeira
imediatamente antes da data de aplicação inicial.
Exemplo 3: Modificação que é uma locação separada – (IFRS 16 IE7 – exemplos 15 a 19)
Um contrato de arrendamento do armazém está em vigor e refere-se ao arrendamento de 2.000 m2 por 10 anos.
No início do ano 6, o locatário e o locador acordam em aumentar a área locada para o período remanescente do
contratos (5 anos). A nova área passa para 5.000 m2 (mais 3.000 m2) no mesmo edifício.
O aumento total na retribuição / renda da locação está de acordo com a renda praticada no mercado para os 3.000
m2 adicionais.
O locatário contabiliza esta modificação como uma nova locação tendo como base apenas os 3.000 m2 adicionais,
o período remanescente do contrato (5 anos) e a taxa de desconto à data da modificação.
Não existe nenhum ajustamento à locação inicial dos 2.000 m2.
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Exemplo 4: Modificação que aumenta o âmbito da locação - (IFRS 16 IE7 – exemplos 15 a 19)
Um contrato de arrendamento do armazém está em vigor e refere-se ao arrendamento de 5.000 m2 por 10 anos e
prevê pagamentos anuais de 100.000. A taxa de desconto no início da locação é de 6%. O passivo da locação no
final do 6º ano ascende a 347.000.
No início do ano 7, o locatário e o locador acordam em aumentar o prazo da locação por mais 4 anos (prazo
remanescente é de 8 anos). O pagamento anual mantém-se nos 100.000. A taxa de desconto no início do ano 7 é
de 7%.
No início do ano 7 o passivo é remensurado (8 anos remanescentes, 100.000 por ano, à taxa de 7%). No total o
passivo ascende, após a modificação, a 597.000.
A alteração de 250.000 (597.000 – 347.000) acresce ao direito de uso e ao passivo da locação.
• Introdução de dados
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• Aplicação da modificação
• Mapa de passivo
• Mapa de ativo
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Exemplo 5: Modificação que diminui o âmbito da locação - (IFRS 16 IE7 – exemplos 15 a 19)
Um contrato de arrendamento do armazém está em vigor e refere-se ao arrendamento de 5.000 m2 por 10 anos e
prevê pagamentos anuais de 50.000. A taxa de desconto no início da locação é de 6%.
No início do ano 6 o locatário e o locador acordam em reduzir o espaço arrendado para 2.500 m2. Isto
corresponde a uma redução de 50% no âmbito da locação. A renda anual reduz para 30.000. A taxa de desconto
nesta data é de 5%.
Na data da modificação o direito de uso ascende a 184.000 e o passivo da locação ascende a 211.000.
No início do ano 6 o passivo é remensurado (5 anos remanescentes, 30.000 por ano, à taxa de 5%). No total o
passivo ascende, após a modificação, a 130.000.
Numa primeira análise, quer o direito de uso, quer o passivo da locação, reduzem em 50% (proporção da redução
do âmbito da locação):
• O ativo diminui para 92.000 (50% de 184.000 na data da modificação);
• O passivo da locação reduz para 105.500 (50% de 211.000 na data da modificação);
• A diferença (105.500 – 92.000 = 13.500) é um ganho do período.
Numa segunda análise:
• O passivo da locação é ajustado para os 130.000 (valor presente dos pagamentos da locação na data da
modificação);
• O ajustamento de 24.500 (130.000 - 105.500) é refletido igualmente no ativo, o qual passa para 116.500
(92.000 + 24.500).
• Aplicação da modificação
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• Mapa de passivo
• Mapa de ativo
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No início do ano 6 o passivo é remensurado (5 anos remanescentes, 95.000 por ano, à taxa de 7%). No total o
passivo ascende, após a modificação, a 390.000.
A alteração de 31.000 (421.000 – 390.000) reduz o direito de uso e o passivo da locação.
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• Aplicação de modificação
• Mapa de passivo
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• Mapa de ativo
Exemplo 7: Modificação que aumenta e diminui o âmbito - (IFRS 16 IE7 – exemplos 15 a 19)
Um contrato de arrendamento do armazém está em vigor e refere-se ao arrendamento de 2.000 m2 por 10 anos e
prevê pagamentos anuais postecipados de 100.000. A taxa de desconto no início da locação é de 6%.
No início do ano 6, o locatário e o locador acordam em:
• Aumentar para 3.500 m2 o espaço arrendado;
• Reduzir o prazo da locação para 8 anos;
• A renda é atualizada para 150.000;
• A taxa de desconto da data da modificação é de 7%.
Na data da modificação:
• O direito de uso é de 368.004;
• O passivo da locação é de 421.236.
O novo passivo da locação é de 393.647 (150.000 anuais descontados à taxa de 7%). Este incremento no passivo
deve-se em parte:
• Ao aumento da renda em 50.000 (50.000 anuais descontados à taxa de 7%) = 131.216;
• Aos restantes 100.000 da renda (100.000 anuais descontados à taxa de 7%) = 262.431.
Aumento da renda
• Quer o ativo quer o passivo são aumentados em 131.216 (valor presente dos 50.000 adicionais de renda
descontados à taxa de 7%).
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
• Aplicação de modificação
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
• Mapa de passivo
• Mapa de ativo
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9. Apresentação
9.1. Na demonstração da posição financeira ou nas notas
O locatário deve apresentar na demonstração da posição financeira, ou divulgar nas notas:
• Os ativos sob direito de uso separadamente dos outros ativos;
o Se optar por não apresentar os ativos sob direito de uso separadamente na demonstração da
posição financeira, deve:
▪ Incluir os ativos sob direito de uso na mesma linha de itens em que seriam apresentados
os respetivos ativos subjacentes, caso fossem propriedade sua, e
▪ Revelar que linhas de itens, na demonstração da posição financeira, incluem esses ativos
sob direito de uso;
o A opção não está disponível no caso de o ativo subjacente ser uma propriedade de investimento,
em que neste caso deve ser apresentado na demonstração da posição financeira como
propriedade de investimento;
• Os passivos da locação separadamente dos outros passivos;
o Se optar por não apresentar os passivos da locação separadamente na demonstração da posição
financeira, o locatário deve:
▪ Divulgar em que linhas de itens da demonstração da posição financeira se incluem esses
passivos.
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Aspetos práticos das locações – IFRS 16
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Exemplo 8:
A tabela abaixo evidencia as diferenças de reconhecimento entre a IFRS 16 e a IAS 17, num caso de um contrato
a 3 anos em que a taxa de desconto é 4,24%.
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Aspetos práticos das locações – IFRS 16
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• Relatórios de apresentação: relatórios sumário de todas as informações necessárias para preparação das
demonstrações financeiras de acordo com a norma, nomeadamente:
o Relatórios de saldos e movimentos do passivo, com segregação entre curto e longo prazo
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• Relatórios de transações: detalhe de transações para reconciliação e/ou carregamento com ERP (sistema
de contabilidade geral), nomeadamente:
o Capitalização do ativo
o Término de contratos
o Transações do passivo – início e ajustamentos
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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10.3. Divulgações
A IFRS 16 melhora as divulgações anteriormente previstas na IAS 17 por forma a permitir aos utilizadores das
demonstrações financeiras efetuarem uma melhor avaliação do valor, do prazo e da incerteza dos fluxos de caixa
associados às atividades de locação desenvolvidas pelos locadores.
As melhorias previstas ocorrem nas divulgações sobre os temas a seguir enumerados:
• Exposição do locador ao risco de valor residual dos ativos e como o locador gere esta exposição ao risco;
• Diferentes componentes de rédito reconhecidas durante o período (similar com a IFRS 15);
• Informação sobre os ativos detidos pelo locador que estão em locação operacional, a apresentar em
separado aos restantes ativos do locador que não geram rendimentos;
• Risco de liquidez, exigindo uma análise de maturidade aos valores não descontados dos pagamentos das
locações a serem recebidos numa base anual, discriminada para os primeiros 5 anos e para períodos
subsequentes até ao fim dos contratos;
• Explicações, qualitativas e quantitativas, relativas a incrementos significativos no montante do investimento
líquido em locações financeiras.
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Aspetos práticos das locações – IFRS 16
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11.2. Locatários
Os locatários têm as seguintes opções de aplicação da IFRS 16 aos seus contratos de locação:
• Aplicação retrospetiva completa - retrospetivamente a cada período de relato anterior apresentado nos
termos da IAS 8; ou
• Aplicação retrospetiva simplificada - retrospetivamente com o efeito cumulativo da aplicação inicial
reconhecido à data de aplicação inicial como segue:
o A informação comparativa não é reexpressa;
o O efeito cumulativo da aplicação inicial é reconhecido como um ajustamento ao saldo de abertura
de resultados retidos (ou outra componente de capital próprio, conforme for apropriado) à data de
aplicação inicial.
A opção que o locatário seguir deve ser aplicada de forma coerente a todos os contratos de locação em que é
locatário.
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• Não aplicar os requisitos descritos no ponto 11.2.1. a locações cujo contrato termine no prazo de 12 meses
a contar da data de aplicação inicial; nesta situação o locatário deve:
o Contabilizar essas locações da mesma forma que as locações a curto prazo, e
o Incluir o custo associado a essas locações na divulgação das despesas relativas a locações a curto
prazo no período de relato anual que inclui a data de aplicação inicial;
• Opção de poder excluir os custos diretos iniciais da mensuração do ativo sob direito de uso à data de
aplicação inicial;
• Recorrer à análise retrospetiva para, por exemplo, determinar o prazo da locação quando o contrato contiver
opções de prorrogação ou rescisão da locação.
Exemplo 9:
• Contrato de locação de uma viatura de transporte celebrado em 01-01-2018 por 2 anos;
• Considerado locação operacional de acordo com a IAS17 antes da data de adoção;
• O pagamento acordado para o uso da vi 200.000€ (97.000€
103.000€ f );
• Taxa de desconto na data da adoção é de 3%;
• Será usada a aplicação retrospetiva simplificada.
Valor do ativo em 01-01-2018 194 087 Anulação do acréscimo por linearização das rendas 3 000
Depreciação do 1º ano 97 043
Valor inicial do ativo na data da adoção 97 044 Valor inicial do ativo na data da adoção 97 000
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11.3. Locadores
Com exceção do descrito a seguir, o locador não é obrigado a fazer ajustamentos na transição das locações em que
é locador e deve contabilizar essas locações nos termos da IFRS 16 a partir da data de aplicação inicial.
No caso das sublocações, o locador deve:
• Reavaliar as sublocações que foram classificadas como locações operacionais nos termos da IAS 17 e que
estão em curso à data de aplicação inicial, para determinar se cada sublocação deve ser classificada como
locação operacional ou financeira de acordo com a IFRS 16;
• Proceder a esta avaliação à data de aplicação inicial com base nos termos e condições contratuais
remanescentes da locação original e da sublocação nessa data;
• Para as sublocações que tenham sido classificadas como locações operacionais nos termos da IAS 17, mas
como locações financeiras de acordo com a IFRS 16, deve contabilizar a sublocação como uma nova
locação financeira celebrada à data de aplicação inicial.
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Para o correto tratamento e contabilização dos contractos de locação é imprescindível que as empresas tenham o
total controlo sobre o seu portfólio de locações e estejam aptas a:
• Recolher e gerir a informação de todos os contratos de locação existentes na empresa, normalmente
dispersa por departamentos ou mesmo por diferentes localizações;
• Interpretar os contractos de locação à luz da IFRS16;
• Proceder aos cálculos inerentes e integrar os dados dos contratos nos sistemas contabilísticos utilizados;
• Atender a notificações de eventos relevantes (extensões, prazos, etc.), bem como outras informações sobre
transações para integração nos sistemas contabilísticos;
• Produzir relatórios para auditoria e demonstrações financeiras;
• Definir um processo dedicado, com segregação de funções em que os utilizadores tenham diferentes níveis
de acesso e funções durante a recolha e validação da informação.
Considerando os requisitos necessários para implementação da IFRS16, pode concluir-se que as organizações irão
incorrer em esforços adicionais, quer diretos numa fase inicial, quer contínuos ao longo da vida dos contratos,
esforços esses que dependerão da dimensão do portfólio de contratos, dos seus termos e condições e da prévia
existência de sistemas e procedimentos implementados para a sua gestão e contabilização.
Por forma a lidar com esta mudança da melhor forma possível, recomenda-se que se proceda à concretização dos
pontos listados acima e ainda que se assegura a formação intensiva das pessoas envolvidas em todas as fases,
desde o departamento de compras à contabilidade, passando pelo departamento legal, para que todos estejam
cientes da norma e possam adotá-la de forma adequada.
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